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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO COMPARAÇÃO DE DESEMPENHO DA DECONVOLUÇÃO PREDITIVA MULTICANAL E DA FILTRAGEM F-K NA ATENUAÇÃO DE MÚLTIPLAS DO FUNDO DO MAR Autor: MARCOS AUGUSTO LIMA DA LUZ Orientador: Prof. Dr. Walter Eugênio de Medeiros DGEF / PPGG / UFRN Co-Orientadora: Profa. Dra. Rosangela Corrêa Maciel DGEF / PPGG / UFRN Dissertação nº 117/PPGG NATAL, 18 de dezembro de 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

COMPARAÇÃO DE DESEMPENHO DA DECONVOLUÇÃO PREDITIVA MULTICANAL E DA FILTRAGEM F-K NA ATENUAÇÃO

DE MÚLTIPLAS DO FUNDO DO MAR

Autor:

MARCOS AUGUSTO LIMA DA LUZ

Orientador:

Prof. Dr. Walter Eugênio de Medeiros

DGEF / PPGG / UFRN

Co-Orientadora:

Profa. Dra. Rosangela Corrêa Maciel

DGEF / PPGG / UFRN

Dissertação nº 117/PPGG

NATAL, 18 de dezembro de 2012

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E

GEOFÍSICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

COMPARAÇÃO DE DESEMPENHO DA DECONVOLUÇÃO PREDITIVA

MULTICANAL E DA FILTRAGEM F-K NA ATENUAÇÃO DE MÚLTIPLAS DO

FUNDO DO MAR

Autor:

MARCOS AUGUSTO LIMA DA LUZ

Comissão Examinadora:

Prof. Dr. Walter Eugênio de Medeiros (Orientador - DGEF / PPGG / UFRN) Prof. Dr. José Antonio de Morais Moreira (DGEF / PPGG / UFRN)

Profa. Dr. Ellen de Nazaré Souza Gomes (CPGF / UFPA)

NATAL, 18 de dezembro de 2012

Dissertação de Mestrado apresentada

em 18/12/2012, ao Programa de

Pesquisa e Pós-Graduação em

Geodinâmica e Geofísica – PPGG, da

Universidade Federal do Rio Grande

do Norte - UFRN como requisito à

obtenção do titulo de Mestre em

Geodinâmica e Geofísica, com área

de concentração em Geofísica.

iii

AGRADECIMENTOS

Desde já agradeço a todos que ajudaram direta ou indiretamente no

desenvolvimento desse trabalho. E peço desculpas por não citar todos nesta

humilde relação de agradecimentos.

Agradeço primeiramente a DEUS por ter permitido que tudo isso

acontecesse.

A meus pais, José Augusto e Maria Secundina, irmãos Márcio Rodrigo e

Márcia Cristina, e minha filha Marcele Lorena, que nunca mediram esforços

para me apoiar nos desafios da vida, mesmo estando longe estão sempre

torcendo pela minha felicidade, sou muito grato a essa família maravilhosa que

Deus me deu.

Aos meus vizinhos Maria de Fátima e família, pelo apoio incondicional

durante todo o tempo em que nos conhecemos, sempre incentivando e

reconhecendo meu desempenho em tudo que faço.

E não menos importante minha cadela (pitbull) Sheron, que está sempre

disposta a me ajudar nas caminhadas e defender a todos da família.

A minha fiel companheira, esposa e a cima de tudo amiga Rosana

Nascimento, que está do meu lado desde o primeiro momento em que iniciei

essa jornada, sorrindo nos bons momentos e chorando nos momentos difíceis,

mas sempre acreditando dando-me força e esperança para seguir sempre em

frente. Uma mulher sem igual, otimista muito inteligente e que será a mãe dos

meus filhinhos.

Ao meu orientador Professor Dr. Walter Eugênio de Medeiros, que

mesmo tendo muito trabalho, também teve paciência e compreensão para me

orientar e fazer com que tudo isso tivesse um real significado e convergisse

para um bem comum.

A minha co-orientadora Professora Dra. Rosângela Corrêa Maciel, que

foi incansável nos momentos cruciais para o término do trabalho, se

empenhando e acreditando que no final tudo daria certo.

A Secretária do PPGG Nilda de Araújo Lima, que é uma pessoa sem

igual um anjo que chegou para fazer a diferença na vida acadêmica de todos

que passam pelo PPGG, todos os elogios existentes são poucos para ao

menos tentarem qualificar/definir sua maravilhosa pessoa. Uma amiga

iv

incomparável e para todos os momentos.

Ao Professor e amigo Dr. Zorano Sérgio de Souza, que contribuiu com

bons conselhos dando-me muito apoio para continuar em frente e nunca

desistir, lhe sou muito grato porque sem sua ajuda tudo havia parado há muito

tempo, sua competência fez a diferença.

Ao Professor Dr. Carlos César Nascimento da Silva, que em um dos

momentos mais tensos deste trabalho acreditou, se preocupou e tomou a

frente, influenciando em minhas decisões e fazendo com que escolhesse o

caminho certo.

Ao Professor Dr. Francisco Hilário Rêgo Bezerra, por ter ministrado a

melhor disciplina do curso e ter sido um grande colaborador deste trabalho.

A todos os colegas do PPGG, em especial aos que participaram de

grande parte das aflições como: Ângelo Masayoshi (o japa), Anderson Santiago

(o carteiro), Lucyanno Reis (o árvore), Rafael Saraiva e Júlia Malta.

Ao grande amigo João Andrade dos Reis Júnior (o Bart), que foi quem

me incentivou a participar da seleção para o mestrado, desencadeando essa

jornada. Acreditou que eu seria capaz mesmo no momento em que eu pensava

em desistir, desse modo essa vitória é sua também.

A minha amiga Maria de Fátima Alves de Matos, que me ajudou assim

que cheguei, vendendo tudo que tinha por um preço simbólico facilitando muito

minha vida em Natal.

Aos funcionários Jean Carlos dos Santos, Denilson Alves Gomes e ao

vigilante José Deodato Batista Cordeiro, que sempre colaboraram mantendo

nosso ambiente de trabalho limpo, confortável e seguro, possibilitando o

desenvolvimento de muitos trabalhos.

Ao Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG)

pela oportunidade de cursar este mestrado.

A PETROBRAS, FINEP, CNPq e INCT-GP pelo financiamento.

Ao Departamento de Geofísica pelo espaço concedido.

Aos pesquisadores do LAGEP-CPGG-UFBA por disponibilizarem os

algoritmos usados na DPM.

Ao CNPq pela bolsa concedida.

v

RESUMO

A sísmica de reflexão é utilizada em grande escala na exploração de

petróleo. No caso de aquisição marinha, devido ao alto contraste de

impedância nas interfaces água/ar, podem ocorrer eventos de reflexão múltipla.

Tais múltiplas podem mascarar eventos primários, sendo necessário atenuá-las

para facilitar o processo de interpretação. Neste trabalho faremos a

comparação usando dados sintéticos e reais de duas técnicas de atenuação de

múltiplas: a deconvolução preditiva multicanal do tipo Wiener-Levinson (DPM) e

a filtragem F-K. A primeira técnica é baseada na periodicidade das múltiplas

enquanto a segunda é baseada nas diferenças de mergulho dos eventos. A

DPM foi aplicada em famílias de afastamento comum e a filtragem F-K em

famílias CDP. Constatamos que a eficiência da técnica DPM é bastante

sensível à identificação correta do período e do tamanho do filtro. Por sua vez,

a filtragem F-K é bastante sensível à escolha da velocidade adequada para

separar as múltiplas dos eventos primários. A DPM é uma técnica que é focada

num dado evento; quando bem parametrizada, ela é bastante eficiente para

remover a múltipla especificada, podendo ter atuação menos eficiente em

outras múltiplas. A DPM pode ser então otimizada aplicando-se a técnica várias

vezes, em cada vez com uma diferente parametrização. Uma deficiência da

técnica DPM é quando há sobreposição de múltiplas com eventos primários,

em que a DPM pode remover também uma parcela do evento primário. Por sua

vez, a filtragem F-K tem aproximadamente o mesmo desempenho em todas as

múltiplas que estejam localizadas em um mesmo setor do espectro F-K. As

duas técnicas podem ser combinadas de modo a tomar partido do potencial de

cada uma delas, aplicando-se primeiro a técnica DPM, focada na múltipla do

fundo do mar, seguida da filtragem F-K para a atenuação das demais múltiplas.

Palavra-chaves: atenuação de múltiplas, deconvolução, processamento

sísmico.

vi

ABSTRACT

The seismic reflection is used on a large scale in oil exploration. In case

of marine acquisition the presence of high impedance contrast at the interfaces

water/air generates multiple reflections events. Such multiple events can mask

primary events; thus from the interpretational viewpoint it is necessary to

mitigate the multiples. In this manuscript we compare two methods of multiple

attenuation: the predictive multichannel deconvolution (DPM) and the F-K

filtering (FKF). DPM is based in the periodicity of the multiples while FKF is

based in multiples and primaries splitting in F-K domain. DPM and FKF were

applied in common-offset and CDP gathers, respectively. DPM is quite sensible

to the correct identification of the period and size of the filter while FKF is quite

sensible to an adequate choice of the velocity in order to split multiples and

primaries events in the F-K domain. DPM is a method that is designed to act

over a specific event. So, when the parameters are well selected, DPM is very

efficient in removing the specified multiple. Then DPM can be optimized by

applying it several times, each time with a different parameterization. A

deficiency of DPM occurs when a multiple is superposed to a primary event: in

this situation, DPM can attenuate also the primary event. On the other hand,

FKF presents almost the same performance to all multiples that are localized in

the same sector of the F-K domain. The two methods can be combined in order

to take advantage of their associated potentials. In this situation, DPM is firstly

applied, with a focus in the sea bed multiples. Then FKF is applied in order to

attenuate the remaining multiples.

Keywords: multiple attenuation, deconvolution, seismic processing.

vii

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01: a) Múltiplas de curto percurso e b) Múltiplas de longo percurso..04

FIGURA 02: a) Múltiplas simétricas e b) Múltiplas assimétricas.......................05

FIGURA 03: a) Múltiplas de superfície, de primeira e segunda ordem e b)

Múltiplas internas...............................................................................................06

FIGURAS-MANUSCRITO.

