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Universidade São Francisco Curso de Fisioterapia ALTERAÇÕES POSTURAIS EM ALUNOS DO 4° ANO DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Bragança Paulista 2008

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Universidade São Francisco Curso de Fisioterapia

ALTERAÇÕES POSTURAIS EM ALUNOS DO 4° ANO DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

Bragança Paulista 2008

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Universidade São Francisco Curso de Fisioterapia

ALTERAÇÕES POSTURAIS EM ALUNOS DO 4° ANO DO CURSO DE FISIOTERAPIA DA UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

Monografia apresentada à disciplina de Conclusão de Curso, do Curso de Fisioterapia da universidade São Francisco, sob a orientação do Prof. Ms. Cláudio Fusaro como exigência parcial para obtenção de Graduação em Fisioterapia

Alunos: Rafael Akira Yamada André Luís David Torres Orientador: Prof. Ms Cláudio Fusaro

Bragança Paulista

2008

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Dedicatória Dedicamos acima de tudo a nossas famílias e amigos que ajudaram de alguma forma este trabalho.

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Agradecimentos A todos que incentivaram, que nos orientaram, que analisaram e discutiram conosco e que estiveram atentos as nossas duvidas.

Obrigado por Tudo!!!!!

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Epigrafe "Os ideais que iluminaram meu caminho e sempre me deram coragem para enfrentar a vida com alegria foram a Verdade, a Bondade e a Beleza." [Albert Einstein].

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TORRES, A. L; YAMADA, R.A. Alterações Posturais em Alunos do 4º ano de Fisioterapia da Universidade São Francisco. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso Fisioterapia, Universidade São Francisco, Bragança Paulista, 2008.

RESUMO

As relações posturais das partes do corpo podem ser alteradas e controladas voluntariamente, mas esse controle é de curta duração porque exige concentração. O objetivo deste estudo foi avaliar as alterações posturais em alunos do 4º ano do curso de fisioterapia na Universidade São Francisco em Bragança Paulista através de uma ficha de avaliação postural padronizada. Foram avaliados 44 voluntários do sexo masculino e do sexo feminino, na faixa etária acima de 18 anos (21,72 ± 2.41), na Clínica Escola da Universidade São Francisco. A avaliação postural foi realizada baseando-se em uma ficha de avaliação postural padronizada com auxilio de um fio de prumo com ponto de base padrão. Nossos resultados demonstraram que das 13 avaliações nos homens 69.23% apresentaram pés cavo e nas 31 avaliações nas mulheres 58.83%, joelhos valgos incidiram em 76.92% dos homens e 67.74% das mulheres, retroversão em 38.46% dos homens e 32.25% nas mulheres, 15.38% de hipercifose torácica nos homens e 48.38% nas mulheres, ombros protusos em 23.07% nos homens e 22.58% nas mulheres, além de 38.46% de rotação de cabeça nos homens e 51.61% nas mulheres. As alterações encontradas nos pés avaliados sugerem uma relação com um padrão postural. As alterações encontradas nos joelhos podem estar relacionadas com a idade e predomínio do sexo feminino. O posicionamento da pelve em retroversão parece ser devido a compensações presentes na postura padrão, enquanto que o aumento da hipercifose torácica das avaliações sugere relação com a idade dos voluntários.

Palavras – Chave: Avaliação Postural; Alterações Posturais, Fisioterapia Preventiva.

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ABSTRACT TORRES, A. L; YAMADA, R.A. Posture alteracions in the students of the fourth year physical course at São Francisco University, 2008. Trabalho de Conclusão de Curso Fisioterapia, Universidade São Francisco, Bragança Paulista, 2008.

