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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - UERN Campus Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia - CAMEAM Curso de Administração - CAD Angélica Maria de Aquino RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE: a percepção dos usuários urbanos da estratégia de saúde da família (ESF) do Munícipio de São Miguel-RN PAU DOS FERROS - RN 2016

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE - UERN Campus Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia - CAMEAM

Curso de Administração - CAD

Angélica Maria de Aquino

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE: a percepção dos usuários urbanos da estratégia de saúde da família (ESF) do Munícipio de São Miguel-RN

PAU DOS FERROS - RN 2016

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Angélica Maria de Aquino

POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE: a percepção dos usuários urbanos da estratégia de saúde da família (ESF) do Munícipio de São Miguel-RN

Relatório Final de Curso apresentado ao Curso de Administração/CAMEAM/UERN, como requisito parcial para obtenção do título de bacharela em administração.

Professor Orientador: Wellington Ferreira de Melo

Área: Administração Pública

PAU DOS FERROS - RN 2016

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COMISSÃO DE ESTÁGIO

Membros:

_____________________________________________________________________ Angélica Maria de Aquino

_____________________________________________________________________ Wellington Ferreira de Melo

Orientador

_____________________________________________________________________ Maria Shimeny Emídio Vieira

Supervisora de Estágio

_____________________________________________________________________ Alexandre Wállace Ramos Pereira

Coordenador de Estágio Supervisionado

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Angélica Maria de Aquino

Políticas Públicas de saúde: a percepção dos usuários urbanos da estratégia de saúde da família (ESF) do Munícipio de São Miguel-RN

Este Relatório Final de Curso foi julgado adequado para obtenção do título de

BACHARELA EM ADMINISTRAÇÃO

e aprovado em sua forma final pela Banca Examinadora designada pelo Curso de Administração/CAMEAM/UERN, Área: Administração Pública.

Pau dos Ferros/RN, em 20 de Dezembro de 2016.

BANCA EXAMINADORA

Julgamento: _______ Assinatura: _______________________________________ Wellington Ferreira de Melo

Orientador – UERN

Julgamento: _______ Assinatura: _______________________________________ Sandra de Souza Paiva Holanda

Examinadora – UERN

Julgamento: _______ Assinatura: _______________________________________ Sidnéia Maia de Oliveira Rego

Examinadora – UERN

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Dedico esse trabalho primeiramente a Deus por mais

esse sonho concretizado, ao ensinamento de todos os

professores, ao apoio da minha família e amigos que

me ajudaram a manter o foco e não desistir dos meus

ideais.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus porque graças a ele estou aqui hoje, sendo ele quem me deu

forças nos mais diversos momentos de dificuldades, angustias e desespero.

A meus familiares em especial meus pais Antonio Leite de Aquino e Maria Pessoa de Queiroz

que sempre me deram todo apoio necessário, sempre me estimularam a seguir em frente, por não me

deixaram desanimar sendo os mesmo minha maior base/apoio.

Ao meu avô Manuel Ferreira de Queiroz que mesmo não estando mais presente do meu lado,

sempre sonhou juntamente comigo com a tão sonhada graduação, pois como ele mesmo dizia “você

será minha primeira neta formada”, estando realizando assim o nosso sonho, pois sei que onde estiver

sempre me deu forças para continuar e nunca desistir.

Aos meus amigos, desde os mais antigos que viram meu sonho nascer – torceram e lutaram

comigo e não me deixaram desanimar – até os mais atuais que surgiram na minha vida durante a

caminhada acadêmica – foram companheiros, ajudadores, e fonte de inspiração – Em especial as

“luluzinhas” (Micaele Lopes, Rafaela Motta, Epifania Bessa, Silvia Cibeli e Aline Saito), amigas que a

graduação me proporcionou que levarei junto comigo para o resto da vida.

A turma 2001.1 porque sem eles esses cinco anos de graduação não teriam sido os mesmos,

com vocês essa caminhada acadêmica se tornou com certeza algo inesquecível.

Ao meu professor e orientador Ms. Wellington Ferreira Melo, por seu comprometimento,

profissionalismo, dedicação e paciência na condução do trabalho, pois sem você isso tudo não seria

possível.

A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) especialmente o Campus

Avançado Profª Maria Elisa de Albuquerque Maia (CAMEAM), por ter dado a oportunidade de realizar

este curso.

A secretária de saúde Maria Shimeny Emídio Vieira, por sua contribuição e disponibilidade para

que esse trabalho se realizasse.

A senhora Jéssica de Lima Nunes, antiga secretária de saúde que autorizou a realização do

estágio supervisionado na Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de São Miguel/RN.

A todos os respondentes do questionário que contribuíram de forma paciente e voluntária.

E por fim, a todos os professores que contribuíram, auxiliaram, orientaram minha formação,

aqueles que constantemente ajudaram para a concretização desse momento.

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“Administrar é usar recursos escassos e torna-los

suficientes para atingir um objetivo””

(ELIANE DE OLIVEIRA)

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RESUMO

A saúde é um direito fundamental do ser humano garantido constitucionalmente pelo Estado mediante a implementação de políticas públicas, visando promover o bem-estar físico, mental e social da coletividade. Foi pensando nessa realidade que se deu a produção desse trabalho que tem como objetivo geral conhecer a percepção dos usuários do Programa de Estratégia Saúde da Família (ESF) do Município de São Miguel/RN quanto à prestação de serviços referentes às políticas públicas de saúde. Para executar esse objetivo, foram elencados dois objetivos específicos: descrever a estrutura da Estratégia Saúde da Família no município e levantar a percepção dos usuários urbanos relativa à prestação de serviços públicos de saúde. Quanto aos procedimentos metodológicos, a pesquisa caracteriza-se como exploratória e descritiva, quanto aos meios é definida como pesquisa de campo e documental, e ainda tem natureza quantitativa e qualitativa. O universo correspondeu a toda população urbana do município de São Miguel/RN e a amostra foi definida considerando os 05 bairros atendidos pelas 05 unidades básicas de saúde da zona urbana, composta por 20 usuários dos serviços públicos de saúde de cada unidade, definida por conveniência e acessibilidade por meio de procedimento probabilístico casual simples. Os dados foram coletados pela aplicação de questionário e de um roteiro de entrevista Os resultados foram analisados por meio da descrição analítica. As conclusões apontaram que apesar de todas as dificuldades/limitações do município na operação e execução do programa ESF, o mesmo ainda apresenta resultados satisfatórios, pois com a implantação e ação da ESF melhoraram a qualidade de vida da população em todo o município. Evoluíram os indicadores de saúde, os índices de vacinação, principalmente em relação as crianças, aos quais estão com o caderno de vacinação em dia. Passou a existir controle das causas principais de doenças/epidemias, podendo ser destacado a tubérculo e hanseníase, intensificando-se a promoção, prevenção e proteção da saúde. O ESF possibilitou maior justiça e equidade em saúde, obedecendo aos princípios do SUS. Não há privilégios, toda a população é tratada da mesma forma. Palavras-Chave: Administração de Serviços; Gestão Pública; Saúde; Estratégia.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Abreviaturas

Et. al – Palavra latina, abreviação de Et alii (significa “e outros”)

Etc – Abreviação da expressão latina et cetera (ou et coetera) que significa “e o resto”

Siglas

ESF – Equipe Saúde da Família

RN – Rio Grande do Norte

SUS – Sistema Único de Saúde

SMS – Secretaria municipal de Saúde

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estática

CNPJ – Cadastro Nacional Pessoa Jurídica

EF – Efetivo

CT – Contrato

UBS – Unidade Básica de Saúde

CAMEAM – Campus Avançado Profª Maria Elisa de Albuquerque Maia

UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

MS – Ministério da Saúde

NAP – Nova Administração Pública

NPM – New Public Management

CF – Constituição Federal

NBOs – Normas Operacionais Básicas

PAB – Piso da Atenção Básica

INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social

PSF – Programa Saúde da Família

SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

PACS – Programa de Agentes Comunitário de Saúde

Conas - Conselho Nacional de Secretários de Saúde

Conasems - Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde

eSF - Equipes Saúde da Família

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ACS – Agente Comunitário de Saúde

ESB – Equipe de Saúde Bucal

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostras em Domicílios

OMS – Organização Mundial da Saúde

Cosapi – Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa

PNSPI – Política nacional de Saúde da Pessoa Idosa

PBF – Programa Bolsa Família

EPI – Equipamentos de Proteção Individual

PNI – Programa Nacional de Imunizações

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figuras

Figura 1 – Organograma do município de São Miguel/RN......................................................................18

Quadros

Quadro 1 – As dimensões da qualidade em serviços.............................................................................53

Tabelas

Tabela 1 – Perfil socioeconômico dos usuários......................................................................................60

Tabela 2 – Percepção dos usuários em relação aos Elementos tangíveis.............................................63

Tabela 3 – Percepção dos usuários em relação à Confiabilidade...........................................................66

Tabela 4 – Percepção dos usuários em relação à Responsividade........................................................67

Tabela 5 – Percepção dos usuários em relação à Competência............................................................71

Tabela 6 – Percepção dos usuários em relação à Cortesia....................................................................74

Tabela 7 – Percepção dos usuários em relação à Credibilidade............................................................76

Tabela 8 – Percepção dos usuários em relação à Garantia...................................................................77

Tabela 9 – Percepção dos usuários em relação à Acessibilidade..........................................................78

Tabela 10 – Percepção dos usuários em relação à Comunicação.........................................................80

Tabela 11 – Percepção dos usuários em relação ao Entendimento do Cliente......................................81

Fotografias

Fotografia 1 - Foto aérea da cidade de São Miguel/RN.........................................................................16

Fotografia 2 – Prefeitura Municipal de São Miguel/RN...........................................................................17

Fotografia 3 – Fachada da Secretaria Municipal de (SMS) de São Miguel/R........................................19

Fotografia 4 – Mosaico de imagens da Fachada das Unidades Básicas de saúde (UBS’s) de São

Miguel/RN................................................................................................................................................20

.

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA

AGRADECIMENTOS

EPÍGRAFE

RESUMO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................................14

1.1 Caracterização da organização......................................................................................................15

1.1.2 Histórico do município de São Miguel ............................................................................................15

1.1.3 A Prefeitura Municipal .......................................................................................................... 16

1.1.4 A Secretaria de Saúde ......................................................................................................... 18

1.2 Situação problemática ....................................................................................................................21

1.3 Objetivos ..........................................................................................................................................22

1.3.1 Geral .................................................................................................................................. 22

1.3.2 Específicos ......................................................................................................................... 22

1.4 Justificativa .....................................................................................................................................22

2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................................24

2.1 Administração Pública ...................................................................................................................24

2.1.1 Modelos de Estado, Governo e Administração Pública ........................................................... 24

2.1.1.1 As reformas do estado no mundo contemporâneo......................................................................30

2.1.2 Teoria da Burocracia............................................................................................................ 26

2.1.3 A evolução da Administração Pública .................................................................................... 28

2.1.4 As três formas de Administração Pública ............................................................................... 28

2.1.5 Nova Gestão Pública no Brasil ............................................................................................. 29

2.1.6 Governabilidade, Governança e Accountabillity ...................................................................... 30

2.1.7 Administração Pública e Sociedade Civil ............................................................................... 31

2.2 Políticas Públicas ...........................................................................................................................33

2.2.1 Definição de Política Pública ................................................................................................ 33

2.2.2 O Problema Púbico.............................................................................................................. 34

2.2.3 Tipos de Política Pública ...................................................................................................... 34

2.2.4 Estilos de Políticas Públicas ................................................................................................. 36

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2.2.5 Políticas de Governo e Políticas de Estado ............................................................................ 36

2.2.6 Federalismo e Políticas Públicas........................................................................................... 37

2.2.7 Formulação, implementação e avaliação de políticas públicas no Brasil ................................... 39

2.3 Políticas Públicas de Saúde no Brasil ..........................................................................................39

2.3.1 Histórico das políticas de saúde no Brasil .............................................................................. 40

2.3.2 Criação do Sistema Único de Saúde ..................................................................................... 41

2.3.3 Política Nacional da Atenção Básica ..................................................................................... 44

2.3.4 Estratégia de Saúde as Família (ESF) ................................................................................... 45

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...........................................................................................49

3.1 Tipo de pesquisa .............................................................................................................................49

3.1.1 Quanto aos fins: .................................................................................................................. 49

3.1.2 Quanto aos meios: .............................................................................................................. 50

3.1.3 Quanto à natureza da abordagem: ........................................................................................ 51

3.2 Universo e amostra .........................................................................................................................51

3.3 Coleta de dados ..............................................................................................................................52

3.3.1 Instrumento ......................................................................................................................... 52

3.3.2 Pré-teste: ............................................................................................................................ 54

3.3.3 Período da Coleta: ............................................................................................................... 54

3.4 Tratamento dos dados....................................................................................................................55

3.4.1 Tratamento dos dados: ........................................................................................................ 55

3.4.2 Análise e discussão: ............................................................................................................ 55

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................................56

4.1 Estrutura da Estratégia Saúde da Família no município .............................................................56

4.2 Percepção dos usuários urbanos relativa à prestação de serviços públicos de saúde ..........59

5. CONCLUSÕES, SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES .....................................................................83

5.1 Conclusões......................................................................................................................................83

5.2 Sugestões ........................................................................................................................................85

5.3 Recomendações .............................................................................................................................86

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................87

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APÊNDICE .............................................................................................................................................90

APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista ..................................................................................................91

APÊNDICE B – Questionário aplicado aos usuários urbanos das UBS’s ........................................92

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1 INTRODUÇÃO

A saúde é um direito fundamental do ser humano garantido constitucionalmente pelo Estado

mediante a implementação de políticas públicas que visam a promoção do bem-estar físico, mental e

social da coletividade. Porém, em muitos casos, esses “direitos” não saem simplesmente do papel,

sendo a população prejudicada em virtude das limitações de seus direitos como cidadão de possuir não

apenas os serviços públicos de saúde de qualidade, mas, antes, educação, segurança, entre outras

garantias das quais são infelizmente, de certa forma, privados.

Porém, a saúde no Brasil passou por longos processos evolutivos desde o final da segunda

guerra mundial, contribuindo para aceleração do nível da maturidade politico e social; da implantação

do federalismo que proporcionou a descentralização do poder do centro para o Estado, proporcionando

maior liberdade de atuação dos municípios, consequentemente; o desenvolvimento das novas políticas

públicas, até quem em 1988, através da Constituição Federal Cidadã, houve a criação do Sistema

Único de Saúde (SUS), garantindo aos cidadãos o acesso universal as ações de saúde, onde

começaram a surgir diversos outros programas a fim de ampliar a promoção, prevenção e recuperação

da saúde como o Programa Estratégia de Saúde da Família (ESF), caracterizando-se como uma forma

de territorialização e demarcação de um espaço concreto de atuação da equipe de saúde, tendo o

núcleo familiar como base e unidade no desenvolvimento de sua atuação.

O presente trabalho, desenvolvido na organização Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de

São Miguel/RN, tem como objetivo conhecer a percepção dos usuários da Estratégia de Saúde da

Família (ESF) no município de São Miguel/RN referente às políticas públicas de saúde. Para atender a

este objetivo, foram impostos dois objetivos específicos, a saber: descrever a estrutura da Estratégia

Saúde da Família no município; e, levantar a percepção dos usuários urbanos relativa à prestação de

serviços públicos de saúde.

O trabalho está estruturado em cinco seções: a primeira trata da caracterização da empresa, o

problema de pesquisa, objetivos geral e específicos e justificativa; a segunda diz respeito ao referencial

teórico dando sustentação e embasamento teórico a pesquisa; a terceira corresponde aos

procedimentos metodológicos; a quarta refere-se a análise e discussão dos resultados e a quinta e

última é correspondente a conclusão, sugestões e recomendações.

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1.1 Caracterização da organização

Está sessão destina-se ao aprofundamento e maior conhecimento do campo de estudo, na

qual são descritos o histórico da cidade de São Miguel/RN, como a mesma teve sua origem, criação e

alguns de seus aspectos demográficos, como se encontra a prefeitura do respectivo município, sua

atual administração, formação e subdivisões, além de discorrer sobre o local no qual se está realizando

o Estágio Supervisionado, no caso a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

1.1.2 Histórico do município de São Miguel

São Miguel é um município brasileiro localizado no interior do estado do Rio Grande do Norte,

na Região Nordeste do Alto Oeste Potiguar, na microrregião da Serra de São Miguel, com uma

distância de 441 quilômetros da capital do estado, Natal. Ocupa uma área de 171,691 km².

Sua população no censo de 2010 era de 22 157 habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE, 2014), sendo então o vigésimo quinto mais populoso do estado e

primeiro de sua microrregião. Sua história inicia-se no século XVIII, quando ocorreu a chegada de

Manoel José de Carvalho, de Icó, no Ceará, à zona serrana do Rio Grande do Norte, dando origem ao

povoado em torno de uma lagoa, em 29 de setembro de 1750, no dia de São Miguel Arcanjo, atual

padroeiro micaelense.

A chegada do cearense de Icó, José Antônio de Carvalho, à região serrana do oeste norte-rio-

grandense nos idos de 1750, deu início a colonização do território e seu consequente povoamento.

Diante do encontrado deslumbrou-se com a beleza natural da paisagem e com o agradável

clima. Nessas andanças, o desbravador cearense encontrou várias lagoas e maravilhado com o

aspecto produzido pela paisagem das lagoas, ocorrido exatamente no dia dedicado a São Miguel,

resolveu batizar a localidade com o nome de São Miguel.

A vida de José Antônio de Carvalho, nos tempos do começo do povoamento em São Miguel,

foi de constante luta e bravura. Grande criador de gado era capaz de enfrentar índios Paiacus e matar

onça a facão para proteger seu rebanho. Foram a bravura, o destemor e os bons resultados

alcançados por esse homem simples e firme que estimularam a vinda de outras famílias, desejosos de

prosperar na agricultura e na pecuária, fazendo crescer a povoação.

São Miguel continuou se desenvolvendo na pecuária e na lavoura, num processo lento e

gradativo, até chegar à condição de lutar por sua autonomia política. No século XIX (1875), foi elevado

à categoria de vila e, um ano depois, à categoria de município. No dia 11 de dezembro de 1876, depois

de muito esforço, São Miguel desmembrou-se de Pau dos Ferros através da Lei estadual n° 776,

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tornando-se município do Rio Grande do Norte. Desde a sua emancipação, desmembram-se de seu

território os atuais municípios de Doutor Severiano (1962), Coronel João Pessoa (1963) e Venha-

Ver (1992). Considerado um centro de zona do Brasil, São Miguel é o maior produtor de milho do

estado do Rio Grande do Norte e sua principal fonte de renda é o setor de prestação de serviços, tendo

o comércio como importante atividade econômica.

Fotografia 1: Foto aérea da cidade de São Miguel/RN

Fonte: Google Imagens (2016)

1.1.3 A Prefeitura Municipal

A prefeitura municipal de São Miguel conta com a administração do atual prefeito Dário Vieira

de Almeida Rua Padre Tertuliano Fernandes, n° 46, Centro do município. A mesma encontra-se na sua

atual gestão subdividida em nove secretarias que facilitam sua administração para um melhor

aproveitamento, controle e aprofundamento das áreas politicas para um melhor desenvolvimento do

município.

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Fotografia 2: Prefeitura Municipal de São Miguel/RN

Fonte: Google Imagens (2016)

A prefeitura conta dentro de seu quadro de funcionários com 689 colaboradores, sendo 4

efetivos/comissionados; 591 efetivos; 68 comissionados; 5 eletivos; 11 contratados e 10 agentes

políticos em que dispendem em gastos com salários pagos o valor liquido de R$ 1.252.620,14 mensais.

Dentre as secretarias presentes na atual administração temos: a secretaria municipal do

gabinete; assessória jurídica; secretaria municipal de desenvolvimento urbano; secretaria municipal de

bem estar social, trabalho e habitação; secretaria municipal de saúde; secretaria municipal de

desenvolvimento urbano; secretaria municipal de educação, cultura, esporte e turismo; secretária de

desenvolvimento rural e meio ambiente; secretaria municipal de administração, finanças, planejamento

e orçamento e controladoria geral. Conforme podemos visualizar o organograma na Figura 1.

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18

Figura 1. Organograma do Município de São Miguel

Fonte: Prefeitura de São Miguel (2016).

1.1.4 A Secretaria de Saúde

Dentre as secretarias vinculadas a prefeitura municipal de São Miguel pode-se destacar a

Secretaria de Saúde (SMS) que porta o CNPJ: 13.880.529/0001-99 encontra-se localizada na Rua

Moreira Filho s/n, no centro da cidade. A mesma está sobre a administração da secretária Maria

Shimeny Emídio Vieira, na qual procura desenvolver sua função e papel de maneira eficaz, eficiente e

consequentemente com efetividade das funções desempenhadas.

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Fotografia 3: Fachada da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de São

Miguel/RN

Fonte: Acervo pessoal (2016)

Na SMS podemos encontrar 187 funcionários, sendo os mesmos 170 efetivos; 9

comissionados; 7 contratados e 1 agente político. Tendo um gasto mensal liquido de R$ 278.730,70

mensais.

Entre a descrição dos cargos tem-se:

- 1 Agente comunitário de saúde;

- 19 Agentes de endemias EF;

- 1 Atendente de enfermagem;

- 2 Auxiliar de enfermagem CT;

- 13 Enfermeiros;

- 2 médicos EF;

- 3 Nutricionistas;

- 8 Odontólogos EF;

- 2 Assistentes sociais EF;

- 1 Diretor de unidade hospitalar;

- 2 Fisioterapeutas;

- 3 Psicólogos;

- 3 Fonoaudiólogas;

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- 1 Chefe de vigilância sanitária;

- 3 Médicos CT;

- 3 Médicos plantonistas;

- 11 Técnicos de enfermagem;

- 1 Técnico de laboratório;

- 5 Farmacêuticos;

- 3 Médicos PSF;

- 1 Médico psiquiatra;

Na área urbana a cidade conta com a presença de cinco postos de saúde que auxiliam na

busca da melhor prestação de serviços de saúde para a população do municio de São Miguel entre os

postos temos Alto Santa Tereza; Dr. Dario Vieira de Almeida; Manoel Vieira; Sabino Leite e Dr. José

Torquato, conforme visualizado na Fotografia 4, além de contar com o hospital municipal Aurea Maia

de Figueiredo visando atender a demanda da cidade e localidades mais próximas.

Fotografia 4: Mosaico de Imagens das fachadas das Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) de São

Miguel/RN

Fonte: Acervo pessoal (2016)

Assim de acordo com o exposto podemos perceber que o campo de estudo conta com um

amplo apoio e estrutura de postos de saúde na área urbana, que visam atender toda a demanda e

necessidades de sua população, procurando viabilizar suas carências e anseios diante das dificuldades

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encontradas, mas sempre procurando desempenhar sua função de forma efetiva e eficaz para a

população em geral.

1.2 Situação problemática

A saúde é um direito fundamental do ser humano, garantido constitucionalmente pelo Estado

mediante a implementação de políticas públicas, visando promover o bem-estar físico, mental e social

da coletividade.

O Município de São Miguel fica localizado na Região Alto Oeste Potiguar do Estado do Rio

Grande do Norte e conta com uma população estimada para 2015 de 23.274 habitantes (IBGE, 2016),

sendo 10.572 homens e 11,585 mulheres referentes aos dados de 2010, em relação às cidades

vizinhas percebe-se um valor bem expressivo de habitantes (IBGE, 2010).

