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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA KENYA GONÇALVES NUNES COMPORTAMENTO DA ALFACE-AMERICANA SOB DIFERENTES DOSES DE COMPOSTO ORGÂNICO E LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO FORTALEZA 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA

KENYA GONÇALVES NUNES

COMPORTAMENTO DA ALFACE-AMERICANA SOB DIFERENTES DOSES DE

COMPOSTO ORGÂNICO E LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO

FORTALEZA

2014

KENYA GONÇALVES NUNES

COMPORTAMENTO DA ALFACE-AMERICANA SOB DIFERENTES DOSES DE

COMPOSTO ORGÂNICO E LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Agrícola da

Universidade Federal do Ceará, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em

Engenharia Agrícola. Área de concentração:

Irrigação e Drenagem.

Orientador: Prof. Dr. Raimundo Nonato

Távora Costa.

FORTALEZA

2014

Ao meu pai, Anizio Nunes.

Meu eterno herói.

AGRADECIMENTOS

À Fátima Gonçalves, minha mãe, pelo amor e apoio. Obrigada por segurar a

minha mão durante os meus primeiros passos e por continuar fazendo isto, com tanto amor,

até hoje. Um exemplo de mãe e esposa em harmonia com a figura de uma mulher guerreira e,

acima de tudo, honesta. Agradeço ainda pela educação e proteção.

Ao meu irmão, Keyson Nunes, por ser um exemplo de humanidade e

profissionalismo e por tentar preencher a saudade deixada pelo nosso pai. À minha cunhada,

Eveline Farias, e sobrinhos, “Manu” e “Biel”.

Aos demais membros da minha família que sempre estiveram comigo, pelo apoio

e confiança.

Ao meu esposo, Gabriel Farias, pelo amor e dedicação. Agradeço o incentivo e

apoio incondicional. Obrigada por ter mudado a minha vida e por ser o responsável por tantos

momentos felizes. Amo e valorizo tudo o que estamos construindo juntos. Você é o amor da

minha vida!

À Gizelda Castro, minha sogra, pelo carinho e apoio. Agradeço também aos

demais membros da “Família Castro” pelos bons momentos compartilhados.

Ao meu sogro, José Cleto Farias, pela confiança e apoio.

Ao professor Dr. Raimundo Nonato Távora Costa, pelos conhecimentos

repassados durante o curso de pós-graduação e por sempre procurar evoluir como

profissional, sendo considerado por mim um exemplo a ser seguido dentro da universidade.

Agradeço também pela orientação durante a execução deste estudo e pela confiança.

Aos integrantes do Grupo de Pesquisa em Engenharia de Água e Solo - Semiárido

(GPEAS-Semiárido), pelo o empenho durante a realização deste estudo.

Aos professores e funcionários do Departamento de Engenharia Agrícola e em

especial ao coordenador professor Dr. José Antonio Delfino Barbosa Filho, pela compreensão

e confiança.

À Universidade Federal do Ceará, por tornar possível o desenvolvimento deste

estudo.

Aos professores José Aglodualdo Holanda Cavalcante Júnior e Danielle Ferreira

de Araújo, pelas sugestões e atenção dedicada.

Aos amigos; aos que passaram e aos que permanecem em minha vida. Agradeço

em especial ao meu cão e amigo, Zuke, pelo carinho, fidelidade e constante alegria em meu

lar.

A todos que contribuíram, de forma direta ou indireta, para o meu

desenvolvimento pessoal e profissional. Muito Obrigada!

RESUMO

A alface (Lactuca sativa L.) é uma das hortaliças mais cultivadas em várias regiões brasileiras

e com a crescente demanda de produtos orgânicos pelos consumidores, vários produtores

decidiram migrar para este método ecológico de cultivo. Partindo da hipótese de que a cultura

da alface apresenta crescimento e produção comercial variáveis, moduladas pelos tratamentos

analisados, o estudo objetivou avaliar a produtividade da alface, submetida a diferentes

lâminas de irrigação e doses de composto orgânico, com vistas ao manejo adequado da

irrigação e da adubação. A produção da alface orgânica é realizada em canteiros, em

condições de campo e, entre os diversos tipos cultivados, a alface-americana é um dos que

possui maior aceitabilidade, reforçando a necessidade de estudos sobre as suas exigências

hídricas e nutricionais. O sistema de irrigação foi por gotejamento. Utilizaram-se cinco

lâminas de irrigação que corresponderam a 50, 75, 100, 125 e 150% (W1, W2, W3, W4 e W5)

da lâmina de irrigação requerida pela cultura e quatro doses de composto, correspondentes a

0,0, 2,0, 4,0 e 8,0 kg m-2

(C1, C2, C3 e C4). O composto orgânico foi obtido a partir da mistura

de bagaço de cana, resíduos de acerola, esterco de gado, esterco de galinha, MB-4 (pó de

rocha - fonte de Ca e Mg), fosfato e água. O delineamento experimental foi em blocos

inteiramente casualizados, no esquema de parcelas subdivididas e quatro repetições, sendo as

lâminas de irrigação localizadas nas parcelas e as doses de composto dispostos nas

subparcelas. Os resultados deste estudo permitiram as seguintes conclusões: a aplicação dos

fatores de produção água e composto orgânico permitiram elevar os níveis médios de

produtividade da alface em até 38,3%, sendo a produtividade máxima estimada obtida com

uma dose de composto orgânico equivalente a 6,3 kg m-2

. O decréscimo inferior a 6% no

nível de produtividade média observada da alface ao se reduzir em 50% a lâmina de irrigação

aplicada, demonstra que este fator de produção, além de não ter sido limitante, possibilita o

uso da estratégia de irrigação com déficit sem maiores impactos no valor bruto da produção.

Os valores médios de produtividade da água incrementaram com o aumento das doses de

composto orgânico segundo um modelo quadrático, o qual sugere a aplicação de uma dose

equivalente a 6,0 kg m-2

para fins de uma maior eficiência de aproveitamento do insumo água

pela cultura da alface. Considerando o preço atual do quilograma de alface a R$ 2,00 e os

resultados de eficiência do uso do composto orgânico, o custo da tonelada de composto

orgânico deve ser inferior a R$ 90,00 para viabilizar a aplicação deste fator de produção. A

dose de composto orgânico economicamente ótima praticamente não foi alterada com a

variação do fator de produção água e da relação entre o preço do composto orgânico e preço

do produto variando entre 90 e 110.

Palavras-chave: Lactuca sativa L. Adubação orgânica. Controle da irrigação.

ABSTRACT

Lettuce (Lactuca sativa L.) is one of the vegetables cultivated in several regions and

nowadays it is easy to see an increase in demand for organic products by consumers, many

producers decided to change and start to produce with a new method of cultivation called

organic farming. Assuming that lettuce cultivation has some characteristics, like its growth

and production variables, according to the different treatments, this study aimed to investigate

the lettuce yield under different levels of irrigation and compost, trying to estimate the better

management of irrigation and fertilization. The production of organic lettuce is held in beds

under field conditions and there are many types, and some have a great acceptance what turns

the studies about water and nutrient requirements more important. The irrigation system used

was a drip method. Five irrigation levels were used: 50, 75, 100, 125 and 150% (W1, W2, W3,

W4 and W5) of water depth needed by the crop. Another treatment was consisting of four

different applications of compost, 0.0, 2.0, 4.0 and 8.0 kg m-2

(C1, C2, C3 and C4). The

compost is a key in organic farming and for this experiment it was obtained from sugarcane

pulp, acerola waste, cattle manure, chicken manure, MB-4 (rock powder - with Ca and Mg),

phosphate and water. The experimental design was a randomized block in a split-plot with

four replications scheme and irrigation depth located in the plots and the compost arranged as

subplots. The results of this study led to the following conclusions: the application of water

and compost as production factors allowed raising the average levels of lettuce yield of up to

38.3%, with an estimated maximum yield obtained with a level of compost equivalent to 6.3

kg m-2

. It was observed a decrease lower than 6% in the average level of productivity of

lettuce when the level of water was reduce by 50% the depth of irrigation applied, this result

shows that this production factor it is not limiting, and it is possible to use an irrigation

strategy with deficit without main contributions to the gross value of production. The average

values of water productivity increased with the increase in the levels of compost according to

a quadratic model, which suggests a level equivalent to 6.0 kg m-2

of compost for purposes

the greater efficiency of utilization of water by lettuce. Considering the current price of a

kilogram of lettuce to R$ 2.00 and the results of the compost use efficiency, the cost of a

compost tonne must be less than R$ 90.00 to enable the application of this input. The best

economically level of compost, like an optimal value, practically did not change with vary in

water quantity and the relationship between the price of the compost and the product price

ranging between 90 and 110.

Keywords: Lactuca sativa L. Organic fertilization. Irrigation control.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Área experimental no Sítio Carcará, Guaraciaba do Norte, CE. ................... 26

Figura 2 – Preparo do solo. ............................................................................................. 29

Figura 3 – Implantação do sistema de irrigação por gotejamento. ................................. 30

Figura 4 – Croqui da irrigação de um dos blocos do estudo. ......................................... 31

Figura 5 – Composto orgânico utilizado no experimento. ............................................ 32

Figura 6 – Semeadura indireta da alface (9 DAS). ......................................................... 34

Figura 7 – Transplantio da alface. .................................................................................. 34

Figura 8 – Croqui da área experimental. ........................................................................ 35

Figura 9 – Croqui da adubação de um dos blocos do estudo. ........................................ 36

Figura 10 – Produtividade média da alface em função das doses de composto orgânico. 40

Figura 11 – Produtividade da água do cultivo da alface em função da lâmina de

irrigação aplicada. .........................................................................................

43

Figura 12 – Produtividade da água do cultivo da alface em função da dose de

composto orgânico aplicada. .........................................................................

