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i UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL THIAGO SILVA RAMOS IMPLEMENTAÇÃO DE MODELO DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO NO SUB-SETOR DA CONSTRUÇÃO PESADA: ESTUDO DE CASO EM UMA OBRA DE INFRA-ESTRUTURA EM FEIRA DE SANTANA Feira de Santana, BA 2008

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i

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

THIAGO SILVA RAMOS

IMPLEMENTAÇÃO DE MODELO DE PLANEJAMENTO E

CONTROLE DA PRODUÇÃO NO SUB-SETOR DA

CONSTRUÇÃO PESADA: ESTUDO DE CASO EM UMA

OBRA DE INFRA-ESTRUTURA EM FEIRA DE SANTANA

Feira de Santana, BA

2008

ii

THIAGO SILVA RAMOS

IMPLEMENTAÇÃO DE MODELO DE PLANEJAMENTO E

CONTROLE DA PRODUÇÃO NO SUB-SETOR DA

CONSTRUÇÃO PESADA: ESTUDO DE CASO EM UMA

OBRA DE INFRA-ESTRUTURA EM FEIRA DE SANTANA

Trabalho de Conclusão de Curso da Universidade

Estadual de Feira de Santana, como requisito parcia l à

obtenção de titulo de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Professor Mestre Cristóvão César Cordei ro

Carneiro

Co-Orientador: Engº. Especialista Sérgio Porto Macha do

Feira de Santana, BA

2008

iii

THIAGO SILVA RAMOS

IMPLEMENTAÇÃO DE MODELO DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DA

PRODUÇÃO NO SUB-SETOR DA CONSTRUTUÇÃO PESADA: ESTUDO DE

CASO EM UMA OBRA DE INFRA-ESTRUTURA EM FEIRA DE SANTANA .

Trabalho de conclusão de curso para obtenção do titulo de bacharel

em Engenharia Civil.

Feira de Santana, 18 de setembro de 2008.

Banca Examinadora:

__________________________________________________________________________

Prof. MSc. Cristóvão César Carneiro Cordeiro

Orientador – Universidade Estadual de Feira de Santana

___________________________________________________________________________

Prof. Dr. Francisco Antonio Zorzo

Universidade Estadual de Feira de Santana

___________________________________________________________________________

Prof. Esp. Carlos Alves de Queirós

Universidade Estadual de Feira de Santana

___________________________________________________________________________

Eng. Esp. Sérgio Porto Machado

Co-Orientador - Membro Convidado

iv

A DEUS por ter me concedido a alcançar meu sonho.

A meu admirável pai, Jaime, que sempre esteve ao meu lado, mesmo

quando não mais acreditavam em minha capacidade.

A minha querida mãe, Marlene, por todas as orações e incentivos na busca

dos meus sonhos.

A meu querido irmão, Tácio, pelo ombro amigo em todos os momentos

difíceis que passamos.

A minha noiva, Ione, por está ao meu lado, em todos os momentos desta

minha jornada.

A todos os meus tios, que me ajudaram cada um a sua maneira.

A todos os meus amigos e incentivadores,

v

AGRADECIMENTOS

Este trabalho de conclusão de curso é muito mais que escrever informações

bibliográficas e dados estatísticos. É buscar conhecimento e o mais difícil, colocar

este conhecimento adquirido no papel. A minha sorte é que eu contei com ajuda do

grande arquiteto e construtor do universo, que nos oferece a oportunidade de viver,

mas, sobretudo, de pensar e edificar um mundo melhor, através do crescimento

pessoal que certamente contribuirá para transformação da nossa sociedade.

Agradeço aos colegas de trabalho, amigos e professores, sem os quais essa tarefa

seria impossível de ser realizada. A todas estas pessoas que facilitaram e tornou

menos árdua à realização deste trabalho, o meu sincero obrigado.

A empresa em estudo, que abriu a suas portas para que fosse realizada

esta pesquisa e posterior implementação, disponibilizou dados e ferramentas para

realização deste trabalho através de seus dedicados funcionários.

Ao professor Mestre Cristóvão Cordeiro pela contribuição com seus

conhecimentos científicos e pelo tempo empregado para orientação metodológica

deste trabalho, aos engenheiros Cauby Manleo, Sérgio Porto por me proporcionar

grande crescimento profissional e pessoal, acreditando na minha capacidade e

sendo um grande exemplo profissional, e a professora Eufrozina coordenadora da

disciplina Projeto Final II.

Ao professor Dr. Francisco Antonio Zorzo, por toda compreensão e auxilio

na elaboração deste trabalho.

Ao Professo Carlos Alves, por ter aceitado o convite de participar da banca

e por todo conhecimento repassado nas disciplinas de Introdução a Engenharia,

Tecnologia I e Tecnologia II, sou muito grato.

Aos amigos e companheiros, Cristiano Nobre, Carlos Alibert, Djavan,

Ednardo, Francisco Carlos, Francisco Pedro, Leonardo, Lívio, Luis Lavigne, Manoel

Naidson e Willian Peixoto,pelos momentos de descontração e pelos constantes

empurrões que me fizeram chegar até o fim dessa caminhada.

vi

Aos colegas e amigos do curso de Engenharia da UEFS, Valter, Paulo

Mascarenhas, Fabio Venas, Danilo Carvalho pela amizade durante todos estes

anos.

Às duas empresas que estagiei, pela grande contribuição na minha

formação profissional.

vii

RESUMO

Diante da maior competição de mercado, na construção civil, é indispensável que

novas formas de produzir sejam estudadas e implementadas. Dentre estas destaca-

se a implementação de sistemas de planejamento e controle da produção (PCP).

Este trabalho propõe a implementação parcial de um modelo de planejamento e

controle da produção, que estabelece um conjunto de práticas vinculadas aos

conceitos e princípios da Lean Construction. Procurou-se focar o trabalho para o

caso das empresas atuantes no sub-setor da construção pesada, uma vez que não

foram encontrados trabalhos sobre o planejamento e controle da produção em

empresas que atuam neste sub-setor.

O trabalho está baseado em um estudo de caso, que contou com a participação de

uma empresa de construção, em que a etapa de planejamento de curto prazo do

modelo de PCP proposto foi adaptada e implementada. Após um período de 26 dias,

procedeu-se a avaliação da implantação segundo um conjunto de práticas, e os

resultados permitiram afirmar que o planejamento foi bem implementado,

propiciando transparência ao processo de produção. Assim, conclui-se que o modelo

proposto pode ser aplicado nesse tipo de obra, desde que sejam observados os

aspectos específicos do setor, como o ritmo de produção definido pelas máquinas e

a descentralização de poder entre os encarregados.

Palavras chaves: Planejamento e Controle da Produção, Construção Pesada, Obras

de Pavimentação.

viii

ABSTRACT

The increasing of competition on Brazilian building construction market, forces that

new practices of producing has been studied and implemented. One of more spread

among these models of producing is the systems of production planning and control

(PPC). This paper intends to implement some steps of a model of PPC which is

based on Lean Construction concepts. This study is focused on highway construction

sites because there are few papers about PPC applied on this construction sector in

Brazil. The research method is a case study in a construction site in Feira de

Santana, Bahia, Brazil. The short term system of PPC was adapted and

implemented. After four weeks this implementation was evaluated as well done, and

gave transparency to production process. This result allowed to assert that the model

could be used on highway construction sites, since some specific aspects are

considered, like routines defined by machines and power decentralization among

contractors.

Keywords: Production Planning and Control, Highway Construction Sites, Paving

Works

ix

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................13

1.1 FORMULAÇÃO DO TEMA E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO................................13 1.2 PRESSUPOSTO.............................................................................................................14 1.3 OBJETIVOS...................................................................................................................15

1.3.1 Geral ........................................................................................................................15 1.3.2 Específicos...............................................................................................................15

1.4 LIMITAÇÕES DO TRABALHO ..................................................................................15 1.5 ESTRUTURA PROPOSTA PARA O TRABALHO.....................................................16

2 REVISÃO DA LITERATURA ..................................................................................18

2.1 MODELO DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO DO NORIE.....18 2.1.1 Lean Construction ...................................................................................................18 2.1.2 Planejamento e Controle da Produção - PCP ..........................................................21 2.1.3 Modelo de PCP do NORIE......................................................................................23 2.1.3.1 Preparação do Processo de Planejamento e Controle da Produção ......................23 2.1.3.2 Planejamento de Longo Prazo ..............................................................................25 2.1.3.3 Planejamento de Médio Prazo ..............................................................................28 2.1.3.4 Planejamento de Curto Prazo ...............................................................................31 2.1.3.5 Avaliação da implementação do planejamento de curto prazo. ...........................35

2.2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DAS OBRAS DE PAVIMENTAÇÃO ................39 2.2.1 Definição .................................................................................................................39 2.2.2 Classificação dos Pavimentos..................................................................................41 2.2.3 Canteiro de Serviços e Instalações ..........................................................................42 2.2.4 Fatores que influenciam na Qualidade das Obras de Pavimentação .......................43 2.2.5 Equipamentos ..........................................................................................................47 2.2.6 Produtividade da Equipe..........................................................................................49 2.2.7 Dimensionamento das Equipes................................................................................51 2.2.8 Operações e Manutenção dos Equipamentos de Terraplenagem e Pavimentação ..52

3 MÉTODO DE PESQUISA ......................................................................................54

3.1 INTRODUÇÃO..............................................................................................................54 3.2 ESTRATÉGIA DE PESQUISA UTILIZADA...............................................................54 3.3 FONTES DE EVIDÊNCIAS UTILIZADAS.................................................................56 3.4 MÉTODO UTILIZADO.................................................................................................57 3.5 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................58

3.5.1 Descrição da Empresa .............................................................................................59 4 RESULTADOS DA PESQUISA..............................................................................61

4.1 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO DA EMPRESA EM ESTUDO ......................................................................61 4.2 PRÁTICAS ASSOCIADAS AO PROCESSO DE PCP ................................................64 4.4 APLICAÇÕES DA SISTEMÁTICA DE AVALIAÇÃO DO PLANEJAMENTO DE CURTO PRAZO...................................................................................................................68

4.4.1 Formalização do planejamento................................................................................69

x

4.4.2 Especificações detalhadas das tarefas......................................................................69 4.4.3 Programação de tarefa reserva.................................................................................69 4.4.4 Tomada de decisões participativa............................................................................70 4.4.5 PPC e identificação de causas dos problemas .........................................................70 4.4.6 Utilização de indicadores de desempenho...............................................................70 4.4.7 Realização de ação corretiva ...................................................................................71 4.4.8 Realização das reuniões para difusão de informações.............................................71

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................................72

5.1 CONCLUSÕES..............................................................................................................72 5.2 RECOMENDAÇÕES PARA OUTROS ESTUDOS.....................................................73

6 REFERÊNCIAS......................................................................................................74

ANEXO 01.................................................................................................................76

Croqui obra C ...................................................................................................................76 ANEXO 02.................................................................................................................77

Planilha modelo aplicada para levantamento de dados....................................................77

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Modelo de processo da Lean Construction (BERNARDES, 2001) ........21

Figura 2.2 – Preparação do Processo de Planejamento e Controle da Produção

(BERNARDES, 2001)................................................................................................24

Figura 2.3 – Planejamento de Longo Prazo (BERNARDES, 2001)...........................27

Figura 2.4 – Planejamento de Médio Prazo (BERNARDES, 2001)...........................31

Figura 2.5 – Planejamento de Curto Prazo (BERNARDES, 2001)............................32

Figura 2.6 – Disposição normal de um pavimento (BRASIL, DNER 1996) ...............40

Figura 4.1 – DFD do Sistema de Planejamento e Controle da Produção da Empresa.

..................................................................................................................................62

Figura 4.3 – gráfico PPC da obra C ..........................................................................67

Figura 4.4 – gráfico de análise de causas para não cumprimento de metas ............67

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 – Quadro com dicionário de dados do DFD da figura 4.1........................63

Tabela 4.2 – Dados coletados na empresa A após a implementação do modelo

proposto ....................................................................................................................66

xiii

LISTA DE SIGLAS

NORIE – Núcleo Orientado à Inovação da Edificação

PCP – Planejamento e Controle da Produção

PPC – Percentual de Planos Concluídos

WBS – Work Breakdown Struture (Estrutura de Divisão do Trabalho)

1 INTRODUÇÃO

1.1 FORMULAÇÃO DO TEMA E JUSTIFICATIVA DO ESTUDO

O planejamento pode ser definido como um processo gerencial que envolve

o estabelecimento de objetivos e determinação dos procedimentos necessários para

atingi-los, sendo eficaz somente quando realizado em conjunto com o controle da

obra (ISATTO ET AL, 2000).

Como processo gerencial, o planejamento e controle de produção (PCP)

está relacionado à meta de melhorar a eficácia e eficiência da produção (LAUFER;

TUCKER, 1987; BALLARD, 2000; BERNARDES, 2001, apud AKKARI, 2003),

gerando informações necessárias ao funcionamento de vários setores da obra e da

empresa, o que o torna um ingrediente essencial para a função gerencial.

Segundo Laufer e Tucker (1987, apud AKKARI, 2003), apesar de abranger

vários objetivos, o planejamento contribui para um propósito principal que é assistir o

gerente no desempenho de suas funções diárias, fornecendo informações

necessárias à tomada de decisões.

O processo de planejamento pode ser representado através de duas

dimensões básicas, a horizontal, que se refere às etapas do processo de

planejamento e controle, em cada nível gerencial, e a dimensão vertical, que se

refere à divisão do processo de planejamento em níveis hierárquicos (longo, médio e

curto prazo) (COELHO, 2003). A hierarquização do planejamento é uma das

principais formas de proteger a produção contra os efeitos nocivos da incerteza e

variabilidade empreendimento.

