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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE FÁRMACIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE CLÍNICA ODONTOLÓGICA FELIPE FRANCO MARÇAL PARÂMETROS FOTOANTROPOMÉTRICOS FACIAIS EM INDIVÍDUOS COM OSTEOGÊNESE IMPERFEITA FORTALEZA 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE FÁRMACIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM

DEPARTAMENTO DE CLÍNICA ODONTOLÓGICA

FELIPE FRANCO MARÇAL

PARÂMETROS FOTOANTROPOMÉTRICOS FACIAIS EM

INDIVÍDUOS COM OSTEOGÊNESE IMPERFEITA

FORTALEZA

2017

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FELIPE FRANCO MARÇAL

PARÂMETROS FOTOANTROPOMÉTRICOS FACIAIS EM INDIVÍDUOS

COM OSTEOGÊNESE IMPERFEITA

FORTALEZA

2017

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Odontologia, da Faculdade de

Farmácia, Odontologia e Enfermagem da

Universidade Federal do Ceará, como requisito

parcial para obtenção do título de mestre em

Odontologia, área de concentração: Clínica

Odontológica, área temática: Ortodontia

Orientadora: Profa. Dra. Thyciana Rodrigues

Ribeiro

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Aos meus queridos e amados pais,

Ana Zélia e Adauto.

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AGRADECIMENTOS

À Deus primeiramente por ter me mantido firme até aqui. Me deu força e ânimo para

encarar as dificuldades com seu imenso amor, mesmo quando os dias de luta pareciam não ter

fim. À sua presença que se renova todas as manhãs, meus agradecimentos e minha devoção.

Aos meus pais, que mantiveram suas mãos estendidas a mim em todo tempo sem

receber e nem esperar nada em troca, ao seu amor incondicional que só soma, ao seu carinho

sem fim, meus sinceros agradecimentos. Essa vitória é tão minha quanto de vocês.

Aos meus irmãos Anderson e David que sempre acompanham minha caminhada, ao

companheirismo de toda a vida, ao dia a dia que só me fortalece enquanto pessoa, meu

obrigado.

Aos meus familiares da família Franco e Marçal, que são luz na minha vida e

demonstram ser presentes em todas as minhas conquistas, meus sinceros agradecimentos. Às

avós Terezinha e Nilza, e, in memoriam, aos avôs Adail e Emanoel meu carinho sincero e

eterno.

À Dra Thyciana Rodrigues Ribeiro, que demonstrou ser uma orientadora especial, com

a firmeza no trabalho e a serenidade no jeito de ser. Trabalhamos desde o início em uma

harmoniosa parceria e cultivamos esse trabalho fruto de muita dedicação e zelo. Obrigado por

tudo.

Aos professores Cristiane Fonteles, Fabio Wildson Gurgel e Erlane Ribeiro, obrigado

por contribuírem com a presente pesquisa. O toque especial de cada um de você fez com que

essa dissertação fosse construída com tamanho cuidado.

Aos profs Cauby Maia e Ieda Rocha, meus agradecimentos pela orientação clínica nesse

período de mestrado. Tenho antiga admiração pelo profissionalismo de vocês que é inspirador

para minha prática clínica.

Ao professor Victor Feitosa, pois foi alguém que alavancou minha criticidade e meu

trabalho científico, mostrando como ser uma pessoa de caráter ímpar, um pesquisador a se

admirar e um amigo querido.

À Dra Lis Guerra, pela incentivo, pela amizade e pelos conselhos da vida acadêmica.

Manteve junto a mim me dando força e foi compreensiva por diversas vezes diante do meu

curso de especialização e do tempo que me ausentei do mesmo para as atividades do mestrado.

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Aos amigos Fernando Macedo, Samara Sales e Yan Barrozo, que se mostraram

presentes na minha vida, compartilhando ótimos momentos desde o período da graduação. Me

apoiaram desde o início do mestrado, sempre se fazendo presentes. São amigos que levo pra

sempre e que estão comigo nas minhas vitórias.

Ao projeto SEMENTE, que foi palco de muito aprendizado e conhecimento, meus

também obrigado pela vivência enriquecedora e às manhãs de segunda-feira de muito

aprendizado. Estendo esses agradecimentos aos integrantes do grupo pela excelente conivência,

a quem posso também citar os pós-graduandos Emerson Ponte, Renata Asfor, César Filho e

Rebeca Marinho.

Ao Programa de Educação Tutorial MEC-Sesu, que ainda está presente em mim, porque

foi o berço do meu primeiro contato com a docência e pesquisa, pude amadurecer muito do que

trouxe de bagagem dessa meu primeiro contato, e meu agradecimento também se estende aos

amigos que parte dele fizeram e ainda fazem na minha vida.

Ao PPGO, em nome do coordenador Dr. Vicente Saboia, porque um dia foi sonho e

hoje é minha vivência, porque é onde me sinto parte. Obrigado PPGO por ser um dos lugares

que mais me sinto em casa.

Aos amigos que construí/ fortaleci nesse mestrado, Diego Martins, Nara Sena, Joel

Barreto, Marcelo Sidou, Flávia Jucá, Elisa Martins, David Queiroz, Weslanny Moraes.

Agradecimento especial ao amigo Samuel Carvalho por ter me ensinado a manipular o

CorelDRAW X7 de maneira tão solícita.

Às alunas de graduação Lara Moreno, Carolina Figuereido e Andrezza Martins pelo

companheirismo nas pesquisas e pela produção científica que pudemos produzir nesse período

de mestrado. Um agradecimento particular à Lara Moreno pois esteve junto a mim na

realização dessa pesquisa de dissertação. Torço muito pelo sucesso profissional de todas vocês.

Por fim, a duas funcionárias da UFC que me apoiam e me ajudam desde o começo da

graduação, a Martinha da Ortodontia e a Lúcia do PPGO. Obrigado pelas gentilezas do dia a

dia. Demonstram gostar muito de mim, e o carinho é recíproco.

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“Nasceste para ser livre, não perfeito”

Autor desconhecido citado por uma paciente portadora de Osteogênese Imperfeita

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RESUMO

Osteogênese imperfeita (OI) é uma nomenclatura representativa de um conjunto de síndromes

com mutações para falhas no colágeno tipo I com repercussões qualitativas e quantitativas da

estruura óssea, onde podemos citar alterações morfológicas craniofaciais. Objetiva-se avaliar

parâmetros fotoantropométricos faciais em pacientes com OI. Para isso, foram selecionados 20

brasileiros com diagnóstico de OI do projeto SEMENTE (Fortaleza, Brasil), ambos os sexos,

em qualquer idade e capazes de entender e assinar o termo de consentimento livre e esclarecido

(TCLE), e 38 brasileiros não-sindrômicos, como grupo controle, ASA I, capazes de entender e

assinar o TCLE e pareados por sexo, idade e perfil facial de Burstone. Como critérios de

exclusão dos grupos: tratamento ortodôntico finalizado ou iniciado, trauma e/ou cirurgia em

região craniofacial e presença de qualquer outra doença sistêmica. Será realizada análise

fotoantropométrica dos 18 parâmetros faciais de STENGEL-RUTKOWSKI et al. (1984),

previamente estabelecida na literatura para síndromes. Um único examinador realizou todas as

medidas efetivas e angulares virtualmente pelo CorelDRAWX7. Orelhas encurtadas

horizontalmente em relação a largura auricular (p=0,003), mais longos em relação à face

(p<0.001) e narizes mais inclinados para baixo (p=0,020) mostram-se como alterações

relacionadas ao grupo de indivíduos com OI. A etiopatogênese dessas alteraçãos encontradas e

de suas relações fenotípicas ainda precisam ser alvo de futuros trabalhos para validação desses

resultados.

