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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS Perfumes: Ensino de Química contextualizado com material de baixo custo Monique Pirola da Silva Monografia de Conclusão de Curso São Mateus-ES 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO UNIVERSITÁRIO NORTE DO ESPÍRITO SANTO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS

Perfumes: Ensino de Química contextualizado com material de

baixo custo

Monique Pirola da Silva

Monografia de Conclusão de Curso

São Mateus-ES

2016

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Monique Pirola da Silva

Perfumes: Ensino de Química contextualizado com material de

baixo custo

Monografia apresentada ao

Departamento de Ciências

Naturais – DCN-CEUNES,

Universidade Federal do Espírito

Santo, como parte dos requisitos

para obtenção do título de

Licenciada em Química.

Orientadora: Christiane Mapheu

Nogueira

São Mateus-ES

2016

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Monique Pirola da Silva

Perfumes: Ensino de Química contextualizado com material de

baixo custo

Monografia apresentada ao

Departamento de Ciências Naturais

– DCN-CEUNES, Universidade

Federal do Espírito Santo, como

parte dos requisitos para obtenção

do título de Licenciada em Química

São Mateus, 15 de junho de 2016

BANCA EXAMINADORA

Profª. Drª. Christiane Mapheu Nogueira

Profª. Drª. Gilmene Bianco

Profª. Drª. Leila Aley Tavares

São Mateus-ES

2016

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Dedico esse trabalho àqueles que são a razão da minha existência: meus pais Lélio e

Aparecida.

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente à Deus, pois sem Ele eu não teria forças para essa

longa jornada.

Agradeço aos meus pais, Lélio e Aparecida, pela confiança em mim e por todo

apoio do mundo que não me deixaram desistir quando eu já não tinha mais ânimo de

estudar.

Agradeço aos meus irmãos Leonardo e Filipe por todo carinho.

Agradeço ao meu querido noivo Tairony, que me trouxe paz a correria de cada

semestre, pelo amor, pelo carinho, cuidado e compreensão.

Agradeço especialmente à minha professora orientadora Christiane, que teve

paciência comigo em todo o tempo.

À todos os professores do curso também, que foram essenciais na minha vida

acadêmica.

Agradeço à todos meus amigos, principalmente Caio César Freitas, Lorena

Ventura e Priscila Fachetti, que juntos lutaram comigo e me fizeram vencer.

Agradeço à banca examinadora, pela leitura e pela análise crítica.

Agradeço ao professor Marconi Rocha, que disponibilizou suas aulas com todo

carinho para que o projeto fosse aplicado.

E por fim, agradeço aos alunos do 3º ano da escola Estadual de São Mateus,

participantes do projeto “fazendo perfumes”, porque sem eles nada disso teria

acontecido.

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“Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé”. 2 Timóteo 4;7.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13

2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 14

CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA ....................................... 14

O PAPEL DAS ATIVIDADES EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE QUÍMICA ................................................................................................................................ 15

EXPERIMENTOS DE BAIXO CUSTO ................................................................ 15

HISTÓRIA DO PERFUME ................................................................................... 16

MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS PARA FABRICAÇÃO

DE PERFUME ....................................................................................................... 18

2.5.1 Óleo Essencial ............................................................................................................... 18

2.5.2 Métodos de extração ...................................................................................................... 20

2.5.3 Enfloração ..................................................................................................................... 20

2.5.4 Arraste a vapor .............................................................................................................. 21

2.5.5 Solventes orgânicos ....................................................................................................... 21

2.5.6 Prensagem à frio ........................................................................................................... 21

2.5.7 Solvente supercrítico ..................................................................................................... 22

FIXADORES .......................................................................................................... 22

COMPOSIÇÃO DA ESSÊNCIA DE UM PERFUME .......................................... 23

FATORES EXTERNOS QUE CONTRIBUEM PARA O AROMA DE UM

PERFUME .............................................................................................................. 23

ANÁLISE ECONÔMICA DO SETOR PERFUMES ............................................ 24

ASPECTOS SUSTENTÁVEIS RELACIONADOS A PERFUMES .................... 24

3 OBJETIVOS ............................................................................................................... 25

OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 25

OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................. 25

4 METODOLOGIA ....................................................................................................... 26

PREPARO DO PRÉ E PÓS – TESTE ................................................................... 26

PREPARO DA AULA TEÓRICA ......................................................................... 27

REALIZAÇÃO DA AULA TEÓRICA ................................................................. 27

FABRICAÇÃO DO DESTILADOR ..................................................................... 27

FABRICAÇÃO DO PERFUME ............................................................................ 29

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................ 30

ANÁLISE DA AULA ............................................................................................ 30

ANÁLISE DO PRÉ-TESTE ................................................................................... 34

ANÁLISE DO PÓS-TESTE ................................................................................... 38

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6 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 43

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 45

8 ANEXOS...................................................................................................................... 49

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Estruturas de óleos essenciais .................................................................. 18

FIGURA 2 – Estrutura dos Terpenos ........................................................................... 19

FIGURA 3 – Extração de óleo de rosas por enfloração. ............................................... 20

FIGURA 4 – Prensagem a frio: extração de óleo vegetal. ............................................ 21

FIGURA 5 – Aparelho de extração por fluido supercrítico .......................................... 22

FIGURA 6 – Estrutura do propilenoglicol .................................................................... 22

FIGURA 7 – Materiais utilizados pelos alunos ............................................................. 28

FIGURA 8 – Materiais utilizados para fabricação do destilador .................................. 29

FIGURA 9– Materiais utilizados na preparação do perfume ........................................ 30

FIGURA 10 – Aula teórica sobre composição dos perfumes........................................ 31

FIGURA 11 – Destilador utilizando cuscuzeira fabricado pelos alunos ....................... 31

FIGURA 12 – Destilador utilizando garrafas de vidro fabricado pelos alunos ............. 32

FIGURA 13 – Primeira gota do destilado após 50 minutos .......................................... 33

FIGURA 14 – Vidrinhos contendo o perfume fabricado pelos alunos ......................... 33

FIGURA 15– Gráfico das respostas dos alunos do pré-teste: 8ª questão ...................... 38

FIGURA 16– Gráfico das respostas dos alunos do pós-teste: 8ª questão...................... 42

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Classificação dos terpenos ...................................................................... 19

TABELA 2 – Materiais utilizados para confecção do destilador usando cuscuzeira ... 28

TABELA 3– Materiais usados para fabricação do destilador de garrafas de vidro....... 28

TABELA 4– Respostas dos alunos do pré-teste: questão 1 ........................................... 34

TABELA 5– Respostas dos alunos do pré-teste: questão 2 ........................................... 35

TABELA 6– Respostas dos alunos do pré-teste: questão 3 ........................................... 35

TABELA 7– Respostas dos alunos do pré-teste: questão 4 ........................................... 36

TABELA 8– Respostas dos alunos do pré-teste: questão 5 ........................................... 36

TABELA 9– Respostas dos alunos do pré-teste: questão 6 ........................................... 37

TABELA 10– Respostas dos alunos do pré-teste: questão 7 ......................................... 37

TABELA 11– Respostas dos alunos do pós-teste: questão 1 ........................................ 39

TABELA 12– Respostas dos alunos do pós-teste: questão 2 ........................................ 39

TABELA 13– Respostas dos alunos do pós-teste: questão 3 ........................................ 40

TABELA 14– Respostas dos alunos do pós-teste: questão 4 ........................................ 40

TABELA 15– Respostas dos alunos do pós-teste: questão 5 ........................................ 41

TABELA 16– Respostas dos alunos do pós-teste: questão 7 ........................................ 42

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LISTA DE ABREVIATURAS

PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Docência.

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RESUMO

O trabalho realizado teve como objetivo utilizar a temática perfume, proporcionando a

contextualização da Química, utilizando material de baixo custo. O projeto foi realizado

na Escola Estadual Ceciliano Abel de Almeida, localizada na cidade de São Mateus, do

estado do Espírito Santo, com alunos do 3º ano do Ensino Médio e possibilitou a

abordagem de diversos conteúdos relacionados à química como: Separação de misturas,

volatilidade, funções orgânicas, nomenclatura de compostos orgânicos, composição

química do perfume e métodos de extração de óleo essencial. Após a abordagem dos

conteúdos, foram fabricados os destiladores alternativos utilizando a cuscuzeira e garrafas

de vidro, no qual os alunos puderam extrair o óleo essencial do cravo-da-índia e da casca

da laranja. Como o óleo extraído não foi suficiente para fabricação do perfume, foi

utilizada essência sintética. Foram necessárias 8 aulas para a realização do presente

projeto, que foram divididas do seguinte modo: na primeira aula, foi estimulada a parte

sensorial dos alunos para introduzir o tema perfumes e aplicado o pré-teste. Na segunda

aula, foi abordada a história do perfume. Na aula seguinte foram apresentados os

conceitos básicos químicos envolvidos na fabricação do perfume. Na quarta e quinta aulas

foram fabricados os destiladores de baixo custo pelos grupos de alunos das duas turmas.