O Município citado conta com a Secretária Municipal de Saúde que é onde são desencadeados

todos os processos e encaminhamentos médicos para outras cidades, a exemplo da capital do Rio

Grande do Norte, Natal. Marcação de procedimentos cirúrgicos, exames, entrega de medicamentos e

procedimentos afins são todos processados no órgão. A Secretaria referida possui na área urbana 05

unidades básicas de saúde, sendo esses: Vera Rego, Manoel Vieira, Dr. José Torquato e Sabino Leite,

que objetivam atender as demandas e necessidades da população juntamente com o hospital

municipal Aurea Maia de Figueiredo.

Assim, ante o cenário exposto, e pelo conhecimento empírico da pesquisadora enquanto

usuária dos serviços pesquisados, percebe-se que muitas pessoas são insatisfeitas com os serviços

oferecidos e aqui estudados, por de certa forma, também, não contemplar a população em sua

totalidade. Portanto, essa produção científica procura levantar quais as politicas e programas

desenvolvidos pelo município, como são ofertados e principalmente qual a percepção da população

diante as politicas adotadas, se os mesmos atendem as expectativas e necessidades da população do

município.

Diante da realidade vislumbrada, e por estar presente dentro do contexto estudado como cidadã

atuante, surge à inquietação de se buscar respostas sobre a percepção dos usuários dos serviços de

saúde prestados para a população micaelense, bem como os mesmos enxergam as políticas e

programas adotados. A partir desse cenário surge a indagação: Qual a percepção dos usuários

urbanos das políticas públicas de saúde gerenciadas pela Secretaria Municipal de Saúde de São

Miguel/RN relativa à prestação de serviços da Estratégia de Saúde da Família (ESF)?

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1.2 Objetivos

Os objetivos podem ser divididos em geral e específicos. Para Bueren (2003, p. 65), “O objetivo

geral indica uma ação ampla do problema, por isso mesmo ele deve ser elaborado com base na

pergunta de pesquisa”. “[...] os objetivos de pesquisa devem descrever ações pormenorizadas,

aspectos específicos para alcançar o objetivo geral estabelecido” (BEUREN, 2003, p. 53).

Com intuito de realizar a pesquisa sobre a descrição e percepção dos usuários para com os

serviços do programa ESF, o referente trabalho apresenta os seguintes objetivos.

1.3.1 Geral

Conhecer a percepção dos usuários da Estratégia Saúde da Família (ESF) do Município de

São Miguel/RN quanto à prestação de serviços referentes às políticas públicas de saúde;

1.3.2 Específicos

Descrever a estrutura da Estratégia Saúde da Família no município;

Levantar a percepção dos usuários urbanos relativa à qualidade dos serviços públicos de

saúde;

1.4 Justificativa

O presente trabalho pretende conhecer e analisar a percepção dos usuários da Estratégia

Saúde da Família (ESF) em relação aos serviços de políticas públicas de saúde desenvolvidos e

adotados pelo Munícipio de São Miguel-RN, no qual se percebe muitas carências, barreiras,

dificuldades e limitações que, consequentemente, acabam prejudicando o Munícipio e afetando

diretamente seus usuários finais.

Ante as limitações percebidas pela observação durante o Estágio Supervisionado Obrigatório

na Secretária Municipal de Saúde (SMS) do referido Município, e por conviver e participar da presente

realidade como cidadã, surgiu o interesse e a inquietação de se fazer um estudo sobre a percepção da

população quanto à prestação dos serviços na área de saúde, além da afinidade, curiosidade e

interesse para com a temática Administração Pública, e consequentemente sobre as políticas de

saúde, estudada durante o Curso de Administração no CAMEAM-UERN.

Estudos comprovam precariedades, carências e dificuldades na prestação de serviços na área

de saúde, não somente no Rio Grande do Norte, mas, no Brasil como um todo (MS, 2015). Assim

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sendo, esse trabalho poderá conhecer a percepção de uma parcela da população do Município de São

Miguel- RN, quanto à qualidade dos serviços das políticas públicas desenvolvidas e a maneira com

essas são ofertadas.

A pesquisa torna-se relevante, sobretudo, pelo atual cenário dos serviços que estão sendo

oferecidos no campo de estudo. Dessa forma, pretende-se por meio dos resultados alcançados,

advindos da pesquisa, contribuir para o desenvolvimento, aprimoramento e criação de novas formas de

políticas públicas diante da temática abordada. Outrossim, poder-se-á buscar, através dos resultados

coletados e discutidos, o apontamento de indicadores que promovam a discussão e a solução de

problemas com o fim de satisfazer e atender as necessidades e as carências da população por meio de

políticas públicas de saúde que sejam eficientes, eficazes e efetivas.

Diante disso, conclui-se ser essencial a exploração do tema proposto, para a valorização da

prestação dos serviços públicos e, consequentemente, para se discutir melhorias nas políticas públicas

de saúde, assim como para um aprofundamento e continuidade desse estudo exploratório pela

academia, a exemplo da produção de um artigo cientifico, a partir desta pesquisa.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capitulo, são abordados os temas que darão sustentabilidade teórica a pesquisa. Assim,

essa parte é apresentada em três tópicos, sendo respectivamente abordada a Administração Pública,

Políticas Públicas e Políticas Públicas de Saúde no Brasil.

2.1 Administração Pública

Está sessão vem abordar a Administração Pública subdividida em setes subtítulos, sendo eles

Modelos de Estado, Governo e Administração Pública; Teoria da Burocracia; a evolução da

Administração Pública; as três formas de Administração Pública; Nova Gestão Pública no Brasil;

Governabilidade, Governança e Accountabillity e Administração Pública e Sociedade.

2.1.1 Modelos de Estado, Governo e Administração Pública

Diante das muitas articulações entre Estado e Administração Pública percebe-se a

necessidade de se estar relacionado e situado de acordo com o conceito de Estado. Em que segundo

Matias-Pereira (2009, p. 129) o Estado é como um conjunto de instituições criadas, recriadas e

ajustadas para administrar conflitos e tensões no território sendo esse um fator essencial ao conceito.

Se tratando de um ente abstrato, o Estado se materializa através de instituições, como o Executivo, o

Legislativo, o Judiciário, as forças militares, os governos subnacionais e por fim a Administração

Pública. Em que todas essas tensões e conflitos irão se materializar sendo levados para o Estado,

tendo o mesmo sido criado no século XX, porem vem passando por questionamentos, principalmente

em relação a sua capacidade de atender a atual demanda da sociedade.

Dos diversos modelos de Estado, Governo e Administração Pública que são adotadas no

mundo ocidental, Matias-Pereira (2009, p. 129-130) destaca:

O primeiro é o modelo norte-americano, voltado ao estímulo da competição e ao

empreendedor individual. Enquanto à Administração Pública vinha sendo marcada por

ambiguidades e forte participação de associações locais. Verificou-se que a

Administração Púbica sempre esteve perpassada por interesses particulares. Tendo os

interesses públicos e privados muitos próximos sendo uma marca dessa

administração.

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O segundo modelo é o europeu, o chamado Estado do Bem-Estar Social, em que a

administração e a burocracia pública são altamente maximizadas. Possuindo uma

cultura de procedimentos que fortalecem o papel da Administração Pública e dos

servidores.

No inicio do terceiro modelo, o Governo era praticamente o único condutor dos

negócios públicos e privados. Sendo esse modelo responsável pela geração do estado

Desenvolvimentista. Em que no campo econômico foi denominado de substituição de

importações e no campo social caracterizou-se por políticas ambíguas e instáveis.

Representando uma fase que prevalecem as políticas populacionistas e clientelistas.

Já Paula (2005), enfatiza através das bases da nova administração pública, reformas

empreendidas nos Estados Unidos e Reino Unido. No modelo britânico estabeleceram-se medidas

organizativas e administrativas: regulamentação estatal de atividades conduzidas por entes privados;

privatização das estatais; terceirização de serviços; utilização de ideais do setor privado e

descentralização do aparelho do Estado. A Austrália aderiu à nova administração em 1984, que pode

ser divido em duas fases, sendo a implementação de medidas trabalhistas com foco na eficiência e

gerencialismo e a segunda com a radicalização do processo acelerando as reformas de caráter

neoliberal. Já na Nova Zelândia conforme os demais as mudanças ocorreram devido pelo inchaço

estatal, aumento dos gastos públicos, melhoria de desempenho e eficiência do setor publico, a mesma

realizou mudanças através da transferência de atividades comerciais para privadas, descentralização

de atividades e negociação de contratos com base nos parâmetros privados. Dessa forma fica claro

através dos casos da Austrália e Nova Zelândia como a experiência do modelo britânico transformou-

se em referencia as reformas de gestão realizadas através da nova administração pública.

2.1.1.1 As reformas do estado no mundo contemporâneo

Os estímulos provocados através dos movimentos internacionais de Reforma do Estado, foram

responsáveis pela implementação de novas experiências na área de Administração Pública. Essas

mudanças buscaram incorporar maior flexibilidade em relação à compra de insumos e materiais, à

construção e dispensa de recursos humanos, á gestão financeira dos recursos, além de estimular uma

nova gestão que priorizasse resultados, satisfação dos usuários e qualidades dos serviços oferecidos.

(MATIAS-PEREIRA, 2009).

Matias-Pereira et al. (2009, p.130) caracteriza, no contexto internacional das reformas do

Estado, quatros modelos da Nova Administração Pública:

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Modelo de impulso para a eficiência: aproximação dos serviços públicos e privados,

preconizando no setor público por meio de introdução os padrões de eficiência

adotados no setor privado.

Maior controle financeiro: implementação de sistemas de custos e auditorias quanto a

aspectos financeiros e profissionais, poder outorgado, objetivos claros, monitoramento

de desempenho e desregulamentação do mercado de trabalho.

Modelo downsizing e descentralizado: separação entre financiamento público e

dotação do setor autônomo, transformação da gestão hierárquica para por contrato,

separação de organizações para compra e para prestação de serviços com redução

drástica da folha de pagamento de ordens públicas.

Modelo da busca pela excelência: baseado na Escola de baseado na Escola de

Relações Humanas, com ênfase para a cultura organizacional com orientação para

área pública. Caracterizado como o padrão menos desenvolvido, fruto da fusão de

serviços públicos e privados, conferindo, ao primeiro, fatos administrativos qualitativos

presentes, e no segundo, inclui a responsabilidade dos serviços através dos usuários e

cidadãos, não sendo considerados mais como simples usuários e meros

consumidores.

O Brasil nos últimos anos, passou por inúmeras transformações e inovações como a

implementação de organizações sociais que gerou um novo modelo de administração em 1995, tem

mais à frente a criação de normas de qualificação para entidades sem fins lucrativos (organizações

sociais). Conforme a Lei n° 9637/1998 além de destacar as orientações para parcerias da

administração através de contratos de gestão. Matias-Pereira, (2009, p. 131), vem destacando entre as

novas figuras ‘’[...] a constituição de parcerias entre a Administração Pública, a iniciativa privada e a

sociedade civil na busca da realização das finalidades estatais, delineando o perfil do denominado

modelo gerencial da Administração Pública.”

2.1.2 Teoria da Burocracia

A burocracia apoia-se através do conhecimento técnico, com caráter racional, sendo um

instrumento capaz de assegurar alta eficiência administrativa. Orientado por regras formais que

acabam por padronizar e conferir igualdade nos tratamentos ou serviços prestados estabelece com

nitidez as relações de mando e subordinação, de acordo com suas subdivisões e distribuição.

(MATIAS-PEREIRA, 2010).

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A burocracia caracteriza-se por uma hierarquia formal de autoridade, portando regras definidas

para a classificação de problemas e passiveis soluções, perpassando às comissões e organismos

coletivos de decisão através de formas escritas de comunicação. Matias-Pereira (2009, p. 53), afirma

que “O termo burocracia é utilizado também em outros sentidos: serve para designar tanto o conjunto

de funcionários - ou burocratas – como para qualificar um forma de proceder lenta, rotineira, que

dificulta e entrava toda decisão.”

Na linguagem comum percebemos diversas conotações, no diz respeito à palavra burocracia,

sendo referenciado como algo pejorativo, como exemplos tem-se à ineficiência, atrasos, autoritarismo,

procedimentos redundantes, lentidão, utilização de medidas desnecessárias ao funcionamento de

sistemas.

É perceptível que a administração pública tende a reagir de forma lenta e

insatisfatória ás mudanças econômicas e sociais que se processam à sua volta,

tornando mais acentuadas suas distorções e ineficiências. A ausência de uma

dinâmica intraorganizacional adequada acaba por induzir os membros da

organização a aceitar um processo de acomodação de interesses. Isso reflete de

forma negativa nas organizações públicas, visto que geram sentimentos de

desestímulo e de resistência a mudanças. Explicam-se parcialmente, dessa forma,

as razões da pouca preocupação com os resultados nas organizações públicas

(MATIAS-PEREIRA, 2010, p. 51).

A burocracia não atende à rapidez, à boa qualidade, despendi ando altos custos para os

serviços prestados ao público, sendo na realidade lenta, voltada para os interesses particulares e

pouco orientada para a demanda dos cidadãos.

Em contrapartida Paula (2005), aborda que durante o século XX, as organizações burocráticas

eram visualizadas como órgãos de bom funcionamento nos negócios e serviços. Possuindo dentro de

características analisados por Weber ao qual sustenta o tipo ideal vislumbrado pelo mesmo como:

organização baseada na dominação racional-legal; administração profissional e impessoalidade. Sendo

caracterizado como uma organização baseada na obediência dos colaboradores através de regras e

centralização de poder.

Na visão de Matias-Pereira (2009, p. 55), a burocracia apresenta vantagens como,

“Racionalidade no alcance dos objetivos; precisão na definição do cargo e na operação, pelo

conhecimento exato dos deveres; rapidez nas decisões, pois cada um conhece o que deve ser feito e

por quem, as ordens e papéis tramitam por canais estabelecidos; univocidade de interpretação.” Ele

ainda diz que, “A informação é discreta, uma vez que é fornecida apenas a quem deve recebê-la;

uniformidade de rotinas e procedimentos que favorecem a padronização, redução de custos e de erros,

pois os procedimentos são definidos por escrito; continuidade da organização por meio de substituição

de pessoal.”

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Percebe-se que as decisões e consequências são previsível (desejadas) dentro de seu

funcionamento, com proposito de se alcançar maior eficiência organizacional, como também as

consequências imprevistas (indesejadas), que acarretam as imperfeições e ineficiência.

2.1.3 A evolução da Administração Pública

As mudanças ocorridas após a Segunda Guerra Mundial contribuirão na aceleração do nível de

maturidade político-econômico-social dos governos e sociedade na década de 1970, provocando

anseios para a substituição do modelo burocrático pelo modelo gerencial. Elevaram-se as atribuições

dos governos e complexibilidade de ações, tendo o processo de globalização econômica indutor de

mudanças na ordem: econômica, culturais, tecnológicas, sociais e políticas. Assim os países

começaram a adotar essas mudanças tornando-se mais pluralistas, democráticos e conscientes. Onde

a partir de todos esses fatores iniciaram esforços para promover a reforma do Estado brasileiro,

buscando a criação de novas instituições legais e organizacionais. (MATIAS-PEREIRA, 2009).

Enquanto para Matias-Pereira (2010), a modernização da Administração Pública buscou um

modelo de gestão que alcance vários objetivos como: melhor qualidade na prestação de serviços a

população, aperfeiçoar o sistema de controle social da administração pública, elevar a transparência,

combater a corrupção, valorização de serviços. Essas mudanças requerem transformações estruturais,

de regras, processos e medidas para a eficácia, eficiência, modernização, efetividade no proposito de

melhorar a qualidade da prestação do serviço público na perspectiva dos cidadãos.

Nessa perspectiva Chiavenato (2008), aponta que foi a partir do Plano Diretor da Reforma do

Aparelho do Estado, desenvolvido por Fernando Henrique Cardoso em 1995, que começou a ser

implantado por Vargas o modelo idealizado por Weber que se trata do modelo burocrático visando à

redução das práticas patrimonialistas presentes na época. Mas com o passar do tempo, percebeu-se

que a burocracia era exacerbada, em relação a suas características, sendo pouco flexível e

inadequado ao sistema que se desenvolvia. Fazendo surgir assim o modelo gerencial, que visa uma

administração semelhante a adotado no setor privado, com ferramentas buscando maximizar seus

resultados, buscando responder deforma rápida aos anseios da sociedade.

2.1.4 As três formas de Administração Pública

Ao longo do tempo, a administração pública evolui através de três modelos básicos:

administração pública patrimonialista, a burocrática e a gerencial. Essas formas se sucedem no tempo,

mas sem que sejam inteiramente abandonadas. Das quais são abordadas segundo Chiavenato (2008):

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Na administração pública patrimonialista o estado funciona como extensão do poder soberano,

possuindo status de nobreza real, tendo a corrupção e o nepotismo inerentes a este tipo de

administração. Surge com o tempo à democracia e o capitalismo tornando-se dominantes, o estado e a

sociedade civil passa a se distinguir do Estado, tornando o patrimonialismo inaceitável.

Dai surge no século XIX, no Estado liberal, como maneira de combater a corrupção e o

nepotismo a administração pública burocrática, constituindo-se de princípios de formalização,

profissionalização, hierarquia funcional, impessoalidade, formalismo. A qualidade principal desse

modelo é a efetividade no controle de abusos, seu defeito é a ineficiência, a incapacidade de voltar-se

para os cidadãos vistos como clientes.

Já no século XX, com o desenvolvimento tecnológico, globalização, funções econômicas

deixaram à mostra as lacunas do modelo anterior, dando espaço à administração pública gerencial que

flexibilizou alguns de seus princípios. A principal diferenciação é a forma de controle, que deixa de

basear-se nos processos, voltando-se para os resultados. Administração pública gerencial visa a

definição dos objetivos que o administrador deve atingir, garantindo autonomia para o controle e

cobrança de resultados, ou seja, inspira-se na administração de empresas.

Já para Miranda (2013), o modelo gerencial se contrapõe ao burocrático. A administração

pública gerencial procura concernir à nova realidade da sociedade, com seus novos papeis e formas de

atuação do Estado, além de atender ás reivindicações das democracias.

2.1.5 Nova Gestão Pública no Brasil

O surgimento da nova Administração Pública foi proposto por volta de 1960 sendo o maior

desencadeador dessa mudança o aumento das expectativas e demandas dos cidadãos, diversos

países passaram a exigir uma forma diferente para a orientação da Administração Pública para atender

a crescente exigência da população. Assim deu-se origem a NAP (Nova Administração pública), em

que muitos países tinham a necessidade de incrementar a eficiência, eficácia e efetividade das suas

prestações de serviços.

A expressão NAP no contexto brasileiro foi incorporada como Administração Pública Gerencial,

que segundo Matias-Pereira (2009, p. 55), pode ser sintetizada, como “A redução ou remoção de

diferenças entre o setor privado e público, refletindo tanto a crença nos métodos do mercado e das

empresas privadas quanto à descrença nos serviços públicos.”

Em contrapartida Erkens (2010), ressalta que uma das maiores contribuições para essa

mudança foi dada através do sociólogo alemão Max Weber, que enfatizava a racionalidade, eficiência,

divisão de tarefas, regras de conduta, etc. Tudo isso visando o oferecimento de melhores serviços com

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menor custo. Assim na atualidade vemos a Nova Gestão Pública buscando um modelo de

administração ainda mais eficaz, buscando a descentralização de recursos e competências, pois

através da descentralização os indivíduos poderão agir com maior liberdade, expor suas opiniões

ajudando na formulação das políticas públicas, pois os mesmos são os que convivem mais próximos

daquela realidade, sabendo suas maiores deficiências, precariedades e lacunas a serem preenchidas.

Assim a Nova Gestão Pública dá independência e responsabilidade aos indivíduos, sendo uma

administração focada na liberdade e cidadania, com cidadãos mais livres e colaborativos que poderá

tornar o regime democrático mais forte, capaz de proporcionar uma vida melhor para a população.

2.1.6 Governabilidade, Governança e Accountabillity

De acordo com Matias-Pereira (2009, p. 69), a respeito das diversas formas sistemáticas na

literatura sobre o Estado de políticas públicas como, “A capacidade política de governar, ou seja, a

governabilidade seria resultante, da relação de legitimidade do Estado e seu governo com a sociedade,

e a governança, por sua vez, decorreria da capacidade financeira e administrativa, em sentido amplo,

do governo de realizar políticas.” Assim fica evidenciado que a principal diferença entre as forma de

governança e governabilidade está na maneira como se dá a legitimidade de suas ações.

No conceito de governabilidade, a legitimidade é proveniente da capacidade do governo de representar os interesses de suas próprias instituições. Por sua vez, no conceito de governança, uma parcela de sua legitimidade advém do processo como ela se caracteriza, ou seja, quando grupos específicos da população participam da elaboração e implementação de uma política pública, ela tem maior possibilidade de obter sucesso nos seus objetivos. O ponto de convergência entre a s duas – tornando-as semelhantes – refere-se à defesa da participação institucionalizada como meio para se atingir a estabilidade política (MATIAS-PEREIRA, 2009, p. 69).

Segundo Matias-Pereira (2009, p. 71), “O termo accountability pode ser considerado o conjunto

de mecanismos e procedimentos que levam os decisores governamentais a prestarem contas dos

resultados de suas ações, garantindo-se maior transparência e a exposição das políticas públicas.”

Quanto maior a oportunidade dos cidadãos poderem acompanhar se os governantes estão

desempenhando suas funções, de acordo com o interesse da coletividade, assim mais accountable

será o governo.

Nessa perspectiva Paula (2005), defende que governança está ligada à capacidade estatal de

implementar políticas e alcançar metas coletivas através de mecanismos capazes de expandir os

meios de conversação, a participação social e o jogo de interesses. Sendo assim interpretada por

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muitos como um sistema politico definidos por redes auto-organizadoras, em que os resultados são

produto da interação do governo, setor privado e setores voluntários.

Dentre o contexto a inúmeras visões sobre governança, Matias-Pereira (2009, p. 74-75)

aborda:

Governança enquanto Estado mínimo: baseia-se na redução dos déficits públicos;

Governança corporativa: oriunda de teorias como o management e da accountability;

Governança enquanto new public management (NPM): aborda a nova gestão e os

novos mecanismos institucionais, através da introdução de métodos do setor privado, e

medidas de incentivos no setor público;

Boa governança: visa a eficácia dos serviços públicos, a privatização de empresas

estatais, rigor orçamentário e descentralização administrativa;

Governança enquanto sistema sociocibernético: podendo ser um teste padrão ou a

estrutura sócio-político, como resultado das interações e intervenções dos demais

atores envolvidos no sistema político;

Governança enquanto conjunto de redes organizadas: em que no sistema mundial com

redes integradas e horizontalizadas, desenvolvem políticas e modelam o ambiente dos

sistemas.

A governança corporativa está elencada á maneira como as organizações são administradas,

sendo perceptível sua relação com a accountability (prestação de contas), havendo diferenças diante a

natureza das diversas corporações. Segundo Marques na visão de Matias-Pereira (2009, p. 77), aponta

entre os fatores essenciais para uma governança corporativa sólida está, “Estrutura administrativa;

ambiente administrativo; administração de risco; conformidade e complacência; monitoração e

avaliação de desempenho; responsabilidade em prestar contas; conformidade versus desempenho.”

Diante disso a governança se assemelha da governança corporativa, estando apoiadas em

princípios de ética, conformidade, transparência, prestação de contas, liderança, compromisso e

integridade. O uso dessas práticas propõe as organizações públicas à transparência e

responsabilidade por suas atividades, sendo os cidadãos os principais interessados perante as ações e

resultados atingidos.

