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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA Caracterização da paisagem de Sapajus flavius (Primates, Cebidae) e Alouatta belzebul (Primates, Atelidae) na Mata Atlântica nordestina ALUNA: ANNE KARENINE BEZERRA DA PENHA DANTAS Natal - RN Julho / 2016

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...em Ecologia. Orientadora: Profª. Dra. Míriam Plaza Pinto Co-orientadora: Profª. Dra. Adriana Monteiro de Almeida Natal - RN Julho

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA

Caracterização da paisagem de Sapajus flavius (Primates,

Cebidae) e Alouatta belzebul (Primates, Atelidae) na Mata

Atlântica nordestina

ALUNA: ANNE KARENINE BEZERRA DA PENHA DANTAS

Natal - RN

Julho / 2016

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE …...em Ecologia. Orientadora: Profª. Dra. Míriam Plaza Pinto Co-orientadora: Profª. Dra. Adriana Monteiro de Almeida Natal - RN Julho

ANNE KARENINE BEZERRA DA PENHA DANTAS

Caracterização da paisagem de Sapajus flavius (Primates,

Cebidae) e Alouatta belzebul (Primates, Atelidae) na Mata

Atlântica nordestina

Dissertação apresentada ao

programa de Pós-graduação

em Ecologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte,

como parte das exigências para

a obtenção do título de Mestre

em Ecologia.

Orientadora:

Profª. Dra. Míriam Plaza Pinto

Co-orientadora:

Profª. Dra. Adriana Monteiro de Almeida

Natal - RN

Julho / 2016

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ecologia da

Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, como parte das exigências

para a obtenção do título de Mestre em

Ecologia.

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Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Biociências – CB

Dantas, Anne Karenine Bezerra da Penha.

Caracterização da paisagem de Sapajus flavius (Primates, Cebidae) e Alouatta belzebul (Primates, Atelidae)

na Mata Atlântica nordestina. / Anne Karenine Bezerra da Penha Dantas. - Natal, 2016.

71 f.: il.

Orientadora: Profa. Dra. Míriam Plaza Pinto.

Coorientadora: Profa. Dra. Adriana Monteiro de Almeida.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Programa de

Pós-Graduação em Ecologia.

1. Alouatta belzebul - Ecologia - Dissertação. 2. Sapajus flavius - Dissertação. 3. Conservação - Dissertação.

4. Ecologia da Paisagem - Dissertação. I. Pinto, Míriam Plaza. II. Almeida, Adriana Monteiro de. III.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 574

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ANNE KARENINE BEZERRA DA PENHA DANTAS

CARACTERIZAÇÃO DA PAISAGEM DE SAPAJUS FLAVIUS (PRIMATES,

CEBIDAE) E ALOUATTA BELZEBUL (PRIMATES, ATELIDAE) NA MATA

ATLÂNTICA NORDESTINA.

PARECER: _____________________________, DADO EM: ______/______/_______

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________

Profª. Dra. Míriam Plaza Pinto (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________________

Dra. Marília Bruzzi Lion (Membro interno)

______________________________________________________________

Dr. Marcos de Souza Fialho (Membro externo)

CPB – Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiro - ICMBIO

______________________________________________________________

Mᵃ. Marina Antongiovanni da Fonseca (Membro suplente)

2016

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ecologia da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como parte

das exigências para a obtenção do título de

Mestre em Ecologia.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a minha orientadora Míriam, pela idealização do

projeto, ensinamentos e assistência. Sempre com várias formas diferentes de como

analisar os dados estatisticamente, você me introduziu nessa nova área de conhecimento

que é a ecologia da conservação, a qual eu almejava participar desde o início da

graduação na ecologia.

A todos que nos receberam no CPB – Centro Nacional de Pesquisa e

Conservação de Primatas Brasileiro – ICMBIO. Praticamente todos os dados de

ocorrência que utilizamos foram os disponibilizados pelo CPB e poder ajudar de alguma

forma na conservação do Alouatta belzebul e Sapajus flavius é muito gratificante.

Aos professores Adriana Almeida, como coorientadora me ajudou muito a

elaborar os capítulos, e Alexandre Fadigas pelas contribuições nas qualificações.

Ao Marcos de Souza Fialho, Marília Bruzzi Lion pela presença na banca.

Ao Fábio Ucella e José Saraiva por terem me ajudado com o Arc Gis.

Aos colegas da Ecologia, da pós-graduação e do laboratório, Fabíola (por ter me

ajudado com o Fragstats), Marília, Adriana, Mariane, Fernando. Ao grupo da ecologia

de campo “hojarasca”, e a tantos outros colegas que participaram do meu

desenvolvimento na pós-graduação. Ao Caio que ofereceu os fotos dos primatas.

As minhas amigas companheiras, Jéssica, Tházia, Júnia e Natália. Em especial a

Regina por ter me acompanhado na pós-graduação e a Paola por me ajudar na correção

da dissertação.

Agradeço à CAPES/Ministério da Educação e ao Programa de Pós-Graduação

em Ecologia da UFRN por ter me concedido a bolsa de mestrado.

Agradeço a minha família, meu pai Nilvan, minha mãe Magaly, meu padrasto

Antônio, que me apoiaram em vários momentos. Agradeço em especial a minha irmã

Julieta e ao meu esposo Glaumo por sempre está ao meu lado nos momentos difíceis.

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– Parasyte Kyseiju – Hitoshi Iwaaki

“Alguém sobre a terra pensou: Se a quantidade

de humanos habitantes do planeta diminuísse pela

metade, quantas florestas deixariam de ser queimadas?

Alguém sobre a terra pensou: Se a quantidade

de habitantes do planeta diminuísse para um

centésimo, a poluição despejada sobre ela também

diminuiria para um centésimo?

Então, esse alguém pensou: Precisamos

defender o futuro dessas criaturas...”

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APRESENTAÇÃO GERAL----------------------------------------------------------------------1

CAPÍTULO 1: Estrutura da paisagem no entorno de fragmentos com ocorrência de

Sapajus flavius e Alouatta belzebul na Mata Atlântica----------------------------------------4

RESUMO -----------------------------------------------------------------------------------5

ABSTRACT --------------------------------------------------------------------------------6

INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------7

MATERIAIS E MÉTODOS -----------------------------------------------------------12

Área de estudo ------------------------------------------------------------------------12

Compilação dos dados de ocorrência ---------------------------------------------15

Dados da cobertura ------------------------------------------------------------------15

Validação das imagens --------------------------------------------------------------16

Análise da paisagem -----------------------------------------------------------------17

Análise estatística ---------------------------------------------------------------------18

RESULTADOS --------------------------------------------------------------------------18

DISCUSSÃO -----------------------------------------------------------------------------23

REFERÊNCIAS--------------------------------------------------------------------------26

ANEXOS ---------------------------------------------------------------------------------34

CAPÍTULO 2: Forma e perímetro dos fragmentos influenciam a ocorrência de

primatas ameaçados no extremo norte da Mata Atlântica-----------------------------------41

RESUMO ---------------------------------------------------------------------------------42

ABSTRACT ------------------------------------------------------------------------------43

INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------44

MATERIAIS E MÉTODOS------------------------------------------------------------46

Área de estudo ------------------------------------------------------------------------46

Dados de cobertura ------------------------------------------------------------------47

Obtenção dos dados socioeconômicos --------------------------------------------47

Pareamento dos fragmentos com e sem ocorrência de primatas -----------47

Análise da paisagem -----------------------------------------------------------------48

Análise estatística ---------------------------------------------------------------------49

RESULTADOS---------------------------------------------------------------------------49

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DISCUSSÃO-----------------------------------------------------------------------------54

REFERÊNCIAS--------------------------------------------------------------------------57

ANEXOS ---------------------------------------------------------------------------------63

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APRESENTAÇÃO GERAL

A Mata Atlântica é um bioma ameaçado, restam apenas 8,5 % de remanescentes

florestais acima de 100 hectares do que existia originalmente e somando todos os

remanescentes acima de 3 hectares temos apenas 12,5% (SOS Mata Atlântica, 2016). É

um dos hotspots de biodiversidade (Myers et al., 2000), pois é uma área que já perdeu

três quartos de sua vegetação original e possui um alto nível de endemismo (Brooks et

al., 2002), sendo considerado o segundo hotspot mais ameaçado do mundo (Mittermeier

et al., 1999). A fragmentação tem como efeito resultante a diminuição da riqueza de

espécies, diminuição da abundância de espécies, diminuição da densidade de espécies e

mudanças na distribuição de populações, além da diminuição da diversidade genética

(Fahrig, 2003; Garber et al., 2009). A fragmentação afeta diretamente os primatas. Duas

espécies de primatas ameaçados que ocorrem na Mata Atlântica do nordeste são:

Alouatta belzebul e Sapajus flavius. A espécie A. belzebul é considerada vulnerável pela

Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos

Naturais (IUCN, 2016) e Vulnerável segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA,

2014). O S. flavius é considerado criticamente ameaçada pela IUCN e em perigo pelo

MMA (MMA, 2014).

Esta dissertação é composta por dois capítulos. No primeiro capítulo avaliamos a

estrutura da paisagem nos locais em que ocorrem as duas espécies de primatas na Mata

Atlântica nordestina: o A. belzebul e S. flavius. O CPB (Centro Nacional de Pesquisa e

Conservação de Primatas Brasileiros – ICMBio) disponibilizou os dados de ocorrência

dos primatas e usamos bases de indexação de artigos e periódicos específicos para

compilar todos os artigos em que essas espécies foram estudadas em campo. Usamos os

dados de cobertura florestal do mundo gerados por Hansen et al. (2013). Nossas

análises sugerem que não existe diferença entre os fragmentos que essas espécies

ocorrem com relação às métricas de paisagem avaliadas.

Essa particularidade fez com que surgisse o interesse em investigar o efeito das

características da paisagem sobre a ocorrência de A. belzebul e S. flavius. O que resultou

no desenvolvimento do segundo capítulo, no qual comparamos os aspectos da paisagem

relativos aos fragmentos em que essas espécies ocorrem com fragmentos em que não

ocorrem. O estudo foi realizado em fragmentos com e sem ocorrência das espécies S.

flavius e A. belzebul que estão inseridos na Mata Atlântica Nordestina ao norte do rio

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São Francisco. Forma, perímetro e distância de cidades foram as principais

características que melhor explicaram a ausência de primatas nos fragmentos. Estes

apresentam dados socioeconômicos e tamanhos semelhantes as os fragmentos com

ocorrência de primatas. Esse resultado indica que possivelmente os primatas tenham

preferência por fragmentos com menor borda, provavelmente devido à influência

humana que uma maior quantidade de borda causa.

Estratégias de conservação tem que ser propostas para frear o avanço dos efeitos

da ocupação humana na Mata Atlântica. Medidas imediatas de restabelecimentos da

conectividade como corredores entre fragmentos e “stepping stones” precisam ser

considerados pelos governos para podermos manter as espécies ameaçadas de extinção

ainda vivas na Mata Atlântica nordestina. Trabalhos de conscientização com populações

humanas perto de onde essas espécies de primatas ameaçados ocorrem também podiam

ser outras medidas a serem tomadas para a conservação dessas espécies.

REFERENCIAS

Brooks, T. M., A. R. Mittermeier, C. G. Mittermeier, G. A. B. Fonseca, A. B. Rylands,

W. R. Konstant, P. Flick, J. Pilgrim, S. Oldfield, G. Magin, e C. Hinton-Taylor. 2002.

Habitat loss and extinction in the hotspots pf biodiversity. Conservation Biology 16:909

- 923.

Fahrig, L. 2003. Effects of habitat fragmentation on biodiversity. Annual Review of

Ecology Evolution and Systematics 34:487-515.

Fundação SOS Mata Atlântica. 2016. <https://www.sosma.org.br/17811/divulgados-

novos-dados-sobre-o-desmatamento-da-mata-atlantica/ >Acessado em 1 Julho de 2016.

Garber, P. A., A. Estrada, J. César, J. C. Bicca-Marques, E. W. Heymann, e K. B. Strier.

2009. South American Primates Comparative Perspectives in the Study of Behavior,

Ecology, and Conservation. Springer, Chicago.

Hansen, M. C., P. V. Potapov, R. Moore, M. Hancher, S. A. Turubanova, A. Tyukavina,

D. Thau, S. V. Stehman, S. J. Goetz, T. R. Loveland, A. Kommareddy, A. Egorov, L.

Chini, C. O. Justice, e J. R. Townshend. 2013. High-resolution global maps of 21st-

century forest cover change. Science 342:850-853.

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IUCN 2016. The IUCN Red List of Threatened Species. Version 2016-1.

<http://www.iucnredlist.org>. Acessado em 1 Julho de 2016.

