universidade federal do rio grande do … · pbp protein binding penicillin - proteína ligadora de...

68
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA Julliette Medeiros de Oliveira Galvão Staphylococcus aureus RESISTENTE À METICILINA COLONIZANDO PACIENTES EM TRATAMENTO DE HEMODIÁLISE NATAL - RN 2018

Upload: vonga

Post on 05-Oct-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA

Julliette Medeiros de Oliveira Galvão

Staphylococcus aureus RESISTENTE À METICILINA COLONIZANDO

PACIENTES EM TRATAMENTO DE HEMODIÁLISE

NATAL - RN

2018

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

JULLIETTE MEDEIROS DE OLIVEIRA GALVÃO

Staphylococcus aureus RESISTENTE À METICILINA COLONIZANDO

PACIENTES EM TRATAMENTO DE HEMODIÁLISE

Dissertação de mestrado do curso de

Pós-Graduação em Biologia Parasitária

da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, para obtenção do título de

Mestre em Biologia Parasitária na área de

Epidemiologia e controle de doenças

infecciosas e parasitárias.

Orientadora: Professora Doutora Maria

Celeste Nunes de Melo

NATAL - RN

2018

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - ­Centro de Biociências - CB

Galvão, Julliette Medeiros de Oliveira.

Staphylococcus aureus resistente à meticilina colonizando

pacientes em tratamento de hemodiálise / Julliette Medeiros de

Oliveira Galvão. - Natal, 2018. 67 f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em

Biologia Parasitária. Orientadora: Profa. Dra. Maria Celeste Nunes de Melo.

1. Hemodiálise - Dissertação. 2. Colonização nasal -

Dissertação. 3. MRSA - Dissertação. 4. Gene lukF - Dissertação. I. Melo, Maria Celeste Nunes de. II. Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 616.61

Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico
Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

DEDICATÓRIA

A todos os pacientes em tratamento hemolialítico, em especial,

os que participaram deste estudo.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela força, coragem e disposição para continuar caminhado em busca dos

meus sonhos.

Ao meu esposo, Newdemberg, que de forma especial e carinhosa foi meu alicerce,

meu maior incentivador.

À minha família, pelo apoio e amor incondicional.

À minha orientadora, Profª Celeste, por quem tenho imensa admiração, gratidão e

respeito. Muito obrigada por todas as correções, pela dedicação, “paciência”,

compreensão e carinho; agradeço-lhe ainda, porque a senhora foi além das suas

obrigações foi uma Amiga, uma Mãe. Muito obrigada pelo enorme apoio quando

mais precisei!

Aos professores do PPgBP, por serem sempre muitos solícitos e pelos valiosos

ensinamentos.

À todos do LaBMed, pessoas a quem sou muito grata, pela ajuda, ensinamentos e

tantos compartilhamentos da bancada.

Ao Dr. André Luiz Barbosa de Lima, por ter sido sempre muito prestativo, atencioso

e claro pela sua valiosa contribuição a este trabalho.

Ao médico nefrologista Dr. Rodrigo Azevedo, pela confiança e por ter aberto as

portas na Nefron Clínica para realização deste trabalho.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

RESUMO

Os Staphylococcus aureus, em especial a linhagem Staphylococcus aureus

resistente à meticilina (MRSA), é reconhecidamente um importante patógeno

humano e se destaca não somente pela sua patogenicidade, mas também pela sua

elevada capacidade de adquirir resistência à maioria dos antimicrobianos

disponíveis para o tratamento das infecções estafilocócicas. Esta bactéria integra a

microbiota da pele e superfícies das mucosas sendo a mucosa nasal anterior o sítio

primário da sua colonização, em indivíduos saudáveis. A presença dessa espécie

em determinadas populações como indivíduos em tratamento de hemodiálise,

representa um fator de risco para o desenvolvimento de infecções. O objetivo do

estudo foi verificar a prevalência da espécie Staphylococcus aureus e da linhagem

Staphylococcus aureus resistente à meticilina colonizando pacientes submetidos ao

tratamento de hemodiálise em uma clínica de referência na cidade do Natal-RN. As

amostras nasais foram coletas com auxílio de swab estéril, os quais foram

inoculados em caldo BHI e encaminhados ao Laboratório de Bacteriologia Médica na

UFRN, onde os mesmos foram incubados por 24h a 37˚C. Os isolados bacterianos

foram identificados presuntivamente através de técnicas convencionais como a

coloração de Gram e os testes para as enzimas catalase e coagulase. A

identificação dos MRSA e a susceptibilidade aos antimicrobianos foram realizadas

através da técnica de disco difusão. Os genes mecA e lukF foram pesquisados

através da técnica da Reação em Cadeia da Polimerase. Os dados relativos aos

pacientes foram coletados através de uma entrevista estruturada com 15 perguntas.

Participaram deste estudo, 375 pacientes, dos quais 90 (24%) portavam o S. aureus

em suas narinas e 9 (2,4%) o Staphylococcus aureus resistentes à meticilina. Todos

os MRSA apresentaram o gene mecA. Das cepas de MRSA, oito apresentaram o

gene lukF, codificador da Leucocidina de Panton Valentine (PVL). Nenhuma das

variáveis pesquisadas mostrou-se associada estatisticamente com a frequência de

S. aureus e MRSA. Contudo, a presença desse micro-organismo é importante,

especialmente a linhagem MRSA, uma vez que sua virulência e resistência aos

antimicrobianos é bastante estabelecida e, sobretudo, colonizando pacientes

hemodialíticos, os quais apresentam maior susceptibilidade às infecções.

Palavras-chave: MRSA; colonização nasal; hemodiálise; gene lukF.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

ABSTRACT

Staphylococcus aureus, mainly the methicillin-resistant Staphylococcus aureus

(MRSA) strain, has been recognized as an important human pathogen, and

highlighted its pathogenicity as well its high ability to acquire resistance to most

antimicrobials used for staphylococcal infections treatment. This bacterium integrates

the microbiota of the skin and mucosal surfaces, and anterior nasal mucosa is the

primary site of healthy individuals colonization. The presence of this species in

certain populations, as individuals on hemodialysis treatment, represents a risk factor

for infections development. The aim of the study was to describe the prevalence of S.

aureus and MRSA colonizing patients submitted to hemodialysis treatment in a clinic

reference in the city of Natal-RN. Nasal samples were collected with using a of sterile

swab, which were inoculated in BHI broth and sent to Laboratório de Bacteriologia

Médica at Universidade Federal do Rio Grande do Norte, where they were incubated

for 24 hours at 37°C. Bacterial isolates were identified by conventional techniques

such as Gram staining and the tests for catalase and coagulase enzymes. The

MRSA identification and antimicrobial susceptibility were performed using the disk

diffusion technique. The mecA and lukF genes were screened using Polymerase

Chain Reaction technique. Patient data were collected through a structured interview

with 15 questions. A total of 375 patients, of whom 90 (24%) carried on S. aureus in

their nose and 9 (2,4%) methicillin-resistant Staphylococcus aureus. All MRSA have

showed mecA gene, and eight had lukF gene encoding Panton Valentine Leucocidin

(PVL). None of the variables studied was statistically associated with the prevalence

of S. aureus and MRSA. However, the presence of this microorganism is important,

especially the MRSA strain, since its virulence and antimicrobial resistance is well

established and, moreover, colonizing hemodialytic patients, which are more

susceptible to infections.

Key words: MRSA; nasal colonization; hemodialysis; lukF gene.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Produtos da amplificação do gene mecA em gel de eletroforese (1%). A:

Padrão de peso molecular 100 pb DNA Ladder (invitrogen). B – J: Amostras de

MRSA testes. L: Cepa de S. aureus BMB 9393, controle positivo para o gene mecA.

M: controle negativo. ................................................................................................. 36

Figura 2 - Produtos da amplificação do gene lukF em gel de eletroforese (1%). A:

Padrão de peso molecular 100 pb DNA Ladder (invitrogen). B – J: Amostras de

MRSA testes. L: controle negativo. M: Cepa de S. aureus USA300, controle positivo

para o gene lukF. ...................................................................................................... 36

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Variáveis independentes analisadas neste estudo. Natal-RN, 2018. ...... 30

Tabela 2 - Caracterização da amostra estudada. Natal-RN, 2018. ........................... 32

Tabela 3 - Perfil de resistência aos antimicrobianos das cepas de MRSA. Natal-RN,

2018. ......................................................................................................................... 35

Tabela 4 - Presença e ausência de S. aureus com relação às variáveis

independentes categóricas analisadas neste estudo. Natal-RN, 2018. .................... 38

Tabela 5 - Presença e ausência de MRSA com relação às variáveis independentes

categóricas analisadas neste estudo. Natal-RN, 2018. ............................................. 39

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ATCC American Type Culture Collection - Coleção Americana de

Culturas de Amostras Padrão

BHI Brain Heart Infusion - Caldo Infusão Cérebro e Coração

CA-MRSA Community- associated Methicillin Resistant Staphylococcus

aureus - Staphylococcus aureus Resistentes à Meticilina

Adquiridos na Comunidade

CLSI Clinical and Laboratory Standart Institute – CLSI - Instituto de

Padronização Clínica e Laboratorial

DRC Doença Renal Crônica

ECN Estafilococos Coagulase Negativo

HA-MRSA Healthcare-associated Methicillin Resistant Staphylococcus

aureus – Staphylococcus aureus Resistentes à Meticilina

Adquiridos no Hospital

IRC Insuficiência Renal Crônica

lukF Gene codificador da leucocidina PVL

mecA Gene Codificador da Proteína PBP2a

MRSA Methicillin Resistant Staphylococcus aureus - Staphylococcus

aureus Resistente à Meticilina

MSSA Methicillin-sensitive Staphylococcus aureus - Staphylococcus

aureus Sensível à Meticilina

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

OMS Organização Mundial da Saúde

PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina

PBP2a Penicillin-Binding protein 2a - Proteína Ligadora da Penicilina 2a

PCR Polimerase Chain Reaction - Reação em Cadeia da Polimerase

PVL Panton-Valentine Leucocidine – Leucocidina de Panton-Valentine

SCCmec Staphylococcal Cassette Chromosome - Cassete Cromossômico

Estafilocócico mec

SUS Sistema Único De Saúde

TALE Termo de Assentimento Livre e Esclarecido

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TSA Tryptone Soya Agar - Ágar Triptona de Soja

VISA Vancomycin Intermediate Staphylococcus aureus -

Staphylococcus aureus com Resistência Intermediária a

Vancomicina

VRE Vancomycin Resistant Enterococcus - Enterococcus Resistentes

a Vancomicina

VRSA Vancomycin Resistant Staphylococcus aureus - Staphylococcus

aureus Resistente a Vancomicina.

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15

2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 17

2.1 DOENÇA RENAL CRÔNICA E HEMODIÁLISE ......................................... 17

2.2 Staphylococcus aureus ............................................................................... 19

2.3 Staphylococcus aureus resistente à meticilina – MRSA ............................. 21

3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 23

3.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................... 23

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................... 23

4 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 24

4.1 DESENHO E POPULAÇÃO DO ESTUDO ................................................. 24

4.2 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ....................................................................... 24

4.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ....................................................................... 24

4.4 RECRUTAMENTO E COLETA DA AMOSTRA BIOLÓGICA ...................... 24

4.5 ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS ............................... 25

4.5.1 COLORAÇÃO DE GRAM .................................................................... 25

4.5.2 PROVA DA CATALASE ...................................................................... 25

4.5.3 SUSCEPTIBILIDADE A BACITRACINA .............................................. 26

4.5.4 PROVA DA COAGULASE ................................................................... 26

4.6 TESTES DE SUSCEPTIBILIDADE ANTIMICROBIANA ............................. 27

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

14

4.6.1 AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA A CEFOXITINA PARA A

IDENTIFICAÇÃO FENOTÍPICA DA LINHAGEM MRSA ........................................... 27

4.6.2 AVALIÇÃO DA RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS ................. 27

4.7 DETECÇÃO DOS GENES mecA e luKF .................................................... 28

4.7.1 EXTRAÇÃO DO DNA TOTAL BACTERIANO ..................................... 28

4.7.2 REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE PARA O GENE mecA ..... 28

4.7.3 REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE PARA O GENE lukF ........ 29

4.8 MÉTODOS ESTATÍSTICOS ....................................................................... 29

4.9 VARIÁVEIS DO ESTUDO ........................................................................... 30

5 RESULTADOS ....................................................................................................... 31

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA .......................................................... 31

5.2 IDENTIFICAÇÃO DOS ISOLADOS BACTERIANOS .................................. 33

5.3 PERFIL DE RESISTENCIA AOS ANTIMICROBIANOS ............................. 33

5.4 CONFIRMAÇÃO GENÉTICA DA RESISTÊNCIA À METICILINA ............... 36

5.5 PRESENÇA DO GENE lukF ....................................................................... 36

5.6 ANÁLISES DE ASSOCIAÇÃO .................................................................... 37

6 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 40

7 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 48

8 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 49

9 ANEXOS E APÊNDICES ....................................................................................... 62

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

15

1 INTRODUÇÃO

A doença renal crônica (DRC) consiste numa lesão renal com perda

progressiva e irreversível da função dos rins e esta patologia tem aumentado de

forma epidêmica em todo o mundo, sobretudo em função do aumento das principais

causas da DRC que são: a hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus e

a obesidade (SESSO et al., 2017). A perda da função renal é gradativa e evolui para

Insuficiência Renal Crônica (IRC). Quando o tratamento conservador não é mais

suficiente, o tratamento indicado é a terapia de substituição renal. Dentre elas,

destaca-se a hemodiálise (COSTA et al., 2015).

