universidade federal do paranÁ curso de … · obrigada por tudo pai, mãe e lanna, amo vocês!!!...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
CURSO DE ZOOTECNIA
LORENA CARLA GOMES VERNASCHI
USO DE PROGRAMAS DE ACASALAMENTOS DIRIGIDOS PARA
INCREMENTAR A PRODUÇÃO DE BOVINOS LEITEIROS NO BRASIL
CURITIBA
2016
LORENA CARLA GOMES VERNASCHI
USO DE PROGRAMAS DE ACASALAMENTOS DIRIGIDOS PARA
INCREMENTAR A PRODUÇÃO DE BOVINOS LEITEIROS NO BRASIL
Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Paraná, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia. Orientadora: Profª Drª. Laila Talarico Dias Orientadora do Estágio Supervisionado: MSc. Roberta Cristina Sesana Barrere
CURITIBA
2016
Dedico esse trabalho a minha família
que sempre me incentivou a realizar
meus sonhos e objetivos de vida.
AGRADECIMENTOS
Orgulho.
Palavra que define meu sentimento nesse momento.
Sentimento que faz com que me sinta completa, realizada e feliz, pois me
formar em Zootecnia sempre foi um sonho, meu objetivo de vida. Mas, para atingir
essa meta tive o apoio dos meus pais e da minha irmã, pessoas que estão sempre
presentes e são essenciais na minha vida. Ao longo desses anos, me deram
conselhos e foram o alicerce para que eu seguisse nessa jornada. Um caminho
nada fácil, porém muito importante para minha vida profissional e pessoal. Obrigada
por tudo pai, mãe e Lanna, amo vocês!!! Vocês são tudo para mim!!!
Agradecer nunca foi meu ponto forte, porém nunca deixei de reconhecer a
ajuda de Deus e de Nossa Senhora de Fátima por me abençoarem, ensinarem a ser
uma pessoa melhor a cada dia e me guiarem para o sucesso!
Agradeço a minha orientadora Profa. Laila por estar sempre disposta a me
ajudar e a me ensinar, não só sobre melhoramento genético animal, mas também
sobre a vida. Obrigada por me receber em sua vida de braços abertos e me dar
puxões de orelha quando preciso!! Obrigada por tudo!!
Obrigada Prof. Dr. Rodrigo de Almeida Teixeira e Profª Drª Maity Zopollatto
por aceitarem participar da banca avaliadora. Agradeço as dicas e correções para
que esse trabalho fique ainda melhor!
Às minhas amigas zootecnistas Neia, Bru, Mandy e Lolo, apesar de não ter
me formado com vocês, quero dividir essa vitória,afinal foram vocês que estiveram
ao meu lado na universidade quando eu pensei em desistir. Obrigada minhas lindas
por me aguentarem por 6 anos!! Amo vocês!!!
Aos meus amigos e amigas de curso de zootecnia Lidiane, Jéssica, Gisele,
Giovana, Marina e Pedro por me enturmarem depois que voltei da Austrália.
Obrigada por me ajudarem nesses 2 anos restantes de faculdade. Vocês me
aceitaram e me colocaram no círculo de amizade de vocês. Saibam que sou muito
grata por isso. Obrigada por tudo!!!
Aos meus “gametes” favoritos, Bruno, Cláudia e Bárbara, que me ajudaram
nas edições de dados e nas interpretações de resultados oriundos de análises
intermináveis. Obrigada por dividirem um pouquinho do tempo de vocês comigo,
seja comendo um bolo com café ou em frente ao computador tentando resolver o
cartão de parâmetros do MIZSTAL. Obrigada por serem meus amigos de sempre!!!
Amo vocês!!!
À equipe Gestor Leite e PAINT da CRV Lagoa, que me acolheu tão bem
desde o primeiro dia de estágio. Obrigada por dividir o conhecimento de vocês
comigo. Obrigada por fazerem do meu estágio o melhor de todos. Obrigada por tudo
Ro, Leo, Cesar, Vivi, Ju e Gleidson!!!
Agradeço também aos novos amigos que Deus me deu: Fran, Davi, Carito,
Carol, Rafa, Neguinho e Canudinho por fazerem minha estadia no lagoinn
sensacional. Obrigada por dividirem milhares de momentos felizes comigo. Obrigada
por fazer meus dias em Sertãozinho ainda mais divertidos!! Obrigada por me
aceitarem durante esses quatro meses em suas vidas!!! Amo vocês!!!
Obrigada a todos por fazerem parte da minha vida!!! Todos serão lembrados
para sempre!!! Obrigada por tudo!!!
“Sabemos como é a vida: num dia dá tudo certo e no outro as coisas já não são tão
perfeitas assim. Altos e baixos fazem parte da construção do nosso caráter. Afinal,
cada momento, cada situação que enfrentamos em nossas trajetórias é um desafio,
uma oportunidade única de aprender, de se tornar uma pessoa melhor. Só depende de
nós, das nossas escolhas.”
Albert Einstein
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Efeito da seleção sobre uma população .................................................... 16
Figura 2. Tipo ideal para fêmeas e machos da raça Holandesa ............................... 21
Figura 3. Classificação para tipo na base canadense .............................................. 23
Figura 4. Layout da página de escolha do cliente e pacote de vacas do programa
SireMatch ................................................................................................... 42
Figura 5. Layout da página de escolha do pacote de touros do programa SireMatch
................................................................................................................... 43
Figura 6. Layout da geração do acasalamento dirigido do programa SireMatch ...... 45
Figura 7. Layout da visualização do relatório do acasalamento dirigido do programa
SireMatch ................................................................................................... 46
Figura 8. Frequência dos índices esperados de acordo com o tipo de acasalamento
(ao acaso ou dirigido), para grupos de RM ou MC. ................................... 53
Figura 9. Coeficientes de endogamia (F) médios por ano e estratégia de
acasalamento adotada em população de bovinos da raça Nelore. ........... 54
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Herdabilidades (h2), com respectivos desvios-padrão (dp), números de
animais avaliados (n) para características produtivas, reprodutivas e de
tipo-conformação para a raça Holandesa, conforme vários autores. ......... 20
Tabela 2. Relação de países que adotam o sistema de classificação linear, escala de
pontuação e números de características avaliadas para vacas leiteiras ... 22
Tabela 3. Pontuação final da classificação para tipo ................................................ 22
Tabela 4. Precisão do teste de progênie segundo diferentes estimativas de
herdabilidade e de progênies por reprodutor ............................................. 26
Tabela 5. Objetivos de seleção do programa SireMatch .......................................... 44
Tabela 6. Herdabilidade (h2), desvios-padrão (dp) e correlação genética entre
características lineares e produção de leite (PL), de gordura (PG) e de
proteína (PP), na raça Holandesa. ............................................................ 50
Tabela 7. Efeito de três níveis de consanguinidade sobre características econômicas
de gado de leite ......................................................................................... 55
Tabela 8. Efeito do aumento de 1% na taxa de endogamia (F) sobre a produção de
leite e de seus componentes na raça Holandesa ...................................... 55
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. viii
LISTA DE TABELAS ............................................................................................... viiii
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 13
2. OBJETIVO ............................................................................................................ 14
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 15
3.1. Seleção .............................................................................................................. 15
3.2. Objetivos e critérios de seleção ......................................................................... 17
3.2.1. Teste de progênie ........................................................................................... 24
3.3. Seleção com base em índice de seleção .......................................................... 28
3.4. Seleção genômica ............................................................................................. 30
3.5. Programas de acasalamentos dirigidos disponíveis no Brasil ........................... 33
4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO .................................................................................. 36
4.1. Plano de estágio ................................................................................................ 36
4.2. A empresa ......................................................................................................... 37
4.3. Setor de estágio ................................................................................................ 38
4.4. Atividades realizadas ......................................................................................... 39
5. DISCUSSÃO ........................................................................................................ 49
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 57
ANEXOS................................................................................................................... 62
Anexo 1. Plano de estágio ........................................................................................ 62
Anexo 2. Termo de compromisso ............................................................................. 63
Anexo 3. Certificado do curso: Melhoramento genético animal – Rebanho de corte 64
Anexo 4. Certificado do curso: Melhoramento genético animal – Rebanho de leite. 65
Anexo 6: Layout SireMatch (Parte 2) ........................................................................ 67
Anexo 7: Layout SireMatch (Parte 3) ........................................................................ 68
Anexo 8: Layout SireMatch (Parte 4) ........................................................................ 69
Anexo 9. Ficha de supervisão de estágio curricular obrigatório – Ficha de
Desempenho de Atividades ...................................................................................... 70
Anexo 10. Ficha de Controle de Frequência ............................................................ 71
RESUMO
Para melhorar a eficiência da produção animal é importante realizar melhorias no
manejo alimentar, sanitário, reprodutivo, além das instalações. No entanto, essas
medidas apresentam efeito em curto prazo. Dentre as ferramentas do melhoramento
genético, a seleção promove efeito acumulativo e permanente, pois altera as
frequências gênicas e genotípicas da população. A escolha de reprodutores deve
ser realizada em função dos valores genéticos dos animais para as características
de interesse econômico, de acordo com os objetivos e critérios de seleção pré-
definidos, conforme a situação econômica e produtiva da propriedade rural. Uma das
formas para maximizar o ganho genético, sem aumentar o coeficiente de endogamia
no rebanho, é realizar, após identificar os melhores animais, o acasalamento
dirigido, ou seja, procede-se o acasalamento entre o melhor reprodutor e a melhor
matriz. Com o objetivo de vivenciar o funcionamento de um programa de
melhoramento genético animal, o estágio obrigatório foi realizado na empresa CRV
Lagoa, no Departamento de Inovações, no qual foi possível acompanhar as ações
realizadas no programa do Gestor Leite, que gera informações zootécnicas
individuais e do rebanho. Além disso, durante o estágio foi possível utilizar o
software SireMatch para propor os acasalamentos dirigidos.
Palavras-chave: Capacidade Prevista de Transmissão, Ganho Genético e Seleção.
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1. INTRODUÇÃO
Os programas de melhoramento genético de bovinos leiteiros têm como
objetivo identificar os melhores animais, ou seja, indivíduos de fenótipos adequados
para produzirem de acordo com os objetivos da propriedade, ou de sistema de
produção (leite com baixa contagem de células somáticas, alta porcentagem de
gordura e de proteína).
Dentre as ferramentas do melhoramento genético de bovinos leiteiros, a
seleção considerada um processo decisório para a identificação de animais
superiores, e o acasalamento dirigido, cujo objetivo principal é decidir quais
reprodutores serão acasalados com o objetivo de produzir progênies com alto valor
genético.
Atualmente, o mercado oferece alguns softwares que priorizam o uso de
animais geneticamente superiores para obter o aumento da produção leiteira e o
aperfeiçoamento de características reprodutivas e morfológicas dos animais. As
maiorias das empresas disponibilizam aos clientes programas de acasalamentos
dirigidos com a intenção de promover a longevidade, a fertilidade, e a produção dos
animais. A utilização de acasalamentos dirigidos possibilita o uso racional de
animais superiores, intensificando os objetivos pré-determinados dentro do
programa de melhoramento, visando maximizar o ganho genético e oferecer
aumento da lucratividade em rebanhos leiteiros (MOTA; PIRES; BONAFÉ, 2013).
Com a intenção de maximizar a confiabilidade das avaliações genéticas
tradicionais, a seleção genômica vem sendo usada como uma opção, pois esse
procedimento pode aumentar a acurácia de predição em até 75%, aproximadamente
(HAYES et al., 2009).
