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1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ Programa de Pós-Graduação em Administração Curso de Mestrado Acadêmico em Administração JOANA CARLOS BEIRA GESTÃO DE QUALIDADE DO ENSINO BÁSICO EM MOÇAMBIQUE: UM ESTUDO EM ESCOLAS PRIMÁRIAS E PÚBLICAS BIGUAÇU 2014

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Programa de Pós-Graduação em Administração

Curso de Mestrado Acadêmico em Administração

JOANA CARLOS BEIRA

GESTÃO DE QUALIDADE DO ENSINO BÁSICO EM MOÇAMBIQUE:

UM ESTUDO EM ESCOLAS PRIMÁRIAS E PÚBLICAS

BIGUAÇU

2014

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JOANA CARLOS BEIRA

GESTÃO DE QUALIDADE DO ENSINO BÁSICO EM MOÇAMBIQUE:

UM ESTUDO EM ESCOLAS PRIMÁRIAS E PÚBLICAS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

Acadêmico em Administração da

Universidade do Vale do Itajaí, como requisito

à obtenção do título de Mestre em

Administração.

Orientador: Prof. Dr. Cláudio Reis Gonçalo

BIGUAÇU

2014

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JOANA CARLOS BEIRA

GESTÃO DE QUALIDADE DO ENSINO BÁSICO EM MOÇAMBIQUE: UM ESTUDO

EM ESCOLAS PRIMÁRIAS E PÚBLICAS

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em Administração e

aprovada pelo curso de Mestrado Acadêmico em Administração, da Universidade do Vale do

Itajaí.

Área de concentração: Organizações e Sociedades

Biguaçu, Maio de 2014

Prof. Dr. Carlos Ricardo Rossetto

Coordenador do Programa

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Claudio Reis Gonçalo

UNIVALI Biguaçu

Prof. Dr. Flávio Ramos

UNIVALI Biguaçu

Prof. Dr. Ricardo Boeing da Silveira

UNIVAL Biguaçu

Prof. Dr. Pedro Antônio de Melo

UFSC Florianópolis

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iv

Aos meus pais, Carlos A. A. Beira e Isaura R.

Beira, Valdemira Vermunt Figueredo, meu

querido noivo Henio Pin Tin Correia, meus

queridos irmãos Lina, Maura, Célia, Mônica,

Ivone, Augusto, meus sobrinhos Ivanilson e

Carlos, minha prima Natalia José e minhas

queridas avós, Joana e Lina.

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v

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus que ilumina e continua iluminando os meus passos durante essa

caminhada distante da família e amigos e pela força, motivação e saúde para prosseguir firme

nos desafios e nas oportunidades que a vida mi concebe.

Ao meu orientador, Professor Doutor. Cláudio Reis Gonçalo pela paciência, atenção,

dedicação, qualidade de suas observações e ensinamento para a elaboração desta dissertação.

A ti professor, o meu muitíssimo obrigado.

Ao Professor Carlos Ricardo Rosseto, coordenador do programa de mestrado, pela

oportunidade de participar no programa de intercâmbio e pelo carinho e afeto que me

endereçaram no período da minha estadia no Brasil.

Aos professores membros da banca, Dr. Flávio Ramos e Dr. Ricardo Boeing da

Silveira, por seus comentários durante a banca de qualificação, contribuindo assim com

sugestões para a elaboração do trabalho. Aos demais professores do programa pelos

ensinamentos e contribuições nas disciplinas cursadas que, de uma ou de outra forma,

agregaram mais conhecimentos para o desenvolvimento deste trabalho.

À Sandra, pelas suas correções e contribuições de ideias para a realização desse

trabalho e que sempre me apoiou com muito carinho e atenção; aos colegas de turma pela

amizade e partilha dos seus conhecimentos durante a realização do curso, em especial a

Nathalia, Rafael, Edimeia, Anderson, Ayrton e Priscilla.

Em especial à minha família, pai, mães a quem eu rogo todas as noites a minha

existência, pela força e coragem de enfrentar a distância e a ausência da família. Ao meu

noivo, pela compreensão, paciência e ausência sem deixar de lado o companheirismo e que de

forma carinhosa sempre me deu apoio dando força e coragem nos momentos de grandes

dificuldades. Aos meus irmãos, que embora distantes sempre estiveram ao meu lado,

iluminando de forma especial os meus pensamentos, levando-me a buscar mais

conhecimentos.

À Universidade Pedagógica de Moçambique, delegação da Beira, pelo incentivo e

oportunidade de continuação dos estudos.

Aos meus amigos e irmãos moçambicanos em especial ao Belchior Cole e ao Hélio

Maungue, que apesar da distância que nos separa do país tentaram passar o espírito solidário,

através do carinho, companheirismo, irmandade e convivência. Sem deixar de fazer menção,

um muito obrigado em especial às senhoras Cristina, Lurdes, Caroline e Bianca, que sempre

me deram o amparo e atenção quando precisei.

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vi

À Direção-Geral e a todos os funcionários das escolas Agostinho Neto, Heróis

Moçambicanos e Macurungo por ter colaborado para a realização desse estudo, pois deixaram

de lado as suas obrigações e voltaram à atenção para que essa pesquisa se concretizasse.

Ao governo brasileiro, por meio do CNPq, que me proporcionou a bolsa de estudos.

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RESUMO

O presente estudo tem como objetivo analisar a gestão de qualidade do ensino básico de

Moçambique como forma de contribuição para a melhoria no processo de ensino em três (3)

instituições de ensino primário, em Moçambique, na cidade da Beira. Para tanto, o estudo tem

como sujeitos de pesquisa os professores e os diretores escolares. Para atingir os objetivos

propostos utilizou-se da abordagem qualitativa com instrumentos de coleta de dados quali-

quantitativo. Primeiramente foi construído e aplicado um roteiro de entrevista com questões

semiestruturadas para seis (6) membros do corpo diretivo das instituições em estudo, com o

objetivo de identificar a percepção dos diretores em relação à existência de fatores

contribuintes para a melhoria de qualidade de educação. Posteriormente, foi aplicado por

meio do instrumento quantitativo um questionário com uma escala Likert de cinco (5) pontos

de concordância para dezoito (18) professores, com objetivo de também identificar a

percepção dos mesmos em relação à existência de atributos de qualidade e dar suporte às

respostas dadas pelos diretores das escolas pesquisadas. Os dados qualitativos foram

analisados mediante a técnica de análise de conteúdo, como também analisados os

documentos oficiais do Governo Moçambicano que abordam a temática de qualidade de

educação no nível básico. Os resultados apresentam um consenso nas respostas dos diretores,

demostrando-se um alinhamento entre as respostas dos mesmos em relação aos fatores

considerados pertinentes para melhorar a qualidade de educação tais como: políticas mais

efetivas de orientação ao aluno, formação continuada e integrada dos professores e

profissionais das escolas, condições materiais de trabalho, gestão democrático-participativa,

igualdade e permanência de alunos e implementação de sistema de avaliação. Em relação à

abordagem quantitativa, através da análise descritiva, as variáveis foram agrupadas nas

categorias de mecanismos de qualidade, competências dos diretores e dos professores e perfil

e formação dos mesmos. Constatou-se que uma melhor gestão é fator chave para um melhor

desempenho da escola e dos alunos, exigindo do diretor esforços para um melhor controle e

uma responsabilização do que acontece dentro e fora da sala de aula, reforçando o papel da

comunidade e do conselho da escola como um polo para o desenvolvimento da criança.

Palavras-chave: Qualidade na Educação, Atributos de Qualidade na Educação, Ensino

Básico.

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viii

ABSTRACT

This study analyzes quality management in basic education in Mozambique, as a contribution

to improving the teaching process in three (3) primary schools in the Mozambican city of

Beira. The study subjects were school directors and teachers. To achieve the proposed

objectives, a qualitative approach was used, with qualitative and quantitative tools for the data

collection. First, an interview guide constructed and implemented, with semi-structured

questions for six (6) members of the directors of institutions under study, seeking to identify

the directors‟ views on the existence of factors that contribute to the improvement of

educational quality. A questionnaire was then applied to eighteen teachers, using a

quantitative instrument with a 5-point Likert scale of agreement, to identify the teachers‟

views on the existence of quality attributes and support the answers given by the school

directors. The qualitative data were analyzed using the technique of content analysis, and

official documents of the Mozambican Government that address the issue of quality in basic

education were analyzed. The results show a consensus in the directors‟ responses,

demonstrating an alignment between their responses in relation to the factors that are relevant

to improving the quality of education, such as more effective policy guidance for the student,

continued and integrated training for teachers and school professionals, physical working

conditions, democratic participative management, equality and permanence of students, and

implementation of evaluation systems. In relation to the quantitative approach, using

descriptive analysis, the variables were grouped into the categories of quality mechanisms,

responsibilities of school directors and teachers, and the profile and training of these

professionals. It was found that better management is a key factor for better performance of

schools and students, requiring of the director efforts for better control and accountability of

what happens inside and outside the classroom, strengthening the role of the community and

the school council, as a center for child development.

Keywords: Education Quality, Quality Attributes in Education, Basic Education.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Dimensões de qualidade na educação .................................................................. 35

Quadro 2: Relação de números de investigados por instituição de ensino ............................. 42

Quadro 5: Protocolo de pesquisa .......................................................................................... 46

Quadro 6: Identificação dos entrevistados ............................................................................ 63

Quadro 7: Distribuição de atributos/padrões de qualidade na educação em dimensões e níveis

............................................................................................................................................ 89

Quadro 3: Classificação das categorias de gestão de qualidade na educação na percepção dos

diretores ............................................................................................................................. 125

Quadro 4: Gestão de qualidade na educação ....................................................................... 126

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Evolução de rede escolar, ensino Público, Comunitário, Privado, 1974, 1984, 1992,

2004 e 2012 ......................................................................................................................... 52

Tabela 2: Evolução do número de alunos no sistema educativo, ensino Público, Comunitário,

Privado, 1974, 1984, 1992, 2004 e 2012. .............................................................................. 53

Tabela 3: Distribuição da população da cidade da Beira por grupos etários .......................... 55

Tabela 4: Estabelecimentos escolares por níveis de ensino na cidade da Beira - 2008 – 2011 56

Tabela 5: Gênero dos entrevistados por instituição ............................................................... 61

Tabela 6: Tempo de trabalho ................................................................................................ 62

Tabela 7: Grau de formação ................................................................................................. 62

Tabela 8: Análise descritiva da pesquisa dos professores nas instituições de ensino

pesquisadas .......................................................................................................................... 77

Tabela 9: Mecanismos de qualidade - Escola Agostinho Neto .............................................. 80

Tabela 10: Mecanismos de qualidade - Escola Heróis Moçambicanos .................................. 83

Tabela 11: Mecanismos de qualidade - Escola de Macurungo .............................................. 85

Tabela 12: Dimensão socioeconômica e cultural dos envolvidos, das instituições Agostinho

Neto, Heróis Moçambicanos e Macurungo ........................................................................... 90

Tabela 13: Garantia de definição de mínimo padrão de programa de melhoria de qualidade . 90

Tabela 14: Condições de oferta de ensino ............................................................................. 92

Tabela 15: Gestão e organização do trabalho da escola nas instituições ................................ 94

Tabela 16: Formação e a profissionalização ......................................................................... 96

Tabela 17: Agrupamento das variáveis de acordo com as dimensões extra e intraescolar ...... 98

Tabela 18: Conjunto de atributos de qualidade ..................................................................... 99

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Framework da pesquisa ......................................................................................... 41

Figura 2: Constituição do Sistema Nacional de Educação ..................................................... 51

Figura 3: Localização geográfica da cidade da Beira ............................................................ 54

Tabela 3: Distribuição da população da cidade da Beira por grupos etários .......................... 55

Figura 4: Escola Primária Completa Agostinho Neto............................................................ 56

Figura 5: Escola Primária Completa Heróis Moçambicanos ................................................. 57

Figura 6: Escola Primária Completa de Macurungo .............................................................. 58

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Levantamento das questões contribuintes de qualidade - Escola Agostinho Neto . 86

Gráfico 2: Levantamento das questões contribuinte de qualidade - Escola Heróis

Moçambicanos ..................................................................................................................... 87

Gráfico 3: Levantamento de questões contribuintes de qualidade - Escola de Macurungo ..... 87

Gráfico 4: Classificação dos fatores de categorias de qualidade na percepção dos diretores:101

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADE - Apoio Direto às Escolas

AEA - Alfabetização e Educação de Adultos

CRESCER - Cursos de Reforço Escolar: Sistemáticos, Contínuos, Experimentais e Reflexivos

DAP - Diretor Adjunto Pedagógico

DE - Diretor da Escola

EAD - Educação Aberta e à Distância

EE - Educação Especial

EGFE - Estatuto Geral dos Funcionários do Estado

EB - Ensino Bilíngue

EP - Estatuto do Professor

EP - Ensino Primário

EP1 - Ensino Primário do 1º Grau

EP2 - Ensino Primário do 2º Grau

EPC - Ensino Primário Completo (da 1ª à 7ª classe)

EPT - Educação para Todos

FMI - Fundo Monetário Internacional

FP - Formação de Professores

FRELIMO - Frente de Libertação de Moçambique

GOM - Governo de Moçambique

IEDA - Instituto de Educação Aberta e à Distância

IDH - Índice do Desenvolvimento Humano

IFP - Instituto de Formação de Professores

INE - Instituto Nacional de Estatística

INSIDA - Inquérito Nacional de Prevalência e Riscos Comportamentais

MEC - Ministério da Educação e Cultura

MEPT - Movimento de Educação Para Todos

MINED - Ministério da Educação

ODMs - Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

ONG - Organização Não Governamental

ONP - Organização Nacional dos Professores

OTEO - Orientações e Tarefas Escolares Obrigatórias

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PARP (A) - Plano de Ação para a Redução da Pobreza (Absoluta)

PCEB - Plano Curricular do Ensino Básico

PEE - Plano Estratégico de Educação

PEEC - Plano Estratégico de Educação e Cultura

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PQG - Plano Quinquenal do Governo

RENAMO - Resistência Nacional Moçambicana

RGEB - Regulamento Geral do Ensino Básico

SNE - Sistema Nacional de Educação

TICs - Tecnologias de Informação e Comunicação

UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization/

Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

UP - Universidade Pedagógica

ZIP - Zona de Influência Pedagógica

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 17

1.1 PROBLEMATIZAÇÃO ................................................................................................. 19

1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................. 20

1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................ 20

1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 20

1.3 JUSTIFICATIVAS DO TEMA ...................................................................................... 21

1.4 RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA ................................................. 23

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................... 25

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 27

2.1 ESTRATÉGIAS E GESTÃO DE QUALIDADE NA EDUCAÇÃO ................................ 27

2.1.1 Características e fases da gestão estratégicas ............................................................ 28

2.2 GESTÃO DE QUALIDADE NA EDUCAÇÃO .............................................................. 30

2.2.1 Atributos relacionados à gestão de qualidade ........................................................... 33

2.3 FORMAÇÃO DE PROFESSORES/GESTORES ESCOLARES E O ENTENDIMENTO

DOS PROCESSOS DE GESTÃO DE QUALIDADE DA EDUCAÇÃO ............................... 35

2.3.1 Padrões de competências dos professores e diretores escolares .............................. 37

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................... 40

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .......................................................................... 40

3.2 FRAMEWORK TEÓRICO DE PESQUISA .................................................................. 40

3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA DA PESQUISA............................................................... 42

3.4 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS .................................................................. 43

4 CONTEXTUALIZAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM

MOÇAMBIQUE: MARCO HISTÓRICO ........................................................................ 47

4.1 EDUCAÇÃO NA ERA COLONIAL: PROCESSO DE ASSIMILAÇÃO, INDÍGENA E

CIDADÃO........................................................................................................................... 48

4.2 EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE PÓS-INDEPENDÊNCIA (1975-1992) ...................... 49

4.3 CARATERIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO ............................................. 54

4.3.1 Escola Primária Completa Agostinho Neto .............................................................. 56

4.3.2 Escola Heróis Moçambicanos.................................................................................... 57

4.3.3 Escola Primária Completa do Macurungo ............................................................... 58

4.4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ...................................................................... 59

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4.4.1 Caracterização da amostra ....................................................................................... 60

4.4.2 Mecanismos ou atributos relacionados à gestão de qualidade da educação no nível

básico na percepção dos diretores ..................................................................................... 63

4.4.2.1 Políticas, serviços de apoio e orientação ao aluno ..................................................... 63

4.4.2.2 Igualdade de condições de acesso e permanência de crianças na escola..................... 65

4.4.2.3 Implementação de sistemas de avaliação no processo de gestão educativa e melhoria

da aprendizagem .................................................................................................................. 66

4.4.2.4 Formação continuada e integrada dos professores e profissionais da escola .............. 68

4.4.2.5 Gestão participativa e direção coletiva nas escolas .................................................... 71

4.4.3 Determinação da existência de mecanismos ou atributos de gestão de qualidade na

percepção dos professores .................................................................................................. 74

4.5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................................................................. 100

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 108

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 112

APÊNDICE A – Instrumento de Pesquisa (Roteiro de entrevista para diretores) ........ 119

APÊNDICE B – Questionário para professores ............................................................. 121

APÊNDICE C – Classificação das categorias de gestão de qualidade na educação na

percepção dos diretores ................................................................................................... 124

APÊNDICE D – Gestão de qualidade na educação ........................................................ 126

ANEXO 1 - Mapa de Moçambique: Divisão política e administrativa de Moçambique

por províncias e regiões (norte, centro e sul) .................................................................. 127

ANEXO 2 - Autorização da Escola Agostinho Neto para Divulgação.............................128

ANEXO 3 - Autorização da Escola Heróis Moçambicanos para Divulgação.................129

ANEXO 4 - Autorização da Escola de Macurungo para Divulgação..............................130

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17

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta os resultados da pesquisa sobre a percepção da gestão

de qualidade da educação no nível básico em Moçambique. Sendo um trabalho de cunho

acadêmico e com pouca aparição no contexto moçambicano, a pesquisa foi delineada tendo

em vista fornecer dados ao nível institucional que permitam avaliar a qualidade da educação,

os fatores que nela interferem, e determinar a percepção dos profissionais em relação à

qualidade de ensino nas escolas moçambicanas.

Moçambique é um país do continente africano, de língua oficial portuguesa, situado

na costa sudoeste de África, entre os paralelos 10°27' e 26°52' de latitude Sul e entre os

meridianos 30°12' e 40°51' de longitude Este. Ao Norte o país faz fronteira com a Tanzânia; a

Oeste com o Malawi, Zâmbia, Zimbabwe, África do Sul e Suazilândia; e a Sul com a África

do Sul. Territorialmente, o país está dividido em 11 províncias, sendo que, no Norte,

localizam-se as Províncias de Niassa, Cabo Delgado e Nampula; no Centro, as Províncias da

Zambézia, Tete, Manica e Sofala e; ao Sul, situam-se as províncias de Inhambane, Gaza,

Maputo Província e Maputo Cidade. Cada província está dividida em distritos, contando o

país com um total de 128 distritos e 43 municípios.

Após dez anos de Luta Armada de Libertação Nacional movimentada pela Frente de

Libertação de Moçambique (FRELIMO1), contra o colonialismo português que ocupava todo

o território nacional de forma efetiva desde a década de 1920, Moçambique torna-se

independente em 1975, herdando de Portugal uma longa história e experiência educativa

(EDUARDO, 2012).

Em 7 de Setembro de 1974, na capital da Zâmbia, foi assinado o acordo de Lusaka,

que consistia na transação do Governo português para o moçambicano, chefiado por antigo

chefe de Estado, Joaquim Alberto Chissano, até 25 de junho de 1975, data em que foi

oficialmente proclamada a Independência Nacional e Completa de Moçambique, na qual se

efetivou e confirmou as diretrizes assinadas no acordo de Lusaka entre o colonialismo

português e o governo moçambicano.

Após a independência, Moçambique viu-se numa situação de condições econômicas

e sociais muito precárias deixadas pelos portugueses, fazendo com que o primeiro Governo

moçambicano traçasse, até o final dos anos 80, estratégias de transformação socialista da

1Atual partido no poder desde a luta de independência de Moçambique até então.

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18

sociedade moçambicana e implantasse programas amplos na área de educação, saúde e

habitação (EDUARDO, 2012).

Todavia, devido aos danos da situação militar, social e a queda da economia, os

esforços da reconstrução nacional e melhoria de nível de vida não surtiram efeito, levando o

governo moçambicano e o líder da oposição RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana)

a assinarem um acordo que colocava o fim da guerra civil e que abrissem espaço para o

estabelecimento da paz, do diálogo e o entendimento entre as parte envolventes. Em Outubro

de 1992, foi assinado em Roma (Itália) o Acordo Geral de Paz, dando início ao processo de

democratização e como consequência a realização das primeiras eleições multipartidárias em

1994, seguida por outras eleições em 1999, 2004, 2009 e a próxima agendada para 2014.

O relatório publicado pela AfriMAP e a Open Society Initiative for Southern Africa

aponta que as políticas educativas, incluindo os sucessos e os desafios, resultam, em parte, de

uma longa história da experiência educativa deixada pela colônia portuguesa e das escolhas

políticas da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) desde a luta de libertação no

período de 1960 e 1970.

Na era colonial o governo português não tinha nenhum interesse em educar o povo

africano, procurava implantar nas suas colônias os sistemas de assimilação que objetivava

“europeizar” o povo dominado, aculturando-o através da escola ou por outro meio de difusão

e propaganda do seu aparelho ideológico (GOLIAS, 1993).

Percebido isso, o governo definiu como principais prioridades do país, após a

independência, a expansão, promoção e nacionalização do acesso aos serviços educativos,

passando o Estado a ser o único fornecedor de serviços no setor da educação e fazer da

educação não apenas um direito, como também um imperativo para o desenvolvimento

nacional com vista a alcançar a meta de, até 2015, oferecer o ensino primário para todas as

crianças em idade escolar.

Para tanto, foram criados alguns programas (Plano Quinquenal do Governo para os

anos 2010 - 2014) que preconizam a expansão do ensino com qualidade para assegurar que,

em 2015, todas as crianças tenham oportunidade de concluir uma educação básica de sete (7)

classes com qualidade e padronizado (PQG, 2010).

Não obstante, o esforço que se empreende para atingir as metas de expandir e

oferecer uma educação de qualidade a todas as crianças em idade escolar não tem sortido

muito efeito. Observa-se que, com o passar do tempo os gastos do setor da educação

aumentam e os recursos alocados ao mesmo não aumentam na mesma proporção (a dedicação

dos professores é baixa; muitas crianças, especialmente, meninas não completam o ensino

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19

primário; as escolas continuam a ter falta de material; os professores e gestores dos serviços

de educação demonstram grandes fraquezas, a proporção entre alunos/professores é alta),

contribuindo deste modo, com a queda da qualidade dos serviços de educação e para que haja

um impacto insignificante nas reformas introduzidas no setor educativo, (EDUARDO, 2012).

Espera-se, com este estudo, contribuir na reflexão sobre alguns aspectos que

contribuam para avaliação da qualidade do ensino básico em Moçambique por meio de

processos de gestão, assim como o papel dos diretores, professores e a comunidade em geral

na contínua busca de melhoria de qualidade educacional.

1.1 PROBLEMATIZAÇÃO

Ainda permanecem vários desafios por ultrapassar dentro do setor da educação, pois

a mesma é considerada como um investimento de longo prazo que mais influencia no

desenvolvimento de uma nação e garante a criação de uma expressão crítica nacional,

reforçando o valor da cidadania consciente para sustentar o crescimento econômico. Deste

modo, para que haja uma melhoria na educação, solicita-se das entidades competentes um

aprimoramento na gestão dos sistemas educativos e nas políticas educacionais centradas na

excelência e qualidade de ensino (BROUWER, BRITO e MENETE, 2010).

Dentre vários, são considerados e apontados no Plano Estratégico de Educação e

Cultura (PEE, 2006 - 2010/11) como fatores chaves de melhoria de qualidade de educação em

Moçambique: a inclusão de canais para acelerar o fornecimento e a manutenção do material

básico (livros, equipamento e mobiliário); programas intensivos de formação inicial e em

serviço, e permanente desenvolvimento profissional dos professores.

Conforme Golias (1993), a educação básica em Moçambique enfrentou alguns

problemas e constrangimentos em várias vertentes: infraestruturas inadequadas, inibidoras,

ineficientes e insuficientes; os currículos orientados para disciplinas cujo conteúdo muitas

vezes não tinha nenhuma relação com a vida dos alunos e comunidade em geral; as

metodologias pouco efetivas; a deficiência qualitativa e quantitativa de professores e a

ineficiência de sistema de inspeção e supervisão pedagógica.

Concordando com alguns pontos citados anteriormente, Eduardo (2012) no seu

estudo sobre a “prestação efetiva de serviços públicos no setor da educação” também

distinguiu alguns fatores que direta ou indiretamente influenciam na baixa qualidade de

educação nos dias de hoje no país, tais como: proporção de alunos/professor e alunos/turma; a

fraca motivação e formação pedagógica do professor; a falta de um manual do professor bem

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organizado e detalhado; o tempo letivo muito reduzido; a falta de equipamento e material

didático; a não existência, na prática, da escola pré-primária; a introdução muito lenta da

língua materna no ensino (o que poderia facilitar o aprendizado de outros tópicos, com a

transição gradual para a língua portuguesa).

Assim, percebe-se que num período de 12 anos pouco ou quase nada se fez para

atender e elevar a problemática de queda de qualidade de educação e um esforço de mudança

que aos poucos busque aumentar a eficácia dos sistemas educacionais. Nesta perspectiva,

certos investimentos em diferentes áreas acima citadas, como também na expansão e

melhorias na infraestrutura das redes de ensino; novas tecnologias educacionais; formação dos

quadros quantitativa e qualitativamente necessários para a gestão e condução do processo

educativo; e ampliação dos mecanismos que estimulem a permanência de crianças na escola,

consagrando o direito à educação a todo o cidadão nacional.

Mediante essa constatação, surge a seguinte questão de pesquisa:

Como a gestão de qualidade do ensino básico de Moçambique pode contribuir para a

melhoria no processo de ensino aprendizagem?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Analisar a gestão de qualidade do ensino básico de Moçambique como forma de

contribuição para a melhoria no processo de ensino-aprendizagem.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Identificar a existência de mecanismos ou atributos de gestão de qualidade da

educação no nível básico de Moçambique;

b) Descrever o nível de formação, o perfil e as competências dos diretores e

professores relacionados ou associados à gestão de qualidade de ensino básico de

Moçambique;

c) Avaliar a percepção dos diretores e professores escolares no processo de busca de

melhoria de qualidade no ensino básico.

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1.3 JUSTIFICATIVAS DO TEMA

Existe a necessidade de se pensar num processo de melhoria de qualidade de

educação e conscientizar os gestores escolares, professores e a comunidade em geral a

fazerem uma avaliação da gestão do ensino básico voltado para a melhoria do processo de

ensino-aprendizagem, como também a necessidade de abordar mais sobre a temática devido à

quase inexistência deste tipo de estudos em Moçambique.

O problema da qualidade na educação é uma preocupação mundial e

progressivamente se tem tornado central no debate educacional a partir da década de 1940,

quando tem início, igualmente em Moçambique um processo significativo de expansão das

oportunidades de escolarização da população desde o período do colonialismo até atualidade.

Por isso é necessário pesquisar a questão da gestão da qualidade de educação em

Moçambique, na medida em que é uma questão importante para trazer ao debate os padrões

de qualidade que são almejados, bem como os existentes no sistema nacional de educação

moçambicano (HOBSBAWM, 1995).

Assim, a melhoria de qualidade na educação deve ser vista como uma ação ao longo

prazo que exige mudança e reestruturação no sistema da organização como um todo. Para

tanto, a conscientização da equipe administradora torna-se uma condição crítica para o

processo de busca de melhoria de qualidade. Assim, parte-se do pressuposto que os

administradores precisam perceber o significado de qualidade, se comprometer com o

processo para, após, apreciar ao fundo seus resultados para o sucesso da escola ao longo

prazo.

Xavier (1996) refere que a escola faz a diferença no desempenho dos alunos e uma

gestão apropriada é fundamental para o alcance dos seus objetivos. A gestão é um elemento

chave da eficácia escolar e vários estudos realizados no Brasil e no exterior vêm

comprovando que as escolas bem dirigidas e organizadas são mais eficazes.

Spanbauer (1995); Xavier (1996); PEEC (2012/16) relatam que o processo de

melhoria da qualidade de educação está associado a uma gestão apropriada da escola, tais

como, boa liderança em cada unidade de trabalho da escola; trabalho em equipe; cooperação e

um bom sistema de informação.

O aumento da competência da escola exige maior habilidade de gestão por parte dos

seus dirigentes, colocando deste modo à formação de gestores escolares como uma

necessidade e um desafio para o sistema de ensino. Porém, sabe-se ainda, que em muitos

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casos as formações básicas dos gestores escolares não se assentam sobre sua área específica

de atuação (TRENTIN e ROSA, 2012).

A preocupação com o provimento de um ensino de qualidade para a educação deve

priorizar várias formas eficazes de realizar a avaliação do processo escolar, procurando deste

modo diagnosticar os instrumentos institucionais que avaliem não apenas o rendimento do

aluno, como também o próprio processo escolar como um todo. Na medida em que, diante de

muitos problemas e dificuldades, a gestão enfrenta o desafio de fazer democracia, instigando a

participação no cotidiano da instituição e que se façam pesquisas e reflexões dos

encaminhamentos das políticas públicas dentro da escola (PARO, 2012).

Portanto, acredita-se que ao se observar a realidade das organizações escolares

através da coleta das percepções dos profissionais que nela atuam, pode-se obter a noção das

dificuldades por eles enfrentadas, o que permitiu que se fizesse posteriormente uma reflexão

sobre os desafios que se colocam à melhoria do processo de ensino-aprendizagem nas escolas

moçambicanas que foram objeto do estudo, tendo-se sugerido possíveis caminhos para a

melhoria da qualidade do ensino.

