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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA CURSO DE GRADUAÇÃO EM MÚSICA ALEXANDRE FERNANDES MAIA BANDA TAIYO ONGAKUTAI DO RN NATAL/RN 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ESCOLA DE MÚSICA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM MÚSICA

ALEXANDRE FERNANDES MAIA

BANDA TAIYO ONGAKUTAI DO RN

NATAL/RN

2012

ALEXANDRE FERNANDES MAIA

BANDA TAIYO ONGAKUTAI DO RN

Monografia apresentada à coordenação do

Curso de Licenciatura em Música, como

requisito parcial para obtenção do título de

Licenciatura em Música.

ORIENTADOR:

Prof Ms. Ronaldo Ferreira Lima

NATAL/RN

2012

Catalogação da Publicação na Fonte

Biblioteca Setorial da Escola de Música

M217b Maia, Alexandre Fernandes.

Banda Taiyo Ongakutai do RN / Alexandre Fernandes Maia. –

Natal, 2012.

66 f. : il.

Orientador: Prof. Me. Ronaldo Ferreira de Lima.

Monografia (graduação) – Escola de Música, Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, 2012.

1. Bandas (Música). 2. Banda de metais. I. Banda Taiyo

Ongakutai do RN. II. Lima, Ronaldo Ferreira de. III. Título.

RN/BS/EMUFRN CDU 785.12:37

Em memoria de Maria Gorete da

Cruz Dantas, pelo comprimento de

sua nobre existência.

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Budismo de Nitiren Daishonin, por todos os goshos (cartas) deixados

como ensinamentos e autoconhecimento como ser humano, a Daisaku Ikeda mestre da vida,

que mesmo de idade continua a escrever os jornais diariamente a nos orientar como seguir um

caminho correto de vida, aos companheiros da BSGI, em especial aos amigos Damião Rocha,

Lécio Moura e Sérgio Medeiros da Taiyo Oangakutai do RN por terem me apresentado a esse

meio da maravilhosa música e seus ensinamentos, mas principalmente pela experiência de

vida e ensinamentos da filosofia o que sou muito grato.

À minha mãe e minha irmã, que estão sempre junto comigo, participando diretamente

da minha revolução humana.

Ao meu orientador professor Ronaldo Lima, pela confiança.

"As músicas que, energicamente oferecem ao

povo, a esperança e a força vital, a música

aromatizada da arte e da civilização, está quase se

extinguindo; e se por acaso, as músicas

momentâneas e imorais conduzem os jovens ao

caminho do mal, devemos dizer que a sua

nocividade é imensa”.

Daisaku Ikeda

RESUMO

Esta monografia constitui-se em uma pesquisa sobre a Banda de Música Taiyo Ongakutai do

Rio Grande do Norte, fundada na cidade de Caicó - RN, grupo pertencente à ONG BSGI

(Brasil Soka Gakkai Internacional) em que todos os membros são praticantes da filosofia

budista de Nitiren Daishonin, tendo como objetivo ressaltar a importância do grupo para a

comunidade, demonstrar a importância deste trabalho para o desenvolvimento sócio-cultural e

filosófico dos jovens. Os dados deste trabalho foram coletados através de arquivos da banda,

entrevistas com ex- integrantes e de um relato da experiência vivida pelo próprio autor.

Palavras-chaves: banda de música, filosofia budista, formação musical.

ABSTRACT

This monograph consists in a survey about the Music Band Taiyo Ongakutai of Rio Grande

do Norte, founded in the city of Caico - RN, a group belonging to the NGO BSGI (Brazil

Soka Gakkai International) in which all members are practitioners of Buddhist philosophy of

Nichiren Daishonin, aiming to highlight the importance of the group to the community,

demonstrating the importance of this work to the socio-cultural and philosophical youth. Data

for this study were collected through the band's archives, interviews with former members and

an account of the experience by the author.

Keywords: band music, Buddhist philosophy, music training.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 12

CAPÍTULO I .......................................................................................................................... 13

1. HISTÓRICO E PROPÓSITO DA BSGI ........................................................................ 13

CAPÍTULO II ......................................................................................................................... 19

2. DAISAKU IKEDA ......................................................................................................... 19

CAPÍTULO III ....................................................................................................................... 22

3. ONGAKUTAI E TAIYO ONGAKUTAI DO BRASIL ................................................. 22

CAPÍTULO IV ........................................................................................................................ 25

4. HISTÓRICO DA TAIYO ONGAKUTAI DO RN ......................................................... 25

4.1.FORMAÇÃO DA BANDA ...................................................................................... 27

4.2.METODOLOGIA ..................................................................................................... 28

4.3.ESTRUTURA DOS ENSAIOS (FILOSÓFICO E MUSICAL) ............................... 31

4.4.A IMPORTANCIA DA BANDA TAIYO ONGAKUTAI PARA CAICÓ ............. 32

CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 34

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 35

ANEXOS ................................................................................................................................. 38

11

LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1 POEMA AO ONGAKUTAI .................................................................................. 39

ANEXO 2 SOKA GAKKAI SONGS ...................................................................................... 40

ANEXO 3 IFO DODO NO UTA (CANÇÃO DO IMPONENTE AVANCO) ........................ 41

ANEXO 4 CERTIFICADO DA ACADEMIA DA TAIYO ONGAKUTAI .......................... 56

ANEXO 5 DIPLOMA CONCEDIDO A TAIYO ONGAKUTAI NA SEMANA DO

SOLDADO ............................................................................................................................... 57

ANEXO 6 LEI MUNICIPAL DO DIA DA BSGI EM CAICÓ............................................... 58

ANEXO 7 CIQUENTENARIO DA TAIYO ONGAKUTAI .................................................. 60

ANEXO 8 FUNDADOR DA EDUCAÇÃO SOKA ................................................................ 61

ANEXO 9 DAISAKU IKEDA E JOSSEI TODA.................................................................... 61

ANEXO 10 DAISAKU IKEDA FUNDADOR DA ONGAKUTAI ........................................ 62

ANEXO 11 TAIYO ONGAKUTAI RN .................................................................................. 63

ANEXO 12 TAIYO ONGAKUTAI RN .................................................................................. 63

ANEXO 13 BSGI ..................................................................................................................... 64

ANEXO 14 TAIYO ONGAKUTAI NA CIDADE DE SÃO FERNANDO ............................ 64

ANEXO 15 FUNDADOR DA TAIYO ONGAKUTAI DO RN ............................................. 65

ANEXO 16 COMENDA VILA DO PRÍCIPE ......................................................................... 66

12

INTRODUÇÃO

Na região do Seridó, as bandas de música são de grande importância para a formação

do músico, cidadão do mundo e da difusão da música, sendo reconhecida tal importância em

todo Estado.

Esta pesquisa tem como objetivo descrever como ocorreu e ocorre o

ensino/aprendizagem musical, humanista e a importância que esse trabalho tem para com o

desenvolvimento sócio-cutural dos jovens do grupo e para com a comunidade. Na pesquisa

será abordada também a filosofia da banda, cujos membros são todos praticantes do budismo

de Nitiren Daishonin, pré-requisito de ingresso no grupo. O foco desta pesquisa será

aprópriaBanda de Música, mostrando os resultados sociais obtidos pela mesma frente à

comunidade.

A Taiyo Ongakutai do RN, fundada em Caicó-RN, enfrenta alguns problemas. Entre

eles estão a deficiências/problemas do local de ensaio, falta de instrumentos, falta de reforma

de instrumentos velhos, problemas estes que refletem diretamente no aprendizado dos alunos.

O interesse pelo tema nasceu pela experiência pessoal do autor desse trabalho que é

personagem da historia desse grupo, evidenciando também a compreensão sobre o processo

de formação musical e humanista. Esse (projeto) foi aprovado na primeira fase da Seleção do

Mestrado da UFPB em 2009 na Área de Etnomusicologia.