FIGURA 1: Modelos sintéticos: (a) SS – fundo do mar com geometria simples e

geologia com geometria também simples, (b) SC – fundo do mar com

geometria simples e geologia com geometria complexa, (c) CS – fundo do mar

com geometria complexa e geologia com geometria simples e (d) CC – fundo

do mar com geometria complexa e geologia com geometria também

complexa............................................................................................................32

FIGURA 2: Família de tiro comum 168 – para cada modelo: (a) fundo do mar

com geometria simples e geologia com geometria também simples, (b) fundo

do mar com geometria simples e geologia com geometria complexa, (c) fundo

do mar complexo com geologia complexa e (d) fundo do mar com geometria

complexa e geologia com geometria também complexa...................................33

FIGURA 3: Painel de afastamento comum (AC), modelo fundo do mar com

geometria complexa e geologia com geometria também complexa (CC): (a)

original e (b) após a aplicação da DPM.............................................................34

FIGURA 4: Painéis de espectro F-K: (a) antes da filtragem F-K, (b) após a

filtragem F-K, e (c) após a filtragem F-K e remoção da correção de NMO.......35

FIGURA 5: Painel em CDP do modelo fundo do mar com geometria complexa e

geologia com geometria também complexa (CC): (a) original e (b) após a

viii

aplicação da filtragem F-K.................................................................................36

FIGURA 6: Seção empilhada, modelo fundo do mar com geometria simples e

geologia com geometria também simples (SS): (a) original, (b) após a DPM e

(c) após a filtragem F-K.....................................................................................37

FIGURA 7: Seção empilhada, modelo fundo do mar com geometria simples e

geologia com geometria complexa (SC): (a) original, (b) após a DPM e (c) após

a filtragem F-K...................................................................................................38

FIGURA 8: Seção empilhada, modelo fundo do mar com geometria complexa e

geologia com geometria simples (CS): (a) original, (b) após a DPM e (c) após a

filtragem F-K......................................................................................................39

FIGURA 9: Seção empilhada, modelo fundo do mar com geometria complexa e

geologia com geometria também complexa (CC): (a) original, (b) após a DPM e

(c) após a filtragem F-K.....................................................................................40

FIGURA 10: painel utilizado para obtenção do campo de velocidades.............41

FIGURA 11: Seções de afastamento comum (AC) mínimo: (a) antes da DPM e

(b) após a DPM..................................................................................................42

FIGURA 12: Painel demonstrando a obtenção das velocidades RMS

intermediárias do CDP 1640..............................................................................43

FIGURA 13: Painéis de espectro de frequência: (a) antes da filtragem F-K (b)

espectro F-K, espectro mais forte do lado direito correspondente às reflexões

primárias e o esquerdo zerado para eliminar as múltiplas e (b) filtrado após

correção de NMO inverso..................................................................................44

FIGURA 14: Painel de CDP: (a) original e (b) após a filtragem F-K com campo

de velocidade intermediária...............................................................................45

FIGURA 15: Seção empilhada: (a) original, (b) após a DPM e (c) após a

ix

filtragem F-K......................................................................................................46

FIGURA 16: Seção empilhada com ambas as filtragens DPM e FK................47

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Parâmetros de aquisição do dado sintético....................................31

TABELA 2: Parâmetros de aquisição do conjunto de dados marinhos do Golfo

do México...........................................................................................................31

x

SUMÁRIO

Agradecimento....................................................................................................iii

Resumo................................................................................................................v

Abstract...............................................................................................................vi

Lista de figuras...................................................................................................vii

Lista de tabelas...................................................................................................ix

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO...........................................................................01

CAPÍTULO II– CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA..................................03

2.1 - Objetivo .....................................................................................................03

2.2 - Ambiente de estudo...................................................................................03

2.3 - Reflexões múltiplas....................................................................................03

2.3.1 - Classificações das reflexões múltiplas...................................................04

2.3.2 - Propriedades das reflexões múltiplas.....................................................06

2.4 - Métodos utilizados neste trabalho para a atenuação de múltiplas do fundo

do mar..........................................................................................................08

CAPÍTULO III – MANUSCRITO SUBMETIDO - COMPARAÇÃO DE

DESEMPENHO DA DECONVOLUÇÃO PREDITIVA MULTICANAL E DA

FILTRAGEM F-K NA ATENUAÇÃO DE MÚLTIPLAS DO FUNDO DO

MAR...................................................................................................................09

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................49

ANEXO A ..........................................................................................................51

ANEXO B...........................................................................................................57

1

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

A sísmica de reflexão é utilizada em grande escala tanto em ambiente

marítimo como terrestre na exploração de petróleo (SENTI, 1988). No caso de

aquisição marítima, devido ao alto contraste de impedância nas interfaces

água/ar, podem ocorrer eventos de reflexão múltipla, que mascaram outros

eventos primários, dificultando a sua interpretação. Assim, do ponto de vista da

interpretação, a múltipla é considerada um ruído, sendo necessário atenuá-la

ou suprimi-la.

As múltiplas apresentam características e propriedades específicas, entre

as quais podemos destacar velocidade, frequência, espalhamento geométrico,

inclinação e periodicidade (GAMBOA, 2003). Essas características permitem

distinguir as reflexões primárias das múltiplas e fornecem a base dos

algoritmos de atenuação utilizados. Vários algoritmos têm sido desenvolvidos

para realizar essa tarefa, a exemplo de deconvolução preditiva, SRME

(surface-related multiple elimination), supressão preditiva e adaptativa, e

transformadas F-K e de Radon (VERSCHUUR, 2006).

Neste trabalho faremos a comparação de duas técnicas de atenuação

de múltiplas, a saber: (1) a deconvolução preditiva multicanal (DPM) do tipo

Wiener-Levinson (TWL), que é uma generalização do caso monocanal, fazendo

a substituição dos escalares por matrizes (PORSANI, 1997, PORSANI &

URSIN, 2007); e (2) a filtragem F-K (YILMAZ, 1987) que faz uso das

transformadas direta e inversa de Fourier. O primeiro tipo de técnica é baseado

na periodicidade das múltiplas (ROBINSON & TREITEL, 1980; PORSANI,

1997) enquanto o segundo tipo de técnica é baseado nas diferenças de

mergulho dos eventos. Ambas as técnicas já foram aplicadas para atenuar

múltiplas, a exemplo de Lima (1999), Bezerra (2001), Santos Jr. (2002) e

Maciel (2007) para os algoritmos TWL e Ryu (1982) e Gamboa (2003) para a

filtragem F-K. O foco do presente trabalho é na comparação do desempenho

dessas duas técnicas em ambiente marinho. Iremos utilizar dados sintéticos

gerados com modelos onde a complexidade da batimetria do fundo do mar e

da geologia da área imageada foi variada. A deconvolução preditiva foi aplicada

em famílias de afastamento comum e a filtragem F-K em famílias CDP.

2

O algoritmo tipo Wiener-Levinson aplica a recursão de Levinson

diretamente ao traço sísmico gerando e atualizando vetores de erro direto e

reverso, onde o vetor de erro direto obtido ao final da recursão constitui o traço

sísmico deconvolvido (SANTOS JR. 2002; PORSANI & URSIN 2007). Na

prática, isto significa efetuar a deconvolução preditiva sem a necessidade de

calcular os elementos do filtro ou da autocorrelação ou correlação cruzada dos

traços sísmicos. Utilizamos algoritmos desenvolvidos e disponibilizados por

pesquisadores do CPGG-UFBA.

Fazendo uso da transformada de Fourier é possível decompor o campo

de onda original no domínio t-x (tempo-distância) em suas componentes no

domínio F-K (freqüência-número de ondas), de forma em que os dados

sísmicos de entrada são transformados em uma imagem de densidade de

energia.

A dissertação está organizada da seguinte maneira. Primeiro,

apresentamos a contextualização do problema e os fundamentos teóricos de

ambos os métodos. Em seguida, mostraremos o artigo com os resultados da

aplicação de ambos em dados sintéticos e, por último, em dados reais, em

cada caso apresentando uma análise comparativa de desempenho. Por fim,

temos os anexos.

3

CAPÍTULO II - CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA

2.1 - Objetivo.

O objetivo principal dessa dissertação é comparar o desempenho da

deconvolução preditiva multicanal usando algoritmos tipo Wiener-Levinson e

com a filtragem F-K, quando aplicados em dados sísmicos sintéticos e reais.

Os dados sintéticos foram desenvolvidos buscando simular diferentes

geometrias do fundo marinho, assim como da geologia em subsuperfície, em

diferentes níveis de complexidade de forma a avaliarmos o desempenho de

ambas as técnicas de filtragem diante de cada conFiguração de cada tipo de

modelo.

Já a aplicação ao dado sísmico real do Golfo do México permitiu

identificar as principais características, formas de aplicações e principalmente

as limitações de cada técnica.

2.2 - Ambiente de estudo.

Tanto para simular os dados sísmicos sintéticos como para processar os

dados sísmicos (sintéticos e reais), utilizou-se o software livre Seismic Unix

(SU) (COHEN et al., 1999). O SU é executado no sistema Linux e é composto

por um conjunto de sub-rotinas desenvolvidas pelo Center of Wave Phenomena

(CWP) da Colorado School of Mines.

Foram utilizados também programas na linguagem Fortran desenvolvidas

e disponibilizadas pelos pesquisadores do CPGG/UFBA, no que se refere à

técnica de deconvolução preditiva.

2.3 - Reflexões Múltiplas.

A sísmica de reflexão é um método geofísico que utiliza a propagação de

ondas para imagear as estruturas geológicas em sub-superfície. Antes de seu

registro, a onda se propaga pelas camadas em sub-superfície sofrendo uma

4

série de fenômenos e interferências que alteram a sua amplitude e frequência.

Nesse trânsito, parte da energia transmitida pode ficar reverberando, durante

certo tempo, em algumas camadas onde o contraste de velocidade é muito

grande. Assim, na seção sísmica, essas reflexões são referenciadas como

Reflexões Múltiplas ou apenas Múltiplas.

