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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULESCOLA DE ENFERMAGEM
BACHARELADO DE SAÚDE COLETIVAUNIDADE DE SAÚDE SOCIEDADE E HUMANIDADES IV
DOCENTE RESPONSÁVEL: MARIA GABRIELA CURUBETO GODOYDOCENTE COLABORADORA: CRISTIANNE FAMER ROCHA
CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
DICENTES: ANA PAULA CAPPELLARI
BIANCA OLIVEIRA GOMES
LETÍCIA COSTA DE SOUZA
MARIA RAQUEL FERREIRA GARCIA
PORTO ALEGRE, DEZEMBRO DE 2014.
INTRODUÇÃO
Contar Histórias é uma das artes mais antigas. Os contos sempre encantaram
povos em todo mundo, são fontes maravilhosas de experiências assim como meios de
ampliar o horizonte do ouvinte e de aumentar seu conhecimento em relação ao mundo
que o cerca uma vez que as histórias são efetivamente formas de ensinar e aprender.
Mesmo diante de toda tecnologia existente, o contador de Histórias resiste aos
tempos, é arte viva, pulsante e persistente da cultura de um povo, de sua sensibilidade e
desenvolvimento e como toda arte, a de “Contar História” também possui suas técnicas.
Ouvir e contar histórias levam as crianças a desenvolverem seu imaginário assim
como suas habilidades, trabalhando com o aguçar das habilidades já existentes e no
desenvolvimento de novas, o que trará muitas construções novas e uma leitura de
mundo mais ampliada e significativa. Permite a intercomunicação das partes, do
contador e do ouvinte, contar e interagir nessa arte desenvolve a emoção, percepção e
aceitação de um fato e amadurecimento sobre ele.
Esse trabalho apresenta um resgate histórico da Contação de Histórias, suas
práticas, recursos e principais técnicas, bem como apresenta a Contação de História
como importante instrumento na área da saúde, da educação e promoção da saúde.
Contar história é uma arte, e para isso qualquer um de nós pode trabalhar e desenvolver
algumas qualidades que fazem toda diferença na narrativa.
1) CONTEXTO HISTÓRICO: A ARTE MILENAR DE CONTAR
HISTÓRIAS
A arte de narrar histórias encontra suas raízes nos povos ancestrais que
contavam e encenavam histórias para difundirem seus rituais, os mitos, os
conhecimentos acerca do mundo sobrenatural ou não, e sobre as experiências adquiridas
pelo grupo ao longo do tempo. Além da comunicação oral e gestual, ao narrarem suas
histórias, também, registravam nas paredes das cavernas, com desenhos e pinturas, suas
experiências, algumas delas vividas no cotidiano. A memória auditiva e a visual eram,
então, essenciais para a aquisição e o armazenamento dos conhecimentos transmitidos
(RAMOS, 2011).
Desde há muito, a transmissão oral, passada de geração em geração, foi uma das
soluções encontradas pelas comunidades que não possuíam a escrita, para informar às
gerações mais novas os seus saberes, valores e crenças. Por conseguinte, aqueles
saberes considerados imprescindíveis para a sobrevivência individual e grupal
(RAMOS, 2011).
Os contadores eram figuras de destaque na comunidade por serem os que sabiam
apresentar conselhos, fundamentados em fatos, histórias e mitos, mantendo viva, enfim,
a herança cultural pela memória do grupo. Os contadores retiravam de suas vivências e
dos saberes delas obtidos o que contar. Em assim sendo, narrar dependia de eles
colherem os saberes da experiência, e de produzi-los em objetos (visuais, auditivos, etc.)
para serem apresentados a outros (RAMOS, 2011).
Os camponeses sedentários e os navegantes e/ou comerciantes foram os
principais responsáveis pela preservação dessas histórias e dessa arte. Os camponeses,
fixos em suas terras, conheciam intimamente as histórias do lugar onde moravam, e os
navegantes e/ou comerciantes por trazerem conhecimentos de terras longínquas. Os
encontros entre narrador (camponeses, navegantes e/ou comerciantes) e ouvintes
(comunidade) criaram um espaço típico de momentos em que a comunidade, geralmente
distribuída em semicírculos, sentava-se à volta da fogueira para ouvir e trocar
conhecimentos. Um momento performático acontecia quando os contadores narravam
suas histórias. Histórias cheias de ensinamentos e conhecimentos que geravam nos
ouvintes a curiosidade, e, por vezes, o conforto, a reflexão e a transformação (RAMOS,
2011).
Os contadores ritualizavam hábitos e costumes de uma comunidade, muitos
deles com o intuito de constituir uma base “identitária”, ou seja, compor a subjetividade
desse grupo. Esta prática sustentava o equilíbrio do grupo, evitando assim sua
desagregação. Portanto, desde então, em sua ação o contador fazia o “convocar imagens
e ideias de sua lembrança, misturando-as às convenções contextuais e verbais de seu
grupo, para adaptá-las segundo o ponto de vista cultural e ideológico de sua
comunidade” (PATRINI, 2005).
Na Europa, a figura do contador de história esteve sempre ligada às mulheres
que, durante seus trabalhos domésticos, “teciam” suas histórias, momentos onde podiam
falar e transmitir sua sabedoria, já que não lhes era permitida a participação na vida
social e política mais ampla. Por muito tempo o exercício de contar histórias foi uma
prática doméstica, quase sempre presente no meio rural, sendo abandonada
paulatinamente com a urbanização e o surgimento de novas tecnologias. Com o
desenvolvimento tecnológico e o surgimento de novas mídias, como a televisão, o
cinema e a internet, essa arte foi praticamente banida dos encontros sociais (RAMOS,
2011).
Em meados do séc. XX, os contadores de histórias, após terem quase
submergido em consequência do surgimento das novas mídias, ressurgem, como
fenômeno urbano, dando origem, ao que hoje se conhece como novos contadores, ou
contadores urbanos. Com o surgimento dos contadores urbanos, a arte de contar
histórias passou a ser reconhecida também no campo pedagógico. Esses novos
contadores já não realizam apenas a transmissão oral do que vivenciaram, mas a
transmissão oral de histórias de outros autores e impressos. Suas performances, hoje,
deixam de ser narrativas de experiências por eles vivenciadas; e dos contadores de
histórias hoje é exigido o domínio de outras técnicas para que possam (re) contar as
histórias narradas por outros, algumas impressas, outras disponíveis em espaços da Web
(RAMOS, 2011).
