universidade federal de santa maria centro de …coral.ufsm.br/engcivil/images/pdf/2_2017/tcc_cassio...

101
I UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Cássio Henrique Brasil LAJES PRÉ-FABRICADAS DE CONCRETO: TIPOLOGIAS, DIMENSIONAMENTO, DETALHAMENTO, MÉTODOS EXECUTIVOS E PATOLOGIAS Santa Maria, RS, Brasil 2017

Upload: phungdiep

Post on 11-Nov-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

I

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Cássio Henrique Brasil

LAJES PRÉ-FABRICADAS DE CONCRETO: TIPOLOGIAS, DIMENSIONAMENTO, DETALHAMENTO, MÉTODOS EXECUTIVOS E

PATOLOGIAS

Santa Maria, RS, Brasil

2017

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

II

Cássio Henrique Brasil

LAJES PRÉ-FABRICADAS DE CONCRETO: TIPOLOGIAS, DIMENSIONAMENTO, DETALHAMENTO, MÉTODOS EXECUTIVOS E

PATOLOGIAS

Trabalho de Conclusão de curso submetido

ao Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria como parte da avaliação da disciplina de Trabalho de conclusão de curso e requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Almir Barros da Silva Santos Neto

Santa Maria, RS, Brasil

2017

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

III

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

LAJES PRÉ-FABRICADAS DE CONCRETO: TIPOLOGIAS, DIMENSIONAMENTO, DETALHAMENTO, MÉTODOS EXECUTIVOS E

PATOLOGIAS

Elaborado por

Cássio Henrique Brasil

Como requisito parcial para obtenção do grau de

Bacharel em Engenharia Civil

COMISSÃO EXAMINADORA:

______________________________________________ Prof. Dr. Almir Barros da Silva Santos Neto (UFSM)

(Orientador)

______________________________________________ Prof. Dr. Rogério Cattelan Antocheves de Lima (UFSM)

(Professor convidado)

______________________________________________ Prof. Dr. Eduardo Rizzatti (UFSM)

(Professor convidado)

Santa Maria, 12 de dezembro de 2017.

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

IV

AGRADECIMENTOS

Ao orientador, Prof. Almir Barros da Silva Santo Neto, pela oportunidade de

realização deste trabalho e por todo auxílio e ensinamentos durante o

desenvolvimento.

A minha família inteira pelo apoio e suporte durante todo o período de

realização do curso.

Aos colegas da Sarkis Engenharia Estrutural Paulo, Thiago, Mateus, Luciana e

demais estagiários pela ajuda em todos os momentos necessários e pelos

ensinamentos compartilhados.

Aos colegas de faculdade, os quais dividiram momentos de experiências e

dúvidas durante o desenvolvimento do trabalho.

Aos demais amigos que estiveram sempre dispostos a ajudar em todos os

momentos de incertezas.

A Universidade Federal de Santa Maria pela oportunidade de formação

superior.

A todos que, de alguma maneira, ajudaram no desenvolvimento do trabalho em

aspectos simples e complexos.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

V

RESUMO

LAJES PRÉ-FABRICADAS DE CONCRETO: TIPOLOGIAS, DIMENSIONAMENTO, DETALHAMENTO, MÉTODOS EXECUTIVOS E PATOLOGIAS

AUTOR: Cássio Henrique Brasil ORIENTADOR: Almir Barros da Silva Santos Neto

A ideia de realização deste trabalho surgiu devido à percepção de que há poucas informações técnicas sobre um método construtitvo muito utilizado no Brasil: as lajes pré-fabricadas. Alguns materiais técnicos foram consultados e reuniu-se informações de diversas pesquisas num único trabalho, englobando importantes aspectos e fornecendo informações pertinentes desse método construtivo. Nesse estudo estão apresentados conceitos e características importantes a respeito do uso de lajes pré-fabricadas, como histórico, vantagens e aplicações do método. São abordados nesse estudo: tipologias de lajes pré-fabricadas, discriminando o componentes, critérios de escolha e mecanismos de funcionamento; dimensionamento dessas lajes, desde a apresentação de modelos de cálculo até as etapas de dimensionamento e verificação de cisalhamento, deformação excesiva e abertura de fissuras; detalhamentos, como planta de fôrmas e disposição de componentes; materias, etapas e peculiaridades do processo construtivo; e estudo de patologias recorrentes nesse tipo de laje, sendo investigados problemas, causas e prevenções. Ao final, obterá-se um material completo acerca de lajes pré-fabricadas e será possível fazer conclusões a repeito dos temas debatidos no desenvolvimento do trabalho e consequentemente facilitar o entendimeto desse assunto.

Palavras-chave: Laje pré-fabricada. Concreto armado. Vigota pré-fabricada.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

VI

ABSTRACT

CONCRETE PRECAST SLABS: TYPOLOGIES, SIZING, DETAILING, EXECUTIVE

METHODS AND PATHOLOGIES

AUTHOR: Cássio Henrique Brasil ADVISOR: Almir Barros da Silva Santos Neto

The idea of accomplishment of this work arose due to the perception that there is little technical information about a building method very used in Brazil: the precast slabs. Thus, many technical materials were consulted and the research of several authors and information of manufacturers was gathered in a single work, encompassing important aspects and providing pertinent information of this building way. A good bibliographical review of important national authors allowed the perception of the history, advantages and applications of the method, being fundamental for the development of the work. In this study, we study: types of precast slabs, discriminating the components, selection parameters and operation mechanisms; design of these slabs, from the presentation of scaling and verification of shear, excessive deformation and cracking; details, such as plant layout and component layout; materials, stages and peculiarities of the constructive process; and study of recurrent pathologies in this type of slab, being investigated problems, causes and preventions. At the end, a complete material will be obtained on precast slabs to facilitate understanding of this subject.

Key Words: Precast slab. Reinforced concrete. Girder.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

VII

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Comparação entre vários tipos de lajes..................................................25

Quadro 2 – Comparação entre pesos de blocos.......................................................25

Quadro 3 – Pré-dimensionamento de lajes com vigotas treliçadas e lajotas

cerâmicas...............................................................................................26

Quadro 4 – Dimensionamento de lajes pré-fabricadas utilizando tabelas.................28

Quadro 5 – Contraflechas no centro do vão em lajes pré- fabricadas(mm)...............53

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

VIII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Aplicação de laje pré-fabricada em cobertura.............................................8

Figura 2 – Aplicação de laje pré-fabricada em edifício de múltiplos andares..............8

Figura 3 – Laje pré-fabricada tipo trilho......................................................................10

Figura 4 – Laje pré-fabricada tipo treliçada................................................................11

Figura 5 – Laje pré-fabricada tipo trilho protendido....................................................11

Figura 6 – Vigota simples de concreto.......................................................................12

Figura 7 – Vigota de concreto protendido..................................................................13

Figura 8 – Vigota treliçada..........................................................................................13

Figura 9 – Formatos e dimensões de blocos cerâmicos............................................14

Figura 10 – Formatos de blocos de concreto.............................................................15

Figura 11 – Formatos e dimensões de blocos de EPS..............................................15

Figura 12 – Mecanismo de funcionamento................................................................17

Figura 13 – Seção transversal de uma laje pré- fabricada convencional...................21

Figura 14 – Seção transversal de uma laje pré- fabricada treliçada..........................21

Figura 15 – Equilíbrio de forças na seção..................................................................29

Figura 16 – Diferença entre seções tracionadas e comprimidas na seção T.............31

Figura 17 – Planta de fôrmas de pavimento com laje pré-fabricada..........................37

Figura 18 – Detalhamento em vista superior e corte da laje......................................37

Figura 19 – Vista frontal e isométrica das vigotas

(a) comum...............................................................................................38

(b) treliçada..............................................................................................38

Figura 20 – Disposição das vigotas conforme o modelo sugerido.............................38

Figura 21 – Vista isométrica dos blocos de enchimento

(a) cerâmicos...........................................................................................39

(b) de EPS. .............................................................................................39

Figura 22 – Disposição das vigotas e blocos conforme o modelo sugerido...............39

Figura 23 – Disposição da armadura longitudinal......................................................40

Figura 24 – Disposição da armadura transversal.......................................................40

Figura 25 – Disposição da armadura de distribuição.................................................41

Figura 26 – Disposição da armadura negativa...........................................................41

Figura 27 – Apoio simples de laje isolada em fôrma de viga.....................................42

Figura 28 – Apoio simples de lajes adjacentes em fôrma de viga.............................43

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

IX

Figura 29 – Engastamento de lajes contínuas em fôrma de viga..............................44

Figura 30 – Apoio simples sobre alvenaria................................................................44

Figura 31 – Laje formada com vigotas treliçadas e lajotas cerâmicas.......................45

Figura 32 – Laje formada com vigotas treliçadas e blocos de EPS...........................45

Figura 33 – Laje formada com vigotas comuns e lajotas cerâmicas..........................46

Figura 34 – Laje formada com vigotas comuns e blocos de EPS..............................46

Figura 35 – Esquema de escoramento......................................................................51

Figura 36 – Escoramento feito com pontaletes metálicos e guias de madeira..........52

Figura 37 – Colocação das vigotas utilizando blocos como gabarito.........................54

Figura 38 – Transporte de vigotas pré- fabricadas.....................................................54

Figura 39 – Laje pré-fabricada com seus componentes na concretagem..................55

Figura 40 – Armaduras de distribuição e negativa numa laje pré- fabricada.............55

Figura 41 – Armadura de distribuição em

(a) barras..................................................................................................56

(b) telas.....................................................................................................56

Figura 42 – Disposição de armadura negativa...........................................................57

Figura 43 – Disposição de armadura transversal.......................................................57

Figura 44 – Laje pré-fabricada com seus componentes............................................58

Figura 45 – Disposição de componentes em laje pré-fabricada................................58

Figura 46 – Caixas de passagem

(a) de concreto.........................................................................................59

(b) cerâmicas............................................................................................59

(c) metálicas.............................................................................................59

Figura 47 – Tubulação hidráulica

(a) com buraco na laje..............................................................................60

(b) embutida na laje..................................................................................60

Figura 48 – Adensamento utilizando vibradores mecânicos......................................61

Figura 49 – Lançamento e espalhamento de concreto..............................................62

Figura 50 – Cura do concreto através do umedecimento da estrutura......................63

Figura 51 – Escoramento de laje pré- fabricada........................................................64

Figura 52 – Ordem de retirada do escoramento........................................................64

Figura 53 – Laje em balanço com viga de borda.......................................................65

Figura 54 – Soluções para laje em formato L.............................................................65

Figura 55 – Disposição das vigotas em laje trapezoidal............................................66

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

X

Figura 56 – Detalhes em lajes inclinadas...................................................................66

Figura 57 – Parede sobre laje pré-fabricada (sentido longitudinal às vigotas) ..........67

Figura 58 – Representação de laje pré-fabricada bidirecional...................................68

Figura 59 – Posição de vigotas em apoios centrais...................................................68

Figura 60 – Técnica executiva para apoios externos.................................................69

Figura 61 – Execução de lajes com continuidade em apoios centrais.......................69

Figura 62 – Deformação excessiva em laje pré-fabricada.........................................71

Figura 63 – Trincas longitudinais ao sentido das vigotas...........................................72

Figura 64 – Fissuras por retração na capa de concreto.............................................72

Figura 65 – Trinca na ligação entre laje e apoio........................................................73

Figura 66 – Falta de aderência entre concreto e aço.................................................75

Figura 67 – Uso de materiais de boa qualidade.........................................................77

Figura 68 – Concretos com diferentes graus de adensamento..................................79

Figura 69 – Quebra de bloco cerâmico provocada por choque com pontalete..........79

Figura 70 – Corrosão de armaduras em laje..............................................................80

Figura 71 – Bolhas surgidas pela infiltração de umidade na laje...............................81

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

XI

LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS

- Valor de flecha imediata

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

As - Área de aço

bf - Largura da mesa colaborante

bw - Largura da peça

C - Força de Compressão

CAA - Classe de Agressividade Ambiental

CP IV - Cimento Portland pozolânico (tipo IV)

CP V ARI - Cimento Portland de alta resistência inicial (tipo V)

d - Distância da face comprimida ao eixo da armadura tracionada

E - Módulo de elasticidade do concreto

- Módulo de elasticidade do aço

EPS - Earnings per share (poliestireno expandido)

Fc - Força resistente do concreto

fcd - Resistência de projeto à compressão

- Resistência à tração média do concreto

fck - Resistência característica à compressão

Fs - Força resistente do aço

fyd - Resistência de projeto à tração

fyk - Resistência característica à tração

he - Altura do material de enchimento

hv - Altura da vigota

i - Intereixo de uma laje pré-fabricada

I - Momento de inércia da peça

Ii - Momento de inércia da peça no estádio I

Iii - Momento de inércia da peça no estádio II

Im - Momento de Inércia médio da peça

k - Coeficiente de altura útil

KMD - Valor de coeficiente adimensional

kx - Posição da linha neutra

KZ - Valor de coeficiente para cálculo da área de aço

l - Comprimento do vão

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

XII

LC12 - Laje pré-fabricada convencional de 12 cm de altura

LP13 - Laje pré- fabricada protendida de 13 cm de altura

LT13 - Laje pré- fabricada treliçada de 13 cm de altura

Ma - Momento fletor na seção crítica considerada

Md - Momento de cálculo

Mk - Momento característico

Mneg - Momento negativo

Mpos - Momento positivo

Mr - Momento de fissuração do elemento estrutural

p - Carga atuante no vão

NBR - Norma brasileira

T - Força de Tração

TR-XX - Laje pré-fabricada com vigota treliçada de altura XX (cm)

Vrd1 - Esforço de cisalhamento resistente de projeto para prescindir

armadura transversal

Vrd2 - Esforço de cisalhamento resistente de projeto da biela de

concreto

Vsd - Esforço de cisalhamento solicitante de projeto

w - Valor característico da abertura de fissura

x - Distância da face comprimida até a linha neutra

z - Distância entre as forças resistentes do concreto e do aço

- Coeficiente de fck

β-N - Laje pré-fabricada com vigota simples de altura N (cm)

εc - Deformação do concreto

εyd - Deformação do aço

- Coeficiente de conformação superficial da armadura adotada

- Taxa de armadura longitudinal

- Taxa de armadura aderente

- Tensão de cisalhamento resistente de projeto

- Diâmetro da barra utilizada

- Tensão de tração da armadura

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

XIII

LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 -

..................................................................................... 27

Equação 2 - ............................................................................ 28

Equação 3 -

.................................................................................... 28

Equação 4 -

.................................................................................... 28

Equação 5 - .................................................................. 28

Equação 6 - ( ) ............................... 28

Equação 7 - ............................................................................. 29

Equação 8 -

................................................................................... 29

Equação 9 -

......................................................................................... 29

Equação 10 -

......................................................................... 30

Equação 11 -

.............................................................................. 30

Equação 12 -

√( ) ( )

............................................

30

Equação 13 - [ ( )] ........................ 32

Equação 14 - .......................................................................... 32

Equação 15 - ( ) ....................................................................... 33

Equação 16 -

.......................................................................... 33

Equação 17 - ...................................... 33

Equação 18 - (

) .................................................................... 33

Equação 19 -

.................................................................................. 33

Equação 20 - (

)

[ (

)

] ............................................. 34

Equação 21 -

.................................................................................. 34

Equação 22 -

.................................................................................. 34

Equação 23 -

................................................................ 35

Equação 24 -

(

)......................................................... 35

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

XIV

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

1.1 OBJETIVOS ................................................................................................... 2

1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 2

1.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .................................................................. 3

2 LAJES PRÉ-FABRICADAS ................................... Erro! Indicador não definido.

2.1 HISTÓRICO ................................................................................................... 4

2.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS ............................................................... 5

2.3 APLICAÇÕES ................................................................................................ 7

3 PROJETO ............................................................................................................. 9

3.1 TIPOLOGIAS ................................................................................................. 9

3.2 COMPONENTES ......................................................................................... 12

3.3 MECANISMOS DE FUNCIONAMENTO ...................................................... 17

3.4 CRITÉRIOS DE ESCOLHA .......................................................................... 18

3.5 DETALHES DE PROJETO .......................................................................... 20

4 DIMENSIONAMENTO......................................................................................... 22

4.1 APRESENTAÇÃO DOS MODELOS DE CÁLCULO .................................... 22

4.2 DIMENSIONAMENTO A FLEXÃO SIMPLES ............................................... 24

4.3 VERIFICAÇÃO AO CISALHAMENTO .......................................................... 32

4.4 VERIFICAÇÃO DO ESTADO LIMITE DE SERVIÇO ................................... 33

4.5 SEGURANÇA ESTRUTURAL ...................................................................... 35

5 DETALHAMENTO .............................................................................................. 37

5.1 PLANTA DE FÔRMAS ................................................................................. 37

5.2 SEÇÃO E DISPOSIÇÃO DE VIGOTAS E BLOCOS .................................... 38

5.3 POSIÇÕES DAS ARMADURAS .................................................................. 40

5.4 APOIOS ....................................................................................................... 42

5.5 VISÃO GERAL ............................................................................................. 45

6 EXECUÇÃO ........................................................................................................ 37

6.1 MATERIAIS EMPREGADOS ....................................................................... 47

6.2 ETAPAS DA CONSTRUÇÃO ....................................................................... 49

6.3 PECULIARIDADES ...................................................................................... 65

7 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS .................................................................. 70

7.1 PRINCIPAIS CASOS ................................................................................... 71

7.2 IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS E PREVENÇÕES ............................ 74

8 CONCLUSÕES ................................................................................................... 82

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

1

1 INTRODUÇÃO

De acordo com Van Ackler (2002), a necessidade de redução de custos mudou

o cenário da construção civil no Brasil e sistemas estruturais com lajes pré-

fabricadas são uma adequação do mercado a essa nova necessidade. Segundo ele,

a utilização de elementos pré-fabricados está relacionada com o atual modo de

construir: econômico, eficiente, sustentável e racionalizado.