44

Figura 13 – Eficiência do uso do composto orgânico em função das diferentes doses

utilizadas; EUC em kg de alface produzida por kg de composto orgânico

aplicado, kg kgap-1

.........................................................................................

45

Figura 14 – Dose de composto orgânico economicamente ótima em função da relação

entre o preço do composto orgânico e o preço da alface. ............................

49

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Atributos físicos e químicos do solo na camada arável (0,0 - 0,2 m). ............. 27

Tabela 2 – Características químicas da água usada na irrigação da alface; condutividade

elétrica (CE) em dS m-1

. .................................................................................

30

Tabela 3 – Características químicas do composto orgânico utilizado na cultura da

alface. ...............................................................................................................

32

Tabela 4 – Produtividade da alface, em kg ha-1

, em função dos níveis de irrigação e

doses de composto orgânico. ...........................................................................

38

Tabela 5 – Resumo da análise de variância do rendimento da alface em função da água

e do composto orgânico. ..................................................................................

39

Tabela 6 – Valores médios de produtividade da água (kg ha-1

mm-1

) em função dos

níveis de irrigação e de composto orgânico para o cultivo da alface. .............

43

Tabela 7 – Equações ajustadas da produtividade média da alface em função do

composto orgânico, para cada lâmina de irrigação. .........................................

46

Tabela 8 – Produto físico marginal do fator de produção composto orgânico para os

diferentes níveis de irrigação. ..........................................................................

47

Tabela 9 – Dose de composto orgânico economicamente ótima (kg m-2

) em função da

relação entre o preço do composto (PC) e o preço da alface (PY). .................

48

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13

2 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 15

2.1 Agricultura orgânica ..................................................................................... 15

2.1.1 Agricultura orgânica no nordeste do Brasil....................................................... 16

2.2 Adubação orgânica .......................................................................................... 19

2.2.1 O uso da adubação orgânica em hortaliças ...................................................... 19

2.3 A cultura da alface ………………………………………………………....... 20

2.4 Necessidades hídricas da cultura da alface ….....…………………………... 21

2.5 Produtividade dos fatores de produção ….....…………………………........ 23

3 MATERIAL E MÉTODOS …………………………………………………. 26

3.1 Caracterização do local do experimento …………........................................ 26

3.2 Condução do experimento ............................................................................... 28

3.3 Irrigação ............................................................................................................ 29

3.4 Composto orgânico .......................................................................................... 32

3.5 Cultura e método de cultivo ............................................................................ 33

3.6 Delineamento experimental ............................................................................. 35

3.7 Produtividade da água ..................................................................................... 36

3.8 Eficiência do uso do composto orgânico ........................................................ 36

3.9 Produto físico marginal ................................................................................... 37

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 38

4.1 Produtividade comercial da alface em função dos fatores de produção ..... 38

4.2 Produtividade da água ..................................................................................... 42

4.3 Eficiência de uso do composto orgânico ......................................................... 45

4.4 Dose de composto orgânico economicamente ótima ..................................... 46

5 CONCLUSÕES ................................................................................................ 50

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 51

13

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, os consumidores buscam alimentos mais saudáveis, o que ocasiona a

expansão da produção orgânica. Com isso, o setor de alimentos precisa se adaptar às

mudanças significativas na demanda por estes produtos.

O mercado de produtos orgânicos, considerado atraente financeiramente, possui

dificuldades relacionadas à sua expansão, sendo uma das mais importantes a conversão dos

sistemas convencionais para sistemas orgânicos. As áreas exploradas com a agricultura

convencional, que tem suas defesas apoiadas na utilização de agrotóxicos e adubos minerais

ou agroquímicos, costumam gerar dificuldades para o produtor no decorrer do processo de

conversão.

Contudo, será que apenas os alimentos produzidos no sistema convencional

podem causar danos à saúde dos consumidores? Para que o mercado de produtos orgânicos

consiga seguir em desenvolvimento pleno, é fundamental que os programas de certificação

sejam mais eficientes, garantindo aos consumidores produtos saudáveis e dentro das normas

de segurança alimentar.

As condições do solo são responsáveis por grande parte do sucesso da agricultura

orgânica, pois as plantas necessitam das melhores condições para que consigam se

desenvolver e resistir, dentro do possível, a quaisquer fatores adversos. Por isso, a adubação

orgânica é considerada um fator determinante na capacidade produtiva de áreas ocupadas com

sistemas orgânicos. Outro fator, não menos importante, é o manejo adequado da irrigação.

Para o cultivo de hortaliças, o uso da adubação orgânica é fundamental,

contribuindo para aumentar a produtividade e a qualidade dos produtos obtidos. É possível

atribuir a ampliação da demanda por hortaliças devido as suas concentrações de vitaminas e

sais minerais, substâncias consideradas essenciais ao bom funcionamento do organismo

humano.

A alface (Lactuca sativa L.) é a hortaliça folhosa mais consumida no Brasil e

possui importância singular na dieta da população brasileira por ser utilizada como elemento

principal em saladas, provavelmente devido ao seu sabor, qualidade nutritiva e custo

acessível. Entre os diversos tipos cultivados a alface-americana é um dos que possui maior

aceitabilidade, o que reforça a necessidade de estudos detalhados sobre as suas exigências

hídricas e nutricionais.

Com isso, observa-se a necessidade de estudos voltados para a capacidade

produtiva da alface, sendo necessário determinar o manejo adequado para o seu cultivo.

14

O estudo teve como objetivo avaliar a capacidade produtiva da alface-americana sob

diferentes tratamentos de lâminas de irrigação e doses de composto orgânico, tendo como

hipótese que a cultura apresenta crescimento e produção comercial variáveis, moduladas pelos

tratamentos analisados.

15

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Agricultura orgânica

A agricultura orgânica é definida, principalmente, por ofertar produtos saudáveis,

isentos de contaminantes intencionais. De acordo com a Lei Nacional nº 10.831, de 23 de

dezembro de 2003, é considerado como sistema orgânico de produção agropecuária todo

aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos

naturais e socioeconômicos disponíveis, respeitando a integridade cultural das comunidades

rurais e tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos

benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não renovável e a proteção do

ambiente. Para isto, devem ser empregados métodos culturais, biológicos e mecânicos,

quando possível, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de

organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo

de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização (BRASIL,

2003).

A agricultura orgânica, segundo Espíndola et al. (2006), tem por princípio

estabelecer sistemas de produção baseados em tecnologias e processos que são originados a

partir de um conjunto de procedimentos, envolvendo a planta, o solo e as condições

climáticas. Estes sistemas devem ser capazes de produzir alimentos sadios e manter todas as

suas características originais, atendendo às expectativas dos consumidores.

Atualmente, os consumidores buscam alimentos mais saudáveis, o que ocasiona a

expansão da produção orgânica. A qualidade visual dos produtos orgânicos (tamanho,

coloração e formato) não era tão atraente quando comparados aos cultivados na agricultura

convencional. Porém, o equilíbrio dos solos garantiu à maioria dos produtos orgânicos,

qualidade visual equivalente aos convencionais. Desta forma, a expansão mundial do setor é

devido à existência de produtos com origem certificada, com qualidade e sustentáveis

(ALMEIDA et al., 2000; SOUZA, 2001).

Alencar (2005) ressaltou que o mercado promissor dos produtos orgânicos fez

com que muitos agricultores começassem a produzir, de forma individual ou em associação,

produtos sem agrotóxicos. O sucesso deste produto é constatado pela fácil aceitação por parte

dos consumidores e pela insuficiência de produção para atender ao mercado. Souza e Resende

(2003) reforçaram que a opção por alimentos orgânicos era justificada por possíveis

16

problemas de saúde ocasionados pela produção em larga escala nos cultivos convencionais,

com o uso maciço de agrotóxicos e fertilizantes químicos.

A produção de alimentos orgânicos, impulsionada pela crescente demanda nos

mercados americanos e europeus, tem crescido rapidamente em escala global nas últimas

décadas. Os países em desenvolvimento com grandes áreas orgânicas certificadas incluem

Argentina, Brasil, China e Índia (WILLER; ROHWEDDER; WYNEN, 2009).

Apesar das exigências em relação à adubação, a eficiência ou equilíbrio

energético da agricultura orgânica e sustentável, que constitui uma das metas para estes

sistemas, deve ser buscada de forma contínua, porém não deve ser um fator excludente para a

escolha da produção orgânica (SCHRAMSKI et al., 2013).

2.1.1 Agricultura orgânica no nordeste do Brasil

A agricultura orgânica pode ser definida como um sistema de cultivo que busca

seguir a ordem natural do ecossistema, excluindo o uso de agrotóxicos, fertilizantes solúveis,

hormônios e quaisquer tipos de aditivos químicos. Os sistemas devem ser considerados

economicamente produtivos, usar os recursos naturais com eficiência, respeitar o trabalho e

reduzir o uso de insumos externos. Os alimentos oriundos de um sistema orgânico precisam

ser livres de resíduos tóxicos, antes e após o processamento. A agricultura orgânica reúne

todos os modelos não convencionais de agricultura biodinâmica, natural, biológica,

permacultura ou agroecológica, contrapondo o modelo convencional (DAROLT, 2008).

O modelo agrícola de produção orgânica foi implantado no Brasil no início da

década de 1970, dentro de um cenário de discussão sobre os impactos causados pela crescente

força da agricultura convencional no país. Até o ano de 1995, o desenvolvimento da

agricultura orgânica no Brasil incidiu lentamente, porém, após este período, foi observado o

aumento de adeptos ao sistema de cultivo orgânico, impulsionados pela crescente demanda

(DAROLT, 2002).

A atividade agrícola no Nordeste é caracterizada desde a sua origem por um

modelo em que a exploração do solo está em desacordo com a sua sustentabilidade (ICID,

1992). O declínio da produtividade pode ser atribuído a sinais de degradação em grandes

áreas, sendo possível verificar casos de desertificação. O extrativismo irrestrito dos recursos

florestais, atividades relacionadas às queimadas e os grandes projetos de irrigação são alguns

dos fatores que ocasionam degradação (ALENCAR, 2005).