As deficiências no planejamento e controle estão entre as principais causas

da baixa produtividade do setor da construção civil, das suas elevadas perdas e da

baixa qualidade de seus produtos (FORMOSO et al., 1999; apud SUKSTER, 2005).

Vários trabalhos vêm sendo desenvolvidos, internacionalmente e no Brasil,

a respeito do Planejamento e Controle da Produção. No Núcleo Orientado para

Inovação na Edificação (NORIE) da UFRGS, foram realizados diversos trabalhos

14

relacionados ao PCP abordando diferentes aspectos, tais como indicadores

(OLIVEIRA, 1999), fluxos físicos (ALVES, 2000), modelo de PCP (BERNARDES,

2001), custos (MARCHESAN, 2001), segurança (SAURIN, 2002), manutenção e

aperfeiçoamento do PCP (SOARES, 2003), e qualidade (SUKSTER, 2005).

Entretanto não foram encontrados trabalhos que focam o estudo do PCP em obras

realizadas no sub-setor da construção pesada.

Na elaboração deste trabalho será dedicada maior atenção às obras de

infra-estrutura executadas no sub-setor da construção pesada, onde atuam

empresas voltadas principalmente para a construção de estradas, barragens,

atuando também nos setores de mineração, edificações e concessões. Neste sub-

setor as empresas têm clientes, tradicionalmente, de organizações públicas, com

grandes tendências de crescimento no setor privado.

1.2 PRESSUPOSTO

No sub-setor da construção pesada os serviços são realizados de forma

mais mecanizada que em outros setores, ou seja, a produção da obra é função

basicamente das condições, manutenção e do dimensionamento correto dos

equipamentos utilizados. Buscaremos implementar um modelo de PCP voltado para

obras de infra-estrutura executadas no sub-setor da construção pesada. Para

realização deste projeto será desenvolvido um estudo de caso com intervenção em

uma obra de quatro viadutos que está sendo executada em Feira de Santana por um

consórcio entre duas empresas de grande porte e que tem como cliente uma

organização publica. Dentre as duas empresas participantes do consórcio, foi

escolhida, como objeto de estudo, a empresa responsável pelos serviços de infra-

estrutura.

Este trabalho está baseado na hipótese de que a empresa em estudo

elabora, usualmente, dois níveis de planejamento: o de longo prazo e o curto prazo.

No nível de longo prazo, o plano ou cronograma geral da obra é elaborado de

acordo com a própria experiência do engenheiro da obra, não havendo padrão de

15

segmentação das atividades em obras similares, o que prejudica o processo de

aprendizagem da organização.

Considera-se também que o planejamento de curto prazo é desenvolvido de

maneira informal, ou seja, as metas de produção são repassadas verbalmente do

engenheiro para os encarregados, provocando problemas com relação aos prazos

de entrega das obras.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Geral

Implementar um modelo de Planejamento e Controle de Produção (PCP),

em nível de curto prazo, no sub-setor da construção pesada na etapa de

pavimentação em obra de infra-estrutura executada na cidade de Feira de Santana,

visando melhorar a forma como os recursos de mão-de-obra e equipamento são

utilizados.

1.3.2 Específicos

1- Realizar um diagnóstico do sistema de planejamento e controle da

produção junto à empresa;

2- Formalizar o planejamento de curto prazo, para consultas e

introdução de melhorias na produção e na tomada de decisões e

ampliação para empreendimentos futuros, motivando a

incorporação de outros elementos do modelo de PCP;

1.4 LIMITAÇÕES DO TRABALHO

O presente trabalho limita-se a implementar o modelo de planejamento e

controle da produção, proposto BERNADES (2001), voltado para empresas que

atuam no sub-setor da construção pesada, executando obras de terraplenagem e

16

pavimentação. O autor trabalha na empresa na qual foi realizada a pesquisa,

participando efetivamente dos estudos, da gestão das obras analisadas e da

elaboração das planilhas de serviços a serem executados na obra.

Outra limitação consiste na abrangência das atividades do curto prazo. Em

função da limitação de autonomia e de acesso ao comando da empresa por parte do

autor, decidiu-se, em reunião com a gerência da obra, que o modelo de

planejamento seria aplicado apenas para os pacotes de trabalhos vinculados à

etapa de pavimentação, caso a implementação obtivesse bons resultados, o modelo

seria aplicado em outras atividades.

Apenas em uma das obras estava se realizando os serviços de

pavimentação durante o período de coleta de dados, por isso que o trabalho se

limita apenas a uma obra.

O modelo não conterá questões inerentes ao sistema de custeio da

produção ou processo de orçamento (BERNARDES, 2001).

1.5 ESTRUTURA PROPOSTA PARA O TRABALHO

O presente trabalho monográfico é constituído de 06 (seis) capítulos, cuja

abordagem está descrita a seguir.

O presente capitulo é composto pela justificativa do trabalho, apresentação

do problema e suas hipóteses e fixação dos objetivos.

No segundo capitulo é feita à revisão teórica do processo histórico com

alguns fatos, datas, publicações e nomes marcantes na evolução do planejamento e

controle de produção e também dos serviços de terraplenagem e pavimentação.

Aborda a influência de outros setores na construção civil para o crescimento da

conscientização da necessidade de criação de sistemas que aumentem o valor do

produto.

No terceiro capitulo é feita uma demarcação da natureza do trabalho e dos

procedimentos metodológicos e apresenta breve descrição do objeto de estudo, que

é uma obra de arte executada em Feira de Santana, e descreve também a atuação

17

e característica da empresa, que atua no sub-setor da construção pesada, e que é

uma das responsáveis pela execução da obra em estudo.

O quarto capítulo descreve o processo de implementação do novo sistema

de planejamento e controle de produção e sugere futuras melhorias ao modelo

proposto, frente às evidências coletadas durante a realização do presente trabalho.

O quinto apresenta as conclusões e recomendações para futuros trabalhos.

18

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 MODELO DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO DO NORIE

Este capítulo apresenta o referencial teórico utilizado na implementação de

modelo de planejamento e controle da produção em uma obra de infra-estrutura, que

é tema principal deste trabalho.

Inicialmente, procurou-se identificar a forma pela qual o processo de PCP

deve ser realizado em uma empresa de construção, atuante no sub-setor da

construção pesada. Dessa maneira, verificou-se que uma forma de se aumentar o

desempenho do processo PCP é através da consideração das atividades de fluxo,

que faz parte dos conceitos e princípios da Lean Construction, que podem, conforme

apresentado, ser implementado através do processo de PCP. Nesse caso, procuro-

se, discutir como este processo pode ser desenvolvido nos níveis de longo, médio e

curto prazo, através da apresentação da dimensão vertical de planejamento.

Percebeu-se, ainda, que o processo está fundamentado na coleta,

preparação e difusão de informações no ambiente da empresa de construção e

canteiro de obras.

2.1.1 Lean Construction

Desde o final da década de 1970, muitos setores industriais experimentaram

profundas modificações na organização de suas atividades produtivas,

estabelecendo um novo paradigma de gestão da produção (FORMOSO, 2000; apud

BERNARDES, 2001). Muitas dessas modificações propostas no novo paradigma

surgiram, inicialmente, na indústria automobilística japonesa, sendo a sua mais

importante aplicação o Sistema Toyota de Produção (FORMOSO, 2000; apud

BERNARDES, 2001).

19

A “produção enxuta” apresentada por WOMACK et alii (1992; apud

BERNARDES, 2001), foi uma das denominações que ficou mais conhecida no meio

acadêmico, em seu livro A Maquina que Mudou o Mundo e cuja definição pode

contribuir para o entendimento do conjunto de conceitos e princípios relacionados ao

novo paradigma.

WOMACK et alii (1992; apud BERNARDES, 2001) assim definem a

produção enxuta:

“A produção enxuta é “enxuta” por utilizar menores quantidades de tudo em

comparação com a produção em massa: metade do esforço dos operários na

fábrica, metade do espaço para fabricação, metade do investimento em ferramentas,

metade das horas de planejamento para desenvolver novos produtos em metade do

tempo. Requer também menos da metade dos estoques atuais no local de

fabricação, além de resultar em bem menos defeitos e produzir uma maior e sempre

crescente variedade de produtos.” WOMACK et alii (1992, p.3; apud BERNARDES,

2001)

Um dos principais focos da produção enxuta é eliminar qualquer tipo de

trabalho desnecessário na produção de um determinado bem ou serviço, o qual, por

este motivo, é denominado perda (BERNARDES, 2001). Desse modo, qualquer

forma de melhoria existente no ambiente produtivo deve ser focalizada na

identificação dessas perdas, através da analise das causas que produzem

desperdício e da realização de ações para reduzir ou eliminar essas causas

(SERPELL et alii, 1996; apud BERNARDES, 2001).

Várias pesquisas e trabalhos têm sido realizados em diferentes setores

buscando a aplicação do novo paradigma de gestão da produção (FORMOSO,

2000; apud BERNARDES, 2001). Notadamente, destacam-se, nesse caso, os

trabalhos de um grupo internacional de pesquisadores estabelecido para estudar a

aplicação desse novo paradigma ao setor da construção civil, denominado Grupo

Internacional da Lean Construction (HOWELL, 1999, apud BERNARDES, 2001).

Desse modo, a Lean Construction é uma filosofia de produção para a

construção civil, originária dos esforços desse grupo internacional de pesquisadores

para aplicar os conceitos, princípios e práticas do novo paradigma de gestão da

20

produção na construção civil. Esses elementos, princípios e praticas foram

inicialmente propostos por KOSKELA (1992, apud BERNARDES, 2001), baseados

na discussão do trabalho de diversos pesquisadores da área de gerenciamento da

produção e da construção civil (BERNARDES, 2001).

Embora as inovações propostas pela Lean Construction sejam pouco

conhecidas na indústria da construção, algumas empresas desse setor já

começaram a aplicar seus princípios, atingindo com isso melhorias significativas em

seus índices de desempenho (ALARCON, 1997; TOMMELEIN, 1998; apud

BERNARDES, 2001). Esses resultados positivos tornam possível pressupor que o

desenvolvimento de trabalhos que contribuam para a consolidação dos conceitos e

princípios da Lean Construction pode auxiliar na melhoria do setor da construção

civil como um todo (BERNARDES, 2001).

Nesse sentido, o desenvolvimento de um trabalho que complete a maneira

pela qual possa se desenvolver e implementar sistemas de planejamento e controle

da produção em obras de infra-estrutura no sub-setor da construção pesada em

grandes empresas de construção, utilizando conceitos e princípios da Lean

Construction, é essencial para a redução do desperdício existente na indústria da

construção.

Segundo KOSKELA (1992, apud BERNARDES, 2001), o ambiente

produtivo é composto por atividades de conversão e de fluxo. As atividades de

conversão envolvem o processamento dos materiais em produtos acabados e as

atividades de fluxo estão relacionadas às tarefas de inspeção, movimento e espera

dos materiais (SEBRAE/RS. Método de intervenção para redução de perdas na

construção civil. Manual de utilização. Santos, Aguinaldo ... [et al] – Porto Alegre,

sebrae, 1996. 103p.Mesmo sendo as atividades de conversão que agreguem valor

ao processo, é de essencial importância o gerenciamento das atividades de fluxo,

pois ela constitui uma etapa essencial na busca do aumento dos índices de

desempenho dos processos produtivos (KOSKELA, 1992, apud BERNARDES,

2001). O gerenciamento das atividades de fluxo pode ocorrer ainda através de

atividades de transporte, movimentação ou espera (FIGURA 2.1 Modelo de processo

da Lean Construction – retirada da tese de Bernardes).

21

Figura 2.1 - Modelo de processo da Lean Construction (BERNARDES, 2001)

O processo só gera valor quando as atividades de processamento

transformam as matérias primas ou partes nos produtos solicitados pelos clientes,

internos ou externos.

Atividades de processamento, nem sempre, agregam valor ao produto. Por

exemplo, na etapa de pavimentação em obra de infra-estrutura, quando alguma das

camadas do pavimento, não atender as especificações após a execução de um

processo, ou seja, apresentar umidade acima da ótima e/ou baixa compactação,

etc., o que irá provocar um re-trabalho, quer dizer que as atividades processamento

foram realizadas sem agregar valor.

A geração de valor é outro aspecto que caracteriza os processos na

construção enxuta. Vinculado à satisfação do cliente a idéia de valor não é inerente

à execução de um processo.

2.1.2 Planejamento e Controle da Produção - PCP

Segundo Ballard (2000, apud SUKSTER, 2005), a incapacidade de um

controle pró-ativo nas unidades de produção aumenta a incerteza e priva os

trabalhadores de utilizar o planejamento como uma ferramenta para modelar o

futuro. Ballard e Howell (1997b, apud BERNARDES, 2001) consideram que a

qualidade das atribuições de trabalho às equipes de execução é a chave para o

controle da produção e determina a produtividade das unidades. É necessário

direcionar o foco no controle dos trabalhadores para o fluxo de trabalho. O sistema

22

de controle da produção Last Planner, proposto por Ballard (2000) busca facilitar a

implementação destes procedimentos.

De acordo com Ballard (2000, apud SUKSTER, 2005), o Last Planner

aponta para o aumento da confiabilidade do processo de produção pela eliminação

de todos os obstáculos para o trabalho ser completado no tempo planejado. Este

sistema pode ser entendido como um mecanismo para transformar o que deve ser

feito em o que pode ser feito e, além disso, formar um estoque de trabalhos prontos

para o plano semanal poder ser produzido (BALLARD, 2000 apud SUKSTER, 2005).

