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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA
CLÁUDIO DIEHL NOGUEIRA
VALIDAÇÃO DOS TESTES SIDE-STEPPING E SPLIT JUMP PARA O FUTEBOL
DE 7 PARALÍMPICO
Campinas
2018
CLÁUDIO DIEHL NOGUEIRA
VALIDAÇÃO DOS TESTES SIDE-STEPPING E SPLIT JUMP PARA O FUTEBOL
DE 7 PARALÍMPICO
“Tese apresentada à
Faculdade de Educação Física
da Universidade Estadual de Campinas
como parte dos requisitos exigidos
para a obtenção do título de Doutor em Educação Física, na Área de Concentração Atividade Física Adaptada”
Orientador: Prof. Dr. Jose Irineu Gorla
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO CLÁUDIO DIEHL NOGUEIRA, E ORIENTADA PELO PROF. DR. JOSE IRINEU GORLA
Campinas
2018
FOLHA DE APROVAÇÃO
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. Jose Irineu Gorla
Presidente da Comissão Examinadora
Prof. Dr. Anselmo de Athayde Costa e Silva
Membro da Banca Examinadora
Prof. Dr. José Fernandes Filho
Membro da Banca Examinadora
Profa. Dra. Márcia da Silva Campeão
Membro da Banca Examinadora
Prof. Dr. Decio Roberto Calegari
Membro da Banca Examinadora
A Ata de Defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no
processo de vida acadêmica do aluno.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, Jorge (in memoriam) e Ivete (in memoriam),
aos meus irmãos, Carla (in memoriam), Carlos e Ricardo.
E especialmente à minha esposa Ana Beatriz e minha filha, Fernanda.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus, por ter me dado a capacidade de viver e poder
compartilhar o meu aprendizado com outros.
Agradeço aos meus pais e irmãos, que sempre se esforçaram para que
eu pudesse ter condições de superar todas as etapas da minha vida.
Agradeço à minha esposa Ana Beatriz, companheira de vida, que sempre
esteve ao meu lado, com carinho, amor, me impulsionando na direção correta.
Agradeço à minha filha, Fernanda, inspiração da minha vida, e que me faz
ser melhor sempre.
Agradeço ao Dr. José Rizzo Pinto (in memoriam), que nas primeiras aulas
na graduação na Universidade Castelo Branco, me despertou o interesse pela
Educação Física.
Agradeço ao Prof. MSc. Valcir Rocha de Souza, coordenador do curso de
Educação Física da Universidade Castelo Branco, que sempre me apoiou nesta
caminhada.
Agradeço à ANDE (Associação Nacional de Desporto para Deficientes)
pelo total apoio à realização do estudo.
Agradeço ao Prof. MSc. Ivaldo Brandão Vieira, por todas as
oportunidades dadas a mim, mas principalmente pela sua amizade.
Agradeço aos meus colegas de LAFEA, pelo apoio, companheirismo e
dedicação.
Agradeço aos professores, Anselmo de Athayde Costa e Silva, Decio
Roberto Calegari, Márcia da Silva Campeão e José Fernandes Filho, pelo tempo,
orientação, contribuição, dedicação e respeito para comigo e meu estudo. Gratidão.
Agradeço ao Prof. Dr. Jose Irineu Gorla, meu orientador, por sua
dedicação em ensinar, direcionar, compartilhar e principalmente em me acolher,
para que eu pudesse crescer, profissionalmente e pessoalmente.
RESUMO
O Futebol de 7 Paralímpico é uma modalidade do programa dos Jogos
Paralímpicos, praticada por atletas com Paralisia Cerebral (PC) ou indivíduos que
tenham sequelas de Traumatismo Crânio-Encefálico (TCE) ou de Acidente Vascular
Encefálico (AVE), em função de lesões no SNC. A Classificação Baseada em
Evidências Científicas no Futebol de 7 Paralímpico garante a legitimidade do
resultado. O objetivo do estudo foi validar dois testes de coordenação motora
chamados de SIDE STEPPING e SPLIT JUMP para o Futebol de 7 Paralímpico. A
população do estudo foi composta por 80 atletas com lesão do SNC, tais como PC,
TCE, AVE, praticantes do Futebol de 7 Paralímpico. Para avaliar a objetividade
utilizou-se a análise de Kruskal-Wallis. A reprodutibilidade e consistência interna
foram avaliadas por meio do coeficiente de correlação intraclasse. O nível de
significância foi estabelecido em p < 0,05. Não foram observadas diferenças na
coleta de medida por diferentes avaliadores (Kruskal-Wallis, com p > 0,80 para todas
as comparações). Os testes apresentaram valores de consistência interna (r = 0,84 e
0,99 para SIDE STEPPING TEST e r = 0,95 e 0,99 para SPLIT JUMP TEST com
valor p>0,80) e reprodutibilidade (r = 0,86 a 0,90 para SIDE STEPPING TEST e r =
0,75 a 0,99 para SPLIT JUMP TEST com valor p>0,80) que podem ser considerados
valores fortes de correlação. Conclui-se que os testes SIDE STEPPING e SPLIT
JUMP TEST apresentam validade científica para a sua aplicação em jogadores do
Futebol 7 Paralímpico.
PALAVRA-CHAVE: Validação; Classificação Funcional; Futebol de 7
ABSTRACT
CP Football is a Paralympic sport practiced by athletes with Cerebral Palsy (CP) or
individuals who have sequelae of Traumatic Brain Injury (TBI) or Stroke (STK), as a
result of injuries to the Central Nervous System (CNS). The Evidence Based
Classification for CP Football guarantees the legitimacy of the result. The objective of
the study was to validate two motor coordination tests called SIDE STEPPING and
SPLIT JUMP for CP Football. The study population was composed of 80 athletes
with CNS injury, such as CP, TBI, STK. In order to evaluate objectivity, the Kruskal-
Wallis was used. Reproducibility and internal consistency were evaluated using the
intraclass correlation coefficient. The level of significance was set at p < 0.05. No
differences in measurement collection were observed by different evaluators
(Kruskal-Wallis, with p> 0.80 for all comparisons). The tests presented internal
consistency values (r = 0.84 and 0.99 for SIDE STEPPING TEST r = 0.95 and 0.99
for SPLIT JUMP TEST with p value> 0.80) and reproducibility (r = 0.86 to 0.90 for
SIDE STEPPING TEST and r = 0.75 to 0.99 for SPLIT JUMP TEST with p value>
0.80) which can be considered strong correlation values. It is concluded that the
SIDE STEPPING and SPLIT JUMP TEST tests have scientific validity for their
application in CP Football players.
KEY-WORDS: Validation; Functional Classification; CP Football
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Dimensões do Campo de Futebol...............................................................43
Figura 2: Side Stepping Test……………………………………………………………...58
Figura 3: Split Jump Test………………………………………………………………….59
Figura 4: Desenho do estudo.....................................................................................60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Colocação das Equipes nas Edições dos Jogos Paralímpicos..................44
Tabela 2: Parâmetros para Seleção de Teste............................................................53
Tabela 3: Análise de reprodutibilidade inter-avaliador (objetividade) dos atletas da
classe 5......................................................................................................................62
Tabela 4: Análise de reprodutibilidade inter-avaliador (objetividade) dos atletas da
classe 6......................................................................................................................63
Tabela 5: Análise de reprodutibilidade inter-avaliador (objetividade) dos atletas da
classe 7......................................................................................................................64
Tabela 6: Análise de reprodutibilidade inter-avaliador (objetividade) dos atletas da
classe 8......................................................................................................................65
Tabela 7: Correlação Intra-Classe (ricc (IC95%)) para determinar consistência Interna
e reprodutibilidade......................................................................................................65
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
SIGLA SIGNIFICADO SNC Sistema Nervoso Central IPC International Paralympic Committee IFCPF International Federation of Cerebral Palsy Footbal PC Paralisia Cerebral AVE Acidente Vascular Encefálico TCE Traumatismo Crânio Encefálico DE Diplegia Espástica PCI Paralisia Cerebral Infantil POLIO Poliomielite PI Paralisia Infantil SCPE Grupo de Vigilância da Paralisia Cerebral FMS Escala de Mobilidade Funcional MACS Sistema de Classificação Manual de Capacidade US Ultrassom RM Ressonância Magnética GMFCS Gross Motor Function Classification System SNMS Síndrome do Neurônio Motor Superior EI Espasmo Infantil IC Infarto Cerebral HIC Hemorragia Intracerebral HS Hemorragia Subaracnóide AIT Ataque Isquêmico Transitório CC Concussão Cerebral CTC Contusão Cerebral CP-ISRA Cerebral Palsy – International Sports Recreation Association FIFA Fédération Internationale de Football Association ANDE Associação Nacional de Desporto para Deficientes IBSA International Blind Sports Association CMD Critérios Mínimos de Deficiência CF Classificação Funcional
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO..................................................................................15
1.1 – Objetivo Geral.........................................................................................16
1.2 – Objetivos Específicos.............................................................................16
CAPÍTULO 2 - LESÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL...................................17
2.1 – Paralisia Cerebral...................................................................................17
2.1.1 – Evolução Histórica....................................................................17
2.1.2 – Características..........................................................................22
2.1.3 – Tipos de PC..............................................................................24
2.1.3.1 – Hipertonia....................................................................24
2.1.3.1.1 – Espasticidade................................................25
2.1.3.1.2 – Hiperreflexia do Tendão Calcâneo................25
2.1.3.1.3 – Clônus...........................................................26
2.1.3.1.4 – Sinal do Canivete..........................................26
2.1.3.1.5 – Espasmos Musculares..................................27
2.1.3.1.6– Sinal de Babinski............................................27
2.1.3.2 – Discenia......................................................................28
2.1.3.2.1 – Distonia.........................................................28
2.1.3.2.2 – Coreo-Atetose...............................................29
2.1.3.2.3 – Ataxia............................................................30
2.2 – Acidente Vascular Encefálico.................................................................31
2.2.1 – Evolução Histórica....................................................................31
2.2.2 – Características..........................................................................33
2.2.3 – Tipos de AVE............................................................................36
2.2.3.1 – AVE Isquêmico Lacunar.............................................36
2.2.3.2 – AVE Isquêmico Aterosclerótico...................................36
2.2.3.3 – AVE Isquêmico Embólicos..........................................37
2.2.3.4 – AVE Hemorrágico Intraparenquimatoso.....................37
2.2.3.5 – AVE Hemorrágico Subaracnóide................................38
2.3 – Traumatismo Crânio Encefálico.............................................................38
2.3.1 – Evolução Histórica....................................................................38
2.3.2 – Características..........................................................................39
2.3.3 – Tipos de TCE............................................................................40
2.3.3.1 – Concussão Cerebral...................................................40
2.3.3.2 – Contusão Cerebral......................................................41
2.3.3.3 – Laceração Cerebral....................................................41
CAPÍTULO 3 – FUTEBOL DE 7 PARALÍMPICO........... ..........................................42
3.1 – História e Regras....................................................................................42
3.2 – Características do Futebol 7...................................................................45
CAPÍTULO 4 – CLASSIFICAÇÃO NO ESPORTE PARALÍMPICO...........................46
4.1 – Evolução Histórica..................................................................................46
4.2 – Classificação Baseada em Evidências Científicas.................................49
4.3 – Validação de Testes...............................................................................51
4.4 – Classificação no Futebol 7 Paralímpico.................................................54
CAPÍTULO 5 – METODOLOGIA................................................................................57
5.1 – Caracterização do Estudo......................................................................57
5.2 – População e Amostra.............................................................................57
5.3 – Procedimentos........................................................................................57
5.3.1 – Side Stepping Test...................................................................58
5.3.2 – Split Jump Test.........................................................................58
5.4 – Desenho do Estudo................................................................................59
5.5 – Análise dos Dados..................................................................................60
5.6 – Hipóteses do Estudo..............................................................................60
5.7 – Variáveis do Estudo................................................................................61
CAPÍTULO 6 – RESULTADOS..................................................................................62
CAPÍTULO 7 – DISCUSSÃO.....................................................................................66
CAPÍTULO 8 – CONCLUSÃO....................................................................................70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................71
ANEXO 1 – TERMO DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA..............................93
ANEXO 2 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO...................94
15
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
Lesões do Sistema Nervoso Central (SNC) são danos causados ao
Neurônio Motor gerando limitação ativa e verificável durante a performance de
habilidades fundamentais e que apesar de levarem a uma condição que possa gerar
uma limitação funcional, na área motora, emocional, social e familiar, assim como
em qualquer outro tipo de deficiência, sempre há a possibilidade de se explorar a
sua eficiência, ou seja, dentro da condição limitante existe sempre o potencial
armazenado, pois a amplitude da severidade pode variar de uma dependência total
com dificuldades severas para falar, caminhar, correr entre outras, até a capacidade
de realizar tarefas motoras mais complexas, como a prática do futebol
(BLUMENTHAL, 2011; LEVITT, 2010).
Neste sentido, o Futebol de 7 Paralímpico, como prática esportiva para
indivíduos com lesão no SNC é praticado mundialmente e seus benefícios variam
desde da melhora da percepção pessoal até a melhoria das condições físicas,
motoras e aeróbicas (GROOTS, et al., 2012; GASKIN, ANDERSEN & MORRIS,
2010; ABDULLAH, et al., 2014; BLAUWET & WILLICK, 2012).
Assim como em todos os esportes paralímpicos, o Futebol de 7
Paralímpico também apresenta um sistema de classificação funcional cujo objetivo é
minimizar o impacto da deficiência no esporte, fazendo com que o sucesso
alcançado pelo atleta seja em função da sua habilidade, do seu treinamento e das
suas condições fisiológicas e antropométricas.
Durante o processo de classificação funcional, o atleta será avaliado tanto
física quanto tecnicamente a fim de que possa ser elegível em uma das classes
funcionais do Futebol de 7 Paralímpico (IFCPF, 2015).
Cada vez mais existe a necessidade de informações científicas sobre a
influência da atividade física no atleta paralímpico, em especial relacionada à sua
classificação funcional (Reina et al., 2013). O estudo em questão foi importante para
se estabelecer as influências de testes de coordenação motora, através de sua
validação, com um dos fatores a serem utilizados no processo de Classificação
Funcional no Futebol de 7 Paralímpico, seguindo uma tendência mundial que o
Comitê Paralímpico Internacional (IPC – sigla em inglês para International
Paralympic Committee) chama de Evidence-Based Research (Pesquisa Baseada
em Evidências).
16
O estudo está dividido em capítulos para um melhor acesso às
informações.
O segundo capítulo intitulado Lesão do Sistema Nervoso Central
apresentou uma leitura sobre os tipos mais comuns de lesões neurológicas
presentes no Futebol de 7 Paralímpico, conceituando e caracterizando seus tipos,
que serão importantes no entendimento das classes funcionais e das suas relações
com os resultados dos testes. Após este, o terceiro capítulo, Futebol de 7
Paralímpico, apresentou as características, regras e a evolução histórica do Futebol
de 7 Paralímpico, ajudando no entendimento do esporte. O quarto capítulo, sob o
título de Classificação no Esporte Paralímpico explanou os conceitos sobre
Classificação Funcional no esporte paralímpico, seu surgimento, sua aplicação e
principalmente as características da Classificação Baseada em Evidências
Científicas e da Classificação Funcional no Futebol de 7 Paralímpico. Também
apresentou estudos sobre a validação de testes no esporte paralímpico. O quinto
capítulo descreveu a metodologia do estudo, acompanhado do capítulo 6, que
abordou os resultados e do capítulo 7 que versou sobre a discussão e por fim o
capítulo 8 que conclui o trabalho.
1.1 – OBJETIVO GERAL:
• Validar dois testes de coordenação motora para o Futebol de 7 Paralímpico.
1.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
• Validar o SIDE STEPPING TEST, como teste de coordenação motora para o
Futebol de 7 Paralímpico.
• Validar o SPLIT JUMP TEST, como teste de coordenação motora para o
Futebol de 7 Paralímpico.
17
CAPÍTULO 2 – LESÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
De acordo com a Federação Internacional de Futebol de 7 Paralímpico
(IFCPF – sigla em inglês para International Federation for Cerebral Palsy Football), o
atleta deve apresentar limitações elegíveis, decorrentes de lesão do SNC, podendo
ser por Paralisia Cerebral (PC), Acidente Vascular Encefálico (AVE), Traumatismo
Crânio Encefálico (TCE), ou por qualquer outra causa neurológica que gere dano ao
Neurônio Motor e que cause uma limitação ativa e verificável durante a performance
de habilidades fundamentais e específicas para o futebol (BLUMENTHAL, 2001;
IFCPF, 2018).
Neste sentido, apresentamos as principais características das limitações
elegíveis no Futebol de 7 Paralímpico.
