universidade estadual de londrina · do trabalho. À profª. drª. daniele sartori, por toda a...

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FERNANDA APARECIDA PIRES FAZION EFEITO DO GENE cry SOBRE A CAPACIDADE DE GERMINAÇÃO, CRESCIMENTO E ESPORULAÇÃO DE Bacillus thuringiensis INFECTANDO LARVAS DE Anticarsia gemmatalis Londrina 2013 Universidade Estadual de Londrina

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FERNANDA APARECIDA PIRES FAZION

EFEITO DO GENE cry SOBRE A CAPACIDADE DE

GERMINAÇÃO, CRESCIMENTO E ESPORULAÇÃO DE

Bacillus thuringiensis INFECTANDO LARVAS DE

Anticarsia gemmatalis

Londrina

2013

Universidade Estadual de Londrina

FERNANDA APARECIDA PIRES FAZION

EFEITO DO GENE cry SOBRE A CAPACIDADE DE

GERMINAÇÃO, CRESCIMENTO E ESPORULAÇÃO DE

Bacillus thuringiensis INFECTANDO LARVAS DE

Anticarsia gemmatalis

Defesa apresentada ao Programa de Pós–

Graduação em Genética e Biologia

Molecular, da Universidade Estadual de

Londrina, como requisito para a obtenção do

título de mestre.

Orientadora: Profª. Drª. Gislayne Fernandes

Lemes Trindade Vilas-Bôas.

Londrina

2013

FERNANDA APARECIDA PIRES FAZION

EFEITO DO GENE cry SOBRE A CAPACIDADE DE

GERMINAÇÃO, CRESCIMENTO E ESPORULAÇÃO DE

Bacillus thuringiensis INFECTANDO LARVAS DE

Anticarsia gemmatalis

Defesa apresentada ao Programa de Pós–

Graduação em Genética e Biologia

Molecular, da Universidade Estadual de

Londrina, como requisito para a obtenção do

título de mestre.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________

Profª. Drª. Gislayne Fernandes Lemes

Trindade Vilas-Bôas

Universidade Estadual de Londrina

__________________________________

Prof. Dr. Daniel Ricardo Sosa-Gomez

Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária

__________________________________

Prof.ª Dr.ª Gisele Maria de Andrade de

Nobrega

Universidade Estadual de Londrina

Londrina, 28 de fevereiro de 2013.

DEDICATÓRIA

À Deus

Aos Meus Pais,

Américo José Fazion

Cleusa Maria Netto Pires Fazion

Às Minhas Irmãs,

Mariangela Pires Fazion

Heloisa Pires Fazion

À Deus, acima de tudo, por me abençoar

nessa caminhada, me ajudando a superar

todos os desafios. Por me proporcionar uma

vida maravilhosa, ao lado de pessoas

incríveis que me ajudam e que me fazem

superar cada dificuldade. Aos meus

familiares, por tudo que me ensinaram e

principalmente pelo apoio incondicional nos

momentos mais difíceis dessa caminhada.

Devo essa conquista à eles, que não me

deixaram desistir dos objetivos.

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

À Profª. Drª. Gislayne Trindade Vilas-Bôas &

Prof. Dr. Laurival Antonio Vilas-Boas

Pela atenção, apoio e por todo conhecimento que me proporcionaram,

me apoiando e ajudando sempre que dúvidas surgiam. Pelos conselhos e principalmente

por todo conhecimento que adquiri nesses anos, agradeço a paciência das imensas

conversas sobre esse grupo fascinante de bactérias e também pelas conversas pessoais,

por sempre entenderem quando estava triste ou precisando de um incentivo, sou muito

grata a tudo.

AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-graduação em Genética e Biologia Molecular da

Universidade Estadual de Londrina, pela formação profissional e pessoal.

À Universidade Estadual de Londrina, pelo acolhimento nesses

últimos anos. Ao Prof. Dr. Daniel Ricardo Sosa-Gomez e Prof.ª Dr.ª Gisele Maria de

Andrade de Nobrega, membros da banca examinadora, pela importante contribuição e

disponibilidade em avaliar este trabalho.

Ao Prof. Dr. Túlio Oliveira de Carvalho por toda ajuda com as

análises estatísticas e apoio na interpretação dos resultados.

À EMBRAPA, especialmente ao Prof. Dr. Daniel Ricardo Sosa-

Gomez, juntamente com os técnicos Fábio e Ivanilda, todos com uma simpatia incrível

me proporcionaram estrutura material, conselhos e suporte intelectual para a realização

do trabalho.

À Profª. Drª. Daniele Sartori, por toda a ajuda e contribuição para

melhora deste trabalho.

À Profª. Drª. Ana Lúcia Dias com seu trabalho muito competente na

coordenação da Pós-graduação em Genética e Biologia Molecular me apoiou em um

momento difícil, com uma conversa e um abraço aconchegantes.

Aos meus pais e irmãs, que sempre com um carinho enorme, me

acolheram e me incentivaram com um amor incondicional. Sem essas pessoas

maravilhosas não teria conseguido finalizar essa etapa. Por todas as idas na UEL nos

finais de semana, por entenderem meu trabalho e nunca me deixarem desanimar.

À minha amiga de mestrado Ana Paula que sempre me apoiou e

contribuiu muito com conselhos e principalmente incentivos para que este trabalho

fosse finallizado. Apesar de todos os “perrengues” que passamos esses anos, ela sempre

estava presente pra ouvir e acalmar minhas inseguranças. Não posso esquecer do

divertimento nas aulas de francês, envolvendo o futuro marido João.

Ao meu amigo Gabriel, que sempre me deu conselhos muito bons, e

sempre foi muito preocupado com meus momentos difíceis, agradeço à ele por me

ajudar a superar problemas pessoais que surgiram nessa caminhada.

À queridíssima “Roseane”, com quem me divirto muito, com as

dormidas de crachá e com cassinos, com os almoços às 10:30 e com idas no laboratório

em horários fora do expediente. Sempre me ouvindo a qualquer hora, me dando

conselhos, mesmo que pelo telefone, sempre me compreende e me ajuda a superar cada

desafio que surge, me dizendo palavras de carinho e aconchego, nas quais me sinto

melhor pra continuar meu caminho.

Ao meu amigo Thiago Vidotto, com junto com a Josi me

proporcionou momentos muito alegres e teve disposição para me presentear com fotos

maravilhosas das minhas queridas lagartas.

À Amanda, vulgo João, que sempre está de bom humor e fazendo as

mulheres do lab gastarem no eBay, mas estou totalmente agradecida por toda a ajuda e

preocupação que a Amanda dedicou para que nosso trabalho, por todas as lagartas

maceradas, diluídas e inoculadas que enfrentamos juntas. Por todo apoio emocional que

ela me proporcionou, me animando sempre que as coisas ficavam difíceis.

À mulherada do lab, com quem adoro conviver e que me animam a

cada dia e me proporcionam muitas risadas. À Lully que é sempre animada e tem

conselhos sensatos pra me apoiar. A Pri que está começando no lab, sendo sempre

simpática e prestativa, sem falar nos deliciosos cookies. À querida Fer, que é uma

pessoa maravilhosa, que sempre torceu por mim e me incentivou com conversas ótimas

que me fizeram sentir conforto e vontade de continuar. À Jana e Kelly, sempre queridas

e ajudando a manter o lab muito agradável.

Ao Andrézinho, o melhor músico, sempre que estava presente o lab

tudo era muito mais animado, com as “melhores músicas” (sertanejas), e com as

conversas mais engraçadas. Ao André Nadal, com seu inglês que me ajudou muito e

com as análises de bioestastística. Ao Shang, que mesmo por ao estar mais no lab

ajudou muito com as conversas mirabolantes e assuntos inesperados.

À Edna pelas conversas e incentivos, pelas palavras de carinho e

sabedoria que me proporcionou nesses anos.

Ao técnico João Godoy pelos momentos de descontração nesses anos.

À querida amiga Sueli, secretária do Programa de Mestrado em

Genética e Biologia Molecular, por toda disposição em sempre nos ajudar e nos lembrar

de todos os prazos possíveis.

À CAPES pela concessão da bolsa de mestrado.

À Deus, por definitivamente tudo. Sempre estando ao meu lado e me

dando cada dia mais força e coragem para encarar as dificuldades.

FAZION, Fernanda Aparecida Pires; VILAS-BÔAS, Gislayne Fernandes Lemes

Trindade. EFEITO DO GENE cry SOBRE A CAPACIDADE DE GERMINAÇÃO,

CRESCIMENTO E ESPORULAÇÃO DE Bacillus thuringiensis INFECTANDO

LARVAS DE Anticarsia gemmatalis. 2013. 79. Defesa (Programa de Pós–Graduação em

Genética e Biologia Molecular) - Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2012.

RESUMO

A sistemática bacteriana não possui até hoje consenso quanto ao conceito de espécie, o

que tem gerado discussões sobre a classificação de diferentes espécies, como as

estudadas dentro do grupo Bacillus cereus sensu lato, que inclui além de Bacillus

anthracis, B. cereus sensu stricto e Bacillus thuringiensis. Essas duas últimas espécies

compartilham um grande nível de similaridade genética e são fenotipicamente idênticas.

A diferenciação destas espécies é realizada por um gene plasmidial, denominado gene

cry. Esse gene codifica um cristal paraesporal (composto por proteínas Cry) que confere

a atividade entomopatogênica. Uma das formas de dispersão desses plasmídeos é pelo

processo de conjugação. Essa troca de material genético entre as espécies de bactérias

dificulta a classificação dessas espécies. Com o objetivo de avaliar a influência do

plasmídeo pHT73 e do gene cry1Ac sobre o comportamento de linhagens de B.

thuringiensis, larvas de 2º ínstar de Anticarsia gemmatalis, foram alimentadas com

dietas contendo culturas esporuladas dessa espécie bacteriana. Em seguida, cada larva

foi avaliada quanto à germinação de esporos, multiplicação e sobrevivência das

linhagens selvagens, B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1; B. thuringiensis

subsp. kurstaki KT0 pHT73-EmR e B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0

pHT73Δcry1Ac TetR, e linhagens exconjugantes B. thuringiensis subsp. thuringiensis

407-1 pHT73-EmR e B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73Δcry1Ac Tet

R,

sendo que cada experimento foi realizado com 10 repetições. As avaliações foram

realizadas em diversos tempos, incluindo um tempo antes da morte, t0, t24 e t48 horas

após a morte das larvas. As análises estatísticas evidenciaram que linhagens contendo o

plasmídeo pHT73-EmR se multiplicam em uma taxa maior que linhagens contendo o

plasmídeo pHT73Δcry1Ac TetR, demonstrando que o gene cry confere uma vantagem

nas linhagens que o abrigam. As linhagens que possuem o plasmídeo pHT73Δcry1Ac

TetR

se multiplicam a uma taxa maior que linhagens que não apresentam nenhum dos

dois plasmídeos estudados. Portanto, as linhagens que possuem o plasmídeo pHT73-

EmR

são mais adaptadas ao ambiente larval quando comparadas às linhagens que

carregam o plasmídeo pHT73Δcry1Ac TetR

ou as que não possuem nenhum dos dois

plasmídeos. As linhagens que abrigam o plasmídeo pHT73Δcry1Ac TetR

possuem uma

vantagem em relação as linhagens que não contem nenhum dos dois plasmídeos, com

isso pode-se inferir que existem outros genes plasmidiais que influenciam no

comportamento de linhagens desse grupo bacteriano. Estudos posteriores poderão

evidenciar se essa influência do plasmídeo pHT73 e do gene cry1Ac sobre o

comportamento de linhagens de B. thuringiensis é espécie específico ou se essa

influência ocorre também em linhagens de B. cereus, além de apontar o papel desses

genes e sua importância no comportamento bacteriano.

Palavras-chave: Bacillus cereus sensu lato. Comportamento. Conjugação. Plasmídeo.

FAZION, Fernanda Aparecida Pires; VILAS-BÔAS, Gislayne Fernandes Lemes

Trindade. EFFECT OF cry GENE IN BEHAVIOR OF Bacillus thuringiensis

STRAINS IN Anticarsia gemmatalis LARVAE. 2013. 70. Defesa (Programa de Pós–

Graduação em Genética e Biologia Molecular) - Universidade Estadual de Londrina,

Londrina, 2012.

ABSTRACT

The bacterial systematic has so far not consensus about species concept, which has

generated discussions on the classification of different species, such as those studied

within the group Bacillus cereus sensu lato, which includes mainly Bacillus anthracis,

B. cereus sensu stricto and Bacillus thuringiensis. These latter two species share a high

level of chromosomal similarity and are phenotypically identical. The differentiation of

these species is carried by plasmid genes, denominated cry genes. These genes encode a

paraesporal crystal (composed by Cry proteins) that confers entomopathogenic activity.

The dispersion of these plasmids occurs by conjugation process. This exchange of

genetic material between bacterial species complicates their classification. Aiming to

evaluate the behavior of B. thuringiensis strains, second instar Anticarsia gemmatalis

larvae were fed with diets containing sporulated cultures of this bacterial species. Thus,

each larva was assessed for spore germination, proliferation and survival of the strains

B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1; B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0

pHT73-EmR and B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73Δcry1Ac Tet

R, and

exconjugants strains, B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73-EmR and B.

thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73Δcry1Ac TetR, and each experiment was

performed with 10 repetitions. The evaluations were done at different times, including

one time before death, t0, t24 and t48 hours after the death of the larvae. Statistical

analyzes showed that strains containing plasmid-pHT73-EmR multiply at a higher rate

than strains containing plasmid pHT73Δcry1Ac TetR, demonstrating that the cry gene

confers an advantage in strains that harbor. Strains that containing the plasmid

pHT73Δcry1Ac TetR multiply at a higher rate than strains that have none of the two

plasmids studied. Therefore, strains containing the plasmid pHT73-EmR are more

adapted to the larval environment when compared to strains that carry the plasmid

pHT73Δcry1Ac TetR or those without any of the two plasmids. Strains containing the

plasmid pHT73Δcry1Ac TetR have are more adapted than strains that do not contains

any of the two plasmids. Therefore, it can be inferred that there are other plasmid genes

that influence the behavior of this group of bacterial strains. Further studies may reveal

whether the influence of the pHT73 plasmid and of the cry1Acgene about the behavior

of B. thuringiensis strains is species specific or whether this effect also occurs in strains

of B. cereus, besides indicating the role of these genes and their importance in bacterial

behavior.