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2. OBJETIVO
Desenvolver revisão bibliográfica sobre seleção e acasalamento dirigido na
raça Holandesa, e acompanhar as atividades realizadas no programa de
melhoramento genético de bovinos leiteiros (Gestor Leite), e acasalamento dirigido
(SireMatch) do departamento de inovações e de leite da empresa CRV Lagoa,
localizada no município de Sertãozinho–SP.
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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A bovinocultura de leite brasileira vem aprimorando o processo de produção
com a finalidade de maximizar a produção de leite e a produtividade dos rebanhos.
Segundo o boletim técnico Panorama do Leite (2015), o Brasil produziu 35,2 bilhões
de litros em 2014, o que representa um crescimento de 2,7% em relação ao ano de
2013, sendo que a região sul do Brasil representa 46% dessa produção (426
milhões de litros), o que a torna a maior região produtora de leite do país. Em 2016 o
país deve alcançar a produção de 36,2 bilhões de litros/ano (CONAB, 2016),
voltando apresentar estabilidade no volume total produzido.
No entanto, diferente do que ocorre na bovinocultura de corte, o uso de
programas de melhoramento na bovinocultura leiteira é pequeno, mesmo em
rebanhos altamente tecnificados. Sendo assim, a formação de profissionais que
dominam os conceitos nessa área do conhecimento poderá auxiliar não apenas na
mudança no comportamento de criadores e técnicos, mas também no uso de
seleção e acasalamentos dirigidos para incrementar a produção desses animais,
bem como a qualidade do produto.
3.1. Seleção
O melhoramento genético tem como objetivo principal alterar o mérito
genético dos animais da geração futura, com a intenção de que os mesmos
produzam de forma mais eficiente, de acordo com o objetivo de seleção, quando
comparados à geração dos pais.
A seleção é caracterizada por ser um processo contínuo e com resultados em
longo prazo, e tem como efeito principal o aumento da frequência gênica favorável e,
consequentemente, a diminuição da frequência dos genes desfavoráveis
(VALENTE; VERNEQUE; DURÃES, 2001). Assim, os animais de diferentes
genótipos são selecionados como reprodutores, cuja função é produzir
descendentes com alto mérito genético. Além disso, a eficiência da seleção pode ser
melhorada com o uso de métodos que baseiam-se no conceito de que cada animal
16
transmite parte de sua composição genética aos seus descendentes e, portanto, a
expressão do fenótipo de um descendente pode refletir a superioridade ou
inferioridade do animal avaliado (MACHADO; MARTINEZ, 2001).
Com o auxílio da genética, as mudanças em uma população podem ser
permanentes, acumulativas e dissipadas pela disseminação de material genético de
touros geneticamente superiores, por meio das técnicas de reprodução (AXELSSON
et al. 2013), que quando são selecionados e acasalados com fêmeas, também
selecionadas, podem garantir o ganho genético em uma característica de interesse
na próxima geração.
De acordo com Valente, Verneque e Durães (2001), a resposta à seleção é a
diferença entre o valor fenotípico médio dos descendentes dos pais selecionados e a
média da geração parental antes da seleção (Figura 1), por essa razão, espera-se
que a média da progênie seja superior a dos seus ancestrais.
Figura 1: Efeito da seleção sobre uma população
Legenda: ( ) média de toda a população; ( s) indivíduos selecionados para pais da
próxima geração; (S) diferencial de seleção; ( f) média da progênie.
Fonte: O autor (2016)
A reposta à seleção pode ser medida pelo ganho genético (∆G), sendo igual
ao diferencial de seleção (S), no qual é a diferença entre a média dos pais
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selecionados e a média da população (intensidade de seleção x desvio fenotípico), e
a herdabilidade da característica (h2), conforme demonstrado pela equação a seguir:
Em que:
L = intervalo de gerações, que é calculado pela média de idade dos
pais à época de nascimento de seus filhos.
Assim, pode-se constatar que a herdabilidade da característica definirá o
quanto do diferencial de seleção será transferido à geração seguinte (ELER, 2014).
Em vista disso, conclui-se que o ganho genético anual pode ser influenciado
por quatro fatores: a intensidade de seleção, o desvio fenotípico e a herdabilidade da
característica, e o intervalo entre gerações. Em gado leiteiro, o ganho genético
anual, geralmente, é pequeno, devido à baixa taxa de reposição de vacas de
descarte por novilhas de grande potencial genético (VALENTE; VERNEQUE;
DURÃES, 2001). De acordo com Pereira (2012), todos os fatores que resultam em
ineficiência reprodutiva colaboram com o aumento do intervalo de gerações (L), e
todas as ações capazes de intensificar a eficiência reprodutiva tendem a diminuir o
L.
A seleção é o primeiro passo para obter evolução genética no rebanho, pois
com essa ferramenta é possível identificar os melhores animais de acordo com
objetivos e critérios de seleção da propriedade, que são determinados com base na
situação econômica da fazenda.
3.2. Objetivos e critérios de seleção
Primeiramente deve-se definir o objetivo de seleção e, em seguida,
determinar os critérios de seleção, ou seja, as características que serão mensuradas
e analisadas para auxiliar na identificação dos melhores animais conforme os
objetivos inicialmente propostos.
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De acordo com Alencar (2002), para definir os objetivos de seleção deve-se
levar em consideração os seguintes fatores:
Sistema de produção: é considerado o desempenho produtivo do rebanho,
para auxiliar na definição de características produtivas, no qual devem ser
melhoradas. Além disso, o ambiente, o manejo reprodutivo, nutricional e
sanitário, e a infraestrutura compõem esse objetivo.
Mercado: identificar a exigência do mercado. Por exemplo, atender aos limites
mínimos de porcentagem de proteína (%P) e de gordura (%G) no leite, para
que as indústrias de subprodutos lácteos (iogurte e queijo) possam oferecer
ao consumidor um produto de qualidade.
Uma vez pontuado os objetivos de seleção, define-se os critérios de seleção
para depois proceder à seleção dos animais. A escolha das características
presentes no critério de seleção dependerá da relevância econômica, e da
variabilidade genotípica e fenotípica.
Segundo Groen et al. (1997), as características que serão usadas como
critérios de seleção podem ser divididas como:
Características de produção: “Carrier”, gordura, proteína e qualidade do leite.
Características funcionais:
- Saúde: mastite, pernas e pés, outras doenças e resistências às
doenças;
- Fertilidade: expressão do cio, taxa de prenhez;
- Facilidade de parto: efeitos diretos, efeitos maternos e “stillbirth”
(capacidade de manter a gestação);
- Eficiência: peso corporal, capacidade de ingestão, persistência na
lactação;
- Ordenha: velocidade de ordenha e comportamento.
O programa Canadense priorizava o ganho genético simultâneo de várias
características denominado índice de seleção. Para tanto, consideravam as
seguintes características de produção: 305 dias de produção de leite; produção de
gordura e de proteína; percentagem de gordura e de proteína; produção da primeira
lactação versus produção da última lactação; persistência na lactação; produção de
cada lactação (DEKKERS; GIBSON, 1998). Além disso, segundo os autores eram
incluídas cinco características auxiliares: o efeito direto e maternal, a facilidade de
parto, a velocidade de ordenha, a vida no rebanho e a contagem de células
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somáticas (CCS). Atualmente, o índice de seleção canadense (LPI – Lifetime Profit
Index) é dividido em produção (40% - Production component), durabilidade (32% -
Durability component), e saúde & fertilidade (28% - Health and fertility component),
no qual a categoria de produção é composta por produção de proteína e gordura; de
durabilidade engloba vida no rebanho, sistema mamário, pernas e pés, e força
leiteira; e de saúde & fertilidade é constituída por persistência na lactação,
profundidade de úbere, velocidade de ordenha, fertilidade das filhas e CCS
(CANADIAN DAIRY NETWORK, 2009).
A CCS é essencial para a identificação de mastite no rebanho, que é uma
doença responsável pela redução da qualidade e produção de leite, pelo aumento
dos custos com tratamentos e pelo descarte precoce de vacas com mastite crônica
(MAGALHÃES et al., 2006). Além disso, os autores afirmaram que a alta CCS no
leite não oferece risco algum à saúde humana, no entanto, diminui o tempo de
prateleira do produto. Portanto, para o produtor, a alta contagem de células
somáticas significa menor retorno econômico, devido à redução na produção, e
pelas penalidades aplicadas pelos lacticínios. Para a indústria, alta CCS resulta em
problemas no processamento do leite e redução no rendimento, em decorrência dos
baixos teores de caseína, gordura e lactose. Assim, diversos laticínios têm oferecido
aos produtores bonificação para estimular a produção de leite com baixa CCS.
No Brasil os critérios de seleção eram divididos em características leiteiras,
reprodutivas e de peso, como: produção de leite, produção de gordura, mastite, fluxo
lácteo, número de serviços por concepção, idade ao primeiro parto, vida útil, peso da
vaca adulta, peso ao abate, fertilidade, duração da lactação, e entre outras (LÔBO;
MADALENA; PEÑA, 2000). Atualmente, o Índice de Seleção Brasileiro (ISB) é
composto em produção (30%) (volume de leite, produção de gordura e de proteína),
conformação (30%) (frame, força leiteira, úbere e pernas & pés) e funcionalidade
(40%) (contagem de células somáticas, fertilidade e longevidade) (CRV LAGOA,
2016).
Segundo Pereira (2012), essas características podem ser classificadas como:
a) produtivas, sendo a mais importante produção de leite. Nesse caso, deve ser
considerada ideal a vaca que apresenta alta produção ao longo do ano, lactação de
305 dias com período seco de 60 dias, para que haja recuperação adequada do
sistema mamário; b) reprodutiva, sendo o principal parâmetro a fertilidade; c)
características adaptativas que determinam o período de permanência da vaca no
20
rebanho. Por exemplo, incidência de mastite. Essa doença é um dos principais
motivos de descarte de vacas, pois possui correlação direta com volume de leite
produzido; d) tipo-conformação, tendo como priorização a classificação das vacas
baseado no “True-type” (Modelo ideal para a raça Holandesa).
As estimativas de herdabilidade (h2) para algumas características, conforme a
categoria, estão apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1: Herdabilidades (h2), com respectivos desvios-padrão (dp), números de animais avaliados (n) para características produtivas, reprodutivas e de tipo-conformação para a raça Holandesa, conforme vários autores.
Produtivas (kg) h2 ± dp n Autor
Produção de leite 0,30 ± 0,020 25.574 VALLOTO, 2016
Produção de gordura 0,33 ± 0,020 25.574 VALLOTO, 2016
Produção de proteína 0,25 ± 0,020 25.574 VALLOTO, 2016
Reprodutivas
Intervalo entre partos 0,18 ± 0,005 823 McMANUS et al., 2008
Idade ao primeiro parto 0,13 ± 0,004 ABE; MASUDA; SUZUKI, 2009
Período de serviço 0,06 ± 0,080 6.485 PEREIRA et al., 2000
Serviços por concepção 0,24 ± 0,011 3.927 McMANUS et al., 2008
Tipo-conformação
Escore final 0,40 ± 0,076 2.593 FREITAS et al., 2002
Estatura 0,39 ± 0,007 26.558 CAMPOS et al., 2012
Profundidade corporal 0,22 ± 0,006 26.558 CAMPOS et al., 2012
Angulosidade 0,22 ± 0,030 25.574 VALLOTO, 2016
Pernas vista lateral 0,22 ± 0,007 26.558 CAMPOS et al., 2012
Ligamento mediano 0,20 ± 0,030 25.574 VALLOTO, 2016
Profundidade de úbere 0,13 ± 0,053 2.593 FREITAS et al., 2002
Textura de úbere 0,14 ± 0,020 25.574 VALLOTO, 2016
Colocação teto anterior 0,23 ± 0,058 2.593 FREITAS et al., 2002
Tamanho dos tetos 0,31 ± 0,030 25.574 VALLOTO, 2016
Pela Tabela 1 é possível notar que as herdabilidades variaram de baixa a
moderada magnitude indicando que todas as características são influenciadas pelo
meio ambiente, e, por essa razão, podem apresentar progresso genético lento.