2.1. PARALISIA CEREBRAL:
2.1.1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA:
Ao se estudar a PC entende-se que ela foi primeiramente descrita por
William John Little em 1843 o qual, através de uma série de palestras intituladas
“Deformidades do Quadro Humano”, relatava sobre uma enfermidade em crianças
que se caracterizava por rigidez muscular e contratura articular, em especial nos
membros inferiores, gerando dificuldades motoras ao se engatinhar, andar, apanhar
e segurar objetos, não melhorando ou piorando durante o crescimento. Estas
manifestações ficaram conhecidas como “Síndrome de Little”, sendo atualmente
conhecida como Diplegia Espástica (DE).
Little, que apresentava um pé torto e que acredita-se que poderia ter sido
ocasionado por uma paralisia infantil, relatou que muitas crianças de seus relatos
haviam nascidas de forma prematura ou por partos prolongados e difíceis, sugerindo
que a anóxia ou a hipóxia cerebral poderia ser a causa destas manifestações,
gerando lesão ao tecido cerebral com comprometimento na tarefa motora, apesar de
também terem sido percebidas desordens comportamentais e epilepsias
(PIOVENSANA, et. al., 2002; LEITE & PRADO, 2004; ROTTA, 2002; CÂNDIDO,
2004; KAVICIC & VODUSEK, 2005; BRAND, 2012).
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Ainda, segundo Little, em adultos, a agressão pode ser normalmente
atribuída a uma convulsão epilética, histérica ou coreia (movimentos involuntários
breves). Em crianças, as deformidades ocorreram após ataques de convulsões,
porém a origem é comumente desconhecida. Frequentemente é afirmado pelos pais
que a lesão é sofrida na hora do parto, apesar do fato não ter uma origem natural e
sim de uma perturbação do sistema nervoso. Neste caso, Little descreveu uma
variedade de contraturas dos membros superiores e inferiores associados com a
espasticidade (rigidez muscular), reconhecendo a participação do Sistema Nervoso
Central (SNC) em alguns destes pacientes, mas sem definir como PC (BRAND,
2012).
Em 1897, Sigmund Freud, um neuropatologista promissor da cidade de
Viena, na Áustria, que posteriormente se tornou o pai da psicanálise, discordou de
Little ao afirmar que as crianças descritas por ele apresentavam outras
complicações associadas ao distúrbio neurológico como: convulsões, distúrbios
visuais, déficit cognitivo entre outros, além do prejuízo motor, sugerindo que a lesão
pudesse afetar o cérebro antes do nascimento ou até mesmo durante o
desenvolvimento fetal na gestação. Freud se baseou nos estudos clínicos de
exames post-mortem onde a análise dos resultados a partir de uma combinação da
lesão inicial com o processo de reparação foram apenas parcialmente relacionadas
com a manifestação clínica. Sendo assim, Freud descreveu uma categoria
nosográfica unindo vários déficits motores de origem cerebral em crianças, a qual
chamou de Paralisia Cerebral Infantil (PCI) (FREUD, 1968).
Freud acreditava que as características descritas por Little, não ocorriam
apenas no momento do parto, descordando do autor. Freud observou que as
crianças com PC apresentavam, muito das vezes, outras condições neurológicas,
tais como deficiência intelectual, deficiência visual e epilepsia. Ele acreditava que,
portanto, a PC poderia ser causada por anomalias no útero no desenvolvimento
cerebral, ou seja, a PC ocorre antes do nascimento também (PALUKA, BRAUN &
YEARGIN-ALLSOPP, 2009).
A ideia de Little, na qual a causa da PC estaria relacionada com os
problemas na hora do parto, perde força, visto que apesar do aumento significativo
de melhores técnicas obstétricas e do melhor cuidado com o recém-nascido, os
casos de PC continuam em evidência, sem redução significativa (Nelson e
Ellemberg, 1986; Blumenthal, 2001).
19
As condições neurológicas representam cerca de 6% da carga global de
doenças, sendo sua prevalência estimada que continue a aumentar com o
envelhecimento da população (DANILA, et al., 2014).
Mais tarde, Winthrop M. Phelps, médico americano, responsável pelo The
Children’s Rehabilitation Institute for Cerebral Palsy, em Reisterstown, (Maryland –
EUA), caracterizou um grupo de crianças que apresentavam transtornos motores em
função de comprometimentos neurológicos do Sistema Nervoso Central (SNC)
semelhantes à Síndrome de Little. Phelps utilizou o termo Paralisia Cerebral (PC),
para diferenciar de uma epidemia à época pouco conhecida e que era relatada como
uma paralisia durante os primeiros anos de vida da criança, hoje chamada de
Poliomielite (POLIO) ou Paralisia Infantil (PI) (PIOVENSANA, et al., 2002; MORRIS,
2005).
Winthrop M. Phelps foi pioneiro nas abordagens modernas à gestão física
de crianças com PC, fisioterapia, órteses e bloqueamento de nervos. Phelps
identificou em seus estudos quatro objetivos de tratamento: locomoção, auto-ajuda,
fala e aparência geral. Sua abordagem para a cirurgia foi conservadora. Phelps
reconheceu a necessidade de um sistema de classificação neurológica para fins de
diagnóstico, mas preferiu usar o seu próprio sistema de classificação como uma
base para o tratamento. Ele propôs que a classificação deveria ser feita em uma
base funcional incluindo tanto a capacidade mental e física, e que uma avaliação
social deveria preceder o tratamento. Phelps agrupou todos os distúrbios do
movimento sob o termo discinética, e usou a espasticidade, a atetose, a sincinesia, a
perda de coordenação ou ataxia e tremor como subcategorias. Ele observou que
essas cinco variações raramente ocorriam na forma pura (ROTTA, 2002; MORRIS,
2007; PHELPS, 1966; CAMPEÃO, 2002).
Phelps ajudou a fundar a Academia Americana de Paralisia Cerebral em
1947 e foi eleito seu primeiro presidente, contribuindo com a promoção e
estimulando a educação profissional, a pesquisa e o interesse no entendimento
destas condições, melhorando o cuidado e a reabilitação das pessoas envolvidas
com PC. (American Academy for Cerebral Palsy and Developmental Medicine,
2005).
O neurologista americano Myer Perlstein reconheceu a prevalecente
confusão sobre a classificação da PC e contribuiu com uma descrição lúcida dos
vários sistemas que existiam nas décadas de 1940 e 1950. Ele relatou métodos para
20
classificar as crianças de acordo com a localização anatômica da lesão cerebral, dos
sintomas clínicos, do grau de tônus muscular, da gravidade do envolvimento, e da
etiologia (PERLSTEIN, 1952).
Minear realizou uma pesquisa com os membros da Academia Americana
de Paralisia Cerebral, em 1953 e publicou um sistema de classificação baseado na
opinião majoritária dos membros sobre PC. O sistema de Minear é semelhante ao
de Perlstein porém é mais detalhista sobre todos os sintomas clínicos com
categorias de comprometimento motor, topografia, etiologia, suplementar, neuro-
anatômico, capacidade funcional e terapêutica. Uma dimensão separada para a
capacidade funcional com quatro níveis está incluída na classificação, mas termos
indefinidos, tais como limitação leve e moderada de atividade são utilizados
(MINEAR,1956).
Enquanto isso, no Reino Unido, uma série de autores, conhecidos
posteriormente como “Little Club (Clube do Little, em homenagem a William John
Little) criaram vários sistemas de classificação para descrever os casos de PC,
sendo compostos por diferentes combinações de topografia e comprometimento
motor. Walter Grey Wyllie usou uma combinação confusa de critérios neurológicos e
etiológicos para definir as categorias: (1) diplegia simétrica congênita; (2) paraplegia
congênita; (3) quadriplegia ou hemiplegia bilateral; e (4) hemiplegia. Ingram preferiu
um sistema usando categorias neurológicas e topográficos, suplementadas com
uma indicação da gravidade usando os termos leve, moderada e grave. A
classificação de Ingram separou hemiplegia, hemiplegia dupla e diplegia das
categorias de ataxia e discinesia. Ingram agrupou desordens de movimentos
involuntários tais como distonia, coreia, atetose, sob o termo discinesia. Ingram
apontou ainda que alterações transitórias do tônus muscular, frequentemente vistas
em crianças com diplegia exigiria sua reclassificação contínua se os termos "rigidez"
ou "espasticidade” fossem utilizados como categorias (WYLLIE, 1951; BALF &
INGRAM, 1955).
Ainda no Reino Unido, Mac Keith e Polani estimulam os membros do Little
Club a pensar em uma terminologia para descrever a PC. O Little Club publicou, em
1957, a sua definição de PC como "uma desordem permanente, mas não imutável
do movimento e da postura, aparecendo nos primeiros anos de vida devido a um
distúrbio não progressivo do cérebro, tendo como resultado uma interferência
durante o seu desenvolvimento (MACKEITH & POLANI, 1959).
21
Anos mais tarde, já na década de 1980, outro grupo de peritos, da
chamada Sociedade Espástica (atualmente SCOPE) discutiu classificar PC do ponto
de vista epidemiológico. O grupo de Evans estava particularmente interessado em
monitorar as taxas de PC em populações como marcadores públicos de saúde e de
cuidados perinatal e neonatal (EVANS & ALBERMAN, 1985; EVANS et al., 1986).
Em 1992, após uma série de reuniões ocorridas entre os anos de 1987 a
1990, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos da América (EUA), foi
estabelecida mais uma nova definição para a PC, voltando para um sistema de
classificação da PC baseado na etiologia (MUTCH et al. 1992).
Mais adiante, em uma tentativa de se classificar a PC de acordo com a
sua gravidade, foi desenvolvido o GMFCS, sigla em inglês para Sistema de
Classificação da Função Motora Grossa. O sistema descreve cinco níveis da
capacidade ambulatório infantil como um fator que afeta a expectativa de vida da
criança. A construção do sistema foi baseada nas habilidades funcionais auto
iniciadas em sentar e caminhar e a necessidade de dispositivos de assistência, tais
como andadores ou cadeiras de rodas (PALISIANO et al., 1997; WOOD &
ROSENBAUM, 2006; HUTTON, COOKE & PHAROAH, 1994).
Na sequência, no início dos anos 2000, o SCPE, sigla em inglês para
Grupo de Vigilância da Paralisia Cerebral na Europa publicou uma pesquisa sobre
os seus procedimentos padronizados para a determinação e descrição de crianças
com PC para os registos em bases de dados. O sistema fornece um fluxograma de
decisão para auxiliar na classificação de categorias neurológicas e topográficos
incluindo a espástica (unilateral ou bilateral), atáxica, discinético ou coreo-atetóide,
ou não classificável (SCPE 2000).
A Escala de Mobilidade Funcional (FMS) foi concebida como um sistema
de avaliação para medir mudanças na capacidade de andar. A FMS possibilita o
desempenho de uma criança com mais de três distâncias (5, 50 e 500 metros) a ser
classificado pela sua necessidade de dispositivos de assistência, como uma cadeira
de rodas ou a pé ajuda (GRAHAM, 2004).
Progressos também ocorreram na classificação das habilidades motoras
das crianças com PC. O Sistema de Classificação Manual de Capacidade, MACS,
na sigla em inglês, proporciona um método análogo ao GMFCS para classificar a
capacidade das crianças com PC para lidar com objetos (ELIASSON et al. 2006).
22
Nos últimos anos, com o rápido aperfeiçoamento da tecnologia de
imagem, renovou-se o interesse em sistemas de classificação etiológicas,
correlacionando-as com as síndromes clínica e neuroanatômicas. O avanço ocorreu
em função de equipamentos como o ultrassom (US) e a ressonância magnética
(RM), utilizados para detectar deficiências estruturais do cérebro antes delas se
manifestarem como distúrbios do movimento (Accardo et al., 2004). A RM também
pode ser usada para se determinar o tempo em que o cérebro foi danificado, com
base em estágios de desenvolvimento neurológico normais (BARKOVICH, 2002;
KRÄGELOH-MANN, 2004).
2.1.2. CARACTERÍSTICAS
A incidência da PC em países desenvolvidos é entre 1,5 e 2,5 a cada
1000 nascidos vivos, sendo uma das causas mais comuns de deficiência física
infantil nos EUA, gerando um custo com saúde de aproximadamente US$
11.000.000.000,00 (onze bilhões de dólares americanos), em 2000. Em países
subdesenvolvidos estima-se que a cada 1000 crianças que nascem, 7 apresentam a
paralisia cerebral, considerando todos os tipos e níveis. No Brasil não há estudos
conclusivos a respeito e a incidência depende do critério de diagnóstico de cada
estudo, sendo assim, presume-se uma incidência elevada devido aos poucos
cuidados com as gestantes (LEITE & PRADO, 2004).
Após Little, já em 1946, o cirurgião ortopédico Winthrop M. Phelps definiu
a PC referindo-se ao tipo de tratamento, defendendo a fisioterapia como meio de
intervenção necessária. O termo não se desenvolveu até que o Dr. Phelps
cuidadosamente cunhou este termo para distinguir melhor o deficiente intelectual
daqueles com verdadeiras deficiências motoras. Phelps afirma que o termo constitui
cinco das principais classes de crianças deficientes, dos quais o termo antigo,
paralisia cerebral espástica, é apenas um do grupo. É frequentemente uma
combinação tanto do envolvimento motor quanto sensorial. Porém, ainda segundo
Phelps, é muito difícil de explicar como a deficiência intelectual pode ser associada
com a atetose pura ou com a ataxia. Isto coloca a PC em um único grupo,
constituído por mais de uma entidade de acordo com a área lesionada, doente, ou
com alterações (MINEAR,1956).
23
Perlstein, define PC como uma condição caracterizada por paralisia,
paresia, falta de coordenação, discenia ou qualquer outra aberração da função
motora devida ao envolvimento dos centros cerebrais responsáveis pelo controle
motor (PERLSTEIN,1952).
Já Bobath, diz que a PC pode ser definida como um distúrbio sensório-
motor, onde os movimentos são a resposta à estimulação sensorial. Neste sentido a
visão inicial da PC não é uma condição, mas um grupo de condições, o resultado do
desenvolvimento cerebral anormal ou de danos cerebrais. Encontramos em todos os
casos uma função motora prejudicada e um grau anormal e distribuição do tônus
muscular. Isto pode estar associado com defeitos de fala (disartria ou afasia),
defeitos (do tipo condutiva ou perceptiva), defeitos visuais (visão subnormal, defeitos
de campo ou defeitos motores oculares) e defeito mental, auditiva (BOBATH &
BOBATH, 1956).
Em 2004, um grupo de estudiosos desenvolveu um Workshop
Internacional sobre definição e classificação da PC, realizada em Bethesda,
Maryland, EUA. A tarefa dos participantes foi a de revisitar e, se possível, atualizar a
definição e classificação da PC na luz do entendimento emergente de neurobiologia
do desenvolvimento e mudando conceitos sobre deficiências, estado funcional, e
participação. A reavaliação da definição de PC foi motivada por uma série de
fatores: mudanças na prestação de cuidados às crianças com deficiência; o
reconhecimento de que as crianças com falhas inatas do metabolismo podem
apresentar dificuldades motoras às vezes indistinguíveis das de crianças com
doença não progressiva; o aumento da disponibilidade de técnicas com alta
qualidade de imagem cerebral para identificar deficiências na estrutura do cérebro; o
reconhecimento de que comprometimento motor do desenvolvimento é quase
invariavelmente associada com uma série de outras deficiências; e uma maior
compreensão sobre antecedentes associados e correlaciona da PC.
O grupo concordou que a PC apresentava um constructo noológico útil,
mas que definições anteriores a tornaram insatisfatória. Eles sublinharam que a PC
não possui um diagnóstico etiológico, mas um termo clínico descritivo. Reservas
foram expressas sobre o foco exclusivo no déficit motor, dado que as pessoas com
desenvolvimento neurológico podem apresentar deficiências de uma ampla gama de
funções que podem ou não gerar manifestações motoras graves, ligando, desse
modo, a necessidade para uma abordagem individualizada e multidimensional para
24
cada pessoa.
Neste sentido, uma das definições mais utilizadas diz respeito à PC como
um grupo de doenças do desenvolvimento do movimento e da postura, fazendo com
que a ocorra uma limitação na atividade, que são atribuídas a perturbações não
progressivas que ocorreram no desenvolvimento fetal ou infantil cérebro. Os
distúrbios motores da PC são muitas vezes acompanhados por distúrbios da
sensação, cognição, comunicação, a percepção e/ou do comportamento, e/ou por
uma desordem convulsiva.
Como visto, ao se fazer uma revisão histórica do termo PC, a sua
definição varia de acordo com a sua interpretação. No entanto, percebe-se alguns
termos comuns em diversas definições. Desta forma podemos dizer que para
qualquer definição de PC, devemos incluir quatro componentes principais: 1) é uma
desordem de movimento e postura; 2) que resulta de uma anomalia no cérebro; 3)
que é adquirido no início da vida; e 4) a condição é estática no momento do
reconhecimento (PALUKA, BRAUN & YEARGIN-ALLSOPP, 2009).
