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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – 2014/2015
RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA
LISSANDRA TAÍSA BALDISSERA
INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PESQUISA VOLUNTÁRIA IC 2015/2015
PLANO DE TRABALHO:
O uso da cor na arquitetura
Relatório final apresentado à Coordenadoria de
Iniciação Científica e Integração Acadêmica da
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR por
ocasião do desenvolvimento das atividades
voluntárias de Iniciação Científica – Edital
2014-2015.
NOME DO ORIENTADOR:
Prof. Dr. Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto
Departamento de Arquitetura e Urbanismo
TÍTULO DO PROJETO:
Green Architecture: Estratégias de sustentabilidade aplicadas à
arquitetura e design
BANPESQ/THALES: 2014015429
CURITIBA PR
2015
1
1 TÍTULO
O uso da cor na arquitetura
2 RESUMO
Ao longo da história da humanidade, a relação entre cor e obra arquitetônica tem sido
frequentemente abordada, uma vez que o tratamento cromático dos espaços criados pelo ser
humano promovem diversos efeitos, os quais estão ligados às propriedades físicas, aos aspectos
psicológicos e aos valores culturais que as cores apresentam. Em conjunto com a luz, que a
revela, a cor foi empregada em diferentes épocas, ainda que com finalidades distintas,
intensificando emoções, provocando sensações e, inclusive, indicando funções em determinados
espaços. Os vitrais multicoloridos do período gótico representavam a presença divina, assim
como, durante o Barroco, cores e luzes serviam para criar uma atmosfera teatral. Por sua vez, a
busca pela pureza e funcionalidade no Modernismo fez com que apenas se empregassem as
cores primárias, o preto e o branco.
Atualmente, devido à evolução da tecnologia da iluminação, ao avanço das indústrias e ao
aprimoramento da fabricação de tintas e corantes, entre outros, as possibilidades de uso da cor
têm sido ampliadas. Tal desenvolvimento vem acompanhado de estudos relacionados à cor e a
sua influência sobre os seres humanos, atingindo campos cada vez maiores, desde o interiorismo,
design e comunicação visual até sociologia, antropologia cultural e psicologia comportamental,
passando por estudos recentes sobre sua influência na saúde física e mental, conduzindo à
chamada bioarquitetura.
Esta pesquisa em iniciação científica, de caráter teórico-conceitual e cunho exploratório,
teve como objetivo geral abordar e caracterizar os atuais usos da cor na arquitetura,
considerando-se aspectos psicológicos e socioambientais. De modo específico, procurou
encontrar as relações estabelecidas entre cor, espaço e usuário em três casos particulares da
arquitetura sustentável. A metodologia baseou-se na investigação web e bibliográfica sobre o
assunto, partindo do estudo de infográficos e textos complementares, seguido da seleção,
descrição e comparação de três obras contemporâneas, identificando suas características
funcionais, técnicas e estéticas. Como resultado, observou-se que a correta aplicação das cores
pode influir não apenas no comportamento do usuário e em sua percepção espacial, mas também
em determinados aspectos ambientais. Conclui-se que a cor constitui em ferramenta relevante
para o arquiteto, sendo capaz de transmitir mensagens visuais, transformar as percepções
humanas do espaço arquitetônico e influenciar em questões ligadas à identidade cultural, saúde e
bem-estar.
Palavras-chave: Arquitetura. Sustentabilidade. Cor.
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3 OBJETIVOS
De modo geral, esta pesquisa em iniciação científica tem como objetivo, a partir de uma
revisão web e bibliográfica, identificar e caracterizar os atuais usos da cor na arquitetura, por meio
de sua aplicação em obras contemporâneas, procurando relacioná-los a psicológicos e culturais.
Pretende-se ainda explorar a relação entre o emprego da cor e a sustentabilidade. De modo
específico, busca-se definir a relação entre o individuo, a cor e a arquitetura, a partir da descrição
e análise de 03 (três) casos ilustrativos de arquitetura sustentável, considerando seus aspectos
funcionais, técnicos e estéticos.
4 INTRODUÇÃO
De acordo com Gaetano Kaniza (1986), citado por Holland (1994), as cores podem ser
definidas pelo menos por três pontos de vista: pelas teorias físicas, pelo sistema fisiológico e pela
análise psicológica. Para a Física, a cor nada mais é do que uma forma de energia formada por
vibrações eletromagnéticas. Já a Biologia indica que o sistema fisiológico influencia muito a
percepção das cores, já que o aparelho ótico transforma os raios luminosos em sensações
cromáticas com suas diferentes qualidades: matiz, saturação e luminosidade. E, por sua vez, a
psicologia revela os efeitos diferentes provocados pela cor em observadores segundo a
diversidade de experiências, sensibilidades e inteligências.
Ao longo da história, o estudo da cor fascinou toda a humanidade. Passando pelos antigos
egípcios, pela civilização grega até as descobertas da Renascença, em especial às de Isaac
Newton (1642-1727), a cor instigou filósofos, cientistas, pintores e arquitetos, entre outros. Uma
das principais discussões acerca do tema tratava-se da natureza e da definição da cor. Na
antiguidade, Aristóteles (385-322 a.C.) entendia a cor como uma propriedade inerente da matéria.
Contudo, Leonardo Da Vinci (1452-1519), em seus estudos, apontaria falhas na teoria aristotélica.
Porém, foi apenas no século XVII, com René Descartes (1596-1650) e suas pesquisas sobre a
refração e a reflexão da luz, que a ideia da materialidade da cor foi definitivamente abandonada. A
partir de então – e até hoje em dia –, a cor deixou se ter uma “existência material” e passou a ser
entendida apenas como uma
[...] sensação produzida por certas organizações nervosas sob a ação da luz – mais precisamente, é a sensação provocada pela ação da luz sobre o órgão da visão. Seu aparecimento está condicionado, portanto, à existência de dois elementos: a luz (objeto físico, agindo como estímulo) e o olho (aparelho receptor, funcionando como decifrador do fluxo luminoso, decompondo-o ou alterando-o através da função seletora da retina). (PEDROSA, 2014, p.20)
Junto com Descartes, outros matemáticos e físicos ocuparam-se do estudo da luz e das
cores, culminando no nascimento da Óptica Física, especialmente através de Isaac Newton, o
qual seria responsável por uma das maiores descobertas no estudo das cores: o comprimento de
onda. Este se trata de uma propriedade dos raios luminosos, o que torna possível defini-los
quantitativamente em milimícrons. Conforme Pedrosa (2014), esta e outras descobertas uniram a
3
ciência e a cor, a qual deixou de ser apenas um fenômeno subjetivo. Além disso, alguns estudos
realizados por meios perceptivos também permitiram a classificação e a caracterização das cores,
o que pode ser resumido na sequência.
Denomina-se de cor primária aquela que, quando misturada com outra, pode produzir as
demais cores do espectro, sendo, portanto, indecomponível. Considerando a cor em forma de luz,
as cores primárias são o vermelho, o verde e o azul-violetado. A união dessas cores-luz produz o
branco. Já considerando a cor em pigmento, as cores primárias são o vermelho, o amarelo e o
azul, cuja mistura resulta no cinza-neutro. Por cor complementar entende-se aquela que constitui
em par de cores que quando misturadas produzem o branco. E cor secundária constitui-se
naquela formada do equilíbrio entre duas cores primárias. (PEDROSA, 2014)
Ainda segundo o mesmo autor, consideram-se
cores quentes aquelas em que predominam os matizes
do vermelho e do amarelo, enquanto que são cores
frias aquela onde predominam o azul e o verde.