17

De acordo com Severino (2000), a agricultura orgânica pode ser considerada um

ótimo empreendimento para o Nordeste por ser caracterizada como a união de fatores como o

benefício social, o respeito ao ambiente e a viabilidade econômica, considerados os três

pilares para o desenvolvimento sustentável. O benefício social é atingido pela possibilidade de

pequenos produtores, associações e cooperativas produzirem de forma competitiva e terem

acesso ao mercado. Os benefícios relacionados ao ambiente são respostas lógicas aos

fundamentos do sistema de cultivo orgânico. O fator econômico é considerado uma resposta

da sociedade, que corrobora com o incentivo ao desenvolvimento de atividades

ambientalmente corretas e que reduzam as desigualdades sociais.

Segundo Alencar (2005), as propriedades orgânicas são diferentes em vários

aspectos da propriedade convencional, tais como: o planejamento da propriedade, a

diversificação e rotação das culturas, o manejo do solo, a interação com o ambiente, o baixo

custo energético dos produtos cultivados e a qualidade de vida dos agricultores, devido não se

exporem a contaminação durante a aplicação de agrotóxicos. Vale ressaltar que no sistema de

cultivo orgânico a baixa dependência de insumos externos possibilita a autonomia destas

propriedades, o que pode ser atribuído à forma organizada e planejada de uso dos recursos

existentes na área, recebendo a denominação de sistema integrado de produção.

No Nordeste brasileiro, um exemplo da importância da agricultura orgânica pode

ser observado no perímetro irrigado Tabuleiros Litorâneos, localizado no estado do Piauí.

A produção da acerola orgânica certificada ocupa a maior área plantada no perímetro e rende,

no mínimo, 5750 toneladas por ano, com aproximadamente 80% da produção em sistemas

orgânicos. A qualidade dos produtos já é reconhecida em todo o país, sendo adquiridos por

grandes empresas que comercializam nas centrais de abastecimento das capitais e nos

supermercados do Nordeste, Sul e Sudeste. Vale ressaltar que a produção já atingiu o nível de

exportação para a Europa e América do Norte (MARTINS, 2013; TABULEIROS... , 2014).

O investimento de 120 milhões de reais do programa Mais Irrigação foi

disponibilizado para a ampliação do perímetro irrigado Tabuleiros Litorâneos e uma das

metas do governo é a conversão do sistema de produção de todos os irrigantes para a

agricultura orgânica certificada. O sucesso deste projeto fará com que o perímetro tenha a

maior área contínua de fruticultura orgânica certificada do Brasil (MINISTÉRIO... , 2014).

De acordo com Shepherd et al. (2004), a transição dos sistemas convencionais

para orgânicos, procurando manter um baixo aporte de insumos, é geralmente acompanhada

por mudanças nas propriedades e nos processos químicos que afetam diretamente a fertilidade

do solo. As modificações incluem o uso de culturas de cobertura, estercos e aplicação de

18

compostos, procurando eliminar o uso de fertilizantes sintéticos. Clark et al. (1998) relataram

que tais mudanças afetam a disponibilidade de nutrientes para as culturas, pois alteram os

mecanismos de liberação dos nutrientes e influenciam as características químicas e físicas do

solo.

O Estado do Ceará apresenta aproximadamente 93% de sua área situada no

semiárido nordestino, sendo o restante em ambientes úmidos. A maioria das pequenas

propriedades é caracterizada por modelos de agricultura de subsistência e tradicional. Já as

áreas mais extensas são geralmente destinadas à fruticultura, com o uso maciço de insumos

químicos e maquinários. Os sistemas agrícolas considerados alternativos, especialmente os

sistemas orgânicos de produção, são implantados em várias áreas, expandindo cada vez mais

o número de adeptos da agricultura orgânica, impulsionados pela demanda gerada por um

mercado de consumidores que buscam alimentos produzidos sem agrotóxicos. As áreas

ocupadas com o sistema orgânico ainda não possuem representatividade marcante em relação

ao total de áreas cultivadas no Brasil, contudo, o crescimento anual estimado em 30% pode

significar que futuramente exista uma participação maior deste no setor alimentício

(DAROLT, 2002).

Algumas iniciativas de sistemas agrícolas alternativos foram implantadas através

dos anos em várias áreas do Estado do Ceará, geralmente enfatizando os sistemas de cultivo

orgânico. A implantação de uma das primeiras propostas voltadas para a agricultura orgânica

no nordeste do Brasil aconteceu no município de Tauá, no Estado do Ceará, no período de

1991 a 1996 (ALENCAR, 2005).

De acordo com Mapurunga (2000), a agricultura orgânica apresentava, no ano de

sua pesquisa, desenvolvimento considerável no Ceará, com destaque especial para a região da

Chapada da Ibiapaba, principalmente no município de Guaraciaba do Norte, onde alguns

agricultores decidiram migrar do cultivo convencional para o sistema orgânico de produção.

No mesmo ano, um estudo de Sousa (2000) ressaltou o intenso uso agrícola da região da

Ibiapaba, apontando evidências de forte degradação dos recursos vegetais, conduzindo a área

a um esgotamento do potencial edáfico e tornando os efeitos de lixiviação mais perceptíveis

em áreas escarpadas.

A região da Chapada da Ibiapaba é caracterizada pela produção de olerícolas e o

modelo de produção predominante é o convencional, no qual a dependência de aportes

energéticos e financeiros elevados gera uma produção final de alto impacto ecológico e baixa

margem de lucro aos agricultores. Ainda pode ser considerado como fator negativo, a redução

da qualidade de vida dos produtores e consumidores, devido aos possíveis efeitos nocivos dos

19

agrotóxicos utilizados no manejo das culturas, principalmente, quando utilizados de forma

incorreta. Os impactos causados ao ambiente pela agricultura convencional em Guaraciaba do

Norte são altamente relevantes, gerando discussões relacionadas à contaminação humana e do

ambiente proveniente do uso abusivo de agrotóxicos. Isto posto, é possível entender o maior

interesse da opinião pública em virtude da região ser considerada uma grande produtora de

hortifrutigranjeiros no Estado do Ceará (ALENCAR, 2005).

2.2 Adubação orgânica

As recentes mudanças na política global, com diretrizes ecológicas, a crescente

demanda por produtos orgânicos no mundo e as restrições impostas pelos países importadores

referentes à qualidade e segurança alimentar suscitam a necessidade de estudos e técnicas

alternativas para a produção de frutos e hortaliças, buscando minimizar a utilização de adubos

minerais ou agroquímicos (FONTANÉTTI et al., 2004).

Na agricultura orgânica, os custos com insumos externos geralmente são

reduzidos, pois não há uso de pesticidas e fertilizantes minerais, e ocorre aumento

considerável da reciclagem de nutrientes, através da adubação verde e compostos orgânicos

(OELOFSE et al., 2010).

O composto orgânico atua de forma a aumentar a capacidade de retenção da água,

mantém estável a temperatura e os níveis de acidez do solo e dificulta ou impede a

germinação de sementes de possíveis plantas invasoras, além de incrementar a matéria

orgânica e a atividade biológica do solo, melhorando a sua fertilidade (BULLUCK et al.

2002; SANTOS; MACHADO, 2011).

Uma das principais dificuldades no manejo requerido na prática da agricultura

orgânica se dá pelo volume de material e custo de transporte do composto orgânico até o local

de aplicação. Com isso, novas práticas são estudadas na tentativa de que o produto final possa

ser obtido em sua maior parte na propriedade, permitindo maior eficiência no uso dos recursos

disponíveis (MASSAD et al., 2010).

2.2.1 O uso da adubação orgânica em hortaliças

As hortaliças reagem de forma satisfatória à adubação orgânica, tanto em

produtividade como em qualidade dos produtos obtidos, sendo o esterco bovino a fonte mais

utilizada. Para os solos pobres em matéria orgânica é indicada a utilização de composto

20

orgânico, sendo considerada uma fonte eficiente e econômica para hortaliças (FILGUEIRA,

2008).

O uso do composto orgânico resulta em boa produtividade na cultura da alface.

Porém, é importante salientar, que o processo de preparo do composto deve ser realizado de

forma correta, eliminando possíveis resíduos de contaminação química e de outras substâncias

proibidas pela agricultura orgânica (RESENDE et al., 2007).

Yuri et al. (2004a), analisando o efeito do composto orgânico na cultura da alface,

verificaram que todas as características avaliadas foram influenciadas pelas diferentes doses

utilizadas do composto. Araújo et al. (2008), também estudando as respostas da cultura,

observaram que as menores dosagens dos compostos avaliados também foram consideradas

satisfatórias para o desenvolvimento da alface.

Souza et al. (2005) afirmaram que com a adubação orgânica não houve apenas o

aumento da produtividade da alface. Foi observado que com o aumento da dose de composto

orgânico aplicado na cultura da alface os teores de proteína bruta, fósforo, potássio e de

magnésio nas folhas também aumentaram. Porém, vale ressaltar, que a alface geralmente

apresenta boa resposta à adubação orgânica, no entanto, esta resposta é variável, dependendo

da cultivar e da fonte de adubo utilizada (FONTANÉTTI et al., 2006).

2.3 A cultura da alface

As hortaliças são consideradas excelentes fontes de vitaminas e sais minerais,

substâncias essenciais ao bom funcionamento do organismo humano. A digestão e o

funcionamento dos diversos órgãos são auxiliados pelo consumo das hortaliças, o que as

rotulam com alimentos protetores da saúde (MACEDO, 2006).

