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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CAMPUS ARARANGUÁ
Luana Conti
GESTÃO DA INFORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA ÁREA
CRIATIVA COM APLICAÇÃO DAS TIC’S
Araranguá, novembro de 2014.
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Luana Conti
GESTÃO DA INFORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA ÁREA
CRIATIVA COM APLICAÇÃO DAS TIC’S
Trabalho de Conclusão de Curso
submetido à Universidade Federal de
Santa Catarina, como parte dos
requisitos necessários para a obtenção
do Grau de Bacharel em Tecnologias
da Informação e Comunicação.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Esteves
Araranguá, novembro de 2014.
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Luana Conti
GESTÃO DA INFORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA ÁREA
CRIATIVA COM APLICAÇÃO DAS TIC’S
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado aprovado para a
obtenção do Título de Bacharel em Tecnologias da Informação e
Comunicação, e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação
em Tecnologias da Informação e Comunicação.
Araranguá, novembro de 2014.
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Este trabalho é dedicado aos meus
professores, fruto de minha admiração e
respeito – tornados, muitos, mentores. E aos
meus dedicados pais, que direcionaram suas
vidas, seus maiores esforços, seu tempo e todo
seu amor aquilo único e insubstituível: os
valores e as prioridades tornados legados que
sempre farão parte da minha e das gerações
futuras de minha vida.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço, majoritariamente, aos meus pais, que me ensinaram
que, acima de tudo, devemos ter respeito pelas pessoas, pelo ambiente
que nos rodeia e pela natureza – e que me propiciaram o privilégio de
reconhecer, na informação, na curiosidade, na leitura, estudo e
conhecimento a única fonte de transformação possível; e a minha
família, por toda a compreensão, carinho e paciência que sempre
dedicaram a mim.
À Universidade Federal de Santa Catarina que me ofertou a
possibilidade de estudar em um ambiente favorecedor das minhas
capacidades, com estrutura adequada e ensino de qualidade acessível.
E aos queridos professores que me orientaram, cada um do seu
jeito, com seu campo de conhecimento e experiência, nesta caminhada –
estimulando-me, inspirando-me e ensinando-me as coisas mais
importantes: aquelas que, nem sempre, estão nos livros.
Sobretudo, ao meu orientador, que além de cumprir os
empenhos acima, esteve presente em todas as etapas deste caminho, e
contribuiu para que eu encontrasse forças para acreditar e continuar,
servindo de tutor e mentor que sempre me acompanhará por meio de
suas palavras revigorantes e sua força de trabalho transformadora.
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É o que você lê quando não tem que fazê-lo que
determinará o que você será quando não puder
evitar.
(Oscar Wilde, 1974)
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RESUMO
O presente trabalho apresenta um modelo de gestão da informação para
profissionais atuantes na economia criativa e expõe, para isto, uma
proposta voltada para as TIC’s. Para o embasamento teórico, discorre
sobre a vigente sociedade do conhecimento, suas consequências e
peculiaridades; sobre tópicos de gestão do conhecimento e informação e
por fim como as tecnologias podem contribuir neste cenário. O trabalho
apresenta ainda resultados das pesquisas realizadas para alcançar os
objetivos almejados, sendo de natureza essencialmente descritiva, com
levantamento de dados, revisão bibliográfica e referencial teórico.
Palavras-chave: Evernote. Gestão do Conhecimento. Gestão da
Informação. Economia Criativa.
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ABSTRACT
The following work presents a model of information management for
professionals working in the creative economy and for this pupose it pesents
a proposal toward Information and Communication Technologies.
According to the theoretical foundation, this work broaches the current
society of knowledge, its consequences and peculiarities; topics of
knowledge management and information, and how technologies can
contribute in the scene. It also presents the results form researchs done to
reach the wanted goals, being essentially descriptive, with data collection,
bibliographic review and theoretical framework.
Keywords:Evernote. Knowledge Management. Information Management.
Creative Economy.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Mapa Conteitual da Introdução ............................................ 19
Figura 2 – Distribuição das Atividades da Indústria Criativa ............... 60
Figura 3 – Infográfico da Indústria Criativa .......................................... 63
Figura 4 – Gráfico de Demanda E.C. .................................................... 79
Figura 5 – Gráfico de Disposição E.C. .................................................. 65
Figura 6 – Gráfico Demanda x Disposição E.C. ................................... 79
Figura 7 – Gráfico Represnetativo das Atividades ................................ 80
Figura 8 – Gráfico Padrão das Atividades ............................................. 81
Figura 9 – Gráfico Versão ..................................................................... 82
Figura 10 – Gráfico Tempo de Experiência .......................................... 83
Figura 11 – Gráfico Como soube da Ferramenta .................................. 84
Figura 12 – Gráfico Assiduidade........................................................... 85
Figura 13 – Gráfico Finalidade ............................................................. 86
Figura 14 – Gráfico Modo de Acesso Principal .................................... 87
Figura 15 – Gráfico Opções de Uso ...................................................... 88
Figura 16 – Gráfico Recursos Utilizados .............................................. 89
Figura 17 – Gráfico Instrumentos Adicionais ....................................... 90
Figura 18 – Gráfico Pontos de Melhoria ............................................... 91
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – As Três Eras da Administração no Século XX................... 28
Quadro 2 – Conhecimento Tácito e Explícito. ...................................... 47
Quadro 3 – Dado, Informação e Conhecimento. ................................... 48
Quadro 4 – Gestão da Informação e Gestão do Conhecimento ............. 52
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
E.C. – Economia Criativa
FIRJAN – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro
G.C. – Gestão do Conhecimento
G.I. – Gestão da Informação
iOS – Sistema Operacional da Apple
www – Word Wide Web
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................... .........19 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ................................................. ..........19
1.2 OBJETIVOS.................................................................................23
1.2.1 Objetivo Geral... .............................................................. ..........23 1.2.2 Objetivos Específicos. ..................................................... ..........24
1.3 JUSTIFICATIVA.........................................................................24
1.4 ROTEIRO DO TRABALHO.......................................................25
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................... .........26 2.1 INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ............................. ..........26
2.2 ANSIEDADE DA INFORMAÇÃO.............................................33
2.3 GESTÃO DO CONHECIMENTO...............................................41
2.3.1 Dado, Informação e Conhecimento ............................... ..........43
2.3.2 Gestão da Informação e Gestão do Conhecimento ....... ..........49 2.3.3 Espiral do Conhecimento ............................................... ..........53 2.3.4 Tecnologia e Gestão do Conhecimento.....................................54
2.4 ECONOMIA CRIATIVA............................................................56
2.5 A FERRAMENTA EVERNOTE.................................................65
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..... .... .........69 3.1 POPULAÇÃO DA PESQUISA ........................................ ..........71
3.2 PROCEDIMENTO.......................................................................71
3.3 QUESTIONÁRIOS......................................................................72
3.4 ANÁLISE DE DADOS................................................................74
4 RESULTADS E DISCUSSÕES ............................. .........75 4.1 O QUESTIONÁRIO ......................................................... ..........75
4.2 CONSOLIDAÇÃO DOS DADOS...............................................77
4.2.1 Atividades ........................................................................ ..........80
4.2.2 Versão .............................................................................. ..........81 4.2.3 Tempo de experiência com a ferramenta ...................... ..........82 4.2.4 Como soube da ferramenta ............................................ ..........82 4.2.5 Assiduidade ..................................................................... ..........84 4.2.6 Finalidade ........................................................................ ..........85 4.2.7 Modo de acesso principal ............................................... ..........86 4.2.8 Opções de uso .................................................................. ..........87 4.2.9 Recursos utilizados ......................................................... ..........89 4.2.10 Instrumentos adicionais .................................................. ..........89 4.2.11 Pontos de melhoria .......................................................... ..........91
4.3 CONSIDERAÇÕES RELEVANTES...........................................92
5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS.. .........97 REFERÊNCIAS ...................................................... .......100
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1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo introdutório serão apresentados os respectivos
conteúdos de: contextualização; descrição dos objetivos, separados por
objetivo geral e objetivos específicos; justificativa para realização da
pesquisa; e roteiro do documento, com a apresentação da estrutura e
delineamento do trabalho. A Figura 1, abaixo, representa o mapa
conceitual de apresentação deste capítulo.
Figura 1 – Mapa Conceitual da Introdução
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Há aproximadamente cinco mil anos, a evolução da comunicação
humana apresentou um ritmo de aceleramento que impactou em muito
nossos modelos de informação: entrávamos na Era da Escrita.
(DEFLEUR E BALL-ROCKEACH, 1993).
Assim, embora ainda seja difícil – mesmo sob a perspectiva da
paleantropologia – determinar a primeira informação criada, repassada,
e entendida, pode-se dizer que a comunicação foi um fator estimulante
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para que a importância dada a informação fosse, paulatinamente,
ganhando espaço, e largamente se difundisse até ser reconhecida como
poderoso instrumento.
Porém, antes deste reconhecimento – oficializado pelo marco da
Era da Informação – esta passou por diversas etapas de melhoramento,
aperfeiçoamento e expansão. Assim, dos desenhos rupestres, gestos e
mímicas, as civilizações puderam criar também os primeiros idiomas,
ao longo de um processo que durou milhões de anos – suportado
inicialmente pela capacidade de criar ferramentas, e pela Idade da Fala e
da Linguagem – até que, provavelmente por volta de uns 55 mil anos
atrás, a linguagem realmente passou a ser utilizada. (DEFLEUR E
BALL-ROKEACH, 1993).
Neste sentido, parece incoerente dizer que se vive em uma época
privilegiada, pela simples razão de termos largo acesso à comunicação e
informação geralmente de forma instantânea; absurdo, afinal, poderia
ser imaginar uma vida sem estas possibilidades grandiosas.
Nossa impressionante capacidade atual de enviar
mensagens instantaneamente a distâncias imensas, e
para suscitar significados semelhantes em milhões de
pessoas ao mesmo tempo, é tão familiar para todos
nós que é fácil encará-la com indiferença. Na
perspectiva da vida humana como o foi em épocas
anteriores, contudo, o que fazemos hoje ao abrirmos
nosso jornal, ligarmos nosso rádio, irmos a um
cinema, ou assistirmos à televisão, representa uma
mudança no comportamento da comunicação humana
de grandeza verdadeiramente extraordinária.
(DEFLEUR e BALL-ROCKEACH, 1993, p. 18).
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Mas é essencial lembrar que o contexto hoje vislumbrado não foi
instantâneo. Como se pode constatar, somente por meio do processo de
evolução da comunicação é que passaram a surgir conceitos, cada vez
mais elaborados, de ideias, teorias, filosofias; e ainda as primeiras
publicações; até que pudéssemos evoluir científica e tecnologicamente
para atingirmos o cenário que conhecemos.
Nestes meandros, muitos conceitos, teorias e pensamentos de
naturezas difusas foram desenvolvidos. WOLF (1999) coloca, por
exemplo, sob a ótica da Teoria Funcionalista, que o excesso da
informação era defendido como orientador sociológico – em que se
acreditava que as necessidades das sociedades filtrariam os dados.
Assim, propiciando um grande leque de opções, a informação poderia
ser democratizada.
Independentemente das ligações, o que se pode supor é que
poucas vezes uma ferramenta criada pelo homem alterou tão profunda e
rapidamente nossa forma de ser e interagir como a internet. Modeladora
de pensamentos, decisões e reformas socioculturais ela veio a, não
somente possibilitar uma nova forma de comunicação, mas a atuar
como modificadora social de impacto; sendo capaz de alterar nossa
visão de comunidade, cultura, aprendizado e ordem social e, como
tecnologia, desenvolvendo seu papel mais natural, como referido por
TURKLE (1989):
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A tecnologia catalisa alterações não só naquilo que
fazemos, mas também na forma como pensamos.
Modifica a percepção que as pessoas têm de si
mesmas, uma das outras, e da sua relação com o
mundo. (TURKLE, 1989; p.14-15).
Ou seja, comparando os cenários anteriores com o contexto atual,
e com a evolução da internet e web 2.0, as possibilidades de escolha,
filtro, acesso e interação foram ampliadas. Com isso, hoje, pode-se
gerar um sem-fim de itens de dados, mesclados entre imagens, textos,
documentos, planilhas, fluxogramas, links, e-mails, redes sociais, blogs,
canais de vídeo, etc. Teoricamente, até poderia ser dito que a
informação é algo fácil nesta nova era: qualquer um pode criá-la, alterá-
la, reformulá-la e consolidá-la. (CRANTSCHANINOV, 2011).
O fato, portanto, de todos os dias nos depararmos com uma
variedade de novas informações espalhadas pelos televisores, jornais,
comerciais informativos, reportagens, dossiês, blogs, redes sociais,
revistas, bibliotecas, outdoors, telemarketing, rádio, etc., só poderia
estar associado a prospecções bastante positivas, não fosse o desafio de
separar as informações conforme nossas necessidades. Pode-se dizer
que acessar uma informação está longe de ser uma tarefa difícil, tanto
quanto está longe de ser uma tarefa fácil.
