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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES
URI – ERECHIM
DEPARTAMENTO DE LINGUÍSTICA, LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS
MARCIELI GAGLIOTTO
ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO DE MANUAIS TÉCNICOS
ERECHIM
2012
MARCIELI GAGLIOTTO
ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO DE MANUAIS TÉCNICOS
Trabalho de conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Letras, Departamento de Linguística, Letras e Artes da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Erechim. Prof. Ms. Lucila Augusta Campesatto.
ERECHIM
2012
Agradecimentos Primeiramente, desejo agradecer à todos aqueles que me ajudaram a não
desistir. Agradeço à minha mãe, pelo tempo dedicado e paciência comigo.
À minha orientadora, que me ajudou desde o início com este trabalho.
Agradeço, também ao Professor Arthur Beskow do curso de Engenharia
Mecânica pela cedência dos manuais, para a realização desta monografia.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi identificar quais são as estratégias utilizadas na tradução de manuais técnicos da área metal-mecânica, com base nos estudos de Estratégias de Tradução realizados por Chesterman (2001). Buscou-se analisar como as estratégias são utilizadas na tradução de manuais técnicos da área metal-mecânica, e como essas estratégias afetam (positiva e/ou negativamente) a tradução dos referidos manuais. O corpus do trabalho foi o Manual FANUC Series 0*-MC OPERATOR’S MANUAL (original), e Série 0i Mate-MB Manual do Operador (traduzido). Para análise do corpus, foram usados os estudos de Baker, que consiste na análise de textos paralelos na língua fonte e língua alvo. Dentre as estratégias semânticas, sintáticas e pragmáticas, foi possível identificar que as estratégias mais usadas no corpus em estudo foram a Tradução Literal e a Sinonímia. Palavras- chave: Tradução, tradução técnica, Estratégias de Tradução.
ABSTRACT
In this work I attempt to identify what are the strategies used in translating technical manuals in the metal-mechanic area, based on studies carried out by Translation Strategies by Chesterman (2001), which is a reference on the subject. We tried to analyze how the strategies are used in the translation of technical manuals in the metal-mechanic area, and how these strategies affect (positive and / or negatively) the translation of these manuals. The corpus of work was the Manual FANUC Series 0-MC * OPERATOR'S MANUAL (original) Série 0i Mate-MB Manual do Operador (translated). For analysis of the corpus, the studies were based on Baker, that consists in the parallel analysis of the source language text and the target language. Among the semantic, syntactic and pragmatic strategies, it was found that the strategies most commonly used in the corpus under study were Literal Translation and Synonymy. Key- words: Translation, technical translation, Translation Strategies.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................8
2 DESENVOLVIMENTO............................................................................10
2.1 A TRADUÇÃO..................................................................................................10
2.2 O TRADUTOR.................................................................................................13
2.3 A TRADUÇÃO TÉCNICA.................................................................................15
2.4 ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO....................................................................16
2.5 CORPUS...............................................................................................18
2.6 ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS..............................................................19
2.6.1 Estratégias sintáticas................................................................................19
2.6.1.1 Tradução literal......................................................................................19
2.6.1.2 Empréstimo, calque...............................................................................20
2.6.1.3 Transposição.........................................................................................21
2.6.1.4 Deslocamento de unidade.....................................................................21
2.6.1.5 Mudança estrutural da frase..................................................................21
2.6.1.6 Mudança estrutural da oração...............................................................22
2.6.1.7 Mudança estrutural do período..............................................................22
2.6.1.8 Mudança de coesão...............................................................................23
2.6.1.9 Deslocamento de nível...........................................................................23
2.6.1.10 Mudança de esquema............................................................................23
2.6.2 Estratégias semânticas..............................................................................24
2.6.21 Sinonímia......................................................................................................24
2.6.2.2 Hiponímia................................................................................................24
2.6.2.3 Antonímia................................................................................................24
2.6.2.4 Conversão...............................................................................................25
2.6.3 Estratégias pragmáticas...............................................................................25
2.6.3.1 filtro cultural.....................................................................................................25
2.6.3.2 mudança de explicitação.................................................................................26
2.6.3.3 mudança de informação..................................................................................26
2.6.3.4 mudança interpessoal......................................................................................26
2.6.3.5 mudança de elocução......................................................................................26
2.6.3.6 mudança de coerência................................................................................25
2.7 QUADRO RESUMO DAS ESTRATÉGIAS..................................................25
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................29
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................31
5. ANEXO.....................................................................................................33
8
1. INTRODUÇÃO
No presente trabalho, que tem como base a abordagem da tradução técnica
de manuais, objetiva apresentar o resultado da pesquisa realizada para a Disciplina
de Trabalho de Conclusão de Curso. A pesquisa teve como objetivo geral analisar
como as estratégias microtextuais e macrotextuais são utilizadas na tradução de
manuais técnicos da área metal mecânica. Como objetivos específicos, identificar
quais são as estratégias macro e micro textuais utilizadas na tradução de manuais
técnicos, e analisar como o uso dessas estratégias afetam a tradução de manuais.
Nos dias atuais, principalmente porque estamos em tempos de tecnologias
de ponta, a comunicação (ou a falta dela) pode ser um empecilho para o
crescimento tecnológico e a inserção do profissional no mercado de trabalho. Por
causa da falta de competência linguística em língua estrangeira – no caso desta
monografia a língua inglesa – a tradução mostra-se cada vez mais útil e diversos
estudos, na área de Estudos de Tradução, tem sido realizados e focados
principalmente na tradução técnica. O uso deste gênero textual está presente no
cotidiano das pessoas quando, por exemplo, compram um aparelho novo, e também
no cotidiano das empresas, no tocante ao manuseio de máquinas e equipamentos
importados de outros países.
A região do Alto Uruguai Gaúcho conta com um grande número de
indústrias/empresas, principalmente na área metal-mecânica, que estão
frequentemente se atualizando em termos tecnológicos. De acordo com o PEIEX –
projeto da Apex-Brasil de incremento à competitividade e promoção da cultura
exportadora empresarial, por meio da solução de problemas técnico-gerenciais e
tecnológicos e que tem um Núcleo Operacional coordenado pela URI – Erechim –
muitas empresas adquirem máquinas e equipamentos importados, e,
consequentemente, os manuais são escritos em Língua Estrangeira, principalmente
em Língua Inglesa.
A Região Alto Uruguai conta com o Curso de Engenharia Mecânica, oferecido
pela URI- Erechim, o que possibilita um grande avanço nessa área. Este curso
também adquiriu máquinas e equipamentos que contém manuais escritos em Língua
Inglesa. Através de comunicação oral do Coordenador deste curso, a grande maioria
9
dos alunos do Curso não tem domínio da Língua Inglesa para poder usar os
equipamentos. Nesse sentido a tradução técnica vem ao encontro das necessidades
linguísticas dos acadêmicos Assim, a tradução torna-se um agente facilitador do
processo de aprendizagem.
A falta de profissionais que façam este tipo de tradução nesta região é muito
grande, devido às suas especificidades. Em razão disso, a aluna pesquisadora é
frequentemente solicitada para a tradução deste gênero textual, justificando assim, o
interesse nesta área e principalmente no assunto sob investigação.
Além disso, esta pesquisa justifica-se pela grande importância que o gênero
dos manuais técnicos possui para a área metal mecânica, servindo de referencial
para os estudos de tradução. A relevância desta pesquisa está na especificidade do
corpus em estudo, e na crescente necessidade de se determinar ferramentas e
critérios para os tradutores desta área.
