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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CÂMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROSTATITE CANINA - RELATO DE CASO
ALINE GROTH
SINOP - MT
2019
ALINE GROTH
PROSTATITE CANINA - RELATO DE CASO
Orientadora: Prof.a Dr.a Alessandra Kataoka
SINOP - MT
2019
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação
em Medicina Veterinária da Universidade
Federal de Mato Grosso - Câmpus de Sinop,
como pré-requisito para a obtenção do título de
Bacharel em Medicina Veterinária.
RESUMO
A prostatite bacteriana é a segunda afecção prostática mais comum em cães,
perdendo apenas para a hiperplasia prostática benigna. A doença afeta principalmente
cães mais velhos não castrados, estando muitas vezes associada à outras afecções
prostáticas. O presente trabalho teve como objetivo fazer uma análise crítica e reflexiva
sobre caso clínico de prostatite canina acompanhado durante o estágio supervisionado
obrigatório. Ao final do relato, concluiu-se que o animal apresenta quadro de prostatite
bacteriana aguda, havendo a necessidade de utilização de outros métodos de diagnóstico
para a detecção de outras afecções prostáticas concomitantes.
Palavras-chave: Afecção. Infecção. Próstata. Prostatomegalia.
ABSTRACT
Bacterial prostatitis is the second most common prostate condition in dogs, second
only to benign prostatic hyperplasia. The disease mainly affects older, uncastrated dogs,
and is often associated with other prostatic conditions. The present work had as objective
to make a critical and reflexive analysis on clinical case of canine prostatitis accompanied
during the obligatory supervised stage. At the end of the report, it was concluded that the
animal presents with acute bacterial prostatitis and there is a need to use other diagnostic
methods for the detection of other concomitant prostatic diseases.
Keywords: Affection. Infection. Prostate. Prostatomegaly.
LISTA DE GRÁFICOS
Pag.
Gráfico 1 - Distribuição dos casos atendidos durante a rotina de estágio no setor de
internamento/curativos do setor de CCAC da UEL, com base nas
enfermidades....................................................................................................................11
Gráfico 2 - Distribuição das atividades realizadas durante a terceira semana de estágio,
realizado na área de atendimento do setor de CCAC na UEL...........................................12
Gráfico 3 - Distribuição dos casos atendidos durante a semana no pronto socorro, com
base nos setores responsáveis por atendimento de animais de companhia do Hospital
Veterinário da UEL...............................................................................................................13
Gráfico 4 - Distribuição de procedimentos ambulatoriais acompanhados durante o mês de
novembro no setor de Teriogenologia de Animais de Companhia do Hospital Veterinário da
UEL........................................................................................................................................18
Gráfico 5 - Distribuição dos procedimentos cirúrgicos auxiliados e/ou acompanhados
durante estágio curricular obrigatório em Teriogenologia de Animais de Companhia da
UEL........................................................................................................................................19
Gráfico 6 - Distribuição de procedimentos ambulatoriais reprodutivos voltados ao
atendimento de pequenos animais observados durante o período de Estágio
Supervisionado Obrigatório no Setor de Reprodução Animal do HV da Unesp -
Botucatu...........................................................................................................................22
Gráfico 7 - Distribuição de procedimentos voltados ao atendimento de grandes animais
observados durante o período de Estágio Supervisionado Obrigatório no Setor de
Reprodução Animal no HV da Unesp - Botucatu.............................................................23
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ALT - Alanina aminotransferase
BID - Duas vezes ao dia
°C - Graus Celsius
CCAC - Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia
CHCM - Concentração de hemoglobina corpuscular média
Cm - Centímetro
CRMV - Conselho Regional de Medicina Veterinária
DHT - Dihidrotestosterona
dL - Decilitro
fL - Fentolitro
FMVZ - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia
HPB - Hiperplasia prostática benigna
HV - Hospital Veterinário
Kg - Quilograma
mg – Miligrama
QID - Quatro vezes ao dia
SID - Uma vez ao dia
TAC - Teriogenologia de Animais de Companhia
TID - Três vezes ao dia
UEL - Universidade Estadual de Londrina
Unesp - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
USP - Universidade de São Paulo
VCM - Volume corpuscular médio
µL - Microlitro
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 - RELATÓRIO DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE A
DISCIPLINA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO .................................. 8
1.1 ESTÁGIO SUPERVISONADO OBRIGATÓRIO - SETOR DE CLÍNICA
CIRÚRGICA DE ANIMAIS DE COMPANHIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
LONDRINA ............................................................................................................................. 8
1.1.1 Introdução.............................................................................................................. 8
1.1.2 Supervisor e profissionais envolvidos no estágio .................................................. 8
1.1.3 Horário de Trabalho .............................................................................................. 9
1.1.4 Descrição de Local ................................................................................................ 9
1.1.5 Descrição das Atividades Desenvolvidas ............................................................ 10
1.1.6 Conclusão ............................................................................................................ 14
1.2 RELATÓRIO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO - SETOR DE
TERIOGENOLOGIA DE ANIMAIS DE COMPANHIA DO HOSPITAL
VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA (UEL) .............. 14
1.2.1 Introdução............................................................................................................ 14
1.2.2 Supervisor e Profissionais envolvidos no Estágio ............................................... 14
1.2.3 Horário de Trabalho ............................................................................................ 15
1.2.4 Descrição do Local .............................................................................................. 15
1.2.5 Descrição das Atividades Desenvolvidas ............................................................ 16
1.2.6 Conclusão ............................................................................................................ 19
1.3 RELATÓRIO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO - SETOR DE REPRODUÇÃO
ANIMAL DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL
PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”, CÂMPUS DE BOTUCATU ............... 19
1.3.1 Introdução............................................................................................................ 19
1.3.2 Supervisor e Profissionais envolvidos no Estágio ............................................... 20
1.3.3 Horário de Trabalho ............................................................................................ 20
1.3.4 Descrição do Local .............................................................................................. 20
1.3.5 Descrição das Atividades Desenvolvidas ............................................................ 21
1.3.6 Conclusão ............................................................................................................ 24
CAPÍTULO 2 - ANÁLISE CRÍTICA E REFLEXIVA SOBRE CASO CLÍNICO DE
PROSTATITE CANINA, VIVENCIADO DURANTE ESTÁGIO SUPERVISIONADO
OBRIGATÓRIO ....................................................................................................................... 24
2.1 Introdução ................................................................................................................... 24
2.2 Revisão de Literatura .................................................................................................. 25
2.2.1 Anatomia da próstata ........................................................................................... 25
2.2.2 Patogenia da prostatite ........................................................................................ 26
2.2.3 Sinais clínicos ...................................................................................................... 27
2.2.4 Diagnóstico.......................................................................................................... 27
2.2.5 Tratamento .......................................................................................................... 31
2.3 Relato de Caso ............................................................................................................. 32
2.4 Análise crítica .............................................................................................................. 35
2.5 Conclusão .................................................................................................................... 38
3.0 REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 38
8
CAPÍTULO 1 - RELATÓRIO DE ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE
A DISCIPLINA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO
1.1 ESTÁGIO SUPERVISONADO OBRIGATÓRIO - SETOR DE CLÍNICA
CIRÚRGICA DE ANIMAIS DE COMPANHIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL
DE LONDRINA
1.1.1 Introdução
Com o intuito de consolidar a teoria aprendida durante a graduação, a escolha do
local de estágio se deu por meio de recomendações sobre locais que apresentassem rotinas
intensas. O primeiro mês de estágio supervisionado obrigatório foi realizado no Hospital
Veterinário (HV) da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
A Universidade possui apenas um câmpus localizado em Londrina, cidade que se
encontra no norte do Paraná. No HV da UEL, são atendidos grandes e pequenos animais
da cidade de Londrina, além de animais oriundos de cidades vizinhas como Cambé,
Rolândia e Ibiporã.
Este capítulo tem por objetivo descrever o local e a rotina vivenciada pela
estagiária durante o Estágio Supervisionado Obrigatório no Setor de Clínica Cirúrgica de
Animais de Companhia do HV da UEL.
1.1.2 Supervisor e profissionais envolvidos no estágio
A supervisora de estágio foi a Prof.a Dr.a Mirian Siliane Batista de Souza
(CRMV-PR 4036), Médica Veterinária formada pela Universidade Estadual de Londrina
(UEL), com especialização em Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia pela
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” de Jaboticabal (Unesp). Ela
obteve seu título de Mestre na área de Cirurgia Veterinária pela Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho” de Jaboticabal (Unesp) e de Doutora em Medicina
Veterinária pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, exerce o cargo de
docente na Universidade Estadual de Londrina (UEL), compondo, juntamente com outros
professores, o corpo docente do Departamento de Clínica Cirúrgica de Animais de
Companhia.
Dentre os profissionais envolvidos neste período de estágio estão outros
9
professores que pertencem ao Setor de Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia, tais
como, a Prof.a Esp.a Carmen Lúcia Scortecci Hilst e Prof.a Dr.a Mônica Vicky Bahr
Arias, além de residentes das áreas de Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia, de
Anestesiologia Veterinária e de Diagnóstico por Imagem.
1.1.3 Horário de Trabalho
O estágio supervisionado obrigatório no Setor de Clínica Cirúrgica de Animais de
Companhia (CCAC) foi realizado entre os dias 01 de outubro e 31 de outubro de 2018.
As atividades eram desenvolvidas de segunda à sexta-feira, com início às 08h00, término
às 18h00 e com intervalo de duas horas para almoço –12h00 às 14h00 –, totalizando 40
horas semanais.