A hemodiálise é o processo de depuração artificial do sangue que atua

removendo o excesso de líquidos e produtos do metabolismo como a ureia,

creatinina e também auxilia no controle da pressão arterial e manutenção do

equilíbrio de substâncias como sódio e potássio (COSTA et al., 2015).

O tratamento hemodialítico faz-se através de vias de acesso ao sistema

vascular, expondo, portanto, o paciente ao risco de contrair infecções pelos micro-

organismos que colonizam a sua pele ou por aqueles que, eventualmente,

contaminam o equipamento e as soluções perfundidas. Associado a isso, a

imunossupressão dos pacientes renais crônicos, alimentação inadequada,

comorbidades, pacientes realizando diálise simultaneamente em um mesmo

ambiente, manipulação dos dispositivos invasivos e o tempo de permanecia do

cateter contribuem para o estabelecimento de um quadro infecioso (NASCIMENTO;

RIELLA, 1999; SHARIF et al., 2015).

As infecções são a segunda maior causa de óbitos dos pacientes em diálise

no Brasil, é antecedida apenas pelas doenças cardiovasculares (SIVIERO;

MACHADO; CHERCHIGLIA, 2014). O United States Renal Data Service (USRDS),

um sistema nacional de dados que coleta, analisa e distribui informações sobre

doença renal crônica, nos Estados Unidos, publicou em seu último relatório que as

infecções estão entre as principais causas de hospitalização e óbito em pacientes

submetidos à hemodiálise (USRDS, 2017).

Em episódios de infecções sistêmicas a espécie bacteriana mais isolada é o

Staphylococcus aureus, porém outras espécies podem ser responsáveis por causar

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

16

infecções em pacientes hemodiálíticos dentre elas: Staphylococcus coagulase-

negativa, Escherichia coli, Enterococcus spp., Streptococcus spp., Klebsiella spp.,

dentre outras (FERREIRA et al., 2014; WORTH et al., 2017).

A maioria das infecções estafilocócicas são provenientes de uma fonte

endógena e os vestíbulos nasais atuam como principal reservatório (CAVALCANTI

et al., 2006; FOURNIER; PHILPOTT, 2005). O individuo portador de S.

aureus exerce papel chave na epidemiologia e na patogênese da infecção, sendo o

maior fator de risco para desenvolvimento de infecções hospitalares e adquiridas na

comunidade (VANDENBERGH. MARJOLEIN F. Q.; A., 1999).

O Staphylococcus aureus é o principal patógeno responsável pela

colonização nasal de pacientes em tratamento de hemodiálise (ARAUJO, 2011;

BOGUT et al., 2007; DEVRAJ et al., 2017; ZACHARIOUDAKIS et al., 2014).

Mundialmente a ocorrência da colonização nasal por S. aureus e por MRSA podem

variar de acordo com o país e a população estudada. A colonização nasal em

pacientes submetidos ao tratamento hemodialítico pode chegar até 90% para S.

aureus (PRICE et al., 2015) e até 45,8% para MRSA (AMINZADEH et. al., 2006). Os

países que registraram as maiores prevalências de MRSA foram a Ásia

(AMINZADEH et. al., 2006) e os Estados Unidos (PATEL et al., 2011). Os países

europeus, por sua vez, descrevem prevalências tão baixas quanto 2,3% (KOZIOŁ-

MONTEWKA et al., 2006; ZACHARIOUDAKIS et. al., 2014).

O presente estudo verifica a prevalência de Staphylococcus aureus e

Staphylococcus aureus resistente à meticilina colonizando pacientes em tratamento

de hemodiálise e avalia a associação com os fatores relacionados a esses

indivíduos como a idade, o sexo, a frequência de hemodiálises por semana, o tipo

de acesso vascular, a hospitalização previa, o diabetes, o tabagismo, episódios de

infecções recentes, o uso prévio de antibióticos e anti-inflamatórios, além da

realização de transplantes anteriores (ARAUJO, 2011; KARANIKA et al., 2015). A

investigação dos fatores associados à colonização nasal por bactérias resistentes

nesta população, contribuirá na implantação de medidas profiláticas eficientes com

intuito de reduzir a incidência de infecções, diminuindo o risco de morte e

melhorando a qualidade de vida dos pacientes (GROTHE et al., 2010;

VANDECASTEELE; BOELAERT; DE VRIESE, 2009).

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

17

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 DOENÇA RENAL CRÔNICA E HEMODIÁLISE

A doença renal crônica consiste em lesão renal e perda progressiva e

irreversível da função dos rins. Em sua fase mais avançada ou fase terminal, chama-

se de Insuficiência Renal Crônica (IRC). Nessa condição, os rins não são capazes

de remover os produtos de degradação metabólica do corpo ou de realizar as

funções reguladoras. As substâncias normalmente eliminadas na urina acumulam-se

nos líquidos corporais em consequência da excreção renal comprometida, e levam

uma ruptura nas funções endócrinas e metabólicas, bem como a distúrbios

hidroeletrolíticos e ácido-básicos. Nesta fase, o paciente encontra-se intensamente

sintomático. Suas opções terapêuticas são os métodos de depuração artificial do

sangue (diálise peritoneal ou hemodiálise) ou o transplante renal (JUNIOR, 2004).

A hemodiálise é indicada como tratamento para pacientes com insuficiência

renal aguda ou crônica, em casos que o tratamento conservador não é suficiente e a

doença progride (COSTA et al., 2015). Na hemodiálise, o sangue do paciente é

impulsionado por uma bomba até o filtro de diálise (dialisador). A filtragem é

realizada no dialisador, cuja parte interna é composta por um grande número de

microtubos capilares constituídos por um material sintético semipermeável, a

membrana. Após todo o processo ser realizado, o sangue conduzido ao dialisador,

retorna filtrado para o paciente (DIAS NASCIMENTO et al., 2005).

Para realização de uma sessão de hemodiálise, faz-se necessária obtenção

de um acesso ao sistema circulatório. Os principais tipos de acesso vascular para

hemodiálise são: a fístula arteriovenosa (junção entre uma artéria e uma veia) e o

cateter, o qual é introduzido em uma grande veia, como a veia jugular, subclávia ou

femural, geralmente é uma opção temporária para os pacientes que não têm uma

fístula e precisam fazer diálise. Os principais problemas relacionados ao uso do

cateter são a obstrução e a infecção, o que muitas vezes obriga a retirada do

mesmo e o implante de um novo para continuar as sessões de hemodiálise

(RIELLA, 2010; SBN, 2017).

A Sociedade Brasileira de Nefrologia estima que existam no Brasil 122,8 mil

pacientes em tratamento hemodialítico, em quase 750 clínicas em todo o País. Este

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

18

número representa um aumento de 31,5 mil pacientes nos últimos 5 anos. O custo

por cada sessão de hemodiálise é alto. Atualmente, 83% dos pacientes são

custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) enquanto 17% são por seguros de

saúde privado. O número estimado de pacientes que iniciaram o tratamento em

2016 no Brasil foi de aproximadamente 40.000. Dezenove por cento dos pacientes

novos iniciaram o tratamento no Nordeste. A estimativa é que Rio Grande do Norte

tenha 2.003 pacientes realizando o tratamento de hemodiálise. Para atender a

população potiguar, o RN conta com seis centros de referência para a realização do

tratamento de hemodiálise, sendo quatro deles localizados em Natal, um em

Mossoró e outro em Caicó. Esse inquérito teve a participação de 41% dos centros

de diálise ativos no país (SESSO et al., 2017).

O número de pacientes que dependem deste tratamento é alto e esse número

tende a aumentar em virtude dos principais fatores de risco que contribuem para o

desenvolvimento de uma doença renal, como: a hipertensão, diabetes, idade

superior a 50 anos, histórico de doenças renais na família, uso de remédios sem

orientação médica, tabagismo e doenças cardiovasculares, além do sobrepeso ou

obesidade, os quais são crescentes na população brasileira (CASTRO, 2017).

Segundo o Inquérito Brasileiro de Dialise Crônica, a Nefropatia hipertensiva

seguida pelo diabetes continua sendo as principais doenças de base presente em

pacientes sob o tratamento hemodialitico e a taxa de mortalidade apresentou-se

estável nos últimos quatro anos correspondendo a 18,2% ao ano. No Brasil, essa

taxa se mantém inferior à que tem sido descrita para a população norte-americana

em diálise (SESSO et al., 2017).

No Brasil, episódios de infecção são a segunda maior causa de morte entre

os pacientes submetidos aos procedimentos de hemodiálise com uma taxa de

mortalidade anual equivalente a 24% (SESSO et al., 2010). Dentre os principais

fatores de risco para o desenvolvimento de bacteremias nos pacientes em

hemodiálise estão a utilização de cateter como acesso vascular; episódios anteriores

de bacteremias; utilização de terapia imunossupressora; diabetes e colonização

nasal por S. aureus (HOEN et al., 1998; IMAIZUMI et al., 2017; LAFRANCE et al.,

2008; SUZUKI et al., 2016).

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

19

Além dos fatores inerentes ao paciente que necessita de hemodiálise, o

próprio procedimento abriga riscos para aquisição de infecções como: utilização de

água com potabilidade comprometida, falta de técnica asséptica na manipulação do

acesso vascular, punções constante, tipo e tempo de permanência do mesmo, além

do número de sessões de hemodiálise (HOEN et al., 1998; KLEVENS; TOKARS;

ANDRUS, 2005; LAFRANCE et al., 2008).

Em episódios de bacteremias associadas ao acesso vascular, o principal

micro-organismo isolado é o S. aureus (SESSO et al., 2010; SUZUKI et al., 2016). O

tipo de acesso vascular, episódios anteriores de bacteremia e a colonização nasal

por S. aureus ou MRSA foram os fatores que apresentaram maior associação com o

desenvolvimento de novas bacteremias nos pacientes em tratamento de hemodiálise

(ASLAM et al., 2007; DEVELTER et al., 2005; HOEN et al., 1998; IMAIZUMI et al.,

2017; LAFRANCE et al., 2008; SEDLACEK et al., 2007; SUZUKI et al., 2016).

Dentre as complicações decorrentes das bacteremias causadas por S.

aureus e MRSA as mais frequentes são: endocardite infecciosa (17%), formação de

abscesso (6%) e sepse (5%). Casos mais raros como osteomielite, meningite, artrite

séptica equivalem a 3% (FAVILLE et al., 2015; GÜLMEZ; AYDIN, 2017; MESIANO;

MERCHÁN-HAMANN, 2007). Pacientes submetidos ao tratamento de hemodiálise,

colonizados pelos MRSA, possuem significativamente maior risco de adquirir uma

infecção estafilocócica invasiva, do que os não colonizados (GÜLMEZ; AYDIN,

2017; SUZUKI et al., 2016).

2.2 Staphylococcus aureus

Os Staphylococcus aureus é a espécie mais patogênica do gênero

Staphylococcus, são caracterizadas como cocos Gram positivos, imóveis, não

formadores de esporos, que dão origem a células arredondadas com cerca de um

mícron de diâmetro. Quando observados em microscopia óptica, aparecem

geralmente como células únicas, pares ou agrupadas, com aparência de cacho de

uva. São anaeróbias facultativas, com multiplicação rápida, crescem em meios

comuns, caldo ou ágar simples, a temperatura de crescimento pode variar de 4 a

46°C. As colônias em meio sólido têm formas arredondadas, elevadas e brilhantes

(JORGENSEN; PFALLER; CARROLL, 2015).

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

20

Staphylococcus aureus é um patógeno humano oportunista e frequentemente

está associado a infecções adquiridas na comunidade e no ambiente hospitalar.

Representa um dos maiores problemas clínicos e epidemiológicos em infecções

nosocomiais. Destaca-se por sua patogenicidade e elevada ocorrência, permitindo

que este agente seja capaz de produzir doenças tanto em indivíduos

imunocomprometidos, quanto em sadios por sua fácil disseminação intra-hospitalar

e sua enorme capacidade de adaptação e resistência a antibióticos (ENRIGHT et al.,

2002; FRANCHI, 2016).

Os humanos são reservatórios naturais do S. aureus, tendo sua pele e

mucosas colonizadas por este micro-organismo, o qual frequentemente integra-se à

microbiota comensal do hospedeiro. O indivíduo portador transmite o S. aureus por

contato direto entre pessoas e as taxas de colonização na comunidade variam de

20% a 50%, podendo aumentar entre pacientes e profissionais institucionalizados

(CARVALHO et al., 2005; CORDEIRO, 2011).

Os Staphylococcus aureus são responsáveis por várias doenças, que incluem

desde infecções de pele e de tecidos moles a quadros clínicos severos e

potencialmente fatais, como pneumonia, bacteremias, endocardite, meningite e

osteomielite, além de intoxicações, como intoxicação alimentar pela liberação de

enterotoxinas nos alimentos, síndrome da pele escaldada, sepse e síndrome do

choque tóxico pela liberação de superantígenos na corrente sanguínea (ANVISA,

2013; DEURENBERG; STOBBERINGH, 2008; HECKER et al., 2010; LOWY, 1998;

SHINEFIELD; RUFF, 2009).

