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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO UFPBVIRTUAL PERCEPÇÃO DA VARIEDADE LINGUÍSTICA NA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL JOÃO ALVES TORRES JOSÉ EDVALDO PEREIRA DOS SANTOS ARARUNA / PB NOVEMBRO/ 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

UFPBVIRTUAL

PERCEPÇÃO DA VARIEDADE LINGUÍSTICA

NA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL

JOÃO ALVES TORRES

JOSÉ EDVALDO PEREIRA DOS SANTOS

ARARUNA / PB NOVEMBRO/ 2013

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JOSÉ EDVALDO PEREIRA DOS SANTOS

PERCEPÇÃO DA VARIEDADE LINGUÍSTICA

NAESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL

JOÃO ALVES TORRES

Artigo científico apresentado ao curso

de Letras a Distância da Universidade

Federal da Paraíba – UFPB, como

requisito para obtenção do grau de

Licenciado em Letras – Língua

Portuguesa.

Orientadora: Profª. Ms. Renata

Conceição Neves Monteiro

ARARUNA / PB NOVEMBRO/ 2013

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JOSÉ EDVALDO PEREIRA DOS SANTOS

PERCEPÇÃO DA VARIEDADE LINGUÍSTICA

NAESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL

JOÃO ALVES TORRES

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________

Profª.Ms. Renata Conceição Neves Monteiro

ORIENTADORA

________________________________________________

Profª. Drª. Iara Ferreira de Melo Martins

EXAMINADORA

________________________________________________

Prof. Esp. Almir Anacleto de Araujo Gomes

EXAMINADOR

Aprovado em: 27 / 11 / 2013

ARARUNA / PB

NOVEMBRO/ 2013

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Dedico este trabalho a Deus, fonte de toda a

sabedoria. Aquele que esteve presente

durante todo o meu percurso, ajudando-me

a vencer os obstáculos com muita força e

coragem.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por sempre estar ao meu lado, protegendo-me e mostrando que o impossível

nem sempre é verdadeiro.

Aos professores e aos tutores que enriqueceram minha aprendizagem e compreensão ao

longo do curso.

Aos colegas do curso de Licenciatura em Letras que contribuíram de forma direta e

indireta na realização dos trabalhos.

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A menos que modifiquemos a nossa forma

de pensar, não seremos capazes de resolver

os problemas causados pela forma como

nos acostumamos a ver o mundo. Albert Einstein

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RESUMO

Este artigo tem como propósito identificar a percepção sobre o preconceito linguístico

existente na escola Municipal de Ensino Fundamental João Alves Torres, no município

de Araruna-PB, como também observar e destacar os principais aspectos motivadores

deste preconceito, tendo como objeto de análise a percepção dos alunos da turma do 6º

F do turno tarde. Por ser uma pesquisa de campo, foram utilizados questionários, os

quais permitiram identificar, principalmente, a percepção dos entrevistados quanto à

variação linguística existente na escola, sobretudo entre alunos da zona urbana e da zona

rural. Com base nas ideias de Bagno (1999), foram observados diversos aspectos quanto

ao uso da língua nas interações orais, além de identificar as diferenças linguísticas entre

os alunos, outros autores, como Tarallo (1986), também contribuíram com suas teorias

quanto às diversas formas do uso da língua e as diferenças entre língua padrão e não

padrão. Tendo os autores já citados e outros Possenti (1997), Bortoni-Ricardo (2005),

Labov (2008), Câmara Jr (1981), Santos (2004), Lyons (1979), Soares (1983), Mollica

(2004), Neves & Damiani (2006) como base da investigação, foi possível entender os

principais motivos que geram o preconceito linguístico na escola João Alves Torres: as

diferenças socioeconômicas e as diferenças geográficas. Concluiu-se, portanto, que,

embora sejam geograficamente próximas, as regiões urbanas e rurais em que os alunos

estão inseridos detém muitas diferenças socioeconômicas, as quais acabam refletindo

nas enormes diferenças linguísticas, geradoras do preconceito.

Palavras-chave: percepção, preconceito, variação linguística.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 8

2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... 9

2. 1 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA .................................................................................... 9

2. 1. 1 Conceito e origens ................................................................................................... 10

2. 1. 2 Diferenças entre as linguagens oral e escrita ....................................................... 11

2. 1. 3 Tipos de variação linguística ................................................................................. 12

2. 2 PRECONCEITO LINGUÍSTICO ............................................................................ 13

2. 2. 1 Diversidade linguística na escola ........................................................................... 15

2. 2. 2 Causas do preconceito linguístico ......................................................................... 16

2. 2. 3Preconceito linguístico na escola ............................................................................ 17

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................ 19

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS .......................................................... 21

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 28

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 29

7 ANEXO ............................................................................................................................ 30

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho é sobre o preconceito linguístico existente na escola

Municipal João Alves Torres (JAT) Araruna PB, mais concretamente quanto à

percepção das diversas formas do uso da linguagem oral pelos alunos e os preconceitos

sofridos pelos mesmos, além dos aspectos que influenciam na diversidade linguística

desses alunos que levam em consideração diversos fatores como: faixa etária, gênero

(homens e mulheres), status socioeconômico, grau de escolaridade e a rede social em

que o aluno está inserido, tendo ainda dois aspectos importantes como principais

influenciadores no preconceito linguístico: a localização geográfica e a classe social em

que o aluno está inserido na sociedade.

São objetivos deste trabalho, observar o preconceito linguístico existente na

escola João Alves Torres (JAT), perceber e analisar as diferenças linguísticas

contextualizadas na escola pelos alunos e seus termos relevantes, ou seja, os fatores que

influenciam na diversidade linguística destes alunos, observar a origem do preconceito

linguístico e seus aspectos relevantes ou não, mas que possam gerar qualquer tipo de

preconceito quanto à linguagem informal nas relações interpessoais.

Para atingir os objetivos propostos, além da pesquisa bibliográfica, uma pesquisa

de campo foi feita, cujos instrumentos são entrevistas e questionários referentes às

diversas formas linguísticas e os preconceitos linguísticos sofridos pelos alunos.

Compostos de questões subjetivas e objetivas, os questionários e as entrevistas levaram

em consideração diversos aspectos influenciadores do preconceito linguístico na escola.

