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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA ALÉM DOS PRIMEIROS PASSOS: DIALOGANDO COM CRIANÇAS DOS 4 AOS 18 MESES QUE ESTÃO NO BERÇÁRIO. NATHÁLIA BEZERRA SILVA NATAL-RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

ALÉM DOS PRIMEIROS PASSOS: DIALOGANDO COM CRIANÇAS DOS 4 AOS

18 MESES QUE ESTÃO NO BERÇÁRIO.

NATHÁLIA BEZERRA SILVA

NATAL-RN

2016

Nathália Bezerra Silva

Além dos primeiros passos: dialogando com criança dos 4 aos 18 meses que

estão no berçário

Monografia apresentada ao curso de Pedagogia do Centro de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciada em Pedagogia. Orientadora: professora Dra.:Maria parecida Dias.

Natal/RN

2016

NATHÁLIA BEZERRA SILVA

ALÉM DOS PRIMEIROS PASSOS: DIALOGANDO COM CRIANÇA DOS 4 AOS 18

MESES QUE ESTÃO NO BERÇÁRIO

Aprovada em: 22/ 06/ 2016

COMISSÃO EXAMINADORA:

_______________________________________ Orientadora: Profa. Dra. Maria Aparecida Dias

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

_______________________________________ Profa. Dra. Marisa Narcizo Sampaio

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

__________________________________________ Profa. Ms. Dandara Queiroga de Oliveira Sousa

Secretaria Municipal de Educação de Extremoz - SMEE

Dedico este trabalho a Deus, aos meus pais e a

todos os alunos-bebês, que movem o meu amor

a educação.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pois sem Ele eu não teria conseguido

chegar até aqui. Ele foi A minha força, O meu Refúgio, O meu Amigo, O meu

Orientador, O meu Professor, O meu Pai, O meu Protetor e O meu Consolador em

todos os momentos. Ele foi O meu Socorro quando ninguém podia me ajudar.

Agradeço a Ele por ter colocado pessoas especiais em minha vida, as quais me

ajudaram em muitos momentos me dando suporte.

Agradeço aos meus pais e a toda a minha família, que se uniram no

propósito de me incentivar a prosseguir, sempre em frente, na realização dos meus

sonhos. À minha mãe, Angélica, que acreditou até o fim nos meus sonhos, assim

como o meu pai, Filomeno, que em alguns momentos “puxou” a minha orelha para

não desistir deles. Obrigada por cada conselho e pelas orações que vocês fizeram

por mim.

Agradeço as minhas orientadoras que colaboraram na formação dos

meus conhecimentos acadêmicos: à professora Cida, que me deu a oportunidade de

desenvolver este trabalho e me incentivou nas minhas experiências no Berçário; à

professora Marisa, que me deu todo o apoio e suporte durante a minha trajetória na

UFRN; e à pedagoga Raissa, que me ensinou que é possível fazermos a diferença

na educação, se tivermos o prazer de ensinar, a criatividade e a força para superar

as situações desfavoráveis da Escola.

Agradeço, ainda, aos meus familiares, amigos e colegas que tiveram

participação na construção dos meus sonhos, dentre eles: Deybson Melo, que em

alguns momentos sonhando os meus sonhos se dispôs a me ajudar a pensar e

repensar os meus estudos; Louize, que sonhou junto comigo as minhas vitórias;

Raissa Danielly, que participou ativamente nas minhas vivências no berçário, assim

como Fátima, Divani e a diretora Nadja Sabrina; Aline Cristina, que me incentivou a

não desistir jamais e orou por mim; Manuel, que me aconselhou e me ajudou a

respirar fundo muitas vezes, quando pensava que não iria conseguir superar os

meus medos e os obstáculos de aprendizagem dos conteúdos acadêmicos; tia

Iracilda, tia Hilda, tia Joaquina e tio João, que fizeram o possível para me ajudar em

todos os momentos que precisei de auxílio; Camila, que tirou minhas dúvidas;

André, que me incentivou a superar o meu trauma do choro de bebês; Ana Laura, a

bebê que fez parte da minha infância e foi responsável pelo meu antigo trauma do

choro de bebês, ela foi a fonte das minhas primeiras indagações e necessidades de

querer compreender o desenvolvimento, comportamento e comunicação desses

pequeninos. Agradeço, também, a todos os bebês que me fizeram sorrir e querer

aprender sobre eles.

Enfim, muito obrigada a todos, que contribuíram de forma direta ou

indiretamente no propósito da minha formação pessoal e acadêmica, através de

estudos, ensinos, conselhos ou intercedendo por mim.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 8

2. O DESENVOLVIMENTO INFANTIL DE 0 AOS 18 MESES ..................................................................... 13

2.1 OS CINCO SENTIDOS DA VIDA .............................................................................................. 13

2.2. HENRI WALLON E A EVOLUÇÃO GLOBAL DA CRIANÇA .............................................. 16

2.3 COMUNICAÇÃO E MOVIMENTO ............................................................................................ 25

3. A LUDICIDADE E O MOVIMENTO COMO PROPULSORES DA APRENDIZAGEM NO BERÇARIO .......... 29

3.1 ESPAÇOS ADEQUADOS PARA O MOVIMENTO ................................................................ 37

3.2. ATIVIDADES LÚDICAS DE ESTIMULAÇÃO ....................................................................... 40

3.2.1 Experiências vivenciadas no berçário ................................................................................... 41

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................... 51

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................... 53

RESUMO

Este trabalho fala sobre o papel do movimento no desenvolvimento dos bebês, e nas implicações que impulsiona nas conquistas corporais presentes neste período de vida, provocando autonomias necessárias para as aprendizagens providas no atendimento das crianças no berçário. O objetivo geral do presente trabalho é analisar o desenvolvimento da criança dos 4 até os 18 primeiros meses de vida, tendo como pressuposto a importância das experiências corporais, já os objetivos específicos desta obra são compreender o processo de desenvolvimento da criança dos 4 aos 18 meses de idade, e identificar as experiências corporais que promovem sua autonomia. A nossa pesquisa foi elaborada com base em levantamentos bibliográficos, tendo como principais fontes, as publicações em documentos de educação, livros, artigos e sites da internet referentes ao assunto de movimento e intervenção pedagógica em berçários, no qual dialogaremos com Henri Wallon, Le Boulch e autores da pedagogia. Quanto ao conteúdo, a pesquisa está estruturada em dois capítulos, a saber: “O desenvolvimento infantil de 0 aos 18 meses” e o segundo, intitulado “A ludicidade e o movimento como propulsores da aprendizagem no berçário”. Consideramos que a estimulação é essencial para o desenvolvimento e aprendizagem dos pequeninos e que os educadores devem conhecer sobre o desenvolvimento corporal de seus alunos, para uma melhor contextualização da sua prática pedagógica aplicando-as na vida desses bebês, a fim de obter resultados significativos, respeitando cada faixa etária das crianças nas atividades propostas a elas. Reconhecemos o berçário como um espaço de essencial importância para alcançar o total desenvolvimento motor dos pequeninos e desejamos que os educadores estimulem seus alunos-bebês, procurando vivenciar junto com eles uma educação rica em ludicidade, experiências corporais e de trocas afetivas interpessoais, deixando de lado todos os entraves internos que os impossibilitem de trabalhar com mais afinco nesse processo de evolução psicomotor.

Palavras-chave: Desenvolvimento infantil. Motricidade. Berçário.

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1. INTRODUÇÃO

Dialogar sobre as crianças nas mais diferentes perspectivas nos provoca

e faz pensar que a criança é um

sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. (BRASIL, 2010, p.12) 1

Durante a nossa vida, em algum momento, sempre iremos nos deparar

com o universo infantil e, talvez, até tenhamos uma relação próxima com alguma

criança. Muitas vezes, ficamos inertes diante dela, até mesmo dentro da própria

Educação Infantil, nos questionando do que a criança é capaz de fazer dentro da

sua faixa etária e de como podemos agir para estimulá-la em seu desenvolvimento

integral. Portanto, esses questionamentos foram os principais norteadores da nossa

pesquisa.

Para darmos início a nossa pesquisa e dialogarmos sobre as crianças que

estão no berçário é interessante termos conhecimento que a Educação Infantil,

segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil, é a

primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social. (BRASIL, 2010, p.12)

Sendo assim, o berçário faz parte do primeiro nível da Educação Infantil,

oferecida em creches. Nelas, todas as experiências corporais promovem a evolução

do processo motor do bebê, favorecendo diretamente a autonomia motora. Para

tanto, metodologias fazem-se necessárias para o alcance desse objetivo psicomotor

no berçário. Entretanto, a grande questão que se deseja elucidar nesta etapa é

como fazer a criança se desenvolver a partir do movimento, em conjunto com a

afetividade e ludicidade, de modo que ela cresça integralmente. As experiências que

serão vividas, e aprendidas pelo bebê, ao longo do percurso de autonomia motora,

1 Trecho referente ao documento: Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil

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serão importantes como indicativos dinâmicos de etapas alcançadas e que se

deseja alcançar dentro de um processo contínuo de aprendizado, para que o

educador tenha a noção de como auxiliar em seu desenvolvimento integral.

“Bebê” é a denominação que usaremos nesta pesquisa para se referir a

criança que está entre os 18 primeiros meses de vida, nos quais a criança possui

especificidades que precisam ser levadas em consideração no momento das

atividades propostas pelos educadores do berçário. Os bebês são vulneráveis,

porém muito curiosos também, e necessitam da nossa atenção, do nosso cuidado e

do nosso carinho para se sentirem protegidos e confiantes. No berçário e na creche,

eles irão interagir com outros bebês, com crianças maiores, com seus educadores,

com os espaços e brinquedos, e através da sua curiosidade e estímulos recebidos

deste meio escolar, serão impulsionados a explorar tudo com o auxílio dos sentidos,

usando as mãos, boca, olhos, audição e olfato, e das mobilidades de preensão, do

engatinhar e andar.

Veremos que a motricidade é de suma importância no desenvolvimento

integral da criança, contendo dimensão psíquica e sendo “um deslocamento no

espaço de uma totalidade motora, afetiva e cognitiva” (FONSECA, 2008, p. 15). E,

através da evolução da motricidade, a criança poderá explorar o mundo ao seu

redor, construindo os seus próprios conceitos e também a consciência de si mesma.

Por isso, consideramos essa temática de fundamental importância para trabalhar

com os alunos do berçário e nos demais níveis da Educação Infantil. Também é

pertinente falarmos sobre o desenvolvimento infantil nos primeiros meses de vida,

tendo em vista a necessidade do educador de berçário conhecer e entender sobre a

evolução da criança, para melhor compreendê-lo integralmente, e pensar atividades

adequadas para sua faixa etária, pois

aqueles que cuidam das crianças devem compreender seus esquemas de crescimento, respeitar os princípios de sua evolução, entender os fatores que determinam cada fase da vida infantil. As sensações corporais se tornam o ponto de partida de suas possibilidades de ação que vão se desenvolvendo progressivamente. (NISTA-PICCOLO; MOREIRA, 2012, p. 22-23).

Ao falarmos do movimento no desenvolvimento da criança de 4 a 18

meses, também entraremos em questões pedagógicas ressaltando a educação dos

pequeninos, através da Pedagogia baseada no movimento, na inteligência

10

cinestésico-corporal, pois vemos a necessidade de estudarmos propostas

pedagógicas que atendam às especificidades dos bebês, tendo em vista que apesar

dos

bebês e das crianças bem pequenas estarem presentes na educação infantil, as propostas político-pedagógicas ainda mantêm invisíveis as suas particularidades e não têm dado atenção as especificidades da ação pedagógica para essa faixa etária. (BARBOSA, 2010, p. 2).

Por isso, o objetivo fundamental do presente trabalho é analisar o

desenvolvimento da criança dos 4 até os 18 meses de vida, tendo como pressuposto

a importância das experiências corporais. Nós iremos mostrar que a criança é um

ser social, que tem necessidade de se expressar, cabendo aos pais e educadores

entendê-las, respeitá-las e apoiá-las, orientando-as sempre, para que tenham uma

melhor expressão socioafetiva, particularmente, nos primeiros anos de vida.

Também, os objetivos específicos deste trabalho são: compreender o

processo de desenvolvimento da criança dos 4 aos 18 meses de idade e identificar

as experiências corporais que promovem sua autonomia, mostrando a necessidade

e contribuição da Psicomotricidade neste processo de formação dos infantes. Além

disso, desejamos ressaltar a importância desse conhecimento psicomotor na prática

pedagógica dos educadores do berçário e também os espaços adequados para que

esta prática aconteça, de forma segura para os bebês. Diante disso, inferimos maior

importância deste estudo como referência acadêmica, por haver poucos estudos

específicos sobre o assunto no curso de Pedagogia.

Quanto à metodologia, o presente trabalho será elaborado com base em

pesquisas bibliográficas. A pesquisa bibliográfica tem como principal fonte as

publicações em documentos de educação, livros, artigos e sites da internet que

tratassem sobre motricidade e a intervenção pedagógica em berçários. Ao longo do

trabalho, dialogaremos com alguns autores: Henri Wallon, Le Boulch, Fonseca,

Barbosa, Craidy e Kaercher, Piaget, Vygotsky, Moura, Nista-Piccolo e Moreira,

Capistrano, Cavalcanti, Goldschmied e Jackson, Elkonin, Gutman, Batllori e

Escandell, etc.

Segundo Wallon, a Psicomotricidade estuda a relação entre a motricidade

e o caráter, relacionando o movimento ao afeto, à emoção, ao ambiente e aos

hábitos do indivíduo. Ele “propôs o estudo integrado do desenvolvimento infantil,

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contemplando os aspectos da afetividade, da motricidade e da inteligência”

(CRAIDY; KAERCHER, 2001, p. 28). “Para Wallon, o estudo da criança não é um

mero instrumento para a compreensão do psiquismo humano, mas é, também, um

modo particularmente privilegiado para contribuir para a sua educação” (FONSECA,

2008, p. 12).