A alface pertence à família Asteraceae, do gênero Lactuca e espécie Lactuca

sativa L., que se origina de regiões de clima temperado, característico do sul da Europa e Ásia

ocidental. É uma planta herbácea delicada, com caule pequeno e folhas que crescem em

roseta, existindo variedades lisas e crespas que podem ou não formar cabeça e com coloração

em vários tons de verde ou roxa. O sistema radicular é ramificado e superficial, atingindo

0,25 m de profundidade, quando a cultura é transplantada. Já no sistema de semeadura direta,

a raiz principal pode atingir até 0,60 m de profundidade, porém as raízes prevalecem na

camada mais superficial (FILGUEIRA, 2008; RESENDE et al., 2007).

21

Lima (2007) afirmou que, geralmente, o ciclo da alface pode variar de 40 até 70

dias, dependendo do sistema (transplantio ou semeadura direta), da época de plantio (verão ou

inverno), da cultivar utilizada e do sistema de condução (no campo ou protegido).

Historicamente, o consumo da alface aumentou com a vinda da família real e sua

comitiva em 1808 para o Brasil, pois os portugueses sentiram falta das hortaliças que

costumavam consumir e passaram a promover a sua produção e o seu consumo. Sobre o valor

nutricional é importante destacar que a alface é rica em sais de cálcio e de ferro e contém

quantidades razoáveis das vitaminas B1, B2, B6, C e a pró-vitamina A, além de possuir baixo

valor calórico, sendo aconselhável em dietas por ser de fácil digestão (BASLAM et al., 2013;

FURTADO, 2008; KATAYAMA, 1993; LLORACH et al., 2008; MADEIRA;

REIFSCHNEIDER; GIORDANO, 2008).

A alface (Lactuca sativa L.) é a hortaliça folhosa mais consumida no Brasil e

compõe uma importante parcela na dieta da população brasileira, tanto pelo sabor e qualidade

nutritiva quanto pelo custo acessível, sendo considerada componente básico de saladas, tanto

em nível doméstico quanto comercial (COMETTI et al., 2004; MORETTI; MATTOS, 2006;

SANTOS et al., 2001). Oliveira et al. (2004) atribuíram tal fato à facilidade de aquisição e a

possibilidade de ser produzida durante o ano inteiro.

Yuri et al. (2002) afirmaram: “a alface americana se diferencia dos demais grupos

por apresentar folhas externas de coloração verde-escura, folhas internas de coloração amarela

ou branca, imbricadas, semelhantes ao repolho e crocantes.”

As mudanças nos hábitos alimentares e a popularização das cadeias de fast-food

elevam o consumo de alface-americana, a preferida para estes estabelecimentos. Antes do

fortalecimento dos setores que demandam a alface-americana, as alfaces consumidas no

Brasil eram, predominantemente, do tipo manteiga, lisa e crespa (YURI et al., 2004b).

Por fim, é importante salientar que, atualmente, os consumidores são

notavelmente mais exigentes, motivando a produção da alface em quantidade e com qualidade

e mantendo a regularidade em seu fornecimento para atender o mercado consumidor durante

todo o ano (BEZERRA NETO et al., 2005; OHSE et al., 2001).

2.4 Necessidades hídricas da cultura da alface

A estimativa da necessidade hídrica de uma cultura é realizada através do

conhecimento de sua demanda por água (ETc), que representa a quantidade de água

evapotranspirada. A evapotranspiração potencial da cultura (ETpc) é obtida através do produto

22

da evapotranspiração de referência (ETo) pelo coeficiente da cultura (Kc). A partir deste

conceito é possível concluir que a determinação do consumo de água de uma cultura depende

do conhecimento da ETo, variável que é dependente das condições climáticas do local em que

a cultura está implantada e das suas características fisiológicas e morfológicas, representadas

pelo seu Kc (DOORENBOS; KASSAM, 1979; OLIVEIRA NETO, 2009; PEREIRA; VILLA

NOVA; SEDIYAMA, 1997).

Miranda, Gondim e Costa (2006) relataram que a ETo pode ser mensurada através

de métodos diretos ou estimada por meio de informações climáticas. De acordo com

Sentelhas (2003), um dos métodos utilizados para obtenção da ETo é realizado com o uso de

evaporímetros e é conhecido como método do tanque classe A. Cintra, Libardi e Saad (2000)

ressaltaram que o balanço hídrico funciona como ferramenta para avaliar a intensidade de

entradas e saídas de água no solo e depende, principalmente, do conhecimento da cultura, por

esta influenciar a interpretação correta dos dados obtidos no balanço hídrico.

A alface é uma cultura exigente em água, tornando importante o manejo adequado

da irrigação, o que garante que as necessidades hídricas da cultura sejam supridas e reduz

possíveis problemas com doenças e lixiviação de nutrientes, contribuindo ainda com a

redução de gastos com água e energia (KOETZ et al., 2006).

De acordo com Gomes e Sousa (2002), a cultura da alface é extremamente

exigente em água, o que torna recomendável a utilização de irrigação por gotejamento, devido

a facilidade em controlar o teor de água no solo, mantendo-o próximo a capacidade de campo.

A irrigação por gotejamento, quando manejada adequadamente, permite uma maior eficiência

de aplicação de água, em consequência de um melhor controle da lâmina de irrigação

aplicada, menores perdas por evaporação, por percolação e escoamento superficial.

Um estudo realizado por Hamada e Testezlaf (1995) através do monitoramento

baseado na evaporação de um tanque classe A para manejar um sistema irrigação por

gotejamento, permite observar a produção da cultura da alface quando submetida a diferentes

lâminas de irrigação até a fase final de seu desenvolvimento. De acordo com os autores, 80%

a 90% da massa fresca foram produzidas nas duas semanas anteriores à colheita e as maiores

percentagens foram obtidas pelas maiores lâminas de irrigação. A eficiência no uso da água

decresceu à medida que lâminas maiores foram aplicadas, sendo as maiores eficiências

observadas no tratamento com aplicação de 60% da evaporação do tanque classe A. O

tratamento que era composto por uma aplicação de 120% da evaporação do tanque classe A

obteve maior produção e melhor qualidade da alface para comercialização.

23

Flecha (2004) observou que a produtividade relativa da cultura da alface apresenta

correlações lineares negativas com o estresse proveniente do excesso de água no solo.

O efeito do excesso de água na cultura pode ser identificado pela redução da altura da planta,

do diâmetro e do peso da parte aérea, podendo ocorrer ainda uma redução no diâmetro do

caule, porém, entre todas as variáveis analisadas, o peso da parte aérea foi o que apresentou

maior sensibilidade.

Martin et al. (2012) ressaltaram que atualmente existem modelos que relacionam

produção e água, ou seja, técnicas que permitem estimar a produção da cultura em função da

água por ela utilizada. Tais técnicas despertam grande interesse em pesquisadores, visto o

importante papel que podem desempenhar para auxiliar na gestão e otimização de recursos

hídricos, melhorando a gestão da irrigação em condições de déficit hídrico.

2.5 Produtividade dos fatores de produção

Frizzone (1993) definiu função de resposta ou de produção das culturas como uma

relação física entre as quantidades de certo conjunto de insumos e as quantidades físicas

máximas que podem ser obtidas do produto, de acordo com a tecnologia utilizada. Deste

modo, uma relação funcional entre os insumos e o produto é definida com a suposição de que

a função de resposta representa o valor máximo que pode ser obtido com o uso de cada

combinação de insumos.

De acordo com Monteiro (2004), existem diferentes aplicações das funções de

produção, por exemplo, determinar a relação entre a quantidade de água aplicada e os

benefícios resultantes, estimar a produção e avaliar as alterações relacionadas ao ambiente e a

produção das culturas.

Segundo Frizzone (1986), para a obtenção de uma função de produção é

necessária a realização de uma análise de regressão entre uma variável dependente e uma ou

mais variáveis independentes, conforme um modelo estatístico que possa representar esta

interação. É importante ressaltar que a natureza desta interação, contudo, é função das

condições edafoclimáticas, cultivares e técnicas de manejo utilizadas (FRIZZONE et al.,

1996; READMAN; KETTLEWELL; BECKWITH, 2002; SANDHU; ARORA; CHAND,

2002).

Frizzone (1993) ressaltou que para a realização de um estudo econômico de

determinada cultura ao uso de insumos é interessante delimitar a região de produção racional

24

que mostra as diversas combinações dos fatores e dos respectivos rendimentos que são

necessários para que seja possível alcançar melhores resultados econômicos.

A água é essencial para a produção das culturas, sendo necessário que o melhor

uso da água disponível seja realizado para a obtenção de uma produção satisfatória e com

altos rendimentos. Com isso, é importante que seja realizado o estudo correto da aplicação de

água, conhecendo os seus efeitos diversos de acordo com cada estágio de crescimento da

cultura (MONTEIRO, 2004).

Uma função de produção típica que envolve água e cultura é aquela que relaciona

lâmina de água aplicada durante um ciclo da cultura em relação à produtividade comercial.

As culturas, o meio e as diferentes práticas de manejo podem influenciar na relação entre a

produção agrícola e o consumo de água, o que define a produtividade da água para uma

cultura como a razão existente entre a quantidade produzida e a quantidade de água

consumida para obter tal produção (BERNARDO, 1998; PERRY et al., 2009).

A gestão dos recursos hídricos em nível da exploração agrícola engloba a adoção

de práticas de irrigação apropriadas que conduzam à economia de água, o que requer a

determinação de um calendário de irrigação otimizado para condições de aplicação de volume

de água limitado (PEREIRA; CORDERY; IACOVIDES, 2009).

De acordo com Playán e Mateos (2006), a produtividade da água pode ser

definida como a produtividade agrícola por unidade de volume de água aplicado.

O numerador pode ser expresso em termos de rendimento da cultura (kg ha-1

) ou

alternativamente, expresso em unidades monetárias (R$ ha-1

), que representa o valor bruto da

produção em um hectare. Este último é conveniente para que seja realizada a comparação

entre diferentes culturas ou diferentes manejos no uso da água. O volume de água por unidade

de área (m³ ha-1

) pode ser utilizado como denominador, resultando em um indicador de

produtividade da água (R$ m-3

).

