universidade do estado do rio de janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de...

225
Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação e Humanidades Faculdade de Educação Silvia Helena do Amaral Mousinho A fundamentação teórica como estratégia de vinculação entre teoria e prática no Estágio Supervisionado Rio de Janeiro 2016

Upload: others

Post on 22-Sep-2020

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Educação e Humanidades

Faculdade de Educação

Silvia Helena do Amaral Mousinho

A fundamentação teórica como estratégia de vinculação entre

teoria e prática no Estágio Supervisionado

Rio de Janeiro

2016

Page 2: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

Silvia Helena do Amaral Mousinho

A fundamentação teórica como estratégia de vinculação entre teoria e prática

no Estágio Supervisionado

Dissertação apresentada, como requisito

parcial para obtenção do título de Mestre, ao

Programa de Pós-Graduação em Políticas

Públicas e Formação Humana, da Universidade

do Estado do Rio de Janeiro.

Orientadora: Profª. Drª. Eloiza da Silva Gomes de Oliveira

Rio de Janeiro

2016

Page 3: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CEH/A

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, desde que citada a fonte. ___________________________________ _______________ Assinatura Data

M932 Mousinho, Silvia Helena do Amaral. A fundamentação teórica como estratégia de vinculação entre teoria e

prática no Estágio Supervisionado / Silvia Helena do Amaral Mousinho. – 2016.

223 f. Orientadora: Eloiza da Silva Gomes de Oliveira Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Faculdade de Educação. 1. Educação – Teses. 2. Estágio Supervisionado – Teses. 3.

Professores – Formação – Teses. I. Oliveira, Eloiza da Silva Gomes de. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Educação. III. Título.

es CDU 37

Page 4: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

Silvia Helena do Amaral Mousinho

A fundamentação teórica como estratégia de vinculação entre teoria e prática

no Estágio Supervisionado

Dissertação apresentada, como requisito

parcial para obtenção do título de Mestre, ao

Programa de Pós-Graduação em Políticas

Públicas e Formação Humana, da Universidade

do Estado do Rio de Janeiro.

Aprovado em 21 de setembro de 2016.

Banca Examinadora:

______________________________________________

Profª. Drª. Eloiza da Silva Gomes de Oliveira (Orientadora)

Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação

Humana da UERJ

______________________________________________

Prof. Dr. Antônio Carlos Ritto Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana da UERJ ______________________________________________

Prof. Dra. Maria Geralda

Centro Universitário Augusto Motta - UNISUAM

Rio de Janeiro

2016

Page 5: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

DEDICATÓRIA

Aos meus filhos e a vocês, futuros professores, na certeza de que a educação

sempre vale a pena se a vocação não é pequena.

Page 6: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

AGRADECIMENTOS

Agradeço especialmente à minha orientadora, Prof. Dra. Eloiza Gomes

Oliveira, que sempre me incentivou a buscar no mestrado as respostas para as

minhas inquietações, e que me fez ver que é possível “reencantar a educação”, à

Prof. Doutoranda Márcia Spíndola, amiga e companheira de ideias, cuja participação

profissional foi essencial para o meu ingresso no mestrado e para o desenvolvimento

dessa pesquisa, à Prof. Dra. Marly Abreu, coordenadora e amiga querida, que

propôs um novo formato para o componente curricular Estágio Supervisionado e

motivou a implantação dessa proposta de trabalho nos cursos das licenciaturas no

Consórcio CEDERJ (Pedagógicas UERJ), ao prof. Dr. Ritto pela sua sabedoria, que

foi genuinamemte esclarecedora em uma época de tantas incertezas, à prof. Dra.

Maria Geralda, que no aceite do convite tardio veio para agregar valores com seus

conhecimentos e experiências bem sucedidas, à prof. Dra Estela Sheinvar, que me

acolheu e me despertou para o fascinante universo foucaultiano, à prof. Dra. Stela

Piconez, que com sua atenção e análise cuidadosa contribuiu para dar novos rumos

à minha pesquisa, à professora Selma Valle, pela dedicação e qualidade do seu

trabalho como tutora à distância de Estágio Supervisionado nos cursos de

licenciatura. Agradeço, também, aos demais professores do curso de Pós-

Graduação do PPFH e da Faculdade de Educação pela oportunidade de

enriquecimento na minha profissão e como pessoa humana. Por fim, quero

agradecer, comovida, a todos os alunos estagiários que caminharam comigo e me

ajudaram a encarar desafios e vencer obstáculos em prol dessa jornada chamada

educação. Essa experiência emocionante, a cada dia, me encheu de orgulho da

escolha que fiz por exercer a profissão de professora. A vocês, futuros colegas de

profissão, eternas fontes de inspiração e de incentivo, muito obrigada por todo o

tempo que compartilhamos.

Page 7: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

Antes do compromisso há hesitação,

a oportunidade de recuar, uma imobilidade permanente.

Em toda iniciativa e criação existe uma verdade elementar

cujo desconhecimento destrói muitas ideias e planos esplêndidos.

No momento em que nos comprometemos de fato,

a Providência também age a nosso favor,

desencadeando uma série de acontecimentos em nosso apoio,

acontecimentos que de outro modo nunca ocorreriam.

Toda uma cadeia de eventos emana da decisão,

fazendo vir em nosso favor todo tipo de encontros,

de incidentes e apoio material imprevistos,

que ninguém poderia sonhar que surgiriam em seu caminho.

Começa tudo aquilo que possas fazer,

ou o que sonhas poder fazer.

A ousadia traz consigo o gênio, o poder e a magia...

J. Wolfgang Von Goethe

Page 8: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

RESUMO

MOUSINHO, Silvia Helena do Amaral. A fundamentação teórica como estratégia de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas e Formação Humana). Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.

Esse trabalho de pesquisa surgiu da necessidade de contribuir com a formação do professor/educador contemporâneo. Nesse sentido, buscou-se apresentar uma proposta de articulação entre teoria e prática no Estágio Supervisionado nos cursos de licenciatura de Matemática e Física do Consórcio CEDERJ. As indagações acerca da relação de sentido entre o que se ensina sobre a docência e o que é ser professor na sala de aula levaram a pesquisadora a desenvolver atividades inovadoras visando à melhoria desse componente curricular tão importante. As atividades propostas visaram modificações curriculares com vistas à formação de professores conscientes de que o exercício da profissão ocorre em determinado momento histórico, e que as tendências políticas, econômicas e sociais delineiam as tendências educacionais. Para a consecução dos objetivos propostos, o estudo de caso como modalidade de pesquisa qualitativa se mostrou o mais adequado por ter possibilitado, a partir da pesquisa documental e bibliográfica, que os procedimentos de coletas de dados e análise dos mesmos também fossem valorizados pela participação ativa dos sujeitos participantes da pesquisa. Para um maior entendimento dos significados presentes nos dados foram criadas as categorias de análise: Estágio Supervisionado, Referenciais Teóricos, Relação Teoria/Prática e Formação Docente. Os resultados da pesquisa mostraram o reconhecimento, por parte do estagiário (futuro professor), da perspectiva teórica do estágio como possibilidade de pesquisa para estruturar a sua formação para a prática docente e que para ser professor é preciso não deixar esmorecer as ações que alguns verbos enunciam, tais como: questionar, motivar, instigar, reformular, contestar...Assim, permanece viva a essencialidade para a prática da profissão.

Palavras-chave: Estágio Supervisionado. Formação de professores. Vinculação

Teoria/ Prática. Referenciais teóricos.

Page 9: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

ABSTRACT

MOUSINHO, Silvia Helena do Amaral. The theoretical foundation as a strategy to link theory and practice in the Supervised Internship. 2016. 223 f. Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas e Formação Humana). Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.

This research work arose from the need to contribute to the training of teachers / contemporary educators. In this case, it sought to propose a link between theory and practice in the Supervised Internship in undergraduate courses of Mathematics and Physics at CEDERJ Consortium. The questions about the relationship between what is taught about teaching and what is to be a teacher in the classroom, led the researchers to develop innovative activities aimed at improving this important curriculum component. This proposal modified activities aimed at training teachers to be aware that the profession is in a particularly historical moment, where the political, economic and social trends are outlining the educational trends. To achieve the proposed objectives, a study made with qualitative research has proved to be the most adequade as possible, from the documentary and bibliographic research to the data collection procedures and analysis, there of were also valued for their active participation of the subjects. For a better understanding of the meanings present in the data we created categories of analysis: Supervised Internship, Referential Theory, Relation Theory / Practice of Teacher Training. The results of this research showed the recognition by the trainee (future teachers), of the theoretical perspective in the course as a possibility to search for structure in training for teaching practice, where to be a teacher one must not let fade away the actions that some verbs enunciate such as: question, motivate, instigate, reframe, challenge So essentiality, stay alive to practice the profession. Keywords: Supervised Internship. Teacher training. Linking Theory / Practice.

Reference theoretical.

Page 10: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

LISTA DE GRÁFICOS:

Gráfico 1 – Sobre o uso de mapas conceituais ........................................................ 87

Gráfico 2 – Mapas conceituais e formação docente ................................................. 87

Gráfico 3 – Os fundamentos teóricos no estágio supervisionado ............................. 88

Gráfico 4 – Contribuições do estágio para a formação docente ............................... 92

Page 11: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

LISTA DE TABELAS:

Tabela 1 – O estágio supervisionado sob a visão dos alunos dos cursos de

licenciatura em física e em matemática do Consórcio

CEDERJ/UERJ ................................................................................. 79

Tabela 2 – Os fundamentos teóricos sob a visão dos alunos dos cursos de

licenciatura em física e em matemática do Consórcio

CEDERJ/UERJ ................................................................................. 83

Tabela 3 – Contribuições e avaliação do estágio supervisionado sob a visão

dos alunos dos cursos de licenciatura em física e em matemática

do Consórcio CEDERJ/UERJ ........................................................... 90

Tabela 4 – Contribuições do estágio para a inserção profissional: justificativas .. 94

Page 12: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AD1- Avaliação a Distância 1

AD2- Avaliação a Distância 2

AP1- Avaliação Presencial 1

AP2- Avaliação Presencial 2

AP3- Avaliação Presencial 3

AVA- Ambientes Virtuais de Aprendizagem

BIRD- Banco Internacional Para Reconstrução e Desenvolvimento

CECIERJ- Fundação Centro de Ciências de Educação Superior a Distância do

Estado do Rio de Janeiro

CEDERJ- Consórcio de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de

Janeiro

CEFET- Centro Federal

CES- Câmara de Educação Superior

CIEP- Centros Integrados de Educação Pública

CNE- Conselho Nacional de Educação

CP- Conselho Pleno

DCN- Diretrizes Curriculares Nacionais

EAD- Educação a Distância

ENEM- Exame Nacional do Ensino Médio

ETI- Educação de Tempo Integral

F1, F2 e F3- alunos estagiários dos cursos de Licenciatura em Física

FMI- Fundo Monetário Internacional

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísitca

IE- Inteligência Emocional

IFF- Instituto Federal Fluminense

IHMC - Institute for Human and Machine Cognition

IPP- Instituto Pereira Passos

LDBN- Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

M1- M11- Alunos estagiários dos cursos de licenciatura em Matemática

PCN- Parâmetros Curriculares Nacionais

Page 13: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

PNE- Plano Nacional de Educação

PUCRJ- Pontífice Universidade Católica do Rio de Janeiro

QI- Quociente Intelectual

RMEPOA- Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre

SEP- Síndrome do Esgotamento Profissional

TAS- Aprendizagem Significativa de Ausubel

TIC- Tecnologias de Informação e Comunicação

UENF- Universidade Estadual do Norte Fluminense

UFF- Universidade Federal Fluminense

UFPB- Universidade Federal da Paraíba

UFRGS- Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFRJ- Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRRJ- Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

UNESCO- Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a

cultura

UNICEF- Fundo das Nações Unidas para a Infância

UNIRIO- Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

UPP- Unidades de Polícia Pacificadoras

Page 14: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................. 14

1 O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NOS CURSOS DE LICENCIATURA........ 21

1.1 Introdução .................................................................................................... 21

1.2 Estágio Supervisionado e a Formação Docente ...................................... 21

2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS PARA A FORMAÇÃO DO PROFESSOR

