universidade estadual de santa cruz ...šnior...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento...

165
CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS VERDES PÚBLICAS E ARBORIZAÇÃO DE RUAS DA CIDADE DE JEQUIÉ (BA) ALVARO CARVALHO DE CERQUEIRA JUNIOR ILHÉUS, BAHIA 2004 UESC UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL E MEIO AMBIENTE

Upload: dangkien

Post on 12-Feb-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS VERDES PÚBLICAS E

ARBORIZAÇÃO DE RUAS DA CIDADE DE JEQUIÉ (BA)

ALVARO CARVALHO DE CERQUEIRA JUNIOR

ILHÉUS, BAHIA 2004

UESC

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL E MEIO AMBIENTE

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

i

ALVARO CARVALHO DE CERQUEIRA JUNIOR

CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS VERDES PÚBLICAS E

ARBORIZAÇÃO DE RUAS DA CIDADE DE JEQUIÉ (BA)

Dissertação apresentada ao Programa Regional de pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Sub-programa Universidade Estadual de Santa Cruz, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Sub-área de concentração: Gestão Ambiental no Trópico Úmido.

Orientador: Prof. Dr. José Geraldo Mageste

ILHÉUS Bahia – Brasil Outubro - 200

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

ii

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

iii

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

iv

A Deus,

por ter me conduzido neste caminho.

À memória do meu pai, bacharel em Direito Álvaro Carvalho, que

não poupou esforço para a educação dos filhos,

com muito amor e saudade.

À minha mãe, Maria Alene, pelo amor, apoio e incentivo.

À minha esposa Cássia, que esteve na retaguarda durante os anos

de realização do curso de mestrado e que não me deixou desistir

nas horas difíceis e de desânimo, incentivando-me a continuar.

Aos meus filhos,

Caio Vinícius e João Victor, com quem privei horas preciosas de

contato.

Aos meus irmãos, Paulo, Ana Paola e Alexandre, meus sobrinhos

Tarcísio, Gabriel, Filipe, Luíza e João Pedro.

A todos os habitantes do município de Jequié,

dedico

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

v

AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter iluminado o meu caminho, guiando meus passos na direção certa,

auxliando-me a galgar mais um degrau na busca do aprimoramento científico.

À Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), pela oportunidade da realização deste

aprimoramento científico, por meio desse curso de mestrado.

Ao Professor Dr. José Geraldo Mageste, pelo incentivo, confiança e orientação.

Ao Professor Dr. Fermin Garcia Velasco, coordenador do mestrado, pelo estímulo,

crítica e confiança que sempre dedicou a mim e ao meu trabalho.

Aos Professores do curso de Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio

Ambiente, com especial agradecimento ao Professor Dr. Max de Menezes.

Aos integrantes da banca examinadora, Prof. Dr. Wantuelfer Gonçalves e Profª Drª

Maria Eugenia Bruck, pelas valiosas contribuições.

Ao Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB, pelo apoio financeiro.

À Professora Isabelle Meunier do Departamento de Engenharia Florestal da

Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, grande colaboradora, sem a qual este

trabalho teria sido muito mais difícil.

Ao Professor Dr. Wantuelfer Gonçalves do Departamento de Engenharia Florestal da

UFV, pela revisão final da dissertação, com sugestões altamente valiosas.

À Professora Lectícia Scardino Scott Farias, do Departamento de Botânica da

Universidade Federal da Bahia - UFBA, pela preciosa colaboração na área de botânica.

À Prefeitura Municipal de Jequié, em especial ao Exmo. Sr. Prefeito Roberto Pereira

Brito, pelo apoio e recursos oferecidos para a execução deste trabalho.

À bióloga e amiga Rovelina Macedo, pelo empréstimo de material bibliográfico.

A todos os colegas do Mestrado, pela convivência sadia e amigável.

Aos colegas da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH) pela

amizade e incentivo.

Ao Sr. Anatólio H. Meira Magalhães pela eficiência e atenção nas correções textuais.

Aos alunos da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), que me auxiliaram

nos trabalhos de campo.

Aos meus pais Álvaro e Alene, pelo amor e educação proporcionados.

À minha esposa Cássia Carvalho da Silva Cerqueira e aos meus filhos Caio Vinícius de

Carvalho e João Victor de Carvalho, pela compreensão nos longos e difíceis meses de

dedicação ao trabalho.

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

vi

CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS VERDES PÚBLICAS E ARBORIZAÇÃO DE RUAS

DA CIDADE DE JEQUIÉ (BA)

Autor: Álvaro Carvalho de Cerqueira Júnior

Orientador: Prof. Dr. José Geraldo Mageste

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo geral avaliar as áreas verdes públicas e a

arborização de ruas da cidade de Jequié (BA), por meio de levantamentos quantitativos e

qualitativos, visando dar subsídios ao planejamento ambiental da cidade de Jequié, servindo

também de modelo para outras cidades da Bahia. Foram identificadas 109 áreas verdes,

totalizando uma superfície de 3.491.040 m2, obtendo-se um índice de área verde (IAV) de

26,81 m2/habitantes para as áreas verdes totais e de 0,93 m2/habitantes para as praças. No

censo das ruas urbanizadas foram identificadas 59 espécies e um total de 15.188 árvores,

sendo que uma única espécie (Ficus benjamina) correspondeu a 75,1% dessa população. O

conjunto das árvores das praças, ruas urbanizadas e não urbanizadas somaram 24.917

indivíduos. Com relação às praças, constatou-se que 68,8% estavam urbanizadas e

apresentavam deficiência em relação à infra-estrutura e manutenção da vegetação, oferecendo

muito pouco à população em termos de lazer. Observou-se ainda, que a distribuição destes

espaços na malha urbana não é uniforme, sendo o bairro do Jequiezinho e Centro da cidade as

regiões mais privilegiadas. No levantamento qualitativo da arborização viária, foi utilizado o

sistema de amostragem em conglomerados, tendo o quarteirão como unidade de amostra. Do

total das árvores inventariadas, 71,1% provêm de plantios voluntários, o que contribuiu para a

despadronização da arborização. A arborização de Jequié não atendeu o padrão ideal na

seleção das espécies, bem como na qualidade das mudas utilizadas, sendo que 49,9% das

espécies tinham porte incompatível para o espaço disponível e 83,4% tinha altura da

bifurcação abaixo das recomendações. Os parâmetros que indicam a qualidade do plantio, a

distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento

das árvores encontravam-se aquém do indicado, enquanto a distância média entre árvores

estava dentro do desejável, porém com grande variabilidade no espaçamento. A população

amostrada apresentou 69,3% de árvores boas e 0,8% em estado ruim. Os principais

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

vii

problemas encontrados nas árvores foram os danos físicos causados por podas inadequadas,

raízes levantando calçadas, ocorrência de pragas e doenças. Entre as necessidades de manejo,

a ampliação da área livre foi requerida por 69,3% das árvores, seguida de combate a pragas

e/ou doenças em 38,5%, recuperação de injúria mecânica em 28,9% e poda leve em 23,8%.

Estes resultados mostraram a necessidade de definir uma política municipal de arborização de

ruas e áreas verdes, que poderá ser viabilizada através da elaboração de um Plano Diretor de

Arborização, reestruturação do Setor de Parques e Jardins da Prefeitura e criação de legislação

específica sobre arborização urbana.

Palavras-chave: Áreas verdes públicas, arborização de ruas, cidade de Jequié.

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

viii

CHARACTERIZATION OF THE PUBLIC GREEN AREAS AND STREETS

ARBORIZATION IN THE CITY OF JEQUIÉ (BA)

Author: Álvaro Carvalho de Cerqueira Júnior

Adviser: Prof. Dr. José Geraldo Mageste

ABSTRACT

The main purpose of this work is to weigh up the public green areas and streets

arborization in the city of Jequié, Bahia, by means of quantitative and qualitative surveys as

well as to subsidize its environment planning. It also might be used as a model for other cities

througout the State. 109 green areas have been identified adding up a surface of 3.491.040 m2

from which was obtained a Green Area Rate (GAR) of 26,81 m2/ihabitants for the green areas

as a whole and 0,93 m2/ihabitants for the squares. A dendrographic census of urbanized

streets has identified 59 species and a total of 15.188 trees wherein the only one Ficus

benjamina comprises 75,1% of that conglomerate. The trees growing in square, urbanized and

nonurbanized streets amount to 24.917 individuals. As for the squares it has been verified that

68,8% were urbanized and showed some deficiency regarding the substructure, vegetation

maintenance and public leisure. It has been identified, furthermore, that the distribution of

these spaces in urban networks is not uniform, seeing that Jequiezinho Quarter and

Downtown are the more privileged ones. In the road arborization survey the sampling system

has been used for conglomerates, taking the city block as a sample unit. 71,1% of the

catalogued planted area is due to spontaneous work, what led to non-standardized

arborization. Arborization in Jequié has not taken into consideration the ideal regulations for

species selection as well as for the seedlings quality therein used, seeing that 49,9% of those

species had an incompatible stem height as to the available area and 83,4% had a branch

height below technical recommendations. The parameters indicating planted area quality,

distance from curbs, buildings and growing plants free areas were beneath expectation, while

the average distance among the trees was within what one might expected, but there was a

great spacing variability. The sampled conglomerate brought out 69,3% of trees in good

conditions and 0,8% in bad conditions. The worst problems found in the trees thereby were

physical damages due to inappropriate pruning, pavement uneven or cracked by roots

irruption, and the incidence of plagues and diseases. Among the management needs, the area

enlargement is essential for 69,3% of the trees, followed by plagues and/or diseases combat

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

ix

(38,5%), mechanic damages recovering (28,9%) and slight pruning (23,8%). These

conclusions showed the need to define a municipal arborization policy in streets and green

areas that might be set up through a Director Plan for Arborization, the reconstruction of

municipal parks and gardens sectors and the creation of a specific legislation about urban

arborization.

Key words: Public green areas, streets arborization, city of Jequié.

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

x

SUMÁRIO

Página

Lista de tabelas........................................................................................................ xiv

Resumo...................................................................................................................... vi

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 4

2.1 Alterações ambientais no espaço urbano................................................................. 4

2.2 Relevância da arborização de ruas e das áreas verdes para a população.................. 8

2.2.1 A arborização e o clima local.................................................................................... 9

2.2.2 As árvores e a poluição do ar................................................................................... 10

2.2.3 A vegetação e o ruído................................................................................................ 11

2.2.4 Benefícios estéticos da arborização urbana.............................................................. 11

2.2.5 As árvores e a saúde física e mental do homem....................................................... 11

2.2.6 Benefícios econômicos e sociais da arborização urbana.......................................... 13

2.3 Definições e aspectos conceituais da arborização urbana........................................ 14

2.4 Análise qualitativa das áreas verdes urbanas........................................................... 18

2.5 Planejamento das áreas verdes urbanas................................................................... 19

2.6 Manutenção das áreas verdes................................................................................... 21

2.7 Planejamento da arborização urbana......................................................................... 22

2.7.1 Inventário da arborização urbana.............................................................................. 25

2.7.2 Plano diretor de arborização urbana.......................................................................... 26

2.8 Produção de mudas, plantio e manejo das árvores de ruas...................................... 27

2.9 Aspecto histórico da arborização............................................................................. 31

2.10 Planejamento da arborização urbana no Brasil, Bahia e em Jequié......................... 36

2.11 Legislação disponível sobre o meio ambiente municipal em Jequié....................... 38

3 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 40

3.1 Caracterização da área de estudo............................................................................. 40

3.2 Avaliação das áreas verdes públicas........................................................................ 41

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

xi

3.2.1 Quantidade e uso das áreas verdes públicas............................................................. 45

3.2.2 Índice de áreas verdes (IAV).................................................................................... 46

3.2.3 Aspectos urbanísticos, conservação e distribuição das áreas verdes públicas......... 46

3.2.4 Diversidade florística das praças.............................................................................. 49

3.3 Avaliação da arborização urbana.............................................................................. 49

3.3.1 Estimativa do número de árvores da área não urbanizada da cidade....................... 49

3.3.2 Levantamento quantitativo da arborização de ruas urbanizadas.............................. 51

3.3.2.1 Diversidade de espécies............................................................................................ 51

3.3.3 Avaliação qualitativa da arborização urbana............................................................ 52

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................... 60

4.1 Avaliação quantitativa e uso atual das áreas verdes públicas.................................. 60

4.2 Índice de áreas verdes (IAV)................................................................................... 66

4.3 Avaliação qualitativa das áreas verdes de uso coletivo........................................... 67

4.3.1 Aspetos urbanísticos................................................................................................ 67

4.3.2 Análise da vegetação................................................................................................ 76

4.3.3 Manutenção geral das praças................................................................................... 76

4.3.3.1 Manutenção da vegetação........................................................................................ 76

4.3.3.2 Manutenção dos equipamentos e mobiliários.......................................................... 77

4.3.3.3 Manutenção das vias de circulação.......................................................................... 78

4.3.3.4 Limpeza................................................................................................................... 79

4.4 Diversidade florística das praças.............................................................................. 84

4.5 Distribuição das áreas verdes de uso coletivo na malha urbana............................... 87

4.6 Avaliação quantitativa da arborização urbana.......................................................... 89

4.6.1 Estimativa do número de árvores da área não urbanizada da cidade....................... 89

4.6.2 Levantamento quantitativo da arborização de ruas urbanizadas.............................. 89

4.7 Avaliação qualitativa da arborização urbana............................................................ 94

4.7.1 Características do meio............................................................................................ 94

4.7.1.1 Largura dos passeios e das ruas............................................................................... 95

4.7.1.2 Condições locais...................................................................................................... 97

4.7.1.3 Interferências presentes ao crescimento das árvores............................................... 97

4.7.2 Regularidade dos plantios........................................................................................ 99

4.7.3 Posição do plantio.................................................................................................... 99

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

xii

4.7.3.1 Distância da árvore ao meio-fio............................................................................... 100

4.7.3.2 Afastamento predial................................................................................................. 100

4.7.3.3 Área livre.................................................................................................................. 102

4.7.3.4 Distância entre árvores............................................................................................. 104

4.7.4 Características das espécies..................................................................................... 104

4.7.4.1 Altura da árvore....................................................................................................... 104

4.7.4.2 Circunferência à altura do peito (CAP)................................................................... 105

4.7.4.3 Altura da primeira bifurcação.................................................................................. 106

4.7.5 Compatibilidade entre o porte da árvore e o espaço físico para crescimento.......... 107

4.7.6 Condição geral das árvores...................................................................................... 108

4.7.6.1 Estado da casca........................................................................................................ 108

4.7.6.2 Forma do tronco....................................................................................................... 108

4.7.6.3 Estado da raiz.......................................................................................................... 110

4.7.6.4 Vitalidade da copa................................................................................................... 112

4.7.6.5 Injúria mecânica na copa......................................................................................... 112

4.7.6.6 Condições fitossanitárias das árvores...................................................................... 113

4.7.7 Manutenção dos indivíduos arbóreos nas ruas......................................................... 114

4.8 Análise das dez espécies mais freqüentes................................................................ 119

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES.......................................................................... 123

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 127

APÊNDICES............................................................................................................ 134

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

xiii

LISTA DE FIGURAS

Página

1 Seqüência de alterações nos ecossistemas............................................................. 5

2 Aspecto da arborização antiga em Jequié (BA): Praça Rui Barbosa (A ,B,C,D,E) e Rua Alves Pereira (F)......................................................................... 34

3 Localização do município e sede municipal de Jequié no Estado da Bahia........... 41

4 Setorização dos bairros de Jequié/BA, 2003.......................................................... 44

5 Localização das unidades de amostras sorteadas no levantamento do número de árvores das vias não urbanizadas da cidade de Jequié/BA, 2003...........................

50

6 Localização dos quarteirões que constituíram as unidades de amostras

inventariadas no levantamento qualitativo da arborização de ruas da cidade de Jequié/BA, 2003.....................................................................................................

53

7 Gráfico da superfície (%) ocupadas por tipos de áreas verdes em relação ao total levantado, em Jequié/BA, 2003.................................................................... 61

8 Ocupação inadequada das margens do Rio de Contas, em Jequié/BA, 2003........ 64

9 Esquema do Sistema de Áreas Verdes proposto pela PMJ, em 1995.................... 65

10 Praça Jornalista Jorge Calmon: exemplo de área em bom estado de conservação, em Jequié/BA, 2003.........................................................................

83

11 Praça Patrícia: exemplo de área em ruim estado de conservação, em Jequié/BA,

2003........................................................................................................................

83

12 Distribuição espacial das áreas verdes de Jequié/BA, em 2003............................. 88

13 Utilização de espécie de grande porte ao longo de calçada estreita, em Jequié/BA, 2003.....................................................................................................

95

14 Conflito entre a arborização e a rede elétrica, em Jequié/BA, 2003...................... 98

15 Árvore atingindo a fiação aérea, em Jequié/BA, 2003........................................... 98

16 Plantio sem recuo suficiente das construções, em Jequié/BA, 2003...................... 103

17 Árvore com a região do colo comprimida, em Jequié/BA, 2003........................... 103

18 Árvore com as raízes aflorando e levantando a calçada, em Jequié/BA, 2003...... 111

19 Árvores mutiladas por podas drásticas, em Jequié/BA, 2003..... 113

20 Poda drástica em Senna multijuga, em Jequié/BA, 2003....................................... 116

21 Muda de Ficus benjamina sem gradil e tutor, em Jequié/BA, 2003..................... 118

22 Plantio de Bauhinia sp., em Jequié/BA, 2003........................................................ 122

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

xiv

LISTA DE TABELAS

Página

1 Relação dos tipos de áreas verdes da cidade de Jequié/BA, em 2003, com suas respectivas áreas, porcentagem de participação na área total e o índice de área verde (IAV) por tipo de área verde......................................................

61

2 Classificação das praças de Jequié/BA, quanto ao estado de urbanização, 2003..................................................................................................................

67

3 Pavimentação das praças de Jequié/BA, 2003.................................................. 68

4 Tipos de pavimentação das praças de Jequié/BA, 2003................................... 68

5 Presença de delimitação de canteiros nas praças de Jequié/BA, 2003............. 69

6 Presença de pontos de água nas praças de Jequié/BA, 2003............................ 69

7 Condições de Iluminação nas praças de Jequié/BA, 2003............................... 70

8 Relação de equipamentos de serviço existentes nas praças da cidade de Jequié/BA, 2003...............................................................................................

71

9 Relação de equipamentos de lazer existentes nas praças da cidade de

Jequié/BA, 2003...............................................................................................

72

10 Relação das praças de Jequié/BA com seus equipamentos de serviço e lazer, 2003..................................................................................................................

73

11 Quantificação dos grupos vegetais nas praças de Jequié/BA, 2003................. 76

12 Situação da manutenção da vegetação nas praças da cidade de Jequié/BA, 2003..................................................................................................................

77

13 Situação dos equipamentos nas praças da cidade de Jequié/BA, 2003............ 77

14 Situação das vias de circulação nas praças da cidade de Jequié/BA, 2003...... 78

15 Situação da limpeza nas praças da cidade de Jequié/BA, 2003........................ 79

16 Avaliação das praças de Jequié/BA em relação ao estado de conservação, 2003..................................................................................................................

81

17 Nome comum e botânico, família, origem, nº de indivíduos e percentagem

das espécies presentes nas praças da cidade de Jequié/BA, 2003....................

85

18 Nome comum e botânico, família, origem, nº de indivíduos e percentagem das espécies presentes nas vias públicas urbanizadas da cidade de Jequié/BA, 2003................................................................................................................... 90

19 Número de árvores por km de rua, em cada setor de Jequié/BA, 2003............ 94

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

xv

20 Freqüência percentual das árvores por classe de largura do passeio, largura da rua, condições locais e interferências presentes, por setores e geral Jequié/BA, 2003................................................................................................

96

21 Origem dos plantios da população amostrada, em Jequié-BA, 2003.............. 99

22 Freqüência percentual das árvores por classe de distância ao meio-fio, afastamento predial e área livre, por setores e geral Jequié/BA, 2003.............

101

23 Valores médios de espaçamento ( X ), desvio padrão (s) e coeficiente de variação (CV), por setores e geral Jequié/BA, 2003.........................................

104

24 Freqüência percentual das árvores por classe de altura, circunferência à altura do peito (CAP) e altura da primeira bifurcação, por setores e geral Jequié/BA, 2003...............................................................................................

106

25 Relação entre o porte das árvores e o espaço disponível: freqüência percentual por situação das árvores amostradas, por setores e geral Jequié-BA, 2003..........................................................................................................

107

26 Freqüência percentual das árvores por classe do estado da casca, forma do tronco, estado da raiz, vitalidade, injúria mecânica na copa e condições fitossanitárias, por setores e geral Jequié/BA, 2003.........................................

109

27 Qualidade das podas anteriores, tipos de podas requeridas e necessidade de outras intervenções nas árvores, em percentagem, por setores e geral Jequié/BA, 2003...............................................................................................

115

28 Freqüência percentual das dez espécies mais plantadas nas classes do estado da casca, forma do tronco, estado da raiz, vitalidade, injúrias mecânicas e condições fitossanitárias, em Jequié/BA, 2003................................................

120

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

xvi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AM: Amazonas

APP: Área de Preservação Permanente

BA: Bahia

CAP: Circunferência à altura do peito

CEMIG: Companhia Energética de Minas Gerais

CONAMA: Conselho Nacional de Meio Ambiente

CONDER: Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia

CV: Coeficiente de variação

DNIT: Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes

FAO: Food and Agriculture Organization of United Nations

GERC: Grupo Ecológico Rio das Contas

ha: Hectare(s), equivalente a 0,01 km2 ou 10.000 m2

hab: Habitantes

IAV: Índice de Áreas Verdes

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ISA: International Society of Arboriculture

OMS: Organização Mundial da Saúde

PDU: Plano Diretor Urbanístico

PE: Pernambuco

PMJ: Prefeitura Municipal de Jequié

PMSP: Prefeitura Municipal de São Paulo

PMV: Prefeitura Municipal de Vitória

PR: Paraná

SBAU: Sociedade Brasileira de Arborização Urbana

UESB: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

1

1 INTRODUÇÃO

A urbanização acelerada que ocorreu no mundo e no Brasil, nas últimas décadas,

provocou o acúmulo de variados problemas ambientais em áreas urbanas, como a

impermeabilização do solo por pavimentação e construções, a redução drástica da cobertura

vegetal e poluição atmosférica, hídrica, visual e sonora, tornando o padrão do ambiente

urbano muito inferior àquele necessário às adequadas condições de vida humana.

Os processos acima referidos se reproduzem na grande maioria dos centros urbanos do

Brasil, abrangendo desde grandes cidades até centros regionais e pequenas localidades, em

função da inexistência de uma incorporação efetiva dos fatores naturais como variável no

processo de planejamento urbano, como também em decorrência da deficiência de infra-

estrutura urbana.

Dentro desse contexto se insere Jequié, cidade com 130.207 habitantes (IBGE, 2000),

localizada na região Sudoeste da Bahia, sendo um exemplo evidente de reprodução dos

problemas ambientais identificados no âmbito do interior baiano. Com o crescimento da

população urbana, a interferência no ambiente ocorreu de forma intensa, com o aumento da

poluição (do solo, hídrica e visual) e degradação de áreas de preservação permanente, com a

ocupação irregular em áreas de encostas e margens de rios.

A vegetação, por meio de suas funções ecológicas, econômicas e sociais, pode

desempenhar importante papel na melhoria das condições de vida das populações urbanas.

Dentre os vários aspectos positivos da arborização urbana, destacam-se a importância das

árvores como filtro ambiental, reduzindo os níveis de poluição por meio da fotossíntese; a

mitigação da poluição sonora pelos obstáculos que oferece à propagação das ondas sonoras;

melhoram o equilíbrio da temperatura ambiente graças à sombra e evapotranspiração que

realiza; redução da velocidade e do impacto das chuvas; atração para a avifauna e, sobretudo,

a harmonia paisagística e ambiental do espaço urbano (COSTA, 1993).

Estes benefícios exigem cuidados por ocasião do planejamento da arborização, sendo

necessários critérios técnicos e científicos que considerem: os aspectos culturais e históricos

da população; suas necessidades e anseios aliados a uma análise das atividades desenvolvidas

(indústrias, comércio e habitação); a infra-estrutura (rede elétrica, de água, esgoto, etc), o

perfeito conhecimento das condições locais, além do espaço físico e vegetação; uma criteriosa

escolha de espécies um plano do plantio e da manutenção das árvores (MILANO, 1988).

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

2

Apesar de serem cada vez mais divulgados os múltiplos benefícios auferidos pela

arborização urbana em prol da melhoria das condições ambientais, a maioria das cidades

brasileiras tem deficiência no planejamento, na implantação e no manejo dos plantios

públicos, situações estas que comprometem os esperados benefícios às condições ambientais e

à qualidade de vida da população urbana que a vegetação incorporada ao meio urbano pode

proporcionar.

A cidade de Jequié não se constitui uma exceção no que se refere ao uso incorreto da

vegetação, o que é comprovado quando se caminha pela cidade, onde facilmente se identifica

o grande déficit de áreas verdes e de lazer, o uso de espécies arbóreas de grande porte em ruas

de calçadas estreitas e sob rede de fiação, árvores mal podadas, tornando evidente a falta de

critérios técnicos para implantação e condução da arborização.

De acordo com Silva (2000), os planos de arborização não devem ser uma preocupação

apenas das grandes cidades, também são de grande importância para as cidades de médio e

pequeno porte. Estas, geralmente, apresentam deficiências na arborização similares às das

grandes cidades como, por exemplo: raízes que destroem passeios, árvores de grande porte

plantadas sob a fiação e em calçadas estreitas, espécies mal-adaptadas, etc.

Sob estas considerações, o objetivo geral desse trabalho consistiu em caracterizar por

meio de análises quantitativas e qualitativas, as áreas verdes e a arborização de ruas de Jequié,

para obter subsídios que possam servir de base para um futuro planejamento, servindo

também de exemplo para outras cidades da Bahia.

Os objetivos específicos foram:

a) catalogar todas as áreas verdes públicas situadas na área urbana da cidade de

Jequié, definir a superfície total dessas áreas e calcular o Índice de Área Verde

(IAV);

b) analisar a forma de utilização e da distribuição espacial das áreas verdes

públicas;

c) avaliar a qualidade das áreas verdes de uso coletivo (praças), levando em

consideração a infra-estrutura e vegetação existentes, além da manutenção

dessas áreas;

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

3

d) quantificar os indivíduos arbóreos e identificar as espécies da arborização de

ruas e praças urbanizadas da cidade;

e) conhecer a situação da arborização de ruas através da avaliação de parâmetros

que caracterizam a qualidade do plantio;

f) fazer uma análise qualitativa das dez espécies arbóreas mais freqüentes nas ruas

e praças da cidade;

g) apresentar elementos para o planejamento e manejo da arborização de ruas e

áreas verdes para a cidade de Jequié.

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

4

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Alterações ambientais no meio urbano

Segundo Mota (1981), a cidade pode ser entendida como um ecossistema, considerando

o conceito amplo do mesmo – uma unidade ambiental formada de dois sistemas inteiramente

inter-relacionados: “o sistema natural”, composto do meio físico e biológico (solo, vegetação,

animais, habitação, água, etc.) e o “sistema cultural”, constituído pelo homem e de suas

atividades. Andrade (2002) endossa esta afirmação, dizendo que o ambiente urbano é uma

resultante de fatores naturais, biológicos e socioeconômicos, compreendendo assim, o meio

físico e o meio edificado pelo homem.

A cidade é constituída da expressão de valores da sociedade, onde o social se inter-

relaciona com a estrutura física, determinando conteúdo e significado; ou seja, a expressão

física da cidade não é senão a somatória das diferentes práticas sociais, especialmente no que

se refere ao processo ecológico e tecnológico que, através dos tempos, vêm imprimindo, de

maneira generalizada, uma marca especial no meio urbano, o desrespeito à base de

sustentação natural e, como conseqüência, ambientes ecologicamente desequilibrados

(BALESTRA & RIGATTI, 1986).

Os ecossistemas urbanos existem a partir de alterações antrópicas dos sistemas

naturais anteriormente existentes. Essas alterações podem acontecer em seqüência

semelhante ao esquema da Figura 1. Os “novos” ecossistemas sobrevivem graças às

contribuições energéticas e materiais exteriores, provenientes de sistemas circundantes,

notadamente os rurais e naturais, podendo ser chamados de sistemas heterotróficos que

apresentam extensos ambientes de entrada e saída (VARJABEDIAN, 2002). Os impactos

no ambiente onde se instala e desenvolve uma cidade afetam todos os elementos naturais,

bióticos ou abióticos, uma vez que estes são interdependentes.

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

5

Figura 1 – Seqüência de alterações nos ecossistemas Fonte: (adaptado de MARTINS JÚNIOR, 1996).

Segundo Di Fidio (1985) apud Guzzo, (1999) e Oliveira (1996), as manifestações mais

características de um ecossistema urbano-industrial são: grande consumo energético,

concentração de estruturas edificadas, população humana com altos valores de densidade

demográfica; multiplicidade e intensidade de intervenções urbanas; compactação e

impermeabilização do solo, notadamente nas áreas edificadas, em loteamentos e vias

pavimentadas; mudanças da morfologia do solo mediante escavações e transporte; redução do

nível do lençol freático e subsidência do solo; formação de um clima urbano essencialmente

distinto daquele circundante à cidade; geração e exportação de grande quantidade de resíduos

sólidos, de efluentes domésticos e industriais, de emissões de poeiras e gases, que

sobrecarregam o próprio ambiente urbano e o ambiente periférico, com efeitos, também, a

grandes distâncias; mudanças substanciais das populações de plantas e animais nativos e das

cadeias tróficas anteriormente existentes.

AGROECOSSISTEMAS

ECOSSISTEMAS NATURAIS

ALT

ER

AC

ÃO

ECOSSISTEMAS URBANOS

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

6

Cavalheiro (1992) afirma que a urbanização afeta diferentes elementos climáticos, tais

como radiação solar, umidade relativa, velocidade e direção dos ventos, precipitação e

nebulosidade.

Uma das mais significativas expressões da alteração climática na cidade diz respeito aos

valores de temperatura e concentração de poluentes. De acordo com Mota (1981), a

temperatura está relacionada com a urbanização. Na opinião do autor, áreas pavimentadas

absorvem mais calor durante o dia e o expelem durante a noite, aumentando o gradiente de

temperatura. Além disto, há um escoamento mais rápido da água e, em conseqüência, um

secamento mais rápido do solo, diminuindo o processo de evaporação, o qual tem efeito de

resfriamento da superfície da terra. Devem ainda ser consideradas as atividades normais do

meio urbano (máquinas e veículos) que produzem calor e contribuem para o aumento da

temperatura.

Nas áreas urbanas, a grande concentração de áreas construídas, os parques industriais, o

adensamento populacional e a pavimentação asfáltica, associados à concentração de

poluentes, podem interferir no sentido de alterar o balanço de energia, gerando bolsões

térmicos, denominados de ilha de calor, que são resultado das modificações dos parâmetros da

superfície e da atmosfera decorrentes da urbanização (VARJABEDIAN, 2002).

Segundo Oliveira (1996), a formação das ilhas de calor se deve aos seguintes fatos:

efeitos de transformação de energia no interior da cidade, com formas específicas, cores e

materiais de construção (condutibilidade); redução do resfriamento, causado pela diminuição

da evaporação devido à presença de poucas áreas verdes; produção de energia antropogênica

através da emissão de calor pelas indústrias, trânsito e habitações.

De acordo com Grey & Deneke (1978), citados por Milano (1988), as cidades tendem a

ser mais quente do que os arredores numa média de 0,5 oC a 1,5 oC, sendo esta diferença

devida à falta de vegetação nas cidades e a presença de materiais que absorvem muito a

radiação solar.

As atividades urbanas resultam na produção de energia, no lançamento de gases e

partículas pequenas sobre a atmosfera, provocando a poluição que altera a qualidade do ar,

com implicações sobre a saúde humana, a flora, fauna e aos materiais. Dependendo das

condições climáticas ou topográficas, bem como do tipo e quantidade de poluentes lançados

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

7

na atmosfera, os resíduos podem ser dispersos, não havendo conseqüências mais graves

(MOTA, 1981).

De acordo com Grey & Deneke (1978), citados por Biondi (1985), os poluentes mais

encontrados no ambiente urbano são: dióxido de enxofre, ozônio, fluoretos, etileno, óxidos de

nitrogênio, amônia, cloro e cloreto de hidrogênio. Os autores afirmam que a maioria das

injúrias às árvores é atribuída ao dióxido de enxofre e ozônio. Estes dois componentes causam

mais injúrias às plantas do que todos os outros poluentes juntos.

Biondi (1985) considera que os poluentes do ar podem prejudicar física e quimicamente

os processos internos das plantas, tendo como conseqüência a redução de troca gasosa, devido

à camada de pó sobre as folhas; danos na membrana celular; interferência no mecanismo de

abertura e fechamento dos estômatos e corrosão da cutícula das folhas e acículas.

Portanto, mesmo considerando que as árvores constituem uma das soluções para a

melhoria do ambiente urbano, devem ser selecionadas espécies resistentes ou tolerantes aos

principais poluentes atmosféricos.

Em relação à flora, Cavalheiro (1995) cita que há uma grande homogeneidade na sua

composição nas cidades brasileiras e que, para as cidades onde não ocorrem geadas severas,

sua composição florística é muito semelhante. Além da homogeneidade florística, muitas

espécies cultivadas na cidade são exóticas (eucaliptos, vegetação ruderal, ornamental, etc.).

Para esse autor, a predominância de plantas exóticas é condicionada por fatores culturais e

pela urbanização, sendo que as condições ambientais foram tão alteradas que as espécies

nativas não têm mais como prosperar nesses locais.

Da mesma forma que a flora, Muller (1981) citado por Cavalheiro (1995), observou que

as tendências em relação aos animais nas cidades são: diminuição abrupta da diversidade

específica de algumas ordens; diminuição significativa da diversidade; a preferência de alguns

animais pela cidade, tais como ratos e baratas.

Como citado, o processo de urbanização implica numa grande transformação do meio,

devido principalmente à concentração de atividades produtivas e de atividades humanas sobre

o território da cidade. De acordo com Monteiro (1997), tal dinâmica gera pressão sobre o

meio ambiente e sobre os serviços urbanos essenciais, afetando a qualidade ambiental, a saúde

e o bem-estar da população. Esse processo aparece devido a não inclusão dos fatores naturais

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

8

como variável do planejamento urbano, como também da deficiência ou inexistência de infra-

estrutura urbana. Esse contexto possibilita o aparecimento de vários problemas ligados à

presença de árvores que, por sua vez, poderiam ser solucionados, por meio de um

planejamento amplo e consistente.

2.2 Relevância da arborização de ruas e das áreas verdes para a população

A arborização urbana é vista como um atributo essencial à melhoria das condições de

vida da população. É responsável pelo inter-relacionamento dinâmico entre as edificações e o

meio ambiente, além de contribuir também com diversos fatores: paisagístico, psicológico,

físico e ecológico. Aliado a isto, a arborização urbana impôe-se como elemento natural de

necessidade para uma cidade, devendo estar contida, em todos os seus aspectos, quando da

efetivação do planejamento urbano (LINHARES et al., 2001).

As influências positivas da cobertura vegetal em relação à dinâmica do ambiente urbano

têm sido referendadas por inúmeros autores (MILANO, 1992; DETZEL, 1992; SATTLER,

1992; CAVALHEIRO, 1992; 1994; GOYA, 1994 apud OLIVEIRA, 1996) enfatizando a sua

importância para o controle climático, da poluição do ar e acústica, melhoria da qualidade

estética, efeitos sobre a saúde mental e física da população, aumento do conforto ambiental,

valorização de áreas para convívio social, valorização econômica das propriedades e

formação de uma memória e de um patrimônio cultural.