A nossa pesquisa foi organizada em dois capítulos, a saber: o primeiro

capítulo, intitulado “O desenvolvimento infantil de 0 aos 18 meses”, enfatizará a

presença e importância do movimento no desenvolvimento pleno da criança dessa

faixa etária; e o segundo, “A ludicidade e o movimento como propulsores da

aprendizagem no berçário”, mostrará a importância da valorização dos movimentos

no brincar, para o desenvolvimento integral da criança no berçário, enfatizando a

necessidade de fazer parte das propostas e práticas pedagógicas dos educadores

infantis. Também apresentará o berçário como um espaço estimulador para o

desenvolvimento motor, onde é pertinente ter estrutura e brinquedos adequados

para os bebês desfrutarem de tudo com segurança. Nessa perspectiva, oferecemos

sugestões de atividades lúdicas e estimulações que poderão ser adotadas pelos

educadores de berçário, a partir de exemplos observados e vivenciados em nossa

prática em sala de aula.

As minhas motivações para estudar sobre os assuntos que serão

expostos nos capítulos desta pesquisa devem-se, inicialmente, à curiosidade de

compreender os bebês e o choro deles, pois particularmente tinha dificuldades em

saber conviver com os bebês devido ao seu choro e por isso durante muitos anos da

minha vida evitei ter proximidade com eles, até que decidi estagiar com crianças de

2 anos e depois com bebês de 4 a 18 meses de vida. Durante o meu estágio no

berçário consegui superar o meu trauma do choro de bebês e compreendê-los

melhor. Estudei sobre o desenvolvimento infantil, principalmente dos bebês, pois

sentia a necessidade de entender sobre: os alunos do berçário, o motivo de suas

ações, como eu poderia ajudá-los a se desenvolver melhor, o que eu poderia

ensinar a eles com relação a conteúdos e com quais estratégias usaria para educá-

los.

Os alunos-bebês do berçário não falavam por meio de palavras sobre

eles, mas os balbucios, os gritos, os sorrisos, os choros e os movimentos dos corpos

deles me falavam muito a respeito de cada um. Através da convivência com a

prática junto aos pequeninos e com a teoria do curso de Pedagogia e da disciplina

12

de Psicomotricidade, teceu-se a formação dos meus conhecimentos para o fazer

pedagógico no berçário, no qual os estudos dos “estágios de desenvolvimento” dos

aspectos psicomotores de Wallon tiveram grande contribuição para o meu

entendimento sobre as ações dos bebês e a importância delas. Percebi que mesmo

no berçário o educar anda junto com o cuidar, os dois se complementam e são

necessários no fazer pedagógico com os alunos-bebês.

Portanto, estudar e analisar o desenvolvimento dos bebês é pertinente

para que os educadores de berçário tenham um olhar mais compreensivo e possam

trabalhar com mais propriedade de conhecimento sobre seus alunos, desenvolvendo

assim propostas de atividades que sejam lúdicas e estimuladoras nos mais diversos

âmbitos de aprendizagens.

13

2. O DESENVOLVIMENTO INFANTIL DE 0 AOS 18 MESES

Consideramos importante que o educador conheça sobre o

desenvolvimento corporal de seus alunos, para uma melhor contextualização da sua

prática na vida deles, a fim de obter resultados significativos, respeitando cada fase

etária da criança nas atividades propostas a eles, pois as “interações com a criança

podem ser mais eficientes à medida que o professor reconhece o que ela sabe e

como ela compreende o que está sendo ensinado” (Moreira; Pereira; Lopes, 2009

apud NISTA-PICCOLO; MOREIRA, 2012, p. 88). Sendo assim, nós faremos uma

breve jornada sobre o desenvolvimento infantil que engloba em sua integralidade os

aspectos: físicos (os cinco sentidos e a mobilidade), os emocionais, os sociais e os

cognitivos da criança. Neste capítulo, nos deteremos a esses aspectos relacionados

aos primeiros meses de vida – período de 0 a 18 meses – faixa etária que

denominamos a criança como “bebê”, e que estará inserido no primeiro nível do

berçário, ou creche.

2.1 OS CINCO SENTIDOS DA VIDA

A história do bebê começa ainda dentro do útero, onde ele tinha todas as

suas necessidades fisiológicas supridas automaticamente, e o nascimento mudará

tudo isso (Le Boulch, 1982). Logo depois que vence o desafio de nascer, ele tem

que aprender a respirar e decifrar o mundo ao seu redor. Ele agora está em um

ambiente hostil e desconhecido, onde um dos instintos/necessidades mais urgente

desse ser tão pequeno é o de ser alimentado.

No início é bem difícil, a visão ainda está em desenvolvimento e, por isso,

não visualiza as imagens de forma nítida, ele enxerga tudo como grandes borrões.

Felizmente, existe um ponto de foco nítido na distância média de 20 a 30

centímetros do rostinho do bebê (Batllori e Escandell, 2014), e é exatamente a essa

distância que fica o olhar amoroso da mamãe que o alimenta. Ou seja, durante o

primeiro mês, o bebê contemplará apenas os objetos e pessoas que estiverem

nessa distância focal, e, posteriormente, poderá aprender a seguir objetos que se

movam com a orientação do adulto. Nessa fase, o que atrai os bebês são as cores

chamativas (vermelho, azul marinho, amarelo), e contrastantes (branco e preto), por

14

isso, brinquedos de pelúcia, emborrachados, chocalhos e mordedores, com as cores

preto e branco e as cores fortes e chamativas atrairão a atenção visual dos bebês.

Conforme Elkonin (1998), a visão e a concentração são fatores

importantes no surgimento dos movimentos coordenados das mãozinhas do bebê.

No momento em que ele fixa o olhar e contempla um brinquedo de cor viva ou o

rosto de um adulto, ele tenderá a se animar e tocar casualmente as mãos no objeto

ou no adulto. Com o passar do tempo, o tocar nos objetos deixará de ser casual e se

tornará intencional, à medida que ocorre a evolução das coordenações visomotoras

(olho-mão) que culmina no ato de preensão e subsequente sujeição de objetos.

Entre o período dos 4 a 7 meses, o bebê, ao ver o objeto a curta distância, já tentará

alcançá-lo e agarrá-lo. Nesse processo, os adultos têm o papel de estimular o

aperfeiçoamento da formação de preensão dos bebês.

O adulto suscita a concentração no objeto, coloca-o a uma distância na qual a criança começa dirigindo a mão para ele, e afasta-o, obrigando a criança a estirar-se na direção dele; se a criança estende as mãos para o objeto, o adulto desloca-o até que entre em contato com as mãos da criança etc. Transcorre precisamente desse modo o desenvolvimento da orientação da criança no espaço e a direção independente dos movimentos baseados nessa orientação. Em todas essas situações o centro é o adulto. (ELKONIN,1998, p. 210)

A visão do bebê pode não ser uma maravilha, mas a sua natureza

compensa tudo com a audição. O ouvido interno, geralmente, já vem funcionando

muito bem desde o útero (GUTMAN, 2012). A voz da mãe é reconhecida logo na

primeira semana após o nascimento e ao longo do tempo. Também, reconhecerá as

músicas que ela ouvia durante a gravidez, pois o bebê vai formando a sua memória

musical ainda dentro da barriga da mãe.

O paladar dos pequeninos também já vem funcionando desde o

nascimento, e um dos sabores preferidos por eles é o doce. A boca é uma das

primeiras zonas corporais a estabelecer relação com o mundo exterior, pois o bebê

“estabelece uma relação mágica com o mundo através da boca, na medida em que

a sua primeira necessidade vital envolve a alimentação, mediatizada pela mãe”

(Freud, s.d apud FONSECA, 2008, p. 135). Sendo assim, o ato de mamar, sugar

objetos e as extremidades do próprio corpo (mãos e pés) provocam, no bebê,

sensações agradáveis, pois estão conectadas com o centro de prazer ou circuito de

15

recompensa do cérebro. Também, SAMPAIO (1984, p. 26) afirma que os bebês

“põem tudo na boca com o objetivo de começar a conhecer o mundo em torno de si”.

O tato é uma percepção forte no bebê desde o útero, já estimulado com

as caricias da mãe na própria barriga. E ao nascer, é capaz de notar, através da

pele, o calor, as vibrações e os movimentos da mãe e das pessoas que o pegam no

colo. Mais tarde, ele será estimulado a experimentar as texturas dos objetos e dos

espaços que o cercam. O olfato, assim como o paladar, o tato, e a audição já vêm

exercendo a sua função desde o primeiro dia em que o recém-nascido tem contato

com o ambiente externo ao útero. Os “bebês que mamam no peito reconhecem a

mãe pelo cheiro no fim da primeira semana” (GUTMAN, 2012, p. 3). O olfato deles

ainda é bem sensível nos primeiros meses, por isso devemos evitar a aproximação

de cheiros fortes, com intuito de não irritá-los.

Como podemos ver, os bebês já nascem com os cinco sentidos

funcionando, “alguns mais desenvolvidos do que outros; o paladar, o tato e o olfato

do recém-nascido são mais desenvolvidos, enquanto a visão é menos desenvolvida”

(GUTMAN, 2012, p. 3). Porém, todos os sentidos são fundamentais para que o bebê

possa sentir e aprender sobre o seu ambiente, dessa forma, eles contribuem em seu

desenvolvimento integral em consonância com a mobilidade. De acordo com

FONSECA (1998, p. 148), a estimulação sensorial é “ampliada de acordo com a

estimulação social, envolvendo todas as modalidades sensoriais: proprioceptivas2 e

telerreceptivas (audição e visão)”.

Uma atividade pedagógica interessante para realizar com os alunos do

berçário e explorarem todos os cinco sentidos é o Cesto dos Tesouros, onde terão

vários objetos dentro de uma cesta, no próximo capítulo estaremos falando melhor

como desenvolvê-la, mas adiantamos que ela pode ser desenvolvida com elementos

da natureza, como por exemplo, o caroço do abacate, pedra-pomes, folhas de

eucalipto, maçãs, garrafa pet com sementes e outra com água gelada ou com gelo.

Nessa atividade estaremos estimulando cada um dos sentidos que

estudamos neste tópico, pois todos eles são importantes para o desenvolvimento do

conhecimento dos bebês sobre o mundo ao seu redor, através das experiências

corporais. O contato dos pequeninos com todos os objetos mencionados estarão

desenvolvendo a percepção tátil com relação aos formatos, texturas (áspero, liso,

2 Aqui se refere ao tato e a cinestesia.

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duro, mole) e sensações térmicas através da garrafinha com água gelada ou com

cubinhos de gelo, a audição com os barulhos de cada objeto ao ser balançado ou

jogado no chão (principalmente das garrafinhas com sementes e com cubinhos de

gelo), o olfato com as folhas de eucalipto e a maçã, também estarão desenvolvendo

o paladar, pois poderão morder e experimentar a maçã, e a visão que estará atenta

às cores e aos detalhes de cada um desses elementos da natureza. Inclusive esta

proposta de atividade é uma das formas de trabalhar os conteúdos de “Movimento”,

“Natureza e Sociedade” presentes no Referencial Curricular Nacional para a

Educação Infantil.

Diante da teoria e da proposta dessa atividade percebemos a importância

dos cinco sentidos na aprendizagem dos pequeninos e na prática pedagógica no

berçário. No próximo tópico, acompanharemos o desenvolvimento psicomotor do

bebê de acordo com os estágios instituídos por Wallon, o impulsivo, o tônico

emocional e, o sensório motor.

2.2. HENRI WALLON E A EVOLUÇÃO GLOBAL DA CRIANÇA

Henri Wallon é um dos autores pioneiros sobre a teoria e prática da

psicomotricidade. Ele foi filósofo, psicólogo e médico que se preocupava em estudar

a criança, contribuindo para a educação desta, como também em estudar o papel da

motricidade na ontogênese do psiquismo. Assim, dedicou-se aos estudos da pessoa

por completa, analisando seus domínios afetivos, cognitivos, e motores de forma

integrada. Dessa forma, o estudo da criança foi fundamental em sua teoria.

Para acompanhar a leitura feita por Wallon é preciso um esforço para escapar de um raciocínio dicotômico, que fragmenta a pessoa (ou motor ou afetivo; ou afetivo ou cognitivo), na direção de um raciocínio que apreenda a pessoa como se constituindo dessas dimensões em conjunto. Essas dimensões estão vinculadas entre si, e suas interações em constante movimento; a cada configuração resultante, temos uma totalidade responsável pelos comportamentos daquela pessoa, naquele momento, naquelas circunstâncias. (MAHONEY; ALMEIDA, 2012, p. 12)

De acordo com Wallon (s.d apud Fonseca, 2008), os aspectos

psicomotores das crianças estão divididos nos seguintes estádios: impulsivo, tônico-

emocional, sensório-motor, projetivo, personalístico, da puberdade e da

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adolescência. Mas, em nossa pesquisa, nos deteremos apenas aos três primeiros.

Antes de falarmos sobre eles, é importante considerarmos que “a cada estágio de

desenvolvimento infantil há uma reformulação e não simplesmente uma adição ou

reorganização dos estágios anteriores, ocorrendo também um tipo particular de

interação entre o sujeito e o ambiente” (CRAIDY; KAERCHER, 2001, p. 28).

O primeiro estádio ou estágio que veremos é o impulsivo, que atende a

fase de 0 aos 6 meses. Assim que o bebê nasce, ele se sente em um ambiente

hostil, totalmente diferente do útero da mãe onde ele tinha tudo o que precisava

automaticamente, e, devido a isso, ele se sente muito inseguro e precisa da ajuda

dos adultos para sobreviver e protegê-lo. Durante os momentos de espera pelo

outro, o bebê pode sentir ansiedade e desconforto, e, para evitar isso, Wallon nos

adverte:

É-lhes indispensável uma assistência a todos os instantes. É um ser cujas reações têm todas as necessidades a ser completadas, compensadas. Incapaz de efetuar algo por si só, é manipulado por outrem, e é nos movimentos do outro que tomarão forma as primeiras atitudes. (s.d apud MAHONEY; ALMEIDA, 2012, p.19-18).