A classificação linear é uma ferramenta, cuja função é identificar os animais
que seguem o modelo ideal da raça (True-type) (Figura 2). Atualmente, associações
de criadores vêm elaborando sistemas de classificação linear com a intenção de
definir animais ideais, no qual são capazes de suportar altas produções durante
21
várias lactações. Além disso, os animais apresentam boa produção leiteira e
conformação as semelhando-se ao tipo padrão da raça. De acordo com Valloto
(2010), a partir das avaliações individuais para tipo, na qual o principal objetivo é
auxiliar na seleção de touros e acasalamentos de vacas, os produtores poderão
aumentar e melhorar a produção em longo prazo de suas vacas, aumentar o número
de lactações produtivas, reduzir a taxa de reposição no rebanho, devido ao aumento
da intensidade de seleção e do intervalo de geração, o que é indesejável, e explorar
de forma benéfica a produção leiteira dos animais. As vantagens da classificação
linear são: as características são avaliadas individualmente; os escores cobrem de
um extremo a outro do animal, numa escala biológica; descrição de cada
característica; permitir a remoção dos efeitos ambientais, como a idade, estágio de
lactação e rebanho; permitir maior representatividade relativa às diferenças entre
vacas (DURÃES, 2001).
Figura 2: Tipo ideal para fêmeas e machos da raça Holandesa
Fonte: Holstein Association USA (2016)
No momento da avaliação é atribuída uma nota (pontos) que varia de 1 a 9 ou
de 1 a 50, conforme a regulamentação seguida no país em que a avaliação está
sendo realizada (Tabela 2). No Brasil segue-se o modelo canadense (em algumas
empresas que realizam a avaliação visual), no qual a escala varia de 1 a 9 pontos,
sendo considerado os extremos o valor um e o nove, e o intermediário é o cinco. No
entanto, existem características em que o ideal é a nota nove, como força de lombo,
qualidade óssea, textura do úbere. Mas, existem aquelas em que o ideal é o escore
mediano (intermediário), como profundidade do úbere e comprimentos dos tetos.
22
Posteriormente os pontos são somados e resultam em uma classificação final
(Tabela 3).
Tabela 2: Relação de países que adotam o sistema de classificação linear, escala de pontuação e números de características avaliadas para vacas leiteiras.
Países Escala (pontos) Número de características
Austrália 1 - 9 14
Brasil 1 - 9 22
Canadá 1 - 9 29
USA 1 - 50 17
Holanda 1 – 9 18
Fonte: O autor (2016)
Tabela 3: Pontuação final da classificação para tipo
Classificação Pontuação final
Excelente (EX) 90 pontos
Muito boa (MB) 89 a 85 pontos
Boa para mais (B+) 84 a 80 pontos
Boa (B) 79 a 75 pontos
Regular (R) 74 a 65 pontos
Fraca (F) Menor que 65 pontos
Fonte: Valloto e Neto (2012)
Segundo Valloto (2010), todos os animais do rebanho deveriam ser avaliados,
exceto as vacas secas, no entanto, as primíparas são as mais importantes, visto que
por meio delas as provas de tipo são geradas, porque os efeitos genéticos são mais
expressivos, uma vez que foram pouco influenciadas pelos efeitos ambientais. Além
disso, o autor salientou que a classificação é requisito para a evolução de animais
Puros de Cruzamento (PC) e para animais Puro de Origem (PO); auxilia na análise
de evolução do rebanho com base na pontuação dos animais; proporciona aumento
na valorização dos animais no momento da venda dos mesmos; auxilia o descarte
dos animais, e mensura todas as características para tipo, auxiliando o produtor a ter
conhecimento de como está a conformação das vacas do rebanho.
A classificação é dividida em quatro grupos para a avaliação em fêmeas,
sendo: Força leiteira (22% da avaliação), garupa (10% da avaliação), pernas e pés
(26% da avaliação) e sistema mamário (42% da avaliação), conforme ilustra a Figura
3.
23
Figura 3: Classificação para tipo na base canadense
Fonte: Valloto e Neto (2012).
A avaliação em machos é a mesma feita nas fêmeas, e ocorre quando os
futuros touros completam 18 meses de idade, e é dividida em:
- Conformação e capacidade (40%):
Bem harmonioso, apresentando equilíbrio entre as partes do corpo.
- Garupa (15%):
Deve apresentar aspecto comprido, largo, limpo, bem nivelada e harmoniosa
com o lombo.
- Pernas e pés (25%):
Os ossos devem ser planos e chatos, com estrutura óssea forte,
apresentando mobilidade adequada, o ângulo do casco deve ser alto, o talão
profundo, e os aprumos na visão posterior devem ser paralelos.
- Característica leiteira (20%):
O animal deve apresentar aspecto anguloso, suas costelas anteriores e
posteriores devem ser bem abertas e arqueadas.
24
Após definir os critérios de seleção, realiza-se a avaliação genética dos
animais, que pode ser baseada na performance do individuo e/ou de sua progênie, e
logo depois é realizado acasalamento dirigido.
A escolha de reprodutores baseada nas estimativas dos valores genéticos do
animal possibilita ao criador modelar o rebanho conforme o mercado e realidade
econômica. Além disso, o uso das avaliações genéticas auxilia o produtor alterar o
desempenho médio produtivo dos animais na direção e magnitude desejada.
Segundo Bergmann (2012), a realização da avaliação genética engloba os seguintes
pontos: a) geração de informações do animal; b) envio desses dados a um centro de
avaliação; c) formação dos grupos contemporâneos; d) formação dos arquivos de
dados para a avaliação; e) cálculo do grau de parentesco entre os animais; f)
formação de modelos de solução, como o modelo touro (cada touro tem uma
equação), modelo animal (cada individuo da população tem sua própria equação) e
modelo animal reduzido (cada animal que possui uma progênie tem uma equação).
Um exemplo de avaliação genética é o teste de progênie.
3.2.1. Teste de progênie
Para obter aumento expressivo na produção leiteira e progresso genético
desejável, é necessária a identificação de animais geneticamente superiores em
programas de seleção. A mensuração do desempenho do touro é realizada por meio
da performance de produção de suas filhas em diferentes rebanhos (com a intenção
de aumentar o nível de confiabilidade do valor genético do touro). O teste de
progênie é essencial para a bovinocultura de leite, uma vez que a produção de leite
é a característica principal de seleção, apresenta herdabilidade de baixa a
moderada, e não é expressa nos machos, no entanto os machos contribuem para o
melhoramento do rebanho (VALENTE; VERNEQUE; DURÃES, 2001), pois deixam
maior número de filhas.
Entretanto, segundo Giannoni e Giannoni (1941), um dos maiores problemas
do teste de progênie é o tempo gasto em sua execução, sendo que na bovinocultura
de leite esse tempo pode variar entre 5 e 7 anos. Além disso, os autores
aconselham o uso do sêmen de touros provados por alguns anos consecutivos, e
após 3 gerações o material genético do touro usado será observado na progênie
produzida, sendo que, em gado de leite, esse período de 3 gerações corresponde
25
em média a 15 anos, tendo em torno 87,5% dos genes transmitidos (touro para
progênie).
De acordo com Silva e Veloso (2011), a seleção de touros testados deve ser
baseada no mérito genético, na confiabilidade da prova, no preço do sêmen, no
pedigree, e nos objetivos do programa de seleção.
O teste de progênie tem como objetivos:
a) Identificar anualmente os reprodutores geneticamente superiores para a
produção de leite;
b) Identificar os touros que devem ser disseminados pelo uso de sêmen;
c) Utilizar acasalamentos dirigidos com uso de touros e fêmeas de alto padrão
genético;
d) Sujeitar os touros jovens provenientes dos acasalamentos dirigidos ao teste
de progênie.
Para realizar o teste de progênie, alguns fatores devem ser considerados
entre os quais: o número total de jovens touros que será usado para se estimar o
custo e a capacidade de absorção de sêmen no mercado; o número de vacas
disponíveis para a reprodução, sendo escolhidas as de alto valor genético; planejar
todo o processo de distribuição de sêmen e de coleta de dados para se garantir
resultados favoráveis ao final do programa; identificação dos touros a serem usados
depois de uma prévia seleção, e planejar o acasalamento dirigido.
Segundo Pereira (2008), a precisão do teste de progênie mede a correlação
do genótipo do pai com a média fenotípica de sua progênie. Além disso, conforme é
descrito na Tabela 4, quando a característica é de alta herdabilidade o número de
progênie necessário para avaliar o reprodutor é menor do que quando esta é de
baixa magnitude. Resultados confiáveis já são observados em touros com 10 a 15
progênies, e progênies numerosas limitam o número de reprodutores potencialmente
testáveis, além de aumentar o custo do teste.
26
Tabela 4: Precisão do teste de progênie segundo diferentes estimativas de herdabilidade e de progênies por reprodutor
NÚMERO DE PROGÊNIES
EFICIÊNCIA DA SELEÇÃO SEGUNDO A HERDABILIDADE
0,10 0,20 0,30 0,40 0,60 0,70
5 0,34 0,46 0,54 0,60 0,68 0,72
10 0,45 0,58 0,67 0,73 0,79 0,82
15 0,53 0,66 0,74 0,79 0,85 0,87
20 0,58 0,72 0,79 0,83 0,88 0,90
25 0,63 0,75 0,82 0,86 0,90 0,92
30 0,66 0,78 0,84 0,88 0,92 0,93
35 0,69 0,80 0,86 0,89 0,93 0,94
40 0,71 0,82 0,87 0,90 0,94 0,95
45 0,73 0,84 0,89 0,91 0,94 0,95
50 0,75 0,85 0,90 0,92 0,95 0,96
Fonte: Lasley (1978)
Para que o teste de progênie seja acurado, alguns ajustes devem ser
realizados para colocar as vacas em condições comparáveis. Além dos fatores de
natureza ambiental são considerados (PEREIRA, 2008):
1. Diferenças devidas a rebanho: Nesse fator são englobadas as
diferenças que envolvem a alimentação, manejo, topografia, clima,
sanidade, etc. Além disso, as diferenças genéticas entre rebanhos
podem ser analisadas de duas formas: a) animais do mesmo rebanho
são analisados como membros de uma mesma família, pois
apresentam mais semelhanças que animais de outros rebanhos; b)
diferenças de objetivos de seleção entre os rebanhos.
2. Mês e/ou estação de parição: Deve ser contemplada a pluviosidade,
temperatura, produção de forragens, etc., pois esses fatores afetam a
produção de leite das vacas. Assim, o efeito do mês e/ou estação de
parição pode ser reduzido fazendo-se analogias entre vacas paridas no
mesmo mês ou estação de parição.
3. Idade da vaca: Esse fator pode influenciar na produção leiteira, pois
vacas mais maduras têm a disposição de produzir mais leite que as
vacas de primeira lactação.
4. Número de ordenhas: Esse fator afeta a produção leiteira, pois caso a
vaca seja ordenhada 3x/dia pode resultar em aumento de 17-20% na
27
produção. Esse aumento é devido à redução na pressão intramamária,
permitindo que os alvéolos secretem com intensidade mais regular.
5. Período de lactação: Esse fator está diretamente correlacionado com a
produção de leite, ou seja, quanto maior o período de lactação de uma
vaca, maior será a sua produção.