EDUCADOR SOB A VISÃO DE PENSADORES DA ATUALIDADE ............ 27

2.1 Introdução .................................................................................................... 27

2.2 Formando/Informando o Professor em um Mundo Contextualizado ....... 28

3 A IMPORTÂNCIA DOS FUNDAMENTOS TEÓRICOS COMO

MEDIADORES NA RELAÇÃO TEORIA-PRÁTICA NO ESTÁGIO

SUPERVISIONADO ...................................................................................... 35

3.1 O Binômio Teoria- Prática no Estágio Supervisionado: Perspectivas

Críticas ......................................................................................................... 35

3.2 A Importância dos Fundamentos Teóricos na Vinculação Teoria-

Prática no Estágio Supervisionado ............................................................ 37

4 O PERCURSO DA PESQUISA- ESTRATÉGIAS DE VINCULAÇÃO

ENTRE TEORIA E PRÁTICA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO ................ 43

4.1 O Estágio Supervisionado no Consórcio CEDERJ ................................... 44

4.1.1 O Consórcio CEDERJ ................................................................................... 44

4.1.2 O Componente Curricular Estágio Supervisionado no CEDERJ:

Perspectivas Críticas ..................................................................................... 48

4.2 Uma Proposta Metodológica para o Estágio Supervisionado: a

elaboração do Material Didático/Acadêmico ............................................. 55

4.3 Aplicação do Material Didático/Acadêmico no Estágio

Supervisionado dos cursos de licenciatura em Matemática e Física

(Pedagógicas-UERJ) ................................................................................... 62

4.4 Modalidade da Pesquisa e os Participantes da Pesquisa ........................ 71

4.4.1 A abordagem qualitativa ................................................................................ 71

4.4.2 Participantes da Pesquisa ............................................................................. 73

4.4.3 Estudo de Caso como modalidade da pesquisa em tela ................................ 74

Page 15: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

4.5 Procedimentos para a Coleta de Dados ..................................................... 75

5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.............................................. 77

5.1 Estágio Supervisionado .............................................................................. 79

5.2 Referenciais teóricos .................................................................................. 82

5.3 Relação teoria / prática e formação docente ............................................. 90

À GUISA DE CONCLUSÃO .......................................................................... 96

REFERÊNCIAS ........................................................................................... 100

APÊNDICE A - Material didático/acadêmico do componente curricular

Estágio Supervisionado do Consórcio CEDERJ .......................................... 114

APÊNDICE B - Material didático/acadêmico do componente curricular

Estágio Supervisionado do Consórcio CEDERJ .......................................... 131

APÊNDICE C - Material didático/acadêmico do componente curricular

Estágio Supervisionado do Consórcio CEDERJ .......................................... 143

APÊNDICE D - Material didático/acadêmico do componente curricular

Estágio Supervisionado do Consórcio CEDERJ .......................................... 159

APÊNDICE E- Material didático/acadêmico do componente curricular

Estágio Supervisionado do Consórcio CEDERJ .......................................... 172

APÊNDICE F - Instrumento de coleta de dados .......................................... 202

APÊNDICE G – Lista de Vídeos apresentados no fórum de discussão ....... 202

ANEXO A - Formato do Componente Curricular Estágio Supervisionado

dos Cursos de Licenciatura, na modalidade a distância do Consórcio

CEDERJ/ CECIERJ. .................................................................................... 207

Page 16: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

14

INTRODUÇÃO

Começo esse texto de maneira pessoal porque a minha vida profissional é

fruto de uma história que se traduz nas palavras do saudoso Rubem Alves (1996),

pois, tive a sorte de seguir sempre vivendo com aqueles que me ensinaram a ver o

mundo através da magia de suas palavras e, assim, ensinar, para mim, agregou o

honroso exercício de imortalização desses professores.

A minha jornada na educação começou cedo, pois, desde muito pequena, eu

me atribuía o título de professora e distribuía com altivez os meus primeiros

conhecimentos aos meus coleguinhas de infância. Lembro-me que aos oito anos de

idade ajudei a minha babá a se alfabetizar. Era fascinante vê-la desenhar as

primeiras letras do alfabeto e se encher de alegria a cada conta de somar que eu

conferia um acerto.

Cresci “respirando” e me “alimentando” de educação no seio de uma família

onde a palavra professor vinha acrescida de respeito e êxito, e o exercício do

magistério não era só a opção de trabalho para a subsistência e a aquisição de bens

materiais, mas dignificava o ser humano. Hoje, professora há mais de trinta anos,

ainda me reconheço apaixonada pela educação, participando ativamente ao lado

daqueles que optaram pela profissão.

Aposentada das redes Municipal e Federal, iniciei, no ano de 2007, o meu

trabalho como tutora a distância de Estágio Supervisionado nos cursos de

licenciatura em Física, Matemática, Biologia e Química do Consórcio de Educação

Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ). Fiquei impressionada

com a modalidade educacional inovadora e comprometida com a inclusão e a

democratização do ensino superior de qualidade. Sob o olhar e a experiência de

quem abraçou a proposta de educação semipresencial do CEDERJ, em meio às

mudanças de visão, de valores e de compreensão de mundo, o meu compromisso

ainda permanece o mesmo: contribuir para formar pessoas mais humanas. Desde

então, tive a oportunidade de acompanhar os alunos estagiários e orientá-los

durante a realização das atividades supervisionadas.

Em 2010, quando assumi a coordenação de Estágio Supervisionado,

comecei, oportunamente, a elaborar atividades complementares com o objetivo de

Page 17: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

15

atualização dos cadernos didáticos desse componente curricular. Para ir de

encontro ao modelo tradicional de educação, que ainda reproduzimos em nossas

instituições de ensino, em todos os níveis de escolaridade, busquei alternativas de

trabalho, mostrando a importância de estarmos cientes de que todas as disciplinas

se inter-relacionam e devem evoluir sendo capazes de expressar as mudanças

decorrentes de uma nova compreensão do mundo e da vida.

A análise e a avaliação das propostas curriculares do estágio motivaram nos

alunos questionamentos quanto à sua adequação no que diz respeito ao preparo

do futuro professor para lidar com a realidade que o aguarda. Pude perceber na

fala dos estagiários que o maior destaque foi dado à falta de relação entre os

conteúdos abordados no estágio e o que eles vivenciam na escola parceira (escola

pública onde o aluno realiza o estágio). De certo modo, o problema da dicotomia

entre teoria e prática no estágio é recorrente, e a minha longa trajetória na

educação me conduzia a uma incansável busca por fazer a diferença.

No ano de 2012, entrou em vigência o novo formato do Estágio

Supervisionado que, dentre as mudanças estruturais mais importantes, propõe a

coordenação por áreas (compostas por disciplinas afins). Como a minha formação é

em Física, passei a dividir a coordenação da área de Física/Matemática com Marcia

Spíndola (professora de Matemática). Esse modelo acabou nos favorecendo, pois

ampliou a nossa esfera de atuação, possibilitando trabalharmos, também, com os

conteúdos específicos das nossas disciplinas. Essa proposta manteve o primeiro

período de estágio, Estágio Supervisionado I, com as mesmas características do

modelo anterior, pelo fato de a participação dos alunos, nessa primeira etapa, ser

essencialmente de observação e investigação. Portanto, ficamos com a

coordenação de Matemática/ Física de Estágio Supervisionado II, III e IV.

Uma vantagem que esse novo modelo do estágio nos proporcionou foi a de

acompanhar os alunos durante três períodos consecutivos, ou seja, desde o estágio

II, passando pelo estágio III até o estágio IV. Desse modo, foi possível perceber a

evolução dos alunos, o que enriqueceu e qualificou esse trabalho de pesquisa.

No primeiro semestre de 2012, organizei, a partir de um processo seletivo, os

temas/assuntos/questões pertinentes ao universo educacional, com a colaboração

dos alunos estagiários, que fossem mais significativos e, portanto, que merecessem

uma abordagem mais aprofundada. Esse material resultou em um acervo valoroso

Page 18: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

16

na medida em que refletia a realidade vigente; cabendo destacar que, na opinião da

maioria dos estagiários, a violência e a indisciplina foram citadas como ameaças

para a prática da profissão.

Ante essa constatação, comecei a motivar os estagiários a buscarem

referências, estudiosos, pesquisadores, que pudessem contribuir para a análise e a

compreensão do “como” e dos “porquês” da violência nas escolas. O meu interesse

em desenvolver esse trabalho era levá-los a compreender a violência escolar em

meio às manifestações da violência na sociedade. E, mais ainda, a reconhecer que

as consequências desse processo no ambiente escolar geram elementos ligados à

violência que necessitam de uma análise que leve em conta o fato de que todos os

elementos influenciam e são influenciados reciprocamente. Um aluno que apresenta

um comportamento caracteristicamente violento costuma, por exemplo, apresentar,

concomitantemente, dificuldades na aprendizagem, baixa autoestima, dificuldades

nas relações interpessoais e intrapessoais, distúrbios psicoemocionais. Tais

alterações de comportamento não podem ser ignoradas, os relatos de violência,

lamentavelmente, fazem parte de um consenso, e ocorrem tanto entre alunos quanto

entre aluno e professor, mas, há carência de estudos sobre o tema nos cursos de

formação docente, e o descompasso entre a realidade vivida dentro da escola e fora

da escola ainda é assombroso.

Essas considerações foram essenciais para alertar os futuros professores

para o entendimento de que a violência precisa ser analisada a partir de um

contexto, a fim de repensarmos o papel da escola enquanto espaço de formação

social e buscar alternativas que possam senão dirimir, ao menos, amenizar/ prevenir

os conflitos vividos no ambiente escolar.

O exemplo da violência é oportuno para ilustrar como se deu o início do

desenvolvimento do trabalho com os alunos estagiários, proposto a partir de

atividades, tais como: fóruns de discussão, videoconferência, palestras, relatórios,

que culminaram com uma proposta de estudo de campo por meio de coparticipação

e participação assistidas, e análise crítica com fundamentação teórica. Esse novo

encaminhamento do Estágio Supervisionado, oriundo da busca de alternativas para

a qualificação dos cursos de formação de professores, promoveu significativas

mudanças nesse componente curricular, dando origem a um novo formato.

Page 19: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

17

O que efetivamente motivou esse trabalho de pesquisa foi a necessidade de

buscar na fundamentação teórica estratégias de vinculação entre a teoria e a prática

no Estágio Supervisionado, como meio de contribuir para uma formação inicial

docente que atendesse às expectativas da prática educativa no contexto atual.

A hipótese de que era necessário recorrer aos referenciais teóricos para uma

articulação entre teoria e prática no estágio supervisionado, colocou-me cara a cara

com o problema cuja solução passou a ser a minha meta: Como os fundamentos

teóricos podem se constituir em estratégia para uma concreta vinculação entre

teoria e prática no Estágio Supervisionado com o objetivo de combater as

causas que contribuem para uma formação docente inicial precária?

Ao criar um vínculo concreto entre teoria e prática no Estágio Supervisionado,

estaríamos nos encaminhando em direção à consecução de nosso objetivo: a busca

de uma relação de sentido entre o que se ensina sobre a docência e o que é

ser professor na sala de aula. O desenvolvimento de uma proposta teórico-

metodológica reforçaria os objetivos específicos estabelecidos:

Caracterizar o componente curricular Estágio Supervisionado nos

cursos de licenciatura;

Analisar os fundamentos teóricos essenciais para a formação docente

na atualidade.

Foram dois anos de estudo e leitura e, principalmente, dedicação e análise

cuidadosa de tudo o que ocorria no Estágio Supervisionado dos cursos de

licenciatura do Consórcio CEDERJ. A minha experiência em sala de aula, como

professora regente de turma, ao longo de trinta anos, foi de crucial importância para

enfrentar o desafio que me aguardava. Há décadas, fazemos menções ou

afirmações, respaldadas pela maioria dos envolvidos com a formação docente, a

respeito do quão é relevante a dimensão teoria-prática no Estágio Supervisionado.

Nesse período de dedicação exclusiva a esta questão, percebi que um dos entraves

era, em um período de tempo destinado ao cumprimento de um currículo

diversificado e extenso, desenvolver um trabalho valorizando essa dimensão. Então,

ante esta constatação, aventurei-me a elaborar o material didático, de cunho

acadêmico, com base no rico acervo coletado com a contribuição dos estagiários,

com o firme propósito de criar condições para a realização de um trabalho que a

Page 20: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

18

princípio estivesse voltado para o desenvolvimento do potencial crítico e

transformador do futuro professor.