Para Cabral e Di Giorgi (2012) acredita-se que ainda será preciso muita reflexão

sobre a qualidade de educação. Sendo que, não basta simplesmente estabelecer padrões de

atendimento sem considerar a diversidade de expectativas e demandas da sociedade em

relação aos sistemas de ensino-aprendizagem depende, também, da capacidade de integração

das dimensões político-ideológica e técnico-pedagógica.

Há que se considerar que as pesquisas de avaliação do desempenho educacional não

podem ser consideradas como única forma de medir a qualidade da educação; por isso, segue-

se o entendimento do professor Romualdo de Oliveira, o qual propõe que as três dimensões –

insumos, resultados e processo – devem ser analisadas conjuntamente, pois somente assim

poder-se-á realmente aferir a qualidade da educação. Dessa forma, entender o que determina

um ensino de qualidade é um pré-requisito para a formulação de políticas que assegurarão

uma educação de melhor qualidade (CABRAL e DI GIORGI, 2012). Neste sentido, o nosso

estudo procurará perceber até que ponto as políticas existentes e a ação dos

professores/gestores da educação buscam a melhoria da qualidade de educação.

Para GEWEHR (2010), no seu estudo intitulado avaliação da educação básica:

politicas no contexto de escolas públicas municipais enfatiza que a melhoria de qualidade de

educação só se dará através das politicas públicas voltadas para a qualificação profissional dos

professores. E apela que se façam novos estudos e pesquisas que discutam a necessidade de

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uma cultura de avaliação emancipatória da educação, capaz de integrar as três dimensões da

avaliação: o sistema, a escola e a sala de aula.

Complementando, a qualidade da educação básica também está relacionada à

qualidade de formação do diretor da escola, isto é, não quer dizer que o trabalho da escola

depende somente do diretor, mas que com base na sua formação e na visão ampliada que esta

formação lhe proporciona, o diretor está em condições para oferecer subsídios, critérios e

condições a escola por forma que alcance os resultados esperados, escola de alta qualidade

acadêmica e social (VOGEL, 2013).

No entanto, o montante e a maneira como os governos investem nos professores da

educação básica (pré-primária, primária e ensino médio inferior) depende de diversos fatores:

a) o seu compromisso global em investir na educação, educação básica e – especificamente –

nos professores; b) os recursos que têm disponíveis e a liberdade para os gastar e; c) a

relevância, equidade e eficácia desse gasto. O compromisso, os níveis médios de investimento

indicam que os governos nos países de rendimento baixo e médio, dos quais Moçambique faz

parte, dão tipicamente uma importante prioridade à educação, e particularmente à educação

básica (pré-primária, primária e ensino médio inferior), nos orçamentos nacionais (GLOBAL

CAMPAING FOR EDUCATION, 2012).

Portanto, a necessidade de realização deste estudo justifica-se pelo fato de, com o

mesmo, podermos demostrar que para que ocorra uma melhoria de qualidade de educação, as

instituições governamentais, especificamente as do ministério de educação do nível central,

provincial e distrital devem aumentar os recursos financeiro alocados para o setor e com eles

investir na formação continuada dos gestores educacionais e professores, bem como

orçamental gastos em disponibilização de recursos materiais e melhorias das condições de

infraestruturas educacionais.

1.4 RELEVÂNCIA E CONTRIBUIÇÕES DA PESQUISA

A pesquisa pretende contribuir na área educacional, no que diz respeito ao processo

de melhoria da qualidade de educação, a partir da percepção dos profissionais da educação

que diretamente atuam nela, com vista a identificar a existência de alguns padrões

contribuintes ou não para a qualidade de educação. Pretende-se, no entanto, aprofundar a

discussão sobre o papel desses profissionais e sua importância na contínua busca de melhoria

de qualidade de educação.

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Entretanto, com a pesquisa pretendeu-se, por um lado, fazer um panorama da questão

da gestão de qualidade da educação básica em Moçambique e, por outro lado, iniciar estudos

sobre a gestão de qualidade de educação no país e deste modo procurar deixar algo escrito

sobre a temática para consulta e uso posterior, seja para fins acadêmicos como não.

A reflexão sobre a qualidade no ensino torna-se crítica, pois, a melhoria de qualidade

da educação passa pelo entendimento do que seja e que qualidade pretende-se atingir nas

escolas moçambicanas nos dias de hoje. Para tanto, a discussão e a luta por uma qualidade

esta inserida na luta pela democratização da educação e suscita a definição do que se entende

por educação. Pois, está sendo discutido em muitos espaços, bem como em outros países.

Esse debate revela não só que a educação está passando por uma profunda transformação, mas

que, nesse processo, os seus objetivos tradicionais não estão sendo alcançados (ARLENE,

2010; GADOTTI, 2013).

Considera-se importante que se tenha a percepção de qual educação se pretende ter, na

medida em que não se pode ter uma educação de qualidade se a formação e o preparo de

professores, alunos e comunidade forem ruins. A escolarização se apresenta de modo

sistemático por meio do sistema escola devendo ser entendida como espaço múltiplo, que

compreende diferentes atores, espaços e dinâmicas formativas, efetivada por meio de

processos sistemáticos e assistemáticos (DOURADO e OLIVEIRA, 2009; GADOTTI, 2009).

Diante de várias mudanças enfrentadas pela sociedade atual em busca de adequar-se

aos novos modelos de educação que permitam a elevação do nível de qualidade do ensino-

aprendizagem, muito países tem procurado introduzir reformas com a intenção de implantar

uma gestão de qualidade no setor da educação que atenda a esse objetivo. Moçambique

também não está alheio a estas mudanças, no entanto, há pouca existência de estudos que

retratam o envolvimento da ação de gestores escolares e a comunidade nos aspetos da

qualidade de educação nas escolas.

Freitas (2007a) trás a reflexão de dois fatores que explicam a causa do fracasso

escolar e que contribuem assim para a baixa qualidade da educação. Primeiro, refere-se aos

fatores pedagógicos internos a escola e segundo, refere-se a fatores sociais externos a escola.

Para colmatar essa problemática, o autor, apela pela implementação de medidas relacionadas

a mudanças internas da escola como a políticas de redução a desigualdades sociais,

econômicas e culturais, pois a baixa qualidade da educação básica decorre de fatores

intraescolares como extraescolares.

Portanto, a qualidade na educação exige dos gestores, professores e técnicos

profissionais da educação a adoção de uma postura nova diante do processo de ensino-

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aprendizagem e da educação como um todo, reavaliando suas atitudes, valores,

comportamento e formas de perceber uns aos outros. A escola é chamada a contribuir na

formação do indivíduo com várias competências, ajudando-o a compreender e refletir sobre

sua realidade (ZULIAN e FREITAS, 2001). Com isso, é preciso envidar esforços criativos e

dinâmicos que promovam e reconheçam todos os envolvidos no processo de melhoria da

qualidade.

Torna-se indispensável destacar que a ação dos gestores obtém o dinamismo do

trabalho escolar, assim como o seu direcionamento na comunidade escolar e na sociedade. E

para isso, há necessidade de se levar em consideração alguns aspectos como a motivação e o

envolvimento da comunidade escolar, a formação e o aperfeiçoamento do pessoal, a

competência técnica e o compromisso para formar cidadãos conscientes e participativos.

Não obstante, as ações e metas esboçadas pela escola devem ter como objeto a

garantia e a melhoria da qualidade do ensino, com vista a trazer a preocupação de se conhecer

as concepções e percepções de gestão de qualidade no enquadramento da competência dos

diretores, professores e funcionários da escola. Ademais, aspectos como a capacidade de

organizar, orientar e liderar as ações e processos levados a cabo na escola com vista à

promoção de aprendizagem e formação dos alunos deverão ser potencializados.

Eduardo (2012) constatou que as iniciativas institucional, regulatório e estratégico

têm contribuído para o aumento significativo nas taxas brutas de escolarização, nas melhorias

de paridade de gênero nos níveis primários e progressos na redução das diferenças de gênero

na escolarização na educação primária.

Contudo, apesar destes sucessos, existem ainda grandes desigualdades no país, as

disparidades de gênero continuam em vários indicadores, programas de reabilitação de

infraestruturas escolares têm observado grandes atrasos, a proporção de alunos/professor e

desigualdades regionais em termos da prestação de serviços de educação.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Como forma de atingir os objetivos propostos, este trabalho está estruturado em cinco

capítulos. O primeiro capítulo apresenta a introdução, o problema da pesquisa, objetivos,

justificativa, relevância e contribuição do estudo. Aborda os aspectos principais sobre o tema

estudado.

No segundo capítulo apresenta-se a fundamentação teórica, que versa sobre conceitos de

estratégias, características de gestão estratégica na educação, gestão de qualidade na

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educação, atributos de qualidade de educação, padrões de competências e formação

profissional.

O terceiro capítulo apresenta a metodologia do trabalho, centrando-se nos aspectos sobre a

caracterização da pesquisa, framework teórico de pesquisa, população e amostra, coleta e

tratamento de dados.

O quarto capítulo reservou-se a uma breve contextualização do sistema nacional de

educação em Moçambique, desde o período tradicional, colonial até a educação pós-

independência, a caracterização das instituições de ensino pesquisadas, a apresentação dos

resultados da pesquisa, a caracterização da amostra e a análise dos dados, versando sobre

aspectos históricos das instituições pesquisadas, sua caracterização, papel e atuação na

sociedade, relacionadas às categorias investigadas no estudo.

Por último, no quinto capítulo, são apresentadas as considerações e recomendações finais,

seguidas das referências pesquisadas para a realização do estudo, as questões de pesquisa e os

quadros de categorias em anexos e apêndices.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo será apresentado o quadro teórico no qual se expõe os conceitos dos

quais a investigação se servirá como lente para estudar o objeto de pesquisa.

2.1 ESTRATÉGIAS E GESTÃO DE QUALIDADE NA EDUCAÇÃO

O conhecimento e o entendimento de estratégia se ligam a todo processo de tomada

de decisões que atinge uma organização por um longo período de tempo. A noção de

estratégia evoluiu, no final da Segunda Guerra Mundial, com pouca aparição na literatura

gerencial contrapondo-se ao discurso da gestão científica que indicava um método de gestão

praticamente ótimo (ESTEVÃO, 1998; PEREIRA, 2003).

Com o passar do tempo, nos anos de 1970, o pensamento estratégico direcionou-se

para a análise de sistemas de concorrência, abordando menos a questão do mercado e focando

mais na organização, como um intérprete capaz de desenvolver uma estratégia. Nos anos 80,

surge uma segunda geração de padrões de análise tática que cruza o alvo das organizações

com as suas vantagens estratégicas, direcionando o seu posicionamento no desempenho de

atividades diferentes das organizações rivais ou desempenho de atividades semelhantes de um

modo diferente (PORTER, 1993; ESTEVÃO, 1998; PEREIRA, 2003).

Denomina-se estratégia a todo conjunto de decisões e ações com o objetivo de

garantir a consistência interna e externa da organização, movimentando todos os seus

recursos. Como também, todo conjunto de ações interligadas e traçadas com o fim de criar

valor e satisfação dos clientes da organização (ESTEVÃO, 1998; KAPLAN, NORTON,

2004; MINTZBERG, 2006; OLIVEIRA, 2007).

Na definição de Porter (1999) e Hexsel e Henkin (2003), estratégia é criar uma

postura exclusiva e valiosa, envolvendo um conjunto de atividades diferente e/ou o

cumprimento de várias tarefas idênticas de um modo diferente, com o diferencial na

organização de uma oferta diferente. Para Mintzberg e Quinn (1991) estratégia é um modelo

que integra os objetivos, as políticas e as ações sequenciais de uma organização ligada como

um todo. Entretanto, segundo Camargos e Dias (2003), estratégia é definida como a disciplina

da administração voltada à adaptação da organização no seu ambiente.

Porém, para que seja possível a sua gestão, Costa (2007) preconiza o

desenvolvimento e a implementação de capacidades de fazer com que a empresa realize, no

seu dia-a-dia, ações específicas de estratégias por ela escolhida.

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De igual modo, a gestão estratégica é percebida como um procedimento global e

contínuo de decisão que tem em vista a eficiência e determinação da performance da

organização, agregando nela o planejamento estratégico e o sistema de gestão. Estevão (1998)

afirma que se deve considerar as oportunidades e ameaças confrontadas no meio ambiente

organizacional, as forças e fraquezas da própria organização e a responsabilização dos

gestores de linha pelo desenvolvimento e implantação estratégica.

2.1.1 Características e fases da gestão estratégica

Caracteriza-se o conceito de gestão estratégica como um modelo de gestão que liga

os princípios de pensamento e ferramentas do planejamento, desenvolvimento e controle

estratégico e sua aplicação nos variados subsistemas que formam o sistema administrativo de

uma organização. Assim, várias são as características de gestão estratégica que a distinguem

de processos de planejamento estratégico:

a) Processo integral: junção de todos os recursos da organização para a obtenção de

vantagens competitivas;

b) Contínua e interativa: várias etapas que são repetidas de modo circular, exigindo

um reajustamento contínuo;

c) Favorece um enquadramento que orienta a condução de outras fases da gestão

(fase da orçamentação, avaliação de recursos, elaboração de programas, etc);

d) Valoriza a flexibilidade e a criatividade, mantendo uma articulação interna mais

fraca de todos os componentes e processos organizacionais;

e) Difícil de realizar por exigir que a organização, em vez de aguardar o desenrolar

dos acontecimentos ou das crises, corra o risco de escolher alternativas;

f) Ambiciona construir o futuro da organização, trabalhando numa perspectiva de

longo prazo (ESTEVÃO, 1988; COSTA e PINHEIRO, 2002; PERREIRA, 2003).

De acordo com Costa e Pinheiro (2002), podem-se destacar três fases do processo de

gestão estratégica nas organizações:

a) Planejamento estratégico subdivide-se em quatro subfases: 1ª Fase: Diagnóstico

estratégico: são feitas as análises internas (forças e fraquezas da empresa) e

externas (oportunidades e ameaças ambientais); 2ª Fase: Definição da missão da

organização – determinação do objetivo fundamental da organização e do que a

organização pretende ser no seu ambiente de negócios; 3ª Fase: Determinação dos

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instrumentos prescritivos e quantitativos (objetivos, metas, estratégias, políticas e

projetos); e 4ª Fase: Definição do controle de avaliação (critérios e parâmetros).

b) Desenvolvimento estratégico - que se refere à implantação do diagnóstico, missão,

instrumentos prescritivos e quantitativos e o controle da avaliação dentro da

organização convertendo o planejamento estratégico em resultado e ações

concretas viabilizadas através do plano tático e operacional da estrutura

organizacional;

c) Controle estratégico - periodicamente é avaliado o grau de consecução de padrões

determinados e os desvios obtidos, como forma de corrigir distorções e

aperfeiçoar os resultados alcançados, o que possibilita a geração de informações

úteis às duas fases anteriores e posteriormente permitir o aprimoramento das

ações prescritas e praticadas, viabilizando o melhoramento contínuo através de

mudanças de processos e a adaptação a diferentes situações que surgirão ao longo

do tempo.

Com o objetivo de dar uma direção estratégica, a estabelecer valores a partir de

alguns questionamentos por parte da organização (onde queremos chegar, que iniciativas são

necessárias para lá chegarmos e onde devemos concentrar esforços), Estevão (1998) e Pereira

(2003) apontam a gestão estratégica como orientadora de recursos materiais e humanos que

estabelece padrões de excelência, definindo valores comuns, lida com incertezas e fornece

uma base objetiva ao controlo e avaliação. Para ajudar a refletir sobre as práticas de gestão

que ocorrem nas escolas, os autores apresentam oito fases do modelo de gestão estratégia:

Ambição estratégica; Fins estratégicos; Objetivos estratégicos; Diagnóstico; Opções

estratégicas; Decisão estratégica; Implantação organizacional e comportamental e Controlo

estratégico.

Todavia, o aprimoramento da estratégia traz a noção do conceito de “qualidade”

como um elemento chave que se torna obrigatório e indispensável em qualquer sistema de

planejamento e gestão estratégico, pois, com os mercados mais competitivos, os gestores

reconhecerão o valor da fidelidade do cliente oferecendo os produtos e serviços de elevada

qualidade (COSTA, 2007).

No entanto, a questão de estratégia no contexto da nossa pesquisa para a melhoria da

qualidade de educação não é uma questão que se veja de maneira isolada, mas sim como algo

interligado a gestão de qualidade. Isto é, uma boa estratégia exige uma boa gestão como

veremos no tópico seguinte.

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2.2 GESTÃO DE QUALIDADE NA EDUCAÇÃO

Desde muito tempo, a transmissão do saber garantiu a evolução da humanidade do

mesmo jeito que os conhecimentos da caça e luta foram necessários para a sobrevivência e

manutenção da espécie humana na terra. Atualmente, a educação é percebida como um

elemento indispensável e constituinte das relações sociais amplas que contribuem

contraditoriamente para a transformação e a manutenção dessas reações, destacando a escola

como um espaço institucional de produção e de disseminação do saber sistemático e

historicamente produzido pela humanidade (DEMO, 1996; DIAS, 2001; DOURADOS e

OLIVEIRA, 2009).

Entende-se que as escolas são organizações, e por serem consideradas organizações,

surge uma tendência de análise sobre a eficiência da educação. Portanto, presencia-se nos dias

de hoje, constantes debates sobre a necessidade de implantar um sistema de qualidade na

educação que envolva os vários setores da sociedade, embora que em alguns casos ocorra

como mera retórica na agenda de governos, dos movimentos sociais, pais, estudantes e

pesquisadores do campo da educação (DOURADO e OLIVEIRA, 2009).

Para alguns autores, o conceito de qualidade tem vários significados de acordo com

diferentes capacidades valorativas e tem sido muito utilizado no processo produtivo, por isso,

não se tem uma ideia clara do que seja qualidade entre os educadores caindo em falsos

consensos e criando grande confusão para os gerentes, pois seu conceito é de fácil

visualização e difícil de definir, levando a alegações vazias. Para tanto, atualmente, a

compreensão e as atividades relacionadas à mesma são fatores primários para o sucesso

estratégico (GARVIN, 1992; XAVIER, 1996; LONGO, 1996; SLLIS, 2002; STEPHENS,

2003; OLIVEIRA e ARAUJO, 2005; LIBÂNEO, 2013).

Pelo fato de não se chegar a uma noção do que seja qualidade de ensino, Oliveira e

Araújo (2005) destacam que há no Brasil três formas de percepção quanto à qualidade

educacional: Primeira, a qualidade determinada pela oferta insuficiente; Segunda, a

qualidade percebida pelas disfunções no fluxo ao longo do ensino fundamental; e Terceira,

por meio da generalização de sistemas de avaliação baseados em testes padronizados. No

entanto, mesmo os autores estando fazer referência à realidade brasileira estes elementos

direta ou indiretamente se fazem sentir no processo de ensino e aprendizagem em

Moçambique bem como para definição da qualidade de educação (PEEC, 2012/16).

A expressão qualidade provém do latim “qualitas”, com procedências mais

profundas no “poiótês” do grego, o que significa um título que define uma classificação ou

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categoria. De acordo com Cury (2010), o conceito de qualidade vem sendo interpretado como

sendo algo que tem sido considerado como uma agregação que confere valor superior a um

bem, a um serviço ou a um sujeito.

No contexto educacional, a implantação de uma escola de qualidade pressupõe a

apreensão de um conjunto de determinantes que interferem nesses processos no âmbito das

relações sociais mais amplas que envolvem questões macroestruturais (concentração de renda,

desigualdade social, ou educação como um direito); questões de análises de sistemas e

unidades escolares, e processos de organização e gestão do trabalho escolar (condições de

trabalho, processos de gestão da escola, dinâmica curricular, formação e profissionalização

docente) (DOURADO e OLIVEIRA, 2009).

Para Gadotti (2009, 2013), sob a ótica das Nações Unidas, a qualidade é percebida

como, a categoria central do novo paradigma da educação sustentável e ela deve ser

acompanhada da quantidade. Na educação, ela está intimamente ligada ao bem estar de toda a

comunidade e o contínuo investimento na formação dos professores, pois, não pode haver a

qualidade na educação, sem a participação da sociedade na escola. Para o autor, tanto a escola

como universidades precisam fundamentalmente de três condições básicas: professores bem

formados que são elementos chave e referência estratégica da qualidade, condições de

trabalho e um projeto.

Estrategicamente, a avaliação de performance é vista como condição básica para o

aperfeiçoamento da qualidade e metodologia de gestão da qualidade, pondera Gonçalo (1995).

Para o autor, não existe a implantação de um programa de qualidade, mas sim, a implantação

de um programa de melhoria de qualidade, que só traz resultados a partir do momento em que

as pessoas exercitem este conceito, e comecem a mudar as suas atitudes na direção do

aperfeiçoamento.

Os métodos gerenciais para organizações privadas podem ser aproveitados para

mudar a gestão escolar, afirma Dias (2001). Contudo, a implementação dos programas de

melhoria de qualidade exigem a participação da gestão de todos os funcionários, quer na

empresa como na escola, observando os seguintes quesitos:

a) Grande envolvimento dos professores e funcionários na gestão e na tomada de

decisão e delegação de responsabilidades a todos;

b) Liberdade de ação para cada setor, treinando os professores, funcionários e

gerentes com capacidade de liderança;

c) Técnicas preparatórias;

d) Comprometimento de todos com a qualidade;

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e) Análise contínua do funcionamento e de novos métodos.

Na visão da autora, as ações de qualidade na escola acontecerão aos poucos, a partir

do momento em que pessoas (professores e funcionários) envolvidas com o processo de

ensino-aprendizagem assumam responsabilidades de autonomia nos projetos desenvolvidos

pela escola e sentirem a necessidade de mudar (DIAS, 2001).

Por outro lado, a reflexão sobre a transformação da instituição em escola de

qualidade, para além do envolvimento de todos os intervenientes da organização, também

deve considerar três importantes aspetos operacionais: a motivação para participação; ensinar

ou treinar as pessoas como participar; e ter em mente que a participação requer custos

(DONEL et al., 2001). A autora traz a reflexão da necessidade de participação na gestão e

solução de problemas, no raciocínio estatístico, na medição e aceitação por parte dos

envolvidos precisando:

a) Maior envolvimento dos professores e funcionários na gestão e na tomada de

decisões;

b) Mais autoridade e responsabilidade delegada a funcionários dos diversos níveis de

especialização;

c) Maior autonomia da escola como entidade individual e mais liberdade de ação

para cada departamento;

d) Maior desenvolvimento profissional e treinamento de professores e funcionários;

e) Decisões da escola baseada nas exigências do cliente e coleta de dados, usando-se

métodos científicos e análise estatística;

f) Técnica de liderança aperfeiçoada para aqueles em posições gerenciais;

g) Técnicas de participação inovadoras em lugar de métodos de gestão autocráticos

ou condescendentes;

h) Comprometimento permanente com a qualidade, tendo em vista a excelência em

todos os processos da escola;

i) Práticas educacionais e decisões baseadas nas necessidades do cliente como

mostradas nos elementos da qualidade e nas regras de conformidade;

j) Análise contínua do funcionamento de novos métodos.

A qualidade na educação pressupõe o envolvimento e a participação de todos os

intervenientes da comunidade escolar, desde as instâncias superiores até a comunidade em

geral. Os responsáveis pela gestão escolar devem dar oportunidade para o envolvimento da

comunidade (interna ou externa) da escola impulsionando e agindo de uma de forma mútua e

conectada. A democratização do poder, o aperfeiçoamento dos recursos humanos leva, não

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somente a valorização e motivação dos intervenientes da educação, como também a uma

participação ativa e a melhoria de desempenho das atividades com vista ao alcance de um

objetivo comum, a melhoria de qualidade na educação, (DIAS, 2001; DONEL et al., 2001;

DOURADO e OLIVEIRA, 2009).

2.2.1 Atributos relacionados à gestão de qualidade na educação

A definição de dimensões que representam a qualidade na educação é crucial por

serem considerados como um fator de referência analítica e política em relação à melhoria do

processo educativo, à consolidação de mecanismos de controle social da produção, à

implantação e monitoramento de políticas educacionais e de seus resultados, com o propósito

de produzir uma escola de qualidade socialmente referenciada.

Entretanto, percebe-se que várias são as dificuldades e diferenças na definição de um

único padrão de qualidade, envolvendo deste modo aspectos de variedade e de quantidade

mínima de aluno/ano, custo/aluno, relação aluno/professor, entre outros (DOURADO,

OLIVEIRA e SANTOS, 2007; DOURADO e OLIVEIRA, 2009).

Existem para Xavier (1996) e Longo (1996) seis grandes dimensões de qualidade a

serem consideradas: a qualidade política e a qualidade formal da educação, custos,

atendimento, moral, segurança e ética. O que confere a característica de totalidade à qualidade

da educação é o atendimento e o cumprimento das mesmas em simultâneo.

As dimensões de fatores de qualidade da educação relacionam-se à validade para não

reduzir os objetivos educacionais e os resultados escolares a médias ou similares, a

credibilidade desses elementos no universo escolar, a incorruptibilidade como fator que reduz

a distorção e a comparabilidade que aborda os aspectos para a avaliação das condições da

escola ao longo do tempo (DOURADO e OLIVEIRA, 2009).

Para além das mencionadas, existem duas grandes dimensões para a análise da

qualidade da educação: a dimensão extra e intraescolar. Nessas vertentes, a qualidade da

educação se expressa na articulação de ambas às dimensões para a concretização de uma

política educacional voltada para a segurança de uma escola de qualidade para todos, em

todos os ciclos e níveis e também orientam o processo de ensino-aprendizagem (DOURADO,

OLIVEIRA e SANTOS, 2007).

De igual maneira, são também apontadas por Donel et al., (2001) algumas

características de uma escola num cenário de qualidade total de ensino: a obtenção do

envolvimento dos clientes por parte da escola na tarefa educativa com o fim de garantir o

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sucesso do seu empreendimento; a definição de cada papel dos profissionais de educação,

mediante suas especialidades e em função de seus objetivos a alcançar; a participação de

todos na mudança e busca permanente de qualidade; e a escola que se tornará uma verdadeira

agência educacional a partir do momento em que tenha docentes preparados, detentores de

conhecimento e habilidades técnicas.

A articulação das dimensões para a concretização de uma política educacional

voltada para a segurança de uma escola de qualidade para todos, em todos os ciclos e níveis e,

que orientem também o processo ensino-aprendizagem e sejam desenvolvidas em comum

acordo com as ações direcionadas à superação da desigualdade socioeconômica e cultural,

presente em cada região, pressupõe a qualidade dos processos educativos, consequentemente,

a aprendizagem dos alunos.

Portanto, destaca-se também o aperfeiçoamento dos recursos humanos através da

educação como uma prioridade que traz a excelência na educação a partir do momento em

que se firmar um acordo para qualidade e cada parceiro (professores, alunos, dirigentes,

técnicos, servidores, pais e sociedade) tenha um papel definido a desempenhar (sabem, como,

quando, onde, quem e porque ensinam) (DONEL et al., 2001; DOURADO, OLIVEIRA e

SANTOS, 2007).

Autores Dimensões de qualidade

Xavier (1996);

Longo (1996)

Qualidade política e

formal da educação

Aspectos político-pedagógicos da educação, focando o

interior do serviço educacional prestado, a sua razão de ser,

aos seus conteúdos e relevância, ao que se denomina

qualidade ampla ou intrínseca da educação. E no âmbito da

escola, refere-se ao domínio por parte dos alunos de

conteúdos considerados relevantes. O domínio e a

assimilação da matéria por partes dos alunos contribuem

para a qualidade e processo de ensino e aprendizagem.

Custos

Conexão do conceito de qualidade a conhecimento de custos

e de preços, para não se cair no erro de identificar qualidade

com o que é caro, luxuoso, ou ao que é perfeito e não ao que

é adequado ao uso do cliente. Não se pode obter a educação de qualidade a qualquer custo e preço, mas sim a educação

ajustada às necessidades dos usuários ao menor custo de

obtenção para seus provedores e ao menor preço para seus

clientes.

Atendimento

Ter em consideração os aspectos de quantidade certa de

educação no prazo e local certo. Porém, não faz sentido

idealizar que alguém que tenha direito não tenha acesso à

educação, como também não faz sentido pensar que essa

educação não seja provida no prazo previsto e em locais aos

quais os alunos possam ter acesso.

Moral

Gerenciamento dos aspectos como a motivação intrínseca

(orgulho do trabalho bem feito) e extrínseca (condições

apropriadas de matérias de trabalho) dos profissionais da

educação, isto é, não se pode ter uma educação de qualidade sem ter em conta o moral dos profissionais da organização,

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visto que, quando se tem dentro da organização funcionários

desmotivado, mal treinados, inconscientes das

responsabilidades de seus papéis, eles não produzem

adequadamente.

Segurança

Segurança física dos agentes no ambiente escolar e ao

impacto do serviço educacional ou da sua provisão no meio

ambiente.

Ética Observação do verdadeiro código de conduta responsável

pela transparência e lisura das ações.

Dourado e Oliveira

(2009)

Validade Não redução dos objetivos educacionais e dos resultados

escolares a médias ou similares.

Credibilidade Foco em elementos credíveis no universo escolar.

Incorruptibilidade Fatores que tenham menos distorção.

Comparabilidade Aspectos para a avaliação das condições da escola ao longo

do tempo.

Dourado, Oliveira e

Santos (2007)

Dimensão extraescolar

Nível de espaço social - refere-se à dimensão

socioeconômica e cultural dos envolvidos.

Nível das obrigações do estado – refere-se à dimensão dos direitos, das obrigações e das garantias de mínimos padrões

de qualidade da educação obrigatória, como um direito do

indivíduo e dever do Estado.

Dimensão intraescolar

Nível de sistema – reflete as condições de oferta do ensino,

destacando a questão de o custo-aluno-ano que deve

considerar as especificações de cada etapa, nível ou ciclo da

educação escolar.

Nível de escola- diz respeito à gestão e organização do

trabalho escolar.

Nível do professor - dá-se ênfase na formação,

profissionalização e ação pedagógica.

Nível de aluno - que diz respeito ao acesso, permanência e

desempenho escolar, visto que a satisfação e a intensa

atração do aluno no processo de aprendizagem é o fator

essencial para a permanência e no desempenho escolar.

