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Universidade Federal do Pará
Campus Universitário de Bragança Instituto de Estudos Costeiros
Programa de Pós-Graduação em Biologia Ambiental Mestrado em Ecologia de Ecossistemas Costeiros e E stuarinos
POTENCIAL EXTRATIVO DO CARANGUEJO-UÇÁ Ucides cordatus
(LINNAEUS, 1763) E A ASSOCIAÇÃO DESSA ESPÉCIE COM O S BOSQUES
DE MANGUE, NA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE MARAC ANÃ,
MARACANÃ - PA
ÁDRIA DE CARVALHO FREITAS
Dr. Marcus Emanuel Barroncas Fernandes
Orientador
BRAGANÇA - PA
2011
ÁDRIA DE CARVALHO FREITAS
POTENCIAL EXTRATIVO DO CARANGUEJO-UÇÁ Ucides cordatus
(LINNAEUS, 1763) E A ASSOCIAÇÃO DESSA ESPÉCIE COM O S BOSQUES
DE MANGUE, NA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE MARAC ANÃ,
MARACANÃ - PA
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Curso de Pós-Graduação em Biologia
Ambiental: Mestrado em Ecologia de
Ecossistemas Costeiros e Estuarinos, da
Universidade Federal do Pará, Campus
Universitário de Bragança, como parte dos
requisitos necessários à obtenção do grau
de Mestre em Biologia Ambiental.
Dr. Marcus Emanuel Barroncas Fernandes
Orientador
BRAGANÇA-PA
2011
ÁDRIA DE CARVALHO FREITAS
POTENCIAL EXTRATIVO DO CARANGUEJO-UÇÁ Ucides cordatus
(LINNAEUS, 1763) E A ASSOCIAÇÃO DESSA ESPÉCIE COM O S BOSQUES
DE MANGUE, NA RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE MARAC ANÃ,
MARACANÃ – PA
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Biologia Ambiental: Mestrado em Ecologia de Ecossistemas Costeiros e Estuarinos, da Universidade Federal do Pará, Campus Universitário de Bragança, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Biologia Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. Marcus E. B. Fernandes
Data de aprovação:____/____/ 2011 Banca examinadora: __________________________________________________
Dr. Marcus Emanuel Barroncas Fernandes (Orientador) Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança - UFPA __________________________________________________
Dr. João Marcos Góes (Titular) Universidade Federal do Piauí, Campus de Parnaíba - UFPI __________________________________________________
Dra. Moirah Paula Machado Menezes (Titular) Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança - UFPA __________________________________________________
Dr. Fernando Araújo Abrunhosa (Titular) Universidade Federal do Pará, Campus de Bragança - UFPA
BRAGANÇA-PA 2011
i
EPÍGRAFE
“Os mangues são o paraíso do caranguejo. Se a
terra foi feita para o homem, com tudo para servi-
lo, o mangue foi feito especialmente para o
caranguejo. Tudo ai é, foi, ou está para ser
caranguejo, inclusive a lama e o homem que vive
nela.”
Josué de Castro
ii
Dedico esta dissertação a todos os
trabalhadores e trabalhadoras dos
manguezais, que mesmo sem saber
financiaram esta pesquisa com o suor
de seu árduo trabalho, pois os
impostos pagos por estes e outros
milhares de trabalhadores brasileiros é
o que move a pesquisa neste país.
iii
AGRADECIMENTOS
Agradecer não é algo simples e fácil, principalmente quando nos é dito
que devemos agradecer apenas as pessoas que realmente contribuíram com o
nosso trabalho. No entanto, meus agradecimentos irão para todos aqueles que
eu considerar que de alguma forma contribuíram direta ou indiretamente com
essa conquista, seja com ajuda em campo, sugestões, idéias, críticas e
opiniões ou com amizade, carinho e afeto, que provavelmente são os
ingredientes mais importantes para um bom trabalho. Desde já agradeço e
peço perdão a todos os que minha frágil memória não lembrar de citar. Porém,
gostaria de destacar algumas pessoas e entidades que foram especialmente
importantes.
Em primeiro e sempre à Deus por nunca ter me dado desafios que eu não
pudesse suportar e problemas que eu não conseguisse resolver.
Ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Ambiental pela oportunidade.
Ao meu orientador Professor Dr. Marcus Fernandes pelo conhecimento repassado, incentivo, compreensão, amizade, carinho e principalmente pelos dias e dias dedicados aos mapas de Kernel (só eu sei o quanto eu amaldiçoei este nome), mas que valeram a pena e você como sempre estava certo.
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Pará pelo suporte financeiro, através da concessão de bolsa de estudo, que foi essencial à execução deste trabalho.
À minha família, minha mãe Eliete Santana, minha irmã Aila Carvalho, meu pai Nezildo Freitas e sua esposa Irá Guimarães, por depositarem em mim a confiança para todas as horas e por me estimularem a sempre lutar pelo que desejo! Obrigada por vocês existirem! Ao meu irmão Andrio Carvalho, que inúmeras vezes deve ter detestado a mim e a minha pesquisa, pois sofreu inúmeros cortes, furos, picadas de inseto e outras mazelas, mas sempre me incentivou, sempre apoiou e cuidou de mim em minhas coletas. Sem você eu não teria conseguido!
iv
À minha irmã-amiga Akeme Matsunaga que mesmo sem ir a campo esteve ao meu lado em todas as etapas, me apoiando, me organizando, corrigindo meus trabalhos, sendo como sempre a família que Deus me permitiu escolher. Ao meu namorado, Cristiano Alberto Moraes (Beto), pelas horas juntos sacrificadas em prol do meu trabalho, pelo sacrifício em campo (mas que o tornou quase perito em manguezal), pelas noites não dormidas digitando planilhas e acima de tudo por todo amor e dedicação que tens por mim. Amo-te! Ao meu grande amigo Atilla Melo (tuuuuuuuudo isso!), que no momento derradeiro esteve ao meu lado me auxiliando com a “parte” estatística, além dos puxões de orelha para a manutenção da concentração. Muito Obrigada! Ao meu eterno orientador Ivan Furtado “O Terrível”, por sempre me estender a mão, tirar minhas dúvidas, sugerir alternativas e por sempre abrir nem que fosse um pequeno espaço na agenda lotada para me auxiliar. À minha equipe de campo, a qual nunca consegui manter, pois após ir a primeira vez a coleta ninguém queria mais voltar: meus primos Erick, Mauricío, Bernard e Fred. Meus amigos Léo, Murilinho, Bideu, João e Ericton (Ninho). Em especial, ao meu grande amigo Henrique Malta por toda ajuda em campo e fora dele e ao meu querido cunhadinho Adriano Moraes. Devo grande parte desta conquista a vocês! Aos meus amados tios Eraldo Teixeira (pelas inúmeras árvores e caranguejos mensurados), Lena Carvalho, Elly Carvalho, Evanilson Santana, Gisele Santana e Luís Sérgio Santana de Carvalho por todo amor, apoio, cuidado e dedicação que sempre me foi dado durante minhas coletas em Maracanã. Aos meus pais fora de casa Dona Elli, Seu Rai e Dona Rute, por terem me acolhido durante minhas coletas e por todo o carinho incondicional dispensado. Aos meus amigos do LAMA, Lanna (amiga maravilhosa, companheira de copo indispensável), Amanda (Autista adorada), Ritinha (pela companhia nas madrugadas no LAB e sei que ainda estou te devendo um Refratômetro), Fernanda (a mulher do Kernel e grande amiga), Maura Elisabeth (pelas horas que você abdicou do seu trabalho em prol do meu), César Braga (pelos conselhos, ombro amigo, apoio intelectual e por sempre cuidar de mim). Obrigada a todos por compartilharem comigo momentos de felicidade e desespero dissertativo! Aos catadores de caranguejo que me acompanharam em todas as minhas Odisséias no manguezal, Seu Elizeu, Seu Eurico e Seu Purinã e aos
v
barqueiros Seu.... Obrigada pelo carinho, pela amizade e, acima de tudo, pelas lições de vida. À turma de Mestrado/2009 com quem convivi boa parte desses últimos dois anos, pela diversão, pelo aprendizado e pela amizade. Em especial, a Mari Amaral (por ser a melhor e única companheira de casa que já tive e ter se mostrado uma das melhores amigas do mundo), Ellem dos Anjos e Samile Alves (minha vida em Bragança não teria graça sem vocês), Kleitom Macêdo, Antônio Nivaldo Júnior, Rose, Adelson e Wellington Trindade que se tornaram muito mais que companheiros de curso. Tornaram-se amigos pra todo o sempre! Aos meu amigos do LAGAM – UFRA, Bruno Wendell, Stephan Almeida, Profª Nazaré Maciel e Elton... e Profº Marcelo Moreno, por todo apoio, paciência e por abrirem muitas vezes mão de suas atividades para auxiliarem meu trabalho. Aos meus companheiros de Consultoria do PTPA Márcia Souza, Cristina e Joel Santana por sempre compreenderem as minhas necessidades de adiamento de viagens em prol de minha dissertação. Em especial ao meu grande amigo Flávio Contente, sem o qual meus pontos não seriam georreferenciados e cujo apoio moral e intelectual foi indispensável. A todos aqueles que não entendem absolutamente nada (ou quase nada) de manguezal e caranguejo ou qualquer coisa referente a minha pesquisa. Mas que mesmo assim estiveram presentes nos momentos de diversão e desespero ao longo desses últimos dois anos. Muito Obrigada!