Não devemos, no entanto, colocar as consequências como
excruciantemente negativas, e acreditar que, por causa delas, houve um
retrocesso, uma solução que se tornou problema. É preciso compreender
que a mesma capacidade de criar tecnologias– esta capacidade única de
racionalizar a tentar encontrar soluções para os problemas – também
veio a trazer formas interessantes de organizar tantas informações.
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Considerando, portanto, estas possibilidades, o presente
trabalho visa discorrer sobre aspectos destes cenários, e apresentar uma
alternativa viável, oriunda da tecnologia da informação e comunicação,
para organizar tamanho caos que o acesso ilimitado – e ás vezes
limitador – á informação pode causar.
Neste sentido, foi escolhido e determinado um universo
específico em que a organização de informação e do conhecimento
individual pode ser fundamental: a economia criativa.
Para os profissionais desta área, a informação é ponto crucial
não só na criação de artefatos culturais e artísticos, como no processo
produtivo dos bens a serem comercializados. Por isso, tê-las de forma
organizada é um fator que influencia o sucesso deste tipo de
profissional, já que são importantes para o processo criativo, pelo qual
“as idéias são geradas, conectadas e transformadas em coisas que são
valorizadas.”. (HUI et al, 2005 apud IPEA, 2013).
1.2 OBJETIVOS
Os objetivos deste trabalho estão categorizados entre gerais e
específicos.
1.2.1 Objetivo Geral
Analisar e entender como as Tecnologias da Informação e Comunicação
podem contribuir para a gestão do conhecimento de profissionais da
área criativa.
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1.2.2 Objetivos Específicos
Estudar a dinâmica da economia criativa
Pesquisar a necessidade de profissionais da área criativa de
organizarem as informações de seu interesse
Analisar o processo de gestão do conhecimento e o uso das
tecnologias da informação e comunicação
Analisar como a aplicação Evernote pode contribuir para a gestão
do conhecimento individual de profissionais da área criativa
1.3 JUSTIFICATIVA
No contexto de gestão de informação podem-se encontrar muitos
materiais e ferramentas referentes ao seu uso no âmbito empresarial e
organizacional. No entanto, raras são as abordagens direcionadas a uma
gestão de conhecimento mais individualizada – como é o caso de
pessoas interessadas em organizar a miríade de informações com que se
deparam todos os dias e até profissionais que, ou atuam de modo
autônomo e não dispõem dos recursos necessários para investir em um
software de gestão de informação ou realmente não identificam, nesta
opção, um bom caminho para satisfazer suas necessidades.
Mesmo assim, existem diversas ferramentas tecnológicas para
suprir esta carência e otimizar o processo produtivo destes profissionais
por meio de uma organização de informações mais eficiente,
agregando-as de forma a melhor atender aos envolvidos em suas
atividades diárias.
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Pensando desta maneira, foi observado que o uso da ferramenta
Evernote poderia ser bastante útil para estas pessoas. Assim, optou-se
por uma pesquisa que tivesse como foco profissionais que atuem na área
criativa, cujo exercício das funções geralmente alia interesses pessoais e
profissionais e resulta em informações de diversos tipos que, se
armazenadas e processadas corretamente, podem – além de facilitar um
trabalho muitas vezes frustrante – tornar-se um diferencial competitivo
no mercado de atuação.
Sendo uma ferramenta que pode ser utilizada gratuitamente, este
trabalho foi orientado de modo a descobrir como estes profissionais
podem utilizar o Evernote para aperfeiçoar seu tempo e seu processo
produtivo. A pesquisa analisará os recursos disponíveis na aplicação,
tais como: recurso de etiquetagem, armazenamento de notas e mídias de
diversas naturezas, e acessibilidade garantida por meio dos dispositivos
eletrônicos que nos rodeiam – além de totalmente alinhada com o
ambiente da web 2.0 e armazenamento em nuvem – e como esses
recursos são, ou poderiam ser, utilizados pelos usuários.
1.4 ROTEIRO DO TRABALHO
O primeiro capítulo desta monografia é uma introdução sobre o
trabalho, com contextualização, objetivo geral e objetivos específicos,
justificativa e identificação do problema.
No segundo capítulo serão abordados tópicos sobre o atual
cenário da informação e do conhecimento e a vigente sociedade do
conhecimento e como a informação atua e sobre os efeitos desta
atuação; em seguida será abordada mais detalhadamente a gestão do
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conhecimento, com seus conceitos e processos. Na sequência, o
conceito de Economia Criativa será considerado em perspectivas
diversas e, para finalizar o capítulo, a ferramenta Evernote será
apresentada para dar base ao estudo.
Já no terceiro capítulo serão expostos os procedimentos
metodológicos adotados, e como o procedimento foi realizado.
Enquanto que o último capítulo traz o questionário principal,
juntamente á tabulação dos dados, resultados e discussões encontrados
ao longo da análise. Por fim, as considerações finais, abarcando uma
síntese da pesquisa e alguns indicativos e caminhos para continuidade
dos assuntos abordados.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Antes de iniciar a discussão sobre gestão da informação e gestão
do conhecimento, e sobre as possibilidades destas ciências nas nossas
rotinas, é preciso entender o papel que a tecnologia da informação tem
hoje nas nossas vidas. Sobre isso, LARA (2001) defende que:
(...) no domínio fluido, o conhecimento se origina e
cresce a partir da intuição pessoal, das redes pessoais
que se estabelecem fora dos organogramas formais,
nos encontros casuais entre pessoas e na
improvisação que desconhece procedimentos padrão
para descobrir melhores maneiras de se atuar.
(LARA, 2001, p. 4).
27
Assim, percebe-se que, se primeiramente o poder da informação
foi útil pelo ponto de vista da comunicação, mais tarde o estímulo à
cultura da informação foi aplicado também para registro de legislações,
normas sócio-morais, etc.; até que atingimos o processo civilizatório
que conhecemos. Muitas etapas foram cumpridas até que a informação
se tornasse personagem principal da forma como somos e nos
relacionamos hoje.
No entanto, é preciso entender que os esforços do passado,
dedicados em prol da informação e comunicação, foram fundamentais
para que estes elementos tivessem como característica a acessibilidade
que hoje se percebe como clara – mesmo com as dubiedades e
polêmicas que possam envolver.
Neste sentido, DRUCKER (2001) caracteriza a nova “sociedade
capitalista” um espaço-tempo onde os principais fatores econômicos
não se baseiam mais no capital ou nos recursos naturais e mão de obra;
mas sim no conhecimento.
Assim, na chamada sociedade do conhecimento, títulos como
“redes de conhecimento”, e “economia baseada no conhecimento” estão
cada vez mais atrelados ao meio corporativo – termos que apresentam
claramente a importância de uma gestão competente de conhecimento
em organizar sociedades e seres-humanos e como estes lidam de forma
sustentável com o ambiente. (DRUCKER, 2001).
Este cenário, claramente, é inerente a era vigente – iniciada no
século XXI, já que, no século XIX a competição e o poder eram
baseados na posse da terra (colonialismo); e em meado do século XX
nas máquinas (revolução industrial). Só no final do século XX a
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realidade estava mais próxima da atualidade, quando o que conotava
poder era o domínio da tecnologia. (STEWART, 1998 apud LARA,
2003).
Já CHIAVENATTO (2000) tipifica esta evolução em Era
Clássica, Neoclássica, e Era da Informação, conforme o quadro a seguir:
Quadro 1 – As Três Eras da Administração no Século XX
Fonte: CHIAVENATO, 2000, p.430
Ou seja, se analisarmos historicamente, a informação vinha sendo
ignorada como fomento sócio econômico, até que, como uma explosão,
irrompeu nossos modelos de concepção de mundo. Neste sentido,
WURMAN (1991) complementa: “Informação significa poder, uma
moeda de aceitação mundial com a qual se fazem e se perdem fortunas”.
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Dentro deste cenário, a internet teve papel fundamental e, como
rede de redes ofertou suporte “às interações entre sujeitos que passaram
a ter a possibilidade alargada de estabelecer redes intersubjetivas
independentemente dos constrangimentos espaços-temporais de seus
parceiros de interação” (SILVA, 1999):
As redes e serviços telemáticos estão alterando o
nosso ecossistema cognitivo e social o que faz com
que o sujeito tenha de proceder a um processo de
adaptação e reestruturação da sua teia relacional e
cognitiva. Este processo tem consequência no modo
como concebemos a realidade e nos concebemos a
nós próprios porque as tecnologias prolongam e
modelam as capacidades cognitivas e sociais
(SILVA, 1999; p. 60-61).
É importante, contudo, entender como a informação ganhou tanto
destaque. Já na década de 90 era claro que uma modificação em termos
de comunicação e informação estava acontecendo, e estava prestes a
evoluir em muito menos tempo do que se imaginava. Se antes a
informação era artefato difícil e inacessível, agora ela inundava as ruas,
as casas e os escritórios.
Sobre isso, DEFLEUR e BALL-ROKEACH (1993) mencionam
que, embora não houvesse segurança sobre o quê exatamente aquela
nova era traria para a comunicação, já era possível entender que os
computadores estavam nos transformando no que veio a ser chamado de
sociedade informatizada.
GIDDENS (1991) complementa, sugerindo a entrada de um novo
tipo de sistema social, nomeado sociedade de informação ou sociedade
de consumo, que poria fim á chamada sociedade pós-industrial.
30
Ou seja, ele apresentava, na ocasião, um futuro que nos faria
mudar o foco da manufatura de bens materiais, para outro, que estivesse
centrado basicamente na informação. Mas é preciso entender que este
movimento não veio sozinho e só foi possível por meio da globalização.
Neste sentido, ele menciona que a globalização cultural foi
personagem fundamental para as formas de comunicação: “as
tecnologias mecanizadas de comunicação influenciaram
dramaticamente todos os aspectos da globalização desde a primeira
introdução da impressora mecânica na Europa.” (GIDDENS, 1991).
A globalização pode assim ser definida como a
intensificação das relações sociais em escala mundial,
que ligam localidades distantes de tal maneira que
acontecimentos locais são modelados por eventos
ocorrendo a muitas milhas de distância e vice-versa
(GIDDENS, 1991, p. 69-70).
BAUMAN (1998) por sua vez anunciava o termo como um
conceito que, rapidamente se espalhou e se afirmou como praticamente
um ícone em diversos meios. Uma realidade da qual não se podia mais
escapar, e a qual todos estavam intrinsecamente submetidos.
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A globalização está na ordem do dia; uma palavra da
moda que se transforma rapidamente em um lema,
uma encantação mágica, uma senha capaz de abrir as
portas de todos os mistérios presentes e futuros. Para
alguns, globalização é o que devemos fazer se
quisermos ser felizes; para outros, é a causa da nossa
infelicidade. Para todos, porém, globalização é o
destino irremediável do mundo, um processo
irreversível; é também um processo que nos afeta a
todos na mesma medida e da mesma maneira.
Estamos todos sendo globalizados - e isso significa
basicamente o mesmo para todos. (BAUMAN, 1998;
p. 7)
Assim, com a globalização, e o boom dos computadores, que
se deu na década de 80, o que se viu foi um movimento ainda mais
ampliado: o surgimento do www, e a abrangência da rede e da internet.
Se antes era difícil supor ou acreditar que os computadores
fariam sucesso, que esses computadores um dia ocupariam bem menos
que uma sala, que as pessoas teriam computadores em suas casas, que
estes computadores seriam capazes de fazer tarefas das mais variadas e
que a internet tornaria este instrumento a mais potente fonte de
mudanças para uma nova era; hoje se pode dizer que o difícil é imaginar
um mundo sem eles.
Como afirma SILVA (1999) “Este mecanismo de dilatação das
redes foi possível graças aos desenvolvimentos tecnológicos que
fizeram convergir às tecnologias da informática e das
telecomunicações.”. Desta maneira, tendo-se um rol inimaginável de
informações que chegam em formatos variados – embora muitas vezes
deturpado – pode-se dizer que vive-se uma era da informação pelo fato
primordial de termos acesso à ela até então não dimensionado e com
32
facilidades antes não calculadas.
O fato de que, através dos serviços telemáticos
disponíveis na internet se pôde aceder aos mais
variados tipos de informação sediada em
computadores de qualquer parte do mundo, se poder
conversar (em tempo real) e corresponder com
pessoas espalhadas pelo mundo, se poder ter o seu
espaço próprio de publicação, faz com que se aprenda
a ver e a sentir o mundo de modo diferente porque se
gera uma nova forma de conceber o espaço, o tempo,
as relações, a representação das identidades, os
conhecimentos, o poder, as fronteiras, a legitimidade,
a cidadania, a pesquisa, enfim, a realidade social,
política, econômica e cultural (SILVA, 1999; p. 3).