The posture relations of the body parts can be altered and controlled volunteered, but this control is short-lived because it requires concentration. The main target of this assignment it is to evaluate the posture alterations in the students of the fourth year physical therapy course at São Francisco University in Bragança Paulista through the posture evaluation. There were evaluated 44 volunteers of male and female sex, all over 18 years old (21,72 ± 2.41), at University of São Francisco School clinic. The posture evaluation was realized based on a posture file card standardized with a string plumb assistance on a base point standard. Ours results showed that thirteen male evaluation as hollow feet in 69.23%, and third one female evaluation as hollow feet in 58.83% of the cases. Valgus knees in 76.92% male sex and 67.74 Valgus knees female sex, Pelvic retroversion in 38.46 male sex and 32.25% female sex, 15.38% of Hyperkyphosis chest male and 48.38% female sex. Protrusive shoulders in 23.07% male and 22.58% female, besides 38.46% of head rotations in male and 51.61% female. The alterations were found at the evaluated feet suggests a relation of the posture standard. The alterations found in the knees can be related with the age and there is a female predominance. The position of the pelvis in retroversion seems to be a compensation realized by a standard posture. The increase of Hyperkyphosis chest in the evaluations may suggest a relation with volunteers’ ages that can show a structure deformity.

Key - Words : Posture evaluate , Posture alterations , Prevent Physical Therapy.

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SUMÁRIO: 1.0 – Introdução ..............................................................................................................9 2.0 – Objetivo ................................................................................................................12 3.0 – Metodologia ..........................................................................................................12 3.1 – Voluntários ........................................................................................................12 3.2 – Materiais ............................................................................................................12 3.3 – Procedimentos ...................................................................................................12 3.4 – Análise de Dados................................................................................................13 4.0 – Resultados .............................................................................................................14 5.0 – Discussão ...............................................................................................................20 6.0 – Conclusão .............................................................................................................23 7.0 – Considerações Finais ...........................................................................................23 8.0 – Referências Bibliográficas ..................................................................................24 Anexos ............................................................................................................................27

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1.0 - Introdução Próximo ao final do século XX, devido às facilidades da vida moderna, ao

avanço tecnológico e à massificação da informática, o homem tornou-se cada vez mais

sedentário, permanecendo grande parte do dia sentado e inativo. A estrutura biológica

deste homem encontra dificuldades em assimilar e adaptar-se repentinamente a estas

novas situações, refletidas em seu próprio corpo, sobrecarregando estruturas e

desencadeando processos dolorosos (BRACIALLI & VILARTA; 2001).

Postura é a atitude assumida pelo corpo, que com apoio, durante a inatividade

muscular, que por meio de ação coordenada de muitos músculos trabalhando para

manter estabilidade, ou para formar de uma base essencial, que está sendo

constantemente adaptada ao movimento que superpõe a ela (GUARDINER, 1995).

As relações posturais das partes do corpo podem ser alteradas e controladas

cognitivas e voluntariamente, mas esse controle é de curta duração porque ele exige

concentração. Mudar as posturas anormais é difícil e exige extensa avaliação e

tratamento, que pode incluir o aumento da amplitude de movimento, estabilidade, força

muscular e resistência, além de treinamento (SMITH et al., 1997).

Na postura padrão, a coluna apresenta as curvaturas normais e os ossos dos

membros inferiores ficam em alinhamento ideal para a sustentação do peso. A posição

neutra da pelve conduz ao bom alinhamento do abdome e do tronco e dos membros

inferiores. O tórax a coluna superior ficam em uma posição que favorece a função ideal

dos órgãos respiratórios. A cabeça fica ereta em uma posição bem equilibrada que

minimiza a sobrecarga sobre a musculatura cervical (KENDAL, 1995).

A má postura é uma relação defeituosa entre as várias partes do corpo que

produz uma maior tensão sobre as estruturas de suporte havendo um equilíbrio menos

eficiente do corpo sobre sua base de suporte (KENDAL, 1995). É toda condição que

implique em quebra de alinhamento corporal considerando estaticamente como normal

(PINHO & DUARTE, 1995).

O alinhamento postural (boa postura) é o estado de equilíbrio muscular e

esquelético que protege as estruturas de suporte do corpo contra lesão ou deformidade

progressiva, a má postura é uma relação defeituosa entre as várias partes do corpo que

produz uma maior tensão sobre as estruturas de suporte, onde ocorre um equilíbrio

menos eficiente do corpo sobre sua base de suporte. A boa postura depende de um bom

equilíbrio que se torna eficaz, com a integridade de alguns componentes do organismo,

10

10

como o sensorioperceptual, o integrador central e o neuromusculoesquelético

(GUCCIONE, 2002).