Isto é alcançado trazendo o foco para a identificação e planejamento de tarefas que

são necessárias para assegurar que não há impedimento do trabalho ser realizado

como planejado (BALLARD, 2000 apud SUKSTER, 2005).

Kartam et al. (1995, apud SUKSTER, 2005) considera que o Last Planner é

o cliente final de todo sistema de planejamento e a sua analise é a chave para

determinar as raízes das causas dos problemas. O sistema é divido em duas

funções principais: o controle da unidade de produção e o controle do fluxo de

trabalho. Esses controles são realizados durante os planos de curto e médio prazo,

respectivamente (BALLARD, 2000 apud SUKSTER, 2005).

Segundo Soares (2003, apud SUKSTER, 2005), este sistema segue as

diretrizes de hierarquização do processo de planejamento propostas por Laufer e

Tucker (1997).

O sistema Last Planner tem sido utilizado em vários países, entre eles o

Brasil, e em alguns casos a implementação tem produzido resultados positivos

(BALLARD; HOWELL, 2003 apud SUKSTER, 2005). Os autores, a partir de várias

experiências de implementação do sistema, recomendam algumas novas práticas no

Last Planner (BALLARD; HOWELL, 2003 apud SUKSTER, 2005):

a) especificação nos planos semanais para quem será realizado o trabalho;

b) identificação de pacotes que trancam outras tarefas ou utilizam os

mesmos recursos;

c) extensão do comprometimento do planejamento aos trabalhadores

individuais;

23

d) ênfase no aprendizado, incentivando melhorias;

e) planejamento diário.

2.1.3 Modelo de PCP do NORIE

O modelo de PCP do NORIE apresentado por Bernardes (2001) foi

desenvolvido com foco em micro e pequenas empresas, usando o sistema Last

Planner (BALLARD, 2000) como ponto de partida. Uma das principais características

encontradas nesse modelo, a partir do trabalho de Laufer e Tucker (1987), é a

divisão do planejamento e controle da produção em três níveis hierárquicos:

planejamento de longo, médio e curto prazo (BERNARDES, 2001).

O modelo é composto por três etapas básicas: preparação do processo,

planejamento e controle da produção e avaliação do processo. As etapas referentes

à coleta de informações, preparação dos planos e difusão de informações, estão

inseridas na segunda etapa, que por sua vez, está dividida hierarquicamente através

dos níveis de planejamento de longo, médio e curto prazo.

2.1.3.1 Preparação do Processo de Planejamento e Co ntrole da Produção

A preparação do processo de planejamento e controle da produção é a

primeira etapa do modelo, e está apresentada na figura 2.2. Através dessa etapa

são fixados procedimentos e padrões de planejamento que irão direcionar as

próximas etapas, bem como permitir que, durante a execução da obra seja feita a

análise dos efeitos das decisões tomadas nos estágios preliminares do

empreendimento (BERNARDES, 2001).

24

Figura 2.2 – Preparação do Processo de Planejamento e Controle da Produção (BERNARDES,

2001)

Segundo BERNARDES (2001) para a preparação do processo de PCP são

necessárias as seguintes informações iniciais como: planejamento estratégico do

empreendimento, projetos e especificações, layout do canteiro, preparação de

receitas, orçamento descriminado e alternativas identificadas frente à avaliação do

processo de planejamento. De posse destas informações realiza-se o processo de

PCP.

Esta etapa envolve a tomada de decisões preliminares, onde são definidos

os indicadores a serem coletados, a padronização do planejamento, onde a WBS

(work breakdown structure) e o zoneamento da obra são considerados os principais

padrões empregados no processo de planejamento. As restrições envolvidas nesta

etapa estão relacionadas às dificuldades de acesso a obra e arranjo físico,

25

localização geográfica, bem como limitações de recursos físicos e financeiros ou

ainda, restrições políticas (BERNADES, 2001).

A definição do plano de ataque consiste na definição dos principais fluxos

de trabalho de produção, e deve ser elaborada em conjunto com a identificação de

restrições no ambiente produtivo (BERNARDES, 2001).

2.1.3.2 Planejamento de Longo Prazo

Laufer (1997, apud SUKSTER, 2005) denomina o plano gerado neste nível

de plano mestre e considera que o mesmo deve ser utilizado para identificar os

objetivos principais do empreendimento. Neste nível são definidos os ritmos em que

deverão ser executados os principais processos de produção e serve como base

para o estabelecimento de contratos.

O planejamento de longo prazo consiste no primeiro planejamento de

caráter tático (Formoso et alli, 1999, apud BERNARDES, 2001). Para BERNARDES

(2001) os principais resultados deste nível de planejamento são o plano de longo

prazo da obra e a programação de recursos classe 1. As ações necessárias à

aquisição de recursos classe 1, tais como materiais com longo prazo de entrega,

mão-de-obra própria e/ou terceirizadas, equipamentos (comprados ou alugados),

bem como a preparação do plano de médio prazo são direcionadas através destes

documentos.

Conforme figura 2.3, as principais atividades envolvidas nesta etapa do

processo são (FORMOSO et al., 1999 apud SUKSTER, 2005):

a) coletar informações: inicia-se com a coleta de informações provenientes

principalmente da etapa de preparação do processo de planejamento. Na

revisão do plano de longo prazo durante a obra é importante contar com as

informações provenientes dos planos de médio e curto prazo, para o caso

da obra já ter sido iniciada;

26

b) gerar fluxo de caixa: elabora-se um fluxo de caixa mais detalhado, com

informações mais precisas sobre o processo de produção. Esse fluxo de

caixa gerado é a base para o controle financeiro da obra. Assim caso haja

incongruência com a previsão de receitas e despesas preparada no início

do empreendimento, pode-se modificar as metas presentes no plano de

longo prazo. A decisão de modificações das metas presentes no plano de

longo prazo pode estar baseada na utilização de indicadores econômico-

financeiros que possibilitem a analise de viabilidade do empreendimento,

como taxa

c) preparar o plano: durante a preparação dos planos, são definidos ritmos

de trabalho para as equipes de produção, de acordo com a disponibilidade

financeira prevista. Para elaboração dos mesmos, pode-se utilizar várias

técnicas podem ser utilizadas na preparação do plano mestre. As principais

são diagrama de Gantt, as redes de precedências e a linha de balanço. A

depender do grau de incerteza envolvido no processo produtivo é que se

defini o nível de detalhamento utilizado neste plano;

O plano de longo prazo, também pode ser utilizado na geração de fluxo de

caixa do empreendimento.

d) difundir o plano: a apresentação pode ser realizada em vários formatos.

Através do envio de documentos e verbalmente através de reuniões;

e) programar recursos classe 1 (com longo ciclo de aquisição): essa

programação caracteriza-se pela programação de recursos com longo ciclo

de aquisição e pela baixa repetitividade deste ciclo, sendo o lote de compra

correspondente ao total de quantidade deste recursos a serem utilizados.

f) difundir programação de recursos: a programação de recursos classe 1

deve ser disseminada aos setores de recursos humanos para a contratação

de mão de obra e suprimentos.

27

Figura 2.3 – Planejamento de Longo Prazo (BERNARDES, 2001)

Outra importante decisão relacionada a este nível de planejamento trata da

definição do plano de ataque à obra. É estabelecido o seqüenciamento das

atividades, eliminando-se possíveis interferências entre equipes, e propiciando-se a

melhoria dos fluxos de materiais e mão-de-obra dentro do canteiro (OLIVEIRA, 1999

apud SUKSTER, 2005).

Segundo Formoso et al. (1999 apud SUKSTER, 2005) o plano mestre em

geral conta com um número bastante elevado de atividades, sendo o mesmo

distribuído a vários usuários.

28

Ballard (1997, apud SUKSTER, 2005) considera que muitas das

dificuldades na elaboração e acompanhamento do plano ocorrem pela falta de

informações no início do empreendimento sobre as durações reais das atividades.

Por isso, o planejamento da obra não pode ser demasiadamente detalhado.

O plano mestre serve de ponto de partida para a realização do

planejamento operacional e exige um esforço relativamente grande, sendo comum a

utilização de pacotes computacionais (FORMOSO et al., 1999 apud SUKSTER,

2005). Akkari (2003, apud SUKSTER) considera que, para o uso da informatização,

é necessário tempo disponível para as mudanças, pois muitas vezes, por falta de

tempo, os planos se distanciam da realidade, sendo os mesmos abandonados.

Segundo Laufer e Tucker (1987, apud SUKSTER, 2005), podem ser

utilizadas técnicas como gráficos de Gantt, redes de precedência e linhas de

balanço. Os mesmos autores consideram que embora as redes PERT/ CPM tenham

sido utilizadas por três décadas, têm seu sucesso limitado.

Nas empresas de construção de médio e pequeno porte, geralmente, o

engenheiro responsável pela obra se encarrega pelo nível de planejamento de longo

prazo. O mesmo não aconteci com empresa de grande porte, que normalmente,

para o desenvolvimento deste nível de planejamento, o engenheiro conta com o

auxilio de um profissional especializado na área de planejamento, que pode ser um

funcionário contratado ou um prestador de serviços.

2.1.3.3 Planejamento de Médio Prazo

O planejamento de médio prazo faz a vinculação entre o plano de longo e

curto prazo (FORMOSO et al., 1999 apud SUKSTER, 2005). Neste nível o horizonte

de planejamento tende a ser móvel, sendo por esta razão denominado Lookahead

Planning (“planejamento olhando para frente”) (BALLARD; HOWELL, 1997b apud

SUKSTER, 2005). Segundo Ballard (1997 apud SUKSTER, 2005), o plano de médio

prazo tem a função de:

29

a) estabelecer uma melhor seqüência do fluxo de trabalho;

b) identificar a carga de trabalho e os recursos requeridos;

c) decompor o plano de longo prazo em pacotes de trabalho;

d) desenvolver métodos para execução dos trabalhos;

e) atualizar e revisar o plano mestre.

Coelho e Formoso (2003 apud SUKSTER, 2005) consideram que as

funções básicas do plano de médio prazo são a proteção da produção, a integração

entre os níveis de planejamento, o controle e aprendizagem e ainda como funções

acessórias, a análise dos fluxos físicos, a gestão de custos e o planejamento e

controle da segurança.

Após a definição do conjunto de pacotes, deve ser realizado uma analisa de

restrições. Essas restrições podem ser definidas como recursos que não estão

disponíveis em um momento próximo à sua demanda. São alguns exemplos de

restrições: projetos inacabados, não disponibilidade de recursos, problemas na

execução de pacotes predecessores, dentre outros (BERNARDES; FORMOSO,

2002 apud SUKSTER, 2005). Se as restrições não são removidas a tempo, as

tarefas não podem ser incluídas nos planos de curto prazo, sendo retardadas para

uma data posterior (BALLARD, 2000 apud SUKSTER, 2005).

Segundo Coelho (2003 apud SUKSTER, 2005), pode haver muitas

variações entre os procedimentos utilizados pelas empresas neste nível de

planejamento. Pode-se, por exemplo, utilizar horizontes de planejamento de 4

semanas, com ciclo de 1 semana, para obras rápidas e horizontes de planejamento

de até 4 meses, com ciclos de re-planejamento mensais, para obras lentas ou com

baixo grau de incerteza.

Conforme figura 2.4 que apresenta a representação esquemática deste

nível, as principais atividades envolvidas no desenvolvimento do planejamento de

médio prazo são:

30

a) coletar informações: o plano de médio prazo é gerado a partir do plano

de longo prazo e também de informações retro-alimentadas do plano de curto prazo,

sendo o ultimo correspondente ao plano controlado após a execução dos serviços;

b) preparar plano de médio prazo: em geral é gerado através de um gráfico

de Gantt, podendo ser feito através de uma rede de atividades, sendo elaborado em

um grau de detalhes superior ao plano de longo prazo. A cada ciclo de re-

planejamento deve-se re-estudar o fluxo de materiais da obra, sendo realizado os

reajustes de layout, aumentado assim a transparência das informações dispostas

neste plano.

c) difundir o plano: os planos devem ser difundidos num formato adequado

aos seus usuários, onde se destaca o setor de suprimentos;

d) programar recursos classe 2 e 3: a programação de recursos classe 1,

realizada no planejamento de longo prazo, explicita a identificação das datas nas

quais os recursos classe 1 devem ser adquiridos. Por sua vez, a programação de

recursos realizada para o médio prazo, tem por objetivo principal a disponibilização

dos recursos classe 1, 2 e 3. Essa forma de atuação evita que pacotes de trabalho

cujos recursos ainda não estejam disponíveis sejam programados no plano de curto

e designados para as equipes de produção;

e) difundir programação de recursos classe 2 e 3: deve ser difundida de

maneira apropriada para os setores de suprimentos e recursos humanos para a

negociação e compra de material e contratação de mão de obra.

f) analisar fluxos físicos de materiais: as metas que são mais planejadas

nesta etapa devem buscar reduzir conflitos de equipes trabalhando no mesmo local

e no mesmo tempo, bem como deve identificar um seqüenciamento adequado dos

pacotes, reduzindo assim, o excesso de movimentação de pessoas e transporte de

materiais (ALVES, 2000, apud BERNARDES, 2001).

Segundo BERNARDES (2001), geralmente o engenheiro da obra deve

responder pela elaboração do planejamento de médio prazo. Nesse caso a cada

ciclo de re-planejamento pode-se preparar relatórios sobre o andamento da obra e

transmiti-los à direção da empresa e ao mestre-de-obras.