Em ambiente marinho Weglein et al (1997), definem múltiplas associadas

à superfície do mar como eventos que possuem pelo menos uma reflexão

descendente na superfície livre do mar entre duas reflexões ascendentes.

2.3.1 - Classificações das reflexões múltiplas.

As múltiplas podem ser classificadas quanto ao tempo de percurso, à

simetria, origem e ordem (número de reflexões).

Quanto ao tempo de percurso, temos as múltiplas de curto (peg-legs) e

longo percurso. Onde as de curto percurso, não produzem eventos separados

e se somam as primárias enlarguecendo seu pulso, surgem geralmente de

reverberações em camadas finas e de alto contraste de impedância acústica

quando comparadas com as camadas adjacentes. Esse tipo de evento pode

ser visto na Figura 01 a. E as de longo percurso são aquelas que possuem

uma trajetória longa quando comparadas à trajetória das reflexões primárias,

possuindo um grande intervalo de repetições e gerando um pulso discreto no

traço sísmico, Figura 01 b.

Fig. 01: a) Múltiplas de curto percurso e b) Múltiplas de longo percurso. (VERSCHUUR, 2006).

(a) (b)

5

Quanto à simetria temos as múltiplas simétricas e assimétricas. Uma

reflexão múltipla é chamada de simétrica quando as trajetórias de ida e volta

são idênticas, caso contrário a múltipla é chamada de assimétrica. Na Figura

02a, temos a representação de uma múltipla simétrica e em 02b a

representação de uma múltipla assimétrica.

Quanto à origem, temos as múltiplas de superfície livre e as internas.

Múltipla de superfície livre é aquela que reverbera na interface terra/ar ou

água/ar. Como por exemplo, a reverberação na lâmina d’água, também

chamada de múltipla do fundo do mar, a qual ocorre devido ao alto coeficiente

de reflexão nas interfaces água/ar, conforme pode ser visto na Figura 03a.

Múltiplas internas são as que ocorrem entre camadas em subsuperfície,

conforme apresentado na Figura 03b.

Reflexões múltiplas do fundo do mar, por serem de longo percurso,

podem coincidir com o topo de um reservatório, influenciando na qualidade do

resultado, tendo em vista que as mesmas “mascaram” importantes informações

sobre os refletores em sub-superfície. E por possuírem grande energia,

interferem diretamente no registro dos eventos primários.

Caso as múltiplas possuam o mesmo tempo de trânsito das primárias, o

traço pode ser degradado, defasado ou ter sua forma alterada, dificultando a

análise do espectro de velocidades e multiplicando a representação dos

verdadeiros refletores, gerando assim falsas informações sobre a verdadeira

geologia causando interpretações incoerentes (PONTES, 1985).

Figura 02: a) Múltiplas simétricas e b) Múltiplas assimétricas (VERSCHUUR, 2006).

(a) (b)

6

Já a classificação quanto à ordem, ocorre com base no número de

reflexões descendentes que o raio sofreu na superfície de referência antes de

ser detectada pelos receptores. Num registro no qual as reflexões primárias já

possuem certo mergulho, as múltiplas podem ser reconhecidas pelo aumento

desse mergulho, sendo assim quanto maior a ordem da múltipla maior o

aumento no mergulho inicial.

Outro tipo de múltipla geralmente registrada nos dados de levantamentos

marinhos são aquelas causadas pelas reflexões fantasmas. É um efeito que

acontece quando uma fonte pontual em uma profundidade z = z0 no tempo t =

0 emite energia em todas as direções até o instante que a onda propagada

atinge a interface água/ar sofrendo reflexão. A partir daí, o pulso descendente

inicial passa a ser acompanhado por um pulso defasado, de polaridade

invertida com relação ao primeiro (DRAGOSET, 2000).

2.3 - propriedades das Múltiplas.

2.3.2 – Propriedades das reflexões múltiplas.

As reflexões múltiplas possuem propriedades que propiciam seu

diferenciamento das primárias. Dessa forma, podemos distingui-las e então

depois de modeladas, podemos subtraí-las dos dados sísmicos. Entre estas

propriedades podemos destacar: a velocidade, a frequência, o espalhamento

geométrico, a inclinação e a periodicidade (GAMBOA, 2003).

(a) (b)

Figura 03: a) Múltiplas de superfície, de primeira e segunda ordem e b) Múltiplas internas (VERSCHUUR, 2006).

7

Velocidade – As múltiplas do fundo do mar, na maioria das vezes,

apresentam velocidades mais baixas que sua concorrente primária, o

que significa que o tempo de trânsito ou moveout das múltiplas é maior

que o da primária. Onde a partir dessa característica estão baseados

vários métodos de atenuação de múltiplas como, filtragem F-K,

transformada Radon e filtragem T-X.

Frequência das múltiplas – Outra característica marcante é o maior

conteúdo de frequência apresentado pelas reflexões múltiplas, se

comparadas às primarias. No caso particular das múltiplas de

superfície livre, o efeito da absorção na camada de água é menor do

que nas rochas. Como o coeficiente de absorção possui uma relação

inversamente proporcional à frequência, espera-se que o conteúdo de

frequências das múltiplas superficiais seja superior ao das primárias

num mesmo tempo de reflexão.

Espalhamento Geométrico (ou divergência esférica) – Também,

relacionado à propagação (trajetória) das reflexões primarias e

múltiplas. É menor nas múltiplas, especialmente superficiais, que em

uma primária concorrente. Pois é a diminuição da amplitude do sinal

devido à expansão da frente de onda.

Inclinação – As reflexões múltiplas apresentam aumento no mergulho

quando as interfaces sísmicas apresentam certa inclinação. E quanto

maior a ordem da múltipla, maior será o mergulho apresentado por ela.

Periodicidade – Por último, podemos mencionar a propriedade de

periodicidade que a múltipla apresenta quando as identificamos em

uma seção de afastamento mínimo, propriedade que as primárias não

apresentam. Através desta propriedade, é possível prever o

comportamento da múltipla no tempo, modelá-las e subtraí-las dos

dados sísmicos.

8

2.4 - Métodos utilizados neste trabalho para a atenuação de múltiplas do

fundo do mar.

Neste trabalho investigamos o desempenho da deconvolução preditiva

multicanal do tipo Wiener-Levinson e da filtragem F-K para atenuação de

eventos múltiplos do fundo do mar.

No capítulo III apresentamos a forma de aplicação e resultados para

ambas as técnicas aplicadas. E nos Anexos A e B estão os fundamentos

matemáticos da deconvolução preditiva mono e multicanal.

9

CAPÍTULO III – MANUSCRITO SUBMETIDO

COMPARAÇÃO DE DESEMPENHO

DA DECONVOLUÇÃO PREDITIVA MULTICANAL E DA FILTRAGEM F-K

NA ATENUAÇÃO DE MÚLTIPLAS DO FUNDO DO MAR

Marcos A. L. da Luz(1), Rosângela C. Maciel(1)(2)(3)(*), Walter E. Medeiros(1)(2)(3)

(1) Programa de Pós-graduação em Geodinâmica e Geofísica – UFRN

(2) Departamento de Geofísica

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências Exatas e da Terra

59.072-970, NATAL, RN, BRAZIL

Phone: 55 84 33422237

(3) INCT-GP, Instituto Nacional em Ciência e Tecnologia em Geofísica do

Petróleo (CNPq), Brazil, at http://www.cnpq.br/

(*) Corresponding author. E-mail: [email protected]

10

ABSTRACT

The seismic reflection is used on a large scale in oil exploration. In case of

marine acquisition the presence of high impedance contrast at the interfaces

water/air and generates multiple reflections events. Such multiple events can

mask primary events; thus from the interpretational viewpoint it is necessary to

mitigate the multiples. In this manuscript we compare two methods of multiple

attenuation: the predictive multichannel deconvolution (DPM) and the F-K

filtering (FKF). DPM is based in the periodicity of the multiples while FKF is

based in multiples and primaries splitting in F-K domain. DPM and FKF were

applied in common-offset and CDP gathers, respectively. DPM is quite sensible

to the correct identification of the period and size of the filter while FKF is quite

sensible to an adequate choice of the velocity in order to split multiples and

primaries events in the F-K domain. DPM is a method that is designed to act

over a specific event. So, when the parameters are well selected, DPM is very

efficient in removing the specified multiple. Then DPM can be optimized by

applying it several times, each time with a different parameterization. A

deficiency of DPM occurs when a multiple is superposed to a primary event: in

this situation, DPM can attenuate also the primary event. On the other hand,

FKF presents almost the same performance to all multiples that are localized in

the same sector of the F-K domain. The two methods can be combined in order

to take advantage of their associated potentials. In this situation, DPM is firstly

applied, with a focus in the sea bed multiples. Then FKF is applied in order to

attenuate the remaining multiples.

Keywords: multiple attenuation, deconvolution, seismic processing.

11

RESUMO

A sísmica de reflexão é utilizada em grande escala na exploração de petróleo.

No caso de aquisição marinha, devido ao alto contraste de impedância nas

interfaces água/ar, podem ocorrer eventos de reflexão múltipla. Tais multiplas

podem mascarar eventos primários, sendo necessária atenuá-las para facilitar

o processo de interpretação. Neste manuscrito faremos a comparação usando

dados sintéticos e reais de duas técnicas de atenuação de múltiplas: a

deconvolução preditiva multicanal do tipo Wiener-Levinson (DPM) e a filtragem

F-K. A primeira técnica é baseada na periodicidade das múltiplas enquanto a

segunda é baseada nas diferenças de mergulho dos eventos. A DPM foi

aplicada em famílias de afastamento comum e a filtragem F-K em famílias

CDP. Constatamos que a eficiência da técnica DPM é bastante sensível à

identificação correta do período e do tamanho do filtro. Por sua vez, a filtragem

F-K é bastante sensível à escolha da velocidade adequada para separar as

múltiplas dos eventos primários. A DPM é uma técnica que é focada num dado

evento; quando bem parametrizada, ela é bastante eficiente para remover a

múltipla especificada, podendo ter atuação menos eficiente em outras

múltiplas. A DPM pode ser então otimizada aplicando-se a técnica várias vezes,

em cada vez com uma diferente parametrização. Uma deficiência da técnica

DPM é quando há sobreposição de múltiplas com eventos primários, em que a

DPM pode remover também uma parcela do evento primário. Por sua vez, a

filtragem F-K tem aproximadamente o mesmo desempenho em todas as

múltiplas que estejam localizadas em um mesmo setor do espectro F-K. As

duas técnicas podem ser combinadas de modo a tomar partido do potencial de

cada uma delas, aplicando-se primeiro a técnica DPM, focada na múltipla do

fundo do mar, seguida da filtragem F-K para a atenuação das demais múltiplas.

