universidade federal do rio grande do norte escola de ...€¦ · 2.1. composição fotográfica...

54
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA LICENCIATURA EM MÚSICA AGEVALDO BACELLAR FARIAS NETO Paralelos Composicionais: A fotografia Como Meio de Aprendizagem Musical Natal/RN 2018

Upload: others

Post on 04-Aug-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA DE MÚSICA

LICENCIATURA EM MÚSICA

AGEVALDO BACELLAR FARIAS NETO

Paralelos Composicionais: A fotografia Como Meio de Aprendizagem Musical

Natal/RN

2018

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

AGEVALDO BACELLAR FARIAS NETO

Paralelos Composicionais: A fotografia Como Meio de Aprendizagem Musical

Monografia de Graduação apresentada ao Curso de

licenciatura em Música da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte – UFRN - como requisito parcial para

a obtenção do título de Licenciado em Música.

Orientador(a): Heather Dea Jennings

Natal/RN

2018

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

Catalogação da Publicação na Fonte

Biblioteca Setorial de Música Pe. Jaime Diniz

Elaborada por: Cirlene Maciel de Oliveira Melo – CRB-15/280

F224p Farias Neto, Agevaldo Bacellar.

Paralelos composicionais : a fotografia como meio de aprendizagem

musical / Agevaldo Bacellar Farias Neto. – Natal, RN, 2018.

51 f. : il.

Orientadora: Profa. Heather Dea Jennings.

Monografia (licenciatura) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Escola de Música, 2018.

1. Música e fotografia – Monografia. 2. Composição (Música) –

Monografia. 3. Composição (Fotografia) – Monografia. 4. Música –

Instrução e estudo – Monografia. I. Jennings, Heather Dea. II. Título.

RN/UF/BSE-EMUFRN CDU 78:77

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

3

AGEVALDO BACELLAR FARIAS NETO

Paralelos Composicionais: A fotografia Como Meio de Aprendizagem Musical

Monografia de Graduação apresentada ao Curso de

licenciatura em Música da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte – UFRN - como requisito

parcial para a obtenção do título de Licenciado em

Música.

Aprovado em: 03/12/2018

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Profª Mª Heather Dea Jennings

(Orientadora)

_____________________________________________

Prof. Dr. Danilo Cesar Guanais de Oliveira

_____________________________________________

Prof. Dr. Rogerio Junior Correia Tavares

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

4

Aos que amam a arte e suas complexas relações

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que, sem Ele não haveria vida e por

consequente não haveria a arte para ser compartilhada.

Agradeço a minha família e amigos pelo suporte, bem como também

agradeço aos professores, e em especial a professora-orientadora desta

monografia, pela dedicação e contribuição para o meu aprendizado. De igual modo,

agradeço a instituição por ter disponibilizado as ferramentas pelas quais foi possível

a conclusão de mais uma etapa de forma satisfatória.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

6

RESUMO

O presente trabalho visa refletir a cerca de processos criativos condicionados a

interdisciplinaridade, segundo uma observação pessoal realizada entre duas áreas

artísticas e científicas do conhecimento; criando um diálogo entre composição de

música ocidental e composição fotográfica, destacando as semelhanças semânticas

de suas conceituações e seus processos técnicos e criativos, levando em

consideração uma revisão bibliográfica também interdisciplinar. Refletiremos

também sobre como é possível observar similaridades entre as técnicas

composicionais presentes na música e na fotografia, seja tal diálogo presente no

nível semântico, sinestésico ou técnico, ponderando sobre os paralelos traçados

entre estas áreas composicionais. Em um segundo momento analisaremos a

importância da interdisciplinaridade, expondo e avaliado as razões pelas quais um

ensino mais abrangente e globalizador é importante, sendo este um modo efetivo e

válido para a aprendizagem da música. Refletiremos também sobre a trajetória pela

qual a ciência fragmentou-se e especializou-se disciplinadamente até o final do

século XX; onde, a partir de então, presenciamos um movimento contrário ao

fracionamento dos conhecimentos, um movimento em que as ciências mais

especializadas conectaram-se com outras áreas. Finalizaremos o estudo com uma

análise de como seria possível aplicar estes paralelos composicionais

interdisciplinares no ensino de música, bem como uma reflexão a cerca da

importância da composição e dos processos criativos para uma musicalização mais

eficaz e eficiente.

Palavras-chave: Composição; Fotografia; Ensino de Música; Interdisciplinaridade.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

7

ABSTRACT

The present work has the objective of reporting about creative processes conditioned

to an interdisciplinarity, according to a personal observation that I made between two

artistic and scientific areas of knowledge; and to create a dialogue between western

music composition and photographic composition technique, emphasizing the

semantic similarities of their conceptualizations and their technical and creative

processes, considering the bibliographical review that is also interdisciplinary. We will

contemplate about how it is possible to observe similarities between the

compositional techniques present in music and photography, whether this dialogue

being present at the semantic, synaesthetic or technical level, pondering about the

parallels between these compositional areas. In a second moment we will analyze

the value of interdisciplinarity, exposing and evaluating the reasons why a

comprehensive and globalizing teaching is important, as an effective and valid way

for learning music. We will also discuss about the trajectory that the science had

been fragmented and disciplined by the end of the twentieth century; and we have

witnessed a contrary movement to the fractionation of knowledge, when the

specialized sciences have been connected with other areas. We will finish the study

with an analysis of how it would be possible to apply the interdisciplinary

compositional parallels in the music teaching, as well as a debate about the

importance of composition and the creative processes for the more effective and

efficient musicalization.

Key-words: Composition; Photography; Music Teaching; interdisciplinarity.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Movimento…………………………………...………………………………….14

Figura 2: Estático…………………….…………………………………………………….14

Figura 3: Baixa profundidade de campo…………………………………………...……16

Figura 4: Alta profundidade de campo………………………………………….……….16

Figura 5: Baixo ISO…………………………………………………………………….….17

Figura 6: Alto ISO……………………………………………………………………….....18

Figura 7: Quente…………………………………………………………………...………19

Figura 8: Frio……………………………………………………………………………….20

Figura 9: Retrato……………………………………………………………………..…….21

Figura 10: Paisagem……………………………………………………………..….…….22

Figura 11: Regra dos Terços……………………………………………………….…….22

Figura 12: Simetria………………………………………………………………….…….24

Figura 13: Radial…………………………………………………….…………………….25

Figura 14: Uma espiral de quintas……………………………………………………….26

Figura 15: Horizontal………………………………………………….……………..……27

Figura 16: Exemplo de melodia……………………………………….…………………28

Figura 17: Horizontal 2…………………………………...……………………………….29

Figura 18: Vertical…………………………………………………………….……………30

Figura 19: Luz e Sombra 1…………………………………………………….…………32

Figura 20: Luz e Sombra 2……………………………………………………………….33

Figura 21: Reflexo 1………………………………………………...…………………….35

Figura 22: Reflexo 2………………………………………………………...…………….36

Figura 23: Exemplo de Tabela Dodecafonismo …………………...…….…………….37

Figura 24: Sobreposição 1………………………………….…………………………….38

Figura 25: Sobreposição 2……………………………………….……………………….39

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO…………………………………...………………………...…….9

2COMPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA………….....……………………….………

11

2.1Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta

de criação musical……………………………….…………………….……..12

2.2 Imagem fotográfica…..…………..…………………………………………...12

2.3 Paralelos sobre as regras composicionais…………...…...…………….20

2.3.1 Enquadramento…..….………..………………………………………………..21

2.3.1.1 Regra dos terços..….……..…………………………………………..………..22

2.3.2 Composição Simétrica..…..….…..……………………………………………23

2.3.3 Composição Radial…..….………..…………………………………..………..25

2.3.4 Composição Horizontal…..….………..…………………..…………….……..27

2.3.5 Composição Vertical…..….………..…………………………………………..30

2.3.6 Sombras…….………..……..………..…..….………..………………..……….31

2.3.7 Reflexos…..….………..………………………….…………….……………….35

2.3.8 Sobreposição…..….………..…………………………………..………….......37

3 EDUCAÇÃO MUSICAL E COMPOSIÇÃO…..….………..…………..…….41

3.1 Interdisciplinaridade no ensino de música…..….………………....…….41

3.2 Aplicabilidade dos paralelos em sala de aula…...….…….……………..44

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS…..….………..………...........………………….47

REFERÊNCIAS……..…………….……….…………….………………..……48

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

10

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho de conclusão de curso tem como principal objetivo traçar

paralelos interdisciplinares e criar um diálogo entre composição musical e

composição fotográfica, destacando as suas semelhanças semânticas entre os

lexemas similares de suas conceituações dos seus processos técnicos e criativos,

bem como paralelos obtidos por meio sinestésico, entre o que é visível e o que é

audível.