Na sexta aula foi destilado o óleo essencial. Na aula seguinte foi fabricado o perfume e na

última aula aplicado o pós-teste. O trabalho teve uma abordagem qualitativa, e a coleta de

dados foi através de questionários e observação. A princípio foi aplicado o primeiro

questionário com objetivo de pesquisar o que eles sabiam sobre os perfumes e alguns

conceitos básicos de Química. Após a aula teórica, foi aplicado o segundo questionário, o

pós-teste, com o objetivo de avaliar como a aula auxiliou os alunos no processo de

aprendizagem. Para análise dos resultados foi utilizada a metodologia proposta por

Bardin. Após as aulas teóricas e experimentais, os alunos tiveram uma melhoria no

aprendizado. Puderam diferenciar as funções orgânicas e também descrever o que era

utilizado para fabricar um perfume e relacionar com conceitos químicos. Um dos fatores

que contribuíram para essa melhoria foram as aulas práticas, onde os alunos puderam

fabricar seu próprio perfume, além de terem destilado óleos essenciais a partir da

confecção do próprio destilador de baixo custo, comprovando que a aula prática ajuda no

ensino.

Palavras-chave: PERFUME, EXPERIMENTAÇÃO, ENSINO DE QUÍMICA.

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RESUMO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

This project aimed to use perfume thematic to provide the Chemistry contextualization to

students using low cost materials. It was carried out in the State School Ceciliano Abel de

Almeida, located in Sao Mateus, State of Espirito Santo, with students from the third year

of high school and it allowed the approach of several contents related to chemistry, such

as: separation of mixtures, volatility, organic functions, nomenclature of organic

compounds, chemical composition of perfume and extraction methods of essential oils.

After teaching the contents, the students manufactured alternative distillers using a

regional special type of pan, called “cuscuzeira”, and glass bottles, in which the students,

always supervised, were able to extract the essential oil from clove and orange peel. As

the extracted oil was not sufficient for the perfume production, they used synthetic

essence. Eight classes were necessary to get this project done. In the first class, we

stimulated the sensory part of the students to enter the subject and apply the pre-test. In

the second class, the history of perfume was taught. The next class, we presented the basic

chemical concepts involved in the perfume manufacturing. In the fourth and fifth classes

the students, in groups, produced low cost distillers. In the sixth class, the essential oil was

distilled. The next class, they made perfume, and in the last class we applied the post-test.

The work had a qualitative approach and its data gathering was through observation and

surveys. The first questionnaire applied had the objective to evaluate the students’

knowledge about perfume and basic concepts of chemistry. After a theoretical class, it was

applied the second questionnaire, post-test, with the objective to evaluate the impact of a

class in the learning process. In order to analyze the results, it was used the methodology

proposed by Bardin. After theoretical and experimental classes, the students had

improvement on the learning process. They were able to differentiate organic functions

and describe the whole perfume production process associating it with chemical concepts.

One of the factors contributing to this improvement were practical classes, where the

students were able to make their own perfume, and distilled essential oils from making a

low-cost distiller, proving practical class is a important teaching aid.

Key words: PERFUME, EXPERIMENTAL, TEACHING CHEMISTRY.

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1 INTRODUÇÃO

Um dois maiores problemas enfrentados no Ensino de Química é a relação entre a

teoria e o cotidiano do aluno. Muitos professores não utilizam os laboratórios para fazer

experimentos com os alunos, não utilizam os recursos de atividades lúdicas como bingo

químico, jogo da memória, gincana e etc., a fim de contextualizar a Química. Assim, muitos

alunos decoram o conteúdo para a prova e depois esquecem. Porém, a Química não é uma

disciplina complicada, pelo contrário, ela está sempre presente no nosso dia-a-dia. O

professor tem que saber buscar outros tipos de metodologias a fim de chamar a atenção dos

alunos para o que está sendo explicado e relacionar com o cotidiano, para aproximar os

alunos da disciplina.

Nunes e Andorini (2010) defendem que muitas vezes os alunos não conseguem

aprender, não são capazes de associar o conteúdo estudado na sala de aula com o seu

cotidiano, e acaba por se desinteressar pela disciplina.

Segundo Chassot (1990), ao se delimitar o ensino a uma abordagem apenas formal,

acaba por não contemplar as várias possibilidades para tornar a Química mais “acessível” e

deixa de ter a oportunidade de associá-la com avanços tecnológicos que afetam diretamente

a sociedade. Por isso, a experimentação, quando desenvolvida junto com a

contextualização, proporciona ao aluno melhor assimilação com o conteúdo teórico.

Porém, essa problemática de pouca frequência da experimentação nas aulas de

ciências/química, embasada na falta de recursos, é bastante recorrente, porém não se

sustenta, uma vez que revistas direcionadas para a educação em ciências contêm

frequentemente, experimentos com materiais de baixo custo sobre temas abrangentes que

contemplam diversos conteúdos (SILVA et al, 2009).

Nesse pensamento, a temática perfume pode ser uma ferramenta útil no ensino-

aprendizagem, uma vez que pode estimular o interesse dos alunos por se tratar de algo que é

conhecido e presente no dia-a-dia de todos. Além disso, os perfumes estão relacionados a

vários conceitos de diversas áreas da Química, possibilitando ao professor diversas opções

de conteúdos a abordar.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE QUÍMICA

O ensino de Química tem sido realizado a partir de conteúdos que não contém

contextualização. De acordo com Silva et al (2012), contextualizar a química não é criar

uma ligação artificial entre o conhecimento e o dia-a-dia do aluno. A contextualização tem

muito a ver com a motivação do aluno, ou seja, dar sentido aquilo que ele aprende, fazendo

com que relacione o que está sendo ensinado com seu cotidiano.

De acordo com os parâmetros curriculares nacionais (PCN, 1998):

“O ensino de Química tem se reduzido à transmissão de informações, definições e

leis isoladas, sem qualquer relação com a vida do aluno, exigindo deste quase

sempre a pura memorização, restrita a baixos níveis cognitivos. Enfatizam-se

muitos tipos de classificação, como tipos de reações, ácidos, soluções, que não

representam aprendizagens significativas. Transforma-se, muitas vezes, a

linguagem química, uma ferramenta, no fim último do conhecimento. Reduz-se o

conhecimento químico a fórmulas matemáticas e à aplicação de “regrinhas”, que

devem ser exaustivamente treinadas, supondo a mecanização e não o

entendimento de uma situação-problema. Em outros momentos, o ensino atual

privilegia aspectos teóricos, em níveis de abstração inadequados aos dos

estudantes”.

É necessário que o professor reflita sobre sua prática pedagógica, para ter

consciência se realmente está sendo utilizada a contextualização nas suas aulas. Segundo

Maldaner (1994):

“O professor-pesquisador que se pretende seja construído é aquele capaz de

refletir a sua prática de forma crítica, que vê a sua realidade de sala de aula

carregada de teorias e intenções de achar saídas para os problemas que aparecem

no dia-a-dia. É o professor-pesquisador que procura saber o pensamento do aluno

e o coloca em discussão para possibilitar a construção de um conhecimento mais

consistente, mais defensável, mais útil para a tomada de decisões”.

No tradicional ensino de Química o aluno é tratado pelo professor apenas como um

“receptor” de informações e que muitas vezes não estão ligadas com o cotidiano. Assim, os

alunos apresentam muita dificuldade em aprender os conteúdos dessa disciplina, que acaba

se tornando apenas teorias longe do dia-a-dia.

De acordo com Arroio et al (2006), a maneira como a química é tratada nas escolas

pode ter ajudado a dificultar o ensino e tornar a disciplina longe do cotidiano do aluno. Os

conceitos são passados de forma teórica tornando os alunos entediados. Chassot (1990)

também afirma que o conhecimento químico, como é apresentado, separado da realidade do

aluno, significa muito pouco para ele.