Atualmente, o método estatístico mais utilizado nas avaliações genéticas é o
BLUP (Best linear unbiased prediction – Melhor preditor linear não viesado), que por
meio de modelo misto, considera a média da população para estimar o desvio das
médias das filhas dos reprodutores, e o efeito genético do animal. A metodologia
BLUP apresenta as seguintes vantagens: a avaliação genética do reprodutor não é
tendenciosa, viabiliza a comparação entre animais de rebanhos distintos, faz uso de
todas as informações de pedigree disponíveis, contabilização de acasalamentos
dirigidos, e estimação da tendência genética da população. No entanto, de acordo
com Silva et al. (2012), dentre as desvantagens desse método pode-se destacar:
não corrige os efeitos preferenciais (manejo diferenciado ou utilização de produtos
estimulantes – hormônios – dado às filhas de determinado touro); não realiza
ajustamento da variabilidade ambiental e genética, e como as avaliações genéticas
são feitas com bases genéticas diferentes , não permite comparar os resultados das
avaliações genéticas realizadas em países distintos.
O teste de progênie, por meio do modelo animal, também tem como objetivo
estimar a habilidade prevista de transmissão (PTA – Predicted transmitting ability),
utilizando a média dos valores fenotípicos dos filhos do reprodutor. A PTA é utilizada
quando os objetivos de seleção são características expressas apenas em um dos
sexos, como a produção de leite, ou quando as características apresentam baixa
herdabilidade (PEROTTO, 1999). De acordo com Pereira (2012), a PTA prediz a
superioridade ou inferioridade genética esperada em cada lactação das futuras filhas
de determinado reprodutor. A PTA corresponde à metade do valor genético e prediz
a habilidade de transmissão de uma caracteristica do animal para sua progênie, e
permite a comparação e classificação dos animais em relação à base genética
utilizada. Por exemplo, uma PTA de 30 kg para produção de leite de um touro,
significa que suas filhas produzirão em média 30 kg por lactação a mais do que a
média do rebanho, utilizado como base genética de comparação.
A PTA tem como objetivo estimar a capacidade de transmissão de uma
característica, porém os valores de confiabilidade variam. Por exemplo, se a
28
estimação da capacidade de transmissão da característica foi baseada em
informações de animais com alto número de progênies, a segurança irá ser bem
maior do que a de animais com poucos filhos, e quanto maior o número e mais
diversificada for a origem destas informações maior confiabilidade terá esta
estimativa (BERGMANN, 2012). Portanto, para cada PTA uma acurácia de predição
é obtida, cuja variação é de 0 a 1. Quanto mais próxima de um, mais próximo o valor
estimado está do valor verdadeiro. Ou seja, se a acurácia é de 0,95%, 95% de
incerteza associada àquela PTA foi removida, e a chance de ser modificada nas
próximas gerações é extremamente pequena (BERGMANN, 2012).
Para características de tipo é usada a STA (capacidade prevista padronizada
das características de conformação), na qual os valores de PTA são padronizados
para desvios-padrão. Assim, com o uso de STA as características medidas em
diferentes unidades poderão ser comparadas. Os desvios variam entre -3 a +3,
sendo a média igual a zero. Segundo Panetto et al. (2015), a padronização é o
resultado da divisão do PTA do touro pelo desvio-padrão da PTA obtida para todos
os touros avaliados. Por exemplo, se a vaca apresenta dois desvios para a direita
para comprimento de tetos (dois desvios acima do ideal, que é 7,5cm para vacas da
raça Gir), é aconselhável acasalá-la com um touro que possui STA próxima a zero,
buscando corrigir este problema na próxima geração.
3.3. Seleção com base em índice de seleção
O índice de seleção é uma equação de regressão múltipla na qual o valor
genético do animal é considerado a variável dependente, e as características de
interesse econômico são as variáveis independentes.
De acordo com Eler (2014), o índice de seleção pode ser definido como um
método no qual obtém-se as ponderações para os dados de desempenho animal e
de seus parentes no cálculo do valor genético. Dessa forma, é determinado um
índice para cada animal, resultando em um valor numérico, que pode ser usado para
classificar os melhores animais na população analisada, além de ser uma maneira
mais rápida e eficiente de melhorar o valor genético agregado das características
(BOURDON, 1997). No entanto, de acordo com Queiroz et al. (2005), no índice são
reunidas as características que apresentam correlações genéticas negativas, porém
o resultado dessa conciliação nem sempre é o ganho genético para todas as
29
características. Assim, o uso dos índices é uma forma de direcionar a seleção, mas
não o alvo a ser alcançado.
O objetivo principal do índice de seleção é determinar o valor genético do
animal com base em seus valores fenotípicos. Além disso, de acordo com Pereira
(2008), o índice de seleção contribui com a definição do mérito genético de um
animal, englobando diferentes características de interesse econômico em apenas
uma equação, sendo definida uma ponderação para cada característica. Com esse
método é possível selecionar os animais com os maiores índices para a reprodução.
Esse grupo deve contemplar apenas as características favoráveis e
conhecidas para não causar redução no diferencial de seleção. De acordo com
Bowman (1981), para determinar quais as características que devem compor o
índice, deve-se observar os seguintes fatores:
a) A relevância econômica de cada característica;
b) A relevância da característica para a sua modificação no valor fenotípico
médio de cada animal;
c) A herdabilidade de cada característica;
d) As correlações genéticas entre as características;
e) As correlações fenotípicas entre as características.
Segundo Bourdon (1997), o índice econômico de seleção (IES), conforme a
equação a seguir, pode ser definido como a combinação de fatores de ponderação
(b1, b2 e bn) e informações genéticas de mais de uma característica (X1, X2 e Xn),
cujo objetivo principal é predizer os valores genéticos agregados de cada animal.
Além disso, Queiroz et al. (2005) afirmaram que as características presentes
no IES devem ser de fácil mensuração, baixo custo e avaliadas precocemente na
vida do animal, além de apresentar herdabilidade de mediana a alta magnitude, e de
estarem correlacionadas favoravelmente entre si.
O cálculo dos ponderadores é baseado no valor econômico de cada
característica, sendo que nem todas as características são igualmente importantes,
e o seu valor econômico retrata o aumento do retorno marginal no aprimoramento da
característica. Por exemplo, se em uma região empresas de laticínio pagam mais
pela percentagem de gordura (%G), consequentemente, a ponderação desse fator
30
será maior no índice econômico de seleção. Sendo que, esse valor é determinado
pela derivada parcial da função de lucro (receitas – despesas). Em um estudo
realizado por Vercesi Filho et al. (2000), o peso econômico encontrado para %G foi
de 3,1% e positivo, indicando que o acréscimo na produção de leite resultaria em
ganho econômico para o produtor, no entanto valores de produção acima de 3,1%
foram negativos, implicando que o aumento desta característica acarretaria prejuízo
ao produtor de leite. Uma das justificativas dos autores para esse resultado foi que
as empresas ainda pagam pouco para teores de gordura no leite, e que o custo de
alimentação é alto, pois a produção de gordura demanda maior quantidade de
energia que os demais componentes do leite. Ademais, Queiroz et al. (2005)
relataram que os pesos econômicos devem ser atualizados de tempos em tempos,
pois são dependentes do nível de produção do rebanho, dos preços de insumos e
produtos, de fatores de produção e da força de trabalho.
Para as características limitadas ao sexo, cuja acurácia de predição é baixa,
difícil e/ou cara de ser mensurada a campo, a seleção genômica vem sendo usada
como ferramenta adicional. Essa metodologia permite amplificar a acurácia, diminuir
o intervalo de geração sem alterar a taxa de endogamia de um rebanho.
3.4. Seleção genômica
O genoma animal é um conjunto de material genético de um organismo, o
qual é constituído por moléculas de DNA (ácido desoxirribonucleico) formado por
pares de nucleotídeos (WINKLER, 1920). Esses segmentos de DNA constituem os
genes, que são responsáveis pela expressão de algumas características de
interesse econômico. O genoma bovino, de acordo com Menezes et al. (2013), é
composto por, aproximadamente, 22.000 genes e 2.87 bilhões de pares de
nucleotídeos, sendo que o conhecimento proporcionará o planejamento dos
resultados das análises de forma acessível, e o desenvolvimento de métodos de
aplicação dos resultados em pesquisas.
Uma ferramenta que auxilia de forma considerável a seleção genômica são os
marcadores moleculares, definidos como variações na sequência do DNA, através
dos quais é possível realizar a seleção indireta para genes de interesse econômico
(MACHADO; MATINEZ, 2001). No mesmo artigo, os autores afirmaram que a
31
identificação de marcadores moleculares próximos das características quantitativas
de interesse econômico (QTL) é factível e, dessa forma, a aceleração do progresso
genético é possível.
Segundo Hayes et al. (2009), os QTL’s ajudam a determinar o valor genômico
de uma característica de interesse, sendo assim, os marcadores moleculares são
ferramentas para aprimorar os processos de seleção e seu uso pode oferecer mais
segurança no processo de escolha dos reprodutores. Existem vários tipos de
marcadores moleculares, os mais conhecidos e mais usados, atualmente, são os do
tipo polimorfismo de base única (SNP – Single nucleotide polymorphism), são
conhecidos como mutações que ocorrem em sítios distintos na cadeia de bases
nitrogenadas. Na seleção genômica, os SNP’s são usados para predição da PTA,
com acurácia maior, contribuindo para um processo de seleção mais eficiente.
De acordo com Menezes et al. (2013), “a seleção genômica pode ser definida
como a seleção simultânea para dezenas de milhares de marcadores, cobrindo de
modo denso todo o genoma, de tal forma que todos os genes estejam muito
próximos de, pelo menos, alguns desses marcadores.”
A seleção genômica auxiliará no aumento da acurácia de predição, e
consequentemente, no ganho genético, reduzindo a taxa de consanguinidade
(McHUGH et al., 2011). Segundo Lillehammer, Meuwissen e Sonesson (2011), o
aumento na acurácia é possível, pois a seleção genômica estima os valores
genéticos baseados em milhares de marcadores moleculares, em vez da
performance individual do animal ou informações do pedigree. Além disso, a
acurácia dos valores genéticos pode ser garantida em animais jovens e,
consequentemente, diminuindo o intervalo de gerações sem o uso do teste de
progênie, sendo que o valor de acurácia ficará em torno de 80% (SCHAEFFER,
2006). Börner, Teuscher e Reinsch (2012) corroboraram a informação de que o
intervalo de geração é o maior obstáculo no ganho genético anual, principalmente na
bovinocultura leiteira. Esse fator se deve às baixas taxas de descarte e ao pequeno
valor genético dos reprodutores utilizados em sistemas de criação. Assim, com o uso
da seleção genômica o intervalo de gerações pode ser diminuído em até 3 vezes,
consequentemente aumentando o ganho genético em 28 a 108%, quando,
principalmente, o teste de progênie é substituído pela seleção genômica (CALUS;
REINSCH; VEERKAMP, 2015). Além disso, a seleção genômica poderá resultar em
grande ganho genético sem o aumento da consanguinidade, devido à elevação da
32
acurácia dos valores genéticos sem o acréscimo da intensidade de seleção
(DAETWYLER; VILLANUEVA; WOOLLIAMS, 2007).
Atualmente, a seleção genômica vem sendo utilizada em 3 a 4 diferentes
esquemas de seleção: seleção de touros, mãe de touros e de pais de futuras
reprodutoras (CALUS; REINSCH; VEERKAMP, 2015). Normalmente, a seleção de
mães das futuras reprodutoras apresenta pequeno efeito no ganho genético em
rebanhos comerciais, porque são rapidamente descartadas e substituídas. Portanto,
isso indica que a genotipagem de vacas em rebanhos comerciais reflete no ganho
genético obtido pela população. Porém, pode ser observado efeito indireto, que é o
aumento da acurácia em vacas genotipadas em um rebanho de referência
(McHUGH et al., 2011).