31

Figura 2.4 – Planejamento de Médio Prazo (BERNARDES, 2001)

2.1.3.4 Planejamento de Curto Prazo

O planejamento de curto prazo tem o papel de orientar diretamente a

execução da obra, sendo realizado geralmente em ciclos semanais, porém, em

obras muito rápidas ou nas quais existe muita incerteza associado ao processo de

produção, o ciclo pode ser diário, e caracterizado pela atribuição de recursos físicos

às atividades do plano de médio prazo (SUKSTER, 2005). Este nível de

32

planejamento tem forte ênfase no engajamento das equipes com as metas

estabelecidas, sendo por isto denominado de planejamento de comprometimento

(FORMOSO et al., 1999 apud SUKSTER, 2005). A figura 2.5 apresenta o esquema

deste nível de planejamento.

Figura 2.5 – Planejamento de Curto Prazo (BERNARDES, 2001)

Segundo Formoso et al. (1999 apud SUKSTER, 2005), o planejamento de

curto prazo ocorre através de reuniões semanais com a participação do gerente da

obra, do mestre de obras, dos sub-empreiteiros e dos líderes das equipes. Estas

reuniões fecham o ciclo de planejamento e controle através da avaliação das

equipes de produção quanto ao cumprimento das metas e do planejamento do

período seguinte (FORMOSO et al., 1999 apud SUKSTER, 2005).

Ao final de cada ciclo de curto prazo, procede-se o monitoramento das

metas executadas através do indicador denominado Percentual de Pacotes

Concluídos (PPC) e registros das causas pelas quais os pacotes não foram

concluídos (BALLARD; HOWEEL, 1997a apud SUKSTER, 2005). O Percentual de

33

Pacotes Concluídos (PPC) é o número de atividades planejadas completadas

divididas pelo número total de atividades planejadas e é expresso em porcentagem

(BALLARD, 2000 apud SUKSTER, 2005).

Segundo Coelho (2003), além da designação dos pacotes de trabalho às

equipes de produção, deve-se realizar a conferência da execução dos pacotes

programados no período anterior e, caso não tenham sido executados conforme

planejado, devem ser investigadas e registradas as causas que levaram ao não

cumprimento dos pacotes de trabalho.

De acordo com Ballard e Howell (1997b apud SUKSTER, 2005), a qualidade

das atribuições do trabalho às unidades de produção é a chave para o controle da

produção e determina a produtividade da mesma.

As principais etapas a serem desenvolvidas no plano de curto prazo são as

seguintes:

a)coleta de informações: as informações contidas no curto prazo são

retiradas do plano de médio prazo e do plano de curto prazo controlado no

ciclo anterior. Os planos de curto prazo dos ciclos anteriores podem servir

também como fonte de informações sobre os fluxos de trabalhos das equipes

de produção e dos fluxos de materiais na obra.

b)preparar plano de curto prazo: depois de coletadas as informações

pertinentes para o desenvolvimento deste plano, parte-se para a elaboração

de uma primeira proposta de plano curto prazo a ser apresentada e discutida

em uma reunião, normalmente semanal, com o engenheiro e o mestre-de-

obras, sub-empreiteiros e encarregados das equipes de produção. Na

reunião, inicialmente é apresentado o plano de curto prazo controlado do ciclo

anterior, de forma a possibilitar que todos os presentes identifiquem as razões

pelas quais algumas metas não forma cumpridas conforme planejado.

c)difundir plano de curto prazo: a difusão ocorre em dois momentos. O

primeiro se refere às informações trocadas entre os participantes da reunião

de curto prazo. O segundo estágio ocorre através do contato verbal entre os

encarregados e demais funcionários participantes da equipe de produção.

34

d)alocar recursos classe 1, 2 e 3: de posse do plano de curto prazo, pode-se

alocar o recursos classe 1, 2 e 3 nos postos de trabalho nos quais os

mesmos serão utilizados. A alocação destes recursos deve obedecer ao

itinerário identificado durante a análise dos fluxos físicos realizada durante o

planejamento de médio prazo.

e)executar a obra: esta etapa ocorre durante o dia a dia de execução da obra,

através de diretrizes fixadas na preparação do processo de planejamento.

São identificadas as razões pelas quais as metas planejadas não estão sendo

cumpridas, de forma a serem realizadas medidas corretivas para evitar sua

recorrência. Neste caso, pode-se utilizar o sistema de indicadores de PCP,

que possibilita o desenvolvimento de um processo de tomada de decisão

mais confiável. Os indicadores coletados podem, dessa forma, ser incluídos

em um relatório de controle, conferindo uma maior visibilidade ao processo de

analise do desempenho do PCP.

Para a elaboração do plano de curto prazo, ele deve atender a alguns

requisitos, para que assim ele possa proteger a produção. Segundo

BALLARD; HOWELL (1997b, apud SUKSTER, 2005) os requisitos são os

seguintes:

a)definição: os pacotes de trabalho devem ser estar bem definidos, sendo

possível identificar claramente seu término;

b) disponibilidade: os recursos necessários para a execução das tarefas

devem estar disponíveis no momento adequado;

c) seqüência: os pacotes de trabalho devem ser dimensionados de forma a

garantir a continuidade de trabalho das equipes de produção;

d) tamanho: o tamanho dos pacotes deve levar em consideração a

capacidade produtiva de cada equipe de produção;

e) aprendizagem: os pacotes que não forem completados devem ser

analisados e suas causas devem ser identificadas.

Ballard e Howell (1997b apud SUKSTER, 2005) consideram que, se a

informação sobre o projeto estiver incompleta, ocorrer falta de materiais, ou algum

35

pré-requisito para a tarefa, o trabalho atribuído tende a custar mais, com maior perda

de tempo ou será feito incorretamente. Nesses casos a atribuição não atende às

referidas exigências de qualidade (BALLARD; HOWELL, 1997b apud SUKSTER,

2005). Para que a atividade possa ser realizada é importante à seleção de tarefas

que possam ser concluídas, ou seja, aquelas para as quais os materiais estejam à

disposição e todos os pré-requisitos estejam completos (BALLARD; HOWELL, 1997

apud SUKSTER, 2005).

2.1.3.5 Avaliação da implementação do planejamento de curto prazo.

Para avaliar a implementação do sistema do planejamento de curto prazo

BERNARDES (2001) propôs um conjunto de 14 práticas, sendo que destas 8 dizem

respeito ao planejamento de curto prazo que estão descritas a seguir.

• Formalização do planejamento de curto prazo

A formalização do planejamento de curto prazo através da realização de

ações que protejam a produção contra os efeitos da incerteza facilita a designação

das metas às equipes de trabalho e o controle da produção. Isso pode ser explicado

porque as tarefas são designadas em uma planilha, de uma maneira organizada e

clara.

Para a implementação dessa prática, é necessário o envolvimento do

mestre na etapa de preparação dos planos. A presença do mestre é considerada,

nesse caso, essencial para a fixação de metas de acordo com as reais

potencialidades do sistema produtivo. Isso pode ser explicado na medida em que

esse profissional tenha um amplo conhecimento das tarefas que estão sendo

executadas na obra, conhecimento esse possibilitado, em grande parte, por seus

contatos freqüentes com os membros das equipes de produção nos postos de

trabalho.

Um outro ponto fundamental inerente a essa prática se refere à facilidade

para se analisar os dados coletados. Nesse caso, na medida em que se tem um

36

histórico preciso dos problemas pelos quais as metas planejadas não foram

executadas a contento, torna-se mais fácil a identificação dos efeitos das decisões

tomadas para a correção de desvios nos planos.

• Especificação detalhada das tarefas

Uma tarefa cuja especificação é mal detalhada pode provocar a execução

de atividades incompatíveis com os requisitos dos clientes, gerando retrabalho e

possíveis interferências em suas tarefas sucessoras. Assim, na medida em que uma

tarefa possui uma especificação bem detalhada, diminuem as chances de ocorrência

de erros pela falta de informação. Nesse sentindo, ocorre um aumento da

compreensão da forma pela qual ela tem que ser executada, facilitando, com isso, o

controle dos serviços, visto que o início e o término claros do pacote de trabalho

podem ser identificados de maneira mais precisa.

• Programação de tarefas reservas

O estabelecimento de tarefas reservas confere um caráter contingencial ao

plano de curto prazo, cujos objetivos principais residem na absorção dos efeitos da

incerteza existente no ambiente produtivo. Assim, caso haja alguma interferência no

fluxo de trabalhos no canteiro, deve-se procurar deslocar as equipes afetadas para

outros serviços prioritários.

• Tomada de decisão participativa

Normalmente, para o planejamento, a tomada de decisão participativa

ocorre através da análise dos indicadores de planejamento e de produção em

reuniões especificas ou durante a discussão consensual das metas do plano.

A necessidade de tomada de decisão participativa pode instigar os

funcionários envolvidos a identificar formas possíveis de melhorar o desempenho

global dos processos, bem como minora a incidência de retrabalho e interferências

entre equipes de produção. Essas ações tendem a facilitar a obtenção de

comprometimento das equipes de produção com as metas dos planos, já que os

próprios representantes das equipes negociam com a gerência da obra formas

viáveis para se executar os serviços.

37

Uma vez que a decisão discutida por todos foi implementada, verifica-se

que os funcionários envolvidos no planejamento podem aprender com seus efeitos.

Nesse caso, como a comunicação entre os vários participantes aumenta devido às

reuniões de discussão das metas, os trabalhos tendem a ser desenvolvidos mais em

sintonia uns com os outros. A melhoria de comunicação entre os envolvidos e o

processo decisório permite que todos os participantes tenham noção do estado do

sistema de produção, o que acaba conferindo, de um certo modo, maior

transparência e motivação ao ambiente de produção.

• Utilização do PPC e identificação das causas dos problemas

A utilização da Percentagem de Planejamento Concluído – PPC - e a

identificação das causas dos problemas são práticas cuja utilização deve ocorrer de

forma conjunta. Isso pode ser explicado porque é através das ações realizadas para

minorá-los que se pode reduzir a variabilidade no processo de planejamento. Nesse

caso, o acompanhamento da variabilidade do PPC indica se as ações realizadas

para minimização ou eliminação de tais problemas estão surtindo efeito.

• Utilização de sistemas de indicadores de desempenho

As medições realizadas sobre processos gerenciais e produtivos fornecem

aos gerentes os dados e fatos necessários à tomada de decisões e às ações de

melhoria da qualidade e produtividade da empresa. A medição é processo que

envolve a decisão sobre o que medir, a coleta propriamente dita, o processamento e

a avaliação de dados.

Através da utilização de medições e avaliações de desempenho de

processos, pode-se estabelecer padrões que, se adotados, podem melhorar a

qualidade da informação disponível para o processo decisório. Dessa forma, a

utilização de indicadores para medição do desempenho de processos gerenciais e

produtivos facilita a análise de eficácia do planejamento e do ambiente no qual a

produção está inserida. O estudo desses indicadores pode tornar visíveis os

atributos da produção que, normalmente, não estariam explícitos, dificultando uma

tomada de decisão compatível para a correção de desvios do planejamento.

38

O acompanhamento periódico da evolução desses indicadores, aliado às

decisões tomadas, possibilita que os funcionários responsáveis pela tomada de

decisão e sejam inseridos em um processo de aprendizagem que, por sua vez, pode

levar à melhoria contínua dos processos produtivos.

• Realização de ações corretivas a partir das causas dos problemas

Essa prática ocorre à medida que a variabilidade do PPC vai sendo

minorada pelo efeito das ações realizadas, através da análise dos problemas que

causam alguma interferência na produção. Por sua vez, a redução da variabilidade

nesse indicador ocorre à medida que os responsáveis pelo plano de curto prazo têm

uma noção mais precisa da capacidade de produção de seus recursos.

Nesse sentido, nos estágios iniciais de desenvolvimento dos processos

produtivos, quando não se tem um conhecimento preciso da capacidade produtiva

real das equipes de trabalho, pode-se reduzir o tamanho das tarefas a patamares

inferiores ao ritmo médio previsto. Essa ação pode facilitar a identificação de

melhorias nos fluxos de trabalho estabelecidos ou, em último caso, indicar a

necessidade da disponibilização de recursos adicionais para que o ritmo de

produção cumpra o planejado.

Assim, à medida que é desenvolvido através de dados coletados no

canteiro, o planejamento se torna mais confiável. Com o aumento da confiabilidade,

pode-se aumentar o tamanho dos pacotes planejados a patamares próximos ao

ritmo de trabalho.

• Realização de reuniões para a difusão de informações

Essas reuniões são destinadas à difusão de informações, que abranjam

alterações na forma de execução dos serviços por solicitação do cliente, ou, ainda,

problemas não-previstos na execução dos serviços dentro da semana para a qual o

plano é válido. Contudo, pode-se aproveitar a realização da reunião de discussão

das metas para difundir as informações supracitadas. A reunião pode ser realizada

com os mesmos participantes daquela destinada à discussão do plano de curto

prazo, sendo solicitado pelos encarregados das equipes, mestre-de-obras ou, ainda,

pelo engenheiro responsável.

39

2.2 PLANEJAMENTO E CONTROLE DAS OBRAS DE PAVIMENTAÇÃO

Para adaptação do modelo de planejamento e controle da produção, foi feito

um estudo, objetivando o entendimento e caracterização das obras de

terraplenagem e pavimentação, buscando identificar os fatores que diferenciam o

ambiente no qual foi desenvolvido o modelo de planejamento e controle da produção

proposto por BERNARDES (2001), para o ambiente de pesquisa, relacionado com o

sub-setor da construção pesada. Dentre as obras executadas no sub-setor da

construção pesada têm-se as obras de pavimentação. Assim, destaca-se a seguir os

aspectos considerados relevantes sobre esse tipo de obra, com ênfase na gestão da

produção.