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O PAPEL DAS ATIVIDADES EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE QUÍMICA

No ensino de Química, as atividades experimentais podem ser uma estratégia para

criação de problemas que permitam a contextualização e o estímulo de questionamentos de

investigação. Porém, essa metodologia não deve ser passada aos alunos como “receita de

bolo”, em que eles recebem um roteiro para seguir e devem obter os resultados que o

professor espera.

Segundo Silva, Baptista e Gauche (2011), os professores tem conhecimento que a

experimentação ajuda a aprendizagem, porém a falta de recursos, quantidade de alunos,

extensão de conteúdo dificulta a prática.

Independente das condições do laboratório, o uso de materiais do cotidiano é muito

importante. Além de facilitar e, em muitos casos, reduzir custos, seu uso aumenta o

interesse e a curiosidade dos alunos, por causa da aplicação inusitada de algo já conhecido.

Podemos dizer que a familiaridade com esses materiais facilita a aprendizagem, pois o

conceito novo é ancorado no porto seguro do conhecimento estabelecido (BRAATHEN,

2012).

A montagem de um laboratório não é algo que é impossível, que se utiliza grande

investimento. Pode ser possível montar um laboratório com materiais simples (copo de

vidro de azeitona ou de milho verde, colher). O professor pode utilizar equipamentos

fabricados por ele mesmo ou pelos seus alunos.

Segundo Braathen (2012), na maioria das vezes, o ideal é que os alunos recebam o

roteiro do experimento. Se para o caso da escola não ter laboratório, uma alternativa é

realizar o experimento na mesa do professor, por exemplo. Mas é importante frisar: quanto

maior a participação dos alunos, melhor será a aprendizagem.

De acordo com Wilmo, Ferreira e Hartwig (2008), a atividade experimental

problematizadora deve garantir aos alunos a oportunidade de discutir com os outros alunos,

realizar, registrar, avaliar hipóteses e discutir com o professor todo o experimento.

EXPERIMENTOS DE BAIXO CUSTO

Laboratórios são construções caras, equipados com instrumentos sofisticados,

exigem técnicos para mantê-los funcionando, os alunos precisam se deslocar até lá, as

turmas não podem ser grandes, os materiais têm que ser frequentemente substituídos e

renovados, etc. Talvez, seja em face destes motivos, que os laboratórios e as aulas

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experimentais de Química têm se tornado cada vez mais escassos (BENITE e BENITE,

2009).

Uma forma intermediária entre ter e não ter um laboratório é a proposta da

realização de experimentos com material de baixo custo ou sucata (por exemplo, para

medir-se o tempo, basta um relógio digital de pulso de marca popular, que garante a

precisão da medida). (SILVA e ZANON, 2000).

A experimentação de baixo custo representa uma alternativa cuja importância

reside no fato de diminuir o custo operacional dos laboratórios e gerar menor quantidade de

lixo químico (além de permitir que mais experiências sejam realizadas durante o ano letivo)

(VIEIRA et al., 2007).

HISTÓRIA DO PERFUME

Os perfumes são cosméticos conhecidos por todos. Para atingirem o nosso nariz,

essas moléculas devem ser voláteis. Além disso, segundo Retondo e Faria (2006), as

moléculas devem ter uma parte lipossolúvel, para interagirem com os quimiorreceptores, e

uma parte hidrossolúvel, para interagir com o muco do nariz, que é uma solução aquosa de

proteínas e carboidratos.

De acordo com Dias e Silva (1996), os primeiros perfumes surgiram,

provavelmente associados à religião, há mais ou menos 800 mil anos atrás, logo quando o

homem descobriu o fogo. Os deuses eram homenageados com a oferenda de fumaça

proveniente da queima de madeira e de folhas secas. Daí o termo ‘perfume’ origina-se das

palavras latinas per (que significa origem de) e fumare (fumaça).

Fontanari (2008) afirma que no Egito encontram-se registros que relatam

informações a respeito dos costumes da época em que já existiam dados sobre a perfumaria.

Os egípcios produziam aromas extraídos da maceração de pétalas e folhas que serviam de

aromatizadores e quando misturados com óleos, leite ou mel, produziam pomadas e loções

que prometiam eterna juventude ou simplesmente uma pele macia, hidratada e protegida do

sol escaldante do Egito.

No que se refere ao profano, Sena (2013) ressalta que o perfume tem ligação com o

universo da sedução. Cleópatra era usuária de perfumes, sendo considerada uma das

primeiras mulheres a utilizar o perfume como “arte de sedução”, para atrair olhares e

marcar presença.

O passo seguinte na evolução do uso dos aromas, de acordo com Dias e Silva

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(1996), foi para o uso particular, algo que provavelmente aconteceu entre os egípcios. Um

avanço posterior foi a descoberta de que certas flores e outros materiais vegetais e animais,

quando colocados em óleo, deixavam uma parte de seu princípio odorífero. Assim eram

fabricados os ungüentos e os perfumes mencionados na Bíblia. Os árabes faziam essas

extrações a partir de flores maceradas, geralmente em água, obtendo ‘água de rosas’ e

‘água de violetas’.

Speziali (2012) relata que no decorrer da história, muitos eventos foram marcados

pelo comportamento de algumas pessoas importantes. Nero dizia que nenhuma orgia estaria

completa se não houvesse perfumes. Os materiais aromáticos tiveram grande repercussão na

Europa devido às incursões de Marco Polo às Índias e à China e à comercialização de ervas

e especiarias. A comercialização de materiais aromáticos se deve em grande parte aos

navegadores ibéricos.

Porém, segundo Aftel (2006), os óleos essenciais naturais custavam muito caro, o

que fazia do perfume um luxo para poucas pessoas. Na tentativa de fazer com que todos

pudessem usufruir dos perfumes, surgiram os produtos sintéticos. Por causa dos preços

baixos e da sua estabilidade, os sintéticos aos poucos começaram a substituir as essências

naturais na produção dos perfumes, com exceção dos florais, que eram muito difíceis de

serem reproduzidos.

No século dezessete, as cidades começaram a crescer muito e as ruas ficavam

sujas, liberando um odor desagradável. Assim, com o intuito de resolver o problema, os

perfumes foram muito usados. As pessoas também eram sujas e continham mau hálito, e

mascavam gomas aromáticas para encobrir o mau cheiro. Era mais comum usar perfumes

que tomar banho (LUCCA, 2010).

Assim, deste modo, segundo Esposito e Milaré (2011), a fabricação dos perfumes

através dos anos se expandiu por todo mundo, principalmente na Grécia, Roma e Paris,

havendo uma grande inovação aos processos de destilação utilizados para extrair os óleos

essenciais das substâncias naturais.

De acordo com Jesus (2013), hoje, os perfumes são compostos de mistura de

fragrâncias que podem ser dividias em 14 grupos, conforme a volatilidade das substâncias

componentes, segundo a sequência em ordem decrescente: cítrica, lavanda, ervas, aldeídica,

verde, frutas, floral, especiarias, madeira, couro, animal, almíscar, incenso, baunilha.

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Os perfumes podem ser divididos em cinco classes, de acordo com a Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (1997):

“Perfumes: a) Extratos - constituídos pela solução ou dispersão de uma

composição aromática em concentração mínima de 10% e máxima de

30%. b) Águas perfumadas, águas de colônia, loções e similares -

constituídas pela dissolução até 10% de composição aromática em álcool

de diversas graduações, não podendo ser nas formas sólidas nem na de

bastão. c) Perfumes cremosos - semi-sólidos ou pastosos, de composição

aromática até a concentração de 30%, destinados a odorizar o corpo

humano. d) Produtos para banho e similares - destinados a perfumar e

colorir a água do banho e/ou modificar sua viscosidade ou dureza,

apresentados em diferentes normas. e) Odorizantes de ambientes -

destinados a perfumar objetos de uso pessoal ou o ambiente por liberação

de substâncias aromáticas absorvidas em material inerte ou por

vaporização, mediante propelentes adequados”.

MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS PARA FABRICAÇÃO DE

PERFUME

2.5.1 Óleo Essencial

Óleos essenciais são compostos químicos voláteis, característicos por sua

fragrância e frequentes atividades antimicrobianas e antioxidantes. São extraídos dos

tricomas de plantas aromáticas a partir de diversos métodos de extração. As indústrias dão

preferência à extração por arraste a vapor (destilação a vapor), por ser um processo

tradicional, de simples operação e baixo custo (SILVEIRA, COSTA e JUNIOR, 2015).