Diversos tons, tais como carmins e esverdeardos,
podem ser classificados como quentes ou frios,
dependendo da quantidade de azul, amarelo e
vermelho em suas composições (Figura 01). A
percepção de uma cor como fria ou quente também
pode variar dependendo da sua comparação com
outras cores.
Toda cor possui três dimensões básicas, a saber: o matiz, o tom e a intensidade. O matiz
refere-se ao “croma” ou à cor propriamente dita, existindo cerca de uma centena. É a
característica que define e distingue uma cor. Vermelho, verde ou azul, por exemplo, são matizes,
cada um deles possuindo uma qualidade própria. Para se mudar o matiz de uma cor, acrescenta-
se a ela outro matiz. O tom refere-se à maior ou menor quantidade de luz presente na cor.
Quando se adiciona preto a determinado matiz, este se torna gradualmente mais escuro, e essas
gradações são chamadas Escalas Tonais. Para se obter escalas tonais mais claras, acrescenta-
se branco. Em outras palavras, o tom refere-se à saturação, isto é, à pureza da cor em relação ao
cinza. Por exemplo, quanto mais saturada uma cor, mais pura ela é e mais carregada de
expressão e emoção ela é considerada. (FARINA, 1986)
Por fim, ainda de acordo com Farina (1986), a intensidade diz respeito ao brilho da cor, o
que se relaciona à sua luminosidade, ou seja, ao valor das gradações cromáticas. Um matiz de
intensidade alta ou forte é vívido e saturado, enquanto o de intensidade baixa ou fraca caracteriza
cores apagadas ou pastel. O disco de cores mostra que o amarelo tem intensidade alta, enquanto
a do violeta é baixa. O termo “apagado” utilizado nesse sentido não significa mortiço ou sem
graça, apenas o contrário de “vívido” ou “intenso”.
FIGURA 01
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Paralelamente, a importância do caráter subjetivo e simbólico da cor manteve-se ao longo
da história. As cores são frequentemente tomadas como signos, nas mais diversas áreas – da
religião ao poder político – como, por exemplo, o vermelho, que era a cor dos imperadores em
Roma, a cor do Amor Divino para os cristãos e, após a Comuna de Paris1, tornou-se símbolo
internacional da luta proletária (PEDROSA, 2014). A construção da simbologia de cada cor varia
de acordo com fatores socioculturais, evoluindo e modificando-se no decorrer dos tempos.
Algumas perpetuam seus valores originais, aos quais vão se agregando novos significados. No
exemplo anterior do uso do vermelho, esta cor aparece em diferentes contextos, acabando por
representar causas distintas, porém em todos os casos a cor associa-se sempre à ideia de poder
e de força.
De acordo com Arnheim (1992), além de Newton, que descreveu as cores como derivadas
das propriedades dos raios que compõem as fontes luminosas, devem ser destacados ainda mais
dois pioneiros da cor que foram responsáveis pelos principais componentes do processo da
percepção cromática: Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) e Arthur Schopenhauer (1788-
1860). O primeiro proclamou a contribuição dos meios físicos e superfícies encontradas pela luz
enquanto ela viaja de sua fonte aos olhos do observador. Dizia que as cores eram “feitos e
aflições da luz”; e que tais aflições eram o que acontecia quando a pureza virginal – a luz branca,
ou melhor, solar – submetia-se aos meios um tanto opacos e nebulosos e à absorção parcial por
meio de superfícies refletivas. Em uma espécie de resgate aristotélico, Goethe reaproximava a cor
– mais especificamente, a percepção da cor – da matéria.
Por sua vez, Schopenhauer anteviu, em uma teoria de imaginação, embora estranhamente
profética, a função das respostas retinianas dos nossos olhos. Devotando-se à teoria da cor por
sugestão de Goethe, foi além do mestre, especulando o papel decisivo da retina na criação da
experiência de cor. Argumentando a importância do subjetivo, somente através do qual o objetivo
existe, Schopenhauer propôs que a sensação do branco acontece quando a retina responde com
uma ação plena, enquanto o preto resulta da ausência de ação. E apontando para as cores
complementares produzidas por pós-imagem, propôs que pares de cores complementares
acontecessem por meio de bipartições qualitativas da função retiniana. (ARNHEIM, 1992)
A partir do século XX, avanços industriais e tecnológicos possibilitaram a expansão dos
usos da cor. Consoantes ao desenvolvimento tecnológico, pesquisas sobre seus efeitos nos seres
humanos também despontaram, impulsionando o emprego da cor em novas atividades e com
diferentes objetivos. Dentro desse contexto, a relação dos efeitos cromáticos nos ambientes é um
tema recorrente na arquitetura. Nas últimas décadas, tal discussão ganhou uma nova perspectiva:
a da sustentabilidade.
1 A Comuna de Paris foi o primeiro governo operário da história, fundado em 1871 na capital francesa por ocasião da resistência popular ante a invasão por parte do Reino da Prússia. (N. Autora)
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5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Considerando a arquitetura uma obra de arte, ela necessariamente é dotada de uma
mensagem estética. A diferença entre ela e a mera construção está no fato de que, apesar de
ambas mostrarem como os homens vivem, apenas a arquitetura sugere como os homens
deveriam viver. Por este motivo, de acordo com Puls (2006), muitas vezes a forma arquitetônica
distancia-se da funcionalidade. Em um mundo ideal, elas seriam uma só. Ademais, para que a
mensagem estética possa ser transmitida, devem ser utilizados signos construtivos. Sendo a visão
o sentido mais refinado do homem, geralmente utilizam-se predominantemente signos visuais na
arquitetura, como é o caso da cor (SCHMID, 2005). Em conjunto com a luz, ela tem sido
amplamente utilizada ao longo da história da humanidade, passando pelos diversos estilos
arquitetônicos até chegar aos dias atuais.
Cor e Arquitetura
Desde os primórdios, segundo Holland (1994; 1999), o homem utilizava formas e cores
para se expressar. Dos registros mais antigos de Altamira na Espanha, Lascaux na França ou
mesmo de São Raimundo Nonato, no Piauí (Brasil), verifica-se que a cor está sempre presente,
atendendo a diversas finalidades. O homem pré-histórico realizava suas expressões estéticas em
cores tentando chegar através delas ao espiritual e ao domínio do não-concreto, ou seja,
acreditava que uma vez dominada a imagem do objeto, em seguida o próprio objeto estaria
também dominado. Irwin Panofsky (1968), citado pela autora, acredita que, dentre as ferramentas
de linguagem dos povos pré-históricos, a pintura colorida era realizada no fundo das cavernas, em
locais de difícil acesso, por ter uma função mágica.