Além dos questionários e das entrevistas, foi observada a forma linguística utilizada

pelos alunos da zona urbana e da zona da rural em suas relações interpessoais no

ambiente escolar, tendo em vista a localização geográfica dos mesmos e os aspectos

socioeconômicos, considerados, segundo Bagno (1999), como fatores influenciadores

na diversidade linguística do português brasileiro.

O trabalho está organizado em dois capítulos de Referencial Teórico, seguidos

dos Procedimentos Metodológicos, da Apresentação e Análise dos Resultados e das

Considerações Finais. No primeiro capítulo do arcabouço teórico, será abordada a

variação linguística, seus conceitos e origens, além das diferenças entre linguagem oral

e escrita, já no segundo capítulo será abordado o preconceito linguístico e os fatores que

influenciam neste tipo de preconceito.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2. 1 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Embora o Brasil possua uma única língua oficialmente reconhecida, a realidade

é outra: além de diversas línguas indígenas, há que se reconhecer a grande variedade

linguística do país. Ou seja, em cada uma das cinco regiões, há formas diferentes para

falar a mesma coisa, tornando, assim, o país detentor de um universo linguístico bem

heterogêneo. Nesse sentido, Tarallo (1986, p. 08) afirma que "variantes linguísticas são

diversas maneiras de se dizer a mesma coisa em um mesmo contexto e com o mesmo

valor de verdade. A um conjunto de variantes dá-se o nome de variável linguística".

Estes conjuntos de variantes surgem a partir de influências de fatores não só

linguísticos, mas também sociais. Assim, dependendo do papel na sociedade, ou

também da cultura a que pertence e dos costumes, os indivíduos podem ser divididos

em grupos e classes a partir das variantes linguísticas que utilizam. Dessa maneira,

percebe-se que a variedade linguística nada mais é do que o reflexo da sociedade, no

qual as características sociais também são expressas. Nas palavras de Bagno (2001):

[...] uma abordagem antropológica da questão da norma é a constatação de

que a língua é um fato social. Sabe-se que a língua serve para comunicar.

Ora, a comunicação implica, por definição, a existência de vários falantes.

Quanto à definição do ato de comunicação, digamos que ele se apresenta

como uma interação entre um emissor e um receptor, sendo o conteúdo desta

interação suscetível de tomar as formas mais variadas. (BAGNO, 2001, p.

147)

As variantes linguísticas, pois, existem dentro da sociedade e, por isso, sofrem

influências da sociedade como um todo. Todos os aspectos culturais e costumes de

determinadas regiões fazem com que os indivíduos se apoderem de um discurso

regional com suas próprias regras e formas, sendo que estes discursos podem assumir

várias formas dentro de um ato de comunicação. Os falantes são, então, divididos de

acordo com os diversos grupos sociais por onde circulam e, em cada um desses, têm seu

papel definidos por normas socioculturais. Os papéis sociais são, portanto, construídos

no próprio processo de interação humana.

Segundo Possenti (1997), porém, estes conjuntos de variantes, que fazem parte

do uso oral, têm sofrido preconceitos quanto aos diferentes dialetos utilizados nas

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interações entre as pessoas e, a fim de desvendarmos as razões para tal ato

discriminatório, discutiremos o conceito e as origens da variação linguística.

2. 1. 1 Conceito e origens

A variação linguística pode ser entendida como multiforme dentro do discurso

interpessoal, ou seja, não possui uma forma padronizada na interação entre as pessoas.

Como afirma Câmara Jr. (1981 p. 239), variação é “consequência da propriedade da

linguagem de nunca ser idêntica em suas formas através da multiplicidade do discurso”.

A partir da década de 60 do século passado, o termo variação linguística foi

incluso na literatura linguística, passando a levar em consideração os aspectos sociais do

falante dentro de um determinado convívio social, facilitando os estudos linguísticos e

deixando para traz toda a homogeneidade dos estudos da fala, isoladamente reconhecida

até aquele momento, pelos os pesquisadores.

Com estas mudanças, o estudo das variações linguísticas passaram a levar em

consideração, como fator primordial, as condições sociais e linguísticas dos falantes. A

consistência dos estudos linguísticos, portanto, deve ter sempre a influência da

sociedade como a base de suas investigações, pois o fato linguístico vai estar sempre

relacionado a relações linguísticas e sociais. Sendo assim, antes de tecer qualquer

conclusão sobre estudos linguísticos, deve-se levar em consideração toda dimensão

social do falante.

Levando em consideração tais aspectos, percebe-se que a linguística passou a

estudar a língua em seu uso comum, no dia a dia. Nesse sentido, defendeu Labov (2008,

p. 26), “[...] no curso da conversação natural espontânea que seu comportamento possa

ser mapeado a partir de contextos não-estruturado e de entrevistas curtas”. Ou seja, a

língua passou a ser analisada não por regras pré-estabelecidas que a tratassem como

homogênea e sim como heterogênea, possuindo diversos níveis de linguagem – o

mesmo substantivo, por exemplo, pode ter diversas pronúncias, além das mudanças

lexicais existentes.

A sociedade passou a ser observada como fator importante no estudo das

variedades linguísticas, pois era reconhecido que não se poderia fazer um estudo

linguístico sem levar em consideração o lado social do indivíduo, inclusive a cultura da

comunidade a que o indivíduo pertencia. A cultura, diz Santos (1986, p.50), “[...] é uma

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dimensão da sociedade que inclui todo o conhecimento num sentido ampliado e todas as

maneiras como esse conhecimento é expresso”.

A cultura, pois, “[..] faz parte de uma realidade onde a mudança é um aspecto

fundamental” (SANTOS, 1986, p.47). Assim falando, observa-se que língua, sociedade

e cultura estão interligadas entre si, influenciando nos atos de comunicação e nas

interações como um todo. Considerando, então, que a língua reflete a sociedade e que

esta última é mutável por natureza, a mudança linguística é fato inerente da língua e, por

isso, não pode deixar de ser levada em consideração no estudo da linguagem.

2. 1. 2 Diferenças entre as linguagens oral e escrita

Embora o idioma oficial do Brasil seja o Português, linguistas defendem que há,

de fato, duas modalidades principais dessa língua circulando no país: uma língua oral e

outra escrita.