Para fins deste estudo, a definição de PC levará em conta a presença de
lesão no SNC, que resulta em alteração de tônus muscular, com comprometimento
na tarefa motora, principalmente na força muscular, equilíbrio e coordenação,
podendo ocorrer antes, durante ou após o nascimento (IFCPF, 2018).
2.1.3 – TIPOS DE PC:
Historicamente, a classificação dos tipos de PC é baseada na medição do
tônus muscular ou através de características clínicas, e até mesmo por intermédio
de uma combinação delas, uma categoria mista, dificultando a distinção entre
formas predominantes, puras ou mistas (REID, CARLIN & REDDIHOUGH, 2011).
Para efeito desse estudo, a classificação será feita através dos parâmetros
definidos pela IFCPF, sendo utilizadas na classificação funcional do esporte Futebol
CP (IFCPF, 2017; MANDALESON et al., 2015).
2.1.3.1 – HIPERTONIA:
Pode ser definida como um aumento na tensão muscular e uma redução
da capacidade do músculo de estiramento causada por um dano no SNC (IFCPF,
25
2018).
2.1.3.2 – ESPASTICIDADE:
É uma desordem do reflexo do estiramento muscular, que se manifesta
clinicamente através de um aumento no tônus muscular tornando-se mais aparente
com um alongamento mais rápido, ou seja, dependente de velocidade. É uma
consequência comum de lesões que danificam neurônios motores superiores
causando a Síndrome do Neurônio Motor Superior (SNMS) (TROMPETTO et al.;
2014).
A espasticidade é apenas um dos vários componentes da SNMS, conhecida
coletivamente como o fenômeno "positivo", que se caracteriza por hiperatividade
muscular. Outros componentes incluem a hiperreflexia do tendão calcâneo, clonus,
sinal do canivete, espasmos musculares, sinal de Babinski (SHEAAN, 2002).
A regulação do tônus muscular ajuda a manter a postura normal para
facilitar o movimento. Quando um músculo se estende, o sistema neuromuscular
pode responder automaticamente alterando o tônus muscular. Essa modulação do
reflexo do estiramento é importante no controle da manutenção do movimento e
equilíbrio. A espasticidade é manifestada pelo aumento do reflexo de estiramento
que é intensificado com a velocidade do movimento. Isto resulta em ativação
muscular excessiva e inapropriada que pode contribuir para a hipertonia muscular
(BAR-ON et al.; 2015).
Dessa forma, pode-se ter duas consequências significativas. Primeiro, o
músculo tende a permanecer em uma posição encurtada por períodos prolongados,
o que por sua vez pode resultar em mudanças nos tecidos moles e eventualmente
em contrações. A segunda consequência é que as tentativas de movimentos são
obviamente restringidas. Se, por um exemplo, o indivíduo tentar estender o cotovelo
ativando o músculo tríceps, isso alongará o músculo bíceps, que por sua vez
induzirá um aumento da resistência muscular, podendo de fato, impedir a extensão
total do cotovelo (BARNES & JOHNSON, 2008).
2.1.3.3 – HIPERREFLEXIA DO TENDÃO CALCÂNEO:
É o resultado de uma hiperreflexia do reflexo de alongamento. O
26
pressuposto é que a espasticidade, na forma de reflexos hiperativos, produz
hiperatividade nos músculos da panturrilha e a hipertonia resultante resiste à
dorsiflexão da articulação do tornozelo (THIBAUT et al., 2013; BRUNNSTROM,
1964).
O gastrocnêmio é o músculo da panturrilha com multi junções que
flexiona o joelho e os reflexos dos músculos plantares no tornozelo. Durante a fase
de apoio na marcha, o pé permanece plano no chão com uma rotação para a frente.
Isso resulta no alongamento do músculo gastrocnêmio no final do seu alcance
porque o joelho é prolongado e o tornozelo atinge a dorsiflexão máxima. É possível,
portanto, que qualquer reflexo de estiramento anormal produza hiperatividade no
músculo, interferindo assim com a dorsiflexão (ADA et al., 1998).
2.1.3.4 – CLONUS:
Clonus é uma contração muscular involuntária e rítmica causada por uma
lesão permanente em neurônios motores descendentes. Clonus pode ser
encontrado nos músculos do tornozelo, do joelho, do tríceps sural, do punho, da
mandíbula e do bíceps braquial. No entanto, de forma geral, o clonus pode ocorrer
em qualquer músculo. O mecanismo exato do clonus permanece obscuro. Duas
hipóteses diferentes são aceitas quanto ao desenvolvimento do clonus. A explicação
mais amplamente aceita é que os reflexos de alongamento hiperativo no clonus são
causados pela auto-excitação. Outra explicação para o clonus é a atividade
geradora central que surge como consequência de eventos periféricos apropriados e
produz estimulação rítmica dos neurônios motores inferiores (BOYRAZ et al., 2015).
2.1.3.5 – SINAL DO CANIVETE:
O sinal do canivete está relativamente relacionado com a resistência
maior à manipulação passiva durante a fase inicial do movimento, em maiores vezes
na flexão do cotovelo, com subsequente declínio da resistência quando a amplitude
do membro é aumentada. Esta resposta ocorre em função da hiperatividade do
reflexo do estiramento, enquanto que o Órgão Tendinoso de Golgi, possivelmente
esteja envolvido na ocorrência súbita do reflexo de estiramento, fazendo com que o
indivíduo realize um movimento do antebraço sobre o braço lembrando o
27
fechamento de um canivete (CRUZ, GOTARDO & JORGE, 2003).
2.1.3.6 – ESPASMOS MUSCULARES:
O espasmo, principalmente o Espasmo Infantil (EI) é uma doença
convulsiva caracterizada por breve contração muscular simétrica (pescoço, tronco
e/ou as extremidades). O EI é um tipo de convulsão que foi descrito pela primeira
vez por West em 1841, que testemunhou a convulsão em seu próprio filho. A
síndrome de West refere-se à tríade clássica de espasmos, dos sinais de
Eletroencefalograma característicos e da regressão do desenvolvimento
neurológico. A maioria dos casos envolve flexores e extensores, mas qualquer um
dos tipos pode ser envolvido de forma independente (AICARDI, 2009).
O espasmo apresenta múltiplas causas, e seu mecanismo é, na melhor
das hipóteses, incompletamente compreendido. Embora o mecanismo seja
desconhecido, vários distúrbios subjacentes causam o espasmo. Esses distúrbios
são frequentemente classificados em grupos pré-natal, perinatal e pós-natal.
Contabilizando mais de 40% dos casos totais, as etiologias pré-natais incluem as
malformações do SNC, anormalidades cromossômicas, erros de gene único,
Síndrome Neurocutânea, infecções congênitas do sistema nervoso central e
raramente, erro do metabolismo. As causas perinatais mais comuns incluem
encefalopatia isquêmica hipóxica e hipoglicemia. Os fatores pós-natais incluem
infecções intracranianas, agressões hipóxico-isquêmicos e tumores cerebrais. Em
geral, as malformações corticais, a hipóxia isquêmica e a esclerose tuberosa são os
distúrbios associados conhecidos mais comuns (TAGHDIRI & NEMATI, 2014; NASH
& SULLIVN, 2012).
2.1.3.7 – SINAL DE BABINSKI:
Sinal de Babinski ou resposta plantar extensora foi descrito pela primeira
vez em 1896 pelo neurologista francês Joseph Babinski para indicar a presença de
disfunção do trato piramidal. O sinal de Babinski provavelmente resulta da perda de
inibição do arco reflexo do flexor da coluna vertebral modulado pela área do motora
suplementar. A estimulação plantar, ou seja, a fricção da parte lateral da sola do pé,
a partir do calcanhar para a frente com um objeto contundente, provoca dorsiflexão e
28
abdução dos dedos do pé, contração do extensor longo do hálux com extensão do
dedo grande e dorsiflexão do pé a partir da ativação dos músculos tibial anterior e
tensor da fáscia latea. A extensão isolada do dedo grande sem a abdução de dedos
dos pés pode ocorrer predominantemente em lesões corticais do tracto piramidal. Os
sinais descritos por Chaddock, Gordon e Oppenheim, são complementares, mas
podem ocorrer de forma independente (GOETZ, 2002; BABINSKI, 1898; OISHI,
TOMA & MATSUDO, 2003; JARAMILLO et al., 2014).
2.1.3.2 – DISCINESIA:
Os casos discinéticos da PC ocorrem através de movimentos
involuntários, não controlados, recorrentes e ocasionalmente estereotipados,
provocando padrões anormais de postura e/ou movimento. Os padrões de reflexos
primitivos predominam e o tônus muscular varia (IFCPF, 2018).
2.1.3.2.1 – DISTONIA:
A distonia é uma desordem caracterizada por contrações musculares
involuntárias sustentadas ou intermitentes que levam a movimentos de torção e
posturas anormais (TARSY & SIMON, 2006).
O problema central envolve a contração dos músculos primários
normalmente utilizados para um movimento, juntamente com a contração do fluxo
excessivo de músculos próximos que às vezes irão se opor aos músculos primários.
Os padrões e as forças dos músculos envolvidos determinam o caráter do
movimento anormal resultante. As distonias muito suaves aparecem como ligeiros
exageros ou distorções de movimentos normais. Manifestações mais óbvias incluem
movimentos que são abertamente rígidos, lentos, tortuosos ou espasmódicos. As
expressões mais graves envolvem posturas não naturais ou deformidades fixas
associadas a deficiência significativa (NEYCHEV et al., 2011).
Praticamente qualquer região do corpo pode ser afetada, fornecendo os
diferentes subgrupos da distonia. As distonias focais envolvem uma região do corpo
isolada. E são comumente reconhecidas, incluindo a distonia cervical (pescoço), a
mais comum, a distonia espasmódica (face superior da laringe) e a distonia de um
membro (cãibra do escritor). As distonias segmentares envolvem duas ou mais
29
regiões do corpo próximas, como o pescoço e um braço. As distonias multifocais
envolvem duas ou mais regiões não próximas, enquanto as distonias generalizadas
abrangem uma ampla distribuição (NEYCHEV et al., 2011).
Não existem evidências conclusivas de quais regiões específicas do
sistema nervoso implicam na distonia (Hedreen et al., 1988; McGeer & McGeer,
1988; Standaert, 2011), por outro lado, as técnicas de imagem revelam
consistentemente anormalidades na distonia cervical primária (Neychev et al., 2011;
Zoons et al., 2011). A tomografia por emissão de positrons revelou atividade anormal
do córtex cerebral, dos gânglios basais, do cerebelo e do tálamo. A morfometria
baseada em Voxel mostrou volumes anormais de matéria branca e cinzenta no
córtex cerebral, nos gânglios basais, no cerebelo e no tálamo. A ressonância
magnética do tensor de difusão (Ressonância Magnética por Imagem) também
sugeriu a existência de anomalias microestruturais em traços de matéria branca
dentro do córtex pré-frontal, gânglios basais, tálamo e corpo caloso. Estudos da
distonia cervical secundária também apontaram para o cerebelo, tronco encefálico e
gânglios basais (LeDoux e Brady, 2003). Esses estudos de imagem aumentam a
possibilidade de que defeitos anatômicos sutis possam ocorrer dentro de regiões
específicas do cérebro (PRUDENCE, 2013).
2.1.3.2.2 – COREO-ATETOSE:
A coreo-Atetose é dominada por uma hipercinesia, ou seja, por um
aumento da atividade, ocasionando um movimento tormentoso e por uma hipotonia,
causando uma variação do tom, mas principalmente diminuída. Porém, como em
alguns casos, pode ser difícil delinear esses subgrupos, no manual de Regras da
IFCPF é adotado o termo Paralisia Cerebral Discinética (IFCPF, 2018).
A coreia é um movimento anormal caracterizado por um fluxo contínuo de
contrações musculares aleatórias e involuntárias. As áreas frontais do encéfalo são
muitas vezes alteradas na Coreia devido às conexões entre os gânglios basais e o
lobo frontal, podendo causar descontrole dos movimentos oculares (ATTONI et al.,
2016).
A atetose é uma desordem involuntária do movimento caracterizada por
movimentos lentos, suaves, sinuosos, com torção, envolvendo particularmente as
mãos (LANSKA, 2013).
30
A atetose é um distúrbio de movimento complexo frequentemente
encontrado em casos de PC, bem como em outras doenças como discinesia
paroxística, acidente vascular cerebral talal e doença de Huntington. O movimento
involuntário atetósico não possui amplitude, ritmo ou direções fixas, e é altamente
irregular e difícil de prever. É tipicamente descrito como um movimento lento, sem-
fim e torcido, encontrado especialmente nos membros superiores, e mais
pronunciado na musculatura distal. Além de causar movimentos involuntários, a
atetose também reduz a amplitude do arco de movimentos intencionais (DING et al.,
2015).
2.1.3.2.3 – ATAXIA:
A ataxia é uma alteração do indivíduo, na capacidade de realizar
movimentos, onde será apresentado perda de coordenação muscular, de forma que
os movimentos são realizados com força anormal, com perda de ritmo e de precisão.
As características específicas são os distúrbios de equilíbrio nos movimentos de
tronco e caminhada, provocando movimentos sem precisão. O tremor é outra
característica comum, normalmente apresenta um tremor lento e, assim como um
tônus muscular baixo (IFCPF, 2018).
A ataxia, ou Síndrome Motora Cerebelar (SMC) normalmente é
manifestada como uma desordem cerebelar, causando descoordenação de
movimentos, principalmente das extremidades, conhecida como dismetria,
instabilidade na marcha, comprometimento articular, conhecida como disartria e
dificuldade nos movimentos oculares. Também se descobriu que indivíduos com
ataxia podem apresentar alterações cognitivas e de humor. A perda motora básica
comum é a dificuldade no planejamento motor, que fica lento, no ritmo, que se torna
irregular, e na força muscular, que apresenta volumes de tensão variáveis. Nos
estágios iniciais das desordens degenerativas cerebelares, o equilíbrio é fraco,
provocando dificuldade no equilíbrio estático, em um só pé ou até mesmo em
realizar uma caminhada em trote. Conforme a condição evolui, o caminhar se
caracteriza por uma base ampla, mudar de direção, ou seja, realizar giros, é
problemático, podendo resultar em quedas, o deslocamento lateral é trabalhoso,
com passadas altas, desajeitadas e desequilibradas.
Quando a ataxia é severa, o indivíduo não é mais capaz de ficar em pé
31
parado ou de andar sem uma grande assistência ou esforço (SCHMAHMANN,
2004).
2.2 – ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO:
2.2.1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA:
Ao longo da história, tem havido muita preocupação com o impacto do
Acidente Vascular Encefálico (AVE) em indivíduos, famílias e comunidades.
Atualmente, apesar de uma grande quantidade de informações sobre a causa,
fatores de risco, prevenção e estratégias de tratamento, a preocupação ainda
prevalece. Hipócrates, no século IV aC, foi o primeiro que nomeou esse fenômeno
de início súbito de paralisia, perda de consciência ou morte súbita como Apoplexia,
onde os mecanismos de circulação sanguínea estavam relacionados. Ele foi o
primeiro a abordar cientificamente o assunto (THEOFANIDIS, 2014).
Hipócrates concebeu o sangue como um dos quatro humores - aquele
que mantinha o espírito ou a vitalidade, e a estagnação do sangue era motivo de
uma repentina privação da vida. O movimento e a ação dos espíritos são retirados.
Galeno, nascido 131 dC compreendeu e desenvolveu os ensinamentos de
Hipócrates. Ele acreditava que a apoplexia era causada por qualquer interferência
com o fluxo do espírito vital para o cérebro, no caso, o sangue, cujo objetivo
consistiu na inspiração e no vencimento do espírito vital. A influência galênica
persistiu por séculos e durante um período considerável a apoplexia parece ter sido
conceituada principalmente em termos da teoria humoral em combinação com várias
teorias de obstrução. Muitos séculos depois, Wepfer (1620-1695) também acreditava
que a apoplexia era causada por uma obstrução no caminho do cérebro, resultado
de que o cérebro não recebeu aportes sanguineos suficientes. Ele também apontou
claramente para uma associação entre hemorragia cerebral e apoplexia. A sangria
foi a resposta mais comum ao tratamento da apoplexia (POUND, BURY &
EBRAHIM,1997).
Na teoria apoplética, que caracterizava o indivíduo como sendo baixo,
globoso, de coloração avermelhada, onde sobressaiam os problemas circulatórios, o
sangue era conhecido por circular, e que ao ser retirado em um ponto de uma
massa sanguínea circulante, parecia ter pouco, se não nenhum efeito sobre as
32
atitudes em relação à importância do sangramento. No entanto, em alguns casos, o
sangramento não era apropriado. A teoria do sangramento era aceitável desde que
se diminuísse a pressão sobre os órgãos, neste caso a pressão arterial cerebral.
Contudo, no caso de se apresentar um sangue empobrecido, aconselhava-se que o
sangramento poderia matar em vez de curar (ROBINSON,1732; CUNNINGHAM,
1994).