KERCKHOVE (1997 apud SILVA, 1999) a isto também faz
referência, quando afirma que, por meio da internet, pudemos ter o
primeiro meio de comunicação que pode ser oral ou escrito, tanto
individual quanto coletivo, privado e público simultaneamente – tudo
feito através de ilimitadas redes abertas e conectadas por todo o planeta.
No entanto, por mais brilhante que pareça, após o início da era
da informação, os desafios enfrentados pela tecnologia – embora
facilitados pelas resoluções anteriores – passaram a ser ainda mais
instigantes. Com tantas informações que implicavam em uma demanda
de espaço de armazenamento cada vez maiores, ficou evidente que a
dificuldade em gerenciar esse processo – tanto o de armazenamento,
quanto de processamento e acesso – seria, cada vez, mais um problema
a ser tratado.
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Com o surgimento da web 2.0 esse dualismo da nova era ficou
ainda mais claro. As possibilidades de ampliação de espaços e
interatividade produzem repercussões sociais importantes e ofertam
uma nova dinâmica de fluxo de informação, já que cada computador
torna-se um potencial repositor e captador de informações. (PRIMO,
2007).
Ou seja, qualquer computador pode tanto efetuar downloads
quanto ofertar seus arquivos pessoais na rede. Quanto mais pessoas
estiverem nela, mais arquivos tornam-se disponíveis, e mais
informações cada usuário poderá ter – sendo este um ciclo que não
apenas continua, como se amplifica à medida que é alimentado.
2.2 ANSIEDADE DA INFORMAÇÃO
No entanto, nem mesmo a existência de processos bem
elaborados, tecnologias apropriadas e pessoas dedicadas ao processo de
Gestão da Informação tornam o processo menos complexo na prática.
Isto porque, é fato: todos os dias, nos deparamos com informações das
mais diversas. Em casa, mais papéis, documentos, fotos, listas...
No escritório, os e-mails saltam freneticamente para caixas de
entrada cada vez mais recheadas; nas ruas, outdoors; nos consultórios,
revistas... Além da tecnologia mobile que permitiu que tivéssemos nas
mãos, praticamente o tempo todo, os smartphones – pequenos
computadores que armazenam nossas informações e ainda
potencializam o recebimento de novas. Informações que queremos
absorver e registrar como se, assim, pudéssemos ser mais felizes.
34
Em contraste a isso, pode-se considerar que, há muitos séculos, a
Bíblia só possuía publicações em idiomas como grego, aramaico e
hebraico. Desse modo, a população comum sem acesso ao estudo e à
alfabetização não tinha conhecimento sobre o escrito.
Assim, todo individuo que suscitasse interesse em conhecê-la,
precisava do intermédio da Igreja, sendo esta detentora daquele
conteúdo. Depois, segundo SANTOS (2008), por meio de Eusébio
Sofrônio Jerônimo, a bíblia foi traduzida para o latim – considerada, a
partir de 1542 a versão oficial sob o ponto de vista da Igreja Católica e,
no século XIV, esta versão foi traduzida para a língua inglesa.
Isto foi o suficiente para facilitar o estopim da revolução
religiosa que se deu em 1517, encabeçada por Martinho Lutero – que
teria estudado e protestado pontos da doutrina católica romana. Somente
após a Reforma Protestante, a Bíblia recebeu traduções para diversas
línguas, foi distribuída sem restrições para as pessoas, e tornada
acessível para o grande público.
O fato pertence ao passado, mas sua lógica permite esclarecer o
poder que o controle sobre uma informação pode propiciar, e os
impactos que o acesso a ela pode gerar em qualquer meio. A isto,
BOOG (1991) faz uma contribuição, quando cita que a revolução
tecnológica “trouxe um brutal aumento de velocidade, em todos os
aspectos e sentidos, fornecendo acesso instantâneo a informações,
expresso em todos os meios de comunicação”.
Analisando toda essa problemática, pode-se dizer que, durante
muito tempo a tecnologia obrigou a inovar, evoluir, e buscar soluções
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menos drásticas, rudimentares, ou pouco práticas para problemas
impactantes nas rotinas organizacionais – e, consequentemente nos
resultados financeiros destas, oriundos da ausência de estratégias para
lidar com tantas informações. (ABREU-RODRIGUES E RIBEIRO,
2005).
Para ilustrar, pode-se mencionar que, em 1996, a Reuter Business
Information realizou uma pesquisa de nome Dying for Information, na
qual 1300 gerentes de variados países – dentre eles Reino Unido, Hong
Kong e Cingapura – foram questionados. Ao término da pesquisa, dados
alarmantes foram constatados. 49% reconheceram que frequentemente
não sabiam lidar com a quantidade de volume de informações que
recebiam todos os dias; 38% disseram que perdiam um tempo
significativo, tentando identificar os dados úteis no grande volume de
informações recebidas e 31% reclamaram que recebiam muita
informação não solicitada. (DURIGAN E MORENO, 2011)
David Lewis, psicólogo britânico, analisou os resultados da
pesquisa, e então deu aos efeitos causados pelo excesso informacional o
nome de “Síndrome da Fadiga de Informação”. Tensão, distúrbios de
sono, problemas digestivos, dificuldade de memorização e irritabilidade
foram os efeitos relacionados ao quadro, que configura uma espécie de
doença do novo século. (WIND, 2007)
Nesse ínterim, o que se percebe, muitas vezes, é o sentimento de
frustração, causado pelo excesso de informação e da utilidade das
informações acessadas, processadas, e armazenadas. (BAPTISTA,
2001). Á esse sentimento de irritabilidade chamamos de Ansiedade de
Informação (WURMAN, 1991), resultado da distância cada vez maior
36
entre o que compreendemos e o que achamos que deveríamos
compreender:
É o buraco negro que existe entre dados e
conhecimento, e ocorre quando a informação não nos
diz o que queremos ou precisamos saber. (Wurman,
1991; p. 38)
ANDREWS (2003) complementa, mencionando que as
estatísticas mostram que o volume mundial de informação dobra a cada
72 dias. Esse imediatismo gerado pela simultaneidade da tecnologia
nada é compatível com o tempo necessário para que o cérebro seja
capaz de captar e armazenar informações recebidas.
A partir daí fica-se com a sensação de que se está produzindo
menos do que se deveria e situações que impossibilitam soluções
imediatas passam a ser tratadas com intolerância. Passamos a fazer cada
vez mais coisas, ficando ainda mais irritados que outrora, com tempo
cada vez menor que o de ontem. Muitas vezes são buscados motivos
alheios, que pouco tem a ver com a sensação de crescente irritabilidade
e cansaço: na verdade, já passamos de nossos limites, mas sempre
queremos ultrapassá-los por conta do excesso de informação e da
competitividade por atualização. Assim, podemos nos remeter a
ADOBA (1993 apud LORUSSO, 2008):
Ao cidadão comum cabe escolher quais informações
armazenar, acreditar e usar, aperfeiçoando seus filtros
pessoais de forma a resistir a ferramentas de busca
que tentem, incansavelmente, chamar a sua atenção
para dados irrelevantes. (ADOBA, 1993 apud
LORUSSO, 2008, p. 60).
37
MAUTNER (2001 apud BAPTISTA, 2001), psicanalista,
também coloca uma comparação bastante clara:
Ler e aprender sempre foi tido como algo bom, algo
que deveríamos fazer cada vez mais. Não sabíamos
que haveria um limite para isso. Está acontecendo
com a informação o que já aconteceu com o hábito
alimentar. Em vez de ficarmos bem nutridos, estamos
ficando obesos de informação. (MAUTNER 2001
apud BAPTISTA, 2001, p. 64).
Neste contexto, pode-se agregar também aquilo que se chama
tecnoestresse e déficit de atenção. O primeiro, além de englobar os
sintomas já ditos, expressa desinformação, já que a renovação a cada
minuto de notícias banaliza o que antes era amplamente discutido, e por
isso gravado na memória e assentado nos valores morais do cidadão.
(LORUSSO, 2008)
MERTON e LAZERSFELD (2011) denominaram este acúmulo
de informação de “disfunção narcotizante”. Ou seja, tal excesso teria a
função de entorpecer – ao invés de estimular o indivíduo a compreender
a informação, tornando-a conhecimento. Este, sendo chocado com
derivados de informação de todas as espécies, acaba por confundir “o
fato de conhecer os problemas cotidianos com a prática salutar de atuar
sobre eles”, conforme explica DOMINGUES (2003), consultor de
Marketing e Comunicação.
Isso pode ser facilmente observado quando se vai realizar uma
pesquisa. Encontra-se tudo pronto, com explicações, premissas,
questionamentos esclarecidos. Mas esclarecidos por outro alguém.
38
Assim, dado este cenário, pode-se dizer que o individuo livra-se
do trabalho de pensar e a propriedade de sua consciência não mais lhe
pertence.
Nesse processo, é ainda mais fácil entender porque a
compreensão deve ser mais importante que a mera informação: o
excesso desta dificulta aquela, pois a velocidade com que as
informações são disponibilizadas ultrapassa a capacidade do cérebro de
processá-las, absorvê-las e tranformá-las em algo mais consistente e
menos supérfluo, enquanto que a superexposição das mesmas não deixa
espaço para que exista dúvida, alternativas de escolha, seleção e
discriminação pois já está tudo pronto, num pensamento uniforme, pré-
fabricado. (DOMINGUES, 2003)
MAZARGÃO (1996) fala desse excesso, também colocando a
internet como aceleradora da informação, já que os dados existentes,
unidos aos novos – cuja frequência e intensidade de incidência só
aumentam – ultrapassam a capacidade humana de assimilar os
conhecimentos e acontecimentos do mundo: “Os instrumentos de
comunicação se mutiplicam, mas o potencial de captação do homem –
do ponto de vista físico, mental, e psicológico – continua restrito”.
Este contexto nos ajuda a entender por que vivermos na Era da
Informação não nos torna necessariamente bem informados. Para
esclarecer a idéia “compreensão versus informação” MATTOS (2009)
complementa ressaltando que mesmo as pessoas que sabem ler, escrever
e contar, ainda não são capazes de compreender.
Isso porque, segundo ele, a maioria das pessoas não sabe
“gerenciar sua largura de banda da compreensão”. Neste caso, a medida
39
adequada é usar a capacidade de compreensão para processar apenas
informações que são realmente necessárias em nosso contexto. Ele
sugere: “quem não souber gerenciar a sua largura de banda da
compreensão vai se afogar no mar caótico da explosão de dados”. Sobre
este caso, WURMAN (1991) discorre:
Inundem as pessoas com informação; elas pensarão
que são livres. Não lhes neguem informação. Dêem-
lhes mais. Informação não digerida não é informação,
mas cria a ilusão de que você teve acesso a ela.
(WURMAN, 1991; p. 208).
Para ele, existem duas formas de controlar a mente dos homens:
negando-os toda a informação, ou inundando-os de informação; e
ambas as maneiras colocadas por Wurmam estão em voga.
Assim, de certa maneira, parece que estes estudiosos acreditam
que vivemos em uma Idade Medieval eufemista, onde a propriedade de
informação é detida por alguns meios de mídia, que tratam de traduzi-la
ao seu modo para o restante da população narcotizada; mas também em
uma espécie de Idade Moderna com um pseudo-iluminismo que oferece
a errônea certeza de se estar saindo da “escuridão” para a detenção do
conhecimento.
Em ambas as hipóteses percebe-se uma forte aproximação com
nossa realidade. As informações às quais temos acesso são editadas e
filtradas conforme interesses maiores, e/ou suprimidas pela
superficialidade e pelo excesso. Em um, informação escassa, em outro,
informação em demasia. Extremos que convergem na mesma
consequência.
40
Dessa forma, o excesso dificulta a compreensão da informação,
enquanto que a banalização e ultraexposição tornam-a supérflua e
estímulo para a continuidade da prática.
Por conseguinte, se pudéssemos comparar os dados de que
dispomos a um oceano, temos agido como navegadores que exploram a
superfície e conhecem-na em sua imensidão, mas não mergulhadores, e
verdadeiros detentores do conhecimento existente na profundidade de
um pequeno pedaço. Somos navegadores de visão holística mas não
mergulhadores que tentam uma sabedoria intensa sobre os pequenos
detalhes.
Entretanto, em meio ao caos da demasia, WURMAN apud
BAPTISTA (2001) ofereceu uma solução que, num universo
competitivo soou inovadora, embora difícil. Segundo ele, é necessário
ser um arquiteto da própria catedral de conhecimento utilizando a
técnica de “ignorância programada”. A ideia seria a de priorizar aqueles
conhecimentos os quais se deseja reter, ignorando o restante. Ele, que
afirma permitir-se ser um ignorante, fala que a origem mais forte da
ansiedade de informação é o fato de termos sido ensinados de que é
melhor o “eu sei”, que o “isso eu não sei”, e defende que o temor em
admitir ignorância em contraste com a ideia de que “Só quem não sabe
faz as perguntas óbvias e corretas.”. Resumindo: se você se permite não
saber coisas que muita gente não sabe, também se dá à oportunidade de
saber coisas que as pessoas continuarão sem saber.