Dias (1996) destaca que os químicos já identificaram aproximadamente três mil

óleos essenciais, sendo que cerca de 150 são utilizados em perfumes. No entanto, para que o

óleo possa ser usado para fabricação do perfume, ele precisa ser separado do restante da

planta. A seguir, são mostradas algumas estruturas dos principais componentes de óleos

essenciais (Figura 1).

Figura 1: Estruturas de óleos essenciais (Fonte própria)

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Os principais constituintes dos óleos essenciais são os terpenos. Os terpenos são

originados da união de unidades de cinco carbonos, chamados de isoprenos. A maioria dos

terpenos apresenta uma ou mais ligações duplas, esses compostos podem também possuir

funções oxigenadas, como álcoois, éteres, aldeídos, cetonas e lactonas (PINHEIRO et al,

2014).

Os terpenos são classificados conforme apresentados na Tabela 1.

Tabela 1: Classificação dos terpenos (Fonte Solomons, 2001)

Número de carbonos Classe

10 Monoterpenos

15 Sesquiterpenos

20 Diterpenos

30 Triterpenos

Na Figura 2 são apresentadas as estruturas de cada tipo de terpenos que estão

presentes nos óleos essenciais.

Figura 2: Estruturas dos terpenos (FIORIO e DALPOSSO, 2011)

As essências podem ser de origem natural ou sintética. As de origem natural são

geralmente extraídas de plantas, flores, raízes ou animais, enquanto as sintéticas tentam

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reproduzir no laboratório os aromas naturais (GUIMARÃES et al, 2000). Os produtos

sintéticos têm uma grande contribuição ao meio ambiente, pois possibilitam a preservação

de espécies animais e vegetais (DIAS; SILVA, 1996).

2.5.2 Métodos de extração

Os métodos mais comuns de extração de óleos essenciais são: enfloração,

destilação por arraste a vapor, extração com solvente orgânico, prensagem e extração por

CO2 supercrítico.

Independente do método de extração utilizado, o conteúdo de óleo essencial

extraído é muito baixo quantitativamente, inferior a 1% em alguns casos; havendo exceções,

como no caso de botões florais de cravo, onde podem ser encontrados rendimentos de até

15% (SERAFINI et al., 2007).

2.5.3 Enfloração

De acordo com Oliveira e José (2007), na enfloração é utilizada uma espécie de

solvente para segurar o óleo. Esse método é utilizado para extração de óleos essenciais de

plantas delicadas e com baixo teor de óleos essenciais, e que não podem ser destiladas a

vapor, porque pode provocar perdas quase completas de seus compostos aromáticos. A

enfloração é um processo lento e caro. Atualmente, esse método é utilizado por algumas

indústrias de perfumes, principalmente para algumas plantas com baixo teor de óleo.

Figura 3: Extração de óleo de rosas por enfloração. (AZAMBUJA, 2015)

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2.5.4 Arraste a vapor

A extração por arraste a vapor é realizada colocando o material vegetal sobre uma

placa com orifícios que possibilitam a passagem do vapor introduzido no sistema de forma

indireta. O vapor, ao passar pelo material vegetal, destrói as glândulas e arrasta o óleo

essencial contido nas mesmas. A mistura óleo e água é condensada e posteriormente as

fases são separadas. (PINHEIRO et al 2014).

2.5.5 Solventes orgânicos

Neste processo a extração é realizada a temperatura ambiente usando solventes

orgânicos, principalmente os apolares (hexano, éter, éter de petróleo ou diclorometano), que

extraem além do óleo essencial, os componentes responsáveis pela pungência, pigmentos e

componentes indesejados, obrigando um posterior processo de purificação do produto. Esse

procedimento é usado para plantas que possuem baixo rendimento de extração ou quando o

componente de interesse não é arrastado pela técnica de destilação. (GROSSMAN, 2006)

2.5.6 Prensagem à frio

Segundo Oliveira e José (2007), neste método a extração é feita de forma

mecânica, sendo mais indicado para extrair óleo de frutos. Para obter o óleo, é preciso

prensar a fruta, porém nesse processo serão obtidos o óleo e o suco. Feito isso, faz-se uma

centrifugação, e assim será possível separar o óleo do suco, pela diferença de densidade.

Figura 4: Prensagem a frio: extração de óleo vegetal. (AZAMBUJA, 2015)

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2.5.7 Solvente supercrítico

Na extração com solvente supercrítico, Steffani (2003), descreve que várias

substâncias podem ser utilizadas, tais como metano, etano e etileno. No entanto, o CO2

apresenta facilidade de separação do soluto por ser extremamente volátil, não tóxico, não

inflamável, relativamente barato e não apresenta odor, por isso é o mais indicado.

Figura 5: Aparelho de extração por fluido supercrítico (MAUL, 1999)

FIXADORES

O fixador é usado para retardar a evaporação do princípio aromático tornando o

aroma mais duradouro e podendo ainda fazer parte da essência (JESUS, 2013).

Oliveira e José (2007) apontam que os fixadores são usados em proporções entre

0,1 e 0,5% e necessitam apresentar algumas características como serem solúveis em álcool e

nos princípios aromáticos, serem empregados em concentração adequada, não terem odor

ou contraste ou que prejudique os princípios aromáticos e serem incolores ou pouco

coloridos.

Um exemplo de fixador comumente usado em perfumes é o Propilenoglicol, que se

liga às moléculas e desacelera a dispersão das mesmas.

Figura 6: Estrutura do propilenoglicol. (Fonte própria)

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Anjos (2013) mostra outros exemplos de fixadores que foram encontrados na

natureza desde os primórdios da perfumaria como o Olíbano, mirra, labdanum, sândal e

almíscar. Patchouli, baunilha e orris também são bastante comuns, e quando adicionadas

aos perfumes, conferem odores característicos que fazem parte da fragrância. Ambrette,

cravo-da-índia, e benjoim, já foram bem populares. Assim, o perfumista tem que levar em

consideração os aromas próprios dos fixativos e escolher aquele que melhor combina com a

fragrância que vai criar.

COMPOSIÇÃO DA ESSÊNCIA DE UM PERFUME

O químico perfumista procura compor a essência do perfume de modo que a

evaporação dos componentes da fragrância ocorra em três fases distintas, denominadas

notas. As notas do perfume devem ser harmônicas como as de uma música; para isso é

preciso que todos os componentes combinem entre si e ressaltem as qualidades um do outro

(JESUS, 2013).

Ainda de acordo com Jesus (2013), a nota de corpo (ou nota de cabeça) de um

perfume é o primeiro odor que se percebe. É resultado dos componentes mais voláteis da

composição. Dura em média 15 minutos. Nota do coração é o odor intermediário e exprime

o conjunto dos sinais de todos os componentes de modo agradável e harmonioso. Pode ser

sentida após 3 ou 4 horas. A nota de fundo é o odor mais forte do perfume, obtido com

fixadores, normalmente produtos de origem animal, como o âmbar cinzento e almíscar. É

sentido em 5 ou 12 horas.

FATORES EXTERNOS QUE CONTRIBUEM PARA O AROMA DE UM

PERFUME

Segundo Jesus (2013), o aroma de um perfume não depende somente da sua

essência, como também de fatores externos, sendo os mais importantes a temperatura que

influencia na velocidade de evaporação do perfume. A recepção olfativa, que após certo

tempo sob ação de um cheiro qualquer, a percepção dele se atenua, ocorrendo a fadiga

olfativa (perda da capacidade de sentir a intensidade de um odor ou mesmo percebê-lo) e a

assimilação biológica, que são as reações que os componentes do perfume sofrem em

contato com a pele de cada pessoa (em função do suor, hormônios, circulação, cor da pele,

etc.).

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ANÁLISE ECONÔMICA DO SETOR PERFUMES

O setor de aromas e fragrâncias em suas diversas aplicações, tais como, perfumes

finos, fragrâncias de base usadas em cosméticos, por exemplo, representa não somente um

mercado global multibilionário, mas também uma fonte de desenvolvimento científico e de

inovação constante. As grandes empresas de fragrâncias, conhecidas como Flavor Houses,

se concentram principalmente na Europa, mas estendem suas ramificações por todo o resto

do planeta (SPEZIALI, 2012).

De acordo com Speziali (2012), o Brasil é líder mundial na produção de matérias-

primas, porém está em um estágio embrionário nas tecnologias de produtos beneficiados,

como as fragrâncias e perfumes. Os óleos essenciais são uma das matérias-primas mais

importantes na produção de fragrâncias e o Brasil responde, atualmente, por cerca de 50%

da produção mundial de óleo essencial de laranja, que é uma das matérias-primas

fundamentais para os aromas e as fragrâncias.