Da mesma forma, para muitos povos antigos, cor e luz possuíam um caráter místico. Os
egípcios, por exemplo, já exploravam essas características em suas construções. Seus templos
são conhecidos por sua monumentalidade, erguendo-se através de estruturas robustas em pedras
maciças. Contudo, a partir de esquemas de iluminação, os egípcios conseguiam iluminar o interior
desses templos por pequenas aberturas. Estudos específicos possibilitavam que, em certas
épocas do ano, as estatuas dos deuses no interior dos templos fossem especialmente iluminadas
(CASTELNOU, 1990). Isto demonstra certo domínio sobre os efeitos da luz. Em paralelo, a cor era
amplamente utilizada nas pinturas, principalmente por seu caráter simbólico: o azul, por exemplo,
era considerado como a cor da verdade, associado à ideia de morte. Nas necrópoles, as pinturas
que retratavam o julgamento das almas possuíam um fundo azul claro. Tal cor também era
encontrada nas câmaras funerárias para representar a sobrevivência do Ka – a alma do morto. O
amarelo era normalmente utilizado para pintura de corpos femininos e o vermelho para a pintura
de corpos masculinos. (PEDROSA, 2014)
O artista egípcio conseguia tecnicamente desde grandes superfícies coloridas uniformes até linhas finas e contínuas. Dentro do instrumental egípcio, alguns artifícios eram utilizados, como, por exemplo, para se traçar uma linha reta ou para
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delimitar um friso, o artista mergulhava uma corda em pigmento vermelho e esticava pelas extremidades considerando uma cota única. Pelos respingos até hoje encontrados em pinturas não concluídas, percebe-se que as linhas verticais também eram traçadas pelo mesmo processo. (SILVESTRE, 1998, p. 43)
Quanto à Mesopotâmia, segundo Holland (1994), as construções eram realizadas em
tijolos de adobe cozido, os quais, após seu cozimento, recebiam a aplicação de pigmentos; depois
um novo processo de queima e, finalmente, o processo de esmaltação produzia cor e textura. No
período de Nabucodonosor II (604-562 a.C.), a arquitetura tornou-se monumental e os tijolos
esmaltados ostentavam figuras de leões e touros alados, além de outros animais simbólicos com
cores ainda mais fortes. Já na Grécia antiga, os templos eram pintados, porém os pigmentos,
aplicados sobre o mármore, por não terem sido fixados por processos eficazes, desapareceram
pelas intempéries e falta de conservação. A imagem da cor grega como branca, bege e cinza fez
com que o conceito de cor clássica, bastante explorada no século XIX, fosse o conceito
deformado que se reflete na condição semântica de que tudo que é clássico possui essas cores.
A sobrevivência de alguns afrescos e painéis, tanto gregos como romanos, demonstra a
valorização do tratamento cromático – tanto interior quanto exterior – para os povos da
antiguidade clássica, cujas características fundiam-se com as dos locais que dominavam,
variando segundo a tradição cultural de cada lugar. Por exemplo, como os persas dominavam a
tecnologia de esmaltação e painéis cerâmicos que os gregos desconheciam, houve uma
assimilação persa desses processos pelos antigos gregos. Por sua vez, os mosaicos utilizavam os
mesmos recursos da pintura cênica. Tal técnica era encontrada na Grécia desde o século V a.C.,
principalmente como piso e posteriormente em paredes. Os mais antigos apresentavam seixos
rolados, que não permitiam uma representação detalhada da figura. Por volta de 300 a.C., os
seixos foram substituídos por pedras coloridas talhadas em pedaços uniformes. As pinturas e
mosaicos desse período exerceram grande influência sobre as produções murais romanas 2 .
(HOLLAND, 1999)
O uso da cor na arquitetura é igualmente testemunhado nas pinturas nas paredes que
seriam utilizadas nos diversos períodos da história, chegando à atualidade. No entanto, outras
técnicas com cores e luz também seriam desenvolvidas de forma a transformar o espaço
arquitetônico. Exemplificando, os turcos e os árabes desenvolveram técnicas de pintura de lustres.
Estes, eram utilizados em mesquitas e, quando a luz incidia sobre eles, projetavam formas no
interior, valorizando o caráter divino do espaço (CASTELNOU, 1990). Já as primeiras basílicas
cristãs tinham seu espaço interior valorizado por meio de mosaicos coloridos, os quais adornavam
2 De acordo com Holland (1994), a escola de pintura mural romana foi a helenística. No Império Romano, há grande dificuldade em se pesquisar pinturas murais devido à maioria ter sido destruída pelo tempo e pelas guerras. Em Pompéia, que foi soterrada pelo Vesúvio em 79 a. C., após as escavações, pôde-se recuperar a dimensão plástica da cor através de pinturas decorativas do interior das casas romanas. Os romanos copiavam pinturas helenísticas, tentando retomar o luxo das casas gregas do século II a.C. O mobiliário apresentava um desenho especial, os pisos eram realizados em mosaico e as paredes com pinturas murais. (SILVESTRE, 1998)
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a nave principal e possuíam um caráter religioso, normalmente retratando passagens bíblicas ou
entidades sagradas.
Na Idade Média, mais especificamente no período gótico, ainda segundo Castelnou (1990),
o desenvolvimento da técnica com arcos ogivais e contrafortes permitiu que se construíssem
catedrais monumentais, com grandes janelas e rosáceas. Essas estruturas severas possuíam um
forte caráter vertical, associado ao poder divino. As janelas cobertas por vitrais coloridos criavam
uma atmosfera mística e, assim como os mosaicos das basílicas bizantinas e românicas,
frequentemente retratavam passagens bíblicas ou histórias relacionadas ao ritual sagrado. Em
uma época que poucas pessoas sabiam ler e a Igreja católica exercia grande influência na
Europa, os vitrais também serviam para educar os fiéis conforme os preceitos da igreja. As cores
aqui se tornam fundamentais para ilustrar, atrair e cativar os crentes, intensificando sentimentos e
evocando sensações.
A luz e a sombra foram os elementos de composição e reconhecimento do espaço medieval francês. As pedras eram talhadas e montadas. As abóbadas em berço demonstravam um trabalho complexo de cantaria. O espaço românico era caracterizado pela simplicidade; as cores advindas da própria tonalidade das pedras e do potencial luminoso dos interiores. O relevo, as imagens, esculturas - pilares e relíquias substituíram as cores dos mosaicos bizantinos. Os afrescos surgiram como uma paleta de cores restrita. Sob uma parede de argamassa fresca, feita de cola e areia, aplicavam-se os pigmentos [...] Na Itália, a Escola Lombarda introduziu cor nas fachadas das igrejas através de motivos geométricos de mármores sobrepostos à estrutura e [deste modo] inspirou posteriormente franceses do período gótico em suas soluções arquitetônicas. (SILVESTRE, 1998, p. 78)
Com a Renascença, ocorreu uma revolução de moral e costumes, que se deu na
passagem dos séculos XIV e XV, provocando profundas modificações em diversas regiões da
Europa, especialmente na Itália. A Igreja encontrava-se desgastada pela sua própria estrutura
organizacional e pelos movimentos reformistas, quando Filippo Brunelleschi (1377-1446) construiu
a cúpula da Igreja de Santa Maria dei Fiori (1420/36) em Florença, adotando os pressupostos que
levaram os romanos à construção do Panteão. Pela primeira vez após a era medieval, conhece-se
uma cúpula sem estruturas internas compostas por arcobotantes, pináculos e contrafortes. Assim,
Bruneleschi revolucionou a arquitetura desenvolvendo novos métodos construtivos e
padronizando materiais, como a terracota de revestimento externo. Para ele, a cor na arquitetura
era dada pelos próprios materiais construtivos empregados. Sua obra desenvolvia-se dentro de
princípios matemáticos minuciosos e a harmonia era dada pela proporção das medidas. No
Renascimento, enfim, os princípios racionais na arquitetura provocaram significativas mudanças
na conduta geral da construção do espaço. (HOLLAND, 1994)
De acordo com Holland (1994; 1999), as características cenográficas associando luz e cor
puderam ser utilizadas ao longo da história da arquitetura para cumprir diversas finalidades, como,
por exemplo, para responder ao papel do Estado absolutista francês como forma de propaganda
e/ou, como na Itália, para atrair novamente os fiéis nos movimentos contra-reformistas. No
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Barroco, o espaço material não era equivalente ao sensório, pois se fazia uso de artifícios
ilusionistas, como o Tromp d’Oleil; um efeito de perspectiva já utilizado na corte helenística, na
arquitetura romana e em afrescos florentinos. Contudo, foi especialmente na França que se
produziu uma intensa experimentação de aplicações de cores. Durante as épocas de Louis XIV
(1638-1715) e Louis XV (1710-74), a manufatura de gobelinos – tapeçarias feitas em
tecidos ricamente ilustrados com composições da Manufacture Nationale des Gobelins –
impulsionou cada vez mais o desenvolvimento da tinturaria e, consequentemente, de pigmentos.