À medida que o século XVIII progrediu, a teoria da pressão arterial foi
gradualmente aceita. Enquanto isso, a prática da sangria pareceu ter pouco efeito
sobre a influencia lógica dessa prática. No entanto, no início do século XIX, pelo
menos até onde se conhecia da apoplexia, a sangria parecia mudar de um meio
quase imperceptivelmente significativo na restauração do equilíbrio dos humores, a
um meio de redução da pressão do sangue (POUND, BURY & EBRAHIM, 1997).
Na apoplexia sanguínea, o sangue tem uma pressão própria, fazendo
com que cada vaso sanguíneo cerebral possua um grau de excitação capaz de fazer
o sangue circular dentro do encéfalo. Dentro dessas circunstâncias, a prática da
pressão arterial pode ser mais lógica, pois permite a circulação sanguínea mais livre
(CHEYNE, 1812).
Na década de 1840, a hemorragia sanguínea cerebral foi relacionada com
um aumento no impulso da pressão sanguínea, que começou a ser medida com
mais frequência e estando presente em quase todos os casos de doença
intracerebal hemorrágica. Mais adiante, em 1892, percebeu-se que deveriam ser
tomadas medidas para reduzir a pressão arterial, após os casos de apoplexia, com
resultados satisfatórios através da secção venosa, ou flebotomia, que é o ato de
remover sangue do sistema circulatório através de um corte (incisão) ou punção
tendo como finalidade o tratamento para distúrbios sanguíneos (COOKE,1820;
SCHILLER, 1970; OSLER, 1892).
Hipócrates propôs que os ataques de dormência e anestesia, a primeira
descrição da transição isquêmica do AVE precediam a apoplexia (ROBISCSEK et
al., 2004).
O progresso na compreensão do AVE permaneceu estagnado até depois
da Idade Média. A primeira sugestão de uma ligação entre os sintomas de
insuficiência arterial cerebral e a patologia foi feita durante o século XVII pelo
patologista suíço Johann Wepfer (AD 1620-1695). Ele postulou que a interrupção do
suprimento de sangue para o cérebro foi a causa da apoplexia. Em sua Historiae
33
Apoplecticorum (1658), ele descreveu quatro casos de apoplexia que, na autópsia,
encontrou o que poderia ter tido uma trombose oclusiva na artéria carótida. Não
estava claro neste momento se a trombose encontrada nas artérias carótidas
representou embolização do coração ou trombose in situ porque o significado da
aterosclerose ainda não havia sido estabelecido (MUNSTER, THAPAR & DAVIES,
2016).
Durante o século XX, o neurologista Miller Fisher elaborou uma nova
compreensão sobre o AVE, através de estudos clínicos e patológicos. Fisher
demonstrou que a incidência de trombose da artéria carótida era bem maior e que
os AIT eram sinais importantes e críticos do AVE. A partir de então, durante os anos,
foi mostrado a relação entre os sistemas carotídeo interno e vértebro-basilar com o
AVE (SNOW, 2016).
2.2.2 – CARACTERÍSTICAS:
O AVE é classicamente caracterizado como um déficit neurológico
atribuído a uma lesão focal aguda do SNC por uma causa vascular, incluindo infarto
cerebral (IC), hemorragia intracerebral (HIC) e hemorragia subaracnóide (HS)
(SACCO et al., 2013).
O cérebro é altamente dependente de uma distribuição adequada de
oxigênio e glicose, e as reduções do fluxo sanguíneo cerebral prejudicam a função
neuronal e, se prolongadas, induzem a danos cerebrais. Consequentemente, os
mecanismos de controle cerebrovascular asseguram que a entrega de oxigênio e
glicose seja bem adaptadas às exigências energéticas dos constituintes celulares do
cérebro. A autoregulação cerebrovascular protege os efeitos cerebrovasculares das
amplas flutuações da pressão arterial que ocorrem durante as atividades da vida
diária. Autoregulação permite que o cérebro mantenha um fluxo sanguíneo
constante entre 60 e 150 mm Hg de pressão arterial média. Dentro desse intervalo,
a pressão arterial aumenta, resulta em constrição e a pressão arterial diminui na
dilatação dos vasos de resistência cerebral, mantendo o fluxo sanguíneo cerebral
relativamente constante. Normalmente, o fluxo sanguíneo cerebral médio em um
adulto é de aproximadamente 50 - 55 ml/100g/min. Durante o AVE a entrega
imediata de oxigênio e glicose são criticamente reduzidas, desenvolvendo o acidente
cerebral. Geralmente este processo pode ser explicado por dois motivos: 1) quando
34
o fluxo sanguíneo cerebral chega a aproximadamente a 14 ± 2 ml/100g/min, o
eletroencefalograma mostra uma resposta isoelétrica ou evocada anormal,
provocando um prejuízo no tecido cerebral, mas estruturalmente intacto, sendo o
dano cerebral reversível; 2) quando o fluxo sanguíneo cerebral chega a
aproximadamente 6 ml/100g/ min, o dano cerebral torna-se irreversível e resulta em
infarto do cérebro denominado núcleo isquêmico (FARACO & IADECOLA, 2013;
GUO et al., 2013; MIR, AL-BARADIE & ALHUSSAINAWI, Mir, 2014).
Para cada ano, cerca de 16 milhões de pessoas experimentam um
primeiro AVE. Este número deverá subir para 23 milhões em 2030. No mundo, o
AVE é a segunda principal causa de morte acima dos 60 anos, e a quinto principal
causa de morte em pessoas de 15 a 59 anos de idade. Dado o peso global, muitos
esforços têm focada na prevenção e tratamento de AVC e outras sequelas de
doença cerebrovascular (STRONG, MATHERS & BONITA, 2007; MACKAY &
MENSAH, 2004).
No Brasil, em 2015, houveram mais de 40 milhões de mortes em função
do AVC não especificado como hemorrágico ou isquêmico, sendo metade do gênero
masculino e metade do gênero feminino. (DATASUS, 2016). Entre todos os países
da América Latina, o Brasil é o que apresenta os maiores índices de mortalidade por
AVC (GARRITANO et al., 2012).
O AVE representa a causa mais frequente de incapacidade permanente
em adultos em todo o mundo. A isquemia cerebral desencadeia as vias patológicas
da cascata isquêmica e provoca lesão neuronal irreversível no núcleo isquêmico em
poucos minutos após o início. Elementos do sistema imunológico estão envolvidos
em todos os estágios da cascata isquêmica de eventos intravasculares agudos
desencadeados pela interrupção do fornecimento de sangue, aos processos
parenquimatosos que levam ao dano cerebral e ao subsequente reparo tecidual
(SINISCALCHI et al., 2014).
O termo AVE provavelmente foi introduzido na medicina em 1689 por
William Cole em um ensaio físico-médico sobre As Frequências Tardias de
Apoplexias. Antes de Cole, o termo comum mais usado para descrever lesões
cerebrais não traumáticas muito agudas era "apoplexia". A apoplexia era usada por
Hipócrates por volta de 400 BC. Por mais de 2000 anos, os médicos têm lutado para
definir o termo "acidente vascular encefálica". Durante a década de 1950, os
médicos sentiram a necessidade de também introduzem um termo para episódios
35
temporários relacionados com vasos de disfunção cerebral que não qualificaria
como traços, assim sendo o termo Ataque Isquêmico Transitório (AIT) entrou em uso
(SACCO et al., 2013; COLE, 1995; ADAMS, 1939).
AVE em adultos jovens são incomuns, compreendendo cerca de 10% -
15% de todos os pacientes com AVE. No entanto, em comparação com o AVE em
adultos mais velhos, quando ocorridos nos jovens, tem um impacto econômico
desproporcionalmente grande, deixando os indivíduos com algum grau de
incapacidade antes dos anos mais produtivos. Publicações relatam um aumento da
incidência de AVE em adultos jovens. Isto é importante, dado que os pacientes com
acidente vascular cerebral mais jovens apresentam um risco claramente maior de
morte em comparação com a população em geral (KISSELA et al., 2012;
NEDELTCHEV et al., 2005; GEORGE et al.; 2011).
A prevenção e o tratamento do AVE mudaram substancialmente desde a
época de Franklin Delano Roosevelt, presidente americano que morreu de uma
hemorragia intracerebral em 1945. À medida que a compreensão da fisiopatologia
do AVE avançava, os efeitos benéficos dos fármacos antiplaquetários e
anticoagulantes foram reconhecidos. A imagem de vasos sanguíneos por
angiografia possibilitou terapias cirúrgicas. A tomografia computadorizada não
invasiva e a ressonância magnética tardia, distinguiram hemorragia do AVE
isquêmico e dão uma nova visão dos mecanismos de AVE. A prevenção do acidente
vascular cerebral tornou-se possível através do gerenciamento seletivo de fatores de
risco de AVE. Os trombolíticos introduzidos há 15 anos proporcionaram o primeiro
tratamento real do AVE isquêmico. O campo do AVE continua a avançar à medida
que os tratamentos médicos e cirúrgicos são refinados e as indicações são claras,
os sistemas organizados de cuidados se tornam padrão e novas técnicas de imagem
e terapias endovasculares são desenvolvidas (KELLY, 2011).
O AVE pode apresentar como consequência, disfunções como ansiedade,
depressão, distúrbios do sono e da função sexual, distúrbios motores, sensoriais,
cognitivos e de comunicação são alterações prevalentes nos pacientes acometidos
por AVE. Sob o ponto de vista motor, as características mais comuns são a perda ou
a diminuição da mobilidade e de força dos membros superiores e/ou inferiores
(semelhante aos casos de PC, com hemiplegia ou hemiparesia), paralisia de
músculos da face, dificuldade na movimentação ocular, além de convulsões. Sob o
ponto de vista cognitivo, poderá haver alterações na memória, na atenção, no
36
raciocínio lógico-matemático e na leitura e alterações da linguagem relacionada à
fala e a compreensão, tais como afasia (incapacidade de expressar e de
compreender), disartria (dificuldade para articular as palavras) e disfonia (alteração
ou enfraquecimento da voz). No entanto, a compreensão do AVE em qualquer
indivíduo é complexa por duas razões: 1) o AVE não é estático, ou seja, à medida
que a recuperação motora ocorra, através da reabilitação, o tipo e a natureza das
consequências podem mudar e 2) as várias consequências podem estar presentes
simultaneamente, tornando difícil decidir o que tratar primeiro (GIRARDON-PERLINI
et al., 2007; RAGHAVAN, 2015).
2.2.3 – TIPOS DE AVE:
Os tipos de AVE, seguem de acordo com suas causas, podendo ser de
origem anóxico-isquêmicas, resultado da falência vasogênica para suprir
adequadamente o tecido cerebral de oxigênio e substratos e hemorrágicas,
resultado do extravasamento de sangue para dentro ou para o entorno das
estruturas do sistema nervoso central. Os subtipos isquêmicos são lacunares,
ateroscleróticos e embólicos, e os hemorrágicos são intraparenquimatosos e
subaracnóide (CHAVES, 2000).
2.2.3.1 – AVE ISQUÊMICO LACUNAR:
É o infarto resultante da oclusão das pequenas artérias penetrantes, de
uma zona interior do cérebro, como por exemplo, nos gânglios basais ou no tronco
cerebral, e que compreendem cerca de 20% de todos AVE isquêmicos (TRAYLOR
et al., 2015; WISEMAN et al., 2014).
2.2.3.2 – AVE ISQUÊMICO ATEROSCLERÓTICO:
O mecanismo principal neste AVE é o desenvolvimento de uma placa
aterosclerótica instável, semelhante nos casos de síndromes coronarianas agudas.
A placa também causa uma proporção substancial de AVE isquêmico, embora
múltiplos mecanismos estejam envolvidos. Por exemplo, nas artérias cerebrais
basilares e proximais, o AVE pode resultar da oclusão de um vaso de ramo pequeno
37
pelo crescimento lento da placa. A placa estável, também pode causar isquemia
cerebral por estenose e hipoperfusão sem tromboembolismo. Evidências recentes,
no entanto, sugerem que o mecanismo predominante de AVE, pelo menos em
pacientes com estenose carotídea, é semelhante ao modelo coronário e envolve
principalmente placa instável. Também conhecido como trombose, é responsável
por 60% de todos os AVE isquêmicos (ROTHWELL, 2007; LOVETT et al., 2004;
SPAGNOLI et al., 2004; REDGRAVE, LOVETT & ROTHWELL, 2006).
2.2.3.3 – AVE ISQUÊMICO EMBÓLICOS:
O AVE embólico é uma condição potencialmente devastadora que causa
dificuldades diagnósticas e terapêuticas frequentes. O diagnóstico clínico baseia-se
nos achados de uma origem embrionária cardíaca sem evidência de outras causas
de AVE. Este subtipo de AVE tende a ter um prognóstico fraco em comparação com
outros subtipos isquêmicos de AVE. Apresenta como risco potencial o surgimento de
êmbolos cardíacos que irão formar um coágulo sanguíneo, se estabelecendo na via
cerebral, causando a obstrução do fluxo sanguíneo. Representam cerca de 20% de
todos os AVE isquêmicos (JIN et al., 2010).
2.2.3.4 – AVE HEMORRÁGICO INTRAPARENQUIMATOSO:
A hemorragia intraparenquimatosa é uma das complicações mais graves
do parto prematuro devido às suas consequências neurológicas ao longo da vida. A
hemorragia no parênquima cerebral ocorre mais comumente na substância branca
periventricular com hemorragia intraventricular adjacente. Acredita-se que a
hemorragia intraparenquimatosa seja causado por infarto venoso associado à com
hemorragia intraventricular adjacente. É comumente referido como infarto
hemorrágico periventricular devido ao mecanismo presumido de hemorragia
(VOLPE, 2001; BASSAN et al., 2006).
O principal resultado de dano neurológico de interesse é a presença de
CP. Os resultados secundários são o baixo nível cognitivo, comprometimento da
visão e deficiência auditiva (TSAI et al., 2014).
38
2.2.3.5 – AVE HEMORRÁGICO SUBARACNÓIDE:
A hemorragia subaracnóide, que geralmente ocorre a partir de um
aneurisma estourado, muitas das vezes resultam em morte ou deficiência. As taxas
de mortalidade por população são elevadas, cerca de 45%. Embora o diagnóstico
rápido e o tratamento sejam críticos para um bom prognóstico, os diagnósticos
errados e os atrasos no tratamento ainda são comuns. Por esta razão, quando um
indivíduo apresenta uma dor de cabeça severa e súbita ou uma dor de cabeça
menos grave e outros sintomas de alerta, a primeira resposta do médico é
determinar se a dor de cabeça é causada pela hemorragia subaracnóide de um
aneurisma ou outro sangramento vascular de malformação. A hemorragia
subaracnóide pode ocorrer em qualquer idade, mas tende a ocorrer em uma idade
mais jovem do que em outros tipos de AVE. Tem uma incidência máxima entre as
pessoas de 40 a 60 anos de idade, com idade média de cerca de 53 anos de idade
(BEDERSON, CONNOLLY & BATJER, 2009; COHEN-GADOL & BOHNSTEDT,
2013).
2.3 – TRAUMATISMO CRÂNIO ENCEFÁLICO:
2.3.1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA:
O Traumatismo Crânio Encefálico (TCE) é definido como uma alteração
na função cerebral ou alguma outra evidência de patologia cerebral, causada por
uma força mecânica externa de impacto direto, ou por forças de aceleração ou
desaceleração, ou por ondas explosivas ou por trauma penetrante. Ao longo dos
últimos 40 anos, vários estudos epidemiológicos descreveram as causas e os
resultados do TCE em países desenvolvidos. Mundialmente, a incidência de TCE
está aumentando, em grande parte pelo aumento do uso de veículos automotores
em países de baixa renda. Uma nova tendência perturbadora é a idade indesejada
dos pacientes que sofrem de TCE, provavelmente relacionado ao aumento das
quedas nos idosos (WHITE & VENKATESH, 2016).
39
2.3.2 – CARACTERÍSTICAS:
O TCE representa um enorme problema de saúde pública e médica em
todas as idades e em todas as populações. É considerado como "a doença mais
complexa no organismo mais complexo", caracterizada por grande heterogeneidade
em termos de etiologia, mecanismo, patologia, gravidade e tratamento com
resultados amplamente variáveis. Quedas e acidentes de trânsito de alta velocidade
causam diferentes tipos de lesões. O TCE pode consistir em concussão cerebral,
contusão cerebral ou dilaceração cerebral com hematoma intracerebral. O dano
cerebral primário pode ser piorado por mecanismos fisiopatológicos intrínsecos e por
insultos sistêmicos, como hipóxia e hipotensão. A gravidade clínica varia de pouco a
praticamente uma situação de não sobrevivência. O TCE não deve ser considerado
um evento agudo, mas como um gatilho de lesão progressiva que pode ocorrer ao
longo de horas, dias, semanas, meses e até anos (MAAS, 2016).