Para a realização desta pesquisa fez-se necessária uma pesquisa bibliográfica,

incluindo-se arquivos pessoais da banda, livros, teses, dissertações, revistas, periódicos e

textos obtidos na internet. Também foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com os ex-

membros da banda, de forma a coletar depoimentos importantes, com conteúdos a respeito da

história e trajetória do grupo e, por ultimo, um relato da experiência vivida pelo próprio autor.

13

CAPÍTULO I

1. HISTÓRICO E PROPÓSITODA BSGI

A história da Associação Brasil SGI (Soka Gakkai Internacional (Sociedade de

Criação de Valores Humanos) (BSGI) se inicia no ano de 1930 no Japão com o professor

japonês Tsunessaburo Makiguti (Anexo 8), tendo sido influenciado pelas ideias do pedagogo

e filósofo norte-americano John Dewey e pela grande experiência acumulada (mais de vinte

anos de magistério) na área da Educação, escreve a Soka Kyoiku Gakkai (Sociedade

Educacional de Criação de Valores), sendo editada também pelo educador Jossei Toda no dia

18 de novembro de 1930, considerada a data da fundação da organização.

A Soka Kyoiku Gakkai foi estruturada gradativamente, com Makiguti como presidente

e Toda como diretor-geral, começando a atuar efetivamente no ano de 1937 com educadores

que simpatizavam com o sistema educacional Soka. Makiguti sentia que a sociedade japonesa

carecia de valores humanos para avançar e mais tarde, ao conhecer juntamente com Toda a

Filosofia Humanista do Budismo Nitiren, encontram a expressão máxima da ideologia de

valor por eles defendida.

Então a organização passa a ser composta por pessoas de outras áreas se tornando uma

organização de leigos autônoma de praticantes do budismo Nitiren, em que seus integrantes

receberam orientações sobre a prática budista, objetivando a conquista da felicidade absoluta

na vida diária.

Porém, com o inícioda Segunda Guerra Mundial Makiguti e Toda e mais vinte e um

líderes da Soka Kyoiku Gakkai foram presos no dia 06 de Julho 1943 por recusarem a aceitar

o talismã xintoísta como religião oficial, imposta pelo governo militar japonês, em que todas

as outras crenças fossem renegadas, impondo também o treinamento militar a todos os

estudantes do país, logo diante do rigor dos interrogatórios, somente Makiguti e Toda

mantiveram firmes as suas convicções, enquanto os demais líderes abandonaram a fé.

Com idade avançada, desnutrido e recebendo maus tratos, o educador Makiguti falece

na prisão, em Tóquio no dia 18 de novembro de 1944 (data da fundação da Soka Kyoiku

Gakkai) aos 73 anos de idade.

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Toda é libertado da prisão no dia 03 de Julho de 1945, iniciando imediatamente a

reconstrução da Organização e alterando o nome para Soka Gakkai (Sociedade de Criação de

Valores) em março de 1946, com o objetivo de promover a paz mundial e a felicidade da

humanidade, indo além do objetivo inicial de promover a reforma educacional.

Makigute e Toda criaram uma grande relação de Mestre (da vida) e discípulo o que

marcou a vida de ambos profundamente, tornando-se inseparáveis, relação que agora Toda

vivenciará como Mestre ao encontrar-se pela primeira vez em 1947 com o futuro discípulo em

uma Reunião de Palestra da Soka Gakkai, o jovem estudante Daisaku Ikeda.

Em janeiro de 1949, a editora de Toda decreta falência pela situação económica

decadente do pós- guerra, obrigando o mesmo a renunciar como diretor geral. No dia 03 de

maio de 1951, Jossei Toda se torna o segundo presidente, objetivando na ocasião converter

750 mil famílias ao Budismo Nitiren (meta alcançada em dezembro de 1957), um número

quase impossível de ser concretizado em meio a uma organização que na época só tinha três

mil membros. Logo após a posse do cargo, Toda funda as Divisões Feminina e Masculina de

Jovens.

Como uma de suas estratégias, Toda inicia a publicação do jornal Seikyo Shimbum no

dia 20 de abril de 1951 (jornal existente até os dias de hoje, sendo expandido por Ikeda nas

organizações da Gakkai espalhadas pelo mundo). Acompanhando a estratégia de Toda, Ikeda

assume em janeiro de 1952 como secretário do Distrito Kamata, sua missão foi expandir a

propagação em toda a Soka Gakkai, conseguindo o feito no mês de fevereiro, quando foram

feitos duzentos e um simpatizantes (Chakubuku) do budismo Nitiren.

Em comemoração aos 700 anos do budismo Nitiren, Toda publica no dia 28 de abril

de 1952, uma obra intitulada Coletânea dos Escritos de Nitiren Daishonin (Nichiren

Daishonin Gosho Zenshu).

No processo de expansão dos ideais da Gakkai e do budismo Nitiren, atinge em maio

de 1956 na região de Kansai (Distrito Osaka), 11.111 conversões, que a partir de agora se

tornava o centro das atenções como uma organização influente na sociedade, sofrendo

pressões injustas pelo governo. Em 03 de julho de 1957, o jovem Ikeda foi preso em Osaka

por duas semanas sob falsa acusação de fraude eleitoral, sendo submetido a interrogatório e

ameaça de que se não assumisse a culpa, o presidente Toda seria preso. Logo, não restava

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opção a Ikeda senão assumir a culpa para proteger seu mestre, que se encontrava com saúde

debilitada. No dia 25 de janeiro de 1962, a justiça japonesa declara Ikeda inocente.

Em 08 de setembro de 1957, foi proferida por Jossei Toda a “Declaração pela

Abolição das Armas Nucleares”, se tornando a diretriz do movimento da Soka Gakkai em prol

da paz.

No dia 16 de março de 1958 foi passado o bastão do Kossen-rufu (transmitir felicidade

a todas as pessoas) para seis mil Jovens, foi realizada uma cerimonia que ficou conhecida

como o “Dia do Kossen-rufu”. No dia 02 de abril duas semanas após a cerimonia, Jossei Toda

encerra sua nobre existência aos 58 anos, concretizando todos os seus objetivos.

Com a morte de Toda, Daisaku Ikeda assume como o terceiro presidente da Soka

Gakkai, no dia 03 de maio de 1960, e começa um movimento ainda maior expandir a

organização, partindo para a primeira viagem (que durou 24 dias) no dia 02 de outubro (data

conhecida como dia da paz mundial) do mesmo ano, as primeiras terras visitadas foram as

Américas do Norte e do Sul, chegando a São Paulo-SP no dia 19 de outubro de 1960, data

denominada como dia da BSGI. No dia 20, diante de cerca de 150 pessoas (quase todos

imigrantes japoneses) reunidas no salão do restaurante Chá Flora, no bairro da Liberdade,

Ikeda anuncia a fundação do primeiro distrito da Gakkai fora do Japão, o distrito Brasil

(composto pelas comunidades São Paulo, Arujá e Campinas) e em seguida, no dia 21, segue

viagem para Los Angeles, Estados Unidos, retornando a Tóquio no dia 25. Em janeiro de

1961 viaja para a Ásia e a Índia e em outubro do mesmo ano para a Europa.

Em sua segunda visita ao Brasil, o presidente Ikeda desembarcou no Rio de Janeiro

em 10 de março de 1966, acompanhado de sua esposa, Kaneko. Naquele ano, a organização,

no Brasil, já contava com oito mil famílias do budismo Nitiren, sendo realizado o Festival

Cultural da América do Sul, no Teatro Municipal de São Paulo, no dia 13 de março, teve a

participação de 1.700 figurantes (entre eles os membros da Ongakutai do Brasil) de varias

localidades do país, sendo realizado também naquela localidade o encontro com cinco mil

membros no Ginásio de Esportes do Pacaembu.