Segundo Bagno (1999), a língua falada é denominada vernáculo português, ou

seja, é aquela encontrada na boca do povo. Por isso, a língua falada não segue regras

estabelecidas pela gramática normativa e sim se refere a uma linguagem estabelecida

pela sociedade e a cultura a que o falante está exposto no dia a dia. A comunicação oral

pode, pois, adaptar-se de diversas formas, sendo possíveis várias mudanças de

vocabulários e até mesmo de pronúncia.

A língua escrita, por sua vez, é definida pelo mesmo autor como português e

seria aquela encontrada em jornais, livros, etc. Refere-se a uma modalidade

supervalorizada, tendo como fator preponderante a imposição de uma língua

considerada padrão e culta. Nota-se, pois que, além de ser imposta uma forma de

escrever que muitas vezes não condiz com a realidade de quem escreve, a língua dita

padrão ressalta que o indivíduo tem que ler como escreve e ainda impõe que a

capacidade de escrever e falar bem estão condicionados ao conhecimento da gramática.

Ensinar regras normativas sem levar em consideração conhecimentos pré-

estabelecidos do indivíduo, que ao ser exposto a diversos fatores sofre influência e

transformações na linguagem, é semelhante a pedir a alguém que faça uso de termos

que o mesmo não domina, como afirma Possenti (1977):

[...] são os gramáticos que consultam os escritores para verificar quais são as

regras que eles seguem, e não os escritores que consultam os gramáticos para

saber que regras devem seguir. Por isso, não faz sentido ensinar

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nomenclaturas a quem não chegou a dominar habilidade de utilização

corrente e não traumática da língua. (POSSENTI, 1997, p.55)

Dentro dos aspectos citados por Possenti (1997), não há lógica em impor uma

gramática aos que não a conhecem e, por este ponto de vista, o que se deve levar em

consideração não é a nomenclatura, mas a capacidade de entender e relacionar os termos

usados no discurso, seja ele oral ou escrito.

As diferenças entre a linguagem oral e escrita ficam bem estabelecidas quando

levam em consideração suas formas, pois cada uma tem sua particularidade: enquanto a

linguagem oral mantém uma interação centrada na comunicação livre, com diversas

possibilidades de usos e formas, a linguagem escrita se mantém através de formas

estabelecidas e padronizadas, tidas como uma linguagem padrão que deve ser seguida

pelos seus usuários.

2. 1. 3 Tipos de variação linguística

Diversos fatores – faixa etária, gênero (homens e mulheres), status

socioeconômico, grau de escolaridade, mercado de trabalho (cargo ou atividade

desempenhada pelo individuo), rede social em que o individuo está inserido, etc. –

podem ser utilizados para classificar os diferentes tipos de variação linguística. Nessa

seção, abordaremos alguns destes.

Inicialmente, podemos classificar as variações linguísticas em variação

geográfica (diatópica) e a variação social (diastrática). Na divisão geográfica, as

diferenças são percebidas entre os falantes de espaços geográficos diferentes. Para

Soares (1983), estas diferenças também se dão devido à distância física dos falantes,

resultando nos falares e dialetos regionais. Já na variação social, a divergência

linguística entre os subgrupos de uma determinada comunidade seria a principal

responsável por estas diferenças linguísticas. Ainda segundo Soares (1983), os aspectos

que distinguem essa diferença linguística são: idade, sexo, a classe social, a profissão e

o grau de escolaridade.

Considerando os fatores sociais, a língua ainda traz dois tipos de variantes

importantes para o estudo e o entendimento das variedades linguísticas: a variedade

padrão, conhecida também como língua culta, e a variedade não padrão da língua. A

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primeira, mesmo não sendo a língua original, define um conjunto de normas que

estabelecem a forma correta de falar e escrever. A segunda, por outro lado, se adapta à

situação e ao conhecimento de normas que não estão pré-estabelecidas, pois o falante

fala e escreve de acordo com a forma adquirida de sua rede social. A realidade é que

ambas estão influenciadas pela sociedade, pois a classe que faz uso da língua padrão

estabelece as formas para que sejam usadas como padrão, devido, muitas vezes, aos

aspectos geoeconômicos.

2. 2 PRECONCEITO LINGUÍSTICO

Além da extensão geográfica, o Brasil possui grandes desigualdades sociais.

Tais fatores provocam mudanças na língua, as quais têm gerado preconceitos quanto à

forma de falar de cada indivíduo.

É sabido por todos brasileiros que nosso idioma é o português, mas também se

tem um grande questionamento quanto à originalidade deste argumento, pois na

realidade, não se sabe ao certo, se o correto é o português trazido de Portugal ou o que

se utiliza atualmente no Brasil.

Segundo Bagno (2007), o português falado no Brasil apresenta um alto grau de

diversidade, que não leva só em consideração os aspectos geográficos, mas também a

injustiça social que faz do Brasil a segunda pior distribuição de renda do mundo. Tendo

em vista estas diferenças, o autor ainda ressalta que o Brasil fica dividido em duas

partes quanto ao uso da língua: uma dos falantes da língua padrão e outra dos falantes

da língua não padrão. Surge, assim, o preconceito linguístico, ou seja, por existirem

termos utilizados pelos falantes da língua não padrão que não são aceitos pelos falantes

da língua padrão e vice e versa, começa a haver uma discriminação pelo diferente.

Tendo em vista o uso padronizado e voltado para os falantes que tem uma

aquisição financeira melhor, além de outros aspectos relevantes, a língua padrão utiliza

termos muitas vezes incompreensíveis pelos falantes da língua não padrão. Como

afirma Bagno (1999, p. 20):

O que muitos estudos empreendidos por diversos pesquisadores têm

mostrado é que os falantes das variedades linguísticas desprestigiadas têm

sérias dificuldades em compreender as mensagens enviadas para eles pelo

poder público, que se serve exclusivamente da língua padrão.

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São comuns os casos em que um falante, ao utilizar sua linguagem do dia a dia,

é taxado como não conhecedor da língua, tornando-se vítima de diversos tipos de

preconceito. Segundo Bagno (2002), o falante da língua considerada não padrão não

têm sua linguagem reconhecida como válida, a mesma é desprestigiada e ridicularizada,

além de muitas vezes ser alvo de chacota pelos falantes da língua padrão.