Dois dos fatores de risco identificados mais comuns são o sexo, o
masculino é quase três vezes mais propenso a sofrer um TCE do que o feminino e
um padrão de idade bimodal, pessoas com 65 anos e mais, e crianças menores de
14 anos. Estima-se que aproximadamente 1,5-2 milhões de americanos sofram de
TCE anualmente. O TCE representa cerca de 1,4 milhões de visitas às salas de
emergência, 275 000 internações hospitalares e 52 000 mortes nos EUA a cada ano.
O TCEI contribui para aproximadamente 30% de todas as mortes nos EUA
anualmente (GARDNER & ZAFONTE, 2016).
Na América do Sul, incluindo o Brasil, os estudos estatísticos sobre o TCE
são escassos. No banco de registro de dados do Departamento de Informática do
SUS (DATASUS), só existem dois estudos brasileiros sobre o assunto.
Um dos estudos realizados coletou dados sobre casos de TCE no Brasil
entre 2008 e 2012, onde ocorreram cerca de 125 mil internações por TCE por ano,
com uma incidência de 65,7 admissões por cada 100 mil habitantes por ano. A
mortalidade hospitalar foi de 5.1 / 100.000 / ano, e a taxa de mortalidade foi de 7,7%.
O custo anual médio das despesas hospitalares foi de US$ 70.960.000,00 com um
custo médio por admissão de US$ 568,00. A faixa etária entre 20 e 29 anos,
frequentemente admitida no hospital devido ao TCE, apresentou o maior número de
mortes hospitalares; no entanto, a população maior de 80 anos de idade apresentou
a maior taxa de admissão por faixa etária, cerca de 138 / 100.000 / ano, seguida da
40
faixa etária de 70-79 (DE ALMEIDA, et al., 2016).
O outro estudo descreveu o número de hospitalizações em hospitais
públicos brasileiros, com pacientes com idade entre 14 e 69 anos, no período de
2001 a 2007, sendo que as internações por TCE concentraram-se entre os homens
(81,50%) de 14 a 34 anos (53,00%), com uma média de tempo de internação de três
dias, com um total de 52.087 óbitos. As quedas (35,00%) e os acidentes de trânsito
(31,00%) foram as causas que mais contribuíram para o TCE. Após a exclusão de
lesões não especificadas, os diagnósticos mais frequentes foram lesões difusas
(36,3%). Estima-se que mais de um milhão de brasileiros vivam, no Brasil, com
sequelas neurológicas irreversíveis em função do TCE (FERNANDES & SILVA,
2013; MAGALHÃES et al., 2017).
2.3.3 – TIPOS DE TCE:
2.3.3.1 – CONCUSSÃO CEREBREAL:
A Concussão Cerebral (CC) pode ser definida como a perda de
consciência por menos de 30 min, com alteração do estado mental por até 24h (ficar
atordoado, confuso ou desorientado) ou com a perda de memória para eventos
imediatamente antes ou após o trauma. A CC é uma entidade fisiopatológica
complexa induzida por forças mecânicas externas no cérebro. Normalmente, a CC
não causa patologia grave, como hemorragia ou anormalidades que podem ser
observadas em uma tomografia computadorizada convencional do cérebro, mas sim
causa disfunção neurofisiológica e neurológica de início rápido que, na maioria dos
indivíduos, resolve de maneira espontânea um período bastante curto de tempo
(ACRM, 1993; McGRORY, 2012; ZETTERBERG, SMITH & BLENNOW, 2013).
A CC pode ser causada por um impacto na cabeça que induz a
aceleração rotacional do cérebro. Em alguns indivíduos, a CC ocorre sem impacto
na cabeça, como após a aceleração rotacional rápida da cabeça em ocupantes
impedidos durante um acidente de carro. A nível neurofisiológico, essas forças
mecânicas e inerciais resultam no alongamento dos axônios da substância branca,
levando a lesão axonal difusa. Embora a desconexão axonal raramente ocorra no
momento da lesão, o alongamento rápido dos axônios causa um fluxo não regulado
nas concentrações de íons, o que poderia traduzir-se em uma patologia axonal
41
irreversível (SMITH & MEANEY, 2000; JOHNSON, STEWART & SMITH, 2012;
WOLF et al., 2001; SAATMAN et al., 2010).
Geralmente a CC resulta em uma disfunção neurológica rápida e
transitória, não precisando de nenhuma intervenção medicamentosa ou clínica para
a resolução de suas possíveis consequências e que não necessariamente
comprometa o nível de consciência. Os seus sintomas estão relacionados à
intensidade do impacto, sendo variados, podendo comprometer o nível de
consciência, o nível motor, a sensibilidade somática, o sistema vestibular e as
funções vegetativas (DAMIANI & DAMIANI, 2017; MOORE, HILLMAN & BROGLIO,
2014).
2.3.3.2 – CONTUSÃO CEREBRAL:
A Contusão Cerebral (CTC) apresenta duas formas de lesão, a focal ou
difusa, sendo que alguns indivíduos podem apresentar ambas, dependendo de sua
intensidade. A lesão focal é mais frequentemente decorrente de uma hemorragia. A
lesão difusa do cérebro ocorre quando o mesmo sofre ações de força de aceleração
e desaceleração. As lesões podem ser resultado da movimentação cerebral
associada à energia cinética do acidente, podendo gerar a ruptura de veias
cerebrais, ocasionando possíveis casos de AVE (TEIXEIRA et al., 2016; ANDRADE
et al., 2009).
2.3.3.3 – LACERAÇÃO CEREBRAL:
É um tipo de lesão associada à uma lesão parenquimatosa direta do
cérebro por penetração de um objeto com ruptura do tecido cerebral e rompimento
de vasos sanguíneos cerebrais, causando AVE e, na maioria das vezes, o óbito. A
laceração é mais grave do que a contusão cerebral, devido ao fato de que, além do
dano do parênquima cerebral, também aparecem rupturas leptomenientes (pia-
máter e aracnoide), sendo a cicatrização de lesões cerebrais pós-traumáticas
bastante difícil e, na maioria das vezes, agrava a morte dos neurônios e exacerba os
déficits neurológicos, desenvolvendo uma reação inflamatória local excessiva
(FLOROU et al., 2015; PEIXOTO, 2015).
42
CAPÍTULO 3 – FUTEBOL DE 7 PARALÍMPICO
3.1 – HISTÓRIA E REGRAS:
Futebol de 7 Paralímpico, atualmente conhecido como Futebol de PC, é
um esporte praticado por atletas com PC, ou por atletas com lesão traumática do
SNC, em nível recreativo ou esportivo que possibilita a oportunidade de jogar em
clubes e seleções nacionais.
A história do Futebol de 7 Paralímpico está diretamente relacionada com
a história da CP-ISRA (Associação Internacional de Esporte e Recreação para
Paralisados Cerebrais). A CP-ISRA foi fundada em julho de 1978, na cidade de
Edimburgo, na Escócia ao final do International CP Games (Jogos Internacionais de
PC), porém somente em 16 de setembro de 1978 foram assinados os documentos
legais de sua fundação, na cidade de Londres. A fundação da CP-ISRA ocorreu
após uma luta desde os anos 60, onde esportes para pessoas com deficiência
estavam se tornando um elemento fundamental na vida dessas pessoas, não só
como referência no seu processo de reabilitação, mas também na transformação de
uma vida mais independente (IFCPF, 2018).
A primeira competição de Futebol de 7 Paralímpico ocorreu ainda durante
a terceira edição dos Jogos Internacionais de PC, em Edimburgo, na Escócia em
1978. Em 1982, o Primeiro Campeonato Mundial ocorreu na Dinamarca, durante os
Jogos Internacionais da CP-ISRA e o Primeiro Campeonato Regional ocorreu em
Glasgow, na Escócia, em 1985 (IFCPF, 2018).
Finalmente, em 1984 o Futebol de 7 Paralímpico foi incluído no programa
dos Jogos Paralímpicos de Nova York e se manteve até os Jogos Paralímpicos do
Rio 2016. Atualmente o Futebol de 7 Paralímpico não faz mais parte do programa
paralímpico por decisão do IPC que após analisar a submissão por parte da IFCPF,
para os Jogos de Tóquio 2020, esta não atingiu o requisito mínimo do critério de
alcance mundial, ou seja, apresenta número insuficiente de países praticantes do
Futebol de 7 Paralímpico, apesar da IFCPF ter demonstrado que 29 países das 5
regiões do mundo são filiados a IFCPF, totalizando um número de 4.210 atletas. No
entanto, há uma boa perspectiva que o Futebol de 7 Paralímpico volte aos jogos de
Paris 2024, em função do trabalho da IFCPF para aumentar a sua
43
representatividade mundial.
Em outubro de 2010, durante a Assembleia Geral da CP-ISRA uma
moção para tornar o Futebol de 7 Paralímpico independe foi votada, tornando este
esporte independente da CP-ISRA. Em janeiro de 2015, a administração do Futebol
7 foi transferida da CP-ISRA para uma nova entidade administradora, a International
Federation of Cerebral Palsy Football (IFCPF), sigla em inglês para Federação
Internacional de Futebol para Paralisados Cerebrais (IFCPF, 2018).
As regras do esporte são as mesmas de acordo com as regras da FIFA
(Fédération Internationale de Football Association), com algumas modificações: (1) o
campo apresenta as seguintes dimensões: comprimento 70 metros e largura 50
metros; (2) as traves do gol medem: largura 5 metros e altura 2 metros; (3) uma
partida é jogada com o número máximo de sete jogadores, um dos quais é o goleiro,
sendo que nenhuma partida poderá iniciar ou continuar se qualquer equipe tiver
menos do que quatro jogadores; (4) a duração da partida ocorrerá da seguinte
forma: dois tempos de trinta minutos cada com um intervalo de no máximo quinze
minutos; (5) não há regra de impedimento; (6) o arremesso lateral poderá ser feito
rolando a bola para dentro do campo, e ao fazer a bola deve tocar o chão
imediatamente após ter deixado a mão do jogador, no máximo a 1 metro de
distância. A Figura 1 mostra as dimensões do campo de futebol do Futebol de 7
Paralímpico (IFCPF, 2017).
Figura 1: Dimensões do Campo de Futebol
44
A primeira equipe campeã paralímpica foi a seleção da Bélgica, em 1984
nos Jogos Paralímpicos de Nova York. Nos Jogos Paralímpicos subsequentes, em
Seoul1988, em Barcelona 1992 e Atlanta 1996, a seleção da Holanda foi tri campeã.
A tabela xxx mostra as colocações das equipes que disputaram todas as
edições dos Jogos Paralímpicos, incluindo a participação do Brasil.
Tabela 1: Colocação das Equipes nas Edições dos Jogos Paralímpicos
Ano País Colocação
1988 (Seoul)
Holanda 1º Bélgica 2º Irlanda 3º
1992 (Barcelona)
Holanda 1º Portugal 2º Irlanda 3º
1996 (Atlanta)
Holanda 1º Rússia 2º
Espanha 3º
2000 (Sidney)
Rússia 1º Ucrânia 2º Brasil 3º
2004 (Atenas)
Ucrânia 1º Brasil 2º
Rússia 3º
2008 (Pequim)
Ucrânia 1º Rússia 2º
Irã 3º
2012 (Londres)
Rússia 1º Ucrânia 2º
Irã 3º
2016 (Rio)
Ucrânia 1º Irã 2º
Brasil 3º
No período de 2000 a 2016, a hegemonia dos Jogos Paralímpicos ficou
entre Ucrânia e Rússia (IFCPF, 2018).
O Brasil participou de 7 Jogos Paralímpicos, conquistando 3 medalhas.
Nacionalmente, a ANDE (Associação Nacional de Desporto para
Deficientes) é a responsável pelo fomento e organização da modalidade, sendo
membro pleno filiada à IFCPF, com direito a voto nas Assembleias Gerais (IFCPF,
2018).
No Brasil, já aconteceram 18 Campeonatos Brasileiros, sendo que o
último, ocorreu no Centro de Treinamento Paralímpico, na cidade de São Paulo/SP,
45
no período de 26 de novembro a 02 de dezembro de 2017 (ANDE, 2017).
3.2 – CARACTERÍSTICAS DO FUTEBOL DE 7 PARALÍMPICO:
Apesar da PC ser uma condição que possa gerar uma limitação funcional,
na área motora, emocional, social e familiar, assim como em qualquer outro tipo de
deficiência, sempre há a possibilidade de se explorar a sua eficiência, ou seja,
dentro da condição limitante existe sempre o potencial armazenado, pois a
amplitude da severidade pode variar de uma dependência total com dificuldades
severas para falar, caminhar, correr entre outras, até a capacidade de realizar
tarefas motoras mais complexas, como a prática do futebol (LEVITT, 2010).
As características físicas dos atletas de futebol são fundamentais para
melhor adequação do mesmo ao jogo, de acordo com a sua função e posição no
jogo, com isso a determinação das suas variáveis antropométricas e morfológicas
são essenciais para um melhor planejamento tático e técnico por parte do treinador.
Desta forma, o atleta de futebol de elite deve ter uma característica fisiológica e
morfológica adequada ao jogo de futebol e a sua posição em campo, já que cada
esporte exige uma demanda física e motora específica, cada atleta deve ter o seu
perfil antropométrico e de composição corporal estabelecido para a sua melhor
performance (MARQUES et al., 2011; HAZIR, 2010; POPOVIC et al., 2014; HULSE,
2010; BRAHIM, BOUGATTA & MOHAMED, 2013).
O futebol é um esporte dinâmico, com velocidades de alta intensidade,
com demanda elevada do sistema aeróbio apresentando em média de 85% a 95%
do pico máximo da frequência cardíaca com uma média de consumo de oxigênio em
torno de 70% do máximo. (Bangsbo, 2014). Além disso, os fatores técnicos e táticos
se interagem, fazendo com que esforços intermitentes relacionados à alta
intensidade sejam solicitados a todo tempo, exigindo frequentemente do atleta a
realização de corridas curtas de máxima velocidade com períodos de recuperação
curtas (STOLEN et al., 2005; BANGSBO, MOHR & KRUSTRUP, 2006; BANGSBO,
NORREGAARD & THORSO, 1991).
Considerando as características das quatro classes funcionais dos atletas
de Futebol de 7 Paralímpico, todas irão apresentar comprometimento de um ou mais
membros inferiores, gerando perda ou dificuldade em ações como aceleração,
46
desaceleração, mudança de direção, coordenação e equilíbrio, se comparado com
atletas de futebol regular (REINA et al., 2017).
CAPÍTULO 4 – CLASSIFICAÇÃO NO ESPORTE PARALÍMPICO
4.1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA:
A história da classificação no esporte paralímpico surge no mesmo
momento que o esporte para pessoas com deficiência surgiu com o objetivo de
proporcionar uma forma de reabilitação não apenas física, mas psicológica e social
também. O esporte para pessoas com deficiência tem desempenhado um papel
importante ao longo do último meio século na mudança de atitudes em relação à
deficiência.
Suas origens ao longo do tempo, surgem com o Dr. Ludwig Guttmann,
responsável pelo Departamento de reabilitação na Unidade Nacional de Lesões
Medulares do Hospital Stoke Mandeville, em Buckinghamshire, Inglaterra, que
utilizou o esporte como parte integrante do tratamento de pacientes paraplégicos.
Uma competição esportiva foi realizada no hospital para coincidir com a cerimônia
de abertura dos Jogos de Londres em julho de 1948. Isso se tornou um evento anual
que atraiu a primeira participação internacional em 1952, após o que se tornou o
International Stoke Mandeville Games.
A partir de 1960, foram realizadas tentativas de realizar todos os quatro
jogos na cidade anfitriã olímpica. Apesar do sucesso inicial em organizar os Jogos
de 1960 em Roma e os Jogos de 1964 em Tóquio, as cidades anfitriãs
subsequentes se recusaram a sediar as competições e foram encontrados locais
alternativos onde um pacote de apoio oficial, financeiro e local adequados poderiam
ser reunidos.
Em 1976, o escopo dos Jogos Paralímpicos foi ampliado para aceitar
outras deficiências. A partir de 1988, ocorreu um processo de convergência que viu
os Jogos Paralímpicos trazidos para a arena central das Olimpíadas, tanto literal
como figurativamente. No processo, abraçaram novos esportes, abrangeram uma
maior variedade de deficiências e ajudaram a dar crédito à crença de que o acesso
ao esporte está disponível para todos. Os Jogos Paralímpicos também sublinham a
mudança do esporte como competição terapêutica para a de eventos de elite que
47
trazem prestígio intrínseco, com crescente rivalidade em relação ao número de
medalhas (GOLD & GOLD, 2007; COOPER & NOWAK, 2011).
Dentro dessa evolução esportiva, a classificação foi se adaptando. Em
1948, o Dr. Ludwig Guttmann organizou as primeiras competições, como uma
extensão do processo de reabilitação. Atletas com a mesma condição médica
competiam uns contra os outros: atletas amputados com atletas amputados, por
exemplo. Contudo, na década de 1950, começaram a surgir questões sobre se não
seria mais justo dividir o esporte em classes, para garantir oportunidades de
competição iguais para todos.