2.1.7 Administração Pública e Sociedade Civil

Governar está relacionado à adoção de medidas/decisões para atender as necessidades da

população. Matias-Pereira (2009, p. 62), conceitua Administração Pública como, “Um conjunto de

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serviços e entidades incumbidos de concretizar atividades administrativas, ou seja, da execução das

decisões políticas e legislativas.” Portanto, a mesma possui uma gestão de bens e interesses

qualificados nos três níveis de governo o federal, estadual e municipal, segundo preceitos de Direito e

Moral, a fim de alcançar o bem público.

A Administração Púbica é ocupação de todos e/ou alguns que atuam em nome do povo

(sociedade), através de movimentos de forma legal, cujas ações influenciam a população e os grupos

sociais.

Num sentido mais amplo Matias-Pereira (2009, p. 63), define Administração Pública que, “É

uma das manifestações do Poder Público na gestão ou execução de atos ou de negócios políticos. [...]

fazendo a mesma confundir a própria função politica do poder público, expressando um sentido de

governo que se entrelaçaria com o da administração.”

Já o termo serviço público, é definido como um serviço oferecido por lei pelo Estado, que o

exerce diretamente ou por quem este designa, buscando satisfazer as necessidades da coletividade,

regida de forma total ou parcial diante do regime do Direito Público.

Segundo Matias-Pereira (2009, p. 65), a sociedade civil e um complexo institucional composto

de, “Conexões não governamentais e não econômicas e associações voluntarias quem ancoram as

estruturas comunicativas da esfera pública.”

Entre a relação da legitimação e soberania popular, aborda-se na concepção liberal a formação

democrática como forma de legitimar o exercício do poder político, enquanto na republicana, vai mais

além, ou seja, a sociedade deve ser construída numa coletividade politica.

Nesse sentido Habermas (1996, p. 366), propõe a, “Substituição do par Estado/mercado pela

tríade Estado/mercado/sociedade civil, tendo como preocupação abarcar analiticamente aquelas

instituições sociais que não estão vinculadas ao Estado e/ou ao mercado.” Assim sendo um conjunto

de formas institucionais e associativas, que interagem comunicativamente, em sua reprodução e

apoiam-se em processos de integração social, dentro de seus limites.

Os direitos sociais dependem de um Estado com infraestrutura administrativa, para propiciar

políticas sociais de qualidade e acesso universal, a fim de desenvolver o bem-estar e segurança para

os cidadãos. Matias-Pereira (2009, p. 67), aponta que houve evolução de instituições que contribuíram

para o surgimento dos direitos, como:

Tribunais: garantindo os direitos civis e proteção;

Instâncias representativas locais e nacionais: garantindo o acesso à participação na

legislação;

Serviços sociais/políticas de Estado: garantindo a proteção contra a pobreza, doença

além de escolas.

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2.2 Políticas Públicas

O segundo tópico abordará o tema Políticas Públicas que será subdividido de acordo com,

Definição de Política Pública; O problema púbico; Tipos de Política Pública; Estilos de Políticas

Públicas; Políticas de Governo e Políticas e Estado; Federalismo e Políticas Públicas e Formulação,

Implementação e Avaliação de Políticas Públicas no Brasil.

2.2.1 Definição de Política Pública

Na língua portuguesa, o termo política assume duas conotações básicas politics e policy.

Politics consiste na obtenção e manutenção de recursos necessários para atividades ligadas ao poder.

Já o segundo termo policy, tem relação com orientações para a decisão e ação consideradas mais

concretas.

Já o termo política pública é considerado uma diretriz, desenvolvida para enfrentar um

problema público, a razão do estabelecimento dessa política é o tratamento ou resolução de um

problema considerado coletivo e relevante para a população.

Segundo Secchi (2010), há arbitrariedades na definição de política pública, por conta de

disparidades presentes em algumas indagações levantadas: i) Enlaces referentes à elaboração da

politica pública ser desenvolvidas por organizações estatais ou não estatais. Apresentando a

abordagem estatística que defende que só se é política pública quando emanada de ator estatal. Já a

abordagem multicêntrica considerada todas as outras organizações, juntamente com as estatais

protagonistas na elaboração das políticas públicas. ii) O segundo ponto destaca políticas públicas como

negligência ou omissão, onde o autor aborda que não, que as mesmas resultam de uma diretriz

intencional, sejam leis, decisões judiciais, enfim. Se um ator governamental ou não decide não agir

para resolver um problema público, o mesmo não se constitui como política pública, assim tem-se a

falta de uma política voltada para a resolução de um problema público. Assim nem toda omissão e

negligência pode ser considerada políticas públicas, pois no caso da omissão o mesmo opta em não

interferir havendo um vazio de política. iii) Indaga se somente as diretrizes estruturantes (nível

estratégico) são políticas públicas ou as operacionais também fazem parte dessa elaboração. Há

diferentes posicionamentos, mas o autor aborda que são políticas públicas tanto as diretrizes

estruturantes como as intermediarias e operacionais, pois independentemente do nível de análise a

importância maior está na resolução do problema público.

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2.2.2 O Problema Púbico

De acordo com Secchi (2010) problema público, pode ser entendido como a diferença entre a

situação atual (real), e a situação ideal possível para o melhoramento daquele problema e realidade

pública. Porém, para ser considerado problema público, o mesmo deve ter implicações para uma

quantidade notável de pessoas. Assim é considerado problema público, quando os atores políticos

enxergam como situação inadequada (problema) e pública por afetar grande quantidade de pessoas.

Um problema público pode aparecer subitamente como em situações de catástrofes naturais

que afetem grande número de pessoas, pode ganhar importância com o tempo como

congestionamentos e já estar presente, mas não ser percebidos devido a coletividade já ter aprendido

a conviver com o mesmo. Secchi (2010) saliente que a identificação do problema público envolve a

percepção do problema, a definição ou delimitação do problema e avaliação das possibilidades de

resolução. Sendo os partidos políticos, os agentes políticos e as organizações não governamentais são

alguns atores que se preocupam em identificar esses problemas públicos.

2.2.3 Tipos de Política Pública

Segundo Secchi (2010), dependendo do tipo de política pública que está em curso, em jogo, a

estrutura dos conflitos, das coalizões e equilíbrio de poder se modificam, assim surgem as tipologias

que é um esquema de interpretação e análise de um fenômeno baseado em variáveis e categorias

analíticas, em que classificam os conteúdos, os atores, os estilos, as instituições dentro de todo esse

processo político. Assim as tipologias apresentadas baseiam-se na essência, intencionalidade,

estrutura de indução de comportamento e os resultados esperados das políticas públicas. De acordo

com Secchi (2010), têm-se as tipologias:

Tipologia de Lowi – formulada em 1964 baseia-se no impacto esperado pela sociedade, quede

acordo com o mesmo há quatro tipo de políticas: i) Políticas regulatórias que adotam padrões de

comportamento, normas, leis para atores públicos e privados. ii) Políticas distributivas estabelecem

benefícios para alguns atores e custos difusos para toda coletividade, como exemplo pode citar a

gratuidade de taxas para certos grupos de usuários públicos. iii) políticas redistributivas concedem

benefícios a certas categorias de atores e implicam em custos sobre outras, exemplo às cotas raciais

em universidades. iv) Políticas constitutivas caracterizam-se como regras, que competem as

jurisdições, competências, regras de disputas políticas e elaboração das mesmas, são superiores aos

outros três modelos abordados.

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Tipologia de Wilson – formulada através da distribuição de custos e benefícios da política

pública para a sociedade como um todo. Essa tipologia ajuda e complemente a tipologia de Lowi, a

mesma concentra dois tipos de políticas: i) Políticas empreendedoras em que os benefícios são

coletivos e os custos concentrados sobre certas categorias. ii) Políticas majoritárias são as que os

custo e benefícios são coletivos entre ambos, como serviços públicos de segurança, saúde, educação,

etc.

Tipologia de Gormley – se diferencia dos demais através do nível de saliência (Quando afeta

grande numero de pessoas) e o nível de complexidade (aborda questões fatual que não se pode ser

respondida por amadores ou generalistas, deve-se ter conhecimento especializado para sua

formulação e implementação). Adota quatro tipos de políticas: i) Políticas de audiência são de simples

elaboração, mas que tendem a atrair grande atenção da população, exemplo regulamentação sobre o

aborto. Ii) Política de baixo calão possui simplicidade na elaboração e não atraem grande atenção

popular. Iii) Política de sala de reuniões necessita de um conhecimento técnico (complexidade) para

seu desenvolvimento, encontra partida atraem pouca atenção diante da coletividade. Iiii) Política de

sala operatória possui técnicas densas e com apoio popular.

Tipologia de Gustafsson – nessa proposta tem-se como critério de distinção o conhecimento e

a intenção. Possui quatro vertentes políticas: i) Política real incorporam a intenção e o conhecimento

para resolver um problema público. ii) Política simbólica quando se à o conhecimento para resolve-la,

mas não à o interesse presente para resolução. iii) Pseudopolíticos possui interesse para resolvê-lo,

mas não tem o conhecimento necessário para colocar em prática. iv) Políticas sem sentido elabora sem

conhecimento especifico, além de ser vazia de interesse (intenções) genuínas.

Tipologia de Bozeman e Pandey distingue-se em duas: i) Políticas de conteúdo político que

possuem conflitos relevantes no estabelecimento e ordenamento de objetivos identificados antes da

implementação; ii) Políticas de conteúdo técnico com poucos conflitos diante do estabelecimento e

ordenamento dos objetivos, mas podendo haver conflitos nos métodos. Os autores afirmam que as

políticas podem ter tanto aspectos políticos como técnicos simultaneamente, podendo prevalecer um

mais em relação ao outro.

Porém diante das tipologias abordadas por Secchi (2010), também se pode analisar as

políticas públicas através de outros métodos como a analise dedutiva ou criar uma nova tipologia

através do método indutivo.

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2.2.4 Estilos de Políticas Públicas

Os estilos de politicas públicas podem ser considerados como uma forma, jeito de fazer as

coisas, uma forma padrão de se elaborar, formular e implementar uma política. Os estilos de políticas

variam, por isso é necessário analisar qual método e modelo se enquadra melhor para a resolução do

problema público ou que atenda suas resoluções básicas.

De acordo com a visão de Secchi (2010), baseado em outros autores afirma que existe

distinção entre os estilos, já que variam de acordo com a abordagem da resolução de problemas

(proativo e reativo) e da relação dos atores governamentais e atores sociais (Consensual e impositivo).

Assim o eixo proativo caracteriza-se pela racionalidade, com objetivos claros de acordo com as

opções de soluções, com análise dos ambientes e objetivos prefixados, procurando uma significativa

mudança da realidade. Já o estilo reativo caracteriza-se pelo incrementalíssimo, ligado a lógicas

políticas e institucionais, em que primeiro é realizado uma análise do ambiente, dos recursos

disponíveis e obstáculos presentes para poder se definir os objetivos. Nessa lógica, sua formulação e

implementação só ocorre devido às práticas existentes não estarem sustentando as pressões políticas

presentes.

No eixo consensual os protagonistas envolvidos procuram balancear suas decisões, com a

presença e participação dos demais autores. O estilo impositivo seus protagonistas tomam as decisões

autônomas (sozinhos), como se fossem centralizadores. Com a intersecção dos dois eixos constroem-

se um mapa de estilos, que dão apoio para análises comparativas em relação à elaboração e

implementação de políticas públicas.

2.2.5 Políticas de Governo e Políticas de Estado

A expressão Governo e Administração Pública, muitas vezes se confundem, mas possui

distinções entre si, enquanto governo é uma fora de conduzir politicamente os negócios públicos e

orientando as metas para a Administração Pública realizar a execução.

Segundo Matias-Pereira (2009), os princípios e fundamentos do Estado adotados na

Constituição Federal são distintos dos princípios do Governo. Sendo nítida a distinção entre políticas de

Governo e de Estado no âmbito do direito constitucional brasileiro, sendo definidos:

Políticas de Estado são estabelecidas por lei, que envolve ações do Legislativo e

Executivo em seu complexo processo. São consideradas estáveis, sendo alteradas

somente para se ajustarem a um novo contexto histórico que venha a surgir, exigindo

alterações do quadro legal. Trata-se de políticas estruturantes.

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Políticas de Governo são os objetivos, desenvolvidos pelos candidatos no plano de

governo, que caso eleitos buscam implantá-los. Essas políticas devem estar em

consonância com as políticas de Estado.

Assim políticas públicas são com metas, propostas, princípios, objetivos voltados para o

interesse da coletividade. Em que deve ser conjugadas com as políticas de Estado de acordo com a Lei

e orientações das políticas governamentais.

2.2.6 Federalismo e Políticas Públicas

De acordo com Medeiros e Levy (2010), federalismo refere-se a uma organização político-

territorial baseada no compartilhamento e legitimidade de decisões/ações coletivas em mais de um

nível de governo. Trata-se de um acordo para estabelecer o compartilhamento da soberania (poder),

fazendo existir diversos entes autônomos, cujas relações presentes são geralmente mais contratuais

do que hierárquicas, resultando no “principio de autonomia com a interdependência entre as partes”,

com a divisão das funções/poderes.

Já para Franzese (2009), aborda que quanto maior o poder dos entes federativos no sistema

político, mas aumentará as restrições ao conjunto dos cidadãos dentro da federação. Apontando-se

favorável perante o modelo majoritário de democracia.

O federalismo moderno foi criado em 1787 nos Estados Unidos, onde as 13 colônias abriram

mão de parte de sua independência, para a criação de uma nova esfera de governo a União.

A inspiração para a adoção do modelo federativo no Brasil veio da experiência norte-americana. Entretanto, havia várias diferenças entre os dois países e a forma como se instalou a Federação brasileira muitas vezes fugiu dos propósitos dessa organização territorial do poder. Os princípios de autonomia e interdependência, bem como as noções de controle mútuo e de coordenação intergovernamental, tiveram uma trajetória tortuosa em nosso País, e ainda hoje têm problemas para realmente se efetivar (MEDEIROS e LEVY, 2010, p. 27).

Nessa perspectiva a criação do federalismo no Brasil ocorreu com a descentralização do poder

do centro para o Estado, já que o mesmo era regido pela centralização de poder. Sua estrutura

institucional era a Constituição Federal, Senado federal com representação dos estados e o Tribunal

Superior para jugar os conflitos federativos.

Porém em 1937, no governo de Getúlio Vargas ocorreu um golpe, instalando um Estado Novo,

com forte centralização, abolindo assim o federalismo da constituição, gerando o fortalecimento do

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Executivo e da burocracia federais. Mas com as novas regras democráticas da constituição de 1946, o

federalismo volta a ser fundamentado no Brasil (MEDEIROS E LEVY, 2010).

Em contrapartida Franzese (2009), aponta dois modelos de federalismo o competitivo e o

cooperativo, em que o federalismo competitivo caracteriza-se como a distribuição de competências

entre níveis de Municípios, Estado e União, baseada na divisão de responsabilidades de acordo com a

área de política pública em atuação, procurando com essa dinâmica separar o espaço de atuação

dessas esferas de governo, preservando a autonomia das unidades federativas e favorecendo a

competição entre ambas. Sendo um modelo descentralizado, em que a tributação também é dividida,

mas possibilitando a fixação de diferentes valores pelos entes federativos. Já o federalismo

cooperativo vê-se á presença de politicas de incentivos, dividindo os poderes entre eles de forma

funcional, elaborando tarefas a serem executadas conjuntamente. Ao contrario das disfunções

tributarias, tem-se um sistema de taxação conjunta, custos compartilhados e equalização fiscal. Nessa

perspectiva e diante a divisão constitucional no âmbito brasileiro nos aproximamos mais do modelo

cooperativo, de acordo com o artigo 23 da Constituição Federal (CF), que aborda uma série de áreas

de politica publica comuns às três esferas de governo.

Segundo Medeiros e Levy (2010), duas áreas avançaram com a descentralização em razão da

coordenação do Governo das quais foram a Educação e Saúde. De acordo com a constituição de

1988, as políticas de saúde são de responsabilidade das três esferas governamentais, tendo o Sistema

Único de Saúde (SUS), uma parte financiada pelo Governo Federal, o qual produziu incentivos para

que os municípios assumissem o serviço de saúde através de normas federais, regulamentando as

condições dos serviços – Normas Operacionais Básicas (NBOs) sendo fatores relevantes para a

adesão de 99% dos municípios.

Porem no governo de Fernando Henrique ocorreu além da transferência de recursos, a

presença da função redistributiva, com o Piso de Atenção Básica (PAB), que utiliza critérios de repasse

baseado no número de habitantes e os serviços oferecidos de acordo com a adesão aos programas de

saúde como: “Saúde da Família/Agentes Comunitários de Saúde, Saúde Bucal, Assistência Financeira

Básica, Combate às Carências Nutricionais, Combate a Endemias e Vigilância Sanitária” de cada

município. Outra medida importante implementada foi a Emenda Constitucional n° 29, instituindo o

vinculo de receitas entre as três esferas de governo. (MEDEIROS E LEVY, 2010).

Perante essa perspectiva pode-se dizer que o desenvolvimento do Estado no Brasil está

intimamente ligado com a dinâmica federativa.

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2.2.7 Formulação, implementação e avaliação de políticas públicas no Brasil

Conforme o abordado nós tópicos anteriores evidencia-se o dispendioso processo histórico das

políticas públicas no Brasil, assim como carência de um sistema federativo autêntico. Diante dessa

realidade, explicam-se as razões que dificultam a participação da sociedade no controle democrático

do Estado. A partir de algumas considerações perante as políticas públicas brasileiras destacam-se

algumas fases conforme Matias-Pereira (2010) afirma:

Formação de assuntos

Públicos e políticas públicas: em as questões surgem e formam correntes de opinião,

Contribuindo para a formação a agenda política com questões de políticas definidas.

Formulação de políticas públicas: processo de elaboração no Executivo, Legislativo e

em outras instituições públicas, sob a abordagem da racionalidade econômica,

racionalidade político-sistêmica ou da formulação responsável.

Processo decisório: estando interligado com o anterior, mas com delimitações próprias,

sob os grupos de pressão, exercendo influência sobre os tomadores de decisão de

qualquer instância.

Implementação das políticas: relacionam-se ao processo de execução, formulação e

decisão das políticas públicas, inter-relacionada aos programas, às administrações

públicas, grupos de sociais envolvidos.

Avaliação de políticas: consideram-se os padrões distributivos resultantes, ou seja,

quem recebe o que, quanto e como, e qual sua diferença em relação a situação

anterior à implementação. Analisando os efeitos, consequências e impactos tanto

positivos quanto os negativos gerados na sociedade, na economia e na política.

Assim destaca-se a relevância das políticas públicas, como um elenco de disposições, medidas

e procedimentos orientando as políticas de Estado e regulado as atividades de interesse público.

2.3 Políticas Públicas de Saúde no Brasil

O terceiro tópico abordará o tema Políticas Públicas de Saúde no Brasil, que será subdividido

em subseções de acordo com, o histórico das políticas de saúde no Brasil; a criação do Sistema Único

de Saúde (SUS); Política Nacional da Atenção Básica e Estratégia Saúde da Família.

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2.3.1 Histórico das políticas de saúde no Brasil

O Brasil é uma republica federativa, na qual possui um território de 8,5 milhões de quilômetros

quadrados, representando 47% da América do Sul. Com uma população estima em 2016 de

206.391.518 (IBGE, 2016). Em que seu sistema politico conta com três esferas de poderes autônomos

o governo federal, 26 estados e um distrito federal e 5.563 municípios. O país conta com o poder

executivo (chefiado pelo presidente), legislativo e judiciário. O Brasil foi uma colônia de Portugal em

1500, em que conquistou sua independência politica em 1822, mas só se tornou republica em 1889.

Porem no século XX, o Brasil passou por um processo de industrialização, instabilidade politica, golpes

militares e governos altamente autoritários conforme já abordado em tópicos anteriores. Mas os últimos

25 anos foram representados por fases democráticas no país (PAIM, 2011).

O sistema de saúde no Brasil constitui-se de um conjunto de instituições públicas e privadas

com diferentes contextos históricos. No século XX, com campanhas realizadas sob moldes militares

implementadas sobre atividades de saúde pública, ao qual com a natureza autoritária dessas

campanhas gerou oposições diante da população, políticos e lideres militares. Essa oposição

desencadeou à Revolta da Vacina, em 1904, gerando o episódio de resistência a uma campanha de

vacinação obrigatória contra a varíola sancionada por Oswaldo Cruz (PAIM, 2011).

Segundo Miranda et al (2013), a trajetória da saúde pública no Brasil está associada a

determinantes históricos, culturais, sociais e econômicos. Este percurso foi marcado por conflitos e

interesses que levaram a fortes desigualdades sociais, onde a saúde era exclusividade da minoria. O

estado começou a se preocupar somente com a saúde da população a partir do momento que passou

a interferir nos interesses políticos e econômicos do país. O modelo de saúde adotado até 1988 dividia

a sociedade em três grupos os que podiam pagar pelos serviços de saúde privados; os que possuem

direito à saúde pública por serem trabalhadores com carteira assinada (formais) e os que estavam

excluídos dos demais processos.

Em contrapartida Miranda et al. (2013), defende que o cenário das políticas públicas de saúde

no Brasil perpassa pela compreensão de fatores históricos, sociais e políticos que influenciam esse

processo. A saúde começou a ser pensada somente em 1808, após a chegada da família real,

vislumbrando atender os interesses exclusivos da corte. Assim a forma de atuação do Estado brasileiro

durante o século XIX em relação à saúde se restringia ao combate eventual de epidemias.

O Estado passou a se preocupar com as condições de saúde da população, apenas quando a

doença começa a interferir no desempenho da sociedade no mercado de exportação, ao qual colocava

e risco a economia brasileira, este, no entanto não sendo compreendida como um bem publico e social.

Durante o regime militar no Brasil de 1964 e 1985 instalou-se o modelo de saúde médico

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hospitalocêntrico e privatista que valorizava a saúde individual, distanciando das práticas voltadas para

a saúde pública. Sendo reguladas por capital externo que consistia em tecnologia e medicamentos,

com ênfase em procedimentos curativos e assistenciais. Trabalhadores rurais e empregados

domésticos passaram a ter direitos previdenciários (acesso à saúde), somente a partir da década de

70. Mas em 1988 o Brasil adota um modelo de saúde que dividia a sociedade em três classes: os que

podiam pagar; os que possuíam direitos por terem carteira assinada e os excluídos do processo. Sendo

que neste período a saúde não era considerada um direito social. Porem a Reforma Sanitária foi um

movimento democratizador, realizado antes da Constituição Federal de 1988, resultando numa

mobilização dos diferentes segmentos em busca da mudança da concepção ideológica ao qual a saúde

pública brasileira se encontrava a partir desse movimento se materializava a criação do Sistema Único

de Saúde – SUS através da constituição de 1988 (MIRANDA, 2013).

De acordo com Paim (2011), o sistema de saúde atual é formado por uma rede de prestadores

e consumidores de serviços que pleiteiam entre ambos. O sistema de saúde conta com três

subsetores: o público aos quais os serviços são financiados pelo Estado entre os níveis federal,

estadual e municipal; o privado (com ou sem fins lucrativos), financiados por recursos públicos ou

privados e por ultimo o suplementar com vários planos de saúdes privados, apólice de seguro e

subsídios fiscais. Dessa forma se percebe a distinção entre ambos, mas estando acoplados, podendo

os usuários fazer uso dos três subsetores dependendo da facilidade do acesso ou capacidade de

pagamento.

2.3.2 Criação do Sistema Único de Saúde

De acordo com Brasil (2003), em 1986 foi-se realizado em Brasília a 8° Conferência Nacional

de Saúde com participação ampla de usuários, prestadores de serviços, gestores e trabalhadores de

saúde. A Conferência foi um marco na formulação das propostas e mudanças do setor de saúde.