2.2.1 Definição

De acordo com SENÇO (1980), pavimento é a estrutura sobre a

terraplenagem e destinada, de forma econômica e técnica a:

a) resistir e distribuir os esforços verticais oriundos do tráfego;

b) melhorar as condições de rolamento quanto ao conforto e segurança;

c) resistir aos esforços horizontais (desgaste), tornando mais durável a

superfície de rolamento.

A figura 2.6 mostra a disposição normal de um pavimento completo, ou seja,

um pavimento em que as condições da fundação não permitiram a eliminação de

nenhuma camada. De baixo para cima, os materiais utilizados na construção das

camadas são mais nobres, sendo o revestimento ou capa de rolamento a camada

mais nobre de um pavimento (SENÇO, 1980).

40

Figura 2.6 – Disposição normal de um pavimento (BRASIL, DNER 1996)

A superfície obtida com a terraplenagem nos cortes e aterros chama-se leito

ou plataforma da estrada, sobre a plataforma da estrada é comum estender uma

camada fina de material selecionado com a finalidade de acertar a superfície, essa

camada é chamada de regularização do subleito, a superfície da camada de

regularização é denominada subleito (FRAENKEL, 1980).

O Subleito é definido como o terreno de fundação do pavimento. Em

estradas já em trafego há algum tempo, e nas quais se pretende pavimentar,

apresenta-se com superfície irregular, exigindo a regularização (SENÇO, 1980).

Sobre a camada de regularização do subleito é comum colocar uma

camada de reforço do subleito, com a finalidade de reduzir a espessura do

pavimento necessária (FRAENKEL, 1980). O reforço do subleito é uma camada de

espessura constante, construída quando as características do subleito não atende

as especificações de projeto, e apresenta características técnicas inferiores ao

material usado na camada que lhe for superior, porém superiores às do material do

subleito (SENÇO, 1980).

41

A sub-base é uma camada executada como complemento da base, quando,

por circunstancia técnicas e econômicas, não for viável a construção da base

diretamente sobre a camada de regularização ou reforço do subleito (SENÇO,

1980).

O pavimento propriamente dito compreende genericamente a base, cuja

função é estrutural, e a capa de rolamento, cuja função é de impermeabilização,

revestimento e contato direto com as rodas dos veículos, além de transmitir à base

todos os esforços que recebe (FRAENKEL, 1980). A principal função da capa de

rolamento é proporcionar uma melhor superfície de rolamento quanto às condições

de conforto e segurança, além de resistir ao desgaste, aumentando assim a

durabilidade da rodovia (SENÇO, 1980).

Por razões econômicas é usual construir a parte inferior da base com

materiais mais econômicos e com maior espessura (FRAENKEL, 1980).

2.2.2 Classificação dos Pavimentos

De uma forma geral, os pavimentos são classificados em flexíveis e rígidos.

Os pavimentos rígidos são aqueles em que o revestimento é constituído por

ligantes de cimento (BAPTISTA, 1976). A formação deste tipo de pavimento é,

predominantemente, por camadas que trabalham sensivelmente à tração (BRASIL,

DNER 1996), apresentando pouca deformação e constituído principalmente de

concreto de cimento. Exemplo típico são os pavimentos de Concreto de Cimento

Portland (CCP). O pavimento rígido é constituído de:

- Placa de concreto de cimento – camada que desempenha ao mesmo

tempo o papel de revestimento e de base.

- Sub-base – camada empregada, com objetivo de melhorar a capacidade

de suporte do subleito e/ou evitar o fenômeno de bombeamento “pumping” dos solos

subjacentes à placa de CCP.

42

O pavimento flexível é definido como uma estrutura constituída de uma ou

mais camadas de espessura finita, assentada sobre um semi-espaço infinito cuja,

camada de revestimento é do tipo betuminosa (BRASIL, DNER 1996). Os

pavimentos flexíveis são aqueles em que o revestimento é constituído por ligantes

betuminosos (BAPTISTA, 1976). Para o dimensionamento deste tipo de pavimento,

a variável de maior influência é a resistência do subleito. No caso geral, as camadas

que constituem o pavimento flexível são as seguintes: Revestimento, Base, Sub-

base, Reforço do Subleito e Subleito.

Os dados destinados a definir, em planta e em perfil, o desenvolvimento do

pavimento, estão contidos nas notas de serviço. Assim numa nota de serviço

constarão todos os elementos que possibilitem a marcação das camadas do

pavimento visando sua execução (BRASIL, DNER 1996).

Para marcação do desenvolvimento do pavimento, toma-se como referência

básica a camada de regularização, ou mesmo o reforço, não só por ser a camada

mais inferior como também a mais larga e, uma vez executada, procede-se a

marcação da camada subseqüente, de acordo com a sua largura e espessura

(BRASIL, DNER 1996).

2.2.3 Canteiro de Serviços e Instalações

A execução de serviços de movimentação de terras em estradas, barragens

ou plataformas industriais exige sempre a realização de uma série de trabalhos

preliminares indispensáveis, para permitir a utilização posterior dos equipamentos

pesados (RICARDO e CATALANI, 1960).

A instalação do canteiro de obras é o primeiro trabalho a ser realizado pelo

executor dos serviços.

O canteiro de serviços é a disposição física das fontes de materiais,

edificações e construções necessárias para concentrar a estrutura e o apoio logístico

indispensáveis ao gerenciamento e a execução da obra (BRASIL, DNER 1996). As

diversas características a serem exigidas na construção do canteiro, são

43

determinadas em função das dimensões da obra, maior ou menor proximidade aos

centros urbanos, tempo de execução, facilidade locais, etc. (RICARDO e CATALANI,

1960).

O canteiro de serviços para pavimentação é composto, em parte, dos

mesmos elementos da terraplenagem, ou seja, escritórios, almoxarifados, oficinas,

arranchamento, comunicações, transporte, laboratórios, recreação (SENÇO, 1980).

A escolha do local para implantação do canteiro deve levar em

consideração a topografia da região e do local, as condições de acesso, a infra-

estrutura de energia e telecomunicações, a ocorrência de água e o tipo de

instalações industriais necessárias à produção ou beneficiamento dos materiais que

constituirão as camadas do pavimento, nos volumes previstos nos cronogramas da

obra. A concepção do canteiro deve ter como principal objetivo a minimização dos

custos de produção (BRASIL, DNER 1996).

Um canteiro padrão para obra de implantação rodoviária concentra as

edificações dos setores administrativos, técnicos, recreativo, ambulatoriais,

alimentar, almoxarifados, oficinas (BRASIL, DNER 1996). Há também, a

possibilidade de se alojar o pessoal em centros urbanos próximos, limitando as

instalações do canteiro ao atendimento operacional dos equipamentos, o que

acarretará grande economia de recursos e de tempo na construção do canteiro

(RICARDO e CATALANI, 1960). Em obras com curta duração, ou seja, prazo menor

que um ano, esse aproveitamento é de grande importância.

Para permitir fácil acesso ao trecho a ser implantado, dando condições para

que os equipamentos pesados atinjam as frentes de serviços, faz-se necessário a

abertura de estradas de serviço provisórias.

2.2.4 Fatores que influenciam na Qualidade das Obra s de Pavimentação

As exigências de controle da qualidade e os métodos de ensaio são

especificados para se assegurar que a obra responda às normas de qualidade

44

mínima apropriadas ao comportamento desejado. Assim, a qualidade obtida em

conformidade com as normas, por ocasião das obras, é um complemento à

qualidade do projeto (BRASIL, DNER 1996).

Para alcançar o seu objetivo, o controle da qualidade deve ser considerado

sobre dois enfoques: O controle administrativo e o controle técnico ou qualitativo. O

controle administrativo objetiva a verificação da conformidade do trabalho às

exigências legais e administrativas do contrato da obra. O controle técnico assegura

a conformidade às normas ou às especificações, verificando, por meio de ensaios e

medições, a qualidade dos serviços, dos materiais e sua respectiva utilização

(BRASIL, DNER 1996).

O laboratório é de vital importância no controle e na execução dos serviços

de pavimentação. Mesmo podendo ter instalações semi-fixas, a sua ação vai além

do recinto dessas instalações (SENÇO, 1980). Deverá existir uma equipe do

laboratório acompanhando cada serviço, seja ela de preparo de subleito, sub-base,

base ou execução dos serviços de capa de rolamento.

A freqüência mínima de execução dos ensaios de controle deve ser

obedecida rigorosamente, podendo-se aumentar essa freqüência na medida em que

ocorram variações nas características dos materiais, ou nos processos (SENÇO,

1980).

O solo é o material mais importante, dentre os materiais utilizados na

execução de pavimentos, independente do tipo de pavimento, pois mesmo não

sendo utilizado nas camadas previstas, será sempre o suporte da estrutura (SENÇO,

1980). Em razão da extrema diversidade dos solos e da variedade de equipamentos

disponíveis, a compactação é uma operação em que não se pode predeterminar

com segurança a forma mais rápida e econômica de executá-la (RICARDO e

CATALANI, 1960). Já o asfalto é um dos mais antigos materiais utilizados pelo

homem, cerca de 95% dos asfaltos fabricados no Brasil são utilizados em trabalhos

de pavimentação, destinado-se uma pequena parcela à aplicações industriais, como

impermeabilizante, como isolante (IBP, 1999).

45

Para conseguir maior eficiência e melhores resultados na compactação, é

necessário o conhecimento dos parâmetros que influem no processo, a fim de

ajustá-los.

A umidade do solo desempenha papel fundamental na obtenção de

densidades máximas para determinado tipo de solo, exigindo-se a utilização do teor

ótimo de umidade no processo de adensamento (RICARDO e CATALANI, 1960).

Os principais fatores que influem na compactação dos solos são:

• Natureza do solo e sua compactabilidade;

Natureza do esforço de compactação, ou seja, tipo de esforço e energia

despendida e teor de umidade para o qual o solo é compactado.

• Influência do teor de umidade

Examinando as curvas de umidade-densidade, verifica-se que, para um

dado solo e um dado esforço de compactação, o teor de umidade determina o

estado para o qual a máxima densidade ocorre. Sendo a umidade baixa, o solo é

difícil de comprimir, tornando-se rígido, obtendo-se baixos valores de densidade e

altos valores de teor de ar (vazios); com o aumento do teor de umidade, a água

adicionada diminui a tensão superficial, agindo como um lubrificante, tornando o solo

mais macio, trabalhável, daí resultando um solo com maior densidade e baixo teor

de ar (vazios). O teor de umidade que conduz máxima densidade, tornando o solo

mais trabalhável e que sob a ação do esforço de compactação usado, permite às

partículas do solo se agruparem mais intimamente, de modo a expelir a maioria do

ar, chama-se umidade ótima de compactação. O aumento de umidade além da

ótima faz o solo tornar-se mais trabalhável e este aumento de umidade e o ar

remanescente, enchem os vazios do solo, impedindo a aproximação das partículas,

havendo aumento de volume e diminuição de densidade.

• Influência do esforço de compactação

O aumento da energia de compactação, para todos os solos, resulta em

diminuição do teor de umidade e no aumento da densidade. Com esta diminuição de

umidade, o solo continua ainda suficientemente trabalhável para ser compactado a

46

uma densidade máxima correspondente ao aumento do esforço de compactação.

Experiências realizadas nos Estados Unidos permitem determinar o efeito do esforço

de compactação por comparação com resultados obtidos pelo emprego dos métodos

AASHO Standard; AASHO modificado. Verifica-se que com o aumento da energia de

compactação haverá um aumento da densidade e diminuição do teor de umidade.

Com efeito, segundo Nogueira (1977), na compactação de campo o que

interessa é saber se um determinado equipamento de compactação é capaz de

comprimir o solo no grau desejado e quais as características do equipamento de

compactação, ou seja, quais as condições de espessura da camada, número de

passadas e o teor de umidade com que se pode atingir a compactação desejada.

Outro fator importante é o rendimento do equipamento compactador em

termos de m3 de solo compactado. Este depende da largura da faixa compactada,

da sua espessura, da velocidade do rolo e do número de passadas necessárias para

obter a densidade desejada.

Ainda de acordo com Nogueira (1977), para bons resultados deve-se ter em

mente as seguintes operações:

1 Determinação da densidade máxima e o teor ótimo de umidade do

material que será empregado no campo.

2 Compactação no campo com maquinaria apropriada e controle de

densidade no campo a fim de comprovar os resultados de laboratório.

Para medir a densidade em campo utilizamos os seguintes métodos: frasco

de areia e cilindro bizelado. O mais utilizado é o frasco de areia, umidade extraída

pelo speedy, ou processo do álcool, fogareiro ou estufa.

Para conseguir maior eficiência e melhores resultados na utilização do

cimento asfalto de petróleo (CAP) em suas aplicações deve ser deve ser

homogêneo e estar livre de água. O CAP não pode ser aquecido acima de 1770 C,

sendo que a temperatura ideal de trabalho é obtida pela relação temperatura-

viscosidade. Não se aplica em dias de chuva, ou em temperatura ambiente inferior a

100C ou em superfícies molhadas.

47

O concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ), que é uma mistura

executada a quente, em usina apropriada, com características especificas, composta

de agregado graduado, material de enchimento (fíler) se necessário e cimento

asfáltico (BRASIL, DNIT, 2006). É empregado como camada de revestimento e para

sua utilização recomenda-se que:

• Os agregados, com exceção do material de enchimento (fíler), devem

ser aquecidos a temperatura de 10 a 150C acima da temperatura do

cimento asfáltico. A mistura, entretanto, não pode ter temperatura

superior a 1770C.

• A temperatura de compactação recomendável, quando são utilizados

rolos compressores pneumáticos autopropulsores, é aquela na qual o

CAP apresenta uma viscosidade entorno de 140 SSF.

