universidade do vale do itajaÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/talita dacroce...

84
1 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ TALITA DACROCE TONIN ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA E CICATRIZANTE IN VIVO E IN VITRO DO EXTRATO METANÓLICO e NIGA-ICHIGOSÍDEO F1 OBTIDOS DAS PARTES AÉREAS DE Rubus imperialis Cham. Schl. (Rosaceae) Itajaí (SC) 2016

Upload: dangdung

Post on 12-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

1

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

TALITA DACROCE TONIN

ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA E CICATRIZANTE IN VIVO E

IN VITRO DO EXTRATO METANÓLICO e NIGA-ICHIGOSÍDEO F1

OBTIDOS DAS PARTES AÉREAS DE Rubus imperialis Cham.

Schl. (Rosaceae)

Itajaí (SC)

2016

Page 2: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

2

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS BIOATIVAS

TALITA DACROCE TONIN

ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA E CICATRIZANTE IN VIVO E

IN VITRO DO EXTRATO METANÓLICO e NIGA-ICHIGOSÍDEO F1

OBTIDOS DAS PARTES AÉREAS DE Rubus imperialis Cham.

Schl. (Rosaceae)

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí para exame de defesa para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

Orientador: Prof. Dr. José Roberto Santin Co-orientador: Prof. Dr. Rivaldo Niero

Itajaí (SC)

Março de 2016

Page 3: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

3

AGRADECIMENTOS

Embora uma dissertação de mestrdo seja pela sua finalidade acadêmica

um trabalho individual, há contributos de natureza diversa que não podem nem

devem deixar de ser realçados. Por essa razão, desejo expressar os meus

agradecimentos:

Primeiramente aos meus pais pela minha formação pessoal e

principalmente por respeitarem e acreditarem nas minhas decisões.

Ao meu marido Tiago Loredan Tonin, por sempre estar ao meu lado e ter

muita paciência comigo! Amo você!

A todos meus amigos, pois como diria Vinicius de Moraes, mesmo que as

pessoas mudem e suas vidas se reorganizem, os amigos devem ser amigos para

sempre, mesmo que não tenham nada em comum, somente compartilhar as

mesmas recordações.

O orientador deste trabalho, Prof Dr. José Roberto Santin e sua esposa

Prof Dra. Isabel Daufenback Machado, pelo apoio durante o mestrado e

sobretudo a sincera amizade e incentivo contínuo.

Aos professores da banca examinadora Prof Dra Nara, Prof Dr

Alessandro, Prof Dr Valdir e em especial ao meu Co-orientador Prof Dr. Rivaldo

Niero, pelas considerações e contribuições para a melhoria deste trabalho.

Aos demais docentes e funcionários do programa de mestrado em

Ciências Farmacêuticas que, em maior ou menor grau, contribuíram para minha

formação e que sempre estiveram abertos às minhas indagações.

A querida amiga e colega de mestrado Marina Goss, pela força, amizade

verdadeira e colaboração em todos os experimentos. Também aos acadêmicos

do curso de Biomedicina Maria Luiza e Marcos Paulo pela parceria no tratamento

e cuidados com os animais utilizados.

A CAPES pelo apoio financeiro.

E sobretudo ao universo pela luz e sabedoria necessária permitindo a

conclusão desta etapa tão especial em minha vida!

Page 4: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

4

“ A distância entre o sonho e a conquista chama-se atitude!”

Page 5: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

5

ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA E CICATRIZANTE IN VIVO E IN VITRO DO EXTRATO METANÓLICO e NIGA-ICHIGOSÍDEO F1

OBTIDOS DAS PARTES AÉREAS DE Rubus imperialis Cham. Schl. (ROSACEAE)

Talita Dacroce Tonin

March/2016

Orientador: José Roberto Santin, Dr. Área de concentração: Produtos Naturais e Substâncias Sintéticas Bioativas Número de páginas: 84 A inflamação é uma resposta fisiopatológica causada por infecção ou dano tecidual, no qual o sistema imune orquestra um processo com várias fases visando neutralizar o agente causador e retomar a homeostasia. Diante da necessidade da busca por princípios ativos que atuem na inflamação, o presente trabalho visou esclarecer a atividade anti-inflamatória e cicatrizante in vivo e in vitro do extrato metanólico obtido das partes aéreas de R. imperialis e do composto isolado NI-F1. Neste aspecto, foi realizado em camundongos Balb/C machos o modelo de bolsa de ar, os quais foram tratados por via oral com extrato metanólico de R. imperialis (EMB) ou NI-F1, após uma hora, o processo inflamatório foi induzido pela injeção de lipopolissacarídeo de E. coli (LPS) ou carragenina no tecido subcutâneo dorsal. O número total de leucócitos foi quantificado no exsudato inflamatório e os parâmetros hematológicos foram avaliados no sangue periférico. A atividade anti-inflamatória in vitro foi investigada na cultura de neutrófilos isolados da cavidade peritoneal e incubados com veículo, EMB de R. imperialis ou NI-F1 na presença ou ausência de LPS ou carragenina. O óxido nítrico (NO) foi mensurado no sobrenadante e a viabilidade celular foi avaliada pelo método de exclusão com azul de trypan. A atividade fagocítica foi avaliada em macrófagos recrutados para o peritônio pela ação do tioglicolato de sódio (3%, i.p.) e em neutrófilos recrutados pela ação do glicogênio de ostra (1%, i.p.). Ensaio de citotoxicidade in vitro foi realizado em células de fibroblasto murino (L929) e células de carcinoma hepatocelular (HepG2) utilizando a metodologia de MTT. O ensaio de hemólise foi baseado na quantificação de hemoglobina liberada e quantificada por espectrofotometria. Foram realizados ensaios para avaliar a migração celular in vitro, através do ensaio de scratch e a atividade cicatrizante in vivo no modelo de úlcera cutânea em camundongos. Os resultados obtidos demonstraram que o tratamento com EMB de R. imperialis ou NI-F1 reduz o influxo de neutrófilos. De encontro a isto dados do hemograma demostram que animais tratados com EMB de R. imperialis apresentaram neutrofília no sangue periférico. Este resultado pode explicar, em partes, a menor migração de células para o foco de lesão. A eferocitose de neutrófilos apoptóticos por macrófagos aumentou nos animais tratados, diminuindo a secreção de citocinas pró-inflamatórias e estimulando a secreção de fatores de crescimento. De encontro a estes dados, no experimento in vitro, o EMB de R. imperialis e o NI-F1, reduziram a produção de NO sem ocasionar citotoxicidade em neutrófilos nem às células L929, estimulando a migração desta em modelo de scratch. No ensaio de cicatrização in vivo ocorreu

Page 6: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

6

reparo tecidual após o tratamento com EMB de R. imperialis nas concentrações de 1 e 2,5% incorporado a um creme base, o qual teve sua toxicidade testada previamente pelo ensaio de agarose overlay. Conclui-se que o EMB de R. imperialis e o composto NI-F1 tem efeito terapêutico em doenças de origem inflamatória, tanto na indução do processo como na resolução do mesmo. Palavras-chave: Inflamação. Neutrófilos. Niga-ichigosideo F1. Macrofágos. Cicatrização.

Page 7: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

7

IN VIVO AND IN VITRO ANTI-INFLAMMATORY AND WOUND HEALING ACTIVITY OF THE METHANOLIC EXTRACT AND

NIGA-ICHIGOSÍDE F1 OBTAINED FROM AERIAL PARTS OF Rubus imperialis Cham. Schl. (ROSACEAE).

Talita Dacroce Tonin

March/2016

Supervisor: José Roberto Santin, Dr. Area of concentration: Natural Products and Bioactive Synthetic Substances Number of pages: 84

Inflammation is a pathophysiological response caused by infection or tissue damage, in which the immune system orchestrates a process with several stages, to neutralize the causative agent and restore homeostasis. In view of the need to search for active compounds that act on inflammation, this study aimed to clarify the in vivo and in vitro anti-inflammatory and wound healing activity of the methanolic extract obtained from aerial parts of R. imperialis and NI-F1 (Niga-ichigoside). The air pouch model was performed, using Balb/c mice. The animals were treated orally with methanolic extract of R. imperialis (EMB) or NI-F1, and after one hour, the inflammatory process was induced by injecting lipopolysaccharide of E. coli (LPS) or carrageenan into the dorsal subcutaneous tissue. The total leukocyte count was quantified in the inflammatory exudate, and the hematological parameters were evaluated in the peripheral blood. The in vitro anti-inflammatory activity was investigated in the neutrophils culture isolated from the peritoneal cavity and incubated with vehicle, EMB R. imperialis or NI-F1, in the presence or absence of LPS. The nitric oxide (NO) was measured in the supernatant, and cell viability was evaluated by the trypan blue exclusion-test. Antioxidant activity was evaluated in the DPPH model and cytoprotective assay with H2O2 in the mouse fibroblast cells (L929). Phagocytic activity was evaluated with macrophages recruited to the peritoneum by the action of sodium thioglycolate (3%, ip) and neutrophils recruited by oyster glycogen (1%, ip). In vitro cytotoxicity tests were performed in mouse L929 and hepatocellular carcinoma cells (HepG2) by the MTT method. The hemolysis assay was based on the quantification of hemoglobin released, and quantified by spectrophotometry. Tests were performed to assess cell migration in vitro, through the scratch test and healing activity in vivo using the skin ulcer model in mice. The results demonstrated that treatment with EMB of R. imperialis or NI-F1 reduces the influx of neutrophils to the lesion site, leading to neutrophilia in the peripheral blood, and showing an effect on leukocyte migration mechanisms. Additionally, the EMB of R. imperialis promotes a decrease in NO production by neutrophils, and an increase in efferocytosis of apoptotic neutrophils by macrophages. The EMB of R. imperialis showed antioxidant and cytoprotective activity, and also evoked an increase in cell migration, without promoting cytotoxicity in the scratch assay. The in vivo healing assay for the EMB of R. imperialis (1 and 2.5%), incorporated in a cream base, presented healing activity without toxicity in the agarose overlay model. Together, the data demonstrate that the EMB of R. imperialis exhibits anti-inflammatory and antioxidant activity, modulating neutrophil migration to the lesion site and decreasing the release of chemical mediators. In addition to these effects, the EMB of R. imperialis acts in

Page 8: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

8

the resolution of inflammation, promoting an increase in efferocytosis and fibroblast migration.

Keywords: Inflammation. Neutrophils. Niga-ichigoside F1. Macrophages. Healing.

Page 9: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Imagem ilustrativa do processo de recrutamento dos neutrófilos do

meio intravascular para o tecido. ...................................................................... 20

Figura 2. Imagem ilustrativa do processo de resolução da inflamação. .......... 24

Figura 3. Imagem das partes aéreas (folhas e caules) de R. imperialis. ......... 31

Figura 4. Estruturas moleculares dos fitoconstituintes presentes nas partes

áereas de R. imperialis. .................................................................................... 32

Figura 5. Fluxograma resumido da preparação do EMB e obtenção das frações.

......................................................................................................................... 36

Figura 6. Estrutura molecular do ácido 23-hidroxitormêntico-28-O-glicosídeo

(NI-F1). ............................................................................................................. 37

Figura 7. Delineamento experimental do modelo de bolsa de ar ..................... 39

Figura 8. Imagem das células L929 confluentes. ............................................ 45

Figura 9. Formação do rasgo na monocamada de células L929. .................... 45

Figura 10. Esquema de tratamento das células. ............................................. 46

Figura 11. Confecção das úlceras cutâneas no dorso do animal. ................... 50

Figura 12. Efeitos do EMB e do NI-F1 no modelo de bolsa de ar induzida por

LPS. ................................................................................................................. 52

Figura 13. Efeitos do EMB e do NI-F1 no modelo de bolsa de ar induzida por

carragenina. ..................................................................................................... 55

Figura 14. Viabilidade celular de neutrófilos tratados com EMB e do NI-F1. ... 56

Figura 15. Efeitos do EMB e do NI-F1 na produção de NO em neutrófilos

estimulados com LPS. ...................................................................................... 57

Figura 16. Efeitos do EMB sobre a capacidade de sequestar o radical livre DPPH

e de proteger células L929 contra a citotoxicidade induzida por peroxido de

hidrogênio......................................................................................................... 59

Figura 17. Efeitos do EMB e do NI-F1 na fagocitose de neutrófilos apoptóticos.

......................................................................................................................... 61

Figura 18. Viabilidade de células L929 tratadas com EMB e NI-F1. ................ 63

Figura 19. Efeitos do EMB e do NI-F1 no ensaio de migração celular. ........... 64

Figura 20. Porcentagem de migração celular após tratamento com diferentes

concentrações do EMB e NI-F1. ...................................................................... 64

Page 10: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

10

Figura 21. Imagem ilustrativa dos halos de toxicidade no ensaio de agarose

overlay .............................................................................................................. 65

Figura 22. Aparência do remodelamento cicatricial in vivo após o tratamento com

o placebo e o EMB em diferentes concentrações incorporado ao creme. ....... 66

Figura 23. Área da lesão em mm2 do processo cicatricial in vivo após o

tratamento com creme incorporado com EMB. ................................................ 67

Figura 24. Percentual de hemólise após tratamento com EMB. ...................... 68

Figura 25. Viabilidade de células HepG2 tratadas com EMB e NI-F1. ............ 68

Figura 26. Esquema representativo dos resultados obtidos que mostram os

efeitos do EMB no modelo estudado. ............................................................... 69

Page 11: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

11

LISTA DE ABREVIATURAS

AA Ácido Ascórbico

AINES Anti-inflamatórios não-esteroidais

ANXA1 Anexina A1

ATP Adenosina trifosfato

APCs Células apresentadoras de antígenos

C5a Fração 5ª do sistema complemento

cAMP amp cíclico

CD18 β2-integrina

CD36 Cluster of differentiation 36 ou FAT (fatty acid translocase)

CD62L L-selectina

CD62E E-selectina

CD62P P-selectina

CEUA Cômite de ética em uso de animais

COX-2 Ciclooxigenase 2

DAMPs Danos moleculares associados a patógenos

DMEN Dulbecco's Modified Eagle Medium

DMSO Dimetilsulfóxido

DO Densidade ótica

DPPH 2,2-difenil-1-picrilhidrazil

EGF Fator de crescimento endotelial

EMB Extrato metanólico bruto

EROs Espécie reativa de oxigênio

FGF Fator de crescimento de fibroblasto

FPR Receptor de peptídeos formilados

FPR2 Receptor de peptídeos formilados 2

G-CSF Fator estimulante de colônias granulocítico

HEPG2 Células de carcinoma hepatocelular

HOCl Ácido hipocloroso

ICAM Molécula de adesão intercelular

Ig Imunoglobulinas

IFN-γ Interferon-γ

Page 12: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

12

IKK I kapa B quinase

IL Interleucina

iNOS Óxido nítrico síntase induzível

IRAK Receptor de IL associados a quinases

IRFs Fator regulador da transcrição de interferon

JNK quinase c-Jun-N-terminal

L929 Células fibroblasto murino de tecido conectivo adiposo

LLCPK Células epiteliais renais

LPS Lipopolissacarídeo

LTB4 Leucotrieno B4

MAPK 38 Proteína quinase p38 ativada por mitógenos

MIP-1β Proteína inflamatória do macrófago

MPO Mieloperoxidase

MTT (3-(4,5-Dimethylthiazol-2-yl)-2,5-Diphenyltetrazolium Br)

MYD88 Myeloid differentiation primary response gene 88

NADPH nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato oxigenase

NF-ĸB Fator nuclear Kappa B

NI-F1 Niga-ichigosídeo F1

NLRP3 NOD-like receptor family, pyrin domain containing 3

NO Óxido nítrico

PAF Fator de ativação plaquetária

PAMPs Padrões moleculares associados a patógenos

PBS Solução tamponada com fosfato

PDGF Fator de crescimento derivado de plaqueta

PECAM-1 Molécula de adesão plaqueta endotelial

PRRs Receptor padrão de reconhecimento

SOD Superóxido dismutase

TGF-1β Fator de crescimento tecidual 1β

TLR Toll like receptor

TNF Fator de necrose tumoral

TRAF-6 Fator 6 associado ao receptor de TNF

UTP Uridina trifosfato

VCAM-1 Molécula de adesão celular vascular 1

VEGF Fator de crescimento de células endoteliais

Page 13: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

13

SUMÁRIO

SUMÁRIO ........................................................................................................ 13

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 15

2 OBJETIVOS .................................................................................................. 17

2.1 Objetivo Geral .................................................................................. 17

2.2 Objetivos específicos ...................................................................... 17

3 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 18

3.1 Inflamação ........................................................................................ 18

3.2 Resolução do processo inflamatório ............................................ 23

3.3 Novos tratamentos para a inflamação ........................................... 27

3.4 Plantas medicinais .......................................................................... 28

3.5 Rubus imperialis Cham. Schl ......................................................... 31

4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................ 35

4.1 Fármacos, reagentes e solventes .................................................. 35

4.2 Obtenção do material botânico e preparação do EMB de R.

imperialis ................................................................................................ 35

4.3 Obtenção do composto NI-F1......................................................... 36

4.4 Animais ............................................................................................. 37

4.5 Questões éticas ............................................................................... 37

4.6 Doses ................................................................................................ 38

4.7 Atividade anti-inflamatória in vivo - Inflamação no tecido

subcutâneo dorsal ................................................................................. 38

4.7.1 Contagem total e diferencial de leucócitos....................................... 39

4.7.2 Determinação do número de leucócitos circulantes e eritrograma 39

4.8 Atividade anti-inflamatória in vitro ................................................ 40

4.8.1 Obtenção de neutrófilos migrados para o peritônio ........................ 40

4.8.2 Viabilidade celular (neutrófilos) ......................................................... 40

4.8.3 Determinação do NO ........................................................................... 41

4.9 Estudo in vitro da atividade sequestradora de radicais livres

(DPPH) .................................................................................................... 41

4.10 Ensaio de atividade citoprotetora ................................................ 42

Page 14: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

14

4.11 Ensaio de fagocitose in vitro ........................................................ 42

4.12 Ensaio de viabilidade celular (L929 e HepG2) ............................ 43

4.12.1 Linhagem celular e condições de cultivo ....................................... 43

4.12.2 Viabilidade celular (MTT) .................................................................. 43

4.13 Ensaio de migração celular in vitro ............................................. 44

4.13.1 Preparo da placa de cultivo .............................................................. 44

4.13.2 Scratch in vitro .................................................................................. 45

4.13.3 Análises dos dados e apresentação dos resultados ..................... 46

4.14 Desenvolvimento de formulação semissólida (creme) de uso

tópico contendo EMB de R. imperialis ................................................ 47

4.15 Ensaio de irritação (agarose overlay) .......................................... 48

4.16 Ensaio de hemólise ....................................................................... 49

4.17 Ensaio de cicatrização in vivo ...................................................... 49

4.18 Análise estatística ......................................................................... 50

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 51

6 CONCLUSÕES .................................................................................... 70

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 71

ANEXOS .......................................................................................................... 84

Page 15: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

15

1 INTRODUÇÃO

A inflamação é um mecanismo de resposta tecidual dinâmico que

desenvolveu-se ao longo da evolução humana para defender o hospedeiro

contra invasão por patógenos e outros agentes não infecciosos. Todos os

animais têm mecanismos inatos para neutralizar o agente causador da lesão

tecidual ou infecção. Organismos superiores não só são capazes de sentir e

reagir a presença do patógeno, mas também orquestram um sistema de reparo

tecidual, visando a retomada da homeostase. Um processo inflamatório

desregulado ou persistente é componente importante na patogênese de uma

série de doenças, tais como artrite reumatoide, asma, doenças inflamatórias

intestinais, aterosclerose e câncer (GILROY; MAEYER, 2015; HEADLAND;

NORLING, 2015).