ASPECTOS SUSTENTÁVEIS RELACIONADOS A PERFUMES

O aumento da demanda pela utilização de plantas na cura e prevenção de doenças,

o cultivo e/ou extrativismo dessas plantas torna-se uma alternativa cada vez mais importante

na agricultura nacional. As visões de sustentabilidade que hoje ocupam igualmente espaços

de debate acadêmico e a mídia não são neutras nem imutáveis (SOUZA et al, 2010).

O pau-rosa (Aniba rosaeodora), por exemplo, vem sendo usado desde o século

passado para extração de linalol, produto usado como fixador de perfumes. Por causa do

extrativismo houve redução drástica em suas populações naturais. (SOUZA et al, 2010)

Homma (2005) afirma que de 1937 a 2002, foram exportadas quase 13 mil

toneladas de óleo essencial de pau-rosa. Para produção de 180 kg de óleo, são necessárias

18 a 20t de madeiras e que uma árvore de porte adequado pesa, em média, 1,75t. As

estimativas de rendimento variam de 0,7% a 1,1% de óleo essencial do peso da madeira em

tora de pau-rosa. Portanto, é necessária uma tonelada de tora para produzir 10 kg de óleo

essencial de pau-rosa.

Outro exemplo de extinção é a canela sassafrás conhecida cientificamente como

Ocotea odorífera. No século XX tornou-se ameaçada de extinção pela grande exploração da

madeira para a extração do óleo essencial safrol. (SERAGLIO, MARCANZONI e

DALCANTON, 2015)

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3 OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Utilizar a temática Perfume usando material de baixo custo proporcionando a

contextualização da Química no cotidiano, para alunos do 3º ano da Escola Estadual

Ceciliano Abel de Almeida, localizada na cidade de São Mateus, Espírito Santo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Pesquisar os conhecimentos prévios dos alunos sobre perfume e alguns conceitos

químicos relacionados.

Ministrar aula sobre os conceitos químicos relacionados com a temática perfume.

Utilizar recursos didáticos para beneficiar e auxiliar no ensino.

Ministrar aula de preparação de destiladores de baixo custo e materiais alternativos a

fim de extrair os óleos essenciais.

Ministrar aula de produção de perfume.

Verificar se a aula contribuiu para a aprendizagem dos conteúdos.

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4 METODOLOGIA

A implementação deste projeto foi na Escola Estadual Ceciliano Abel de Almeida

no centro do município de São Mateus – ES. O projeto foi realizado com duas turmas de 3º

ano do Ensino Médio, A e B, no período matutino, e compreendeu 50 alunos. Para a

realização do projeto foram necessárias 8 aulas, de 55 minutos cada, onde foram

trabalhados os conteúdos: separação de misturas; volatilidade, funções orgânicas,

nomenclatura de compostos orgânicos, composição química do perfume e métodos de

extração de óleo essencial.

PREPARO DO PRÉ E PÓS – TESTE

A coleta de dados se deu em forma de questionários e observação. A princípio foi

aplicado o primeiro questionário, o pré-teste, com objetivo de pesquisar o que eles sabiam

sobre os perfumes e alguns conceitos básicos de Química. Após a aula teórica, foi aplicado

o segundo questionário, o pós-teste, com o objetivo de avaliar como a aula auxiliou os

alunos no processo de aprendizagem. Os dois testes continham questões bem parecidas, no

total de 8, em que 7 eram abertas e 1 fechada. As questões envolviam conceitos básicos de

química e de perfumes. Para a aplicação das atividades experimentais e análise dos

resultados foi utilizado a metodologia proposta por Bardin. Bardin (2011) apresenta os

critérios de categorização, ou seja, escolha de categorias (classificação e agregação) e se

divide em 3 etapas: a primeira etapa é a de leitura dos dados. A segunda etapa é de

exploração da leitura formando classes de respostas em categorias conforme palavras em

comum e a última é de tratamento dos resultados e interpretação.

O tratamento dos resultados das questões abertas será convergido para duas

classificações:

• Perguntas não respondidas, respostas erradas ou respostas tais como “não sei”,

foram classificadas como erradas.

• Perguntas respondidas completamente corretas ou incompletas (visto que o aluno

acertou uma parte da questão), foram classificadas como corretas.

De acordo com Gil (2010), a pesquisa foi qualitativa, pois ela descreveu e traduziu

a interpretação dos fenômenos e dados coletados. Em relação aos procedimentos técnicos,

foi abordada pesquisa experimental.

O projeto, então, foi dividido em diferentes etapas, e os alunos foram avaliados em

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todos os momentos.

PREPARO DA AULA TEÓRICA

A aula teórica foi preparada em PowerPoint e apresentada após o pré-teste. A aula

ministrada para a Turma A e a para Turma B, relatava sobre a história dos perfumes, e

como se deu a evolução deles a partir dos anos. Logo após foi abordado a composição dos

perfumes, volatilidade das fragrâncias, função orgânica, nomenclatura e método de

extração. Foram apontadas diversas estruturas de óleos essenciais utilizados na fabricação

de perfumes, para que eles pudessem identificar as funções orgânicas presentes em cada

uma das estruturas.

REALIZAÇÃO DA AULA TEÓRICA

Foram necessárias 3 aulas para a explicação de todo o conteúdo, totalizando em

165 minutos. Os alunos tinham o poder de intervenção durante a explicação, ou seja, eles

podiam perguntar qualquer dúvida.

FABRICAÇÃO DO DESTILADOR

A turma A ficou de pesquisar métodos de extração divididos em 4 grupos na sala

de informática da escola, e o método que escolhessem, era o que eles iriam confeccionar

para extrair o óleo e posteriormente fazer o perfume. Por motivo de falta de materiais e falta

de interesse de grande parte dos alunos, só um grupo achou o método de arraste a vapor

com a Cuscuzeira no site pontociência (www.pontociencia.org.br). Os outros 3 grupos

restantes fizeram o método que foi apresentado para eles pela autora, caso não encontrassem

nenhum outro no site, que foi o Destilador por Arraste a Vapor utilizando garrafas de vidro.

Na turma B, os alunos também foram divididos em 4 grupos e ficaram com o método do

destilador por arraste a vapor utilizando garrafas de vidro, por decisão da autora.

O sistema de arraste a vapor com a cuscuzeira utilizado por um grupo da turma A

foi montado com materiais alternativos, o que possibilitou a sua confecção a um baixo

custo. Na tabela 2, é apresentado o material utilizado na montagem da aparelhagem.

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Tabela 2: Materiais utilizados para confecção do destilador usando cuscuzeira

Materiais utilizados

1. Cuscuzeira pequena

2. Mangueira de látex

3. Bebedouro de plástico

4. Garrafa pequena de plástico

5. Barbante

6. Copo

7. Fogão para aquecer a água

Os materiais utilizados pelos alunos para confecção da aparelhagem são

apresentados na Figura 7.

Figura 7: Materiais utilizados pelos alunos (Fonte Própria)

Para o outro método da garrafa de vidro que foi utilizado pela turma A e B, foram

necessários os seguintes materiais dispostos na Tabela 3.

Tabela 3: Materiais usados para fabricação do destilador de garrafas de vidro

Materiais Materiais

50 cm de cano PVC de ½’’ Tela de amianto

2 T de PVC de ½’’ Cola Durepoxi

2 garrafas de vidro de 500 mL 1 fogão

1 garrafa PET de 2L Termômetro

1 copo de vidro 4 m de mangueira de nível

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Na figura 8 são apresentados alguns materiais utilizados para fabricação do

destilador.

Figura 8: Materiais utilizados para fabricação do destilador (Fonte Própria).

FABRICAÇÃO DO PERFUME

Após a construção do destilador, foi iniciada a fabricação dos perfumes. Para a

fabricação, então, foram utilizados: 38 mL de álcool de cereais, 7 mL de propilenoglicol, 15

mL de água destilada, 5 mL de essência sintética, béquer, proveta, bastão de vidro, funil de

vidro e um recipiente para guardar o perfume. Todos os componentes foram adicionados ao

béquer com o auxílio do bastão de vidro e misturou-se bem. Depois foi colocado nos

vidrinhos de 5 mL para cada aluno poder levar o seu para casa e macerar por 10 dias

(alternando 1 dia na geladeira e 1 dia num local escuro). O motivo de macerar deve-se ao

fato de que esses elementos das essências naturais deixam micropartículas na solução.

