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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO TÉRCIO PACITTI DE APLICAÇÕES E PESQUISAS COMPUTACIONAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM INFORMÁTICA
Relatório Técnico, 02/18
CONSTRUINDO EQUIPES COM SINERGIA:
um estudo de decisões complexas com enfoque em personalidade
Angélica Fonseca da Silva Dias
Juliana Baptista dos Santos França
André Viana Tardelli
RIO DE JANEIRO
2018
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RESUMO
Durante o processo de tomada de decisão em uma equipe, além dos fatores externos, torna-se
demasiadamente mais complexo prever o viés da mesma devido às características provenientes de cada pessoa. Para solucionar esta necessidade, muitos estudos foram
realizados com base no perfil psicológico do indivíduo para definir a personalidade de uma
pessoa, de forma a analisar quais são as tendências de cada perfil. Desta maneira, é preciso
analisar os diferentes casos de ação de um indivíduo em diversos tipos de ambientes
corporativos, alternando entre o adaptativo e o funcional. Assim, este trabalho visa analisar
qual seria a melhor forma de montar uma equipe com base nesses fatores externos, de modo
que seja possível prever tendências de determinado indivíduo de acordo com a sua
personalidade.
Palavras-chave: Suporte à Decisão. Personalidade. MBTI. Decisões complexas.
ABSTRACT
During the decision-making process in a team, in addition to the external factors, it becomes
far more complex to predict the bias of the team due to the characteristics of each person. To
solve this need, many studies have been carried out based on the psychological profile of the
individual to define a person's personality, in order to analyze the trends of each profile. In
this way, it is necessary to analyze the different cases of action of an individual in several types of corporate environments, alternating between the adaptive and the functional. Thus,
this work aims to analyze how best to assemble a team based on these external factors, so that
it is possible to predict trends of a given individual according to their personality.
Keywords: Decision Support. Personality. MBTI. Complex decisions.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Os 16 tipos de personalidade, definidos por seus acrônimos ................................... 8
Figura 2: Respostas para a sentença "Você tende a tomar riscos sem pensar nas
consequências” ........................................................................................................................ 15
Figura 3: Respostas para a sentença "É difícil para você ler os sentimentos das pessoas e seus
motivos" .................................................................................................................................. 16
Figura 4: Respostas para a sentença "Em uma discussão, você tenta ressaltar os pontos em
comum de diferentes perspectivas".......................................................................................... 17
Figura 5: Respostas p/ sentença "Você tem uma boa capacidade de gerir o seu tempo" ....... 18
Figura 6: Respostas p/ sentença "Você sabe imediatamente como reagir a uma situação"..... 15
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Os oito perfis de personalidade, segundo Carl Jung................................................. 7
Quadro 2: As dicotomias das tipologias de Myers-Briggs, separadas por seus pares............... 8
Quadro 3: O conjunto total de dicotomias utilizado no 16Personalities................................... 9
Quadro 4: Tipos de Função...................................................................................................... 11
Quadro 5: Caracterizadores de uma Decisão Complexa ......................................................... 13
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5
2 CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E TRAÇOS DE PERSONALIDADE .......... 6
2.1 MODELOS E TEORIAS DE ANÁLISE DE PERFIL ............................................. 6
2.1.1 A teoria dos tipos psicológicos ....................................................................... 6
2.1.2 A tipologia de Myers-Briggs ......................................................................... 7
2.2 O OBJETO DE ESTUDO: 16PERSONALITIES ................................................... 9
2.3 CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DE CADA DICOTOMIA .............................. 9
2.4 FUNÇÃO DE CADA PERSONALIDADE ...........................................................10
3 ESTUDO DOS GRUPOS NO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO .............13
3.1 CARACTERIZADORES DAS DECISÕES COMPLEXAS ..................................13
3.2 DENOMINANDO FUNÇÕES A CADA GRUPO .................................................14
3.2.1 Planejamento de Risco ..............................................................................15
3.2.2 Reflexividade e Consenso da Equipe ........................................................16
3.2.3 Gerência de tempo e disciplina em realização de atividades ....................17
3.2.4 Tempo de reação e adaptabilidade no ambiente decisório .......................18
4 CONCLUSÃO ...........................................................................................................20
REFERÊNCIAS ..........................................................................................................21
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1 INTRODUÇÃO
A capacidade de gerenciar tarefas com eficácia durante o processo de tomada de decisão
em uma equipe sempre esteve em alta no mercado. Em um contexto contemporâneo, esta
tarefa se torna ainda mais complexa, visto que diversos fatores precisam ser levados em
consideração - um número de decisões é necessário ao invés da tomada de somente uma
decisão, e o ambiente no qual as mesmas estão envolvidas são mudados com o tempo
(BREHEMER, 1990; EDWADS, 1962; HOGARTH, 1981; STERMAN, 1989).