O evento inflamatório possui sinais característicos como dor, calor,

rubor, tumor e perda de funçao que estão intrinsecamente associados ao tráfego

de leucócitos, vasodilatação e edema (GILROY; MAEYER, 2015; VESTWEBER,

2015). O tecido exposto à infecção, trauma ou outro estímulo conduz as células

residentes a produzir e secretar citocinas, metabólitos do ácido araquidônico,

espécies reativas de oxigênio e de nitrogênio, além de outros mediadores

(BARIONI et al., 2013; KRUGER et al., 2015). Além disso, leucócitos circulantes,

especialmente neutrófilos ativados, migram para a área inflamada e secretam

uma variedade de mediadores pró-inflamatórios, como por exemplo o óxido

nítrico (NO) (LI et al, 2012; SILVA et al., 2015).

Todos estes eventos, assim como a sinalização inflamatória não

resolvida, podem ocasionar danos ao tecido do hospedeiro, podendo gerar

doenças inflamatórias crônicas ou auto-imunes com eventual perda de função

dos órgãos. Desta forma, neutralizar estes estímulos lesivos, controlar a

produção de mediadores pró-inflamatórios e principalmente regular a migração

de leucócitos polimorfonucleares no foco de lesão é determinante para o

processo de resolução da inflamação (ALESSANDRI et al., 2013;

KOLACZKOWSKA; KUBES, 2013).

A resolução do processo inflamatório possui células, mediadores,

receptores e vias de ativação próprias. Este processo é divido em três diferentes

Page 16: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

16

fases: redução da sinalização pró-inflamatória, apoptose de leucócitos e a

fagocitose de leucócitos apoptóticos por macrófagos teciduais (eferocitose). O

conjunto destes eventos asseguram que as células apoptóticas sejam

eficientemente removidas do tecido, minimizando danos teciduais e evitando a

perpetuação da resposta inflamatória além de induzir a secreção de mediadores

resolutórios, os quais contribuem para a cicatrização tecidual e o retorno da

homeostasia (HEADLAND; NORLING, 2015; LEE; SURH, 2012).

Atualmente não existe fármaco que atue nestes três eventos. Sendo

assim, a busca por novos tratamentos que atuem no processo de resolução da

inflamação é de extrema importância (GILROY; MAEYER, 2015). Nesse

contexto as plantas medicinais ganham grande relevância, uma vez que muitos

extratos e/ou compostos isolados têm apresentado resultados promissores em

diferentes modelos de inflamação.

A diversidade de plantas encontradas no Brasil permite o isolamento de

diversas substâncias biologicamente ativas. R. imperialis, uma das espécies da

família Rosacea e conhecida popularmente como amora-branca, amora-do-mato

ou amora-brava, ocorre abundantemente no sul do Brasil, sendo empregada

popularmente para o tratamento de diabetes (KANEGUSUKU et al., 2002). Um

dos componentes ativos identificados no extrato metanólico bruto de R.

imperialis (EMB) é o triterpeno niga-ichigosídeo F1 (NI-F1) o qual foi isolado com

alto rendimento das partes aéreas (ARDENGHI et al., 2006).

Estudos recentes demonstraram que o EMB apresenta atividade

antinociceptiva e gastroprotetora nos modelos de úlcera induzida por etanol e

anti-inflamatório não esteroidal indometacina, reportando também que o

tratamento com o extrato apresenta atividade curativa no modelo de úlcera

crônica induzida por ácido acético (ARDENGHI et al., 2006; BERTÉ et al., 2014).

Estes dados, em conjunto, sugerem que o EMB, bem como o NI-F1, possa ter

efeito terapêutico em diferentes doenças de origem inflamatória, atuando

principalmente na resolução do mesmo.

Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi investigar a atividade

anti-inflamatória e cicatrizante do EMB obtido das partes aéreas de R. imperialis

e do composto isolado NI-F1 utilizando metodologias in vivo e in vitro de

citotoxicidade, migração e cicatrização celular.

Page 17: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

17

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Avaliar a atividade anti-inflamatória e cicatrizante do EMB e do composto

isolado NI-F1 obtidos das partes aéreas de R. imperialis utilizando metodologias

in vivo e in vitro.

2.2 Objetivos específicos

a) Avaliar os efeitos do EMB e do composto NI-F1 sobre a migração de

neutrófilos no modelo de bolsa de ar induzido por LPS e carragenina;

b) Verificar a atividade anti-inflamatória e citotoxicidade in vitro do EMB e do

composto NI-F1 em neutrófilos;

c) Avaliar a fagocitose de neutrófilos apoptóticos por macrófagos tratados

com EMB ou NI-F1;

d) Verificar a atividade antioxidante e citoprotetora do EMB utilizando o

ensaio de DPPH e modelo do peroxido de hidrogênio, respectivamente;

e) Avaliar a atividade do EMB e do composto NI-F1 na migração celular pelo

modelo de scratch e a citotoxicidade pelo modelo de MTT em células de

fibroblasto murinho L929;

f) Avaliar toxicidade cutânea da formulação semi-sólida (creme) de EMB e a

atividade cicatrizante in vivo no modelo de úlcera cutânea em

camundongos;

g) Verificar a atividade citotóxica do EMB e do composto NI-F1 em células de

carcinoma hepatocelular HepG2 e eritrócitos.

Page 18: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

18

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 Inflamação

Inflamação é uma resposta fisiopatológica causada por uma infecção ou

dano tecidual, a qual consiste em eventos celulares e moleculares com intuito de

eliminar o estímulo causador e retornar a homeostasia (ORTEGA-GÓMEZ, A.;

PERRETTI, M.; SOEHNLEIN, 2013). Contudo, a inflamação inicialmente é um

processo benéfico, que quando não resolvido pode vir a desenvolver uma

patologia e progredir para uma doença inflamatória como por exemplo, asma,

aterosclerose, artrite reumatoide, esclerose múltipla e rinite (ALESSANDRI et al.,

2013).

Macroscopicamente a inflamação é reconhecida pelos sinais cardinais,

calor, rubor, tumor, dor e perda de função (SMITH, J. A., 1994). Nos estágios

iniciais do processo inflamatório ocorrem modificações na hemodinâmica da

rede microcirculatória (caracterizadas pela constrição e subsequente dilatação

dos vasos da microcirculação, em especial das vênulas pós-capilares) e

aumento de permeabilidade vascular, sendo que este último ocorre pela

contração das células endoteliais. Neste processo, há aumento do fluxo

sanguíneo para o local da inflamação e extravasamento de proteínas

plasmáticas para o interstício extravascular, ocasionado por diferença de

pressão osmótica entre os compartimentos (GREEN et al., 2004).

A reação inflamatória acontece de maneira dinâmica, onde substâncias

químicas de origem celular secretadas por células residentes na área de

inflamação, da circulação e da parede microvascular contribuem para a

instalação e desenvolvimento da resposta inflamatória. Neste contexto,

participam da inflamação aminas vasoativas, como a histamina, serotonina e

bradicinina; substância P; fator de ativação plaquetária (PAF); derivados do

ácido araquidônico; óxido nítrico (NO); citocinas; componentes ativos do sistema

complemento; e fatores de coagulação (GREEN et al., 2004). A ação dos

mediadores químicos contribui para o processo de marginação de leucócitos

sobre a parede de vênulas e para subsequente migração destas células para o

Page 19: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

19

foco da lesão (KANTARI; PEDERZOLI-RIBIEL; WITKO-SARSAT, 2008;

VESTWEBER, 2015).

O início da resposta inflamatória deve ser bem regulado para evitar danos

colaterais consideráveis. Sinais moleculares gerados em resposta a danos no

tecido e/ou invasão microbiana são reconhecidos por células apresentadoras de

antígenos (APCs), tais como macrófagos e células residente do tecido que,

devido à sua localização estratégica em estreita proximidade com o local da

lesão, são as células indutoras de uma reação inflamatória (SOEHNLEIN;

LINDBOM, 2010).

As células que entram em apoptose ou morte celular resultante da

infecção ou lesão tecidual sofrem um rompimento das membranas celulares e

ocorre a liberação de componentes citoplasmáticos e nucleares conhecidos

como danos moleculares associados a patógenos (DAMPs). DAMPs são

reconhecidos por receptores de reconhecimento padrão (PRRs), tais como toll

like receptor 9 (TLR9), expressos por leucócitos que promovem a produção de

citocinas pró-inflamatórias como a interleucina-1β (IL-1β) (SOEHNLEIN;

LINDBOM, 2010; VESTWEBER, 2015).

Ainda, padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs) também

podem iniciar uma resposta imune através da ativação dos PRRs nas APCs. Um

exemplo típico é a ativação do receptor de superfície do tipo toll por LPS, que

promove a produção e liberação de citocinas pró-inflamatórias, como fator de

necrose tumoral (TNF). Estas alterações moleculares e a concomitante liberação

de citocinas induzem o recrutamento de neurófilos para o sítio inflamatório

(KOLACZKOWSKA; KUBES, 2013; SOEHNLEIN; LINDBOM, 2010;

VESTWEBER, 2015).

Os neutrófilos são as primeiras células da circulação a interagirem com o

endotélio microvascular inflamado e migrarem em direção aos tecidos. Este tipo

celular representa em torno de 50-70% das células circulantes e são facilmente

mobilizadas e recrutadas. Além de estarem envolvidas no processo inflamatório,

estas células também auxiliam na eliminação de patógenos por vários

mecanismos, tanto intracelular quanto extracelular (MANTOVANI et al., 2011).

Neutrófilos são provenientes da medula óssea, se originam de células

tronco e desenvolvem-se em um processo chamado de granulopoese. O fator

estimulador de colônia granulocítico (G-CSF) regula o ciclo de vida do neutrófilo,

Page 20: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

20

aumentando a proliferação celular, sobrevivência, diferenciação, tráfego e

mobilização para manutenção do pool medular e periférico (KRUGER et al.,

2015). No entanto, esta manutenção da população de neutrófilos medular e

periférico pode ser regulada por diferentes vias, tanto em condições fisiológicas

como patológicas (VESTWEBER, 2015).

Durante a inflamação, o número de neutrófilos é severamente aumentado.

Com alterações do fluxo sanguíneo pela ação de mediadores inflamatórios, os

neutrófilos circulantes passam a marginar o endotélio microvascular inflamado.

Para tal, neutrófilos devem aderir fortemente ao endotélio, para que não sejam

arrastados pela circulação sanguínea e retornem ao lúmen do vaso. Os

neutrófilos aderidos devem, então, ultrapassar a parede vascular e migrar para

os tecidos subjacentes (Figura 1) (KOLACZKOWSKA; KUBES, 2013).

Figura 1. Imagem ilustrativa do processo de recrutamento dos neutrófilos do meio intravascular para o tecido.

Fonte: LEY et al., (2007).

Os neutrófilos circulantes passam a marginar o endotélio microvascular em um movimento chamado de rolling através da expressão de L-selectina, ao mesmo tempo em que o neutrófilo rola ao longo do endotélio há, também, a ativação das células endoteliais por diversos fatores quimioatráticos. A ligação destes fatores a receptores da membrana dos neutrófilos induz uma alteração conformacional nas moléculas de adesão ICAM-1 e VCAM-1 da membrana do neutrófilo, além das integrinas, as quais estabilizam a adesão do neutrófilo à célula endotelial fazendo com que o neutrófilo transmigre através da parede do vaso para os tecidos e exerça sua função.

Page 21: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

21

O processo de extravasamento dos neutrófilos pode ser dividido em

quatro etapas sequenciais: (1) rolamento (rolling), (2) ativação por estímulos

quimioatráticos, (3) aprisionamento e adesão e (4) migração transendotelial

(KUBY et al., 2003). Estes fenômenos são dependentes de adesões celulares

de diferentes intensidades, mediadas por receptores expressos nas membranas

celulares e denominados de moléculas de adesão. Durante a resposta

inflamatória, as citocinas e outros mediadores atuam no endotélio local,

induzindo a expressão de moléculas de adesão da família das selectinas (CD62E

e CD62P), e nos leucócitos circulantes, levando a expressão da L-selectina

(CD62L) (KOLACZKOWSKA et al., 2013; MANTOVANI et al., 2011; ORTEGA-

GÓMEZ, A.; PERRETTI, M.; SOEHNLEIN, 2013).

A L-selectina é exclusivamente expressa na membrana de leucócitos, e

na vigência de um estímulo inflamatório, medeia a captura inicial de neutrófilos

à parede dos vasos. Após a ativação ela é clivada pela ação de

metaloproteinases de membrana e sua expressão portanto é passageira. A P-

selectina é encontrada em plaquetas e células endoteliais. Na vigência de um

estímulo, esta molécula é mobilizada para a membrana permitindo sua interação

com neutrófilos circulantes (ISHII et al., 2010). Estas moléculas ligam-se a

carboidratos existentes nas membranas celulares e medeiam o rolamento de

leucócitos (SMALLEY; LEY, 2005).

Ao mesmo tempo em que o neutrófilo rola ao longo do endotélio há,

também a ativação das células endoteliais por diversos fatores quimioatráticos.

Estes podem estar permanentemente na superfície das células endoteliais ou

podem ser secretados localmente pelas células envolvidas na resposta

inflamatória (VESTWEBER, 2015).

Entre os fatores quimioatráticos pode-se citar os membros da família das

quimiocinas como a interleucina-8 (IL-8), proteína inflamatória do macrófago

(MIP), algumas anafilotoxinas (C5a, C3a e o C5b67), fatores de ativação de

plaquetas (PAF), além de vários receptores de peptídeos formilados (FPR)

produzidos pela degradação de proteínas bacterianas durante a infecção. A

ligação destes mediadores a receptores de membrana dos neutrófilos

desencadeia um sinal de ativação que induz uma alteração conformacional nas

moléculas de adesão da membrana do neutrófilo, as integrinas, aumentando a

Page 22: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

22

sua afinidade com as moléculas de adesão da superfamília das imunoglobulinas

(Ig), no endotélio (KOLACZKOWSKA; KUBES, 2013).

A subsequente interação entre as integrinas e as moléculas de adesão

celular (CAM’s) da superfamília das Ig estabilizam a adesão do neutrófilo à célula

endotelial, permitindo que a célula fagocítica fique aderida firmemente ao

endotélio. Posteriormente, o neutrófilo transmigra através da parede do vaso

para os tecidos. A passagem através da camada de células endoteliais pode

ocorrer tanto paracelular (entre as células endoteliais) ou transcelular (através

de uma célula endotelial). A transmigração paracelular ocorre preferencialmente

nas margens do endotélio, onde há menos proteínas de junção e onde o

alinhamento de células endoteliais é menos ordenado (KOLACZKOWSKA;

KUBES, 2013; PEREZ; VAGO; ATHAYDE, 2014; VESTWEBER, 2015).

No local da lesão, os neutrófilos secretam mediadores químicos a fim de

contribuir para a destruição do agente lesivo. No entanto, neste processo, em

especial nos de longa duração, os neutrófilos secretam e liberam uma variedade

de agentes químicos que contribuem para a lesão tecidual (GREEN et al., 2003,

2004; KOLACZKOWSKA; KUBES, 2013). Uma vez ativados, os neutrófilos

promovem o aumento da atividade e liberação da enzima mieloperoxidase

(MPO), uma protease presente nos grânulos azurófilos que tem importante

participação no mecanismo da resposta imune devido a formação de

substâncias oxidantes microbicidas e de espécies reativas de oxigênio (EROs)

(MALLE et al., 2007). Durante a fagocitose ocorre a ativação do sistema

nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato oxigenase (NADPH), que está

envolvida na produção de EROs. A NADPH oxidase reduz o oxigênio molecular

ao radical ânion superóxido que é convertida em peróxido de hidrogênio pela

superóxido dismutase (SOD), o qual destrói diretamente as bactérias, ou após a

sua conversão em íons hidroxila ou ácido hipocloroso (HOCl) (KLEBANOFF et

al., 2013; PEREZ; VAGO; ATHAYDE, 2014).

Embora o recrutamento de neutrófilos durante a infecção seja essencial

para a atividade do sistema imune inato, o recrutamento exacerbado causa um

desequilíbrio nos processos inflamatórios, podendo ser muito prejudicial. Na

obesidade, por exemplo, há uma inflamação de baixo grau constante, ou seja,

sem resolução. Isto ocorre devido a liberação de DAMPs que induzem a ativação

Page 23: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

23

da NLRP3 (proteína da família NLR) e aumentam a expressão de integrinas,

gerando aumento na adesão dos neutrófilos no endotélio e consequente

disfunção vascular (BHARGAVA et al., 2012, KOLACZKOWSKA; KUBES, 2013).

Após o estímulo inflamatório inicial, a resposta inflamatória em curso deve

ser resolvida para evitar dano tecidual excessivo e dar início ao processo de

cura. Assim, a eferocitose e o bloqueio na migração de neutrófilos para o tecido

lesado é um fator importante na resolução do processo inflamatório

(ALESSANDRI et al., 2013; BYSTROM et al., 2008).

3.2 Resolução do processo inflamatório

A resolução do processo inflamatório possui células, mediadores,

receptores e vias de ativação própria, que diferem dos processos de indução da

inflamação (SERHAN, 2007; NATHAN; DING, 2010; RECCHIUTI, 2013).

Atualmente, a resolução do processo inflamatório é dividida em três

diferentes fases: redução na sinalização pró-inflamatória, apoptose de leucócitos

e fagocitose de leucócitos apoptóticos por macrófagos teciduais (eferocitose),

seguida da migração para os linfonodos onde ocorre a apresentação dos auto-

antigenos (Figura 2) (GILROY; MAYER, 2015; LEE; SURH, 2012; SANTIN,

2013).

Page 24: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

24

Figura 2. Imagem ilustrativa do processo de resolução da inflamação.

Fonte: SANTIN, (2013).

A resolução da inflamação inicia com a diminuição da sinalização pró-inflamatória e a liberação de mediadores anti-inflamatórios, visando inibir o influxo de neutrófilos; neutrófilos apoptóticos passam a expressar sinais de find me e eat me, alterações responsáveis pelo reconhecimento das mesmas por fagócitos para que realizem a eferocitose, assim, deixando de ser um macrófago pró-inflamatório M1 tornando-se um macrófago de reolução M2.

A fase inicial da resolução envolve a supressão da sinalização pró-

inflamatória e a liberação de mediadores anti-inflamatórios, como interleucina-10

(IL-10), fator transformador de crescimento - β (TGF-1β), enzimas proteolíticas e

mediadores lipídicos por células residentes e macrófagos. A supressão visa inibir

o influxo de neutrófilos, que é pré-requisito para a resolução da inflamação (LEE;

SURH, 2012).

No entanto, a inibição no recrutamento de neutrófilos é somente uma das

etapas importantes para o retorno da homeostasia tecidual, sendo necessária

ainda, a efetiva apoptose de neutrófilos e a eferocitose destes por macrófagos

residentes para a finalização do processo inflamatório (ORTEGA-GÓMEZ;

PERRETTI; SOEHNLEIN, 2013). Interessantemente, os neutrófilos em

processos de apoptose atenuam a inflamação por diferentes mecanismos, sendo

relevante a inversão (switch) na produção de mediadores pró para anti-

Page 25: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

25

inflamatórios, que interferem negativamente na migração de neutrófilos. Neste

contexto, os neutrófilos secretam a proteína anexina A1 (ANXA1) (RAYNAL;

POLLARD, 1994).

A síntese da ANXA1, um anti-inflamatório endógeno é regulada

principalmente pela ação dos glicocorticóides, sendo uma importante proteína

na ação anti-inflamatória tanto dos glicocorticóides sintéticos, como endógenos

(HEADLAND; NORLING, 2015; PERRETTI; D`ÁQUISICTO, 2004; 2009;

SOLITO et al., 2006; WEIN et al., 2004).

Em condições basais, ANXA1 é encontrada no citoplasma de neutrófilos,

macrófagos e monócitos de humanos e murinos. Em condições de ativação

celular, a ANXA1 é rapidamente deslocada do citoplasma para a membrana,

secretada e liga a um receptor de sete domínios transmembrana acoplado a

proteína G, o receptor de peptídeo formilado 2 (FPR2) (PERRETTI, et al., 1996;

VONG et al., 2007).

