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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DAPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL
CRISTIANNE KALINNE SANTOS MEDEIROS
QUEILITE ACTÍNICA: ÍNDICE DE ANÁLISE CLÍNICA
NATAL-RN
2018
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CRISTIANNE KALINNE SANTOS MEDEIROS
QUEILITE ACTÍNICA: ÍNDICE DE ANÁLISE CLÍNICA
NATAL-RN
2018
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Patologia Oral. Orientadora: Profª. Drª. Patrícia Teixeira de Oliveira
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a alguém especial:
Ao meu esposo Alan Ricarte, um homem inteligente e sábio que luta pelos
seus ideais e que sempre esteve ao meu lado nos momentos bons e difíceis. Ao
mesmo tempo em que eu faço esta dedicatória, sinto-me na obrigação de pedir
desculpas ao meu esposo e aos meus filhos Arthur, Vitor e Ana Carolina pelos
momentos em que me ausentei da companhia deles em função do meu mestrado.
_______________________________________
Sem sonhos, as perdas se tornam insuportáveis,
as pedras do caminho se tornam montanhas,
os fracassos se transformam em golpes fatais.
Mas, se você tiver grandes sonhos...
seus erros produzirão crescimento,
seus desafios produzirão oportunidades,
seus medos produzirão coragem.
Por isso, meu ardente desejo é que você
NUNCA DESISTA DE SEUS SONHOS.
_______________________________________
(Augusto Cury)
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo dom da vida e por seu infinito amor aos seus filhos,
pois a vida é uma virtude, algo simplesmente extraordinário que irradia uma energia
de dentro dos nossos corações e que faz com que a gente sinta cada momento de
forma única e especial.
Ao meu esposo Alan Ricarte e aos meus filhos Arthur, Vitor e Ana Carolina,
agradeço a compreensão e a paciência. Obrigada pelo amor incondicional que
vocês têm por mim, pois foi este sentimento puro e verdadeiro que me incentivou a
não desistir dos meus sonhos.
Aos meus pais não tenho palavras suficientes para agradecer tudo o que
fizeram por mim. Sempre ouvi dizer frases como: “pai e mãe é quem cria” ou “amor é
convivência” e, realmente, eu sou uma prova disto. Fui adotada por uma família
caicoense que me acolheu com muito amor e carinho. Seu Francisco (Chico) e
dona Maria das Graças (Graça) queriam que eu tivesse uma educação de
qualidade e, por isso, me puseram na melhor escola de Caicó, não apenas pela
qualidade do ensino, mas também devido aos seus fundamentos religiosos. E se
hoje eu sou uma pessoa de caráter, é porque eu tive uma boa educação.
À minha orientadora, Profa. Dra. Patrícia Teixeira de Oliveira, eu expresso
aqui toda a minha gratidão pelos seus ensinamentos. Gostaria que soubesse que eu
a admiro muito, pois tu és um exemplo de profissional a ser seguido, atuando
sempre de forma ética e com muita responsabilidade.
À coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da
UFRN, Profa. Dra. Lélia Maria Guedes Queiroz, pelas decisões e modificações
realizadas com o objetivo de melhorar o programa.
A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da
UFRN, com os quais tive a honra e o prazer de conviver durante esses dois anos de
aprendizado. Ao Prof. Dr. Leão Pereira Pinto e a Profa. Dra. Lélia Batista de
Souza, por todos esses anos de amor e dedicação ao programa. À Profa. Dra. Ana
Myriam Costa de Medeiros e a Profa. Dra. Roseana de Almeida Freitas pelos
elogios, sugestões e correções que fizeram ao meu trabalho durante o Exame de
Qualificação. Á Profa. Dra. Éricka Janine Dantas da Silveira, por ser uma
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profissional íntegra, que nos ensinou a importância do atendimento humanizado aos
nossos pacientes. À Profa. Dra. Márcia Cristina da Costa Miguel, pelos seus
ensinamentos em imunologia. Ao Prof. Dr. Bruno Cesar de Vasconcelos Gurgel,
pelos conhecimentos adquiridos nas disciplinas de Metodologia do Ensino Superior
e Patologia Periodontal. Ao Prof. Pedro Paulo de Andrade Santos, por me orientar
durante meu estágio a docência na disciplina de Morfologia. À Profa. Dra. Hébel
Cavalcanti Galvão, por tornar as nossas discussões de lâminas mais alegres e
tranquilas. Ao Prof. Dr. Antonio de Lisboa Lopes Costa, por sua simpatia e
amizade.
Ao Prof. Dr. Kenio Costa Lima, pelos ensinamentos nas disciplinas de
Bioestatística I e II, e por ter me ajudado a fazer a análise estatística desta pesquisa.
À Dra. Maria Luiza Lopes, uma mulher inteligente, determinada e esforçada,
que eu tive o prazer de conhecer. Agradeço a você por todo apoio e carinho, pela
orientação e disponibilidade e, principalmente por fazer parte deste trabalho, pois o
seu empenho e dedicação foram fundamentais para o nossos resultados.
Aos meus colegas de mestrado, todo meu respeito e admiração. Caio
Barros, um amigo que sempre esteve disposto a me ajudar quando eu precisei;
Dáurea Cóbe, uma mulher de personalidade forte, que contagia a todos com a sua
energia; Déborah Gondin, pela sua simplicidade e objetividade em tudo o que faz e
pensa; Everton Freitas, um colega esforçado que me ajudou muito na disciplina de
Estudos Avançados em Câncer; Glória Maria, minha fiel parceira nas disciplinas de
Bioestatística I e II; Israel Cavalcante, obrigada por ter sido sempre tão gentil e
educado comigo; Juliana Pinheiro, uma menina apaixonada pela vida e pela
liberdade; Larissa Amaral, por transmitir calma e serenidade aos nossos pacientes
da Clínica de Estomatologia; Ondina Rocha, sempre com alguma novidade para
nos contar, sem falar nos seus dotes culinários; Mariana Xerez, a pessoa mais alto
astral da turma; Rômulo Augusto, por ser um menino inteligente e prestativo; Yailit
Martinez, venezuelana linda e meiga, com quem eu pude compartilhar sentimentos
e emoções.
Aos doutorandos, Hellen Bandeira e Patrícia Peixe, pela amizade e
companheirismo; Rafaella Bastos e Hianne Morais, pela sinceridade e humildade.
Andréa do Carmo, Amanda Gonzaga, Hugo Neto, Leorik Pereira, Luiz Arthur,
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Mara Luana, Rodrigo Mafra e Salomão Monteiro pelos momentos de aprendizado
que compartilhamos juntos.
Deixo aqui minha gratidão para a turma de mestrado 2017.1, pessoas
maravilhosas que abrilhantaram as nossas discussões de lâminas, além do
excelente desempenho que tivemos na disciplina de Patologia das Glândulas
Salivares. Obrigada especialmente a Rodrigo Rodrigues, por ter ajudado a realizar
algumas das biópsias do presente trabalho.
Aos funcionários Gracinha, Idel, Hévio, Ricardo, Sandrinha, Lourdinha,
Cláudia, Talita e Joana. Muito obrigada por todo o auxílio que vocês me deram na
Patologia Oral durante o meu mestrado.
Agradeço a minha tia Inês, por toda assistência que deu aos meus pais e,
também à Netinha, minha secretária do lar, por ter cuidado tão bem dos meus filhos
durante os momentos em que não pude estar ao lado deles.
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RESUMO
Introdução: A Queilite Actínica (QA) é uma condição inflamatória dos lábios
ocasionada pela exposição crônica à radiação ultravioleta, sendo considerada uma
desordem potencialmente maligna pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Objetivo: Desenvolver e testar um Índice Clínico para QA (ICQA). Metodologia:
Com base em uma revisão da literatura foi elaborado um questionário composto por
35 características clínicas da QA, as quais foram selecionadas e associadas a um
escore de severidade clínica por um grupo de 52 cirurgiões-dentistas. Após o
estabelecimento de critérios de exclusão e associação foram selecionadas 16
características para compor o índice. Vinte pacientes foram selecionados para
compor nossa amostra após aplicação do ICQA e realização de biópsia incisional.
Os espécimes biopsiados foram classificados de acordo com a gradação
histopatológica para displasias epiteliais orais da OMS (EL-NAGGAR et al., 2017) e
do Sistema Binário (KUJAN et al., 2006). A associação entre as características
clínicas e o grau de severidade histopatológica da lesão foi analisada através do
Teste Exato de Fisher (p < 0,05). A precisão do índice foi testada com base no
percentual de sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo (VPP), valor
preditivo negativo (VPN), acurácia e curva ROC. Resultados: Houve uma
prevalência de indivíduos do sexo masculino (80%), com idade igual ou superior a
40 anos (90%), raça branca (90%), com exposição ocupacional ao sol (75%). As
características clínicas mais frequentemente encontradas foram perda da
demarcação lábio/pele (100%), ressecamento (85%), mancha branca (80%) e
descamação (65%). Não houve associação estatisticamente significativa entre as
características clínicas da QA com as gradações histopatológicas analisadas. O
ponto de corte que apresentou melhor desempenho para curva ROC e maior
percentual para especificidade, VPP e acurácia foi o valor 11. Conclusão: O ponto
de corte 11 obteve melhor precisão para o ICQA, sendo este valor de índice o
indicado para realização de biópsia, uma vez que apresentou menor quantidade de
indivíduos falso-positivos de acordo com as duas gradações histopatológicas
analisadas.
Palavras chaves: Queilite Actínica. Queilose Solar. Lábio. Carcinogênese.
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ABSTRACT
Introduction: Actinic cheilitis (AC) is an inflammatory condition of the lips caused by
chronic exposure to ultraviolet radiation and it is considered a potentially malignant
disorder by the World Health Organization (WHO). Objective: develop and test a
clinical index for Actinic Cheilitis (ACCI). Methodology: Based on a literature review,
a questionnaire composed by 35 clinical characteristics of the AC was elaborated,
which were selected and associated with a clinical severity score by a group of 52
surgeon-dentists. After establishing exclusion criteria, 16 characteristics were
selected to compose the index. Twenty patients were selected to compose our
sample after application the ACCI and incisional biopsy. The biopsied specimens
were classified according to the histopathological grading for oral epithelial dysplasia
of the WHO (EL-NAGGAR et al., 2017) and the Binary System (KUJAN et al., 2006).
The association between the clinical characteristics and the grade of
histopathological severity of the lesion was analyzed using Fisher's Exact Test (p
<0.05). The precision of the index was tested based on the percentage of sensitivity,
specificity, positive predictive value (PPV), negative predictive value (NPV), accuracy
and ROC curve to cut-off points 5, 7, 9, and 11. Results: There was a prevalence of
males (80 (90%), whites (90%), with occupational sun exposure (75%). The most
frequent clinical characteristics were loss of lip / skin demarcation (100%), dryness
(85%), white spot (80%) and flaking (65%). There wasn`t statistically significant
association between the clinical characteristics of AC and histopathological
gradations analyzed. The cut-off point that presented the best performance for the
ROC curve and the highest percentage for specificity, PPV and accuracy was the
value 11. Conclusion: The cut-off point 11 obtained the best precision for the ACCI,
and this index value was indicated for biopsy, since it presented smaller number of
false-positive individuals according to the two histopathological grading analyzed.
Keywords: Actinic Cheilitis. Solar Cheilosis. Lip. Carcinogenesis.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1 - Percentual de citação das características clínicas de acordo com
os expertos.....................................................................................
30
Gráfico 2 - Descrição da amostra de acordo com as características clínicas
da QA.............................................................................................
36
Gráfico 3 - Curva de ROC para os pontos de corte em ralação a gradação
histopatológica da OMS (EL-NAGGAR et al., 2017) de acordo
com a sensibilidade e o completo da especificidade.....................
44
Gráfico 4 - Curva ROC para os pontos de corte em ralação a gradação
histopatológica do Sistema Binário (KUJAN et al., 2006) de
acordo com a sensibilidade e o completo da especificidade.........