Mesmo tendo recebido maior relevância em termos de pesquisa, a capacidade de lidar
com tarefas dinâmicas ainda possui muitas barreiras para que seja aplicada de maneira eficaz
(BAKKEN, 1993). Um dos pontos ressaltados para esta causa se dá pela incapacidade de
realizar simulações precisas de acordo com aspectos realistas, como o perfil e a sinergia de
uma equipe para realizar uma tarefa. Com base nesse problema, este estudo visa analisar
diferentes simulações de construção de equipes e verificar como pessoas com diferentes
personalidades se adaptam à suas atividades. Esta verificação e analise é apresentada
considerando o levantamento de teorias já existentes e a análise de perfis e formação de
grupos com o enfoque no suporte à decisão.
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2 CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E TRAÇOS DE PERSONALIDADE
Em um ponto de vista gerencial, realizar um processo de tomada de decisão baseado em
cada indivíduo da sua equipe é crucial para que o ambiente de simulação seja o mais realista e
detalhado possível. Conhecendo as características individuais de cada membro, é possível
simplificar o processo de determinar a melhor opção para ele, e possibilitando a
implementação de um ambiente propício para que o mesmo consiga contribuir da melhor
maneira possível.
2.1 MODELOS E TEORIAS DE ANÁLISE DE PERFIL
A personalidade de cada membro de uma equipe é única, de forma que cada um irá
discernir os seus comportamentos e pensamentos com base em um conjunto de características
e aspectos individuais. Desta forma, a previsibilidade do processo de tomada de decisão de
um indivíduo se torna algo demasiadamente complexo, visto que cada pessoa poderia reagir
de diferentes formas, de acordo com os seus traços principais. Assim, foram realizadas
diversas teorias para conseguir discernir personalidades e analisar melhor a confiabilidade de
um indivíduo na equipe.
O método de estudo a ser utilizado para analisar os tipos de personalidade é baseado em
duas teorias principais, que possuem um grande número de testes realizados, sendo discutidos
na seção a seguir:
2.1.1 A teoria dos tipos psicológicos
Uma das abordagens mais famosas que geram uma análise mais profunda dos aspectos
individuais é a teoria de Tipos Psicológicos. Criada por Carl Gustav Jung, um dos pioneiros
no tema e considerado o pai da psicologia analítica, o modelo foi introduzido através de seu
livro, "Tipos Psicológicos", fruto de mais de 20 anos de observação e do exercício da
Medicina Psiquiátrica e da Psicologia Prática.
Na concepção de Jung, “Tipo é uma disposição geral que se observa nos indivíduos,
caracterizando-os quanto a interesses, referências e habilidades. Por disposição deve-se
entender o estado da psique preparada para agir ou reagir numa determinada situação”
(JUNG, 1967: 551). O estudo de Jung se caracteriza nestes Tipos, onde é possível encontrar
funções em que o usuário possui uma tendência maior a resolver situações de uma certa
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maneira. Esta é denominada a sua função dominante, ou também chamada função principal,
que caracteriza o Tipo Psicológico do indivíduo, dando a ele suas características psicológicas
particulares.
Desta maneira, foi elaborado um modelo, onde a personalidade de um indivíduo é
caracterizada em Tipos, através dos traços gerais de um indivíduo, sendo divididas em quatro
funções psicológicas básicas: Pensar (Thinking), Sentir (Feeling), Intuir (Intuiting) e Perceber
(Sensing). A partir destas, Jung postula que se formam dois tipos de caráter principais: o
Introvertido (Introvert) e o extrovertido (Extrovert). A junção de um destes traços com o
caráter dominante forma a personalidade de um indivíduo, possibilitando a análise de
características em comum em 8 tipos de perfis diferentes, como mostra a Tabela 1.