Através do relatório final e com o resultado do debate entre as diversas propostas referentes ao setor

de saúde apresentados na Assembleia Nacional Constituinte, acorreu a aprovação da Constituição

Federal de 1988 em que cria o Sistema Único de Saúde (SUS), reconhecendo a saúde como um direito

a ser assegurado á todo cidadão pelo Estado e pautado nos princípios de universalidade, equidade,

integridade e com organização descentralizada, hierarquizada e com a participação da população.

Antes da criação do Sistema Único de Saúde, o Ministério da Saúde, desenvolvia quase que exclusivamente ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, como campanhas de vacinação e controle de endemias. A atuação do setor público na chamada assistência médico-hospitalar era prestada pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), autarquia do Ministério da Previdência e Assistência Social,

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sendo que a assistência à saúde desenvolvida beneficiava apenas os trabalhadores da economia formal, segurados do INPS e seus dependentes, não tendo caráter universal (BRASIL, 2003. p. 24).

Cabe ressaltar que já havia a presença de ações de promoção de saúde desenvolvidas pelo

governo, mas de forma aleatória não alcançando a totalidade populacional.

Já para Paim (2011), a implementação do SUS começou em 1990, ano da posse de Fernando

Collor de Mello, primeiro presidente eleito pelo voto popular após a ditadura militar, ao qual seguiu a

forma neoliberal, não se comprometendo com a reforma sanitária. Mesmo assim em 1990 ocorreu a

aprovação da lei Orgânica da Saúde especificando as atribuições e organização do SUS. Porem a

reforma sanitária foi retomado após o impeachment do presidente por corrupção. Dessa forma a

descentralização passou a aumentar, dai foi lançado o antigo Programa de Saúde da Família (PSF)

agora denominado com Estratégia de saúde da Família (ESF). Ainda na década de 1990 foram

lançadas várias iniciativas de saúde como um programa nacional de controle e prevenção de

HIV/AIDS, maiores esforços com o controle de tabagismo, criação da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária, Agência Nacional de Saúde Suplementar e a criação de um modelo de atenção à saúde

indígena. Além dos serviços de atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e a Politica nacional de Saúde

Bucal (brasil sorridente) entre outras implementadas após 2003, durante o governo de Lula.

Em contrapartida para Franzese (2009), o instrumento legado da nacionalização da politica

publica na área de saúde, se deu pela criação e fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). A

estratégia de universalização do sistema atentou-se para a descentralização da implementação da

gestão de saúde. Porém o legado prévio do SUS era centralizador, sendo sua politica de saúde

gerenciada e financiada por apenas um ente federal, o Instituto Nacional de Assistência Medica e

Previdência Social – (INAMPS). Ao qual não havia universalização, sendo restrito aos trabalhadores

formais que fossem contribuintes da previdência. Sendo a centralização um dos fatores que

favoreceram ao governo estudar aas possibilidades de descentralização, definindo as prioridades e

regras básicas de prestação dos serviços, em que posteriormente seria subnacional.

Porém as bases dessa definição foram constitucionalizadas e detalhadas nas leis n° 8.080/90

e 8.142/90 da CF. Mas seu desenho ocorreu pelas normas Operacionais Básicas (NOBs), editadas

pelo Ministério da Saúde ao longo dos anos de 1990, incentivando os municípios a adesão ao SUS e

desenhando o modelo de atendimento á saúde ao qual se tem hoje no país. O movimento de adesão

também está bastante ligado à oferta de recursos e à segurança que esses recursos seriam

transferidos através de acordos intergovernamentais que regulamentam e fiscalizam seu repasse para

a implementação do programa em abrangência nacional (FRANZESE, 2009).

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Em contrapartida Ferreira (2012), destaca que a NOBs è uma portaria do governo federal que

definem objetivas e diretrizes para a descentralização e ralações entre as esferas de governo, tendo

caráter transitório, ou seja, pode ser reeditado. Assim como o sistema é alinhado por NOBs federais, o

conceito de descentralização recai sobre uma “ambiguidade” suplementada pela instancia federal, pois

todos os recursos necessitam da liberação de um ato de Brasília, sendo dessa forma uma rede de

serviços hierarquizada, exigindo constantes negociações entre as esferas de governo, pois o Brasil é

uma Federação.

Nessa perspectiva Litwinski (2011), aborda que antes da implantação do SUS a assistência de

saúde a população estava restrita as condições de trabalho, pois quem possuía uma carteira

profissional assinada adquiria assistência médica por meio das caixas de previdência. Para por fim a

essas desigualdades começou a surgir o movimento da reforma sanitária. No qual esse movimento

defendia que todos deveriam ter amplo acesso aos serviços de saúde, independentemente da sua

classe social, tendo a saúde como uma politica nacional de desenvolvimento não apenas voltada para

a previdência social. Dessa forma para promover o acesso universal e igualitário, foi criado o Sistema

Único de saúde (SUS), nas quais os serviços de integra em uma rede regionalizada e hierarquizada,

constituindo um sistema único. O SUS se organiza e se sustenta nas leis (8.080 e 8.142 de 1990), com

o processo de municipalização, ou seja, os recursos federais destinados ao financiamento das ações

de saúde são repassados diretamente para os municípios, que alocam esses recursos de acordo com

suas realidades e necessidades.

Diante dos fatos Ferreira (2012), também defende o fato que a partir da nova Constituição

Brasileira de 1988 foi que ocorreu a criação do SUS garantindo ao cidadão o acesso ás ações de

prevenção, promoção e recuperação da saúde. Sendo o SUS regulamentado pelas leis 8.080/90 e

8.142/90, que definem seus princípios de implementação, que prioriza a descentralização,

universidade, equidade, integridade e controle social. O SUS busca a reorientação da prática

assistencial baseado na atenção básica, mudando os paradigmas vigentes, modificando antiga forma

de atuação dos profissionais e coadjuvar o acesso da população ao sistema de saúde. Tendo o

sistema algumas normas de operações, que descentralizam sua administração estabelecendo formas

de manutenção das estruturas de financiamento em instância federal.

Nessa perspectiva Miranda (2013), defende que a criação do SUS pela CF de 1988, foi

impulsionada pelo movimento reformista sanitário e luta da população por seus direitos, dos quais tem

como mandamento constitucional o direito à saúde como “direito de todos” e “dever do Estado”. Dentre

os princípios fundamentais da sua concepção tem-se:

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i) A universalidade das ações, onde as diferenças sociais como sexo, cor, raça e outros não podem impedir o livre acesso ao sistema; ii) equidade ou igualdade de acesso que pode ser traduzida como justiça social, neste caso, recebe mais quem precisa de mais; iii) a integridade, orienta que os usuários deverão ser concebidos como um todo de forma biopsicossocial; iv) a descentralização como estratégia para redução das desigualdades sociais; v) a regionalização e hierarquização das ações, que são diretrizes importantes para a descentralização e racionalização das ações de saúde; vi) o direito de participação social ou controle social, garantindo que o usuário participe ativamente no direcionamento das políticas de saúde, criando espaços para a prática da democracia participativa (MIRANDA, 2013 p. 136).

Ferreira (2012) defende que entre as prioridades do SUS estão: saúde do idoso; controle do

câncer do colo de útero e da mama; redução da mortalidade infantil e materna; fortalecimento da

capacidade de resposta às doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase,

tuberculose, malária e influenza; promoção a saúde e fortalecimento da atenção básica.

Souza (2012) afirma que atualmente o SUS é um dos maiores programas de saúde pública do

mundo, tendo um dos maiores sistemas de atenção de saúde primária do mundo, sendo o mesmo a

Estratégia de Saúde da Família (ESF).

2.3.3 Política Nacional da Atenção Básica

A Atenção Básica constitui-se de um conjunto de ações que tem como finalidade dar

consistência prática ao conceito de Vigilância em Saúde, que articula conhecimentos e técnicas

advindos da epidemiologia, do planejamento e das ciências sociais em saúde, modelando suas

praticas, articulando suas bases de promoção, proteção e assistência em saúde, a fim de garantir sua

integridade e adoção [FIGUEIREDO, 201-?].

De acordo com Brasil (2012) a atenção básica configura-se através de um conjunto de ações

de saúde, ressaltando o âmbito individual e coletivo, ante a promoção e proteção da saúde, a

reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de amplificar uma atenção

integral que impacte na saúde e autonomia das pessoas nos determinantes e condicionantes de saúde

da comunidade. Sendo estruturada por meio de praticas de cuidado e gestão, democrática e

participativa, através de trabalho em equipe, direcionadas a populações dos territórios definidos, ate a

responsabilidade sanitária considerando a dinamicidade da comunidade. Utiliza-se de tecnologias

vislumbrando o cuidado de casos complexos e variados auxiliando no manejo da demanda que se

apresentam com maior frequência e relevância no território, observando os critérios de risco,

vulnerabilidade, resiliência e o imperativo ético demandado pela carência de saúde ou flagelo devem

ser amparados.

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O governo federal, no decorrer dos anos, tem feito tentativas de adequar as normas nacionais da Atenção Básica, definindo parâmetros que estejam adaptados à atual realidade vivida pelo SUS. Com essa finalidade, o Ministério da Saúde, respeitando diversas leis, portarias e decretos presidenciais anteriormente deliberados – bem como o processo de integração das ações de vigilância em saúde e Atenção Básica, e a ESF como forma prioritária para reorganização da Atenção Básica no Brasil [FIGUEIREDO, 201-?, p. 2].

Assim, através de reuniões realizadas em setembro de 2011, criaram-se uma nova portaria que

revisa as diretrizes e normas para a organização da atenção Básica, o ESF e o Programa de Agentes

Comunitários de saúde (PACS). Porém as normas já existentes continuam com sua validade desde

que não conflitassem com a atual. Sendo que a ESF e outras estratégias organizativas da Atenção

Básica devem seguir as diretrizes da Atenção Básica e do SUS, considerando e incluindo as

especificidades loco regionais em vigor. [FIGUEIREDO, 201-?].

Em contrapartida Brasil (2012), salienta que a Politica Nacional de Atenção Básica (PNAB) é

decorrência de experiências acumuladas concomitantemente de atores envoltos historicamente com a

expansão e consolidação do SUS, através de movimentos sociais, usuários, trabalhadores e gestores

das esferas de governo (municipal, estadual e federal). De acordo destacado por Brasil (2012):

No Brasil, a Atenção Básica é desenvolvida com o mais alto grau de descentralização e capilaridade, ocorrendo no local mais próximo da vida das pessoas. Ela deve ser o contato preferencial dos usuários, a principal porta de entrada e centro de comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde. Por isso, é fundamental que ela se oriente pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social (BRASIL, 2012, p. 9).

Dessa forma com a instalação de Unidades Básicas de Saúde próxima as localidades

familiares com amplo acesso, acarretam o desenvolvimento de um papel central voltados para a

população garantindo o acesso básico de atenção à saúde.

2.3.4 Estratégia de Saúde as Família (ESF)

Com a tentativa de sobrepujar o modelo predominante centrado nas práticas curativas e

atenção médico-hospitalar, o Ministério da Saúde criou o Programa Saúde da Família (PSF), ao qual é

denominado hoje como Estratégia Saúde da Família (ESF). O então ESF surgiu em 1994, através da

estratégia de organização de ações de saúde nos serviços de atenção básica, baseado num novo

modelo de atenção, com ênfase na promoção de saúde dos indivíduos, famílias e comunidade. Sua

implantação proporcionou: amplo acesso da população aos serviços de saúde, desenvolvimento de

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práticas de saúde integradas coma as famílias, atendimento humanizado e promover o compromisso

com as necessidades dos usuários. (LITWINSKI, 2011)

Nesta perspectiva Litwinski (2011), a estratégia de Saúde da Família se organiza por meio de

equipes de Saúde Família (ESF), composta por médico, enfermeiro, auxiliar ou técnico de enfermagem

e agentes comunitários de saúde. Cada equipe deve se responsabilizar por no máximo 4.000

habitantes, mas sendo em média recomendado apenas 3.000, com jornada de trabalho de 40 horas

semanais para seus integrantes.

Segundo Brasil (2003), o programa de Estratégia de Saúde da Família (ESF) antigo Programa

de Saúde da Família (PSF), teve sua implantação no inicio de 1994, como avanço do Programa de

Agentes Comunitários de Saúde. A ESF se foi colocada como uma alternativa para os sistemas de

saúde, segundo os princípios do SUS. Sendo o programa como uma forma de territorialização e

demarcação de um espaço concreto de atuação da equipe de saúde, tendo o núcleo familiar como

base e unidade no desenvolvimento de sua atuação. Assim permitindo compreender a dinâmica do

núcleo familiar, suas relações com a sociedade, seu modo social de produção e avaliar os

determinantes sociais que contribuem ou não no desenvolvimento do processo de saúde na

comunidade.

Souza (2012) defende que o ESF é constituído por uma equipe multidisciplinar composta por

médicos, enfermeiros, auxiliar de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Dessa o ESF procura

reorganizar a prática assistencial a partir de medidas preventivas e curativas em substituição ao

modelo assistencial, orientado pra a cura de doenças.

Já para o Ministério da Saúde [20--], o ESF está presente em mais de 3.200 municípios

brasileiros, em que os que possuem suporte adequado implantado, com profissionais capacitados e

sistema de saúde integrado, possuem condições efetivas de dar suporte a mais de 85% dos casos de

saúde da população atendida. A assistência na gravidez, atenção ao crescimento das crianças,

tratamento e prevenção de doenças frequentes são garantido pelas equipes de saúde da família. Essas

equipes contam dom o apoio de um médico, uma enfermeira, uma auxiliar de enfermagem e de 4 a 6

agentes comunitários de saúde atuando na unidade, podendo ainda ser potencializada com um

dentista e auxiliar. Além disso, a eSF realizam atendimento em domicilio, caso haja necessidade por

parte de algum usuário da comunidade.

Ainda de acordo com o Ministério da Saúde [20--], com a nova organização, implantação

adequada, equipes capacitadas e dispondo de estrutura física a ESF alcança inúmeros benefícios para

a população como: diminuição de morte de crianças por causas evitáveis; aumento da quantidade de

gestantes saudáveis e bem-informadas; melhor qualidade de vida dos idosos; aumento nos índices de

vacinação; hipertensos e diabéticos são diagnosticados, tratados e acompanhados; casos como

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tuberculose e hanseníase são localizados e tratados; diminuição de filas para atendimento nos

hospitais.

Nessa perspectiva Brasil (2012), a ESF visa à reorganização da atenção básica no país,

seguindo os princípios do SUS, sendo vista pelo Ministério da Saúde, gestores estaduais e municipais

aos quais são representados respectivamente pelo Conass (Conselho Nacional de Secretários de

Saúde) e Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), como estratégia de

expansão, qualificação e consolidação da atenção básica a fim de potencializar os princípios, diretrizes

e fundamentos da atenção básica ampliando a resolutividade e impacto na situação da saúde da

população. Além disso, Brasil (2012) aborda algumas das especificidades para as equipes da

Estratégia de Saúde da Família:

I- Presença de equipe multiprofissional (eSF), composta por no mínimo um médico

generalista ou especialista em saúde da família ou medico de família e comunidade; enfermeiro

generalista ou especialista em saúde da família; auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes

comunitários de saúde, podendo ser acrescido a essa equipe os profissionais de saúde bucal:

cirurgião-dentista generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar e/ou técnico em saúde bucal;

II- O número de agentes comunitários de saúde deve cobrir 100% da população

cadastrada, sendo o máximo de 750 pessoas por ACS e 12 ACS por eSF;

III- Cada equipe é responsável por no máximo de 4.000 pessoas, sendo a média

recomendada de 3.000, respeitando a equidade dessa definição. Considerando esse numero de

pessoas de acordo com o grau de vulnerabilidade das famílias de cada território, sendo assim que

quanto maior o grau de vulnerabilidade menor deverá ser a quantidade de pessoas por equipe;

IV- Os profissionais devem ser cadastrados em apenas uma eSF exceção apenas ao

médico, que poderá atuar em no máximo duas eSF com carga horaria de 40hrs/semanais;

V- Carga horaria de 40 horas semanais para todos os profissionais que atuam na equipe

de saúde da família, exceto os médicos.

Segundo o Ministério da Saúde [20--], o Agente Comunitário de Saúde (ACS) é um profissional

capacitado para reunir informações de saúde dentro da comunidade em que atua. Geralmente o

mesmo desenvolve seu trabalho na localidade onde reside facilitando assim o processo devido o maior

conhecimento do local, além de poder dedicar oito horas por dia. O ACS é orientado pelo médico e

enfermeiro da UBS, ao qual se desloca para as casas a fim de poder ajudar e anotar tudo que auxilie

no desenvolvimento da saúde na comunidade. Os ACS são responsáveis pelo acompanhamento de

aproximadamente 150 famílias que residem no seu campo de atuação.

Ainda segundo o Ministério da Saúde [20--], as ações de bucal tornam as ações da ESF mais

completas e eficazes. Sendo essencial que a ESB trabalhem em sintonia com toda a unidade de

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saúde, tendo uma visão integrada entre saúde bucal, médica e enfermagem, através de ações

multidisciplinares.

Já os auxiliares de enfermagem preparam os usuários para as consultas, exames, tratamentos,

cuidam da limpeza dos equipamentos, fazem curativos, aplicam injeções, participa da busca ativa de

casos como tuberculose, hanseníase entre outras doenças.

Os enfermeiros desempenham um papel fundamental nas ESF, pois acompanham e

impulsionam a capacitação dos agentes de saúde e auxiliares, sendo corresponsável pela

administração da UBS, além de desempenharem suas funções e atuar na assistência com ênfase na

promoção de saúde.

Segundo Junqueira (2016) as competências inerentes à prática clínica (médicas) não são

simplificadas para que atendam aos pressupostos da atenção básica, mas devem se articular com a

determinação social da saúde. São atribuições do médico, segundo o Anexo I da Portaria nº 648/GM:

I - Realizar assistência integral (promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos,

diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde) aos indivíduos e famílias em todas as

fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade adulta e terceira idade;

II – Realizar consultas clínicas e procedimentos na ESF e, quando indicado ou necessário, no

domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc.);

III - Realizar atividades de demanda espontânea e programada em clínica médica, pediatria,

gineco-obstetrícia, cirurgias ambulatoriais, pequenas urgências clínico-cirúrgicas e procedimentos para

fins de diagnósticos;

IV - Encaminhar, quando necessário, usuários a serviços de média e alta complexidade,

respeitando fluxos de referência e contra referência locais, mantendo sua responsabilidade pelo

acompanhamento do plano terapêutico do usuário, proposto pela referência;

V - Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, mantendo a responsabilização

pelo acompanhamento do usuário;

VI - Contribuir e participar das atividades de Educação Permanente dos ACS, Auxiliares de

Enfermagem;

VII - Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da

ESF.

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta sessão é destinada a apresentação do delineamento metodológico que foi aplicado na

pesquisa dentro de seu campo de estudo, na qual são descritos o tipo de pesquisa, universo e amostra,

como ocorreu à coleta dos dados e por fim o método utilizado no tratamento, na análise e na

interpretação dos dados coletados.

3.1 Tipo de pesquisa

Esta subseção está subdividida em três partes: quanto aos fins, quanto aos meios e quanto à

abordagem, na visão dos autores Gil (2002) e Vergara (2005).

3.1.1 Quanto aos fins:

Quanto aos fins, esse trabalho trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, realizada

dentro do campo de estudo/estágio supervisionado na Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da cidade

de São Miguel/RN.

Para Gil (2002), a pesquisa exploratória objetiva proporcionar maior familiaridade com o

problema em estudo, a fim de torná-lo mais explícito ou criar hipóteses, mas tem como seu objetivo

principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é bastante

flexível, possibilitando a consideração dos mais variados aspectos relacionados ao fato estudado. Esse

autor defende dentre seus objetivos principais.

Desenvolver ideias com vista em fornecer hipóteses em condições de serem testadas em estudos posteriores, [...] seu planejamento reveste-se de muito mais flexibilidade que o dos outros tipos de pesquisa. Deve, no entanto, conduzir a procedimentos relativamente sistemáticos para a obtenção de observação empíricas, bem como para a identificação das relações entre os fenômenos estudados (GIL, 2002, p. 131).

Já para Vergara (2005, p. 47), exploratória é uma pesquisa que será realizada numa área onde

se há pouco conhecimento acumulado e sistematizado.

Portanto, diante do exposto, esse trabalho é exploratório pela necessidade de conhecer o atual

cenário das políticas públicas de saúde do município de São Miguel/RN, uma vez que jamais foi

realizado um estudo acadêmico-científico no campo e quanto a esse objeto de estudo citado.

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Gil (2002, p. 42) pontua que as pesquisas descritivas têm como objetivo a descrição das

características de determinada população, fenômeno ou relações entre variáveis, utilizando-se de

técnicas padronizadas de coleta de dados como questionários e observação sistemática. Entre suas

características e objetivos o autor citado salienta:

Aquelas que têm por objetivo estudar características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde físico e mental etc. Outras pesquisas deste tipo são as que se propõem a estudar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus habitantes, o índice de criminalidade que aí se registra etc. São incluídas neste grupo as pesquisas que tem por objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população (GIL, 2002, p. 42).

Em contrapartida, Vergara (2005, p. 47) afirma que se podem estabelecer correlações entre

variáveis e definir sua natureza, não tendo o pesquisador o compromisso de explicar os fenômenos que

descreve, embora o resultado desse tipo de pesquisa sirva de base para sua explicação.

Assim, a pesquisa em tela é classificada quanto aos fins também como descritiva, pois será

feita uma descrição das politicas publicas de saúde adotadas pelo município, além de procurar saber

qual o nível de satisfação dos usuários urbanos em relação à qualidade dos serviços oferecidos para a

população.

3.1.2 Quanto aos meios:

Em relação aos meios, temos a presente pesquisa classificada como pesquisa de campo e

documental.

Gil (2002) afirma que pesquisa de campo visa um maior aprofundamento das questões

propostas do que somente a distribuição de suas características populacionais segundo as variáveis e

apresenta um planejamento mais flexível. A pesquisa de campo estuda um grupo ou comunidade em

termos de sua estrutura social, ressaltando a interação entre seus componentes. Assim o mesmo tende

a utilizar muito mais técnicas de observação do que interrogação.

Tipicamente, o estudo de campo focaliza uma comunidade, que não é necessariamente geográfica, já que pode ser uma comunidade de trabalho, de estudo, de lazer ou voltada para qualquer outra atividade humana. Basicamente, a pesquisa é desenvolvida por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar suas explicações e interpretações do que ocorre no grupo (GIL, 2002, p. 53).

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Assim, esse estudo é considerado pesquisa de campo por ter sido realizado onde ocorre o

fenômeno investigado, no caso o município de São Miguel/RN, no qual a pesquisadora tem experiência

direta com a situação em estudo, facilitando a melhor compreensão dos dados da pesquisa.

Em relação à pesquisa documental, Gil (2009) defende que a mesma utiliza materiais que não

receberam nenhum tratamento ou que podem ser reelaborados de acordo com o objeto da pesquisa.

Já Vergara (2005) aborda que o delineamento documental é realizado em documentos

conservados em órgãos públicos ou privados de qualquer natureza como registros, anais, ofícios,

memorandos entre outros.

Dessa forma, esse trabalho é também considerado pesquisa documental, pois se procurou

pesquisar e colher dados internos dentro da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) através de seus

registros não apenas diários, mas todos aqueles que de certa forma proporcionou o suporte para um

maior aprofundamento dos dados e informações para a pesquisa em estudo.

3.1.3 Quanto à natureza da abordagem:

Quanto à abordagem de uma pesquisa ela pode ser qualitativa, quantitativa ou mista – essa

última modalidade é a junção das duas primeiras.