Mittermeier, A. R., N. Myers, P. Robles-Gil, e C. G. Mittermeier. 1999. Hotspots: Earth

biologically richest and most endangered terrestrial ecoregions. CEMEX, México.

Ministério do Meio Ambiente. 2014. <http://www.mma.gov.br/biodiversidade/especies-

ameacadas-de-extincao/atualizacao-das-listas-de-especies-ameacadas>. Acessado em 7

Outubro de 2016.

Myers, N., R. A. Mittermeier, C. G. Mittermeier, G. A. B. da Fonseca, e J. Kent. 2000.

Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature 403:853-858

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Capítulo I

Estrutura da paisagem no entorno de fragmentos com ocorrência

de Sapajus flavius e Alouatta belzebul na Mata Atlântica

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RESUMO

Os efeitos do processo de fragmentação e a perda de habitat geralmente têm

como resultado a diminuição da riqueza de espécies, da abundância de espécies, da

densidade de populações e mudanças na distribuição da população, além da diminuição

da diversidade genética. Sendo os primatas arborícolas espécies sensíveis à

fragmentação do habitat, a mudança na qualidade do habitat pode afetar desde a

disposição dos grupos de primatas ao longo do fragmento, até mudanças

comportamentais. Nesse estudo nós avaliamos a estrutura da paisagem nos locais em

que ocorrem ao menos uma das duas espécies de primatas ameaçados na Mata Atlântica

ao norte do rio São Francisco: Alouatta belzebul e Sapajus flavius. Nossas análises

sugerem que não existe diferença entre os fragmentos que essas espécies ocorrem com

relação às métricas de paisagem usadas, embora algumas espécies de primatas

apresentem resultados diferentes às métricas de alguma forma. Mesmo assim, alguns

fragmentos são muito pequenos, ou até mesmo distantes de outros mostrando assim a

necessidade de estratégias de ação para manutenção ou recuperação de uma paisagem

que mantenha populações (ou metapopulações) viáveis dessas espécies. Nesse capítulo

se enfatiza a importância de existir fragmentos grandes quando há ocorrência de mais de

uma espécie e uma melhor conexão entre fragmentos quando esses são menores para

facilitar a migração de primatas entre os fragmentos.

Palavras-chave: Alouatta belzebul, Sapajus flavius, fragmentação, conservação.

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ABSTRACT

The effects of fragmentation process and habitat loss have generally resulted in

the decrease of species richness, abundance of species, density of species and changes

in the distribution of the population, and the reduction of genetic diversity. The arboreal

primates are the most sensitive species to habitat fragmentation and the change in

habitat quality may affect the disposition of primates group along fragment and cause

behavioral changes. In this study we evaluated the landscape structure in the locations

that occur both primates species endangered in Atlantic Forest north of the São

Francisco River, Alouatta belzebul and Sapajus flavius. Our analyzes suggest that there

is no difference between the fragments which these species occur in relation to the

landscape metrics used, although some species of primates show sensitivity metric

somehow, even so, some fragments are too small, or even distant of other fragment thus

showing the need for greater conservation both species. In this chapter emphasizes the

importance of having large fragments when there is occurrence of more than one

species and a better connection between fragments when these are smaller to facilitate

the migration of primates among the fragments.

Keywords: Alouatta belzebul, Sapajus flavius, fragmentation, conservation.

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INTRODUÇÃO

Estudos da relação entre espécies, área e isolamento dos remanescentes que

habitam são de grande importância para o conhecimento da ecologia de paisagem e

preservação. A relação espécie-área, a qual afirma que ilhas grandes suportam mais

espécies que ilhas menores (Darlington, 1957), é um padrão que já foi detectado para

diversos grupos, como em plantas vasculares (Gleason, 1922), insetos, morcegos,

pássaros (Connor e Mccoy, 1979) e espécies aquáticas (em lagoas) (Oertli et al., 2002),

mostrando que as ilhas não são apenas oceânicas mas também podem ser ilhas de

habitat. Acrescentando a informação de isolamento da ilha, na Teoria de Biogeografia

de Ilhas (MacArthur e Wilson, 1967) temos como pressuposto que a probabilidade de

colonização é inversamente proporcional ao isolamento, ou seja, quanto mais isolada

uma ilha é menor a chance de colonização, assim como a probabilidade de extinção é

proporcional à área, mostrando que quanto menor a área menor a probabilidade de

extinção. Essa teoria pode ser usada para ilhas de habitat como fragmentos no

continente (Haila, 2002), tomando o devido cuidado de considerar o tipo de matriz que

circunda o fragmento já que ela também afeta na extinção e no isolamento.

A perda de habitat e a fragmentação do habitat são fenômenos presentes em

muitas áreas mundo. A perda de habitat pode ser caracterizada como uma mudança que

impede a espécie de viver em uma área que antes era seu habitat, como o que antes era

uma área de mata contínua que se tornou um campo de cultivo, por exemplo, enquanto

que a fragmentação de habitat é uma quebra do habitat em partes menores (Jackson e

Fahrig, 2013). O processo de fragmentação e a perda de habitat acabam resultando em

três efeitos principais: aumento do número de manchas, diminuição do tamanho das

manchas, e aumento do isolamento das manchas. Esses efeitos geralmente têm como

resultado a diminuição da riqueza de espécies, diminuição da abundância de

populações, diminuição da densidade de espécies e mudanças na distribuição da

população, além da diminuição da diversidade genética (Fahrig, 2003; Garber et al.,

2009). Pode haver efeitos importantes também sobre as relações ecológicas como a

predação, fazendo com que presas antes pouco visíveis fiquem mais perceptíveis, na

competição, pois na diminuição do fragmento os recursos ficam mais limitados e no

parasitismo (Bennett, 2010), como já visto em vários trabalhos realizados com espécies

de primatas do gênero Alouatta (Monteiro et al., 2013; Pena et al., 2011).

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Os primatas arborícolas estão entre as espécies mais sensíveis à fragmentação

do habitat (Pozo-Montuy et al., 2011). Uma vez que são extremamente dependentes da

floresta, os processos de desmatamento e fragmentação afetam esse grupo, mesmo que

apresentem um amplo leque de tolerância à perturbação do habitat florestal (Benchimol

e Peres, 2014). Essa resistência à perturbação depende de um conjunto de características

ecológicas que podem ser espécie-específicas. Como exemplo, algumas espécies podem

ter capacidade de habitar ambientes alterados e outras apenas atravessar a matriz (Vilela

e Del Claro, 2007). O tipo de matriz que circunda um fragmento pode influenciar a

resposta de um grupo de primatas à fragmentação. Alouatta pigra, conhecido como

bugio, evita matrizes de cultivos baixos (arbustos) e pastagens em área rurais no México

(Bonilla-Sánchez et al., 2010). Assim, o tipo de matriz, juntamente com o isolamento e

a área dos fragmentos, pode influenciar a possibilidade de colonização e de persistência

de espécies (Ranta et al., 1998). A fragmentação do habitat pode levar inclusive à

erosão genética nas populações remanescentes, como ocorreu por exemplo em pequenos

mamíferos terrestres na Tailândia (Srikwan e Woodruff, 2000). A fragmentação também

pode afetar espécies de primatas como o macaco - prego Sapaju apela, por exemplo,

que é claramente dependente das árvores para sua alimentação (Anjos, 1998). Apesar

disso, muitos mamíferos mais generalistas podem não ser prejudicados pela

fragmentação e até usarem a matriz para se alimentar (Montenegro, 2011; Silva,2010).

Os diferentes processos que levam ao desmatamento, como queimadas,

exploração de madeira ou inundações de barragens, geram acentuadas alterações nas

formas de conectividade e qualidade do habitat das paisagens (Benchimol e Peres,

2014). A mudança na qualidade do habitat pode afetar desde a disposição dos grupos de

primatas ao longo do fragmento (alguns mais ao interior e outros mais na borda do

fragmento florestal), até mudanças comportamentais (Vilela e Del Claro, 2007) que

influenciam inclusive o tamanho e a composição de seus grupos, taxas de nascimento e

sobrevivência (Fortes, 2008); e mudanças na dieta (Montenegro, 2011). Duas espécies

do gênero Alouatta, o A. belzebul e A. pigra por exemplo, mudam os tipos de folhas da

dieta usual para as folhas disponíveis na mancha no momento, isso foi relatado na

Amazônia brasileira e no México (Arroyo-Rodríguez e Dias, 2010), quando o local

habitado é fragmentado. Há registro de Sapajus flavius se alimentando de cana-de-

açúcar na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Gargaú, Paraíba, mas esse

alimento é considerado como “fallback food” (recurso alternativo de reserva) (Santos,

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2013). Também há registros de espécies de Sapajus se alimentando de milho

(Montenegro, 2011) em várias áreas de cultivo no Brasil, como também espécies de

menor porte como Callicebus coimbrai se alimentando de recursos alternativos em

Sergipe (Santana, 2012).

Ainda levando em consideração a dieta dos primatas e suas adaptações, os

macacos bugios do gênero Alouatta tem uma dieta predominantemente folívora que faz

com que eles gastem muita energia na digestão (Pough et al., 2008; Schieck e Milar,

1985). Como consequência, tendem a se movimentar pouco durante o dia. De acordo

com Aiello (1996), diferentes formas de dieta dos primatas podem influenciar na

evolução, nas suas atividades diárias e no balanço entre o tamanho do cérebro e do

intestino. Esse trabalho mostrou que o tamanho do intestino grande e cérebro pequeno

são características de primatas como Alouatta seniculus, Presbytis cristatus, e

Hylobates syndactulus. Já os macacos-prego Sapajus apella, Presbytis rubicunda e

Hylobates lar é observado o inverso, cérebros maiores e intestinos menores. Outra

relação interessante com a alimentação é o tamanho da área de vida da espécie. Os

mamíferos herbívoros em geral apresentam áreas de vida menores que onívoros do

mesmo tamanho e os carnívoros apresentam as maiores área de vida. Por exemplo, a

área de vida de um veado que pesa 100kg é aproximadamente 100ha enquanto que urso

com o mesmo com o mesmo peso é de 1000ha e um tigre 10000ha (Clutton-Brock e

Harvey, 1983).

Durante o processo de fragmentação pode ocorrer o intercâmbio entre as

populações através de deslocamentos de alguns poucos indivíduos (Vilela e Del Claro,

2007). Assim, a capacidade de atravessar a matriz é muito importante para a

persistência de espécies de mamíferos em fragmentos (Pires et al., 2002). As espécies

de pequenos mamíferos (roedores e marsupiais) que persistiram em fragmentos na

Reserva Biológica (ReBio) de Poço das Antas, no estado do Rio de Janeiro, são aquelas

capazes de se adaptar a usar a bordas da floresta (Pires et al., 2002). Em um estudo

realizado por Montenegro (2011), há registro de Sapajus utilizando matriz e a possível

migração para fragmentos próximos. Outros trabalhos mostram espécies do gênero

Alouatta frequentando a matriz de alguma forma: Alouatta pigra em tipos de matriz

diferentes (cerca-viva, pomares e plantação de eucalipto), além de vários encontrados

mortos nas estradas (Pozo-Montuy et al., 2011), Alouatta guariba clamitans se

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deslocando eventualmente por curtas distâncias (800 m) em áreas abertas e Alouatta

pallliata entre fragmentos de mata (Galetti et al., 1987; Mandujano et al, 2004). Mesmo

havendo relatos de migração entre fragmentos, quando estes são muito isolados (mais

que 3000 m por exemplo) e sem árvores servindo como conexão (“stepping stones”), a

migração é dificultada. A área de uso de grupos (nesse caso, o máximo que eles

percorrem dentro de um fragmento de mata durante o dia) de algumas espécies de

Cebus e Sapajus está entre 56 e 1.098ha (Montenegro, 2011), e para A. belzebul

variando entre 450ha à 1474ha (Bonvicino, 1989; Coutinho , 2013). Entretanto essas

medidas são médias mensais e em áreas de habitat (sem uso da matriz).

Nos remanescentes escassos de Mata Atlântica ocorrem vinte e três espécies de

primatas, vinte das quais são endêmicas desse ecossistema (Garber et al., 2009).

Alouatta belzebul e Sapajus flavius são primatas ameaçadas de extinção (IUCN, 2016)

que ocorrem na Mata Atlântica do nordeste ao norte do rio São Francisco.