Tal chacota pode ser classificada como bullying. Segundo Fante (2005, p. 29),

esta prática acontece quando, através de brincadeiras, disfarça-se o propósito de

maltratar e intimidar. Nesse sentido, por fazerem uso de determinadas formas

linguísticas em suas relações interpessoais, alguns alunos acabam sofrendo não apenas

preconceito, mas bullying.

Os preconceitos linguísticos, dessa forma, podem ser identificados em muitos

lugares e, até mesmo, nas escolas. A falta de adequação da escola quanto às mudanças

que a língua sofre com o decorrer do tempo e à diversidade cultural do povo brasileiro

talvez seja um dos fatores primordiais para a existência desses preconceitos, mas,

sobretudo, a não conscientização da comunidade escolar a respeito do caráter variável

da língua.

É notório que os professores ainda não estão capacitados para trabalharem a

influência da sociedade e da cultura na transformação da língua portuguesa, utilizando-

se da gramática normativa para impor uma forma de utilização da língua oral que não

leva em consideração o conhecimento prévio que o aluno tem desenvolvido em seu

convívio social. Fazendo isso, os educadores não se dão conta que estão

desconsiderando a linguagem como forma de aprendizagem. Segundo Vygotsky (1982

apud NEVES & DAMIANI, p.6), “o meio social é determinante no desenvolvimento

humano”, ou seja, o ambiente em que o indivíduo está inserido influencia direta e/ou

indiretamente no desenvolvimento e na aprendizagem da linguagem, a qual ocorre por

“imitação”, isto é, consiste em uma reprodução do que se é vivenciado.

Sendo assim, Bagno (2002) afirma que o aluno, vindo de uma realidade

linguística totalmente coloquial, influenciada por diversos dialetos, é tratado com

preconceitos e muitas vezes chacotas, pois a escola impõe ao aluno uma variedade

padrão da língua como única, dificultando tanto as relações interpessoais dentro da

escola, como o entendimento e a assimilação dos conteúdos. Nas palavras do autor:

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Esse mito é muito prejudicial à educação porque, ao não reconhecer a

verdadeira diversidade do português falado no Brasil, a escola tenta impor

sua norma linguística como se ela fosse, de fato, a língua comum a todos os

160 milhões de brasileiros, independentemente de sua idade, de sua origem

geográfica, de sua situação socioeconômica, de seu grau de escolarização etc.

(BAGNO, 1999, p. 15)

É muito comum um professor fazer a correção de uma palavra, pronunciada ou

escrita por um aluno, de maneira ignorante e grosseira, sem levar em consideração os

conhecimentos pré-estabelecidos pela linguagem a que o aluno foi submetido e,

consequentemente, influenciado. Assim, esse ato demonstra que os profissionais de

educação ainda não reconhecem as variedades linguísticas existentes em um país

multicultural como o nosso, fazendo nascer, muitas vezes, um preconceito linguístico

desnecessário.

2. 2. 1 Diversidade linguística na escola

A escola utiliza uma linguagem tradicionalmente conhecida como língua padrão

ou norma culta. Nessa perspectiva, a escola adota em sua prática uma língua que não

varia, ou seja, que é considerada homogênea. Acontece que o indivíduo pode fazer uso

de diversas regras em suas interações, comprovando que a língua não é homogênea, mas

heterogênea.

As diferenças linguísticas, porém, não podem ser ignoradas. Os professores e,

por meio deles, os alunos têm que estar bem conscientes de que existem várias maneiras

de dizer a mesma coisa. E mais, que essas formas alternativas servem a propósitos

comunicativos distintos e são recebidas de maneira diferenciada pela sociedade. O mais

importante é o aluno saber quando e como usar a língua, e não ter uma regra

estabelecida pela escola que venha desconsiderar tudo que foi assimilado por ele em sua

rede social.

Algumas formas conferem prestígio ao falante, aumentando-lhe a credibilidade

e o poder de persuasão; outras contribuem para formar uma imagem negativa,

diminuindo-lhe as oportunidades. Há que se ter em conta ainda que as reações

dependem das circunstâncias que cercam a interação. (BORTONI-RICARDO, 2005, p.

15)

É preciso deixar clara a importância dos diversos usos da língua, tanto a língua

padrão como a língua não padrão, pois não se pode deixar também de levar em

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consideração a importância da língua padrão no convívio em sociedade, tal, segundo

Possenti (1997), ato também tem que ser elevado como preconceituoso.

[...] A tese de que não se deve ensinar ou exigir o domínio do dialeto padrão

dos alunos que conhecem e usam dialetos não padrões baseia-se em parte no

preconceito segundo o qual seria difícil aprender o padrão. Isto é falso, tanto

do ponto de vista da capacidade dos falantes quanto em grau de

complexidade de um dialeto padrão. [...]. (POSSENTI, 1997, p. 17)

Dentro deste pressuposto, o aluno, ao se deparar com uma correção quanto a

forma de falar em suas interações interpessoais, passa por diversos conflitos, desde o

preconceito a diversas decisões desastrosas como a desistência. Todas estas situações

impostas ocorrem devido à falta de preparação da escola, pois esta teria que receber o

aluno valorizando e respeitando sua variedade linguística.

2. 2. 2 Causas do preconceito linguístico

O Brasil, apesar de bem dividido em suas regiões, possui uma variedade

linguística muito ampla, com isso, existe um preconceito quanto aos diferentes dialetos

utilizados nas interações entre as pessoas de uma mesma região ou de regiões diferentes.

Isso também ocorre entre as cidades ou dentro de uma mesma cidade (POSSENTI,

1997).

Quanto à divisão de classes sociais, são nelas também que os indivíduos, ao

interagirem em um contato mais próximo, também expõem suas diferenças linguísticas,

influenciadas culturalmente e financeiramente. Essas também refletem na escola, onde

os alunos se dividem em grupos estabelecidos por diversos padrões, com um grande

destaque para os alunos com uma maior aquisição financeira em que os mesmos são

considerados como um grupo conhecedor da língua padrão.