Palavras-chaves: Osteogênese Imperfeita, Face, Fotografia.

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ABSTRACT

Imperfecta Osteogenesis (IO) is a representative nomenclature of an amount of syndromes with

mutation in Collagen Type I and qualitative/ quantitative repercussion in bone structure where

it’s can be cited morphological craniofacial alterations. The objective of the present study is to

evaluate photoantropometric facial parameters in OI patients. Twenty Brazilians with previous

diagnosis of OI were selected from SEMENTE project (Fortaleza, Brasil), both sexs, without

age restriction, able to comprehend and to sign the Informed Consent Form (ICF). As control

group, 38 Brazilian non syndrome were selected, ASA I, able to comprehend and to sign the

ICF and they were paired for sex, age and facial profile of Burstone referent to OI group. As

exclusion criteria: orthodontic treatment finalized or started, craniofacial trauma or surgery and

presence of any other systemic disease. It was performed photoantropometric analysis of 18

facial parameters of STENGEL-RUTKOWSKI et al. (1984), established for syndromes

previously. A unique examiner performed all effective and angular measures virtually by

CorelDRAWX7. Horizontal shortened ears in relation to auricular width (p = 0.003), vertical

longer in relation to the face (p <0.001) and noses with clockwise inclination (p = 0.020) were

shown to be related changes in the group of individuals with OI. The etiopathogenesis of these

alterations and their phenotypic relationships still need to be the subject of future work to

validate these results.

Key-words: Imperfecta Osteogenesis, Face, Photography.

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LISTA DE FIGURAS, QUADROS E GRÁFICOS

Figura 1: fluxograma do recrutamento de pacientes com Osteogênese Imperfeita.....................24

Figura 2: imagens representativas dos parâmetros faciais 1-9 de STENGEL-RUTKOWSKI et

al., 1984.......................................................................................................................................27

Figura 3: imagens representativas dos parâmetros faciais 10-18 de STENGEL-RUTKOWSKI

et al., 1984...................................................................................................................................28

Quadro 1: Descrição de características clínicas de pacientes com diferentes tipos de

Osteogênese Imperfeita segundo SILLENCE et al., 1979 a, b...................................................14

Quadro 2: Classificação de Severidade da Osteogênese Imperfeita de DIJK e SILLENCE

(2014) .........................................................................................................................................15

Quadro 3: 18 critérios listados de STENGEL-RUTKOWSKI et al., 1984.................................26

Quadro 4: nomenclaturas de medidas utilizadas por cada parâmetro de distribuição percentual de

STENGEL-RUTKOWSKI et al., 1984 para estudo

individual.................................................................................................................................................29

Tabela 1 : caracterização das distâncias fotoantropométricos individuais utilizadas para avaliar

distribuição (a partir da metodologia de STENGEL-RUTKOWSKI et al., 1984) em indivíduos

com Osteogênese Imperfeita e controles pareados......................................................................32

Tabela 2: avaliação dos 18 parâmetros fotoantropométricos da metodologia de STENGEL-

RUTKOWSKI et al., 1984 avaliados em indivíduos com Osteogênese Imperfeita (OI) em

relação a indivíduos controles pareados......................................................................................34

Tabela 3: avaliação das distâncias individuais e dos 5 ângulos fotoantropométricos avaliados

em indivíduos estudados por variável sexo.................................................................................35

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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

AC Altura da concha auricular

AFM Altura facial Média

AFMI Altura da face média + inferior

AQ Altura do queixo

ASA Associação Americana de Anestesiologia

CM Comprimento maxilar

CPPN Comprimento da porção posterior nasal

CVO Comprimento vertical das orelhas

DIAN Distância inter-alar nasal

DIC Distância Inter-cantal

DNL Distância nasolabial

GCON Grupo Controle

GOI Grupo Osteogênese Imperfeita

LB Largura da boca

LC Largura da concha auricular

LFP Largura das fissuras palpebrais

LO Largura das orelhas

Mm Milímetros

PRN Profundidade da raiz nasal

PVO Posição vertical das orelhas

RHF Referência horizontal facial

RHF Referência horizontal facial

RHF Referência horizontal facial

RHF Referência horizontal facial

RHF Referência horizontal facial

RHF Referência vertical facial

RVF Referência vertical facial

RVF Referência vertical facial

RVF Referência vertical facial

RVF Referência vertical facial

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL................................................................................................13

2. OBJETIVOS...................................................................................................................19

2.1 Objetivo Geral....................................................................................................19

2.2 Objetivos Específicos.........................................................................................19

3. CAPÍTULOS...................................................................................................................20

3.1 Capítulo 1: “Parâmetros Fotoantropométricos Faciais em Indivíduos com

Osteogênese Imperfeita” .........................................................................................21

4. CONCLUSÕES GERAIS...............................................................................................44

REFERÊNCIAS....................................................................................................................45

ANEXO.................................................................................................................................48

ANEXO A: “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”...............................................49

APÊNDICE...........................................................................................................................53

ANEXO B: “Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa em Humanos”...........................54

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1. INTRODUÇÃO GERAL

A primeira descrição da nomenclatura “Osteogênese Imperfeita” foi em

1849, onde a fragilidade óssea foi observada acompanhada da esclera azul e a surdez em

uma mesma condição sistêmica, as quais ganharam maior destaque na definição e

caracterização da síndrome (VROLIK, 1849; WEIL, 1981).

A maioria dos pacientes portadores dessa síndrome apresentam mutações

dominantes em um dos dois genes, COL1A1 e COL1A2, que codificam para colágeno

tipo I (WALTIMO et al., 2005). VAN DIJK E SILLENCE (2014) mostraram, através

de uma revisão de parâmetros genéticos, que existem 17 diferentes mutações mapeadas

geneticamente já documentadas. Dentre essas, o cromossomo 17 é o que apresenta

maiores mutações diferentes registradas (n=6), porém existe uma significante

distribuição das mutações em diferentes cromossomos repercutindo na OI. JORDE et al.

(2004) registou que a OI afeta 1 a cada 10.000 indivíduos, em todos os grupos étnicos.

As mutações da OI levam a mudanças quantitativas e qualitativas nesse

colágeno tipo I, principal proteína estrutural do osso e da dentina, e, posteriormente, ao

déficit de mineralização dos tecidos ósseos (WALTIMO-SIREN et al., 2005). Esses

autores ainda pontuaram que, além da fragilidade óssea, susceptível a fraturas múltiplas,

os pacientes podem exibir baixa estatura, deficiência auditiva, esclerótica azul,

dentinogênese imperfeita, bem como deformidades esqueléticas que também afetam as

estruturas corporais.

SILLENCE et al. (1979 a, b) mostrou que existe uma grande variabilidade

na presença e gravidade das características dos pacientes com OI. Dessa forma, alguns

pacientes com a síndrome apresentavam considerável deformidade esquelética com

esclera normal, enquanto outros têm pouca deformidade com esclera muito azul,

exemplificando a diversidade da fenotipagem da síndrome. Nesse contexto, foi

estabelecida uma divisão de pacientes através de parâmetros clínicos, radiográficos,

hereditários e de fenotipagem em 4 subgrupos (SILLENCE et al., 1979 a, b) (Quadro 1).