vi
SUMÁRIO
EPÍGRAFE .............................................................................................................. i
AGRADECIMENTOS .................................... ........................................................ iii
SUMÁRIO ............................................................................................................. vi
LISTA DE FIGURAS .................................. ......................................................... viii
LISTA DE TABELAS .................................. .......................................................... ix
RESUMO GERAL ...................................... ............................................................ x
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1
1.1. OS MAGUEZAIS: CARACTERÍSTICAS GERAIS ......... ............................. 1
1.1.2. IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA E ECONÔMICA ..................................... 3
1.2 . O CARANGUEJO – UÇÁ Ucides cordatus (L. 1763) ............................... 4
1.2.1. IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA ................................................................ 4
1.2.2. IMPORTÂNCIA SOCIAL E VIABILIDADE TÉCNICA-ECONÔMICA ...... 6
2. OBJETIVOS ...................................... ................................................................. 9
2.1. OBJETIVO GERAL ............................... ...................................................... 9
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................ ............................................... 9
3. MATERIAL E MÉTODOS ............................. ................................................... 10
3.1. ÁREA DE ESTUDO ............................... .................................................... 10
3.2. SÍTIOS DE TRABALHO ........................... ................................................. 11
3.3. VEGETAÇÃO .................................... ........................................................ 12
3.4. CARANGUEJO-UÇÁ ............................... ................................................. 14
3.5. ANÁLISE DE DADOS ............................. .................................................. 15
3.5.1. VEGETAÇÃO....................................................................................... 16
3.5.2. CARANGUEJO-UÇÁ ........................................................................... 16
vii
3.5.3. ASSOCIAÇÃO DO CARANGUEJO-UÇÁ COM A VEGETAÇÃO DE
MANGUE ....................................................................................................... 17
4. RESULTADOS ..................................... ............................................................ 18
4.1. VEGETAÇÃO .................................... ........................................................ 18
4.2. CARANGUEJO-UÇÁ ............................... ................................................. 25
4.3. ASSOCIAÇÃO DO CARANGUEJO-UÇÁ COM A VEGETAÇÃO D E
MANGUE .......................................................................................................... 31
5. DISCUSSÃO .................................................................................................... 37
5.1. VEGETAÇÃO .................................... ........................................................ 37
5.2. CARANGUEJO-UÇÁ ............................... ................................................. 39
5.3. ASSOCIAÇÃO DO CARANGUEJO-UÇÁ COM A VEGETAÇÃO D E
MANGUE .......................................................................................................... 46
6. CONCLUSÕES ................................................................................................ 50
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................... ........................................... 51
viii
LISTA DE FIGURAS Figura 1. Mapa apresentando a distribuição mundial de manguezais. Fonte: FAO (2007). ........................................................................................................................ 2
Figura 2. Mapa apresentando a distribuição do caranguejo-uçá Ucides cordatus. Modificado de CASTILHO (2006). ................................................................. 6
Figura 3. Mapa da Reserva Extrativista Marinha de Maracanã contendo os sete sítios de trabalho representados pelos pontos em amarelo. .................................... 10
Figura 4. Distribuição dos indivíduos de Ucides cordatus em Classes de Altura para os três gêneros botânicos nos sete sítios de trabalho da RESEXM Maracanã, Maracanã – Pará. ........................................................................................ 21
Figura 5. Distribuição dos indivíduos de Ucides cordatus em Classes de DAP para os gêneros botânicos nos sete sítios de trabalho da RESEXM Maracanã, Maracanã – Pará. ............................................................................................................ 23
Figura 6. Número de galerias.m-2 de Ucides cordatus contadas por sítio de trabalho na RESEXM de Maracanã, Maracanã – Pará. Médias seguidas da mesma letra não diferiram significativamente, através da análise de variância (ANOVA-um critério). As barras representam o erro padrão. .................................. 25
Figura 7. Estimativas de densidade média para cada tipo de galeria de Ucides cordatus nos sete sítios da RESEXM Maracanã- Maracanã – Pará. Médias seguidas de uma mesma letra, dentro do mesmo gráfico não diferiram significativamente entre si, através da análise de variância (ANOVA-um critério). As barras representam o erro padrão. .......................................................... 26
Figura 8. Percentual de indivíduos machos e fêmeas de Ucides cordatus por sítio de trabalho na RESEXM de Maracanã, Maracanã – Pará. .............................. 28
Figura 9 Distribuição percentual de Ucides cordatus (machos + fêmeas) por classes de Largura de Carapaça (LC), considerando os sete sítios na RESEXM de Maracanã, Maracanã – Pará. ................................................................................... 29
Figura 10 . Distribuição em Classes de Largura de Carapaça de Machos e Fêmeas de Ucides cordatus por sítio na RESEXM Maracanã, Maracanã – Pará.32
Figura 11. Relação Peso/Largura da Carapaça de Machos e Fêmeas de Ucides cordatus na RESEXM Maracanã, Maracanã - PA. .................................................... 33
Figura 12. Mapas de Densidade de Kernel mostrando a distribuição espacial de Ucides cordatus, com base nas variáveis: De Total=Densidade total (machos+fêmeas), De Machos=Densidade de Machos, LC=Largura da Carapaça de indivíduos machos maiores que 6 cm e Do Rh=Dominância de Rhizophora nos sete sítios ao longo da RESEXM Maracanã, Maracanã – PA. ... 36
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Valores médios dos parâmetros estruturais dos gêneros arbóreos Avicennia (Av), Rhizophora (Rh) e Laguncularia (La) nos sete sítios de Trabalho na RESEXM Maracanã, Maracanã – Pará – Brasil. DAP = Diâmetro à Altura do Peito, DP = Desvio Padrão. .......................................................................... 19
Tabela 2. Resumo da análise de regressão, tendo as Densidades e Alturas de Rhizophora e Avicennia como variáveis dependentes e os DAP’s destes mesmos gêneros como variáveis independentes. Onde, DAP Av = Diâmetro a Altura do Peito de Avicennia; De Av= Densidade de Avicennia; Al Av = Altura de Avicennia; DAP Rh = Diâmetro a Altura do Peito de Rhizophora; De Rh = Densidade de Rhizophora; Al Rh = Altura de Rhizophora. ....................................... 24
Tabela 3. Resultados das análises de variância (ANOVA-um critério) das estimativas de densidade para Ucides cordatus pelo método de Contagem de Galeria (CG) e Captura dos Indivíduos (CI) (Média±Desvio Padrão), para os sete sítios na RESEXM Maracanã, Maracanã - PA. Médias seguidas de uma mesma letra, dentro da mesma coluna não diferiram significativamente. gl=grau de liberdade, SQ=Soma dos Quadrados, QM=Quadrado médio, F=teste F, P=nível de significância. ................................................................................................. 27
Tabela 4 . Dados referentes à Largura de Carapaça (cm) de Ucides cordatus para Machos (M) e Fêmeas (F), capturados nos sete sítios de trabalho na RESEXM de Maracanã, Maracanã – Pará (DP = Desvio Padrão; CV= Coeficiente de Variação). ............................................................................................... 30
Tabela 5. Resumo da análise de regressão, tendo a densidade de Ucides cordatus como variável dependente e os parâmetros vegetacionais como variáveis independentes, para os sete sítios da RESEX Maracanã, Maracanã – PA. Onde, De C = Densidade de Caranguejos; De Rh = Densidade de Rhizophora; Do Rh = Dominância de Rhi Rhizophora; De Av= Densidade de Avicennia; Do Av = Dominância de Avicennia. ........................................................... 34
Tabela 6. Densidade média estimada para U. cordatus através dos métodos de contagem de galerias (CG) e de captura de indivíduos (CI) para diferentes áreas do Brasil. ................................................................................................................ 42
x
RESUMO GERAL O presente estudo teve como objetivo avaliar a associação entre a distribuição de ambos, o caranguejo-uçá, Ucides cordatus, e os diferentes bosques de mangue da Reserva Extrativista Marinha de Maracanã, Maracanã – PA, enfatizando o potencial extrativo desse crustáceo na região. O trabalho foi realizado em sete sítios, onde foram caracterizados o solo, a acessibilidade e a salinidade, sendo as parcelas amostrais georreferênciados para elaboração dos mapas temáticos. A vegetação foi avaliada em nível de gênero e seus atributos estruturais mensurados. A densidade do caranguejo-uçá foi estimada através de dois métodos: contagem de galerias (CG) e captura de indivíduos (CI). Peso (P) e largura da carapaça (LC) foram mensurados para todos os indivíduos capturados em todos os sítios. Foi registrada a ocorrência de três tipos de mangue, representados por Rhizophora, Avicennia e Laguncularia. O primeiro foi o gênero botânico mais abundante e dominou a paisagem da RESEXM. Os bosques da área de estudo foram considerados maduros, com alto recrutamento, principalmente no Sítio#02, cujos valores de árvores mortas indicam regeneração desse bosque. Os dois métodos de amostragem populacional utilizados para U. cordatus apresentaram diferença significativa (ANOVA, F=9,46; gl=1; p<0,001), com uma diferença de eficiência em torno de 20%. A densidade (De) por CG e CI e a largura da carapaça (LC) variaram significativamente entre os sítios (ANOVA, (F=12,60; gl=6; p<0,001; F=10,42; gl=6; p<0,001 e F=10,50; gl=6; p<0,001, respectivamente), com animais de maior porte nos sítios #04 e #05. A análise de correlação mostrou que a Densidade de caranguejos apresentou relação com a estrutura dos bosques, sendo que as áreas com predominância de Rhizophora apresentaram maior densidade. A análise de Kernel confirmou a relação entre os parâmetros populacionais de ambos, o caranguejo-uçá e a estrutura da vegetação, mostrando distribuição congruente para as variáveis De e LC dos caranguejos e a vegetação dominante (o gênero Rhizophora). Assim, a forte associação da quantidade (De) e qualidade (LC) dos caranguejos ao longo da RESEXM resulta em um potencial extrativo imediato de 74% da população amostrada, com tamanho superior a 6 cm (tamanho mínimo designado pela Portaria IBAMA No.034/03-N). Por fim, é importante ressaltar que informações do presente estudo são úteis como subsídios técnicos para o manejo desse recurso que é uma das principais fontes de renda para as populações caiçaras do município de Maracanã, Pará.
Palavras chaves: Ucides cordatus, florestas de mangue, amostragem
populacional, RESEX Marinha de Maracanã, potencial extrativo.
xi
ABSTRACT
The present study aimed to evaluate the association between the distribution of both the land crab, Ucides cordatus, and the different types of mangrove in the Maracanã Marine Extractive Reserve, Maracanã - PA, emphasizing the potential extraction of this crustacean in the region. The work was conducted in seven sites, where soil, accessibility, and salinity were characterized, being sampling plots georeferenced for thematic maps preparation. The vegetation was assessed at the genus level and its structural attributes measured. The density of the mangrove crab was estimated by two methods: counting galleries (CG) and capture of individuals (CI). Weight (W) and carapace width (CW) were measured for all individuals captured at all sites. It was recorded the occurrence of three types of mangroves represented by Rhizophora, Avicennia, and Laguncularia. The first was the botanical genus most abundant and dominated the landscape of RESEXM. The mangrove stands of the study area were considered mature, with high recruitment, especially at Site#02, whose values of dead trees indicate regeneration of this stand. The two methods used for sampling population density of U. cordatus showed significant difference (ANOVA, F=9.46, df=1, p<0.001), with a difference in efficiency of around 20%. The density (De) by CG and CI and carapace width (CW) varied significantly among sites (ANOVA, F=12.60, df=6, p<0.001; F=10.42, df=6, p<0.001; and F = 10.50, df = 6, p <0.001, respectively), with larger animals at sites#04 and #05. The correlation analysis showed that the density of crabs was related to the forest structure and areas with predominantly Rhizophora showed higher density. Kernel analysis confirmed the relationship between the population parameters of both, the mangrove crab and vegetation structure, showing consistent distribution for the variables De and CW for crabs and dominant vegetation (the genus Rhizophora). Thus, the strong association of the quantity (De) and quality (CW) of the crabs along the RESEXM results in an immediate potential extraction of 74% of the sampled population, with carapace width larger than 6 cm (minimum size designated by IBAMA - Ordinance No.034 / 03-N). Finally, it is important to highlight that information from this study is useful as technical subsidies for the management of this resource that is a major source of income for the native population of the municipality of Maracanã, Pará. Keywords: Ucides cordatus, mangrove forest, population sampling, Maracanã Marine Extractive Reserve, potential extraction.
1
1. INTRODUÇÃO 1.1. OS MAGUEZAIS: CARACTERÍSTICAS GERAIS
O manguezal é um ecossistema costeiro considerado como zona de transição
entre o ambiente terrestre e marinho, sujeito ao regime de marés. As florestas de
mangue são formadas por bosques tropicais onde se misturam a água salgada do
mar e a água doce dos rios e afluentes (VEGA-VELEZ, 1978). Por serem uma faixa
de transição entre os ambientes terrestre e aquático, os manguezais apresentam
grande variação dos fatores ambientais e reduzida diversidade florística, com
espécies herbáceas e arbóreas adaptadas morfofisiologicamente a sobreviver em
águas salobras ou salinas e substratos inconsolidados com baixa concentração de
oxigênio (SCHAEFFER-NOVELLI et al, 2000).
A alta plasticidade está entre as características mais marcantes das espécies
que compõem as florestas de mangue, pois determina que florestas com uma
mesma composição de espécies, apresentem desenvolvimento estrutural distinto, de
acordo com a variação das características ambientais. Em outras palavras, o mesmo
ecossistema pode se apresentar sob diferentes formas em regiões distintas, como
por exemplo, quando submetidos aos regimes climáticos distintos (SOARES, 2008)
A distribuição dos manguezais corresponde a das florestas tropicais,
estendendo-se ao norte e sul do Equador. Sendo este ecossistema encontrado raras
vezes além dos trópicos, uma vez que são sensíveis às baixas temperaturas. Os
limites de latitude são determinados pela temperatura, estendendo-se ao norte ou
sul apenas naquelas regiões em que as correntes costeiras modificam o clima
(SNEDAKER e GETTER, 1985) (Figura 01).
2
Figura 1. Mapa apresentando a distribuição mundial de manguezais. Fonte: FAO (2007).
A área total de manguezais no mundo é estimada em cerca de 152.000 km2.
O litoral brasileiro possui 13.000 km2, equivalente a 8,5% deste total, o que lhe
confere a segunda maior extensão de áreas de manguezal a nível mundial, ficando
atrás apenas da Indonésia que possui uma área de 30.000 km2 (21%) (SPALDIN,
KAINUMA e COLLINS, 2010).
Segundo Souza Filho (2005), os manguezais brasileiros ocorrem desde o
Estado do Amapá, no Norte até o Estado de Santa Catarina, no sul. Este mesmo
autor afirma que a costa norte do país tem uma área de aproximadamente 8.000 km2
de manguezais. Segundo Lacerda (1999), ao longo da costa dos Estados do Amapá,
Pará e Maranhão, os manguezais formam um cinturão contínuo de cerca de 700.000
ha, ou seja, quase 85% de todos os manguezais brasileiros.
Nas florestas de mangue, as árvores podem exceder 40 m de altura,
formando copas densas que favorecem associações entre plantas, animais e
microorganismos adaptados à vida na zona entremarés (KJERVE et al., 1997).
