universidade federal rural do semiárido departamento de ciências

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS CURSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA CARLOS MÜLLER PONTIERI DE SOUSA UMA APLICAÇÃO DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS À DEFLEXÃO DE VIGAS MOSSORÓ RN 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

CURSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

CARLOS MÜLLER PONTIERI DE SOUSA

UMA APLICAÇÃO DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS À DEFLEXÃO DE VIGAS

MOSSORÓ – RN

2013

CARLOS MÜLLER PONTIERI DE SOUSA

UMA APLICAÇÃO DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS À DEFLEXÃO DE VIGAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a

Universidade Federal Rural do Semiárido –

UFERSA, Departamento de Ciências Exatas e

Naturais para a obtenção do título de Bacharel

em Ciência e Tecnologia.

Orientador (a): Profª. M.Sc. Valdenize Lopes

do Nascimento – UFERSA.

MOSSORÓ – RN

2013

Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e

catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA

S719u Sousa, Carlos Muller Pontieri

Uma aplicação das equações diferenciais à deflexão de vigas. /

Carlos Muller Pontieri Sousa -- Mossoró, RN: 2013.

64f.: il.

Monografia (Graduação em Ciência e Tecnologia) –

Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Pró-Reitoria de

Graduação.

Orientador: Profº. M. Sc. Valdenize Lopes do Nascimento.

1.Equações diferenciais. 2.Aplicações. 3.Vigas. 4. Curva

deflexão. I.Título.

CDD:515.35 Bibliotecária: Marilene Santos de Araújo

CRB-5/1033

CARLOS MÜLLER PONTIERI DE SOUSA

UMA APLICAÇÃO DAS EQUAÇÕES DIFERENCIAIS À DEFLEXÃO DE VIGAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a

Universidade Federal Rural do Semiárido –

UFERSA, Departamento de Ciências Exatas e

Naturais para a obtenção do título de Bacharel

em Ciência e Tecnologia.

APROVADO EM: 12/04/2013

BANCA EXAMINADORA

DEDICATÓRIA

A Deus, pelas bênçãos ao longo desta

caminhada.

A Valdenize Lopes do Nascimento, minha

orientadora, pela disponibilidade, paciência,

conhecimento e por todo carinho contido em

suas palavras.

A Antonia Nilde da Conceição Sousa, minha

mãe, por todos os ensinamentos, pelo amor,

por ter me feito quem sou.

A Francisco Edgar de Sousa, meu pai, por

todos os ensinamentos e esforços a mim

confiados.

A irmã Aryadne Karennyne de Sousa, e aos

irmãos Douglas Vinicius de Angellis Sousa e

Tonny Kentenich de Nilde Sousa, por serem

minha fortaleza maior, pelos momentos de

alegria e tristeza, todas as superações,

conselhos e aprendizados compartilhados, e

toda a confiança em mim depositada.

A Eduardo Masquerano de Sousa Alves e

Thabita Manoella de Sousa Alves, meus

sobrinhos pelo amor inocente, carinho,

armações e alegrias.

AGRADECIMENTOS

A Deus, por toda força e fé, guiando os meus passos constantemente, por me manter paciente

e humano, pelas pessoas que pôs em minha volta, por toda a coragem a enfrentar este

caminho, pelas oportunidades, escolhas e proteção a todos que amo.

Aos meus pais, Antonia Nilde da Conceição Sousa e Francisco Edgar de Sousa, por todo o

apoio educativo, pelo símbolo familiar a ser seguido. Por todo o amor e carinho.

A meus irmãos, Tonny Kentenich, Douglas Angellis e Aryadne Karennyne, por todo o apoio,

torcida, conselhos e orações. Muito obrigado manolos!

A minha Tia e Madrinha, Márcia Maria de Sousa, por todas as conversas, conselhos, por

acreditar, e sempre me abençoar em cada batalha, através dela meus agradecimentos a toda a

família.

A Valdenize Lopes, por toda orientação, conhecimento, por todo o tempo de dedicação. Por

toda a paciência e pelo seu ego acolhedor. Muito obrigado Professora!

Ao Professor Raimundo Amorim, por toda a ajuda, conhecimento e disponibilidade para a

realização deste trabalho.

Aos professores, que fizeram parte do meu processo educacional, pela maior das riquezas, que

é a educação, por todo o conhecimento transmitido. A estes o meu eterno agradecimento!

A Universidade Federal Rural do Semiárido, em especial a Dona Lúcia, pelo apoio a moradia

na vila acadêmica.

A Dafne Ravenna Pascoal de Morais, irmã de outro lar, por todas as superações, nas quais

esteve sempre ao meu lado, pelos sorrisos, pelas danças, pelos conselhos, por ser aquele

alguém em que sempre poderei confiar, muito obrigado amiga!

A todos os amigos, que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho,

seja pelo simples convívio, perrengues compartilhados ou grupos de estudo. Em especial a

Palloma Borges, pela simplicidade e carisma, se mostrando sempre a disposição de ajudar, a

Marcelo Alcântara, pela irmandade, estudos e conversas que muito me ajudaram pessoal e

academicamente, a Jéssica Pinheiro, por estar sempre a me alegrar, aconselhar, enfim, por me

aturar, a Márcia Yara, grande amiga, por todos os livros emprestados, e pela companhia de

orientação. Aos amigos Tulio Morais, Amanda Bezerra, Camila Lopes, Larissa Torquato,

Renan Abdon, Elaine Patrícia, Everton, Daniel Crisóstomo, Rauny Oliveira, Gemison

Martins, Fábio Cyro, Diana Lopes, Taisa Sangela, Samanta Holanda, Jorge Luiz, Arimatéia

Pinto, Ricardo Cunha, Michael de Carvalho, Fabielly Sales, Jhonnys Moura, Bárbara

Albuquerque, Vitória Melo, Jaem Menescal, Luara Jales, Felipe Neto, Andréia Costa, Renato

Melo, Camila Oliveira, Magno Monteiro, Bruno Noronha, Talita Cabral, Talita Melo, Renata

Jackeline, Iago Alves, Vivianny Crislley, Pedro Ismael, Paulo Alexandre, Allyson Bezerra,

Allyson Filgueira, João Marcos, Diego, Paulo Afonso, Carlito Vasconcelos, Ticiane

Albuquerque, Lincoln, Ailton, Wlardson, Isabel Gomes, Estefferson, Juliana Lira, Jaiane

Pinheiro, Carolina Mendes, Luiza Medeiros, Vitória Daeny, Thamires Dantas, Flávia Dayane,

Flávia Freitas, Ticianne, Lorena, Michelanyo, Victor, Bárbara, Bruna Costa, Raymar, Talita,

Artur Amaral, Paula Moura, Beatriz Távina, Nicholas Henrique, Felipe Willon, enfim,

agradeço a todos que sempre estiveram ao meu lado e que fazem parte desta conquista.

Aos universitários, Hugo Melo, Felipe Barreto, Donato, Paulo César, Daniel, Sávio, Mayky,

Weydson, Gustavo, Dimas, Douglas, Richardson, Rodrigo, Aravena e Horácio, que embora

por pouco tempo, dividiram experiências de luta centradas no objetivo maior da educação

superior, sucesso a todos nós!