Mais tarde, novos tipos distintos foram citados em literatura (GLORIEUX et al., 2000,

2002), mas a maioria dos casos pode ser classificada em tipos I-IV de OI.

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Quadro 1: Descrição de características clínicas de pacientes com diferentes tipos

de Osteogênese Imperfeita segundo SILLENCE et al., 1979 a, b.

VAN DIJK e SILLENCE (2014) citaram que o estabelecimento do 5° tipo

dessa síndrome ocorreu no “Meeting of the International Nomenclature group for

Constitutional Disorders ICHG of the Skeleton, 2010”, sendo as principais

características desse novo tipo: moderada a severa fragilidade óssea, esclera normal,

desenvolvimento de calos hiperplásicos, eventual deslocação da cabeça do radio. Esses

mesmos autores propuseram uma classificação de severidade, baseado em um estudo de

231 crianças apuradas de 22 diferentes pesquisadores de 11 países (Quadro 2).

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Quadro 2: Classificação de severidade da osteogênese imperfeita de DIJK e

SILLENCE (2014)

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17

A má formação dentinária, encontrada nesse público de pacientes com OI,

designada como dentinogênese imperfeita tipo I, foi primeiramente bem descrita por

SHIELDS et al. (1973), a sendo bem caracterizado em diferentes níveis de diagnóstico,

revisado por WALTIMO (2002). A dentinogênese imperfeita trata-se de uma herança

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autossômica dominante (PARKASH e JOSHI, 1998), e caracteriza-se por um defeito

hereditário da dentina, originado durante o estágio de histodiferenciação da

odontogênese (HUTCH et al., 2002). A dentição decídua é a mais susceptível aos

defeitos hereditários da dentinogênese imperfeita (MC DONALD, AVERY, 2011). A

dentinogênese imperfeita pode ser classificada em: tipo I, associado à OI; tipo II,

quando existem alterações apenas nos dentes; e tipo III, onde somente os dentes são

acometidos, porém com achados clínicos variados como exposições pulpares e coroas

em forma de sino (SHIELDS, BIXLER, EL-KAFRAWY, 1973; KIM e SIMMER,

2007). MC DONALD e AVERY (2011), SHAFER, HINE, BARNEY (1985) citam que,

quando a dentina é exposta, esta apresenta consistência mole e desgasta-se rapidamente,

chegando a ficar em nível cervical, o que leva à perda da dimensão vertical na oclusão

do paciente. Em relação a outras alterações dentárias, nesse público de pacientes OI,

O’CONNELL e MARINI (1999), e CHEN et al. (2012) documentaram, em pacientes

com OI coroas com aparência bulbosa, constrição acentuada na junção cemento-

esmalte, raízes estreitas, grandes canais radiculares devido à formação de dentina com

defeito e taurodontismo com câmaras pulpares ampliadas. LUKINMAA et al. (1987)

apresentou a hipodontia sendo mais comum em pacientes com OI do que em população

sem esse acometimento.

Em relação ao tratamento da OI, BRUMSEN, HAMDY e PAPAPOULOS

(1997) citaram, primeiramente, em revisões sobre terapêutica com bisfosfonatos, como

uma possibilidade válida de um tratamento médico eficaz no contexto clínico de OI,

sendo mais tarde revisado por EGHBALI-FATOURECHI (2014) como uma terapêutica

estabelecida com melhora de qualidade de vida em crianças e por LINDAHI et al.

(2014) em adultos. RICE (1997) afirma que os bisfosfonatos aumentam a densidade

óssea, principalmente através da redução da atividade osteoclástica. Durante o

desenvolvimento craniofacial, além da participação no desenvolvimento e remodelação

dos ossos endocondrais, os osteoclastos são essenciais para a esfoliação dos dentes

decíduos e erupção dos dentes permanentes, além de reabsorção das superfícies internas

dos ossos endocondrais, criando, assim, por exemplo, espaço para o neurocrânio.

ORMISTON e TIDEMAN (1995), e KINDELAN et al. (2003) citaram que o aumento

das possibilidades de tratamento melhorou significativamente a qualidade de vida de

pacientes com OI, e mais atenção tem sido dada as alterações diversas dessa síndrome.

Além das alterações clássicas, também são citadas alterações craniofaciais

morfológicas nesses pacientes. Dentre as alterações craniofaciais mais citadas na

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literatura, estão a forma triangular da face, o tamanho relativamente grande da cabeça e

calvária macia (WALTIMO-SIREN et al., 2005). Apesar desses relatos, estudos prévios

que investiguem sistematicamente alterações craniofaciais são escassos, apesar de

estudos radiográficos prévios recentes já terem identificados medidas craniofaciais

diminuídas e distorcidas (WALTIMO-SIREN et al., 2005; CHANG et al., 2007). Essa

recente busca surgiu a partir de estudos prévios pós validação dos bisfosfonatos e

melhora clínica dos pacientes portadores de OI, que chamou atenção a outras alterações

da OI.

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2. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Estudar parâmetros fotoantropométricos faciais em pacientes com Osteogênese

Imperfeita e compará-los com indivíduos controle.

3.2 Objetivos específicos

Determinar o perfil fotoantropométrico facial de indivíduos com

Osteogênese Imperfeita e compará-los com indivíduos controle.

Estudar parâmetros fotoantropométricos faciais em pacientes com

Osteogênese Imperfeita e em indivíduos controle por sexo.

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21

3. CAPÍTULOS

REGIMENTO INTERNO

Esta tese está baseada no Artigo 46 do Regimento Interno do Programa de Pós-

graduação em Odontologia da Universidade Federal do Ceará que regulamenta o

formato alternativo para dissertações de Mestrado e teses de Doutorado e permite a

inserção de artigos científicos de autoria ou co-autoria do candidato. Por se tratar de

pesquisas envolvendo seres humanos, os projetos de pesquisa dos trabalhos referente ao

capítulo 1 foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do

Ceará sob o protocolo nº 1234559, conforme o ofício eletrônico de 18 de setembro de

2015 (Anexo B). Assim sendo, este trabalho de dissertação composto de um artigo a ser

submetido para publicação, conforme descrito abaixo:

Capítulo 1 “Parâmetros Fotoantropométricos Faciais em Indivíduos com Osteogênese

Imperfeita”

Autores: Marçal F.F., Moreno L.M., Costa F.W.G., Ribeiro E.M., Fonteles C.S.R.,

Ribeiro T.R.

Esse artigo será submetido a publicação no periódico American Journal of Human

Genetics (ISSN 0002-9297).

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3.1 Capítulo 1: “Parâmetros Fotoantropométricos Faciais em Indivíduos com

Osteogênese Imperfeita”

Autores: Marçal F.F., Moreno L.M., Costa F.W.G., Ribeiro E.M., Fonteles C.S.R.,

Ribeiro T.R.

Esse artigo será submetido a publicação no periódico American Journal of Human

Genetics (ISSN 0002-9297).