O componente sensorioperceptual é responsável pelo controle da postura e do

equilíbrio, está governado por informações aferentes de três sistemas: o visual, o

vestibular e o proprioceptivo; cada um deles é dirigido a um sistema distinto de

coordenadas externas e nenhum deles percebe o centro da gravidade do corpo

diretamente. Já o integrador central faz as escolhas das informações sejam elas, corretas

ou incorretas, para que isso ocorra é necessária uma ação integradora do sistema

nervoso central (GUCCIONE, 2002).

A modulação de informação sensorial depende de estados de atenção e também

da saúde de cada um dos sistemas sensoriais. Estas informações sensoriais são

aproveitadas para o controle do equilíbrio e as diferentes funções do controle postural

podem ser identificadas através da biomecânica e contribuir para uma melhor aplicação

clínica dos conceitos formados (AMADIO & MOCHIZUKI, 2003).

A separação anatômica dos sistemas sensoriais, envolvidos com o controle postural

e a degradação significativa das informações sensoriais quando fechamos os olhos ou

permanecemos em superfícies móveis ou macias, sugerem que o sistema nervoso tem

habilidade de mudar discretamente a fonte principal de informação sensorial. O controle

postural se baseia no monitoramento da representação interna da postura, o esquema

corporal (AMADIO & MOCHIZUKI, 2003).

O esquema corporal é uma representação geométrica do corpo humano, uma

representação cinética do corpo, principalmente das forças aplicadas no apoio e uma

representação da orientação do corpo em relação à gravidade (AMADIO &

MOCHIZUKI, 2003).

Já o sistema somatossensitivo fornece ao sistema nervoso central informação

sobre a posição e o movimento do corpo, em relação às superfícies de apoio

(SHUMMWAY & COOK, 2002). As informações oriundas do sistema vestibular

também são fontes poderosas de dados para o controle postural. O sistema vestibular

fornece ao sistema nervoso central informações sobre a posição e os movimentos

cefálicos em relação às forças de gravidade e da inércia, oferecendo uma estrutura de

referência gravitoinerte para o controle postural (SHUMMWAY & COOK, 2002).

11

11

A avaliação postural é o exame inicial que tem propósito de conhecer a

expressão postural do individuo; permitindo assim o diagnóstico cinesiológico e a

escolha da conduta a seguir, auxiliando na determinação dos objetivos e eleição de

métodos terapêuticos (PEREIRA, 1995).

A capacidade de localizar e analisar uma alteração postural, de tal forma que o

tratamento possa ser direcionado apropriadamente, é uma habilidade primária necessária

a todos os fisioterapeutas. Se o exame for inadequado e não revelar a fonte do problema

nem resultar em número possível de informações sobre a provável patologia, o

tratamento não pode ser eficaz. Um exame completo combinado com uma avaliação

critica e continua é provavelmente a habilidade mais valiosa entre todas as que um

fisioterapeuta possa ter (GUERINO et al., 2001).

O exame estático tem como objetivo atentar sobre o equilíbrio de cada segmento

um sobre o outro, verificar as condições de adaptações desse equilíbrio, segmentar as

modificações continuas da base de sustentação e as posições da cabeça. O objetivo do

exame dinâmico é o detectar o local e as causas do desequilíbrio muscular, colocando

em evidência a lógica das deformidades ou disfunções (GUERINO et al., 2001).

Porém deve-se ressaltar que a postura não é uma situação estática, mas sim

dinâmica, pois as partes do corpo se adaptam constantemente, em resposta a estímulos

recebidos, refletindo corporalmente as experiências momentâneas. A postura corporal

não pode, então, ser considerada meramente a manutenção de uma atitude estática

alcançada pelo equilíbrio entre músculos, ligamentos e ossos. Afinal somos um corpo e

as posturas adotadas em cada momento dependem da consciência corporal de cada

indivíduo e do estado emocional (BRACIALLI & VILARTA, 2001).

Alterações posturais são freqüentes encontradas em crianças e adolescentes.

Nessa fase, a postura sofre uma série de ajustes e adaptações às mudanças no próprio

corpo e à demanda psicossocial que lhe é apresentada, ocorrendo uma grande

transformação na busca de um equilíbrio compatível com suas condições (PENHA et al.

2005).