No presente trabalho, procura-se identificar quais são as estratégias utilizadas
na tradução de manuais técnicos da área metal-mecânica, com base nos estudos de
Estratégias de Tradução realizados por Chesterman (2001), que é uma referência no
assunto.
A pesquisa baseia-se em apenas um manual, pela dificuldade de obtenção de
material através das empresas contatadas. O referido manual foi obtido junto ao
Curso de Engenharia Mecânica da URI Erechim.
Para fins metodológicos, esta monografia estará subdividida da seguinte
forma: além desta introdução, a seção denominada Desenvolvimento, abordará os
seguintes tópicos: a tradução (seus conceitos e evolução); o tradutor e o seu papel
no processo tradutório; a tradução técnica (conceitos); estratégias de tradução,
análise do corpus, análise das estratégias. A seguir, serão apresentadas as
considerações finais, as referências bibliográficas e os anexos.
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2. DESENVOLVIMENTO
2.1 . A TRADUÇÃO
De acordo com Leffa (1988),
“A tradução, em um sentido mais amplo, pode ser definida como uma operação de transmissão de mensagem de um sistema linguístico para outro. Tal atividade foi utilizada como ferramenta para o ensino de Latim durante a Idade Média, direcionada a atividades de leitura.”
O que geralmente é entendido como tradução envolve um texto na língua
fonte (L1) passado para uma língua alvo (L2). A tradução é uma atividade que
abrange a interpretação do significado de um texto em uma língua, chamado de
texto fonte, e a produção de um novo texto em outra língua, chamada de língua alvo.
O texto resultante também se chama tradução. Traduzir nem sempre é apenas
verter um texto para outro idioma, mas sim, transformar este texto em informação
que o leitor da língua alvo possa entender e usar.
Quem desconhece o processo de tradução quase sempre trata o tradutor
como mero conhecedor de dois ou mais idiomas. Traduzir não se restringe a isso.
Além disso, o tradutor é, muitas vezes, considerado um traidor, pois muda o texto.
De acordo com o site Wikipedia.org “há um famoso jogo de palavras em italiano que
diz "Traduttore, Traditore" (em português, "Tradutor, traidor"), pois todo tradutor teria
de trair o texto original para conseguir reescrevê-lo na língua desejada”.
Tradicionalmente, a tradução sempre foi uma atividade humana, embora haja
tentativas de se automatizar e informatizar a tradução de textos em língua natural —
tradução automática — ou usar computadores em auxílio à tradução (Tradutores on-
line). Em relação a este tópico, existem muitas controvérsias. Por esta razão não
será abordado neste trabalho monográfico.
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No que tange o conceito de tradução e a sua evolução, Crystal (2010) diz que
quando as pessoas se deparam com uma barreira de língua estrangeira, a maneira
mais usual é procurar alguém que interprete ou traduza. O termo “tradução” é o
termo neutro para todas as tarefas onde as expressões de uma língua (a língua
fonte) são transformadas para outra língua (a língua alvo). (Tradução minha)
A tradução procura o estabelecimento da comunicação linguística reduzindo
as fronteiras da diversidade. A sociedade atual, dominada pelas tecnologias da
informação, parece caminhar para um processo de globalização. Um dos maiores
sonhos da humanidade é a livre comunicação entre todos os povos, mas a
proliferação linguística continua a constituir-se como um obstáculo apenas
transponível com a aprendizagem de línguas estrangeiras ou, na sua
impossibilidade, com recurso à tradução.
Durante o processo tradutório, e aqui estamos falando da tradução da, do
Inglês para o Português, diversas habilidades devem andar juntas, como leitura,
reflexão, pesquisa e redação, essencial para o bom funcionamento linguístico da
tradução (ALVES, 2000). Enquanto parte das ações do tradutor se dão automáticas,
até semiconscientes, outra parte exige decisões muito bem pensadas, e, essas
resoluções são chamadas de estratégias, que segundo Chesterman, são formas
eficientes, apropriadas e econômicas de resolver um problema.
Ao fazer a leitura de um texto, o leitor traz sua bagagem de vida, de
conhecimento prévio para processar cada parte do texto. Esta análise tem como
base as unidades gênero, padrões retóricos, identificação dos elementos coesivos
para a busca da coerência, e a ilustração do contexto. Cada gênero específico,
como os manuais técnicos, deverá ser construído atendendo a certas convenções
pré- determinadas, não só sobre a estruturação de gêneros, mas também sobre a
gramática e a escolhas lexicais feitas. “O conhecimento das estruturas genéricas e
dos padrões retóricos usados para atingir o objetivo comunicativo do texto facilita a
sua tradução, levando-se a fazer escolhas mais adequadas dos componentes
gramaticais e lexicais para o texto traduzido” (MAGALHÃES, 2000).
Segundo Magalhães (2000), para podermos fazer um estudo minucioso do
texto, partimos dos problemas de tradução gerados pela não equivalência entre os
itens gramaticais e lexicais do par linguístico que estamos analisando.
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No que concerne o uso de equivalência, Baker (1992), citando Eugene Nida, divide-
a em dois tipos, formal e dinâmica. A equivalência formal centra a sua atenção na
própria mensagem, na forma e no conteúdo. Nesse tipo de tradução, existe a
preocupação com a correspondência entre frase e frase, conceito e conceito. É
chamada “gloss translation”, que visa a permitir ao leitor entender o máximo possível
do contexto da língua de partida. A equivalência dinâmica está baseada no princípio
do efeito equivalente, isto é, que a relação entre receptor e mensagem deve ter
como objetivo ser o mesmo entre o receptor original e a mensagem na língua de
partida. A tradução, por sua vez, envolve mais do que simplesmente substituir itens
gramaticais e lexicais entre dois idiomas. O processo deve desfazer-se dos
elementos linguísticos básicos do texto original para alcançar o objetivo de Popovic
que é a “identidade expressiva” entre os textos de partida e de chegada. Porém,
uma vez que o tradutor se afasta da equivalência lingüística, começam a aparecer
os problemas para determinar a exata natureza do nível de equivalência buscada.
A tradução por equivalência pode ser considerada uma categoria semiótica,
compreendendo componentes sintáticos, semânticos e pragmáticos. Esses
componentes estão numa relação hierárquica, na qual a equivalência semântica é
prioridade em cima da equivalência sintática e das condições da equivalência
pragmática.
Popovic (apud Bassnett, 2003) distingue quatro tipos de equivalência:
equivalência linguística, onde se traduz palavra por palavra; equivalência
pragmática, onde há equivalência gramatical; equivalência estilística, quando há
equivalência funcional, a tradução visando a identidade expressiva de uma
invariante com sentido idêntico; e equivalência textual ou sintagmática, quando há
equivalência de forma e formulação.
O léxico, cuja estrutura é formada por palavras, é um dos recursos cruciais
para uma boa performance linguística. Mas é claro que o léxico não é a única forma
de o usuário analisar e usufruir de sua experiência de vida, a gramática também é
um recurso da língua do qual o falante depende para atingir o propósito
comunicativo. “Um conhecimento apurado da gramática da língua de chegada
também é imprescindível para que ele possa desenvolver estratégias apropriadas de
escolha dos recursos gramaticais da língua de partida” (MAGALHÃES, p.102).