Uma laje pré-fabricada, conforme Gaspar (1997) definiu, é o elemento

monolítico formado por vigotas pré-fabricadas, blocos de enchimento, armadura e

uma capa de concreto. Ainda segundo o autor, a resistência da peça dá-se com o

concreto comprimido e a armadura tracionada da vigota, formando assim uma seção

T. Di Pietro (1992) afirma que as vigotas são geralmente dispostas em um único

sentido, preferencialmente paralelas ao menor vão, e a capa de concreto é

responsável pela distribuição de esforços. Flório (2003) complementa e sugere que

seu comportamento estrutural pode ser comparado ao de uma laje armada numa só

direção. Caso as vigotas sejam dispostas nos dois sentidos, a laje é bidirecional e

comporta-se como grelha.

Di Pietro (1992) defende que a exigência da redução de materiais para diminuir

o peso das lajes maciças culminou o surgimento das lajes pré-fabricadas. O

concreto excedente da região tracionada foi retirado e substituído por elementos

leves, que já servem como fôrma e necessitam pouco escoramento. Assim, segundo

o autor, o funcionamento dessa laje é semelhante ao de uma laje nervurada, porém

as nervuras são compostas por elementos pré-fabricados. Flório (2003) considera

que a evolução das vigotas de concreto armado é a versão treliçada, que permite

uma maior aplicação por alcançar maiores vãos com carregamentos mais severos.

Embora essa tipologia seja preferida muitas vezes por questões econômicas,

Di Pietro (1992) defende que este não pode ser o único aspecto a ser levado em

conta na escolha e dimensionamento. Segundo ele, deformações excessivas e

fissurações nocivas não são aceitáveis em nenhuma hipótese e devem ser

consideradas no dimensionamento. Di Pietro (1992) sugere também que devem ser

também critérios na escolha da laje: níveis de isolamento termoacústico, proteção

contra incêndio e condição de monolitismo suficiente para a segurança.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

2

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

O trabalho tem por objetivo geral realizar um estudo sobre lajes pré-fabricadas

em obras convencionais buscando reunir suas principais características. Sendo

assim, é possível analisar aspectos de projeto e execução que influenciam no

funcionamento dessas lajes e fornecer informações pertinentes a sua utilização.

1.1.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos são assim relacionados:

Apresentar os tipos de lajes pré-fabricadas e justificar os mais convencionais;

Identificar os critérios de cálculo para o dimensionamento;

Estudar a interação com a estrutura in loco;

Exibir detalhamentos e características peculiares da estrutura;

Mostrar o método construtivo e como é feita sua execução na prática;

Investigar e estudar manifestações patológicas recorrentes;

Desenvolver soluções para a prevenção de manifestações patológicas futuras.

1.2 JUSTIFICATIVA

A elaboração deste trabalho justifica-se tendo em vista a pouca disponibilidade

de informações a respeito do uso de lajes pré-fabricadas na literatura brasileira. Por

mais que este método construtivo seja amplamente utilizado, principalmente em

obras residenciais, há poucas referências técnicas para os projetistas que desejam

utilizar-se do método. O ganho produtivo na sua execução é o fator que lhe conferiu

a grande utilização nos canteiros de obras, porém o desenvolvimento da literatura

técnica não acompanhou esse avanço exponencial.

Sendo assim, serão disponibilizadas informações pertinentes a diversos

aspectos de lajes pré-fabricadas que poderão servir a projetistas e executores desse

método construtivo, como quantidade necessária de escoramento ou ainda critérios

para o dimensionamento considerando o Estado Limite de Serviço.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

3

1.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Assim como em uma obra de construção civil, a primeira etapa do trabalho é a

apresentação do projeto a fim de especificar certos temas importantes no decorrer

do conjunto. No Capítulo 2, estarão dispostas informações a respeito de lajes pré-

fabricadas contendo uma revisão bibliográfica do tema. Serão apresentados alguns

aspectos gerais de sua utilização, como histórico, vantagens e aplicações. O

Capítulo 3 trata de temas teóricos de lajes pré-fabricadas e serão abordados temas

como tipologias, componentes, mecanismo de funcionamento e critérios de escolha.

Os próximos dois itens são bastante práticos. Enquanto o Capítulo 4 trata

sobre dimensionamento de lajes pré-fabricadas, o Capítulo 5 é relacionado a

detalhamentos desse método construtivo. Em se tratando de dimensionamento,

serão apresentados alguns modelos de cálculo, o dimensionamento considerando

flexão simples, verificações e segurança estrutural. O capítulo sobre detalhamentos,

por sua vez, mostra imagens de vistas em planta baixa e isométrica de planta de

fôrmas, seções e disposição de elementos, posição das armaduras e detalhes de

apoios.

O Capítulo 6 é referente ao modo de construir e apresenta um estudo completo

com as devidas informações necessárias para a construção de uma laje pré-

fabricada: materiais empregados, escoramento, contraflecha, montagem, transporte,

posicionamento de armaduras, concretagem, cura e desforma. O Capítulo 7 está

relacionado ao surgimento de manifestações patológicas em lajes pré-fabricadas e

serão apresentados os principais casos de males patogênicos, bem como suas

respectivas causas e medidas preventivas. Finalmente, o Capítulo 8 conclui e

encerra os temas abordados neste trabalho, trazendo os devidos fins e justificações

em relação aos objetivos específicos apresentados no Capítulo 1.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

4

2 LAJES PRÉ-FABRICADAS

2.1 HISTÓRICO

Gaspar (1997) considera que, desde as civilizações mais antigas, construir

verticalmente sempre foi um tema enigmático para o homem, sendo este muitas

vezes o fator restritivo de avanços tecnológicos. Levou-se muito tempo para ocupar

espaços além do térreo, e isso ocorreu de diversas formas para os povos antigos.

Pedras e madeiras foram os primeiros materiais utilizados para construir edificações

e pontes. Indícios apontam que a primeira grande evolução foi a construção de

arcos para suportar vãos maiores.

Talvez o maior avanço, segundo Di Pietro (1992), tenha ocorrido em 1845 com

a descoberta do cimento, pois logo surgiu a ideia de associar perfis metálicos a este

material para formar o então cimento armado, posteriormente chamado de concreto

armado. Di Pietro (1992) sugere também uma evolução do método quando Monier,

inventor dessa associação, começou a utilizar perfis metálicos I juntamente com o

cimento para formar placas mais resistentes, as quais apresentam comportamento

análogo ao de lajes nervuradas. As placas percursoras das lajes pré-fabricadas

surgiram quando o francês Coignet sugeriu a substituição de perfis por barras de aço

com seção circular, criando assim a hipótese da seção T.

Silva (2012) destaca a Segunda Guerra Mundial como o grande exponencial da

utilização de lajes pré-fabricadas no mundo, pois era uma solução rápida e

econômica para a reconstrução de diversos países no cenário pós-guerra. As

vigotas treliçadas apareceram no mercado nessa época e foram amplamente

utilizadas devido a sua eficiência em vencer grandes vãos.

Na mesma publicação, Silva (2012) estuda a evolução desse método

construtivo no Brasil. Estima-se que as primeiras lajes pré-fabricadas surgiram na

década de 1940 quando algumas indústrias de pré-fabricados instalaram-se no Rio

de Janeiro, então capital brasileira. A implantação de siderúrgicas no país incentivou

o uso de vigotas treliçadas na construção civil, porém a conquista do mercado

ocorreu apenas por volta de 1980, quando ferramentas computacionais permitiram

maiores controle e precisão no dimensionamento de lajes. Na década seguinte,

houve uma grande produção de trabalhos científicos sobre o tema e formou-se o

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

5

referencial técnico utilizado até hoje. Anteriormente, o empirismo nas construções

predominava e catálogos de fabricantes eram os únicos materiais disponíveis para

consulta de projetistas. As primeiras normas brasileiras que regulamentaram o

processo foram publicadas em 2002 e atualizadas em 2016.

Van Ackler (2002) defende que as necessidades dos consumidores e a

competitividade entre empresas convergem para o mesmo ponto quanto à

expectativa na construção civil nos próximos anos, e isso é válido também para lajes

pré-fabricadas. A utilização dessas lajes tende a aumentar, pois é notório que, nas

próximas décadas, a industrialização, a automação e a informação estarão cada vez

mais presentes no mercado da construção civil, tornando interessante trocar o uso

intensivo da força de trabalho por uma metodologia mais moderna: a pré-fabricação.

2.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS

Segundo El Debs (2000), a baixa produtividade, o desperdício de materiais, a

morosidade e o baixo controle de qualidade são as principais razões da indústria da

construção civil ser considerada atrasada. Medrano et al. (2005) elencam as lajes

pré-fabricadas como contraste a essa teoria, já que são fabricadas visando à

racionalização e a industrialização da construção civil.

Assim como qualquer material produzido em larga escala industrialmente, os

componentes de lajes pré-fabricadas apresentam vantagens no quesito ambiental

como a racionalização dos materiais e a redução do desperdício. Branco (2008)

indica uma economia energética na produção em fábricas se comparado à

realização em canteiros de obra. Além disso, segundo ele, a adoção de padrões e a

escolha de materiais diminuem desperdícios e deixam as fábricas com menores os

impactos ambientais.

Ainda conforme Branco (2008), o controle de produção em fábricas é outro

fator vantajoso de peças pré-fabricadas em geral, incluindo vigotas. A eficiência na

vibração, o controle de cobrimentos e a automação são importantes no aspecto do

produto acabado. O menor tempo de execução é outro fator citado pelo autor, já que

é possível executar diferentes etapas simultaneamente. Sendo assim, conforme Van

Ackler (2002), tem-se o retorno do capital investido num prazo menor de tempo.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

6

Em se tratando especificamente de lajes pré-fabricadas, é unanimidade para os

pesquisadores da área que as maiores vantagens são a eliminação de fôrmas e a

redução de escoramento. Em seus respectivos estudos, Flório (2003) cita esses

fatores e explica que os próprios blocos de enchimento servem como fôrma para a

capa de concreto, e que as vigotas pré-fabricadas são capazes de vencer vãos

maiores sem necessitar muito escoramento. Nappi (1993); Medrano et al. (2005);

Avilla Junior (2009) e Costa (2015) também destacam ambas as vantagens, porém o

último acrescenta a redução do peso próprio da estrutura e a consequente

diminuição do custo da obra às vantagens.

Em seus respectivos estudos, autores destacam diversos outros pontos

positivos do uso de lajes pré-fabricadas. Flório (2003) cita:

Facilidade executiva, sendo sua montagem e manuseio extremamente simples;

Versatilidade, pois possui diversas aplicações;

Redução de custos com estrutura, devido à representativa redução do peso

próprio da laje.

Avilla Junior (2009) complementa tendo em vista a facilidade de transporte e

montagem dos materiais:

Alta produtividade;

Redução de mão de obra;

Redução no tempo de execução.

Nappi (1993) considera as mesmas vantagens, mas ainda acrescenta a

limpeza e organização no canteiro. Carvalho (2005) nota uma vantagem extra para

lajes treliçadas em relação às de vigotas tipo trilho, que é a facilidade de montar

nervuras transversais a fim de criar lajes bidirecionais caso seja necessário.

Por outro lado, Flório (2003) considera desvantagens a dificuldade para

executar instalações prediais e os altos valores de deslocamento transversal.

Droppa Junior (1999) destaca a informalidade de alguns fabricantes de vigotas, pois

isso prejudica o controle de qualidade sobre as peças. Nappi (1993) acrescenta

ainda mais pontos negativos:

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

7

Menor rigidez da estrutura;

Aderência parcial entre vigotas e capa de concreto;

Ocorrência de fissuração devido à retração e dilatação;

Impossibilidade de aberturas com bordo livre;

Restrições quanto ao vão e carga.

2.3 APLICAÇÕES

Em seu estudo sobre lajes formadas com vigotas de concreto, Di Pietro (1992)

destaca a grande aplicação desse tipo de lajes em construções com ocupação

residencial devido à facilidade e rapidez desse método, sendo possível obter reais

custos operacionais com sua adoção. Como geralmente não há muito carga aplicada

e os vãos são limitados, esse tipo de laje é amplamente utilizado em habitações

unifamiliares e edifícios residenciais de pequeno e médio porte. Quando se trata de

prédios de grandes proporções, a laje pré-fabricada pode não ser a melhor escolha,

pois nesses casos a ação do vento é fundamental no dimensionamento e o ideal é

uma estrutura mais rígida para atuar no contraventamento. Di Pietro (1992) ainda

condena o uso de vigotas convencionais em lajes de usos industrial ou comercial

quando apresentarem vãos e sobrecargas inapropriados, assim como em locais

onde predominam cargas dinâmicas ou concentradas.

Em outro estudo, Medrano, Figueiredo Filho e Carvalho (2005) defendem que

lajes pré-fabricadas podem ser utilizadas em edifícios residenciais, comerciais,

fábricas, pontes e viadutos, desde que o projeto contemple as premissas básicas de

cada caso. Na maioria dessas situações, somente é possível atender às solicitações

utilizando vigotas treliçadas ou protendidas, descartando as vigotas tipo trilho.

Considerando todos os tipos de lajes pré-fabricadas citadas neste capítulo, Van

Ackler (2002) sugere utilizações como:

Residências e apartamentos;

Edifícios comerciais e para escritórios;

Prédios escolares;

Edifícios industriais e armazéns;

Estacionamentos.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

8

Algumas aplicações de lajes pré-fabricadas podem ser vistas nas Figuras 1 e 2.

Figura 1 – Aplicação de laje pré-fabricada em cobertura.

Fonte: Site Catálogo Digital de Detalhamento da Construção

(https://cddcarqfeevale.wordpress.com/2012/05/22/lajes-pre-fabricadas-vigota-e-tavela/).

Figura 2 – Aplicação de laje pré-fabricada em edifício de múltiplos andares.

Fonte: Site Construpor (http://www.construpor.com/index.php?p=item4-1).

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

9

3 PROJETO

3.1 TIPOLOGIAS

A definição mais abrangente em relação às tipologias de lajes de concreto

armado foi sugerida por Baud (1981):

a) Lajes feitas inteiramente na obra: quando todas as etapas são in loco;

b) Lajes semi-pré-fabricadas: quando o elemento resistente à tração é

produzido fora da obra;

c) Lajes completamente pré-fabricadas: quando todo o elemento estrutural é

desenvolvido em indústria.

Anteriormente, Apolo (1979) elegeu a capacidade resistente das nervuras da

laje no momento em que são executadas em obra como critério para diferenciação

entre elas, e as classificou como resistentes, semi-resistentes e não resistentes.

Quando as nervuras são capazes de suportar integralmente os esforços submetidos,

a laje classifica-se como resistente. Porém, quando é necessária a participação de

outro material para resistir aos esforços, é considerada laje semi-resistente.

Finalmente, não resistentes são as que não apresentam resistência mecânica no

momento da execução. Exemplos clássicos das três são respectivamente: lajes com

perfis metálicos, com vigotas de concreto e moldadas in loco.

Assim, o tipo de laje deste estudo classifica-se, segundo Baud (1981) e Apolo

(1979), respectivamente, como semi-pré-fabricada e semi-resistente. É notável que

essa combinação seja a mais utilizada, pois oferece melhor custo-benefício em

relação a gastos diretos e a tempo de duração. Conforme sugere Di Pietro (1992)

em sua tese de mestrado, a capa de concreto deve ser executada para garantir

condições de estabilidade, monolitismo, continuidade e rigidez ao conjunto da obra,

e assim é possível aproveitar a contribuição de resistência à compressão do

concreto para obter vigotas mais econômicas.

A classificação mais usual de lajes pré-fabricadas dada por diversos autores é

referente à natureza dos seus componentes. Di Pietro (1992) classifica em:

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

10

a) Lajes com vigotas comuns

Também conhecidas como β-N, sendo N a espessura da laje, são

executadas com vigotas cujas armaduras são barras longitudinais. Gaspar (1997)

restringe o campo de aplicação de lajes com vigotas tipo trilho devido à

impossibilidade de vencer grandes vãos e elevadas cargas acidentais. A Figura 3

representa esta tipologia.

Figura 3 – Laje pré-fabricada tipo trilho.

Fonte: Site 99 Graus (http://www.99graus.com.br/como-e-feita-a-montagem-de-laje-pre-fabricada-

2/laje-pre-moldada/).

b) Lajes com vigotas treliçadas

São formadas por vigotas compostas por armadura em forma de treliça

espacial engastada na base. A nomenclatura segue o padrão TR-XX, onde XX é a

altura da armadura. Vigotas tipo treliça são mais resistentes e aderentes, logo

possuem uma aplicação muito maior em obras residenciais, comerciais ou

industriais. Na Figura 4 está representada sua utilização.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

11

Figura 4 – Laje pré-fabricada tipo treliçada.

Fonte: Site Alisson Lajes (http://alissonlajes.com.br/tipos-de-lajes-mais-usadas/laje/).

c) Lajes com vigotas protendidas

Segundo Flório (2003), o caso mais raro de ser visto é o de vigotas tipo trilho

protendido, conforme na Figura 5. Elas são capazes de vencer vãos ainda maiores,

mas o alto custo da protensão a torna inviável em muitas obras.