De acordo com Calus, Reinsch e Veerkamp (2015), o aumento no lucro,
provido pela substituição de novilhas através da seleção genômica, depende de
diversos fatores como: o custo da genotipagem, valor econômico do objetivo
idealizado, a acurácia da seleção genômica baseada na média dos parentes, taxa
de reposição, e número de novilhas disponíveis. Esses fatores levaram os
pesquisadores a avaliar se é necessário genotipar todas as novilhas antes da
seleção das melhores, ou deve-se fazer uma pré-seleção entre as novilhas
considerando o pedigree e depois as selecionadas serão genotipadas. Essa
metodologia poderá garantir que as novilhas genotipadas terão potencialmente
maior valor genético, baseado no desempenho de seus descendentes, além de
economizar no investimento de genotipagem.
A seleção genômica também vem sendo usada como ferramenta para o
registro e a seleção de características novas, caracterizadas por apresentar restrita
informação a seu respeito. Portanto, antes de se aplicar a seleção genômica em
uma pequena população ou em uma característica de pouca informação, é
necessário criar uma população de referência com animais genotipados, com
fenótipos distintos ou com informações da progênie, todos baseados na
característica de interesse (AXELSSON et al., 2013). No entanto, é essencial que,
ao longo do tempo, a seleção genômica, baseada nos efeitos dos SNP’s, seja refeita
a partir de uma população de base atualizada, com a intenção de se obter a
manutenção da eficácia do processo de seleção (MENEZES et al., 2013). Além
disso, a seleção genômica vem se destacando como uma oportunidade de seleção
de características de grande importância na indústria, que em geral afetam a
33
qualidade final do produto, o custo de produção e o impacto no meio ambiente
(CHESNAIS et al., 2016). Uma característica que vem se destacando nos Estados
Unidos e no Canadá é a resistência à mastite.
Para a escolha adequada dos futuros reprodutores em uma propriedade
leiteira, o procedimento de seleção é essencial, o qual é baseado nos critérios e
objetivos de seleção. Para definir quais as características que serão selecionadas
para determinado objetivo de seleção, deve-se considerar os coeficientes de
herdabilidades, consequentemente, os animais com alto mérito genético são
identificados, e com a intenção de obter maior ganho genéticos na futura geração,
acasalamentos são realizados por meio de softwares específicos.
3.5. Programas de acasalamentos dirigidos disponíveis no Brasil
Existem no país algumas empresas que realizam programas de acasalamento
dirigido, cujo objetivo principal é direcionar os melhores touros para as melhores
vacas, para obter melhoria na média esperada do desempenho produtivo da
progênie.
a) AltaMate (<http://www.altagenetics.com.br/>):
A empresa Alta Genetics oferece aos seus clientes o programa de
gerenciamento genético AltaMate, indicado para animais das raças
Holandesa e Girolando. O programa garante a avaliação dos animais por
quatro bases de escore linear distintas, como a americana (1 a 50 pontos), a
canadense (1 a 9 pontos), a alemã (1 a 100 pontos) e a holandesa (1 a 100
pontos), garantindo a utilização da pontuação linear no processamento do
acasalamento, que apresenta a maior compatibilidade com a base genética
do rebanho. Além disso, o AltaMate apresenta três opções de rebanho como:
rebanhos mestiços, rebanhos em crescimento e rebanhos de elite. No
entanto, cada opção de tipo de rebanho engloba características lineares
diferentes e produção conforme a demanda do rebanho. Para a raça Gir
leiteiro, a Alta Genetics disponibiliza outro programa, o AltaMate Gir. Esse
programa considera 18 características exteriores, manejo de fêmeas e o
pedigree dos animais.
34
b) GMS® - Sistema de Manejo Genético® (<http://www.abspecplan.com.br/>):
A empresa ABS Pecplan disponibiliza, desde 1968, aos seus clientes o
programa GMS® - Sistema de Manejo Genético®, com o objetivo de fornecer
melhorias em produção, genética e lucratividade, por meio do
aperfeiçoamento do progresso genético, que envolve a sugestão de
acasalamentos baseados em características de tipo e de produção. As
ferramentas que o programa oferece são: o controle da consanguinidade
baseados em informações do pedigree; seleção de touros pela
confiabilidade; ordenação percentual do rebanho (POR), com a intenção de
rankear as melhores fêmeas conforme os objetivos do rebanho; opções de
criação realizadas pelo cliente; controle da seleção de touros que competirão
no acasalamento, determinando critérios genéticos mínimos de seleção e
limites de preços, por meio do GMS MasterPlan; índices de seleção; controle
de genes recessivos; redução da dificuldade de parto; acasalamentos
individualizados.
c) Genetic Evaluation and Mating Program (GEM)
(<http://www.agbrasil.com.br/>):
A empresa AG Brasil oferece o programa de acasalamento com base na
avaliação genética e morfológica dos animais. Nesse procedimento são
utilizadas as características desejáveis de um reprodutor, e depois
combinadas com as deficiências de uma fêmea. Além disso, o programa
controla a endogamia, baseando-se em informações de pedigree do
rebanho.
d) SireMatch (<http://www.crvlagoa.com.br/>):
A empresa CRV Lagoa oferece aos seus clientes o programa SireMatch para
realizar acasalamentos de fêmeas das raças Holandesa e Jersey. No
procedimento há a combinação das informações do pedigree e as
classificações lineares com o valor genético de reprodutores, indicando o
acasalamento mais adequado para cada fêmea. A combinação considera os
objetivos de seleção, endogamia, problemas genéticos, facilidade de parto e
características a serem melhoradas, sempre com a intenção de maximizar o
progresso genético do rebanho. Os benefícios do programa são: aumento no
progresso genético; padronização do rebanho, controle e redução da
endogamia e defeitos genéticos; diminuição de problemas de parto em
35
novilhas; vantagens comerciais (animais de maior valor econômico,
intensificação do uso de touros jovens genômicos). Além disso, o software
SireMatch oferece seis objetivos padrões como: a durabilidade total; a alta
produção de leite e a alta longevidade; animal tipo funcional; animal tipo pista;
saúde e longevidade; sólidos. Ademais, o programa é o único programa no
Brasil que utiliza as fêmeas avaliadas geneticamente, participantes do Gestor
Leite. O uso desse procedimento permite a indicação de acasalamentos com
alta confiabilidade, pois relaciona valores genéticos entre touros e fêmeas.
Obter ganho genético em curto prazo é um dos grandes desafios da
bovinocultura de leite. Com isso, esse fator vem sendo trabalhado pelo uso de
programas de seleção e de acasalamentos dirigidos, no qual animais de alto mérito
genético são selecionados e acasalados entre si. Além disso, a genômica tem se
destacado como uma ferramenta adicional a essas metodologias para aumentar a
acurácia, e, consequentemente, o ganho genético anual, por ser capaz de identificar
os melhores reprodutores ainda jovens possibilitando, assim, a distribuição precoce
do material genético superior na população.
36
4. RELATÓRIO DE ESTÁGIO
A CRV Lagoa é uma empresa localizada na região nordeste do Estado de
São Paulo, na cidade de Sertãozinho, que está há mais de 45 anos no mercado de
sêmen, comercializando, aproximadamente, três milhões de doses de sêmen por
ano. A empresa é controlada desde 1998 pela companhia internacional CRV,
sediada na Holanda, tendo outras sedes na Austrália, África do Sul, Alemanha,
Bélgica, Espanha, Estados Unidos, Holanda, Reino Unido, Luxemburgo, Nova
Zelândia e República Tcheca, além de representantes distribuídos em,
aproximadamente, 60 países. Na CRV Lagoa, há a colaboração de 130 reprodutores
de diversas raças de corte e de leite, e a central coloca à disposição dos criadores
material genético importado da Holanda, EUA, Nova Zelândia e de outros países.
Além disso, a empresa disponibiliza aos criadores serviços relacionados ao
melhoramento genético animal, como o programa de melhoramento genético de
bovinos de corte (PAINT) e de leite (Gestor Leite), e o gerenciamento de empresas
de pecuária de corte e de leite. O estágio obrigatório final foi desenvolvido no
período de 01 de agosto a 18 de novembro de 2016, totalizando em 608 horas.
4.1. Plano de estágio
O plano de estágio (Anexo 1) compreendeu as seguintes atividades:
Consistência de dados: verificação dos dados recebidos do produtor
através dos softwares;
Identificação de touros utilizados pela fazenda do cliente e formação
de biblioteca de touros: verificar todos os dados (International ID,
Primary ID, pedigree, data de nascimento) dos touros no site da CRV
(<http://www.crv4all-international.com/sire-catalogue/find-bull/>), e no
site Dairy Bulls (<http://www.dairybulls.com/>). O procedimento de
extrema importância na formação da biblioteca de touros é a
verificação do nome do touro, pois na maioria das vezes os produtores
informam apenas o apelido do touro e não o seu nome de registro.
37
Portanto, a falta de atenção nesse ponto pode afetar a confiabilidade
do pedigree do animal.
Interpretação das avaliações genéticas do Gestor Leite: duas vezes ao
ano as informações coletadas dos produtores são enviadas a CRV na
Holanda, com a intenção de realizar as avaliações genéticas. Esse
procedimento é necessário para que todas as informações sobre os
touros comercializados pela CRV Lagoa sejam consideradas,
elevando, assim, a acurácia das avaliações genéticas.
Elaboração de relatórios personalizados com informação genética para
os clientes: após serem elaborados os relatórios, a equipe técnica do
Gestor Leite auxilia o produtor na interpretação e nas escolhas dos
animais que irão ou não permanecer no rebanho, com base nos
objetivos de seleção.
Envolvimento com o programa de acasalamento dirigido (SireMatch);
Atendimento ao cliente;
Suporte ao departamento em outras atividades, como o programa de
melhoramento genético bovino de corte (PAINT).
4.2. A empresa
A empresa CRV Lagoa localiza-se no km 88 da Rodovia Carlos Tonani no
município de Sertãozinho (21°10’13.4”S 48°02’21.8”W).
A equipe da CRV Lagoa é composta por:
Diretor-Presidente: Paul Vriesekoop
Gerente de Inovação e rebanho: Cesar Franzon (Médico veterinário);
Gerente do PAINT: Andre de Souza e Silva (Médico veterinário);
Supervisora PAINT: Juliana Sesana (Zootecnista);
Supervisora técnica PAINT: Herica Prado (Médico veterinário);
Supervisor técnico de campo – PAINT/CP CRV Lagoa/ Corte: Robison
Carreira (Zootecnista);
Técnico de campo PAINT: Pedro Antônio Silveira (Médico veterinário);
Técnico de campo PAINT: Davi Rafael Dias (Médico veterinário);
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Técnico de campo PAINT: Max Pereira (Médico veterinário);
Técnico de campo PAINT: Victor Eduardo Sala (Zootecnista);
Supervisora GESTOR LEITE: Roberta Sesana (Zootecnista);
Analista técnico de campo GESTOR LEITE: Leonardo Maia (Médico
veterinário);
Analista técnico de campo GESTOR LEITE: Luiz Fernando Carvalho (Médico
veterinário).