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2.0 – Objetivo

O objetivo deste estudo é avaliar as alterações posturais em alunos do 4º ano do

curso de fisioterapia na Universidade São Francisco em Bragança Paulista através da

avaliação postural.

3.0 – Metodologia

3.1 – Voluntários

Foram avaliados 44 acadêmicos do 4º ano do curso de Fisioterapia, sendo 13

homens e 31 mulheres, todos com mais de 18 anos, na Clínica Escola da Universidade

São Francisco.

3.2 – Materiais

Foi utilizada para o estudo uma ficha de avaliação postural padronizada (Anexo

II), fio de prumo e simetrógrafo.

3.3 – Procedimentos

O presente trabalho foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa desta

universidade e após a aprovação os voluntários assinaram o termo de consentimento

livre e esclarecido, a fim de conhecerem os procedimentos e objetos da pesquisa (Anexo

I).

Concordantes com os objetos do termo de consentimento livre e esclarecido os

voluntários foram avaliados. A avaliação será realizada na posição ortostática, nas vistas

anterior, posterior e lateral (Anexo II), com auxilio do fio de prumo passando anterior

ao maléolo lateral na vista lateral e aos maléolos mediais na vista posterior e anterior

(KENDALL, 1995).

Foram realizadas as medidas aparente e real, tendo a medida aparente o

comprimento desde a cicatriz umbilical ao maléolo lateral e a real: da espinha ilíaca

ântero-superior do ílio bilateral ao maléolo medial dos membros inferiores direito e

esquerdo, respectivamente (KENDALL, 1995).

O exame postural é insatisfatório quando é realizado com vestes de ginástica

comuns (KENDALL, 1995). Roupas adequadas: maiô de duas peças para os voluntários

13

13

do sexo feminino e sunga para os voluntários do sexo masculino foram vestidos para o

exame postural.

3.4 – Análise de Dados

A análise dos dados foi descritiva e qualitativa, apresentando as alterações

posturais presentes nos sujeitos avaliados.

14

14

4.0 - Resultados

Os voluntários foram avaliados na posição ortostática e todas as alterações

encontradas foram descritas de maneira segmentar.

Nas 44 avaliações realizadas, foram encontradas nas 13 avaliações no sexo

masculinos 9 pés cavo (69,23%), 2 pés planos (15,38%) e pés normais em 2 voluntários

(15,38%). Nas 31 avaliações no sexo feminino foram encontrados pés cavo em 17

voluntárias (58,83%), pés planos em 7 voluntárias (22,58%) e pés normais em 7

voluntárias (22,58%) (Gráfico 1):

Gráfico 1 – Alterações Posturais em Pés

Alterações Posturais em Pés

1515

69 58

22 22 2020

59

020406080

pés c

avos

pés p

lanos

pés n

ormais% A

ltera

ção

Post

ural

masculinofemininototal

15

15

Nas 13 avaliações do sexo masculino realizadas foram encontrados 10

voluntários com joelhos valgos (76,92%) e joelhos varo em 3 voluntários (23,07%).

Também foram encontradas nas 31 avaliações no sexo feminino 21 voluntárias com

joelho valgo (67,74%) e 10 voluntárias com joelho varo (32,25%) (Gráfico 2):

Gráfico 2 – Alterações Posturais em Joelhos

Alterações Posturais em Joelhos

76

23

67

32

70

29

020406080

joelhosvalgos

joelhosvaros

% A

ltera

ção

Pos

tura

l

masculinofemininototal

16

16

A pelve apresentou-se com posicionamento normal no sexo masculino em 4

voluntários (30,76%), inclinação para a direita em 1 voluntário (7,69%), retroversão em

5 voluntários (38,46%) e anteversão em 3 voluntários (23,07%). Na pelve do sexo

feminino observou-se posicionamento normal em 8 voluntárias (25,80%), inclinação

para a direita em 7 voluntárias (22,58%), retroversão em 10 voluntárias (32,25%) e

anteversão em 6 voluntárias (19,35%) (Gráfico 3):

Gráfico 3 – Alterações Posturais em Pelve

Alterações Posturais em Pelve

7

38

2330

22

32

19

25

18

34

20

27

05

10152025303540

inclinad

a p/ D

retrov

ersão

antev

ersão

pelve

norm

al

% A

ltera

ção

Post

ural

masculinofemininototal

17

17

Foi detectado no sexo masculino hiperlordose lombar em 4 voluntários

(30,76%), hipercifose torácica em 2 voluntários (15,38%), curvaturas normais no plano

sagital em 6 voluntários (46,15%). Foram encontrados desvios da coluna vertebral no

plano frontal em 1 voluntário (7,69%). Não foram encontradas diferenças maiores que

1cm entre a medida real e aparente dos membros inferiores nas 44 avaliações realizadas.