A proposta desta reflexão deu-se através de uma perspectiva pessoal obtida

pela observação ao atuar nas duas áreas artísticas, assim como a análise de nossa

sempre presente função de educadores musicais.

Este trabalho é uma reflexão acerca da importante necessidade de uma

frequente revisão bibliográfica, com o propósito de criarmos possibilidades para

moldar o ensino sempre que houver a carência de que ele se adapte as mudanças

sociais; tornando-se cada vez mais abrangente e não permaneça rigorosamente

preso a paradigmas, sejam estes tradicionais ou não.

Ao final deste trabalho, será exposto algumas possíveis aplicações dos

paralelos estabelecidos em sala de aula, podendo estas, se moldarem de acordo

com a necessidade de cada turma, consistam estas mudanças, requeridas devido a

fatores etários ou outros fatores diversos dentro do universo educacional.

Tais atividades buscam suprir as lacunas necessárias para um aprendizado

mais abrangente, levando em consideração as outras áreas do conhecimento (além

das aulas apenas voltadas a música), auxiliando o aluno não apenas em um

conteúdo unitário e inflexível, mas criando meios pelos quais o ele possa se formar

como indivíduo perante o conhecimento e a sociedade. Conhecimento este, que

está cada vez mais acessível e rápido.

Ou seja, o ensino que estamos buscando através desta reflexão, objetiva

guiar os alunos e dar ferramentas para que eles possam formar-se culturalmente.

Para isso, observamos ser necessário um ensino interdisciplinar que possa trabalhar

a criatividade e a percepção, de forma coletiva e individual.

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

11

Mas devemos estar cientes de que para trabalhar a criatividade dentro dos

aspectos composicionais, musicais ou fotográficos, não é necessário talento. Assim

como demais ciências, talento não é um fator definidor mas, a dedicação e o estudo

de suas técnicas e conceitos. Portanto concordamos com Jourdain (1998, p.243) ao

afirmar, que os alunos não devem ter apenas a liberdade de compor histórias ou

desenhos, mas também, possam compor música em sala de aula.

Acreditamos também, que o aluno possui potencial criativo e que sua

bagagem social, ou seja, seus conhecimentos prévios têm valor dentro de sala, em

aspectos que possam se relacionam com a composição, percepção ou apreciação.

Portanto concordamos com Ostetto quando afirmamos que o “Essencial, para além

da negação ou imposição de padrões, é possibilitar a ampliação do repertório

cultural’ (OSTETTO, 2003, p.15).

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

12

2. COMPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA E MUSICAL

Este capítulo será dedicado a reflexão acerca de como a fotografia pode ser

utilizada pelo estudante de música, não apenas como objeto de inspiração, mas

como ferramenta para criação musical mediante a técnicas fotográficas.

Para Schoenberg (2002), a nossa capacidade de associar a música a

elementos extramusicais é ilimitada, segundo o autor:

[…] qualquer objeto comum pode provocar associações musicais e,inversamente, a música pode evocar associações com objetosextramusicais.

Muitos compositores compuseram sob a influência expressiva deassociações emotivas; além do mais, a "música de programa"chegou a ponto de narrar histórias inteiras através de símbolosmusicais. Existe também uma grande variedade de "peçascaracterísticas", que expressam uma vasta gama de humorespossíveis. (SCHOENBERG, 2002, p.120)

Levando em consideração nossa capacidade de assimilação, acreditamos ser

possível notar diversas semelhanças nas técnicas de construção composicional

existentes na música e na fotografia, apesar de serem áreas de conhecimento

distintas. Ao observar e atuar em ambos os segmentos artísticos, foi aguçado o

interesse relacionado a questões de ensino e aprendizagem utilizando

sinesteticamente a imagem e o som. Tais campos artísticos possuem uma

linguagem própria e frequentemente subjetiva, como característico da arte. Dentro

da subjetividade reside a interpretação pessoal do compositor e do apreciador, que

não são necessariamente semelhantes. Observemos o que é música segundo a

opinião de Almeida:

Mais do que um simples complemento das diversas expressõesartísticas e humanas, a música exerce a função de transmissora deconteúdos, uma linguagem que possui a particularidade de seexpressar e ser compreendida através dos sentimentos (ALMEIDA,2002, p.30).

A fotografia também possui particularidades pelas quais se expressa, e da

mesma maneira que a música, ela também tem função transmissora de conteúdos,

sejam estes artísticos ou não. Segundo Kossoy (2001, p. 45), a fotografia “é um

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

13

intrigante documento visual cujo conteúdo é a um só tempo revelador de

informações e detonador de emoções”.

A fotografia é mais do que ir além do traço primeiro da imagem. É,sobretudo, uma concretização de nosso imaginário, sedento porrecriações da realidade, tanto do fotógrafo quanto do espectador. Emoutros termos, para fins de uma definição, a fotografia é umamensagem onde o real se faz pelo deslocamento de seu referenteproporcionado pelo imaginário do operador do aparelho e doespectador (SILVA JUNIOR, 2010, p. 84).

2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de

criação musical.

Analisando tais similaridades é possível construir analogias que facilitariam o

ensino, através da associação dos conteúdos e técnicas presentes na composição

de uma fotografia e de uma música. E naturalmente, levando em consideração os

conhecimentos prévios que os alunos possuam, guiá-los a experimentarem e

criarem. Pois “é necessário que os interesses, conhecimentos e mundos sonoros

dos estudantes sejam reconhecidos, estabelecendo pontes entre as propostas de

sala de aula e as experiências musicais dos alunos fora da escola” (BEINEKE, 2008,

p.29). Também é importante ressaltar que “A escola não deve perder de vista que a

aprendizagem de um novo conceito envolve a interação com o já aprendido.

Portanto, as experiências e vivências que o aluno traz consigo favorecem novas

aprendizagens” (MOTA; PEREIRA, 2013, p.4). E para que este ensino seja efetivo,

devemos criar um ambiente construtivista, sendo construtivismo uma “ideia de que

nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não

é dado, em nenhuma instância, como algo terminado” (BEKER, 2009, p.2). Desta

forma, concordamos com Penna, pois acreditamos que a musicalização é um

processo que deve ser construído em conjunto:

[...] musicalizar é desenvolver os instrumentos de percepçãonecessários para que o individuo possa ser sensível à música,aprendê-la, recebendo o material sonoro musical como significativopois nada é significativo no vazio, mas apenas quando relacionado earticulado ao quadro das experiências acumuladas, quandocompativel com os esquemas de percepção desenvolvidos. (PENNA,1990, p.22).

2.2. Imagem Fotográfica

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

14

Comecemos nossa reflexão analisando os componentes básicos que formam

uma imagem fotográfica. Um dos elementos fundamentais na composição

rotográfica é a exposição, que:

refere-se à quantidade de luz que pode chegar ao sensor da câmeradurante a captura da imagem. A exposição é o resultado dacombinação do tempo durante o qual o sensor recebe a luz(velocidade do obturador), a abertura (diafragma) e a sensibilidade àluz do sensor (ISO). (HINTON, 2014, p.50)

Logo, a exposição pode ser definida, a grosso modo, como “a quantidade de

luz salva pelo sensor da câmera” e esta quantidade de luz é responsável pelo

resultado final da imagem. Portanto a luz é um dos elementos fundamentais da

imagem fotográfica.

Quando falamos de fotografia, estamos, antes de qualquer coisa,falando de luz. Foto significa, luz e grafia, escrita. Então fotografia é aescrita da luz, pois é exatamente isso que o sensor de sua câmeradigital faz, ela capta a luz refletida pelos objetos assim como o olhohumano (MATULJA, 2012, p.73).

A exposição pode ser medida e/ou equilibrada baseada em 3 elementos

fundamentais da câmera: velocidade, abertura e ISO. Segundo Haje Jan: “Entender

como estes elementos trabalham juntos é muito importante. Sem entender como

eles interagem, será difícil progredir além de certo nível na sua fotografia” (2012, p.