O vínculo afetivo do bebê vai estar relacionado à sensação de segurança

e tranquilidade. Portanto, quem transmitir uma melhor acolhida, mais carinho e

proteção, terá o seu afeto e confiança. A tendência é de que o primeiro vínculo

afetivo do recém-nascido seja com a mãe, tendo em vista que ela é quem fornece o

alimento, o aconchego, e é a dona da voz que ele ouvia quando ainda estava no

ventre dela, trazendo de tal modo uma espécie de confiança, criada através da

memória auditiva. Além de ter um toque sensível e amoroso ao pegá-lo, essa

ligação entre mãe e o bebê é tão grande que ele se sente como um membro do

corpo da mãe, indissociável dela.

Até mais ou menos os seis meses de vida, o bebê sente-se como parte de um corpo fragmentado - completado por sua mãe. Na medida em que cresce, adquire maior mobilidade, sofre intervenções do ambiente e deixa de ser amamentado, o bebê começa a perceber-se como um ser distinto. (NADAL, 2011, s.p).

Nos primeiros três meses, o bebê apresenta movimentos reflexos

involuntários, impulsivos, descontínuos. Ou seja, ele não tem coordenação motora e

nem intencionalidade, porém tais movimentos ajudam-no a diminuir o seu estado de

18

tensão, causado por momentos de desconforto, insegurança e ansiedade, por

elementos internos e externos. A impulsividade motora é o único recurso para

manifestar qualquer sensação de bem estar ou mal-estar na mais tenra idade. Sobre

isto, FONSECA (2008, p. 22) concorda com Wallon, ao afirmar que:

A ação, no entanto, já é portadora de uma carga afetiva que alterna entre o bem-estar e o mal-estar, condições somáticas que, necessariamente, na sua fase inicial, irão se manifestar através de descargas motoras indiferenciadas.

Le Boulch (1982) comenta que o comportamento, nesses primeiros

meses, organiza-se sob a influência de estímulos sensoriais e que, por volta da

sexta semana de vida, a criança já poderá associar a satisfação e a insatisfação de

suas necessidades fundamentais, pois o lobo límbico3 torna a criança capaz de

relacionar como sente as características objetivas do ambiente.

Ainda no estágio impulsivo, o bebê não entende que os seus braços e as

pernas fazem parte do seu corpo, até que enfim começam a descobrir as suas mãos

e os pés e começam a brincar com eles, experimentando-os ao colocá-los na boca,

onde há muitos receptores sensoriais (Wallon, s.d apud Fonseca, 2008).

No primeiro mês de vida, as suas mãozinhas mantêm-se fechadas na

maior parte do tempo, enquanto que no segundo mês ficam por muitas vezes

abertas, e, geralmente, tudo o que toca nelas o bebê age com o reflexo de agarrar,

não tendo a coordenação voluntária para abrir a mão e soltar o objeto (Batllori e

Escandell, 2014). Com o passar do tempo, o bebê começa a ter movimentos

intencionais e com coordenação, podemos ver isso nas observações de

Abramóvitch (1946, apud ELKONIN, 1998, p. 209), nas quais o autor descreve que

“no período compreendido entre quatro e sete meses, o bebê, ao ver um objeto a

curta distância, estende imediatamente a mão e procura alcançá-lo”. Em diálogo

com as observações de Abramóvitch, Piaget também comentou sobre essa fase e

nos faz entender que a formação da ação de agarrar está baseada na concentração

e coordenação visomotora (olho-mão), ou seja, da visão no objeto que se encontra

na mão.

3 Lobo límbico é uma região do córtex cerebral constituída por neurônios relacionados ao

comportamento emocional, sexual e processamento de memória.

19

Entre os três e os seis meses, [...] a criança começa a agarrar o que vê, a levar para diante dos olhos os objetos em que toca, enfim, a coordenar o seu universo visual com o universo tátil. Mas será preciso esperar até os 9-10 meses para que se produza a busca ativa dos objetos desaparecidos, sob a forma de uma utilização da preensão para afastar os sólidos suscetíveis de ocultar ou cobrir o objeto desejado. (PIAGET4, 1975, p.20).

Com base na teoria de Wallon (s.d apud MAHONEY; ALMEIDA, 2012), a

fase impulsiva dará lugar ao próximo estágio a partir do momento em que a

maturação dos sistemas de sensibilidade intero5, próprio6 e exteroceptivo7, em

conjunto com a ação do meio humano, exercerem um sobre o outro influências

recíprocas, pois, através disto, ocorrerá progressos na evolução da criança cujos

movimentos impulsivos se transformarão em movimentos que traduzem meios de

expressão e formas de comunicação mais elaborados.

O segundo estádio é o tônico-emocional, que atende à fase dos 6 aos 12

meses. Durante essa fase, “a consciência esboça as suas primeiras aquisições”

(Wallon, 1928 apud FONSECA, 2008, p.24) e, com isso, o bebê passa a ter

movimentos significativos, com alguma finalidade. É através do movimento que ele

irá interagir e se relacionar com o mundo ao seu redor, com as pessoas e objetos. O

movimento é utilizado como um meio do bebê expressar as suas vontades, as

atividades que estão nele interiorizados em sua mente, como diz Wallon (s.d apud

MAHONEY;ALMEIDA, 2012, p. 26) a respeito das experiências de trocas:

“possibilitam à criança diversificar e concretizar suas atitudes de forma cada vez

mais elaborada, aguçar sua atenção e antecipar situações, tornando suas atitudes

cada vez mais intencionais”.

Também é nessa etapa que o bebê aperfeiçoará o seu equilíbrio e

evoluirá da postura deitada para a sentada - almofadas poderão ser utilizadas como

apoio para ajudá-lo a ficar sentado até que adquira equilíbrio e força para estar

4 Piaget se preocupava em compreender o papel da ação no desenvolvimento do pensamento.

5 A sensibilidade interoceptiva é quando o bem-estar do bebê está ligado aos sinais dos órgãos

internos, que fazem chegar ao seu cérebro as excitações que vêm das paredes das vísceras, como por exemplo, as sensações de fome, sede, entre outros referentes aos movimentos de digestão e aos processos respiratórios (Mahoney; Almeida, 2012). 6 A sensibilidade proprioceptiva está relacionada com a motricidade vertebrada e com as

competências ou aquisições mais elementares da locomoção, como o reflexo da reptação (arrastar-se) e a quadrupedia. As suas terminações sensitivas estarão localizadas no aparelho muscular, tendões e nas articulações. Neste caso, o centro da atividade e bem-estar do bebê serão a motricidade, sob os efeitos dos estímulos intero e proprioceptivos. 7 Esta sensibilidade relaciona-se com a exploração, descoberta e o conhecimento do mundo exterior.

Ela estará baseada em descargas motoras para reduzir as tensões, que não conseguem sofrer inibição, provenientes aos estímulos externos ainda incipientes.

20

nesta posição sozinho – bem como da fase de arrastar-se (na qual recebe variadas

sensações da superfície) para engatinhar. Graças a essas transições motoras, ele

conquistará novos espaços e poderá ter mais liberdade de movimentos para

manusear os objetos almejados, aperfeiçoando o movimento de preensão, e que,

integradas ao sentido tátil-cinestésico, proporcionarão à criança “uma nova

concepção de si mesma e da realidade” (FONSECA, 2008, p. 17).

O desenvolvimento psicomotor continua a progredir e o bebê começa a

arriscar-se a ficar em pé sozinho e gradativamente, ao conseguir força muscular e

equilíbrio sustentado, ensaia os primeiros passinhos, inicialmente com ajuda dos

adultos ou segurando nos móveis. Somente quando sentir-se seguro é que tentará

andar sozinho, alcançando assim duas grandes conquistas biológicas, a postura

bípede e a mobilidade de marcha, adquirindo um novo ângulo de visão dos espaços.

É interessante que os educadores de berçário não limitem os movimentos

dos bebês deixando-os “presos” constantemente em aparelhos andadores ou em

carrinhos de bebês na tentativa de apaziguar o ambiente da sala de aula, tendo em

vista que é normal eles quererem explorar o espaço escolar através dos movimentos

corporais de preensão, arrastar, engatinhar e andar, pois é por meio desses

aspectos que os bebês se desenvolveram plenamente. Não devemos pular ou

deixar de estimular nenhuma das etapas psicomotoras dos pequeninos, já que todas

são importantes e tem reflexos na aprendizagem deles tanto no presente quanto

futuramente. Diante disso, daremos continuidade ao nosso diálogo sobre o estágio

tônico-emocional.

Neste estágio, os movimentos já estão mais coordenados e com

significado comunicativo, pois os bebês começam a ter reações expressivas e

mímicas, por meio das mãos, dos balbucios, e onomatopeias, sobre o que desejam

naquele momento. Todavia, a emoção ainda é “o verdadeiro e quase único

detonador da ação, ou seja, uma pré-linguagem de verdadeiro significado

interafetivo e inter-social, na medida em que as expressões emocionais dependem

da relação com os outros” (FONSECA, 2008, p. 25). Percebemos isso nos

momentos de interação com o bebê, nos quais podemos transmitir os nossos

sentimentos (alegria, tristeza, chateação, medo) para ele, por meio do tom da voz,

dos gestos intensos ou delicados, das carícias, das expressões faciais, das mímicas,

do abraço, do toque. Dessa maneira, a afetividade vai nascendo através das

emoções vindas do corpo, e é por meio deste que o bebê corresponderá a nós, seja

21

com gritinhos, sorrindo, chorando, ou com serenidade no olhar. Quando o bebê fica

alegre ou satisfeito por algo, o tônus do seu corpo relaxa (hipotonicidade), já quando

fica com raiva, insatisfeito ou com dor, o tônus reage com tensão ficando aumentado

(hipertonicidade).

Neste período de 6 a 12 meses, a afetividade e a presença do outro é

mais importante e estimulante do que distrair-se com objetos atrativos, tendo em

vista que os brinquedos só são mais interessantes quando apresentados pelos pais

ou pelos educadores, o que deixa claro que os adultos são fundamentais na

construção da afetividade, dando

significado aos gestos, posturas e choros das crianças, manifestações corporais essas que possuem um potente efeito de contágio emocional e que acabam por produzir entre eles vínculos muito importantes e essenciais ao seu desenvolvimento psicomotor. (FONSECA, 2008, p. 26)

Estes vínculos entre os adultos e o bebê, em meio às relações de troca,

somado ao atendimento das suas necessidades acentuam a atenção e antecipação

de situações, tornando as suas atitudes cada vez mais intencionais, dando origem à

consciência subjetiva e à individualidade da criança. Isto é, a afetividade e a

inteligência passam a conviver juntas.

Ainda neste estágio, o bebê começa a realizar as atividades circulares,

que consistem em ações repetitivas as quais irão propiciar aprendizagens

importantes, anunciando o próximo estágio, o sensório-motor. Os movimentos

dessas atividades iniciam de forma casual, mas

serão repetidos intencionalmente pela criança, levando-a a investigar a conexão entre seus movimentos e seus efeitos e a variação dos efeitos diante das variações dos movimentos, ajustando cada vez mais seus gestos aos resultados obtidos e tornando-os, assim, mais precisos e úteis. (MAHONEY; ALMEIDA, 2012, p. 27).

Um exemplo disso é quando o bebê está segurando um molho de chaves,

começa a sacudi-lo e depois para, em seguida, repete a mesma ação várias vezes,

até que o molho de chaves casualmente cai no chão. Diante dessa descoberta

interessante, ele passa a deixá-lo cair propositalmente e, então, começa a jogá-lo no

chão repetidamente, em diferentes direções e em intensidades de força variadas,

como se estivesse fazendo um estudo analítico do movimento e de barulho do

22

objeto, em consonância com o movimento do seu corpo e da força do seu braço.

Muitos adultos, por não entenderem este processo, se aborrecem de ter que

apanhar o objeto diversas vezes do chão e devolvê-lo ao bebê, e este, por sua vez,

enquanto não cansar ou o adulto não guardar o objeto, continuará a repetir as

mesmas ações.

Durante o período do meu estágio no berçário, verifiquei diversas vezes

situações parecidas com o exemplo que mencionei. Lembro que os alunos-bebês

começaram a experimentar jogar os objetos no chão, talvez por fazer barulho ou

para verem a distância que conseguiam lança-los, e, muitas vezes, eu e a

professora íamos pegar o brinquedo jogado pela janela, de cima da cadeira de

alimentação ou de dentro do cercadinho. Por vezes, os mesmos movimentos se

repetiam dando início a uma brincadeira, na qual eles lançavam bolinhas e nós,

educadoras, tínhamos que pegar e jogar ou dar para eles repetirem os mesmos

movimentos de lançar. Antes de conhecer sobre a importância dessas ações para o

desenvolvimento dos bebês, eu considerava-as como atitudes irritantes sem sentido

ou até mesmo como uma forma de birra das crianças, mas graças aos estudos

desses estágios psicomotores hoje eu sei o quanto estava equivocada.

Isto posto, podemos afirmar que estas atividades circulares são formas de

aprendizagens pertinentes para que o bebê desenvolva os seus campos sensoriais,

a exploração e percepção, a preensão pela manipulação, a motricidade global, as

expressões de emoção, tais como euforia ou descontentamento, e a linguagem, pois

é através da atração da sua voz à audição que ele se sentirá motivado a repetir e

treinar mais os seus balbucios e entonações, desenvolvendo alguns fonemas. Dessa

forma, o bebê vai progressivamente se despedindo do estágio tônico-emocional e

evoluindo no conhecimento sensório-motor, que terá uma perspectiva voltada para o

cognitivo.