Sapajus

Os macacos prego (antigo gênero Cebus, agora dividido em Cebus e Sapajus)

(Lynch-Alfaro et al., 2012), são da família Cebidae, a qual tem o maior número de

espécies entre os primatas do Novo Mundo. Habitam quase todos os tipos de florestas

neotropicais (Nelio et al., 2008). São espécies com alto grau adaptativo sendo pouco

influenciadas pela destruição do habitat, se comparado com os outros gêneros (Nélio et

al., 2008). Arborícolas e diurnos, forrageiam nos topos das árvores e também no chão

(Bicca-Marques et al., 2006). Os Sapajus são considerados os mais onívoros dos

macacos neotropicais, predando insetos, pequenos vertebrados e se alimentando de

frutos, folhas, flores e néctar, tendo o papel de dispersor de sementes e polinizador

(Nelio et al., 2008). A dieta é energética para sustentar seu comportamento de

forrageamento ativo (Bicca-Marques et al., 2006). São primatas muito ativos e curiosos,

que têm como característica do seu comportamento a utilização ferramentas como

diferentes tipos de pedras para quebrar sementes (Ardilla, 2014; Emidio, 2010; Falótico,

2011; Resende e Ottoni, 2002). O macaco prego galego (Sapajus flavius) ocupa a zona

da mata ao norte do Rio São Francisco em quatro estados, Rio Grande do Norte (RN),

Paraíba (PB), Pernambuco (PE) e Alagoas (AL). O tamanho de corpo médio de um

macho adulto é 80 cm pesando entre 2 - 3kg (ICMBio, 2014; Nélio et al., 2008), e seus

grupos podem chegar a 90 indivíduos (Montenegro, 2011). A cor da pelagem varia de

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amarelo camurça à castanho amarelado (Silva,2010). A espécie é considerada recém-

redescoberta. Foi descrita em 1648 pelo naturalista Georg Marcgrave, membro da

comitiva de Maurício de Nassau e o primeiro a descrever o primata (Oliveira e

Langguth, 2006). Desde então a espécie nas suas aparições era considerada uma

variação de Sapajus libidinosus, até que em 2006 foi oficializado com uma redescoberta

da espécie Simia flavia. É considerada criticamente ameaçada (IUCN, 2016) por ter um

tamanho populacional muito pequeno e em contínuo declínio, com uma estimativa total

de cerca de 1.000 indivíduos (Montenegro, 2011).

Alouatta

Pertencentes à Família Atelidae, as espécies do gênero Alouatta apresentam

ampla distribuição geográfica, estando presente desde o México até o Uruguai e

Argentina (Gregorin, 2006), do oeste do Equador ao leste do estado da Paraíba (Bicca-

Marques et al., 2006) e Rio Grande do Norte. Chamado popularmente como bugio ou

guariba, são bem conhecidos pelas suas vocalizações em forma de grito, por serem

grandes, lentos (Pozo-Montuy et al., 2011) e também por servirem de alimento aos

habitantes locais, chegando a diminuir densidade de algumas espécies do gênero com a

presença de zonas rurais, sugerindo efeito negativo da matriz e da atividade de caça

associada à fragmentação (Garber et al., 2009). O padrão de pelagem é negro, com as

mãos, pés e o terço final da cauda ruivo em ambos os sexos (Nélio et al., 2008). O

tamanho de grupo varia entre os trabalhos, mas pode chegar a 36 indivíduos (Coutinho,

2013). São primatas de grande porte, com até 100 cm e 4,5 kg (ICMBio, 2014). Podem

viver em fragmentos com poucos hectares, altamente perturbados por atividade humana

(Arroyo-Rodríguez e Dias, 2010; Bicca-Marques et al., 2006). Se alimentam de folhas,

frutos e flores (Bonvicino, 1989; Coutinho, 2013; Nelio et al., 2008; Pinto e Setz,

2004;), tendo a dieta adaptável a condições ambientais (Arroyo-Rodríguez e Dias, 2010;

Bicca-Marques et al., 2006). A espécie Alouatta belzebul, conhecida como guariba-de-

mãos-ruivas, tem distribuição disjunta na Amazônia e no nordeste brasileiro (Nelio et

al., 2008). É considerado Vulnerável pelo seu declínio populacional nos últimos 36 anos

associado à caça e perda de habitat, com uma estimativa populacional de 200 indivíduos

para a Mata Atlântica do nordeste (IUCN, 2016).

Nesse contexto, esse estudo tem como objetivo avaliar a estrutura da paisagem

nos locais que ocorrem ao menos uma das duas espécies de primatas ameaçadas da

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Mata Atlântica ao norte do Rio São Francisco, Alouatta belzebul e Sapajus flavius.

Considerando que essas espécies possuem diferentes características ecológicas e

histórias de vida, esperamos que A. belzebul ocorra em fragmentos menores e mais

isolados se comparado aos fragmentos em que S. flavius ocorre, uma vez que A.

belzebul é mais resiliente à fragmentação, se adapta bem à mudanças de vegetação do

fragmento e possui pouca mobilidade (Aiello, 1996; Arroyo-Rodríguez e Dias., 2010;

Cristobal-Azkarate e Arroyo-Rodriguez, 2007; Nelio et al., 2008; Pozo-Montuy et al.,

2011; Rangel-Negrin et al., 2014). S. flavius tem mais mobilidade, e existe relato de que

se alimenta de cana de açúcar como “fallback food” (Montenegro, 2011; Santos, 2013).

Isso possibilitaria o deslocamento entre os fragmentos próximos mais frequentemente

em Sapajus flavius do que em Alouatta belzebul, e consequentemente a escolha de

fragmentos maiores e com mais recursos por esta espécie. Por fim, esperamos também

que fragmentos em que ocorrem ambas as espécies sejam maiores se comparados com

os fragmentos que tem apenas uma das espécies e com características semelhantes.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de Estudo

O estudo foi realizado na área de distribuição geográfica das espécies A. belzebul

(Figura 1A) e S. flavius (Figura 1B) na Mata Atlântica do nordeste, que inclui

fragmentos desde a parte norte do rio São Francisco até a parte sul do Rio Grande do

Norte. Essa área abrange quatro estados: Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e

Alagoas (Fialho et al., 2014) (Figura 2). A Mata Atlântica nordestina está entre a Serra

da Borborema e o Oceano Atlântico, ocupando grande parte dos Tabuleiros Costeiros

nordestinos, indo do Estado do Rio Grande do Norte até o sul da Bahia (Embrapa,

2001). Possui formações pioneiras, floresta estacional semidecidual e decidual, como

também porções de floresta ombrófila densa e aberta. Tendo uma diversidade biológica

distribuída em quatro centros de endemismos (Tabarelli et al., 2006). Os fragmentos de

mata com ocorrência dessas espécies estão imersos em uma matriz de cultivo, de pasto e

áreas antrópicas, características que são consideradas inóspitas a ambas as espécies

(Silva, 2013).

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Figura 1: Imagens ilustrativas de (A) Alouatta belzebul e (B) Sapajus flavius. (Fotos: Caio

Bezerra de Matos Brito)

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Figura 2: Localização da área de estudo na Mata Atlântica brasileira e os pontos de ocorrência

dos registros conhecidos das espécies Alouatta belzebul e Sapajus flavius na Mata Atlântica do

nordeste. Também estão representados, em verde, os remanescentes florestais obtidos a partir

de Hansen et al. (2013).

Alouatta belzebul

Ambas as espécies

Sapajus flavius

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Compilação dos Dados de Ocorrência

Uma parceria foi estabelecida com o CPB (Centro Nacional de Pesquisa e

Conservação de Primatas Brasileiros – ICMBio) para o desenvolvimento desse trabalho.

O CBP disponibilizou os dados de ocorrência dessas duas espécies na Mata Atlântica,

obtidos em expedições a campo nessa região e de informações compiladas junto a

outros pesquisadores colaboradores. Além disso, usamos bases de indexação de artigos

e periódicos específicos para compilar todos os artigos em que essas espécies foram

estudadas em campo. As buscas foram feitas nas bases de indexação de artigos como

Web of Science, Scopus, Scielo (usando como palavras-chave o gênero das espécies

estudadas – Alouatta, Sapajus e Cebus), e nos periódicos Neotropical Primates e

Checklist desde 2000 até 2015. Assim, compilamos todos os registros de ocorrência em

fragmentos de mata conhecidos para essas espécies dos últimos 15 anos. São 27

fragmentos com ocorrência, mas como dois desses foram reintrodução (SEMA 2 e

buraquinho) (Fialho et al., 2014), só consideramos 25 fragmentos.

Dados de Cobertura Florestal

Usamos os dados de cobertura florestal do mundo gerados por Hansen et al.

(2013) como base para as métricas de cobertura e estrutura da paisagem. Os dados

disponibilizados são cobertura florestal do mundo em 2000, e o ganho e perda de

cobertura florestal de 2000 a 2013. As imagens das localidades “0N 40W” e “10S 40W”

abrangeram toda nossa área de estudo. Para ambas as localidades obtivemos três

imagens: treecover2000 (cobertura florestal do ano de 2000), gain (que representa o

ganho de cobertura florestal entre 2000 a 2012) e loss (que representa a perda de

cobertura florestal entre 2000 a 2013). As imagens desse trabalho tem resolução de 30m

e foi utilizado imagens do satélite LandSat 8 para a classificação.

Para a obtenção de uma imagem com a cobertura florestal final de 2013, a partir

da imagem treecover2000 (imagem em tons de cinza) foi feita uma classificação não

supervisionada “k-means”, com duas classes, no Software Arc Gis 10.1 para as duas

cenas inteiras (“0N 40W” e “10S 40W”). A partir das imagens classificadas, somamos a

imagem de gain e subtraímos a imagem de loss.

Por fim, os fragmentos com menos de três hectares foram retirados da paisagem

por serem considerados muito pequenos para uma caracterização da cobertura florestal

da Mata Atlântica (Fundação SOS Mata Atlântica, 2014; Ribeiro et al., 2009) e para

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qualquer tipo de uso pelas espécies. Essas análises foram feitas no programa ArcGis

10.1.

Validação das Imagens

Para validação da classificação obtida a partir de Hansen et al. (2013) nós

sorteamos 1.000 pontos dentro da Mata Atlântica Nordestina. Esses pontos foram

classificados como matriz ou mata no Google Earth. O critério usado para seleção da

imagem para validação foi a data mais próxima do trabalho do Hansen et al. (2013).

Quando não existia imagem com data aproximada à do trabalho então era selecionada

uma data diferente, sendo que a imagem mais antiga utilizada foi de 2000. Dos 1.000

pontos sorteados conseguimos classificar 943 no Google Earth. Os outros 67 pontos

estavam em locais em que as imagens tinham nuvem ou resolução ruim e não era

possível classificar em mata ou matriz. Para validar a classificação feita dos dados

obtidos a partir do Hansen et al. (2013), foi feita uma matriz de confusão (Congalton,

1991) (Tabela 1). A proporção de acertos na tabela de confusão foi 79%.

Tabela 1 – Tabulação cruzada com 943 pontos sorteados para da validação do mapa de

remanescentes florestais obtido a partir de Hansen et al. (2013) usando o Google Earth.

Classificação a partir de

Hansen et al. (2013)

Mata Matriz

Google Earth Mata 565 114

Matriz 84 180

Também utilizamos o Índice Kappa, que tem como valor máximo 1, que

representa total acerto. Valores próximos e até abaixo de 0 indicam que o acerto não foi

maior do que o esperado ao acaso (Cohen, 1960). O índice Kappa é calculado através da

fórmula:

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Na qual Pr(a) é a proporção observada de acertos (de pontos), Pr(e) é a

proporção esperada de acertos. O resultado do Índice Kappa foi 0,5 e se demonstrou

moderadamente robusto (Landis e Koch, 1977) para confirmar a acurácia dos dados.

Análise das Paisagens

A partir dos dados de cobertura florestal selecionamos os fragmentos com

ocorrência das espécies. Foram mantidos apenas os registros que estavam localizados

dentro de fragmentos florestais que podiam ser visualizados no mapa de cobertura

florestal do Hansen et al. (2013) e no Google Earth (Figura 2, Anexo 1). Definimos

como unidade de paisagem uma área no entorno de cada fragmento cujo limite foi dado

por uma distância máxima de 6 km a partir da borda do fragmento (a partir daqui

chamaremos esse limite de buffer). Diferentes métricas de paisagem têm sido

desenvolvidas para análise da paisagem, e através dessas métricas podemos conhecer o

nível de fragmentação da paisagem estudada. Para cada fragmento com ocorrência das

espécies foram calculadas as seguintes medidas:

* Área (AREA) de cada fragmento, em hectares;

* Perímetro (PERIM), em metros, integrando quaisquer buracos internos da mancha;

* Forma (SHAPE): Sem unidade de medida, é o igual perímetro mancha (m) dividido

pela raiz quadrada da área da mancha (m²), ajustado por uma constante para regular o

padrão quadrado. Usada para mensurar a borda do fragmento;

* Índice de proximidade (PROX): Sem unidade de medida, foi usado para calcular o

índice de isolamento da mancha. Esse índice considera a tamanho e proximidade de

todas as manchas cujas bordas estão dentro de um raio de pesquisa especificado (neste

estudo 3000 m). Essa distância foi escolhida considerando o máximo de deslocamento

diário das espécies (Bonvicino, 1989; Coutinho, 2013; Souza, 2005). Para essa métrica

foi usada uma unidade de paisagem com buffer de 6km. Essa escolha foi feita para

evitar subestimativa da área dos fragmentos distantes aproximadamente 3km do

fragmento com ocorrência, pois essas áreas compõem o índice de proximidade. O valor

do índice é mais alto quando a vizinhança é mais ocupada por manchas e quando as

manchas se tornarem mais próximas (McGarigal, 2014). Assim, uma paisagem com

muitas manchas grandes e próximas terá um maior valor desse índice.