A imposição das normas consideradas cultas ou língua padrão só vêm

aumentando entre a sociedade brasileira, e nada é feito em prol da diversidade

linguística em seus usos e suas formas. O que se vê são as redes de televisão, jornais,

revistas e os livros didáticos incentivarem, cada vez mais, o uso da língua considerada

padrão, enquanto isto, as variedades linguísticas, existente em determinadas

comunidades que possuem seus dialetos próprios, são tachadas como incorretas e

incoerentes. Segundo Bagno (1999) se um falante do Sudeste ouve um falante da zona

rural nordestina pronunciar a palavra “oito” como [oytsu] ele acha isso “engraçado”,

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“ridículo” ou “errado”. Dentro dos estudos linguísticos, este fenômeno é o mesmo, a

palatalização, refere-se ao som que se pronuncia devida aproximação da língua ao céu

da boca, a única diferença entre estes falantes é que um falante usaria em sua pronuncia

o “y” antes do “t” e o outro usaria depois (PRIBERAM, 2008). Ainda segundo aquele

autor, o que está em jogo não é a língua, mas quem fala essa língua e a região

geográfica em que este falante vive. (BAGNO, 1999)

Bagno (1999) nomeia os falantes da língua portuguesa não padrão como “os

sem-língua”, pois os mesmos possuem uma gramática particular que não é reconhecida

como válida, além de ser alvo de chacota por falantes do português padrão. De acordo a

lógica usada nas divisões do português padrão e não padrão existiria brasileiro que não

sabe falar e muito menos interagir através da língua portuguesa, ou seja, temos vários

brasileiros sem língua no país.

2. 2. 3 Preconceito linguístico na escola

A escola precisa capacitar seus alunos, para que eles saibam fazer uso da língua

materna em diversas situações na vida e em sociedade, assim o aluno conheceria a

diversidade linguística existente em sua língua, além de saber adaptá-la a situação em

que o indivíduo esteja exposto em um ato de comunicação.

Para que se desenvolva a competência linguística do aluno, principalmente no

ensino fundamental, se faz necessário levar em consideração diversos fatores

relacionados à sociedade em que o mesmo está inserido. Como regula os PCNs:

É fundamental que a escola assuma a valorização da cultura de seu próprio

grupo e, ao mesmo tempo, busque ultrapassar seus limites, propiciando às

crianças e aos jovens pertencentes aos diferentes grupos sociais o acesso ao

saber, tanto no que diz respeito aos conhecimentos socialmente relevantes da

cultura brasileira no âmbito nacional e regional como no que faz parte do

patrimônio universal da humanidade.

É igualmente importante que ela favoreça a produção e a utilização das

múltiplas linguagens, das expressões e dos conhecimentos históricos [...].

(BRASIL, 1998, p. 44)

Mesmo estando orientada pelo PCN do ensino fundamental, as escolas tendem a

usar uma metodologia de ensino da língua padrão, que desconsidera a diversidade

linguística e sua importância nas relações interpessoais. Não que a língua padrão não

seja importante para o aluno, mas que a língua não padrão também seja levada em

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consideração, principalmente na interação oral. Portanto, devido a esta padronização da

língua imposta pela escola ao aluno, é gerado um preconceito desnecessário.

Muito já se estudou acerca da homogeneidade da língua portuguesa no Brasil,

porém esses estudos só tem prejudicado a educação brasileiro quanto ao ensino da

língua materna, como afirma Bagno, (1999):

Existe também toda uma longa tradição de estudos filológicos e gramaticais

que se baseou, durante muito tempo, nesse (pre)conceito irreal da “unidade

linguística do Brasil”. Esse mito é muito prejudicial à educação, porque, ao

não reconhecer a verdadeira diversidade do português falado no Brasil, a

escola tenta impor sua norma linguística como se ela fosse, de fato, a língua

comum a todos os 160 milhões de brasileiros, independentemente de sua

idade, de sua origem geográfica, de sua situação socioeconômica, de seu grau

de escolarização etc. (BAGNO, 1999, p. 15).

Influenciados por uma escola totalmente preconceituosa que se acha capaz de

definir e padronizar o uso da língua, os alunos vão sendo divididos em grupos

linguísticos, e essa divisão se dá da seguinte forma: os alunos que geralmente fazem

parte de um grupo que tem uma melhor aquisição financeira ou estão geograficamente

próximos de grandes centros são classificados como alunos falantes do português

padrão, já os que fazem parte de um grupo de menor aquisição financeira e estão

distante de grandes centros são os alunos falantes do português não padrão.

Devido à diversidade linguística no Brasil é necessário que as instituições

culturais e educacionais se adaptem a essas diversidades da língua portuguesa brasileira.

É preciso, portanto, que a escola e todas as demais instituições voltadas para

a educação e a cultura abandonem esse mito da “unidade” do português no

Brasil e passem a reconhecer a verdadeira diversidade linguística de nosso

país para melhor planejarem suas políticas de ação junto a população

amplamente marginalizada dos falantes das variedades não-padrão. O

reconhecimento da existência de muitas normas linguísticas diferentes é

fundamental para que o ensino em nossas escolas seja consequente com o

fato comprovado de que a norma linguística ensinada em sala de aula e, em

muitas situações, uma verdadeira “língua estrangeira” para o aluno que chega

a escola proveniente de ambientes sociais onde a norma linguística

empregada no quotidiano e uma variedade de português não-padrão.

(BAGNO 1999, p.18).

No ensino da língua materna em suas interações orais, faz-se necessário levar em

consideração todos os aspectos a que o falante esteja exposto, além de vários outros

fatores relevantes, sendo assim, é preciso adaptar as escolas para que ensinem

verdadeiramente a língua e suas diferentes possibilidades de uso no quotidiano.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os objetivos deste trabalho foram atendidos através da utilização de uma

pesquisa de caráter exploratório, a qual, segundo Gil (2002. p.41), é um “[...] tipo de

pesquisa [que] facilita o entendimentos de diversas possibilidades dos aspectos

estudados”. Assim, além de constatar a variedade linguística existente na escola João

Alves Torres, ainda proporcionou constatar o preconceito linguístico sofrido pelos

discentes e os aspectos relevantes a este tipo de preconceito.

O delineamento da pesquisa classificou-se como estudo de campo e se realizou

através da análise quantitativa, escolhida para coleta de dados durante as observações

dos diversos usos da língua.