Dentre os produtos e serviços que a empresa oferece aos seus clientes estão:
CP CRV Lagoa: centro de realização de testes de performance para avaliar
touros jovens puro de origem (PO) e sua resposta ao confinamento (Grow
safe);
Gestor Leite: programa de melhoramento genético para gado de leite;
PAINT: programa de melhoramento genético de gado de corte;
SireMatch: programa de acasalamento para gado leiteiro que indica qual o
melhor touro para cada fêmea do rebanho, considerando os objetivos de
seleção, buscando o melhor progresso genético do rebanho.
4.3. Setor de estágio
O estágio foi realizado sob a orientação da zootecnista Roberta Cristina
Sesana Barrere, supervisora do programa de melhoramento de bovinos de leite
(Gestor Leite), cujo objetivo principal foi participar dos procedimentos do programa
de melhoramento genético de bovinos leiteiros, desde a identificação de animais
geneticamente superiores por meio da avaliação genética do rebanho, realizada
utilizando-se os dados das propriedades participantes. A partir dos resultados da
avaliação genética são executados os procedimentos de seleção dos reprodutores e
matrizes, os acasalamentos, e descarte de fêmeas, conforme os objetivos de
seleção da propriedade leiteira.
O programa Gestor Leite funciona em duas etapas, a etapa fazenda e a etapa
gestor leite, de acordo com a descrição a seguir:
1. Etapa da fazenda: Os produtores têm a responsabilidade de controlar seus
dados, como o pedigree, o cadastro dos animais, a reprodução e a produção
dos animais, por meio de softwares, como por exemplo, Dairy Plan, Ideagri,
Prodap e sistema Web+Leite, sendo este desenvolvido pela Associação
39
Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH). O
controle leiteiro oficial ou zootécnico das vacas deve ser realizado, pelo
menos uma vez por mês, além das análises de leite para gordura, proteína e
células somáticas.
2. Etapa Gestor Leite: A equipe recebe os “backups” da fazenda e dos
laboratórios, estrutura, prepara os dados em seu banco central e gera,
mensalmente, relatórios sobre o controle leiteiro, qualidade do leite, mastite,
índices de produção, reprodução e rentabilidade das vacas. Os resultados
são enviados aos produtores, com o objetivo de indicar quais são os
melhores animais para reprodução e, consequentemente, para a melhoria do
rebanho. Logo após a identificação das fêmeas superiores, o acasalamento
dirigido é realizado por meio do programa SireMatch.
4.4. Atividades realizadas
Além de processar os relatórios dos clientes (informações do pedigree dos
animais; relatório reprodutivo, contendo o número de vacas prenhes, a média de
intervalo entre partos e idade ao primeiro parto, período de serviço; inseminação
artificial e monta natural; resumo do controle leiteiro – resumindo a produção leiteira
individual e do rebanho, identificação de animais com mastite clinica e subclínica),
durante o estágio no departamento de Inovações foi possível auxiliar a equipe de
Gestor Leite no desenvolvimento de uma planilha de coleta de informações
zootécnicas que será entregue aos clientes com o objetivo de facilitar a coleta de
dados. O arquivo feito em Excel terá um campo de informações sobre o cliente,
onde deverá ser cadastrado o nome, endereço da fazenda; contará com um campo
para contemplar informações sobre os animais, como identificação, data de
nascimento e pedigree; haverá um campo sobre reprodução (data de inseminação
ou monta natural, identificação do touro usado, data prevista do parto e número do
brinco do bezerro); lactação, que contemplará informações sobre o número de
lactações da fêmea e quando começou e terminou a lactação; controle leiteiro, a
quantidade produzida por ordenha, a porcentagem de proteína, gordura e de CCS; e
por último terá um campo onde o proprietário poderá indicar quais os animais que
não estão mais ativos nos rebanhos por motivos de descarte involuntário ou
40
voluntário. Além disso, foi desenvolvido um tutorial didático, com ilustrações de cada
campo, para explicar ao cliente como usar a planilha.
A rotina de trabalho no Gestor Leite contemplava a verificação de bancos de
dados dos clientes, em que os dados de pedigree dos animais eram conferidos no
site internacional da CRV ou pelo site da Associação Paranaense de Criadores de
Bovinos da Raça Holandesa, e caso fosse identificado um touro que não estivesse
presente na biblioteca de touros, sua inclusão era realizada no sistema. Outra
atividade rotineiramente efetuada foi a atualização da biblioteca de touros, na qual
era necessário verificar todas as informações do touro, como nome completo e de
apelido utilizado, identificação internacional, data de nascimento, nome da mãe, do
pai e do avô materno, pontuação de conformação para tipo e produção, nome do
proprietário do touro e da empresa responsável pela venda do material genético.
Além de vivenciar o dia-a-dia da equipe do Gestor Leite, foi possível participar
do X Leilão Virtual do PAINT, no dia 31/08/2016, onde 80 machos, 50 fêmeas e 3
touros em teste de progênie de parceiros PAINT foram leiloados. O leilão tem como
objetivo ofertar os animais (todos com o certificado especial de identificação e
produção - CEIP) que se destacaram na safra do ano de 2014.
Entre os dias 21 a 23/10 foi possível fazer o curso de melhoramento genético
– rebanhos de corte, no qual foram discutidos os parâmetros da pecuária e os
programas de melhoramento genético animal presentes no mercado; foram
ministradas aulas sobre conceitos básicos de melhoramento genético e como
elaborar índice de seleção, ministrado pelo Prof. Dr. Roberto Cavalheiro (UNESP
Jaboticabal - Gensys); analistas de campo (Herica do Prado Pantz e Victor Eduardo
Sala) do programa PAINT ensinaram como fazer a avaliação visual de animais pelo
método CPMUT (Conformação, Precocidade, Musculatura, Umbigo e
Temperamento) tanto na teoria como na prática (realizada no Centro de
Performance da empresa); também foram abordados conceitos de cruzamento e
melhor aplicabilidade em rebanhos de corte com maior ênfase para os cruzamentos
que envolvem a raça Nelore e Angus (Cristiano Leal – Gerente de produto corte
europeu da CRV Lagoa); Dra. Vânia Cardoso (Gensys) abordou o tema
acasalamento dirigido; outro ponto discutido pelo André Del Maso (Gerente de área
– SP da CRV Lagoa) foi sobre as boas práticas no manejo reprodutivo,
especialmente no que se refere à inseminação em tempo fixo (IATF), e por fim,
foram apresentados os resultados obtidos nos rebanhos de corte por meio do
41
melhoramento genético, pelo André de Souza e Silva (Gerente do PAINT).
Certificado do curso (Anexo 3).
Entre os dias 26 e 28/10/2016 foi possível participar do curso oferecido para
os consultores de leite da empresa CRV Lagoa sobre melhoramento genético –
rebanhos de leite. Nesse curso foram ensinados conceitos básicos sobre
melhoramento animal, como avaliar gado leiteiro na teoria e na prática (realizada na
Fazenda Primavera, situada no município de Cravinhos – SP) pelo Francisco
Oliveira (Gerente de produto Raças Puras e Produção Corporativa da CRV Lagoa).
Nesse curso também foram abordadas as estratégias de cruzamentos pela Tatiana
Drummond Tetzner (Gerente de produto leite), assim como as novas tecnologias
para manejo reprodutivo de fêmeas leiteiras, além do uso do software Ovalert, que é
oferecido pela empresa CRV Lagoa. Certificado do curso (Anexo 4).
No dia 10/11/2016 foi possível acompanhar a mensuração das características
de carcaças (área de olho de lombo, espessura de gordura subcutânea e gordura de
marmoreio) dos animais das raças Nelore e Tabapuã ao sobreano, no centro de
performance (CP) da CRV lagoa. Durante a prova do CP são coletados dados de
peso à desmama (inicio da prova) e ao sobreano (final da prova), avaliação visual
(conformação, precocidade, musculatura, umbigo e temperamento), pedigree e
avaliações genéticas. Os melhores animais participarão do leilão do CP no dia
10/12/2016. Além disso, durante todo o período do estágio, foi possível acompanhar
as visitas aos touros instalados na cede central da CRV Lagoa, cujo objetivo era
apresentar aos produtores, estudantes e professores o catálogo de touros de corte e
sumário consolidado PAINT, assim como os touros para leite, e ensiná-los a utilizar
as informações contidas nos materiais publicados.
Durante o estágio obrigatório foi possível rodar o programa SireMatch para
obter acasalamentos dirigidos, sob a supervisão da zootecnista Viviane Broch. Cada
consultor de campo solicita, via email, os acasalamentos para cada fazenda que faz
parte de sua área, e nessa solicitação, são identificados, pelo técnico, os touros que
deverão ser usados (touros da fazenda ou da CRV Lagoa). O programa de
acasalamento dirigido (SireMatch) foi desenvolvido na Holanda pela CRV, e vem
sendo usado em diversos países, principalmente no Brasil. Neste programa os
dados de pedigree e valores genéticos da classificação linear dos reprodutores são
combinados, e o acasalamento mais desejável, ou seja, que maximizará o progresso
genético do rebanho, de acordo com o objetivo de seleção, é indicado. Os
42
acasalamentos são realizados considerando as informações de pedigree,
endogamia, defeitos genéticos, facilidade de parto e características a serem
melhoradas. O produtor e o técnico do gestor definem os grupos de vacas ou
novilhas que serão acasaladas, conforme os objetivos de seleção da propriedade
leiteira.
O SireMatch é composto por várias etapas, sendo cada uma descrita a
seguir. Na aba pacote de vacas do programa (Figura 4) é identificado o código do
cliente e depois selecionado o grupo de vacas que serão acasaladas com os touros
disponíveis ou escolhidos pelo proprietário e técnico de visita. Os grupos de vacas
devem ser divididos por raça, pois as bases de referência para o acasalamento são
diferentes.
ESCOLHA DO CLIENTE, CONFORME O CADASTRO
ESCOLHA DO GRUPO DE VACAS
BASE DE REFERÊNCIA: HOLANDESA OU JERSEY
Figura 4: Layout da página de escolha do cliente e pacote de vacas do programa
SireMatch
Fonte: (<https://br.crv4all.com/sirematch/frm_login.php/>) - Acessado 19/09/2016
43
Embora o produtor tenha a opção de determinar o touro que deseja utilizar,
esse procedimento não é aconselhável, pois não estará realizando o acasalamento
dirigido no rebanho, e sim apenas uma monta dirigida, sem o objetivo de
proporcionar um ganho genético no rebanho. Esse método poderá melhorar a
característica desejável, no entanto, poderá afetar negativamente outra, que também
é essencial ao rebanho.
Na aba pacote de touros do programa (Figura 5) são selecionados os touros
para o acasalamento com as fêmeas do rebanho. Pode-se rodar o acasalamento
com todos os touros de estoque da CRV Lagoa ou selecionar os touros que o
técnico indicou na visita a propriedade. O consultor escolhe os touros com base nas
informações da PTA/STA disponíveis no catálogo de touros da CRV Lagoa ou de
outras empresas. Porém, muitos proprietários possuem estoque próprio de sêmen, e
neste caso, é possível utilizar o material que tem disponível desde que o técnico
faça a indicação sobre qual reprodutor será utilizado.
ESCOLHER OS MELHORES
TOUROS
Figura 5: Layout da página de escolha do pacote de touros do programa SireMatch
Fonte: (<https://br.crv4all.com/sirematch/frm_login.php/>) - Acessado 19/09/2016.
44
Na Tabela 5 estão apresentados os objetivos de seleção, ilustrados na
Figura 6, que podem ser selecionados pelo produtor, com base na situação
econômica da propriedade.