Dessas partículas, desprendem-se notas importantes que compõem a fragrância. Portanto,

durante um certo período, a dispersão aromática continua a acontecer. Mesmo em perfumes

com notas sintéticas, a maceração é importante, para eliminar o odor do álcool, que com o

tempo vai se dissipando, deixando transparecer quase que apenas a

essência. (OLIVEIRA,2016). Os materiais utilizados na preparação do perfume são

mostrados na figura 9.

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Figura 9: Materiais utilizados na preparação do perfume (Fonte própria)

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

ANÁLISE DA AULA

O projeto teve início trabalhando as concepções prévias dos alunos sobre o tema

perfumes. Na primeira aula foram dados alguns vidrinhos contendo líquidos de cheiros

diferentes como: água, vinagre, álcool, acetona, Coca-Cola e etc, nas duas turmas (A e B),

que continham, respectivamente, 27 e 23 alunos do 3º ano do Ensino Médio. Os alunos

cheiraram os vidrinhos para descobrir o que tinha dentro. Quando descobriam qual era o

líquido desconhecido logo falavam alto o que era para sala inteira. Feito isso, foi

questionado aos alunos algumas coisas como: como o nariz capta o cheiro? Porque

conseguimos sentir o cheiro desses líquidos desconhecidos? As emoções conseguem ser

transmitidas através do cheiro? De acordo com as perguntas e as respostas que foram

surgindo, foi explicado cada questionamento. A partir disso, aplicou-se o primeiro teste, o

pré-teste, para saber o que realmente eles sabiam sobre o tema.

Na segunda aula do projeto, iniciou-se a aula ministrada através de apresentação de

slides, para a Turma A e para a Turma B, que relatava sobre a história dos perfumes, e

como se deu a evolução dele a partir dos anos (Figura 12). Os alunos participaram bastante

da aula, visto que era um assunto do cotidiano deles, e fizeram bastante perguntas

relacionada a história dos perfumes.

Na aula seguinte, foi abordada a composição dos perfumes e a volatilidade das

fragrâncias. Foram apontadas diversas estruturas de óleos essenciais utilizados na

fabricação de perfumes, para que eles pudessem identificar as funções orgânicas presentes

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em cada uma das estruturas. Nessa aula participaram bastante quando foi apontada as

estruturas orgânicas presentes nas essências, visto que os alunos tinham aprendido a pouco

tempo sobre função orgânica, e então, com a aula, eles iam relembrando e falando em voz

alta quando sabiam qual era aquela função.

Figura 10: Aula teórica sobre composição dos perfumes (Fonte própria)

Na quarta e quinta aula, os alunos confeccionaram os seus respectivos destiladores

para extrair o óleo essencial, como o destilador utilizando a cuscuzeira (Figura 11). Os

bolsistas do PIBID estavam presentes nessas aulas e puderam ajudar os alunos.

Figura 11: Destilador utilizando cuscuzeira fabricado pelos alunos (Fonte própria)

Na figura 12 é mostrado o sistema montado pelos alunos do destilador utilizando

garrafas de vidro.

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Figura 12: Destilador utilizando garrafas de vidro fabricado pelos alunos (Fonte própria)

Na sexta aula, os alunos colocaram em prática seus aparelhos de destilação, e extraíram o

óleo da casca da laranja e do cravo. Inicialmente, a casca da laranja, da qual iriam extrair o

óleo essencial, foi introduzida na cuscuzeira, acrescentando água até a metade do seu

volume. Após todo o sistema de destilação ter sido montado, o aquecimento foi iniciado. O

extrato, arrastado pelo vapor, foi recolhido num copo. Do mesmo modo, foi triturado o

cravo-da-índia, do qual iriam extrair o óleo essencial, visto que o cravo-da-índia tem um

alto teor de eugenol e a extração seria mais efetiva do que com a casca da laranja.

Foi introduzido no outro sistema de destilação (especificamente na primeira garrafa

de vidro da esquerda) o cravo-da-índia, triturado, do qual iriam extrair o óleo essencial, para

melhor resultado. Em seguida, foi acrescentada água até a metade do volume da segunda

garrafa de vidro. Após todo o sistema de destilação ter sido montado, foi iniciado o

aquecimento. O extrato, arrastado pelo vapor, foi recolhido num copo.

A primeira gota do destilado demorou 50 minutos pelo aparelho de destilação com

as garrafas de vidro (Figura 13). Com a cuscuzeira demorou 35 minutos, pois estava mais

vedada. Os alunos se emocionaram quando viram que o que eles tinham confeccionado

estava funcionando. Surgiram perguntas como: “já podemos utilizar esse destilado para

fabricar o perfume, professora?”, mas foi explicado que, como o destilado era uma mistura

do óleo essencial e água, e que a quantidade de óleo era muito pequena, não daria para

fabricar perfume para toda a turma. Teria que destilar muito mais vezes para conseguir uma

quantidade suficiente. Muitos filmaram, fotografaram e pediram para que fizesse mais

experimentos diferentes com eles.

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Figura 13: Primeira gota do destilado após 50 minutos (Fonte própria)

Na sétima aula, foi realizada a fabricação do perfume. Foi utilizada essência

artificial porque não obteve a partir dos destilados óleo suficiente para fazer o perfume.

Seriam necessárias mais destilações, porém o tempo era curto, pois estava no final do

período letivo. O óleo essencial extraído não foi separado da água e nem quantificado,

devido falta de reagentes e vidrarias. E então, por motivo de praticidade, foi comprado o

óleo essencial e fabricado o perfume. Um grupo de alunas comentava que iriam usar o

perfume nas férias para sair, que ficou muito cheiroso e que contaria para todo mundo que

elas que tinham feito. Foi um grande sucesso (Figura 14).

Figura 14: Vidrinhos contendo o perfume fabricado pelos alunos (Fonte própria)

Por fim, na oitava e última aula, foi passado o segundo questionário, o pós-teste,

para avaliar como a aula auxiliou os alunos no processo de aprendizagem.

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Para análise do pré e pós-teste, a quantidade de alunos analisada foi de 27 alunos,

visto que alguns alunos começaram a participar do projeto e faltaram as outras aulas. Com

isso, não seria possível fazer uma análise comparativa.

ANÁLISE DO PRÉ-TESTE

Com o objetivo de pesquisar quais os conhecimentos prévios que os alunos

tinham a respeito do tema perfumes e sobre conceitos de Química envolvidos, foi aplicado o

pré-teste, na primeira aula do projeto. Segue a análise do pré-teste.

Questão 1. Quais são os conceitos químicos que estão relacionados com a fabricação de

perfume?

Nessa questão, as respostas dos alunos foram agrupadas em categorias conforme

palavras em comum. As respostas podem ser observadas na tabela 4.

Tabela 4: Respostas dos alunos do pré-teste: questão 1.

Categoria Quantidade de alunos

Aroma artificial 2

Função orgânica 7

Não sabe 9

Destilação 3

Água, álcool, essência 2

Não respondeu 4

Com essa questão, era esperado que alunos respondessem que os conceitos

químicos relacionados eram a solubilidade, interações intermoleculares, polaridade,

misturas homogêneas e heterogêneas e não quais os “ingredientes” eram necessários para se

fabricar o perfume. Conclui-se que apenas 52% dos alunos responderam corretamente a

essa questão.

Segundo Wartha, Silva e Bejarano (2013), ensinar conteúdos científicos da

química utilizando fatos do dia a dia, o cotidiano pode servir como uma exemplificação ou

ilustração, ou seja, com a aula que foi apresentada sobre os conceitos químicos relacionados

a fabricação do perfume, os alunos poderão responder essa questão, apenas relacionando o

cotidiano (perfume) com a química de maneira mais didática.

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Questão 2. Como se faz um perfume?

Nessa questão, as respostas dos alunos também foram agrupadas em categorias

conforme palavras em comum. As respostas podem ser observadas na tabela 5.

Tabela 5: Respostas dos alunos do pré-teste: questão 2.

Categoria Quantidade de alunos

Álcool 16

Planta 5

Álcool e essência 1

Não sei 5

A maioria dos estudantes considerou apenas o álcool como ingrediente para

produzir o perfume. Apenas 18% da turma não conseguiu responder a essa questão. A

fabricação do perfume ajudará os estudantes a encontrarem a resposta dessa questão. Nessa

perspectiva, então, Guimarães (2009), afirma que a aprendizagem pode ocorrer por meio

das atividades experimentais, no teste das hipóteses ou na investigação, sendo a

investigação a mais essencial, pois é nela que os alunos estabelecem uma relação entre os

conceitos previamente adquiridos e os novos conceitos. É necessária também, segundo o

autor, uma avaliação do que o aluno já sabe e dar maior fundamentação aos seus

conhecimentos prévios tornando-os conceitos abrangentes.