* Área total da paisagem: Área total da paisagem medida em metros quadrados (m²).

Define a extensão a paisagem. Essa métrica foi usada apenas para se chegar no cálculo

da proporção da área com cobertura florestal dentro da mata.

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* Proporção de cobertura florestal na paisagem (COBERTURA) obtida dividindo a área

da paisagem com cobertura florestal pela área total da paisagem e multiplicando por

100.

As métricas de paisagem foram calculadas usando o programa Fragstats 4.2

(McGarigal et al., 2012), um programa muito utilizado em análises de paisagens.

Análises Estatísticas

A Análise de Componentes Principais (PCA) foi utilizada para descrever os

padrões de similaridade e variação entre os fragmentos com ocorrência das espécies

com relação às características medidas, e comparar fragmentos apenas com Sapajus,

fragmentos apenas com Alouatta e fragmentos com as duas espécies.

Para testar se Alouatta e Sapajus ocorrem em fragmentos com características

diferentes ou inseridos em paisagens diferentes (por exemplo, se Alouatta pode ser

encontrado em fragmentos menores do que Sapajus, ou em fragmentos mais isolados, e

se fragmentos com ambas as espécies seriam maiores e menos isolados) foi usada a

análise de variância multivariada (MANOVA) por permutação. A MANOVA por

permutação apresenta uma robustez similar ao teste de ANOVA, embora não necessite

que os pressupostos de normalidade e homocedasticidade (Mcardle e Anderson, 2001;

Anderson, 2001). A distância de Bray-Curtis foi utilizada nos testes de MANOVA por

permutação.

Para testar se há diferença entre os grupos de fragmentos (fragmentos com

ocorrência apenas de S. flavius “S”, com ocorrência apenas de A. belzebul “A” e com

ocorrência de ambas as espécies “AS”) com relação a cada atributo da paisagem

separadamente foi usado uma ANOVA por permutação. E finalmente o teste de ANOVA

por permutação foi feito como teste a posteriori quando necessário.

RESULTADOS

A partir dos registros de ocorrência compilados foram analisados 25 fragmentos.

Sapajus flavius ocorre em sozinho em 13 fragmentos de Mata Atlântica, enquanto A.

belzebul ocorre em seis e os fragmentos com ambas as espécies são apenas seis. A

distância entre os fragmentos com registros de ocorrência tem um mínimo de 27 metros

(de borda a borda) e um máximo de 422,4 km. Esses fragmentos com registros de

ocorrência estão inseridos em uma área de aproximadamente 42.756 km² de Mata

Atlântica nordestina (Figura 2). A espécie que ocupa o maior fragmento é S. flavius

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(13.604,5 ha), seguido de A. belzebul (4.761,8 ha). O maior fragmento com ambas as

espécies tem tamanho de 12.656,3 ha. Os menores fragmentos foram de 28,2 ha para S.

flavius, 298,6 ha para A. belzebul e 401,4 ha em fragmento que ambas as espécies

habitam. Os fragmentos com ocorrência das espécies de primatas se encontram em

paisagens com proporção de cobertura acima de 10,5%, chegando a um máximo de

41,6%, tendo uma proporção de cobertura média de 28,5%. As áreas das manchas

variaram de 28,2 ha a 13.604,5 ha (com uma média de 3.017,4 ha).

Nos resultados da Análise de Componentes Principais (PCA) o primeiro

componente explicou 64,3% e o segundo componente explicou 18,3% da variação dos

dados (Tabela 2). As variáveis área, perímetro e forma têm maior influência na

formação do componente 1 (Tabela 3, Figura 3). Ao longo desse componente podemos

observar valores em geral mais baixos para fragmentos como ocorrência apenas de S.

flavius, com agrupamento maior à esquerda no gráfico (Figura 3A), enquanto

fragmentos com ocorrência de A. belzebul ou de ambas as espécies estão localizados um

pouco mais dispersos entre si no gráfico. Não houve um padrão de diferenciação clara

entre fragmentos com ocorrência apenas de A. belzebul e fragmentos com ocorrência de

ambas as espécies (Figura 3A). A variável cobertura florestal foi a que mais influenciou

na formação do segundo eixo da PCA (Tabela 3 e Figura 3). Não houve nenhum padrão

nítido de diferenciação entre fragmentos (de acordo com a ocorrência das espécies) ao

longo desse eixo.

Tabela 2 - Porcentagem da variação explicada pela PCA sobre as características da paisagem

em 28 fragmentos com ocorrência de primatas na Mata Atlântica ao norte do Rio São Francisco.

PCA Variação (%)

1 64,30

2 18,37

3 14,49

4 2,40

5 0,42

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Tabela 3 - Coordenadas das métricas da paisagem nos eixos 1 e 2 de uma análise de PCA sobre

as características da paisagem em 28 fragmentos com ocorrência de primatas na Mata Atlântica

ao norte do Rio São Francisco.

Variável PCA 1 PCA 2

PERIM 0,93 -0,21

SHAPE 0,95 -0,14

PROX 0,55 0,42

AREA 0,93 -0,24

COBERTURA 0,44 0,77

A

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Figura 3: Pesos das variáveis (A) e dispersão dos fragmentos (B) no primeiro e segundo

componentes de uma Análise de Componentes Principais das características das paisagens dos

fragmentos em que ocorrem apenas Alouatta belzebul (N = 6), apenas Sapajus flavius (N = 13) e

fragmentos com ocorrência de ambas as espécies (N = 6) na Mata Atlântica ao norte do Rio São

Francisco. As variáveis utilizadas na análise foram a área (AREA), perímetro (PERIM), forma

(SHAPE) e índice de proximidade (PROX) da mancha e cobertura florestal da paisagem. (A -

fragmentos com ocorrência de A.belzebul, S – fragmentos com ocorrência de S.flavius e AS –

fragmentos com ocorrência de ambas as espécies).

Não houve diferença entre os fragmentos com ocorrência apenas de A. belzebul,

fragmentos com ocorrência apenas de S. flavius e fragmentos com ocorrência de ambas

as espécies com relação às características dos fragmentos (MANOVA por permutação: F

= 1,89; p = 0,09) (Tabela 4). Isso mostra que para as espécies, se comparados com os

fragmentos em que elas ocorrem, os fragmentos analisados não apresentam diferenças

entre suas características.

Quando as características da paisagem foram testadas separadamente entre os

grupos, não houve diferença entre os fragmentos em que as espécies ocorrem. Isso

mostra que não há diferença de isolamento (ANOVA por permutação: F = 2,84, p = 0,07)

(Tabela 5), área (ANOVA por permutação: F = 1,37, p = 0,27), perímetro (ANOVA por

permutação: F = 0,53, p = 0,59), forma (ANOVA por permutação: F = 0,63, p = 0,54) e

porcentagem de cobertura (ANOVA por permutação: F = 0,25, p = 0,77) entre

B

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fragmentos em que ocorre apenas S. flavius se comparados com fragmentos em que

ocorre apenas A. belzebul ou ambas as espécies.

Tabela 4: MANOVA por permutação e ANOVAs por permutação para as métricas calculadas

área (AREA), perímetro (PERIM), forma (SHAPE), índice de proximidade (PROX) da mancha

e cobertura florestal da paisagem entre fragmentos com ocorrência apenas de A. belzebul, S.

flavius.

Manova por permutação: F p

1,89 0,09

ANOVAs por permutação

Área

1,37 0,27

Perímetro

0,53 0,59

Forma

0,63 0,54

Proximidade

2,84 0,07

Cobertura 0,25 0,77

Tabela 5: Estatísticas descritivas para as métricas calculadas (área da mancha (AREA),

perímetro (PERIM), forma (SHAPE), índice de proximidade (PROX) e cobertura. Mediana,

1°quartil e 3°quartil para cada característica da paisagem de fragmentos com ocorrência de A.

belzebul (A), S. flavius (S) e ambas as espécies (AS).

Estatísticas

descritivas: PERIM SHAPE PROX AREA COBERTURA

AS: Mediana = 253,07 12,7 32.887,1 2.633,7 30,5

1o Q = 193,26 10,0 7.679,4 2.383,9 26,8

3o Q = 861,84 19,1 63.156,1 10.509 34,5

S: Mediana = 61,14 7,8 1.078,1 545,2 31,8

1o Q = 30,14 4,1 99,5 236,5 21,1

3o Q = 265,9 14,1 6.353,1 1.879,6 36,8

A: Mediana = 296,87 12,6 17.000,2 3.073,1 22,0

1o Q = 95,08 6,8 10.553,1 1.207,6 20,5

3o Q = 415,22 18,1 39.269,0 4.188,6 36,0

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Figura 4: Índice de proximidade (A), perímetro (B), forma (C), Área (D), cobertura florestal (E)

da paisagem dos fragmentos com ocorrência apenas de A. belzebul “A”, apenas de S. flavius “S”

e de ambas as espécies “AS” na Mata Atlântica ao Norte do Rio São Francisco. Nos gráficos

estão apresentados a mediana, os quartis e os decis.

DISCUSSÃO

Os fragmentos em que Sapajus flavius, Alouatta belzebul e em que ambas

ocorrem se comparados entre eles não apresentaram diferença com relação as

características da paisagem. Esse resultado foi diferente do esperado inicialmente, em

que A. belzebul ocorreria em fragmentos menores e mais isolados se comparado aos

fragmentos em que S. flavius e que fragmentos com ambas as espécies seriam maiores.

A

D C

B

E

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Dessa forma, não temos como diferenciar se elas ocorrem em locais que tem mais ou

menos efeitos das métricas da paisagem analisadas. De acordo com Bonvicino (1989),

A. belzebul não tem o hábito de descer das copas de árvores. Assim, esperávamos que

por isso as caraterísticas dos fragmentos que estes animais ocorrem fossem diferentes se

comparadas àquelas de fragmentos com ocorrência de S. flavius. Para o S. flavius a

matriz é uma opção de recurso no período de seca, sendo utilizada, por exemplo, por

todo o grupo de S. flavius que habita a Reserva Garnaú - Paraíba (Santos, 2013). Desse

modo, a mobilidade alta de S. flavius se comparada com A. belzebul, inteligência do

gênero Cebus (Aiello, 1996; Ardilla, 2014; Emidio, 2010; Falótico, 2011; Resende e

Ottoni, 2002) e capacidade de se locomover na matriz de cana de açúcar para ter um

recurso adicional na alimentação (fallback food) (Montenegro, 2011; Santos, 2013),

possivelmente tornaria a dispersão entre fragmentos e a utilização da matriz mais

frequente. Existem relatos de espécies do mesmo gênero indo para matriz se alimentar

de recurso adicional em época de escassez, como o Sapajus nigritus se alimentando de

mandioca no Paraná (Ludwig et al., 2005; Ludwig et al., 2006) e Cebus libidinosus se

alimentando de milho no interior de São Paulo (Freitas et al., 2008). Primatas desse

grupo generalista suportam o efeito de borda, se deslocando e se alimentando no torno

do fragmento (Fialho e Gonçalves, 2008).

A capacidade adaptativa do S. flavius, é certamente uma das razões de sua

persistência em nos fragmentos de Mata Atlântica nordestina (Montenegro, 2011). É

importante ainda conhecer como essas características da paisagem em que ocorrem S.

flavius estão relacionadas com características genéticas da(s) população(ões), uma vez

que populações pequenas e isoladas sofrem endogamia ou passam por gargalos

populacionais que restringem seu tamanho populacional, sofrendo assim com a perda de

diversidade genética e danos no poder evolutivo da espécie (Frankham et al., 2008). Um

exemplo de população que sofria diretamente de erosão genética, perda de habitat e teve

que passar por manejo genético pra a sua reintrodução foi o mico-leão-dourado (Ballou

e Lacy, 1995; Grativol et al.,, 2001).

Embora possa ocorrer migração entre fragmentos usando a matriz esse

comportamento pode levar à mortalidade, por predação através de cães domésticos e

atropelamentos (Pozo-Montuy et al., 2011), por exemplo, ou outros fatores como caça.

Entretanto espécies de primatas que não utilizam a matriz sofrem redução de seu

tamanho populacional ou simplesmente são extintos localmente (Chapman et al., 2007).