Tabela 5: Objetivos de seleção do programa SireMatch
DURABILIDADE PRODUÇÃO LEITEIRA PRODUÇÃO DE SÓLIDOS
Características Porcentagem Características Porcentagem Características Porcentagem
Produção 40% Produção 60% Produção 40%
Conformação 35% Conformação 25% Conformação 15%
Funcional 25% Funcional 15% Funcional 45%
FUNCIONALIDADE (TIPO) SAÚDE E LONGEVIDADE TIPO PISTA
Características Porcentagem Características Porcentagem Características Porcentagem
Produção 20% Produção 20% Produção 10%
Conformação 55% Conformação 40% Conformação 90%
Funcional 25% Funcional 40% Funcional 0%
Fonte: O autor (2016)
A Tabela 5 ilustra como os objetivos de seleção são divididos. O objetivo
durabilidade preconiza a produção de animais longevos, saudáveis e produtivos, a
produção leiteira prioriza a criação de animais com alta longevidade (especialmente
na produção de leite), a produção de sólidos opta por animais com elevada
produção de gordura e proteína, a funcionalidade – tipo objetiva a produção de
animais funcionais, valorizando características de conformação, a saúde e
longevidade valorizam características de longevidade e sanidade como fertilidade,
sanidade de úbere e de cascos, e pernas e pés, e o tipo pista salienta características
como frame, força leiteira e úbere. Por exemplo, se em uma propriedade foi
constatado que há a necessidade de melhoria na conformação das vacas, ou pode
ser que o criador queira produzir animais de pista. Nesse caso, o objetivo de seleção
selecionado no programa será o Tipo Pista, pois essa categoria é composto por 10%
de características de produção, e por 90% de características de conformação
(Tamanho – 35%, Tipo – 20%, Sistema mamário – 25% e Pernas & Pés – 20%).
Esses pesos foram atribuídos com base nos valores da PTA, no qual foi calculada
na avaliação genética dos animais.
45
ACASALAMENTO DIRIGIDO
ESCOLHA DOS OBJETIVOS DE
SELEÇÃO CONFORME A SITUAÇÃO
ECONÔMICA DO CLIENTE
Figura 6: Layout da geração do acasalamento dirigido do programa SireMatch
Fonte: (<https://br.crv4all.com/sirematch/frm_login.php/>) - Acessado 19/09/2016.
Na aba relatórios (Figura 7) é possível selecionar os relatórios gerados, no
qual pode ser apresentada a quantidade de touros, como primeira, segunda e
terceira opção, que poderão ser usados no acasalamento e com quais vacas. Além
disso, é informada a taxa de endogamia do rebanho caso seja usado os touros
selecionados (Anexo 5), os resultados das características fenotípicas esperadas
(Anexo 6 e 7), e qual é o melhor touro para cada vaca presente no rebanho (Anexo
8).
46
RESULTADO DO ACASALAMENTO
ESCOLHA DO RELATÓRIO
VISUALIZAÇÃO DO RELATÓRIO
Figura 7: Layout da visualização do relatório do acasalamento dirigido do programa SireMatch
Fonte: (<https://br.crv4all.com/sirematch/frm_login.php/>) - Acessado 19/09/2016
Com o uso dos acasalamentos dirigidos é possível obter maior progresso
genético, uniformidade do rebanho, controle e redução da endogamia e diminuição
de defeitos genéticos, redução de problemas de parto em novilhas, benefícios
comerciais para os criadores com a produção de animais de maior valor econômico,
tanto para a venda e produção, e a otimização do uso de touros jovens.
O SireMatch indica os acasalamentos mais adequados, determinando as
doses exatas de sêmen que deverão ser utilizadas e, além disso, é um software
(Web Gestor) operado via web, o que facilita o seu acesso. Ademais, as
atualizações do banco de dados de touros são realizadas via CRV Holanda (com
base no Interbull), além de fornecer ao criador a possibilidade de acasalamento de
vacas com touros nacionais. O Web Gestor facilita a extração das informações pelo
produtor, que apenas com seu login e senha consegue ter acesso às informações de
uma única vaca ou do rebanho inteiro.
47
Durante o estágio também foi possível conhecer o programa de avaliação e
identificação de novos touros da raça Nelore (PAINT), cujo objetivo principal é
identificar, por meio, das avaliações genéticas do rebanho, os melhores animais
para a seleção.
A rotina do programa é a seguinte:
A equipe PAINT visita a fazenda e classifica as matrizes com padrão
para participar do programa;
Realiza acasalamentos fenotípicos a partir da classificação de
matrizes;
Avalia os produtos na desmama (205 dias – padronização) e no
sobreano (450 dias – padronização) para as características de peso e
carcaça;
As matrizes são classificadas conforme a raça (1 a 5 pontos) (avalia
posicionamento de orelhas, formato de cabeça, pigmentação da
mucosa dos olhos, da narina e das orelhas, e colocação do cupim),
frame (1 a 3 pontos), aprumo (onde é avaliado a angulosidade de
membros e a estrutura óssea com a distribuição de pontos que varia
de 1 a 5), e pigmentação da pelagem e da vassoura da cauda (1 a 3).
No sobreano os animais são classificados conforme a conformação
(comprimento x largura x angulosidade de costela), a precocidade
(costelas x pernas, ou seja, um animal que apresenta mais costelas e
menos pernas, é considerado um animal mais precoce), a
musculosidade (avalia-se a deposição de músculo na região da paleta,
dorso e traseiro), umbigo (pontos que variam de 1 a 5, sendo
desejável o 2), e o temperamento (sendo dividido em 1-manso, 2-ativo,
4-reativo e 5-agressivo).
Disponibiliza relatórios de avaliação genética ao longo do ano para as
duas fases de avaliação genética, ou seja, a desmama e ao sobreano;
Auxilia as fazendas na seleção dos animais por meio de relatórios
descritivos e analíticos;
Certifica os 20% melhores machos e fêmeas (Certificado especial de
identificação e produção - CEIP). Os 20% melhores devem ter um
IPAINT > 4,0 e Deca desmana (DD) < 6,0. Depois são avaliados
48
novamente, conforme caracterização da raça, aprumos e harmonia,
para identificar os 10% melhores;
Efetua acasalamentos com base nas informações genéticas;
Realiza anualmente o teste de progênie;
Oferece suporte técnico para o aproveitamento das informações
disponibilizadas, e assim garantir a evolução do rebanho;
Faz anualmente reuniões com todas as fazendas participantes para a
atualização e introdução de novas tecnologias a favor do
melhoramento genético;
Capacita a equipe da propriedade para que os envolvidos estejam
aptos a realizar e controlar as informações coletadas.
Para se obter ganho genético de longo prazo, investir em tecnologias como
seleção e acasalamento dirigido é essencial. Identificar os animais com alto mérito
genético e depois escolher qual touro irá acasalar com determinada vaca, é rotina
frequente na empresa CRV Lagoa. Com o fornecimento do trabalho dos técnicos de
campo, os produtores podem aumentar a produção de leite na propriedade,
atendendo princípios básicos de manejo, como a genética e reprodução.
Atualmente, no Brasil, ainda há muito que crescer em relação ao melhoramento
genético animal, no entanto, com a ajuda de empresas especializadas na área, o
aperfeiçoamento e o desenvolvimento da genética aplicada ao campo estão mais
perto da pecuária leiteira.
49
5. DISCUSSÃO
Com a intenção de obter melhores níveis de produção, produtividade e
qualidade do produto de acordo com o sistema de produção e as exigências do
mercado, o melhoramento genético animal controla diversas características, como a
adaptabilidade, eficiência reprodutiva e a viabilidade de produção (ROSA;
MENEZES; EGITO, 2013). Esse acompanhamento é essencial para a identificação e
a seleção de animais superiores, pois os mesmos são responsáveis pela
transmissão da superioridade aos filhos, de geração a geração. Ao se definir os
critérios de seleção, que pode ser constituído por uma única característica ou por
uma combinação ponderada de características, um índice final é estabelecido,
baseado nos valores econômicos das características, de modo a retratar o aporte de
cada uma delas para o retorno econômico da seleção (NIETO; ALENCAR; ROSA,
2013). Essas ponderações são baseadas também nos coeficientes de herdabilidade
das características. Em geral, as características reprodutivas, como a idade ao
primeiro parto, apresentam coeficientes de herdabilidade de magnitude moderada a
baixa. No entanto, características de produção, como produção de leite,
percentagem de gordura e de proteína são consideradas de alta herdabilidade,
indicando possibilidade de resposta à seleção.
Abe, Masuda e Suzuki (2009) estimaram herdabilidade de baixa magnitude
para idade ao primeiro serviço (0,13 ± 0,004), idade à primeira concepção (0,12 ±
0,004) e taxa de concepção no primeiro serviço (0,03 ± 0,004) para animais da raça
Holandesa, indicando que as características reprodutivas são altamente
influenciadas pelo ambiente, como as práticas de manejo realizadas na propriedade.
No mesmo artigo os autores relataram que a seleção para características de
componentes do leite (proteína, gordura e produção de leite) pode causar alterações
indesejáveis em características reprodutivas (taxa de concepção no primeiro serviço,
dias do parto ao primeiro serviço, dias abertos), pois apresentam correlação
genética antagônica. Os autores estimaram correlação genética entre produção
leiteira e idade à concepção (IC) em novilhas de -0,10, porcentagem de gordura e IC
50
de -0,15 e porcentagem de proteína e IC de -0,21, confirmando que vacas de alta
produção leiteira possuem mais disposição a apresentar problemas reprodutivos.
Na Tabela 6 estão apresentados dados de coeficientes de herdabilidade e
correlação genética entre o composto de sistema mamário e produção de leite, de
gordura e de proteína.
Tabela 6: Herdabilidade (h2), desvios-padrão (dp) e correlação genética entre características lineares e produção de leite (PL), de gordura (PG) e de proteína (PP), na raça Holandesa.
CARACTERÍSTICAS h2 ± dp CORRELAÇÃO GENÉTICA
PL PG PP
Profundidade de úbere 0,22 ± 0,03 -0,13 -0,04 0,01
Textura de úbere 0,14 ± 0,02 0,02 0,09 0,04
Ligamento mediano 0,20 ± 0,03 -0,06 -0,07 0,03
Inserção úbere anterior 0,20 ± 0,02 -0,18 0,17 0,14
Colocação dos tetos anteriores 0,24 ± 0,03 -0,08 0,02 0,02
Altura de úbere 0,21 ± 0,03 0,24 -0,15 -0,22
Largura do úbere 0,16 ± 0,02 0,14 0,04 -0,03
Colocação dos tetos posteriores 0,15 ± 0,02 0,03 -0,13 -0,03
Comprimento dos tetos 0,31 ± 0,03 0,08 -0,04 -0,02
Fonte: Adaptado de Valloto (2016)
Pela Tabela 6 pode-se notar que os coeficientes de herdabilidade do
composto sistema mamário variam entre 0,14 a 0,24, indicando que essas
características apresentam progresso genético mais lento, e correlação genética
negativa (-0,02 a -0,22) ou positiva (0,01 a 0,24) com características de produção,
mostrando que ao selecionar características de produção, as lineares poderão ser
afetadas positivamente ou negativamente.