1.1.4 Descrição de Local
As atividades foram realizadas no Setor de CCAC no Hospital Veterinário da
Universidade Estadual de Londrina (UEL). O HV conta com recepção; sala de triagem;
salas para atendimento; farmácia; centros cirúrgicos para pequenos animais; internamento
cirúrgico e médico; sala para curativos e procedimentos ambulatoriais; sala de
esterilização/autoclavagem dos instrumentais cirúrgicos; lavanderia; laboratórios de
Patologia Clínica, Micologia, Parasitologia e Zoonoses. Para tornar menos extensa a
descrição, serão detalhados apenas os locais com importância para o Setor de CCAC.
O internamento da CCAC conta com duas salas, uma para cães e outra para gatos.
No internamento para cães, há duas baias para acomodação de animais de grande porte e
oito baias para cães de pequeno e médio portes; uma pia com bancada; uma cuba com
chuveiro para dar banho em animais internados; além de prateleiras para colocação de
gazes; álcool; clorexidina 0,2%, 0,5% e 2%; medicamentos; papel toalha; potes de
alimento/água; luvas de procedimento, dentre outros. No internamento para gatos, há seis
baias pequenas e uma baia grande, além de uma mesa e três prateleiras nas quais são
colocados os mesmos objetos encontrados nas prateleiras do internamento de cães. O
internamento conta ainda com uma sala para curativos, na qual encontram-se três mesas;
um aparelho anestésico; um armário no qual são colocados panos de campo, compressas,
caixa cirúrgica para curativos, pomadas, talas entre outros matérias que são usados para
curativos e, conta ainda, com uma pia com bancada na qual estão localizados o álcool,
gazes, papel toalha, clorexidina e a agenda de curativos.
O centro cirúrgico é formado por três salas; um corredor no qual há uma pia,
10
torneiras e uma mesa; além de uma sala para a indução anestésica. As salas cirúrgicas são
numeradas de 1 a 3, sendo a sala 1 específica para cirurgias limpas, na sala 2 ocorrem as
cirurgias potencialmente contaminadas e na sala 3 as contaminadas. As três salas contêm
um aparelho anestésico; uma mesa com calha para posicionar o animal que será operado;
uma bancada para colocar os materiais que serão usados durante o procedimento; uma
mesa na qual há álcool, clorexidina 0,2%, 0,5% e 2% e gazes. Além disso, a sala 1 conta
com uma televisão usada para projeção de raio-x em cirurgias ortopédicas. Na sala de
indução anestésica, se encontram duas macas; um aparelho anestésico; prateleiras para
colocação de álcool, gazes e luvas; uma pia com torneira e uma estante com traqueotubos,
garrafas com água e outros materiais necessários para os procedimentos anestésicos.
Para o atendimento da CCAC estão disponíveis três ambulatórios com duas
mesas; uma para colocar o animal e a outra usada para preencher fichas de
anamnese/exames; pia e torneira e prateleira com álcool, clorexidina e gazes. Dois
ambulatórios são utilizados para atendimentos não emergenciais e um é usado
exclusivamente pelo pronto socorro. No ambulatório do pronto socorro, encontra-se
estante contendo materiais necessários para situações de emergência, tais como
traqueotubos; balão respiratório; medicamentos, dentre outros.
O pronto socorro possui uma sala exclusiva para as cirurgias decorrentes dos
atendimentos ali realizados e que é separada das demais que compõem o centro cirúrgico.
Essa sala é composta por uma mesa com maca; um aparelho anestésico; uma pia com
bancada destinada à paramentação e mesa com álcool, clorexidina e gazes.
A sala de autoclavagem é subdividida em três salas; a primeira para o recebimento
dos materiais que serão lavados; a segunda para embalagem e autoclavagem e, a terceira
para a armazenagem dos materiais provenientes da segunda sala.
1.1.5 Descrição das Atividades Desenvolvidas
O setor de CCAC contém quatro subdivisões: internamento/curativos; centro
cirúrgico; atendimento ambulatorial e pronto socorro. Cada estagiário é designado para
uma subdivisão do setor, na qual passará a semana desenvolvendo as atividades do
respectivo local.
A rotina se inicia com reuniões que ocorrem todas as segundas-feiras no período
da manhã. Os residentes se encontram com um professor para discutir os casos atendidos
na semana anterior; as cirurgias que irão ocorrer nos próximos dias e a respeito dos
animais que se encontram internados. Após a reunião, cada estagiário é informado sobre
11
o setor em que estará alocado e no qual desenvolverá suas funções durante a semana.
Durante a primeira semana, a estagiária esteve designada para a área de
internamento/curativos. As atividades desenvolvidas iniciavam-se às 08h00 nas salas de
internamento, nas quais eram feitos a limpeza das baias e o exame físico dos animais
internados. A partir das 09h00 iniciava-se o atendimento na sala de curativos; nela a
estagiária era responsável pela anamnese e pelo exame físico dos pacientes agendados,
além de auxiliar os residentes nas trocas dos curativos. As medicações e a alimentação
dos internados eram realizadas exclusivamente pelos estagiários do internamento, às
10h00 e às 18h00.
Ao longo da semana, a estagiária foi responsável pelo auxílio em 35
procedimentos, dentre os quais, a maioria foi a limpeza de feridas e a troca de curativos,
embora também tenham sido realizadas trocas de tala; retirada de pontos; atendimento;
retirada de miíases; coletas de sangue e de líquor. A principal espécie atendida foi a canina
(31 animais), sendo apenas quatro da espécie felina. A casuística decorrente das
atividades realizadas durante a semana na sala de curativos está explicitada no Gráfico
1.
Gráfico 1 - Distribuição dos casos atendidos durante a rotina de estágio no setor de
internamento/curativos do setor de CCAC da UEL, com base nas enfermidades.
As atividades das segunda e quinta semanas de estágio foram desenvolvidas na
área do centro cirúrgico. Nesta área, a estagiária era responsável por arrumar o centro
cirúrgico antes das cirurgias, providenciando caixa de instrumental cirúrgico;
compressas; gazes; panos de campos e aventais, bem como também era responsável pela
12
9
4
4
5
Casuística da área de curativos
Feridas
Feridas pós-cirúrgica
Fraturas
Miíases
Outros
12
organização do centro ao final da cirurgia, ao recolher o lixo; colocar instrumentais e
panos para lavar, além de acompanhar o procedimento cirúrgico e abrir materiais
necessários durante no transoperatório. Em poucas vezes, a estagiária também foi
responsável por auxiliar o procedimento cirúrgico. Também era função da estagiária o
preenchimento da ficha cirúrgica e o auxílio na confecção de receitas.
Durante esse período, foi possível acompanhar 18 procedimentos cirúrgicos,
dentre eles; ressecção de cabeça e colo femorais; biopsia excisional;
ovariosalpingohisterectomia terapêutica; colostomia; cistotomia; osteossíntese;
cesariana; amputação de membro ou de cauda; enucleação e orquiectomia com
deferentopexia e colopexia. Dentre eles, o procedimento que apresentou maior frequência
foi a biopsia excisional, em sua maioria, devido a tumores compatíveis com mastocitoma.
Além dos procedimentos cirúrgicos, a estagiária pôde acompanhar a realização de uma
coleta de líquor.
A terceira semana de estágio foi realizada no atendimento; nele eram consultados
quatro casos novos por período (manhã e tarde) além dos retornos marcados. Neste local,
a estagiária era responsável pela anamnese; exame físico; auxílio em coletas de materiais
como sangue ou células para fins de citologia, além da elaboração de receitas e do
acompanhamento em exames de ultrassonografia e de raio-x. Foram acompanhados 38
atendimentos, que estão dispostos no Gráfico 2.
Gráfico 2 - Distribuição das atividades realizadas durante a terceira semana de estágio,
realizado na área de atendimento do setor de CCAC na UEL.
7
6
54
4
3
3
2
4
Casuística do Atendimento
Avaliação Ortopédica
Avaliação Oftálmica
Neoplasia
Retirada/Reavaliação de pontos
Feridas
Miíase
Avaliação Neurológica
Curativo
Outros
13
Dentre os casos que se enquadram como “outros” na legenda do no Gráfico 2,
encontram-se um animal com suspeita de corpo estranho que teve retorno marcado para
acompanhamento ultrassonográfico; um animal com dermatite por lambedura e um
animal com parafimose.
O pronto socorro, local no qual a estagiária esteve durante a quarta semana, atende
animais em estado de emergência dos setores de Clínica Médica; Clínica Cirúrgica;
Teriogenologia de Animais de Companhia e, em alguns casos, do setor de Doenças
Infectocontagiosas de Pequenos Animais além do atendimento não emergencial de
animais que não conseguiam fichas do setor desejado. No decorrer da semana, a estagiária
foi responsável por fazer anamneses; exames físicos; elaboração de receitas;
acompanhamentos à sala de ultrassom e de raio-x; auxiliar procedimentos ambulatoriais
como coleta de sangue e/ou material para exame citológico; confeccionar talas e retirar
de espinhos de ouriços; bem como teve a oportunidade de participar e de auxiliar em
algumas cirurgias realizadas na sala cirúrgica do pronto socorro.
Ao final da semana foram realizados 23 atendimentos, sendo 13 animais em
estados emergenciais e dez em condições não emergenciais. O Gráfico 3 demonstra a
quantidade de casos atendidos por setor, durante o período de estágio no pronto socorro.