A atuação da ANXA1 está relacionada com a sua capacidade de interagir

com as membranas celulares. Em condições inflamatórias, principalmente por

mecanismo justácrino, esta interação é reversível e regulada especialmente por

modificações pós-translacionais, como a fosforilação, da porção N-terminal

(SCHLAEPFER; HAIGLER, 1987). A interação da ANXA1 com o receptor FPR2

é importante na resolução do processo inflamatório modulando a adesão e

migração de leucócitos, além de promover a apoptose de neutrófilos e a

eferocitose destes por macrófagos (HEADLAND; NORLING, 2015; ORTEGA-

GÓMEZ; PERETTI; SOEHNLEIN, 2013; PERRETTI et al., 2002; SOLITO, 2006;

SCANNELL et al., 2007).

Durante o processo de apoptose ocorrem alterações na expressão de

moléculas na superfície de células em processo de morte, sendo estas

alterações responsáveis pelo reconhecimento das mesmas por fagócitos

(FADOK et al., 1998; GARDAI et al., 2006; GREGORY; POUND, 2010).

Neutrófilos apoptóticos passam a expressar sinais de find me e eat me,

as sinalizações de find me são fatores secretados pelo neutrófilo que atraem

macrófagos. Quatro sinais de find me estão bem descritos na literatura, sendo

estes a lisofosfatidilcolina, esfingosideo 1-fosfato, fractalcina e os nucleotídeos

adenosina trifosfato (ATP) e uridina trifosfato (UTP) (ELLIOTT et al., 2009; GUDE

et al., 2008; LAUBER et al., 2003; TRUMAN et al., 2008). As sinalizações de eat

Page 26: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

26

me são marcadores de superfície que permitem a identificação da célula em

apoptose. São moléculas expostas na membrana da célula ou que sofrem

modificações durante apoptose, como por exemplo, os peptídeos derivados do

domínio N-terminal da ANXA1. O mais conhecido e descrito sinal de eat me é a

fosfatidilserina (BLUME et al., 2012; FOX et al., 2010).

Assim, a interação entre os sinais de eat me das células apoptóticas e o

reconhecimento deste por receptores nos macrófagos levam a firme adesão

celular e a subsequente ativação das vias de fagocitose. Em conjunto, estes

eventos asseguram que as células apoptóticas sejam eficientemente removidas

do tecido, antes da ruptura de membranas com a liberação de mediadores

citotóxicos, minimizando danos aos tecidos e evitando a perpetuação da

resposta inflamatória (ALESSANDRI et al., 2013).

Os macrófagos, responsáveis pela eferocitose de neutrófilos apoptóticos,

são células que possuem importante plasticidade funcional e fenotípica, que se

torna aparente durante a fase de resolução do processo inflamatório (CHANG;

LEE; KIM, 2014; ORTEGA-GÓMEZ; PERETTI; SOEHNLEIN, 2013). No

processo de resolução da inflamação, os macrófagos se apresentam como

peças chave no processo regulatório do reparo, apresentando ação fagocitica

degradando e removendo componentes de tecido conjuntivo danificado. Além

disso, os macrófagos atuam secretando fatores de crescimento responsáveis

pela proliferação celular e prostaglandinas que funcionam como potentes

vasodilatadores, afetando a permeabilidade da rede microcirculatória

(MENDONÇA; COUTINHO-NETTO, 2009).

Os macrófagos possuem um fenótipo de plasticidade que explica o seu

papel protetor. Eles são classificados como alternativamente ou classicamente

ativado. O perfil "ativação clássica" (M1) é caracterizado pela expressão de

citocinas do tipo 1 (IFN-γ, TNF). Assim, as células M1 desempenham um papel

importante na proteção contra agentes patogênicos, produzindo altos níveis de

IL-1β, IL-6, e IL-12, por exemplo. Adicionalmente, estas células expressam níveis

elevados de ciclooxigenase-2 (COX-2) e exercem atividade antiproliferativa e

citotóxica. Os macrófagos de resolução (M2) possuem propriedades bactericidas

mais fraca e expressão de IL-4 e IL-10. Este fenótipo eleva os níveis de AMP

cíclico intra-celular (cAMP) estimulando a imunidade adquirida através de

Page 27: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

27

recrutamento de linfócitos e interrupção de tráfego de células inflamatórias

(BYSTROM et al., 2008).

Após a eferocitose de neutrófilos apoptóticos ocorre a inibição na

produção de citocinas pró-inflamatórias e de mediadores lipídicos, com

concomitante aumento na transcrição de citocinas anti-inflamatórias em

macrófagos, que se caracteriza principalmente pela liberação de IL-10, TGF-1β

e fator de crescimento de células endoteliais (VEGF) (FADOK et al., 1998). A

liberação destes mediadores é extremamente importante para o retorno da

homeostasia e também para o reparo tecidual (LASKIN et al., 2011; MARLOW;

VAN GENT; FERGUSON, 2013).

A fagocitose de células apoptóticas não só previne que os macrófagos

ativados mantenham células residentes do tecido mas também provoca a

liberação no endotélio vascular de VEGF e outros fatores de crescimento que

são cruciais para o reparo tecidual (SOEHNLEIN; LINDBOM, 2010).

Macrófagos também são importantes por produzirem uma diversidade de

fatores de crescimento, dentre os quais se incluem: fator de crescimento

endotelial (EGF), fator de crescimento dos fibroblastos (FGF), fator de

crescimento derivado das plaquetas (PDGF), TGF-1β e VEGF. A quimiotaxia de

fibroblastos e sua proliferação é uma das funções dos fatores de crescimento,

sendo que FGF também atua positivamente na migração e proliferação de

queratinócitos, e TGF-1β na deposição de elementos da matriz pelos

fibroblastos. Ainda, o VEGF e o FGF atuam como potentes fatores angiogênicos.

Juntos, estes eventos colaboram para a correta cicatrização e reparo tecidual

(ENOCH; LEAPER, 2008; FRANÇA, 2015).

3.3 Novos tratamentos para a inflamação

A compreensão das etapas do processo inflamatório que envolvem o

processo de iniciação por células fagocíticas, controle, progressão e finalmente

a resolução é importante para a melhoria das intervenções terapêuticas,

permitindo o desenvolvimento de terapias específicas com efeitos secundários

limitados para tratar os processos inflamatórios.

Page 28: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

28

Os farmácos anti-inflamatórias não esteroidais (AINES) e esteroidais são

eficazes no tratamento dos sintomas clínicos específicos. No entanto, estas

abordagens se concentram em controlar os sinais cardinais da inflamação,

principalmente antagonizando caminhos específicos que são envolvidos na

inflamação aguda e a maioria delas apresentam efeitos adversos indesejáveis.

Neste sentido, a busca por novas terapias tem como foco a outra extremidade

da cascata de inflamação, ou seja, a resolução da resposta inflamatória

(ALESSANDRI et al.,2013; HEADLAND; NORLING, 2015).

Cada estágio da cascata de resolução da inflamação representa uma

oportunidade para impulsionar a inflamação em curso para a via de resolução.

No entanto, não será o mesmo caminho para todas as doenças inflamatórias,

tendo em vista que os processos de resolução podem variar de tecido para tecido

e ser dependente da natureza do estímulo prejudicial (GILROY; MAEYER, 2015;

SOEHNLEIN; LINDBOM, 2010;).

No contexto da busca por novos tratamentos, as plantas medicinais

ganham grande importância, já que muitos extratos e/ou compostos isolados têm

apresentado resultados promissores em diferentes modelos de inflamação, e

podem atuar em diferentes etapas do processo de resolução da mesma.

3.4 Plantas medicinais

O uso de plantas medicinais pela humanidade ocorre desde os primórdios

da civilização e, durante séculos as plantas eram a única fonte de agentes

terapêuticos para o homem (CALIXTO et al., 2008). O estudo das drogas

vegetais surgiu como uma necessidade do homem em separar as plantas

comestíveis das tóxicas. Posteriormente, este estudo empírico passou ao

objetivo de proteção e cura contra enfermidades. A história do desenvolvimento

das civilizações oriental e ocidental possui exemplos do emprego dos recursos

naturais na medicina, como o uso da morfina isolada a partir da Papaver

somniferum em 1804 (ALVES, 2001; BARREIRO; BOLZANI, 2009).

A química farmacêutica desenvolveu-se no início do século XIX e

estabeleceu o uso de plantas como fonte de escolha para a obtenção de

princípios ativos para o desenvolvimento de medicamentos. As plantas, cujas

Page 29: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

29

propriedades terapêuticas são conhecidas e amplamente utilizadas na medicina

popular para o tratamento de diversas patologias recebem a denominação de

plantas medicinais (BOORHEM; LAGE, 2009).

Pesquisas tem evidenciado que quando se procura obter substâncias

ativas através de plantas, é muito provável encontrar atividade biológica

naquelas orientadas pelo seu uso popular do que nas escolhidas ao acaso

(YUNES; CECHINEL FILHO, 2001).

Um exemplo do papel da etnomedicina em guiar a descoberta e

desenvolvimento de novos medicamentos está relacionado aos fármacos

antimaláricos. Nas cascas de espécies de Cinchona officinalis foi isolado o

composto quinina, tradicionalmente utilizada por grupos indígenas na região

amazônica para o tratamento da febre, e consequentemente servindo de base

para síntese de cloroquina. Pesquisas posteriores realizadas por cientistas

chineses, permitiram isolar da Artemisia annua o composto artemisinina, com o

qual formularam novas drogas antimaláricas. Porém, o aumento da prevalência

de malária bem como a resistência que o parasita adquiriu perante as drogas

disponíveis, demandou a descoberta de novos compostos e possíveis análogos

sintéticos antimaláricos como o febrifugine e halofugine, isolados da Dichroa

febrífuga na última década, que atuam sobre três estágios do parasita (CRAGG;

GROTHAUS; NEWMAN, 2012; PINES; SPECTOR, 2015).

A biodiversidade do Brasil é considerada uma fonte de substâncias

biologicamente ativas e sua preservação é fundamental tanto pelo valor

intrínseco dessa imensa riqueza biológica como pelo seu enorme potencial de

fonte para novos fármacos. As populações das zonas rurais e florestas do Brasil

dependem da medicina popular e tradicional para o tratamento de muitas

doenças infecciosas. Algumas espécies são incluídas nas prescrições para fins

terapêuticos, como a cicatrização de feridas, inflamação, infecções microbianas

ou parasitárias, lesões de pele e úlceras (ABREU et al., 2015; ALVES; ROSA,

2007; ARAUJO,1979; MAZZARI; PRIETO, 2014).

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)

(BRASIL, 2014), são considerados medicamentos fitoterápicos aqueles obtidos

com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais, cuja eficácia e

Page 30: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

30

segurança sejam baseadas em evidencias clínicas e que sejam caracterizados

pela constância de sua qualidade.

O desenvolvimento do setor de plantas medicinais e fitoterápicos

configura-se como importante estratégia para o enfrentamento das

desigualdades regionais existentes em nosso país, podendo prover a

ampliação das opções terapêuticas ofertadas aos usuários do Sistema Único de

Saúde (SUS), com garantia de acesso a plantas medicinais, fitoterápicos e

serviços relacionados à fitoterapia, com segurança, eficácia e qualidade (ABREU

et al., 2015; YAZBEK et al., 2015).

Diante desta realidade, várias pesquisas de bioprospecção dos nossos

biomas vêm sendo incrementadas objetivando a busca racional de bioprodutos

de valor agregado, bem como desenvolvimento tecnológico e conhecimento

científico sobre as plantas resultando em inovação e isolamensto de compostos

terapeuticamente eficazes para o tratamento de diferentes patologias

(BARREIRO; FRAGA, 1999; COSTA, 2002).

Um resultado notável envolvendo a parceria de uma indústria e uma

universidade é o produto Acheflan®, um eficiente anti-inflamatório tópico

desenvolvido a partir do α-humuleno, um flavonóide extraído das folhas da planta

Cordia verbenacea. Compostos fenólicos, tais como catequinas e outros

flavonóides, são capazes de inibir a expressão de genes alvos que são

indispensáveis para a produção de vários mediadores inflamatórios tais como,

prostaglandinas e a expressão de moléculas de adesão (CRAGG; GROTHAUS;

NEWMAN, 2014; SALDANHA et al., 2015).

A utilização de substância protótipo ou das plantas medicinais como

fitoterápico, evidencia a importância da investigação científica para o

desenvolvimento de um medicamento. Estas pesquisas devem ser direcionadas

à valorização e modulação da atividade farmacológica a ser explorada,

garantindo a ação terapêutica, a segurança de utilização, bem como a viabilidade

de produção (BALUNAS et al., 2005; YAZBEK et al., 2015).

Page 31: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

31

3.5 Rubus imperialis Cham. Schl

O gênero Rubus pertencente à família Rosacea é constituído de muitas

espécies empregadas na medicina popular em vários países para o tratamento

de diferentes patologias, especialmente como agente hipoglicemiante no

tratamento da Diabetes mellitus. Rubus é um dos cem gêneros da família

Rosaceae, com diversas classes de compostos com atividades biológicas

comprovadas (ALVES et al., 2014; NIERO; CECHINEL-FILHO, 2008).

Estudos fitoquímicos e farmacológicos têm mostrado que algumas

espécies produzem princípios ativos que exercem atividade gastroprotetora,

antioxidante, antitumoral e anti-inflamatória (ALVES et al., 2014; PATEL;

ROJAS-VERA; DACKE, 2004). Pesquisas atuais com o gênero Rubus,

demonstraram a atividade anti-proliferativa da espécie Rubus fairholmianus em

células de carcinoma colorretal por meio de indução de apoptose (PLACKAL

GEORGE; TYNGA; ABRAHAMSE, 2015). Já a Rubus coreanus reduziu a

expressão e a produção de vários mediadores inflamatórios, através da

supressão da ativação do fator nuclear κB (NF-ĸB) (LEE et al., 2014).

R. imperialis ocorre abundantemente no sul do Brasil, sendo conhecida

como amora-do-mato, amora-branca, amora rosa ou amora-brava (NIERO et al.,

1999). É uma planta arbustiva, de ramos angulosos com flores de pétalas

brancas. O fruto é composto de inúmeras drupas verde-amareladas, são

saborosos, suculentos e adocicados, esta espécie possui grande potencial para

a utilização em geléias, doces em calda e outros derivados ou até mesmo para

consumo in natura (Figura 3) (BIANCHINI, 2010).

Figura 3. Imagem das partes aéreas (folhas e caules) de R. imperialis.

Fonte: SILVA-LOPES, (2010).

Page 32: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

32

Estudos fitoquímicos realizados por pesquisadores do NIQFAR/UNIVALI,

demonstraram a presença de alguns terpenos e derivados do ácido elágico

(Figura 4), como o NI-F1 (niga-ichigosídeo F1 ou ácido 23-hidroxitormêntico-28-

O-glicosídeo) (1), ácido 23-hidroxitormêntico (2), ácido 4’metil-3-O-metilelágico

(3) e ácido 3-O-metil-4’-O-α-ramnose elágico (4) (BELLA CRUZ et al., 2006).

Figura 4. Estruturas moleculares dos fitoconstituintes presentes nas partes áereas de R. imperialis.

1 2

34

OH

OH

OH

OH

COOGlicose

OH

OH

OH

COOH

OH

O

OH

OH

OH

O

O O

OH

O

O

O

OO

O

O

OH

O

O

OOH

Fonte: BELLA CRUZ et al., (2006).

Os extratos obtidos de diferentes partes da planta (folhas, caule e raiz)

foram testados em alguns modelos de dor específicos (contorções

abdominais induzidas por ácido acético e dor induzida por formalina) os quais

mostraram-se ativos. O principal componente ativo foi identificado como o

triterpeno NI-F1, o qual foi isolado com alto rendimento das folhas. Este

composto foi aproximadamente 30 vezes mais potente que a aspirina e o

paracetamol no teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético em

camundongos, além de prevenir tanto a dor de origem neurogênica como a dor

de origem inflamatória do teste da formalina (NIERO et al., 1999).

Um estudo de Müller (2007), demonstrou que o extrato metanólico bruto

das partes áereas de R. imperialis foi ativo contra o vírus herpes simples tipo 1.

Para este gênero, a ocorrência de taninos e flavonóides foi relatado, o que leva

Page 33: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

33

a propor que estes compostos podem estar relacionados com a atividade

antiviral detectada (GUDEJ; TOMCZYK, 2004).

Alves e colaboradores, (2014) realizaram a avaliação genotóxica e os

resultados indicaram que a mistura de compostos encontrados no EMB não foi

capaz de induzir um aumento significativo no número de células com quebras no

DNA ou micronúcleos, quando administrada em doses únicas de 50 mg/kg de

peso corporal. Doses testadas de EMB não mostraram efeitos genotóxicos em

leucócitos de células sanguíneas ou hepáticas periféricas pelo teste do cometa,

sem qualquer diferença significativa na média de contagens obtidas, quando

comparados com aqueles obtidos com o controle.

Ardenghi e colaboradores (2006), demonstraram que o composto NI-F1

presente na R. imperialis exerce um efeito antinociceptivo sistêmico em modelos

de dor em camundongos induzidos por formalina, glutamato e capsaicina. Em

relação ao mecanismo de ação do NI-F1, os resultados mostram que parece

estar relacionado com diferentes sistemas, tais como a via dopaminérgica,

taquicininérgica, L-arginina-óxido nitrérgica e glutamatérgica, cujos efeitos

farmacológicos podem ser mediados centralmente por um mecanismo não

específico. Estes resultados são de interesse porque suportam que o NI-F1 é útil

no desenvolvimento de novas drogas analgésicas para a gestão de vários tipos

de dor.

O composto NI-F1 também foi isolado da espécie R. coreanus, e este

mostrou-se efetivo inibindo inflamação em modelos animais de artrite reumatóide

e também reduzindo lesões gástricas em modelo de úlcera induzida por etanol

em ratos (NAN et al., 2006).

Berté e colaboradores (2014) demonstraram que o EMB de R. imperialis

apresenta atividade gastroprotetora nos modelos de úlcera induzida por etanol e

AINES, além de promover aumento no pH gástrico. Ainda, este trabalho reporta

que o tratamento com o extrato apresenta atividade curativa no modelo de úlcera

crônica induzida por ácido acético, ou seja, apresenta atividade na resolução do

processo inflamatório.

Estes dados, em conjunto, sugerem que o EMB e o NI- F1 possam ter

efeito terapêutico em diferentes doenças de origem inflamatória, tanto na

indução do processo como na resolução do mesmo. Assim, este projeto visou

Page 34: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

34

investigar o efeito anti-inflamatório e cicatrizante do EMB e do NI-F1 utilizando

técnicas in vitro e in vivo.

Page 35: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

35

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Fármacos, reagentes e solventes

Indometacina, carragenina, lipopolissacarideo, glicogênio de ostra e

tioglicolato foram adquiridos da Sigma Aldrich. Água ultra-pura foi obtida

utilizando sistema Milli-Q (Millipore, Massachusetts, USA). Todos os outros

reagentes e solventes empregados foram de grau analítico.

4.2 Obtenção do material botânico e preparação do EMB de R. imperialis

A preparação do EMB e a obtenção do NI-F1 foram realizados

previamente por Silva-Lopes (2010), como parte da monografia de conclusão do

curso de Farmácia pela UNIVALI.

Partes aéreas de R. imperialis foram coletadas na localidade de São

Sebastião, no município de Treze de Maio (SC) em agosto de 2008. Após a

coleta, o material foi limpo e seco em estufa a 40°C e então triturado em moinho

de martelos. O peso total foi de 1,1 kg. Uma exsicata foi depositada no Herbário

Barbosa Rodrigues sob número VC-Filho nº 036 (SILVA-LOPES, 2010).

O material vegetal foi submetido à maceração por 12 dias em percolador

empregando-se o metanol como líquido extrator. Após este período, todo o

solvente foi removido resultando numa massa total de 127,5 g (12,7 %) de

extrato metanólico bruto (CECHINEL-FILHO; YUNES, 1998, SILVA-LOPES,

2010).