A patogenicidade do S. aureus envolve vários elementos e está relacionada

com diversos fatores de virulência que facilitam a fixação, colonização, interações

célula-célula, evasão da resposta imune e danos teciduais (FENG et al., 2008). Seus

fatores de virulência podem agravar o quadro de infecção tornando o S. aureus

altamente patogênico e virulento. Dentre os fatores de virulência mais importantes

estão: a presença de enterotoxinas, principal causa de intoxicações alimentares de

origem bacteriana (ARGUDÍN et al., 2010); a Leucocidina de Panton Valentine

(PVL), uma citotoxina capaz de induzir a destruição de leucócitos humanos e causar

grande dano tecidual, associada a infecções de pele primárias severas e

pneumonias necrotizantes (KANEKO; KAMIO, 2004); a Toxina 1 da Síndrome do

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

21

Choque tóxico (TSST-1) caracterizada principalmente induzir febre alta, o exantema

macular difuso, a descamação da pele principalmente nas palmas, plantas, e dedos

dos pés e das mãos (ALVAREZ; MIMICA, 2012; BUKOWSKI; WLADYKA; DUBIN,

2010); as hemolisinas α, β, e δ que auxiliam no poder invasivo da bactéria,

destacando-se a alfa-toxina responsável pela lise de eritrócitos (KANEKO; KAMIO,

2004); as esfoliatinas A, B e C, que causam a descamação da pele, responsável

pela Síndrome da pele escaldada (BUKOWSKI et al., 2010); além de outras enzimas

como catalase, fibrinolisina e coagulase; toxinas extracelulares; adesinas; proteína

A; cápsula e ainda a capacidade de formar biofilme, associado às infecções

envolvendo dispositivos invasivos (LISTER; HORSWILL, 2014). Todos estes fatores

de virulência visam garantir o sucesso na instalação, desenvolvimento e

manutenção do S. aureus na célula hospedeira.

2.3 Staphylococcus aureus resistente à meticilina – MRSA

As infecções causadas por S. aureus foram por muito tempo controladas pelo

advento dos antimicrobianos. Entretanto, a sua capacidade de adaptação e de

adquirir resistência é motivo de preocupação tanto com relação ao tratamento de

infecções hospitalares quanto nas adquiridas na comunidade. No inicio da década

de 1930 surgiu o antibiótico sulfanilamida e, logo no final dessa década, surgiram

cepas de S. aureus resistentes a essa droga (CHAMBERS, 1988). Com o uso da

penicilina na clínica médica em 1940, pouco tempo depois, em 1942, foram descritas

cepas de S. aureus com resistência a esse antibiótico através da produção de uma

enzima, penicilinase, capaz de hidrolisar o anel beta-lactâmico da penicilina (KIRBY,

1944). Com a disseminação da resistência à penicilina entre as cepas de S. aureus,

em 1960, é lançada no comércio, a meticilina, uma penicilina semi-sintética

resistente às beta-lactamases. Porém, já em de 1961 surgiu a descrição de cepas

resistentes à meticilina as quais foram denominadas de “Methicilin Resistant

Staphylococcus aureus” – MRSA (JEVONS, 1961).

O mecanismo de resistência da linhagem MRSA se deu pela aquisição do

gene mecA, o qual codifica uma nova proteína de ligação a penicilina (PBP2a) com

a característica de ter baixa afinidade pelos antibióticos beta-lactâmicos. Essa classe

de droga liga-se às PBPs bacterianas, resultando na interrupção da síntese do

peptidioglicano e, consequentemente levando à morte da bactéria. Uma vez que a

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

22

PBP2a não possui afinidade pelos antibióticos beta-lactâmicos, a síntese do

peptideoglicano ocorre sem interrupção. A maior implicação desse mecanismo de

resistência foi que essas cepas se tornaram resistentes não somente à meticilina,

mas a todos os antibióticos da classe dos beta-lactâmicos (RIJAL et al., 2008). O

gene mecA, localizado em um complexo genético móvel chamado SCCmec -

“Staphylococcal Cassete Cromossomal mec” ou cassete cromossômico

estafilocócico mec. Atualmente, onze tipos de SCCmec (I-XI) têm sido descritos para

os S. aureus (IWG-SCC, 2017). Os tipos mais prevalentes são I, II e III que podem

ser encontrados em cepas Staphylococcus aureus resistente à meticilina adquirido

no ambiente hospitalar (HA – MRSA) e o tipo IV e V podem ser encontrados em

cepas Staphylococcus aureus resistente à meticilina adquirido na comunidade (CA –

MRSA) (LOPES, 2005).

O SCCmec tipo I, II e III conferem resistência não somente aos beta-

lactâmicos, mas a outras classes de drogas disponíveis na prática médica enquanto

que o SCCmec tipo IV e V conferem resistência a somente aos antibióticos beta-

lactâmicos. As cepas que contêm esses dois tipos SCCmec costumam carrear

também o gene para uma toxina denominada de Leucocidina Panton-Valentine

(PVL), responsável pela gravidade das infecções de pele e pelo quadro de

pneumonia necrosante, o qual possui alto índice de letalidade em crianças e jovens

previamente saudáveis (IWATSUKI et al., 2006; KLEVENS R et al., 2007).

É descrito que os pacientes em tratamento de hemodiálise apresentam maior

vulnerabilidade às infecções, sobretudo, se estiverem colonizados por micro-

organismos patogênicos. Dentro desse cenário a espécie S. aureus representa um

agente importante, especialmente a linhagem MRSA, uma vez que a mesma é

reconhecidamente virulenta e resistente a várias classes de antimicrobianos. Assim,

essa pesquisa se propõe avaliar a prevalência desse micro-organismo colonizando

indivíduos em tratamento de hemodiálise e relacionar a presença dessa espécie

bacteriana com fatores associados aos pacientes.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

23

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Verificar a prevalência de Staphylococcus aureus e Staphylococcus aureus

resistente à meticilina colonizando pacientes em tratamento de hemodiálise em uma

clínica de referência localizada na cidade do Natal - RN.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Determinar a prevalência de Staphylococcus aureus e Staphylococcus aureus

resistente a meticilina (MRSA) em pacientes submetidos ao tratamento

hemodialítico;

Conhecer o perfil de resistência aos antimicrobianos dos isolados de

Staphylococcus aureus resistente à meticilina;

Verificar a presença do gene mecA nas cepas de S. aureus resistentes à

cefoxitina;

Pesquisar a presença do gene lukF que codifica a Leucocidina de Panton

Valentine (PVL) nas cepas de MRSA;

Avaliar a associação entre a presença da espécie Staphylococcus aureus e

da linhagem MRSA com fatores relacionados aos pacientes.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

24

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 DESENHO E POPULAÇÃO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo transversal e descritivo. A população do estudo foi

composta por todos os pacientes que estavam em tratamento de hemodiálise na

clínica selecionada para esse estudo e que aceitaram participar da pesquisa. A

escolha da amostra se deu de forma não-probabilística, por conveniência, a qual foi

coletada no período de 03/01/17 à 19/04/17.

4.2 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, protocolo 1.809.186 e CAAE

59962216.7.0000.5537, conforme recomenda a Resolução nº 466/2012 do Conselho

Nacional de Saúde – CNS (BRASIL, 2012), recebendo parecer favorável a sua

execução (ANEXO A).

4.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Participaram desta pesquisa todos os indivíduos, que estavam realizando

tratamento de hemodiálise, no período de 03/01/17 à 19/04/17, mediante

concordância e assinatura do TCLE.

4.4 RECRUTAMENTO E COLETA DA AMOSTRA BIOLÓGICA

Todos os pacientes em tratamento de hemodiálise foram convidados a

participar da pesquisa, porém somente os que aceitaram e assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE foram incluídos no estudo. Os mesmos

foram esclarecidos sobre todas as informações do projeto através da leitura e

explicação do TCLE, sobre a coleta do material biológico e de uma entrevista

constituída de 15 perguntas (APÊNDICE A). Os indivíduos menores de idade e seu

responsável legal assinaram TCLE e o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido –

TALE. A coleta do material biológico foi realizada nas narinas anteriores de cada

paciente com o auxílio de um swab estéril. O swab foi inserido em ambas as

cavidades nasais de cada paciente e foi então, colocado em tubo de ensaio estéril

contendo meio de cultivo Caldo Cérebro-Coração – BHI (HIMEDIA, Índia). Os tubos

foram levados ao Laboratório de Bacteriologia Médica-LaBMed no Departamento de

Microbiologia e Parasitologia da UFRN e incubados por 24h a 37˚C.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

25

4.5 ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DAS AMOSTRAS

O crescimento bacteriano dos tubos citados no item anterior foi semeado por

esgotamento com o auxilio de uma alça bacteriológica, em meio de cultivo seletivo,

Ágar Manitol Salgado (HIMEDIA, Índia) e incubados por 24h a 37˚C. O

Staphylococcus aureus tem a capacidade de fermentar o manitol constituinte do

meio, produzindo ácido como produto final. A reação positiva é indicada pela cor

amarela ao redor das colônias. Os isolados sugestivos de S. aureus foram então

reisolados em TSA – Ágar Triptona de Soja (HIMEDIA, Índia) para a realização

posterior das provas de identificação como: coloração de Gram, susceptibilidade à

bacitracina, prova da catalase e a prova da coagulase em tubo (KONEMAN et al.,

2008).

4.5.1 COLORAÇÃO DE GRAM

Para tal, usou-se uma colônia da amostra teste em meio não seletivo com

crescimento de 24h. Esta foi homogeneizada em uma gota de salina estéril sobre

uma lâmina de microscopia com auxílio de uma alça bacteriológica. Após a lâmina

secar em temperatura ambiente foi fixado à chama do bico de Bunsen. Então toda a

extensão da lâmina foi coberta com a solução de cristal-violeta 1% (LABORCLIN,

Brasil) por um minuto. Posteriormente a lâmina foi coberta com solução de lugol

fraco 0,7% (LABORCLIN, Brasil) durante um minuto. A lâmina foi então descorada

com álcool-acetona 30% (LABORCLIN, Brasil). Após esta etapa a lâmina foi lavada

com água corrente (jato fraco). Finalmente, a lâmina foi coberta com solução de

fucsina fenicada 0,1% (LABORCLIN, Brasil), por 30 segundos. A lâmina foi então

lavada com água corrente (jato fraco) e observada ao microscópio (OLYMPUS,

Filipinas) usando a objetiva de imersão (100x de aumento total). Os S. aureus

possuem caraterísticas morfotintoriais de cocos Gram positivos agrupados em forma

de cachos de uva (KONEMAN et al., 2008).

4.5.2 PROVA DA CATALASE

A catalase é uma enzima que decompõe o peróxido de hidrogênio em água e

oxigênio. Esta prova foi realizada através da adição de uma gota de solução aquosa

de peróxido de hidrogênio a 3% sobre uma lâmina contendo uma alíquota do isolado

bacteriano a ser testado. A prova é considerada positiva quando há efervescência

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

26

pela liberação de oxigênio (KONEMAN et al., 2008). A cepa ATCC 25923 de S.

aureus, foi usada como controle positivo.

4.5.3 SUSCEPTIBILIDADE A BACITRACINA

Para tal usou-se a técnica de disco difusão onde uma cultura com 18 a 24

horas de incubação cultivada em meio TSA para fazer a suspensão direta das

colônias, ou seja, utilizar uma ou mais colônias dessa cultura e suspendê-las em

solução salina estéril à 0,85%, a fim de se obter uma turvação semelhante à da

escala de MacFarland 0,5 (1x108 UFC/mL). Emergiu-se o swab na suspensão

bacteriana, retirou-se o excesso e foi semeado por distensão em todas as direções

da superfície do Ágar Mueller Hinton (HIMEDIA, Índia). Após um período não maior

que 15 minutos, foi adicionado sobre o meio de cultivo o disco de bacitracina 0,04 U

(NEWPROV, Brasil). Em seguida as placas foram incubadas na estufa bacteriológica

à 36°C por um período de 18 a 24 horas. Passado este tempo os halos foram

medidos em milímetros com o auxílio de uma régua e comparados com os valores

padrões pré-estabelecidos (KONEMAN et al., 2008). A cepa ATCC 25923 de S.

aureus, foi usada como controle positivo. Essa prova é útil para a diferenciação entre

os gêneros Micrococcus sp. e Staphylococcus sp. Onde os Micrococcus sp.

apresentam sensibilidade, com halos de 10 mm ou maiores, enquanto os

Staphylococcus sp. são resistentes ao disco de bacitracina quando menores que 10

mm (KONEMAN et al., 2008).

Os isolados bacterianos que se apresentaram como cocos Gram positivos,

resistente à bacitracina e catalase positiva foram considerados pertencentes ao

gênero Staphylococcus. Estes, então foram submetidos a prova da fermentação do

manitol e da enzima coagulase em tubo para separar a espécie S. aureus dos

Estafilococos coagulase negativos – ECN (KONEMAN et al., 2008).

4.5.4 PROVA DA COAGULASE

É uma prova usada para verificar se o microrganismo é capaz de produzir a

coagulase livre. Coagulase é uma proteína com atividade similar à protombrina que,

reagindo com um fator plasmático, forma um complexo que atua no fibrinogênio do

plasma, formando a fibrina. Quando uma colônia de S. aureus é suspensa em

plasma de coelho (NEWPROV, Brasil) a coagulase liga-se a um fator sérico e este

complexo, resulta então, na formação de coágulo (KONEMAN et al., 2008). Esta

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

27

prova consiste em utilizar uma cultura com 18 a 24 horas de incubação cultivadas

em meio TSA e emulsionar um pequeno inoculo da colônia em um tubo contendo

200µl de plasma (LABORCLIN, Brasil). A prova é considerada positiva quando forma

um coágulo visível após 2, 4, 8 ou 24 horas de incubação em estufa bacteriológica a

35˚C (KONEMAN et al., 2008). A cepa ATCC 25923 de S. aureus, foi usada como

controle positivo.

4.6 TESTES DE SUSCEPTIBILIDADE ANTIMICROBIANA

4.6.1 AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA A CEFOXITINA PARA A IDENTIFICAÇÃO

FENOTÍPICA DA LINHAGEM MRSA

As amostras identificadas como Staphylococcus aureus foram submetidos à

triagem para a resistência à meticilina. Esse teste foi realizado através da técnica do

disco difusão conforme recomendado pelo CLSI, 2017. A descrição dessa técnica é

a mesma descrita no item 4.5.3. Nesse teste, utilizou-se o disco de Cefoxitina (30µg)

(CECON, Brasil). Os isolados que apresentaram um halo de inibição de ≤21 mm

foram identificados como resistente a meticilina e os que apresentaram halo de ≥22

mm como sensíveis (CLSI, 2017). A cepa de S. aureus resistente à meticilina BMB

9393 foi usada como controle positivo para essa prova.