Quadro 1: Dimensões de qualidade na educação Fonte: Adaptado de Dourado e Oliveira (2009); Xavier (1996); Longo (1996) e Dourado, Oliveira e Santos,

(2007).

Viu-se que para a qualidade de educação, dentre outros aspectos há os relacionados ao

investimento nos recursos humanos, como veremos no tópico que se segue.

2.3 FORMAÇÃO DE PROFESSORES/GESTORES ESCOLARES E O ENTENDIMENTO

DOS PROCESSOS DE GESTÃO DE QUALIDADE DA EDUCAÇÃO

Nos dias de hoje, torna-se cada vez mais necessário à discussão sobre a formação

docente e como vem se configurando esse campo de estudo. Verifica-se, em alguns casos, que

os professores e ou gestores escolares saem da sala de aulas para assumirem funções que lhes

são atribuídos ou escolhidos sem ter a noção do que seja um gestor de uma escola que busca a

qualidade e uma gestão democrática. A literatura indica que a formação docente deve ser

pensada como um aprendizado profissional ao longo da vida, envolvendo profissionalmente

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os docentes, pois, ao se conhecer melhor e compreender o seu trabalho possibilita a

descoberta de caminhos eficazes para alcançar o ensino de qualidade e reverter numa

aprendizagem significativa para os alunos (LÜCK, 2009; FONTANIVE e KLEIN, 2010;

ANDRÉ, 2010).

A figura do professor é visto como um elo entre a escola e a sociedade, se destacando

assim, a importância do papel do professor como propulsores para responder a procura de

novas concepções de educação. Uma vez citada que a falta de preparo dos professores é

apontada em vários documentos como uma das causas que mais contribui para o insucesso

escolar dos alunos (MICHELS, 2006). Não existirá ensino de qualidade, nem reforma

educativa e nem inovação pedagógica, sem antes se melhorar a formação de professores

(NÓVOA, 1995).

A Política Nacional de Educação – Resolução nº 8/95, de 22 de Agosto – estabelece

alguns princípios básicos em que se deve basear a formação quer inicial e ou em serviço dos

professores. No que se refere à formação inicial e aperfeiçoamento continuo se reconhecem

como atividades estratégicas que visam melhorar a qualidade de ensino as seguintes:

A introdução de modelo definitivo da formação inicial do professor primário (10ª + 2)

e implementação de um sistema de acompanhamento eficaz após a formação;

Decisão sobre mudanças a introduzir na formação de professores;

Início de formação de professores para o ensino especial;

Elaboração de critérios de seleção e de programas de formação para diretores das

escolas primárias, e

Definição do sistema de formação de professores clarificando a articulação entre o

programa de formação inicial e em exercício.

Todavia, todo e qualquer processo de melhoria da qualidade da educação pressupõe,

antes, melhorar o recrutamento, a formação, o estatuto social e as condições de trabalhos dos

professores, porque estes só poderão responder ao que lhes espera se possuírem os

conhecimentos e as competências, qualidades pessoais, as possibilidades profissionais e a

motivação requerida (DELORS et al., 2000).

Destaca-se a necessidade de trazer para dentro das instituições de ensino o conceito de

educação ao longo da vida que vise criar uma mudança de atitude dos profissionais da

educação. Portanto, reconhece-se também que a qualidade da educação esta intimamente

ligada à qualidade de formação dos professores e do seu desenvolvimento profissional ao

longo da carreira (OLIVEIRA, 2010). De acordo com Gadotti et al., (2000), a formação

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continuada dos professores deve fazer parte integrante do sistema de ensino e não pode

reduzir-se a cursinhos periódicos de reciclagem ou participação em eventos promovidos pelas

secretarias. Numa mesma perspectiva, a formação dos professores deve ser entendida como

um continuum. Que começa com a formação inicial e se estende ao longo da vida

profissional, como base essencial para a promoção de mudança educativa com vista à eficácia

e qualidade de ensino-aprendizagem (GARCIA, 1995).

Para além da formação continuada dos professores, acredita-se também que a melhoria

da qualidade da educação compreende e envolve a competência profissional dos diretores

escolares e sua capacidade de organizar, orientar e liderar as ações e processos promovidos na

escola. Processos esses voltados para a promoção da aprendizagem, formação dos alunos e

desenvolvimento de competências profissionais dos gestores que lhes permitam assumir de

forma efetiva o acervo de responsabilidades inerentes às suas funções (LUCK, 2009).

Entretanto, tanto os professores como os gestores escolares devem receber uma

formação, apoio institucional e um acompanhamento adequado para construir novas

competências que serão pertinentes nos ciclos de aprendizagem. Por outro lado, todo e

qualquer professor dedicado, que ama sua profissão, que respeita seus alunos e é assíduo nas

atividades, terá pouco êxito no trabalho profissional se não tiver as qualidades e competências

tidas como ideais a um profissional ou os requisitos da profissionalização. Pois, a qualidade

dos resultados de aprendizagem é inseparável da sua qualificação e competência profissional,

sendo que a construção e o fortalecimento da identidade profissional devem fazer parte do

currículo e das práticas de formação inicial e continuada (LIBÂNEO, 2013).

Nesse contexto, a formação profissional deve ser contínua, seus saberes e aptidões,

sua capacidade de discernir e agir, contemplando a reflexão sobre os valores de educação,

vivência interdisciplinar, trabalho em equipe, pesquisa e construção de competências

(ZULIAN e FREITAS, 2001).

2.3.1 Padrões de competências dos professores e diretores escolares

Reconhece-se que a qualidade da educação se constitui sobre as competências dos

seus profissionais oferecendo para seus alunos e a sociedade em geral experiências

educacionais formativas e capazes de promover o desenvolvimento de conhecimentos,

habilidades e atitudes. Fatores esses necessários para enfrentar os desafios vivenciados em um

mundo globalizado, tecnológico, orientado por um acervo cada vez maior e complexo de

informações e por uma procura de qualidade em todas as áreas de atuação (LÜCK, 2009).

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Como acontece com todos os conceitos em educação, o conceito de competência está

sujeito a muitas formas de definição e interpretação, quer na perspectiva sincrónica ou na sua

evolução histórica dos sentidos adquiridos. Nos anos 90, o conceito surge com muita força no

campo da educação, relacionado à aprendizagem dos alunos e a formação dos professores e

profissional em geral (ESTEVES, 2009).

A competência é definida como um conjunto de conhecimentos, habilidades e

atitudes que justificam um alto desempenho fundamentado na inteligência e personalidade das

pessoas, como também designada pela capacidade de mobilizar vários recursos cognit ivos

para enfrentar um tipo de situação. Para os profissionais, ela deve ser percebida no saber agir

responsável e reconhecido que mobiliza, integra, transfere conhecimentos, recursos e

habilidades que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo

(BOYATZIS, 1982; PERRENOUD, 2000; FLEURY e FLEURY, 2001).

Essa capacidade contínua de desenvolver a competência profissional constitui uma

condição fundamental da qualidade de ensino (LÜCK, 2009). De acordo com a autora, escola

alguma pode ser melhor do que os profissionais que atuam sobre ela e nenhum ensino podem

ser de qualidade para todos se não basear-se de padrões de qualidade e competências

profissionais básicas que suportam essa qualidade. Assim sendo, quando a organização em

questão é uma escola, e por sua vez, essa escola pertence ao sistema público, as competências

gerenciais ganham um contorno especifico, fazendo com que as competências dos diretores

adquiram um sentido próprio no cotidiano (GALVÃO et al., 2009).

Os padrões de qualidade estabelecem parâmetros necessários para orientar e

promover o desenvolvimento de uma organização e seus resultados. Todo e qualquer

profissional exerce um conjunto de funções associadas entre si. Para que tais sejam

desenvolvidas, devem, os funcionários, dispor-se de conhecimentos, habilidades e atitudes

específicas que devem ser articuladas entre si, por forma a levar adiante o processo de ensino

e aprendizagem nas escolas (LÜCK, 2009; LIBÂNEO, 2013).

A autora reforça, ainda, dizendo que a definição dos padrões de desempenho focados

nas competências é o elemento chave para que os sistemas de ensino possam selecionar os

profissionais com as melhores condições para sua atuação. A autora aponta para dois tipos de

padrões de competência dos gestores escolares: a função/profissional em si e a da pessoa a

exercê-la de modo a adotar uma orientação voltada para o desempenho das competências

desse trabalho (LÜCK, 2009).

Complementando, são de igual modo caracterizados nos estudos de Galvão et al.,

(2009) três padrões de competências dos diretores, respectivamente: técnicas, sociais e

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comportamentais. Sendo as competências técnicas relacionadas com a capacidade de aplicar,

transferir, generalizar o conhecimento, reconhecendo e definindo problemas. As competências

comportamentais, por sua vez, caracterizam a personalidade do individuo (demonstrando o

espírito empreendedor, capacidade de inovação, iniciativa e liderança). Por último, relaciona a

competência social com a atitude que cria um elo entre o particular com o coletivo,

promovendo articulações que agreguem valor ao ambiente e ampliem as possibilidades de

aprendizagem do individuo como da organização.

Não obstante, segundo Perrenoud (2000, 2004) são também reconhecidas dez

domínios de competências como prioritárias na formação contínua dos professores de ensino

fundamental:

a) Organizar e dirigir situações de aprendizagem;

b) Administrar a progressão das aprendizagens;

c) Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação;

d) Envolver os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho;

e) Trabalhar em equipe;

f) Participar da administração da escola;

g) Informar e envolver os pais;

h) Utilizar novas tecnologias;

i) Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;

j) Administrar sua própria formação contínua.

Para além das acima mencionadas, Lück (2009, p.13), traz a reflexão sobre a adoção

de uma orientação voltada para o desempenho de competências do trabalho, pelo diretor

escolar, professor ou pretendente ao exercício da mesma função, em três passos, conforme é

possível observar a seguir:

1. Ter uma visão abrangente do seu trabalho e do conjunto das competências

necessárias para o seu desempenho;

2. Estabelecer um programa para o desenvolvimento das competências necessárias

para fazer frente aos seus desafios em cada uma das dimensões;

3. No caso de já estar atuando, cabe- lhe definir uma lista específica de competências

para poder avaliar diariamente o seu desempenho, como uma estratégia de auto

monitoramento e avaliação.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo são descritos os procedimentos metodológicos utilizados na elaboração

completa deste estudo e para tentar responder na qual se define o tipo de pesquisa que será

realizada, identificando-se o contexto, a população, os instrumentos de pesquisa, os métodos

de coleta e análise de dados e as suas possíveis limitações.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

O estudo realizou-se com os profissionais da área da educação no nível básico em

instituições de ensino primário público de Moçambique, localizadas na cidade da Beira. Foi

utilizada como estratégia de pesquisa a realização de estudos de casos múltiplos em três

instituições de ensino primário e pública (YIN, 2010).

Para responder ao problema e aos objetivos propostos na pesquisa, optou-se pela

abordagem qualitativa sem a elaboração de pressupostos a serem analisados, na qual se

limitará em fazer uma descrição precisa da situação e procurar descobrir ideias e soluções na

tentativa de obter maior clareza com o tema em análise. Como técnica para coleta de dados

utilizou-se instrumentos qualitativos (entrevistas semiestruturadas e pesquisa documental) e

quantitativos (questionário com questões fechadas) com uma escala Likert para os sujeitos da

pesquisa (Ver Apêndice A e B). A pesquisa qualitativa tem em vista a familiarização com a

área do assunto para investigação mais rigorosa num estágio posterior, e possibilitará um

conhecimento consistente do problema (PIOVESAN e TEMPORINI, 1995; COLLIS e

HUSSEY, 2005).

3.2 FRAMEWORK TEÓRICO DE PESQUISA

O modelo adotado para estudo teórico e empírico baseou-se na perspectiva de vários

autores em relação aos atributos de qualidade, adaptados e enquadrados às dimensões de

qualidade de educação de Dourado, Oliveira e Santos (2007) apresentados pelo autor como

extraescolar e intraescolar.

O delineamento da pesquisa apresenta-se baseado na teoria já relacionada neste

estudo, abordando principalmente características e conceitos das dimensões de qualidade,

além de seus mecanismos ou atributos contribuintes e seus níveis de atuação.

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Figura 1: Framework da pesquisa

Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme os objetivos traçados, o estudo busca identificar nas instituições de ensino

pesquisadas características relevantes que possam contribuir para a melhoria de gestão de

qualidade de ensino ao nível básico. Essa gestão de qualidade deve ter em conta as dimensões

extras e intraescolar, sendo que as mesmas dimensões devem ser interdependentes.

Baseando-se do modelo de Dourado, Oliveira e Santos (2007), as variáveis foram

agrupadas de acordo com quatro níveis de atuação, nomeadamente: nível de espaço, referente

à dimensão socioeconômica e cultural dos envolvidos (influência do acúmulo de capital

econômico, social e cultural das famílias e dos estudantes no processo de ensino

aprendizagem); nível das obrigações do Estado – se refere aos direitos, das obrigações e das

garantias de mínimos padrões de qualidade da educação obrigatória, como um direito do

indivíduo e dever do estado, nível de sistema - reflete as condições de oferta do ensino,

destacando a questão de garantias de instalações gerais adequadas aos padrões de qualidade,

nível de escola - que diz respeito à gestão e organização do trabalho escolar (estrutura

organizacional compatível com a finalidade do trabalho pedagógico) e nível do professor -

dá-se ênfase na formação, profissionalização e ação pedagógica (perfil docente).

Nível das

Obrigações

do Estado

Nível da

escola

Nível do

professor

Dimensão extraescolar Dimensão intraescolar

Gestão de qualidade de educação

Nível de

espaço

Nível do

sistema

Fonte dos dados: Documentos normativos e questionário aplicado às instituições de ensino

primário público por meio de roteiro de questões abertas e fechadas com o objetivo de verificar a

existência ou não de fatores, mecanismos ou atributos de gestão de qualidade de ensino voltados

para melhoria de processo de ensino-aprendizagem.

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3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA DA PESQUISA

Para a efetivação do estudo recorreu-se a uma amostra não probabilística. A amostra

não probabilística é aquela que não tem o objetivo de ser estatisticamente representativa da

população, mas que o pesquisador utiliza-se de métodos subjetivos para selecionar os

membros da amostra (HAIR et al., 2005).

No caso particular da cidade da Beira, existem cento e vinte e cinco (125) escolas

primárias. Deste número, apenas sessenta e uma (61) escolas são primárias e completas que

ministram 1º, 2º e 3º ciclo do ensino primário.

Assim, deste universo de escolas primárias existentes na cidade da Beira, foram

selecionadas três escolas como amostra para a realização deste estudo. Esta amostra

caracteriza-se por ser não probabilística e por conveniência, pois, através da identificação dos

respondentes chaves (diretores e diretores adjuntos pedagógicos) e disponíveis (professores),

pretendia-se saber qual opinião, ação, intenção dessa população e não a sua representatividade

(FREITAS et al., 2000). É de referir que do universo das 125 escolas primárias existentes na

cidade da Beira, a seleção das três escolas como amostra do estudo foi intencional e justifica-

se pelo critério de acessibilidade.

Há que se ter em conta que essas escolas apresentam alguns elementos similares que

as aproximam umas das outras, tais como falta de condições de infraestruturas e materiais

adequados, orçamento insuficiente, a relação professor /aluno na sala de aulas (um professor

está para mais de quarenta e cinco alunos), apresentação de um padrão comum de hierarquia

de direção. Elementos que levaram a escolha das três escolas em análise, nomeadamente

Escola Primária Agostinho Neto, Escola Primária Heróis Moçambicanos e Escola Primária de

Macurungo.

A população que faz parte da nossa amostra é constituída por 24 inquiridos, sendo

seis (6) do corpo diretivo e 18 professores, divididos em oito (8) inquiridos para cada

instituição estudada.

ESCOLA

NÚMERO DE INVESTIGADOS

Professores Diretor Diretor Adjunto

Agostinho Neto 6 1 1

Heróis Moçambicanos 6 1 1

Macurungo 6 1 1 Quadro 2: Relação de números de investigados por instituição de ensino

Fonte: Elaborado pela autora.

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3.4 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS

Os dados foram coletados e tratados em dois momentos. Primeiramente, a realização

da pesquisa qualitativa através de um roteiro de entrevista com perguntas semiestruturadas

encaminhadas via e-mail e entregues pessoalmente à diretoria das escolas estudadas (diretores

escolares e respectivos adjuntos pedagógicos) de cada instituição por um colaborador nas

escolas pesquisadas.

Para além do roteiro de entrevista utilizou-se também a análise de documentos das

instituições em estudo como forma de obtenção dos dados. Estes procedimentos têm como

objetivo conhecer a percepção dos inquiridos em relação à qualidade da educação básica nas

suas instituições. Os dados qualitativos proporcionam um entendimento mais detalhados de

um problema (CRESWELL e CLARK, 2013).

As perguntas foram criadas com base na fundamentação teórica e enviadas por e-mail

a um colaborador da pesquisa, que por sua vez entrou em contato com os respondestes.

Depois de respondidas as mesmas foram escaneadas e reenviadas por e-mail, tendo-se

posteriormente feito digitalização e a análise do conteúdo.

A análise de dados consistiu no exame, categorização, tabulação e recombinação das

evidências, mantendo o modelo conceitual e as proposições iniciais do estudo como

referências (BORGES, HOPPEN e LUCE, 2009). Contudo, a análise dos dados foi mediante

o modelo proposto por Freitas e Jabbour (2011) descritos em quatro fases: 1ª fase –

transcrição fidedigna das evidências coletadas; 2ª fase – descrição detalhada das evidências

coletadas; 3ª fase – análise das evidências coletadas com base nos principais conceitos; e 4ª

fase – cruzamento das evidências coletadas entre os casos.

As categorias que compõem a etapa qualitativa da pesquisa foram obtidas a partir do

depoimento ou respostas do corpo diretivo das instituições pesquisadas em torno dos fatores

contribuintes ou não de gestão de qualidade da educação em suas instituições, segundo o

apêndice C.

No segundo momento foi realizada a pesquisa quantitativa descritiva por meio de

instrumento quantitativo (questionário) para 18 professores também encaminhados via e-mail

e entregues pessoalmente por um colaborador nas escolas pesquisadas, com objetivos

específicos de identificar e descrever a percepção sobre os fatores contribuintes para o

processo de melhoria de qualidade nas escolas. Este procedimento possibilitou um

entendimento geral, através de exames de um número maior de pessoas e da avaliação das

respostas de acordo com algumas variáveis (CRESWELL e CLARK, 2013).

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Esta etapa da pesquisa foi realizada visando verificar a relação entre a percepção do

corpo diretivo escolar e os professores sobre os fatores que podem contribuir para gestão de

qualidade no ensino básico das suas escolas. Obteve-se como variáveis de análise os atributos

de gestão de qualidade na educação, a competência de diretores escolares e professores e o

perfil e formação dos mesmos. O questionário de pesquisa utilizou uma escala Likert de cinco

(5) escores de concordância, sendo o número 1 corresponde ao mais alto grau de discordância

total e o 5 ao grau máximo de plena concordância.

As variáveis que compõem a etapa quantitativa da pesquisa foram obtidas a partir de

estudos que versam sobre atributos relacionados à gestão de qualidade, adaptados e

enquadrados nos níveis de atuação das dimensões extras e intraescolares definidas por

Dourado, Oliveira e Santos (2007) para avaliarem a qualidade de educação, como se confere

no apêndice D.

A análise de dados quantitativos foi feita e organizada por meio de técnicas de

instrumentos de análise do programa de Excel. São métodos estatísticos que analisam

simultaneamente múltiplas medidas sobre cada indivíduo a ser investigado.

Primeiramente os dados brutos foram convertidos numa forma mais simples de análise

de dados, pontuando e designando um valor numérico a cada questão. A posteriori, os dados

foram explorados e conduzidos a uma análise descritiva de média, mediana e a variância das

respostas para cada item no instrumento de checagem para determinar as tendências gerais

nos dados. Creswell e Clark (2013) comentam que os pesquisadores exploram os dados para

ver a sua distribuição e determinar se eles são adeptos da distribuição normal para que a

estatística apropriada possa ser escolhida para a análise.

O questionário aplicado dividiu-se em duas partes, sendo a primeira parte constituída

de dados das características individuais dos inquiridos (professores) como: nome, sexo, idade,

data da entrevista, horário, formação acadêmica, cargo ou função, tempo que trabalha na

instituição e grau de formação e a segunda parte constituída de perguntas fechadas que

respondem a existência ou não de atributos de melhoria de qualidade nas escolas, de acordo

com o sentimento de cada professor em sua instituição de trabalho, conforme modelo

apresentado no apêndice B. O questionário, aplicado aos professores, constitui-se em três

campos de perguntas que foram formuladas para o entendimento dos seguintes fatores:

a) A existência de mecanismos ou atributos de gestão de qualidade na educação;

b) Perfil e formação acadêmica dos diretores e professores; e

c) As competências dos diretores e professores na busca de qualidade.

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45

O questionário, aplicado com os inquiridos nas instituições, foi constituído de dados

dos entrevistados e de três campos de perguntas, conforme o modelo citado e apresentado no

quadro 5 que se segue.

No entanto, tendo sido feita a explicação do procedimento metodológico acima, há

que se ter em consideração que, antes da coleta de dados, a pesquisadora fez uma visita prévia

de reconhecimento nas três escolas visadas. Nesse período, elas atravessam um processo de

apetrechamento de suas infraestruturas, bem como decorriam encontros preparatórios de

início de atividades letivas.

Nesse mesmo momento, a pesquisadora negociou com as direções das escolas o

período e como seriam aplicados os questionários. Ficou definido como os nossos

informantes preferiram receber os questionários impressos no seu local de atividade e

respondiam no intervalo de dois a três dias. Findo esse período, o colaborador da

pesquisadora retornava para as escolas para ter de volta os questionários na data acertada e,

por fim, foram enviados para o Brasil, onde se efetuou a respectiva análise dos dados.

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46

Questão de Pesquisa Como a gestão de qualidade do ensino básico de Moçambique pode contribuir para a melhoria no processo de ensino

aprendizagem?

Objetivo geral Analisar a gestão de qualidade do ensino básico de Moçambique como forma de contribuição para a melhoria no processo de

ensino aprendizado

Objetivos específicos Categorias de análise Níveis de variáveis Dimensões dos níveis das

variáveis

Técnicas de

análise Autores

a) Identificar a existência de

mecanismos ou atributos de

gestão de qualidade da

educação no nível básico de

Moçambique;

Mecanismos de

qualidade

Nível social

Obrigações do

Estado

Sistema

Escola

Professor

Extraescolar

Intraescolar

Análise

documental

Análise de

conteúdo

Análise

descritiva

XAVIER (1996);

LONGO (1996);

DONEL; BOTEGA;

SCHER; OLIVEIRA

(2001); DOURADO;

OLIVEIRA; SANTOS

(2007); DOURADO;

OLIVEIRA (2009) GADOTTI (2009)

b) Descrever o nível de formação,

o perfil e as competências dos

diretores e professores

relacionados ou associados à

gestão de qualidade de ensino

básico de Moçambique;

Perfil e formação Professor Intraescolar Análise

descritiva

LEI 6/92; DELORS et

al., (2000); GADOTTI

et al.,(2000);

MACHADO (2000);

ZULIAN; FREITAS

(2001); LÜCK, (2009);

FONTANIVE; KLEIN,

(2010); ANDRÉ (2010)

c) Avaliar a percepção dos

diretores e professores

escolares no processo de busca

de melhoria de qualidade no

ensino básico.

Competências dos

diretores

Sistema

Escola Intraescolar

Análise de

conteúdo

Análise

descritiva

PERRENOUD (2000,

2004); FLEURY;

FLEURY (2001);

REGULAMENTO

GERAL DO ENSINO BÁSICO (2008);

HUCK (2009)

Competência dos

professores

Nível social

Sistema

Escola

Professor

Extraescolar

Intraescolar

Quadro 3: Protocolo de pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora.

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47

4 CONTEXTUALIZAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM

MOÇAMBIQUE: MARCO HISTÓRICO

Analisar a educação em Moçambique pressupõe, antes de mais nada, compreender os

seus antecedentes, desde a época da educação tradicional até os tempos de hoje. A educação

tradicional referia-se a uma integração múltipla (pessoal, social e cultural) dos indivíduos

dentro da sociedade. Por exemplo, este sistema de educação possibilitava que os indivíduos

recolhessem todas as influências do meio em que habitavam, para depois introduzir no seu

modo de pensar, se comportar e agir. Com isto, abrindo espaço para uma participação ativa

nas atividades e na vida do grupo a que pertencia, transformando-o num modelo padrão que

era expresso na maneira de viver, pensar e de ser do próprio membro do grupo (GOLIAS,

1993).

Acompanhado de rituais e tabus que marcam a passagem de um mundo cósmico ao

dos vivos, o nascimento de uma criança era percebido como um acontecimento mais

importante dentro da comunidade, representando os antepassados. Era dever da comunidade

acolhê-la e identificá-la, criando condições para seu crescimento e desenvolvimento das

capacidades inatas e herdadas que a criança traz consigo ao longo do seu crescimento. A

ligação com a vida fazia com que a educação da criança se tornasse coletiva e social e podia

ser exercida não apenas pela família, mas também pelo clã e pela aldeia, pois era dever de

qualquer adulto da aldeia mandar, aconselhar, corrigir ou punir (GOLIAS, 1993).

Ao se integrar na comunidade (de 0 a 5/6 anos de idade), a proteção e o projeto

educativo sobre a criança era delegado à mãe. Entre os 7/10 anos, separavam-se por sexo, os

rapazes passavam a viver ao lado dos pais e as raparigas ao lado das mães, envolvendo-se nas

atividades da família. Dos 10/15 anos, a separação entre o sexo era mais nítida e precisa para

o desenvolvimento das capacidades produtivas que posteriormente levavam à autonomia e à

responsabilidade. O rapaz envolvia-se na intimidade dos homens e a rapariga aprofundava

mais ainda o mundo das mulheres, tornando-os consciente dos seus deveres e

responsabilidades (GOLIAS, 1993).

Também faziam parte da educação tradicional, após os 14 anos, os ritos de iniciação

e de passagem, como forma de ensino e educação do indivíduo. A educação dos jovens era

entregue a alguns membros nomeados pela coletividade, junto aos adultos, os adolescentes

aprendiam um ofício e eram contados os segredos da família do clã e da etnia. O adolescente

que era preparado e saia na iniciação era considerado um homem completo, pois, tinha da sua

vida e da sociedade uma ideia clara sobre o que os outros esperavam e o que deles se podia

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esperar. Faziam parte da pedagogia tradicional, a ligação íntima de educação com a realidade

da vida cotidiana, caráter polivalente, pragmatismos dos métodos e a educação sexual

(GOLIAS, 1993).

4.1 EDUCAÇÃO NA ERA COLONIAL: PROCESSO DE ASSIMILAÇÃO, INDÍGENA E

CIDADÃO

Os portugueses introduziram nas suas colônias o sistema de assimilação que tinha

como objetivo aculturar o povo dominado através de escolas ou por outros meios de difusão e

propaganda do seu aparelho ideológico. O indivíduo que desejasse trocar a vida de indígena

para ser assimilado e vivesse à maneira europeia, deveria requerer a cidadania portuguesa a

um tribunal local, apresentando os seguintes quesitos: dominar a língua portuguesa na fala e

escrita e possuir uma estabilidade financeira. Era submetido a alguns testes, passando de

imediato a ser “brancos” em vez de “pretos” com direito a desfrutar de algumas regalias

como: direito a Bilhete de Identidade e Passaporte, seus filhos poderiam frequentar a escola

do Estado, ter procedência sobre outros nativos, ter direito a voto e isenção de pagamento de

impostos de palhota passando a pagar imposto de rendimento como qualquer outro europeu

(GOLIAS, 1993).

Assim, entre 1940 e 1941, o governo português e a Santa Sé, assinaram dois acordos

missionários “concordata e estatuto missionário”, no qual o governo impunha uma política

ríspida de educação e assimilação em Moçambique - todo e qualquer indivíduo das províncias

da Guiné, Moçambique e Angola, de raça negra ou seus descendentes que nasceram ou

viveram habitualmente naquelas províncias e não possuíam a instrução, os hábitos individuais

e sociais pressupostos para a aplicação integral do direito público e privado dos cidadãos

portugueses, eram considerados indígenas. De igual modo, considerados indígenas a todos

nascidos de pai e mãe indígenas em lugares estranhos a estas províncias, cujos pais fixaram-se

temporariamente nelas (GOLIAS, 1993).

A assimilação resumia-se na integração gradual do povo dominado na ética dos

dominadores. Os indígenas não eram sujeitos de direito, mas sim objetos de uma política

determinada longe do seu consentimento, e a cidadania adquirida (assimilado) era deficiente

por ser intransmissível, admitindo a possibilidade de sendo o pai assimilado, o filho poderia

não sê-lo; exigência da fluência na fala e na escrita da língua portuguesa com número

reduzido de escolas; e pelo fato de se considerar cidadão só quem possuísse bens e bom

comportamento que levava ao controle das opiniões dos assimilados (GOLIAS, 1993).

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Em relação à organização do ensino, estava subdividido em: ensino Primário,

Secundário, Médio, Técnico e Agrícola.

O Ensino Primário (EP) regulamentava-se por dois regimes jurídicos: indígena e

civilizado. O ensino para indígenas chamou-se primeiramente de rudimentar e depois de

adaptação. Tinha como objeto a condução do indígena da vida selvagem para a vida

civilizada, cultivando a consciência de cidadão português, prepará-lo para a luta da vida e

tornando-o mais útil a sociedade e a si próprio. Dirigido pela Igreja Católica, o ensino

rudimentar tinha como intenção civilizar e nacionalizar os indígenas da colônia,

desenvolvendo a língua e os costumes portugueses, ou seja, o modelo de educação colonial

baseava-se na discriminação racial e na unidade entre o ensino e a região. O ensino

ministrava-se em escolas das missões.

Quanto ao ensino civilizado, também denominado de ensino primário ou comum,

destinava-se especialmente para os brancos e era ministrado em escolas oficiais e particulares

localizadas nos centros administrativos.