Gráfico 3 - Distribuição dos casos atendidos durante a semana no pronto socorro, com
base nos setores responsáveis por atendimento de animais de companhia do Hospital
Veterinário da UEL.
12
6
3
2
Setorialização dos casos atendidos no pronto
socorro
Clínica Cirúrgica
Teriogenologia
Clínica Médica
Doenção Infectocontagiosas
14
1.1.6 Conclusão
Ao final do primeiro mês de estágio supervisionado obrigatório a estagiária teve
a oportunidade de acompanhar 114 casos, além de fornecer medicações e alimento para
animais internados, que não foram contabilizados.
O período de estágio em CCAC na Universidade Estadual de Londrina (UEL) foi
de grande importância para a estagiária, principalmente por vivenciar uma casuística
diferente da encontrada na cidade de origem e que teve muito valor para a aquisição de
maior experiência na área desejada.
1.2 RELATÓRIO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO - SETOR DE
TERIOGENOLOGIA DE ANIMAIS DE COMPANHIA DO HOSPITAL
VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA (UEL)
1.2.1 Introdução
Com o intuito de consolidar a teoria aprendida durante a graduação, a escolha do
local de estágio se deu por meio de recomendações sobre locais que pudessem contribuir
para a capacitação profissional da estagiária, por serem locais de referência na área de
Teriogenologia. O segundo mês de estágio supervisionado obrigatório foi realizado no
Hospital Veterinário (HV) da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Este capítulo tem por objetivo descrever o local e a rotina vivenciada pela
estagiária durante o Estágio Supervisionado Obrigatório no Setor de Teriogenologia de
Animais de Companhia do HV da UEL.
1.2.2 Supervisor e Profissionais envolvidos no Estágio
A supervisora de estágio foi a Prof.a Dr.a Maria Isabel Mello Martins (CRMV-
PR 4229), Medica Veterinária formada pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” câmpus de Jaboticabal (Unesp). Ela obteve seu título em mestre na área
de Fisiopatologia da Reprodução pela Universidade Federal de Santa Maria e de doutora
em Biotecnologia da Reprodução Animal pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” câmpus de Botucatu (Unesp). Ainda, é pós-doutora em Reprodução
Animal pela École Nationale Vétérinaire d’Alfort, em Paris. Atualmente é professora da
área de Teriogenologia de Animais de Companhia da UEL.
15
Dentre os profissionais envolvidos neste período de estágio, havia ainda duas
residentes de segundo ano da área de Teriogenologia de Animais de Companhia, bem
como um residente de primeiro ano da área de Clínica Médica de Animais de Companhia,
que estava acompanhando a rotina de Teriogenologia de Animais de Companhia durante
o mês de novembro.
1.2.3 Horário de Trabalho
O estágio supervisionado obrigatório no setor de Teriogenologia de Animais de
Companhia foi realizado entre os dias 01 e 31 de novembro de 2018. As atividades eram
desenvolvidas de segunda à sexta-feira, com início às 08h00, término às 18h00 e intervalo
de duas horas para almoço – das 12h00 às 14h00 –, totalizando 40 horas semanais.
1.2.4 Descrição do Local
As atividades foram realizadas no setor de Teriogenologia de Animais de
Companhia do Hospital Veterinário da UEL. Este setor conta com dois ambulatórios, nos
quais são encontrados duas mesas, uma para colocar o animal durante o exame físico e
outra para o residente preencher fichas e receitas; um armário, onde são colocados
paquímetro, corantes, máscaras, óculos de proteção, entre outros materiais; uma prateleira
em que são armazenados gazes, álcool, clorexidina e luvas; uma pia com bancada e um
microscópio disposto apenas no Ambulatório 1.
O internamento, compartilhado com a Clínica Cirúrgica de Animais de
Companhia (CCAC), conta com duas salas; uma para cães e outra para gatos. No
internamento para cães, há duas baias para acomodação de animais de grande porte e oito
baias para cães de pequeno e médio porte; uma pia com bancada; uma cuba com chuveiro
para dar banho em animais internados; além de prateleiras para colocação de gazes,
álcool, clorexidina 0,2%, 0,5% e 2%, medicamentos, papel toalha, potes de
alimento/água, luvas de procedimento, dentre outros. No internamento para gatos, há seis
baias pequenas e uma baia grande, além de uma mesa e três prateleiras nas quais são
colocados os mesmos objetos encontrados nas prateleiras do internamento de cães.
O centro cirúrgico, também compartilhado com a CCAC, é formado por três salas;
um corredor no qual há uma pia, torneiras e uma mesa, além de uma sala para a indução
anestésica. As salas cirúrgicas são numeradas de 1 a 3, sendo a sala 1 específica para
cirurgias limpas; na sala 2 ocorrem as cirurgias potencialmente contaminadas e, na sala
3, as contaminadas. As três salas contêm um aparelho anestésico; uma mesa com calha
16
para posicionar o animal que será operado; uma bancada para colocar os materiais que
serão usados durante o procedimento e uma mesa na qual há álcool, clorexidina 0,2%,
0,5% e 2% e gazes. Além disso, a sala 1 conta com uma televisão usada para projeção de
raio-x em cirurgias ortopédicas. Na sala de indução anestésica encontram-se duas macas;
um aparelho anestésico; prateleiras para disposição de álcool, gazes e luvas; uma pia com
torneira e uma estante com traqueotubos, garrafas com água e outros materiais necessários
para os procedimentos anestésicos e de recuperação pós-anestésica.
1.2.5 Descrição das Atividades Desenvolvidas
Durante o período de estágio curricular obrigatório do mês de novembro a
estagiária pôde acompanhar procedimentos ambulatoriais e cirúrgicos realizados na área
de Teriogenologia de Animais de Companhia.
Dentre os procedimentos ambulatoriais, foi possível realizar anamneses, exames
físicos, elaborar de receitas, coletar sangue e amostras para citologias, além de auxiliar
na administração de quimioterápicos e na realização de exames ultrassonográficos e
radiográficos.
Como atividades desenvolvidas no centro cirúrgico, a estagiária era responsável
por arrumar o centro cirúrgico antes das cirurgias, buscando caixa de instrumental
cirúrgico; compressas; gazes; panos de campos e aventais. Além disso, era responsável
pela organização do centro ao final da cirurgia, ao recolher o lixo, colocar instrumentais
e panos para lavar, além de auxiliar em grande maioria dos procedimentos cirúrgicos.
Quando não estava auxiliando, a estagiária era encarregada de abrir os materiais
necessários durante no transoperatório. Ao final do procedimento cirúrgico auxiliava na
confecção das fichas cirúrgicas e de receitas.
Quando não estava em atendimento ou no centro cirúrgico, a estagiária era
responsável por realizar ou auxiliar procedimentos em animais internados do setor de
TAC. Dentre os procedimentos realizados estavam a limpeza das baias; o exame físico; a
alimentação e a medicação; a coleta de sangue para exames; as trocas de curativos; o
acompanhamento desses animais quando necessário a realização de exames
ultrassonográficos ou radiográficos, além de acompanhar os tutores durante os horários
de visitas.
Ao término do mês de novembro, a estagiária acompanhou a realização de 110
procedimentos, dos quais, 89 foram procedimentos ambulatoriais e 21 foram cirúrgicos.
Neste total não foram contabilizados os procedimentos realizados em animais internados.
17
Dentre o número de casos relatados, apenas oito foram na espécie felina, enquanto o
restante – 102 casos –, foi na espécie canina.
Dos procedimentos ambulatoriais, destacam-se os atendimentos para consultas ou
retornos de animais com neoplasias mamárias. Os retornos eram feitos para curativos
após as cirurgias de mastectomia e para o estadiamento pré-cirúrgico, nos quais era
coletado sangue para exames como hemograma e bioquímicos, além da realização de
exame ultrassonográfico e radiográfico para detecção de metástase. Alguns retornos eram
referentes à reavaliação do paciente e para informar o proprietário sobre o resultado de
exame citológico ou histopatológico após o procedimento de mastectomia. Também
foram atendidos três animais que foram submetidos ao tratamento com quimioterapia
após mastectomias. Havia ainda retornos relacionados à retirada de pontos após algum
procedimento cirúrgico como orquiectomia; ovariosalpingohisterectomia (OSH); tumor
venéreo transmissível (TVT); piometra e tumores em prepúcio e nos testículos.
Dentre os atendimentos ambulatoriais observados com menor frequência pode-se
citar: retenção de placenta; dermatite em prega vulvar relacionada à vulva juvenil;
acompanhamento de tratamento medicamentoso para hiperplasia endometrial
cística/piometra; acompanhamento gestacional; cisto ovariano; neoplasia em parede
vaginal; metrite puerperal e prostatite.
No Gráfico 4 encontra-se a distribuição dos casos ambulatoriais observados
durante o período de estágio no setor de TAC.
Gráfico 4 - Distribuição de procedimentos ambulatoriais acompanhada durante o mês de
novembro no setor de Teriogenologia de Animais de Companhia do Hospital Veterinário
da UEL.
18
Aproximadamente 50% dos casos cirúrgicos acompanhados foram de
mastectomias, das quais, oito foram mastectomias unilaterais; uma regional e uma
bilateral. Das orquiectomias auxiliadas, três foram terapêuticas e uma eletiva. Dentre as
biopsias excisionais, uma foi em nódulo no ósteo prepucial e outra de nódulo em mama.