A época do Barroco foi marcada por tensões sociais, revoltas populares e, principalmente,
pela Reforma. Tanto o Clero como a Monarquia, buscando conter essas tensões e garantir sua
hegemonia, apoiaram-se em dois pilares: a punição e a persuasão. A punição tratava-se dos
castigos impostos pela igreja àqueles que praticassem heresia, sendo seu símbolo máximo o
Tribunal do Santo Ofício. Já a persuasão dizia respeito ao uso da arte como uma forma de
seduzir, convencer e manipular as grandes massas, consistindo em seu símbolo máximo a arte
barroca (BAETA, 2011). Assim, todas as manifestações artísticas, incluindo arquitetura e
decoração, passaram a ser marcadas por avanços na técnica da comunicação visual, o que fez
com que o uso da cor buscasse cada vez mais explorar a emoção. Utilizada com a luz, a cor
produzia um efeito teatral nos ambientes, provocando diversas sensações e encantando o público.
Segundo Holland (1994), o Barroco procurou estimular a imagem através dos sentidos. Na
arquitetura, a luz era o símbolo mais sensível e o mais espiritual, ao mesmo tempo em que a cor
apresenta-se sob diversos aspectos, explorando contrastes e tensões. Na Itália barroca, a
arquitetura e decoração provocavam o aparecimento das nuanças de luz pelo polimento de
mármores preciosos e jogos de perspectiva através de reflexão. Grandes artistas, como o escultor
e arquiteto Gian Lorenzo Bernini (1598-1680), criaram obras a serviço da Contra-Reforma,
expressando a essência barroca; uma verdadeira antítese ao Renascimento, esta baseada no
dinamismo, no sentimento e no subjetivo. Contudo, em meados do século XVIII, após esgotadas
as possibilidades do Barroco e Rococó, um novo momento invocou a retomada de padrões
grecorromanos: o Neoclassicismo.
As intervenções normativas de regulamentação na produção de tintas deveram-se em muito à grande variedade de anilinas, cuja produção industrial deu-se mais tarde no final do século XIX. O desenvolvimento de corantes fez com que a França, até a época de Napoleão, fosse a principal fornecedora destes. Porém um desafio ainda estava por se concretizar: fazer das tintas cores permanentes. (SILVESTRE, 1998, p. 106)
Foi somente com a difusão dos métodos industriais por toda a Europa, que a produção
artesanal foi substituída por técnicas que permitiram maior acessibilidade, durabilidade e
qualidade em relação à pintura, tingimento e brilho das superfícies e acabamentos. As cidades
transformaram-se em grandes polos de atração, passando a crescer vertiginosamente e, na
passagem para o século XX, o Art Nouveau surgia como a última síntese linguística, na qual
pintura, escultura, arquitetura e decoração trabalhavam juntas. Com a eclosão da arte moderna,
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houve uma verdadeira revolução estética, na qual novos conceitos – tanto científicos como
artísticos – modificaram drasticamente a concepção dos espaços arquitetônicos, os quais
passaram a reunir prioritariamente aspectos funcionais e tecnológicos, em detrimento aos
subjetivos.
O rigor do modernismo privilegiou o uso das
cores primárias, além do preto e do branco. O branco,
em especial, era amplamente empregado nos
exteriores, transformado quase que imediatamente em
símbolo de pureza e de neutralidade, contrapondo-se,
ao mesmo tempo, à miscelânea estilística representada
pelo ecletismo e à profusão decorativa dos ambientes
em Art Nouveau. A cor – ou melhor, não-cor – assim,
deixava de ser carregada de simbologias, expressando
tradição e/ou identidade; e passava a assumir um
caráter neutro e meramente funcional.
Se, por um lado, a Bauhaus (1919/33) foi o
principal reduto das ideias modernas – estas expressas
no trabalho do holandês Piet Mondrian (1872-1944),
que integrou seu quadro de professores –, também foi,
por outro, berço de muitas experimentações
cromáticas. O interior da casa em Dessau de Wassily
Kandinski (1866-1944) – pintor russo que foi precursor
do abstracionismo e igualmente professor na Bauhaus3
– tornar-se-ia uma exceção da aplicação da cor:
enquanto o exterior mantém o branco, as paredes
internas são pintadas não apenas com cores primárias,
mas também em rosa e dourado (Figuras 02 e 03).
Pode-se ainda dizer que o emprego de janelas-fita ou janelas longitudinais, defendido por
Le Corbusier (1887-1965) em sua fase racionalista, catalisava o efeito das cores no interior das
obras. Já, de maneira indireta, a cor apresentava-se na arquitetura de Mies Van der Rohe (1886-
3 Kandinsky estruturou suas aulas a partir da análise e síntese de diversas teorias formais e cromáticas e, desde seu livro “Do Espiritual da Arte” (1910/12), acreditava no caráter de determinadas cores e seus efeitos formais, contrapondo-se muitas vezes a algumas ideias, como as do pintor, também russo e atuante na Bauhaus, Paul Klee
(1879-1940). Entretanto, ambos possuíam cursos divididos entre sistemas de organização das cores; sequências luminosas; e interações entre cor e forma; cor e espaço. Por sua vez, Josef Albers (1888-1976) tornou-se professor da área de objetos, no ateliê de metal e vidro da Bauhaus; e, devido ao fato de se dedicar à fabricação de objetos vítreos, interessou-se sobremaneira pela relação luz/cor, procurando enfatizar a questão da harmonia e contraste das cores. Por fim, deve-se citar Johannes Itten (1888-1967), professor da Bauhaus que criou uma sistematização no ensino da Teoria da Cor, fazendo com que os alunos, através do domínio técnico, atingissem a percepção das cores seriadas. (SILVESTRE, 1998)
FIGURA 02
FIGURA 03
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1969) através da ressonância material, constante em seus projetos, uma vez que matizes e
nuances intensificam-se por meio da textura e brilho de seus materiais de acabamento.
