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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA CURSO DE ZOOTECNIA CRISTIANE REGINA DANIEL MANEJO DE BOVINOS DE CORTE EM SISTEMA DE SEMICONFINAMENTO CUIABÁ 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA

CURSO DE ZOOTECNIA

CRISTIANE REGINA DANIEL

MANEJO DE BOVINOS DE CORTE EM SISTEMA DE SEMICONFINAMENTO

CUIABÁ 2017

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CRISTIANE REGINA DANIEL

MANEJO DE BOVINOS DE CORTE EM SISTEMA DE

SEMICONFINAMENTO

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia. Orientadora: Profª Alexandra Potença

CUIABÁ 2017

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, por ter me fortalecido durante todo meu

caminho, depois ao meu companheiro e parceiro de vida Diego Donatti e a minha

família.

Agradeço ao senhor Fernando Scheffer por ter me proporcionado a

oportunidade de estágio e junto com ela todo aprendizado desde então. Ao

Clayton Nunes que foi o intermediador do meu estágio.

A minha professora e orientadora Alexandra Potença que sempre tratou

a mim e a todos os seus orientados com muita paciência e dedicação, nos

ensinando a importância do trabalho em equipe.

Agradeço ao professor Márcio que não poupou esforços para que nosso

estágio fosse possível. E ao professor Nelcino por aceitar me auxiliar em meu

Trabalho de Conclusão de Curso.

Ao Sr. José Paulo da Fazenda Agromar por todo apoio, cuidado e

paciência.

Ao Ramon Scheffer e a Paula Rocha da Fazenda Fartura por

compartilharem conhecimento.

A minha amiga Marcella Machado que esteve ao meu lado em todos os

momentos, nos bons, mas também nos momentos difíceis tanto da graduação

como da vida e me auxiliou quando eu estive ausente devido o estágio.

As minhas amigas Thatiane Alves e Rute Ely.

Aos meus professores do curso de Zootecnia que colaboraram para

minha formação, especialmente aos professores Joadil, Sânia, Renan, Vânia,

Janessa, Felipe, Vanessa e Lisiane.

Meu muito obrigada a banca por aceitarem meu convite, pela

disponibilidade e atenção.

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“A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados”.

Mahatma Gandhi

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Faixa etária e número de animais...................................................14. Tabela 2. Número de animais em sistema de recria por fazenda...................17. Tabela 3. Composição ração categoria animais recria...................................17. Tabela 4. Taxa de lotação engorda fazenda Fartura em 13/03/2017.............18. Tabela 5. Rebanho recria fazenda Fartura em 13/03/2017............................19. Tabela 6. Composição ração categoria engorda............................................19. Tabela 7. Leitura de escore de cocho da fazenda Fartura..............................21. Tabela 8. Taxa de lotação recria fazenda Fartura em 13/03/2017..................21. Tabela 9. Taxa de lotação recria fazenda Agua Azul em 13/03/2017.............22. Tabela 10. Mortes em 2017 fazendas Fartura e Água Azul............................23. Tabela11.Protocolo sanitário de entrada dos animais.....................................24.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1

2. OBJETIVO ...................................................................................................... 3

3. REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................... 4

3.2 Bovinocultura de corte a pasto .................................................................. 5

3.3 Suplementação em sistema de semiconfinamento ................................... 6

3.4 Qualidade da forragem ............................................................................. 8

4.4.1 Gramíneas tropicais ............................................................................ 8

3.4.2 Proteínas .......................................................................................... 10

3.4.3 Carboidratos ..................................................................................... 11

3.4.4 Lipídios ............................................................................................. 11

3.4.5 Minerais ............................................................................................ 11

3.5 Produção com base em coprodutos ........................................................ 12

4 RELATÓRIO DE ESTÁGIO ........................................................................... 13

4.1 Histórico .................................................................................................. 13

4.2 Infraestrutura ........................................................................................... 14

4.3 Fábrica de ração ..................................................................................... 15

4.4 Linha de abastecimento dos caminhões de trato .................................... 15

4.5 Sistema de recria .................................................................................... 16

4.6 Sistema de engorda ................................................................................ 18

4.7 Rastreabilidade ....................................................................................... 20

4.8 Currais de manejo ................................................................................... 20

4.9 Distribuição de ração .............................................................................. 21

4.10 Taxa de lotação recria e terminação ..................................................... 22

4.11 Mortes ................................................................................................... 22

4.12 Necrópsia .............................................................................................. 23

5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO ....................................... 24

5.1 Recepção e processamento dos animais ............................................... 24

5.2 Casqueamento curativo / cirúrgico .......................................................... 25

5.3 Monitoramento de cigarrinha das pastagens .......................................... 26

5.4 Controle e atualização de planilhas de índices zootécnicos. .................. 26

5.5 Projeto de conhecimento ........................................................................ 26

6. CONCLUSÕES ............................................................................................ 27

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 28

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RESUMO

Um grande desafio encontrado com este constante crescimento

populacional é a demanda por alimento, mas para tal produção que atenda a população, a produção de alimento tanto de origem animal como vegetal em larga escala passou a sofrer pressão ambiental. O semiconfinamento é uma alternativa estratégica positiva na produção de proteína de origem animal, mesmo que seu custo seja mais elevado e necessite de profissionais aptos ao processo, pois além de otimizar a produção de carne visando animais precoces, há redução da taxa de lotação, obtenção de maior rendimento de carcaça, e o processo pode diminuir a agressão ao meio ambiente já que ocupa área menor quando comparado a produção animal convencional. Desta forma o estágio curricular obrigatório que ocorre de 01 de fevereiro a 10 de abril de 2017 objetivou-se a descrever e acompanhar na prática todo o processamento de manejo, desde a chegada dos animais até a fase de embarque para o abate como também todo o plano nutricional para animais na fase de recria e terminação, que aconteceu na fazenda Fartura, pertencente ao Grupo Bom Futuro, e localizada no município de Campo Verde – Mato Grosso. Sob supervisão das zootecnistas Fernanda Lima, Paula Rocha e o veterinário Ramon Scheffer. O estágio curricular obrigatório foi enriquecedor pois mostra a prática no campo do profissional, e possibilitou a aplicação do conhecimento que me foi passado durante toda a graduação. A empresa é uma das líderes do mercado interno e externo e todo conhecimento adquirido foi de grande valia para a minha formação.

Palavras-chave: confinamento, nutrição, recria, terminação.

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil tem se destacado na produção de alimentos, sendo considerado o

celeiro mundial, e em relação ao crescimento populacional apresenta um

crescimento de demanda favorável nos próximos 40 anos, segundo estudo

da FAO 2014. Entretanto há pressões para os temas meio ambiente e

responsabilidade social, que forçam a produção rural a se conscientizar

em produzir em quantidade com qualidade. Qualidade não somente nas

propriedades intrínsecas do produto, mas também na produção ética e

moralmente correta. Dessa forma, pecuária e agricultura devem procurar

alternativas na tecnificação, produtividade e otimização para alcançar resultados

compatíveis com o que exige a legislação e a população. No ramo de

tecnificação temos a atividade de semiconfinamento, que dentro de uma série

de outras práticas de produção intensiva é a mais evidente nos dias atuais pelo

crescimento obtido na última década. Os estados brasileiros GO, MT, SP, MG e

MS são onde há maior concentração de gado confinado, e são os mesmos que

concentram a maior quantidade de insumos, matérias-primas e condições para

a atividade (EMBRAPA 2014).