Perry et al. (2009) explicaram que as culturas, o meio e as diferentes práticas de

manejo podem influenciar na relação entre a produção agrícola e o consumo de água,

definindo a produtividade de água para uma cultura como a razão existente entre a quantidade

produzida e a quantidade de água consumida para obter tal produção.

A adição de composto orgânico é considerada um fator positivo para o aumento

da produtividade da alface, sendo que todas as características estudadas apresentaram

influência pelas doses de composto utilizadas. Estudos concluíram que até mesmo as menores

dosagens dos compostos utilizados foram satisfatórias para o desenvolvimento da cultura

(YURI et al., 2004a; FONTANÉTTI et al., 2002; ARAÚJO et al., 2008). De acordo com

25

Fontanétti et al. (2006), a alface geralmente apresenta resposta positiva à adubação orgânica,

com resposta variável de acordo com a cultivar e a fonte de adubo utilizada.

26

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Caracterização do local do experimento

O estudo foi conduzido no Sítio Carcará, localizado no município de Guaraciaba

do Norte, Ceará (Figura 1). O clima da região é caracterizado como clima tropical chuvoso,

característico de áreas elevadas. De acordo com os critérios adotados pelo Sistema Brasileiro

de Classificação de Solos (Embrapa, 1999), os solos da área são classificados como

Neossolos Quartzarênicos, possuindo textura arenosa.

Figura 1 – Área experimental no Sítio Carcará, Guaraciaba do Norte,

CE

Fonte: Autora (2014).

O sistema orgânico de cultivo foi iniciado há dezessete anos no Sítio Carcará.

Porém, a área utilizada para a implantação do estudo, que se encontrava em extenso pousio,

foi escolhida de forma a evitar a influência de culturas e adubações anteriores. Com isso, é

possível afirmar que a área estava em ambiente apropriado para o desenvolvimento de um

projeto visando estudar o comportamento de uma cultura sob cultivo orgânico, pois a

propriedade já era explorada com este método de cultivo durante vários anos. Por outro lado,

27

a área utilizada para o estudo não apresentava todos os benefícios relacionados aos solos

cultivados de forma orgânica devido ao seu extenso pousio.

Os atributos físicos e químicos do solo da área foram determinados no

Laboratório de Solos e Água do Departamento de Ciências do Solo, pertencente ao Centro de

Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará. As amostras utilizadas para as análises

foram coletadas na camada de 0,0 m a 0,2 m, cujos resultados são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 – Atributos físicos e químicos do solo na camada arável (0,0 - 0,2 m)

Análise Química (0,0 - 0,2 m) Análise Física (0,0 - 0,2 m)

PO43- (mg dm-3) 36 Areia fina (g kg-1) 396

K+ (cmolc dm-3) 0,09 Areia grossa (g kg-1) 474

Ca2+

+Mg2+

(cmolc dm-3

) 2,70 Silte (g kg-1

) 83

Na+ (cmolc dm-3) 0,04 Argila (g kg-1) 47

Ca2+ (cmolc dm-3) 1,40 Argila natural (g kg-1) 32

Mg2+ (cmolc dm-3) 1,30 Densidade do solo (kg m-3) 1440

Al3+ (cmolc dm-3) 0,2 Densidade das partículas (kg m-3) 2610

M.O. (g kg-1) 9,72 Floculação (g 100g-1) 32

C/N 11 Água útil (g 100g-1) 2,08

pH 5,8 Classe textural Areia franca

CE (dS m-1) 0,23

Fonte: Laboratório de Solos e Água da Universidade Federal do Ceará (2014).

Filgueira (2008) orienta que, para a maior eficiência do desenvolvimento e,

consequentemente, da produção da alface, o pH deve ser mantido entre 6,0 e 6,8. A análise

das amostras revelou que o pH está praticamente no limite inferior do ideal.

Stockdale et al. (2002), estudando as diferenças existentes entre os solos

manejados em sistemas orgânicos e convencionais, observou acréscimo nos teores de matéria

orgânica. Porém, outras propriedades apresentaram mudanças mais variáveis, fato que foi

justificado pelas diferenças climáticas, técnicas de rotação de culturas, tipos de solos e

período em que o solo permaneceu com o manejo orgânico. Em geral, foi observado que o pH

é maior e a disponibilidade de nutrientes, particularmente o potássio, pode ser mais elevada

em sistemas de cultivo orgânico.

Yan, Schubert e Mengel (1996) destacaram a descarboxilação dos aminoácidos

como principal processo responsável pelo incremento do pH nos solos cultivados de forma

orgânica. Já Stockdale et al. (2002) defenderam que os mecanismos envolvidos na elevação

do pH em sistemas orgânicos incluem a adsorção de H+ na superfície dos materiais

28

adicionados, as condições que propiciam maior atividade microbiana na decomposição da

matéria orgânica, a substituição de hidroxilas da superfície dos sesquióxidos por ânions

orgânicos, a adição de cátions básicos e a produção de amônia durante a decomposição.

Sobre os teores de fósforo, Alencar (2005) observou que a adição sistemática de

material orgânico, principalmente na forma de compostos, estercos e resíduos orgânicos nos

sistemas orgânicos de produção proporcionou acréscimos consideráveis nos teores de fósforo

em relação aos originalmente encontrados, o que acontece de forma mais discreta nos

sistemas convencionais.

As aplicações sistemáticas de compostos orgânicos e a incorporação de culturas

de cobertura possibilitam maior aporte de bases trocáveis (cálcio, magnésio, potássio e

adicionalmente sódio) nos solos ocupados com sistemas orgânicos de cultivo ou até mesmo

com menor uso de insumos (CLARK et al., 1998; MADER et al., 2002; STOCKDALE et al.,

2002). De acordo com Hussain, Olson e Ebelhar (1999), o prevalecimento de maiores teores

de cálcio e magnésio nos sistemas de manejo orgânico, especialmente nas camadas

superficiais, decorre dos efeitos proporcionados pela ciclagem da matéria orgânica do

material adicionado que proporciona a liberação dos nutrientes e o aumento da CTC do solo.

Em relação aos teores de potássio, foi observado incremento com o aporte

contínuo de material orgânico no solo, prática comum nos sistemas orgânicos de cultivo

(REGANOLD, 1992; STOCKDALE et al., 2002). Clark et al. (1998), concluíram que após

quatro anos de produção os solos cultivados de forma orgânica exibiam maiores teores de

potássio em relação aos cultivados em sistema convencional.

Oliveira et al. (2002) explicaram que o aporte periódico de material orgânico em

solos sob sistema de cultivo orgânico costumam apresentar menor atividade química de

alumínio quando comparada a observada em sistemas convencionais, isto é justificado pela

maior quantidade de ligantes orgânicos na solução do solo e maior força iônica da solução.

3.2 Condução do experimento

O preparo do solo foi realizado através de técnicas de aração e gradagem e,

posteriormente, os canteiros foram levantados e foi realizado o coveamento (Figura 2).

29

Figura 2 – Preparo do solo

Fonte: Autora (2014).

O controle de plantas daninhas foi realizado através de capina manual (conforme a

necessidade). Algumas práticas agroecológicas eram adotadas na propriedade, tais como

barreiras de ventos naturais e faixas homeostáticas, para o controle de pragas. Para a cultura

da alface é importante manter o canteiro livre de plantas daninhas e com boa aeração, o que é

possível realizar com as ferramentas utilizadas nas capinas (enxadas, rastelos ou até mesmo

manualmente). Aos 49 dias após o transplantio (DAT) foi efetuada a colheita para que fosse

realizada a análise da produtividade (kg ha-1

).

As variáveis foram analisadas estatisticamente através de análise de variância.

Quando significativas em nível de 5% pelo teste F, foram realizadas análises de regressão,

para que fosse possível ajustar as equações através do software Sanest, sendo selecionado o

modelo de maior nível de significância e coeficiente de determinação (r2).

3.3 Irrigação

O sistema de irrigação utilizado no experimento foi localizado tipo gotejamento.

Nas linhas laterais foram utilizadas fitas gotejadoras da marca NaanDanJain, com vazão de

1,70 L h-1

e pressão de serviço de 100 kPa (1,0 kgf cm-2

), não autocompensantes.

30

Em cada canteiro foram utilizadas duas fitas gotejadoras com diâmetro nominal

de 16 mm e os gotejadores seguiram o espaçamento de 0,30 m (Figura 3). O sistema era

abastecido por um riacho, única fonte hídrica próxima à área em que o estudo fora realizado,

cuja água foi classificada como C1S1 (Tabela 2), o que indicou ausência de riscos referentes à

salinização ou sodificação.

Figura 3 – Implantação do sistema de irrigação por gotejamento

Fonte: Autora (2014).

Tabela 2 – Características químicas da água usada na irrigação da alface; condutividade

elétrica (CE) em dS m-1

Cátions (mmolc L-1) Ânions (mmolc L

-1) pH RAS CE Classificação

Ca²+ Mg²+ Na+ K+ Σ Cl- SO42- HCO3

- CO32- Σ

6,2 0,3 0,13 C1S1

0,4 0,8 0,2 0,1 1,5 1,0 - 0,4 - 1,4

Fonte: Laboratório de Solos e Água da Universidade Federal do Ceará (2014).

O manejo da irrigação foi realizado com base na reposição da lâmina de água

evapotranspirada durante um dia, a partir da evaporação de água do tanque classe A. O tempo

de irrigação utilizado em cada tratamento foi determinado conforme a Equação 1:

31

em que:

Ti: tempo de irrigação, h;

ECA: evaporação do tanque classe A, mm;

Kt: coeficiente do tanque;

Kc: coeficiente de cultivo da cultura;

Kr: coeficiente de redução da evapotranspiração;

Ap: área útil por planta, m2;

qe: vazão do emissor, L h-1

;

N: número de emissores.