Segundo Tomlinson (1986), os manguezais são representados pelas famílias
3
Acanthaceae, Rhizophoraceae e Combretaceae. Na costa amazônica brasileira, as
espécies arbóreas que formam as florestas de mangue são: Rhizophora mangle L.,
R. racemosa G.F.W. Meyer, R. harrisonii Leechman, Avicennia germinans (L.)
Stearn, A. schaueriana Stapf e Leechman ex Moldenke e Laguncularia racemosa
(L.) Gaertn f., sendo inúmeras espécies vegetais provenientes de sistemas
adjacentes também associadas (MENEZES et al., 2008).
1.1.2. IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA E ECONÔMICA
As áreas de manguezal são de fundamental importância para a dinâmica dos
estuários, funcionando como protetores das regiões costeiras, pois recebem
depósitos de sedimentos dos rios, e ao mesmo tempo atenuam a força das marés,
assegurando equilíbrio morfogenético aos ecossistemas costeiros (NASCIMENTO,
1984). Nesse sentido, os manguezais são úteis em alguns países para proteção de
hidrovias e zonas urbanas litorâneas. São também de extrema importância para
atividades educacionais, recreativas, turísticas e para a investigação cientifica,
além de seu exuberante aspecto foto-paisagístico de importância
geomorfológica, ecológica e sócio-econômica (RAMOS, 2002).
Esse ecossistema é um verdadeiro berçário, promovendo microhábitats para a
proteção, alimentação e reprodução de diversas espécies de répteis, anfíbios, peixes,
e mamíferos. Além de proporcionarem diversas e contínuas atividades pesqueiras
concentradas em várias espécies de peixes e alguns moluscos e crustáceos. Tais
atividades beneficiam as comunidades ribeirinhas que se utilizam destes recursos
para o consumo e/ou comercialização (FERNANDES; CARVALHO, 2007), sendo os
manguezais considerados uma unidade ecológica da qual dependem dois terços da
população pesqueira do mundo (CANESTRI E RIUZ, 1973). Segundo Ramos (2002),
4
existe uma relação direta entre produtividade de pesca e conservação dos
manguezais, sendo que 2/3 das espécies de peixes economicamente explorados
dependem desse ecossistema, pois grande quantidade de matéria orgânica
produzida no manguezal é levada pela maré até as águas costeiras adjacentes,
transformando-se em nutrientes para essa fauna estuarina e marinha.
1.2 . O CARANGUEJO – UÇÁ Ucides cordatus (L. 1763)
1.2.1. IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA
Nos manguezais, a interação planta-animal é de fundamental importância nos
padrões de distribuição, estrutura e ciclagem de nutrientes. Isto pode ser atribuído à
presença de insetos e de caranguejos no sistema, haja vista esses animais, além de
interferirem no processo de decomposição do material vegetal no sistema
(ROBERTSON, 1991).
Dentre os grupos animais que atuam no consumo e retirada da serapilheira
em áreas de mangue, os crustáceos merecem destaque por sua elevada biomassa,
importante papel bioturbador, e conseqüente atuação no fluxo energético (KOCH,
1999; CONDE et al., 2000; WOLFF et al., 2000; AMOUROUX e TAVARES,
2005). Os caranguejos braquiúros, junto com os moluscos, correspondem à maior
parte da macrofauna de invertebrados associados ao ecossistema de manguezal
(GOLLEY et al, 1962).
O caranguejo Ucides cordatus (Linnaeus, 1763) representa o principal
componente da macrofauna dos manguezais da costa brasileira, com influência
notória sobre o processamento da serapilheira e fluxo energético desse ecossistema
(KOCH, 1999). Possui hábito basicamente herbívoro, alimentando-se de folhas
5
senescentes que caem das árvores de mangue, armazenando-as numa das
câmaras de sua galeria. O processamento desse alimento fornece a essa espécie
de caranguejo o segundo lugar no fluxo energético e a maior biomassa no
manguezal (KOCH, 1999).
A vegetação predominante pode dificultar (MATSUMASA et al., 1992) ou
favorecer (NOMANN & PENNINGS, 1998) a ocupação e estabelecimento de
determinadas espécies de caranguejos em áreas de mangue. A bioturbação do
sedimento, decorrente da escavação dos braquiúros, pode afetar todo o
ecossistema de manguezal quanto à dinâmica e disponibilidade dos nutrientes no
sedimento, bem como a composição e estrutura dos bosques de mangue
(STIEGLITZ et al., 2000; AMOUROX & TAVARES, 2005).
Ao longo do litoral do brasileiro, o caranguejo-uçá ocorre desde o Amapá até
Santa Catarina (ALCÂNTARA-FILHO, 1978). Sendo que as principais áreas de
ocorrência dessa espécie estão concentradas nas regiões Norte e Nordeste do país
(IBAMA, 1994). Segundo Melo (1996), a distribuição da espécie ocorre na Costa do
Atlântico Ocidental, na Flórida (EUA), Golfo do México, América Central, Antilhas,
Guianas e Brasil (Figura 2).
A captura (cata) do caranguejo-uçá é uma das atividades mais antigas de
extrativismo nos manguezais brasileiros, sendo ainda praticada por muitas
comunidades tradicionais litorâneas que vivem de sua comercialização (IBAMA,
1994). O grande porte apresentado por este caranguejo, comparado a outras
espécies de braquiúros existentes em manguezais, aliado à sua importância
econômica, faz com que seja considerado um dos principais recursos pesqueiros nas
regiões Norte e Nordeste do país (FAUSTO-FILHO, 1968).
6
Figura 2. Mapa apresentando a distribuição do caranguejo-uçá Ucides cordatus. Modificado de CASTILHO (2006).
1.2.2. IMPORTÂNCIA SOCIAL E -ECONÔMICA
Dentre os recursos naturais extraídos dos manguezais, a captura do
caranguejo-uçá é considerada a atividade econômica mais importante conduzida em
escala comercial no Brasil (KJERFVE e LACERDA, 1993). Trata-se de um recurso
pesqueiro abundante, de grande aceitação comercial e que contribui para a geração
de emprego, renda e subsistência em comunidades pesqueiras de estuários
(SOUTO, 2007).
Em todas as regiões de mangue, ao longo da costa brasileira, existem
pessoas que vivem da captura (cata) do caranguejo para a venda aos bares e
restaurantes ou aos atravessadores que comercializam esse recurso nos grandes
centros (BARBIERI e MENDONÇA, 2003).
De acordo com Nascimento (1993), o caranguejo-uçá alcança altos valores de
comercialização nas grandes cidades, principalmente nas regiões Norte e Nordeste,
7
além da sua importância econômica atingir também o Suriname e a República
Dominicana.
Vários produtos de importância econômica podem ser extraídos
comercialmente dos braquiúros, dentre eles: a quitina do exoesqueleto, para
produção de anticoagulantes, cosméticos, emulsões fotográficas, adesivos químicos,
entre outros; e as vísceras e resíduos da extração de carne, utilizados na composição
de fertilizantes ou rações (HAEFNER, 1985). No entanto, a carne ainda é o principal
produto de comércio, possuindo conteúdo protéico de fácil digestão, bem como
excelente fonte de vitaminas (GASPAR, 1981). Segundo FISCARELLI (2004), a carne
do caranguejo-uçá possui excelente valor nutritivo, com elevada taxa de proteína e
reduzida taxa de lipídios.
No Estado do Pará, o caranguejo-uçá destaca-se principalmente como fonte
de alimento, compondo a culinária de habitantes de vilas e cidades próximo ou
distantes da região litorânea (MACHADO, 2007). Os municípios de Bragança, Viseu,
Quatipuru, São Caetano de Odivelas, Soure e Maracanã estão entre as áreas de
maior produção paraense de caranguejo. Segundo o Estudo Socioeconômico do
Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentado das Populações Tradicionais -
CNPT (2000), sobre a principal atividade do setor pesqueiro no município de
Maracanã, mostrou que a maioria do contingente de pescadores (51,2%) pescam
peixes, seguido de pescadores de caranguejo (35,8%) e os que praticam as duas
atividades de pesca (peixe/caranguejo - 12,2%).
A Reserva Extrativista Marinha de Maracanã além da biodiversidade que
apresenta, suas áreas de manguezal constituem-se também, na fonte de
sobrevivência de uma parcela significativa de seus usuários, agrupando milhares de
8
famílias de pescadores, que dependem de seus recursos, principalmente da
extração de caranguejo-uçá.
Nos últimos anos tem sido observada a expressiva diminuição desse recurso
nos manguezais do Norte e Nordeste brasileiro, o que tem preocupado os órgãos
gestores, que indicaram a premência de estudos relacionados à viabilidade técnico-
econômica de seu cultivo (OSTRENSKY et al., 1995; BLANKENSTEYN et al., 1997)
e informações sobre a situação de seus estoques pesqueiros (BOTELHO et al.,
1999; IVO et al., 1999; VASCONCELOS et al., 1999; DIELE, 2000). Mesmo com os
estudos existentes, há uma escassez de informações sobre os fatores de ordem biótica
que atuam sobre a abundância e/ou densidade dessa espécie. No entanto, a escolha
do método ideal para se obter uma estimativa confiável ainda é um dos maiores
entraves em análises de densidade, particularmente para braquiúros que habitam
costões rochosos (FLORES e PAULA, 2002) e manguezais (NOBBS e MCGUINESS,
1999; MACIA et al., 2001; SKOV et al. 2002).
O crescimento de U. cordatus é muito lento (cerca de 8 anos para atingir o
tamanho comercial) (PINHEIRO et al., 2005), o que inviabiliza sua criação em
cativeiro. Por este motivo, é imprescindivel que sejam elaborados planos de manejo em
áreas de manguezal para preservar o recurso caranguejo-uçá.
Baseando-se nas informações acima citadas e em vista da importância que o
recurso caranguejo-uçá representa, o presente estudo visa contribuir para o manejo
da espécie, através da disponibilização de novas informações sobre a distribuição
espacial do caranguejo-uçá nos manguezais da Reserva Extrativista Marinha de
Maracanã, Maracanã – Pará, possibilitando a identificação e delimitação de áreas
com potencial de extração.
9
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
O presente estudo teve como objetivo avaliar a associação da distribuição do
caranguejo-uçá, Ucides cordatus, com a distribuição dos diferentes bosques de
mangue da Reserva Extrativista Marinha de Maracanã, Maracanã – PA, enfatizando
o potencial extrativo desse crustáceo na região.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Mapear a distribuição dos bosques de mangue, através da distribuição dos
caranguejos, com base na composição e estrutura dos bosques;
• Comparar os métodos de amostragem de densidade populacional do
caranguejo-uçá no intuito de proporcionar melhor acurácia à estimativa desse
parâmetro;
• Mapear a distribuição do caranguejo-uçá, de acordo com as áreas de
exploração dessa espécie, com base na densidade e tamanho dos indivíduos;
• Acessar a correlação entre a composição e os atributos estruturais das
espécies arbóreas de mangue e a densidade e os atributos biométricos do
caranguejo-uçá;
• Acessar o potencial extrativo do caranguejo-uçá na RESEXM de Maracanã.
10
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. ÁREA DE ESTUDO
A Reserva Extrativista Marinha Maracanã é uma área de mais de 30 mil
hectares, localizada no município de Maracanã, Pará. A vegetação dessa região é
constituída por matas de terra firme, várzeas estuarinas, restingas e manguezais. A
RESEXM de Maracanã é composta por 75 comunidades de ribeirinhos banhadas
pelos rios Marapanim, Cuinarana, Maracanã, Caripí e a baía de Maracanã. Habitam
na reserva 1500 famílias, sendo mais de 5 mil usuários que vivem e sobrevivem de
peixes e crustáceos explorados na área e no entorno dos manguezais (SANTOS,
2008) (Figura 3).
Figura 3. Mapa da Reserva Extrativista Marinha de Maracanã contendo os sete sítios de trabalho representados pelos pontos em amarelo.