De acordo com Gray (2012), os estudos de forma quantitativos resultam em dados na forma de

números, sendo em algumas ocasiões apresentados de forma positiva, como sendo confiáveis e

rigorosos, talvez devido sua associação com a ciência. Já em contrapartida, a pesquisa qualitativa gera

dados mais profundos e ricos, geralmente em forma de texto.

Assim podemos perceber que a pesquisa em estudo é abordada pelo método quantitativo, pois

faz uso de dados numéricos, para realizar um levantamento dos dados coletados, mas fazendo uso

juntamente com a abordagem qualitativa, pois somente o método quantitativo não seria suficiente para

interpretar todas as variáveis da referida pesquisa. Considerando que o método quantitativo permite o

levantamento de dados em grandes universos, ainda que haja um corte pela eleição de uma amostra

populacional, o método qualitativo permite maior aprofundamento, análise, interpretação e estudo das

questões, sendo que os instrumentos de coleta utilizados fazem uso de perguntas abertas e fechadas,

assim utilizando a natureza de abordagem mista: qualitativa e quantitativa.

3.2 Universo e amostra

De acordo com Vergara (2005, p. 50), a definição de população total (universo) e amostral é

interligada, em que a população total não deve ser entendida pelo número de habitantes total de uma

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localidade, mas antes pelos elementos que compõem o universo objeto de estudo. Já a população

amostral é apenas uma parte desse total, ou seja, do universo, é um subconjunto no qual serão

escolhidos os pontos amostrais, de acordo com um critério de representatividade.

Assim podemos perceber que o universo dentro do campo de estudo é representado por toda a

população urbana da cidade de São Miguel/RN, composta por 22.157 habitantes em sua totalidade

(IBGE, 2016).

A amostra foi definida por conveniência e acessibilidade. Considerando os 05 (cinco) bairros

atendidos pelos 05 (cinco) postos de saúde da zona urbana de São Miguel/RN, por meio de

procedimento probabilístico casual simples, dos quais foram sorteados 20 (vinte) usuários de cada

posto médico em cada bairro. A rua e o ponto amostral (usuários das políticas públicas) foram

sorteados aleatoriamente. Ao qual foram questionados 100 (cem) usuários urbanos no total, sendo

destes 20 (vinte) usuários de cada UBS’s totalizando assim a amostra, sendo aplicados os

questionários quando os usuários encontravam-se nas unidades para atendimento.

3.3 Coleta de dados

Esta subseção encontra-se subdividida em três partes: instrumento de pesquisa, pré-teste e

período de coleta de dados segundo a visão dos autores Gil (2002) e Vergara (2005).

3.3.1 Instrumento

Segundo Vergara (2005, p. 39), questionário é um instrumento de coleta de dados aplicado em

campos de estudo com uma série ordenada de questões e perguntas a respeito das variáveis às quais

se está estudando. São considerados úteis por ter capacidade de ouvir um maior número de

respondentes. Possui três classificações: i) aberto, em que não se tem apresentação de possíveis

respostas, são livres; ii) fechado, que há opção de marcação entre possíveis respostas (alternativas

oferecidas pelo entrevistador); iii) e misto, que agrega tanto perguntas abertas como fechadas.

Assim, ante do exposto, para realizar a investigação com usuários perante a qualidade serviços

prestados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), foi adotado um questionário estruturado

(consoante Apêndice A) com perguntas abertas e fechadas (de múltipla escolha), sendo caracterizado

como misto, a fim de tentar alcançar de forma efetiva todas as respostas para análise dos dados e

concretização dos objetivos propostos.

O questionário foi desenvolvido conforme as dez dimensões da qualidade em serviços

adotadas por FITZSIMMONS e FITZSIMMONS (2010) em que caracterizam serviços como sendo

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“atividades econômicas oferecidas por uma parte a outra, considerando frequentemente desempenhos

com base em um período de tempo para provocar resultados desejados nos próprios usuários, em

objetos ou em outros bens pelos quais os compradores são responsáveis” em que “os clientes de

serviços esperam obter valor com acesso a bens, mão de obra, capacidades profissionais, instalações,

redes e sistemas; mas normalmente eles não possuem nenhum dos elementos físicos envolvidos”.

Assim, entre as dez dimensões da qualidade de serviços ao qual se deu a construção do instrumento

de coleta de dados estão: os elementos tangíveis; confiabilidade; responsividade; competência;

cortesia; credibilidade; garantia; acessibilidade; comunicação e entendimento do cliente.

Quadro 1: As dimensões da qualidade e serviços

Elementos tangíveis Aparência de instalações físicas, equipamento, pessoal e

materiais de comunicação.

Confiabilidade Capacidade de realizar o serviço prometido de forma

confiável e correta.

Responsividade Disposição para ajudar os clientes e prestar o serviço sem

demora.

Competência Posse de habilidades e conhecimentos necessários para a

realização do serviço.

Cortesia Educação, respeito, consideração e cordialidade do pessoal

de contato.

Credibilidade Idoneidade, fidedignidade e honestidade do prestador de

serviços.

Garantia Ausência de perigos, riscos ou dúvidas.

Acessibilidade Disponibilidade e facilidade de contato.

Comunicação Manter os clientes informados, em uma linguagem que eles

possam entender, e ouvir o que eles têm a dizer.

Entendimento do cliente Esforço para conhecer os clientes e suas necessidades.

Fonte: Adaptado de ZEITHAML, PARASURAMAN e BERRY (2014).

O questionário encontra-se subdivididos em sessões conforme as dez dimensões da qualidade

em serviços de acordo com Zeithaml, Parasuraman e Berry (2014), discriminados respectivamente ante

os elementos tangíveis nas questões (08, 09, 10 e 11); a confiabilidade (12 e 13); a responsividade (14,

15 e 16); a competência (17); a cortesia (18); a credibilidade (19 e 20); a garantia (21 e 22); a

acessibilidade (23 e 24); a comunicação (25 e 26) e ao entendimento do cliente (27 e28).

Ainda de acordo com Vergara (2009, p. 03), entrevista é um método de coletar dados através

do encontro entre duas ou mais pessoas. Pode-se dizer que a entrevista é uma interação verbal, uma

conversa, uma troca de informações, um recurso que se possam transferir informações. A entrevista

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pode ser realizada pessoalmente, o que se permite ao entrevistador obter informações não verbais, ou

seja, tom de voz e ritmo, expressões corporais, sinais, olhares, rubores, transpiração, etc. Com tais

informações não verbais podem desdizer alguns aspectos verbais, podendo ser útil para concluir a

concatenação ou contrário, sobre as informações coletadas.

Nesse sentido, para a coleta de dados junto a Secretaria de Saúde do Município objeto de

estudo, foi aplicado um roteiro semiestruturado (conforme Apêndice B) para entrevista da secretária da

pasta referida, a Sra. Maria Shimeny Emídio Vieira, com o fim de obter dados, informações, medidas

adotadas e aplicação mais profundas a respeito do programa de saúde Estratégia de Saúde da Família

(ESF) sob sua gerência.

3.3.2 Pré-teste:

Gil (2002, p. 132) defende que os estudos muitas vezes necessitam da utilização de

instrumentos variados de pesquisa como, por exemplo, entrevistas, questionários e formulários. Para

esse, existe a necessidade de pré-testar os instrumentos antes de sua utilização, procurando

desenvolver os procedimentos aplicados, testar o vocabulário e assegurar que as questões atingem os

objetivos do campo de estudo que se pretende alcançar.

Assim sendo, vê-se a necessidade e importância de realizar o pré-teste com o instrumento de

coleta, a fim de melhor avaliar os procedimentos de aplicação desenvolvidos, se o vocabulário

empregado nas questões é compreendido pelos respondentes e confirmar se as perguntas

desenvolvidas possibilitam medir as variáveis em estudo. Dessa forma, o pré-teste foi realizado entre

os dias 28 e 29 de julho de 2016, onde 02 usuários de cada posto médico foram questionados,

totalizando 10 aplicações. A escolha dessa amostra ocorreu por meio de procedimento probabilístico

casual simples, sorteados aleatoriamente rua e residência dos respondentes.

3.3.3 Período da Coleta:

Conforme definição do universo e da população amostral e do procedimento para

eleição/alcance dessas (ver 3.2), os dados foram coletados no período de 01 de agosto a 01 de

setembro de 2016.

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3.4 Tratamento dos dados

Esta subseção foi subdividida em duas partes: tratamento dos dados e análise e discussão dos

resultados segundo procedimentos metodológicos emprestados por Figueiredo (2012), Gil (2008) e

Bardin (2011).

3.4.1 Tratamento dos dados:

Figueiredo et al. (2012) salienta que o processo de interpretação dos dados utiliza diversas

variáveis como: codificação das respostas, classificação e tabulação dos dados com cálculos

estatísticos, além da interpretação dos dados em estudo, estabelecendo a ligação entre as variáveis,

conhecimentos e teorias.

Portanto, para possibilitar a análise referida por Figueiredo (2012), os dados da pesquisa foram

tabulados, dispostos em quadros e tabelas (que são arranjos gráficos em série), tornando mais

compreensiva a descrição, facilitando o entendimento do fenômeno, todos eles desenvolvidos com o

auxílio dos softwares Microsoft Word e Microsoft Excel.

3.4.2 Análise e discussão:

De acordo com Bardin (2011, p. 41), “a descrição analítica funciona segundo procedimentos

sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo de mensagens”. Essa técnica foi empregada para a

análise e discussão dos dados coletados pela pesquisa em tela, buscando inferir o sentido das

respostas oferecidas pelos respondentes.

Segundo Gil (2008), grande parte das pesquisas sociais requerem análises estatísticas, as são

técnicas de notável contribuição não apenas para a sintetização dos dados, como também para o

estudado das relações entre as variáveis, além de que forma os resultados obtidos podem estender-se

da amostra considerado no estudo.

Nessa perspectiva, a pesquisa buscou os percentuais indicadores e mais expressivos de

acordo com a realidade inquerida.

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4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Esta sessão é destinada a análise e discussão dos dados coletados durante a realização da

pesquisa, a fim de atender os objetivos propostos no trabalho, na qual o capítulo é dividido em duas

subseções, atendendo os respectivos objetivos i) descrever a estrutura da Estratégia Saúde da Família

no município; e, ii) levantar a percepção dos usuários urbanos relativa à prestação de serviços públicos

de saúde.

4.1 Estrutura da Estratégia Saúde da Família no município

Com base nas informações obtidas na entrevista realizada com a secretária de saúde Maria

Shimeny Emídio Vieira, pode-se inferir que através dos procedimentos e dos dados obtidos, o primeiro

objetivo da pesquisa foi atendido no que concerne à descrição da estrutura do programa Estratégia de

Saúde da Família (ESF) no Município de São Miguel/RN.

São Miguel é uma cidade do interior do Rio Grande do Norte que faz divisa com o Estado do

Ceará e conta com uma população estima de 22.157 habitantes (IBGE, 2014). O referido município

teve a implantação do Programa Estratégia de Saúde da Família (ESF) no final da década de 90

(noventa), meados de 1994, e esse programa atende a grande maioria da população distribuída pelos

cinco bairros urbanos e demais sítios (zona urbana) que compõem o município.

A secretária de saúde Maria Shimeny Emídio Vieira destaca quanto à estrutura e

caracterização do ESF no município.

- Secretária de Saúde:

A estrutura física das Unidades Básicas de Saúde está dentro do padrão, padronizado pelo Ministério da Saúde, tendo carência no quadro de profissional, principalmente enfermagem e saúde bucal. São no total 05 unidades na zona urbana e 12 Postos de Saúde na zona rural. Em relação às equipes de saúde do ESF o município conta com 5 equipes na zona urbana sendo composta por profissionais do Programa de Governo Mais Médicos, respectivamente três (profissionais) do programa mais médicos e as outras duas equipes com médicos de atividade transitória (médico 20 horas). Na zona rural são três equipes volantes que atendem cada uma em quatro localidades (postos) respectivamente.

Totalizando assim o total de 8 (oito) equipes de saúde da família (ESF) atuando no município.

Conforme Brasil (2012), as equipes multiprofissionais (ESF) são compostas por no mínimo um

médico generalista ou especialista em saúde da família ou médico de família e comunidade; enfermeiro

generalista ou especialista em saúde da família; auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes

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comunitários de saúde, podendo ser acrescido a essa equipe os profissionais de saúde bucal:

cirurgião-dentista generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar e/ou técnico em saúde bucal.

Além do fato que os profissionais devem ser cadastrados em apenas uma eSF exceção apenas ao

médico, que poderá atuar em no máximo duas eSF’s com carga horaria de 40hrs/semanais;

A partir desses dados, percebe-se que o município atente a esses requisitos, pois cada equipe

é formada por um médico (a), um enfermeiro (a), um técnico de enfermagem, um odontólogo, um

auxiliar e agentes de saúde. Podendo ser destacado a variável médico que, conforme ressaltado pela

secretária, na zona urbana possui-se dois médicos com atividade transitória de (20hrs/semanais) em

cada unidade, mas os mesmos realizam atendimento em duas UBS’s para que se possa assim totalizar

as 40 horas/semanais designadas para a função.

Após a implantação do programa ESF, ocorreram algumas mudanças que marcaram esse

novo cenário da politica de saúde, como a alteração da visão e realidade do município, conforme

destacado pela secretária, “a unidade Básica tornou-se à porta de entrada dos usuários aos serviços

públicos de saúde, através do mesmo foi possível um maior controle dos problemas de saúde por parte

da equipe que atende uma determinada área/localidade” Ampliando dessa forma o acesso da

população aos serviços públicos de saúde, especialmente voltados para a população mais carente, que

não teriam condições de procurar atendimentos particulares, rompendo, portanto barreiras e ampliando

o acesso da população à saúde em geral.

Entre as maiores dificuldades e limitações que o município enfrenta para a execução da ESF

foi destacado pela secretária aspectos como

Secretária de Saúde:

Falta de profissionais (carência), a crise financeira através da redução/limitação dos repasses públicos, a crise hídrica (falta de água) que dificulta o atendimento, como por exemplo, no caso dos profissionais de saúde bucal (odontólogo) chegam para realizar os procedimentos/atendimentos, mas as unidades por muitas vezes acabam não tendo água, ou seja, o atendimento não ocorre, uma vez que o município está há mais de um ano sendo abastecido por carros pipa.

O município desenvolve metas para o programa ESF baseadas nos indicadores de saúde. As

quais são estabelecidas, por exemplo, para as consultas de pré-natal que são estipuladas (no mínimo

sete consultas por dia) e são alcançadas, ou até ultrapassadas, de acordo com a meta fixada; outro

exemplo é a imunização da população, principalmente das crianças que possuem seus cadernos de

vacinação e que devem permanecer atualizados.

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O sucesso do programa ESF é ilustrado pela secretária através do “elo de ligação gerado entre

à comunidade e a equipe de saúde, a adesão aos programas: pré-natal, realização de Papanicolau,

imunização e acompanhamento do caderno de vacinação especialmente das crianças”.

Porém, quando indagada sobre avaliação, criticas e sugestões que a secretária poderia

destacar a respeito da infraestrutura da Secretaria de Saúde do Município foi apontada a seguinte

questão: “trabalho manual, especialmente na recepção que dificulta o atendimento dos profissionais e

espaço insuficiente. Como sugestões elencadas pela mesma uma forma de amenizar esse processo

seria a digitalização dos cadastros, ampliação do espaço e melhoramento da acessibilidade do local.”

A respeito da confiança e da credibilidade que a secretaria de saúde e o programa ESF inspira

na população, a mesma declara ser muito relativo esse fator, mas considera que os serviços oferecem

sim segurança e garantia para os usuários dos serviços de saúde do município.

De acordo com Sarquis (2009), o setor de serviços apresenta diversas falhas que afetam a

satisfação dos usuários. Alguns exemplos podem ser destacados são: quantidade reduzida no quadro

de pessoas no atendimento, a falta de cortesia no tratamento com os clientes, morosidade na

realização das tarefas, descumprimento de prazos, burocracia nos procedimentos de serviços, falhas

em agendamento e negligencia em relação às necessidades dos usuários.

Com relação aos dados anteriores discutidos, infere-se que o acolhimento do cliente é

fundamental para o sucesso de todo e qualquer serviço. Nesse contexto, a Secretária de Saúde

entrevistada destaca como a mesma avalia essa variável dentro da SMS, além de possíveis soluções

para o caso em que é, “necessário uma comunicação mais intensificada junto às informações,

acolhimento por parte da recepção e uma melhor interação entre os vários setores da secretária.”

Dessa forma, percebe-se que a comunicação na SMS é restrita, de certa forma ineficaz, principalmente

entre os departamentos da organização, podendo ser destacado, de modo específico, a recepção, que

se trata da porta de entrada dos usuários, ou seja, seu primeiro contato que por muitas vezes acabam

recebendo informações distorcidas por conta da comunicação deficitária do estabelecimento.

As ações do ESF resultaram no progresso da qualidade de vida no município em sua

totalidade. Evoluíram os indicadores de saúde, os índices de vacinação. Passou-se a existir controle

das causas principais de doenças/epidemias, podendo ser destacado a tubérculo e hanseníase,

intensificando-se a promoção, prevenção e proteção da saúde. O ESF possibilitou maior justiça e

equidade em saúde, obedecendo aos princípios do SUS. Não há privilégios, toda a população é tratada

da mesma forma.

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59

4.2 Percepção dos usuários urbanos relativa à prestação de serviços públicos de saúde

De acordo com os respondentes da pesquisa, foi possível traçar o perfil socioeconômico dos

usuários questionados durante a coleta dos dados, dessa forma a Tabela 1 traz os dados referentes a

esse aspecto, sendo destacados 7 (sete) pontos distintos: o gênero, o estado civil, a faixa etária, a

escolaridade, a renda familiar, se é beneficiário de programas sociais e o número de residentes nas

moradias.

Conforme os dados da Tabela 1, são discutidos os dados referentes a variável gênero, cujo

percentual de 88% dos usuários questionados são do gênero feminino e apenas 12% masculino, sendo

similar os resultados entre as 5 (cinco) Unidades Básicas de Saúde pesquisadas.

Assim, de acordo com Veja (2015), que divulgou uma pesquisa realizada pelo Ministério da

Saúde e o IBGE, demonstrando que 71% dos brasileiros que procuraram atendimento médico foram

atendidos pela rede pública de saúde. A pesquisa também revelou que 71,2% dos entrevistados foram

ao médico pelo menos uma vez ao ano. Sendo que as mulheres vão mais ao médico que os homens.

Entre as mulheres, o índice foi de 78% contra 63,9% dos homens. Essa diferença também se faz

presente entre o público feminino, relacionado aos cuidados com os dentes (saúde bucal), na qual

47,3% é representado pelo publico feminino, ante 41,3% dos homens referentes à higiene bucal.

Nessa perspectiva, Aparecido (2015) aborda que o numero de homens que procuram médico

para fazer uma consulta preventiva é 30% menor que o de mulheres.

Em contrapartida, Natália Cancian publicou na Folha de São Paulo (2016) uma matéria na qual

aborda o posicionamento do Ministro da Saúde Ricardo Barros, dizendo que os homens procuram

menos os serviços de saúde por “trabalharem mais” que as mulheres e “são os provedores” da maioria

das famílias. Isso após uma pesquisa realizada pela ouvidoria que demostrou que 31% dos homens

afirmaram não ter o habito de ir às unidades de saúde a fim de buscar auxilio na prevenção de

doenças. O Ministro ponderou que muitas vezes trata-se de uma questão de hábito, cultura que

realmente precisa ser modificada. Só que essa desculpa de que “trabalham mais” foi controvérsia

perante pesquisa divulgada pelo Pnad (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios) no ano 2014,

do IBGE, que mostrou que embora os homens ainda respondam pela maioria dos lares, as mulheres

vêm ocupando cada vez mais esse espaço (papel), crescendo em 67% a quantidade de lares chefiados

por mulheres enquanto os homens apenas 6% no período de acordo com a pesquisa.

Dessa forma, os dados dessa produção científica, nesse quesito discutido, são, de certo modo,

confirmados ou equivalentes a dados de outras pesquisas de âmbito nacional, a exemplo das citadas,

comprovando que na realidade o número de homens que procuram as UBS’s são fidedignamente

inferiores às mulheres.

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60

Tabela 1. Perfil Socioeconômico dos Usuários

Questões Alternativas

José

To

rqu

ato

Ver

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Lei

te

Man

oel

Vie

ira

Alt

o S

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Ter

esa

To

tal

01. Gênero Masculino 10% 20% 10% 10% 10% 12%

Feminino 90% 80% 90% 90% 90% 88%

100%

02. Estado Civil

Casado 50% 50% 65% 60% 55% 56%

Solteiro 50% 40% 35% 25% 40% 38%

Outro - 10% - 15% 5% 6%

100%

03. Faixa Etária

18 – 25 30% 45% 10% 25% 20% 26%

26 – 34 15% 15% 30% 40% 35% 27%

35 – 49 20% 30% 40% 20% 25% 27%

50 – 59 25% 5% 10% 10% 5% 11%

60 ou mais 10% 5% 10% 5% 15% 9%

100%

04. Escolaridade

Analfabeto - - - 5% 10% 3%

Fund. I Inc. 25% 40% 50% 25% 25% 33%

Fund. I Comp. - 5% - - - 1%

Fund. II Inc. 10% - 15% - 5% 6%

Fund. II Comp. 15% 5% 5% 25% 5% 11%

Ensino Médio Inc. 15% 5% 5% 20% 25% 14%

Ensino Médio Comp. 5% 30% 20% 25% 25% 21%

Ensino Sup. Inc. 20% 10% - - - 6%

Ensino Sup. Comp. 10% 5% - - - 3%

Pós-Graduação - - 5% - 5% 2%

100%

05. Renda Familiar Bruta Mensal (em salários mínimos)

Menos de 01 50% 60% 45% 70% 50% 55%

01 10% 25% 25% 15% 30% 21%

02 – 03 35% 15% 25% 15% 15% 21%

04 – 05 5% - 5% - 5% 3%

06 – 09 - - - - - 0%

Mais de 10 - - - - - 0%

100%

06. Beneficiário de programas sociais

Sim 75% 55% 60% 70% 65% 65%

Não 25% 45% 40% 30% 35% 35%

*100 % dos respondentes que disseram SIM disseram ser beneficiários do Programa Bolsa Família. 100%

07. Número de residentes na

moradia

01 – 02 30% 45% 10% 20% 35% 28%

03 – 06 65% 55% 80% 75% 65% 68%

Mais de 07 5% - 10% 5% - 4%

100%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.

Ante a variável estado civil dos questionados de acordo com a Tabela 1, 56% são casados,

solteiro 38% e 6% outro. Sendo na unidade do Sabino Leite onde se encontra o maior numero de

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61

casado representando 65% dos usuários questionados, entre as demais unidades não ouve

discrepância de resultados permanecendo com valores similares.

No que se refere à faixa etária dos usuários, 27% têm respectivamente entre 26 a 34 e 35 a 49

anos, 26% possuem 18 a 25 anos, 11% têm 50 a 59 anos e 9% com 60 anos ou mais respectivamente.

Entre os dados apresentados, merece atenção o fato de apenas 9% dos usuários serem

idosos, sendo aparente a carência da atenção básica com a saúde do idoso, nas unidades respectivas,

pois o número de idosos vem se elevando cada vez mais.

De acordo com o IBGE (2016), a população com 60 anos ou mais de idade representa 13,7%

dos brasileiros. Até 2050, a previsão é de que esse número suba para 1/3 da população. Por isso, é

fundamental que os profissionais de saúde estejam preparados para a promoção do envelhecimento

saudável.