É importante ressaltar que, para as características do solo da área utilizada, as

diferentes lâminas de irrigação analisadas dentro de um bloco não ofereceram riscos de

comprometer os dados do experimento, relativos à interferência entre tratamentos, devido à

estimativa de dimensões de bulbo molhado em irrigação por gotejamento superficial (MAIA;

LEVIEN, 2010).

As diferentes lâminas de irrigação utilizadas no estudo foram dispostas dentro de

cada bloco, conforme sorteio. O croqui da irrigação pode ser observado na Figura 4.

Figura 4 – Croqui da irrigação de um dos blocos do estudo

Fonte: Autora (2014).

32

3.4 Composto orgânico

O composto orgânico utilizado no estudo foi totalmente obtido na propriedade a

partir da mistura de bagaço de cana, resíduos de acerola, esterco de gado, esterco de galinha,

MB-4 (pó de rocha - fonte de Ca e Mg), fosfato e água (Figura 5). As características químicas

do composto podem ser observadas na Tabela 3.

Figura 5 – Composto orgânico utilizado no experimento

Fonte: Autora (2014).

Tabela 3 – Características químicas do composto orgânico utilizado na cultura da alface

g kg-1 mg kg

-1

N P P205 K K20 Ca Mg S Fe Cu Zn Mn

14,8 3,6 8,2 7,4 9,0 7,6 4,0 - 1697 23,6 81,9 228,2

Fonte: Laboratório de Solos e Água da Universidade Federal do Ceará (2014).

Leite (2002) defendeu que apesar dos elevados teores de fósforo comumente

encontrados em áreas com cultivos orgânicos, é necessário enfatizar o possível predomínio de

formas orgânicas de fósforo em tais circunstâncias, o que revelaria um residual deste

elemento que poderia ser transformado e liberado com a sucessão dos cultivos.

A disponibilidade de fosfatos no solo é aumentada pela adição de material

orgânico, com a participação de diversos processos. As reações envolvidas no aumento da

33

disponibilidade de fósforo em solos com sistemas orgânicos incluem a liberação do fósforo

indisponível através da ação de ácidos orgânicos e outros quelatos produzidos durante a

decomposição dos resíduos e excreções radiculares, o aumento na taxa de decomposição e a

com mineralização do fósforo, entre outras (STEVENSON, 1986; BALDOCK; NELSON,

2000).

De acordo com Kleper e Anghinoni (1995), o maior acúmulo de potássio na

superfície de solos cultivados de forma orgânica depende de fatores diretamente relacionados

com o tipo de solo, textura e mineralogia da argila, da umidade e da quantidade de matéria

orgânica adicionada na adubação.

O material orgânico adicionado nas frequentes adubações utilizadas no manejo

orgânico dos solos não interfere de forma impactante na disponibilidade de ferro, porém pode

corrigir eventuais deficiências, conforme a aplicação, melhorando a solubilidade do nutriente

(BALDOCK; NELSON, 2000).

Segundo Clark et al. (1998) observaram que quantidades elevadas de materiais

orgânicos proporcionaram, em algumas ocasiões, deficiências de cobre, o que foi justificado

por reações químicas do elemento com compostos orgânicos e outras substâncias originárias

durante a decomposição. O cobre possui elevada afinidade pela matéria orgânica, o que pode

reduzir a sua disponibilidade para as plantas.

Os solos utilizados com sistemas orgânicos de cultivo tem capacidade elevada de

fixação de zinco, o que é atribuído ao potencial das frações da matéria orgânica sobre a

complexação desse elemento. O zinco é capaz de formar complexos estáveis com os

componentes orgânicos do solo, aumentando a sua adsorção. Porém, os resultados costumam

variar de acordo com as características e a quantidade do material orgânico adicionado

(BALDOCK; NELSON, 2000; WATSON et al., 2002).

De acordo com Baldock e Nelson (2000), o efeito promovido pela matéria

orgânica na disponibilidade de manganês tem relação com as diferentes transformações deste

elemento no solo, formando complexos que reduzem a atividade em solução.

3.5 Cultura e método de cultivo

Para a realização do estudo foi escolhida a alface-americana (Lactuca sativa L.),

cv. Lucy Brown, caracterizada por possuir plantas volumosas, formando cabeça de tamanho

grande e tolerante ao pendoamento. Foi adotado o sistema de semeadura indireta, com

bandejas plásticas com 200 células, utilizando húmus de minhoca como substrato (Figura 6).

34

O transplantio foi realizado quando as mudas apresentaram, em média, sete folhas

definitivas (Figura 7).

Figura 6 – Semeadura indireta da alface (9 DAS)

Fonte: Autora (2014).

Figura 7 – Transplantio da alface

Fonte: Autora (2014).

35

No canteiro, foi seguido o espaçamento de 0,35 m entre linhas e 0,45 m entre

plantas. Os canteiros possuíam 1,0 m de largura e 30 m de comprimento, com espaçamento de

0,2 m entre canteiros, contendo três fileiras de plantas em cada um.

3.6 Delineamento experimental

O delineamento experimental utilizado foi em blocos inteiramente casualizados,

no esquema de parcelas subdivididas e quatro repetições, sendo as lâminas de irrigação

localizadas nas parcelas e as doses de composto orgânico dispostas nas subparcelas. Foram

consideradas 20 plantas centrais por parcela, sendo cinco plantas úteis por subparcela,

compondo 20 parcelas com 1,0 m de largura por 30,0 m de comprimento (30,0 m2) e 80

subparcelas, medindo 1,0 m de largura por 7,5 m de comprimento (7,5 m2).

Foram utilizadas cinco lâminas de irrigação que corresponderam a 50, 75, 100,

125 e 150% (W1, W2, W3, W4 e W5) da lâmina de irrigação requerida pela cultura, com base

no observado na evaporação de água diária do tanque classe A (ECA mm dia-1

), constituindo

os tratamentos primários e quatro doses de composto orgânico, tratamentos secundários,

correspondentes a 0,0, 2,0, 4,0 e 8,0 kg m-2

(C1, C2, C3 e C4). Os tratamentos primários foram

controlados por meio de registros localizados no início das linhas laterais e as doses de

composto orgânico foram aplicadas de forma convencional, a lanço, sobre os canteiros e

levemente incorporadas (Figuras 8 e 9).

Figura 8 – Croqui da área experimental

Fonte: Autora (2014).

36

Figura 9 – Croqui da adubação de um dos blocos do estudo

Fonte: Autora (2014)

3.7 Produtividade da água

A produtividade da água (PA) foi obtida pela relação entre a produtividade

comercial da cultura e a quantidade de água aplicada, conforme Equação 2:

em que:

PA: produtividade da água, kg m-3

, R$ m-3

ou kg ha-1

mm-1

;

Y: produtividade, kg ha-1

;

I: volume de água aplicado via irrigação por unidade de área, m³ ha-1

ou mm.

3.8 Eficiência do uso do composto orgânico

A eficiência de uso do composto orgânico foi calculada através da divisão do

incremento da produtividade pela quantidade de composto orgânico aplicado em um

determinado tratamento, conforme Equação 3:

em que:

EUC: eficiência do uso do composto orgânico, em kg de alface produzida por kg de

composto aplicado, kg kgap-1

;

Yt : produtividade de alface no tratamento “t”, kg ha-1

;

37

Y0 : produtividade de alface no tratamento mantido como controle, kg ha-1

;

Ct : quantidade de composto orgânico aplicado no tratamento “t” por unidade de área, kg ha-1

.

3.9 Produto físico marginal

O produto físico marginal de um determinado fator representa o incremento no

rendimento ao se adicionar uma unidade a mais do fator considerado. O produto físico

marginal é obtido através da derivada primeira da função de produção, em relação ao fator

considerado, sendo representado pela seguinte equação geral (Equação 4):

em que:

PMg (f): produto físico marginal do fator considerado;

dY/df: derivada da função em relação ao fator considerado.

38

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Produtividade comercial da alface em função dos fatores de produção

Os dados de produtividade comercial foram submetidos a um teste de

homocedasticidade, para que fosse verificada a normalidade dos dados. Através do teste

não paramétrico de Kolmogorov-Smirnov foi possível constatar que os dados se ajustam a

uma distribuição normal.

Os valores médios de produtividade da alface em função dos tratamentos com

diferentes lâminas de irrigação e doses de composto orgânico estão disponíveis na Tabela 4.

Tabela 4 – Produtividade da alface, em kg ha-1

, em função dos níveis de irrigação e doses de

composto orgânico

Níveis de

irrigação (%)

Doses de composto orgânico (kg m-2)

Médias C1

0,0

C2

2,0

C3

4,0

C4

8,0

W1 50,0 3310 4635 4475 4913 4333

W2 75,0 4008 4250 5358 4778 4598

W3 100,0 3215 5069 5129 4982 4599

W4 125,0 3551 4312 4767 4467 4274

W5 150,0 3688 3964 4023 5430 4276

Médias 3554 4446 4750 4914

Fonte: Autora (2014).

O tratamento W5C4 obteve a máxima produtividade total média observada,

equivalente a 5430 kg ha-1

, composta por 150% da lâmina de água requerida pela cultura e

8,0 kg m-2

de composto orgânico aplicado. Considerando todos os tratamentos referentes às

lâminas de água aplicadas (W1, W2, W3, W4 e W5), as menores produtividades da alface foram

obtidas para o tratamento C1, correspondente ao tratamento sem aplicação de composto

orgânico, comprovando a importância e o efeito do composto na produtividade da cultura.

As variações nos níveis de produtividade observados por outros autores,

comparados aos níveis obtidos nesta pesquisa, podem ser explicadas pelo potencial genético

de cada cultivar, pelas variações nos teores de água no solo durante a realização dos ensaios e

pelas condições climáticas das regiões nas quais foram cultivadas.