O terceiro estádio ou estágio é o sensório-motor, este abrange a idade

dos 12 aos 24 meses. Devido às fases anteriores, as relações do bebê com os

outros, com os objetos e com o meio em que vive, favoreceram novos

conhecimentos que progressivamente promoveram um amadurecimento de suas

sensações, emoções e ações. Nesse momento, a cognição já está mais aparente

em suas ações e atitudes dominando a fase afetiva e a criança ainda utiliza, com

curiosidade, as atividades circulares como uma forma de exploração e investigação

da realidade exterior a ela.

23

Os objetos que a rodeiam começam a ser para ela uma oportunidade de movimentos que não têm muito a ver com sua estrutura. Ela os atira ao chão, observando seu desaparecimento. Tendo aprendido a agarrá-los, desloca-os com força, como para exercitar os olhos a encontrá-los em cada nova posição. Se eles têm partes que se entrechocam, ela não para de reproduzir o som percebido, agitando-os de novo. (Wallon, 1994, apud MAHONEY; ALMEIDA, 2012, p.32).

A manipulação dos objetos, o estudo deles e da ação e efeito sobre eles

demonstram o desenvolvimento da inteligência sensório-motora na construção da

realidade, na qual os gestos inúteis, sem resultados satisfatórios, são descartados.

Neste processo de conhecimento, o bebê vai antecipando o fim de suas ações e, ao

mesmo tempo, adquirindo consciência corporal de cada parte do seu corpo através

das sensações viscerais e musculares agradáveis, provocadas pelos seus gestos, e

é devido a estas sensações de satisfação que ele se sente induzido a repeti-las.

Outro fator interessante ocorre nos novos espaços, onde percebemos “a tentação

que os objetos do envolvimento constituem para a criança são uma simbiose

motora, afetiva e cognitiva. Ela quer mexê-los e senti-los muito antes de reconhecê-

los ou percebê-los” (FONSECA, 2008, p. 28). Os bebês, quando querem ver um

objeto atrativo que está na estante ou em nossa mão, tentam logo pegá-lo, ou seja,

sentem o desejo de tocar, de sentir com as mãos, como se a visão acontecesse pela

percepção tátil das extremidades do corpo e também pelos receptores da boca. À

vista disso, podemos afirmar que fica nítida a complementaridade dos sentidos junto

à motricidade.

Já com o desenvolvimento da marcha bípede o bebê ganha mais

autonomia motora e poderá explorar os ambientes ao mesmo tempo em que pode

manusear objetos. Trata-se de “um momento de reconhecimento espacial dos

objetos, de si mesmo e de maior diversidade de relações com o meio” (MAHONEY;

ALMEIDA, 2012, p. 33). O que muitas vezes gera motivos de preocupação nos

adultos, tanto nos pais quanto nos educadores, pois terão que redobrar a atenção

nos quesitos de segurança do ambiente para o bebê, uma vez que, nesse momento,

ele utiliza, inteligentemente, as duas mãos para pegar mais de um objeto por vez,

conforme a explicação de Fonseca (2008) de que uma das mãos tem a função de

iniciativa e a outra a função de auxiliar, e progressivamente cada mão passa a ter o

seu papel seja na exploração ou no brincar. A linguagem começa a surgir durante

esta interação com os objetos, pois estes passam a ser nomeados, indicados,

24

localizados pela criança que também já diferencia gradativamente entre um ou outro,

quanto à cor, forma e tamanho. Diante disto, Wallon explica que:

A criança com a marcha e com a linguagem tem novas possibilidades para objetivar e concretizar os seus desejos e necessidades, ela acaba por se distanciar das ações e situações imediatas, pode agora prolongá-las no espaço e no tempo, pode recordá-las, rechamá-las, antecipá-las e imaginá-las. (s.d apud FONSECA, 2008, p. 29).

Nessa perspectiva, podemos constatar que as funções macro (marcha

bípede) e micromotoras (preensão), junto com uma oromotricidade (linguagem),

permitem a oportunidade dos bebês entrarem no mundo simbólico, onde os gestos

são considerados como instrumentos não verbais, vão servir para conduzir suas

ideias e noções, ou seja, o gesto precede a palavra (Wallon apud Fonseca, 2008).

Um exemplo disso acontece quando a criança-bebê direciona-se a um adulto e

aponta para algo que deseja pegar, mas que não consegue alcançar, e através

desta atitude solicita a ajuda, ou ainda quando quer se referir a algo grande abrindo

os braços para representar o tamanho do objeto ou pessoa. Nessa fase é

interessante que os adultos cantem músicas e contem histórias infantis para as

crianças com a presença dos gestos, para trabalhar essa questão simbólica, pois o

conhecimento vai surgindo das ações.

Como já mencionamos anteriormente, neste estágio, o bebê vai

adquirindo a consciência corporal, na qual o eu destaca-se do não-eu. E para que

esta fase de identificação se consolide, é necessário que a criança pequenina faça a

relação de sua imagem com a imagem especular diante dela. Por isso, perceber que

o reflexo do seu corpo no espelho é ela própria, e relacionar consigo mesma, é uma

aquisição cognitiva muito significativa, que está por trás da formação do eu. Wallon

(s.d apud Fonseca, 2008), (s.d apud Mahoney; Almeida, 2012) descreve algumas

fases da criança ao estar diante de um espelho aos seis meses de idade, quando

ainda se encontrava no estágio tônico-emocional, nas quais o bebê não percebia

que a sua imagem estava refletida no espelho, porém, com o passar do tempo, fixa

o olhar na imagem, onde finalmente observa seus movimentos e tenta pegar a

imagem. Porém, suas tentativas são frustradas, ele não consegue pegar aquele(a)

desconhecido(a).

25

Já com um ano de idade e na presente fase sensório-motora, ao ver sua

imagem, o bebê interage com ela, brincando com o seu corpo e fazendo jogos de

mímica. Nesse momento, também há tentativas de pegar a imagem e virar o espelho

para ver se ela está por trás, mas não encontra ninguém. Depois de recuperar-se da

sua frustração, a criança retorna a brincar com a imagem, beijando-a, tocando-a,

acariciando-a e dando-lhe vida própria. Apenas aos dois anos de vida, com alguns

avanços cognitivos alcançados, é que, finalmente, o bebê tem acesso a sua auto-

imagem, pois atribui a si mesmo a sua imagem refletida no espelho, possibilitando

essa incorporação das partes de seu corpo à unidade corporal .

Enfim, como vimos, os bebês evoluem do comportamento reflexo motor

(estágio impulsivo) para os atos simples e repetitivos, carregados de sensações

corporais (estágio tônico-emocional, e sensório-motor) para depois ir para as

atividades simbólicas, mímicas e adquirir consciência corporal (sensório-motor).

Diante do que foi posto, fomos capazes de constatar que o corpo é um lugar de

aprendizagem para os bebês, e que os movimentos são os caminhos, as pontes

para essa aprendizagem e desenvolvimento global. Sendo assim, os conteúdos

pedagógicos no berçário deverão ser vivenciados através de atividades e

experiências corporais e sensoriais. No próximo tópico falaremos sobre as formas de

comunicação dos bebês com os adultos.

2.3 COMUNICAÇÃO E MOVIMENTO

Como vimos anteriormente, o movimento é a nossa primeira comunicação

com a nossa genitora, com o outro e com o mundo à nossa volta.

Desde os primeiros meses de vida, a criança consegue se comunicar com o meio social em que vive, seja através de choro, do sorriso, dos gestos em geral, ou seja, ela ‘fala’, produz linguagem(s) própria(s) da etapa da vida. (MOURA, 2012, p. 59)

Através do movimento podemos expressar alegria, carinho, raiva, tristeza

e muitos outros sentimentos. Em muitos momentos percebemos que o nosso corpo

fala o que palavras, às vezes, não dizem, e percebemos isso principalmente entre os

bebês.

26

O choro é uma das formas de comunicação, que apesar de ser

rudimentar é bem eficiente para o bebê chamar a atenção de seus responsáveis e

de produzir vínculos afetivos importantes para o seu desenvolvimento psicomotor.

Há diferentes tipos de choro e cabe aos adultos reconhecê-los e entender o seu

motivo, pois ele geralmente ocorre porque a criança se encontra em uma situação

desconfortável, seja por fome, por hiperestimulação dos sentidos, por cansaço, por

sono, por fralda molhada de excreções, por calor ou frio, por cólicas, por dor, por

carência, por saudades da mãe ou do pai (no ambiente de creche), por sede, por

uma posição incômoda, por irritabilidade de não conseguir alcançar um brinquedo ou

espaço almejado. Por isso, os educadores devem ficar atentos ao choro dos bebês,

pois estão querendo comunicar algo que não está satisfatório para eles. Segundo

Fonseca (2008), a atividade do bebê acaba por afetar a atividade dos adultos que o

rodeiam, uma vez que ele afeta, porque contagia e solicita para que os outros o

correspondam, satisfazendo as suas necessidades. Ainda com relação ao choro dos

bebês, Goldschmied; Jackson (2006) cita que é importante que diante de um choro

persistente da criança o educador mantenha a calma procurando respirar através do

diafragma ao invés da parte superior do tórax, essa atitude ajudará a amenizar a

tensão/o estresse corporal para permitir a possibilidade de escutar

compreensivamente o choro do bebê, mantendo o autocontrole em tal situação,

agindo e falando serenamente, transmitindo-o segurança e conforto.

Isso evita que levantemos a voz, e nos permite oferecer uma massagem suave, em vez dos costumeiros tapinhas agitados, de jogar o bebê para cima e para baixo e da conversa ansiosa com que os adultos muitas vezes expressam sua própria angústia quando uma criança não pára de chorar. (GOLDSCHMIED; JACKSON, 2006, p. 101).

Ainda sobre esse assunto CRAIDY; KAERCHER (2007, p. 35-36) afirmam

que:

Cabe ao adulto: não manifestar irritação diante do choro infantil, rotulando a criança de “chorona”, “mimada”, etc; dar colo e aconchego não deve ser considerado como um precedente para tornar a criança “manhosa”; tentar perceber o motivo do choro é fundamental para uma intervenção adequada, sanando assim a necessidade daquela criança.

27

De acordo com Le Boulch (1982), o bebê demonstra a necessidade de se

expressar e comunicar de acordo com as interações afetivas que ele recebe do meio

adulto. As expressões podem acontecer através do choro, dos gritos e das

onomatopeias em forma de vogais ou do balbuciar, e então ocorre a fala

propriamente dita. A linguagem e a motricidade estão intimamente ligadas, pois a

interação com o adulto primeiro virá no âmbito corporal e paulatinamente se tornará

em corporal e verbal, ou seja, a criança fala ou tem o desejo de falar através de

trocas afetivas e corporais com o meio em que vive.

A criança bebê é um ser social que, por esse motivo, tem a necessidade de

viver em grupo e de comunicar-se com os demais, isso o levará a por em prática e

improvisar suas próprias formas de expressões verbais. No início, o bebê expressa-

se no âmbito motor por movimentos, gestos corporais e faciais, mas depois chega à

etapa da linguagem expressiva.

[...] a partir das cinco a seis semanas, o sorriso da criança demonstra bem que ela reconhece a voz ou as figuras familiares, ao passo que os sons ou imagens inabituais a deixam mergulhada na perplexidade ou na surpresa. (PIAGET, 1975, p.13)

É interessante que os adultos conversem com o bebê sobre o que há ao

seu redor e descrevam o que estão fazendo junto com ele, de uma maneira simples

de entender, pois assim estimulam um repertório variado de palavras para o

vocabulário do pequenino. Por exemplo, durante a Hora do Banho que é um dos

momentos da rotina do berçário, nós - os educadores - enquanto passamos o

sabonete no bebê podemos falar as partes do corpo dele para que possa tentar

assimilá-las, ao trocar a fralda podemos explicar que ela será trocada porque está

molhada ou suja. Assim, também estaremos estreitando os nossos vínculos e

dando-lhe mais segurança, pois ele nota que estamos o dando atenção. Apesar de

ainda não possuir um grande repertório vocabular, já fará ensaios de palavras e

também entenderá um pouco melhor o que falamos para ele. Também é

interessante fazermos o uso de gestos e mímicas que expressem as nossas

palavras, isso o ajudará a comunicar-se conosco.

Portanto, é válido dizer que:

Conversar com os bebês é importante para sua constituição, mas também é importante observar nosso corpo, nossa expressividade nessa relação que é impressa de extraverbais (Bakhtin 1976) que

28

completam nossa comunicação com o outro: o tom da voz, o olhar de aprovação, desaprovação, alegria, entusiasmo, o gesto feito com cuidado ou rapidez, a força ou a leveza do toque, a espera ou não pela resposta do outro. Os adultos que trabalham com bebês não conversam oralmente o tempo todo com eles, seria ilusório fazer tal afirmação, todavia, falam ou dialogam constantemente por meio do corpo e de suas ações. (SCHMITT, 2011, p. 24).

Enfim, o trabalho com os bebês não é apenas da ordem do cuidar, mas

também o de educar, pois o cuidar e o educar caminham juntos. O pedagogo tem

que ter sensibilidade e compreensão para ouvir a criança por mais que ela ainda não

diga palavras, mas os movimentos corporais dela sempre terão algo a nos dizer. Ser

pedagogo é ter ouvidos e olhar curioso, pesquisador e estudar o que ainda não

entende. Logo, conhecer as fases do desenvolvimento infantil é importante para

planejar as práticas/atividades educativas que ajudarão na formação dos bebês.

Diante disto, veremos no próximo capítulo assuntos, detalhes e atividades

pertinentes para trabalhar com as crianças que estão no berçário, tendo em vista

que “o professor precisa conhecer as teorias de desenvolvimento, de aprendizagem,

de personalidade que os livros ensinam” (MAHONEY; ALMEIDA, 2012, p.86), mas

também o conhecimento da prática para enriquecer as teorias e vice-versa.