Quadro 1 - Os 8 perfis de personalidade
Introversão Extroversão
Pensamento Pensamento Introvertido Pensamento Extrovertido
Sentimento Sentimento Introvertido Sentimento Extrovertido
Intuição Intuição Introvertida Intuição Extrovertida
Sensação Sensação Introvertida Sensação Extrovertida Fonte: JUNG (1967)
Nise da Silveira destaca que a função dominante é a arma mais eficiente que o indivíduo
“dispõe para usar na sua orientação e adaptação ao mundo exterior; ela se torna o seu Habitat
reacional” (SILVEIRA, 1968:56).
2.1.2 A tipologia de Myers-Briggs
A teoria de Jung (1921) foi adotada como base por diversos outros tipos de modelos
ao longo das últimas décadas, formando técnicas mais apuradas e precisas quanto aos traços e
características de um indivíduo. Assim, surgiu a Tipologia de Myers-Briggs, ou MBTI
(Myers-Briggs Type Indicator) (MYERS e MYERS, 1995), um indicador onde cada
indivíduo responde um questionário demarcando as suas preferências pessoais. Katharine
Cook Briggs e sua filha Isabel Briggs Myers desenvolveram o indicador durante a Segunda
Guerra Mundial, baseadas nas teorias de Carl Gustav Jung sobre os Tipos Psicológicos
(TEIXEIRA, 2011).
Assim como o modelo Jungiano, o MBTI se fundamenta no conceito de “tipos
psicológicos”, formadas pela ordenação de um conjunto de dicotomias. Podemos definir uma
dicotomia como a maneira que um indivíduo encontra no modo de pensar em agir em
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determinado tema. Assim, são formados quatro pares opostos, onde cada indivíduo possui
uma preferência pessoal por cada uma delas. A junção destas dicotomias forma o perfil da
personalidade de um indivíduo, denominada pela letra inicial de cada uma delas.
Devido à sua facilidade em termos de caracterização do perfil, diversas outras teorias
também utilizam o modelo do acrônimo de quatro letras para definir diversos outros perfis.
Assim, diversas outras teorias foram levadas em consideração para o embasamento deste
estudo, como a teoria Sociônica, por exemplo. Porém, a mesma possui um baixo grau de
imprecisão em relação ao MBTI, e foca em motivações e peculiaridades de um indivíduo ao
invés do seu padrão de tomada de ações. Assim, o mesmo foi descartado para o estudo atual,
pois o foco principal a ser analisado está no processo de tomada de decisão.
Quadro 2 - As dicotomias das tipologias de Myers-Briggs separadas por seus pares
Sua fonte de energia E Extroversão I Introversão
Seu modo de perceber o
mundo
S Sensação N Intuição
Sua maneira de decidir e
lidar com emoções
T Pensamento F Sentimento
Sua abordagem no trabalho,
planejamento e tomada de
decisões
J Julgamento P Percepção
Fonte: MYERS e MYERS (1995)
Figura 1 - Os 16 tipos de personalidade definidos por seus acrônimos
Fonte: Myers e Myers (1995)
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2.2 O OBJETO DE ESTUDO: 16PERSONALITIES
Com base nestas duas teorias, é imprescindível a utilização de uma ferramenta que
facilite a busca destes diferentes perfis. Assim, como ferramenta gratuita, foi adotado o
16personalities. Ele realiza testes individuais utilizando como base a tipologia de Myers-
Briggs. A teoria do 16Personalities se baseia na tipologia de Myers-Briggs, devido à
conveniência da utilização dos acrônimos definidos pelas dicotomias de preferência por cada
usuário. Através de um questionário que reaproveita diversos traços Jungianos, é possível
definir um estudo mais aprofundado do indivíduo, modelando estatisticamente o quanto um
usuário tende a preferir determinada dicotomia. Assim, o teste possui uma eficácia melhor, ao
mesmo tempo que mantém a habilidade de definir e distinguir diferentes tipos de
personalidade.
É válido ressaltar que, apesar do modelo MBTI possuir quatro pares de dicotomias, o
16personalities possui cinco. O par contendo as dicotomias de Assertividade e Turbulência na
tabela 3 são importantes neste modelo para aumentar a precisão das ações a serem tomadas,
mas neste estudo, este não será levado em consideração.