44
Figura 1 - Imagens fotográficas das características clínicas da QA
presentes no lábio inferior dos pacientes da amostra....................
37
Figura 2 - Fotomicrografias das DEOs classificadas de acordo com a OMS
(EL-NAGGAR et al., 2017).............................................................
39
Figura 3 - Fotomicrografias das DEOs classificadas de acordo com o
Sistema Binário (KUJAN et al., 2006)............................................
39
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10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Critérios para diagnóstico de DEOs........................................... 25
Quadro 2 - Gradação das displasias orais de acordo com a OMS (EL-
NAGGAR et al., 2017)................................................................
26
Quadro 3 - Gradação das displasias orais de acordo com o Sistema
Binário (KUJAN et al. 2006).......................................................
26
Quadro 4 - Variáveis independentes elencadas para os testes
estatísticos.................................................................................. 27
Quadro 5 - Variáveis dependentes elencadas para os testes
estatísticos.................................................................................. 28
Quadro 6 - Características clínicas encontradas na literatura relacionadas
à QA...........................................................................................
29
Quadro 7 - Características clínicas representativas da QA selecionadas
após critérios de exclusão..........................................................
31
Quadro 8 - Cálculo do tercil para as 24 características clínicas da QA
selecionadas após critérios de inclusão e exclusão................... 32
Quadro 9 - Escore de severidade das características clínicas..................... 34
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11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Classificação das características clínicas pelos expertos de
acordo com o grau de severidade clínica da QA..............................
33
Tabela 2 - Descrição da amostra de acordo com os dados demográficos
faixa etária, sexo, exposição ocupacional ao sol, raça, tabagismo
e proteção solar................................................................................
35
Tabela 3 - Descrição da amostra de acordo com a gradação para DEO da
OMS (EL-NAGGAR et al., 2017) e do Sistema Binário (KUJAN et
al., 2006)........................................................................................ ...
38
Tabela 4 - Distribuição relativa e absoluta das características clínicas da QA
de acordo com a gradação histopatológica do Sistema Binário
(KUJAN et al., 2006).........................................................................
40
Tabela 5 - Distribuição relativa e absoluta das características clínicas da QA
de acordo com a gradação histopatológica da OMS (EL-NAGGAR
et al., 2017).......................................................................................
41
Tabela 6 - Categorização dos pontos de corte do ICQA de acordo com a
gradação histopatológica da OMS (EL-NAGGAR et al., 2017).
42
Tabela 7 - Categorização dos pontos de corte do ICQA de acordo com a
gradação histopatológica do Sistema Binário (KUJAN et al.,
2006).................................................................................................
42
Tabela 8 - Percentual do nível de sensibilidade, especificidade, valor
preditivo positivo (VPP), valor preditivo negativo (VPN) e acurácia
dos pontos de corte do ICQA de acordo com a gradação
histopatológica da OMS (EL-NAGGAR et al., 2017).........................
43
Tabela 9 - Percentual do nível de sensibilidade, especificidade, valor
preditivo positivo (VPP), valor preditivo negativo (VPN) e acurácia
dos pontos de corte do ICQA de acordo com a gradação
histopatológica da Sistema Binário (KUJAN et al., 2006)................
43
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12
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CCE Carcinoma de Células Escamosas
CCEL Carcinoma de Células Escamosas de Lábio
CEP Comitê Nacional de Ética em Pesquisa
CNS Conselho Nacional de Saúde
DEO Displasia Epitelial Oral
DPMO Desordem Potencialmente Maligna Oral
HE Hematoxilina/Eosina
HPV Papiloma Vírus Humano
ICQA Índice Clínico de Queilite Actínica
μm Micrômetro
OMS Organização Mundial da Saúde
QA Queilite Actínica
ROC Curva de Operação Resposta
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
VPP Valor Preditivo Positivo
VPN Valor Preditivo Negativo
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13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 14
2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................... 16
2.1 QUEILITE ACTÍNICA................................................................................... 16
2.2 POTENCIAL DE TRANSFORMAÇÃO MALIGNA DA QA .......................... 18
3 OBJETIVOS.................................................................................................... 22
3.1 OBJETIVOS GERAIS................................................................................... 22
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................ 22
4 METODOLOGIA............................................................................................. 23
4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS........................................................................ 23
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO.............................................................. 23
4.2.1 Validação bibliográfica........................................................................... 23
4.2.2 Elaboração e envio do questionário..................................................... 23
4.2.3 Desenvolvimento do ICQA.................................................................... 23
4.2.4 Aplicação do ICQA.................................................................................. 24
4.2.5 Estudo morfológico.............................................................................. .. 25
4.3 ANÁLISE DOS DADOS................................................................................ 26
5 RESULTADOS ............................................................................................... 29
5.1 ELABORAÇÃO DO ICQA............................................................................ 29
5.2 APLICAÇÃO DO ICQA/BIÓPSIA................................................................. 34
6 DISCUSSÃO........................................................................................... ........ 45
7 CONCLUSÂO................................................................................................. 52
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 53
APÊNDICE......................................................................................................... 56
ANEXO............................................................................................................... 69
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14
1 INTRODUÇÃO
Dentre os processos patológicos que ocorrem nos lábios, um dos mais
comuns é a Queilite Actínica (QA), uma lesão potencialmente maligna que pode
evoluir para um Carcinoma de Células Escamosas de Lábio (CCEL) (SANTANA
SARMENTO et al., 2014; CÂMARA et al., 2016). O fator etiológico desta lesão é a
exposição excessiva e/ou crônica a radiação ultravioleta (UV) do sol
(MARKOPOULOS; ALBANIDOU-FARMAKI; KAYAVIS, 2004; LOPES et al., 2015).
Os fatores de risco que apresentam correlação direta com o desenvolvimento
da QA correspondem à exposição ocupacional a radiação solar, aumento da idade,
sexo masculino, pele branca, não utilização de fatores de proteção labial e presença
de determinadas desordens genéticas, tais como albinismo, xeroderma pigmentoso
e porfiria cutânea tardia (JADOTTE; SCHWARTZ, 2012). Além disso, cofatores
como terapia imunossupressora e o uso do tabaco podem promover a progressão
da QA para um CCEL (CALCAIANU et al., 2015; NEVILLE, 2016).
As alterações clínicas observadas na QA incluem atrofia da margem labial,
ressecamento, descamação, lesões brancas, erosão, úlcera e perda da demarcação
entre a borda do vermelhão do lábio e a pele, dentre outras (NICO; RIVITTI;
LOURENÇO, 2007; VIEIRA et al., 2012; MIRANDA et al., 2015). Tais alterações
podem ser observadas em conjunto ou de forma isolada nos lábios dos pacientes,
dificultando a identificação clínica da severidade da QA.
Microscopicamente pode apresentar alterações epiteliais com diferentes
graus de ceratinização, hiperplasia ou atrofia do epitélio, como também vários graus
de displasia epitelial. A lâmina própria frequentemente apresenta elastose solar e um
infiltrado inflamatório composto predominantemente por linfócitos (MARKOPOULOS;
ALBANIDOU-FARMAKI; KAYAVIS, 2004; VIEIRA et al. 2012; CÂMARA et al., 2016).
Algumas dessas alterações histopatológicas associadas à QA podem evoluir
para um carcinoma e, por essa razão, é importante monitorar periodicamente os
pacientes com QA e realizar biópsias incisionais como forma de identificar
precocemente a progressão para uma lesão maligna.
No entanto, uma das maiores dificuldades encontradas pelos profissionais é
identificar quais as características clínicas da QA que podem estar associadas com
um maior grau de severidade para esta condição, uma vez que até o presente
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15
momento, os estudos não evidenciaram nenhuma associação isoladamente entre as
características clínicas da QA com o grau de severidade histopatológica desta lesão.
Nesse contexto, a presente pesquisa se propõe a desenvolver um Índice
Clínico para QA (ICQA) que possa auxiliar o profissional a evidenciar quais as
características clínicas presentes no lábio dos pacientes que, em conjunto, podem
ser indicativas de uma maior severidade da QA e, consequentemente, da realização
de biópsia.
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16
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 QUEILITE ACTÍNICA
A Queilite Actínica (QA) é uma condição inflamatória dos lábios que foi
descrita pela primeira vez por Ayres em 1923 (CAVALCANTE; ABINDER;
CARVALHO, 2008; JADOTTE; SCHWARTZ, 2012). É ocasionada pela exposição
crônica à radiação ultravioleta que pode conduzir a alterações fenotípicas e
genotípicas nas células epiteliais, as quais são denominadas de displasia epitelial
(PILATI et al., 2017).
Em torno de 95% das QAs desenvolvem-se no lábio inferior, em virtude deste
sítio estar mais exposto à radiação UV (SOUZA LUCENA et al., 2012; CALCAIANU
et al., 2015; MAIA et al., 2016). Sua ocorrência é mais prevalente em indivíduos de
meia idade ou mais, de pele clara, expostos cronicamente a radiação UV, sendo o
sexo masculino mais afetado do que o feminino (MARTINS et al., 2007; SANTANA
SARMENTO et al., 2014; LOPES et al., 2015).
Souza Lucena et al. (2012) avaliaram a prevalência e fatores associados a
QA em 362 trabalhadores de praia. Após a análise dos resultados os autores
constataram que 15,5% desse grupo populacional apresentava QA, cuja taxa de
prevalência foi maior em indivíduos do sexo masculino (86%), com idade de 37 anos
ou mais (61,4%), de pele clara (52,6%) e com exposição crônica ao sol (84,2%).
A taxa de prevalência da QA varia de 0,45 a 2,4% na população. Todavia, em
estudos que investigam grupos populacionais que desenvolvem atividades ao ar
livre, essa taxa varia de 4,2 a 43% (SOUZA LUCENA et al., 2012; SANTANA
SARMENTO et al., 2014; FERREIRA et al., 2016).
Em países tropicais, a ocorrência da QA é relativamente comum devido a
uma maior incidência de raios UV nocivos, sendo o Brasil um dos países que
apresenta os maiores níveis de radiação UV do mundo, em virtude da sua
localização geográfica (MARTINS-FILHO; DA SILVA; PIVA, 2011; SOUZA LUCENA
et al., 2012; FEREIRA et al., 2016).
Martins-Filho, da Silva e Piva (2011) realizaram uma pesquisa com o objetivo
de investigar a prevalência da QA em 240 agricultores do semiárido nordestino
brasileiro. De acordo com os resultados obtidos nesta pesquisa, foi visto que, a
prevalência da QA foi de 16,7%, indicando a necessidade de programas de saúde
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17
pública direcionados ao diagnóstico precoce da QA e educação da população com
relação às precauções a serem tomadas durante a exposição ao sol.
Clinicamente a lesão caracteriza-se como QA aguda e crônica. A QA aguda é
menos comum e decorre da exposição excessiva ao sol exibindo lábios
avermelhados, edema, formação de bolhas e até mesmo ulcerações seguidas de
crostas. Essas lesões regridem quando o agente etiológico é removido (MARTINS et
al., 2007; SAVEGE; MCKAY; FAULKNER, 2010; SOUZA LUCENA et al., 2012;
SANTANA SARMENTO et., 2014). Já a QA crônica é mais comum em indivíduos
expostos frequentemente a radiação UV e clinicamente caracteriza-se pela atrofia da
borda do vermelhão do lábio, perda de elasticidade labial, áreas ceratóticas, ásperas
e escamosas de espessura variada, áreas eritematosas, úlceras e fissuras. Outro
aspecto relevante é a perda de nitidez entre a semimucosa labial e a pele
(MARTINS et al., 2007; JADOTTE; SCHWARTZ, 2012; SOUZA LUCENA et al.,
2012; SANTANA SARMENTO et al., 2014).