De acordo com Golias (1993), o ensino tinha como reflexão o estágio do

subdesenvolvimento da potência colonizadora, com vista a atender os valores e padrões da

aristocracia. Havia uma grande diferença entre as escolas para “nativos” que ensinavam a

“educação indígena” orientada por missionários católicos, e as escolas para “brancos e

assimilados” geridas pelo Estado ou entidades privadas, mas na prática, o ensino missionário

era também um ensino oficial/estatal.

Na era colonial, o ensino sempre se constitui de duas vertentes diferentes de

educação, para indígenas e para as elites, ou seja, para o colonizador e para o colonizado e

diferenciavam-se nos objetivos, estrutura, complexidade e aos condicionalismos da sua

atividade (GOLIAS, 1993). O ensino caracterizava-se por ser discriminatório, ligado à

religião e o ensino, fictício da escolarização obrigatória, caráter urbano da rede escolar e

caráter paternalista.

4.2 EDUCAÇÃO NO PERÍODO DE PÓS-INDEPENDÊNCIA (1975-1992)

Em 1975, o Estado criou a política do direito à educação de todo cidadão nacional e

esforçou-se para expandir e renovar o ensino primário para crianças; organização de ações de

alfabetização para adultos, jovens e crianças que se encontravam fora do sistema normal de

escolarização e a formação de quadros quantitativa e qualitativamente para fazer a gestão e

conduzir o processo educacional.

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50

Entretanto, no período de 1975 a 1985, a educação caracterizou-se por um aumento

dos efetivos escolares jamais vistos na história de Moçambique, acompanhado de mudanças

da estrutura do sistema educativo, conteúdo do ensino e a necessidade de reformas do

subsistema de formação de professores para os níveis primários e secundários.

Dentro do Ministério de Educação iniciou-se um longo processo de planificação,

direção e controle das atividades educativas que culminou com a introdução do Sistema

Nacional de Educação (SNE), aprovado pela Lei nº 4/83 de 23 de Março de 1983, que tinha

em vista à erradicação do analfabetismo, introdução da escolaridade obrigatória e formação de

quadros para as necessidades do desenvolvimento econômico, social, da investigação

científica, tecnologia e cultura.

Notou-se que as reformas curriculares introduzidas nesse período, 1975, 1977 e

1983, trouxeram um impacto insignificante no aumento da qualidade do ensino primário, pois

os índices de aproveitamento continuaram a decrescer. Num estudo realizado pelo Ministério

de Educação verificou-se que num intervalo de 1000 crianças que ingressaram na 1ª classe em

1983, apenas 102 transitaram para a 5ª classe em 1987, representando 10% de ingresso

(MINED, 1988 apud GOLIAS, 1993).

Devido à guerra de desestabilização entre o atual partido no poder (FRELIMO) e o

partido da oposição (Resistência Nacional Moçambicana - RENAMO) que durou dezesseis

anos (1976 - 1992), os anos de 1985 a 1992 caracterizaram-se por uma degradação profunda

das condições materiais e físicas dos equipamentos e estabelecimentos educativos, como da

própria qualidade do ensino lecionado considerada debilitada, afetando, principalmente, os

grupos mais vulneráveis da população2.

Foram encerradas aproximadamente 50% das escolas primárias, 13% da rede escolar

secundária, 22.5% dos centros de formação de professores e vários centros ou unidades de

alfabetização de adultos, consequentemente, em 1992 o ensino primário contava com apenas

1.2 milhão de alunos, um número equivalente ao existente em 1983 (EDUARDO, 2012).

Em 1992, surge a nova Lei de Educação Nacional, que veio a revogar a legislação de

1983, que também preconiza o direito à educação como um dever de todos os cidadãos que

2Rede escolar e cobertura educativa - insuficiente e em constante degradação, fazendo com que as cidades e os

centros urbanos funcionassem em regime de três turnos e a qualidade de ensino se tornasse muito fraca, com

elevado índice da relação do professor/aluno; baixo nível de formação do professor e suas condições de emprego

e ausência dos recursos materiais e financeiros (infraestrutura, equipamentos e outros materiais educacionais e

sócios educativos destruídos).

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deve ser amparada não apenas no papel central do governo, mas pelas organizações não

governamentais (ONG‟s).

Nos termos da Lei nº 6/92, ainda vigente, o SNE estrutura-se em ensino pré-escolar,

ensino escolar e ensino extraescolar. O nível pré-escolar ocorre em creches e jardim-de-

infância, destina-se a crianças menores de seis anos. O ensino escolar caracteriza-se por

ensino Geral, ensino Técnico-Profissional e ensino Superior. Ainda no ensino escolar existem

setores relacionados a áreas específicas: ensino especial, ensino vocacional, ensino de adultos,

ensino à distância e formação de professores. Por último, o ensino extraescolar que inclui

atividades que procuram auxiliar os estudantes no processo de aprendizagem, como atividades

culturais.

A figura 2 abaixo mostra como está divido o atual Sistema Nacional de Educação em

Moçambique.

Figura 2: Constituição do Sistema Nacional de Educação

Fonte: Ministério da Educação e Cultura de Moçambique (1992).

Durante o período de 1990, através de uma série de documentos preparatórios,

aprovou-se o primeiro Plano Estratégico da Educação (PEE-I), publicado em 1997 e

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implementado entre 1999 a 2005. Nesse período, construíram-se novas instalações nas escolas

primárias e secundárias e reabilitou-se aquelas que tinham sido destruídas pela guerra civil,

como também houve um aumento no número de professores, uma melhor distribuição da rede

escolar, um aumento no número de raparigas frequentando a escola e uma redução nos níveis

de analfabetismo para 48% em 2008.

Passados nove anos foi publicado o segundo Plano Estratégico da Educação e

Cultura (PEEC-II) para o período 2006-2010/11, cujos objetivos estavam ligados ao Plano de

Ação para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA-II), ao Programa Quinquenal do Governo

(PQG) e aos orçamentos governamentais, assim como aos compromissos internacionais de

Moçambique com a educação para todos e para com os Objetivos de Desenvolvimento do

Milênio (ODM), deixando transparecer que a principal prioridade do governo é a educação

básica, e que o governo está comprometido em garantir a educação primária universal para

todos em 2015, a meta dos objetivos de desenvolvimento do milênio, afirma Eduardo (2012).

Apesar dos danos causados pela guerra de desestabilização no setor educativo, o

governo vem gradualmente empreendendo esforços para tentar alcançar a meta de educação

universal para todo o povo moçambicano, como mostra a tabela abaixo.

Nível

Número de escolas

Crescimento

médio anual

1974 1979 1992 2004 2012 ‟79 -„92 ‟92 -„12

Ensino

Primário

EP1 5.235 7.170 3.381 8.603 11.164 -9% 6%

EP2 26 99 175 1.203 4.068 7% 17%

Total 5.261 7.269 3.556 9.806 15.232 -9% 8%

Ensino

Secundário

ESG1 7 21 42 226 446 9% 13%

ESG2 2 4 6 70 156 5% 18%

Total 9 25 48 296 602 8% 13%

Ensino

Técnico-

Profissional

Elementar/Básico 23 34 25 46 62 -4% 5%

Médio 4 3 6 9 30 9% 8%

Total 27 37 31 55 92 -2% 6%

Ensino

Superior

Público 1 1 3 9 18 15% 9%

Privado - - - 8 26 - -

Total - 1 3 17 44 15% 14%

Total 5.297 7.332 3.638 10.174 15.970 -8% 8%

Tabela 1: Evolução de rede escolar, ensino Público, Comunitário, Privado, 1974, 1984, 1992, 2004 e 2012

Fonte: Ministério da Educação (2012)3.

Em relação ao número de ingressos no sistema educativo, pode-se também verificar

que houve um significativo aumento, embora não atinja, ainda, a meta pretendida. A

3A tabela acima consta do discurso da Sua Excelência Ministro de Educação, Sr. Augusto Jone, na Sessão de

perguntas e respostas proferidas no dia 18 de Abril de 2013, na Assembleia da República.

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população moçambicana, através de esforços empreendidos pelo Governo e seus parceiros,

vem usufruindo alguns projetos gratuitos de ensino empreendido que aos poucos procura

enquadrar todo cidadão.

Nível Número de alunos

Crescimento

médio anual

1974 1979 1992 2004 2012 ‟79-„92 ‟92-„12

Ensino

Primário

EP1 671.617 1.494.729 1.173.526 3.138.576 4.557.737 -2% 7%

EP2 20.430 85.401 130.545 491.402 851.693 3% 10%

Total 692.047 1.580.130 1.304.071 3.629.978 5.409.430 -1% 7%

Ensino

Secundário

ESG1 4.597 7.414 42.587 286.185 758.383 14% 15%

ESG2 1.330 0 3.500 45.685 197.283 22%

Total 5.927 7.414 46.087 331.870 955.666 15% 16%

Ensino

Técnico-

Profissional

Elementar/

Básico 8.112 12.448 - 27.609 27.367 - -

Médio 779 560 - 5.631 15.794 - -

Total 8.891 13.008 14.699 33.240 43.161 1% 6%

Ensino

Superior

Público 2.433 1.655 4.654 15.113 78.939 8% 15%

Privado - - - 7.143 25.284 - -

Total 2.433 1.655 4.654 22.256 104.223 8% 17%

Total 709.298 1.602.207 1.369.511 4.017.344 6.512.480 -1% 8%

Tabela 2: Evolução do número de alunos no sistema educativo, ensino Público, Comunitário, Privado, 1974,

1984, 1992, 2004 e 2012.

Fonte: Ministério da Educação (2012)4.

Apesar de existir um aumento significativo nas taxas brutas de escolarização e nas

melhorias de paridade de gênero nos níveis primários e progressos na redução das diferenças

de gênero na escolarização da educação primária, Eduardo (2012) chama atenção aos desafios

a serem ultrapassados para que se atinjam taxas universais de conclusão do ensino primário,

igualdade de gênero e acesso à educação para todos5.

De acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano de 2013, do PNUD, em

relação à qualidade e o acesso à educação, o índice do Desenvolvimento Humano (IDH) de

Moçambique, em 2011, apresentava-se na 185º posição, com 63% de satisfação com a

qualidade da educação, e 56,1% da taxa de analfabetismo.

4A tabela acima consta do discurso da Sua Excelência Ministro de Educação, Sr. Augusto Jone, na Sessão de

perguntas e respostas proferidas no dia 18 de Abril de 2013, na Assembleia da República. 5Faz menção à insuficiência de salas de aula, pois, ainda existem um número significativo de crianças de 6 anos

fora do sistema escolar; altas taxas de abandono e reprovação (nas zonas rurais); grande número de

alunos/professor; desigualdades regionais em termos da prestação de serviços de educação, taxas de conclusão e

frequência.

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4.3 CARATERIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

As escolas localizam-se dentro da cidade da Beira, capital da província de Sofala,

situado nas coordenadas 19° 50' sul e 34° 51' leste. Com cerca de 633 km² de área, a cidade da

Beira faz fronteira ao norte e oeste com o distrito de Dondo, a leste com o Oceano Índico e ao

sul com o distrito do Búzi.

A cidade está localizada numa região pantanosa, junto à foz do Rio Púnguè, e sobre

alongamentos de dunas de areia ao longo da costa do Índico. Sua vegetação natural é

caracterizada por terras baixas e litoral com manguais com um clima tropical úmido, chuvoso

de savana, com temperaturas elevadas e úmidas no verão, especialmente durante a estação das

monções de verão de Outubro a Fevereiro (hemisfério sul), (Figura 3).

Figura 3: Localização geográfica da cidade da Beira

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (2012)

A localidade tem o estatuto de cidade desde 20 de Agosto de 1907 e é a segunda maior

cidade de Moçambique, logo após a capital do país, Maputo. Depois de Maputo e Nacala, a

Beira possui o terceiro maior porto marítimo para o transporte internacional de cargas de e

para Moçambique.

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De acordo com o relatório estatístico do Distrito Cidade da Beira (2012), Beira possuía

uma população total de 456.005 habitantes, sendo 229.983 homens e 226.022 mulheres. Um

total de 272.300 habitantes com 15 ou mais anos de idade, (Tabela 3).

Grupos Etários e Sexo Distrito

Número %

Total 456.005 100.0

População feminina 226.022 49.6

População masculina 229.983 50.4

Grupos Especiais 456.005 100.0

População total entre 0-4 anos 58.150 12.8

População total entre 5-14 anos 116.441 25.5

População total entre 15-64 anos 272.300 59.7

População total maior de 65anos 9.114 2.0

Índice de Masculinidade 101.8 __

Tabela 3: Distribuição da população da cidade da Beira por grupos etários

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (2012).

Segundo os dados estatísticos apresentados no relatório de estatísticas do distrito da

cidade da Beira, a cidade de Beira tinha 125 escolas no seu todo, sem a inclusão do ensino

superior. Deste grupo amostral, 64 eram escolas primárias do 1º e 2º Ciclos (EP1 - 1ª a 5ª

classes) e, 61 escolas eram do 3º Ciclo (EP2 - 6ª e 7ª classes). O ensino secundário abrangia

42 escolas no 1º Ciclo (8ª, 9ª e 10ª classes); sendo que o 2º ciclo do ensino secundário (11ª e

12ª classes) era constituído por 26 escolas (Instituto Nacional de Estatística, 2012).

De 2008 até finais de 2011, não houve um aumento significativo do número de

escolas, embora, é importante considerar e destacar o esforço empreendido pelo governo no

tocante ao nível do EPII, pois o número de escolas passou de 48 em 2008 para 61 escolas em

2011, segundo o quadro seguinte.

Estabelecimento de

ensino

Ano Variações (%)

2008 2009 2010 2011 2011/2010 2011/2008

Escolas/ Níveis de ensino

Primárias

EPI 67 65 67 64 -4,5 -4,5

Públicas 55 55 55 53 -3,6 -3,6

Privadas/ Comunitárias 12 10 12 11 -8,3 -8,3

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56

EPII 48 50 53 61 15,1 27,1

Públicas 36 39 40 48 20,0 33,3

Privadas/ Comunitárias 12 11 13 13 0,0 8,3

Secundárias

ESGI 30 30 38 42 10,5 40,0

Públicas 9 9 11 13 18,2 44,4

Privadas 21 21 27 29 7,4 38,1

EGSII 20 20 23 26 13,0 30,0

Públicas 6 6 6 6 0,0 0,0

Privadas 14 14 17 20 17,6 42,9

Tabela 4: Estabelecimentos escolares por níveis de ensino na cidade da Beira - 2008 – 2011

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (2012).

Depois desta breve apresentação da cidade da Beira, local da nossa pesquisa, nas

sessões que se seguem iremos fazer uma apresentação das instituições de ensino que entramos

em contato, isto é, dados históricos e organizacionais das mesmas, começando por abordar

sobre a Escola Primária Completa Agostinho Neto, seguindo-se a Escola Heróis

Moçambicanos e por último a Escola de Macurungo.

4.3.1 Escola Primária Completa Agostinho Neto

A escola foi construída na década 50 ou 60 por uma comunidade Chinesa que se

encontrava a residir em Moçambique. Após sua inauguração a escola passou a ser chamada de

Colégio Chinês, ensinando o currículo chinês como forma de garantir e manter sua cultura,

pois nele estudavam os filhos de pais com nacionalidade chinesa. Após a independência de

Moçambique, em 1975, e a nacionalização, a escola continuou a ser chamada de Colégio

chinês e passou a ensinar o currículo moçambicano, de 1ª a 4ª classe, até 1985, como qualquer

outra escola primária do país, e frequentada por todo cidadão moçambicano sem distinção da

raça, cor, tribo e ou religião (Figura 4).

Figura 4: Escola Primária Completa Agostinho Neto

Fonte: Elaborado pela autora (2013)

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57

Em 1980, a escola passou a ser chamada de Escola Primária Agostinho Neto6. Já em

1986, com a introdução do Sistema Nacional de Educação, a escola passou a lecionar da 1ª a

5ª classe (1º grau) com 6 salas de aulas. Com o grande aumento de procura de instituições de

ensino, as escolas passaram a lecionar em três turnos ao invés de dois e aumentando também a

capacidade de espaço (sala de aulas). Em 2000, a escola também passou a lecionar as 6ª e 7ª

classes (2º grau), designada na altura Escola Primária do 1º e 2º Grau Agostinho Neto. Já em

2003, com a introdução do Novo Currículo do Ensino Básico, a escola passou a ser chamada

de “Escola Primária Completa Agostinho Neto”, lecionando de 1ª a 7ª classe.

Com um efetivo de 1400 alunos da 1ª a 7ª classe, dos quais 703 homens e 697

mulheres distribuídos em 24 turmas no turno diurno e 4 no turno noturno, a escola comporta

04 funcionários e 36 no corpo docente distribuídos em: 14 docentes de EP1, 14 docentes no

EP2 e 08 docentes no curso noturno.

4.3.2 Escola Heróis Moçambicanos

Primeiramente, a escola designava-se por Escola Infantil do Maquinino e depois por

Colégio de Maquinino. Em 1938, a escola passou a ser designada de Escola António Enes e

mantendo-se como uma escola mista até 1943 (no mesmo edifício funcionava as escolas

António Enes masculina e feminina) com escrituração e direção independente (Figura 5).

Figura 5: Escola Primária Completa Heróis Moçambicanos

Fonte: Elaborado pela autora (2013)

6António Agostinho Neto foi uma figura importante na luta contra o colonialismo em Angola e o primeiro

presidente da República de Angola independente, sendo que o primeiro presidente da República Popular de

Moçambique Independente, o falecido Samora Machel, em homenagem ao falecido presidente da Angola

decretou as mudanças de nomes das instituições públicas que assumiam nomes de figuras coloniais.

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Em 1975, depois das nacionalizações, 1983 a escola passa a designar-se de escola

Heróis Moçambicanos, trazendo consigo algumas implicações na mudança, pois até aos dias

de hoje em alguns documentos continuam a usar o nome anterior. Atualmente, a escola possui

um total de 53 professores, sendo eles 32 mulheres e 21 homens para atender a 1200 alunos.

4.3.3 Escola Primária Completa do Macurungo

A escola localiza-se na cidade da Beira no 8º Bairro de Macurungo, entre as ruas nº 9,

15 e 18. A princípio, a construção servia de casas privativas (banheiros) para população das

12 casas construídas pela câmera municipal. Três anos depois, concretamente em 1963, as tais

casas privativas foram transformadas em duas salas, uma para lecionação de aulas e outras

para artes e oficio (culinária) sob gestão da agricultura (Figura 6).

Figura 6: Escola Primária Completa de Macurungo

Fonte: Elaborado pela autora (2013)

A escola funcionava em dois turnos, sendo turmas mistas e a cargo de único professor,

o primeiro lecionava a pré-primária e a 3ª classe e o segundo turno lecionava a 1ª e 2ª classes

e estava sob tutela da igreja católica, primeiramente dirigida pelo padre Dom Ernesto, depois

pelo padre Sampaio e, por fim, pelo padre Franciscano.

Entre 1967 e 1968, foi construída outra escola designada escola Sagrada Coração de

Jesus, que era anexa à escola primária de Macuti. Entretanto, dentro do recinto escolar já

existia uma construção de um casarão (Hospital) destinado a aulas de costura e culinária e

outras atividades afins e serviam também para a lecionação de aulas. Depois da independência

de Moçambique, a escola passou a ser chamada de Escola Primária do Macurungo7.

7O nome tem a ver com a prática e o cultivo de batata-doce naquela região que se chamava de Ndóo

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Atualmente, a escola é designada de Escola Primária Completa do Macurungo e é

composta de 131 professores, com um total de 5898 alunos (2786 homens e 3112 mulheres).

4.4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Com o objetivo de caracterizar e nortear os objetivos da pesquisa foram estudados

alguns documentos legais como: Lei nº4/83 e 6/92 do Sistema Nacional de Educação; Plano

Estratégico de Educação e Cultura; Programa Quinquenal do Governo e Regulamento Geral

do Ensino Básico.

Após uma análise da Lei nº 4/83, de 23 de Março, constata-se que o sistema educativo

colonial em Moçambique visava à reprodução da exploração e da opressão e à continuidade

das estruturas colonial-capitalistas de dominação, nas quais havia uma diferenciação entre

filhos da classe dominante (composta por brancos, mestiços e assimilados) e a classe

dominada (constituída pelos negros nativos, designados por indígenas).

As instituições de ensino eram vistas como bases revolucionárias para a consolidação

do poder baseado na ideologia socialista, nas quais se afirmava que o poder era do povo. Para

alcançar estes propósitos, a Lei nº 4/83 preconizava a formação de um professor “como

educador e profissional consciente com profunda preparação política e ideológica, científica e

pedagógica, capaz de educar os jovens e adultos nos valores da sociedade socialista” (Lei nº

4/83, de 23 de Março).

Entretanto, devido a várias mudanças ocorridas no âmbito econômico, sociocultural e

politico, que resultou na revisão da constituição e originou a constituição de 1990, houve a

necessidade de reajustar a filosofia do quadro geral do sistema educativo e adequar às

disposições contidas na Lei nº 4/83, de 23 de Março, às atuais condições sociais e económicas

do país (do ponto de vista pedagógico como organizativo), promulgando a lei nº 4/83, de 23

de Março e dando lugar à aprovação da Lei nº 6/92, de 06 de Maio.

O Regulamento Geral do Ensino Básico é um documento de cunho normativo que

determina as regras que administram a criação e condições de funcionamento das escolas

primárias e o processo de avaliação realizado ao longo do desenvolvimento do processo de

ensino-aprendizagem. Aplicado a todas as instituições públicas, vocacionadas ao ensino

básico e igualmente aplicável às escolas particulares que estejam regulares e especiais, que

não contrariam o seu regime jurídico.

Nos termos do Regulamento Geral do Ensino Básico são intervenientes do processo de

avaliação: os professores; os alunos; os encarregados de educação; os membros do conselho

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da escola; a Direção da Escola e os técnicos da educação em vários níveis. Entretanto,

constituem modalidades de avaliação a avaliação diagnóstica, a avaliação formativa e a

avaliação somática, sendo realizadas de quatro maneiras diferentes ao longo do

desenvolvimento de ensino-aprendizagem:

Avaliação Contínua (AC) – é uma avaliação constante que se realiza a qualquer

momento da aula para identificar o nível da aprendizagem do aluno e planificar

medidas corretivas para cada um, e pode ser escrita, oral ou prática;

Avaliação Sistemática (AS) – refere-se a uma avaliação formativa, que pode ser

escrita, oral ou prática, podendo ocorrer no início ou final da aula;

Avaliação Parcial (AP) – realiza-se no final do trimestre, deve ser escrito ou por meio

de trabalhos de acordo com a natureza da disciplina e é da competência da escola a

elaboração da avaliação parcial;

Avaliação Final (AF) – refere-se um teste que se realiza no final de 1º Ciclo e constitui

mais um elemento a ser utilizado na apreciação global do ciclo. Compete à Zona de

Influência Pedagógica a elaboração da avaliação final.

4.4.1 Caracterização da amostra

A pesquisa contou com a participação de profissionais ligados a três instituições de

ensino primário e público, divididos em oito (8) profissionais para cada instituição, entre eles

dois (2) membros da diretoria e seis (6) professores. Todos foram contatados para o

desenvolvimento dessa pesquisa com o fim de buscar informações para aplicá-las. Para cada

instituição obteve-se o retorno das 8 entrevistas dentre os representantes da diretoria das

escolas e os professores, configurando um total de 100% da população por instituição.

Embora os dados tenham sido coletados por meio de um colaborador das escolas,

nenhum caso precisou ser excluído da amostra por existir dados em branco ou falta de

resposta e ou ainda por preenchimento de valores extremos ou aleatórios, compondo os 8

questionários de cada instituição válidos, dos quais 25% correspondem à diretoria e 75% dos

professores para cada instituição.

Por meio dos questionários procurou-se identificar o perfil dos respondentes de cada

instituição, com relação ao sexo, o tempo de trabalho na instituição em que tenha o vínculo

empregatício e, posteriormente, à formação acadêmica. Pode-se observar que nas escolas

pesquisadas destacam-se a predominância do sexo masculino em 62,5% para as escolas

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Agostinho Neto e a escola de Macurungo, e 75% para a escola Heróis Moçambicanos. Tendo

uma participação do sexo feminino em 37,5%, nas escolas Agostinho Neto e escola de

Macurungo, e 25% para a escola Heróis Moçambicanos, de acordo com a tabela abaixo.

Importa frisar que, nas três instituições pesquisadas, a diretoria é composta somente por

pessoas de sexo masculino.

Escola Gênero Diretores Professores Total

Agostinho Neto

Masculino 2 100% 3 50% 5 62,5%

Feminino - - 3 50% 3 37,5%

Total 2 100% 6 100% 8 100%

Heróis

Moçambicanos

Masculino 2 100% 4 66,7% 6 75%

Feminino - - 2 33,3% 2 25%

Total 2 100% 6 100% 8 100%

Macurungo

Masculino 2 100% 3 50% 5 62,5%

Feminino - - 3 50% 3 37,5%

Total 2 100% 6 100% 8 100%

Tabela 5: Gênero dos entrevistados por instituição

Fonte: Elaborado pela autora

Em relação ao tempo de serviço, a tabela seguinte mostra que na escola Agostinho

Neto, 50% dos diretores estão entre 6 a 10 anos e outra parte dos 50% estão acima de 20 anos

na instituição. Em relação aos professores, apenas 16,7% estão entre 1 a 5 anos e 83,3% entre

os 6 e 10 anos. Na escola Heróis Moçambicanos também 50 % dos diretores estão entre 1 a 5

anos e os outros 50% entre 6 a 10 anos, em relação aos professores, 16,7% estão entre 1 a 5,

11 a 15 e há mais de 20 anos de trabalho na instituição e 50% entre 6 a 10 anos de trabalho na

instituição. Finalmente, na escola de Macurungo, 100% dos diretores estão há mais de 20

anos e para o caso dos professores 33,3% estão ente 1 a 5 anos e 66,7% entre os 6 a 10 anos.

Olhando para os dados pode-se verificar que existe uma maior concentração de profissionais

com mais de 5 anos a serviço das instituições.

Escola Tempo de trabalho

na instituição

Diretores Professores Total

Frequência % Frequência % Frequência %

Agostinho Neto

1 a 5 anos - - 1 16,7% 1 12,5%

6 a 10 anos 1 50% 5 83,3% 6 75%

11 a 15 anos - - - - - -

16 a 20 anos - - - - - -

Acima de 20 anos 1 50% - - 1 12,5%

Total 2 100% 6 100% 8 100%

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Tabela 6: Tempo de trabalho

Fonte: Elaborado pela autora

No tocante ao grau de formação, pode-se observar que nas escolas Heróis

Moçambicanos e de Macurungo 100% dos diretores possuem nível superior, exceto na escola

Agostinho Neto, onde 50% dos diretores possui o nível médio e outro 50% do nível superior.

Em relação aos professores, verifica-se nas escolas Agostinho Neto e de Macurungo que

83,3% dos professores possuem o nível médio e 16,7% possuem o nível superior. Em relação

à escola Heróis Moçambicanos, a grande parte 66,7% dos professores possuem o nível

superior e 33,3% possuem o nível médio. Importa destacar que o mínimo nível exigido para

lecionar no ensino básico vai da conclusão do nível médio até ao mais alto nível de

escolaridade. Assim sendo, a população pesquisada possui condições mínimas para lecionar o

ensino em questão.

Escola Grau de

Formação

Diretores Professores Total

Frequência % Frequência % Frequência %

Agostinho Neto

Nível Médio 1 50% 5 83,3% 6 75%

Nível Superior 1 50% 1 16,7% 2 25%

Total 2 100% 6 100% 8 100%

Heróis

Moçambicanos

Nível Médio - - 2 33,3% 2 25%

Nível Superior 2 100% 4 66,7% 6 75%

Total 2 100% 6 100% 8 100%

Macurungo

Nível Médio - - 5 83,3% 5 62,5%

Nível Superior 2 100% 1 16,7% 3 37,5%

Total 2 100% 6 100% 8 100%

Tabela 7: Grau de formação

Fonte: Elaborado pela autora

Heróis

Moçambicanos

1 a 5 anos 1 50% 1 16,7% 2 25%

6 a 10 anos 1 50% 3 50% 4 50%

11 a 15 anos - - 1 16,7% 1 12,5%

16 a 20 anos - - - - - -

Acima de 20 anos - - 1 16,7% 1 12,5%

Total 2 100% 6 100% 8 100%

Macurungo

1 a 5 anos - - 2 33,3% 2 25%

6 a 10 anos - - 4 66,7% 4 50%

11 a 15 anos - - - - - -

16 a 20 anos - - - - - -

Acima de 20 anos 2 100% - - 2 25%

Total 2 100% 6 100% 8 100%

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4.4.2 Mecanismos ou atributos relacionados à gestão de qualidade da educação no nível

básico na percepção dos diretores

Para responder as perguntas sobre a qualidade da educação básica nas escolas

pesquisadas e como os seus gestores pensam e se manifestam acerca do processo de busca e

melhoria de qualidade nas suas instituições, a primeira etapa da pesquisa baseou-se no

questionário de perguntas abertas (Apêndice A) aplicado aos diretores e seus adjuntos. Os

respondentes serão representados por escola e cargo, como ilustra o quadro seguinte, cujas

respostas, sua discussão e análise estão descritas em seguida.

Escola Cargo

Agostinho Neto Diretor da escola

Diretor Adjunto Pedagógico

Heróis Moçambicanos Diretor da escola

Diretor Adjunto Pedagógico

Macurungo Diretor da escola

Diretor Adjunto Pedagógico

Quadro 4: Identificação dos entrevistados

Fonte: Elaborado pela autora

4.4.2.1 Políticas, serviços de apoio e orientação ao aluno

Está previsto no PEEC (2012/16) um aumento de Apoio Direto às Escolas (ADE8)

para a introdução de medidas de proteção social, com vista a apoiar alunos mais carentes, e a

introdução de alimentação escolar e fornecimento de material escolar. Devido à escassez e

limitações de recursos, torna-se desafiante a especificação do grupo-alvo para este tipo de

intervenção, sendo que o PEEC pondera a priorização de crianças com menor idade.