Isso é de certa forma alarmante, já que S. flavius só ocorre na Mata Atlântica nordestina

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e tem cerca de 1.000 indivíduos (Montenegro, 2011), e A. belzebul, mesmo ocorrendo

também na Amazônia, pode ser extinto no bioma Mata Atlântica devido ao seu tamanho

populacional reduzido. As espécies do gênero Alouatta são conhecidas por resistir a

locais onde poucas espécies resistem, segundo relata Rangel-Negrin et al. (2014) em um

estudo realizado no México. Esse fato requer uma maior de atenção e necessidade de

medidas de conservação urgentes para essa espécie como corredores de conectividade,

diferentes graus de heterogeneidade na paisagem do entorno e “stepping stones”

(Chiarello, 2003; Mandujano et al., 2004). Outros trabalhos com primatas mostram a

área e o isolamento como sendo fatores importantes para a ocorrência de espécies de

primatas (Da Silva et al., 2015).

Alouatta belzebul, segundo diversos autores, possivelmente ocorre em locais

mais isolados e menores que outras espécies devido à sua adaptação à mudança de

vegetação do fragmento, por possuir pouca mobilidade e maior adaptação e tolerância à

fragmentação (Aiello, 1996; Arroyo-Rodríguez e Dias, 2010; Benchimol e Peres, 2014;

Cristobal-Azkarate e Arroyo-Rodriguez, 2007; Camargo, 2005; Nelio et al., 2008;

Pozo-Montuy et al., 2011; Rangel-Negrin et al., 2014) Porém, nosso resultado não

mostrou diferença no isolamento dos fragmentos em que A. belzebul e S. flavius

ocorrem. Os guaribas têm uma plasticidade comportamental de ocupar diferentes tipos

de florestas com condições ecológicas frágeis (Coutinho, 2013).

Por fim, podemos afirmar que não existe uma diferença geral entre os grupos de

fragmentos, sem uma tendência de diferenciação entre as características da paisagem

que essas espécies ocorrem. Não houve diferença entre os fragmentos com ocorrência

apenas de S. flavius (S), fragmentos com ocorrência apenas de A. belzebul (A) e

fragmentos com ambas as espécies (AS). Os fragmentos em que ambas as espécies

ocorrem têm uma área média maior (5.202 ha) se comparados com os fragmentos em

que S. flavius (2.124 ha) e A. belzebul (2.767 ha) ocorrem isolados, mas esses valores

não foram estatisticamente significativos. Há uma grande variação na área dos

fragmentos dentro dos grupos, principalmente no grupo dos AS (Figura 4A). A ampla

variação na área do fragmento pode ser associada a vários fatores como tamanho e

composição social dos primatas, densidade, e características do local (Camargo, 2005),

como composição florística e efeito de borda do fragmento.

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ANEXOS

Anexo – 1: Fragmentos com ocorrência das espécies Alouatta belzebul (A), Sapajus flavius (S)

e ambas as espécies (AS), na Mata Atlântica Nordestina. ID1- Mata estrela localizada no

município de Baia formosa –RN; ID2 – Fragmento localizado em Millemnium, no município de

Mataracá – PB; ID3 – Fragmento localizado na Estação Experimental de Camaratuba,

localizado no município de Mamanguape –PB; ID4 - Fragmento localizado na Estação

Ecológica Estadual do Pau Brasil, no município de Mamanguape –PB; ID5 - Fragmento

localizado em Jardim, no município de Rio Tinto – PB; ID6 - Fragmento localizado em

Cajarana/Águas Claras, no município de Rio Tinto – PB.

ID1

ID4 ID5

ID2

ID3

ID6

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Anexo2: Fragmentos com ocorrência das espécies Alouatta belzebul (A), Sapajus flavius (S) e

ambas as espécies (AS), na Mata Atlântica Nordestina. ID7- Localizado em Rio Vermelho, no

município de Rio Tinto – PB; ID8 Fragmento localizado em Sucupira/São João/Jacuípe, no

município de Santa Rita – PB; ID9 - Fragmento localizado em Cafundó, no município de Santa

Rita–PB; ID10 - Fragmento localizado na RPPN Engenho Gargaú, no município de Santa Rita–

PB; ID11- Localizado em Fazenda Pau Brasil 1, no município de Santa Rita– PB; ID12 -

Fragmento localizado no Córrego do Inferno, no município de Caaporã e Goiana – PB/PE.

ID11

ID10

ID9

ID8

ID7

ID12

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Anexo – 3: Fragmentos com ocorrência das espécies Alouatta belzebul (A) e Sapajus flavius (S)

na Mata Atlântica Nordestina. ID13- Fragmento localizado em Bujari, no município de Goiana–

PE; ID14 – Fragmento localizado em Água Azul, no município de Timbaúba – PE; ID15 -

Fragmento localizado na Mata dos Macacos, no município de Igarassu – PE; ID16 - Fragmento

localizado na Usina Salgado, no município de Ipojuca– PE; ID17 - Localizado em Engenho

Sacramento, no município de Água Preta – PE; ID18 - Fragmento localizado na Estação

Ecológica Murici, no município de Murici – AL.

ID14

ID13

ID15

ID17

ID16

ID18

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Anexo – 4: Fragmentos com ocorrência das espécies Alouatta belzebul (A), Sapajus flavius (S)

e ambas as espécies (AS), na Mata Atlântica Nordestina. ID19- Fragmento localizado em Santa

Justina, no município de Passo de Camaragibe e Matriz de Camaragibe – AL; ID20 - Fragmento

localizado no Junco, no município de Jequiá da Praia – AL; ID21 - Fragmento localizado na

Mata dos Macacos, no município de Coruripe – AL; ID22 - Fragmento localizado em Usina

Porto Rico, no município de Campo Alegre – AL; ID23 - Localizado em RPPN Santa Tereza,

no município de Atalaia– AL; ID24 - Fragmento localizado na Usina Coruripe 2, no município

de Coruripe – AL.

ID19

ID20

ID21

ID22 ID23 ID24

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Anexo – 5: Fragmento com ocorrência da espécie Alouatta belzebul (A) na Mata Atlântica

Nordestina. ID25 - Fragmento localizado na Usina Coruripe 3, no município de Coruripe – AL.

ID25

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Anexo 6 – Sumário das localidades dos 25 fragmentos florestais da Mata Atlântica nordestina

que tem ocorrência de Alouatta belzebul e Sapajus flavius com o “ID” utilizado no estudo,

localidade, município e referências bibliográficas usadas para a escolha dos fragmentos.

- Ocorrências de Alouatta belzebul e Sapajus flavius

1 – RPPN Senador Antônio Farias, município: Baía Formosa, estado: RN. Referências

bibliográficas: Fialho et al. (2014), Silva (2010) e Gregorin (2006).

6 – Cajarana/Águas Claras, município: Rio Tinto, estado: PB. Referências bibliográficas:

Fialho et al. (2014).

8 - Sucupira/São João/Jacuípe , município: Santa Rita, estado: PB. Referências bibliográficas:

Fialho et al. (2014), Castro (2013), Bonvicino (1989), Langguth et al. (1987).

10- RPPN Engenho Gargaú, município: Santa Rita, estado: PB. Referências bibliográficas:

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11 – Fazenda Pau Brasil 1, município: Santa Rita, estado: PB. Referências bibliográficas: Fialho

et al. (2014), Laroque et al. (2014).

20 – Junco, município: Jequiá da praia, estado: AL. Referências bibliográficas: Fialho et al.

(2014).

- Ocorrências de Alouatta belzebul

9- Cafundó, município: Santa Rita, estado: PB. Referências bibliográficas: Fialho et al. (2014).

17- Engenho Sacramento, município: Água Preta, estado: PE. Referências bibliográficas: Fialho

et al. (2014),

18 - Estação Ecológica Murici, município: Murici, estado: AL. Referências bibliográficas:

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23 - RPPN Santa Tereza, município: Atalaia, estado: AL. Referências bibliográficas: Fialho et

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24 - Usina Coruripe 2, município: Coruripe, estado: AL. Referências bibliográficas: Fialho et al.

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25 - Usina Coruripe 3, município: Coruripe, estado: AL. Referências bibliográficas: Fialho et al.

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- Ocorrências de Sapajus flavius

2 – Millenium, município: Mataracá, estado: PB. Referências bibliográficas: Fialho et al.

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4 - Estação Ecológica Estadual do Pau Brasil, município: Mamanguape, estado: PB. Referências

bibliográficas: Alfaro et al. (2014), Fialho et al. (2014).

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38

5 – Jardim, município: Rio Tinto, estado: PB. Referências bibliográficas: Fialho et al. (2014).

7 - Rio Vermelho, município: Rio Tinto, estado: PB. Referências bibliográficas: Fialho et al.

(2014).

12 - Córrego do Inferno, município: Caaporã e Goiana, estado: PB/PE. Referências

bibliográficas: Fialho et al. (2014), Alfaro et al. (2014).

13 – Bujari, município: Goiana, estado: PE. Referências bibliográficas: Fialho et al. (2014),

Silva (2010).

14 - Água Azul, município: Timbaúba, estado: PE. Referências bibliográficas: Fialho et al.

(2014).

15 – Mata dos macacos, município: Igarassu, estado: PE. Referências bibliográficas: Fialho et

al. (2014), Bastos et al. (2015), Bezerra et al. (2014).

16 - Usina Salgado, município: Ipojuca, estado: PE. Referências bibliográficas: Fialho et al.

(2014).

19- Santa Justina município: Passo de Camaragibe e Matriz de Camaragibe, estado: AL.

Referências bibliográficas: Fialho et al. (2014), Ferreira et al. (2009), Oliveira e Langguth

(2006), Silva (2010).

21 - Mata dos Macacos, município: Coruripe, estado: AL. Referências bibliográficas: Fialho et

al. (2014).

22 - Usina Porto Rico, município: Campo Alegre, estado: AL. Referências bibliográficas: Fialho

et al. (2014).

REFERÊNCIAS DO ANEXO 6

Alfaro, J. W. L., P. Izap, e R. G. Ferreira. 2014. Capuchin Monkey Research Priorities

and Urgent Issues. American Journal of Primatology. 1 – 16.

Almeida, C. G. 2008. Análise espacial dos fragmentos florestais na área do parque

nacional dos campos gerais, Paraná. Universidade Federal de Ponta Grossa, Ponta

Grossa.

Bastos, M., A. Souto, G. Jones, P. Eason, C. Bione, N. Schiel, e B. Bezerra. 2015.

Vocal repertoire of wild blonde capuchins (Sapajus flavius) and contextual use of calls.

American Journal of Primatology 77:605-617.

Bezerra, B. M., M. Bastos, A. Souto, M. P. Keasey, P. Eason, N. Schiel, e G. Jones.

2014. Camera trap observations of nonhabituated critically endangered wild blonde

capuchins, Sapajus flavius (Formerly Cebus flavius). International Journal of

Primatology:1 - 13.

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Bonvicino, C. R. 1989. Ecologia e comportamento Alouatta belzebul (Primates:

Cebidae) Mata Atlantica. Revista Nordestina de Biologia 6:149 - 179.

Castro, C. S. S. 2013. Padrão de dispersão de sementes por Sagui (Callitrix jacchus) E

Guariba (Alouatta belzebul) e suas implicações para conservação em fragmentos de

floresta. Anais do II Congresso Latino Americano e XV Congresso Brasileiro de

Primatologia.

Fialho, M. d. S., M. M. Valença-Montenegro, T. C. F. d. Silva, J. G. Ferreira, e P. d. O.

Laroque. 2014. Ocorrência de Sapajus flavius e Alouatta belzebul no Centro de

Endemismo Pernambuco. Neotropical Primates 21:214-218.

Fialho, M. d. S., e G. F. Gonçalves. 2008. Primatas RPPN Gargaú Paraíba. Neotropical

Primates 15(2): 50 - 54.

Ferreira, R. G., L. Jerusalinsky, T. C. s. F. Silva, M. d. S. Fialho, A. d. A. Roque, A.

Fernandes, e F. Arruda. 2009. On the occurrence of Cebus flavius (Schreber 1774) in

the Caatinga, and the use of semi-arid environments by Cebus species in the Brazilian

state of Rio Grande do Norte. Primates 50:357 - 362.

Langguth, A., Teixeira, D. M., Mittermeier, R. A., e Bonvicino, C. 1987. The red-

handed howler monkey in northeastern Brazil. Primate Conservation 8: 36-39.

Laroque, P. O., M. M. Valença-Montenegro, D. R. A. Ferreira, J. O. Chiang, M. T.

Cordeiro, P. F. C. Vasconcelos, e J. C. R. Silva. 2014. Levantamento

soroepidemiológico para arbovírus em macaco-prego-galego (Cebus flavius) de vida

livre no Estado da Paraíba e em macaco-prego (Cebus libidinosus) de cativeiro do

Nordeste do Brasil. Pesquisa Veterinária Brasileira 34:462 - 468.