Key words: Bacillus cereus sensu lato. Behavior. Conjugation. Plasmid.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – A ecologia complexa de B. thuringiensis. Diagrama dos locais em que B.

thuringiensis tem sido isolado e, onde, pode ocorrer multiplicação celular. Possíveis

locais de multiplicação incluem o solo, a rizosfera, o filoplano e outros tecidos das

plantas, dentro de insetos vivos ou mortos, ou dentro de outros invertebrados. B.

thuringiensis é mostrado na forma vegetativa (retângulos vermelhos) e na forma de

esporos (elipses amarelas) e cristais (losangos rosas) .................................................... 1

Figura 2 – Modo de ação das proteínas Cry. (1) Solubilização e ativação da toxina; (2)

ligação dos monômeros da toxina no primeiro receptor induzindo a mudança na

conformação da toxina (3) formação do oligômero; (4) ligação do oligômero de toxina

no segundo receptor; (5) inserção do oligômero da toxina na membrana e formação do

poro .................................................................................................................................. 3

Figura 3 – Colônias e fotomicrografias ópticas de (A) B. thuringiensis e (B) B. cereus.

(1) células vegetativas; (2) término da fase estacionária; (3) esporulação completa, com

presença de esporos e cristais em B. thuringiensis e somente esporos em B. cereus ..... 8

Figura 4 – Eletromicrografia de varredura do processo de conjugação em bactérias

Gram-positivas, compreendendo células doadoras (linhagem AND801) e células

receptoras (linhagem GBJ001) ...................................................................................... 11

Figura 5 – Representação esquemática dos modelos de retromobilização. (A) Modelo

de transferência bidirecional: transferência do plasmídeo conjugativo para a célula

receptora ocorre simultaneamente com a transferência do plasmídeo mobilizável para a

doadora por apenas um evento de conjugação. (B) Modelo de transferência

unidirecional: o primeiro evento conjugativo permite a transferência do plasmídeo

conjugativo para a receptora, enquanto que um segundo evento permite a transferência

do plasmídeo mobilizável para a doadora. Elipse grande: plasmídeo conjugativo;

Círculo pequeno: plasmídeo mobilizável; linha fina: célula receptora; linha grossa:

célula doadora; setas brancas: indicação da transferência dos plasmídeos e setas pretas:

resultado da transferência .............................................................................................. 13

Figura 6 – Representação esquemática de conjugação biparental e triparental.

Conjugação refere-se à transferência de plasmídeos conjugativos, enquanto a

mobilização e retromobilização refere-se à transferência de plasmídeos mobilizáveis.

(A) Conjugação biparental: conjugação para a receptora (1); (B) Mobilização biparental:

conjugação para a receptora (1), mobilização para a receptora (2), e transferência de

ambos os plasmídeos para a receptora (3). (C) Retromobilização biparental: conjugação

para a receptora (1) e retromobilização para a doadora (2). (D) Encontro triparental:

conjugação para a receptora (1) e para a linhagem auxiliar (2), mobilização para a

receptora (3), transferência de ambos os plasmídeos para a receptora (4), e

retromobilização para a doadora (5). Elipse grande: plasmídeo conjugativo; Círculo

pequeno: plasmídeo mobilizável; linha fina: célula receptora; linha grossa: célula

doadora; setas brancas: indicação da transferência dos plasmídeos; Seta branca em

formato de “T”: transferência de ambos os tipos de plasmídeos e setas pretas: resultado

da transferência .............................................................................................................. 15

LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E UNIDADES

°C Graus Celsius

δ-endotoxinas Delta-endotoxinas

μg Micrograma

µL Microlitro

µm Micrômetro

AFLP Polimorfismo de Comprimentos de

Fragmentos Amplificados

ATP Adenosina Trifosfato

BP Bacto-peptona

cm Centímetro

cry Gene codificador da proteína Cry

cry1Ac Gene codificador da proteína Cry1Ac

presente no plasmídeo conjugativo

pHT73

Cry Proteína com atividade

entomopatogênica produzida por

linhagens de B. thuringiensis

CytK Citotoxina – K

DNA Ácido desoxirribonucleico

D. O. Densidade óptica

EmR

Linhagem resistente à eritromicina

h Hora

HBL Hemolisina BL

His Histidina

kb Kilobase

LB Luria-Bertani

MGEs Elementos genéticos móveis

mL Mililitro

MLEE Eletroforese de aloenzimas

MPF Encontro formador de poro

NHE Enterotoxina não hemolítica

ICEs Elementos integrativos conjugativos

IMES Elementos integrativos e mobilizáveis

oriT Origem de transferência

PFGE Eletroforese em campo pulsado

pH Potencial hidrogeniônico

pHT73 - EmR

Plasmídeo conjugativo contendo o gene

cry intacto

pHT73Δcry1Ac TetR

Plasmídeo conjugativo com o gene cry

deletado

plcR Gene codificador de um regulador

pleiotrópico

RifR

Linhagem resistente à rifampicina

RNA Ácido ribonucleico

rRNA RNA ribossomal

Ser Serina

SmR

Linhagem resistente à estreptomicina

ssDNA Fita simples de DNA

t Tempo

T4CP Proteína de acoplamento do tipo IV

T4SS Sistema de secreção do Tipo IV

TetR

Linhagem resistente à tetraciclina

Tyr Tirosina

UFC Unidade formadora de colônia

SUMÁRIO

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................... 01

1.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS E TAXONOMIA DO GRUPO Bacillus cereus ..................... 01

1.1.1 B. thuringiensis .................................................................................................... 01

1.1.2 B. cereus ............................................................................................................... 04

1.1.3 Taxonomia do Grupo do B. cereus ...................................................................... 06

1.2 CONJUGAÇÃO BACTERIANA ...................................................................................... 10

1.2.1 Características dos Plasmídeos e do Processo de Conjugação ............................. 12

1.2.2 Conjugação em B. thuringiensis ........................................................................... 15

1.3 ECOLOGIA DE B. thuringiensis .................................................................................. 17

2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 23

2.1 OBJETIVOS GERAIS .................................................................................................. 23

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 23

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 24

3 ARTIGO .................................................................................................................. 37

3.1 RESUMO ................................................................................................................... 38

3.2 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 39

3.3 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................. 41

3.3.1 Linhagens Utilizadas ............................................................................................ 41

3.3.2 Características dos Experimentos de Conjugação ............................................... 41

3.3.3 Conjugação em Suporte Sólido ............................................................................ 41

3.3.4 Produção da suspensão de esporos-cristais .......................................................... 42

3.3.5 Comportamento de Linhagens de Bacillus thuringiensis e Bacillus cereus em

Larvas de A. gemmatalis................................................................................................ 42

3.3.5 Análise dos Resultados ........................................................................................ 44

3.4 RESULTADOS ........................................................................................................... 45

3.5 DISCUSSÃO .............................................................................................................. 46

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 50

ANEXOS .......................................................................................................................53

ANEXO A – Propriedades das linhagens empregadas neste estudo ............................. 54

ANEXO B – Etapas de montagem do experimento. (A) Visão geral da bandeja plástica

com os discos foliares; (B) A. gemmatalis sendo inserida individualmente no poço; (C)

Final da montagem vedação da bandeja plástica com uma camada plástica

...................................................................................................................................... 55

ANEXO C – Fotomicroscopia das linhagens (A) B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0

pHT73-EmR evidenciando os cristais bipiramidais (c) e esporos (e) e (B) linhagem B.

thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73Δcry1Ac TetR, contendo apenas esporos (e).

Aumento de 1000 vezes e coloração: Amido-Black e Fucsina

...................................................................................................................................... 56

ANEXO D – Demonstração das etapas de infecção pela linhagem B. thuringiensis

subsp. kurstaki KT0 pHT73-EmRe exconjugantes com o plasmídeo pHT73-Em

R em A.

gemmatalis. (A) antes do tratamento; (B) logo após morte (t0); (C) 12 horas após a

morte (t12) .................................................................................................................... 57

ANEXO E – Desenvolvimento de linhagens de B. thuringiensis em cadáveres de A.

gemmatalis. Somente as linhagens B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73-EmR

e

B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73-EmR são tóxicas para as larvas.

Larvas alimentadas com a suspensão contendo outras linhagens foram mortas

mecanicamente. Tempos 0, 24 e 48 representam o tempo após a morte larval. Os

resultados apresentados são médias de três experimentos independentes. Barra de

desvio-padrão são mostradas (p<0,05). Amostras sem tratamento de calor;

Amostras com tratamento de calor (80 ºC por 20 min)

...................................................................................................................................... 58

ANEXO F - Modelo de comportamento temporal de linhagens de B. thuringiensis em

cadáveres de A. gemmatalis. Somente as linhagens B. thuringiensis subsp. kurstaki

KT0 pHT73-EmR

e B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73-EmR são

tóxicas para as larvas. Valores plotados correspondem aos anteriores ao tratamento de

calor. Tempos 0, 24 e 48 representam o tempo após a morte larval. A) Valores

obsevados; Valores médios;

Linha de tendência da linhagem B. thuringiensis

subsp. kurstaki KT0 pHT73-EmR

(inclinação da reta: 1,3285); Valores observados;

ppValores médios; Linha de tendência da linhagem da linhagem B. thuringiensis

subsp. kurstaki KT0 pHT73Δcry1Ac TetR

(inclinação da reta: 0,6598); B) Valores

observados; Valores médios;

Linha de tendência da linhagem B. thuringiensis

subsp. thuringiensis 407-1 (inclinação da reta: 3,047); Valores observados;

pppValores médios; Linha de tendência da linhagem B. thuringiensis subsp.

thuringiensis 407-1 pHT73-EmR

(inclinação da reta: 4,198); Valores observados;

pppValores médios;

Linha de tendência das médias da linhagem B. thuringiensis

subsp. thuringiensis 407-1 pHT73Δcry1Ac TetR;

(inclinação da reta: 3,043);59

1

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1

2

1.1. Características gerais e taxonomia do grupo Bacillus cereus 3

4

1.1.1 Bacillus thuringiensis 5

6

B. thuringiensis destaca-se, entre as linhagens pertencentes ao grupo B. 7

cereus, por ser a bactéria mais conhecida e estudada do grupo (VILAS-BÔAS et al., 8

2007). Trata-se de um bacilo Gram-positivo, aeróbio, anaeróbio facultativo, 9

quimioheterotrófico e mesófilo com temperatura ótima de crescimento de 30 ºC ± 2 º C. 10

As células possuem dimensões de 1,0 - 1,2 µm de largura por 3,0 - 5,0 µm de 11

comprimento, são capazes de se movimentarem por meio de flagelos peritríquios, são 12

resistentes a antibióticos β-lactâmicos, como ampicilina e penicilina. B. thuringiensis é 13

cosmopolita, sendo encontrado desde amostras de solo (MORAES; CAPALBO, 1986; 14

OHBA; AIZAWA, 1986; MARTIN; TRAVERS, 1989; APTOSOGLOU; 15

SIVROPOULOU; KOLIAIS, 1997; VILAS-BÔAS; LEMOS, 2004), filoplano (SMITH; 16

COUCHE, 1991; DAMGAARD et al., 1998), em insetos vivos ou mortos 17

(BERNHARD et al., 1997; CHAUFAUX et al., 1997; CHILCOTT; WIGLEY, 1993) e 18

até em grãos estocados (MEADOWS et al., 1992) (Figura 1). 19

20

Figura 1. A ecologia complexa de B. thuringiensis. Diagrama dos locais em que B. thuringiensis 21

tem sido isolado e, onde, pode ocorrer multiplicação celular. Possíveis locais de multiplicação 22

incluem o solo, a rizosfera, o filoplano e outros tecidos das plantas, dentro de insetos vivos ou 23

mortos, ou dentro de outros invertebrados. B. thuringiensis é mostrado na forma vegetativa 24

(retângulos vermelhos) e na forma de esporos (elipses amarelas) e cristais (losangos rosas) 25

(Fonte: RAYMOND, 2010a). 26

27

2

A característica que distingue B. thuringiensis de outros bacilos, como 1

B. cereus, é que, ao desenvolver o ciclo de esporulação durante a fase estacionária, 2

juntamente com um esporo elipsoidal, há a formação de proteínas, denominadas Cry, 3

que se juntam e cristalizam ainda dentro da célula vegetativa, formando os cristais 4

proteicos (CRICKMORE et al., 1998; YAMAMOTO; DEAN, 2000). Esses cristais 5

garantem o caráter entomopatogênico às linhagens de B. thuringiensis (GLARE; 6

O´CALLAGHAM, 2000). Essas proteínas são codificadas pelos genes cry, localizados 7

principalmente em grandes plasmídeos (40-200 MDa), porém podem estar presentes no 8

cromossomo bacteriano, ou ainda nos dois locais (GONZÁLES; BROWN; CARLTON, 9

1982; SANCHIS et al., 1998). 10

Uma ou várias cópias de um mesmo gene ou de diferentes genes cry 11

podem ser encontradas em uma mesma linhagem bacteriana, sendo que os produtos 12

poderão formar somente um ou diferentes cristais. A linhagem B. thuringiensis kurstaki 13

HD73 contém apenas o gene cry1Ac localizado num plasmídeo de 50 MDa 14

(LERECLUS et al., 1993). A linhagem aizawai 7.29, ao contrário, contem cinco genes 15

cry, quatro localizados no cromossomo e um num plasmídeo de 45 MDa (SANCHIS et 16

al., 1998), enquanto que a linhagem israelenses que também apresenta quatro genes 17

codificadores de proteínas Cry, apresenta todos os genes localizados num único 18

plasmídeo de 72 MDa (GONZÁLEZ; CARLTON, 1984; BOURGOUIN et al., 1988; 19

LERECLUS et al., 1989). A localização preferencial desses genes em plasmídeos 20

conjugativos e a frequente associação a elementos genéticos móveis promovem a 21

grande diversidade de linhagens pela combinação dos diferentes genes (KRONSTAD; 22

WHITELEY, 1984; LERECLUS et al., 1984). Essa combinação resulta na síntese de 23

cristais proteicos com diferentes tipos de proteínas Cry e com perfis de toxicidade 24

distintos (ARANTES; VILAS-BÔAS; VILAS-BÔAS, 2002; PIGOTT; ELLAR, 2007). 25

A maioria dos genes cry é expressa na fase de esporulação, portanto o 26

principal modo de regulação é através dos fatores sigma (σ) específicos dessa fase. 27

Outro modo de regulação é independente da esporulação (AGAISSE; LERECLUS, 28

1995), com a expressão desses genes ocorrendo durante a fase de crescimento 29

vegetativo (VALADARES-INGLIS et al., 1998). Tanto quando a expressão dos genes 30

cry ocorre na fase de esporulação, tanto quando a expressão ocorre durante crescimento 31

vegetativo, a proteína Cry sempre é produto do metabolismo secundário (ARANTES; 32

VILAS-BÔAS; VILAS-BÔAS, 2002). 33

A Figura 2 demonstra as diferentes etapas do modo de ação das 34

3

proteínas Cry. Inicialmente, os cristais ingeridos pelo inseto susceptível são 1

solubilizados liberando monômeros de proteínas Cry na forma de protoxinas, que 2

através de proteases presentes no intestino do inseto alvo, são clivadas e passam para 3

sua forma ativa. Estas, em seguida, atravessam a membrana peritrófica e ligam-se a 4

receptores específicos presentes na porção apical das microvilosidades das células 5

localizadas no intestino médio do inseto, conduzindo à formação de poros ou canais 6

iônicos e consequentemente a lise das células epiteliais, levando o inseto à morte. Além 7

disso, os esporos ingeridos juntamente com os cristais podem germinar e as células 8

vegetativas se multiplicarem causando septicemia no inseto hospedeiro (SCHNEPF et 9

al., 1998). 10

11

Figura 2. Modo de ação das proteínas Cry. (1) Solubilização e ativação da toxina; (2) ligação 12

dos monômeros da toxina no primeiro receptor induzindo a mudança na conformação da toxina 13