Como exemplo da crescente preocupação mundial com as áreas verdes nas cidades,

Varjabedian (2002) cita a publicação conjunta PNUMA/IUCN/WWF (1991), denominada

“Cuidando do Planeta Terra: Uma estratégia de vida para o futuro” que, em sua parte II,

define, dentre suas ações prioritárias: “Tornar a cidade limpa, verde e eficiente”,

recomendando aos administradores municipais: “Cooperar com os políticos, planejadores,

empresariado e grupos de cidadãos locais no planejamento e criação de espaços e cinturões

verdes, inclusive florestas e bosques da comunidade, como forma de melhorar o clima, prover

alimentos e proporcionar habitats para plantas e animais“.

Considerando um contexto urbano que tende a apresentar progressivas alterações

ambientais, a vegetação remanescente existente em áreas urbanas passa a ser um importante

indicador da qualidade ambiental, interferindo na qualidade de vida pela manutenção de

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

9

funções ambientais, sociais e estéticas, contribuindo para mitigar as alterações adversas

provocadas pelo processo de urbanização e industrialização.

2.2.1 A arborização e o clima local

Segundo Andrade (2002), o tecido urbano corresponde à expressão máxima de

influências antrópicas sobre o espaço geográfico, cujos reflexos se projetam de forma

significativa sobre o ambiente climático local, estimulando a elaboração de um clima

artificial. De acordo com o autor, o acelerado crescimento demográfico, conjugado a outras

variáveis do espaço urbano, contribui de forma significativa nas alterações dos parâmetros de

superfície e da atmosfera que, por sua vez, conduzem a uma alteração dos elementos

climáticos.

Milano (1988) afirma que elementos climáticos como a intensidade de radiação solar, a

temperatura, a umidade relativa do ar, a precipitação e a circulação do ar, entre outros, são

afetados pelas condições de artificialidade do meio urbano, tais como as características de sua

superfície, o suprimento extra de energia, a ausência de vegetação, a poluição do ar e as

características dos materiais de edificações.

Alterações nas variáveis climáticas acabam favorecendo a ocorrência de neblina, domus

de poeira, inversão térmica e o surgimento da ilha de calor, com o conseqüente aumento da

temperatura local.

De acordo com Paiva e Gonçalves (2002), o vegetal atuará na amenização climática,

principalmente sobre três aspectos:

1) interceptando os raios solares, criando áreas de sombra onde as pessoas se

sintam mais à vontade e onde os carros possam ser mantidos mais frescos;

2) reduzindo a temperatura ambiente, evitando a incidência direta e conseqüente

reflexo do calor provocado pelo aquecimento do concreto e do asfalto;

3) umidificando o ar devido à constante transpiração, eliminando água para o

meio ambiente.

A redução da temperatura, das amplitudes térmicas e a manutenção da umidade do ar

são benefícios mantidos pela vegetação por meio de mecanismos de interceptação, reflexão,

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

10

absorção e transmissão de radiação direta ou refletida e manutenção de elevadas taxas de

evapotranspiração (DETZEL, 1992 apud OLIVEIRA, 1996).

De acordo com Silva (2000), a umidade atmosférica tem a tendência de ser mais

elevada em locais densamente arborizados do que em espaços abertos adjacentes. As árvores

transpiram, agindo como fonte de vapor d’água. A umidade absoluta tende a ser mais alta

junto ao solo, aparentando gradual decréscimo até o topo da árvore. Além disso, a evaporação

da umidade varia segundo as diferentes espécies plantadas e conforme o lugar em que se

encontram (MAGNOLI, 1972 apud SILVA, 2000).

Contudo, a RGE (2003) lembra que a eficiência das árvores em melhorar a temperatura

do ar depende das características da espécie utilizada, tais como a forma da folha, a densidade

foliar e o tipo de ramificação.

2.2.2 As árvores e a poluição do ar

Com o funcionamento das fábricas e dos veículos automotores e a produção de

poluentes sólidos particulados como poeiras, fuligem, óleos de metais pesados, ocorre o

fenômeno da poluição do ar. De acordo com Silva (2000), a poluição, no seu sentido amplo, é

qualquer modificação de um ambiente de modo a torná-lo impróprio às formas de vida que ele

normalmente abrigaria.

Sabe-se que as árvores participam de forma eficiente na amenização da poluição.

Segundo Milano (1988), as árvores no ambiente urbano, em função de suas características

morfológicas, fisiológicas e genéticas, têm considerável potencial de remoção de partículas e

absorção dos gases poluentes da atmosfera.

A poeira existente nestas áreas é geralmente depositada em toda a superfície da copa.

Os poluentes gasosos são absorvidos como também afastados para outras áreas por meio do

movimento do ar produzido pelas copas (BIONDI, 1985). Grey & Deneke (1978), citados por

Milano (1988) afirmam que as árvores reduzem a poluição do ar mediante os processos de

oxigenação e diluição, que são respectivamente a introdução de oxigênio na atmosfera e a

mistura de ar poluído com o oxigênio puro que as plantas produzem.

No entanto, de acordo com a RGE (2003), mesmo considerando que as árvores podem

agir com eficiência para minimizar os efeitos da poluição, isso só será possível por meio da

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

11

utilização de espécies tolerantes ou resistentes. O autor revela, ainda, que a capacidade de

retenção ou tolerância a poluentes varia entre espécies e mesmo entre indivíduos da mesma

espécie. Algumas árvores têm a capacidade de filtrar compostos químicos poluentes, como o

dióxido de enxofre (SO2), o ozônio (O3) e o flúor.

2.2.3 A vegetação e o ruído

O ruído é definido como um som excessivo e indesejado. Especialistas nessa área se

referem a ele como a “poluição invisível”. O ruído envolve aspectos físicos e psicológicos,

estando os primeiros relacionados com a transmissão de ondas sonoras através do ar, e os

outros, com as respostas humanas ao som (MILANO & DALCIN, 2000). Ainda segundo os

mesmos autores, o excessivo barulho nas cidades, provocado pelo tráfego, equipamentos,

indústrias e construção, interferem na comunicação, lazer e descanso das pessoas, podendo

afetá-las tanto psicológica como fisicamente.

As árvores atuam direta e indiretamente na redução do ruído. Diretamente absorvendo

as ondas do som através das folhas, galhos e troncos. Indiretamente, agindo nos fatores

relacionados com a velocidade do vento, temperatura e umidade do ar (GREY & DENEKE,

1978, apud MILANO, 1988). No entanto, Biondi (1985), afirma que para as árvores

desempenharem eficientemente seu papel como barreiras contra o som, muitos fatores são

levados em consideração, como a quantidade, tamanho e arranjo das árvores, tamanho das

folhas e forma da copa. Segundo a autora, é preciso considerar, ainda, que o efeito protetor

varia de acordo com a freqüência dos sons, com a posição das árvores em relação à fonte

emissora, com a estrutura e composição dos plantios ou com a estação do ano. Nesse aspecto,

Rethof & Heisler (1976), citados por Milano & Dalcin (2000), consideram que densas

coberturas do solo, com árvores e arbustos, podem ser usadas com eficiência na redução do

nível de ruído. Biondi (1985), também indica que cinturões de árvores adequadamente

projetadas são uma solução contra a propagação do barulho das rodovias.

2.2.4 Benefícios estéticos da arborização urbana

Segundo Silva (2000), no mundo antropizado, cada vez mais, a paisagem estética

promovida pelas plantas é mais valorizada. Elas fornecem um contato básico com a natureza e

tornam os arredores mais prazerosos. Seus valores estéticos são bem mais difíceis de serem

calculados que os monetários, devido à subjetividade. De acordo com Grey & Deneke (1978)

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

12

e Harris (1992), citados por Silva (2000), as plantas fornecem algumas vantagens estéticas tais

como:

- suavizar linhas arquitetônicas e acentuar detalhes estruturais;

- formar perspectivas, molduras, fornecer pontos de focalização e definir espaços;

- aliviar a monotonia da pavimentação e alvenaria;

- fornecer sombra, fragrâncias agradáveis e tornar os locais mais serenos;

- criar a impressão de bem-estar local em novas áreas residenciais;

- unificar cenários visualmente caóticos;

- realçar as estações do ano.

Deve também ser considerado que, além da melhoria estética, as árvores contribuem

para minimizar os efeitos do que é comumente chamado de poluição visual no meio urbano.

Schubert (1970) e Reethof & Heiler (1976), citados por Milano & Dalcin (2000), destacam a

importância do uso das árvores nas cidades, atuando como protetoras contra a visibilidade de

cenas desagradáveis, fornecendo proteção contra luzes noturnas incômodas e ainda podendo

proporcionar privacidade.

2.2.5 As árvores e a saúde física e mental do homem

De acordo com Paiva & Gonçalves (2002), o crescimento desordenado das cidades gera

condições de vida sub-humanas, estresse, violência, enclausuramento. Para esses autores, o

vegetal atua psicologicamente, trazendo à lembrança as paisagens da infância ou a lembrança

dos antepassados, vividos no meio rural, onde tudo era natural, cercado de vegetação por

todos os lados.

Segundo Andrade (2002), a arborização das vias públicas consiste em trazer para as

cidades parte do ambiente rural e do verde das matas com a finalidade de satisfazer as

necessidades mínimas do ser humano. Demattê (1997) considera que as árvores embelezam a

paisagem e proporcionam sensação de contato com a natureza. Também atenuam o

sentimento de opressão do ser humano frente às grandes edificações.

Quanto ao caráter psíquico, Silva (2000) relata que o contato do homem com a natureza

traz benefícios incalculáveis principalmente na atenuação do estresse, doença comum do

homem moderno residente em áreas urbanas. Segundo Harder (2002), a existência de

bosques, parques, praças e outras áreas verdes possibilita a recreação e lazer aos habitantes

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

13

urbanos, especialmente às populações de baixa renda. De acordo com Milano (1991), os

benefícios decorrentes da participação em atividades recreativas podem ser identificados por

meio da percepção de tranqüilidade ou solidão, da aproximação com a natureza, apreciação da

beleza cênica, da autoconfiança ou relaxamento físico e mental, da convivência com amigos e

qualquer outra experiência satisfatória que use qualquer um dos sentidos.

Lewis (1990), citado por Kielbaso (1994) e Silva (2000), abordando os benefícios das

árvores para a saúde física e mental das pessoas, afirmam que há relatos de pessoas que

acreditam que trabalhando com árvores, principalmente em planos de arborização

comunitários, podem realçar sua própria imagem e desenvolver sua auto-estima e passar a

sentir-se melhor consigo mesma, além de se sentir bem no local onde vive. Kielbaso (1994) e

ISA (1995), também ressaltaram os estudos feitos com pacientes hospitalizados em quartos de

frente para locais arborizados, onde foi constatado que a recuperação é mais rápida,

necessitando de menor administração de drogas e menor tempo de permanência no hospital.

2.2.6 Benefícios econômicos e sociais da arborização urbana

Segundo Milano (1991), a existência de benefícios econômicos e sociais das árvores na

cidade é apenas um processso lógico, uma vez que existem benefícios de ordem ecológica

(clima e poluição) e biológica (saúde física do homem).

Com relação aos benefícios econômicos, Silva (2000) afirma que as árvores agregam

valor às propriedades. Ele cita como exemplo que, nos Estados Unidos, já é comum se fazer

avaliações de imóveis levando em consideração a arborização existente e suas qualidades.

Silva (2000), destaca que os estudos realizados naquele país têm atribuído às árvores uma

contribuição entre 5% a 15% do valor de uma propriedade residencial e de acordo com a ISA

(1995) esse valor pode chegar até 20%. Gold (1977), citado por Milano (1988), observou um

aumento no valor das taxas de aluguel combinado com a redução da vacância de imóveis

numa rua comercial de Seattle, Estados Unidos, arborizada para preparação da Feira Mundial

de 1962, ao contrário de ruas similares não arborizadas.

Os benefícios econômicos, segundo Grey & Deneke (1978), citados por Milano (1988),

podem ser classificados como diretos e indiretos. Contudo, segundo os autores, os mais

significativos são os indiretos. Eles citam como exemplo, a redução do consumo de energia

destinada a condicionadores de ar, proporcionada pela sombra das árvores no verão; em se

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

14

tratando de espécies decíduas, há redução no consumo de energia destinada a aquecedores de

ambiente, pela ausência de sombra, no inverno.

A função social está intimamente relacionada com a possibilidade de lazer que as áreas

verdes oferecem à população. Com relação a esse aspecto, Paiva e Gonçalves (2002)

identificaram como funções das áreas verdes: a contemplação, a circulação, o estar, a

recreação, o esporte, a distribuição de tráfego, a decoração, o simbolismo, o emolduramento e

as relações sociais, ecológicas, culturais e produtivas.

A participação em atividades recreativas mediante seus benefícios psicológicos resulta

num cidadão mais saudável e produtivo. Os benefícios de mudança comportamental não

somente afetam o cidadão envolvido, mas também se estendem para a sociedade em geral.

2.3 Definições e aspectos conceituais da arborização urbana

Existem inúmeras considerações e controvérsias à respeito dos diversos termos ligados a

esse assunto, dificultando uma definição consensual aceitável para “áreas verdes”, o que

dificulta a compreensão e a comparação de indicadores de “verde” nas áreas urbanas. Lima et

al. (1994), citados por Oliveira (1996), em uma tentativa de obter a definição adequada de

área livre, espaço livre, áreas verdes e termos correlatos, fez uma consulta de opinião à

comunidade científica e prefeituras municipais, concluindo ser necessário o prosseguimento

das pesquisas, dada a grande diversidade de opiniões e subjetividade que ainda persistem.

A seguir, são discutidos alguns conceitos mais empregados por pesquisadores,

instituições e prefeituras envolvidos em programas de arborização urbana.

Espaços Livres: no contexto da estrutura urbana, são áreas parcialmente edificadas com

nula ou mínima proporção de elementos construídos e/ou de vegetação – representados pelas

avenidas, ruas, passeios, vielas, pátios, largos, etc. – ou com a presença efetiva de vegetação,

de que são exemplos os parques, praças, jardins, etc. – com funções primordiais de circulação,

recreação, composição paisagística e de equilíbrio ambiental, além de permitirem a

distribuição e a prestação dos serviços públicos (MESQUITA e SÁ CARNEIRO, 2003).

Ainda de acordo com os mesmos autores, são também denominadas de espaços livres as áreas

incluídas na malha urbana ocupadas por maciços arbóreos cultivados, representados pelos

quintais residenciais, como também pelas atuais áreas de condomínios fechados; áreas

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

15

remanescentes de ecossistemas primitivos como matas, manguezais, lagoas, restingas, etc.,

além de praias fluviais e marítimas.

Costa (1993) dividiu os espaços livres em três tipologias:

a) espaços livres de uso particular: quintais, jardins particulares, etc.;

b) espaços livres de uso potencial coletivo: terrenos baldios não cercados, pátios de

escola, pátios de igrejas, clubes etc.;

c) espaços livres de uso público, que são os acessíveis livremente ao público em geral e

que podem desempenhar, principalmente, as funções estética, de lazer e ecológico-

ambiental: praças, bosques e parques da cidade.

Richter (1981), citado por Costa (1993), propôs os espaços livres urbanos em forma de

categorias que são as seguintes: jardins de representação e decoração, parques de bairro,

parques distritais, parques metropolitanos, parques de vizinhança, áreas de produção agrícola,

áreas para proteção da natureza, verde de acompanhamento viário, cemitérios e áreas de uso

especial como jardim botânico, jardim zoológico e áreas institucionais.

O conceito de “espaço livre público” utilizado no presente estudo reconhece que estes

representam as áreas livres de construção, localizadas na área urbana. São áreas geralmente

acessíveis ao público e destinadas ao lazer.

Área Verde: segundo Paiva e Gonçalves (2002), os espaços livres ou abertos podem ser

planejados para se tornarem uma área verde ou área construída. De acordo com esses autores,

quando, no espaço aberto ou livre, é colocada a vegetação em significativa extensão

horizontal ou vertical, o conceito evolui e torna-se efetivado o que se denomina de “área

verde”.

Demattê (1997) relata que o termo “área verde” aplica -se a diversos tipos de espaços

urbanos que têm em comum serem abertos (ao ar livre); acessíveis; relacionados com a saúde

e recreação.

Normalmente as abordagens classificatórias das áreas verdes são as mesmas dos

espaços livres ou abertos, resultando em confusão conceitual.

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

16

São consideradas áreas verdes tanto áreas públicas como particulares. Podem ser jardins,

praças, parques, bosques, alamedas, balneários, campings, praças de esporte, playgrounds,

playlots, cemitérios, aeroportos, corredores de linha de transmissão, faixas de domínio de vias

de transporte, margens de rios e lagos. Desde que devidamente tratados também se incluem os

depósitos abandonados de lixo, as áreas de tratamento de esgoto e outros espaços semelhantes

(DEMATTÊ, 1997).

Nem todas as áreas urbanas arborizadas incluem-se no conceito de área verde. Nas áreas

verdes, a vegetação é destinada à recreação e ao lazer, sendo este o aspecto básico do

conceito, o que significa que, onde isto não ocorrer, tem-se arborização, mas não área verde.

Podemos citar como exemplos as avenidas ou alamedas arborizadas. Nestes casos, a

vegetação é acessória, ainda que seja muito importante, visto que também cumpre com a

finalidade de equilíbrio ambiental, além de servir de ornamentação da paisagem urbana e de

sombreamento da via pública, mas não são destinadas ao lazer e recreação (SILVA, 1981,

apud CARVALHO, 2001).

Oliveira (1996), classificou as áreas verdes em função da acessibilidade à população. De

acordo com o autor as áreas ditas coletivas (praças, parques, etc.) compreendem as áreas

verdes “acessíveis” a toda a população sem qualquer discriminação, se opond o àquelas ditas

“inacessíveis” (alguns remanescentes vegetais), sem as mínimas condições de visitação. Esta

adaptação, segundo o autor, tem sua justificativa no fato de serem áreas com alto valor

ecológico, estético e social, existindo aí uma infra-estrutura mínima que permita a sua

utilização direta pela população em atividades de descanso e lazer ao ar livre.

Na concepção de Cavalheiro et al. (1999), citados por Carvalho (2001), as áreas

verdes devem satisfazer a três objetivos principais: ecológico-ambiental, estético e de lazer.

Com relação a estes objetivos, Carvalho (2001), fez as seguintes explanações: a função

ecológica deve-se ao fato da presença da vegetação, do solo não impermeabilizado e de uma

fauna mais diversificada nessas áreas, promovendo melhorias no clima da cidade e na

qualidade do ar, água e solo; a função estética diz respeito à diversificação da paisagem e a

função de lazer está intimamente relacionada com a função psicológica, que ocorre quando as

pessoas, em contato com os elementos naturais dessas áreas, relaxam, funcionando assim

como antiestresse.

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

17

No presente estudo, o conceito adotado considera “áreas verdes urbana” como um

espaço livre público, onde há o predomínio de vegetação arbórea e arbustiva.

Arborização Urbana: Grey & Deneke (1978), citados por Oliveira (1988), consideram

arborização urbana como um conjunto de terras públicas e particulares com cobertura arbórea

de uma cidade. Neste caso, algumas áreas verdes, como certas praças ou refúgios urbanos,

podem não ter necessariamente cobertura arbórea e segundo essa definição não se encaixam

neste conceito. Por sua vez, Milano (1988) considera áreas que, independentemente do porte

da vegetação, apresentem-se predominantemente naturais e não ocupadas, dividindo-se em

públicas e privadas, sendo a pública subdividida em áreas verdes e arborização de ruas,

incluindo neste contexto as áreas livres, em geral não impermeabilizadas, como áreas

gramadas, lagos, jardins entre outros.

No presente estudo, “arborização de ruas” diz resp eito aos elementos vegetais de porte

arbóreo. Nesse enfoque, as árvores plantadas em calçadas e canteiros centrais, fazem parte da

arborização de ruas, porém, não integram as áreas verdes.

Florestas Urbanas: segundo Gonçalves (1999), as árvores enfileiradas já não são

suficientes para a melhoria da qualidade de vida e, com isso, o homem vem procurando

aumentar a massa arbórea no tecido urbano com a criação dos parques municipais e

metropolitanos. O autor cita que a diferença básica entre a arborização urbana e a floresta

urbana está na mudança de visão do elemento árvore, de individual para coletivo.

Nesse contexto, ganha importância todo espaço urbano onde se puder agrupar o

elemento árvore na formação da massa vegetal que consiga um efeito ecológico melhor que

uma árvore isolada. Assim, as praças, os quintais, os fundos de vale, as encostas e os terrenos

provisoriamente vazios passam a ser objetos de uma política florestal dentro do perímetro

urbano.

Praças: são espaços livres de uso público, abertos, com área superior a 200 m2,

originados do traçado básico da malha urbana e, geralmente, contempladores e estruturadores

do sistema viário, com as finalidades de recreação pública, do encontro coletivo, do

ornamento e da cultura (PMBH, 1999, apud CARVALHO, 2001).

Como área verde, tem a função principal de lazer. Uma praça, inclusive, pode não ser

uma área verde quando não tem vegetação e é impermeabilizada (casos das Praças da Sé e

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

18

Roosevelt na cidade de São Paulo); no caso de ter vegetação é considerada jardim

(OLIVEIRA, 1996).

Parques Urbanos: de acordo com Carvalho (2001), os parques urbanos são espaços

públicos com dimensões significativas e predomínio de elementos naturais, principalmente

cobertura vegetal, destinados à recreação.

Verde de Acompanhamento Viário: áreas sem caráter conservacionista ou recreacional,

tendo apenas função ornamental, mas podendo interagir no ambiente urbano; são os canteiros

de avenidas, rotatórias, etc. (DEMATTÊ, 1997).

Sistema de áreas verdes urbanas: é um conjunto organizado de espaços livres, de

domínio público ou privado, distribuído quali-quantitativamente pela malha urbana da cidade

(MILANO, 1991; BALENSIEFER, s.d apud HARDT, 1992).

Assim, nota-se que o termo área livre integra os demais termos, tratando-se de um

conceito mais abrangente. Para Carvalho (2001) essas definições muito abrangentes para os

espaços livres acabam se confundindo com os demais termos utilizados, podendo ser esta a

causa das grandes confusões em relação a esse conceito.

Biondi e Reissmann (1997) pregam a necessidade de estabelecer um conceito que

atenda as diferentes formas de tratamentos paisagístico que uma cidade recebe, visto que o

Brasil possui cidades com peculiaridades altamente diversificada que podem ter o mesmo

efeito de uma cobertura vegetal. Os autores citam como exemplos as cidades que na sua

malha urbana possuem lagos, ruas ou mar.

2.4 Análise qualitativa das áreas verdes urbanas

A quantidade e a distribuição uniforme das áreas verdes na malha urbana está

diretamente vinculada ao planejamento urbano e à política de áreas verdes adotadas. Além

destes condicionantes, cabe ressaltar a importância de avaliar a qualidade das mesmas,

levando em consideração seus equipamentos e vegetação (CARVALHO, 2001).

Segundo Demattê (1997), numa praça deve haver água para beber, caminhos e espaços

para pedestres, guias rebaixadas e rampas para deficientes físicos, bancos para sentar, lixeiras

e iluminação noturna. Carvalho (2001) cita a importância de ter ainda telefone público,

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

19

banheiros femininos e masculinos, playground, quadra de esporte, coreto, ponto de táxi,

abrigo para ponto de ônibus, caixa de correio, quiosques, relógio e fonte luminosa, dentre

outros elementos.

No que se refere à vegetação, Carvalho (2001) lembra que a praça deve possuir uma

diversidade de espécies a fim de manter a biodiversidade local, incluindo árvores, arbustos,

herbáceas, palmeiras, dentre outras.

Ainda conforme Carvalho (2001), na análise qualitativa, todos esses elementos devem

ser considerados, para uma melhor avaliação da área, levando em consideração a forma de

como a área foi implantada e como está a sua manutenção.

Por fim, também deve ser levada em consideração a necessidade de consultar a

população por meio de questionários, conhecendo seus desejos quanto aos elementos que

deveriam estar presentes nessas áreas. De acordo com Lira Filho (2000), as idéias da equipe

planejadora não deverão entrar em choque com os anseios da população-alvo. Para esse autor,

o respeito pelos desejos e necessidades do usuário será fundamental para o sucesso da

arborização urbana e áreas verdes, nas fases de implantação e manutenção dessas áreas.

2.5 Planejamento das áreas verdes urbanas

A existência de espaços livres e de vegetação é uma necessidade das cidades, em função

dos seus possíveis benefícios. Tais benefícios tornam-se mais abrangentes se a inserção dessas

áreas forem feitas de forma planejada, levando em consideração aspectos de quantidade, de

qualidade dessas áreas e da distribuição no espaço urbano. Segundo Carvalho (2001), não

adianta ter uma grande quantidade de áreas verdes na cidade se as mesmas não estão bem

distribuídas na malha urbana, de forma a atender todos os bairros. O autor afirma ainda que

não adianta atender a toda a população com áreas verdes espalhadas pela cidade se não existir

um bom planejamento para manutenção e conservação destas áreas. A falta de observação

deste critério mostra a falta de uma política de organização para o lazer e a falta de

comprometimento com a qualidade de vida das populações urbanas.

Do ponto de vista quantitativo, muitos índices são conhecidos, procurando se estimar

um mínimo recomendável em termos porcentuais e em metros quadrados por habitante. O

índice de área verde é aquele que expressa a quantidade de espaços livres de uso público, em

km2 ou m2, pela quantidade de habitantes que vivem em uma determinada cidade. Neste

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

20

cômputo, entram as praças, os parques e os cemitérios, ou seja, aqueles espaços cujo acesso

da população é livre (GUZZO, 1998).

Harder (2002), destacou outros índices, como: índice de cobertura vegetal (ICV), no

qual é necessário o mapeamento de toda cobertura vegetal de um bairro ou cidade e índice de

áreas verdes utilizáveis (IAVU), calculado quando nem todas as áreas verdes apresentam

condições de uso. Segundo o autor, após a qualificação da área verde, deve-se recalcular o

índice, indicando a quantidade de áreas verdes utilizáveis pela comunidade de acordo com as

qualificações das mesmas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece um valor de 12 m2 de área verde

por habitante, o qual foi transformado em referência mundial para o setor. Todavia, Meunier

(2003)4 afirma que este índice traz inúmeros inconvenientes à sua adoção, principalmente por

não apresentar uma definição clara e precisa do entendimento de área verde. De acordo com

esse autor, o mínimo de área verde estabelecido (12 m2/habitante) não deixa claro o regime de

propriedade e gestão das áreas e dificulta inserir a arborização urbana, principalmente a viária,

no cálculo da extensão de área verde.

Como a maioria das cidades brasileiras possui poucos bosques e reservas naturais, a

SBAU (1996) recomenda como ideal para a melhoria da qualidade de vida da população

urbana um índice mínimo de 15m2/ habitante para áreas verdes públicas destinadas à

recreação.

Segundo Costa (1993), embora quase todas as cidades brasileiras tenham praças, e

outras áreas onde a população pode ter momentos de lazer e desfrutar a estética da natureza,

poucas têm estes espaços organizados de modo que não seja mais uma coleção avulsa de

espaços abertos ao ar livre. É necessário, então, segundo os autores, organizar essas unidades

na forma de um sistema, em que a sua função principal seja a de possibilitar à população

momentos de recreação em contato com a natureza e, também, garantir a vivência urbana em

contato com outras pessoas, num ambiente descontraído.

Quanto à distribuição do verde na cidade, a fim de que seja realmente eficiente, é

necessária a sua coordenação e dispersão espacial equilibrada, apesar das numerosas

4 Informações pessoais transmitidas pela Profª Isabelle Meunier, UFRPE.

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

21

dificuldades de viabilização. Costa (1993), disse que é necessário fornecer normas e

indicações sobre o modo como as áreas verdes devem se distribuir dentro do espaço urbano.

Se for inevitável que parte dos habitantes possua uma maior contigüidade e usufrua

melhor dos espaços de uso público, esse privilégio deve restringir-se ao mínimo possível,

mediante uma maior distribuição e ampliação do sistema de áreas verdes, de modo que o

usuário não tenha que andar mais que 10 (dez) minutos para alcançar a área mais próxima. Já

as áreas caracterizadas pelos parques públicos, por requererem maiores extensões territoriais,

que dificilmente são existentes ou tornadas disponíveis ao uso coletivo, localizam-se

preferencialmente nas regiões periféricas aos centros mais populosos (FAO, 2001).

Para Carvalho (2001), a boa distribuição do conjunto de áreas verdes pode ser verificada

pela distância linear existente entre cada unidade de área verde e a unidade vizinha seguinte

mais próxima. Este autor, em seu trabalho, verificou que as menores distâncias concentravam-

se nas regiões mais centrais da cidade, enquanto que as maiores, nas regiões mais periféricas,

correspondendo a maiores densidades nas regiões menos ocupadas.

Por sua vez, Paiva & Gonçalves (2002) consideraram que a distribuição inadequada ou a

simples inexistência dos espaços abertos e/ou áreas verdes e de recreação, podem ser

consideradas um problema social, à medida que priva, ou não atende, em sua totalidade, a

população nas opções de lazer e recreação e na melhoria dos atributos climáticos como

temperatura, arejamento e sombreamento, além da própria estabilidade do meio ambiente.

Ainda em relação ao planejamento das áreas verdes, Carvalho (2001), cita que o

estabelecimento dos espaços urbanos abertos deve estar fundamentado em pesquisas sobre: o

desejo expresso dos habitantes segundo níveis socioeconômico, sociocultural e etário; a

densidade de freqüência aceitável para cada espaço, em função principalmente da sua

natureza ecológica; a freqüência previsível ou constatada; e os custos de implantação, gestão e

animação da(s) área(s) em questão.

2.6 Manutenção das áreas verdes

A disponibilidade de espaços para recreação e prática de esporte nas cidades não

depende exclusivamente da existência de áreas verdes para o desenvolvimento dessas

atividades. A conservação e manutenção de todos os elementos que compõem uma praça ou

um parque devem merecer atenção continuada dos órgãos públicos que gerenciam essas áreas

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

22

e da população que as utiliza. O uso público de uma área verde está intimamente ligado à

manutenção, conservação e segurança que esta área recebe (GUZZO, 2002).

Todos elementos naturais e artificiais, constituintes de uma área verde, devem ser

manejados constantemente. Incluem-se aí as atividades de poda, o controle fitossanitário, a

remoção de árvores, capina de ervas daninhas, limpeza diária das partes pavimentadas,

bancos, bebedouros, banheiros e lixeiras, a manutenção de gramados e lagos, entre outros. Do

mesmo modo, o reparo freqüente dos equipamentos de lazer e de todo mobiliário que faz

parte das praças é indispensável.

Também deve ser levada em consideração a necessidade em desenvolver campanhas

educativas com os usuários para que eles passem a ajudar na conservação dessas áreas e

exercer um papel ativo na cobrança de medidas mais eficientes da Prefeitura na implantação e

manutenção das praças.

Permanecer tranqüilo em uma praça, hoje em dia, é algo difícil de acontecer. Na maioria

das vezes os usuários não se sentem seguros. O que dá segurança em uma área verde na

cidade é o seu uso constante pela população e uma guarda municipal que seja mais educativa

que punitiva. Esse uso ocorrerá se a praça estiver dotada de iluminação eficiente,

equipamentos funcionando, gramados bem cuidados, árvores de copas altas, e muitos outros

itens relacionados à conservação e manutenção dos elementos existentes na área (GUZZO,

2002).

2.7 Planejamento da arborização urbana

Segundo Milano (1988), a implantação da arborização de uma cidade deve ser

fundamentada em critérios técnico-científicos que considerem os seguintes fatores básicos e

condicionantes:

1) o ambiente urbano deve ser conhecido, uma vez que constitui pré-condição para o

sucesso da arborização, visto que cada espécie vegetal depende de condições

favoráveis à sua sobrevivência e ao seu desenvolvimento adequado;

2) o espaço físico disponível, o qual é normalmente pequeno, pois este é geralmente

constituído pelas calçadas ou passeios; e

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

23

3) as características das espécies a serem utilizadas, visto que, além do efeito estético,

a arborização de ruas deve apresentar benefícios, como melhoria microclimática e

minimização dos efeitos dos diversos tipos de poluição.

Com relação ao ambiente urbano, Milano (1991), afirma que a implantação da

arborização de uma cidade requer amplo conhecimento das condições ambientais locais. Para

esses autores, cada espécie vegetal é dependente de condições ambientais favoráveis à sua

sobrevivência e ao seu adequado desenvolvimento. Estas exigências, segundo os autores, são

variáveis em termos de condições climáticas e edáficas, e apresentam-se em níveis de limite

mínimos e máximos, dentro dos quais se estabelecem faixas de valores e/ou características

para um ótimo desenvolvimento biológico de cada espécie.

Para o sucesso da arborização urbana, as variáveis climáticas como a amplitude das

variações térmicas diárias, estacionais e anuais, regime pluviométrico, o balanço hídrico, a

umidade relativa do ar, o regime dos ventos, a ocorrência de fenômenos específicos como

neves, geadas, granizos e vendavais, além dos aspectos relacionados às alterações nas

condições quali-quantitativas térmicas e de luminosidade artificial das cidades devem ser

rigorosamente conhecidas (ANDRESSEN, 1976; CHAIMOVICH et al; KRUG, 1953;

SANTMOUR. JR, 1976, citados por MILANO, 1991).

As condições físicas e químicas do solo podem também se constituir em fatores

limitantes para o estabelecimento da arborização urbana. Segundo Milano (1988), o solo

existente no ambiente urbano é muito alterado devido às construções. De acordo com esse

autor, tanto a estrutura como à textura são modificadas com a retirada da camada superficial e

a incorporação de materiais de construção. Contudo, Biondi (1985) enfatizou que o maior

problema para o empobrecimento do solo em áreas urbanas é a compactação e deficiência de

nutrientes, devido às repetidas compressões físicas das pessoas, máquinas e automóveis, além

da raspagem da camada orgânica do solo.

Com as características físico-químicas alteradas, os solos podem promover distúrbios

nas funções fisiológicas básicas das plantas, como absorção de água e nutrientes, fotossíntese

e a transpiração (SANTMOUR. JR., MIRANDA, 1970; KRAMER & KOLOWSKI, 1972,

citados por MILANO & DALCIN, 2000).

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

24

O ar urbano, segundo Milano (1988), contém elevadas concentrações de poluentes, que

afetam as condições de sobrevivência de inúmeras espécies e variedades de plantas. Nesse

sentido, Kozlowski (1980), citado por Biondi (1985), afirmou que os principais efeitos da

poluição nas plantas são a injúria foliar, a redução do crescimento e alterações nos processos

fisiológicos.

Com relação ao espaço físico disponível, Biondi (1985) afirmou que o espaço urbano

para o estabelecimento da arborização nas ruas é limitado pelas construções, pelas árvores

vizinhas, pela fiação aérea, pelas largura das ruas e calçadas e pelas redes subterrâneas. Em

virtude destas condições, Milano (1988) estabelece duas alternativas no estabelecimento de

árvores:

a) árvores selecionadas, atendendo essas condições;

b) árvores com crescimento controlado mediante poda, acarretando maiores custos de

manutenção.

Ainda em relação ao espaço, a CEMIG (2001) recomenda que, ruas estreitas (com

menos de 7,0 m) e passeios estreitos (com menos de 2,0 m) não devem ser arborizados,

principalmente quando inexistir afastamento da construção e a área for comercial.