Figura 5 – Laje pré-fabricada tipo trilho protendido.

Fonte: Site Protensul (http://www.protensul.com.br/index.php?cmd=produtos&id=4)

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

12

3.2 COMPONENTES

As lajes pré-fabricadas são construídas com vigas pré-moldadas, dispostas em

intervalos regulares, os quais são preenchidos com elementos de material leve,

aplicando-se [...] uma camada de concreto (GASPAR, 1997, p.9).

Em poucas palavras, o autor sintetizou os componentes de lajes pré-fabricadas

e converge com outros autores anteriores a ele. Di Pietro (1992) cita vigotas de

concreto, blocos de tavela, capeamento e armaduras como componentes da laje

objeto de estudo. Nappi (1993) contabiliza os mesmos componentes e ainda destaca

que as vigotas e os blocos são manufaturados em fábricas e posteriormente levados

à obra. Posteriormente, Flório (2003) sugere os mesmos componentes, mas dessa

vez acrescenta blocos de EPS como material leve. Segundo a classificação de

Gaspar (1997), têm-se os seguintes componentes:

3.2.1 Vigotas

a) Vigotas de concreto armado

São facilmente encontradas e possuem seção T invertido para facilitar o apoio

dos blocos (ver Figura 6). A fabricação ocorre em grandes fôrmas metálicas que

permitem a variação de comprimento das peças e, segundo Botelho (1991), utiliza

aços CA-50 ou CA-60 para resistir à tração. Os defeitos que limitam seu campo de

aplicação são, conforme Gaspar (1997): ausência de estribo e má aderência entre o

capeamento e a superfície lisa das vigotas.

Figura 6 – Vigota simples de concreto.

Fonte: Site Lajes Presidente (http://www.lajespresidente.com.br/site/produto/3/Lajes/).

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

13

b) Vigotas de concreto protendido

Geralmente possuem seção transversal semelhante às vigotas comuns, porém

apresentam armadura ativa que possibilita vencer grandes vãos com menores

deformações e a maior resistência ao cisalhamento (ver Figura 7).

Figura 7 – Vigota de concreto protendido.

Fonte: Site Cerâmica Kaspary (http://www.ceramicakaspary.com.br/web/produtos/laje-protendida).

c) Vigotas treliçadas

Essas vigotas (ver Figura 8) são compostas por treliças espaciais soldadas

por eletrofusão e por uma placa de concreto em sua base, conforme Gaspar (1997).

“A armadura treliçada é constituída de um fio de aço no banzo superior, interligado

por dois fios de aço laterais em diagonal (sinusóide) a dois fios de aço no banzo

inferior” (FLÓRIO, 2003, p.19). “As armaduras diagonais têm a função de resistir às

tensões de cisalhamento, como também garantir que o sistema fique monolítico

após a aplicação da capa de concreto” (GASPAR, 1997, p.15).

Figura 8 – Vigota treliçada.

Fonte: Site Archi Expo (http://www.archiexpo.com/pt/prod/alkern/product-108775-1137011.html).

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

14

3.2.2 Blocos de Enchimento

A utilização de elementos de material leve está ligada à ideia de substituir parte

do concreto da região tracionada das lajes, bem como servir de sustentação à

camada de concreto fresco (GASPAR, 1997, p.9). No mesmo estudo, ele apresenta

alguns requisitos para os elementos leves:

Resistência mínima à carga de trabalho durante a montagem da laje;

Resistência mínima ao lançamento do concreto fresco;

Boa aderência às argamassas de revestimento;

Bom isolamento termoacústico.

Os blocos de preenchimento classificam-se segundo Gaspar (1997):

a) Blocos Cerâmicos

Também conhecidos como tavelas ou lajotas, são amplamente difundidos no

mercado por apresentarem baixo custo e boa aderência. Segundo Gaspar (1997), a

altura pode variar de 7 cm a 25 cm; a largura acima de 25 cm e o comprimento é

geralmente 20 cm. A Figura 9 contém formatos e dimensões de tavelas comerciais.

Figura 9 – Formatos e dimensões de blocos cerâmicos.

Fonte: Site Cerâmica Kaspary (http://www.ceramicakaspary.com.br/web/produtos/tavelas).

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

15

b) Blocos de concreto

Possuem baixa utilização, mas apresentam melhor resistência mecânica e

por isso são indicados para resistir condições adversas de lançamento de concreto.

Na figura 10 estão apresentados blocos de concreto.

Figura 10 – Formatos de blocos de concreto.

Fonte: Site Pré-fabricados de Concreto (http://www.prefabricadosdeconcreto.com/p/congonhas-

jeceaba-entre-rio-de-minas.html).

c) Blocos EPS

Derivado do petróleo, o poliestireno expandido constitui cerca de 2% do

volume do bloco, enquanto 98% são ocupados por ar. Esse material é inovador por

aliviar o peso próprio, permitir um maior espaçamento entre as nervuras, reduzir

perdas de material e facilitar transporte e montagem (ver Figura 11).

Figura 11 – Formatos e dimensões de blocos de EPS.

Fonte: Site Braço Distribuidora (http://www.bracodistribuidora.com.br/produtos/c/10/10/blocos-de-eps).

Site Portal dos Equipamentos ((https://www.portaldosequipamentos.com.br/prod/cont/m/isorecort-

fabrica-blocos-e-placas-de-eps-de-alta-densidade-em-varias-dimensoes_16964_22627_7712).

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

16

3.2.3 Capeamento de Concreto

A capa de concreto é a placa superior da laje cuja espessura é medida a partir

da face superior do elemento de enchimento. Flório (2003) confia a este componente

a distribuição dos esforços recebidos pela laje. Além disso, o capeamento de

concreto deve ser o principal responsável pela resistência à compressão e dar

rigidez ao sistema exercendo importante papel de elemento de contraventamento.

De acordo com a NBR 14859-1:2016, o concreto que compõe o capeamento

deve ser no mínimo C20, ou seja, ter resistência característica à compressão mínima

20 MPa aos 28 dias. Além disso, a espessura mínima dessa capa é 3 cm. O

concreto lançado sobre as vigotas e blocos deve obedecer aos critérios da NBR

6118:2014, sendo importante que seja executado juntamente com as vigas de borda

da laje para formar um sistema monolítico.

Diversos fabricantes de vigotas pré-fabricadas recomendam a espessura

mínima de 5 cm, sendo assim, o peso próprio da laje fica na faixa de 225 a 250

kg/m² o consumo médio de concreto é de 55 a 57 litros/m².

3.2.4 Armadura

Armaduras complementares podem ser utilizadas por diversos motivos e em

diversas posições de acordo com o projeto estrutural. Elas subdividem-se em:

a) Longitudinal: se a armadura da vigota não basta para resistir à tração;

b) Transversal: deve ser utilizada quando há nervuras transversais para o

travamento da laje.

c) Distribuição: a NBR 6118:2014 prevê um valor mínimo de armadura de

distribuição em lajes armadas em uma direção como o maior valor entre: 20% da

armadura principal; 50% da área de aço mínima; ou 0,90 cm²/m. Di Pietro (1992)

recomenda que sejam dispostas em intervalos máximos de 33 cm transversais às

vigotas e aconselha o uso de barras com diâmetro nominal de 5 mm ou 6,3 mm.

d) Negativa: quando necessária, é posicionada sobre os apoios para resistir

à tração na borda superior da laje.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

17

3.3 MECANISMOS DE FUNCIONAMENTO

Costa (2015) define laje como um elemento estrutural submetido a cargas

predominantemente normais à superfície e laje pré-fabricada como uma subdivisão

da primeira, sendo uma estrutura armada em uma ou duas direções executada com

vigotas pré-fabricadas, blocos de enchimento e uma camada de concreto. Carvalho

(2005) considera que o funcionamento de lajes pré-fabricadas ainda não foi

completamente compreendido e que muito pouco se sabia até recentemente.

Di Pietro (1992) afirma que, embora haja uma grande variedade de vigotas, a

seção típica é em formato T invertido para garantir uma boa aderência entre a vigota

e o concreto adicionado em obra. Nos casos de armadura treliçada, as barras

laterais garantem essa aderência. A associação de vigotas, conforme Gaspar (1997)

forma uma série de nervuras resistentes assimiláveis a vigas T com comportamento

estrutural semelhante ao de lajes nervuradas.

Medrano et al. (2005) também concordam que lajes unidirecionais com vigotas

pré-fabricadas apresentam comportamento essencialmente de viga, diferentemente

das bidirecionais, que funcionam como placas. Segundo eles, o sucesso da laje pré-

fabricada ocorre devido à eliminação do concreto excedente abaixo da linha neutra,

reduzindo assim seu peso próprio. A seção tracionada é composta por elementos

leves e por uma pequena quantidade de concreto utilizada para alojar a armadura de

tração, conforme demonstrado na Figura 12.

Figura 12 – Mecanismo de funcionamento.

Fonte: Autor (2017).

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

18

As nervuras são interligadas entre si por uma capa de concreto que as

solidariza, permitindo que trabalhem em conjunto. Assim é possível utilizar

alturas maiores, sem grandes aumentos de peso próprio, possibilitando

braços de alavanca maiores do que em lajes maciças equivalentes,

aumentando a rigidez do conjunto com maior eficiência do aço e do

concreto (MEDRANO, FIGUEIREDO FILHO e CARVALHO, 2005, p.2).

Carvalho (2000) sugere que funcionamento dessas lajes ocorre de maneira

mais eficiente com o posicionamento dos elementos estruturais pré-fabricados em

uma única direção, preferencialmente paralelos ao menor vão, simplesmente

apoiando nas extremidades. Sendo assim, as vigas nas quais as nervuras estão

apoiadas receberão a maior parte da carga proveniente da laje.

O último aspecto importante referente ao funcionamento das lajes pré-

fabricadas é a função de contraventamento exercida durante a aplicação de cargas

de vento na estrutura. Van Ackler (2002) explica que diafragmas são estruturas

horizontais planas cuja função é transferir forças horizontais aos elementos de

contraventamento verticais e afirma que as lajes pré-fabricadas são projetadas,

inclusive nas ligações com o restante da estrutura, para funcionar como vigas

parede horizontais, oferecendo rigidez e estabilidade ao sistema global.

3.4 CRITÉRIOS DE ESCOLHA

De acordo com Van Ackler (2002), a utilização de pré-fabricados em geral é

preferida em obras que apresentam simplicidade e certa regularidade, facilitando a

modulação. Isso inclui o caso das lajes pré-fabricadas, já que essas são

recomendadas para formatos retangulares sem bordos livres. O fator que torna a laje

com vigotas preferida em relação à maciça nesses casos é a padronização e

repetição, que são economicamente interessantes em qualquer obra.

A opção por laje maciça ou pré-fabricada pode mudar a concepção do projeto e

por isso deve ser feita na fase de pré-projeto. Se o projetista tiver ciência do tipo de

laje a ser utilizada, poderá tirar o máximo de vantagens do método construtivo, como

soluções padronizadas em disposição de vigas e processo de industrialização. Van

Ackler (2002) sugere a análise de vantagens e restrições de produção, transporte e

montagem de ambas para a escolha na fase de concepção do projeto.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

19

O critério a ser observado citado por Costa (2015) é a qualidade dos

componentes vendidos pela empresa, já que a grande procura por lajes pré-

fabricadas nos últimos anos fez com que surgissem muitas indústrias sem o menor

controle tecnológico sobre vigotas e blocos de enchimento, ocasionando uma

significativa perda de qualidade nas peças acabadas.

Gaspar (1997) e Flório (2003) oferecem critérios para a escolha do tipo de laje

pré-fabricada. Enquanto o primeiro destaca que vigotas de concreto são preferidas

em locais onde armaduras treliçadas não são encontradas ou não tenham preço

competitivo, o autor do estudo mais atual distingue ambas pelo vão e cargas

atuantes: vigotas convencionais são preferidas economicamente em vãos de até 6 m

e sobrecargas baixas, enquanto as treliçadas são vantajosas em vãos de até 12m

combinadas com cargas acidentais superiores.

Van Ackler (2002) detalhou em seu manual os critérios para escolha pelo tipo

de laje. Segundo ele, além de fatores externos como condições de transporte,

montagem e disponibilidade no mercado, as principais características técnicas a

serem consideradas na hora da escolha são:

a) Capacidade portante do vão;

b) Acabamento da face inferior da laje;

c) Peso próprio;

d) Isolamento térmico e acústico;

e) Resistência ao fogo;

f) Custos com mão de obra.

Após a escolha pelo tipo, deve-se optar pela altura da laje. Carvalho (2005)

condena o uso de tabelas de dimensionamento que relacionam altura da laje, vão e

sobrecarga por essas não levarem em consideração o Estado Limite de Deformação

Excessiva. Segundo o autor, elas não são competentes na estimativa da altura e

armadura de uma laje, pois essa estará suscetível a grandes deformações ao longo

do vão. Como soluções mais eficientes, ele recomenda a utilização de programas

computacionais ou a criação de tabelas de dimensionamento levando em conta a

elevada deformação do conjunto.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

20

3.5 DETALHES DE PROJETO

A NBR 6118:2014 define que estruturas de concreto devem apresentar

segurança, estabilidade, aptidão em serviço e aparência estável durante um período

de tempo sem exigir medidas de manutenção, e para que isso se efetue, não são

tolerados erros de dimensionamento e detalhamento no projeto estrutural. Carvalho

(2000) indica que a escolha da altura da laje já no início do projeto é fundamental

para o correto dimensionamento da estrutura. Ele alega que, por ter menor rigidez

em relação à maciça, a deformação deve ser considerada na hora de escolher a

altura de uma laje pré-fabricada.

Alguns critérios são fundamentais para o pleno sucesso de um projeto e, de

acordo com Van Ackler (2002), a integridade estrutural e a capacidade de

distribuição de cargas são essenciais para um bom aproveitamento de lajes pré-

fabricadas. A integridade estrutural, segundo ele, é a tendência dos componentes de

manterem-se amarrados entre si formando uma única entidade estrutural. A

distribuição de carga, por sua vez, é importante para proporcionar o espraiamento

dos esforços na superfície da laje, fazendo com que esses não sejam absorvidos

somente pelas vigotas mais próximas.

Di Pietro (1992) define a escolha pela direção das vigotas e o tipo de

vinculação nos apoios como as principais decisões em um projeto de laje pré-

fabricada. A orientação é seguir a regra de ser paralela ao menor vão da laje, pois é

a direção em que ocorrem os maiores momentos, enquanto a vinculação costuma

ser simplesmente apoiada em todos os bordos a fim de evitar momentos negativos,

salva a exceção de quando se deseja continuidade sobre uma viga ou parede. Esse

caso pode ser utilizado em ocasiões em que há grandes vãos e deseja-se diminuir o

momento positivo a ser absorvido pela vigota, então se aplica a continuidade de

armadura sobre o apoio e uma ferragem negativa é posicionada no topo da capa de

concreto para neutralizar os momentos do engaste.

Quanto à nomenclatura de elementos de uma laje pré-fabricada, a atual norma

que regulamenta o procedimento no Brasil, a NBR 14859-1:2016, define para todos

os tipos de lajes estudados (ver Figuras 13 e 14):

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

21

a) Intereixo (i): distância entre eixos das vigotas pré-fabricadas de concreto,

considerando a presença dos elementos inertes;

b) Altura da vigota (hv): distância entre o plano inferior e o plano superior,

sendo que o topo do banzo superior da armadura treliçada determina o plano

superior;

c) Altura do enchimento (he): distância entre o plano inferior e o plano superior

do elemento de enchimento.

Figura 13 – Seção transversal de uma laje pré-fabricada convencional.

Fonte: ABNT NBR 14859-1:2002 (2002).

Figura 14 – Seção transversal de uma laje pré-fabricada treliçada.

Fonte: ABNT NBR 14859-1:2002 (2002).

Ainda podem ser definidos hc como a espessura da capa de concreto e h como

a altura da laje, que é dada pela soma da altura do enchimento e da espessura do

capeamento de concreto.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

22

4 DIMENSIONAMENTO

4.1 APRESENTAÇÃO DOS MODELOS DE CÁLCULO

Flório (2003) publicou um estudo que permite determinar esforços e

deslocamentos em lajes pré-fabricadas e sugeriu quatro modelos de cálculo:

4.1.1 Modelo de Grelha Equivalente

O método consiste em discretizar a estrutura da laje em elementos ortogonais

de uma grelha. Para casos com vigotas unidirecionais, considera-se as nervuras

como vigas de seção T no sentido em que se encontram dispostas, e

perpendicularmente a elas, há elementos de vigas retangulares com a espessura da

capa de concreto como únicos elementos rígidos nessa direção. É comum adotar o

mesmo espaçamento entre barras para ambos os lados, logo a modelagem é função

do intereixo da estrutura. Em casos de lajes bidirecionais, as duas direções possuem

seção transversal T e o funcionamento é semelhante ao de uma placa.

A maior desvantagem do método é necessitar de ferramentas computacionais

para o seu processamento, entretanto as maiores vantagens da adoção deste

modelo são:

Possibilidade de analisar o pavimento como um todo;

Variação de propriedades da seção, como trechos fissurados;

Obtenção de um melhor resultado da interação entre laje e vigas de contorno;

Facilidade na disposição de cargas aplicadas.