4.6.2 AVALIÇÃO DA RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS

As amostras que apresentaram-se resistentes a meticilina foram submetidas a

análise para outros antimicrobianos através da técnica do disco difusão

(antibiograma) seguindo as recomendações do (CLSI, 2017), conforme descrito

inicialmente no item 4.5.3. Os antimicrobianos avaliados foram: penicilina G (10U),

linezolida (30µg), vancomicina (30µg), eritromicina (15µg), gentamicina (10μg),

clindamicina (02μg), tetraciclina (30μg), ciprofloxacina (05µg), rifampicina (05μg),

cloranfenicol (30μg), sulfametoxazol+trimetoprim (25μg; NEWPROV, Brasil). A

detecção da resistência induzida à clindamicina foi realizada pelo D-teste (CLSI,

2017). Esse teste foi realizado concomitante à realização do antibiograma, no qual

um disco de eritromicina (15 µg) foi adicionado próximo ao disco de Clindamicina (2

µg). Com a difusão da eritromicina através do ágar, a resistência à clindamicina é

induzida, resultando em um achatamento da zona de inibição, adjacente ao disco de

eritromicina, com a forma da letra D (CLSI, 2017). A cepa de S. aureus ATCC 25923

foi usada como controle positivo para esse teste.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

28

4.7 DETECÇÃO DOS GENES mecA e luKF

4.7.1 EXTRAÇÃO DO DNA TOTAL BACTERIANO

A extração do DNA foi realizada por lise térmica, de acordo com (PACHECO

et al., 1997). A partir de uma cultura pura com 24 horas de crescimento em meio não

seletivo TSA são dissolvidas em 0,5mL de TE - Tris-Hidroximetilaminometano, Ácido

Etilenodiamino Tetra-Acético 1X (Tris-EDTA; BIO-RAD, EUA) usando uma alça

bacteriológica de 1μL. A solução foi homogeneizada e centrifugada a 6.000 RPM por

2 minutos. Em seguida, o sobrenadante foi descartado, e adicionado mais 0,2mL de

TE 1X para depois ser homogeneizado. A solução foi colocada em água fervente por

exatamente cinco minutos, e depois, centrifugada a 6.000 RPM por 2 minutos. O

sobrenadante obtido, DNA, foi estocado a -20°C para uso posterior.

4.7.2 REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE PARA O GENE mecA

O gene mecA foi pesquisado através da técnica da PCR utilizando os

iniciadores, ambos na concentração de 0,5µM, senso (5‘-

TCCAGATTACAACTTCACCAGG-3’) e anti-senso (5‘-

CCACTTCATATCTTGTAACG-3’) que amplificam uma região interna de 162pb do

gene mecA (OLIVEIRA; DE LENCASTRE, 2002). As reações ocorreram em

termociclador Biorad (São Paulo – Brasil) T-100 Thermal Cycler, utilizando Master

Mix (PROMEGA, São Paulo - Brasil). Utilizou-se o seguinte programa: 94ºC durante

cinco minutos para desnaturação inicial, seguido de 35 ciclos de 30 segundos à

94ºC, 30 segundos à 52ºC, 1 minuto e 30 segundos à 72ºC para anelamento e

extensão e um passo de extensão final à 72ºC durante 5 minutos (OLIVEIRA; DE

LENCASTRE, 2002). As reações foram realizadas em um volume total de 25 μL

contendo 0,5mM de cada iniciador (Invitrogen, EUA), 12,5 μL de 1X Master Mix

(dNTP, MgCl2, e Taq DNA polimerase; Promega, EUA), 5,5 μL agua livre de

nucleases (Promega, EUA), e 100 ng de DNA total. Os produtos de amplificação da

PCR foram analisados por eletroforese em gel de agarose a 1% (Invitrogen, EUA)

percorrido por 50 minutos a 100V em 0,5X TBE (Tris- Ácido-Bórico-EDTA). Um DNA

ladder de 100bp (New England Biolabs, EUA) foi utilizado para referência de peso

molecular. Os amplicons foram visualizados após a eletroforese em gel de agarose

corado com brometo de etídio e visualizados em transiluminador UV. Para o controle

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

29

positivo foi usado a cepa de MRSA BMB 9393 e para o controle negativo, uma

reação sem DNA, apenas com os demais componentes necessários para PCR.

4.7.3 REAÇÃO EM CADEIA DA POLIMERASE PARA O GENE lukF

A pesquisa do gene lukF responsável pela síntese da Leucocidina Panton

Valentine foi realizada utilizando os primers: P¹pvl (5’ ATCCGAGAGACTATTTTGTGC

3’) e P²pvl (5’ CATCAACCTTTTTCTCACTTAC 3’); que amplificam uma região interna

de 406pb do gene lukF, conforme protocolo descrito por (RIBEIRO et al., 2005). A

extração do material genético, os reagentes da PCR e a análise dos amplicons

foram realizadas conforme descrito nos itens 4.8.1 e 4.8.2. As reações ocorreram em

termociclador Biorad (São Paulo – Brasil) T-100 Thermal Cycler utilizando Master

Mix (PROMEGA, São Paulo - Brasil). Utilizando o seguinte programa: 5min a 95ºC,

seguido por 35 ciclos de 15s a 95ºC, 15s a 63ºC e 1min a 72ºC. O programa termina

com uma extensão adicional de 10min a 72ºC e mantidos a 20ºC até o momento da

eletroforese (RIBEIRO et al., 2005). Os produtos de amplificação da PCR foram

analisados por eletroforese em gel de agarose a 1% (Invitrogen, EUA) percorrido por

50 minutos a 100V em 0,5X TBE (Tris- Ácido-Bórico-EDTA). Um DNA ladder de

100bp (New England Biolabs, EUA) foi utilizado para referencia de peso molecular.

Os amplicons foram visualizados após a eletroforese em gel de agarose corado com

brometo de etídio e visualizados em transiluminador UV. Para o controle positivo foi

usado a cepa de USA 300 e para o controle negativo, uma reação sem DNA, apenas

com os demais componentes necessários para PCR.

4.8 MÉTODOS ESTATÍSTICOS

Todas as análises estatísticas foram realizadas usando-se o pacote

estatístico STATA 14.1. O teste Qui-quadrado (χ2) de Pearson foi utilizado para

avaliar as possíveis associações entre a presença de Staphylococcus aureus e da

linhagem MRSA com os fatores relacionados aos pacientes que estavam em

tratamento de hemodiálise em uma clínica de referência para o tratamento,

considerando-se um intervalo de confiança de 95%. Nas tabelas cruzadas 2x2, os

valores esperados menores que cinco podem afetar a aproximação da distribuição χ2

da estatística. Nestes casos, optou-se por usar o teste Exato de Fisher que utiliza

uma distribuição hipergeométrica para a única frequência de valor livre. As tabelas

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

30

que apresentaram contagens nulas ou zeros amostrais foram excluídas das análises

de associação.

4.9 VARIÁVEIS DO ESTUDO

As variáveis dependentes avaliadas nesse estudo foram à presença ou

ausência de Staphylococcus aureus e MRSA colonizando as narinas anteriores dos

pacientes em tratamento de hemodiálise. As variáveis independentes foram idade,

sexo, frequência de hemodiálise, tipo de acesso vascular, hospitalização prévia,

diabetes, tabagismo, infecções recentes, uso de antibióticos, uso de anti-

inflamatórios e realização de transplantes anteriores (ÇELIK et al., 2011; KANG et

al., 2012; PATEL et al., 2011). As variáveis independentes encontram-se descritas

na tabela 1.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

31

Tabela 1 - Variáveis independentes analisadas neste estudo. Natal-RN, 2018.

DENOMINAÇÃO DEFINIÇÃO CLASSIFICAÇÃO CATEGORIAS

Idade Número de anos desde o nascimento.

Quantitativa-discreta -

Sexo Conjunto de características que distinguem os seres vivos pela sua função reprodutora.

Qualitativa-nominal Masculino Feminino

Frequência de hemodiálises /semana

Frequência com que o individuo vai a clínica realizar o tratamento.

Qualitativa-ordinal 3x na semana Mais de 3x na semana

Tipo de acesso vascular Local para punção onde é inserido agulhas que são conectadas a tubos na máquina de hemodiálise.

Qualitativa-nominal Fistula Cateter

Hospitalização prévia Admissão e permanência em um estabelecimento hospitalar no último ano.

Qualitativa-nominal Sim Não

Portador da Diabetes Doença metabólica que pode ocasionar danos renais.

Qualitativa-nominal Sim Não

Tabagismo Uso de tabaco.

Qualitativa-nominal Sim Não

Infecções recentes Invasão de tecidos corporais de um organismo hospedeiro por parte de organismos capazes de provocar doenças.

Qualitativa-nominal Sim Não

Uso de antibióticos Uso de medicamentos que combatem infecções bacterianas nos

últimos 6 meses.

Qualitativa-nominal Sim Não

Uso de Anti-inflamatórios Medicamentos que impedem ou amenizam e minimizam os sintomas da inflamação.

Qualitativa-nominal Sim Não

Realização de transplantes anteriores

Procedimento cirúrgico que consiste na reposição de um órgão. Qualitativa-nominal Sim Não

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

32

5 RESULTADOS

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Esta pesquisa foi realizada com 375 pacientes que estavam em tratamento de

hemodiálise. Destes, 180 eram do sexo feminino e 195 do sexo masculino. A

mediana de idade encontrada nos pacientes foi de 57 anos (Q75-Q25 = 24 anos),

onde a menor idade foi de 7 anos e a maior foi de 90 anos. Observa-se ainda que

45% dos participantes eram idosos. A média do tempo que os pacientes estavam

em tratamento era de 59 meses (≈ 5 anos) e 97% dos pacientes frequentavam a

clínica três vezes por semana para realizar o tratamento da hemodiálise, cujo

procedimento durava 4 horas em média. O acesso vascular do tipo fistula era usado

por 75,4% dos pacientes. A hospitalização prévia e o uso de antibióticos foram

relatados por 49% e 53% dos participantes, respectivamente. Ademais, 38%

descreveram episódios de infecções recentes e diabetes. O tabagismo, o uso prévio

de anti-inflamatórios e a realização de transplantes anteriores também foram

relatados pelos pacientes. Na Tabela 2, encontra-se a distribuição dos dados das

variáveis independentes analisadas neste estudo, considerando os números

absolutos e os respectivos percentuais.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

33

Tabela 2 - Caracterização da amostra estudada. Natal-RN, 2018.

Legenda: n= números absolutos; % percentuais.

VARIÁVEIS INDEPENDENTES n %

Idade ≤ 60 Anos 206 55,0 ≥ 60 Anos 169 45,0 Sexo Feminino

180

48,0 Masculino 195 52,0

Frequência de hemodiálises/semana

3 x na semana 366 97,6

+ 3x na semana 9 2,4

Tipo de acesso vascular

Fistula 283 75,5

Cateter 92 24,5

Hospitalização prévia

Sim 184 49,0

Não 191 50,9 Portador da Diabetes

Sim 144 38,4

Não 231 61,6

Tabagismo

Sim 107 28,5

Não 268 71,5 Infecções recentes

Sim 143 38,0

Não 232 62,0

Uso de Antibióticos

Sim 198 53,0 Não 177 47,0

Uso de Anti-inflamatórios

Sim 71 18,9

Não 304 81,0

Realização de transplantes anteriores

Sim 23 6,1 Não

352 94,0

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

34

5.2 IDENTIFICAÇÃO DOS ISOLADOS BACTERIANOS

Em todas as 375 amostras nasais coletadas observou-se crescimento

bacteriano; 90 (24%) foram identificadas como S. aureus; 23 (6,13%) foram

identificadas como pertencentes ao grupo dos Estafilococos Coagulase Negativa

(ECN). Após a triagem utilizando o disco contendo o antibiótico cefoxitina para a

detecção fenotípica da resistência a meticilina, 9 (2,4%) cepas de S. aureus foram

identificadas como S. aureus resistente à meticilina (MRSA).

5.3 PERFIL DE RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS

As nove cepas de MRSA apresentaram-se multirresistentes, ou seja,

resistentes a mais de duas classes de antimicrobianos. Todas foram sensíveis à

vancomicina e a linezolida. Quanto ao teste D, quatro cepas de MRSA mostraram

resistência induzida a clindamicina (Tabela 3).

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

35

Tabela 3 - Perfil de resistência aos antimicrobianos das cepas de MRSA. Natal-RN, 2018.

CLASSES ANTIBIÓTICO NC47 NC60 NC65 NC161 NC202 NC271 NC285 NC346 NC353

β-lactâmicos OXACILINA R R R R R R R R R

β-lactâmicos PENICILINA R R R R R R R R R

Oxazolidinonas LINEZOLIDA S S S S S S S S S

Glicopeptídeos VANCOMICINA S S S S S S S S S

Macrolídeos ERITROMICINA R S S R R S R R R

Aminoglicosídeos GENTAMICINA R S S R S S R S R

Lincosamidas CLIDAMICINA R S S R* R* S R* R R*

Tetraciclinas TETRACICLINA S S S R S S R S R

Fluoroquinolonas CIPROFLOXACINA R S S S S S R R R

Ansamicinas RIFAMPICINA S S S S S S S S S

Cloranfenicol CLORAFENICOL S S S S S S S S S

Inibidores da

via do folato

SULFAMETOXAZOL +

TRIMETOPRIMA R S S S S S R R S

Legenda: Cepas de MRSA - NC47, NC60 NC65, NC161, NC202, NC271, NC285, NC346, NC353; R: Resistente; S: Sensível; *Cepas com teste-D positivo.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

36

5.4 CONFIRMAÇÃO GENÉTICA DA RESISTÊNCIA À METICILINA

As nove cepas de MRSA amplificaram gene mecA (Figura 1).