Quadro 3 - O conjunto total de dicotomias utilizadas no 16Personalities
Sua fonte de energia E Extroversão I Introversão
Seu modo de perceber o
mundo
S Sensação N Intuição
Sua maneira de decidir e
lidar com emoções
T Pensamento F Sentimento
Sua abordagem no trabalho,
planejamento e tomada de
decisões
J Julgamento P Percepção
Sua confiança nas suas
habilidades e decisões
-A Assertividade -T Turbulência
Fonte: 16PERSONALITIES (2017a).
2.3 CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DE CADA DICOTOMIA
1. Extroversão (E) e Introversão (I)
Indivíduos introvertidos tendem a preferir atividades solitárias e são facilmente
cansados por interações sociais. Eles tendem a serem mais sensitivos à estímulos externos em
geral, como ruídos. Indivíduos extrovertidos preferem atividades e grupo e se energizam por
interações sociais. Eles tendem a serem mais entusiásticos e são mais animados em geral.
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2. Sensação (S) e Intuição (N)
Indivíduos observadores são extremamente práticos, pragmáticos e realistas. Eles
costumam focar no que está acontecendo ou no que já ocorreu. Indivíduos intuitivos são
muito imaginativos, de mente aberta e curiosos. Eles preferem novidade sobre a estabilidade e
tendem a focar em significados ocultos e possibilidades futuras.
3. Pensamento (T) e Sentimento (F)
Indivíduos pensantes concentram-se na objetividade e na racionalidade, priorizando a
lógica sobre as emoções. Eles tendem a esconder seus sentimentos e ver a eficiência como
mais importante do que a cooperação. Indivíduos sensíveis são emocionalmente expressivos.
Eles são mais empáticos e menos competitivos do que indivíduos pensantes, e focam na
harmonia social e na cooperação.
4. Julgamento (J) e Percepção (P)
Indivíduos julgadores são decisivos e altamente organizados. Valorizam a clareza,
previsibilidade e encerramento, preferindo estrutura e planejamento à espontaneidade.
Indivíduos perceptivos são muito bons em improvisar e detectar oportunidades. Eles tendem a
ser flexíveis, descontraídos descontentes que preferem manter suas opções abertas.
5. Assertividade (-A) e Turbulência (-T)
Indivíduos assertivos são autoconfiantes, calmos e resistentes ao estresse. Eles se
recusam a se preocupar muito e não se sobrecarregam quando se trata de atingir metas.
Indivíduos turbulentos são autoconscientes e sensíveis ao estresse. Eles são susceptíveis de
experimentar uma ampla gama de emoções e de ser impulsionado pelo sucesso,
perfeccionismo e ânsia para melhorar.
2.4 FUNÇÃO DE CADA PERSONALIDADE
De forma a facilitar o estudo das características das dezesseis personalidades de uma
maneira mais específica, podemos separar as mesmas em dois tipos de camadas. A camada
interna representa a nossa Função (Role), que determina as nossas metas, objetivos e
atividades que um indivíduo tende a realizar. Já a camada externa representa as nossas
Estratégias (Strategies), que se relaciona com as nossas maneiras de realizar tarefas e alcançar
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objetivos. No caso deste trabalho, somente a Função será analisada, de forma a manter o
estudo mais breve.
Existem quatro tipos de Funções, sendo separados de acordo com a presença de duas
determinadas dicotomias em cada uma. São estas:
Quadro 4 - Tipos de Função
Função (Role) Tipos Englobam
Analistas (Analysts) Intuição e Pensamento
[_NT_]
INTJ, INTP, ENTJ, ENTP (-
A e –T)
Diplomatas (Diplomats) Intuição e Sentimento [_NF_] INFJ, INFP, ENFJ, ENFP (-
A e –T)
Sentinelas (Sentinels) Sensação e Julgamento
[_S_J]
ISTJ, ISFJ, ETSJ, ESFJ (-A e
–T)
Exploradores (Explorers) Sensação e Percepção
[_S_P_]
ISTP, ISFP, ESTP, ESFP (-A
e –T)
Fonte: 16PERSONALITIES (2017a)
1. Analistas
Esse tipo de personalidade abrange racionalidade e imparcialidade, sobressaindo-se
em debates intelectuais e científicos ou em campos tecnológicos. Eles são fortemente
independentes, com mente aberta, enérgicos e imaginativos, abordando muitas coisas de uma
perspectiva utilitária, e se interessando muito mais no que funciona do que no que satisfaz a
todos. Essas características tornam os Analistas ótimos pensadores estratégicos, mas o que
também causa dificuldades quando se trata de buscas sociais ou românticas.