(3) formação do oligômero; (4) ligação do oligômero de toxina no segundo receptor; (5) 14

inserção do oligômero da toxina na membrana epitelial do intestino anterior, médio ou posterior 15

e formação do poro (Fonte: BRAVO; GILL; SOBERÓN, 2007). 16

17

O intestino dos insetos susceptíveis as toxinas de B. thuringiensis, 18

geralmente possuem pH elevado, o que impede a germinação dos esporos ingeridos do 19

patógeno. Porém com a ação das toxinas que destroem a parede do intestino, o pH é 20

reduzido permitindo a germinação dos esporos. O cadáver do inseto serve como fonte 21

de alimento para o crescimento vegetativo da bactéria (COPPING; MENN, 2000). 22

Os cristais proteicos são tóxicos, principalmente para insetos das 23

ordens Lepidoptera, Diptera, Coleoptera, Hymenoptera, Homoptera, Dictyoptera, 24

Orthoptera, Mallophaga, além de nematóides (Strongylida, Tylenchida), protozoários 25

(Diplomonadida) e ácaros (Acari) (FEITELSON; PAYNE; KIM, 1992; SCHNEPF et 26

al., 1998), sendo esses específicos, pois diferentes toxinas ligam-se a diferentes 27

receptores e com intensidade diferentes nas diversas espécies de inseto (COPPING; 28

MENN, 2000). Essas toxinas não apresentam qualquer dano aos mamíferos, aves, 29

anfíbios, répteis ou outros vertebrados, devido ao modo de ação das mesmas, o qual é 30

específico para as condições presentes no aparelho digestivo de insetos (SCHNEPF et 31

al., 1998). 32

4

A utilização de produtos a base de B. thuringiensis no controle de 1

insetos pragas da agricultura e vetores de doenças não é recente. Os primeiros produtos 2

começaram a ser comercializados em 1938. Em 1950, houve aumento na produção e na 3

comercialização dos produtos à base de B. thuringiensis, através da implementação de 4

novas tecnologias como o uso de fermentadores e com a descoberta de novas 5

subespécies de B. thuringiensis, o que ampliou o número de insetos-alvo controlados 6

BRAR et al., 2006; CAPALBO; VILAS-BÔAS; ARANTES, 2004). 7

A principal característica que diferencia os produtos à base de B. 8

thuringiensis de outros produtos comercialmente disponíveis é a atividade 9

entomopatogênica restrita, ou seja, a maioria dos produtos à base de B. thuringiensis 10

apresenta espectro de ação somente a um ou poucos insetos. Além disso, os produtos 11

são inócuos a outros animais, além de não contaminar o ambiente e não favorecer a 12

rápida seleção de insetos resistentes, o que acontece frequentemente quando se utiliza 13

produtos agroquímicos sintéticos (ARANTES; VILAS-BÔAS; VILAS-BÔAS, 2002). 14

Estas características, entre outras, permitem que os produtos à base de 15

B. thuringiensis possuam um custo menor tanto no desenvolvimento, quanto no registro. 16

Por exemplo, o custo de desenvolvimento de um bioinseticida à base de B. thuringiensis 17

subspécie israelensis, chega a ser 1/40 do custo de um novo pesticida químico sintético 18

(SCHNEPF et al., 1998). Além do mais, pode-se ressaltar que a utilização de 19

bioinseticidas à base de B. thuringiensis, permite integrar estratégias de manejo no 20

controle de insetos praga, preservando seus inimigos naturais. 21

22

1.1.2 Bacillus cereus 23

24

B. cereus é uma bactéria em forma de bastonete, Gram-positiva, 25

formadora de esporos, móvel pela presença de flagelos peritríquios, aeróbia, anaeróbia 26

facultativa, mesófila com temperatura de crescimento variando de 10-48 ºC, mas com 27

crescimento ótimo de 28-35 ºC (GRANUM; BAIRD-PARKER, 2000). Linhagens 28

psicotróficas podem crescer entre 4-5 ºC, sendo que o crescimento e a produção de 29

enterotoxinas foram observados em farelo de arroz após 24 dias a 4 ºC. (JENSON; 30

MOIR, 1997). B. cereus degrada glucose como fonte de carbono, e não degrada manitol, 31

xilose ou arabinose (ADAMS; MOSS, 1995), é resistente a ampicilina, apresenta 32

atividade hemolítica e suas colônias possuem aspecto irregular em meio de cultura 33

sólido (VILAS-BÔAS; PERUCA; ARANTES, 2007). É uma bactéria amplamente 34

5

distribuída no ambiente como solo e vegetação, sendo considerada como saprófita de 1

solo e encontrada também em alimentos, como os de origem vegetal, animal e produtos 2

lácteos (GRANUM; BAIRD-PARKER, 2000). 3

Em 1949, B. cereus foi reconhecido como patógeno de alimentos 4

(HAUGE, 1950), desde então inúmeras linhagens dessa bactéria, foram 5

reconhecidamente envolvidas em casos de intoxicação gastrointestinal, causados pela 6

ingestão de alimentos, produzindo diarreias e vômitos (KOTIRANTA et al., 2000). 7

Alimentos contaminados apresentam diferenças na textura e no sabor devido à 8

multiplicação das células vegetativas ou produção de toxinas (GRANUM; LUND, 9

1997). O processo de infecção alimentar pode começar poucas horas após a ingestão do 10

alimento contaminado, podendo causar vômito pela produção de toxinas eméticas 11

durante o crescimento de células vegetativas no alimento, e/ou diarreia pela produção de 12

toxinas diarreicas durante o crescimento vegetativo no intestino do hospedeiro 13

(KRAMER; GILBERT, 1989; DROBNIEWSKI, 1993; GRANUM, 1994; AGATA et 14

al., 1995; GRANUM; LUND, 1997; WIJNANDS; DUFRENNE; VAN LEUSDEN, 15

2002, ARNESEN et al., 2008, SENESI; GHELARDI, 2010). 16

Essa natureza oportunista de B. cereus como patógeno é relacionada 17

com sua capacidade de produzir inúmeros fatores de virulência não específicos, 18

incluindo fosfolipases, hemolisinas e enterotoxinas (DROBNIEWSKI, 1993, VILAS-19

BÔAS et al., 2012). A síndrome diarreica é causada por enterotoxinas, onde destacam-20

se a CytK (citotoxina-K) (LUND et al., 2000) e os complexos HBL (hemolisina BL) 21

(BEECHER; SCHOENI; WONG, 1995) e NHE (enterotoxina não hemolítica) 22

(GRANUM et al., 1994). A cereulide é a principal toxina responsável pela síndrome 23

emética, sendo resistente ao pH e ao calor (GRANUM; LUND, 1997). 24

Segundo Heyndrickx e Scheldeman (2002), diversas são as razões que 25

tornam o B. cereus um importante agente de contaminação na indústria de alimentos. I) 26

Os esporos estão em todos os lugares, o que torna praticamente impossível impedir sua 27

presença em alimentos crus e em ingredientes. Também pela ampla ocorrência na 28

natureza, contaminações após tratamentos de calor podem ocorrer facilmente quando 29

deficiências ocorrem na maquinaria ou nos materiais utilizados para embalagem. II) 30

Tratamentos de calor como a pasteurização (um mínimo de 71,7 °C durante 15 31

segundos) são eficientes para eliminar células vegetativas, mas não esporos. Esporos 32

sobreviventes em produtos tratados com calor chegam a cerca de 95% (MEER et al., 33

1991), podem germinar tendo pouca ou nenhuma competição com células vegetativas 34

6

de bactérias Gram-negativas. III) Esporos de diversas espécies têm características 1

adesivas, o que facilita sua fixação às superfícies de encanamentos e equipamentos de 2

processamentos com a posterior formação de biofilmes. IV) A tolerância que esporos e 3

células vegetativas podem apresentar às condições ou tratamentos que geralmente são 4

considerados seguros (baixas temperaturas e baixo pH). 5

Considerável ênfase tem sido dada à capacidade de linhagens de B. 6

cereus causarem contaminação de alimentos, por isso, a maior parte das publicações 7

envolvendo esta bactéria está relacionada a métodos de detecção rápida dessa espécie 8

em alimentos, assim como a identificação de genes que codifiquem para toxinas. No 9

entanto, esta bactéria tem também importância como espécie modelo do grupo B. 10

cereus, sendo utilizada em estudos taxonômicos que envolvem além do B. cereus, 11

outras espécies de grande importância, como o B. thuringiensis. 12

13

1.1.3 Taxonomia do Grupo do B. cereus 14

15

Atualmente existem 259 espécies descritas no gênero Bacillus (COHN, 16

1872; EUZÉBY, 2012). Porém, a dificuldade de estabelecer um consenso sobre a 17

definição da unidade fundamental da diversidade biológica, a espécie, tem gerado 18

inconvenientes acerca da classificação de micro-organismos. A definição do taxa 19

espécie abrange organismos posicionados numa escala evolutiva maior, sendo difícil 20

aplicar esse conceito em populações bacterianas. 21

A maior dificuldade da classificação bacteriana é devido a 22

transferência horizontal de genes, que mesmo quando ocorre em baixa frequência na 23

natureza (COHAN, 1994), permite a troca de material genético entre espécies 24

extremamente distantes (LINZ et al., 2000; SMITH; DOWSON; SPRATT, 1991). 25

Estima-se que cerca de 5 a 15% dos genes de um genoma bacteriano típico tenham sido 26

adquiridos de outras espécies através da transferência de segmentos homólogos ou 27

heterólogos, incluindo elementos transponíveis nos plasmídeos ou fagos (MAJEWSKI; 28

COHAN, 1999; OCHMAN; LAWRENCE; GROISMAN, 2000). 29

Anteriormente à disponibilidade dos testes moleculares, a classificação 30

bacteriana era realizada através de características fenotípicas e testes bioquímicos, o que 31

possibilitou a classificação dos organismos, considerando os graus de similaridade entre 32

os mesmos. No início dos anos 1970, os bacteriologistas começaram a utilizar dados 33

moleculares para a classificação taxonômica, o que tornou a sistemática bacteriana mais 34

7

acessível, incluindo bactérias não cultiváveis (COHAN, 2002). Dentre essas técnicas 1

inclui-se a hibridização DNA-DNA, na qual Johnson (1973) determinou que espécies 2

diferentes deveriam compartilhar um nível de similaridade inferior a 70% no genoma 3

completo. Outra técnica inovadora para a classificação foi a variação nucleotídica nos 4

genes de rRNA 16S, onde Stackebrandt e Goebel (1994) encontraram que linhagens 5

com mais de 3% de divergência deveriam ser classificadas como espécies diferentes, e 6

linhagens com menos de 3% de divergência nos genes de rRNA 16S poderiam ou não 7

ser consideradas como membros de uma mesma espécie. Como no caso de B. cereus e 8

B. thuringiensis que apresentam apenas 1% de divergência, e ainda são classificadas 9

como espécies diferentes. 10

O termo Grupo do B. cereus é um termo não taxonômico e 11

compreende, além de B. cereus sensu stricto, B. anthracis, B. weihenstephanensis, B. 12

mycoides, B. thuringiensis e B. pseudomycoides. As três primeiras espécies possuem 13

impactos negativos na atividade humana, sendo B. cereus e B. anthracis consideradas 14

patógenos de mamíferos, incluindo o homem. Da mesma forma, linhagens de B. 15

weihenstephanensis se multiplicam em baixas temperaturas, sendo um risco para 16

conservação de alimentos congelados (MAYR et al., 1999). Linhagens de B. mycoides 17

podem melhorar o crescimento de plantas (PETERSEN et al., 1995) enquanto que 18

linhagens de B. thuringiensis são utilizadas como inseticida biológico em várias partes 19

do mundo (SCHNEPF et al.,1998). A última espécie, B. pseudomycoides, tem sido 20

descrita como responsável por infecções em humanos como endoftalmites 21

(NAKAMURA et al., 1998). No entanto, apesar de não ser taxonômico, o agrupamento 22

destas espécies é legítimo e baseado na similaridade entre as sequências do gene do 23

rRNA 16S destas espécies. 24

Atualmente, segundo a sequência do gene 16S, o gênero Bacillus pode 25

ser dividido em seis grupos, denominado Bacillus RNA grupo 1 ao 6, sendo que as 26

espécies do grupo do B. cereus ficam agrupadas na subdivisão 3 do grupo 1 27

(STACKEBRANDT; SWIDERSKI, 2002). No entanto, a extensa similaridade entre as 28

sequências do gene de rRNA 16S apresentada por linhagens destas espécies é uma das 29

principais razões que justificam as discussões taxonômicas envolvendo este grupo de 30

bactérias (VILAS-BÔAS et al., 2007). 31

As células vegetativas e os esporos das três espécies, vistos ao 32

microscópio óptico, são extremamente semelhantes, entretanto, foi devido às diferenças 33

fenotípicas que B. thuringiensis, B. anthracis e B. cereus, foram inicialmente 34

8

classificados como pertencentes a espécies distintas. As células de B. thuringiensis 1

(Figura 3A), formam um cristal proteico constituído pelas proteínas Cry, que são 2

liberados junto com os esporos no momento da lise celular. As células de B. anthracis 3

apresentam a formação de cápsula e produzem toxinas letais, enquanto que as células de 4

B. cereus (Figura 3B), não apresentam nenhum destes fenótipos. 5

6

7

Figura 3. Colônias e fotomicrografias ópticas de (A) B. thuringiensis e (B) B. cereus. (1) células 8

vegetativas; (2) término da fase estacionária; (3) esporulação completa, com presença de 9

esporos e cristais em B. thuringiensis e somente esporos em B. cereus. Fotos 1, 2 e 3: Aumento 10

de 1000 vezes e coloração: Amido-Black e Fucsina. 11

12

Contudo, os genes responsáveis pelas características fenotípicas de B. 13

thuringiensis e B. anthracis estão presentes em grandes plasmídeos que, através de 14

mecanismos de transferência horizontal de genes (conjugação, transdução e 15

transformação) e rearranjos genéticos promovidos por elementos móveis de DNA, 16

podem ser transferidos para outras linhagens do grupo B. cereus (VILAS-BÔAS et al., 17