Entretanto, pelo fato das necessidades das escolas estarem muito além do que os fundos

disponibilizados permitem realizar, carece-se de um processo transparente e participativo

apresentado e aprovado pelo Conselho da Escola para definir as prioridades e assegurar que

essas compras possam responder as mesmas prioridades.

Uma parte dos nossos entrevistados9 aponta como políticas existentes em suas escolas

dirigidas aos alunos à questão de orientação psicopedagógica. Neste aspecto, diretor da Escola

Agostinho Neto aponta a introdução de currículos locais, pois, segundo ele “o aluno aprende

8Apoio Direto às Escolas (ADE) referem-se à canalização de recursos financeiros adicionais às escolas, que visa

melhorar as condições de ensino-aprendizagem através da disponibilização de fundos as escola para a aquisição

de materiais de serviços e vários outros serviços com enfoque no material didático para o aluno e para a escola. 9 Diretores das Escolas (DE).

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alguns conteúdos locais em dialeto para facilitar a compreensão”. Segundo OTEO´s

(2012/14), para que a formação do aluno seja integral e completa, a transformação curricular

deve incluir o Currículo Local que permita ao professor a integração de conteúdos de

interesse local.

Também corroborando com a questão psicopedagógica o diretor da Escola Heróis

Moçambicanos aponta a “promoção das jornadas pedagógicas nas 1ª e 2ª classes e

promoção de jornadas de sensibilização sobre a importância do processo de ensino-

aprendizagem”, prosseguindo ao recomendado no IV Conselho Coordenador do Ministério

da Educação e Cultura10

realizado em Agosto de 2008, no qual se verificou a existência de um

deficiente domínio das habilidades de leitura e escrita iniciais nas escolas do ensino Básico

(OTEO`s, 2010/14). Portanto, apelou-se pela multiplicação de esforços em todo o território

nacional, disseminando estratégias efetivas no domínio de ensino de leitura e escrita iniciais o

que ficou conhecido por jornadas pedagógicas.

O diretor da Escola de Macurungo exemplifica as mencionadas atividades por eles

praticadas como forma de dar o apoio psicopedagógico aos alunos em sua escola: “as aulas

de recuperação dadas aos sábados, formação de turmas tendo as experiências dos

professores e marcação diária do TPC11

e texto de apoio pedagógico”.

Complementando os DE, o Diretor Adjunto Pedagógico (DAP) destaca a política de

apoio em alimentação aos alunos. Não obstante, para além de concordar com o que já foi dito,

o diretor Adjunto Pedagógico da Escola de Macurungo acredita que as “políticas para tal

existem, mas o que falta são fundos para viabilizar tais políticas”, dando a entender que a

falta de fundos contribui para que tal política não seja implementada em sua instituição.

A alimentação equilibrada é tida no PEEC como fundamental e adequada para

retenção e desempenho escolar dos alunos, visto que no país existem 44% de crianças com até

cinco anos com desnutrição crônica, trazendo um impacto negativo no desenvolvimento

cognitivo da criança e de difícil recuperação. Estudos realizados constataram que a

desnutrição é um dos mais graves problemas sociais e responsável pelo baixo rendimento

escolar (SAWAYA, 2006). Contudo, para o caso das escolas pesquisadas, a problemática da

desnutrição não se faz sentir, e acreditamos que este cenário estará relacionado com a

melhoria das condições econômicas que o país12

vem registrando nos últimos anos, com

10 Antes os Ministérios da Educação e da Cultura eram um só. 11 Trabalho Para Casa. 12 Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), Moçambique é o país que mais cresce no continente

Africano, tendo registrado uma taxa de crescimento de 8.5% em 2013, perspectivando-se uma taxa de

crescimento na ordem de 8% para o presente ano.

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maior incidência paras as zonas urbanas, sendo que o desafio de reduzir este mal continua nas

zonas rurais.

4.4.2.2 Igualdade de condições de acesso e permanência de crianças na escola

Várias são as evidências dos estudos internacionais que comprovam os benefícios do

aumento de escolarização para o indivíduo e para a sociedade em geral apesar de nem todos

serem relevantes para o contexto moçambicano (PEEC, 2012/16). À luz do PEEC (2012/16),

o governo continuará a privilegiar o ensino primário de sete classes para todas as crianças, de

forma que elas possam ter a oportunidade de frequentar e concluir o ensino primário completo

e com qualidade, assegurando que todas as crianças adquiram as habilidades básicas nas áreas

de comunicação, ciências matemáticas, naturais e sociais, educação física, estética e cultural

para que estejam preparados para continuar seus estudos no nível seguinte. Embora o PEEC

aponte para grandes avanços em termo de acesso à escola, em todos os níveis de ensino,

também destaca a existência de muitas crianças fora do sistema escolar e que não conseguem

concluir o ensino primário ou transitar para o nível seguinte.

A distância entre a escola e a dispersão da população nas zonas de residência, as

condições econômicas das famílias para suportar os custos diretos e ou indiretos da educação,

a falta de condições para atender crianças com necessidades especiais, aspectos culturais,

condições precárias das escolas, frequente ausência dos professores, entre outros, são algumas

das razões vistas e apontadas no PEEC como desmotivantes para a não ida de crianças para as

escolas e ao mesmo tempo causadoras da não retenção e do fracasso na implementação dos

diferentes programas existentes para tentar solucionar a problemática.

Conforme as recomendações da avalição do PEEC, pondera-se como fundamental a

necessidade de consolidar as reformas que promovam a inclusão das crianças mais

vulneráveis que estão fora do sistema através de medidas de apoio social (construção de

escolas próximas das comunidades, distribuição de livros escolares a todas as crianças nas

escolas primárias, controle sobre o uso do tempo letivo, maior envolvimento dos conselhos de

escolas e de pais e encarregados de educação, implementação da política de educação

inclusiva, etc) evitando sua exclusão ou desistência motivada por razões econômicas.

A igualdade de condição e permanência de crianças é um modelo de programa de

melhoria de qualidade definido e levado a cabo pelo governo que visa garantir uma educação

básica a todas as crianças moçambicanas, envidando esforços para que metades de crianças

tenham acesso aos serviços educativo até 2015, meta do ODM. Na perspectiva do diretor da

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Escola Agostinho Neto, esse tipo de política “faz com que algumas crianças não se sintam

discriminadas pelas outras e haja uma interação mútua e convívio comum”. Entretanto, o

diretor da Escola Heróis Moçambicanos associa a igualdade de condição e permanência de

crianças nas escolas voltada para a distribuição e acesso de material para alunos e professores,

segundo ele “é um programa que visa melhorar a qualidade de ensino na medida em que

todos tenham acesso ao material, e deste material poderá ser usado na concretização da

teoria”. Na opinião dos diretores da Escola de Macurungo afirmam que independentemente

do gênero, todos têm oportunidades iguais e acesso ao ensino.

Complementando, as oportunidades de acesso e permanência de crianças na escola são

apontadas pelos diretores Adjuntos Pedagógicos da Escola Agostinho e Heróis

Moçambicanos como um requisito para melhorar a qualidade de ensino, pois na percepção

destes, acreditam que “quanto maior for à permanência maior é a probabilidade de

aprender e assimilação”.

Percebe-se que todos respondentes têm o conhecimento de quão relevante essa política

se torna na contribuição para a melhoria de educação no país. No capítulo II, art. 3 do (RGEB

(2008), na sua alínea e) as escolas para além de proporcionar uma formação básica da

personalidade, visam aumentar as oportunidades educativas e garantir a participação de todos

os alunos, sem excluir os que têm necessidades educativas especiais. Pois a sociedade em

geral (políticos, administradores, educadores, pais e alunos) é desafiada a assegurar que os

alunos não somente ingressem na escola, como também devem sempre frequentar e aprender

as competências básicas de leitura, escrita e cálculo, subsidia (ADE, 2014).

4.4.2.3 Implementação de sistemas de avaliação no processo de gestão educativa e melhoria

da aprendizagem

Prevê-se no (artigo 60, alínea c) do RGEB que a avaliação tende a contribuir para a

melhoria da qualidade do sistema educativo, possibilitando a tomada de decisões para o seu

aperfeiçoamento e promovendo uma confiança social no seu funcionamento. Como também

permite uma recolha sistemática de informações que, ao serem analisadas, retroalimentam o

processo de ensino-aprendizagem, e consequentemente, promove a qualidade de educação.

Com vista a incidir sobre as competências definidas nos programas de ensino em

várias áreas e disciplinas de cada classe, ciclo e grau, a avaliação consiste na verificação e

controle do rendimento escolar e também apoiar o processo educativo de modo a sustentar o

sucesso, permitindo o reajuste curricular da escola e da turma em relação à seleção de

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metodologias e recursos em função das necessidades dos alunos. Fazem parte desse processo,

os professores, os alunos, os encarregados de educação, os membros de conselho de escola, a

direção da escola e os técnicos da educação em vários níveis e cada escola tem o seu método e

maneira de fazer a avaliação.

Embora o regulamento seja claro e bem definido no que se refere às formas de

avaliação e suas modalidades, em quase todas as instituições, a avaliação do sistema é mais do

que uma simples lei que está para ser cumprida, pois para além do seu cumprimento, propicia

o bom e um coeso funcionamento da instituição. Tende a ser uma função didática que

percorre todas as etapas do ensino e abrange a consolidação dos vários tipos de atividades do

professor e dos alunos no processo de ensino.

De acordo com o diretor da Escola Agostinho Neto tem havido em sua escola um

sistema de avaliação que traz para o nosso conhecimento algumas práticas desenvolvidas

dentro da instituição como forma de avaliar o desempenho de alunos nas 1ª classes: “são

implementadas as jornadas pedagógicas, nas quais os alunos para além do período

normal de aulas, aos sábados têm cadernos extras na disciplina de português para o

aperfeiçoamento de leitura”. Ainda sobre a questão da avaliação, para o diretor da Escola

Heróis Moçambicanos, os sistemas de avaliação são variados, tendo em conta a dinâmica do

próprio processo de ensino-aprendizagem. Como exemplo, afirma que “têm se avaliado o

aluno no domínio de saber ser, fazer, as criatividades individuais dos alunos, os

conhecimentos extracurriculares, etc”.

De igual maneira, sob o ponto de vista do diretor Adjunto Pedagógico da Escola

Agostinho Neto, no qual admite a verificação de um sistema de avaliação no processo de

gestão de qualidade, enfatiza a resposta dada pelo diretor da Escola Agostinho Neto

afirmando que, a escola depende de planos traçados a nível central que tem a função

fundamental de fazer cumprir a sua implementação. Não obstante, na mesma perspectiva,

o diretor Adjunto Pedagógico da Escola Heróis Moçambicanos faz menção a umas das

estratégias de implementação da avaliação, implementado em sua instituição que tem a ver

com o pleno acompanhamento do educador no momento de avaliação, bem como

noutras esferas. Destacando a importância de participação e articulação dos pais e ou

encarregados de educação na vida estudantil dos seus filhos, contribuindo deste modo para

uma melhoria de qualidade de educação dos mesmos.

Corroborando com o que já foi dito acima e tendo em conta os documentos oficiais

que regem o ensino básico os diretores da Escola de Macurungo afirmam que tem havido o

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sistema de avaliação que visam à melhoria do sistema de aprendizagem e as políticas

definidas pelo governo para o setor da educação.

De acordo com as OTEO´s (2010/12) é feita a avaliação para comprovar se o

estudante desenvolveu as competências requeridas ao longo do ano letivo e visa determinar o

grau de desempenho do professor na sua nobre missão docente (em que medida os métodos

que aplica no processo de ensino-aprendizagem são eficazes), fazendo com que o professor

assegure, permanentemente, uma boa preparação individual com vista a lograr a formação

efetiva do aluno.

Em relação à existência de um sistema de avaliação, pode-se perceber claramente de

acordo com as respostas dos respondentes, que nas suas instituições tem havido uma

avaliação do processo educativo, dependendo da instituição as avaliações realizam-se

mediante a dinâmica do processo de ensino-aprendizagem e dos planos traçados ao nível

central.

Através das jornadas pedagógicas, o MINED deve desenvolver e implementar

estratégias de iniciação de leitura e escrita adaptadas ao contexto de aprendizagem e às

necessidades dos alunos; elevar o nível de desempenho dos alunos nas habilidades linguísticas

(ouvir, falar, ler e escrever), segundo (OTEO´s, 2010/14).

A avaliação do ensino-aprendizagem deve ser vista como um processo sistematizado e

contínuo, no decurso do qual vão sendo obtidos informações e manifestações acerca do

desenvolvimento das atividades professor e aluno, que influencia na mensuração do seu

desempenho, com vista a se observar se foram ou não alcançados os resultados almejados.

Para esse efeito um sistema de acompanhamento e monitoria que mostra evidências do

desempenho do aluno, do professor e da escola (PEEC, 2012/16), torna-se um mecanismo

necessário de avaliação da gestão educativa e da qualidade de aprendizagem. No entanto,

nesse acompanhamento e monitoria há que se ter em conta a elaboração do plano da aula, uma

vez que o plano de aula é um detalhamento do plano de ensino, no qual as unidades e

subunidades previstas em linhas gerais são detalhadas e sistematizadas para uma situação

didática real, servindo para orientar as ações do professor, bem como possibilita a revisões

constantes e aprimoramento de ano para ano.

4.4.2.4 Formação continuada e integrada dos professores e profissionais da escola

Para MINED (2003), o professor é considerado no Plano Curricular do Ensino Básico

(PCEB) como a chave do sucesso na implementação dos propósitos do plano curricular do

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ensino básico, sendo seu desempenho de grande relevância para a escola. Porém, o bom

desempenho do mesmo depende maioritariamente da sua formação. O plano de formação de

professores é concebido no PCEB, em duas vertentes fundamentais: formação iniciada e em

exercício. A formação inicial fornece ao professor uma base conceitual e metodológica para o

correto e eficaz exercício da missão docente e assegura a possibilidade de continuar a sua

aprendizagem numa perspectiva de auto formação permanente. Porém, a formação em

exercício tem em vista atualizar os professores em exercício capacitando-os permanentemente

para o sucesso do processo de ensino-aprendizagem e renovação da escola.

Para todos os níveis de ensino (Geral, Técnico-Profissional, Especial e Vocacional), a

formação dos professores realiza-se em instituições especializadas e visa assegurar a

formação integral dos docentes, capacitando-os para assumirem a responsabilidade de educar

e formar jovens e adultos, como também confere ao professor uma sólida formação cientifica,

psicopedagógica e metodológica.

O VSO (s/d) destaca várias modalidades de formação inicial de professores. Sendo

uma delas implementado aos que concluem a 10ª classe, o último ano do ensino secundário e

queiram se candidatar a formação de professores primários (habilitações para lecionarem

apenas no EP1 e EP2) nas diferentes instituições de formação de professores. Como também

aplicado aos que concluem a 12ª classe e pretende se candidatar para os cursos de formação

de professores para o ensino secundário na Universidade Pedagógica (UP).

Em relação aos professores efetivos, de acordo com a VSO (s/d), esses também podem

pedir bolsas de estudos para se formarem como professores do ensino secundário na

Universidade Pedagógica e ao concluírem os cinco anos de licenciatura, suas qualificações

dão-lhes acesso a um considerável melhoramento de salário e de oportunidades de emprego,

dentro ou fora do sistema de educação.

Estão também a serem desenvolvidos esforços para que os professores em serviço

tenham acesso aos programas de formação contínua. Iniciativas que incluem o programa de

Cursos de Reforço Escolar: Sistemáticos, Contínuos, Experimentais e Reflexivos

(CRESCER), que funciona nas ZIPs, e o uso de programas de ensino a distância. O sistema de

ZIPs foi traçado com o objetivo de criar uma interação (reuniões regulares, trocas de

experiência, problemas e soluções) entre os professores e diretores de escolas, para além das

formações e seminários mais formalizados. Atividades estas que contribuem para a melhoria

da gestão de qualidade de educação, como também servem de suporte para o desenvolvimento

do processo de ensino-aprendizagem.

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Já se tem na consciência o quão importante é a formação do professor e no PEEC

(2012/16) já vem se discutindo sobre a importância de se ter professor motivado, preparado e

apoiado como fundamental na aprendizagem dos seus alunos. Fazendo com que a qualidade

de sua formação, a provisão e o apoio pedagógico aos professores continuem a merecer

atenção especial ao nível do governo. Sua formação deve ter uma atenção redobrada na

formação inicial e em serviço se considerada no contexto da profissionalização da profissão e

o seu acompanhamento ao nível da escola e da sala de aula, implantando uma orientação

curricular centrada nas competências do professor que lhe conferirá uma maior ligação entre o

seu desempenho na sala de aula e a evolução na sua carreira e, consequentemente, na

qualidade de ensino e aprendizagem dos alunos.

Ao questionar sobre a priorização da formação continuada e integrada dos professores

e profissionais da escola como forma de incentivo e melhoria de qualidade do ensino e a sua

periodicidade, os diretores da Escola Agostinho Neto afirmam que anualmente os

professores são consultados se estão dispostos a continuarem com os estudos e são

colocados no mapa que depois é enviado à direção provincial como proposta para o ano

seguinte, bem como a escola possui um plano para que todos possam se beneficiar de

continuidade de estudo. Na opinião dos diretores da Escola Heróis Moçambicanos destacam

que a escola prioriza a formação continuada do funcionário docente e não docente.

Anualmente, seguindo o plano da escola são integrados nas instituições de formação

certos grupo de funcionários que ainda não estão a estudar em função do plano de

estudo. Complementando, os diretores da Escola de Macurungo, também concordam e dizem

que muitos dos professores estão a frequentar o ensino superior e ao nível da escola

existe o plano de formação dos mesmos.

Pode-se verificar que as instituições possuem um plano que beneficia a continuidade

de estudos do pessoal docente e não docente. Como já definido, no RGEB, nos seus números

10 e 18 do artigo 50, já se prevê como direito do professor o acesso a informações de serviço

e à ação de formação profissional para elevar o seu nível de formação e melhor responder as

suas tarefas e à participação em ações de formação e estudos. Reforçando e reconhecendo a

complexidade e importância do assunto, através do PEEC (2012/16) foi criada uma Direção

Nacional para Formação de Professores com objetivo primordial de melhorar o desempenho

dos professores, assegurar uma melhor integração da formação com o desempenho

profissional e da promoção de uma melhor cooperação entre os vários intervenientes dentro e

fora do governo.

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Sabe-se que a qualificação do professor é estratégica para a qualidade de educação

de qualidade. Contudo, é preciso investir na formação continuada do professor, encarando a

qualidade de uma forma sistêmica, desde creche até ao pós-doutorado (GADOTTI, 2013).

Neste sentido, sente-se um grande esforço empreendido ao nível do governo para

tentar solucionar os mesmos problemas, pois é notório nas escolas a verificação de um plano

de formação que tendem a enquadrar todo o funcionário docente e não docente para a

continuação dos seus estudos como uma das formas para melhorar a qualidade de ensino e,

através de programa de apoio direto às escola, visando a criar condições necessárias para um

ambiente escolar saudável e propício para a aprendizagem dos alunos no qual são

disponibilizados a cada ano, professores, livros e recursos financeiros.

4.4.2.5 Gestão participativa e direção coletiva nas escolas

No processo de gestão há que se considerar a questão de abertura que a escola deve ter

para com outros atores, quer interno como externos. No contexto moçambicano fazem parte

de órgão de funcionamento (executivos e de consulta) das escolas a direção da escola, o

conselho de escola, coletivo de direção, conselho pedagógico, assembleia geral da escola,

assembleia geral da turma e conselho geral de turma. Todos eles com suas participações

dentro das escolas, no entanto, é atribuído ao conselho da escola, órgão máximo do

estabelecimento escolar, a função de ajustar as diretrizes e metas estabelecidas ao nível

central e local à realidade da escola e “garantir a gestão democrática, solidária e

corresponsável da escola” (RGEB, 2008).

Atendendo às necessidades de gestão democrática, as comissões e ou associações de

pais ou de ligação escola/comunidade são órgãos de apoio ao funcionamento constituinte do

Conselho da Escola que têm a função de identificar os problemas que carecem de uma

participação comunitária e providenciar soluções em coordenação, com esta e com os pais ou

encarregados de educação.

É também referida no documento normativo da escola (OTEOS – Orientações e

Tarefas Escolares Obrigatórias) a necessidade do envolvimento entre a escola e a

comunidade, prosseguindo com o programa de capacitação de diretores da escola, no quadro

de descentralização, reforçando os mecanismos de responsabilização ao nível da escola com o

envolvimento da comunidade. A direção da escola deve garantir o desenvolvimento de suas

funções com sucesso mediante o reforço do diálogo, a parceria e o envolvimento da

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comunidade escolar através dos Conselhos de Escola na planificação e gestão da instituição

(OTEOS, 2010).

Demostrando uma gestão democrática e consequente abertura da escola para a

comunidade, os participantes concordaram com a verificação dentro da escola de uma gestão

participativa, como apontam os nossos entrevistados. Assim, para o diretor da Escola

Agostinho Neto, a gestão participativa e a direção coletiva fazem com que haja

transparência e com que os subordinados contribuam com ideias e sugestões que fazem

falta para o melhoramento da escola. Corroborando, o diretor da Escola Heróis

Moçambicanos aponta que a gestão faz-se sentir na medida em que os funcionários

docentes e não docentes participam ativamente na elaboração dos documentos que

garantem o funcionamento da escola (plano anual de atividades, regulamento da escola e

outros) e na tomada de decisões para a vida da escola. Fato igualmente destacado pelo

diretor da Escola de Macurungo, para quem, é sempre bom trabalhar em equipe, pois cada

um dá sua opinião ou ponto de vista e o trabalho firma célere quando todos se envolvem.

Nestes depoimentos acima, percebe-se uma abertura interna para uma gestão democrática e

participativa.

O PEEC (2012/16) reconhece que a transparência dos atos administrativos e

pedagógicos, a alocação e gestão dos recursos humanos e financeiros, a prestação de contas

para atingir os objetivos da escola, a oportunidade e o envolvimento da comunidade (pais,

alunos e professores) na participação das tomadas de decisões, influenciam para uma boa

governação institucional com vista a garantir uma eficiente e eficaz gestão escolar. Ao serem

definidas essas metas como prioritárias e traçadas as estratégias que assegurem o seu alcance,

estariam às escolas a promover e garantir o bom funcionamento das mesmas em termos

administrativos e pedagógicos.

Observa-se um esforço ao nível do governo em tentar trazer e implementar o conceito

de gestão participativa e democrática nas escolas moçambicanas, abrindo espaço para que a

sociedade em geral faça parte do mesmo. Contudo, a gestão participativa fazer-se-á sentir a

partir do momento que os diretores escolares tenham conhecimentos profundos sobre o

significado do que seja essa gestão participativa e democrática, na qual todos os

intervenientes possam participar de forma organizada, coordenada, trabalhando em equipe,

contribuindo com suas ideias e comprometidos em prol do melhoramento da qualidade de

educação. Através do Conselho de Escola, criam-se oportunidades de interação entre as

escolas-famílias e escola-comunidade em busca de bons resultados.

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Foram estabelecidas associações dos pais para participarem na gestão de escolas, em

conjugação com os já existentes conselhos de escolas, que são compostos por pais e

representantes da comunidade. Com esse tipo de iniciativa, espera-se que isto leve a um

grande envolvimento dos pais nos assuntos da escola. Também houve iniciativas de criar uma

ligação forte entre as escolas e as comunidades à sua volta (VSO, s/d).

É referenciado no PEEC (2012/16) que o direito da educação para todos não é apenas

responsabilidade e ou obrigação do Estado, mas sim de todos (pais e encarregados de

educação, famílias e comunidade, organizações não governamentais e parceiros

internacionais) tendo cada interveniente, um papel a desempenhar na oferta e procura de

serviços educativos dentro das suas capacidades e meios em função das necessidades.

Em relação à oferta de oportunidades que valorizam a participação dos profissionais

da educação e a comunidade para melhoria da qualidade do ensino e a forma de participação,

os respondentes acreditam que a participação da comunidade influencia para a melhoria do

ensino, com isso os encarregados de educação têm algumas representações. Os diretores da

Escola Heróis Moçambicanos afirmam que no âmbito da gestão participativa têm recebido

muito apoio moral, ético e material e fazem valer aplicando no dia-a-dia. São observadas

as boas maneiras de ornamentar a instituição vindas da comunidade e as boas maneiras

do bom aproveitamento pedagógico vindas dos professores. A escola abre espaço para

que cada um contribua com suas ideias aceitando críticas. Os diretores da Escola de

Macurungo dizem oferecer essa oportunidade. Ex: nas assembleias de turmas os pais têm

sido convidados a contribuir com ideias práticas para a melhoria de qualidade do ensino

e a escola esta sempre aberta para receber qualquer que seja a contribuição das pessoas

de boa vontade.

Através de politicas governamentais, aprovadas no PEEC (2012/16) pelo governo, são

promovidas participações ativas e democráticas da sociedade na gestão das escolas, pois,

parte-se do princípio de que a escola é um patrimônio da comunidade e nela a sociedade

transmite de um jeito formal as experiências acumuladas do âmbito sociocultural e científico

da humanidade às novas gerações.

Dentre várias formas, as famílias participam na vida da escola, priorizando a educação

dos filhos ao nível de despesas, apesar de nem sempre serem contabilizadas as contribuições

dos familiares, pais e ou encarregados de educação, pois as mesmas são consideradas

significativas e de grande valia.

A abertura para a interação do Conselho da Escola, no qual a comunidade é parte

integrante, é feita mediante realizações de reuniões, três vezes ao ano, com apresentação em

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cada início de ano letivo à Assembleia Geral da Escola, o relatório das atividades

desenvolvidas no ano anterior e o plano de atividades para o ano corrente. Entretanto, em

casos emergentes e julgados convenientes, pelo menos 2/3 dos membros representantes do

conselho podem convocar a assembleia e discutirem sobre qualquer questão que julgarem

conveniente, desde que não contrariem o regulamento.

Para o diretor da Escola Heróis Moçambicanos várias são as atividades, como a

promoção do desporto, jogos entre escolas e outros meninos vindos da comunidade,

promoção de convívios das instituições com a participação dos líderes comunitários e

promoções de encontros (reuniões) envolvendo os pais e encarregados de educação.

Para o diretor Adjunto Pedagógico da Escola Heróis Moçambicanos, a comunidade é

envolvida na vida da escola através da gestão participativa e transparência dos fundos

atribuídos a própria escola, dependendo dos casos as atividades podem acontecer

semanalmente. Para os diretores da Escola de Macurungo afirmam que o envolvimento da

comunidade na escola é trimestral, realizam-se reuniões regulares com os pais e ou

encarregados de educação e são promovidas palestras com a participação da

comunidade. Apontando estes depoimentos a uma abertura externa da escola para uma gestão

democrática e participativa.

De acordo com RGEB (2009), pelo menos três vezes por ano, o conselho da escola

deve se reunir, e a comunidade faz parte desse conselho. Segundo as respostas obtidas, as

instituições têm regularmente e quando se manifesta a necessidade para o efeito realizado

encontro (reuniões) desenvolvido junto da comunidade, pais e encarregados de educação.

A OTEO´s (2010/14) descreve a participação da comunidade numa perspectiva de

autoconstrução e manutenção, cujas direções escolares devem trabalhar com os professores,

alunos e a própria comunidade a que pertence na promoção de inúmeras atividades na escola,

tais como: reconstrução e conservação das salas de aulas; no fabrico ou conserto de carteiras,

bancos e mesas; na construção de latrinas; na abertura de furos de água; na manutenção da

higiene e limpeza permanente das escolas e sua decoração, etc.

4.4.3 Determinação da existência de mecanismos ou atributos de gestão de qualidade na

percepção dos professores

Com o objetivo de visualizar uma amplitude maior sobre a distribuição dos dados

obtidos, foi realizada uma análise descritiva. Para o levantamento de existência de

mecanismos ou atributos de gestão de qualidade nas instituições investigadas, foi elaborado e

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aplicado um questionário com 28 questões utilizando uma escala Likert de pontuação no

intervalo de 1 a 5 para 18 professores, sendo todos válidos. O 1 significa que discordava

totalmente com a afirmação, 2 significa que apenas discorda, 3 significa neutro, sem opinião,

4 significa que concorda e o 5 significa que concorda totalmente para a melhoria de

qualidade. Entretanto, para uma questão o respondente pode atribuir apenas uma classificação

até no máximo 5 pontos.

Para melhor compreensão e saber a pontuação das questões são apresentadas em

tabela os resultados descritivos das variáveis observáveis das três escolas. A tabela apresenta

os pontos que cada variável obteve: o valor da média e mediana para cada instituição.

A tabela 8 apresenta os resultados da pesquisa das percepções dos professores das três

instituições de ensino pesquisadas sobre variáveis das categorias em análise: atributos

relacionados à gestão de qualidade na educação, constituídas por 15 variáveis da categoria de

mecanismos de qualidade, 10 variáveis da categoria de competência dos diretores e

professores distribuídos em 5 para cada e 3 variáveis da categoria de perfil e formação.

De acordo com a tabela seguinte, na percepção dos professores, os resultados das

variáveis da categoria de mecanismos de qualidade na escola Agostinho Neto, as médias

ficaram entre 2,83 a 5, sendo a menor média 2,83 na A4 - garantia de instalações e ambiente

escolar adequado e A5 - condições de acessibilidade e atendimento para portadores de

necessidades especiais, a maior média foi 5 da A15 - politicas que norteiam a educação básica

(Regulamento escolar).

Na categoria de competência dos diretores as médias ficaram entre 4,5 a 5, com menor

média 4,5 na B20 - Ter conhecimentos, habilidades e atitudes, e maior média foi 5 nas B17 -

orientar e controlar o processo de matrículas e inscrições, B18 - aprovar os horários,

distribuição do serviço docente e a organização geral das turmas e B19 - dirigir, coordenar e

controlar a escola e representando - a no plano interno e externo. Na categoria de competência

dos professores as médias ficaram entre 3,67 a 4,83, com menor média 3,67 na C24 -

participar na organização e realização das atividades extracurriculares, a maior média foi 4,83

na C21 - colaborar com a comunidade, pais e encarregados de educação estimulando a sua

participação.