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2.2 O TRADUTOR
Crystal (2010), no que concerne o profissional de tradução, uma distinção é
feita entre aqueles que trabalham coma língua falada ou de sinais (intérpretes), e
aqueles que trabalham com a linguagem escrita (tradutores). Certas tarefas tendem
a confundir esta distinção quando, por exemplo, transformam um discurso falado em
uma forma escrita (quando transmitindo programas estrangeiros ou escrevendo
legendas para filmes estrangeiros). Mas normalmente os papéis do tradutor e
intérprete são vistos separadamente. (Tradução minha).
Um tradutor experiente pode ter várias estratégias, como as análises
macrotextual e microtextual, examinando itens lexicais, uso de tempos verbais, até a
ordem das palavras, que procuram veicular a informação do texto original com
precisão, fidelidade e que seja confiável.
De acordo com Said (2011), ao contrário do que pensa a maioria das
pessoas, os tradutores não são apenas profissionais que lidam com a tradução de
livros. A tradução de livros ou editorial, erroneamente chamada de "tradução
literária", é um segmento minoritário do mercado de tradução em todo o mundo.
Outros segmentos mais volumosos são os de tradutores jurídicos (entre eles os
tradutores juramentados), os tradutores de manuais de equipamentos industriais, os
tradutores de artigos jornalísticos, os tradutores de textos de medicina, entre outros.
Um tradutor competente deve ter um bom conhecimento da língua, escrita e
falada, da qual ele está traduzindo (o idioma de origem), um excelente domínio da
língua para qual ele está traduzindo (a língua-alvo), familiaridade com o assunto do
texto a ser traduzido e uma profunda compreensão da etimologia e das expressões
idiomáticas correspondentes entre as duas línguas.
Supõe-se geralmente que qualquer indivíduo bilíngue é capaz de produzir
traduções de documentos satisfatoriamente simplesmente por ser fluente numa
segunda língua, o que não é totalmente verdadeiro. A capacidade, habilidade e até
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mesmo os processos mentais básicos necessários para o bilinguismo são
fundamentalmente diferentes daqueles necessários para a tradução.
Indivíduos bilíngues são capazes de pensar e ter ideias na língua estrangeira,
expressá-las oralmente em duas línguas diferentes, às vezes suficientemente bem
para falantes nativos dessa segunda língua. Os tradutores devem ser capazes de
ler, entender e manter ideias entre as duas línguas e, em seguida, reproduzir textos,
completos e sem exclusão, de uma maneira que transmita o significado original de
forma eficaz e sem distorções no outro idioma.
Em outras palavras, os tradutores devem ser minuciosos quanto à pureza da
ideia e de sua conotação ao passá-las do texto original para a tradução, e somente
com o conhecimento profundo dos mecanismos linguísticos específicos isto se torna
possível. Entre os tradutores, é geralmente aceito que as melhores traduções são
produzidas por pessoas que estão traduzindo a partir de sua segunda língua para
sua língua nativa, pois é raro alguém ter total fluência na segunda que não seja a
sua língua materna.
De acordo com Azenha Jr.
A chave para uma atuação mais ou menos eficaz do tradutor parece estar no seu grau de consciência das variáveis que entram em jogo em cada caso e na sua habilidade em controlar tais variáveis com a determinação de objetivos e estratégias claras, realizáveis através do uso otimizado dos instrumentos de apoio disponíveis. João Azenha Jr p. 146 (1996)
2.3 TRADUÇAO TÉCNICA
O texto considerado como “técnico”, fundamental no setor empresarial, ainda
não encontrou relevante lugar na pesquisa acadêmica, principalmente no que diz
respeito à sua tradução. De acordo com Polchlopek et all ( 2010),
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a tradução técnica é marginalizada por inúmeros fatores que se acredita serem “inerentes” a essa modalidade, a saber: i) tem menor valor estilístico se comparada à tradução literária; ii) sua aridez não permite a interação de concepções que revolucionam aspectos e pressupostos da área; iii) não apresenta variações lexicais devido à especificidade de cunho terminológico, ou seja, tendo-se conhecimento da área técnica que se está traduzindo, o processo tradutório não apresenta obstáculos, e iv) tem como ponto central de discussão a questão da equivalência textual, no sentido um-para-um, em relação ao conteúdo temático. http://www.pget.ufsc.br/intraducoes/edicao_3/taducao_tecnica.pdf)
De acordo com a autora, a língua é parte integrante da cultura dos povos.
Nesse sentido, o texto técnico também está exposto às variantes linguísticas tanto
da língua fonte como da língua alvo, assim, “conhecer tais especificidades deve
fazer parte do processo de tradução tanto quanto o domínio da terminologia em
questão ou da própria língua, no sentido de buscar um texto funcionalmente
adequado para o destinatário ou grupo de destinatários” (pg. 29)
Na obra intitulada ‘Conversas com Tradutores’ (BENEDETTI e SOBRAL,
2003) o tradutor Erik Borten opina que a semântica do jargão técnico na língua
portuguesa pede frequentemente que os termos indiquem preferivelmente a
finalidade da peça/equipamento, enquanto a língua americana tem um gosto notável
pelos aspectos construtivos”. (BORTEN apud BENEDETTI, 2003). Na tradução
técnica, o que se deve levar em conta é o pragmatismo
Para Chesterman (2001), a questão mais importante no momento da
tradução, não é repassar a mesma estrutura léxica, mas sim, a sua significação.
Chesterman aborda duas classes de estratégias como sendo principais: “estratégias
de redução”, que mudam ou reduzem a mensagem de alguma forma, e “estratégias
de realização”, que buscam preservar a mensagem mudando o meio, tal como o uso
de paráfrase, aproximação, reestruturação, etc.”
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2.4 ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO
Antes de abordarmos as questões de estratégias de tradução, cabe aqui uma
definição do que são estratégias. Em termos gerais, uma estratégia pode ser
definida como um plano consciente para determinar soluções para as questões
envolvendo a tradução. Este conceito é, no entanto, visto de maneira diferente em
diferentes espaços teóricos, sendo este o caso dos Estudos de Tradução.
Campesatto (2002), citando Lörscher (1991), define uma estratégia de tradução
como um procedimento potencialmente consciente para a resolução de um
problema quando um tradutor enfrenta ao traduzir um texto de uma língua para
outra.
“O nível cognitivo da língua não apenas admite, mas exige a interpretação
decodificada, isto é, a tradução” de ideias, frases, palavras, da forma de pensar e
agir de uma determinada comunidade (JAKOBSON apud BRANCO, 2009).
Para Chesterman (2001), as estratégias são a solução para o problema da
tradução. Na tradução, diferentemente da gramática tradicional, o significado nunca
é unilateral, ou estável, mas sempre cheio de deslizes, falhas. O esforço deve ser
focado no propósito da comunicação, de maneira satisfatória, na total compreensão,
não na fidelidade exacerbada, pois, se focarmos na língua alvo, o “leitor-alvo”, o
próprio tradutor tem de considerar os diferentes tipos de leitores na língua de
chegada.
Com isso, as estratégias pensadas por Chesterman procuram envolver todos
os principais aspectos da língua, ou seja, a gramática, o sentido das palavras e a
fala, com todas suas modificações, e diferentes níveis e formas de sentido. Baseada
no trabalho de Branco (2009), foi criada uma tabela de estratégias e sua taxonomia.
Estratégias Sintáticas E1: Tradução Literal O mais próximo possível da estrutura gramatical do texto
de origem. E2: Empréstimo, Calque
Escolha deliberada e consciente.
E3: Transposição Qualquer mudança de classe de palavra, de substantivo para verbo, de adjetivo para advérbio.