Além disso, foi acompanhado o procedimento de remoção de sonda Foley, realizada em
um animal com obstrução uretral devido à prostatite. A distribuição dos procedimentos
cirúrgicos auxiliados e/ou acompanhados durante o estágio obrigatório no setor de TAC
encontra-se disposta no Gráfico 5.
Gráfico 5 - Distribuição dos procedimentos cirúrgicos auxiliados e/ou acompanhados
durante estágio curricular obrigatório em Teriogenologia de Animais de Companhia da
UEL.
559
8
43
6
Casuística Procedimentos Ambulatoriais
Neoplasia Mamária
Retirada de pontos
Tumor Venéreo Transmissível
Piometra
Neoplasia em Prepúcio
Outros
19
1.2.6 Conclusão
O período de estágio no setor de TAC na Universidade Estadual de Londrina
(UEL) foi de grande importância para a estagiária, principalmente por proporcionar a
oportunidade de desenvolver inúmeros procedimentos, testando seus conhecimentos
teóricos e práticos, além de permitir à estagiária, vivenciar uma casuística maior do que
a observada em sua cidade de origem, conferindo maior experiência na área em questão.
1.3 RELATÓRIO DE ESTÁGIO OBRIGATÓRIO - SETOR DE
REPRODUÇÃO ANIMAL DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA
FILHO”, CÂMPUS DE BOTUCATU
1.3.1 Introdução
Com a finalidade de vivenciar na prática o conteúdo aprendido durante a
graduação, bem como adquirir novos conhecimentos, a escolha do local de estágio se deu
por meio de recomendações sobre locais de referência na área de Reprodução Animal. O
terceiro mês de estágio supervisionado obrigatório foi realizado no Hospital Veterinário
da FMVZ de Botucatu.
O Hospital Veterinário da FMVZ se localiza na cidade de Botucatu, ele é
responsável pelo atendimento de grandes e pequenos animais oriundos da própria cidade,
bem como daqueles vindos de cidades vizinhas como Itatinga, Pardinho e São Manoel.
10
4
2
2
11 1
Procedimentos Cirúrgicos
Mastectomia
Orquiectomia
Biopsia excisional
Ovariosalpingohisterectomia
Vulvoloplastia
Herniorrafia
Retirada sonda
20
Este capítulo tem como objetivo descrever o local e a rotina vivenciada pela
estagiária durante o Estágio Supervisionado Obrigatório no Setor de Reprodução Animal
do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da
Unesp de Botucatu.
1.3.2 Supervisor e Profissionais envolvidos no Estágio
O supervisor de estágio foi o Prof. Dr. Frederico Ozanam Papa, formado pela
Unesp de Botucatu em Ciências Médicas e Biológicas, com especialização em Medicina
Veterinária pela Escola Superior de Medicina Veterinária de Hannover (Tierätzliche
Hochschule Hannover) na Alemanha, onde obteve seus títulos de doutor e pós-doutor em
Reprodução Animal. Atualmente é docente na Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Unesp de Botucatu, no Departamento de Reprodução Animal do Hospital
Veterinário da FMVZ.
Dentre os profissionais envolvidos neste período de estágio pode-se citar o Prof.
Nereu Carlos Prestes e a Prof. Eunice Oba, bem como os residentes.
1.3.3 Horário de Trabalho
O estágio supervisionado obrigatório no setor de Reprodução Animal foi realizado
entre os dias 01 de dezembro de 2018 à 11 de janeiro de 2019. As atividades eram
desenvolvidas de segunda à sexta-feira com início às 08h00, término às 18h00 e com
intervalo de duas horas para almoço (12h00 às 14h00), totalizando 40 horas semanais.
1.3.4 Descrição do Local
As atividades foram realizadas no setor de Reprodução Animal da Unesp –
Botucatu. O bloco de Reprodução Animal conta com três ambulatórios; um centro
cirúrgico; uma sala para neonatos; uma farmácia, bem como estruturas voltadas para
grandes animais, como uma sala para procedimentos cirúrgicos; um curral; piquetes e
baias para alojamento dos animais da universidade e para os pacientes internados.
Os ambulatórios 1 e 2, são utilizados para atendimentos da rotina clínica
reprodutiva de cães e gatos e em cada um deles há quatro mesas: uma mesa com um
computador e telefone, que é utilizada pelos residentes para a confecção de receitas e para
o preenchimento de anamneses; outra onde está localizado um microscópio óptico
utilizado para análise de citologias e outras duas que são utilizadas para realização do
exame físico do animal. A sala ainda é composta por prateleiras nas quais há
21
medicamentos e instrumentais necessários para os atendimentos e uma pia com torneira.
Na bancada da pia ficam localizados álcool; iodo; clorexidina; glicerina iodada; solução
de Dakin; água oxigenada e sabão antisséptico. Além disso, encontra-se em uma das salas,
um carrinho com um aparelho ultrassonográfico e uma bancada na qual são colocadas as
fichas dos animais atendidos e um aparelho ultrassonográfico portátil.
O terceiro ambulatório é utilizado como sala de procedimentos pré-operatórios;
nele estão uma pia com torneira e duas mesas, uma para a realização dos procedimentos
no animal que será operado e outra com um microscópio óptico e materiais como álcool;
clorexidina; gazes e tricótomo.
O centro cirúrgico é uma sala que se comunica com a sala de paramentação e com
a sala de neonatos. Ele é composto por três mesas; em uma são realizados os
procedimentos cirúrgicos; em outra são colocados os materiais necessários durante a
cirurgia (gazes, compressas, fios, luvas, álcool, clorexidina, iodo e água oxigenada) e na
terceira são colocados os instrumentais cirúrgicos utilizados. Ainda, compõe a sala, um
aparelho anestésico; um monitor para monitoramento cardíaco; um armário no qual ficam
os fármacos e materiais utilizados pelos anestesistas; uma mesa aquecedora móvel para
neonatos e uma prateleira na qual são colocados fios e solução fisiológica.
A sala de neonatos contém uma incubadora; uma mesa para a realização de
procedimentos nos recém-nascidos; uma pia com torneira; além de uma prateleira na qual
há peras de aspiração; compressas; luvas; dentre outros.
Em relação às estruturas para grandes animais, há uma pia com torneira e bancada;
quatro troncos de contenção para procedimentos de rotina em pacientes ou animais da
universidade; um manequim para coleta de sêmen de garanhões e um para coleta de
sêmen de pequenos ruminantes e de suínos, além de três armários nos quais são colocados
medicamentos; cabrestos; luvas; agulhas; seringas; álcool; iodo; clorexidina; dentre
outros.
Há ainda, uma sala na qual são realizados alguns procedimentos cirúrgicos em
grandes animais. Ela é composta por uma mesa com um computador e um telefone;
armários; um tronco de contenção e uma pia com torneiras. Nesta sala são armazenadas
as vaginas artificiais utilizadas nas coletas de sêmens de garanhões, bem como um
aparelho ultrassonográfico móvel.
1.3.5 Descrição das Atividades Desenvolvidas
Durante o período de estágio curricular obrigatório no Setor de Reprodução
22
Animal a estagiária pôde acompanhar os procedimentos ambulatoriais e cirúrgicos em
grandes e pequenos animais.
Dentre os procedimentos ambulatoriais voltados ao atendimento reprodutivo em
pequenos animais, foi possível o acompanhamento de anamneses e a elaboração de
receitas. Além de auxiliar na realização de exames físicos, nas coletas de sangue e de
amostras para citologias vaginal e em exames ultrassonográficos e radiográficos. No
Gráfico 6 encontra-se a distribuição dos procedimentos ambulatoriais reprodutivos em
pequenos animais observados durante esse período de estágio.
Gráfico 6 - Distribuição de procedimentos ambulatoriais reprodutivos voltados ao
atendimento de pequenos animais observados durante o período de Estágio
Supervisionado Obrigatório no Setor de Reprodução Animal do HV da Unesp - Botucatu.
Os exames ultrassonográficos eram realizados para diagnóstico gestacional e
avaliação de condições patológicas como piometra, cistos ovarianos, hiperplasia
prostática benigna, prostatite e degeneração testicular. A avaliação de neoplasias em sua
grande maioria, devia-se a tumores de mama em cadelas – 14 casos-, mas também foram
acompanhados casos de cães com nódulos em bolsa escrotal, testículo, prepúcio, além de
duas neoplasias mamárias em gatas.
Os procedimentos pós-operatórios baseavam-se na retirada de pontos, avaliação
do estado geral do animal e da ferida cirúrgica. Os exames radiográficos eram realizados
27
22
13
4
13
Procedimentos Ambulatoriais em Pequenos
Animais
Exame Ultrassonográfico
Avaliação de Neoplasias
Pós-operatório
Exame Radiográfico
Outros
23
como estadiamento pré-operatório para procura de metástase.
Dentre os procedimentos descritos como “outros” no Gráfico 6, estavam a
avaliação de feridas e amputação peniana; avaliação de animal com reação ao fio pós
ovariosalpingohisterectomia; a coleta de sangue para aplicação de sulfato de vincristina
em cães com tumor venéreo transmissível; exame físico de animal com hérnia escrotal; e
avaliação de cadela com mastite. Bem como quatro consultas de rotina para agendamento
de castração eletiva.
Como procedimentos cirúrgicos em pequenos animais, foi possível o
acompanhamento de cesarianas, ovariosalpingohisterectomias terapêuticas e
orquiectomia eletiva.