2007). Como os genes codificantes para essas características são presentes em 18

plasmídeos, a distinção entre essas espécies vem sendo debatida por muitos 19

pesquisadores (SCHNEPF et al., 1998; GLARE; O´CALLAGHAM, 2000; HANSEN; 20

SALAMITOU, 2000). 21

Gohar e colaboradores (2005), fizeram um estudo comparativo do 22

proteoma extracelular de linhagens de B. cereus, B. thuringiensis e B. anthracis que 23

tiveram os grandes plasmídeos curados. Os resultados mostraram que o proteoma das 24

três espécies foram similares e as únicas diferenças encontradas estavam relacionadas 25

com o peptídeo PlcR, um regulador pleiotrópico descrito por Agaisse e colaboradores 26

(1999), que em B. cereus e B. thuringiensis controla a expressão de mais de 100 genes 27

potencialmente envolvidos na virulência. Em B. anthracis o gene plcR é interrompido e 28

portanto não funcional, o que altera a expressão dos genes por ele regulados. Isso 29

demonstra que, embora destituídas dos elementos extracromossômicos, linhagens de B. 30

9

anthracis podem ser diferenciadas de B. cereus e B. thuringiensis por mudanças na 1

expressão gênica, como posteriormente relatado por Mignot e colaboradores (2001). 2

O polimorfismo genético apresentado pelas linhagens de B. cereus e B. 3

thuringiensis e a extensiva similaridade de seus conjuntos gênicos são os principais 4

fatores que complicam a resolução da questão taxonômica entre essas duas espécies. 5

Linhagens acristalíferas de B. thuringiensis são indistinguíveis de B. cereus 6

(LYSENKO, 1983), vários estudos iniciais analisando diferentes características, como 7

bioquímicas e análises de DNA (KANEKO; NOZAKI; AIZAWA, 1978; BAUMANN, 8

1984; LOGAN; BERELEY, 1984; PRIEST, 1988) indicam que essas espécies devam 9

ser consideradas apenas uma. Um dos primeiros estudos para a investigação das 10

relações taxonômicas entre as duas espécies foi conduzido por Carlson e colaboradores 11

(1994) usando eletroforese em campo pulsado (PFGE) e eletroforese de aloenzimas 12

(MLEE). Um alto grau de variabilidade genética foi observado dentro e entre as duas 13

espécies, não sendo possível agrupar separadamente cada espécie, tendo sido sugerido o 14

agrupamento de B. cereus e B. thuringiensis como única espécie. 15

Outros estudos usando MLEE e a análise de sequências de genes 16

cromossômicos apresentaram alto grau de similaridade genética e indicaram a falta de 17

diferenciação entre B. thuringiensis e B. cereus sensu stricto e, assim, os autores 18

sugeriram que essas espécies devem ser consideradas como membros de uma espécie 19

designada B. cereus sensu lato (CARLSON, CAUGANT; KOLSTØ, 1994; 20

HELGASON et al., 1998, 2000a, 2000b; DAFFONCHIO et al., 2000; BAVYKIN et al,. 21

2004). Ticknor e colaboradores (2001), baseados em resultados de polimorfismo de 22

comprimento de fragmentos amplificados (AFLP), MLEE e dados de sequências de 23

DNAr 16S mostraram que B. cereus e B. thuringiensis são altamente polimórficos e que 24

uma simples análise de um número limitado de linhagens não é suficiente para 25

caracterizar essas espécies. 26

Outros pesquisadores apoiam a separação das duas espécies. Vilas-27

Boas et al. (2002) analisaram pela técnica de MLEE e atividade hemolítica, populações 28

simpátricas coletadas de diferentes amostras de solo. Encontraram que populações de 29

uma mesma espécie de Bacillus (B. thuringiensis ou B. cereus) foram mais similares 30

geneticamente entre si do que com as populações da outra espécie de Bacillus. Além 31

disso, foi evidenciada uma maior taxa de fluxo gênico entre as linhagens da mesma 32

espécie. Porém, mesmo em baixas frequências, ocorreram trocas genéticas 33

interespecíficas (entre B. thuringiensis e B. cereus). Cherif e colaboradores (2003) 34

10

utilizaram rep-RCR para analisar agrupamentos de linhagens pertencentes ao grupo do 1

B. cereus. Os resultados mostraram que linhagens de B. thuringiensis exibiram um 2

agrupamento bem diferente das outras linhagens de B. cereus, sugerindo que estas 3

espécies podem ser consideradas como unidades taxonômicas separadas. 4

As análises, utilizando outras ferramentas genéticas, trazem resultados 5

controversos quanto à taxonomia de B. cereus e B. thuringiensis, com trabalhos que ora 6

distinguem as três espécies de Bacillus como unidades taxonômicas distintas, ora como 7

linhagens de uma mesma espécie. Desta forma, tem se mostrado relevante, acrescentar 8

aos estudos genéticos, estudos relacionados à ecologia das linhagens do grupo B. 9

cereus. A soma destas duas áreas pode, contribuir para a definição da taxonomia destas 10

espécies. 11

12

1.2 Conjugação Bacteriana 13

14

O processo de conjugação foi descoberto por Lederberg e Tatum em 15

1946, porém foi descrito em detalhes por Lederberg em 1986 (LEDERBERG, 1986). 16

Esse processo foi definido como a transferência do material genético de uma linhagem 17

bacteriana para outra, sendo dependente de contato celular entre os membros de duas 18

linhagens bacterianas (DAVIS, 1950). Essa descoberta foi considerada o mais 19

importante avanço na história da bacteriologia até aquele momento. Atualmente 20

sabemos que o sistema de conjugação envolve a transferência do DNA entre uma ampla 21

gama de gêneros de bactérias, e em alguns casos, de bactérias para fungos e células de 22

plantas (BATTISTI; GREEN; THORNE, 1985; OULTRAM; YOUNG, 1985; 23

KOEHLER; THORNE, 1987; BEIJERSBERGEN et al., 1992; HAYMAN; BOLEN, 24

1993; MAHMOOD et al., 1996; BERTOLLA; SIMONET, 1999; HEINEMANN, 1999; 25

CHRISTIE; VOGEL, 2000; CHUMAKOV, 2000; CHEN, 2002; BROOTHAERTS et 26

al., 2005). 27

A partir do contato entre as células doadoras e receptoras são 28

formados os exconjugantes ou transconjugantes, que são capazes de realizar outros 29

processos de conjugação. Assim, a conjugação é um importante componente da 30

evolução bacteriana. 31

O sistema de conjugação de bactérias Gram-positivas difere do 32

sistema de Gram-negativas por não formar o pili, estrutura que proporciona o contato 33

entre células em bactérias Gram-negativas. Em bactérias Gram-positivas são formados 34

11

agregados de células em culturas com duas linhagens (Figura 4), os quais não são 1

formados em monoculturas (ANDRUP et al., 1996). 2

3

Figura 4. Eletromicrografia de varredura do processo de conjugação em bactérias Gram-4

positivas, compreendendo células doadoras (linhagem AND801) e células receptoras (linhagem 5

GBJ001) (Fonte: ANDRUP et al., 1996). 6

7

A questão central do processo de conjugação é como o DNA é 8

transferido entre as células envolvidas nesse contato. A conjugação é um conjunto de 9

eventos, que envolvem desde o processamento do DNA até a transferência propriamente 10

dita. O primeiro evento é gerar uma cópia de fita simples do DNA (ssDNA), para isso 11

uma relaxase se liga a origem de transferência do plasmídeo (oriT) e cliva a fita de 12

DNA que será destinada a transferência, essa fita é denominada fita-T. A relaxase 13

juntamente com uma ou mais proteína(s) auxiliar(es) formam um complexo 14

multiproteico denominado relaxossomo, o qual permanece ligado a extremidade 5' da 15

fita-T, resultando na formação do complexo relaxase-fita-T (GROHMANN; MUTH; 16

ESPINOSA, 2003; CHEN; CHRISTIE; DUBNAU, 2005; GARCILLÁN-BARCIA; 17

FRANCIA; DE LA CRUZ, 2009). 18

O próximo passo é o transporte intercelular, que é realizado pelo 19

sistema de secreção tipo IV (T4SS), também conhecido como mating pair formation 20

(MPF). O sistema de secreção tipo IV, ocorre dentro de uma ampla gama de 21

organismos, incluindo bactérias Gram-positivas, Gram-negativas e algumas archaea 22

(ZECHNER et al., 2012). O grupo do B. cereus sensu lato utiliza esse sistema para 23

efetuar a conjugação (GROHMANN; MUTH; ESPINOSA, 2003). 24

12

O aparato de T4SS de conjugação é um complexo multiproteico que é 1

codificado por genes plasmidiais, envolvidos no transporte do DNA (GROHMANN; 2

MUTH; ESPINOSA, 2003). A relaxase deve permanecer ligada a T-strand para 3

sinalizar o reconhecimento do substrato. Dessa maneira o sistema de conjugação é 4

considerado um sistema de transporte de proteína, que tem evoluído a capacidade de 5

translocar as relaxases e consequentemente moléculas de DNA à ela ligadas (CHEN; 6

CHRISTIE; DUBNAU, 2005). 7

O DNA é bombeado ativamente para dentro da célula receptora pela 8

proteína de acoplamento do tipo IV (T4CP) (LLOSA et al., 2002; CHRISTIE, 2004). 9

T4CP é uma proteína integral de membrana homohexamérica pertencente à família de 10

ATPases (FIRTH; IPPEN-IHLER; SKURRAY, 1996; MONCALIÁN et al., 1999; 11

TATO et al., 2005). Essa proteína é responsável por conectar o processamento e 12

translocação do DNA entre as células, sendo que a hidrólise de ATP é a energia 13

necessária para bombear a molécula de DNA através do canal central da mesma 14

(GOMIS-RÜTH, 2006). 15

16

1.2.1 Características dos Plasmídeos e do Processo de Conjugação 17

18

Os plasmídeos podem ser classificados de acordo com os genes que 19

possuem, sendo esses relacionados com o aparato conjugativo, podendo ser 20

classificados pela habilidade de mobilização. Plasmídeos conjugativos, também 21

denominados auto-transmissíveis, codificam a maquinaria proteica completa para a 22

transferência conjugal. Esses plasmídeos carregam os genes tra e codificam seu próprio 23

conjunto de proteínas do complexo MPF ou T4SS que permite a montagem e 24

funcionamento do canal na membrana para a conjugação. Geralmente são grandes, com 25

pelo menos 30 kb, porém com baixo número de cópias. Plasmídeos mobilizáveis 26

contem o mínimo conjunto de genes que permitem a transferência conjugativa, porém 27

somente quando existem funções conjugativas adicionais. Esses geralmente contém 28

somente a oriT, o gene da relaxase e uma ou mais proteínas acessórias e não possuem as 29

funções requeridas para a formação do poro de conjugação. Possuem até 15 kb, sendo 30

considerados plasmídeos pequenos, porém em um alto número de cópias 31

(GARCILLÁN-BARCIA; FRANCIA; DE LA CRUZ, 2009). 32

13

Um terceiro tipo, denominado plasmídeo não mobilizável, não possui 1

a região MOB nem o sítio oriT, porém consegue se tornar mobilizável pela 2

recombinação com plasmídeos conjugativos (ANDRUP et al., 1996). 3

A transferência do DNA não é unidirecional, podendo ocorrer o 4

processo de retromobilização, descrito por Ankenbauer (1997). Nesse processo o DNA 5

da célula receptora é capturado pela célula doadora que abriga o plasmídeo conjugativo. 6

A transferência de plasmídeos mobilizáveis da célula receptora para 7

célula doadora (retromobilização) pode ser explicada de duas maneiras. Existe o modelo 8

de transferência bidirecional, também conhecido como modelo de um passo, no qual 9

ocorre um evento simples de conjugação, nesse processo o DNA flui livremente e 10

simultaneamente entre as linhagens doadora e receptora (Figura 5A). O outro modelo é 11

unidirecional, conhecido por modelo de dois passos, onde duas etapas de transferência 12

unidirecional ocorrem. A primeira transfere o plasmídeo conjugativo para célula 13

receptora e após a célula doadora transfere o plasmídeo mobilizável para a célula 14

doadora (Figura 5B) (TOP et al., 1992). Estudos em bactérias Gram-negativas sugerem 15

esse último modelo (HEINEMANN; ANKENBAUER 1993; HEINEMANN, SCOTT; 16

WILLIAMS,1996; SIA; KUEHNER; FIGURSKI, 1996) . 17

18

Figura 5. Representação esquemática dos modelos de retromobilização. (A) Modelo de 19

transferência bidirecional: transferência do plasmídeo conjugativo para a célula receptora ocorre 20

simultaneamente com a transferência do plasmídeo mobilizável para a doadora por apenas um 21

evento de conjugação. (B) Modelo de transferência unidirecional: o primeiro evento conjugativo 22

permite a transferência do plasmídeo conjugativo para a receptora, enquanto que um segundo 23

evento permite a transferência do plasmídeo mobilizável para a doadora. Elipse grande: 24

plasmídeo conjugativo; Círculo pequeno: plasmídeo mobilizável; linha fina: célula receptora; 25

linha grossa: célula doadora; setas brancas: indicação da transferência dos plasmídeos e setas 26

pretas: resultado da transferência (Fonte: TIMMERY et al., 2009). 27

28

Os sistemas de conjugação podem variar sendo classificados de 29

acordo com a utilização de duas ou três linhagens, conjugação biparental e triparental, 30

respectivamente. A conjugação biparental (Figura 6A e C) envolve a transferência de 31

plasmídeos conjugativos da célula doadora para a célula receptora, onde pode ocorrer a 32

14

mobilização e a retromobilização de plasmídeos. Nesse processo vários eventos podem 1

ocorrer, a transferência de plasmídeos conjugativos da doadora para receptora; 2

mobilização de plasmídeos mobilizáveis da doadora para receptora; a transferência de 3

ambos os plasmídeos para a receptora (Figura 6B) e a retromobilização de plasmídeos 4

mobilizáveis da receptora para doadora. 5

O sistema de conjugação triparental transfere plasmídeos conjugativos 6

da doadora para a receptora, com isso a retromobilização de plasmídeos da receptora 7

para a doadora pode ocorrer. Nesse evento de conjugação pode ocorrer a transferência 8

de plasmídeos conjugativos, a mobilização e retromobilização de plasmídeos. 9

Recentemente foram descritos dois sistemas diferentes, um utilizando 10

uma linhagem doadora, uma receptora e uma auxiliar, esta pode transferir plasmídeos 11

mobilizáveis e não-mobilizáveis. Nesse sistema três eventos podem ocorrer, a 12

mobilização do plasmídeo da linhagem auxiliar para a receptora; transferência de ambos 13

os plasmídeos para a linhagem receptora e retromobilização do plasmídeo da linhagem 14

auxiliar para a linhagem doadora (Figura 6D) (TIMMERY et al., 2009). O segundo, 15

descrito por Santos et al. (2010) analisa se existe transferência preferencial do 16

plasmídeo conjugativo, utilizando três linhagens; duas receptoras e uma doadora, esse 17

sistema é denominado conjugação com duas receptoras. 18

19

15

Figura 6. Representação esquemática de conjugação biparental e triparental. Conjugação refere-1

se à transferência de plasmídeos conjugativos, enquanto a mobilização e retromobilização 2

refere-se à transferência de plasmídeos mobilizáveis. (A) Conjugação biparental: conjugação 3

para a receptora (1); (B) Mobilização biparental: conjugação para a receptora (1), mobilização 4

para a receptora (2), e transferência de ambos os plasmídeos para a receptora (3). (C) 5