“O conhecimento não obedece às leis da troca

mercantil, ele tem mesmo a virtude de fazer

exatamente o oposto. Em vez de um jogo de

resultado nulo, ele suscita a multiplicação de

seu valor.”

(Michel Serres)

RESUMO

As equações diferenciais estão presentes em quase todos os tipos de estudo, não só nas áreas

de engenharia, como também, na física, biologia, estatística, dentre outras, o que faz o seu

estudo ser de grande importância. Estas equações apresentam relações entre as taxas de

variação de uma função e servem de ferramenta para descrever fenômenos físicos em

linguagem matemática. Uma de suas aplicações envolve o estudo da mecânica dos sólidos em

função de forças atuantes. Podemos indicar como corpos sólidos as vigas, que são elementos

estruturais projetados para receber carregamentos e suportar diversas cargas ao longo de sua

extensão. Os carregamentos aplicados a uma viga, sejam eles de forças transversais ou

momentos, levam à sua consequente deflexão ou flexão, fazendo com que a mesma passe a

apresentar uma curva, chamada de curva de deflexão ou elástica. A obtenção da equação que

descreve esta curva, contribui quanto a visualização reativa da viga sob atuação de

carregamentos, sendo possível ainda, a partir desta, obter o valor máximo da deflexão,

importante no projeto de vigas. Deste modo podemos concluir que o estudo das equações

diferenciais é de fundamental importância para os estudantes de engenharia.

Palavras-chave: Equações diferenciais, aplicação, vigas, curva de deflexão.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Deslocamento transversal ν(x) dos pontos situados sob o eixo longitudinal x ....... 10

Figura 2 – Setor circular ........................................................................................................... 13

Figura 3 – Duas retas paralelas ................................................................................................. 14

Figura 4 – Duas retas paralelas cortadas por uma transversal .................................................. 14

Figura 5 – Círculo Trigonométrico ........................................................................................... 15

Figura 6 – Círculo trigonométrico e eixo da tangente .............................................................. 16

Figura 7 – Representação da interpretação de

como um quociente ................................... 21

Figura 8 – Representação de carregamentos em uma estrutura................................................ 24

Figura 9 – Representação utilizada para os apoios ................................................................... 26

Figura 10 – Convenção de sinal positivo para as cargas internas V (Esforço cortante) e M

(Momento fletor) ...................................................................................................................... 29

Figura 11 – Curva Elástica ....................................................................................................... 33

Figura 12 – Faixa infinitesimal da viga .................................................................................... 34

Figura 13 – Ângulos de deflexão de uma faixa infinitesimal ................................................... 35

Figura 14 – Congruência entre ângulos formados entre duas retas paralelas cortadas por uma

transversal ................................................................................................................................. 36

Figura 15 – Comportamentos das fibras infinitesimais ............................................................ 38

Figura 16 – Arcos infinitesimais de circunferência dx e ds’ .................................................... 40

Figura 17 – Triângulo retângulo de valores infinitesimais ....................................................... 43

Figura 18 – Esforços internos causados pela atuação de carregamento em faixa infinitesimal

.................................................................................................................................................. 48

Figura 19 – Viga Biapoiada ...................................................................................................... 51

Figura 20 – Seção da viga biapoiada ........................................................................................ 52

Figura 21 – Viga engastada ...................................................................................................... 57

Figura 22 – Seção em revestrez da viga engastada .................................................................. 57

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10

2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 12

2.1 NOÇÕES DE GEOMETRIA EUCLIDIANA E TRIGONOMETRIA .............................. 13

2.2 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL ...................................................................... 17

2.3 NOÇÕES DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS ........................................................... 24

2.4 VIGAS ................................................................................................................................ 31

3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 33

4 EQUAÇÃO DIFERENCIAL DA CURVA DE DEFLEXÃO NAS VIGAS ................... 33

4.1 OBTENÇÃO DAS RELAÇÕES ENTRE AS TAXAS DE VARIAÇÃO NAS VIGAS ... 46

4.2 ESTUDO DE PROBLEMAS DE VALOR DE CONTORNO (PVC) NAS VIGAS ......... 51

4.2.1 Viga Biapoiada ............................................................................................................... 51

4.2.2 Viga Engastada .............................................................................................................. 57

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 62

10

1 INTRODUÇÃO

A deflexão está associada à Engenharia Civil principalmente em projetos de vigas

horizontais para edifícios, pontes e demais obras civis. Ela corresponde ao deslocamento,

, na direção do eixo , perpendicular ao eixo da viga, em qualquer ponto , localizado

sob o eixo da mesma, eixo , como visto na Figura 1, sendo portanto uma variação em relação

à linha assumida inicialmente por esta, sob a aplicação de carregamentos atuantes no plano xv.

Figura 1 – Deslocamento transversal ν(x) dos pontos situados sob o eixo longitudinal x

O projeto de vigas é feito considerando-se critérios de resistência, e ainda com base

em outro aspecto também importante, que é a determinação da deflexão. (BEER, 2008)

O carregamento aplicado a uma viga, seja ele de forças transversais ou momentos,

leva à sua deflexão ou flexão, alterando o eixo longitudinal da viga, inicialmente reto, para

uma curva que é chamada de curva de deflexão. Esta curva é caracterizada por uma função

ν(x) que mede o deslocamento transversal (i.e., deslocamento na direção ν) dos pontos que se

situam ao longo do eixo da viga. (ROY R CRAIG, 2003)

A deflexão máxima de uma viga sob um determinado carregamento tem importância

especial, pois as especificações de projeto de uma viga geralmente incluem um valor máximo

admissível para sua deflexão. Vale ressaltar também que o conhecimento das deflexões é

necessário para analisar as vigas indeterminadas, que são aquelas nas quais o número de

reações nos apoios excede o número de equações de equilíbrio disponíveis para determinar as

incógnitas. (BEER, 2008)

11

O embasamento teórico da engenharia está intimamente ligado à utilização de

artifícios matemáticos, podendo nesta situação, ser encontrada a curva de deflexão,

denominada também de linha elástica, através de equações diferenciais, que são importantes

ferramentas de aplicação para o Engenheiro por envolver conceitos de variação. Sua

utilização pode ainda contribuir com o desenvolvimento da capacidade de solucionar

problemas. Neste sentido, mostraremos neste trabalho, uma aplicação importante das

equações diferenciais na deflexão de vigas, a qual é de fundamental importância para a

engenharia civil.

12

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A aplicação do conhecimento pode ser considerada como uma forma estratégica para

buscar motivação e envolvimento no processo de aprendizagem, trazendo consigo a

objetividade de sua utilização futura. Dennis G Zill escreveu sobre uma destas possibilidades,

que se faz pela necessidade da incorporação de modelos matemáticos a fenômenos da vida

real, levando-se em conta metas a serem alcançadas.

Modelos Matemáticos É frequentemente desejável descrever o

comportamento de algum sistema ou fenômeno da vida real em termos

matemáticos, quer sejam eles físicos, sociológicos ou mesmo econômicos. A

descrição matemática de um sistema ou fenômeno, chamada de modelo

matemático, é construída levando-se em consideração determinadas metas.

(ZILL, 2011, p. 20).