No semiconfinamento brasileiro, pode-se destacar que o mesmo, é

estratégico, a maioria ainda o utiliza como uma ferramenta de incremento de

produtividade em suas fazendas, aumento lotação, aumento do estoque de

gado, aproveitando o que há de melhor das áreas de pastagens, diversificando

a produção com implantação de grãos na maioria dos casos. Porém existem

muitas falhas dentro do destes sistemas, uma delas é em relação a gestão. É

preciso alinhar estratégias, conhecimento, tecnificação aos fatores que

beneficiam os produtores brasileiros, que é clima, área para produzir e matéria

prima para alimentação do gado confinado. E aqueles produtores que já

identificaram essa vantagem são os que se destacam no mercado (FILHO et al.,

2015).

Devido a importância de consolidar conhecimento adquirido sobre manejo e

nutrição de bovinocultura de corte, alinhado ao cenário presente da pecuária de

corte brasileira, optou-se por realizar o estágio no setor pecuário de

semiconfinamento nas fazendas pertencentes ao Grupo Bom Futuro localizado

no município de Campo Verde – MT.

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Neste trabalho foram descritas experiências obtidas através das

atividades realizadas: acompanhar a produção de rações para bovinos e peixes,

auxiliar na nutrição intensiva para animais em recria e engorda, auxiliar na

rastreabilidade – SISBOV, auxiliar no manejo de pastagem em sistema de

semiconfinamento, auxiliar no manejo nutricional em sistema de

semiconfinamento, auxiliar nas planilhas de registros de dados obtidos,

colaborar com a equipe técnica nos trabalhos em campo. Atividades ocorridas

dentro do período de 01 de fevereiro de 2017 a 10 de abril de 2017, com carga

horária de 432 horas.

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2. OBJETIVO

O objetivo com o estágio foi praticar o conhecimento vivenciado pelo

profissional zootecnista nas diferentes situações de manejo nutricional e manejo

geral realizadas na produção de bovinos de corte em sistema de

semiconfinamento.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Importância da pecuária brasileira Pesquisadores, técnicos e produtores rurais buscam constantemente

alternativas viáveis para reduzir os custos de produção, sem comprometer os

resultados já obtidos. Este é o cenário encontrado na prática do

semiconfinamento, onde os custos com a alimentação representam a maior

parte dos custos, definindo quem consegue permanecer ou não no mercado. É

dentro deste cenário que o semiconfinamento vem sendo apontado como uma

opção para tornar cada vez mais eficaz o período final da engorda, em que há

aumento nos requerimentos nutricionais dos animais. Sendo assim o volumoso

da dieta é o pasto, que estará sempre à disposição dos animais tendo

variabilidade em quantidade e qualidade de acordo com a estação de águas e

secas a qual a região centro-oeste é submetida. A ração é fornecida em cochos,

sendo possível até mesmo utilizar ingredientes do confinamento convencional

(PROHMANN, 2015).

A pecuária de corte tem grande importância na formação do produto

interno bruto brasileiro, sendo considerado um dos setores mais importantes do

agronegócio na economia a nível nacional. No quadro internacional, o Brasil se

tornou o maior exportador de proteína animal, alcançando esta posição devido

ao alto potencial de produção que sustenta. Mesmo com todo esse avanço, a

produtividade brasileira ainda pode melhorar tanto em quantidade, como em

especialização de seus produtos (CARVALHO, 2009).

O crescimento simultâneo da rentabilidade da agricultura e da pecuária

torna a disputa por terras mais acirrada, obrigando os agricultores e os

pecuaristas a intensificar seus sistemas de produção. Entretanto, para viabilizar

preços mais altos para a carne bovina é preciso atender plenamente as

exigências dos consumidores quanto à qualidade do produto (CANESIN, 2009).

O processo de globalização da economia tem causado grandes

mudanças em diversos setores do agronegócio, obrigando, dessa forma, que a

produção de gado de corte brasileira seja mais eficiente. A alimentação constitui

um dos principais componentes dos sistemas de produção de carne bovina. O

semi confinamento de bovinos na fase de terminação tem se revelado como

alternativa tecnológica importante na intensificação de sistemas de produção de

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bovinos de corte, buscando atender principalmente, o exigente mercado

consumidor externo. Esses são alguns dos fatores que exigem do produtor o

acompanhamento da situação de mercado em que está inserido, das opções de

técnicas de aumento da produtividade e atenção sobre a qualidade do produto

final (FERREIRA et al., 2006).

Diante desta conjuntura econômica, existe um interesse crescente em

desenvolver estratégias que proporcionem melhores resultados no que se refere

à eficiência produtiva e qualidade dos produtos, pois a atividade pecuária tende

a cada vez mais uma atividade empresarial, afastando-se do modelo extrativista,

e aproximando-se, em maior ou menor grau, dependendo de cada caso, da

intensificação total (EUCLIDES FILHO, 2004).

Dentre as ferramentas operacionais do sistema de produção, o

semiconfinamento é aquele com maior potencial para reduzir a idade de abate,

embora o custo de produção possa ser mais elevado que nos sistemas à base

exclusivamente de pastagens. Contudo, quando se levam em conta outras

vantagens da técnica do semi confinamento, como o aumento da taxa de

desfrute, o retorno mais rápido do capital, a produção de carcaças mais pesadas

que nos sistemas em pastagens, a liberação de áreas de pastagens para outras

categorias animais durante o período seco, a maior produção de carne por

unidade de área, é provável que o retorno sobre o capital investido seja mais

elevado (REIS et al., 2006). Além de possibilitar a manipulação das

características das carcaças e melhoria na qualidade da carne (RESTLE et al.,

1999; GESUALDI JR. et al., 2000).

3.2 Bovinocultura de corte a pasto

A produção de bovinos em pastagens enfrenta sérios desafios, uma vez

que há limitações na qualidade e quantidade da forragem disponível ao longo do

ano para atender o requerimento animal. A distribuição desuniforme das chuvas

resulta em acentuadas variações na oferta de forragem, ao decorrer do ano.

Nesse caso, o baixo teor de proteína da forragem limita a fermentação ruminal,

a degradação da fração fibrosa do alimento e o consumo de forragem, resultando

via de regra em ingestão insuficiente de proteína e energia para desempenho

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satisfatório do animal (Reis et al., 2004). A estacionalidade da produção de

forragem é mais marcante nas espécies de capim pertencentes ao gênero

Panicum (Tanzânia, Mombaça e Colonião), comparativamente àqueles do

gênero Brachiaria (Braquiarão, Decumbens e Humidicola), que apresentam

maior plasticidade de produção e facilidade de manejo (REIS 2015).