Na categoria de perfil e formação as média na ficaram entre 4,5 a 5, com menor média

4,5 na D26 - sólida formação psicopedagógica e metodológica, a maior média foi 5 na D27 -

formação integrada de docentes no nível básico, médio e superior.

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AGOSTINHO NETO

HERÓIS

MOÇAMBICANOS MACURUNGO

MECANISMOS OU ATRIBUTOS DE GESTÂO DE QUALIDADE NA PERCEPÇÃO DOS

PROFESSORES Pontos Média Med Pontos Média Med Pontos Média Med

A1 - Serviços de apoio e orientação ao aluno 22 3,67 4 24 4 4 19 3,17 3,5

A2 - Igualdade de condições de acesso e permanência na escola 22 3,67 4,5 19 3,17 3 20 3,33 3,5

A3 - Implementação de sistemas de avaliação 23 3,83 4 22 3,67 4 24 4 4

A4 - Garantia de instalações e ambiente escolar adequado 17 2,83 3 28 4,67 5 24 4 4

A5 - Condições de acessibilidade e atendimento para portadores de necessidades especiais 17 2,83 3 23 3,83 4 15 2,5 2,5

A6 - Ambiente escolar seguro para alunos, professores, funcionários, pais e comunidade em geral 27 4,5 4,5 30 5 5 26 4,33 4,5

A7 - Participação de gestores e direção escolar 29 4,83 5 29 4,83 5 25 4,17 5

A8 - Existência de planejamento e gestão coletiva do trabalho pedagógico 26 4,33 5 27 4,5 4,5 28 4,67 5

A9 - Definição clara de atividades pedagógicas e curriculares 25 4,17 5 28 4,67 5 25 4,17 4,5

A10 - Aplicação dos métodos pedagógicos apropriados 26 4,33 5 28 4,67 5 24 4 4

A11 - Processos de avaliação para identificar, monitorar e resolver os problemas de aprendizagem 19 3,17 4 25 4,17 4 27 4,5 5

A12- Tecnologias educacionais e recursos pedagógicos 23 3,83 4 26 4,33 4 24 4 4

A13 - Liberdade de atuação, autonomia e participação de toda a comunidade 21 3,5 4,5 25 4,17 4 21 3,5 3,5

A14 - Formação continuada, profissionalização e ação pedagógica na instituição 21 3,5 3,5 27 4,5 4,5 24 4 4

A15 - Políticas que norteiam a educação básica (Regulamento escolar) 30 5 5 26 4,33 4,5 26 4,33 4,5

COMPETÊNCIAS DOS DIRETORES ESCOLARES

B16 - Cumprir e fazer cumprir as leis, regulamentos, instruções e determinações superiores 29 4,83 5 29 4,83 5 27 4,5 4,5

B17 - Orientar e controlar o processo de matrículas e inscrições 30 5 5 28 4,67 5 30 5 5

B18 - Aprovar os horários, distribuição do serviço docente e a organização geral das turmas 30 5 5 28 4,67 5 25 4,17 4,5

B19 - Dirigir, coordenar e controlar a escola e representando - à no plano interno e externo 30 5 5 29 4,83 5 29 4,83 5

B20 - Ter conhecimentos, habilidades e atitudes 27 4,5 5 29 4,83 5 23 3,83 4

COMPETÊNCIAS DOS PROFESSORES

C21 - Colaborar com a comunidade, pais e encarregados de educação estimulando a sua

participação 29 4,83 5 29 4,83 5 28 4,67 5

C22 - Preparar e organizar adequadamente as lições 27 4,5 4,5 27 4,5 4,5 27 4,5 5

C23 - Agir com imparcialidade e dedicação a uma escola 27 4,5 4,5 27 4,5 4,5 24 4 4

C24 - Participar na organização e realização das atividades extracurriculares 22 3,67 4 22 3,67 4 26 4,33 5

C25 - Atualizar e aperfeiçoar os conhecimentos técnico-científicos 28 4,67 5 28 4,67 5 27 4,5 4,5

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PERFIL E FORMAÇÃO DOS DIRETORES E PROFESSORES

D26 - Sólida formação psicopedagógico e metodológica 27 4,5 4,5 27 4,5 4,5 26 4,33 4

D27 - Formação integrada de docentes no nível básico, médio e superior 30 5 5 30 5 5 25 4,17 4

D28 - Elevação constante do nível de formação científica, técnica e psicopedagógico 29 4,83 5 29 4,83 5 23 3,83 4

Tabela 8: Análise descritiva da pesquisa dos professores nas instituições de ensino pesquisadas

Análise descritiva da pesquisa dos professores nas instituições de ensino pesquisadas

Fonte: Dados da pesquisa.

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Para a escola Heróis Moçambicanos, as média ficaram entre 3,17 a 5, sendo a menor

média 3,17 na A2 - igualdade de condições de acesso e permanência na escola, a maior média

foi 5 da A6 - ambiente escolar seguro para alunos, professores, funcionários, pais e

comunidade em geral.

Na categoria de competência dos diretores as médias ficaram entre 4,67 a 4,83, com

menor média 4, 67 nas B17 - orientar e controlar o processo de matrículas e inscrições, B18 -

aprovar os horários, distribuição do serviço docente e a organização geral das turmas e a

maior média foi 4,83 nas B16 - cumprir e fazer cumprir as leis, regulamentos, instruções e

determinações superiores, B19 - dirigir, coordenar e controlar a escola e representando - a no

plano interno e externo e B20 - ter conhecimentos, habilidades e atitudes. Na categoria de

competência dos professores as médias ficaram entre 3,67 a 4,83, com menor média 3,67 na

C24 - participar na organização e realização das atividades extracurriculares, a maior média

foi 4,83 na C21 - colaborar com a comunidade, pais e encarregados de educação estimulando

a sua participação.

Na categoria de perfil e formação as média ficaram entre 4,5 a 5, com menor média

4,5 na D26 - sólida formação psicopedagógica e metodológica e a maior média de 5 na D27 -

formação integrada de docentes no nível básico, médio e superior.

Na escola de Macurungo, as médias ficaram entre 2,5 a 4,67, cuja menor média foi de

2,5 na A5 - condições de acessibilidade e atendimento para portadores de necessidades

especiais e a maior foi de 4,67 da A8 - existência de planejamento e gestão coletiva do

trabalho pedagógico.

Na categoria de competência dos diretores, as média ficaram entre 3,83 a 5, com

menor média 3,83 na B20 - ter conhecimentos, habilidades e atitudes e maior média de 5 na

B17 - orientar e controlar o processo de matrículas e inscrições. Na categoria de competência

dos professores as médias ficaram entre 4 a 4,67, com menor média 4 na C23 - agir com

imparcialidade e dedicação a uma escola e maior média de 4,67 na C21 - colaborar com a

comunidade, pais e encarregados de educação estimulando a sua participação.

Na categoria de perfil e formação, as médias ficaram entre 3,83 a 4,33, com menor

média 3,83 na D28 - elevação constante do nível de formação cientifica, técnica e

psicopedagógico, a maior média foi 4,33 na D26 - sólida formação psicopedagógica e

metodológica.

Foram, também, por cada instituição somados e agrupados por ordem decrescente os

valores que cada um dos respondentes atribuiu para cada variável de acordo com os campos

de atuação (categoria) e achadas as frequências com a intenção de saber quantas vezes cada

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ocorrência apareceu na amostra levantada, iniciando-se pela Escola Agostinho Neto,

conforme a tabela seguinte.

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ESCOLA AGOSTINHO NETO

Variáveis Pontos Fr.

Relativa

Fr. Rel.

Acumulada

Mecanismos de

qualidade

A15 - Políticas que norteiam a educação básica (Regulamento escolar) 30 8,62 8,62

A7 - Participação de gestores e direção escolar 29 8,33 16,95

A6 - Ambiente escolar seguro para alunos, professores, funcionários, pais e comunidade em geral 27 7,76 24,71

A8 - Existência de planejamento e gestão coletiva do trabalho pedagógico 26 7,47 32,18

A10 - Aplicação dos métodos pedagógicos apropriados 26 7,47 39,66

A9 - Definição clara de atividades pedagógicas e curriculares 25 7,18 46,84

A3 - Implementação de sistemas de avaliação 23 6,61 53,45

A12 - Tecnologias educacionais e recursos pedagógicos 23 6,61 60,06

A1 - Serviços de apoio e orientação ao aluno 22 6,32 66,38

A2 - Igualdade de condições de acesso e permanência na escola 22 6,32 72,70

A13 - Liberdade de atuação, autonomia e participação de toda a comunidade 21 6,03 78,74

A14 - Formação continuada, profissionalização e ação pedagógica na instituição 21 6,03 84,77

A11 - Processos de avaliação para identificar, monitorar e resolver os problemas de aprendizagem 19 5,46 90,23

A4 - Garantia de instalações e ambiente escolar adequado 17 4,89 95,11

A5 - Condições de acessibilidade e atendimento para portadores de necessidades especiais 17 4,89 100,00

Competência dos

diretores

B17 - Orientar e controlar o processo de matrículas e inscrições 30 20,55 20,55

B18 - Aprovar os horários, distribuição do serviço docente e a organização geral das turmas 30 20,55 41,10

B19 - Dirigir, coordenar e controlar a escola e representando - a no plano interno e externo 30 20,55 61,64

B16 - Cumprir e fazer cumprir as leis, regulamentos, instruções e determinações superiores 29 19,86 81,51

B20 - Ter conhecimentos, habilidades e atitudes 27 18,49 100,00

Competências dos

professores

C21 - Colaborar com a comunidade, pais e encarregados de educação estimulando a sua participação 29 21,80 21,80

C25 - Atualizar e aperfeiçoar os conhecimentos técnico-científicos 28 21,05 42,86

C22 - Preparar e organizar adequadamente as lições 27 20,30 63,16

C23 - Agir com imparcialidade e dedicação a uma escola 27 20,30 83,46

C24 - Participar na organização e realização das atividades extracurriculares 22 16,54 100,00

Perfil e formação

D27 - Formação integrada de docentes no nível básico, médio e superior 30 34,88 34,88

D28 - Elevação constante do nível de formação científica, técnica e psicopedagógico 29 33,72 68,60

D26 - Sólida formação psicopedagógica e metodológica 27 31,40 100,00

Tabela 9: Mecanismos de qualidade - Escola Agostinho Neto

Fonte: Elaborado pela autora

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De acordo com a tabela 9, pode-se observar a percepção dos professores da escola

Agostinho Neto em relação às categorias de mecanismos de qualidade, competência dos

diretores e professores e o perfil e formação dos mesmos. A maior pontuação para o campo de

mecanismos de qualidade foi de 30 pontos atribuída a A15, na qual acreditam existir dentro

da instituição uma política que norteiam a educação básica (Regulamento escolar) e as

menores foram observadas nas A4 e A5 referentes à garantia de instalações e ambiente

escolar adequado e às condições de acessibilidade e atendimento para portadores de

necessidades especiais, com 17 pontos para cada variável.

Na categoria de competências dos diretores, a maior pontuação também foi de 30

pontos destacando o papel do diretor nas B17 - orientar e controlar o processo de matrículas e

inscrições; B18 - aprovar os horários, distribuição do serviço docente e a organização geral

das turmas e B19 - dirigir, coordenar e controlar a escola e representando - no plano interno e

externo. A menor pontuação não que seja muito distante e a menos importante das outras foi

de 27 pontos dada a B20 - ter conhecimentos, habilidades e atitudes.

Para a categoria das competências dos professores, a maior pontuação foi de 29 pontos

na C21 - colaborar com a comunidade, pais e encarregados de educação estimulando a sua

participação, sendo a menor com 22 pontos na C24 - participar na organização e realização

das atividades extracurriculares.

Para a categoria do perfil e formação as pontuações variam no intervalo de 30 a 27

pontos, tendo a D27 - formação integrada de docentes no nível básico e superior, obtido 30

pontos e D26 - sólida formação psicopedagógica e metodológica, 27 pontos.

Para a escola Heróis Moçambicanos, a tabela 10, também nos mostra as pontuações

que cada variável obteve de acordo com o seu campo de atuação, mediante a percepção dos

professores desta instituição. Para a categoria de mecanismos de qualidade, a pontuação

máxima foi de 30 para a A6, relacionado ao ambiente escolar seguro para alunos, professores,

funcionários, pais e comunidade em geral. Já a variável com menor ponto foi A2, referente à

igualdade de condições de acesso e permanência na escola, com 19 pontos. Dentre as

variáveis apontadas como contribuintes para melhoria de qualidade, a A2 foi a que menos

pesou na percepção dos professores da escola Heróis Moçambicano.

Em relação às competências dos diretores as variáveis, B16 - cumprir e fazer cumprir

as leis, regulamentos, instruções e determinações superiores, B19 - dirigir, coordenar e

controlar a escola e representando - ano plano interno e externo e B20 - ter conhecimentos,

habilidades e atitudes foram as que mais pontuaram, tendo uma pontuação máxima de 29

pontos para cada variável, ficando as B17 - orientar e controlar o processo de matrículas e

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inscrições e B18 - aprovar os horários, distribuição do serviço docente e a organização geral

das turmas com 28 pontos.

Para a categoria de competências dos professores, pode-se verificar que a C21 -

colaborar com a comunidade, pais e encarregados de educação estimulando a sua

participação, foi considerada a mais relevante, tendo ficado com 29 pontos, a menor

pontuação foi para C24 - participar na organização e realização das atividades

extracurriculares, com 22 pontos.

O perfil e a formação obtiveram dentre 30 pontos para D27 - formação integrada de

docentes no nível básico, médio e superior e 27 pontos para D26 - sólida formação

psicopedagógica e metodológica.

Observando as tabelas 9, já representadas acima, e 10 que se segue, verificou-se que,

nas duas instituições de ensino, as percepções dos professores coincidem, tanto para as

categorias das competências dos professores como para a de perfil e formação, tendo todas as

variáveis o mesmo grau de relevância e de pontuações.

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ESCOLA HERÓIS MOÇAMBICANOS

Variáveis Pontos Fr.

Relativa

Fr. Rel.

Acumulada

Mecanismos de

qualidade

A6 - Ambiente escolar seguro para alunos, professores, funcionários, pais e comunidade em geral 30 7,75 7,75

A7 - Participação de gestores e direção escolar 29 7,49 15,25

A4 - Garantia de instalações e ambiente escolar adequado 28 7,24 22,48

A9 - Definição clara de atividades pedagógicas e curriculares 28 7,24 29,72

A10 - Aplicação dos métodos pedagógicos apropriados 28 7,24 36,95

A8 - Existência de planejamento e gestão coletiva do trabalho pedagógico 27 6,98 43,93

A14 - Formação continuada, profissionalização e ação pedagógica na instituição. 27 6,98 50,90

A12 - Tecnologias educacionais e recursos pedagógicos 26 6,72 57,62

A15 - Políticas que norteiam a educação básica (Regulamento escolar) 26 6,72 64,34

A11 - Processos de avaliação para identificar, monitorar e resolver os problemas de aprendizagem. 25 6,46 70,80

A13 - Liberdade de atuação, autonomia e participação de toda a comunidade. 25 6,46 77,26

A1 - Serviços de apoio e orientação ao aluno 24 6,20 83,46

A5 - Condições de acessibilidade e atendimento para portadores de necessidades especiais 23 5,94 89,41

A3 - Implementação de sistemas de avaliação 22 5,68 95,09

A2 - Igualdade de condições de acesso e permanência na escola 19 4,91 100,00

Competência dos

diretores

B16 - Cumprir e fazer cumprir as leis, regulamentos, instruções e determinações superiores. 29 20,28 20,28

B19 - Dirigir, coordenar e controlar a escola e representando - a no plano interno e externo. 29 20,28 40,56

B20 - Ter conhecimentos, habilidades e atitudes. 29 20,28 60,84

B17 - Orientar e controlar o processo de matrículas e inscrições 28 19,58 80,42

B18 - Aprovar os horários, distribuição do serviço docente e a organização geral das turmas. 28 19,58 100,00

Competências dos

professores

C21 - Colaborar com a comunidade, pais e encarregados de educação estimulando a sua participação 29 21,80 21,80

C25 - Atualizar e aperfeiçoar os conhecimentos técnico-científicos 28 21,05 42,86

C22 - Preparar e organizar adequadamente as lições 27 20,30 63,16

C23 - Agir com imparcialidade e dedicação a uma escola 27 20,30 83,46

C24 - Participar na organização e realização das atividades extracurriculares 22 16,54 100,00

Perfil e formação

D27 - Formação integrada de docentes no nível básico, médio e superior 30 34,88 34,88

D28 - Elevação constante do nível de formação científica, técnica e psicopedagógico 29 33,72 68,60

D26 - Sólida formação psicopedagógica e metodológica 27 31,40 100,00

Tabela 10: Mecanismos de qualidade - Escola Heróis Moçambicanos

Fonte: Elaborado pela autora

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De acordo com a tabela 11 que se segue, sem se distanciar muito das outras

instituições, as médias para a escola de Macurungo em relação à categoria de mecanismos de

qualidade foram de 28 pontos máximos para a A8 - existência de planejamento e gestão

coletiva do trabalho pedagógico e 15 pontos para A5 - condições de acessibilidade e

atendimento para portadores de necessidades especiais, variável com menor pontuação

atribuída pelos professores.

Em relação à categoria de competências dos diretores a B17 - orientar e controlar o

processo de matrículas e inscrições obteve uma pontuação máxima de 30 pontos, ficando a

B20 - ter conhecimentos, habilidades e atitudes com 23 pontos.

Para a de competências dos professores, pode-se verificar que a C21 - colaborar com a

comunidade, pais e encarregados de educação estimulando a sua participação, foi considerada

a mais relevante com 28 pontos, e a C23 - agir com imparcialidade e dedicação a uma escola,

com 24 pontos mínimos.

O perfil e a formação obtiveram dentre 26 pontos para D26 - sólida formação

psicopedagógica e metodológica e 23 pontos para D28 - elevação constante do nível de

formação científica, técnica e psicopedagógico, de acordo com a tabela abaixo.

De referir que a categoria referente à formação dos professores as três instituições

foram unânimes ao destacarem a C21 com a maior pontuação em todas as instituições, de

acordo com as tabelas 9, 10 e 11.

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ESCOLA DE MACURUNGO

Variáveis Pontos Fr.

Relativa

Fr. Rel.

Acumulada

Mecanismos de

qualidade

A8 - Existência de planejamento e gestão coletiva do trabalho pedagógico 28 7,95 7,95

A11 - Processos de avaliação para identificar, monitorar e resolver os problemas de aprendizagem. 27 7,67 15,63

A6 - Ambiente escolar seguro para alunos, professores, funcionários, pais e comunidade em geral 26 7,39 23,01

A15 - Políticas que norteiam a educação básica (Regulamento escolar) 26 7,39 30,40

A7 - Participação de gestores e direção escolar 25 7,10 37,50

A9 - Definição clara de atividades pedagógicas e curriculares 25 7,10 44,60

A3 - Implementação de sistemas de avaliação 24 6,82 51,42

A4 - Garantia de instalações e ambiente escolar adequado 24 6,82 58,24

A10 - Aplicação dos métodos pedagógicos apropriados 24 6,82 65,06

A12 - Tecnologias educacionais e recursos pedagógicos 24 6,82 71,88

A14 - Formação continuada, profissionalização e ação pedagógica na instituição. 24 6,82 78,69

A13 - Liberdade de atuação, autonomia e participação de toda a comunidade. 21 5,97 84,66

A2 - Igualdade de condições de acesso e permanência na escola 20 5,68 90,34

A1 - Serviços de apoio e orientação ao aluno 19 5,40 95,74

A5 - Condições de acessibilidade e atendimento para portadores de necessidades especiais 15 4,26 100,00

Competência dos

diretores

B17 - Orientar e controlar o processo de matrículas e inscrições 30 22,39 22,39

B19 - Dirigir, coordenar e controlar a escola e representando - a no plano interno e externo. 29 21,64 44,03

B16 - Cumprir e fazer cumprir as leis, regulamentos, instruções e determinações superiores. 27 20,15 64,18

B18 - Aprovar os horários, distribuição do serviço docente e a organização geral das turmas. 25 18,66 82,84

B20 - Ter conhecimentos, habilidades e atitudes. 23 17,16 100,00

Competências dos

professores

C21 - Colaborar com a comunidade, pais e encarregados de educação estimulando a sua participação 28 21,21 21,21

C22 - Preparar e organizar adequadamente as lições 27 20,45 41,67

C25 - Atualizar e aperfeiçoar os conhecimentos técnico-científicos 27 20,45 62,12

C24 - Participar na organização e realização das atividades extracurriculares 26 19,70 81,82

C23 - Agir com imparcialidade e dedicação a uma escola 24 18,18 100,00

Perfil e formação

D26 - Sólida formação psicopedagógica e metodológica 26 35,14 35,14

D27 - Formação integrada de docentes no nível básico, médio e superior. 25 33,78 68,92

D28 - Elevação constante do nível de formação científica, técnica e psicopedagógico. 23 31,08 100,00

Tabela 11: Mecanismos de qualidade - Escola de Macurungo

Fonte: Elaborado pela autora

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86

Das 28 (vinte oito) variáveis contribuintes para a melhoria de qualidade, grande parte

delas tiveram uma pontuação acima da média em todas as instituições, de acordo com o

levantamento realizado com os professores respondentes, fazendo com que se fizesse um

estudo simultâneo de todas as variáveis em todas as categorias sem olhar para a média das

pontuações. Uma vez que na literatura, as variáveis acima mencionadas, são definidas como

contribuintes do processo de melhoria de qualidade na educação.

Os gráficos seguintes apresentam as 28 variáveis aplicadas em cada escola agrupadas

em campos de atuação (categorias) e levantadas na pesquisa. Observa-se que as variáveis

tiveram pontuações mais ou menos semelhantes de acordo com a categoria, levando a crer que

todas as questões são importantes para o bom funcionamento de uma instituição e com

qualidade.

Gráfico 1: Levantamento das questões contribuintes de qualidade - Escola Agostinho Neto

Fonte: Elaborado pela autora

0

5

10

15

20

25

30

35

Série1

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Gráfico 2: Levantamento das questões contribuinte de qualidade- Escola Heróis Moçambicanos

Fonte: Elaborado pela autora

Gráfico 3: Levantamento de questões contribuintes de qualidade - Escola de Macurungo

Fonte: Elaborado pela autora

Foram trabalhadas todas variáveis (28) por cada campo de atuação, em cada escola por

se considerar que todos são importantes e fazem parte do processo de melhoria de qualidade e

pela proximidade de cada variável. Tendo como base o estudo de Dourado; Oliveira e Santos

(2007) sobre as dimensões de qualidade de educação, as variáveis foram agrupadas em duas

dimensões por se achar que estas se adequam à realidade das instituições que se pretendia

estudar: dimensão extraescolar e dimensão intraescolar. A dimensão extraescolar foi

constituída por dois níveis - espaço social e das obrigações do Estado, na dimensão

intraescolar ficaram agrupados os níveis de sistema escolar, nível da escola e do professor.

0

5

10

15

20

25

30

35

Série1

0

5

10

15

20

25

30

35

Série1

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As variáveis relacionadas ao nível do espaço social fazem menção à dimensão

socioeconômica e cultural dos envolvidos; o nível das obrigações do estado refere-se à

garantia e definição de mínimo padrão de programa de melhoria de qualidade. Constituem

variáveis dos níveis do sistema e da escola, as condições de oferta de ensino e a gestão e

organização do trabalho da escola. O nível do professor diz respeito à formação e à

profissionalização docente.

No quadro 7 seguinte, estão representadas de forma aleatória as diferentes variáveis

das categorias de mecanismos de qualidade, competências dos diretores e professores e perfil

e formação misturadas e agrupadas em níveis das dimensões extra e intraescolar.

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Níveis Variáveis primárias Variáveis secundárias

Dimensão

extraescolar

Espaço Social Dimensão socioeconômica e

cultural dos envolvidos

C21 - Colaborar com a comunidade, pais e encarregados de educação estimulando a sua

participação

Obrigações do

Estado

Garantia e definição de mínimo

padrão de programa de melhoria de

qualidade

A2 - Igualdade de condições de acesso e permanência na escola

A3 - Implementação de sistema de avaliação

Dimensão

intraescolar

Sistema Condições de oferta de ensino

A1 - Serviços de apoio e orientação ao aluno

A4 - Garantia de instalações e ambiente escolar adequado

A5 - Condições de acessibilidade e atendimento para portadores de necessidades especiais

A6 - Ambiente escolar seguro para alunos, professores, funcionários, pais e comunidade em geral

B16 - Cumprir e fazer cumprir as leis, regulamentos, instruções e determinações superiores

B17 - Orientar e controlar o processo de matrículas e inscrições

B18 - Aprovar os horários, distribuição do serviço docente e a organização geral das turmas

C22 - Preparar e organizar adequadamente as lições

A7 - Participação de gestores e direção escolar

A8 - Existência de planejamento e gestão coletiva do trabalho pedagógico

Escola Gestão e organização do trabalho

da escola

A9 - Definição clara de atividades pedagógicas e curriculares

A13 - Liberdade de atuação, autonomia e participação de toda a comunidade

A10 - Aplicação dos métodos pedagógicos apropriados

A11 - Processos de avaliação para identificar, monitorar e resolver os problemas de

aprendizagem

A12 - Tecnologias educacionais e recursos pedagógicos

A15 - Políticas que norteiam a educação básica (Regulamento escolar)

B19 - Dirigir, coordenar e controlar a escola e representando - à no plano interno e externo

B20 - Ter conhecimentos, habilidades e atitudes

C24 - Participar na organização e realização das atividades extracurriculares

C23 - Agir com imparcialidade e dedicação a uma escola

Professor Formação e a profissionalização

A14 - Formação continuada, profissionalização e ação pedagógica na instituição

C25 - Atualizar e aperfeiçoar os conhecimentos técnico-científicos

D26 - Sólida formação psicopedagógica e metodológica

D27 - Formação integrada de docentes no nível básico, médio e superior

D28 - Elevação constante do nível de formação científica, técnica e psicopedagógico

Quadro 5: Distribuição de atributos/padrões de qualidade na educação em dimensões e níveis

Fonte: Adaptado de Dourado, Oliveira e Santos (2007); Dourado e Oliveira (2009); Donel; et al., (2001); Xavier (1996); Longo (1996); Gadotti (2009); Lück (2009); RGEB

(2008); Lei 6/92.

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90

Por instituição, foram somadas as pontuações dadas pelos professores para cada

variável, nos seus níveis de atuação e achadas à pontuação das médias. O nível

socioeconômico e cultural dos envolvidos foi constituído pela variável C21 - colaborar com a

comunidade, pais e encarregados de educação estimulando a sua participação no processo

educativo e achada a média da pontuação. Para este nível, as médias por escola foram de 29,

29 e 28 pontos, de acordo com a tabela abaixo. Olhando para os números pode-se perceber

que existe um equilíbrio na percepção dos professores das três instituições em relação à

variável C21.

Instituição Variável Pontos Média

Agostinho Neto C21 - Colaborar com a comunidade, pais e

encarregados de educação estimulando a sua

participação

29 29

Heróis

Moçambicanos 29 29

Macurungo 28 28

Tabela 12: Dimensão socioeconômica e cultural dos envolvidos, das instituições Agostinho Neto, Heróis

Moçambicanos e Macurungo

Fonte: Dados da pesquisa

Para o nível de garantia e definição de mínimo padrão de programa de melhoria de

qualidade, foram agrupados as variáveis A2 - igualdade de condições de acesso e permanência

na escola e A3 - implementação de sistemas de avaliação, também achada às médias das

pontuações, obteve-se as seguintes pontuações por escola 23, 21 e 22 pontos de média, de

acordo com a tabela abaixo. Também se pode verificar algum equilíbrio nas pontuações dadas

pelos professores, pois, a escala varia de um a dois pontos de diferença.

Variáveis Agostinho Neto

Heróis

Moçambicanos Macurungo

Pontos Média Pontos Média Pontos Média

A3 - Implementação de sistemas de avaliação 23

23

22

21

24

22 A2 - Igualdade de condições de acesso e

permanência na escola 22 19 20

Tabela 13: Garantia de definição de mínimo padrão de programa de melhoria de qualidade

Fonte: Dados da pesquisa

No nível de condições de oferta do ensino foram agrupadas as variáveis como A1 -

serviços de apoio e orientação ao aluno; A4 - garantia de instalações e ambiente escolar

adequado; A5 - condições de acessibilidade e atendimento para portadores de necessidades

especiais; A6 - ambiente escolar seguro para alunos, professores, funcionários, pais e

comunidade em geral; A7 - participação de gestores e direção escolar; A8 - existência de

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planejamento e gestão coletiva do trabalho pedagógico; B16 - cumprir e fazer cumprir as leis,

regulamentos, instruções e determinações superiores; B17 - orientar e controlar o processo de

matrículas e inscrições; B18 - aprovar os horários, distribuição do serviço docente e a

organização geral das turmas, e C22 - preparar e organizar adequadamente as lições.

A pontuação da média ao nível das condições de oferta de ensino foi de 25 pontos para

a escola Agostinho Neto, com uma pontuação máxima de 30 pontos nas variáveis B17 -

orientar e controlar o processo de matrículas e inscrições e B18 - aprovar os horários,

distribuição do serviço docente e a organização geral das turmas. Para a escola Heróis

Moçambicanos, a tabela ilustra que a média das pontuações nesse nível foi de 27 pontos, com

destaque na variável A6 - ambiente escolar seguro para alunos, professores, funcionários, pais

e comunidade, em geral, que teve 30 pontos máximos. Não obstante, também, obteve-se na

escola de Macurungo uma máxima de 30 pontos na variável B17 - orientar e controlar o

processo de matrículas e inscrições e uma pontuação média das variáveis de 25 pontos.

Percebe-se que existem diferenças acentuadas entre outras variáveis constituintes

desse nível e a A5 nas escolas Agostinho Neto e Macurungo, sem, no entanto, descartar a

importância da mesma na melhoria da qualidade do ensino. Faz-se necessário e requer-se uma

maior atenção virada à política de inclusão das crianças que apresentam necessidades

especiais, pois, nas instituições de ensino primário e pública em Moçambique ainda é

considerada como muito limitada (PEEC, 2012/16).