As equações diferenciais estão presentes em quase todos os tipos de estudo, não só em

áreas de engenharia, como também, na física, biologia, estatística, dentre outras, o que faz o

seu estudo ser de grande importância. Uma das utilidades das equações diferenciais é o estudo

da mecânica dos sólidos em função de forças atuantes, sendo exemplos de corpos sólidos, as

vigas, que são elementos estruturais projetados para receber carregamentos e suportar diversas

cargas dispostas perpendicularmente ao seu eixo longitudinal. Uma das utilidades das

equações diferenciais na engenharia civil é o estudo da deformação transversal das vigas com

o objetivo de obter a curva de deflexão ou elástica, fazendo com que se possa conhecer a

reação da viga sob a atuação de cargas atuantes sobre a mesma. (MENEZES & GAMA, 2012)

A utilização das equações diferenciais no problema de deflexão de vigas requer a

utilização do método das integrações sucessivas, obtendo a cada integração, constantes (i.e.,

constantes de integração) que podem ser encontradas através de problemas de valor inicial

(PVI) ou problemas de valor de contorno (PVC), assumidos conforme as vigas sejam

apoiadas, para a obtenção da curva de deflexão formada.

13

2.1 NOÇÕES DE GEOMETRIA EUCLIDIANA E TRIGONOMETRIA

Proposição 1: O comprimento do arco de circunferência que subentende um ângulo central

de radianos é dado por , onde é o raio da circunferência.

Demonstração: Sabemos que o comprimento de uma circunferência de raio é dado por

, e portanto, o comprimento de um arco de circunferência, que subentende um

ângulo de radianos, pode ser obtido através de uma regra de três simples, onde está para

, assim como está para . (Figura 2)

Figura 2 – Setor circular

Assim,

Portanto,

(1)

14

Definição 1: Dizemos que duas retas são paralelas quando elas estão em um mesmo plano e

não possuem pontos em comum. É usual a notação , para indicar que as retas e são

paralelas. (Figura 3)

Figura 3 – Duas retas paralelas

Proposição 2: Sejam e duas retas paralelas, uma transversal. Os ângulos , , , ,

, , e formados por estas três retas, conforme indicado na Figura 4, satisfazem as

seguintes igualdades:

(a) ;

(b) .

Figura 4 – Duas retas paralelas cortadas por uma transversal

15

Teorema 1: Existe um único par de funções definidas em , chamadas seno e cosseno,

indicadas por e , respectivamente, as quais satisfazem as seguintes propriedades:

(1)

(2)

(3) Quaisquer que sejam os reais e

(4) Quaisquer que sejam os reais e

(5) Existe tal que

(

)

para .

(6) , .

Podemos observar que para todo , o ponto ( ) pertence à circunferência

. (Figura 5).

Figura 5 – Círculo Trigonométrico

16

A partir das funções seno e cosseno podemos definir uma função chamada tangente,

indicada por e dada por

, cujo domínio é o conjunto de todos os tais que

.

Geometricamente, é interpretada como a medida algébrica do segmento , onde

é a interseção da reta contendo o segmento com a reta tangente ao círculo

trigonométrico no ponto , conhecida como eixo das tangentes. (Figura 6)

Figura 6 – Círculo trigonométrico e eixo da

tangente

De fato, os triângulos e indicados na Figura 6 são semelhantes. Logo,

17

2.2 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL

Definição 2: Sejam uma função e um ponto do domínio de ou extremidade de um dos

intervalos que compõem o domínio de . Dizemos que tem limite , em , se, para todo

dado, existir um tal que, para todo ,

| | | |

Tal número , que quando existe é único, será indicado por

Teorema 2 (do confronto): Sejam , , três funções e suponhamos que exista tal que

para | | . Nestas condições, se

então,

18

Proposição 3(limite fundamental):

Demonstração: Pela propriedade (5) do teorema 1 existe tal que

para . Dividindo por

e, portanto, para

Por outro lado,

Como e

Assim para todo , como | |

19

Como

, segue pelo teorema do confronto que

Observe que para módulo de suficientemente pequeno,

e portanto,

.

Proposição 4:

Demonstração: Temos que

Portanto,

(

) (

)

Observe que para módulo de suficientemente pequeno,

e portanto,

20

Proposição 5:

.

Demonstração: Temos que

Portanto,

(

) (

)

Observe que para módulo de suficientemente pequeno,

e portanto, .

Definição 3: Sejam uma função e um ponto de seu domínio. O limite

quando existe e é finito, denomina-se derivada de em e indica-se por (leia: linha

de ). Assim

Se admite derivada em , então diremos que é derivável ou diferenciável em .

21

Frequentemente são utilizadas expressões do tipo , , ,

dentre outras, para indicar uma função. Nestes casos, , e representam variáveis

dependentes e , e variáveis independentes.

Para podemos utilizar a notação de Leibniz para a derivada de em relação

a ,

(leia: derivada de y em relação a x), sendo

. Neste caso, a derivada,

,

pode ser interpretada como o quociente entre dois acréscimos. Vamos olhar como um

acréscimo em e, em seguida, procuraremos uma interpretação para o acréscimo . Sabendo

que a derivada da função , no ponto é o coeficiente angular da reta tangente a

curva. Se olharmos, então, para como o acréscimo na ordenada da reta tangente, teremos

que

. Observe que é o acréscimo na função , quando se passa de para

. O acréscimo pode então ser olhado como um valor aproximado para , e que o

erro, , “ ” que se comete com esta aproximação será tanto menor quanto for .

(Figura 7).

Figura 7 – Representação da interpretação de

como um quociente

Se é diferenciável, então sua derivada pode ser dada por , ou

, onde

, e ainda, se também o for, poderá ser denotada por , ou

(

)

,

de forma análoga a n-ésima derivada de , se existir, será denotada por , ou

, onde é a ordem da derivada.

22

Definição 4: Uma equação que contém as derivadas (ou diferenciais) de uma ou mais

variáveis dependentes em relação a uma ou mais variáveis independentes é chamada de

equação diferencial (ED).

Uma importância das equações diferenciais é a de servirem de ferramenta a descrever

fenômenos físicos em linguagem matemática (i.e., modelagem matemática), dada a

possibilidade de envolverem a taxa de variação segundo a qual as coisas acontecem, tal que as

proposições ou relações físicas seriam as equações, e as taxas, derivadas. As equações

diferenciais são aquelas que contêm derivadas, ou seja, apresentam relações entre suas taxas,

tal que aquelas que descrevem algum fenômeno físico, são chamadas ainda de modelo

matemático do processo. (BOYCE, 2010)

As incógnitas destas equações são funções, e as diferenciais envolvidas, derivadas

destas mesmas funções.

Pode ser classificada por tipo, ordem e linearidade. Ao tipo, em ordinária e parcial. Se

ela contiver somente derivadas ordinárias de uma ou mais variáveis dependentes em relação a

uma única variável independente, será classificada como ordinária (EDO). A equação

diferencial ordinária, é definida por uma relação existente entre uma ou várias derivadas de

uma função , não especificada, em relação a , podendo a função ainda, envolver a própria

função , funções de e constantes.

Por exemplo,

são equações diferenciais ordinárias.

E se envolver as derivadas parciais de uma ou mais variáveis dependentes em relação

a duas ou mais variáveis independentes, como parcial (EDP).