Para obtenção dos dados, foram realizadas aplicação de um questionário, com

alunos, referentes ao uso correto da língua em suas interações orais no dia a dia. O

questionário era composto de perguntas objetivas e subjetivas, que versavam sobre as

diversas formas linguísticas utilizadas pelos os alunos na interação oral. Os mesmos

também continham perguntas subjetivas e objetivas referentes aos preconceitos

linguísticos sofridos pelos alunos na escola, devido a forma de interagir oralmente com

seus colegas e professores.

A pesquisa foi realizada na Escola João Alves Torres (JAT), localizada na

Avenida Coronel Pedro Targino, S/N centro, Araruna-PB, a qual possui cerca de 1046

alunos, segundo censo escolar de 2012, divididos em três turnos. O corpo pessoal é

composto por 65 professores, nomeados por concurso público, e 38 funcionários.

A escola é referência, no município, entre as escolas públicas, pois, devido ao

seu tamanho e estrutura, recebe alunos de diversas comunidades da zona rural e todos os

alunos da zona urbana, tendo em vista ser a única escola pública municipal na área

urbana, com ensino fundamental II do 6° ano ao 9° ano.

Devido à existência de alunos da zona urbana e da zona rural, a escola torna-se

um campo muito rico para tratar de questões sociolinguísticas, pois, nos atos de

comunicação entre os falantes de zonas diferentes, podem ser observados diversos

fatores que implicam nas diferenças socioeconômicas e consequentemente linguísticas

dos interlocutores.

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A amostra da pesquisa foi composta por 18 (dezoito) participantes, todos eram

alunos do 6° ano, do ensino fundamental II, divididos em: oito do sexo masculino e

doze do sexo feminino, com idades entre 09 e 13 anos, todos do turno da tarde.

De posse dos dados das entrevistas e dos questionários, foi feita uma análise

quantitativa e qualitativa dos dados, cujos resultados serão apresentados a seguir.

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4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

A escola de Ensino Fundamental João Alves Torres, possui um grande número

de alunos da zona rural e da zona urbana, alunos de realidades sociais totalmente

diferentes e, consequentemente, detentores de variedades linguísticas distintas. Estes

aspectos geram divisão entre os próprios alunos e, devido aos diferentes usos da língua,

surgem preconceitos entre os alunos, com uma parcela de contribuição dos professores

que insistem em padronizar a forma dos mesmos falarem.

A escola João Alves Torres traz várias características que influenciam nos

preconceitos linguísticos, desde os aspectos socioeconômicos, aos aspectos geográficos.

Assim, nesta escola, foram observadas diversas variações linguísticas como:

a) Variação diatópica (diferença entre as regiões): a linguagem dos alunos

provenientes da zona urbana é diferente dos advindos da zona rural, por

exemplo, os alunos da zona urbana utilizam diversas gírias como: fala boy, eeei

boyzinha, meu irmãaaooo, ta ligado?? Já os alunos da zona rural falam sem uso

de gírias, porém utilizam de uma linguagem totalmente informal, como: eii

minino, essa minina sabe visse, ei bixim, tu sabe visse, vixeee Maria, ele já tinha

abrido.

b) Variações diastráticas (referente aos grupos sociais): é comum ver na escola,

durante os intervalos, alunos divididos por grupos, divisão esta devida a diversos

aspectos e um deles é o financeiro. Os alunos dizem que preferem interagir com

aqueles que pertencem à mesma classe social ou que, pelo menos, sejam de

classes próximas, pois acreditam que o diálogo não flui com indivíduos de

classes diferentes. Para os alunos, a classe com maior aquisição financeira vive

uma realidade completamente diferente das classes consideradas inferiores, e

assim, têm formas diferenciadas quanto ao uso linguístico em sociedade.

c) Variação diafásica (comunicação na forma geral): dependendo do conhecimento

linguístico pré-estabelecidos cognitivamente em cada aluno, haverá diferenças.

Assim, os alunos que têm mais contatos com o meio virtual através da internet,

ou que já viajaram por algum tempo para outras regiões, utilizam linguagens

diferenciadas e, muitas vezes, mais ricas em seus vocábulos, pois tiveram a

oportunidade de conviver em ambientes diferentes, assim, ampliando seus

conhecimentos linguísticos.

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Analisando os resultados dos questionários aplicados com os alunos do 6° ano F

da Escola Municipal de Ensino Fundamental João Alves Torres, turno tarde, observou-

se que existe um preconceito linguístico entre os próprios alunos, isto devido suas

diferenças sociais, culturais e geográficas, e que seus educadores, principalmente de

língua portuguesa, priorizam a língua padrão como a única forma correta de interagir

nas relações interpessoais, mesmo as de cunho oral.

O questionário foi composto por dez perguntas, cada pergunta tinha cinco

alternativas. O questionário foi aplicado com 18 alunos, sendo 08 (44,5%) vindos da

zona urbana e 10 (55,5%) da zona rural como pode ser observado no gráfico 1.

Gráfico 1 – Alunos da zona urbana e rural que estudam na Escola João Alves Torres

Quando os alunos foram questionados sobre que avaliação faz de si próprio em

relação ao conhecimento da língua portuguesa na interação oral, 27,7% responderam

que se considera bom, 22,3% falaram que são péssimos, 33,3% responderam que se

considera muito ruim, apenas 5,5% disseram que são excelente e 11,2% falaram que são

muito bom, conforme demonstrado no Gráfico 2.

Gráfico 2 - Avaliação do aluno em relação ao conhecimento da língua portuguesa

44,5%55,5%

0,0%

20,0%

40,0%

60,0%

Zona Urbana Zona Rural

5,5%

11,2%

27,7%

33,3%

22,3%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

Excelente Muito bom Bom Muito ruim Péssimo

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O Gráfico 3 mostra que, na pergunta que questionava sobre como eles entendem

como os colegas falam, 22,2% disseram costumam compreender facilmente o que

colega fala, outros 22,3% responderam que conseguem entender apenas algumas coisas,

outros 22,3% falaram que tem dificuldades em entender o colega. Enquanto 16,7%

disseram que entendem tudo, pois sabe falar muito bem e outros 16,7% falaram que só

entendem aqueles que moram na mesma rua ou sítio.

Gráfico 3 - Entendimento sobre o que os alunos falam entre eles.