Retromobilização biparental: conjugação para a receptora (1) e retromobilização para a doadora 6

(2). (D) Encontro triparental: conjugação para a receptora (1) e para a linhagem auxiliar (2), 7

mobilização para a receptora (3), transferência de ambos os plasmídeos para a receptora (4), e 8

retromobilização para a doadora (5). Elipse grande: plasmídeo conjugativo; Círculo pequeno: 9

plasmídeo mobilizável; linha fina: célula receptora; linha grossa: célula doadora; setas brancas: 10

indicação da transferência dos plasmídeos; Seta branca em formato de “T”: transferência de 11

ambos os tipos de plasmídeos e setas pretas: resultado da transferência (Fonte: TIMMERY et 12

al., 2009). 13

14

A transferência de plasmídeos, tanto por conjugação, mobilização ou 15

até mesmo por transformação demonstra a importância da transferência gênica na 16

evolução dos genomas bacterianos, como no caso estudado do grupo do B. cereus sensu 17

lato. 18

1.2.2 Conjugação em B. thuringiensis 19

20

Genes cry são contidos em grandes plasmídeos (GONZÁLEZ; 21

DULMAGE; CARLTON, 1981; KRONSTAD; SCHNEPF; WHITELEY, 1983; 22

GONZÁLEZ; CARLTON, 1984), por isso que o interesse de pesquisadores tem sido 23

voltado principalmente a eles (GONZÁLEZ; CARLTON, 1980; BATTISTI; GREEN; 24

THORNE, 1985; REDDY et al., 1987; JENSEN et al., 1996; WILCKS et al., 1998). 25

Porém, linhagens de B. thuringiensis geralmente exibem um conjunto complexo de 26

plasmídeos, podendo chegar a 17 plasmídeos com tamanhos entre 2 – 600 kb 27

(LERECLUS et al.. 1982; McDOWELL; MANN, 1991; BERRY et al., 2002; HAN et 28

al., 2006; KASHYAP; AMLA, 2007; AMADIO et al., 2009; ZHONG et al., 2011). 29

González e Carlton (1984) demonstraram a primeira ocorrência de 30

conjugação entre linhagens de B. thuringiensis, pela qual confirmaram a localização dos 31

genes cry em plasmídeos. Outros experimentos demonstraram a possível ocorrência de 32

conjugação entre linhagens de B. thuringiensis (Cry+, doadora) com linhagens de B. 33

cereus (Cry-, receptora), sendo que as linhagens exconjugantes Cry

- passaram a produzir 34

a proteína cristal (GONZÁLEZ; BROWN; CARLTON, 1982). 35

Anteriormente plasmídeos conjugativos não apresentavam marcas 36

seletivas, assim evidência de transferência era realizada por plasmídeos não-37

conjugativos que continham genes para a resistência a antibióticos. O plasmídeo pBC16 38

foi o mais utilizado, esse plasmídeo foi isolado de B. cereus, e carrega genes que 39

16

codificam resistência para antibióticos. O uso desse plasmídeo permitiu caracterizar 1

plasmídeos como pXO11, pXO12, pXO13, pXO14, pXO15 e pXO16, isolados de 2

diferentes subspécies de B. thuringiensis, capazes de promover a transferência de 3

pequenos plasmídeos mobilizáveis dentro da variedade de receptoras incluindo 4

linhagens B. thuringiensis, B. cereus e B. anthracis (BATTISTI; GREEN; THORNE 5

1985; REDDY et al., 1987). Andrup e colaboradores (1993) conduziram estudos para 6

monitorar a transferência entre linhagens de B. thuringiensis subsp. israelenses, 7

utilizando a resistência a antibióticos codificada por genes contidos em pequenos 8

plasmídeos mobilizáveis (pCB16 e pAND006). 9

Durante a conjugação notou-se a presença de agregados entre as 10

linhagens doadora e receptora, durante o crescimento exponencial. Isso permitiu a 11

diferenciação de dois fenótipos, Agr+ que formam agregados quando combinadas com 12

as linhagens Agr- (ANDRUP, et al., 1996). 13

A base genética dos sistemas de agregados de B. thuringiensis subsp. 14

israelensis, foi localizada no plasmídeo pXO16 (JENSEN et al., 1995). Esse plasmídeo 15

foi mobilizado tanto por replicação em círculo rolante quanto por plasmídeos baseados 16

na origem de replicação teta (ANDRUP et al., 1996). 17

O plasmídeo conjugativo pHT73 de B. thuringiensis subsp. kurstaki 18

KT0, foi o primeiro plasmídeo conjugativo marcado com um gene que confere 19

resistência a antibiótico (eritromicina); permitindo monitorar a frequência de 20

conjugação sem necessitar de plasmídeos mobilizáveis (VILAS-BÔAS et al., 1998). 21

Os estudos anteriormente citados demonstraram apenas a transferência 22

unilateral utilizando linhagens de B. thuringiensis. Entretanto Timmery et al. (2009) 23

demonstrou a capacidade de retromobilização através do plasmídeo conjugativo pXO16 24

de B. thuringiensis subsp. israelenses. Neste estudo foram comparados a habilidade de 25

conjugação e mobilização desses plasmídeos, usando plasmídeos mobilizáveis e 26

elementos não-mobilizáveis que perderam o gene mob e o sítio oriT. 27

Experimentos de cinética mostraram que a retromobilização foi 28

atrasada quando comparada com a conjugação de pXO16, sugerindo que a 29

retromobilização de pXO16 ocorreu por transferências sucessivas, como no segundo 30

modelo que é sugerido para bactérias Gram-negativas. 31

O uso de variáveis e métodos alternativos para transferência de DNA 32

entre células permitiram a detecção da conjugação, mobilização e retromobilização. 33

Diversos trabalhos in vitro usando meio líquido, meio sólido, amostras de solo, água e 34

17

alimentos, combinados com ensaios in vivo em larvas de inseto, e com o 1

sequenciamento de grandes plasmídeos, gerou um aumento no interesse do papel dos 2

plasmídeos na biologia de B. thuringiensis. Assim, a transferência gênica horizontal, 3

tanto dentro quanto entre espécies, tem sido frequentemente utilizada na investigação da 4

posição taxonômica de B. thuringiensis e de outras espécies do grupo do B. cereus. 5

6

1.3 Ecologia de B. thuringiensis 7

8

Estudos de abundância, diversidade e distribuição de isolados do 9

grupo do B. cereus sensu lato buscam compreender questões ligadas à evolução e as 10

relações ecológicas desse grupo, como exemplo o comportamento dessas bactérias no 11

solo, água e em insetos. Uma questão essencial é a classificação dessa bactéria em taxa 12

diferentes ou como uma única espécie, sendo que B. thuringiensis representaria uma 13

subespécie de B. cereus (VILAS-BÔAS; SANTOS, 2012). 14

As características fenotípicas específicas dessas espécies estão 15

presentes em megaplasmídeos conjugativos. A transferência horizontal desses 16

plasmídeos foi descrita para uma variedade de linhagens receptoras que pertencem ao 17

grupo do B. cereus. Isso levou a um aumento nos trabalhos in vitro e in vivo, 18

conduzidos em condições controladas em amostras de solo, insetos, água, alimentos que 19

permitem o acesso ao comportamento dessas bactérias envolvendo germinação de 20

esporos, formação de esporos e persistência, bem como a multiplicação de células 21

vegetativas e conjugação (VILAS-BÔAS; SANTOS, 2012). 22

O ciclo infeccioso de B. thuringiensis tem sido estudado há anos; a 23

primeira evidência de germinação dos esporos, esporulação e produção de toxinas de B. 24

thuringiensis foi realizada por Aly, Mulla e Federici (1985) em larvas mortas de 25

mosquitos. Jarrett e Stephenson (1990) infectaram larvas com linhagens de B. 26

thuringiensis e verificaram que larvas de insetos mortos seriam um meio ideal para a 27

troca de material genético, obtendo frequência de 100% na conjugação. Com isso foi 28

evidenciada a ocorrência de troca de material genético na natureza e novas questões 29

surgiram sobre o nicho ecológico de B. thuringiensis e o impacto da transferência 30

horizontal de genes no ambiente 31

A avaliação da conjugação em meio de cultura, microcosmos de solo e 32

larvas de lepidópteros infectados, Vilas-Bôas et al. (1998) verificaram através do 33

plasmídeo pTH73, que a larva de inseto é o ambiente mais favorável para a ocorrência 34

18

de conjugação, com frequência de 10-1

exconjugantes/receptora. Furlaneto et al. (2000), 1

avaliaram a sobrevivência e a transferência conjugal entre linhagens de B. thuringiensis 2

em ambiente aquático. A baixa frequência de conjugação detectada permitiu inferir que 3

esse ambiente não é propício para a multiplicação das células vegetativas, permitindo a 4

rápida formação dos esporos. 5

Suzuki e colaboradores, (2004), avaliaram a especificidade das toxinas 6

e a especificidade de hospedeiros. A primeira se refere a habilidade da toxina produzida 7

por linhagens específicas de B. thuringiensis atingir insetos específicos e a segunda se 8

refere a habilidade de linhagens específicas de B. thuringiensis colonizarem espécies 9

específicas de larvas de insetos. Resultados mostraram que linhagens de B. thuringiensis 10

sem especificidade para matar o inseto podem se multiplicar e transferir material 11

genético no inseto morto mecanicamente, indicando que não há correlação entre a 12

especificidade da toxina e a especificidade do hospedeiro. Portanto, linhagens de B. 13

thuringiensis podem colonizar insetos não susceptíveis desde que os insetos sejam 14

mortos mecanicamente. Resultados similares foram descritos por Thomas et al. (2001; 15

2002) em larvas de insetos não susceptíveis, onde baixas taxas de transferência conjugal 16

foram detectadas e a multiplicação de células vegetativas também foi prejudicada nessa 17

condição. 18

Guidi e colaboradores (2011) avaliaram a distribuição espacial de 19

esporos de B. thuringiensis subsp. israelensis em um ambiente úmido, onde ocorreu 20

aplicação de produtos a base de B. thuringiensis desde 1988. Foi verificado o 21

decréscimo dos esporos perto de 96%, mostrando que o solo natural geralmente não 22

suporta a germinação de esporos ou mesmo a multiplicação de células vegetativas. A 23

ocorrência do processo de conjugação em amostras de solo é também limitada por 24

condições especiais, como de suplementação com nutrientes, valores neutros de pH e 25

esterilização, para a ocorrência de germinação de esporos e a multiplicação de células 26

vegetativas. 27

As diversas condições ambientais utilizadas para avaliar a ocorrência 28

de transferência conjugal envolvendo linhagens de B. thuringiensis demonstraram que o 29

principal fator limitante é a capacidade de permitir a germinação dos esporos ou 30

simplesmente a presença de células viáveis, embora pareça que a multiplicação dessas 31

células não influenciam drasticamente esse evento (SANTOS et al., 2010). 32

Santos e colaboradores (2010) avaliaram, em B. thuringiensis, a 33

ocorrência de transferência horizontal triparental preferencial (uma doadora e duas 34

19

receptoras) e a germinação e multiplicação de linhagens de B. thuringiensis e B. cereus 1

em larvas mortas de Bombyx mori. A linhagem B. thuringiensis KT0 não mostrou 2

preferência para troca genética dentro de linhagens receptoras de B. thuringiensis e B. 3

cereus. Com isso o inseto hospedeiro pode ser considerado como uma fonte de 4

nutrientes, um meio de transmissão, e como um reservatório natural em que as bactérias 5

do grupo B. cereus podem ser submetidas à recombinação genética através de diferentes 6

mecanismos de adaptação. Estudos demonstram a grande habilidade de disseminação de 7

plasmídeos entre diferentes espécies do grupo do B. cereus sensu lato (JARRETT; 8

STEPHENSON, 1990; VILAS-BOAS et al., 1998; SANTOS et al., 2010). Devido ao 9

mecanismo de conjugação os plasmídeos podem ser considerados como uma entidade 10

biológica autônoma, capaz de se transferir de uma célula bacteriana pra outra, assim um 11

plasmídeo como o pHT73 de B. thuringiensis não poderia ser considerado específico 12

para essa espécie bacteriana. Quando condições ambientais são desfavoráveis, a célula 13

bacteriana pode eliminar elementos extracromossômicos e com isso obter vantagem 14

seletiva. Dessa maneira são as trocas genéticas que fazem com que os plasmídeos sejam 15

mantidos nas populações bacterianas, com isso esses podem ser mantidos na população 16

através do mecanismo de conjugação. 17

Santos e colaboradores (2010) demonstraram que a conjugação entre 18

linhagens de B. thuringiensis e B. cereus ocorre de maneira randômica, assim não 19

ocorre preferência na transferência de material genético entre essas duas espécies 20

bacterianas. Entretanto, resultados de germinação e multiplicação, no mesmo trabalho, 21

mostraram que linhagens de B. thuringiensis germinaram e multiplicaram mais 22

eficientemente que linhagens de B. cereus nas larvas de inseto. Esses resultados 23

mostraram que não existe nenhuma associação positiva entre a eficiência da 24

multiplicação bacteriana com a capacidade de conjugação em insetos infectados nas 25

condições testadas, ou seja, a multiplicação de células vegetativas não é essencial para a 26

ocorrência de conjugação entre linhagens de B. thuringiensis ou entre B. thuringiensis e 27

B. cereus em insetos mortos. 28

Experimentos de conjugação também foram conduzidos em alimentos, 29

devido ao B. cereus ser uma espécie conhecida pelas infecções gastrointestinais. Van 30

der Auwera et al. (2007) avaliaram o comportamento da conjugação de linhagens de B. 31

thuringiensis em meio Luria-Bertani (LB), leite e pudim de arroz usando dois 32

plasmídeos conjugativos, pXO16 e pAW63, bem como o plasmídeos mobilizável 33

pC194, em encontros bi e triparentais. Altas frequências de conjugação foram 34

20

observadas no leite, quando comparados com o meio LB. Além disso, quando linhagens 1

de B. cereus foram utilizadas como doadoras do plasmídeo pXO16 (isolado de B. 2

thuringiensis) para outra linhagem de B. cereus, a razão de conjugação foi em torno de 3