5.5 PRESENÇA DO GENE lukF

Oito cepas de MRSA amplificaram o gene lukF responsável por codificar a

PVL (Figura 2).

1500pb

162pb

A B C D E F G H I J L M

200pb

100pb

406pb

A B C D E F G H I J L M

Figura 1 - Produtos da amplificação do gene mecA em gel de eletroforese (1%). A: Padrão de peso molecular 100 pb DNA Ladder (invitrogen). B – J: Amostras de MRSA testes. L: Cepa de S. aureus BMB 9393, controle positivo para o gene mecA. M: controle negativo.

Figura 2 - Produtos da amplificação do gene lukF em gel de eletroforese (1%). A: Padrão de peso molecular 100 pb DNA Ladder (invitrogen). B – J: Amostras de MRSA testes. L: controle negativo. M: Cepa de S. aureus USA300, controle positivo para o gene lukF.

100pb

1500pb

500pb

DNA Ladder

PM

DNA Ladder

PM

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

37

5.6 ANÁLISES DE ASSOCIAÇÃO

Após os testes estatísticos que avaliaram a relação entre a presença e

ausência da espécie S. aureus com as variáveis independentes analisadas nessa

pesquisa, não foi encontrada nenhuma correlação significativa (Tabela 4). O mesmo

ocorreu quando estas variáveis foram avaliadas com relação à presença e a

ausência de MRSA (Tabela 5).

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

38

Tabela 4 - Presença e ausência de S. aureus com relação às variáveis independentes categóricas analisadas neste estudo. Natal-RN, 2018.

Colonização por S. aureus

VARIÁVEIS INDEPENDENTES CATEGÓRICAS

Presente n (%)

Ausente n (%)

p-valor*

Idade

< 60 anos 47 (22,8) 159 (77,1) 0,553 ≥ 60 anos

43 (25,4) 126 (74,5)

Sexo

Feminino 45 (25,0) 135 (75,0) 0,663

Masculino

45 (23,0) 150 (76,9)

Frequência de hemodiálises/semana

1 x na semana 88 (24,0) 278 (75,9) 1,000**

+ 1 x na semana

2 (22,2) 7 (77,7)

Tipo de acesso vascular Fistula 68 (24,0) 215 (75,9) 0,982 Cateter

22 (23,9) 70 (76,0)

Hospitalização prévia

Sim 49 (26,6) 135 (73,3) 0,242

Não

41 (21,4) 150 (78,5)

Portador da Diabetes

Sim 28 (19,4) 116 (80,5) 0,103

Não

62 (26,8) 169 (73,1)

Tabagismo

Sim 19 (17,7) 88 (82,2) 0,074

Não

71 (26,4) 197 (73,5)

Infecções recentes

Sim 39 (27,2) 104 (72,7) 0,244

Não

51 (21,9) 181 (78,0)

Uso de Antibióticos

Sim 52 (26,2) 146 (73,7) 0,278

Não

38 (21,4) 139 (78,5)

Uso de Anti-inflamatórios

Sim 19 (26,7) 52 (73,2) 0,545

Não

71 (23,3) 233 (76,6)

Realização de transplantes anteriores

Sim 6 (26,0) 17 (73,9) 0,809

Não 84 (23,8) 268 (76,1)

Legenda: n: número absoluto; %: percentuais; *Teste Qui-quadrado; ** Teste Exato de Fischer.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

39

Tabela 5 – Presença e ausência de MRSA com relação às variáveis independentes categóricas analisadas neste estudo. Natal-RN, 2018.

Colonização por MRSA

VARIÁVEIS INDEPENDENTES CATEGÓRICAS

Presente n (%)

Ausente n (%)

p-valor*

Idade < 60 anos 5 (2,4) 201 (97,5) 1,000 ≥ 60 anos

4 (2,3) 165 (97,6)

Sexo Feminino 3 (1,6) 177 (98,3) 0,506

Masculino

6 (3,0) 189 (96,9)

Tipo de acesso vascular Fistula 6 (2,1) 276 (97,8) 0,696 Cateter

3 (3,2) 90 (96,7)

Hospitalização prévia

Sim 5 (2,7) 179 (97,2) 0,747 Não

4 (2,0) 187 (97,9)

Portador da Diabetes

Sim 4 (2,7) 140 (97,2) 0,737 Não

5 (2,1) 226 (97,8)

Tabagismo

Sim 4 (3,7) 103 (96,2) 0,282

Não

5 (1,8) 263 (98,1)

Infecções recentes

Sim 4 (2,8) 139 (97,2) 0,736 Não

5 (2,1) 227 (97,8)

Uso de Antibióticos

Sim 6 (3,0) 192 (96,9) 0,509

Não

3 (1,6) 174 (98,3)

Uso de Anti-inflamatórios

Sim 3 (4,2) 68 (95,7) 0,380

Não

6 (1,9) 298 (98,0)

Realização de transplantes anteriores Sim 1 (4,3) 22 (95,6) 0,438

Não 8 (2,2) 344 (97,7) Legenda: n: número absoluto; %: percentuais; * Teste Exato de Fischer.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

40

6 DISCUSSÃO

A doença renal crônica (DRC) é um grave problema de saúde pública cuja

frequência tem aumentado nos últimos anos. Apresenta caráter progressivo e está

associada à elevada morbidade e mortalidade (SESSO et al., 2017). Quando

diagnosticada, deve ser instituído um tratamento o mais precoce possível, caso

contrário, a ocorrência de complicações pode levar à morte (MADEIRO et al., 2010).

Atualmente, no Brasil, a terapia de substituição renal mais utilizada é a hemodiálise

(SESSO et al., 2017).

Pacientes submetidos ao tratamento de hemodiálise estão mais suceptíveis a

adquirir infecções, onde os Staphylococcus aureus e a linhagem MRSA estão entre

os micro-organismos mais isolados. Estes provocam uma ampla gama de doenças,

que vão desde infecções cutâneas e de tecidos moles até sepse grave (EELLS et

al., 2015).

A prevalência da colonização nasal por Staphylococcus aureus encontrada

neste estudo foi semelhante a outras pesquisas realizadas em diferentes países.

Estudos realizados na Turquia (ÇELIK et al., 2011), Polônia (BOGUT et al., 2007) e

Índia (DEVRAJ et al., 2017) relataram prevalências de 23,4%, 27,9% e 27,9%,

respectivamente. Embora no estudo realizado por Kang et. al., (2012) em Taiwan, a

prevalência tenha sido apenas de 11,7%. As maiores prevalências da presença de

S. aureus em pacientes hemodialíticos reportadas na literatura são provenientes do

Reino Unido (PRICE et al., 2015), Colômbia (HIDALGO et al., 2015) e Marrocos

(DIAWARA et al., 2014), os quais observaram uma colonização de 90%, 42,2% e

35,4%, respectivamente.

A prevalência da colonização nasal por MRSA em pacientes sob o tratamento

hemodialítico é bastante variável e pode chegar até 45,8%. As maiores prevalências

são reportadas em estudos realizados em países asiáticos em comparação com os

países europeus e os Estados Unidos (ZACHARIOUDAKIS et al., 2014;

AMINZADEH; FARAHANI; GACHKAR, 2006). Estudos realizados em vários países

do mundo registraram diferentes prevalências como 18% nos EUA (PATEL et al.,

2011), 13,3% na Colômbia (HIDALGO et al., 2015) e 10% na Índia (DEVRAJ et al.,

2017) e Reino Unido (PRICE et al., 2015). A prevalência da colonização nasal por

MRSA encontrada neste estudo foi semelhante aos estudos realizados em Taiwan

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

41

por Lu et al., (2008) e na Polônia por Bogut et al., (2007), os quais registraram 2,4%

e 2,3%, respectivamente. As taxas de prevalência de colonização por MRSA variam,

inclusive no mesmo país, a exemplo, duas pesquisas realizadas na Turquia, onde

Çelik et. al., (2011) encontrou uma prevalência de 4,9% e Duran et. al., (2006) uma

prevalência de 20,7%. Embora os autores da pesquisa mais recente não tenham

feito comentários sobre o estudo anterior, realizado no mesmo país, Duran et. al.,

(2006), arrolou pacientes portadores de diabetes, os quais são mais vulneráveis a

colonização por micro-organismos, em especial, o S. aureus (DURAN; OCAK;

ESKIOCAK, 2006; HART et al., 2015; ROCHA et al., 2002).

No Brasil, não há estudos publicados que avaliem a prevalência da

colonização nasal por S. aureus e MRSA em pacientes submetidos ao tratamento

hemodialítico. O único estudo brasileiro, realizado na cidade de Vitória – ES, que

avaliou a colonização nasal nessa população, identificou uma prevalência de 23%

de S. aureus, contudo nenhum MRSA foi isolado (ARAUJO, 2011).

As variações observadas nas prevalências de S. aureus e MRSA descritas na

literatura são atribuídas aos diferentes grupos de estudos e aos fatores de riscos

que cada população é exposta. Dentre os fatores de riscos associados a

colonização nasal por esse micro-organismo, descritos na literatura, encontra-se a

idade (LEDERER; RIEDELSDORF; SCHIFFL, 2007; LU et al., 2005), a presença de

comorbidades como, por exemplo, a diabetes (ÇELIK et al., 2011; DURAN et. al.,

2006; KUTLU et al., 2012), as hospitalizações constantes e o uso prévio de

antibióticos (KARANIKA et al., 2015; LU et al., 2005; SANTOS et al., 2007).

A maioria das cepas de MRSA identificadas nesta pesquisa mostrou um perfil

multirresistente, as quais apresentaram resistência a pelo menos três classes

diferentes de antimicrobianos (DEURENBERG; STOBBERINGH, 2008; ITO et al.,

2001). Contudo, mostraram sensibilidade aos antibióticos vancomicina e linezolida,

opções terapêuticas importantes para tratar infecções na população de

hemodialíticos (MCDONALD; HAGEMAN, 2004; SIEVERT et al., 2008).

Diferentemente desta pesquisa, alguns autores relataram o isolamento de MRSA

apresentando resistência à vancomicina em pacientes sob tratamento dialítico que

fizeram uso dessa droga por longos períodos (MCDONALD; HAGEMAN, 2004;

ARAUJO, 2011). O uso constante deste antibiótico além de promover o

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

42

desenvolvimento de resistência em amostras de S. aureus, pode ainda selecionar

amostras de Enterococcus resistentes, possibilitando a disseminação desses micro-

organismos no ambiente hospitalar e na comunidade (APPELBAUM, 2007). Foi

observado ainda, neste estudo a presença de cepas de MRSA com resistência

induzida à clindamicina. Este antibiótico pode ser uma opção importante para o

tratamento de infecções causadas por MRSA entretanto, ao apresentar este tipo de

resistência a efetividade dessa droga, pode ser bastante limitada (AMORIM et al.,

2009).

Com exceção de uma cepa, os MRSA isolados neste estudo, apresentaram o

gene lukF, o qual codifica a toxina Leucocidina Panton-Vanlentine (PLV), um

importante fator de virulência. A PVL é uma exotoxina que provoca necrose tecidual,

promovendo a formação de poros nas membranas de leucócitos, monócitos e

macrófagos (DIEP et al., 2008). Outros autores também detectaram a presença

deste fator de virulência em MRSA provenientes de pacientes hemodialíticos

(DIAWARA et al., 2014; HIDALGO et al., 2015). A presença do gene para esse fator

de virulência representa um elevado potencial para a expressão da toxina PVL, a

qual está associada a casos de infecções de pele e tecido mole e a uma forma grave

de pneumonia necrotizante (DIEP et al., 2004; FRANCIS et al., 2005). O gene lukF é

considerado um marcador da linhagem CA-MRSA (Staphylococcus aureus

Resistentes à Meticilina Adquiridos na Comunidade), pois é detectado em 95% dos

isolados (DIAWARA et al., 2014; HIDALGO et al., 2015). Outra característica

importante para identificar essa linhagem é o perfil fenotípico de sensibilidade aos

antimicrobianos, uma vez que essas cepas apresentam no genoma o cassete

cromossômico SCCmec (Staphylococcal Cassete Cromossomal mec) do tipo IV ou

V, os quais determinam resistência a basicamente à classes dos beta-lactâmicos

(LENCASTRE et. al., 2007). Embora, não tenhamos avaliado o cassete

cromossômico SCCmec, dos MRSA isolados neste estudo, três cepas apresentam o

perfil característico da linhagem CA-MRSA, ou seja, apresentaram o gene lukF e

resistência somente aos beta-lactâmicos. As outras cinco cepas de MRSA que

apresentaram esse gene mostraram-se bastante resistente, perfil típico de cepas

denominadas HA-MRSA (Staphylococcus aureus Resistentes à Meticilina Adquiridos

no Hospital), ou seja, cepas adquiridas no ambiente hospitalar. Contudo, cepas de

CA-MRSA também podem ser encontradas no ambiente hospitalar, causando

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

43

infecções. Atualmente, estão circulando como patógenos nosocomiais (GENTILE et

al., 2018; MIRANDA et al., 2007; NORIEGA; SEAS, 2010).