No ano de 1974 o presidente Ikeda viaja para os Estados Unidos, estando planejada

também a terceira visita ao Brasil, porém a emissão do visto de entrada no país foi negada

pelo governo brasileiro (ditadura militar) e a visita foi cancelada. Na ocasião, a BSGI

programou para os dias 16 e 17 de março a realização de um festival cultural no Palácio das

16

Convenções do Anhembi em São Paulo para recebê-lo. O festival foi realizado e, ao final,

todos em uníssono entoaram a canção Juntos com Sensei.

A Soka Gakkai Internacional (SGI) foi fundada na Ilha de Guam, no dia 26 de janeiro

de 1975. A Associação Brasil SGI (BSGI) é a representante brasileira da SGI, que se tornara

organização não governamental (ONG) desde 1983, quando se filiou à Organização das

Nações Unidas (ONU), sendo filiada também na Organização das Nações Unidas para

Educação, Ciência e Cultura (Unesco) entre outras filiações a grandes Organizações.

Após dezoito anos de espera no dia 19 de fevereiro de 1984, o presidente Ikeda

desembarca em São Paulo, em sua terceira visita ao Brasil, permanecendo durante onze dias.

No dia 25 de fevereiro os milhares de integrantes da organização que se encontravam no

Ginásio de Esportes do Ibirapuera param mais um ensaio do festival cultural, em São Paulo, é

surpreendido com a visita inesperada do presidente Ikeda. Assim como ocorreu na segunda

visita, mais uma vez os figurantes e espectadores cantam em coro a canção Saudação a

Sensei, canção que criou a forte solidariedade e o companheirismo entre os membros de todos

os recantos das terras brasileiras. “lembro enquanto pequeno, dessa canção sendo cantada

pelos membros de Caicó na década de 90, dentro do ônibus fretado quando os mesmos

vinham participar de reuniões na capital do Estado”.

Em junho de 1992 Ikeda viaja para Frankfurt, na Alemanha, se encontrando também

com os membros da divisão dos estudantes (DE), que para ele representam o promissor e

brilhante futuro. Na sua quarta visita ao Brasil no dia 09 de fevereiro de 1993 no Aeroporto

Internacional do Rio de Janeiro, Daisaku é recebido por personalidades, entre elas

Austregésilo de Athayde, então presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Prosseguindo com a viagem, para Buenos Aires (Argentina), Assunção (Paraguai) e Santiago

(Chile), retornando a São Paulo onde permaneceu no Centro Cultural Campestre da BSGI,

participando da Convenção Sul-Americana da SGI, da décima sexta Convenção da SGI e de

vários outros eventos.

Ao longo de 2010, a BSGI comemorou seu cinquentenário com diversas atividades,

entre as quais a Convenção Comemorativa do “Brasil Monarca do Mundo”, realizada em

Manaus, Amazonas. Passadas mais de seis décadas, a Associação Brasil SGI (BSGI) conta

com mais de 50 mil famílias, ou cerca de 150 mil associados.

17

Atualmente, a SGI possui representação em 192 países e territórios e mais de 12

milhões de pessoas em todo o mundo, tendo como objetivo fundamental desde a sua

fundação, promover (voluntariamente), nos campos da cultura de paz, cultura, educação,

humanismo, o respeito pela dignidade da vida, por meio da promoção da Revolução Humana,

desenvolvendo amplas atividades, como exposições, intercâmbios culturais (com museus

também) e educacionais (inclusive com universidades), festivais de artes, mostras, palestras,

conferências, fóruns, abertos à população, bem como ajuda humanitária em nível mundial.

A cultura de uma nação é a sua identidade e sua essência. Valorizar e empreender

ações que incentivem a reflexão e a conscientização são uma das principais metas da BSGI.

A Educação Soka criado por Makiguti é a transformação interior, a "auto reforma"

para que caminhos sejam abertos ao desenvolvimento da verdadeira sabedoria, aquela que

tornará o ser humano potencialmente confiante, pleno e com rico senso humanista e de

valorização da vida, não se tratando de mera transmissão de conhecimentos sobre técnicas e

metodologias. Por meio do projeto Ação Educativa Makiguti, tem buscado a melhoria do

ensino básico cuja base é a teoria educacional do pedagogo japonês, de que a criança deve ser

feliz enquanto estuda. O projeto tem alcançado resultados positivos, através da parceria entre

a sociedade-escola-família em instituições públicas de São Paulo.

No campo individual, sempre com base na filosofia humanística do Budismo de

Nitiren Daishonin, a BSGI promove atividades (reuniões de palestra) entre seus associados

para trocar conhecimentos, inclusive com visitas familiares, objetivando um mútuo incentivo

para que cada um possa vencer suas circunstâncias diárias. Essas atividades ocorrem nos

2.500 núcleos de bairro espalhados por todo o Brasil e também nos grupos e departamentos

das Coordenadorias Educacional e Cultural, promovendo o combate ao analfabetismo

funcional, além de conscientização social e política de cada associado.

A BSGI realiza ações entre a sociedade e instituições acadêmicas, entre elas destacam-

se parcerias entre a Universidade Soka, do Japão, e instituições educacionais brasileiras,

foram realizadas doações de livros a universidades brasileiras, encontros de reitores e

acadêmicos. Recentemente, foi inaugurada a Cátedra Daisaku Ikeda, pelo Centro

Universitário de Goiás (Uni-Anhanguera), um importante centro de estudos e reflexões acerca

da paz, ecologia, educação, cultura e Direitos Humanos em escala mundial.

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Para a BSGI, a relação entre a educação e a paz é simultânea, cabendo à educação a

responsabilidade essencial de fomentar na mente dos jovens o amor pela humanidade e o

espírito para dedicar-se em prol de seu povo, da sociedade, oferecendo um conhecimento que

sirva para a realização da felicidade humana e da paz.

O pensamento dos educadores da BSGI é o não questionamento do papel da educação

na sociedade e sim qual o papel da sociedade na educação, sendo para eles a educação o

maior propósito da vida, através dela preparamos as novas gerações de cidadãos com o intuito

de realizar uma nova era, em que a educação seja um meio de grande importância para a

realização de uma mudança positiva da sociedade.

19

CAPÍTULO II

2. DAISAKU IKEDA

Daisaku Ikeda nasceu no bairro de Ota, em Tóquio no Japão, no dia 02 de Janeiro de

1928, como o quinto filho entre oito irmãos, de uma família que trabalhava no plantio,

colheita e comercialização de algas marinhas. A primeira infância foi vivida no bairro

Kamata, de Tóquio. Desde a infância, Ikeda sofria de uma precária saúde, tanto assim que em

sua adolescência estava a ponto de não resistira tuberculoses, uma das doenças mais mortais

da época. Um médico chegou a prognosticar que o garoto não chegaria aos trinta anos de

idade.

Ikeda em sua adolescência com apenas 11 anos de idade viveu os horrores da Segunda

guerra Mundial, iniciada no ano de 1939, vendo seus quatro irmãos mais velhos, um a um,

serem convocados para as frentes de batalha. Com a pouca renda, a família Ikeda precisou

vender a casa e mudar-se para um pequeno barraco que, mais tarde, quando iniciaram os

bombardeios em Tóquio, foi incendiado. Não houve outra saída para ajudar no sustento da

família, senão o jovem e frágil Daisaku ir em busca de trabalho na indústria de armamentos de

guerra, praticamente o único setor da economia que fornecia emprego. Nessa época foi

acometido de tuberculose e o trabalho na fábrica de armamentos agravou sua condição. Uma

febre forte e constante atacava-o todos os finais de tarde. Além do martírio que a tosse

constante lhe causava. A Segunda Guerra terminou em 1945, mas não o sofrimento da família

Ikeda que, neste ano, recebeu o comunicado da morte de seu irmão mais velho, em um campo

de batalha na Birmânia.