Quando foram questionados se os professores fazem correções quanto à forma

de falar, os resultados do Gráfico 4 mostram que 16,7% disseram que fazem sempre,

44,4% afirmaram que a correção acontece às vezes, 27,7% responderam nunca são

corrigidos, 5,5% disseram que a correção só acontece quando estão conversando com os

colegas no intervalo e outros 5,5% falaram que quase nunca acontece.

Gráfico 4 - Correção dos professores quanto à forma dos alunos falarem

16,70%

22,20% 22,20%

16,70%

22,20%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

Entendo tudo, pois sei

falar bem

Facilmente Consigo entender

algumas coisas

Só entendo os que moram na mesma rua ou

sítio que eu moro

Tenho dificuldades

16,7%

44,4%

5,5%

27,7%

5,5%

0,0%5,0%

10,0%15,0%20,0%25,0%30,0%35,0%40,0%45,0%50,0%

Sempre Às vezes Quase nunca Nunca fizeram Só quando estou conversando

com colegas no intervalo

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Os alunos também foram questionados para saber como se sentem quando

alguém faz uma correção de algo que falaram. O Gráfico 5 aponta que 27,7% afirmaram

que se sentem péssimo quando isso acontece, outros 27,7% disseram que não se

importam para estas coisas, apenas 11,2% falaram que gostam quando alguém faz isto,

16,7% salientaram que ficam furioso e outros 16,7% afirmaram que riem de si mesmo

quando alguém faz correção sobre algo que falaram.

Gráfico 5 - Reação dos alunos quando alguém faz uma correção sobre algo que eles falam

O Gráfico 6 apresenta as respostas para a pergunta que buscava saber sobre que

frequência o aluno costumava falar alguma palavra que alguém não conhece ou não

entende, 27,7% responderam que sempre tem alguém que não entende o que fala, 16,7%

falaram que isso nunca acontece, 38,8% disseram que só acontece de vez em quando,

apenas 5,5% afirmaram que acontece apenas quando fala com pessoas de outras regiões

do país e 11,2% destacaram que isso ocorre quando falam com pessoas idosas.

Gráfico 6 - Frequência sobre uso de palavras que os alunos fazem e outros não entendem

11,20%

16,70%

27,70%

16,70%

27,70%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

Gosto quando alguém faz isto

Começo a rir de mim mesmo

Não ligo para estas coisas

Fico furioso Péssima

27,7%

16,8%

38,8%

5,5%

11,2%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

45,0%

Sempre tem alguém que não entende o que

eu falo

Isto nunca acontece

Só de vez em quando

Quando falo com pessoas de outra

região do país

Quando falo com pessoas idosas

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O Gráfico 7 mostra que, quando os docentes foram questionados se têm

dificuldades em falar com alguém que mora na zona urbana ou na zona rural, 27,8%

afirmaram que têm às vezes, 5,5% responderam que sempre têm dificuldade, outros

5,5% falaram que atualmente não, mas já teve, 38,9% disseram que nunca tiveram e

22,3% responderam que não tinham, mas agora têm.

Grafico 7 - Dificuldade de falar com pessoas que moram na zona urbana ou zona rural

Os alunos também foram questionados para saber se já sofreram algum tipo de

bullying por ter falado algo consideram errado por alguém. O Gráfico 8 apresenta os

resultados: 27,7% responderam que sempre sofre discriminação pelo que fala, 22,2%

disse que alguns riem por causo daquilo que falam, enquanto 27,7% falaram que isso

nunca acontece, apenas 11,2% enfatizaram que as vezes sofre por não saber falar as

coisas, outros 11,2% afirmara que domina muito bem a língua padrão.

Gráfico 8 – Bullying por falar algo considerado errado

11,2%

27,8%

22,2%

27,2%

11,2%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

Nunca Ás vezes Sempre Não tenho, mas já

tive

Não tinha, mas

agora tenho

11,2%

22,2%

27,7%

11,2%

27,7%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

Domino muito bem a lingua

padrão

Alguns riem de mim pelo meu jeito de falar

Sempre sofro discriminação pelo que eu

falo

Às vezes sofro por não saber falar as coisas

Nunca

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Na pergunta para saber se os alunos conhece alguém que não fala por medo de

errar, o Gráfico 9 demonstra que: 33,3% responderam que conhece, se referindo a si

próprio, 22,2% falaram que não conhece, 16,6% afirmaram que conhecem muitas

pessoas, outros 16,6% se referiram ao amigo e apenas 11,3% destacaram que conhecem

poucas pessoas que não falam por este motivo.

Gráfico 9 – Conhece alguém que não fala por medo de errar

Nos questionários respondidos pelos os alunos, foi observado outro aspecto

importante que gera o preconceito linguístico: a questão das formas diferenciadas que os

alunos têm de falar as mesmas coisas como, por exemplo, alguns alunos chamam a

esfera de vidro de “bola de gude”, outros chamam de “biloca” e outros de “bola de

vidro”. Tem alunos que chamam o biscoito recheado de “bolacha recheada”. É

importante ainda ressaltar a questão das pronúncias diferentes como: “poirta” para

porta, “biciqueta” para bicicleta, além do uso excessivo do pronome “tu” pelos falantes

da zona rural e do uso excessivo de gírias pelos falantes da zona urbana.

Os resultados também permitiram constatar certo despreparo do corpo docente

em seguir o que dizem os PCNs quanto ao ensino da língua materna:

No ensino-aprendizagem de diferentes padrões de fala e escrita, o que se

almeja não é levar os alunos a falar certo, mas permitir-lhes a escolha da

forma de fala a utilizar, considerando as características e condições do

contexto de produção, ou seja, é saber adequar os recursos expressivos, a

variedade de língua e o estilo às diferentes situações comunicativas: saber

coordenar satisfatoriamente o que fala ou escreve e como fazê-lo; saber que

modo de expressão é pertinente em função de sua intenção enunciativa, dado

o contexto e os interlocutores a quem o texto se dirige. A questão não é de

33,3%

22,2%

16,6% 16,6%

11,3%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

Sim, eu Não Conheço muitas pessoas

Sim Conheço poucas pessoas que não falam

por este motivo

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erro, mas de adequação às circunstâncias de uso, de utilização adequada da

linguagem. (PCN, 1998, p. 31).