Valloto (2016) constatou que a produção de leite (0,30 ± 0,02) (kg), a
produção de gordura (0,33 ± 0,02) (kg) e de proteína (0,25 ± 0,02) (kg) apresentam
coeficientes de herdabilidade de alta magnitude, indicando que a seleção para essas
características é eficaz, garantindo um ganho genético positivo. No entanto, o autor
afirmou que as características lineares, em sua grande maioria, apresentam
influência negativa ou positiva na produção de leite, de gordura ou de proteína. Na
Tabela 6, pode-se notar que a profundidade de úbere, ligamento mediano, inserção
úbere anterior e colocação dos tetos anteriores, apresentam correlações genéticas
negativas e desfavoráveis (-0,13, -0,06, -0,18 e -0,08, respectivamente) com a
51
produção de leite. Porém, textura de úbere, altura de úbere, largura de úbere,
colocação de tetos posteriores apresentam uma correlação genética positiva e
favorável de baixa a moderada magnitude com a produção de leite (0,02, 0,24, 0,14,
0,03 e 0,08, respectivamente), indicando que ao selecionar animais para maiores
volumes de leite haverá melhoria indireta nessas características. Já o comprimento
de tetos apesar de apresentar correlação genética positiva com a produção de leite,
é desfavorável, ou seja, ao selecionar para aumento no volume de leite, haverá
acréscimo no tamanho de teto, prejudicando o processo de ordenha, como a
colocação de teteiras e velocidade de ordenha, por exemplo. Além disso, ao
selecionar animais para alta produção de leite, a produção de gordura e de proteína
apresentará queda, pois haverá diluição dos componentes do leite. Por isso, é
necessário verificar primeiramente em qual “nicho econômico” o produtor está
inserido. Ou seja, se o criador tem contrato com um laticínio que paga por volume de
leite, a seleção será para aumentar a produção leiteira, agora se o laticínio paga por
kg de gordura ou proteína (produto de mais qualidade), a seleção será para
maximizar a quantidade de sólidos no leite.
O aumento do volume do leite é um dos objetivos de produção em uma
propriedade. Para tanto, o investimento em genética é essencial para obter ganho
genético para produção de leite na magnitude e direção desejada.
De acordo com Rorato et al. (2002), o ganho genético de produção de leite
(PL) para vacas nascidas entre 1988 a 1998 foi de 8,43 kg/ano. No entanto, Teixeira
et al. (2003) afirmaram que o ∆G para vacas nascidas entre 1986 a 1999 foi, em
média, de 19,1 kg/ano, uma diferença de 10,67 kg/ano (63%). Para os animais do
estado do Paraná entre os anos 2003 e 2013, o ganho genético para PL foi de 6,5
kg/ano (PEDROSA; VALLOTO, 2015), indicando que o pequeno uso de sêmen de
touros provados é frequente, e que a maioria dos rebanhos leiteiros brasileiros não
participa de um programa de melhoramento genético animal, que prioriza o uso de
touros com alto e positivo valor genético para PL (BOLIGON et al., 2005).
Segundo Costa et al. (2015), programas de seleção bem delineados,
geralmente, proporcionam ganho genético superior a 1%, pois desafiam os touros
jovens em testes de progênie. De acordo com os autores, os produtores brasileiros
não têm usado os melhores touros para o acasalamento, resultando em pequeno
ganho genético para a produção de leite, gordura e de proteína. Além disso, os
autores estimaram ∆G de vacas nascidas entre os anos de 1983 a 2010 para PL,
52
PG e PP de 5,54 kg/ano, 0,14 kg/ano e 0,28 kg/ano, respectivamente, e para touros
nascidos entre 1973 a 2003 um ganho genético de 8,20, 0,21, 0,36, para produção
de leite (kg/ano), produção de gordura e proteína (kg/ano), respectivamente. Esses
resultados mostraram que os touros apresentam ganho genético maior do que as
vacas, devido à alta intensidade de seleção, ao menor intervalo de geração e a alta
acurácia (grande número de filhos gerados e avaliações genéticas realizadas em
diferentes propriedades leiteiras). Ademais, com esses resultados pode–se observar
que ∆G é obtido ao longo dos anos e tornam-se acumulativos conforme os anos de
seleção, e o uso de touros de alto mérito genético em acasalamentos dirigidos é
uma maneira de potencializar esse ganho genético.
O uso de estratégias de acasalamento dirigido assegura a utilização racional dos
animais superiores, com a intenção de potencializar a obtenção dos objetivos pré-
selecionados nos programas de melhoramento (CARVALHEIRO et al. 2007). Os
programas de acasalamento dirigido (PAD) são realizados com base nas
informações de pedigree, da classificação linear das fêmeas e os valores genéticos
preditos dos touros, cuja função principal é a propagação de genes desejáveis, a
garantia do progresso genético no rebanho, e a uniformização do rebanho. Para
tanto, as informações de PTA dos animais são utilizadas para simular os
acasalamentos que mais se aproximam dos objetivos pré-estabelecidos, otimizando
os recursos genéticos sob limitações ou ponderações estabelecidas com base no
valor econômico e/ou no destaque de cada característica selecionada (CARDOSO et
al., 2003).
De acordo com Vieira et al. (2014), com o uso dos PAD’s, especialmente o
acasalamento associativo positivo, o ganho genético em rebanhos de touros e de
vacas semelhantes é facilmente identificado. Segundo Neves et al. (2009), o
acasalamento associativo negativo, diferente do positivo, é efetivo na diminuição de
índices da progênie, sendo indicado em situações nas quais o objetivo é uniformizar
o rebanho. Além disso, os autores salientaram que para esse tipo de acasalamento
é aconselhável combinar touros e vacas com características distintas para se
garantir produtos mais uniformes.
Na Figura 8 está apresentada a distribuição dos índices esperados de acordo
com o tipo de acasalamento (ao acaso ou dirigido) para animais da raça Nelore. O
acasalamento dirigido foi usado em dois grupos: reprodutores múltiplos (RM) e
monta controlada (MC).
53
Figura 8: Frequência dos índices esperados de acordo com o tipo de acasalamento (ao acaso ou dirigido), para grupos de RM ou MC.
Fonte: Adaptado de Cardoso et al. (2003)
Conforme ilustrado na Figura 8, o uso de acasalamento dirigido para grupos
de reprodutores múltiplos ou de monta controlada (raça Nelore) diminui o número de
animais superiores ao índice formulado, se comparados com o acasalamento ao
acaso. No entanto, isso ocorre devido à otimização dos acasalamentos dos
melhores animais, cujo objetivo é aumentar a frequência dos animais extremos, com
distribuição uniformizada no rebanho. O acasalamento dirigido aumenta a frequência
de animais superiores, no entanto, na Figura 8, nota-se que a geração de animais
inferiores foi de mesma proporção que os superiores (20% melhores), e uma
explicação para esse ocorrido é o não uso de seleção, onde previamente os
melhores animais deveriam ser selecionados (CARDOSO et al., 2003).
Para que haja um ganho genético desejável, é necessário considerar o tamanho
efetivo da população, pois o número restrito de reprodutores tende aumentar a taxa
de endogamia no rebanho (MELO; CARVALHEIRO; ALBUQUERQUE, 2013), ou
seja, com o passar do tempo o acasalamento dirigido pode tornar-se endogâmico,
devido ao aumento do parentesco entre os animais. De acordo com Mota, Pires e
Bonafé (2013), o acasalamento endogâmico pode ser usado como ferramenta para
fixar uma característica de interesse na população. No entanto, o frequente uso
desse procedimento, embora faça com que animais mais uniformes sejam gerados,
20% SUPERIORES
54
afeta principalmente a fertilidade e a rusticidade, devido à depressão endogâmica.
Sendo assim, uma forma para evitar a depressão endogâmica é o uso da restrição à
endogamia, ou seja, diminuição no coeficiente de endogamia, sem reduzir o ganho
genético. Caso o tipo de acasalamento usado seja o positivo com restrição à
endogamia, o coeficiente de endogamia médio será de aproximadamente, 0,06% ao
longo de 20 anos, proporcionando melhor resposta à seleção em longo prazo. No
entanto, conforme é ilustrado na Figura 9, se for considerado o acasalamento
positivo sem restrição à endogamia, ao passar de 20 anos o coeficiente de
endogamia será de 0,20%, resultando em menor progresso genético, devido às
restrições que influenciam o diferencial de seleção.
Figura 9: Coeficientes de endogamia (F) médios por ano e estratégia de acasalamento adotada em população de bovinos da raça Nelore.
Legenda: (AA) Acasalamento aleatório; (AAf) Acasalamento aleatório com restrição à endogamia; (AP) Acasalamento positivo; (APf) Acasalamento positivo com restrição à endogamia; (fAPf) Acasalamento positivo com restrição à endogamia no processo de seleção.
Fonte: Adaptado de Carvalheiro et al. (2007)
Além disso, de acordo com Pereira (2008), para cada 1% de aumento no
coeficiente de endogamia em um rebanho leiteiro, haverá redução de 22,7 kg de
leite por lactação de 305 dias. No entanto, conforme pode-se notar na Tabela 7, se o
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
0,16
0,18
0,2
0,22
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
F m
éd
io (
%)
ANO
AA
AAf
AP
APf
fAPf
55
nível de consanguinidade for de 6,25%, a produção de leite apresentará queda de
136,1 kg em uma lactação de 305 dias. Caso a endogamia aumente de 12,5% para
25%, a produção de leite será 200% a menos em ambos os casos.
Tabela 7: Efeito de três níveis de consanguinidade sobre características econômicas de gado de leite
CARACTERÍSTICA NÍVEL DE CONSANGUINIDADE (%)
6,25 12,5 25
Produção de leite (kg) -136,1 -272,2 -544,3 Produção de gordura (kg) -4,1 -82,1 -163,8 Peso após um ano (kg) -45,8 -113,9 -272,6
Mortalidade (%) 12 25 50
Fonte: Adaptado de Seykora e McDaniel (1981)
Na Tabela 8 estão as médias de produção de leite de acordo com o aumento
da consanguinidade, devido à seleção dos animais mais prejudicados pelos efeitos
da homozigose (PEREIRA, 2012).
Tabela 8: Efeito do aumento de 1% na taxa de endogamia (F) sobre a produção de leite e de seus componentes na raça Holandesa
CARACTERÍSTICA MÉDIA EFEITO A CADA 1% DE F
Produção de leite (kg) 6.798 -24,870
Produção de gordura (kg) 256,5 -0,898
Produção de gordura (%) 3,78 0,510
Produção de proteína (kg) 219,2 -0,782
Produção de proteína (%) 3,22 0,054
Fonte: Miglior et al. (1995)
Para obter ganho genético nas características de interesse econômico, deve-
se investir na seleção de animais, a qual deve ser realizada em função dos
resultados da avaliação genética. Além disso, para maximizar os resultados, pode-
se utilizar os acasalamentos dirigidos, ou seja, realizar as melhores combinações de
acasalamentos e, desta forma, acasalar o melhor reprodutor com a melhor matriz.
56
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estágio obrigatório é essencial na formação do Zootecnista, pois nesse
momento o aluno tem a oportunidade de utilizar o conhecimento adquirido nas aulas
teóricas e colocá-los em prática. Além disso, ser eficaz e demonstrar ser capaz em
solucionar problemas, durante o estágio, são maneiras de mostrar que está
preparado para o mercado de trabalho.
Acompanhar as atividades realizadas na empresa CRV Lagoa, incrementou
meu conhecimento em relação aos procedimentos de seleção e acasalamentos
dirigidos em bovinos leiteiros. Além disso, foi possível rever conceitos para
compreender a demanda dos criadores e os conteúdos apresentados nos relatórios.
Fazer o curso de melhoramento animal foi importante para me atualizar, para
compreender procedimentos na área de melhoramento utilizados em outros países
como nos Estados Unidos e na Austrália, e também para conhecer outros
profissionais na área.
Vivenciar a rotina de trabalho foi fundamental para minha decisão de trabalhar
na área de melhoramento genético. Perceber que o zootecnista é um profissional
importante serviu de motivação para seguir nessa área.
57
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Anexo 9. Ficha de supervisão de estágio curricular obrigatório – Ficha de
Desempenho de Atividades