16).

Elementos fundamentais da câmera: Velocidade

Se você alterar apenas uma das três configurações – por exemplo, avelocidade do obturador -, alterará a exposição. Aumentar avelocidade do obturador diminui a exposição. Isso é ideal se a cenafor muito clara, no entanto, não será tão bom se for escura, pois nãohaverá tempo suficiente para a exposição. Uma subexposição setraduz em uma imagem escura. Diminuir a velocidade do obturadoraumenta a exposição, o que é adequado para luz baixa, porém deixaa foto “lavada” em luz clara. Uma superexposição se traduz em umaimagem mais clara.(HINTON, 2014, p.51)

A velocidade do obturador é o tempo em que o obturador da câmera

permanece aberto através da “cortina” da câmera (HINTON, 2014, p.52). Esse

tempo é medido em frações de segundo, ou pelos segundos inteiros, e normalmente

alcançam de 30 segundos (muito lenta) à 1/4000 segundos (muito rápida) (HINTON,

2014, p.52). Qualquer velocidade pode ser certa, depende do efeito que o fotografo

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

15

quer para a imagem; ele pode querer congelar o movimento, implicar o movimento,

borrar o movimento ou simplesmente registrar a foto de uma cena simples (KAMPS,

2012, p. 11).

Com isso, podemos concluir que os efeitos fotográficos relacionados à

velocidade serão visualizados como “movimentos ou não movimentos” na imagem

estática.

Figura 1: Movimento

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

16

Figura 2: Estático

Elementos fundamentais da câmera: Abertura

A abertura é uma variável relacionada ao tamanho do diafragma da lente. O

mecanismo da lente se assemelha a pupila dos nossos olhos: em um momento com

muita intensidade de luz ela se fecha e em um momento com pouca intensidade de

luz, se abre (HINTON 2014, p.54). Haje Jan Kamps também afirma que: “A abertura

é uma variabilidade do tamanho do buraco da lente da sua câmera que controla a

quantidade de luz que tem entrada permitida através da abertura do sensor” (2012,

p.12). Essa grandeza é medida em frações de distância focal, ou do inglês f/stops.

Esse número varia pelos tipos de lentes, sendo o mais comum de f/3.5 à f/22.

Como na velocidade, a abertura está ligada à quantidade de luz que o sensor

recebe e a diferença de abertura também acarreta em um “efeito colateral”,

chamado de profundidade de campo (DOF). (HINTON, 2014, p.55). A profundidade

de campo é a região em que os objetos ficam nítidos. Quanto menor a abertura:

maior a profundidade de campo. E quanto maior a abertura: menor a profundidade.

Com isso, vemos que a abertura nos traz diretamente à responsabilidade de

analisar este efeito e desta forma, fazer uma leitura do nível de profundidade de

campo que queremos ou que vemos em uma imagem. Bokeh (palavra japonesa) é o

termo utilizado ara descrever a área fora de foco em uma foto e este pode ser

considerado um efeito artístico (HINTON, 2014, p.56).

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

17

Figura 3: baixa profundidade de campo

Figura 4: alta profundidade de campo

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

18

Elementos fundamentais da câmera: ISO

Antigamente os filmes tinham valores de sensibilidade à luz. Os padrões

foram definidos pela International Organization of Standards (Organização

internacional de padrões – ISO). Essa grandeza constitui a sensibilidade à luz que o

sensor da câmera digital possui, como Haje Jan afirma: “ISO é uma medida da

sensibilidade do sensor da sua câmera à luz. Quanto maior o número ISO máximo

da câmera, mais sensível será a luz” (2012, p.13). Consequentemente como nas

outras máximas da exposição, ao utilizar um ISO alto teremos alterações na textura

da foto. Essa interferência diminui a nitidez das fotos. E é comumente chamada de

ruído ou grão.

Deste modo, podemos simplificar seu conceito desta forma: com diferentes

níveis de ISO, podemos aproveitar a partir de configurações diferentes; com um ISO

menor podemos aproveitar situações de alta luminosidade, e com um ISO maior

aproveitamos situações de baixa luminosidade.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

19

Figura 5: baixo ISO

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

20

Figura 6: Alto ISO

Para entendermos melhor a relação entre velocidade, abertura e ISO, existe

uma analogia famosa que é tratada também por Haje Jan: o copo de água em

relação a torneira. “A velocidade do obturador será o tempo que esta torneira fica

aberta, […] A abertura pode ser descrita como o quanto a torneira é aberta (quanto

de luz você deixa entrar na sua câmera), […] O controle final do nosso trio da

exposição é o ISO. Partindo da perspectiva da analogia do copo de água, o ISO

pode ser descrito como o tamanho do copo” (2012, p.16).

Balanço de Branco

Mesmo não sendo responsável pela exposição, o balanço de branco é um

tópico importante a ser citado neste contexto, pois é extremamente significativo para

a composição fotográfica; devido ao fato de que a “temperatura de cor” pensada

previamente é um elemento desta composição.

Toda luz tem uma cor diferente variando de azuis e verdes para vermelhos e

laranjas. Também devemos levar em consideração que os nossos olhos possuem

dois tipos de sensores na retina: os cones e os bastonetes; os cones permitem a

percepção das cores e os bastonetes a percepção dos tons de cinza.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

21

De acordo com o Professor Carlos Rocha,

Para ‘medir’ a cor, foi feita a seguinte experiência: uma barra de ferrofoi aquecida até atingir a cor vermelha e a temperatura foi medidanão na escala Celsius ou Fahrenheit, mas na graduação criada porThomson, ou seja, graus Kelvin (Kº). Nesta escala, a barra de ferroaquecida até o vermelho atingiu 1200 Kº e a partir daí, através decálculos, as outras cores foram obtidas (2010, p.6).

Desta forma cada fonte luminosa emite mais uma cor do que outra,

denominando “temperatura de cor”. Sendo as seguintes temperaturas de cor das

fontes luminosas mais conhecidas: 1200k° Fogueira, 1700k° Vela, 2800k° Lâmpada

incandescente doméstica, 3200k° Lâmpada incandescente estúdio, 4100k° Luar

(Lua cheia), 5600k° Luz diurna (dia ensolarado), 7000k° Dia nublado, 9000k° até

25000k° Praia, alto-mar, montanha, gelo, neve e grandes altitudes.

Em termos de composição podemos observar que: quanto mais azul, mais

“fria” a imagem e quanto mais laranja, mais “quente” a imagem. Essa variação de

cores, entre o azul e o laranja, traz o tipo de intenção necessária que o compositor

quer passar na imagem.

Figura 7: Quente

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

22

Figura 8: Frio

Considerando os fatores básicos aqui apontados, podemos adentrar nas

técnicas composicionais, e traçar os paralelos notáveis da composição musical,

sejam estas semelhanças semânticas ou sinestésicas.

2.3. Paralelos sobre as regras composicionais

Segundo Roque:

A composição fotográfica é a organização dos elementos quecompõem o registro e também sua qualidade estética, quecombinadas formam uma imagem comunicativa, expressiva, criativa,poética e sensível aos olhos de quem vê.

Esta composição tem o objetivo de propiciar um efeito emocional aoolhos do observador. Compor uma imagem não é apenas registrarpaisagens bonitas, mas conseguir prender a atenção de quem aobserva fixando o interesse do assunto nos olhos do observador(2010, p.27).

Podemos considerar a composição como “a arte de organizar harmonicamente

os elementos que dispomos”. Sendo assim, refletiremos sobre as regras básicas da

fotografia que direcionam tecnicamente o processo criativo. Dentro delas,

relacionaremos com algumas regras da composição musical.

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

23

2.3.1. Enquadramento

Roque (2010, p.23) afirma que podemos fotografar basicamente de duas

formas: na vertical (retrato) muito utilizado para fotografar pessoas e na horizontal

(paisagem) usado para paisagens, grupos, fotografia de produtos ou comidas. Ao

enquadrar uma imagem, concentra-se a atenção de quem observa o assunto, dando

assim uma ideia de profundidade ou fornecendo um contexto mais amplo para a

cena a ser registrada. Uma técnica que auxilia o processo de enquadramento é a

regra dos terços.