A maioria dos casos de QA crônica é assintomática, e os lábios geralmente
exibem lesões difusas com várias alterações simultâneas, dificultando dessa forma a
escolha da área mais representativa da lesão a ser biopsiada (MARKOPOULOS;
ALBANIDOU-FARMAKI; KAYAVIS, 2004; MIRANDA et al., 2015). Geralmente, áreas
leucoplásicas, endurecidas e/ou ulceradas devem ser submetidas à biópsia para
excluir a possibilidade de carcinoma (MARKOPOULOS; ALBANIDOU-FARMAKI;
KAYAVIS, 2004; NEVILLE et al., 2016).
Markopoulos, Albanidou-Farmaki e Kayavis desenvolveram um estudo
retrospectivo em 2004 com o objetivo de avaliar a apresentação clínica e
histopatológica das QAs em 65 pacientes diagnosticados com esta desordem. Ao
analisar os resultados, referentes aos aspectos clínicos da lesão, os autores
verificaram que 29,2% dos pacientes apresentavam lesões brancas não ulceradas;
47,7% manifestavam-se como erosões ou úlceras; enquanto que 23,1%
apresentavam erosões e úlceras concomitantes com lesões brancas ou áreas
atróficas no lábio inferior; e em 16,9% dos casos foi evidenciado CCE.
O espectro histopatológico da QA varia de hiperceratose, com ou sem
displasia epitelial, bem como degeneração basofílica das fibras colágenas e
elásticas na lâmina própria, induzidas pela radiação UV. Também podemos
encontrar um processo inflamatório e vasodilatação. Além disso, CCE também pode
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18
ser um achado morfológico em casos com suspeita clínica de QA (MARKOPOULOS;
ALBANIDOU-FARMAKI; KAYAVIS, 2004; VAN DER WAAL, 2009; PIÑRA-
MARQUES et al., 2010; LOPES et al., 2015).
Vários métodos terapêuticos cirúrgicos e não cirúrgicos têm sido utilizados no
tratamento da QA. Quando as lesões apresentam alterações clínicas menos
severas, o tratamento conservador é o mais indicado, especialmente o uso de
protetor labial (MARTINS et al., 2007; LOPES et al., 2015). Biópsia incisional é
indicada para pacientes com alterações clínicas severas com o objetivo de avaliar as
alterações morfológicas presentes no epitélio, pois o tratamento para as lesões com
maior grau de severidade histopatológica tem por objetivo remover o epitélio
anormal. Neste caso, a vermelhonectomia é o tratamento de escolha, uma vez que
permite a análise histopatológica de todo o tecido removido (CORSO et al., 2006;
CAVALCANTE; ABINDER; CARVALHO, 2008; VIEIRA et al., 2012).
Tratamentos alternativos incluem aplicação tópica de 5-fluorouracil (5-FU),
peeling químico com ácido tricloroacético, crioterapia, eletrocauterização, ablação a
laser de dióxido de carbono (CO2) e, mais recentemente, aplicação tópica de
imiquimod, terapia fotodinâmica e laser-YAG (VAN DER WAAL, 2009; VIEIRA et al.,
2012; NEVILLE et al., 2016). No entanto, o tratamento somente será efetivo se o
paciente tiver consciência da importância da proteção solar e aderir a consultas
regulares para controle clínico da doença.
2.2 POTENCIAL DE TRANSFORMAÇÃO MALIGNA DA QA
A QA é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma
Desordem Potencialmente Maligna Oral (DPMO) devido ao risco de desenvolver
câncer. Clinicamente as DPMOs de alto risco apresentam coloração branca,
vermelha e ou branco-avermelhada, as quais normalmente requerem a realização
de biópsia (EL-NAGGAR et al., 2017).
Muitos agentes associados ao desenvolvimento do câncer oral também estão
associados ao desenvolvimento de DPMOs, tais como exposição à radiação UV, uso
de tabaco, consumo de álcool, deficiências nutricionais, herança genética e infecção
por HPV (MAIA et al., 2016; EL-NAGGAR et al., 2017).
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19
No estudo desenvolvido por Ferreira et al. (2016), foi analisada a prevalência
e fatores associados com DPMOs em trabalhadores rurais no Brasil. Um total de
1385 trabalhadores foram examinados e verificou-se que a DPMO mais comum foi a
QA, com uma prevalência de 28,4%. Além desse resultado, os autores observaram
que esses trabalhadores rurais estavam expostos a fatores de risco tais como
consumo de tabaco e álcool, exposição a pesticidas e exposição à radiação solar
crônica.
Histopatologicamente a QA pode apresentar uma série de alterações, dentre
as quais, a Displasia Epitelial Oral (DEO), que é definida como um espectro de
mudanças arquiteturais e citológicas encontradas no epitélio de DPMOs. Essas
modificações representam um acúmulo de alterações genéticas, as quais estão
associadas a um aumento no risco da progressão para um CCE (BARNES et al.,
2005; WARNAKULASURIYA et al., 2008; CÂMARA et al., 2016; PILLATI et al.,
2016; EL-NAGGAR et al., 2017). Nas DEOs podem ser observadas alterações como
proliferação, maturação e diferenciação anormal das células epiteliais. Além disso, o
epitélio pode apresentar-se atrófico, acantótico, ceratinizado ou não ceratinizado
(EL-NAGGAR et al., 2017).
Diversos estudos buscaram classificar as DEOs de acordo com o grau de
severidade, no intuito de identificar características histopatológicas que indiquem
uma maior probabilidade de transformação maligna. Em 2005 a OMS classificou as
DEOs em leve, moderada e severa. A displasia leve apresenta atipia citológica
limitada ao terço basal do epitélio; moderada quando essas atipias estiverem
limitadas ao terço médio do epitélio; e severa quando as mudanças excederem o
terço médio do epitélio (BARNES et al., 2005). No entanto, atipias arquiteturais e
citológicas, assim como a arquitetura da interface entre o epitélio e o tecido
conjuntivo pode aumentar o grau da displasia. Portanto, marcada atipia no terço
basal do epitélio pode ser suficiente para um diagnóstico de displasia epitelial
severa, enquanto que, Carcinoma in situ na cavidade oral é considerado sinônimo
de displasia severa (EL-NAGGAR et al., 2017).
O sistema de classificação da OMS (BARNES et al., 2005) foi amplamente
utilizado nos últimos anos para gradar as DEOs, sendo considerado um indicador de
progressão e prognóstico relevante, influenciando na abordagem do paciente. No
entanto, tem se discutido a grande variabilidade e a baixa reprodutibilidade desse
![Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 1. 30. · 0 universidade federal do rio grande do norte centro de ciÊncias da saÚde dapartamento de odontologia](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022071417/61156329157e440c360ffd12/html5/thumbnails/21.jpg)
20
sistema de gradação. Por essa razão, Kujan e colaboradores (2006), desenvolveram
um novo sistema de gradação para DEOs com base nos mesmos critérios
morfológicos adotados pela OMS (BARNES et al., 2005), denominado Sistema
Binário, com o objetivo de analisar a sua reprodutibilidade e compará-lo com a
classificação da OMS (BARNES et al., 2005). De acordo com este sistema de
gradação, as displasias epiteliais são divididas em baixo risco de malignidade,
quando apresentarem menos de quatro alterações arquiteturais e cinco citológicas, e
de alto risco quando apresentarem no mínimo quatro alterações arquiteturais e cinco
citológicas (KUJAN et al., 2006).
Em 2015, Lopes e colaboradores avaliaram 161 pacientes diagnosticados
com QA com o objetivo de analisar os aspectos clínicos, demográficos e
morfológicos desta lesão. Os autores examinaram microscopicamente 83 biópsias
de pacientes, sendo que 50 casos (60,2%) foram gradados como baixo risco,
enquanto que 33 (39,8%) foram gradados como alto risco de malignidade de acordo
com o Sistema Binário proposto por Kujan et al. (2006). Nesse estudo, não foi
encontrada associação estatisticamente significativa entre os achados clínicos e
demográficos da QA com a gradação histopatológica.
No estudo desenvolvido por Pilati et al. (2017), os autores buscaram
determinar os achados histopatológicos da QA e do CCEL a fim de tentar prever a
progressão desta DPMO para um CCE com base na comparação entre dois
sistemas de classificação para DEOs, o da OMS (BARNES et al., 2005) e do
Sistema Binário (KUJAN et al., 2006). Um total de 58 casos de QA e 70 casos de
CCEL foi avaliado. De acordo com a análise do Sistema Binário, 36,2% das QAs
foram classificadas como baixo risco de malignidade e 63,8% como alto risco. Além
disso, 87,5% das displasias classificadas como severas e 77,4% das displasias
classificadas como moderadas, de acordo com a OMS, foram gradadas como
displasias de alto risco no Sistema Binário.
Também foi evidenciado, nesse mesmo estudo, que a presença de
disceratose e pérolas de ceratina foram fortemente associadas com displasia
severa, podendo representar uma maior proximidade entre a displasia severa na QA
e o CCEL. Além disso, alterações nucleares tais como hipercromatismo,
pleomorfismo nuclear, anisonucleose, aumento do tamanho e número dos nucléolos,
aumento do número de mitoses e mitoses atípicas indicam progressão no espectro
![Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 1. 30. · 0 universidade federal do rio grande do norte centro de ciÊncias da saÚde dapartamento de odontologia](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022071417/61156329157e440c360ffd12/html5/thumbnails/22.jpg)
21
da displasia. Dessa forma, os autores concluíram que o conhecimento das
características clínicas e histopatológicas da QA e do CCEL leva a uma melhor
compreensão dos possíveis fatores associados à transformação maligna da
displasia epitelial.
![Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 1. 30. · 0 universidade federal do rio grande do norte centro de ciÊncias da saÚde dapartamento de odontologia](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022071417/61156329157e440c360ffd12/html5/thumbnails/23.jpg)
22
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL:
Desenvolver e testar um Índice Clínico de QA (ICQA).
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Investigar as alterações clínicas associadas à QA existentes na literatura;
Identificar as características clínicas consideradas pelos expertos como
representativas da QA;
Investigar o grau de severidade clínica atribuída a cada característica pelos
expertos;
Investigar potenciais associações entre as características clínicas da QA e os
achados histopatológicos de acordo com a OMS (EL-NAGGAR et al., 2017);
Investigar potenciais associações entre as características clínicas da QA e os
achados histopatológicos de acordo com o Sistema Binário (KUJAN et al.,
2006);
Verificar a relação existente entre os pontos de corte do ICQA e a gradação
histopatológica da OMS (EL-NAGGAR et al., 2017);
Verificar a relação existente entre os pontos de corte do ICQA e a gradação
histopatológica do Sistema Binário (KUJAN et al., 2006).
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23
4 METODOLOGIA
4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
Para a realização do estudo, este projeto foi cadastrado na Plataforma Brasil
e submetido à análise de seu conteúdo pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), de acordo com a resolução
nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS). O presente projeto obteve
aprovação mediante o parecer nº 653.186.
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
Esta pesquisa classifica-se como um estudo de diagnóstico, na qual a
construção do instrumento de medida de severidade clínica da QA foi desenvolvido
de acordo com as seguintes etapas:
4.2.1 Validação bibliográfica
Esta etapa compreendeu uma pesquisa na literatura existente, com a
finalidade de elencar todas as características clínicas até então relacionadas à QA.
A busca na literatura foi realizada no banco de dados PubMed, onde foram
selecionados artigos científicos publicados em língua inglesa no período de 1999 a
2017, utilizando como palavras chaves actinic cheiliitis, solar cheilosis, lip e
carcinogenesis.
4.2.2 Elaboração e envio do questionário
As características clínicas elencadas na literatura foram utilizadas como base
para elaboração de um questionário que foi enviado a 53 cirurgiões-dentistas
especialistas e não especialistas denominados expertos, que tinham experiência no
atendimento público e/ou privado de pacientes com QA. Os expertos que
concordaram em participar desta pesquisa assinaram um Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE A).