Além de considerar as dimensões das ruas e calçadas, Schubert (1979), Balensiefer &

Wiecheteck (1985), citados por Milano (1988), consideraram de fundamental importância,

para a definição do porte adequado de árvore a ser utilizada, o conhecimento da altura e

posição da fiação aérea como também a profundidade e localização das instalações

subterrâneas.

Biondi & Reissmann (1997) afirmaram que a indicação de espécies para a arborização

urbana ainda é feita de maneira muito empírica, utilizando apenas informações estéticas.

Miranda (1970) citou que a utilização de espécies adequadas também contribui para evitar

problemas futuros e atingir os objetivos da arborização. Nesse sentido, Andrade (2002) afirma

que as espécies devem ser escolhidas de acordo com os seguintes critérios: tronco retilíneo,

conduzido sem ramificações laterais até aproximadamente 2m; rusticidade; sistema radicular

profundo, sem raízes superficiais espessas; altura e diâmetro máximos compatíveis com o

local; copa densa e folhagem persistente para o clima quente; copa rala e folhagem caduca

para clima frio; troncos e ramos sem espinhos; galhos que não quebram facilmente.

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

25

2.7.1 Inventário da arborização urbana

O inventário da arborização urbana é um instrumento para o conhecimento e

monitoramento da vegetação e, conseqüentemente, da amplitude dos benefícios auferidos. A

importância do diagnóstico da arborização foi enfocada por Milano (1994), Motta (2000) e

Meunier & Carvalho (2001).

Santos (2000), destaca os seguintes objetivos gerais do inventário: conhecer o

patrimônio arbóreo; definir uma política de administração em longo prazo; estabelecer

previsões orçamentárias para o futuro; preparar um programa de gerenciamento das árvores;

identificar a necessidade de manejo; definir prioridades nas intervenções; localizar áreas para

plantio; localizar árvores com necessidade de tratamento ou remoção; utilizar a árvore como

um vetor de comunicação. Miller (1997), citado por Santos (2000), destaca outros usos mais

específicos do inventário, entre eles a avaliação monetária da arborização, visando uma

justificativa para conseguir recursos junto aos órgãos competentes e o inventário como

fundamento para acompanhamento da evolução de pragas e doenças específicas.

Um dos aspectos importantes a ser considerado em um inventário é a sua abrangência

que, de acordo com Grey & Deneke (1978), citados por Milano (1988), pode ser total, para as

cidades de menor porte, e parcial, para cidades de grande porte, nas quais se faz o uso das

técnicas de amostragem para se reduzir o custo do inventário. Como cada informação

apresenta um custo, Takahasi (1990) salienta que cabe ao planejador definir criteriosamente

as reais necessidades, pois se constata com freqüência a realização de inventários

extremamente complexos e dispendiosos, completamente esquecidos nas gavetas.

Segundo Motta (2000), os inventários para a avaliação da arborização urbana podem ter

caráter quantitativo, qualitativo ou quali-quantitativo. O autor revela que os dados necessários

para cada categoria dependerão dos objetivos, das estratégias e dos procedimentos

operacionais dos órgãos responsáveis pela administração desses serviços.

Ainda segundo Motta (2000), os parâmetros a serem avaliados agrupam-se em cinco

categorias: 1) localização das árvores (rua, número, quadra, entre outras); 2) características

destas (espécies, altura, diâmetro, entre outras); 3) características do meio (largura das ruas e

calçadas, presença de serviços, entre outras); 4) ações recomendadas, que tratam das

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

26

necessidades de manejo, como plantio, irrigação, fertilização, controle de pragas e doenças; e

5) serviços executados.

Ainda de acordo com o mesmo autor, depois de escolher o sistema de inventário a ser

adotado, é necessário estudar os métodos de coleta dos dados e realizar o treinamento da

equipe responsável pela coleta de dados.

2.7.2 Plano diretor de arborização urbana

Sanchotene (2000) definiu o Plano Diretor de Arborização de ruas como um conjunto de

métodos e medidas adotados para a implantação, manejo e expansão das áreas arborizadas das

cidades.

O Plano Diretor de Arborização de ruas tem como objetivo normatizar os procedimentos

relacionados à arborização de ruas e áreas verdes, sendo então um instrumento prático de

gestão da cidade; é dele que passam a advir as diretrizes de implantação e manejo da

arborização urbana local, sempre sujeita a processos de avaliação e replanejamento, a medida

que surjam novas e importantes informações, novas técnicas sejam desenvolvidas ou novas

propostas políticas sejam incorporadas à realidade do município (PMV, 1992).

Milano (1991) fez uma boa explanação da funcionalidade de um Plano, citando algumas

diretrizes, merecendo destaque: o plano deve estabelecer para cada rua ou padrão de rua o

porte da árvore utilizável ou a espécie a utilizar, indicando se o plantio será de um ou ambos

os lados das ruas; deve definir paisagisticamente se o plantio será regular com uma única

espécie por rua, intercalado por espécies diferentes em determinado número de quarteirões ou

totalmente mistos dentro de padrões de portes aceitáveis; por razões estéticas e também

fitossanitárias, deve-se estabelecer o número de espécies a utilizar e a proporcionalidade de

uso de cada espécie em relação ao total de árvores a ser plantado, sendo que cada espécie não

deve ultrapassar 10 – 15% da população total de árvores de rua; serão definidas também as

posições de plantio, o espaçamento entre árvores e a área livre de pavimentação junto à

árvore.

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

27

2.8 Produção das mudas, plantio e manejo das árvores de ruas

De acordo com Balensiefer & Wiechetek (1985), as mudas produzidas em viveiros

devem apresentar as seguintes características quando levadas para o local definitivo: serem

completamente sadias e sem defeitos, tais como caules curvados ou com intensa ramificação

baixa; boa brotação onde se evidenciam os ramos principais da copa; tronco de pelo menos

2m de altura, do qual já se destacam os ramos principais da futura copa, em número de dois a

quatro. Os autores aconselham que a necessidade das mudas passarem certo período expostas

à ação dos fatores climáticos antes de serem levadas para o plantio. Essa prática faz com que

as mudas adquiram resistência natural contra as adversidades do clima.

Ainda com relação às mudas, Biondi (1985) afirma que estas devem apresentar

adequadas condições sanitárias e estarem acondicionadas em recipientes apropriados, como

jacás ou embalagens grandes, evitando o transporte de mudas em torrão ou raiz nua.

A CEMIG (2001) preconiza que o plantio pode ser feito em qualquer época, desde que

se possa irrigar, sendo que, em se tratando de áreas públicas áreas públicas, é melhor fazer o

plantio no período de chuva. O plantio deve ser feito pela manhã ou no final da tarde, mas

nunca em horário de sol muito forte.

Com relação ao espaçamento e posicionamento das árvores, Biondi (1985) salienta que

a distância entre as árvores deve ser de acordo com o seu porte natural e o objetivo da

arborização. Segundo a autora, quando se deseja formar túnel de árvores nas ruas, utiliza-se

um espaçamento menor ou igual ao raio de projeção da copa da árvore e seu alinhamento na

calçada deve ser simétrico. Caso queira uma rua mais clara e menos fechada de árvores,

recomenda-se um espaçamento maior que o raio de projeção da copa da árvore adulta.

De acordo com Balensiefer & Wiechetek (1985), para as árvores de porte médio ou

palmeiras, recomenda-se uma distância de 7 a 10 metros entre si e de 12 a 15 metros para

árvores de grande porte. Já Costa (1993), considera que as árvores de porte pequeno, médio e

grande devem ter espaçamento de 9m, 12m e 15m respectivamente, e, para os casos em que

há fiação aérea, utilizar árvores de pequeno e médio porte com espaçamento de 9m.

Milano (1984) recomendou guardar uma distância mínima de 1m do meio-fio e 5m das

construções. Já a CEMIG (2001) recomenda observar a proximidade da árvore à casa para não

causar interferência em futuras ampliações das construções.

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

28

Para Milano (1988), a distância da muda até o meio-fio está em função da largura dos

passeios. As áreas livres de pavimentação ou áreas de enraizamento atualmente

proporcionadas às árvores de rua são muitas vezes pequenas para permitir o seu

desenvolvimento nas calçadas, além de serem muito influenciadas pelos distúrbios causados

pelos serviços de alargamento de ruas ou reparos das linhas subterrâneas (JORGENSEN,

1967, apud BIONDI, 1985). De acordo com Santos & Teixeira (2001), as áreas livres

pequenas ou inexistentes são resultado de covas mal dimensionadas e da preocupação de

manter o máximo de extensão da calçada com pavimentação. Segundo os autores, um dos

primeiros sinais da inadequação destes espaços é a aparência da planta e as trincas no piso.

Wyman (1972), citado por Biondi (1985), indicou a necessidade mínima de 6m2 de área

livre ao redor da base de cada árvore. A ELETROPAULO (1995), entretanto, sugere apenas

1m2. Segundo Biondi (1985), a área de crescimento da árvore deve ser preferencialmente

gramada e mantida livre de ervas daninhas de modo a evitar a competição e o aspecto de

negligência.

Com relação às covas, Biondi (1985) lembra que, antes de abri-las, deve ser observada

a presença de canalizações subterrâneas, posicionando as covas de modo a causar o mínimo

de prejuízo possível. Segundo a autora, as covas deverão variar entre 0,40 x 0,40 x 0,40 m e

0,50 x 0,50 x 0,50 m de tamanho. Coloca-se primeiramente na cova uma quantidade de terra

que seja suficiente para nivelar o torrão da muda, deixando o colo no mesmo nível do terreno

circundante.

Segundo Costa (1993), é necessário muito cuidado na adubação, devido às condições

adversas que as árvores encontram no meio urbano. Para a CEMIG (2001), na adubação de

plantio deve-se utilizar adubo orgânico curtido, 100g de NPK 6-30-6, 300g de calcário

dolomítico, 300g de fosfato de Araxá, complementando com terra vegetal. Entretanto

Langowski & Klechowicz (2001) simplifica, recomendando colocar 2 litros de esterco

orgânico curtido no fundo da cova. Biondi (1985) observa, no entanto, que as plantas

necessitam de uma adubação de restituição todos os anos, podendo ser feita da mesma

maneira que a adubação utilizada no plantio.

Langowski & Klechowicz (2001) lembram que, durante o plantio da muda, deve-se

colocar um tutor de madeira e uma grade de proteção, de forma a garantir proteção contra os

danos causados por veículos, animais e por atos de vandalismo. Santos & Teixeira (2001)

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

29

afirmam que os tutores são responsáveis por manter a planta ereta e com boa fixação quando

sujeitas a ventos ou danos mecânicos. De acordo com Santos & Teixeira (2001), as árvores

tutoradas apresentam as vantagens de terem maior crescimento em altura além de maior

resistência em relação aos ventos. Ainda segundo o mesmo autor, a presença de tutores, por si

só não se faz eficiente, necessitando o amarrio, que serve de fixação da planta ao tutor. Com

relação aos gradis, Miranda (1970) destaca que em locais onde a população ainda não está

habituada com a idéia de ter árvores nas ruas, deve-se protegê-las de prováveis abalos ou

danos com armações de madeiras ou caixotes, até que elas tenham adquirido uma certa

resistência natural.

A maior ou menor altura da primeira bifurcação está relacionada com as técnicas de

produção de mudas, refletindo o grau de qualidade das mudas utilizadas no plantio. Esta

variável influencia diretamente no tráfego das calçadas arborizadas, visto que as árvores com

inserção dos primeiros galhos abaixo de 2,0 m impedem ou dificultam a passagem de

transeuntes. Brasil (1995), lembrou que a simples bifurcação é indesejável por tornar os

galhos mais vulneráveis à quebra pelo vento ou pelo próprio peso da copa, notadamente

quando não é convenientemente podada. Nesse sentido, a PMSP (1974), citada por Brasil

(1995) recomendou que as árvores devem ter um tronco livre de ramificação até a altura de

1,80. Já para a PMV (1992), as árvores devem se ramificar a no mínimo 2,0m de altura.

Sabe-se que, para as árvores de rua cumprirem as suas funções e se conservarem em

estado adequado e sadio, é necessária a adoção de práticas sistematizadas de manutenção. De

acordo com Milano (1994), as práticas de manejo mais comuns são: o replantio, a irrigação, a

poda, o controle fitossanitário, o reparo dos danos físicos e a remoção.

O replantio de falhas é necessário para manter o efeito estético e paisagístico. Usar

mudas da mesma espécie plantada anteriormente, desde que ela seja adequada ao local

(CEMIG, 2001).

O controle fitossanitário é uma das formas de manejo necessário à preservação da

arborização urbana. De acordo com Milano & Dalcin (2000) o controle fitossanitário inicia-se

em caráter preventivo, na fase de planejamento, com a adequada seleção de espécies

resistentes ou tolerantes. Biondi (1985) endossa esta afirmação, dizendo que a utilização de

árvores apropriadas e resistentes minimiza o uso de produtos químicos para o combate de

pragas e doenças. Segundo a autora, quando as árvores são tratadas por inseticidas, fungicidas

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

30

e até mesmo herbicidas há o risco de saúde para os pedestres. Costa (1993), enfatiza o

controle biológico como meio adequado para a necessidade de proteção e preservação

ambiental. No entanto, Miranda (1970), recomendou, em alguns casos, a aplicação de

produtos químicos nas doses recomendadas pelos fabricantes.

O emprego da poda como medida de compatibilização entre a arborização e outros

componentes urbanos é a alternativa mais utilizada pelas administrações públicas. Milano &

Dalcin (2000) afirmam que a poda de árvores é, sem dúvida, a prática de manejo da

arborização de maior significado e importância.

Entretanto existem algumas controvérsias sobre a sua real necessidade e dentre os que

julgam necessário, há questionamento sobre as técnicas de podar. De acordo com Biondi

(1985), a poda deve ser executada por pessoas habilitadas, pois a sua má execução afeta

principalmente a estética e a saúde da árvore. A autora destaca que a poda poderá ser

desnecessária desde que a árvore tenha sido escolhida criteriosamente, fazendo uma exceção

para a poda de limpeza, na qual apenas são retirados os galhos secos, quebrados e supérfluos.

Por sua vez Costa (1993), afirma que a poda só é necessária nos seguintes casos: a) para

melhorar a aparência e principalmente da forma; b) para prevenção de futuros problemas com

ataques de pragas e doenças; c) como segurança pela remoção dos galhos prestes a cair, a fim

de não danificar propriedades ou injuriar pessoas.

De acordo com Silva (2000), é possível minimizar os custos de manutenção bem como

melhorar a qualidade da arborização mediante algumas medidas como: 1) uma adequada

seleção de espécies; 2) o uso adequado de forma e tamanho de árvores para o espaço

disponível; 3) melhoria da qualidade das mudas; e 4) a melhoria das técnicas de manutenção.

Diante do exposto, nota-se que a arborização de rua possui várias nuances a serem

observadas, não podendo ser tratada com amadorismo e simplicidade e necessitando ainda de

vários estudos dos seus diversos componentes.

2.9 Aspectos históricos da arborização

A árvore é o vegetal mais presente na vida e no ciclo histórico do homem. No início, era

usada como combustível para alimentar as fogueiras dentro das cavernas, passando,

Page 48: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

31

posteriormente, a ser usada como arma de caça, implemento agrícola e componente das casas

(SANTOS e TEIXEIRA, 2001).

A importância estética e até espiritual das árvores foi registrada na história da

civilização pelos egípcios, fenícios, persas, gregos, chineses e romanos. Compondo jardins e

bosques sagrados, destacando e emoldurando templos, o uso das árvores determinou

conhecimentos rudimentares sobre as mesmas e sua manutenção (BERNATZKY, 1980 apud

MILANO & DALCIN, 2000).

Os estudos foram desenvolvidos e aprimorados na idade média com o surgimento de

Jardins Botânicos, que deram ênfase às espécies de valor medicinal. Com a Renascença,

num empreendimento científico, o homem passa a buscar e cultivar espécies trazidas de

outras regiões, que eram colecionadas e exibidas em jardins botânicos do velho mundo. O

ato de cultivar espécies exóticas também proporcionou um considerável avanço nas formas

de cultivo e manutenção das árvores (MILANO & DALCIN, 2000).

A presença das árvores como elemento de composição urbana passou a ser cada vez

mais marcante a partir da primeira revolução industrial. A necessidade de mão-de-obra para

fazer funcionar as grandes fábricas tirou do campo os primeiros trabalhadores que, por

influências pessoais, trouxeram outros. Muito cedo, no entanto, fez sentir as dificuldades e a

necessidade de se atuar de alguma forma física e psicológica para atenuar as agruras de uma

vida de muito trabalho e pouca diversão. Espaços como forma de lazer contemplativo

fizeram-se prementes, surgindo as primeiras praças públicas (PAIVA & GONÇALVES,

2002).

É a partir de 1800, por meio da iniciativa pioneira da cidade de Londres e Paris, com

seus “squares” e “boulevards”, respectivamente, que as árvores foram, defi nitivamente,

introduzidas na malha urbana (SANTOS e TEIXEIRA, 2001).

Em Paris, o gênio administrativo do Barão Haussman, embora muito mais por razões

de segurança, promoveu uma maneira diferente de pensar a ré- introdução da vegetação no

ambiente urbano e enquanto outros continuavam com projetos de praça, ele enfileirou

árvores nas avenidas e “boulevards”, dando início ao conceito de arborização urbana da

maneira como ainda a conhecemos (PAIVA & GONÇALVES, 2002).

Page 49: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

32

Entretanto, nem as pequenas praças, nem a arborização urbana conseguiram suprir os

desejos dos moradores urbanos. Assim, a necessidade de áreas maiores com vegetação mais

abundante que não remediasse nem enganasse, mas realmente mostrasse uma paisagem

parecida com a paisagem rural deu origem aos parques urbanos. Esses parques, pela

extensão de suas áreas e pela diversidade da vegetação, procuraram isolar o usuário do

tecido urbano, oferecendo a possibilidade de que ele venha a se sentir em meio a uma

paisagem natural embora cercado pelo urbano (PAIVA & GONÇALVES, 2002).

O início do tratamento político e legal da arborização urbana data do final do século

passado, quando importantes medidas de proteção das árvores públicas contra danos físicos,

por meio de multas, foram estabelecidas nos Estados Unidos (GREY & DENEKE, 1978,

apud MILANO, 1988)).

Em nosso país, a cidade de Recife foi provavelmente o primeiro núcleo urbano a

dispor de arborização de rua, em pleno século XVII, durante a colonização holandesa. Isto

graças à iniciativa do Conde João Maurício de Nassau, que também implantou o primeiro

Parque de Friburgo, com fins paisagístico, utilitário e de defesa, ao redor do palácio do

mesmo nome que edificou na porção norte da ilha de Santo Antônio, criando esse notável

jardim da Renascença do Recife seiscentista (MESQUITA, 1996).

Os séculos XVIII e XIX assinalam, no Rio de Janeiro, locais e obras, marcos iniciais e

fundamentais do paisagismo brasileiro, como a rua do Ouvidor, a criação do passeio

público, Jardim Botânico, Quinta da Boa Vista e Campo de Santana (MACEDO, 1999;

SANTOS & TEIXEIRA, 2001).

Registros dão conta de que, até o início do século XX, a organização urbana da cidade

de Salvador obedeceu a um padrão estético harmonioso, sempre em consonância com a

paisagem natural, mantendo esta característica até a década de 50, quando a urbanização

desenfreada cedeu lugar a uma reestruturação viária e a arborização exótica (BRITO, 1996

apud SANTOS & TEIXEIRA, 2001).

A arborização de Salvador caracterizou-se, até os meados deste século, pelas alamedas

sombreadas e pelos pomares que ocupavam a maioria dos quintais e que além de deliciarem

os moradores com as mangas, os sapotis, os abius, as carambolas, atraíam os sangues-de-

boi, os sanhaços, os azulões e as sabiás (BRITO, 1996).

Page 50: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

33

A urbanização desencadeada na década de 50 trouxe os edifícios, os conjuntos

habitacionais, as avenidas de vale e os bondes foram substituídos por veículos individuais

que aos poucos e mais aceleradamente no final da década de 80, começaram a enfartar as

artérias da cidade. Deu-se início a uma arborização exótica no ecossistema original, os

princípios modernos de paisagismo retiraram as fruteiras da cidade, e os quintais viraram

“playgrounds” de edifícios (BRITO, 1996). Segundo Malienko & Brito (1996), com esse

crescimento desordenado, a cidade de Salvador, que era privilegiada por sua paisagem

natural, sofreu uma redução significativa de sua cobertura original, que correspondia aos

ecossistemas de mata atlântica e de restinga.

A orla marítima foi invadida por uma arquitetura de gosto duvidosa e a pressa das

inaugurações políticas levou ao transplante de coqueiros que estrangularam as suas estirpes

para desenvolverem às pressas um sistema radicular alternativo frente ao estresse fisiológico

a que foram submetidos (BRITO, 1996).

As primeiras referências sobre a vegetação urbana de Jequié datam os primórdios da

fundação da atual sede de município. A vegetação arbórea existente naquela época era

basicamente composta de angico, pinhão, pequi, algaroba, pau-ferro, sapucaia, malva,

gameleira, jalapa, ouricuri e maniçoba (IBGE, 1958).

Em Jequié, a utilização sistemática de árvores como elemento componente do meio urbano

iniciou-se na década de 50. Entretanto, os relatos, velhas fotografias, como é mostrado na

Figura 2 e os registros referentes às árvores atualmente existentes indicam que os plantios se

intensificaram nos anos 40 com a utilização intensiva do Ficus microcarpa. Como relatado

por

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

34

Figura 2. Aspecto da arborização antiga em Jequié (BA): Praça Rui Barbosa (A, B, C, D, E) e

Rua Alves Pereira (F) na década de 40.

Fonte: (Barros e Pinheiro, 2003)

A B

C D

E F

Page 52: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

35

Peixoto1, os objetivos na época não eram somente de caráter estético, mas também em

virtude dos benefícios em relação à alta incidência de raios solares. Desde então, mudas

foram espalhadas pelas ruas e praças da cidade, algumas das quais até hoje permanecendo

no local de plantio. Em função do ataque generalizado de trips, a maioria dessas árvores foi

eliminada, sendo substituída na década de 60 pela algaroba (Prosopis juliflora), que também

foram substituídas mais tarde devido a problemas de tombamento. Além do fícus, eram

também utilizadas, gameleiras, acácias e, possivelmente, oitizeiros.

Na década de 70 iniciou o plantio, em grande escala, das espécies Delonix regia, Ficus

elastica e Terminalia catappa além de Prosopis juliflora. Logo que as árvores ficaram

adultas, percebeu-se que estas espécies não eram adequadas para arborização, não somente

pelo fato de as raízes crescerem até quebrarem o calçamento, mas também pela

possibilidade de poderem causar conflitos com redes aéreas e construções, visto que eram

espécies de grande porte (PEIXOTO, 2003)2.

A década de 80 foi marcada pela reestruturação do Setor de Parques e Jardins, da

Prefeitura Municipal, compreendendo aí a construção do horto, implantação de projetos de

arborização, entre eles o Projeto Onda Verde, recuperação de praças e construções de novas

áreas verdes. Nessa mesma época deu-se início ao plantio intensivo do canjuão (Senna

multijuga). Embora proporcionasse boa sombra, o seu plantio foi interrompido, devido a

grande infestação por percevejos (FERREIRA, 2003)3.

Com a total recuperação do Horto Florestal e intensiva produção de mudas, o projeto

Onda Verde iniciou em setembro de 1989, com o plantio de 150 mudas na praça da matriz, na

Rua Bertino Passos e em diversas outras ruas e escolas da cidade. A partir de então, nos

últimos anos o projeto deslanchou, com arborização de escolas, praças e ruas, com mudas de

pequeno e grande porte. Atividades educativas de conscientização da população foram

desenvolvidas, com exposições de fotos, campanhas, realização de feiras, exposição e vendas

de plantas produzidas no horto florestal, lançamento de cartilha, etc. Em outubro desse

mesmo ano, o Colégio Dinâmico fez a distribuição de 1.500 mudas para arborização,

jardinagem e reflorestamento (PMJ, 1995).

1 Informações pessoais transmitidas pelo Eng. Agrônomo Renildo Peixoto, PMJ. Comunicação pessoal, 2003. 2 Comunicação pessoal (2003). 3 Informações pessoais transmitidas pelo professor Marcus Ferreira, UESB.

Page 53: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

36

A partir da década de 90, diversas leis regulamentavam questões relacionadas com o

meio ambiente no entorno da cidade, incluindo aí a proteção da arborização urbana.

Problemas como aterro de córregos, a derrubada e poda de árvores em vias públicas, uso de

encostas para construir casas, entre outras ações dos indivíduos sobre o meio natural,

começaram a serem fiscalizadas pelo município.

Nos últimos anos os debates sobre o tema se intensificaram com a promoção de

eventos, principalmente pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB,

Prefeitura Municipal de Jequié – PMJ e Grupo Ecológico Rio de Contas – GERC. Vale

ressaltar a realização, em 2003, do 1º Seminário Regional de Arborização Urbana, que teve

como objetivo geral fazer uma análise pública do Projeto Onda Verde.

2.10 Planejamento da arborização urbana no Brasil, na Bahia e em Jequié

Segundo Santos (2000), os benefícios proporcionados pela arborização e as técnicas

silviculturais para a sua condução já são, há muito tempo, conhecidas e amplamente

divulgadas. Da mesma forma que os problemas decorrentes de seu planejamento inadequado.

Mas, apesar da consciência dos múltiplos benefícios auferidos pela população urbana

com o uso da arborização, a maioria das cidades brasileiras tem deficiência no planejamento,

na implantação e manejo dos plantios públicos, situações estas que comprometem os

esperados benefícios às condições ambientais e à qualidade de vida da população urbana.

Os levantamentos qualitativos realizados em algumas cidades brasileiras, identificaram

problemas de raízes estourando calçadas e tubulações, árvores em conflito com a rede de

infra-estrutura e construções gerando podas drásticas, distribuição irregular em relação às

freqüências relativas de plantios, com algumas espécies plantadas em porcentagem acima da

recomendada, além da deficiência na manutenção, com um número significativo de árvores

apresentando danos devidos a causas diversas como podas mal feitas, ação de vandalismo,

tutoramento, construção e problemas fitossanitários, como mostra os trabalhos de Biondi

(1985) em Recife-PE; Milano (1988) em Maringá-PR e Costa (1993) em Manaus-AM.

As cidades do interior do Brasil não apresentam uma realidade distante dos grandes

centros urbanos, pois boa parte não possui um Plano Diretor, apresentando um crescimento

desordenado. Nas cidades de porte médio e pequeno, as intervenções no meio geralmente

ocorrem de forma mais lenta do que nos grandes centros, no entanto, estas não estão isentas da

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

37

degradação ambiental. A falta de planejamento gera dificuldades na implantação e manutenção

da arborização urbana.

A maioria das cidades da região Nordeste do Brasil desconhece completamente a

existência dos princípios e padrões considerados corretos na arborização, utilizando apenas

informações estéticas e tratando-a desordenadamente, sem planejamento, gerando problemas,

ao invés de melhorias ambientais. Em cidades do interior da Bahia, tais situações se devem

principalmente ao empirismo com que a arborização foi implantada, indicando a necessidade de

estudos que subsidiem e estimulem a elaboração de Planos de Arborização, embasados em

critérios técnicos e científicos.

A cidade de Jequié não se constitui numa exceção, ainda mais por se tratar de uma

cidade não planejada e pólo de desenvolvimento regional. Ao longo de todos seus anos de

história, em função do ritmo de crescimento, o traçado urbano de Jequié foi se alterando,

caracterizando-se por um padrão urbanístico de ruas e passeios estreitos, com falta de espaço

para estacionamento de veículos, inexistência de afastamento predial, além de outros fatores

relacionados à falta ou deficiência de planejamento urbano que sempre dificultaram o

desenvolvimento da arborização na cidade.

Um problema que se apresenta na cidade é a predominância das espécies exóticas ou a

seleção incorreta de espécies. Macedo (2002) realizou um estudo no Bairro do Mandacaru, área

urbana da cidade, encontrando um baixo índice de diversidade, com uma alta freqüência da

espécie Ficus benjamina (64%), ultrapassando a freqüência máxima de 15% recomendada por

Grey & Deneke, (1978), citados por Biondi (1985). Para Macedo (2002), o Ficus benjamina tem

sido introduzido no Bairro do Mandacaru sem nenhum estudo prévio, critério ou planejamento

de acordo com o recomendado pelas normas da arborização urbana, podendo trazer problemas

de surgimento de pragas.

Quanto a esse aspecto, Peixinho Filho (2002) afirma que a arborização urbana na Bahia

está ameaçada pela grande quantidade de árvores do gênero Ficus que ornamentam ruas, jardins

e praças em todo o Estado. O autor afirma que o Ficus benjamina prolifera rapidamente e sem

controle em cidades baianas, rompendo o equilíbrio na distribuição das espécies vegetais. Sobre

essa espécie, Meneghetti et al (1996) afirmam ser totalmente inadequada para fins de

arborização de ruas, tanto devido ao seu porte quanto pela agressividade de suas raízes.

Page 55: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

38

Peixinho Filho (2002) responsabiliza os governantes municipais que, segundo ele, não

respeitam os critérios técnicos, que condenam o predomínio de uma espécie vegetal sobre as

demais, especialmente importadas de outros ecossistemas.

Guzzo (1999) lembra que nos ecossistemas urbanos, a diversidade de espécies tem

relevante importância ecológica e estética. Segundo o autor, a diversidade de espécies promove

uma maior estabilidade ecológica nos ecossistemas, uma vez que os novos habitats

proporcionarão o surgimento de outras espécies da flora e da fauna. Sendo assim, as interações

ecológicas (competição, predação, simbiose) serão maiores, o que dificultará o surgimento de

pragas, e não porá em risco toda a vegetação existente.

2.11 Legislação disponível sobre o meio ambiente municipal em Jequié

Jequié dispõe dos seguintes instrumentos de gestão urbana: Lei nº 1.353 de 16 / 06 /

1995, que instituiu o Plano Diretor Urbano; Lei nº 1.354 de 16 / 06 / 1995, que dispõe sobre o

perímetro urbano da cidade; Lei nº 1.355 de 16 / 06 / 1995, que dispõe sobre o parcelamento

do solo urbano; Lei nº 1.356 de 16 / 06 / 1995, que dispõe sobre o zoneamento e uso do solo;

Lei nº 1.357 de 16 / 06 / 1995, que instituiu o código de obras e edificações do município; Lei

nº 1.358 de 16 / 06 / 1995, que instituiu o código de posturas do município; Lei Orgânica de

Jequié, de 05 de abril de 1990.

A cidade de Jequié ainda está no início no que se refere às legislações pertinentes ao

manejo e a conservação do ambiente. Alguns dispositivos legais de interesse do paisagismo

urbano e preservação ambiental foram criados, dentre os quais é relevante citar:

• Lei Orgânica de Jequié – BA, 1990, Capítulo VI – do Meio Ambiente, Art. 150, inciso

XI, que incumbe ao Poder Público estimular e promover a arborização urbana, utilizando

preferencialmente espécies nativas regionais e frutíferas;

• Código de Postura do Município de Jequié – BA, 1995, Capítulo II – da Higiene

Pública e Proteção Ambiental, Art. 13 que estabelece medidas de proteção às árvores da

arborização pública;

• Lei do Zoneamento e Uso do Solo de Jequié – BA, 1995, Capítulo II – do Uso do

Solo, Art. 3 que estabelece as categorias de uso como residencial, comercial, de serviços,

industrial, institucional e áreas especiais. Dentre as áreas especiais prevê-se a criação dos

Parques do Mirante do Sol Nascente e do Aeroporto.

Page 56: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

39

Encontra-se em fase de discussão a criação e regulamentação do Código Municipal de

Meio Ambiente, que deverá contemplar questões relativas à política de meio ambiente e os

sistemas de licenciamento e controle ambiental municipal e incluir os dispositivos de

infrações e penalidades em decorrência da fiscalização e autuação dos infratores.

Page 57: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

40

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Caracterização da área de estudo

O município de Jequié localiza-se entre as coordenadas 13o 51’ 5” latitude sul e 40 o 04’

54” longitude oeste e está situado na região Sudoeste do Estado da Bahia, a 358,7

quilômetros da capital Salvador (IBGE, 1958), conforme mostra a Figura 3. O município tem

uma área de 3.313 km2 e uma população de130.207 habitantes, segundo o censo do IBGE do

ano de 2000.

O município está localizado em uma área de transição ou de contato climático e

fitogeográfico. Em virtude destes elementos marcantes, observa-se que a leste predomina o

clima tropical chuvoso de floresta, com um a três meses secos, tipo AM, segundo a

classificação de Koppen, com índice pluviométrico oscilando entre 800 a 1.200 mm anuais.

Enquanto a oeste, o clima é quente de caatinga, com chuvas de verão e períodos secos bem

definidos de inverno ameno, tipo BSwh, apresentando índice pluviométrico entre 300 a 600

mm / ano (MARCELO, 2002).

O clima de Jequié não apresenta boas condições de conforto térmico. Embora haja meses

razoavelmente frios, a maior sensação deixada é de intenso calor, que surge da associação

entre altas temperaturas, baixas taxas de umidade relativa do ar e pouca ventilação. Possui

verões cuja temperatura máxima média do mês mais quente é de 26,1ºC, sendo que, durante o

inverno, o mês mais frio apresenta temperatura média de 21,6 ºC.

A sede do município situa-se na região semi-árida da caatinga, de clima quente e seco,

caracterizado pela irregularidade de distribuição de chuvas. Há um período de estiagem

bastante longo, de abril a outubro, com dias claros e de sol causticante que fazem Jequié ser

conhecida por Cidade Sol. Em contraposição, tem-se o período das chuvas intensas, de

novembro a abril que, na caatinga, coincide com o escoamento superficial, lavagem de solo e

acúmulo de sedimento nas baixadas, com conseqüências evidentes para a infra-estrutura da

cidade (PMJ, 1995). Essa variação climática condiciona a presença de três classes de

vegetação no município, a caatinga, a mata de cipó e a mata tropical, além de favorecer

cultivos agrícolas diversificados como cacau, café, mamona, hortaliças, cereais e o

desenvolvimento de atividades pecuárias (PMJ, 1995).

Situado no planalto dos Geraizinhos, o município de Jequié tem um relevo acidentado

que se destaca principalmente por causa das serras marginais nos tabuleiros pré-litorâneos.

O sítio

Page 58: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

41

Je qu ié

P/VIT%%21 1RIA DA CONQUISTA

P/ FE IRA DE SANTANA

BR 1 16

AVENIDA

BARRAGEM

DE

PEDRAS

BR 116

P/VIT%%211RIADA

CONQUIS

TA

BR 116

P/ FEIRA

DE SANTANA

AVENIDA BARRAGEMDE

PEDRAS

BR 116

BR 116

P/ FEIRA

DE SANTANA

P/ VIT%%211RIA DA

CONQUISTA

BR 11 6

P/ FEIRA DE SANTANA

BR 11 6

P/ VIT%%211RIA DA CONQUISTA

BARRAGEM

DE

PEDRA S

AVENIDA

AVENIDA

AUR%%20 1LIOVIANA

GOVERNADOR

P/ FEIRA DE SANTANA

BR 11 6

P/ VIT%%211RIA DA CONQUISTA

A VENIDA

GOVERNADOR

AUR%%2 01LIO

VIANA

BARRAG EM

DE

PEDRAS

AVENID A

BR 1 16

P / F EIRA DE SANTA NA

P/ VIT%%211R

ONQ

TA

P / VIT %%211RIA DA CONQUISTA

B R 1 16

P/ FEIRA DE SANTANA

P/ FEIRA DE SANTANA

P/ VIT %%211RIA DA CONQUISTA

BR 116

P/ IPIA%%218

P/ B R 116

P/ IPIA%%218

P/ BR 116

P/ IPIA%%218

P/BR 116

BR 330

BR 330

P/ IPIA%%218

P/ BR 116

P/ IPIA%%2

18

BR 330

BR 330P/ IPIA%%21

8

P/ BR 116

P / BR 116

P / IPIA%%218

P/ IPIA%%218

BR 330

P/ BR 116

BR 330

BR 330

P/IPIA%%218

P/ BR 116

BR 330

P / IPIA% %218

P / BR 11 6

Estado da Bahia

Sede Municipal

Jequié

Jequié

Município de Jequié

Figura 3. Localização do município e sede municipal de Jequié no Estado da Bahia.