E4: Deslocamento de Unidade
Uma unidade do texto de origem (morfema, palavra, frase, oração, sentença, parágrafo) traduzida como uma unidade
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diferente no texto de chegada. E5: Mudança Estrutural da Frase
Uma série de mudanças no nível da frase, incluindo número, exatidão e modificação na oração substantiva, pessoa, tempo e modo verbal.
E6: Mudança Estrutural da Oração
Mudanças na estrutura da oração em si, tratando de suas frases constituintes.
E7: Mudança Estrutural de Período
Está relacionada à estrutura da unidade da sentença.
E8: Mudança de Coesão
Está relacionada à referência intratextual, elipse, substituição, pronominalização e repetição ou o uso de conectores de vários tipos.
E9: Deslocamento de Nível
O modo de expressão de um determinado item muda de um nível (fonológico, morfológico, sintático e lexical) para outro.
E10: Mudança de Esquema
Tipos de mudanças que tradutores incorporam na tradução de esquemas retóricos, tais como paralelismo, repetição, aliteração, ritmo, métrica, etc.
Estratégias Semânticas S1: Sinonímia Seleciona não o equivalente óbvio, mas um sinônimo ou
um termo “quase-sinônimof. S3: Hiponímia Mudanças na relação hiponímica. S2: Antonímia O tradutor seleciona um antônimo e o combina com um
elemento de negação. S4: Conversão Pares de estruturas (geralmente) verbais que expressam a
mesma ideia, mas de pontos de vista opostos, tal como “comprar” e “vender”.
Estratégias Pragmáticas Pr1: Filtro Cultural Também tratada como naturalização, domesticação ou
adaptação. Pr2: Mudança de Explicitação
Mais direcionada à informação explícita, ou mais direcionada à informação implícita.
Pr3: Mudança de Informação
Adição de nova informação considerada relevante ao texto de chegada, mas que não está presente no texto original ou a omissão de informações presentes no texto original consideradas irrelevantes
Pr4: Mudança Interpessoal
Altera o nível de formalidade, o grau de emotividade e envolvimento, o nível de léxico técnico e assim por diante; o que quer que envolva mudança na relação entre texto/autor e o leitor.
Pr5: Mudança de Elocução
Ligada a outras estratégias: mudança do modo verbal do indicativo para o imperativo, mudança de afirmação para pedido.
Pr6: Mudança de Coerência
Organização lógica da informação no texto, no nível ideacional
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2.5 CORPUS
De acordo com Baker (2004), Linguística de Corpus é uma área da
Linguística que se ocupa da coleta e análise de corpus, que é um conjunto de dados
linguísticos coletados criteriosamente para serem objeto de pesquisa linguística.
Para a autora, a linguística de corpus surgiu com a necessidade que
estudiosos da língua perceberam para se apoiar em usos reais para fazerem
generalizações ou esboçarem teorias a respeito do funcionamento linguístico.
Atualmente, a linguística de corpus está intimamente ligada ao uso do computador,
visto que os corpora/córpora (plural de corpus) são eletrônicos. Assim, a linguística
de corpus contemporânea caracteriza-se pela coleta e análise de corpora eletrônicos
com o auxílio de ferramentas eletrônicas.
De acordo com Camargo (2008) “o corpus deve ser constituído de dados
autênticos (não inventados), legíveis por computador e representativos de uma
língua ou variedade da língua da qual se deseja estudar”.
Stella Tagnin (2004) define um corpus como “uma coletânea de textos em
formato eletrônico, compilada segundo critérios específicos, considerada
representativa de uma língua (ou da parte que se pretende estudar), destinada à
pesquisa”.
Na área de tradução, os corpora vêm sendo usados para ensino e pesquisa e
marcas específicas de textos traduzidos, como estudado detalhadamente por Mona
Baker, em que um corpus de textos traduzidos também pode ser usado para estudo
da variação na produção dos tradutores individualmente do impacto de
determinadas línguas fontes na padronização da língua alvo.
Ainda de acordo com Camargo (2008), o uso de corpora é de grande influência
em vários centros. Sobretudo na Europa, a amplitude e diversidade das pesquisas
passaram a exigir um aumento considerável do uso de corpora. Na Grã-Bretanha,
estão sediados centros importantes pertencentes às universidades de Birmingham,
Brighton, Lancaster, Liverpool, Londres, Manchester. No processo de incorporação
da University of Manchester Institute of Science and Technology − UMIST à
Universidade de Manchester, esta passou, desde junho de 2003, a abrigar um
centro pioneiro e, tanto quanto se saiba, o mais conceituado na elaboração de um
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corpus especificamente desenhado para pesquisas em tradução. Nesse centro
liderado por Baker, está sediado o Translational English Corpus − TEC (Corpus do
Inglês Traduzido), com a primeira e a maior coleção totalmente computadorizada
existente em nível mundial, com cerca, atualmente, de 10.000.000 de palavras, a
partir de diversas línguas europeias e não-europeias nas categorias de ficção,
biografia, jornais e revistas de bordo. Por sua vez, Portugal conta, notadamente,
com o projeto COMPARA, (http://www.portugues.mct.pt/COMPARA/), levado a efeito
por Santos (1998) e por uma equipe de pesquisadores.
A seguir apresentamos o corpus que será usado para análise das estratégias
propostas por Chesterman (2001). O referido material foi retirado do Manual FANUC
Series 0*-MC OPERATOR’S MANUAL (original), e Série 0i Mate-MB Manual do
Operador (traduzido).
Esta máquina é utilizada por alunos e professores do Curso de Engenharia
Mecânica da URI – Erechim. Ambas as versões vêm em formato eletrônico, o que
colaborou muito para a estruturação da análise.
2.6 ANÁLISES DAS ESTRATÉGIAS
Para proceder com a análise das estratégias propostas por Chesterman, o
corpus foi alinhado em duas colunas, tendo na primeira coluna a versão em Inglês,
que neste caso é a Língua Fonte. Na segunda coluna temos a tradução
correspondente em Língua Portuguesa, que é a Língua Alvo. A seguir faremos a
análise detalhada de cada estratégia e sua incidência nos manuais.
Para fins metodológicos, apresentaremos uma breve definição de cada
estratégia, e um exemplo de cada uma. O número que aparecerá entre parênteses,
indicará o número do excerto, de acordo com o Anexo I.
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2.6.1 Estratégias Sintáticas
2.6.1.1Tradução Literal
Esta estratégia se caracteriza por estar o mais próximo possível da estrutura
gramatical do texto de origem. A cada palavra do original, corresponde uma da
tradução e ambas têm idêntico sentido e idênticas características morfossintáticas.
Nesse caso, geralmente, uma retro tradução igualmente literal vai nos conduzir de
volta ao original.
Na maior parte dos excertos encontramos a tradução literal, pois como o
manual não abre leque de diferentes interpretações possíveis. No que tange a
análise quantitativa desta estratégia, podemos dizer que a mesma foi encontrada
nos vinte excertos selecionados para a análise.
Exemplo:
(08) L1: …Manual reference position return (See III–3.1) Reference position
return is performed by manual button operation…
L2: …O retorno ao ponto de referência é executado pelo botão de
operação manual…
2.6.1.2 Empréstimo, Calque
Nesta estratégia há uma escolha deliberada e consciente dos termos
traduzidos. Usado como um verbo, "a calque" significa pedir uma palavra ou frase de
uma outra língua ao traduzir seus componentes, de modo a criar um novo lexema na
língua-alvo.