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24
O questionário foi composto por três perguntas. Na primeira questionava-se
sobre quais características listadas estão presentes em um quadro clínico de QA,
sendo solicitado aos expertos que marcassem com um X tais características. Em
seguida, eles eram solicitados a classificar as características assinaladas de acordo
com o escore de severidade em leve, moderada ou severa. A terceira pergunta
referia-se a comentários, sugestões ou modificações em relação às características
elencadas (APÊNDICE B).
4.2.3 Desenvolvimento do índice clínico para QA (ICQA)
Após o retorno dos questionários, os dados foram compilados, a fim de
verificar se os expertos haviam respondido o questionário completamente, caso
contrário, seriam excluídos da pesquisa. Em seguida, verificou-se quais
características clínicas haviam sido selecionadas, sendo excluídas aquelas que
apresentaram resultados discordantes em 90% dos expertos. Feito isto, foi calculado
o tercil para as características restantes, objetivando selecionar as que estavam no
segundo e terceiro tercil.
Após a seleção das características clínicas, foi realizada a análise da
frequência com que cada característica foi apontada pelos expertos como leve,
moderada e severa. Na sequência, foram atribuídos escores para cada
característica, de acordo com o grau de severidade, sendo o escore 1 para as
características leves; escore 2, para as características moderadas; e escore 3, para
as características severas. Para aplicação clínica do índice, foi feito o somatório dos
escores das características presentes no lábio inferior do paciente para obtenção de
um valor numérico.
4.2.4 Aplicação do ICQA
A população do estudo foi constituída por pacientes atendidos no Serviço de
Estomatologia do Departamento de Odontologia da UFRN. A amostra do estudo foi
intencional e não probabilística, sendo constituída por 20 pacientes maiores de
dezoito anos com diagnóstico clínico de QA e que foram submetidos à biópsia
![Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 1. 30. · 0 universidade federal do rio grande do norte centro de ciÊncias da saÚde dapartamento de odontologia](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022071417/61156329157e440c360ffd12/html5/thumbnails/26.jpg)
25
incisional. Todos os pacientes que participaram desta pesquisa assinaram um TCLE
(APÊNDICE C).
Os pacientes da amostra foram examinados por um cirurgião-dentista, o qual
foi orientado por dois profissionais com pós-graduação em Patologia Oral, mediante
treinamento teórico e prático sobre os aspectos clínicos da QA. Finalizado esse
processo, foi aplicado o ICQA com o objetivo de identificar as características clínicas
presentes no lábio inferior dos pacientes, para que dessa forma, fosse obtido o valor
total da soma dos escores de severidade clínica das mesmas. Posteriormente, foi
realizada uma biópsia incisional na área mais representativa da lesão.
4.2.5 Estudo morfológico
Para realizar o estudo morfológico dos espécimes biopsiados, o material foi
incluído em parafina onde foram obtidos cortes histológicos de 5µm (micrômetros)
de espessura, dispostos em lâminas de vidro que foram coradas pela técnica da
Hematoxilina/Eosina (HE). Em seguida, esses cortes foram examinados em
microscopia de luz (OLYMPUS®) por um examinador com pós-graduação em
Patologia Oral e que não havia participado da etapa de aplicação do índice, para
que dessa forma, fosse feita a gradação histopatológica das DEOs conforme os
critérios morfológicos preconizados pela OMS (EL-NAGGAR et al., 2017) (Quadro 1).
Quadro 1 - Critérios para diagnóstico de DEOs. Alterações arquiteturais Alterações celulares
Estratificação irregular do epitélio;
Perda da polaridade das células basais;
Cristas epiteliais em forma de gota;
Hiperplasia da camada basal;
Aumento no número de figuras de mitose;
Figuras de mitose superficiais;
Ceratinização prematura de células individuais;
Pérolas de ceratina;
Perda da coesão das células epiteliais.
Variação anormal no tamanho do núcleo;
Variação anormal na forma do núcleo;
Variação anormal no tamanho da célula;
Variação anormal na forma da célula;
Aumento da proporção núcleo citoplasma;
Figuras de mitose atípicas;
Aumento do número e/ou tamanho dos nucléolos;
Hipercromatismo nuclear.
Fonte: EL-NAGGAR et al., 2017.
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Os achados histopatológicos foram classificados de acordo com os sistemas
de gradação para DEOs da OMS (EL-NAGGAR et al., 2017) (Quadro 2) e do
Sistema Binário (KUJAN et al., 2006) (Quadro 3) (APÊNDICE D).
Quadro 2 - Gradação das displasias orais de acordo com a OMS.
Displasia Característica
Leve Atipia citológica limitada ao terço basal do epitélio;
Moderada Atipia citológica limitada ao terço médio do epitélio;
Severa Atipia citológica acima do terço médio do epitélio.
NOTA: No entanto, atipia arquitetural e citológica e a arquitetura da interface do epitélio com o tecido conjuntivo pode aumentar o grau. Marcada atipia no terço basal do epitélio pode ser suficiente para um diagnóstico de displasia severa. Carcinoma in situ é considerado
sinônimo de displasia severa.
Fonte: EL-NAGGAR et al., 2017
Quadro 3 - Gradação das displasias orais de acordo com o Sistema Binário. Displasia Característica
Baixo grau de displasia
Apresenta menos de quatro alterações arquiteturais e cinco citológicas;
Alto grau de displasia Apresenta no mínimo quatro alterações arquiteturais e cinco citológicas.
Fonte: KUJAN et al., 2006.
4.3 ANÁLISE DOS DADOS
Os resultados obtidos através da aplicação do ICQA e do estudo morfológico
das biópsias foram organizados em um banco de dados informatizado com o auxílio
do programa estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) na
versão 20.0 a fim de facilitar a análise dos dados.
Inicialmente, foi feita uma análise descritiva de todos os dados coletados e,
em seguida, verificou-se através do Teste Exato de Fisher se havia associação entre
as características clínicas da QA e a gradação histopatológica da OMS (EL-
NAGGAR et al., 2017) e do Sistema Binário (KUJAN et al., 2006). Para todos os
testes realizados foi atribuído um nível de significância de 5%.
A precisão do índice foi verificada através do estabelecimento de pontos de
corte, com o objetivo de avaliar a sensibilidade, especificidade, valor preditivo
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27
positivo (VPP), valor preditivo negativo (VPN), acurácia e a curva de operação
resposta (ROC) do ICQA com relação à gradação histopatológica para DEOs da
OMS (EL-NAGGAR et al., 2017) e do Sistema Binário (KUJAN et al., 2006).
As variáveis avaliadas neste estudo, bem como suas classificações e
categorias estão representadas nos quadros 4 e 5.
Quadro 4 - Variáveis independentes elencadas para os testes estatísticos.
Variável Classificação Categoria
Ressecamento labial Qualitativa nominal Mutuamente exclusiva
1. Sim 2. Não
Áreas pálidas Qualitativa nominal Mutuamente exclusiva
1. Sim 2. Não
Mancha branca Qualitativa nominal Mutuamente exclusiva
1. Sim 2. Não
Descamação Qualitativa nominal Mutuamente exclusiva
1. Sim 2. Não
Atrofia da margem labial Qualitativa nominal Mutuamente exclusiva
1. Sim 2. Não
Placas brancas Qualitativa nominal Mutuamente exclusiva
1. Sim 2. Não
Manchas ou placas brancas e vermelhas
Qualitativa nominal Mutuamente exclusiva
1. Sim 2. Não
Eritema Qualitativa nominal Mutuamente exclusiva
1. Sim 2. Não
Erosão Qualitativa nominal Mutuamente exclusiva
1. Sim 2. Não
Perada da demarcação lábio/pele
Qualitativa nominal Mutuamente exclusiva
1. Sim 2. Não
Perda de elasticidade labial Qualitativa nominal Mutuamente exclusiva
1. Sim 2. Não
Fissura Qualitativa nominal Mutuamente exclusiva
1. Sim 2. Não
Ulceração Qualitativa nominal Mutuamente exclusiva
1. Sim 2. Não
Crostas
Qualitativa nominal Mutuamente exclusiva
1. Sim 2. Não
Endurecimento Qualitativa nominal Mutuamente exclusiva
1. Sim 2. Não
Sangramento Qualitativa nominal Mutuamente exclusiva
1. Sim 2. Não
Fonte: Autor, 2018.
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Quadro 5 - Variáveis dependentes elencadas para os testes estatísticos.
Varável Classificação Categoria
Gradação Histopatológica OMS dicotomizada
Qualitativa nominal mutuamente exclusiva
1. Displasia moderada/severa 2. Sem displasia/displasia leve
Gradação Histopatológica Sistema Binário
Qualitativa nominal mutuamente exclusiva
1. Alto risco 2. Baixo Risco
Fonte: Autor, 2018.
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29
5 RESULTADOS
5.1 Elaboração do ICQA
A busca na literatura referente à primeira etapa desta pesquisa resultou em
35 características clínicas relacionadas à QA (Quadro 6).
Quadro 6 - Características clínicas encontradas na literatura relacionadas à QA.
Ardor Friabilidade
Queimação Infiltração tecidual
Áreas escamosas Manchas brancas
Áreas hiperplásicas Manchas e placas brancas e vermelhas
Áreas pálidas Nodularidade
Áreas rachadas Perda de demarcação lábio/pele
Atrofia labial Perda de elasticidade labial
Ausência de sintomatologia dolorosa Placa marrom
Bolhas Placas brancas
Crostas Ressecamento labial
Descamação Sangramento
Edema Superfície áspera
Endurecimento Ulceração
Eritema Vesículas
Erosão Placas branco-acinzentadas
Fibrose Superfície irregular
Fissura Superfície lisa
Fragilidade
Fonte: Autor, 2018.
Essas características listadas foram utilizadas na elaboração de um
questionário, conforme descrito na metodologia. O questionário foi enviado para 53
expertos, sendo excluído um participante desta etapa da pesquisa, em virtude do
mesmo não ter preenchido todas as informações solicitadas no questionário.
Após os dados serem compilados, foi verificado o percentual de citação das
35 características listadas como mostra o gráfico 1, excluindo-se do estudo, as que
foram citadas por até 10% dos expertos. Dessa forma, foram contabilizadas 33
características clínicas da QA.
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30
Gráfico 1 - Percentual de citação das características clínicas de acordo com os expertos.
Fonte: Autor, 2018.
96%
94%
92%
92%
90%
90%
88%
85%
85%
83%
83%
79%
79%
77%
75%
73%
71%
69%
67%
63%
63%
54%
48%
46%
46%
44%
40%
35%
35%
21%
21%
19%
17%
10%
6%
0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%
Manchas ou placas brancas e vermelhas
Perda de elasticidade labial
Crostas
Perda da demarcação lábio/pele
Atrofia da margem labial
Ulceração
Ressecamento labial
Descamação
Placas brancas
Endurecimento
Fissura
Erosão
Manchas brancas
Eritema
Áreas rachadas
Áreas escamosas
Superfície irregular
Superfície áspera
Áreas pálidas
Ausência de sintomatologia dolorosa
Sangramento
Ardor
Edema
Queimação
Superfície lisa
Placas branco-acinzentadas
Fragilidade
Friabilidade
Fibrose
Áreas hiperplásicas
Infiltração
Placa marrom
Nodularidade
Bolhas
Vesícula
Percentual
Ca
rac
terí
sti
ca
s C
lín
ica
s
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31
Foram removidas do índice as características que não representam um sinal
clínico da QA, tais como ardor, queimação e ausência de sintomatologia dolorosa,
uma vez que as mesmas correspondem a sintomas clínicos. Em seguida, foram
excluídas as características que apresentavam uma descrição subjetiva de um
aspecto clínico, tais como superfície lisa, áspera e irregular. As características
clínicas que representavam um mesmo sinal clínico, como descamação e áreas
escamosas; fissuras e áreas rachadas; placas brancas e branco-acinzentadas foram
associadas dentro de uma mesma categoria, resultando em 24 características
clínicas que foram incluídas para elaboração do ICQA (Quadro 7).