Machado, D. C., F. L. M. Camarotti, J. M. Silva, B. M. Bezerra, M. A. B. Oliveira, V.

L. Silva, e B. S. Gomes. 2013. Parasitas intestinais de um grupo de guaribas-de-mãos-

ruivas, Alouatta belzebul do engenho sacramento, Água Preta, Pernambuco. Anais do II

Congresso Latino Americano e XV Congresso Brasileiro de Primatologia.

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40

Montenegro, M. V. 2011. Ecologia de Cebus flavius (Schreber, 1774) em

remanescentes de Mata Atlântica no estado da Paraíba., USP, Piracicaba.

Oliveira, M. M., e A. Langguth. 2006. Rediscovery of marcgrave’s capuchin monkey

and designation of a neotype for Simia flavia Schreber, 1774 (Primates, Cebidae).

Boletim do Museu Nacional 523: 1 - 16.

Silva, T. C. F. 2010. Estudo da variação na pelagem e da distribuição geográfica em

Cebus flavius (Schreber, 1774) e Cebus libidinosus (Spix, 1823) do Nordeste do Brasil.

UFPB, João Pessoa.

Souto, A., C. B. Bione, M. Bastos, B. M. Bezerra, D. Fragaszy, e N. Schiel. 2011.

Critically endangered blonde capuchins fish for termites and use new techniques to

accomplish the task. Biol Lett 7:532-535.

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41

CAPÍTULO II

Forma e perímetro dos fragmentos influenciam a ocorrência de

primatas ameaçados no extremo norte da Mata Atlântica

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RESUMO

A Mata Atlântica é considerada um hotspot de biodiversidade e esse bioma

possui um alto nível de endemismo de mamíferos, sendo considerado o segundo hotspot

mais ameaçado do mundo. Sabendo que os primatas neotropicais são dependentes de

florestas e a fragmentação os afeta diretamente com a diminuição do tamanho dos

fragmentos, aumento no nível de isolamento e o efeito de borda, fatos que muitas vezes

definem a permanência dessas espécies nos remanescentes florestais. Nesse estudo nós

avaliamos as caraterísticas da paisagem mais relacionadas com a ocorrência de Alouatta

belzebul e Sapajus flavius na Mata Atlântica fragmentada ao norte do Rio São

Francisco. Para isso, comparamos os fragmentos em que essas espécies ocorrem com

fragmentos em que elas não ocorrem com relação aos aspectos da paisagem. Numa

tentativa de tentar entender porque há ausência desses primatas em fragmentos com área

e características socioeconômicas semelhantes aos que tem ocorrência desses primatas.

Tivemos as variáveis de forma, perímetro e distância de cidades como as que

explicaram melhor essas diferenças. Esses primatas mostram ser susceptíveis ao efeito

de borda e provavelmente estão sofrendo pela ação do homem, o que justifica a sua

ausência nos fragmentos analisados sem ocorrência dessas espécies com características

semelhantes aos fragmentos com ocorrência.

Palavras-chave: Alouatta belzebul, Sapajus flavius, forma, perímetro, efeito de borda.

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ABSTRACT

The Atlantic Forest is considered a biodiversity hotspot and this biome has a high level

of endemism of mammals, and is considered the second most threatened hotspot in the

world. Knowing that primates are dependent on forests and fragmentation affects them

directly with decreasing size of the fragments, increasing the isolation level and the

edge effect, facts often define the permanence of these species in forest remnants, in

addition to being frequent targets of hunting. In this study we evaluated the landscape

features more related to the occurrence of Alouatta belzebul and Sapajus flavius in the

fragmented Atlantic Forest north of the São Francisco River. For this, we compare the

fragments in which these species occur in fragments that they do not occur in relation to

aspects of the landscape. In an attempt to try to understand why there is absence of

primates in fragments with area and socioeconomic characteristics similar to those that

occur these primates. These primates have shown to be susceptible to edge effects and

are probably suffering by man, which explains their absence in the fragments analyzed

without occurrence of these species with similar characteristics to the fragments that it

occur.

Keywords: Alouatta belzebul, Sapajus flavius, shape, perimeter, edge effect.

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INTRODUÇÃO

O rápido e desordenado crescimento populacional humano em muitas regiões do

planeta tem levado à aceleração nos processos de desmatamento. O aumento no

consumo dos recursos naturais e a pressão para que cada vez mais áreas de vida

silvestre sejam convertidas para uso humano fazem com que florestas previamente

contínuas têm sido convertidas em mosaicos de fragmentos florestais, vegetação

secundária e campos de cultivo ou pastagens (Fortes, 2008). Esses fatores podem

provocar efeitos sobre os processos ecológicos como, por exemplo, efeito negativo na

taxa de predação, aumento da competição e do parasitismo (Arruda, 1985; Bennett,

2010; Fahrig, 2003).

A Mata Atlântica é considerada um hotspot de biodiversidade (Myers et al.,

2000), pois são áreas biodiversas que já perderam três quartos de sua vegetação original

e com pelo menos 1500 espécies endêmicas (Brooks et al., 2002). Este bioma possui um

alto nível de endemismo de mamíferos, sendo considerado o segundo hotspot mais

ameaçado do mundo, ficando atrás apenas da floresta de Madagascar (Mittermeier et

al., 1999). A Mata Atlântica é constituída por um conjunto de formações florestais e

ecossistemas associados que abrangiam originalmente 17 estados do Brasil. Hoje os

remanescentes de vegetação neste bioma estão limitados a apenas de 8% da sua

cobertura original (MMA, 2013). Cerca de 80% dos remanescentes de Mata Atlântica

são menores que 50 hectares (Ribeiro et al., 2009). Atualmente a Mata Atlântica é

constituída por fragmentos imersos em uma matriz de pastagens, plantações de café,

cana de açúcar, soja, Pinus e de eucalipto. As estradas têm grande influência no

histórico do desenvolvimento do Brasil e no padrão de desmatamento da mata, de modo

que, as áreas em um raio de até 50 km de distância de estradas têm sua cobertura

florestal reduzida (Costa, 2010).

Desde o início da colonização do Brasil o pau-brasil e outros recursos naturais

da Mata Atlântica foram extraídos excessivamente, o que foi seguido da introdução de

espécies exóticas (cana de açúcar e café) para cultivo e pecuária, seguido da mineração

(Neves, 2006). Posteriormente o crescimento das cidades no litoral trouxe a

industrialização e a construção de ferrovias (Dean, 1996), para depois entre 1970 e 1980

uma nova devastação, dessa vez relacionada com o incentivo à produção de álcool. Esse

histórico brevemente resumido expõe porque atualmente a Mata Atlântica está imersa

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em diferentes componentes de matriz. Ao norte do rio São Francisco a matriz

predominante entre os remanescentes é de cana de açúcar (Costa, 2010).

Sabendo que os primatas neotropicais são dependentes de florestas (Benchimol e

Peres, 2014; Sales et al., 2016), o tamanho, o nível de isolamento e a forma dos

fragmentos e o efeito de borda muitas vezes definem a permanência de espécies nos

remanescentes florestais. Mas alguns efeitos da fragmentação se manifestam apenas

com o passar do tempo. Por exemplo, a riqueza e abundância de primatas no Baixo

Tapajós diminuíram em fragmentos localizados em áreas com maior tempo de

colonização e a perda de diversidade de primatas tende a ocorrer com a redução do

tamanho do fragmento (MMA, 2016). Enquanto que Chiarello (2003) mostra que o

sucesso de primatas em remanescentes florestais isolados variou consideravelmente

entre espécies e locais de estudo para na Mata Atlântica, de forma geral a redução de

habitat e o isolamento podem levar a um aumento na competição por recursos

alimentares, influenciando inclusive as interações sociais (MMA, 2016). Já a forma

irregular de alguns fragmentos faz com que ocorra um maior efeito de borda, afetando a

composição de plantas e vegetação estrutura dentro dos fragmentos, e assim

aumentando a disponibilidade de alimento para macacos bugios (Arroyo-Rodríguez e

Dias, 2010) ou afetando negativamente com a perda espécies de primatas (Bierregaard

Jr et al., 1992).

As espécies que habitam os fragmentos de mata são frequentemente alvos de

caça, ato praticado com mais intensidade por populações humanas mais próximas de

fragmentos como mostra o trabalho de Cullen et al. (2000) no qual os fragmentos

florestais na Mata Atlântica que estão mais próximos de casas (aproximadamente 5km

entre a borda do fragmento e casas próximas), tinham maior taxa de caça . E não só a

proximidade de populações humanas, mas a densidade da população também está

relacionada com a caça, como revelou o trabalho de Peres e Dolman (2000) em que a

taxa de caça na Amazônia é considerada “pesada” quando a densidade populacional é

maior que uma pessoa por quilômetro quadrado. Embora exista uma série de fatores que

influenciem no tipo de presa para caça, o tamanho do animal é bastante considerado.

Em primatas, por exemplo, a preferência é para espécies com tamanho de corpo maior

por serem fáceis de detectar e terem uma maior quantidade de carne (Rosin e Swamy,

2013; Silva et al., 2005). Para o coatá de testa branca (Ateles marginatus), primata

ameaçado de extinção, foram encontradas evidências de pressão de caça, o que poderia

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ser um dos fatores que provocaram a sua extinção em uma das áreas amostradas por

Ravetta (2001). Na Amazônia, uma única família de seringueiros matam mais de 200

macacos-barrigudo (Lagothrix lagotricha), 100 macacos-aranha (Ateles paniscus ) e 80

bugios (Alouatta seniculus ) dentro de 18 meses (Chapman e Peres, 2001). Na região da

Mata Atlântica do nordeste, acima do Rio São Francisco, ocorrem duas espécies de

primatas ameaçados de extinção (IUCN, 2016) que são frequentemente alvos de caça:

As espécies de primatas Aloutta belzebul e Sapajus flavius. O A. belzebul é caçado na

Amazônia a na Mata Atlântica, e S. flavius na Mata Atlântica, para servir de comida ou

ser animal de estimação (Arroyo-Rodríguez e Dias, 2010; IUCN, 2016; Montenegro,

2011; Santos, 2013).

O objetivo desse estudo é entender as caraterísticas da paisagem mais

relacionadas com a ocorrência de A. belzebul e S. flavius na Mata Atlântica fragmentada

ao norte do Rio São Francisco. Para isso, comparamos os fragmentos em que essas

espécies ocorrem com fragmentos em que não ocorrem com relação aos aspectos da

paisagem. Esperamos que os fragmentos sem ocorrência de A. belzebul e S. flavius

tenham uma forma diferente, tenham maior razão perímetro-área e consequentemente

um maior efeito de borda, tenham maior isolamento e menor porcentagem de cobertura

no seu entorno se comparados com os fragmentos com ocorrência dessas espécies. Para

entender esse efeito isolado das características da paisagem, o pareamento de cada

fragmento com ocorrência com um fragmento sem ocorrência foi feito utilizando outras

características que poderiam influenciar na ocorrência, para minimizar esses efeitos.

MATERIAIS E MÉTODOS

Área de Estudo

O estudo foi realizado em fragmentos com e sem ocorrência das espécies

Sapajus flavius e Alouatta belzebul que estão inseridos na Mata Atlântica Nordestina

(ver figura 1, capítulo 1) ao norte do rio São Francisco. Nós utilizamos os 25

fragmentos com ocorrência de primatas do capítulo anterior (ver capítulo 1). E para

fazermos a comparação entre os fragmentos com e sem ocorrência, tentamos escolher

dois fragmentos sem ocorrência para cada fragmento com ocorrência totalizando no

final 44 fragmentos sem ocorrência selecionados. Os fragmentos sem ocorrência de

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primatas estão distribuídos nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e

Alagoas.

Dados de Cobertura Florestal

Assim como no capítulo anterior usamos os dados de cobertura florestal gerados

por Hansen et al. (2013), para a mesma região. Veja Capítulo 1, itens “Dados de

cobertura florestal” e “Validação das imagens”.

Obtenção dos Dados Socioeconômicos

As distâncias das estradas foram obtidas usando o software Arc GIS 10.1 a partir

de um shapefile das rodovias oferecidos no site no Ministério do Meio Ambiente

(mapas.mma.gov.br/i3geo/datadownload.htm), traçando uma reta (com a régua) entre os

pontos mais próximos da estrada e o fragmento. Coletamos informações sobre a

população humana (tamanho e densidade populacional) para os munícios em que os

fragmentos ocorrem que foram obtidas a partir do site do “IBGE Cidades”. Quando o

fragmento estava no limite entre dois municípios se escolhia o que tinha maior área do

fragmento. As proximidades de populações humanas foram mensuradas pelo programa

Google Earth. A partir de imagens projetadas em kml dos fragmentos e com a régua do

aplicativo, verificamos a distância do ponto mais próximo de populações humanas

(acima de 20 casas) à borda mais próxima do fragmento.