23

A ordem de uma equação diferencial será aquela da maior derivada da equação. Por

exemplo,

é uma equação diferencial ordinária de segunda ordem, dado que , é de segunda ordem,

de primeira ordem, e sendo a derivada de segunda ordem a de maior grau nesta equação

diferencial.

Dizemos que uma equação diferencial ordinária de ordem n é linear se F for linear em

, isto é, quando uma EDO de n-ésima ordem for do tipo,

Uma equação diferencial ordinária não-linear é simplesmente uma que não é linear.

Para construir um modelo matemático deve-se primeiro formular a equação diferencial

apropriada, que melhor descreva ou modele o problema em questão, porém “modelar não é

uma habilidade que pode ser reduzida a uma lista de regras”. (BOYCE, 2010, p. 5)

Frequentemente, a resolução de uma equação diferencial linear, depende de condições

de contorno, ou seja, apresenta condições iniciais “especificadas sobre a função desconhecida

ou sobre uma de suas derivadas ou até mesmo sobre uma combinação linear da função

desconhecida e uma de suas derivadas em dois (ou mais) pontos diferentes”. (ZILL, 2011, p.

206)

Definição 5: Toda função , definida em um intervalo que tem pelo menos derivadas

contínuas em , as quais quando substituídas em uma equação diferencial ordinária de ordem

reduzem a equação a uma identidade, é denominada uma solução da equação diferencial no

intervalo.

Definição 6: Dizemos que uma relação é uma solução implícita de uma equação

diferencial ordinária , em um intervalo , quando existe pelo menos

uma função que satisfaça a relação, bem como a equação diferencial em .

24

Teorema 3 (1º teorema fundamental do cálculo): Se for integrável em e se for uma

primitiva de em , então

2.3 NOÇÕES DE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

Os carregamentos são as representações da atuação de cargas aplicadas em uma

estrutura, sendo gerados a partir da ação destas sobre a mesma, podendo ser exatas ou

aproximadas. Quanto ao tipo, as cargas são classificadas em forças e momentos, e quanto à

forma de aplicação ao longo da extensão da estrutura, são classificadas em concentradas e

distribuídas. (ALMEIDA, 2009)

Figura 8 – Representação de carregamentos em uma

estrutura

Definição 7: Força é uma grandeza vetorial que apresenta módulo (intensidade), direção,

sentido e ponto de aplicação, provocando um deslocamento linear (translação). (Figura 8(a))

Definição 8: Momento é uma grandeza vetorial que apresenta módulo (intensidade), direção,

sentido e ponto de aplicação, provocando um deslocamento angular (rotação). (Figura 8(b))

25

Além da tendência de deslocar um corpo na direção de sua aplicação, uma força pode

ainda rotacionar um corpo em relação a um eixo, esta rotação é conhecida como momento da

força ou torque. (MERIAM & KRAIGE, 2011)

Definição 9: Uma carga é dita concentrada quando aplica uma força ou um momento em uma

região muito pequena (quando comparada as dimensões totais) de uma estrutura.

Definição 10: Uma carga é dita distribuída quando aplica uma força ou um momento em uma

região de dimensões consideráveis (quando comparada as dimensões totais) de uma estrutura.

A resultante de um carregamento distribuído ao longo da extensão de uma estrutura, é

igual a área delimitada pela função do carregamento na região de aplicação da mesma, e o

ponto de aplicação da resultante coincide com o centro de gravidade do diagrama da carga.

As reações de apoio são cargas que respondem a atuação dos carregamentos atuantes

sobre uma estrutura, de forma a impedir alguma possibilidade de deslocamento, e são

chamadas cargas externas reativas, as quais consistem de forças ou momentos concentrados.

Uma vez conhecidos os apoios em uma estrutura submetida a um sistema de

forças, as reações de apoio podem ser calculadas. As reações de apoio são

forças ou momentos, com pontos de aplicação e direção conhecidos e de

intensidades e sentidos tais que equilibrem o sistema de forças ativas

aplicado à estrutura. Os sistemas de forças externas, formados pelas forças

ativas e reativas, têm que estar em equilíbrio. (ALMEIDA, 2009, p. 32)

Os apoios que resistem a uma força, como um pino, restringem o deslocamento, e os

apoios que resistem a um momento, como uma parede fixa, restringem a rotação ou a

inclinação, bem como o deslocamento. (HIBBELER, 2010)

De acordo com estas restrições, os apoios podem ser classificados em três tipos

principais e de fundamental importância para a compreensão dos esforços atuantes em uma

estrutura: apoios simples, rótula ou articulação e engaste.

26

Figura 9 – Representação utilizada para os apoios

Definição 11: Apoio simples é aquele que impede a translação em uma das direções da

estrutura e que permite a translação na direção perpendicular à impedida e a rotação em torno

do eixo perpendicular ao plano da estrutura considerado. (Figura 9(a))

Definição 12: Rótula ou articulação é aquele que impede a translação segundo as duas

direções, e permite o deslocamento por rotação em torno do eixo perpendicular ao plano da

estrutura. (Figura 9(b))

Definição 13: Engaste é o tipo de apoio que impede tanto os deslocamentos por rotação nos

eixos do plano da viga, quanto o de translação no eixo perpendicular ao plano da viga. (Figura

9(c))

Definição 14: Uma estrutura é uma composição de uma ou mais peças, ligadas entre si e ao

meio exterior formando um sistema em equilíbrio, podendo este ser estático ou dinâmico.

Uma estrutura é capaz de receber solicitações externas, denominadas ativas, absorvê-

las internamente e transmiti-las até seus apoios ou vínculos, onde elas encontram um sistema

de forças externas equilibrantes, denominadas forças reativas.

Na Engenharia Civil, em particular, são exemplos de estruturas as partes resistentes de

uma construção, como vigas, lajes, paredes, pilares, sapatas e blocos, sendo estes dois últimos

partes integrantes das fundações.

As condições de equilíbrio das estruturas garantem a estas o equilíbrio estático em

qualquer seção isolada da estrutura ou na estrutura como um todo. As condições de equilíbrio

são baseadas nas leis de Newton.

Para que as estruturas civis estejam em estado de repouso permanente, a força

resultante deve ser nula, de modo que o equilíbrio seja garantido pelo sistema estrutural.

27

A primeira lei de Newton, ou lei da inércia, permite estabelecer que, se a força

resultante atuante em um corpo é nula, então é possível encontrar um conjunto de sistemas de

referência, denominado sistema inercial, no qual este corpo não possui aceleração.

Pelo princípio da ação e reação, ou terceira lei de Newton, quando um corpo exerce

uma força sobre outro, esta ação gerará em razão da interação mutua entre as partículas, uma

reação que o segundo corpo exercerá sob o primeiro, sendo estas duas forças sempre iguais

em intensidade e opostas em sentido.

A primeira lei de Newton é aplicada a um problema para determinar o equilíbrio em

qualquer partícula presente, ou em todo o sistema em equilíbrio, sendo a terceira lei,

responsável por garantir este equilíbrio sob condições de ação e reação.

Estes princípios são aplicáveis a todas as estruturas que receberem cargas e estejam

em equilíbrio, valendo para todas as forças verticais, horizontais e inclinadas.