O que se pode tirar disso, é que cada vez mais a consciência
advém de pesquisas da internet, do conhecimento superficial, do
raciocínio digitalizado das telas de dispositivos computadorizados, e
41
menos pela reflexão, análise, estudo e pesquisa em si;
propiciando superficialidade na gestão individual do conhecimento.
Neste sentido uma opção para amenizar os efeitos dessa ação
caótica seria limitar o tamanho da quantidade de informação para que se
pudesse estruturar as informações adquiridas com qualidade.
Outro ponto importante a salientar é que a problemática não está
nas tecnologias envolvidas em processos de informação, mas como elas
são trabalhadas em todas as áreas da sociedade. Sites de busca,
hiperlinks, blogs, artigos, e-books devem continuar a existir, mas não
sem que saibamos administrá-los e organizá-los, arquitetando-os e
filtrando através de priorizações daquilo que realmente buscamos e
precisamos.
Ou seja, é inegável que tantas facilidades e transformações,
associadas ao estabelecimento de uma ordem social diferente daquela a
que estávamos acostumados, tenha trazido impactos profundos na forma
como nossos processos individuais operam. Dificuldades estas que
passaram a surgir fortemente desde o efeito mass media, e imperam
cada vez mais na dinâmica da Era da Informação.
2.3 GESTÃO DO CONHECIMENTO
Considerando esta nova dinâmica, é fácil compreender que
vivemos em um contexto de rara complexidade – tanto em termos
corporativos quanto no âmbito social – onde fenômenos econômicos e
sociais norteiam nossos modos de vida, nossos hábitos e, como não
haveria de ser diferente, nossa cultura.
42
Atores deste processo, como a globalização e a generalização do
uso da tecnologia da informação, são exemplos desta influência, e
podem ser considerados responsáveis “pela reestruturação do ambiente
e do modo de vida”, conforme coloca LUCHESI (2012).
Neste cenário, pode-se dizer que poucas coisas ganharam a
instantânea valorização dada hoje à informação e ao conhecimento.
Neste sentido, WURMAN (1991) acrescenta:
Somos o que lemos. Tanto em nossa vida profissional
quanto pessoal, somos julgados pela informação que
utilizamos. A informação que ingerimos molda nossa
personalidade, contribui para as ideias que
formulamos e dá cor à nossa visão de mundo.
(WURMAN, 1991; p. 220).
O papel crucial da informação é tamanho, que DAVENPORT e
PRUSAK (1998) acrescentam que a única vantagem sustentável que
uma empresa tem é aquilo que ela coletivamente sabe, a eficiência com
que ela usa o que sabe e a prontidão com que ela adquire e usa novos
conhecimentos; enquanto MULLER (2000 apud LARA, 2001) lembra
que não só as grandes organizações, mas também indivíduos que
contribuem social e economicamente se beneficiam de uma gestão do
conhecimento competente e objetiva.
Por isso, dada sua importância, antes de entrar no mérito dos
processos de gestão do conhecimento, torna-se fundamental
compreender alguns aspectos conceituais em que se estrutura; além de
compreender as diferenças entre Gestão da Informação e Gestão do
Conhecimento.
43
2.3.1 Dado, Informação e Conhecimento
Ainda bastante difusos, os conceitos de dado, informação e
conhecimento merecem ser explanados no contexto da Era da
Informação ou Sociedade do conhecimento:
(...) é fundamental identificar estes três elementos,
presentes na gestão do conhecimento, para prover
mecanismos adequados para geri-los. (COSTA,
KRUCKEN, ABREU; 2000; p. 29).
Para isto, LUCHESI (2012) faz uma menção em que trata destes
três itens: Dado refere-se á uma informação bruta, uma descrição de
algo, por exemplo; não tem como natureza grande significação ou
propósito, mas são essenciais por comporem a matéria essencial para a
criação da informação. Já a informação trata-se de uma mensagem, mais
substancial, feita de dados que, em conjunto, fazem a diferença. Pode
ser passível de ouvir ou ver, e sempre é intermediada entre um emitente
e um receptor. É o insumo mais importante da produção humana; um
produto capaz de gerar conhecimento.
Sobre isso, STAIR (1996) aborda a informação como sendo um
conjunto de fatos que são estruturados de modo a agregar valores
adicionais ao do fato em si, enquanto ZOGHBI (2004 apud MARTINS
E ZOGHBI, 2009) menciona que:
44
Informações são dados coletados, organizados e
agregados de acordo com um objetivo, após
receberem uma interpretação adequada, dando-lhes
então, um significado e transformado em
conhecimento. (ZOGHBI, 2004 apud MARTINS
E ZOGHBI, 2009; p. 7).
E, finalmente, conforme LUCHESI (2012), o conhecimento, que
tem fluidez e estrutura, pode derivar da intuição, dos valores e das
crenças e, por esta razão, nem sempre é passível de ser colocado em
palavras ou ser compreendido pela lógica: existe dentro de cada
indivíduo, sendo, por isso mesmo, complexo e muitas vezes,
imprevisível; adquirido por meio da vivência, experiência ou até de uma
associação – os quais a mente tem potencial de armazenar da mesma
forma que uma organização tem o potencial de absorver, seja nos seus
produtos, serviços, processos ou sistemas e documentação.
O conhecimento, ao contrário da informação, é sobre
crenças e compromissos. O conhecimento é uma
função de uma determinada instância, perspectiva ou
intenção. Em segundo lugar, o conhecimento, ao
contrário da informação, é sobre ação. É sempre
conhecimento “para algum fim”. E, em terceiro lugar,
o conhecimento, como a informação, é sobre
significado. (NONAKA e TAKEUCHI, 2008, p.56).
Neste contexto, DAVENPORT e PRUSAK (1998) colocam que
“o conhecimento pode ser comparado a um sistema vivo, que cresce e
se modifica a medida que interage com o meio ambiente”; enquanto
SVEIBY (1998 apud ALVARENGA NETO, 2002) define
conhecimento como capacidade de agir; e DIXON (2001 apud
ALVARENGA NETO, 2002) afirma que este se resume a “elos
45
significativos” que as pessoas produzem em suas cabeças entre a
informação e sua aplicação dentro de um determinado contexto.”.
Por fim, DAVENPORT e PRUSAK (1998) sugerem que o
conhecimento é uma vantagem competitiva sustentável, definindo-o
como:
Uma mistura fluida de experiência condensada,
valores, informação contextual e insight
experimentado, a qual proporciona uma estrutura para
a avaliação e incorporação de novas experiências e
informações. Ele tem origem e é aplicado na mente
dos conhecedores. Nas organizações, ele costuma
estar embutido não só em documentos ou
repositórios, mas também em rotinas, processos,
práticas e normas organizacionais. (DAVENPORT e
PRUSAK, 2002; p. 16-17).
AMORIM e TOMAEL (2011), também contribuem afirmando
que informação e conhecimento são complementares, uma vez que a
informação fornece subsídios para a construção do conhecimento; e não
tão diferentes, já que ambos estão relacionados às pessoas.
Neste sentido, percebe-se uma tênue identificação entre
informação e conhecimento, pois é razoável compreender que sem a
informação o conhecimento não e possível; assim como apenas a
informação não tem suficiente valor se não contextualizada em uma
sólida estrutura de conhecimento.
Deste modo, embora distintos, COSTA, KRUCKEN e ABREU
(2000) colocam que o conhecimento, se codificado (no caso do
conhecimento explícito), pode também ser manipulado como
informação. Explanadas estas considerações acerca da informação e do
46
conhecimento, é importante frisar que este último pode ser canalizado
em outros dois conceitos: tácito e explícito.
NONAKA e TAKEUCHI (2008) defendem que o conhecimento
explícito é facilmente representado por dados simplificados e bem
estruturados, como palavras, números, sons, “e compartilhado na forma
de dados, fórmulas científicas, recursos visuais, fitas de áudio,
especificações de produtos ou manuais” – podendo ser repassado para
indivíduos de modo formal e sistematicamente.
LARA (2003) complementa que o conhecimento explícito é
aquele adquirido principalmente pela educação formal, e envolve o
conhecimento dos fatos, podendo ser depositado em conteúdo
parcialmente estruturado, como documentos, correios eletrônicos, entre
outros.
O mesmo não ocorre com o conhecimento tácito. Diferentemente
do conhecimento explícito, ele não é tão facilmente transparente ou
explicável e, já que é “altamente pessoal”, torna-se de difícil
visualização, explicação e formalização – o que transforma sua
comunicação e compartilhamento trabalhosos. Ou seja, está muito mais
enraizado nas ações, nos ideais, nos valores ou emoções e, muitas vezes,
na experiência corporal do indivíduo. Um exemplo são as intuições, os
palpites oriundos de mera subjetividade. (NONAKA e TAKEUCHI,
2008).
Pode-se dizer, portanto, que o conhecimento tácito também
contém uma importante dimensão cognitiva, já que consiste em crenças,
percepções e modelos mentais tão inseridos em nós que os
consideramos naturais. Em contraste á isso, embora seja de difícil
47
articulação, essa característica dá forma ao modo como
percebemos o mundo em torno de nós. (NONAKA e TAKEUCHI,
2008).
Sobre isto, MISKIE (1997 apud COSTA, KRUCKEN E
ABREU; 2000), também faz uma contribuição, colocando o
conhecimento entre individual (habilidade pessoal, intransferível) e
explícito (passível de documentação e facilmente fundido). Estas
perspectivas são explanadas, considerando a opinião de três diferentes
autores:
Quadro 2 – Conhecimento Tácito e Explícito
Fonte: Amorim e Tomaél (2011).
BUCKLAND (1991), por sua vez, invoca a informação sob três
categorias, definidas pela sua finalidade de uso:
a) Informação como processo: quando repassada, é fonte de novas
informações, só é renovada mediante o compartilhamento
b) Informação como conhecimento: agrega conhecimento ao indivíduo,
colaborando para redução da incerteza; gera novo conhecimento
48
c) Informação como coisa: é vista como objeto, dados e documentos
que possuem caráter instrutivo de dar conhecimento ou comunicar uma
informação
Conhecidos e aprofundados cada um destes três conceitos, pode-
se retomá-los sob uma perspectiva mais ampla, ilustrada por
DAVENPORT (1998) em uma abordagem de fácil compreensão.
Quadro 3 – Dado, informação e conhecimento
Fonte: Davenport (1998)
Em síntese, o dado é a matéria crua, insumo essencial para
geração de informações. Um simples número, caractere ou imagem,
podem ser considerados dados; é um artefato de fácil compreensão,
absorção, e manuseio, pois se trata de algo bastante tangível.
49
Já a informação, pode-se dizer que é um dado iniciado dentro de
um contexto, ou seja, ele ganha um significado a mais. Enquanto que o
conhecimento pode ser compreendido como um processo cognitivo e/ou
organizacional que reúne as diversas informações para agregar a elas
outros conhecimentos enraizados em cada um.
2.3.2 Gestão da Informação e Gestão do Conhecimento
No âmbito desta discussão – embora muitos autores definam
claramente a distinção entre os dois conceitos – é preciso entender que
se trata de uma diferença cuja certeza é inexata e, por isso, discutir estes
conceitos torna-se uma tarefa inevitável.
Assim, a gestão da informação pode ser entendida como conjunto
de estratégias para identificar quais são as demandas de informação,
mapeamento de fluxos formais de informação nos diferentes ambientes,
associadas à coleta, filtragem, análise, organização, armazenagem e
disseminação baseadas no conhecimento explícito. Já a gestão do
conhecimento é colocada, por diversos autores, como atuante no
conhecimento tácito, ou seja, nos fluxos informais. (VALENTIM, 2004)
É nesse contexto que a gestão do conhecimento se
transforma em um valioso recurso estratégico para a
vida das pessoas e das empresas. Não é de hoje que o
conhecimento desempenha papel fundamental na
história. Sua aquisição e aplicação sempre
representaram estímulo para as conquistas de
inúmeras civilizações. (LUCHESI, 2012, p.1)
VALENTIM (2014) coloca que a gestão da informação, se
preocupa mais efetivamente com a geração, recebimento e
50
armazenamento de documentos utilizados para as atividades do negócio
corporativo e menciona a gestão documental ou gestão de documentos
como parte desse processo; enquanto DAVENPORT (1998) menciona
que a nomenclatura “gestão do conhecimento”, inicialmente, era
aplicada apenas no sentido de “descrever a criação e o uso de
repositórios eletrônicos de dados e informações com uma estrutura
orientada para o conhecimento”. ALVARENGA NETO (2008)
incrementa:
A gestão do conhecimento, além da gestão da
informação, envolve também as questões da criação,
do compartilhamento e do uso/aplicação” do
conhecimento. A GI serve de partida para a
implementação de iniciativas de GC, mas por si só
não garante sua aplicabilidade. (ALVARENGA
NETO, 2008; p. 53)
BARRETO (1994) também vai ao encontro destas colocações,
quando afirma que o simples processo de produção e armazenamento de
informações em repositórios não é, necessariamente, produzir
conhecimento.