Atualmente, com o crescente desenvolvimento tecnológico, as possibilidades de uso da cor
na arquitetura foram ampliadas. Os avanços industriais e o aprimoramento nos processos de
fabricação permitiram a criação de novas tintas e corantes, as quais passaram a ser utilizadas por
todos os grandes arquitetos. Além disso, a tecnologia da iluminação artificial também evoluiu de
forma significativa nas últimas décadas, sendo que hoje em dia as luzes coloridas são utilizadas
para diversos propósitos e em diferentes meios. (PEDROSA, 2014)
Cor e Comunicação
Acompanhando esse desenvolvimento científico, vários estudos na área de comunicação
visual também prosperaram, em especial a partir do Pós-Modernismo, da década de 1970 em
diante, que aproximou a arquitetura da semiologia. Arquitetos norte-americanos como Charles
Moore (1925-93) e Robert Venturi (1925), entre outros, retomaram os efeitos simbólicos do uso da
cor, associando-os ao mundo do consumo e dos meios de comunicação de massa, sendo
bastante inspirados pela Pop Art. Os efeitos que as cores causam nos seres humanos não apenas
têm sido estudados, como têm se transformado no motivo do emprego de certas cores por
empresas e instituições. A seguir são listados alguns exemplos da relação entre determinadas
cores, o espaço arquitetônico e o comportamento humano, segundo alguns infográficos
consultados (PSICOLOGIA DAS CORES, 2014a; 2014b):
Verde: É cor primária em cor-luz, mas pode ser obtida pela mistura de amarelo e azul em cor-
pigmento. Sua simbologia é frequentemente associada à natureza e à esperança. Para os
chineses, simboliza Yang, o feminino, a esperança e a cura. Já os islâmicos consideram-no a cor do
conhecimento. Na Idade Média, o verde assumia a simbologia positiva da razão, mas também era
associado à loucura. No Ocidente atual, aparece relacionado a causas ambientais, ao equilíbrio e
também ao dinheiro. O verde permite diversas possibilidades de variação em escala de saturação.
Assim, em tons mais claros, torna-se um poderoso tranquilizante, já em tons mais saturados torna-
se estimulante. Na arquitetura, o verde possui grande aplicabilidade nos interiores, sendo que pode
ser utilizado, em seus tons mais claros, em ambientes de repouso e, em tons mais saturados, para
ambientes de estudo e de trabalho.
Vermelho: É cor primária tanto em cor-luz quanto em cor-pigmento, aparecendo frequentemente
associado ao poder e à luta, sendo a cor do sangue e do fogo. Era a cor de Dionísio e de Marte,
deus da guerra. No Japão, é a cor da alegria. Normalmente, está associado ao amor e à paixão.
Nos seres humanos, o vermelho atua como estimulante, produzindo uma sensação de urgência. Por
isso, tende a ser utilizado em lojas para atrair clientes compulsivos. Seu caráter estimulante também
torna interessante seu emprego em casas de espetáculo, em festas e em eventos esportivos.
Restaurantes também utilizam o vermelho, pois ele desperta o apetite. Nos interiores, é usado em
detalhes, geralmente em pisos e tapetes, sendo utilizado nas paredes apenas em ocasiões
especiais, quando se deseja dar um toque de agressividade ao ambiente.
Violeta: É cor secundária que resulta da mistura entre o azul e o vermelho, sendo também
conhecido como roxo ou lilás. O violeta geralmente aparece associado ao espírito, à temperança, à
sabedoria e à realeza. Os gregos associavam-no à sobriedade. Para os cristãos, representa a
Paixão de Cristo, sendo utilizado nas igrejas na Sexta-Feira Santa. É pouco utilizado nos ambientes,
11
sendo empregado em certos casos para expressar criatividade e inovação. Seus tons mais escuros
tornam-se deprimentes, lembrando ciúme, angústia, melancolia e ganância.
Marrom: É cor terciária que em cor-pigmento pode ser obtida pela mistura de vermelho e preto. Cor
da terra e da madeira, o marrom transmite estabilidade e humildade. Além disso, está associado ao
pensamento, à melancolia e à aflição. O marrom aparece nos ambientes frequentemente pelo uso
da madeira. Em alguns casos, tons mais claros de marrom também são utilizados.
Amarelo: É cor primária em cor-pigmento e formada pela mistura de vermelho e verde em cor-luz,
sendo a cor do ouro e do sol, aparecendo frequentemente associada aos deuses. Em muitas
culturas, também é utilizada para simbolizar o feminino. O amarelo é enérgico e expansivo. Nos
seres humanos, provoca as sensações de alegria, entusiasmo, cuidado e clareza. É empregado em
vitrines para prender a atenção dos consumidores. Quando utilizado nos interiores, altera a
percepção dos espaços, que parecem maiores, devido ao seu caráter expansivo.
Laranja: É cor secundária que, em cor-pigmento, resulta da união de vermelho e amarelo. O laranja
pode assumir significados contraditórios, representando a fidelidade, mas também dissimulação e
hipocrisia. O equilíbrio do laranja entre o amarelo e o vermelho é associado ao equilíbrio entre o
espírito e a luxúria. Dentro dos ambientes, essa cor pode ter um efeito estimulante, alegre e
convidativo, sendo a cor preferida de compradores compulsivos.
Azul: É cor primária tanto em pigmento quanto em luz. Para diversos povos, é associada ao
absoluto, ao poder divino, à vida e à morte. No cristianismo, diversas divindades são cobertas por
um manto azul. A criação do termo “sangue azul” pela nobreza relacionava-se ao caráter absoluto
dessa cor. Para indicar pureza, certas comunidades na Polônia possuíam a tradição de pintar as
casas de jovens em idade de casamento de azul. Em seus tons mais claros, está associado à
calma, estimulando a contemplação. Em seus tons mais escuros, relaciona-se ao poder. É
normalmente utilizada em ambientes de repouso, em seus tons mais claros. O azul também se
relaciona com a ideia de segurança e eficiência, sendo utilizado em negócios corporativos.
Branco: É a síntese de todas as luzes coloridas ou a união de uma cor-luz com sua complementar.
O branco pode representar a morte e o nascimento, sendo a cor das transições. No Oriente, o
branco é a cor do luto. Os povos primitivos adotavam o branco como sinônimo de pureza e vida –
cor da farinha e do leite. A Organização das Nações Unidas (ONU) utiliza o branco em sua bandeira
para representar a paz. Também sugere higiene e limpeza, sendo eficaz em ambientes pouco
iluminados. Pode ser utilizada no exterior dos edifícios para manter a temperatura interna agradável.
(BARRINGER, 2009)
Preto: É a ausência da luz, não sendo uma cor. O que se considera como cor-pigmento é apenas
uma aproximação do preto absoluto, já que esse não existe na natureza em condições naturais. Em
diversas culturas, o preto é considerado a cor do luto, da morte, da tristeza, do caos, das trevas e do
mal. Em alguns casos, é associado ao poder e ao luxo, sendo utilizado em certos ambientes que
busquem transmitir a ideia de sofisticação.