Os efeitos desse fato sobre a bovinocultura de corte são evidentes,

ocorrendo uma variação acentuada de ganho de peso, e um consequente atraso

da idade de abate. Neste período a taxa de lotação das pastagens sofre redução,

uma vez que a oferta de forragem é reduzida. Diante disso, a escolha de

alternativas visando minimizar os efeitos da estacionalidade na produção de

plantas forrageiras deve ser coerente com o nível de exploração pecuária,

diferenciando-se, principalmente pela necessidade de intensificação de uso das

pastagens (REIS, 2015).

A utilização de suplementos concentrados permite corrigir deficiências

específicas de nutrientes na forragem para maximizar a atividade de digestão da

fração fibrosa e, consequentemente utilizar mais eficientemente os carboidratos

estruturais, além de complementar a dieta em situações de escassez de

forragem. Nas situações onde o consumo é limitado pela baixa oferta de

forragem, um suplemento pode substituir a forragem proveniente do pasto,

constituindo às vezes o único alimento disponível. Os níveis de concentrado e

as estratégias a serem usadas são dependentes da categoria animal e das

metas de ganho de peso (REIS et al., 2009).

A estratégia de suplementação, no entanto, deve ser precedida da

caracterização da quantidade e da qualidade da forragem disponível. A

qualidade da forragem no tocante a características dos carboidratos e

compostos nitrogenados são determinantes para a tomada de decisão para o

fornecimento de nutrientes limitantes a atividade microbiana (REIS et al.,

2015).

3.3 Suplementação em sistema de semiconfinamento

A suplementação alimentar tem grande impacto na sustentabilidade de

sistemas de produção de bovinos de corte, especialmente no Brasil Central

Pecuário. Isto se deve a uma marcante sazonalidade na produção forrageira

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nessa região, com forte redução do crescimento das plantas na estação seca.

Obviamente, o fator de crescimento mais limitante é a água, mas o fotoperíodo

mais curto e temperaturas mais baixas também limitam a disponibilidade da

forrageira. Mesmo para baixas taxas de lotação, a combinação de menor oferta

e qualidade da forragem resulta em perda de peso dos animais ou taxas de

ganho muito baixas (BARCELLOS et al., 2008).

A suplementação de bovinos de corte a pasto tem alguns aspectos

básicos que devem ser considerados para melhorar a eficiência de sua utilização

dentro do sistema produtivo. A suplementação pode ser feita em qualquer época

do ano, mas a melhor resposta é a da suplementação estratégica na seca, pois

ela corrige a limitação primária de proteína das pastagens e permite que o animal

aumente o consumo da forrageira de baixa qualidade. O maior consumo e o

melhor aproveitamento dos nutrientes da forragem levam a incrementos em

vários índices zootécnicos, especialmente ganho de peso e taxas de concepção

(GOMES, 2009).

É fundamental que haja boa massa de forragem para que a

suplementação na seca tenha o efeito positivo desejado. Por isso, recomenda-

se o diferimento ou vedação das pastagens antes do período seco para

maximizar o acúmulo de forragem. Recomenda-se, no geral, que a pastagem

tenha entre 4 a 6 toneladas de matéria seca por hectare no início da estação

seca. No caso do Brasil Central, onde a estação seca vai de maio a setembro,

uma opção é vedar um terço das pastagens em fevereiro e dois terços em março

para serem usadas, entre junho-julho e agosto-setembro, respectivamente, de

forma que haja massa de forragem suficiente para os animais em suplementação

ao longo de todo o período seco (GOMES, 2009).

É muito importante dar conforto aos animais. No caso da suplementação,

é fundamental observar-se a oferta de espaço de cocho, ou seja, quantos

centímetros lineares estão disponíveis por cabeça. Além de se evitar estresse

por competição, a facilidade de acesso ao cocho para todos os animais tem

efeito positivo no consumo do suplemento e, particularmente, na uniformização

do consumo pelo lote, melhorando o desempenho final do mesmo. Os

desempenhos, em termos de ganho de peso, para cada fase de vida do animal,

primeira estação de águas, primeira estação seca, segunda estação de águas,

segunda estação seca e assim por diante, devem ser preferencialmente

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crescentes. Os níveis de inclusão ou quantidade de suplemento por cabeça,

podem ser variados e a escolha deve ser baseada nos custos do suplemento e

da arroba, bem como dos objetivos do produtor (MEDEIROS, 2016).

3.4 Qualidade da forragem

Os carboidratos são os principais constituintes das plantas,

correspondendo de 50 a 80 % da MS das forrageiras e representam a principal

fonte de energia para os ruminantes. As características nutritivas dos

carboidratos das forrageiras dependem dos açúcares que as compõem, das

ligações entre eles estabelecidas e de outros fatores de natureza físico-química.

Assim, os carboidratos das plantas podem ser agrupados em duas grandes

categorias conforme a sua menor ou maior degradabilidade, em estruturais e

não estruturais, respectivamente (Van Soest, 1994).

A natureza e a concentração dos carboidratos estruturais da parede

celular são os principais determinantes da qualidade da forragem. A parede

celular pode constituir de 30 a 80 % da MS da planta forrageira, onde os mais

importantes carboidratos encontrados são a celulose, a hemicelulose e a

pectina. Além disto, podem constituir a parede celular componentes químicos de

naturezas diversas dos carboidratos, tais como tanino, proteína, minerais,

lipídeos e lignina (Hatfield et al., 2007).

Com o avançar da maturidade, verificam-se aumentos nos teores de

carboidratos estruturais e redução nos carboidratos não estruturais o que

depende em grande parte das proporções de caule e folhas. Isso se reflete na

digestibilidade da forragem, que declina, especialmente de maneira mais

drástica nas gramíneas do que nas leguminosas (Reis e Rodrigues, 1993).

4.4.1 Gramíneas tropicais

A forragem é a principal fonte da dieta dos ruminantes em boa parte dos

sistemas de produção das regiões tropicais. Dentre a composição botânica

destas pastagens, é possível encontrar uma ampla variação de espécies que na

maior parte é representada por gramíneas e leguminosas, que podem ser nativas

ou cultivadas, e há grande variabilidade nos níveis de qualidades nutritivas.

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Estas variações de qualidade ocorrem desde a diferença entre gêneros,

espécies ou cultivares, mas também, com as partes das plantas, estágio de

maturidade, fertilidade do solo e com as condições locais e estacionais (COSTA

et al. (2002).

A melhor eficiência da utilização destas forrageiras pelos animais está na

dependência de várias características, e podemos apontar como fatores mais

significativos, a qualidade e a quantidade de forragem disponível na pastagem e

o potencial genético do animal. Quando estes fatores são limitantes, a qualidade

da pastagem é definida pela produção por animal, estando diretamente ligada

com o consumo voluntário e com a disponibilidade dos nutrientes contidos na

mesma (REIS et al., 1993).

A definição mais correta de qualidade da forragem é a que relaciona o

desempenho do animal com o consumo de energia digestível, e nesta relação

temos o valor nutritivo, que se refere ao conjunto formado pela composição

química da forragem, sua digestibilidade e a natureza dos produtos de digestão

(REIS et al., 1993).