Em 2012, buscando fazer jus às transformações prementes em prol da

qualificação da formação docente, os temas mais relevantes que permeiam o

universo educacional foram reunidos em cinco eixos, conforme a seguir: A

formação docente para além dos muros da escola, Por uma formação docente

interdisciplinar, As contribuições de Piaget na construção dos valores: um

estudo de caso, Inteligência emocional no contexto educacional, Mapas

conceituais e Aprendizagem significativa. Como conjunto expressivo da tríade

Educação, Cultura e Valores, esses eixos passaram a integrar a base teórica que

fundamenta o Componente Curricular Estágio Supervisionado, praticado nos cursos

de licenciatura em Física e Matemática do Consórcio CEDERJ (Pedagógicas-

licenciaturas/ UERJ).

Após a elaboração de um trabalho que se pronunciava uma proposta

inovadora, senti-me motivada a buscar no mestrado o respaldo necessário à

superação dos limites na construção de novas possibilidades. Pois, era necessário

avaliar, de modo investigativo, até que ponto essa inovação atendia aos objetivos a

que se propunha, indo de encontro às carências e às lacunas deixadas pela

formação acadêmica.

Assim, em 2014, as inquietações deram início a essa pesquisa acadêmica,

organizada em cinco capítulos. O primeiro capítulo faz considerações sobre o

Estágio Supervisionado nos cursos de licenciatura, destacando os aspectos legais e

a necessidade de implementação das políticas públicas na articulação teoria e

prática para a qualificação da formação docente.

O segundo capítulo aborda a formação docente com base nas referências de

educadores e pensadores que se destacam por sua perspectiva de análise

contextualizada e interdisciplinar. Recorremos a autores (citados em ordem

alfabética) como Demo, Gadotti, Gatti, Giroux, Libâneo, Moraes, Moran, Morin e

outros de mesma importância para um maior entendimento das implicações

decorrentes das transformações nos campos científico, social, cultural, filosófico e

ambiental sobre a educação e as práticas educacionais.

O terceiro capítulo contempla a relevância da fundamentação teórica como

mediadora na relação teoria-prática no Estágio Supervisionado. O referencial teórico

Page 21: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

19

proposto para delimitar os problemas a serem resolvidos é constituído pelos cinco

eixos básicos, supracitados, essencialmente importantes para uma formação

profissional contemporânea, orientada para as atividades docentes.

No quarto capítulo é apresentado o percurso metodológico da pesquisa.

Considerando a natureza das indagações, além da pesquisa bibliográfica, a

abordagem que se adequou melhor aos nossos questionamentos foi o estudo de

caso como modalidade de pesquisa qualitativa.

No quinto capítulo são apresentadas a análise e a interpretação dos

resultados obtidos nessa pesquisa, realizada com os alunos dos cursos de

licenciatura em Física e Matemática do último período de estágio, descrevendo os

procedimentos que viabilizaram as mudanças curriculares implantadas no

componente curricular Estágio Supervisionado do Consórcio CEDERJ. Nesse

capítulo, lembramos ainda que todos os estudos aqui apresentados foram o

resultado da experiência e da pesquisa acadêmica, fundamentados na revisão da

literatura pertinente e na observação/participação junto aos alunos nos polos

regionais do Consórcio CEDERJ.

Esse trabalho de pesquisa é mais uma investida no sentido de repensarmos a

necessidade da ampliação dos referenciais teóricos no componente curricular

Estágio Supervisionado. A relevância de uma formação docente que reconheça na

prática educativa a prática cidadã para uma aprendizagem em busca da

transformação social precisa confrontar o aluno estagiário com outras realidades e

novas visões de mundo. Que essa pesquisa seja um alerta para continuarmos na

defesa de uma revisão bibliográfica que promova durante o Estágio Supervisionado

“a construção da identidade, dos saberes e das posturas específicas ao exercício

profissional docente” (PIMENTA; LIMA, 2004, p. 61). Que não esmoreçamos frente

aos desafios na busca de uma nova dimensão na relação teoria-prática no Estágio

Supervisionado que reconheça o profissional de educação como um intelectual na

medida em que temos a capacidade de pensar, de ser autocríticos, de criar ideias e

de articular conhecimentos como formas de desenvolvimento pessoal e social

(GIROUX, 1997).

O que propomos é chamar a atenção para uma educação que transcenda os

muros da escola, e que procure cada vez mais no processo formativo do docente a

articulação com os aspectos epistemológicos e metodológicos que caracterizam os

Page 22: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

20

programas curriculares e as práticas que surgem da reflexão do cotidiano escolar,

fomentando a necessidade de uma visão crítica do professor. Desse modo, a ação

pedagógica se desenvolve na interação com a prática social, e o professor como

intelectual consciente se torna responsável pela sua própria transformação, assim

como da realidade.

Page 23: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

21

1 O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NOS CURSOS DE LICENCIATURA

1.1 Introdução

Há décadas, são muitos os questionamentos sobre o Estágio Supervisionado

que não encontram ainda um encaminhamento satisfatório. O empenho docente tem

conduzido a alguns avanços quanto à implementação de políticas públicas para

garantir que programas homologados por lei se façam valer. Em 2008, a Lei de

Estágio definiu o estágio como:

Estágio é o ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior [...] (Lei 11.788/08, Art. 1º).

Essa legislação trouxe novas diretrizes, firmando desde a definição das horas

de dedicação às atividades previstas durante a sua realização até a

responsabilidade das instituições de ensino no que diz respeito às questões

pedagógicas e burocráticas. Nessa mesma direção, a Lei de Diretrizes e Bases

Nacional (LDBN 9394/96) e as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), por meio do

Conselho Nacional de Educação (CNE), contribuem significativamente com

propostas de atualização que são necessárias para a formação docente em todo

país. Mas o que tem ocorrido, e que é um agravante para os problemas não

resolvidos, é o divórcio existente entre a implantação e a implementação dessas

políticas públicas.

1.2 Estágio Supervisionado e a Formação Docente

Dentre as disciplinas pedagógicas que compõem o núcleo de formação

específica, o Estágio Supervisionado é apontado como de significativa importância

na formação do futuro professor por promover o primeiro contato direto com a prática

Page 24: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

22

da profissão. E a expectativa é que deve caber ao estágio, segundo Pimenta e Lima

(2004, p. 43), “possibilitar que os futuros professores compreendam a complexidade

das práticas institucionais aí praticadas por seus profissionais como alternativa no

preparo para sua inserção profissional”. Para Campos e Spazziani (2011), mais que

o primeiro contato com a prática da profissão, o estágio envolve processos

sistemáticos de reflexão e orientação individual e coletiva sobre as condições sociais

mais amplas da profissão de professor, tais como: qualificação, carreira,

possibilidades de emprego, ética profissional, compromisso com a educação e com

a sociedade. A responsabilidade atribuída ao Estágio Supervisionado é bastante

ampla e isto fica claro nas falas de todos os envolvidos.

A questão que vai merecer atenção especial nesse trabalho de pesquisa se

refere à articulação teoria-prática, prevista na LDBN 9394/96 (Inciso I):

Art. 61. A formação de profissionais da educação de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e as características de cada fase do desenvolvimento do educando terá como fundamentos: I - a associação entre teorias e práticas inclusive mediante a capacitação em serviço (Lei 9394/96).

É no Estágio Supervisionado que o aluno experimenta a sala de aula, que

aprende a ser professor, como explicita o Parecer CNE/CES Nº 15/2005:

O estágio supervisionado é um conjunto de atividades de formação, realizadas sob a supervisão de docentes da instituição formadora, e acompanhado por profissionais, em que o estudante experimenta situações de efetivo exercício profissional. (PARECER CNE/CES Nº. 15/2005).

A Resolução CNE/CP Nº 2 de 2002 institui a carga horária destinada a esse

objetivo:

Art. 1º. A carga horária dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica, em nível Superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, será efetivada mediante a integralização de, no mínimo, 2800 (duas mil e oitocentas) horas nas quais a articulação teoria-prática garanta, nos termos dos seus projetos pedagógicos, as seguintes dimensões dos componentes comuns: ............................................................................................................... II- 400 (quatrocentas) horas de estágio curricular supervisionado a partir do início da segunda metade do curso; (RESOLUÇÃO CNE/CP Nº. 2, 2002). ...............................................................................................................

Page 25: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

23

A importância da relação teoria-prática no Estágio Supervisionado não carece

de reconhecimento e respaldo legal. De forma explícita e concisa, o Parecer

CNE/CP Nº 28/2001, que dá nova redação ao Parecer CNE/CP Nº 21/2001,

estabelece que é indispensável que o estágio curricular supervisionado “se

consolide a partir do início da segunda metade do curso, como coroamento formativo

da relação teoria-prática e sob forma de dedicação concentrada”.

Na busca por superar a dicotomia existente entre teoria e prática quando se

trata de disciplinas de cunho pedagógico, Pimenta e Lima (2004, p.43) argumentam

que a perspectiva dual em conceber as disciplinas do curso e o Estágio

Supervisionado para ser superada precisa que os professores formadores concebam

o estágio também em uma perspectiva teórica, como eixo integrador dos

conhecimentos científicos, pedagógicos, específicos e, ainda, os saberes pessoais.

Segundo as autoras, “o papel das teorias é iluminar e oferecer instrumentos para a

análise e investigação que permitam questionar as práticas institucionalizadas e as

ações dos sujeitos”, inclusive, colocando elas próprias em questionamento, uma vez

que as teorias são sempre explicações provisórias da realidade.

Nessa direção, Pimenta e Lima (2005/2006) contribuem de modo significativo

para a desconstrução da visão de que o estágio é um treinamento para a

reprodução de práticas, e sim, um campo de conhecimento, o que lhe atribui um

estatuto epistemológico que supera sua tradicional redução à atividade prática

instrumental.

Enquanto campo de conhecimento, o estágio se produz na interação dos cursos de formação com o campo social no qual se desenvolvem as práticas educativas. Nesse sentido, o estágio poderá se constituir em atividade de pesquisa. (PIMENTA e LIMA, 2005/2006, p. 6)

A preocupação com a formação docente é notória, e o estudo e a diversidade

de publicações a respeito têm mostrado que a maioria dos professores, senão quase

a totalidade, segundo Gadotti (2002), com a drástica diminuição dos salários, com a

progressiva deterioração das escolas e a desvalorização da profissão, procuram

cada vez mais cursos e conferências para buscar na formação continuada uma

resposta que não encontraram na formação inicial.

Em nosso país, a principal causa da demanda dos cursos de formação

continuada é o baixo rendimento apresentado pelos alunos em Matemática e Língua

Page 26: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

24

Portuguesa, e na alfabetização das séries inicias1 (2011). E o foco da formação

continuada tem sido o ensino fundamental para dar conta da precariedade da

formação docente. O quantitativo de profissionais que compõe esse quadro assume

proporções tão consideráveis que acaba conduzindo a uma visão equivocada do

que seja formação continuada. Sabemos que para os profissionais das mais

diversas áreas, a formação continuada é um meio de atualização e qualificação

reconhecido como necessário para avançar no caminho das inovações pretendidas.

Na Educação não pode ser diferente, ou melhor, não deveria ser diferente, mas na

ausência de políticas públicas educacionais que viabilizem ações, propostas teóricas

e práticas que atendam às necessidades reais dos professores nas escolas, as

lacunas deixadas pela formação inicial acabam sendo deflagradas a partir da

inserção profissional. Consequentemente, a busca pela formação continuada acaba

sofrendo um desvio na sua função ante a emergência de suprir as carências e as

limitações desse professor.

Para Nóvoa (1992), o aprender contínuo é essencial e se concentra em dois

pilares: a própria pessoa como agente, e a escola como lugar de crescimento

profissional permanente. Não sendo assim, quando o professor recorre à formação

continuada está buscando um meio para sanar as suas deficiências por conta de

uma formação inicial que ainda deixa muito a desejar.

O Parecer Nº 232/2002, que consulta sobre o art. 65 da LDBN 9.394/96, é

claro quanto ao papel a ser desempenhado pelas universidades no estágio

obrigatório em prol da formação docente:

Cada instituição de ensino superior, portanto, deverá incluir no seu projeto pedagógico, como componente curricular obrigatório, o estágio curricular supervisionado de ensino como um momento de capacitação em serviço de 400 horas, que deverá ocorrer em unidades escolares onde o estagiário, ao final do curso, assuma efetivamente, sob supervisão, o papel de professor. (Parecer CNE/CES Nº 0232/2002).