No Brasil, por volta dos anos 80, bibliotecários e estudantes da área de
Educação, desenvolveram um projeto, intitulado “Hora do conto” tendo por objetivo
aproximar o aluno do livro. Entre as decorrências da execução desse projeto registra-se
o surgimento de professores-contadores que, em sua sala de aula, ou até mesmo na
biblioteca da escola, exerciam a contação, com o intuito de desenvolverem o gosto pela
leitura e os ensinamentos da leitura e da escrita (RAMOS, 2011).
Nos anos 90, surgiram novas experiências no campo das práticas orais, em
especial, relacionadas à arte de contar. Vários projetos relevantes foram e vêm sendo
desenvolvidos, oportunizando cursos de formação e congressos voltados para esta arte.
Existem muitas estratégias, individuais e coletivas, no trabalho com a literatura, no
entanto, o uso desse recurso deve possibilitar atividades que envolvam a participação, o
movimento, a música, o riso o lúdico e a atribuição de novos sentidos, evitando-se que
textos literários sejam usados como instrumentos para introduzir exercícios (cansativos
e mecânicos) ou mesmo como moralizadores (RAMOS, 2011).
2) O CONTADOR
Arte de contar história é aquela que comove, emociona, promove a
sensibilidade. Os contos são verdadeiras obras de arte, pois pertencem ao patrimônio
cultural de toda a humanidade e representam a visão do mundo, as relações entre o
homem e a natureza sob as formas estéticas mais acabadas; aquelas que provocam
precisamente o maravilhoso (GARCIA, 2012).
"Contar histórias é uma arte... e tão linda!!! É ela que equilibra o que é ouvido
com o que é sentido, e por isso não é nem remotamente declamação ou teatro... Ela é o
uso simples e harmônico da voz" (ABRAMOVICH, 1989).
Como toda arte, a de contar histórias também possui segredos e técnicas. E tem
como matéria-prima a palavra, prerrogativa das criaturas humanas, e que depende,
naturalmente, de certa tendência inata, mas pode ser desenvolvida, desde que se goste e
se reconheça a importância da história. (GARCIA, 2012).
Em meados do século XX, pós Revolução Industrial, surge nos países
industrializados da América, e também na França, uma nova figura de contadores que
podemos chamá-los de contadores urbanos ou até mesmo contemporâneos, os quais
fizeram ressurgir a prática do (re)conto. Com um novo perfil do contador que difere dos
contadores tradicionais, porque, lidam com uma matéria oral secundária, ou seja, com a
escrita, enquanto os tradicionais usavam a linguagem oral primária. Proferem,
frequentemente, palavras a partir das registradas nas produções da literatura, arquivadas
nas bibliotecas por décadas. Esses contadores, raramente, utilizam em seu repertório
narrativas orais primárias, ou seja, aquelas utilizadas pelos contadores tradicionais.
Portanto, parece correto afirmar que o surgimento desses novos contadores e o
ressurgimento do reconto ocorreram no interior de espaços, quase que sagrados, da
escrita, isto é, nas bibliotecas. A possibilidade decorreu da cultura escrita que passou a
resgatar a riqueza das culturas orais (RAMOS, 2011).
Coentro (2008) destaca algumas das diferenças entre os contadores tradicionais e
esses novos contadores. Menciona, entre outras, as relativas ao grau de escolaridade, à
forma como entram em contato com a história, aos locais onde realizam sua
performance e ao público alvo de cada tipo de contadores. Apesar de estes novos
contadores terem buscado uma aproximação e/ou um resgate dos contadores
tradicionais, este resgate está estritamente relacionado à memória e desempenho.
Segundo Patrini, 2005 a contacção é caracterizada como uma arte testemunhal.
O contador pode ser uma testemunha de algo que esta por acontecer relatando os fatos
de maneira propria e pessoal.
“O contador é uma testemunha para
mim de algo que vai acontecer.
É um jogo que é preciso aceitar.
Aceitar, nos deixar levar pela
mentira. A arte do contador consiste
antes de tudo em produzir uma
versão pessoal dos fatos que ele
conta, e uma arte testemunhal.
(PATRINI, 2005, p. 75).
Hoje em dia os contadores de história devem estar prontos para enfrentar
diversas situações, adaptando-se às mudanças radicais que o mundo apresenta.
Mudanças não só na maneira de pensar, mas nos modos pelos quais o mundo é
percebido. Presente numa modernidade radicalizada, a arte de narrar sofre os efeitos
dessa radicalidade e o novo contador reconhece a instabilidade. Para complementar a
caracterização desse novo contador, apresentamos a palavra de Matéo:
É alguém que atua na prática da
narração, o que não significa atuar
especialmente em uma prática
artística que supõe forçosamente a
representação. O contador pode se
adaptar a diferentes espaços,
diferentes atividades, diferentes
experiências para recontar uma
história (MATÉO, apud PATRINI,
2005, p.76).
Além disso, o contador de histórias deve ser um leitor assíduo, ou seja, não basta
somente ler a história. A contação de histórias é mais que isso, é transformar para o
mágico o que na escrita talvez seja monótono, é saber levar o espectador ao plano do
imaginário e trazê-la novamente para o mundo real. Por isso, para que essa associação
de fatores seja feita, o contador, antes de tudo, deve ser um bom leitor.
Uma vez que o contador é um leitor assíduo, tem amplo conhecimento do acervo
da Literatura e pode testemunhar o seu amor pelo livro, ele estabelece com sua clientela
laços estreitos com a leitura e busca novos recursos para que o ato de contar histórias e
o de escutar, ser ouvinte da narrativa contada, se torne interessante. Ao receber esses
estímulos positivos de leitura desde cedo, a criança já estará dando início a sua
formação como leitor, que perpassará por toda a sua vida, ajudando-a a compreender
melhor o mundo.
Objetivando estimular a leitura e buscando qualificar a formação da criança
enquanto leitor, o contador de histórias deve saber como desenvolver a contação de
histórias de maneira a fazer com que as crianças possam descobrir palavras novas
ampliando seu vocabulário, deparar-se com os vários tons e alterações de voz que há
durante a prática. E, para isso, quem conta tem que criar o clima de envolvimento, de
encanto... saber dar as pausas, o tempo para o imaginário da criança construir seu
cenário, visualizar os seus monstros, criar os seus dragões, adentrar pela sua floresta,
vestir a princesa com a roupa que está inventando, pensar na cara do rei e tantas coisas
mais.
Os momentos de suspense e emoção são importantes para o sucesso da história
contada. O contador de histórias deve deixar que as crianças imaginem a história
partindo do seu mundo de fantasias e encantamentos, fazendo com que ela interaja mais
de perto com o enredo e se interesse mais por ele. Para que isso aconteça, é preciso que
haja muita pesquisa por parte do contador, em que se busquem novos recursos, leituras
para conhecer melhor a arte de contar histórias e descobrir o que a criança vai gostar de
ouvir e de ver durante a prática de contação de histórias.