A distribuição dos componentes químicos nas plantas, variam de acordo

com a variabilidade de seus tecidos e órgãos, em razão de especificidade da

organização física das células vegetais. Porém, os principais, podem ser

divididos em duas grandes categorias: componentes da estrutura da parede

celular, que são de menor disponibilidade no processo de digestão, e os

presentes no conteúdo celular, de maior disponibilidade. Os componentes no

conteúdo celular, envolvem substancias solúveis em água ou levemente solúveis

em água, como: amido, lipídios e algumas proteínas que são digeridas tanto por

enzimas de microorganismos, quanto por aquelas secretadas pelo aparelho

digestivo dos animais. Já os componentes da estrutura da parede celular incluem

em sua grande parte carboidratos e outras substâncias como a lignina cuja

digestão é dependente da atividade enzimática dos microorganismos do trato

gastrointestinal dos ruminantes (VAN SOEST, 1994). A determinação da

composição química das espécies forrageiras, são utilizados basicamente os

métodos de análise, que são a análise aproximativa de Weende (1864) e o

método de Van Soest (1965) (SILVA, 1981).

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3.4.2 Proteínas

A Proteína Bruta (PB) das plantas forrageiras é composta tanto por

proteína verdadeira quanto por nitrogênio não proteico (NNP). A proteína

verdadeira tem variabilidade de acordo com o fator da maturidade da planta, que

pode representar até 70% da PB nas forragens verdes, 60% da PB do feno, e

são reduzidos em proporções no caso da silagem. O NNP inclui substâncias tais

como glutamina, ácido glutâmico, asparagina, ácido aspártico, ácido gama-

amino-butírico, ácidos nucléicos e pequenas quantidades de outras substâncias

nitrogenadas. Existe uma fração de NNP que é insolúvel, que está associada a

lignina, e que representa de 5 a 10 % do nitrogênio da grande parte das

forragens. A proteína verdadeira e o NNP são geralmente de alta disponibilidade,

além da alta qualidade da proteína verdadeira nas folhas (HEATH et al., 1985).

De acordo com MINSON (1990), as gramíneas tropicais possuem

menores teores de proteína bruta quando comparada ao das espécies de clima

temperado. O nível reduzido de PB das gramíneas tropicais, é associado à via

fotossintética C4, altas proporções de caule, e de feixes vasculares das folhas.

Por outro lado, as leguminosas cuja anatomia foliar típica das espécies C3,

apontam teores proteicos mais altos, em média 166g.Kg-1 de MS, sendo assim

frequentemente recomendadas para a formação de consórcios com gramíneas

tropicais, visando aumentar a disponibilidade de proteína bruta para os animais

á pasto. A proteína presente nas folhas é rica em lisina, mas em metionina e

isoleucina não são, mesmo que este aspecto qualitativo seja considerado pouco

importante para ruminantes devido a intensa degradação proteica e síntese a

nível ruminal por força da atividade microbiana (DIAS, 1997).

A presença de tanino nas leguminosas, diminui a degradação ruminal das

proteínas, aumentando a quantidade de aminoácidos absorvidos no intestino, o

que pode ser aspecto de interesse para a melhoria da qualidade da dieta de

animais de elevada produção. Porém, altos níveis de tanino podem reduzir o

consumo voluntário (MINSON, 1990).

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3.4.3 Carboidratos

São os carboidratos as principais constituintes das plantas, com valores

de 50 a 80 % da MS das forrageiras e cereais. Suas características nutritivas

dependem dos açucares, das ligações entre eles, e também de fatores físico-

químicos. Os carboidratos das plantas podem ser agrupados em duas categorias

de acordo com a baixa degradabilidade, em estruturais e alta degradabilidade

em não estruturais (VAN SOEST, 1994). Carboidratos não estruturais, são

carboidratos mais simples como glicose e frutose, e os carboidratos de reserva

das plantas, como o amido, a sacarose e as frutosanas. Os carboidratos

estruturais, são os encontrados na parede celular, principalmente a pectina,

hemicelulose, e celulose, que são mais relevantes na determinação da qualidade

nutritiva das forragens (VAN SOEST, 1994).

3.4.4 Lipídios

Os lipídios á nível de quantidade mais importantes nas forragens incluem

principalmente os triglicerídeos e os glicolipídios. E outras substâncias solúveis

em éter, tais como ceras, pigmentos, alguns ácidos orgânicos e óleos essenciais,

são encontrados em quantidades bastante reduzidas, mas podem afetar

positivamente as características de palatabilidade das plantas. Sendo os

glicolipídios e triglicerídeos importantes fontes de energia para os animais

(HEATH et al., 1985).

Os níveis de lipídeos nas forrageiras tropicais são baixos, geralmente não

alcançam 60 g.Kg-1 de MS, e os galactolipídios constituem cerca de 60 % desta

fração. O ácido linolênico é o principal ácido graxo, e representa 60 a 75 % do

total, seguido pelos ácidos linoleico e palmítico. As folhas são relativamente mais

ricas em galactolipídios e triglicerídeos, já as sementes mostram-se bastante

ricas especialmente em triglicerídeos, onde estes servirão de fonte energética

condensada para a germinação (McDONALD el al., 1995).

3.4.5 Minerais

Mesmo que os elementos minerais não forneçam energia para os

animais, a carência deles nas forrageiras, em qualquer dos 17 elementos

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essenciais para os animais podem limitantes a digestão, absorção e utilização

dos componentes da dieta, podendo até mesmo provocar toxidez para os

animais (DIAS 1997). A composição mineral das forrageiras vai de acordo com

uma série de fatores interligados, podemos destacar a idade da planta, o solo e

as adubações feitas, diferenças entre espécies e suas variedades, estações do

ano e sucessão de cortes (GOMIDE, 1976). A redução na concentração de

nutrientes minerais nas plantas forrageiras, pode estar ligada a baixa

disponibilidade do mineral no solo, reduzida capacidade genética da planta em

assimilar o elemento, ou até mesmo ser indicativo da baixa exigência do

elemento mineral para o crescimento da planta. Da mesma forma, altas

concentrações ou níveis tóxicos de alguns minerais nas forragens, demonstram

excessos de disponibilidade no solo, capacidade genética ou fisiológica da

planta para altas taxas de acumulação, ou ser indicativo de elevados

requerimento para crescimento (UNDERWOOD, 1983).

As plantas têm exigência para os seus requerimentos, elevadas porções

de macroelementos como potássio, cálcio, fósforo, magnésio, enxofre e sílica, e

pequenas frações de microelementos de ferro, cobre, manganês, molibdênio,

zinco, cloro e boro. As plantas e os animais não coincidem em seus

requerimentos de minerais específicos. Os animais não exigem boro, mas

precisam de elevadas quantidades de sódio e cloro, e pequenas proporções de

cobalto, selênio, iodo, níquel e cromo, em adição a àqueles minerais exigidos

pelas plantas (HEATH et al., 1985). As gramíneas e leguminosas de clima

tropical, são pobres em fósforo, e as concentrações deste mineral diminui com o

avanço da maturidade a níveis que dependem da espécie forrageira, mas não

dependem da aplicação de adubos fosfatados (DIAS 1997). A deficiência de

fósforo, não se deve apenas às características das plantas, mas também está

relacionada a falta neste mineral na grande parte dos solos das regiões tropicais,

atingindo diretamente a produtividade dos animais em pastejo (MORAES &

lANG, 2002).