As cores possuem notáveis efeitos psicológicos e podem ser usadas com grande proveito,
tanto na arquitetura como na comunicação em geral. Birren apud Barros (1993) disse verificar que
pessoas reagem de modo bem diferente em um ambiente colorido comparado a um sóbrio,
embora elas mesmas talvez não estejam cônscias disto. A condição natural do ser humano é viver
em um ambiente de constantes mudanças – de luz, cores e formas. Não existe tal coisa como um
ambiente monótono na natureza. Hoje já se sabe, por exemplo, que a inteligência das crianças
degenera-se em um ambiente monótono e sem cores.
Entretanto, as pessoas reagem de maneira diferente em relação às cores. Enquanto que
uma cor é simpática para alguns, pode ser antipática para outros e vice-versa. A predileção ou
antipatia provém da personalidade do indivíduo, de sua educação e de seu patrimônio, seja ele
tradicional, social, político, cultural, filosófico ou religioso. Hans Jürgen Eysenck (1916-97) foi um
12
psicólogo nascido na Alemanha, que passou sua carreira profissional na Grã-Bretanha, sendo
geralmente lembrado por seus trabalhos sobre inteligência e personalidade, embora tenha
trabalhado em outras áreas. Eysenk realizou uma pesquisa estatística para determinar uma
escala de preferência pelas cores, obtendo o seguinte resultado: o azul ocupou o primeiro lugar,
seguindo do vermelho, verde, violeta, alaranjado e finalmente amarelo. (BARROS, 1993)
Cor e Sustentabilidade
Um dos primeiros teóricos da arquitetura, Vitruvio definiu como os três pilares
fundamentais da nossa profissão: Venustas, Utilitas e Firmitas – ou seja, a beleza, a
funcionalidade e a técnica, os quais são até hoje lembrados e valorizados. Entretanto, desde
meados do século passado, os problemas ambientais conduziram a um amplo debate sobre a
relação entre homem e meio ambiente, na qual a arquitetura desempenha importante papel. Isto
fez com que o Despertar Ecológico e consequente difusão do ambientalismo passassem a
defender a necessidade da inserção de uma nova dimensão à tríade vitruvianas, a qual incluísse a
questão da conscientização ambiental e dos pressupostos da sustentabilidade. Trata-se do
chamado Green Vitruvius.
Após uma fase de gestão e disseminação dos movimentos ecológicos entre as décadas de
1960 e 1970, os quais conduziram a vários debates em nível mundial, o conceito de
sustentabilidade surgiu em meados dos anos 1980, inicialmente voltado à questão econômica e
ambiental, como definido no Relatório Brundtland 4 . Com o passar do tempo, tal conceito
expandiu-se, passando a abranger novos aspectos, como o social e o político. A aproximação
entre a arquitetura e a ideia de desenvolvimento sustentável, forjada a partir da realização da
ECO’92 e difusão da chamada Agenda 21, culminou em 1993, quando a União Internacional de
Arquitetos (UIA), em conjunto com o American Institute of Architecture (AIA), promoveu um
congresso em Chicago IL (EUA), o qual resultou na elaboração da Declaração para um Futuro
Sustentável. Esse documento afirma o compromisso profissional dos arquitetos de todo o planeta
em relação à sustentabilidade socioambiental, buscando conciliar a tradição e a tecnologia
moderna. (CASTELNOU, 2015)
Para uma melhor compreensão da área de abrangência da sustentabilidade, Sattler (2007)
cita a seguir suas 05 (cinco) dimensões fundamentais, de modo resumido:
Sustentabilidade Social: Diz respeito à criação de uma sociedade mais igualitária, que propicie
qualidade de vida e aproximação entre camadas sociais;
Sustentabilidade Econômica: Trata do desenvolvimento da economia, considerando aspectos
sociais e não apenas a rentabilidade empresarial;
4 Concluído em 1987, o Relatório Brundtland foi um documento elaborado por representantes de diversas nações,
através da COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (CMMAD), organizada em 1982 e presidida pela então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland (1939-), o qual foi publicado em 1992 sob o título Our Common Future (“Nosso Futuro Comum”). (N. Autora)
13
Sustentabilidade Ecológica: Defende a correta utilização de recursos naturais, buscando limitar o
uso de recursos não-renováveis; e promovendo a conservação de energia, a diminuição da
produção de resíduos e a realização pesquisas que desenvolvam tecnologias adequadas ao meio
ambiente;
Sustentabilidade Geográfica ou Espacial: Busca equilibrar a distribuição entre as zonas rural e
urbana, propondo a criação de reservas ambientais e a proteção de ecossistemas, além da
promoção de uma agricultura adequada ao meio ambiente; e
Sustentabilidade Cultural: Está associada à valorização da cultura e do ecossistema local, buscando
promover transformações sem perder a identidade local.
No que se refere ao uso da cor na arquitetura, a questão da sustentabilidade reflete-se às
dimensões social e cultural. De acordo com Sattler (2007), a primeira se traduz na arquitetura em
espaços que proporcionam melhor qualidade de vida, mesmo a populações de baixa renda, tendo
em vista os recursos disponíveis. Já a segunda refere-se à criação de uma nova arquitetura,
voltada ao seu tempo, mas que respeite as tradições e memórias locais, além da relevância de
cada espaço para determinada cultura.
A promoção de uma boa qualidade de vida dentro de uma edificação depende de fatores
tanto físicos como psicológicos. Em lugares muito quentes, por exemplo, a utilização da cor
branca no exterior e telhado de casas contribui para manter uma temperatura mais agradável no
interior da edificação, influenciando no conforto físico dos usuários. Ao mesmo tempo, a
iluminação de um ambiente também pode ser beneficiada conforme o uso de certas cores nas
paredes e teto (BARRINGER, 2009). As cores também podem alterar a percepção humana do
espaço, tornando-os mais ou menos agradáveis e/ou convidativos, expandindo-os e comprimindo-
os. Como citado anteriormente, algumas cores conseguem provocar sensações de repouso ou
mesmo tensão; e isto pode favorecer ou reprimir determinadas ações – como relaxar, conversar,
comprar, orar, etc. Ainda tratando-se da dimensão social, a cor – por meio das tintas e corantes –
constitui-se de uma alternativa estética relativamente barata 5 . Assim, é possível valorizar
comunidades pobres a partir do uso da cor, reafirmando sua própria identidade e valor.
Se, com a disseminação do International Style (“Estilo Internacional”), produto estético-
formal do Movimento Moderno (1915/45), difundiu-se também a prática de uma arquitetura
acontextualizada, voltada essencialmente à funcionalidade, economia e eficiência técnica; houve
também um progressivo abandono de metodologias vernaculares, formas regionais e materiais
naturais (CASTELNOU, 2015), hoje a tendência mundial é a de resgate desses valores
tradicionais antes menosprezados a favor da máquina e da industrialização. Atualmente se
reconhece a importância de se projetar espaços que valorizem aspectos culturais e étnicos,
promovendo a identidade cultural dos indivíduos que habitam esse espaço. (HALL, 1990)
5 Dado retirado do site do Programa Setorial da Qualidade – Tintas Imobiliárias, que faz parte do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), do Ministério das Cidades (Brasil). Disponível em: <http://www.tintadequalidade.com.br/dicas/3-quanto-a-tinta-representa-no-valor-de-uma-obra/>.Acessoem: 20/07/2015
14
A dimensão cultural relaciona-se com o aspecto simbólico da cor, sendo portanto um dos
pilares de sustentação da chamada Green Architecture. A preservação das cores tradicionais de
uma comunidade é importante para a perpetuação de sua cultura, ainda mais em um mundo
globalizado que tende a homogeneização em prol da unificação de mercados. Vários arquitetos
procuraram defender a utilização de cores para promover a cultura local, como foi o caso do
mexicano Luís Barragán (1902-88), que se tornou mundialmente famoso por unir técnicas
modernas a elementos da tradição mexicana, como o uso de pátios, sombras e, especialmente,
cores populares. (CASTELNOU, 2015)
Para os arquitetos contextualistas e outros de vertente ambientalista, o encontro do novo
com o antigo é sempre uma situação delicada e polêmica. A convivência de diferentes posições e
colocações estéticas, filosóficas e políticas, deve ser o resultado de muita reflexão e
conscientização (SILVESTRE, 1998). A herança arquitetônica que pode ser identificada no
tratamento cromático na arquitetura não pode ser vista como um dado estático, mas como um dos
elementos de um corpo vivente em contínua transformação. Além disso, as cores também devem
ser escolhidas observando-se outros fatores além dos culturais, como aqueles relacionados ao
desempenho térmico e valorização estética.