Desde muito cedo Daisaku é interessado pela leitura, que com o pouco dinheiro que

lhe sobrava era investido em livros, sua maior e única riqueza. Seu único conforto também,

pois a literatura preenchia todo o vazio espiritual de seu jovem coração. Lia, em especial,

livros sobre Filosofia e, juntamente com um grupo de amigos também estudantes, passava as

horas vagas lendo e discutindo suas opiniões. Foram esses passeios que o inspiraram a

compor o poema Praia de Morigasaki (musicado anos depois), local em que costumava

caminhar com um amigo, e onde dialogavam sobre a vida e a morte. Eram também momentos

de reflexões e desabafos. Somente ali eles eram capazes de demonstrar suas frustrações e

aflições. Daisaku conta que naquelas conversas, sentia-se como um barco em meio à

tempestade, sem rumo e em busca de um farol que o guiasse.

20

No dia 14 de agosto de 1947, quando tinha 19 anos, convidado a participar de uma

reunião de palestra em que seriam discutidas questões filosóficas, ao jovem Daisaku deu-se o

que seria a resposta à busca, conhecendo seu mestre da vida Jossei Toda. Ikeda, que

frequentava o curso noturno do Instituto Educacional Taisei (anterior a Faculdade Fuji de

Tóquio) se converte ao Budismo Nitiren no dia 24 de agosto daquele mesmo ano, a partir

desta data, passa a estudar o budismo, participando das explanações de seu mestre sobre o

Sutra de Lótus nas Reuniões de Palestra. Ikeda conta que Josei Toda era um homem aberto e

franco de firmes convicções, capaz de brindar explicação lógica e compreensiva dos

profundos conceitos do budismo.

Em janeiro de 1949, Daisaku vai trabalhar na editora de Toda que fale pela situação

econômica decadente do pós-guerra, logo entre os funcionários, somente Ikeda permanece ao

seu lado, deixando os estudos na Faculdade para apoiar o mestre integralmente. Então Toda

passa a ministrar aulas particulares sobre varias matérias com qualidade superior a de

qualquer curso universitário, educação chamada por ele de “Universidade Toda”.

No dia 06 de maio de 1954 no Japão, com o intuito de expandir ainda mais os ideais

da Gakkai, a sociedade, e realizar os objetivos traçados por Toda, Ikeda funda com suas

próprias economias, o grupo musical Ongakutai, expandindo assim o movimento em prol da

paz, cultura e educação. Em Maio de 1960, dois anos depois da morte de Josei Toda, Ikeda,

aos 32 anos de idade, o sucedeu em o cargo de presidente da Soka Gakkai. Ainda na década

de 60, Ikeda expandi ainda mais o movimento em prol da paz, cultura e educação, fundando o

Instituto de Filosofia Oriental, a Associação de Concertos Min-On, o Museu de Arte Fuji de

Tóquio e o Sistema de Ensino Soka (Japão e posteriormente Estados Unidos), que se estende

desde o jardim de infância até o curso superior.

Um diálogo com o renomado historiador Arnold Toynbee foi realizado em 1972, em

que foi publicado em 27 idiomas, recebendo a aprovação de um grande número de

personalidades e líderes mundiais, tendo Ikeda realizado até hoje mais de trinta palestras e

conferencias em renomadas Universidades e entidades científicas.

Em abril de 1979, Daisaku Ikeda se torna presidente honorário da Soka Gakkai

Internacional (SGI). Tem sido encaminhada anualmente a Organização das Nações Unidas

(ONU) a cada dia 26 de janeiro (Dia da SGI) desde 1983 a Proposta de Paz escrita por

Daisaku Ikeda.

21

Em fevereiro de 1984 fez audiências com o presidente da República do Brasil, com os

ministros da Casa Civil, da Educação e Cultura e das Relações Exteriores, visitando também a

Universidade de Brasília, onde doou livros. Já em fevereiro de 1993, em sua quarta visita ao

Brasil, o presidente Ikeda é acolhido como sócio correspondente da Academia Brasileira de

Letras (ABL) e homenageado com os títulos de Doutor Honoris Causa da Universidade

Federal do Rio de Janeiro e da Universidade Federal do Paraná, de Cidadão Honorário de

Londrina e da Ordem do Pinheiro pelo governo do Estado Paraná, recebendo homenagem

também pelo governo paulista com a Medalha dos Bandeirantes, com o título de Educador

Emérito da Escola Publica do Estado de São Paulo e de Professor Visitante Honorário da

Universidade de São Paulo.

Daisaku Ikeda viajou por mais de cinquenta países para dialogar com lideres políticos

e intelectuais, com o intuito de divulgar os ideais de seu mestre, os princípios do budismo

Nitiren Daishonin e os objetivos da Gakkai (paz, cultura e educação).

Atualmente, Daisaku Ikeda em seus quase 85 anos de idade, recebeu mais de 25

condecorações estatais, cerca de trezentos e trinta e dois títulos acadêmicos, mais de

setecentos títulos de cidadania honorária e um grande número de diversas outras homenagens

em reconhecimento a sua atuação em prol da paz, cultura e educação. Tendo escrito mais de

sessenta obras distribuídas entre romances, diálogos, budismo, literatura japonesa, a paz, a

vida e o ser humano, direitos e valores humanos, cidadania, e astronomia.

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CAPÍTULO III

3. ONGAKUTAI E TAIYO ONGAKUTAI DO BRASIL

A Ongakutai, que significa banda masculina, é uma banda de sopros e tambores

(percussão) criada no Japão no dia 06 de Maio de 1954 por Daisaku Ikeda, que tinha na época

vinte e seis anos de idade e atuava como responsável geral da Divisão dos jovens da Soka

Gakkai (SGI). Entretanto, essa iniciativa e decisão do jovem Ikeda não foi apoiada por

nenhum dos dirigentes, líderes veteranos da SGI, então o mesmo seguiu sozinho para fundar o

grupo, comprando os primeiros instrumentos musicais com suas economias pessoais e

oferecendo-lhes aos membros do Ongakutai.

Durante anos, em tempos de dificuldades e de luta, reanimando nosso espirito diversas

vezes ao entoar as canções da Gakkai. Para muitos membros da Soga Gakkai, a canção Ifu

Dodo no Uta (Canção do Imponente Avanço) é repleta de muitas memórias, o que demonstra

como foi amplamente divulgada em todo país. Alguns dizem que ela é o maior sucesso do

pós-guerra.

O Presidente Ikeda, certa ocasião comentou sobre a pessoa que escreveu a letra, Yukie

Ohashi, declarando que essa canção havia sido criada em meio a árduas circunstâncias e como

resultado do espírito determinado dos membros de Quioto de avançar. Desde que o senhor

Ohashi faleceu, Ikeda perguntou a várias pessoas de Quioto sobre ele. Ohashi teria escrito a

canção entre 1955 e 1956, pouco após se converter ao Budismo de Nitiren Daishonin. Nessa

época, havia um movimento entre as comunidades da organização de criar suas próprias

canções. A área de Quioto ainda não tinha uma canção, o que fazia os membros sentirem-se

em desvantagem. Quando o Sr. Ohashi lembrou desse fato a um dos dirigentes, este lhe

entregou um lápis e um papel e sugeriu-lhe que ele escrevesse uma canção.

O Sr. Ohashi não tinha experiência em compor nem escrever uma canção, mas possuía

paixão. Numa pequena mesa em sua loja, ele refletiu longamente sobre a questão. Logo

escolheu como tema “imponente avanço”, e as palavras da canção começaram a fluir. Ikeda

“mesmo que agora me encontre abatido, uma vez que integro a marcha do Kossen rufu,

levanto-me com indomável coragem”. Ohashi também compôs a melodia por tentativa e erro.

A canção mudava um pouco toda vez que era entoada e passaram-se vários meses antes de

chegar à versão final. Um dos versos diz: “Nesse mundo maculado e maligno, Nós, da

23

Gakkai, avançamos Não nos importando com quem se Oponha no caminho. Com essa

dignidade Manifestamos nossa fé e avançamos imponentes. Essa é a nossa convicção.”