3) COMO CONTAR E POR QUE CONTAR HISTÓRIAS
O processo de estímulo e incentivo para se contar uma história são inúmeros,
mas sua eficácia depende de como o contador os utilizará. Não há “fórmulas mágicas”
que substituam o entusiasmo do contador.
Quem aspira ser um bom contador de histórias, deve desenvolver alguns passos
importantes em seus preparativos:
1) a história a ser contada e apresentada deve estar bem memorizada. Por isso, é
imprescindível ler a história várias vezes e estar bem familiarizado com cada parágrafo
do livro, para não perder “o fio da meada” e ficar procurando algum tópico durante a
apresentação;
2) destacar e sublinhar os tópicos mais importantes, interessantes e
significativos, para que na apresentação recebam a devida valorização;
3) procurar vivenciar a história. Envolver-se com ela, fazer parte dela e sentir a
emoção dos personagens e ao apresenta-la atrair os ouvintes para a magia da história;
4) ao apresentar a história, falar com naturalidade e dar destaque aos tópicos
mais importantes com gestos e variações de voz, de acordo com cada personagem e
cada nova situação. No entanto, é preciso cuidar para não exagerar nos gestos ou nas
entonações de voz;
5) oferecer espaço aos ouvintes que querem interferir na história e participar
dela. Quem se sente tocado em seu imaginário sente necessidade de participar
ativamente no desenrolar da história. O importante é que nessa hora não haja pressa,
contando ou lendo tudo de uma só vez. É preciso respeitar as pausas, perguntas e
comentários naturais que a história possa despertar, tanto em quem lê quanto em quem
ouve. É o tempo dos porquês;
6) toda história e toda dramatização devem ser apresentadas com entusiasmo e
paixão. Sempre devem transparecer a alegria e o prazer que elas provocam. Sem esses
componentes, os ouvintes não são atingidos e logo perdem o interesse pelo que está
sendo apresentado.
Segundo Abramovich (1993), “o ouvir histórias pode estimular o desenhar, o
musicar, o sair, o ficar, o pensar, o teatrar, o imaginar, o brincar, o ver o livro, o
escrever, o querer ouvir de novo. Afinal, tudo pode nascer dum texto!” A criança, ao
ouvir histórias, vive todas essas emoções. Afinal, escutar histórias é o início, o ponto-
chave para tornar-se um leitor, um inventor, um criador.
Por que contar histórias?
As histórias formam o gosto pela leitura: quando a criança aprende a gostar de
ouvir histórias contadas ou lidas, ela adquire o impulso inicial que mais tarde a atrairá
para a leitura.
As histórias são um poderoso recurso de estimulação do desenvolvimento
psicológico e moral que pode ser utilizado como recurso auxiliar da manutenção da
saúde mental do indivíduo em crescimento.
As histórias instruem – ao enriquecer o vocabulário infantil, amplia seu mundo
de ideias e conhecimentos e desenvolve a linguagem e o pensamento.
As histórias educam e estimulam o desenvolvimento da atenção, da imaginação,
observação, memória, reflexão e linguagem.
As histórias cultivam a sensibilidade, e isso significa educar o espírito. A
literatura e os contos de fadas dirigem a criança para a descoberta de sua identidade e
comunicação e também sugerem as experiências que são necessárias para desenvolver
ainda mais o seu caráter.
As histórias facilitam a adaptação da criança ao meio ambiente, pela
incorporação de valores sociais e morais que ela capta da vida de seus personagens.
As histórias recreiam, distraem, descarregam as tensões, aliviam as sobrecargas
emocionais e auxiliam, muitas vezes, a resolver conflitos emocionais próprios.
Exemplo: por alguma razão, uma criança é repreendida pela mãe. Não podendo reagir
diretamente à “agressão”, identificará a “agressora” na pessoa má do conto. A história
funcionará, dessa forma, como antídoto na solução de seus problemas infantis. Será um
fator importante na procura do equilíbrio emocional.
4) QUE HISTÓRIAS CONTAR E PARA QUEM CONTAR?
O sucesso de uma narrativa depende de vários fatores que se interligam, sendo
fundamental a elaboração de um planejamento, no sentido de organizar o desempenho
do narrador, garantindo-lhe segurança e assegurando-lhe naturalidade.
O primeiro passo, segundo Celso Sisto (2001) consiste em escolher o que contar,
a quem, onde e quando iremos contar. A escolha é algo pessoal. O contador precisa
sentir a história, ser capaz de emocionar-se e emocionar os outros.
Dentre os vários indicadores que nos orientam na seleção da história destaca-se
o conhecimento dos interesses predominantes em cada faixa etária dos ouvintes, mas
que isso não impeça o contador de narrar histórias mais elaboradas, principalmente se
conhecer bem o público para o qual vai atuar. A qualidade literária da história é outro
fator que determina uma boa contação de histórias.
Portanto, ao se fazer a seleção das histórias, é preciso saber se o assunto contém
riqueza de imaginação, se é interessante e do agrado Do público alvo. Os recursos
onomatopaicos e as repetições contribuem para tornar a história mais apreciada, além de
fortalecer as expressões. A linguagem deve ser simples, correta, de bom gosto.
Uma vez escolhida a história a ser contada, passa-se a estudá-la. Isso não
significa que ela deva ser decorada textualmente. Estudar uma história é, em primeiro
lugar, divertir-se com ela, captar a sua essência e, em seguida, após algumas leituras,
identificar os elementos constituintes de sua estrutura: introdução, enredo, clímax,
desfecho.
Estudar uma história é também inventar as músicas ou adaptar a letra às músicas
conhecidas, conforme sugestão do texto, que são introduzidas no decorrer do enredo ou
no final. Estudar a história é, ainda, escolher a melhor forma ou suporte mais adequado
de apresentá-la. Os suportes mais utilizados são: a simples narrativa, a narrativa com o
auxílio de gravuras, de desenhos, de recursos audiovisuais, de objetos variados, e a
narrativa com interferências do narrador e ouvintes.