RESUMO

Osteogênese imperfeita (OI) é uma nomenclatura representativa de um conjunto de

síndromes com mutações para falhas no colágeno tipo I com repercussões qualitativas e

quantitativas da estruura óssea, onde podemos citar alterações morfológicas

craniofaciais. Objetiva-se avaliar parâmetros fotoantropométricos faciais em pacientes

com OI. Para isso, foram selecionados 20 brasileiros com diagnóstico de OI do projeto

SEMENTE (Fortaleza, Brasil), ambos os sexos, em qualquer idade e capazes de

entender e assinar o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), e 38 brasileiros

não-sindrômicos, como grupo controle, ASA I, capazes de entender e assinar o TCLE e

pareados por sexo, idade e perfil facial de Burstone. Como critérios de exclusão dos

grupos: tratamento ortodôntico finalizado ou iniciado, trauma e/ou cirurgia em região

craniofacial e presença de qualquer outra doença sistêmica. Será realizada análise

fotoantropométrica dos 18 parâmetros faciais de STENGEL-RUTKOWSKI et al.

(1984), previamente estabelecida na literatura para síndromes. Um único examinador

realizou todas as medidas efetivas e angulares virtualmente pelo CorelDRAWX7.

Orelhas encurtadas horizontalmente em relação a largura auricular (p=0,003), mais

longos em relação à face (p<0.001) e narizes mais inclinados para baixo (p=0,020)

mostram-se como alterações relacionadas ao grupo de indivíduos com OI. A

etiopatogênese dessas alterações encontradas e de suas relações fenotípicas ainda

precisam ser alvo de futuros trabalhos para validação desses resultados.

Palavras-chaves: Osteogênese Imperfeita, Face, Fotografia.

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INTRODUÇÃO

Osteogênese imperfeita (OI) é uma nomenclatura representativa de um

grupo heterogêneo de síndromes hereditárias do tecido conjuntivo, caracterizando,

principalmente, fragilidade óssea desses pacientes no decorrer da vida (BALJET, 2002).

A maioria dos pacientes apresentam mutações dominantes em um dos dois genes,

COL1A1 e COL1A2, que codificam para colágeno tipo I (WALTIMO-SIREN et al.,

2005). Essa síndrome afeta 1 a cada 10.000 indivíduos, em todos os grupos étnicos

(JORDE et al., 2004).

As formas autossômicas dominantes mais prevalentes são causadas por

defeitos primários com colágeno tipo I, enquanto as formas autossômicas recessivas são

causadas pela deficiência de proteínas que interagem com o procolágeno tipo I

(FISHMAN, 1979). As mutações da OI levam a mudanças quantitativas e qualitativas

nesse colágeno, principal proteína estrutural do osso e da dentina, e, posteriormente, ao

déficit de mineralização dos tecidos ósseos (WALTIMO-SIREN et al., 2005).

A variabilidade na fenotipagem indica a complexidade no entendimento da

etiopatogênese dessas alterações, onde além da fragilidade óssea, susceptível a fraturas

múltiplas, os pacientes podem exibir diversas outras alterações como baixa estatura,

deficiência auditiva, esclerótica azul e dentinogênese imperfeita tipo I (WALTIMO-

SIREN ET AL., 2005). A partir dessas múltiplas parâmetros genéticos, clínicos e

radiográficas, criou-se uma classificação em quatro subgrupos a fim de identificar

aqueles tipos mais encontrados e relatados na literatura científica, a fim de melhor

descrever a OI e suas diferentes repercussões fenotípicas (SILLENCE et al., 1979a, b).

A terapia com bisfosfonatos reduzem significativamente o número de

fraturas, aumentando assim a qualidade de vida de pacientes com OI (KINDELAN et

al., 2003). Dessa forma, mais atenção tem sido dada as alterações diversas dessa

síndrome, como as alterações craniofaciais. O desenvolvimento craniofacial anormal

pode provocar, além de problemas estéticos, alterações funcionais, como na fala e

mastigação (ORMISTON e TIDEMAN, 1995; KINDELAN et al., 2003). Os achados

craniofaciais clínicos documentados dessa síndrome são direcionados a forma triangular

da face, o tamanho relativamente grande da cabeça e calvária macia (WALTIMO-

SIREN ET AL., 2005).

Apesar da existência de dados faciais específicos documentados em

literatura, não existe registro científico de trabalhos que realizaram, em pacientes com

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24

osteogênese imperfeita, avaliação sistemática de parâmetros faciais de tecidos moles. Os

achados faciais documentados apresentam-se como resultados secundários dos estudos

previamente publicados, geralmente em abordagem qualitativa. Portanto, o objetivo do

presente estudo foi avaliar sistematicamente parâmetros faciais em indivíduos com OI.

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25

MATERIAIS E MÉTODOS

Tipo, Amostra e Local do Estudo

O estudo desenvolvido caracterizou-se como um estudo clínico transversal

de caráter quantitativo, onde foram recrutados 23 pacientes com diagnóstico prévio de

OI (GOI) encaminhados ao atendimento odontológico de pacientes pediátricos com

necessidades especiais (Projeto SEMENTE – Serviço de Extensão a Menores

Necessitando de Tratamento Especializado) do curso de Odontologia da Universidade

Federal do Ceará para análise fotoantropométrica facial, segundo fluxograma mostrado

na figura 1. Um total de 46 pacientes não-sindrômicos (GCON) pareados por idade e

sexo foram selecionados para o grupo controle, a partir de atendimentos da Clínica de

Odontopediatria do curso de Odontologia da Universidade Federal do Ceará, campus

Fortaleza. Esses pacientes foram recrutados do período de 01 de janeiro de 2015 ao dia

01 de janeiro de 2016.

Figura 1: fluxograma do recrutamento de pacientes com Osteogênese Imperfeita

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26

Critérios de Inclusão

Os critérios de inclusão para o grupo GOI foram:

Pacientes portadores de Osteogênese imperfeita;

Brasileiros;

Indivíduos de ambos os sexos,

Qualquer idade;

Pacientes registrados no Projeto Semente / UFC;

Capazes de compreender e assinar o termo de consentimento livre e

esclarecido, ou se menor de idade que apresentem consentimento por parte dos

pais ou responsáveis legais para participar do estudo.

Para o grupo GCON, os critérios de inclusão foram:

Pacientes não-sindrômicos;

Brasileiros;

ASA I (Associação Americana de Anestesiologia);

Capazes de compreender e assinar o termo de consentimento livre e

esclarecido, ou se menor de idade que apresentem consentimento por parte dos

pais ou responsáveis legais para participar do estudo;

Pareados com sexo, idade e perfil facial de Burstone.

Para o pareamento com a idade, foi assumida uma margem de 2 anos para mais e

para menos para pacientes com faixa etária entre 15-30 e de 5 anos para a faixa

etária de 30-45.

Critérios de Exclusão

Foram excluídas do estudo casuísticas (GOI e GCON) que apresentem:

Tratamento de má oclusão iniciado ou concluído;

Paciente com trauma prévio e/ ou cirurgia realizada em região

craniofacial;

Paciente com doença sistêmica, (com exceção da OI para o grupo GOI).