Pareamento de Fragmentos com e sem Ocorrência de Primatas

O pareamento teve como objetivo encontrar fragmentos de mata com tamanho e

influência humana semelhantes para a comparação pareada das diferenças nas

características de paisagem entre os fragmentos com e sem ocorrência das espécies de

primatas. Procuramos fragmentos sem ocorrência que possuíssem população humana no

entorno e outros características sociais (ex. proximidade de cidades, distancia de

estradas) semelhantes ao fragmento com ocorrência. Isso foi feito para minimizar o

efeito de outros fatores na comparação de características da paisagem desses pares de

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fragmentos. Informações relacionadas à influência humana foram importantes e usadas

considerando que essas espécies de primatas são alvos de caça (IUCN, 2016), tanto para

alimentação (Arroyo-Rodríguez e Dias, 2010; Montenegro, 2011; Santos, 2013) quanto

para criação em cativeiro.

Primeiramente foi calculada a área de todos os fragmentos de mata dentro da

Mata Atlântica do nordeste acima do rio São Francisco. Para cada um dos 25

fragmentos com ocorrência, separamos dois fragmentos com distâncias próximas e com

tamanho aproximado (quando não encontrado do mesmo tamanho optava-se pelo maior

a seguir na lista de fragmentos) sem ocorrência das espécies. Alguns desses fragmentos

sem ocorrência foram escolhidos mais de uma vez para o pareamento devido ao fato de

não terem fragmentos com tamanho semelhantes ou serem muitos distantes, isso

ocorreu principalmente nos de maior área (um fragmento sem ocorrência com mais de

10.000 ha, por exemplo, foi par de dois fragmentos com ocorrência). Depois coletamos

as seguintes informações relacionadas à influência humana: tamanho populacional,

densidade populacional, distâncias de cidade e de rodovias. Entre as duas opções de

fragmentos sem ocorrência, escolhíamos aquele que mais se parecia do ponto de vista

de influência humana com o fragmento com ocorrência, formando assim o par.

Checamos a eficiência do pareamento usando testes-t pareados. Esperávamos que não

houvesse diferença entre os fragmentos com e sem ocorrência das duas espécies de

primatas (A. belzebul e S. flavius) com relação ás características usadas no pareamento.

Análise da Paisagem

Definimos como unidade de paisagem uma área no entorno de cada fragmento

(6 km a partir da borda do fragmento). Para cada fragmento calculamos as seguintes

medidas: perímetro (PERIM), forma (SHAPE), índice de proximidade (PROX), e

proporção de cobertura florestal na paisagem (COBERTURA). Essas métricas também

foram usadas no Capítulo 1, veja seção “Análise da Paisagem” para maior descrição. As

métricas de perímetro e principalmente forma foram usadas para detectar se existe efeito

de borda nos fragmentos (McGarigal, 2014; Vidolin et al., 2011; Volotão, 1998).

As métricas de paisagem foram calculadas usando o programa Fragstats 4.2

(McGarigal et al., 2012).

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Análises Estatísticas

Para verificar se há diferença global nas características da paisagem entre

fragmentos com e sem ocorrência dos primatas A. belzebul e/ou S. flavius, nós

utilizamos a distância Euclidiana e um modelo nulo. Calculamos a distância euclidiana

para as características da paisagem entre cada par de fragmento com e sem ocorrência

de A. belzebul e S. flavius, utilizando o perímetro (PERIM), forma (SHAPE), índice de

proximidade (PROX) e cobertura florestal (COBERTURA). Dessa forma, temos uma

média da distância euclidiana entre os pares de fragmentos. Para testar se os pares são

mais diferentes do que o esperado ao acaso (o que explicaria o fato de ter esses primatas

em um fragmento e não ter em outro) construímos um modelo nulo formando 25 pares

de fragmentos ao acaso, através de sorteio a partir do conjunto de todos os fragmentos.

Dessa forma, temos uma média da distância euclidiana entre os pares de fragmentos

formados. Esse procedimento foi feito 10.000, de forma que temos 10.000 médias de

distâncias euclidianas entre pares de fragmentos formados ao acaso. E por fim,

comparamos a média da distância euclidiana dos pares de fragmentos com e sem

ocorrência dos primatas de A. belzebul e/ou S. flavius com a distribuição de média de

distâncias euclidianas entre pares e fragmentos formados ao acaso no programa R

2.12.2.

Para testar se os fragmentos com e sem ocorrência de Alouatta belzebul ou

Sapajus flavius eram diferentes com relação à cada característica da paisagem

separadamente (perímetro, forma, índice de proximidade e proporção de cobertura)

utilizamos teste – t pareados. Essas análises foram feitas no programa Statistica 8.

RESULTADOS

Os tamanhos dos fragmentos sem ocorrência utilizados nesse trabalho variaram

entre 28,44ha à 28.533,21ha (Tabela 1), com média de 3.588,3 ha e mediana de 1.703,3

ha e moda de 5.116,2 ha. Foram analisados 44 fragmentos sem ocorrência dos primatas

(A. belzebul e/ou S. flavius) distribuídos em uma área de 42.756 km² de Mata Atlântica

nordestina. A paisagem formada em 6 km no entorno dos fragmentos tem uma média de

30,2% de porcentagem de cobertura florestal, variando entre 15,7% e 50,4%.

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Tabela – 1: Frequência dos fragmentos com ocorrência em cada classe de área. Os

intervalos usados foram os mesmos do artigo Ribeiro et al. (2009). S = Sapajus flavius,

A= Alouatta belzebul, AS = Ambas as espécies (Alouatta belzebul e Sapajus flavius).

Área (ha) Número de

fragmentos

Proporção de

fragmentos Área total

Fragmentos com

ocorrência SP

3- 50 ha 26.125 91,68 258.879 1 S

50 - 100 ha 1.155 4,05 80.181.40 0 -

100 a 250 ha 718 2,52 110.668.93 3 S

250 - 500 ha 264 0,93 91.731.87 4 AS

500 a 1000 ha 114 0,40 80.902.9 2 S

1000- 2500 ha 73 0,26 112.591.33 4 AS

2500 - 5000 ha 25 0,09 90.415.52 7 AS

5000 - 10000 ha 11 0,04 72.417.80 1 S

10000 a 25000 ha 9 0,03 129.912.81 3 AS

25000 a 50000 ha 1 0,00 28.523.21 0 -

Total 28.495 100,00

25

Os fragmentos com e sem ocorrência dessas espécies não diferiram com relação

às características da paisagem. O valor médio da Distância Euclidiana observada entre

os pares (1,46) não foi maior do que o esperado ao acaso (P = 0,99). Os fragmentos

pareados são mais parecidos entre si do que o esperado ao acaso (Figura 1).

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Figura 1– Distribuição de frequência da distância euclidiana entre pares de fragmentos

formados ao acaso (10.000) e distância euclidiana média entre fragmentos com e sem ocorrência

de espécies. Seta mostra o valor da distância euclidiana média: 1,46.

O teste – t pareado comparando as características da paisagem revelou diferença

na forma dos fragmentos com e sem ocorrência dos primatas de A. belzebul e/ou S.

flavius (t = -4,48; P < 0,01; Figura 2C), sendo que fragmentos com ocorrência tiveram

valores de forma menores do que fragmentos sem ocorrência. O perímetro também foi

diferente (t = -2,77; P = 0,01; Figura 2A) e também com valores menores dos

fragmentos com ocorrência desses primatas do que fragmentos sem ocorrência. Os

valores significativos dessas duas métricas indicam que há um maior efeito de borda nos

fragmentos sem ocorrência. Os fragmentos com e sem ocorrência desses primatas não

foram diferentes com relação ao índice de proximidade (t =-0,39; P = 0,69; Figura 2B) e

à porcentagem de cobertura florestal (t = -2,06; P = 0,05; Figura 2D) (Tabela 2).

O pareamento dos fragmentos feito antes de investigar as características da

paisagem (apresentadas anteriormente) foi bem sucedido com relação ao tamanho

populacional (t = -1,31, P = 0,19; Figura 3A), à densidade populacional (t =-1,09, P =

0,28; Figura 3D), à distância de rodovias (t = -0,35, P = 0,72; Figura 3B) e à área (t =-

0,93, P = 0,35; Figura 3E). A única exceção foi da distância de população humana, que

foi diferente entre os pares formados (t = 4,49, P < 0,05; Figura 3C) (Tabela 2). A

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ausência de significância nesses testes é um indício que o pareamento com relação às

características humanas foi bem sucedido, e então as características da paisagem foram

comparadas controlando esses fatores.

Figura 2 –Perímetro (A), Índice de proximidade(B), Forma (C), e cobertura (D) nos fragmentos

com e sem ocorrência de A. belzebul e S. flavius na Mata Atlântica ao norte do Rio São

Francisco. Representado nos gráficos a mediana, quartis e descis.

A

C

B

D

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Tabela 2: Estatísticas descritivas (média e desvio padrão) das variáveis de paisagem perímetro

(PERIM), forma (SHAPE), índice de proximidade (PROX) da mancha e cobertura florestal, e

para as variáveis usadas no pareamento que são área (AREA), tamanho populacional, densidade

populacional, distância de cidade e distância de rodovias em 25 fragmentos com ocorrência de

Alouatta belzebul e/ou Sapajus flavius e 25 fragmentos sem ocorrência de primatas na Mata

Atlântica ao norte do São Francisco. Teste-t da hipótese nula de que não diferença entre pares de

fragmentos para cada variável.

Variáveis usadas na comparação de paisagens de fragmentos com e sem ocorrência de primatas

Com ocorrência Sem ocorrência

Média DP Média DP T P

Perímetro 335.552,0 456.527,7

460.272,0 603.349,5 -2,77 0,01

Forma 12,8 9,5

17,2 9,7 -4,48 < 0,01

Proximidade 24.169,5 35.280,7

27.845,2 38.171,1 -0,39 0,69

Cobertura 28,6 8,6

32,2 10,1 -2,06 0,05

Variáveis usadas no pareamento dos fragmentos

Com Ocorrência Sem Ocorrência

Média DP Média DP T P

Área 30.16,0 3.840,2

3.585.7 5.948,6 -0,93 0,35

Tamanho populacional 46.373,0 36.711,2

135.974.4 345.913,8 -1,31 0,19

Densidade populacional 168,2 220,4

476.2 1.411,9 -1,09 0,28

Distância de rodovias 0,4 0,8

0.4 0,9 -0,35 0,72

Distância de povoados 4,8 4,2

1.0 1,7 4,49 < 0,05

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Figura 3– Tamanho da densidade humana (A), Distância de rodovias (B), Distância de cidades

(C), Distância da população humana (D), e Área (E) nos fragmentos com e sem ocorrência de

A.belzebul e S.flavius na Mata Atlântica ao Norte do Rio São Francisco. Representado nos

gráficos a mediana, quartis e descis.

DISCUSSÃO

No teste de distância euclidiana, esperávamos que a diferença nas características

de paisagem entre fragmentos com e sem ocorrência de Alouatta belzebul e/ou Sapajus

flavius seriam maiores do que o esperado ao acaso. Isso explicaria o fato de haver

presença dessas espécies em alguns fragmentos, no entanto não existir em outros, pois

eles seriam muito diferentes entre si com relação às características da paisagem.

A

C

B

E

D

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Entretanto o nosso resultado não corroborou essa expectativa, pois os fragmentos

pareados são mais semelhantes entre si do que o esperado.

No entanto, quando analisamos separadamente as características da paisagem, a

forma e o perímetro dos fragmentos com e sem ocorrência diferiu. Os primatas aqui

estudados ocorrem em fragmentos que têm menos quantidade de borda e têm formas

menos complexas, se comparados à fragmentos de tamanho similar sem ocorrência A.

belzebul e/ou S. flavius. Com isso podemos relacionar essas características da paisagem

entre os fragmentos com e sem espécies desses primatas com a possível preferência

desse grupo por fragmentos com efeito de borda reduzido, devido ao fato do efeito de

borda resultar em extensa mudança nas condições ambientais do habitat como a maior

penetração de vento para a dessecação interior e superior nas bordas, resultando em uma

maior mortalidade de árvores, diminuindo dessa forma recursos para os primatas

existentes (Estrada e Coates-Estrada, 1996; Laurance, 1991).