Nesse estudo, foi identificado cepas características tanto da linhagem típica

da comunidade (CA-MRSA) quanto da hospitalar (HA-MRSA) colonizando pacientes

sob tratamento de hemodiálise. Esse achado é muito importante, pois a linhagem

HA-MRSA é reconhecida pela sua multirresistência aos antibióticos e a linhagem

CA-MRSA é caracteristicamente muito virulenta, associada a vários casos de

infecções fatais, especialmente colonizando pacientes hemodialíticos, os quais pela

sua condição clínica se encontram muito vulneráveis a infecções. (GELATTI et al.,

2009; HIDRON et al., 2009).

As cepas de MRSA foram isoladas de pacientes que apresentavam pelo

menos dois fatores de risco em potencial para a colonização por esse micro-

organismo. Não podemos precisar a origem dessa colonização, porém destacamos

que a hospitalização, episódios infeciosos, o uso de antimicrobianos e anti-

inflamatórios, além do uso do cateter como acesso vascular são potenciais fatores

de riscos, embora esta pesquisa não tenha encontrado associação significativa entre

esses fatores e a colonização por essa linhagem. Contudo, alguns autores

descreveram associação entre a colonização e estes fatores de risco citados.

(ÇELIK et al., 2011; KANG et al., 2012; PATEL et al., 2011; ZACHARIOUDAKIS et

al., 2014). Em paralelo, também foi observado que algumas cepas de MRSA de

pacientes que não tiveram história de internações prévias, não relataram episódios

de infecções ou fizeram uso prévio de antibióticos, porém abrigavam outros fatores

de riscos para a colonização, como a idade avançada, a diabetes, a hipertensão e

até mesmo a presença do Vírus da Imunodeficiência Humana – HIV. Alguns

estudos, contudo, observaram relação destes fatores com a colonização por MRSA

(DURAN; OCAK; ESKIOCAK, 2006; REID et al., 2017; SILVEIRA, 2013).

A pele, quando íntegra, representa importante barreira contra a penetração de

micro-organismos. Porém, quando sua integridade é rompida como, por exemplo,

em uma punção, se a microbiota local não é eliminada ou inativada por antissepsia

rigorosa, pode penetrar na corrente sanguínea e desenvolver um processo

infeccioso (CDC, 2017). Neste estudo, verificou-se a frequência de hemodiálise para

avaliar o número de punções constantes nos pacientes, porém não encontramos

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

44

associação entre a colonização por S. aureus e MRSA com a frequência das

sessões, corroborando com os achados de (HIDALGO et al., 2015).

O fator de risco mais importante para desenvolvimento de bacteremia em

pacientes submetidos a hemodiálise é o uso de cateteres venosos centrais.

Pacientes que utilizam o cateter de hemodiálise possuem maiores risco de

desenvolver uma bacteremia em comparação com os que usam a fístula

arteriovenosa (SUZUKI et al., 2016). Embora não tenha sido observado associação

entre a colonização e o tipo do acesso vascular, estudos mostram que o cateter

pode ser colonizado pelos micro-organismos da microbiota da pele, sendo portanto

considerado fonte importante para bacteremias (ASLAM et al., 2007; IMAIZUMI et

al., 2017; SUZUKI et al., 2016).

Pacientes submetidos à hemodiálise com admissão hospitalar recente têm risco

particularmente elevado de colonização com MRSA (KARANIKA et al., 2015).

Apesar deste estudo não ter encontrado associação entre a colonização nasal e a

hospitalização, um número expressivo de pacientes colonizados reportaram a

hospitalização no último ano. Pacientes colonizados podem contribuir para a

disseminação de MRSA quando retornam à unidade de diálise ambulatorial

(KARANIKA et al., 2015). Assim, a elaboração de protocolos para a descolonização

pode ser uma opção a ser analisada junto à equipe médica e a Comissão de

Controle de Infecção Hospitalar–CCIH.

A descolonização é indicada pela maioria das diretrizes das agências

internacionais de saúde, incluindo o Centers for Disease Control and Prevention

(CDC) - Centro para o Controle e Prevenção de Doenças (COIA et al., 2006) e a

Organização Mundial de Saúde - OMS (GEMMELL et al., 2006). O CDC recomenda

o uso de mupirocina tópica isolada em pacientes colonizados apenas por um curto

período de tempo e para profissionais de saúde (COIA et al., 2006). Por outro lado, a

OMS considera o uso de mupirocina e / ou clorexidina em pacientes com MRSA,

mas não especifica as indicações, contraindicações ou o tempo de uso (GEMMELL

et al., 2006). Embora o sucesso da descolonização tenha sido observado por vários

autores (BODE et al., 2010; COIA et al., 2006; GEBRESELASSIE; LO PRIORE;

MARSCHALL, 2015; GROTHE et al., 2016; POFAHL et al., 2009; RUEF et al., 2009;

SIMOR et al., 2007), não deve ser realizada como rotina devido a ocorrência de

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

45

resistência bacteriana ao antimicrobiano utilizado. A ausência de padronização do

processo de descolonização e poucas evidências da eficácia do processo como

medida controladora de infecções, fazem com que esse tema ainda seja bastante

discutido entre os pesquisadores. Assim, estudos adicionais são necessários para o

esclarecimento de benefícios e malefícios pelo uso de antibióticos em pacientes

colonizados como medida de controle de infecção (COIA et al., 2006;

GEBRESELASSIE; LO PRIORE; MARSCHALL, 2015; OLIVEIRA; PAULA, 2012).

A exposição prévia aos antimicrobianos está associada à colonização e

infecção por vários micro-organismos multirresistentes. Dentre estes, se destaca o

MRSA, sobretudo em pacientes em hemodiálise (CALFEE, 2013; PATEL et al.,

2011). Embora não encontramos nenhuma associação entre o uso de antibióticos e

a colonização nasal por S. aureus e MRSA este é um fator de risco particularmente

importante na população de diálise devido à alta taxa de exposição a

antimicrobianos dentro desse grupo (KARANIKA et al., 2015; MARCHAIM et al.,

2005)

A infecção é uma das principais causas de morbidade e a segunda causa de

morte mais comum em pacientes que realizam o tratamento de hemodiálise, onde o

S. aureus é o agente patogênico mais frequentemente isolado. O presente estudo

não encontrou associação entre a presença de infecções recentes com a

colonização nasal por S. aureus e MRSA, porém esta associação foi encontrada em

vários estudos (COLLINS et al., 2014; KLUYTMANS; VAN BELKUM; VERBRUGH,

1997; KOZIOŁ-MONTEWKA et al., 2006; NOUWEN et. al., 2001). A colonização

nasal por esta bactéria desempenha um papel importante na patogênese e no

desenvolvimento de infecções em pacientes submetidos ao tratamento da

hemodiálise.

Não foi detectado associação entre o uso de anti-inflamatórios e a

colonização nasal por S. aureus e MRSA. Embora, não seja um fator muito

estudado, Goldstein et. al, 2006 avaliaram o uso da aspirina em pacientes

hemodialíticos e observou que o uso de anti-inflamatórios resultou na diminuição da

concentração de três citocinas pró-inflamatórias: IL-6, IL-8 e TNF-. As citocinas pró-

inflamatórias são essenciais para iniciar a defesa contra vários agentes patogênicos,

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

46

quando diminuidas podem auxiliar no estabelecimento de agentes infeciosos

(MACDOUGALL, 2004).

A Diabetes mellitus (DM) é descrita como a doença crônica mais prevalente

em pacientes submetidos ao tratamento hemodialítico (SESSO et al., 2017). Embora

seja considerada, por alguns autores, como um possível fator de risco para a

colonização por S. aureus e MRSA (ÇELIK et al., 2011; KUTLU et al., 2012), outros

autores não consideram (KARANIKA et al., 2015). Visto que não há tantos estudos

na literatura para apoiar ou contestar a hipótese, o fato é que pacientes portadores

da DM apresentam um aumento da suscetibilidade à infecção, pois possuem as

defesas imunológicas diminuídas, onde o mesmo torna-se mais vulnerável às

infecções, especialmente por S. aureus (DURAN; OCAK; ESKIOCAK, 2006; HART

et al., 2015; ROCHA et al., 2002). Similarmente ao estudo de Karanika et al., 2015,

nesta pesquisa, não foi evidenciada nenhuma associação entre a colonização nasal

por S. aureus e MRSA e a diabetes.

Dentre os pacientes que realizam hemodiálise como terapia para substituição

renal, os idosos, representam aproximadamente a metade desta população, além

disso, estão mais vulneráveis a colonização nasal por S. aureus e MRSA (KANG et

al., 2012; LEDERER; RIEDELSDORF; SCHIFFL, 2007). No entanto, não

encontramos associação entre a colonização por S. aureus e MRSA e a idade.

Estudos indicam que a idade é um fator muito importante para a colonização nasal

de S. aureus. Além disso, por essa população apresentar sistema imunológico

senescente torna-se bastante vulnerável às infecções (DEVRAJ et al., 2017; LU et

al., 2008; POP-VICAS et al., 2009).

Um dos fatores de risco para a colonização por S. aureus e MRSA e demais

bactérias patogênicas é o tabagismo (ELIHIMAS JÚNIOR et al., 2014; PLATZER;

ARANÍS; BELTRÁN, 2010). Estudos sugerem que o tabaco aumenta a adesão das

bactérias patogênicas nas células da mucosa nasofaríngea (GOLDSTEIN-

DARUECH et al., 2011). Apensar de ser um clássico na literatura que o tabagismo

contribui de forma significativa para a colonização nasal por S. aureus, nosso estudo

não revelou associação entre a colonização e o tabagismo, corroborando com outros

estudos que avaliaram esse fator em pacientes submetidos ao tratamento

hemodialítico (ARAUJO, 2011; DIAWARA et al., 2014).

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

47

Apesar deste estudo não ter encontrado associação estatística entre a

presença de S. aureus e MRSA com fatores relacionados aos indivíduos

participantes, a colonização dos mesmos por essa espécie bacteriana e em especial

pela linhagem MRSA é um achado importante, uma vez que, essa linhagem é

reconhecidamente virulenta e resistente aos antimicrobianos e, sobretudo pela

presença do gene lukF, o qual determina um importante fator de virulência

associado a muitos casos de infecções graves e fatais. Assim, a vigilância contínua

relativa à colonização por MRSA e por outras espécies patogênicas é uma ação

importante, sobretudo na população de indivíduos submetidos ao tratamento

hemodialítico, uma vez que apresentam maior vulnerabilidade às infecções. A

implantação de programas de vigilância são úteis nas tomadas de decisões relativa

a medidas que possam prevenir infecções, especialmente nessa população.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

48

7 CONCLUSÕES

Este estudo detectou uma prevalência de S. aureus e MRSA colonizando

pacientes em tratamento de hemodiálise importante, sobretudo nessa população

que apresenta um risco aumentado às infecções;

Não foi detectada relação estatística entre a presença de S. aureus e MRSA

com as variáveis avaliadas nesse estudo. Porém, a presença desses micro-

organismos colonizando essa população, pode representar um potencial fator de

risco para infecções.

A presença do gene lukF no genoma da maioria das cepas de MRSA pode

representar um risco aumentado para os pacientes colonizados, uma vez que esse

gene codifica a expressão de uma leucocidina determinante na gravidade de alguns

quadros clínicos infecciosos.

Cepas de MRSA com perfil fenotípico de HA-MRSA e CA-MRSA, podem ser

transmitidos tanto no ambiente hospitalar quanto na comunidade.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

49

8 REFERÊNCIAS

ALVAREZ, P. A.; MIMICA, M. J. Síndrome do choque tóxico. Arq Med Hosp Fac

Cienc Med Santa Casa São Paulo, v. 57, n. 2, p. 81–84, 2012.

AMINZADEH, Z.; FARAHANI, A. M.; GACHKAR, L. Prevalence of Staphylococcus

aureus carriage in patients on hemodialysis and the pattern of antibacterial

resistance. Iranian Journal of Clinical Infectious Diseases, v. 1, n. 2, p. 55–58,

2006.

AMORIM, D. M. R. et al. Resistência induzível à clindamicina entre isolados clínicos

de Staphylococcus aureus TT - Resistencia inducible a clindamicina entre aislados

clínicos de Staphylococcus aureus TT - Inducible clindamycin resistance in cinical

isolates of Staphylococcus . Mundo saúde (Impr.), v. 33, n. 4, p. 401–405, 2009.

ANVISA. Módulo 6: Detecção e identificação de bactérias de importância médica.

Brasil, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Microbiologia Clínica para o

controle da infecção relacionada à assistência em saúde, p. 1–154, 2013.

APPELBAUM, P. C. Microbiology of Antibiotic Resistance in Staphylococcus aureus.

Clinical Infectious Diseases, v. 45, n. Supplement 3, p. S165–S170, 2007.

ARAUJO, M. TEDESCO. Estudo de portadores nasais de staphylococcus aureus e

do risco de infecção sistêmica em pacientes sob regime de hemodiálise em dois

centros de diálise da grande Vitória, ES. 2011.

ARGUDÍN, M. Á.; MENDOZA, M. C.; RODICIO, M. R. Food Poisoning and

Staphylococcus aureus Enterotoxins. Toxins, v. 2, n. 7, p. 1751–1773, 2010.

ASLAM, N. et al. Unexpected and late diagnosis (28th week) of pregnancy in a 39-

year-old patient on chronic haemodialysis [18]. Nephrology Dialysis

Transplantation, v. 22, n. 6, p. 1799, 2007.

BODE, L. et al. Preventing Surgical-Site Infections in Nasal Carriers of

Staphylococcus aureus. New England Journal, p. 9–17, 2010.

BOGUT, A. et al. Characterisation of Staphylococcus aureus nasal and skin carriage

among patients undergoing haemodialysis treatment. New Microbiologica, v. 30, n.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

50

2, p. 149–154, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. RESOLUÇÃO No 466,

DE 12 DE DEZEMBRO DE 2012. Diretrizes e normas regulamentadoras de

pesquisas envolvendo seres humanos, 2012.