E, novamente, sob a perspectiva de VALENTIM (2004), pode-
se colocar como principais delineadores de distinção entre GI e GC a
forma como cada uma delas é vista quanto à sua finalidade: enquanto a
primeira é percebida como um “conjunto de estratégicas de
identificação das necessidades informacionais por meio do mapeamento
de fluxos formais” que têm poder de impactar nas tomadas de decisão
da organização; a GC pode ser definida como um conjunto de
51
estratégias para “criar, adquirir, compartilhar e utilizar ativos de
conhecimento” e, como consequência, tem potencial para criar um
ambiente que estimule o compartilhamento das ideias para tomadas de
decisões.
De forma mais sintetizada a GC pode ser considerada como
“identificação, aquisição, criação, armazenagem, distribuição e uso
tanto de informação quanto conhecimento” (RAY, 2008 apud
AMORIM e TOMAÉL, 2001 ), ou ainda:
(...) um processo mediante o qual se
obtém, desdobram ou utilizam recursos
básicos (econômicos, físicos, humanos,
materiais) para conduzir a informação no
âmbito da sociedade a qual serve. Tem
como elemento básico a gestão do ciclo de
vida deste recurso e ocorre em qualquer
organização. É própria também de
unidades especializadas que conduzem
este recurso em forma intensiva, chamadas
unidades de informação. (PONJUÁN
DANTE, 2004 apud AMORIM e
TOMAÉL, 2001; p.4).
Para ilustrar melhor estes conceitos, o quadro abaixo os
representa de forma mais clara, considerando os contrastes levantados
por dois autores, BARBOSA (2008) e DE LONG ETALII (1997)
52
Quadro 4 – Gestão da Informação e Gestão do Conhecimento
Fonte: Adaptado de BARBOSA (2008) e DE LONG ETALII (1997)
Basicamente, com isto, os autores querem dizer que o foco de
cada processo é diferente; enquanto a G.I. capta informações diversas
de fontes variadas e as organiza em um sistema de banco de dados, por
exemplo, a G.C. obtém informação de uma fonte para promover sua
reutilização em outras situações. Enquanto uma busca armazenar,
controlar e centralizar as informações explícitas, a outra objetiva o
armazenamento para compartilhar informação e conhecimento.
Assim, é razoável reforçar que o presente trabalho estará
direcionado ao processo de Gestão do Conhecimento dos profissionais
pesquisados, já que o uso da ferramenta, no âmbito investigado, engloba
o equilíbrio entre capital intelectual com aporte de TI e lida com o
conhecimento tácito do profissional.
53
2.3.3 A espiral do conhecimento
Para atrelar todos estes itens e respeitar a complexidade envolvida
no compartilhamento do conhecimento, NONAKA e TAKEUCHI
(2008) propõem a chamada espiral do conhecimento. Por meio dela, é
possível visualizar e compreender melhor os modos de conversão do
conhecimento – gerada em meio a interações de conhecimento tácito e
explícito – e reforçar que os novos conhecimentos sempre vêm da
iniciativa de pessoas.
Este ciclo se tornou conhecido na literatura como modelo SECI,
espiral SECI e, como colocam os autores, é intrínseco ao núcleo do
processo de criação do conhecimento, e mostra como o conhecimento
tácito e explícito podem ser escalonados tanto em quantidade quanto em
qualidade, bem como podem ser repassados de um indivíduo para o
grupo (NONAKA e TAKEUCHI, 2008). Neste ínterim, foram
identificados quatro modos de conversão do conhecimento:
(1) Socialização: De tácito para tácito. A criação e o compartilhamento do
conhecimento tácito é feita através da experiência direta
(2) Externalização: De tácito para explícito. O conhecimento tácito é articulado
através do diálogo e da reflexão
(3) Combinação: De explícito para explícito. O conhecimento explícito e a
informação são sistematizados e aplicados
(4) Internalização: De explícito para tácito. Novos conhecimentos tácitos são
adquiridos pela prática
Em cada um, também foi possível identificar os atores
envolvidos, ou seja, “à medida que passa para os níveis ontológicos, do
54
indivíduo para o grupo e, então, para a organização”. Cada modo, neste
caso, é resultado de uma combinação diferente das entidades de criação
do conhecimento:
1. Socialização: ocorre de indivíduo para indivíduo
2. Externalização: ocorre do indivíduo para grupo
3. Combinação: ocorre do grupo para a organização
4. Internalização: ocorre da organização para indivíduo
2.3.4 Tecnologia e Gestão do Conhecimento
Uma vez abarcados os conceitos da Gestão do Conhecimento e
compreendido sua essência, é inevitável não relacioná-los ao uso das
tecnologias, em função da complexidade envolvida no seu processo –
tanto em termos de volume de informação quanto da qualidade das
mesmas. Assim, o uso das tecnologias é primordial se as expectativas
são de alcançar resultados que agreguem valor. Por meio delas, pode-se
estruturar e disponibilizar as informações mais agilmente.
Conforme AMORIM E TOMAEL (2011) “os sistemas
computadorizados têm sido considerados por muitos o meio mais eficaz
de gestão da informação.”. Enquanto BARBOSA (2008) reitera que é
imprescindível a atenção a todos os fatores críticos relacionados à
gestão da informação, pois são eles que impactarão, por exemplo, na
escolha da melhor solução para organizar e tratar informações, dentro
de uma sistemática que poderá representar todo o conteúdo
informacional de documentos e afins de modo que sua recuperação,
quando demandada, seja feita sem complicações.
55
Ou seja, embora reconhecida a importância fundamental do fator
humano, é bem possível que, sem tecnologias apropriadas, o processo
de gestão do conhecimento perde a eficácia e, dependendo da situação,
pode até prejudicar organizações e indivíduos.
IVES et alii (1998 apud COSTA, KRUCKEN e ABREU)
também contribuem, citando os bancos de dados e as tecnologias de
rede como “tecnologias eletrônicas modernas” que têm viabilizado os
sistemas de gestão de conhecimento atualmente utilizados, salientando
que:
(...) a tecnologia de informação pode ser um fator
crucial na gestão do conhecimento possibilitando a
manipulação do crescente volume de informações,
permitindo acompanhar a velocidade de mudança do
conteúdo e da transformação do local de trabalho.
(IVES et alii, 1998 apud COSTA, KRUCKEN e
ABREU 2000, p. 32).
A isso, eles também acrescentam que o uso das tecnologias de
informação é crucial na gestão do conhecimento, já que, por meio delas,
pode-se manipular com mais liberdade e rapidez o “crescente volume de
informações, permitindo acompanhar a velocidade de mudança do
conteúdo e da transformação do local de trabalho” e mencionam dois
recursos eletrônicos que vêm viabilizando os sistemas de gestão do
conhecimento: bancos de dados e tecnologias de rede.
Enquanto COSTA, KRUCKEN E ABREU (2000) defendem
alguns fatores intrínsecos á Gestão do Conhecimento, em que se pode
destacar: o ser humano como fonte geradora de conhecimento (1); a
informação como matéria prima para gerar o conhecimento (2); e a TI
como suporte para a informação e para o conhecimento (3).
56
Ou seja, os fatores tecnológicos, nesta concepção dos autores,
atuam de forma verticalizada, como apoio ao ser humano e á própria
informação.
2.4 ECONOMIA CRIATIVA
Todo este levantamento bibliográfico é importante para
compreender conceitos e assimilar a teoria. Mas, ao serem inseridos em
uma realidade específica, possibilitam que mudanças efetivas possam
surgir. Por isso, o cenário da Economia Criativa foi aproveitado, no
âmbito deste estudo, para que a pesquisa encontre aplicações práticas.
Assim, segundo publicação da FIRJAN (2012), a primeira vez
em que foram mencionadas razões de vínculo econômico a atividades
de cunho criativo, foi no final da década de 90, através de uma pesquisa
realizada pelo Departamento de Cultura, Mídia e Esportes do Reino
Unido, cujo objetivo era expor o potencial das indústrias criativas
mostrando que, além do papel fundamental da cultura, intrínseco a sua
natureza, também geravam empregos e riqueza.
Para isso, foram agrupadas diversas atividades econômicas que
tinham como principal recurso produtivo a criatividade – lista que ia do
design ao desenvolvimento de softwares.
Mais tarde, HOWKINS (2001 apud FIRJAM, 2012) aproveitou o
método britânico, e envolveu conceitos mercadológicos de propriedade
intelectual – onde marcas, patentes e direitos autorais concediam os
fatores para transformação da criatividade em produto; e cunhou o
termo “economia criativa” para designar atividades econômicas que
dependem diretamente do exercício da imaginação em contraste com a
57
exploração de seu valor econômico; e pode ser definida como
“processos que envolvam a criação, produção e distribuição de produtos
e serviços, usando o conhecimento, a criatividade e o capital intelectual
como principais recursos produtivos.”.
Contudo, conforme o IPEA (2013) o termo “economia criativa”
ainda está em evolução, e não há um padrão; cada país tem suas
próprias definições, mensuração e características. De todo modo, não
existe dúvida sobre a essência desta nova dinâmica: do ponto de vista
econômico, pode ser definido um conjunto de segmentos dinâmico,
"cujo comércio mundial cresce a taxas mais elevadas do que o resto da
economia, independentemente da forma de mensuração.".
Neste sentido, o FIRJAN (2012) escalou atividades rotuladas
como indústria criativa aquelas que:
(...) tem sua origem na criatividade, na perícia e no
talento individual e que possuem um potencial para
criação de riqueza e empregos através da geração e da
exploração de propriedade intelectual.”. (DCMS,
1998 apud FIRJAN, 2012, p. 1).
No entanto, é interessante destacar que, nesse ínterim, foram
englobadas não só empresas diretamente ligadas ao setor, como aquelas
envolvidas com a indústria criativa. Como um exemplo mencionado,
um designer não atua apenas em empresas criativas, "pode trabalhar na
indústria automotiva, siderúrgica ou de máquinas e equipamentos". Por
esta razão, o estudo utilizou, na segunda edição, a Classificação
Brasileira de Ocupações (CBO), e não somente a Classificação
Nacional das Atividades Econômicas (CNAE).
58
Para refletir sobre o tema, o IPEA (2013) define que as
características da criatividade podem ser agrupadas em três grandes
áreas: artística, científica e econômica, assim descritas:
1) Artística: envolve imaginação e capacidade de gerar ideias originais
e novas maneiras de interpretar o mundo, expressa em texto, som e
imagem.
2) Científica: envolve curiosidade e vontade de experimentar e fazer
novas conexões em resolução de problemas
3) Econômica: processo dinâmico conducente á inovação em
tecnologia, práticas de negócios, marketing, e está intimamente ligada à
obtenção de vantagens competitivas na economia
São consideradas, portanto, conforme a FIRJAN (2012), 14
segmentos criativos: Arquitetura & Engenharia, Artes, Artes Cênicas,
Biotecnologia, Design, Expressões Culturais, Filme & Vídeo, Mercado
Editorial, Moda, Música, Pesquisa & Desenvolvimento, Publicidade,
Software, Computação & Telecom.
Outra definição, datada de 2011, apresentada pelo Departamento
de Cultura, Mídia e Esportes do governo britânico estabelece que são
“indústrias que têm suas origens na criatividade, habilidade e talento
individuais e que têm um potencial de criação de riqueza e empregos
por meio da geração e exploração da propriedade econômica.”. Assim,
sob perspectiva do governo britânico, as indústrias criativas abarcam:
propaganda, arquitetura, artes e antiguidades, artesanato, design,
estilismo de moda, filme e vídeo, software interativo de lazer, música,
59
artes cênicas, editoras e editoração, software e serviços computacionais,
televisão e rádio. (HANSON, 2012)
Pela ótica da BRITISH COUNCIL TRANSFORM (2010 apud
HANSON, 2012), essas indústrias criativas podem ser classificadas em
quatro grandes áreas: serviços, conteúdo, experiências e originais; que
podem ser melhor visualizadas no gráfico abaixo:
60
Figura 2 – Distribuição das atividades da Indústria Criativa
Fonte: Documento do British Council Transform, 2010. Traduzido e
redesenhado por Hansen (2012)
Independentemente do detalhamento das atividades abarcadas, é
fato que o assunto tem recebido destaque, inclusive no Brasil, onde uma
secretaria específica para o setor foi criada: A Secretaria da Economia
Criativa (SEC) – vinculada ao Ministério da Cultura, e oriunda do
Decreto 7743 de 1º de junho de 2012 – conforme o site do Ministério da
Cultura; que tem como missão a condução, “implementação e
monitoramento de políticas públicas (...)” com “apoio
61
e fomento” tanto a profissionais individuais como e empreendimentos
criativos; objetivando tornar a cultura um "eixo estratégico nas
políticas públicas de desenvolvimento do Estado brasileiro"
Ou seja, ação alinhada com o potencial deste novo núcleo
econômico que, conforme IPEA (2013) “promove diversificação
econômica, de receitas, de comércio e inovação.” – além de estar,
conforme o documento, relacionado de “forma simbólica com as novas
tecnologias, notadamente as tecnologias da informação e comunicação”.