4.1.2 Modelo de Grelha Equivalente Simplificado

O modelo é muito semelhante ao anterior, porém este não considera a capa

de concreto como fornecedor de rigidez aos elementos da direção secundária, pois

ficou comprovado que não há grande contribuição do capeamento nos esforços e

deslocamentos. Sendo assim, os elementos da direção na qual as vigotas estão

dispostas seguem com as mesmas características geométricas, enquanto os da

direção secundária não apresentam elementos rígidos. No caso de lajes

bidirecionais, não há esta simplificação.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

23

4.1.3 Modelo de Viga Independente

Este método não se aplica às lajes bidirecionais, mas é o mais utilizado no

dimensionamento de vigotas unidirecionais devido a sua simplicidade e agilidade.

Contando que a capa de concreto forneça rigidez para a direção secundária, basta

uma armadura de distribuição e dimensiona-se a vigota para determinada área de

influência apenas na direção principal. A diferença em relação ao modelo anterior é

que, neste caso, dimensiona-se apenas um elemento de vigota, já que a

consideração do modelo é o efeito de viga, e não grelha como o anterior.

Flório (2003) comprovou que os esforços e deslocamentos são maiores

quando os elementos trabalham sozinhos, ou seja, quando uma vigota comporta-se

como uma viga isolada. No mesmo estudo, também comprovou importantes

definições após as deformações: quando não há ligações transversais, todos os

elementos têm a mesma linha elástica, diferentemente do que ocorre em placas com

predomínio de ligações transversais. Uma laje pré-fabricada apresenta

comportamento intermediário entre esses dois extremos, já que possui componentes

isolados na região tracionada e a capa de concreto funciona parcialmente como

ligante. Consequentemente, por apresentar valores a favor da segurança, é

aceitável considerar que vigotas pré-fabricadas apresentem comportamento de

elemento independente.

4.1.4 Modelo Considerando a Continuidade

É necessário tomar muito cuidado na hora de considerar a continuidade em

lajes formadas a partir de vigotas, pois, apesar de reduzirem o momento fletor

positivo no meio do vão, faz surgirem esforços negativos sobre os apoios, sendo

inclusive maiores, em módulo, que os centrais. Como as vigotas são feitas para

resistirem a momentos positivos, há dois problemas: não há armadura na região

superior e nem concreto na zona inferior suficientes para absorver o momento.

A adoção deste modelo vem com a necessidade de fazer algumas

alterações no projeto. A primeira delas é a adição de armadura negativa sobre os

apoios e resolver o problema na tração na face superior. Quanto à compressão no

bordo inferior, há duas opções um tanto quanto delicadas: a plastificação do

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

24

momento negativo até um valor aceitável pela seção resistente e então somar a

parcela plastificada no momento positivo e a outra alternativa consiste em adicionar

concreto e tornar maciça e mais rígida a região próxima ao apoio para absorver a

compressão. Se por um lado a execução do trecho maciço é complicada na fase da

execução, na etapa de projeto tem-se a dificuldade em estabelecer um valor de

momento plastificado negativo que possa ser resistido pela seção de concreto da

vigota. Por esses motivos, este modelo não é tão aplicado.

4.1.5 Estudos Alternativos

Há outros estudos que também indicam algumas aproximações de cálculo

passíveis de serem utilizadas. Silva (2012) sugere três modelos, sendo dois deles

associáveis aos de Flório (2003): Nervuras Isoladas, equivalente ao de Viga

Independente e Grelha Equivalente. Silva (2012), ainda acrescenta um terceiro

modo, o Método dos Elementos Finitos, que consiste em subdividir a placa em

elementos de dimensões finitas conectados por nós. Aplica-se a carga nas barras ou

nos nós e obtêm-se os esforços e deslocamentos de todos os pontos da estrutura.

4.2 DIMENSIONAMENTO A FLEXÃO SIMPLES

A escolha do Modelo de Viga Independente deve-se ao fato deste ser o mais

utilizado por projetistas por ser extremamente simples e não necessitar de

ferramentas computacionais para seu desenvolvimento. Serão apresentadas a

seguir as etapas para o correto dimensionamento de uma laje pré-fabricada.

4.2.1 Levantamento de Cargas

As cargas atuantes na estrutura são:

a) Peso próprio:

Nos catálogos de fabricantes de peças pré-fabricadas, estão disponíveis

tabelas que fornecem essa informação. No Quadro 1 obtido junto a um fabricante,

há a comparação entre os três tipos de lajes pré-fabricadas de altura padrão com

uma maciça equivalente. Além do peso próprio, a comparação é feita também para

consumo de concreto, área de fôrmas e quantidade de escoramento.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

25

Quadro 1 – Comparação entre vários tipos de lajes.

TIPO DE LAJE MACIÇA h=10 cm

VIGOTAS DE CONCRETO

LC12

VIGOTAS TRELIÇADAS

LT13

VIGOTAS PROTENDIDAS

LP13

PESO PRÓPRIO (kgf/m²) 250 225 207 202

CONSUMO CONCRETO (L/m²) 100 57 64 52

ÁREA DE FÔRMAS (m²/m²) 1 0 0 0

LINHAS DE ESCORAS 5 3 3 1 Fonte: Site Construrohr (http://www.construrohr.com.br/arquivos/especificacoes-tecnicas-vigotas-de-

concreto.pdf).

Ainda com intuito de demonstrar as diversas possibilidades de escolha pelos

componentes da laje, o Quadro 2 compara os valores de peso de lajotas cerâmicas

e blocos de EPS para diferentes alturas comerciais de treliças. As informações foram

obtidas no catálogo online de um fabricante.

Quadro 2 – Comparação entre pesos de blocos.

TIPO DE LAJE EPS

(kg/m²)

LAJOTA CERAMICA

(kg/m²)

H = 12cm 1,3 56

H = 16cm 1,7 65,6

H = 20cm 2,2 75 Fonte: Site Concreart (http://lajesconcreart.webnode.com/laje/).

b) Revestimento:

Considerando uma camada superior de regularização de 3 cm, revestimento

cerâmico de 5 mm e uma camada de reboco de 2 cm na face inferior, tem-se:

Alguns projetistas aconselham a adoção do valor padrão de 1 kN/m².

c) Sobrecarga de utilização:

Fabricantes sugerem em seus catálogos que vigotas convencionais podem ser

utilizadas em casos em que a sobrecarga não ultrapasse 2 kN/m², enquanto as

treliçadas possuem valor máximo de até 5 kN/m² dependendo do vão.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

26

O maior uso de lajes pré-fabricadas ocorre em residências, que possui valor

recomendado para carga acidental de 2 kN/m² pela NBR 6120:1980, logo ambas as

tipologias são elegíveis. Outras sobrecargas também podem ser obtidas na Norma

e, em síntese, são função da utilização da estrutura.

d) Peso de paredes:

É possível a construção de paredes sobre lajes pré-fabricadas, mas é

necessária muita atenção, pois os blocos de enchimento não possuem resistência. É

sugerido então utilizar divisórias leves para fins arquitetônicos. Sendo assim, a carga

por área de parede é absorvida e distribuída na superfície da laje.

4.2.2 Pré-Dimensionamento

O pré-dimensionamento de lajes pré-fabricadas consiste basicamente em

comparar valores de vão e sobrecarga juntamente com catálogos de fornecedores e

então averiguar as opções viáveis no mercado. Após a escolha do tipo de vigota a

ser utilizada, obtém-se maior resistência aumentando a altura do elemento pré-

fabricado, porém aumentando também o custo. A seguir o Quadro 3 fornecido por

um fabricante considera vigotas treliçadas e lajotas cerâmicas:

Quadro 3 – Pré-dimensionamento de lajes com vigotas treliçadas e lajotas

cerâmicas.

Fonte: Site Construrohr (http://www.construrohr.com.br/arquivos/especificacoes-tecnicas-

trelicada.pdf).

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

27

4.2.3 Cálculo do Momento e Armadura

Carvalho e Figueiredo Filho (2014) sugerem a adoção de dois métodos

distintos referentes à distribuição de esforços pela capa de concreto. Em seu livro,

os autores comprovaram através de modelagens com grelhas equivalentes que a

capa de concreto possui rigidez suficiente para transmitir até 27% do valor total dos

esforços para as vigas paralelas às vigotas. O primeiro método, denominado

simplificado, considera a adoção de 100% dos esforços calculados nas vigas

principais e 25% nas secundárias. Por outro lado, o processo racional considera a

relação entre os vãos da laje como critério para definir a distribuição do

carregamento. Para este método, a soma das parcelas é sempre unitária e a

discrepância entre ambas aumenta à medida que a laje possui formato

quadrangular. A hipótese adotada considera a transmissão total dos esforços às

vigas nas quais as vigotas estão apoiadas.

Definido o carregamento para o Estado Limite Último, Carvalho e Figueiredo

Filho (2014) recomendam a consideração das vigotas simplesmente apoiadas nas

vigas de bordo, logo o momento máximo para uma carga distribuída ocorre no centro

do vão e é dado por:

(1)

No Capítulo 2, Carvalho e Figueiredo Filho (2014) sugerem o uso de tabelas

a fim de simplificar o dimensionamento dessas peças estruturais. Segundo eles,

basta conhecer a carga atuante e o comprimento do vão da laje para escolher a

melhor opção técnica e econômica. Embora enfatizem que o processo correto é o

dimensionamento completo da estrutura, os autores explicam que essas tabelas

surgiram a partir da consideração de determinadas sobrecargas e diferentes alturas

de laje comerciais. Com esses dois parâmetros fixados, é fácil descobrir o máximo

comprimento para cada relação carga x altura. A fim de facilitar a escolha, a

participação do peso próprio já está embutida no cálculo e não deve ser considerado

no somatório de cargas indicado neste capítulo. O Quadro 4 é sugerido por Carvalho

e Figueiredo Filho (2014) como um modo de simplificar o dimensionamento.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

28

Quadro 4 – Dimensionamento de lajes pré-fabricadas utilizando tabelas.

h (cm) p (kN/m²)

0,50 1,00 2,00 3,50 5,00 8,00 10,00 12,00

9,5 4,20 4,00 - - - - - -

11 4,50 4,30 4,10 3,50 2,70 - - -

15 5,70 5,50 5,30 4,50 3,40 - - -

20 6,90 6,80 6,50 5,70 4,60 3,30 2,70 -

25 8,30 8,10 7,90 6,70 5,50 4,00 3,30 2,90

30 - - 9,00 8,70 8,40 6,20 5,30 4,60

35 - - 10,30 9,90 9,60 7,20 6,20 5,40 Fonte: Carvalho e Figueiredo Filho (2014).

No Capítulo 3 do mesmo livro, é apresentado como efetuar o cálculo de

armadura dimensionada à flexão simples. A hipótese básica apresentada por

Carvalho e Figueiredo Filho (2014) é o conhecimento da resistência do concreto (fck),

a largura da seção (bw), altura útil (d) e resistência do aço (fyk). A primeira etapa é a

consideração dos devidos fatores de segurança para solicitação, concreto e aço:

(2)

(3)

(4)

Considerando o equilíbrio entre ações na seção mostrado na Figura 15, a

força atuante no concreto deve ser igual à atuante no aço. Partindo desta hipótese,

calcula-se a posição da linha neutra na seção retangular dada por:

(5)

( )

(6)

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

29

Figura 15 – Equilíbrio de forças na seção.

Fonte: Carvalho e Figueiredo Filho (2014).

Como os outros fatores são todos conhecidos, basta a resolução de uma

equação de segundo grau para obter a posição da linha neutra. A próxima etapa é a

obtenção do braço de alavanca entre as forças de tração e compressão:

(7)

Admitindo que a peça esteja no domínio 2 ou 3, Fs = fyd, logo a área de aço

necessária pode ser obtida com:

(8)

A utilização correta das unidades já fornece a área de aço em cm², facilitando a

escolha das barras. O último processo é a verificação da posição da linha neutra e

basta o seguinte cálculo:

(9)

A NBR 6118:2014 limita essa relação em até 0,45 para que não ocorra

ruptura frágil, mas no caso de lajes dificilmente esse valor é atingido, pois na maioria

dos casos, a peça encontra-se domínio 2.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

30

Carvalho e Figueiredo Filho (2014) ainda apresentam a simplificação deste

procedimento utilizando fórmulas adimensionais e tabelas com parâmetros

predefinidos. O método é basicamente o mesmo, porém este necessita apenas de

dois cálculos: o primeiro para obter o parâmetro adimensional KMD necessário para

consultar a tabela que fornece a posição da linha neutra (KX), coeficiente para

armadura (KZ) e deformações no aço e concreto. O segundo utiliza o valor de KZ e

fornece a área de aço necessária para resistir ao momento atuante.

(10)

(11)

Gaspar (1997), em sua dissertação de mestrado, sugere duas hipóteses

para o dimensionamento de lajes pré-fabricadas: seção retangular ou seção T.

Primeiramente, ele recomenda a determinação da posição da linha neutra a partir da

condição de equilíbrio entre forças atuantes no concreto e aço. A fórmula

simplificada para encontrar a altura da linha neutra apresentada é:

√( ) ( )

(12)

Caso a linha neutra corte a alma da viga, deve-se aumentar a altura da laje

para diminuir a relação x/d até que a linha de corte passe na região da capa de

concreto. Porém, se a posição de x já está na mesa colaborante, o dimensionamento

pode ser feito utilizando as equações propostas para seção retangular. Quanto aos

procedimentos de cálculo, Carvalho e Figueiredo Filho (2014) apresentam as

mesmas equações sugeridas por Gaspar (1997).

4.2.4 Hipótese do Momento Negativo

A continuidade entre laje pré-moldadas é a capacidade que ela possui de

absorver os momentos negativos sobre os apoios provenientes da

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

31

continuidade da laje e que são combatidos pela armadura negativa,

disposta em seu capeamento, podendo aumentar a rigidez do conjunto laje-

viga (DIPIETRO, 1992, p.11).

Carvalho (2005) complementa afirmando que o formato T da laje pré-fabricada

é propício a resistir momentos positivos, sendo inadequado para negativos, e que a

grande diferença entre áreas comprimidas nos bordos superior e inferior tem suma

importância sobre esse comportamento, conforme sugere a Figura15 sugere.

Figura 16 – Diferença entre seções tracionadas e comprimidas na seção T.

Fonte: Autor (2017).

A continuidade em lajes pré-fabricadas pode ser considerada, afinal, assim

diminui-se o momento positivo e é possível atingir maiores vãos livres. Flório (2003)

apresentou o modelo de cálculo e Silva (2012) defende sua implantação. A

dificuldade, porém, ocorre sobre os apoios centrais devido ao surgimento de

momentos negativos e à inversão das zonas tracionadas e comprimidas.

O primeiro problema é a necessidade de dispor armadura longitudinal no

sentido das vigotas na face superior da capa de concreto, pois esse procedimento

não é aconselhável porque as barras podem ser facilmente afundadas durante a

concretagem. A outra adversidade surge devido à substituição de concreto da parte

inferior por elementos de enchimento exigir o enrijecimento da região comprimida da

laje, tornando-a maciça próxima ao apoio. Caso isso ocorra, a maior vantagem da

pré-fabricação, a eliminação de fôrmas, é parcialmente atingida.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

32

Além da sugestão de dispor armadura negativa e enrijecer a laje proposta por

Silva (2012), o estudo também destaca a dificuldade em definir um valor de

momento negativo para o dimensionamento da zona tracionada. Com o surgimento

de uma rótula plástica no apoio, não se aplica o comportamento elástico na estrutura

e não é há um método preciso para definir o esforço no apoio intermediário.

Devido a todos esses fatores, a recomendação de grande parte dos autores é

que o dimensionamento de lajes pré-fabricadas ocorra considerando as vigotas

simplesmente apoiadas, excluindo aplicações com continuidade. A orientação é que

seja considerada somente em situações realmente necessárias, como no caso de

vãos muito maiores que o convencional.

4.3 VERIFICAÇÃO AO CISALHAMENTO

Segundo Carvalho (2005), o cisalhamento pode ocorrer na ligação entre a laje

e as vigas, pois é o local mais desfavorável. A aplicação de cargas pode provocar

rompimentos por cisalhamento nos sentidos vertical ou horizontal. Carvalho (2005)

afirma também que, por mais que haja poucos estudos referentes ao assunto, sabe-

se que vigotas treliçadas possuem uma eficiência maior em se tratando desta

questão devido à efetiva contribuição das armaduras laterais entre os banzos.

Flório (2003) e Silva (2012) citam as normas então vigentes em procedimentos

para verificação ao cisalhamento em suas respectivas teses de mestrado, e

Carvalho e Figueiredo Filho (2014) corroboram as instruções da NBR 6118:2014 na

verificação da estrutura como laje nervurada, já que apresenta nervuras em

intervalos menores que 65 cm. Caso a força cortante solicitante seja menor que a

resistente, a estrutura pode ser considerada como laje.

[ ( )]

(13)

Onde:

(14)

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

33

( )

(15)

(16)

Obedecida à condição inicial, a próxima etapa é a verificação da compressão

diagonal das bielas do concreto. A NBR 6118:2014 dispensa armadura transversal

em lajes nervuradas caso essa condição seja atendida.

(17)

Em que:

(

)

(18)

4.4 VERIFICAÇÃO DO ESTADO LIMITE DE SERVIÇO

4.4.1 Estado Limite de Deformação Excessiva

Defendido por Carvalho (2000) como fator essencial na escolha da altura da

laje, a flecha pode ser um inconveniente durante a vida útil da estrutura. Diversos

autores condenam a não consideração desse fator no dimensionamento e apontam

a deformação excessiva como um dos principais defeitos das lajes pré-fabricadas

devido a sua significativa baixa rigidez se comparadas às lajes maciças.