29

3. A LUDICIDADE E O MOVIMENTO COMO PROPULSORES DA

APRENDIZAGEM NO BERÇARIO

O “Movimento” é um dos eixos de trabalho sugeridos pelo Referencial

Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), no intuito de construir

diferentes linguagens pelas crianças, assim como suas relações com os objetos de

conhecimento (BRASIL, 1998, p. 8). Ele deve ser trabalhado em conjunto com os

demais eixos de conhecimento que são: Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e

Escrita, Natureza e Sociedade, e Matemática.

O movimento é uma das primeiras manifestações na vida do ser humano,

desde a vida intra-uterina realizamos movimentos com o nosso corpo, os quais vão

se estruturando e exercendo influências no desenvolvimento do comportamento (Le

Boulch, 1982). O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil define o

movimento humano como:

uma importante dimensão do desenvolvimento e da cultura humana. [...] Ao movimentar-se, as crianças expressam sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do uso significativo de gestos e posturas corporais. O movimento humano, portanto, é mais do que simples deslocamento do corpo no espaço: constitui-se em uma linguagem que permite às crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo. (BRASIL,1998, p. 15).

Como vimos no capítulo anterior, é através do próprio corpo que o bebê

experimenta diversas sensações (sendo elas tanto de influência interna quanto

externas) que permitem que ele se relacione e internalize conhecimentos sobre o

meio que o rodeia, um mundo composto por pessoas, animais, objetos com texturas

diferentes, sons, cores, clima, tempo, espaços etc. Sendo assim, precisamos

favorecer situações para o desenvolvimento dos bebês no berçário, reconhecendo

que eles são capazes de aprender, interagir conosco e com o meio no qual estão

inseridos.

É bem verdade que eles precisam de mais cuidados por ser dependentes,

mas, ainda assim, são produtores de história e cultura, pois eles “têm um corpo

capaz de sentir, pensar emocionar-se, imaginar, transformar, inventar, criar, dialogar:

um corpo produtor de história e cultura” (Barbosa, 2009 apud MOURA, p. 66, 2012).

30

Acreditamos que as crianças, estimuladas globalmente desde a mais

tenra idade, terão um desenvolvimento mais adequado em relação as suas

potencialidades. Uma criança que conhece bem seu corpo, suas limitações, que

utiliza os movimentos apropriados para cada situação, melhora seu desenvolvimento

e é interessante que elas aprendam a ter domínio do próprio corpo. Acreditamos

também que a forma como a brincadeira e os estímulos são desenvolvidos na

escola contribuem para o desenvolvimento global das crianças e na construção de

suas capacidades.

Sendo assim, neste capítulo abordaremos alguns aspectos psicomotores

dentro do berçário, tendo em vista a importância do corpo para o bebê.

A psicomotricidade, como ciência da educação busca entender os movimentos corporais tendo uma ligação com desenvolvimento cognitivo. O objetivo psicomotor é a possibilidade do aluno desenvolver as ações do corpo e expressar-se por meio dela, para que o corpo se desenvolva. (RAMOS; FERNANDES, 2011, p. 1).

Posto isso, é fundamental que a Educação Infantil tenha em suas

atividades a presença de aspectos psicomotores favorecendo a relação de

construção de autoconhecimento corporal por meio das atividades que envolvam

movimentos, com a finalidade de contribuir para o desenvolvimento global das

crianças, tendo como base os seguintes aspectos psicomotores: motricidade global,

motricidade fina, esquema corporal, imagem corporal, tônus, lateralidade,

organização espacial e organização temporal, os quais estão brevemente definidos

a seguir:

A motricidade global está relacionada com o controle de todo o corpo, do

equilíbrio estático (postura fixa) e dinâmico (movimentos), por exemplo, ao bater

palmas, andar, correr, brincar de bola, pular, subir escadas, ficar em pé e etc. Já a

motricidade fina está relacionada a movimentos de precisão dos dedos, a

capacidade de preensão e de controle dos pequenos músculos das mãos para a

execução de atividades refinadas, como por exemplo, desenhar, moldar massinha

ou argila, recortar, rasgar papel, colar, pintar, encaixar peças de montar, pegar

objetos e etc.

O esquema corporal refere-se ao conhecimento do corpo e das partes

que o compõe. Trabalhamos esquema corporal a fim de que os bebês gradualmente

tomem consciência de si e das partes do seu corpo, tais como cabeça, pés, mãos,

31

boca, olhos e etc. Podemos realizar esse aprendizado com o auxilio de músicas na

hora da Roda de Conversa e na Hora do Banho, com brincadeiras em frente ao

espelho e conversas que identifiquem as partes do corpo do bebê. Já a imagem

corporal diz respeito à representação mental que fazemos do nosso corpo, como o

imaginamos e vemos. Esse aspecto está intimamente ligado a questões emocionais,

sociais, psíquicas e fisiológicas, por exemplo:

o bebê sente-se como parte de um corpo fragmentado – completado por sua mãe. [...]. Quando colocado em frente a um espelho, ele progressivamente reconhece a imagem refletida de seu corpo e é a partir dessa experiência que o ‘eu’ começa a ser construído (NADAL, 2011, s.p).

O aspecto psicomotor da “tonicidade é compreendida como controle do

tônus muscular, ou seja, a quantidade adequada de tensão muscular para executar

uma ação corporal” (BRUNELLI; MENEZES, 2012a, s.p), sendo assim, ao brincar a

criança além de estar treinando a intensidade das tensões musculares também

estará desenvolvendo e fortalecendo os músculos de todo o corpo. Enquanto a

lateralidade está relacionada ao uso dos dois lados do corpo, o direito e o esquerdo,

sendo que um deles será o dominante que trabalhará com mais desenvoltura nas

ações diárias. Para Le Boulch (1987), a lateralidade é uma predominância motriz

ligada aos segmentos direitos ou esquerdos, e também “relacionada a uma

aceleração da maturação dos centros sensitivos motores de um dos hemisférios

cerebrais” (1987 apud BRUNELLI; MENEZES, 2012b, s.p).

O aspecto psicomotor da organização espacial permite aos educadores

trabalhar em seus alunos-bebês a construção da noção tanto de direção quanto de

distância, permitindo aos pequeninos explorarem os ambientes. A organização de

espacialidade surge a partir do momento em que a criança faz “a diferenciação do

EU corporal com relação ao mundo exterior” (BRUNELLI: MENEZES, 2012c, s.p), ou

seja, ela usará seu corpo como referência par ter uma noção de distância dos

objetos que pretende alcançar. Já a organização temporal que podemos presenciar

no berçário está pautada no tempo dinâmico relacionado “ao esforço colocado para

efetuar alguma tarefa, requerendo movimentos mais lentos ou mais rápidos”

(BRUNELLI: MENEZES, 2012d, s.p), também no berçário, as atividades fixas da

rotina servem para gerar um tempo cronológico nas crianças, de antes e depois,

assim, ao longo do ano letivo as crianças internalizarão aos poucos que após a

32

Roda de Conversa será a hora do Café da Manhã, e que após a Janta será a hora

de ir para casa.

Segundo CAPISTRANO (2010, p. 83), “O movimentar-se, entendido em

uma perspectiva de jogo enquanto recreação, passa a ser considerado, na escola

infantil, como uma atividade que contribui com o desenvolvimento físico, cognitivo e

social da criança”. Diante disso, percebemos que a psicomotricidade deve ser

implementada dentro do ensino pedagógico, pois ela auxilia no desenvolvimento

motor e intelectual do aluno, uma vez que o corpo e a mente são elementos

integrados em sua formação. Além do mais, “a melhor ação preventiva para

eventuais problemas de escolarização será garantida através de uma educação

psicomotora seguindo passo a passo as leis do desenvolvimento” (LE BOULCH,

1982, p. 132), ou seja, respeitando cada fase do desenvolvimento da criança.

Na Educação Infantil, devemos permear o desenvolvimento dos

movimentos em conjunto com a ludicidade, a fim de evitar que as atividades que

envolvem movimentos não sejam vistos como mecânicos. É necessário que sejam

intencionais, porém significativos e prazerosos para os pequeninos.

O corpo deve ser entendido e trabalhado enquanto primeiro brinquedo e instrumento de ludicidade infantil, enquanto ferramenta fundamental para as elaborações de leituras interpretativas de mundo, potencial decorrente da utilização dos órgãos dos sentidos que permitem a agudeza das percepções, das observações, dos sentimentos, das interpretações, elaborações e das condições de livre expressão. (ANGOTTI, 2006, p. 21)

Uma das formas de trabalhar movimentos corporais de forma lúdica é por

meio das brincadeiras, que tornam a criança ativa e criativa. As brincadeiras

consistem em um importante agente socializante e proporcionam a estimulação

necessária para as crianças aprender e interagir com o ambiente.

Através das ações de correr, subir e descer, entrar e sair, as crianças

exploram e ampliam a inteligência cinestésico-corporal (coordenação motora global,

equilíbrio, orientação visual-espacial, percepção tátil), o desenvolvimento social

(interpessoal e intrapessoal), emocional, lógico-matemático, percepção auditiva,

linguístico. Ao brincar, locomover-se, a criança desenvolve a movimentação

intencional de todo o seu corpo, na exploração e conhecimento do ambiente físico e

social e no conhecimento dele próprio, pois o trabalho com o corpo e o movimento

33

permitem explorar e construir sua identidade e autonomia, bem como relacionar-se

com o meio ao seu redor.

Temos observado a brincadeira como um ato importante para as crianças,

como um momento em que elas interagem umas com as outras, tanto na escola

como fora dela, desenvolvendo princípios de liderança, respeito, paciência,

tolerância, desenvolvendo a oralidade e a capacidade de criar regras e acordos,

além de aprenderem a ceder de vez em quando e serem benignas.

Nesses momentos lúdicos, as crianças também brigam ou choram, seja

por raiva ou por incômodo de ter “perdido” o seu brinquedo para outra criança que o

tomou, ou por ter sido agredida por outro no momento da disputa pelo brinquedo.

Esses momentos estressantes também ocorrem durante o ato da brincadeira,

principalmente quando a brincadeira não está sendo direcionada por um educador.

A mediação do professor ajuda a dar sentido e orientação em uma brincadeira

abrindo novos horizontes de possibilidades para explorá-la e interagir com os

objetos lúdicos. Sobre o processo de mediação, Vygotsky destaca que:

A educação escolarizada e o professor têm um papel singular no desenvolvimento dos indivíduos. Fazendo junto, demonstrando, fornecendo pistas, instruindo, dando assistência, o professor interfere no desenvolvimento proximal de seus alunos, contribuindo para a emergência de processos de elaboração e de desenvolvimento que não ocorreriam espontaneamente. (apud FONTANA; CRUZ, 1997, p. 66).

Lembro-me que certa vez, no berçário, um grupo de bebês estava

disputando uma bola, tomando-a um do outro. Então resolvi mediar o contato deles

com a bola chutando-a para debaixo do berço e celebrei batendo palmas e gritando

“êê é gol!”. Depois peguei a bola e chutei para um deles e pedi para que chutasse

para mim de volta, então chutei para outro e pedi a mesma coisa até que chutei a

bola para debaixo do berço e novamente celebrei. Todos eles começaram a

gargalhar, batendo palmas e alguns celebraram dizendo “êêê!” já outros tentavam

dizer gol reproduzindo “ôôôu!”. Aproveitei o momento e os instiguei para chutar a

bola uns para os outros e depois em direção ao berço fazendo o gol deles, todos

tiveram vez de marcar um golaço. Quando acertavam o berço batiam palmas e

reproduziam os balbucios de celebração “êêê!”, “ôôôu!”. Foi um momento bem

divertido, pois todos interagiram com entusiasmo e sem conflitos de tomarem à bola

a força um do outro, tendo em vista que tudo se tornou uma brincadeira prazerosa a

34

todos. Assim, a mediação ocorreu por meio da ludicidade, de movimentos corporais

e da linguagem. Os bebês interagiram reproduzindo os meus gestos de

comemoração, a linguagem verbal e os movimentos de chutar. A bola se tornou

ainda mais atrativa devido aos movimentos lúdicos que inserimos sobre ela.

Portanto, quando o(a) professor(a) entra na brincadeira junto com os

alunos o contexto muda, as crianças ficam um pouco mais calmas, organizadas,

tentam expor seus sentimentos por meio de expressões de sorrisos e gritinhos,

especialmente quando ensinamos algo novo e interessante. Dessa maneira,

algumas crianças já começam a imitar a professora ou atos dos adultos dentro do

contexto da brincadeira.

Conforme Almeida (2005), o universo lúdico é interessante e importante

para a formação das crianças e cabe aos educadores valorizar esses momentos,

para observar, avaliar e aprender mais sobre determinados aspectos presentes no

desenvolvimento dos seus alunos. Logo, é necessário que o educador seja um

mediador entre as crianças e as brincadeiras ou jogos, promovendo tempo e

organização de espaços, para a realização de tais momentos, e internalizando em

seus alunos atitudes como a cooperação, o respeito, a coragem e o estímulo para

enfrentar/vencer desafios propostos através de situações-problema, etc. Quando

uma atividade é feita com o apoio da ludicidade pode ter diferentes variações, no

sentido de estarem constantemente sendo inovadas para favorecer novas

descobertas ao mundo das crianças, caso contrário, a atividade corre o risco de cair

no marasmo. É, também, através da observação das atividades lúdicas que

descobrimos informações significativas sobre cada criança em relação ao seu

desenvolvimento global, construindo o nosso aprendizado sobre elas.

Em contrapartida, crianças que não brincam apresentam dificuldade de se

relacionar com os demais, por não desenvolverem a criatividade e se sentirem

inibidos ao expressar seus sentimentos e pensamentos. Portanto, a brincadeira

ajuda no desenrolar emocional gerando atitudes de determinação, liderança,

respeito, companheirismo, diálogo e consenso, ou seja, aspectos que serão

fundamentais na fase adulta. Percebemos que há algumas crianças que apresentam

dificuldades motoras tanto antes quanto depois, ao entrarem no berçário, às vezes

como resultado de escassa estimulação em suas casas e outras por problemas de

saúde, como por exemplo, sobrepeso, desnutrição e deficiências. Porém, se o

educador berçarista souber estimular e desenvolver atividades psicomotoras

35

adequadas para cada fase dos bebês, levando em consideração as especificidades,

a individualidade de cada um deles, logo eles se desenvolverão de forma

significativa.