A partir do EMB foram realizadas sucessivas partições líquido/líquido com

os solventes hexano clorofórmio e acetato de etila. Todas as frações também

foram concentradas em rota evaporador a pressão reduzia para manter a

integridade das mesmas. Essa etapa visa uma pré-purificação do extrato bruto,

separando os compostos químicos por afinidade pelo solvente em questão

(CECHINEL-FILHO; YUNES, 1998, SILVA-LOPES, 2010).

Um fluxograma das operações realizadas encontra-se na figura 5.

Page 36: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

36

Figura 5. Fluxograma resumido da preparação do EMB e obtenção das frações.

Fonte: SILVA-LOPES (2010).

4.3 Obtenção do composto NI-F1

O NI-F1 foi obtido da fração de acetato de etila, através de cromatografia

em coluna aberta utilizando-se uma mistura de clorofórmio e metanol em

diferentes proporções como fase móvel. Esta coluna forneceu 146 frações onde

a subfração 93-119 apresentou maior grau de pureza e foi identificado como o

triterpeno niga-ichigosídeo F1 (Figura 6) com massa de 140mg. Este composto

Cromatografia de

coluna aberta CCA

(CHCl3:MeOH)

Composto

isolado NI – F1

(140mg)

Frações 93-119

Page 37: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

37

já tem sido isolado em outros trabalhos desenvolvidos pelo NIQFAR (SILVA-

LOPES, 2010; BERTÉ, 2014).

Figura 6. Estrutura molecular do ácido 23-hidroxitormêntico-28-O-glicosídeo (NI-F1).

1

OH

OH

OH

OH

COOGlicose

Fonte: BELLA CRUZ et al., (2006).

4.4 Animais

Para realização dos experimentos, camundongos Balb/C machos com 2

a 3 meses de idade e peso entre 25 e 35 g foram fornecidos pelo Biotério da

Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Os animais foram mantidos em caixas

de polipropileno, em salas com controle de temperatura (22-25ºC), umidade (40-

60%) e ciclos controlados (claro/escuro, 12 horas cada), tendo ração e água ad

libitum. Os animais foram ambientados por um período de 5 dias antes da

realização dos experimentos.

Os procedimentos experimentais foram realizados após indução de

anestesia com cloridrato de ketamina (7 mg/kg) e cloridrato de xilazina (0,7

mg/kg) administrados pela via intraperitoneal.

4.5 Questões éticas

Todos os experimentos foram realizados de acordo com os princípios

éticos de experimentação animal recomendados pelo Conselho Nacional de

Controle de Experimentação Animal (CONCEA). O presente projeto foi

Page 38: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

38

submetido e aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da Universidade

do Vale do Itajaí - UNIVALI (Protocolo CEUA/UNIVALI 022/14) (Anexo 1).

4.6 Doses

As doses empregadas no presente trabalho foram baseadas em estudos

anteriores. Para os ensaios in vivo foi utilizada a menor dose com efeito

farmacológico significativo (BERTÉ et al., 2014, NIERO et al., 1998). As doses

utilizadas in vitro foram escolhidas com base em estudos publicados

recentemente utilizando técnicas similares a deste projeto (SILVA et al., 2015).

4.7 Atividade anti-inflamatória in vivo - Inflamação no tecido subcutâneo

dorsal

Um compartimento estéril denominado bolsa de ar, foi desenvolvido pela

administração de 3 mL de ar estéril utilizando filtro (TPP Spritzen-Syringe-Filter

0,22 µm) acoplado a uma seringa no tecido subcutâneo da região dorsal de

camundongos Balb/C, os quais foram anestesiados previamente a este

procedimento. Três dias após a primeira injeção de ar, um reforço foi realizado

pela injeção de mais 3 mL de ar estéril, segundo o procedimento descrito por

Sedgwick (1986) e por Jain e Parmar (2011).

Seis dias após a primeira injeção, os animais foram pré-tratados por via

oral com EMB (100 mg/kg), NI-F1 (60 mg/kg), indometacina (30 mg/kg, controle

positivo) ou com veículo solução tamponada de fosfato (PBS, controle negativo).

Animais sham receberam somente PBS e a anestesia para a coleta do lavado

da bolsa de ar, e não receberam tratamentos farmacológicos. Uma hora após os

tratamentos, uma solução de LPS (150 mg/mL por animal) ou carragenina (1%)

foi injetada diretamente na bolsa de ar. Quatro horas mais tarde, após a injeção

de LPS ou carragenina, uma pequena incisão foi realizada na bolsa de ar para

obtenção do lavado do infiltrado inflamatório (Figura 7).

Page 39: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

39

Figura 7. Delineamento experimental do modelo de bolsa de ar

Seis dias após a primeira injeção de ar estéril no tecido subcutâneo, os animais foram pré-tratados por via oral com soluções de EMB (100 mg/kg), NI-F1 (60 mg/kg), indometacina (30 mg/kg, controle positivo) ou com o veículo (PBS, controle negativo). Uma ou quatro horas após a injeção de LPS ou carragenina, os animais foram anestesiados, eutanasiados e uma pequena incisão foi realizada na bolsa de ar para obtenção do lavado do infiltrado inflamatório.

4.7.1 Contagem total e diferencial de leucócitos

Com o conteúdo coletado da bolsa de ar, foram confeccionados os

esfregaços celulares para a contagem diferencial dos leucócitos. Após o preparo

dos esfregaços, estes foram corados pelo método de May-Grünwald-Giemsa. A

contagem celular diferencial (polimorfonucleares e mononucleares) foi realizada

em microscópio óptico comum, com auxílio de objetiva de imersão (aumento de

1000 vezes), contando-se 100 células por lâmina. A contagem de leucócitos

totais foi determinado em câmara de Neubauer. Os resultados foram expressos

em número total de células por mL.

4.7.2 Determinação do número de leucócitos circulantes e eritrograma

Após os tratamentos com o EMB, NI-F1, indometacina ou veículo, os

animais foram anestesiados e o sangue foi coletado em EDTA 10% por punção

da veia cava abdominal para a contagem de leucócitos totais, diferencial e

Page 40: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

40

eritrograma. Em seguida os animais foram eutanasiados por exsanguinação pela

secção das artérias carótidas, e da veia cava abdominal.

O número de leucócitos totais e o eritrograma foi determinado em

equipamento de hematologia automatizado (Celldyn 3000 - Abbott). A contagem

diferencial foi realizada em esfregaços corados por panótico em microscopia

óptica.

4.8 Atividade anti-inflamatória in vitro

4.8.1 Obtenção de neutrófilos migrados para o peritônio

Foram injetados 3 mL de solução de glicogênio de ostra (1%, i.p.) para

estimular o recrutamento de leucócitos para cavidade peritoneal. Após um

período de quatro horas, os animais foram novamente anestesiados e

exsanguinados por secção da artéria carótida. Em seguida, 3 mL de PBS foram

injetados na cavidade peritoneal e após suave massagem, as células foram

removidas com auxílio de pipeta Pasteur. As células obtidas foram submetidas

à centrifugação (600 g, 15 min, 4ºC) e o pellet formado foi ressuspendido em 1

mL de meio DMEN (Dulbecco's Modified Eagle Medium) suplementado com

10% de Soro Fetal Bovino. A quantificação total de neutrófilos foi feita em câmara

de Neubauer. Um total de 1 x 106 neutrófilos foram adicionados por poço em

placas de cultura de 96 poços, com volume final completado para 300 µL com

meio DMEN, para obtenção da cultura celular empregada nos ensaios descritos

abaixo.

4.8.2 Viabilidade celular (neutrófilos)

Para excluir possíveis efeitos citotóxicos do EMB e do composto NI-F1

sobre neutrófilos, ensaios de viabilidade celular foram realizados. Para tanto,

neutrófilos foram mantidos em cultura por 18 horas com incubação simultânea

de EMB, NI-F1 e LPS (5 µg/mL), em estufa de CO2 atmosfera úmida, a 37 ºC 5%

CO2. Vale ressaltar que este foi o maior período de incubação empregado neste

estudo. Após o período de incubação, 10 µL de suspensão de neutrófilos foram

Page 41: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

41

acrescidos a 10 µL de azul de tripan e a quantificação das células viáveis (não

coradas) foi realizada em câmara de Neubauer.

4.8.3 Determinação do NO

O NO foi indiretamente quantificado pela formação de seus metabólitos

nitrato (NO3-) e nitrito (NO2-), utilizando a reação de Griess (GREEN et al., 1982).

Para a quantificação indireta da produção de NO, neutrófilos foram mantidos em

cultura por dezoito horas com incubação simultânea do EMB ou do composto NI-

F1 (1,10 e 100 µM) estimulados ou não com LPS (5 µg/mL), em estufa de CO2.

Após a incubação, a concentração de nitrito (NO2-) foi determinada no

sobrenadante das culturas de neutrófilos utilizando a reação de Griess (1% de

sulfanilamida com 0,1% de α-naftil etilenodiamida, preparado no momento do

uso) em placa de 96 poços.

A reação de NO2- com esse reagente produz uma coloração rósea, que

foi quantificada por meio da leitura das densidades óticas. Após 10 minutos de

incubação em temperatura ambiente, a absorbância de cada amostra foi

determinada em espectrofotômetro com comprimento de onda de 550nm.

Curvas-padrão com concentrações previamente conhecidas de NO2- (0 - 150

µM) também tiveram as densidades óticas determinadas, permitindo a

quantificação dos valores de nitrito/nitrato, em µM, com auxílio da equação da

reta.

4.9 Estudo in vitro da atividade sequestradora de radicais livres (DPPH)

Este procedimento foi realizado de acordo com o método descrito por

Blois (1958) e por Chen et al. (2005), com algumas modificações. O potencial

redutor do radical livre estável 2,2-diphenil-1-picrilhydrazil (DPPH) do EMB foi

determinado a partir das absorbâncias medidas em espectrofotômetro a 517 nm.

Solução de 750 µL do extrato em diferentes concentrações (0,01, 0,1, 1,

10, 100 e 1000 µg/mL) foram misturados a 250 µL de solução metanólica de

DPPH (1 mg em 25 mL). Após cinco minutos, o decréscimo da absorbância foi

mensurado. Solução de ácido ascórbico (AA: 50 µg/mL) foi utilizada como

Page 42: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

42

controle positivo do teste e água purificada grau analítico I como controle

negativo.

4.10 Ensaio de atividade citoprotetora

O ensaio de atividade citoprotetora para investigar os efeitos protetores

do EMB perante a citotoxicidade do peróxido de hidrogênio (H2O2) foi realizado

utilizado um protocolo de pré tratamento de células L929, as quais foram

semeadas em placas de cultura de 96 poços com meio DMEN e incubadas

durante 24h (37 °C e 5% CO2). Posteriormente as células foram cultivadas na

presença ou ausência de diferentes concentrações do EMB (0,1, 1, 10 ou 100

µg/mL) e em seguida foi adicionado 200 µM de H2O2 por duas horas. Após este

período, as células foram lavadas com PBS e adicionou-se em todos os poços

solução de MTT (5mg/mL) e as mesmas foram mantidas em estufa a 37°C, por

uma hora. A absorbância foi determinada e a viabilidade celular foi quantificada

por MTT.

4.11 Ensaio de fagocitose in vitro

Os macrófagos foram obtidos através da injeção intraperitoneal de

tioglicolato de sódio 4% em camundongos Balb/C. Quatro dias após a injeção de

tioglicolato os animais foram anestesiados e a cavidade peritoneal foi lavada com

PBS estéril. Após a centrifugação, as células foram ressuspendidas em meio

RPMI. A suspensão celular (1x106 células/poço) foi incubada em placa de 24

poços, sobre lamínula de vidro redonda, por duas horas, 37 ºC com 5% CO2 para

a aderência dos macrófagos. Após este período, os poços foram lavados três

vezes com PBS estéril para a retirada das células não aderidas e adicionados

os tratamentos, R. imperialis (1, 10 e 100 µg/mL) ou NI-F1 (1,10 e 100 µM) após

uma hora foram adicionados os neutrófilos senescentes (1x106 neutrófilos/poço).

Os neutrófilos senescentes foram obtidos previamente da cavidade

peritoneal de camundongos Balb/c através da administração de glicogênio de

ostra (0,1%, i.p.) e incubados em placa de 24 poços, com meio DMEN (1x106

neutrófilos/mL), por 18 horas a 37ºC com 5% CO2 para atingirem o estado de

Page 43: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

43

senescência. As lamínulas foram lavadas 1 vez com PBS para retirada do

excesso de neutrófilos senescentes e coradas com solução corante de May

Grumwald-Giemsa modificada (ROSENFELD, 1947).

Posteriormente, as lamínulas secas foram coladas inversamente em

lâminas de vidro com Bálsamo do Canadá. A leitura das lâminas montadas foi

realizada em microscópio óptico com objetiva de imersão. Foram observados

500 macrófagos e o resultado da fagocitose de neutrófilos senescentes foi

expressa em porcentagem

4.12 Ensaio de viabilidade celular (L929 e HepG2)

4.12.1 Linhagem celular e condições de cultivo

As células utilizadas foram adquiridas do banco de células do Rio de

Janeiro, fibroblastos murino linhagem NCTC clone 929 [L CELL, L-929], de

origem de tecido conectivo adiposo e células de carcinoma hepatocelular

(HepG2) (ATCC: HB-8065).

No cultivo celular in vitro, células de fibroblasto murino L929 e HepG2

desenvolveram-se como culturas aderentes cultivadas em garrafas plásticas

(poliestireno) estéreis da Techno Plastic Products (TPP). O meio de cultura

DMEM (Vitrocell®) suplementado com 10% de Soro Fetal Bovino (SFB) (Gibco®)

foi adicionado às garrafas. As células foram mantidas em estufa sob atmosfera

contendo 5% de CO2 à temperatura de 37°C. A subcultura foi realizada de acordo

com a confluência das células na garrafa, utilizando-se a solução de tripsina-

EDTA para desprender as células aderidas. Para o armazenamento das

linhagens, as células, foram suspensas em meio de cultura suplementado com

10% SFB e 10% de DMSO (Dimetilsulfóxido) e armazenadas em nitrogênio

líquido.

4.12.2 Viabilidade celular (MTT)

As culturas celulares foram mantidas em estufa a 37 °C com 5% de CO2.

As células L929 e HepG2 foram plaqueadas (50.000 células/poço) em

Page 44: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

44

microplacas de 96 poços (TTP) e mantidas a 37°C com 5% de CO2. Após duas

horas, foram adicionados 10 µL do EMB (0,1, 1, 10, 100 µg/mL) ou NI-F1 (0,1,

1, 10 e 100 µM). Como controle positivo de citotoxicidade foi empregado

dimetilsufóxido a 10% (DMSO). O crescimento celular foi revelado pelo ensaio

de redução do (3-(4,5-Dimethylthiazol-2-yl)-2,5-Diphenyltetrazolium Br)

(MTT) (Sigma Inc.). Após 21 horas de incubação a 37°C com 5% CO2 foram

adicionados 10 µL de MTT (5 mg/mL) e a placa mantida mais três horas em

estufa a 37°C e com 5% CO2. Ao término desse período, o sobrenadante foi

retirado, e para a dissolução dos cristais de formazan formados pela redução do

MTT foi adicionado 100 µL de DMSO. A densidade óptica (DO) de cada poço foi

determinada em espectrofotômetro de microplacas em 570 nm (Asxys Expert

Plus, Microplate Reader G020 150, Eugendorf, Salzburg, ÁUSTRIA) (BABICH;

BORENFREUND, 1992; DENIZOT; LANG, 1986).

Os resultados em densidade ótica (DO) realizados em quadruplicata

foram analisados após eliminação do background de migração das células de

cada experimento, empregando como indicador a percentagem de migração foi

calculada de acordo com Florão e colaboradores (2007).

4.13 Ensaio de migração celular in vitro

4.13.1 Preparo da placa de cultivo

Após crescimento celular em alta confluência em monocamada mantida

na garrafa de cultivo, células foram tripsinizadas e semeadas em placas de 24

poços e mantidas em estufa até atingirem máxima confluência, como

demonstrado na figura 8.

Page 45: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

45

Figura 8. Imagem das células L929 confluentes.

4.13.2 Scratch in vitro

Após confluência na placa de 24 poços, o meio de cultivo foi retirado dos

poços e com o auxílio de uma ponteira (tip 200) foi realizado um risco contínuo

na superfície medial de cada poço, de acordo com a figura 9. Este procedimento

ocasiona uma ruptura do contato entre as células e a retirada destas de uma

determinada região da placa, resultando na formação de uma lesão mecânica

na monocamada (VEDULA et al., 2013).

Figura 9. Formação do rasgo na monocamada de células L929.

Fonte: Adaptado de VEDULA et al., (2013).

Após confluência na placa de 24 poços cada poço (A) foi submetido ao stress mecânico através da ruptura da monocamada com um “rasgo” contínuo utilizando uma ponteira de micropipeta (B), após a retirada das células desaderidas as céulas adjacentes tendem a migrar em direção ao espaço livre na placa (C).

Seguindo o experimento, os poços foram lavados com PBS para remoção

das células debridadas, após foi realizado o tratamento das células com EMB (1,

10 e 100 µg/mL) ou NI-F1 (1, 10 e 100 µM), imediatamente após o tratamento os

poços foram fotografados seguindo o protocolo demostrado na figura 10.

Page 46: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

46

Posteriormente, foi feito o acompanhamento avaliando a migração das células

adjacentes em direção ao espaço livre na placa conforme a figura 9.

Figura 10. Esquema de tratamento das células.

É importante ressaltar que antes do plaqueamento das células, foi

realizada uma marcação central utilizando um marcador permanente objetivando

uma melhor padronização na confecção do rasgo e das medidas. Esta marcação

estabelece um campo visual no poço, o qual foi analisado posteriormente após

o estabelecimento do rasgo na monocamada, em tempo zero e 24 horas.

4.13.3 Análises dos dados e apresentação dos resultados

O cultivo com os tratamentos foi mantido e controlado após scratch pelo

período de 24 horas. A condição controle foi realizada com veículo de diluição

dos componentes (PBS). Nos tempos zero (logo após o trauma mecânico) e 24

horas o ensaio foi analisado utilizando microscópio de contraste de fase

(Olympus CKX 41) e as imagens capturadas com uma câmera digital acoplada

ao microscópio, com aumento final de 100x. As análises foram realizadas

medindo a área sem migração, obtida na região do “risco” em mm2 utilizando o

software ImageJ1.46r. A análise dos resultados foi realizada a partir do cálculo

da % área de cobertura de migração usando a fórmula abaixo:

% da área de cobertura 24 h = Área em 24 h x 100

Área em T0

- 100

Page 47: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

47

4.14 Desenvolvimento de formulação semissólida (creme) de uso tópico

contendo EMB de R. imperialis

Esta etapa foi desenvolvida no laboratório de tecnologia farmacêutica do

Programa de pós-graduação em Ciências Farmacêuticas com a orientação da

Profª. Drª. Ruth Meri Lucinda Silva, Profª. Drª. Angelica e da doutoranda Ana

Flávia Fischer.

Foi desenvolvida uma formulação semi-sólida do tipo creme na qual foi

incorporado o EMB nas concentrações 1 e 2,5%, conforme tabela abaixo:

Tabela 1. Composição do creme base contendo EMB

Componentes Concentração (%)

EDTA 0,1

Phenonip® 0,7

Polymol® 0,9

BHT 0,003

Propilenoglicol 5

Água purifica Qsp

EMB de R. imperialis 1

EMB de R. imperialis 2,5

Hostacerim® 12

Os componentes (phenonip®, EDTA, BHT, polymol® e água) foram

aquecidos e dissolvidos separadamente em banho-maria. Após resfriarem a

temperatura ambiente, foi adicionado a esta mistura o EMB já levigado com

propilenoglicol e por último esses componentes foram incorporados ao creme

base hostacerim®.

Após o preparo, os cremes de EMB foram acondicionados em recipiente

plástico de 50g com tampa e mantidos sob refrigeração.