BUKOWSKI, M.; WLADYKA, B.; DUBIN, G. Exfoliative toxins of Staphylococcus

aureus. Toxins, v. 2, n. 5, p. 1148–1165, 2010.

CALFEE, D. P. Multidrug-resistant organisms in dialysis patients. Seminars in

Dialysis, v. 26, n. 4, p. 447–456, 2013.

CARVALHO, C. E. et al. Monitoramento microbiológico seqüencial da secreção

traqueal em pacientes intubados internados em unidade de terapia intensiva

pediátrica Sequential microbiological monitoring of tracheal aspirates in intubated

patients admitted to a pediatric intensive c. Jornal de Pediatria, v. 81, p. 29–33,

2005.

CASTRO, A. Doença renal crônica leva mais de 120 mil brasileiros para

hemodiálise — Senado Notícias. Disponível em:

<https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/especial-cidadania/doenca-renal-

cronica-leva-mais-de-120-mil-brasileiros-para-hemodialise>. Acesso em: 12 dez.

2017.

CAVALCANTI, S. M. D. M. et al. Estudo comparativo da prevalência de

Staphylococcus aureus importado para as unidades de terapia intensiva de hospital

universitário, Pernambuco, Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 9, n. 4,

p. 436–446, 2006.

CDC. Guidelines Library - Infection Control | CDC - Centers Disease for Control

end Prevention. Disponível em:

<https://www.cdc.gov/infectioncontrol/guidelines/index.html>. Acesso em: 6 jan.

2018.

ÇELIK, G. et al. Prevalence of Nasal Staphylococcus aureus Carriage in the Patients

Undergoing Hemodialysis and Evaluation of Risk Factors and Laboratory

Parameters. Renal Failure, v. 33, n. 5, p. 494–498, 2011.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

51

CHAMBERS, H. F. Methicillin-resistant staphylococci. CLINICAL MICROBIOLOGY

REVIEWS, v. 1, n. February, p. 173–186, 1988.

CLSI. Clinical and Laboratory Standards Institute. Performsnce Standards for

Antimicrobial Susceptibility Testing. 27th ed. CLSI supplement M100. Wayne, PA:

Clinical and Laboratory Standards Institute CLSI, v. 27th, 2017.

COIA, J. E. et al. Guidelines for the control and prevention of meticillin-resistant

Staphylococcus aureus (MRSA) in healthcare facilities. Journal of Hospital

Infection, v. 63, p. S1–S44, 2006.

COLLINS, A. J. et al. US Renal Data System 2013 Annual Data Report. American

Journal of Kidney Diseases, v. 63, n. 1, p. A7, 2014.

CORDEIRO, M. Caracterização molecular de cepas de Staphylococcus aureus

isoladas no Hospital Municipal de Ipatinga-MG. p. 71, 2011.

COSTA, R. H. S. et al. Complicações em pacientes renais durante sessões

hemodialíticas e intervenções de enfermagem. Revista de pesquisa cuidado é

fundamental, v. 7, n. 1, p. 2137–2146, 2015.

DEURENBERG, R. H.; STOBBERINGH, E. E. The evolution of Staphylococcus

aureus. Infection, Genetics and Evolution, v. 8, n. 6, p. 747–763, 2008.

DEVELTER, W. et al. Survival and complications of indwelling venous catheters for

permanent use in hemodialysis patients. Artificial Organs, v. 29, n. 5, p. 399–405,

2005.

DEVRAJ, A. et al. Extranasal Staphylococcus aureus colonization predisposes to

bloodstream infections in patients on hemodialysis with noncuffed internal jugular

vein catheters. Hemodialysis International, v. 21, n. 1, p. 35–40, 2017.

DIAS NASCIMENTO, C. et al. Intervenções de enfermagem nas complicações mais

freqüentes durante a sessão de hemodiálise: revisão da literatura. Rev Bras

Enferm, v. 58, n. 6, p. 720, 2005.

DIAWARA, I. et al. Staphylococcus aureus nasal carriage in hemodialysis centers of

Fez , Morocco. Iranian Journal of Microbiology, v. 6, n. 3, p. 175–183, 2014.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

52

DIEP, B. A. et al. Widespread Skin and Soft-Tissue Infections Due to Two Methicillin-

Resistant Staphylococcus aureus Strains Harboring the Genes for Panton-Valentine

Leucocidin Widespread Skin and Soft-Tissue Infections Due to Two Methicillin-

Resistant Staphylococcus aureus. Journal of Clinical Microbiology, v. 42, n. 5, p.

2080–2084, 2004.

DIEP, B. A. et al. Contribution of Panton-Valentine leukocidin in community-

associated methicillin-resistant Staphylococcus aureus pathogenesis. PLoS ONE, v.

3, n. 9, p. 2–9, 2008.

DURAN, N.; OCAK, S.; ESKIOCAK, A. F. Staphylococcus aureus nasal carriage

among the diabetic and non-diabetic haemodialysis patients. International journal

of clinical practice, v. 60, n. 10, p. 1204–9, 2006.

EELLS, S. J. et al. Body site Staphylococcus aureus colonization among

maintenance hemodialysis patients. Nephron, v. 129, n. 2, p. 79–83, 2015.

ELIHIMAS JÚNIOR, U. F. et al. Smoking as risk factor for chronic kidney disease:

systematic review. Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 36, n. 4, p. 519–528, 2014.

ENRIGHT, M. C. et al. The evolutionary history of methicillin-resistant

Staphylococcus aureus (MRSA). Proceedings of the National Academy of

Sciences of the United States of America, v. 99, n. 11, p. 7687–92, 2002.

FAVILLE, J. et al. Staphylococcus aureus Endocarditis Combined With. Journal of

the American Medical Association, v. 55101, n. 24, p. 6–8, 2015.

FENG, Y. et al. Evolution and pathogenesis of Staphylococcus aureus: Lessons

learned from genotyping and comparative genomics. FEMS Microbiology Reviews,

v. 32, n. 1, p. 23–37, 2008.

FERREIRA, A. C. B. et al. Infecções em cateter de hemodiálise : aspectos

microbiológicos e de resistência em uma unidade de referência de Belém.

Sociedade Brasileira de Clínica Médica, p. 1–4, 2014.

FOURNIER, B.; PHILPOTT, D. J. Recognition of Staphylococcus aureus by the

Innate Immune System. CLINICAL MICROBIOLOGY REVIEWS, v. 18, n. 3, p. 3–12,

2005.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

53

FRANCHI, E. P. L. P. Epidemiologia molecular e estudo dos fatores de virulência de

Staphylococcus aureus resistentes à oxacilina isolados de feridas em pacientes

atendidos em unidades básicas de saúde da cidade de Botucatu. 2016.

FRANCIS, J. S. et al. Severe Community-Onset Pneumonia in Healthy Adults

Caused by Methicillin-Resistant Staphylococcus aureus Carrying the Panton-

Valentine Leukocidin Genes. Clinical Infectious Diseases, v. 40, n. 1, p. 100–107,

2005.

GEBRESELASSIE, H. M.; LO PRIORE, E.; MARSCHALL, J. Effectiveness of

meticillin-resistant Staphylococcus aureus decolonization in long-term haemodialysis

patients: A systematic review and meta-analysis. Journal of Hospital Infection, v.

91, n. 3, p. 250–256, 2015.

GELATTI, L. C. et al. Sepsis due to community-acquired methicillin-resistant

Staphylococcus aureus in southern Brazil. Rev Soc Bras Med Trop, v. 42, n. 4, p.

458–460, 2009.

GEMMELL, C. G. et al. Guidelines for the prophylaxis and treatment of methicillin-

resistant Staphylococcus aureus (MRSA) infections in the UK. Journal of

Antimicrobial Chemotherapy, v. 57, n. 4, p. 589–608, 2006.

GENTILE, Á. et al. Community-acquired methicillin-resistant Staphylococcus aureus

infections : hospitalization and case fatality risk in 10 pediatric facilities in Argentina.

v. 116, n. 1, p. 47–53, 2018.

GOLDSTEIN-DARUECH, N. et al. Tobacco smoke mediated induction of sinonasal

microbial biofilms. PLoS ONE, v. 6, n. 1, p. 1–7, 2011.

GOLDSTEIN, S. L.; LEUNG, J. C.; SILVERSTEIN, D. M. Pro- and anti-inflammatory

cytokines in chronic pediatric dialysis patients: effect of aspirin. Clinical journal of

the American Society of Nephrology : CJASN, v. 1, n. 5, p. 979–986, 2006.

GROTHE, C. et al. Incidence of bloodstream infection among patients on

hemodialysis by central venous catheter. Rev Lat Am Enfermagem, v. 18, n. 1, p.

73–80, 2010.

GROTHE, C. et al. Prophylactic treatment of chronic renal disease in patients

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

54

undergoing peritoneal dialysis and colonized by Staphylococcus aureus: A

systematic review and meta-analysis. BMC Nephrology, v. 17, n. 1, 2016.

GÜLMEZ, Ö.; AYDIN, M. Complicated left-sided infective endocarditis in chronic

hemodialysis patients: a case report. Archives of the Turkish Society of

Cardiology, v. 45, n. 1, p. 73–76, 2017.

HART, J. et al. Prevalence, risk factors and sequelae of Staphylococcus aureus

carriage in diabetes: The Fremantle Diabetes Study Phase II. Journal of Diabetes

and its Complications, v. 29, n. 8, p. 1092–1097, 2015.

HECKER, M. et al. A proteomic view of cell physiology and virulence of

Staphylococcus aureus. International Journal of Medical Microbiology, v. 300, n.

2–3, p. 76–87, 2010.

HIDALGO, M. et al. Methicillin-resistant staphylococcus aureus USA300 Latin

American variant in patients undergoing hemodialysis and HIV infected in a hospital

in bogota, Colombia. PLoS ONE, v. 10, n. 10, p. 1–9, 2015.

HIDRON, A. I. et al. Emergence of community-acquired meticillin-resistant

Staphylococcus aureus strain USA300 as a cause of necrotising community-onset

pneumonia. The Lancet Infectious Diseases, v. 9, n. 6, p. 384–392, 2009.

HOEN, B. et al. EPIBACDIAL: a multicenter prospective study of risk factors for

bacteremia in chronic hemodialysis patients. Journal of the American Society of

Nephrology : JASN, v. 9, n. 5, p. 869–876, 1998.

IMAIZUMI, T. et al. Association Between Staphylococcus aureus Bacteremia and

Hospital Mortality in Hemodialysis Patients With Bloodstream Infection: A Multicenter

Cohort From Japanese Tertiary Care Centers. Therapeutic Apheresis and

Dialysis, v. 21, n. 4, p. 354–360, 2017.

ITO, T. et al. Structural Comparison of Three Types of Staphylococcal Cassette

Chromosome mec Integrated in the Chromosome in Methicillin-Resistant

Staphylococcus aureus. Antimicrobial agents and chemotherapy, v. 45, n. 5, p.

1323–1336, 2001.

IWATSUKI, K. et al. Staphylococcal cutaneous infections: invasion, evasion and

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

55

aggression. Journal of dermatological science, v. 42, n. 3, p. 203–214, 2006.

IWG-SCC. International Working Group on the Classification of Staphylococcal

Cassette Chromosome (SCC). Disponível em:

<http://www.sccmec.org/Pages/SCC_ClassificationEN.html>. Acesso em: 2 nov.

2017.

JEVONS, M. P. “Celbenin” - resistant Staphylococci. British Medical Journal, v. 1,

n. 5219, p. 124–125, 1961.

JORGENSEN, J. H.; PFALLER, M. A.; CARROLL, K. C. Manual of Clinical

Microbiology. 11. ed. [s.l.] 2015, 2015.

JUNIOR, J. E. R. Doença Renal Crônica: Definição, Epidemiologia e Classificação.

Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 26, n. 1, p. 1–3, 2004.

KANEKO, J.; KAMIO, Y. Bacterial Two-component and Hetero-heptameric Pore-

forming Cytolytic Toxins: Structures, Pore-forming Mechanism, and Organization of

the Genes. Bioscience, Biotechnology, and Biochemistry, v. 68, n. 5, p. 981–

1003, 2004.

KANG, Y.-C. et al. Methicillin-resistant Staphylococcus aureus nasal carriage among

patients receiving hemodialysis in Taiwan: prevalence rate, molecular

characterization and de-colonization. BMC Infectious Diseases, v. 12, n. 1, p. 284,

2012.

KARANIKA, S. et al. Risk factors for meticillin-resistant Staphylococcus aureus

colonization in dialysis patients: a meta-analysis. Journal of Hospital Infection, v.

91, n. 3, p. 257–263, 2015.

KIRBY, W. M. M. Extraction of highly potent penicillin inactivator from penicillin

resistant staphylococci. Science, v. 99, n. 2579, p. 452, 1944.

KLEVENS, R. M.; TOKARS, J. I.; ANDRUS, M. Electronic reporting of infections

associated with hemodialysis. Nephrology news & issues, v. 19, n. 7, p. 37–8, 43,

2005.

KLEVENS R et al. Invasive methicillin-resistant staphylococcus aureus infections in

the united states. JAMA, the Journal of the American Medical Association, v.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

56

298, n. 15, p. 1763–1771, 2007.

KLUYTMANS, J.; VAN BELKUM, A.; VERBRUGH, H. Nasal carriage of

Staphylococcus aureus: epidemiology, underlying mechanisms, and associated risks.

Clinical microbiology reviews, v. 10, n. 3, p. 505–20, 1997.

KONEMAN, E. et al. Diagnóstico Microbiológico. 6 ed. ed. [s.l.] 2008, 2008.