Quadro 7 - Características clínicas representativas da QA selecionadas após critérios de exclusão.
Áreas escamosas Friabilidade
Áreas hiperplásicas Infiltração tecidual
Áreas pálidas Manchas brancas
Atrofia labial Manchas e placas brancas e vermelhas
Crostas Nodularidade
Edema Perda da demarcação lábio/pele
Endurecimento Perda de elasticidade labial
Eritema Placa marrom
Erosão Placas brancas
Fibrose Ressecamento labial
Fissura Sangramento
Fragilidade Ulceração
Fonte: Autor, 2018.
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32
Objetivando elencar as características clínicas mais representativas da QA, foi
calculado o tercil para essas 24 características e, em seguida, foram selecionadas
aquelas presentes no segundo e terceiro tercil (Quadro 8).
Quadro 8 - Cálculo do tercil para as 24 características clínicas da QA.
Características Expertos
Tercil 3
Áreas escamosas/descamação 82
Fissura/áreas rachadas 67
Placas brancas/branco-acinzentadas 67
Manchas ou placas brancas e vermelhas 50
Perda de elasticidade labial 49
Crostas 48
Perda da demarcação lábio/pele 48
Atrofia da margem labial 47
Tercil 2
Ulceração 47
Ressecamento labial 46
Endurecimento 43
Erosão 41
Manchas brancas 41
Eritema 40
Áreas pálidas 35
Sangramento 33
Edema 25
Tercil 1
Friabilidade 21
Fibrose 18
Fragilidade 18
Áreas hiperplásicas 11
Infiltração 11
Placa marrom 10
Nodularidade 9
Fonte: Autor, 2018.
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33
Após o cálculo do tercil foram selecionadas dezesseis características clínicas,
as quais foram classificadas de acordo com a frequência de citação apontada pelos
expertos em leve, moderada ou severa (Tabela 1).
Tabela 1 - Classificação das características clínicas pelos expertos de acordo com o grau de severidade clínica da QA:
Gradação da Severidade Clínica Total Características Clínicas Leve Moderada Severa
Áreas pálidas 27 10 3 40
Atrofia da margem labial 12 26 19 57
Crostas 2 20 30 52
Descamação 16 29 12 57
Endurecimento 0 4 41 45
Eritema 19 24 9 52
Erosão 7 25 19 51
Fissura 9 17 25 51
Manchas brancas 23 21 10 54 Manchas ou placas brancas e Vermelhas 7 27 25 59
Perda da demarcação lábio/pele 7 26 29 62
Perda de elasticidade labial 3 25 27 55
Placas brancas 14 27 17 58
Ressecamento labial 37 13 10 60
Sangramento 1 9 26 36
Ulceração 1 7 45 53
Fonte: Autor, 2018.
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34
Dessa forma, foram atribuídos valores para cada uma dessas características
de acordo com o grau de severidade, sendo estabelecido o valor de um (1) ponto no
índice para as características consideradas leves, enquanto as representativas da
QA moderada e severa receberam dois (2) e três (3) pontos, respectivamente
(Quadro 9). Com base nesses resultados foi desenvolvido o ICQA (APÊNDICE E).
Quadro 9 - Escore de severidade das características clínicas.
Características Clínicas Escore
Ressecamento labial 1 Áreas pálidas
Mancha branca
Descamação 2
Atrofia da margem labial
Placas brancas
Manchas ou placas brancas e vermelhas
Eritema
Erosão
Perda da demarcação lábio/pele 3
Perda de elasticidade labial
Fissura
Ulceração
Crostas
Endurecimento
Sangramento
Fonte: Autor, 2018.
4.2 APLICAÇÃO DO ICQA/BIÓPSIA
O ICQA foi aplicado em 36 pacientes diagnosticados com QA no Serviço de
Estomatologia da UFRN. Todavia, apenas 22 pacientes fizeram biópsia incisional,
sendo excluídos dois casos, pois ao exame histopatológico, uma lesão foi
diagnosticada como CCE e, a outra, como LPO/displasia epitelial moderada
associada à elastose solar. Dessa forma, a amostra do presente estudo foi
constituída por 20 pacientes.
Os resultados mostram uma prevalência de indivíduos do sexo masculino,
com idade igual ou superior a 40 anos, da raça branca, com histórico de tabagismo e
exposição ocupacional ao sol, sendo que a maioria relatou fazer uso de algum tipo
de fotoproteção, como boné/chapéu. Os dados analisados estão disponíveis na
tabela 2.
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35
Tabela 2 - Descrição da amostra de acordo com os dados demográficos sexo, faixa etária, raça, tabagismo, exposição ocupacional ao sol e fotoproteção. Natal, Brasil, 2018.
n %
Sexo Masculino Feminino
16 4
80,0 20,0
Faixa etária
2 18
10,0 90,0
Raça Branca Parda
15 5
75,0 25,0
Tabagismo * Não fumante Fumante Ex-fumante
5 2 12
26,3 10,5 63,2
Exposição ocupacional ao sol Sim Não
15 5
75,0 25,0
Fotoproteção
Sim Não
15 5
75,0 25,0
Fonte: Autor, 2018. (*) 1 dado perdido.
Dentre as características clínicas da QA evidenciadas no presente estudo, as
mais frequentes foram ressecamento, mancha branca e descamação, sendo a perda
da demarcação entre o lábio e a pele, a única característica presente em todos os
pacientes da amostra. Características como crostas, endurecimento e sangramento
não foram observadas (Gráfico 2).
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36
Gráfico 2 - Descrição da amostra de acordo com as características clínicas da QA. Natal, Brasil, 2018.
Fonte: Autor, 2018.
100%
85%
80%
65%
45%
40%
35%
30%
20%
20%
10%
5%
5%
0% 20% 40% 60% 80% 100% 120%
Perda da demarcação lábio/pele
Ressecamento
Mancha branca
Descamação
Manchas ou placas brancas e vermelhas
Eritema
Áreas pálidas
Atrofia da margem labial
Placa branca
Erosão
Perda de elasticidade labial
Fissura
Ulceração
Percentual
Ca
rac
terí
sti
ca
s C
lín
ica
s
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37
Figura 1 - Imagens fotográficas das características clínicas da QA presentes no lábio inferior dos pacientes da amostra: (a) ressecamento, mancha branca, atrofia da margem labial, placa branca e perda da demarcação lábio/pele; (b) ressecamento, mancha branca, descamação e perda da demarcação lábio/pele; (c) ressecamento, mancha branca, descamação, eritema e perda da demarcação lábio/pele; (d) ressecamento, áreas pálidas, mancha branca, manchas ou placas brancas e vermelhas, eritema, erosão, perda da demarcação lábio/pele e úlcera.
Fonte: Autor, 2018.
(a) (b)
(c) (d)
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38
Com relação à análise morfológica, 70% da amostra avaliada apresentou
algum grau de displasia, conforme a gradação da OMS (EL-NAGGAR et al., 2017) e,
de acordo com o Sistema Binário (KUJAN et al., 2006), a maioria dos casos foi
classificada como baixo risco de malignidade, como mostra a tabela 3 (Figura 2 e 3).
Tabela 3 - Descrição da amostra de acordo com a gradação para DEO da OMS (EL-NAGGAR et al., 2017) e do Sistema Binário (KUJAN et al., 2006). Natal, Brasil, 2018.
n %
Gradação OMS
Sem displasia Displasia epitelial leve Displasia epitelial moderada Displasia epitelial severa
06 10 03 01
30,0 50,0 15,0 5,0
Gradação Sistema Binário Baixo risco Alto risco
15 5
75,0 25,0
Fonte: Autor, 2018.
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39
Figura 2 - Fotomicrografias das DEOs classificadas de acordo com a OMS (EL-NAGGAR et al., 2017): (a) sem displasia; (b) displasia leve; (c) displasia moderada; (d): displasia severa (HE; Barra =100 μm).
Fonte: Laboratório de Patologia Oral – UFRN, 2018.
Figura 3 - Fotomicrografias das DEOs classificadas de acordo com o Sistema Binário (KUJAN et al., 2006): (a) baixo grau e (b) alto grau de malignidade (HE; Barra =100 μm).
Fonte: Laboratório de Patologia Oral – UFRN, 2018.
f(a) (b)
(a) (b)
(c) (d)
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40
Não houve associação estatisticamente significativa entre a gradação
histopatológica do Sistema Binário (KUJAN et al., 2006) e da OMS (EL-NAGGAR et
al., 2017) com as características clínicas isoladamente da QA (Tabelas 4 e 5,
respectivamente).
Tabela 4 - Distribuição relativa e absoluta das características clínicas da QA de acordo com a gradação histopatológica do Sistema Binário (KUJAN et al., 2006). Natal, Brasil, 2018.
Variável Gradação Histopatológica Sistema Binário
Alto risco n (%)
Baixo risco n (%)
P
Ressecamento Sim Não
2 (11,8)
0 (0,0)
15 (88,2)
3 (100,0)
1,000
Áreas pálidas
Sim Não
2 (28,6) 0 (0,0)
5 (71,4) 13 (84,6)
0,111
Mancha branca Sim Não
1 (6,2)
1 (25,0)
15 (93,8) 3 (75,0)
0,368
Descamação Sim Não
2 (15,4)
0 (0,0)
11 (85,6)
7 (100,0)
0,521
Atrofia da margem labial Sim Não
0 (0,0)
2 (14,3)
6 (100,0)
12 (85,7)
1,000
Placa branca
Sim Não
0 (0,0)
2 (12,5)
4 (100,0)
14 (87,5)
1,000
Mancha ou placa branca e vermelha
Sim Não
1 (11,1) 1 (9,1)
8 (88,9) 10 (90,9)
1,000
Perda de elasticidade labial Sim Não
1 (50,0)
1 (5,6)
1 (50,0) 17 (94,4)
0,195
Eritema Sim Não
1 (12,5)
1 (8,3)
7 (87,5) 11 (91,7)
1,000
Erosão Sim Não
1 (25,0)
1 (6,2)
3 (75,0) 15 (93,8)
0,368
Fissura
Sim Não
0 (0,0)
2 (10,5)
1 (100,0)
17 (89,5)
1,000
Úlcera Sim Não
1 (100,0)
1 (5,3)
0 (0,0)
18 (94,7)
1,000
Fonte: Autor, 2018.
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41
Tabela 5 - Distribuição relativa e absoluta das características clínicas da QA de acordo com a gradação histopatológica da OMS (EL-NAGGAR et al., 2017). Natal, Brasil, 2018.
Variável Gradação Histopatológica OMS
Displasia moderada/severa
n (%)
Sem displasia /displasia leve
n (%)
P
Ressecamento
Sim Não
3 (17,6) 1 (33,3)
14 (82,4) 2 (66,7)
0,509
Áreas pálidas
Sim Não
2 (28,6) 2 (15,4)
5 (71,4) 11 (84,6)
0,587
Mancha branca Sim Não
3 (18,8) 1 (25,0)
13 (81,2) 3 (75,0)
1,000
Descamação Sim Não
3 (23,1) 1 (14,3)
10 (76,9) 6 (85,7)
0,605
Atrofia da margem labial Sim Não
1 (16,7) 3 (21,4)
5 (83,3) 11 (78,6)
1,000
Placa branca Sim Não
0 (0,0)
4 (25,0)
4 (100,0) 12 (75,0)
0,538
Manchas ou placa branca e vermelha Sim Não
3 (33,3) 1 (9,1)
6 (66,7) 10 (90,9)
0,285
Perda de elasticidade labial Sim Não
1 (50,0) 3 (16,7)
1 (50,0) 15 (83,3)
0,368
Eritema
Sim Não
1 (12,5) 3 (25,0)
7 (87,5) 9 (75,0)
0,619
Erosão Sim Não
1 (25,0) 3 (18,8)
3 (75,0) 13 (81,2)
1,000
Fissura Sim Não
0 (0,0)
4 (21,1)
1 (100,0)
15 (78,9)
1,000
Úlcera Sim Não
1 (100,0)
3 (15,8)
0 (0,0)
16 (84,2)
0,316
Fonte: Autor, 2018.