As classes no esporte paralímpico refletiam a estrutura de um hospital de
reabilitação com as classes separadas pelo tipo de deficiência. Com base no seu
diagnóstico médico, os atletas recebiam uma classe que servia para todos os
esportes elegíveis. Consequentemente, isso impediu um atleta com paralisia dos
membros inferiores, devido a uma lesão medular competir em uma corrida de
cadeira de rodas contra um atleta com amputação dupla acima do joelho, apesar de
ambos terem condições iguais de impulsionar uma cadeira de rodas com os
membros superiores. Tal fato se justificava, visto que a própria origem do esporte
paralímpico estava voltado para as questões de reabilitação médica. Foi o início do
desenvolvimento de sistemas médicos de classificação. Surgia então, o primeiro tipo
de classificação no esporte paralímpico, a classificação médica (IPC, 2018).
À medida que o esporte paralímpico amadureceu, o foco mudou de
reabilitação para alto rendimento. Na década de 1980, apoiado pelas demandas dos
comitês organizadores dos Jogos Paralímpicos para reduzir o número de classes no
esporte, a classificação passou da classificação médica para a classificação
funcional, um sistema ainda usado em muitos esportes até hoje, com exceção do
sistema de classificação usado para atletas com uma deficiência visual que ainda
permanece com bases médicas. O principal fator que determina a classe esportiva
em um sistema de classificação funcional é a medida em que o comprometimento de
um atleta afeta o desempenho esportivo. Desta forma, os atletas com paralisia dos
membros inferiores, devido a lesão medular, poderiam competir junto com atletas
com amputação acima do joelho em corridas de cadeira de rodas. Apesar de ambos
os atletas terem deficiências muito diferentes, sua deficiência afeta igualmente sua
capacidade de impulsionar as cadeiras de rodas (IPC, 2018).
A classificação funcional é específica ao esporte, visto que qualquer
48
comprometimento em função de uma deficiência, pode ter um impacto significativo
em um esporte e um impacto relativamente menor em outro. Por exemplo, o impacto
da deficiência no esporte de um atleta com amputação do braço abaixo do cotovelo
na natação é muito maior do que nos eventos de corrida, no atletismo. Os
organizadores de eventos esportivos, gostaram da classificação funcional, pois
reduziam o número de eventos. Em 1989, os organizadores dos Jogos
Paraolímpicos de Barcelona 1992, e o Comitê Internacional de Coordenação do
Desporto Mundial para Pessoas com Deficiência, precursor para o IPC, assinaram
um acordo que estipulava que todos os esportes nos Jogos Paralímpicos deveriam
ser realizados usando sistemas de classificação funcional de esportes específicos.
Surgia então, o segundo tipo de classificação no esporte paralímpico, a classificação
funcional (IPC, 2018).
Esta decisão acelerou grandemente a transição para sistemas de
classificação funcional. No momento desta decisão, muitos esportes não começaram
a desenvolver sistemas funcionais. Dado o curto prazo e a ausência de evidências
científicas relevantes, os sistemas de classificação desenvolvidos foram baseados
em pareceres de especialistas (IPC, 2018).
Desde a adoção generalizada de sistemas funcionais de classificação, o
esporte paralímpico continuou a amadurecer rapidamente. A classificação de um
atleta tem um impacto significativo no grau de sucesso que eles provavelmente
conseguirão e, portanto, o conceito de classificação funcional, com base no
desempenho, foi questionado (HOWE & JONES, 2006; IPC, 2018).
A partir de então, a necessidade de revisar a classificação se tornou
essencial. Em 2003, o Conselho de Administração do IPC aprovou uma estratégia
de classificação que recomendou o desenvolvimento de um código de classificação
universal, dando orientação para o futuro da classificação. Em 2007, o IPC define o
objetivo de uma nova classificação voltada ao desenvolvimento e implementação de
sistemas de classificação focados especificamente no esporte, confiáveis e
consistentes, conhecida como classificação baseada em evidências e específica
para o esporte. Surgia então, o terceiro tipo de classificação no esporte paralímpico,
a classificação baseada em evidências científicas (IPC, 2018).
49
4.2 – CLASSIFICAÇÃO BASEADA EM EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS:
De um modo geral, a classificação é um processo em que um único grupo
de entidades, ou unidades, é ordenado em um número de grupos menores, ou
classes, com base em propriedades observáveis que possuem em comum. Os
sistemas de classificação não são exclusivos ao esporte paralímpico, mas são uma
característica da maioria dos esportes modernos. No esporte, os sistemas de
classificação fornecem uma estrutura para a disputa que aumenta a probabilidade
de competição (TWEEDY, BECKMAN & CONNICK, 2014).
A classificação é um aspecto crítico do esporte paraolímpico, por duas
razões fundamentais. Em primeiro lugar, a classificação determina quem é ou não é
elegível para competir. Em segundo lugar, a classificação é o único meio pelo qual o
sucesso no esporte paraolímpico é legitimado. Caso haja alguma suspeita de que os
atletas consigam o seu sucesso por apresentarem menor comprometimento, em
função da deficiência, em comparação a outro atleta da mesma classe, o valor do
sucesso no esporte paraolímpico tornar-se questionável. Além disso, como os
sistemas de classificação são tão complexos, a maioria das pessoas acham tão
confuso, apresentando um obstáculo ao esporte paralímpico para ganhar aceitação
pública mais ampla (REINA, 2014; DARCY & CASHMAN, 2008).
Os sistemas de classificação paralímpicos visam promover a participação
no esporte por pessoas com deficiência controlando o impacto da deficiência no
resultado da competição. Os sistemas de classificação válidos garantem que atletas
bem-sucedidos serão aqueles que possuem a melhor combinação de fatores, tais
como, antropométricos, fisiológicos, e/ou atributos psicológicos, aprimorando-os
para o melhor efeito (TWEEDY, BECKMAN & CONNICK, 2014).
O foco no esporte, em vez da reabilitação, conduziu o desenvolvimento
de sistemas de classificação funcional, nos quais os principais fatores que
determinam a classe não são o diagnóstico e avaliação médica, mas o quanto o
comprometimento de uma pessoa afeta o desempenho desportivo. Seguindo a
primeira etapa da então classificação chamada exame, a avaliação da deficiência,
novas tarefas e movimentos intimamente relacionados aos movimentos exigidos no
esporte, podem levar o atleta a ser designado com uma classe esportiva; se não o
segundo estágio, uma avaliação específica do esporte, que inclui a observação e
avaliação do atleta que realiza habilidades específicas para o esporte. Como último
50
passo, na terceira etapa, o atleta é observado na competição (TWEEDY & BOURKE,
2009).
A maioria dos esportes paralímpicos usa sistemas de classificação que
são descritos como funcionais, com algumas exceções. Os esportes da IBSA
(International Blind Sports Association) para atletas com deficiências visuais
permanecem os sistemas de classificação médica, com base na avaliação do campo
visual e da acuidade visual. Além disso, o Tênis de Cadeira de Rodas tem classes
organizadas por pontos de classificação, e o Halterofilismo e o Judô são
organizados por critérios de classificação de peso e sexo, semelhantes aos esportes
não paralímpicos (REINA, 2014).
Neste sentido, para melhorar a validade da classificação paralímpica, o
Código de Classificação do IPC exige o desenvolvimento de sistemas de
classificação baseados em evidências, sendo um sistema baseado em evidências
em que o propósito do sistema é declarado inequivocamente e evidências empíricas
e científicas indicam que os métodos utilizados para atribuir a classe alcançarão o
propósito declarado (TWEEDY & VALANDEWIJCK, 2011).
No entanto, apesar dos esforços do IPC em implementar a
obrigatoriedade, por parte das Federações Internacionais, que regem outros
esportes, que não aqueles diretamente ligados ao próprio IPC, para que se tenham
a conformidade do código de classificação implementada, reconhece que ainda há
dificuldades, por parte de alguns esportes, essa ação. Portanto, o próprio IPC
pretende resolver estas questões, caso a caso.
Ainda, uma das barreiras mais significativas para o desenvolvimento de
sistemas de classificação baseados em evidências é a ausência de uma declaração
inequívoca de propósito. Para remediar isso, todos os sistemas paralímpicos de
classificação devem indicar que a finalidade do sistema é promover a participação
no esporte por pessoas com deficiência, minimizando o impacto dos tipos de
deficiência elegíveis no resultado da competição. Conceitualmente, para minimizar o
impacto da deficiência no resultado da competição, cada sistema de classificação
deve: 1) descrever os critérios de elegibilidade em termos de tipo de
comprometimento e gravidade da deficiência; 2) descrever métodos para classificar
deficiências elegíveis de acordo com a extensão da limitação da atividade que elas
causam. Para isso, requerem-se pesquisas que desenvolvam medidas objetivas e
confiáveis da deficiência e da sua limitação na atividade e que se investigue a
51
relação da associação entre essas construções em uma amostra grande e
representativa (TWEEDY & VALANDEWIJCK, 2011).
Assim sendo, a validação científica de testes, no esporte Futebol de 7
Paralímpico, é o caminho para tornar a modalidade consistente com o futuro da
classificação nos esportes paralímpicos.
4.3 – VALIDAÇÃO DE TESTES:
Atletas regulam seus movimentos com base em informações de outros
jogadores e/ou de objetos em movimento. Portanto, é crucial identificar as ligações
emergentes entre percepções e movimento (decisões e ações resultantes) que
ocorrem em contextos de desempenho específicos, como a competição, e depois
preservá-los em seus projetos de tarefas práticas. A preservação dessa ação de
percepção é essencial para que os atletas desenvolvam e refinem soluções de
movimento específicas ao contexto que serão mais diretamente transferidas para
performances de competição (DAVIDS et al., 2013; PINDER et al., 2011; PINDER,
HEADRICK & OUDEJANS, 2015).
Tradicionalmente, independentemente do nível de habilidade, o desejo de
desenvolver a consistência dentro de habilidades motoras complexas permanece
uma prioridade para treinadores. Métodos comuns para alcançar este objetivo
incluem; repetições práticas de bloqueio de modo que repetições feitas da mesma
habilidade são praticadas com pouca interferência, decompondo habilidades em
suas partes constituintes menores e/ou usando tarefas práticas desprovida de
informações específicas da competição (FARROW, BAKER & MASCHETTE, 1997;
BARREIROS, FIGUEIREDO & GODINHO, 2007; BRADY, 2008; FARROW &
MASCHETTE, 1997; REID, WHITESIDE & ELLIOT, 2010; WHITESIDE, GIBLIN &
REID, 2014; HOSKINS-BURNEY & CARRINGTON, 2014).
Neste sentido, a classificação baseada em evidências científicas,
apresenta o mesmo conceito, principalmente na necessidade de se estabelecer
procedimentos claros e concretos de validação de testes que possam expressar
verdadeiramente a real característica motora do atleta paralímpico.
Nos primórdios do teste padronizado, a validade foi avaliada por uma
diversidade de procedimentos e foi chamada por muitos nomes. O tipo de evidência
utilizado para demonstrar a validade dos testes, variou com a finalidade do teste,
52
orientação teórica do autor do teste, e, com muita frequência, com a disponibilidade
dos dados. Uma das primeiras abordagens empíricas para avaliar itens de teste e
selecionando o mais válido foi o critério de diferenciação de idade empregado por
Binet e Simon (1908). Na suposição de que o conhecimento das habilidades
cognitivas que constituem a inteligência aumentava com a idade através da infância,
eles escolheram tarefas cuja frequência de solução correta acompanhava a
evolução da idade. Eles então atribuíram a cada tarefa um nível etário em que a
percentagem de crianças que passavam, estava dentro de um intervalo específico.
Este foi também um procedimento importante para a construção de outros testes de
inteligência individuais em termos de idade mental, contribuindo para o início dos
estudos de validação de testes (ANASTASI, 1986).
Os sistemas de classificação são parte integrante do esporte paralímpico,
sendo usados para determinar a elegibilidade e o controle do impacto dos tipos de
deficiência elegíveis no resultado da competição. Sistemas de classificação válidos
facilitam a competição no sentido de que os atletas bem-sucedidos não são
simplesmente aqueles que têm deficiências menos graves do que seus adversários,
mas aqueles que têm a combinação mais favorável de atributos esportivos e os
aprimoraram para obter o melhor efeito (BECKMAN et al., 2014).
A classificação que não é válida ou que não é considerada válida
representa uma ameaça significativa ao esporte paralímpico. No nível de elite, a
legitimidade do sucesso competitivo ou do desempenho atlético de um indivíduo
pode ser significativamente diminuída pela percepção de que eles estão na classe
errada, com o potencial de se ter um considerável custo pessoal e financeiro, bem
como de descrédito do esporte paralímpico, como um todo. No nível de base, um
sistema de classificação que é considerado injusto desencorajará a participação
entre pessoas com deficiência, em vez de atingir o objetivo de aumentá-lo
(BECKMAN et al., 2014).
Dentro da validação de testes, os critérios de cientificidade são
importantes no sentido de se estabelecer parâmetros de excelência aos próprios
testes. Safrit, 1981, estabeleceu parâmetros para seleção de testes.
53
Tabela 2: Parâmetros para Seleção de Testes
Safrit, 1981
De uma maneira geral, validar significa tornar válido conforme os
preceitos atuais, e mais importante, significa legitimar (FERREIRA, 2010).
Validade diz respeito à quanto o teste mede o que é destinado a medir.
Se estabelecermos uma correlação entre o resultado do teste realizado por uma
pessoa e o resultado colhido pela mesma pessoa em teste que dê resposta segura
na mesma valência, o coeficiente de correlação deve ser elevado. Além da validade,
a fidedignidade diz respeito a consistência entre diferentes avaliações para um
mesmo teste, sendo a objetividade a consistência entre diferentes avaliadores
(GORLA, 2013).
No mundo, através da classificação baseada em evidências científicas
iniciada pelo IPC, os estudos iniciais apontavam na tentativa de se correlacionar a
validação de testes motores com algumas variáveis do talento esportivo (SPATHIS
et al., 2014; PERNOT et al., 2011; ALTMANN et al., 2015; TWEEDY, WILLIAMNS &
BOURKE, 2010; VAN BIESSEN et al., 2010; JAVIER PINNILA et al., 2015).
Não obstante, estudos foram desenvolvidos, principalmente na Espanha,
a cerca do impacto de determinadas habilidades na performance no atleta do
Futebol PC (REINA et al., 2017; REINA, 2014; CÁMARA et al., 2013; YANCI et al.,
2016; REINA et al. 2016).
No Brasil, alguns estudos foram apresentados sobre a validação de testes
nos processos avaliativos, seja para caracterização de amostras ou para e
planejamento de treinamento no esporte paralímpico (GORGATTI & BÖMHE, 2003;
KAWANISHI & GORGATTI, 2014; SOUTO et al., 2015; GORLA et al., 2011; COSTA
E SILVA et al., 2017; GORLA et al., 2017; BORGES et al., 2017; COSTA E SILVA,
2011; SOUZA et al., 2016).
No entanto, apenas um estudo foi desenvolvido correlacionando variáveis
de desempenho motor com a classificação funcional (Gorla et al., 2012). Nele, os
resultados apontaram uma correlação alta entre os resultados dos testes motores de
campo com a classificação funcional, sendo considerado como um bom indicador
Validade Fidedignidade Objetividade Excelente 0,80 – 1,00 0,90 – 1,00 0,95 – 1,00 Muito Boa 0,70 – 0,79 0,80 – 0,89 0,85 – 0,94 Aceitável 0,50 – 0,69 0,60 – 0,79 0,70 – 0,84
Questionável 0,00 – 0,49 0,00 – 0,59 0,00 – 0,69
54
para a determinação do nível de desempenho. Porém, a equação proposta para
determinação da variável de VO2máx, não era específica para o grupo de estudo.
Contudo até o momento e que se saiba, não há, no Brasil, nenhum estudo
de validação de teste, baseado em alguma habilidade motora e a classificação
funcional, em atletas de Futebol de 7 Paralímpico.
4.4 – CLASSIFICAÇÃO NO FUTEBOL DE 7 PARALÍMPICO:
Os Critérios Mínimos de Deficiência (CMD) referem-se ao nível mínimo de
deficiência necessário para participar de qualquer modalidade esportiva para
deficientes. No Futebol de 7 Paralímpico, o CMD requer uma deficiência neurológica
verificável e permanente e que deve prejudicar os atletas a competir no futebol
regular gerando um impacto no desempenho das habilidades fundamentais do
futebol, isto é, o comprometimento altera a execução biomecânica ou o controle
motor de forma demonstrável e que afeta negativamente o desempenho. São
elegíveis para o Futebol de 7 Paralímpico atletas com hipertonia, ataxia ou atetose
de origem cerebral, por exemplo, PC, AVE, TCE. Embora este esporte seja
governado por uma federação internacional que inclui a PC em sua definição, a
unidade de classificação no esporte paralímpico é a limitação da deficiência, e está
relacionada a várias condições de saúde relacionadas a ela, neste caso, não apenas
à PC (REINA et al., 2015; IFCPF, 2018).