11
3.2. SÍTIOS DE TRABALHO
A escolha dos sítios de trabalho foi feita a partir de visitas prévias aos locais
indicados pelos caranguejeiros como as principais áreas de exploração. Sendo
escolhidos sete sítios ao longo de toda a RESEXM de Maracanã. Para tentar
compreender a dinâmica de coleta dos recursos provenientes do manguezal, a
metodologia utilizada foi baseada em informações obtidas in situ e em informações
secundárias, a partir de entrevistas e excursões de acompanhamento dos
caranguejeiros aos locais de coleta dos caranguejos. As rotas de extrativismo do
caranguejo-uçá, ou seja, os pontos específicos de coleta desse crustáceo pelos
caranguejeiros foram marcados com auxílio de um GPS (Global Position System)
Garmin modelo E-Trex. Os pontos obtidos nessas excursões foram inseridos em
uma base cartográfica digitalizada e georreferenciada para a elaboração de mapas
temáticos:
1) Sítio#01 - São Tomézinho (47° 27' 55,2" W e 0°44 ' 39,8" S) : localizado próximo à
sede do município de Maracanã, o acesso a este sítio é realizado através de
embarcação a remo. Possui solo do tipo Argilo-arenoso e salinidade média de 14.
2) Sítio#02 – Besta (0° 45' 8,9" S e 47° 27' 1,1" W) :também localizado próximo à
sede do município de Maracanã, possui acesso realizado através de embarcação
a remo. O solo é do tipo Argilo-arenoso e a salinidade média desta área é de 12.
3) Sítio#03 – Pauxis (0° 54' 31,2" S e 47° 25' 13,0 " W) : sob influência do rio
Maracanã, este sítio possui salinidade média de 5. O solo nesta área é do tipo
Argilo-arenoso e acesso o é realizado através de embarcação a remo.
4) Sítio#04 - São Roberto (0° 52' 11.1" S e 47° 30' 10.8" W) : localizado próximo a
Vila do São Roberto o trajeto até este sítio é feito a pé. Sofre maior influência do
rio Caripí, com salinidade média de 5. O solo nesta área é do tipo Argiloso.
12
5) Sítio#05 - 40 do Mocoóca (0° 38' 10.9" S e 47° 3 3' 23.5" W): Localizado próximo
as Vilas do 40 do Mocoóca e Fortalezinha, o acesso a este sítio é feito por
embarcação motorizada ou a remo. O solo desta área é classificado como Argilo-
arenoso e a salinidade média é de 27.
6) Sítio#06 - Ilha do Marco (0° 35' 54.6" S 47° 28' 13.5" W) : Com maior proximidade
do Oceano Atlântico, mas ainda sofrendo influência do rio Urindeua e da Bacia de
Maracanã, este sítio possuí salinidade média de 32. O acesso ao mesmo é
realizado somente através de embarcação motorizada. Possui solo do tipo Silte-
arenoso.
7) Sítio#07 - Ilha do Rio Grande (0° 47' 23.8" S e 47° 24' 28.8" W) : Localizado
relativamente próximo a sede do município de Maracanã, este sítio possui acesso
realizado através de embarcação motorizada, a vela ou a remo. O solo desta
área é do tipo Lodo-arenoso e a salinidade média é de 10.
3.3. VEGETAÇÃO
A estrutura dos bosques de mangue foi determinada segundo métodos
descritos por Schaeffer-Novelli e Cintrón (1986), sendo demarcadas ao longo de
cada transecção de 100 m (n=3) cinco parcelas de 20x20 m. Este procedimento foi
realizado nos sete sítios. De acordo com esses autores uma parcela vegetal
representativa deve conter um mínimo de 20 a 30 árvores. Para bosques de mangue
muito jovens é comum o uso de parcelas 5x5 m. Nas áreas em que as árvores
apresentaram um grande número de indivíduos de reduzido porte fez-se necessário
optar por este tamanho amostral, assim como áreas com poucos indivíduos levaram
a adoção de parcelas maiores para que contivessem o número mínimo de
indivíduos.
13
Todas as árvores dentro e na borda das parcelas com o mínimo de 10 cm de
Diâmetro à Altura do Peito (CAP) e acima de 2m de altura foram mensuradas,
utilizando-se as seguintes medidas: a) Circunferência à Altura do Peito (CAP),
tendo-se como base 1,30 m a altura do peito e b) Altura Total da árvore (AT). Das
árvores mortas foi medido o CAP e o indivíduo identificado em nível taxonômico.
Depois de concluída a etapa de campo, os dados obtidos foram utilizados
como base para a estimativa dos seguintes parâmetros estruturais:
• Diâmetro à Altura do Peito (DAP) – a partir dos valores da
circunferência do fuste foi calculado o DAP para os gêneros Avicennia e
Laguncularia, enquanto o Diâmetro acima da última raiz escora para o gênero
Rhizophora, através da seguinte fórmula: DAP =CAP/π
• Freqüência (F) – registro da presença de uma determinada espécie
em uma dada parcela e calculada em termos percentuais (Frequencia Relativa –
FR).
• Densidade (De) – número de indivíduos por unidade de área. A
densidade foi expressa em indivíduos por hectare (ind.ha-1) e calculada em termos
percentuais (Densidade Relativa – DeR).
• Dominância (Do) – a dominância é o reflexo da área basal de cada
espécie em uma dada parcela, sendo expressa em m2 Este parâmetro também foi
estimado em termos percentuais (Dominância Relativa - DoR).
• Valor de Importância (VI) – soma dos valores da Freqüência Relativa,
Densidade Relativa e Dominância Relativa.
Os dados referentes à altura e ao diâmetro dos indivíduos de cada sítio de
trabalho foram divididos em classes e analisados de forma comparativa.
14
3.4. CARANGUEJO-UÇÁ
A caracterização da população do caranguejo-uçá foi feita em parcelas, onde
também foram realizadas as medidas de estrutura dos bosques de mangue, para
posteriormente serem feitas as correlações entre os atributos estruturais da
vegetação e os atributos biométricos e populacionais dessa espécie.
Em cada sítio de trabalho foram demarcadas cinco parcelas de 25 m2 ao
longo de transecções de 100 m (n=3) para a estimativa da densidade e captura dos
caranguejos. A densidade dos indivíduos foi estimada por dois métodos: i)
Contagem das Galerias (CG) – contagem do número de galerias contidas nas
parcelas (galerias.m-2), cuja posição ao longo da transecção de 100 m foi alternada
em intervalos de 20 m e ii) Captura dos Indivíduos (CI) – captura dos indivíduos
existentes nas galerias (ind.m-2).
Para minimização do erro amostral, as galerias dos U. cordatus foram
identificadas pela posição oblíqua que sua abertura apresenta em relação à
superfície do sedimento e formato interno (COSTA, 1972), o que as diferencia
daquelas escavadas por outros caranguejos (ex. espécimes do gênero Uca). Sendo
também classificadas em quatro categorias: 1) Fechadas (FEC) - galerias
apresentando a abertura oclusas por um “tampão” de sedimento úmido ou com
abertura não evidente (localmente chamada de “batumada”), neste caso, a galeria é
reconhecida pela elevação e textura diferenciada do sedimento, sendo confirmada
por escavação; 2) Aberta com Atividade Biogênica (AAB) – galeria que apresenta na
proximidade da abertura lama fluida, fezes e/ou rastros; 3) Aberta com Dupla
Abertura (ADA) – galeria confirmada por escavação e considerada como sendo
uma única galeria para as análises e 4) Abandonadas (ABA), que não
possuem qualquer atividade biogênica ao seu redor.
15
A densidade realizada pelo método CG (galerias.m-2) foi estimada pela soma
do número de galerias do tipo AAB, FEC e ADA. As galerias abandonadas não
foram consideradas para as análises. Já a estimativa da densidade através do
método CI (ind.m-2) foi realizada a partir dos caranguejos retirados das galerias
somados aos indivíduos não capturados, mas identificados como presentes nas
mesmas. Esta identificação foi feita através da observação da atividade biogênica
existente na galeria ou pelo caranguejeiro, isto é, o catador conseguiu tocar o animal
certificando-se da sua presença na galeria, mas não conseguiu capturá-lo.
A identificação do sexo dos caranguejos foi feita com base no dimorfismo
sexual externo e através das medidas de largura da carapaça (LC; cm) COSTA
(1972), utilizando paquímetro com 0,05 mm de precisão. O tamanho dos
caranguejos foi definido pela largura da carapaça (LC), sendo a medida feita de uma
extremidade a outra no eixo de maior dimensão da mesma. O peso (P) de cada
exemplar foi obtido com o auxílio de uma balança digital (precisão de 0,01 g), após a
limpeza dos animais para a retirada da lama aderida ao indivíduo. A produtividade
do caranguejo-uçá foi estimada através da biomassa (t.ha-1), multiplicando-se o valor
do peso médio de caranguejos (g) pelo estoque de caranguejos, sendo que o
estoque representa o número médio de indivíduos por área (ind.ha-1), estimado a
partir dos valores de densidade.
3.5. ANÁLISE DE DADOS
Os dados brutos referentes à vegetação e aos caranguejos foram
previamente testados quanto à normalidade, através do teste de Lilliefors. Nos casos
16
de ausência dessas premissas, os dados foram transformados em log(x+1) ou raiz
quadrada(x), para homogeneização das variâncias (AYRES et al, 2007)
3.5.1. VEGETAÇÃO
Os valores de cada atributo estrutural das árvores vivas e mortas por espécie
arbórea de mangue foram comparados entre os sítios através da análise de
variância (ANOVA - um fator). A regressão linear foi utilizada para analisar a
arquitetura do bosque através da relação entre os valores de (DAP), altura total (AT)
e densidade (De). As análises foram realizadas no programa BioEstat 5.0 (AYRES et
al. 2007).
3.5.2. CARANGUEJO-UÇÁ
A densidade (dos métodos CG e CI), biomassa, comprimento e peso das
populações de caranguejo-uçá foram comparados entre os sítios de trabalho,
através da análise de variância (ANOVA - um fator). Em caso de diferença
significativa, todas as médias foram comparadas a posteriori pelo Teste de Tukey
(5%), segundo a rotina do Software BIOESTAT 5.0.
A proporção sexual em cada sítio foi determinada através do teste do Qui-
quadrado (χ2). A relação Peso/Largura da carapaça (P/LC) foi estabelecida e
submetida à análise de regressão. Esta relação segue um modelo de crescimento
relativo do tipo Y=a.Xb, onde Y= peso úmido (g), X= largura da carapaça (cm), sendo
b o coeficiente alométrico. A relação é considerada isométrica quando b = 3
(FROESE 2006). Como esta relação não é linear os dados foram logaritmizados (ln),
sendo a equação matemática representativa desta relação ln(Y) = ln (a) + b ln(X). O
coeficiente de determinação (R2) foi utilizado como indicador de validade da
regressão linear. A alometria ou isometria desta relação foi estabelecida pelo teste-t,
17
sendo isométrico (b=3), alométrico positivo (b>3) e alométrico negativo (b<3) (ZAR,
2008). A equação obtida também foi utilizada para a correção de peso dos
indivíduos com ausência de alguns apêndices, para posterior estimativa da
biomassa do U. cordatus na área da RESEXM.
O potencial extrativo imediato e futuro de U. cordatus foi calculado para cada
uma das áreas de manguezal, baseando-se na abundância de animais com
tamanho superior a 6,0 cm, respectivamente. Este é o tamanho mínimo de captura
que consta da Portaria IBAMA No.034/03-N, de 24/06/2003, que trata do defeso
pesqueiro do recurso caranguejo-uçá para as regiões Norte e Nordeste do Brasil.
3.5.3. ASSOCIAÇÃO DO CARANGUEJO-UÇÁ COM A VEGETAÇÃO DE
MANGUE
Os dados de densidade e Largura de Carapaça de U. cordatus foram
correlacionados aos parâmetros da vegetação arbórea dos manguezais de cada
sítio de trabalho, sendo inicialmente submetidos a uma análise de correlação linear
de Pearson (r2) (ZAR, 1999), para avaliação individual dessas variáveis e
determinação daquelas de maior efeito sobre a estrutura populacional do
caranguejo-uçá. Posteriormente esta relação também foi comparada pela análise de
semelhança observada na Distribuição Espacial de Densidade de Kernel através do
software ArcGis 9.0.
Segundo Araújo (2007) e Campos (2007) o estimador de intensidade “Kernel
Estimation” é originalmente feito para análises pontuais ou para padrões pontuais
possibilitando visualizar o estado de toda a área em questão com seus respectivos
pesos. Podendo-se realizar uma contagem total por região (sítio). O raio de
extrapolação para o estimador de intensidade Kernel foi estimado através da
18
transformação da área total correspondente às amostragens populacionais do
caranguejo-uçá (1ha = 10.000 m2) em sistema linear (Km), o que é equivalente a 5
Km para cada sítio. Em seguida o dado linear foi transformado em graus (0,04º) para
a inserção no programa ArcGis. As regiões com altas, médias, baixas e muito baixas
concentrações foram representadas, respectivamente, pelas cores: laranja, amarelo
escuro, amarelo claro e azul, sendo a ausência de valores ou informações
representada pela cor branca.