12

Palavra-chaves: atenuação de múltiplas, deconvolução, processamento

sísmico.

13

INTRODUÇÃO

A sísmica de reflexão é utilizada em grande escala tanto em ambiente

marítimo como terrestre na exploração de petróleo (SENTI, 1988). No caso de

aquisição marítima, devido ao alto contraste de impedância nas interfaces

água/ar e água/fundo do mar, podem ocorrer eventos de reflexão múltipla, que

mascaram outros eventos primários, dificultando a sua interpretação. Assim, do

ponto de vista da interpretação, a múltipla é considerada um ruído, sendo

necessário atenuá-la ou suprimi-la.

As múltiplas apresentam características e propriedades específicas, entre

as quais podemos destacar velocidade, frequência, espalhamento geométrico,

inclinação e periodicidade (GAMBOA, 2003). Essas características permitem

distinguir as reflexões primárias das múltiplas e fornecem a base dos

algoritmos de atenuação utilizados. Vários algoritmos têm sido desenvolvidos

para realizar essa tarefa, a exemplo de deconvolução preditiva, SRME

(surface-related multiple elimination), supressão preditiva e adaptativa, e

transformadas F-K e de Radon (VERSCHUUR, 2006).

Neste manuscrito faremos a comparação de duas técnicas de atenuação

de múltiplas, a saber: (1) a deconvolução preditiva multicanal (DPM) do tipo

Wiener-Levinson (TWL), que é uma generalização do caso monocanal, fazendo

a substituição dos escalares por matrizes (PORSANI, 1997, PORSANI &

URSIN, 2007); e (2) a filtragem F-K (YILMAZ, 1987) que faz uso das

transformadas direta e inversa de Fourier. O primeiro tipo de técnica é baseado

na periodicidade das múltiplas (ROBINSON & TREITEL, 1980; PORSANI,

1997) enquanto o segundo tipo de técnica é baseado nas diferenças de

mergulho dos eventos. Ambas as técnicas já foram aplicadas para atenuar

14

múltiplas, a exemplo de Lima (1999), Bezerra (2001), Santos Jr. (2002) e

Maciel (2007) para os algoritmos TWL e Ryu (1982) e Gamboa (2003) para a

filtragem F-K. O foco do presente trabalho é na comparação do desempenho

dessas duas técnicas em ambiente marinho. Iremos utilizar dados sintéticos

gerados com modelos onde a complexidade da batimetria do fundo do mar e

da geologia da área imageada foi variada. A deconvolução preditiva foi aplicada

em famílias de afastamento comum e a filtragem F-K em famílias CDP.

O algoritmo tipo Wiener-Levinson aplica a recursão de Levinson

diretamente ao traço sísmico gerando e atualizando vetores de erro direto e

reverso, onde o vetor de erro direto obtido ao final da recursão constitui o traço

sísmico deconvolvido (SANTOS JR. 2002; PORSANI & URSIN 2007). Na

prática, isto significa efetuar a deconvolução preditiva sem a necessidade de

calcular os elementos do filtro ou da autocorrelação ou correlação cruzada dos

traços sísmicos. Utilizamos algoritmos desenvolvidos e disponibilizados por

pesquisadores do CPGG-UFBA.

Fazendo uso da transformada de Fourier é possível decompor o campo

de onda original no domínio t-x (tempo-distância) em suas componentes no

domínio F-K (freqüência-número de ondas), de forma em que os dados

sísmicos de entrada são transformados em uma imagem de densidade de

energia.

O manuscrito está organizado da seguinte maneira. Primeiro,

apresentamos um resumo dos fundamentos teóricos de ambos os métodos.

Em seguida, mostraremos resultados da aplicação de ambos em dados

sintéticos e, por último, em dados reais, em cada caso apresentando uma

análise comparativa de desempenho. Por fim, apresentaremos as nossas

conclusões.

15

DECONVOLUÇÃO PREDITIVA MULTICANAL

A deconvolução preditiva (DP), usando o filtro de Wiener-Levison (WL), é

um método em que um operador prediz as múltiplas, em contraste com as

chegadas primárias, e as subtrai do traço sísmico (ROBINSON et al., 1980;

PEACOCK et al., 1969). O modelo convolucional sem ruído para um

sismograma que contém as múltiplas do fundo do mar pode ser descrito pela

equação:

x t = p t ∗ e t ∗ m t 1.1

em que x t representa o traço sísmico, p t é o pulso sísmico temporalmente

invariante, e t é a representação da resposta impulsiva da terra, contendo

primárias e múltiplas internas, e por fim, m t representa o trem de onda das

reverberações do fundo do mar (YILMAZ, 1987).

O filtro de WL prediz eventos periódicos, como múltiplas no sismograma,

gerando dessa forma a possibilidade de remoção das mesmas. Para aplicar o

filtro é necessário estabelecer previamente uma distância de predição L que é

medida em termos de número de amostras. No caso particular em que L = 1, a

operação de deconvolução do pulso fornece como traço resultante x͂(t)

formado por e t convolvido com m t , como visto na equação abaixo:

x t = e t ∗ m t 1.2

Dessa forma x t corresponde a um traço com maior resolução temporal, pois o

pulso p t foi comprimido a uma função delta de Dirac. Contudo, quando L>1 o

operador preditivo de erro atuará em amostras localizadas em tempo maiores.

L deve ser adequadamente escolhido de modo que o filtro venha a atuar na

zona em que ocorrem as múltiplas. Desse modo, o traço resultante ideal

y t representa a série refletividade convolvida apenas com o pulso sísmico

16

(ROBINSON et al., 1980):

y t = p t ∗ e t 1.3

Portanto, quanto mais precisa for a definição da distância de predição melhor

será o desempenho do método.

A teoria da filtragem preditiva multicanal pode ser obtida generalizando o

caso monocanal fazendo a substituição dos escalares por matrizes (PORSANI,

1997). Como exemplo, vamos ilustrar uma situação em que cada traço

deconvolvido é obtido com uma janela de três traços. Admita que 𝑥(𝑡), 𝑦(𝑡) e

𝑧(𝑡) são os traços de entrada, 𝜔 𝑡 desejado e 𝜔 𝑡 o dado calculado. Desse

modo, temos:

ω t = f t ∗ x t + g t ∗ y t + h t ∗ z t 1.4

𝑓 𝑡 , 𝑔 𝑡 e 𝑕 𝑡 são operadores que atuam sobre os respectivos traços 𝑥(𝑡),

𝑦(𝑡) e 𝑧(𝑡). Para filtros de três coeficientes ao longo do traço, a equação 1.4 é

dada por:

ω t = xt−k+1f k +

3

k=1

yt−k+1g k +

3

k=1

zt−k+1h k 1.5

3

k=1

Assim, a expressão do erro de predição pode ser escrita conforme a equação

abaixo:

e t = ω t − ω t 1.6

que idealmente seria nulo.

Em notação matricial a equação 1.6 é representada como a seguir:

𝑾 = 𝑿 𝒀 𝒁 1.7

Onde 𝑾 é uma matriz toeplitz construída pela matriz também toeplitz, 𝑿, 𝒀 e 𝒁

geradas respectivamente pelos traços 𝑥(𝑡), 𝑦(𝑡) e 𝑧(𝑡). Desse modo podemos

definir

17

𝑎𝑇 = 𝑓𝑇 𝑔𝑇 𝑕𝑇 1.8

Onde os vetores 𝑓, 𝑔 e 𝑕 são formados respectivamente pelos operadores

𝑓𝑡 , 𝑔𝑡 𝑒 𝑕𝑡 .

Para um vetor 𝒂 arbitrário podemos escrever o vetor de erro de predição na

forma

𝑒 = 𝑥 −𝑾𝒂 1.9

Minimizando a forma quadrática

𝑄 𝒂 = 𝒆𝑇𝒆 1.10

Obtêm-se as equações normais, cuja solução fornece o filtro preditivo

multicanal de WL (Lima, 1999; Santos Júnior, 2012; Maciel et al. 2003)

Fazendo a saída desejada 𝜔 𝑡 corresponder a um dos canais de entrada,

avançado de 𝐿 amostras, 𝜔𝑡 = 𝑥𝑡+𝐿. A solução do sistema de equações

fornecerá os coeficientes do operador preditivo multicanal, com distância de

predição 𝐿.

A aplicação prática do filtro (PORSANI, 1997) requer a definição do período 𝑃

(em número de amostras), a partir do qual a distância de predição 𝐿 é

estimada. Usualmente, 𝐿 é tomado como um percentual de P, da ordem de

90%. O número de coeficientes do filtro 𝑁 também é usualmente definido como

sendo um percentual de 𝑃, da ordem de 20%.

FILTRAGEM F-K

A transformada F-K é uma transformada dupla de Fourier que atua nos

domínios de tempo e distância (YILMAZ, 1987), isto é, no domínio t-x. A

filtragem F-K possibilita suprimir os eventos que ocorrem segundo um intervalo

de mergulho especificado pelo intérprete. Idealmente, todos os eventos com

18

mergulhos fora desse intervalo são preservados, sem alteração na sua banda

de frequência. Em famílias CDP, corrigidas de NMO, as múltiplas apresentam

mergulho diferente dos eventos primários, desde que a velocidade no meio

geológico seja superior à velocidade na água, o que geralmente acontece. No

domínio transformado f-k (frequência-número de onda), os eventos primários e

múltiplos são separados, possibilitando o mapeamento de setores

dominantemente ocupados pelas múltiplas. O filtro F-K é desenhado de modo a

atuar sobre esse setor. Após a aplicação do filtro F-K, os próximos passos

consistem em transformar o dado para o domínio original e remover a correção

NMO.