A Classificação Funcional (CF) no Futebol de 7 Paralímpico baseia-se em
um processo avaliativo, seguido de passos específicos: a) avaliação da
elegibilidade; b) avaliação do CMD; c) alocação de uma classe esportiva, juntamente
com o status da classe, incluindo a observação em competição e, caso necessário,
uma nova avaliação (IFCPF, 2018).
A elegibilidade de um atleta no Futebol de 7 paralímpico é determinada
pela presença genuína de uma lesão neurológica central, como descritas
anteriormente no capítulo 2. Qualquer outra limitação que não tenha sido causada
por elas, o atleta será considerado inelegível, ou seja, não poderá participar da
modalidade.
Na avaliação do CDM, o atleta deve apresentar evidências em sua
condição de saúde suficientes, através de diagnóstico médico específico, onde o
atleta deve demonstrar que o CDM afeta em certa extensão, a capacidade de
55
executar tarefas específicas e fundamentais da modalidade. Porém a decisão final
cabe através da análise dos classificadores, que são os responsáveis pela execução
avaliação.
Nesta fase é avaliado o impacto da deficiência na performance do atleta.
Como exemplos, o atleta pode apresentar um ou mais das limitações nas
habilidades, definidas a seguir: a) corridas (velocidade); b) mudanças de direção
(agilidade); c) saltos (potência muscular); d) passes e chute (potência muscular com
precisão); e) drible e controle da bola (coordenação óculo-pedal); f) estabilidade nos
movimentos (reações de movimentos rápidos – coordenação motora) e g)
habilidades características dos goleiros. A linha mestra deste estudo foi baseada na
análise da validação de testes que poderão determinar a reprodutibilidade de uma
dessas variáveis, a coordenação.
Após a verificação da elegibilidade e da comprovação do impacto da
deficiência na performance, o atleta será alocado, provisoriamente, em uma das
classes esportivas antes do início da competição, permitindo desta forma a sua
participação no evento esportivo ao qual se candidatou. A partir de então, para
finalizar a sua classificação, o atleta será observado em competição, para finalmente
receber um status de classe que o permitirá ou não a participar de eventos futuros.
As classes funcionais no Futebol de 7 Paralímpico, são: (IFCPF, 2015).
Classe Funcional 5:
Atleta diplégico com envolvimento moderado. Necessita de
assistência (muletas, andadores) para andar, mas não
necessariamente quando parado ou arremessando. A troca do
centro de gravidade pode causar a perda do equilíbrio. O triplégico
pode aparecer nesta classe. Os membros inferiores apresentam
grau de espasticidade de 3 a 2. Pode ter função suficiente para
correr em eventos de pista, no atletismo. Frequentemente possui
equilíbrio estático normal, porém apresenta complicações no
equilíbrio dinâmico. Os membros superiores podem apresentar
variações de comprometimento, sendo de moderado a mínimo.
Classe Funcional 6:
Atleta que apresenta atetose ou ataxia, com envolvimento
moderado. A atetose é o fator de maior predominante nesta classe.
O atleta pode andar sem a ajuda de mecanismo de assistência
56
(muletas, andadores). A ação dos membros inferiores pode variar de
fraca até uma marcha claudicante. Movimentos cíclicos são
executados de forma quase normal. O controle do equilíbrio corporal
dinâmico é bom comparado com o equilíbrio corporal estático. A
preensão e soltura da mão pode ser um fator negativo em esportes
de arremesso.
Classe Funcional 7:
Atleta hemiplégico, que apresenta grau de espasticidade de 3 a 2
em uma metade do corpo. O atleta anda sem a ajuda de mecanismo
de assistência (muletas, andadores), porém com um andar
claudicante, devido à espasticidade do membro inferior. Na corrida
pode apresentar piora, pela dificuldade em se elevar o calcanhar.
Braço e perna sofrem restrições apenas no lado comprometido.
Classe Funcional 8:
Atleta com envolvimento mínimo, apresentando grau de
espasticidade 1, podendo se caracterizar como hemiplégico ou 8
monoplégico. Neste tipo de atleta a percepção do déficit neurológico
se torna difícil, necessitando uma análise mais detalhada do médico,
a fim de se observar alterações funcionais em função deste déficit.
57
CAPÍTULO 5 – METODOLOGIA
5.1 – CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO:
Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva, correlacional,
de caráter quantitativo com delineamento transversal (Thomas, Nelson & Silverman,
2005). Envolveu variáveis que permitem avaliar o desempenho de sujeitos
praticantes de Futebol 7 Paralímpico, através da coordenação bilateral de membros
inferiores em movimentos laterais e ântero-posterior (ciclo de movimentos) e tempo
(em segundos).
5.2 – POPULAÇÃO E AMOSTRA:
De um universo de 89 atletas participantes do XVIII Campeonato
Brasileiro de Futebol 7, realizado no Centro de Treinamento Paralímpico, na cidade
de São Paulo/SP, no período de 26 de novembro a 02 de dezembro de 2017, 80
atletas de 8 clubes participaram do estudo, sendo excluídos 9 atletas que sofreram
lesões em seus primeiros jogos e não participaram do reteste. A razão pela escolha
dos atletas para a realização deste estudo deve-se ao fato de serem a elite do
Futebol 7 Paralímpico no Brasil.
Todos os atletas participantes da amostra apresentavam, de acordo com
O Manual de Classificação da IFCPF, algum tipo de lesão do SNC, tais como PC,
Traumatismo Crânio Encefálico (TCE), Acidente Vascular Encefálico (AVE).
5.3 – PROCEDIMENTOS:
Os atletas foram submetidos aos testes Side Stepping (em movimentos
laterais) e Split Jump (em movimentos ântero-posteriores). Os participantes
realizaram um ciclo completo de vinte e cinco movimentos, em cada teste de salto,
em dois momentos de avaliação (teste e reteste) por três avaliadores com diferença
de tempo de quarenta e oito horas entre teste e reteste, o que permitiu a análise de
objetividade, reprodutibilidade e consistência interna do instrumento.
Os atletas foram submetidos aos seguintes testes, descritos abaixo,
segundo Dintiman, Ward & Tellez (1997) e validado como um fator de correlação
58
com a corrida entre em indivíduos com deficiência e sem deficiência por Beckman &
Tweedy (2009).
5.3.1 – SIDE STEPPING TEST:
O teste é realizado em um terreno plano e liso, mas não escorregadio. No
chão, deve ser desenhado três linhas, paralelas entre si, de 50 cm de comprimento e
distantes 40 cm entre elas. O testado deverá se posicionar com os pés paralelos
fora do espaço entre as linhas laterais e central. Ao sinal do avaliador, o testado
deverá executar saltos laterais simultâneos (de dentro para fora) e retornando à
posição inicial, sendo computado um ciclo. O testado deverá executar vinte e cinco
ciclos completos e será marcado o tempo de execução para os vinte e cinco ciclos
executados. O aluno não poderá tocar com os pés nas linhas, caso isso aconteça, o
teste deverá ser reiniciado com no máximo de duas tentativas. Objetivo do teste:
medir a coordenação motora em movimentos saltatórios laterais simétricos. A figura
2 mostra os movimentos do Side Stepping Test.
Figura 2: Side Stepping Test
5.3.2 – SPLIT JUMP TEST:
O teste é realizado em um terreno plano e liso, mas não escorregadio. No
chão, deve ser desenhado uma linha perpendicular em relação ao testado de 50 cm
de comprimento. O testado deverá colocar seu pé esquerdo a frente desta linha e o
outro pé atrás desta linha. Ao sinal do avaliador, o testado deverá executar saltos
simultâneos com o pé que estava a frente para trás da linha e o pé que estava atrás
da linha para frente da linha e retornando à posição inicial, sendo computado um
ciclo. O testado deverá executar vinte e cinco ciclos completos e será marcado o
tempo de execução para os vinte e cinco ciclos executado. O aluno não poderá tocar
com os pés nas linhas, caso isso aconteça, o teste deverá ser reiniciado com no
59
máximo de duas tentativas. Objetivo do teste: medir a coordenação motora em
movimentos saltatórios ântero-posterior assimétricos. A figura 3 mostra os
movimentos do Split Jump Test.
Figura 3: Split Jump Test
A coleta de dados foi obtida quando não havia treinos e nem jogos. Em
relação aos aspectos éticos da pesquisa, todos os sujeitos assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da UNICAMP sob o n° 2.361.952.
5.4 – DESENHO DO ESTUDO:
O estudo avaliou os critérios de autenticidade científica dos testes SIDE
STEPPING TEST e SPLIT JUMP TEST para permitir a validação dos mesmos para
o seu uso na avaliação de atletas de Futebol de 7 Paralímpico. Para tanto, assumiu-
se que os testes possuem validade de conteúdo por já serem utilizados em outras
amostras para monitorar as variáveis em questão.
Inicialmente foi avaliada a objetividade dos testes. Três avaliadores
participaram do estudo para realizar a tomada de medida, e a comparação de seus
resultados não deverá revelar diferenças significativas de modo que o teste possa
produzir resultados consistentes ao ser aplicado por diferentes avaliadores.
Foram realizadas também comparação entre as medidas em dois
momentos distintos (teste e re-teste) e entre as diferentes tentativas no mesmo
momento de aplicação. Desta forma foi testada a fidedignidade (capacidade de
produzir medidas consistentes em testes diferentes para um mesmo sujeito) e a
consistência interna (fidedignidade intra-teste).
Desta forma, foi analisada a capacidade do teste em realizar a
discriminação dos resultados em diferentes níveis e classes funcionais. A
60
determinação da validade discriminante, foi descrito conforme na figura 4, a seguir:
(GORLA et al., 2011).
Figura 4: Desenho do estudo
5.5 – ANÁLISE DOS DADOS:
Para a análise dos dados foi utilizada a estatística descritiva, através do
pacote estatístico R-plus® 3.13.0 para Windows.
Ao se realizar os testes, foi possível observar a análise de objetividade,
reprodutibilidade e consistência interna do instrumento. Para avaliar a objetividade
utilizou-se a análise de Kruskal-Wallis (não paramétrico). A reprodutibilidade e
consistência interna foram avaliadas por meio do coeficiente de correlação
intraclasse de Pearson (paramétrico). O nível de significância foi estabelecido em p
< 0,05.
5.6 – HIPÓTESES DO ESTUDO:
• Hipótese Nula (H0) – Os testes SIDE STEPPING TEST e SPLIT JUMP TEST
não apresentam validação científica como teste de coordenação motora para
o Futebol de 7 Paralímpico.
61
• Hipótese Alternativa (H1) - Os testes SIDE STEPPING TEST e SPLIT JUMP
TEST apresentam validação científica como teste de coordenação motora
para o Futebol de 7 Paralímpico.
5.7 – VARIÁVEIS DO ESTUDO:
• Dependente:
o Tempo (s)
• Independente:
o Teste SIDE STEPPING TEST e SPLIT JUMP TEST
• Interveniente:
o Atletas
62
6 – RESULTADOS:
Na tabela 3 estão apresentados os resultados das análises de
reprodutibilidade da classe funcional 5.
Tabela 3. Análise de reprodutibilidade inter-avaliador (objetividade) dos atletas da classe 5. Teste Avaliador Mediana IC95% p
Side1 1 17.00 14.16 – 19.84
0.89 2 16.86 13.83 – 19.90 3 16.83 13.94 – 19.70
Side2 1 16.98 16.19 – 17.78
0.93 2 16.84 16.18 – 17.49 3 16.85 16.12 – 17.57
Sider1 1 16.67 14.54 – 18.80
0.92 2 16.60 14.62 – 18.58 3 16.56 14.58 – 18.54
Sider2 1 15.88 13.42 – 18.34
0.97 2 16.36 13.93 – 18.79 3 16.24 13.77 – 18.72
Split1 1 20.17 17.88 – 22.70
0.97 2 20.00 17.88 – 22.12 3 20.08 17.37 – 22.78
Split 2 1 18.56 17.67 – 19.44
0.86 2 18.46 17.49 – 19.51 3 18.44 17.07 – 19.80
Split re 1 1 18.63 17.63 – 19.63
0.91 2 18.56 17.62 – 19.71 3 18.48 17.61 – 19.34
Split re 2 1 18.01 16.56 – 19.46
0.92 2 17.90 16.45 – 19.39 3 18.03 16.49 – 19.57
Legenda: Side1: 1a Execução do salto Side; Side2: 2a Execução do salto Side ; 1a Execução do salto Sider1 (48h após); 2a
Execução do salto Sider2 (48h, após); Split1: 1a Execução Salto Split; Split2: 2a Execução Salto Split; Split re1: 1a Execução Salto Split re (48h após); Split re2: 2a Execução Salto Split re (48h após); IC: índice de Consistência Interna; p: nível de
significância adotado = p<0,05
63
Na tabela 4 estão apresentados os resultados das análises de reprodutibilidade da
classe funcional 6.
Tabela 4. Análise de reprodutibilidade inter-avaliador (objetividade) dos atletas da classe 6. Teste Avaliador Mediana IC95% p
Side1 1 27.33 16.38 – 38.28
0.83 2 27.22 16.94 – 38.25 3 27.13 16.17 – 38.10
Side2 1 20.26 13.20 – 27.31
0.93 2 20.24 13.28 – 27.19 3 20.34 13.47 – 27.20
Sider1 1 21.55 12.12 – 30.98
0.91 2 21.48 12.06 – 30.89 3 21.51 12.06 – 30.96
Sider2 1 20.45 15.18 – 25.71
0.89 2 20.34 15.18 – 25.50 3 20.39 15.17 – 25.60
Split1 1 31.80 17.03 – 46.72
0,85 2 31.80 16.70 – 46.91 3 32.14 22.10 – 42.18
Split 2 1 24.39 15.88 – 32.89
0.95 2 24.12 15.63 – 32.61 3 25.00 16.40 – 33.59
Split re 1 1 34.06 13.34 – 54.77
0.95 2 33.75 12.82 – 54.68 3 31.38 10.57 – 52.19
Split re 2 1 32.81 20.83 – 44.79
0.99 2 32.75 20.73 – 44.77 3 32.86 20.97 – 44.74
Legenda: Side1: 1a Execução do salto Side; Side2: 2a Execução do salto Side ; 1a Execução do salto Sider1 (48h após); 2a
Execução do salto Sider2 (48h, após); Split1: 1a Execução Salto Split; Split2: 2a Execução Salto Split; Split re1: 1a Execução Salto Split re (48h após); Split re2: 2a Execução Salto Split re (48h após); IC: índice de Consistência Interna; p: nível de
significância adotado = p<0,05
64
Na tabela 5 estão apresentados os resultados das análises de
reprodutibilidade da classe funcional 7.
Tabela 5. Análise de reprodutibilidade inter-avaliador (objetividade) dos atletas da classe 7. Teste Avaliador Mediana IC95% p
Side1 1 18.28 16.10 – 20.46
0.98 2 18.05 15.93 – 20.16 3 18.27 16.11 – 20.43
Side2 1 17.44 15.76 – 19.11
0.96 2 17.40 15.77 – 19.02 3 17.25 15.64 – 18.86
Sider1 1 17.05 15.30 – 18.79
0.97 2 16.95 15.16 – 18.73 3 17.05 15.26 – 18.84
Sider2 1 16.36 14.70 – 18.01
0.97 2 16.43 14.75 – 18.10 3 16.52 14.84 – 18.20
Split1 1 20.10 18.43 – 21.76
0.95 2 19.94 18.22 – 21.65 3 20.05 18.30 – 21.80
Split 2 1 18.60 17.17 – 20.02
0.97 2 18.63 17.19 – 20.07 3 18.79 17.34 – 20.23
Split re 1 1 18.59 16.73 – 20.44
0.98 2 18.53 16.71 – 20.35 3 18.50 16.74 – 20.26
Split re 2 1 18.29 16.69 – 19.89
0.98 2 18.14 16.51 – 19.76 3 18.50 16.87 – 20.13
Legenda: Side1: 1a Execução do salto Side; Side2: 2a Execução do salto Side ; 1a Execução do salto Sider1 (48h após); 2a
Execução do salto Sider2 (48h, após); Split1: 1a Execução Salto Split; Split2: 2a Execução Salto Split; Split re1: 1a Execução Salto Split re (48h após); Split re2: 2a Execução Salto Split re (48h após); IC: índice de Consistência Interna; p: nível de
significância adotado = p<0,05
65
Na tabela 6 estão apresentados os resultados das análises de
reprodutibilidade da classe funcional 8.