Já no sexo feminino foi detectada hiperlordose lombar em 3 voluntárias (9,67%),

hipercifose torácica em 15 voluntárias (48,38%), curvaturas normais no plano sagital

em 5 voluntárias (16,12%). Foram encontrados desvios da coluna vertebral no plano

frontal em 8 voluntárias (25,80%) (Gráfico 4):

Gráfico 4 – Alterações Posturais em Coluna Vertebral

Alterações Posturais em Coluna Vertebral

7

46

253015

9

48

1615

38

20 25

0102030405060

hipe

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hipe

rcifo

seto

ráci

ca

esco

liose

norm

al% A

ltera

ção

Post

ural

masculinofemininototal

18

18

Nas 13 avaliações do sexo masculino realizadas foram encontrados ombros

normais no plano frontal em 6 voluntários (46,15%), ombro direito mais alto em 2

voluntários (15,38%), ombro esquerdo mais alto em 2 voluntários (15,38%) e ombros

protrusos em 6 voluntários (23,07%). Também foram encontradas nas 31 avaliações no

sexo feminino 8 voluntárias com ombros normais (25,80%), ombro direito mais alto em

8 voluntárias (25,80%), ombro esquerdo mais alto em 8 voluntárias (25,80%) e ombros

protrusos em 7 voluntárias (22,58%) (Gráfico 5):

Gráfico 5 – Alterações Posturais em Cintura Escapular

Alterações Posturais em Cintura Escapular

46

25 25 22 2515 15 2322 22 22

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01020304050

ombro

D al

to

ombro

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protru

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norm

al% A

ltera

ção

Post

ural

masculinofemininototal

19

19

Nas 13 avaliações realizadas no sexo masculino foram encontradas rotação de

cabeça para a direita em 5 voluntários (38,46%), protrusão de cabeça em 5 voluntários

(38,46%) e retificação cervical em 3 voluntários (23,07%). Nas 44 avaliações do sexo

feminino também foram encontradas rotação de cabeça para a direita em 16 voluntárias

(51,61%), protrusão de cabeça em 7 voluntárias (22,58%) e retificação cervical em 8

voluntárias (25,80%) (Gráfico 6):

Gráfico 6 – Alterações Posturais em Cabeça e Pescoço

Alterações Posturais em Cabeça e Pescoço

3851

22 2538

23

47

27 25

0102030405060

rota

ção

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ltera

ção

Post

ural

masculinofemininototal

20

20

5.0 – Discussão

No presente trabalho estudamos as alterações posturais dos voluntários com

idade maior de 18 anos (21,72 ± 2.41).

As alterações posturais relacionadas são distúrbios anátomo-fisiológicos que se

manifestam geralmente na fase da adolescência e pré – adolescência, pois é o período

em que há o estirão do crescimento (MARTELLI & TRAEBERT, 2006).

Foi observado em nosso estudo que 69.23% dos voluntários do sexo masculino

apresentavam pés cavo e 58.83% do sexo feminino.

Segundo BIENFAIT (1989), os apoios dos pés no chão condicionam toda a

estática. Não há boa estática sem bons apoios, ou seja, as deformações dos pés causam

como conseqüência uma condição estática deficiente. Ainda, conforme BRICOT

(1998), uma deformação ou assimetria qualquer dos pés repercutirá sempre mais acima

e necessitará de uma adaptação do sistema postural.

Na avaliação foram encontradas alterações de joelho valgo, sendo que 76.92%

do sexo masculino e 67.74% do sexo feminino apresentavam esse desvio. BURNS &

MAC´DONALD (1999) defendem que tanto o joelho valgo como o varo representam

estágios normais durante o desenvolvimento do membro inferior. A posição inicial de

varismo é seguida por uma fase de valgismo extremo e que regride, no meio ou no final

da segunda infância.