O ponto de partida para o cálculo da flecha nesse tipo de lajes é a

consideração de uma peça com seção T e comportamento de elemento isolado, tal

como o método utilizado para vigas biapoiadas com carregamento uniformemente

distribuído. As combinações de serviço são regidas pela NBR 8681:1984. Carvalho e

Figueiredo Filho (2014) apresentam a equação para a flecha imediata:

(19)

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

34

Os valores admissíveis são informados pela NBR 6118:2014 e variam de l/600

a l/250 dependendo do requisito. A recomendação dos autores é que, a favor da

segurança, os efeitos da fissuração da seção e da fluência do concreto sejam

considerados. Carvalho (2000) afirma que a parcela da fluência ao longo do tempo é

da mesma ordem de grandeza da deformação imediata calculada com a equação

anterior, que por sua vez está diretamente ligada à fissuração do concreto. Para

considerar o efeito da fissuração na estrutura, e portando trabalhando no estádio II,

o autor aconselha o cálculo da flecha imediata utilizando a inércia média da peça,

que pode ser obtida com a equação a seguir correlacionando as seguintes

grandezas:

(

)

[ (

)

]

(20)

Essa diminuição da inércia da peça causada pela fissuração do concreto pode

ser considerada no cálculo da deformação imediata sugerida por Carvalho e

Figueiredo Filho (2014) na equação (19), enquanto o efeito da fluência do concreto

na estrutura, segundo os mesmo autores, deve ser estudado e considerado na

flecha diferida no tempo.

Conforme visto anteriormente, casos excepcionais também foram estudados

por Di Pietro (1992) em sua dissertação de mestrado, que sugere equações para a

verificação de deformações para casos em que é considerada a continuidade sobre

apoios centrais. Ele analisa os esquemas estruturais hiperestáticos possíveis e

indica aproximações de valores de flechas para situações com apoio-engaste e

engaste-engaste, respectivamente:

(21)

(22)

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

35

4.4.2 Estado Limite de Abertura de Fissuras

A NBR 6118:2014 limita a abertura máxima de fissuras em função da classe de

agressividade ambiental da obra visando manter sua vida útil. Di Pietro (1992) afirma

que a durabilidade da estrutura pode ser afetada pela fissuração devido à entrada de

agentes agressivos ao concreto e à armadura. Segundo Silva (2012), as fissuras

podem ser ocasionadas por retração térmica ou reações químicas internas durante

no concreto, mas o principal motivo é a baixa resistência à tração deste material.

Carvalho e Figueiredo Filho (2014) sugerem equações para determinar a

abertura máxima de fissuras na peça. O valor a ser considerado para comparação

com os limites da ABNT NBR 6118:2014 é o menor resultado entre:

(23)

(

)

(24)

4.5 SEGURANÇA ESTRUTURAL

Marcellino (1991) já destacava que os requisitos a serem seguidos para o

correto desempenho de uma estrutura estão em determinadas normas. Visando

manter a estabilidade global, a NBR 8681:2003 rege o concreto armado quanto à

segurança estrutural.

Conforme já mencionado neste trabalho, a NBR 6118:2014 exige que

edificações apresentem segurança, estabilidade, aptidão em serviço e aparência

aceitável por um período predeterminado de tempo. Nesse contexto, a segurança

estrutural é imprescindível e deve considerar efeitos de primeira e segunda ordem.

Além da necessária segurança referente ao recebimento do carregamento

proveniente do seu uso, espera-se que as lajes em geral assumam importância na

estabilidade horizontal de estruturas aporticadas. A rigidez da laje confere ao

sistema uma importante função de contraventamento em ambas as direções.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

36

Um dos aspectos fundamentais no contexto da segurança é a ligação das

vigotas com as vigas de borda. Em seu estudo sobre elementos pré-fabricados em

geral, Van Ackler (2002) considera o assunto ligações como fundamental numa

estrutura por serem responsáveis pela interligação entre elementos e estarem

submetidas a forças diretas e indiretas, como carregamento e retração.

O último grande fator analisado na segurança estrutural é durante a fase de

construção. Gaspar (1997) destaca que, nessa etapa, apenas o escoramento e as

vigotas são responsáveis pela estabilidade da estrutura e, por esse motivo, a linha

de escoramento deve ser na direção transversal com o espaçamento

cuidadosamente definido. Segundo Gaspar (1997), o carregamento considerado

nessa etapa leva em conta ações de:

Peso de vigotas;

Peso de blocos leves;

Circulação de carrinhos de transporte;

Disposição de tábuas para o transporte.

O autor realizou diversos experimentos considerando blocos tipo EPS e lajota

cerâmica e confirmou que o tipo de elemento leve não contribui significativamente

para a definição do espaçamento entre escoras. O fator fundamental nessa escolha

é a carga aplicada pela roda da jerica sobre a laje, pois é uma ação com maior

módulo e distribuída numa área menor.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

37

5 DETALHAMENTO

5.1 PLANTA DE FÔRMAS

A Figura 17 mostra o croqui da planta de fôrmas de um pavimento residencial

utilizando laje treliçada no seu projeto, feito no programa computacional Eberick. A

Figura 18 apresenta o detalhamento da laje sugerido pelo mesmo programa.

Figura 17 – Planta de fôrmas de pavimento com laje pré-fabricada.

Fonte: Autor (2017).

Figura 18 – Detalhamento em vista superior e corte da laje.

Fonte: Autor (2017).

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

38

5.2 SEÇÃO E DISPOSIÇÃO DE VIGOTAS E BLOCOS

Com intuito de facilitar a percepção do detalhamento, as próximas imagens

contendo detalhes tridimensionais são referentes à laje L1 da planta de fôrmas

apresentada na Figura 17. A Figura 19 detalha a seção transversal e a perspectiva

dos dois tipos de vigotas mais utilizadas. A Figura 20, por outro lado, apresenta a

disposição das vigotas na laje L1.

Figura 19 – Vista frontal e isométrica das vigotas (a) comum; (b) treliçada.

(a) (b)

Fonte: Autor (2017).

Figura 20 – Disposição das vigotas conforme o modelo sugerido.

Fonte: Autor (2017).

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

39

Seguindo a mesma didática, são apresentados agora detalhes feitos sobre os

blocos de enchimento mais usuais, bem como a disposição desses no caso

estudado. A Figura 21 mostra, em perspectiva, os dois tipos de blocos mais

utilizados.

Figura 21 – Vista isométrica dos blocos de enchimento (a) cerâmicos; (b) de EPS.

(a) (b)

Fonte: Autor (2017).

A Figura 22, porém, detalha a disposição padrão de blocos cerâmicos

utilizados na modulação da laje L1 apresentada na planta de fôrmas neste capítulo.

Figura 22 – Disposição das vigotas e blocos conforme o modelo sugerido.

Fonte: Autor (2017).

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

40

5.3 POSIÇÕES DAS ARMADURAS

A Figura 23 apresenta, em vermelho, armadura longitudinal complementar de

uma laje pré-fabricada com vigotas treliçadas e lajotas cerâmicas. Ela é utilizada

quando a armadura da vigota não é suficiente para resistir aos esforços de tração.

Figura 23 – Disposição da armadura longitudinal

Fonte: Autor (2017).

A Figura 24, por sua vez, apresenta em vermelho a armadura transversal

formada por duas barras utilizada em lajes com vigotas treliçadas e blocos de EPS.

Essa armadura é necessária quando se deseja obter uma laje bidirecional.

Figura 24 – Disposição da armadura transversal

Fonte: Autor (2017).

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

41

A armadura de distribuição, destacada em vermelho, é obrigatória em lajes

armadas numa só direção e está representada na Figura 25 numa estrutura formada

por vigotas comuns e blocos cerâmicos.

Figura 25 – Disposição da armadura de distribuição

Fonte: Autor (2017).

A Figura 26 mostra a continuidade de lajes pré-fabricadas. A armadura

negativa, que está destacada em vermelho, deve ser utilizada para absorver

esforços negativos sobre o apoio intermediário e diminuir o momento positivo no

centro do vão. Neste caso, a laje é formada por vigotas comuns e blocos de EPS.

Figura 26 – Disposição da armadura negativa

Fonte: Autor (2017).

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

42

5.4 APOIOS

Conforme já definido neste trabalho, os apoios de lajes pré-fabricadas podem

ter o seguinte aspecto: apoio simples ou engastamento. O primeiro é empregado na

grande maioria dos casos, pois é o arranjo estrutural que melhor aproveita as

características dos elementos pré-fabricados.

Considerando a vinculação como apoio simples, as vigotas devem entrar na

viga de borda, no mínimo, 5 cm, mas não podem adentrar demais pois podem

dificultar a concretagem dessa viga. Os blocos de enchimentos podem ser

posicionados a partir da superfície da fôrma e não devem diminuir a rigidez da viga.

Essas instruções são válidas para todos os tipos de vigotas e blocos de enchimento,

bem como para apoios de lajes isoladas ou adjacentes. A Figura 27 detalha o apoio

de vigotas treliçadas e blocos cerâmicos sobre a fôrma de uma viga com uma laje

adjacente. A estrutura deverá ser concretada simultaneamente.

Figura 27 – Apoio simples de laje isolada em fôrma de viga.

Fonte: Autor (2017).

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

43

Se a viga receber carga de laje em ambos os lados, as recomendações são as

mesmas dadas anteriormente, porém aconselha-se também que as vigotas não

sejam dispostas na mesma linha de distribuição a fim de diminuir os efeitos da

continuidade em lajes. A Figura 28 representa o apoio de vigotas treliçadas e blocos

de EPS de duas lajes adjacentes sobre a fôrma de uma viga.

Figura 28 – Apoio simples de lajes adjacentes em fôrma de viga.

Fonte: Autor (2017)

Por outro lado, se for considerada a hipótese da continuidade em lajes pré-

fabricadas, essa condição deverá ser atendida durante a execução. Além da

verificação da zona comprimida e da colocação de armadura negativa após o

posicionamento dos elementos pré-fabricados, as vigotas deverão ser contínuas

sobre o apoio intermediário. Essa continuidade pode ser garantida com a

aproximação e justaposição das linhas de vigotas de ambas as lajes ou com a

colocação de apenas uma vigota de comprimento suficiente para cobrir as duas lajes

contínuas. Atenta-se também para a armadura da viga, que deve ter as barras

superiores dispostas sobre a face das vigotas, sendo corretamente entrelaçada

pelos estribos. A Figura 29 traz o detalhamento dessa hipótese.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

44

Figura 29 – Engastamento de lajes contínuas em fôrma de viga.

Fonte: Autor (2017).

O último detalhamento acerca de vinculações de lajes pré-fabricadas refere-se

ao apoio de vigotas em alvenaria portante em vez de vigas de concreto. Essa

hipótese é admissível e as recomendações são as mesmas para todos os casos

citados anteriormente. A Figura 30 mostra esse caso com vigotas comuns e tavelas.

Figura 30 – Apoio simples sobre alvenaria.

Fonte: Autor (2017).

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

45

5.5 VISÃO GERAL

Neste item serão apresentadas imagens contendo a visão geral com vigas de

borda, vigotas, blocos, armadura e capa de concreto. Cada figura apresenta um

arranjo com determinados componentes. A Figura 31 trata de uma laje convencional

com vigotas treliçadas e blocos cerâmicos.

Figura 31 – Laje formada com vigotas treliçadas e lajotas cerâmicas.

Fonte: Autor (2017).

A Figura 32 detalha os mesmos aspectos numa laje com blocos de EPS.

Figura 32 – Laje formada com vigotas treliçadas e blocos de EPS.

Fonte: Autor (2017).

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

46

A Figura 33, por sua vez, apresenta visão geral para uma laje com vigotas tipo

trilho e lajotas cerâmicas.

Figura 33 – Laje formada com vigotas comuns e lajotas cerâmicas.

Fonte: Autor (2017).

Finalmente, a Figura 34 contém detalhes dos componentes de uma laje com

vigotas comuns e blocos de EPS.

Figura 34 – Laje formada com vigotas comuns e blocos de EPS.

Fonte: Autor (2017).

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

47

6 EXECUÇÃO

“A qualidade e o desempenho estrutural dessas lajes dependem, em grande

parte, de como é desenvolvida cada etapa do processo construtivo” (GASPAR,

1997, p.21).

6.1 MATERIAIS EMPREGADOS

De acordo com os estudos de Nappi (1993) e Flório (2003), os materiais

utilizados na fabricação e execução e lajes pré-fabricadas são:

6.1.1 Concreto

Este componente é utilizado já na fase de fabricação dos elementos pré-

fabricados e posteriormente na execução do capeamento da laje. A parte do

concreto utilizada na primeira fase tende a ser produzido pela própria indústria

fabricante da vigota ou tavela, enquanto o lançado in loco geralmente é adquirido em

centrais de concreto devido à praticidade e precisão no controle tecnológico. O

principal parâmetro de classificação do concreto é a resistência característica à

compressão. Visando a durabilidade da estrutura, a NBR 6118:2014 especifica um

valor mínimo de fck = 20 MPa, assim como dimensões mínimas de cobrimento em

função da classe de agressividade ambiental.

O concreto é formado por cimento Portland, agregados, água e pode ainda

conter aditivos. O cimento é o material principal e é o responsável pela aglomeração

das partículas. Há oferta de diversos tipos de cimentos, sendo o CP IV e o CP V-ARI

facilmente encontrados no mercado. Os agregados são responsáveis por parte da

resistência mecânica e pela trabalhabilidade do concreto e devem obedecer às

dimensões máximas especificadas, bem como não apresentar elementos nocivos à

mistura. Gaspar (1997) define a Brita 1 como o agregado de dimensão máxima que

pode ser utilizado no concreto. A água deve ser cuidadosamente dosada e não

ultrapassar os valores máximos prescritos pela NBR 6118:2014. A adição de água

para facilitar o trabalho de lançamento do concreto é inadmissível, pois a relação

água/cimento é um fator fundamental na resistência da peça. Por fim, aditivos são

substâncias acrescentadas a fim de modificar alguma característica específica do

concreto, como tempo de cura, resistência e trabalhabilidade.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

48

6.1.2 Aço

Conforme já apresentado neste trabalho, a armadura inferior da vigota pré-

fabricada é a principal responsável pela resistência aos esforços de tração da laje,

enquanto as armações dispostas na capa de concreto podem ter diversas

finalidades e subdividem-se em longitudinal, transversal, de distribuição e negativa.

A armadura longitudinal é utilizada para complementar a resistência à tração do

elemento pré-fabricado; a segunda costuma ser empregada na composição de

nervuras transversais de lajes bidirecionais; a armadura de distribuição tem função

de espalhar os esforços na capa de concreto; e a negativa somente é usada em

casos em que há continuidade na laje. Em se tratando de geometria, a armadura de

tração dos elementos pré-fabricados é encontrada na forma de barras isoladas ou

treliças espaciais, enquanto as dispostas no capeamento de concreto geralmente

são vergalhões ou telas soldadas.

6.1.3 Blocos Inertes

Como mencionado anteriormente, o bloco de enchimento não possui função

estrutural perante a resistência da laje, logo são muitos os materiais utilizáveis para

este fim desde que atendam os critérios básicos de segurança durante a montagem

da estrutura. Conforme citado no Capítulo 3, os principais materiais usados para

essa função são blocos de EPS, de concreto e lajotas cerâmicas, pois oferecem boa

segurança perante a circulação de pessoas e materiais durante a execução e bom

rendimento na obra. É importante que a fabricação desses blocos siga dimensões

padrões para facilitar a compatibilização do projeto e que haja um controle de

qualidade a fim de evitar o desperdício com trincas que venham a condenar a peça.

6.1.4 Escoramento

Não é necessário tratar sobre fôrmas neste item, pois, conforme já indicado, os

blocos inertes já cumprem essa função e dispensam a especificação de fôrmas

durante a execução da laje. O escoramento requer pontaletes metálicos reguláveis

ou roletes maciços de madeira, tábuas para servirem como guia e

contraventamento, calços e cunhas de madeira resistentes para facilitar os apoios e

o nivelamento da laje.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

49

6.2 ETAPAS DA CONSTRUÇÃO

Pioneiro no estudo sobre lajes fabricadas com vigotas de concreto, Di Pietro

(1992) marca a simplicidade construtiva como característica fundamental desse tipo

de laje, todavia destaca também alguns cuidados para garantir a segurança e a

eficiência durante a construção da estrutura.

A interpretação de um projeto detalhado contendo indicações do sentido das

vigotas, classe do concreto, altura da capa e armaduras adotadas é, conforme

Gaspar (1997), o primeiro passo para a execução de uma laje pré-fabricada.