4. RESULTADOS
4.1. VEGETAÇÃO
Em todos os sete sítios de trabalho foram registrados os gêneros botânicos,
Rhizophora, Avicennia e Laguncularia. Houve predominância de Rhizophora, que do
total de 2808 árvores contadas representou aproximadamente 74%, seguido dos
gêneros Avicennia (20%) e Laguncularia (6%).
Na análise comparativa das médias de todos os atributos estruturais
avaliados entre os três gêneros botânicos, Laguncularia apresentou os menores
valores percentuais (Tabela 1). A mesma tabela apresenta os resultados da análise
entre os sítios para cada tipo de mangue considerando os atributos estruturais. A
variável Altura apresentou diferença significativa para os gêneros Laguncularia e
Rhizophora (ANOVA, F=8,48; gl=6; p<0,01 e F=3,03; gl=6; p<0,01,respectivamente).
Considerando a variável DAP apenas Laguncularia apresentou diferença
significativa entre os sítios (ANOVA, F=2,44; gl=6; p<0,05), ao passo que apenas o
gênero Avicennia apresentou diferença significativa entre os sítios para os atributos
De (ANOVA, F =3,65; gl=6; p<0,01) e VI (ANOVA,F=1,41; gl=6; p<0,05).
19
Tabela 1 . Valores médios dos parâmetros estruturais dos gêneros arbóreos Avicennia (Av), Rhizophora (Rh) e Laguncularia (La) nos sete sítios de Trabalho na RESEXM Maracanã, Maracanã – Pará – Brasil. DAP = Diâmetro à Altura do Peito, DP = Desvio Padrão.
Altura média (m) DAP médio (m) Densidade Relativa (%) Dominância Relativa (%) Valor de Importância
Sítio Av La Rh Av La Rh Av La Rh Av La Rh Av La Rh
#01 22,10 3,52 12,14 45,53 4,10 16,32 21,73 4,08 74,19 60,19 0,21 39,60 127,48 13,18 159,34
#02 17,85 3,35 9,83 54,61 4,30 14,40 12,28 9,09 78,63 46,87 2,34 50,79 104,71 20,32 174,97
#03 18,96 5,50 12,08 47,06 6,73 18,70 12,76 7,34 79,90 40,75 0,68 58,57 93,51 21,35 185,14
#04 16,86 7,32 13,03 32,00 8,97 17,72 22,44 7,52 70,04 46,14 1,38 52,48 110,80 24,46 164,74
#05 14,63 6,31 10,86 29,36 7,24 14,45 16,43 8,02 75,56 36,78 2,34 60,88 92,10 25,91 181,99
#06 16,66 5,02 13,40 28,48 5,26 16,31 20,84 14,79 64,38 34,40 7,69 57,91 94,12 41,37 164,51
#07 16,86 3,58 10,20 40,88 4,14 21,48 35,60 2,05 62,35 56,07 0,07 43,86 138,33 8,79 152,87
Média±DP 17,7±2,3 4,9±1,5 11,6±1,3 39,7±10,0 5,8±1, 8 17,0±2,5 20,3±7,9 7,5±4,0 72,1±6,8 45,8±9,5 2,1±2 ,6 52,0±7,9 108,7±18,1 22,2±10,4 169,0±11,9
Nível de Significância
n.s. p<0,001 p<0,001 n.s. p<0,05 n.s. p<0,01 n.s. n.s. n.s. n.s. n.s. p<0,05 n.s. n.s.
p<0,001 p<0,001 p<0,001 p<0,001 p<0,001
20
As árvores de mangue mensuradas em cada sítio de trabalho foram
agrupadas em classes de Altura. No Sítio#01 as classes menores de Altura
tiveram a predominância de Rhizophora, sendo as maiores dominadas pelo
gênero Avicennia. No Sítio#02, Avicennia apresentou o maior número de
árvores em todas as classes de Altura. No Sítio#03, o gênero Rhizophora teve
o maior número de árvores nas classes menores, no entanto, apenas neste
sítio, Rhizophora superou em número de árvores de Avicennia, na classe 6
(>25 m). As árvores de Rhizophora e Avicennia no Sítio#04 apresentaram-se
melhor distribuídas entre as classes de Altura em comparação aos outros
sítios, tendo Rhizophora dominado quase todas as classes, com exceção da
classe 6 (> 25 m). No Sítio#05 as classes 1 e 2 (1 a 10 e 10 a 20 cm,
respectivamente) concentraram o maior número de árvores de todos os três
gêneros botânicos mensuradas neste sítio. O Sítio#06 foi o único a ter o gênero
Laguncularia com um número representativo de árvores nas primeiras classes
de Altura, tendo este gênero dominado a classe 1 (0,50 a 10 m). O Sítio#07
semelhante à maioria dos outros sítios teve o gênero Rhizophora em maior
número em quase todas as classes, a exceção das classes de maiores Alturas
dominadas por Avicennia (Figura 4).
21
Figura 4. Distribuição dos indivíduos de Ucides cordatus em Classes de Altura para os três gêneros botânicos nos sete sítios de trabalho da RESEXM Maracanã, Maracanã – Pará.
0,5-5 5-10 10-15 15-20 20-25 >25
0,5-5 5-10 10-15 15-20 20-25 >25 0,5-5 5-10 10-15 15-20 20-25 >25
0,5-5 5-10 10-15 15-20 20-25 >25
0,5-5 5-10 10-15 15-20 20-25 >25
0,5-5 5-10 10-15 15-20 20-25 >25
0,5-5 5-10 10-15 15-20 20-25 >25
22
A distribuição em classes de DAP das árvores de mangue demonstrou
que os menores valores de DAP possuíram o maior número de árvores no
Sítio#01, sendo o gênero Rhizophora o mais dominante nestas classes. Por
outro lado, no Sítio#02 houve predomínio em todas as classes de DAP do
gênero Avicennia. Já no Sítio#03 o gênero Rhizophora apresentou o maior
número de árvores nas classes com menores valores de DAP, dominando
isoladamente a classe 3 (20 a 30 cm). O Sítio#04 apresentou o maior número
de árvores de Rhizophora em quase todas as classes, com exceção da classe
6 (>50 cm) de DAP, cujo maior número de árvores foi de Avicennia. No
Sítio#05 as classes 1 e 2 (1 a 10 e 10 a 20 cm, respectivamente) concentraram
o maior número de árvores de todos os três gêneros botânicos mensuradas
neste sítio. O Sítio#06 apresentou um número elevado de árvores do gênero
Laguncularia na classe 1 (1 a 10 cm) de DAP, sendo esta a maior
representatividade deste gênero em comparação aos demais sítios de trabalho.
A distribuição das árvores nas classes do Sítio#07 foi semelhante à maioria dos
outros sítios, pois teve o gênero Rhizophora em maior número em quase todas
as classes, com exceção das classes de maior valor dominadas por Avicennia
(Figura 5).
23
Figura 5. Distribuição dos indivíduos de Ucides cordatus em Classes de DAP para os gêneros botânicos nos sete sítios de trabalho da RESEXM Maracanã, Maracanã – Pará.
24
A regressão linear entre a Densidade e o DAP das três espécies de
mangue presentes nos sete sítios de trabalho, mostrou uma correlação
negativa e não significativa entre essas duas variáveis. Por outro lado, a
relação entre Altura e DAP foi positiva e significativa para quase todos os sítios,
com exceção do Sítio#04, onde esta relação foi significativa e negativa para o
gênero Avicennia (Tabela 2).
Tabela 2. Resumo da análise de regressão, tendo as Densidades e Alturas de Rhizophora e Avicennia como variáveis dependentes e os DAP’s destes mesmos gêneros como variáveis independentes. Onde, DAP Av = Diâmetro a Altura do Peito de Avicennia; De Av= Densidade de Avicennia; Al Av = Altura de Avicennia; DAP Rh = Diâmetro a Altura do Peito de Rhizophora; De Rh = Densidade de Rhizophora; Al Rh = Altura de Rhizophora.
Sítio Pares R2 Equação F p
#01
De Av x DAP Av 0,11 00,17 0,68 Al Av x DAP Av 0,75 Y= 0,212X + 12,27 16,88 0,01
De Rh x DAP Rh 0,03 00,01 0,89 Al Rh x DAP Rh 0,39 02,47 0,14
#02
De Av x DAP Av 0,02 00,01 0,91 Al Av x DAP Av 0,87 Y= 0,223X + 5,46 40,65 0,01
De Rh x DAP Rh 0,35 01,93 0,18 Al Rh x DAP Rh 0,86 Y= 0,453X + 3,55 40,17 0,01
#03
De Av x DAP Av 0,07 00,05 0,80 Al Av x DAP Av 0,85 Y= 0,248X + 7,26 32,27 0,01
De Rh x DAP Rh 0,08 00,09 0,76 Al Rh x DAP Rh 0,44 03,27 0,09
#04
De Av x DAP Av 0,45 03,46 0,08 Al Av x DAP Av 0,80 Y= -0,202X + 8,54 23,20 0,01
De Rh x DAP Rh 0,33 01,59 0,22 Al Rh x DAP Rh 0,86 Y= 0,482X + 4,47 37,51 0,01
#05
De Av x DAP Av 0,24 00,73 0,58 Al Av x DAP Av 0,88 Y= 0,515X - 0,51 42,15 0,01
De Rh x DAP Rh 0,33 01,64 0,22 Al Rh x DAP Rh 0,74 Y= 0,414X + 4,86 16,19 0,01
#06
De Av x DAP Av 0,25 00,86 0,62 Al Av x DAP Av 0,93 Y= 0,395X + 5,40 77,77 0,01
De Rh x DAP Rh 0,26 00,96 0,65 Al Rh x DAP Rh 0,53 Y= 0,402X + 6,83 05,18 0,03
#07
De Av x DAP Av 0,18 00,47 0,50 Al Av x DAP Av 0,40 02,58 0,12
De Rh x DAP Rh 0,21 00,65 0,56 Al Rh x DAP Rh 0,32 01,53 0,23
25
4.2. CARANGUEJO-UÇÁ
Nos sete sítios de trabalho distribuídos ao longo da RESEXM Maracanã,
foi contado um total de 3586 galerias, com média de 1,37±0,46 galerias.m-2,
sendo o menor valor registrado no Sítio#07 (0,77±0,38 galerias.m-2) e o maior
no Sítio#05 (2,02±0,70 galerias.m-2). A análise de variância mostrou que houve
diferença significativa entre o número de galerias contadas em cada sítio
(ANOVA, F=16,23; gl=6; p<0,001) (Figura 6).
Figura 6. Número de galerias.m-2 de Ucides cordatus contadas por sítio de trabalho na RESEXM de Maracanã, Maracanã – Pará. Médias seguidas da mesma letra não diferiram significativamente, através da análise de variância (ANOVA-um critério). As barras representam o erro padrão.
A densidade das galerias do tipo aberta apresentou diferença entre os
sítios analisados (ANOVA, F=6,62; gl=1; p<0,001), com média de 0,78±0,21
galerias.m-2. Na análise da densidade também foi confirmada diferença
significativa entre as áreas em relação às médias registradas para as galerias
fechadas (ANOVA, F=12,9; gl=1; p<0,001) média de 0,38±0,17 galerias m-2,
26
com dupla abertura (ANOVA, F=8,67; gl=1; p<0,001) média de 0,20±0,11
galerias m-2 e abandonadas (ANOVA, F=2,84; gl=1; p=0, 013) média de
0,27±0,07 galerias m-2 (Fig. 08).
Figura 7. Estimativas de densidade média para cada tipo de galeria de Ucides cordatus nos sete sítios da RESEXM Maracanã- Maracanã – Pará. Médias seguidas de uma mesma letra, dentro do mesmo gráfico não diferiram significativamente entre si, através da análise de variância (ANOVA-um critério). As barras representam o erro padrão.
Do total de galerias contadas foram retirados 1085 caranguejos, com
média de 1,10±0,39 ind.m-2. O número percentual de caranguejos retirado das
galerias somado ao percentual de caranguejos não capturados, mas
identificados como presentes nas mesmas, representou cerca de 80% do
número de galerias existentes nos sete sítios.