APLICAÇÃO EM DADOS SINTÉTICOS

Em todos os casos sintéticos, a aquisição foi simulada de acordo com a

parametrização mostrada na Tabela 1. Os modelos utilizados estão mostrados

na Fig. 1 (a-d). Estes modelos apresentam diferentes combinações de

batimetria e geologia. Na Fig. 1a é mostrado o modelo SS que representa a

ocorrência de uma batimetria de geometria simples com uma geologia também

simples. Por sua vez, na Fig. 1b é mostrado o modelo SC que representa a

ocorrência de uma batimetria de geometria simples com uma geologia

complexa. Os demais modelos, CS e CC, seguem a mesma lógica de

construção. Em todos os modelos, foram atribuídos os seguintes valores de

velocidade de propagação da onda P: 1500 m/s no mar e 2000 m/s, 2800 m/s e

4100 m/s nas camadas subjacentes (Fig. 1).

Tabela 1 entra aqui.

Fig. 1 entra aqui.

No caso do modelo CS, a espessura da terceira camada (de velocidade

19

igual a 2800m/s) foi escolhida de forma que o tempo de chegada da múltipla de

primeira ordem do fundo do mar seja aproximadamente coincidente com a

reflexão primária da terceira interface, como mostra a Fig. 2c. Dessa maneira,

poderemos avaliar a atuação das duas técnicas nos caso de sobreposição dos

eventos.

Para gerar os dados sísmicos sintéticos, utilizou-se o software livre

Seismic Unix (SU) (COHEN et al., 2008) que é executado no sistema Linux. O

SU é composto por um conjunto de sub-rotinas desenvolvidas pelo Center of

Wave Phenomena (CWP) da Colorado School of Mines. A modelagem não

incluiu os efeitos de atenuação e de espalhamento geométrico. Na Fig. 2

apresentamos as famílias do tiro comum de número 168 para cada modelo.

Para melhor simular um dado real, acrescentou-se aos dados sintéticos ruído

pseudo-aleatório, aditivo, uniforme, de média nula, mas ainda fornecendo uma

razão sinal/ruído muito alta.

Fig. 2 entra aqui.

Deconvolução preditiva multicanal - DPM

A periodicidade nas múltiplas é melhor preservada no domínio de

afastamento-comum corrigido de NMO com a velocidade das múltiplas. Este foi

o domínio escolhido para aplicação da técnica DPM.

O procedimento que usamos para escolher a distância de predição é a

seguir descrito. Os dados foram organizados em CMP e corrigidos de NMO

com velocidade igual a 1500 m/s (velocidade da água). Em seguida, o dado foi

organizado em famílias de afastamento comum (AC) (180 painéis), e dividido

em quatro conjuntos de seções de AC, lateralmente justapostas, para estimar

20

de maneira mais precisa o período P de cada traço. Cada período foi então

amostrado no respectivo painel de AC mínimo de cada subconjunto tomando

como referência a primária do fundo do mar, que é facilmente identificada. Por

fim, adotamos as escolhas L=0.98P e N=0.06P para cada traço. A DPM foi

então aplicada em cada conjunto de AC, utilizando cinco canais. Após a

deconvolução, os conjuntos de AC foram concatenados, sendo a seguir

removida a correção NMO com a velocidade da água. Uma vez o dado

restaurado, é então realizada uma análise de velocidade para nova correção

NMO, desta vez com velocidade RMS, de modo a obter finalmente a seção de

afastamento nulo através do empilhamento do dado. De modo a ilustrar a

aplicação da técnica DPM, a Fig. 3 apresenta o painel de AC mínimo antes e

depois da aplicação da técnica.

Fig. 3 entra aqui.

Filtragem F-K.

A filtragem F-K foi aplicada ao dado organizado em famílias de CDP,

corrigido de NMO usando velocidades intermediárias entre primárias e

múltiplas. Com esta escolha de velocidades, as primárias ficarão

sobrecorrigidas e, as múltiplas, subcorrigida. Essa estratégia permite que os

eventos assumam diferentes mergulhos, de modo que no domínio F-K eles

serão mapeados em setores diferentes do espectro de frequência (como ilustra

a Fig. 4), facilitando assim a supressão das múltiplas. De modo a ilustrar a

aplicação da técnica da filtragem F-K, a Fig. 5 apresenta o painel de CDP 1386

do modelo CC antes e depois da aplicação da filtragem.

21

Fig. 4 entra aqui.

Fig. 5 entra aqui.

Na Fig. 4 podemos observar que os eventos primários estão localizados

no quadrante positivo e os eventos múltiplos estão situados no quadrante

negativo. O filtro F-K foi então foi aplicado para remover os eventos mapeados

no quadrante negativo como mostrado na Fig.4b.

Discussão conjunta dos resultados.

Os resultados da aplicação das técnicas DPM e filtragem F-K para os

modelos SS, SC, CS e CC estão apresentados, na forma de seções

empilhadas, nas Figs. 6, 7, 8 e 9, respectivamente. Para efeito de comparação,

cada Figura apresenta, da esquerda para a direita, o dado original (a), o dado

após a aplicação da DPM (b) e o dado após a filtragem F-K (c). Em todas as

Figuras, as setas indicam a localização e a ordem de cada evento múltiplo.

Fig. 6 entra aqui.

Fig. 7 entra aqui.

Fig. 8 entra aqui.

Fig. 9 entra aqui.

Para o modelo SS, é possível identificar que a DPM, assim como a

filtragem F-K, atuou de forma efetiva nos eventos que se desejava atenuar. O

bom desempenho de ambas as técnicas se deve ao fato de que não há

complexidade que dificulte tanto a identificação do período das primárias, como

a identificação das velocidades intermediárias. Como consequência, tanto a

predição da periodicidade como a escolha de uma velocidade intermediária são

tarefas simples nesse modelo.

22

De modo semelhante ao ocorrido no modelo SS, ambas as técnicas

apresentaram atuação bastante eficiente quando aplicadas ao modelo SC, pois

o fundo do mar é inclinado e sem nenhuma outra complexidade (Fig. 7).

Contudo, para o modelo CS, que apresenta uma geometria de fundo de mar

bastante complexa (Fig. 1c), a identificação do período das primárias e das

velocidades intermediárias é mais difícil, o que impacta o desempenho de

ambas as técnicas. Observe ainda que este modelo apresenta a dificuldade

adicional da superposição da múltipla de primeira ordem com a reflexão

primária da terceira interface (Fig. 2c). Desse modo, reforcemos que o evento,

mostrado nas Figs. 8b e c, aproximadamente coincidentes com a marca da

múltipla de primeira ordem está associado com a primária da terceira interface.

Com este fato em mente, observe que os resultados da filtragem F-K atenuam

menos esta primária. Ou seja, a DPM apresenta a deficiência de que em

trechos em que há sobreposição nos tempos de chegada de reflexões

primárias e múltiplas, ocorre atenuação das reflexões primárias juntamente

com os eventos múltiplos. Este fato pode ser melhor apreciado no resultado já

apresentado da Fig. 3b. Esse problema pode ser amenizado dividindo-se o

dado em conjuntos de seções de AC, o que permite estimar com maior

precisão o período das múltiplas, estratégia esta que já foi adotada nos

resultados aqui apresentados. É assim importante ressaltar que a DPM não

tem boa atuação em trechos em que há sobreposição de tempos de chegadas

de múltiplas com eventos primários.

Os resultados para o modelo CC (Fig. 9) são semelhantes aos do

modelo CS. Novamente a técnica da filtragem F-K apresentou melhor

desempenho nos trechos em que ocorre sobreposição de tempos de chegadas

de múltiplas com eventos primários. Um outro fator que contribui para que a

23

efetividade do filtro F-K seja maior que a da DPM é o fato de que a atuação da

DPM está restrita ao tamanho do filtro, enquanto a filtragem F-K atua em todo o

dado, uma vez definida a sua faixa de atuação.

APLICAÇÃO EM DADO REAL.

Da mesma forma que nos dados sintéticos, o dado real foi processado

utilizando as rotinas do SU. O dado utilizado foi levantando no Golfo do México.

Trata-se de uma linha sísmica 2D, adquirida através do arranjo “end-on”, com

cerca de 40 km de extensão. Os parâmetros de aquisição estão mostrados na

Tabela 2.

Tabela 2 entra aqui

O processamento do dado em cada técnica constou de três fases. A

primeira fase, comum às técnicas DPM e F-K, constou dos seguintes passos:

(P1) Pré-processamento (edição e mute), (P2) Correção de divergência

esférica, (P3) filtragem passa-banda (trapezoidal, 5, 7, 75, 80 Hz), e (P4)

deconvolução ao impulso. O processamento da segunda fase foi específico de

cada técnica. Para a DPM, a segunda fase constou dos passos: (S1) análise de

velocidade (velocidade das múltiplas), (S2) correção de NMO, (S3) organização

em famílias de afastamento comum, (S4) a DPM em si, e (S5) organização em

famílias CDP. Por sua vez, a segunda fase para a filtragem F-K foi composta

pelos passos: (S1) análise de velocidade (velocidade intermediária), (S2)

correção de NMO, e (S3) filtragem F-K em si. Por fim, a terceira fase de

processamento foi novamente a mesma para ambas as técnicas e constou dos

passos: (T1) correção de NMO inversa, (T2) análise de velocidade, (T3)

correção de NMO, seguida de mute para remoção de estiramento, e (T4)

24

empilhamento.

Na técnica DPM, devido à necessidade de se obter o período em

número de amostras, o dado (já em AC) foi divido em três conjuntos, sendo o

período coletado em cada painel de AC mínimo de cada conjunto de dados. Foi

feita a escolha L=0,98P e N=0,6P de modo a restringir a ação do filtro ao trecho

e tamanho do pulso. A Fig. 10 apresenta um painel de coerência onde se

mostra a escolha da função velocidade associada às regiões de maior

concentração de energia. De modo a ilustrar a efetividade da técnica DPM, a

Fig. 11 apresenta a seção de AC mínimo antes e após a aplicação da DPM.

Fig. 10 entra aqui.