Nessa época, não havia gravadores portáteis. As pessoas ouviam a canção,

memorizavam-na e logo a transmitiam de pessoa a pessoa. Quando o distrito Quioto foi

fundado, a canção passou a representa-lo e seus membros, entoando-a com orgulho e vigor,

partiram para torná-lo o primeiro no movimento de propagação em toda Nação. Isso elevou o

entusiasmo dos membros em toda a nação. Ikeda “eu também ouvi essa canção em Quioto.

Ela é maravilhosa e ver os membros de Quioto hastear ao alto a “bandeira da Lei” na cidade

que foi a antiga capital do Japão por mil anos enquanto entoavam essa canção foi mais

maravilhoso ainda. Imediatamente, pensei em torna-la uma canção para todos os membros do

Japão”. Esse episodio ainda é fonte de orgulho para os membros de Quioto. Daisaku Ikeda

propôs que a canção fosse apresentada a todos os membros. Originalmente o terceiro verso

começava com “olhem a pacífica terra do Japão onde vivemos”. Todos ficaram inspirados por

sua proposta e, após isso, a canção espalhou-se por todo o pais num instante. O Sr. Ohashi foi

um genuíno “defensor das pessoas”, fiel as suas palavras contidas em Ifu Dodo no Uta. A

canção Ifo Dodo No Uta foi adotada como canção oficial da Gakkai para ser entoada em todo

o Japão e em seguida se estendera pelo mundo começando por Chicago na América, onde

numa visita de Ikeda e sua comitiva aquela localidade, os membros cantaram a canção no

saguão do aeroporto. A música foi catalogada no Soka Gakkai Songs Brass Band Scores Vol.

I Full Score de 1985, executada pela Ongakutai do Japão e do mundo, sendo cantada também

em língua japonesa por membros de todo o mundo.

O tipo de formação Instrumental do grupo japonês (de acordo com a grade contida no

Soka Gakkai Songs) é composto por Piccolo e Flauta, Oboé, Clarinete em Mi bemol,

primeiro, segundo e terceiro Clarinete em Si bemol, Clarinete baixo, Fagote, primeiro e

segundo Sax Alto, Sax Tenor, Sax Barítono, primeira, segunda, terceira e quarta Trompa em

Fá, primeiro, segundo e terceiro Trompete em Si bemol, primeiro, segundo e terceiro

trombone em Dó, Bombardino, Tuba, Metalofone, Caixa, Bombo e Pratos.

No Brasil o grupo foi fundado em São Paulo no dia 06 de Maio de 1962

(cinquentenário (Anexo 7)) com apenas oito membros pelo senhor Roberto Saito, presidente

honorário da BSGI na época, tendo como seu primeiro responsável o Sr. Eishi Sago, o grupo

tem como referência a Ongakutai fundado no Japão em 1954. Em 19 de agosto de 1985, foi

acrescentada no Brasil pelo então presidente Ikeda a palavra Taiyo, que significa Sol em

24

japonês, mas que só veio a ser oficializada como denominação do grupo no dia primeiro de

setembro de 1985, ficando Taiyo Ongakutai (Banda Musical Masculina Sol).

Contando com aproximadamente 3000 integrantes em todo o Brasil, a banda é

composta por jovens estudantes de música a partir dos 07 anos de idade e que tem como

desafio maior cultivar no dia-a-dia uma arte verdadeiramente capaz de sensibilizar o coração

das pessoas.

Por todos os recantos que a Taiyo Ongakutai se faz presente, vem se apresentando

incentivando os companheiros que se encontram em dificuldades e sofrem, transmitindo

através da música a coragem, a força e a esperança para transformar essa situação (o slogan,

lema eterno da Taiyo Ongakutai é “Ao som da minha luta eu busco a paz”).

A banda tem como objetivo iniciar os jovens no mundo das artes e da cultura,

realizando com seus integrantes atividades culturais e educacionais, tais como idas a

concertos, recitais e peças de teatro, desenvolvimento de seminários com temas da atualidade,

e ensaios periódicos que culminam num grande recital anual, promovendo assim um rico

intercambio entre pessoas por meio da música, criando, ao mesmo tempo, oportunidades para

o aprimoramento musical e individual. Desde sua fundação, em meio à sociedade a banda

Taiyo Ongakutai vem participando de apresentações em desfiles cívicos comemorativos ao

Dia da Independência, atividades da BSGI e contribui efetivamente em eventos culturais.

25

CAPÍTULO IV

4. HISTÓRICO DA TAIYO ONGAKUTAI DO RN

A banda Taiyo Ongakutai do Rio Grande do Norte teve inicio quando o membro da

BSGI Damião Francisco da Rocha (Anexo 14) foi influenciado por uma apresentação da

Taiyo Ongakutai de Recife-PE (hoje extinta) no dia 19 de outubro de 1991 em uma

convenção (mini festival) da BSGI comemorativa aos quinze anos do Budismo. No evento,

Damião comunica a Luciano Isidro (músico profissional e membro da organização) que, de

volta a Caicó (distante 265 quilômetros de Natal), formaria uma banda como a vista na

apresentação.

De volta ao Seridó, cinco membros, Lécio Cassiano da Cruz Moura, na Clarineta,

Luciano Isidro, no Sax Tenor (primeiro responsável musical da banda, músico profissional e

clarinetista da banda da prefeitura de Caicó - RN), Marcos Gray Moura na Guitarra Elétrica,

Lecinaldo Rousemberg da Cruz Moura (inicialmente na panderola e depois trompete)

liderados pelo forte desejo e paixão de Damião (inicialmente na Serafina e depois, passando

por pratos, tuba e bombardino), fundam em 1992 a Taiyo Ongakutai de Caicó-RN. Os

primeiros ensaios e aulas de música da banda foram na casa do responsável musical Luciano,

mudando logo depois para a residência (permanecendo até o ano de 2009) de Maria Gorete da

Cruz Dantas, mãe de Lécio Moura e Lecinaldo Moura. A mudança para residência de Gorete

ocorrera com o crescimento da banda, que precisou de mais espaço para as aulas e ensaios. A

primeira apresentação do grupo foi no dia 05 de setembro de 1992, em um desfile cívico da

semana da pátria em Caicó-RN, evento muito importante para o grupo, que participa sem falta

todos os anos (20 anos).

No decorrer dos anos, a banda foi crescendo e os instrumentos de teclas e cordas

foram substituídos por instrumentos de sopros e tambores, assim como a formação de todas

Ongakutais. Em Junho de 1997 com a saída de Luciano (que fora morar em uma localidade

distante) responsável musical da banda, assume agora o cargo o jovem (18 anos de idade)

Sérgio Firmino de Medeiros, membro da BSGI recém-chegado de Jacareí São Paulo – SP e

que passara a adquiri conhecimentos e experiências musicais com o mestre de banda e

membro de sua família Humberto Dantas Medeiros (Bembém) na cidade de Cruzeta – RN,

com o maestro da banda da prefeitura (em que Sérgio tocou clarineta por alguns anos) de

Caicó o Totó Medeiros, tendo experiências também com o maestro Ubaldo Medeiros Oliveira

(irmão de Totó) que na época era o mestre da banda das Aldeias SOS Caicó.

26

A Banda só veio a ser oficializada como grupo da BSGI em 1999, na ocasião os

quatorze membros (exigência mínima da organização para a oficialização) viajaram para a

capital do Estado Natal - RN, onde, na Sede Regional (Kaikan) da BSGI, a banda tocou três

músicas e recebeu apostilas musicais e algumas orientações do que é ser um grupo da BSGI,

orientações vindas do dirigente de São Paulo – SP para oficializar o grupo, na ocasião dos

preparativos da oficialização cada membro do grupo assinou seus nomes em uma placa que

foi enviada para Daisaku Ikeda no Japão.