Etapa 1: nivelamento e acerto do piso e execução do escoramento,

normalmente composto por pontaletes e guias mestres (tábuas), as quais

devem ser colocadas em espelho; nessa etapa ainda deverão ser

executadas as contraflechas quando necessárias;

Etapa 2: colocação das vigotas, posicionando lajotas (ou outro material de

enchimento) nas extremidades como gabarito do espaçamento entre

vigotas; duas situações são possíveis:

Apoio das vigotas sobre estrutura de concreto armado: as vigotas

devem apoiar-se sobre as fôrmas, após estas estarem alinhadas,

niveladas, escoradas e com armadura colocada e posicionada;

devem penetrar nos apoios pelo menos 5 cm e no máximo igual à

metade da largura da viga; a concretagem das vigas deve ser

simultânea à execução da capa;

Apoio das vigotas diretamente sobre alvenaria: neste caso, deve-se

respaldar a alvenaria e distribuir uma ferragem sobre ela de modo a

formar uma cinta de solidarização; as vigotas devem penetrar nos

apoios de modo semelhante ao anterior, e a concretagem da cinta

também deve ser simultânea à da capa;

Etapa 3: colocação dos elementos de enchimento (lajotas cerâmicas, blocos

de EPS ou outros), tubulação elétrica, caixas de passagem, etc.; os blocos

da primeira carreira podem ter um dos lados apoiados diretamente sobre a

parede e o outro sobre a primeira linha de vigotas;

Etapa 4: colocação das armaduras de distribuição e negativas (quando

necessárias), conforme indicação (bitola, quantidade e posição) fornecida

pelo projetista ou fabricante; a armadura negativa deve ser apoiada e

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

50

amarrada sobre a armadura de distribuição (e esta, colocada

transversalmente às vigotas principais);

Etapa 5: limpeza cuidadosa da interface entre as nervuras e o concreto a

ser lançado, evitando-se a presença de areia, pó, terra, óleo ou qualquer

substância que possa prejudicar a transferência de esforços entre as

superfícies de contato; deve ser sempre feito o umedecimento da interface

antes da concretagem, sem que, entretanto, haja acúmulo de água;

Etapa 6: concretagem da capa de concreto, que deve ser acompanhada de

alguns cuidados:

Colocação de passadiços de madeira para evitar que as lajotas se

quebrem;

Adensar o concreto suficientemente para que ele penetre nas juntas

entre as vigotas e os elementos de enchimento;

Efetuar boa cura, molhando bem a superfície da laje de concreto

durante pelo menos três dias após a concretagem; e

Etapa 7: retirada do escoramento, que deve ocorrer aproximadamente após

15 dias do lançamento do concreto. Nos edifícios de múltiplos pavimentos, o

escoramento do piso inferior não deve ser retirado antes do término da laje

imediatamente superior. Deve ser verificada a resistência do concreto na

data da retirada (CARVALHO e FIGUEIREDO FILHO, 2014, p.76 a p.77)

No decorrer do capítulo estarão dispostos aspectos importantes e detalhes

relacionados com cada etapa.

6.2.1 Escoramento e Contraflechas

De acordo com Carvalho e Silva (2000), Flório (2003) e Avilla Junior (2009),

antes do endurecimento do concreto na fase de execução, as vigotas têm obrigação

de resistir ao carregamento formado por cargas permanentes (peso próprio das

vigotas, dos blocos de enchimento e da capa de concreto) e acidentais (circulação

de operários e equipamentos sobre a estrutura). Devido a isso, necessitam certa

quantidade de escoramento quando o vão da laje não é autoportante. Ainda assim,

as lajes pré-fabricadas requerem consideravelmente menos escoras que as

maciças, pois uma vigota pode alcançar um comprimento maior sem necessitar

apoio intermediário se comparada a uma tábua utilizada como fôrma.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

51

Silva (2012) destaca que o escoramento é formado por algumas travessas,

que servem de apoio às vigotas, e pontaletes, os quais podem ser de madeira ou

metálicos. Gaspar (1997) sugere a nomenclatura de guia em vez de travessa e

apresenta o esquema de um escoramento padrão na Figura 35:

Figura 35 – Esquema de escoramento.

Fonte: Gaspar (1997).

Nappi (1993) defende que o escoramento não pode sofrer deformações

devido às cargas atuantes no processo de endurecimento do concreto, pois isso

pode ser prejudicial à formação da estrutura. Para evitar este incômodo, o autor

recomenda diversos procedimentos a serem cuidados na execução do escoramento.

A primeira orientação refere-se aos pontaletes e define que, quando forem

de madeira e possuírem emenda, deverá ser garantida a ortogonalidade entre as

duas superfícies e a ligação ocorrerá pregando duas cobrejuntas às laterais dos

elementos a serem emendados.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

52

A próxima recomendação dada por Nappi (1993) é a confecção de um

sistema de escoramento de fácil retirada e que possibilite a desmontagem por

partes. Para isso, o autor aconselha que as escoras não sejam apoiadas

diretamente no piso, e sim sobre calços de madeira, aumentando a área de contato

com o solo e diminuindo a concentração dos esforços. Di Pietro (1992) justifica a

importância dessa atitude citando a possível ocorrência de recalques diferenciais

nos apoios, e posteriormente Gaspar (1997) atribui grande interferência da água

excedente do umedecimento da laje no efeito de afundamento dos pontaletes. Além

disso, a adição de cunhas de madeira entre os calços e os pontaletes é sugerida por

Avilla Junior (2009) a fim de facilitar o nivelamento da laje.

Nappi (1993) e Gaspar (1997) citam elementos de contraventamento, e

posteriormente Avilla Junior (2009) recomenda o travamento dos pontaletes nas

duas direções. Diversos autores estudaram o espaçamento máximo entre escoras

para lajes pré-fabricadas. Silva (2012) recomenda um intervalo de até 1,7 m,

enquanto Di Pietro (1992), Flório (2003) e Carvalho e Figueiredo Filho (2014)

diminuem esse valor para 1,5 m. Avilla Junior (2009), porém, defende que o tipo e a

geometria da vigota são fundamentais na escolha do espaçamento e aponta

diversos casos de escoramento em sua tese de mestrado. A Figura 36 mostra um

sistema de escoramento com os devidos itens.

Figura 36 – Escoramento feito com pontaletes metálicos e guias de madeira.

Fonte: Silva (2012).

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

53

Nappi (1993) também aponta para a verificação da necessidade de

contraflecha em peças com grandes vãos. Nesse sentido, as cunhas sugeridas por

Gaspar (1997) e Avilla Junior (2009) facilitam o serviço de nivelamento especificado

no projeto estrutural. Além disso, “as contraflechas não modificam o valor real das

flechas, mas possibilitam que a flecha visível seja menor [...] na percepção visual”

(AVILLA JUNIOR, 2009, p.91). Quanto à ordem da execução do escoramento, o

primeiro pontalete a ser posicionado é o do ponto onde há a maior contraflecha, e

então os demais pontos são ajustados a partir deste.

Cunha e Souza (1998) apresentam o Quadro 5 para contraflechas:

Quadro 5 - Contraflechas no centro do vão em lajes pré-fabricadas (mm).

Vão (m) Lajes

β10 a β12 β15 a β20 β25 a β30 β35

Até 1,40 s/ escora s/ escora s/ escora s/ escora

1,41 a 1,50 em nível em nível em nível em nível

1,51 a 1,60 em nível em nível em nível em nível

1,61 a 1,70 2 em nível em nível em nível

1,71 a 1,80 3 2 em nível em nível

1,81 a 2,00 4 3 2 em nível

2,01 a 3,00 6 6 3 4

3,01 a 4,00 8 8 6 6

4,01 a 5,00 10 10 8 8

5,01 a 6,00 12 12 10 10

Distância entre escoras (m)

1,7 1,6 1,5 1,4

Fonte: Cunha e Souza (1998).

6.2.2 Transporte e Montagem

“Após a execução do escoramento, inicia-se a colocação das vigotas,

centralizando-as no vão a ser coberto” (GASPAR, 1997, p.27). O autor ainda

destaca a colocação de um bloco na extremidade como gabarito para acertar o

espaçamento entre vigotas e posteriormente o posicionamento dos demais blocos.

Não são aceitas folgas no assentamento desse material, pois podem ocasionar

vazamento do concreto fresco. Di Pietro (1992) sugere que, por critérios

econômicos, a primeira carreira de blocos seja assentada sobre a parede ou viga,

como pode ser visto na Figura 37.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

54

Figura 37 – Colocação das vigotas utilizando blocos como gabarito.

Fonte: Di Pietro (1992).

Di Pietro (1992) também alerta sobre a adoção de um procedimento no

transporte de vigotas para evitar fissuras indesejadas. A recomendação baseia-se na

flexão de peças biapoiadas e balanceadas e afirma que as vigotas devem ser

transportadas conforme indicado na Figura 38.

Figura 38 – Transporte de vigotas pré-fabricadas.

Fonte: Di Pietro (1992).

O transporte sobre a laje não concretada deve ser feito utilizando passadiços e

tábuas apoiadas sobre as vigotas, segundo Di Pietro (1992) e Gaspar (1997), para

evitar a quebra de blocos e possíveis acidentes de trabalho. Flório (2003) reúne os

procedimentos abordados até agora e apresenta a Figura 39 como exemplo de uma

laje durante a concretagem.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

55

Figura 39 – Laje pré-fabricada com seus componentes na concretagem.

Fonte: Flório (2003).

6.2.3 Colocação das Armaduras

A armadura de distribuição, obrigatória em lajes unidirecionais, deve ser

disposta no sentido transversal às vigotas, segundo Gaspar (1997), na metade da

espessura da capa de concreto. A recomendação de bitolas e posições fornecidas

no projeto estrutural deve ser rigorosamente seguida para evitar possíveis fissuras

surgidas durante a cura do concreto. A Figura 40 apresentada por Di Pietro (1992)

mostra as armaduras de distribuição e negativa numa pré-fabricada.

Figura 40 – Armaduras de distribuição e negativa numa laje pré-fabricada.

Fonte: Di Pietro (1992).

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

56

As armaduras de distribuição mencionadas por Di Pietro (1992) e Gaspar

(1997) podem ser utilizadas no formato de barras ou telas soldadas conforme

apresenta a Figura 41.

Figura 41 – Armadura de distribuição em (a) barras; (b) telas.

(a) (b)

Fonte: (a) Site Lajes Talismã (https://www.lajestalisma.com.br/produtos-menu/lajes/laje-trelicada-com-

lajota-ceramica/laje-trelicada-com-lajota/)

(b) Site Lajes Jundiaí (http://www.lajesjundiai.com.br/obras/residencia-bosque-dos-jatobas)

Silva (2012) atenta para o posicionamento de armaduras negativas, quando

necessárias, no sentido longitudinal às vigotas sobre os apoios centrais de vigas ou

paredes de modo que o comprimento da barra deva cobrir o momento negativo e

atender aos critérios de ancoragem. O autor destaca também a importância da

aferição do posicionamento da armadura negativa na face superior da capa de

concreto para garantir o valor de altura útil considerado no cálculo estrutural. A

Figura 42 mostra a disposição de armaduras negativas sobre o apoio.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

57

Figura 42 – Disposição de armadura negativa.

Fonte: Site Meia Colher (http://www.meiacolher.com/2014/07/aprenda-como-fazer-uma-laje-

corretamente.html)

As armaduras complementares, embora menos comuns em obras, pois a

armadura da vigota geralmente já garante a resistência necessária, requerem a

simples colocação de uma barra de aço juntamente ao trilho da vigota antes da

concretagem. Finalmente, a armadura transversal utilizada quando há nervuras

transversais em lajes bidirecionais pode ser visualizada na Figura 43.

Figura 43 – Disposição de armadura transversal

Fonte: Site Faulim (http://www.faulim.com.br/canaleta/aplicacoes.php)

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

58

6.2.4 Eletrodutos e Tubulações

Di Pietro (1992) sugere que os eletrodutos sejam colocados sobre a armadura

de distribuição e atenta para que não haja cruzamento de tubulações, pois isso

diminui consideravelmente a espessura da capa de concreto neste ponto. O autor

também recomenda a utilização de caixas de passagem embutidas na laje para

facilitar a concretagem, conforme as Figuras 44 e 45.

Figura 44 – Laje pré-fabricada com seus componentes.

Fonte: Di Pietro (1992).

Figura 45 – Disposição de eletrodutos e caixas de passagem em laje pré-fabricada.

Fonte: Site Habitissimo (https://fotos.habitissimo.com.br/foto/montagem-de-laje-e-infla-

eletrica_713543).

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

59

Embora seja possível executar instalações elétricas em lajes pré-fabricadas

sem a utilização de caixas de passagem, o uso desses componentes já está bem

difundido no mercado e facilita bastante a tarefa do eletricista. Há diversos modelos

de caixas de passagem disponíveis em catálogos de fabricantes, como pode ser

observado na Figura 46.

Figura 46 – Caixas de passagem (a) de concreto; (b) cerâmicas; (c) metálicas.

(a) (b)

(c)

Fonte: (a) Site Lajes Itaipu (http://www.lajesitaipu.com.br/lajes-pre-moldadas-trelicadas-e-

convencionais)

(b) Site Cerâmica Kaspary (http://www.ceramicakaspary.com.br/web/produtos/tavelas)

(c) Site Faz Fácil (http://www.fazfacil.com.br/reforma-construcao/conduites-caixas-eletricas/).

Em se tratando de instalações hidrossanitárias, é possível embutir a tubulação

na laje no momento da concretagem, todavia o mais recomendado é que sejam

deixados buracos como espera para tubulação durante a concretagem. As duas

técnicas estão representadas na Figura 47.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

60

Figura 47 – Tubulação hidráulica (a) com buraco na laje; (b) embutida na laje.

(a) (b)

Fonte: (a) Site Sobrados Rua Garaú (http://sobradosgarau.blogspot.com.br/2011/08/montagem-da-3-

laje-reboco-do-pav-terreo.html)

(b) Site Dom Bosco (http://www.lajesdombosco.com.br/obras-residenciais.php?pagina=1).

6.2.5 Concretagem

O primeiro procedimento desta etapa, conforme Carvalho e Figueiredo Filho

(2014), é a molhagem da superfície da laje para evitar que os componentes,

principalmente a cerâmica, absorvam umidade do concreto e provoquem fissuras

devido à retração. A NBR 14859-1:2016 estabelece 3 cm como espessura mínima

da capa de concreto, porém diversos fabricantes recomendam a utilização de 5 cm

de espessura a fim de aumentar o desempenho da laje. Avilla Junior (2009) atenta

para um cuidado especial na aferição da espessura em pontos onde há aplicação de

contraflecha, pois podem não atingir o valor mínimo nestes locais. A NBR 6118:2014

estabelece que a resistência mínima do concreto aos 28 dias é dependente da

classe de agressividade ambiental, sendo o valor mínimo 20 MPa para CAA I.

Gaspar (1997) dá atenção especial ao adensamento do concreto e recomenda

o processo de vibração, pois, segundo ele, somente assim é garantida a devida

solidarização dos componentes e consequentemente o comportamento monolítico

da estrutura. Flório (2003), por sua vez, atenta para o cobrimento de fendas a fim de

evitar a perda de concreto e a limpeza da superfície para remoção de partículas que

possam interferir na aderência entre a estrutura pré-fabricada e a moldada in loco.

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

61

A Figura 48 apresenta o processo de adensamento de concreto por meio de

vibradores mecânicos.

Figura 48 – Adensamento utilizando vibradores mecânicos

(a) (b)

Fonte: (a) Site Royal Máquinas (https://www.royalmaquinas.com.br/blog/adensamento-concreto-o-

que-e-vantagens/)

(b) Site Bosch Professional (http://www.bosch-professional.com/pa/es/concrete-vibrator-gvc-

22-ex-226567-06012831e0.html)

Ainda segundo Flório (2003), a melhora da trabalhabilidade do concreto fresco

não deve ser obtida com o acréscimo de água à mistura, e sim através de outros

artifícios, como a adição de aditivos no concreto. Com a adoção dessas medidas,

Flório (2003) afirma obter uma estrutura com maiores densidade, homogeneidade,

impermeabilidade, aderência, resistência à compressão e à ação do tempo e ainda

menores variações de volume.

Em estudo mais recente, Avilla Junior (2009) atenta para os mesmos cuidados

citados por autores anteriores, como limpeza e molhagem da superfície antes da

concretagem. O autor descreve que o concreto deve ser lançado e adensado no

sentido das vigotas, pois assim evita-se o surgimento de juntas frias na capa de

concreto. A Figura 49 representa o processo de concretagem em lajes pré-

fabricadas utilizando vigotas treliçadas e lajotas cerâmicas.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

62

Figura 49 – Lançamento e espalhamento de concreto.

(a)

(b)

Fonte: (a) Site Tudo Construção (http://www.tudoconstrucao.com/concreto-bombeado-precos-como-

usar)

(b) Site House Preview (https://housepreview.wordpress.com/2010/06/18/laje-terrea-

concretagem/concreto-esparramendo-pela-laje/)

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

63

6.2.6 Cura e Desforma

A cura é um processo mediante o qual se mantém o grau de umidade

satisfatório, evitando a evaporação da água da mistura, garantindo ainda

uma temperatura favorável ao concreto durante o processo de hidratação

dos materiais aglomerantes, de modo a se obter um concreto com as

qualidades esperadas. A boa cura ajuda a controlar um dos processos mais

importantes que ocorrem nas estruturas de concreto, a sua retração. [...] A

retração plástica, que ocorre antes da pega do cimento, resulta em fissuras

de grandes dimensões. Esta é devida à rápida evaporação de água

(FLÓRIO, 2003, p.40).

A definição de cura e retração plástica dada por Flório (2003) explica a

orientação feita por Carvalho e Figueiredo Filho (2014) quanto à molhagem da

estrutura nos três primeiros dias após a concretagem. Com o objetivo de restringir

fissurações para controlar a perda de rigidez, e consequentemente não permitir

grandes deformações, Di Pietro (1992) prolonga esse tempo para sete dias. Ainda

conforme Flório (2003), a fissuração por retração plástica na peça tem efeito

cumulativo e é agravado com a exsudação do concreto, que é a tendência da água

subir para a superfície da estrutura. O controle de fissuração deve ser feito

molhando a laje conforme a Figura 50.