Segundo BRUSCHINI & NÉRI (1995) o sexo feminino tem maior propensão ao

valgismo do joelho devido ao maior diâmetro bitrocantérico, quando comparado ao

sexo masculino, no qual apresenta maior probabilidade ao varismo, pelo fator contrário.

Em nosso trabalho, obtivemos a ocorrência de 38.46% do sexo masculino e

32.25% do sexo feminino de retroversão pélvica.

A articulação do quadril é classificada morfologicamente como esferóide, sendo

revestida por uma cápsula articular e por ligamentos tais como o iliofemoral e

ligamentos acessórios (ligamento pubofemoral e isquiofemoral). A cápsula é mais

espessa nas regiões proximal e anterior da articulação, onde é solicitada maior

resistência, principalmente nos movimentos de rotação externa, quando existe maior

tensão. A cápsula posterior é delgada e frouxa, não opondo resistência à rotação interna,

sendo a musculatura rotadora externa do quadril o principal elemento que restringe a

rotação interna (GOIS et al., 1998).

21

21

A relação entre a rotação externa e rotação interna provavelmente está ligada aos

elementos anatômicos que restringem as respectivas rotações. O ganho da rotação

externa á feito à custa do alongamento da cápsula anterior e do ligamento iliofemoral,

sendo também acompanhado por fortalecimento da musculatura rotadora externa, que é

o principal limitador da rotação interna (MOFFAT & VICKERY, 2002).

Em nosso estudo foi observado que 15.38% do sexo masculino e 48.38% do

sexo feminino apresentavam hipercifose torácica.

KISNER & COLBY (1998) e TRIBASTONE (2001), descrevem que a

hipercifose é o termo geral utilizado para definir uma curvatura posterior excessiva da

coluna vertebral. A deformidade pode ter a forma de uma curva longa e arredondada, ou

pode ser uma angulação aguda posterior localizada, ou seja, uma postura hipercifótica

refere-se a uma curvatura torácica aumentada.

De acordo com GABRIEL, PETIF & CARRIL (2001) e WEINSTEIN &

BUCKWALTER (2000), a hipercifose é uma deformidade estrutural que ocorre no

plano sagital na coluna vertebral torácica, onde, este desvio patológico da coluna é

evolutivo e pode vir acompanhada com a idade.

Os resultados com relação ao comprimento de membros inferiores, medidas

reais e aparentes de todos os voluntários, não causariam alterações posturais segundo

PENHA et al (2005), que relata que somente uma discrepância maior ou igual a 1,5 cm

é considerada como uma alteração significativa que possa causar um desvio postural tal

como escoliose.

Em relação à postura dos ombros foi observado um valor no sexo masculino de

23.07% e no sexo feminino 22.58% de ombros protrusos. Mesmo nas posições em que

parecem protrusos, os cotovelos estão levemente fletidos (PINHO & DUARTE, 1995).

O resultado do presente trabalho mostrou que no sexo masculino apresentou

protrusão de cabeça 38.46% e no sexo feminino 22.58% com protrusão de cabeça.

A cabeça deve ter o seu peso totalmente distribuído sobre o corpo, nunca estar

pendente para frente ou para trás. Deve estar segura pelos músculos posteriores do

pescoço e deixar os esternocleidomastóideos livres para movimentos próprios da cabeça

(SAMPAIO, 1987).

MOFFAT & VICKERY (2002) apud PRATI & PRATI (2006) referem que à

tendência da retificação cervical, pode ser decorrente de uma mecânica postural

inadequada, podendo ser provocada por repetição de movimentos, sendo esta região

(cervical) a mais vulnerável, decorrente deste uso excessivo.

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22

Os defeitos posturais raramente provocam mudanças estruturais marcantes;

todavia, se forem prolongados, músculos e ligamentos realmente adaptam seus

comprimentos á posição habitual mantida pelas articulações, o que pode levar a uma

limitação parcial da amplitude articular normal. Quando presente essa limitação pode

impedir que o indivíduo assuma futuramente uma boa posição, quando a atividade e as

condições tiverem melhorando. Relaxamento, exercícios de mobilidade e uma repetida

apresentação de um padrão postural satisfatório, prepararão o caminho para a melhora

(GARDINER, 1995).