• Em relação aos demais rolos, pode-se dizer que o início da

compactação deve se da à mais alta temperatura que a massa suportar

sem se deslocar ou fissurar. A execução do concreto asfáltico requer

cuidados especiais, devendo ser obedecidas as normas, desde a

entrada da matéria-prima na usina até a compactação final da massa e

posterior abertura ao tráfego.

• O controle tecnológico dos materiais e do serviço deve estar

condicionado aos métodos convencionais, e devem atender a

especificação particular da própria obra ou geral do órgão contratante,

ou a DNER-313/97.

2.2.5 Equipamentos

Os serviços de pavimentação, por sua natureza, variedade das soluções

para as camadas integrantes dos pavimentos e magnitude dos quantitativos

envolvidos, requerem processo executivo mecânico, com a utilização de

equipamentos pesados.

48

A seleção do equipamento de terraplenagem ideal, para realização dos

serviços, depende da análise de vários fatores que influenciam no desempenho dos

equipamentos. Segundo RICARDO E CATALANI (1960), os fatores que influenciam

na escolha podem ser classificados em três grupos:

a) Fatores naturais, que dependem das condições existentes no local de

execução dos trabalhos, tais como topografia, natureza do solo existente entre

outros.

b) Fatores de projeto, que são representados pelo volume de material a ser

movido, as distâncias de transporte, as rampas e as dimensões das plataformas.

c) Fatores econômicos, que é o fator decisivo na escolha do equipamento,

pois se resume ao custo unitário do trabalho. O custo unitário depende do

investimento total, representado pelo custo de aquisição das maquinas da equipe e

também, da sua produtividade.

REGO CHAVES (apud, RICARDO E CATALANI, 1960), em seu livro

Terraplenagem Mecanizada, estabelece (pág. 105) os três princípios que regem a

escolha econômica dos equipamentos.

“Em terraplenagem mecanizada, conforme temos dito, a

natureza, as condições e o volume das obras a executar são os principais

fatores que devemos ter em vista ao escolher a maquinaria mais

apropriada. Essa escolha deverá obedecer, sempre que possível e dentre

dos meios disponíveis, aos seguintes princípios básicos:

1) Redução, tanto quanto possível, das inversões de capital.

2) Equilíbrio de trabalho entre as diversas unidades mecanizadas a fim de

que o rendimento, por máquinas, seja o máximo.

3) Custos unitários de produção sempre menores do que aqueles que

resultariam do emprego de outras máquinas ou de outros quaisquer

métodos de trabalho.”

49

O que REGO (apud, RICARDO e CATALANI, 1960) quis dizer é que no

dimensionamento de equipe e equipamentos para execução dos serviços devem-se

utilizar equipamentos mais econômicos e de produção menos custosa.

Segundo RICARDO e CATALANI (1960), em alguns casos, devido a

particularidades dos serviços, as soluções mais econômicas deixam de ser viáveis e

apenas os fatores naturais e de projeto determinam a escolha do equipamento.

2.2.6 Produtividade da Equipe

Pode ser definido como sendo o quanto a equipe, composta de

equipamentos e mão-de-obra, consegue produzir por hora na unidade de serviço a

ser considerada (PEDROZO, 2001). É importante observar que para realizar o

planejamento de uma atividade deve-se considerar a produtividade da equipe, no

qual diversos equipamentos e pessoas atuam em conjunto, e não a produção dos

equipamentos de forma isolada, retirada dos manuais de fabricantes de

equipamentos, mesmo que a produtividade da equipe seja baseada na produtividade

dos equipamentos.

Não existe um processo preciso para se estimar a produção dos

equipamentos, pois, a mesma é influenciável por diversos parâmetros de difícil

determinação (RICARDO e CATALANI, 1960).

Segundo RICARDO e CATALANI (1960), os cálculos de estimativa de

produção, são, muitas vezes, submetidos a julgamentos ou opiniões pessoais

baseadas em experiência anterior, para ser possível a obtenção de resultados

corretos, se comparados posteriormente com realidade.

Em função da produção total a ser feita, do número de dias operáveis, do

número de horas dos turnos de trabalho, da produção horária e da eficiência

mecânica, determina-se o número de equipamentos por equipe, que pode variar ao

longo dos meses de produção em função do cronograma de cada mês (BRASIL,

DNER 1996).

50

RICARDO e CATALANI (1960), em seu livro Manual Prático de Escavação:

terraplenagem e escavação de rocha estabelecem uma expressão que indica a

produção qualquer equipamento de terraplenagem:

“Qef = C . φ . (1 / tcmin) . R , sendo:

Qef = produção efetiva, medida no corte

C = capacidade da caçamba, em volume solto

φ = fator de empolamento

tcmin = tempo de ciclo mínimo

R = coeficiente de rendimento da operação”.

O coeficiente de rendimento ou fator de eficiência é o parâmetro que pode

ser afetado de forma mais direta pelo supervisor da obra, no sentido de aumentar a

produção. Este coeficiente fornece a relação entre o número de horas efetivamente

trabalhada e número de horas que o equipamento fica a disposição da obra.

O coeficiente de rendimento de um determinado equipamento pode ser

afetado por alguns problemas, que são responsáveis pela grande maioria dos

tempos de parada, os principais fatores adversos são o estado mecânico geral do

equipamento e/ou tempo meteorológico (RICARDO e CATALANI, 1960).

Após análise das considerações feitas até agora, pode-se concluir que o

coeficiente de rendimento de operação R é o fator de maior importância na produção

dos equipamentos e, por conseqüência, nos custos dos serviços.

De acordo com RICARDO e CATALANI (1960), o supervisor da obra influi

no aumento ou diminuição do rendimento global, procurando eliminar os tempos de

parada, reduzindo assim o tempo mínimo. Por outro lado, a estimativa e adoção do

valor R influem no dimensionamento da equipe a ser determinada, para o

cumprimento dos prazos dos cronogramas, de maneira que o planejador da obra

deve procurar admitir valores realistas baseados na experiência e no bom senso.

Caso contrário, esses prazos e os custos poderão ser ultrapassados.

51

Como os serviços de pavimentação desenvolvem-se com a terraplenagem

já concluída, fatores que condicionam a produtividade dos equipamentos de

terraplenagem não interferem naqueles dos equipamentos de pavimentação

(BRASIL, DNER 1996). No entanto, os caminhos de serviço bem conservados, e a

transferência de tráfego de veículos que utilizam a estrada para variantes

construídas, evitando a sua passagem nos trechos em execução, é uma providência

que aumenta o rendimento operacional das equipes, principalmente em

determinadas fases do processo construtivo.

2.2.7 Dimensionamento das Equipes

Para realização do planejamento de um serviço de terraplenagem são

utilizados dados provenientes do projeto, que especifica o volume de material que

deverá ser escavado e movido, bem como a distância de transporte entre corte e

aterro (RICARDO e CATALANI, 1960).

Segundo RICARDO e CATALANI (1960), a partir das fórmulas abaixo

consegue-se dimensionar os equipamentos que devem ser empregadas e verificar

os prazos de execução.

Através do prazo P (em dias corridos) estabelecido para a conclusão do

serviço e t o turno diário de atividade (em h/dia), determina-se a produção média

diária Qm (m3 / dia) necessária para se atingir as metas fixadas no planejamento da

obra, que será:

Qm = V / P (m3 / dia), sendo V o volume do material;

De posse da produção individual de cada máquina estimada em Q (m3 /

dia), para o turno diário estabelecido, consegue-se a produção diária.

Qd (m3 / dia) = Q x t

O número mínimo de unidades (n) necessários para garantir o cumprimento

dos prazos será:

N = Qm / Qd = Qm / Q x t = Qm / Qmax . R . t

52

A produção individual de cada maquina é função do rendimento que é

função das condições dos equipamentos, da qualificação do operador, eficiência de

organização dos trabalhos pela empresa, dos tempos de parada, entre outros. Logo

quanto menor o rendimento, maior o número de equipamentos a ser utilizado para

cumprir os prazos.

Partindo do princípio de que a equipe já está definida, têm-se:

Produção da equipe;

Qt (m3 / dia) = n x Q (por hora) = n . Qmax . R (produção horária da equipe)

Qd (m3 / dia) = n x Q x t = (produção diária da equipe)

Prazo para a execução dos serviços;

P = V / Qd = V / n . Qmax . R . t

Para se conseguir a redução dos prazos, quando já se tem uma equipe

definida, uma das formas, é através do aumento do turno de trabalho.

2.2.8 Operações e Manutenção dos Equipamentos de Terraplenagem e Pavimentação

À medida que a máquina envelhece, devido ao desgaste natural que sofre

em sua utilização, a probabilidade de falhas mecânicas aumenta consideravelmente,

logo o proprietário deve ter a preocupação permanente de procurar aumentar a vida

útil da maquina, evitando assim paralisações freqüentes para reparos mecânicos.

Isso ocorre porque, além de deixar de produzir, a máquina passa a ter despesas de

manutenção, o que reduz a sua rentabilidade (RICARDO e CATALANI, 1960).

Segundo RICARDO e CATALANI (1960), a operação e manutenção

corretas do equipamento, são as maneiras mais simples de se conseguir o aumento

da vida útil da maquina.

53

Toda máquina vem acompanhada de um “Manual de Operação” que mostra

o seu funcionamento e o dos acessórios, bem como todos os cuidados que devem

ser tomados durante a sua utilização (RICARDO e CATALANI, 1960).

A máquina não pode ser sujeita a esforços superiores à sua capacidade, o

operador deve ser submetido a um período de treinamento na maquina, a fim de que

os níveis de produção previstos pelo fabricante sejam alcançados, sem desgaste

excessivo, e ainda, deve ser conscientizado de que ele é o primeiro responsável

pela manutenção do equipamento.

Segundo RICARDO e CATALANI (1960), a manutenção pode ser definida

como sendo o conjunto de processos utilizados com a finalidade de obter dos

equipamentos condições de funcionamento que resultem na sua produtividade

máxima, permitindo o prolongamento de sua vida útil e a operação econômica em

maiores prazos.

É sumamente importante que todos os equipamentos alocados à obra

sejam mantidos sempre em boas condições de trabalho, já que eventuais

paralisações de qualquer equipamento poderão acarretar a paralisação de toda uma

equipe, com prejuízo para toda a programação físico-financeira da obra.

Assim, evidencia-se a importância da implantação de uma manutenção

adequada, que contemple todos os equipamentos, com intervenção de caráter

preventivo e corretivo.

Para manter-se uma eficiente manutenção preventiva faz-se necessário um

controle efetivo das horas operadas pela máquina, por cada um dos seus conjuntos

e da mensuração daquelas partes sujeitas ao desgaste (BRASIL, DNER 1996). A

utilização de um plano de manutenção adequado permite a racionalização do uso do

equipamento e um dimensionamento das suas horas operadas corretamente,

porque ela reduz as paradas não administradas.

A intervenção corretiva é aquela que ocorre quando da quebra do

equipamento. A obra deve estar equipada para resolver com rapidez esta

interrupção através da sua estrutura de oficina (pessoal e ferramenta), do

almoxarifado de peças, ou do setor de aprovisionamento (BRASIL, DNER 1996).

54

3 MÉTODO DE PESQUISA

Neste capítulo são apresentadas as várias etapas que compõem o método

de pesquisa da presente monografia. São discutidos a estratégia de pesquisa

utilizada, os métodos e ferramentas utilizadas na coleta de dados, bem como as

variáveis analisadas.

3.1 INTRODUÇÃO

A realização de uma pesquisa pressupõe uma série de escolhas e decisões

a serem tomadas antes do início e no decorrer da pesquisa. Várias destas decisões

estão relacionadas à forma na qual os dados e teoria serão utilizados e

relacionados, de maneira a atender as características empíricas e objetivas da

ciência (ROESCH, 1999).

O planejamento e o projeto de uma pesquisa são importantes pontos a

serem observados e utilizados na determinação da relação entre dados coletados e

teoria utilizada. A determinação prévia dos dados que devem ser coletados, bem

como a determinação da forma como estes dados devem ser analisados, também se

destacam como decisões essenciais no processo de obtenção de evidências,

visando responder às questões básicas de uma pesquisa. Do mesmo modo, estas

escolhas são essenciais à determinação da estratégia de pesquisa mais adequada

ao tipo de problema enfrentado (MARCONI e LAKATOS, 2006).

3.2 ESTRATÉGIA DE PESQUISA UTILIZADA

Segundo Yin (2001) são três condições que diferenciam os tipos de

estratégia de pesquisa:

a) o tipo de questão a ser respondida (o que, como, por quê);

55

b) a extensão de controle que o pesquisador tem sobre o objeto pesquisado

(controle das variáveis); e

c) o grau de enfoque em acontecimentos históricos em oposição a

acontecimentos contemporâneos.

Destas três condições a mais importante é o tipo de questão a ser

respondida, porém, o fundamental na escolha da estratégia de pesquisa é a

combinação destas três condições ao tipo de problema que se pretende investigar.

Contudo, nesta visão, deve ser ressaltado o cuidado a ser tomado na classificação

dos tipos de estratégias de pesquisa.

Entretanto, Roesch (1999) destaca que, no caso das ciências aplicadas e

voltadas para as especificidades das organizações há uma tendência de se

confundir pesquisa com consultoria. Para resolver esse dilema, ela apresenta a

seguinte tipologia de projetos:

Pesquisa Aplicada – gerar soluções potenciais para os problemas humanos;

Avaliação de documentos – julgar a efetividade de um plano ou programa;

Avaliação de resultados – melhorar um programa ou plano; acompanhar sua

implementação;

Proposição de Planos – apresentar soluções para problemas já

diagnosticados. Pode ou não incluir a implementação do plano;

Pesquisa-diagnóstico – explorar o ambiente; levantar e definir problemas.