3.5 Produção com base em coprodutos

A disponibilidade de grãos e coprodutos na região que está inserida a

propriedade também deve ser levada em consideração. A oferta e demanda

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destes produtos vai ditar os preços dos suplementos pagos pelo produtor.

Questões mercadológicas e logísticas são fatores cruciais para viabilizar a

adoção deste sistema de terminação. Todos esses fatores não devem ser

negligenciados na escolha de qualquer estratégia de terminação com uso de

suplementos. O conhecimento dos custos da arroba produzida é primordial para

estabelecer estratégias que tragam maior rentabilidade, se atentado para

variações no preço da arroba e dos insumos necessários. Deve-se dar

preferência a alimentos de alta qualidade, como milho, sorgo, farelo de soja,

farelo de algodão, casca de soja, caroço de algodão e polpa cítrica. Porém deve

estar atento a alternativas locais como coprodutos da agroindústria que

apresentem viabilidade técnica e que tenham custo favorável. O produtor deve

conhecer a origem dos ingredientes que adquire e utiliza. Obviamente, devemos

destacar que apenas alimentos autorizados pelo Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento devem ser utilizados. Além disso, deve-se sempre

realizar o cálculo do custo da unidade do nutriente que cada ingrediente fornece,

tal como proteína (para alimentos proteicos), energia (para alimentos

energéticos) e fósforo (para fontes desse mineral) (MACHADO 2011).

4 RELATÓRIO DE ESTÁGIO

4.1 Histórico

Há mais de 30 anos no mercado, o Grupo Bom Futuro começou sua

história no agronegócio no Estado de Mato Grosso, com uma pequena fazenda.

O projeto cresceu e o Grupo Bom Futuro é hoje uma potência produtiva graças

ao empreendedorismo de seus quatro sócios: Eraí Maggi Scheffer, Elusmar

Maggi Scheffer, Fernando Maggi Scheffer e José Maria Bortoli. Atualmente, o

Grupo Bom Futuro emprega mais de 6 mil funcionários, atuando em 04 quatro

segmentos de negócio: Agronegócio, Energético, Imobiliário e Aeroportuário.

O agronegócio, principal segmento de atuação do Grupo Bom Futuro,

subdivide-se em: Agrícola, Pecuária, Piscicultura, Sementes, Armazenagem e

Transportes.

O Grupo Bom Futuro também se destaca na Divisão Pecuária possuindo

o maior projeto de integração lavoura-pecuária do país, com área explorada em

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torno de 74 mil hectares, onde são criados mais de 120 mil cabeças de gado das

raças Nelore, Meio Sangue Aberdeen e Red Angus em sistemas de

confinamento e semiconfinamento. O rebanho é composto de animais de alta

qualidade genética e sua procedência e qualidade são garantidas através de

sistema de rastreamento SISBOV – Serviço de Rastreabilidade da Cadeia

Produtiva de Bovinos e Bubalinos. Para alimentar seu rebanho, o Grupo Bom

Futuro utiliza produtos de alta qualidade nutricional.

O estágio ocorreu na Fazenda Fartura localizada na rodovia BR 251, KM

200, distante 64 km da cidade de Campo Verde – MT, e distante 184 km da

capital Cuiabá, no período de 02 de fevereiro a 10 de abril de 2017, totalizando

69 dias com carga horária de 432 horas.

Realizando o acompanhamento da modalidade de semiconfinamento no

período das águas nas fases de recria e engorda. A pecuária ocupa 13.500

hectares, sendo 8.000 hectares de pasto perene com módulos e 5.500 hectares

de pasto safrinha, em que alterna entre lavoura e pasto. O rebanho na fazenda

Fartura é de aproximadamente 29.000 animais conforme demonstra a tabela 1.

Tabela 1 – Faixa etária e número de animais

Rebanho Bovino Machos Fêmeas

0 a 4 meses 10 10

5 a 12 meses 736 30

13 a 24 meses 15.839 25

25 a 36 meses 9.126 14

Acima de 36 meses 3.107 131

Total 28.818 237

Fonte: INDEA, 13/03/2017

4.2 Infraestrutura

Fazenda Fartura possui em seu quadro de funcionários 318

colaboradores que se dividem entre pecuária, área agrícola, unidade de

armazenamento de grãos, fábrica de ração e UBS (Unidade de Beneficiamento

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de Sementes). Possui um escritório com recepção, recursos humanos, balança,

gerência, cozinha, banheiro masculino e feminino. Conta ainda com pátio

coberto para máquinas e caminhões, borracharia, mecânica, fábrica de ração,

silos de armazenamento de grãos, galpões de armazenamento de sementes,

laboratório de sementes, cantina, alojamentos masculinos e femininos, casas

para as famílias, casa de visitas, campo de futebol e de vôlei, área de lazer,

academia ao ar livre e segurança 24 horas. Além de ônibus para deslocamento

diário das crianças em idade escolar, e duas vezes na semana para funcionários

para a cidade de Campo Verde.

4.3 Fábrica de ração

A fábrica produz ração para bovinos em fase de recria e engorda, e

também para peixes. A capacidade de produção de ração para peixes é de 20 a

22 toneladas, e de ração para bovinos é de 200 a 240 toneladas diariamente. A

fábrica de ração para peixes produz ração extrusada com diferentes níveis de

proteína de acordo com cada fase de desenvolvimento. Seu funcionamento é de

segunda a sexta das 7:00 às 18:00 e abastece quatro fazendas: Agua azul,

Filadélfia, São Lourenço que é a única com sistema de tanque rede, e Cocal. Já

a produção de ração para bovinos funciona 20 horas por dia de segunda a sexta

e sábado e domingo das 07:00 às 17:00. A ração para bovinos é produzida e

segue para os silos externos que abastecem os caminhões que fornecem a

ração nos cochos. Há revezamento entre os operadores para que o

funcionamento não seja prejudicado se algum funcionário faltar. As plantas fabris

ocupam o mesmo espaço físico, porém as linhas são independentes para que

não ocorra contaminação cruzada da ração para bovinos com produtos de

origem animal utilizadas na produção de ração para peixes.

4.4 Linha de abastecimento dos caminhões de trato

Depois de pronta, a ração segue para os silos externos onde os

caminhões são abastecidos com a ração de acordo com o trato. Há uma linha

formada por 6 silos na área externa a fábrica, onde os dois primeiros silos são

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de terminação, os dois subsequentes são de recria, e os dois últimos são ração

para peixe, e este é transportado em caminhões distintos.