Em 2002 o grupo participa da abertura da Exposição dos Desenhos das Crianças do

Brasil e do Mundo, realizada pela BSGI e exposta no Shopping Via Direta em Natal - RN,

naquela ocasião o responsável musical colocara violinos para tocar junto com a banda, o que

foi uma novidade (“timbres diferentes”) para a região, chamando atenção da comunidade na

capital do Seridó do Estado. No ano de 2003 (06 de Abril) um quinteto formado por

trombones, sax tenor, clarinete e percussão fazem uma apresentação no I Encontro da Pro-

Kotekitai do Nordeste (Banda feminina da BSGI), reunião realizada pela BSGI em Recife -

PE a convite da NEK (Kotekitai) daquele Estado.

Foi realizada durante um período de seis meses no ano de 2007, uma Academia de

reciclagem com os membros (músicos) do grupo, nesse treinamento além da apostila de teoria

musical, que continha História da música e noções de teoria musical, foi feito um questionário

de entrevista com dez perguntas, sobre a prática do budismo, a Soka Gakkai, Daisaku Ikeda,

BSGI, Ongakutai e sobre a organização local, ao final da academia os membros que

obtiveram 90% de frequência e aprovados nas provas (filosofia e teoria musical), recebem um

Certificado de membro oficial (Anexo 4), para a prática instrumental as avaliações foram

marcadas individualmente.

Após longos dezessete anos de luta, desde sua primeira apresentação em 1992, o

veterano Lécio Moura faz sua ultima “tocata” (como assim chamara) em outubro de 2009 na

cidade de Jucurutu - RN, passando, assim como Damião, a ser orientador (questões

organizacionais e orientações budistas) do grupo.

Em 2010 com a entrada do novo responsável geral no grupo, Carlos Junior Marques, a

banda passa a ser chamada de Taiyo Ongakutai do RN, por ser a representação do grupo no

Estado do RN, e pelo fato da participação no grupo de jovens de outras localidades como

Jucurutu e Natal.

Atualmente a Ongakutai é composta por vinte membros, divididos entre metais,

madeiras e percussão, todos praticantes da filosofia budista de Nitiren Daishonin, condição

pré- requisito para participar da banda.

27

4.1. FORMAÇÃO DA BANDA

A Banda é formada por vinte músicos distribuídos em primeiro, segundo e terceiro

Clarinete em Si bemol, primeiro e segundo Sax Alto em Mi bemol, Sax Tenor em Si bemol,

Flauta Transversal em Dó, primeiro, segundo e terceiro Trompete em Si bemol, Trompa em

Fá, primeiro, segundo e terceiro Trombone em Dó, Bombardino em Dó, Tuba em Dó. Os

instrumentos de percussão são variados, sendo os mais comuns o Bombo, Surdo, Caixa e

Pratos.

A formação de uma Banda de Música, como descrita por ANDRADE é “um

conjunto que empregue instrumentos de sopro e percussão usados na orquestra sinfônica

atual, acrescidos dos instrumentos construídos por Adolf Sax (saxofones e saxhornes) ou

similares de outras fabricações, em função das necessidades musicais, para a execução ao ar

livre”. (ANDRADE, 1989, p.13).

Em relação à organização dos instrumentos musicais da Banda no palco ou em

apresentações paradas, temos a seguinte distribuição: os instrumentos mais graves (como

Tuba e Bombardino) são posicionados atrás dos instrumentos de palheta (Sax Tenor e Sax

Alto) do lado esquerdo do palco, enquanto que instrumentos mais agudos (como Clarinetes e

Flautas) são posicionados a frente aos metais (como trombones e trompetes) do lado direito

do palco, sempre mantendo juntos, agrupados os instrumentos do mesmo naipe e por ultimo,

atrás dos demais instrumentos, fica a percussão. Com isso de acordo com LIMA, (1958, p.

268 e 269). “a distribuição dos instrumentos na banda é condicionada as finalidades e a certos

fatores de caráter prático”

Instrumentos como Oboé, Clarinete em Mi bemol, Fagote, Sax Barítono, e

Glockenspiel, contidos na grade (Soka Gakkai Songs) da Ongakutai do Japão são de um valor

financeiro mais alto, ficando caro para os membros da banda adquirirem os mesmos. Tais

instrumentos citados acima, com exceção do Sax Barítono não são da vivencia, conhecimento

dos membros do grupo, uma vez que no Seridó quase não há professores que lecionem tais

instrumentos.

De acordo com a cultura de cada país e seus regionalismos, as varias Ongakutais

espalhadas pelo mundo sofrem influencia direta dessas culturas em sua formação, repertório e

ritmo, o que recai diretamente sobre o tipo de formação instrumental do grupo Rio-grandense,

seja no andamento acelerado do frevo, seja num xote em que se utiliza de instrumentos como

triangulo, zabumba e agogô ou ainda num samba fazendo uso de um pandeiro, instrumentos

não muito utilizados na Ongakutai do Japão, ou ate mesmo no Sul do Brasil.

28

4.2. METODOLOGIA

A residência onde são ministradas as aulas de música e ensaios está localizada no

Bairro da Boa Passagem, na cidade de Caicó-RN, onde, na época, existia um grande pátio,

local que a Banda poderia utilizar também para ensaiar marchando ao se preparar para os

desfiles cívicos da semana da pátria.

A metodologia utilizada pelo primeiro responsável musical Luciano Isidro é a

pedagogia tradicional do ensino de teoria musical (leitura musical com partitura através de

lições solfejadas) e que somente ao término da teoria é que se passaria a aprender o

instrumento. Passadas as lições, o responsável musical, ensinava para os alunos (faixa etária

entre sete e vinte anos) sobre uma embocadura correta, respiração e postura e, em se tratando

de instrumentos de percussão, ensinava sobre o ritmo correto, batidas fortes e fracas do tempo

ao se ensinar a marcha.

Ao final de trinta ou quarenta lições bem tocadas ao instrumento (de sopro), nessas

lições estavam contidos todos os símbolos musicais como pausas, nota (valores positivos),

armadura de clave, sustenidos, bemóis, compassos, ligaduras, os alunos estavam prontos

musicalmente para participar da sua primeira apresentação na banda.

Na arte de ensinar e aprender música no Seridó é preciso voltar à história de tradição

da prática musical, como cita Ronaldo Ferreira de Lima, “Para compreender a dinâmica do

ensinar/ aprender nessas escolas da vida tornar-se-á necessário submergir na historia da

tradição do fazer musical subjacente às bandas de musica do Seridó norte-rio-grandense”

(LIMA, 2006, p. 16).

Na década de noventa, quando o grupo iniciara suas atividades (ainda sendo

encontrado hoje com menos frequência no interior do Estado), a vida cotidiana dos jovens não

existiam muitos espaços sociais, de cultura, opções de entretenimento, sendo a música e a

educação através dela uma opção, como mencionado por (LIMA, 2006, p.16-17)“Mesmo na

emergência da seca, comum ao interior nordestino, impondo uma vida de carência material e

cultural, no caso dessas cidades parece haver um aclima propicio para que adolescentes

procurem na música um meio de elevação espiritual; elevação essa que emana da própria

música. Nesse processo, emerge a perspectiva da construção de novos espaços sociais a partir

do grau da relação que há entre os aprendizes, a música e o contexto na qual estão inseridos”.

Com ao advento do responsável musical Sérgio Medeiros em junho de 1997, o

público das aulas de música passa a ser mais aberto, expandindo para a sociedade (em sua

maioria jovens), para qualquer pessoa que tivesse vontade de aprender música e

disponibilidade de horário. Passando a ter aulas de música com iniciação na flauta doce, como

29

uma forma de envolver todos como fazer musical da banda, uma vez que esse instrumento é

de baixo valor financeiro.

Em se tratando dos planejamentos das aulas, o responsável musical se utilizava da

experiência vivenciada no dia a dia da banda, de conhecimentos adquiridos com mestres de

bandas do Seridó e da criatividade, adaptando-se as necessidades dos alunos. As aulas eram

ministradas às terças e quintas-feiras no horário noturno, com duração de uma hora e meia por

aula, enquanto que os ensaios eram feitos as quartas à noite e aos domingos pela manhã.