Page 48: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

48

4.15 Ensaio de irritação (agarose overlay)

A linhagem celular de fibroblasto murino L929, na concentração de 3,0 ×

105 células/mL foi semeada em placas de 6 poços e incubada durante 24h a

37°C em atmosfera úmida com 5% de CO2. Após esse período, com a

monocamada de células já formada, o meio de cultura foi desprezado e

adicionado meio DMEM contendo 0,01% de vermelho neutro como corante vital

por uma hora no escuro.

Posteriormente o excesso de corante vital foi removido e lavado com PBS,

em seguida foi adicionado em cada poço 3 mL da mistura de agarose com meio

DMEM (1:1,2 de meio agarose:meio DMEM - mistura overlay) e incubado por 30

minutos até a solidificação. As amostras do creme base com EMB foram

incorporadas em discos de papel (0,54 cm), previamente esterilizados e

colocados no meio dos poços das placas. Como controle positivo foi utilizado

Triton-X® e como controle negativo o meio DMEM. As placas foram incubadas

por 24 horas em estufa (37 °C com 5% CO2).

O grau de irritação foi avaliado pela zona de lise (ausência de

incorporação do corante vital) por meio do uso de paquímetro, segundo a

classificação descrita pela Farmacopéia Americana (United States

Pharmacopeia, 2006) (quadro 1).

Quadro 1: Classificação do grau de irritação cutânea.

Classificação Reatividade Descrição da zona de reatividade

0 Nenhum Nenhuma reatividade ao redor da amostra

1 Leve Alguma má formação ou degeneração ao redor da

2 Médio Zona limitou a área ao redor da amostra

3 Moderado Zona estende 0,5 a 1,0 cm além da amostra

4 Severo Zona estende maior que 1,0 cm além da amostra

Page 49: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

49

4.16 Ensaio de hemólise

A atividade hemolítica do EMB e do NI-F1 foi investigada de acordo com

o método de Parnham Wetzig, (1993). O sangue de dois animais foi coletado em

tubos heparinizados e centrifugados a 1000g durante 10 minutos. O sedimento

foi lavado três vezes com PBS (pH 7,4) gelado através de centrifugação a 1000g

durante 10 minutos e re-suspendidas com o mesmo tampão. Diferentes doses

do EMB em PBS (1, 10, 100 e 1000 µg/mL) e de NI-F1 (1, 10, 100 e 1000 µM)

foram adicionados à suspensão de eritrócitos que foi incubada durante uma hora

a 37˚C. Após o período de incubação, as células foram centrifugadas e o

sobrenadante foi usado para mensurar a absorbância da hemoglobina liberada

em 540 nm. O valor médio foi calculado a partir de ensaios em duplicata. A

hemólise completa foi realizada utilizando 0,2% de Triton X-100 obtendo-se o

100% como valor de controle positivo. Foram utilizados também tubos contendo

apenas PBS como controle negativo. Menos de 10% de hemólise foi considerada

efeito não-tóxico. Os dados observados foram expressos como % de liberação

de hemoglobina em comparação com 100% de hemólise do mesmo número de

células utilizando 0,2% de Triton X-100 e 2% de Triton X-100 (PARNHAM E

WETZIG, 1993).

4.17 Ensaio de cicatrização in vivo

Com a finalidade de avaliar a atividade do EMB sobre a regeneração

tecidual foi realizado o modelo de cicatrização de úlcera cutânea em

camundongos, segundo metodologia descrita por Cross, Thompson e Roberts

(1996).

Para o experimento foram utilizados 10 camundongos Balb/c macho, os

quais foram separados em três grupos: grupo I (placebo, creme base), grupo II

creme com EMB a 1% e grupo III creme com EMB a 2,5%. Passado o período

de aclimatação dos animais, estes foram anestesiados por via intraperitoneal,

procedeu-se então em todos os animais a tricotomia e demarcação da área de

produção das úlceras. Após assepsia por álcool 70% uma excisão cirúrgica foi

feita com auxílio de um punch de um 1,5 cm de diâmetro, sendo retirados pele e

gordura subcutânea com auxílio de tesoura e pinça anatômica (Figura 11).

Page 50: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

50

Figura 11. Confecção das úlceras cutâneas no dorso do animal.

(A) Tricotomia do dorso; (B) Determinação do local para confecção da úlcera; (C) Confecção da

úlcera com o punch.

Posteriormente ao procedimento cirúrgico, durante os 10 dias seguintes

as úlceras cutâneas foram tratadas uma vez ao dia mediante os tratamentos

descritos anteriormente e fotografadas separadamente com auxílio de uma

régua de 30 cm perpendicular a úlcera para a padronização da unidade de área

das lesões, em milímetros. Percorridos os períodos estabelecidos de tratamento,

foi realizado a eutanásia dos animais e as análises morfométricas das feridas. A

partir das fotografias, as áreas das úlceras foram calculadas pelo software EARP

em mm2.

4.18 Análise estatística

Os resultados obtidos nos experimentos foram expressos como média ±

erro padrão da média (E.P.M.) e analisados estatisticamente por análise de

variância com comparações múltiplas (ANOVA) e, quando necessário, foram

utilizados como pós-teste o Teste de Tukey-Kramer ou Dunett. Os dados foram

analisados no programa GraphPad Prism, admitindo como significativamente

estatístico o p<0,05. Os resultados obtidos neste estudo foram correlacionados

com dados de estudos prévios reportados pela literatura.

Page 51: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

51

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Células fundamentais para a resposta inflamatória inata, os neutrófilos

apresentam a característica de responder rapidamente a estímulos lesivos e,

assim, são as primeiras células a chegarem ao foco de lesão, exercendo

atividades secretória, fagocíticas e microbicidas, na tentativa de eliminar o

agente lesivo (ALESSANDRI et al., 2013). No entanto, a exacerbação das ações

neutrofílicas durante o processo inflamatório podem ser prejudiciais às células

do hospedeiro. Desta forma, os neutrófilos são células alvo importantes para a

ação de agentes terapêuticos, sendo o controle da migração de neutrófilos para

o local da lesão um fator importante para limitar o evento inflamatório e induzir a

resolução do processo (ALESSANDRI et al., 2013, ORTEGA-GÓMEZ, A.;

PERRETTI, M.; SOEHNLEIN, 2013).

Os neutrófilos são células polimorfonucleares que possuem meia vida

curta, cerca de 6 a 8 horas, sendo constantemente produzidos pela medula

óssea (BORREGAARD, 2010; SEELY; PASCUAL; CHRISTOU, 2003).

Aproximadamente 108 a 1011 neutrófilos são produzidos diariamente em

humanos e integram três populações distintas: 1) na medula, de granulócitos

maduros, prontos para serem recrutados; 2) em vasos da microcirculação de

alguns tecidos; e 3) o circulante. Durante um processo inflamatório, o número

destas células na circulação aumenta significativamente e este é um parâmetro

indicativo de resposta inflamatória (KOLACZKOWSKA; KUBES, 2010; KRUGER

et al., 2015). Os resultados obtidos no presente trabalho mostram que o EMB de

e o composto NI-F1 exercem efeitos sobre as funções neutrofílicas ligadas a

capacidade destas células migrarem para o foco da lesão inflamatória. Uma vez

que o efeito do EMB e do composto NI-F1 sobre a migração de neutrófilos in vivo

foi avaliado no tecido subcutâneo dorsal de camundongos na vigência de ação

do LPS ou carragenina. O modelo de bolsa de ar é útil para a triagem de novos

fármacos anti-inflamatórios, particularmente aqueles derivados de plantas

medicinais (SALEH; CALIXTO; MEDEIROS, 1996). O LPS é um

lipopolisacarídeo encontrado na parede celular de bactérias gram-negativa e é

capaz de desencadear uma importante resposta inflamatória a partir da ativação

de receptores tipo Toll (TRLs) que são expressos na membrana celular de

Page 52: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

52

neutrófilos. Após a ativação específica do TLR4 pelo LPS, ocorre a ativação de

vias inflamatórias, principalmente a via do NF-κB, a qual desempenha um

importante papel regulatório na expressão de genes pró-inflamatórios e induz a

liberação de mediadores que promovem a quimiotaxia de leucócitos para o foco

de lesão (ALESSANDRI et al., 2013; VESTWEBER, 2015).

Os dados obtidos mostram que o pré-tratamento com EMB ou NI-F1

reduziu de maneira significativa o número de leucócitos migrados para a bolsa

de ar. O EMB apresentou melhor atividade anti-inflamatória quando comparado

aos dados obtidos em animais pré-tratados com controle positivo do

experimento, o fármaco indometacina (Figura 12). Já o composto NI-F1

apresentou valores equivalentes ao controle positivo (Figura 12). A análise

diferencial das células migradas para a bolsa de ar demonstrou que o tratamento

com o EMB e NI-F1, bem como a indometacina reduziram a migração de

leucócitos (Figura 12A), especificamente neutrófilos (Figura 12B) para o foco de

lesão. Ainda, dados de hemograma (Tabela 2) demostram que animais pré-

tratados com EMB apresentam neutrofilia no sangue periférico, este resultado

pode sugerir uma menor migração de células para o foco de lesão.

Figura 12. Efeitos do EMB e do NI-F1 no modelo de bolsa de ar induzida por LPS.

Bolsas de ar foram induzidas no tecido subcutâneo dorsal de camundongos Balb/C. Os animais receberam os tratamentos por via oral uma hora antes da injeção de 2 mL de LPS, o lavado do infiltrado inflamatório foi coletado 4 horas após a injeção de LPS nas bolsas de ar. A determinação do número total de células do exsudato (A) foi realizado em câmara de Neubauer por microscopia óptica e o valor diferencial (B) foi realizado em esfregaços corado pelo Pánotico por microscopia óptica. Os valores expressam a média ± e.p.m. de ensaios realizados com células obtidas de 5 animais em cada grupo. **p<0,01 e *** p<0,001 vs grupo veículo.

Page 53: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

53

Tabela 2. Efeitos do tratamento com EMB e NI-F1 sobre os parâmetros eritrocitários e leucocitários.

Grupos Naive Veículo Indometacina EMB NI-F1

RBC 106/mm3 7,510 ± 0,19 7,580 ± 0,52 7,69 ± 0,28 7,060 ± 0,60 8,550 ± 0,23

Hemoglobina g/dL 12,70 ± 0,24 12,90 ± 0,95 13,00 ± 0,58 11,90 ± 0,80 14,10 ± 0,51

Hematócrito % 39,60 ± 1,00 37,60 ± 2,88 39,75 ± 1,89 33,70 ± 3,19 46,20 ± 1,50

Plaquetas /mm3 396,0 ± 58,2 405,0 ± 24,5 404,0 ± 58,5 420,0 ± 64,2 325,0 ± 21,8

Leucócitos /mm3 2,200 ± 0,37 1,100 ± 0,13 2,000 ± 0,33 1,000 ± 0,29 1,100 ± 0,20

Neutrófilos % 12,00 ± 5,46 15,00 ± 2,96 7,500 ± 1,11 29,00 ± 7,02* 14,00 ± 1,14

Linfócitos % 82,00 ± 6,34 82,00 ± 3,83 84,00 ± 2,70 67,00 ± 7,61* 81,00 ± 1,66 Dados expressos como média ± e.p.m. de cinco animais por grupo. Análise estatística foi realizada utilizando ANOVA seguido do pós-teste de Tukey. *p > 0,05 vs veículo.

Uma hipótese para explicar este evento seria de que o extrato altera a

expressão de moléculas de adesão, como a CD62 e a CD18, moléculas

importantes e responsáveis pelo processo de migração das células

polimorfonucleares da circulação para o tecido inflamado. No entanto, não há

dados na literatura demonstrando os efeitos de extrato do gênero Rubus sobre

a expressão destas moléculas.

A molécula de adesão CD62L é exclusivamente expressa na membrana

de leucócitos e medeia o comportamento de rolamento dos neutrófilos na parede

do vaso. Esta molécula de adesão se torna altamente expressada na membrana

celular quando ocorrem alterações hemodinâmicas ou pela ativação de

mediadores inflamatórios. Após o processo de ativação, a CD62L é clivada pela

ação de metaloproteases de membrana, regulando a distribuição de células

polimorfonucleares no organismo (CHAVAKIS; CHOI; CHAVAKIS, 2009; KAMP

et al., 2012).

Na sequência dos eventos do processo de transmigração, os neutrófilos

se tornam hábeis à responder a substâncias quimiotáxicas, como por exemplo,

o LTB4, a fração 5a do sistema complemento (C5a) e/ou quimiocinas. Estas

substâncias induzem a expressão das integrinas, moléculas que medeiam à

firme adesão dos leucócitos ao endotélio vascular para posterior transmigração

para o foco de lesão (KOLACZKOWSKA; KUBES, 2013). Em se tratando de

neutrófilos, as integrinas de maior interesse são as da família das β2-integrinas.

As β2-integrinas ligam-se a diferentes componentes da membrana celular e às

moléculas de adesão da superfamília das imunoglobulinas (ICAM1 e 2, VCAM-

Page 54: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

54

1 e PECAM-1) presentes no endotélio. A expressão destas moléculas no

endotélio quiescente é baixa, no entanto, durante um processo inflamatório suas

expressões são aumentadas, promovendo assim a firme adesão dos neutrófilos

no endotélio vascular e a sua posterior transmigração. Já na matriz

extravascular, os leucócitos migram de forma orientada em direção ao foco de

lesão em resposta a agentes quimiotáxicos secretados por células residentes

(VESTWEBER, 2015).

A deficiência na adesão em leucócitos prejudica o processo de rolamento

e adesão de leucócitos às células endoteliais e causa grave imunodeficiência. A

relevância das moléculas de adesão no tráfego de leucócitos para o tecido

inflamado é demonstrada em humanos portadores de mutações no gene que

codifica a cadeia que compõe as β2-integrinas em leucócitos e medeia a adesão

vascular. Estes indivíduos apresentam deficiência na adesão leucocitária,

neutrofília e escassez de neutrófilos circulantes (ETZIONI, 2009; VESTWEBER,

2015).

Resultados semelhantes aos obtidos no modelo de bolsa de ar induzido

por LPS foram obtidos no modelo de bolsa de ar induzido por carragenina (Figura

13).

Diferente da ação do LPS, a carragenina produz reação inflamatória não

imunólogica, caracterizada pela produção acentuada de mediadores

inflamatórios, incluindo prostaglandinas, leucotrienos e citocinas, bem como

influxo significativo de leucócitos, principalmente de neutrófilos para o foco de

lesão (FRÖDE; SOUZA; CALIXTO, 2002).

O pré-tratamento com EMB e NI-F1 reduziu significativamente a migração

de células para a bolsa de ar, principalmente de neutrófilos, quando comparado

ao grupo veículo, apresentando efeitos semelhantes a indometacina (Figura 13).

Este dado é interessante, pois evidencia que ambos, EMB e NI-F1, não atuam

somente em uma via de sinalização. Ainda, os resultados obtidos corroboram

com dados da literatura que demonstram que o extrato de Rubus coreanus, outra

espécie do gênero Rubus, e o composto NI-F1 apresentam atividade anti-

inflamatória e antinociceptiva (NAN et al., 2006).

Page 55: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

55

Figura 13. Efeitos do EMB e do NI-F1 no modelo de bolsa de ar induzida por carragenina.

Bolsas de ar foram induzidas no tecido subcutâneo dorsal de camundongos Balb/C. Os animais receberam os tratamentos por via oral uma hora antes da injeção de 2 mL de carragenina, o lavado do infiltrado inflamatório foi coletado 4 horas após a injeção de carragenina nas bolsas de ar. A determinação do número total de células do exsudato (A) foi realizado em câmara de Neubauer por microscopia óptica e o valor diferencial (B) foi realizado em esfregaços corado pelo Pánotico por microscopia óptica. Os valores expressam a média ± e.p.m. de ensaios realizados com células obtidas de 5 animais em cada grupo. **p<0,01 e *** p<0,001 vs grupo veículo.

Para complementar os resultados obtidos in vivo, ensaios in vitro foram

realizados para avaliar a atividade anti-inflamatória do EMB e do NI-F1.

Inicialmente foi realizado um ensaio para avaliar a citotoxicidade do EMB e do

NI-F1 em neutrófilos. Os dados obtidos demonstraram que ambos, extrato e NI-

F1, não apresentam citotoxicidade significativa em neutrófilos, uma vez que

mesmo a maior concentração de extrato (100 �g/mL) ou do composto (100 �M)

utilizada não provocou alteração da viabilidade celular (Figura 14). Este dado é

importante, pois possibilitou concluir que os demais resultados deste estudo não

refletem citotoxicidade em neutrófilos do extrato e do composto isolado.

Page 56: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

56

Figura 14. Viabilidade celular de neutrófilos tratados com EMB e do NI-F1.

Neutrófilos foram obtidos da cavidade peritoneal de camundongos Balb/C machos (glicogênio de ostra 1%, 4 horas). Neutrófilos (1x 106) foram incubados na presença ou ausência de LPS (5 µg/mL) juntamente com EMB (1, 10 e 100 µg/mL) ou NI-F1 (1, 10 e 100 µM) por um período de 18 horas. A quantificação da viabilidade celular foi realizada pela técnica de exclusão com azul de trypan. Os valores expressam a média ± e.p.m. de ensaios realizados com células obtidas de 5 a 7 animais em cada grupo.

Como já citado anteriormente, a ligação do LPS ao receptor TLR-4 ativa

vias intracelulares, dependente ou não da molécula adaptadora myeloid

differentiation primary response gene 88 (MyD88). Na via dependente de MyD88,

o receptor de IL-1 associados a quinases 4 e 1 (IRAK-1 e IRAK-4) é recrutado

para a molécula MyD88, onde resíduos de aminoácidos são fosforilados e

recrutam o fator 6 associado ao receptor de TNF (TRAF-6). Tanto o IRAK-1

quanto o TRAF-6 dissociam-se do receptor, o qual nesta condição ativa o

complexo IKK, resultando na translocação dos dímeros p50/p65 do NF�B para

o núcleo. Além da ativação do NF�B, a via dependente de MyD88 ativa proteínas

quinases p38, ativadas por mitógenos (MAPK 38) e a quinase c-Jun-N-terminal

(JNK). Na via independente de MyD88, o TLR-4 ativado recruta a molécula

adaptadora TRIF, levando à indução de IRFs e a translocação tardia de NF�B.

Ambas as vias resultam na ativação do NF�B, levando à síntese gênica de

moléculas pró-inflamatórias, à expressão e ativação de enzimas, como a COX-

2, expressão de moléculas de adesão e produção de NO a partir da óxido nítrico

síntase induzida (iNOS) (MIDWOOD et al., 2009; HE et al, 2013).

A síntese de NO não é regulada unicamente pela quantidade de iNOS,

mas também pela disponibilidade de cofatores que participam desta síntese

como NADPH, cálcio, L-arginina e BH4. O tetracofactor BH4 é necessário para

a produção de NO pela iNOS. Quando diminuem os níveis deste cofator a

Page 57: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

57

enzima iNOS se desacopla diminuindo a produção de superóxido, portanto,

níveis normais de BH4 são necessários para a manutenção da função vascular

do NO (MCNEILL; CHANNON, 2012).

A produção de NO pelo endotélio vascular é um regulador fundamental

da homeostase vascular. Doenças vasculares também estão associadas com

inflamação sistêmica, refletindo, por exemplo, em níveis elevados de

marcadores tais como a proteína C reativa, e produção de NO a partir da iNOS.

Assim, o NO tem múltiplas e complexas funções no organismo, tanto na

patofisiologia vascular como na resposta inflamatória local e sistêmica

(GRANGER; KVIETYS, 2015).

O mediador inflamatório NO, que se encontra aumentado em processos

inflamatórios, se mostrou reduzido em neutrófilos tratados com EMB e NI-F1. Os

dados apresentados na figura 15 mostram que o LPS induziu a produção de NO,

quantificado indiretamente pela concentração de nitrito no sobrenadante das

culturas celulares pelo método de Griess. O tratamento com o EMB (10 e 100

µg/mL) e o composto NI-F1 (10 e 100 µM) reduziram de maneira significativa a

produção de NO em neutrófilos estimulados com LPS (Figura 15), sendo o EMB

mais efetivo do que o NI-F1.