De acordo com Imbernón (2006), a formação inicial deve fornecer as bases

para a construção de um conhecimento especializado, provendo os professores de

uma bagagem sólida nos âmbitos científico, cultural, contextual, psicopedagógico e

pessoal.

1 Pesquisa realizada pela Fundação Victor Civita sobre a formação continuada de professores.

Disponível em: http://www.fvc.org.br/pdf/relatorio-formacao-continuada.pdf. Acesso em mar. 2015.

Page 27: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

25

É no Estágio Supervisionado que o futuro professor se depara com a relação:

aquisição de conhecimento x formação cidadã. É durante o curso de formação, nas

primeiras práticas em sala de aula, que o professor deve perceber que para que

essa relação seja profícua as propostas curriculares devem ampliar o seu contexto

para além dos aspectos sociopolíticos e epistemológicos. Pimenta e Lima

(2005/2006) chamam atenção para a complexidade da educação como prática em

uma dada sociedade e em um tempo histórico determinado, o que conduz à

necessidade de repensar novos conteúdos, previstos no Parecer 9/2001:

São critérios de organização de conteúdos, as formas que possibilitam: a) ver cada objeto de estudo em articulação com outros objetos da mesma área ou da área afim; b) romper com a concepção linear de organização dos temas, que impede o estabelecimento de relações, de analogias etc. (Parecer CNE/CP Nº 009/2001)

Para lidar com a realidade, Pimenta (2002) afirma que o aluno estagiário deve

entender a prática profissional como prática social, considerando a natureza e o teor

das questões de ordem formativa nas vivências nas escolas durante o estágio. O

currículo tem que vincular esses aspectos às dimensões humanas emocionais,

éticas, espirituais e ecológicas. Encontramos essa conjunção nas palavras de

Santos Neto (2006), para quem conhecer e discutir as ideologias políticas em vista

da transformação social é tão importante quanto o autoconhecimento; o trabalho

com o corpo, com as emoções, com a razão e com o espírito; o desenvolvimento da

consciência ecológica; o respeito pelas diferenças pessoais, coletivas e raciais; a

articulação entre o mundo da interioridade e da exterioridade onde todas as

dimensões estão interligadas.

Pelas referências supracitadas, vemos que os espaços destinados nas

licenciaturas, pelas normas vigentes no país, ao tratamento concreto das práticas

docentes, aliando experiência e teoria, não são aproveitados pelas instituições

formadoras para fazer essa rica aliança entre conhecimento acadêmico e

conhecimento que vem com o exercício da profissão no cotidiano vivido nas escolas

(GATTI, 2013).

A realidade está longe de corresponder a esses pressupostos, entendemos

que é premente recorrer à pesquisa para buscar nos referenciais teóricos novas

bases metodológicas para o componente curricular Estágio Supervisionado,

Page 28: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

26

comprometido também com a formação de professores socializadores e

articuladores da transformação da sociedade (GIROUX, 1997).

O que constatamos nos estudos realizados e na revisão da literatura mostra a

dicotomia existente entre a teoria e a prática no Estágio Supervisionado como uma

das causas da formação docente inicial precária. A tentativa de caminhar na

contramão, buscando interceder em favor de uma mudança do atual quadro, não

garante uma solução para a crise em que se encontra o sistema educacional, mas

não se render à estagnação já é um passo para as indagações sobre qual indivíduo

queremos formar, pois, para Moretti e Moura (2010), a nossa opção deve ser pela

formação de um homem histórico e humanizado por meio de um processo de

apropriação cultural, de modo que essa cultura, construída socialmente, implique

conhecimentos e técnicas, mas também artes, valores, posturas.

Page 29: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

27

2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS PARA A FORMAÇÃO DO PROFESSOR

EDUCADOR SOB A VISÃO DE PENSADORES DA ATUALIDADE

2.1 Introdução

Na atual sociedade midiática, a internet e os recursos tecnológicos

possibilitam o acesso, a produção e a veiculação das informações com uma

velocidade espantosa, sem limites temporais ou espaciais. Mais significativamente,

do século XIX em diante, com o desenvolvimento dos motores de combustão, a

velocidade assume importância social e histórica no legado das invenções humanas.

Os processos de ensino mediados pela tecnologia, através do uso de computadores

e dos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), sugerem uma nova atitude perante

o saber, que implica na necessidade de rever o papel da escola e do professor.

Precisamos ter plena consciência de nossa condição permanente de aprendentes,

não há lugar para a inércia ante a velocidade com que as mudanças ocorrem na era

das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC). Drucker (1999, p. 189)

chama a nossa atenção quando afirma que “a tecnologia será importante, mas

principalmente porque nos força a fazer coisas novas e não porque irá permitir que

façamos melhor as coisas velhas”.

É esperado que o professor, no exercício pleno de suas atribuições, contribua

para que o seu aluno se reconheça como protagonista de sua própria história; que

seja capaz de refletir, desde sempre, criticamente sobre a condição humana. Assim,

espera-se, que, ao longo desse processo, na conquista de sua autonomia, esse

aluno perceba que cabe ao homem a tomada de decisões diante das situações que

comprometam a sua sobrevivência e a sua qualidade de vida.

Nesse capítulo, serão apresentadas algumas considerações de autores

contemporâneos (citados em ordem alfabética) como Demo, Gadotti, Gatti, Giroux,

Libâneo, Moraes, Moran, Morin e outros de igual importância para uma maior

compreensão de como as transformações que ocorrem no cenário mundial

estabelecem novos paradigmas nos campos científico, social, cultural, ambiental e

filosófico; pois é fundamental atentarmos para as consequências desses novos

Page 30: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

28

modelos e as implicações desses referenciais sobre as práticas educacionais e a

educação.

2.2 Formando/Informando o Professor em um Mundo Contextualizado

Na visão de Gadotti (2006, p.10), a globalização está mudando a política, a

economia, a cultura, a história e, portanto, também a educação. É preciso integrar

essas dimensões à “totalidade do sujeito, valorizando a sua iniciativa, a sua

criatividade, valorizando o micro, a complementaridade, a convergência, a

complexidade”.

Moraes (2004, p. 21) nos alerta para o fato de que os efeitos da

globalização associados à evolução da ciência e da tecnologia sobre o nosso

mundo real indicam que “estamos em um processo de rápidas transformações

nas formas de viver/conviver, nos modos de fazer e de ser”, apontando a

dificuldade de se prever a curto, médio e longo prazos o que deve ser aprendido

e quais as competências necessárias para habitar em um mundo em permanente

mudança.

Hoje, a crise de identidade do professor quanto ao seu papel profissional

alcança o cenário mundial e os estudos mostram que o seu agravamento, nas

últimas décadas, nos países em desenvolvimento, se manifestou pelo acúmulo de

problemas estruturais em nossa sociedade que não foram resolvidos e acabaram

acrescidos:

pelo subdesenvolvimento econômico crescente; pela falência das instituições político-administrativas; pela ausência da ética na política e nas relações sociais em geral; pela incapacidade de se estabelecer quais são as necessidades prioritárias que devem ser enfrentadas através de projetos, que venham a ser viabilizados pelo conjunto da sociedade – Estado e Sociedade Civil. (SILVA, 2005, p. 22)

A palavra crise hoje é recorrente e, nos tempos atuais, o dos avanços

tecnológicos, a mídia de maior alcance na sociedade, a televisão, tem um papel de

destaque como formadora de opinião, como assinala Silva (2005); e o que é mais

problemático é reconhecer o efeito dessa difusora de valores, sentimentos e visões

Page 31: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

29

de mundo como responsável direta pela “formação cultural” da grande maioria da

população brasileira, especialmente, das crianças e dos jovens.

J. Moran (2007) considera que com os novos meios de comunicação na

educação, precisamos aprender a lidar com a informação e o conhecimento também

de formas novas; o mundo globalizado exige cada vez mais professores dotados de

discernimento e de poder de decisão e iniciativa. Ritto (2010) acrescenta que as

questões do mundo atual, por serem de grande magnitude e igualmente

complexas, têm que ser tratadas através de um processo de contextualização.

Só através da contextualização que as demandas sociais penetram no processo

de pesquisa, influenciando a formulação dos problemas, a implantação de

soluções e a avaliação de resultados (RITTO, 2010).

É nesse sentido que Libâneo (2009) defende que desde a formação inicial o

professor precisa unir cultura geral, especialização disciplinar e a busca de

conhecimentos conexos com a sua disciplina de formação porque para formar o

cidadão hoje é preciso formá-lo para lidar tanto com noções e problemas surgidos

nas mais inusitadas situações profissionais quanto sociais, culturais, éticas.

Os cursos de formação de professores, em especial as licenciaturas, são

direcionados para a especialização disciplinar. Há algum tempo, insistimos que a

dinâmica da sociedade precisa ser assimilada pela educação, pois, como vemos no

parecer que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de

Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de

graduação plena:

Nos cursos atuais de formação de professor, salvo raras exceções, ou se dá grande ênfase à transposição didática dos conteúdos, sem sua necessária ampliação e solidificação – pedagogismo, ou se dá atenção quase que exclusiva a conhecimentos que o estudante deve aprender – conteudismo, sem considerar sua relevância e sua relação com os conteúdos que ele deverá ensinar nas diferentes etapas da educação básica. (PARECER CNE/CP 009/2001, p.21)

Segundo Morin (2000), a pesquisa por áreas disciplinares, supervalorizando a

formação de especialistas, já não consegue responder a uma gama de questões que

a realidade nos mostra. Para o filósofo, a missão primordial do ensino implica muito

mais aprender a religar do que aprender a separar, o que tem sido feito até o

presente... Morin (2000) ainda complementa dizendo que, se fosse professor,

Page 32: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

30

tentaria religar as questões a partir do ser humano, pois, desse modo, poderia

acessar as disciplinas, mantendo nelas a marca humana e, assim, atingir a unidade

complexa do homem.

Mais que apontar as transformações que conclamam uma nova visão de

mundo, precisamos apender a representá-lo, a dizer como ele é, a compreendê-lo. A

nossa luta contra o tempo é em prol de uma formação docente que, segundo Lima

(2003, p.187):

(...) lide com um conhecimento em construção e não mais imutável, e que analise a educação como um compromisso político, carregado de valores éticos e morais, que considere o desenvolvimento da pessoa e a colaboração entre iguais e que seja capaz de conviver com a mudança e a incerteza.

Mas, a realidade é que, segundo Demo (2004, p. 89), “grande parte dos

professores não estuda, não lê, não pesquisa nem elabora, em alguma medida

porque sequer teria tempo disponível, ao consumir dando aula”. E o que vemos é o

desconhecimento e, ante o despreparo, o medo para lidar com a prática docente ou,

pior ainda, o desencanto que, muitas das vezes, leva ao abandono prematuro da

profissão.

No entanto, diz Libâneo (2013) que ainda há a compreensão por parte de

grande número de educadores que a escola é o lugar de formação cultural e de

promoção do desenvolvimento cognitivo, afetivo e moral. E, para esses profissionais,

faz a diferença o empenho do governo, da sociedade e das comunidades locais em

favor de um sistema de ensino que desenvolva as capacidades cognitivas,

especialmente para os segmentos da população excluídos de bens culturais,

materiais e das condições mínimas de cidadania (Libâneo, 2013).

Mas Libâneo (2013) chama a nossa atenção alertando quanto à proposta

economicista e tecnicista do Plano Decenal de Educação para Todos (1993), que

preconiza, há mais de duas décadas, uma educação orientada para o

desenvolvimento de habilidades técnicas com a finalidade maior de transmitir o

conhecimento adquirido e, como consequência, não precisa de um professor com

uma formação muito aprimorada, “basta que ele seja um bom técnico que saiba

aplicar conhecimentos produzidos por outros, pois, é esse o papel reservado ao

professor pelas agências financeiras internacionais” (LIBÂNEO, 2013, p. 92).

Page 33: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

31

Na avaliação de Torres (2001, p. 40), essa visão instrumental da

aprendizagem é decorrente de uma adequação às diretrizes do Banco Mundial, de

modo que as necessidades “básicas” de aprendizagem se transformaram em

“mínimas”, ou seja, “em um pacote restrito e elementar de destrezas úteis para a

sobrevivência e para as necessidades imediatas e mais elementares das pessoas”.