O objetivo da aula de música, além de ser a formação dos músicos da banda Taiyo

Ongakutai, se estendera para o desejo de educar musicalmente qualquer pessoa interessada em

aprender.

Como na maioria das bandas de música, as aulas na Ongakutai são coletivas, pelo

fato do pouco tempo livre do responsável musical e os horários dos alunos. Como de acordo

com (VECCHIA, 2008, p.13). “A forma coletiva de ensino traz vantagens, pois dá

possibilidade de um professor atender vários alunos simultaneamente, viabilizando-o

financeiramente”. Diferente da pedagogia tradicional em que prevalece o ensino tutorial, onde

se estabelece somente a relação do professor com o aluno a cada aula. Com essa estrutura de

aulas, ocorre uma interação entre os alunos, em que os mais adiantados ou com alguma

vivencia musical troca informações, repassando o que sabem aos iniciantes, contribuindo para

a formação de todos os alunos. “O trabalho em grupo é uma excelente forma de enriquecer e

ampliar o ensino de um instrumento” (SWANWICK, 1994:10).

A teoria era apresentada em sua maior parte junto com a prática, sendo tal

metodologia sucedida com sucesso, pois acreditamos que teoria e prática caminham juntas, de

forma indissociável. Como nas palavras de SWANWICK: “...querer pensar a relação entre

teoria e prática, onde a prática não seja concebida como um domínio destituído de teoria nem

como aplicação ou concretização de uma teoria anterior a ela. A prática ao contrario, consiste

em teoria em ação; a teoria, por sua vez, depende da existência de uma prática, a partir da qual

é construída e transformada” (SWANWICK, 1992).

O repertório inicial tocado na banda foram músicas regionais e da Gakkai, como Luiz

Gonzaga, o Hino Centenário da cidade de Caicó-RN e Ifo Dodo No Uta (Anexo 3). Com o

tempo o repertório foi ampliado com a doação em 1994 do Soka Gakkai Songs Brass Band

Scores Vol. I (Anexo 2) pelo então na época presidente da BSGI Eduardo Tagushi. Esse Song

book do primeiro volume só existe dois no Brasil, um doado a primeira Ongakutai de 1962 no

Brasil e o outro agora por ser doado a Taiyo Ongakutai de Caicó-RN. Logo o Song book é

escrito em japonês, o que fez com que Damião Rocha (fundador do grupo em Caicó) pedisse

30

ajuda ao senhor Ito (membro budista que viera do Japão na década de 80 para residir na

cidade de Natal e que conhecera a Ongakutai fundada em 1954, sendo um dos jovens da

época de Daisaku Ikeda e Jossei Toda (Anexo 9))para traduzir o nome das canções.

Os arranjos sempre foram elaborados pelos próprios responsáveis musicais da banda,

não sendo descartados arranjos de mestres de banda e músicas de compositores da região e do

mundo, como por exemplo, a Suíte Paraibana (O Japa no Forró) do compositor paraibano

Rogério Borges, música tema escolhida pela Taiyo Ongakutai do RN em 2008 para celebrar o

centenário da imigração japonesa ao Brasil, sendo o repertório e os arranjos sempre

escolhidos de acordo com o nível técnico musical dos alunos.

Atualmente o repertório da banda é variado, levando a cultura musical de banda de

música, aos jovens alunos e as camadas mais populares, além da responsabilidade de educar

musicalmente esses jovens, uma vez que não tem acesso a escolas formais de música. As

músicas na sua maioria são nordestinas e conhecidas do povo, como por exemplo, Frevo

(Vassourinhas), The Beatles (Hey Jude e Yesterday), sem esquecer os Dobrados e Valsas.[...]

”há um movimento mundial de crescimento e de reavaliação e revalorização da importância

da educação musical, da aprendizagem do instrumento musical e da pratica instrumental

coletiva, onde a banda de música é inserida como uma das principais práticas alternativas”.

(PEREIRA apud CAMPOS, 2008, p. 107).

O ambiente coletivo das Bandas de Música com certeza não só forma músicos,

aprendizes de música, arranjadores ou professores de música e nem deve ser apenas essa a sua

missão, mas também formar cidadãos do mundo, capazes de pensar, argumentar e agir sobre

os demais assuntos e temas da vida cotidiana, cumprindo uma missão maior como ser humano

atuante na sociedade, como nos fala ALMEIDA ...“as bandas civis se transformaram em

instituição de importância impar na vida musical, social e cultural do interior brasileiro. Por

meio da banda de música muitos talentos se revelam, melhores cidadãos se formam e, não

raro, dentre seus instrumentistas surgem lideranças importantes para a comunidade”.

(ALMEIDA, 2011, p.14).

Infelizmente o responsável musical Sérgio Medeiros saio da banda em setembro de

2011, depois de uma luta de 14 anos e o grupo passou por um período de instabilidade.

Ficando responsável por dar continuidade ao trabalho o músico e professor Alexandre Maia,

que atualmente (2012) passou a ensaiar a banda e a ministrar aulas de música (aos domingos

pela manhã e tarde) em Caicó e Natal (processo de expansão do grupo para a Capital) aos

membros da banda Taiyo Ongakutai, Nova Era Kotekitai e uma recém-formada Camerata de

Violões.

31

Recentemente o método Da Capo de Joel Barbosa foi incluído para o ensino coletivo

dos instrumentos da banda, o que tem estimulado a participação dos alunos. Com o método

estão sendo vistos lições para o aprendizado do instrumento, ensino de teoria e

desenvolvimento da percepção musical. “O método elementar para o ensino coletivo ou

individual de instrumentos de banda Da Capo (BARBOSA, 2004),” “está em conexão com a

pedagogia construtivista e contemporânea baseada no ensino ativo, onde o professor atua

como estimulador e facilitador, dando subsídios para que o aluno desenvolva o raciocínio e

construa seu próprio conhecimento. A teoria deve servir a prática e não o oposto, como na

pedagogia tradicional onde os alunos iniciantes têm que aprender teoria musical e só depois

de um determinado tempo, ter os primeiros contatos com o instrumento. O método Da Capo

prioriza o fazer musical, pois estimula os alunos a tocar instrumentos logo no início do

aprendizado. Além disso, os elementos teóricos são apresentados gradativamente à medida

que o iniciante avança nos exercícios do método, interpretando-os ao instrumento”.

(VECCHIA, 2008, p.32-33).

4.3. ESTRUTURA DOS ENSAIOS (FILOSÓFICO E MUSICAL)

Os ensaios do grupo são estruturados seguindo o sequenciamento, partindo pela

prática complementar, que é a recitação do Gongyo recitando o capítulo Hoben (meios) e o

trecho Jigague do capítulo Juryo (revelação da vida eterna do buda) do Sutra de Lotus, sendo

considerados como os trechos mais importantes dos vinte e oito capítulos desse sutra. Em

seguida começa a recitação de meia hora de Daimoku (em compasso seis por oito), chamada

de prática principal, que consiste na repetição do mantra Nam-myoho-rengue-kyo, em ritmo

harmonioso (ritmo da natureza e ritmo da vida humana). As duas práticas (a complementar e a

principal) são recitadas em frente ao objeto de devoção da fé, chamado de Gohonzon, um

pergaminho com os escritos (em japonês) de Nitiren Daishonin.

Dando sequencia ao ensaio, é lido um Gosho (corpo de cartas escritas por Nitiren

Daishonin endereçadas a seus discípulos no século XIII) e orientações de Daisaku Ikeda pelo

responsável geral da banda, atualmente Carlos Marques Junior que substituiu o veterano e um

dos fundadores do grupo, Lécio Cassiano da Cruz Moura no inicio de 2010. Por ultimo, é

declamado por todos, o poema “Ao Ongakutai” (Anexo 1)escrito por Daisaku Ikeda.