Com relação aos procedimentos voltados ao atendimento de grandes animais, foi
possível o acompanhamento de limpezas de feridas cirúrgicas, ultrassonografias em
éguas, jumentas, búfala e garanhões; coleta de embrião, sangue, material para citologia
uterina e sêmen; lavagem uterina e inseminação artificial. Bem como procedimentos
cirúrgicos de cesarianas e para tratar acrobustites em touros. A relação de atividades
acompanhadas durante o período de estágio na área de Reprodução Animal voltadas ao
atendimento de grandes animais, será demostrada no Gráfico 7.
Gráfico 7 - Distribuição de procedimentos voltados ao atendimento de grandes animais
observados durante o período de Estágio Supervisionado Obrigatório no Setor de
Reprodução Animal no HV da Unesp - Botucatu.
86
50
19
6 5 7
Procedimentos Ambulatoriais Reprodutivos em
Grandes Animais
Exame Ultrassonográfico
Coleta de Sangue
Limpeza de Ferida Cirúrgica
Citologia
Coleta de Sêmen
Outros
24
As ultrassonografias realizadas em fêmeas baseavam-se em avaliação do
crescimento folicular, análise de edema uterino e observação de gestação. Dentre elas, 46
foram realizadas em éguas; 36 em jumentas e uma em búfala. Já os três exames
ultrassonográficos em garanhões, eram realizados para a avaliação de alterações
testiculares.
A classificação “outros” na legenda do Gráfico 7, engloba procedimentos como a
coleta de embriões, lavado uterino, avaliação seminal e inseminação artificial.
1.3.6 Conclusão
Ao final do estágio supervisionado obrigatório no Setor de Reprodução Animal
da Unesp – Botucatu, a estagiária teve a oportunidade de acompanhar 79 procedimentos
ambulatoriais em pequenos animais e 173 em grandes animais, além de participar da
realização de 10 procedimentos cirúrgicos.
O período de estágio no setor de Reprodução Animal na Unesp - Botucatu
proporcionou à estagiária, a oportunidade de vivenciar uma rotina diferente da observada
em sua cidade de origem. Contribuindo assim, para a aquisição de maior experiência na
área desejada.
CAPÍTULO 2 - ANÁLISE CRÍTICA E REFLEXIVA SOBRE CASO CLÍNICO
DE PROSTATITE CANINA, VIVENCIADO DURANTE ESTÁGIO
SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO
2.1 Introdução
A próstata é a única glândula sexual acessória presente no cão. Está localizada
caudalmente à vesícula urinária, circundando a uretra pélvica. No cão, as doenças
prostáticas são comuns, principalmente em animais com mais de seis anos de idade
(BARSANTI e FINCO, 1986; SMITH, 2008).
Dentre os principais distúrbios prostáticos encontrados, destacam-se a hiperplasia
prostática benigna (HPB) e a prostatite. Também são relatados com menor frequência,
cistos, abscessos, neoplasias e metaplasias escamosas (POLISCA et al., 2016)
A prostatite é a segunda afecção prostática mais comum encontrada em cães
(NIZANSKI et al., 2014). Em estudo realizado por Polisca et al. (2016), foi observado
que 38,5% dos cães com distúrbios prostáticos apresentavam prostatite, perdendo apenas
para a HPB que estava presente em 45,9% dos cães analisados.
25
A infecção da próstata pode ser de caráter agudo ou crônico, sendo a forma crônica
a mais comum (GALVÃO et al., 2011). Segundo Parry (2006) a infecção pode ocorrer
em qualquer idade, embora seja mais comum em cães mais velhos, quando relacionada à
HPB. Além disso, o autor afirma que em cães castrados há uma atrofia prostática e por
esse motivo, a prostatite é incomum nesses animais.
As possíveis causas infecciosas de prostatite são bactérias, fungos e vírus. Dentre
eles, a causa bacteriana é a mais comumente encontrada em cães (BARSANTI e FINCO,
1979). A prostatite bacteriana se deve principalmente, devido à contaminação ascendente
pela uretra, sendo a Escherichia coli, o microrganismo mais comum causador de infecção
prostática no cão (JOHNSTON et al., 2000)
O presente trabalho tem como finalidade relatar e analisar criticamente um caso
de prostatite canina vivenciado durante estágio supervisionado obrigatório no Setor de
Teriogenologia de Animais de Companhia do Hospital Veterinário da Universidade
Estadual de Londrina.
2.2 Revisão de Literatura
2.2.1 Anatomia da próstata
A próstata, única glândula sexual acessória presente no cão é um órgão bilobado,
com formato variando de ovoide a esférico, localizada na região caudal à vesícula urinária
e próxima ao colo da bexiga (BARSANTI e FINCO, 1986; CHRISTENSEN, 2018). Ela
é envolvida por uma capsula fibromuscular, circunda a uretra e se estende ventralmente
ao reto (FREITAG et al., 2007; SMITH, 2008).
Os lobos são simétricos e divididos em lóbulos por trabéculas de tecido
conjuntivo. Cada lóbulo é composto por glândulas tubuloalveolares e suas secreções.
Estas secreções deixam as glândulas através de pequenos ductos excretores prostáticos
que se comunicam com o lúmen da uretra proximal (SMITH, 2008) e quando não há
micção ou ejaculação esse fluido é movido constantemente para a bexiga devido à pressão
exercida pela uretra (BARSANTI e FINCO, 1986).
O crescimento da glândula e a produção de secreção são mediados pelo hormônio
dihidrotestosterona (DHT), produzido por meio da metabolização de testosterona pela
enzima 5α-redutase (JOHNSTON et al., 2000). Essa secreção prostática serve como meio
de transporte e suporte para os espermatozoides durante a ejaculação (BARSANTI e
FINCO, 1986).
26
Os vasos sanguíneos e nervos que irrigam a próstata penetram dorsolateralmente
em ambos os lados da glândula. O suprimento arterial é feito pelas artérias prostáticas que
se originam das artérias pudendas internas (FREITAG et al., 2007). O retorno venoso se
dá através das veias prostática e uretral, que desembocam na veia ilíaca interna (SMITH,
2008). A linfa prostática é drenada para os linfonodos ilíacos (FREITAG et al., 2007).
Sua inervação simpática se dá por meio do nervo hipogástrico, responsável pela ejeção
do líquido prostático. A inervação parassimpática é feita pelo nervo pélvico, que provoca
aumento na secreção glandular (FREITAG et al., 2007).
2.2.2 Patogenia da prostatite
A prostatite pode se apresentar na forma aguda ou crônica, sendo a crônica a forma
mais comum no cão (GALVÃO et al., 2011). Além disso, a infecção prostática pode ser
de caráter focal ou difuso (BARSANTI e FINCO, 1979).
De acordo com Barsanti e Finco (1979), a prostatite infecciosa pode ser devido a
bactérias, fungos ou vírus. A infecção prostática bacteriana é a forma mais comum
encontrada em cães. Os microrganismos envolvidos geralmente são os mesmos
encontrados em infecções do trato urinário, sugerindo que a infecção ascendente da
próstata seja a principal forma de contaminação (GALVÃO et al., 2011). Também são
formas de infecção a via hematógena e potencialmente contaminações através de urina e
sêmen (PARRY, 2006).
Alguns fatores predispõem ao surgimento de prostatites, como a HPB; os cistos
prostáticos; a metaplasia escamosa e as neoplasias (NIZANSKI et al., 2014; GADELHA,
2008). Essa predisposição deve-se à alteração da arquitetura normal da próstata,
resultando na interferência das defesas naturais do organismo, além do fato que algumas
alterações prostáticas promovem um meio ideal para crescimento de microrganismos
(GADELHA, 2008). As afecções do sistema urinário também são consideradas como
fatores predisponentes, bem como a disfunção imune do animal (KAY, 2006).
Dentre os microrganismos mais comumente isolados em infecções prostáticas, a
Escherichia coli se destaca, seguida de outros agentes como Staphylococcus aureus;
Klebsiella spp.; Proteus mirabilis; Mycoplasma canis; Pseudomonas aeruginosa;
Enterobacter spp.; Streptococcus spp.; Pasteurella spp. e Haemophilus spp. A Brucella
canis também pode ser associada a prostatites (JOHNSTON et al., 2000). Agentes
micóticos como Blastomyces dermatitidis; Crypococcus neoformans e Coccidoides
immitis podem desempenhar papel importante nas infecções de próstatas (PACLIKOVA
27
et al., 2006), apesar de ocorrerem com menor frequência (MEMON, 2007).
Em estudo realizado por Rinck et al. (1998), dentre os 32 cães com doença
prostática avaliados, 19 apresentavam resultados positivos para cultura bacteriológica. A
Escherichia coli foi encontrada na maioria dos casos; também foram isolados dois casos
de Staphylococcus spp., além de um caso de Cryptococcus pyocyaneus.
Após a introdução de bactérias na próstata, as mesmas se multiplicam no lúmen
das glândulas, produzindo endotoxinas e/ou exotoxinas provocando resposta inflamatória
(FOSTER, 2012). As infecções agudas têm gravidade variada e podem progredir para
infecções crônicas. As infecções crônicas podem resultar em abscessos, provavelmente
devido à obstrução de ductos excretores prostáticos (BARSANTI e FINCO, 1979). A
prostatite crônica pode também se desenvolver mesmo sem histórico de infecção aguda
clinicamente perceptível (BARSANTI e FINCO, 1986).
2.2.3 Sinais clínicos
Os sinais clínicos de prostatite variam de acordo com a cronicidade da infecção,
podendo variar de sinais graves em casos agudos à casos subclínicos em infecções
crônicas (CHRISTENSEN, 2018).