6 MATERIAIS E MÉTODOS
Esta pesquisa em iniciação científica – de caráter exploratório e cunho teórico-conceitual –
foi desenvolvida a partir de uma investigação web e bibliográfica de temas relacionados à cor, ao
seu uso na arquitetura e à sua relação com a sustentabilidade. Através do estudo de infográficos,
da leitura de textos complementares e da seleção de fontes nacionais e internacionais, concebeu-
se este relatório, que busca contextualizar o uso da cor ao longo da história, chegando aos usos
atuais na arquitetura sustentável. Após a revisão teórica, realizou-se a seleção, análise e
comparação de 03 (três) casos da arquitetura sustentável, identificando seus aspectos funcionais,
técnicos e estéticos. Visando também a realização de uma aula expositiva para alunos de
graduação do início do curso de arquitetura e urbanismo, esta pesquisa complementa atividades
de monitoria (iniciação à docência), exemplificando a relação entre pesquisa e ensino na área de
Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo.
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da revisão teórica realizada, busca-se aqui apontar alguns pontos levantados ao
longo do relatório por meio do estudo de casos reais. Com esse objetivo, foram selecionados 03
(três) obras de arquitetura sustentável contemporânea. Essas obras foram escolhidas a partir de
uma pesquisa, cujo principal critério de seleção foi a aplicação em diferentes contextos/ambientes
e finalidades do uso da cor com vistas à maior sustentabilidade sociocultural. Na sequência, são
apresentados, de forma sintética, os três casos selecionados, acompanhados de algumas
ilustrações e informações sobre suas principais características.
15
ESTUDO DE CASO I Escola Vocacional Sra Pou
2010/12 – Sra Pou (Camboja) Rudanko & Kankkunen Architetcs
Sra Pou é uma comunidade pobre de Udong,
Província do Camboja – um país localizado na porção
sul da península da Indochina, no sudeste asiático –,
que carece de infraestrutura básica e renda fixa. O
objetivo principal dessa escola vocacional (Figura 04)
era o de fornecer formação profissional e incentivar a
comunidade local a desenvolver atividades econômicas
sustentáveis. Contudo, a escola, com cerca de 200 m2,
também tem funcionado como local de encontro para
toda a comunidade. O projeto foi desenvolvido pelos
arquitetos finlandeses Rudanko e Kankkunen, com o
apoio da ONG Ukumbi 6. (ARCHDAILY, 2011)
Os arquitetos também supervisionaram a
construção, que foi realizada pelos próprios usuários,
utilizando técnicas e materiais locais. Os tijolos, por
exemplo, são feitos de terra vermelha – abundante na
região – e secos ao sol. Quando iluminados, eles
refletem o tom quente e vermelho da terra ao redor
(Figura 05). O uso da cor nas portas artesanais torna o
edifício ainda mais convidativo. As cores nesse caso
derivam de materiais relativamente baratos, mas
capazes de conferir beleza à escola e torná-la mais
atrativa para a comunidade. (DEEZEN, 2011)
Em 2012, o projeto da escola continuava a ser
monitorado por Rudanko e Kankkunen, constatando-se
a necessidade de mudar o material das portas
artesanais, que tinham pouca durabilidade (UKUMBI,
2015). O aspecto da cor, porém, foi mantido, sendo
que a própria comunidade tratou de organizar
workshops para que as novas portas de metal fossem
pintadas e decoradas pelas crianças da comunidade,
sob a supervisão de um artista local (Figuras 06 a 09).
6 A Ukumbi é uma Organização Não-Governamental (ONG) filandesa fundada em 2007 que fornece serviços ligados à arquitetura para comunidades em necessidade em todo o mundo. As obras da Ukumbi buscam usar materiais e técnicas locais, sendo ecologicamente sustentáveis. (UKUMBI, 2015)
FIGURA 04
FIGURA 05
FIGURA 06 FIGURA 07
FIGURA 08 FIGURA 09
16
ESTUDO DE CASO II Escola Primária Maria Grazia Cutulli
2011 – Herāt (Afeganistão) 2A+P/A, IaN+ & Ma0 Architetcs
De iniciativa italiana, a Fundação Maria Grazia
Cutuli apoia programas que promovam a educação e
inclusão social para crianças e mulheres, em países
devastados por guerras ou calamidades naturais. Esta
escola primária, projetada por um grupo internacional
de arquitetos7, procura oferecer um ambiente seguro e
saudável para as crianças afegãs (Figura 10). Ao total
foram utilizados 150.000 euros para a construção de
todo o complexo, que possui cerca de 650 m2 de área.
(ARCHDAILY, 2012)
O projeto buscou conciliar espaços funcionais e
evocativos, procurando utilizar mão-de-obra, materiais
e técnicas locais. A posição das salas de aulas foi
definida de modo a aproveitar o máximo da ventilação
natural e da luz solar (Figura 11), sendo a construção
do muro ao redor da escola necessária por questões
de segurança. A biblioteca é o único ambiente com
mais de um pavimento. As paredes foram pintadas de
diferentes tons de azul e contrastam com o vermelho
das esquadrias metálicas (Figura 12). No Afeganistão,
a cor azul possui um significado histórico-cultural,
frequentemente ligado ao sagrado e ao puro
(CUTULI, 2015). Assim, o azul foi escolhido para a
pintura da escola voltada à educação infantil, o que a
fez se destacar da paisagem, esta caracterizada
predominantemente por tons esverdeados e terra
marrom (Figuras 13 e 14).
7O grupo internacional foi composto pelos escritórios 2A+P/A, formado pelos arquitetos Gianfranco Bombaci e Matteo
Costanzo; IaN+, do qual participam Carmelo Baglivo, Luca Galofaro e Stefania Manna; e Ma0, que está organizado pelos profissionais Massimo Ciuffini, Ketty Di Tardo, Alberto Iacovoni e Luca La Torre, além do arquiteto Mario Cutuli. (N.A.)