Figura 50 – Cura do concreto através do umedecimento da estrutura.

Fonte: Site Predeirão (http://pedreirao.com.br/a-cura-do-concreto-passo-a-passo/).

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

64

Em se tratando da retirada do escoramento e desforma, Di Pietro (1992)

recomenda que ocorra, no mínimo, 15 dias após a concretagem. No caso de

múltiplos pavimentos, o ideal é que o escoramento só seja retirado após a liberação

da laje imediatamente superior, evitando assim, a aplicação de cargas relativas ao

escoramento na laje sem resistência integral. Em lajes de cobertura, o

descimbramento somente deverá ser feito após a montagem da estrutura do telhado.

A Figura 51 representa um sistema de escoramento a ser retirado.

Figura 51 – Escoramento de laje pré-fabricada.

Fonte: Site Pictime (http://www.pictame.com/tag/escoras)

Avilla Junior (2009), porém, não estabelece um prazo especifico para retirada

do escoramento e define que deve ser quando o concreto estiver suficientemente

duro. A remoção dos pontaletes deve ser feita evitando choques e vibrações que

possam culminar no surgimento de fissuras e, sendo o vão biapoiado, deverá ocorrer

do centro do vão em direção às extremidades, como na Figura 52.

Figura 52 – Ordem de retirada do escoramento.

Fonte: Avilla Junior (2009).

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

65

6.3 PECULIARIDADES

6.3.1 Lajes em Balanço

Segundo Di Pietro (1992) e Gaspar (1997), esse arranjo estrutural pode ser

executado desde que seja feito uma cinta de amarração ou viga de borda na

extremidade do balanço, conforme a Figura 53.

Figura 53 – Laje em balanço com viga de borda.

Fonte: Gaspar (1997).

6.3.2 Lajes em Formato L

Di Pietro (1992) recomenda duas soluções: criação de uma viga de concreto na

direção MN, distinguindo o sentido das vigotas nas duas partes, ou execução de

outra viga, esta com a altura da laje, na direção PQ, mantendo a direção das vigotas,

conforme na Figura 54. O autor aconselha a utilização da primeira opção.

Figura 54 – Soluções para laje em formato L.

Fonte: Di Pietro (1992).

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

66

6.3.3 Lajes não Ortogonais

A solução proposta por Di Pietro (1992) é muito simples e basicamente é a

análise da melhor direção das vigotas e posteriormente a variação do seu

comprimento em alguns pontos. A Figura 55 mostra que, embora não dispostas na

menor direção, as vigotas estão dispostas de modo a uniformizar o seu tamanho.

Figura 55 – Disposição das vigotas em laje trapezoidal.

Fonte: Di Pietro (1992).

6.3.4 Lajes Inclinadas

Quando exigidas por critério arquitetônico, o projeto de lajes pré-fabricadas

inclinadas deve ser rico em detalhes nas regiões de cumeeira e apoios,

especificando a armadura indicada em cada caso, conforme a Figura 56.

Figura 56 – Detalhes em lajes inclinadas.

Fonte: Di Pietro (1992).

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

67

6.3.5 Lajes sob Paredes

Quando não é possível a criação de vigas embaixo de paredes, é viável apoia-

las sobre a laje pré-fabricada desde que tomados alguns cuidados. Gaspar (1997)

afirma que a parede pode ser disposta longitudinal ou transversalmente às vigotas.

O ideal é que seja no mesmo sentido dos elementos, sendo assim, posicionam-se

duas vigotas para aumentar a rigidez do sistema, conforme a Figura 57. No caso da

disposição transversal, a carga da parede deverá ser distribuída a outras vigotas.

Figura 57 – Parede sobre laje pré-fabricada (sentido longitudinal às vigotas).

Fonte: Gaspar (1997).

6.3.6 Lajes Bidirecionais

Diversos foram os autores que estudaram lajes pré-fabricadas bidirecionais, e

Gaspar (1997) considera esse arranjo muito vantajoso devido à criação de nervuras

transversais para o travamento da laje, obtendo-se assim um comportamento de

placa. Medrano et al. (2005), por sua vez, destaca que devem ser utilizadas vigotas

treliçadas a fim de facilitar o trabalho de montagem da laje.

Gaspar (1997) afirma que a armação em cruz de lajes pré-fabricadas aumenta

o campo de aplicação dessas estruturas por serem mais eficientes na distribuição de

esforços às vigas. O autor especifica que as nervuras transversais devem ser

compostas por barras isoladas ou treliças simples devidamente cortadas nos

cruzamentos. Outra sugestão dada por Gaspar (1997) é a utilização de plaquetas

pré-fabricadas, que são estruturas inertes apoiadas nas vigotas e servem como

fôrmas, facilitando a criação de regiões maciças nessas nervuras.

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

68

Medrano et al. (2005) sugere a Figura 58 para caracterização desse sistema.

Figura 58 – Representação de laje pré-fabricada bidirecional

Fonte: Medrano et. al. (2005).

6.3.7 Apoios e Continuidade

A primeira recomendação construtiva quanto aos apoios é, no caso de vigas ou

paredes centrais, a intercalação da posição de vigotas para evitar a continuidade de

lajes, como mostra a Figura 59. Quanto a apoios externos, Di Pietro (1992)

aconselha o assentamento de tijolo em cutela para facilitar a execução da alvenaria

aparente e evitar o surgimento de fissuras nessa parede, conforme a Figura 60.

Figura 59 – Posição de vigotas em apoios centrais.

Fonte: Site Fazer Fácil (http://www.fazerfacil.com.br/Construcao/laje_2.htm)

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

69

Figura 60 – Técnica executiva para apoios externos.

Fonte: Di Pietro (1992)

Por fim, tratando de continuidade de lajes, a Figura 61, sugerida com Avilla

Junior (2009), apresenta como deve ser feita a execução da laje em casos em que a

continuidade é considerada no dimensionamento. A técnica consiste basicamente

em dispor armadura negativa na face superior da capa de concreto e tornar maciça a

região inferior formada por vigotas e blocos de enchimento.

Figura 61 – Execução de lajes com continuidade em apoios centrais.

Fonte: Avilla Junior (2009).

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

70

7 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

Conhecidas como um grande incômodo na construção civil, as manifestações

patológicas em estruturas de concreto armado podem ter diversas causas, e isso

não é diferente para o caso de lajes pré-fabricadas. Souza e Riper (1998) estudaram

a presença de males patogênicos e classificaram o aparecimento de defeitos no

concreto motivados por causas intrínsecas e extrínsecas. Enquanto no primeiro caso

as patologias surgem a partir de defeitos da estrutura ou dos seus componentes, as

causas extrínsecas estão ligadas a fatores externos ao material.

Restringindo a subclassificação de patologias sugerida por Souza e Riper

(1998) ao caso de lajes pré-fabricadas, as manifestações patológicas nessas

estruturas são separadas em dois grandes grupos motivadas por:

a) Falhas humanas

a.1) Erros de projeto: quando o erro causador da patologia é cometido já na

fase de projeto da estrutura, como erro na previsão de cargas e na determinação da

classe de agressividade ambiental;

a.2) Erros de construção: extremamente comuns, são os casos em que há

deficiência em processos construtivos da estrutura, como concretagem,

escoramento e colocação das armaduras mal feitas;

a.3) Erros de utilização: são os que podem ocasionar patologias quando

mudam o propósito da estrutura, como alteração do uso e aumento da sobrecarga;

b) Causas naturais

b.1) Fenômenos físicos: quando causados por agentes físicos, como

variação da temperatura e ação da água;

b.2) Fenômenos químicos: causam patologias devido a reações prejudiciais

ao concreto e ao contato com agentes químicos, como cloretos e gás carbônico;

b.3) Fenômenos biológicos: danificam a estrutura devido à penetração de

micro-organismos e vegetações no interior poroso do concreto.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

71

7.1 PRINCIPAIS CASOS

Conforme sugerido por Carvalho (2000), a deformação excessiva é o problema

mais recorrente em lajes pré-fabricadas e está relacionada a vários agravantes.

Outros grandes inconvenientes nessas estruturas são as fissuras na face inferior da

laje, que por sua vez também estão ligadas a diversos fatores. Geralmente flechas

elevadas e fissurações tendem a surgir pelos mesmos motivos, pois, em geral,

resultam do subdimensionamento da estrutura.

As flechas e trincas surgem a partir da diminuição da resistência ou

subdimensionamento da peça, e isso é provocado principalmente por falhas

humanas durante projeto, construção ou utilização da estrutura. O erro de projetistas

na consideração da sobrecarga; adensamento, aderência e escoramento

insuficientes na execução; e a aplicação de cargas exageradas pelos ocupantes são

exemplos claros de males que podem ocasionar de fissuras e flechas excessivas.

A Figura 62 apresenta uma laje pré-fabricada com grandes leituras de flecha no

centro do vão, e a Figura 63 mostra uma fissura na região tracionada dessas lajes.

Figura 62 – Deformação excessiva em laje pré-fabricada.

Fonte: Site Márcio Ferreira Projetos (http://marcioferreiraprojetos.blogspot.com.br/2016/01/reforco-

estrutural-laje-de-uma.html)

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

72

Figura 63 – Trincas longitudinais ao sentido das vigotas.

Fonte: Site NNS Engenharia (http://www.nns.com.br/dicas-para-evitar-trincas-na-laje-da-casa/)

Fissuras na face superior também são incômodos comuns nesse tipo de lajes,

todavia esse problema não compromete a estrutura, já que sua causa não está

ligada à resistência da peça. Falhas humanas durante a cura do concreto causam

essa patologia prejudicial ao aspecto visual da estrutura. A Figura 64 apresenta

fissuras típicas causadas pela retração do concreto durante sua cura.

Figura 64 – Fissuras por retração na capa de concreto.

Fonte: Site Construção Mercado (http://construcaomercado17.pini.com.br/negocios-incorporacao-

construcao/170/saiba-o-que-considerar-no-tratamento-de-patologias-em-lajes-363600-1.aspx)

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

73

Não é raro encontrar trincas sobre os apoios, conforme visto na Figura 65, em

lajes pré-fabricadas, pois essa patologia surge a partir da diminuição da resistência

ao cisalhamento da peça ou do cedimento da estrutura. A aderência insuficiente

entre a estrutura pré-fabricada e a moldada in loco pode ser responsável pelo

cisalhamento da peça nas regiões de elevado esforço cortante. Por outro lado,

blocos de enchimento incorretamente escorados em alvenaria ou vigas podem ceder

e provocar rachaduras nestes pontos.

Figura 65 – Trinca na ligação entre laje e apoio.

Fonte: Site Gshow (http://gshow.globo.com/participe/noticia/2016/03/rachaduras-engenheiro-tira-

duvidas-dos-internautas.html)

A última patologia recorrente em lajes pré-fabricadas pertinente de destaque

não costuma ser visível a olho nu e trata do baixo desempenho dessas estruturas

perante diversos quesitos. Devido a menor espessura maciça, muitas vezes essas

lajes apresentam baixos índices de isolamento termoacústico, estanqueidade e anti-

propagação de incêndio. Como as edificações não são projetadas somente para

resistirem ao carregamento, e sim para fornecer certo grau de conforto, é importante

que sejam verificadas tais condições de desempenho durante o dimensionamento

da estrutura. Esses incômodos estão geralmente ligados à ineficiência da capa de

concreto, tanto pela espessura insuficiente quanto pelo mau adensamento.

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

74

7.2 IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS E PREVENÇÕES

Neste item serão relacionadas causas, consequências e precauções, ou seja,

serão apresentados problemas construtivos, as patologias decorrentes disso e as

medidas preventivas passíveis de atenção.

7.2.1 Cura Incorreta do Concreto

A ineficiência da cura do concreto está diretamente relacionada ao surgimento

de trincas na face superior da laje, que são denominadas fissuras por retração. Elas

surgem porque, durante a cura do concreto, a hidratação do cimento ocorre com a

presença de água e libera energia em forma de calor ao concreto. Simultaneamente,

a água presente na mistura evapora facilmente devido à alta temperatura interna do

material. Em dias quentes e secos, esse fenômeno é ainda mais comum, já que a

água migra e evapora rapidamente.

Quando não há mais água presente na mistura para permitir a hidratação do

cimento, a cura torna-se defeituosa e surgem fissuras na laje. Embora não

comprometam a estrutura, causam desconforto visual, e por isso é recomendável

que essas fissuras sejam controladas. A medida preventiva mais eficaz é a

molhagem da estrutura nos primeiros dias após a concretagem, sendo assim,

sempre haverá água disponível para a hidratação e a cura ocorrerá corretamente.

Além de fissuras, uma boa cura do concreto evita também problemas de

desgaste superficial do concreto, que é potencializado pelo processo de exsudação

do concreto fresco, ou seja, a migração da água para a face superior da peça.

7.2.2 Aderência Insuficiente

A aderência entre as vigotas e a capa de concreto é fundamental para o

comportamento monolítico da estrutura, pois, sem ele, é inútil a parcela de

resistência fornecida pela capa de concreto. Uma simples análise permite notar que

o valor da altura útil diminui consideravelmente caso não haja esse comportamento:

se a capa de concreto não for considerada na altura útil, a resistência dá-se apenas

com a armadura tracionada e o concreto comprimido do elemento pré-fabricado.

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

75

Com a redução da altura útil, diminui-se também exponencialmente a

resistência da peça. Sendo assim, surgirão fissuras na vigota caso a armadura não

suporte o esforço solicitante. Também poderão ocorrer deformações, já que a

estrutura não apresenta a rigidez considerada no dimensionamento.

Além disso, uma má aderência pode provocar a diminuição da resistência ao

cisalhamento, e isso consequentemente pode causar ruptura em pontos de alto

esforço cortante, como pontos sobre os apoios. A falta de aderência também pode

provocar corrosão das armaduras devido à criação de vazios entre o aço e o

concreto e ao possível ingresso de agentes nocivos, conforme representado na

Figura 66.

Figura 66 – Falta de aderência entre concreto e aço.

Fonte: Souza e Ripper (1998).

7.2.3 Falta de Armadura de Distribuição

A armadura de distribuição é necessária para distribuir melhor os esforços

provenientes do carregamento. Alguns construtores omitem sua utilização para obter

pequenos ganhos financeiros, mas seu uso é altamente recomendável para evitar

inconvenientes futuros.

Além de ser exigida pela NBR 6118:2014 para lajes armadas numa só direção,

a armadura de distribuição previne problemas como o surgimento de flechas no

sentido das vigotas devido aos esforços de tração não se distribuírem nas duas

direções.

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

76

7.2.4 Armadura Longitudinal Insuficiente

Essa deficiência é outro típico caso de subdimensionamento da peça, ou seja,

quando a estrutura trabalha com resistência à flexão menor que a necessária. As

patologias mais comuns resultantes desse erro são as já mencionadas fissuras e

flechas elevadas no centro do vão, e, como nos casos anteriores, a peça apresenta

uma perda de resistência devido a falhas humanas, que podem ocorrer nas fases de

projeto, construção ou utilização.

O problema pode surgir durante o projeto se a vigota for subdimensionada pelo

calculista e apresentar armadura insuficiente. Previne-se isso verificando todas as

etapas do dimensionamento. Caso sejam exigidas, as armaduras longitudinais

complementares deverão ser posicionadas antes da concretagem, pois sua omissão

causará problemas durante a vida útil da estrutura. A má utilização da laje também

pode provocar sobrecarregamento e consequente subdimensionamento do elemento

pré-fabricado à tração. Isso ocorre quando a ocupação é mais prejudicial do que a

considerada no dimensionamento, como em casos de alteração do uso da

edificação ou aplicação de grandes cargas pontuais.

7.2.5 Espessura Insuficiente da Capa de Concreto

Do mesmo modo que os problemas citados anteriormente, a capa de concreto

com espessura insuficiente diminui a resistência da peça e provoca o

subdimensionamento da estrutura, potencializando assim o surgimento de fissuras

longitudinais e grandes deformações nas vigotas. A lógica para o entendimento é

semelhante a que ocorre no caso de má aderência, ou seja, a altura útil real da laje

é menor que a necessária para formar a seção resistente.

Além da correta especificação da espessura da capa de concreta por parte do

projetista, é necessário que essa dimensão seja obedecida no ato da concretagem,

o que muitas vezes torna-se difícil de garantir. Se a espessura da capa de concreto

for corretamente dimensionada e executada, dificilmente existirão problemas

estruturais posteriores na estrutura. Caso contrário, além de flechas e fissuras, a laje

pode apresentar baixos níveis de desempenho termoacústico, de estanqueidade e

anti-propagante.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

77

7.2.6 Baixa Qualidade e Uso Incorreto de Materiais

Diversos são os problemas surgidos em estruturas de concreto devido à

utilização de materiais de baixa qualidade. Blocos e vigotas com dimensões

uniformes facilitam o processo de montagem, e, quando não há essa uniformidade,

surgem arestas salientes que potencializam quebras ou até mesmo acidentes de

trabalho. A colocação de armadura é dificultada com a falta de padronização na

altura dos elementos, assim como o reboco da face inferior da laje, que necessita

então de uma espessura maior de argamassa de regularização. O uso equivocado

dessa argamassa, por sua vez, pode provocar o surgimento de manchas, deixando a

superfície com aspecto patológico. Na Figura 67 está representado um exemplo de

utilização de materiais de boa qualidade

Figura 67 – Uso de materiais de boa qualidade.