39

A Tabela 5 contém o resumo da análise de variância da produtividade da alface.

A respectiva análise revelou que a água não influenciou significativamente a produtividade da

cultura com Prob > F de 86,56%. Já o composto orgânico foi significativo em nível de

0,062%, porém, para a interação entre os fatores água e composto orgânico, os resultados não

foram significativos em nível de 5%.

A probabilidade de erro foi estimada em 0,062 e 68,71% ao se afirmar que o

composto orgânico ou a interação entre os fatores água e composto orgânico,

respectivamente, influenciaram o rendimento da cultura. É importante salientar que o efeito

do composto orgânico sobre a produtividade da alface foi mais evidente do que a influência

da água, quando analisados de forma isolada.

Tabela 5 – Resumo da análise de variância do rendimento da alface em função da água e do

composto orgânico Causas da Variação GL Teste F Prob > F

Lâminas de irrigação 4 0,3101 0,86560

Regressão linear 1 0,21023 0,65814

Regressão quadrática 1 0,56743 0,52838

Composto orgânico 3 7,4078 0,00062

Regressão linear 1 16,65271 0,00038

Regressão quadrática 1 5,25349 0,02509

Água x Composto orgânico 12 0,7604 0,68706

CV% (Água) 13,671

CV% (composto orgânico) 22,561

Fonte: Autora (2014).

Ao analisar o efeito das lâminas de irrigação sobre o rendimento da alface, através

da análise de regressão, foi possível constatar que nenhum dos modelos avaliados apresentou

efeito significativo.

Lima (2007) observou resultados semelhantes em relação ao comportamento da

alface referente às diferentes lâminas de irrigação aplicadas e atribuiu tais resultados ao fato

das condições estarem favoráveis ao desenvolvimento da cultura. Por isso, mesmo com a

aplicação de diferentes lâminas, o teor de água no solo permaneceu ideal para todos os

tratamentos.

De acordo com Flecha (2004), além dos dados similares, relatou a sensibilidade

da alface em relação ao excesso de irrigação e discorreu sobre os efeitos causados na planta:

redução da altura, do diâmetro, do peso da parte aérea e do diâmetro do caule, porém a maior

40

sensibilidade foi determinada no peso da parte aérea, o que está diretamente relacionado com

a produtividade da cultura.

Andrade Júnior, Duarte e Ribeiro (1992), por outro lado, analisaram o efeito de

quatro lâminas de irrigação aplicadas na alface em um Latossolo Amarelo. As lâminas foram

de 50, 75, 100 e 125% da lâmina de irrigação requerida pela cultura, com base no observado

na evaporação diária no tanque classe A e a produtividade apresentou resposta quadrática em

relação às diferentes lâminas aplicadas, atingindo os maiores valores com 75%.

Hamada e Testezlaf (1995), corroborando com os resultados obtidos neste estudo,

observaram que as análises de variância indicaram que os dados não apresentaram diferença

estatística, a 5% de significância, do efeito das diferentes lâminas de irrigação aplicadas sobre

os fatores de produção avaliados para a cultura da alface. Com isso, baseados em estudos

anteriores, os resultados foram considerados como fatores intrínsecos da cultura.

Por outro lado, para o composto orgânico foram obtidos resultados significativos e

o efeito das diferentes doses do composto sobre o rendimento médio da alface pode ser

explicado, conforme análise de variância da regressão, por um modelo quadrático (Figura 10),

com efeito significativo em nível inferior a 5%.

Figura 10 – Produtividade média da alface em função das doses de composto

orgânico

Fonte: Autora (2014).

Y = -36C2 + 452C + 3590

r² = 0,9856

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

0 2 4 6 8 10

Pro

du

tivid

ad

e m

édia

(k

g h

a-1

)

Dose de composto (kg m-2)

41

A equação ajustada permite a estimativa da máxima produtividade, equivalente a

5008,8 kg ha-1

, obtida com a aplicação de uma dose de composto orgânico de 6,3 kg m-2

,

conforme Equação 5:

em que:

Y : produtividade da alface, kg ha-1

;

C : dose de composto orgânico, kg m-2

.

Santos (2011), avaliando a influência do composto orgânico para a cultura da

alface constatou o valor médio de 69,8 g planta-1

de folhas comestíveis, utilizando uma dose

de composto orgânico de 9,0 kg m-2

, valores próximos aos observados nesta pesquisa, que foi

de 65,5 g planta-1

utilizando uma dose de composto orgânico de 8,0 kg m-2

.

Yuri et al. (2004a), estudando a resposta da alface-americana a diferentes doses de

composto orgânico (0,0, 2,0, 4,0, 6,0 e 8,0 kg m-2

) verificaram que todas as características

avaliadas foram influenciadas pelas doses utilizadas. A produtividade máxima foi obtida com

a dose de 5,94 kg m-2

do composto orgânico. Já Fontanétti et al. (2002) observaram que a

melhor resposta em termos de rendimento foi obtida com a dose de 4,0 kg m-2

.

De acordo com Santos et al. (1994), a máxima produtividade foi obtida com a

aplicação de 6,57 kg m-2

de composto orgânico, ocorrendo decréscimos com o incremento

das doses.

As hortaliças folhosas respondem muito bem à adubação orgânica e ao aumento

da produtividade da alface, relacionada com a aplicação de adubos orgânicos, afirmam

diversos autores (FONTANÉTTI et al., 2002; NICOULAUD; MEURER; ANGHINONI,

1990; OLIVEIRA et al., 2010; RICCI, 1994; TRANI et al., 2000; YURI et al., 2004a).

De acordo com Araújo et al. (2008), estudando as respostas da cultura, relataram que as

menores dosagens dos compostos utilizados também foram satisfatórias para o

desenvolvimento da alface.

Vidigal et al. (1995) afirmaram que a matéria orgânica adicionada ao solo na

forma de adubos orgânicos, de acordo com o grau de decomposição dos resíduos, pode ter

resposta imediata ou residual no solo, ou ambas. Corroborando com o estudo realizado por

Vidigal et al. (1995), Rodrigues e Casali (1999) avaliaram a aplicação de adubos orgânicos

em alface e constataram aumentos na produção e nos teores de nutrientes nas plantas.

42

A produtividade da alface pode estar relacionada às funções que os adubos

orgânicos exercem sobre as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, aumentando

os teores de macro e micronutrientes, visto que eles apresentam efeitos condicionadores e

aumentam a capacidade do solo em armazenar nutrientes necessários ao desenvolvimento das

plantas (ABREU, 2008; OLIVEIRA et al., 2010; PIMENTEL; DE-POLLI; LANA, 2009).

Fontanétti et al. (2006) afirmaram que a alface geralmente apresenta boa resposta

à adubação orgânica, com resposta variável de acordo com a cultivar e a fonte de adubo

utilizada.

Souza et al. (2005) afirmaram que com a adubação orgânica não houve apenas o

aumento da produtividade da alface. Foi observado que com o aumento da dose de composto

orgânico aplicado na cultura da alface os teores de proteína bruta, fósforo, potássio e de

magnésio nas folhas também aumentaram.

Santos (2011) concluiu que a aplicação de composto orgânico ao solo favoreceu o

desenvolvimento da alface, em comparação ao tratamento testemunha. Para o autor, os

resultados podem ser explicados pela mineralização de parte do composto orgânico e,

consequentemente, aumento da fertilidade do solo, além de melhorar a capacidade de

preservar a umidade do solo e aumento da atividade microbiana. Os menores resultados foram

verificados no tratamento testemunha, gerando como premissa, a deficiência nutricional das

plantas.

4.2 Produtividade da água

Os valores médios de produtividade da água ou eficiência de uso da água

relacionada à cultura da alface em função dos níveis de água e de composto orgânico,

expressos em kg ha-1

mm-1

podem ser observados na Tabela 6. O aumento das doses de

composto orgânico gerou incremento nos valores médios de produtividade da água em todos

os níveis de irrigação.

A máxima produtividade da água, 40,0 kg ha-1

mm-1

(ou 4,0 kg m-3

), foi obtida

com a menor lâmina de irrigação aplicada e a dose de composto orgânico de 8,0 kg m-2

. Já a

menor produtividade da água foi obtida no tratamento correspondente a maior lâmina de

irrigação e menor dose de composto orgânico.

O decréscimo nos valores de produtividade da água com o incremento da lâmina

de irrigação aplicada é uma decorrência da redução na taxa de aproveitamento da água pela

43

cultura, considerando as perdas que ocorrem no sistema à medida que se aumenta a aplicação

deste insumo.

Tabela 6 – Valores médios de produtividade da água (kg ha-1

mm-1

) em função dos níveis de

irrigação e de composto orgânico para o cultivo da alface

Lâminas de irrigação

(mm)

Doses de composto orgânico (kg m-2)

Médias C1 C2 C3 C4

0,0 2,0 4,0 8,0

W1 122,8 26,95 37,74 36,44 40,01 35,29

W2 184,1 21,77 23,09 29,10 25,95 24,98

W3 245,5 13,10 20,65 20,89 20,29 18,73

W4 306,9 11,57 14,05 15,53 14,56 13,93

W5 368,3 10,01 10,76 10,92 14,74 11,61

Médias 16,68 21,26 22,58 23,11

Fonte: Autora (2014).

Os modelos estatísticos que melhor se ajustaram à produtividade da água em

função dos fatores de produção água e composto orgânico são apresentados nas Figuras 11 e

12, respectivamente.

Figura 11 – Produtividade da água do cultivo da alface em função da lâmina de

irrigação aplicada

Fonte: Autora (2014).

PA = 0,0003W2 - 0,258W + 61,72

r² = 0,9988

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 100 200 300 400

Pro

du

tivid

ad

e d

a á

gu

a

(kg h

a-1

mm

-1)

Lâmina de irrigação (mm)

44

Figura 12 – Produtividade da água do cultivo da alface em função da dose de

composto orgânico aplicada

Fonte: Autora (2014).