Figura 9: Retrato

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

24

Figura 10: Paisagem

2.3.1.1. Regra dos terços

A regra dos terços consiste na divisão de uma imagem em partesiguais, traçando duas linhas horizontais e duas linhas verticais quequando cruzadas formam os quatro pontos de intercessão ou pontosde interesse. É nestes pontos que deverá ser colocado o assuntoprincipal de interesse da imagem a ser registrada deixando o espaçomaior na frente do objeto. (ROQUE, 2010, p.28)

Roque nos afirma que, para Martins (MARTINS apud ROQUE, 2010, p.29) a

utilização da regra dos terços na fotografia tem o objetivo de causar um efeito

melhor na foto, aperfeiçoando o enquadramento. Isso se dá através da visualização

mental da foto dividida em três terços verticais e três horizontais.

Figura 11: Regra dos terços

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

25

Na música observamos acontecer uma técnica semelhante em muitas

composições. Para Rabelo (2007, p.29), esta similaridade se deve ao fato de que

todas as artes têm os números como um princípio em comum. Rabelo ainda nos

afirma que para a Grécia antiga “todo o mundo era regido pela harmonia e a música

era sua expressão mais significativa” (2007, p.29), portanto todas as áreas do

conhecimento estudados eram integradas a música:

Mesmo que a matéria-prima tenha suas especificidades, as leis deproporções harmônicas eram geralmente aceitas como conexãobásica e unificadora. Contar, medir e numerar são critérios utilizadospara julgar todas as artes ainda nos dias atuais. (RABELO, 2007,p.29)

A regra dos terços utilizada na fotografia pode ser comparada a técnica de

organização das seções dentro de uma música, organizadas segundo a seção

áurea. A proporção áurea que nem sempre é estabelecida conscientemente dentro

de uma composição, segundo afirma Rabelo, está presente em diversas obras,

como, por exemplo, nas sonatas para piano de Mozart:

[…] praticamente todas as sonatas para piano de Mozart, a relaçãoentre exposição, desenvolvimento e recapitulação conforma a seçãoáurea. Novamente não podemos afirmar a consciência da aplicaçãoda seção áurea, apesar de algumas evidencias sugerirem a atraçãode Mozart pela matemática. (MAY apud RABELO, 2007, p.42)

Rabelo (2007, p.42-43) nos revela outra obra que podemos encontrar

relações similares: Música para Cordas, Percussão e Celesta, de 1936 do

compositor húngaro Béla Bartók. Bártok utilizou-se da sequência numeral de

Fibonacci para construir acordes e melodias, bem como na estruturação da peça em

diferentes segmentos. Também é notável o uso da proporção áurea para segmentar

a obra. Brandão (2012) nos explicita que a sequência Fibonacci “é uma sequência

de números em que cada item é a soma dos dois itens anteriores: 0-1-1-2-3-5-8-13”

e que por sua vez, todos são pares em proporção áurea.

2.3.2. Composição Simétrica

A composição simétrica da sensação de estabilidade e

organização à imagem e aos detalhes. Aponta elementos com

simplicidade obtendo melhor sensação visual. Para Martins

(MARTINS apud ROQUE, 2010, p.30) a simetria é a

conformidade de tamanho, forma e posição entre as partes de

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

26

uma imagem, resultando em uma harmonia visualizada em

certas combinações e proporções regulares.

Figura 12: Simetria

Esta técnica composicional fotográfica traz a memória a forma polifônica

chamada cânone; onde, a grosso modo, as vozes secundárias imitam a primeira

linha melódica, entrando na música sequencialmente sem que a primeira interrompa

o seu caminho; criando assim uma simetria intrincada melodicamente entre as

vozes. Santos (2012), em seu estudo, verifica que:

Johann Sebastian Bach emprega em vários cânones algumas formasde simetria pouco usuais, como escrever uma mesma linha musicalque é tocada por dois instrumentistas ao mesmo tempo, um deleslendo com a folha de papel num lado e o outro a lendo de cabeçapara baixo. Certamente não é o caso de simetria que pode serenquadrado no mero espelhamento a partir de um eixo, mas aindaassim é uma manifestação da simetria em música, se considerarmostambém o efeito sonoro que ela causa. (SANTOS, 2012, p.38)

2.3.3. Composição Radial

Composições radiais transmitem uma sensação de vida, mesmo que o motivo

seja estático, são aquelas em que os elementos principais se espalham a partir do

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

27

meio da imagem. Deste modo podemos concluir que as composições radiais

buscam um movimento de imagem de onde os objetos partem do centro da imagem

e se espalham por ela. Automaticamente, isto traz vida para a foto, mesmo que os

objetos estejam parados.

Figura 13: Radial

A composição radial é composta por elementos principais que seestabiliza em círculos em meio à imagem, ou seja, seus elementosprincipais se espalham a partir do centro da imagem.

Martins (2010) entende que a composição radial são todas as retasque passam pelo centro de um determinado círculo que se irradiamdo centro da imagem para fora (MARTINS apud ROQUE, 2012, p.31).

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

28

Esta técnica composicional nos remete aos ciclos das quintas. Entende-se

por ciclo das quintas, um espaço geométrico onde é possível relacionar as doze

notas da escala cromática temperada ocidental.

Também podemos associar este tipo de composição fotográfica a outro

aspecto da música: A música Modal. De acordo com Guest (2006),

A música modal é milenar, tem a história da humanidade e expressasua emoção. É base dos rituais de vitória, derrota e prece. Écontagiante e estimula à participação. É intermitente, sem momentode partida e de término. É feita de ritmos, sonoridades e climas. Amelodia e simples, curta e repetitiva. A harmonia, se é que existe, éfeita de um ou poucos acordes, que quase sempre são tríades, porvezes não cifráveis (não decifráveis). Num permanente crescendo,acompanha o entusiasmo tribal, ou lamenta e chora, conforme oscaprichos do ânimo. Tudo nela é coletivo, e convida a entrar na roda,participar. (GUEST, 2006, p.36)

Observando esta definição e voltando ao que foi pontuado previamente,

podemos claramente notar a relação entre o objeto de importância e seus

coadjuvantes ao seu redor, atuando na composição da obra sempre de forma

cíclica.

Figura 14: Uma espiral de quintas.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

29

2.3.4. Composição Horizontal

Neste tipo de composição, o enquadramento é largo e o olhar é levado através

de linhas até o assunto principal. Ela transmite descanso, estabilidade, tranquilidade

nas fotografias, tornando a imagem agradável para ser observada.

A composição horizontal numa imagem, é um enquadramento largo e estreito

que se adéqua a certos motivos e conduz o olhar através das linhas em direção ao

assunto. Normalmente a composição horizontal é utilizada para transmitir

estabilidade e/ou descanso.

Se queremos transmitir calma e tranquilidade nas suas fotografias faça

composições na horizontal e mantenha sempre o assunto na parte direita da

imagem fazendo com que os olhos corram da esquerda para a direita.

Figura 15: Horizontal

Segundo Roque (MARTINS apud ROQUE, 2012, p.33), A composição

horizontal é obtida pelo enquadramento largo, nosso olhar é direcionado através das

linhas até o assunto principal transmitindo sensações de descanso, tranquilidade e

estabilidade nas imagens registradas.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

30

Segundo Martins (2010) a composição fotográfica é a seleção

e o arranjo agradáveis dos assuntos dentro da imagem a ser

fotografada. É sua sólida composição.

Ao pensarmos em composição horizontal, logo nos vem a memória a

composição musical de uma linha melódica. Schoenberg nos afirma, em sua obra

Fundamentos da Composição Musical, que

A concentração da ideia principal em uma simples linha melódicarequer um tipo especial de equilíbrio e organização, que sóparcialmente pode ser explicado em termos de técnica. Todo amanteda música sabe, instintivamente, o que é uma melodia. Tambéminstintivamente, alguém com talento estará apto a escrever umamelodia sem possuir a informação técnica. (2002, p.125)

Novamente percebemos questões de equilíbrio, por vezes geométrico, em

ambas as áreas artísticas. Como Schoenberg nos afirma (2002, p.130), a melodia

pode ser definida como um elemento bidimensional que “tende a estabelecer o

equilíbrio pelo caminho mais direto”. O autor também assegura que “Uma melodia,

seja ela clássica ou contemporânea, tende à regularidade, à simetria e à simples

repetição. Portanto, ela geralmente revela um fraseio nítido” (2002, p.131).