A prostatite em sua forma aguda pode apresentar sinais de doença sistêmica como,
por exemplo, anorexia, febre e depressão (SMITH, 2008). Também podem ser
observados vômitos; dor abdominal caudal e à palpação retal da próstata; marcha rígida;
descarga prepucial constante ou intermitente; hematúria; polaquiúria; edema de escroto,
de prepúcio ou de membro posterior; libido diminuída ou ausente. Os quadros de êmese
podem ser decorrentes de peritonite localizada associada à prostatite (BARSANTI e
FINCO, 1986; JOHNSTON et al., 2000; SMITH, 2008).
A infecção prostática crônica pode estar presente sem causar sinais clínicos. Os
sinais, quando presentes, podem se apresentar na forma de infecções recorrentes do trato
urinário; descarga uretral constante ou intermitente, além de redução na qualidade
seminal, diminuição dos espermatozoides móveis ou morfologicamente normais,
infertilidade, diminuição ou ausência de libido (BARSANTI e FINCO, 1986;
JOHNSTON et al., 2000).
2.2.4 Diagnóstico
A próstata do cão pode desenvolver vários processos patológicos, os quais
apresentam sinais sobrepostos na maioria dos casos. Por esse motivo, o diagnóstico
28
correto é prejudicado. O diagnóstico baseia-se em uma anamnese e em exames físicos
detalhados e requer um profundo conhecimento sobre a anatomia prostática e os sinais
clínicos relacionados às doenças prostáticas (SMITH, 2008).
De acordo com os achados durante a anamnese e o exame físico, pode-se sugerir
alguns procedimentos complementares como ultrassonografia, a radiografia, a citologia,
a microbiologia do líquido prostático e a biopsia prostática (SMITH, 2008).
O diagnóstico definitivo baseia-se na avaliação citológica ou histopatológica da
próstata ou por meio de exame microbiológico do tecido ou do fluido prostático
(FREITAG et al., 2007). A prostatite aguda pode ser diagnosticada com base no histórico
e exame físico do animal associados à combinação entre diversos meios diagnósticos
como a palpação transretal, a ultrassonografia, a radiografia, o hemograma, a urinálise, a
análise e a cultura do fluido prostático (SMITH, 2008). A prostatite crônica geralmente é
um achado acidental observado em casos de infertilidade ou em infecções recorrentes do
sistema urinário (LÉVY et al., 2014).
Dentre os exames físicos a serem realizados, a palpação retal da próstata é o
método mais conveniente de exame físico para se avaliar a próstata, tendo extrema
importância para a detecção precoce de doenças prostáticas (MUKARATIRWA e
CHITURA, 2007). Durante essa avaliação, é possível avaliar o tamanho, a simetria, a
consistência, o contorno da superfície, a motilidade e a presença de sensibilidade
dolorosa. Uma próstata normal deve ser simétrica, móvel, lisa e o animal não deve
manifestar dor à palpação (BARSANTI e FINCO, 1986).
Em animais com prostatite aguda, a palpação prostática geralmente provocará dor;
o tamanho, a simetria e o contorno estarão normais ou levemente aumentados
(BARSANTI e FINCO, 1986; SMITH, 2008). Esse aumento de tamanho da próstata, em
muitos casos, deve-se à hiperplasia prostática benigna encontrada na maioria dos cães
mais velhos e não como resultado direto da infecção (BARSANTI e FINCO, 1986).
Em uma palpação prostática de animal com prostatite crônica, o animal não
apresentará sensibilidade dolorosa e apresentará tamanho, consistência e simetria
variáveis, dependendo do grau de hiperplasia/hipertrofia e de fibrose encontrados
(BARSANTI e FINCO, 1986). Em muitos casos, pode-se encontrar uma próstata com
aspectos normais, levando à suposição de que a doença prostática não existe (SMITH,
2008).
O hemograma completo, o exame de urina e os perfis renal e hepático devem ser
realizados para determinar se existem evidências de processos infecciosos, anormalidades
29
eletrolíticas, bem como, alterações hepáticas e renais (FREITAG et al., 2007).
Os achados hematológicos em cães com prostatite aguda frequentemente mostram
leucocitose por neutrofilia, comumente apresentando desvio à esquerda, embora, alguns
animais possam apresentar leucopenia. Já em cães com prostatite crônica, o leucograma
pode estar normal ou apresentar leucocitose (BARSANTI e FINCO, 1986; JOHNSTON
et al., 2000; SMITH, 2008). Os exames bioquímicos séricos renal e hepático geralmente
mostram-se normais (WALLACE, 2001).
Na urinálise, pode-se observar a presença de hemácias, bactérias e leucócitos em
casos de prostatite aguda. A crônica frequentemente mostra-se com pus, sangue e
bactérias. Esses achados devem-se ao gotejamento constante do fluido prostático na uretra
pélvica, o qual é direcionado em sentido retrógrado para a vesícula urinária (BARSANTI
e FINCO, 1986; JOHNSTON et al., 2000).
O exame ultrassonográfico é uma excelente ferramenta para diagnosticar
distúrbios prostáticos. Com ele é possível visualizar a textura, o aspecto interno, bem
como a presença de massas sólidas ou cavidades preenchidas com fluido no interior da
próstata. Também é muito útil para orientação em realização de biópsia ou de citologia
aspirativa percutânea (WALLACE, 2001). No entanto, não existem achados
ultrassonográficos patognomônicos para nenhuma das doenças prostáticas (LÉVY et al.,
2014)
Segundo estudo realizado por Troisi et al. (2015), a próstata canina normal em um
exame ultrassonográfico deve ter forma e margens capsulares regulares; o parênquima
deve ter ecogenicidade homogênea e textura média a fina. Cartee e Rowles (1983) citam
ainda, que a glândula deve ser redonda ou esférica, podendo apresentar pequenas áreas
transônicas, que são interpretadas como áreas de ductos com acúmulo de líquido
prostático.
Em prostatopatias, a natureza homogênea da imagem ultrassonográfica da
próstata é perdida. O tamanho, a simetria, a posição e o contorno também podem estar
alterados (FREITAG et al., 2007). A próstata inflamada, ao exame ultrassonográfico,
mostra-se como uma glândula com parênquima heterogêneo, podendo apresentar áreas
hipoecoicas correspondendo a abscessos (CHRISTENSEN, 2018).
A radiografia pode ser útil para detecção do tamanho, da forma, do contorno e da
localização da próstata, mas tem valor limitado para diagnóstico de prostatopatias
específicas. Ao mesmo tempo, os limites prostáticos podem não ser facilmente
identificados, devido a interferências de outros órgãos como a vesícula urinária e o cólon,
30
dificultando a análise dessa glândula na imagem radiográfica (KAMOLPATANA et al.,
2000).
Em um exame radiográfico a próstata deve ser simétrica, com contorno regular. O
tamanho varia de acordo com a idade, a estrutura física e a raça do cão, mas deve
localizar-se próximo a borda cranial do assoalho pélvico. A próstata com tamanho normal
não desloca cólon ou a vesícula urinária de suas posições normais (BARSANTI e FINCO,
1979; WALLACE, 2001).
Uma imagem radiográfica de animal com prostatite, poderá apresentar
prostatomegalia e, em alguns casos, áreas mais radiopacas abaixo do colo da vesícula
urinária, o que indica quadro de peritonite localizada (WALLACE, 2001). Por outro lado,
a radiografia de uma próstata com tamanho normal não descarta alterações como
infecção, cistos, neoplasia precoces ou hiperplasias leves (BARSANTI e FINCO, 1986).
Em alguns casos, pode ser usada a radiografia contrastada para avaliar a presença
de doenças prostáticas. Esta técnica serve para delimitar a posição da vesícula urinária a
fim de localizar a próstata, como também para evidenciar doença prostática quando há
refluxo excessivo do contraste da uretra para o tecido prostático (BARSANTI e FINCO,
1979; WALLACE, 2001).
A avaliação citológica é considerada um dos métodos para diagnóstico definitivo
de prostatite (FREITAG et al., 2007). Nela, é feita a aspiração com agulha fina do tecido
prostático para coleta de fluido e/ou de células da próstata. Juntamente ao exame
citológico pode ser feito cultura microbiana desse material coletado (WALLACE, 2001).
Ao realizar esse procedimento, deve-se considerar a possibilidade de inoculação do
caminho percorrido pela agulha com bactérias oriundas da próstata, além do risco de
trauma iatrogênico (SMITH, 2008).
A principal forma de detecção específica de doença prostática é por meio de
exame histológico com material obtido de biopsia do tecido prostático (SMITH, 2008). É
utilizada, principalmente, quando não é possível a confirmação do diagnóstico por exame
citológico por agulha fina (KUSTRITZ, 2006). Esta técnica pode ser realizada por biopsia
cirúrgica ou com o uso de agulha Tru-Cut. A agulha Tru-Cut é própria para biopsia
transabdominal guiada por ultrassonografia (WALLACE, 2001).
A citologia aspirativa por agulha fina e a biopsia são contraindicadas em casos de
prostatite aguda, devido ao risco de disseminação bacteriana na cavidade abdominal e
consequentemente da indução de uma peritonite localizada ou generalizada, agravando o
quadro do animal (BARSANTI e FINCO, 1979; SMITH, 2008).