Ao começar o ensaio nos instrumentos, são dados cinco minutos de aquecimento,

afinando os instrumentos na sequencia. Logo após são passadas informações sobre a

localização de cada instrumento (pessoa), metais, madeiras e percussão. O repertorio variado

(músicas regionais, populares, dobrados, valsas e da organização) é passado em seguida,

32

sendo corrigidos a cada música pelo responsável musical, erros de afinação, ritmo ou

dinâmicas.

4.4. A IMPORTANCIA DA BANDA TAIYO ONGAKUTAI PARA A CIDADE DE

CAICÓ

Mesmo estando sediada na cidade de Caicó-RN e agora em processo de expansão para

a capital, o grupo é de grande importância para organização da Gakkai do nosso Estado. Uma

vez que ao haver qualquer reunião fechada aos membros budistas ou mesmo Exposições

abertas à sociedade na capital ou em qualquer localidade do Estado, o grupo é convocado a se

apresentar, de forma a representar os ideais de paz, cultura e educação da BSGI (Anexo 12).

Contudo nos deteremos à importância da banda para a cidade de Caicó, grupo que

sempre ao se apresentar no desfile cívico da semana da pátria (em Caicó 01 e 07 de setembro)

escuta perguntas e comentários do tipo “Essa é a banda dos budistas? Que música vão tocar?

Estava esperando o desfile vocês”. Tais questionamentos e comentários sobre a banda na

semana cívica são feitas primeiramente em relação ao nome do grupo de difícil pronúncia e

conhecimento, (soando de forma estranha) ficando mais fácil chamar o grupo de “banda dos

budistas”.

Em relação ao repertório da Banda, tal curiosidade é despertada porque o grupo, desde

a sua fundação, mantem a escolha de músicas da Gakkai ou populares que estejam ligadas a

algum tema em foco no Brasil ou no mundo, músicas estas que não as atuais músicas da mídia

ou de consumo, mas que através de suas letras estão ligadas com o tema em foco, escolhido a

cada ano meses antes da semana cívica. Tal atitude em relação à escolha de repertório tem

sido o diferencial da banda em relação à comunidade caicoense, autoridades locais e de

cidades vizinhas.

Fato comprovado na Semana do Soldado, no dia 23 de agosto de 2003, em que o

Comandante do primeiro Batalhão de Engenharia de Construção convida unicamente a Banda

Taiyo Ongakutai para fazer uma apresentação no evento, sendo concedido ao final um

Diploma pela brilhante apresentação (Anexo 5).

No dia 07 de setembro de 2008, além do desfile da semana cívica de Caicó, a banda

foi convidada para se apresentar no desfile da cidade de São Fernando – RN (Anexo 13),

ainda no mesmo mês, foi entregue ao grupo um troféu simbólico, depois de participar do

segundo Encontro de Bandas de Fanfarras de Caicó. No mesmo ano, no dia 16 de Dezembro a

Taiyo Ongakutai foi a Banda convidada pela prefeitura de Caicó para abrir o Cortejo Cultural

(Anexo), na segunda mostra artístico cultural (do projeto Rememorar), em que o cortejo saia

33

às 16 horas da Praça Senador Dinarte de Medeiros Martins em direção ao Complexo Turístico

Ilha de Sant’Ana, se apresentando no mesmo evento no dia 22 de dezembro, no Encontro das

Fanfarras e Bandas Marciais (Anexo).

Em 11 de outubro de 2009, a banda foi convidada para participar do desfile cívico em

comemoração aos 74 anos de emancipação política da cidade de Jucurutu - RN. Ainda em

2009, no dia 18 de dezembro, o grupo se apresenta (logo após o repentista Sebastião da Silva

que reside em Caicó) no Fórum Municipal de Caicó (onde tocou inúmeras vezes), na ocasião

foi concedida uma Comenda (Anexo 15) com o nome Vila do Príncipe (bairro de Caicó onde

a banda atuou) entregue pela Câmara Municipal de Caicó (RN) ao dirigente da BSGI (vindo

de São Paulo) o Senhor Nabor Haruno, pelos relevantes serviços prestados (paz, cultura e

educação da BSGI) a cidade de Caicó, seus ideais são mostrados pela banda a sociedade.

No ano de 2010, no dia 30 de setembro o grupo foi convidado para o desfile de 125

anos da abolição da escravatura na cidade de Mossoró. O evento foi realizado às 19 horas, na

Avenida Alberto Maranhão, cujo Cortejo da Liberdade é dividido em duas partes: desfile

cívico-militar e desfile cultural, grupo em que estava a Taiyo Ongakutai do RN.

Recentemente, no dia 17 de Outubro de 2012, a Câmara Municipal de Caicó (RN)

aprovou a Lei n 4.550/2012 (Anexo 6), que passa a ser oficial: O dia Municipal da BSGI,

Associação Brasil Soka Gakkai Internacional, a ser celebrado anualmente, no dia 19 de

outubro, reconhecendo o trabalho dessa instituição no município de Caicó.

34

CONCLUSÃO

Posso afirmar que a prática de ensinar música do ex - responsável musical Sérgio

Medeiros, com certeza foi de um humanismo muito evidenciado, seus esforços em prol da

paz, cultura e educação através da música, foram de atos admiráveis.

A oportunidade de pesquisar e conhecer a fundo o grupo que participo durante quase

15 anos, proporcionou-me um autoconhecimento ainda maior como ser humano e análise

crítica do eu profissional, em que recentemente passei a atuar não só como músico, mas como

professor, passando também a ensaiar a banda.

Diante da pesquisa feita, percebo a influencia que as atividades musicais, culturais,

educacionais e filosóficas da Gakkai através da Taiyo Ongakutai exercem sobre a

Comunidade Caicoense e cidades vizinhas, ficando evidente o valor do grupo para a

sociedade, uma vez que é sentida a falta (pela sociedade) da banda em apresentações que o

grupo se ausente por algum motivo.

Com a pesquisa concluída, o trabalho e filosofia, os ideais da organização que regem a

banda serão expandidos ainda mais, de forma que um numero maior de pessoas possa saber

da existência de uma Banda de Música com tais características no interior do Rio Grande do

Norte, ficando eternizada como documento.

35

REFERÊNCIAS

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uma banda civil para a comunidade de Parnamirim/RN. Natal, 2011.

ANDRADE, Mario Raul Moraes de. Dicionário musical brasileiro. Coordenação Oneyda

Alvarenga, Flavia Camargo Toni. Belo Horizonte: Itatiaia; [Brasília, DF]: Ministério da

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CAMPOS, Nilceia Protásio. O aspecto pedagogo das bandas e fanfarras escolares: o

aprendizado musical e outros aprendizados. Revista da ABEM, Porto Alegre, v. 19, 103-111,

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38

ANEXOS

39

ANEXO I

40

ANEXO 2

41

ANEXO 3

42

43

44

45

46

47

48

49

50

51

52

53

54

55

56

ANEXO 4

57

ANEXO 5

58

ANEXO 6

59

60

ANEXO 7

61

ANEXO 8

Foto 1 – Tsunesaburo Makiguchi, Japão 18 de novembro de 1944.

ANEXO 9

Foto 2 -O jovem Daisaku Ikeda e Jossei Toda, Japão 1956.

62

ANEXO 10

Foto 3 - Daisaku Ikeda tocando pocket trumpet em uma reunião da SGI. 17 de Julho de 2012.

63

ANEXO 10

Foto 4 – Taiyo Ongakutai setembro de 2008.

ANEXO 11

Foto 5 – Banda Taiyo Ongakutai.

64

ANEXO 12

Foto 6 – Taiyo Ongakutai, Kotekitai, Pompom Tai, Gajokai e Taiga. 07 de setembro 2008.

ANEXO 13

Foto 7 – Taiyo Ongakutai em apresentação da semana cívica na cidade de São Fernando -RN.

65

ANEXO 14

Foto 8 - Damião Francisco da Rocha fundador da Taiyo Ongakutai RN. 07 de setembro de

2006.

66

ANEXO 15

Foto - 9 Comenda Vila do Príncipe, 18 de Dezembro de 2009.