10-1

exconjugante/receptora, sendo similares com os valores observados na conjugação 4

com linhagens de B. thuringiensis em larvas de insetos. 5

Muitas evidências indicaram que B. thuringiensis e B. cereus exibem 6

uma variação de comportamento em diferentes ambientes. Essas diferenças são 7

relatadas como a alta taxa de conjugação ambos dentro e entre essas espécies, 8

germinação dos esporos e multiplicação das células vegetativas. Entretanto muitos 9

aspectos da biologia dessas espécies permanecem desconhecidos. Wilcks e 10

colaboradores em 2008 demonstraram que linhagens de B. thuringiensis são capazes de 11

estabelecer o ciclo de vida completo no trato digestório de ratos, incluindo germinação 12

de esporos, multiplicação de células vegetativas e transferência do plasmídeo pXO16. 13

Bizzarri e Bishop (2008) obtiveram o isolamento de células vegetativas do filoplano, 14

indicando novamente a possibilidade do ciclo de vida de B. thuringiensis ocorrer em 15

outros ambientes e não somente em cadáveres de insetos. 16

A maioria dos ambientes onde B. thuringiensis é encontrado pode ser 17

considerado reservatório de esporos, mas ocasionalmente células vegetativas podem 18

ocorrer em qualquer um desses ambientes, uma vez que eles fornecem condições ideais 19

como nutrientes, pH, temperatura e umidade. Entretanto, o ambiente onde células de B. 20

thuringiensis foram encontradas em melhores condições para multiplicação foram 21

larvas de insetos mortas, que podem ser consideradas como nicho ecológico dessa 22

espécie bacteriana (SALAMITOU et al., 2000; TAKATSUKA; KUNIMI, 2000; 23

THOMAS et al., 2000, 2001, 2002; YUAN et al., 2007; SANTOS et al., 2010; 24

RAYMOND et al., 2012). Consequentemente, nesse ambiente provavelmente ocorre a 25

evolução do genoma de B. thuringiensis através de diferentes mecanismos como as 26

trocas genéticas. 27

Outra linha de pesquisa desenvolvida por Raymond e colaboradores 28

investigou a estrutura genética populacional e ecologia do grupo do B. cereus. Raymond 29

et al., (2010a) encontraram o que muitos trabalhos anteriores tentavam, verificar a 30

relação da comunidade bacteriana com os insetos. Acreditava-se que em solo de 31

florestas iria existir uma comunidade bacteriana mais diversa que em um campo aberto, 32

devido a diversidade de espécies de insetos. Raymond et al., (2010a) observaram que 33

em solos existe um genótipo bem adaptado de B. thuringiensis, encontrado como 34

21

predominante nas amostras de comunidades do grupo do B. cereus, esse genótipo 1

correspondia ao da espécie B. thuringiensis subsp.kurstaki HD-1, linhagem utilizada no 2

bioinseticida DiPel. 3

Análises mostraram que essa predominância não é devido a aplicações 4

contínuas de bioinseticida, pois ocorreu um decaimento drástico de esporos após 10 dias 5

a partir da aplicação, então concluiu-se que esse genótipo está bem adaptado ao 6

ambiente e possui os genes comuns codificadores das proteínas Cry, Cry1Ab e Cry1Ac. 7

Alguns estudos observaram resistência de alguns insetos a essas duas proteínas Cry 8

(WIRTH; GEORGHIOU; FEDERICI, 1997; FERRÉ; VAN RIE, 2002). Isso é devido, 9

portanto não a aplicação de bioinseticida, mas sim a adaptação desse genótipo 10

bacteriano no ambiente. 11

Raymond et al., (2010) em experimentos com microcosmos, em 12

filoplano, concluíram que tanto a pulverização de bioinseticida quanto a introdução de 13

insetos no ambiente, alteram a constituição da comunidade bacteriana. A aplicação do 14

bioinseticida é indetectável após 28 dias da aplicação, tendo um efeito transiente na 15

comunidade bacteriana. Já insetos hospedeiros aumentam a densidade bacteriana e a 16

proporção de linhagens que expressam as proteínas Cry, pois as bactérias proliferam 17

dentro dos hospedeiros. 18

Raymond e colaboradores (2012) evidenciaram a cooperação entre 19

bactérias do grupo do B. cereus sensu lato. Experimentos em microcosmos foram 20

realizados com linhagens com e sem o gene cry, sendo que as linhagens sem o gene 21

foram obtidas por cura plasmidial através da linhagem com o gene. No início da 22

infecção foi recuperada a mesma quantidade de bactérias sem e com o gene cry, porém 23

após a infecção a linhagem sem o gene cry se multiplicou melhor e ficou com maior 24

densidade bacteriana que a linhagem com o gene. Porém foi evidenciado que esse 25

evento é de cooperação entre as linhagens e não de competição, pois a multiplicação de 26

bactérias é benéfica para a espécie, onde as linhagens não produtoras da proteína Cry 27

exploram os benefícios gerados pelas produtoras (acesso aos nutrientes do hospedeiro). 28

O aumento na densidade de bactérias sem o gene cry pode ser explicado pela “carga” 29

que os plasmídeos, carregados pela linhagem com o gene, geram. A multiplicação da 30

bactéria com o plasmídeo é mais lenta, enquanto que as bactérias que não carregam o 31

plasmídeo, se multiplicam mais rapidamente. 32

A falta de epizootias por B. thuringiensis pode ser explicada por essa 33

multiplicação das linhagens sem o gene cry, pois para a ocorrência da transferência 34

22

direta, requerida para uma epidemia, bactérias produtoras de cristal devem existir em 1

alta quantidade, o que não ocorre nas infecções naturais, onde as não produtoras se 2

multiplicam melhor (RAYMOND, 2012). Outra evidência para a não ocorrência de 3

epizootias é que ao morrer pela ação das proteínas Cry o inseto é depositado no solo, 4

seu reservatório natural. Assim, para que ocorra a transferência para outros hospedeiros 5

que estejam nas folhas, esporos de B. thuringiensis devem germinar, e ocorrer um novo 6

ciclo para que as proteínas Cry sejam produzidas e infectem novamente os insetos 7

hospedeiros (RAYMOND, 2010b). 8

As características fenotípicas das espécies bacterianas do grupo do B. 9

cereus sensu lato estão contidas em plasmídeos conjugativos. Entretanto, plasmídeos 10

são muitas vezes vistos como apoio de elementos genéticos na evolução do genoma 11

destas bactérias e esta é uma forma injusta de se referir a um grupo genético tão 12

importante. Portanto, é preciso entender melhor esses plasmídeos, realizando o 13

sequenciamento e anotação, conhecer tanto o seu papel na bactéria e como as condições 14

favoráveis para sua dispersão, bem como as células vegetativas contendo diferentes 15

plasmídeos interagindo com diferentes ambientes. A natureza é dinâmica e as mudanças 16

ocorrem gradualmente no curso da evolução. Com isso outros estudos devem ser 17

realizados para uma melhor compreensão da ecologia de B. thuringiensis (VILAS-18

BÔAS; SANTOS, 2012). 19

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21

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23

24

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31

32

33

34

23

2. OBJETIVOS

2.1 GERAL

Verificar a influência da presença dos plasmídeos pHT73-EmR

e 1

pHT73Δcry1Ac TetR no comportamento de linhagens de B. thuringiensis em larvas de 2

A. gemmatalis sobre as habilidades de germinação de esporos, multiplicação de células 3

vegetativas e esporulação. 4

5

6

2.2 ESPECÍFICOS 7

8

1- Obter linhagens exconjugantes de B. thuringiensis contendo o 9

plasmídeo pHT73-EmR que possui o gene cry intacto e um gene de resistência ao 10

antibiótico eritromicina; 11

2- Obter linhagens exconjugantes de B. thuringiensis contendo o 12

plasmídeo pHT73Δcry1Ac TetR

no qual o gene cry foi substituído por um gene de 13

resistência ao antibiótico tetraciclina; 14

3- Determinar a capacidade de germinação, crescimento e esporulação 15

de linhagens selvagens de B. thuringiensis em larvas de A. gemmatalis; 16

4- Determinar o comportamento de linhagens exconjugantes de B. 17

thuringiensis contendo o plasmídeo pHT73-EmR

com o gene cry ativo e o plasmídeo 18

pHT73Δcry1Ac TetR sem o gene cry em larvas de A. gemmatalis, verificando a 19

influência dessas linhagens; 20

5- Fazer um estudo comparativo de germinação, crescimento e 21

esporulação entre as linhagens de B. thuringiensis contendo o plasmídeo pHT73-EmR

22

com o gene cry ativo, ou plasmídeo pHT73Δcry1Ac TetR sem o gene cry ou nenhum 23

dos dois plasmídeos. 24

25

26

27

28

29

30

24

REFERÊNCIAS 1

2

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AGAISSE, H.; GOMINET, M.; ØKSTAD, O. A.; KOLSTØ, A. B.; LERECLUS, D. 9

PlcR is a pleiotropic regulator of extracellular virulence factor gene expression 10

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32

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34

35

36

37

38

39

40

41

42

43

37

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

3. ARTIGO 11

12

EFEITO DO GENE cry SOBRE A CAPACIDADE DE 13

GERMINAÇÃO, CRESCIMENTO E ESPORULAÇÃO DE 14

Bacillus thuringiensis INFECTANDO LARVAS DE 15

Anticarsia gemmatalis 16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

31

38

1

3. 1 RESUMO 2

3

A sistemática bacteriana não possui até hoje consenso quanto ao conceito de espécie, o 4

que tem gerado discussões sobre a classificação de diferentes espécies, como as 5

estudadas dentro do grupo Bacillus cereus lato sensu, que inclui além de Bacillus 6

anthracis, B. cereus stricto sensu e Bacillus thuringiensis. Essas duas últimas espécies 7

compartilham um grande nível de similaridade cromossômica e são fenotipicamente 8

idênticas. A diferenciação destas espécies é realizada por um gene plasmidial, 9

denominado gene cry. Esse gene codifica um cristal paraesporal (composto por 10

proteínas Cry) que confere a atividade entomopatogênica. Uma das formas de dispersão 11

desses plasmídeos é pelo processo de conjugação. Essa troca de material genético entre 12

as espécies de bactérias dificulta a classificação dessas espécies. Com o objetivo de 13

avaliar a influência do plasmídeo pHT73 e do gene cry1Ac sobre o comportamento de 14

linhagens de B. thuringiensis, larvas de 2º ínstar de Anticarsia gemmatalis, foram 15

alimentadas com dietas contendo culturas esporuladas dessa espécie bacteriana. Em 16

seguida, cada larva foi avaliada quanto à germinação de esporos, multiplicação e 17

sobrevivência das linhagens selvagens, B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1; B. 18

thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73-EmR e B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 19

pHT73Δcry1Ac TetR, e linhagens exconjugantes B. thuringiensis subsp. thuringiensis 20

407-1 pHT73-EmR e B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73Δcry1Ac Tet

R, 21

sendo que cada experimento foi realizado com 10 repetições. As avaliações foram 22

realizadas em diversos tempos, incluindo um tempo antes da morte, t0, t24 e t48 horas 23

após a morte das larvas. As análises estatísticas evidenciaram que linhagens contendo o 24

plasmídeo pHT73-EmR se multiplicam em uma taxa maior que linhagens contendo o 25

plasmídeo pHT73Δcry1Ac TetR, demonstrando que o gene cry confere uma vantagem 26

nas linhagens que o abrigam. As linhagens que possuem o plasmídeo pHT73Δcry1Ac 27

TetR

se multiplicam a uma taxa maior que linhagens que não apresentam nenhum dos 28

dois plasmídeos estudados. Portanto, as linhagens que possuem o plasmídeo pHT73-29

EmR

são mais adaptadas ao ambiente larval quando comparadas às linhagens que 30

carregam o plasmídeo pHT73Δcry1Ac TetR

ou as que não possuem nenhum dos dois 31

plasmídeos. As linhagens que possuem o plasmídeo pHT73Δcry1Ac TetR

possuem uma 32

vantagem em relação as linhagens que não possuem nenhum dos dois plasmídeos, com 33

isso pode-se inferir que existem outros genes plasmidiais que influenciam no 34

comportamento de linhagens desse grupo bacteriano. Estudos posteriores poderão 35

evidenciar se essa influência do plasmídeo pHT73 e do gene cry1Ac sobre o 36

comportamento de linhagens de B. thuringiensis é espécie específico ou se essa 37

influência ocorre também em linhagens de B. cereus, além de apontar o papel desses 38

genes e sua importância no comportamento bacteriano. 39

40

Palavras-chave: Bacillus cereus sensu lato. Conjugação. Plasmídeo. 41

42

43

44

39

3.2 INTRODUÇÃO

O grupo do Bacillus cereus sensu lato inclui seis espécies bacterianas 1

destacando-se, Bacillus thuringiensis, Bacillus cereus e Bacillus anthracis. B. 2

thuringiensis é uma bactéria de importância no controle biológico de insetos praga de 3

lavoura e vetores de doenças. Sua atividade entomopatogênica é devida à ação das 4

proteínas Cry (SCHNEPF et al., 1998), cujos genes estão, geralmente, presentes em 5

grandes plasmídeos conjugativos. Alguns autores acreditam que a presença destes 6

plasmídeos e, consequentemente, a atividade entomopatogênica, permite que linhagens 7

de B. thuringiensis possam colonizar os cadáveres de diferentes espécies de insetos, 8

sendo este, o provável nicho da bactéria no ambiente (ALY; MULLA; FEDERICI, 9

1985; JARRETT; STEPHENSON, 1990; TAKATSUKA; KUNIMI, 2000; THOMAS et 10

al., 2000, 2001, 2002; SUZUKI et al., 2004; RAYMOND et al., 2010a, b). 11

B. cereus, assim como B. thuringiensis, é uma bactéria frequentemente 12

isolada a partir de amostras ambientais, incluindo solo, água e materiais de origem 13

vegetal e animal. No entanto, algumas linhagens de B. cereus causam contaminação de 14

alimentos sendo responsáveis por eventos de intoxicação gastrointestinal, produzindo 15

diarreias e vômitos. Além disso, linhagens de B. cereus tem sido apontadas como 16

responsáveis em casos de infecções locais ou sistêmicas (CALLEGAN; GILMORE; 17

GREGORY, 2007), o que aponta a espécie como patógeno oportunista. 18

B. thuringiensis e B. cereus compartilham um grande nível de 19

similaridade genética e são fenotipicamente idênticas, excetuando a produção de cristais 20

proteicos em B. thuringiensis. No entanto, o fato dos genes codificantes para a formação 21

desses cristais estarem frequentemente localizados em grandes plasmídeos conjugativos, 22

tem gerado discussões acerca da classificação como duas espécies separadas ou como 23

uma única espécie (HELGASON et al., 2000; VILAS-BÔAS et al., 2002; CHERIF et 24

al., 2003; VILAS-BÔAS et al., 2007), uma vez que a transferência de material genético 25

por conjugação entre linhagens de B. thuringiensis e entre linhagens de B. thuringiensis 26

e B. cereus, transferindo plasmídeos carregando genes cry, tem sido descrita 27

frequentemente (GONZÁLES; BROWN; CARLTON, 1982; JARRET; STEPHENSON 28

1990; ANDRUP; DAMGAARD; WASSERMANN, 1993; JENSEN et al., 1995; 29

VILAS-BÔAS et al., 1998, 2000; WILCKS et al., 1998; THOMAS et al., 2000, 2001, 30