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27

Análise Fotoantropométrica

Para análise fotoantropométrica foram analisados os 18 parâmetros de STENGEL-

RUTKOWSKI et al. (1984) (quadro 3 e imagens 2 e 3). Para padronização fotográfica,

foi utilizada a câmera fotográfica DSLR Nikon D3100, Lente 55mm, na configuração P,

ISO100 com flash e Daylight ligado. Para referencial de planos, a cabeça devia estar em

posição natural, com a linha interpupilar paralela ao solo e o paciente olhando para ele

mesmo através de um espelho posicionado na altura da sua cabeça. Dois tipos de

fotografias foram feitas: perfil e frontal convencional. Foi fixado um barbante no teto

com um peso na ponta para servir de referencial vertical. As fotografias foram

realizadas com padronização de 1,5 metro de distância do indivíduo do estudo.

Quadro 3: 18 critérios listados de STENGEL-RUTKOWSKI et al., 1984

1) Distância Inter-cantal;

2) Altura da face Média

3) Largura das fissuras palpebrais;

4) Profundidade da raiz nasal;

5) Comprimento da porção posterior nasal;

6) Distância Inter-alar;

7) Inclinação da base nasal;

8) Proeminência da maxila;

9) Distância Nasolabial;

10) Inclinação do lábio superior tegumentar;

11) Largura da boca;

12) Altura do Queixo;

13) Proeminência do Queixo;

14) Posição das orelhas;

15) Inclinação da linda de inserção auricular;

16) Comprimento das orelhas;

17) Largura das orelhas;

18) Largura da Concha Auricular.

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28

Figura 2: imagens representativas dos parâmetros faciais 1-9 de STENGEL-

RUTKOWSKI et al., 1984.

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29

Figura 3: imagens representativas dos parâmetros faciais 10-18 de STENGEL-

RUTKOWSKI et al., 1984.

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30

Dentre esses critérios, 5 referem-se a parâmetros de foto frontal, sendo 13

avaliações de perfil. Nesses 18 parâmetros, 1 refere-se à face completa, 2 aos olhos, 4

ao nariz, 6 à boca e 5 às orelhas. Para estudo de medidas individuais que constroem os

13 parâmetros de distribuições percentuais, será utilizado as nomenclaturas descritas

(quadro 4) para serem estudados entre os grupos OI e Controle, como também entre

sexos.

Quadro 4: nomenclaturas de medidas utilizadas por cada parâmetro de distribuição

percentual de STENGEL-RUTKOWSKI et al., 1984 para estudo individual.

Parâmetro 1

Distância Inter-cantal (DIC)

Referência horizontal facial (RHF)

Parâmetro 2

Altura facial Média (AFM)

Referência horizontal facial (RHF)

Parâmetro 3

Largura das fissuras palpebrais (LFP)

Referência horizontal facial (RHF)

Parâmetro 4

Profundidade da raiz nasal (PRN)

Referência vertical facial (RVF)

Parâmetro 5

Comprimento da porção posterior nasal (CPPN)

Referência vertical facial (RHF)

Parâmetro 6

Distância inter-alar nasal (DIAN)

Referência horizontal facial (RHF)

Parâmetro 9

Distância nasolabial (DNL)

Referência vertical facial (RVF)

Parâmetro 11

Largura da boca (LB)

Referência horizontal facial (RHF)

Parâmetro 12

Altura do queixo (AQ)

Altura da face média + inferior (AFMI)

Parâmetro 14

Posição vertical das orelhas (PVO)

Referência vertical facial (RVF)

Parâmetro 15

Comprimento vertical das orelhas (CVO)

Referência vertical facial (RVF)

Parâmetro 17

Largura das orelhas (LO)

Comprimento maxilar (CM)

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31

Parâmetro 18

Largura da concha (LC)

Altura da concha (AC)

Um único examinador fez todas as análises faciais dos pacientes através de

análise computacional no software CorelDRAW X7, onde os pontos eram estabelecidos

pelo operador no sistema virtual e o software realizou todas as medições efetivas ou

angulares. Os dados, após coletados, foram tabulados em tabela do software Microsoft

Excel® versão 2013.

Análise Estatística

Os dados foram submetidos à análise estatística, sendo utilizado para esse

fim, o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.0,

ambiente Windows®. Foram utilizadas as estatísticas descritivas (média, mediana e

desvio padrão) e frequência dos dados. Para a verificação da existência de normalidade

dos dados foi utilizado o teste não-paramétrico de Kolmogorov-Smirnov. Este teste é

considerado uma prova de aderência e diz respeito ao grau de concordância entre a

distribuição de um conjunto de valores amostrais e determinada distribuição teórica

específica, neste caso, a distribuição normal. Para análise da associação das variáveis

em estudo, foi aplicado o teste qui-quadrado, ou teste exato de Fisher, quando indicado.

Para comparação de medianas foram utilizados os testes Mann-Whitney ou Krukal

Wallis/Dunn, enquanto que as médias foram comparadas através do teste t de Student

ou ANOVA/Tukey. O nível de significância estatística adotado para todos os testes foi

de 5% (p < 0,05).

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32

RESULTADOS

Esse estudo foi constituído por 20 pacientes GOI e 38 pacientes GCON. No

grupo GOI, 40% de pacientes eram do sexo masculino e 60,00% eram do sexo

feminino. Já no grupo GCON, 39,47% foram do sexo masculino e 60,52% foram do

sexo feminino. A média de idade desses pacientes foi de 15,24 anos.

Os dados referentes à altura do queixo não ficaram claros na mensuração devido

a inclinação mentual com deflexão dos tecidos submetonianos de muitos pacientes. Por

esse motivo, não foram incluídos para análise estatística e nem apresentados nas tabelas

dos resultados.

A maioria das distâncias individuais para construir as distribuições percentuais

da metodologia utilizada como base para esse estudo (STENGEL-RUTKOWSKI et al.,

1984) mostraram-se diminuídas em pacientes com Osteogênese Imperfeita (tabela 1),

sendo significantemente menores nesse público com síndrome. Essas alterações com

medidas estatisticamente inferiores às do grupo controle pareado foram: distância

intercantal (p<0,001), referência horizontal facial (p<0,001), altura facial média

(p<0,001), referência vertical, facial (p=0,020), comprimento porção posterior nasal

(p=0,033), distância interalar (p=0,001), distância nasolabial (p=0,003), largura da boca

(p<0,001), altura da face média+infeior (p<0,001), profundidade da raiz nasal (p=0,021)

e comprimento vertical das orelhas (p<0,001). As medidas que não foram

significantemente diferentes às do grupo controle foram: largura das orelhas (p=0,234),

largura da concha auricular (p=0,162), posição vertical das orelhas (p=0,093) e

comprimento maxilar (p=0,093).

Dos 18 parâmetros originais da metodologia base utilizada, três parâmetros

mostram-se alterados em pacientes com OI em relação aos controles pareados, sendo

esses parâmetros: a posição vertical das orelhas em relação a referência vertical da face

(p=0,003), a largura da concha auricular em relação à altura da mesma (p=0,000) e o

ângulo de inclinação da base nasal (p=0,020) (tabela 2).

Das distâncias individuais e ângulos da metodologia base, apenas uma medida

mostrou-se relacionado ao sexo no público geral de indivíduos avaliados, esse

parâmetro foi a largura da concha auricular (p=0,026). A largura da concha acústica no

sexo feminino (12,45±10,73) foi estatisticamente maior do que no sexo masculino

(10,28±3,64) (tabela 3).