Desta forma, sob a atuação de carregamentos em uma estrutura, se tem, conforme são

apoiadas, reações de apoio, para manter a estrutura em equilíbrio, “como resposta à ação de

esforços externos (cargas atuantes e momentos), as estruturas de acordo com os seus vínculos

reagem ou tentam reagir com forças e Momentos Fletores”. (BOTELHO, 2010, p. 33)

Portanto, para que uma estrutura se mantenha estável, a soma das cargas horizontais,

verticais e momentos fletores, devem ser nulas uma a uma, isto é,

(2)

(3)

(4)

Um sistema está em equilíbrio, quando a força e o momento resultantes, em relação a

qualquer outro ponto do espaço, são nulos. Garantindo assim, também, as mesmas condições

de equilíbrio para os esforços internos ao longo da extensão da estrutura. (FONSECA, 1978)

Os esforços internos correspondem à transmissão do carregamento entre as partes do

corpo após sua aplicação, sendo aqueles que surgem entre todas as seções contíguas de um

corpo submetido à ação de esforços externos, a gerar uma interação entre as partes do corpo,

mantendo cada segmento deste em equilíbrio. (ALMEIDA, 2009)

A distribuição destas forças se dá através de tensões, e obtê-la é de suma importância

na resistência dos materiais. Estas distribuições podem ser determinadas utilizando o método

das seções.

28

Definição 15: Tensão é a relação existente entre a intensidade da força interna atuante sobre

um determinado plano específico localizado ao longo da extensão de uma estrutura.

Definição 16: Esforço cortante é uma força interna atuante numa seção, sendo este igual à

soma vetorial das componentes atuantes das forças externas situadas em um dos lados da

seção.

O esforço cortante faz com que duas seções infinitamente próximas, tendam a

promover um deslizamento relativo, gerado pela atuação de esforço interno de uma em

relação à outra a manter o equilíbrio. Esse deslizamento também recebe o nome de

cisalhamento, e o mesmo é definido como a soma algébrica das forças à esquerda ou à direita

de uma seção perpendicular ao eixo do elemento.

Definição 17: Momento fletor é a soma vetorial das componentes, sobre o plano da seção, dos

momentos de todas as forças situadas de um dos lados da seção em relação ao seu centro de

gravidade.

O momento fletor tem a tendência de provocar uma rotação da seção em torno de um

eixo situado no próprio plano da mesma. É encontrado a partir da soma algébrica dos

momentos de todas as forças à esquerda ou à direita de uma seção transversal (i.e., a mesma

referente ao esforço cortante, perpendicular ao eixo do elemento) sendo calculados em torno

de um eixo que passa pelo centroide da seção transversal.

29

Os engenheiros geralmente usam uma convenção de sinal para informar as cargas

internas, embora essa convenção possa ser adotada arbitrariamente, a que é mais aceita será

utilizada aqui para os esforços internos que tem influência sob o problema de deflexão de

vigas (i.e., esforço cortante e momento fletor). Um esforço cortante positivo, Figura 10(a),

fará com que o segmento da viga sobre o qual atua gire no sentido horário, e um momento

fletor positivo, Figura 10(b), tenderá a curvar o segmento no qual ele atua de uma maneira

côncava para cima. As cargas internas opostas a estas são consideradas negativas.

Figura 10 – Convenção de sinal positivo para as cargas internas V (Esforço

cortante) e M (Momento fletor)

Desta forma sempre que uma carga atua sob um corpo, o mesmo tende a transmitir

este carregamento entre as partículas através de esforços internos, a alterar sua forma e

dimensões, sendo estas alterações denominadas de deformações. Podem ser altamente visíveis

ou quase imperceptíveis, com base no material que compõe o corpo, e na função estrutural do

mesmo. Como resultado estas deformações podem provocar aos pontos no corpo,

deslocamento ou mudanças de posição. Sendo as de deslocamento, provocadas pela

deformação normal, e as de posição pela deformação de cisalhamento. A deformação normal

é uma medida de alongamento ou contração de um segmento de reta do corpo enquanto a

deformação por cisalhamento aquela referente a uma mudança no ângulo entre dois

segmentos de reta originalmente perpendiculares entre si. (HIBBELER, 2010)

Definição 18: Deformação normal é o alongamento ou contração de segmento de reta por

unidade de comprimento, a exemplo, para melhor definição formal, com uma reta , de

comprimento inicial , que após deformação é deslocada para os pontos e , tal que a

reta torna-se uma curva, de comprimento , e definindo deformação pelo símbolo ,

teremos a equação da deformação normal como sendo:

(5)

30

Na maioria dos projetos de engenharia as aplicações envolvidas permitem somente

pequenas deformações, tal que visivelmente os elementos praticamente não se deformam, e

ainda pelo fato de que mesmo os materiais sendo expostos a deflexões aparentemente

grandes, o material possa estar submetido somente a deformações muito pequenas, tal que

estas são consideradas quase infinitesimais, e muito pequenas em comparação com a unidade,

ou seja, , tendo esta premissa bastante aplicabilidade na engenharia, sendo denominada,

em geral, por analise de pequenas deformações, a exemplo permite as aproximações de

, e , para um muito pequeno. (HIBBELER, 2010)

O diagrama tensão-deformação para a maioria dos materiais de engenharia exibe uma

relação linear entre tensão e deformação dentro da região elástica. Por consequência, um

aumento na tensão provoca um aumento proporcional na deformação. Esse fato foi descoberto

por Robert Hooke, em 1676, para molas, e é conhecido como lei de Hooke e pode ser

expresso matematicamente como:

(6)

Nesta expressão, representa a constante de proporcionalidade, denominada módulo

de elasticidade ou modulo de Young, nome que e deve a Thomas Young, que publicou uma

explicação sobre o módulo em 1807, e , é a deformação unitária

, ou seja, a relação

existente entre a variação do comprimento, , e seu comprimento inicial, . Desta forma

podemos estabelecer uma lei de relação linear para uma determinada peça em uma

determinada faixa de trabalho, tal que a relação entre a força que produz uma deformação e a

relação de deformação unitária é constante nesta faixa.

Em HIBBELER (2010) é desenvolvida uma equação, denominada de fórmula da

flexão, partindo da premissa de que o material se comporte de maneira linear elástica. Esta

fórmula relaciona a distribuição de tensão longitudinal em uma viga prismática e o momento

fletor interno resultante, , que age na seção transversal da mesma, sendo este provocado

pela atuação das cargas sob a viga, tal que a tensão normal , em uma distância intermediária

, e com momento de inércia da área da seção transversal , possa ser determinada por:

(7)

31

2.4 VIGAS

Definição 19: Vigas são elementos estruturais projetados para suportar cargas aplicadas

perpendicularmente a seus eixos longitudinais.

Por causa dessas cargas, as vigas desenvolvem uma força de cisalhamento interna e

um momento fletor que, em geral, variam de ponto a ponto ao longo do eixo da viga.

Algumas delas também podem estar sujeitas a uma força axial interna; todavia, os efeitos

dessa força costumam ser desprezados no projeto.

Estas peças apresentam seu comprimento bem maior que qualquer outra dimensão, tal

que são projetadas para suportar carregamentos, mais frequentemente, aqueles dispostos

verticalmente ao longo de sua extensão.