A análise de variância mostrou que houve diferença significativa entre o
número médio de galerias e o número médio de caranguejos para os sete sítios
27
amostrados (ANOVA, F=9,46; gl=1; p<0,001). Também houve diferenças entre
as densidades de galerias e de caranguejos por sítio, sendo estas apenas para
os Sítios #02 e #06. A análise comparativa apenas para caranguejos mostrou
diferença significativa entre os sítios (ANOVA, F=12,60; gl=6; p<0,001). Assim
como também para as densidades de galeria (ANOVA, F=10,42; gl=6;
p<0,001). As maiores médias de caranguejos e galerias foram encontradas no
Sítio#05, 1,67±0,54 ind.m-2 e 2,02±0,70 galerias.m-2 e as menores no Sítio#07,
0,61±0,20 ind m-2 e 0,77±0,40 galerias m-2 (Tabela 3).
Tabela 3. Resultados das análises de variância (ANOVA-um critério) das estimativas de densidade para Ucides cordatus pelo método de Contagem de Galeria (CG) e Captura dos Indivíduos (CI) (Média±Desvio Padrão), para os sete sítios na RESEXM Maracanã, Maracanã - PA. Médias seguidas de uma mesma letra, dentro da mesma coluna não diferiram significativamente. gl=grau de liberdade, SQ=Soma dos Quadrados, QM=Quadrado médio, F=teste F, P=nível de significância.
Sítio Galeria Caranguejo GL SQ QM F p
#01 1,22±0,98 b 0,98±0,36 AB 1 0,42 0,42 2,44 0,12
#02 1,66±0,33 ab 1,30±0,24 AB 1 0,97 0,97 11,73 0,01
#03 1,45±0,52 ab 1,18±0,43 B 1 0,54 0,54 2,41 0,12
#04 1,63±0,90 ab 1,34±0,73 AB 1 0,63 0,63 0,94 0,65
#05 2,02±0,70 a 1,67±0,54 A 1 0,88 0,88 2,26 0,14
#06 0,82±0,29 bc 0,62±0,20 B 1 0,32 0,32 5,24 0,02
#07 0,77±0,38 bc 0,61±0,20 B 1 0,19 0,19 2,15 0,15
Total 1,37±0,46 1,10±0,11 6 17,72 17,72 9,46 0,001
Dos 1085 caranguejos coletados e mensurados nos sítios de trabalho
663 eram machos (61%) e 422 fêmeas (39%). Assim, a razão sexual M:F foi de
1,5M:1F não diferindo estatisticamente da proporção de 1:1 teoricamente
28
esperada, considerando os sete sítios de coleta(χ2=9,75; gl=6; p=0,13) (Figura
8).
Figura 8. Percentual de indivíduos machos e fêmeas de Ucides cordatus por sítio de trabalho na RESEXM de Maracanã, Maracanã – Pará.
A distribuição de freqüência das classes de tamanho de U. cordatus nas
áreas de manguezal mostrou tendência à unimodalidade, independente do
sexo. Dos indivíduos capturados, 26% apresentaram tamanho inferior a 6 cm
de Largura de Carapaça e 74% tamanho superior a este (Figura 9).
As médias de largura de Carapaça (LC) para o total de exemplares
capturados diferiram entre os sete sítios analisados (F=10,50; gl= 6; p<0,001),
sendo os animais de maior porte registrados no Sítio#04 e #05 e os menores
no Sítio#07 (Tabela 4).
29
Figura 9 Distribuição percentual de Ucides cordatus (machos + fêmeas) por classes de Largura de Carapaça (LC), considerando os sete sítios na RESEXM de Maracanã, Maracanã – Pará.
Os machos de U. cordatus apresentaram tamanhos variando de 3,2 a
8,9 cm, com média de 6,7±0,2 cm, verificando-se contraste entre as médias de
LC dos sítios (ANOVA, F=7,19; gl=6 ; p<0,001), com o menor valor médio para
o Sítio#01 . As fêmeas apresentaram tamanhos diferentes, variando de 2,6 a
8,6 cm, com média de 6,5±1,2 cm, muito similar a dos machos, tendo sido
observada diferença significativas entre todos os sítios (ANOVA, F=705,6; gl=6;
p<0,001).
A distribuição de freqüência de tamanho para os caranguejos machos
capturados, independente do sítio de trabalho, mostrou concentração desses
indivíduos nas classes de maiores tamanhos. Tendo as fêmeas apresentado
distribuição nas menores classes em grande parte dos sítios em comparação
aos machos.
30
Tabela 4 . Dados referentes à Largura de Carapaça (cm) de Ucides cordatus para Machos (M) e Fêmeas (F), capturados nos sete sítios de trabalho na RESEXM de Maracanã, Maracanã – Pará (DP = Desvio Padrão; CV= Coeficiente de Variação).
Sítio Sexo Mínimo Máximo Média DP CV (%) #01 M 4.4 8.7 6.5 0.9 14.1
F 2.6 5.2 4.7 0.7 13.9 #02 M 3.2 8.0 6.8 0.7 10.3
F 5.2 5.7 5.5 0.2 02.8 #03 M 4.2 8.7 6.7 1.0 14.8
F 5.7 6.1 5.9 0.1 02.1 #04 M 3.2 8.9 7.2 0.9 11.9
F 6.1 6.6 6.3 0.2 02.4 #05 M 3.2 8.7 6.7 0.8 12.3
F 6.6 7.6 7.1 0.3 03.8 #06 M 5.6 8.8 6.8 0.8 11.9
F 7.6 7.8 7.7 0.1 00.9 #07 M 4.9 7.2 6.5 0.6 02.1
F 7.8 8.6 8.0 0.2 09.1
Os indivíduos machos e fêmeas do Sítio#01 apresentaram distribuição
semelhante entre as classes. Diferente deste, no Sítio#02 machos
concentraram-se nas classes de maiores tamanhos e fêmeas nas classes com
menores. O Sítio#03 apresentou indivíduos distribuídos em quase todas as
classes, tendo machos e fêmeas distribuição semelhante nas mesmas, com
exceção das classes 11 e 12 (7,00 a 7,5 e 7,5 a 8,00 cm, respectivamente) que
apresentou maior número de indivíduos machos. No Sítio#04 foi observada
maior distribuição, tanto dos machos quanto das fêmeas de U. cordatus nas
maiores classes de Largura de Carapaça, tendo este sítio apresentado os
maiores indivíduos entre os sítios, possuindo o maior número de caranguejos
nas classes 12 e 13 (de 8,00 a 8,5 cm e > 8,5cm, respectivamente). Os
indivíduos capturados no Sítio#06 distribuíram-se apenas nas classes
superiores a 5,00 cm, sendo que as fêmeas apresentaram maior número de
31
indivíduos na classe 7 (5,50 a 6,00 cm). No Sítio#07, machos e fêmeas
distribuíram-se nas classes centrais (de 5 a 10), sendo a maior contração de
machos nas classes 9 e 10 (6,50 a 7,00 e 7,00 a 7,50 cm, respectivamente)
(Figura 10).
O Peso médio dos caranguejos machos capturados variou de 11,00 a
255,00 g, com média 113,99±47,45 g, sendo que para as fêmeas variou de
10,64 a 206,11 g, com média de 106,99±38,27 g. A relação Peso/Largura da
carapaça apresentou diferença significativa entre os sexos, sendo a equação
para machos expressa por P= 0,708.LC2,674 e fêmeas por P=0,758.LC2,639.
Ambos os sexos apresentam crescimento alométrico para esta relação (Figura
11). O valor médio do Peso total dos indivíduos foi de 117,42±10,84 g.
Levando-se em consideração que a média de caranguejos na área estudada é
de aproximadamente 11 mil ind.ha-1, a estimativa de biomassa na referida área
pode alcançar 1,3 t.ha-1.
4.3. ASSOCIAÇÃO DO CARANGUEJO-UÇÁ COM A VEGETAÇÃO DE
MANGUE
Dos parâmetros referentes ao U. cordatus (Largura da Carapaça e
Densidade Populacional total (Machos + fêmeas) e de apenas indivíduos
Machos) relacionados aos parâmetros vegetacionais (Densidade e Dominância
de Rhizophora mangle e Densidade e Dominância Avicennia germinans) para
os sete sítios de trabalho, apenas a De Populacional total de Caranguejos
apresentou correlação com os parâmetros vegetacionais avaliados (R2=0,54;
p<0,05).
32
Figura 10 . Distribuição em Classes de Largura de Carapaça de Machos e Fêmeas de Ucides cordatus por sítio na RESEXM Maracanã, Maracanã – Pará.
33
Figura 11. Relação Peso/Largura da Carapaça de Machos e Fêmeas de Ucides cordatus na RESEXM Maracanã, Maracanã - PA.
Assim sendo, os resultados dos pares testados para cada sítio demonstraram
que houve correlação entre as Densidades de Caranguejos e R. mangle nos
sítios #05 (R2=0,54; p<0,05) e #06 (R2=0,57; p<0,05) e com a Densidade de
Avicennia apenas no Sítio#05 (R2=0,61; p<0,05). Não houve correlação entre a
Densidade de Caranguejos e a Dominância de Rhizophora apenas nos sítios
#03, #05 e #07, apresentando correlação com todos os outros sítios. Para esta
mesma relação com o gênero Avicennia não foram observadas correlações
(Tabela 5).
34
Tabela 5. Resumo da análise de regressão, tendo a densidade de Ucides cordatus como variável dependente e os parâmetros vegetacionais como variáveis independentes, para os sete sítios da RESEX Maracanã, Maracanã – PA. Onde, De C = Densidade de Caranguejos; De Rh = Densidade de Rhizophora; Do Rh = Dominância de Rhi Rhizophora; De Av= Densidade de Avicennia; Do Av = Dominância de Avicennia.
Sítio Pares R2 Equação F p
#01
De C x De Rh 0,09 0,10 0,74 De C x Do Rh 0,71 Y=0,47+0,99x 13,79 0,01 De C x De Av 0,00 0,01 0,85 De C x Do Av 0,23 0,23 0,60
#02
De C x De Rh 0,05 0,04 0,83 De C x Do Rh 0,75 Y=1,33+0,53x 17,18 0,01 De C x De Av 0,16 0,37 0,55 De C x Do Av 0,28 1,10 0,31
#03
De C x De Rh 0,17 0,42 0,53 De C x Do Rh 0,20 0,58 0,53 De C x De Av 0.00 0,001 0,97 De C x Do Av 0,07 0,07 0,78
#04
De C x De Rh 0,29 1,21 0,29 De C x Do Rh 0,74 Y=0,06+2,65x 15,98 0,01 De C x De Av 0,03 0,01 0,90 De C x Do Av 0,00 0,00 0,99
#05
De C x De Rh 0,54 Y=3,33-0,07x 5,44 0,05 De C x Do Rh 0,30 1,37 0,16 De C x De Av 0,61 Y=1,63+0,09x 7,75 0,01 De C x Do Av 0,38 2,26 0,15
#06
De C x De Rh 0,57 Y=0,27+0,03x 6,26 0,05 De C x Do Rh 0,73 Y=0,44+0,72x 15,17 0,05 De C x De Av 0,09 0,12 0,72 De C x Do Av 0,25 0,91 0,64
#07
De C x De Rh 0,32 1,56 0,23 De C x Do Rh 0,36 1,99 0,17 De C x De Av 0,39 2,45 0,13 De C x Do Av 0,10 0,15 0,70
A descrição da distribuição espacial ao longo da RESEXM Maracanã
das densidades de Caranguejo total, de Caranguejos Machos, de indivíduos
machos com Largura de Carapaça superior a 6 cm e de Dominância de
Rhizophora para cada sítio de trabalho está apresentada na forma de mapas
obtidos pelo método de Distribuição Kernel. No mapa que representa a
Densidade total de caranguejos, pode-se observar que a maior densidade está
35
localizada nos sítios centrais (Sítio#01 e Sítio#02), que por serem muito
próximos tiveram suas densidades somadas por essa análise de distribuição
espacial, apresentando o Sítio#05 uma alta densidade isoladamente.