A forma que o efeito de borda pode afetar esses primatas é uma informação de

extrema importância para entendermos o seu comportamento com relação ao distúrbio

humano causado na Mata Atlântica nas últimas décadas. As bordas de fragmentos

podem ser inóspitas para algumas espécies de animais florestais e com o tempo podem

direcionar para uma redução do tamanho do fragmento (Turner, 1996), com a queda de

árvores na borda. A forma (a relação contorno-área) é um importante determinante da

qualidade do fragmento (Turner, 1996). Entretanto no trabalho de Lenz (2014) na

Amazônia, houve aumento da densidade da comunidade de primatas nas bordas de

fragmentos em cinco das seis espécies estudadas (dentre elas uma do gênero Alouatta e

uma do gênero Sapajus). Mesmo assim ele justifica que uma matriz em regeneração

(primeiro estágio de sucessão) ainda pode ter impacto sobre os primatas, pois em locais

entre 19-30 anos de regeneração da matriz, os primatas ainda sentem ao efeito de borda

(que é 150 metros para dentro da mata). Dados do projeto “Dinâmica Biológica de

Fragmentos Florestais” confirmam que os remanescentes florestais tem mudanças

significativas relacionadas aos efeitos de borda e perda espécies de primatas

(Bierregaard Jr et al., 1992). Em contraste a isso, primatas de Madagascar, como

algumas espécies de lêmures, se beneficiam do efeito de borda (Freed, 2002; Lehman et

al., 2006; Schwitzer et al., 2011).

Esperávamos que o isolamento dos fragmentos sem primatas fossem maiores,

entretanto não houve diferença no isolamento de fragmentos com ou sem ocorrência de

A. belzebul e/ou S. flavius. Como também esperávamos que a cobertura florestal no

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entorno dos fragmentos sem ocorrência desses primatas fosse menor, o que também não

ocorreu. Todavia, os efeitos de isolamento podem reduzir rapidamente a capacidade de

retenção de espécies de fragmentos florestais (Peres, 2001), mostrando uma resposta

clara de alta sensibilidade sobre efeitos do isolamento em primatas no Pará (Ferrari et

al., 2003) e mamíferos de grande porte na Amazônia, podendo levar a extinção local

(Sampaio et al., 2010), por falta de recursos, deriva gênica e estocasticidades ambientais

(Frankham et al., 2008). Primatas muitas vezes, suportam diferentes graus de

isolamento, dependendo se eles são especialistas ou generalistas e como eles toleram o

processo de fragmentação (Marsh, 2003). Como exemplo, primatas do gênero Alouatta,

presentes em fragmentos, em que a distância para a floresta contínua não foi

significativa com relação à presença do grupo, no México (Rodriguez-Toledo et al.,

2003). A cobertura florestal e elementos do dossel, como altura e abertura, são

importantes características preditoras da persistência em florestas isoladas (Benchimol e

Peres, 2014). Para os macacos da espécie Callicebus nigrifrons, por exemplo, elementos

do dossel são de extrema importância, ocorrendo em dossel alto e fechado (Sales et al.,

2016). E um dossel com menos de 10%, é um limiar certamente incompatível com a

sobrevivência da maioria dos primatas estritamente arbóreas (Chapman e Peres, 2001).

Benchimol e Peres (2014), mostraram que o tamanho da mancha, a cobertura florestal, o

nível de pressão de caça, o tamanho da área de vida e ao estado trófico foram os

principais preditores de persistência de espécies dentro de uma floresta isolada em

macacos da américa latina, dentre eles espécies do gêneros de Alouatta e Sapajus.

No pareamento dos fragmentos, tivemos sucesso para as características de

tamanho populacional, densidade populacional, distância de rodovias e área, com

exceção de população humana (acima de 20 casas). Portanto, não foi possível encontrar

fragmentos de mesmo tamanho aproximado que não diferissem com relação à distância

de cidade ou povoado mais próxima. Por isso, esse fator pode ter influência sobre a

ocorrência do S. flavius e/ou A. belzebul em fragmentos próximos a cidades, já que

fragmentos sem ocorrência estão mais próximos de cidades do que fragmentos com

ocorrência de S. flavius e/ou A. belzebul. Atividades humanas como caça acabam

impactando primatas (Cullen Jr et al., 2000), e se o impacto da caça é grave, as

consequências para os fragmentos florestais isolados podem ser desastrosas, pois eles

não têm as fontes potenciais para migração, como é o caso muitos fragmentos na Mata

Atlântica, na região sudeste do Brasil (Chiarello, 2003). Como mostrado no trabalho de

Cullen et al. (2000), na Mata Atlântica, em que fragmentos florestais mais próximos de

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casas (5km entre a borda do fragmento e casas), tinham maior taxa de caça. O fato da

característica proximidade de cidades ser diferente no resultado do pareamento, mostra

que possivelmente a caça pode estar influenciando na presença desses primatas na Mata

Atlântica.

Os resultados encontrados nesse trabalho comprovam que a forma e o

perímetro do fragmento estão sendo fatores que determinam a presença dos primatas S.

flavius e A. belzebul em fragmentos da Mata Atlântica do Nordeste. Esses resultados

nessas duas métricas, além do efeito de borda, podem indicar que as espécies evitam ou

foram localmente extintas em fragmentos com maior borda devido à ação humana (o

que justificaria distância de cidades com resultado significativo no pareamento). Com

uma maior quantidade de borda (um fragmento mais complexo e recortado), as espécies

poderiam ser mais facilmente vistas, ou o fragmento se tornaria um local de fácil acesso

se comparado com um fragmento com menos borda. De acordo com a IUCN, o S.

flavius é ameaçado principalmente pela caça, perda e fragmentação do habitat. As

populações de A. belzebul que habitam a Mata Atlântica tem como maior ameaça a

fragilidade das pequenas manchas florestais remanescentes. Essas populações estão

expostas aos efeitos de estocasticidade ambiental e demográfico afetando o tamanho

populacional de espécies que habitam esse bioma. Outras ameaças que os primatas

também podem enfrentar vão desde queimadas florestais, à própria tentativa de

migração dos primatas entre fragmentos com a possibilidade de sofrerem

atropelamentos e predação por animais domésticos, além a coleta de madeira, que tira o

habitat e os recursos das espécies, e contaminação por depósitos de lixo clandestino

(ICMBIO, 2014). Portanto, conservar os maiores fragmentos e com formas menos

complexas é importante para garantir a manutenção dessas espécies de primatas

ameaçados ao longo do tempo.

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ANEXOS

Anexo – 1: Pares de fragmento com ocorrência (verdes) das espécies Alouatta belzebul (A),

Sapajus flavius (S) na Mata Atlântica Nordestina: ID1- Mata estrela localizada no município de

Baia formosa –RN; ID2 – Fragmento localizado em Millemnium, no município de Mataracá –

PB; ID3 – Fragmento localizado na Estação Experimental de Camaratuba, localizado no

município de Mamanguape –PB. E sem ocorrência (vermelhos): ID1 – Mata entre Natuba e

Salgado de São Felix – PB; ID2 – Mata entre Caaporã – PB e Goiana – PE; ID3 - Mata em

Pedro Régis – PB.

ID1

ID3

ID2

ID1

ID2

ID3

ID3

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Anexo – 2: Pares de fragmento com ocorrência (verdes) das espécies Alouatta belzebul (A),

Sapajus flavius (S) na Mata Atlântica Nordestina: ID4 - Fragmento localizado na Estação

Ecológica Estadual do Pau Brasil, no município de Mamanguape –PB; ID5 - Fragmento

localizado em Jardim, no município de Rio Tinto – PB; ID6 - Fragmento localizado em

Cajarana/Águas Claras, no município de Rio Tinto – PB. E sem ocorrência (vermelhos): ID4 –

Mata entre Mamanguape e Rio Tinto – PB; ID5 – Mata e Santa Rita – PB; ID6 – Pedras de

Fogo – PB.

ID5

ID6 ID6

ID5

ID4 ID4

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Anexo – 3: Pares de fragmento com ocorrência (verdes) das espécies Alouatta belzebul (A),

Sapajus flavius (S) na Mata Atlântica Nordestina: ID7- Localizado em Rio Vermelho, no

município de Rio Tinto –PB; ID8 - Fragmento localizado em Sucupira/São João/Jacuípe, no

município de Santa Rita – PB; ID9 - Fragmento localizado em Cafundó, no município de Santa

Rita–PB; E sem ocorrência (vermelhos): ID7 – Mata entre Baía da traição, Marcação e Rio tinto

- PB; ID8 – Mata entre Maceió, Paripuera e Barra de Santo Antônio – AL; ID9 – Mata entre

Timbaúba, Salgado de São Félix, Camutanga e Ferreiros – PB e PE.

ID7

ID7

ID8

ID8

ID9 ID9

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Anexo – 3: Pares de fragmento com ocorrência (verdes) das espécies Alouatta belzebul (A),

Sapajus flavius (S) na Mata Atlântica Nordestina: ID10 - Fragmento localizado na RPPN

Engenho Gargaú, no município de Santa Rita– PB; ID11- Localizado em Fazenda Pau Brasil 1,

no município de Santa Rita– PB; ID12 – Fragmento localizado no Córrego do Inferno, no

município de Caaporã e Goiana – PB/PE; E sem ocorrência (vermelhos): ID10 – Mata entre

Barra de São Miguel, Marechal Deodoro e São Miguel dos Campos- AL; ID11 – Mata entre

Maragogi, São José da Coroa Grande e Barreiros – PE e AL; ID12 – Mata em Pitimbú – PB.

ID10 ID10

ID11

ID11

ID12

ID12

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Anexo – 4: Pares de fragmento com ocorrência (verdes) das espécies Alouatta belzebul (A),

Sapajus flavius (S) na Mata Atlântica Nordestina: ID13 - Fragmento localizado em Bujari, no

município de Goiana– PE; ID14 - Fragmento localizado em Água Azul, no município de

Timbaúba – PE; ID15 - Fragmento localizado na Mata dos Macacos, no município de Igarassu –

PE; E sem ocorrência (vermelhos): ID13 – Mata em Pitimbú – PB; ID14 – Mata entre Igarassú,

Araçoiaba, Tracunhaém, Abreu e Lima, Paulista, Recife, Camaragibe, São Lourenço da Mata e

Paudalho – PE; ID15 – Mata entre Paudalho e Chã de Alegria – PE.

ID13 ID13

ID14

ID14

ID15

ID15

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Anexo – 5: Pares de fragmento com ocorrência (verdes) das espécies Alouatta belzebul (A),

Sapajus flavius (S) na Mata Atlântica Nordestina: ID16 - Fragmento localizado na Usina

Salgado, no município de Ipojuca– PE; ID17- Localizado em Engenho Sacramento, no

município de Água Preta – PE; ID18 – Fragmento localizado na Estação Ecológica Murici, no

município de Murici – AL; E sem ocorrência (vermelhos): ID16 – Mata entre Cabo de São

Agostinho, Jaboatão dos Guararapes e Moreno – PE; ID17 - Mata entre Maragogi, e Barreiros-

PE e AL; ID18 – Mata entre Barra de Santo Antônio, São Luiz do Quitunde e Passo do

Camaragibe – AL.

ID16

ID16

ID17 ID17

ID18 ID18

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Anexo – 6: Pares de fragmento com ocorrência (verdes) das espécies Alouatta belzebul (A),

Sapajus flavius (S) na Mata Atlântica Nordestina: ID19 - Fragmento localizado em Santa

Justina, no município de Passo de Camaragibe e Matriz de Camaragibe – AL; ID20 - Fragmento

localizado no Junco, no município de Jequiá da Praia – AL; ID21 - Fragmento localizado na

Mata dos Macacos, no município de Coruripe – AL; E sem ocorrência (vermelhos): ID19 –

Mata em Passo do Camaragibe – AL; ID20 - Mata entre Maceió e Rio Largo – AL; ID21 –

Mata em Piaçabuçu – AL.

ID19

ID19

ID20 ID20

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Anexo – 7: Pares de fragmento com ocorrência (verdes) das espécies Alouatta belzebul (A),

Sapajus flavius (S) na Mata Atlântica Nordestina: ID22 - Fragmento localizado em Usina Porto

Rico, no município de Campo Alegre – AL; ID23- Localizado em RPPN Santa Tereza, no

município de Atalaia– AL; ID24 – Fragmento localizado na Usina Coruripe 2, no município de

Coruripe – AL; E sem ocorrência (vermelhos): ID22 – Mata entre União do Palmares, Santa do

Mundaú e São José da Laje – AL; ID23 – Mata entre Paulo Jacinto e Quebrangulo – AL; ID24 -

Mata entre Barra de Santo Antônio, São Luiz do Quitunde e Passo do Camaragibe – AL.

ID22 ID22

ID23 ID23

ID24

ID24

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Anexo – 8: Pares de fragmento com ocorrência (verdes) das espécies Alouatta belzebul (A),

Sapajus flavius (S) na Mata Atlântica Nordestina: ID25 - Fragmento localizado na Usina

Coruripe 3, no município de Coruripe – AL. E sem ocorrência (vermelhos): ID25 – Mata entre

São Miguel dos Campos e Boca da Mata.

ID25

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