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

42

urbano e seu entorno encontra-se sobre um conjunto de planícies e terraços do rio de Contas,

seguido de pequenas colinas e formações mais elevadas de até 600m de altitude (IBGE,

1958).

A paisagem geológica da região está inserida no denominado Complexo de Jequié, que

inclui rochas do tipo gnaisse, gnaisse charnockiticos, biotita-gnaises, quartzo feldspático e

depósitos eluvionares e coluvionares, coluvionares e fluviais.

Basicamente os solos da região são das classes Podzólico Vermelho e Amarelo,

equivalente Eutrófico e Latosol Vermelho Amarelo, Distrófico e solos litossóis. (SEI, 2000).

3.2 Avaliação das áreas verdes públicas

Para a avaliação das áreas verdes da cidade de Jequié, foram considerados apenas os

espaços livres públicos, representados pelas praças, praças em projeto, rótulas, áreas

institucionais, áreas de preservação permanente, cemitérios, hortos e estacionamentos.

As áreas verdes públicas foram consideradas as mais apropriadas para avaliação da

arborização urbana, especialmente por não exigir metodologias complicadas, constituindo-se

em áreas de fácil monitoramento, pois suas características físicas dificilmente são objetos de

modificações. Considerando que a arborização urbana particular apresenta problemas de

inacessibilidade inerentes à própria situação fundiária, podendo ser modificadas pelo direito

de propriedade e por deficiências administrativas das gestões públicas. Portanto, as áreas

verdes compostas por remanescentes vegetais situadas em propriedades particulares, apesar de

serem áreas de relevante importância ao meio ambiente urbano, são mais difíceis de avaliação

tendo em vista a dinâmica do crescimento urbano, que constantemente exerce pressão sobre

estas áreas.

Para uma melhor avaliação das áreas verdes públicas e arborização de ruas, a área

urbana foi dividida em 5 setores, a saber:

• Setor Oeste: bairros Cidade Nova, Joaquim Romão, Caixa D’água, Sol Nascente e

Curral Novo;

• Setor Sul: bairros Mandacaru, Centro Industrial, km 3 e 4;

• Setor Norte: bairros São Luís, São José, Alto do Viveiro, Amaralina, Mutirão e São

Judas Tadeu;

• Setor Leste: bairro Jequiezinho;

• Centro da cidade.

Page 60: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

43

A avaliação por setor teve por objetivo permitir uma investigação de padrões e

tendências mais precisas dentro de cada setor, em relação aos diversos parâmetros avaliados.

Os setores foram delimitados pelos dois principais cursos d’águas que drenam a área

urbana da cidade, denominados de rio de Contas e rio Jequiezinho, conforme mostra a Figura

4, a seguir. Além desses marcos naturais, as ruas e estradas também foram usadas com essa

finalidade.

Page 61: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

44

Page 62: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

45

3.2.1 Quantidade e uso das áreas verdes públicas

O levantamento quantitativo determinou o número de áreas verdes da cidade, suas

localizações e respectivas áreas totais, o cálculo do índice de área verde (IAV), além de se

promover uma discussão sobre o uso atual dessas áreas, excluindo-se as praças que foram

objeto de avaliação mais detalhada.

Para a realização deste levantamento foram consideradas todas as áreas verdes da cidade

de Jequié, levando-se em conta a definição de espaços livres propostos por Groning (1976),

citado por Costa (1993), cuja definição conceitual tende a se aproximar do termo área verde.

Este conceito, por ser mais abrangente, contempla a maioria das situações que ocorrem no

município.

Em virtude da Prefeitura Municipal não possuir um cadastro contendo uma relação das

praças e demais tipos de áreas verdes públicas, foi necessário levantar esses espaços por

ocasião das primeiras atividades de campo, além de serem identificadas outras áreas verdes

públicas de interesse, não especificadas no mapa da cidade, totalizando 109 áreas,

caracterizadas como áreas verdes públicas.

As áreas institucionais abordadas no presente trabalho são aquelas reconhecidas pelo

poder público como sendo de sua propriedade e foram representadas pelas escolas municipais

e estaduais de 1º e 2º graus, aeroporto, campus universitário, parque de exposição e demais

instituições das esferas governamentais. Para efeito de cálculo da superfície das áreas verdes

públicas da cidade, foram consideradas apenas aquelas não construídas (os pátios e jardins)

das referidas instituições. Baseado neste critério e utilizando-se das informações disponíveis

nas Secretarias Estadual e Municipal de Educação, foram levantadas todos os pátios das

escolas situadas na zona urbana que tinham expressiva área livre, as quais foram incluídas

para o cômputo da área verde total da cidade.

A quantificação das áreas de praças, rótulas de avenidas e margens de rios foi feita por

meio do software ArcView 3.2a, utilizando-se a base cartográfica planialtimétrica do

laboratório de geoprocessamento da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da

Bahia – CONDER de 1999. As superfícies das demais áreas verdes foram obtidas mediante

informações contidas nas respectivas plantas planialtimétricas e, para as que não continham,

utilizou-se de um receptor GPS (Global Positioning System) Garmim 40 para coletar as

coordenadas geográficas, as quais foram processadas mediante o software “Show Letter” para

o cálculo das áreas.

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

46

Após este levantamento, as áreas verdes públicas foram catalogadas e demarcadas no

mapa da cidade, objetivando, com isso, definir com exatidão o número e a localização dessas

áreas, além de possibilitar o cálculo do Índice de Área Verde (IAV) por habitante

(discriminado por área verde total e área verde de uso coletivo) e a análise da distribuição

espacial. Durante esta fase também se realizou uma análise do uso das áreas verdes públicas,

excluindo-se as áreas verdes de uso coletivo (praças). Esse levantamento foi realizado durante

os meses de julho e agosto de 2003.

3.2.2 Índice de áreas verdes (IAV)

Para estimar o índice de áreas verdes da cidade de Jequié, foi considerado o somatório

das superfícies de todos os tipos de áreas verdes existentes na cidade (praças atuais e

projetadas, faixa de rio, cemitérios, áreas institucionais, horto municipal, estacionamentos,

rotatórias e canteiros centrais ajardinados), expresso em metro quadrado, dividido pelo

número de habitantes da área urbana, conforme calculado por Costa (1993) para a cidade de

Manaus.

• das superfícies das áreas verdes (m2) IAV =

Número de habitantes da área urbana

3.2.3 Aspectos urbanísticos, conservação e distribuição das áreas verdes públicas

Esta etapa permitiu fazer uma avaliação qualitativa de todas as áreas verdes de uso

coletivo citadas por Oliveira (1996), representadas por 48 praças, de acordo com uma série de

itens qualitativos previamente estipulados.

Para a localização dessas áreas, foi utilizado o mapa da cidade de Jequié de 1999, na

escala 1:10.000. As praças não demarcadas no mapa foram catalogadas a partir dos

levantamentos de campo, sendo, assim, cada logradouro relacionado na listagem. Após a

identificação das áreas de estudo, iniciou-se a coleta de informações “in loco”. Os dados

foram coletados durante os meses de junho e julho de 2003, e registrados na ficha de coleta de

dados (Apêndice A) apropriando os modelos propostos por Carvalho (2001) e Costa (1993):

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

47

I – identificação da área verde: dados referentes ao nome, bairro e rua;

II – aspecto urbanístico: Classificação da área verde como totalmente urbanizada5,

parcialmente urbanizada6 e não urbanizada7; no caso de áreas totalmente urbanizadas e

parcialmente urbanizadas, foram avaliados aspectos como pavimentação, o tipo de material

usado nas vias de circulação, delimitação de canteiros (meio-fio), iluminação, equipamentos

de serviços, equipamentos de lazer, que foram diagnosticados de acordo com os seguintes

parâmetros:

a) pavimentação: classificação da área como impermeabilizada (quando possui mais de 30%

da sua área com pavimentação) e áreas não impermeabilizadas (quando possui menos de 30%

da sua área com pavimentação);

b) tipo de material usado nas vias de circulação: terra nua, concreto, pedra e gramado;

c) delimitação de canteiros: existência ou não de delimitação de canteiros;

d) iluminação: avaliação de acordo com as seguintes condições:

• ruim: além das luminárias quebradas, o número de postes é insuficiente, fazendo com

que a iluminação esteja aquém do necessário ou até mesmo sem iluminação;

• regular: apesar de os postes de luz estarem em bom número e bem localizados,

existem luminárias quebradas, prejudicando o desempenho da iluminação;

• boa: sem luminárias quebradas e o número de postes é suficiente para proporcionar

uma boa luminosidade;

obs: essas observações foram feitas entrevistando a população residente no entorno da praça

e) pontos de água: determinar a possibilidade ou não de irrigação através da determinação da

existência ou não de pontos de água;

f) equipamentos de serviços: identificação da existência ou não de serviços nas praças tais

como telefone público, ponto de táxi, boxe policial, lixeira, caixa de correio, banca de jornal,

bebedouro, ponto de ônibus, lanchonetes, banheiros e outros ou, até mesmo, ausência destes

elementos;

g) equipamentos de lazer: identificação da existência ou não de equipamentos de lazer nas

praças tais como bancos, brinquedos, quadras de esporte, parque infantil, campo de futebol e

outros ou, até mesmo, ausência destes elementos;

III – vegetação:

5 Possui traçado definido, grupos vegetais e equipamentos de lazer. 6 Possui traçado definido, porém não possui grupos vegetais e/ou equipamentos de lazer. 7 Área limpa sem nenhum tratamento paisagístico ou estrutural.

Page 65: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

48

a) identificação do tipo de vegetação existente: forrações pisoteáveis, elementos arbóreos,

arbustos ou não tem nenhum tipo de vegetação;

IV – manutenção:

a) manutenção das espécies vegetais: esse item foi avaliado de acordo com a necessidade de

poda, controle fitossanitário, controle de ervas daninhas e necessidade de replantio. A

pontuação foi feita da seguinte forma:

- bom (3 pontos): quando não necessita de qualquer tipo de intervenção;

- razoável (2 pontos): quando necessita de apenas um tipo de intervenção;

- ruim (1 ponto): quando necessita de intervenção por mais de uma causa.

b) manutenção dos equipamentos e mobiliários: esse item foi avaliado segundo o tipo de

manejo necessário à manutenção dos equipamentos; a pontuação foi feita da seguinte forma:

- ruim (1 ponto): necessidade de trocar equipamentos e mobiliários;

- razoável (2 pontos): necessidade de consertar ou limpar equipamentos e mobiliários;

- bom (3 pontos): sem necessidade de intervenção.

c) manutenção das vias de circulação: as condições em que se encontram as vias de circulação

foram avaliadas com os seguintes conceitos:

- bom (3 pontos): pavimentação em bom estado de conservação, sem rachaduras e

desprendimento de blocos;

- razoável (2 pontos): pavimentação em estado de conservação comprometido, devido à

presença de rachaduras e com desprendimento de blocos sem exposição do solo, mas com

elevação do piso;

- ruim (1 ponto): pavimentação com ausência de manutenção, com rachaduras em quase toda

a área e desprendimento de blocos, com grande exposição do solo;

d) limpeza: avaliação de acordo com as seguintes condições:

- bom (3 pontos): sem lixo nos passeios, no gramado ou nos canteiros;

- razoável (2 pontos): com pequena quantidade de lixo nos passeios, no gramado ou nos

canteiros:

- ruim (1 ponto): com grande quantidade de lixo nos passeios, no gramado ou nos canteiros.

Depois de dar nota aos itens relacionados com a manutenção das praças, calculou-se a

média aritmética para obter a nota da manutenção geral de cada praça. O conceito foi

estipulado de acordo com os seguintes intervalos: ruim: 1 até 1,5 ponto; razoável: 1,6 até 2,5

pontos; bom: 2,6 até 3,0 pontos.

Page 66: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

49

Durante esta fase também se fez uma análise da distribuição das praças na malha urbana

da cidade. Para esta avaliação, utilizou-se o mapa oficial da cidade (escala 1:10.000), obtido a

partir de aerofotografias, com data de vôo setembro/1999, no qual foi observada a disposição

espacial das praças.

3.2.4 Diversidade florística das praças

Paralelo ao levantamento qualitativo das praças, realizou-se a identificação da flora

arborescente destas áreas, tendo também sido feita a contagem dos indivíduos em cada

unidade.

Para identificar as espécies desconhecidas, foi coletado material botânico das plantas,

que foram identificadas utilizando-se bibliografia específica, tais como Lorenzi (1992),

Pereira & Agarez (1980), Joly (1983), entre outros.

Com base nas espécies identificadas, organizou-se uma listagem das árvores ocorrentes

nas praças, dispostas por ordem de freqüência absoluta e contendo informações como nome

comum e botânico, quantidade e freqüência relativa.

3.3 Avaliação da arborização urbana

3.3.1 Estimativa do número de árvores da área não urbanizada da cidade

Nas áreas não urbanizadas, consideradas aquelas com ruas sem meio-fio e

pavimentação, adotou-se o processo casual simples para a seleção de ruas a serem avaliadas.

Foram percorridos 20% do comprimento total das vias não urbanizadas da cidade, totalizando

110 ruas observadas, num total de 31 km percorridos (Figura 5).

Page 67: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

50

Fig 5 – Unidades de amostras sorteadas (em destaque) para o levantamento do número de

árvores das ruas não urbanizadas

Page 68: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

51

Em seguida foi efetuado o levantamento de todos os indivíduos arbóreos pertencentes a

essas vias. Posteriormente foi calculado o número de árvores por km linear, sendo a avaliação

extrapolada para o total da arborização da área não urbanizada da cidade.

Os dados foram coletados por apenas uma pessoa, com o deslocamento feito a pé. A

coleta dos dados foi no mês de maio de 2003.

3.3.2 Levantamento quantitativo da arborização de ruas urbanizadas

Nas áreas urbanizadas, definidas como aquelas com ruas apresentando meio-fio e

pavimentação, foi feito um levantamento censitário das árvores existentes em passeios e

canteiros centrais, identificando-se e registrando-se as espécies de todas as árvores observadas

nos bairros Cidade Nova, Joaquim Romão, Mandacaru, Centro Industrial, São Luís, São José,

Alto do Viveiro, Mutirão, Jequiezinho e Centro. Os dados foram coletados entre janeiro e

abril de 2003, utilizando-se um formulário (Apêndice B) elaborado especificamente para este

fim. Nesse formulário, as espécies foram registradas através de códigos.

A coleta de dados foi feita a pé, sendo necessária apenas uma pessoa, já que nessa etapa

nenhum parâmetro exigia o uso de equipamentos de medição. Nessa fase foram percorridos

aproximadamente 100 km de ruas.

3.3.2.1 Diversidade de espécies A diversidade de espécies foi avaliada, em praças e nas ruas, pela estimativa do Índice de

Shannon (H’) e Equitativida de de Pielou (E), calculados segundo Magurran (1988), conforme

expressões (1) e (2):

H’= ii pp ln∑− (1)

E= lnSH'

, (2)

Sendo ip a proporção da espécie i encontrada nos locais avaliados e S o número de espécies

encontradas.

Page 69: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

52

3.3.3 Avaliação qualitativa da arborização urbana

Para o levantamento dos dados relativos aos aspectos de qualidade, conservação e

adequação dos plantios, adotou-se como unidades amostrais os quarteirões, proposto por

Rachid & Couto (1999), selecionados aleatoriamente na área urbanizada. As árvores dos

canteiros centrais não foram avaliadas visto que as árvores de calçadas são as que causam

maiores conflitos com edificações e equipamentos urbanos, além de serem também as mais

sujeitas a danos físicos e conseqüentes problemas fitossanitários.

Uma amostra de dez quarteirões foi tomada para avaliar a variação do número de

árvores entre eles e calculado o tamanho suficiente de amostra pela expressão n= Tα2. S2 / E2 onde, n: número de amostras necessárias;

Tα: valor de t de Student, tabelada em função de P=90%;

S2: variância entre a média e o número de árvores por quarteirão;

E: erro admissível (10% da média do número de árvores).

O tamanho suficiente de amostra para P=90% e com limite de erro de 10% para estimar

o número de árvores foi 45, sendo este o número de quarteirões avaliados. A Figura 6 mostra

os quarteirões avaliados.

A coleta dos dados foi realizada por uma equipe formada por um anotador (técnico de

nível superior) e dois medidores (estagiários). Os valores dos parâmetros mensuráveis foram

determinados com instrumentos apropriados, como trena e fita métrica e os demais dados não

mensuráveis foram determinados conforme avaliação do anotador.

As medições da circunferência à altura do peito (CAP), área livre para engrossamento

do tronco e distância da árvore ao meio-fio foram realizadas utilizando-se uma fita métrica.

As medições da largura dos passeios e ruas e a distância entre a árvore seguinte foram

realizadas utilizando-se uma trena. A estimativa da altura da árvore foi feita mediante

referência da altura das redes de distribuição de energia elétrica de baixa e média tensão e da

rede de telefonia. A determinação do afastamento predial foi realizada por estimativa. A altura

da primeira bifurcação, em centímetros, foi medida com auxílio de uma haste rígida de 2

metros. O reconhecimento da regularidade do plantio (se a árvore foi plantada pela população

local ou pela Prefeitura) foi feito por intermédio de entrevistas com os moradores.

Page 70: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

53

Page 71: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

54

Para essa etapa foram utilizados dois tipos de planilhas, sendo uma para caracterização

da arborização (Apêndice C) e outra para avaliação do manejo (Apêndice D).

Em relação ao tipo de informação a coletar, o inventário seguiu as recomendações de

Biondi (1985) e Milano (1984 e 1988), adaptadas às condições locais e que serviram de base

para a confecção das planilhas para a coleta de campo. No preenchimento da planilha que

caracteriza a arborização foram registradas as seguintes informações:

1.0 – Característica do meio

1.1 - Largura do passeio:

refere-se à largura do passeio. Foram considerados:

a) 1 ponto: < 2m

b) 2 pontos: 2 a 3m

c) 3 pontos: > 3m

1.2 - Largura da rua:

diz respeito à largura da rua. Foram considerados:

a) 1 ponto: < 6m

b) 2 pontos: 6 a 7m

c) 3 pontos: > 7m

1.3 - Condições locais:

refere-se à intensidade de pedestres e veículos na localidade. Foram consideradas as seguintes

situações:

a) 1 ponto: local de intenso movimento de pessoas e veículos (ponto de ônibus, acesso à

escola, fábrica,igreja, tráfego intenso,etc);

b) 2 pontos: local ao lado de residências, terreno baldio, etc, mas com movimento razoável,

devido à proximidade de escolas, comércio, fábricas, etc.;

c) 3 pontos: local estritamente residencial, com pouco movimento de pessoas e veículos.

1.4– Interferências presentes:

diz respeito à presença de redes aéreas sobre a árvore. Foram considerados:

a) 1 ponto: presença de rede elétrica aérea e rede de comunicação aérea;

b) 2 pontos: presença apenas de rede de comunicação aérea;

c) 3 pontos: ausência de redes aéreas.

Page 72: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

55

2.0 – Regularidade do plantio:

refere-se ao ator responsável pela execução do plantio. Foram consideradas as seguintes

situações:

2.1 - plantio regular (executado pela Prefeitura Municipal);

2.2 - plantio irregular (executado pela população local).

3.0 – Posição do plantio

3.1 - Distância da árvore ao meio-fio:

refere-se à distância do tronco da árvore até o meio-fio. Foram considerados:

a) 1 ponto: < 0,5m

b) 2 pontos: 0,5 a 1m

c) 3 pontos: > 1m

3.2 - Afastamento predial:

refere-se ao afastamento de qualquer tipo de construção em relação à linha do passeio. Foram

consideradas as seguintes situações:

a) 1 ponto: 0 a 1,5m

b) 2 pontos: 1,6 a 3m

c) 3 pontos: > 3m

3.3 - Área livre para o engrossamento do tronco:

diz respeito à área não pavimentada em torno do tronco, sendo considerados:

a) 1 ponto: < 1m2

b) 2 pontos: = 1m2

c) 3 pontos: > 1m2

3.4 - Distância à próxima árvore em metros:

refere-se à distância entre os troncos dos elementos arbóreos. Foi calculado e avaliado o

espaçamento médio entre as árvores e o desvio padrão.

4.0 – Características da espécie (porte)

Page 73: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

56

4.1 - Altura da árvore:

refere-se à altura desde a superfície do solo até as folhas no ápice do galho mais alto, tendo-

se como referência à altura da rede de telefonia (5 m), sendo considerados:

a) < 2m

b) 2m a 5m

c) >5m

4.2 - Circunferência à altura do peito (CAP):

diz respeito à circunferência do tronco do indivíduo medido à altura do peito, ou seja, 1,30 m

de altura do solo, sendo considerados:

a) < 50 cm

b) 50 a 100 cm

c) > 100 cm

4.3– Altura da 1º bifurcação:

refere-se à altura que vai do solo até a inserção do primeiro galho no tronco. Foram

considerados:

a) 1 ponto: < 1,8m

b) 2 pontos: 1,8 a 2,0m

c) 3 pontos: > 2,0m

5.0 – Compatibilidade entre o porte da árvore e o espaço disponível:

refere-se à relação entre o porte da árvore e o espaço físico disponível para o crescimento da

mesma. Foram consideradas as seguintes situações:

a) 1 ponto: pouco compatível : A árvore requer poda pesada e sistemática para controle do

tamanho e forma da copa;

b) 2 pontos: medianamente compatível: a árvore requer poda leve, porém sistemática para

controle do tamanho e forma da copa;

c) 3 pontos: compatível: sem necessidade de poda.

6.0 – Condição geral da árvore

6.1 – Tronco

6.1.1 – Estado da casca:

Page 74: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

57

diz respeito à presença de danos físicos na casca da árvore, sendo considerado:

a) 1 ponto: casca destruída ou com deformidades, com pouca chance de recuperação;

b) 2 pontos: parte da casca destruída, exigindo pequenos reparos;

c) 3 pontos: casca sem danos.

6.1.2 – Forma do tronco:

refere-se à inclinação do tronco em relação ao solo, sendo considerado:

a) 1 ponto: grande tortuosidade;

b) 2 pontos: leve tortuosidade;

c) 3 pontos: forma ereta

6.2 – Estado da raiz:

diz respeito às condições externas do sistema radicular do indivíduo arbóreo. Foram

considerados:

a) 1 ponto: raiz com afloramento, afetando a calçada ou construção;

b) 2 pontos: raiz com afloramento restrito à área livre;

c) 3 pontos: raiz sem afloramento.

6.3 – Copa

6.3.1 – Vitalidade:

diz respeito ao aspecto físico da copa, sendo um indicador de saúde da árvore. Essa medida

foi estimada a partir da observação dos parâmetros coloração das folhas, densidade da copa e

presença de galhos mortos dentro da copa viva. Foram consideradas as seguintes situações:

a) 1 ponto: copa sem vitalidade;

b) 2 pontos: copa com médio vigor;

c) 3 pontos: copa com vitalidade

Obs: houve o cuidado para não confundi a mudança de coloração das folhas com um

fenômeno sazonal.

6.3.2 – Injúria mecânica:

diz respeito à existência de danos físicos na copa. Foram consideradas as seguintes situações: a) 1 ponto: copa bastante destruída e deformada por injúria mecânica ou poda;

b) 2 pontos: parte da copa destruída por injúria mecânica ou poda;

c) 3 pontos: copa sem injúria mecânica

Page 75: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

58

6.4 – Condições fitossanitárias da árvore:

refere-se às condições de sanidade de cada árvore; foram considerados:

a) 1 ponto: árvore com alta incidência de pragas e / ou doenças;

b) 2 pontos: árvore com pouca incidência de pragas e/ ou doenças;

c) 3 pontos: árvore com ausência de pragas e/ou doenças.

No preenchimento da planilha que caracteriza o manejo foram registradas as seguintes informações:

1.0 – podas

1.1 – podas anteriores:

refere-se a qualidade da poda aplicada sobre o elemento arbóreo. Foram considerados:

a) 1 ponto: podas mal executadas (com tocos e ferimentos remanescentes);

b) 2 pontos: podas bem executadas (sem tocos e ferimentos remanescentes);

c) 3 pontos: sem podas anteriores

1.2 – Necessidade de podas:

refere-se à necessidade de poda e à intensidade exigida, de acordo com a situação em que se

encontra cada elemento arbóreo, sendo:

a) 1 ponto: poda pesada (retirada de grande parte da copa para livrar fios, construções,

luminárias etc.);

b) 2 pontos: poda leve (levantamento da copa e retirada de galhos mortos);

c) 3 pontos: não necessária.

2.0 - Necessidade de outras intervenções:

refere-se à necessidade de outros tratos culturais como substituição/replantio, combate a

pragas e doenças, recuperar injúrias mecânicas, ampliação da área livre, tutoramento,

recuperação ou reposição do gradil, sendo:

a) 1 ponto: necessidade de substituição / replantio; intervenção por mais de uma causa;

b) 2 pontos: árvore necessitando de intervenção devido a uma só causa;

c) 3 pontos: não há necessidade de intervenção.

Os parâmetros foram avaliados com notas de 1(pior condição) a 3 (melhor condição),

(exceto para os itens 5.0, 6.4, 7.1 e 7.2) de acordo com a situação em que se encontravam

Page 76: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

59

cada variável considerada. Depois de realizada a avaliação de cada item, foi necessário

calcular a média aritmética ponderada por meio da seguinte expressão.

Sendo: N: nota; pa= peso da classe a; pb=peso da classe b; pc=peso da classe c; na: número de

indivíduos na classe a; nb: número de indivíduos na classe b; nc: número de indivíduos na

classe c

Os conceitos para cada item foram estipulados de acordo com os seguintes intervalos:

ruim: 1 até 1,5 ponto; razoável: 1,6 até 2,5 pontos; bom: 2,6 até 3,0 pontos.

napa + nbpb + ncpc N= na + nb + nc

Page 77: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

60

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Avaliação quantitativa e uso atual das áreas verdes públicas

Foram levantadas 109 áreas verdes, totalizando 3.491.040 m2 (ou 3,5 km2) de área

(Tabela 1). Do total das áreas verdes catalogadas, foram identificadas: quarenta e oito áreas

verdes de uso coletivo, representadas pelas praças públicas; cinco praças em projeto; trinta e

nove áreas institucionais, como escolas, ginásios de esporte e outros órgãos governamentais,

com significativas áreas livres, algumas vezes contendo jardins, pátios e equipamentos de

lazer; seis canteiros centrais; quatro rótulas de avenidas; três cemitérios; duas áreas de

preservação permanente (APPs), como as faixas marginais dos rios de Contas e Jequiezinho;

um estacionamento público e um horto florestal.

Existem ainda os campos de futebol que não foram computados no cálculo das áreas

verdes públicas, uma vez que correspondem, na maioria das vezes, a áreas cuja destinação

ainda não é bem definida.

Conforme a Tabela 1, observa-se que as áreas institucionais e de preservação

permanente juntas contribuíram de forma significativa na quantificação das áreas verdes

públicas, representando 93% da superfície total dessas áreas, tendo com isso um papel

ecológico importante por manter grandes áreas com solos permeáveis e com remanescentes

de vegetação.

Verifica-se, entretanto, uma pequena participação das áreas que efetivamente

possibilitam oportunidades de lazer e convivência coletiva como as praças, com uma

superfície total de 121.360 m2, representando 3,5 % do total das áreas verdes. A Figura 7

mostra a comparação entre os valores de porcentual para as Áreas Verdes identificadas. O

Apêndice E contêm a relação de todas as áreas verdes da cidade, com suas respectivas

localizações e áreas.

Page 78: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

61

Tabela 1. Relação dos tipos de áreas verdes da cidade de Jequié/BA, em 2003, com suas respectivas áreas, porcentagem de participação na área total e o índice de área verde (IAV) por tipo de área verde. Nº DE

ORD. TIPO DE ÁREA VERDE

ÁREA

(m2) %

IAV

(m2/ hab.)

1 Praças 121.360 3,5 0,93

2 Praças em Projeto 27.880 0,8 0,21

3 Áreas Institucionais 1.477.680 42,3 11,35

4 Canteiro Central Ajardinado 15.540 0,4 0,12

5 Cemitérios 32.240 1,1 0,25

6 Rótulas de Avenidas 19.380 0,6 0,15

7 Estacionamentos 10.750 0,3 0,08

8 Áreas de Preservação Permanente 1.776.230 50,7 13,64

9 Hortos 9.980 0,3 0,08 TOTAIS 3.491.040 100,0 26,81

Figura 7 – Gráfico da superfície (%) ocupada por tipos de áreas verdes em relação ao

total levantado, em Jequié/BA, 2003.

42,3%

3,5%

0,8%

0,6%

0,4%

0,3%

0,3%

50,7%

1,1%

Áreas de preservação

Áreas Institucionais

Praças

Cemitérios

Praças em projeto

Rótulas de avenida

Canteiros centrais

Estacionamentos

Hortos

Page 79: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

62

Os canteiros centrais ajardinados foram encontrados apenas nas avenidas São Bernardo

e Artur Moraes, ruas Juca Rebouças, Catulo da Paixão, José Moreira Sobrinho e Candinha

Barreto.

Assim como as rotatórias de avenidas e a arborização de ruas, os canteiros centrais

avaliados tiveram um considerável valor ecológico e paisagístico, por manterem solos

permeáveis e vegetação ornamental, contudo apresentam-se sem a possibilidade de uso direto

pela população em atividades de lazer, pois não possuíam equipamentos apropriados e

estavam freqüentemente infestados por plantas invasoras. Também, por estarem próximos de

avenidas e ruas movimentadas não ofereceram as mínimas condições de segurança para

utilização.

Hortos são áreas relativamente pequenas com objetivos semelhantes às florestas

nacionais, mas com ênfase ao fomento florestal, extensão e lazer. No momento o Horto

Florestal Municipal não tem infra-estrutura para visitação pública e está sendo utilizado

apenas na produção de mudas para os trabalhos de arborização urbana e a recomposição de

áreas degradadas. Contudo, a sua existência e utilização contribuem para a melhoria das

condições ambientais da cidade.

Os jardins e pátios pertencentes às áreas institucionais, como escolas e outros órgãos

públicos, têm relevante função ecológica e social por manterem solos permeáveis e em alguns

casos contêm arborização e infra-estrutura de lazer. As áreas institucionais com dimensões

expressivas como o aeroporto, as estações de tratamento de esgoto sanitário e água da

Empresa Baiana de Água e Saneamento-EMBASA, a Escola Profissional de Jequié, a área do

Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes – DNIT e o Parque de Exposições

contribuíram de forma significativa para o Índice de Áreas Verdes (IAV) da cidade e

apresentaram-se como espaços de valor ecológico, dada a existência de solos permeáveis,

freqüentemente com cobertura arbórea ou arbustiva. Contudo, têm valor social pequeno

devido às restrições de acessibilidade ao público e a falta de infra-estrutura para visitação.

Os cemitérios são considerados áreas verdes públicas pelo fato de serem utilizados para

a visitação pública, sendo que alguns deles ainda possuem extensas áreas não

impermeabilizadas e com vegetação. A cidade de Jequié possui 3 cemitérios, que são

administrados e mantidos pela Prefeitura. O Cemitério São João Batista com 11.530 m2,

Cemitério São Sebastião com 15.633 m2 e Cemitério de São Lázaro com 10.074 m2 são os

maiores e mais visitados. Estes cemitérios têm uma concepção antiga, são mal dotados de

infra-estrutura e não possuem vegetação e jardins, ao contrário dos cemitérios mais modernos,

onde os jazigos são padronizados, com extensos gramados arborizados, esteticamente mais

Page 80: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

63

adequados à paisagem urbana. Entretanto, foram computados como áreas verdes da cidade

por serem acessíveis ao público e cumprirem com algumas funções ecológicas, como por

exemplo, a manutenção de solos permeáveis e árvores, contribuindo para aumentar a

infiltração das águas de chuva e a evapotranspiração.

As florestas e vegetação naturais situadas nas margens de qualquer curso d’água são

objetos de tratamento na Legislação Federal (Art. 2º do Código Florestal) e Municipal (Art.

151º da Lei Orgânica), as quais buscam assegurar um uso mais racional e ecológico dessas

áreas, levando em conta as características intrínsecas dos fatores naturais, de forma que a sua

utilização não ultrapasse a capacidade assimilativa do ambiente. Nesse contexto, as faixas

marginais do Rio de Contas e rio Jequiezinho são importantes na estrutura urbana de Jequié

por serem recursos de grande valor paisagístico e ecológico, contribuindo para a manutenção

das condições ambientais e da qualidade de vida mediante benefícios tais como: permissão da

circulação natural do ar, uma maior dispersão e redução da concentração de poluentes

atmosféricos, absorção dos ruídos das atividades humanas, maior possibilidade de infiltração

das águas superficiais, controle da poluição visual, contribuindo para reduzir a desfiguração

da paisagem urbana, além da possibilidade de uso para lazer.

Apesar da importância ecológica e de serem protegidas por lei, essas áreas vêm sofrendo

um processo desordenado de ocupação por moradores de baixa renda (Figura 8), que não

dispõem de sistema de esgoto sanitário. A insuficiência de infra-estrutura básica causa

diversos prejuízos ao ambiente local, devido ao lançamento de efluentes domésticos nesses

cursos d’água, a disposição inadequada dos resíduos sólidos, comprometendo tanto os

recursos hídricos como as áreas ripárias.

Urge, portanto, a adoção de medidas de conservação e revegetação das margens dos rios

de Contas e Jequiezinho, na tentativa de restaurar um ambiente considerado importantíssimo

para a integridade ecológica e da paisagem urbana. Estas áreas se forem objetos efetivos de

planificação, podem constituir-se em Parques Lineares que poderão ser disponibilizados à

população para o lazer e recreação além da garantia de sua preservação, conforme

estabelecido pelo código florestal e resolução 004 do CONAMA.

Os Parques são áreas verdes de grandes dimensões, devendo conter uma gama maior de

equipamentos de lazer, além de elementos naturais como águas superficiais, bosques, etc. Não

foi encontrado esse tipo de espaço, nem qualquer tipo de Unidade de Conservação Municipal

em Jequié. O Plano Diretor Urbanístico (PDU) vigente prevê a criação dos parques do

aeroporto e mirante do Sol Nascente, dotados de equipamentos de esporte e lazer, acessíveis

ao público. Entretanto, a infra-estrutura ainda não existe, e essas áreas, a despeito de serem

Page 81: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

64

protegidas por lei, sofrem processo desordenado de ocupação, com a construção de residência

de forma ilegal pela população de baixa renda.

.

Figura 8 – Ocupação inadequada das margens do rio de Contas, em Jequié/BA, 2003.