Já em relação ao mercado de trabalho, as ocupações criativas, na
literatura, vem sendo associadas à melhor qualidade, e níveis de
satisfação “acima das ocupações de rotina, por conta do compromisso e
senso de envolvimento cultural e criativo." – embora, sob o ponto de
vista exclusivamente econômico não exista ainda uma relação clara
entre criatividade e desenvolvimento socioeconômico.
Portanto, é claro que, com estes indicadores e com a dinâmica do
empreendedorismo e das escolhas profissionais cada vez mais em voga,
tem sido observado uma crescente propulsão à chamada área criativa –
encabeçada por pessoas de essência criativa que buscam maior
satisfação pessoal.
No Brasil, por exemplo, segundo pesquisa encomendada pelo
Ministério da Cultura ao IBGE em 2006, o setor criativo já respondia
por 6% do PIB, em 2006, cresceu 500% nos últimos dez anos, com
cerca de 1,8 milhão de pessoas empregadas diretamente. Isso,
desconsiderando trabalhadores informais, que segundo HANSON
(2012) é regra no segmento, já que é habitual o emprego de
trabalhadores por projeto – segundo ele, se estes fossem considerados, o
62
número chegaria a mais que o dobro.
Também segundo a FIRJAN (2008), o ciclo parece ter sido
virtuoso, já que as oportunidades de emprego na indústria criativa vêm
incentivando alunos a optarem por carreiras relacionadas à área. A
pesquisa aponta que no ano de 2006, dos 737 mil formandos em cursos
superiores no Brasil, 90 mil eram de algum dos 118 cursos relacionados
ao núcleo da indústria criativa – proporção que no Rio de Janeiro teve
um índice ainda maior, já que 13,3% dos 74 mil formandos optaram por
carreiras criativas.
Outro dado interessante dessa mesma pesquisa aponta que os
setores de Arquitetura, Moda e Design, constam como representantes da
maior parcela da cadeia da indústria criativa nacional – juntas abrangem
82,8% do mercado de trabalho criativo, 82,5% dos estabelecimentos e
73,9% da massa salarial. (FIRJAN, 2008).
No infográfico abaixo é possível ter uma visualização mais geral
da disseminação deste novo segmento na economia nacional.
63
Figura 3 – Infográfico Indústria Criativa
Fonte: Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil, realizado em 2011, pela FIRJAN, adaptado pelo Diário Catarinense (2014).
Neste sentido, fica clara a importância para estes indivíduos –
onde pessoa e profissional tornam-se praticamente um só – de dispor de
uma estrutura que permita a organização de seus artifícios de inspiração,
já que, como lembra ROSZAK (1988 apud LARA, 2001), em “O Culto
da Informação”, não se pode fazer produção em massa de conhecimento
64
porque ele é criado por mentes individuais, partindo de experiências
individuais – separando o significado do irrelevante, inclusive
realizando julgamento de valor. Sobre este conceito, o British Council
Transform – organização internacional do Reino Unido visa estreitar
relações culturais e oportunidades culturais – coloca que:
Economia Criativa é um conceito em construção, mas
é sabido que sua prática volta-se à economia do
intangível, do simbólico. Essa concepção da
economia prevê os ciclos de criação, produção,
difusão, circulação/distribuição e consumo/fruição de
bens e serviços caracterizados pela prevalência de sua
dimensão simbólica originada por setores cujas
atividades econômicas têm como processo principal o
ato criativo, gerador de valor simbólico, elemento
central da formação do preço, e que resulta em
produção de riqueza cultural. (...) As indústrias
criativas são aquelas orientadas pelo conceito da
Economia Criativa que valoriza criatividade
individual e/ou coletiva, habilidade e talento. São
também aquelas que têm o potencial para criar
riqueza e emprego através do desenvolvimento de
propriedade intelectual. (BRITISH COUNCIL
TRANSFORM, 2012)
Porém, embora o segmento tenha se tornado uma forte tendência,
é preciso reconhecer que seus processos ainda são carentes de
padronização e de ferramentas simples e objetivas que propiciem um
repositório e mecanismo de conhecimento ágeis e dinâmicos –
conforme suas necessidades e a própria dinamicidade do setor, com o
apoio da web 2.0, inerente à chamada geração Y.
65
2.5 A FERRAMENTA EVERNOTE
Considerando esta carência e contextualizados os principais
assuntos intrínsecos á pesquisa, é importante falar também sobre a
ferramenta Evernote.
Criada em 2007 e sediada em Redwood City, no estado da
Califórnia (Estados Unidos) a empresa independente de capital fechado
anuncia em seu site (evernote.com/intl/PT-br/corp) já ter alcançado,
com seu principal produto, mais de 100 milhões de usuários no mundo
todo. Na mesma página, o Evernote é definido como “local em que você
pode escrever livre de distrações, reunir informações, encontrar o que
precisa e apresentar suas ideias ao mundo.”.
O conteúdo do software pode ser dividido, estruturalmente, entre
Notas, Cadernos, e Etiquetas; pode ser acessado de modo online (o
usuário acessa o site e consulta o aplicativo com sua conta, com seus
dados salvos na nuvem), no computador (o usuário instala a
ferramenta), e em plataformas mobile (tablets e smartphones); sendo
que o usuário pode escolher entre a versão Free (gratuita), Premium
(paga), Business (específica para empresas).
Segundo CAMPOS (2012), o Evernote pode ser descrito como
um “espaço para armazenamento e consulta de informações” e interage
bem com diversos tipos de arquivos em suas Notas (principal unidade
de armazenamento de dados), que podem ser comparadas a um
documento do Word simplificado em termos de formatação. Estas, por
sua vez ficam armazenadas em cadernos – passíveis de serem agregados
em pilhas.
66
É importante reiterar que a estrutura de apresentação dos dados
no Evernote não está embasada na ordem alfabética, e sim na ordem
cronológica. Além disso, o Evernote conta com um poderoso
mecanismo de recuperação e busca de dados, com filtros de nome, data,
local em que a data foi criada, etiqueta, etc.
Ou seja, pode-se dizer que existem muitas funcionalidades e
possibilidades para o Evernote, pois ele oferta uma estrutura agradável,
eficiente e bastante livre – podendo, por isso mesmo, se adequar com
razoável facilidade á dinâmica humana de pensamento e processamento
de informação. Assim, embora possa ser difícil catalogar todas as
possibilidades de uso deste software, é possível dizer que – no contexto
desta pesquisa – como principais instrumentos ele oferece, considerando
todas as plataformas de uso:
Estrutura de tags
Essência da estrutura do Evernote, as tags (ou etiquetas) podem ser
caracterizadas como marcações para cada nota. No contexto do
software, podem-se criar infinitas tags para cada nota, sendo que
cada uma delas criará um novo item no índice de tags (principal
meio de navegação da aplicação).
Gravação de áudio
É perfeitamente possível, no lugar de utilizar apenas a escrita para
o registro de uma nota, gravar algum áudio.
67
Upload de arquivos
Conforme já mencionado anteriormente, cada nota do Evernote
suporta diversos tipos de arquivos. Isso porque é possível
armazená-los como anexo em notas.
Registro de imagens
Bastante usual para plataformas mobile o Evernote permite que
uma imagem possa ser tirada e instantaneamente armazenada na
conta do usuário
Registro de páginas web favoritas
Pode ser feito por meio de algum recurso adicional, com o registro
de uma captura da tela, URL da página, artigo inteiro, etc.
Compartilhamento de notas
Esta funcionalidade permite que uma nota seja compartilhada nas
principais redes sociais (Facebook, Twitter e LinkedIn), por e-mail
ou pela transformação da nota em link, permitindo maior liberdade
no compartilhamento
Além disso, também oferta alguns recursos adicionais como:
Web Clipper
É um plugin que pode ser adicionado ao navegador do usuário ou
como aplicativo em plataformas mobile e permite que o usuário
68
capture dados de páginas da web; isso pode ser feio por meio da seleção
dos dados a serem capturados, captura geral da tela, captura geral do
artigo, captura de artigo simplificado, captura de toda a página, ou
captura como favorito.
Skitch
É um aplicativo extra que permite que o usuário lide melhor com
registro de informações e imagens. Pode-se dizer que funciona
como um editor de PDF. Por meio dele, podem ser feitos
apontamentos, destaques, comentários, etc.
Evernote Food
É um recurso voltado para armazenamento e busca
especificamente para gastronomia. Oferece uma espécie de rede
social que permite a troca de informações e benchmarking entre
profissionais e entusiastas.
Evernote Cleary
É um plugin que pode ser adicionado ao navegador, de modo a
permitir que a leitura na web seja feita sem distrações. Ou seja, por
meio da padronização da fonte, diagramação e texto ele elimina
anúncios, propagandas e qualquer outra coisa que não esteja
relacionada com o conteúdo do artigo.
69
Pen Ultimate
É um aplicativo especialmente para manuscritos, que, segundo o
site, “combina a experiência natural de papel e caneta com a
flexibilidade e sincronização do Evernote”. Integrado a uma caneta
que pode ser comprada no site é uma ferramenta específica para
usuários iOS.
É interessante reiterar também que o modelo de limitação do
Evernote é mensal, mas não está baseado no índice de armazenamento,
e sim de TRANSFERÊNCIA. Ou seja, ele considera a transferência
mensal do usuário, e não o espaço que o usuário utiliza nos servidores
da empresa. Na versão Free esse imite é de 60MB por mês; enquanto
que usuários Premium podem transferir até 1GB dentro do mesmo
período – metade dos 2GB liberados para usuários Business.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este capítulo será dedicado à apresentação da natureza
metodológica deste trabalho, considerando seus objetivos e os processos
aplicados na coleta e análise de dados.
Pode-se classificar este estudo como de natureza essencialmente
descritiva – já que objetiva observar, coletar e levantar evidências
concretas e, segundo GRESSLER (2003) “descreve, sistematicamente,
fatos e características presentes em uma determinada população ou área
de interesse”, bem como ”fenômenos existentes, situações presentes e
eventos, identificar problemas e justificar condições, comparar e avaliar
70
o que os outros estão desenvolvendo em situações e problemas
similares, visando aclarar situações para futuros planos e decisões.”.
REIS (2008) completa, colocando-a como um estudo intermediário
entre a pesquisa exploratória e a explicativa, não sendo “tão preliminar
como a primeira, nem tão aprofundada como a segunda.”, como ele
afirma, ela é desenvolvida através de “técnicas padronizadas de coleta
de dados como questionário e observação sistemática.”. Por fim,
RAMPAZZO (2005) reforça que o objetivo desse tipo de pesquisa é
identificar, por exemplo, a frequência de um determinado fenômeno,
sua relação com outros fenômenos, a natureza e as características desse
fenômeno.
Nesta pesquisa foram utilizados tanto o levantamento de dados
com revisão bibliográfica, como a investigação por questionário, a fim
de compreender a necessidade da população da amostra de organizar e
gerenciar seu conhecimento, e as formas pelas
quais a mesma utiliza a ferramenta tecnológica Evernote com este fim.
No processo de coleta de dados foram utilizados dois questionários,
assim designados:
Questionário nº 1: Análise da necessidade de profissionais da área
criativa de gerenciar seu conhecimento/repositório de
conhecimento individual
Questionário nº 2: Análise de como profissionais da área criativa
utilizam a ferramenta Evernote para gerenciar seu conhecimento
individual
71
3.1 POPULAÇÃO DA PESQUISA
Foram convidados a participar da pesquisa 150 profissionais de
diversas categorias da Economia Criativa, em atividade no município de
Criciúma para o empenho da realização da aplicação do questionário nº
1, que visava identificar a demanda de profissionais da área criativa por
uma ferramenta que pudesse otimizar a gestão de suas informações.
Já, para a aplicação do questionário nº 2, foram convidados a
participar 50 profissionais visando atingir, como maioria, profissionais
da Economia Criativa, declarantes usuários assíduos da ferramenta
Evernote.
3.2 PROCEDIMENTO
Para realizar a pesquisa primeiramente direcionou-se um
questionário a aleatórios 150 profissionais da área criativa no município
de Criciúma (Sata Catarina), transeuntes de pontos estratégicos
vinculados á economia criativa. Uma vez atestada a necessidade, foi
dado início a uma pesquisa mais minuciosa, com outros 50 profissionais
que declararam utilizar assiduamente a ferramenta Evernote – a fim de
identificar suas necessidades de organização do conhecimento
individual e quais opções que mais utilizam no mencionado
instrumento.