Provando que uma palavra é um calque, por vezes, exige mais documentos
do que faz um loanword não traduzido, uma vez que em alguns casos, uma frase
semelhante poderia ter surgido de forma independente em ambas as línguas. Esta é
menos provável de ser o caso quando a gramática do calque proposto é bastante
diferente do da língua proposta para ser contração, ou o calque contém imagens
menos óbvios.
Exemplo:
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(13) L1: …When manual reference position return operation is performed in
the reset state …
L2: …Quando se executa um retorno manual ao ponto de referência no
estado de reset…
2.6.1.3 Transposição
Qualquer mudança de classe de palavra, de substantivo para verbo, de
adjetivo para advérbio, altera a ordem de colocação das palavras. É uma estratégia
que envolve a substituição de uma forma verbal por uma nominal, ou vice-versa,
além disso, por haver a troca de adjetivo por um verbo, ou vice-versa. Esta
estratégia é uma tentativa de evitar o deslocamento linear e manter a estrutura
temática do texto fonte. É uma estratégia sofisticada, pois envolve a escolha de um
vocabulário adequado para a sequencia da frase.
Exemplo:
(02) L1: …possibly causing damage…
L2: …podendo causar dano…
2.6.1.4 Deslocamento de Unidade
Esta estratégia caracteriza-se por ter uma unidade do texto de origem
(morfema, palavra, frase, oração, sentença, parágrafo) traduzida como uma unidade
diferente no texto de chegada. Isto implica dizer que o texto traduzido poderá ter
uma abordagem totalmente diferente. Segundo Baker (1992), esta estratégia pode
levar a erros sintáticos, semânticos ou pragmáticos.
Exemplo:
(05) L1: …when machining the part…
L2: …para usinar uma peça…
22
2.6.1.5 Mudança estrutural da frase
Uma série de mudanças no nível da frase, incluindo número, exatidão e
modificação na oração substantiva, pessoa, tempo e modo verbal. Mudança
estrutural da frase: esta estratégia envolve uma série de mudanças ao nível da
frase, incluindo número, exatidão e modificação na oração substantiva, pessoa,
tempo e modo verbal. O uso dessa estratégia pode levar a uma mudança da
estrutura temática da frase, podendo, também, levar a erro de tradução.
No caso do uso da pessoa na tradução, podemos considerar, nesta
estratégia, o uso do plural de modéstia, amplamente discutido na literatura. A
distinção mais comum em relação à pessoa é aquela entre a primeira pessoa, isto é,
identificar o falante “I” – EU – e um grupo que inclui o falante “WE” – NÓS (BAKER,
2000).
Exemplo:
(03) L1: …Refer to the manual provided with the machine to determine the
maximum allowable federate...
L2: …A velocidade de avanço máxima admissível é indicada no manual
fornecido com a máquina...
2.6.1.6 Mudança estrutural da oração
Mudanças na estrutura da oração em si, tratando de suas frases constituintes.
Modificação na ordem dos componentes da oração, como sujeito, verbo,
complemento, que consiste nas mudanças estruturais necessárias na tradução de
um idioma para outro sem comprometer a integridade semântica do discurso. É o
oposto do que se poderia chamar de “tradução ao pé da letra”, que por não
respeitarem as diferenças estruturais geram textos de difícil compreensão. O uso
dessa estratégia pode levar, como no caso da estratégia anterior, a uma mudança
23
na estrutura temática da frase. Em Inglês essa estratégia é muito usada para evitar o
deslocamento linear da frase.
Exemplo:
(03) L1:… if a machine is run at other than the correct speed…
L2: …se a máquina não for operada com a velocidade correta…
2.6.1.7 Mudança estrutural do período
Está relacionada à estrutura da unidade de sentença. Alteração na relação
das orações (principal, subordinada). Consiste nas mudanças estruturais
necessárias na tradução de um idioma para outro sem comprometer a integridade
semântica do período. O uso dessa estratégia pode levar, como no caso da
estratégia anterior, a uma mudança na estrutura temática da frase. Em Inglês essa
estratégia é muito usada para evitar o deslocamento linear da frase.
Exemplo:
(20) L1: …A workpiece coordinate system, once selected, is valid until
another workpiece coordinate system is selected…
L2: …Uma vez selecionado um sistema de coord. da peça, este
permanece válido até que outro sistema de coord. da peça seja
selecionado…
2.6.1.8 Mudança de coesão
Está relacionada à referência intratextual, elipse, substituição,
pronominalização e repetição ou uso de conectores de vários tipos. Opera também
em referências, elipses.
Exemplo:
( 01) L1: …wthout first cheking the operationof the machine...
24
L2:…sem antes verificar o funcionamento da máquina…
2.6.1.9 Deslocamento de nível
O modo de expressão de um determinado item muda de um nível (fonológico,
morfológico, sintático e lexical) para outro. O uso desta estratégia definitivamente
provoca o deslocamento linear da frase.
Exemplo:
(01) L1: …never attempt to machine a workpiece…
L2: …nunca proceder à usinagem de uma peça…
2.6.1.10 Mudança de esquema
Tipos de mudanças que tradutores incorporam na tradução de esquemas
retóricos, tais como paralelismo, repetição, aliteração, ritmo, métrica, etc. Além
disso, encorpora-se estrutura vocabular que não estava presente na L1, é o caso
dos acréscimos ou subtrações linguísticas.
Exemplo:
(10) L1: ..that is to the position of the coordinate values…
L2: …para a posição dos valores das coordenadas…
2.6.2 Estratégias Semânticas
2.6.2.1 Sinonímia
Seleciona não o equivalente ao óbvio, mas um sinônimo ou um termo quase
sinônimo, sem dar um novo sentido, apenas uma equivalência da outra palavra
usada anteriormente.
25
Exemplo:
(19) L1: …systems can be used…
L2: … peça pode ser utilizada…
2.6.2.2 Hiponímia
De acordo com o site Infopédia.pt, a relação semântica em que uma palavra
está num plano hierárquico inferior, uma vez que pertence a uma classe ou espécie
que a inclui ao nível do significado, denomina-se hiponímia. Este fato implica que o
significado do hipônimo (etimologicamente significa nome pequeno) é mais
específico e mais restrito do que o significado do hiperónimo a que pertence. O
conceito de hiponímia também só é entendido em relação ao conceito de
hiperonímia, que é a relação semântica de super-ordenação hierárquica que uma
palavra assume em relação a outra (o hipónimo) em virtude da sua maior
abrangência de sentido. O hiperónimo é etimologicamente um nome que está numa
posição hierárquica superior (hiper) por ser capaz de incluir outras palavras - os
seus hipónimos; ou seja, comporta-se como um nome de espécie ou de classe, mais
genérico, menos restrito, a que pertencem sub-classes de palavras colocadas num
nível inferior na hierarquia do significado. Não há exemplos de hiponímia ou
hiperonímia.
2.6.2.3 Antonímia
O tradutor seleciona um antônimo e o combina com elemento de negação.
Antonímia é a relação que se estabelece entre duas ou mais palavras que
apresentam significados diferentes, contrários. O importante, aqui é saber que
significados são opostos, ou seja, excluem-se. É um sinônimo de antônimo. Não
foram encontrados casos de antonímia por conta do gênero manual não comportar
tal estratégia.