Dessa maneira, o berçário é um dos espaços em que podemos ajudar

aos bebês a se desenvolverem globalmente, através de estímulos que sejam

pertinentes para o avanço de cada um deles. Para o berçário, o trabalho com

estímulos da motricidade é muito importante, pois o movimento, assim como o

cuidar, é essencial, a estimulação é um ato de cuidado. Por isso, deve ser uma

prática que os professores, desde o início até ao final do ano letivo, fiquem na

expectativa e trabalhem por novos avanços motores e cognitivos de cada aluno-

bebê.

Estagiei durante dois anos com crianças de berçário e percebi que não

existe apenas a ação do cuidar, mas também o de educar no desenvolvimento dos

bebês, tanto em relação à motricidade, quanto ao cognitivo, como à socialização de

cada um. Sendo assim, concordo com ANGOTTI (2006, p. 25) quando afirma que:

Olhar a Educação Infantil, enxergá-la em sua complexidade e sua singularidade significa buscar entendê-la em sua característica de formação de crianças entre o 0 e os 6 anos de idade, constituindo espaços e tempos, procedimentos e instrumentos, atividades e jogos, experiências, vivências... em que o cuidar possa oferecer condições para que o educar possa acontecer e o educar possa prover condições de cuidado, respeitando a criança em suas inúmeras linguagens e no seu vínculo estreito com a ludicidade.

Também, observei que alguns dos alunos-bebês ainda não tinham a

linguagem oral desenvolvida quando chegaram à escola, além disso, eles brincavam

muito entre si, com o próprio corpo e com os objetos que estavam ao seu alcance,

eles pareciam estudar os objetos, analisando-os minuciosamente com os olhos,

mãos chacoalhando-os e colocando-os na boca. Às vezes, o brinquedo caía de suas

mãos e eles não tinham a habilidade de pegá-lo de volta, era necessária a ajuda das

educadoras. Ao passar do tempo, as crianças foram experimentando jogar os

objetos no chão propositalmente, como uma forma de aprendizagem própria delas.

Com o passar do ano, o cenário do berçário foi mudando, pois as crianças

foram percebendo umas as outras, começaram notar o mundo do outro e a brincar

umas com as outras, pois eram nesses momentos que estavam construindo

relações de interação entre alunos-educadores e alunos-alunos. Esse novo cenário

36

somente pôde se constituir diante dessas interações, pois algumas crianças, ora

alheias, eram contagiados por este jogo de lançar objetos e começaram a imitar a

brincadeira de quem começou. No segundo semestre, percebi que as crianças já

estavam adaptadas à escola, gostavam de estar juntas e de brincarem juntas

(mesmo que havendo algumas briguinhas em alguns momentos), a oralidade e os

“signos” de comunicação deles já tornaram-se mais compreensíveis para os adultos,

as crianças já tinham mais autonomia motora dentro e fora do espaço de aula em

relação aos móveis, aos brinquedos, ao escorregador do parquinho próprio para eles

(equipamento lúdico) e até mesmo na hora de se alimentarem, alguns já

conseguiam comer sozinhos, sem tantas intervenções dos educadores.

Conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, as

atividades realizadas pela professora ou professor de brincar com a criança, contar-lhe histórias, ou conversar com ela sobre uma infinidade de temas, tanto promovem o desenvolvimento da capacidade infantil de conhecer o mundo e a si mesmo, de sua autoconfiança e a formação de motivos e interesses pessoais, quanto ampliam as possibilidades da professora ou professor de compreender e responder às iniciativas infantis. (BRASIL, 2013, p. 87).

Concordamos com Almeida (2000, apud Almeida, 2005), de que toda

criança tem o direito de brincar, tendo em vista que é uma necessidade básica do

ser infantil. Para Ipa (s.d apud Almeida, 2005), é através da brincadeira que a

criança desenvolve a saúde física e mental, a motricidade, a formação educativa, os

valores e as regras, a afetividade e a sociabilidade, a autonomia e a criatividade, etc.

Também nessa perspectiva, a autora Fantacholi (2009) considera que o brinquedo

ou o ato lúdico funcionam como uma fonte de desenvolvimento, os quais

estabelecem uma ponte entre a infância e a fase adulta, e não devem ser

desconsiderado como meios de conhecimento e formação de personalidade. Sendo

assim, esses elementos devem ser valorizados na Educação Infantil, na qual o

professor tem o papel de propiciar espaços e situações que incentivem a brincadeira

em sala de aula, reconhecendo que brincando também se aprende e se ensina.

Portanto, a atuação dos educadores deverá permitir que a criança sinta-

se bem no ambiente em que se encontra, onde, por meio de propostas criativas e

dinâmicas, valorizem o corpo através de momentos lúdicos e sócio-afetivo.

Lembrando que o cuidar deve estar sempre integrado a educação no berçário, no

37

qual o cuidado deve ser feito de forma consciente de sua importância para o bom

desempenho da educação.

3.1 ESPAÇOS ADEQUADOS PARA O MOVIMENTO

As creches, em sua função pedagógica, devem ser “um espaço social que

valorize a sensibilidade, a criatividade, a ludicidade e a liberdade de expressão nas

diferentes manifestações artísticas e culturais” (BARBOSA, 2010, p. 1). Além disso,

de acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil,

as instituições de educação infantil devem favorecer um ambiente físico e social onde as crianças se sintam protegidas e acolhidas, e ao mesmo tempo seguras para se arriscar e vencer desafios. Quanto mais rico e desafiador for esse ambiente, mais ele lhes possibilitará a ampliação de conhecimentos acerca de si mesmas, dos outros e do meio em que vivem. (BRASIL,1998, p.15)

Sendo assim, o berçário deve ser um espaço estruturado que estimule o

desenvolvimento dos bebês com brinquedos adequados para a idade deles

garantindo a sua segurança. Nesse ambiente, deve-se ter atenção com portas e

janelas, pois crianças gostam de brincar de abri-las e fechá-las e de correr pelo

ambiente explorando tudo o nele tiver. Também gostam de explorar objetos e

descobrir novas formas de usá-lo, portanto, é imprescindível ter a supervisão dos

educadores por perto.

Segundo Wallon, “o meio é um complemento indispensável ao ser vivo.

Ele deverá corresponder a suas necessidades e a suas aptidões sensório-motoras

e, depois, psicomotoras...” (s.d apud MAHONEY; ALMEIDA, 2012, p. 78). No

berçário, amplia-se o desenvolvimento global dos bebês no momento em que eles

interagem entre si, lutam ou criam estratégias para conquistar objetos e espaços, e

utilizam as habilidades de se arrastar, engatinhar, andar, correr, arremessos, força

dos braços e de subir em obstáculos, tudo em busca de possuírem ou realizarem

aquilo que desejam ou apenas para experimentarem sensações.

As salas para berçário, quando projetadas, devem revelar “o cuidado com

as crianças e com os adultos que ali trabalham” (Maranhão, 1998 apud MOURA,

2012, p. 99), por isso devem ser confortáveis, amplas, bem iluminadas, com boa

circulação de ar, limpas diariamente e ter um cantinho com espelhos. Desse modo,

38

os Parâmetros de Infra-estrutura para e Espaço Físico Destinado à Educação Infantil

afirmam que os ambientes destinados este público

devem ser bem ventilados visando ao conforto térmico e à salubridade, proporcionando renovação do ar para evitar a proliferação de focos de doenças (alergias respiratórias, por exemplo). [...] Privilegiar a iluminação natural sempre que for possível. O conforto visual depende de um bom projeto de iluminação que integre e harmonize tanto a iluminação natural quanto a artificial. Um bom projeto reduz o consumo de energia e é requerimento fundamental para as tarefas visuais, realçando as cores e a aparência dos objetos. [...] As áreas de brincadeira deverão oferecer segurança, sem serem limitadoras das possibilidades de exploração do universo infantil. É importante planejar a inclusão de brinquedos para diferentes faixas etárias, brinquedos que estimulem diferentes usos e atividades. Os confeccionados com materiais naturais da região costumam ser mais atrativos. (BRASIL, 2006, p. 24, 27)

Os espaços devem favorecer as necessidades de segurança, conforto,

higiene, aconchego e as relações de interação entre as crianças matriculadas na

creche, pois é direito delas serem educadas e tratadas sem negligências. Portanto,

“Ao organizar a sala para os bebês mais novos, é importante arranjar pequenos

espaços, confortáveis, com espelho, tapetes, rolinhos, almofadas, que possam

auxiliar na sustentação das crianças e favorecer seus movimentos” (BARBOSA,

2010, p.8).

Os parâmetros mencionados anteriormente estão em consonância com

os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (vol. 2), no qual

destacamos que os espaços, materiais e equipamentos das Instituições de Edu-

cação Infantil:

Propiciam as interações entre as crianças e entre elas e os adultos; instigam, provocam, desafiam a curiosidade, a imaginação e a aprendizagem das crianças; [...]; as paredes são usadas para expor as produções das próprias crianças ou quadros, fotos, desenhos relacionados às atividades realizadas visando a ampliar o universo de suas experiências e conhecimentos. [...]; os materiais didáticos-pedagógicos, bem como os equipamentos e os brinquedos, são escolhidos com o intuito de não trazer problemas de saúde às crianças. (BRASIL, 2006, p. 43, 42).

Além da escola, o próprio educador deve se preocupar em deixar o

ambiente do berçário o mais agradável possível, desde o modo de organização dos

berços e demais mobiliários até a decoração e os materiais lúdicos que estarão

39

disponíveis para os alunos-bebês. A criança gosta de ver novidade, isso favorece o

surgimento de novas sinapses neurais, novos aprendizados que serão estimulados a

partir do próprio ambiente, através de novas imagens coloridas nas paredes,

reorganização dos espaços trimestralmente, para não cair no marasmo a exploração

visual. A criatividade de gerar condições atrativas e adequadas às necessidades e

de acordo com as possibilidades dos bebês os motivam a exercer suas capacidades

inventivas para driblar os novos desafios.

Faz parte das atribuições das professoras de Educação Infantil planejar e organizar o espaço que vai ser utilizado pelas crianças. Um espaço caloroso, seguro, que desperte a imaginação, a criatividade, a cooperação, a solidariedade e a autonomia das crianças é condição para que meninos e meninas vivam sua infância na instituição de educação de forma livre e espontânea. (Tristão, 2004 apud MOURA, 2012, p. 105).

Como vemos, é pertinente levar em consideração os interesses e

especificidades dos bebês, possibilitando-lhes, além de espaços seguros e criativos,

os materiais lúdicos ao seu alcance para que possam explorar, desenvolvendo a

coordenação motora global e fina, assim como seus aspectos sensoriais com

autonomia. Quando os brinquedos ficam em lugares altos, não há como os bebês

terem acesso a eles, contribuindo para a dependência dos adultos para pegá-los,

porém nem sempre os educadores percebem o desejo ou intenção da criança por

um brinquedo específico que está lá no alto da instante. Maranhão (1998 apud

MOURA, 2012, p.103) afirma que a maneira como o espaço está organizado “acaba

exigindo do adulto uma disponibilidade que nem sempre existe, desgastando-o e

levando-o à conclusão de que os cuidados demandados pelas crianças pequenas

impedem o desenvolvimento do projeto educativo”, ou seja, o excesso de cuidado

pode prejudicar a autonomia dos bebês, e às vezes as professoras têm esse

impulso de colocar os brinquedos fora alcance deles e só disponibiliza-los quando

pensam que é o momento de brincar ou entretê-los.

Portanto, devemos ter cuidado (sem exageros) para que a criança se

aproprie do ambiente de forma segura e agradável, e que tenhamos a dimensão da

importância dos espaços como um dos elementos chaves no desenvolvimento

global e de autonomia dos bebês e na construção da consciência das suas ações e

do seu eu.

40

3.2. ATIVIDADES LÚDICAS DE ESTIMULAÇÃO

O “brinquedo” principal do bebê é o corpo, e através da automanipulação

construirá a consciência de si, constituindo conhecimentos e sensações. E é nesse

processo que a brincadeira se torna um dos recursos pedagógicos fundamentais

para conhecer, sentir e vivenciar o corpo e as relações dele com o mundo. Segundo

Cavalcanti em acordo com Oliveira,

as brincadeiras, os jogos configuram atividades bastante significativas para aqueles que sabem praticá-las, pois adentram no mundo infantil de forma sutil e afetiva, abrindo ‘caminhos para a autonomia, a criatividade, a exploração de significados e sentidos’”. (2010, p. 56).

Para cada fase do desenvolvimento infantil, um ambiente adequado e

motivador, com atividades lúdicas propícias para cada etapa de desenvolvimento

estabelecerá a qualidade de experiências que serão vividas pela criança e

contribuirá para a formação de uma personalidade íntegra e completa, fato que

ocorre até os seis anos de idade. Portanto, faz-se necessário apresentar algumas

dinâmicas, brincadeiras, que podem ser usadas para interagir com crianças de 0 a

18 meses de idade. Porém, ressaltamos que cabe aos pais e educadores estimular

as escolhas da criança valorizando a sua individualidade e o seu desenvolvimento.

Com base em relatos de mães, materiais didáticos, vídeos e na minha

própria experiência durante meus anos de estágio observei que, a partir do primeiro

mês de vida do bebê, já podemos proporcionar experiências corporais, colocando-o

deitado de diferentes formas. Deixá-lo brincar em seu berço durante o dia por alguns

instantes, ajuda o bebê a sentir-se seguro no ambiente do berço à medida que vai

se adaptando a ele. Durante estes momentos, deve-se oferecer brinquedos de

diferentes texturas, coloridos e musicais para ir estimulando as percepções tátil,

visual e auditiva.