Para isso, no caso do questionário nº 1 o processo foi intermediado
pessoalmente, por mecanismos manuais de pergunta e registro, em
locais onde havia chance de encontrar profissionais do segmento, como
em universidades que ofertavam cursos na área (design, jornalismo,
72
moda, artes plásticas, etc), identificadas como pontos recorrentes destes
profissionais; tal pesquisa foi realizada, portanto, em três dias de
pesquisa, em três pontos diferentes da cidade de Criciúma: Faculdades
SATC, SENAI e UNESC.
Já, sobre o questionário nº 2 foram encaminhados links para
usuários da comunidade brasileira do Evernote, com uma mensagem de
convite para a participação, explicitando a natureza do questionário,
com as devidas garantias de anonimato, e um prazo de 45 dias para
conclusão.
Conforme as respostas foram registradas, os dados foram sendo
computados e superficialmente analisados. A ferramenta primeira pela
qual o processo realizou-se foi o Facebook – rede social largamente
utilizada pelo perfil da população amostrada – e a própria comunidade
Evernote do site da empresa (evernote.com.br).
Neste ponto um empenho de sensibilização foi direcionado, a
fim de obter o envolvimento necessário dos respondentes para a
pesquisa, qualitativos e quantitativos – estimulando a importância da
participação consciente de todos.
3.3 QUESTIONÁRIOS
O Questionário número 1 denominado “Análise da necessidade
de profissionais da área criativa de gerenciar seu conhecimento
/repositório de conhecimento individual”, composto de 3 itens, foi
aplicado com o objetivo de identificar a existência da necessidade de
profissionais da área criativa de organizar as informações do seu
73
processo criativo e entender a aplicabilidade de uma ferramenta
tecnológica para este fim, conforme abaixo:
1. Qual sua atividade?
2. Você percebe alguma necessidade de organizar informações
relevantes e armazená-las (tópicos e links interessantes, imagens
agradáveis, leituras, possíveis filmes, artigos, músicas, etc.)?
3. Se conhecesse alguma, usaria uma ferramenta tecnológica com essa
proposta?
Por meio deste questionário, esperava-se:
Identificar se o entrevistado atuava na área criativa;
Conhecer a necessidade do profissional de organizar seu processo
criativo;
Compreender sua disposição em aproveitar alguma ferramenta
tecnológica que facilitasse seu processo criativo.
Sobre o questionário nº 2, “Análise de como profissionais da área
criativa utilizam a ferramenta Evernote para gerenciar seu
conhecimento individual”, este se constitui de 11 perguntas que visam
identificar o perfil do profissional da área criativa e como este utilizava
a ferramenta Evernote.
74
Descrever o perfil dos usuários criativos do Evernote;
Identificar, se existentes, segmentos criativos que utilizavam mais
a ferramenta;
Entender como utilizavam o Evernote (qual a versão, frequência,
finalidade, modos de uso e recursos mais aproveitados, principal
forma de acesso, etc.);
Analisar como chegam ao uso da ferramenta, e como a utilizam;
Identificar pontos de melhoria que estes profissionais
apresentavam;
Coletar dados o suficiente que permitissem elaborar um resultado
gráfico relacionando as respostas;
Coletar dados que permitissem relacionar as possibilidades da
ferramenta com os conceitos de gestão do conhecimento.
3.4 ANÁLISE DOS DADOS
Para explanação e análise dos dados foi utilizado, no
questionário nº 2 uma plataforma de questionários online que ofertava
uma planilha de respostas. Destas respostas, foi possível gerar um
conjunto de gráficos que permitiu analisar as respostas amostradas com
a pesquisa bibliográfica desenvolvida ao longo do trabalho.
Já, para gerar um registro das respostas do questionário nº 1
foi criada uma planilha onde os dados de resposta foram dispostos de
modo a facilitar a geração de gráficos e outros resultados visuais que
fossem interessantes para a pesquisa.
75
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Conforme mencionado, para apurar como profissionais da área
criativa podem e vem utilizando as tecnologias da informação e
comunicação no seu processo de Gestão da Informação, foi feita uma
abordagem da ferramenta Evernote – suas possibilidades e recursos e
como estes são aproveitados na dinâmica de informação e processo
produtivo destes profissionais.
4.1 O QUESTIONÁRIO
No questionário aplicado para identificar como pessoas que
atuam na área criativa têm utilizado a ferramenta, foram elencados
pontos importantes de serem investigados, categorizados em três
grandes grupos:
USUÁRIO
Atividade exercida
FERRAMENTA
Versão utilizada
Tempo de experiência com a ferramenta
De que maneira chegou até a ferramenta
Assiduidade
Finalidade
Modo de acesso
76
USABILIDADE
Opções de uso
Recursos utilizados
Instrumentos adicionais
Pontos de melhoria
Ou seja, o grupo atividades era importante para compreender a
incidência de uso de cada atividade com cada uma das respostas
seguintes. É importante reiterar que, no caso das atividades levantadas
foram consideradas as principais atividades econômicas criativas.
No entanto, para que a pesquisa tivesse relevância e fosse o mais
sólida possível foi oportunizado um campo para atividades não
levantadas – assim, só foram realmente utilizadas para análise
aprofundada atividades que se encaixavam no escopo da economia
criativa. Para manter a transparência da pesquisa, no entanto, optou-se
por considerar respostas de usuários cuja atividade econômica estava
fora do quadro das atividades criativas – classificadas, no contexto desta
pesquisa, em uma categoria “atividades convencionais”.
Já as perguntas relacionadas especificamente á ferramenta foram
levantadas como essenciais para identificar o quão envolvidos com a
versão gratuita os usuários estavam (versão), identificar o tempo médio
de experiência destes usuários com a ferramenta (tempo de
experiência), os principais meios pelos quais este universo específico
descobriu a ferramenta (de que maneira chegou até a ferramenta), a
frequência com que efetivamente utiliza a ferramenta (assiduidade),
descobrir se as pessoas deste universo utilizavam a ferramenta com fins
77
mais pessoais, profissionais ou ambos (finalidade) e, por fim, descobrir
por onde essas pessoas mais utilizavam a ferramenta (celular, tablet ou
computador).
Por último e igualmente importante, o grupo usabilidade visava
levantar e compreender de que maneira as pessoas da área criativa
vinham utilizando a ferramenta. Ou seja, foram consideradas as
principais possibilidades de uso e um campo adicional para acrescentar
outras não apresentadas (opções de uso), o uso dos recursos
prontamente oferecidos e estruturados pela ferramenta (recursos
utilizados), o uso dos instrumentos (plugins, extensões, etc.) adicionais
ofertados e a identificação de pontos de melhoria vislumbrados por
estes usuários.
4.2 CONSOLIDAÇÃO DOS DADOS
Este capítulo tratará da apresentação gradual e estruturada dos
resultados dos questionário. Primeiramente, será feita uma análise geral
sob a perspectiva de cada pergunta e assertividade das respostas.
Posteriormente, alguns outros pontos importantes serão também
apresentados e relacionados entre si, quando oportuno.
Neste sentido, é importante reiterar que a apuração dos resultados
do Questionário I foi primordial para a continuidade da pesquisa, já que,
por meio dela pode-se confirmar a necessidade de profissionais criativos
por um método eficiente de gestão da informação.
Os participantes responderam, em sua maioria (76,6%) sentirem
necessidade de organizar informações relevantes relacionadas ás suas
atividades (demanda), e se mostraram totalmente dispostos (82%) a
78
utilizar alguma ferramenta tecnológica para este fim (disposição) . É
interessante mencionar que, muitas vezes, o profissional não percebe
claramente a necessidade pela falta de oportunidade de saná-la. Um
índice que pode contribuir para atestar essa hipótese é que, mesmo
aqueles que responderam não sentirem necessidade de organizarem suas
informações, muitos (72,3%) se mostraram completamente dispostos a
utilizarem uma ferramenta para este fim, se conhecessem alguma.
Figura 4 – Gráfico de Demanda E.C.
79
Figura 5 – Gráfico de Disposição E.C.
Figura 6 – Gráfico Demanda x Disposição E.C.
80
Uma vez atestada esta demanda, a aplicação do Questionário
subsequente foi solidamente justificada, conforme a seguir.
4.2.1 Atividades
Foi identificado que, do grande grupo questionado, destacaram-
se respostas de atividades vinculadas à Blogs (escritores de blogs,
criadores de blogs, desenvolvedores de blogs, etc.) com 24% e Design,
com 20%. Como minoria foram identificadas as respostas de pessoas
relacionadas á Artes Plásticas (4%), Fotografia (4%) e Moda (6%) –
conforme pode-se visualizar nos gráficos abaixo.
Figura 7 – Gráfico Representativo das Atividades
81
Figura 8 – Gráfico Padrão das Atividades
4.2.2. Versão
Conforme esperado, a pesquisa mostrou concentração de 50% no uso da
versão Free, no entanto, uma considerável parcela, ou seja, 32%
utilizavam a versão Premium e 18% a versão Business.
82
Figura 9 – Gráfico Versão
4.2.3 Tempo de experiência
Dentro do grande grupo pesquisado, houve maior incidência de
experiência de uso datada de uma média de dois anos (50%), seguidos
por aqueles que alegaram utilizar há menos de dois anos (20%). No
entanto, entre os mais experientes – ou seja, os 30% que utilizam a
aplicação há mais de dois anos – destacaram-se aqueles que utilizavam
a ferramenta há pelo menos quatro anos.
83
Figura 10 – Gráfico Tempo de Experiência
4.2.4 Como soube da ferramenta
Neste item, evidenciaram-se os 48% de usuários que descobriram
a ferramenta por intermédio da internet, seguidos por um empate de
22% entre aqueles que chegaram até o Evernote por meio de redes
sociais ou recomendação. Também empatadas com 4% foram as
respostas daqueles que alegaram terem sabido da ferramenta por algum
tipo de mídia impressa (jornal, revista, etc.) ou recomendação.
84
Figura 11 – Gráfico Como soube da ferramenta
4.2.5 Assiduidade
Neste contexto, percebeu-se que os usuários menos assíduos (ou
seja, que não lembravam a última vez que utilizaram a ferramenta, ou
que alegaram utilizar no máximo uma vez por semana) eram minoria,
somando 14%. Os outros 86% foram classificados como usuários
assíduos (que utilizam pelo menos duas vezes por semana, quase todos
os dias, ou todos os dias). Destes últimos, 50% alegaram fazer uso da
ferramenta todos os dias, seguidos por aqueles que utilizavam duas ou
mais vezes por semana (24%).
85
Figura 12 – Gráfico Assiduidade
4.2.6 Finalidade
Foi possível identificar, com a análise das respostas, que boa
parte dos usuários questionados (84%) não faz distinção entre o uso
pessoal e profissional da ferramenta.
86
Figura 13 – Gráfico Finalidade
4.2.7 Modo de acesso principal
Neste sentido, pode-se dizer que os meios pelos quais os usuários
mais acessam a ferramenta são bastante equilibrados, pois não houve
uma forte incidência de uma das opções – embora o uso do smartphone
para acessar o Evernote ficou sensivelmente destacado, com uma
diferença de apenas 10%, alcançando 40% dos usuários; enquanto que o
empate deu-se entre os 30% que utilizam no tablet e outros 30% que
fazem o uso principal da ferramenta por meio do computador (desktop
ou notebook).
87
Figura 14 – Gráfico Modo de Acesso Principal
4.2.8 Opções de uso
Identificou-se maior frequência na utilização da organização de
dados para inspiração e armazenamento de links interessantes, ambos
com 86%. O menor índice de resposta ficou com o trabalho em rede:
apenas 18% utilizam a ferramenta com esta aplicabilidade – desta
minoria, 50% são designers, seguidos por um empate entre a categoria
outros e publicitários (25%).
Neste ínterim tem-se as outras opções com os seguintes índices:
criar e organizar notas (70%) e criar e gerenciar listas de pendências e
diversas (64%). Com incidência também relevante estão as opções de
88
uso: organizar e acompanhar leituras (50%), organizar contatos (48%) e
organizar dados de clientes (40%). Em menor aproveitamento estão as
opções de uso: criação e gerenciamento de projetos (36%) e de
trabalhos gerais (32%) e armazenamento de mensagens (22%)
Figura 15 – Gráfico Opções de Uso
89
4.2.9. Recursos utilizados
Sobre os recursos mais utilizados, identificou-se que 84%
utilizam a estrutura de tags oferecida pela ferramenta, seguida do upload
de arquivos, com 68%. O recurso de compartilhamento das notas
também teve alto índice de respostas, com 62%, e apenas a gravação de
áudio teve menor número de respondentes, 24% – opção marcada pela
maioria dos músicos (75%).
Figura 16 – Gráfico Recursos Utilizados
4.2.10 Instrumentos adicionais
Notavelmente, a extensão do Evernote para armazenar dados
diversos da web por meio de seleção, captura, ou registro de favoritos
90
apresentou maior assertividade entre os respondentes. Segundo respostas
dos usuários, 84% utilizam o Web Clipper.