FIGURA 10
FIGURA 11
FIGURA 12
FIGURA 13
FIGURA 14
17
ESTUDO DE CASO III Estacionamento de Centro Cívico
2007 – Santa Mônica CA (EUA) Moore Ruble Yudell Architetcs
O projeto do Estacionamento do Centro Cívico
em Santa Monica, na Califórnia (EUA), buscou se
envolver com a comunidade, sendo mais do que um
estacionamento tradicional. O edifício pode comportar
um pouco mais de 880 vagas para automóveis e, além
disso, oferece outras variedades de serviços, incluindo
cafés e uma ampla vista para o Oceano Atlântico
(Figura 15). De acordo com o site de seus projetistas
Moore Ruble Yudell Architects & Planners (2015), na
obra foram utilizados materiais reciclados, como cinza
volante no lugar do cimento. No telhado, painéis
fotovoltaicos fornecem sombra e parte da energia total
consumida (Figura 16).
Os compartimentos de vidro colorido da
fachada possuem um caráter icônico, caracterizando
todo o conjunto. O uso da cor, tanto no interior quanto
no exterior, contribuiu para transformar o ambiente de
um estacionamento em algo agradável e convidativo.
Segundo o site SMGOV (2015), em 2007, tais
características levaram a obra a ser certificada pelo
LEED8 (Figuras 17 a 19).
8
O LEED, ou Leadership in Energy and Environmental Design, é um sistema internacional que promove a sustentabilidade nas edificações, através de certificação e orientação ambiental.
FIGURA 15
FIGURA 16
FIGURA 17
FIGURAS 18 E 19
18
Fazendo uma comparação entre os casos estudados, observa-se que em todos a cor
tornou-se um elemento essencial para caracterização da obra. No primeiro caso, o tratamento
cromático dado às portas da escola talvez seja o aspecto estético mais forte do projeto, fazendo
com que a beleza das tonalidades atraia a população para a escola e fornecendo – por meio de
um material relativamente barato – a possibilidade de realizar algo não apenas necessário, mas
também belo. O resultado para a comunidade foi positivo, pois, segundo os próprios arquitetos, a
população reuniu-se para pintar as novas portas, demonstrando apropriação e afeição pela
escola, o que indica o cumprimento do objetivo social da arquitetura sustentável.
No segundo caso, o qual também se trata de uma escola, a cor do conjunto remete à
tradição do local e, consequentemente, associa-se a valores culturais, os quais são fundamentais
para a sustentabilidade socioambiental ao se reforçar laços sociais e identidade local. O azul tem
forte conotação para o povo afegão e a escola, proveniente da iniciativa de uma instituição
filantrópica estrangeira, conseguiu através de sua composição plástica e colorido aproximar-se da
população da escola, promovendo um contraste positivo em relação à paisagem circundante e
tornando-se assim um forte polo de atração.
E, no terceiro caso, a construção do estacionamento respeitou os requisitos para a
certificação ambiental, com o uso de tecnologias contemporâneas, ao mesmo tempo em que o
uso da cor tornou-a relevante em comparação ao que geralmente se espera de um
estacionamento. Aqui, a influência psicológica das cores transformou esse espaço em um lugar
convidativo e amigável. Além disso, a questão simbólica da cor inseriu-se nesse exemplo ao se
transformar a edificação em um ícone para a região. Aspectos funcionais tornam-se aqui
secundários quando o objetivo é romper com a monotonia e incluir elementos lúdicos em um
programa tradicionalmente repetitivo e enfadonho.
8 CONCLUSÃO
Com este trabalho de pesquisa, embora de abrangência limitada e cunho introdutório, foi
possível constatar que a cor é um fenômeno cotidiano, porém complexo. Mesmo após as
descobertas científicas a seu respeito, o caráter simbólico – muitas vezes, místico – da cor se
preservou ao longo dos tempos e a sua influência nos seres humanos tem sido amplamente
empregada até os dias de hoje, ainda mais na atual sociedade da informação e do consumo. Em
uma perspectiva histórica, a cor apresenta-se em todos os estilos e/ou linguagens arquitetônicas,
assumindo diversas funções e agregando novos significados a formas, volumes e espaços.
Além disso, pôde-se notar que, ao longo da história, as técnicas de manipulação da cor na
arquitetura também evoluíram, buscando-se cada vez novos efeitos e aplicações, assim como
tons mais refinados e maior durabilidade. No âmbito da sustentabilidade, os efeitos cromáticos
relacionam-se à criação de espaços com maior qualidade de vida, além da possibilidade de se
19
poder ofertar beleza a comunidades mais pobres, favorecendo a construção e a preservação da
identidade cultural dessas populações.
Vindo contribuir ao projeto de pesquisa intitulado Green Architecture: Estratégias de
sustentabilidade aplicadas à arquitetura e design, esta pesquisa de iniciação científica procurou
servir como base introdutória diante da abrangência do tema da cor e, especificamente, do uso da
cor na arquitetura. Longe de esgotar o tema, buscou apresentar algumas definições e
propriedades das cores, mostrando algumas de suas aplicações e significados ao longo do tempo
e relacionando suas características à questão contemporânea do desenvolvimento sustentável.
Após essa construção teórica sobre cor, arquitetura, comunicação e sustentabilidade, foi possível
a seleção, descrição e comparação de três casos ilustrativos, onde foi comprovada a capacidade
da cor proporcionar uma melhoria na qualidade dos espaços, tornando-os mais confortáveis e
atrativos para seus usuários.
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18/07/2015
10 http://www.mariocutuli.it/files/img6351.jpg 23/07/2015
11 http://images.adsttc.com/media/images/5018/3e0a/28ba/0d33/a800/01e6/medium_jpg/stringio.j
pg?1414291988
23/07/2015
12 http://images.adsttc.com/media/images/5018/3dfb/28ba/0d33/a800/01e1/medium_jpg/stringio.j
pg?1414291967
23/07/2015
13 http://images.adsttc.com/media/images/5018/3e05/28ba/0d33/a800/01e4/medium_jpg/stringio.j
pg?1414291984
23/07/2015
14 https://ma0now.files.wordpress.com/2011/04/10-scaled1000.jpg 23/07/2015
15 http://assets.inhabitat.com/files/leedgarage2.jpg 23/07/2015
16 http://www.bendheimwall.com/press/images/santaMonica2.jpg 23/07/2015
17 http://www.moorerubleyudell.com/sites/default/files/styles/mry-project-image-main/public/301i-
Main2.jpg?itok=X7BRaBLB
23/07/2015
18 e 19 http://archrecord.construction.com/projects/bts/archives/transportation/08_CivicCenterParking/i
mages/8.jpg
30/07/2015
21
11 APRECIAÇÃO DO ORIENTADOR
Este trabalho de iniciação científica cumpriu o cronograma inicial, permitindo atingir os objetivos
iniciais, não ocorrendo atrasos e imprevistos. Seu desenvolvimento junto ao professor-orientador
permitiu a complementação e publicação de material didático do curso de arquitetura e urbanismo da
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ – UFPR. A aluna voluntária apresentou interesse e dedicação
satisfatórias na elaboração das tarefas indicadas pelo professor-orientador, permitindo o
desenvolvimento adequado da pesquisa. Tratando-se de um trabalho introdutório sobre o tema e da
vastidão de questões possíveis de serem abordadas em investigações nesse campo de trabalho,
considera-se que os resultados atingidos são suficientes aos meios utilizados e também aos fins
pretendidos.
DATA E ASSINATURAS
Curitiba, julho de 2015.
Lissandra Taísa Baldissera
Antonio Manoel Nunes Castelnou, neto