E na hora de contar histórias é preciso adotar algumas posturas recomendadas
por Celso Sisto (2001), tais como:
•· "Olhar para a plateia”;
•· Distribuir o olhar igualmente por toda a audiência;
•· Linguagem de acordo com a plateia;
•· Linguagem fluida;
•· Não denunciar o erro: troca de palavras, troca de episódios e fatos;
esquecimento de algo ou da sequência da história;
•· Visualizar a história enquanto narra; criar um roteiro visual e verbal, por
episódio, na sequência da história;
•· Usar gestos expressivos, que acrescentem algo ao entendimento da história;
•· Movimentar-se só quando a história ‘exigir';
•· Não explicar a história; o texto deve falar por si mesmo;
•· Preparar a história antes; ensaiar sempre;
•· Não prender qualquer parte do corpo enquanto está contando, tipo mãos no
bolso, braços cruzados (na frente ou atrás);
•· Evitar movimentos repetitivos;
•· Que o tom de contar seja diferente do tom de bater-papo;
•· Projetar a voz em direção ao espaço;
•· Usar diversos ritmos no decorrer da narração;
•· Acreditar na história que está sendo contada;
•· Usar pausas durante a história, explorar o silêncio, o movimento sem palavras;
•· Dar à apresentação um tratamento de espetáculo"
.
Novidade é sempre algo que quebra a rotina, cria novas expectativas e possibilita
experiências novas. Inovar a prática pedagógica com constante leitura e contação de
histórias, é o desafio que deveria impulsionar o professor no seu fazer cotidiano.
Mais do que isso, o docente leitor e contador de histórias tornou-se obrigatório
na promoção da leitura e no resgate da fantasia e do lúdico!
Variabilidade nos repertórios evidenciada pelas incongruências no uso da
linguagem e pelo fato de as pessoas construírem diferentes versões sobre um
acontecimento, as quais permitem fazer novas leituras. A variação é uma consequência
da grande quantidade de atos que podem ser performatizados por um mesmo ator
enquanto fala. Analisar os discursos sob o ponto de vista da variabilidade significa
apontar as similaridades e as exceções, as consistências e inconsistências, incluindo as
negações que podem sinalizar o encobrimento de condutas “politicamente incorretas”.
Além disso, faz parte do estudo da variabilidade, a identificação dos acentos, das
entonações, dos silêncios, das lacunas, das interrupções, ou seja, todos os aspectos
relacionados à modulação e construção de elocuções durante o diálogo. Incluir a
variabilidade em uma análise significa respeitar a polissemia dos discursos, ao invés de
homogeneizá-los ou reduzi-los (MENEGUEL,2007).
Que história contar? Sugestões por faixa etária
Pré-escolares: até 3 anos
Histórias de bichos.Contos rítmicos que sejam leves, lúdicos, bem humorados e curtos.Cantigas de ninar.
Fase pré-mágica: de 3 a 6 anos
Histórias de bichos.Pequenos contos de fadas com enredo simples e poucas personagens.Poemas simples.Trava-línguas.Parlendas.Cantigas de rodas.
Fase escolar: 7 anos
Histórias de crianças, animais e encantamentos.Contos de fadas mais elaborados.Aventuras no ambiente próximo: família e comunidade.
Fase escolar: 8 anos
Histórias humorísticas.Contos de fadas mais elaborados.Lendas folclóricas.
Fase escolar: 9 anos
Mitos.Contos de fadas mais elaborados.Antigo testamento como mito.Histórias verídicas.Histórias de humor.
Fase escolar: 10 anos
Mitos.Mitologia nórdica.Narrativas de viagens.
Histórias verídicas.
Fase escolar: 11 anos
Mitos (hindus, persas, árabes, egípcios).Narrativas de viagens.Histórias verídicas.Mitos de heróis.
Fase escolar: 12 anos em diante
Narrativas de viagensHistórias verídicasBiografias e romances
5) RECURSOS E MATERIAIS PARA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS
Para tornar a narrativa mais atraente é interessante valer-se de diversos recursos,
explorando bastante a criatividade. Esses recursos auxiliam na contação, uma vez que os
personagens tornam-se, de certa forma reais, chamando a atenção do público que está
envolvido com a história e estimulando a sua imaginação.
Para tanto, é necessário que o contador observe as características do público para
o qual ele contará a história, facilitando assim a escolha da mesma e os recursos a serem
utilizados.
Além dos recursos matérias, os gestos, as vozes e as roupas também são grandes
aliados na contação de histórias, enriquecendo de modo significativo a narrativa.
Segundo OTTE, 2003, é recomendável ser bastante criativo no uso de recursos
materiais. Não se prender a certos padrões, mas variar de acordo com o conteúdo da
história a ser contada ou apresentada:
1) o velho flanelógrafo (quadro revestido de flanela ou feltro de cor lisa, sobre o
qual se fazem aderir objetos ou figuras, fixadas ou removidas segundo as necessidades
do ensino) pode ser uma boa opção para ilustrar uma história com vários assuntos e
vários simbolismos;
2) transparências, preferencialmente confeccionadas pelas crianças, podem ser
outro recurso que desperta interesse e ajuda a fixar a história;
3) slides com figuras da história que está sendo contada, projetados na parede,
prendem a atenção das crianças e despertam as fantasias;
4) para pequenas encenações e dramatizações, fantoches e bichos de pelúcia são
bons recursos;
5) a massa de modelar pode ser usada pelas pessoas para confeccionar figuras da
história que acabaram de ouvir, com isso recapitulam e fixam a história;
6) materiais colhidos na natureza e trazidos pelas pessoas para ilustrar certos
contos de fadas, por exemplo, prendem a atenção e valorizam a sua participação;
7) mudar de ambiente para contar a história da cidade: levar as pessoas ao
museu, a um cemitério com antigas sepulturas e convidar uma pessoa idosa para falar
do passado. Nesse sentido se oferecem muitas possibilidades que devem ser exploradas.
8) com livro: leitura dinâmica, dramatizada, com as ilustrações do livro.
9) Com gravuras: varal, livro ampliado.
10) Com desenhos: desenhar as personagens enquanto vai contando a história.
6) ATIVIDADES ARTÍSTICAS E TECNOLOGIAS DECORRENTES DA
CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS:
De um modo geral, tecnologia refere-se a uma técnica, artefato ou alternativa
desenvolvida pelo homem, para facilitar a realização de um trabalho ou criação1. Tanto
na educação quanto na saúde, os educadores devem compreender as tecnologias como
meios facilitadores dos processos de construção do conhecimento, numa perspectiva
criativa, transformadora e crítica (MARTINS, 2011).
Tecnologias são saberes imprescindíveis para o desenvolvimento do trabalho em
saúde. Na prática educativa em saúde, a tecnologia deve ser utilizada de modo a
favorecer a participação dos sujeitos no processo educativo, contribuindo para a
construção da cidadania e o aumento da autonomia dos envolvidos. Sendo assim, devem
explorar recursos que vão ao encontro dos significados culturais reconhecidos e
valorizados no contexto dos usuários e da comunidade, por isso cada vez mais são
realizadas, na prática educativa, atividades lúdicas, como teatro, música, jogos, entre
outras manifestações artísticas e culturais (MARTINS,2011).