31
A avaliação citológica e microbiológica do sêmen, principalmente da terceira
fração, pode ser um teste de diagnóstico com grande valor na determinação de prostatites,
pois o fluido prostático constitui a maior parte do volume do ejaculado. A citologia indica
infecção prostática quando há a visualização de neutrófilos, de hemácias e bactérias no
fluido prostático. Tanto a citologia como a cultura bacteriana devem ser interpretadas com
cuidado, visto que cães sabidamente sadios apresentam leucócitos e cultura positiva em
fluido seminal. Além disso, estes exames não são específicos para patologias prostáticas,
pois os testículos, epidídimos, ductos deferentes e uretra também contribuem para a
produção e/ou transporte do ejaculado (BARSANTI e FINCO, 1986; SMITH, 2008
KHADIDJA e ADEL, 2017). A massagem prostática é indicada em cães com prostatite
que cause dor (KUSTRITZ, 2006).
Ainda, recomenda-se a realização de sorologia para Brucella canis, visto que este
agente é um dos possíveis causadores de prostatites em cães (JOHNSTON et al., 2000).
2.2.5 Tratamento
O tratamento para a prostatite bacteriana baseia-se nos resultados obtidos em
exame de cultura microbiológica. Além disso, deve-se considerar a capacidade que o
antibiótico escolhido terá de atravessar a barreira hematoprostática. Alguns antibióticos,
como é o caso das penicilinas, cefalosporinas e aminoglicosídeos não conseguem penetrar
bem o tecido prostático e, por esse motivo, não são escolhas adequadas para tratamento
de prostatites. Os principais fármacos utilizados são a enrofloxacina ou o trimetoprim
associado com alguma sulfonamida (WALLACE, 2001).
Em casos de prostatite aguda, a barreira hematoprostática geralmente não está
intacta, se tornando menos funcional, permitindo a difusão adequada de drogas que não
atingiriam concentrações terapêuticas adequadas na próstata. Derivados de penicilina de
amplo espectro ou cefalosporinas de terceira geração podem ser usadas a fim de obterem
bons resultados inicialmente. Uma vez que a barreira prostática cicatriza, ela limita a
entrada adequada desses fármacos, sendo necessário a escolha de novos antibióticos com
propriedades farmacocinéticas específicas para atravessar essa barreira
(CHRISTENSEN, 2018). Segundo Khadidja e Adel (2017), os antibióticos de eleição
para a prostatite aguda são as fluoroquinolonas e sulfanamidas com trimetoprim. A
antibioticoterapia deve seguir-se por duas a quatro semanas (BARSANTI e FINCO,
1979). É recomendado um novo exame do animal, com nova cultura microbiana do tecido
ou fluido prostático, três ou quatro dias após o término do tratamento, visto que,
32
tratamentos mal sucedidos podem dar origem a prostatites bacterianas crônicas
(BARSANTI e FINCO, 1986).
Em prostatites bacterianas crônicas, a barreira hematoprostática está intacta.
Devido a esse fato, o tratamento torna-se mais difícil, sendo necessário o uso de fármacos
lipossolúveis como a enrofloxacina, sulfonamida associada a trimetoprim e o
cloranfenicol. A antibioticoterapia deve ser realizada por quatro a seis semanas. Trinta
dias após o término do tratamento recomenda-se avaliar urina e fluido prostático a fim de
verificar se a infecção foi debelada ou apenas suprimida (BARSANTI e FINCO, 1986;
SMITH, 2008).
Como a HPB pode, em muitos casos, estar envolvida com o quadro de prostatite,
a castração é recomendada como forma de tratamento e como forma de prevenção para
infecções recorrentes (JOHNSTON et al., 2000). Kay (2006) recomenda que o
procedimento cirúrgico seja realizado após antibioticoterapia por pelo menos uma ou
duas semanas. Já Johnston et al. (2000) não recomendam tal procedimento em animais
com infecção prostática aguda, devido ao risco de causar funiculite.
A castração diminui o potencial de recorrência de prostatite bacteriana, mas não
se deve realizar a castração até que o paciente esteja clinicamente estável e tenha recebido
antibioticoterapia por pelo menos uma a duas semanas. Deve-se, ainda, descartar um
abscesso prostático ou um cisto paraprostático, porque a castração sozinha normalmente
não é curativa para essas condições (KAY, 2006).
2.3 Relato de Caso
Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina, pelo
Setor de Pronto Socorro Cirúrgico, um animal da espécie canina, macho, sem raça
definida, com oito anos de idade, pesando 5,7 kg. Segundo a tutora, o animal não se
alimentava e apresentava dificuldade para defecar e para urinar há quatro dias. O último
relato de fezes em pouca quantidade havia sido há três dias, seguido de observação de
prolapso retal.
Em exame físico, animal apresentava-se deprimido, magro, em decúbito lateral
preferencial. Mostrava-se hipotérmico (36,6ºC) e com desidratação leve (6%). Foram
observados dor durante a palpação abdominal e grande distensão da vesícula urinária,
além de aumento de volume hipogástrico com consistência firme.
As frequências cardíaca e respiratória estavam dentro da faixa de normalidade,
sendo, 76 batimentos por minuto e 20 movimentos respiratórios por minuto. O tempo de
33
preenchimento capilar e o pulso estavam dentro dos valores de referência, ou seja < 2
segundos. A mucosa apresentava-se rósea e não havia aumento de linfonodos.
Foram realizados, como procedimentos ambulatoriais, a coleta de sangue para
hemograma, para exames bioquímicos e para hemogasometria; exames ultrassonográfico
e radiográfico; além da tentativa, sem sucesso, de sondagem e desobstrução uretral. Os
exames bioquímicos solicitados foram: ureia, creatinina, ALT, proteínas totais e glicose.
Os exames de ultrassonografia e de radiografia evidenciaram um grande aumento
prostático. A tentativa de realização de uretrocistografia retrógrada contrastada resultou
em insucesso, pois a próstata impedia a passagem do contraste para a vesícula urinária.
Nos exames laboratoriais iniciais, foram observados leve anemia microcítica
normocrômica (hematócrito 35,1 %; VCM 57,3 F.L.; CHCM 34,8), leucocitose por
neutrofilia (leucócitos totais 22.200/µL; neutrófilos segmentados 20.424/µL). Nos
exames bioquímicos evidenciou-se aumento nas concentrações séricas de ureia (334
mg/dL) e de creatinina e (9,9 mg/dL), respectivamente. A hemogasometria evidenciou
apenas uma acidemia, a qual foi corrigida com fluidoterapia utilizando solução Ringer
com lactato.
Após os procedimentos ambulatoriais, o animal foi submetido a uma cistostomia
de emergência, na qual foi colocado uma sonda de Foley número 18, com o intuito de dar
suporte ao animal enquanto não ocorresse a desobstrução do canal uretral. Durante o
procedimento cirúrgico foi observada a próstata extremamente aumentada. Nesse
momento, realizou-se aspiração por agulha fina para a avaliação citológica do tecido
prostático. Concomitantemente à cistostomia, foi realizada a cirurgia de orquiectomia
bilateral. Após termino do procedimento cirúrgico, o animal foi internado para
acompanhamento periódico do caso, permanecendo no Hospital Veterinário durante 22
dias.
O exame citológico constatou a presença de processo inflamatório
piogranulomatoso, com presença de células com baixa atipia, sugerindo como diagnóstico
um quadro de prostatite.
Após o procedimento cirúrgico, o animal começou a receber algumas medicações,
dentre elas, a metadona (0,2mg/Kg QID) fornecida por quatro dias, responsável pelo
controle da dor pós-cirúrgica e prostática e, após esse período, foi substituída pelo uso de
tramadol (4mg/Kg TID) por mais seis dias e então por dipirona (25mg/Kg TID). Foi
prescrito como anti-inflamatório pós-cirúrgico, o uso de meloxicam (0,1mg/Kg SID) por
seis dias consecutivos. A antibioticoterapia deu-se com a enrofloxacina (10mg/Kg SID),
34
fármaco escolhido devido a sua maior facilidade em adentrar o tecido prostático, o qual
foi associado com sulfadiazina e trimetoprim (25mg/Kg BID) após 16 dias de tratamento.
As complicações relatadas durante o período de internamento foram
principalmente a aquesia nos primeiros cinco dias, tratada com lactulona (1ml/4Kg BID);
a presença de sedimentos e turbidez da urina visualizada no sistema aberto da sonda de
Foley e a estrangúria observada após dez dias de internação, quando tentado fechar o
sistema da sonda de Foley.
Dois dias após a realização da cirurgia foram realizados novos exames de
hemograma e bioquímicos, para avaliação da progressão dos achados laboratoriais
iniciais. Como resultados, observou-se redução nos valores de hemácias e hemoglobina
(3,39 x106/µL e 6,7 g/µL, respectivamente), os quais apresentavam-se normais no
primeiro exame. O valor de hematócrito estava mais baixo que o resultado obtido no
exame inicial (21,3%), evidenciando uma anemia normocítica normocrômica (VCM 62,8
F.L.; CHCM 31,5%). A leucocitose apresentava-se mais intensa (23.900/µL), com desvio
a esquerda regenerativo (neutrófilos segmentados 21.510/µL; neutrófilos bastonetes
717/µL). Foi visualizada também a redução do valor plaquetário (180 x103/µL), o qual
apresentava-se normal no primeiro exame. O bioquímico para avaliação renal mostrou
redução nos valores de ureia e creatinina (19 mg/dL e 0,7 mg/dL), os quais estavam
elevados no exame inicial.