Também é curioso observar o efeito visual de uma melodia presente na

notação musical, ou seja, em uma partitura. Percebemos então o que o Schoenberg

afirma sobre sua bidimensionalidade e podemos observar o mesmo em uma

composição fotográfica horizontal.

Figura 16: exemplo de melodia

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

31

Figura 17: Horizontal 2

2.3.5. Composição Vertical

É exatamente o oposto da composição horizontal, mantendo em destaque o

assunto principal que é conduzido por uma linha vertical, estreita e alta.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

32

Figura 18: Vertical

Ao contrário de uma composição na horizontal, a composição na vertical é uma

composição alta e estreita que realça um panorama vertical e é também uma

imagem que apenas pode ser captada erguendo a cabeça e olhando para cima.

Para a música, a composição vertical está relacionada a construção de uma

harmonia, a grosso modo podemos dizer que a composição vertical é a construção

de um corpo organizado que acompanhará a melodia. Schoenberg (2002) nos

adverte que “o acompanhamento não deve ser uma mera adição à melodia. Deve

ser o mais funcional possível e, nos melhores dos casos, atuar como complemento

às essências de seu assunto”. O que podemos, perfeitamente, usar em uma

composição fotográfica.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

33

2.3.6. Luz e Sombras

Segundo Guerreiro (2014),

Por vezes as sombras podem esconder detalhes importantes,tornando necessário que o fotógrafo diminua estas áreas escuras nafotografia. Existem alturas em que as próprias sombras podemtornar-se em um motivo; com efeito, estas são uma parte importantede muitas fotografias. Uma sombra permite-nos ver uma imagem deoutra maneira. O tamanho e a visibilidade da sombra do motivodepende do ângulo da luz existente.

Ao fotografar sombras, o método mais frequente, é enquadrar aimagem de modo a que o motivo e a sombra criem uma composiçãosimétrica, mas também, outro método importante está em enquadrara imagem para que a própria sombra seja o centro da atenção.

É nas sombras projetadas pelos corpos iluminados e é no equilíbrio entre as

partes luminosas e as zonas escuras, que reside muitas vezes o êxito de uma

fotografia. Às sombras e às respectivas gradações dentro do claro-escuro, está

reservado um papel importantíssimo na composição fotográfica.

Uma sombra forte pode adicionar um grande efeito e carga emocional a uma

fotografia. Como um elemento de composição pode ser usada para chamar a

atenção e realçar assuntos. Uma sombra só por si pode ser o assunto da fotografia

Se uma sombra se apresenta no seu plano, é preciso refletir se deve-se ou não

evitá-la, pois esta sombra pode produzir uma melhor composição.

Pode-se distorcer uma sombra para criar mais impacto e dramaticidade na foto

ou realçar assuntos. Pessoas comuns podem parecer mais interessantes. Texturas

são importantes na composição fotográfica, por isso é necessário utilizar-se delas

conscientemente. Uma foto a um grupo de pessoas pode tornar-se mais

interessante se procurar outro ângulo para fotografar e jogar com as sobras.

As sombras são também um elemento óptico na composição que podem ser

usadas para adicionar contraste a cores brilhantes. Pode mesmo ajudar destacar

elementos uns dos outros através do uso do preto. As Sombras também podem

acrescentar profundidade às paredes planas ou espaços e trazer melhorias aos

detalhes.

Sobras mais carregadas, contrastadas e com ângulos mais acentuados

aumentam a dramaticidade da fotografia enquanto sobras menos carregadas, mais

arredondadas e menos contrastadas transportam-nos para um ambiente mais

calmo. As sombras podem ser usada para dar trazer profundidade às fotografias.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

34

Utilizamos as sombras para criar texturas e realçar as fotos. Se fotografarmos

com a luz natural, precisamos levar em consideração as horas do dia em que as

sombras são mais acentuadas.

Também é possível utilizar as sombras de formas criativas. Podemos por

exemplo combinar as sombras com “elementos reais” de forma que criemos

composições originais.

Figura 19: Luz e sombra 1

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

35

Figura 20: Luz e sombra 2

Sabendo utilizar as sombras para chamar a atenção para o assunto, a

fotografia ficará mais interessante. Mais frequentemente, cria-se uma simetria entre

a sombra e o motivo, porém isto não é uma regra, pois frequentemente a própria

sombra pode ser o motivo da fotografia. É importante saber escolher em que

situações devemos utilizá-las para que elas não camuflem ou cubram detalhes

importantes da imagem.

Na música nos utilizamos dos mesmos lexemas utilizados na fotografia para a

composição de timbres e texturas de uma obra, ou seja, a escolha de sua

instrumentação é de suma importância para a coloração sonora de uma peça. Como

afirma Caznok:

Em relação aos timbres, os adjetivos “brilhante” e “escuro” porexemplo, “soam” em nosso ouvido interno e ajudam a qualificar commaior precisão os atributos timbrísticos de um trompete e de umvioloncelo, respectivamente.

Referenciados pela palavra alemã Klangfarbe, que quer dizer timbree cuja tradução em inglês resulta no termo tone-colour, muitos livrosem português tentam facilitar a compreensão e sintetizar aexplicação do que vem a ser o parâmetro timbre dizendosimplesmente que “ele é a cor do som”. (CAZNOK, 2008, p.26)

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

36

Logo, ao definirmos as características de uma composição musical,

frequentemente usamos lexemas similares aos utilizados em fotografia, e sua

semântica mantêm-se similar apesar de este se tratar de um diálogo sinestésico

entre as duas áreas artísticas.

Também é interessante observar que o timbre pode estar associado, como

nos afirma Schoenberg (2002, p.126), a tessitura, ou em suas palavras “os registros

não diferem apenas em volume, mas também em colorido (timbre)”. Utilizando a voz

como exemplo, frequentemente ouvimos termos como “região de brilho”, ou regiões

sonoras em que a voz possua mais ou menos brilho. Devemos, então, considerar o

brilho em uma composição, seja fotográfica ou musical.

Sobre sombras e contraste também podemos criar um diálogo relacionado a

dinâmica, onde musicalmente também nos utilizamos lexemas similares aos da

composição fotografia. Ao criar uma obra sombria, podemos nos utilizar de artifícios

obscuros não apenas presentes no timbre e na instrumentação, mas na intensidade

em que a peça é executada. Bem como, criar contrastes dinâmicos no decorrer da

obra.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

37

2.3.7. Reflexos

Algumas superfícies provocam reflexos interessantes, criando suas próprias

imagens, como a água, o vidro e os metais. Ao inseri-las em uma fotografia,

estaremos destacando uma perspectiva diferente sobre o assunto, o que causará

interesse ao olhar a imagem.

Figura 21: Reflexo 1

A maneira como as superfícies absorvem e refletem a luz é o que nos permite

vê-las. A luz refletida é também uma parte integrante de qualquer cena em

exteriores, iluminando áreas que de outra forma estariam na sombra. Porém, na

maior parte das vezes, não vemos estes reflexos diretamente.

No entanto, algumas superfícies são tão boas refletoras que criam as suas

próprias imagens, espelhando as coisas que estão à sua volta. A água, o vidro e os

metais polidos oferecem a oportunidade de fotografar coisas de uma maneira

indireta, resultando numa visão mais oblíqua do mundo.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

38

Figura 22: Reflexo 2

Podemos ver uma semelhança dentro do contexto do reflexo na composição

musical. Uma metodologia criada no século XX se assemelha muito, dentro de suas

definições, pelo fato de se construir a música através de “repetições” das ideias

apresentadas sempre de formas diferentes. O método de construção musical

denominado Dodecafonismo, desenvolvido por Arnold Schoenberg, trata da criação

através de um modelo programado, onde as notas não se repetem em sua essência,

mas são invertidas e retrogradadas.