Após a contação, é sempre importante realizar um trabalho em que os
participantes se envolvam e relembrem o que foi contado. Nessa hora, é preciso
considerar a faixa etária de cada grupo, o que vai guiar você a realizar diferentes tipos
de atividades. Abaixo, algumas que podem ser aplicadas, modificadas e expandidas
conforme o seu caso: Dobraduras dos personagens; Desenhos das personagens que mais
gostou; Construção com sucatas; Música sobre a história; Fantoches diversos; Bonecos
com papel machê; Construção de livrinhos; Dramatizações; Fantasias; Painéis entre
outros especificados abaixo:
PRODUÇÃO E CRIAÇÃO DE MÁSCARAS: O teatro de máscaras promove à
recreação, o jogo, a socialização, melhoria na fala da criança, desinibição dos alunos
mais tímidos. Quando o trabalho exigir o uso da palavra, a máscara que deve ser
utilizada é aquela que cobre os olhos e o nariz deixando a boca livre, permitindo que a
voz saia clara, exibindo a sua expressão verbal. Representando com o rosto oculto, as
pessoas se permitem viver o enredo dos próprios personagens e o cotidiano social a que
pertencem (HELBINHA, 2012).
O trabalho com máscaras se dá de maneira livre, cada participante cria sua
máscara, escreve sobre ela, dá-lhe um nome, junta com as máscaras dos colegas e forma
uma história a partir de um tema proposto, representa-a através das máscaras (teatro de
fantoches) e conta como foi a experiência de confeccionar a máscara, dar-lhe um nome
e inseri-la em uma história (HELBINHA, 2012).
TEATRO DE SOMBRAS: O teatro de sombras, também conhecido como Oricom
Shohatsu, é uma arte muito antiga de contar histórias e de entretenimento que usa
figuras articuladas chatas (bonecos de sombra) para criar imagens mantidas entre uma
fonte de luz e uma tela translúcida ou tecido. As imagens produzidas pelos bonecos
podem ter diversas cores e outros tipos de detalhes. Muitos efeitos podem ser
alcançados através da movimentação tanto dos bonecos quanto da fonte de luz. Um
marionetista talentoso pode fazer as figuras parecerem andar, dançar, lutar, acenar com
a cabeça e rir. O teatro de sombras é popular em várias culturas; atualmente essa arte é
praticada por grupos de mais de 20 países. O teatro das sombras é uma velha tradição e
tem uma longa história no Sudeste da Ásia; especialmente na Indonésia, Malásia,
Tailândia e Camboja. É também considerada uma arte antiga em outras partes da Ásia
como na China, Índia e Nepal. É também conhecida no Ocidente, da Turquia, Grécia até
a França. É uma forma popular de entretenimento tanto para crianças quanto para
adultos em muitos países ao redor do mundo (BEZERRA, 2012).
LITERATURA DE CORDEL: A literatura de cordel, como poesia popular, é uma das
mais importantes expressões culturais da população nordestina, está presente nas feiras
livres, praças e eventos populares. Esse singular meio de comunicação de massa,
surgido na Península Ibérica, foi trazido para o Nordeste do Brasil pelo colonizador
europeu, desenvolvendo-se no Ceará, especialmente na cidade de Juazeiro do Norte.
São folhetos populares, escritos e impressos com ilustrações nas capas; eram
dependurados em barbantes para venda em locais públicos, daí a sua denominação.
Desde que surgiram os primeiros folhetos impressos, no último quartel do século XIX, a
literatura de cordel tem sido uma poderosa ferramenta de alfabetização e incentivo à
leitura para as populações carentes do Nordeste (MARTINS, 2011).
A utilização da literatura de cordel na prática educativa em saúde vem
despertando a atenção de profissionais de saúde, especialmente no Ceará. Um estudo
sobre o uso da literatura de cordel como meio de promoção do aleitamento materno
descobriu nessa literatura popular um importante meio de comunicação, pois seu custo é
mínimo, sua linguagem é acessível e sua mensagem é facilmente compreendida pela
população. É possível, portanto, que os profissionais de saúde possam aplicar o cordel,
como ferramenta alternativa de comunicação, transmitindo as mensagens de promoção
da saúde de modo lúdico (MARTINS, 2011).
CIBERCULTURA: Segundo Cacciolari, 2009, hoje, poucas famílias conservam o
antigo hábito de contar histórias para as crianças à hora de dormir, ficando esta tarefa
para a televisão, e para o computador e para os games a função de provocar a
imaginação infantil. Embora o papel da televisão se depare com alguma polêmica,
algumas vezes esse instrumento pode ser bem aproveitado como coadjuvante na
formação de leitores. O ensino de linguagem audiovisual na escola, acompanhado da
disciplina de filosofia, faria com que as crianças desenvolvessem a capacidade de
abstração, ao mesmo tempo em que seriam alfabetizadas nas letras e nas imagens,
passando, com o tempo, a entender seus códigos, sua grafia, escrever e raciocinar com
elas, inter-relacionando-as. O grande problema da televisão é que desde o momento em
que a criança está diante da tela, não percebe mais o texto enquanto texto, mas como
imagem, e não promove a interação entre a imagem e a leitura de mundo.
As perspectivas para criação de roteiros em ambientes virtuais e o futuro da
narrativa no ciberespaço são temas levantados por Janet Murray (2003), em seu livro
Hamlet on the Holodeck. Para Murray, estamos vivendo o inicio de uma nova cultura, a
cibercultura, proporcionada por computadores e videogames de avançada tecnologia
capazes de proporcionar ambientes virtuais imersivos e sofisticados processos de
interação.
As novas variedades de entretenimento digital, que vão dos videogames ao
hipertexto, representam novos formatos para o roteiro ficcional. O meio comercialmente
mais bem sucedido corresponde aos jogos eletrônicos, que estão em constante evolução
tecnológica e com cada vez mais ênfase na estória. Apesar dessa evolução os jogos de
ação ainda têm que desenvolver mais suas estórias, sendo que sua estrutura de labirintos
e níveis nos submete apenas a violência dos tiros e ataques, sem vivenciarmos as
situações de conflitos e os momentos de clímax da narrativa, que aumentariam o
envolvimento do jogador durante a partida. Outros gêneros, como os jogos de enigma,
no entanto, tem uma concepção diferenciada dos jogos de ação, e utilizam recursos
avançados de gráficos e som para criar cenas e ambientes com grande poder de
imersibilidade. O engajamento mais lento na estória e as revelações de alto poder
dramático que permitem a solução dos enigmas tornam as narrativas desses jogos mais
ricas e complexas. Neste sentido, a popularização da internet proporcionou o
crescimento da ficção baseada em hipertexto (CACCIOLARI, 2012).