A Lei nº 1.366, de 16 de junho de 1995, que dispõe sobre o parcelamento do solo

urbano da cidade de Jequié estabeleceu o Sistema Municipal de Áreas Verdes, incluindo aí as

áreas consideradas de proteção especial. De acordo com essa mesma lei, as áreas que por suas

características naturais são consideradas de proteção especial na organização físico-espacial

de Jequié são constituídas por um conjunto de morros e encostas assentados em torno da

cidade além das áreas que margeiam os rios de Contas e Jequiezinho (Figura 9).

Dentre as medidas sugeridas pela Prefeitura Municipal para a efetivação do Sistema

Municipal de Áreas Verdes citam-se: recuperação do leito e margens do rio de Contas na área

urbana da cidade; proteção rígida do sistema hidrográfico e criação sistemática de um sistema

de áreas verdes e parques ao longo dos principais rios; preservação das serras e morros e de

suas encostas; criação de cinturões verdes de proteção entre áreas urbanizadas e as encostas

das serras, e a via de contorno; e a criação de parques naturais e/ou ecológicos. Porém, até a

presente data, o sistema proposto ainda não foi implantado.

Page 82: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

65

Figura 9 – Esquema do Sistema de Áreas Verdes proposto pela PMJ, em 1995.

LEGENDA

Page 83: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

66

4.2 Índice de áreas verdes (IAV)

Para o cálculo deste índice contabilizou-se todos os espaços considerados áreas verdes

públicas da cidade, independentemente da sua acessibilidade à população.

Considerando a população da área urbana da cidade de Jequié com 130.207 habitantes

(IBGE, 2000), encontrou-se um índice de 26,81 m2 / habitante para as áreas verdes totais.

As faixas marginais dos rios de Contas e Jequiezinho e as áreas institucionais contribuíram

com 13,64 m2 / habitante e 11,35 m2 / habitante respectivamente, sendo que estas áreas juntas

detêm um porcentual de 93,12 % do total das áreas verdes da cidade. Na seqüência, os outros

tipos de áreas verdes como praças, cemitérios, praças em projeto, rótulas de avenidas, canteiro

central ajardinado, estacionamento do aeroporto e o horto municipal contribuíram com

respectivamente 0,93 m2 / habitante, 0,25 m2 / habitante, 0,21 m2 / habitante, 0,15 m2 / habitante,

0,12 m2 / habitante, 0,08 m2 / habitante, 0,08 m2 / habitante, juntas, perfazendo um porcentual de

6,88 % do total das áreas verdes.

Levando-se em consideração apenas o valor do IAV encontrado para o total de áreas verdes

da cidade, sem abordar a questão da acessibilidade dessas áreas, pode-se considerar que o índice

de 26,81 m2 / habitante calculado é satisfatório em relação aos índices recomendados em

literatura e aos encontrados em cidades brasileiras como Maringá-PR (28 m2 / habitante), Porto

Alegre-RS (13,4 m2 / habitante) e São Carlos-SP (17,9 m2 / habitante). Se a análise for feita sob a

ótica da acessibilidade a esses espaços, pode-se afirmar que há poucas opções de espaços abertos

ao lazer público em Jequié.

Considerando o valor obtido para as áreas verdes de uso coletivo (praças) de 0,93 m2 /

habitante, observa-se que este índice está muito aquém do mínimo de 15 m2/ habitante sugerido

pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (1996), para áreas verdes públicas destinadas à

recreação e além de ser inferior aos índices obtidos para as cidades brasileiras com o IAV

conhecido, como por exemplo, Botucatu-SP (10,2 m2 / habitante), Jaboticabal-SP (5,3 m2 /

habitante) e Maringá-PR (6,7 m2 / habitante).

Page 84: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

67

4.3 Avaliação qualitativa das áreas verdes de uso coletivo

4.3.1 Aspectos urbanísticos

Do total de 48 praças levantadas, constatou-se que 68,8% destas são totalmente

urbanizadas, 20,8% são parcialmente urbanizadas e 10,4% foram consideradas não urbanizadas,

como mostra a Tabela 2.

Tabela 2. Classificação das praças de Jequié/BA, quanto ao estado de urbanização, 2003.

Classificação Casos Percentagem

Totalmente urbanizada 33 68,8

Parcialmente urbanizada 10 20,8

Não urbanizada 5 10,4 Total 48 100

Esses dados mostram que uma quantidade significativa das praças (31,3%) necessita de

melhoria nas suas estruturas físicas e paisagísticas. As praças que necessitam de estruturação

urbanísticas são: Praça da av. 1, Praça Des. Cícero Dantas Brito, Praça da Rua Vitória, Praça 13

de Março, Praça da Rua 62 e 64, Praça da Rua I, Praça do Estádio, Praça da Rua I (URBIS I),

Praça Des. Mário Albiane, Praça da Amizade, Praça Nova Brasília I, praça do Cemitério São

João Batista, Praça da Rua B, Praça da Rua D e C e Praça Nova Brasília II.

Verificou-se também que estas praças estão localizadas em bairros periféricos, às vezes

servindo como depósito de lixo, além de estarem sob permanente pressão de invasão, para servir

de comércio, havendo necessidade de dotação de infra-estrutura de lazer.

Em relação à pavimentação, 79,2% das praças têm menos de 30% de suas áreas

impermeabilizadas com cimento, enquanto 20,8% têm mais de 30% de suas áreas

impermeabilizadas, conforme mostra a Tabela 3, a seguir. Conforme salienta Carvalho (2001),

este aspecto é importante para o ambiente urbano, pois, com grande parte da área

impermeabilizada, a função ecológica-ambiental das áreas destinadas para o verde urbano fica

comprometida.

Page 85: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

68

Atualmente, observa-se, nos projetos mais recentes, uma tendência na cidade de Jequié para

concepção de praças com enormes áreas cimentadas, com valorização muito maior do piso e dos

aspectos arquitetônicos, em detrimento da presença de vegetação, com o evidente

comprometimento das melhorias ambientais, principalmente porque diminui a infiltração das

águas de chuva, além de privar os usuários do conforto térmico, proporcionado pelas sombras das

árvores. Assim, fica evidente a necessidade de mais canteiros contendo vegetação para

enriquecimento da paisagem e da qualidade do ambiente.

Tabela 3. Pavimentação das praças de Jequié/BA, 2003.

Classificação Casos Percentagem

Impermeabilizada 10 20,8

Não impermeabilizada 38 79,2

Total 48 100,0

Com relação ao tipo de piso utilizado nas vias de circulação, constatou-se que 31,3% das

praças não são pavimentadas, 22,9% são pavimentadas com blocos de concreto, 22,9% com

concreto e 22,9% com pedras (Tabela 4)

Dentre as praças pavimentadas, observou-se que o cimento é o material mais empregado

para pavimentação das vias de circulação. Este fato deve-se, provavelmente, ao custo mais baixo

do cimento em relação aos outros tipos de material utilizado.

Tabela 4. Tipos de pavimentações das praças de Jequié/BA, 2003.

Tipo de piso Casos Percentagem

Terra nua 15 31,3

Blocos de concreto 11 22,9

Concreto 11 22,9

Pedra 11 22,9

Total 48 100,0

Page 86: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

69

A presença de delimitação de canteiros é importante, pois evita o pisoteio, garantindo a

integridade dos mesmos. Na Tabela 5, verifica-se que das 48 praças avaliadas, 89,6% destas

contêm meio-fio delimitando os canteiros e 10,4% não possui qualquer tipo de delimitação de

canteiros. Constatou-se também que o tipo de delimitação mais utilizado nas praças é um meio-

fio construído de concreto.

Tabela 5. Presença de delimitação de canteiros nas praças de Jequié/BA, 2003.

Delimitação de canteiros Casos Percentagem

Existente 43 89,6

Inexistente 5 10,4

Total 48 100,0

Para a boa manutenção da vegetação existente nos canteiros, é de grande relevância a

existência de pontos de água nas praças. A presença desses pontos de água foi constatada em

somente 33,3% das praças da cidade, enquanto 66,7% destas não continham pontos de água

(Tabela 6). De acordo com declarações de moradores locais, essas praças são irrigadas

esporadicamente por meio de carro-pipa. Estes resultados são preocupantes, já que o clima

predominante na cidade é o semi-árido. Assim, pode-se esperar uma penalização das plantas. Por

outro lado, a maioria das plantas que têm flores necessita de irrigação freqüente.

Tabela 6. Presença de pontos de água nas praças de Jequié/BA, 2003.

Pontos de água Casos Percentagem

Suficientes 6 12,5

Insuficiente 10 20,8

Inexistentes 32 66,7

Total 48 100,0

A iluminação de uma praça tem as funções de proporcionar segurança a seus usuários e de

manter o valor visual e o conforto do ambiente noturno em níveis semelhantes aos

proporcionados pela luz do Sol, conforme salienta Demattê (1997).

Page 87: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

70

Quanto a esse aspecto, verificou-se que 41,7% das praças apresentavam boa iluminação,

20,8% estavam em situação razoável e 37,5% apresentavam iluminação ruim (Tabela 7). O

elevado número de praças que se apresentam em condições ruins de iluminação é devido,

principalmente, à ação de vândalos, aliada à falta de manutenção.

Tabela 7. Condições de iluminação nas praças de Jequié/BA, 2003.

Iluminação Casos Percentagem

Boa 20 41,7

Razoável 10 20,8

Ruim 18 37,5

Total 48 100,0

Os equipamentos de serviços são elementos indispensáveis para o bem-estar, segurança e

acessibilidade dos usuários, além de melhorar as condições sanitárias e higiênicas do local. Das

48 praças estudadas, 4,2% não possuíam equipamentos de serviços e 31,3% tinham apenas

telefone público. Os equipamentos de serviço mais encontrados foram telefone público (93,8%),

lanchonetes (33,3%) e ponto de ônibus (31,3%), conforme mostra a Tabela 8.

Observou-se uma carência muito grande de equipamentos de serviços essenciais como

lixeira, box policial e banheiros, presentes respectivamente em apenas 27,1%, 6,3% e 6,3% das

praças. Constatou-se também que nenhuma praça possui bebedouro.

As Praças João XXIII, do Viveiro, Rui Barbosa e Joaquim Nabuco, todas localizadas no

centro da cidade, são as que possuem uma maior variedade de equipamentos de serviço.

Enquanto que as praças Nova Brasília II e da Avenida 1, ambas localizadas em bairros

periféricos, não possuem equipamentos de serviço, mostrando uma tendência da existência de

equipamentos em função dos níveis sócio-econômicos ou da localização.

Page 88: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

71

Tabela 8. Relação de equipamentos de serviço existentes nas praças da cidade de Jequié/BA, 2003

Equipamentos de serviço Casos Percentagem

Telefone público 45 93,8

Lanchonetes 16 33,3

Ponto de ônibus 15 31,3

Lixeira 13 27,1

Ponto de táxi 10 20,8

Box policial 3 6,3

Banca de jornal 3 6,3

Banheiros 3 6,3

Assim como os equipamentos de serviço há uma carência muito grande em relação aos

equipamentos de lazer. Constatou-se que a maior parte das praças (72,9%) só possui o banco

como equipamento, enquanto 14,6% destas não apresentaram nenhum tipo de equipamento,

oferecendo apenas a função contemplativa (Tabela 9).

As praças do Viveiro, Túlio de Paulo Ribeiro, João XXIII e Luís Gonzaga, a primeira

localizada no bairro do Viveiro, as duas seguintes no bairro do Joaquim Romão e a última no

Jequiezinho, são as que possuem uma maior variedade de equipamentos de lazer.

As praças onde não foram encontrados equipamentos de lazer foram: Praça do Estádio,

Praça da Rua I, Praça da Rua 62 e 64, Praça 13 de Março, Praça da Rua Vitória, Praça Des. Dr.

Cícero D. Brito e Praça da Av. 1, todas localizadas em bairros periféricos.

Uma comparação generalizada permite inferir que as praças situadas nos bairros periféricos

apresentam infra-estrutura inferior quando comparados aos bairros de classe com melhor poder

aquisitivo e centro da cidade. Acrescenta-se a isto, o fato de que os bairros de população de baixa

renda, onde há uma carência maior de áreas com equipamentos de lazer, não possuem acesso a

clubes de lazer e seus quintais internos geralmente são pequenos ou mesmo inexistentes, tendo

muitas vezes que praticar esporte ou desenvolver algum tipo de recreação nas ruas do seu bairro.

Na Tabela 9, verificou-se que 4,2% das praças possuíam brinquedos, 10,4% possuíam

quadras de esporte, 4,2% possuíam parque infantil, 6,3% possuíam campo de futebol e em 2,1%

Page 89: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

72

existiam equipamentos de ginástica. Na Tabela 10 estão relacionadas todas as praças com seus

equipamentos.

Esses números indicam que as praças da cidade oferecem muito pouco à população em

termos de lazer: existe uma maior preocupação com o descanso, o que torna estas áreas bem

menos interessantes para os usuários de menor idade, que também buscam lazer nas praças.

Tabela 9. Relação de equipamentos de lazer existentes nas praças da cidade de Jequié/BA, 2003.

Equipamentos de lazer Casos Percentagem

Bancos 40 83,3

Quadras de esporte 5 10,4

Campo de futebol 3 6,3

Brinquedos 2 4,2

Parque infantil 2 4,2

Equipamento de ginástica 1 2,1

Page 90: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

73

Tabela 10: Relação das praças de Jequié/BA com seus equipamentos de serviço e lazer, 2003.

TP-Telefone Público, PT-Ponto de táxi, BP-Box policial, LX- Lixeira, CC- Caixa de correio, BJ-Banca de jornal, BB-Bebedouro, PO-Ponto de ônibus, LA-Lanches, BA-Banheiros, BC-Banco, BR-Brinquedos, QE-Quadra de esporte, PI-Parque Infantil, CF-Campo de Futebol, EG-Equipamento de Ginástica. * X – Equipamento existente

EQUIPAMENTOS DE SERVIÇO EQUIPAMENTOS DE LAZER NOME TP PT BP LX CC BJ BB PO LA BA BC BR QE PI CF EG

Praça do Estádio X* - - - - - - - - - - - - - - -

Praça da Rua Vitória X - - X - - - - - - - - - - - -

Praça Cavalheiro de Aruanda X - - - - - - X X - X - - - - -

Praça Luiz Viana X X - X - X - X - - X - - - - -

Praça Rui Barbosa X X X X - X - X X X X - - - - - Praça da Matriz X - - - - - - - - - X - - - - - Praça Vicente Leoni X - - - - - - - X - X - - - - -

Praça Antônio Brito X - X - - - - - - - X - - - - -

Praça da Criança X - X X - - - - X - X - - - - -

Praça Joaquim Nabuco X X - X - - - X X - X - - - - -

Praça Miguel Baihense X - - - - - - - X - X - - - - -

Praça Vicente Grillo X - - - - - - - X - X - - - - -

Praça do Viveiro X X - X - - - - X X X - X - - -

Praça 13 de Março X - - - - - - - - - - - - - - -

Praça Nossa Sª Aparecida X - - X - - - X - - X - - - - -

Page 91: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

74

Tabela 10: Relação das praças de Jequié/BA com seus equipamentos de serviço e lazer, 2003.

EQUIPAMENTOS DE SERVIÇO EQUIPAMENTOS DE LAZER NOME TP PT BP LX CC BJ BB PO LA BA BC BR QE PI CF EG

Praça da Rua 2 X* - - X - - - - - - X - - - - - Praça da Amizade X - - X - - - - - - X - - - - - Praça Dr. Agnaldo D. Souza X - - X - - - - - - X - - - - - Praça Gov. Waldir Pires X - - - - - - X - - X - - - - - Praça Dr. Manoel Pereira X - - - - - - X - - X - - - - - Praça Juracy Magalhães X X - - - - - X X - X - - - - - Praça Des. Cícero D. Brito X - - - - - - X - - - - - - - - Praça Dês. Mário Albiane X X - - - - - - - - X - - - X - Praça Verde X - - - - - - - - - X - - - - - Praça da Rua 1 X - - - - - - X X - X - - - - - Praça do Bolo X - - - - - - - - - X - - - - - Praça da Rua 62 e 64 X - - - - - - - - - - - - - - - Praça Rio de Janeiro X - - - - - - - - - X - X - - - Praça Nova Brasília I X - - - - - - - - - X - - - - - Praça Nova Brasília II - - - - - - - - - - X - - - - - Praça da Rua B - X - - - - - - - - - - - - X -

TP-Telefone Público, PT-Ponto de táxi, BP-Box policial, LX- Lixeira, CC- Caixa de correio, BJ-Banca de jornal, BB-Bebedouro, PO-Ponto de ônibus, LA-Lanches, BA-Banheiros, BC-Banco, BR-Brinquedos, QE-Quadra de esporte, PI-Parque Infantil, CF-Campo de Futebol, EG-Equipamento de Ginástica.

* X – Equipamento existente

Page 92: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

75

Tabela 10: Relação das praças de Jequié/BA com seus equipamentos de serviço e lazer, 2003.

* X – Equipamento existente

EQUIPAMENTOS DE SERVIÇO EQUIPAMENTOS DE LAZER NOME TP PT BP LX CC BJ BB PO LA BA BC BR QE PI CF EG

Praça do Antigo Posto M. Antônio X* - - - - - - X X - - - - - - - Praça da rua Cap. Sá X - - - - - - - - - X - - - - - Praça Otaviano Saback X - - - - - - - - - X - - - - - Praça Ademar N. Vieira X - - - - - - - - - X - - - - - Praça Jornalista J. Calmon X X - - - - - - X - X - - - - - Praça Luís Gonzaga X - - X - - - - - - X - X - - X Praça da Av 1 - - - - - - - - - - - - - - - - Praça da Rua 1 X - - - - - - - - - - - - - - - Praça Manoel Moura X X - - - - - - X - X - - - - - Praça Patrícia X - - - - - - - - - X - - - - - Praça Túlio de Paulo Ribeiro X - - - - - - - X X X X X X X - Praça José de Alencar X - - - - - - - X X - X - - - - Praça do Bondoso X - - - - - - - - - X - - - - - Praça João XXIII X X X X X X X X X X Praça do Cemitério S. João Batista X - - - - - - - - - X - - - - - Praça Hilda E. Sampaio X - - - - - - X - - X - - - - -

TP-Telefone Público, PT-Ponto de táxi, BP-Box policial, LX- Lixeira, CC- Caixa de correio, BJ-Banca de jornal, BB-Bebedouro, PO-Ponto de ônibus, LA-Lanches, BA-Banheiros, BC-Banco, BR-Brinquedos, QE-Quadra de esporte, PI-Parque Infantil, CF-Campo de Futebol, EG-Equipamento de Ginástica.

Page 93: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

76

4.3.2 Análise da vegetação

A análise dos elementos da vegetação existentes nas praças permitiu avaliar a diversidade

ecológica existente nestas áreas.

Constatou-se que 100% dessas áreas possuem espécies arbóreas, 60,4% possuem arbustos e

31,3% possuem gramados, como mostra a Tabela 11.

Tabela 11. Quantificação dos grupos vegetais nas praças de Jequié/BA, 2003.

Grupos vegetais Casos %

Árvores 48 100

Arbustos 29 60,4

Gramas 15 31,3

Não tem vegetação 0 0

Este foi um aspecto altamente positivo, pois a presença de árvores e outros grupos de

vegetação favorece a manutenção da biodiversidade local e o sombreamento, com a queda da

temperatura nos horários mais quentes do dia. Além disso, melhora o aspecto estético do local.

4.3.3 Manutenção geral das praças

4.3.3.1 Manutenção da vegetação

Com relação à conservação da vegetação, 6,3% das praças apresentaram-se em bom estado,

75% em estado razoável e 18,8% estavam em estado ruim (Tabela 12). Estes resultados mostram

que as espécies vegetais das praças recebem tratamento apenas esporadicamente, necessitando de

procedimentos de manutenção de rotina, como adubações periódicas, capinas, podas de condução

e replantios.

Em algumas praças, onde a manutenção é feita por moradores, observou-se um melhor

visual das massas vegetais.

Nas praças em que a manutenção da vegetação foi classificada como ruim e razoável,

observou-se que a vegetação dos canteiros necessita de capina e irrigação, além de poda para

Page 94: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

77

levantamento da copa e retirada dos galhos secos e doentes das árvores de sombra. Em Jequié, a

conservação da vegetação é atribuída a Prefeitura Municipal, por meio do Setor de Parques e

Jardins. Observa-se, entretanto, que estas práticas, ao longo do tempo, não obedeceram a um

critério, sendo que a poda executada, via de regra, é mal feita, praticada com equipamentos

inadequados, deixando as árvores mutiladas, com tocos e feridas expostas e sem recuperação.

Tabela 12. Situação da manutenção da vegetação nas praças da cidade de Jequié/BA, 2003.

Estado da vegetação Casos %

Bom 3 6,3

Razoável 36 75,0

Ruim 9 18,8

4.3.3.2 Manutenção dos equipamentos e mobiliários

Como mostra a Tabela 13, apenas 16,7% das praças apresentam bom estado de conservação

dos equipamentos, enquanto 43,8% e 27,15% destas apresentaram-se razoável e ruim

respectivamente. Estes dados refletem uma deficiência educativa da comunidade que usa estas

áreas, além de uma falta de sistematização nos trabalhos da Prefeitura, em relação à manutenção

destes equipamentos.

Tabela 13. Situação dos equipamentos nas praças da cidade de Jequié/BA, 2003.

Estado dos equipamentos Casos %

Bom 8 16,7

Razoável 21 43,8

Ruim 13 27,1

Não possui equipamentos 6 12,4

Page 95: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

78

Nas praças em que os equipamentos foram classificados como razoável e ruim, verificou-se

que a maioria destes estão necessitando de conserto ou substituição, como, por exemplo, a Praça

da Rua B, Praça Rio de Janeiro, Praça Manoel Moura, entre outras. Constatou-se também que

grande parte dos bancos necessita de limpeza e/ou conserto, outros se apresentam tão danificados

que precisam ser substituídos. Não foi encontrado nenhum tipo de equipamento em 12,4% das

praças.

Por meio desta avaliação verifica-se que não é realizada manutenção nos equipamentos das

praças da cidade.

4.3.3.3 Manutenção das vias de circulação

Com relação ao estado de conservação das vias de circulação, 18,8% das praças estavam

com a pavimentação em bom estado, 39,6% destas apresentaram-se razoável e 25% estavam em

estado ruim, conforme pode ser observado na Tabela 14. Do total das praças, 16,6% não têm

pavimentação. Por meio destes dados verifica-se que não é realizada a manutenção nas vias de

circulação das praças.

Pisos quebrados, com solo exposto, raízes desnivelando calçadas, foram os problemas mais

comuns nas vias de circulação das praças.

Tabela 14. Situação das vias de circulação nas praças da cidade de Jequié/BA, 2003.

Estado das vias de circulação Casos %

Bom 9 18,8

Razoável 19 39,6

Ruim 12 25,0

Não tem 8 16,6

Page 96: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

79

4.3.3.4 Limpeza

Analisando a limpeza das praças, observou-se que apenas 16,7% dessas áreas encontram-se

em bom estado de limpeza, sendo que 56,3% e 29,2% se encontram em estado razoável e ruim

respectivamente (Tabela 15). Apesar da existência do sistema de limpeza pública com varrição e

coleta do lixo, este tem se mostrado bastante ineficiente, em função da baixa freqüência desse

serviço e também pelo grande volume de resíduos lançados pela comunidade do entorno das

praças. Segundo informação da Prefeitura Municipal, os trabalhos de varrição e remoção do lixo

são feitos com uma periodicidade de 3 dias para as praças localizadas no centro da cidade, e de

até 30 dias para as praças dos bairros mais periféricos e/ou os mais carentes, como URBIS IV,

Água Branca, Bela Vista e parte do Joaquim Romão. Com efeito, é comum o aspecto de

abandono da maioria das praças desses bairros, o que implica uma subtilização dessas áreas pela

população.

Tabela 15. Situação da limpeza nas praças da cidade de Jequié/BA, 2003.

Avaliação Casos %

Bom 8 16,7

Razoável 27 56,7

Ruim 14 29,2

Calculando-se a média das notas obtidas na avaliação de todos os itens descritos

anteriormente, obteve-se uma nota geral para a manutenção de cada praça.

De acordo com esses dados, verificou-se que apenas 16,7% dessas áreas encontram-se em

bom estado, 56,3% estavam com a manutenção geral em estado razoável e 29,2% apresentaram-

se em estado ruim. No geral, nota-se que a manutenção das praças da cidade é precária, sendo

que os serviços de varrição e capina são feitos esporadicamente. As únicas que recebem uma

manutenção constante são aquelas localizadas nos bairros mais centrais da cidade. Na Tabela 16

estão relacionadas todas as praças, avaliadas de acordo com os elementos que foram considerados

para análise da manutenção geral das praças.

Page 97: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

80

As áreas que se encontram em bom estado geral de manutenção são: Praça do Antigo Posto

Manoel Antônio, Praça Jornalista Jorge Calmon (Figura 10), Praça Luiz Viana, Praça Dr.

Agnaldo David de Souza, Praça da Criança, Praça Ademar Nunes Vieira, Praça Verde e a Praça

do Viveiro.

As áreas que se encontram em estado de manutenção ruim são: Praça da Rua D e C, Praça

da Av. 1, Praça da Rua I, Praça da Rua B, Praça Rio de Janeiro, Praça Desembargador Mário

Albiane, Praça da Av. Nova Brasília I, Praça do Cemitério S. João Batista, Praça da Rua Capitão

Oscar Sá, Praça Patrícia (Figura 11), Praça do Bolo, Praça da Av. Nova Brasília II, Praça do

Estádio e a Praça Desembargador Dr. Cícero Dantas Brito.

Os resultados evidenciam que as praças localizadas em bairros periféricos apresentam,

geralmente, manutenção deficitária. Em contraste, os bairros mais centrais apresentam maior

número de praças em melhor estado de conservação.

Page 98: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

81

Tabela 16. Avaliação das praças de Jequié/BA, em relação ao estado de conservação, 2003.

Praças Estado da vegetação

Estado dos equipamentos

Estado das vias de

circulação Limpeza Nota

geral

Rua D e C RA RU - RU 1,3 Av. 1 RA - RU RU 1,3 Rua I RA RA RU RU 1,5 Rua i RA - RU RU 1,3 Rua B RA - RU RU 1,3 Rio de Janeiro RU RU RU RU 1,0 Luís Gonzaga RU RA BO RU 1,8 Antigo Posto M. Antônio BO BO RA RA 2,5 Rui Barbosa RA BO RA RU 2,0 Joaquim Nabuco RA RA RU RU 1,5 Hilda Erisboa Sampaio RU RU BO RU 1,5 Manoel Moura RU RA RA RU 1,8 Vicente Grillo RA RA RA RU 1,8 Miguel Bahiense RA BO RA RA 2,3 Vicente Leoni RA RA RU RU 1,5 Des. Dr. Mário Albiane RA RU RU RU 1,3 Amizade RA RU RA RU 1,5 Jornalista Jorge Calmon BO RA BO BO 2,8 Germiniano Saback RU RA RA RA 1,8 Luiz Viana RA BO RA BO 2,5 Dr. Agnaldo D. De Souza RA BO BO RA 2,5 Dr. Manoel Pereira RA RA RA BO 2,3 Nossa Sra. Aparecida RU BO RA RU 1,8 José Alencar RA RA RA RU 1,8 Gov. Waldir Pires RA RA BO RU 2,0 Cavalheiro de Aruanda RU RA RA RU 1,5 Criança RA RA BO BO 2,5 Bondoso RA RU BO RU 1,5 Ademar Nunes Vieira BO RA RA BO 2,5 Otaviano Saback RA RA BO RA 2,3 Av. Cidade de Brasília RA RU RU RU 1,3 Cemitério S. João Batista RA RU RU RU 1,3

Legenda: RU – Ruim, RA – Razoável, BO – Bom.

Page 99: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

82

Tabela 16. Avaliação das praças de Jequié/BA, em relação ao estado de conservação, 2003.

Praças Estado da vegetação

Estado dos equipamentos

Estado das vias de

circulação Limpeza Nota geral

Capitão Oscar Sá RU RU RU RU 1,0 Patrícia RA RU RU RU 1,3 Matriz RA BO RA RU 2,0 Bolo RA RU RU RU 1,3 Verde RA RA BO BO 2,5 Juracy Magalhães RA RA RA RA 2,0 Nova Brasília II RA RU RU RU 1,3 João XXIII RA RA RA BO 2,3 Viveiro RA BO BO BO 2,8 Túlio de Paulo Ribeiro RU RA RA RU 1,5 Estádio RU - - RU 1,0 Rua 62 e 64 RA - RA RU 1,7 13 de Março RA - BO RU 2,0 Rua Vitória RA - RA RA 2,0 Des. Dr. Cícero Dantas RA - RU RU 1,3

Legenda: RU – Ruim, RA – Razoável, BO – Bom.

Page 100: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

83

Figura 10 - Praça Jornalista Jorge Calmon: exemplo de área em bom estado de conservação, em Jequié/BA, 2003.

Figura 11 – Praça Patrícia: exemplo de área em ruim estado de conservação, em Jequié/BA, 2003.

Page 101: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

84

4.4 Diversidade florística das praças

Nas 48 praças avaliadas foram encontradas 38 espécies arbóreas pertencentes a 15 famílias

botânicas num total de 937 indivíduos. Destas espécies, 75,8% são exóticas e 24,2% são nativas.

Das nativas, apenas Syagrus coronata (palmeira licuri) é de ocorrência regional. Em nenhuma das

praças avaliadas, foram encontradas espécies da Floresta Estacional Decidual (mata de cipó),

formação vegetal pertencente à Mata Atlântica, ocorrente no município de Jequié.

A Tabela 17 mostra as espécies encontradas, com o nome comum e botânico, a família a

que pertence, a origem (se exótica ou nativa), a quantidade de indivíduos e sua ocorrência

(expressa em porcentagem).

Nota-se que as espécies de maior ocorrência foram Ficus benjamina (35,5%), seguidos por

Prosopis juliflora (23,7%) e Senna multijuga (12%). O restante das espécies não ultrapassou a 4%

de ocorrência.

Estes resultados permitem inferir que, apesar do número razoável de espécies, existe uma

utilização excessiva de espécies exóticas e um baixíssimo número de espécies nativas de

ocorrência regional. Salienta-se também que diversas espécies são representadas por apenas um

indivíduo, não propiciando a ocorrência de variabilidade genética. Espécies raras e/ou ameaçadas

de extinção são muito pouco utilizadas nas praças da cidade.

Page 102: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

85

Tabela 17. Nome comum e botânico, família, origem, nº de indivíduos e percentagem das espécies presentes nas praças da cidade de Jequié/BA, 2003.

Nº DE ORD.

NOME COMUM

NOME BOTÂNICO

FAMÍLIA

ORIGEM Nº DE

INDIVÍDUOS %

1 Ficus Ficus benjamina L. Moraceae Exótica 333 35,5 2 Algaroba Prosopis juliflora(Swaitz) D.C. Leguminosae Exótica 222 23,7 3 Canjuão Senna multijuga Rich. Leguminosae Nativa 112 12,0 4 Flamboiã Delonix regia (Boj.) Raf. Leguminosae Exótica 37 3,9 5 Muzê Peltophorum dubium (Spreng.) Leguminosae Nativa 33 3,5 6 Murta Murraya paniculata Jack. Rutaceae Exótica 32 3,4 7 Palmeira jerivá Syagrus romanzoffiana(Cham.) Glassman. Palmae Nativa 29 3,1 8 Mangueira Mangifera indica L. Anacardiaceae Exótica 18 1,9 9 Amendoeira Terminalia catappa L. Combretaceae Exótica 15 1,6 10 Ipê mirim Tecoma stans (L.) juss ex Kunth Bignoniaceae Exótica 9 1,0 11 Oiti Licania tomentosa Benth. Fritsch. Chrysobalanaceae Nativa 8 0,9 12 Sibipiruna Caesalpinia peltophoroides B. Leguminosae Nativa 8 0,9 13 Munguba Pachira aquatica Aubl. Bombacaceae Nativa 8 0,9 14 Palmeira licuri Syagrus coronata (Mart.) Palmae Nativa 8 0,9 15 Palmeira Cariota Caryota urens L. Palmae Exótica 7 0,7 16 Sombreiro Clitoria fairchildiana Howard. Leguminosae Nativa 6 0,6 17 Graviola Annona muricata L. Annonaceae Exótica 5 0,5 18 Pata de vaca Bauhinia sp Leguminosae Exótica 4 0,4 19 Algodoeiro Hibiscus pernambucensis Arruda. Malvaceae Nativa 4 0,4

Page 103: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

86

Tabela 17. Nome comum e botânico, família, origem, nº de indivíduos e percentagem das espécies presentes nas praças da cidade de Jequié/BA, 2003.

Nº DE ORD.

NOME COMUM

NOME BOTÂNICO

FAMÍLIA

ORIGEM Nº DE

INDIVÍDUOS %

20 Ipê Tabebuia sp Bignoniaceae Nativa 4 0,4 21 Seriguela Spondias purpurea L. Anacardiaceae Exótica 3 0,3 22 Jambo Jambosa vulgaris DC. Myrtaceae Exótica 3 0,3 23 Cássia mimosa Pithecellobium dulce B. Leguminosae Exótica 3 0,3 24 Goiabeira Psidium guajava L. Myrtaceae Nativa 3 0,2 25 Acácia imperial Cassia fistula L. Leguminosae Exótica 2 0,2 26 Leucena Leucaena leucocephala Lam. Leguminosae Exótica 2 0,2 27 Pau brasil Caesalpinia echinata Lam. Leguminosae Nativa 2 0,2 28 Cacau Theobroma cacao L. Sterculiaceae Exótica 2 0,2 29 Madeira-nova Pterogyne nitens Tul. Leguminosae Nativa 2 0,2 30 Árvore-de-natal Araucaria excelsa R. Br. Araucariaceae Exótica 2 0,2 31 Palmeira-imperial Roystonia oleraceae Cook. Palmae Exótica 2 0,2 32 Dendê Elaeis guineensis( jacquin)O.F.Cook. Palmae Exótica 2 0,2 33 Jaboticaba Myrciaria cauliflora Berg. Myrtaceae Nativa 2 0,1 34 Eucalipto Eucaliptus sp Myrtaceae Exótica 1 0,1 35 Jamelão Syzygium jambolanum L. Myrtaceae Exótica 1 0,1 36 Coqueiro-da-bahia Cocos nucifera L. Palmae Exótica 1 0,1 37 Palmeira-de-leque Livistona chinensis (Jacq.) R. Br. Palmae Exótica 1 0,1 38 Chapéu-de napoleão Thevetia peruviana Schum. Apocynaceae Exótica 1 0,1 TOTAIS 937 100,00

Page 104: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

87

4.5 Distribuição das áreas verdes de uso coletivo na malha urbana

Considerando apenas as áreas verdes de uso coletivo, verifica-se uma má distribuição das

mesmas na cidade, sendo o setor leste e o centro da cidade as regiões mais privilegiadas, devido à

presença de uma maior quantidade dessas áreas. Mesmo dentro destes dois setores, existe uma

má distribuição. No Setor leste, por exemplo, há uma concentração das praças, principalmente ao

redor do Centro Cívico e Campus Universitário. O restante do setor é carente em praças, sendo

que os bairros da Boa Vista, Vila Central, Osvaldo Brito, Água Branca e Alto da Coelba não

possuem praças.

As regiões mais periféricas (Setores sul, Oeste e Norte) possuem carência destas áreas. O

setor mais carente é o sul, seguido dos setores norte e oeste. Estes setores têm em comum a

concentração de algumas praças em determinada região, ocorrendo um vazio nas outras regiões.

Observa-se que no setor sul existe apenas duas praças, todas localizadas no bairro do Mandacaru.