Giroux (1997) argumenta que o desenvolvimento crescente de ideologias

instrumentalistas que enfatizam uma abordagem tecnocrática é uma ameaça aos

professores existentes e aos futuros, ao lhes reservarem, cada vez mais, o simples

papel de executar procedimentos de conteúdo e instrução

predeterminados. Segundo Giroux (1997), uma forma de repensar e reestruturar a

natureza da atividade docente é encarar os professores como intelectuais

transformadores.

A categoria de intelectual é útil de diversas maneiras. Primeiramente, ela oferece uma base teórica para examinar-se a atividade docente como forma de trabalho intelectual, em contraste com sua definição em termos puramente instrumentais ou técnicos. Em segundo lugar, ela esclarece os tipos de condições ideológicas e práticas necessárias para que os professores funcionem como intelectuais. Em terceiro lugar, ela ajuda a esclarecer o papel que os professores desempenham na produção e legitimação de interesses políticos, econômicos e sociais variados através das pedagogias por eles endossadas e utilizadas. (GIROUX, 1997 p.161).

A perspectiva de Giroux (1997) vai ao encontro daqueles que defendem a

necessidade urgente de se repensar e reformar as tradições e condições que têm

impedido os professores de assumir todo o seu potencial como estudiosos e

profissionais ativos e reflexivos. Os professores como intelectuais devem ser vistos

como cidadãos que legitimam na sua atividade de ensino a natureza do seu

discurso, em termos políticos e ideológicos.

Sob essa óptica, Moraes (2004) nos alerta para o surgimento de um novo tipo

de gestão social do conhecimento, apoiado em um modelo que já não é mais lido e

interpretado como um texto clássico. Podemos perceber essa transformação e a

necessidade de ir em busca de novos referenciais na fala de Antônio (2002, p.58):

Transcender o modelo newtoniano-cartesiano não se trata de abandonar completamente a mecânica clássica nem o procedimento analítico. Trata-se de reconhecer seus limites, seu campo de validade. Trata-se, principalmente, de superar o mecanicismo que dominou a mentalidade científica dos séculos XVIII e XIX. (...) As ciências humanas têm-se libertado do modelo científico das ciências naturais. Essas, por sua vez, têm-se

Page 34: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

32

libertado dos rígidos determinismos e mecanicismos, eles próprios em grande crise, cada vez menos capazes de explicar e entender o mundo. Novas referências crescem, novos princípios.

Essas concepções contribuem para repensarmos os modelos de formação

docente, conforme declara Morin (2000), ao insistir na necessidade do que ele

chama de reforma do pensamento e da educação, a fim de “desenvolver o mundo

de conhecimento através das relações e dos contatos globais” (MORIN, 2000, p.49).

Para o filósofo (2000), é preciso conceber não as partes unicamente, mas o todo.

Esta é a razão pela qual somos cada vez mais incapazes de pensar o planeta.

Com muita propriedade, Moraes (2004, p. 21) mostra como todas as relações

que estabelecemos no mundo em que vivemos estão integradas, formando “um

sistema interativo e dinâmico no qual a modificação de um dos elementos altera as

relações entre todos eles”:

O mesmo paradigma que se revela em nossas ações e reflexões do dia-a-dia influencia também outros tipos de relações que permeiam as diferentes dimensões de nossas vidas, dentre elas, a dimensão epistemológica relacionada ao processo de construção do conhecimento e da aprendizagem. Daí a importância de se trabalhar a consolidação de um quadro epistemológico mais amplo em educação, porque acreditamos que ele poderá também influenciar a maneira de pensar, de sentir e de atuar dos aprendizes, diante não apenas do que acontece nos processos de construção do conhecimento, mas também em relação aos diferentes diálogos que o indivíduo estabelecer com a vida. (MORAES, 2004, p.22)

Os paradigmas influenciam o modo como nos posicionamos diante da vida,

revelando-se na maneira que escolhemos para educar nossos filhos, nas relações

com os nossos vizinhos e como agimos enquanto cidadãos, pois, para Moraes

(2004, p. 23), “o modelo epistemológico que se reflete em nossas ações

pedagógicas parte de uma representação interna descrita na totalidade humana”.

Infelizmente, a desvalorização da profissão, nos últimos tempos, resultado de

subsequentes governos de política neoliberal, contribuiu para o estigma de a

profissão ser considerada pouco qualificada. Na concepção de Gatti (2013), embora

estejamos no século XXI, ainda reproduzimos o modelo do século passado, que

prioriza os conhecimentos disciplinares, em um processo formativo fragmentado sem

interlocuções transversais, em detrimento dos conhecimentos didáticos e

metodológicos de ensino.

Page 35: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

33

É oportuno dizer que a nossa educação ainda é reprodutora, autoritária e

prepotente ao trabalhar com o conhecimento em seu viés mais linear, voltada para o

professor que fala e o aluno que escuta e copia e tenta desenvolver na prova o

melhor que pode (MORAES, 2004). Endossando as palavras de Moraes, Silva

(2001, p.31) lista as principais características dessa educação autoritária que,

segundo a autora, coloca-nos em uma situação de desconexão entre o ser

individual, social e planetário, pois:

Enfatiza a repetição de conteúdos prontos, que são transmitidos como verdades absolutas e inabaláveis.

Concebe o aprender como um produto e não como processo.

As grades curriculares são limitantes e hierarquizam os conteúdos.

Há pouco estímulo às discussões e à construção do conhecimento.

As respostas são dadas, preferencialmente, de forma ‘pronta’, sem maiores reflexões e debates.

A criatividade e a comunicação são pouco estimuladas.

Dá ênfase exagerada à racionalidade, assim, evidentemente, as funções emocionais, estéticas e espirituais são menosprezadas no processo.

Mas que professor queremos formar? Existe um modelo a seguir?...

Já sabemos a resposta a esta pergunta de conotação provocativa. Na

verdade, para atender às diversas necessidades formativas do professor,

recorremos ao professor Gadotti (2002), que faz considerações significativas sobre o

exercício da nossa profissão na atualidade:

...ensinar a pensar; saber comunicar-se; saber pesquisar; ter raciocínio lógico; fazer sínteses e elaborações teóricas; saber organizar o seu próprio trabalho; ter disciplina para o trabalho; ser independente e autônomo; saber articular o conhecimento com a prática; ser aprendiz autônomo e a distância. (...) Em resumo, poderíamos dizer que o professor se tornou um aprendiz permanente, um construtor de sentidos, um cooperador, e, sobretudo, um organizador da aprendizagem. (...) Ser professor hoje é viver intensamente o seu tempo com consciência e sensibilidade. Não se pode imaginar um futuro para a humanidade sem educadores. Os educadores, numa visão emancipadora, não só transformam a informação em conhecimento e em consciência crítica, mas também formam pessoas. (...) Eles fazem fluir o saber – não o dado, a informação, o puro conhecimento – porque constroem sentido para a vida das pessoas e para

a humanidade e buscam, juntos, um mundo mais justo, mais produtivo e mais saudável para todos. Por isso eles são imprescindíveis. (grifos do autor, p. 8 e 9)

Segundo Pimenta (2008), no desafio de colaborar com a formação inicial de

professores, a autora promove pesquisas que conduzam à reflexão e à identidade

Page 36: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

34

do aluno como professor. Problematizando-as diante da realidade do ensino nas

escolas, a autora procura desenvolver no aluno uma atitude investigativa,

empenhada em ressignificar os processos formativos desde a reconsideração dos

saberes necessários à docência, colocando a prática pedagógica e docente escolar

como objeto de análise (PIMENTA, 2008, p.162).

Essa abertura é bastante positiva, pois possibilita a inserção de conceitos

como a interdisciplinaridade que, nas palavras de Fazenda (2008, p.7/8), altera o

macroconceito do que é ser professor:

que passa a ser revisto e analisado sob a égide da ambiguidade, da ruptura, dos pontos de inflexão. Paradoxalmente, ao lado da conservação das boas rotinas, rejeitam-se a mediocridade das ideias, o hábito da subserviência, tudo o que massacra mentes e vidas. A lógica de base passa a ser da invenção, da descoberta da pesquisa, da vontade planejada e construída. Nas questões da interdisciplinaridade é possível planejar e imaginar, porém é impossível prever o que será produzido em que quantidade ou intensidade

Se queremos ir de encontro à formação inicial precária do professor, é preciso

que as mudanças curriculares implantadas atendam às expectativas de um

professor/educador que seja comprometido com a formação humana, em um

universo educacional cuja interconexão de todos os elementos que o integram é

imprescindível para uma relação interativa entre paradigmas, disciplinas,

conhecimentos e práticas (MORAES, 2004).

Ao pensar a prática pedagógica como núcleo de formação de professores,

Gatti (2013) propõe que se leve em conta os múltiplos fatores que devem ser

considerados na constituição dessa prática. Práticas educacionais têm seus

fundamentos teóricos e associam-se a uma filosofia educacional, ou seja, “práticas

geram teorizações e teorizações geram práticas” (GATTI, 2013, p.97). É nessa

direção que encaminhamos e buscamos desenvolver esse trabalho de pesquisa.

Page 37: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

35

3 A IMPORTÂNCIA DOS FUNDAMENTOS TEÓRICOS COMO MEDIADORES NA

RELAÇÃO TEORIA-PRÁTICA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

3.1 O Binômio Teoria- Prática no Estágio Supervisionado: Perspectivas

Críticas

Já houve tempo em que o estágio se prestava apenas à prática dos

conteúdos da disciplina instrumentadora com o objetivo de desenvolver técnicas e

métodos de ensino, o que acabava redundando na reprodução imitativa de modelos

que pouco contribuíam para a formação do professor.

Na década de 90, Piconez (2000) já alertava que havia o reconhecimento de

que os estágios, de um modo geral, não favoreciam reflexões sobre uma prática

criativa e transformadora e nem possibilitavam a reconstrução ou redefinição de

teorias que sustentassem o trabalho do professor. Uma maior compreensão quanto

às concepções de teoria e prática nos cursos de formação de professores tem

resultado em políticas públicas, como o parecer que institui que:

Uma concepção de prática mais como componente curricular implica vê-la como uma dimensão do conhecimento que tanto está presente nos cursos de formação, nos momentos em que se trabalha na reflexão sobre a atividade profissional, como durante o estágio, nos momentos em que se exercita a atividade profissional. (Parecer CNE/CP 9/2001, p. 23)

Essas considerações mostram uma visão do estágio ampliada e não diretiva,

configurando-o em um espaço que admite as influências inter e extraclasse, o que

caracteriza o perfil dinâmico desse componente curricular. Assim, conforme indicam

as diretrizes curriculares nacionais, ao entendermos que teorias são construídas

sobre pesquisas, torna-se essencial valorizar a pesquisa sistemática por ser a base

que fundamenta a construção teórica. Desse modo, “a familiaridade com a teoria só

pode se dar por meio do conhecimento das pesquisas que lhe dão sustentação. De

modo semelhante, a atuação prática possui uma dimensão investigativa” (Parecer

CNE/CP 9/2001, p.24). Nesse parecer, encontramos ênfase na valorização da

atuação prática pelo fato de a mesma se constituir em uma forma não de simples

reprodução, mas de criação ou, pelo menos, de recriação do conhecimento, como

Page 38: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

36

na elaboração de um programa de curso e de planos de aula ou na participação na

construção de um projeto pedagógico, que envolvem pesquisa bibliográfica, seleção

de material etc.

O reconhecimento de que o Estágio Supervisionado é essencial para uma

formação docente contemporânea e qualificada, por intermediar a relação entre o

conhecimento teórico e a prática adotada, precisa primeiro desconstruir a visão que

lhe atribui um sentido exclusivamente prático e reprodutivo. Segundo Gatti (2013),

nos documentos normatizadores da formação docente, está expressa a ideia de que

teorias e práticas devem compor uma relação indissociável. De acordo com Demo

(1996, p.34), é papel determinante do Estágio Supervisionado levar o aluno a

perceber a necessidade permanente de “um questionamento sistemático crítico e

criativo, mais a intervenção competente na realidade, ou o diálogo crítico

permanente com a realidade em sentido teórico e prático”. Essa visão do Estágio

Supervisionado foi decisiva para uma investigação que incluía não só a qualidade da

relação teoria-prática, mas também aspectos relevantes quanto à sua natureza.