Segundo Brasil (2010), de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),

atualmente existem no Brasil aproximadamente 10% da população brasileira sendo composta por

idosos com 60 anos ou mais. Segundo projeções estatísticas, no período de 1950 a 2025, o grupo de

idosos no país deverá ter aumentado em quinze vezes, enquanto a população total em cinco. Assim, o

Brasil ocupará o sexto lugar no mundo quanto ao contingente de idosos, alcançando, em 2025, cerca

de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade, aproximadamente 17% da população. Sendo

função das políticas de saúde contribuir para que mais pessoas possam alcançar idades avançadas

com o melhor estado de saúde possível, sendo o envelhecimento ativo e saudável o principal objetivo.

Uma vez considerada a saúde em sentido latu sensu, torna-se necessária alguma mudança no

contexto atual em direção à produção de um ambiente social e cultural mais favorável para população

idosa.

Nessa perspectiva, a Secretaria Executiva da Universidade Aberta do SUS (SE/UNA-SUS) e a

Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa (Cosapi/Dapes/SAS/MS) do Ministério da Saúde, lançaram

no dia 19 de Julho de 2016, o curso de Atenção Integral à Saúde da Pessoa Idosa. O objetivo era

capacitar os profissionais de nível superior para o atendimento integral à população com 60 anos ou

mais. O curso contemplou questões clínicas e sociais, distribuídas em cinco unidades: Envelhecimento

Populacional, Ações Estratégicas, Avaliação Multidimensional e Condições Clínicas e Trabalho em

Equipe.

Isto posto, a inversão da pirâmide etária nacional, chamada de transição demográfica, traz

consequências diretas ao sistema de saúde. “Com a população envelhecendo, é necessário

desenvolver novas estratégias de promoção de saúde, prevenção de doenças, diagnóstico, tratamento

e reabilitação” (PAULO COURY, 2016). Porém já existe a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa-

PNSPI (Portaria Nº 2.528, de 19 de outubro de 2006) com finalidade primordial a recuperação,

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62

manutenção e promoção da autonomia e da independência da pessoa idosa, que devem ser

visualizadas nas UBS’s pesquisadas para que se possa desenvolver a promoção do envelhecimento

ativo e saudável entre os usuários da comunidade atendida pelas unidades.

A respeito do grau de escolaridade, a maioria dos usuários questionados tem ensino

fundamental I incompleto 33%, seguido por 21% com ensino médio completo, 14% possuem ensino

médio incompleto, 11% com fundamental II completo, seguido por 6% respectivamente com

fundamento II incompleto e ensino superior incompleto, 3% concomitantemente entre analfabetos e

ensino superior completo, somente 2% com pós-graduação e 1% têm fundamental I completo.

Dessa forma os dados da variável renda familiar estão intimamente ligados o grau de instrução

com a renda em salários mínimos recebida pelos usuários. Pois a maioria 55% disse receber menos de

01 (um) salário mínimo, seguido por 21% respectivamente entre 01, 02 e 03 salários mínimos, e

somente 3% de 04 a 05 salários mínimos em média. Sendo que nenhum usuário recebe entre 06 a 10

salários mínimos, podendo ser justificado pelo grau de instrução dos mesmos que foram deficitários,

conforme explícitos acima, pois o mercado está carente de pessoas qualificadas ao qual se demonstra

(expõe) na variável escolaridade que acaba refletindo na renda familiar, ou seja, a

escolaridade/qualificação reflete na remuneração profissional, sendo assim demonstrados o elo de

ligação entre ambos.

Ao serem questionados a respeito de alguém na família possuir algum benefício social, as

respostas em sua maioria em ambos os bairros foram que 65% são beneficiados enquanto que apenas

35% não possuem nenhum benefício social. Sendo que quando questionados sobre qual o programa

social recebido 100% responderam ser beneficiados através do Programa Bolsa Família (PBF).

Segundo Sagi (2016), de acordo com dados do governo, o Programa Bolsa Família (PBF) é

responsável pela transferência condicionada de renda que beneficia famílias pobres e extremamente

pobres inscritas no Cadastro Único. O munícipio de São Miguel-RN tem um total de famílias inscritas

no Cadastro Único, em junho de 2016, de 6.054 cadastros. O PBF beneficiou, no mês de setembro de

2016, 3.880 famílias, representando uma cobertura de 121,5 % da estimativa de famílias pobres no

município. As famílias recebem benefícios com valor médio de R$ 254,44 e o valor total transferido pelo

governo federal em benefícios às famílias atendidas alcançou R$ 987.209,00 no mês.

Acerca do número de residentes presentes nas residências, as respostas entre os usuários

foram de 68% entre 03 a 06 pessoas, seguido por 28% de 01 a 02 pessoas e 4% com 07 ou mais

pessoas.

Segundo o IBGE (2010), o censo 2010 mostrou que a maioria das unidades domésticas

(87,2%) é formada por duas ou mais pessoas. As pessoas que vivem sozinhas representam 12,1% do

total e as pessoas sem parentesco são 0,7%. Na comparação entre 2000 e 2010, houve um

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63

crescimento na proporção pessoas morando sozinhas, que passaram de 9,2% para 12,1%. Também

houve um aumento de famílias tendo a mulher como responsável (de 22,2% para 37,3%). Ainda de

acordo com o Censo Demográfico 2010, cada lar brasileiro tem 3,3 moradores, em média. Em 2000,

esse número era um pouco maior: 3,8 moradores.

Dessa forma, analisando e confrontando os dados, percebe-se que o numero de residentes

nas famílias são similares ao demonstrado na pesquisa do IBGE que em média são de 3 pessoas por

residência, ou seja, a realidade demonstrada no município se repete em relação aos dados

representados no Brasil de forma ampla.

A Tabela 2 traz os dados referentes à avaliação dos elementos tangíveis, sendo destacados 4

(quatro) pontos distintos: as instalações das UBS’s, a vestimenta dos colaboradores, as ferramentas

usadas pelos profissionais e a higienização das unidades.

Tabela 2. Percepção dos usuários em relação aos Elementos Tangíveis

Questões Alternativas

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08. As instalações da (s) Unidade (s)

Básica (s) de Saúde são...

1. Nada Atraentes - 10% 5% 5% 5% 5%

2. Pouco Atraentes 10% 15% 15% 25% 10% 15%

3. Indiferente 35% 15% 45% 25% 40% 32%

4. Atraentes 25% 30% 20% 10% 25% 22%

5. Muito atraentes 30% 30% 15% 35% 20% 26%

100%

09. Os colaboradores da

(s) UBS’s trabalham vestidos adequadamente?

1. Nunca - 10% - - - 2%

2. Dificilmente 15% 15% - 5% 5% 8%

3. Às vezes 35% 30% 10% 10% - 17%

4. Quase sempre 25% 20% 45% 20% 25% 27%

5. Sempre 25% 25% 45% 65% 70% 46%

100%

10. Os instrumentos e

aparelhos usados parecem modernos

ou adequados?

1. Nunca - - 10% - - 2%

2. Dificilmente 25% 35% - 25% 20% 21%

3. Às vezes 25% 25% 30% - 25% 21%

4. Quase sempre 40% 30% 35% 40% 35% 36%

5. Sempre 10% 10% 25% 35% 20% 20%

100%

11. Como você percebe a

higienização da (s) UBS’s?

1. Muito Insatisfatório 5% 15% - 10% - 6%

2. Insatisfatório 15% 10% 10% 15% 25% 15%

3. Indiferente 30% 15% 30% 25% 15% 23%

4. Satisfatório 40% 20% 35% 15% 35% 29%

5. Muito Satisfatório 10% 40% 25% 35% 25% 27%

100%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.

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64

A percepção dos usuários em relação aos símbolos das organizações determina sua opinião

sobre a mesma, nesse contexto os elementos tangíveis são importantes fatores nessa percepção.

Seguindo a Tabela 2, que trata da avaliação dos elementos tangíveis, pode-se observar que 32% dos

usuários são indiferentes as instalações das UBS’s, seguido por 26% que consideram muito atraentes,

22% dizem ser atraentes, 15% destacam nada atraentes e apenas 5% acham nada atraentes.

De acordo com Maximiano (2008), ante os componentes visíveis da cultura organizacional se

evidencia os artefatos, compreendendo a arquitetura, os veículos, as roupas e os produtos utilizados.

As organizações podem diferir uma das outras na arquitetura, por exemplo, os órgãos da administração

pública referente ao tamanho ou imponência, podendo ou não seguir o mesmo modelo arquitetônico e

tecnológico.

Aspecto que fundamenta os dados da pesquisa, refletindo diante os fatos descritos, ao qual

três das cinco unidades do campo de estudo fazem parte do mesmo projeto arquitetônico (Alto Santa

Tereza, Manoel Vieira e Sabino Leite), ou seja, assemelham-se ante as instalações (prédio), enquanto

as unidades Vera Rego e José Torquato são de projetos distintos com arquitetura e designer

diferenciado.

Acerca da adequação da vestimenta por parte dos profissionais das UBS’s, as respostas foram

satisfatórias. De modo que, 46% dos usuários afirmaram que sempre os colaboradores das unidades

trabalham vestidos adequadamente, 27% disseram que quase sempre, 17% às vezes, 8%

responderam dificilmente e apenas 2% disseram que nunca.

De acordo com Harada (2010), o termo vestimenta refere-se a uma roupa que forneça proteção

ao profissional, podendo ser jalecos, calças, blusas ou aventais. As vestimentas devem fornecer ao

profissional a segurança e conforto na realização de procedimentos realizados pelas respectivas

funções, promovendo a prevenção do contato com agentes contaminantes.

Portanto, os dados Tabela 2 comprovam que a maioria dos profissionais, 46%, utilizam a

vestimenta adequada, ou seja, utilização de roupas privativas, jalecos, luvas, aventais e outros

equipamentos de proteção individual (EPI), sendo uma medida eficaz na proteção à saúde e a

integridade física dos profissionais na prevenção de contaminações.

Com relação aos instrumentos e aparelhos utilizados serem modernos e adequados, 36% dos

usuários questionados respondeu que quase sempre os instrumentos/aparelhos demonstram ser

adequados, 21% responderam às vezes e dificilmente respectivamente, 20% disseram que sempre e

2% apenas nunca. Havendo assim, certa divergência entre a satisfação dos usuários de ambos os

postos a respeito da adequação dos instrumentos, podendo destacar as unidades em que se obtiveram

o maior percentual de satisfação, 35% dos usuários do Manoel Vieira e 25% do Sabino Leite disseram

que sempre os instrumentos/aparelhos se mostram adequados e/ou modernos, justificados pelo fato de

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65

que a enfermeira responsável pelo estabelecimento faz uso muitas vezes de seus próprios

instrumentos pessoais como, por exemplo, o esfigmomanômetro (aparelho para aferir a pressão

arterial), nos usuários dos serviços da unidade.

Ao serem indagados sobre a higienização das UBS’s, 29% dos questionados consideraram

satisfatório, 27% muito satisfatório, 23% disseram-se indiferentes, 15% acham insatisfatório e 6% muito

insatisfatório.

De acordo Cecília (2011), a limpeza da unidade de saúde tem a finalidade de remover a

sujidade através de um processo mecânico, diminuindo assim a população microbiana no ambiente. Já

a desinfecção tem finalidade de destruir os micro-organismos na forma vegetativa, existentes em

superfícies inertes, mediante aplicação de agentes ou procedimentos. As superfícies com presença de

matéria orgânica devem passar por processo de desinfecção após a limpeza (como a utilização e

álcool, entre outros). Podendo se destacar a limpeza concorrente que se trata da higienização diária de

todas as áreas da unidade, com o objetivo da manutenção do asseio, reposição de materiais de

consumo como: sabão líquido, papel toalha, papel higiênico, saco para lixo, etc. Além de incluir: a

limpeza de piso, limpeza do sanitário; a limpeza de todo o mobiliário (bancadas, mesa, cadeira),

realizada pela equipe da higienização. A limpeza de portas e paredes geralmente só é realizada se

houver alguma sujidade; já a limpeza das superfícies horizontais deve ser repetida durante o dia, pois

há acúmulo de partículas existentes no ar ou pela movimentação de pessoas.

Conforme destacado nos dados representados na pesquisa apenas, 21% dos usuários

questionados estão insatisfeitos com a limpeza e higienização das unidades, ou seja, a maioria dos

usuários dos serviços de saúde está satisfeitos com a higienização das UBS’s.

A Tabela 3 exibe os dados referentes à avaliação da confiabilidade, onde são apontadas as

variáveis: a satisfação dos usuários acerca do prazo de atendimento dos procedimentos ou entrega de

medicamentos e a pontualidade no atendimento agendado.

A Tabela 3 demonstra que 39% dos usuários questionados estão muito satisfeitos com os

procedimentos e entrega de medicamentos quando agendados, seguido por 23% satisfatório, 18%

indiferente, 15% consideram insatisfatório e 5% muito insatisfatório.

Sobre a pontualidade no atendimento o resultado foi similar em relação ao nível de satisfação

dos usuários, questionados na alternativa anterior sendo que 26% consideram muito satisfatório a

pontualidade no atendimento, 32% disseram satisfatório, enquanto 22% indiferente, seguido por 15%

insatisfatório e 5% muito insatisfatório

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Tabela 3. Percepção dos usuários em relação à Confiabilidade

Questões Alternativas

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12. Os procedimentos ou

entrega de medicamento agendado é....

1. Muito Insatisfatório 10% 5% - - 10% 5%

2. Insatisfatório 25% 15% 20% 15% - 15%

3. Indiferente 30% 20% 20% 20% - 18%

4. Satisfatório 20% 20% 20% 20% 35% 23%

5. Muito Satisfatório 15% 40% 40% 45% 55% 39%

100%

13. A pontualidade do atendimento

agendado pode ser percebido como...

1. Muito Insatisfatório 10% 10% 5% - - 5%

2. Insatisfatório 30% 5% 20% 20% - 15%

3. Indiferente 25% 20% 5% 25% 35% 22%

4. Satisfatório 20% 55% 20% 20% 45% 32%

5. Muito Satisfatório 15% 10% 50% 35% 20% 26%

100%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2016

.

Ainda conforme a Tabela 3 de acordo com Litwinski (2011), mesmo com os ganhos adquiridos

da instauração da ESF, principalmente através ampliações do acesso da população às UBS’s existem

problemas para alcançar a resolutividades das necessidades dos usuários dos serviços de saúde.

Sendo um destes fatores o aumento da demanda espontânea que procuram as UBS’s. Com isso, é de

praxe deparar com situações como: consultas médicas limitadas, restrição nas agendas das equipes,

falta de medicamentos, entre outras, que limita o acesso da população na sua atenção resolutiva.

Dessa forma, pode-se considerar esse fato como uma das variáveis responsáveis pelo nível de

insatisfação e indiferença gerados por parte dos usuários questionados na pesquisa a respeito da

confiabilidade e pontualidade no atendimento, diante dos serviços de saúde oferecidos pelas Unidades

Básicas de Saúde (UBS’s).

A Tabela 4 expõe os dados referentes à avaliação da responsividade, atendendo três variáveis:

a primeira, quando surge uma urgência, emergência ou caso grave qual a solução oferecida; a

segunda, a assiduidade dos agentes de saúde (ACS) nas residências; e a terceira a respeito serviços

de apoio da atenção básica de saúde oferecidos pelas UBS’s.

A Tabela 4 demonstra que 31% dos questionados estão satisfeitos com a solução oferecida

pelas unidades em casos graves, complicados ou até mesmo raros, seguido por 25% indiferente, 23%

consideram muito satisfatório, 16% insatisfatório e 5% insatisfatório.

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67

Tabela 4. Percepção dos usuários em relação à Responsividade

Questões Alternativas

José

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14. Quando à urgência,

complicação, caso grave, a solução

oferecida é...

1. Muito Insatisfatório - 5% 5% 5% 10% 5%

2. Insatisfatório 20% 20% 15% 15% 10% 16%

3. Indiferente 50% 20% 20% 20% 15% 25%

4. Satisfatório 10% 40% 45% 25% 35% 31%

5. Muito Satisfatório 20% 15% 15% 35% 30% 23%

100%

15. Os ACS são disponíveis e assíduos na visitação às

residências...

1. Nunca 15% 30% 20% 15% 25% 21%

2. Dificilmente 10% 5% 15% 30% 15% 15%

3. Às vezes 20% 15% - 10% 25% 14%

4. Quase sempre 20% 20% 30% 10% 10% 18%

5. Sempre 35% 30% 35% 35% 25% 32%

100%

16. As UBS`s possui Atenção Básica de saúde para..

i) Atenção à saúde

da mulher

Sim 85% 100% 95% 95% 90% 93%

Não 15% - 5% 5% 10% 7%

100%

ii) Atenção à saúde da criança

Sim 90% 100% 95% 100% 95% 96%

Não 10% - 5% - 5% 4%

100%

Iii) Ações de saúde bucal

Sim 80% 90% 95% 40% 95% 80%

Não 20% 10% 5% 60% 5% 20%

100%

iv) combate à tuberculose

Sim 80% 95% 95% 85% 80% 87%

Não 20% 5% 5% 15% 20% 13%

100%

v) Combate à hanseníase

Sim 75% 100% 90% 85% 80% 86%

Não 25% - 10% 15% 20% 14%

100%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.

Assim conforme a portaria N° 1.820, de 13 de agosto de 2009, que dispõe dos direitos e

deveres dos usuários de saúde, no inciso II do parágrafo único da lei 8.080, de setembro de 1990, da

Constituição Federal, sobre as condições para a promoção, a proteção e a recuperação da saúde, a

organização e funcionamento dos serviços correspondentes considerados, dispõe das seguintes

resoluções:

§ 2º Nas situações de urgência/emergência, qualquer serviço de saúde deve receber e cuidar da pessoa bem como encaminhá-la para outro serviço no caso de necessidade.

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68

§ 3º Em caso de risco de vida ou lesão grave, deverá ser assegurada a remoção do usuário, em tempo hábil e em condições seguras para um serviço de saúde com capacidade para resolver seu tipo de problema.

Desta forma, vê-se que o atendimento em situações de risco, urgência/emergência, caso grave

ou até mesmo raro é um direito dos usuários dos serviços de saúde, assim conforme demonstra à

pesquisa a grande maioria 54% dos respondentes estão satisfeitos com a resolução de suas

necessidades.

Quando indagados sobre a assiduidade dos agentes de saúde nas residências, 32%

responderam que sempre os ACS realizam a visitação, seguido por 21% nunca, 18% quase sempre,

15% disseram dificilmente e 14% às vezes.

De acordo com Brasil (2010), o número de ACS deve ser suficiente para cobrir 100% da

população cadastrada, com um máximo de 750 pessoas responsável por ACS na comunidade. O

agente comunitário de saúde tem um papel muito importante no acolhimento, pois é membro da equipe

que faz parte da comunidade, o que permite a criação de vínculos mais facilmente, propiciando o

contato direto da população com a equipe de saúde junto à UBS.

Assim de acordo com os dados há uma discrepância relacionada à assiduidade dos ACS,

destacando as variáveis “sempre” e “nunca”, podendo ser justificado pelo fato do numero de agentes

não ser suficiente para cobrir/atender toda a população cadastrada, ou seja, o numero de cadastros

ultrapassa a capacidade máxima que os agentes de saúde são capazes de proceder a

visitação/atendimento.

Nesse aspecto, destacam-se dois incidentes críticos1, o primeiro na unidade Vera Rego

demonstrando que 30% dos respondentes afirmaram que os ACS nunca realizam a visitação, assim

segundo informação obtidas na própria unidade este fato ocorre devido duas regiões da comunidade

estarem carente de ACS, caracterizando assim essa penúria e insatisfação conforme demostradas na

pesquisa. O segundo fato na unidade Alto Santa Tereza em que 25% dos questionados disseram que

nunca acorre à visitação dos ACS, de acordo com informações coletas com os próprios usuários dos

serviços, os mesmos relataram que devido o período da campanha eleitoral uma das ACS da unidade

estava disputando/concorrendo à eleição ao cargo de vereadora, dessa forma sendo afastada de suas

funções, assim parcela da população foram privadas de ACS, pois não ocorreu movimentação interna

de servidores para amparar a comunidade diante do déficit profissional.

Porém segundo Brasil (2009), o Brasil, atualmente, possui mais de 200 mil agentes

comunitários de saúde em atuação, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das pessoas,

1 Incidentes críticos devem ser compreendidos aqui como a ocorrência de fatos que se destacam dentre os pesquisados – resultados extremos ou raros – no processo em investigação ou discussão.

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69

com ações de promoção e vigilância em saúde. Mas no município em estudo os dados são contrários a

pesquisa, retratando a insuficiência de ACS no atendimento a comunidade.

Em relação à existência de serviços de apoio da atenção básica referentes à saúde da mulher,

93% dos usuários questionados responderam que “sim”, o serviço ocorre, e 7% disseram que não.

De acordo com Brasil (2016), o Protocolo da Atenção Básica “Saúde das Mulheres” contempla

desde temas como pré-natal, puerpério e aleitamento materno, a assistência às doenças ginecológicas

prevalentes, até planejamento reprodutivo, climatério e atenção às mulheres em situação de violência

doméstica e sexual. Contempla, ainda, a abordagem dos problemas/queixas e a prevenção, a detecção

dos cânceres especialmente o câncer de colo de útero e mama que mais acometem a população

feminina.

Dessa forma pode-se perceber que o cuidado com a atenção da saúde da mulher ocorre de

maneira eficaz, pois 93% dos usuários estão satisfeitos diante a prestação do serviço através do

acompanhamento de pré-natal, vacinas, assistência ginecológica (realização de exames de

prevenção), ou seja, a circunspeção da atenção básica para com a saúde da mulher oferecida pelas

UBS’s é considerada adequada/conveniente conforme retratados nos dados da pesquisa.

Já em relação a atenção à saúde da criança 96% dos questionados responderam que sim e

apenas 4% não. Assim se percebe o elevado índice de satisfação dos usuários dos serviços de saúde

das UBS’s, especialmente voltados para a atenção à saúde da criança ao qual se pode destacar a

imunização e acompanhamento do caderno de vacinação dos recém-nascidos.

De acordo com o Blog da Saúde (2014), as primeiras ações de imunizações no Brasil

ocorreram a partir de 1804. Mas foi no ano de 1973 que foi criado o Programa Nacional de Imunizações

(PNI) do Ministério da Saúde. Por meio do PNI, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza, todos

os anos, mais de 300 milhões de doses de vacinas. Ao todo, são oferecidos, gratuitamente, 42 tipos de

imunobiológicos e 25 vacinas. Antes do PNI, as ações de imunização eram caracterizadas pela

descontinuidade e pela baixa área de cobertura. Criado com o objetivo de coordenar essas ações, o

programa - em 40 anos - transformou o Brasil em um dos países que oferece o maior número de

vacinas do mundo, o Brasil também vem alcançando resultados como a erradicação da poliomielite e

da varíola, e a eliminação da circulação do vírus autóctone do sarampo, desde 2000, e da rubéola,

desde 2009. Também foi registrada queda acentuada nos casos e incidências das doenças

imunopreveníveis, como as meningites por meningococo, difteria, tétano neonatal, entre outras. Dentre

as vacinas disponíveis hoje no SUS, 96% são produzidas no país ou estão em processo de

transferência de tecnologia, pois o mesmo possui um parque produtor de vacinas e imunobiológicos.

Sendo um importante patrimônio que deixa o Brasil em situação privilegiada em relação a outros países

do mundo e possibilita o desenvolvimento científico e tecnológico.

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70

Em relação às ações de saúde bucal 80% disseram que sim e 20% que não. De acordo com

Brasil (2010), a equipe de Saúde Bucal na estratégia Saúde da Família representa a possibilidade de

criar um espaço de práticas e relações para a reorientação do processo e atuação da saúde bucal no

âmbito dos serviços de saúde. Dessa forma, busca-se ampliar o acesso às ações e serviços de

promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal da população, por meio de medidas de caráter

coletivo e mediante o estabelecimento de vínculo com a unidade de saúde.