Para entender como funciona este processo Menegotto explica que,

[...]para conseguir esse objetivo, Schoenberg organizava umacoleção de classes de alturas dentro de uma matriz organizadada seguinte forma: na primeira fileira, denominada “O” (sérieoriginal), são organizadas em ordem sequencial as classes dealturas escolhidas. Straus ressalta que a organização dessasérie de doze classes de alturas é portadora da identidadesonora da peça (STRAUS, 2000:133). Quando essa fileira élida em sentido contrário, da direita à esquerda, é obtida a suaretrogradação “R”, quer dizer, a sequência em ordem contrária.A partir da primeira classe de nota da fileira original se constróia primeira coluna, formada pela inversão intervalar da sérieoriginal, tendo como base de referência os intervalos contadosa partir dessa nota da fileira. Quando essa coluna é lida debaixo para cima, define-se a retrogradação invertida da série

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

39

“RI”. Depois de ser definida a primeira coluna se procede acompletar as demais fileiras, respeitando-se os intervalosmelódicos originais, definidos em sentido horizontal.Completada toda a tabela o resultado obtido é composto por 48permutações possíveis, não repetidas, da estrutura original: 12séries originais “O” com suas 12 inversões “I”, suas 12retrogradações “R” e as suas 12 retrogradações invertidas “RI”.(STRAUS apud MENEGOTTO, 2011, p.3)

Figura 23: Exemplo de Tabela Dodecafonismo

2.3.8. Sobreposição

Devido ao fato de que na fotografia, no desenho e na pintura nós só

conseguimos ver duas dimensões, é essencial achar uma maneira de dar a

sensação de profundidade na imagem original ou criada. A sobreposição de

elementos serve para definir que elementos estão em primeiro plano e quais ficam

no plano de fundo.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

40

Figura 24: Sobreposição 1

A sobreposição de elementos no motivo tem como objetivo mostrar o aumento

da profundidade e da perspectiva, como também convidar à observação dos

contrastes no motivo.

Quando objetos se sobrepõe numa imagem, a primeira coisa que salta aos

olhos é a profundidade de campo existente na fotografia. Certamente não passará

desapercebido ao leitor o fato de que existem objetos distribuídos de forma

tridimensional. Além disto, é interessante convidar o observador a verificar os

contrastes e a dinâmica entre os objetos, que parecem próximos e não estão.

Com a sobreposição de objetos/assuntos conseguimos passar uma noção de

distância, ainda que sendo a fotografia uma imagem em duas dimensões (a

fotografia é um meio bidimensional). O objetivo da sobreposição é fazer com que

nossa composição transmita a sensação de profundidade que estava presente na

cena real.

Podemos criar profundidade numa foto através da inclusão de objetos em

primeiro plano, solo e meio fundo. Outra técnica útil é a sobreposição de

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

41

composição, onde você deliberadamente obscurece parcialmente um objeto com

outro. O olho humano naturalmente reconhece essas camadas e mentalmente as

separa, criando uma imagem com mais profundidade.

Figura 25: Sobreposição 2

Quando usamos a sobreposição dos elementos, destacamos a profundidade

da cena, os contrastes de um elemento para o outro, além de ser uma perspectiva

bem interessante.

Segundo Roque (2012), “A sobreposição é utilizada quando destacamos

profundidade da cena, o contrate de um elemento para o outro, dando profundidade

e perspectiva a imagem.” Roque conclui citando Martins, afirmando que:

[...] é um trabalho de composição da pictórica renascentista, em queo artista instaura a sobreposição de imagens como se fossem demãos transparentes de tinta. Esta menção as demãos na imagemfotográfica permite ver, através da transparência, um pouco datomada anterior, que é suporte da próxima; uma justaposição em quecada superfície se faz visível na medida em que a luz incidente sejarefletida. (MARTINS apud ROQUE, 2012, p.32).

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

42

Vemos também semelhanças entra a sobreposição e a polifonia. Damos o

nome de Polifonia a um estilo de música que se desenvolveu na Idade Média, dentro

da Igreja. O processo de criação é descrito por Roman,

Pelos meados do século XIII, as vozes dos motetos passam a sediferenciar, tanto rítmica quanto melodicamente. Essa independênciadas vozes vai permitir que não só uma melodia trovadoresca e umcanto gregoriano apareçam simultaneamente numa mesma peça,mas também que uma das vozes cante um hino em latim, enquantooutra canta uma canção em francês. Essa ausência de identidadeentre as linhas melódicas, que se cruzam constantemente, permiteformar um verdadeiro traçado de linhas independentes, num clarocontraste com a uniformidade e a planura do cantochão, o cantogregoriano (ROMAN, 1992, p.208-209).

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

43

3. EDUCAÇÃO MUSICAL E COMPOSIÇÃO

Levando em consideração os paralelos estabelecidos nas páginas anteriores,

este capítulo será dedicado a reflexão de dois grandes pontos centrais: no primeiro

momento será exposto e avaliado as razões pelas quais a interdisciplinaridade é

importante para a aprendizagem da música e em um segundo momento este

capítulo será dedicado a possíveis aplicabilidades em sala de aula.

3.1. Interdisciplinaridade no ensino de música

Amato nos afirma que (2010, p.31), “desde a Antiguidade clássica greco-

romana, o conhecimento científico se baseia no preceito de que é possível

compreender a realidade por meio de sua divisão em diversos campos

independentes”. Gomes (2001, p.2) nos esclarece que, na antiguidade a cultura

erudita deveria envolver gramática, retórica, lógica, aritmética, música, astronomia e

geometria; onde já era notável um movimento de fragmentação do conhecimento.

Com o passar dos séculos os intelectuais viam a necessidade de aprofundar-se em

áreas específicas que, somadas as necessidades das cidades e o surgimento das

universidades ocidentais, as áreas do conhecimento foram se fragmentando e

criando suas fronteiras. Como Thiesen enumera (2008, p.3), “sobretudo pela

influência dos trabalhos de grandes pensadores modernos como Galileu, Bacon,

Descartes, Newton, Darwin e outros, as ciências foram sendo divididas e, por isso,

especializando-se”.

Segundo Thiersen (2008, p.3), a interdisciplinaridade surge no século XX,

devido a uma visível carência presente principalmente nas áreas das ciências

humanas e da educação; a necessidade de “superar a fragmentação e o caráter de

especialização do conhecimento, causados por uma epistemologia de tendência

positivista em cujas raízes estão o empirismo, o naturalismo e o mecanicismo

científico do início da modernidade”. Thiersen também afirma que o termo

“interdisciplinaridade” ainda está em construção, apesar de ser um conceito

moderno.

Independente da definição que cada autor assuma, ainterdisciplinaridade está sempre situada no campo onde se pensa apossibilidade de superar a fragmentação das ciências e dosconhecimentos produzidos por elas e onde simultaneamente seexprime a resistência sobre um saber parcelado (THIERSEN, 2008,p.4)

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

44

Segundo Amato, a interdisciplinaridade não se constitui apenas de uma troca,

ou o uso de outras áreas do saber para um determinado fim científico, mas é uma

gama de interações recíprocas entre as áreas do conhecimento.

Do ponto de vista da pesquisa científica, a interdisciplinaridade seconstrói da interação, comparação, análise e síntese de conceitosoriundos de diversos campos do saber, isto é, da conjugação deângulos pelos quais cada ciência e cada modalidade outra de saberdirigem seu olhar à realidade. (AMATO, 2010, p.36-37)

A razão para que esteja acontecendo um movimento contrário à

fragmentação que observamos nos últimos séculos se deve a fatores históricos de

evolução tecnológica, que nos posiciona em um mundo cada vez mais

interconectado; onde a expansão de conhecimentos dentro de uma ciência coincide

com conteúdos de outras áreas.

“Para Goldman (1979, p.3-25), um olhar interdisciplinar sobre a realidade

permite que entendamos melhor a relação entre seu todo e as partes que a

constituem”. (GOLDMAN apud THIESEN, 2008, p.2). Thiersen também nos leva a

uma reflexão sobre a importância da interdisciplinaridade:

A interdisciplinaridade visa à recuperação da unidade humana pelapassagem de uma subjetividade para uma intersubjetividade e, assimsendo, recupera a ideia primeira de cultura (formação do homemtotal), o papel da escola (formação do homem inserido em suarealidade) e o papel do homem (agente das mudanças do mundo)(THIESEN, 2008, p.5).

Logo, é notável sua devida importância dentro do ensino. Thiersen também

nos afirma que “um processo educativo desenvolvido na perspectiva interdisciplinar

possibilita o aprofundamento da compreensão da relação entre teoria e prática,

contribui para uma formação mais crítica, criativa e responsável” (2008, p.7-8).