26
2.6.2.4 Conversão
Esta estratégia se caracteriza por pares de estruturas geralmente verbais que
expressam a mesma ideia, mas de ponto de vista opostos. Geralmente, tais
conversões costumam mudar o sentido anterior e até mesmo, dar um outro
significado à palavra. Esta estratégia não é dificilmente usada uma vez que cada
língua tem sua própria fraseologia, seu próprio idioma que exclui muitas opções que
estão potencialmente disponíveis como sequências gramaticais. Esta estratégia não
foi encontrada no corpus analisado.
2.6.3 Estratégias Pragmáticas
2.6.3.1 Filtro cultural
Também tratada como naturalização, domesticação ou adaptação. De acordo
com Colchlopek e Zipser (2009) a representação cultural pressupõe um leitor final
sempre prospectivo e que geralmente não compartilha do contexto sócio-cultural de
onde se origina o texto fonte. Por essa razão, se fazem necessários filtros entre o
texto de partida e o texto de chegada. Estes filtros, empregados num texto pelo
tradutor são ancorados nos referentes da cultura de chegada, que tem a função de
ativar no leitor esquemas de memória que o permitam associar o texto base com
acontecimentos similares em sua própria cultura. Devido ao caráter técnico do
manual em estudo, esta estratégia não foi detectada.
2.6.3.2 Mudança de Explicitação
Esta estratégia está mais direcionada à informação explícita, ou mais
direcionada à informação implícita. Refere-se ao acréscimo de informações no texto
27
de chegada com o intuito de torná-lo mais claro. É a explicitação ou explicação de
elementos implícitos do texto de partida exigindo um esforço didático do leitor.
Exemplo:
(11) L1: … at a cutting speed of…
L2:… a uma velocidade de corte…
2.6.3.3 Mudança de informação
Esta estratégia consiste na adição de nova informação considerada relevante
ao texto de chegada, mas que não está presente no texto original ou há omissão de
informações consideradas irrelevantes.
Exemplo:
(02) L1:… operating the machine with incorrectly specified data…
L2:… se a máquina for operada com dados específicos
incorretamente…
2.6.3.4 Mudança interpessoal
Esta estratégia altera o nível de formalidade, o grau de emotividade e
envolvimento do texto de partida com o texto de chegada, bem como do autor e do
tradutor, o nível de léxico técnico e assim por diante. Isto significa dizer que envolve
mudanças na relação entre texto/autor e o leitor. Por ser caracteristicamente técnico,
o gênero manual não comporta esta estratégia.
2.6.3.5 Mudança de Elocução
Consiste na mudança do modo verbal do indicativo para o imperativo, bem
como a mudança de afirmação para pedido. Esta estratégia está relacionada a
outras estratégias, como por exemplo a Mudança Estrutural do Período.
Exemplo:
28
(02) L1: …thoroughly check…
L2: … verificar cuidadosamente…
2.6.3.6 Mudança de coerência
Organização lógica de informação no texto, no nível ideacional, para que o
texto de chegada seja ainda mais compreensível. O texto de saída possui uma
coerência dentro de sua fraseologia e estrutura sintatica. O tradutor faz a mudança
de coerencia para o texto de chega a fim de torná-lo de mais fácil entendimento.
Exemplo:
(04) L1:… or injury to the user… L2:… ou causar ferimentos ao usuário…
2.7 QUADRO RESUMO DAS ESTRATÉGIAS
Estratégias Definição Ocorrências Estratégias Sintáticas Tradução Literal O mais próximo possível da estrutura
gramatical do texto de origem. 20
Empréstimo, Calque Escolha deliberada e consciente. 1 Transposição Qualquer mudança de classe de palavra,
de substantivo para verbo, de adjetivo para advérbio.
2
E4: Deslocamento de Unidade
Uma unidade do texto de origem (morfema, palavra, frase, oração, sentença, parágrafo) traduzida como uma unidade diferente no texto de chegada.
5
E5: Mudança Estrutural da Frase
Uma série de mudanças no nível da frase, incluindo número, exatidão e modificação na oração substantiva, pessoa, tempo e modo verbal.
8
E6: Mudança Estrutural da Oração
Mudanças na estrutura da oração em si, tratando de suas frases constituintes.
3
E7: Mudança Estrutural de Período
Está relacionada à estrutura da unidade da sentença.
3
29
E8: Mudança de Coesão
Está relacionada à referência intratextual, elipse, substituição, pronominalização e repetição ou o uso de conectores de vários tipos.
2
E9: Deslocamento de Nível
O modo de expressão de um determinado item muda de um nível (fonológico, morfológico, sintático e lexical) para outro.
4
E10: Mudança de Esquema
Tipos de mudanças que tradutores incorporam na tradução de esquemas retóricos, tais como paralelismo, repetição, aliteração, ritmo, métrica, etc.
2
Estratégias Semânticas S1: Sinonímia S1: Sinonímia Seleciona não o
equivalente óbvio, mas um sinônimo ou um termo “quase-sinônimo”.
11
S3: Hiponímia Mudanças na relação hiponímica. 0 S2: Antonímia O tradutor seleciona um antônimo e o
combina com um elemento de negação. 0
S4: Conversão Pares de estruturas (geralmente) verbais que expressam a mesma ideia, mas de pontos de vista opostos, tal como “comprar” e “vender".
2
Estratégias Pragmáticas Pr1: Filtro Cultural Também tratada como naturalização,
domesticação ou adaptação. 2
Pr2: Mudança de Explicitação
Mais direcionada à informação explícita, ou mais direcionada à informação implícita.
10
Pr3: Mudança de Informação
Adição de nova informação considerada relevante ao texto de chegada, mas que não está presente no texto original ou a omissão de informações presentes no texto original consideradas irrelevantes
1
Pr4: Mudança Interpessoal
Altera o nível de formalidade, o grau de emotividade e envolvimento, o nível de léxico técnico e assim por diante; o que quer que envolva mudança na relação entre texto/autor e o leitor.
0
Pr5: Mudança de Elocução
Ligada a outras estratégias: mudança do modo verbal do indicativo para o imperativo, mudança de afirmação para pedido.
6
Pr6: Mudança de Coerência
Organização lógica da informação no texto, no nível ideacional
5
3. CONSIDERAÇOES FINAIS
30
Após a leitura dos referenciais teóricos pertinentes ao assunto, foi feita a análise
das estratégias usadas pelo tradutor no corpus selecionado. Após a análise,
procedeu-se um levantamento de quais estratégias foram usadas, foi também feita
uma análise das mesmas. Por ser um gênero que não tem a possibilidade de
diferentes significados, a estratégia mais usada no manual foi a tradução literal, pois
procura-se sempre a maior clareza e objetividade possíveis, principalmente num
manual. Junto com a necessidade de coesão e clareza do texto, vem a necessidade
de significados que estejam o mais próximo possível do domínio do leitor do manual
traduzido, portanto, a sinonímia também teve um papel de destaque.
Houve, também, a necessidade de delimitar quais estratégias seriam usadas,
pois existe uma série de estudiosos que desmitificam a tradução, e que possuem
várias estratégias diferentes. Por encontro de ideias, as estratégias selecionadas
foram baseadas nas Estratégias de Tradução de Chesterman (2001), dentre as
quais foram escolhidas as mais pertinentes ao gênero manual para a realização da
análise do corpus. Assim trabalhou-se com estratégias sintáticas, semânticas e
pragmáticas.
Ao chegar ao fim deste trabalho, chego à conclusão que para esta maravilhosa e
por vezes árdua carreira de aspirante à tradutor, deve-se dominar não somente a
língua estrangeira, mas também a sua língua materna. Percebi, também, que as
estratégias de tradução são uma ferramenta necessária e que por estar cada vez
mais em voga, a tradução começa a ter cada vez mais prestígio.