Observam-se também focos de intensidade amostral média nos sítios #03 e
#04. No mapa da Densidade de indivíduos machos uma alta concentração foi
observada no Sítio#05, com focos de alta intensidade amostral nos sítios #04,
#02 e #03, ao passo que um foco de baixa intensidade amostral foi registrado
no Sítio#06. A mesma tendência foi observada no mapa de Densidade de
Indivíduos com Largura de Carapaça. Entretanto, nota-se um aumento dos
focos de média e alta intensidade amostral nos sítios #03 e #04,
respectivamente, mantendo-se fixo o “Hot spot” do Sítio#05. Da mesma forma,
no mapa relacionado à Dominância de Rhizophora pode ser observada uma
semelhança na distribuição das concentrações desses indivíduos com as do
mapa de Densidade total de Caranguejos, com exceção dos sítios #06 e #07,
onde foram observados valores altos e médios de intensidade, respectivamente
(Figura 12).
Considerando o potencial extrativo para a RESEXM Maracanã como um
todo, foi registrado um elevado percentual de indivíduos com largura de
carapaça superior a 6 cm de comprimento, sendo que cerca de 74% dessa
amostragem representam um potencial extrativo imediato. Por outro lado,
somente 26% dos caranguejos apresentaram tamanho inferior ao mínimo
designado pela Portaria IBAMA No.034/03-N, revelando assim um potencial
extrativo futuro. A estimativa do potencial extrativo por sítio apresentou um
elevado potencial de extração para os sítios #04 e #05. A distribuição espacial
36
da densidade dos machos revelou uma grande incidência de animais com
potencial extrativo nas áreas com dominância de Rhizophora.
Figura 12. Mapas de Densidade de Kernel mostrando a distribuição espacial de Ucides cordatus, com base nas variáveis: De Total=Densidade total (machos+fêmeas), De Machos=Densidade de Machos, LC=Largura da Carapaça de indivíduos machos maiores que 6 cm e Do Rh=Dominância de Rhizophora nos sete sítios ao longo da RESEXM Maracanã, Maracanã – PA.
37
5. DISCUSSÃO
5.1. VEGETAÇÃO A paisagem formada pelos bosques de mangue estudados na RESEX
Marinha de Maracanã – PA é principalmente dominada pelos gêneros
Rhizophora, Avicennia e Laguncularia. O que de acordo com a revisão sobre
os atributos estruturais dos bosques de mangue da região amazônica feito por
Abreu (2007) é o padrão desta região. Tais resultados foram obtidos ao longo
de 33 áreas em 12 diferentes municípios, com semelhanças encontradas para
as áreas da Ilha de Maracá no estado do Amapá, Marapanim , São Caetano de
Odivelas, Quatipuru, Maracanã, Salvaterra, Soure, Bragança (6 trabalhos) e
Curuçá, todos no estado do Pará. Dos 15 trabalhos realizados sobre esses
atributos estruturais 12 estão de acordo com os resultados encontrados no
presente estudo.
O gênero Rhizophora, baseado no parâmetro estrutural Valor de
Importância (VI), é o que domina a paisagem da RESEXM Maracanã. Em seu
trabalho de revisão sobre os atributos estruturais dos manguezais, Abreu
(2007) aponta esse mesmo gênero (através da espécie R. mangle) como o
mais dominante das florestas de mangue para a Amazônia brasileira. O
segundo e terceiro lugar em importância são atribuídos aos gêneros Avicennia
e Laguncularia, respectivamente.
Em geral, a presença do gênero Langucularia é quase
inexpressiva em alguns sítios de trabalho (#01, #03, #04 e #07). Isto se deve
ao fato desses sítios localizarem-se nas porções mais internas dos manguezais
estudados. Segundo Ball (1980) esta espécie é menos tolerante à sombra,
apresentando melhor e mais rápido crescimento em áreas de clareiras dentro
38
dos bosques ou às margens dos canais (CHEN; TWILLEY, 1998). Esta mesma
tendência foi observada para os sítios onde esse gênero apresenta a maior
ocorrência. Estudos realizados no nordeste paraense, mais precisamente no
município de Bragança, também afirmam que L. racemosa é a pioneira na
recolonização de áreas de clareiras nos bosques de mangue (ADAMS e
BERGER, 2002) e de áreas de manguezais degradados com deficiência de
inundação (MENEZES e COMPTON, 2003; CARVALHO, 2000). No entanto,
para os mangues da Ilha de Maracá este padrão parece ser exceção, pois
nestas áreas esta espécie forma bosques monoespecíficos (FERNANDES,
1997). Os resultados dos parâmetros estruturais obtidos para os sete sítios de
estudo mostraram diferenças no desenvolvimento estrutural dos bosques de
mangue. O Sitio#01 foi considerado um bosque adulto com recrutamento de
jovens, com poucas árvores mortas. O que indica substituição dos indivíduos
senescentes neste sítio. O Sítio#02 também foi considerado um bosque adulto,
entretanto em processo de regeneração, pois apresentou um número elevado
de indivíduos mortos e indivíduos muito jovens, o que indica um processo de
recrutamento desses indivíduos. Os outros sítios apresentaram bosques
maduros com baixo recrutamento de jovens nos primeiros estágios (0,5 – 5 m),
mas com plantas jovens de Rhizophora nos sítios #03, #05 e #07. A Altura
média destes sítios foi 14 m considerando os gêneros com maiores valores de
altura (Rhizophora e Avicennia).
Segundo Schaeffer-Novelli e Cintrón (1986), as florestas de mangue
passam durante seu desenvolvimento por uma fase de alta densidade de
árvores com diâmetros reduzidos e, posteriormente, a uma fase de maior
amadurecimento, quando o domínio da paisagem é feito por poucas árvores de
39
grande porte e volume. Matni, Menezes e Mehlig (2006), afirmam que enquanto
as árvores crescem em diâmetro, a altura irá se elevar até que assuma o ponto
em que as árvores cessam o crescimento atingindo a idade madura, enquanto
o diâmetro apresenta crescimento contínuo. Partindo deste princípio e
considerando o diâmetro médio das árvores dos sítios estudados e suas alturas
correspondentes, assume-se que estes bosques são maduros, pois estão
apenas crescendo em diâmetro.
É importante ressaltar que árvores mortas foram registradas em todos os
sítios de trabalho e com maior representatividade no Sítio#02, no qual foram
observadas áreas de clareiras. No caso desses indivíduos mortos e com DAP
reduzido, de acordo com JIMENEZ et al (1985) pode-se estar diante de um
processo associado à competição interindividual. Além disso, o registro de
árvores mortas e com DAP intermediário pode indicar segundo Soares (1999) e
Soares et al (2003), que a morte desses indivíduos propiciou o recrutamento de
indivíduos mais jovens, o que pode ser um indicativo de bosques saudáveis
com mortalidade associada a processos naturais.
5.2. CARANGUEJO-UÇÁ
Diferentes métodos têm sido utilizados para estimar a densidade
populacional de caranguejos semiterrestres, como a contagem visual dos
animais em atividade, quantificação das galerias escavadas ou captura direta
dos indivíduos (Lourenço et al., 2000; Macia et al., 2001). Segundo Skov et al.
(2002) a contagem direta do número de galerias parece ser o método que
confere maior precisão a esta estimativa, o que é ratificado pela existência de
40
apenas um exemplar por galeria, como afirma Costa (1972), e por ser um
método que minimiza o impacto ambiental, dispensando a captura dos
indivíduos (Warren, 1990; Jordão & Oliveira, 2003). Além disso, a captura desta
espécie é dificultada pela grande profundidade atingida por sua galeria, que
pode chegar a dois metros da superfície (COSTA, 1972). No entanto, Skov et
al. (2002) acrescentam que, geralmente, o método de contagem direta das
galerias causa superestimativa da população de braquiúros. No inverno, apesar
de galerias tapadas de caranguejos grandes serem em geral facilmente
detectadas na lama do manguezal, é possível que indivíduos permaneçam com
tocas tapadas por tempo suficiente para permitir que o fluxo das marés apague
vestígios de sua presença, a ponto das mesmas não serem contadas nas
amostragens, gerando assim uma subestimativa neste período (Schmidt et al,
2007). Na tentativa de amenizar o erro causado pela superestimativa quanto
pela suestimativa da contagem direta de galerias foi feita a identificação dos
tipos de galeria (aberta, fechada, com dupla abertura ou abandonada).
Segundo Brettfuss (2003) e Wunderlich et. al. (2008), essa identificação
aumenta significativamente a precisão do método aplicado na avaliação da
densidade de caranguejos semiterrestres, particularmente no método de
contagem direta das galerias escavadas. Apesar da reduzida incidência de
galerias com dupla abertura (0,20 galerias m.-2) e abandonadas (0,27 galerias
m.-2) observadas no presente estudo, o que corroboraria com Lourenço et al.
(2000) e Skov et al. (2002), sobre a precisão do método de contagem direta,
também foi observada a superestimativa da densidade populacional de U.
cordatus, a qual aumentou o número de indivíduos em cerca de 20%. Melo
(2010), encontrou uma diferença semelhante à observada neste estudo, 20,9%,
41
para a RESEXM de Tracuateua. Já Perote (2010) em seu trabalho no
município de Curuçá, também no nordeste paraense, encontrou uma diferença
ainda maior, cerca de 60%. Warren (1990) afirma que a variação no número de
caranguejos por toca ou tocas conectadas (uma mesma galeria com duas ou
mais aberturas) é comum somente aos caranguejos Grapsidae.
A densidade média estimada para U. cordatus na RESEXM Maracanã,
através da contagem direta de galerias (1,37 galerias.m-2), assim como a
densidade populacional estimada através da captura dos indivíduos dessa
espécie presentes nas galerias (1,10 ind.m-2), encontram-se dentro dos valores
médios estimados para outras áreas do nordeste paraense e do Brasil (Tabela
6).
A distinção dos resultados encontrados para os trabalhos citados e para
o presente estudo tanto para a contagem direta de galerias quanto para a
captura de indivíduos, além das particularidades de cada área de estudo, deve-
se certamente também a ausência de uma padronização do método adotado
para a estimativa da densidade populacional do U. cordatus.
42
Tabela 6. Densidade média estimada para U. cordatus através dos métodos de contagem de galerias (CG) e de captura de indivíduos (CI) para diferentes áreas do Brasil.
Localidade Método CG (galerias .m -2) Método CI (ind .m -2) Fonte
Quatipuru - PA 1,3 e 1,2 1,2 Silva (2008)
Bragança - PA 0,2 a 5,6 1,8 Queiroz (2009)
- 1,7 Diele (2000) e Diele et al. (2005),
Tracuateua - PA 2,3 0,3 a 0,7 Melo (2010)
Curuçá - PA 1,4 - Perote (2010)
Maracá – AP - 5,5 Fernandes e Carvalho (2007)
Sergipe - SE 4,8 - Branco (1993)
0,6 a 2,5 - Blankensteyn et al. (1997)
Garapuá – BA - 3,7 Oliveira (2005)
Canivieiras - BA - 1, 6 Schmidt et al. (2007)
Paraíba - PB - 1,7 Alves e Nishida (2004)
Rio Mamanguape - PB 1,7 - Alves e Nishida (2004)
Foz do rio Parnaíba - PB - 0,6 Ivo et al. (2000)
Estuário do rio Curimatau - PB - 1,2 Ivo et al. (2000)
Estuários dos rios Formoso e Ilhetas - PB - 0,7 Ivo et al. (2000)
Espírito Santo - ES - 3,7 Góes et al. (2010)
Iguape – SP 3,9 - Hattory (2006)
Baia de Babitonga – SC 2,0 - Wunderlich et al. (2008)
A distinção dos resultados encontrados para os trabalhos citados e para
o presente estudo, tanto pelo método CG quanto pelo método CI, além das
particularidades de cada área de estudo, deve-se certamente também à
ausência de uma padronização do método adotado para a estimativa da
densidade populacional de U. cordatus. Adicionalmente, as diferenças
encontradas entre os métodos pode ser resultado da freqüente exploração
comercial, ou pode ser conseqüência das características ambientais locais,
como por exemplo, locais muito acessíveis, composição do substrato, e até
43
pouca frequência de inundação por mês (DIELE, 2000). Assim sendo, a
elevada densidade tanto de galerias quanto de indivíduos capturados no
Sítio#05 pode estar relacionada principalmente à baixa pressão exercida sobre
esse estoque, pois o número de caranguejeiros nesta área é bastante reduzido
comparado aos demais sítios. Além do mais, a baixa exploração dessa área
por caranguejeiros devido à distância, aliada às relações de “respeito” às área
de exploração existentes entre os grupos de caranguejeiros, ambas devem ser
consideradas como fatores relevantes na manutenção dos estoques existentes.