Já aos 2 meses, enquanto trocamos as fraldas, podemos oferecer

brinquedos ao bebê, brincando e sacudindo, com o intuito de instiga-lo a pegar o

gracejo. Há certos brinquedos ou objetos que de tanto o bebê bater neles e ver os

seus movimentos ele passa a fazer intencionalmente, e aprende a pegá-los,

exemplo, o móbile do qual falaremos mais adiante.

41

Dos 3 aos 4 meses, podemos começar a mostrar alguns episódios de

desenhos animados adequados para o bebê. É interessante desenhos que tenham

cenas curtas, sem muitos estímulos visuais, mas ricos em sonoridade. Se ele estiver

gostando, provavelmente emitirá pequenos sons em resposta aos personagens e

aos sons.

Sempre que oferecemos um novo estímulo ele pode reclamar, mas com

carinho e brincadeiras vai se acostumar positivamente, após algumas tentativas.

Porém, devemos ressaltar que estímulos demais são prejudiciais, pois podem exigir

além da capacidade do bebê e estressá-lo. Os estímulos são fonte de aprendizado e

desenvolvimento, ajudam o cérebro a realizar conexões importantes, uma vez que o

desenvolvimento dá-se por etapas e é interessante não pular nenhuma delas para

apressar o processo.

3.2.1 Experiências vivenciadas no berçário

Durante dois anos obtive um estágio bem sucedido no berçário, onde

vivenciei muitas experiências junto aos bebês. Ao longo deste período, pude

perceber que atividades interessantes para serem realizadas em berçário, com

bebês de 4 a 18 meses, são as brincadeiras ora dirigidas e ora espontâneas, como

por exemplo, os circuitos e a roda de conversa com a presença de músicas, palmas,

instrumentos musicais (chocalhos, sinos e xilofones) e de histórias contadas com

fantoches ou livros coloridos e as danças, entre outras atividades que são

pertinentes no desenvolvimento global dos pequeninos. Diante disso, descreverei a

seguir algumas propostas de atividades adequadas para se realizar no berçário e

farei alguns comentários sobre elas. Ressalto que elas estão conectadas com a

ludicidade e implicitamente permeadas pelos conteúdos sugeridos no Referencial

Curricular Nacional para a Educação Infantil (“Movimento”, “Música”, “Artes Visuais”,

“Linguagem Oral e Escrita”, “Natureza e Sociedade”, e “Matemática”).

Proposta 01 – Móbiles: O educador Froebel valorizava a importância do

brincar desde os primeiros meses de vida da criança, tanto com o próprio corpo

quanto com objetos. Froebel foi um dos incentivadores do uso dos móbiles em seu

tempo, ele afirmava que o bebê

42

começa a brincar com seus membros – suas mãos, seus dedos, seus lábios, sua língua, seus pés assim como com a expressão de seus olhos e face (...) No sentido de evitar deixar a criança na cama mentalmente desocupada, é aconselhável suspender, em uma linha à altura da vista da criança, uma gaiola de pássaros cantadores vivos. Isto assegura ocupação para os sentidos e a mente, aproveitável em muitas direções. (1896 apud OLIVEIRA-FORMOSINHO; KISHIMOTO; PINAZZA, 2007, p. 53).

Com o passar do tempo os “móbiles vivos” de pássaros foram

substituídos por outros que fossem artificiais. Esses brinquedos interativos

proporcionam momentos/atividades de experiências visomotoras. “Os móbiles são

indicados para apurar a capacidade de atenção e percepção. Não devem ser

pequenos demais, nem mover-se muito depressa” (SAMPAIO, 1984, p. 22).

Geralmente, eles são coloridos, cintilantes, sonoros e podem ser comprados ou

confeccionados pelos educadores, com miçangas, sinos, fitas, figuras feitas de

garrafa pet, ou outros objetos presos em linhas de náilon unidas em um cabide,

podendo ser pendurado no teto da sala do berçário formando uma cortina. Com os

móbiles, os bebês experimentarão texturas, pesos, formas e cores diferentes.

O balançar desses brinquedos, que em geral ficam pendurados no teto ou

nos berços, encantam os bebês, que seguem os objetos do móbile com os olhos e

com as mãos. Quando ele fica acessível ao bebê deve ser mais resistente para não

desmontar ou quebrar com o toque ou com o agarrar das mãos e dos pés, tendo em

vista que aos quatro meses ainda não possuem o controle de força de suas mãos.

Proposta 02 – O Cesto de Tesouros: É uma atividade sensório-corporal e

motora que pode ser desenvolvida no berçário, utilizando principalmente as mãos, a

boca, a audição, e a visão. Também percebi que o Cesto de Tesouros instiga os

primeiros passos na tomada de decisões, porque os pequeninos terão que fazer

escolhas a todo o momento sobre qual objeto pegarão primeiro, qual deles chama

mais a sua atenção, ou seja, há intencionalidade nos movimentos e princípios de

consciência. As crianças gostam de tocar os objetos para então reconhecê-los, e

assim os bebês

se desenvolvem ao responder a fluxos de informações advindas das cercanias, pelos sentidos do tato, olfato, paladar, audição, visão e movimento corporal. O Cesto de Tesouros reúne e oferece um foco para uma rica variedade de objetos cotidianos, escolhidos para oferecer estímulos a esses diferentes sentidos. (GOLDSCHMIED; JACKSON, 2006, p. 114)

43

Neste Cesto, o ideal é que é se coloque apenas de 10 a 15 objetos para

evitar informação visual excessiva para o bebê, pois ele pode ficar cansado sem

nem ter manipulado todo o material. É importante colocar os objetos de forma

organizada dentro do Cesto, de modo que seja atrativo visualmente, ou seja, não se

deve fazer de qualquer jeito, não é simplesmente jogar objetos dentro de uma cesta.

Organize como se fosse dar de presente para o aluno.

Os materiais podem ser de diferentes cores, texturas, formatos, pesos,

comprimentos, brilho, até mesmo comestíveis (frutas) e podem emitir sons. Por

exemplo, macio (esponja de banho ou toalhinha), áspero (bucha vegetal), metal

(colher, concha, molho de chaves, coador de chá, sinos), plástico (garrafinhas pet,

miçangas grandes presas em fios de náilon, potes de cozinha, brinquedos etc).

O cesto dos tesouros pode ser montado seguindo uma linha temática,

como por exemplo, objetos da natureza (folhas – de eucalipto ou de outras árvores,

madeira, frutas, verduras, caroço de abacate, flor, pedra pomes, saquinho de

organza contendo lavanda ou alecrim ou cravos-da-índia, bucha vegetal, argila, uma

garrafinha pet com terra, com pedrinhas ou água gelada e sementes), de artesanato

(plumas, bola de fios de lã, tule, pequenos cestinhos de palha ou fibras naturais,

bolsinhas de crochê com zíper ou imã, pregadores de roupa, esponjinha, garrafinha

pet com confet ou miçangas coloridas, florzinhas feitas de feltro ou de EVA e lixa,

pincel grande, tinta guache, papéis de diferentes texturas – crepom, ofício, laminado,

jornal), utensílios de cozinha (colher de metal e de madeira, peneirinha, tampa de

panela, pote de plástico, copo de metal, pano de prato, mamadeira, lata de leite

fechada com feijões ou arroz, espremedor manual de frutas, pequeno funil, panela,

tampas de latas, bucha de pia – novinha), instrumentos musicais de brinquedo

(xilofone, chocalho, pandeiro, pandeirola, tambor, teclado, flauta, apito, gaita e

violão) e etc.

Como pode-se ver, tudo vai conforme a imaginação do educador, e do

que ele pretender trabalhar em sala de aula e dos recursos que tem disponíveis para

organizar o Cesto. Nos exemplos citados, além de trabalhar “Movimento” e

sensações corporais também se contempla os conteúdos de “Natureza e

Sociedade”, “Artes Visuais” e “Música”, dos quais todos fazem parte do RCNEI. Ou

seja, é uma proposta de atividade riquíssima em conhecimentos e em possibilidades

diferentes de praticá-la.

44

Devo ressaltar que é necessário sempre manter uma boa higienização

dos materiais contidos nela e trocar a temática ou objetos de tempo em tempos.

Pode-se também fazer um cantinho para cada bebê com tapetes ou lençol, onde

cada um deles terá uma cesta disponível para, individualmente, manipular os

objetos.

Nesta atividade, cabe aos alunos manipularem os objetos, enquanto os

educadores serão apenas observadores, porém eles devem estar sempre próximos

aos alunos-bebês para que estes se sintam seguros e confiantes para encararem os

desafios que os novos objetos podem oferecer, pois “no desconhecido sempre há

algo ameaçador, e é a atitude de calmo interesse do adulto que acalma a ansiedade

do bebê, e assim libera sua energia para desfrutar do brincar de maneira mais

concentrada” (GOLDSCHMIED; JACKSON, 2006, p. 116).

Proposta 03 – Hora do banho na banheira: Este pode ser um momento

vivido de forma lúdica ao invés de mecanizada. E, para que seja agradável pode-se

incluir, além de carinho e conversa, alguns baldinhos ou canecas, livros de banho e

brinquedos (bolinhas, bichinhos de borracha, entre outros) que flutuam.

As refeições, as trocas de fraldas, o banho e a hora de vestir as crianças são os melhores momentos para estar junto a elas. Não significa fazer para elas, mas fazer junto, de forma colaborativa, pois ao realizar essas primeiras ações na creche a professora assegura a confiança, estabelece um diálogo corporal, constrói um olhar e uma escuta. Para tanto, é preciso não ter pressa, levar em conta as reações das crianças e a sua participação para que, nesses momentos, venham a desenvolver tanto o pensamento quanto hábitos saudáveis. (Barbosa, 2009 apud MOURA, 2012, p. 110).

Sendo assim, enquanto o banho acontece, a professora carinhosamente

pode ir brincando com o bebê, cantando músicas que ele já conheça, contar

histórias, ou conversar com o bebê sobre o que está acontecendo naquele

momento, por exemplo: “Lucas, você quer me ajudar no banho? Vamos lavar as

mãozinhas? Onde estão as suas mãozinhas?”. O educador deve esperar um pouco

para ver se o bebê já percebe as partes do seu corpo, no caso desta conversa, as

mãos, “Lucas elas estão aqui! Vamos lavá-las com o sabonete esfregando uma na

outra, agora vamos passá-las nos seus braços... estes são os seus braços”. O

educador pode ainda mostrar a questão do empuxo dos brinquedos quando

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afundados na água: “Olha o patinho! O que será que acontece se afundarmos o

patinho? Será que ele volta?”.

O educador pode girar com cuidado a criança dentro da banheira ou da

bacia, pois geralmente, eles acham isso muito divertido. Pode-se também dar um

banho com espuma – eles amam tentar encontrar os pés que ficam escondidos

debaixo das espumas e bolhinhas, e também afundarem as mãozinhas para pegar a

espuma de sabão. Outro movimento é o de bater com as mãos na água agitando-a e

fazendo respingar gotinhas para todos os lados, esse movimento também atrai

bastante à atenção da criança, que logo estará imitando-o. Um banho assim se torna

divertido, e um momento de aprendizado da oralidade, de texturas, de consciência

corporal, cuidado com a higiene, consciência de que os objetos afundados podem

saltar para a superfície da água e esconde-esconde corporal.

Proposta 04 – Gelinhos coloridos: Para realizar esta atividade, precisa-se

de forminhas com formatos variados, sucos de diferentes sabores ou de água e três

corantes comestíveis de cores diferentes. Após desenformar os gelinhos de água ou

suco em bandejas ou pratos de plástico, deve-se servir para os bebês escolherem e

explorarem os diversos formatos e cores, e verem a água ou suco em dois estados,

sólido e líquido, sentirem sensação térmica (gelada) da experiência, e, se esta for

feita com suco, poderão também sentir sabores variados.

Essa atividade pode ser utilizada principalmente quando os dentinhos

estão nascendo, pois com o gelo o bebê massageará a gengiva, ajudando no alívio

da dor. Tendo em vista, que “os efeitos secundários da dentição podem ser

perturbadores para o bebê, até que o dente rompa realmente a gengiva” (SAMPAIO,

1984, p. 29), durante esse processo o bebê pode ficar inquieto, choroso e até

mesmo recusar os alimentos.

Proposta 05 – Abrindo presentes: para a realização desta atividade será

necessário papel de presente, jornal ou até mesmo papel higiênico, para embalar

brinquedos ou objetos do convívio dos bebês. Essa atividade trabalhará a percepção

tátil e a motricidade fina através do movimento de pinça dos pequeninos. A

professora deverá colocar os objetos já embalados dentro de uma cesta, no

cercadinho ou no tapete e disponibilizar para que os bebês possam rasgar, abrir os

embrulhos e descobrir o que tem dentro.

Proposta 06 – Atividade pedagógica no parquinho: O momento do parque

é repleto de ricas experiências corporais, porque além dos bebês sentirem as

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texturas da areia, da calçada, do carpete, da grama, dos brinquedos, eles também

poderão engatinhar e andar, conhecendo o ambiente externo ao berçário e

desenvolvendo noções de espacialidade. Ainda ao alcance deles estão os aparelhos

lúdicos do parquinho e os “brinquedos de praia” na areia, para se desenvolverem e

aprimorar a motricidade global e fina, a coordenação visomotora e espacial, o tônus

postural, a percepção tátil experimentando, entre outras sensações, bem como a

diferença entre a areia molhada e a seca. Deve-se levar em consideração que

os bebês na creche, além da sala, têm direito aos espaços de uso coletivo, como bibliotecas, sala de música, pátio e outros. O parquinho da escola é um espaço que deve ser pensado e organizado na medida das crianças. Além disso, é necessário que as crianças pequenas tenham contato diário com a luz do sol, o ar fresco e possam observar e interagir com a natureza. Acima de tudo, o espaço em que as crianças vivem tanto tempo precisa ser prazeroso, bonito, relaxante, alegre. (BARBOSA, 2010, p.8)

Uma observação importante é o horário mais adequado para desenvolver

esta atividade: por volta das sete e meia às oito horas da manhã, período no qual o

sol está menos agressivo para a pele dos bebês, que é muito sensível.