Forma de armazenamento das rações para peixes é feita de acordo com

as Boas Práticas de Fabricação (BPF). Onde o armazenamento compreende a

manutenção de produtos e ingredientes em um ambiente que proteja sua

integridade e qualidade. Produtos acabados e matérias-primas são

armazenados segundo as boas práticas respectivas, de modo a impedir a

contaminação e/ou a proliferação de microrganismos e proteger contra a

alteração ou danos ao produto final. Durante todo o período do armazenamento

é exercida uma inspeção sistemática dos produtos acabados, a fim de que

somente sejam expedidos alimentos aptos para ao consumo dos animais e

sejam cumpridas a especificações de armazenamento.

4.5 Sistema de recria

Os animais chegam com média de 350 kg, e faixa etária de 13 a 24 meses.

A recria tem duração de 8 a 12 meses, com ganho de peso diário esperado de

700 a 800 gramas, consumo esperado 0,5% a 1,0% do peso vivo, e possui três

dietas estratégicas:

Sistema de pastejo com fornecimento de sal mineral, atende 10%

do rebanho.

Sistema de pastejo com suplemento proteinado de baixo

consumo, atende de 20 a 30% do rebanho.

Semiconfinamento com fornecimento de ração amarga que regula

o consumo, fornecida para 60 a 70% do rebanho.

Os elementos reguladores de consumo utilizados nestes sistemas são a

monenzina sódica, e a uréia protegida. A monenzina é um ionóforo produzido

pelo fungo Streptomyces cinnamonensis. Este aditivo promove alterações de

fermentação ruminal, aumentando a proporção de ácido propiônico e

diminuindo a proporção dos ácidos butírico e acético no rúmen. Estas

alterações resultam em vantagens nutricionais e metabólicas que expressam

em ganhos econômicos, que incluem melhor eficiência alimentar,

aumentando ganho de peso e redução da mortalidade. Devido aos benefícios

proporcionados a produção animal, iniciou-se a comercialização da uréia

protegida, que devido a uma película que recobre os grãos do produto

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promove liberação mais lenta no rúmen o que asseguraria uma absorção

mais efetiva e sem intoxicações (Tedeschi et al., 2002), melhorando o

desempenho animal em suplementos proteicos quando substituindo

parcialmente a uréia convencional (Marchesin et al., 2006).

A pastagem para esta fase é formada pelo capim Mombaça (Panicum

maximum cv. Mombaça). O capim mombaça é conhecido por sua alta

produtividade, qualidade e adaptação a diferentes condições de clima e solo,

assim como sua exigência em fertilidade. Os vinte três módulos pertencentes

a este sistema, possuem a média de 100 há, sendo 50 há lado A e 50 há lado

B.

Tabela 2 – Número de animais em sistema de recria por fazenda, 13/03/2017

Água Azul Corazza Fartura Catumbi

Módulo 01 311 424 526 1355 Módulo 02 Módulo 03

277 304

271 442

Módulo 04 324 552 Módulo 05 473 684 Módulo 06 370 440 Módulo 07 560 432 Módulo 08 475 Módulo 09 418 Módulo 10 318 Módulo 11 266 Módulo 12 Módulo 13 Módulo 14

340 279 340

Total 5.055 3.245 526 1355

Fonte: Elaborado pela autora

Tabela 3 – Composição ração categoria animais recria

Ingredientes Fórmula

Milho grão moído 66,5% Farelo de soja 13,5% DDG 10,0% Núcleo corte recria 10,0%

Total 100,0% Fonte: Elaborado pela autora

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4.6 Sistema de engorda

Sistema com duração de 120 dias. Peso médio de entrada dos animais é

de 450 kg de peso corporal e peso médio de saída 630 kg nelore, e 680 kg

cruzados. O fornecimento da ração é baseado na porcentagem do peso vivo,

que é de 1,7% no período das águas e 2,2% no período da seca. O ganho de

peso médio diário esperado é de 1,2 a 1,5 kg. A forragem integrante deste

sistema é formado por Brachiaria brizantha

cultivar Marandu, Panicum maximum, Brachiaria Brizantha cultivar Piatã

consorciada com estilosantes Campo Grande. Os animais recebem ração

diariamente. Esta modalidade está presente nos módulos 1 ao 29 com exceção

do módulo 22, na fazenda Fartura. Ao fim do ciclo, no embarque para abate, os

animais são pesados, registrados e contabilizados, e então é emitido relatório

com o desempenho zootécnico do rebanho. Cada módulo possui lado A e B, os

chochos tem altura de 4 metros, área de sombra de 8,5 metros de largura,

profundidade de cocho de 0.65 a 0,75 metros e largura de cocho está entre 1 e

1,1 metros.

Os módulos cobertos possuem 60 a 62 metros lineares cada. Os módulos

semicobertos e possuem 78 metros lineares no total, sendo 36 metros não

cobertos e 42 metros cobertos.

Abaixo representado na tabela 5, a distribuição do rebanho em fase de engorda.

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Tabela 4 - Taxa de lotação engorda fazenda Fartura em 13/03/2017

Módulos Nº animais lado A Hectare lado A Nº animais lado B Hectare lado B Taxa de Lotação

1 178 53,32 179 50,46 3,4 2 233 54,17 267 64,63 4,2 3 172 62,97 198 62,81 2,9 4 226 55,56 125 60,47 3,0 5 141 72,05 141 58,80 2,2 6 167 52,50 167 48,65 3,3 7 139 36,62 139 38,36 3,7 8 155 34,89 155 48,20 3,7 9 306 36,62 68 37,67 5,0 10 189 37,85 189 36,80 5,1 11 160 36,78 160 41,78 4,1 12 0 37,07 0 36,05 0 13 150 38,00 149 36,60 4,0 14 167 60,65 166 60,69 2,7 15 100 60,79 200 60,79 2,5 16 200 52,42 199 52,41 3,8 17 103 65,69 171 59,70 2,2 18 150 56,49 150 60,87 2,6 19 213 54,56 164 57,16 3,4 20 163 47,83 164 50,54 3,3 21 339 91,27 339 82,81 3,9 23 349 82,93 349 86,95 4,1 24 229 68,58 230 63,46 3,5 25 225 45,37 225 45,81 4,9 26 287 93,17 287 93,48 3,1 27 195 84,88 196 84,80 2,3 28 285 69,23 285 69,50 4,1 29 246 53,06 246 53,65 4,6

Total 5.467 1595,32 5.308 1603,9 3,41

Fonte: Elaborado pela autora

Tabela 5 - Rebanho recria fazenda Fartura em 13/03/2017

Fonte: Elaborado pela autora

Módulo Nº animais lado A

Hectare Nº animais Lado B

Hectare Taxa de Lotação

Nº 22 263 99,15 263 95,76 2,69

Total 263 99,15 263 95,76 2,69

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Tabela 6 – Composição ração categoria engorda

Ingredientes Fórmula

Milho grão moído 78,0% Farelo de soja 8,5% DDG 10,0% Núcleo corte 3,5%

Total 100,0%

Fonte: Elaborado pela autora

4.7 Rastreabilidade

A aplicação da rastreabilidade em produtos de origem animal se deu

através da necessidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

– MAPA em identificar individualmente bovinos e bubalinos de forma unificada

em todo território nacional. Esta normativa visa estabelecer regras para a

produção de carne bovina com garantia de origem e qualidade, com nova

estrutura operacional para o Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de

Bovinos e Bubalinos – SISBOV (NICOLOSO, 2012). Trata-se de um sistema de

adesão voluntária, mas de adesão obrigatória para a comercialização para

mercados que exijam a rastreabilidade, como exemplo o mercado europeu. A

rastreabilidade possibilita a aplicação de medidas preventivas e certificar que os

produtos considerados impróprios sejam retirados de circulação, garantindo que

a saúde pública não sofra impactos negativos com o consumo inadequado

destes produtos mantendo uma boa relação entre cadeia produtiva e consumidor

final. Em relação a pecuária a questão sanitária e a legalidade dos animais e das

carnes comercializadas são os pontos fortes.