Para o estudo realizado, a questão de pesquisa é do tipo como?, trata-se de

um estudo sobre problemas contemporâneos e o pesquisador possui pouco controle

sobre o objeto pesquisado. Por outro lado, o relativo grau de autonomia e acesso à

organização por parte do autor, permitiu que fosse efetuada a implementação de

uma solução para o problema da organização. Em função disso, seguindo as

recomendações de Yin (2001) e de Roesch (1999), essas características levaram ao

uso da estratégia de estudo de caso com proposição de planos.

56

3.3 FONTES DE EVIDÊNCIAS UTILIZADAS

Segundo Yin (2001) a escolha das fontes de evidência deve-se basear em

três princípios básicos que, se corretamente observados, contribuem para aumentar

a confiabilidade, a validade e a representatividade de uma pesquisa. São eles:

a) uso de múltiplas evidências – permite ao pesquisador captar diferentes

aspectos do objeto de estudo. Porém, a utilização de múltiplas evidências tem como

principal razão a necessidade de se criarem diferentes linhas de investigação, que

tenham convergência em direção à resposta das questões a que o estudo se propõe

responder;

b) criação de banco de dados – tem como objetivo a recuperação posterior

de dados úteis e importantes para as conclusões do estudo. A rastreabilidade de

dados também contribui para a validade da pesquisa;

c) estabelecimento da cadeia de evidências – deve ser buscada no sentido

de garantir que as evidências estejam alinhadas na mesma direção, buscando

responder todas as questões a que se propõe a pesquisa.

A coleta de dados foi realizada basicamente por meio de observação direta

com o apoio de documentos da empresa e a aplicação de planilhas. Existem duas

formas de coleta de dados por meio da observação. A primeira é a observação

direta, na qual o observador apenas registra os fatos e eventos relevantes

observados. Neste tipo de observação o pesquisador assume uma postura tão

imparcial e impessoal quanto possível em relação ao objeto de pesquisa. A segunda

forma é a observação participante, na qual o pesquisador faz parte do contexto

analisado, influenciando o processo e compondo o objeto de pesquisa (ROESCH,

1999). Neste estudo, a observação participante se deu essencialmente durante a

elaboração das planilhas de curto prazo e através da participação das reuniões de

comprometimento, nas quais foram aplicadas as planilhas.

57

3.4 MÉTODO UTILIZADO

O projeto consiste em um estudo de caso com proposição de planos, no

sistema de planejamento e controle da produção de uma empresa que atua no sub-

setor da construção pesada, e avaliar o aprendizado após a utilização de planos de

trabalho.

Para alcançar o objetivo proposto para este trabalho monográfico foi

realizada uma revisão bibliográfica utilizando livros, monografias, dissertações de

mestrado e teses de doutorado, normas técnicas, etc.. A seguir, foram realizadas as

seguintes atividades:

• Caracterização da empresa e obras em estudo;

• Investigação preliminar de como era desenvolvido processo de PCP;

• Treinamento dos envolvidos no processo de produção da empresa,

para apresentação do modelo de planejamento, em nível de curto

prazo;

• Implementação do planejamento de curto prazo;

• Reuniões realizadas, inicialmente, a cada dois dias, com a participação

de engenheiros, estagiários e encarregados, para elaboração da

planilha de curto prazo e avaliação do percentual de pacote

concluído (PPC), que será o indicador de produtividade;

• Pesquisa de campo com aplicação de planilhas de curto prazo das

atividades desenvolvidas, o modelo da planilha a ser utilizada esta

apresentado na anexo 2;

Nesse sentido, para a formulação do método de pesquisa, considerou-se, a

necessidade inicial de se conhecer a forma pela qual o planejamento e controle de

produção da obra eram desenvolvidos pela empresa. Assim, foi realizado um

diagnóstico inicial dos processos para, em seguida, caso fosse necessário, propor

sugestões de melhorias aos mesmos.

58

A partir da compreensão da forma pela qual o planejamento e controle da

produção eram desenvolvidos, partiu-se para a implementação do modelo proposto

por BERNARDES (2001), para micro e pequenas empresas, só que agora para uma

empresa de grande porte.

3.5 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO

Entre os meses de julho e agosto de 2008 foi realizado o estudo junto a

uma empresa de construção civil (empresa A). Esta empresa tem como principal

ramo de atuação obras de infra-estrutura para clientes, predominantemente,

públicos, sendo sua sede administrativa localizada na cidade de Salvador-BA.

A escolha de somente uma empresa foi devido à facilidade de acesso a

empresa, por ela estar executando uma obra de infra-estrutura em Feira de Santana,

na qual o autor desse trabalho estava estagiando.

O critério de escolha do ambiente de estudo se baseou em dois aspectos.

Primeiro o serviço escolhido, a pavimentação, era, dentre os serviços executados na

obra, aquele de maior acessibilidade, em função da autonomia do pesquisador sobre

o serviço, que ficava sob sua responsabilidade. Assim, em comum acordo com o

engenheiro supervisor da obra, optou-se por aplicar o modelo de PCP de curto prazo

no serviço de pavimentação.

Outra decisão importante disse respeito a que obras aplicar o modelo, já

que a empresa atuava em quatro diferentes frentes de serviço, que podem ser

consideradas como quatro diferentes obras, apesar de fazer parte de um mesmo

contrato. Assim, para elaboração dos pacotes de serviço da planilha de curto prazo,

foi feito um zoneamento das obras. Com o zoneamento buscou-se identificar as

unidades de controle para facilitar a designação dos pacotes de trabalho no

planejamento operacional. Cada área de trabalho representa uma unidade de

controle da produção, facilitando o monitoramento da execução do processo,

comparando o executado com o planejado.

Assim, as quatro obras foram nomeadas como A, B, C e D, sendo cada uma

delas zoneada em eixos, em que cada eixo representa uma unidade de controle

59

Além do zoneamento, para maior definição dos pacotes de trabalhos, os

pacotes são as próprias etapas de serviço, como: regularização, sub-base, base e

revestimento.

3.5.1 Descrição da Empresa

A empresa em estudo, que neste trabalho será nomeada de EMPRESA A, é

uma empresa baiana e atua no mercado desde 1977, sempre atuando no sub-setor

da construção pesada, construindo estradas, barragens, aeroportos e obras de arte

especiais em vários estados do país e possui alguns de seus clientes como: DNIT,

DERBA, DER/SE e Petrobras, no caso da construção dos viadutos o cliente é a

Prefeitura Municipal de Feira de Santana que tem como empresa supervisora o

consórcio, que será nomeado de EMPRESA F, para fiscalização dos serviços.

Esta empresa é de grande porte, e seus empreendimentos têm como

características principais:

a) obras com duração aproximada de 18 a 24 meses: a empresa tem como

um dos focos da sua política da qualidade, nunca atrasar a entrega de uma obra;

b) mão-de-obra terceirizada: A mão-de-obra da empresa em estudo é

predominantemente da empresa apenas os serviço complementares como os

serviços de urbanização, estrutura e drenagem são executados por empresas

terceirizadas;

c) participação na coordenação dos projetos: o gerente de cada

empreendimento é responsável pela coordenação de projeto e faz a avaliação da

compatibilidade dos mesmos;

Para realização do estudo de caso foi escolhida a etapa de pavimentação

de um dos quatro viadutos, que estão sendo executados na cidade de Feira de

Santana. A obra foi executada através do Consórcio A-B. A divisão de atividades no

CONSÓRCIO A-B é de acordo com o exposto a seguir:

60

-Empresa A – responsável pelas obras de terraplenagem, pavimentação,

drenagem, sinalização vertical e horizontal. Os respectivos projetos foram

elaborados por um escritório técnico contratado pela empresa A.

-Empresa B – responsável pela implantação das obras de arte especiais,

cujos cálculos estruturais foram elaborados por um escritório técnico contratado pela

empresa B.

A empresa foco do estudo é a empresa A, que conta, para execução desta

obra, com um quadro de funcionários de aproximadamente 154 pessoas, desde a

parte administrativa dentro do escritório, até suas equipes móveis que realizam as

obras nas diversas etapas de construção, nos cinco viadutos.

Em todos os viadutos foram utilizadas tecnologias enxutas, como é o caso

da contenção em terra armada, que é uma tecnologia baseada na associação de

aterro selecionado, compactado e armaduras de aço, e as vigas e lajes pré-

fabricadas. Estas tecnologias permitem melhorias ao processo construtivo, como

mais rapidez e agilidade.

Os serviços de montagem e fabricação das placas de terra armada, e

montagem de armaduras e formas das estruturas, foram executados por

terceirizados.

Para os serviços de pavimentação temos a sub-base projetada em solo

arenoso (top soil mais argila), a base em brita graduada e o revestimento em

Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ). Para os viadutos foi adotada a

solução de fundação em estaca hélice.

61

4 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capítulo são apresentados os principais resultados obtidos na

pesquisa, bem como são discutidas as principais dificuldades enfrentadas no

desenvolvimento dos estudos empíricos. Inicialmente são apresentados os

resultados obtidos no estudo exploratório. Em seguida, é apresentada uma

discussão sobre a implementação do Planejamento de Curto Prazo

4.1 DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO DA EMPRESA EM ESTUDO

O diagnóstico foi realizado com o objetivo de identificar a existência de

deficiências no sistema utilizado por esta empresa, a fim de propor ações que

possam minimizar ou mesmo eliminar prováveis deficiências.

Para análise do processo de PCP utilizou-se o método proposto por

BERNARDES e CARVALHO (1997, apud BERNADES, 2001), através do qual são

utilizados diagramas de fluxo de dados (DFD)1 para compreensão do funcionamento

do sistema. Para tal foi aplicado o roteiro de entrevistas proposto por Bernardes

(2001). Foram entrevistados os responsáveis pelo setor de controle, o encarregado e

auxiliares de almoxarifado, o escriturário, o gerente da obra e o engenheiro de

produção.

O diagrama desenvolvido na empresa está apresentado na figura 4.1 e

procura focalizar o processo de PCP, e no seu entorno, departamento, funções,

pessoas, empresas prestadoras de serviço, ou seja, todos que estão relacionados

com o sistema de planejamento. As informações contidas no DFD foram numeradas

e descritas no dicionário apresentado no quadro abaixo (tabela 4.1)

1 DFD – Diagrama de Fluxo de Dados – ferramenta utilizada para análise de sistemas. Para maiores informações ver Bernardes e Carvalho (1997).

62

Figura 4.1 – DFD do Sistema de Planejamento e Controle da Produção da Empresa.

63

Tabela 4.1 – Quadro com dicionário de dados do DFD da figura 4.1 N Informações Descrição

1 Orçamento Orçamento da obra

2 Cronograma físico-financeiro Cronograma físico-financeiro gerado por sistema

computacional, preparado em planilha eletrônica

3 Data de início e fim dos

serviços

Datas de início e fim dos serviços que constam

no plano de longo prazo

4 Cronograma geral Cronograma geral da obra

5 Decisões para soluções de

problemas

Decisões para problemas gerenciais e/ou

técnicos da obra

6 Autorização para compra de

materiais

Autorização para compra de materiais

7 Inf. sobre o andamento dos

serviços

Informações sobre o andamento físico dos

serviços que estão sendo executados na obra

8 Solicitação de apoio à

decisão

Solicitação de apoio à decisão para soluções de

problemas gerenciais e/ou técnico da obra

9 Solicitação de autorização

para compra de materiais

Solicitação de autorização para compra de

materiais

10 Solicitação de MO Solicitação de contratação de mão-de-obra

11 Solicitação para compra de

materiais

Solicitação para compra de materiais

12 Informação sobre a

contratação de mão-de-obra

Informação sobre o processo de contratação de

mão-de-obra

13 Índice de produtividade

Controle p/ orçamento

Índice de produtividade de equipes de produção

ou serviço

14 Designação de metas Designação de metas do plano de curto prazo

para equipe de produção ou sub-empreiteiros

15 Decisões para soluções de

problemas

Decisões para a solução de problemas

gerenciais e/ou técnicos

16 Inf. sobre a execução das

tarefas

Informação sobre a execução da tarefa, como

por exemplo, dúvidas sobre a técnica

construtiva, dificuldades encontradas para se

realizar o trabalho, problemas no projeto, dentre

outros.

17 Inf. sobre a manutenção de

maquinas e equipamentos

Informações sobre o plano de manutenção e/ou

problemas com maquinas e equipamentos

64

4.2 PRÁTICAS ASSOCIADAS AO PROCESSO DE PCP

Para coleta de dados foi proposto e inserido na rotina de planejamento da

empresa, o sistema de PCP no nível de curto prazo, com isso buscou-se na

pesquisa focar na avaliação do sistema de planejamento no PPC, bem como nas

razões pelas quais as metas do plano curto prazo não eram cumpridas.