O hipertexto tem possibilitado a escritores novas experimentações com
segmentação, justaposição e conectividade: as estórias possuem geralmente mais que
um ponto de entrada, muitas bifurcações internas e um final não muito claro.
Para conseguir prender a atenção do usuário, os autores escrevem e expandem
suas histórias, incluindo múltiplas possibilidades para quem está agindo poder assumir
um papel mais ativo.
As narrativas tradicionais, no entanto, têm se aproximado cada vez mais do
computador, e os cientistas da computação se movem para domínios que antes eram
restritos aos artistas criativos. A estrutura digital traz com ela muitas possibilidades para
a narrativa. Cabe aos ciberdramaturgos explorar essas possibilidades sem sobrecarregar
o participante, e procurar soluções para a disposição da ação dramática de maneira a
sustentar o fluxo da estória, sem interromper o sonho ficcional que se cria na
imaginação do público (CACCIOLARI, 2012).
Ao abordarmos a questão da contação de histórias no século XXI, é importante
entender como se relacionam palavra e imagem nas diversas mídias e o que representa a
imagem, como linguagem, atualmente.
Informações não devem ser simplesmente ditas, mas mostradas dramaticamente
como as causas da história. A exposição não é necessariamente colocada em um bloco
só no início da narrativa, podendo ser introduzida no contexto conforme a ação exigir,
sem interferir na fluência da história.
A cultura contemporânea é sobretudo visual. Videogames, videoclipes, cinema,
telenovela, propaganda e histórias em quadrinhos são técnicas de comunicação e de
transmissão de cultura cuja força retórica reside sobretudo na imagem, tal o impacto de
significação dos recursos imagéticos. Tomando por exemplo, as narrativas visuais do
cinema ou da telenovela, produtos culturais a que (quase) todos têm acesso e que
competem diretamente com as narrativas literárias no gosto do público consumidor de
cultura; o que se capta, em primeiro lugar, é um contexto demonstrativo em vez de um
contexto verbal: percebe-se pela vestimenta, caracterização e comportamento das
personagens, pelo lugar onde estão, por seus gestos e expressões faciais, se se trata de
drama ou comédia, em que época se desenvolve o enredo, enfim, de que modo o
espectador está sendo convidado a fruir aquele conjunto de significados visuais
componentes de uma trama. Cada cena comporta um peso visual e auditivo, este dado
pela trilha sonora, que se comunica imediatamente, sem necessidade de palavras. A
imagem tem, portanto, seus próprios códigos de interação com o espectador, diversos
daqueles que a palavra escrita estabelece com o seu leitor. Como as histórias
reproduzidas em vídeos e DVDs, muito comuns nos desenhos da Disney, nos programas
da TV Cultura, com contação de histórias, na TV Globo, com as histórias de Monteiro
Lobato, no Sítio do Picapau Amarelo, que reproduz muito bem a narração oral.
O cinema (filmes) e o teatro também são representativos contribuintes para o
ensino de literaturas e contação de histórias, no que se refere ao estímulo e motivação.
Muitos filmes de desenhos animados começam sempre com o eterno ... “Era uma vez...”
O filme traz uma nova visão sobre os contos de fadas, em que o herói não se
sobressai pela beleza e imponência, mas pelo caráter e virtudes. Ao invés do belo
Príncipe e da linda Princesa, a história incrementa nas almas o senso de contradição
entre o bem e o mal, mostrando que o hediondo e o horror não são características da
aparência apenas. Em Shrek, a felicidade alcançável é a que resulta da prática da
virtude, da perseverança nas vias do bem. Nas histórias de contos de fadas do século
XXI, o sapo já não precisa voltar a ser príncipe. Por isso o ogro, antes monstruoso,
torna-se figura tão amada das crianças, sem precisar ser transformado em sua aparência.
Assim, os recursos midiáticos podem contribuir muito para o ensino de
literatura. Quanto maior o contato com a linguagem, na diversidade textual, mais
possibilidades se tem de entender o texto como material verbal carregado de intenções e
de visões de mundo. Diante do exposto, pode-se entender que as práticas da linguagem,
como fenômeno de uma interlocução viva, perpassam todas as áreas do agir humano,
potencializando, a perspectiva interdisciplinar (CACCIOLARI, 2012).
7) A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS COMO RECURSO NA ÁREA DA
SAÚDE:
1) Associação Viva e Deixe Viver – Porto Alegre (RS)- Doutorzinhos:
Fonte: http://www.vivaedeixeviver.org.br
A Associação Viva e Deixe Viver é uma OSCIP – Organização da Sociedade
Civil de Interesse Público, que treina e capacita voluntários para se tornarem contadores
de histórias em hospitais para crianças e adolescentes internados em oito mercados do
país.
Os principais recursos da Associação Viva e Deixe Viver atualmente são a
leitura de obras infantis, as brincadeiras, a criatividade e o bom humor de seus
voluntários.
Através de atividades culturais que estimulam o desenvolvimento das aptidões
dessas crianças, a Associação contribui para a humanização dos serviços a elas
destinados, integrando no seu cotidiano as condições sensíveis de comunicação e
interação com a realidade externa.
Para realizar seu objetivo, a Associação Viva e Deixe Viver recebe como doação pelo
menos duas horas semanais de seus voluntários que contam ou fazem histórias. Sim,
porque para existir o contador de histórias é necessário que existam aqueles que dão
suporte, divulgando, treinando, auxiliando e desenvolvendo nossa Associação.
Em 2004, a Associação Viva e Deixe Viver iniciou suas atividades em Porto
Alegre. Hoje, atua no Hospital da Criança Santo Antônio e no Hospital da Criança
Conceição. O resultado desse trabalho tem sido valorizado por toda equipe médica,
pelas crianças hospitalizadas e seus acompanhantes. No Rio Grande do Sul, o Viva e
Deixe Viver tem uma parceria com a ONG Doutorzinhos.