O processo de rastreabilidade ainda promove outros benefícios indiretos,

como melhoria nos controles e gestão da propriedade, possibilidade de redução

de custos financeiros de empréstimos decorrentes da transparência que a

rastreabilidade oferece a instituição financeira no monitoramento dos animais

oferecidos em garantia.

4.8 Currais de manejo

A fazenda possui quatro currais, todos com corredores em “S” que está

de acordo com o que estabelece as normas de bem-estar animal, sendo dois

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com troncos de contenção automático e dois com troncos de contenção manual.

Os currais são equipados com escritório para suporte dos manejos, atividades

administrativas, desembarque e embarque dos animais. Cada um com uma

equipe de um encarregado e cerca de cinco funcionários

4.9 Distribuição de ração

A ração é fornecida diariamente em todos os módulos, onde no período

das águas em que há maior oferta de forragem e chuva quase diariamente a

ração é distribuída apenas na parte coberta, com exceção das extremidades. A

quantidade ofertada nos cochos, é de até cinco toneladas no período das águas,

chegando a sete toneladas no período da seca, em cada cocho. Os bebedouros

são abastecidos por gravidade utilizando água de poço, vistoriados diariamente

pelos funcionários e recebem manutenção quinzenal ou de acordo com a

necessidade. Eles possuem capacidade de 4.000, 7000, 17.000 e 32.000 litros,

e estão localizados a 30 metros de distância dos cochos. A distribuição da ração

é feita por dois caminhões, um com capacidade de 16 e outro de 20 toneladas.

A propriedade trabalha com o sistema de cocho cheio. O sistema de retirada da

ração do interior do caminhão para o cocho é composto por quatro roscas e uma

esteira. Abaixo a tabela 7 demonstra como é feita a leitura de cocho.

Tabela 7 - Leitura de escore de cocho da fazenda Fartura

Escore Situação de Cocho Trato diário

3 Cocho completamente cheio Não adicionar ração

2 Cocho com sobras Completar cocho

1 Cocho semivazio Completar cocho, prioridade 3, no próximo trato

0 Cocho vazio Completar cocho, prioridade 2, no próximo trato.

-1 Cocho completamente vazio e animais próximos

Completar cocho, prioridade 1, no próximo trato

Fonte: Elaborado pela autora

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4.10 Taxa de lotação recria e terminação

Taxa de lotação encontrada em 13 março de 2017 no sistema de

semiconfinamento:

Engorda/terminação fazenda Fartura: média de 3,3 animais/ha.

Em recria fazenda Fartura: Média de 2,69 animais/ha

Em recria fazenda Água Azul: média de 3,5 animais/há

As tabelas 8 e 9 ilustram a taxa de lotação encontrada no sistema de recria nas

fazendas Fartura e Água Azul.

Tabela 8 – Taxa de lotação recria fazenda Fartura em 13.03.2017

Lado A Hectare Lado B Hectare Taxa de Lotação

Módulo 22 263 99,15 263 95,76 2,69

Total 263 99,15 263 95,76 2,69

Fonte: Elaborado pela autora

Tabela 9 – Taxa de lotação recria fazenda Água Azul em 13.03.2017

Fonte: Elaborado pela autora

Módulos Nº animais lado A

Hectare lado A

Nº animais lado B

Hectare lado B

Taxa de Lotação

01 155 50,00 156 50,00 3,11 02 138 50,00 139 50,00 2,77 03 152 50,00 152 50,00 3,04 04 162 50,00 162 50,00 3,24 05 236 50,00 137 50,00 3,73 06 185 50,00 185 50,00 3,7 07 280 50,00 280 50,00 5,6 08 237 50,00 238 50,00 4,75 09 209 50,00 209 50,00 4,18 10 159 50,00 159 50,00 3,18 11 133 50,00 133 50,00 2,66 12 170 50,00 170 50,00 3,4 13 139 50,00 140 50,00 2,79 14 170 50,00 170 50,00 3,4

Total 2.525 700,00 2.430 700,00 3,53

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4.11 Mortes

De acordo com a normativa, o estabelecimento rural aprovado no SISBOV

deverá informar ao Órgão Executor da Sanidade Animal nos estados, Distrito

Federal ou municípios e as certificadoras as identificações individuais do

SISBOV, referentes a morte natural ou acidental, ou sacrifício animal no máximo

na data da realização da vistoria periódica da propriedade prevista. Deverá

preencher formulário de morte, relacionar o número do SISBOV, tipo, causa, dia

da morte, sexo e idade. Essas informações deverão ser impressas em três vias

assinadas, uma para o produtor, outra para a certificadora e a última ao Indea.

Após a morte, o brinco e o boton são retirados e enviados juntamente com a

causa e a data da morte para o responsável pela rastreabilidade. Dados

levantados na tabela 11 demonstram as causas de mortes nos meses de janeiro

e fevereiro de 2017. A taxa de mortalidade encontrada na fazenda atualmente é

de 1,1%.

Tabela 10 - Mortes 2017 fazendas Fartura e Água Azul

Causas Janeiro Fevereiro

Acidente ofídico 11 7 Deficiência nutricional 8 3 Descarga elétrica 2 1 Distúrbios metabólicos 0 1 Fraqueza/intoxicação 5 0 Timpanismo 1 0 Traumatismo/fratura 5 2

Total 32 14

Fonte: Elaborado pela autora

4.12 Necrópsia

É realizada pelo veterinário responsável, até seis horas após a morte do

animal. O sacrifício poderá ocorrer quando o animal é encontrado em estado

terminal. É feita a coleta de fragmentos de órgãos, e enviados ao laboratório de

patologia da UFMT. O resultado é enviado em até um mês.

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5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E DISCUSSÃO

O Grupo Bom Futuro, recepciona e inseri seus estagiários de acordo com

seu curso de formação, de forma que ocorra a interação com todos os setores e

etapas que envolvem o departamento responsável.

5.1 Recepção e processamento dos animais

Inicia-se com a aquisição e transporte dos animais até a fazenda Fartura.