O aplicativo Skitch também teve bom índice de respostas,
alcançando a margem dos 66% de usuários declarados. Já o Evernote
Food, por não ser característico de nenhuma das atividades profissionais
abordadas não apresentou nenhum índice de concentração significativo,
embora tenha apresentado um bom índice de usuários: 38% usufruem
deste recurso – mesma quantidade de usuários declarados do Pen
Ultimate.
Já o Evernote Cleary mostrou-se utilizado por 40% dos usuários
e a penas 10% responderam não utilizar nenhuma das ferramentas
adicionais oportunizadas pela marca Evernote.
Figura 17 – Gráfico Instrumentos Adicionais
91
4.2.11 Pontos de melhoria
Para descobrir se os usuários achavam que a ferramenta pode
melhorar, ou se a achavam perfeita, a maior parte dos usuários mostrou-
se completamente satisfeita com a ferramenta e não identificou nenhum
ponto a ser melhorado (70%). Mas 30% alegaram algumas alterações
que poderiam ser realizadas para que a ferramenta ficasse melhor.
Destes, identificou-se que boa parte das reclamações estava no
uso da opção de upload de arquivos (40%); da gravação de áudio
(26,6%); e do modo de gravação de páginas favoritas (20%). Outras
reclamações alcançaram a margem de 6,6%, solicitando: que as tabelas
fizessem operações matemáticas simples, que a ferramenta para
Windows e o Web Clipper fossem mais leves e rápidos, que fosse
possível a edição em HTML, e houvesse maior liberdade de formatação
para os textos.
Figura 18 – Gráfico Pontos de Melhoria
92
4.3 CONSIDERAÇÕES RELEVANTES
Além dos dados observados e ilustrados anteriormente, com a
análise minuciosa das respostas, alguns outros resultados foram
analisados mediante fusão de dois ou mais campos de resposta. A
seguir, comentários.
Entre os usuários mais antigos da ferramenta (ou seja, os 30%
que usam de quatro a seis anos), identificou-se que uma boa parcela
trabalha com blogs e afins* (53%) ou design (33,3%).
Quanto à assiduidade, não foi possível identificar uma
concentração de alguma atividade específica entre os usuários mais
assíduos (que utilizavam pelo menos duas vezes por semana), no
entanto, observou-se que todos os profissionais da área de Design,
Blogs e Web, e Moda são usuários assíduos.
Destacaram-se também neste sentido áreas diversas em que, 80%
dos respondentes têm frequência assídua, como Publicidade, com 83,3%
de usuários frequentes – ou seja, com exceção de alguns que exercem
esta atividade e responderam o questionário, boa parte deles utilizam
com assiduidade a ferramenta. Já entre aqueles que menos utilizam a
ferramenta (ou seja, que não lembram a última vez que usaram, que
usam uma vez por mês ou no máximo uma vez por semana) destacou-se
a atividade de Músico, onde 75% deles utilizam mais raramente a
ferramenta.
Quanto à finalidade, foi identificado que dos 16% que alegaram
utilizar com fins principalmente profissionais 50% eram designers; e
apenas 4% utilizam a ferramenta com fins principalmente pessoais.
93
Interessantemente, dos 40% que colocaram como principal modo de
acesso o smartphone, 85% fazem uso da ferramenta para ambas as
finalidades.
No quesito modo de acesso as atividades que apresentam
maiores respondentes por meio do computador são as de Design (30%)
e aquelas enquadradas na categoria “Outros” (25%).* Outro destaque é
a concentração de Bloggers, WebWriters e afins que utilizam,
principalmente, como modo de acesso, o computador: 75% daqueles
que utilizam o computador como principal modo de acesso exercem
esta atividade – sendo que apenas 25% dos blogueiros e afins NÃO
consideram este meio de acesso como principal. Sobre os outros modos
de acesso não houve destaque de concentração de alguma atividade
específica, embora todos os profissionais das Artes Plásticas
considerem o tablet o principal meio de acesso á ferramenta e 60% dos
designers utilizam o smartphone como meio de acesso principal,
seguidos pelos 50% daqueles enquadrados na categoria “outros”.
Dos 84% que alegaram utilizar o Web Clipper, muitos
assinalaram como principal meio de acesso o Smartphone (38%) e o
Tablet (28,6%) – embora o plugin tenha sido desenvolvido para ser
usado principalmente no computador. Já entre os 66% de usuários do
Skitch boa parte respondeu ter como principal modo de acesso o
smartphone (42,4%), seguido do tablet (39,4%). Também boa parte dos
optantes por essa ferramenta adicional, pertinentemente, são designers
(24,2%), seguidos por escritores de blog e similares (21,2%).
94
Sob outra perspectiva, tem-se que: 50% dos publicitários utilizam
este aplicativo, bem como aqueles da categoria “outros”;
convenientemente, todos os profissionais da moda e artistas plásticos
responderam fazer uso deste aplicativo; mas merece destaque o fato de
músicos, em sua maioria, utilizarem a ferramenta adicional.
Sobre o Pen Ultimate, dos 38% que o utilizam 26,3% são
designers. No entanto, considerando que designers figuraram como
quase maioria entre os respondentes, é interessante mencionar que todos
os artistas plásticos utilizam esta ferramenta, e que boa parte (66,6%)
dos profissionais da moda faz uso da mesma. Destes, que alegam
utilizar a Pen Ultimate, identificou-se como acesso principal mais
eminente o tablet (57,9%), ganhando do smartphone (36,8%) e do
computador (5,2%).
Já o plugin Evernote Cleary, dentre seus 40% de usuários
questionados, 50% colocaram como principal modo de acesso o tablet.
A maior parte dos músicos utiliza o modo gravação de áudio (75%);
porém, este modo foi um dos alvos de respostas sobre pontos de
melhoria (33,3%), junto com a gravação de páginas favoritas (20%) e o
vencedor das reclamações, com 53,3%, o modo de upload de arquivos.
Aqueles que usam a ferramenta há mais tempo (os 30% que
utilizam entre quatro a seis anos) apresentaram assertividade também
quanto á frequência de uso (duas ou mais, quase todos os dias e todos os
dias), não havendo nenhum usuário experiente que tenha apresentado
uma frequência inferior a pelo menos duas vezes por semana –
inclusive, estes eram minoria, com 33,3%; aqueles que alegavam
acessar praticamente todos os dias somavam 53,3% e, destes,
95
curiosamente, 75% são usuários há quatro anos. Mas apenas 13,3%
alegaram utilizar todos os dias – esta alternativa teve mais incidência
entre usuários de até dois anos de experiência com a ferramenta (66,6%
do total).
Sobre a relação da frequência de uso com a identificação de
pontos de melhoria, observou-se que, dos usuários mais assíduos (86%),
apenas 27,9% identificaram pontos de melhoria contra os 72,1% que
não identificaram nenhum ponto a melhorar. Esta diferença é mais
sensível entre os 14% de usuários que utilizam com menor assiduidade:
57% não identificaram pontos de melhoria, ficando pouco á frente dos
42,8% que acham que a ferramenta pode melhorar.
No tangente da relação entre a experiência do usuário com a
Versão utilizada, observou-se que dos 30% com maior tempo de
experiência (entre quatro e seis anos), 46,6% utilizavam alguma das
versões pagas (Business com 20%; Premium com 26,6%) contra 53,3%
que utilizavam a versão gratuita (Free) – ou seja, uma diferença de
6,7%.
Já entre os 70% com menos experiência na ferramenta (até dois
anos), notou-se que 51,4% utilizavam alguma versão paga (Business
com 17,1% e Premium com 34,2%), enquanto que os usuários de
versões free totalizavam 48,5% - ou seja, uma diferença de 2,9% (3,8%
a menos que os usuários mais experientes).
No tangente da relação entre a experiência do usuário com pontos
de melhorias identificados observou-se que dos 30% com maior tempo
de experiência (entre quatro e seis anos), 80% não identificaram
96
nenhum ponto de melhoria, enquanto que apenas 20% apontaram
alguma melhoria a ser realizada – ou seja, 60% de diferença. Já entre os
70% menos experientes, 65,7% não identificaram melhoria, mas houve
maior quantidade de respondentes que identificaram pontos a ser
melhorados (34,2%) – ou seja, 31,5% de diferença; 28,5% a menos que
os usuários mais experientes.
Um ponto interessante foi analisado quando se comparou a
versão utilizada com as respostas de melhorias identificadas. Dos 50%
de usuários da versão free, 76% não identificaram melhorias e 6%
acham que a ferramenta pode melhorar (diferença de 52%). Entre os
18% de usuários da versão business, 66,6% alegaram não identificar
melhorias, contra os 33,3% que enxergam pontos a melhorar (diferença
de 33,3%).
Ou seja, analisando estes números, existem mais usuários
descontentes por usuário satisfeito na versão business do que na versão
gratuita (o que não deve ser levado á literalidade considerando o
tamanho da amostragem). No entanto, um número interessante se deu
entre os usuários da versão Premium, os quais, em sua totalidade, não
identificaram pontos de melhoria na ferramenta.
Também foi analisada a relação entre o modo de acesso principal
e identificação de melhorias. Dos 30% que escolheram o tablet como
principal meio de acesso a ferramenta, 53% não identificaram pontos a
melhorar e 46,6% acham que a ferramenta pode melhorar em alguns
pontos (diferença de 6,7%).
Já nos 40% usuários principais de smartphone, identificou-se que
apenas 15% identificam pontos de melhoria contra os 85% que não
97
identificaram nada a ser melhorado na ferramenta (diferença de 70%).
Fazendo a mesma análise nos usuários de computador, a incidência
entre usuários descontentes e satisfeitos também foi maior que a dos
usuários de tablets: 66,6% não identificaram nenhuma melhoria, contra
33,3% que acham que a ferramenta ainda pode melhorar.
5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta principal deste trabalho foi apresentar – mediante o
contexto da necessidade – uma relação palpável entre as Tecnologias da
Informação e Comunicação e Gestão do Conhecimento, aliando estes
conceitos à dinâmica da Economia Criativa. Assim, a ideia era expor
uma ferramenta, o Evernote, e compreender como atuantes da
Economia Criativa vêm utilizando-o para gerenciar seu conhecimento
individual, e visualizar se este seria um mecanismo mais adequado às
suas necessidades e às atividades executadas neste modelo de negócio.
Por isso, buscou-se, primeiramente, explanar conceitos chave
relacionados ao desenvolvimento da pesquisa – e que a embasariam.
Neste ínterim, primeiramente foram abarcadas caracterizações da
era que hoje se presencia – cujo insumo principal é a informação e o
conhecimento – e foram delineados impactos negativos trazidos por ela
para, então, apresentados os problemas, tecer possíveis alternativas. A
análise da revisão bibliográfica, portanto, foi crucial para dar
fundamento ao trabalho, proporcionando melhor entendimento sobre os
assuntos relacionados.
98
A coleta de dados, por sua vez, veio ao encontro da necessidade
de verificar, na prática, a aplicabilidade da ferramenta para o objetivo
proposto, e foi dividida em duas etapas. Na primeira buscou-se atestar a
necessidade e disposição de profissionais criativos em relação a um
processo eficaz de gestão do conhecimento. Num segundo momento, foi
aplicado outro questionário, com profissionais criativos usuários do
Evernote – primordial para investigar como exatamente os profissionais
da área criativa utilizam o software em seus processos individuais de
produção e gestão do conhecimento.
A pesquisa constatou que muitas pessoas da área criativa – ou
seja, que nela atuam direta ou indiretamente; formal ou informalmente;
com fins lucrativos ou não – desconhecem essa nova categorização de
dinâmica sócio econômica que tem se tornado uma tendência. E mesmo
aquelas que a conhecem e dizem fazer parte dela, desconhecem em que
nomenclatura a atividade exercida se encaixa. Isto tornou a coleta de
dados do segundo questionário um pouco mais difícil, com uma
amostragem relativamente menor que a esperada.
No entanto, foi importante a constatação da pesquisa de que
faltam trabalhos direcionados ao estudo da Economia criativa – que
investiguem, diagnostiquem, padronizem e estruturem este segmento
cada vez mais significativo.
A mesma análise foi feita a respeito da ferramenta Evernote –
cuja essência foi difícil de captar em estudos e pesquisas, pois há
pouquíssimos materiais bibliográficos e documentais que tratem
formalmente do software, ou que proponham uma definição e aplicação
estruturada, eficiente e eficaz.
99
Para futuros trabalhos, portanto, é importante considerar
metodologias mais sólidas que visem produtividade, gestão do
conhecimento e outras aplicações para o Evernote, bem como relacionar
outros aplicativos oferecidos pelas Tecnologias da Informação e
Comunicação que proponham soluções viáveis, adequadas e acessíveis
em relação à organização e processamento de capital intelectual –
desafio cada vez mais inerente ao momento atual.
100
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