2) Programa de Extensão Contação de Histórias em Ambiente Hospitalar –
UFCSPA:
Fonte: http://www.ufcspa.edu.br/
O projeto “Contação de histórias em ambiente hospitalar: a capacitação do
profissional da saúde”, uma interação entre as áreas da Literatura e da Saúde, tem como
princípio a formação diferenciada do profissional, uma vez que o habilita com uma
ferramenta inovadora: a de saber técnicas de conforto aos pacientes através do contato
estabelecido pela literatura. Sabe-se que a relação de confiança entre profissional e
paciente é a chave para a busca da saúde, e a literatura é uma das formas pelas quais
isso é possível. O projeto tem dois objetivos: contribuir para uma formação mais
humanizada do profissional da saúde no trato com o paciente; e, para o internado, busca
amenizar a situação de isolamento social em que se encontra.
Em atividade desde 2009, o Programa Contação de Histórias da UFCSPA
objetiva a promoção da saúde pela formação diferenciada e contínua no âmbito da saúde
para estudantes da UFCSPA, estudantes da saúde de outras IES, profissionais das
Equipes de Saúde da Família localizadas no Distrito Docente Assistencial e
profissionais de saúde atuantes no ambiente hospitalar, propiciando o desenvolvimento
de habilidades para o atendimento humanizado a partir da técnica da contação de
histórias literárias.
O Programa possui 5 ações, a saber:
a) disciplina eletiva para acadêmicos da UFCSPA;
b) curso de formação de contadores para acadêmicos de outras IES;
c) curso de formação de contadores para profissionais atuantes no Programa Saúde da
Família nas unidades do DDA da UFCSPA e profissionais formados atuantes no
ambiente hospitalar;
d) Projeto Poesia na Enfermaria; e
e) Curso de Formação de Voluntários in company SESC/UFCSPA.
Em cinco anos, o programa já atendeu mais de 1.500 pacientes e realizou 3.000 horas de
contação no ambiente hospitalar, com a presença de mais de 300 participantes e os
cursos são oferecidos também para a comunidade externa.
3) CATAVENTUS – ação de integração social e cultural:
Fonte: http://www.cataventus.org.br/
A CATAVENTUS – AÇÃO DE INTEGRAÇÃO SOCIAL E CULTURAL é
uma associação civil sem fins lucrativos, constituída por educadores de formações e
experiências profissionais diversas, que utiliza a contação de histórias como instrumento
de inclusão social.
Em meados de abril de 1999, iniciou-se a primeira ação desenvolvida por
pessoas que, atualmente, fazem parte da Coordenação da CATAVENTUS, o Projeto
“Conte Outra Vez...”. O primeiro grupo atendido pelo projeto foram os meninos do
Albergue João Paulo II, abrigo para crianças e adolescentes recebidos por
encaminhamento dos conselhos tutelares ou do Juizado da Infância e da Juventude.
Inicialmente, com atividades lúdicas foram sendo desenvolvidas as responsabilidades de
dinâmicas em grupos e criatividade, aumentando sua autoestima.
Na sequência, foi inserida a contação de histórias, os meninos montaram
histórias usando filmes para as TVs de madeira, álbuns seriados, varais, cartazes,
ficando cada vez mais animados. Resultado: trabalhando uma vez por semana, à noite, e
só por duas horas, eles conseguiriam estar na Feira do Livro no mês de novembro, sete
meses após o início do trabalho. Foram feitas apresentações em escolas públicas e
particulares, onde os meninos passaram a ser artistas, dando até autógrafos e entrevistas
para os jornais dos colégios. Eles participaram de algumas edições da Feira do Livro, do
FORUMzinho Social Mundial, de cursos de extensão na UFRGS e na ULBRA, e de
eventos variados, como por exemplo as feiras do livro das escolas.
Em 2003, durante o II FORUMzinho Social Mundial, os mesmo grupo de
voluntários organizou o I Encontro Internacional de Contadores de História, para o qual
vieram contadores de histórias de várias partes do mundo e de muitos estados do Brasil.
Para fazer a abertura dos dois eventos – o FORUMzinho e o Encontro de Contadores –
foi montada uma peça infantil – "Uma Viagem pelas Histórias" - que foi um sucesso,
contando com um público de aproximadamente mil pessoas na abertura. Essa peça
transformou-se em um dos projetos da CATAVENTUS.
A missão da Cataventus é promover, nas áreas da EDUCAÇÃO e da
ASSISTÊNCIA SOCIAL, o acesso e o incentivo à leitura e, especialmente, a inclusão
social e cultural de crianças e jovens, preferencialmente aqueles em situação de
vulnerabilidade social, bem como de Portadores de Necessidades Especiais e de
integrantes da terceira idade, através da contação de histórias, de forma ética,
socialmente responsável e sustentável.
Projetos da Cataventus:
a) Projeto “Roda de Histórias”
Objetivo: Promover o acesso e o interesse pela leitura.
Público-alvo: Escolas públicas, privadas, hospitais e instituições de apoio a crianças e
jovens, a Portadores de Necessidades Especiais e a idosos.
Descrição: Projeto constituído por uma sequência de histórias, apresentadas em 45
minutos, com diversos temas, e que pode ser adaptada à faixa etária e ao contexto do
evento.
b) Projeto “Conte Outra Vez...”
Objetivo: despertar em pessoas em situação de vulnerabilidade social o interesse pela
leitura.
Público-alvo: Instituições de apoio a jovens em situação de risco social, e comunidades
em geral.
Descrição: Atividade formativa que visa a despertar em jovens e adultos em situação de
vulnerabilidade social o interesse pela leitura, resgatando sua autoestima e formando um
grupo de contadores de histórias.
c) Projeto “Te Liga na História!”
Objetivo: esclarecer, informar e auxiliar o público em áreas de prevenção por meio
de histórias.
Público-alvo: crianças, adolescentes ou adultos.
Descrição: Contação de histórias sobre temas específicos, com o objetivo de
informar e auxiliar o público em áreas de prevenção, tais como saúde bucal, higiene,
alimentação, meio ambiente, reciclagem. As histórias para adolescentes são
contadas em linguagem atraente, utilizando-se de uma identificação positiva com os
personagens.
d) Projeto “Uma Viagem pelas Histórias”
Objetivo: Popularizar a dramatização de contos atuais, lendas e fábulas.
Público-alvo: Escolas de ensino fundamental, públicas e privadas, e comunidade.
Descrição: Peça infantil de uma hora de duração, com vinte voluntários
interpretando personagens de contos de fadas, lendas e fábulas.
e) Projeto “AgitAção”
Objetivo: Contribuir para a formação de uma nova e real consciência, que abranja a
integridade ecológica, a justiça social, a valorização da educação e da saúde, e a
defesa dos direitos de todos os seres vivos, facilitando ao homem interagir
adequadamente com seu meio ambiente para a conservação da vida no planeta,
incluindo a sua própria e a de seus semelhantes.