Neste sentido, a baixa densidade de indivíduos capturados no Sítio#06 também
pode estar relacionada ao esforço de pesca, pois nessa área os boques de
mangue são muito fechados, obstruindo o deslocamento interno e,
consequentemente, dificultando a captura dos indivíduos e até mesmo da
visualização e identificação das galerias.
A proporção sexual de Ucides cordatus observada no presente trabalho
indicou uma pequena predominância de machos sobre as fêmeas, embora não
significativa. WENNER (1972) afirma que para crustáceos marinhos adultos um
desvio da proporção 1:1 é esperado. Segundo Fisher (1930), esse desvio
parece ser regra em vez de exceção, o autor ainda enfatiza a importância da
análise da proporção sexual em função do tamanho dos animais.
A maioria dos trabalhos sobre amostragens populacionais do
caranguejo-uçá, relatam a maior frequência de ocorrência de caranguejos
machos no norte do Brasil (DIELE et. al.. 2005; SILVA, 2008; MELO, 2010;
PEROTE, 2010), no nordeste (NASCIMENTO, 1984; CASTRO 1986;
MONTEIRO e COELHO-FILHO, 2004; OLIVEIRA, 2005) e no sudeste e sul
(DALABONA et. al.. 2005; CASTILHO, 2006; ANTUNES-MATTOS et al., 2008;
44
WUNDERLICH et. al.. 2008). A predominância de fêmeas na população foi
citada apenas para os estuários do Ceará (ALCÂNTARA-FILHO 1978) e
Pernambuco (BOTELHO et. al.. 1999). De fato, as condições ambientais
distintas podem influenciar de maneira diversa na razão sexual destas
populações. A desproporcionalidade na freqüência de ocorrência entre os
sexos é bastante comum entre os caranguejos e outros crustáceos, podendo
haver diferentes causas, tais como: migração reprodutiva, variação
comportamental, diferenças na taxa de crescimento e mortalidade (WENNER
1972, MARGALEF 1977). O motivo pelo qual as galerias das fêmeas
geralmente encontram-se posicionadas em locais estrategicamente mais
protegidos e de difícil acesso (COSTA, 1972) também pode influenciar nesta
diferença de proporção. Diele et al (2005) mencionam que a quantidade de
machos também pode estar associada ao método de captura, geralmente
centrado nos animais de maior porte.
A largura média da carapaça de U. cordatus (LC=6,56 cm) encontrada
no presente estudo está abaixo do valor médio registrado por Melo (2000) para
o município de Maracanã (LC=7,15 cm). No entanto, vale ressaltar que os
caranguejos mensurados no estudo realizado por este autor eram oriundos da
extração para fins comerciais, a qual objetiva apenas a captura de indivíduos
de tamanho elevado e superiores ao permitido pela legislação. Para outros
municípios do Pará, este mesmo autor encontrou os seguintes valores:
Bragança (LC=7,18 cm), Curuçá (LC=7,60 cm), São Caetano de Odivelas
(LC=7,60 cm) e Soure (LC=8,01 cm).
Os caranguejos machos dos manguezais da RESEX Maracanã
apresentam valores de Largura e Comprimento de Carapaça e peso médio
45
superiores às fêmeas. O que tem sido freqüentemente relatado em outras
regiões do país como Norte (DIELE 2000, FERNANDES e CARVALHO, 2007),
Nordeste (ALCÂNTARA-FILHO, 1978; FERNANDES et. al.. 1983; COSTA
1979; IVO et. al.. 1999; ALVES & NISHIDA 2004; LEITE, 2005) e Sul
(BRANCO, 1993; WUNDERLICH et. al.. 2008). Em crustáceos braquiúros, o
crescimento e a reprodução estão sob controle hormonal, existindo uma certa
oposição na forma de ação entre os hormônios controladores destes dois
processos, ou seja, ou o animal está em reprodução ou em crescimento.
Assim, os machos atingem maiores tamanhos que as fêmeas, já que estas,
quando atingem a maturidade sexual, direcionam seu recurso energético para
a produção e liberação dos ovos (Hartnoll, 1982; Diaz & Conde, 1989; Schmidt-
Nielsen, 1996). Tal constatação também foi confirmado por Pinheiro et al.
(2005), cujos resultados mostraram uma reduzida taxa de crescimento,
particularmente para as fêmeas. O fato dos machos serem mais pesados do
que as fêmeas também está relacionado com a função reprodutiva,
destacando-se o maior tamanho e peso dos quelípodes dos machos (MOTA-
ALVES 1975; BOTELHO et al 1999). A menor frequência de machos nas
classes de largura da carapaça intermediárias é provavelmente explicada pela
taxa de crescimento diferencial entre os sexos, sendo que com largura da
carapaça aproximada de 45 mm os machos passam a crescer mais rápido que
as fêmeas (DIELE 2000).
A biomassa estimada para a RESEXM Maracanã (1,3 t.ha-1) foi superior
a média encontradas por Paiva (1997) no Piauí - 0,9 t.ha-1, no entanto inferior
as médias encontradas por Diele (2000) e Diele et al. (2005)- 1,4 t.ha-1 em
Bragança no Pará, por Barros (1976) - 5,1 t.ha-1 e Castro (1986) - 3,5 t.ha-1
46
ambos no Maranhão e Fernandes e Carvalho (2007) no Amapá que foi de 2,7
t.ha-1. Os resultados obtidos no presente trabalho mostram uma população com
estoque com valor dentro da média.
5.3. ASSOCIAÇÃO DO CARANGUEJO-UÇÁ COM A VEGETAÇÃO DE MANGUE
A influência direta da composição da vegetação em áreas de manguezal
sobre a densidade populacional de caranguejos de diferentes famílias tem sido
observada em alguns estudos (RINGOLD, 1979; CANNICCI et al. 1996a,b;
MATSUMASA et al., 1992; NOMANN & PENNINGS, 1998 e DAHDOUH-
GUEBAS et al., 2002). Para o caranguejo Ucides cordatus, Oliveira (2005)
relata que essa espécie apresenta um padrão de distribuição agregado e
associado com áreas de maior densidade de raízes no sedimento.
A correlação linear positiva da densidade de Ucides cordatus em áreas
dominadas por Rhizophora encontrada no presente estudo, também foi
confirmada pela Análise de Distribuição espacial de Kernel, pois apresentaram
distribuições semelhantes, fato que pode estar associada ao hábito alimentar
dos indivíduos. Nordhaus et al., (2006) observou altas taxas de consumo das
folhas senescentes e decompostas de R. mangle por esta espécie nos
manguezais de Bragança. Segundo esses autores a manutenção da dieta com
folhas de R. mangle mostrou maior eficiência de assimilação de C=79%;
N=45% e energia=39% para os caranguejos que se alimentaram desta espécie
vegetal do que para os que se alimentaram com Avicennia germinans (C=41%;
N=9%; energia=31%).
No entanto, Christofoletti (2005), observou que nos manguezais de
Iguape – SP, o caranguejo-uçá apresenta uma maior preferência por folhas de
47
Avicennia, sendo esta mais nutritiva quando comparada às de outras espécies
vegetais disponíveis no manguezal estudado (Rhizophora mangle e
Laguncularia racemosa). Em oposição ao presente estudo, Blankenstein et al.
(1997) verificaram uma correlação negativa da densidade de U. cordatus
com os parâmetros altura e densidade das árvores dos manguezais da Baia
das Laranjeiras (PR).
De acordo com DIELE (2000), nos bosques de Rhizophora mangle
costumam existir exemplares de caranguejo-uçá de maiores tamanhos, sendo,
no entanto, encontrados em menores densidades em função de seu
comportamento agonístico mais intenso, o que também foi observado por
Fernandes e Carvalho (2007) em Maracá e no presente estudo. Esta
“associação preferencial” de algumas espécies de caranguejos com a
vegetação é mencionada na literatura, como evidenciado por NOMANN &
PENNING (1998) para espécies do gênero Uca. Segundo estes autores, trata-
se de uma relação de mutualismo facultativo, ocorrendo uma nítida associação
das galerias com a cobertura vegetal. O estresse provocado pela escavação
próximo às raízes promove uma maior inflorescência. Assim, os caranguejos
escavam suas galerias junto à vegetação para redução do risco de predação,
além das raízes conferirem maior estabilidade das galerias escavadas, atuando
como elementos estruturais de sustentação.
Outros relatos que mencionam aspectos vantajosos da escavação de
galerias por caranguejos para a vegetação também são encontrados na
literatura (RIDD, 1996; STIEGLITZ et al., 2000; SHERMAN, 2002). A
escavação constante de galerias pelos braquiúros permite o transporte de
oxigênio (O2) para dentro da galeria, a aeração do sedimento, além de servir
48
como forma alternativa de eliminação do gás sulfídrico (H2S), considerado
tóxico para as plantas de mangue (KATZ, 1980). De acordo com SMITH et al.
(1991), as concentrações do gás sulfídrico e amônia no sedimento são
mais elevadas em áreas com ausência de galerias escavadas por
caranguejos.
Com relação ao potencial extrativo de U. cordatus na RESEXM
Maracanã, as áreas de R. mangle e A. schaueriana foram consideradas mais
propícias à extração comercial. Apesar da análise de regressão entre a
Densidade de indivíduos com tamanho de Largura de Carapaça superior a 6
cm não ter demonstrado correlação com a Dominância e a Densidade dessas
espécies de mangue, a distribuição observada pela Análise Espacial de Kernel
foi semelhante para estes dois parâmetros, principalmente nos Sítios#03 e #04
onde focos de médias e altas densidade foram observados para ambos. De
acordo com DIELE (2000) e SCHORIES et al. (2003), as populações do
caranguejo-uçá em manguezais paraenses encontram-se geralmente
associadas às áreas com predominância de R. mangle. O maior tamanho
médio da população de U. cordatus associado aos bosques de Rhizophora
pode ser decorrente da menor influência antrópica nestas áreas,
particularmente nas mais internas, que possuem difícil acesso (DIELE, 2000),
no entanto, estas áreas podem ser consideradas ideais para a exploração
comercial, pois esse tipo de vegetação emite raízes escoras que facilitam a
captura pelo método do braceamento.
O relato dos pescadores de caranguejos da RESEXM Maracanã, mostra
que o conhecimento ecológico local pode dar indícios da associação entre as
árvores típicas do mangue e caranguejo-uçá, pois em áreas com predomínio
49
de Rhizophora (mangue vermelho) são mais procurados por possuírem melhor
sabor, comparados aqueles indivíduos capturados em áreas com predomínio
de Avicennia (mangue preto ou siriúba), sendo os caranguejos capturados nas
áreas com dominância de Laguncularia (mangue branco) considerados
possuidores de sabor amargo, sendo assim mais evitados.
Em suma, a característica da vegetação mostra uma forte influência na
densidade populacional de U. cordatus. Parâmetros biológicos que podem
alterar a abundância dessa espécie devem ser identificados em estudos
futuros, para auxiliar a estabelecer áreas de preservação e planos de manejo
sustentáveis. Neste sentido, o presente trabalho apresenta resultados
relevantes sobre a população do caranguejo-uçá, os quais são úteis como
subsídios para o manejo e gestão desse recurso que é uma das principais
fontes de renda das populações caiçaras menos favorecidas do município de
Maracanã.
50
6. CONCLUSÕES
• Os bosques das áreas de manguezal da RESEXM Maracanã são
dominados por indivíduos do gênero Rhizophora;
• Com base nos atributos estruturais, os bosques dos sítios estudados
são mistos (Rhizophora, Avicennia e Laguncularia), maduros, bem
desenvolvidos e ainda preservados sem registros de cortes;
• O método de contagem direta de galerias (CG) para a estimativa dos
estoques populacionais de U. cordatus apresenta maior acurácia na
estimativa da densidade populacional;
• As diferenças no tamanho e densidade de Ucides cordatus estão
relacionadas com o tipo de vegetação predominante nos sítios de
trabalho (Rhizophora);
• O caranguejo-uçá apresenta um alto potencial extrativo imediato na
RESEXM Maracanã.
• Os bosques com predominância de Rhizophora foram caracterizados
como áreas de maior potencial de extração do recurso caranguejo-uçá;
51
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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