Figura 15. Efeitos do EMB e do NI-F1 na produção de NO em neutrófilos estimulados com LPS.

Neutrófilos foram obtidos da cavidade peritoneal de camundongos Balb/C machos (glicogênio de ostra 1%, 4 horas). Neutrófilos (1x 106) foram incubados na presença ou ausência de LPS (5µg/mL) juntamente com EMB (1, 10 ou 100 µg/mL) ou NI-F1 (1, 10, 100 µM) por um período de 18 horas. A quantificação de nitrito foi realizada pela reação de Griess. Os valores expressam a média ± e.p.m. de ensaios realizados com células obtidas de 3 a 7 animais em cada grupo. ##p<0,01 vs controle basal; **p<0,01 vs respectivo controle basal.

Este resultado está de acordo com o trabalho de Lee e colaboradores

(2014) que demostraram que o extrato de Rubus coreanus atenua a resposta

Page 58: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

58

inflamatória induzida por LPS em macrófagos por diminuir a produção de

mediadores inflamatórios, principalmente de NO. O mesmo efeito foi observado

com Rubus idaeus, Rubus occidentalis e Rubus fruticosus, onde o tratamento

com estes extratos diminui a produção de NO em células RAW264.7 estimuladas

com LPS (LI et al., 2014). Cuevas-Rodrigues e colaboradores (2010), citam que

este efeito na produção de NO é devido a uma diminuição na expressão gênica

da enzima iNOS, com consequente diminuição na expressão proteica.

O NO é caracterizado como o mais importante fator relaxante derivado do

endotélio, e exerce funções autócrinas e parácrinas mantendo o tônus vascular

e a permeabilidade microvascular. Os efeitos do NO na resposta inflamatória são

complexos e envolvem a quimiotaxia de leucócitos e o aumento da

permeabilidade vascular, o que acaba por favorecer o aumento da exsudação

(VON KNETHEN; SOLLER; BRUNE, 2007). Quando o processo inflamatório é

estabelecido, a enzima iNOS é expressada nas células endoteliais e é a principal

fonte geradora de NO (LUIKING; ENGELEN; DEUTZ, 2010). Os macrófagos e

as células endoteliais estimulados por citocinas pró-inflamatórias, como o TNF e

a IL-1β, induzem a ativação da enzima iNOS, e consequentemente ocorre

aumento nas concentrações de NO (VAJDOVICH, 2008).

Assim como o aumento na síntese e liberação do NO, bem estabelecido

em processos inflamatórios, existe também a síntese e liberação de outros

importantes sinalizadores inter e intracelulares, os quais têm a função principal

de amplificar o processo inflamatório, com destaque para as citocinas pró-

inflamatórias. Dentre as citocinas pró-inflamatórias, destacam-se o TNF e a IL-

1β que possuem papel preponderante em diversas doenças de caráter

inflamatório. O TNF e a IL-1β induzem a produção/liberação de outras citocinas

e quimiocinas, expressão de moléculas de adesão, angiogênese e mediacção

de efeitos inflamatórios sistêmicos, como a febre, a hipotensão além de

promoverem a neutrofilia (FERRANTE, 1992; TINCANI et al., 2007).

Adicionalmente, o EMB apresentou atividade antioxidante no modelo de

DPPH (Figura 16A) nas doses de 10 – 1000 µg/mL. Neste método ocorre a

doação de um elétron para o radical DPPH estabilizando-o, e por isso este passa

da coloração violeta para amarelo, cuja a alteração de cor pode ser monitorada

espectrofotometricamente (PRIOR; WU; SCHAICH, 2005). Ainda, o EMB de

apresentou efeito citoprotetor em células L929 expostas a H2O2 (Figura 16B).

Page 59: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

59

Juntos, estes resultados reforçam claramente que a redução em dano oxidativo

está correlacionado com as propriedades antioxidantes do EMB, incluindo a

atividade sequestrante.

Figura 16. Efeitos do EMB sobre a capacidade de sequestar o radical livre DPPH e de proteger células L929 contra a citotoxicidade induzida por peroxido de hidrogênio.

A) Atividade sequestradora do radical livre DPPH pelo EMB (1-1000 µg/mL) e do ácido ascórbico (50 µg/mL) in vitro. B) Efeito protetor do EMB de R. imperialis contra a citotoxicidade do peroxido de Hidrogênio em células L929. As células foram co-tratadas com EMB e 200 µM de H202. Resultados são apresentados como média ± E.P.M.. Análise estatística foi realizada utilizando ANOVA seguida do pós-teste de Tukey. *p< 0,05; **p< 0,01; ***p< 0,001 vs. grupo veículo ou basal.

Os métodos utilizados para avaliar a capacidade antioxidante visam

determinar a habilidade que os antioxidantes têm em sequestrar os radicais livres

gerados durante a reação. A inflamação é uma patologia associada aos danos

ocasionados pelos EROs, onde ocorre aumento da expressão de quimiocinas,

provocam ativação de proteases e lesão tissular. Estudos indicam uma

correlação importante da atividade antioxidante e anti-inflamatória de diversas

espécies de produtos naturais (ERKAN; AYRANCI; AYRANCI, 2008).

Dados da literatura utilizando a espécie fruticosus, conhecida como

amora, demonstraram que o extrato das folhas apresenta forte atividade

antioxidante evidenciada em diferentes métodos (DENEV et al., 2014).

Na continuidade do processo inflamatório, os macrófagos apresentam-se

como peças chave no processo de regulação do reparo, apresentando ação

fagocitária degradando e removendo componentes de tecido conjuntivo

danificado. Além disso, macrófagos atuam produzindo e secretando fatores de

Page 60: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

60

crescimento, como EGF, FGF, PDG, TGF-1β e VEGF que estimulam a

proliferação celular e a angiogênese (ENOCH; LEAPER, 2008; MENDONÇA;

COUTINHO-NETTO, 2009).

Os macrófagos possuem um fenótipo de plasticidade que explica estas

ações. Atualmente os macrófagos são classificados como alternativamente ou

classicamente ativados. O perfil "ativação clássica" ou tipo M1 é caracterizado

pela expressão de citocinas como interferon-γ (IFN-γ) e TNF, ou seja, um

macrófago que desempenha papel pró-inflamatório. Já, os macrófagos do tipo

M2 ou macrófagos de resolução possuem propriedades bactericidas mais fraca

e expressão de IL-4 e IL -10, tendo assim uma função anti-inflamatória

(BYSTROM et al., 2008).

Macrófagos do tipo M1, após a fagocitose de neutrófilos apoptóticos, em

um processo denominado eferocitose, mudam seu perfil fenotípico para o tipo

M2, ocasionando a inibição na produção de citocinas pró-inflamatórias e de

mediadores lipídicos, com concomitante aumento na transcrição de citocinas

anti-inflamatórias e fatores de crescimento (FADOK et al., 1998). A liberação

destes mediadores é extremamente importante para o retorno da homeostasia e

também para o correto reparo tecidual (MARLOW; VAN GENT; FERGUSON,

2013).

A fagocitose de células apoptóticas não só previne a eliminação das

células pelos macrófagos ativados, como também provoca a liberação no

endotélio vascular de VEGF e outros fatores de crescimento (SOEHNLEIN,

LINDBOM; 2010). A deficiência na eliminação de neutrófilos apoptóticos tem sido

associada com a autoimunidade e inflamação crônica e a remoção eficiente

destas células apoptóticas por macrófagos é crucial para a resolução do

processo inflamatório (ALESSANDRI et al., 2013).

Os dados aqui obtidos mostram que o EMB e o NI-F1 favorecem a

eferocitose (Figura 17), ou seja, estimulam a atividade de macrófagos para que

fagocitem neutrófilos apoptóticos.

Page 61: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

61

Figura 17. Efeitos do EMB e do NI-F1 na fagocitose de neutrófilos apoptóticos.

Macrófagos de animais Balb/C foram tratados ou não com EMB de R. imperialis ou NI-F1 durante 1 hora. Os neutrófilos foram incubados por 18 horas para se tornarem apoptóticos e incubados com os macrófagos por 2 horas. Dados expressos como média ± e.p.m. de macrófagos obtidos de cinco animais por grupo. Análise estatística realizada utilizando ANOVA seguida dos pós-teste de Tukey. *p<0,05 vs basal.

Este aumento na fagocitose evocado pelos tratamentos pode ser

decorrente do aumento na expressão de proteínas de membrana, como a

fosfatidilserina e a CD36, que são importantes mediadores na sinalização de eat

me do processo de eferocitose. É importante ressaltar que esta é a primeira vez

que se reporta esta atividade ao EMB e ao NI-F1. Após a eferocitose, os

macrófagos sinalizam a inibição da secreção de citocinas pró-inflamatórias, e

passam a sinalizar para secreção de citocinas anti-inflamatórias, mediadores

lipídicos e fatores de crescimento (FADOK et al., 1998). Com base nisto, a

próxima etapa do estudo foi avaliar os efeitos do EMB e do NI-F1 no processo

de migração celular.

A fibroplasia é uma etapa fundamental na formação de um novo tecido,

sendo caracterizada pela migração e proliferação de células, principalmente de

fibroblastos, os quais irão formar o tecido de granulação (ENOCH; LEAPER,

2008; SINGER; CLARK, 1999). A proliferação celular é um processo central em

condições fisiológicas e possui papel essencial no processo de reparo tecidual

(WALSH; FAN, 1997).

Page 62: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

62

Um modelo amplamente empregado e de baixa complexidade para o

estudo da migração celular é o “scratch assay” (SUDSAI et al., 2013;

TEWTRAKUL et al., 2015). Este método e muito útil para estudar o potencial de

extratos e ou compostos isolados no reparo de feridas (BALEKAR et al., 2012).

Neste ensaio uma monocamada de células em estado confluente é

submetida a uma lesão mecânica promovendo a descontinuidade da adesão

celular, fazendo com que as células presentes na borda do rasgo migrem para o

lado posterior ocasionando o preenchimento do espaço até que novos contatos

célula-célula sejam estabelecidos (LOO; HALLIWELL, 2012). Para a

mensuração dos resultados, imagens são capturadas no início do ensaio (logo

após o “rasgo”) e em intervalos regulares durante a migração celular até o

fechamento do espaço criado pela ruptura na monocamada. Comparando as

imagens, durante o período, pode-se quantificar a taxa de migração celular

(LIANG; PARK; GUAN, 2007).

No entanto, primeiramente é importante avaliar se o tratamento com EMB

e NI-F1 não apresentam citotoxicidade sobre as células empregadas no ensaio

de scratch. Para verificar a citotoxicidade foi empregado o ensaio de MTT. Este

método quantifica a coloração formada em espectrofotômetro a partir da redução

do MTT pela atividade da succinato desidrogenase mitocondrial das células

vivas, sendo convertido em sal formazan, formando cristais de coloração azulada

que, após dissolução com DMSO, permite a quantificação (MOSMANN, 1983).

Para grande maioria das linhagens celulares, há uma relação linear entre

a quantidade formazan formado e o número de células vivas. Quando as células

morrem elas perdem a capacidade de reduzir o MTT a cristais púrpuros de

formazan, assim a cor púrpura serve como marcador de células vivas. Portanto,

a porcentagem de crescimento obtida corresponde ao número de células

presentes no cultivo celular e indica o efeito induzido pelo composto adicionado

ao cultivo celular (ESTEVES-SOUZA et al., 2002; MANOSROI et al., 2005;

RISCO et al., 2003; SUNILA; KUTTAN, 2004; XU et al., 1999).

Os dados apresentados na figura 18 (A e B) demostram que EMB não

apresenta citotoxicidade em fibroblastos L929 após 24 horas em todas as doses

avaliadas. No entanto, o NI-F1 demonstrou citotoxicidade na menor e maior dose

Page 63: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

63

empregada. Com base nestes dados foi realizado o ensaio de scratch para

verificar se o extrato e o NI-F1 induzem a migração de L929.

Figura 18. Viabilidade de células L929 tratadas com EMB e NI-F1.

Dados expressos como média ± e.p.m. Análise estatística realizada utilizando ANOVA seguida dos pós-teste de Tukey. *p<0,05, **p<0,01, ***p<0,001 vs Basal.

Os dados obtidos no modelo de scratch demonstram que o tratamento

com EMB promoveu aumento na migração celular de células L929, enquanto o

NI-F1 não apresentou alteração significativa (Figura 19).

Os dados até aqui obtidos, em conjunto, demonstram que o EMB e o NI-

F1 atuam em diferentes etapas do processo de resolução do processo

inflamatório: a) bloqueio da migração de células; b) diminuição na produção de

NO; c) diminuição do estresse oxidativo; d) aumento da fagocitose de células

apoptóticas; e) aumento da migração celular.

Page 64: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

64

Figura 19. Efeitos do EMB e do NI-F1 no ensaio de migração celular.

Ilustração das imagens do cultivo celular utilizando o software ImageJ1.46r para avaliação. Imagem da monocamada no tempo zero e 24 h após a execução do scratch com e sem adição de tratamento. A seta indica a diminuição da área e um subsequente aumento na área de cobertura do rasgo através da migração celular.

Figura 20. Porcentagem de migração celular após tratamento com diferentes concentrações do EMB e NI-F1.

Os valores representam a média ± e.p.m. da % de migração das células L929 em 24 após o scratch em relação ao tempo zero (n = 3). A análise estatística foi realizada com ANOVA seguida do pós-teste de Tukey.*p<0,05 e *p<0,01 vs basal.

Page 65: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

65

Desta forma, na continuidade do trabalho foi avaliada a capacidade

cicatrizante in vivo do EMB, visto que, o extrato apresentou resultados mais

significativos quando comparado ao composto NI-F1 e não apresentou

citotoxicidade em nenhuma dose empregada nos ensaios. Deste modo, foi

desenvolvida uma forma semi-sólida (creme) com o extrato incorporado em

diferentes concentrações (1 e 2,5%), afim de melhor avaliar os efeitos

cicatrizantes in vivo do EMB.

No entanto, segundo a ANVISA para a avaliação da segurança de

produtos, é essencial o uso de metodologias alternativas que reduzam a

pesquisa com animais. Neste contexto, a utilização de culturas celulares com

corante vermelho neutro tem excelente aplicabilidade para testar a

citotoxicidade. Deste modo, foi realizado o ensaio de agarose overlay, o qual

consiste de um ensaio de difusão em gel, onde o material é aplicado � superfície

de um gel de agarose em contato com células de tecido conjuntivo de

camundongo (L929) e a citotoxicidade é avaliada através da observação do

di�metro médio do halo de lise celular revelado pela coloração. Os dados obtidos

utilizando esta técnica demostraram que o creme contendo EMB não apresenta

citotoxidade, sendo enquadrado na classificação zero, ou seja, não apresenta

nenhuma reatividade (Figura 21).

Figura 21. Imagem ilustrativa dos halos de toxicidade no ensaio de agarose overlay

Page 66: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

66

Uma vez que o creme contendo EMB não apresentou tocixidade no ensaio

de agarose overlay, foi realizado o ensaio de cicatrização in vivo. Os dados

obtidos durante o experimento, reportam visualmente que o EMB incorporado a

formulação semi-sólida de um creme apresenta efeitos cicatrizante in vivo

quando comparado ao grupo tratado com placebo (creme base) (Figura 23). Por

meio da análise de dados e cálculo da área de lesão (Figura 22), onde

comparamos a área no dia inicial com a área no dia final do experimento,

também foi possível concluir uma diminuição da área de lesão confirmando a

presença do processo cicatricial. Este efeito deve-se a ação da base

farmacotécnica semissólida de um creme, a qual contribuiu para a melhor

entrega do composto na epiderme, corroborando assim com dados da literatura

que apontam sobre a atividade cicatrizante in vivo de espécies do gênero Rubus

(PLACKAL GEORGE et al., 2014; PLACKAL GEORGE; TYNGA; ABRAHAMSE,

2015; SUNTAR et al., 2011).

No estudo de Suntar e colaboradores (2011) um creme elaborado com

1% de extrato de Rubus sanctus apresentou potente atividade cicatrizante,

similar ao controle positivo Madecassol®, um produto natural a base de Centella

asiática.

Figura 22. Aparência do remodelamento cicatricial in vivo após o tratamento com o placebo e o EMB em diferentes concentrações incorporado ao creme.

Page 67: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

67

Figura 23. Área da lesão em mm2 do processo cicatricial in vivo após o tratamento com creme incorporado com EMB.

Dados expressos como média ± e.p.m. de cinco animais por grupo. Análise estatística realizada utilizando ANOVA seguida dos pós-teste de Tukey.

Adicionalmente aos ensaios farmacológicos foram realizados ensaios

toxicológicos in vitro com o intuito de complementar os dados já disponíveis na

literatura. O primeiro ensaio realizado foi para avaliar a atividade hemolítica, uma

vez que o extrato pode ser administrado por via oral e/ou tópica, sendo assim

capaz de atingir a circulação sanguínea. Os eritrócitos são estruturas simples,

assim, se tornam um modelo simples, prático e específico de avaliação

toxicológica. Embora não tenham toda a maquinaria para síntese proteica como

outros tipos de células, as suas membranas celulares estão associadas às

mesmas funções: o transporte celular e a produção do gradiente elétrico iônico

(SUWALSKY, 2007).

O ensaio de hemólise realizado por método espectroscópico é eficaz para

a determinação quantitativa de hemólise sendo um importante indicador de

atividade citotóxica para as células. Esta metodologia fornece a avaliação do

efeito de diferentes concentrações de um extrato sobre os eritrócitos humanos

(BHASKARA RAO; KUMAR; KARTHIK, 2011; SILVA; SHAHGALDIAN;

COLEMAN, 2004). Nesse sentido, na triagem de atividades toxicológicas de

extratos vegetais, faz-se necessária a verificação da atividade hemolítica da

espécie estudada. Os dados obtidos demonstraram que o extrato somente

induziu hemólise em doses elevadas (a partir de 2000 µg/mL) uma vez que a

hemólise de até 5% é considerada normal (Figura 24).

Page 68: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

68

Figura 24. Percentual de hemólise após tratamento com EMB.

Resultados expressos como Média ± e.p.m. A análise estatística foi realizada com ANOVA seguida do pós-teste de Tukey. *p<0,05; ***p<0,001 vs Triton-X.

No entanto, no ensaio de MTT realizado com células HepG2, o extrato

apresentou citotoxicidade na maior dose empregada (Figura 25). Assim, se torna

importante realizar uma melhor avaliação da possível hepatotoxicidade deste

extrato em concentrações mais elevadas.

Figura 25. Viabilidade de células HepG2 tratadas com EMB e NI-F1.

Os resultados são representados por média ± e.p.m. Análise estatística realizada utilizando ANOVA seguida dos pós-teste de Tukey. *p<0,05, **p<0,01 vs basal.

Em estudo desenvolvido por Alves (2014) com o EMB obtido das partes

aéreas da R. imperialis não mostraram que o mesmo apresenta efeitos

genotóxicos em leucócitos do sangue periférico ou células do fígado pelo teste

do cometa. No entanto o teste micronúcleo mostrou um aumento na frequência

de micronúcleos nas duas doses mais elevadas testadas, indicando que este

Page 69: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

69

extrato tem efeitos clastogênicos e aneugênicos em células da medula em doses

elevadas.

Estudos envolvendo o potencial genotóxico ou mutagênico de plantas

do gênero Rubus são escassos na literatura. O potencial mutagênico do extrato

Rubus idaeus foi investigado por Kreander e colaboradores em 2006 e os

resultados obtidos não mostraram qualquer efeito mutagênico, bem como

nenhuma citotoxicidade contra células Caco-2 (KREANDER et al., 2006).