Pimenta (2005/2006, p. 13) contribui para esclarecer que:

Mais recentemente, ao se colocarem no horizonte as contribuições da epistemologia da prática e se diferenciar o conceito de ação (que diz dos sujeitos) do conceito de prática (que diz das instituições), o estágio como pesquisa começa a ganhar solidez.

Pimenta (2005/2006) evidencia a necessidade de explicitar porque o estágio é

teoria e prática. Segundo a autora, é preciso compreender a imbricação entre

sujeitos e instituições, ação e prática, ou seja, a prática é institucionalizada e as

ações referem-se aos sujeitos; em sentido amplo, ação designa a atividade humana,

está vinculada efetivamente ao fazer. Entretanto, em uma compreensão filosófica e

sociológica, a noção de ação é sempre referida a objetivos, finalidades e meios,

implicando a consciência dos sujeitos para essas escolhas, supondo um certo saber

e conhecimento; assim, a ação pedagógica se refere às atividades que os

professores realizam no coletivo escolar, que objetivam a efetivação do ensino e da

aprendizagem, composto de conteúdos educativos, habilidades e posturas

científicas, sociais, afetivas, humanas (PIMENTA, 2005/2006). No processo de

reflexão nas ações pedagógicas as teorias contribuem para o questionamento das

práticas institucionalizadas e das ações dos sujeitos (PIMENTA, 2005/2006, p.14),

Page 39: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

37

preparando para a função docente “um profissional pensante, que vive num

determinado espaço e num certo tempo histórico, capaz de vislumbrar o caráter

coletivo e social de sua profissão”.

3.2 A Importância dos Fundamentos Teóricos na Vinculação Teoria-Prática no

Estágio Supervisionado

É relevante mencionar que caso fôssemos elencar em uma única lista os

conhecimentos, saberes, qualidades, pressupostos necessários à prática docente na

atualidade, extrapolariam a dimensão física dessa página. Uma nova visão do

Estágio Supervisionado nos confronta com a hipótese dessa pesquisa de que é

necessário recorrer aos referenciais teóricos como estratégia de vinculação teoria-

prática. Pois, na fala de Piconez (2000, p.22), o que tem ocorrido:

É a ausência de fundamentos teóricos justificando uma determinada prática, da mesma forma em que uma postura crítica sobre a prática pedagógica só pode existir quando há uma relação dialógica entre ela e a teoria.

Reportando-nos para a dicotomia existente na relação teoria-prática do

componente curricular Estágio Supervisionado, praticado nos cursos de licenciatura

do Consórcio CEDERJ, essa constatação de Piconez suscitou de imediato buscar

compreender a questão correspondente à sua afirmativa. Estávamos diante de um

desafio, pois a pergunta a ser formulada apontava diretamente para o problema

dessa pesquisa: Como os fundamentos teóricos podem se constituir em

estratégia para uma concreta vinculação entre teoria e prática no Estágio

Supervisionado com o objetivo de combater as causas que contribuem para

uma formação docente inicial precária? Mas essa pergunta vinha acompanhada

de desdobramentos, pois: Quais seriam esses fundamentos teóricos? Como

selecioná-los?

De acordo com Piconez (2000), esse momento exige a construção coletiva do

referencial teórico que irá auxiliar a leitura da prática, desvelando qual ou quais

teorias estão orientando a prática do professor, que por sua vez não é neutra ou

Page 40: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

38

fruto de uma separação ingênua entre um determinado projeto político e uma

concepção de educação.

De modo sucinto, abordamos em seguida a importância do entendimento da

realidade para a definição dos parâmetros que nortearam a escolha dos eixos

temáticos que deram origem ao desenvolvimento de uma proposta teórico-

metodológica, ou seja, à elaboração das estratégias de vinculação entre teoria e

prática no Estágio Supervisionado, as quais serão abordadas no próximo capítulo.

Analisando o século XX, o historiador E. Hobsbawm (1995) declarou que, nos

últimos cinquenta anos, a humanidade viu inserirem-se em seu convívio mais

inovações do que em todo o resto de sua história. Essa afirmação impactante tem

como objetivo apenas chamar a atenção para a complexidade do mundo atual. É

inegável que as mudanças adentram as nossas vidas a todo instante,

aleatoriamente, impositivamente. Para acompanhá-las, dotando-as de sentido, é

preciso ser parte integrante desse processo com lucidez e discernimento. Desde

o início de sua formação acadêmica, o exercício profissional em forma de estágio

supervisionado deve valorizar e fomentar a necessidade de uma visão de conjunto,

familiarizando o aluno estagiário com campos de conhecimento que não se esgotam

nos espaços educacionais, mas que instigam a reflexão e o diálogo com outros

saberes, como escrito na lei:

A ampliação do universo cultural é, hoje, uma exigência colocada para a maioria dos profissionais. No caso dos professores, ela é mais importante ainda. No entanto, a maioria dos cursos existentes ainda não se compromete com essa exigência. Muitos dos professores em formação, como sabemos, não têm acesso a livros, revistas, vídeos, filmes, produções culturais de naturezas diversas. A formação, geralmente, não se realiza em ambientes planejados para serem culturalmente ricos, incluindo leituras, discussões informais, troca de opiniões, participação em movimentos sociais, debates sobre temas atuais, exposições, espetáculos e outras formas de manifestação cultural e profissional. (Parecer CNE/CP 9/2001, p. 21, 22)

Encontramos ainda nesse parecer o respaldo legal que nos motiva a valorizar junto

aos estagiários a aquisição de uma cultura geral ampla por favorecer o

desenvolvimento da sensibilidade, da imaginação, a possibilidade de produzir

significados e interpretações do que se vive e de fazer conexões – o que, por sua

vez, potencializa a qualidade da intervenção educativa (Parecer CNE/CP 9/2001).

Esse parecer enfatiza que para a consecução desses objetivos é essencial que "os

Page 41: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

39

professores de todos os segmentos da escolaridade básica tenham uma sólida e

ampla formação cultural" (Parecer CNE/CP 9/2001, p. 22). Essa afirmação coloca-

nos em uma corrida contra o tempo para que, em um curso de duração de, no

máximo, quatro anos, formemos professores que, nas palavras de Zeichner (2008),

também saibam como explicar conceitos complexos, conduzir discussões, avaliar a

aprendizagem discente, gerir uma sala de aula e muitas outras coisas mais.

O mundo atual nos confronta com uma diversidade cultural que inclui um

amplo espectro de temáticas no âmbito do que se entende por cultura geral:

familiaridade com as diferentes produções da cultura popular e erudita e da cultura

de massas e a atualização em relação às tendências de transformação do mundo

(Parecer CNE/CP 9/2001).

É importante estarmos cientes de que a formação profissional é um processo

dinâmico, os cursos de formação docente devem estar abertos às adaptações

curriculares em função dos diferentes paradigmas e das novas tendências sociais,

políticas, culturais, tecnológicas, ideológicas que caracterizam as transformações da

sociedade. Na era da globalização, tais transformações caracterizam o que Bauman

(2004) denominou “sociedade líquida” para expressar a transitoriedade e a incerteza

que incidem sobre a vida humana.

“Líquido-moderna” é uma sociedade em que as condições sobre as quais agem seus membros mudam num tempo mais curto do que aquele necessário para a consolidação, em hábitos e rotinas, das formas de agir. A liquidez da vida e da sociedade se alimentam e se revigoram mutuamente. A vida líquida, assim como a sociedade líquido-moderna, não pode manter a forma ou permanecer em seu curso por muito tempo (BAUMAN, 2007, p.7).

A concepção de “vida líquida” de Bauman (2007, p.10) como uma vida

precária, por ser vivida em condições de incerteza constante, é oriunda de uma

sociedade "de valores voláteis, descuidada do futuro, egoísta e hedonista". Nessa

sociedade, as novidades são vistas como inovações, a instabilidade é tratada como

imperativo, a consciência moral só diz respeito ao “eu” individual, não havendo lugar

para o sentimento de vergonha, já que o espaço para o olhar do outro é legado a um

lugar secundário, e essa inversão de valores se reflete no âmbito escolar. Assim, os

padrões de comportamento, as crenças, os hábitos e os próprios valores são

efêmeros e não têm forma própria, fluem conforme o instante em que são vividos se

transformando em uma “cultura líquida”, conforme sinaliza Nascimento (2007).

Page 42: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

40

É neste contexto que a escola está inserida, recebe a influência tanto da cultura especializada em sua produção intelectual e científica, quanto da cultura antropológica/sociológica com modos de vida e significações modificados pelo hibridismo humano/cultural e todas as suas consequências e, a partir daí, compõe a sua cultura própria denominada de cultura escolar (NASCIMENTO, 2007, p. 11).

É na sala de aula, nesse microcosmo da nossa sociedade, que o aluno

estagiário adquire consciência da dimensão e da diversidade dos elementos

integrantes da cultura escolar e como a escola está inserida nesse contexto. Uma

análise histórico-social nos encaminha para o entendimento de que:

a investigação da cultura escolar tem vindo progressivamente a constituir-se num espaço complexo que procura articular, entre outros aspectos, a cultura e a escola, o individual com o social, além de gerir a complexidade das relações entre as exigências da investigação e as exigências da intervenção. (SILVA, 2006, p. 209)

Nos últimos tempos, a cultura escolar vem sofrendo os reflexos da sociedade,

da cultura e da vida líquido-moderna, gerando um mal-estar na convivência escolar,

notadamente no espaço da sala de aula, na relação professor-aluno, afirma

Nascimento (2007). Consequentemente, o que tem ocorrido são alterações de

comportamento que modificam as atitudes, os valores, os estilos de atenção e de

aprendizagem, gerando tensões e conflitos que se agravam em função da

convivência social em uma sociedade líquido-moderna, e que revelam a crise de

sentido por que passa a escola pela falta de significação do que é estudar por parte

do aluno (NASCIMENTO, 2007).

É no Estágio Supervisionado que o futuro professor tem contato com essa

realidade, portanto, é no estágio, pela natureza do trabalho e das atividades

realizadas, que o aluno deve ser instigado na busca de alternativas para mudanças

na organização espaço-temporal da sala de aula, nas metodologias e na construção

das regras de convivência para o trabalho colaborativo e para o desenvolvimento do

sentimento de pertencimento à instituição escolar (NASCIMENTO, 2007).

Nessa perspectiva, temos constatado, durante o acompanhamento dos

alunos estagiários, que a incidência maior de queixas quanto às dificuldades

encontradas na realização do estágio aponta para as questões disciplinares, que

assumem, frequentemente, dimensões que transcendem os limites considerados

tolerantes por se consumarem em agressão física, com traços de extrema violência.

Page 43: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

41

É relevante destacar a importância de se compreender que esse universo é amplo,

portanto, retornaremos algumas vezes a esse tema porque são inúmeros os fatores

que estão estritamente relacionados à manifestação da violência.

Convém destacar a necessidade de contemplar na formação de professores conteúdos que permitam analisar valores e atitudes. Ou seja, não basta tratar conteúdos de natureza conceitual e/ou procedimental. É imprescindível que o futuro professor desenvolva a compreensão da natureza de questões sociais, dos debates atuais sobre elas, alcance clareza sobre seu posicionamento pessoal e conhecimento de como trabalhar com os alunos. (Parecer CNE/CP 9/2001, p.48).

Essa questão é um exemplo que nos remete à necessidade de uma

cuidadosa avaliação do ambiente escolar, considerando que a natureza das

relações interpessoais e intrapessoais vivenciadas nesse espaço são determinantes

para a disseminação da violência. As relações interpessoais têm uma conotação

subjetiva, agregam e manifestam sentimentos, emoções, que muitas vezes refletem

a falta de afeto, a baixa autoestima. O que essas questões revelam é uma relação

de interdependência, pois é essencial que o aluno estagiário tenha em mente que é

necessária uma visão englobante, como apontam as diretrizes curriculares:

Para que possa compreender quem são seus alunos e identificar as necessidades de atenção, sejam relativas aos afetos e emoções, aos cuidados corporais, de nutrição e saúde, sejam relativas às aprendizagens escolares e de socialização, o professor precisa conhecer aspectos psicológicos que lhe permitam atuar nos processos de aprendizagem e socialização (Parecer CNE/CP 9/2001, p.45).