2. Diplomatas
Os Diplomatas focam na empatia e cooperação, se destacando na diplomacia e
aconselhamento. As pessoas que pertencem a esse grupo são colaborativas e criativas, muitas
vezes fazendo o papel do harmonizador dentro do seu círculo social ou espaço de trabalho.
Essas características fazem com que os Diplomatas sejam acolhedores, empáticos e influentes,
mas também causa problemas quando há a necessidade de confiar exclusivamente na
racionalidade ou tomar decisões difíceis.
3. Sentinelas
Os Sentinelas são colaborativos e altamente práticos, adotando e criando ordem,
segurança e estabilidade por onde passam. As pessoas que pertencem a um desses tipos
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tendem a ser trabalhadoras, meticulosas e tradicionais, e são ótimas em campos
administrativos e lógicos, especialmente aqueles que dependem de hierarquia e regras. Esses
tipos de personalidade seguem um plano e não fogem de tarefas difíceis – porém, também
podem ser inflexíveis e relutantes em aceita diferentes pontos de vista.
4. Exploradores
Esses tipos são os mais espontâneos de todos e também compartilham a habilidade de se
conectar com seus arredores de uma forma que nenhum outro tipo consegue. Os exploradores
são práticos e utilitaristas, se destacando em situações que requerem reações rápidas e a
habilidade de pensar rapidamente. São mestres com ferramentas e técnicas, usando-os de
diversas maneiras diferentes – desde dominando ferramentas físicas até persuadindo outras
pessoas. Obviamente, esses tipos de personalidades são essenciais em crises, artesanatos e
vendas – porém, suas características também podem impulsioná-los a assumir
empreendimentos arriscados.
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3 ESTUDO DOS GRUPOS NO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO
Com uma base de estudo definida, o próximo passo é relacionar ações em comum com
cada grupo, que caracterizam o processo de tomada de uma decisão complexa.
3.1. CARACTERIZADORES DAS DECISÕES COMPLEXAS
Uma decisão complexa é influenciada por diversos fatores externos e internos, que
podem afetar no processo de tomada de decisão. Assim, a mesma é definida por questões
envolvendo dinâmicas que normalmente exigem a integração de diferentes perspectivas e
pontos de vista (LEONG, 1998). Na tabela 5 é possível ver os caracterizadores principais de
uma decisão complexa, na visão de alguns autores.
Quadro 5 - Caracterizadores de uma Decisão Complexa
Autores ORASANU e CONNOLY, 1993 HUTCHINS e KENDALL, 2011
Características da
Decisão
Complexa
Problemas com baixa estrutura Decisões compostas por várias
decisões
Ambientes dinâmicos e incertos Decisões dependentes
Objetivos mal definidos, com
constante mudança e concorrentes
Processo decisório com mudança
contínua
Ações e feedback loops Tempo real
Pressão do tempo Pressão do tempo
Alto Risco Condições de mudança dinâmica
Atores múltiplos Informações ambíguas e
Incompletas
Objetivos organizacionais e regras Alta incerteza
Alta carga de trabalho cognitivo.
Em adição destes caracterizadores, é preciso analisar com maior aprofundamento os
fatores externos e pessoais dos membros de uma equipe, que influenciam na decisão a ser
tomada. De acordo com o Peter McBurney (2018), existem diferentes formas as quais os
atores podem influenciar na decisão complexa. Ao analisar as formas que influenciam a
decisão complexa citadas acima, conclui-se que elas estão fundamentadas nos
caracterizadores da decisão complexa apresentados na Tabela 5 e seus respectivos autores. As
principais formas de influência são:
Os decisores podem influenciar nas consequências a serem tomadas, e assim, afetar as
chances de sucesso;
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As consequências de ações, incluindo os sucessos e falhas, podem depender da
qualidade de execução, o que consequentemente pode depender das atitudes e ações de
pessoas não tomando aquela decisão;
Crenças, objetivos e preferências dos stakeholders podem ser diversas e conflitantes;
A probabilidade de eventos e as consequências das decisões podem ser determinadas
de forma endógena, como parte do próprio processo de decisão;
Algumas ações podem mudar o ambiente do processo de tomada de decisão,
particularmente em domínios onde hajam muitos participantes interagindo no mesmo;
Os participantes inteligentes podem modelar-se mutuamente para chegar a uma
decisão, o que denomina um conceito de reflexividade.