Inicialmente previu-se a implementação do plano de curto prazo nas quatro

obras. Foi executado um treinamento, apresentado pelo pesquisador, aos

participantes do sistema de produção das obras. Neste treinamento participaram os

empreiteiros responsáveis pelos serviços de drenagem e contenção em terra

armada, o encarregado geral, o gerente geral, o engenheiro de produção e os

encarregados de cada obra. No treinamento foi apresentado o modelo a ser

implementado e quais os objetivos do projeto. A partir disso foi efetuada a coleta das

informações referentes às atividades a serem executadas com base no plano

mestre. Desse processo participaram o pesquisador, o gerente geral e engenheiro

de produção. No período em questão haviam três grandes etapas executadas nas

diversas obras, drenagem, pavimentação e contenção em terra armada. Em comum

acordo com o gerente geral da obra, optou-se por limitar a implementação do PCP à

etapa de pavimentação, pelo fato de ser uma atividade executada com mão-obra

própria, facilitando o envolvimento dos funcionários da obra, além dos aspectos

mencionados no item 3.5. Esse fato fez com as obras B e D fossem descartadas por

não estar ocorrendo a referida etapa, conforme previsto no plano mestre. A seguir

foram elaborados os planos de curto prazo para as obras A e C pelo pesquisador em

conjunto com o gerente geral das obras, com os pacotes referidos aos eixos

conforme croqui (ver anexo 1). Assim, no caso da obra C, o eixo 30 representa a via

construída sobre a contenção em terra armada, o eixo 31 e 32 representam as vias

marginais. A partir disso foram feitas as reuniões para difusão dos planos, com a

participação dos encarregados (laboratório, geral, da obra A, da obra C,

manutenção) e do gerente geral, além do pesquisador que coordenou a reunião.

Esse processo se repetiu com o horizonte de planejamento de curto prazo a cada

dois dias. Abaixo apresenta-se um exemplo de planilha de curto prazo utilizada na

obra C.

65

Obra: OBRA C elaborado em: 22/08/2008 Código:

Engenheiro (a) : Data de Elaboradoção 22/08

elaborado por: 0

Mestre: PPCdia= 33,33% alterado em: Revisão n.º

EMPRESA A

PLANEJAMENTO DIÁRIO

Planejamento x execução

Estagiário (a): alterado por: 0

EQUIPE Visto PACOTE DE TRABALHO/LOCAL OBSERVAÇÕES % exec. PROBLEMA

Equipe de produção

Lançamento de base eixo 32 (est. 0 a 9) 100 sem ocorrência

Equipe de topografia

Marcação da conta de base 0 Interferência rede de

esgoto

Equipe de laboratório

Liberação de camada de base 0 Interferência rede de

esgoto

ARQUIVO Assinatura do Engenheiro Assinatura do Mestre Página

Figura 4.2 – exemplo de planilha aplicada para planejamento curto prazo obra C

66

Os dados coletados das obras estudadas, durante o período de

implementação do modelo de planejamento proposto por BERNARDES (2001),

através do planejamento de curto prazo, estão apresentados na tabela 4.2. Cabe

ressaltar que na obra A não foi possível aplicar o modelo em função de atrasos nas

atividades antecessoras, sendo descartados os poucos dados obtidos. Essas obras

estão descritas e caracterizadas no capitulo 3.

Tabela 4.2 – Dados coletados na empresa A após a implementação do modelo proposto

OBRA N ciclos

(2dias)

PPC

Médio

PPC

Máximo

PPC

Mínimo

Principais problemas acumulados

C 13*2 63,34 100 0,0 Chuvas, material com condições

inaceitáveis,manutenção de

equipamentos

De acordo com a tabela 4.2, foram coletados dados referentes ao PPC em

um período de 13 ciclos, cada ciclo com duração de 2 dias, somando um total de 26

dias. Os problemas que ocasionaram a não coleta de dados foram devido ao atraso

no início das obras em função do período chuvoso e a retirada de interferências de

projeto. Nesta tabela também foram listados os problemas mais freqüentes ao longo

do período de coleta de dados

O PPC referente a cada ciclo esta representado pelo gráfico da figura 4.3.

67

38,89%

24,99%

33,11%Condições inaceitáveisdo materialManutenção deEquipamentosCondições adversas dotempo

PPC OBRA C

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

120,00%

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

PPC

PPCmedio= 67,34%DESV.=31,93%

Figura 4.3 – gráfico PPC da obra C

Para realização da analise de causas foi utilizado o gráfico representado na

figura 4.4 exposto abaixo:

Figura 4.4 – gráfico de análise de causas para não cumprimento de metas

Analisando os dados do gráfico de causas para não cumprimento das

metas, podemos notar que principal causa foram as condições do material, que por

estar com umidade acima da ótima não atendeu aos requisitos especificados no

projeto. Observou-se que, durante a implementação do PCP esse problema ocorria

68

devido a equipe de laboratório, inicialmente, não atuar de forma participativa do

processo de decisões. Com a implementação do PCP na execução das atividades

de produção, através das reuniões de curto prazo e do levantamento de causas dos

problemas, o laboratório passou a atuar de forma mais ativa, ajudando assim a

diminuir o numero de retrabalhos causados por este problema.

As condições do tempo atuaram de forma decisiva na elaboração dos

planos de curto prazo, devido ao período chuvoso, por isso alguns pacotes tiveram

que ser re-planejados.

A manutenção dos equipamentos teve pouca incidência inicialmente, mas

como a atuação da equipe de manutenção se dava de forma corretiva, ocorria uma

demora na solução dos problemas, devido à compra da maioria das peças serem

feitas pelo setor de compras do escritório central. Entretanto, como o método dos

cincos por quês, proposto por BERNARDES (2001), ainda não pode ser aplicado,

conseqüentemente as causas desse tipo de problema não foram ainda bem

esclarecidas, apesar do aumento de sua incidência em relação aos outros dois tipos

(tempo e material).

Observa-se assim, que o principal problema – material – pôde ser

identificado e resolvido ao longo do tempo, graças ao envolvimento do responsável

pelo laboratório, bem como pela autonomia conferida nas reuniões para parar a

produção caso necessário. Nas últimas reuniões, o problema principal passou a ser

a manutenção, cujo encarregado não estava totalmente envolvido ainda no PCP.

Espera-se em breve contar com a participação deste para minimizar os efeitos desse

problema, provavelmente quando for implementada a etapa de médio prazo, já que

a manutenção caracteriza-se por uma restrição de equipamento.

4.4 APLICAÇÕES DA SISTEMÁTICA DE AVALIAÇÃO DO PLANEJAMENTO DE CURTO PRAZO

69

Neste item vamos utilizar a aplicação da sistemática de avaliação do

planejamento de curto prazo propostas por Bernardes e referenciada no capitulo 2,

para analise da implementação do PCP da obra C.

4.4.1 Formalização do planejamento

A presença dos encarregados (geral e da obra) foi de grande importância na

fixação de metas, pois durante o processo de implementação do PCP, os mesmos

começaram a atuar de forma mais freqüente e participativa nesta sistemática.

Análise de problemas foi facilitada pelo fato desse tipo de obra ter controle

administrativo e tecnológico, conforme visto no capítulo 2. Com efeito, a sistemática

continua sendo aplicada para essa obra e para o serviço de pavimentação, estando

em processo de aplicação para outros serviços, como a terra armada. Pode-se

considerar, portanto, que o curto prazo está totalmente formalizado.

4.4.2 Especificações detalhadas das tarefas

Para esse tipo de obra, esta prática foi de fácil implementação, devido ao

fato dos serviços serem repetitivos, simples e executados por mão de obra

qualificada, não existindo dúvidas sobre a especificação dos pacotes de trabalho.

Nesse sentido, pode-se considerar a prática como totalmente implementada.

4.4.3 Programação de tarefa reserva

O período chuvoso prejudicou a implementação desta sistemática, pois os

serviços executados nesse tipo de obra são sujeitos às intempéries. Assim as

70

chuvas foram o fator que impossibilitou a execução de qualquer outra atividade

relacionada a este serviço, durante o período de coleta.

4.4.4 Tomada de decisões participativa

Esta pratica foi identificada através da maior participação do encarregado do

laboratório nas decisões do processo executivo. Um exemplo desta sistemática é a

participação do encarregado geral da obra que inicialmente apresentou resistência

em seguir o que tinha sido determinado nos planos de curto prazo, e atualmente

participa ativamente do processo de tomada de decisões.

4.4.5 PPC e identificação de causas dos problemas

Esta foi implementada parcialmente, pois não se conseguiu identificar as

causas do problema no setor de manutenção. Entretanto ainda pretende-se

aprofundar no desenvolvimento da análise de causas utilizando o método dos cinco

porquês, previsto no modelo.

Porém os PPC’s estão sendo coletados e melhorados. Destaque-se que o

fato de que em algumas atividades o PPC alcançava 100%, não correspondia a uma

boa produção, já que essa situação acontecia quando havia previsão de chuva e por

isso, poucos serviços entravam na programação.

4.4.6 Utilização de indicadores de desempenho

A exceção do PPC, os indicadores previstos no modelo ainda não foram

implementados. Porem o PPC tem sido usado para auxilio na tomada de decisões,

por parte do gerente e encarregados. O aprendizado foi identificado através da

participação mais atuante do encarregado de laboratório diante dos processos de

produção.

71

4.4.7 Realização de ação corretiva

Evidenciou-se a existência de ação corretiva em relação à adequação dos

pacotes de trabalho. De fato houve a redução dos pacotes de trabalho quando da

previsão de chuva, objetivando uma produção sem retrabalho.

4.4.8 Realização das reuniões para difusão de infor mações

Foi uma das práticas mais bem aceitas pela equipe de produção, pois

através delas os problemas passaram a serem resolvidos com mais rapidez. Com

efeito, nas reuniões verificava-se a presença de todos os envolvidos com interesse

nas discussões, chegando ao ponto do gerente da obra e o pesquisador atuarem

apenas em alguns momentos, para que a reunião não perdesse o foco.

De forma geral pode-se considerar que a implementação do planejamento

de curto prazo obteve resultados incipientes, pois foi aplicado em apenas um

serviço. Porém essa implantação serviu de motivação para aplicação em outros

serviços e possivelmente em outras obras da empresa inclusive com implantação de

outras etapas do modelo. Uma evidencia dessa motivação é que a equipe de

fiscalização levantou o interesse de participar do processo de PCP implementado, o

qual está tendo seqüência mesmo após encerrada a coleta de dados deste trabalho.

72

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A seguir, são apresentadas as principais conclusões do estudo levando em

conta os objetivos propostos. Em seguida, são expostas as sugestões para

trabalhos futuros.

5.1 CONCLUSÕES

As principais conclusões do estudo estão ligadas a implementação do PCP,

através das práticas que nortearam a implementação. Partindo da analise dos dados

do projeto podemos concluir que o processo de implementação do PCP, obteve

êxito com relação ao que foi proposto em seus objetivos.

As práticas implementadas proporcionaram aos setores de laboratório e de

manutenção uma maior participação dentro do processo de tomada de decisões, o

que foi apontado pelo gerente da obra como a maior contribuição da implementação

do Planejamento e Controle da Produção. Segundo ele, de fato a implementação do

PCP contribuiu para melhorias no arranjo físico do canteiro de obras e para o

principio da transparência no processo, e conseqüentemente provocou, em diversas

oportunidades, a discussão sobre o processo de produção e a identificação de

problemas de fluxos e de atrasos no cronograma de execução da obra. Isso foi

decorrente da descentralização do poder de decisão sobre a produção, ocasionada

pela tomada de decisão compartilhada nas reuniões de curto prazo a cada dois dias.

Outros fatos relevantes gerados pela visualização da produção são: a

motivação da gerência da obra no desenvolvimento de alternativas para os

problemas encontrados e o fato de instigar as equipes de produção a identificar

formas possíveis de melhorar o desempenho global dos processos, bem como

minorar a incidência de retrabalhos e interferências entre equipes de produção.

O principal problema identificado na obra diz respeito à manutenção das

máquinas e equipamentos, em detrimento das condições adversas de tempo e das

características inadequadas do material. Assim, em função do ritmo desse tipo de

73

obra ser ditado pelas máquinas, destaca-se a importância de um setor de

manutenção ágil e eficaz para o bom andamento da produção.

O envolvimento da alta gerência das empresas é necessário para facilitar a

implementação do processo de PCP e de suas melhorias, que de maneira geral,

sempre pode ser aprimorado. Algumas barreiras comportamentais são superadas,

apenas, com a intervenção direta da direção da empresa, pois, a implantação de

sistemas de melhorias de gestão exige motivação, tempo dos funcionários e

disponibilidade de recursos financeiros.

5.2 RECOMENDAÇÕES PARA OUTROS ESTUDOS

A partir deste estudo, foram propostas sugestões para futuros trabalhos:

a) desenvolver pesquisas que busquem quantificar os ganhos de

produtividade e ganhos financeiros, a partir da implementação do planejamento e

controle da produção em empresas, atuantes no sub-setor da construção pesada, no

estado da Bahia;

b) desenvolver estudos que comparem os índices de produtividade das

equipes, obtidos através dos PPCs coletados para as diversas atividades de

pavimentação, e os índices fornecidos pelos fabricantes de maquinas, em empresas

no estado da Bahia;

c) Implementar o planejamento e controle da produção em nível de médio

prazo em empresas atuantes no sub-setor da construção pesada no Estado Bahia.

74

6 REFERÊNCIAS

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prazo com o uso do pacote computacional MSProject . 2003. 146 f. Dissertação

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YIN, R. K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. Trad. Daniel Grassi. 2.ed.

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SENÇO, W. de. Pavimentação , São Paulo: Pini, 1980.

76

ANEXO 01

Croqui obra C

77

ANEXO 02

Planilha modelo aplicada para levantamento de dados

Obra: elaborado em: Código:

EMPRESA EM ESTUDO Engenheiro (a) : Data de Elaboradoção ------/------

elaborado por: DPCP-02

Mestre: alterado em: Revisão n.º

PLANEJAMENTO DIÁRIO

Planejamento x execução

Estagiário (a): PPCdia= %

alterado por:

EQUIPE Visto PACOTE DE TRABALHO/LOCAL OBSERVAÇÕES % exec. PROBLEMA

ARQUIVO Assinatura do Engenheiro Assinatura do Mestre Página