Um novo hemograma foi solicitado dez dias após a internação, para avaliar a
progressão observada nas duas últimas avaliações. Observou-se o aumento dos valores
de hemácias e hemoglobinas (4,54 x106/µL e 9,6 g/µL, respectivamente), mas ainda
estavam abaixo dos valores de referência. O valor de hematócrito também se apresentou
mais elevado, 31,6%, demonstrando anemia normocítica hipocrômica (VCM 69,7 F.L.;
CHCM 30,4%). Houve redução significativa no valor de leucócitos totais para 7500/µL,
evidenciando melhora significativa no quadro de infecção, entretanto, ainda apresentava
desvio à esquerda com 525/µL de neutrófilos segmentados e do tipo degenerativo, pois o
valor de neutrófilos segmentados estava dentro do esperado. Além disso, o animal
apresentava aumento no número de plaquetas, de tal forma que se enquadrava em
trombocitose (633 x103/µL).
Algumas tentativas de sondagem foram realizadas, mas sem sucesso devido à
obstrução uretral causada pelo aumento prostático, por esse motivo o sistema da sonda de
Foley se mantinha aberto por quase todo o período diário. As tentativas de fechar o
sistema para que o animal urinasse sozinho começaram a dar resultado após nove dias de
35
internação, quando o animal apresentou pouca quantidade de gotejamento urina. Após
esse episódio o animal oscilou entre conseguir urinar na baia sozinho e dias nos quais era
necessário abrir o sistema pois não havia urinado.
Após dez dias de internação foi realizada uma ultrassonografia para
acompanhamento do tamanho prostático. A próstata apresentava-se heterogênea,
medindo 2,4 cm de comprimento ventrodorsal e 3,7 cm de comprimento craniocaudal.
Aguardaram-se outros sete dias para a realização de um novo exame ultrassonográfico, o
qual mostrou a próstata ainda heterogênea, com evidência de um microcisto e leve
redução do tamanho prostático. O comprimento ventrodorsal manteve-se em 2,4 cm, já o
craniocaudal, teve redução para 3,1 cm.
Durante esse último exame ultrassonográfico foi realizada a coleta de material
prostático por aspiração com agulha fina guiada por ultrassom, para um novo exame
citológico da próstata. O resultado observado foi um processo inflamatório neutrofílico
com cocos e diplococos acompanhados de hemorragia crônica.
A cirurgia para retirada da sonda de Foley ocorreu 17 dias após a realização da
primeira. A decisão para a retirada baseou-se na micção do animal sem o uso do sistema,
bem como, na evidenciação de diminuição prostática pelo exame ultrassonográfico, além
de sucesso na tentativa de sondagem uretral.
O animal manteve-se internado por mais três dias após a reversão da cistostomia,
para acompanhamento do pós-operatório e das funções de sistema urinário e digestório.
Após esse período recebeu alta, com prescrição para continuar a antibioticoterapia em
casa até novas recomendações.
Sabe-se que o animal está se recuperando, em bom estado geral, mas apresenta
incontinência urinária.
2.4 Análise crítica
O aumento do tamanho prostático não é comumente encontrado em casos isolados
de prostatite e geralmente está relacionado com a HPB. No caso relatado, não houve
indícios de associação com outra doença prostática, em nenhum dos exames citológicos
realizados. Apesar de a avaliação citológica ser um dos testes de escolha para a
determinação do diagnóstico, Smith (2008) relata que o teste padrão ouro para determinar
as afecções prostáticas é o exame histopatológico de fragmento da próstata, o qual seria
interessante para o caso em questão, com o objetivo de confirmar a ausência de qualquer
outra alteração prostática. O falso negativo para outras alterações pode ser resultado de
36
interferência das células inflamatórias encontradas no material coletado para exame
citológico. Neste sentido, o exame histopatológico seria de grande importância, visto que,
nele é possível avaliar o tecido prostático como um todo, não apenas as o material que se
desprende do local coletado.
Ao realizar-se o procedimento de coleta transabdominal guiado por
ultrassonografia de material prostático para exame citológico deve-se considerar a
possibilidade de contaminação do caminho percorrido pela agulha com as bactérias
oriundas da próstata, além do risco de trauma iatrogênico (SMITH, 2008). Em
decorrência disso e, considerando a possibilidade de associação com outra afecção
prostática não detectada no primeiro exame citológico, seria mais prudente a realização
de coleta de fragmento prostático para histopatológico durante o procedimento cirúrgico
de retirada da sonda de Foley, que foi realizado dois dias após a coleta do material guiado
por ultrassonografia para citologia.
Segundo Smith (2008) o crescimento da próstata pode levar à compressão da
uretra e do cólon, sendo responsável no presente relato pelo quadro de obstrução uretral
e um dos possíveis causadores do quadro de incontinência urinária observado após a alta
do animal. Essas sintomatologias foram observadas em estudo realizado por Das et al.
(2017) sobre HPB, no qual, devido ao acentuado aumento prostático, os sinais clínicos
foram, entre outros, fezes em forma de fita; esforço durante micção; tenesmo e
incontinência urinária. A aquesia poderia ser causada por tal obstrução, mas como foi
resolvida facilmente com o uso de lactulona, descarta-se essa possibilidade. Segundo Kay
(2006), a constipação pode ocorrer de forma secundária a fim de evitar a dor associada à
defecação.
Vários autores citam a associação entre a cistite e o uso de sonda uretral no
ambiente hospitalar (LEES, 1996; JOHNSON, 2002). Neste sentido, outra possibilidade
para a incontinência urinária observada no animal após a alta pode ser devida à infecção
urinária associada ao uso de sonda uretral. Lees (1996) cita que a antibioticoterapia prévia
durante o uso de sonda uretral para prevenir cistite não é eficaz, levando à infecção
altamente resistente aos antibióticos, o que explicaria o quadro mesmo com o uso de
antibióticos por longo período.
Os resultados encontrados em bioquímicos renais condizem com azotemia pós-
renal causada pela obstrução uretral, alteração esta que foi facilmente revertida após a
cistostomia. Essa condição, pode justificar os quadros de apatia, anorexia e hipotermia
observados durante o exame físico inicial.
37
O quadro de leucocitose neutrofílica observado no presente relato, apesar de ser
frequentemente encontrado em casos de prostatite bacteriana aguda e, geralmente com
desvio à esquerda associado, não pode ser utilizado como método de confirmação de
diagnóstico, sendo utilizado apenas como método auxiliar no diagnóstico, haja visto que
a leucopenia também pode ser encontrada em alguns casos.
A castração é recomendada como associação no tratamento e como medida de
prevenção para novas infecções quando há sinais de HPB. Nesses casos, recomenda-se o
uso de antibióticos por pelo menos cinco dias antes do procedimento cirúrgico
(JONSTHON et al., 2000). Kay (2006) recomenda que a castração seja feita apenas após
uma ou duas semanas de tratamento com antibióticos. A castração do animal em questão
foi realizada antes da confirmação das patologias envolvidas no quadro clínico e sem
antibioticoterapia prévia, visto que a primeira coleta para exame citológico foi realizada
durante o procedimento cirúrgico de cistostomia. Tal procedimento foi, no mínimo,
arriscado, pois poderia ser responsável pelo desenvolvimento de funiculite, agravando o
quadro clínico do animal.
Como formas alternativas para tratamento de prostatomegalia, pode-se citar a
finasterida; a flutamida (GAO et al., 2004); o acetato de osaterona (ALBOUY et al., 2008)
e progestágenos (SMITH, 2008). Baixas doses de estrógenos também podem ser
utilizadas, no entanto, seu uso é desaconselhado devido aos efeitos colaterais além de
poder causar outras alterações prostáticas como o crescimento do estroma fibromuscular,
metaplasia escamosa, estenose secretora, predispondo a formação de cistos, abscessos e
a prostatite (BARSANTI e FINCO, 1986). Embora o resultado observado com
tratamentos medicamentosos seja mais lento que o observado após orquiectomia bilateral,
são alternativas viáveis para diminuição do volume prostático até que a infecção
bacteriana seja controlada e o animal esteja apto para o procedimento cirúrgico.
Vale ressaltar que o tratamento, tanto medicamentoso quanto cirúrgico, por meio
da orquiectomia, vai agir de várias maneiras sobre a testosterona e, consequentemente
sobre a DHT; dessa forma, eles são válidos para o tratamento prostatomegalias
ocasionadas por hiperplasia prostática benigna, visto que, nesta patologia, o aumento
prostático deve-se, dentre outros motivos, ao estímulo da próstata pelo hormônio
dihidrotestosterona. No caso em questão, os achados citológicos não mostraram indícios
de que o aumento prostático fosse ocasionado por HPB. De acordo com estes resultados,
a castração, além de submeter o animal ao risco de piora do quadro com o
desenvolvimento de uma funiculite, também não teria contribuição alguma para o
38
tratamento do animal, tendo em vista que a prostamegalia não era decorrente da ação
androgênica. Entretanto, a confirmação definitiva da ausência de HPB só seria possível
com exame histopatológico, que não foi realizado.
Como o tratamento medicamentoso para o presente relato é de longa duração, não
foi possível acompanhar a resposta final do animal ao tratamento.
2.5 Conclusão
Conclui-se com a presente análise crítica e reflexiva que as sintomatologias
observadas no animal se deviam a um quadro de prostatite bacteriana aguda, com
considerada prostatomegalia, que poderiam estar associadas a outras patologias não
diagnosticadas pelos métodos utilizados.
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