Público-alvo: Alunos de escolas carentes e comunidade.
Descrição: Projeto em parceria com outras instituições. Oficinas e atividades
diversas (ex.: educação ambiental, saúde bucal, reciclagem) e contação de histórias
nas escolas, atendendo a todas as faixas etárias, incluindo pais.
f) Projeto: Juventude em Ação
Objetivo: Promover a conscientização de adolescentes, estudantes de escolas
pública, sobre temas como sexualidade, planejamento familiar, ética, valores, DSTs,
drogadição, alcoolismo, conflitos sociais, entre outros, através de dinâmicas
culturais que propiciarão o ambiente acolhedor á manifestação dos sentimentos e
emoções e a resignificação da cidadania, através do reconhecimento do
protagonismo dos jovens e de sua condição de agentes de mudanças sociais.
Público-beneficiário: Jovens estudantes de 5ª a 8ª séries, ambos os sexos, de 08
escolas públicas de Porto Alegre.
Descrição: É desenvolvido de jovens para jovens, falando de forma divertida, mas
seriamente, sobre temas que são importantes nessa fase, como sexualidade,
planejamento familiar, ética, valores, DSTs, drogadição, alcoolismo, conflitos
sociais, entre outros, tem um profundo significado e uma forte carga de cidadania,
através de esquetes teatrais, debates e oficinas de música, expressão corporal,
dramatização, dinâmicas de improvisação, jogos de recreação e exercícios com
simulação de deficiências vividas por jovens portadores de necessidades especiais.
g) Projeto: Tem Educação na Contação
Objetivo: Capacitar o público-beneficiário para o uso da contação de histórias como
instrumento de promoção do hábito da leitura, da qualificação da educação e
inclusão social.
Público-beneficiário: Professores das redes públicas municipal e estadual do RS e
lideranças comunitárias locais, de ambos os sexos, da capital e interior do estado do
RS.
Descrição: Através de oficinas de capacitação em contação de histórias e da criação
de um grupo virtual de contadores de histórias este projeto visa contribuir a
melhoria na qualidade da educação e na instrumentalização de educadores e
lideranças comunitárias locais, que tem no seu dia-a-dia o grande desafio de
promover a inclusão social e a cidadania através da educação formal e não-formal,
que são portas de entrada para o conhecimento e fornecem condições para o
desenvolvimento cultural dos indivíduos.
h) Projeto “Pílula Mágica”
Objetivo: Levar uma "pílula" lúdica para crianças hospitalizadas.
Público-alvo: Pacientes de hospitais, espaços de saúde.
Descrição: Contação de histórias em leitos, salas de recreação hospitalares, UTIs.
i) Projeto “JardinAção”
Objetivo: Conscientizar da responsabilidade com nosso planeta.
Público-alvo: Comunidade em geral.
Descrição: Um evento em rede, com atividades múltiplas ao ar livre, em parceria
com o Jardim Botânico. Este evento tem duas edições por ano, no aniversário de
Porto Alegre em março e no aniversário do Jardim Botânico em setembro.
j) Projeto “Forinho”
Objetivo: Atender as crianças junto ao Fórum Social.
Público-alvo: Com foco em crianças, adolescentes.
Descrição: Atividades das mais diversas (contação de histórias, oficinas, teatro de
bonecos, atrações artísticas entre outras) e com muitos parceiros durante 6 dias.
4) CHALÉ DA CULTURA – GHC
Fonte: www.ghc.com.br
A coordenadora do grupo de Contação de Histórias do Grupo Hospitalar
Conceição, Margareth Jackle, define a contação de histórias como uma troca de
experiências, uma vez que essa iniciativa é desenvolvida por equipes da instituição,
bem como por grupos independentes, que atuam em diversos hospitais e unidades de
saúde de Porto Alegre. A atividade é uma proposta de atenção destinada às crianças
em momentos que propõem a vivência do lúdico.
Existe a importância de se estabelecer um vínculo com a infância dos pacientes
internados no Hospital Criança Conceição (HCC), especialmente na UTI, pois o
ambiente hospitalar acaba dificultando esse processo. A contação de histórias é
capaz de promover e incentivar a imaginação dessas crianças, algumas delas
internadas há anos, é fundamental para a recuperação.
Somos uma equipe que tem o propósito de unir a magia da contação de histórias
com a magia da arte.... Contar histórias e levar as pessoas ao mundo da
imaginação.... Fazer materiais de contação e levar pessoas ao mundo da fantasia....
Sair da vida cotidiana e ir para o sonho, tudo isto com a dose certa da realidade
misturada a muito bom humor.
5) PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA (PSE)
O Programa Saúde na Escola (PSE), política intersetorial da Saúde e da
Educação, foi instituído em 2007. As políticas de saúde e educação voltadas às
crianças, adolescentes, jovens e adultos da educação pública brasileira se unem para
promover saúde e educação integral.
A articulação intersetorial das redes públicas de saúde e de educação e das
demais redes sociais para o desenvolvimento das ações do PSE implica mais do que
ofertas de serviços num mesmo território, pois deve propiciar a sustentabilidade das
ações a partir da conformação de redes de corresponsabilidade. Implica colocar em
questão: como esses serviços estão se relacionando? Qual o padrão comunicacional
estabelecido entre as diferentes equipes e serviços? Que modelos de atenção e de
gestão estão sendo produzidos nesses serviços?
A articulação entre Escola e Rede Básica de Saúde é à base do Programa Saúde
na Escola. O PSE é uma estratégia de integração da saúde e educação para o
desenvolvimento da cidadania e da qualificação das políticas públicas brasileiras.
Sua sustentabilidade e qualidade dependem de todos nós!
Este programa também cria possibilidades para a utilização da contação de
histórias, especialmente pelas equipes de saúde da Atenção Básica.
CONCLUSÃO
Contação de histórias é uma importante ferramenta no processo de saúde,
educação e inclusão social, pois, além de contar com a criatividade, a oralidade e o
pensamento do contador é possível ainda trabalhar com o mecanismo da construção da
identidade do ouvinte que abre uma estrada para novos horizontes nas diversas
disciplinas.
O contador precisa sentir a história, ser capaz de emocionar e emocionar os
outros, a narrativa deve ser mais atraente é importante valer-se de diversos recursos para
prender a atenção dos ouvintes e conseguir passar todas as práticas para o
desenvolvimento na ação de promoção e prevenção por meio de histórias, para
esclarecer informar e auxiliar a conscientização de adolescentes, crianças, adultos e
idosos. Enfim fornecer condições para o desenvolvimento cultural dos indivíduos.
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