O nosso desafio é uma proposta que se configure em ações/práticas efetivas

em favor dessa formação docente. Assim, considerando que a cultura escolar

modela o trabalho da escola, percebemos que o melhor caminho para a formação

docente é o de aquisição de uma cultura, fundamentada em um referencial teórico

que seja pautado no dinamismo e na inovação, que tenha em seus princípios o

respeito à diversidade dos alunos (Nascimento, 2007). A ampliação das perspectivas

do estágio, levando o futuro professor a perceber a importância de adquirir o hábito

de recorrer às referências teóricas para o exercício da docência conduziu à devida

valorização da relação: Educação, Cultura e Valores.

Os estudos direcionados para o Estágio Supervisionado com a pesquisa do

que deveria ser priorizado a fim de buscar uma relação dialógica entre a teoria e a

Page 44: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

42

prática resultaram em um referencial teórico-metodológico, composto por cinco eixos

básicos, escolhidos por serem da maior relevância para uma formação profissional

contemporânea, orientada para o professor que ministra aulas no seu cotidiano.

Levando em consideração a necessidade da integração horizontal e vertical

entre esses eixos e os conteúdos pedagógicos que compõem a estrutura

pedagógica do componente curricular Estágio Supervisionado, eles foram

organizados do seguinte modo: A formação docente para além dos muros da

escola; Por uma formação docente interdisciplinar; As contribuições de Piaget

na construção dos valores no ambiente escolar: um estudo de caso;

Inteligência emocional no contexto educacional; O uso dos mapas conceituais

para uma aprendizagem significativa.

Esses cinco eixos, apresentados em um capítulo à parte para cada um deles,

no Apêndice, serão abordados oportunamente por constituírem um componente

metodológico de importância significativa, durante o desenvolvimento dessa

pesquisa, como material didático aplicado. Essa composição de eixos/temas forma

um complexo integrado que contempla as mais diversas áreas e níveis de formação,

favorecendo a seleção e a reorganização dos conteúdos, constituindo-se em uma

rede hipertextual de conhecimentos e saberes.

Ao final do capítulo de estudo destinado a cada eixo temático, há uma

proposta de um tipo de atividade cujo objetivo é exemplificar, mostrando como a

exploração e a abordagem de temas diversos podem contribuir para a formação do

professor. Essa dinâmica tem, em um primeiro momento, o propósito de levar o

estagiário a perceber a extensão e a abrangência dos temas, e, também, de

possibilitar que o estagiário seja capaz de reconhecer que, de acordo com as

necessidades prementes, é possível vislumbrar uma gama de alternativas, ou seja,

cria-se o hábito da pesquisa através de aprofundamentos e/ou desdobramentos das

atividades propostas. É nossa responsabilidade levar o futuro professor à percepção

de que a opção que fazemos pelos conteúdos, temas e conceitos integrantes do

campo de estudos e dos currículos deve estar comprometida com a formação de um

cidadão crítico, atuante social e politicamente.

Page 45: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

43

4 O PERCURSO DA PESQUISA- ESTRATÉGIAS DE VINCULAÇÃO ENTRE

TEORIA E PRÁTICA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Os questionamentos quanto à inadequação das propostas curriculares do

Estágio Supervisionado (disciplina pedagógica oferecida pela UERJ nos cursos de

licenciatura em Matemática e Física do Consórcio CEDERJ), aliados à revisão

bibliográfica das bases teóricas e metodológicas desse componente curricular,

conduziram a pesquisadora ao problema dessa pesquisa e aos seus

desdobramentos: Como os fundamentos teóricos podem se constituir em

estratégia para uma concreta vinculação entre teoria e prática no Estágio

Supervisionado com o objetivo de combater as causas que contribuem para

uma formação docente inicial precária?

O combate às causas geradoras de uma formação docente inicial precária

estabeleceu os objetivos específicos dessa pesquisa: - Caracterizar o componente

curricular Estágio Supervisionado nos cursos de licenciatura e - Analisar os

fundamentos teóricos essenciais para a formação docente na atualidade.

Com o propósito de que o Estágio Supervisionado não se configure apenas

em uma passagem obrigatória pela escola, que, segundo Piconez (2000), também

se deve à não atribuição de valor e significado ao mesmo pelos próprios alunos e

professores, resultando no cumprimento de carga horária e no fichamento

burocrático de planos de aula, é essencial que o aluno estagiário perceba que as

propostas inovadoras são o caminho para novas posturas do professor e vice-versa.

Se a prática docente é vista sob um olhar investigativo, a reflexão sobre a

prática conduz à pesquisa acadêmica, que deve ser incentivada a partir de um

referencial teórico que contemple as questões vigentes que o estágio propicia para o

aluno na escola. É nesse ciclo vicioso “prática/teoria/prática” que queremos “viciar” o

futuro professor. Para Piconez (2000), esse movimento revela as influências da

teoria sobre a prática de modo a tornar possível a transformação da realidade, e a

prática fornece então subsídios para teorizações que podem acabar promovendo

mudanças na prática inicial.

Page 46: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

44

4.1 O Estágio Supervisionado no Consórcio CEDERJ

Apresentamos aqui uma análise sucinta do estágio praticado nos cursos de

licenciatura do Consórcio CEDERJ/UERJ, considerando a participação da

pesquisadora como coordenadora de Estágio Supervisionado II, III e IV dos cursos

de licenciatura de Matemática e Física. É importante mostrar suscintamente a

estrutura básica do Consórcio de Educação Superior a Distância do Estado do Rio

de Janeiro (CEDERJ) para uma maior compreensão de como o Estágio

Supervisionado é praticado nos cursos de licenciatura no modelo semipresencial de

Educação a Distância.

4.1.1 O Consórcio CEDERJ

O Consórcio de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro

(CEDERJ) nasceu graças à parceria firmada entre o Governo do Estado do Rio de

Janeiro, via Secretaria de Ciência e Tecnologia, as prefeituras do Estado do Rio de

Janeiro e as universidades públicas consorciadas, que são atualmente: CEFET, IFF,

UENF, UERJ, UFF, UFRJ, UFRRJ (Rural) e UNIRIO. Incorporado, no ano de 2002, à

Fundação Centro de Ciências de Educação Superior a Distância do Estado do Rio

de Janeiro- CECIERJ, o CEDERJ foi projetado para promover a democratização de

acesso ao ensino superior público de qualidade e, atualmente, conta com trinta e

dois polos distribuídos no Estado do Rio de Janeiro, oferecendo os cursos de

Administração, Administração Pública, Engenharia de Produção, Tecnologia em

gestão de Turismo, Tecnologia em gestão de Segurança Pública, Tecnologia em

Sistemas de Computação, Pedagogia e licenciaturas em Matemática, Física,

Biologia, Química, Geografia, Letras, História, Turismo e mais, cursos de extensão e

capacitação para professores em diversas áreas de conhecimento.

Quanto à sua estrutura o CEDERJ é o que podemos chamar de modelo

híbrido, pois integra momentos online e momentos presenciais. Para atender a esse

formato semipresencial o material didático disponibilizado para o aluno é auto-

Page 47: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

45

instrucional. De forma sucinta, durante o desenvolvimento dessa pesquisa,

estivemos envolvidos com: a) material didático e paradidático de apoio impresso

e digital, elaborado para a Educação a Distância; b) atendimento por tutores,

composto por tutoria a distância e tutoria presencial; c) visitas pedagógicas

(palestras, oficinas, seminários) nos polos regionais; d) processo de avaliação a

distância e presencial nos polos regionais.

Na plataforma CEDERJ, que dispõe dos recursos da Plataforma Moodle,

temos, de modo resumido, os seguintes meios de comunicação para o contato

discente e docente: fórum, debate (chat), wiki, vídeo aula, vídeo conferência,

mensagem para os participantes e os avisos, acompanhamento de participação

e download (captura de arquivos), propostas de tarefas diversas (uso de objetos

de aprendizagem virtuais, sugestão de planos de aula etc.). Ainda na plataforma

CEDERJ, temos na página inicial uma quantidade grande de conteúdos

informativos que vão desde os horários, passando pelos calendários de provas,

eventos, ementas de disciplinas, guias de curso, matrizes curriculares, até os

mapas dos polos, ofertas de disciplinas, tutoriais instrucionais etc.

No polo, cujo perfil se aproxima de uma “filial” da universidade, os estudantes

têm acesso aos laboratórios de informática, laboratórios de aulas práticas, biblioteca,

salas de tutoria, grupos de estudo, local de aplicação de atividades presenciais,

seminários etc. Cada polo tem o seu diretor, que é assessorado por um adjunto e/ou

por coordenadores, onde os alunos se relacionam diretamente com esses

profissionais e com os tutores presenciais (professores que atendem os alunos nos

polos). Quanto aos alunos dos cursos de pedagogia e das licenciaturas ainda há o

regente-tutor, professor que ministra aulas nas escolas parceiras (escolas das redes

públicas onde os alunos do consórcio realizam o estágio supervisionado).

O coordenador de disciplina é o responsável acadêmico da disciplina e, na

maioria das vezes, também é o autor do caderno didático que contém as aulas e o

roteiro de atividades. Ele elabora o guia de disciplina e o cronograma de atividades

com as orientações para os alunos. Também é de sua responsabilidade o

acompanhamento e a capacitação dos tutores, a elaboração das avaliações, a

organização e a participação de atividades interativas presenciais e na plataforma.

O atendimento nas universidades consorciadas é feito pelos tutores a

distância com tratamento sempre individual, através do telefone 0800 (em horários

Page 48: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

46

pré-estabelecidos), por Fax e, também, através da Sala de Disciplina da Plataforma

Moodle (sala de tutoria, mensagens, chats, fóruns, e-mails etc.).

Os professores que atuam nas tutorias são selecionados através de concurso

público. Os professores que trabalham nas tutorias presenciais, nos polos regionais,

são os primeiros agentes no desafio de uma nova forma de ensinar e de aprender;

são treinados para orientar os alunos na busca pela construção/formação de

conhecimento. Esta orientação deve se utilizar de estratégias inovadoras, deve se

libertar do estereótipo professor/aluno com funções definidas.

É importante destacar que a EAD é legitimada pela LDBN como modalidade

alternativa de aprendizagem em situações específicas: _ Lei 10.172 de 09/01/2001-

o Plano Nacional de Educação amplia o conceito da EAD e incentiva à

universalização; _ Decreto 5.622, em 19/12/2005, que regulamenta o Art. 80:

Modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2005)

Quando o professor está atuando no formato “a distância” se vê diante de um

desafio bastante enriquecedor que é o de se colocar à disposição do aluno para

auxiliá-lo na construção do próprio caminho. As tradicionais aulas expositivas e seus

antigos papéis previamente definidos - onde o professor é o dono do poder e o aluno

é um ser passivo, um depósito de informações e até de ideias – darão lugar a um

verdadeiro “intercâmbio” cultural em que alunos e professores viverão a prática da

construção do conhecimento. Schlemmer (2013) considera que é preciso reconhecer

que as tecnologias não constituem em si uma revolução metodológica, mas

apresentam potencialidades que podem contribuir para novas configurações dos

processos de ensino; assim, as metodologias e os processos de mediação

pedagógica de que necessitamos precisam estar apoiados pela reflexão crítica sobre

a relação ensino e aprendizagem. Para o autor (2013), o objetivo é utilizar as

diferentes tecnologias digitais para melhorar a qualidade das aprendizagens

desenvolvidas pelos sujeitos, mas, para a realização desse objetivo, “é fundamental

que o professor tenha clareza epistemológica e aprofundamento conceitual para

compreender as potencialidades existentes nas diferentes tecnologias digitais,

capazes de propiciar a inovação educacional" (SCHLEMMER, 2013, p.135).

Page 49: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

47

O professor tutor não mais ministra aulas, sua função é mediar a

compreensão dos conteúdos. Ele orienta e reorienta a aprendizagem dos alunos,

ajuda na busca das respostas às suas dúvidas, localiza as dificuldades, sugere

atividades ou leituras... Enfim, valoriza a troca de experiências entre pares, por meio

de relatos, oficinas, grupos de trabalho, pois, “quando os professores aprendem

juntos, cada um pode aprender com o outro” (GADOTTI, 2003, p.9). Desse modo,

compartilham evidências, informações e isso os leva a buscar soluções; assim, os

problemas das escolas começam a ser enfrentados por todos de forma colaborativa,

afirma Gadotti (2003).