Assim, percebemos que, conforme a previsão dos PCNs de que a escola deve

aceitar a realidade linguística de seus usuários, os alunos do 6º ano “F” da Escola

Municipal de Ensino Fundamental João Alves Torres consideram que sua forma de falar

é sim aceita pelos professores. A imposição da forma padrão, portanto, caso ocorra, não

é percebida pelos discentes.

Considerando que a língua é reflexo da sociedade que a utiliza, a

Sociolinguística defende que não devem haver divisões, tachando o que é certo ou

errado, mas uma preconização quanto à diversidade linguística e seus fatores relevantes.

Desse modo, os professores devem destacar a importância do uso da língua padrão,

ensinando como e quando usá-la, e não a defender como única forma correta de

comunicar-se, menosprezando as demais formas linguísticas, uma vez que isso só leva à

propagação do preconceito entre os alunos.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A variedade linguística é uma realidade que está dentro da escola brasileira,

porém a mesma ainda não está preparada para relacionar as diferenças linguísticas e

utilizá-las como facilitadora da aprendizagem e da interação interpessoal entre alunos,

professores e funcionários.

Neste trabalho foram abordados as variedades da língua portuguesa e o

preconceito linguístico, gerados devidos estas diferenças linguísticas, destacando os

motivos pelos quais este ocorre e as formas que o mesmo se apresenta em uma turma da

escola Municipal João Alves Torres.

Através de uma pesquisa de campo, que utilizou como método de investigação a

observação e a aplicação de questionários, constatou-se que os alunos da zona rural

utilizam termos diferentes dos alunos da zona urbana, classificando-se com estes

aspectos a ocorrência das variações linguísticas diatópicas. Foi constatado também que

entre esses alunos ocorre a variação linguística diastrática, devido as diferenças

socioeconômicas.

Diante desses resultados, verificamos que, na turma investigada, embora os

professores aceitem as particularidades linguísticas dos alunos, o preconceito linguístico

está presente entre os pares. Isto é, entre alunos, principalmente da zona urbana e alunos

da zona rural, é possível identificar o preconceito linguístico, gerado, sobretudo, pelas

diferenças geográficas e socioeconômicas.

Embora não tenhamos exaurido o assunto, reconhecemos que este trabalho foi

muito importante para os graduandos em Letras Língua Portuguesa, tendo em vista que

ampliou os conhecimentos quanto ao preconceito linguístico e às variações da língua

portuguesa. Também permitiu que esses futuros professores conhecessem melhor os

motivos e aspectos caracterizadores do preconceito linguístico e ainda ajudou a

desenvolver as competências de investigação, de seleção, de organização e de

comunicação da informação quanto o preconceito linguístico existente na escola João

Alves Torres.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. 48 ed., São Paulo:

Edições Loyola, 1999.

_____. Preconceito Linguístico: o que é, como se faz. 49 ed., São Paulo: Edições

Loyola, 1999.

BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em língua materna: a sociolinguística

na sala de aula. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. p. 37-49.

CÂMARA JR. J. Mattoso. Dicionário de Linguística e Gramática: referente à língua

Portuguesa. Petrópolis: Vozes, 1981.

Dicionário Priberam da Língua Portuguesa 2008-2013. Disponível em

<http://www.priberam.pt/dlpo/palatalizacao>. Acesso em: 24 out 2013.

LABOV, W. Padrões Sociolinguísticos. São Paulo: Parábola, 2008.

LYONS, John. Introdução à linguística teórica. São Paulo: Nacional/EdUSP, 1979.

MOLLICA, Maria Cecília. BRAGA, Maria Luiza. Introdução à sociolinguística: o

tratamento da variação. 2ª ed., São Paulo: Contexto, 2004.

NEVES, Rita de Araújo, DAMIANI, Magda Floriana. Vygotsky e as teorias da

aprendizagem. Vol. 1, n° 2, UNIrevista: abril, 2006.

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais:

terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares

nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998. 174p.

POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado de

Letras, 1997.

SANTOS, Janete S. dos. Letramento, variação lingüística e ensino de português. In:

Revista Linguagem em (Dis)curso. Centro de Pós-Graduação de Tubarão/SC, 2004.

TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolingüística. 7 ed., São Paulo: Ática, 2005.

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ANEXO

Questionário

1. Que avaliação você faz de si próprio em relação ao conhecimento da língua

portuguesa na interação oral?

a) Bom

b) Péssimo

c) Muito ruim

d) Excelente

e) Muito bom

2. Como você entende tudo que seus colegas falam?

a) Facilmente

b) Consigo entender algumas coisas

c) Tenho dificuldades

d) Entendo tudo, pois sei falar muito bem

e) Só entendo os que moram na mesma rua ou sítio que eu moro

3. Tem alguma palavra que você conhece de uma forma e muitos falam de outra

forma? Qual?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

4. Os professores fazem correções quanto a sua forma de falar?

a) Sempre

b) As vezes

c) Nunca fizeram

d) Só quando estou conversando com colegas no intervalo

e) Quase nunca

5. Como você se sente quando alguém faz uma correção de algo que você falou?

a) Péssimo

b) Não ligo para estas coisas

c) Muito bem gosto quando alguém faz isto

d) Fico furioso

e) Começo a ri de mim mesmo

6. Com que freqüência você fala alguma palavra que alguém não conhece ou não

entende?

a) Sempre tem alguém que não entende o que eu falo

b) Isto nunca acontece

c) Só de vez em quando

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d) Quando falo com pessoas de outra região do país

e) Quando falo com idosos

7. Você tem dificuldades em falar com alguém que mora na zona urbana ou na

zona rural

a) As vezes

b) Sempre

c) Não tenho, mas já tive

d) Nunca

e) Não tinha, mas agora tenho

8. Escreva algo que você já falou e alguém te fez uma correção.

________________________________________________________________

________________________________________________________________

________________________________________________________________

9. Você já sofreu algum tipo de bullying por ter falado algo considerado errado por

alguém?

a) Sempre sofro discriminação pelo que eu falo

b) Alguns riem de mim pelo meu jeito de falar

c) Nunca

d) As vezes sofro por não saber falar as coisas

e) Domino muito bem a língua padrão

10. Você conhece alguém que não fala por medo de errar?

a) Sim, eu

b) Não

c) Conheço muitas pessoas

d) Sim meu amigo

e) Conheço poucas pessoas que não falam por este motivo