Proposta 07 – Circuitos: Tem por objetivo desafiar e trabalhar, nas

crianças, os aspectos tônus, motricidade global, resolução de situações-problema,

coordenação visuo-espacial, e equilíbrio. Precisa-se de túnel e espumas de

diferentes formatos, tais como escadas, cilindros, retângulo, cubo, gangorra,

lombada, ponte, rampa. Na ausência destes materiais mais adequados para o

circuito, pode-se substituí-los por colchões dos berços, almofadas, tapetes, berços,

caixas grandes de papelão, papel celofane, banheira ou piscina com bolinhas.

Com estes materiais podem-se montar labirintos, túneis, superfícies com

obstáculos, escadinhas e rampas. Podem-se colocar alguns brinquedos atrativos

para induzir os bebês a chegarem até eles passando pelo circuito. Os colchões

podem ser usados para fazer as rampas e escadinhas, há também a possibilidade

de fazer superfícies com obstáculos utilizando os colchões e as almofadas, o túnel

com as caixas grandes de papelão que podem conter janelinhas e portas de papel

celofane, labirintos com os berços e finalizando com a chegada à piscina ou à

banheira com bolinhas. Durante o circuito, é essencial à presença dos educadores

do berçário dando suporte a todos os momentos dos pequeninos, estimulando-os e

chamando-os a seguir em frente com auxílio de chocalhos e palminhas, pois estas

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atitudes fazem o circuito ser prazeroso para os bebês, que se divertem tentando

chegar até nós arrastando-se, engatinhando ou andando. Além disso, durante o

circuito, eles estarão desenvolvendo todos os objetivos da atividade, cada um em

seu ritmo de tempo.

Proposta 08 – Roda de conversa: É uma atividade diária na rotina das

creches que deve ser feita de forma lúdica, para estabelecer um momento de trocas

agradáveis de aprendizagem e interação social entre os alunos e deles com os

educadores, na qual poderão desenvolver consciência corporal, movimentos globais,

linguagem e atenção. Nesse momento, podem ser trabalhadas junto aos bebês,

músicas com o auxílio de instrumentos musicais, palminhas, mímicas, gestos,

danças e brinquedos significativos para representar as músicas; histórias contadas

com dedoches, fantoches e livros feitos de tecido ou com um material atrativo e

resistente aos bebês.

Proposta 09 – Cobertor Móvel: Tem por objetivo desenvolver o equilíbrio

postural quando o corpo se encontra na posição sentada. Precisa-se apenas de um

cobertor macio e fofo para que o bebê possa sentar. O educador deve convidar os

aluninhos para brincarem no cobertor, um por vez, e falar que irão fazer um passeio

pela sala enquanto o bebê estiver sentado no cobertor. Com o pequenino já

sentado, o passeio tem início, no qual o educador vai puxando e arrastando o

cobertor com cuidado pela sala enquanto conversa com o bebê, este tentará manter

o equilíbrio para permanecer sentado.

Proposta 10 – Circuito de Texturas e temperaturas: Esta é uma atividade

sensório-motor na qual serão utilizados pratos com gelatinas de cores variadas,

outro com iogurte e farinha de trigo, bandeja com macarrão espaguete cozido,

bacias com gelo, bacia com água e bastantes espumas. Em cada cantinho da sala

terá um material diferente para os bebês explorarem fazendo uso da motricidade no

aspecto global, andando e engatinhando pela sala, e no aspecto fino através dos

movimentos de preensão manual, de pinça com os dedos, além das variadas

sensações experimentadas, principalmente, pelos sentidos: visão, olfato, paladar e

tato, e as sensações térmicas, frio e morno.

Proposta 11 – Casinha: Tem por objetivo ser mais um espaço a ser

explorado pelos bebês, e que pode servir como um lugar para contar histórias,

desenvolvimento global, linguagem, movimentos globais e finos, coordenação

espacial e visual, percepção viso-motor e auditiva. Esta casinha pode ser feita com

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tecidos (lençóis ou cobertores), entre os berços, ou com uma caixa grande de

papelão.

Quando é feita com tecidos, os educadores podem participar do momento

lúdico dentro da casinha chamando os alunos para entrar e conhecer o ambiente,

que pode ter dentro um cesto com livros de histórias, umas almofadas, fantoches e

uma lanterna para um momento de histórias contadas com o uso de sombras, foco

de luz (efeitos causados com a ajuda da lanterna) e dos demais materiais. Os bebês

irão se divertir tentando pegar a luz e as sombras. Já na casinha de papelão, é o

momento para os pequeninos abrirem e fecharem “as portas” da casinha (as abas

da caixa), entrarem e saírem, brincarem com os brinquedos que podem ser incluídos

dentro deste espaço, assim como fitas e contas (miçangas) que podem ser fixadas

penduradas na caixa para decoração e exploração visomotora dos bebês.

Proposta 12 – Atividades de artes plásticas: Os bebês podem fazer

atividades de colagem com cola de arroz, que é uma cola comestível inofensiva à

saúde, novelos e fios de lã, tecidos, fitas de cetim, papel de diferentes texturas e

cores. Através desses materiais e a disposição deles, com a mediação dos

professores, os pequeninos trabalharão motricidade fina e global, percepção

visomotor e tátil cinestésico, além da criatividade e escolhas.

Proposta 13 – Atividades de pintura: Será necessário pincel, tintas guache

de cores diferentes, folhas de papel cartolina ou papel madeira, pratos de metal ou

de plástico. Nesta atividade, serão trabalhadas as partes do corpo (mãos e pés) a

fim de que os bebês tenham percepção delas e experimente sensações: tátil, por

meio das texturas do pincel, tintas e papéis, e visomotoras, através das cores em

suas mãos, pés e destes nos papéis. Durante a atividade, a educadora passará o

pincel nas mãos e nos pés do bebê identificando-os para ele, mostrando e fazendo-o

sentir que fazem parte do corpo dele.

Como o berçário funciona em tempo integral se torna possível separar a

aplicação desta atividade em dois momentos, os quais acontecerão tanto no

primeiro quanto no segundo turno, de forma individual ou coletivamente. No primeiro

turno, pode-se passar nos pés o pincel com a tinta da cor que o bebê escolher (é

importante dar oportunidade para ele escolher, assim estará estimulando a ele

demonstrar suas preferências e conhecermos mais sobre o aluno). Depois, o aluno

deverá andar por cima da passarela feita de papel madeira, assim a criança poderá

ver as marcas coloridas produzidas pelos seus pés no papel. No segundo turno,

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pratos serão disponibilizados com variadas cores de tinta e, será a vez das mãos,

onde o bebê escolherá um prato com tinta da cor que preferir, e nele colocará as

mãos para manusear a tinta sentindo sua textura, observando a cor e testando-a no

corpo e no papel promovendo sua obra de arte. Ao final, a professora reforça a

identificação das mãos pela nomeação e, ao mesmo tempo em que passa o pincel

com tinta nelas, para que o bebê possa marcá-las no mural intitulado de “As

mãozinhas do berçário”, ou outro título que a professora escolher.

Proposta 14 – Espelho: Esta atividade precisará apenas de espelho, e

tem por objetivo permitir o bebê a familiarizar-se com a imagem do próprio corpo e

os seus movimentos, estimulando a consciência e percepção corporal. Os espelhos

devem estar presentes na altura das crianças, isso é válido para todas as salas de

creche, pois esse material é fundamental no processo de construção de identidade

dos pequeninos.

Segundo LE BOULCH (1982, p. 70), através do espelho “a criança poderá

comparar seu corpo cinestésico com as reações posturais e gestuais que ela vê no

espelho e que ainda lhe são estranhas”. Já Wallon (s.d apud FONSECA, 2008)

afirmava que a criança dá vida a imagem do espelho, percebendo-a como duas

personagens que desempenham um só papel, porém só aos 2 anos de idade que a

criança conseguirá

atribuir a si mesma a sua própria imagem refletida no espelho, é o acesso à sua auto-imagem, a verdadeira incorporalização cognitiva multicomponencial do corpo na sua unidade pessoal, no seu eu total

e personalístico. (Wallon, s.d apud FONSECA, 2008, p.30).

Sendo assim, o professor deverá levar os bebês diante do espelho para

que vejam e explorem a sua imagem, e, a partir disso, o professor poderá pedir e

fazer junto com eles ações, tais como: dar tchau, pular, dançar, levantar os braços,

balançar a cabeça de um lado para o outro, dar um passinho para o lado e para o

outro, massagear a barriga com as mãos, mandar beijo. Dessa forma, os bebês

trabalharão gestos, imitação com diferentes partes do corpo.

Diante de todas as atividades propostas, devo salientar que as

intervenções educativas geralmente apresentam resultados distintos e até mesmo

adversos ao que esperamos, mas ainda assim é essencial “orientar e estimular o

desenvolvimento físico/mental de forma integral, para que o educando tenha

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consciência dos seus movimentos e da sua capacidade de atuação” (Arribas, 2004

apud CAVALCANTI, 2010, p. 56). Algumas destas atividades foram aplicadas

durante o nosso estágio no berçário de uma creche municipal, e outras delas deixei

de sugestão para a professora trabalhar ao longo deste ano. Mas, devido aos

objetivos da metodologia desta pesquisa, não cabe agora comentar sobre os

resultados obtidos pelas atividades aplicadas no berçário, mas foi pertinente deixá-

las registradas no intuito de mostrar, sugerir como trabalhar de forma lúdica e

criativa, objetivando o desenvolvimento global dos bebês quanto aos aspectos

psicomotores: motricidade global, motricidade fina, esquema corporal, imagem

corporal, tônus, lateralidade, organização espacial e organização temporal.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho foi analisar o desenvolvimento da criança dos 4

até os 18 meses de vida, pois acredito ser fundamental essa pesquisa para os

educadores de Educação Infantil no sentido de contribuir para que se trabalhe de

forma plena e adequada com os bebês. Para isso, é necessário conhecê-los, bem

como pesquisar e estudar sobre o desenvolvimento da primeira infância. Nós,

educadores, somos pessoas completas, que nos relacionamos com alunos que

também são integrais, por mais que ainda sejam bebês, e a nossa responsabilidade

é torná-los mais propícios ao desenvolvimento dia após dia.

Acredito ter alcançado o meu objetivo, esclarecendo um pouco mais

sobre como acontece o desenvolvimento global dos bebês e de como podemos

trabalhar com eles em um berçário, levando em consideração as suas experiências

corporais, os seus movimentos, o respeito ao seu desenvolvimento integral e as

suas especificidades, no intuito de torná-los crianças autônomas.

No primeiro capítulo deste trabalho apresento a divisão desse

desenvolvimento a partir da concepção de Henri Wallon, no qual descrevo e analiso

os estágios impulsivo, tônico-emocional e sensório-motor. Ainda exponho uma breve

explanação sobre a importância dos cinco sentidos para a criança, pois eles também

são elementos presentes no processo de desenvolvimento infantil. Le Boulch e

outros autores contribuíram no subcapítulo sobre a comunicação e movimento, em

que estudo que uma das linguagens predominantes dos alunos do primeiro nível do

berçário é a não verbal, dotada de outros “signos” de comunicação, dos quais os

educadores devem estar atentos para compreender a criança.

No segundo capítulo, discorro sobre a importância do movimento da

criança no berçário, que ele deve estar atrelado tanto com a ludicidade, quanto com

os conteúdos sugeridos pelo Referencial Curricular Nacional para a Educação

Infantil (RCNEI). Outro ponto importante no berçário para que os bebês adquiram

autonomia são os espaços seguros e adequados, funcionando como elementos

chaves para eles se sentirem confiantes e bem cuidados durante o seu processo de

desenvolvimento. Ressalto que o cuidar deve estar integrado na educação no

berçário, onde o cuidado deve ser feito de forma consciente de sua importância para

o bom desempenho da educação. Assim, também a motricidade permeia todo o

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processo de cognição, afetividade, relações sociais, linguagem da criança, não

podendo estes processos serem vistos de forma fragmentada, pois o individuo é um

ser integral, global.

Ainda no segundo capítulo, sugiro propostas de atividades, conectadas

com a ludicidade e com os conteúdos recomendados pelo RCNEI, como

oportunidades para os educadores trabalharem de forma criativa e significativa com

os seus alunos do berçário. Espero que, com elas, os educadores estimulem seus

alunos-bebês, procurem vivenciar junto com eles momentos de aprendizados e de

trocas interpessoais. Desejo que sejam deixados de lado todos os entraves internos

que impossibilitam os educadores de trabalharem com mais afinco, proporcionando

uma educação rica em ludicidade e movimentos aos seus alunos. Nós podemos

fazer a diferença com o que temos em mãos se tivermos força de vontade,

criatividade e o prazer em educar.

Enfim, este trabalho constata a importância do pedagogo(a) ser

pesquisador(a), tendo como estímulo a curiosidade de conhecer e aprender sobre

seus alunos, e naturalmente, dialogar com eles por meio da linguagem verbal ou da

não verbal fazendo um levantamento de seus conhecimentos prévios e a partir disso

desenvolver a ação pedagógica atrelando-os com os conhecimentos acadêmicos do

curso de Pedagogia. Por isso, é pertinente estudar e entender o desenvolvimento

dos bebês, de modo a facilitar o desvendar de práticas pedagógicas no intuito de

fazer as aulas serem fontes prazerosas de interação e conhecimento dos alunos e

do próprio educador, tendo em vista que este deve ser investigador tanto do ser em

desenvolvimento quanto de sua própria prática, pois ensinando muito aprendemos.

Além disso, esta pesquisa é formativa para os professores, porque retrata sobre a

Pedagogia no berçário tanto na perspectiva do cuidado quanto da educação,

demonstrando que ambas são indissociáveis.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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