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33

Tabela 1: caracterização das distâncias fotoantropométricos individuais utilizadas para

avaliar distribuição (a partir da metodologia de STENGEL-RUTKOWSKI et al., 1984) em

indivíduos com Osteogênese Imperfeita e controles pareados.

Parâmetro

Avaliado (mm)

Grupo N Média (DP) Mediana (Mín-Max) p

Distância

Intercantal

OI

20 17,23±4,10 18,05 (9.88-24,52) 0.000a

Controle

38 21,72±2,83 21,84 (15,89-27,53)

Referência

Horizontal

Facial

OI

20 71,19±14,48 70,45 (47,86-96,72) 0.000a

Controle

38 86,90±11,46 84,94 (63,00-116,44)

Altura Facial

Média

OI

20 43,33±9,07 42,37 (28,24-59,39) 0.000a

Controle

38 53,51±7,33 54,21 (36,51-69,53)

Referência

Vertcial

Facial

OI

20 42,72±9,93 40,55(25,65-62,41) 0.020b

Controle

38 61,13±82,96 48,56(5,01-55,79)

Comrpimento

Porção Posterior

Nasal

OI

20 21,96±15,64 18,43(5,0-82,85) 0.033b

Controle

38 22,49±3,99 35,09(13,42-30,49)

Distância Inter-

alar

OI

20 19,67±4,60 21,34(11,07-26,50) 0.001a

Controle

38 23,76±3,79 23,99(15,53-36,70)

Distância

Nasolabial

OI

20 6,46±2,06 5,84(2,86-10,10) 0.003b

Controle

38 11,24±12,77 8,43(3,80-80,87)

Largura da boca

OI

20 25,26±6,33 25,32(15,04-39,26) 0.000a

Controle

38 32,28±5,64 33,16(20,89-47,31)

Altura da face

Média+Infeior

OI

20 63,90±14,79 59,74(35,93-97,69) 0.000a

Controle

38 76,28±9,66 76,54(50,32-91,54)

OI 20 11,57±3,51 11,07(6,79-23,44) 0,162b

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34

Largura da

Concha

Auricular

Controle

38 11,60±10,45 10,49(7,34-72,46)

Altura da

Concha

Auricular

OI

20 12,92±3,33 12,66(7,25-18,90) 0,162b

Controle

38 19,75±3,15 19,23 (13,49-25,72)

Largura da

fissura palpebral

OI

20 31,71±6,58 31,26 (20,18-43,80)

Controle

38 36,59±6,45 36,66(18,67-53,28)

Profundidade da

Raiz Nasal

OI

20 1,19±0,81 1,18(0,00-2,49) 0.021b

Controle

38 1,99±1,62 1,97(0,00-10,10)

Posição Vertical

das Orelhas

OI

20 7,80±2,54 7,65(3,17-13,99) 0.093a

Controle

38 9,73±4,61 9,15 (1,07-22,25)

Comprimento

Vertical das

Orelhas

OI

20 28,01±8,33 25,99(14,85-45,67) 0.000a

Controle

38 35,01±4,97 35,40(24,24-43,34)

Largura das

Orelhas

OI

20 19,39±4,76 20,14(14,92-28,72) 0.234a

Controle

38 20,76±3,77 20,30(14,46-28,12)

Comprimento da

Maxila

OI

20 58,00±14,07 56,82(37,32-86,73)

0.093a

Controle

38 64,55±10,41 65,76(40,72-83,75)

*a: dados de p a partir de dados paramétricos/ b: dados de p a partir de dados não

paramétricos

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35

Tabela 2: avaliação dos parâmetros fotoantropométricos da metodologia de STENGEL-

RUTKOWSKI et al., 1984 avaliados em indivíduos com Osteogênese Imperfeita (OI)

em relação a indivíduos controles pareados

Distribuição

avaliada

Grupo N Média(DP) p

DICxRHF (%)

OI

20 24.06±1.83 0,050a

Controle

38 25.05±1.77

AFMxRHF (%)

OI

20 61.16±6.90 0,741a

Controle

38 61.67±4.72

LFPxRHF (%)

OI

20 44.67±3.86 0,355b

Controle

38 42.36±6.25

PRNxRVF (%)

OI

20 2.94±2.21 0,115b

Controle

38 5.54±9.07

CPPNxRVF (%)

OI

20 50.54±29.33 0,589b

Controle

38 57.10±78.19

DNLxRVF (%)

OI

20 15.02±2.76 0,072b

Controle

38 26.97±36.98

LBxRHF (%)

OI

20 35.33±3.92 0,081a

Controle

38 37.06±3.31

PVOxRVF (%)

OI

20 18.67±5.63 0,482b

Controle

38 23.53±27.56

CVOxRVF (%)

OI

20 64.87±7.12 0,003b

Controle

38 89.68±24.87

LCxAC (%)

OI

20 95.01±34.72 0,000b

Controle

38 60.64±47.60

Ângulo de

OI

20 72,29±18,91 0.020b

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36

Inclinação da Base

nasal (Graus)

Controle

38 66,19±15,11

Ângulo de

Proeminência da

Maxila (Graus)

OI

20 34,87±5,17 0.113b

Controle

38 35.61± 5,20

Ângulo de

Inclinação do lábio

Inferior (Graus)

OI

20 11,32±14,03 0.351b

Controle

38 14,15±8,88

Ângulo de

Proeminência do

queixo (mm)

OI

20 64,32±6,51 0.395

Controle

38 65,62±4,29

Ângulo da

Inclinação Auricular

(Graus)

OI

20 83,01±7,28 0.467b

Controle

38 80,12±16,01

*a: dados de p a partir de dados paramétricos/ b: dados de p a partir de dados não

paramétricos

Tabela 3: avaliação das distâncias individuais e dos 5 ângulos fotoantropométricos

avaliados em indivíduos estudados por variável sexo

Parâmetro avaliado

Sexo (n)

Média (DP)

p

Distancia Intercantal (mm) Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

19.77 ± 4.39

20.43 ±3.64 0,532a

Referencia Horizontal_Facial (mm) Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

77.88 ±14.59

83.85 ±14.24 0,128a

Altura Facial (mm) Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

48.17 ±9.12

51.20 ±9.32 0,227a

Largurab Fissura Palpebral (mm) Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

34.29 ±6.61

35.32 ± 7.07 0,579a

Distância Inter Alar Nariz (mm) Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

21.75 ± 4.63

22.75 ± 4.43 0,416a

Largura Boca mm Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

29.00 ±7.52

30.42 ± 6.22 0,439a

Altura Face Média e Inferior (mm) Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

70.31 ±14.00

73.13 ±12.36 0,424a

Posição Vertical Orelhas (mm) Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

8.49 ±3.98

9.48 ±4.17 0,373a

Comprimento Vertical Orelhas (mm) Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

32.15 ±7.34

32.89 ±7.03 0,701a

Comprimento Maxilar (mm) Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

60.08 ±11.89

64.30 ±11.90 0,192b

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37

Referência Vertical Facial (mm) Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

45.51±10.70

48,00±8,25 0,139b

Comprimento porção posterior nasal

(mm) Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

23,77±13,75

21,35±5,48 0,751b

Ângulo de inclinação base nasal

(graus)

Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

66,86±16,25

69,24±17,01 0,386b

Ângulo da proeminência da maxila

(graus)

Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

58,39±11,48

61,98±11,96 0,546b

Distância Nasolabial (mm) Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

7,47±2,05

10,98±13,45 0,455b

Ângulo de Proeminência do Queixo

(graus)

Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

65,64±3,94

65,00±5,85 0,715b

Ângulo de Inclinação Auricular

(graus)

Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

78,17±19,72

83,06±7,09 0,556b

Largura da fissura palpebral (mm) Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

34,29±6,61

35,32±7,07 0,386b

Profundidade da raiz nasal (mm) Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

1,83±0,81

1,64±1,73 0,114b

Altura da Concha Acústica (mm) Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

17,07±4,78

17,61±4,48 0,556b

Largura da Concha Acústica (mm) Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

10,28±3,64

12,45±10,73 0,026a

Comprimento Maxilar (mm) Masculino (n=23)

Feminino (n=35)

60.08 ±11.89

64.30 ±11.90 0,192b

*a: dados de p a partir de dados paramétricos/ b: dados de p a partir de dados não

paramétricos

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38

DISCUSSÃO

Os aspectos craniofaciais da Osteogênese Imperfeita não foram alvo de estudo

no início da descrição da sua nomenclatura em 1849, onde a fragilidade óssea, esclera

azul e a surdez ganharam maior destaque na definição e caracterização da síndrome

(VROLIK, 1849; WEIL, 1981). No século XX, a descrição desses aspectos era

subjetiva e remetia a uma avaliação qualitativa, os quais podemos citar principalmente a

face triangular e a mandíbula anteriorizada em relação a posição anteroposterior da

maxila (ISSHIKI, 1966; SCHWARTZ e TSIPOURAS, 1984; O'CONNELL e MARINI,

1999). Devido a maior qualidade de vida desses pacientes em protocolos terapêutico

(bisfosfonatos) com repercussão na maior estabilidade óssea, outros alterações

morfológicas da síndrome, vem ganhando maior destaque em estudos, como as

craniofaciais (WALTIMO-SIRÉN, 2005; CHANG et al., 2007). Por outro lado, a

presente abordagem dessa síndrome considerando parâmetros faciais a partir da face

aparente (tecidos moles) é inédita na literatura.

GHODDOUSI et al. (2007) citou três diferentes métodos para análise facial de

tecidos moles, sendo esses: análise de antropometria manual, estereofotogrametria 3D e

fotografia 2D. Medições bidimensionais foram mais variáveis do que medições

antropométricas manuais, mas permite um maior possibilidade de análises de estudo e

documentação. Medições estereofotogramétricas tridimensionais foram mostrados para

comparar às medições manuais, embora os valores obtidos foram ligeiramente um

pouco melhor. De qualquer forma, todos os três métodos de medição mostraram níveis

bons de reprodutibilidade. A fotoantropometria tem mostrado ser uma opção viável e

confiável para avaliar parâmetros faciais com evidência dos tecidos moles. A

metodologia de STENGEL-RUTKOWSKI et al., 1984 foi a metodologia mais adequada

da literatura encontrada para avaliação facial em estudo de proporções morfológicas da

face.

Quatro estudos reproduziram essa mesma metodologia fotoantropométrica em

diferentes píblicos de pacientes com síndromes. BUTLER, HOVIS e ÂNGULO (1998)

pesquisaram essa mesma metodologia e encontraram maiores dimensões de fissuras

palpebrais e diminuição da distância intercantal em pacientes com síndrome de X fráfil.

Posteriormente, o mesmo autor principal com outros co-autores (BUTLER et al., 1988)

reproduziram essa metodologia em pacientes com síndrome de Prader-Willi sob terapia

hormonal em relação a pacientes com a mesma síndrome sem essa terapêutica.

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39

Alteração de altura do meio da face, distância interalar, proeminência da altura do

queixo encontraram-se aumentados em pacientes sob terapêutica hormonal; porém

como resultado controverso, as orelhas, já citadas como alteradas na literatura, não

apresentaram acentuadas na análise estudada. Outros autores estudaram pacientes com

síndrome de Williams, e o estudo demonstrou maior altura da face média, maior largura

da fenda larga palpebral, distância inter-alares amplas, comprimento curto da parte

posterior do nariz, orelhas proeminentes com concha longa e estreita, altura do queixo

aumentada, inclinação aumentada das orelhas e diâmetro bizigomático estreito (HOVIS

e BUTLER, 1987). Por fim, GORCZYCA et al. (2012) aplicou também esses mesmos

parâmetros craniofaciais em pacientes pediátricos com autismo e síndrome de Asperger,

obtendo como resultados orelhas rotacionadas e parte posterior da base nasal longa mais

frequentes nesses pacientes. Nosso estudo foi o primeiro a ter um controle pareado por

sexo, idade e perfil facial de Burstone.

O pareamento por perfil facial de Burstone, além das outras variáveis

supracitadas, foi uma outra forma de eliminar alterações que estivessem relacionadas a

um perfil de má oclusão classe I, II ou III, ao invés de relacionar à OI propriamente dita.

Os padrões faciais de má oclusão I, II e III apresentam bastante alterações e mudanças

faciais bem definidas a cada tipo (LEGAN e BURSTONE, 1980), e o pareamento

desses parâmetros foi importante para estabelecer, por exemplo, uma possível diferença

de pacientes OI com má oclusão Classe III de pacientes controle com má oclusão Classe

III. Além disso, o pareamento de sexo e idade também serviu para eliminar fatores de

confusão associados.

FERES E VASCONCELOS (2009), e MARTINS e VIGORITO (2012)

mostraram que metodologia de análise de tecidos moles para perfil facial mostra-se

como ferramenta de diagnóstico confiável. MARTINS e VIGORITO (2012) afirmaram

ainda que a análise facial com os tecidos moles é ainda sugerida como método

alternativo para pré-seleção de amostras à pesquisa, sem expor os participantes a

exames desnecessários. Esses dados corroboram com a metodologia do presente estudo

que utilizou o perfil facial de Burstone como pré-seleção de pacientes controles.

As comparações entre as medidas individuais mostraram-se menores

estatisticamente em pacientes do grupo GOI. Esses dados descritivos apresentados e sua

estatística inferencial foi uma forma de investigar de maneira preliminar as avaliações

enquanto medidas efetivas avaliadas, mas não é um dado de conclusão definitiva pois a

padronização fotográfica utilizada não dimensiona as radiografias ao seu tamanho

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40

original. A preferência de medidas por sexo não se mostrou relacionada a maioria das

variáveis observadas, com exceção da largura da concha auricular, o que indica que os

parâmetros avaliados mostram-se com padronização entre sexos, mas também devem

ser interpretados com cautela pelo mesmo motivo da ausência do dimensionamento das

imagens. É válido destacar que a padronização fotográfica utilizada nesse estudo foi

direcionada para não distorcer as proporções faciais e nem criar “efeito barril” nos

rostos dos indivíduos avaliados, como segue a metodologia original de STENGEL-

RUTKOWSKI et al., 1984.