23

23

6.0 – Conclusões

As alterações encontradas nos pés avaliados sugerem uma relação com um

padrão postural inadequado.

As alterações encontradas nos joelhos podem estar relacionadas com a idade e

predomínio do sexo feminino.

O posicionamento da pelve em retroversão parece acontecer devido a

compensações realizadas pela postura padrão.

O aumento da hipercifose torácica das avaliações sugere relação com a idade dos

voluntários, que pode apresentar uma deformidade estrutural.

7.0 – Considerações Finais

Não existe uma só postura melhor para todos os indivíduos. A ineficiência do

alinhamento esquelético resulta em padrões de hipertonia muscular lateral, diminuição

da elasticidade nos músculos hipertônicos e daí a sua tendência à restrição de

movimentos, necessidade de maior força de contração muscular para superá-la, maior

vulnerabilidade a traumatismos articulares, ligamentares e musculares, principalmente

na região lombar e ao aparecimento de doenças degenerativas (MOFFAT & VICKERY,

2002).

A identificação precoce de alterações da biomecânica postural pode prevenir

lesões musculoesqueléticas.

A quantificação e descrição de avaliações, bem como, sua real incidência no

sexo feminino e masculino parecem indicar um caminho viável para futuros estudos.

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Referências Bibliográficas

AMADIO, C. A; MOCHIZUKI, L; As Funções do Controle Postural Durante a Posição

Ereta. Revista de Fisioterapia da Universidade de São Paulo, n. 1 (10), p. 7 – 15,

2001.

BARROS, T.E.P; BASILE, RJ. Coluna vertebral diagnóstico e tratamento das

principais patologias. ed 1 São Paulo, 1997.

BRACCIALLI, P.M.L; VILARTA, R. Postura Corporal: Reflexões Teóricas.

Fisioterapia em Movimento, n.1 (14), p. 65 -71, 2001.

BRACCIALLI, P.M.L; VILARTA, R. Aspectos a Serem Considerados na Elaboração

de Programas de Prevenção e Orientação de Problemas Posturais. Revista Paulista de

Educação Física, n. 14 (2), p. 159 – 171, 2000.

BIENFAIT, M. Os desequilíbrios estáticos – Fisiologia, patologia e tratamento

fisioterápico. São Paulo: Summus editorial, 1993.

BIENFAIT, Marcel. Fisiologia da Terapia Manual. São Paulo-SP: Summus, 1989

BRICOT, Bernard. Posturologia. São Paulo - SP: Ícone, 1998.

BRUSCHINI, S; NERY, CAS. Aspectos ortopédicos da obesidade na infância e

adolescência. In: Fisberg M. (ed.). Obesidade na infância e adolescência. São Paulo,

Fundação BYK; 1995. p.105-25.

BURNS, Y.R; MAC ´ DONALD, J. Fisioterapia e a Criança em Crescimento, 1º ed;

Editora Santos, 1999.

GABRIEL, R. S.; PETIF, J. D.; CARRIL, L de S. Fisioterapia em traumatologia,

ortopedia e reumatologia. Tradução de Elaine Ferreira. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.

25

25

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27

27

ANEXOS

Anexo I

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

ALTERAÇÕES POSTURAIS EM ALUNOS DO 4° ANO DE FISIOTERAPIA DA

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO

Responsável pelo Projeto: Prof Ms. Cláudio Fusaro

Acadêmicos: André Torres / Rafael Akira

O abaixo – assinado

Nome:_________________________________________________________idade:___

RG:___________________________Endereço:________________________________

______________________________________________________________________

declara que é de livre e espontânea vontade a participação como voluntário do projeto

de pesquisa supra- citado, de responsabilidade do pesquisador Prof Ms. Cláudio Fusaro .

O abaixo – assinado está ciente que:

I – O objetivo da pesquisa é avaliar a postura dos acadêmicos do 4º ano do Curso de

Fisioterapia da Universidade São Francisco para averiguar a presença da alteração

postural: Escoliose.

II – Durante o estudo deverá se submeter a uma Avaliação Postural nas vistas anterior,

posterior e lateral.