Como consequência, os participantes não só estão reagindo aos eventos em seu
ambiente, mas também antecipando eventos, as reações e antecipações de outros
participantes, e agindo de forma proativa para esses eventos e reações antecipados.
Desta forma, é notável ressaltar a relevância da maneira na qual uma pessoa age, e o
quanto isso pode afetar o processo de tomada de decisão, sejam por fatores externos quanto
internos. A capacidade de prever a ação do próximo, a audácia de planejar e tomar riscos e a
qualidade do trabalho a ser realizado, todas então são características demasiadamente
importantes que influenciam em uma decisão complexa.
3.2. DENOMINANDO FUNÇÕES A CADA GRUPO
De acordo com os caracterizadores vistos, uma equipe em um processo de tomada de
decisão necessita de atributos diferentes para funcionar de maneira eficiente e sinérgica. Neste
estudo, serão analisados quatro conceitos principais para o funcionamento adequado da
equipe, que são:
Planejamento de Risco
Reflexividade e Consenso da equipe
Gerência de Tempo e Disciplina em realização de atividades
Tempo de Reação e Adaptabilidade no ambiente decisório
Na documentação do 16personalities, é possível encontrar estudos caracterizando ações
dos mais diferentes tipos, de acordo com cada Função ou personalidade em específico. Assim,
serão utilizadas estas estatísticas para justificar os pontos fortes de cada Função.
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3.2.1 PLANEJAMENTO DE RISCO
Devido ao alto grau de incerteza de uma decisão complexa, é muito difícil escolher o
próximo passo a ser tomado. Assim, é preciso ter a capacidade de analisar consequências em
experiências anteriores e assumir o risco quando houver necessidade.
De acordo com a figura 2, podemos perceber a impulsividade e capacidade de cada
Papel na tomada de decisões arriscadas. Os Analistas possuíram a maior porcentagem de
resposta, com 53,54 por cento dos votos. A capacidade de tomar decisões arriscadas em
tempos de necessidade, em conjunto com a dicotomia de Pensamento lhe garante
racionalidade e imparcialidade durante a análise de uma decisão, tornando os mesmos, ideias
para o planejamento de risco em uma decisão complexa.
Embora outras funções possuam também uma alta capacidade de tomar riscos, como os
Mediadores, a dicotomia tendendo ao Sentimento lhes dão alta dificuldade de lidar com
decisões puramente racionais ou altamente arriscadas, não servindo para uma análise
imparcial. Os Sentinelas, embora possuam um alto grau de organização e planejamento, são
os que possuem menor capacidade de tomar riscos, tendendo a manter a equipe em uma zona
de segurança até possuir certeza da decisão a ser tomada.
Figura 2 - Respostas para a sentença "Você tende a tomar riscos sem pensar nas
consequências"
Fonte: 16PERSONALITIES (2017d).
16
3.2.2 REFLEXIVIDADE E CONSENSO DA EQUIPE
Em uma decisão com diversos atores, é possível encontrar diversos problemas com
respeito às tendências e opiniões dos mesmos. Assim, a capacidade de prever e se adaptar aos
hábitos e ações dos membros da equipe se torna fundamental para um ambiente decisório
harmônico.
Na figura 3, podemos ver as capacidades de cada Função de entender os sentimentos e
motivos de um indivíduo. Os Diplomatas, por possuírem o atributo de Sentimento, possuem o
maior índice de discordância com a sentença, mostrando que a capacidade de empatia pode
ser um fator que contribua altamente para o índice de Reflexividade de um indivíduo em uma
equipe.
Figura 3 - Respostas para a sentença "É difícil para você ler os sentimentos das pessoas e seus
motivos"
Fonte: 16PERSONALITIES (2017e).
Além disso, na figura 4 podemos ver as respostas de cada função quanto à capacidade
de encontrar pontos em comum durante uma discussão. Desta vez, os Diplomatas possuem o
maior índice de concordância, mostrando assim que esta função possui excelente capacidade
de mediar o grupo durante uma decisão, ajudando a elaborar os pontos fortes e fracos durante
reuniões.