As vigas são compostas por barras (elementos unidimensionais) interconectadas por

nós, rígidos ou articulados, em que todos os elementos tem a mesma direção. As vigas são

modelos planos, uma vez que a estrutura e o carregamento aplicado pertencem a um único

plano. Elas podem ser classificadas conforme são vinculadas ou apoiadas, em simples ou

compostas.

Nas vigas simples todos os nós são rígidos, e nas compostas podem ser rígidos ou

articulados. As vigas de estudo desse trabalho, se tratam de vigas simples. Estas são barras

longas e retas com área de seção transversal constante, sendo classificadas conforme são

apoiadas, sendo as mais comumente encontradas a simplesmente apoiada (i.e., biapoiada, com

apoios simples ou articulação, em suas extremidades), em balanço (i.e., engastada) e a

apoiada com uma extremidade em balanço. (HIBBELER, 2010)

32

As condições de contorno associadas às vigas dependem de como suas extremidades

estão apoiadas. Uma viga em balanço é engastada ou presa em uma das extremidades e livre

na outra, a exemplos, um trampolim, braço estendido, asa de avião e sacada. Para uma viga

em balanço, a deflexão deve atender as seguintes condições de contorno na extremidade

engastada :

, uma vez que não há deflexão devido ao impedimento de

deslocamento transversal;

, uma vez que a curva de deflexão é tangente ao eixo (em outras

palavras, a inclinação da curva de deflexão é zero nesse ponto).

Em , as condições para a extremidade livre são:

, uma vez que o momento fletor é zero;

, uma vez que a força de cisalhamento (i.e., esforço cortante) é zero.

Se uma viga estiver simplesmente apoiada em seus extremos por um apoio simples ou

por uma rótula, teremos necessariamente nessas extremidades:

, uma vez que não há deflexão devido ao impedimento de

deslocamento transversal;

, uma vez que o momento fletor neste ponto também é 0.

33

3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho foi a de revisão de literatura. O trabalho foi

iniciado com o estudo do fenômeno físico que descreve a deflexão de uma viga e em seguida

foi efetuada a modelagem do fenômeno através de equações diferenciais, com o objetivo de

obter a função que representa a curva de deflexão. Para isto, foram utilizadas algumas noções

de geometria e trigonometria, cálculo diferencial e integral, e ainda, algumas noções de

resistência dos materiais. Ao final foram obtidas as funções das curvas de deflexão para vigas

biapoiadas e engastadas, sob a atuação de um determinado carregamento.

4 EQUAÇÃO DIFERENCIAL DA CURVA DE DEFLEXÃO NAS VIGAS

Muitas estruturas são construídas utilizando-se grandes suportes de aço ou vigas, as

quais tendem a defletir ou distorcer sob ação de seu peso próprio ou em decorrência de

alguma força externa, tal que essa deflexão é governada por uma equação diferencial linear de

quarta ordem relativamente simples. (ZIIL, 2011, p. 206)

Como representado na Figura 11, seja inicialmente a viga um elemento reto, temos o

eixo da viga ou longitudinal , e o eixo perpendicular a este. A curva de deflexão ou curva

elástica, será aquela formada a partir da deformação da estrutura sob atuação de

carregamentos no plano xν.

Figura 11 – Curva Elástica

34

A partir de uma faixa infinitesimal de comprimento da viga, Figura 12(a), é

possível fazer uma análise em torno das alterações geradas nesta faixa, após deformação,

Figura 12(b), a fim de se obter uma relação entre elas. A deformação em faixa infinitesimal

tem comportamento semelhante a um arco de circunferência, sendo formada em torno de um

centro de curvatura , Figura 12(c), que é encontrado fazendo-se um prolongamento de retas

perpendiculares a curva nos extremos da faixa infinitesimal, sendo o ponto de encontro

destes prolongamentos. O arco é formado em torno de um raio de giração , que vai de ao

eixo neutro (i.e., aquele que não altera seu comprimento após deformação) de comprimento

.

Figura 12 – Faixa infinitesimal da viga

A se fazer uma análise dos ângulos originados pela deformação, teremos, como

representado na Figura 13, e , retas tangentes à curva nos pontos e , respectivamente,

que por serem tangentes formam um ângulo de com o raio de giração , e e , os

ângulos formados por estas e aquelas horizontais, e , que descrevem o posicionamento

inicial das fibras da viga (i.e., antes da deformação). Sendo o ângulo pelo qual o raio de

giração descreve o arco formado, e o ângulo interno do polígono de lados , , e retas

r e s.

35

Como o elemento diferencial é muito pequeno, o acréscimo pode ser olhado

como um valor aproximado para , assim

(8)

Figura 13 – Ângulos de deflexão de uma faixa

infinitesimal

Sendo a soma dos ângulos internos do polígono obtida por,

(9)

desta forma, o somatório dos ângulos internos, , para o polígono, de ângulos internos em

vermelho na FIGURA 11, com lados, será, aplicando-se na equação (9),

(10)

36

E também, fazendo-se o somatório dos ângulos internos descritos na Figura 13,

teremos,

(11)

Igualando as equações (10) e (11), encontraremos,

(12)

Figura 14 – Congruência entre ângulos formados entre duas retas paralelas cortadas

por uma transversal

Como as retas e , são paralelas, e sendo estas cortadas pela transversal , Figura

14, temos pela proposição 2, que os ângulos formados entre e , e e , são congruentes,

logo,

isolando ,

(13)

37

Dado o ângulo formado entre s e t, na Figura 14, ser o mesmo da Figura 13, temos

então que

isolando ,

(14)

O somatório dos ângulos internos do triângulo formado na Figura 14, sendo o mesmo

um polígono de n=3 lados, é obtido da equação (9),

(15)

e ainda, pela proposição 2, os ângulos opostos, interno e externo em relação as paralelas e

formados pelas retas e , são congruentes, tal que o somatório de ângulos internos deste

polígono também pode ser obtido por

(16)

assim, igualando as equações (15) e (16), obteremos

(17)

38

Substituindo (13) e (14), na equação (17),

(18)

e fazendo a substituição de (12) em (18),

(19)

Igualando as equações (19) e (8), concluiremos que

(20)

Assim , em radianos, é o ângulo formado em uma faixa infinitesimal da curva de

deflexão, como visto na Figura 15(b), formado a partir da atuação de carregamento sob a viga

em faixa infinitesimal, Figura 15(a).

Figura 15 – Comportamentos das fibras infinitesimais

Analisando o comportamento das fibras de comprimentos infinitesimais e ,

separadas por uma distância intermediária y, Figura 15(a), que sob atuação de carregamento,

se deformam e passam a apresentar comprimentos e , respectivamente, Figura 15(b).

Percebe-se que antes e após a deformação o comprimento infinitesimal da fibra ,

39

permanece o mesmo, ou seja que sob efeito da deflexão apresentará mesmo comprimento

inicial, , e final, . Sendo este denominado de eixo neutro, assim

(21)

Considerando que a deflexão ocorrerá a partir da aplicação de carga vertical atuante

sob a estrutura, haverá encurtamento das fibras superiores e alargamento das inferiores, ou

seja, que esta viga sofrerá compressão nas fibras superiores e tração nas inferiores, em relação

ao elemento neutro . Os comprimentos infinitesimais das fibras serão antes da deformação

iguais, assim,

e pela equação (21), podemos concluir que

(22)

Para a situação descrita na Figura 15(a) o comprimento de fibra se encontra acima

do eixo neutro, então haverá encurtamento em suas fibras, passando a apresentar

comprimento , tal que , como pode ser visto na Figura 15(b).