Fig. 11 entra aqui.

Para a técnica da filtragem F-K, a escolha das velocidades

intermediarias está ilustrada na Fig. 12. Por sua vez, o mapeamento do setor

de atuação do filtro F-K e a efetividade do processo de filtragem estão

exemplificados nas Figs. 13 e 14.

Fig. 12 entra aqui.

Fig. 13 entra aqui.

Fig. 14 entra aqui.

A Fig. 15 apresenta a seção empilhada na forma original (a), após a

DPM (b) e após a aplicação da filtragem F-K (c). A DPM foi mais eficiente em

regiões específicas do dado. Como exemplo, observe que a primeira múltipla

do fundo do mar foi mais eficientemente atenuada pela técnica DPM que pela

25

técnica da filtragem F-K (compare as Figs. 15b e c, no trecho marcado pela

seta vermelha). Por outro lado, a técnica de filtragem F-K teve uma melhor

atuação na seção como um todo, o que é resultado do fato já apontado que

esta técnica suprime todos os eventos no setor do espectro filtrado. Como

consequência, observe que múltiplas (provavelmente internas) em torno do

tempo 4,5 s foram melhor atenuadas através da filtragem F-K.

Fig. 15 entra aqui.

Fizemos uma tentativa de combinar as duas técnicas de modo a

aproveitar os benefícios de ambas as técnicas. Nesse sentido, a Fig. 16

apresenta a seção empilhada resultante do processamento da técnica DPM

seguida pela técnica da filtragem F-K. As múltiplas (mesmo as internas) foram

mais eficientemente atenuadas.

CONCLUSÔES

A eficiência da técnica DPM é bastante sensível à identificação correta

do período e do tamanho do filtro. Por sua vez, a filtragem F-K é bastante

sensível à escolha da velocidade adequada para separar as múltiplas dos

eventos primários. A DPM é uma técnica que é focada num dado evento; nesse

sentido, quando bem parametrizada, ela é mais eficiente para remover a

múltipla especificada, podendo ter atuação menos eficiente em outras

múltiplas. A DPM pode ser otimizada aplicando-se a técnica várias vezes, em

cada vez com uma diferente parametrização. Por sua vez, a filtragem F-K tem

aproximadamente o mesmo desempenho em todas as múltiplas que estejam

localizadas em um mesmo setor do espectro F-K. Uma deficiência da técnica

26

DPM é quando há sobreposição de múltiplas com eventos primários.

As duas técnicas podem ser combinadas de modo a tomar partido do

potencial de cada uma delas, aplicando primeiro a técnica DPM focada na

múltipla do fundo do mar, seguida da aplicação da filtragem F-K para a

atenuação das demais múltiplas.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à PETROBRAS, FINEP, CNPq e INCT-GP pelo

financiamento. Aos pesquisadores do LAGEP-CPGG-UFBA por

disponibilizarem os algoritmos usados na DPM.

27

BIBLIOGRAFIA

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School of Mines.2008.

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Mestrado em Geofísica, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2003.

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Graduação em Geofísica, Universidade Federal da Bahia.

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28

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YILMAZ, Ö. 1987 Seismic Data Processing, SEG, Tulsa, Oklahoma.

29

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Parâmetros de aquisição do dado sintético.

TABELA 2: Parâmetros de aquisição do conjunto de dados marinhos do Golfo

do México.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Modelos sintéticos: (a) SS – fundo do mar com geometria simples e

geologia com geometria também simples, (b) SC – fundo do mar com

geometria simples e geologia com geometria complexa, (c) CS – fundo do mar

com geometria complexa e geologia com geometria simples e (d) CC – fundo

do mar com geometria complexa e geologia com geometria também complexa.

FIGURA 2: Família de tiro comum 168 – para cada modelo: (a) fundo do mar

com geometria simples e geologia com geometria também simples, (b) fundo

do mar com geometria simples e geologia com geometria complexa, (c) fundo

do mar complexo com geologia complexa e (d) fundo do mar com geometria

complexa e geologia com geometria também complexa.

FIGURA 3: Painel de afastamento comum (AC), modelo fundo do mar com

geometria complexa e geologia com geometria também complexa (CC): (a)

original e (b) após a aplicação da DPM.

FIGURA 4: Painéis de espectro F-K: (a) antes da filtragem F-K, (b) após a

filtragem F-K, e (c) após a filtragem F-K e remoção da correção de NMO.

FIGURA 5: Painel em CDP do modelo fundo do mar com geometria complexa e

geologia com geometria também complexa (CC): (a) original e (b) após a

aplicação da filtragem F-K.

FIGURA 6: Seção empilhada, modelo fundo do mar com geometria simples e

geologia com geometria também simples (SS): (a) original, (b) após a DPM e

30

(c) após a filtragem F-K.

FIGURA 7: Seção empilhada, modelo fundo do mar com geometria simples e

geologia com geometria complexa (SC): (a) original, (b) após a DPM e (c) após

a filtragem F-K.

FIGURA 8: Seção empilhada, modelo fundo do mar com geometria complexa e

geologia com geometria simples (CS): (a) original, (b) após a DPM e (c) após a

filtragem F-K.

FIGURA 9: Seção empilhada, modelo fundo do mar com geometria complexa e

geologia com geometria também complexa (CC): (a) original, (b) após a DPM e

(c) após a filtragem F-K.

FIGURA 10: painel utilizado para obtenção do campo de velocidades.

FIGURA 11: Seções de afastamento comum (AC) mínimo: (a) antes da DPM e

(b) após a DPM.

FIGURA 12: Painel demonstrando a obtenção das velocidades RMS

intermediárias do CDP 1640.

FIGURA 13: Painéis de espectro de frequência: (a) antes da filtragem F-K (b)

espectro F-K, espectro mais forte do lado direito correspondente às reflexões

primárias e o esquerdo zerado para eliminar as múltiplas e (b) filtrado após

correção de NMO inverso.

FIGURA 14: Painel de CDP: (a) original e (b) após a filtragem F-K com campo

de velocidade intermediária.

FIGURA 15: Seção empilhada: (a) original, (b) após a DPM e (c) após a

filtragem F-K.

FIGURA 16: Seção empilhada com ambas as filtragens DPM e FK.

31

Tabela 1: Parâmetros de aquisição do dado sintético.

DESCRIÇÃO DOS PARÂMETROS PARÂMETROS UTILIZADOS

Intervalo entre as estações (m) 26

Intervalo entre os receptores (m) 26

Intervalo entre fonte e receptor (m) 52

Intervalo de CMP (m) 13

Número de tiros 500

Número de canais 180

Intervalo de amostragem (ms) 4

Número de amostras 2001

Tempo de registro (s) 8

Afastamento mínimo (m) 52

Afastamento máximo (m) 4706

Tabela 2: Parâmetros de aquisição do conjunto de dados marinhos do Golfo do México.

DESCRIÇÃO DOS PARÂMETROS PARÂMETROS UTILIZADOS

Intervalo entre as estações (pés) 87,5

Intervalo entre os receptores (pés) 87,5

Intervalo entre fonte e receptor (pés) 87,5

Intervalo de CMP 13,33

Número de tiros 1001

Número de canais 180

Intervalo de amostragem (m/s) 4

Número de amostras 1501

Tempo de registro (s) 4

Afastamento mínimo -330

Afastamento máximo -15993

32

(a) (b)

(c) (d)

Figura 1: Modelos sintéticos: (a) SS – fundo do mar com geometria simples e geologia com geometria também simples, (b) SC – fundo do mar com geometria simples e geologia com geometria complexa, (c) CS – fundo do mar com geometria complexa e geologia com geometria simples e (d) CC – fundo do mar com geometria complexa e geologia com geometria também complexa.

33

Figura 2: Família de tiro comum 168 – para cada modelo: (a) fundo do mar com geometria simples e geologia com geometria também simples, (b) fundo do mar com geometria simples e geologia com geometria complexa, (c) fundo do mar complexo com geologia simples e (d) fundo do mar com geometria complexa e geologia com geometria também complexa.

34

Figura 3: Painel de afastamento comum (AC), modelo fundo do mar com geometria complexa e geologia com geometria também complexa (CC): (a) original e (b) após a aplicação da DPM. Múltiplas de Primeira ordem. Múltiplas de segunda ordem. Múltiplas de terceira ordem.

35

Figura 4: Painéis de espectro F-K: (a) antes da filtragem F-K, (b) após a filtragem F-K, e (c) após a filtragem F-K e remoção

da correção de NMO.

(a) (b) (c)

36

Figura 5: Painel em CDP do modelo fundo do mar com geometria complexa e geologia com geometria também complexa (CC):

(a) original e (b) após a aplicação da filtragem F-K.

37

Figura 6: Seção empilhada, modelo fundo do mar com geometria simples e geologia com geometria também simples (SS): (a) original, (b) após a DPM e (c) após a filtragem F-K. Múltiplas de Primeira ordem. Múltiplas de segunda ordem. Múltiplas de terceira ordem.

38

Figura 7: Seção empilhada, modelo fundo do mar com geometria simples e geologia com geometria complexa (SC): (a) original, (b) após a DPM e (c) após a filtragem F-K. Múltiplas de Primeira ordem. Múltiplas de segunda ordem. Múltiplas de terceira ordem.

39

Figura 8: Seção empilhada, modelo fundo do mar com geometria complexa e geologia com geometria simples (CS): (a) original, (b) após a DPM e (c) após a filtragem F-K. Múltiplas de Primeira ordem. Múltiplas de segunda ordem. Múltiplas de terceira ordem.

40

(a) (b) (c)

Figura 9: Seção empilhada, modelo fundo do mar com geometria complexa e geologia com geometria também complexa (CC): (a) original, (b) após a DPM e (c) após a filtragem F-K. Múltiplas de Primeira ordem. Múltiplas de segunda ordem. Múltiplas de terceira ordem.

41

Figura 10: Painel utilizado para obtenção do campo de velocidades.

42

Figura 11: Seções de afastamento comum (AC) mínimo: (a) antes da DPM e (b) após a DPM. Múltipla do fundo do mar.

43

Figura 12: Painel demonstrando a obtenção das velocidades RMS

intermediárias do CDP 1640.