Os animais adquiridos têm a faixa etária de 13 a 24 meses, são em maioria

nelores. Os desembarques são supervisionados pelo gerente do curral e seus

auxiliares, onde fazem a contagem, relatando a situação de chegada da carga

viva. Em caso de morte, ou de outra anomalia, fazem alterações na minuta, que

é um dos documentos obrigatórios que o motorista deve transitar. Os outros

documentos são: a nota fiscal de transporte, a nota de compra e a guia de

trânsito animal (GTA). Os programas utilizados dentro da empresa é o Data

colletion®, Trace® e o Vegas®. É com o programa Data colletion®, que são feitos

os manejos, onde ocorre o registro dos brincos através do leitor, e os botons com

bastão, e todas as informações são utilizadas para acompanhamento dos

índices zootécnicos e controle dos manejos que os animais são submetidos. Os

animais são alocados em um módulo de recepção, com disposição de forragem

e água e descansam por 3 dias, onde após recuperação do transporte passam

pelo manejo de registro de entrada. Os animais são pesados, registrados

conforme exigência do sistema SISBOV, separados de acordo com sua

conformação corporal, marcados á fogo com a marca do grupo e do módulo de

destino, submetidos ao protocolo sanitário de entrada, e 70% recebem os brincos

anti-moscas.

O protocolo sanitário é realizado conforme demonstrado na tabela 12.

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Tabela 11 – Protocolo sanitário de entrada dos animais.

Nome comercial Indicação

Treo® ACE Vermes, bicheira, carrapato e berne

Cydectin injetável (moxidectina 1%)

Endectocida para uso no tratamento e controle de parasitas internos e externos de bovinos

Fortress®7 Prevenção contra doenças causadas por Clostridium chauvoei - septicum - novyi - sordellii - perfringens tipos C e D

A CattleMaster4 Indicada na prevenção das doenças rinotraqueíte infecciosa bovina - IBR, rarainfluenza tipo 3 - PI3, diarréia viral bovina - BVD, e vírus sincicial bovino - BRSV.

Top Tag®180 Indicado no controle das infestações da mosca do chifre (Haematobia irritans)

Fonte: Elaborado pelo veterinário responsável

5.2 Casqueamento curativo / cirúrgico

Os animais identificados com problemas de casco, eram separados e

submetidos ao casqueamento, onde eram contidos no tronco e recebiam os

cuidados e os medicamentos antibióticos, vermífugos, anti-inflamatório,

analgésico e antitérmico através de injeções intramuscular e subcutânea. Após

ministração da medicação, os animais passam pelo processo de corte da lesão

no casco, posteriormente cauterizado, recebendo um spray a base de formol

para melhor cicatrização. Os instrumentos utilizados eram esterilizados em

solução de iodo. Os funcionários utilizavam avental e luvas para este manejo.

Após o procedimento os animais eram encaminhados a um piquete enfermaria,

onde passavam alguns dias se recuperando e recebendo os cuidados pós

cirúrgicos. Durante o período de estágio, foi observado a grande incidência de

problemas relacionados aos cascos dos animais. Estes podem estar

relacionados a nutrição, devido à alta densidade energética que promove

alterações na microflora ruminal, resultando na predominância de bactérias

gram-positivas, principalmente Streptococcus bovis, devido à grande quantidade

de ácido lático produzido. Ocorre também queda do pH ruminal, levando à

diminuição dos movimentos ruminais e ao aumento da pressão osmótica do

líquido ruminal. Com o aumento da pressão osmótica, ocorre afluxo de líquidos

vasculares, resultando em desidratação e diarréia. O animal irá apresentar

polipnéia (respiração ofegante) e depressão, decorrentes de acidose sanguínea,

oriunda da grande quantidade de ácido lático absorvido, excedendo a

capacidade tamponante do bicarbonato plasmático (EMBRAPA 1996). E a

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sodomia, através dos traumatismos causados nos cascos. Diante desta

situação, a equipe responsável, está fazendo levantamento do número de

animais afetados e das causas para prevenção e minimização deste problema.

Uma adaptação nas instalações com inserção de pedilúvio poderia fazer parte

das medidas de prevenção, podendo diminuir os casos.

5.3 Monitoramento de cigarrinha das pastagens

Através de monitoramentos, foi possível observar incidência relevante de

cigarrinha das pastagens Mahanarva fimbriolata e Deois flavopicta. Cerca de 3

a 4 cigarrinhas por metro quadrado. A intervenção é feita por controle biológico

com o fungo Metarhizium anisopliae e também de através de pulverização aérea

com defensivo químico do grupo piretróides de choque com o custo da aplicação

aérea é de cerca de 8 dólares e R$25,12 por hectare.

5.4 Controle e atualização de planilhas de índices zootécnicos.

Durante o período de estágio houve acesso as planilhas de controle e

monitoramento para atualização de dados como: de mortes, nutrição, consumo

dos animais por módulo, de medicação utilizada durante o casqueamento e dos

manejos ocorridos dentro do período.

5.5 Projeto de conhecimento

Periodicamente um questionário envolvendo assuntos pertinentes as

atividades desenvolvidas, eram entregues pelo gerente da fazenda Fartura Sr.

Nahzir, para acompanhamento das atividades e para melhor interação com a

rotina do estagiário. Neste relatório haviam questões como: tamanho e

localização da propriedade, número do rebanho, modalidades praticadas,

dimensões dos módulos e cochos, dimensionamento de animais por metro de

cocho, forrageiras utilizadas, taxa de lotação, bem-estar animal e rastreabilidade.

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6. CONCLUSÕES

O semiconfinamento é uma estratégia eficiente. Mato grosso é líder

nacional em produção de grãos e produção animal. Grupo Bom Futuro é um

potente explorador deste ramo do agronegócio, pois soube associar e equilibrar

genética, nutrição e bem-estar animal, contribuindo com a economia local, e a

valorização de seus colaboradores. A visão empreendedora dos sócios foi

crucial para o sucesso do grupo, onde buscam parcerias com instituições de

ensino, aliado a projetos sociais. Está cada vez mais claro que o produtor

convencional precisa permitir que novas ideias e tecnologias ultrapassem suas

porteiras se almejam permanecer neste ramo. É necessário produzir carne de

qualidade agregando valor ao grão consumido na ração e na carcaça produzida,

respeitando o meio ambiente, as boas práticas de criação e bem-estar animal,

buscando a máxima rentabilidade econômica gerando riquezas e distribuindo

renda.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Aliar prática a teoria foi de extremo aprendizado, o estágio proporcionou

experiências realmente marcantes, e que foram de grande valia não apenas para

minha profissão, mas também como pessoa. Me mostrou situações distintas,

desde saber se portar diante de uma equipe de pessoas mais simples,

interagindo com conhecimento teórico sem constranger a ninguém, até

responder um questionamento relembrando aulas. Foi através do estágio que

consegui reafirmar meu desejo de trabalhar com bovinocultura de corte, algo que

não era tão certo no início da graduação.

O curso foi de grande enriquecimento de conhecimento, e proporcionou

uma vasta experiência teórica e agora com o estágio, prática. Ao sair da sala de

aula pude perceber que existem mais vertentes e possibilidades no campo, e

trazer para o campo o conhecimento e reforça-lo com a práticas é a melhor forma

de fixação de aprendizado, nos tornando melhores profissionais e estando mais

preparados para o mercado de trabalho.

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REFERÊNCIAS

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REIS, R.A.; OLIVEIRA, A.A.; SIQUEIRA, G.R; GATTO, E. Semi-confinamento para

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