A maioria das alterações da metodologia utilizada avaliada não mostraram-se

estatisticamente associadas a OI. O grupo heterogêneo de síndromes, caracterizado pela

nomenclatura Osteogênese Imperfeita, mostrou distribuição da largura da concha

auricular em relação a altura dessa concha ter sido menor, indicando os pacientes com

OI com “orelhas encurtadas”, ou seja, com achatamento horizontal auricular. Além

disso, também foi observado maior altura das orelhas em relação a face e nariz com

maior inclinação da base nasal em indivíduos com OI; ou seja alterações direcionadas

ao nariz e orelhas desses pacientes. Além disso, mesmo entendendo a síndrome como

rara, ainda é pontuado que um maior número de indivíduos com OI frente a

variabilidade fenotipagem poderia ainda melhorar a estatística inferencial,

principalmente devido a três variáveis do presente estudo terem sido próximas ao

p>0,05, sendo elas largura da boca, distância intercantal e distância nasolabial em

relação aos referenciais faciais, indicando possíveis medidas anatômicas menores em

indivíduos OI.

Muitos dos pacientes com OI apresentam discrepâncias significantes faciais a

partir de uma avaliação subjetiva da face, porém o grupo OI em si não foi amplamente

observado ser relacionado a essas alterações faciais nesse estudo a partir da metodologia

selecionada. Infere-se a que variabilidade da síndrome possa ter sido uma explicação

para a menor presença de alterações encontradas, sendo talvez a investigação dessas

alterações por tipo da síndrome uma possibilidade de se encontrar diferentes resultados

em relação ao da presente pesquisa, principalmente em pacientes com OI do tipo III e

IV, devido a fenotipagem com maiores alterações morfológicas anatômicas, como

observado nos achados cefalométricos craniofaciais do estudo de WALTIMO-SIRÉN et

al., 2005. Esses mesmos autores ainda citam que a terapêutica com bisfosfonatos não

parece melhorar as discrepâncias craniofaciais em pacientes nesses tipos da OI a partir

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41

dos seu trabalho, o que não indicou a princípio estudar essas alterações entre pacientes

que fazem ou não uso de protocolo com bisfosfonatos.

Estudos etiopatogênicos são necessários e contribuem para o real entendimento

de eventos multivariados anatômicos das síndromes. Os achados do presente estudo

corrobora com a literatura em relação às alterações faciais encontradas nesse público de

pacientes, incluindo de maneira inédita a orelha e o nariz como regiões anatômicas

faciais com distorção em relação ao padrão não-sindrômico. Além disso, esses achados

complementam a abordagem semiológica do diagnóstico da OI através de uma

investigação clínica mais precisa da análise da morfologia facial. Ainda faz-se

necessário reproduzir esse estudo em diferentes populações para ratificar os resultados

encontrados no atual trabalho.

CONCLUSÕES

A partir dos resultados do presente trabalho, podemos concluir que:

1) Orelhas encurtadas horizontalmente, maiores em altura em relação à face e base

nasal mais inclinada para baixo mostram-se como alterações relacionadas ao

grupo de indivíduos com OI.

2) Sexo não mostrou-se relacionado a mudanças de dimensões faciais avaliadas no

geral, com exceção da largura da concha acústica que mostrou-se maior no sexo

feminino.

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45

4.CONCLUSÕES GERAIS

A partir dos resultados do presente trabalho, podemos concluir que:

1) Orelhas encurtadas horizontalmente, maiores em altura em relação à face e base

nasal mais inclinada para baixo mostram-se como alterações relacionadas ao

grupo de indivíduos com OI.

2) Sexo não mostrou-se relacionado a mudanças de dimensões faciais avaliadas no

geral, com exceção da largura da concha acústica que mostrou-se maior no sexo

feminino.

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49

APÊNDICE

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50

APÊNDICE A: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE FARMÁCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM

CURSO DE ODONTOLOGIA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da Pesquisa: “AVALIAÇÃO FACIAL DE TECIDOS MOLES E OCLUSAL DE

PACIENTES PORTADORES DE OSTEOGÊNESE IMPERFEITA”

Nome do Pesquisador: Felipe Franco Marçal

O Sr(a) está sendo convidado(a) a participar como voluntário(a) de uma

pesquisa. Você não deve participar contra a sua vontade. Leia atentamente as

informações abaixo e faça qualquer pergunta que desejar, para que todos os

procedimentos desta pesquisa sejam esclarecidos.

Ao assinar este termo, você estará declarando que, por meio de livre e

espontânea vontade, estará participando como voluntário do projeto de pesquisa citado

acima, de responsabilidade da Cirurgião-Dentista Felipe Franco Marçal do Curso de

Odontologia da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade

Federal do Ceará. O abaixo-assinado estará ciente que:

1. Nessa pesquisa, serão selecionados 15 pacientes portadores de

osteogênese imperfeita e 30 participantes sem osteogênese

imperfeita;

2. A sra (sr.) está sendo convidada(o) a participar desta pesquisa que

tem como finalidade identificar as alterações de face (rosto) e

oclusais (encaixe dentário) presentes em pacientes portadores

dos diferentes tipos de Osteogênese Imperfeita e compará-los

com valores de normalidade.

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51

3. Ao participar deste estudo a sra (sr) permitirá que o (a)

pesquisador (a) avalie clinicamente seu rosto e dentes, com

direito a fotos para estudo e a realizar moldagem da sua boca,

estando ciente que suas imagens e seu caso clínico não serão

divulgados. A sra (sr.) tem liberdade de se recusar a participar

e ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase

da pesquisa, sem qualquer prejuízo para a sra (sr.). Sempre que

quiser poderá pedir mais informações sobre a pesquisa através

do telefone do (a) pesquisador (a) do projeto e, se necessário

através do telefone do Comitê de Ética em Pesquisa.

4. A sua participação nesta pesquisa não traz complicações legais e

também não traz nenhum risco a sua saúde, uma vez que nossa

avaliação não é invasiva, sendo a moldagem da sua boca o

único procedimento que poderá lhe oferecer algum mínimo

desconforto. Os procedimentos adotados nesta pesquisa

obedecem aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres

Humanos conforme Resolução no. 466/12 do Conselho

Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados

oferece riscos à sua dignidade.

5. Todas as informações coletadas neste estudo são estritamente

confidenciais. Somente o (a) pesquisador (a) e o (a) orientador

(a) terão conhecimento dos dados.

6. Ao participar desta pesquisa a sra (sr.) terá direito a duas

consultas odontológicas, sendo a primeira de profilaxia e

polimento dentário (consulta de limpeza e prevenção), e a

segunda um tratamento de algum possível foco de cárie e/ou

doença periodontal. A segunda consulta só será marcada se o

paciente tiver a necessidade da mesma. Além disso, esperamos

que este estudo traga informações importantes sobre a

osteogênese imperfeita, de forma que o conhecimento que será

construído a partir desta pesquisa possa influenciar em estudos

de diagnóstico e terapêutica de más oclusões (maus encaixes

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52

dentários) e deformidades dento-facias, onde o pesquisador se

compromete a divulgar os resultados obtidos.

7. A sra (sr.) não terá nenhum tipo de despesa para participar desta

pesquisa, bem como nada será pago por sua participação.

O abaixo assinado, __________________________________________, _____anos,

RG nº___________________ declara que é de livre e espontânea vontade que está

participando como voluntário da pesquisa. Eu declaro que li cuidadosamente este Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido e que, após sua leitura livre, tive oportunidade de

fazer perguntas sobre o conteúdo do mesmo, como também sobre a pesquisa, e recebi

explicações que responderam por completo minhas dúvidas. E declaro ainda estar

recebendo uma cópia assinada deste termo.

Fortaleza____/____/_____

Felipe Franco Marçal

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ANEXO

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ANEXO A: Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa em Humanos

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