Espero que este trabalho possa ser útil aos colegas de curso, pois pode
contribuir para aumentar a pesquisa em tradução, e para abrir as portas do mercado
de trabalho. A área de tradução, embora já ampla, é um campo ainda em
crescimento, além de ser uma das tarefas mais recompensadoras para quem
domina uma língua estrangeira tão bem quanto a sua própria. Possibilitar que as
pessoas tenham um conhecimento de mundo que antes seria apenas palavras
cifradas sem entendimento real é um sentimento maravilhoso.
31
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
ALVES, Fábio; Magalhães, Célia; Pagano, Adriana. Traduzir com autonomia:
estratégias para o tradutor em formação. São Paulo: Contexto,2000.
BAKER, Mona. In other words: a coursebook on translation. London and New
York: Routledge: 1992.
BAKER, M. A corpus-based view of similarity and difference in translation. In:
International Journal of Corpus Linguistics, 2004.
BASSNETT, Susan. Estudos da tradução: fundamentos de uma disciplina.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian: 2003.
BENEDETTI, I. C.; Sobral, A. Conversas com Tradutores: Balanços e
perspectivas da tradução. São Paulo: Parábola, 2003.
BRANCO, Sinara O. Teorias da tradução e o ensino de língua estrangeira.
Horizontes de Linguística Aplicada, v. 8, n. 2, p. 185-199, 2009.
CAMARGO, D. C. PESQUISAS EM TRADUÇÃO E LINGÜÍSTICA DE CORPUS. On
line: http://letra.letras.ufmg.br/gttrad/enanpoll/2008/9-Pesquisas em tradução e
linguistica de corpus.pdf
32
CAMPESATTO, Lucila Augusta. Thematic struture in Brazilian Portuguese
abstracts in English translation: the issue of textual competence. 2002.
Dissertação( Mestrado em Letras, Língua Inglesa e Linguística
Aplicada.)Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.
CHESTERMAN, Andrew. Memes of Translation. Amsterdam: Benjamins, 2001.
CRYSTAL, David. The Cambridge Encyclopedia of Language. 2a ed. Cambridge:
Cambridge University Press, 2010.
LEFFA, V. (1988) “Metodologia do ensino de línguas” In: BOHN H. I; VANDRESEN,
P. Tópicos em lingüística aplicada: o ensino de línguas estrangeiras. Florianópolis,
Ed. da UFSC, p. 211-236
SAID, Fabio M. Fidus interpres: a prática da tradução profissional. 2a ed. São
Paulo: edição do autor, 2011.
SANTOS, D. Perception verbs in English and Portuguese. In: JOHANSSON, S.;
OKSEFJELL, S. (Ed.) Corpora and cross-linguistic research: theory, method, and
case studies. Amsterdam/Atlanta: Rodopi, 1998.
TAGNIN. S. (2004). “Corpora: o que são e para quê servem”. On line:
http://www.fflch.usp.br/dlm/comet/
ZIPSER,M. Elizabeth; POLCHLOPEK, Silvana. Filtros Culturais e deslocamento
de enfoque aos atentados terroristas ao WTC. In: http://E-REVISTA.
Unioeste.br/index.php/travessias/article/viu/3356. Vol. 3 No 2, 2009.
Cadernos de tradução:
AZENHA, Jr. Tradução Técnica, Condicionantes Culturais e os Limites da
Responsabilidade do Tradutor. In:
33
http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/traducao/article/view/5083/4542.
acessado dia 06/12/11.
5. ANEXO I
01 Never attempt to machine a workpiece without first checking the operation of the machine. Before starting a production run, ensure that the machine is operating correctly by performing a trial run using, for example, the single block, feedrate override, or machine lock function or by operating the machine with neither a tool nor workpiece mounted. Failure to confirm the correct operation of the machine may result in the machine behaving unexpectedly, possibly causing damage to the workpiece and/or machine itself, or injury to the user.
Nunca proceder à usinagem de uma peça, sem antes verificar o funcionamento da máquina. Antes de iniciar um ciclo de produção, assegure-se de que a máquina esteja operando corretamente, executando um teste de funcionamento, por exemplo, com a função bloco único, correção da velocidade de avanço ou função bloqueio, ou operando a máquina sem qualquer ferramenta ou peça montada. Não se controlando o funcionamento correto da máquina pode causar um comportamento imprevisto, podendo eventualmente danificar a peça e/ou a própria máquina, ou causar ferimentos ao usuário.
02 Before operating the machine, thoroughly check the entered data. Operating the machine with incorrectly specified data may result in the machine behaving unexpectedly, possibly causing damage to the workpiece and/or machine itself, or injury to the user.
Antes de operar a máquina, verificar cuidadosamente os dados introduzidos. Se a máquina for operada com dados especificados incorretamente, a mesma poderá comportar-se de forma imprevista, podendo causar dano à peça e/ou à própria máquina, ou causar ferimentos ao usuário.
03 Ensure that the specified feedrate is appropriate for the intended operation. Generally, for each machine, there is a maximum allowable feedrate. The appropriate feedrate varies with the intended operation. Refer to the manual provided with the machine to determine the maximum allowable feedrate. If a machine is run at other than the correct speed, it may behave
Verificar se a velocidade de avanço especificada é adequada à operação pretendida. Geralmente, cada máquina possui uma velocidade de avanço máxima admissível. A velocidade de avanço apropriada varia em função da operação desejada. A velocidade de avanço máxima admissível é indicada no manual fornecido com a máquina. Se a máquina não for operada com a
34
unexpectedly, possibly causing damage to the workpiece and/or machine itself, or injury to the user.
velocidade correta, a mesma poderá comportar-se de forma imprevista, podendo eventualmente danificar a peça e/ou a própria máquina, ou causar ferimentos ao usuário.
04 When machining the part using the CNC machine tool, first prepare the program, then operate the CNC machine by using the program. 1) First, prepare the program from a part drawing to operate the CNC machine tool. Finally, execute the machining actually. How to prepare the program is described in the Chapter II. PROGRAMMING. 2) The program is to be read into the CNC system. Then, mount the workpieces and tools on the machine, and operate the tools according to the programming. How to operate the CNC system is described in the Chapter III. OPERATION.
Para usinar uma peça com uma máquina-ferramenta CNC, preparar primeiro o programa, depois opere a máquina CNC utilizando o programa. 1) Primeiro prepare o programa a partir do desenho da peça, com o programa. Por fim, executar a usinagem propriamente dita. que deverá operar a máquina-ferramenta CNC. Como preparar o programa é descrito no capítulo II. PROGRAMAÇÃO. 2) O programa terá de ser lido para o sistema CNC. Depois, montar as peças e ferramentas na máquina, e operar as ferramentas de acordo Como operar o sistema CNC é descrito no
capítulo III, OPERAÇÃO.
05 Before the actual programming, make the machining plan for how to machine the part.
Antes de proceder à programação propriamente dita, fazer o plano de como usinar a peça
06 Machining plan Plano de usinagem
1. Determination of workpieces machining range 1. Definição da faixa de usinagem das peças.
2. Method of mounting workpieces on the machine tool
2. Método de montagem das peças na máquina-ferramenta.
3. Machining sequence in every machining process
3. Seqüência de usinagem em cada processo de usinagem.
4. Machining tools and machining 4. Ferramentas de usinagem e usinagem
Decide the machining method in every machining process.