44

Figura 13: Painéis de espectro F-K: (a) antes da filtragem F-K, (b) após a filtragem F-K, e (c) após a filtragem F-K e remoção da correção de

NMO.

(a) (b) (c)

45

Figura 14: Painel de CDP: (a) original e (b) após a filtragem F-K com campo de velocidade intermediária.

46

Figura 15: Seção empilhada: (a) original, (b) após a DPM e (c) após a filtragem F-K. Múltipla do fundo do mar.

47

Figura 16: Seção empilhada com ambas as filtragens DPM e FK. Múltipla do fundo do mar.

NOTA SOBRE OS AUTORES

Marcos Augusto lima da Luz. L. P. em Matemática pela Universidade Federal do Pará UFPA

2005, mestrando em Geofísica no Programa de Pós-graduação em Geodinâmica e Geofísica

PPGG da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Rosangela Corrêa Maciel. B. C. em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Pará, 1997. Mestre

em Geofísica pela Universidade Federal do Pará, 2002. Doutora em Geofísica pela

Universidade Federal da Bahia, 2007. Atualmente é docente do departamento de Geofísica da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Tem experiência na área de Geociências, com ênfase e

Geofísica Aplicada, atuando principalmente nos seguintes temas: processamento sísmico, supressão de

múltiplas, deconvolução multicanal, empilhamento CRS e métodos de filtragem.

Walter Eugenio de Medeiros: Engenheiro civil (UFRN, 1981), Mestre (UFBA, 1987) e Doutor

em Geofísica (UFPA, 1993). Professor Titular do Departamento de Geofísica da UFRN, atuando

em geofísica aplicada em articulação com a pós-graduação em Geodinâmica e Geofísica da

UFRN, onde orientou 10 trabalhos de mestrado e 06 de doutorado. Em parceria com vários

pesquisadores, publicou 32 artigos em revistas nacionais e internacionais e 01 livro texto. É

pesquisador 1A do CNPq, membro do conselho editorial da Revista Brasileira de Geofísica e

consultor da CAPES para a área de Geociências. Foi o primeiro coordenador da graduação em

Geofísica da UFRN.

49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Mines.2008.

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<http://www.seismologypetroleum.com.>. Acesso em: 03 janeiro 2012.

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Comum de Reflexão (CRS). 2003. 117 f. Dissertação de Mestrado em Geofísica,

Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2003.

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em Geofísica, Universidade Federal da Bahia.

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MACIEL, R. C., 2007. Deconvolução Preditiva multicanal de reflexões múltiplas no

domínio CRS. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Geofísica,

Universidade Federal da Bahia.

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PONTES, C. E. S., 1985, Algumas Técnicas de Supressão de Reflexões Múltiplas e

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Geophysical Society., vol. 1, pp. 196-199, SBGF.

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50

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Meeting of SEG, Attlanta, Expanded abstract, 1, 604-606.

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RYU, J. V., 1982, Decomposition (DECOM) approach applied to wave-field analysis with

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Geophysics, 62, nº.06, 1974-1989.

YILMAZ, Ö. 1987 Seismic Data Processing, SEG, Tulsa, Oklahoma.

51

ANEXO A – FUNDAMENTAÇÃO MATEMÁTICA DA DECONVOLUÇÃO PREDITIVA

MONOCANAL

A.1 - Deconvolução preditiva.

A deconvolução preditiva (DP), usando o filtro de Wiener-Levison (WL), é um

método em que um operador prediz as múltiplas, em contraste com as chegadas

primárias, e as subtrai do traço sísmico (ROBINSON et al., 1980; PEACOK et al.,

1969). O modelo convolucional sem ruído para um sismograma que contém as

múltiplas do fundo do mar pode ser descrito pela equação (A. 1):

x t = p t ∗ e t ∗ m t (A. 1)

em que x t representa o traço sísmico, p t é o pulso sísmico temporalmente

invariante, e t é a representação da resposta impulsiva da terra, contendo primárias e

múltiplas, e por fim, m t representa o trem de onda das reverberações do fundo do

mar (YILMAZ, 1987).

O filtro de WL prediz eventos periódicos, como múltiplas no sismograma, gerando

dessa forma a possibilidade de remoção das mesmas. Para aplicar o filtro é necessário

estabelecer previamente uma distancia de predição L que é medida em termos de

número de amostras. No caso particular em que L = 1, a operação de deconvolução do

pulso fornece como traço resultante x (t) formado por e t convolvido com m t , como

visto na equação (A. 2) abaixo:

x t = e t ∗ m t (A. 2)

Dessa forma x (t) corresponde a um traço com maior resolução temporal, pois o

pulso p t foi comprimido a uma função delta de Dirac. Contudo, quando L>1 o

operador preditivo de erro atuará em amostras localizadas em tempo maiores. L deve

ser adequadamente escolhido de modo que o filtro venha a atuar na zona em que

ocorrem as múltiplas. Desse modo, o traço resultante ideal y t representa a série

refletividade convolvida apenas com o pulso sísmico (ROBINSON et al., 1980):

52

y t = p t ∗ e t (A. 3)

Portanto, quanto mais precisa for a definição da distância de predição melhor será o

desempenho do método.

A.2 - Deconvolução preditiva monocanal.

Estudos realizados por Kay et al., (1981), confirmam que a predição linear de um

sinal discreto 𝑥𝑡 pode ser representada matematicamente pela expressão (A. 4):

x 𝑡+𝐿 = 𝑥𝑡−𝑘+1h 𝑘

𝑛

𝑘=1

(A. 4)

Onde �͂�𝑡+𝐿 representa a amostra preditiva ao tempo 𝑡 + 𝐿 oriundo de uma

combinação linear das amostras 𝑥𝑡 ,… , 𝑥𝑡−𝑛+1 situadas a tempos passados. O escalar 𝐿

define a distância de predição e h 𝑡 é o filtro de predição.

O erro de predição da amostra em relação ao tempo 𝑡 + 𝐿 é dado por:

𝜀𝑡+𝐿 = 𝑥𝑡+𝐿 − �͂�𝑡+𝐿 (A. 5)

onde 𝜀𝑡 é uma série que representa a parte não predita de 𝑥𝑡 .

Sendo assim, a equação também pode ser escrita na forma:

𝜀𝑡+𝐿 = 𝑥𝑡+𝐿 − 𝑥𝑡−𝑘+1𝑕 𝑘

𝑛

𝑘=1

(A. 6)

Onde 𝑒𝑗 = 𝑥𝑗 , 𝑗 = 0, 1, 2, mostra que o filtro preditivo de erro com distância de predição

𝐿 não interfere na amostragem das reflexões primárias.

Minimizando a forma quadrática,

𝐼 = 𝜀𝑡2

𝑡

(A. 7)

53

em relação aos coeficientes do filtro de predição 𝑕 1, 𝑗 = 1,… ,𝑛, se obtém um conjunto

de equações normais.

𝑟0 𝑟1 … 𝑟𝑛−1

𝑟1 𝑟0 ⋱ ⋮⋮ ⋱ ⋱ 𝑟1

𝑟𝑛−1 ⋯ 𝑟1 𝑟0

−h 1

−h 2

⋮−h 𝑛

=

𝑟𝐿𝑟𝐿+1

⋮𝑟𝐿+𝑛−1

(A. 8)

Logo, 𝑟𝜏 = 𝑥𝑡𝑥𝑡−𝜏 , 𝜏 = 0,… ,𝐿 + 𝑛 − 1𝑡 indica os coeficientes da autocorrelação do

sinal 𝑥𝑡 .

O filtro h 1,… , h 𝑛 possibilita obter uma estimativa do sinal em tempos avançados de

𝐿 amostras. Onde a solução do sistema pode ser obtida através da recursão de

Levinson, detalhada a seguir.

A.3 - Recursão de Levinson para o filtro monocanal.

Calculando a soma total dos erros quadrados minimizados resolvendo as

equações da seção anterior, temos:

min 𝐼 = 𝑟0 − 𝑟𝐿+𝑘𝑕͂𝑘 (

𝑛

𝑘=1

A. 9)

Agrupando as equações (A. 8) e (A. 9) se obtém a forma ampliada das EN’s

representadas a baixo:

𝑟0 𝑟𝐿 𝑟𝐿+1 ⋯ 𝑟𝐿+𝑛−1

𝑟𝐿 𝑟0 𝑟1 ⋯ 𝑟𝑛−1

𝑟𝐿+1 𝑟1 𝑟0 ⋱ ⋮⋮ ⋮ ⋱ ⋱ 𝑟1

𝑟𝐿+𝑛−1 𝑟𝑛−1 ⋯ 𝑟1 𝑟0

1𝑕1

⋮⋮𝑕n

=

𝐸𝑕𝑛0⋮⋮0

(A. 10)

Onde 𝐸𝑕𝑛 é o erro dos mínimos quadrados e, para facilitar a notação afirmou-se

que −𝑕 𝑗 = 𝑕𝑗 , 𝑗 = 1,… ,𝑛.

54

A recursão de Levinson (LEVINSON, 1947) resolve o sistema de equação (A. 10)

aumentando de forma unitária o número de coeficientes do filtro preditivo. Esse método

inicia-se com a obtenção de duas soluções independentes de ordem 1, vejamos:

𝑟𝐿 𝑟0 𝑟1 1 0𝑕11 𝑔11

0 1

= 0 0 (A. 11)

Dessa forma, se pode obter;

𝑕11 =𝑟𝐿𝑟0

𝑒

𝑔11 =𝑟1𝑟0

Sendo assim, a combinação linear da solução de ordem 1 representa o

relacionamento de Levinson para obtenção da solução de ordem 2;

1𝑕11

0

+ 𝐿2 0𝑔11

1

= 1𝑕21

𝑕22

(A. 12)

Pré-multiplicando ambos os lados da equação (A. 12) pela matriz,

𝑟0 𝑟𝐿 𝑟𝐿+1

𝑟𝐿 𝑟0 𝑟1𝑟𝐿+1 𝑟1 𝑟0

(A. 13)

e igualando o resultado a 𝐸𝑕𝑛 0 0 𝑇 se obtém,

𝑟0 𝑟𝐿 𝑟𝐿+1

𝑟𝐿 𝑟0 𝑟1𝑟𝐿+1 𝑟1 𝑟0

1𝑕11

0

+ 𝐿2 0𝑔11

1

= 𝐸𝑕2

00

(A. 14)

55

Considerando que 1 𝑕11 0 𝑇 e 0 𝑔11 1 𝑇 satisfazem a equação (A. 11) temos,

𝑟0 𝑟𝐿

1𝑕11

𝑟𝐿 𝑟𝐿+1 𝑔11

1

𝑟𝐿+1 𝑟1 1𝑕11

𝑟1 𝑟0 𝑔11

1

1𝐿2 =

𝐸𝑕2

0 (A. 15)

fazendo sua demonstração de forma mais compacta obtemos,

𝐸𝑕2

∆ 𝑕1

Δ𝑕1𝐸𝑔1

1𝑕22

= 𝐸𝑕2

0 . (A. 16)

Levando em consideração a simetria da matriz representada em (A. 5) se pode

demonstrar que Δ𝑕1= ∆ 𝑕1

(PORSANI E VETTER, 1984).