Em relação aos dados acima relacionados às ações de saúde bucal, verificasse um incidente

crítico localizado na unidade Manoel Vieira, na qual 80% dos respondentes destacaram a ausência de

ações de saúde bucal, justificado pela exiguidade do atendimento odontológico na época da realização

da pesquisa, ou seja, ocorrendo a privação deste serviço.

Já as ações de combate à tuberculose e à hanseníase, dispondo como medidas iniciais de

prevenção a imunização através da vacinação, os resultados relacionados a tuberculose dispõem-se

da seguinte forma: 87% dos respondentes disseram que sim e 13% que não; já ao combate a

hanseníase 86% dos questionados responderam que sim enquanto 14% que não. Refletindo forte

similaridade entre os resultados.

De acordo com Santana (2012), a família das mycobacteriáceas apresenta duas espécies

microbianas responsáveis por duas das mais antigas e graves moléstias da humanidade: a tuberculose

e a hanseníase. No passado eram responsáveis pela extinção de milhares de vidas em todo o mundo,

quando não estabeleciam irreparáveis danos físicos. A era bacteriológica e o desenvolvimento

científico e tecnológico, incorporados à sociedade, reduziu sensivelmente as taxas de mortalidade e

morbidade das doenças infecciosas. No caso específico da tuberculose e da hanseníase foram

elaboradas substâncias bactericidas, bacteriostáticas e até profiláticas, a exemplo a vacina BCG, ativas

contra M. tuberculosis e M. leprae; no entanto, as condições de miséria social, analfabetismo e

subnutrição sofreram poucas alterações nas regiões ditas "periferia do mundo" no passado.

Porém, após a implementação dos programas do governo como a ESF e a atenção básica,

veio proporcionar a redução e proteção da prevalência dessas doenças, além do desenvolvimento de

medidas profiláticas e vacinas de prevenção das mesmas. Nesse sentido os dados da pesquisa

refletem o aprazimento diante as medidas de prevenção, combate e cuidado disponibilizados através

do programa ESF desenvolvidos no município sendo representados pelas UBS’s, em relação às

doenças como tuberculose e hanseníase.

Na Tabela 5, a seguir, é apresentada a avaliação da Competência, ou seja, quanto ao

empenho das UBS’s, na busca de soluções e na competência no atendimento das necessidades dos

usuários, ou seja, qual a competência dos respectivos profissionais: médicos, odontólogos,

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71

enfermeiros, técnicos de enfermagem, agentes de saúde e recepcionistas que prestam atendimento

nas unidades.

Tabela 5. Percepção dos usuários em relação à Competência

Questões

Alternativas José

To

rqu

ato

Ver

a

Reg

o

Sab

ino

Lei

te

Man

oel

Vie

ira

Alt

o

San

ta

Ter

esa

To

tal

17. Como o senhor (a) avalia a competência no atendimento de...

i) Médicos

1. Muito Insatisfatório - 5% - - - 1%

2. Insatisfatório 5% - - 5% - 2%

3. Indiferente 10% 10% 20% 15% 25% 16%

4. Satisfatório 60% 15% 20% 5% 35% 27%

5. Muito Satisfatório 25% 70% 60% 75% 40% 54%

100%

ii) Odontólogos

1. Muito Insatisfatório - 5% - 35% - 8%

2. Insatisfatório 15% 10% - 10% 5% 8%

3. Indiferente 25% 15% 45% 35% 25% 29%

4. Satisfatório 35% 55% 35% 15% 35% 35%

5. Muito Satisfatório 25% 15% 20% 5% 35% 20%

100%

iii) Enfermeiro

1. Muito Insatisfatório 5% - - - - 1%

2. Insatisfatório 10% 5% 5% 10% - 6%

3. Indiferente 30% 10% 25% 30% 10% 21%

4. Satisfatório 30% 45% 15% 25% 35% 30%

5. Muito Satisfatório 25% 40% 55% 35% 55% 42%

100%

iv) Técnico de enfermagem

1. Muito Insatisfatório 5% 5% 5% 5% 10% 6%

2. Insatisfatório 5% 15% 5% 5% - 6%

3. Indiferente 25% 25% 35% 25% 30% 28%

4. Satisfatório 30% 40% 35% 30% 30% 33%

5. Muito Satisfatório 35% 15% 20% 35% 30% 27%

100%

v) Agentes de saúde

1. Muito Insatisfatório 15% 25% 15% 10% 35% 20%

2. Insatisfatório 10% 5% - 10% 15% 8%

3. Indiferente 25% 25% 20% 15% 15% 20%

4. Satisfatório 35% 30% 15% 35% 25% 28%

5. Muito Satisfatório 15% 15% 50% 30% 10% 24%

100%

vi) Recepcionista

1. Muito Insatisfatório - 5% - - 5% 2%

2. Insatisfatório 5% 10% - 5% 5% 5%

3. Indiferente 20% 10% 25% 30% 15% 20%

4. Satisfatório 30% 45% 35% 25% 20% 31%

5. Muito Satisfatório 45% 30% 40% 40% 55% 42%

100%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.

Conforme a Tabela 5, 54% dos usuários questionados respondeu muito satisfatório em relação

à competência no atendimento do médico, 27% satisfatório, 16% indiferente, 2% insatisfatório e apenas

1% muito insatisfatório.

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72

De acordo com Junqueira (2016), o médico deve realizar assistência integral, promoção e

proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da

saúde aos indivíduos e famílias em todas as fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência,

idade adulta e terceira idade; realizar transferências médicas quando necessário; realizar visitas a

domicilio quando indicado ou necessário e em espaços comunitários, entre outros.

Assim, a respeito da competência no atendimento dos médicos nas UBS’s, os dados retratam

que apenas 3% dos questionados estão insatisfeitos com o desenvolvimento das práticas médicas,

demonstrando assim um quadro médico competente e estruturado nas unidades do município, atende

com maestria e excelência diante do olhar dos usuários dos serviços de saúde das UBS’s pesquisadas.

Quando indagados a propósito da competência dos odontólogos, 35% consideram satisfatório,

29% indiferente, 20% muito satisfatório e 8% insatisfatório e muito insatisfatório respectivamente.

De acordo com o Ministério da Saúde [20--], as ações de saúde bucal tornam as ações da ESF

mais completas e eficazes. Sendo essencial que a ESB trabalhe em sintonia com toda a unidade de

saúde, tendo uma visão integrada entre saúde bucal, médica e enfermagem, através de ações

multidisciplinares.

Dessa forma, percebe-se que 55% dos respondentes que participaram da pesquisa estão

satisfeitos com a competência dos odontólogos no atendimento nas UBS’s, sendo aspectos

preponderantes relacionados a qualidade do serviço no município. Ressaltando como incidente crítico

os resultados obtidos na unidade Manoel Vieira, onde apenas 20% dos usuários questionados estão

satisfeitos ou muito satisfeitos com atendimento/competência do odontólogo, sendo justificado o

respectivo índice conforme já citado na Tabela 4 (acima) o fato da unidade no período de realização da

pesquisa não contar com o atendimento odontológico.

A respeito dos enfermeiros, 42% disseram-se muito satisfatório, 30% satisfatório, 21%

indiferente, 6% insatisfatório e somente 1% muito insatisfatório.

Ainda segundo o Ministério da Saúde [20--], os enfermeiros desempenham um papel

fundamental nas ESF, pois acompanham e impulsionam a capacitação dos agentes de saúde e

auxiliares, sendo corresponsável pela administração da UBS, além de desempenharem suas funções e

atuarem na assistência com ênfase na promoção de saúde.

Portanto, diante dos dados aqui discutidos, infere-se a predominância de usuários, 72%

estando satisfeitos/muito satisfeitos ante a competência dos enfermeiros nas unidades, diante da

realização e acompanhamento dos procedimentos de pré-natal das gestantes, administração da

unidade, auxílio na execução das mais diversas atividades, entre outras.

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73

Com relação aos técnicos de enfermagem, 33% dos questionados responderam satisfatório a

competência no atendimento, 28% indiferente, 27% muito satisfatório e 6% insatisfatório e muito

insatisfatório respectivamente.

O Ministério da Saúde [20--] diz que os auxiliares de enfermagem preparam os usuários para

as consultas, exames, tratamentos, cuidam da limpeza dos equipamentos, fazem curativos, aplicam

injeções, participa da busca ativa de casos como tuberculose, hanseníase entre outras doenças.

Dessa forma, os dados ressaltam supremacia dos questionados satisfeitos ante a competência

no atendimento dos técnicos de enfermagem, ou seja, o desempenho das funções a eles direcionadas

atendem as expectativas dos usuários dos serviços de saúde das UBS’s.

Referente à competência dos agentes de saúde, 28% consideram satisfatório, 24% muito

satisfatório, 20% indiferente e muito insatisfatório respectivamente e 8% insatisfatório.

Ainda segundo o Guia Prático do Programa Saúde da Família do Ministério da Saúde [20--],

Agente Comunitário de Saúde (ACS) é um profissional capacitado para reunir informações de saúde

dentro da comunidade em que atua. Geralmente o mesmo desenvolve seu trabalho na localidade onde

reside, facilitando assim o processo devido ao maior conhecimento do local, além de poder dedicar oito

horas por dia ao trabalho. O ACS é orientado pelo médico e enfermeiro da UBS, ao qual se desloca

para as casas a fim de poder ajudar e anotar tudo que auxilie no desenvolvimento da saúde na

comunidade. Os ACS são responsáveis pelo acompanhamento de aproximadamente 150 famílias que

residem no seu campo de atuação.

Conforme o dado acima, pode-se enfatizar a competência dos agentes de saúde, realçando a

discrepância entre o resultado das unidades Alto Santa Tereza e Vera Rego, conforme já citado o caso

das mesmas na Tabela 4 (ver questão 15), pois índices consideráveis da população estão insatisfeitos

com o serviço oferecido nas respectivas unidades, sendo retratados nas respectivas variáveis em

estudo.

A respeito da competência dos recepcionistas no atendimento, 42% consideram muito

satisfatório, 31% satisfatório, 20% indiferente, 5% insatisfatório e 2% muito insatisfatório.

Os profissionais que atuam em recepções são responsáveis pela gestão do atendimento ao

público, exercendo as mais diversas habilidades em comunicação. São com os recepcionistas que os

usuários conversam pela primeira vez e transmitem as informações aos quais eles precisam.

Assim, a respeito do atendimento dos recepcionistas, apenas 7% dos usuários questionados

revelaram-se insatisfeitos com o desempenho das funções do respectivo profissional, sendo a função

recepcionista desempenhadas/executados nas unidades pelos técnicos de enfermagem, ou seja, os

técnicos atuam no desempenho de suas funções básicas bem como na recepção das unidades. Mas,

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74

mesmo assim, com essa “dupla” função os usuários dos serviços de saúde demonstram-se satisfeitos

em ambas as funções conforme descrito nos dados da pesquisa.

A Tabela 6 trabalha a cerca da avaliação da Cortesia, sendo ressaltadas as atitudes

agradáveis e educação dos respectivos profissionais: médicos, odontólogos, enfermeiros, técnicos de

enfermagem, agentes de saúde e recepcionistas das UBS’s.

Tabela 6. Percepção dos usuários em relação à Cortesia

Questões

Alternativas José

To

rqu

ato

Ver

a R

ego

Sab

ino

Lei

te

Man

oel

Vie

ira

Alt

o S

anta

Ter

esa

To

tal

18. Os profissionais da ESF são sempre agradáveis e educados?

i) Médicos

1. Nunca - - - - 5% 1%

2. Dificilmente - - 5% 5% 10% 4%

3. Às vezes 35% 10% 15% 15% 10% 17%

4. Quase sempre 40% 15% 20% 25% 25% 25%

5. Sempre 25% 75% 60% 55% 50% 53%

100%

ii) Odontólogos

1. Nunca - - - 25% - 5%

2. Dificilmente 5% 5% - 15% 5% 6%

3. Às vezes 30% 35% 40% 35% 40% 36%

4. Quase sempre 45% 35% 30% 15% 20% 29%

5. Sempre 20% 25% 30% 10% 35% 24%

100%

iii) Enfermeiro

1. Nunca - - - 5% - 1%

2. Dificilmente 10% 15% - 5% - 6%

3. Às vezes 30% - 30% 30% 5% 19%

4. Quase sempre 35% 15% 20% 10% 40% 24%

5. Sempre 25% 70% 50% 50% 55% 50%

100%

iv) Técnico de enfermagem

1. Nunca 5% 10% - - 5% 4%

2. Dificilmente 10% 5% 5% 10% 15% 9%

3. Às vezes 25% 30% 30% 25% 25% 27%

4. Quase sempre 35% 35% 30% 30% 25% 31%

5. Sempre 25% 20% 35% 35% 30% 29%

100%

v) Agentes de saúde

1. Nunca 10% 25% 5% 10% 15% 13%

2. Dificilmente 20% 10% 5% 10% 25% 14%

3. Às vezes 20% 10% 15% 15% 15% 15%

4. Quase sempre 35% 20% 15% 15% 30% 23%

5. Sempre 15% 35% 60% 50% 15% 35%

100%

vi) Recepcionista

1. Nunca 5% - - - - 1%

2. Dificilmente 10% 5% - 5% - 4%

3. Às vezes 25% - 20% 20% 15% 16%

4. Quase sempre 30% 50% 55% 25% 30% 38%

5. Sempre 30% 45% 25% 50% 55% 41%

100%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.

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75

Em relação às praticas de educação e atitudes agradáveis dos médicos, 53% dos usuários

questionados responderam que são sempre agradáveis e educados, 25% quase sempre, 17% às

vezes, 4% dificilmente e apenas 1% nunca.

Referente aos odontólogos (dentistas), 36% dos respondentes destacou que somente às vezes

os mesmos se mostram educados e agradáveis, 29% quase sempre, 24% disseram que sempre, 6%

dificilmente e 5% nunca.

Quando indagados sobre as atitudes dos enfermeiros, 50% dos usuários questionados

responderam que sempre são educados e agradáveis, 24% quase sempre, 19% às vezes, 6%

dificilmente e somente 1% nunca.

A respeito dos técnicos de enfermagem, 31% evidenciaram que quase sempre são educados e

agradáveis, 29% sempre, 27% às vezes, 9% dificilmente e 4% nunca.

Com relação aos agentes de saúde (ACS), 35% expressaram que sempre são educados e

agradáveis, 23% quase sempre, 15% às vezes, 14% dificilmente e 13% nunca.

A respeito dos recepcionistas, 41% dos usuários questionados ressaltaram que sempre os

recepcionistas são educados e agradáveis, 38% quase sempre, 16% às vezes, 4% dificilmente e

somente 1% nunca.

Conforme a Tabela 6, em ambos os casos, o total geral foi positivo nas seis variáveis, havendo

variação apenas referente aos agentes de saúde que obtiveram os maiores índices de insatisfação,

justificado pelo fato de que muitas localidades estão sem o acompanhamento/visitação de ACS, assim

nessa perspectiva os resultados referentes a esses procedimentos são insatisfatórios, conforme dados

da Tabela 4.

Segundo Las Casas (2008), a abordagem do respeito ao cliente/usuário não deve dar

vantagem para nenhum de ambos os lados. É apenas uma consideração do ser humano e que deveria

ocorrer de forma global, para isso necessita-se de empatia.

A empatia pode ser visualizada nas unidades, desenvolvidas pelos profissionais para com os

usuários. De acordo com Las Casas (2008), “empatia é a capacidade de se colocar no lugar dos outros

e o respeito ao cliente [usuário]. Saber até onde se poder ir. Considerá-lo como ser humano, valorizá-lo

dentro dos princípios básicos da moral humana”. Conforme pode se visualizar nos resultados obtidos

na pesquisa.

Portanto, dessa forma, respeitar os usuários, fornecer bons serviços dentro dos limites da

unidade é a essência das práticas de prestação de serviços, que se tornam aspectos fundamentais e

básicos à satisfação das necessidades dos usuários dos serviços de saúde.

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76

A Tabela 7 retrata a Avaliação da Credibilidade percebida pelos usuários questionados, em que

foram destacados dois aspectos, como: a reputação das UBS’s e se o usuário recomendaria os

serviços de saúde disponibilizados na unidade para outras pessoas.

Tabela 7. Percepção dos usuários em relação à Credibilidade

Questões Alternativas

José

To

rqu

ato

Ver

a R

ego

Sab

ino

Lei

te

Man

oel

Vie

ira

Alt

o S

anta

Ter

esa

To

tal

19. Quanto a reputação da (s)

UBS’s ...você diria que é..

1. Muito Ruim - - - 5% - 1%

2. Ruim 10% 5% - - - 3%

3. Regular 40% 15% 45% 30% 35% 33%

4. Boa 25% 60% 45% 30% 25% 37%

5. Muito Boa 25% 20% 10% 35% 40% 26%

100%

20. Recomendaria a UBS’s?

Sim 100% 95% 95% 95% 95% 96%

Não - 5% 5% 5% 5% 4%

100%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2016

A Tabela 7 demonstra que 37% dos usuários questionados consideram boa a reputação das

UBS’s, seguido por 33% regular, 26% muito boa, 3% ruim e somente 1% muito ruim. Podendo ser

destacado como incidente crítico a Unidade de Saúde Vera Rego, na qual a maioria 60% dos

questionados expressaram a boa reputação da UBS, sendo justificado esse resultado devido a mesma

oferecer diversos outros serviços/atendimentos, se destacando entre as demais através do quadro

ampliado de profissionais das mais diversas áreas como psicologia, fisioterapia e nutrição.

Dessa forma, de acordo com a reputação avaliada como boa pela maioria dos questionados,

ao ser indagado em relação à recomendação dos serviços da UBS’s para parentes e amigos, a ampla

maioria, 96%, evidenciou que indicariam “sim” os serviços enquanto apenas 4% relataram que “não”.

Demonstrando assim a segurança e confiabilidade que as UBS’s transmitem para os usuários, através

dos serviços oferecidos/executados com excelência.

A Tabela 8 demonstra a percepção dos usuários em relação à garantia dos serviços, levando

em consideração duas variáveis: a qualidade dos serviços da ESF e a segurança na qualidade dos

serviços prestados pelas UBS’s.

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Tabela 8. Percepção dos usuários em relação à Garantia

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21. Em relação à qualidade dos

serviços da ESF, você considera que

é?

1. Muito Insatisfatório - - - 5% - 1%

2. Insatisfatório 10% 5% - - 5% 4%

3. Indiferente 35% 25% 15% 30% 20% 25%

4. Satisfatório 40% 45% 35% 35% 40% 39%

5. Muito Satisfatório 15% 25% 50% 30% 35% 31%

100%

22. A segurança na qualidade dos

serviços prestados na (s) UBS´s?

1. Muito Insatisfatório - - - - - 0%

2. Insatisfatório 10% 5% - - 5% 4%

3. Indiferente 45% 20% 20% 25% 30% 28%

4. Satisfatório 25% 50% 55% 50% 40% 44%

5. Muito Satisfatório 20% 25% 25% 25% 25% 24%

100%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2016

Conforme a Tabela 8, a qual se refere à qualidade dos serviços oferecidos, 39% dos

respondentes consideram satisfatório, seguidos por 31% muito satisfatório, 25% indiferente, 4%

insatisfatório e apenas 1% muito insatisfatório.

Segundo Las Casas (2008), qualidade em serviços é a capacidade que uma experiência ou

qualquer outro fator tenha para satisfazer uma necessidade, resolver um problema, desejo ou fornecer

benefícios a alguém. Sendo assim, serviços com qualidade é aquele que tem a capacidade de

proporcionar satisfação.

Dessa forma, fica claro através das informações acima expostas que 70% dos usuários

questionados consideram satisfatório, e muito satisfatório respectivamente, a qualidade dos serviços

fornecidos pelas UBS’s.

Em relação à segurança diante dos serviços fornecidos, 44% dos usuários responderam que

são satisfatórios, seguido por 28% indiferente, 24% acham muito satisfatório e 4% apenas

insatisfatório.

Sarquis (2009) destaca que por causa da intangibilidade e heterogeneidade dor serviços,

muitos profissionais acreditam que os mesmos não podem ser garantidos. As estratégias de

garantia/segurança de serviços podem ser benéficas para a organização e para os clientes. Nas

organizações ela pode contribuir para: identificação antecipada de falhas/deficiências nos serviços,

melhoria da qualidade, promoção de cultura organizacional. Para os clientes, ela possibilita benefícios

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78

como: serviços de melhor qualidade, possibilidade de segurança de falhas, redução de riscos nos

serviços e a identificação das organizações mais confiáveis.

Nessa perspectiva, Sarquis (2009) ressalta que os serviços possuem desempenho

heterogêneo, com variações na qualidade, produtividade e consistência de seus resultados, o que gera

risco e temores por parte dos usuários.

Porém, perante os dados, percebe-se que a maioria, 68% dos usuários, que participaram da

pesquisa sentem-se seguros em relação à qualidade dos serviços prestados nas unidades de saúde do

município, ou seja, as unidades tornam-se confiáveis ante a percepção dos usuários dos serviços de

saúde.

A respeito da avaliação em relação à acessibilidade, a Tabela 9 apresenta dados referentes a

duas variáveis: a facilidade de contatar os serviços das UBS’s por telefone e a localização (acesso) das

UBS’s.

Tabela 9. Percepção dos usuários em relação à Acessibilidade

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23. É fácil contatar os serviços da (s)

UBS’s por telefone?

1. Muito Insatisfatório 70% 50% 80% 35% 70% 61%

2. Insatisfatório 15% 25% - 30% 20% 18%

3. Indiferente 15% 5% 15% 10% - 9%

4. Satisfatório - 20% 5% 20% 5% 10%

5. Muito Satisfatório - - - 5% 5% 2%

100%

24. Em relação à localização

(acesso) das UBS’s você diria que é...

1. Muito Inconveniente 5% - 35% 5% 10% 11%

2. Inconveniente 15% 10% 10% - 5% 8%

3. Indiferente 10% 15% 15% 20% 5% 13%

4. Conveniente 50% 20% 25% 40% 20% 31%

5. Muito Conveniente 20% 55% 15% 35% 60% 37%

100%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.

Em relação a contatar os serviços das unidades por telefone, 61% dos questionados

responderam ser muito insatisfatório, seguido por 18% insatisfatório, 10% satisfatório, 9% disseram ser

indiferente e apenas 2% muito satisfatório.

Percebe-se o elevado nível de insatisfação presente entre os usuários questionados quanto ao

atendimento por telefone, o qual se justifica pelo fato das UBS’s não possuírem um aparelho de

telefone fixo nas unidades de saúde, ou seja, não se faz presente este artefato tecnológico. Por

conseguinte, alguns usuários acabam conseguindo o contato pessoal (contato telefônico) de alguns

servidores das unidades, amenizando assim esse aspecto como se pode visualizar na unidade Manoel

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79

Vieira, em que o índice de insatisfação foi menos impactante em comparação às demais unidades

dentro do campo de estudo.

A respeito da localização/acesso das UBS’s, 37% do percentual total de entrevistados

apontaram que a localização das unidades está muito conveniente, seguida por 31% conveniente, 13%

indiferente, 11% consideram muito inconveniente e 8% inconveniente.

Portanto, diante dos dados coletados, constata-se discrepância entre os resultados

considerados como incidente crítico em relação a localização da unidade básica de saúde Sabino Leite,

pois 35% dos respondentes consideram insatisfatória a localização, em comparação com as demais

UBS’s. Esse resultado se deve pelo agravante da proximidade dessa UBS com o matadouro público do

município, por conta do mau cheiro provocado pelo estabelecimento, gerando de certa forma

desconforto para com os usuários dos serviços de saúde, como quanto os funcionários da unidade

além da população ao entorno do mesmo.