No entanto, outros bairros do setor como Centro Industrial, Quilômetros 3 e 4 não possuem

praças.

No Setor Oeste o único bairro razoavelmente servido por praças é o Joaquim Romão, com

oito unidades mal distribuídas pelo bairro. O resto do setor é um grande vazio, existindo apenas

uma praça no bairro da Cidade Nova.

Assim como o Setor Oeste, o Setor Norte encontra-se mal servido de praças, possuindo

apenas três dessas áreas, todas localizadas no Viveiro, bairro próximo ao Centro da cidade. Os

bairros de São Judas Tadeu e Amaralina que ocupam a maior parte da área do setor, não possuem

praças.

Na Figura 12 são apresentadas as categorias de áreas verdes da cidade de Jequié. Esta figura

permite visualizar a distribuição espacial das áreas verdes na cidade, considerando as suas

disposições na malha urbana da cidade. É importante que haja uma distribuição homogênea

destas áreas na malha urbana, para que os moradores de todos os bairros, independentemente da

classe de renda, tenham acesso a elas. Este fator irá refletir em uma melhor qualidade de vida

para a população, conforme acentuado pelos diversos autores descritos anteriormente.

Page 105: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

88

Figura 12: Distribuição espacial das áreas verdes de Jequié

Page 106: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

89

4.6 Avaliação quantitativa da arborização urbana

4.6.1 Estimativa do número de árvores da área não urbanizada da cidade

O intervalo de confiança a 95% de probabilidade foi de 47 a 67,6 árvores por quilômetro de

rua, com média de 57,3, desvio padrão de 54,4 e erro amostral de 17,9%. Conhecendo-se a

extensão total das vias não urbanizadas, estimou-se um total de 8.795 árvores existente na área

não urbanizada da cidade de Jequié, havendo possibilidade de a população real estar dentro do

intervalo de 7.215 e 10.377 árvores nos bairros não urbanizados da cidade. O Apêndice F mostra

a localização das unidades de amostras utilizadas no levantamento e os parâmetros usados para a

estimativa do número de árvores na área não urbanizada da cidade.

Dos 24 bairros inventariados, nove (Jardim Eldorado, Parque da Colina, Boa Vista, Parque

das Algarobas, Amaralina, km 4, km 3, Centro e Sol Nascente) apresentaram índice baixo, com

média menor que 50 árvores por quilômetro de rua. Outros oito bairros (Bela Vista, Água Branca,

Vila Central, Mutirão, Mandacaru, Caixa D’Água, Curral Novo e Cidade Nova) apresentaram

índice médio entre 50 e 100 árvores por quilômetro de rua. Apenas sete bairros (Itaigara, Joaquim

Romão, São Judas Tadeu, Convento, URBIS IV e Aeroporto) sobressaíram-se pela quantidade de

árvores, com média maior que 100 árvores por quilômetro de rua.

4.6.2 Levantamento quantitativo da arborização de ruas urbanizadas

No levantamento quantitativo da arborização de ruas urbanizadas foram percorridos 100,5

km de ruas, sendo encontradas 20 famílias, 15.185 indivíduos arbóreos, divididos em 59 espécies

botânicas (Tabela 18).

Com relação à procedência das espécies, a proporção encontrada entre a quantidade de

árvores exóticas e nativas é de 84,7% para 15,3%, o que mostra a predominância de espécies

exóticas, confirmando o quadro de pouca valorização das espécies vegetais nativas pertencentes

à rica flora brasileira que possui uma grande variedade e potencial de aproveitamento

paisagístico, especialmente em arborização urbana. Das espécies nativas, apenas Syagrus

coronata (palmeira licuri) e Ziziphus cotinifolia (juá-babão) são de ocorrência regional. Em

nenhuma das ruas avaliadas foi encontrada espécie da mata de cipó, formação vegetal

pertencente à Mata Atlântica, ocorrente no município de Jequié.

Page 107: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

90

Tabela 18. Nome comum, nome botânico, família, origem, nº de indivíduos e percentagem das espécies presentes nas vias públicas urbanizadas da cidade de Jequié/BA, 2003.

Nº DE ORD.

NOME COMUM

NOME BOTÂNICO

FAMÍLIA

ORIGEM Nº DE

INDIVÍDUOS %

1 Ficus Ficus benjamina L. Moraceae Exótica 11.407 75,1 2 Canjuão Senna multijuga Rich. Leguminosae Nativa 1.259 8,3 3 Algaroba Prosopis juliflora(Swaitz) D.C. Leguminosae Exotica 540 3,6 4 Oiti Licania tomentosa ( Benth.) Fritsch. Chrysobalanaceae Nativa 316 2,1 5 Sibipiruna Caesalpinia peltophoroides Benth . Leguminosae Nativa 244 1,6 6 Flamboiã Delonix regia (Boj.ex Hook.) Raf. Leguminosae Exótica 171 1,1 7 Amendoeira Terminalia catappa L. Combretaceae Exótica 169 1,1 8 Muzê Peltophorum dubium(Spreng.)Taub. Leguminosae Nativa 132 0,9 9 Pata de vaca Bauhinia sp Leguminosae Exótica 87 0,6 10 Munguba Pachira aquatica Aubl. Bombacaceae Nativa 84 0,6 11 Sombreiro Clitoria fairchildiana Howard. Leguminosae Nativa 82 0,5 12 Fícus lacerdinha Ficus microcarpa L. F. Moraceae Exótica 76 0,5 13 Algodoeiro Hibiscus pernambucensis Arruda. Malvaceae Nativa 71 0,5 14 Murta Murraya paniculata (L.) jack. Rutaceae Exótica 58 0,4 15 Bouguenvile Bougainvillea sp Nictaginaceae Nativa 55 0,4 16 Cássia mimosa Pithecellobium dulce Benth. Leguminosae Exótica 51 0,3 17 Mangueira Mangifera indica L. Anacardiaceae Exótica 45 0,3 18 Acácia imperial Cassia fistula L. Leguminosae Exótica 36 0,2 19 Palmeira jerivá Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman. Palmae Nativa 35 0,2

Page 108: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

91

Tabela 18. Nome comum, nome botânico, família, origem, nº de indivíduos e percentagem das espécies presentes nas vias públicas urbanizadas da cidade de Jequié/BA, 2003.

Nº DE ORD.

NOME COMUM

NOME BOTÂNICO

FAMÍLIA

ORIGEM Nº DE

INDIVÍDUOS %

20 Rosa graxa Hibiscus rosa-sinenses L. Malvaceae Exótica 27 0,2 21 Palmeira licuri Syagrus coronata (Mart.) Palmae Nativa 26 0,2 22 Tento Adenanthera pavonina L. Leguminosae Exótica 20 0,1 23 Paineira das pedras Ceiba erianthos (Cav). S. Bombacaceae Nativa 18 0,1 24 Leucena Leucaena leucocephala Lam. Leguminosae Exótica 17 0,1 25 Aroeira mansa Schinus molle L. Anacardiaceae Nativa 15 0,1 26 Jambo Jambosa vulgaris DC. Myrtaceae Exótica 14 0,1 27 Flamboiã mirim Caesalpinia pulcherrima( L.)Sw. Leguminosae Exótica 11 0,1 28 Espirradeira Nerium oleander L. Apocynaceae Exótica 11 0,1 29 Rosa da Turquia Parkinsonia aculeata L. Leguminosae Nativa 10 0,1 30 Ipê mirim Tecoma stans (L.) juss. ex Kunth. Bignoniaceae Exótica 10 0,1 31 Fícus italiano Ficus elástica Roxb. Moraceae Exótica 8 0,1 32 Palmeira cariota Caryota urens L. Palmae Exótica 7 0,0 33 Graviola Annona muricata L. Annonaceae Exótica 7 0,0 34 Ipê Tabebuia sp Bignoniaceae Nativa 6 0,0 35 Cinamomo Melia azedarach L. Meliaceae Exótica 5 0,0 36 Madeira-nova Pterogyne nitens Tul. Leguminosae Nativa 5 0,0 37 Eucalipto Eucaliptus sp Myrtaceae Exótica 4 0,0 38 Seriguela Spondias purpurea L. Anacardiaceae Exótica 4 0,0 39 Tamarindo Tamarindus indica L. Leguminosae Exótica 3 0,0

Page 109: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

92

Tabela 18. Nome comum, nome botânico, família, origem, nº de indivíduos e percentagem das espécies presentes nas vias públicas urbanizadas da cidade de Jequié/BA, 2003.

Nº DE ORD.

NOME COMUM

NOME BOTÂNICO FAMÍLIA

ORIGEM Nº DE

INDIVÍDUOS %

40 Arruda Ruta graveolens L. Rutaceae Exótica 3 0,0 41 Árvore-de-natal Araucaria excelsa R. Br. Araucaceae Exótica 3 0,0 42 Goiabeira Psidium guajava L. Myrtaceae Nativa 3 0,0 43 Coqueiro-da-bahia Cocos nucifera L. Palmae Exótica 3 0,0 44 Cássia rosa Cassia grandis L.f. (Harri) Leguminosae Nativa 3 0,0 45 Cacau Theobroma cacao L. Sterculiaceae Exótica 3 0,0 46 Saboneteiro Sapindus saponaria L Sapindaceae Nativa 3 0,0 47 Pau-brasil Caesalpinia echinata Lam. Leguminosae Nativa 2 0,0 48 Palmeira-imperial Roystonia oleraceae (jacquin)O.F. Cook. Palmae Exótica 2 0,0 49 Dendê Elaeis guineensis J. Palmae Exótica 2 0,0 50 Jaboticaba Myrciaria cauliflora Berg. Myrtaceae Nativa 2 0,0 51 Chapéu-de-napoleão Thevetia peruviana Schum. Apocynaceae Exótica 2 0,0 52 Jenipapo Genipa americana L. Rubiaceae Nativa 2 0,0 53 Ingá Inga sp. Leguminosae Nativa 2 0,0 54 Não identificada - - - 2 0,0 55 Jamelão Syzygium jambolanum L. Myrtaceae Exótica 1 0,0 56 Palmeira-de-leque Livistona chinensis (Jacq.)R. Br.ex Mart. Palmae Exótica 1 0,0 57 Juá-babão Ziziphus cotinifolia R. Rhamnaceae Nativa 1 0,0 58 Cajá Spondias spp. Anacardiaceae Nativa 1 0,0 59 Jaqueira Artocarpus integrifolia L. Moraceae Exótica 1 0,0

TOTAIS 15.185 100

Page 110: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

93

Foi obtido um índice de 151,1 árvores por quilômetro de rua (Tabela 19), superior ao índice

de 57,3 árvores por quilômetro de rua encontrado para as ruas não urbanizadas da cidade. Brasil

(1995), em Belém-PA, encontrou um índice de 64,8 árvores por quilômetro der rua, enquanto

Andrade (2002) encontrou 17,8 árvores por quilômetro de rua percorridas, em Campos do

Jordão-SP. Quando se comparam esses índices, percebe-se que a densidade encontrada em

Jequié foi superior, situação esta causada pelos plantios irregulares, executados pelos moradores,

os quais plantam as árvores bem próximas umas das outras.

Observa-se na Tabela 19 que a distribuição se árvores se dá de forma razoavelmente

homogênea, destacando-se o Setor Sul (Bairro Mandacaru), onde a densidade alcançou 159,4

árvores por quilômetro de rua.

O índice de diversidade de espécies nas praças de Jequié foi de 2,17 nats/indivíduo, com

valor de equitatividade de 0,508. Nas ruas, o índice de diversidade foi estimado em 1,203

nats/indivíduo, com equitatividade de 0,295. Embora os dados não tenham sido comparados com

informações de medidas de diversidade obtidas em outros levantamentos de arborização urbana,

pode-se observar que existe uma diversidade muito inferior nas ruas das cidades. A baixa

equitatividade nesse ambiente aponta para a excessiva concentração de indivíduos de uma única

espécie, enquanto muitas espécies são representadas por poucos exemplares. Nas praças, a

equitatividade não é muito elevada (como seu valor máximo é um, pois relaciona o índice de

diversidade com o seu valor máximo possível, vê-se que a equitatividade corresponde a 59% da

maior equitatividade), mas é bastante superior ao encontrado nas ruas, mostrando que o

predomínio de Ficus benjamina, embora também preocupante nas praças, é muito superior nas

ruas. Assim, apesar de se ter obtido maior número de espécies nas ruas (59 espécies), 88% delas

estiveram presentes na amostra com menos de 1% dos indivíduos, mostrando ser espécies raras,

enquanto apenas uma delas (Ficus benjamina) representou 75% dos indivíduos.

Esta situação é completamente inadequada, visto que o limite de freqüência relativa para

cada espécie, recomendado por Grey & Deneke (1978), citados por Milano (1988), é de no

máximo 15% do total de árvores. Esses autores acreditam que a obediência desses preceitos evita

instabilidade ecológica dos plantios com a conseqüente perda de árvores devido ao ataque de

pragas e doenças.

Page 111: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

94

Somando-se a quantidade de árvores encontradas nas praças, ruas urbanizadas e não

urbanizadas da cidade, obteve-se um total de 24.917 indivíduos arbóreos e um valor médio de

94,4 árvores por quilômetro de rua (excluindo-se as praças). Os resultados obtidos mostram que a

cidade é muito arborizada.

Tabela 19. Número de árvores por km de rua, em cada setor de Jequié/BA, 2003.

Setor Número de árvores por quilômetro de rua

Leste 136,9

Oeste 145,1

Norte 96,8

Sul 159,4

Centro 116,8

4.7 Avaliação qualitativa da arborização urbana 4.7.1 Características do meio

Para o bom planejamento da arborização urbana, além de conhecer o porte e a forma das

árvores a serem plantadas, é relevante conhecer as características do local disponível para o

plantio das árvores, visto que esse procedimento contribui para evitar problemas futuros e atingir

os objetivos da arborização.

O conhecimento do padrão urbanístico local pela observação de parâmetros como largura

dos passeios e ruas, é importante para definir o porte do vegetal a ser utilizado, podendo indicar

também que não se deve plantar nenhum indivíduo, quando é o caso de passeios e ruas estreitos.

Assim sendo, a largura dos passeios e ruas, a intensidade do trânsito de pessoas e veículos

próximo aos plantios, além da existência ou não de redes aéreas sobre as árvores, são parâmetros

normalmente utilizados para caracterizar o espaço físico destinado aos plantios. Os resultados das

avaliações destas características foram:

Page 112: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

95

4.7.1.1 Largura dos passeios e das ruas

A largura das calçadas foi razoável, com pontuação de 1,7, sendo que 65,4% das árvores

amostradas estão em calçadas com largura considerada suficiente para o plantio de espécies de

médio e pequeno porte, como mostra a Tabela 20.

Por outro lado, verificou-se ainda que um percentual expressivo destas árvores (34,6%)

estão plantadas em passeios estreitos (Figura 13), contrariando as recomendações feitas em

bibliografias sobre o assunto, as quais sugerem não arborizar em passeios com menos de 2 m de

largura. Considerando que a maioria das árvores de ruas em Jequié é de grande porte, o

desenvolvimento dos seus troncos em diâmetro poderá vir prejudicar o livre trânsito de pedestres.

De maneira geral, a largura das ruas foi considerada satisfatória para o plantio de árvores,

por apresentar uma pontuação de 2,7, constatando-se que 87,7% das árvores amostradas estão

plantadas em ruas com larguras consideradas suficientes para comportar o plantio de espécies de

pequeno e médio porte. Apenas 12,2% destas árvores estão plantadas em ruas com largura

consideradas estreitas ou inadequadas para o plantio de árvores, como pode ser verificado na

Tabela 20. Esse quadro demonstra que as condições locais para implantação da arborização não

estão entre as piores, quando comparada com outras cidades do Estado da Bahia, onde o padrão

urbanístico característico adota passeios e vias estreitas.

Figura 13 – Utilização de espécie de grande porte ao longo de calçada estreita, em Jequié/BA, 2003.

Page 113: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

96

Tabela 20. Freqüência percentual das árvores por classe de largura do passeio, largura da rua, condições locais e interferências presentes, por setores e geral. Jequié/BA, 2003.

Largura do passeio Largura da rua Condições locais Interferências presentes Setores Freqüência por

classe (%) N Freqüência por classe (%) N Freqüência por

classe (%) N Freqüência por classe (%) N

Nota geral

a b c a b c a b c a b c

Norte 100 0,0 0,0 1,0 0,0 0,0 100 3,0 0,0 0,0 100 3,0 5,5 0,0 94,4 2,9 2,5

Sul 55,2 39,1 57 1,7 0,0 1,1 98,9 2,9 0,0 24,1 75,9 2,8 52,9 5,7 41,4 2,1 2,4

Leste 29,6 31 39,4 1,8 7,5 34,1 58,4 2,6 5,5 31,6 62,9 2,4 40,2 16,3 43,5 2,0 2,2

Oeste 30,2 42,9 26,9 2,1 38,3 11,4 49,7 2,2 10,3 24,0 65,7 2,7 27,4 26,3 46,3 2,3 2,3

Centro 20,0 21,8 58,2 2,0 0,0 0,9 99,1 2,9 27,2 43,6 29,1 1,9 40,9 0,0 50,1 2,4 2,3

Geral Jequié 34,6 31,9 35,5 1,7 12,2 19,2 68,6 2,7 8,8 29,3 61,9 2,6 37,2 14,3 48,5 2,3 2,3

Largura do passeio Largura da rua Condições locais Interferências presentes

N: nota

a: < 2m b: 2 a 3m c: > 3m

a: < 6m b: 6 a 7m

c: >7m

a: Local de intenso movimento b: Local de movimento mediano c: Local estritamente residencial

a: presença de rede elétrica aérea e rede de comunicação aérea ou apenas rede elétrica b: presença apenas de rede de comunicação aérea. c: ausência de redes aéreas

Page 114: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

97

4.7.1.2 Condições locais

No momento do plantio das árvores é importante conhecer as condições locais em relação

às atividades predominantes e à intensidade de pedestres e veículos para que sejam tomados os

cuidados necessários tanto no plantio quanto na manutenção.

As condições locais das árvores amostradas foram consideradas boas, por apresentar uma

pontuação média de 2,6, com apenas 8,8% das árvores encontradas em local de intenso

movimento, 29,3% em local de movimento mediano e 61,9% destas estavam em locais

estritamente residenciais, com pouco movimento de pessoas e veículos (Tabela 20).

A situação mais favorável foi para o Setor Norte, com 100% das árvores amostradas

encontradas em local de pouco movimento, enquanto a pior situação foi encontrada no centro da

cidade, onde 27,2% das árvores amostradas estavam em local de intenso movimento.

4.7.1.3 Interferências presentes ao crescimento das árvores

Outro fator de grande importância para o planejamento da arborização urbana é a

observância da compatibilidade do porte das árvores com as redes de energia e telefonia. Quando

na execução do plantio é relevante considerar a existência ou não de redes aéreas para a escolha

correta do porte de árvore a ser utilizada. Este procedimento evita o uso de podas drásticas.

Em Jequié, a condição de interferências presentes foi razoável, com pontuação de 2,3, em

que, do total da população amostrada, 51,5% das árvores estavam plantadas sob redes aéreas,

sendo que 14,3% destas estavam abaixo, apenas, das redes de telefonia, como mostra a Tabela

20. Considerando que a maior parte das árvores plantadas é de grande porte, e ainda se encontra,

na sua maioria, em estágio de crescimento, o contato de galhos com os condutores nus, como nas

Figuras 14 e 15, pode provocar curto-circuito, recorrendo-se às podas, provocando mutilações

que afetam a estética ou comprometem as condições fitossanitárias das árvores.

O Setor Sul, com 58,6%, obteve o maior percentual de interferências (redes aéreas) ao

desenvolvimento das árvores. O menor percentual (5,5%) foi para o Setor Norte.

Page 115: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

98

Figura 14 – Conflito entre a arborização e a rede elétrica, em Jequié/BA, 2003.

Figura 15 - Árvore atingindo a fiação aérea, em Jequié/BA, 2003.

Page 116: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

99

4.7.2 Regularidade dos plantios

Nas entrevistas feitas com moradores ficou evidente que 71,1% das árvores amostradas são

oriundas de plantios voluntários, percentual este bastante superior ao encontrado em Curitiba

(15,5%) por Milano (1984) e em Recife (4,2%) por Biondi (1985). Apenas 28,9% das árvores

amostradas foram plantadas pela Prefeitura Municipal (Tabela 21). Uma explicação para estes

resultados é que talvez a desagradável convivência com o calor excessivo induza as pessoas a

buscarem um ambiente mais sombreado, em Jequié. Por outro lado, observou-se que a Prefeitura

prioriza a arborização no centro da cidade e nas avenidas mais largas, em detrimento dos bairros

periféricos. Nestes, a Prefeitura doa as mudas aos moradores, os quais se encarregam de efetuar o

plantio e a manutenção das mesmas, valorizando sua atitude.

Cabe ressaltar que nas áreas onde predominam a arborização voluntária, há maior

ocorrência de plantios fora dos padrões técnicos, além de um maior uso de espécies inadequadas

para o plantio em calçadas. Como exemplo, podemos citar o caso das árvores do gênero Ficus,

principalmente o Ficus benjamina, espécie altamente contra-indicada por seu exagerado

crescimento.

Os maiores percentuais de plantios irregulares foram encontrados no Setor Oeste e Setor

Leste com 88,6% e 72,3% respectivamente e os menores percentuais estavam no centro da cidade

e Setor Norte com 51,8% e 58,3%, respectivamente.

Tabela 21. Origem dos plantios da população amostrada, em Jequié-BA, 2003.

Tipo Número de árvores Percentagem Plantio Regular 222 28,9 Plantio irregular 547 71,1 Totais 769 100

Page 117: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

100

4.7.3 Posição do plantio

A posição do plantio está relacionada a parâmetros como a distância da árvore ao meio-fio e

ao alinhamento das redes aéreas, distância entre árvores, afastamento predial, além da área livre

de calçamento na base da árvore.

A localização das árvores é um aspecto de fundamental importância no planejamento da

arborização. De nada adiantaria plantar a árvore de porte adequado na rua se não for observada a

distância necessária destas entre edificações ou meio-fio, para não haver conflitos das copas com

as construções e veículos. Os resultados das avaliações destes parâmetros foram:

4.7.3.1 Distância da árvore ao meio-fio

A observância de uma distância adequada da árvore ao meio-fio diminuiu a possibilidade

de riscos de acidentes com veículos. Em Jequié, a pontuação média foi de 1,7(razoável),

encontrando-se 65,1% das árvores amostradas a uma distância igual ou superior a 0,5 m do meio-

fio (Tabela 22).

Para efeito de comparação, Milano (1984), em Curitiba (PR) e Brasil (1995), em Belém

(PA) encontraram respectivamente 60% e 77,3% das árvores plantadas a uma distância superior a

0,5 m. Logo, o porcentual obtido em Jequié está similar ao destas cidades.

As unidades de amostras localizadas no Setor Norte apresentaram um percentual de 47,2%

de árvores com distância do meio-fio fora das recomendações técnicas (CEMIG, 2001), sendo a

pior situação, enquanto o Setor Sul, mais favorecido, tem 78,2% das árvores plantadas a uma

distância igual ou superior a 0,5 m (Tabela 22).

4.7.3.2 Afastamento predial

A fim de evitar incômodos mútuos entre as árvores e as edificações, cujo desfecho é sempre

a poda drástica, deformando e desequilibrando a copa, as árvores devem situar-se o mais longe da

linha de construção quanto possível. Segundo Silva (2000), uma árvore muito próxima da

construção pode gerar uma série de inconvenientes como sombreamento excessivo, infiltração,

risco de danos por choques mecânicos dos galhos com a construção, entre outros.

Considerando que a distância entre a árvore e às construções é resultado da largura da

calçada e do afastamento predial e, como normalmente, estes parâmetros são pequenos ou

Page 118: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

101

Tabela 22. Freqüência percentual das árvores por classe de distância ao meio-fio, afastamento predial e área livre, por setores e geral Jequié/BA, 2003

Distância da árvore ao meio-fio Afastamento predial Área livre

Setores Freqüência por classe

(%) N Freqüência por classe (%) N Freqüência por classe

(%) N

N geral

a b c a b c a b c

Norte 47,2 52,8 0,0 1,6 41,7 44,4 13,9 1,7 83,3 0,0 16,7 1,3 1,5

Leste 36,3 50,1 13,6 1,7 62,3 13,0 75,3 1,6 58,4 3,6 38 1,6 1,6

Sul 21,8 74,7 3,4 1,8 43,7 37,9 18,4 1,8 68,9 0,0 31,1 1,5 1,7

Oeste 38,0 60,0 2,0 1,6 81,1 10,9 36,4 1,5 95,5 1,8 2,7 1,5 1,4

Centro 29,1 66,7 4,2 1,9 52,7 10,9 36,4 1,5 95,5 1,8 2,7 1,1 1,5

Geral Jequié 34,5 57,9 7,6 1,7 63,1 16,5 20,4 1,5 68,5 2,6 28,9 1,4 1,5

Distância da árvore ao meio-fio Afastamento predial Área livre N: Nota

a: < 0,5m a: 0 a 1,5m a: < 1m2 b: 0,5 a 1m b: 1,5 a 3m b: = 1m2 c: > 1m c: > 3m c: > 1m2

Page 119: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

102

inexistentes, nem sempre é possível manter uma distância adequada, acarretando conflitos entre

estes.

Conforme a Tabela 22, a situação de afastamento predial foi considerada de regular a ruim

por apresentar pontuação média de 1,5. Em Jequié, 63,1% das árvores foram plantadas em local

sem recuo suficiente, como mostra a Figura 16. Esse quadro desfavorável é conseqüência da falta

de planejamento urbano no passado, resultando em incompatibilização da arborização com as

edificações.

Observa-se ainda na Tabela 22, que o Setor Norte apresentou o maior percentual (58,3%) de

árvores plantadas com afastamento predial suficiente, enquanto o menor percentual (18,9%) foi

verificado no Setor Oeste. Estes resultados, provavelmente, estão baseados no fato de que o Setor

Norte é composto por bairros de urbanização recente, com padrão urbanístico mais moderno,

adotando um maior recuo entre as construções e o passeio.

4.7.3.3 Área livre

A área livre (ou alegrete) é a área do solo livre para o crescimento basal da árvore, sendo

necessária para o suprimento de água, nutrientes e aeração. De acordo com Brasil (1995), a não

observância dessa prática, acarreta desequilíbrio no metabolismo vegetal, com prejuízo no

desenvolvimento da árvore, além de torná-la mais susceptível ao ataque de pragas e doenças.

Os resultados mostraram que 68,5% das árvores dispõem de áreas inferiores ao mínimo

recomendado que é de 1m2. Esse percentual poderia ser ainda maior, se não fossem os casos de

árvores plantadas em calçadas sem pavimentos e que foram computadas como áreas livres maior

que 1m2. Em muitos casos, foram detectadas árvores com áreas completamente

impermeabilizadas, sem deixar nenhuma área de solo natural, como mostra a Figura 17.

A média da população amostrada foi de 1,4, confirmando uma situação ruim para esse

parâmetro em Jequié.

O Setor Leste, com 41,6% obteve o maior percentual de árvores com áreas livres dentro das

recomendações, enquanto o menor percentual foi encontrado no centro da cidade, com apenas

4,5% (Tabela 22).

Page 120: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

103

Figura 16 – Plantio sem recuo suficiente das construções, em Jequié/BA, 2003.

Figura 17 – Árvore com a região do colo comprimida, em Jequié/BA, 2003.

Page 121: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

104

4.7.3.4 Distância entre árvores

Na Tabela 23, verifica-se que o espaçamento médio ( X ) entre as árvores amostradas foi de

8,9 m com desvio padrão (s) de 6,0 m e coeficiente de variação (CV) de 67,3%. O coeficiente de

variação encontrado foi alto, refletindo uma grande dispersão de distância entre árvores.

A grande variabilidade de espaçamento, assim como as pequenas distâncias deixadas entre

uma árvore e outra, devem-se ao plantio voluntário, efetuado por moradores que, no geral, não

conhecem as recomendações técnicas.

Tabela 23. Valores médios de espaçamento ( X ), desvio padrão (s) e coeficiente de variação (CV), por setores e geral Jequié/BA, 2003.

Setores X s CV

Sul 7,8 5,4 69,2

Norte 7,9 3,1 39,2

Leste 9,1 9,1 100

Oeste 9,9 11,8 119,7

Geral Jequié 8,9 6,0 67,3

4.7.4 Características das espécies

A análise do porte das árvores é realizada para fazer inferências sobre a estrutura etária das

plantas e sobre a adequação da árvore ao local de plantio. As variáveis utilizadas para caracterizar

o porte das árvores foram a circunferência à altura do peito (CAP) e altura da árvore. Segundo

Biondi (1985), das variáveis utilizadas, a CAP expressa, com maior confiabilidade, o porte e a

idade das árvores, por ser pouco influenciada pelos tratos culturais. Os resultados encontrados

para estas características foram:

4.7.4.1 Altura da árvore

A altura da árvore é uma variável importante, visto que pode definir as espécies a serem

utilizadas na arborização viária, principalmente aquelas que serão plantadas sob a fiação. Ainda,

Page 122: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

105

esta variável influencia diretamente na temperatura, no sombreamento, na estética e na

compatibilidade do vegetal com os elementos urbanos aéreos tais como fiação, placas de

sinalização e marquises.

As árvores, distribuídas por classe de altura, são mostradas na Tabela 24. As alturas foram

limitadas em função da altura recomendada para a muda no plantio (2,0m) e a altura das redes

aéreas mais baixas (5m).

Nota-se que 25,7% das árvores amostradas possuía altura igual ou inferior a 2,0 m,

indicando a falta de critério na formação e plantio das mudas, 62% encontravam-se entre 2,0 e

5,0m de altura e apenas 12,2% destas estavam com altura igual ou superior a 5m.

O alto índice de indivíduos apresentando porte médio, dentro da classe b, acompanhado de

um baixo índice na classe c, mais alta, está relacionado não somente às características das

espécies utilizadas, mas também à idade dos mesmos e à prática de podas de controle da copa.

As espécies encontradas na classe de altura igual ou superior a 5 m foram: Ficus

benjamina, Senna multijuga, Licania tomentosa, Prosopis juliflora, Cássia fistula, Terminalia

catappa, Caesalpinia peltophoroides, Delonix regia, Clitoria fairchildiana, Tabebuia sp,

Adenanthera pavonina, Pterogyne nitens, Peltophorum dubium, cujos indivíduos pertencem aos

plantios antigos.

O Setor Oeste, com 52,9% de árvores menores ou iguais a 2m, obteve o maior percentual,

ficando o menor percentual (16,3%) com o Setor Leste. Por sua vez, o Setor Oeste, com 14,7%

,obteve o maior percentual de árvores com altura igual ou superior a 5m. Já o Centro da cidade

obteve o menor percentual, com apenas 2,7% das árvores com altura igual ou superior a 5m.

4.7.4.2 Circunferência à altura do peito (CAP)

Assim como a altura da árvore, esta variável está diretamente relacionada com o porte da

mesma e pode fornecer informações sobre a idade dos plantios, assim como possibilita

inferências na análise das relações entre o espaço físico disponível e o ocupado pelas árvores.

Embora a arborização de Jequié seja composta, na sua maior parte, por espécies de grande

porte, a maioria dos indivíduos arbóreos apresenta CAP inferior a 50 cm (Tabela 24). Isto se

explica por se tratar de plantio relativamente recente.

Page 123: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

106

4.7.4.3 Altura da primeira bifurcação

Levando-se em conta que estas árvores ainda possuem um potencial de crescimento,

podendo entrar em conflito com a infra-estrutura urbana, há necessidade de uma política de

arborização para contornar possíveis problemas, com a substituição gradativa das espécies de

grande porte.

No que se refere à altura da primeira bifurcação, 90,1% da população amostrada apresentou

altura abaixo de 1,80m (Tabela 24), indicando que o padrão de qualidade das mudas utilizadas

esta fora das recomendações técnicas mais usuais.

As observações indicam a necessidade de melhorar as técnicas de produção de mudas, além

dos serviços de condução das copas para compatibilização das árvores com o meio urbano.

O maior percentual de árvores com altura da primeira bifurcação fora das recomendações

foi encontrado no Setor Leste (95,6%), enquanto o Setor Oeste obteve o menor percentual

(82,3%).

Tabela 24. Freqüência percentual das árvores por classe de altura, circunferência à altura do peito (CAP) e altura da primeira bifurcação, por setores e geral Jequié/BA, 2003.

Altura Circunferência à altura do peito (CAP)

Altura da primeira bifurcação

Freqüência por classe (%) Freqüência por classe (%) Freqüência por classe (%) Setores

a b c a b c a b c

Norte 52,7 36,1 11,2 69,4 5,6 25,0 88,9 0,0 11,1

Leste 16,3 68,9 14,7 35,5 37,1 27,4 95,6 1,9 2,5

Sul 52,9 37,9 9,2 49,4 44,8 5,8 83,9 1,1 14,9

Oeste 28,6 56,6 14,9 50,8 33,1 16,1 82,3 2,9 14,8

Centro 21,8 75,5 2,7 51,8 26,4 21,8 90,0 2,7 7,2

Geral Jequié 25,7 62,0 12,3 44,5 34,1 21,4 83,4 2,1 14,5

Altura Circunferência à altura do peito Altura da primeira bifurcação

a: • 2m b: 2m a 5m c: > 5m

a: < 50 cm b: 50 a 100 cm c: > 100 cm

a: < 1,8m b: 1,8 a 2,0m c: > 2,0m

Page 124: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

107

4.7.5 Compatibilidade entre o porte da árvore e o espaço físico para crescimento

Quando no planejamento da arborização, é importante levar em consideração a necessidade

de compatibilização entre o porte e a forma da árvore com o espaço físico disponível, levando-se

em conta a largura das ruas e calçadas, a posição das redes aéreas, a posição e profundidade das

redes de água e esgotos, o afastamento predial e o tipo de tráfego local. A não observância desses

preceitos pode acarretar conflitos entre as árvores e a infra-estrutura urbana, decorrendo em

custos financeiros tanto para o poder público, quanto para particulares.

Conforme mostra a Tabela 25, verificou-se que 49,9% das árvores se apresentaram pouco

compatíveis com o local de plantio, requerendo poda drástica e sistemática para controle do

tamanho e forma da copa; 44,9% se mostraram medianamente compatíveis, requerendo poda

leve, e 5,1% apresentaram-se compatíveis, sem necessidade de podas para compatibilização com

o espaço físico. Este resultado mostra que a arborização de rua Jequié é pouco compatível,

evidenciando mais uma vez a falta de critério quando na seleção das espécies para o plantio.

As piores relações foram identificadas no Setor Sul e centro da cidade, com

respectivamente 78,2% e 57,2% das árvores em situação de pouca compatibilidade com o espaço

(Tabela 25). O Setor Norte também se encontra em péssima condição, sem nenhuma árvore em

situação de compatibilidade.

Tabela 25. Relação entre o porte das árvores e o espaço disponível: freqüência percentual por situação das árvores amostradas, por setores e geral Jequié-BA, 2003.

Situação Setores Pouco

compatível (%) Medianamente compatível (%)

Compatível (%)

Sul 78,2 18,9 1,1

Leste 40,2 57,6 2,2

Oeste 52,0 41,1 6,9

Norte 47,2 52,8 0

Centro 57,2 26,4 16,4

Geral Jequié 49,9 44,9 5,2

Page 125: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

108

4.7.6 Condição geral das árvores

Na avaliação individual das árvores de ruas e mediante observação das condições da copa,

tronco e raiz, foi possível conhecer a qualidade geral da população de árvores, cuja média (2,6)

mostrou uma condição entre boa e regular (Tabela 26). O conjunto da amostragem indicou que a

arborização de Jequié compõe-se de 69,3% de árvores boas, 29,9% de árvores razoáveis ou

satisfatórias e 0,8% em estado ruim. Esse resultado deve-se principalmente ao fato de a

arborização de Jequié ser composta, na sua maior parte, de plantios recentes. Porém, este quadro

tende a se agravar na medida em que as árvores se desenvolvam, quando então os conflitos com a

infra-estrutura urbana se manifestam, requerendo poda drástica.