Questão 3. Se deixarmos um frasco de perfume aberto, o que acontece? Justifique.

As respostas foram agrupadas em categorias e estão dispostas na tabela 6.

Tabela 6: Respostas dos alunos do pré-teste: questão 3.

Categorias Quantidade de alunos

Não sabe e não justificou 4

Perde a essência e não justificou 12

Evapora, porque tem álcool 9

Não respondeu 2

A maioria dos alunos respondeu que perde a essência, mas nem todos souberam

justificar o fato do álcool ser volátil. Mesmo assim, conclui-se que 78% dos alunos

responderam a questão corretamente.

Abaixo estão algumas respostas dos alunos dessa questão:

A4: “O seu aroma vai se perdendo aos poucos”.

A5: “Na minha opinião, vai saindo o cheiro por causa do álcool”.

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A6: “O cheiro contido no frasco vai ficando cada vez mais fraco”.

Questão 4. Você sabe como se faz para obter a essência de um perfume? Como ela é

extraída?

As respostas foram agrupadas em categorias, e se encontram na tabela 7.

Tabela 7: Respostas dos alunos do pré-teste: questão 4.

Categoria Quantidade de alunos

Destilação 10

Não sei 17

A maioria, 63% dos alunos, não soube responder à questão. Apesar de 37%

responder que o processo de destilação é usado para extração do óleo essencial, nenhum

deles considerou a criação de essências feitas em laboratórios (sintéticas).

Questão 5. Porque alguns perfumes ficam mais no corpo das pessoas do que outros?

As respostas foram agrupadas em categorias, e estão dispostas na tabela 8:

Tabela 8: Respostas dos alunos do pré-teste: questão 5.

Categoria Quantidade de alunos

Devido a transpiração 2

Não sabe 11

Método de fabricação 3

Quantidade de álcool 5

Não respondeu 5

Perfume Importado 1

A maioria dos alunos não soube responder a essa questão. Apenas 41% dos alunos

responderam corretamente. Nenhum dos alunos considerou o fato do fixador ajudar na

fixação do perfume. Com a aula teórica e prática, os alunos poderão concluir que o fixador

ajuda a diminuir a dispersão das essências voláteis e ficar mais no corpo das pessoas.

Questão 6. O Perfume é um composto orgânico ou inorgânico?

As respostas foram agrupadas em categorias e se encontram na tabela 9.

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Tabela 9: Respostas dos alunos do pré-teste: questão 6.

Categoria Quantidade de alunos

Inorgânico 4

Orgânico 23

A partir das respostas obtidas nessa questão, fica evidente que quase todos os

alunos sabem que o perfume é composto de substâncias orgânicas, porém uma minoria

(15%) respondeu que era inorgânico. Mas, com a aula teórica dada sobre o assunto, eles

poderão concluir que o perfume é orgânico.

Questão 7. A temperatura influencia na “essência” do seu perfume? Justifique.

Semelhante às questões anteriores, as respostas categorizadas podem ser

observadas na tabela 10.

Tabela 10: Respostas dos alunos do pré-teste: questão 7.

Categorias Quantidade de alunos

Não sabe 11

Sim e não justificou 10

Sim, porque pode ser evaporado 1

Não influencia e não justificou 2

Não respondeu 3

Conclui-se a partir dessa questão, que apenas um aluno justificou o motivo da

temperatura influenciar na essência do perfume. Ou seja, eles ainda não tinham o

conhecimento necessário para responder essa pergunta. Apenas 41% da turma, a minoria,

responderam corretamente a questão. Com o decorrer das aulas, eles poderão responder que

a temperatura influencia sim na essência do perfume, visto que em dias mais quentes, por

exemplo, o perfume “evapora mais” que em dias mais frios.

Abaixo estão algumas respostas dessa questão dos alunos:

A7: “Sim, só não sei porque”

A8: “Não, pois independente da temperatura ele continuará com a mesma essência”.

Questão 8. Dentre as moléculas abaixo, marque a molécula que apresenta a função orgânica

ácido carboxílico com a letra (A), hidrocarboneto com a letra (B), cetona com a letra (C) e

éster com a letra (D).

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38

As respostas dos alunos foram agrupadas em categorias e podem ser observadas na

figura 15.

Figura 15: Gráfico das respostas dos alunos do pré-teste: 8ª questão.

Ficou evidente com essa questão, que muitos alunos confundiram as funções

orgânicas, principalmente éster com ácido carboxílico. Alguns alunos também fizeram essa

questão colando do outro e outros chutaram as respostas. Então, não é possível concluir algo

concreto com essa questão.

ANÁLISE DO PÓS-TESTE

Com o objetivo de pesquisar como o projeto contribuiu para o aprendizado dos

alunos, foi aplicado o pós-teste, na última aula do projeto (8ª aula). Segue a análise do pós-

teste.

Questão 1. Quais são os conceitos químicos que estão relacionados com a fabricação de

perfume?

15

2122

1012

65

17

0

5

10

15

20

25

Ácido carboxílico Hidrocarboneto Cetona Éster

me

ro d

e a

lun

os

Funções orgânicas

Classificou correto Classificou errado

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39

Nessa questão, as respostas dos alunos foram agrupadas em 5 categorias conforme

palavras em comum. As respostas podem ser observadas na tabela 11.

Tabela 11: Respostas dos alunos do pós-teste: questão 1.

Categorias Quantidade de alunos

Funções Orgânicas 5

Volatilidade, solubilização 14

Compostos orgânicos e volatilidade 4

Misturas homogêneas e heterogêneas 2

Destilação 2

Foi possível identificar nas respostas aspectos relacionados à solubilidade,

volatilidade, misturas homogêneas e heterogêneas, que era o esperado que eles

respondessem a partir da aula dada. Ou seja, houve 100% de aproveitamento nessa questão

– todos alunos responderam corretamente.

Segundo Sousa (2001), é dever do professor a tarefa de procurar despertar nos

alunos o interesse pelo assunto a ser estudado, ou seja, foi utilizado um assunto de interesse

dos alunos (perfume), e isso facilitou a aprendizagem deles.

Questão 2. Como se faz um perfume?

Nessa questão, as respostas dos alunos também foram agrupadas em categorias. As

respostas podem ser observadas na tabela 12.

Tabela 12: Respostas dos alunos do pós-teste: questão 2.

Categorias Quantidade de alunos

Álcool 1

Álcool, fixador e óleo essencial 6

Água e álcool 1

Essência, água e álcool 2

Através da destilação de óleos essenciais 7

Álcool, água, propilenoglicol, fixador e essência 8

Não respondeu 1

Essência 1

Fica evidente a diferença nas respostas contidas nessa questão do pré-teste, em que

os alunos só responderam que se fazia perfume utilizando álcool e essência, e nessa questão,

no pós-teste, após aulas teóricas e aula experimental de fabricação de perfume. No pré-teste,

18% dos alunos erram essa questão. Já no pós-teste, apenas 3% dos alunos erraram. Os

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40

alunos tiveram conhecimento que se utiliza também, além do álcool e da essência, água e

propilenoglicol. Além disso, os alunos consideraram também o fato da destilação para

extrair óleos essências para fabricação do perfume. Os alunos, com a aula experimental,

puderam ter o contato com o aparelho de destilação na fabricação do próprio destilador de

baixo custo, tendo assim uma aprendizagem significativa. Merçon (2005) afirma que as

aulas práticas são fundamentais para a construção do conhecimento no processo de ensino-

aprendizagem, portanto, foi a partir da aula experimental que os alunos puderam responder

corretamente essa questão.

Questão 3. Se deixarmos um frasco de perfume aberto, o que acontece? Justifique.

As respostas dos alunos foram agrupadas em categorias e podem ser observadas na

tabela 13.

Tabela 13: Respostas dos alunos do pós-teste: questão 3.

Categoria Quantidade de alunos

Evapora e não justificou 17

Evapora, porque o álcool é volátil 10

Todos os alunos responderam corretamente. Porém, uma parte da turma ainda não

soube justificar o fato do perfume evaporar, mas todos souberam responder que pelo menos

evapora, visto que na questão do pré-teste, apenas 78% dos alunos responderam

corretamente. O fato dos alunos não justificarem pode ser devido o tempo de aulas teóricas

apresentadas ter sido insuficiente.