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42
O ICQA foi categorizado em quatro pontos de corte representados pelo valor
5 (até 5/acima de 5), quartil 25 (até 7/acima de 7), mediana (até 9/acima de 9) e
quartil 75 (até 11/ acima de 11) em relação a gradação histopatológica da OMS (EL-
NAGGAR et al., 2017) e do Sistema Binário (KUJAN et al., 2006) como especificado
nas tabelas 6 e 7, respectivamente. Para identificar o melhor ponto de corte para o
índice foram calculados os seguintes indicadores de validade para um teste
diagnóstico: sensibilidade, especificidade, VPP, VPN. Além disso, também foi
verificada a acurácia e a curva ROC.
Tabela 6 - Categorização dos pontos de corte do ICQA de acordo com a gradação histopatológica da OMS (EL-NAGGAR et al., 2017). Natal, Brasil, 2018.
Variável Gradação Histopatológica OMS
ICQA Displasia moderada/ severa n (%)
Sem displasia/displasia leve n (%)
Acima de 5 Até 5
4 (21,1) 0 (0,0)
15 (78,9) 1 (100,0)
Acima de 7 Até 7
2 (14,3) 2 (33,3)
12 (85,7) 4 (66,7)
Acima de 9 Até 9
2 (22,2) 2 (18,2)
7 (77,8) 9 (81,8)
Acima de 11 Até 11
1 (25,0) 3 (18,8)
3 (75,0) 13 (81,2)
Fonte: Autor, 2018.
Tabela 7 - Categorização dos pontos de corte do ICQA de acordo com a gradação histopatológica do Sistema Binário (KUJAN et al., 2006). Natal, Brasil, 2018.
Variável Gradação Histopatológica Sistema Binário
ICQA Alto risco n (%)
Baixo risco n (%)
Acima de 5 Até 5
2 (10,5) 0 (0,0)
17 (89,5) 1 (100,0)
Acima de 7 Até 7
1 (7,1) 1 (16,7)
13 (92,9) 5 (83,3)
Acima de 9 Até 9
1 (11,1) 1 (9,1)
8 (88,9) 10 (90,9)
Acima de 11 Até 11
1 (25,0) 1 (6,2)
3 (75,0) 15 (93,8)
Fonte: Autor, 2018.
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43
Os resultados mostram que o melhor ponto de corte para o índice foi o valor
11, uma vez que apresentou maior percentual de especificidade, VPP e acurácia,
assim como, melhor desempenho para curva ROC em ambas as gradações
histopatológicas analisadas (Tabelas 8 e 9) (Gráficos 3 e 4).
Tabela 8 - Percentual do nível de sensibilidade, especificidade, VPP, VPN e acurácia dos
pontos de corte do ICQA de acordo com a gradação histopatológica da OMS (EL-NAGGAR
et al., 2017). Natal, Brasil, 2018.
Sensibilidade Especificidade VPP VPN Acurácia
Pontos/ICQA % % % % % 5 100,0 6,2 21,0 100,0 25,0 7 50,0 25,0 14,2 66,7 30,0 9 50,0 56,2 22,2 81,8 55,0 11 25,0 81,0 25,0 81,2 70,0 Fonte: Autor, 2018.
Tabela 9 - Percentual do nível de sensibilidade, especificidade, VPP, VPN e acurácia dos
pontos de corte do ICQA de acordo com a gradação histopatológica do Sistema Binário
(KUJAN et al., 2006). Natal, Brasil, 2018.
Sensibilidade Especificidade VPP VPN Acurácia
Pontos/ICQA % % % % % 5 100,0 5,5 10,5 100,0 15,0 7 50,0 27,7 7,1 83,3 30,0 9 50,0 55,5 11,1 81,8 55,0 11 50,0 83,3 25,0 93,75 80,0
Fonte: Autor, 2018.
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44
Gráfico 3 - Curva ROC para os pontos de corte em ralação a gradação histopatológica da OMS (EL-NAGGAR et al., 2017) de acordo com a sensibilidade e o completo da especificidade.
Fonte: Autor, 2018.
Gráfico 4 - Curva ROC para os pontos de corte em ralação a gradação histopatológica do Sistema Binário (KUJAN et al., 2006) de acordo com a sensibilidade e o complemento da especificidade.
Fonte: Autor, 2018.
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6 DISCUSSÃO
A condução clínica de um paciente diagnosticado com QA representa muitas
vezes um desafio para o profissional, visto que o aspecto clínico desta lesão nem
sempre está associado à severidade observada no quadro histopatológico. Esta não
consonância entre o aspecto clínico e as características microscópicas reflete na
tomada de decisão frente aos pacientes com QA, pois não é possível identificar qual
característica clínica está associada a uma maior severidade.
Considerando a bem estabelecida associação entre a QA e o CCEL,
especialmente em pacientes de risco, torna-se necessário à utilização de
procedimentos que melhorem a acurácia do diagnóstico desta lesão potencialmente
maligna, uma vez que o tratamento e acompanhamento desses pacientes são
essenciais para prevenir ou detectar precocemente a ocorrência de CCE.
Esses questionamentos a respeito do potencial de transformação maligna da
QA fomentaram o surgimento de novas pesquisas na área clínica, com o intuito de
desenvolver métodos alternativos que possam avaliar melhor as alterações clínicas
e histopatológicas dessa lesão. Nesse contexto, podemos citar o estudo
desenvolvido por Piñera-Marques e colaboradores em 2010, na qual os autores
avaliaram lesões actínicas em 125 pescadores que apresentavam exposição
prolongada ao sol, através da análise clínica, citológica e histopatológica, chegando
à conclusão de que a citologia esfoliativa não é uma técnica eficiente para
diagnosticar DEO ou alterações malignas.
Além deste estudo, também podemos mencionar o trabalho desenvolvido por
Miranda et al. (2015), na qual os autores avaliaram a eficácia da videoroscopia na
identificação de lesões e alterações presentes em 80 pacientes com QA, sendo este
um método de exame clínico na qual é feita a amplificação de uma imagem sob
adequada fonte de luz. Adicionalmente a essa proposta, os autores elaboraram um
diagrama para registrar o exato local onde cada lesão foi encontrada com o objetivo
de facilitar o acompanhamento dos pacientes e auxiliar o clínico na escolha da área
a ser biopsiada. No entanto, ao comparar os resultados do exame físico com a
videoroscopia, os autores observaram que não houve diferença significativa com
relação ao método de avaliação empregado.
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46
Até o nosso conhecimento, não existe nenhum estudo na literatura sobre a
validação de um índice clínico que possa medir tanto o grau de severidade clínica da
QA quanto à necessidade de realizar biópsia. Por essa razão, o presente estudo se
propôs a elaborar um ICQA que possa fornecer uma estimativa de risco ou
probabilidade da ocorrência de displasia epitelial moderada/severa ou de alto risco.
O ICQA desenvolvido no presente estudo tem por função avaliar um conjunto
de características clínicas presentes em pacientes com QA, a fim de fornecer um
escore de severidade para essas alterações e comparar o valor final da soma
desses escores com um ponto de corte pré-estabelecido com o objetivo de
identificar os casos que apresentam indicação de biópsia.
De acordo com Soares e Siqueira (2010), os testes diagnósticos têm por
objetivo fazer a triagem de pacientes, diagnosticar doenças e fazer o
acompanhamento ou prognóstico da evolução de um paciente. Entretanto, não
existe um teste perfeito que possa determinar com certeza absoluta a presença ou
ausência da doença. Por essa razão, torna-se necessário a combinação de dois ou
mais indicadores de validade para aumentar a qualidade diagnóstica do exame.
No presente estudo, verificou-se que o ponto de corte mais eficaz para
identificar uma QA com maior severidade e que tenha indicação de biópsia foi o
valor 11, em ambos os sistemas de gradação analisados, OMS (EL-NAGGAR et al.,
2017) e Sistema Binário (KUJAN et al., 2006). Neste ponto de corte, obteve-se um
melhor desempenho para especificidade, VPP, acurácia e curva ROC quando
comparado aos outros pontos de corte testados.
Deve-se ressaltar, que apesar do ponto de corte 5 ter apresentado 100% de
sensibilidade, sua especificidade foi muito baixa para ambas as gradações
histopatológicas analisadas, apenas 6,2% para OMS (EL-NAGGAR et al., 2017) e
5,5% para o Sistema Binário (KUJAN et al, 2006).
Outro fato que deve ser levado em consideração é que um teste com alta
sensibilidade deve ser usado quando a prevalência da doença é alta, mesmo que o
teste tenha relativamente baixa especificidade, enquanto que um teste com alta
especificidade deve ser usado quando a prevalência da doença é baixa, mesmo que
o teste tenha relativamente baixa sensibilidade (SOARES; SIQUEIRA, 2010). Para
este estudo consideramos como doença os casos de displasia moderada/severa ou
de alto risco e conforme os resultados obtidos, pôde-se observar que os casos com
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maior grau de severidade histopatológica foram menos frequentes do que os casos
classificados como sem displasia/displasia leve ou de baixo risco. Este fato fez com
que optássemos por um ponto de corte com maior percentual de especificidade.
Deve-se também levar em consideração que o valor preditivo do teste não é
determinado apenas pela sensibilidade e especificidade, mas também pela
prevalência da doença na população testada. Se a prevalência da doença for muito
baixa, o valor preditivo positivo tenderá a ser baixo também, mesmo se a
sensibilidade e a especificidade forem altas. Assim, a utilização de testes de triagem
para doenças na população em geral tende a classificar muitos indivíduos como
falso-positivos, pois a prevalência da maioria das doenças na população é baixa
(MEDRONHO et al., 2011). Dessa forma, pode-se afirmar que os baixos percentuais
encontrados para o VPP dos pontos de corte testados no presente estudo seja
decorrente da menor frequência dos casos que apresentaram maior grau de
severidade histopatológica.
Há ainda outros indicadores que resumem o valor global do teste, os
chamados indicadores globais de concordância. A acurácia ou eficiência do teste
(proporção de todos os resultados corretos) é uma delas. Essas medidas, no entanto
são bastante genéricas para terem utilidade clínica e, portanto, devem ter seus
resultados interpretados com cuidado, uma vez que as informações específicas de
outros indicadores, como sensibilidade e especificidade, são subestimadas quando
agrupadas em um único valor (MEDRONHO et al., 2011). Em razão disto, a
interpretação do percentual de acurácia foi feita em conjunto com os outros
indicadores de validade avaliados.
Uma forma de expressar graficamente a relação entre sensibilidade e
especificidade é através da construção da curva ROC. De acordo com este teste, o
ponto de corte que estiver mais próximo do canto superior esquerdo do gráfico
apresenta melhor poder discriminatório para o teste diagnóstico (HULLEY et al.,
2008; SIQUEIRA; SOARES, 2010). Como demonstrado nos gráficos 3 e 4, pôde-se
observar que o ponto de corte mais próximo do canto superior esquerdo do gráfico,
representado pela sensibilidade, foi o valor 11 em ambas as gradações
histopatológicas analisadas.
Idealmente, os testes utilizados devem ter alta sensibilidade e especificidade.
Entretanto, na prática nem sempre os testes disponíveis apresentam tais resultados
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(SOARES; SIQUEIRA, 2010; MEDRONHO et al., 2011). Este princípio pode ser
inferido ao presente estudo, pois nenhum dos testes analisados apresentou
excelentes resultados e, por isso, avaliamos um conjunto de informações que
pudessem nos fornecer o ponto de corte mais eficiente para o ICQA, sendo este
representado pelo valor 11.