No campo musical, Amato nos afirma que desde sua origem, “a música é

conjugada a outros campos do conhecimento humano, devido à sua complexidade”

(2010, p.39). Em seu artigo, Amato nos enumera diversas possibilidades

interdisciplinares envolvendo o ensino de música:

Muitos outros são os campos a serem explorados nainterdisciplinaridade da música e da educação musical: os estudoshistóricos, filosóficos, sociológicos, estéticos, etnológicos, físicos,biológicos, neurocientíficos e tantos outros mostram que o fenômenomusical e seu ensino podem ser aprimorados sob os mais diversosângulos analíticos, transcendendo fronteiras entre artes e ciências eentre ciências exatas, biológicas e humanas (2010, p.43).

Amato (2010, p.44) também nos adverte acerca da necessidade de vincular

uma notável dicotomia ocasionalmente presente no ensino de música: a prática e o

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

45

estudo; bem como a importância de integrar e explorar possibilidades científicas

diferentes. França e Swanwick acrescentam em nossa discussão que, “o ensino

tradicional da performance instrumental tende a priorizar o desenvolvimento técnico

instrumental e a tradução musical escrita, em detrimento de um fazer musical mais

abrangente.” (2002, p.13). Portanto, faz-se notável o valor de um ensino musical

mais vasto, globalizante e estimulante.

Logo, é indispensável que se tenha em mente um caminho íntegro e eficiente

para o ensino de música. França e Swanwick nos informa que a “composição,

apreciação e performance são os processos fundamentais da música enquanto

fenômeno e experiência, aqueles que exprimem sua natureza, relevância e

significado” (2002, p.8). E segundo Shafer a composição possui um papel de suma

importância: “Como músico prático, considero que uma pessoa só consiga aprender

a respeito de som produzindo som; a respeito de música, fazendo música” (2011,

p.56). Desta forma concordamos com França e Swanwick (2002, p.8-9), ao dizer que

a composição, enquanto pilar do desenvolvimento musical, “é um processo

essencial da música devido à sua própria natureza: qualquer que seja o nível de

complexidade, estilo ou contexto, é o processo pelo qual toda e qualquer obra

musical é gerada. Esse argumento é suficiente para legitimá-la como atividade

válida e relevante na educação musical”.

Como refletimos, a interdisciplinaridade e a composição são fatores que

auxiliam e potencializam o ensino de música e o desenvolvimento artístico e social

dos alunos. Também é importante ressaltar que “o potencial educativo da

composição reside no significado e na expressividade que o produto musical é

capaz de comunicar” (FRANÇA; SWANWICK, 2002, p.11).

Experiências em composição podem levar os alunos a desenvolveremsua própria voz nessa forma de discurso simbólico. Durante esseprocesso, ideias musicais podem ser transformadas, assumindo novosníveis expressivos e significativos, articulando assim sua vidaintelectual e afetiva. (FRANÇA; SWANWICK, 2002, p.10).

Os processos criativos e composicionais excedem o aprendizado por meio

unicamente da prática instrumental, como nas palavras de Reimer (1996 apud

FRANÇA; SWANWICK, 2002), “há muito mais para se ganhar em termos de

compreensão musical, aprendizado, experiência, valor, satisfação, crescimento,

prazer e significado musical do que a performance sozinha pode oferecer”. O que

buscamos não é a negação de uma forma ou método de ensino, mas buscamos um

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

46

equilíbrio, como afirma Reimer (1989, p. 156 apud FRANÇA, 2001, p.2) “A educação

musical abrangente ocupa-se do crescimento musical dos alunos através da

participação ativa em experiências acessíveis e musicalmente ricas e variadas,

incluindo a performance de uma maneira equilibrada em relação às outras

modalidades”.

Da mesma forma é importante que os alunos passem pelo processo de

autoavaliação. Pois “A participação dos alunos na avaliação das suas composições

também possibilita que eles expressem seus posicionamentos, que precisam ser

reconhecidos e respeitados” (BEINEKE, 2008, p.29). Logo, as atividades em sala de

aula necessitam de um olhar crítico, não apenas ao participar mas também diante

das criações, para que crie-se um ciclo de aperfeiçoamento e aprendizado.

3.2. Aplicabilidade dos paralelos em sala de aula

Este espaço irá dedicar-se a uma breve reflexão e exposição de propostas à

aplicação dos paralelos observados e estabelecidos previamente. Com intenção de

criar um ambiente em que os alunos possam através de processos criativos e da

experimentação, aprenderem música através da interdisciplinaridade, onde

sugerimos a utilização da fotografia. Discutiremos atividades que possibilitariam um

ensino de música abrangente e interdisciplinar, onde possamos estimular a

criatividade, por meio de exercícios de percepção, apreciação, experimentação e

composição.

Mas é interessante ressaltar que as atividades podem ser diversas e de

infinitas possibilidades criativas. Porém é necessário que se moldem de acordo com

as necessidades de cada turma. É da responsabilidade de cada profissional,

analisar as condições apropriadas em sua atuação seja dentro do ensino

especializado ou do ensino básico.

Propriedades do Som

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

47

Entende-se por propriedades do som: timbre, intensidade e altura. Diversas

vezes nos deparamos com alunos que já reconhecem de forma intuitiva as

propriedades e utilizam lexemas similares aos utilizados academicamente, como

“brilhante” ou “escuro”.

Em uma aula dinâmica pode-se instigar um debate sobre determinada

fotografia, onde os alunos são estimulados a observarem e verbalizarem em suas

palavras o que eles possam sentir ou ver. Lembrando que aspectos sinestésicos

também devem ser considerados. Desta forma, o professor pode, expositivamente

ou de outros métodos, guiar os alunos aos conteúdos musicais. Por meio de

improvisação, composição e/ou apreciação, criando um diálogo entre o visível e o

audível.

Paisagem Sonora

A criação de uma paisagem sonora é um exercício que trabalharia não

apenas a experimentação, mas também a percepção, pois para a composição de

uma paisagem, é preciso ouvir-se a si mesmo e ouvir os sons a sua volta. Paisagem

sonora é um termo criado pelo compositor e artista plástico Murray Schafer, que

designa todos os sons presentes em uma paisagem, mesmo aqueles que não são

visíveis. Segundo Gomes,

É importante analisarmos a paisagem sonora que se forma a nossavolta, os sons que desejamos e os indesejados, os sons quereproduzimos, os naturais e os que não vem da natureza. Perceberestes sons abre nossos ouvidos para uma nova forma de música.(GOMES, 2016, p.24)

Esta música experimental criada a partir de uma paisagem, pode guiar os

alunos a experimentação timbrística, a exploração do das cores e intensidades,

gerando mais intimidade com seus instrumentos. A proposta desta atividade é criar

uma paisagem sonora, utilizando apenas os instrumentos disponíveis, a partir de

uma imagem fotográfica. Será interessante guiar os alunos durante a composição,

pedindo para que observem determinados elementos fotográficos, que de forma

sinestésica e intuitiva poderiam ser traduzidos sonoramente. Este exercício também

pode ser feito com vozes ou percussão corporal, ou seja, o que estiver disponível

para ser explorado sonoramente.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

48

Sobre a intuição, concordamos com Santos em dizer que, “A intuição é

indubitavelmente indispensável para a arte, mas ela precisa ser acompanhada de

conhecimento para quebrar barreiras e levar a outros níveis de fazer artístico”.

(SANTOS, 2012, p.21). Portanto é válido lembrar que os exercícios de

experimentação seriam acompanhados por aulas expositivas e técnicas.

Trilha Sonora

A trilha sonora, frequentemente, está atrelada a imagem. A imagem

cinematográfica, nada mais é do que “frames”, que são quadros ou fotos retiradas

de uma cena. Acreditamos que a trilha sonora seja uma ferramenta interessante

para trabalhar musicalização, pois esta não tem, necessariamente, a obrigatoriedade

de pertencer a harmonia tradicional ou a música de concerto. Podemos criar uma

trilha sonora que vai além da função de acompanhamento, possuindo uma liberdade

experimental propícia para a criação em sala de aula. Segundo Gomes (2016, p.27-

28), “os alunos possuem a liberdade de experimentar, visualizando a cena e ouvindo

suas próprias criações sem que estejam delimitados por uma regra de harmonia ou

composição”.

O exercício que propomos é similar ao exercício de paisagem sonora, porém

agora não estamos procurando sons presentes na imagem, mas para além dela.

Procuramos sons que a imagem transmite. Por exemplo, em uma cena do filme

Forrest Gump (ZEMECKIS, 1994), ao mostrar para os alunos um frame em que o

personagem está sentado em um banco de uma praça, conversando com estranhos,

não estamos interessados nos sons dos passarinhos ou dos carros, mas em uma

interpretação expressiva dos sentimentos que porventura possam ser extraídos.