Fonte: Site Rádio Onda Sul (http://ondasulfm.com/index/noticia/comercio/ceramica-santo-augusto-em-

vilhena-69-3321r3879,2964.html)

Caso utilizem-se blocos de baixa qualidade, é recomendável posicionar vigotas

nas duas extremidades e não começar a primeira carreira com esses blocos, pois

possíveis quebras ou cedimentos podem causar trincas na região sobre os apoios,

como representado anteriormente na Figura 65.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

78

Vigotas de má qualidade podem ter a superfície muito lisa, o que prejudica a

aderência com a capa de concreto. O uso de óleos desmoldantes nas fôrmas

durante a fabricação de vigotas tipo trilho é responsável por isso. O cobrimento,

muitas vezes, não é respeitado em fábricas onde não há controle de qualidade, e

isso potencializa o surgimento de fissuras e, até mesmo, de corrosão da armadura.

O uso incorreto de materiais evidencia-se na utilização desnecessária de

eletrodutos de grandes bitolas, o que diminui consideravelmente a altura útil da peça

e consequentemente a resistência também. O cruzamento dessas tubulações deve

ser evitado pelo mesmo motivo. A recomendação nesses casos é a utilização de

materiais de boa qualidade, bem como buscar orientações técnicas sobre materiais

e equipamentos empregados.

A falta de aderência entre reboco e blocos de EPS é outra manifestação

patológica possível em lajes pré-fabricadas. O defeito consiste no desplacamento da

argamassa de revestimento por essa não fixar-se corretamente na superfície pouco

aderente do isopor. A falta de informação a respeito do EPS utilizado ou a sua baixa

qualidade podem potencializar o surgimento desse problema. A melhor medida

preventiva é a utilização de EPS de boa qualidade, preferencialmente com ranhuras

que facilitam a aderência. Em último caso, esses blocos podem ser substituídos por

material cerâmico desde que verificado o dimensionamento.

7.2.7 Lançamento e Adensamento de Concreto Incorretos

É comum e completamente equivocado o procedimento de adicionar água à

mistura durante concretagens para facilitar o lançamento do concreto, já que essa

ação compromete a resistência da peça. A relação água/cimento está diretamente

relacionada à capacidade resistente do concreto, logo este deve ser lançado com o

traço fornecido pelo engenheiro responsável.

O bom adensamento do concreto, por outro lado, garante que não haja

segregação de material, deixando a mistura homogênea em todos os pontos e sem

ar aprisionado em seu interior. Com a eliminação dos vazios, diminui-se a

possibilidade de surgimento de flechas e aumentam os desempenhos da laje nos

quesitos térmico, acústico e de estanqueidade.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

79

Durante a concretagem, também podem ocorrer afundamentos da armadura

negativa, o que compromete consideravelmente a resistência à tração, logo é

necessário verificar o posicionamento dessas barras antes da concretagem. A

prevenção dos demais males consiste em realizar um bom lançamento de concreto,

sem a adição de água, promovendo um bom espalhamento e vibração para eliminar

todos vazios de seu interior. A Figura 68 mostra corpos de prova formados com

concreto bem e mal adensados.

Figura 68 – Concretos com diferentes graus de adensamento.

Fonte: Site PET Engenharia Civil UFSC (http://pet.ecv.ufsc.br/2009/01/analise-da-influencia-da-

qualidade-do-adensamento-na-homogeneidade-do-concreto-utilizando-end/)

7.2.8 Escoramento Ineficaz

As patologias referentes ao escoramento são cometidas integralmente na fase

de construção e por isso, de certa forma, são fáceis de serem prevenidas. Elas

basicamente ocorrem devido à insuficiência de escoramento ou movimentações

bruscas durante o manuseio dos pontaletes. Essas patologias apresentam-se em

forma de fissuras, flechas e desplacamento de material, conforme visto na Figura 69.

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

80

Figura 69 – Quebra de bloco cerâmico provocada por choque com pontalete.

Fonte: Site Construindo Decor (http://construindodecor.com.br/lajes/)

Enquanto a movimentação equivocada pode provocar choques e a

consequente quebra de componentes, a insuficiência de pontaletes tende a

sobrecarregar as vigotas. Elas necessitam escoramento para suportar o peso da laje

enquanto a capa de concreto não fornece resistência ao conjunto. Se o número de

escoras for insuficiente, as vigotas serão submetidas a grandes esforços e podem

desenvolver deformações e fissuras já nas idades iniciais, que por sua vez poderão

potencializar corrosão das barras de aço, conforme representado na Figura 70.

Figura 70 – Corrosão de armaduras em laje.

Fonte: Site Técnico Edifica (http://tecnicoedifica.blogspot.com.br/2014/04/patologias-em-concreto-

armado.html)

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

81

7.2.9 Impermeabilização Ausente ou Deficiente

Algumas vezes essas lajes são empregadas em coberturas ou áreas externas

expostas a ação do sol e das chuvas, o que acaba degradando a estrutura com o

passar do tempo, e, nesse sentido, as lajes pré-fabricadas são especialmente

sensíveis a esses fatores. Caso deseja-se aplicar esse método construtivo em

ambientes externos, é imprescindível realizar a impermeabilização da estrutura

tendo em vista que, devido a menor espessura de concreto, essas lajes permitem

uma permeabilidade maior de umidade se comparadas às maciças.

Righi (2009) realizou um estudo acerca das patologias surgidas devido a falhas

em sistemas impermeabilizantes e conclui que a infiltração da água prejudica a

estrutura de diversas maneiras, inclusive potencializando a corrosão das armaduras,

já que a laje estará constantemente molhada.

Além desse problema crônico, Righi (2009) destacou o surgimento de diversas

bolhas típicas da presença de umidade na face interna das lajes. Enquanto a

primeira patologia pode comprometer a vida útil da estrutura, o surgimento de

saliências na pintura causa aspecto visual desagradável. A prevenção desses males

consiste em projetar e executar uma camada impermeabilizante adequada que

estanque todos os pontos que terão contato com a água. A Figura 71 apresenta uma

patologia provinda da infiltração numa laje de cobertura.

Figura 71 – Bolhas surgidas pela infiltração de umidade na laje.

Fonte: Righi (2009).

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

82

CONCLUSÕES

Ao final do desenvolvimento deste trabalho, é possível entender um pouco

mais sobre as características técnicas e de utilização de lajes pré-fabricadas no

Brasil. A necessidade de redução de custos diretos e operacionais comanda a

construção civil atualmente, e, nesse cenário, esse método construtivo em constante

evolução apresenta-se como uma solução interessante para diversas aplicações,

principalmente obras residenciais de casas ou edifícios de múltiplos pavimentos. É

possível também aplicar a outros tipos de edificações desde que tomados alguns

cuidados básicos. O modo de produzir que começou no século XIX com a

associação de argamassa com perfis metálicos evolui em diversos quesitos e hoje é

um método racionalizado e com pouco desperdício.

Como fruto da constante evolução do método, surgiram diferentes variações

desse tipo de laje, sendo que a matéria-prima, a mão de obra e o mercado regem

quais são os componentes predominantes numa determinada região. Basicamente

subdividem-se em: lajes formadas com vigotas comuns, com vigotas treliçadas e

com vigotas protendidas. As primeiras são as mais tradicionais e de simples

fabricação, porém apresentam uso bastante restrito. As treliçadas são as mais

utilizadas atualmente e isso se justifica por terem preço competitivo e vencerem vãos

maiores devido à armação em forma de treliça espacial. As vigotas protendidas, por

sua vez, também alcançam grandes vãos, porém seu uso não é tão disseminado,

pois necessitam de protensão. Para todos os casos, podem ser utilizados blocos

cerâmicos, de concreto ou de EPS, armadura adicional e capeamento de concreto.

O dimensionamento de lajes pré-fabricadas pode ocorrer de diversas formas

considerando diferentes processos e critérios de cálculo. Dentre eles, estão os

modelos de grelha equivalente, grelha equivalente simplificado, viga independente,

método dos elementos finitos e modelo com continuidade. Todos são corretos,

porém o mais utilizado é o modelo de viga independente, que simplifica bastante o

processo, já que considera a laje como uma viga biapoiada. Após o levantamento de

cargas que engloba peso próprio, revestimento, sobrecarga e carregamentos

excepcionais, é possível projetar a estrutura utilizando fórmulas e tabelas típicas do

dimensionamento de vigas submetidas à flexão simples ou apenas seguir tabelas

sugeridas por fabricantes com vãos e sobrecargas predefinidos.

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

83

Caso se opte pelo método tradicional, Carvalho e Figueiredo Filho (2014)

apresentam todas as etapas e equações para o dimensionamento, bem como a

simplificação utilizando tabelas e coeficientes adimensionais. A NBR 6118:2014 rege

o dimensionamento dessas estruturas e a NBR 14859-1:2016 define demais

características pertinentes ao método construtivo. Após dimensionar, é necessário

analisar o cisalhamento para dispensar armadura transversal e verificar o Estado

Limite de Serviço nos critérios deformação excessiva – grande problema em lajes

pré-fabricadas – e abertura de fissuras.

A interação entre a estrutura pré-fabricada e a moldada in loco é um aspecto

importante que deve ser priorizado durante a construção. As lajes pré-fabricadas

seguem um mecanismo de funcionamento em que a armadura da vigota fornece

resistência à tração e o concreto da mesa resiste à compressão. Mas, para que isso

ocorra, é necessário garantir que haja a devida aderência entre as ambas, ou seja,

que a estrutura torne-se monolítica. As vigotas treliçadas apresentam melhor

aderência com a capa de concreto, pois a armadura lateral da treliça contribui

bastante nesse sentido. Já as demais vigotas podem necessitar medidas extras para

garantir essa aderência. Quanto aos apoios, as vigotas devem adentrar em fôrmas

de vigas ou alvenarias portantes e a concretagem dos elementos deve ocorrer na

mesma etapa para garantir a solidarização da estrutura.

O comportamento de seção T é característica peculiar dessas estruturas, bem

como a eliminação do concreto tracionado excedente e a consequente diminuição

do peso próprio da laje. A vinculação, por sua vez, segue a regra do simplesmente

apoiado nas duas extremidades para evitar o surgimento de momentos negativos.

Quanto a detalhamentos, a disposição das vigotas geralmente segue o sentido do

menor vão, pois é onde ocorrem os maiores momentos. Se a laje for bidirecional,

são necessárias nervuras e armaduras transversais. As barras de armação são

dispostas após a montagem e podem ser longitudinais, transversais, negativas e de

distribuição, a qual é obrigatória para lajes armadas numa só direção. Após isso, o

concreto é lançado e a capa deve ter espessura suficiente para fornecer rigidez ao

sistema e distribuir corretamente os esforços. A maior vantagem das lajes pré-

fabricadas e a eliminação de fôrmas e diminuição da quantidade de escoramento, já

que as vigotas suportam certo grau de carregamento livre de escoras.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

84

A execução de lajes pré-fabricadas não apresenta grandes dificuldades e

inclusive facilita a construção em alguns aspectos. Os materiais empregados são os

típicos de obras convencionais: concreto, aço, blocos inertes e material para

escoramento. A primeira etapa é a locação do escoramento composto por guias,

pontaletes, cunhas e calços após o nivelamento do piso e acerto das contraflechas.

As vigotas são os primeiros elementos posicionados e o espaçamento é acertado

com a utilização de blocos leves nas extremidades como gabarito. Os blocos de

enchimento e caixas de passagem são colocados entre as vigotas e já servem como

fôrma para o concreto. As armaduras discriminadas no projeto estrutural devem ser

posicionadas, bem como tubulações hidráulicas e eletrodutos. Após a limpeza e

umedecimento da superfície, efetua-se a concretagem da estrutura, promovendo o

devido adensamento. A cura do concreto deve ocorrer com a molhagem da laje nos

primeiros dias e o escoramento pode ser retirado cuidadosamente após 15 dias.

As patologias recorrentes em lajes pré-fabricadas podem surgir devido a

problemas referentes à composição dos materiais ou à ação de fatores externos.

Ainda podem classificar-se como provocadas por fenômenos na natureza ou por

falhas humanas, sendo estas completamente passíveis de prevenção. Os erros

podem ser cometidos nas fases de projeto, construção ou utilização e apresentarem

as mesmas patologias. Os casos mais comuns nesse tipo de lajes são fissuras e

flechas elevadas devido a grande solicitação da estrutura, e geralmente estão

associadas ao subdimensionamento ou perda de resistência da peça por motivos

como falta de aderência ou excesso de carregamento. Fissuras na face superior

também são comuns, porém essas são provocadas por erros durante a cura do

concreto, sendo facilmente prevenidas. Além dessas patologias, é possível

encontrar, devido a falhas construtivas, baixo desempenho da laje, trincas sobre os

apoios, desgaste da superfície, infiltrações, corrosão de armaduras, segregação de

material e quebra do concreto. Todos esses males podem ser evitados desde que

tomadas algumas precauções na fase de construção da laje.

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

85

REFERÊNCIAS

APOLO, G. L. Foijados y Losas de Piso: Foijados Unidirecionales. Espanha,

1979.

ASSOCIAÇÃO BRASIELIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de

Estruturas de Concreto. Rio de Janeiro, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASIELIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Carga para o

cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 1980.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR. 8681: Ações e

segurança nas estruturas. Rio de Janeiro, 2003.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14859-1: Laje pré-

fabricada – Requisitos. Parte 1: Lajes unidirecionais. Rio de Janeiro, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14859-1: Laje pré-

fabricada – Requisitos. Parte 1: Lajes unidirecionais. Rio de Janeiro, 2016.

AVILLA JUNIOR, J. Contribuição ao projeto e execução de laje lisas nervuradas

pré-fabricadas com vigotas treliçadas. 2012. Dissertação (Mestrado) –

Universidade Federal de São Carlos, 2009.

BAUD, G. Manual da Construção. São Paulo, Hemus Livraria e Editora, 1981.

BOTELHO, M. H. C. Lajes Premoldadas de Concreto Armado. São Paulo,

Programações Técnicas e Culturais, 1991.

BRANCO, L. A. M. V. Projecto de edifício de escritórios em estrutura pré-

fabricada. 2008. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Porto, 2008.

CARVALHO, R. C. Escolha da altura de lajes com nervuras pré-moldadas para

pavimentos de edificações considerando as verificações do estado limite

último e de deformação excessiva. XXIX Jornadas Sudamericanas de Ingenieria

Estructural. Punta Del Leste, Uruguay, 2000.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

86

CARVALHO, R. C. Estado da arte do cálculo das lajes pré-fabricadas com

vigotas de concreto. Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em

Concreto Pré-moldado, 2005.

CARVALHO, R. C.; SILVA, L. M. Estudo Experimental do Espaçamento de

Escoras em Lajes com Nervuras Pré-Moldadas do Tipo Trilho para Pavimentos

de Edificações. 2000. Relatório FAPESP – São Carlos, 2000.

CARVALHO, R. C.; FIGUEIREDO FILHO, J. R. Cálculo e detalhamento de

estruturas usuais de concreto armado: segundo a NBR 6118: 2014. Edufscar,

2014.

COSTA, V. S. Análise da estabilidade e custo de uma residência com utilização

de laje maciça e pré-moldada. 2015. Instituto de Pós-Graduação – IPOG, 2015.

CUNHA, A. J. P.; SOUZA, V. C. M. Lajes em concreto armado e protendido.

EdUFF, 1998.

DI PIETRO, J. E. Projeto, execução e produção de lajes com vigotes pre-

moldados de concreto. 1993. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de

Santa Catarina, 1992.

DROPPA JUNIOR, A. Análise estrutural de lajes formadas por elementos pré-

moldados tipo vigota com armação treliçada. 1999. Dissertação (Mestrado) –

Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 1999.

EL DEBS, M. K. Concreto pré-moldado: fundamentos e aplicações. 2002. Escola

de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo, 2002.

FLÓRIO, M. C. Projeto e execução de lajes unidirecionais com vigotas em

concreto armado. 2003. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de São

Carlos, 2003.

GASPAR, R. Análise da segurança estrutural das lajes pré-fabricadas na fase

de construção. 1997. Dissertação (Doutorado) – Universidade de São Paulo, 1997.

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/2_2017/TCC_CASSIO HENRIQUE BRASIL... · NBR - Norma brasileira T - Força de Tração TR-XX - Laje

87

MARCELLINO, N. A. Projeto e Produção de Sistemas e Componentes em

Argamassa Armada. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São

Carlos – Universidade de São Paulo, 1991.

MEDRANO, M. L. O.; FIGUEIREDO FILHO, J. R.; CARVALHO, R. C. Estudo de

pavimentos de lajes formados por vigotas pré-moldadas: influência de

nervuras transversais. 1º Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em

Concreto Pré-Moldado, São Carlos, 2005.

NAPPI, S. C. B. Analise comparativa entre lajes maciças, com vigotes pre-

moldados e nervuradas. 1993. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de

Santa Catarina, 1993.

RIGHI, G. V. Estudos dos Sistemas de Impermeabilização: Patologias,

Prevenções e Correões – Análise de Casos. 2009. Dissertação (Doutorado) –

Universidade Federal de Santa Maria, 2009.

SILVA, B. R. Contribuições à análise estrutural de lajes pré-fabricadas com

vigotas treliçadas. 2012. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa

Maria, 2012.

SOUZA, V. C.; RIPPER, T. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de

concreto. Pini,, 1998.

VAN ACKER, A. Manual de sistemas pré-fabricados de concreto. Traduzido por

Marcelo de Araújo Ferreira – Associação Brasileira da Construção Industrializada de

Concreto, 2002.