4.7.6.1 Estado da casca

A condição das cascas foi considerada boa, por apresentar uma pontuação média de 2,8,

existindo apenas 2,1% de árvores com casca destruída ou com deformidades, 21,3% com apenas

parte da casca destruída e 76,6% com cascas sem danos (Tabela 26).

Em relação às dez espécies mais plantadas, observou-se que Delonix regia, com 100%,

Senna multijuga com 58,8%, Peltophorum dubium e Bauhinia sp, ambas com 50%, obtiveram os

maiores percentuais de árvores com danos na casca (Tabela 28). Os elevados percentuais,

provavelmente, está no fato destas espécies pertencerem aos plantios mais antigos, estando mais

tempo expostos ao vandalismo e acidentes. Prosopis juliflora com 0%, Ficus benjamina com

19,4% e Terminalia catappa com 25% foram as espécies que obtiveram menores percentuais de

indivíduos com danos na casca.

De maneira geral, a incidência de danos físicos foi pequena. As maiores ocorrências foram

verificadas nos Setores Oeste e Sul, com respectivamente 2,9% e 2,3% dos indivíduos

amostrados, enquanto a menor ocorrência foi detectada no Setor Norte, onde nenhuma árvore

apresentou danos na casca (Tabela 26).

4.7.6.2 Forma do tronco

Quando os trabalhos de condução das árvores são deficientes, estas crescem de forma

tortuosa, apresentando grandes inclinações, interferindo no trânsito de pedestres e/ou veículos ou

ainda sofrendo quebra devido a ventos, acidentes ou atos de vandalismo.

Page 126: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

109 Tabela 26. Freqüência percentual das árvores por classe do estado da casca, forma do tronco, estado da raiz, vitalidade, injúria mecânica na copa e condições fitossanitárias, por setores e geral Jequié/BA, 2003.

Estado da casca

Forma do tronco Estado da raiz Vitalidade Injúria mecânica Condições fitossanitárias

N: Nota

a: Casca destruída b: Parte da casca destruída c: Casca sem danos

a: Grande tortuosidade b: Leve tortuosidade c: Forma ereta

a: Raiz com afloramento b: Raiz com afloramento restrito à área livre b: Raiz sem afloramento

a: Copa sem vitalidade b: Copa com médio vigor c: Copa com vitalidade

a: Copa bastante destruída b: Parte da copa destruída c: Copa sem injúria mecânica

a: Alta incidência de pragas e/ou doenças b:Pouca incidência de pragas e/ou doenças c: Ausência de pragas e doenças

Estado da casca Forma do tronco Estado da raiz Vitalidade Injúria mecânica na copa

Condições fitossanitárias

Classes (%) Classes (%) Classes (%) Classes (%) Classes (%) Classes (%) Setores

a b c N a b c N a b c N a b c N a b c N a b c N N G

eral

Sul 2,3 29,9 67,8 2,7 0,0 27,6 72,4 2,5 22,9 14,9 62,2 2,2 2,3 26,4 71,3 2,7 11,5 26,4 62,1 2,2 5,7 35,6 41,3 2,5 2,5

Oeste 2,9 35,4 62,3 2,7 12,6 18,9 68,5 2,8 22,3 20,6 57,1 2,3 8,0 10,9 81,1 2,8 9,1 27,4 63,5 2,6 5,1 44,6 50,3 2,6 2,6

Centro 0,9 12,7 86,4 2,8 0,9 8,2 90,9 2,8 20,9 28,2 50,9 2,3 0,0 10,0 90,0 2,9 7,3 20,9 71,8 2,6 2,7 37,3 60,0 2,5 2,7

Leste 2,2 15,5 82,3 2,8 0,6 9,7 89,7 2,9 22,2 32,7 45,1 2,2 1,4 10,5 88,1 2,8 2,5 27,1 70,4 2,7 2,5 42,9 54,6 2,5 2,7

Norte 0,0 16,7 83,3 2,8 0,0 11,1 88,9 2,9 11,1 19,4 69,5 2,6 0,0 36,1 63,9 2,7 2,7 41,6 55,7 2,6 2,8 22,2 75 2,8 2,7

Geral Jequié 2,1 21,3 76,6 2,8 3,3 13,7 83,0 2,8 21,6 32,4 46,0 2,3 2,7 13,5 83,8 2,8 5,7 26,9 67,4 2,5 3,5 40,7 55,8 2,6 2,6

Page 127: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

110

Com relação a esse aspecto, a forma do tronco foi considerada boa, com pontuação de 2,8,

sendo que apenas 3,3% dos indivíduos apresentaram fuste com grande tortuosidade, 13,7%

tinham leve tortuosidade e 83,7% destes apresentaram fuste com forma ereta (Tabela 26).

Estes resultados atestam que, apesar da deficiência na condução das árvores, houve ao

menos a preocupação na colocação do tutor e/ou gradeamento das mudas no ato do plantio,

práticas estas capazes de evitar a inclinação das mesmas.

Dentre as dez espécies mais plantadas, constatou-se que Delonix regia e Pachira aquática,

ambas com 100%, Senna multijuga, com 58,8%, Peltophorum dubium e Bauhinia sp, ambas com

50%, obtiveram os maiores percentuais de indivíduos com tortuosidade no tronco (Tabela 28).

Ainda de acordo com a Tabela 26, o Setor Oeste, com 31,5%, obteve o maior percentual de

árvores com grande tortuosidade, seguido do Setor Sul, com 27,6%. O centro da cidade, com

9,1%, obteve o menor percentual de árvores com grande tortuosidade. Os resultados obtidos

refletem a necessidade de melhorar os trabalhos de condução dos plantios nos bairros periféricos.

4.7.6.3 Estado da raiz

O sistema radicular superficial é característico de algumas espécies utilizadas na

arborização de cidades que, devido a predomínio de crescimento radial das raízes, em detrimento

do crescimento em profundidade, ficam expostas sobre a superfície do solo. Árvores com raízes

superficiais podem causar vários transtornos no meio urbano, como danos a muros, construções,

a quebra e destruição do piso, impedindo o trânsito de pedestres. Entretanto, os indivíduos com

tais características não necessariamente causam danos no meio urbano, pois depende do grau de

superficialidade, ou seja, do volume de raízes que se apresentam superficiais e do local onde o

indivíduo foi plantado.

A condição das raízes foi regular, com pontuação de 2,3, em que o total da população

amostrada, 21,6%, apresentou raízes com afloramento (Figura 18), afetando a calçada ou

construção; 32,4% tinham raízes superficiais restritas à área livre, e 46% das árvores estavam

com raízes sem afloramento (Tabela 26). Convém observar que esse quadro tende a se agravar

com o passar dos anos, à medida que as árvores desenvolvam, visto tratar-se de uma arborização

composta, na sua maior parte, por indivíduos com sistema radicular superficial.

Page 128: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

111

Com relação às dez espécies predominantes, observou-se que Prosopis juliflora, Delonix

regia, Terminalia catappa e Peltophorum dubium, todas com 100%, Senna multijuga, com

78,4% e Licania tomentosa, com 69,2%, apresentaram os maiores percentuais de indivíduos com

raízes superficiais (Tabela 28). Já Caesalpinia peltophoroides, com 0% e Ficus benjamina, com

43,2%, foram as espécies com menores freqüências de indivíduos com raízes superficiais. Com

respeito a estas espécies, embora tenham sistema radicular de característica superficial, devido ao

fato de pertencerem aos plantios mais recentes, ainda possuem poucos indivíduos com raízes

aflorando.

Figura 18 – Árvore com as raízes aflorando e levantando a calçada, em Jequié/BA, 2003.

O Setor Leste, com 54,9%, obteve o maior percentual de indivíduos com raízes superficiais,

seguidos do centro da cidade, Setor Oeste e Setor Sul com respectivamente 49,15%, 42,9% e

37,85%. O menor percentual (30,5%) foi para o Setor Norte (Tabela 26). A explicação para estes

resultados pode estar relacionada ao fato de que o Setor Norte seja composto de plantios mais

recentes, cujas árvores ainda não desenvolveram raízes superficiais.

Page 129: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

112

4.7.6.4 Vitalidade da copa

A população amostrada apresentou pontuação média de 2,8, mostrando serem boas as

condições de vitalidade das copas, com apenas 2,7% das árvores com copa sem vitalidade,

13,5% estavam com médio vigor e 83,8% tinha boa vitalidade.

Entre as 10 espécies mais abundantes, observou-se que Senna multijuga, com 64,7%,

Peltophorum dubium, Bauhinia sp e Pachira aquatica, todas com 50%, apresentaram os maiores

percentuais de indivíduos desvitalizados (Tabela 28). A explicação para isto provavelmente esteja

no fato de esses indivíduos fazerem parte dos plantios mais antigos, os quais já sofreram podas

drásticas, o que favoreceu a entrada de insetos e organismos causadores de doenças.

Por outro lado, Licania tomentosa, Caesalpinia peltophoroides, Delonix regia, todas com

0%, Ficus benjamina, com 10,4 %, apresentaram os menores percentuais de indivíduos com copa

desvitalizada. Tais fatos podem estar relacionados com as características destas espécies.

4.7.6.5 Injúria mecânica na copa

A incidência de injúria mecânica na copa foi considerada razoável, por apresentar uma

pontuação média de 2,5. Constatou-se, pela Tabela 26, que 5,7% das árvores amostradas

apresentaram copas bastante destruídas e deformadas, 26,9% apresentaram parte da copa

destruída e 67,4% não apresentaram qualquer forma de lesão na copa. A maioria dos danos

físicos nas copas foi decorrente de causas como acidentes por veículos, vandalismo e de forma

significativa por podas mal feitas (Figura 19), as quais deformam as copas, prejudicando a

estética da árvore, além de deixar o vegetal susceptível às pragas e doenças.

Entre as dez espécies predominantes, verificou-se que Delonix regia e Prosopis juliflora,

ambas com 100%, foram as espécies com os maiores percentuais de danos físicos na copa,

seguidos de Senna multijuga, com 88,2%, Peltophorum dubium, Bauhinia sp e Pachira aquatica,

todas com 50% (Tabela 28). Estas últimas são espécies de antiga introdução na cidade, que já

sofreram várias podas sucessivas no passado e tornaram-se susceptíveis ao estabelecimento de

necroses.

Page 130: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

113

Figura 19 – Árvores mutiladas por podas drásticas, em Jequié/BA, 2003.

4.7.6.6 Condições fitossanitárias das árvores

Na Tabela 26, constatou-se que 55,8% dos indivíduos arbóreos amostrados estavam sadios.

Para o restante da população, verificou-se que 3,5% das árvores estavam com alta incidência de

pragas e/ou doenças e 40,7% estavam com poucos sinais de pragas e/ou doenças. A população

apresentou valor médio de 2,6, mostrando ser regular a condição das árvores em relação à

infestação por pragas e doenças.

As infestações mais comuns foram de percevejos e cochonilhas. Os cupins, brocas e oídios

apareceram em menor intensidade.

Apesar da alta incidência de percevejos em Ficus benjamina, não foi constatado nenhum

dano significativo às árvores.

Dentre as espécies mais plantadas na área urbanizada da cidade, verificou-se que Delonix

regia, Peltophorum dubium, Bauhinia sp, todas com 100%, Senna multijuga, com 84,3%,

Prosopis juliflora, com 83,4%, Caesalpinia peltophoroides e Terminalia catappa, ambas com

50%, apresentaram as maiores infestações de pragas e doenças. Não foram constatadas doenças e

/ou pragas em Licania tomentosa (Tabela 28).

Page 131: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

114

4.7.7 Manutenção dos indivíduos arbóreos nas ruas

A prática correta de manutenção possibilita o sucesso da arborização. Assim sendo, é

importante considerar as formas básicas de manutenção individual das árvores, que inclui as

necessidades de poda leve, poda pesada, controle fitossanitário, reparo de danos físicos e outros.

Constatou-se que 95,8% das árvores em Jequié necessitavam de algum tipo de intervenção,

quantidade superior ao encontrado por Biondi (1985) em Recife (PE), onde 73,5% das árvores

requerem algum tipo de manutenção, embora sejam bastante parecidos com aqueles identificados

por Costa (1993) em Manaus (AM), onde 93,2% das árvores careceram de alguma forma de

manutenção.

Com relação às podas, verificou-se que 65,7% das árvores amostradas já sofreram algum

tipo de poda, sendo que 58,35% destas foram mal executadas e apenas 7,4% das árvores foram

podadas de maneira correta, conforme pode ser constatado na Tabela 27. As podas consideradas

mal executadas foram aquelas que deixaram tocos remanescentes que, sofrendo ação de fungos e

bactérias, apodreceram comprometendo a sanidade da árvore, conforme pode ser observado na

Figura 20.

Uma quantidade bastante expressiva de podas mal executadas é uma conseqüência da falta

de sistematização desse serviço, que é feito por funcionários municipais mal treinados e sem

equipamentos adequados. A necessidade de poda pesada foi constatada em apenas 1,3% das

árvores amostradas, enquanto 23,8% das árvores requereram poda leve, como mostra a Tabela

27. O alto percentual de árvores que não necessitam de podas (74,9%) talvez possa ser explicado

por dois motivos; primeiro, devido à predominância de plantios jovens, grande parte das árvores

ainda não apresenta conflitos com a infra-estrutura urbana. O outro motivo está relacionado com

o grande número de árvores que já sofreram algum tipo de poda.

O centro da cidade e o Setor Oeste, com respectivamente 73,6% e 60,3%, apresentaram os

maiores percentuais de podas mal-executadas. A explicação provavelmente está no fato de que os

plantios destes dois setores são mais antigos e também por serem compostos, na sua maioria, de

espécies arbóreas de grande porte. Por outro lado, o Setor Sul e Setor Norte, tiveram

respectivamente 47,1% e 36% das árvores amostradas com podas mal executadas. Provavelmente

pelo fato de terem plantios mais jovens, apresentaram percentuais menores. Pela mesma razão, os

Page 132: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

115 Tabela 27. Qualidade das podas anteriores, tipos de podas requeridas e necessidade de outras intervenções nas árvores, em percentagem, por setores e geral Jequié/BA, 2003.

Qualidade das podas anteriores Tipos de podas requeridas Necessidade de outras intervenções

Setores Podas mal

executadas

Podas bem executadas

Sem podas

anteriores

Poda pesada

Poda leve

Não

necessária

Substituição / replantio

Recuperar Injúria

Mecânica

Ampliação da área

livre

Combate à pragas

e/ou doenças

Tutoramento, recuperação ou reposição do

gradil Irri

gaçã

o

Sul 47,1 2,3 50,6 0,0 18,4 81,6 1,1 58,6 66,7 39,1 36,9 0,0

Leste 60,3 11,6 27,9 1,9 24,4 73,7 0,3 22,4 59,8 36,8 52,5 0,6

Oeste 54,3 4,0 41,7 1,9 15,4 73,7 0,6 35,4 73,1 46,9 60,0 0,0

Norte 36,0 5,6 25,0 0,0 8,3 58,3 0,0 27,7 61,1 22,2 26,3 0,0

Centro 73,6 3,6 22,2 0,9 44,5 48,2 0,9 17,2 99,1 35,5 45,8 0,0

Geral Jequié 58,3 7,4 34,3 1,3 23,8 74,9 0,5 28,9 69,3 38,5 47,5 0,3

Page 133: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

116

Figura 20 – Poda drástica em Senna multijuga, em Jequié/BA, 2003.

Setores Sul, com 50,5% e Oeste, com 41,7% detêm os maiores percentuais de árvores que ainda

não sofreram podas (Tabela 27).

As maiores freqüências de poda pesada foram encontradas no Setor Leste (1,9%), Setor

Oeste (1,1%) e centro da cidade (0,9%). Nota-se que todos os setores apresentam percentuais

baixos em relação às necessidade de podas pesadas, indicando, mais uma vez, tratar-se de

plantios jovens (Tabela 27).

Com relação às dez espécies mais plantadas, as que requereram podas pesadas foram

Terminalia catappa (50%), Licania tomentosa (7,7%), Senna multijuga (3,9%) e Ficus

benjamina (0,3%), conforme mostra a Tabela 28. Estas são espécies de grande porte e fazem

parte dos plantios mais antigos.

Peltophorum dubium e Bauhinia sp, ambos com 50%, Senna multijuga, com 29,4%,

Licania tomentosa com 23,1%, e Ficus benjamina com 22%, foram as espécies, dentre as dez

mais plantadas, que mais necessitaram de poda leve.

Page 134: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

117

Além da poda, foi constatado que 69,3% das árvores amostradas necessitam de outras

intervenções, principalmente no que se refere à ampliação da área livre, recuperação de danos

físicos e combate às pragas e doenças.

A maioria das necessidades de intervenções vem das condições físicas e sanitárias dos

plantios que, por sua vez, decorre da qualidade do planejamento da arborização.

Apesar da alta incidência de podas drásticas e deficiência geral da manutenção, as

necessidades de substituição ou replantio foram verificadas em apenas 0,5% das árvores.

No que se refere às injúrias mecânicas, verificou-se que 28,9% das árvores amostradas

necessitam de recuperação de danos físicos no tronco e/ou na copa. O Setor Sul, com 58,6%

apresentou o maior percentual de árvores que requerem recuperação de danos físicos.

Ao nível de espécies, os maiores percentuais de necessidade de reparos de danos foram

encontrados em Delonix regia e Ficus benjamina, ambas com 100% de danos, Senna multijuga,

com 88,2% de danos, Bauhinia sp e Pachira aquática, ambas com 50% de danos. Estas espécies

estão relacionadas aos plantios mais antigos, provavelmente por isso encontram-se mais

danificadas.

A necessidade de ampliação da área livre na base dos troncos foi identificada em 69,3% dos

casos. O alto percentual é decorrência da prática de impermeabilizar as áreas em torno da árvore,

às vezes sem deixar nenhum resquício de solo natural, indispensável ao atendimento das

necessidades mínimas do elemento arbóreo.

As maiores necessidades de ampliação da área livre foram encontradas no centro da cidade

e Setor Oeste, com respectivamente 99,1% e 73,1% das árvores amostradas, sendo que o menor

percentual foi encontrado no Setor Leste, com 59,8%.

Práticas de combate a pragas e/ou doenças foram necessárias em 44,2% das árvores

amostradas, sendo que as espécies Delonix regia, Peltophorum dubium e Bauhinia sp (todas com

100%), Senna multijuga com 84,3% e Prosopis juliflora com 83,4%, necessitam de controle

fitossanitário. Estas espécies, por pertencerem aos plantios mais antigos, já sofreram podas

drásticas e, portanto, já apresentam focos de apodrecimento, decorrentes das podas mal feitas.

O maior porcentual de necessidade de combate a pragas e/ou doenças foi encontrado no Setor

Oeste com 46,9%, enquanto o menor percentual foi encontrado no Setor Norte, com 22,2%.

As práticas de tutoramento, recuperação ou reposição de gradis, além da irrigação, estão

relacionadas às necessidades de manejo das árvores com altura igual ou menor que 2m.

Page 135: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

118

Em Jequié, foram registradas necessidades de tutoramento, recuperação ou reposição dos

gradis protetores em 47,5% das árvores amostradas com altura igual ou menor que 2m, como

mostra na Figura 21. O percentual expressivo evidencia a inexistência de uma sistemática de

manutenção das árvores, principalmente na condução e proteção dos plantios recentes.

As maiores necessidades de tutoramento, recuperação ou reposição de gradis foram

verificadas no Setor Oeste e Setor leste, com respectivamente 60% e 52,5% das árvores

amostradas (Tabela 27). O Setor Norte, com 26,3% obteve o menor percentual.

A maioria dos autores recomenda o uso da irrigação até o completo pegamento da muda.

Considerando que esse pegamento geralmente acontece até os 2 m de altura, verificou-se que

apenas 1% das árvores pertencentes a esta classe de altura carece desta prática.

A menor necessidade de irrigação pode estar relacionada ao plantio voluntário, no qual os

próprios moradores se encarregam da manutenção das árvores por eles plantadas.

Figura 21 – Mudas de Ficus benjamina sem gradil e tutor, em Jequié/BA, 2003.

Page 136: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

119

4.8 Análise das dez espécies mais freqüentes

Devido à baixa expressividade numérica apresentada por algumas espécies, esta avaliação

foi feita levando em conta as 10 espécies mais plantadas, cuja amostra continha pelo menos 80

indivíduos, sendo elas: Ficus benjamina, Caesalpinia peltophoroides, Licania tomentosa,

Terminalia catappa, Prosopis juliflora, Pachira aquatica, Senna multijuga, Bauhinia sp,

Peltophorum dubium e Delonix regia. Os resultados podem ser vistos na Tabela 28.

Ficus benjamina é uma espécie de crescimento rápido, plantado por moradores, via de

regra, em busca de sombra rápida. Apesar da sua beleza, essa espécie não é apropriada para o

plantio em calçada, tanto devido ao seu porte avantajado quanto pela agressividade das suas

raízes. Além disso, já representa 75,1% das árvores da cidade, constituindo-se sério risco a

estabilidade dos plantios, além de transmitir a sensação de homogeneidade e monotonia ao

ambiente urbano.

Em relação ao estado geral das árvores, a Caesalpinia peltophoroides apresentou

características positivas, como boa vitalidade, baixa ocorrência de raízes superficiais, poucos

danos físicos e baixa incidência de pragas e doenças. Esta espécie ainda possui uma população

pouco representativa (1,6% do total das árvores), sendo encontrada em poucas localidades da

cidade. É necessário estimular a sua produção em viveiro para possibilitar o seu plantio em maior

escala na arborização de ruas da cidade. O seu plantio é recomendado em praças e ruas com

maior largura e isentos de redes aéreas.

A Licania tomentosa ainda é uma espécie pouco difundida na arborização da cidade, apesar

de que foi a 4º mais plantada. Apresenta boa vitalidade e forma de tronco pouco inclinado, tem

poucos danos na casca e copa, além de não apresentar problemas fitossanitários. Por possuir

raízes superficiais, pode ser plantada apenas em praças.

A Terminalia catappa foi a 7ª espécie mais plantada na cidade. Apesar de proporcionar boa

sombra, deve ser evitada devido ao fato de ser uma espécie de grande porte e possuir

características indesejáveis como raízes superficiais, folhas caducifólias e alta incidência de

problemas fitossanitários.

Page 137: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

120

Estado da casca Forma do tronco Estado da raiz Vitalidade Injúrias mecânicas

Condições fitossanitárias

Freqüência por classe (%) Espécies

a b c a b c a b c a b c a b c a b c Ficus

benjamina 0,9 17,5 81,6 0,0 6,2 93,8 14,9 28,3 56,8 0,7 9,7 89,6 1,6 26,9 71,5 1,4 37,3 61,3

Caesalpinia peltophoroides 16,7 16,7 66,7 33,3 0,0 66,7 0,0 0,0 100 0,0 0,0 100 0,0 0,0 100 0,0 50,0 50,0

Licania tomentosa 0,0 30,8 69,2 0,0 38,5 61,5 61,5 7,7 30,8 0,0 0,0 100 0,0 46,2 53,8 0,0 0,0 100

Terminalia catappa 0,0 25,0 75,0 0,0 25,0 75,0 100 0,0 0,0 25,0 0,0 75,0 25,0 0,0 75,0 0,0 50,0 50,0

Prosopis juliflora 0,0 0,0 100 0,0 16,7 83,3 83,3 16,7 0,0 16,7 16,7 66,7 50,0 50,0 0,0 16,7 66,7 16,7

Pachira aquatica 50,0 0,0 50,0 0,0 0,0 100 100 0,0 0,0 0,0 50,0 50,0 50,0 0,0 50,0 100 0,0 0,0

Senna multijuga 3,9 54,9 41,2 0,0 39,2 60,8 60,8 17,6 21,6 17,6 47,1 35,3 37,3 50,9 11,8 15,7 78,4 5,9

Bauinia sp 50,0 0,0 50,0 0,0 100 0,0 50,0 0,0 50,0 0,0 50,0 50,0 50,0 0,0 50,0 0,0 100 0,0 Peltophorum

dubium 50,0 0,0 50,0 0,0 0,0 100 100 0,0 0,0 0,0 50,0 50,0 50,0 0,0 50,0 100 0,0 0,0

Delonix regia 100 0,0 0,0 0,0 100 0,0 100 0,0 0,0 0,0 0,0 100 100 0,0 0,0 0,0 100 0,0

Estado da casca Forma do tronco Estado da raiz Vitalidade Injúria mecânica Condições fitossanitárias a: Casca destruída b: Parte da casca destruída c: Casca sem danos

a: Grande tortuosidade b: Leve tortuosidade c: Forma ereta

a: Raiz com afloramento b: Raiz com afloramento restrito à área livre b: Raiz sem afloramento

a: Copa sem vitalidade b: Copa com médio vigor c: Copa com vitalidade

a: Copa bastante destruída b: Parte da copa destruída c: Copa sem injúria

a: Alta incidência de pragas e/ou doenças b:Pouca incidência de pragas e/ou doenças c: Ausência de pragas e doenças

Tabela 28. Freqüência percentual das dez espécies mais plantadas nas classes do estado da casca, forma do tronco, estado da raiz, vitALIDADE id vitalidade, injúrias mecânicas e condições fitossanitárias, em Jequié/BA, 2003.

Page 138: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

121

Prosopis Juliflora foi a 3ª espécie mais abundante. Mesmo que no passado tenha sido

utilizada em grande quantidade nas ruas da cidade, hoje se encontra em proporção razoável. A

sua utilização em arborização de ruas não é recomendável, pois suas raízes superficiais

favorecem a queda durante o período de chuvas.

Pachira aquatica com 84 indivíduos obteve a 10ª colocação entre as espécies mais

plantadas. Embora tenha pequena incidência de pragas e doenças, apresenta danos físicos devido

ao uso de podas drásticas no passado. Seus frutos grandes sujam bastante as ruas e calçadas.

Melhor se for utilizada em praças.

Provavelmente pelo motivo de proporcionar boa sombra, Senna multijuga foi muito

plantada na década de 70 e 80, sendo hoje a 2ª espécie mais difundida na arborização de ruas da

cidade. Devido a ter um porte incompatível com a altura da fiação, apresenta percentual elevado

de danos físicos por podas.

Bauhinia sp, com 87 indivíduos, foi a 9ª mais plantada. Apresenta alguns problemas

fitossanitários, danos físicos e raízes aflorando, devendo ser melhor observada para uso na

arborização. Sendo espécie de médio porte, é de fácil compatibilidade com o espaço disponível

para crescimento.

Peltophorum dubium, mesmo apresentando um número razoável de indivíduos nas ruas,

deve ser evitada por apresentar raízes superficiais. Podendo, no entanto, pela sua beleza, ser

utilizada em maior freqüência nas praças.

Delonix regia, com 171 indivíduos, é a 6ª espécie mais plantada. É uma árvore bonita e de

floração muito vistosa. Porém devido a sua copa ser rala e caducifólia não forma uma boa

sombra. Apresenta problemas de raízes superficiais, ataques de cupins e danos físicos acentuados

devido a podas drásticas. Por estes motivos, deve ser evitada na arborização de ruas.

Observa-se que a maior parte das espécies que ocorrem com maior freqüência é de grande

porte. Estas espécies estão plantadas em locais que não atendem às necessidades de espaço para

desenvolvimento do sistema radicular e da copa, causando conflito com a infra-estrutura urbana.

Diante desse quadro é necessário dar ênfase ao plantio de espécies de médio e pequeno

porte, principalmente as de ocorrência regional. Durante os levantamentos de campo foram

encontradas algumas destas espécies que poderiam ser melhor estudadas para uso em calçadas.

Dentre essas espécies destacam-se a Murta (Murraya paniculata), Rosa graxa (Hibiscus rosa-

sinenses), Flamboiã mirim (Caesalpinia pulcherrima), Ipê mirim (Tecoma stans), Arruda (Ruta

Page 139: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

122

graveolens), Cássia rosa (Cassia grandis), Saboneteiro (Sapindus saponaria), Chapéu de

Napoleão (Thevetia peruviana) e Pata de vaca (Bauhinia sp) (Figura 22).

Figura 22 – Plantio de Bauhinia sp., em Jequié/BA, 2003.

Page 140: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

123

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

As áreas verdes públicas de Jequié somaram 3.491.040 m2 e são distribuídas da seguinte

forma: praças 121.360 m2, canteiros centrais 15.540 m2, áreas institucionais 1.477.680 m2, áreas

de preservação permanente (margens de rios) 1.776.230 m2, horto florestal 9.980 m2, praças em

projeto 27.880 m2, cemitérios 32.240 m2, rótulas de avenidas 19.380 m2 e estacionamentos

10.750 m2.

As áreas institucionais e de preservação permanente juntas contribuíram com 93% da

superfície das áreas verdes, tendo com isso um papel ecológico importante por manter grandes

áreas com solos permeáveis e com alguns remanescentes de vegetação natural.

O índice de área verde (IAV) foi de 26,81 m2/hab. Pode ser considerado bom, mas cai para

0,93 m2/hab, quando são consideradas áreas que efetivamente contribuem para convívio social.

A distribuição das 48 praças públicas na malha urbana da cidade não é uniforme, com

concentração na Área Central da cidade e Setor Leste (bairro do Jequiezinho), principalmente ao

redor do Centro Cívico e Campus Universitário.

As regiões mais periféricas (Setores Sul e Norte) possuem carência de áreas verdes.

Na cidade de Jequié não existem áreas verdes de grandes dimensões como parques

metropolitanos e unidades de conservação.

Uma quantidade significativa das praças necessita de melhoria nas suas estruturas físicas e

paisagísticas para proporcionar lazer e convívio social.

As praças oferecem muito pouco à população em termos de lazer. Há necessidade de

melhoria na disponibilidade de equipamentos e serviços na maioria delas.

Nas praças, havia boa diversificação de grupos vegetais, sendo que em 100% existiam

espécies arbóreas, 60,4% continham arbustos e 31,3% possuíam gramados.

Com relação à manutenção geral das praças, apenas 16,7% estavam em bom estado, 56,3%

estavam com a manutenção geral em estado razoável e 29,2% se apresentavam em estado ruim.

Não havia uma sistematização nos trabalhos de manutenção.

Existiam 59 espécies arbóreas plantadas nas ruas urbanizadas. As três espécies mais

plantadas atingiram 87% do total de árvores, sendo os 13% restantes divididos entre as outras 56

espécies.

Page 141: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

124

A espécie Ficus benjamina apresentou uma alta freqüência. Este fato aumenta o risco de

perdas por ataques de pragas e doenças.

As características do meio disponíveis para o plantio das árvores, no geral, mostraram-se

razoáveis (nota 2,3), sendo que um dos maiores impedimentos ao crescimento das árvores foi a

existência de fiação aérea.

Os plantios voluntários ou irregulares corresponderam a 71,1% da arborização de ruas,

constituindo um dos principais problemas da arborização urbana, por causa do uso de espécies

arbóreas inadequadas para plantio em calçadas, da baixa qualidade das mudas utilizadas, além da

não observância das distâncias necessárias do meio-fio e das construções.

A posição do plantio na calçada foi considerada ruim, visto que os parâmetros afastamento

predial, área livre de pavimentação na base da árvore e espaçamento entre árvores encontravam-

se aquém dos padrões recomendados em literatura.

O alto índice de indivíduos arbóreos no intervalo de 2m a 5m de altura e que apresentaram

circunferência à altura do peito (CAP) inferior a 50 cm mostraram que os plantios foram feitos

recentes.

Com relação à altura da primeira bifurcação, a maioria das espécies não enquadrou dentro

do recomendado.

Grande parte das árvores apresentou-se pouco compatível com o espaço disponível para

crescimento, o que refletiu a falta de critério quando na seleção das espécies para o plantio. Um

exemplo é o uso do Ficus benjamina, espécie altamente contra-indicada por seu grande porte e

raízes agressivas.

O estado geral das árvores mostrou-se razoável, visto 76,6% delas estavam com cascas sem

danos, 83,8% apresentaram fuste em forma ereta, 83,8% tinham copa com boa vitalidade, 67,4%

não apresentaram lesão na copa. No entanto, 54% das raízes estavam aflorando e 44,2% dos

indivíduos tinham problemas fitossanitários.

A manutenção das árvores de ruas foi considerada deficiente, principalmente pela grande

freqüência de árvores podadas de maneira incorreta. Além das podas, as principais necessidades

de intervenções na arborização foram a ampliação da área livre, controle fitossanitário e

recuperação de injúrias mecânicas.

Algumas sugestões para melhorar as condições de implantação e manutenção das áreas

verdes públicas e arborização de ruas da cidade de Jequié:

Page 142: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

125

• Aumentar o número de espaços verdes de uso público (praças e parques), com a

oferta de infra-estrutura adequada e equipamentos de lazer e esporte, atendendo

principalmente os bairros periféricos.

• Melhorar a infra-estrutura e implantar equipamentos nas praças existentes, para

proporcionar a visitação e o uso direto destas áreas em atividades de lazer, tornando o

local mais atrativo para a população.

• Criar um ou mais Parque Municipal de pelo menos 45 ha, considerando o tamanho da

população e a recomendação de 3 m2/habitantes para esta categoria de parque.

• Estudar as possibilidades de desapropriação/aquisição e implantação de áreas verdes

na propriedade da Companhia Curtume Aliança ou nas áreas no entorno do Centro

Cívico, Lagoa próximo ao Mutirão e Lagoa do DERBA.

• Interromper os plantios de Ficus benjamina.

• Fazer a substituição da espécie Fícus benjamina de maneira gradativa, à medida que

interfiram com a infra-estrutura urbana.

• Aumentar a freqüência de plantio das espécies de pequeno e médio porte, cuja

interferência com os equipamentos urbanos é mínima.

• Elaborar estudos para utilização de espécies nativas na arborização de ruas e praças

de Jequié, principalmente as de ocorrência regional, evitando, sempre que possível, a

utilização de espécies exóticas.

• Utilizar redes de distribuição de energia mais modernas, para compatibilizá-las com

a arborização.

• Distribuir para a população uma cartilha contendo lista de espécies adequadas à

arborização de ruas, com suas restrições de uso, além da técnica e princípios básicos

de plantio.

• Adotar critérios técnicos para a execução dos plantios, de acordo com parâmetros

inerentes à cidade, como largura das ruas e passeios, afastamento predial e presença

de redes aéreas.

• Capacitar equipes do Departamento de Parques e Jardins para fazer podas apenas

dentro dos padrões técnicos recomendáveis.

• Elaborar um Plano Diretor de Arborização Urbana e Áreas Verdes para a cidade de

Jequié.

Page 143: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

126

• Exigir maior rigor no cumprimento das leis existentes de proteção do meio ambiente.

Criar legislação específica sobre Arborização Urbana e Áreas Verdes para a cidade de

Jequié.

• Efetivar o sistema integrado de espaços verdes públicos proposto no PDU (Plano

Diretor Urbano), incluindo praças, parques, áreas de preservação permanente como

margens de rio, morros e encostas.

• Implementar um Plano de Recuperação das Áreas Degradadas da cidade, com

prioridade para as margens dos rios de Contas e Jequiezinho.