2002; KLIER et al., 1983; LERECLUS et al., 1983; BATTISTI; GREEN; THORNE, 31

40

1985; REDDY et al., 1987; HU et al., 2004, 2005; VAN DER AUWERA et al., 2007; 1

YUAN et al., 2007). 2

Assim, uma linha de pesquisa importante, visa investigar as diferenças 3

de comportamento entre estas espécies em diferentes tipos de ambientes como solo, 4

cadáveres de insetos e alimentos (VILAS-BÔAS, 2000; SUZUKI, LERECLUS; 5

ARANTES, 2004; SANTOS, 2010; RAYMOND, 2012). Em condições favoráveis os 6

esporos de B. thuringiensis e B. cereus presentes no ambiente podem germinar, 7

seguindo-se a formação e multiplicação das células vegetativas, troca de material 8

genético por conjugação e posterior esporulação. No entanto, estudos têm mostrado que 9

os esporos de B. thuringiensis não podem germinar em amostras de solo esterilizado 10

(VILAS-BÔAS et al., 2000) e em ambientes aquáticos (FURLANETO et al., 2000) 11

devido a escassez de nutrientes e oxigênio. Diversos estudos foram realizados em 12

cadáveres de insetos para avaliar a germinação de esporos, multiplicação de células 13

vegetativas, produção de fatores de virulência e conjugação dos plasmídeos contendo 14

genes cry (JARRETT e STEPHENSON, 1990; VILAS-BÔAS et al., 1998; WILCKS et 15

al., 2008; YUAN et al., 2007; SANTOS et al., 2010). 16

Estudos demonstram a grande habilidade de disseminação de 17

plasmídeos entre diferentes espécies do grupo do B. cereus sensu lato (JARRETT; 18

STEPHENSON, 1990; VILAS-BOAS et al., 1998; SANTOS et al., 2010). Devido ao 19

mecanismo de conjugação os plasmídeos podem ser considerados como uma entidade 20

biológica autônoma, capaz de se transferir de uma célula bacteriana pra outra, assim um 21

plasmídeo como o pHT73 de B. thuringiensis não poderia ser considerado específico 22

para essa espécie bacteriana. Quando condições ambientais são desfavoráveis, a célula 23

bacteriana pode eliminar elementos extracromossômicos e com isso obter vantagem 24

seletiva. Dessa maneira são as trocas genéticas que fazem com que os plasmídeos sejam 25

mantidos nas populações bacterianas. 26

Santos e colaboradores (2010) demonstraram que a conjugação entre 27

linhagens de B. thuringiensis e B. cereus ocorre de maneira randômica, assim não 28

ocorre preferência na transferência de material genético entre essas duas espécies 29

bacterianas. No mesmo trabalho os autores evidenciaram que linhagens de B. 30

thuringiensis apresentaram maior germinação de esporos e multiplicação de células 31

vegetativas que linhagens de B. cereus contendo o plasmídeo com o gene cry. No 32

entanto, a comparação das habilidades de germinação de esporos e multiplicação de 33

células vegetativas de linhagens bacterianas contendo o plasmídeo com o gene cry com 34

41

as habilidades de linhagens sem o plasmídeo, demonstrou maior eficiência no 1

desenvolvimento nas linhagens contendo o plasmídeo. Portanto, esse estudo visa 2

verificar se as alterações verificadas no comportamento destas linhagens são decorrentes 3

à expressão do gene cry que está contido no plasmídeo ou a expressão de outro genes 4

plasmidiais ou da interação desses genes com o cromossomo. 5

6

3.3 MATERIAL E MÉTODOS 7

8

3.3.1 Linhagens utilizadas 9

10

As características fenotípicas das linhagens de B. thuringiensis 11

utilizadas neste estudo estão listadas na Tabela 1. B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 12

pHT73-EmR apresenta um plasmídeo natural (pHT73-Em

R) de 75 kb, contendo o gene 13

cry1Ac, no qual foi inserido um gene de resistência à eritromicina (ermC) (VILAS-14

BÔAS et al., 1998). B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73Δcry1Ac TetR contém o 15

mesmo plasmídeo, no entanto, o gene cry1Ac foi substituído por um gene de resistência 16

à tetraciclina (tetR). 17

18

3.3.2 Características dos experimentos de conjugação 19

20

As linhagens B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73-EmR e B. 21

thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73Δcry1Ac TetR foram usadas como doadoras 22

(Tabela 1). A linhagem B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 foi empregada como 23

receptora nos processos de conjugação. Os experimentos foram realizados com 24

repetições variadas, sendo que valores muito discrepantes, devido a erros experimentais, 25

foram eliminados. A presença dos plasmídeos pHT73-EmR e pHT73Δcry1Ac-Tet

R nos 26

exconjugantes foi confirmada através da produção de proteína cristal e teste de 27

resistência. 28

29

3.3.3 Conjugação em suporte sólido 30

31

Os experimentos de conjugação em suporte sólido foram conduzidos 32

pelo método descrito por Santos et al., (2010). As linhagens doadora e receptora foram 33

42

inoculadas individualmente em 5,0 mL de meio Luria-Bertani (LB) líquido, com os 1

antibióticos apropriados, e incubadas a 30 ºC por 15 h. Em seguida, 0,1 mL, de cada 2

linhagem, separadamente, foi transferido para 10 mL de meio LB pré-aquecido com 3

antibiótico e cultivado até D.O.600nm ~ 1,0. Igual concentração de linhagem doadora e 4

receptora (0,5 mL de cada linhagem) foi colocada sobre um filtro de nitrocelulose 5

(Millipore HVLP 0,45 µM), e este colocado sobre um disco de papel de filtro 6

depositado dentro de uma placa de Petri sem meio de cultura. Após a absorção do meio 7

de cultivo pelo papel de filtro, a membrana de nitrocelulose foi transferida para uma 8

placa de Petri contendo meio LB sem antibiótico, seguindo uma incubação a 30 ºC por 9

24 h. 10

As células que se multiplicaram sobre o filtro de nitrocelulose foram 11

ressuspendidas em 1,0 mL de solução salina e inoculadas em placas contendo meio LB 12

suplementado com os antibióticos adequados. Após 24 horas foi verificado o 13

aparecimento de colônias exconjugantes, as quais foram estocadas em banco seco e 14

glicerol 25%, após foram armazenadas adequadamente e utilizadas nos estudos in vivo 15

em larvas de Anticarsia gemmatalis Hübner, 1918, (Erebidae: Lepidoptera). 16

17

3.3.4 Produção da suspensão de esporos-cristais 18

19

Linhagens de B. thuringiensis estocadas em papel de filtro contendo 20

esporos e/ou cristais foram recuperadas após imersão dos papéis em 1 ml de água 21

destilada esterilizada seguida de breve agitação. Placas de Petri contendo meio Bacto-22

Peptona (BP) (LECADET et al., 1980) foram inoculadas com 0,2 ml da suspensão 23

bacteriana, sobre o meio de cultura com alça de Drygalski. 24

As placas foram incubadas em estufa a 30 0C até completa 25

esporulação, a qual foi monitorada em microscópio óptico, sendo que as lâminas 26

contendo uma suspensão da cultura são coradas por 70 segundos com Amido Black, 27

posteriormente são enxaguadas e coradas por 20 segundos com Fucsina (Figura 1). 28

Após quatro dias de incubação, as placas foram ressuspendidas em 1,5 mL de água 29

destilada esterilizada. 30

31

3.3.5 Comportamento de linhagens de Bacillus thuringiensis em 32

larvas de A. gemmatalis 33

34

43

Estudou-se o comportamento das linhagens contidas na Tabela 1 em 1

lagartas de 3º instar de A. gemmatalis, criadas em dieta com tetraciclina. Os testes foram 2

conduzidos usando seleção randômica das larvas com aproximadamente o mesmo 3

tamanho (sexo indefinido). As lagartas foram cedidas pela Empresa Brasileira de 4

Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA-SOJA), situada na cidade de Londrina/PR, Brasil. 5

Nos experimentos foram utilizadas culturas esporuladas de todas as linhagens. As 6

culturas bacterianas foram tratadas com calor (80 °C, 20 minutos), visando a eliminação 7

de células vegetativas e a persistência de esporos. 8

Os experimentos foram realizados em folhas de Glycine max 9

(Linnaeus). As folhas foram coletadas, lavadas em solução de hipoclorito de sódio a 10

5%, enxaguadas em água destilada e secas em papel filtro. Posteriormente, foram 11

cortados discos foliares com um centímetro de diâmetro, os quais foram mergulhados 12

em solução de TWEEN 0,001% e receberam uma suspensão com 1011

esporos das 13

linhagens Cry- de B. thuringiensis (B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 14

pHT73Δcry1Ac TetR; B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1; B. thuringiensis 15

subsp. thuringiensis 407-1 pHT73Δcry1Ac TetR) ou suspensão de esporos e cristais das 16

linhagens Cry+ de B. thuringiensis (B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73-Em

R e 17

B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73-EmR). 18

Para cada linhagem de B. thuringiensis citada anteriormente foram 19

utilizadas 40 lagartas de 2º instar de A. gemmatalis. Os experimentos foram realizados 20

em bandejas plásticas retangulares (42 x 19,5 cm) contendo 128 poços (Figura 2). As 21

lagartas foram colocadas individualmente em cada poço contendo um disco de folha de 22

soja com a suspensão de esporos ou esporos e cristais das linhagens utilizadas. As 23

bandejas plásticas foram colocadas em estufa com temperatura controlada (25-27 ºC), 24

fotoperíodo (16/8 h claro/escuro) e com 80% de umidade relativa. 25

Após 24 horas de incubação, um novo disco de folha de soja, sem 26

suspensão bacteriana, foi inserido em cada poço, para permitir a oferta de alimento às 27

lagartas por todo o experimento. Nesse momento, além de ser ofertado novo disco de 28

folha de soja, um total de 10 lagartas foram processadas imediatamente, para cada 29

linhagem bacteriana, visando a quantificação de células vegetativas e esporos em 30

lagartas vivas. Esse tempo foi denominado Tempo 1, ou tempo anterior a morte das 31

lagartas, sendo este 24 horas após o início do experimento. 32

Lagartas que foram alimentadas inicialmente com folhas contendo 33

linhagens produtoras de cristais foram incubadas até a morte, ocorrida pela ação 34

44

entomopatogênica da bactéria. Lagartas alimentadas inicialmente com folhas contendo 1

linhagens sem atividade entomopatogênica (Cry-) foram mortas mecanicamente, 2

simultaneamente à morte das lagartas pela atividade entomopatogênica. Nesse tempo, 3

denominado Tempo 2, ou tempo de morte das lagartas, para cada linhagem, um lote de 4

10 lagartas foi processado imediatamente, e outros dois lotes de 10 lagartas foram 5

armazenados em tubos de microcentrífuga, os quais foram incubados a 30 ºC por 24 6

horas (Tempo 3) ou 48 horas (Tempo 4) e, então, processados. 7

Dessa forma, para cada linhagem, o processamento das lagartas para 8

quantificação de células vegetativas e esporos bacterianos foi realizado em quatro lotes 9

(Tempo 1, anterior a morte das lagartas, Tempo 2, tempo de morte das lagartas 10

(aproximadamente 48 horas após o início do experimento), Tempo 3, 24 horas após a 11

morte das lagartas e Tempo 4, 48 horas após a morte das lagartas), com 10 lagartas por 12

lote, totalizando 40 lagartas. 13

Cada experimento foi realizado com um conjunto de linhagens. Assim, 14

as duas linhagens B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 foram avaliadas sempre na 15

mesma bateria experimental. Da mesma forma, os experimentos com as três linhagens 16

B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 sempre foram realizados na mesma bateria 17

experimental. Durante cada experimento foi realizado um controle negativo contendo 18

10 lagartas. Dessa forma, B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73Δcry1Ac TetR e 19

B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73-EmR, possuem 40 lagartas cada e 10 20

lagartas como controle negativo e B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1; B. 21

thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73-EmR e B. thuringiensis subsp. 22

thuringiensis 407-1 pHT73Δcry1Ac TetR, possuem 40 lagartas cada e 10 lagartas como 23

controle negativo. 24

Para a quantificação do número de unidades formadoras de colônias 25

(UFC) e esporos bacterianos, em cada tempo, as lagartas foram maceradas em 1 mL de 26

solução salina 0,85% em tubos de microcentrífuga de 2,0 mL, seguindo-se diluição em 27

série em solução salina. Cada diluição foi inoculada em placas contendo meio LB 28

suplementado com os antibióticos apropriados para cada linhagem (100 µg mL-1

de 29

eritromicina; 200 µg mL-1

de estreptomicina e 10 µg mL-1

de tetraciclina), antes e após 30

tratamento de calor (80 ºC por 20 min). As placas foram incubadas a 30 ºC por cerca de 31

16 horas até a formação de colônias. 32

33

3.3.6 Análise dos resultados 34

45

1

A análise de variância (teste de Tukey) em p <0,05, realizada pelo 2

programa Instat, foi utilizada para estabelecer se existe diferença significativa na 3

germinação de esporos, multiplicação das células vegetativas e esporulação das 4

linhagens de B. thuringiensis em larvas de A. gemmatalis. Para a comparação entre o 5

comportamento das diferentes linhagens foi utilizado um modelo binomial negativo. 6

7

3.4 RESULTADOS 8

9

Foram obtidos exconjugantes da linhagem B. thuringiensis subsp. 10

thuringiensis 407-1 com duas linhagens doadoras, B. thuringiensis subsp. kurstaki 11

KT0 pHT 73-EmR

e B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73Δcry1Ac Tet

R, 12

através da incubação conjunta em suporte sólido de células vegetativas de ambas 13

linhagens. Assim, um total de 5 linhagens foi utilizado nos experimentos de estudo do 14

comportamento das linhagens de B. thuringiensis em larvas de A. gemmatalis. 15

As linhagens com atividade entomopatogênica levaram o inseto à 16

morte aproximadamente 48 horas após o início do experimento, o que foi considerado 17

como t0 nesse estudo. As demais avaliações foram realizadas, 24 horas após o início do 18

experimento (tempo antes da morte) e com 24 e 48 horas após a morte do inseto (Figura 19