Neste estudo, a maioria da amostra seguiu o perfil dos pacientes com QA
evidenciado na literatura (MARKOPOULOS; ALBANIDOU; KAYAVIS, 2004; SOUZA
LUCENA et al., 2012; LOPES et al., 2015), sendo constituída principalmente por
homens, adultos, que exerciam atividades ocupacionais com exposição à radiação
solar. Sabe-se que a exposição solar representa o principal fator de risco para o
desenvolvimento da QA e que a ação da radiação UV é responsável pelos danos
aos tecidos labiais, ocorrendo de forma lenta e gradativa, levando inicialmente a
pequenas alterações clínicas que nem sempre são percebidas, sendo
diagnosticadas mais tardiamente (WARNAKULASURIYA; JOHNSON; VAN DER
WALL, 2007; MARTINS-FILHO; DA SILVA; PIVA, 2011; VIEIRA et al., 2012). Este
fato pode reforçar a maior ocorrência da QA em indivíduos adultos.
Uma proporção significativa (75%) da nossa amostra era composta por
indivíduos brancos e a maioria fazia uso de medidas de fotoproteção como boné ou
chapéu. No entanto, como visto no estudo de Souza Lucena et al. (2012) este tipo
de acessório não apresenta fotoproteção comprovada e, adicionalmente a este fato,
algumas áreas da mucosa labial não ficam totalmente protegidas da radiação UV.
Em suma, essas observações poderiam justificar a ocorrência de QA, mesmo em
indivíduos que dizem fazer uso de medidas de proteção solar.
Na QA, o tabaco atua em sinergia com a radiação UV potencializando a sua
transformação neoplásica. Alguns estudos como o de Martins-Filho, da Silva e Piva
(2011) mostram uma maior prevalência da QA em indivíduos fumantes/ex-fumantes,
enquanto que em outros trabalhos como no de Souza Lucena et al. (2012) a QA foi
mais prevalente em indivíduos não fumantes. Essas diferenças existentes entre
esses estudos podem estar relacionadas à forma como esses dados são coletados,
pois alguns estudos levam em consideração apenas indivíduos fumantes e não
fumantes, enquanto que outros também fazem referência aos ex-fumantes. Neste
estudo, apenas 10,5% dos pacientes eram fumantes, sendo a maior parte da
amostra constituída por ex-fumantes.
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49
Diversas características clínicas são apontadas na literatura compondo o
quadro clínico da QA, conforme foi observado na primeira etapa desta pesquisa e
confirmado pelos expertos. Essa heterogeneidade de características pode dificultar a
identificação da severidade da QA e influenciar o tratamento. Em geral, o tratamento
da QA é feito através da orientação quanto ao uso de protetor solar labial e
acompanhamento clínico. Quando uma ulceração está presente deve-se prescrever
um anti-inflamatório esteróide tópico por 15 dias e reavaliar o paciente, pois caso
não ocorra cicatrização da úlcera, uma biópsia incisional deverá ser realizada. No
entanto, a biópsia não deve ser indicada apenas quando existe a presença de úlcera
nos lábios dos pacientes com QA, conforme mostraram algumas pesquisas
(MARKOPOULOS, ALBANIDOU-FARMAKI; KAYAVIS, 2004; CAVALCANTE;
ANBINDER; CARVALHO, 2008; CAVALCANTE; PIÑERA-MARQUES et al., 2010).
Dentre as características clínicas observadas no índice, a perda da
demarcação entre a borda do vermelhão do lábio e a pele apresentou-se de forma
difusa ou focal em 100% dos casos analisados, sendo esta uma característica
frequentemente encontrada em um quadro clínico de QA. Outras características
como ressecamento, descamação e manchas brancas também foram evidenciadas
neste estudo, corroborando com os resultados de outros trabalhos encontrados na
literatura (CAVALCANTE; ABINDER; CARVALHO, 2008; MIRANDA et al., 2015).
No estudo realizado por Markopoulos, Albanidou-Farmaki e Kayavis (2004),
os autores evidenciaram uma maior prevalência de lesões avermelhadas nos lábios
dos pacientes com QA, em virtude da presença de erosões. Em oposição a este
estudo, observamos que as lesões brancas, principalmente manchas brancas, foram
mais frequentes, e este resultado pode ser decorrente da menor ocorrência de
lesões erosivas.
A análise morfológica do presente estudo evidenciou que 80% dos casos
apresentavam displasia epitelial leve (50%) ou ausência de displasia (30%) de
acordo com a gradação histopatológica da OMS (EL-NAGGAR et al., 2017).
Resultados semelhantes foram encontrados no estudo de Kaugars et al. (1999),
Santana Sarmento et al. (2014) e Câmara et al. (2016), na qual os autores também
evidenciaram a predominância de alterações epiteliais leves em pacientes com QA.
Contrariamente a essas informações, Cavalcante, Anbinder e Carvalho (2008)
demonstraram em seu estudo uma prevalência dos casos de QA com displasia
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epitelial severa. Essas diferenças encontradas nesses estudos podem estar
relacionadas ao aspecto clínico da QA no momento da biópsia, uma vez que alguns
profissionais optam por fazer o procedimento cirúrgico apenas quando existem
ulcerações.
O Sistema Binário desenvolvido por Kujan et al. (2006) vem sendo bastante
utilizado nos últimos anos por se tratar de um sistema de classificação menos
subjetivo no que diz respeito a análise das DEOs, visto que para fazer a análise das
alterações presentes no epitélio são levadas em consideração a quantidade de
alterações citológicas e arquiteturais presentes e não apenas a localização dessas
lesões no epitélio, como frequentemente observado no sistema de gradação da
OMS (EL-NAGGAR et al., 2017). Por essa razão, optamos também em relacionar o
índice clínico com esta gradação histopatológica. Como observado na gradação da
OMS, os resultados obtidos com base no Sistema Binário também evidenciou uma
maior quantidade de alterações leves no epitélio, na qual 75% dos casos analisados
foram classificados como baixo risco de malignidade, semelhante ao estudo de
Lopes et al. (2015) e Câmara et al. (2016). Contrariamente a esses resultados, Pilati
et al. (2017) observaram que 63,8% dos casos de QA analisados em seu estudo
foram classificados histopatologicamente como alto risco de malignidade.
Na análise individual das características clínicas da QA não foi encontrada
associação significativa com o grau de severidade histopatológica da lesão de
acordo com a OMS (EL-NAGGAR et al., 2017) e o Sistema Binário (KUJAN et al.,
2006) e, esses resultados estão em concordância com estudos publicados
previamente (KAUGARS et al., 1999; SATANA SARMENTO et al., 2014; LOPES et
al., 2015).
Apesar de não termos encontrado associação estatisticamente significativa
entre as características clínicas e histopatológicas da QA, devemos levar em
consideração alguns aspectos relevantes, como por exemplo, o fato de algumas
características clínicas da QA, consideradas severas pelos expertos, não terem sido
encontradas em nosso estudo como crostas, sangramento e endurecimento e,
outras como perda de elasticidade labial, fissura e úlcera terem sido pouco
evidenciadas. Esses resultados demostram uma menor ocorrência de alterações
consideradas clinicamente severas e este achado poderia justificar a presença de
alterações morfológicas com menor grau de severidade nos pacientes analisados.
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O índice clínico elaborado para QA mostrou ser uma ferramenta de
diagnóstico de fácil aplicabilidade, rapidez e baixo custo que poderá ser aplicado nos
pacientes com QA como forma de auxiliar o profissional a identificar os casos que
apresentam indicação de biópsia, assim como, na escolha da área a ser biopsiada.
Além disso, o índice poderá ser utilizado no monitoramento desses pacientes com o
objetivo de avaliar possíveis alterações clínicas no lábio ao longo do tempo ou para
analisar a eficácia de um determinado tratamento. No entanto, o tamanho da
amostra e a necessidade de verificar a reprodutibilidade do índice torna necessário à
realização de novas pesquisas.
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52
7 CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos no presente estudo, pôde-se concluir que:
Os dados demográficos da amostra analisada reforçam o perfil do indivíduo
portador de QA, já bem estabelecido na literatura;
A QA está associada a diversas características clínicas, sendo a perda da
demarcação entre a borda do vermelhão do lábio e a pele, ressecamento,
mancha branca e descamação as alterações mais frequentes;
Alterações clínicas consideradas severas pelos expertos como fissuras,
úlceras e perda da elasticidade labial foram menos frequentemente
observadas;
Não foi possível fazer uma associação significativa entre as características
clínicas isoladamente na QA e a classificação histopatológica da OMS (EL-
NAGGAR et al., 2017) e do Sistema Binário (KUJAN et al., 2006);
O ponto de corte 11 obteve uma melhor precisão para o ICQA, sendo este
valor de índice o indicado para fazer biópsia, uma vez que apresentou menor
quantidade de indivíduos falsos-positivos de acordo com as duas gradações
histopatológicas analisadas.
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APÊNDICE
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APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - cirurgião - dentista
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO CIRURGIÃO - DENTISTA
Este é um convite para você participar da pesquisa: “Queilite Actínica: índice
de análise clínica”, que tem como pesquisadores responsáveis às professoras Éricka
Janine da Silveira e Patrícia Teixeira de Oliveira.
Esta pesquisa pretende desenvolver um índice para avaliação clínica da
queilite actínica. O motivo que nos leva a fazer este estudo justifica-se
especialmente pela inexistência de um índice que possa orientar o clínico no que se
refere à severidade da QA, associada a uma elevada prevalência e potencial de
transformação neoplásica desta lesão.
Caso você decida participar, você deverá assinalar a opção aceito no final
deste documento e responder o questionário em anexo. Este questionário é
composto por 3 perguntas relativas as características clínicas e severidade da QA.
Para respondê-lo não serão necessários mais que 10 minutos do seu tempo. Caso
alguma das três perguntas lhe cause constrangimento, você não precisará
responder.
Após esta etapa da pesquisa os dados serão compilados e será elaborado
outro instrumento relacionando as características clínicas apontadas pelos
participantes com os graus de severidade da QA.
Esclarecemos que durante a realização desta pesquisa a previsão de riscos é
mínima, uma vez que sua participação refere-se a leitura e resposta do questionário,
não havendo nenhum procedimento clínico. Em caso de algum problema que você
possa ter, relacionado com a pesquisa, você terá direito a assistência gratuita que
será prestada através dos responsáveis pela pesquisa. Da mesma forma, se durante
![Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 1. 30. · 0 universidade federal do rio grande do norte centro de ciÊncias da saÚde dapartamento de odontologia](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022071417/61156329157e440c360ffd12/html5/thumbnails/59.jpg)
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o período da pesquisa surgir alguma dúvida ou questionamento relativo à pesquisa
ou a sua participação você poderá esclarecê-las ligando para Éricka Janine da
Silveira e Patrícia Teixeira de Oliveira (8749-4986/3215-4120)
Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em
qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você. Os dados que você irá
nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em congressos ou
publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe
identificar.
Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa
pesquisa em local seguro por um período de 5 anos. Se você tiver algum gasto pela
sua participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo pesquisador e
reembolsado para você. Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente
desta pesquisa, você será indenizado.
Você ficará com uma cópia deste Termo e qualquer dúvida que você tiver a
respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente aos responsáveis (Profª. Dra
Éricka Janine Dantas da Silveira e Dra. Patrícia Teixeira de Oliveira) no
Departamento de Odontologia da UFRN, no endereço: Av. Senador Salgado Filho,
1787 - Lagoa Nova – CEP: 59056-000 - Natal - RN – Brasil, ou pelo telefone: (84)
3215-4138. Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas
ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN, localizado no Campus Universitário da
UFRN, ou pelo telefone: (84) 3215-3135.
Consentimento Livre e Esclarecido
Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os
dados serão coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e
benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos,
concordo em participar da pesquisa Queilite Actínica: índice de análise clínica, e
autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em congressos e/ou
publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar.
![Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 1. 30. · 0 universidade federal do rio grande do norte centro de ciÊncias da saÚde dapartamento de odontologia](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022071417/61156329157e440c360ffd12/html5/thumbnails/60.jpg)
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Natal,____ de ________________ de _______
Aceito ( )
Não aceito ( )
__________________________________________________
Patrícia Teixeira de Oliveira
Pesquisadora responsável
Av Sen. Salgado Filho, 1787, Lagoa Nova, CEP: 59056-000 – Natal/RN - Brasil
Fone: (84) 3215-4138
![Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 1. 30. · 0 universidade federal do rio grande do norte centro de ciÊncias da saÚde dapartamento de odontologia](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022071417/61156329157e440c360ffd12/html5/thumbnails/61.jpg)
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APÊNDICE B - Ficha - Questionário
Queilite Actínica: índice de análise clínica
FICHA-QUESTIONÁRIO
Nº Ficha Nome Idade
Endereço Fone
Qual a sua principal atuação (especialização) dentro da
odontologia?
1. Marque um “X” na primeira coluna ao lado das alterações clínicas que, em sua
opinião, podem estar presentes a uma Queilite Actínica (QA).
2. Para responder a segunda pergunta, é necessário a utilização dos seguintes
escores de severidade de QA: Escore 1 – característica clínica presente em
QA leves; Escore 2 – característica clínica presente em QA moderada e
Escore 3 – característica clínica presente em QA severa. Escreva na terceira
coluna o escore de severidade que, em sua opinião, está associada à
característica clínica presente em um quadro de QA.
1ªCOLUNA 2ª COLUNA 3ª COLUNA
CARACTERÍSTICA CLÍNICA ESCORE DE SEVERIDADE
ARDOR
ÁREAS ESCAMOSAS
ÁREAS HIPERPLÁSICAS
ÁREAS PÁLIDAS
ÁREAS RACHADAS
ATROFOA DA MARGEM LABIAL
AUSÊNCIA DE SINTOMATOLOGIA DOLOROSA
BOLHAS
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CROSTAS
DESCAMAÇÃO
EDEMA
ENDURECIMENTO
ERITEMA
EROSÃO
FIBROSE
FISSURA
FRAGILIDADE
FRIABILIDADE
INFILTRAÇÃO
MANCHAS BRANCAS
MANCHAS OU PLACAS BRANCAS E VERMELHAS
NODULARIDADE
PERDA DA DEMARCAÇÃO LÁBIO/PELE
PERDA DE ELASTICIDADE LABIAL
PLACA MARROM
PLACAS BRANCAS
PLACAS BRANCO-ACINZENTADAS
QUEIMAÇÃO
RESSECAMENTO LABIAL
SANGRAMENTO
SUPERFÍCIE ÁSPERA
SUPERFÍCIE IRREGULAR
SUPERFÍCIE LISA
ULCERAÇÃO
VESÍCULA
OUTRAS ALTERAÇÕES
3. Caso tenha marcado a opção “Outras alterações”, quais são?
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62
APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - paciente
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - PACIENTES
Este é um convite para você participar da pesquisa: “Queilite Actínica: índice
de análise clínica”, que tem como pesquisadores responsáveis às professoras Éricka
Janine da Silveira e Patrícia Teixeira de Oliveira.
Esta pesquisa pretende desenvolver um índice para avaliação clínica da
Queilite Actínica (QA). O motivo que nos leva a fazer este estudo justifica-se
especialmente pela inexistência de um índice que possa orientar o clínico no que se
refere ao grau de severidade da QA, associada a uma elevada prevalência e
potencial de transformação maligna.
Esclarecemos que durante a realização desta pesquisa os pesquisadores irão
aplicar um índice clínico desenvolvido para QA e realizar uma biópsia incisional nos
pacientes portadores de QA que concordarem em participar desta pesquisa com o
objetivo de correlacionar os achados clínicos com o histopatológico dessas lesões.
Em caso de algum problema que você possa ter, relacionado com a pesquisa, você
terá direito a assistência gratuita que será prestada através dos responsáveis pela
pesquisa. Da mesma forma, se durante o período da pesquisa surgir alguma dúvida
ou questionamento relativo à pesquisa ou a sua participação você poderá esclarecê-
las ligando para Éricka Janine da Silveira e Patrícia Teixeira de Oliveira (84) 98749-
4986/3215-4120.
Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em
qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você. Os dados que você irá
nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em congressos ou
publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe
identificar.
![Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 1. 30. · 0 universidade federal do rio grande do norte centro de ciÊncias da saÚde dapartamento de odontologia](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022071417/61156329157e440c360ffd12/html5/thumbnails/64.jpg)
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Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa
pesquisa em local seguro por um período de 5 anos. Se você tiver algum gasto pela
sua participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo pesquisador e
reembolsado para você. Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente
desta pesquisa, você será indenizado.
Você ficará com uma cópia deste Termo e qualquer dúvida que você tiver a
respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente aos responsáveis (Profª. Dra
Éricka Janine Dantas da Silveira e Dra. Patrícia Teixeira de Oliveira) no
Departamento de Odontologia da UFRN, no endereço: Av. Senador Salgado Filho,
1787 - Lagoa Nova – CEP: 59056-000 - Natal - RN – Brasil, ou pelo telefone: (84)
3215-4138. Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas
ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN, localizado no Campus Universitário da
UFRN, ou pelo telefone: (84) 3215-3135.
Consentimento Livre e Esclarecido
Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os
dados serão coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e
benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos,
concordo em participar da pesquisa Queilite Actínica: índice de análise clínica, e
autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em congressos e/ou
publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar.
Projeto de pesquisa – Queilite Actínica: índice de análise clínica
_______________________________________
Assinatura do participante
__________________________________________________
Patrícia Teixeira de Oliveira
Pesquisadora responsável
Av Sen. Salgado Filho, 1787, Lagoa Nova, CEP: 59056-000 – Natal/RN - Brasil
Fone: (84) 3215-4138
Natal / RN- Brasil
___/___/______
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APÊNDICE D – Ficha para análise morfológica
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL
FICHA PARA ANÁLISE MORFOLÓGICA
Nº Registro da Pesquisa:______________________________________________
Nº de Registro do Laboratório:_________________________________________
Gradação das displasias epiteliais pela OMS:
GRAUS VARIADOS DE DISPLASIA
DISPLASIA CARACTERÍSTICA
Leve
Alterações na arquitetura epitelial limitada ao terço inferior do epitélio e poucas atipias citológicas
Moderada
Alterações na arquitetura epitelial estendem-se até o terço médio do epitélio e atipias citológica em quantidade moderada.
Severa
Alterações na arquitetura epitelial observada em mais de 2/3 do epitélio associadas com quantidade considerada de atipias celular e nuclear
NOTA: Quando se observar apenas ligeiras atipias no terço médio do epitélio ainda se caracteriza uma displasia leve, assim como um número abundante de atipias nesse terço caracteriza uma displasia epitelial grave, mesmo não atingindo mais de 2/3 do epitélio.
( ) Displasia leve
( ) Displasia moderada
( ) Displasia severa
Gradação das displasias epiteliais pelo Sistema Binário:
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CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DE DISPLASIA EPITELIAL
ALTERAÇÕES ARQUITETURAIS ALTERAÇÕES CELULARES
Estratificação epitelial irregular; Anisonucleose;
Hiperplasia da camada basal; Pleomorfismo nuclear;
Projeções epiteliais em gota; Anisocitose;
Mitoses superficiais;
Pleomorfismo celular;
Disceratose; Aumento da proporção núcleo citoplasma;
Pérolas de ceratina
Mitoses atípicas;
TOTAL
Hipercromatismo nuclear;
Aumento do número e/ou tamanho dos nucléolos.
TOTAL
( ) Baixo risco
( ) Alto risco
Data do exame:___/___/___
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APÊNDICE E - Índice Clínico de Queilite Actínica (ICQA)
Índice Clínico de Queilite Actínica (ICQA)
1-Dados do paciente
Nome completo:______________________________________________________
Sexo:________idade (anos)_________ocupação:___________________________
Cor da pele_____________________tempo de exposição ao sol (anos):_________
Hábitos relatados: ____________________________________________________
Uso de proteção solar: sim ( ) não ( ) qual: ________________________________
Telefone: ( )________________________________________________________
2-Índice clínico
Deve ser feita a avaliação do lábio inferior do paciente e assinaladas às
características presentes (quadro I), colocando os respectivos escores (quadro II)
.Quadro I - Índice clínico para QA.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS PRESENTE ESCORE
Ressecamento labial
Áreas pálidas
Mancha branca
Descamação
Atrofia da margem labial
Placas brancas
Manchas ou placas brancas e vermelhas
Eritema
Erosão
Perda da demarcação lábio/pele
Perda de elasticidade labial
Fissura
Ulceração
Crostas
Endurecimento
Sangramento TOTAL
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Quadro II - Escore de severidade das características clínicas:
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS ESCORE
Ressecamento labial 1 Áreas pálidas
Mancha branca
Descamação 2
Atrofia da margem labial
Placas brancas
Manchas ou placas brancas e vermelhas
Eritema
Erosão
Perda da demarcação lábio/pele 3
Perda de elasticidade labial
Fissura
Ulceração
Crostas
Endurecimento
Sangramento
GLOSSÁRIO CLÍNICO:
Áreas pálidas: descoramento da superfície labial.
Atrofia da margem labial: diminuição da espessura e consistência do lábio.
Crostas: lesão secundária ao ressecamento do exsudato.
Descamação: desprendimento visível das camadas superficiais do epitélio sob a
forma de escamas.
Endurecimento: superfície labial rígida a palpação.
Eritema: vermelhidão da pele causada pela dilatação dos capilares superficiais.
Erosão: lesão superficial caracterizada pela perda parcial ou total do epitélio de
superfície.
Fissura: ulceração estreita semelhante a uma fenda ou sulco.
Mancha branca: lesão de coloração branca não elevada ou deprimida em
relação aos tecidos vizinhos circunjacentes.
Mancha ou placa branca e vermelha: lesão não elevada ou ligeiramente elevada
de coloração esbranquiçada e avermelhada.
Perda da demarcação lábio/pele: apagamento do limite entre o vermelhão do
lábio e a pele.
![Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 1. 30. · 0 universidade federal do rio grande do norte centro de ciÊncias da saÚde dapartamento de odontologia](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022071417/61156329157e440c360ffd12/html5/thumbnails/69.jpg)
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Perda de elasticidade labial: perda da flexibilidade do lábio caracterizada pela
diminuição da capacidade de esticar ou comprimir o lábio.
Placas brancas: lesão de coloração branca ligeiramente elevada e de superfície
plana.
Ressecamento labial: lábio excessivamente seco e desidratado.
Sangramento: perda de sangue decorrente de uma lesão vascular.
Ulceração: lesão caracterizada pela perda do epitélio de superfície e
frequentemente parte do tecido conjuntivo subjacente.
Data do exame:___/___/___
![Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 1. 30. · 0 universidade federal do rio grande do norte centro de ciÊncias da saÚde dapartamento de odontologia](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022071417/61156329157e440c360ffd12/html5/thumbnails/70.jpg)
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ANEXO
![Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 1. 30. · 0 universidade federal do rio grande do norte centro de ciÊncias da saÚde dapartamento de odontologia](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022071417/61156329157e440c360ffd12/html5/thumbnails/71.jpg)
70
![Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 1. 30. · 0 universidade federal do rio grande do norte centro de ciÊncias da saÚde dapartamento de odontologia](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022071417/61156329157e440c360ffd12/html5/thumbnails/72.jpg)
71
![Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 1. 30. · 0 universidade federal do rio grande do norte centro de ciÊncias da saÚde dapartamento de odontologia](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022071417/61156329157e440c360ffd12/html5/thumbnails/73.jpg)
72
![Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO … · 2019. 1. 30. · 0 universidade federal do rio grande do norte centro de ciÊncias da saÚde dapartamento de odontologia](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022071417/61156329157e440c360ffd12/html5/thumbnails/74.jpg)
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