• Implementar um programa de educação ambiental e divulgação em rádios, televisão,

escolas, entre outros, que visem uma maior conscientização da população para a

importância da arborização na melhoria de qualidade de vida.

Page 144: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

127

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, T. O. Inventário e análise da arborização viária da Estância Turística de

Campos de Jordão, SP. Piracicaba, 2002. 112p. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de

Agricultura “Luís de Queiroz”, Universidade de São Paulo.

BALENSIEFER, M. ; WIECHETECK, M. Arborização de cidades. Curitiba: ITCF, 1985.24 p.

BALESTRA, M. I. M.; RIGATTI, D. Projetando a cidade. Recontextualizar: um pressuposto

para a articulação das partes como um todo. In: DESENHO URBANO (Seminário sobre

Desenho Urbano no Brasil, 2). Anais, 1986. p. 51-58.

BARROS, J.; PINHEIRO, R.C. Jequié: Fatos e Fotos. Jequié, 2003, CD-Rom.

BIONDI, D. Diagnóstico da arborização de ruas da cidade do Recife. Curitiba, 1985. 167p.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Paraná.

BIONDI, D.; REISSMANN, C. B. Avaliação do vigor das árvores urbanas através de

parâmetros quantitativos. Scientia Forestalis, Piracicaba, v.52, p. 17-28, dez.1997.

BRASIL, H. M. S. Caracterização da arborização urbana: o caso de Belém. Belém. FCAP.

1995. 195 p.

BRITO, R. R. C. de. Salvador: evolução da paisagem e arborização. In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 3 Anais...Salvador: SBAU / COELBA, 1996,

p.20.

CARVALHO, L. M. de. Áreas verdes da cidade de Lavras-MG: caracterização, usos e

necessidades. Lavras, 2001. 115 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Lavras.

Page 145: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

128

CAVALHEIRO, F. Arborização Urbana: planejamento, implantação e condução. In:

Congresso Brasileiro sobre Arborização Urbana. São Luís. Anais da Sociedade Brasileira de

Arborização Urbana, p. 39-52, 1992.

CAVALHEIRO, F. Urbanização e alterações ambientais. In: TAUK, S. H. Análise Ambiental:

uma visão multidisciplinar. 2.ed. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista,

1995. p.114-124.

CEMIG - COMPANHIA ENERGÉTICA DE MINAS GERAIS. Manual de arborização. Belo

Horizonte: Superintendência de Comunicação Social e Representação, 2001. 40p.

COSTA, L. Avaliação e manejo da arborização urbana pública da cidade de Manaus.

Curitiba: UFPR, 1993. 218 p. Dissertação ( Mestrado em Engenharia Florestal) – Universidade

Federal do Paraná, 1993.

DEMATTÊ, M. E. S. P. Princípios de paisagismo. Jaboticabal: Funep, 1997. 104p.

ELETROPAULO. Guia de planejamento e manejo da arborização urbana. São Paulo:

Eletropaulo; CESP; CPFL, 1995.38 p.

FAO - FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF UNITED NATIONS. Proyecto

informacion y analisis para el manejo forestal sostenible: integrando esfuerzos nacionales e

internacionales en 13 paises tropicales en America Latina – Arboles fuera del bosque. Brasília,

abri./2001. Disponível em:<http://www.medioambiente.gov.ar/bosques/manejo_florestal-

sostenible/informes-temas:htm>. Acesso em: 07 jan. 2003.

GONÇALVES, W. Florestas urbanas. Ação Ambiental, Viçosa, v.2, n.9, p. 17-19,

dez.1999/jan.2000.

GUZZO, P. Estudos dos espaços livres de uso público da cidade de Ribeirão Preto (SP), com

detalhamento da cobertura vegetal e áreas verdes públicas em dois setores urbanos.

Dissertação de Mestrado, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, UNESP-Rio Claro, 1999.

Page 146: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

129

GUZZO, P. Programa Pró-Ciências: áreas verdes urbanas. São Paulo: USP, 1998. Disponível

em <http://educar.sp.usp.br/biologia/prociencias/areasverdes_old.html.> Acesso em: 03 set.

2002.

HARDER, I. C.F. Inventário quali-quantitativo da arborização e infra-estrutura das praças

da cidade de Vinhedo (SP). Piracicaba, 2002. 122p. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior

de Agricultura “Luís de Queiroz”, Universidade de São Paulo.

HARDT, L. P. A. Recuperação e aproveitamento de áreas degradadas e/ou marginais para

áreas verdes urbanas, In: 1º ENCONTRO BRASILEIRO SOBRE ARBORIZAÇÃO

URBANA. (1992: Vitória). Anais...Vitória, Prefeitura Municipal de Vitória. 1992. p. 73-91.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Enciclopédia dos

municípios brasileiros. Vol. XX. Rio de Janeiro – RJ: 1958.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo demográfico

do Brasil: 2000. Rio de Janeiro, 2000.

ISA - INTERNATIONAL SOCIETY OF ARBORICULTURE. Benefits of trees. Savoy: 1995.

(folheto).

JOLY, A. B. Botânica: Introdução à taxonomia vegetal. Ed. Nacional: São Paulo, 1983, 777p.

KIELBASO, J. J. Urban forestry-the international situation. In: CONGRESSO BRASILEIRO

SOBRE ARBORIZAÇÃO URBANA, 2, 1994, São Luís. Anais...São Luís: SBAU, 1994. p.3-12.

LANGOWSKI, E.; KLECHOWICZ, N. A. Manual prático de poda e arborização urbana. 3.

ed. Cianorte: APROMAC, 2001.42 p.

LINHARES, M. S.; RODRIGUES, R. C.; LORENZONI, R. A. Arborização de ilhas costeiras.

O caso da Ilha do Boi. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE ARBORIZAÇÃO URBANA, 6.,

Brasília (compact disc). 2001. Anais. Brasília: s. ed., 2001.

Page 147: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

130

LIRA FILHO, J. A. de, Arborização participativa: novo paradigma da silvicultura urbana?. Ação

Ambiental, Viçosa, v.2, n.9, p.29, dez.1999/jan.2000.

LORENZI, H. Árvores brasileiras. Nova Odessa: Editora Plantarum, 1992. 352p.

MACEDO, R. L. Aspectos da arborização urbana em região semi-árida-bairro Mandacaru,

município de Jequié-BA. 2002. 39f. Monografia (Conclusão do Curso de Biologia) –

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia .

MACEDO, S. S. Quadro do Paisagismo no Brasil. São Paulo. 1999.144p.

MAGURRAN. ANNE. Ecological diversity and its measurement. Princeton: Princeton

University Press, 1988. 179 p.

MALIARENKO, L.; BRITO, R. C. de. A introdução da vegetação de restinga na arborização

urbana da orla marítima de Salvador. In: III Congresso Brasileiro de Arborização Urbana; Anais.

Salvador: SBAU, 1996. p. 206-207.

MARCELO, V. L. S. A reestruturação urbana regional de Jequié-Bahia. Salvador, 2002. 131

p. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal da Bahia.

MARTINS JUNIOR, O. P. Uma cidade ecologicamente correta. Goiânia: A B Editora, 1996.

224 p.

MENEGHETTI, G.I.P., GONÇALVES, V.A., DASSIE, J.C.P., SILVA FILHO, N.L., Manejo da

arborização de ruas de Santos – 1993 a 1996. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE

ARBORIZAÇÃO URBANA, 3., Salvador, 1996; Anais. Salvador, 1996. p.105-116.

MESQUITA, L. de B. de Memórias do verde urbano do Recife. In: CONGRESSO

BRASILEIRO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 3, Anais...Salvador: SBAU / COELBA, 1996,

p. 60-70.

Page 148: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

131

MESQUITA, L.; SÁ CARNEIRO, A. R. O papel dos espaços livres no resgate da qualidade

ambiental do Recife. Disponível em: <http://www.ceci-br.org/textos/congressoiberoamericano>.

Acesso em: 01 Jan. de 2003.

MEUNIER, I.M.J.; CARVALHO, M.F.A. Instrumento de coleta de dados para o diagnóstico da

arborização de Recife. In: IX Encontro Nacional de Arborização Urbana, 2001, Brasília. Livros

de Resumos. FAPDF/SBAU, 2001. v.1 p.72

MILANO, M. S. Avaliação e análise da arborização de ruas de Curitiba-PR. Curitiba, 1984.

130p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Paraná.

MILANO, M.S. Avaliação quali-quantitativa e manejo da arborização urbana: exemplo de

Maringá-PR. Curitiba: UFPR, 1988. 120 p. Tese (Doutorado em Engenharia Florestal) –

Universidade Federal do Paraná, 1988.

MILANO, M.S. Curso sobre Arborização Urbana. Curitiba. Universidade Livre do meio

Ambiente. 1991. p.1-52.

MILANO, M. S. Arborização urbana: Plano diretor. Anais do II Congresso Brasileiro sobre

arborização urbana, São Luís, MA. 1994, p. 421-430.

MILANO, M. S.; DALCIN, E. Arborização de vias públicas. Rio de janeiro: Light 2000. 226 p.

MIRANDA, M. A. de L. Arborização de vias públicas. Campinas, Secretaria de Estado da

Agricultura de São Paulo, 1970. 49 p. (boletim técnico SCR, 64).

MONTEIRO, M. J. Efeitos ambientais da urbanização de Corumbá – MS. Brasília: Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 1997. (Série Meio Ambiente

em Debate, 17).

MOTA,S. Planejamento urbano e preservação ambiental. Fortaleza: Edições UFC, 1981.242

p.

Page 149: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

132

MOTTA, G. L. O, Inventário da arborização urbana. Ação Ambiental, v.2, n.9, p. 11-13,

dez.1999/jan.2000.

OLIVEIRA, C. H. Planejamento ambiental na cidade de São Carlos (SP), com ênfase nas

áreas públicas e Áreas Verdes: diagnóstico e propostas. (Dissertação de Mestrado) UFSCar,

São Carlos, 1996. 181 p.

PAIVA, H. N; GONÇALVES, W. Florestas urbanas: planejamento para melhoria da

qualidade de vida. Viçosa: Aprenda Fácil, 2002. 180p.

PEIXINHO FILHO, D. Excesso de fícus ameaça arborização das cidades. Jornal A Tarde,

Salvador, 04 de fev. de 2002. Folha dos municípios, p. 04.

PEREIRA, C.; AGAREZ, F. V. 1980. Botânica: Taxonomia e organografia dos

Angiospermae :Chaves para identificação de famílias. Ed. Interamericana: Rio de Janeiro,

190p.

PMJ – Prefeitura Municipal de Jequié - Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação.

Departamento de Expansão Econômica. Plano Diretor Urbano de Jequié. v.1 e v.2 Jequié,

1995.

PMV – PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA – Secretaria Municipal de Meio Ambiente,

Secretaria Municipal de Serviços Urbanos. Plano Diretor de Arborização e Áreas Verdes.

Vitória: PMV, 1992. 98 p.

RACHID, C.; COUTO, H. T. Z. Estudo da eficiência de dois métodos de amostragem de árvores

de rua na cidade de São Carlos – SP. Scientia Forestalis, Piracicaba, n. 56, p. 59-68,1999.

RGE - RIO GRANDE ENERGIA. Manual de Arborização e Poda. Disponível em

http://www.rge-rs.com.br/manual_poda/ acessado em 15/08/2003.

SANCHOTENE, M. C. C. Arborização viária e comunidade interativa em Porto Alegre. Ecos,

n.17, p. 14-16, mar. 2000.

Page 150: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

133

SANTOS, E. Avaliação quali-quantitativa da arborização e comparação econômica entre a

poda e a substituição da rede de distribuição de energia elétrica da região administrativa

Centro-Sul de Belo Horizonte-MG. Viçosa: UFV, 2000, 219p.

SANTOS, N. R. Z. dos; TEIXEIRA I. F. Arborização de vias públicas: ambiente x vegetação.

Porto Alegre. Ed. Pallotti. 2001. 135 p.

SBAU – SOCIEDADE BRASILEIRA DE ARBORIZAÇÃO URBANA. Carta de Londrina e

Itaporã. Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, Botucatu, v.3,

n.5, 1996.

SEI - SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA (SEI).

Anuário Estatístico 2000. v. 14, Salvador, 2000, 748 p.

SILVA, A. G. Avaliação da arborização no perímetro urbano de Cajurí-MG, pelo método

do quadro sintético. Viçosa, 2000. 150 p. Dissertação (M.S.) – Universidade Federal de Viçosa.

TAKAHASHI, L. Y. Controle e monitoramento de arborização urbana. In: ENCONTRO

NACIONAL SOBRE ARBORIZAÇÃO URBANA, 3., Curitiba. 1990. Anais... Curitiba: [s.n.],

1990. p. 115-123.

VARJABEDIAN, R. O Ambiente Urbano e Áreas Verdes. São Paulo: Centro de Apoio

Operacional das Promotorias de Justiça de Meio Ambiente, Disponível em: http: www.ceci-

br.org/textos/congressoiberoamericano.doc. Acesso em: 05 nov. de 2002.

Page 151: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

134

APÊNDICES

Page 152: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

135

Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente

Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

APÊNDICE A: PLANILHA PARA O LEVANTAMENTO QUALITATIVO DAS PRAÇAS Bairro: Rua: Denominação da área verde: Área: Estado da área: ( ) Totalmente urbanizada ( ) Parcialmente urbanizada ( ) Não urbanizada

ASPECTOS URBANÍSTICOS Pavimentação: ( )Menos de 30% da área impermeabilizada ( ) Mais de 30% da área impermeabilizada

Tipo de piso: ( )Terra nua ( ) Gramado ( )Concreto ( ) Pedra

Delimitação de canteiros: ( ) Há ( )Não Há

Iluminação: ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim

Pontos de água: ( ) Tem suficiente ( )Não tem suficiente ( ) Não tem

Equipamentos de lazer: ( ) Bancos ( ) Quadra de esporte ( ) Brinquedos ( ) Parque infantil ( ) Campo de futebol ( ) Eq. de ginástica

Equipamentos de serviço: ( ) Telefone público ( ) Ponto de táxi ( ) Box policial ( ) Lixeira ( ) Bebedouro ( ) Caixa de correio ( ) Banca de jornais ( ) Ponto de ônibus ( ) Lanches ( ) Banheiros

VEGETAÇÃO Elementos da vegetação: ( ) Forrações pisoteáveis ( ) Árvores ( ) Arbustos ( ) Não tem MANUTENÇÃO Manutenção das espécies vegetais: ( )Bom ( ) Razoável ( ) Ruim

Manutenção dos equipamentos e mobiliários: ( )Bom ( ) Razoável ( ) Ruim

Manutenção das vias de circulação: ( )Bom ( ) Razoável ( ) Ruim

Limpeza: ( )Bom ( ) Razoável ( ) Ruim

Manutenção geral da praça: ( )Bom ( ) Razoável ( ) Ruim

Page 153: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

136

UESC

Universidade Estadual de Santa Cruz

P rogram a R egional de P ós-graduação em D esenvolv im ento e M eio A m biente Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

APÊNDICE B: PLANILHA PARA O LEVANTAMENTO QUANTITATIVO DAS RUAS URBANIZADAS

NOME DA RUA ESPÉCIES

Nº da u.a.: Bairro: Data: Equipe:

Page 154: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

137

UESC

Universidade Estadual de Santa Cruz

P rogram a R egional de P ós-graduação em D esenvolv im ento e M eio A m biente Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

APÊNDICE C: PLANILHA PARA A AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS ÁRVORES DE RUA

NA: Número da árvore a ser inventariada; NI: Número do imóvel a ser inventariado

LOCALIZAÇÃO DA ÁRVORE

ESTADO VEGET.

CARACTERÍSTICAS DO MEIO

POSIÇÃO DO PLANTIO

CARACT. DA ESPÉCIE

CONDIÇÃO GERAL DA ÁRVORE Tronco Raiz Copa Rua NA NI Espécie

Mor

ta

Viv

a

Larg

ura

do p

asse

io

Larg

ura

da ru

a

Con

diçõ

es lo

cais

Inte

rfer

ênci

as p

rese

ntes

NO

TA

( m

édia

)

Reg

ular

idad

e do

pla

ntio

Dis

t. a

rvor

e ao

mei

o fi

o

Afa

stam

ento

pre

dial

Áre

a liv

re

NO

TA

( M

édia

)

Dis

tânc

ia à

árv

ore

segu

inte

Altu

ra d

a Á

rvor

e

Cir

cunf

erên

cia

a al

tura

do

peito

Altu

ra d

a 1º

bifu

rcaç

ão

CO

MP

ATI

BIL

IDA

DE

Est

ado

da c

asca

Form

a d

o tr

onco

Est

ado

da ra

iz

Vita

lidad

e

Injú

ria

mec

ânic

a

Con

diçõ

es fi

toss

anitá

rias

NO

TA

( m

édia

)

Nº da u.a.: Bairro: Data: Equipe:

Page 155: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

138

UESC

Universidade Estadual de Santa Cruz

P rogram a R egional de P ós-graduação em D esenvolv im ento e M eio A m biente Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente

APÊNDICE D: PLANILHA PARA A AVALIAÇÃO QUALITATIVA DAS ÁRVORES DE RUA / MANEJO

Podas Podas anteriores Necessidade de podas

Necessidades de outras intervenções

Podas mal executadas

Podas bem executadas

Sem podas

anteriores

Poda pesada

Poda leve

Não necessária

Substituição ou replantio

Recuperar Injúria

Mecânica

Ampliação da área

livre

Combate à pragas e/ou doenças

Tutoramento, recuperação ou reposição do

gradio

Irrigação

Nº da u.a.: Bairro: Data: Equipe:

Page 156: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

139

APÊNDICE E. Relação das áreas verdes existentes na cidade de Jequié/Ba, com as respectivas localizações e áreas (m2), em 2003.

Nº DE ORD. TIPO DE ÁREA VERDE ENDEREÇO BAIRRO ÁREA

(m2) PRAÇAS 1 Praça do Estádio Av. Exupério Miranda Mandacarú 7.751 2 Praça da Rua Vitória R. Vitória Mandacarú 271 3 Praça Cavalheiro de Aruanda Av. Landulfo Caribé Centro 936 4 Praça Luiz Viana R. Apolinário Peleteiro Centro 2.087 5 Praça Rui Barbosa R. Silva Jardim Centro 7.470 6 Praça da Matriz R. 2 de Julho Centro 5.407 7 Praça Vicente Leoni Av. São Bernardo Centro 1.146 8 Praça Antônio Brito R. Alvares Cabral Centro 2.221 9 Praça da Criança R. Cônego Jacinto Centro 704 10 Praça Joaquim Nabuco R. Stº Antônio Centro 491 11 Praça Miguel Bahiense R. Manoel V. Santos Centro 503 12 Praça Vicente Grillo R. 15 de Novembro Centro 1.075 13 Praça Do Viveiro Av. Rio Branco Viveiro 3.235 14 Praça 13 de Março R. 15 de Novembro Centro 505 15 Praça Nossa Sª Aparecida Av. Lomanto Junior Cidade Nova 4.615 16 Praça Túlio de Paulo Ribeiro R. Princesa Isabel Joaquim Romão 18.501 17 Praça José de Alencar R. Felix Batista Joaquim Romão 766 18 Praça do Bondoso R. Itagí Joaquim Romão 364 19 Praça João XXIII Av. Gov. Lomanto Junior Joaquim Romão 7.444 20 Praça Do Cemitério S. João Batista R. Senhor dos Passos Joaquim Romão 1.276

Page 157: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

140

Nº DE ORD.

TIPO DE ÁREA VERDE ENDEREÇO BAIRRO ÁREA

(m2)

21 Hilda E. Sampaio R. Felix Batista Joaquim Romão 110 22 do Antigo Posto M. Ant. Av. Tote Lomanto Joaquim Romão 1.147 23 da Rua Capitão Sá R. Capitão Sá Joaquim Romão 492 24 Otaviano Soback Av. João Goulart Jequiezinho 410 25 Ademar Nunes Vieira Av. Lions Clube Jequiezinho 1.372 26 Praça Jornalista Jorge Calmon Av. Lions Clube Jequiezinho 2.119 27 Praça Luís Gonzaga Av. Vavá Lomanto Jequiezinho 5.394 28 Praça da Av. 1 Av. 1 / Jardim Eldorado Jequiezinho 653 29 Praça da Rua 1 R. 1 / URBIS I Jequiezinho 981 30 Praça Germiniano Saback R. 1 / URBIS I Jequiezinho 1.165 31 Praça da Rua 2 R. 2 / URBIS I Jequiezinho 1.097 32 Praça da Amizade R.D / URBIS I Jequiezinho 1.043 33 Praça Dr. Agnaldo D. Souza Caminho O / URBIS I Jequiezinho 808 34 Praça Gov. Waldir Pires R. Yolanda Pires Jequiezinho 1.266 35 Praça Dr. Manoel Pereira Av. Lomanto C. Bitencourt Jequiezinho 356 36 Praça Juracy Magalhães R. Felicíssimo J. Silva Jequiezinho 2.292 37 Praça Des. Cícero D. Brito R. P / URBIS IV Jequiezinho 2.620 38 Praça Des.Mário Albiane R. P / URBIS IV Jequiezinho 11.211 39 Praça Verde R. P / URBIS IV Jequiezinho 1.865 40 Praça da Rua 1 R. 1 / URBIS IV Jequiezinho 3.533 41 Praça do Bolo R. L / URBIS IV Jequiezinho 4.076 42 Praça da Rua 62 e 64 Caminho 35 / URBIS IV Jequiezinho 924 43 Praça Rio de Janeiro R. Nova Brasília / P da Colina Jequiezinho 1.388 44 Praça Nova Brasília 1 R. Nova Brasília / P da Colina Jequiezinho 1.649

Page 158: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

141

Nº DE ORD.

TIPO DE ÁREA VERDE ENDEREÇO BAIRRO ÁREA

(m2)

45 Praça Nova Brasília 2 R. Nova Brasília / P da Colina Jequiezinho 924 46 da Rua B R. B / C.H.P. das Algarobas Jequiezinho 1.388 47 Praça Manoel Moura Av. Presidente Vargas Jequiezinho 1.649 48 Praça Patrícia R. Dep. Manoel Novaes São Luís 2.206

121.360 PRAÇAS EM PROJETO

49 Praça do Curral Novo Av. Barragem de Pedras Curral Novo 1.412 50 Praça do Mandacaru Av. Otávio Mangabeira Mandacarú 3.831 51 Praça Brinco de Ouro R. Maria Adélia Bela Vista 5.295 52 Praça do Centenário Av. João Goulart Jequiezinho 6.162 53 Praça do Agarradão R. C Jequiezinho 11.180

27.880 ÁREAS INSTITUCIONAIS

54 Hospital Prado Valadares R. Santo Antônio Centro 15.600 55 DNIT R. Belício Chaves Cidade Nova 49.850 56 Complexo policial Av. Gov. Lomanto Junior Cidade Nova 32.011 57 Ginásio de Esportes Av. Landulfo caribé Jequiezinho 16.136

Page 159: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

142

Nº DE ORD.

TIPO DE ÁREA VERDE ENDEREÇO BAIRRO ÁREA

(m2)

58 PRONAICA-CAIC R. D Jequiezinho 11.970 59 Centro de Cultura Antônio Carlos Magalhães Av. Radial Jequiezinho 14.200 60 Campus Universitário-UESB Av. José Moreira Jeuiezinho 15.106 61 Aeroporto Av. Lions Club Jequiezinho 213.903 62 Parque de Exposição Av. Parque de Esposições Jequiezinho 220.016 63 Centro Social Urbano-CSU Av. Radial II Jequiezinho 22.632 64 Serviço Nacional de Aprendizagem Ind.-SENAI R. B Centro Industrial 21.368 65 Estação de Tratamento de Esgoto.-EMBASA Caminho 35 Jequiezinho 500.704 66 Estação de Tratamento de Água-EMBASA R. Juca rebouças Jequiezinho 159.611 67 Escola Profissional de Jequié Av. Otávio Mangabeira Mandacarú 97.267 68 Grupo Escolar Prfª Adelaide R. Lima R. Boafogo Mandacarú 2.875 69 Grupo Escolar Anísio Teixeira R. Agapito Fernandes Jequiezinho 3.105 70 Colégio Estadual Prfº Magalhães Neto Av. Gov. Lomanto Junior Joaquim Romão 2.151 71 Escola Rosa Levita Av. Lions Club Jequiezinho 1.721 72 Grupo Escolar Climério de Andrade R. João Rosa Jequiezinho 2.104 73 Instituto Batista Jequiense R. Dep. Manoel Novais São Luís 839 74 Grupo Escolar Alto da Coelba R. Profª Virgínia R. Jequiezinho 1.037 75 Escola Polivalente Edvaldo Boaventura Av. Franz Gedeon Jequiezinho 19.207 76 Escola Estadual Luiz Navarro de Brito Av. Ulisses Coelho Km 3 1.147 77 Grupo Escolar Faraildes Santos R. Curral Novo Curral Novo 1.305 78 Grupo Escolar Profª Floripes Sodré Av. Gov. Lomanto Junior Cidade Nova 1.305 79 Escola Duque de Caxias R. Dom Climério Joaquim Romão 2.788 80 Grupo Escolar Prfº Firmo N. de Oliveira R. João José Joaquim Romão 1.914 81 Escola Estadual do 1º Grau Prfº Laerte C. T. José M. Sobrinho Jequiezinho 713 82 Grupo Escolar Franz Gedeon R. Maria Adélia Jequiezinho 622 83 Escola Estadual Profª Anita Rabelo R. Ademar de Barros Km 4 1.045 84 Escola Vasco filho R. Ulisses Coelho Lima Km 4 294

Page 160: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

143

Nº DE ORD. TIPO DE ÁREA VERDE ENDEREÇO BAIRRO ÁREA

(m2)

85 Escola Estadual Jornalista F. Barreto R. Guilherme Fernandes Jequiezinho 2.940 86 Grupo Escolar Lomanto Junior R. Cel. Erotides Soares São José 2.854 87 Instituto de Educação Régis Pacheco R. 15 de novembro Centro 23.814 88 Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães Av. Gov. César Borges Jequiezinho 5.981 89 Centro Educacional Prfº Brito R. Itajurú Joaquim Romão 1.175 90 Centro Educacional Presidente Médice R. Princesa Isabel Joaquim Romão 2.410 91 Colégio Municipal Prfª Alíria A. Pereira R. Bruno Neto Mandacarú 1.070 92 Ginásio Municipal Gersino Coelho R. do Corte B Joaquim Romão 2.89 1.477.680 CANTEIRO CENTRAL AJARDINADO

93 Av. São Bernardo Av. São Bernardo São Luís 1.081 94 Av. Artur Moraes Av. Artur Moraes Jequiezinho 1.810 95 Rua Juca Rebouças R. Juca Rebouças Jequiezinho 1.485 96 Rua Catulo da Paixão R. Catulo da Paixão Jequiezinho 924 97 Rua José Moreira Sobrinho R. José Moreira Sobrinho Jequiezinho 5.740 98 Rua Candinha Barreto R. Candinha Barreto Jequiezinho 4.500 15.540 CEMITÉRIOS

99 Cemitério São João Batista R. Senhor dos Passos Joaquim Romão 11.530 100 Cemitério São Sebastião R. São Sebastião Curral Novo 15.633 101 Cemitérios São Lázaro R. Juca Rebouças Jequiezinho 10.074

32.240

Page 161: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

144

Nº DE ORD. TIPO DE ÁREA VERDE ENDEREÇO BAIRRO ÁREA

(m2) RÓTULAS DE AVENIDAS

102 1º Rótula do Centro Industrial Av. Otávio Mangabeira Centro Industrial 1.812 103 2º Rótula do Centro Industrial Av. Otávio mangabeira Centro Industrial 4.027 104 Rótula da BR-116 BR-116 Km 3 10.026 105 Rótula do Posto Oásis R. João Braga Jequiezinho 3.515

19.380 ESTACIONAMENTOS

106 Estacionamento do Aeroporto R. Lions Club Jequiezinho 10.750 10.750

ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

107 Faixa Marginal do Rio de Contas - - 1.585.555 108 Faixa Marginal do Rio Jequiezinho - - 190.675

1.776.230 HORTOS

109 Horto Florestal R. C Jequiezinho 9.980 9.980 TOTAL 3.491.040

Page 162: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

145

APÊNDICE F: Unidades de amostras sorteadas (ruas/avenidas) para a estimativa do número de árvores da área não urbanizados da cidade de Jequié/Ba, 2003. Nºda U.A Localização Bairro Quantidade

de árvores Comprimento da U.A.(m)

Árvores por/km

143 T. da E. Lapa Cidade Nova 0 180 0 142 R. J. Batista Cidade Nova 5 150 33,3 151 R. E. Lapa Cidade Nova 11 80 137,5 159 R. S. J. Batista Cidade Nova 29 550 52,7 157 T. P. Kennedy Cidade Nova 18 400 45,0 156 R. B. Vermelho Cidade Nova 5 250 20,0 134 R. L. Cidade Nova Cidade Nova 14 400 35,0 165 R. Mª Biondi Cidade Nova 72 550 130,9 123 R. B. Chaves Cidade Nova 35 400 87,5 196 R. Alves M. Cidade Nova 18 150 120,0 163 R. M. Biony Cidade Nova 138 1.000 138,0 155 4ª T. E. Lapa Cidade Nova 1 170 5,9 172 R.Belém Cidade Nova 8 100 80,0 205 R. M. Rosa Curral Novo 23 450 51,1 201 R. S. Sebastião Curral Novo 16 450 35,6 214 R. 3 Curral Novo 25 150 166,7 302 T. F. Batista Sol Nascente 5 100 50,0 219 R. D.. F. Ferraz Sol Nascente 27 370 72,9 224 R. G. Caribé Sol Nascente 23 560 41,1 242 R. L.. J. Primavera Sol Nascente 6 300 19,8 256 2ª T. A.da Costa Caixa D’Água 22 270 81,5 244 5ª T. H. Campos Caixa D’Água 11 200 55,0 260 R.C. D'Água Caixa D’Água 27 250 108,0 258 4ª T. A. da Costa Caixa D’Água 5 80 62,5 268 2ª T. Osvaldo de S. Caixa D’Água 7 250 28,0 266 5ª T. A. da Costa Caixa D’Água 24 280 85,7 69 1ª T. IBC Km 3 3 200 15,0 65 R. Toá Km 3 6 100 60,0 74 R. V. do Rio Km 3 0 210 0

Page 163: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

146

Nº da U.A. Localização Bairro Quantidade

de árvores Comprimento da U.A. (m)

Árvores por/km

53 R. G. Escolar Km 3 13 180 72,2 48 R. A. Camilo Km 3 14 430 32,6 78 R. S. José Km 3 4 80 50,0 71 T. J. Ferreira Km 3 0 200 0 85 T. da Olaria Km 3 0 150 0 103 R. S. João Km 3 3 50 60,0 99 R. L. Comunitário Km 3 9 300 30,0 100 R. J. Bonifácio Km 3 2 150 13,3 77 T. da R. Stº Antônio Km 3 8 230 34,8 118 T. L. do campo Km 4 0 50 0 115 R. Largo do Campo Km 4 2 450 4,4 16 Av. Fluminense Mandacaru 36 600 60,0 41 3º T. D. Ferreira Mandacaru 4 200 20,0 37 Sem nome Mandacaru 0 70 0 39 3º T. M. Calmon Mandacaru 5 170 29,4 25 Av. B. Neto Mandacaru 162 1.000 162 36 R. R. P. Lisboa Mandacarú 31 300 103,3 8 R. Marinês de M. G. Itaigara 73 700 104,3 6 R. Prof. R. F. Costa Itaigara 121 800 151,3 3 R. A. Lomanto Itaigara 30 350 85,7 2 R. D. J. Fernandes Itaigara 59 550 107,3

11 R. Francisco P. Gomes Itaigara 59 700 84,3 31 R. Rodolfo P. Lisboa Itaigara 31 300 103,3 43 R. Damião Viana C. Industrial 1 200 5,0 551 T. da Av. P. A. Freitas Centro 0 300 0 555 R. J. Eloy Silveira Centro 2 200 10,0 559 R. Jitúna J. Romão 2 100 20 557 4ª T. Argemiro Melo J. Romão 30 160 187,5 558 R. Berto Palma J.Romão 48 200 240,0 539 2ª T. da Rua 4 Amaralina 3 170 17,6 542 R. Sem Nome Amaralina 0 50 0

Page 164: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

147

Nº da U.A. Localização Bairro Quantidade

de árvores Comprimento da U.A. (m)

Árvores por/km

538 T. Sem Nome Amaralina 0 150 0 541 1ª T. da Rua 4 Amaralina 0 60 0 532 R. 5 Amaralina 10 60 166,7 546 T.da rua 6 Amaralina 0 50 0 536 T. da rua 8 Amaralina 2 50 40,0 531 R. 6 Amaralina 6 740 8,0 535 R.1 Amaralina 6 450 13,3 529 R.8 Amaralina 8 850 9,4 497 Av. Sete S. Judas Tadeu 41 50 82,0 498 R. 8 S. Judas Tadeu 51 420 121,4 504 R. 14 S. Judas Tadeu 20 200 100,0 527 R. Sem Nome Mutirão 0 100 0 490 T. da Rua C P. das Algarobas 1 150 6,7 492 R. Sem Nome P. das Algarobas 0 110 0 488 R. Sem Nome P. das Algarobas 0 150 0 416 3º T. E. Soares Boa Vista 4 250 16,0 420 T. da Av.Operários Boa Vista 0 100 0 415 R. J. Inácio Santos Boa Vista 2 120 16,7 405 R. Adriano Borges Boa Vista 3 210 14,3 411 R. José Português Boa Vista 22 250 88,0 424 R. Sem Nome Boa Vista 0 210 0 407 R. José Brito Costa Boa Vista 27 280 96,4 412 T. Everaldo Santos Boa Vista 51 450 113,3 403 R. Everaldo Santos Boa Vista 38 410 92,7 440 R. G. Ribeiro Vila Central 27 240 112,5 442 R. Sem Nome Vila Central 0 170 0 398 R. A. Pereira P. da Colina 30 380 78,9 358 R. Porto Velho P. da Colina 0 270 0 367 R. Jequié P. da Colina 5 100 50,0 341 R. E Água Branca 20 310 64,5 351 R. L Água Branca 34 220 154,5 390 R. Mato Grosso Água Branca 6 120 50,0 352 R. Vovó Camila Água Branca 19 300 63,3

Page 165: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ ...šNIOR...distância da árvore ao meio-fio, o afastamento predial bem como a área livre de crescimento das árvores encontravam-se aquém do

148

Nº da U.A. Localização Bairro Quantidade

de árvores Comprimento da U.A. (m)

Árvores por/km

343 R. O Água Branca 46 380 121,1 335 R. U Água Branca 39 550 70,7 383 R. C. de Anápolis Água Branca 5 230 21,7 315 R. Sem Nome Jardim Eldorado 0 200 0 309 Av. 1 Jardim Eldorado 2 520 3.8 319 T. da R. Antônio B Jardim Eldorado 3 330 9,1 308 R. Sem Nome Jardim Eldorado 1 140 7,1 323 R. Sem Nome Jardim Eldorado 0 210 0 456 R. Lourival Ribeiro Bela Vista 17 110 154,1 457 T. da C. Barreto Bela Vista 4 250 16,0 462 R. G Bela Vista 7 190 36,8 453 R. Eliel C. Mendes Bela Vista 65 370 175,7 451 R. A. Brandão Bela Vista 55 1.100 50,0 474 R. A Convento 13 100 130,0 475 T. João Rosa URBIS IV 22 180 122,2 479 R. B Aeroporto 18 170 105,9

TOTAIS 2.076 31.000 66,9