Conforme a Constituição Federal (Art. 225, de 1988) “todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e

futuras gerações.”

Em contrapartida, de acordo com o Blog São Miguel News (2014), desde junho do mesmo ano

começou-se a utilizar um tanque de sucção para retirada dos rejeitos líquidos do Matadouro Público.

Esse serviço é realizado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, por meio do titular

Francisco Nunes de Freitas [alcunhado de ‘Pelô’], a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida

aos moradores no entorno do mesmo, fazendo com que aquele estabelecimento se torne mais salubre

para aqueles que nele trabalham. O então prefeito Dario Vieira de Almeida defende que, “com a

aquisição do equipamento, a prefeitura agora pode realizar o trabalho de sucção diariamente, pois, até

então, era um serviço realizado de maneira semanal por uma empresa oriunda da cidade de Pau dos

Ferros”. Assim sendo, segundo as informações coletas naquele site de notícias locais, além da

economia financeira, a administração está oferecendo maior qualidade nos serviços e propiciando um

ambiente mais salutar para as pessoas que trabalham no órgão e, principalmente, à população

residente nas imediações.

Assim, conforme o posicionamento do gestor referido, consequentemente a ação/projeto

realizado pelo respectivo gestor iriam favorecer a UBS localizada em sua proximidade e

respectivamente os usuários dos serviços de saúde, mas essa melhoria não foi visualizada/percebida

pela população conforme demonstram os dados da pesquisa. Nesse ponto reforça-se a importância da

percepção por parte do usuário. Se o serviço não é percebido é como se nem um benefício ou valor

fosse oferecido.

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80

A Tabela 10 expõe à Avaliação da Comunicação, levando em consideração a disposição dos

profissionais das UBS’s em ouvir a população e se os órgãos avisam antecipadamente quando não

podem fazer uma visita agendada ou oferecer um serviço.

Tabela 10. Percepção dos usuários em relação à Comunicação

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25. Quando você procura as UBS’s, eles se mostram dispostos a ouvi-

lo(la)?

1. Nunca 5% 5% 5% - 5% 4%

2. Dificilmente 15% - 5% 5% 5% 6%

3. Às vezes 15% 10% 45% 20% 30% 24%

4. Quase sempre 35% 45% 15% 25% 25% 29%

5. Sempre 30% 40% 30% 50% 35% 37%

100%

26. A ESF avisa antecipadamente

quando não realiza uma visita/serviço?

1. Nunca 15% 5% 35% 10% 30% 19%

2. Dificilmente 30% 20% 20% 20% 20% 22%

3. Às vezes 10% 35% 15% 5% 25% 18%

4. Quase sempre 25% 30% 15% 25% 25% 24%

5. Sempre 20% 10% 15% 40% - 17%

100%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.

De acordo com a Tabela 10, no que se refere à avaliação da comunicação, 37% dos

questionados responderam que sempre há disponibilidade por parte das UBS’s em ouvir os usuários,

29% quase sempre, seguido por 24% às vezes, 6% dificilmente e 4% nunca.

Conforme Miranda et al., (2013), a gestão social engloba o processo gerencial deliberativo que

procura atender as necessidades sociais especificas de um território ou grupo de pessoas. Ou seja,

compreende um processo de diálogo onde o poder de decisão é partilhado a todos os envolvidos no

processo.

Nessa perspectiva, Las Casas (2008) destaca que para quem atua no setor de serviços torna-

se necessário desenvolver algumas técnicas de comunicação para que se possam proporcionar

melhores resultados na implantação ou sustentação de satisfação em relação aos serviços oferecidos

através de programas de qualidade. Assim a comunicação é o meio principal para implantar qualquer

mudança nas organizações.

Dessa forma, infere-se que o sistema de comunicação entre profissionais das UBS’s e usuários

dos serviços de saúde é funcional, ou seja, apresentam resultados satisfatórios, ante a preponderância

dos questionados representados por 66% afirmando que sempre ou quase sempre os profissionais

estão dispostos a ouvi-los, havendo um processo de diálogo com o desenvolvimento de uma

comunicação eficaz.

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81

A respeito da avaliação da comunicação, referente ao aviso antecipado da equipe de saúde da

família, no caso da não realização da visita agendada ou serviço, 24% do total pesquisados

evidenciaram que isso quase sempre ocorre, 22% disseram dificilmente, 19% nunca, 18% ás vezes e

17% sempre.

A respeito desse fato, é possível visualizar certa desproporcionalidade entre os resultados,

pois 41% respondentes consideraram os aspectos percebidos como satisfatórios, enquanto 41%

também se dispuseram como insatisfatório. A variável em questão está intimamente ligada à questão

23 da Tabela 9, que reflete o caso das unidades não portarem aparelho de telefone fixo no

estabelecimento, dificultando assim o aviso prévio da realização ou não da visita agendada ou serviço.

Da mesma forma, como alguns usuários acabam adquirindo o contato pessoal de alguns funcionários o

que se justifica o posicionamento favorável de parcela dos usuários questionados.

A Tabela 11 destaca à Avaliação do Entendimento do Cliente, dois pontos foram abordados na

pesquisa: o nível de satisfação acerca do respeito e o esforço para entendimento que os profissionais

das UBS’s têm para com o usuário; e também a disponibilidade que as unidades têm em atender as

necessidades dos usuários.

Tabela 11. Percepção dos usuários em relação ao Entendimento do cliente

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27. O respeito e esforço no

entendimento das UBS’s com usuário

pode ser...

1. Muito Insatisfatório 5% 5% - - - 2%

2. Insatisfatório 10% - - - - 2%

3. Indiferente 35% 20% 30% 20% 45% 30%

4. Satisfatório 40% 60% 45% 35% 25% 41%

5. Muito Satisfatório 10% 15% 25% 45% 30% 25%

100%

28. As UBS’s dispõe-se a atender

suas necessidades?

1. Nunca - - - - - 0%

2. Dificilmente 15% - - 5% - 4%

3. Às vezes 40% 30% 30% 10% 30% 28%

4. Quase sempre 30% 45% 35% 35% 30% 35%

5. Sempre 15% 25% 35% 50% 40% 33%

100%

Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.

Nesse sentido, conforme a Tabela 11, 41% dos questionados responderam que estão

satisfeitos em relação ao respeito e entendimento oferecidos pelas UBS’s, 30% indiferentes, seguido

por 25% muito satisfeitos, 2% insatisfatório e muito insatisfatório respectivamente.

Litwinsk (2011) defende que as equipes têm encontrado dificuldades no atendimento,

decorrentes do excesso da demanda e diálogo com a população na priorização de ações

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programáticas ou de prevenção e promoção das ações, percebendo que as maiores preocupação e

expectativas das mesmas, estão voltadas para o atendimento médico.

Da mesma forma que a disponibilidade no atendimento está ligada ao entendimento do cliente,

ou seja, se a mensagem/necessidade for transmitida corretamente consequentemente a compreensão

e resolução das necessidades serão efetivadas com sucesso.

Assim, 35% dos usuários responderam que quase sempre suas necessidades são atendidas,

33% disseram que sempre, 28% às vezes e 4% dificilmente.

Pode-se destacar como incidente crítico a excepcionalidade relacionada ao fator de sucesso

presente nessa variável, através da inexistência de usuários insatisfeitos referentes ao fato de suas

necessidades não serem atendidas. Demonstrando que mesmo com a alta demanda versus os poucos

recursos disponíveis, todos adquirem o atendimento mesmo que de forma prolongada (demorada), mas

são atendidas suas necessidades parcialmente.

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83

5. CONCLUSÕES, SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES

Essa seção é destinada às conclusões dos resultados obtidos na pesquisa e apresentam as

sugestões e recomendações feitas à organização, com o intuito de auxiliar a mesma em relação às

práticas e qualidades dos serviços fornecidos pelo programa ESF.

5.1 Conclusões

O trabalho tratou de conhecer a percepção dos usuários da Estratégia de Saúde da Família

(ESF) no município de São Miguel/RN referente às políticas públicas de saúde. Dessa forma a

pesquisa conseguiu alcançar seus objetivos propostos através da descrição do programa ESF no

município objeto de estudo e do levantamento da percepção dos usuários urbanos relativa a prestação

dos serviços públicos de saúde do campo em estudo.

Muitas foram as mudanças ocorridas no Brasil após a Segunda Guerra Mundial que

contribuirão na aceleração do nível de maturidade político-econômico-social dos governos e sociedade

ao longo dos anos, fazendo com os modelos de certa forma extremamente burocráticos dessem lugar

ao modelo gerencial. Por meio dessa modernização da Administração Pública desenvolveu-se modelos

de gestão que alcançasse vários objetivos como: melhor qualidade na prestação de serviços a

população, aperfeiçoamento o sistema de controle social da administração pública, elevação da

transparência, combate à corrupção e valorização de serviços. Essas mudanças exigiram e exigem

transformações estruturais, de regras, processos e medidas para a eficácia, eficiência, modernização,

efetividade no proposito de melhorar a qualidade da prestação do serviço público na perspectiva dos

cidadãos.

Mas foi através da criação do federalismo no Brasil baseado no compartilhamento e

legitimidade de decisões/ações coletivas em mais de um nível de governo, fazendo existir diversos

entes autônomos, que propiciaram a descentralização do poder do centro para o Estado, ocasionando

de certa forma maior liberdade de atuação dos municípios. Dessa forma, duas áreas avançaram a

partir dessa descentralização, sendo elas a saúde e educação.

Como apresentado nesta produção científica, a saúde pública no Brasil passou por grandes

modificações, tendo sua trajetória associada a determinantes históricos, culturais, sociais, políticos e

econômicos. Este percurso foi marcado por conflitos e interesses que preconizaram a fortes

desigualdades sociais, onde a saúde era exclusividade da minoria, em que a sociedade era dividida em

três grupos distintos os que podiam pagar pelos serviços, os que possuíam direito por serem

trabalhadores registrados e os excluídos. O estado somente passou a se preocupar com a saúde da

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84

população a partir do momento que a mesma começou a interferir nos interesses políticos e

econômicos do país. Mas foi em 1988 com a nova Constituição Brasileira que ocorreu a criação do

SUS garantindo ao cidadão o acesso universal ás ações de prevenção, promoção e recuperação da

saúde. Sendo o SUS regulamentado pelas leis 8.080/90 e 8.142/90, que definem seus princípios de

implementação, que prioriza a descentralização, universidade, equidade, integridade e controle social.

Assim, após a criação do SUS, o Ministério da Saúde criou o programa de Estratégia de Saúde

da Família (ESF), antigo Programa de Saúde da Família (PSF), através do avanço do Programa de

Agentes Comunitários de Saúde. A ESF foi colocada como uma alternativa para os sistemas de saúde,

segundo os princípios do SUS. O programa é uma forma de territorialização e demarcação de um

espaço concreto de atuação da equipe de saúde, tendo o núcleo familiar como base e unidade no

desenvolvimento de sua atuação. Assim, permitiu-se compreender a dinâmica do núcleo familiar, suas

relações com a sociedade, seu modo social de produção e avaliar os determinantes sociais que

contribuem ou não no desenvolvimento do processo de saúde na comunidade.

O Programa Estratégia Saúde da Família (ESF) foi implantado no município de São Miguel/RN

na década de 90, meados de 1994, estando estruturado de acordo com as normas do Ministério da

Saúde. As instalações das unidades seguem as normas de operações básicas, as equipes de saúde

encontram-se compostas conforme designadas no programa com médico, enfermeiro, técnico de

enfermagem e agentes comunitário de saúde (ACS), podendo ser acrescido nas equipes um

odontólogo e um auxiliar conforme ocorre nas UBS’s do município. O município conta com um total de

05 (cinco) UBS’s na zona urbana e doze postos de saúde espalhados pelos sítios que compõe a zona

rural do munícipio, dispondo de 08 (oito) equipes de saúde da família (eSF), nas quais 05 (cinco)

equipes fixas em cada unidade de saúde da zona urbana e as demais equipes estão dispostas como

volantes, atuando na zona rural respectivamente. O programa, conforme ordenado nesta pesquisa,

enfrenta problemas/limitações como: a crise financeira sendo destacada a escassez e diminuição dos

repasses públicos que consequentemente afeta a área pública de saúde desenvolvendo contenção dos

processos e recursos; a crise hídrica facejada pelo nordeste nos últimos anos, devido a escassez das

chuvas gerando consequentemente “a seca”, pois o município a mais de um ano vem sendo abastecido

por carros pipa e a carência de profissionais qualificados especialmente enfermeiros e odontólogos

capacitados para atuar nas unidades de saúde do programa ESF. Mesmo ante os índices e variáveis

dispostos, o programa acarreta credibilidade e segurança perante seus usuários, apontando dessa

forma seu sucesso ante suas restrições.

Porém, com todas as carências presentes no município pesquisado os usuários dos serviços

de saúde revelaram-se satisfeitos entre as restrições dos serviços de saúde fornecidos pelo programa

ESF no município de São Miguel-RN, ante o atendimento e resolução das suas necessidades.

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85

Destaca-se o fato de algumas unidades não oferecerem: o atendimento de odontólogos na época em

que a pesquisa foi realizada; agentes comunitários de saúde (ACS), não realizarem as visitas

domiciliares assiduamente, pelo fato de algumas localidades estarem descobertas do referente serviço,

além do afastamento de profissional da área devido à campanha eleitoral, pois a mesma estava

concorrendo as eleições, gerando escassez profissional na localidade em estudo; a localização da

unidade Sabino Leite com 45% dos usuários questionados insatisfeitos, devido a mesma ser localizada

próximo ao matadouro público do munícipio, acarretando consequentemente desconforto por causo do

mal cheiro provocado nas imediações, mas de acordo com o gestor medidas/soluções foram

desenvolvidas para amenizar os danos provocado pelo estabelecimento para os usuários dos serviços

de saúde da unidade com a população que reside nas imediações.

O programa desenvolveu um elo de ligação entre a comunidade e as equipes de saúde da

família, elevou os índices de adesão aos programas de atenção à saúde da mulher (através de

realizações de pré-natal, realização de exames Papanicolau), à saúde da criança, ações de saúde

bucal e campanhas de vacinação. Sendo a saúde um direito fundamental do ser humano garantido

constitucionalmente pelo Estado mediante a implementação de políticas públicas, visando promover o

bem-estar físico, mental e social da coletividade.

Infere-se, portanto, que a implantação e ação do ESF ampliou a qualidade de vida da

população em todo o município pesquisado. Evoluíram os indicadores de saúde, os índices de

vacinação, principalmente em ralação as crianças, aos quais estão com o caderno de vacinação

atualizados. Passou a existir controle das causas principais de doenças/epidemias, podendo ser

destacado a tubérculo e hanseníase, intensificando-se a promoção, prevenção e proteção da saúde. O

ESF possibilitou maior justiça e equidade em saúde, obedecendo aos princípios do SUS. Não havendo

privilégios, toda a população é tratada da mesma forma.

5.2 Sugestões

Nesta seção serão expostas as sugestões que surgiram durante a produção desse trabalho, que tem

como objetivo, o aprimoramento do ESF e qualidade na prestação dos serviços de saúde na

organização estudada.

Adotar de um programa de aperfeiçoamento constante da qualidade dos serviços e

investimento na imagem das UBS’s;

Desenvolver mecanismos de comunicação interna eficientes;

Devotar maior atenção para a saúde do idoso;

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86

Criação de um guia (manual) de orientação técnica para os colaboradores voltados à realidade

do município, servindo como orientação, bem como para acentuá-los quanto às politicas que

envolvem a instituição;

Implantação de caixa de sugestão, ao qual seria um auxilio à equipe administrativa das

unidades para averiguar como está funcionando os serviços prestados pela organização, a fim

de norteá-los para proporcionar melhorias e evitar possíveis desgastes nos processos

institucionais.

5.3 Recomendações

O presente trabalho não encerra a discussão da temática objeto desse estudo, mas, antes,

lança a oportunidade de tomar o mesmo base para trabalhos futuros que visem encontrar respostas

para problemáticas desse tipo. Durante a composição desse, surgiram algumas recomendações:

Replicar a pesquisa para as UBS’s da zona rural do município de São Miguel-RN;

Publicar essa produção em periódico científico e, se possível, em periódico classificado como

de ordem técnica;

Realizar uma pesquisa relacionada a formação das pessoas que ocupam os cargos de gestão

nas UBS’s.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE

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APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN

Campus Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia – CAMEAM

Curso de Administração – CAD

ROTEIRO DE ENTREVISTA

1. Em que ano foi implantado o programa ESF no município e como ocorreu esse processo?

2. Como a senhora caracterizaria a infraestrutura do ESF?

3. Após a implantação do programa ESF, quais mudanças marcaram a nova Política Pública de Saúde

no município?

4. O município enfrenta alguma (s) dificuldade (s) ou limitação (ões) para a execução do ESF?

5. O programa ESF possui metas? (Se sim) as mesmas são atendidas?

6. Quais fatores podem ser destacados como indicadores do sucesso do programa?

7. Em relação à infraestrutura da Secretária de Saúde do Município, qual a avaliação, as críticas e as

sugestões que a senhora faz?

8. A senhora considera que a prestação de serviços da ESF inspira Confiabilidade aos usuários?

9. A Secretaria de Saúde do Município e o Programa ESF têm Credibilidade junto aos usuários?

10. Como à senhora avalia os processos de Comunicação na/da Secretaria?

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APÊNDICE B – Questionário aplicado aos usuários urbanos das UBS’s

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN Campus Avançado Professora Maria Elisa de Albuquerque Maia – CAMEAM

Curso de Administração – CAD

Questionário

Eu me chamo Angélica Maria de Aquino, sou aluna do 10º período do Curso de Administração

CAMEAM/UERN. Este questionário é parte do meu Trabalho de Conclusão (TC). O objetivo é conhecer a percepção do (a) senhor (a) quanto aos Serviços de Saúde prestados pelo município.

Perfil Socioeconômico do Usuário Bairro: _________________________________________ 01) Gênero 02) Estado Civil 05) Renda familiar bruta mensal (em salários mínimos) a) ( ) Masculino a) ( ) Casado a) ( ) menos de 01 d) ( ) 04 – 05 b) ( ) Feminino b) ( ) Solteiro b) ( ) 01 e) ( ) 06 – 09 c) ( ) Outro ____________ c) ( ) Outro ____________ c) ( ) 02 – 03 f) ( ) Mais de 10 03) Idade 06) Número de residentes na ( ) casa / ( ) apartamento a) ( ) 18 – 25 d) ( ) 50 – 59 a) ( ) 01 – 02 d) ( ) 07 – 08 b) ( ) 26 – 34 e) ( ) 60 ou mais b) ( ) 03 – 04 e) ( ) 09 – 10 c) ( ) 35 – 49 c) ( ) 05 – 06 f) ( ) Mais de 11 04) Escolaridade 07) Alguém na família é beneficiária de programas sociais? a) ( ) Analfabeto a) ( ) Sim a) ( ) Sim b) ( ) Fund. I Inc. b) ( ) Não a) ( ) Não c) ( ) Fund. I Comp. h) ( ) Ensino Sup. Inc. d) ( ) Fund. II Inc. i) ( ) Ensino Sup. Comp. c) Se SIM, qual? _________________________________ e) ( ) Fund. II Comp. j) ( ) Pós-Graduação

I. Percepção dos usuários em relação aos Elementos tangíveis 08) As instalações da (s) Unidade (s) Básica (s) de Saúde são...

10) Os instrumentos e aparelhos usados pelos profissionais da saúde parecem modernos ou adequados?

Nada atraentes Muito atraentes Nunca Sempre

1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ 1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ 09) Os colaboradores da (s) Unidade (s) Básica (s) de Saúde trabalham vestidos adequadamente?

11) Como você percebe a higienização da (s) Unidade (s) Básica (s) de Saúde?

Nunca Sempre Totalmente insatisfatória Muito satisfatória

1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ 1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __

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II. Percepção dos usuários em relação à Confiabilidade

12) Quando um procedimento ou a entrega de um medicamento é agendado, esse atendimento ou entrega é....

13) Em relação à pontualidade do atendimento agendado, ele pode ser percebido como...

Totalmente insatisfatório Muito satisfatório Totalmente insatisfatório Muito satisfatório

1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ 1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __

III. Percepção dos usuários em relação à Responsividade 14) Quando surge uma urgência, complicação, caso grave ou mesmo raro, a solução oferecida é...

15) Os agentes de saúde são disponíveis e assíduos na visitação às residências...

Totalmente insatisfatório Muito satisfatório Nunca Sempre

1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ 1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ 16) As UBS`s contam com o apoio de atenção básica de saúde para.... i) Atenção à saúde da mulher iii) Ações de saúde bucal v) Combate à Hanseníase a) ( ) Sim b) ( ) Não a) ( ) Sim b) ( ) Não a) ( ) Sim b) ( ) Não ii) Atenção à saúde da criança iv) d) Combate da tuberculose a) ( ) Sim b) ( ) Não a) ( ) Sim b) ( ) Não

IV. Percepção dos usuários em relação à Competência

17) Como o senhor (a) avalia a competência no atendimento de... i) Médicos iv) Técnicos de Enfermagem Totalmente insatisfatório Muito satisfatório Totalmente insatisfatório Muito satisfatório

1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ 1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ ii) Odontólogos v) Agentes de Saúde Totalmente insatisfatório Muito satisfatório Totalmente insatisfatório Muito satisfatório

1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ 1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ iii) Enfermeiros vi) Recepcionistas Totalmente insatisfatório Muito satisfatório Totalmente insatisfatório Muito satisfatório

1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ 1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __

V. Percepção dos usuários em relação à Cortesia

18) Os profissionais da ESF são sempre agradáveis e educados? i) Médicos iv) Técnicos de Enfermagem Nunca Sempre Nunca Sempre

1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ 1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ ii) Odontólogos v) Agentes de Saúde Nunca Sempre Nunca Sempre

1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ 1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ iii) Enfermeiros vi) Recepcionistas Nunca Sempre Nunca Sempre

1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ 1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __

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VI. Percepção dos usuários em relação à Credibilidade

19) Quanto a reputação da (s) Unidade (s) Básica (s) de Saúde são...(você diria que é..)

20) Você recomendaria os serviços de saúde desta UBS para um parente ou amigo (a)?

Muito ruim Muito boa a) ( ) Sim b) ( ) Não

1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __

VII. Percepção dos usuários em relação à Garantia

21) Em relação à qualidade dos serviços da ESF, você considera que é

22) Em relação à segurança diante da qualidade dos serviços prestados pelos profissionais e técnicos das UBS´s você diria que é...

Totalmente insatisfatório Muito satisfatório Totalmente insatisfatório Muito satisfatório

1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ 1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __

VIII. Percepção dos usuários em relação à Acessibilidade

23) É fácil contatar os serviços de atendimento das UBS’s pelo telefone?

24) Em relação à localização (acesso) das UBS’s você diria que é...

Nunca Sempre Muito inconveniente Muito conveniente

1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ 1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __

IX. Percepção dos usuários em relação à Comunicação

25) Quando você procura as UBS’s, eles se mostram dispostos a ouvi-lo(la)?

26) A ESF avisa antecipadamente quando não puder fazer uma visita agendada ou oferecer um serviço?

Nunca Sempre Nunca Sempre

1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ 1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __

X. Percepção dos usuários em relação ao Entendimento do cliente

27) O respeito e o esforço para entendimento que as UBS’s têm para com o usuário pode ser considerado...

28) As UBS’s dispõe-se a entender e atender as suas necessidades?

Totalmente insatisfatório Muito satisfatório Nunca Sempre

1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __ 1 __ 2 __ 3 __ 4 __ 5 __

* * *