Novamente o professor tem o papel de guiar os alunos pelos paralelos que já

foram estabelecidos previamente. Relembrá-los das composições fotográficas

presentes no frame e como, inicialmente, por meio da experimentação, poderíamos

traduzir sonoramente.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

49

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Baseado neste estudo, chegamos a conclusão que a abrangência do ensino

de música, utilizando-se da interdisciplinaridade, nos permite explorar recursos

eficazes em nossa docência, levando como ponto forte o despertar da criatividade

do aluno e assim a construção do interesse e a sustentação deste processo de

ensino, pois o aluno não apenas está conectando os conhecimentos e tornando-se

um indivíduo mais completo, mas ele, ao compor, também se sente como parte da

construção do conhecimento.

O papel do docente não reside apenas na transmissão de conhecimentos,

mas acreditando no potencial criativo do aluno e estimulando-o a compor, pode-se

criar um ambiente de desenvolvimento social e intelectual mutuo, onde os

professores também participam ativamente do aprendizado. Ou seja, através de um

ensino construtivista é possível que cada integrante possa colaborar com a

construção de um novo saber.

Cabe ao docente criar os meios devidos pelas quais os alunos usarão as

ferramentas analisadas neste trabalho. Também é de suma importância que haja

uma análise de situações sociais, culturais e econômicas das turmas lecionadas. A

interdisciplinaridade é eficaz quando aplicada corretamente. Lembrando que não há

uma receita ideal ou correta no ensino de música, pois cada metodologia deve ser

adequada e moldada a partir das necessidades dos indivíduos.

É interessante que as ciências estejam em um processo de conexão, criando

saberes conjuntamente com áreas aquém; sendo este um claro reflexo da sociedade

conectada, do ser humano conectado. O conhecimento jamais esteve tão acessível,

e cabe a nós manuseá-lo. Portanto propomos conexões, assimilações, diálogos,

para que possamos crescer e desenvolver novos métodos, novas áreas do

conhecimento e novos saberes, a despeito de qualquer temor em ultrapassar as

fronteiras de cada área.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

50

REFERÊNCIAS

AMATO, Rita de Cássia Fucci. Interdisciplinaridade, música e educação musical.

Opus, Goiânia, v. 16, n. 1, p. 30-47, jun. 2010.

BECKER, F. O que é construtivismo? Desenvolvimento e Aprendizagem Sob o

Efoque da Psicologia II. UFRGD – PEAD, 2009/1.

BEINEKE, Viviane. A composição no ensino de música: perspectivas de pesquisa

e tendências atuais. Revista da ABEM, Porto Alegre, v.20, 19.23, set. 2008.

BRANDÃO, Adriano. Bartók: Música para cordas, percussão e celesta.

Disponível em: <https://ilhaquadrada.com/bartok/musica-para-cordas-percussao-e-

celesta/> Acesso em: 13 de novembro de 2018.

CAZNOK, Y. B. Música: Entre o audível e o visível. 2 ed. São Paulo: Editora

UNESP; Rio de Janeiro: Funarte, 2008. 242 p. (Coleção arte e Educação)

FRANÇA, C. C.; SWANWICK, K. Composição, apreciação e performance na

educação musical: teoria, pesquisa e prática. In: Em Pauta, Porto Alegre: v.13,

n.21, 2002.

GOMES, Henriette Ferreira. Interdisciplinaridade e ciência da Informação: de

característica a critério delineador de seu núcleo principal. In: Revista de Ciência da

Informação: v.2 n.4, agosto 2001.

GOMES, Manuella Praxedes. 2016. A narrativa visual para formação de

compositores em sala de aula. Monografia (Licenciatura em Música) –

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.

GUERREIRO, Diogo. 2014. Composição Fotográfica. Disponível em:

<https://www.fotografia-dg.com/composicao-fotografica/> Acesso em: 14 de

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

51

novembro de 2018.

GUEST, Ian. Harmonia: método prático. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumiar Editora, 2006.

170 p. v. 1.

HINTON, Mark Justice. Câmeras digitais e fotografia para leigos. ed. 1 [S.l.]:

Editora Alta Books, 2012. 224 p.

JOURDAIN, R. Música, cérebro e êxtase: como a música captura nossa

imaginação. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998, 441p.

KAMPS, Haje Jan. The rules of photography: and when to break them. 1. ed. Uk:

Ilex, 2012. 97 p.

KOSSOY, Boris. Fotografia e história. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.

MARTINS, Nelson. Fotografia da analógica a digital. Rio de Janeiro: SENAC

Nacional, 2013.

MATULJA, José Francisco. Pé na Trilha: Guia para Caminhadas. Rio das Ostras –

RJ: Edição do Autor, 2012.

MENEGOTTO, José Luis. Dodecafonismo geométrico. Um diálogo possível

entre a geometria e a música.. In: XX Simpósio Nacional de Geometria Descritiva e

Desenho Técnico. IX International Conference on Graphics Engineering for Arts ans

Design., 2011, Rio de Janeiro. Gráphica 2011. Expressão Gráfica. Conexões entre

Ciência, Arte e Tecnologia.. Rio de Janeiro: UFRJ, Escola de Belas Artes, 2011.

MOTA, Maria Sebastiana Gomes; PEREIRA, Francisca Elisa de Lima.

Desenvolvimento e Aprendizagem: Processo de Construção do Cnhecimento e

Desenvolvimento mental do Individuo. 2013. Portal do Mec. Disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf3/tcc_desenvolvimento.pdf> Acesso em:

11 de novembro de 2018.

OSTETTO, L. E. “Mas as crianças gostam!” ou, sobre gostos e repertórios

musicais. In: Reunião Anual da ANPED, 26, 2003, Poços de Calda.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

52

PENNA, Maura. Reavaliações e buscas em musicalização. São Paulo: Loyola,

1990.

RABELO, Frederico André. Arquitetura e Música: Interseções polifônicas. 2007.

Dissertação (Mestrado interinstitucional em Arquitetura) – MINTER UFRGS/UCG,

Goiânia.

ROCHA, João Carlos. Cor luz, cor pigmento e os sistemas RGB e CMY. Revista

Belas Artes, São Paulo, n. 3, mai/ago de 2010. Disponível em: <

http://www.belasartes.br/revistabelasartes/downloads/artigos/3/cor-luz-cor-pigmento-

eos-sistemas-rgb-e-cmy.pdf> Acesso em: 11 de novembro de 2018.

ROMAN, Artur. O conceito de Polifonia em Bakhtin - O trajeto polifônico de uma

metáfora. Revista Letras (Curitiba), Curitiba PR, v. 41/42, p. 207-220, 1993.

ROQUE, Luan da Silva. O cotidiano em registro: Resignificando o olhar dos

estudantes do ensino médio através da linguagem fotográfica. 2014. 98 p.

Monografia (Licenciatura em Artes Visuais) – Universidade do Extremo Sul

Catarinense – UNESC, CRICIÚMA – SC.

SANTOS, Alvaro Henrique Siqueira Campos. O Planejamento da Expressividade

na Música Contemporânea. 2012. Dissertação (Mestrado em Musica) -

Universidade de Brasília, Brasília.

SHAFER, M. (1997). A afinação do mundo. 2 edição. São Paulo: Editora UNESP,

2011. 382 p.

SHOENBERG, Arnold. Fundamentos da Composição Musical. São Paulo: Edusp,

2002

SILVA JUNIOR, Roberto Aparecido Mancuzo. O MST deterritorializado: um novo

olhar sobre a criminalização do movimento a partir do fotojornalismo e do

hiperespetáculo. 2010. Dissertação (Mestrado em Comunicação) – Universidade

Estadual de Londrina, Londrina.

THIESEN, Juares da Silva. A interdisciplinaridade como um movimento

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE ...€¦ · 2.1. Composição fotográfica para músicos: a fotografia como ferramenta de criação musical. Analisando tais

53

articulador no processo ensino-aprendizagem. Revista Brasileira de Educação,

Rio de Janeiro, v.13, n. 39, Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em

Educação, set. 2008.

ZEMECKIS, Robert. Forrest Gump: O contador de Histórias. Estados Unidos da

América: Paramount Pictures, 1994. 1 DVD, 142 min.