KOZIOŁ-MONTEWKA, M. et al. The investigation of Staphylococcus aureus and

coagulase-negative staphylococci nasal carriage among patients undergoing

haemodialysis. Microbiological Research, v. 161, n. 4, p. 281–287, 2006.

KUTLU, S. S. et al. Prevalence and risk factors for methicillin-resistant

Staphylococcus aureus colonization in a diabetic outpatient population: A prospective

cohort study. American Journal of Infection Control, v. 40, n. 4, p. 365–368, 2012.

LAFRANCE, J. P. et al. Vascular Access-Related Infections: Definitions, Incidence

Rates, and Risk Factors. American Journal of Kidney Diseases, v. 52, n. 5, p.

982–993, 2008.

LEDERER, S. R.; RIEDELSDORF, G.; SCHIFFL, H. Nasal carriage of meticillin

resistant Staphylococcus aureus: the prevalence, patients at risk and the effect of

elimination on outcomes among outclinic haemodialysis patients. European journal

of medical research, v. 12, n. 7, p. 284–8, 2007.

LENCASTRE, H.; OLIVEIRA, D.; TOMASZ, A. Antibiotic resistant Staphylococcus

aureus: a paradigm of adaptive power. Current opinion in microbiology, v. 10, n. 5,

p. 428–435, 2007.

LISTER, J. L.; HORSWILL, A. R. Staphylococcus aureus biofilms: recent

developments in biofilm dispersal. Frontiers in Cellular and Infection

Microbiology, v. 4, n. December, p. 1–9, 2014.

LOPES, H. V. CA-MRSA: a new problem for the infectologist. Revista

Panamericana de Infectologia, v. 7, n. 3, p. 34–36, 2005.

LOWY, F. the chromosome, as well as the extrachromosomal el- ements. 6 These

genes are transferred between staphy- lococcal strains, species, or other gram-

positive bacte- rial species through the extrachromosomal elements. 7. New

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

57

England Journal of Medicine, v. 339, p. 520–532, 1998.

LU, P. et al. Risk Factors and Molecular Analysis of Community Methicillin-Resistant

Staphylococcus aureus Carriage. Society, v. 43, n. 1, p. 132–139, 2005.

LU, P. L. et al. Methicillin-resistant Staphylococcus aureus carriage, infection and

transmission in dialysis patients, healthcare workers and their family members.

Nephrology Dialysis Transplantation, v. 23, n. 5, p. 1659–1665, 2008.

MACDOUGALL, I. C. Could anti-inflammatory cytokine therapy improve poor

treatment outcomes in dialysis patients? Nephrology Dialysis Transplantation, v.

19, n. SUPPL. 5, p. 73–78, 2004.

MADEIRO, A. C. et al. Adesão de portadores de insuficia renal cronica ao

tratamento de hemodilise. ACTA Paulista de Enfermagem, v. 23, n. 4, p. 546–551,

2010.

MARCHAIM, D. et al. Serious consequences to the use of cephalosporins as the first

line of antimicrobial therapy administered in hemodialysis units. Nephron - Clinical

Practice, v. 101, n. 2, p. 58–65, 2005.

MCDONALD, L. C.; HAGEMAN, J. C. Vancomycin intermediate and resistant

Staphylococcus aureus. What the nephrologist needs to know. Nephrology news &

issues, v. 18, n. 11, p. 63–4, 66–7, 71–2 passim, out. 2004.

MESIANO, E. R. A. B.; MERCHÁN-HAMANN, E. Bloodstream infections among

patients using central venous catheters in intensive care units. Revista latino-

americana de enfermagem, v. 15, n. 3, p. 453–9, 2007.

MIRANDA, O. P. et al. Emergence in Brazil of methicillin-resistant Staphylococcus

aureus isolates carrying SCCmecIV that are related genetically to the USA800 clone.

Clinical Microbiology and Infection, v. 13, n. 12, p. 1166–1172, 2007.

NASCIMENTO, M. M. DO; RIELLA, M. C. Avaliação de acesso vascular em

hemodiálise: um estudo multicêntrico. Jornal Brasileiro de Nefrologia, v. 21, n. 1,

p. 22–29, 1999.

NORIEGA, E. R.; SEAS, C. Padrão de mudança de clones de Staphylococcus

aureus resistentes à meticilina na América Latina: implicações para a prática clínica

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

58

na região. The Brazilian Journal of Infectious Diseases, v. 14, p. 87–96, 2010.

NOUWEN, J. L. ET. AL. Determinants of Staphylococcus aureus nasal carriage.

Neth. J. Med. 59, 126–133, 2001.

OLIVEIRA, D. C.; DE LENCASTRE, H. Multiplex PCR Strategy for Rapid

Identification of Structural Types and Variants of the. Antimicrobial Agents and

Chemotherapy, v. 46, n. 7, p. 2155–2161, 2002.

OLIVEIRA, A. C. DE; PAULA, A. O. DE. Descolonização de portadores de

staphylococcus aureus: Indicações, vantagens e limitações. Texto e Contexto

Enfermagem, v. 21, n. 2, p. 448–457, 2012.

PACHECO, A N. A B. F. et al. Random Amplification of Polymorphic DNA Reveals

Serotype- Specific Clonal Clusters among Enterotoxigenic Escherichia coli Strains

Isolated from Humans. Microbiology, v. 35, n. 6, p. 1521–1525, 1997.

PATEL, G. et al. Clinical and molecular epidemiology of methicillin-resistant

Staphylococcus aureus among patients in an ambulatory hemodialysis center.

Infection control and hospital epidemiology : the official journal of the Society

of Hospital Epidemiologists of America, v. 32, n. 9, p. 881–8, 2011.

PLATZER, L.; ARANÍS, C.; BELTRÁN, C. Colonización nasal bacteriana en

población sana de la ciudad de Santiago de Chile:¿ Existe portación de

Staphylococcus aureus meticilino resistente. REVISTA DE

OTORRINOLARINGOLOGÍA Y CIRUGÍA DE CABEZA Y CUELLO, p. 109–116,

2010.

POFAHL, W. E. et al. Active Surveillance Screening of MRSA and Eradication of the

Carrier State Decreases Surgical-Site Infections Caused by MRSA. Journal of the

American College of Surgeons, v. 208, n. 5, p. 981–986, 2009.

POP-VICAS, A. et al. Influx of Multidrug-Resistant, Gram-Negative Bacteria in the

Hospital Setting and the Role of Elderly Patients With Bacterial Bloodstream

Infection. Infection Control & Hospital Epidemiology, v. 30, n. 4, p. 325–331,

2009.

PRICE, A. et al. Meticillin-resistant Staphylococcus aureus and meticillin-susceptible

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

59

Staphylococcus aureus screening in a cohort of haemodialysis patients: Carriage,

demographics and outcomes. Journal of Hospital Infection, v. 90, n. 1, p. 22–27,

2015.

REID, M. J. A. et al. Staphylococcus aureus nasal colonization among HIV-infected

adults in Botswana: prevalence and risk factors. AIDS Care, v. 29, n. 8, p. 961–965,

2017.

RIBEIRO, A. et al. First Report of Infection with Staphylococcus aureus in South

America. Journal of clinical microbiology, v. 43, n. 4, p. 1985–1988, 2005.

RIELLA, M. C. Princípios de nefrologia e distúrbios hidroeletrolíticos. 5a ed. ed.

Rio de Janeiro: 2010, 2010.

RIJAL, K. R. et al. Prevalence of methicillin resistant Staphylococcus aureus in

school children of Pokhara. Nepal Medical College Journal, v. 10, n. November

2007, p. 192–195, 2008.

ROCHA, J. et al. Aspectos Relevantes da Interface Entre Diabetes Mellitus e

Infecção. Arq Bras Endocrinol Metab, v. 46, n. 3, p. 221–229, 2002.

RUEF, C. et al. Decolonisation of patients with wounds colonised by MRSA. Journal

of Hospital Infection, v. 72, n. 1, p. 88–90, 2009.

SANTOS, D. O. et al. Staphylococcus aureus : visitando uma cepa de importância

hospitalar. Jornal Barsileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 43, n. 6, p.

413–423, 2007.

SBN. Sociedade Brasileira de Nefrologia. Disponível em:

<https://sbn.org.br/publico/tratatamentos/hemodialise/>. Acesso em: 23 out. 2017.

SEDLACEK, M. et al. Aspirin Treatment Is Associated With a Significantly Decreased

Risk of Staphylococcus aureus Bacteremia in Hemodialysis Patients With Tunneled

Catheters. American Journal of Kidney Diseases, v. 49, n. 3, p. 401–408, 2007.

SESSO, R. C. et al. Brazilian Chronic Dialysis Survey 2016. Jornal brasileiro de

nefrologia : ’orgao oficial de Sociedades Brasileira e Latino-Americana de

Nefrologia, v. 39, n. 3, p. 261–266, 2017.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

60

SESSO, R. C. C. et al. Censo Brasileiro de Diálise. J Bras Nefol, v. 32, p. 380–384,

2010.

SHARIF, M. R. et al. Immune disorders in hemodialysis patients. Iranian Journal of

Kidney Diseases, v. 9, n. 2, p. 84–96, 2015.

SHINEFIELD, H. R.; RUFF, N. L. Staphylococcal Infections: A Historical Perspective.

Infectious Disease Clinics of North America, v. 23, n. 1, p. 1–15, 2009.

SIEVERT, D. M. et al. Vancomycin-Resistant Staphylococcus aureus in the United

States, 2002-2006. Clinical Infectious Diseases, v. 46, n. 5, p. 668–674, 2008.

SILVEIRA, M. DA. Prevalência e fatores de risco para carreamento de

Staphylococcus aureus resistente à meticilina em idosos institucionalizados na

cidade de Bauru-SP. 2013.

SIMOR, A. E. et al. Randomized controlled trial of chlorhexidine gluconate for

washing, intranasal mupirocin, and rifampin and doxycycline versus no treatment for

the eradication of methicillin-resistant Staphylococcus aureus colonization.

Clin.Infect.Dis., v. 44, n. 1537–6591 (Electronic), p. 178–185, 2007.

SIVIERO, P. C. L.; MACHADO, C. J.; CHERCHIGLIA, M. L. Insuficiência renal

crônica no Brasil segundo enfoque de causas múltiplas de morte. Caderno de

saúde coletiva. vol.22 no.1 Rio de Janeiro Jan./Mar. 2014, v. 22, n. 1, 2014.

SUZUKI, M. et al. Bacteremia in hemodialysis patients. World Journal of

Nephrology, v. 5, n. 6, p. 489, 2016.

USRDS, U. S. R. D. S. The 2017 Annual Data Report. Disponível em:

<https://www.usrds.org/2017/view/Default.aspx>. Acesso em: 27 dez. 2017.

VANDECASTEELE, S. J.; BOELAERT, J. R.; DE VRIESE, A. S. Staphylococcus

aureus infections in hemodialysis: What a nephrologist should know. Clinical

Journal of the American Society of Nephrology, v. 4, n. 8, p. 1388–1400, 2009.

VANDENBERGH. MARJOLEIN F. Q., V. H.; A., I. Carriage of Staphylococcus

aureus: Epidemiology and clinical relevance. Journal of Laboratory and Clinical

Medicine, p. 231–243, 1999.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

61

WORTH, L. J. et al. Epidemiology of infections and antimicrobial use in Australian

haemodialysis outpatients: findings from a Victorian surveillance network, 2008–

2015. Journal of Hospital Infection, v. 97, n. 1, p. 93–98, 2017.

ZACHARIOUDAKIS, I. M.; ZERVOU, F. N.; ZIAKAS, P. D. Meta-Analysis of

Methicillin-Resistant Staphylococcus aureus Colonization and Risk of Infection in

Dialysis Patients. Journal of the American Society of Nephrology, p. 2131–2141,

2014.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

62

9 ANEXOS E APÊNDICES

ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

63

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

64

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

65

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

66

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

67

APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO USADO NA ENTREVISTA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA LABORATÓRIO DE BACTERIOLOGIA MÉDICA – LaBMed

Pesquisa: Colonização nasal por Staphylococcus aureus resistente a meticilina em pacientes

submetidos ao tratamento de hemodiálise na cidade do Natal-RN.

Data :____/____/_____

Amostra nº________

1) Nome:_________________________________________________________

2) SEXO: F( ) M ( ) Idade:________________________________________

3) Profissão:_______________________________________________________

4) Há quanto tempo faz hemodiálise?___________________________________

5) Com que frequência faz hemodiálise? ( )2x/semana ( )3x/semana ( )Mais de 3x/semana

6) Há quanto tempo faz hemodiálise na Néfron Clínica?_____________________

7) Qual tipo de acesso? ( )Fístula ( )Cateter ( )Outros______________________

8) Esteve hospitalizado no ultimo ano? ( )S ( )N Quanto tempo? _____________

9) Tem diabetes? ( )S ( )N Faz uso de insulina? ( )S ( )N

10) Já fumou ou ainda fuma? Há quanto tempo? ( )S ________ ( )N

11) Teve infecção nos últimos 6 meses?________________________

12) Fez uso de antibiótico nos últimos 6 meses? Qual? ( )S _________________ ( )N

13) Fez uso de corticoides nos últimos 6 meses? Qual? ( )S _________________ ( )N

14) Já fez algum tipo de transplante? Qual órgão? ( )S _________________ ( )N

15) O que levou a necessidade de se fazer hemodiálise?

Doença vascular ( ) Diabetes mellitus ( ) Glomerulonefrite ( ) Infecção no trato urinário ( )

Outros( ) ____________________________________

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO … · PBP Protein Binding Penicillin - Proteína Ligadora de Penicilina PBP2a Penicillin-Binding protein 2a ... 2015). O tratamento hemodialítico

68