III - Obteve todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre

a participação no referido estudo;

IV – O voluntário está livre para interromper a participação no estudo a qualquer

momento.

V – Os resultados obtidos durante este estudo serão mantidos em sigilo pelos

pesquisadores, porém poderão ser divulgados apenas para fins científicos,

resguardando-se, entretanto, a identidade do voluntário através de tarjas ou qualquer

outro artifício que se faça necessário para que o voluntário não seja identificado;

28

28

VI – A participação neste estudo não trará benefícios e/ou prejuízos à saúde do

voluntário;

VII – Poderá contactar o Comitê de Ética em Pesquisa para apresentar recursos ou

reclamações em relação à pesquisa (fone 11 – 4034-8028);

IX – Poderá contactar o responsável pelo estudo, sempre que necessário pelo telefone

(11) 4034- 8133.

______________________________________________

Assinatura do Voluntário:

________________________

Responsável pelo Estudo

Prof Ms. Cláudio Fusaro

________________________

Acadêmico: André Torres

________________________

Acadêmico: Rafael Akira

Bragança Paulista, ____de_______________________de 2008

29

29

ANEXO II

Ficha de Avaliação Postural Identificação Nome:_________________________________________________________________ Idade:____________________________Sexo: M ( ) F ( ) Peso:_______________Altura:________________ INSPEÇÃO ANTERIOR Pés Pe plano ( ) Pé cavo ( ) Hálux valgo ( ) Hálux varo ( ) Dedos em garra ( ) Obs:________________________________________________________________ Tornozelo Tíbia: valga ( ) vara ( ) Altura dos maléolos:______________________________________________________ Trofismo muscular:_______________________________________________________ Obs:___________________________________________________________________ Joelho Valgo ( ) Varo ( ) Alinhamento patelar:_____________________________________________________ Trofismo muscular da coxa:________________________________________________ Obs:___________________________________________________________________ Pelve Alinhamento de cristas ilíacas:______________________________________________ Obs:___________________________________________________________________ Tronco Ângulo de Tales:_________________________________________________________ Cicatriz umbilical linha média:______________________________________________ Obs:__________________________________________________________________ Cintura escapular Alinhamento dos ombros:_________________________________________________ Obs:_________________________________________________________________________________________________________________________________________

30

30

Pescoço e cabeça Alinhamento de cabeça:___________________________________________________ Obs:___________________________________________________________________ INSPEÇÃO LATERAL Pé e tornozelo Ângulo tíbiotársico:______________________________________________________ Ângulo coxofemoral:_____________________________________________________ Distância dedo-chão: D ( ) E ( ) Obs:_________________________________________________________________ Joelho Hiperextensão: não ( ) bilateral ( ) unilateral ( ): D ( ) E ( ) Obs:_________________________________________________________________ Pelve Anteroversão ( ) retroversão ( ) normal ( ) Rotação da pelve:________________________________________________________ Obs:___________________________________________________________________ Tronco Hipercifose torácica:______________________________________________________ Hiperlordose lombar:_____________________________________________________ Obs:___________________________________________________________________ Cintura escapular Ombros: protrusão ( ) retração ( ) rotação:___________________________________ Obs:___________________________________________________________________ Pescoço e cabeça Retificação cervical ( ) Hiperlordose cervical ( ) protrusão de cabeça ( ) Obs:_________________________________________________________________________________________________________________________________________

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31

INSPEÇÃO POSTERIOR Pé e tornozelo Alinhamento tendão calcâneo:______________________________________________ Trofismo muscular na região posterior da perna:________________________________ Obs:___________________________________________________________________ Joelho Fossa poplítea:__________________________________________________________ Obs:___________________________________________________________________ Pelve Alinhamento: pregas glúteas:_____________________fenda glútea:________________ Obs:___________________________________________________________________ Tronco Alinhamento dos processos espinhosos:_______________________________________ Obs:___________________________________________________________________ Cintura escapular Escápulas:______________________________________________________________ Obs:___________________________________________________________________ Pescoço e cabeça: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ Medida de membros inferiores: Real: D ( ) E ( ) Aparente: D ( ) E ( ) Obs:___________________________________________________________________ Distância 3° dedo-chão: D ( ) E ( ) Obs:___________________________________________________________________ ______________________________________________________________________