40

Figura 16 – Arcos infinitesimais de

circunferência dx e ds’

Sendo e comprimentos infinitesimais de arco de circunferência com raios de

giração e , respectivamente, após a deformação, e sendo ainda o ângulo central ,

em radianos, Figura 16, teremos que de acordo com a equação (1), e pela igualdade da

equação (22),

(23)

e também,

(24)

Substituindo as equações (23) e (24) na equação da deformação (5), sendo

comprimento inicial, , e comprimento final, , teremos que,

( )

41

pondo em evidência,

( )

( )

obtemos então a equação,

(25)

Sendo o material da viga homogêneo e se comportando dentro da região linear

elástica, teremos que a lei de Hooke, equação (6), é aplicável, além disso a fórmula da flexão,

(7), também será. Isolando-se a deformação , na equação (6), e sendo nesta

situação, teremos então

(26)

substituindo a fórmula da flexão (7),

na equação (26),

logo,

(27)

42

Igualando as equações (25) e (27), teremos,

(28)

O produto nessa equação é denominado rigidez à flexão, sempre representando

uma quantidade positiva. Portanto o sinal de depende da direção do momento ,

apresentando assim, os mesmos sinais. (HIBBELER, 2010, p. 423)

Pela equação (23),

logo,

(29)

Igualando as equações (28) e (29), teremos,

(30)

sendo, pela regra da cadeia, resultado do cálculo diferencial,

(31)

43

Figura 17 – Triângulo retângulo de

valores infinitesimais

As variações provocadas pela deformação em faixa infinitesimal forma um triângulo

retângulo, Figura 17, sendo suas dimensões , comprimento longitudinal antes da

defomação, , deslocamento infinitesimal dos pontos localizados sob o eixo longitudinal, e

o comprimento da fibra deformada em arco, tal que em faixa infinitesimal esta se

aproxima de uma reta. Sendo , o ângulo pelo qual a fibra se inclina. Teremos assim, as

seguintes relações trigonométricas,

(32)

(33)

(34)

Desta forma, pela equação (34), sendo a função , com ]

[,

estritamente crescente, portanto inversível, e sua imagem o conjunto dos , teremos para

inversa da função ,

(35)

44

Derivando-se , equação (35), com relação a , teremos

(

)

(

)

[ (

)

]

(36)

Ainda, para o triângulo retângulo da Figura 17, temos pelo teorema de Pitágoras,

Extraindo a raiz de ambos os membros da equação, teremos

√ √

√ (37)

tal que dividindo a equação (37) por , obteremos

√ (

)

logo,

[ (

)

]

(38)

45

Substituindo (36) e (38) na regra da cadeia, equação (31),

teremos que,

[ (

)

]

[ (

)

]

[ (

)

]

(39)

Pela igualdade entre as equações (30) e (39), teremos

[ (

)

]

(40)

que é a equação geral da curva elástica, dita ainda uma equação diferencial, classificada como

uma equação diferencial não-linear de segunda ordem. Equação diferencial, por conter

derivadas ordinárias de uma variável dependente, , em relação a uma única variável

independente , não-lineares por apresentar um expoente para uma das derivadas ou funções

envolvidas,

, diferente de 1, e de segunda ordem por ter como derivada de maior

ordem,

, de ordem 2.

46

4.1 OBTENÇÃO DAS RELAÇÕES ENTRE AS TAXAS DE VARIAÇÃO NAS VIGAS

A equação geral da curva elástica, (40), obtida anteriormente, pode ser modificada a

fim de facilitar a solução de um número maior de problemas de deflexão, tal que a maioria

dos códigos e manuais de engenharia especifica limitações para as deflexões visando questões

de tolerância ou estética, e o resultado é que as deflexões elásticas para a maioria das vigas e

eixos formam uma curva rasa. (HIBBELER, 2010, p. 423)

Ainda, a partir de uma faixa infinitesimal, a viga terá uma inclinação

, muito

pequena, já sendo as inclinações na viga muito pequenas, teremos que em uma faixa

infinitesimal esta será menor ainda, assim pela análise de pequenas deformações, citada na

seção 2.3, são permitidas as aproximações

(41)

(42)

(43)

para um muito pequeno, como demonstrado nas proposições 3, 4 e 5.

Assim, pela aproximação das equações (41) e (43), teremos,

(44)

Logo, pela equação (34), e pela aproximação da equação (44), teremos que

(45)

47

Aplicando (42) e (45), na propriedade (6) do teorema 1,

teremos,

(

)

(

)

(46)

Reforçando a afirmação de

ser tão pequena, tal que seu quadrado se aproxima de

zero. Substituindo (46) em (40), a equação da curva elástica é reduzida a:

[ (

)

]

(47)

A fim de se obter a relação da linha elástica com o momento fletor, isolaremos o

mesmo, encontrando a seguinte equação:

(48)

48

A partir de uma faixa infinitesimal da Figura 18(a) em equilíbrio, teremos a atuação de

esforços internos e momentos fletores a direita e a esquerda da faixa, Figura 18(b), sendo

e , variações de esforços e momentos atuantes de um ponto da esquerda para a direita da

seção. E , a distância da seção feita a direita da faixa, ao ponto de aplicação da carga

distribuída, sendo este último dependente da geometria da carga distribuída , sendo ainda

um valor compreendido no intervalo, .

Figura 18 – Esforços internos causados pela atuação de carregamento em faixa

infinitesimal

A satisfazer o equilíbrio plano das vigas, teremos que satisfazer as condições

suficientes (2), (3) e (4),

49

Logo, a satisfazer o equilíbrio de forças no eixo x, adotando o eixo positivo para a

direita, teremos que,

para o equilibro de forças no eixo y, adotando o eixo positivo para cima, obteremos

(49)

e em relação ao equilíbrio de momento para o eixo (perpendicular ao plano ), adotando o

sentido positivo como sendo aquele saindo do plano da folha ou anti-horário, teremos que,

Sendo que no limite, a geometria da carga distribuída, fará com que , assuma um

valor muito pequeno, desta forma,

(50)

Substituindo (48) em (50),

logo,

(51)

50

Substituindo (51) em (49),

logo,

(52)

Temos assim, pelas equações (52), (51) e (48), as respectivas relações diferenciais das

taxas de variação para as vigas:

A solução de qualquer destas equações requer integrações sucessivas à obtenção da

deflexão da curva elástica, tal que a cada integração, corresponderá uma constante de

integração, que poderá ser determinada por valores de contorno. (HIBBELER, 2010, p. 424)

51

4.2 ESTUDO DE PROBLEMAS DE VALOR DE CONTORNO (PVC) NAS VIGAS

4.2.1 Viga Biapoiada

Considere uma viga de comprimento L, simplesmente apoiada ou bi apoiada (i.e., por

um apoio duplo em A, e um apoio simples em B), e carregamento distribuído q ao longo de

sua extensão, e , e , são as reações causadas pelos apoios, como visto na Figura 19.