Selecionar o método de usinagem em cada processo de usinagem.
07 A CNC machine tool is provided with a fixed position. Normally, tool
A máquina-ferramenta CNC possui uma posição fixa. Normalmente, a substituição
change and programming of absolute zero point as described later are performed at this position. This position is called the reference position
da ferramenta e a programação do ponto zero absoluto, posteriormente descritas,
são executadas nesta posição, designada como ponto de referência.
08 The tool can be moved to the reference position in two ways:
A ferramenta pode ser deslocada para o ponto de referência de duas formas:
(1) Manual reference position return (See III–3.1) (1) Retorno manual ao ponto de referência (Ver III–3.1). O retorno ao
Reference position return is performed by manual button operation.
ponto de referência é executado pelo botão de operação manual.
(2) Automatic reference position return (See II–6) (2) Retorno automático ao ponto de referência (Ver II–6). Geralmente
35
In general, manual reference position return is performed first after the power is turned on. In order to move the tool to the reference position for tool change thereafter, the function of automatic reference position return is used.
o retorno manual ao ponto de referência é executado primeiro, após a ligação
da máquina. Para deslocar a ferramenta ao ponto de referência, para proceder a uma substituição posterior da ferramenta, utiliza-se a função de retorno automático ao ponto de referência.
09The following two coordinate systems are specified at different locations:
Os dois sistemas de coordenadas abaixo são especificados em locais
(See II–7) diferentes: (Ver II–7)
(1) Coordinate system on part drawing (1) Sistema de coordenadas do desenho da peça
The coordinate system is written on the part drawing. As the program data,
O sistema de coordenadas é especificado no desenho da peça. Como dados
the coordinate values on this coordinate system are used.
do programa, são utilizados os valores de coordenadas deste sistema.
(2) Coordinate system specified by the CNC (2) Sistema de coordenadas especificado pelo CNC.
The coordinate system is prepared on the actual machine tool table.
O sistema de coordenadas é especificado na própria mesa da máquinaferramenta.
This can be achieved by programming the distance from the current position of
Para tal, é programada a distância entre a posição atual da
the tool to the zero point of the coordinate system to be set.
ferramenta e o ponto zero do sistema de coordenadas a ser definido
10 Command for moving the tool can be indicated by absolute command or incremental command (See II–8.1).
O comando para deslocamento de ferramenta pode ser indicado através
The tool moves to a point at “the distance from zero point of the de comando absoluto ou incremental (Ver II–8.1).
coordinate system” that is to the position of the coordinate values.
A ferramenta desloca-se para um ponto à "distância do ponto zero do
sistema de coordenadas", para a posição dos valores das coordenadas.
11 <When a workpiece should be machined with a tool 100 mm in
<Quando uma peça deve ser usinada com uma ferramenta num
diameter at a cutting speed of 80 m/min. >
diâmetro de 100mm, a uma velocidade de corte de 80 m/min. >
36
The spindle speed is approximately 250 min-1, which is obtained from
A velocidade do fuso é de aproximadamente 250 min-1, que é obtido de N=1000v/πD. Assim, é necessário o seguinte comando:
N=1000v/ðD. Hence the following command is required: S250;
S250; Os comandos relacionados à velocidade do fuso são chamados de função
Commands related to the spindle speed are called the spindle speed da velocidade do fuso ( Ver II–9) .
function (See II–9) .
12 When machining is actually started, it is necessary to rotate the spindle, and feed coolant. For this purpose, on–off operations of spindle motor and coolant valve should be controlled.
Quando se inicia o processo de usinagem, é necessário girar o fuso e introduzir o líquido refrigerante. Para tal, há que controlar as operações de ativação/desativação do motor do fuso e da válvula do líquido refrigerante
13 When manual reference position return operation is performed in the reset state, a workpiece coordinate system is shifted by the workpiece zero point offset value from the machine coordinate system zero point. Suppose that the manual reference position return operation is performed when a workpiece coordinate system is selected with G54.
Quando se executa um retorno manual ao ponto de referência no estado de reset, o sistema de coordenadas da peça é deslocado, pelo valor de correção do ponto zero da peça e a partir do ponto zero do sistema de coordenadas da máquina. Suponha que o retorno manual ao ponto de referência é executado quando o sistema de coordenadas da peça é selecionado com G54.
14 In this case, a workpiece coordinate system is automatically set which has its zero point displaced from the machine zero point by the G54 workpiece zero
Neste caso, é definido automaticamente um sistema de coordenadas da peça, cujo
point offset value; the distance from the zero point of the workpiece
ponto zero se encontra deslocado do ponto zero da máquina em função do valor de correção do ponto zero da peça em G54; a distância entre o ponto zero do sistema de coordenadas da peça e o ponto de referência representa a posição atual no sistema de coordenadas da peça. Pg 79
coordinate system to the reference position represents the current position in the workpiece coordinate system.
37
17 The workpiece coordinate system set by these operations is shifted from the machine coordinate system using the commands and operations listed next page.
O sistema de coordenadas da peça definido por estas operações é deslocado do sistema de coordenadas da máquina utilizando-se os comandos e operações listados na página seguinte.
18 Do not use the workpiece coordinate system preset function when the scaling, coordinate system rotation, programmable image, or drawing
Não utilize a função de pré-definição do sistema de coordenadas da peça
copy mode is set. quando os modos de escalonamento, rotação do sistema de coordenadas,
imagem programável ou cópia do desenho estão definidos.
19 Besides the six workpiece coordinate systems (standard workpiece
Além dos seis sistemas de coordenadas da peça (sistemas padrão de
coordinate systems) selectable with G54 to G59, 48 additional workpiece coordinate systems (additional workpiece coordinate systems) can be used. Alternatively, up to 300 additional workpiece coordinate systems
coordenadas da peça) selecionáveis com G54 a G59, 48 sistemas adicionais
can be used. de coordenadas da peça (sistemas adicionais de coordenadas da peça)
podem ser utilizadas. Alternativamente, até 300 sistemas adicionais de
coordenadas da peça podem ser utilizadas 20 When a P code is specified together with G54.1 (G54), the corresponding
Quando um código P é especificado com G54.1 (G54), o sistema de
coordinate system is selected from the additional workpiece coordinate
coordenadas correspondente é selecionado a partir dos sistemas
systems (1 to 48). adicionais de coordenadas da peça (1 a 48). A workpiece coordinate system, once selected, is valid until another
Uma vez selecionado um sistema de coord. da peça, este permanece válido
workpiece coordinate system is selected. Standard workpiece
até que outro sistema de coord. da peça seja selecionado. O sistema 1 padrão
15 If an absolute position detector is provided, the workpiece coordinate
Se houver um detector de posição absoluta, o ponto zero do sistema de coordenadas da peça definido automaticamente após a energização encontra-se deslocado do ponto zero da máquina em função do valor de correção do ponto
system automatically set at power–up has its zero point displaced from zero da peça em G54
the machine zero point by the G54 workpiece zero point offset value.
16 The machine position at the time of power–up is read from the absolute position detector and the current position in the workpiece coordinate system is set by subtracting the G54 workpiece zero point offset value from this machine position.
A posição da máquina, no momento da energização, é lida a partir do detector de posição absoluta, e a posição atual no sistema de coordenadas da peça, é definida subtraindo-se da posição da máquina o valor G54 de correção do ponto zero da peça.
38
coordinate
system 1 (selectable with G54) is selected at power–on
de coord. da peça (selecionável com G54) é selecionado quando ocorre a energização.