3). 20

As diversas linhagens bacterianas apresentaram diferentes 21

comportamentos em larvas de A. gemmatalis (Figura 4). A linhagem selvagem B. 22

thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73-EmR (Figura 4A) no tempo antes da morte 23

apresentou 106 esporos no interior da lagarta, não ocorrendo germinação nesse tempo; a 24

germinação ocorreu entre o t0 e t24 (p>0,05), sendo esta foi completa no t24. A 25

multiplicação das células vegetativas ocorreu entre os tempos t0 e t24 (p>0,05), seguindo 26

para um início de esporulação entre os tempos t24 e t48 (p>0,05). 27

A linhagem B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73Δcry1Ac 28

TetR (Figura 4B) no tempo antes da morte possuía 10

5 esporos no interior da lagarta, 29

sem ocorrer germinação dos esporos nesse tempo. Entre os tempos antes da morte e t0 30

ocorreu a germinação dos esporos (p>0,05), sendo que esta foi completa no t0 (neste 31

tempo não encontrou-se esporos). Não ocorreu multiplicação das células vegetativas 32

significativa em nenhum dos tempos analisados. 33

A linhagem B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 (Figura 4C), 34

46

não apresentou completa germinação dos esporos, a germinação parcial ocorreu entre t0 1

e t24 (p>0,05). Ocorreu multiplicação das células vegetativas entre t24 e t48 (p>0,05), 2

porém aproximadamente 102 das formas presentes permaneceram na forma de esporos 3

no decorrer do experimento. 4

B. thuringiensis var. thuringiensis 407-1 pHT73-EmR (Figura 4D) 5

apresentou germinação dos esporos no tempo antes da morte, porém em t0 ocorreu 6

esporulação em aproximadamente 105, a multiplicação da células vegetativas ocorreu 7

entre t0 e t24 (p>0,05). B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73Δcry1Ac-TetR 8

(Figura 4E) apresentou completa germinação dos esporos no tempo antes da morte, 9

ocorreu multiplicação das células vegetativas entre t0 e t48 (p>0,05) e entre t24 e t48 10

(p>0,05) ocorreu início de esporulação. 11

12

3.5 DISCUSSÃO 13

14

O desenvolvimento de espécies do grupo do B. cereus sensu lato em 15

insetos hospedeiros tem sido estudado por muitos pesquisadores, tentando compreender 16

o dinâmico comportamento desse grupo bacteriano (SALAMITOU et al., 2000; 17

TAKATSUKA; KUNIMI, 2000; THOMAS et al., 2000, 2001, 2002; YUAN et al., 18

2007; SANTOS et al., 2010; RAYMOND et al., 2012). 19

A linhagem selvagem B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73-20

EmR mostrou completa germinação dos esporos no t24, como descrito por Santos e 21

colaboradores (2010) onde essa mesma linhagem provocou a morte do inseto 22

hospedeiro e foi capaz de colonizar larvas de B. mori, apresentando alta multiplicação 23

de células vegetativas. A linhagem B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 contendo o 24

mesmo plasmídeo com o gene cry deletado (pHT73Δcry1Ac TetR) não conseguiu se 25

desenvolver no interior da lagarta, apresentando somente a germinação dos esporos, não 26

ocorrendo multiplicação das células vegetativas e posterior esporulação como a 27

linhagem B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73-EmR. 28

Através dos tempos citados pode-se observar a dinâmica do 29

comportamento de linhagens de B. thuringiensis em larvas de insetos. Os cristais 30

proteicos ao serem ingeridos, causaram danos na membrana epitelial do intestino larval, 31

com isso os esporos puderam invadir a hemolinfa e então germinar; consequentemente 32

pôde ocorrer multiplicação das células vegetativas. Com base nesses conceitos foram 33

realizadas análises de contagem no tempo antes da morte das largartas, para avaliar se 34

47

existe correlação entre o comportamento das linhagens e a morte do inseto, ou seja, se a 1

germinação e/ou multiplicação das linhagens é influenciada pela morte do inseto. 2

Através dessa análise pôde-se avaliar se a germinação ocorre em larvas de insetos antes 3

da morte. Escolheu-se o modelo binomial negativo utilizado para comparar o 4

comportamento das diferentes linhagens no interior do inseto hospedeiro, pois, este 5

permite incorporar o excesso de variância nos dados experimentais. 6

O modelo binomial negativo permitiu a comparação entre essas duas 7

linhagens, analisando dados anteriores ao tratamento de calor, ou seja, considerando o 8

número total da população bacteriana. Esse modelo permitiu concluir que o ambiente 9

larval foi mais favorável a linhagem B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73-EmR 10

no decorrer do tempo quando comparada a linhagem B. thuringiensis subsp. kurstaki 11

KT0 pHT73Δcry1Ac TetR (Figura 5A). Verificou-se que a linhagem B. thuringiensis 12

subsp. kurstaki KT0 pHT73-EmR

apresentou crescimento exponencial com taxa 1,3285 13

e a linhagem e KT0 pHT73Δcry1Ac TetR apresentou um crescimento menor, com taxa 14

de 0,6598, mostrando que o crescimento da linhagem B. thuringiensis subsp. kurstaki 15

KT0 pHT73-EmR

foi significativamente maior que o da linhagem KT0 pHT73Δcry1Ac 16

TetR

(Figura 5A). 17

Para as mesmas duas linhagens testou-se o efeito do calor no t0, onde 18

dados obtidos antes do tratamento de calor foram contrastados com dados obtidos 19

posteriores ao tratamento de calor. As diferenças para ambas as linhagens foram 20

significativas, ou seja, o calor tem efeito estatisticamente igual nas duas espécies, sendo 21

eficaz na eliminação de células vegetativas. Verificou-se o efeito do calor no tempo 22

antes da morte, evidenciando para ambas as espécies que não houve diferenças 23

estatísticas, com isso pode-se concluir que a população bacteriana total encontrava-se na 24

forma de esporos no tempo antes da morte, não ocorrendo germinação dos esporos 25

nesse tempo. 26

As análises das linhagens B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1; 27

B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73-EmR e B. thuringiensis subsp. 28

thuringiensis 407-1 pHT73Δcry1Ac TetR utilizando dados antes do calor permitiram a 29

comparação do comportamento dessas linhagens no decorrer do tempo. As bactérias B. 30

thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1; B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 31

pHT73Δcry1Ac TetR apresentam um crescimento exponencial com taxas 32

estatisticamente iguais (3,047 e 3,043, respectivamente) sendo que a bactéria B. 33

thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73-EmR apresentou crescimento 34

48

significativamente maior (4,198) (Figura 5B). 1

Para as mesmas três linhagens testou-se o efeito do calor no t0, onde 2

dados antes do tratamento de calor foram contrastados com dados posteriores ao 3

tratamento de calor. Com os resultados pode-se observar que o calor tem efeito mais 4

pronunciado nas bactérias B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73-EmR e B. 5

thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73Δcry1Ac TetR, portanto essas linhagens 6

possuíam um maior número de células vegetativas que a linhagem B. thuringiensis 7

subsp. thuringiensis 407-1. Análises estatísticas testando o efeito do calor, no tempo 8

antes da morte, verificaram que a população de esporos foi maior nas bactérias B. 9

thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 e B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 10

pHT73Δcry1Ac TetR, com isso evidencia-se que linhagem B. thuringiensis subsp. 11

thuringiensis 407-1 pHT73-EmR possui uma quantidade maior de células vegetativas 12

no tempo antes da morte. As diferenças para ambas as linhagens foram significativas, 13

ou seja, o calor tem efeito estatisticamente igual nas duas espécies. 14

Através do experimento constatou-se que as bactérias que continham 15

o plasmídeo pTH73-EmR, se multiplicaram em uma taxa maior que as bactérias com o 16

plasmídeo pHT73Δcry1Ac TetR, ou aquelas que não possuíam o plasmídeo (selvagem). 17

Portanto o plasmídeo pTH73-EmR

conferiu vantagem as bactérias que o possuíam no 18

ambiente larval, pois este foi mais favorável a essas bactérias. A análise das bactérias B. 19

thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1; B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 20

pTH73-EmR e B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73Δcry1Ac Tet

R, 21

permitiu concluir que o gene cry, contido no plasmídeo pTH73-EmR, também 22

proporciona vantagem para as bactérias que o abrigam, pois a linhagem B. 23

thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pTH73-EmR multiplicou-se de maneira mais 24

eficiente no interior do inseto do que a linhagem B. thuringiensis subsp. thuringiensis 25

407-1 pHT73Δcry1Ac TetR que possui o gene cry deletado, constatando assim a 26

vantagem do gene cry. Santos e colaboradores (2010) avaliaram o comportamento da 27

linhagem B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 selvagem, em larvas de 2º instar 28

de B. mori e obtiveram multiplicação das células vegetativas em altas taxas, a linhagem 29

exconjugante com o plasmídeo pHT73-EmR

não foi avaliada. 30

No entanto, estudos realizados por outros autores, como Raymond e 31

colaboradores (2012) e Takatsuka e Kunimi, (2000), relatam que linhagens sem 32

plasmídeos se multiplicam mais rapidamente que as linhagens com grandes plasmídeos 33

como o pHT73-EmR, assim as linhagens pertencentes a microbiota intestinal podem se 34

49

multiplicar mais rápido e gerar uma interação antagonística, impossibilitando o 1

desenvolvimento das linhagens com grandes plasmídeos. 2

Além disso, Suzuki e colaboradores (2004) concluíram que a 3

habilidade de linhagens de B. thuringiensis crescerem e esporularem em cadáveres de 4

insetos é variável. Esses autores observaram que linhagens de B. thuringiensis são 5

capazes de matar o inseto, mas nem sempre se multiplicam nos cadáveres. Algumas 6

linhagens sem especificidade para matar um hospedeiro foram capazes de se multiplicar 7

quando estes foram mortos mecanicamente. Linhagens acristalíferas de B. thuringiensis 8

var. israelenses mantém a habilidade para multiplicar em larvas de Diptera (SUZUKI et 9

al., 2004). Thomas et al. (2000) descreveram o mesmo fenômeno no coleóptera 10

Phaedon cochleriae com a linhagem B. thuringiensis var. tenebrionis. 11

Estudos posteriores poderão evidenciar se a influência do plasmídeo 12

pHT73 e do gene cry1Ac sobre o comportamento de linhagens de B. thuringiensis é 13

espécie específico ou se a influência ocorre também em linhagens de B. cereus. O 14

trabalho terá continuidade com análises de outras bactérias do Grupo do B. cereus, 15

incluindo linhagens selvagens de B. cereus sensu stricto, contendo o plasmídeo pHT73-16

EmR ou o plasmídeo pHT73Δcry1Ac Tet

R, para a confirmação dos resultados obtidos 17

em linhagens de B. thuringiensis e uma maior amplitude do papel desses plasmídeos ou 18

do gene cry nesse grupo bacteriano. Em acréscimo, os resultados obtidos também 19

devem levar a caracterização de genes plasmídicos envolvidos no desenvolvimento de 20

bactérias em insetos. Os resultados obtidos permitirão um aprimoramento nos 21

conhecimentos acerca de evolução das bactérias do grupo do B. cereus. No conjunto, 22

os resultados poderão fornecer dados essenciais sobre a evolução de bactérias do grupo 23

B. cereus, como a compreensão do papel de plasmídeos conjuntivos e de seus genes no 24

comportamento de linhagens do grupo do B. cereus em ecossistemas naturais, como o 25

cadáver de invertebrados. 26

27

28

29

30

31

32

33

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53

ANEXOS

54

ANEXO A

Tabela 1. Propriedades das linhagens empregadas neste estudo.

Linhagens Características Fonte

B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73-EmR ¹ Doadora, Cry

+, Em

R a

B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73Δcry1Ac

TetR

¹

Doadora, Cry-, Tet

R b

B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 ² Receptora, Cry-, Pig

+,

SmR

c

B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73-

EmR 3

Exconjugante, Cry+,

Pig+, Em

R

c

B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1

pHT73Δcry1Ac TetR 3

Exconjugante, Cry- ,

Pig+, Tet

R

b

Cry+

: produtora de cristal entomopatogênico; Cry-: não produtora de cristal

entomopatogênico; Pig+

: produtora de um pigmento marrom; 1 Linhagem doadora;

2

Linhagem receptora; 3

Linhagem exconjugante; EmR: resistente a eritromicina; Sm

R:

resistente a estreptomicina; TetR: resistente a tetraciclina.

a Vilas-Bôas, et al. 1998.

b Esse estudo.

c Santos, et al., 2010.

55

ANEXO B

Figura 1. Fotomicroscopia das linhagens (A) B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73-EmR

evidenciando os cristais bipiramidais (c) e esporos (e) e (B) linhagem B. thuringiensis subsp.

kurstaki KT0 pHT73Δcry1Ac TetR, contendo apenas esporos (e). Aumento de 1000 vezes e

coloração: Amido-Black e Fucsina.

56

ANEXO C

Figura 2. Etapas de montagem do experimento. (A) Visão geral da bandeja plástica com os

discos foliares; (B) Lagarta de A. gemmatalis sendo inserida individualmente no poço; (C) Final

da montagem do experimento com a vedação da bandeja plástica com um selo adesivo a camada

plástico.

57

ANEXO D

Figura 3. Etapas de infecção pela linhagem B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0

pHT73-EmR e exconjugantes com o plasmídeo pHT73-Em

R em A. gemmatalis. (A)

antes do tratamento; (B) logo após morte (t0); (C) 12 horas após a morte (t12). Seta:

início da infecção de B. thuringiensis no intestino médio de A. gemmatalis.

58

ANEXO E

Figura 4. Desenvolvimento de linhagens de B. thuringiensis em cadáveres de A. gemmatalis. Somente as linhagens B. thuringiensis subsp.

kurstaki KT0 pHT73-EmR

e B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73-EmR são tóxicas para as larvas. Larvas alimentadas com a

suspensão contendo outras linhagens foram mortas mecanicamente. Tempos 0, 24 e 48 h representam o tempo após a morte larval. Os

resultados apresentados são médias de três experimentos independentes. Barra de desvio-padrão são mostradas (p<0,05). Amostras sem

tratamento de calor; Amostras com tratamento de calor (80 ºC por 20 min).

A B

59

C D

E

60

ANEXO F

Figura 5. Modelo de comportamento temporal de linhagens de B. thuringiensis em cadáveres de A. gemmatalis. Somente as linhagens B.

thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73-EmR

e B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73-EmR são tóxicas para as larvas. Valores

plotados correspondem aos anteriores ao tratamento de calor. Tempos 0, 24 e 48 representam o tempo após a morte larval. A) Valores

obsevados; Valores médios;

Linha de tendência da linhagem B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0 pHT73-EmR

(inclinação da reta:

1,3285); Valores observados; Valores médios; Linha de tendência da linhagem da linhagem B. thuringiensis subsp. kurstaki KT0

pHT73Δcry1Ac TetR

(inclinação da reta: 0,6598); B) Valores observados; Valores médios;

Linha de tendência da linhagem B.

thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 (inclinação da reta: 3,047); Valores observados; Valores médios; Linha de tendência da

linhagem B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73-EmR

(inclinação da reta: 4,198); Valores observados;

Valores médios;

pppLinha de tendência das médias da linhagem B. thuringiensis subsp. thuringiensis 407-1 pHT73Δcry1Ac TetR; (inclinação da reta: 3,043);

61