Tanto numa como noutras instituições a A5 - condições de acessibilidade e

atendimento para portadores de necessidades especiais foi a variável que teve menos destaque

e obteve a menor pontuação em todas as instituições de 17, 23 e 15 pontos, de acordo com a

tabela seguinte.

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Instituição Variável Pontos Média

Agostinho Neto

B17 - Orientar e controlar o processo de matrículas e inscrições 30

25

B18 - Aprovar os horários, distribuição do serviço docente e a organização geral das turmas 30

B16 - Cumprir e fazer cumprir as leis, regulamentos, instruções e determinações superiores 29

A7 - Participação de gestores e direção escolar 29

A6 - Ambiente escolar seguro para alunos, professores, funcionários, pais e comunidade em geral 27

C22 - Preparar e organizar adequadamente as lições 27

A8 - Existência de planejamento e gestão coletiva do trabalho pedagógico 26

A1 - Serviços de apoio e orientação ao aluno 22

A4 - Garantia de instalações e ambiente escolar adequado 17

A5 - Condições de acessibilidade e atendimento para portadores de necessidades especiais 17

Heróis Moçambicanos

A6 - Ambiente escolar seguro para alunos, professores, funcionários, pais e comunidade em geral 30

27

A7 - Participação de gestores e direção escolar 29

B16 - Cumprir e fazer cumprir as leis, regulamentos, instruções e determinações superiores 29

B17 - Orientar e controlar o processo de matrículas e inscrições 28

B18 - Aprovar os horários, distribuição do serviço docente e a organização geral das turmas 28

A4 - Garantia de instalações e ambiente escolar adequado 28

A8 - Existência de planejamento e gestão coletiva do trabalho pedagógico 27

C22 - Preparar e organizar adequadamente as lições 27

A1 - Serviços de apoio e orientação ao aluno 24

A5 - Condições de acessibilidade e atendimento para portadores de necessidades especiais 23

Macurungo

B17 - Orientar e controlar o processo de matrículas e inscrições 30

25

A8 - Existência de planejamento e gestão coletiva do trabalho pedagógico 28

B16 - Cumprir e fazer cumprir as leis, regulamentos, instruções e determinações superiores 27

C22 - Preparar e organizar adequadamente as lições 27

A6 - Ambiente escolar seguro para alunos, professores, funcionários, pais e comunidade em geral 26

A7 - Participação de gestores e direção escolar 25

B18 - Aprovar os horários, distribuição do serviço docente e a organização geral das turmas 25

A4 - Garantia de instalações e ambiente escolar adequado 24

A1 - Serviço de apoio e orientação ao aluno 19

A5 - Condições de acessibilidade e atendimento para portadores de necessidades especiais 15

Tabela 14: Condições de oferta de ensino Fonte: Dados da pesquisa

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93

O nível de gestão e organização do trabalho da escola foi constituído pelas variáveis

A9 - definição clara de atividades pedagógicas e curriculares; A10 - aplicação dos métodos

pedagógicos apropriados; A11 - processos de avaliação para identificar, monitorar e resolver

os problemas de aprendizagem; A12 - tecnologias educacionais e recursos pedagógicos; A13 -

liberdade de atuação, autonomia e participação de toda a comunidade; A15 - políticas que

norteiam a educação básica (Regulamento escolar); B19 - dirigir, coordenar e controlar a

escola e representando - a no plano interno e externo; B20 - ter conhecimentos, habilidades e

atitudes; C23 - agir com imparcialidade e dedicação a uma escola; C24 - participar na

organização e realização das atividades extracurriculares. As pontuações das médias foram de

25, 27 e 25 pontos respetivamente, mostrando um equilíbrio entre as instituições, de acordo a

tabela que se seguem.

Instituição Variáveis Pontos Média

Agostinho Neto

A15 - Políticas que norteiam a educação básica (Regulamento escolar) 30

25

B19 - Dirigir, coordenar e controlar a escola e representando - a no

plano interno e externo 30

B20 - Ter conhecimentos, habilidades e atitudes 27

C23 - Agir com imparcialidade e dedicação a uma escola 27

A10 - Aplicação dos métodos pedagógicos apropriados 26

A9 - Definição clara de atividades pedagógicas e curriculares 25

A12 - Tecnologias educacionais e recursos pedagógicos 23

C24 - Participar na organização e realização das atividades

extracurriculares 22

A13 - Liberdade de atuação, autonomia e participação de toda a

comunidade 21

A11 - Processos de avaliação para identificar, monitorar e resolver os

problemas de aprendizagem 19

Heróis

Moçambicanos

B19 - Dirigir, coordenar e controlar a escola e representando - a no

plano interno e externo 29

27

B20 - Ter conhecimentos, habilidades e atitudes 29

A9 - Definição clara de atividades pedagógicas e curriculares 28

A10 - Aplicação dos métodos pedagógicos apropriados 28

C23 – Agir com imparcialidade e dedicação a uma escola 27

A12 - Tecnologias educacionais e recursos pedagógicos 26

A15 - Políticas que norteiam a educação básica (Regulamento escolar) 26

A11 - Processos de avaliação para identificar, monitorar e resolver os

problemas de aprendizagem 25

A13 - Liberdade de atuação, autonomia e participação de toda a

comunidade 25

C24 - Participar na organização e realização das atividades

extracurriculares 22

Macurungo

B19 - Dirigir, coordenar e controlar a escola e representando - a no

plano interno e externo 29

25 A11 - Processos de avaliação para identificar, monitorar e resolver os

problemas de aprendizagem 27

A15 - Políticas que norteiam a educação básica (Regulamento escolar) 26

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94

C24 - Participar na organização e realização das atividades extracurriculares

26

A9 - Definição clara de atividades pedagógicas e curriculares 25

A10 - Aplicação dos métodos pedagógicos apropriados 24

A12 - Tecnologias educacionais e recursos pedagógicos 24

C23 - Agir com imparcialidade e dedicação a uma escola 24

B20 - Ter conhecimentos, habilidades e atitudes 23

A13 - Liberdade de atuação, autonomia e participação de toda a

comunidade 21

Tabela 15: Gestão e organização do trabalho da escola nas instituições

Fonte: Dados da pesquisa

Pode-se observar que as variáveis com maior relevância na Agostinho Neto foram

atribuídas a A15 - políticas que norteiam a educação básica (Regulamento escolar) e B19 -

dirigir, coordenar e controlar a escola e representando - a no plano interno e externo com 30

pontos máximos de cada e com uma diferença tanto quanto significativa na variável A11 -

processos de avaliação para identificar, monitorar e resolver os problemas de aprendizagem

que ficou na última posição com 19 pontos. De acordo com a classificação dos professores

desta instituição, é a variável que menos se observa dentro dessa instituição.

Observa-se também que a pontuação máxima e mínima das variáveis obtidas nas

escolas Heróis Moçambicanos e Macurungo foram de 29 pontos para cada escola atribuídos a

B19 - dirigir, coordenar e controlar a escola e representando - a no plano interno e externo e

com 22 e 21 pontos mínimos atribuídos à variável C24 - participar na organização e

realização das atividades extracurriculares na escola Heróis Moçambicanos e A13 - liberdade

de atuação, autonomia e participação de toda a comunidade, na escola de Macurungo. Nessas

duas instituições a participação do professor na organização e realização das atividades

extracurriculares, para a escola de Heróis Moçambicanos e a liberdade de atuação e a

participação da comunidade, para a escola de Macurungo ainda carecem de uma atenção

redobrada, visto que tanto a liberdade de atuação como a participação dos professores e da

comunidade são influenciadores de melhoria de qualidade da educação e ao bom e melhor

funcionamento da escola, introduzindo nela um sistema de gestão participativa do património

da comunidade, no qual as ideias e opiniões são expostas de forma livre e autônoma visando

contribuir para a melhor gestão da própria escola.

De igual maneira, o nível de formação e profissionalização constituiu-se de A14 -

formação continuada, profissionalização e ação pedagógica na instituição; C25 - atualizar e

aperfeiçoar os conhecimentos técnico-científicos; D26 - sólida formação psicopedagógica e

metodológica; D27 - formação integrada de docentes no nível básico, médio e superior e D28

- elevação constante do nível de formação científica, técnica e psicopedagógico com uma

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95

pontuação média das variáveis de 27, 28 e 25 pontos por cada instituição, como aponta a

tabela seguinte.

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96

Agostinho Neto Heróis Moçambicanos Macurungo

Variáveis Pontos Média Variáveis Pontos Média Variáveis Pontos Média

D27 - Formação integrada de

docentes no nível básico, médio e

superior

30

27

D27 - Formação integrada de

docentes no nível básico, médio e

superior

30

28

C25 - Atualizar e aperfeiçoar os

conhecimentos técnico-científicos 27

25

D28 - Elevação constante do nível de

formação científica, técnica e

psicopedagógica

29 D28 - Elevação constante do nível de

formação científica, técnica e

psicopedagógico

29

D26 - Sólida formação

psicopedagógica e metodológica 26

C25 - Atualizar e aperfeiçoar os

conhecimentos técnico-científicos 28 C25 - Atualizar e aperfeiçoar os

conhecimentos técnico-científicos 28

D27 - Formação integrada de

docentes no nível básico, médio e

superior 25

D26 - Sólida formação

psicopedagógica e metodológica 27 A14 - Formação continuada,

profissionalização e ação pedagógica

na instituição

27

A14 - Formação continuada,

profissionalização e ação pedagógica

na instituição

24

A14 - Formação continuada,

profissionalização e ação pedagógica

na instituição

21 D26 - Sólida formação

psicopedagógica e metodológica 27

D28 - Elevação constante do nível de

formação científica, técnica e

psicopedagógica

23

Tabela 16: Formação e a profissionalização

Fonte: Dados de pesquisa

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97

As máximas e mínimas das variáveis obtidas na Agostinho Neto foi na D27 -

formação integrada de docentes no nível básico, médio e superior e A14 - formação

continuada, profissionalização e ação pedagógica na instituição com 30 e 21 pontos

respectivamente. Foi também atribuída a maior e menor pontuação nas variáveis D27 -

formação integrada de docentes no nível básico, médio e superior com 30 pontos e A14 -

formação continuada, profissionalização e ação pedagógica na instituição e D26 - sólida

formação psicopedagógica e metodológica com 27 pontos respectivamente de média das

variáveis na escola Heróis Moçambicanos.

Para a escola de Macurungo, a máxima e a mínima pontuação das variáveis foram

dadas a C25 - atualizar e aperfeiçoar os conhecimentos técnico-científicos; D26 - sólida

formação psicopedagógico e metodológica com 27 pontos e D28 - elevação constante do nível

de formação científica, técnica e psicopedagógico com 23 pontos respetivamente, de acordo

com a tabela 16 acima.

Seguidamente foram agrupadas as variáveis em níveis de atuação nas dimensões extra

e intraescolar para determinar em qual dos níveis as variáveis têm maior pontuação dada pelos

respondentes. Foi determinada a pontuação média entre todos os níveis em suas dimensões.

Na dimensão extraescolar foram agrupadas as variáveis referentes às questões

socioeconômica e cultural dos envolvidos e a garantia e definição de mínimo padrão de

programa de melhoria de qualidade, no qual obtiveram 26 pontos de média para Agostinho

Neto e 25 pontos de cada para as escolas Heróis Moçambicanos e Macurungo.

Para a dimensão intraescolar foram agrupadas as condições de oferta de ensino, a

gestão e organização do trabalho da escola e a formação e a profissionalização, tendo 26

pontos de média para a escola Agostinho Neto; 27 pontos para Heróis Moçambicanos e 25

pontos para Macurungo, conforme a tabela abaixo.

O nível da dimensão socioeconômica e cultural teve uma pontuação equilibrada em

quase todas as instituições, diferenciando-se apenas na escola de Macurungo, na qual a

diferença foi de um ponto. O destaque vai também para a dimensão intraescolar, no qual

verifica-se nos níveis (condições de oferta de ensino e gestão e organização do trabalho da

escola) a mesma pontuação nas escolas Agostinho Neto e de Macurungo, como demonstra a

tabela seguinte.

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98

Instituição

DIMENSÃO EXTRAESCOLAR DIMENSÃO INTRAESCOLAR

Dimensão

socioeconômica e

cultural dos envolvidos

Garantia e definição de

mínimo padrão de

programa de melhoria de

qualidade Média

Condições de oferta de

ensino

Formação e a

profissionalização

Gestão e organização

do trabalho da escola

Média

Pontos Pontos Pontos Pontos Pontos

Agostinho Neto 29 23 26 25 27 25 26

Heróis

Moçambicanos 29 21 25 27 28 27 27

Macurungo 28 22 25 25 25 25 25

Tabela 17: Agrupamento das variáveis de acordo com as dimensões extra e intraescolar

Fonte: Dados da pesquisa

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99

Agrupadas todas as variáveis em níveis sem diferenciá-las por dimensões para permitir

uma metanâlise comparativa, pode-se verificar na escola Agostinho Neto, que as priorizações

pela importância dos níveis variam a partir da dimensão socioeconômica e cultural dos

envolvidos com uma participação de 23%, seguindo-se a formação e à profissionalização,

21% e por fim às condições de oferta de ensino e gestão e organização do trabalho da escola

com 19% na Agostinho Neto.

Para Heróis Moçambicanos, a dimensão socioeconômica e cultural dos envolvidos

também teve uma participação de 22%, seguido de formação e profissionalização, condições

de oferta de ensino e gestão e organização do trabalho da escola com 21% de participação em

cada nível.

Já na escola de Macurungo, teve a dimensão socioeconômica e cultural dos envolvidos

maior pontuação com 22%, seguido das condições de oferta de ensino, gestão e organização

do trabalho da escola e formação e profissionalização com uma participação de 20% para

cada nível, segundo ilustra a tabela abaixo.

Instituição Níveis Pontuação

Média

Frequência

(%)

Fr. Rel.

Acumulada

(%)

Agostinho

Neto

Dimensão socioeconômica e cultural dos

envolvidos 29 23 23

Formação e profissionalização 27 21 44

Condições de oferta de ensino 25 19 63

Gestão e organização do trabalho da escola 25 19 82

Garantia e definição mínima de padrões de programa de melhoria de qualidade

23 18 100

Heróis

Moçambicanos

Dimensão socioeconômica e cultural dos

envolvidos 29 22 22

Formação e a profissionalização 28 21 43

Condições de oferta de ensino 27 21 64

Gestão e organização do trabalho da escola 27 21 85

Garantia e definição mínima de padrões de

programa de melhoria de qualidade 21 15 100

Macurungo

Dimensão socioeconômica e cultural dos

envolvidos 28 22 22

Condições de oferta de ensino 25 20 42

Gestão e organização do trabalho da escola 25 20 62

Formação e a profissionalização 25 20 82

Garantia e definição mínima de padrões de

programa de melhoria de qualidade 22 18 100

Tabela 18: Conjunto de atributos de qualidade

Fonte: Dados da pesquisa

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100

Entretanto, considerando a tabela acima, pode-se observar que os quatro (4) níveis

mais apontados pelos professores como influenciadores e contribuintes no processo de

melhoria de qualidade nas três instituições são:

Dimensão socioeconômica e cultural dos envolvidos;

Condições de oferta de ensino;

Formação e a profissionalização;

Gestão e organização do trabalho da escola.

As posições dos níveis variam de instituição para instituição como já foi mencionado

acima. Porém, importa destacar que em todas as instituições o nível de garantia e definição

mínima de perdões de programas de melhoria de qualidade foi a que teve menos pontuação

com 23% na escola Agostinho Neto, 21% na escola Heróis Moçambicanos e 22% para escola

Macurungo.

4.5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A pesquisa procurou verificar a existência ou não de fatores que contribuem para a

qualidade de educação nas três escolas pesquisadas em Moçambique. O objetivo geral desta

pesquisa foi analisar a gestão de qualidade do ensino básico de Moçambique, como forma de

contribuição para a melhoria no processo de ensino-aprendizagem.

Para responder a todos os objetivos específicos, baseamo-nos na análise documental e

de conteúdo para as questões abertas entregues aos diretores escolares, como também na

análise descritiva dos questionários aplicados aos professores das mesmas instituições

pesquisadas.

O primeiro objetivo específico foi identificar a existência de mecanismos ou

atributos de gestão de qualidade da educação no nível básico de Moçambique. Em relação aos

mecanismos ou atributos de qualidade, as respostas dos diretores apresentam um grande nível

de concordância e semelhanças entre si, levando-nos a crer que existe um alinhamento entre

os diretores das três instituições pesquisadas em relação à busca de melhoria de qualidade de

ensino para atingir os objetivos traçados ao nível do governo central para melhoria de

qualidade do processo de ensino-aprendizagem.

Os mecanismos ou atributos de melhoria de qualidade nas instituições de ensino

primário, mediante as respostas dos diretores, incidem sobre vários fatores organizacionais,

sociais e pessoais (DOURADO, OLIVEIRA e SANTOS, 2007). Fatores estes que auxiliam os

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101

principais objetivos traçados ao nível do PEEC (2012/16). Para cada fator, estão apontados

alguns pontos considerados importantes que no ponto de vista dos diretores são

influenciadores para a melhoria ou não de qualidade de ensino. São também verificados os

fatores, aqui mencionados nos programas estratégicos traçados pelo governo para os anos que

se seguem, com o objetivo de garantir e assegurar a melhoria de qualidade de educação.

Dependendo do ponto de vista e da realidade de cada uma das escolas visadas, são

consideradas como influenciadora da qualidade de educação; na escola Agostinho Neto: 1º

gestão/liderança; 2º ética no trabalho, participação da comunidade, gestão democrático-

participativa e condições materiais de trabalho e; 3º satisfação profissional e formação,

formação e política de orientação ao aluno. Na escola Heróis Moçambicano: 1º supervisão

pedagógica; 2º gestão/liderança e 3º formação. Na escola de Macurungo: 1º formação, 2º

política de orientação ao aluno e 3º satisfação profissional e formação, a questão de ética no

trabalho e a participação comunitária, gestão democrático-participativa e condições de

trabalho.

De nossa análise dos dados que os nossos respondentes nos facultaram, nos foi

possível elaborar o seguinte gráfico que resume o nível de importância atribuída por eles aos

fatores influenciadores da qualidade de educação:

Gráfico 4: Classificação dos fatores de categorias de qualidade na percepção dos diretores:

Fonte: Dados da pesquisa.

0 2 4 6 8 10 12

Orientação ao aluno

Acesso e permanência no ensino

Formação

Condições materiais de trabalho

Gestão democrático - participativa

Planificação de actividades

Administrativos/contratuais

Gestão/liderança

Recursos financeiros

Participação da comunidade

Ética no trabalho

Satisfação profissional e formação…

Supervisão pedagógica

Macurungo

Heróis Moçambicanos

Agostinho Neto

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102

De acordo com o PEEC (2012/16), a melhoria de qualidade incide sobre a inclusão e

equidade no acesso e retenção na escola, privilegiando a universalização do ensino de 7ª

classe, com foco na aprendizagem e desenvolvimento de competências básicas (leitura, escrita

e cálculos) e na garantia de uma boa governação do sistema educativo.

Como forma de avaliar o processo de melhoria de qualidade nas instituições,

verificar e controlar o rendimento escolar e, consequentemente, a melhoria do ensino-

aprendizagem nos alunos do ensino básico, as instituições de ensino utilizam vários

procedimentos e instrumentos de mensuração previstos nos vários documentos normativos de

conduta da escola (provas, exercícios teóricos e práticos, tarefas de casa, entre outros). Essas

são ações estratégicas rumo à qualidade de educação, na medida em que são parte de todo

conjunto de decisões e ações com o objetivo de garantir a consistência interna e externa da

organização, movimentando todos seus recursos (ESTEVÃO, 1998). Ao serem feitas essas

avaliações para além de comprovar o desenvolvimento de competências dos alunos, também

determina o grau de desempenho dos professores. Neste sentido, uma melhor gestão da escola

é apontada como a chave para um melhor desempenho da escola e dos alunos, mas para tanto,

pressupõem envidar esforços para que haja um melhor controle e uma responsabilização por

parte do diretor da escola em relação ao que acontece dentro e fora da sala de aulas.

Contudo, para uma boa gestão e melhoria de qualidade de educação, associa-se a

fatores sociais e comunitários, chamando e incluindo a comunidade na gestão participativa e

direção coletiva das escolas. Uma vez que com a gestão participativa é concedida à

comunidade a oportunidade de participar na gestão da escola através dos Conselhos de

Escola. Com a inclusão da comunidade na gestão e administração da escola, o governo

procura buscar uma forte parceria entre a escola e a comunidade/sociedade, estimulando

iniciativas de aproveitamento de recursos para ultrapassar as dificuldades emanadas nas

escolas. Essa inclusão pode ser realizada de forma informal e esporádica, mas deve-se ter

atenção aos procedimentos sistemáticos e organizacionais promovidos por meio de parcerias

na educação, de modo que se obtenham os resultados almejados (LÜCK, 2009).

A ligação escola e comunidade influencia para uma boa governação institucional, mas

ela só se fará presente a partir do momento em que os diretores escolares concederem um

espaço para que tal aconteça e os mesmos tenham um conhecimento profundo do significado

dessa gestão participativa. Como já referenciado, o direito à educação não é apenas

responsabilidade e ou obrigação do Estado, mas sim de todos (pais e encarregados de

educação, família e comunidade, organizações não governamentais e parceiros internacionais)

tendo cada um, um papel a desempenhar, na oferta e procura de serviços educativos dentro

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103

das suas capacidades e meios em função das necessidades, fazendo valer uma igualdade e

condição de acesso à educação.

Nessa perspectiva, a escola não pode mais ser vista como uma instituição isolada em si

mesma, separada da realidade que a rodeia, mas sim integrada numa comunidade que interage

com a vida social mais ampla. Contudo, as atuais formas de interação entre a escola e a

comunidade, exigem cada vez mais a participação dos pais na organização e gestão da escola,

criando na escola práticas de descentralização, autonomia, corresponsabilização e

interculturalismo, afirma (LIBÂNEO, 2013).

Portanto, através dos Conselhos de Escola, no qual a comunidade faz parte, aparece

uma oportunidade de interagir com a escola na busca de melhoria de qualidade do ensino-

aprendizagem dos seus filhos e no processo de melhoria de qualidade da escola, remetendo à

gestão participativa.

Em relação ao segundo objetivo específico, descrever o nível de formação, o perfil e

as competências dos diretores e professores relacionados ou associados à gestão de qualidade

de ensino básico de Moçambique, avaliou-se as categorias de competência, perfil e formação

dos diretores e dos professores das três instituições tendo se verificado em todas as

instituições a não observância da nota mínima 1 para qualquer que seja a variável, em todas as

categorias, isto é, acreditamos que é visível ou notório a aplicação dessas variáveis dentro das

escolas. Cada escola com a verificação desses atributos dentro das instituições leva-nos a crer

que as instituições pesquisadas estão a percorrer em busca de melhoria de qualidade de

educação.

As constatações, em geral, mostram que a busca de melhoria de qualidade na educação

básica nas escolas moçambicanas é complexa. Por um lado, o governo está comprometido em

empreender esforços e continuar a assegurar uma educação universal de sete classes para

todas as crianças em idade escolar e com qualidade, pois, acredita na educação como chave

para o futuro desenvolvimento e sucesso do país e esperam desempenhar seu papel nesse

desenvolvimento. Por outro lado, as escolas não têm os meios e as condições necessárias para

cumprir esse papel. Apontam os membros de direção das instituições pesquisadas um número

considerável de fatores que se inter-relacionam (organizacionais, sociais e pessoais) que

devem ser levados em conta e que de alguma forma impedem a aplicação das suas habilidades

para um bom desempenho das suas funções.

Um dos fatores apontados pelos diretores como importante é a categoria condição

material de trabalho. A difícil missão de ensinar alunos com a falta de material didático, em

escolas que muitas vezes encontra-se em mau estado e associam-se aos fatores como a falta de

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formação e sobre como lidar com estas condições. A qualidade de ensino é afetada por

recursos e infraestruturas não adequadas, fazendo com que os alunos não consigam progredir

como deviam, com isso a desmotivação e a falta de autoestima dos professores aumentam

cada vez mais. Os professores estão preocupados com o sentimento de não poderem fazer o

seu trabalho como gostariam, por falta de meios e condições de trabalho, como aponta o

diretor Adjunto Pedagógico da Escola Agostinho Neto no que respeita a disponibilidade de

material didático e meio ambiente escolar, para levar avante a qualidade de ensino. Fato

acrescido pelo diretor da Escola Heróis Moçambicanos, para quem investir na formação dos

professores e garantir incentivo na sua vida profissional; criar condições,

infraestruturas, materiais didáticos em todos os âmbitos para alunos e professores e

apoiar o processo de ensino-aprendizagem através da supervisão. Estas questões

enfatizam as propostas de Xavier (1996) e Longo (1996) que apontam um gerenciamento dos

aspectos como motivação intrínseca e extrínseca dos profissionais de educação, bem com as

dimensões extra e intraescolar (DOURADO, OLIVEIRA e SANTOS, 2007).

No entanto, foi discutida no PEE (2006 - 10/11) e dada uma grande relevância na

contribuição para melhorar a qualidade de ensino às reformas curriculares, à provisão de

livros escolares e de outros materiais didáticos fornecidos em quantidades suficientes e em

tempo útil, desenvolvimento de um sistema integrado para a formação e capacitação de

professores e de gestores educacionais, o aumento do recrutamento anual de novos

professores formados, supervisão pedagógica, entre outros.

Não menos importante e muitas vezes citado pelos diretores, a qualidade na educação

básica também depende do fator formação, desempenho do corpo docente, satisfação pessoal e

profissional, é considerado como uma base para aumentar a autoconfiança e competência na

sala de aulas, como advoga o diretor Adjunto Pedagógico da Escola de Macurungo, para

quem a seleção dos melhores professores visando assegurar esse nível de ensino, boa

formação docente nos institutos de formação e alocação dos livros às escolas com

antecedência traz um novo ímpeto na qualidade da educação. Não obstante, o Ministério de

Educação e Cultura (MEC, 2006) reconhece que professores com uma boa formação e

motivados são essenciais para uma boa qualidade de educação. A fraca motivação provoca

nos professores o absentismo e fraco desempenho dos mesmos, consequentemente, o tempo

de contato efetivo entre o professor e os alunos é reduzido, enfraquecendo cada vez mais o

processo de ensino-aprendizagem.

Entretanto, sente-se um grande esforço empreendido ao nível do governo para tentar

solucionar os mesmos problemas, pois é notória nas escolas a verificação de um plano de

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105

formação que tendem a enquadrar todo o funcionário docente e não docente para a

continuação dos seus estudos como uma das formas para melhorar a qualidade de ensino, e

através de programa de apoio direto às escolas, com vista a criar condições necessárias para

um ambiente escolar saudável e propício para a aprendizagem dos alunos, são

disponibilizados a cada ano professores, livros e recursos financeiros às escolas. Como

também definidas estratégias integradas de formação e capacitação dos professores, inicial e

em serviço, de acordo com o novo paradigma “formação baseada em competências” (PEEC,

2012/16).

A questão da supervisão pedagógica e políticas de orientação ao aluno também fazem da

escola um diferencial. Todavia, toda e qualquer atividade escolar necessita de um

acompanhamento com vista a atingir os objetivos pretendidos. A supervisão traz uma maior

interação e parceria dos envolvidos no PEA, orientando e organizando o trabalho pedagógico

desenvolvidos na escola, na medida em que para o diretor Adjunto da Escola Heróis

Moçambicanos a formação continuada e capacitação dos professores, disponibilidade de

meios de ensino e supervisão pedagógica podem aprimorar ainda mais a prossecução de

uma educação com qualidade desejada.

Nos parágrafos acima foi possível constatar que nas escolas, pelos depoimentos dos

diretores e professores, que há uma pretensão de se atingir os elementos propostos num

estudo da UNESCO para melhoria da qualidade do processo de ensino e aprendizagem. Na

medida em que para UNESCO (1995) elementos como biblioteca com materiais instrucionais

e livros em quantidade e qualidade suficientes; professores com formação superior, satisfeitos

com sua remuneração e que não precisem dividir sua carga horária entre duas ou mais escolas;

professores que não atribuam os resultados de aprendizagem às famílias, mas sim ao seu

próprio desempenho ou ao desempenho dos estudantes; prática formal de avaliação de

desempenho dos alunos; agrupamento de alunos por critérios de heterogeneidade; ambiente de

aula adequado com respeito e convivência harmônica; envolvimento dos pais no cotidiano

escolar indicam que padrões devem ser tomados em conta na definição da qualidade de

educação.

Em relação ao terceiro objetivo específico, avaliar a percepção dos diretores e

professores escolares no processo de busca de melhoria de qualidade no ensino básico, aqui,

através do roteiro de perguntas abertas aplicado aos diretores das instituições pesquisadas

possibilitou-se verificar o que se pensa em relação à melhoria de qualidade nas suas

instituições.

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Na percepção dos mesmos, a incessante busca de melhoria de qualidade no ensino

básico reflete-se na boa liderança e gestão participativa de todos os envolvidos no processo de

ensino-aprendizagem, as condições de trabalho, a formação e qualificação docente e a

supervisão pedagógica, ética no trabalho, satisfação profissional e política de orientação ao

aluno, aspectos muito repisados por Dias (2001) e Donel et al., (2001). Suportando-se do

PEEC (2012/16) serão dadas como relevantes e prioritárias no ensino básico às reformas

curriculares, à provisão de materiais didáticos em quantidades suficientes e, em tempo útil,

desenvolvimento de um sistema integrado para a formação e capacitação de professores e de

gestores educacionais, o aumento do recrutamento anual de novos professores formados,

supervisão pedagógica, entre outros.

A gestão/liderança é tida como crucial para o bom funcionamento de uma escola, pois

pressupõe colocar em prática todos os elementos do processo organizacional de uma forma

integrada e articulada. Portanto, requer o envolvimento de atividades como mobilização,

liderança, motivação, comunicação e coordenação. A observância de uma liderança autoritária

com um fraco diáloga entre a direção e os seus colaboradores, pode prejudicar o bom

funcionamento da escola trazendo a insatisfação e um clima não agradável à instituição,

principalmente, como aponta o diretor da Escola Agostinho Neto quando existem nas

escolas gestores autoritários que não escutam os seus colaboradores; bem como, quando

a direção da escola não respeita opinião dos professores e vice-versa, como fez questão de

fazer menção o diretor da Escola de Macurungo.