Figura 19 – Viga Biapoiada

Temos então, para o equilíbrio de forças externas, pelas condições suficientes (2), (3) e

(4):

Desta forma, a se encontrar as reações de apoio, adotando o sentido a direita positivo,

teremos para o equilíbrio de forças no eixo :

(53)

52

Para o equilíbrio de momento no eixo , perpendicular ao plano, adotando como

sentido positivo aquele que provoca translação no sentido anti-horário, teremos que:

(54)

E ainda para o equilíbrio de força no eixo , adotando como sentido positivo, aquele

orientado para cima, teremos que:

(55)

Realizando uma seção (i.e., corte na estrutura), teremos, para a situação

vista na Figura 20.

Figura 20 – Seção da viga biapoiada

Tal que para o equilíbrio de forças internas, adotando a mesma convenção de sinais

positivas dadas anteriormente

(56)

53

Sendo de acordo com a equação (48),

isolando

,

(57)

Substituindo (56) em (57):

(

)

(58)

Integrando a equação (58) com relação a ,

(

)

∫(

)

(

)

(59)

Fazendo mais uma integração, desta vez à equação (59),

(

)

∫(

)

(

)

(60)

sendo C1 e C2, na equação (60), constantes de integração, que podem ser obtidas a partir das

condições de contorno.

54

Temos para esta viga que em , , e para , , logo

e ainda,

(

)

Substituindo o valor , obtido anteriormente, teremos

(

) (

)

assim,

(

) (

)

Desta forma, substituindo as constantes e , obtidas anteriormente em (60),

encontraremos,

(

)

(61)

que é a equação da linha elástica para a viga biapoiada, Figura 19. A partir desta podemos

encontrar a deflexão máxima para esta viga. A se encontrar o valor de máximo para a

equação, obtemos os pontos críticos da mesma a partir da primeira derivada, tal que o valor de

deflexão máxima, deva estar contido no intervalo , que define o comprimento de

extensão da viga.

55

Temos para a derivada da curva elástica, a equação (59),

(

)

fazendo nesta a substituição do valor de C1,

teremos que

(

)

(

)

(62)

e ainda para a segunda derivada, já encontrada, (58),

(

)

Obtemos os pontos críticos da função , encontrando as raízes da função

, (62), tal

que

se e somente se,

(

) (

)

dado que

.

56

Pondo

em evidência, teremos

assim, teremos ou . Para , teremos,

Observa-se que substituindo

nesta equação, conclui-se que o mesmo é raiz, sendo as

outras duas raízes da função ( √

) e (

). Logo,

é a única raiz compreendida dentro

do intervalo , sendo assim o valor da deflexão máxima será compreendido em

.

Substituindo o valor (

) na equação (61), obtemos,

(

)

(

) (

)

(

)

(

)

em módulo teríamos assim,

que é o deslocamento transversal máximo para a viga biapoiada, Figura 19.

Com o valor de deflexão máxima de projeto, pode-se assim projetar a viga, com base

na seleção de material e seu dimensionamento a atender requisitos de segurança ou estética,

sendo o módulo de elasticidade do material escolhido, e o momento de inércia da seção

transversal que depende do dimensionamento da mesma.

57

4.2.2 Viga Engastada

Dada uma viga engastada, sob aplicação de carga distribuída q ao longo de sua

extensão, e ainda aplicação de uma carga concentrada P na sua extremidade, como visto na

Figura 21.

Figura 21 – Viga engastada

Nesta situação para a obtenção da deflexão não se faz necessária a obtenção das

reações de apoio, fazendo-se uma seção em revestrez, como visto na Figura 22, dado já se

conhecer a atuação de todas as cargas a direita desta seção.

Figura 22 – Seção em revestrez da viga engastada

Assim teremos, 0 ≤ x ≤ L, tendo em , a extremidade livre, e em , o apoio

do tipo engaste.

58

Para o equilíbrio de momento fletor, teremos, considerando a mesma convenção de

sinais para equilíbrio de momento fletor adotada na viga biapoiada,

(63)

De acordo com a equação (57),

Substituindo (63) em (57), teremos

(

)

(64)

Integrando a equação (64),

(

)

∫(

)

(

)

(65)

fazendo uma integral sucessiva, obtemos

(

)

∫(

)

(

)

(66)

59

Que é a equação da curva de deflexão para a viga engastada, Figura 21, sendo C1 e C2,

constantes de integração, que podem ser obtidas a partir das condições de contorno. Temos

para esta que em , e

, aplicando-as teremos, em (65),

(

)

logo,

(

) (

)

Assim,

(

) (

)

e ainda, em (66),

(

)

Tal que,

(

) (

)

60

Substituindo (

), obtido anteriormente, teremos

(

(

) ) (

)

(

)

(

)

Substituindo as constantes e , obtidas, em (66),

(

(

) (

))

(67)

que é a equação da linha elástica para a viga engastada, Figura 21, podendo-se determinar

ainda a partir desta, a deflexão máxima para esta viga.

Fazendo o estudo dos pontos críticos para esta curva de deflexão, encontraremos que

dentro do intervalo da seção em revestrez, , teremos a deflexão máxima da

estrutura (i.e., mínima matematicamente), no ponto , desta forma o valor da deflexão

máxima será, aplicando na equação (67), obteremos

(

)

em módulo teremos assim,

que é o valor do deslocamento transversal máximo para a viga engastada, Figura 21, com um

valor de deflexão máxima exigido no projeto, com base em requisitos de segurança e estética,

pode-se projetar a viga, fazendo-se a escolha do material e seu dimensionamento a apresentar

a deflexão máxima exigida no projeto, evitando-se assim danos posteriores.

61

5 CONCLUSÃO

As equações diferenciais se mostraram como uma importante ferramenta para

obtenção da curva de deflexão, evidenciando sua capacidade de aplicação em modelagem. É

possível perceber ainda, que a obtenção da curva elástica a partir das relações diferenciais,

envolvem processos de resolução simples, sendo seu estudo de suma importância para os

estudantes de engenharia, podendo ainda ser incentivada aplicações em outras situações

cotidianas.

Profissionalmente, a obtenção da curva elástica, contribui quanto a visualização

reativa da viga sob atuação de carregamentos, sendo possível ainda, a partir da equação que a

descreve, obter o valor de deflexão máxima, importante no projeto de vigas. Desta forma,

como a curva de deflexão pode ser obtida pela aplicação de equações diferenciais, temos que

estas equações se apresentam como ferramentas de modelagem eficazes para o Engenheiro no

projeto de vigas, atendendo os requisitos de segurança e evitando perdas materiais e humanas.

O trabalho contribuiu para conhecermos a importância do estudo da deflexão de vigas

para efeito de projetos na construção civil, através da obtenção da curva de deflexão, a partir

da utilização de equações diferenciais, como ferramentas de modelagem, onde foram

utilizados conceitos e resultados matemáticos, como geometria euclidiana, trigonometria,

cálculo diferencial e integral, e também conceitos e resultados físicos da mecânica dos

sólidos, envolvendo a resistência dos materiais.

62

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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