De posse da equação (A. 16) é possível obter a expressão para calcular 𝐿2,

𝐿2 = − 𝑟𝐿 𝑟𝐿+1

𝑔11

1

𝑟1 𝑟0 𝑔11

1

=∆ 𝑕1

𝐸𝑔1

= 𝑕22 . (A. 17)

Retornando-se na equação (A. 12) com 𝐿2 se obtém o filtro preditivo de 2

coeficientes, e levando em conta que 𝑔22 𝑔21 1 , seja conhecido tal que juntamente

com 1 𝑕21 𝑕22 formem as duas soluções independente como:

𝑟𝐿 𝑟0 𝑟1 𝑟2

𝑟𝐿+1 𝑟1 𝑟0 𝑟1

1 0𝑕21 𝑔21

𝑕22 𝑔21

0 1

= 0 00 0

Pode-se utilizar o relacionamento de Levinson para se obter o filtro de 3

coeficientes,

56

1𝑕21

𝑕22

0

+ 𝐿2

0𝑔22

𝑔21

1

=

1𝑕31

𝑕32

𝑕33

, (A. 18)

onde 𝐿3 = 𝑕33 pode ser calculado análogo a 𝐿2 = 𝑕22 . O procedimento pode ser

contínuo até a ordem 𝑛.

57

ANEXO B – FUNDAMENTAÇÃO MATEMÁTICA DA DECONVOLUÇÃO PREDITIVA

MULTICANAL

B.1 - Deconvolução preditiva multicanal.

A teoria da filtragem preditiva multicanal pode ser obtida generalizando o caso

monocanal, fazendo a substituição dos escalares por matrizes (PORSANI, 1997).

Como exemplo, vamos ilustrar uma situação em que cada traço deconvolvido é obtido

com uma janela de três traços. Admita que 𝑥(𝑡), 𝑦(𝑡) e 𝑧(𝑡) são os traços de entrada,

𝜔 𝑡 desejado e 𝜔 𝑡 o dado calculado. Desse modo, temos:

ω t = f t ∗ x t + g t ∗ y t + h t ∗ z t (B. 1)

𝑓 𝑡 , 𝑔 𝑡 e 𝑕 𝑡 são operadores que atuam sobre os respectivos traços 𝑥(𝑡), 𝑦(𝑡) e

𝑧(𝑡). Para filtros de três coeficientes ao longo do traço, a equação B. 1 é dada por:

ω t = xt−k+1f k +

3

k=1

yt−k+1g k +

3

k=1

zt−k+1h k (B. 2)

3

k=1

Assim, a expressão do erro de predição pode ser escrita conforme a equação abaixo:

e t = ω t − ω t (B. 3)

que idealmente seria nulo.

Em notação matricial a equação B. 2 é representada como a seguir:

𝑾 = 𝑿 𝒀 𝒁 (B. 4)

Onde 𝑾 é uma matriz toeplitz construída pela matriz também toeplitz, 𝑿, 𝒀 e 𝒁 geradas

respectivamente pelos traços 𝑥𝑡 , 𝑦𝑡 e 𝑧𝑡 . E a é um vetor formado pelos operadores 𝑓 , 𝑔

e 𝑕 . Desse modo podemos definir

𝒂𝑇 = 𝒇𝑇 𝒈𝑇 𝒉𝑇 , (B. 5)

Onde os vetores 𝒇, 𝒈 e 𝒉 são formados respectivamente pelos operadores 𝑓 𝑡 , 𝑔 𝑡e 𝑕 𝑡 .

58

Para um vetor 𝒂 arbitrário podemos escrever o vetor de erro de predição na forma

𝒆 = 𝑥 −𝑾𝒂 (B. 6)

Minimizando a forma quadrática

𝑄 𝒂 = 𝒆𝑇𝒆 (B. 7)

Obtêm-se as equações normais, cuja solução fornece o filtro preditivo multicanal de WL

(Lima, 1999; Santos Júnior, 2012; Maciel et al. 2003). O sistema de equações normais

é resolvido aplicando-se a recursão de Levinson demonstrada a seguir.

Fazendo a saída desejada 𝜔 𝑡 corresponder a um dos canais de entrada, avançado

de 𝐿 amostras, 𝜔𝑡 = 𝑥𝑡+𝐿. A solução do sistema de equações fornecerá os coeficientes

do operador preditivo multicanal, com distância de predição 𝐿.

B.2 - Recursão de Levinson multicanal.

Tomando como base o filtro monocanal, é possível representar a forma ampliada

das ENs, como apresentado a baixo:

𝑧𝑇𝑧 𝑧𝑇𝑊0 𝑧𝑇𝑊1 ⋯ 𝑧𝑇𝑊𝑁−1

𝑊0𝑇𝑧 𝑅0 𝑅−1 ⋯ 𝑅−(𝑁−1)

𝑊1𝑇𝑧 𝑅1 𝑟0 ⋱ ⋮⋮ ⋮ ⋱ ⋱ 𝑅−1

𝑊𝑁−1𝑇 𝑧 𝑅𝑛−1 ⋯ 𝑅1 𝑅0

1𝑐𝑁1

⋮⋮𝐶𝑁𝑁

=

𝐸𝑐𝑁0⋮⋮0

(B. 8)

onde 𝑐𝑁𝑗 = −�͂�𝑁𝑗 𝑗 = 1,… ,𝑁.

O Sistema representado pela equação (B. 8), sendo resolvido pelo princípio de

recursão de Levinson multicanal. Temos:

𝑧𝑇𝑧 𝑧𝑇𝑊0

𝑊0𝑇𝑧 𝑅0

1𝐶11

= 𝐸𝑐1

0 (B. 9)

Resolvendo para 𝐶11

59

𝐶11 = 𝑅0−1𝑤0

𝑇𝑧 .

Da mesma forma, o subsistema reverso de ordem 1.

𝑅0 𝑅−1

𝑅1 𝑅0 𝐵11

𝐼 =

⊕𝐸𝐵1

(B. 10)

Onde 𝐼 é a matriz identidade e ⊕ representa a matriz 2𝑋2 com todos os elementos

nulos.

Resolvendo para 𝐵11 e 𝐸𝐵1, temos:

𝐵11 = −𝑅0−1𝑅−1

𝐸𝐵1= 𝑅0 + 𝑅1 𝐵11 .

Utilizando-se a expressão para 𝐵11 e considerando que 𝑅0 = 𝑅0𝑇 e 𝑅−1

𝑇 = 𝑅1, pode-se

confirmar diretamente que 𝐸𝐵1= 𝐸𝐵1

𝑇 .

O subsistema direto de ordem 2, a ser desenvolvido com base nas soluções das

equações (B. 9) e (B. 10), é dado por,

𝑧𝑇𝑧 𝑧𝑇𝑊0 𝑧𝑇𝑊1

𝑊0𝑇𝑧 𝑅0 𝑅−1

𝑊1𝑇𝑧 𝑅1 𝑟0

1𝑐21

𝐶22

= 𝐸𝑐2

00

(B. 11)

aplicando o principio de Levinson pode-se escrever,

1𝑐11

0

+ 𝑐22 0𝑇

𝐵11

𝐼

= 1𝑐21

𝐶22

(B. 12)

𝐸𝑐1 (𝑧𝑇𝑊0 𝑧𝑇𝑊1 )

𝐵11

𝐼

0 ⊕

𝑊1𝑇𝑧 𝑅1

1𝑐11 𝐸𝐵1

1𝑐22 =

𝐸𝑐2

0𝑓(𝑐22)

.

60

fazendo 𝑓 𝑐22 = 0 pode-se escrever a forma compacta, como:

𝐸𝑐1

𝛥𝑐1𝑇

𝛥𝑐1 𝐸𝐵1

1𝑐22 =

𝐸𝑐2

0 . (B. 13)

Onde,

𝛥𝑐1 = 𝑊1𝑇𝑧 𝑅1

1𝑐11 ,

𝛥𝑐1𝑇 = 𝑧𝑇𝑊0 𝑧𝑇𝑊1

𝐵11

𝐼 .

Resolvendo para 𝑐22 = −𝐸𝐵1−1𝛥𝑐1

𝑇 .

Fazendo uso da relação de Levinson,

1𝑐21

𝑐22

0

+ 𝑐33

0𝑇

𝐵22

𝐵21

𝐼

=

1𝑐31

𝐶32

𝐶33

(B. 14)

Na equação (B.8) e para um erro anteriormente determinado, tal que,

𝑅0 𝑅−1 𝑅−2

𝑅1 𝑅0 𝑅−1

𝑅2 𝑅1 𝑅0

𝐵22

𝐵21

𝐼

= ⊕⊕𝐸𝐵2

(B. 15)

é possível se obter a forma compacta, associada a 𝑐33 ,

𝐸𝑐2

𝛥𝑐2𝑇

𝛥𝑐2 𝐸𝐵2

1𝑐33 =

𝐸𝑐3

0 . (B. 16)

Resolvendo para 𝑐33 , e retornando na equação (B. 16), obtém-se a solução de

ordem 3. Esse procedimento pode ser estendido até a ordem 𝑛.