De acordo com Libâneo (2013), há algum tempo muitos dirigentes escolares já foram

alvo de críticas, devido às prática excessivas de burocracia, conservadora, autoritárias e

centralizadoras, embora existirem ainda casos parecidos de profissionais com o mesmo perfil,

hoje está a se disseminar a prática de liderança participativa. Para o autor, a figura do diretor

da escola pressupõe a maior responsabilização pela escola. Com isso, ele deve ter uma visão

de conjunto, isto é, articulação e integração de vários setores.

A ética no trabalho, a capacidade de saber ouvir, de aprender a agir com respeito,

solidariedade, justiça, empregar o diálogo em todas e diferentes situações, são valores e

atitudes que se deve aprender e desenvolver nas escolas e serem repassados aos alunos. A

escola é um meio de interação social, com isso, devem-se criar meios de incorporar à ética e

cidadania no cotidiano das salas de aula e na vida dos alunos, com vista à formação de

atitudes éticas e moral de todos os membros que nela atuam para isso a conduta do professor

deve servir de espelho por isso ele deve ser assíduo, pontual, comprometido com a

atividade que realiza como aponta o diretor Adjunto Pedagógico da Escola de Macurungo,

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bem como um professor dedicado, pontual e comprometido com a causa da educação,

como complementa o diretor da Escola de Macurungo.

Também foi aplicado um questionário aos professores das mesmas instituições, para se

ter uma ideia clara da verificação de certos programas aplicados nas escolas em prol da

melhoria de qualidade, formado pelas categorias, através da avaliação das pontuações e

médias dos dados, foi medida a pontuação da cada categoria individualmente e depois

agrupadas e analisadas por nível de atuação.

Numa percepção geral, na análise descritiva dos indicadores de categoria mecanismos

de qualidade, verificaram-se na Agostinho Neto que as variáveis A4 - garantia de instalação e

ambiente escolar adequado e A5 - condições de atendimento para portadores de necessidades

especiais; A2 - igualdade de condições de acesso e permanência na escola, na Heróis

Moçambicanos e A5 - condições de atendimento para portadores de necessidades especiais,

na escola de Macurungo, foram as variáveis enquadradas nos níveis de condições de oferta de

ensino e de garantia de definição mínima de padrões de programa de melhoria de qualidade

que menos pontuações tiveram, levando-nos a crer que pouco se verifica ou se aplica dentro

das escolas pesquisadas. Nas entrevistas conduzidas junto aos diretores das três escolas, estes

enfatizam mais o aspecto de condições materiais de trabalho em relação ao fator acesso e

permanência e referiram que há muitos aspectos que deverão ser melhorados com vista a

elevar os padrões de qualidade do ensino em suas escolas, particularmente o primário, tais

como, investir e criar condições de infraestruturas, materiais didáticos em todos os

âmbitos para alunos e professores, aponta o diretor da Escola Heróis Moçambicanos bem

como meio ambiente escolar, subsidia o diretor Adjunto Pedagógico da Escola Agostinho

Neto.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo buscou analisar a gestão de qualidade de educação voltada para

instituições de ensino básico de Moçambique, como forma de compreender e contribuir para a

melhoria no processo de ensino-aprendizagem. No entanto, a análise centrou-se nas três

escolas, fato não representativo para se fazer uma generalização para todas as escolas do país,

mas que serve para podermos compreender alguma parte do Sistema Nacional de Educação

Moçambicano. No entanto, os dados representam o estado e como é tomada a questão de

qualidade de educação nas escolas pesquisadas. Para esse empreendimento, tomamos como

informantes chave membros de direção das escolas e os professores, para a partir deles e de

suas percepções, traçarmos o quadro e/ou cenário de qualidade de educação no qual a nossa

pesquisa foi elaborada. Com isso, procuramos identificar a existência de fatores que

contribuem para a melhoria de qualidade de ensino, descrever as competências dos diretores e

professores na busca de melhoria de qualidade e o perfil e formação dos mesmos como

contribuintes no processo de busca de qualidade de ensino. Amparado pelos conceitos de

dimensões de qualidade dos teóricos Dourado, Oliveira e Santos (2007), o estudo possibilita-

nos apresentar algumas considerações sobre a questão da qualidade de educação.

Há que se ter em conta que a gestão da qualidade de educação é um processo no qual

se exige a participação e o envolvimento de todas as pessoas e da sociedade, em geral. Os

dados apresentados nos levam à constatação que a questão da qualidade de educação é um

fenômeno complexo, bem como interdependente entre vários aspectos do ambiente interno e

externo da escola, isto é, do ambiente social comunitário em que está envolvida, por isso foi-

nos possível vislumbrar um processo interativo entre a comunidade escolar e a comunidade

circunvizinha, manifestando-se assim práticas de gestão participativa para se atingir uma

qualidade de educação. Melhor dito, o estudo possibilitou-nos ver e tomar a questão em

análise como um processo que envolve uma variedade de entidades e atores sociais.

Nessa complexidade, a interdependência verifica-se na inter-relação entre várias

entidades, cuja finalidade é a promoção da qualidade de educação. Nesse sentido, por meio

dos Conselhos de Escola, os pais e/ou encarregados de educação, funcionários e a

comunidade reúnem-se para discutir e tomarem decisões quer seja da área pedagógica, quer

seja administrativa em prol da educação que se queira de qualidade.

Os resultados desta pesquisa transparecem-nos um sistema de educação que tende à

mudanças, caminhando em busca de um sistema de educação para todos, que abrange todas as

crianças em idade escolar que ainda se encontram fora do sistema educativo, visto que ainda

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apresenta alguns aspectos da educação colonial e de pós-independência, bem como a inclusão

de toda comunidade escolar na vida da escola. Verificamos que a vida escolar é depende da

participação dor diretores, professores, alunos, famílias/comunidade, sendo que pela relação

que estes atores estabelecem vislumbramos que a participação com vista a melhoria de

qualidade de educação é boa e positiva. Deixando transparecer que existe nas escolas uma

percepção do quão importante é a participação e o envolvimento de toda comunidade, para o

bom funcionamento da instituição e, em prol da causa educação, por se acreditar que todos

fazem parte da vida da escola e nada se pode fazer para alcançar a qualidade de educação sem

que os próprios professores, alunos e familiares contribuam. Nesse sentido, há que se

reconhecer um esforço no nível governamental, bem como da comunidade, em geral, de

tornar a educação como um fator chave no desenvolvimento cultural, social e econômico do

país; no entanto, os esforços ainda devem ser maiores e fortificados.

Contudo, constatamos a necessidade de se empreender esforços para que haja uma

participação e comprometimento de todos (professores, funcionários, diretores, pais e ou

encarregados de educação, a comunidade e parceiros de cooperação) nos diferentes níveis do

sistema educativo é de fundamental importância e transparecem um desejo de continuar a

batalhar para a melhoria do sistema de educação e, deste modo tornar melhor o cenário atual

da educação em Moçambique.

Constatamos, ainda, que dentre vários fatores em volta da melhoria de qualidade de

educação, as questões de gestão/liderança, ética no trabalho, participação da comunidade,

gestão democrático-participativa, condições materiais de trabalho, satisfação profissional,

formação, orientação para os alunos e supervisão pedagógica são as que tiveram um maior

destaque, requerendo assim, uma estratégia e busca de soluções para melhorar cada um destes

fatores, levando a direção escolar, junto do governo e da comunidade, num trabalho de

mobilização e sensibilização a envidarem esforços de investimento e planejamento, formação

e sistemas melhorados em todos os níveis, assim como recursos, quer humano, quer

financeiro ou quer materiais, que sejam consideráveis. Contudo, os fatores que apontamos a

nosso ver somente atingirão as pretensões desejadas, se não as olharmos e tomarmos de forma

isolada, mas sim como fatores pertencentes ao mesmo sistema, interdependentes e

comunicantes.

No fator orientação ao aluno, percebemos uma diferença de opiniões entre o que está

estipulado como lei no PEEC e a política de orientação psicopedagógica aplicada nas escolas.

Pois, a política de alimentação, normalmente é implementada nas zonas rurais como forma de

reter as crianças dentro da escola. Percebemos na fala dos entrevistados que não existe a

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política de apoio em alimentação, pois este tipo de políticas priorizam alunos das zonas

rurais, afirma diretor Adjunto Pedagógico da Escola Agostinho Neto. O mesmo foi dito pelo

diretor Adjunto Pedagógico da Escola Heróis Moçambicanos acrescentando que pela

demanda os patrocinadores preferem dar esse tipo de apoio às zonas recônditas e

distantes para estimularem a permanência de crianças na escola. Assim, não existe uma

sintonia entre o que é de lei e o que é de aplicação e de prioridade nas escolas. No entanto, as

analises desta situação leva-nos a olhar e concluir que, mesmo havendo a falta de sintonia

entre as partes acima expostas, existe uma pretensão de adoção de mecanismos, mesmo que

de forma arbitraria, para buscar melhorias de condições dos alunos das zonas recônditas e

deste modo fazer com que a qualidade de educação não se faça sentir somente na zona urbana.

Para concluir, acreditamos que a liberdade de expressão sobre assuntos que dizem

respeito ao dia a dia da escola e a autonomia sobre os mesmos pode contribuir bastante para

melhorar a satisfação e moral dos professores e funcionários da escola, dando-os ouvido e voz

e desenvolver mecanismos por forma a continuar a consultá-los acerca do dia a dia da própria

escola. Melhor dito, com o estudo vislumbramos que para haver uma boa qualidade de

educação, todos os atores internos às escolas (professores, funcionários e a direção) devem

estabelecer plataformas de diálogo e de troca de ideias, isto é, elas são partes de um único

sistema e que visam um mesmo fim, à melhoria de qualidade de educação.

Doravante, pelas falas dos nossos respondentes, bem como das propostas teóricas que

serviram de base para a leitura e interpretação dos dados da nossa pesquisa está evidente, que

para se atingir uma boa qualidade de educação, aspectos como estratégia, gestão e formação

devem estar presentes e interligados.

Como recomendação, os aspectos apresentados a seguir resumem os comentários tecidos

no decorrer da análise das respostas dos participantes.

Garantir e melhorar as condições de trabalho dos profissionais de educação;

Reforçar a formação inicial e em serviço, numa perspectiva de formação contínua do

pessoal docente e não docente;

Garantir o cumprimento da supervisão pedagógica;

Sensibilizar cada vez mais a participação dos pais e encarregados de educação e a

comunidade em geral na vida da escola e fazer conhecer seus direito e obrigações;

Desenvolver mecanismos nas escolas que sejam eficazes, de avaliação interna de

qualidade de educação, processo que pode ser holístico e ampliar os estudos sobre a

qualidade da educação que é dada no país, a fim de se identificarem as estratégias mais

adequadas para a redefinição dos currículos de formação de professores.

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Neste sentido, acreditamos que o estudo pode contribuir para que se tenha uma

perspectiva da qualidade do ensino-aprendizagem, em Moçambique, em particular nas três

escolas que foram objeto do estudo. E através dele influenciar e ajudar o processo de busca de

uma educação escolar que se queira digna e de qualidade. Acresce-se que o mesmo pode ajudar

os legisladores e fazedores de políticas educacionais, sejam eles de nível central, provincial ou

distrital, bem como de ONG´s e associações nacionais e estrangeiras que atuam na área da

educação.

Como limites de pesquisa pode se apontar os seguintes: Primeiro – impossibilidade de

generalização dos resultados do estudo porque os estudos de casos múltiplos não permitem a

generalização dos mesmos, sendo que as conclusões que aqui se refletem se referem às escolas

visadas; Segundo – o fato da escola Heróis Moçambicanos representar um local com melhores

estruturas de aprendizagem, enquanto que as escolas Agostinho Neto e Macurungo representam

respectivamente estruturas de aprendizagem pouco adequadas, o que impossibilita de colocá-las

no mesmo nível de qualidade de educação, e Terceiro – o fato de a coleta de dados ter ocorrido a

distancia, uma vez que a pesquisadora se encontrava no Brasil e a recolha de dados ter sido feita

em Moçambique através de um colaborador, ao qual foram enviados por e-mail os questionários

para serem conduzidos aos informantes, que depois de respondidos foram reenviados por e-mail

para a pesquisadora, sendo que o fato de não termos tido uma interação com o objeto de pesquisa

pode ter feito com quem alguma informação possa não ter vindo como a pesquisadora a

desejava.

Considerando-se que com a pesquisa levada a cabo não foi possível esgotar a totalidade

de assuntos relacionados com a questão da qualidade, propomos que estudos futuros tomem em

consideração os seguintes aspectos: (i) mais estudos multi-casos; (ii) ampliar o estudos a outras

cidades e zonas rurais; (iii) explorar o tema noutros subsistemas de ensino, como o secundário,

técnico-profissional e o superior e, (iv) analisar as mudanças previstas em andamento através de

pesquisa longitudinal, permitindo descrever e analisar a transição que possa vir a ocorrer.

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119

APÊNDICE A – Instrumento de Pesquisa (Roteiro de entrevista para diretores)

Caro (a) respondente,

Este é um instrumento de coleta de dados da pesquisa exigida para a conclusão de

Mestrado em Administração da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Tem por

objetivo avaliar como os atributos relacionados à gestão de qualidade do ensino satisfazem e

retêm os alunos no ensino básico. Todas as informações serão mantidas em sigilo. Obrigada

pela colaboração!

Nome:_________________________________________________________________

Sexo: __________________________________Idade:__________________________

Data da entrevista:_______________Horário:__________________________________

Formação Acadêmica:____________________________________________________

Cargo ou Função:________________________________________________________

Tempo que trabalha na instituição:___________________________________________

Grau de Formação:_______________________________________________________

Nome da Escola:_________________________________________________________

O questionário é composto de perguntas abertas sobre a qualidade da educação

básica. Leia cuidadosamente as perguntas e responda-as de forma clara.

1 Existem na escola políticas, serviços de apoio e orientação ao aluno como, por exemplo,

apoio psicopedagógico, alimentação? ( ) Sim ( ) Não

a) Caso a resposta seja sim, dê exemplos da(s) políticas implementadas na escola.

b) Se a resposta for não, explique em sua opinião porque não existem ouo que faz com

que a escola não possua essaspolíticas?

1 Em sua opinião, a igualdade de condições de acesso e permanência de crianças na escolaé

um modelo de programa de melhoria de qualidade definido pelo Estado? Justifique.

a) Os planos estratégicos das escolas são definidos pelo Estado com o objetivo de

melhorar a qualidade do ensino. A escola tem implementando sistemas de avaliação

que auxiliem os processos de gestão educativa e a melhoria da aprendizagem?

Argumente sua opinião, tendo como foco a sua escola.

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2 Em sua opinião quais são as características que contribuem para a melhoria da qualidade

da educação no nível básico?

3 Comente sobre a gestão participativa e a direção coletiva nasua escola.

a) Quais são os atributos que contribuem para a gestão de qualidade da educação no nível

básico da sua escola?

b) Cite fatores que, em sua opinião, dificultam a construção de uma escola democrática e

com qualidade.

c) Você considera que cumprir as leis, regulamentos, instruções e determinações

superiores, orientar e controlar o processo de matrículas e inscrições influenciam na

qualidade do ensino oferecido pela escola? Por quê?

4 A escola oferece oportunidades que valorizem a participação dos profissionais da

educação e a comunidade para melhoria da qualidade do ensino? De que forma é feita essa

participação?

5 Que análise pode ser realizada acerca do grau da participação dos professores, alunos e

famílias na vida da escola?

6 Que atividades a escola tem feito para se aproximar da comunidade a que pertence?

a) Com que frequência é realizada?

7 A escola prioriza a formação continuada e integrada dos professores e profissionais da

escola como forma de incentivo e melhoria de qualidade do ensino? De que forma é feita

a formação continuada e qual é a periodicidade dessa formação?

8 Quais são as características de um professor competente que garante ou contribui para a

melhoria da qualidade de ensino na sua escola?

9 Quais estratégias aplicadas para a gestão da qualidade no ensino e melhoria do processo

de ensino-aprendizagem?

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121

APÊNDICE B – Questionário para professores

Caro (a) respondente,

Este questionário é um instrumento de coleta de dados da pesquisa para a conclusão

de Mestrado em Administração da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Tem como

propósito identificar e avaliar os atributos relacionados à gestão da qualidade de ensino para

a melhoria dos processos de ensino-aprendizagem no nível básico de educação. Todas as

informações serão mantidas em sigilo. Obrigada pela colaboração!

Nome:_________________________________________________________________

Sexo: ____________________________________Idade:________________________

Formação Acadêmica:____________________________________________________

Cargo ou Função:________________________________________________________

Tempo que trabalha na instituição:___________________________________________

Grau de Formação:_______________________________________________________

Nome da Escola:_________________________________________________________

O questionário é composto de afirmações. Leia cuidadosamente cada uma destas

afirmações e atribua uma classificação numérica que, em sua opinião, melhor se adeque ao

seu perfil.

Selecione a classificação numérica que corresponde à afirmação que o descreve,

considerando que:

1 = discordo totalmente

2 = discordo

3 = neutro

4 = concordo

5 = concordo totalmente

Anote com um “X” o número na coluna correspondente designando uma das

classificações numéricas para cada uma das afirmações.

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MECANISMOS OU ATRIBUTOS DE GESTÃO DE QUALIDADE NA EDUCAÇÃO

PONTUAÇÃO

1 2 3 4 5 Existem na escola políticas, serviços de apoio e orientação ao aluno. Exemplo: Apoio

psicopedagógico, alimentação.

Existe na escola modelos bem definidos de programa de melhoria de qualidade, que são definidos pelo Estado, tais

como:

A igualdade de condições de acesso e permanência de crianças na escola. A implementação de sistemas de avaliação que auxiliem o processo de gestão educativa e

a garantia da melhoria da aprendizagem.

Verifica-se dentro do sistema escolar:

A garantia de instalações (em boas condições) e ambiente escolar adequados à realização

de atividades de ensino.

Condições de acessibilidade e atendimento para portadores de necessidades especiais. Ambiente escolar seguro para alunos, professores, funcionários, pais e comunidade em

geral.

Percebe-se dentro da escola:

A participação de gestores e direção escolar. Por exemplo: o diretor trabalha em

coordenação com os profissionais da educação (professores e funcionários) e a comunidade.

A existência de planejamento e gestão coletiva do trabalho pedagógico. A definição clara de atividades pedagógicas e curriculares. A aplicação dos métodos pedagógicos apropriados ao desenvolvimento dos conteúdos. A existência de processos de avaliação para identificar, monitorar e resolver os problemas

de aprendizagem.

Existência de tecnologias educacionais e recursos pedagógicos apropriados ao processo de

aprendizagem (por exemplo: disponibilidade de material didático).

A liberdade de atuação, autonomia e participação de toda a comunidade na busca da

melhoria da qualidade.

A existência de formação continuada, profissionalização e ação pedagógica na instituição. A existência de políticas que norteiam a educação básica. Ex. Regulamento escolar.

COMPETÊNCIAS DOS DIRETORES ESCOLARES

Em sua opinião competem aos diretores escolares:

PONTUAÇÃO

1 2 3 4 5

Cumprir e fazer cumprir as leis, regulamentos, instruções e determinações

superiores, resolvendo os casos da sua competência e informando sobre os

restantes.

Orientar e controlar o processo de matrículas e inscrições.

Aprovar os horários, a distribuição do serviço docente e a organização geral

das turmas.

Dirigir, coordenar e controlar a escola e representando - a no plano interno

e externo.

Ter conhecimentos, habilidades e atitudes para a execução do cargo e

solução de problemas.

COMPETÊNCIAS DOS PROFESSORES

São atribuições dos professores:

PONTUAÇÃO

1 2 3 4 5

Colaborar com a comunidade, pais e encarregados de educação

estimulando a sua participação no processo educativo.

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123

Preparar e organizar adequadamente as lições fixando objetivos instrutivos

e educativos para cada aula.

Agir com imparcialidade nas funções que exerce e dedicação a uma única

escola.

Participar na organização e realização das atividades extracurriculares de

interesse dos alunos.

Atualizar e aperfeiçoar os conhecimentos técnico-científicos relativos aos

conteúdos das disciplinas e métodos de trabalho.

PERFIL E FORMAÇÃO DOS PROFESSORES

PONTUAÇÃO

As características dos professores das escolas eficazes

caracterizam-se por: 1 2 3 4 5

Sólida formação psicopedagógica e metodológica.

Formação integrada de docentes no nível básico, médio e superior para

assumirem a responsabilidade de educar e formar jovens e adultos.

Elevação constante do nível de formação científica, técnica e

psicopedagógico.

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APÊNDICE C – Classificação das categorias de gestão de qualidade na educação na percepção dos diretores

Categoria Agostinho Neto Heróis Moçambicanos Macurungo

Orientação ao aluno

Introdução de currículos locais

Criar hábitos de frequentar as bibliotecas,

Ler e exercitar regularmente

Promoção das jornadas pedagógicas nas 1ª e 2ª classes;

Promoção de jornadas de sensibilização sobre a

importância do processo de ensino-aprendizagem

Aulas de recuperação;

Marcação diária do TPC;

Texto de apoio pedagógico;

TPC- leituras diárias

Acesso e permanência no ensino Interação mutua e convívio comum Oportunidades iguais e acesso ao ensino

Formação

Nível de formação dos professores;

Formação continuada e continua dos profissionais;

Plano de formação

Investir na formação dos professores;

Reformulação dos atuais modelos de formação dos

professores;

Capacitação periódica dos professores em exercício;

Formação continuada e capacitação dos professores,

Formação continuada do funcionário docente e não

docente; Boa formação académica/profissional;

Capacitar os professores periodicamente

Boa formação pedagógica do professor;

Boa preparação dos alunos nas classes anteriores;

Boa formação docente nos institutos de formação;

Professores a frequentar o ensino superior;

Plano de formação

Condições materiais de trabalho

Relação professor/aluno;

Condições da escola;

Disponibilidade de material didático;

Meio ambiente escolar

Distribuição e acesso de material para alunos e

professores;

Criar condições de infraestruturas;

Materiais didáticos em todos os âmbitos para alunos e

professores;

Acesso ao material de planificação;

Disponibilidade de meios de ensino;

Criar incentivos para professores e alunos

Alocação dos livros as escolas com antecedência;

Aplicação de apoio direto as escolas (ADE);

Distribuição antecipada de livros escolares

Gestão democrática –

participativa

Transparência /

Contribuições de ideias/sugestões

Existências de órgãos de funcionamento da escola Consulta permanente dos colegas

Participação ativa de todos na elaboração dos

documentos que garantem o funcionamento da escola;

Participação na tomada de decisão; Colaboração de todos os funcionários

Trabalhar em equipe;

Envolvimento de todos;

Sempre aberta para receber qualquer que seja a contribuição

Planificação de atividades Planificação para definir os objetivos preconizados;

Professor planificado que saiba definir os objetivos Planificado e interagente Planificação das aulas por parte dos professores

Administrativos/contratuais Pagamento de salários mediante sua categoria Seleção dos melhores professores

Gestão/liderança

Gestores autoritários que não escutam os seus

colaboradores;

Incentivos na continuação dos estudos;

Premiação dos melhores professores;

Criar incentivos para o professor e alunos;

Observar, escutar , experimentar e executar com

Garantir incentivo na sua vida profissional;

Melhorar as condições de vida do professor;

Imposição das políticas educacionais;

Fraco diálogo da direção para com os professores;

Rigidez;

Espírito de laissez faire;

A direção da escola não respeita opinião dos

professores e vice-versa

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zelo e autonomia

Saber se aplicar com perfeição

Envolvimento nos seminários de capacitação;

Encontros permanentes com os coordenadores de ciclos;

Recursos financeiros Falta de orçamento para o bom funcionamento da

escola

Participação da comunidade

Permanente exigência dos pais e encarregados de

educação;

Representação da comunidade na vida da escola;

Trabalhos ou atividades extracurriculares (desporto,

palestras sobre saúde e violação dos direitos dos

alunos);

Solicitar apoio da comunidade

Promoção do desporto, jogos entre escolas e outros

meninos vindo da comunidade;

Promoção de convívios das instituições com a

participação dos lideres comunitários;

Promoções de encontros (reuniões) envolvendo os pais e

encarregados de educação;

Gestão participativa e transparência dos fundos

atribuídos a escola

O desleixo de alguns encarregados de educação

em relação à educação dos seus próprios filhos;

Pais e ou encarregados de educação e professores

convidados a contribuir com ideias práticas;

Promoção de reuniões e palestras com a

participação da comunidade

Ética no trabalho

Assiduidade;

Respeitar as opiniões dos alunos;

Assíduo e pontual; Pontual

Capacidade de ouvir e saber ouvir opiniões;

Disponibilidade em aprender e aprender mais;

Segurança no que transmite e saber retificar os erros; Estar apto para ajudar os colegas;

Assíduo e pontual

Professor dedicado;

Pontual; Assíduo

Satisfação profissional e

formação (motivação)

Empenho nas atividades docente;

Superação das dificuldades que possam por em

causa a qualidade de educação;

Confidente na matéria que lecciona;

Inspiração na pedagogia e ou na profissão;

Autoridade como professor;

Capacidade de criar.

Que ama a profissão;

Ser criativo;

Competente na função

Empenho docente no seu trabalho;

Comprometido com a causa da educação;

Comprometido com a atividade que realiza

Supervisão pedagógica Rigorosidade;

Implementadas nas jornadas pedagógicas

Acompanhamento do educador no momento de

avaliação;

Apoiar o processo de ensino-aprendizagem através da

supervisão;

Supervisão pedagógica; Fraco acompanhamento;

Fazer um acompanhamento permanente no PEA;

Controle do plano diário e quinzenal;

Assistência permanente de aulas;

Supervisão pedagógica;

Supervisões e acompanhamento das jornadas

pedagógicas;

Supervisão e acompanhamento das jornadas pedagógicas

Observância rigorosa de planos de aulas;

Assistência mutua de alunos

Quadro 6: Classificação das categorias de gestão de qualidade na educação na percepção dos diretores

Fonte: Elaborado pela autora.

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APÊNDICE D – Gestão de qualidade na educação

Construto Dimensões Variáveis de análise

Gestão de

qualidade na

educação

Mecanismos de gestão de qualidade na educação

A1 - Existência na escola de políticas, serviços de apoio e orientação ao aluno (apoio psicopedagógico, alimentação)

A2 - A igualdade de condições de acesso e permanência de crianças na escola

A3 - A implementação de sistemas de avaliação que auxiliem o processo de gestão educativa e a garantia da melhoria da aprendizagem

A4 - A garantia de instalações (em boas condições) e ambiente escolar adequado à realização de atividades de ensino

A5 - Condições de acessibilidade e atendimento para portadores de necessidades especiais

A6 - Ambiente escolar seguro para alunos, professores, funcionários, pais e comunidade em geral

A7 - Participação de gestores e direção escolar (o diretor trabalha em coordenação com os profissionais da educação professores, funcionários e a comunidade)

A8 - A existência de planejamento e gestão coletiva do trabalho pedagógico

A9 - Definição clara de atividades pedagógicas e curriculares

A10 - Aplicação dos métodos pedagógicos apropriados ao desenvolvimento dos conteúdos.

A11 - Existência de processos de avaliação para identificar, monitorar e resolver os problemas de aprendizagem.

A12 - Existência de tecnologias educacionais e recursos pedagógicos apropriados ao processo de aprendizagem (por exemplo: disponibilidade de

material didático)

A13 - Liberdade de atuação, autonomia e participação de toda a comunidade na busca da melhoria da qualidade

A14 - Existência de formação continuada, profissionalização e ação pedagógica na instituição

A15 - Existência de políticas que norteiam a educação básica (Regulamento escolar)

Competências dos diretores

escolares

B16 - Cumprir e fazer cumprir as leis, regulamentos, instruções e determinações superiores, resolvendo os casos da sua competência e informando sobre

os restantes

B17 - Orientar e controlar o processo de matrículas e inscrições

B18 - Aprovar os horários, a distribuição do serviço docente e a organização geral das turmas

B19 - Dirigir, coordenar e controlar a escola e representando - a no plano interno e externo

B20 - Ter conhecimentos, habilidades e atitudes para a execução do cargo e solução de problemas

Competências dos

professores

C21 - Colaborar com a comunidade, pais e encarregados de educação estimulando a sua participação no processo educativo

C22 - Preparar e organizar adequadamente as lições fixando objetivos instrutivos e educativos para cada aula

C23 - Agir com imparcialidade nas funções que exerce e dedicação a uma única escola

C24 - Participar na organização e realização das atividades extracurriculares de interesse dos alunos

C25 - Atualizar e aperfeiçoar os conhecimentos técnico-científicos relativos aos conteúdos das disciplinas e métodos de trabalho

Perfil e formação dos

diretores e professores

D26 - Sólida formação psicopedagógica e metodológica

D27 - Formação integrada de docentes no nível básico, médio e superior para assumirem a responsabilidade de educar e formar jovens e adultos

D28 - Elevação constante do nível de formação científica, técnica e psicopedagógica

Quadro 7: Gestão de qualidade na educação

Fonte: Adaptado de XAVIER e LONGO (1996); DONEL et al., (2001); DOURADO; OLIVEIRA; SANTOS (2007); DOURADO; OLIVEIRA (2009); LEI 6/92; DELORS et al.,(2000); GADOTTI et

al.,(2000); MACHADO (2000); ZULIAN; FREITAS (2001); LÜCK, (2009); FONTANIVE; KLEIN, 2010; ANDRÉ (2010) OLIVEIRA (2009) GADOTTI (2009); PERRENOUD (2000, 2004);

FLEURY; FLEURY (2001); REGULAMENTO GERAL DO ENSINO BÁSICO (2008); HUCK (2009) e enquadrado nas dimensões de qualidade de Dourado, Oliveira e Santos (2007).

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ANEXO 1- Mapa de Moçambique: Divisão política e administrativa de Moçambique

por províncias e regiões (norte, centro e sul)

Fonte: INE (Instituto Nacional de Estatística), 1997.

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