Lorite, Mateos e Fereres (2004), analisando variações de lâminas de irrigação,

concluíram que a produtividade da água foi mais elevada para culturas hortícolas e frutíferas.

Santos e Pereira (2004), avaliando o comportamento da alface, observaram que os tratamentos

com maior lâmina de irrigação aplicada também tenderam a apresentar menor eficiência no

uso da água.

Gomes e Sousa (2002) observaram uma maior eficiência de uso da água em

relação à produção total e comercial da alface para as lâminas com base em 25% e 50% da

evaporação do tanque classe A, resultados semelhantes aos obtidos neste estudo, em que a

maior produtividade da água observada no tratamento em que foi utilizada a lâmina

correspondente a 50%.

Lima Junior et al. (2012), estudando o comportamento da alface-americana

submetidas a diferentes lâminas de irrigação, verificaram que a medida que os níveis irrigação

aumentaram, houve um decréscimo na eficiência no uso da água.

Boas et al. (2007) observaram o mesmo comportamento na cultura da alface e

complementaram relatando que com a utilização de lâminas maiores a eficiência tende a

decrescer até seu ponto mínimo, atingido seu máximo com lâminas menores.

Lima et al. (2012) ressaltaram que a irrigação com déficit é considerada eficaz no

aumento da produtividade da água para diversas culturas sem causar graves reduções de

PA = -0,1896C2 + 2,2857C + 16,89

r² = 0,9791

0

5

10

15

20

25

0 2 4 6 8 10

Pro

du

tiv

ida

de

da

ág

ua

(kg h

a-1

mm

-1)

Dose de composto (kg m-2)

45

rendimento. Porém, esta técnica exige profundo conhecimento da resposta da cultura ao

estresse hídrico, pois a tolerância varia de acordo com as suas características.

4.3 Eficiência de uso do composto orgânico

A eficiência de uso do composto orgânico para os tratamentos C2, C3 e C4 são de

44,6, 29,9 e 17,0 quilogramas de alface por tonelada de composto orgânico aplicado,

respectivamente. A ocorrência de valores decrescentes conforme o aumento da dose de

adubação sugere que a cultura é capaz de alcançar a estabilidade, sendo necessário encontrar o

nível ótimo de adubação para evitar perdas. A Figura 13 ilustra a relação existente entre a

eficiência do uso do composto orgânico em função das diferentes doses utilizadas.

Considerando o custo de aquisição de 1,0 t de composto orgânico no valor de R$

200,00 e o preço de venda de 1,0 kg de alface no valor de R$ 2,00, verifica-se que do ponto

de vista exclusivamente financeiro, só há racionalidade na aplicação deste fator de produção

para uma eficiência de uso superior a 100 quilogramas de alface por tonelada de composto

orgânico aplicado.

Figura 13 – Eficiência do uso do composto orgânico em função das diferentes

doses utilizadas; EUC em kg de alface produzida por kg de composto orgânico

aplicado, kg kgap-1

Fonte: Autora (2014).

EUC = -0,4404C + 51,05

r² = 0,9490

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

20 30 40 50 60 70 80

EU

C (

kg k

gap

-1)

Dose de composto (t ha-1)

46

Quadros (2010), estudando o efeito da variação de doses de composto orgânico na

produção da alface verificou o mesmo comportamento descrito: diminuição da eficiência de

uso do composto orgânico conforme aumento das doses analisadas.

Os ensaios de Yuri et al. (2004a) com alface-americana também revelaram o

mesmo comportamento da cultura a diferentes doses de composto orgânico, fixadas em 0,0,

2,0, 4,0, 6,0 e 8,0 kg m-2

.

4.4 Dose de composto orgânico economicamente ótima

As equações ajustadas da produtividade média da alface (kg ha-1

) em função das

doses de composto orgânico (kg m-2

), para cada um dos tratamentos referentes às lâminas de

irrigação aplicadas, estão contidas na Tabela 7. As equações foram obtidas através de uma

análise de regressão e possuem como variável independente a dose de composto orgânico

aplicada (C) e como variável dependente a produtividade da alface (Y).

Tabela 7 – Equações ajustadas da produtividade média da alface em função do composto

orgânico, para cada lâmina de irrigação

Lâminas de irrigação

aplicadas (mm)

Equações ajustadas Coeficientes de determinação

(r²)

122,8 Y = -37,528C2 + 476,91C + 3452,2 0,8347

184,1 Y = -44,989C2 + 480,68C + 3860,9 0,7549

245,5 Y = -78,938C2 + 829,13C + 3354,5 0,9072

306,9 Y = -46,545C2 + 488,19C + 3543 0,9990

Fonte: Autora (2014).

As equações dos produtos físicos marginais do fator de produção composto

orgânico para as lâminas de irrigação analisadas foram obtidas a partir da derivada das

equações de produtividade (Y) em função das doses de composto orgânico (C) para cada nível

deste fator, conforme as Equações 6, 7, 8 e 9 abaixo relacionadas:

47

A partir destas equações obtiveram-se os produtos físicos marginais

(Tabela 8). Os produtos físicos marginais foram maiores para as menores doses de composto

orgânico, decrescendo de acordo com o aumento das doses de composto aplicadas.

Os produtos físicos marginais negativos indicam que não é racional utilizar a dose de

composto orgânico correspondente a 8,0 kg m-² para os níveis de irrigação analisados.

Tabela 8 – Produto físico marginal do fator de produção composto orgânico para os diferentes

níveis de irrigação

Doses de composto orgânico

(kg m-²)

Lâmina de irrigação aplicada (mm)

W1 W2 W3 W4

122,8 184,1 245,5 306,9

C1 0,0 476,91 480,68 829,13 488,19

C2 2,0 326,798 300,724 513,378 302,01

C3 4,0 176,686 120,768 197,626 115,83

C4 8,0 -123,538 -239,144 -433,878 -256,53

Fonte: Autora (2014).

A dose de composto orgânico economicamente ótima é aquela que conduz a uma

produtividade que proporciona a máxima receita líquida, satisfazendo a condição do produto

físico marginal do composto orgânico se igualar ao quociente entre o preço do composto

orgânico (PC) e o preço do produto (PY). A dose de composto orgânico economicamente

ótima foi determinada considerando diferentes valores de PC/PY, devido a possibilidade de

variação do valor desta relação (Tabela 9).

Na Figura 14 é possível observar que praticamente não houve variação na dose de

composto orgânico economicamente ótima, com a variação da relação PC/PY. Os tratamentos

W2, W3 e W4 tiveram comportamento semelhante e foi possível observar uma elevação na

dose de composto orgânico economicamente ótima no tratamento com a menor lâmina de

irrigação aplicada.

48

Tabela 9 – Dose de composto orgânico economicamente ótima (kg m-2

)

em função da relação entre o preço do composto (PC) e o preço da alface

(PY)

PC/PY

Lâminas de irrigação aplicadas (mm)

122,8 184,1 245,5 306,9

90 5,1550 4,3420 4,6817 4,2775

91 5,1416 4,3308 4,6754 4,2667

92 5,1283 4,3197 4,6690 4,2560

93 5,1150 4,3086 4,6627 4,2452

94 5,1017 4,2975 4,6564 4,2345

95 5,0883 4,2864 4,6500 4,2238

96 5,0750 4,2753 4,6437 4,2130

97 5,0617 4,2642 4,6374 4,2023

98 5,0484 4,2530 4,6310 4,1915

99 5,0350 4,2419 4,6247 4,1808

100 5,0217 4,2308 4,6184 4,1701

101 5,0084 4,2197 4,6120 4,1593

102 4,9951 4,2086 4,6057 4,1486

103 4,9817 4,1975 4,5994 4,1378

104 4,9684 4,1864 4,5930 4,1271

105 4,9551 4,1752 4,5867 4,1163

106 4,9418 4,1641 4,5804 4,1056

107 4,9285 4,1530 4,5740 4,0949

108 4,9151 4,1419 4,5677 4,0841

109 4,9018 4,1308 4,5614 4,0734

110 4,8885 4,1197 4,5550 4,0626

Fonte: Autora (2014).

49

Figura 14 – Dose de composto orgânico economicamente ótima em função da relação

entre o preço do composto orgânico e o preço da alface

Fonte: Autora (2014).

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

90 95 100 105 110

Dose

de

com

post

o e

con

om

icam

ente

óti

ma (

kg m

-2)

PC PY-1

W1 W2 W3 W4

50

5 CONCLUSÕES

1. A aplicação dos fatores de produção água e composto orgânico permitiram elevar os níveis

médios de produtividade da alface em até 38,3%, sendo a produtividade máxima estimada

obtida com uma dose de composto orgânico equivalente a 6,3 kg m-2

.

2. O decréscimo inferior a 6% no nível de produtividade média observada da alface ao se

reduzir em 50% a lâmina de irrigação aplicada, demonstra que este fator de produção, além de

não ter sido limitante, possibilita o uso da estratégia de irrigação com déficit sem maiores

impactos no valor bruto da produção.

3. Os valores médios de produtividade da água incrementaram com o aumento das doses de

composto orgânico segundo um modelo quadrático, o qual sugere a aplicação de uma dose

equivalente a 6,0 kg m-2

para fins de uma maior eficiência de aproveitamento do insumo água

pela cultura da alface.

4. Considerando o preço atual do quilograma de alface a R$ 2,00 e os resultados de eficiência

do uso do composto orgânico, o custo da tonelada de composto orgânico deve ser inferior a

R$ 90,00 para viabilizar a aplicação deste fator de produção.

5. A dose de composto orgânico economicamente ótima praticamente não foi alterada com a

variação do fator de produção água e da relação entre o preço do composto orgânico e preço

do produto variando entre 90 e 110.

51

REFERÊNCIAS

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