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Figura 4 - Respostas para a sentença "Em uma discussão, você tenta ressaltar os
pontos em comum de diferentes perspectivas"
Fonte: 16PERSONALITIES (2017c).
3.2.3 GERÊNCIA DE TEMPO E DISCIPLINA EM REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES
Diversos autores citam a pressão do tempo como um fator crucial na caracterização de
uma decisão complexa. Além disso, as consequências a serem recebidas após a tomada de
uma decisão depende muito do grau da qualidade de como as tarefas foram realizadas. Assim,
um indivíduo com alta capacidade de gerência de tempo e organização torna-se fundamental
para que todas as tarefas sejam realizadas de maneira eficiente e eficaz
Na figura 6, podemos observar as respostas dos respectivos grupos quanto à sua
capacidade de gerir o tempo. Se destacando mais do que todos as outras Funções, os
Sentinelas foram os que possuíram o maior grau de concordância com a questão levantada.
Devido à relevância das dicotomias de Observação e Julgamento, esta Função possui alta
capacidade em administrar tarefas e organizar recursos, tendo um alto potencial para
administrar o progresso e disciplina das atividades definidas em uma equipe. Todavia, o alto
grau de mudança contínua no ambiente decisório precisa ser levado em consideração em
cargos de hierarquia alta, visto que os Sentinelas tendem a preferir seguir sempre à risca o
planejamento executado.
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Figura 5 - Respostas para a sentença "Você tem uma boa capacidade de gerir o seu
tempo"
Fonte: 16PERSONALITIES (2017b).
3.2.4 TEMPO DE REAÇÃO E ADAPTABILIDADE NO AMBIENTE DECISÓRIO
Devido ao alto grau de mudança no ambiente decisório, é preciso de membros na equipe
que possuam um alto grau de adaptabilidade e facilidade em reagir rapidamente em tempos de
decisões rápidas. Pessoas com tendência à organização, como os Sentinelas, podem possuir
dificuldades caso a mudança não esteja no seu planejamento, e pessoas com enfoque no
sentimento, como os Diplomatas, tendem a sofrer dificuldades em tomar decisões muito
arriscadas.
Essa situação favorece os Exploradores, conhecidos por sua espontaneidade e
criatividade, especialmente ressaltadas em tempos de crise. Na figura 6, embora os Analistas
tenham maior capacidade em reagir rapidamente, a sua impulsividade citada no item anterior
pode acabar atrapalhando o seu julgamento em decisões críticas. Assim, mesmo não
possuindo um alto grau de concordância, os Exploradores conseguem cumprir melhor neste
quesito, levando em consideração sua capacidade de inovação e adaptabilidade.
19
Figura 6 - Respostas para a sentença "Você sabe imediatamente como reagir a uma
situação"
Fonte: 16PERSONALITIES (2017f).
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3 CONCLUSÃO
Ao sugerir um modelo de montagem de equipes baseado em personalidade, muitas
pessoas podem considerar contraditório, e até mesmo injusto selecionar pessoas de acordo
com a sua personalidade, e não suas competências. Desta maneira, é importante ressaltar que,
apesar da alta acurácia do modelo de Myers-Briggs quanto às tendências de ações de cada
personalidade, a mesma é somente um aspecto a ser considerado em uma decisão complexa,
possuindo diversas influências de outros fatores, como o ambiente, a experiência e os
objetivos individuais de cada um.
O modelo destina-se à líderes ou organizações que desejam construir equipes sinérgicas
ou entender os problemas e qualidades principais de cada um dos seus membros de acordo
com suas personalidades. Mesmo assim, o mesmo não deve ser tomado como uma solução
definitiva, pois estão sendo tratados somente fatos e indicadores. Desta forma, esse relatório
discute uma forma de aprimorar o conhecimento pessoal de um indivíduo quanto aos
membros de sua equipe, e uma sugestão do tipo de tarefa que o mesmo possa ter durante o
processo de tomada de decisão complexa.
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REFERÊNCIAS
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environments. Boston: MIT, 1993.
BREHMER, B. Strategies in real-time dynamic decision making. In R. M. Hogarth
(Ed.), Insights in decision making (pp. 262–279). Chicago: University of Chicago Press,
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