Tabela 6. Análise de reprodutibilidade inter-avaliador (objetividade) dos atletas da classe 8. Teste Avaliador Mediana IC95% p
Side1 1 16.15 14.74 – 17.55
0.93 2 15.28 12.97 – 17.58 3 15.21 12.87 – 17.54
Side2 1 15.53 13.97 – 17.08
0.88 2 15.50 13.88 – 17.11 3 15.53 13.81 – 17.24
Sider1 1 15.75 14.23 – 17.26
0.95 2 15.75 14.05 – 17.44 3 15.67 14.13 – 17.20
Sider2 1 15.15 12.61 – 17.68
0.93 2 15.03 12.51 – 17.54 3 15.77 13.13 – 18.40
Split1 1 17.25 14.59 – 19.90
0.98 2 17.61 14.90 – 20.31 3 17.97 15.32 – 20.61
Split 2 1 17.13 15.32 – 18.93
0.97 2 17.03 15.18 – 18.87 3 17.18 15.44 – 18.91
Split re 1 1 16.84 14.04 – 19.63
0.95 2 16.69 13.92 – 19.45 3 16.67 13.90 – 19.43
Split re 2 1 15.75 12.62 – 18.87
0.95 2 15.85 12.75 – 18.94 3 15.64 12.54 – 18.73
Legenda: Side1: 1a Execução do salto Side; Side2: 2a Execução do salto Side ; 1a Execução do salto Sider1 (48h após); 2a
Execução do salto Sider2 (48h, após); Split1: 1a Execução Salto Split; Split2: 2a Execução Salto Split; Split re1: 1a Execução Salto Split re (48h após); Split re2: 2a Execução Salto Split re (48h após); IC: índice de Consistência Interna; p: nível de
significância adotado = p<0,05
Tabela 7. Correlação Intra-Classe (ricc (IC95%)) para determinar consistência Interna e
reprodutibilidade Side Split
Consistência interna teste 0.95 (0.76 – 0.98) 0.84 (-4.45 – 0.95) Consistência interna re-teste 0.99 (0.94 – 0.99) 0.99 (0.97 – 0.99)
Reprodutibilidade teste-re-teste 0.91 (0.55 – 0.96) 0.95 (0.75 – 0.98)
66
7 – DISCUSSÃO:
O desenvolvimento de validações de testes tem sido uma temática
constante, principalmente, na área da aptidão física. Porém, a necessidade de se
criar testes válidos que possam ser utilizados na classificação funcional em
modalidades paralímpicas, se tornam cada vez mais essenciais, para garantir a
legitimidade das decisões tomadas, no processo de avaliação dos atletas.
Os testes de coordenação motora, aqui aplicados, enfatizam uma
característica motora essencial nos jogadores de futebol e que sofrem grande
influência pela classe funcional dos atletas praticantes do Futebol 7.
A proposta deste estudo, portanto, foi validar dois testes de coordenação
motora para atletas praticantes do Futebol 7, sendo assim como resultado final não
foram observadas diferenças na coleta de medida por diferentes avaliadores
(Kruskal-Wallis, com p>0,80 para todas as comparações). Os testes apresentaram
valores de consistência interna (r= 0,84 e 0,99 para Side; r= 0,95 e 0,99 para Split) e
reprodutibilidade (r=0,86 a 0,90 Side; 0,75 a 0,99 Split) que podem ser considerados
valores fortes de correlação, entre muito bom e excelente, de acordo com Safrit
(1981)
A classe 5 apresentou resultados moderados a altos, em termos de
tempo, o que pode ser explicado pela dificuldade que o atleta dessa classe tem em
realizar troca do centro de gravidade em função de serem classificados como
diparéticos. Além disso, a presença de um grau de espasticidade moderada e do
envolvimento dos membros inferiores, cria dificuldades em movimentos de
coordenação e de equilíbrio.
Os valores de mediana variam entre 15.88 e 20.17, só sendo melhor do
que os da classe 6, que apresentam um nível de comprometimento maior do que os
da classe 5.
Outra análise importante é a diferença das medianas entre os testes. As
diferenças no tempo mostram que o teste Side Jump Test é mais difícil de ser
realizado. O Split Jump Test, por ser um teste de deslocamento antero-posterior
apresentou maior facilidade na transferência do centro de gravidade, por parte dos
atletas, apesar de alguns terem apresentado dificuldades na retirada dos pés para o
salto, o que se mostrou no Side Jump Test também.
67
Já em relação ao grupo de atletas da classe 6, os resultados mostram a
grande dificuldade que este grupo apresentou ao realizar os testes. Por
apresentarem a distonia como sua característica principal, as lesões em órgãos
essenciais para um controle do equilíbrio tanto dinâmico como estático provocam a
perda da fluidez de movimentos, principalmente os movimentos cíclicos e repetitivos.
Por ser um envolvimento global no corpo, os movimentos de coordenação estão
comprometidos.
A maioria dos atletas dessa classe demonstraram grandes dificuldades na
execução dos testes. Isso pode ser observado pelo intervalo de medianas do tempo,
20.24 a 32.86. A mudança do centro de gravidade, em movimentos cíclicos e
repetitivos demanda um grande grau de coordenação dos movimentos, que são
comprometidos nestes atletas pelos casos de atetose e de ataxia também. Na
maioria, os movimentos foram arrastados, com muito pouco salto, fase aérea,
causando maior dificuldade na velocidade de execução.
O Split Jump Test, teste de deslocamento anterior-posterior, também
apresentou um grau maior de dificuldade do que Side Jump Test.
Da mesma forma que na classe 5, os testes propostos também atingiram
o objetivo do estudo.
Ao se analisar os resultados da classe 7, observa-se que os valores de
medianas de tempo, 16.95 a 20.10 são melhores do que as outras classes
apresentadas, classe 5 e classe 6. No entanto, os resultados são piores do que os
atletas da classe 8. As principais características dos atletas da classe 7 são o de
uma hemiparesia com espasticidade moderada a severa. Isso dificulta,
principalmente os movimentos, a realização da amplitude articular, apenas de um
lado do corpo, diferenciando significativamente das classes anteriores, já que estas,
envolvem uma área maior do corpo.
Aqui, se manteve a diferença nos resultados dos testes, onde o teste Split
Jump Test apresentou resultados piores, no entanto as diferenças entre as
medianas não foram tão grandes.
Já os resultados da classe 8, onde os atletas apresentam um grau mínimo
de comprometimento, podendo ser monoparético, com grau de espasticidade baixa,
ou atetósico ou atáxico leve, foram os melhores tempos obtidos, medianas de 15.03
a 17.07. Nesta classe, os resultados apresentados foram semelhantes tanto para o
Split Jum Test quanto para o Side Jump Test.
68
Neste sentido, os diferentes resultados obtidos pelas classes, podem ser
explicados pela característica principal das mesmas, pela área comprometida, a
intensidade do comprometimento e pelos movimentos coordenativos de cada salto.
De um modo geral, o padrão de validação de testes para indivíduos com
deficiência é uma prática relativamente comum. Spathis et al. 2015, em um estudo
de validação da identificação do talento esportivo, utilizaram testes motores
convencionais em vinte e oito indivíduos obtendo valores médios de correlação r=
0.89 indicando que os testes de identificação de talentos podem ser usados para
identificar de forma válida os indivíduos com limitações motoras.
Em outro estudo, Connick et al. 2015, desenvolvendo métodos baseados
em evidências científicas para a classificação funcional, pesquisaram a quantidade
de força relativa entre as medidas de amplitude articular e o desempenho esportivo
em quarenta e um atletas corredores, no atletismo paralímpico, através da corrida de
velocidade máxima de 60 metros. Cinco das medidas de amplitude articular
afetaram significativamente o desempenho da corrida e foram consideradas válidas
para fins de classificação de limitações nas classes para atletas com paralisia
cerebral.
Hogarth et al. 2018, estipularam o desempenho de nadadores com
deficiência de membros superiores na prova de 100 m nado livre para servir de
orientação para um novo sistema de classificação baseado em evidências na
Natação Paralímpica. Foram avaliados noventa nadadores de nível internacional
com deficiência nos membros superiores. O modelo explicou 80% da variância no
desempenho da prova de 100 m nado livre, e descobriu que o comprimento da mão
e o comprimento do antebraço são os mais importantes indicadores de
desempenho. Desta forma, os nadadores foram agrupados em diferentes classes
(quatro, cinco, seis e sete atletas). Foram feitas comparações nas estruturas das
classes criadas a partir do estudo com as estruturas de classes do sistema atual de
classificação, sendo as estruturas criadas mais eficazes. Segundo os autores, este
novo método pode melhorar a objetividade e a transparência na tomada de decisão
na escolha da classe mais adequada.
Estes estudos demonstram que a classificação baseada em evidências,
utilizando testes validados, é o futuro da classificação nos esportes paralímpicos
corroborando com o estudo em questão.
69
Outro ponto forte no estudo, é a simplicidade do material e de execução
dos testes, sendo possível a sua realização em diversos ambientes.
No entanto, como fator limitante, lesões articulares e musculares, pela
execução dos saltos pliométricos é uma possibilidade.
Outrossim, o caráter inédito deste estudo sobre validação de testes
motores em atletas com paralisia cerebral, no Futebol 7, para complementação na
classificação funcional, deve ser ressaltado.
Apesar do ineditismo do estudo, sugere-se novos estudos abrangendo
outras áreas motoras vinculadas à classificação funcional, tais como a medição do
Centro de Gravidade corporal, através do deslocamento realizado nos testes,
relacionando o equilíbrio com a coordenação motora.
70
8 – CONCLUSÃO:
O problema central deste estudo foi a aplicação e validação de testes
para atletas do Futebol 7, para serem utilizados no processo de classificação
funcional para garantir a conformidade de uma nova tendência no esporte
paralímpico, chamada de Classificação Baseada em Evidências Científicas.
Os testes foram baseados na realização de movimentos funcionais,
típicos de mudança de direção e relacionados à coordenação motora de membros
inferiores. Uma preocupação na realização destes testes foi a praticidade e a
simplicidade de material e metodologia, para que pudessem ser reproduzidos
facilmente nos processos avaliativos da classificação funcional.
Os testes apresentaram um alto índice de autenticidade científica
podendo ser utilizados com segurança na aplicação dos mesmos no grupo
específico do estudo.
O IPC vem desenvolvendo estudos sobre a Classificação Baseada em
Evidências Científicas há bastante tempo, mencionando que este novo modelo é um
dos pontos chaves do futuro da classificação. Neste sistema a avaliação
técnica/esportiva do atleta tem um papel fundamental na definição do impacto da
deficiência no esporte, com uma intervenção mais pontual e significativa do
classificador técnico em relação ao classificador clínico.
Entende-se, portanto, que a validação de testes para a nova classificação
funcional é fundamental, como um dos parâmetros a serem utilizados para a
interpretação do impacto da deficiência no esporte, facilitando a alocação do atleta
em classes funcionais mais próximas de sua realidade em termos de desempenho.
Espera-se que os testes sejam então, utilizados como um dos parâmetros
na classificação funcional na modalidade esportiva Futebol 7.
71
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ANEXO I
TERMO DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
DADOS DO PROJETO DE PESQUISA
Título da Pesquisa: VALIDAÇÃO DOS TESTES SIDE-STEPPING TEST E SPLIT JUMP TEST POR CLASSE FUNCIONAL EM ATLETAS DA MODALIDADE FUTEBOL DE 7 Pesquisador: Cláudio Diehl Nogueira Área Temática: Versão: 2 CAAE: 72371517.9.0000.5404 Instituição Proponente: Faculdade de Educação Física Patrocinador Principal: Financiamento Próprio
DADOS DO PARECER
Número do Parecer: 2.361.952
Situação do Parecer: Aprovado Necessita Apreciação da CONEP: Não
CAMPINAS, 01 de Novembro de 2017
Assinado por:
Maria Fernanda Ribeiro Bittar (Coordenador)
UNICAMP - CAMPUS CAMPINAS
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ANEXO II
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Universidade Estadual de Campinas - Faculdade de Educação Física
Departamento de Estudos da Atividade Física Adaptada
VALIDAÇÃO DOS TESTES SIDE-STEPPING TEST E SPLIT JUMP TEST POR CLASSE FUNCIONAL EM ATLETAS DA MODALIDADE FUTEBOL DE 7
PARALÍMPICO
Pesquisador Responsável: Cláudio Diehl Nogueira Orientador: José Irineu Gorla
Você está sendo convidado a participar como voluntário de uma pesquisa.
Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e outra com o pesquisador.
Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se houver perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o pesquisador. Se preferir, pode levar este Termo para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas antes de decidir participar ou retirar sua autorização em qualquer momento. Justificativa e Objetivos:
O presente estudo é de grande relevância, pois irá fornecer um instrumento válido para uma avaliação específica. Permitirá também estabelecer a influência da coordenação motora no Futebol de 7 paralímpico e a sua importância no processo de classificação funcional. Mediante o exposto o presente estudo tem como objetivo validar os testes Side-Stepping Jump e Split Jump por classe funcional em atletas da modalidade Futebol de 7 Paralímpico. Rubrica do Pesquisador: ______________ Rubrica do Participante: __________
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Procedimentos:
Participando do estudo, você está sendo convidado à: realizar dois testes de caráter motor, ao qual será avaliado a coordenação motora, em teste e reteste e entre diferentes tentativas no mesmo momento de aplicação, em duas datas distintas, com o máximo de 48 horas de diferença entre elas. Você irá participar dos testes, sob a supervisão e acompanhamento do pesquisador, ao qual será realizado durante o Campeonato Brasileiro de Futebol 7, no Centro de Treinamento Paralímpico, na Rodovia dos Imigrantes, KM11,5 s/n, Vila Guarani, São Paulo-SP.
Desconforto e riscos de participação:
Ao participar desta pesquisa, não haverá nada de caráter invasivo, portanto tendo apenas o desconforto da prática de atividades físicas que podem ser exaustivas ou por quedas, por conta da perda do equilíbrio. O desconforto pode ocorrer na realização do teste. Os possíveis riscos e desconfortos ocorridos durante os testes serão minimizados através de assistência imediata caso necessária, bem como nos responsabilizamos pela assistência integral aos participantes da pesquisa no que se refere às complicações e danos recorrentes da pesquisa.
Benefícios da Pesquisa:
O participante da pesquisa terá benefícios inerentes à prática dos testes, vinculado à determinação do seu grau de coordenação motora, além da contribuição na construção de um instrumento válido para uma avaliação específica. Rubrica do Pesquisador: ______________ Rubrica do Participante: __________
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Acompanhamento e assistência:
Você poderá esclarecer qualquer tipo de dúvida durante todo o processo de aplicação da pesquisa, tendo total acompanhamento ou assistência. Entrando em contato com os pesquisadores, terá também direito de recusar a sua participação ou retirar seu consentimento em qualquer etapa da pesquisa. Sigilo e privacidade:
Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo e nenhuma informação será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de pesquisadores. Na divulgação dos resultados desse estudo, seu nome não será citado.
Ressarcimento e indenização:
Ressalta-se que os participantes serão voluntários e para sua participação na pesquisa serão ressarcidos eventuais despesas decorrentes da participação no estudo, tais como transporte e alimentação nos dias em que for necessária sua presença fora da rotina do participante. Além do direito à indenização em casos de danos decorrentes da pesquisa. A aplicação da pesquisa estará sujeita a horários e dias combinados anteriormente. Rubrica do Pesquisador: ______________ Rubrica do Participante: __________
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Contato:
Em caso de dúvidas sobre a pesquisa, você poderá entrar em contato com os pesquisadores:
Cláudio Diehl Nogueira, na Universidade Castelo Branco, Avenida Santa Cruz, 1631, Realengo, Rio de Janeiro CEP: 21710-255, tel: 2406-7700 e email: [email protected] e José Irineu Gorla, na Faculdade de Educação Física – UNICAMP, Avenida Érico Veríssimo, 701, Universidade Zeferino Vaz, Barão Geraldo CEP: 13083-851, Campinas, SP, Brasil.
Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação e sobre questões éticas do estudo, você poderá entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNICAMP: Rua Tessália Vieira de Camargo, 126, CEP: 13083-887, Campinas, SP; telefone (19) 3521-8936 ou (19) 3521-7187; email: [email protected] O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP):
O papel do CEP é avaliar e acompanhar os aspectos éticos de todas as pesquisas envolvendo seres humanos. A comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), tem por objetivo desenvolver a regulamentação sobre proteção dos seres humanos envolvidos nas pesquisas. Desempenha um papel coordenador da rede de Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) das instituições, além de assumir a função de órgão consultor na área de ética em pesquisas. Rubrica do Pesquisador: ______________ Rubrica do Participante: __________
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Consentimento Livre e Esclarecido:
Após ter recebido esclarecimentos sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, aceito participar e declaro estar recebendo uma via original deste documento assinada pelo pesquisador e por mim, tendo todas as folhas por nós rubricadas: Nome do participante: Contato telefônico: E-mail (opcional): ___________________________________ Data: ______/______/______ (Assinatura do participante) Rubrica do Pesquisador: ______________ Rubrica do Participante: __________
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Responsabilidade do Pesquisador:
Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma via deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento dado pelo participante. ____________________________________________________________ (Assinatura do Pesquisador) Data: ______/_______/________
Rubrica do Pesquisador: ______________ Rubrica do Participante: __________
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