Questão 4. Como se obtêm a essência para fazer perfumes?

As respostas dos alunos foram agrupadas em 2 categorias e podem ser observadas

na tabela 14.

Tabela 14: Respostas dos alunos do pós-teste: questão 4.

Categorias Quantidade de alunos

Destilação de flores ou frutas 12

Através de plantas ou fabricadas em laboratórios 15

A resposta que se esperava no pré-teste apareceu aqui, que era o fato de se obter

essência em laboratórios (sintética). Pode-se concluir que os alunos puderam entender que

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não é necessária a extração de óleos essenciais de flores e frutos (causando extinção de

algumas plantas), podendo ser sintetizada em laboratório.

Questão 5. Como explicar, a partir da aula, o fato de os perfumes fixarem na nossa pele?

Assim como nas outras questões, as questões foram agrupadas. A tabela 15 mostra

a relação das respostas dos alunos:

Tabela 15: Respostas dos alunos do pós-teste: questão 5.

Categoria Quantidade de alunos

Quanto menor a temperatura, menos o

perfume evapora.

2

Fixador – mais denso, demora mais

evaporar.

12

Quanto mais fixador, menos evapora 10

Devido os hormônios do nosso corpo 1

Não respondeu 2

Fica claro que os alunos entenderam, a partir das aulas apresentadas, o fato dos

perfumes fixarem na nossa pele, seja utilizando fixador, seja em dias mais frios, que os

perfumes evaporarão menos, ou seja, devido às reações que acontecem com o nosso corpo

(suor, hormônios). Nessa questão do pré-teste, 41% dos alunos responderam corretamente.

Já no pós-teste, 93% dos alunos responderam corretamente. Ou seja, há um grande aumento

de acertos, provando que os alunos aprenderam significativamente.

Questão 6. O Perfume é um composto orgânico ou inorgânico?

Nessa questão, 100% dos alunos responderam corretamente – perfume é composto

de compostos orgânicos.

Todos os alunos responderam corretamente essa questão, ao lembrarem a aula

teórica apresentada e a experimental, quando foi falado sobre as estruturas orgânicas

presentes nas essências, no solvente do perfume (etanol) e etc.

Questão 7. A temperatura influencia na “essência” do seu perfume? Justifique.

Assim como nas outras questões, as respostas foram agrupadas em 3 categorias. A

tabela 16 mostra a relação das respostas dos alunos.

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Tabela 16: Respostas dos alunos do pós-teste: questão 7.

Categorias Quantidade de alunos

Sim, porque quanto mais quente o nosso

corpo, mais evapora o perfume

19

Não respondeu 2

Sim, e não justificou 6

Conclui-se que com a aula teórica, os alunos puderam entender que a temperatura

influencia sim na essência do perfume, visto que em dias que nosso corpo está mais quente,

o perfume evapora mais rápido. O aumento de acertos do pré-teste para o pós-teste é

grande, sendo de 37%.

Questão 8. Dentre as moléculas abaixo, marque a molécula que apresenta a função orgânica

ácido carboxílico com a letra (A), hidrocarboneto com a letra (B), cetona com a letra (C) e

éster com a letra (D).

As respostas dos alunos foram agrupadas em categorias e podem ser observadas na

figura 16.

Figura 16: Gráfico das respostas dos alunos do pós-teste: 8ª questão.

Fica evidente que a maioria acertou todas as respostas nessa questão. É clara a

diferença comparada com a questão do pré-teste. Essa diferença foi possível devido a aula

que foi apresentada aos alunos em que foi mostrada diferentes estruturas dos óleos

essenciais que continham as funções orgânicas.

26 27 26 25

1 0 1 2

0

10

20

30

ácido carboxílico hidrocarboneto cetona éster

me

ro d

e a

lun

os

Função Orgânica

Classificou correto Classificou errado

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6 CONCLUSÃO

A temática perfume mostrou ser um recurso didático para contextualizar as aulas

de Química no Ensino Médio, visto que há diversos conteúdos que podem ser abordados

com esse tema. Esse projeto permitiu observar os alunos em relação a um método de

ensino diferente do dia-a-dia, que é aquele apenas de aula teórica numa sala de aula

convencional.

A experimentação serviu como auxílio na aprendizagem, assim como serviu

como possibilidade de transmitir novos conhecimentos, pois a aula teórica já tinha sido

apresentada.

Foi possível ver como os alunos ficaram mais interessados na aula com o uso

dessa metodologia, despertando a curiosidade e fazendo com que participassem mais,

ouvindo as explicações, respondendo os questionários dados a eles e, finalmente,

preparando o perfume.

Ao aplicar o questionário aos alunos, foi possível concluir que cada aluno tem

uma forma diferente de interpretar as questões e isso é de extrema importância. O

professor tem que ter isso em mente, para não “prejudicar” o aluno, por exemplo, na hora

de corrigir as avaliações. Entretanto, o professor tem que buscar medidas para solucionar

esse problema, ou pelo menos amenizá-lo, não devendo “abandonar” aquele aluno, porque

é exatamente esse aluno que precisa de ajuda.

Com o questionário, também foi possível concluir que a temática perfume foi

enriquecedora para o ensino de química. Os alunos no primeiro questionário não

responderam muito bem as questões e outros nem responderam. Já após aula teórica sobre

os conceitos relacionados ao perfume e a aula prática, foi possível observar uma mudança

significativa nas respostas dos alunos. Por exemplo, na questão 8 do questionário, onde foi

questionado quais eram as funções orgânicas presentes na questão. No pré-teste tiveram

muito erros e no pós-teste o número de alunos que acertou foi bem grande, mostrando que

o projeto auxiliou na aprendizagem. Outra questão que evidencia bem essa mudança

significativa foi a questão 2, onde os alunos responderam com mais precisão no pós-teste

como se fazia um perfume. No pré-teste, 18% dos alunos responderam errado a questão.

Já no pós-teste, apenas 3%, mostrando o aumento de acertos dos alunos, provando, então,

o aprendizado. Um fator que pode ter levado os alunos a uma melhoria nessa questão, foi

a respeito das aulas práticas, onde os alunos puderam fabricar seu próprio perfume, além

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de terem destilado os óleos essenciais a partir da confecção do próprio destilador de baixo

custo, comprovando que a aula prática ajuda no ensino.

Foi gratificante e engrandecedor a aplicação desse projeto, pois o resultado

esperado foi alcançado.

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45

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8 ANEXOS

E.E.E.M CECILIANO ABEL DE ALMEIDA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO

CENTRO UNIVERSITARIO NORTE DO ESPIRITO SANTO

PRÉ TESTE SOBRE A AULA DE PERFUMES

Nome:

Série: Data:

1) Quais são os conceitos químicos que estão relacionados com a fabricação de perfume?

2) Como se faz um perfume?

3) Se deixarmos um frasco de perfume aberto, o que acontece? Justifique.

4) Você sabe como se faz para obter a essência de um perfume? Como ela é extraída?

5) Porque alguns perfumes ficam mais no corpo das pessoas do que outros?

6) O Perfume é um composto orgânico ou inorgânico?

7) A temperatura influencia na “essência” do seu perfume? Justifique.

8) Dentre as moléculas abaixo, marque a molécula que apresenta a função orgânica ácido

carboxílico com a letra (A), hidrocarboneto com a letra (B), cetona com a letra (C) e

éster com a letra (D).

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E.E.E.M CECILIANO ABEL DE ALMEIDA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO

CENTRO UNIVERSITARIO NORTE DO ESPIRITO SANTO

PÓS TESTE SOBRE A AULA DE PERFUMES

Nome:

Série: Data:

1) Quais são os conceitos químicos que estão relacionados com a fabricação de perfume?

2) Como se faz um perfume?

3) Se deixarmos um frasco de perfume aberto, o que acontece? Justifique.

4) Como se obtêm a essência para fazer perfumes?

5) Como explicar, a partir da aula, o fato de os perfumes fixarem na nossa pele?

6) O Perfume é um composto orgânico ou inorgânico?

7) A temperatura influencia na “essência” do seu perfume? Justifique.

8) Dentre as moléculas abaixo, marque a molécula que apresenta a função orgânica ácido

carboxílico com a letra (A), hidrocarboneto com a letra (B), cetona com a letra (C) e

éster com a letra (D).