Juntos, os dados aqui apresentados mostram que o EMB apresenta

atividade anti-inflamatória e antioxidante, modulando a migração de neutrófilos

para o foco de lesão e diminuindo a liberação de mediadores químicos. Além

destes efeitos o EMB atua no processo de resolução do processo inflamatório

promovendo o aumento da efereocitose e a migração de fibroblastos (Figura 26)

Figura 26. Esquema representativo dos resultados obtidos que mostram os efeitos do EMB no modelo estudado.

Page 70: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

70

6 CONCLUSÕES

Os dados obtidos no presente trabalho permitem concluir que o

tratamento in vivo com o EMB e o composto NI-F1 exerce efeitos sobre as

funções neutrofílicas, em condições de não toxicicidade, ligadas à migração de

células polimorfonucleares, fagocitose e migração celular tendo em vista que:

1. Reduziram o recrutamento de neutrófilos para o tecido subcutâneo

dorsal na vigência de ação do LPS ou carragenina;

2. O mediador inflamatório NO, se mostrou reduzido em neutrófilos

tratados com EMB e o NI-F1;

3. O EMB de R. imperialis apresentou atividade antioxidante no modelo

de DPPH;

4. A eferocitose de neutrófilos apoptóticos por macrófagos foi favorecida

pelo EMB e o NI-F1;

5. No modelo de scratch o tratamento com EMB promoveu aumento na

migração celular de células L929.

Paralelamente aos dados da literatura, os resultados aqui obtidos

permitem concluir que o EMB de R. imperialis e o composto NI-F1 atuam em

várias etapas do processo de resolução da inflamação, apresentando ação

também sobre macrófagos, tornando-os ativados auxiliando nos mecanismos de

reparo tecidual e cicatrização.

Page 71: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

71

REFERÊNCIAS

ABREU, D. B.; SANTORO, F. R.; ALBUQUERQUE, U. P.; LADIO, A. H.; MEDEIROS, P. M. Medicinal plant knowledge in a context of cultural pluralism: A case study in northeastern Brazil. Journal of Ethnopharmacology, v. 175, p. 124-130, 2015.

ALESSANDRI, A. L.; SOUSA, L. P.; LUCAS, C. D.; ROSSI, A. G.; PINHO, V.; TEIXEIRA, M. M. Resolution of inflammation: mechanisms and opportunity for drug development. Pharmacology & Therapeutics, v. 139, n. 2, p. 189-212, 2013.

ALVES, M. H. A diversidade química das plantas como fonte de fitofármacos. Caderno Temáticos de Química Nova na Escola, v. 3, p. 10-15 2001.

ALVES, R. R. N.; ROSA, I. M. L. Biodiversity, traditional medicine and public health: where do they meet? Journal Ethnobiological Ethnomedicine, v. 3, n. 14, 2007.

ALVES, A. B. C. R.; SANTOS, R. S. CALIL, S. S.; NIERO, R.; LOPES J. S.; PERAZZO F. F.; ROSA P. C. P.; ANDRADE S. F.; CECHINEL FILHO V.; MAISTRO E. L. Genotoxic assessment of Rubus imperialis (Rosaceae) extract in vivo and its potential chemoprevention against cyclophosphamide-induced DNA damage. Journal of Ethnopharmacology, v. 153, p. 694-700, 2014.

ARAÚJO, A. A. Medicina rústica. 3ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1979.

ARDENGHI, J. V.; KANEGUSUKU, M.; NIERO, R.; CECHINEL-FILHO, V.; DELLE MONACHE, F.; YUNES, R. A.; SOUZA, M. M. Analysis of the mechanism of antinociceptive of action of niga-ichigoside F1 obtained from Rubus imperialis (Rosaceae). Journal of Pharmacy and Pharmacology, v. 58, n. 12, p. 1669-1675, 2006. BABICH, H.; BORENFREUND, E. Neutral red assay for toxicology in vitro. In: WATSON, R. R. Methods in Toxicology and Pharmacology, v. 17, p. 237-251, 1992.

BALEKAR, N.; KATKAM, G.; NAKPHENG, T.; JEHTAE, K.; SRICHANA, T.; Evaluation of the wound healing potential of Wedelia trilobata leaves. Journal of Ethnopharmacology, v. 141, n. 3, p. 817-824, 2012. BALUNAS, M. J.; KINGHOM, A. D. Drug discovery from medicinal plants. Life Sciences, v. 78, p. 431-441, 2005. BARIONI, E. D.; SANTIN, J. R.; MACHADO, I.; RODRIGUES, S.; FERRAZ, V. P.; WAGNER, T. M.; COGLIATI, B.; CORREA, M.; MACHADO, M. S.; ANDRADE, S. F.; NIERO, R. Achyrocline satureoides (Lam) D.C. hydroalcoholic

Page 72: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

72

extract inhibits neutrophil functions related to innate host defense. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, v. 2013, p. 1-12, 2013. BARREIRO, E. J.; FRAGA, C. A. M. A utilização do safrol, principal componente químico do óleo de sassafráz, na síntese de substâncias bioativas na cascata do ácido araquidônico: antiinflamatórios, analgésicos e anti-trombóticos. Química Nova, v. 22, n. 5, p. 744-759, 1999. BARREIRO, E. J.; BOLZANI, V. S. Biodiversidade: Fonte potencial para a descoberta de fármacos. Química Nova, v. 32, n. 3, p. 679-688, 2009. BELLA CRUZ, A.; Cé BELLA CRUZ, R.; KANEGUSUKU, M.; CECHINEL FILHO, V.; YUNES, R. A.; DELLE MONACHE, F.; NIERO, R. Antimicrobial activity of Rubus imperialis (Rosaceae). Latin American Journal of Pharmacy, v. 25, n. 2, p. 256-259, 2006. BERTÉ, P. R.; LOPES J. S; COMANDULLI, N. G.; RANGEL D. W; MONACHE F. D.; CECHINEL FILHO V.; NIERO R.; ANDRADE S. F. Evaluation of the gastroprotective activity of the extracts, fractions, and purê compound obtained from aerial parts of Rubus imperialis in diferentes experimental models. Naunyn-Schmiedeberg's Archives of Pharmacology, v. 387, n. 4, p. 313-319, 2014.

BHARGAVA P.; LEE C. H. Role and function of macrophages in the metabolic syndrome. Biochemical Journal, v. 442, n. 2, p. 253-262, 2012. BHASKARA RAO, K. V.; KUMAR, G.; KARTHIK, L. Haemolytic activity of Indian medicinal plants toward human erythrocytes: an in vitro study. Elixir Applied Botany, n. 40, p. 5534-5537, 2011. BIANCHINI, R. S. Rosaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010. BLOIS S.; BLOIS, M. S. Antioxidant determinations by the use of a stable free radical. Nature, v. 181, p. 1199–1200, 1958.

BLUME, K. E.; SOEROES, S.; KEPPELER, H.; STEVANOVIC, S.; KRETSCHMER, D.; RAUTENBERG, M.; WESSELBORG, S.; LAUBER, K. Cleavage of annexin A1 by ADAM10 during secondary necrosis generates a monocytic ‘‘find-me’’ signal. Journal of Immunology, v. 188, n. 1, p. 135-145, 2012. BORREGAARD, N. Neutrophils, from marrow to microbes. Imunnity, v. 33, n. 5, p. 657-670, 2010. BOORHEM, R. L.; LAGE, E. B. Drogas e extratos vegetais utilizados em fitoterapia. Fitos, v. 4, n. 1, p. 37-57, 2009.

Page 73: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

73

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopéia Brasileira / Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 126p., 2014.

BYSTROM, J.; EVANS, I.; NEWSON, J.; STABLES, M.; TOOR, I.; VAN ROOIJEN, N.; CRAWFORD, M.; COLVILLE-NASH, P.; FARROW, S.; GILROY, D. W. Resolution-phase macrophages possess a unique inflammatory phenotype that is controlled by cAMP. Blood Journal, v. 112, n. 10, p. 4117-4127, 2008.

CALIXTO, J. B.; SIQUEIRA JR., J.M. Desenvolvimento de medicamentos no Brasil: desafios. Gazeta Médica da Bahia, v. 78, n. 1, p. 98-106, 2008.

CECHINEL FILHO, V.; YUNES, R. A. Estratégias para a obtenção de compostos farmacologicamente ativos a partir de plantas medicinais. Conceitos sobre modificação estrutural para otimização da atividade. Química Nova, v. 21, n. 1, p. 99-105, 1998.

CHANG, H. Y.; LEE, H. N.; KIM, W.; SURH, Y.J. Docosahexanenoic acid induces M2 macrophage polarization through peroxisome proliferator-actived receptor y activation. Life Sciences, v. 120, p. 39-47, 2014. CHAVAKIS, E.; CHOI, E. Y.; CHAVAKIS T. Novel aspects in the regulation of the leucocyte adhesion cascade. Thrombosis and Haemostasis, v. 102, n. 2, p. 191-197, 2009. CHEN, Y. C.; SUGIYAMA, Y.; ABE, N.; KURUTO-NIMA, R.; NOZAWA, R.; HIROTA, A. DPPH radical scavenging compounds from Dou-Chi, a soybean fermented food. Bioscience Biotechnology and Biochemistry, v. 69, p. 999–1006, 2005. COSTA, P. R. R. Vinte e cinco anos de reações, estratégias e metodologias em química orgânica. Química Nova, v. 25, p. 74-81, 2002. CRAGG, G. M.; GROTHAUS, P. G.; NEWMAN, D. J. Natural products in drug discovery: recent advances, in Plant Bioactives and Drug Discovery: Principles, Practice, and Perspectives (ed V. Cechinel-Filho). John Wiley & Sons, 2012. CRAGG, G.M.; GROTHAUS, P.G.; NEWMAN, D.J. New horizons for old drugs and drug leads. Journal of Natural Products, v. 77, n. 3, p. 703-723, 2014.

CROSS, S. E.; THOMPSON, M. J.; ROBERTS, M. S. Distribution of systemically administered ampicillin, benzylpenicillin, and flucloxacillin in excisional wounds in diabetic and normal rats and effects of local topical vasodilator treatment. Antimicrobial Agents Chemotherapy, v. 40, n. 7, p. 1703-1710, 1996.

CUEVAS-RODRÍGUEZ, E. O.; YOUSEF, G. G.; GARCÍA-SAUCEDO, P. A.; LÓPEZ-MEDINA, J.; PAREDES-LÓPEZ, O.; LILA M. A. Characterization of anthocyanins and proanthocyanidins in wild and domesticated Mexican

Page 74: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

74

blackberries (Rubus spp.). Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 58, n. 12, p. 7458-7464, 2010.

DENEV, P.; KRATCHANOVA, M.; CIZ M.; LOJEK, A.; VASICEK, O.; BLAZHEVA, D.; NEDELCHEVA, P.; VOJTEK, L.; HYRSL, P. Antioxidant, antimicrobial and neutrophil-modulating activities of herb extracts. Acta Biochimica Polonica, v. 61, n. 2, p. 359-367, 2014. DENIZOT, F.; LANG, R. Rapid colorimetric assay for cell growth and survival: modifications to the tetrazolium dye procedure giving improved sensitivity and reliability. Journal of Immunology, v. 89, n. 2, p. 271-277, 1986. ELLIOTT, M. R.; CHEKENI, F. B.; TRAMPONT, P. C.; LAZAROWSKI, E. R.; KADL, A.; WALK, S. F.; PARK, D.; WOODSON, R. I.; OSTANKOVICH, M.; SHARMA, P.; LYSIAK, J. J.; HARDEN, T. K.; LEITINGER, N.; RAVICHANDRAN, K.S. Nucleotides released by apoptotic cells act as a find-me signal to promote phagocytic clearance. Nature, v. 461, n. 7261, p. 282-286, 2009.

ENOCH, S.; LEAPER, D. J. Basic science of wound healing. Surgery, v. 26, n. 2, p. 31-37, 2008.

ERKAN, N.; AYRANCI, G.; AYRANCI, E. Antioxidant activities of Rosemary (Rosmarinus officinalis L.) extract, blackseed (Nigella sativa L.) essential oil, carnosic acid, rosmarinic acid and sesamol. Food Chemistry, v. 110, n. 1, p. 76-82, 2008. ESTEVES-SOUZA, A.; SILVA, T. M. S.; ALVES, C. C. F.; CARVALHO, M. G.; BRAZ-FILHO, R.; ECHEVARRIA, A. Cytotoxic activities against erlich carcinoma and human K562 leukaemia of alkaloids and flavonoid from two Solanum species. Journal of Brazilian Chemistry Society, v. 13, n. 6, p. 838-842, 2002.

ETZIONI, A. Genetic etiologies of leukocite adhesion defects. Current Opinion in Immunology, v. 21, n. 5, p. 481-486, 2009. FADOK, V. A.; BRATTON, D. L.; KONOWAL, A.; FREED, P. W.; WESTCOTT, J. Y.; HENSON, P. M. Macrophages that have ingested apoptotic cells in vitro inhibit proinflammatory cytokine production through autocrine/paracrine mechanisms involving TGF-1β, PGE2, and PAF. Journal of Clinical Investigation, v. 101, n. 4, p. 890-898, 1998.

FERRANTE, A. Activation of neutrophils by interleukins-1 and -2 and tumor necrosis factors. Immunology and Serology, v. 57, p. 417-436, 1992.

FLORÃO, A.; MATTANA, F. V. R.; ROCHA, F. F.; NARDIN, J. M.; MACHADO JUNIOR, J. C.; SANTOS, A. M. W. Efeitos do dimetilsulfóxido sobre a proliferação de linfócitos humanos in vitro. Latin American Journal of Pharmacy, v. 26, n. 2, p. 215-223, 2007.

Page 75: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

75

FOX S.; LEITCH A. E.; DUFFIN R.; HASLETT C.; ROSSI A. G.; Neutrophil apoptosis: relevance to the innate immune response and inflammatory disease. Journal of Innate Immunity, v. 2, n. 3, p. 216-227, 2010. FRANÇA, Ana Julia von Borell Du Vernay. O papel das cininas e a influência do fator de necrose tumoral alfa (TNF) na proliferação in vitro de fibroblastos l929. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2015, 83 f.

FRÖDE T. S.; SOUZA G. E.; CALIXTO J. B. The effects of IL-6 and IL-10 and their specific antibodies in the acute inflammatory response induced by carrageenan in the mouse model of pleurisy. Cytokine, v. 17, n. 3, p. 149-156, 2002. GARDAI, S. J.; BRATTON, D. L.; OGDEN, C. A.; HENSON, P. M. Recognition ligands on apoptotic cells: a perspective. Journal of Leukocite Biology, v. 79, n. 5, p. 896-903, 2006. GILROY, D.; MAEYER D. R. New insights into the resolution of inflammation. Seminars in Immunology, v. 27, n. 3, p. 161-168, 2015.

GRANGER, D. N.; KVIETYS, P. R. Reperfusion injury and reactive oxygen species: The evolution of a concept. Redox Biology, v. 6, p. 524-551, 2015. GREEN, L. C.; WAGNER, D. A.; GLOGOWSKI, J.; SKIPPER, P. L.; WISHNOK, J. S.; TANNENBAUM, S. R. Analysis of nitrate, nitrite, and nitrate in biological fluids. Analytical Biochemistry, v. 126, n. 1, p. 131-138, 1982.

GREEN, C. E.; PEARSON, D. N.; CHRISTENSEN, N. B.; SIMON, S. I. Topographic requirements and dynamics of signaling via L-selectin on neutrophils. American Journal of Physiology - Cell Physiology, v. 284, n. 3, p. C705-717, 2003. GREEN, C. E.; PEARSON, D. N.; CAMPHAUSEN, R. T.; STAUNTON, D. E.; SIMON, S.I. Shear-dependent capping of L-selectin and P-selectin glycoprotein ligand 1 by E-selectin signals activation of high-avidity beta2-integrin on neutrophils. Journal Immunology, v. 172, n. 12, p. 7780-7790, 2004. GREGORY, C. D.; POUND, J. D. Microenvironmental influences of apoptosis in vivo and in vitro. Apoptosis, v. 15, n. 9, p. 1029-1049, 2010. GUDE, D. R.; ALVAREZ, S. E.; PAUGH, S. W.; MITRA, P.; YU, J.; GRIFFITHS, R.; BARBOUR, S. E.; MILSTIEN, S.; SPIEGEL, S. Apoptosis induces expression of sphingosine kinase 1 to release sphingosine-1-phosphate as a ‘‘come-and-get-me’’ signal. FASEB Journal, v. 8, p. 2629-2638, 2008. GUDEJ, J.; TOMCZYK, M. Determination of flavonoids, tannins and ellagic acid in leaves from Rubus L. species. Archives of Pharmacal Research, v. 11, p. 1114-1119, 2004.

Page 76: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

76

HE, W.; QU, T.; YU, Q.; WANG, Z.; LV, H.; ZHANG, J.; ZHAO, X.; WANG, P. LPS induces IL-8 expresssion through TLR4, MyD88, NF-κB and MAPK pathways in human dental pulp stem cells. International Endodontic Journal, v. 46, n. 2, p. 128-136, 2013. HEADLAND, S. E.; NORLING, L. V. The resolution of inflammation: Principles and challenges. Seminars in Immunology, v. 27, n. 3, p. 149-160, 2015. ISHII, D.; SCHENK, A. D; BABA S.; FAIRCHILD, R. L. Role of TNF in early chemokine production and leukocyte infiltration into heart allografts. American Journal of Transplantation, v. 10, n.1, p. 59-68, 2010. JAIN, M.; PARMAR, H. S. Evaluation of antioxidative and anti-inflammatory potential of hesperidin and naringin on the rat air pouch model of inflammation. Inflammation Research, v. 60, n. 5, p. 483-491, 2011.

KAMP, V. M.; PILLAY, J.; LAMMERS, J. W.; PICKKERS, P.; ULFMAN, L. H.; KOENDERMAN, L. Human suppressive neutrophils CD16bright/CD62Ldim exhibit decreased adhesion. Journal of Leukocyte Biology, v. 92, n. 5, p. 1011-1020, 2012. KANEGUSUKU, M.; BENASSI, J. C.; PEDROSA, R. C.; YUNES, R. A.; FILHO, V. C.; MAIA, A. A.; SOUZA, M. M, DELLE MONACHE, F.; NIERO, R. Cytotoxic, hypoglycemic activity and phytochemical analysis of Rubus imperialis (Rosaceae). Zeitschrift für Naturforschung C. A Journal of Biosciences, v. 57, n. 3-4, p. 272-276, 2002. KANTARI, C.; PEDERZOLI-RIBEIL, M.; WITKO-SARSAT, V. The role of neutrophils and monocytes in innate immunity. Contributions to Microbiology, v. 15, p. 118-146, 2008. KLEBANOFF, S. J.; KETTLE, A. J.; ROSEN, H.; WINTERBOURN, C. C. Myeloperoxidase: a fron-tline defender against phagocytosed microorganisms. Journal of Leukocyte Biology, v. 93, n. 2, p. 185-198, 2013. KOLACZKOWSKA, E.; KUBES, P. Neutrophil recruitment and function in health and inflammation. Nature Reviews Immunology, v. 13, n. 3, p. 159-175, 2013. KREANDER, K.; GALKIN, A.; VUORELA, S.; TAMMELA, P.; LAITINEN, L.; HEINONEN, M.; VUORELA. In-vitro mutagenic potential and effect on permeability of co-administered drugs across Caco-2 cell monolayers of Rubus idaeus and its fortified fractions. Journal of Pharmacy and Pharmacology, v. 58, n. 11, p. 1545-1552, 2006.

KRUGER, P.; SAFFARZADEH M.; WEBER A. N. R.; RIEBER N.; RADSAK M.; VON BERNUTH H.; BENARAFA C.; ROOS D.; SKOKOWA J.; HARTL D. Neutrophils: between host defence, immune modulation, and tissue injury. Plos Pathogens, v. 11, n. 3, 2015.

Page 77: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

77

LASKIN, D. L.; SUNIL, V. R.; GARDNER C. R.; LASKIN, J. D. Macrophages and tissue injury: agents of defense or destruction? Annual Review of Pharmacology and Toxicology, v. 51, p. 267-288, 2011.

LAUBER, K.; BOHN, E.; KRÖBER, S. M.; XIAO, Y. J.; BLUMENTHAL, S. G.; LINDEMANN, R. K.; MARINI, P.; WIEDIG, C.; ZOBYWALSKI, A.; BAKSH, S.; XU, Y.; AUTENRIETH, I. B.; SCHULZE-OSTHOFF, K.; BELKA, C.; STUHLER, G.; WESSELBORG, S. Apoptotic cells induce migration of phagocytes via caspase-3-mediated release of a lipid attraction signal. Cell, v. 113, n. 6, p. 717-730, 2003.

LEE, H. N.; SURH, Y. J. Therapeutic potential of resolvins in the prevention and treatment of inflammatory disorders. Biochemical Pharmacology, v. 84, n. 10, p. 1340-1350, 2012. LEE, J. E.; CHO, S. M.; PARK, E.; LEE, S. M.; KIM, Y.; AUH, J. H.; KIM, J. H. Anti-inflammatory effects of Rubus coreanus Miquel through inhibition of NF-κB and MAP Kinase. Nutrition Research and Practice, v. 8, n. 5, p. 501–508, 2014. LEY, K.; LAUDANNA, C.; CYBULSKY, M. I.; NOURSHARGH, S. Getting to the site of inflammation: the leucocyte adhesion cascade updated. Nature Reviews Immunology. v. 7, n. 9, p. 678-689, 2007. LI, L.; WANG, L.; WU, Z.; YAO, L.; WU, Y.; HUANG, L.; LIU, K.; ZHOU, X.; GOU D. Anthocyanin-rich fractions from red raspberries attenuate inflammation in both RAW264.7 macrophages and a mouse model of colitis. Scientif Reports, v. 4, p. 6234, 2014. LI, J.; LI, P.; ZHANG, Y.; LI, G. B.; HE, F. T.; ZHOU, Y. G.; YANG, K.; DAI, S. S. Upregulation of ski in fibroblast is implicated in the peroxisome proliferator—activated receptor δ-mediated wound healing. Cellular Physiology and Biochemistry, v. 30, n. 4, p. 1059-1071, 2012. LIANG, C. C.; PARK, A. Y.; GUAN, J. L. In vitro scratch assay: a convenient and inexpensive method for analysis of cell migration in vitro. Nature Protocols, v. 2, n. 2, p. 329-333, 2007. LOO, A. E. K.; HALLIWELL, B. Effects of hydrogen peroxide in a keratinocyte-fibroblast co-culture model of wound healing. Biochemical and Biophysical Research Communications, v. 423, n. 2, p. 253-258, 2012.

LUIKING, Y. C.; ENGELEN, M. P.; DEUTZ, N. E. Regulation of nitric oxide production in health and disease. Current Opinion in Clinical Nutrition, v. 13, n. 1, p. 97-104, 2010.

MALLE, E.; FURTMULLER, P. G.; SATTLER, W.; OBINGER, C. Myeloperoxidase: a target for new drug development? British Journal of Pharmacology, v. 152, n. 6, p. 838-854, 2007.

Page 78: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

78

MANOSROI, A.; SARAPHANCHOTIWITTHAYA, A.; MANOSROI, J. In vivo immunomodulating activity of wuud extracts fromm Clausena excavate Burm. f. Journal of Ethnopharmacology, v. 102, n. 1, p. 5-9, 2005. MANTOVANI, A.; CASSATELLA, M. A.; COSTANTINI, C.; JAILLON, S. Neutrophils in the activation and regulation of innate and adaptive immunity. Nature Reviews Immunology, v. 11, p. 519–531, 2011. MARLOW, G. J.; VAN GENT, D.; FERGUSON, L. R. Why interleukin-10 supplementation does not work in Crohn's disease patients. World Journal Gastroenterology, v. 19, n. 25, p. 3931-3941, 2013. MAZZARI, A. L.; PRIETO, J. M. Herbal medicines in Brazil: pharmacokinetic profile and potential herb-drug interactions. Frontiers Pharmacology, v. 5, n. 162, p. 1-12, 2014. MENDONÇA, R. J.; COUTINHO-NETTO, J. Aspectos celulares da cicatrização. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 84, n. 3, p 257-262, 2009.

MCNEILL, E.; CHANNON, K. M. The role of tetrahydrobiopterin (BH4) in inflammation and cardiovascular disease. Journal of Thrombosis and Haemostasis, v. 108, n. 5, p. 832-839, 2012.

MIDWOOD, K.; SACRE, S.; PICCININI, A. M.; INGLIS, J.; TREBAUL, A.; CHAN E.; DREXLER, S.; SOFAT, N.; KASHIWAGI, M.; OREND, G.; BRENNAN, F.; FOXWELL, B. Tenascin-C is an endogenous activator of Toll-like receptor 4 that is essential for maintaining inflammation in arthritic joint disease. Nature Medicine, v. 15, n. 7, p. 774-780, 2009. MOSMANN, T. Rapid colorimetric assay for cellular growth and survival: application to proliferation and cytotoxicity assays. Journal of Immunological Methods, v. 65, n. 1-2, p. 55-63, 1983.

MÜLLER, V.; CHÁVEZ, J. H.; REGINATTO, F. H.; ZUCOLOTTO, S. M.; NIERO, R.; NAVARRO, D.; YUNES, R. A.; SCHENKEL, E. P.; BARARDI, C. R.; ZANETTI, C. R.; SIMÕES, C. M. Evaluation of antiviral activity of South American plant extracts against herpes simplex virus type 1 and rabies virus. Phytotherapy Research, v. 21, n. 10, p. 970-974, 2007. NAN, J. H.; JUNG, H. J.; CHOI, J.; LEE, K. T.; PARK, H. J. The anti-gastropathic and anti-rheumatic effect of niga-ichigoside F1 and 23-hydroxytormentic acid isolated from the unripe fruits of Rubus coreanus in a rat model. Biological and Pharmaceutical Bulletin, v. 29, n. 5, p. 967-970, 2006. NATHAN, C.; DING A. Nonresolving inflammation. Cell, v.140, n. 6, p. 871-882, 2010. NATIONAL RESEARCH COUNCIL (US). Committee on pain and distress in laboratory animals. Recognition and alleviation of pain and distress in laboratory

Page 79: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

79

animals. Washington (DC): National Academies Press (US), 2009.

NIERO, R.; CECHINEL-FILHO, V.; SOUZA, M. M.; MONTANARI, J. L.; YUNES, R. A., DELLE MONACHE, F. Antinociceptive activity of niga-ichigoside F1 from Rubus imperialis. Journal of Natural Products, v. 62, n. 8, p. 1145-1146, 1999. NIERO, R.; CECHINEL-FILHO, V. Therapeutic potential and chemical composition of plants from the genus Rubus: A mini review of the last 10 years. Natural Product Communications, v. 3, n. 8, p. 437-444, 2008. ORTEGA-GÓMEZ, A.; PERRETTI, M.; SOEHNLEIN, O. Resolution of inflammation: an integrated view. EMBO Molecular Medicine, v. 5, n. 5, p. 661-674, 2013. PARNHAM, M. J.; WETZIG, H. Toxicity screening of liposomes. Chemistry and Physics of Lipids, v. 64, n. 1–3, p. 263-274, 1993. PATEL, A. V.; ROJAS-VERA J.; DACKE, C. G. Therapeutic constituents and actions of Rubus species. Current Medicinal Chemistry, v. 11, n. 11, p. 1501-1512, 2004. PEREZ, D. A.; VAGO J. P.; ATHAYDE, R. M.; REIS, A. C.; SOUSA, L. P.; PINHO, V. “Switching off key signaling survival molecules to switch on the resolution of inflammation”. Mediators of Inflammation, v. 2014, p. 1-11, 2014. PERRETTI, M.; CROXTALL, J. D.; WHELLER, S. K.; GOULDING, N. J.; HANNON, R.; FLOWER, R. J. Mobilizing lipocortin 1 in adherent human leukocytes downregulates their transmigration. Nature Medicine, v. 2, n. 11, p. 1259-1262, 1996. PERRETTI, M.; INGEGNOLI, F.; WHELLER, S.K.; BLADES, M.C.; SOLITO, E.; PITZALIS, C. Annexin 1 modulates monocyte-endothelial cell interaction in vitro and cell migration in vivo in the human SCID mouse transplantation model. Journal Immunology, v. 169, n. 4, p. 2085-2092, 2002. PERRETTI, M.; SOLITO, E. Annexin 1 and neutrophil apoptosis. Biochemical Society Transactions, v. 32, p. 507-510, 2004.

PERRETTI, M.; D'ACQUISTO, F. Annexin A1 and glucocorticoids as effectors of the resolution of inflammation. Nature Immunology, v. 9, p. 62-70, 2009.

PINES, M.; SPECTOR, I. Halofuginone - the multifaceted molecule. Molecules, v. 20, n. 1, p. 573-594, 2015 PLACKAL GEORGE, B.; THANGARAJ, P.; SULAIMAN, C.; PIRAMANAYAGAM, S.; RAMASWAMY, S. K. Bioassay directed isolation and biological evaluation of compounds isolated from Rubus fairholmianus. Biomedical Research, v. 2014, p. 1-15, 2014.

Page 80: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

80

PLACKAL GEORGE, B.; TYNGA, I. M.; ABRAHAMSE, H. In vitro antiproliferative effect of the acetone extract of Rubus fairholmianus Gard. root on human colorectal cancer cells. Biomedical Research, v. 2015, p. 1-8, 2015. PRIOR, R. L; WU, X.; SCHAICH, K. Standardized methods for the determination of antioxidant capacity and phenolics in foods and dietary supplements. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 53, p. 4290-4302, 2005.

RAYNAL, P.; POLLARD, H. B. Annexins: the problem of assessing the biological role for a gene family of multifunctional calcium- and phospholipid-binding proteins. Biochimica et Biophysica Acta, v. 1197, n. 1, p. 63-93, 1994.

RECCHIUTI, A. Resolvin D1 and its GPCRs in resolution circuits of inflammation. Prostaglandins Other Lipid Mediators, 2013. RISCO, E.; GHIA, F.; VILA, R.; IGLESIAS, J.; ALVAREZ, E.; CANIGUERAL, S. Immunomodulatory activity and chemical characterisation of sangre de drago (dragon’s blood) from Croton Iechleri. Planta Medica, v. 69, n. 9, p. 785-794, 2003.

ROSENFELD, G. Método rápido de coloração de esfregaços de sangue: noções práticas sobre corantes pancrômicos e estudo de diversos fatores. Memórias do Instituto Butantan, v. 20, p. 315-328, 1947. SALDANHA, A. A.; DE SIQUEIRA, J. M.; CASTRO, A. H.; DE AZAMBUJA RIBEIRO, R. I.; DE OLIVEIRA, F. M.; DE OLIVEIRA LOPES, D.; PINTO, F. C.; SILVA, D. B.; SOARES, A. C. Anti-inflammatory effects of the butanolic fraction of Byrsonima verbascifolia leaves: Mechanisms involving inhibition of tumor necrosis factor alpha, prostaglandin E(2) production and migration of polymorphonuclear leucocyte in vivo experimentation. International Immunopharmacology, v. 31, p. 123-131, 2015. SALEH, T. S.; CALIXTO, J. B.; MEDEIROS, Y. S. Effects of anti-inflammatory drugs upon nitrate and myeloperoxidase levels in the mouse pleurisy induced by carrageenan. Peptides, v. 20, n. 8, p. 949-56, 1999; SANTIN, J. R.; Efeito do agonista PPAR lyso-7 sobre a instalação e cicatrização de úlceras gástricas induzidas em camundongos. Tese (doutorado) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013, 104p. SCANNELL, M.; FLANAGAN, M. B.; DESTEFANI, A.; WYNNE, K. J.; CAGNEY, G.; GODSON, C.; MADERNA, P. Annexin-1 and peptide derivatives are released by apoptotic cells and stimulate phagocytosis of apoptotic neutrophils by macrophages. Journal of Immunology, v. 178, n. 7, p. 4595-4605, 2007.

SCHLAEPFER, D. D.; HAIGLER, H. T. Characterization of Ca2+dependent phospholipid binding and phosphorylation of lipocortin I. The Journal of Biological Chemistry, v. 262, n. 14, p. 6931-6937, 1987.

Page 81: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

81

SEDGWICK, A. D.; LEES, P. Studies of eicosanoid production in the air pouch modelo f sinovial inflammation. Agents and Actions. v. 18, n. 3-4, p. 429-438, 1986. SELLY, A. J. E; PASCUAL, J. L.; CHRISTOU, N. V. Science review: cell membrane expression. (connectivity) regulates neutrophil delivery, function and clearance. Critical Care, v. 7, n. 4, p. 291-307, 2003. SERHAN, C. N. Resolution phase of inflammation: novel endogenous anti-inflammatory and proresolving lipid mediators and pathways. Annual Review Immunology, v. 25, p. 101-137, 2007. SILVA, E.; SHAHGALDIAN, P.; COLEMAN, A. W. Haemolytic properties of some water-soluble para-sulphonato-calix-[n]-arenes. International Journal of Pharmaceutics, v. 273, p. 57-62, n. 1-2, 2004.

SILVA LOPES, J. Estudo fitoquímico e avaliação biológica de compostos isolados dos galhos de Rubus imperialis. Trabalho de conclusão de curso do curso de Farmácia, Universidade do Vale do Itajaí, Itajaí, 2010, 62p.

SILVA, A. M.; MACHADO, I. D.; SANTIN, J. R.; DE MELO, I. L.; PEDROSA, G. V.; GENOVESE, M. I.; FARSKY, S. H.; MANCINI-FILHO, J. Aqueous extract of Rosmarinus officinalis L. inhibits neutrophil influx and cytokine secretion. Phytotherapy Research, v. 29, n. 1, p. 125-133, 2015.

SINGER, A. J.; CLARK, M. D. Cutaneous wound healing. The New England Journal of Medicine, v. 341, n. 10, p. 738-746, 1999.

SMALLEY, D. M.; LEY, K. L-selectin: mechanisms and physiological significance of ectodomain cleavage. Journal of Cellular and Molecular Medicine, v. 9, n. 2, p. 255-266, 2005. SMITH, J. A. Neutrophils, host defense and inflammation: a double-edged sword. Journal of Leukocite Biology, v. 56, n. 6, p. 672-286, 1994. SOEHNLEIN, O.; LINDBOM, L. Phagocyte partnership during the onset and resolution of inflammation. Nature Reviews Immunology, v. 10, n. 6, 2010. SOLITO, E.; CHRISTIAN, H. C.; FESTA, M.; MULLA, A.; TIERNEY, T.; FLOWER, R. J.; BUKINGHAM, J. C. Post-translational modification plays an essential role in the translocation of annexin A1 from the cytoplasm to the cell surface. Faseb Journal, v. 20, n. 6, p. 1498-1500, 2006.

SUDSAI, T.; WATTANAPIROMSAKUL, C.; NAKPHENG, T.; TEWTRAKUL, S. Evaluation of the wound healing property of Boesenbergia longiflora rhizomes. Journal Ethnopharmacology, v. 150, n. 1, p. 223-231, 2013.

Page 82: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

82

SUNILA, E. S.; KUTTAN, G. Immunomodulatory and antitumour activity of Piper longum Linn. and Piperine. Journal of Ethnopharmacology, v. 90, n. 2-3, p. 339-346, 2004.

SÜNTAR, I.; KOCA, U.; KELEŞ, H.; AKKOL E. K. Wound healing activity of Rubus sanctus Schreber (Rosaceae): Preclinical study in animal models. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, v. 2011, p. 1-6, 2011. SUWALSKY, M.; ORELLANA P.; AVELLO M.; VILLENA F. Protective effect of Ugni molinae Turcz against oxidative damage of human erythrocytes. Food and Chemical Toxicology, v. 45, n. 1, p. 130-135, 2007. TEWTRAKUL, S.; TUNGCHAROEN, P.; SUDSAI, T.; KARALAI, C.; PONGLIMANONT, C.; YODSAOUE, O. Antiinflammatory and wound healing effects of Caesalpinia sappan. Phytotherapy Research, v. 29, n. 6, p. 850-856, 2015. TINCANI, A.; ANDREOLI, L.; BAZZANI, C.; BOSISO, D.; SOZZANI, S. Inflammatory molecules:a target for treatment of systemic autoimmune diseases. Autoimmunity Reviews, v. 7, n. 1, p. 1-7, 2007. TRUMAN, L. A.; FORD, C. A.; PASIKOWSKA, M.; POUND, J. D.; WILKINSON, S. J.; DUMITRIU, I. E.; MELVILLE, L.; MELROSE, L. A.; OGDEN, C. A.; NIBBS, R.; GRAHAM, G.; COMBADIERE, C.; GREGORY, C. D. CX3CL1/fractalkine is released from apoptotic lymphocytes to stimulate macrophage chemotaxis. Blood, v. 112, n. 13, p. 5026-5036, 2008. VAJDOVICH, P. Free radicals and antioxidants in inflammatory processes and ischemia-reperfusion injury. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v. 38, n. 1, p. 31-123, 2008.

VEDULA, S. R.; RAVASIO, A.; LIM, C. T.; LADOUX, B. Collective cell migration: a mechanistic perspective. Physiology (Bethesda). V. 28, n. 6, p. 370-379, 2013. VESTWEBER, D. How leukocytes cross the vascular endothelium. Nature Reviews Immunology. v. 15, p. 692-704, 2015. VON KNETHEN, A.; SOLLER, M.; BRÜNE, B. Peroxisome proliferator-activated receptor gamma (PPAR gamma) and sepsis. Archivum Immunologiae et Therapia Experimentalis, v. 55, n. 1, p. 19-25, 2007.

VONG, L.; D'ACQUISTO, F.; PEDERZOLI-RIBEIL, M.; LAVAGNO, L.; FLOWER, R. J.; WITKO-SARSAT, V.; PERRETTI, M. Annexin 1 cleavage in activated neutrophils: a pivotal role for proteinase 3. Journal of Biological Chemistry, v. 282, n. 41, p. 29998-30004, 2007.

Page 83: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

83

XU, L.; JIN, X.; MAO, P.; LU, Z.; CUI, X.; JIAN, C. Three new species of genus Actinobispora of the family Pseudonocardiaceae, Actinobispora alaniniphila sp. nov., Actinobispora aurantiaca sp. nov. and Actinobispora xinjiangensis sp. International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, v. 49, p. 881-886, 1999.

YAZBEK, P. B.; TEZOTO, J.; CASSAS F.; RODRIGUES E. Plants used during maternity,menstrual cycle and other women´s health conditions among Brazilian cultures. Journal of Ethnopharmacology, v. 8741, n. 15, p. 30306-30308, 2015.

YUNES, R. A.; CECHINEL FILHO, V. Breve análise histórica da química de plantas medicinais: sua importância na atual concepção de fármaco segundo paradigmas ocidental e oriental. In: YUNES, R. A.; CALIXTO, J. B. Plantas medicinais sob ótica da química medicinal moderna. Chapecó: ARGOS, 2001, p. 17-46.

WALSH, D. A., FAN, T. D. Bradykinin as a Growth Factor. In: Farme, S. G.The Kinin System. Elsevier, p. 301-314, 1997.

WEIN, S.; FAUROUX, M.; LAFFITTE, J.; DE NADAÏ, P.; GUAÏNI, C.; PONS, F.; COMÉRA, C. Mediation of annexin 1 secretion by a probenecid-sensitive ABC-transporter in rat inflamed mucosa. Biochemical Pharmacology, v. 67, n. 6, p. 1195-1202, 2004.

Page 84: UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - siaibib01.univali.brsiaibib01.univali.br/pdf/Talita Dacroce Tonin.pdf · 1 universidade do vale do itajaÍ talita dacroce tonin atividade anti-inflamatÓria

84

ANEXOS

Anexo A – Parecer de aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética

em Pesquisa (CEP) da UNIVALI