A minha experiência com a EAD permite chamar a atenção para o fato de

que as novas tecnologias não substituirão o professor, nem diminuirão o esforço

disciplinado do estudo. Em qualquer prática educativa, o professor continuará

sendo imprescindível se queremos educar valorizando os princípios básicos de

convivência humana e as sensibilidades pessoais. Segundo Schlemmer (2013, p.

136),

Faz-se necessário pensar as políticas e as práticas de formação docente em EAD no âmbito da emancipação digital cidadã em um contexto de hibridismo tecnológico digital, o que envolve o desenvolvimento de fluência tecnológica digital e pedagógica capaz de possibilitar ao professor a criação de metodologias e de processos de mediações específicas à natureza desses meios, resultando na inovação na educação

Na relação entre professores e alunos não importa se o formato é a distância

ou presencial. Nesta relação, o professor jamais pode se furtar ao papel de

provocador, estimulador, orientador... Um aspecto da maior relevância é que o

Consórcio CEDERJ visa à formação de profissionais em educação que

exercerão o magistério, na modalidade presencial, com alunos de Ensino

Fundamental e Médio.

Page 50: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

48

4.1.2 O Componente Curricular Estágio Supervisionado no CEDERJ: Perspectivas

Críticas

A estrutura organizacional do componente curricular Estágio Supervisionado

no Consórcio CEDERJ integra três planos de forma horizontal e vertical:

Universidades: onde se encontram os coordenadores de disciplina e os

tutores a distância. (Os conteúdos do estágio são da responsabilidade

dos coordenadores e as tarefas realizadas pelos alunos são

acompanhadas pelos tutores a distância).

Polos CEDERJ: onde se encontram os tutores presenciais. (A

realização do Estágio I na escola parceira está diretamente envolvida

com o acompanhamento dos tutores presenciais).

Escolas parceiras: são as escolas públicas onde se encontram os

regentes-tutores (são professores-regentes das disciplinas

instrumentadoras que devem acompanhar e supervisionar as

atividades desenvolvidas pelos alunos estagiários durante os Estágios

II, III e IV). (CUNHA et al., 2006)

Em um primeiro momento, quando o aluno inicia o estágio, ele recebe uma

espécie de manual com a legislação e com todas as informações indicando os

trâmites burocráticos com as orientações para a realização de seu estágio.

O formato do Componente Curricular no Consórcio CEDERJ propõe a sua

realização em quatro períodos, com cargas horárias distribuídas do seguinte modo:

Estágio Supervisionado I – 60 horas; Estágio Supervisionado II – 90 horas; Estágio

Supervisionado III – 120 horas; Estágio Supervisionado IV – 150 horas.

A metade dessa carga horária é destinada às atividades práticas nas escolas

onde os alunos realizam os estágios. Para a aprovação do aluno no componente

curricular Estágio Supervisionado é indispensável a comprovação de carga horária,

independente de seu desempenho acadêmico ou ocupação profissional, ao longo do

período letivo e curso (CUNHA et al., 2006). A outra metade da carga horária tem

uma função complementar, pois destina-se ao estudo investigativo e reflexivo,

baseado na análise crítica da prática docente.

Page 51: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

49

Durante o Estágio Supervisionado I, o tutor presencial acompanha as

atividades desenvolvidas pelos alunos nas escolas parceiras, em encontros

presenciais nos polos, com o objetivo de esclarecer dúvidas e sugerir ações

alternativas. No Estágio Supervisionado I, a prioridade é a inserção do aluno no

universo educacional. São abordadas nessa etapa do estágio questões abrangentes

e contextuais que perpassam o âmbito do espaço escolar (GOMES; CUNHA, 2006),

como mostradas a seguir:

Estágio I- Tema Central: Tensão no Espaço Educacional Tipo: Observação e Investigação

• Questões contextuais que implicam diretamente as culturas escolar e docente que são construídas no interior da escola:

Formato e organização do Sistema Educacional - verbas destinadas à Educação; - investimento em pesquisa e no desenvolvimento de novas tecnologias; - renda per capita dos brasileiros em geral; - políticos populistas e doutrinas oportunistas; - índice de desemprego; - instituição da economia informal; - invasão populacional dos centros urbanos;

Indicadores educacionais - alfabetização e taxas de analfabetismo; - universalização do ensino; - distorção série/ idade; - taxa de promoção e repetência; - carga horária escolar; - melhoria do perfil do magistério; - avaliação institucional; - democratização de acesso ao Ensino Médio.

Itens norteadores para uma postura investigadora das diversas formas de organização das atividades curriculares e da prática reflexiva para a atuação docente:

Embasamento sobre as diferentes tendências pedagógicas visando à fundamentação da própria prática;

Reconhecimento de exigência de uma nova postura das instituições de ensino e localização no espaço da sociedade: - formação continuada: direito à igualdade de oportunidades/dever das políticas públicas; - revisão da gerência educacional instituída; - identificação do modelo estático da escola e avanço deste modelo para uma concepção mais dinâmica: proposta político filosófica; metodologia; espaço escolar; currículo escolar; papel do diretor e papel do professor; relações no interior da escola; - visão sistêmica da escola perpassando pela importância da liderança participativa, responsabilidade social, valorização do comportamento organizacional e avaliação institucional.

Pilares da gestão democrática - democratização do processo de construção social da escola; - elaboração compartilhada de seu projeto pedagógico; - aplicação de avaliação institucional como instrumento diagnóstico; - compreensão da teia de relações no interior da escola;

Page 52: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

50

- promoção de nova trama de relações favorável à aprendizagem dos alunos; - educação voltada para a diversidade; - Posicionamento frente às questões de discriminação e intolerância em relação às variedades culturais de grupos na escola. (CUNHA et al., 2006, p. 16/17)

No Estágio I, a coordenação não é por área disciplinar, considerando que

nesse período do estágio o aluno não pratica a docência. Em síntese, no Estágio I,

as atividades pedagógicas propostas para o aluno são de observação, investigação

e reflexão sobre a prática docente. Pela natureza dessas atividades, a maioria dos

trabalhos realizados pelo aluno estagiário envolve análise, reflexão, resenhas

críticas etc.

A nossa atenção está especialmente direcionada para os Estágios II, III e IV,

considerando que a tônica desse trabalho de pesquisa é o estudo da qualidade da

relação teoria- prática docente, pois é a partir do Estágio II que o aluno dá início às

participações em sala de aula. Nesses períodos de estágio, o tutor presencial cede

lugar para o regente-tutor, ou seja, o aluno é orientado e supervisionado por um

professor regente de turma de sua disciplina específica de formação. É importante

mencionar que o material didático elaborado pela coordenação de disciplina é

encaminhado ao regente-tutor para facilitar o desenvolvimento das atividades a

serem realizadas durante o estágio, como as planilhas de avaliação de aulas e de

coparticipação nas atividades diversas.

O Componente Curricular Estágio Supervisionado é desenvolvido em quatro

etapas semestrais, em um total de dois anos, tendo início no meio do curso de

graduação por ter como pré-requisito Prática de Ensino I. A partir do Estágio II, o

aluno inicia gradativamente a prática docente com atividades de coparticipação, e,

nos estágios subsequentes, ministra aulas sob a orientação do regente-tutor.

O regente-tutor contribui de modo significativo para o desenvolvimento dos

conteúdos pedagógicos, distribuídos, nos Estágios II, III e IV, apresentados a seguir,

pois ele acompanha o aluno durante todo o período de estágio, inclusive

participando efetivamente dos processos de avaliação desse aluno.

No Estágio II, de acordo com o currículo, o aluno deve ser estimulado à

análise da política educacional vigente com o contexto social e econômico da

realidade que vivencia, futuro campo de sua ação profissional (GOMES; CUNHA,

2006).

Page 53: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

51

É no estágio II que o aluno inicia a coparticipação sob a orientação do

regente-tutor; e como a proposta é que ele seja instigado a uma postura

investigadora das diversas formas de organização das atividades curriculares no

interior da escola, o dinamismo dessas ações se reflete no conteúdo pedagógico

desenvolvido durante essa etapa do estágio (GOMES; CUNHA, 2006), como

podemos ver:

Estágio II- Tema Central: Roda Viva da Escola Tipo: Investigação e Coparticipação

• Questões de aproximação da realidade escolar e a prática da reflexão do estágio. Exigência de confronto da postura acadêmica x postura crítica do aluno, capaz de revelar tanto situações problemáticas na prática pedagógica quanto suas possíveis soluções. - conhecimento da forma de elaboração do planejamento à avaliação da disciplina instrumentadora em questão; - análise documental dos instrumentos gerados pela disciplina (planejamento, material didático, material documental, avaliação etc.); - análise da aplicabilidade da metodologia pontuada no projeto pedagógico da escola; - conhecimento e reflexão sobre os resultados da produção docente e produção discente; - concepções/impasses e alternativas sobre o saber-pedagógico x fazer-pedagógico; - possibilidades de trabalho interdisciplinar na escola. Construção da identidade do educador - estímulo ao exercício de autoconhecimento do aluno estagiário; - consolidação de referencial teórico capaz de desvelar as teorias pedagógicas que sustentam a práxis educativa; - enriquecimento da formação profissional; - compreensão e enfrentamento do mundo do trabalho. (CUNHA et al., 2006, p. 18)

No Estágio Supervisionado III, o aluno está mais próximo das diversas

atividades pedagógicas realizadas no interior da escola. O papel do regente-tutor é

muito importante, pois ele deve contribuir para o fortalecimento e a reconstrução da

identidade do aluno, a partir da provocação da análise da prática vivenciada

(GOMES; CUNHA, 2006). Os principais conteúdos pedagógicos trabalhados durante

o Estágio Supervisionado III são mostrados em seguida:

Estágio III- Tema Central: Projeto Pedagógico Tipo: Participação e Cooperação

Reorientação da prática pedagógica - a relação entre a formação de um professor e a instrução;

Page 54: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

52

- necessidade de conscientização de que a prática pedagógica envolve comportamento de observação, reflexão, análise crítica e reorganização de ações e atuações no espaço escolar, para o desvelamento de atitudes, valores e normas que reproduzem os valores dominantes; - análise da natureza e da função dos conteúdos escolares nos planejamentos educacionais e no currículo; - essencialização e transposição dos conteúdos e de atividades comuns do cotidiano da escola e da sala de aula na busca de ações e atuações que reorientem o fazer pedagógico; - reconhecimento da regência de classe e da prática da avaliação como atividades de diagnose capazes de revelarem dificuldades e fomentarem soluções diferenciadas para as necessidades do aluno. (CUNHA et al., 2006, p. 19)

A última etapa do componente curricular Estágio Supervisionado culmina com

a expectativa que se instala na participação interativa do aluno com o “fazer

pedagógico” (GOMES; CUNHA, 2006).

Estágio IV- Tema Central: Fazer pedagógico Tipo: Participação interativa no âmbito de sua disciplina na unidade escolar de 2º segmento de Ensino Fundamental e Ensino Médio

- participação na elaboração de planejamento cooperativo acompanhado pelo regente-tutor; - participação na definição do processo de avaliação da disciplina instrumentadora, como deflagrador de novas ações pedagógicas; - exercício da regência de turma/atendimento à demanda dos alunos; - elaboração de proposta de trabalho ou unidade de ensino pertinente à série/ turma onde realiza o estágio; - preparação de material didático; - participação na elaboração de proposta interdisciplinar envolvendo as demais disciplinas do currículo. (CUNHA et al., 2006, p. 19)

No Consórcio CEDERJ, durante os Estágios II, III e IV, o aluno estagiário

experimenta atividades de coparticipação, investigação, cooperação, participação

ativa da prática pedagógica de sua disciplina, desenvolvidas na escola parceira

(escola pública de ensino médio e/ou do 6º ao 9º ano do ensino fundamental). No

material didático utilizado pelo estagiário, composto de quatro volumes, um para

cada etapa do estágio supervisionado, encontramos roteiros de observação, fichas

específicas de variadas atividades pertinentes à prática pedagógica, questionários

sobre aspectos abordados na aula e observados ou não na prática do estágio etc.

Muitos de nós tivemos uma formação pedagógica nos cursos de licenciatura

em que o estágio se constituía na prática de algumas poucas aulas dadas para obter

o grau de aprovação na disciplina. O Estágio Supervisionado praticado no Consórcio

CEDERJ deu um passo significativo para mudar essa realidade, com a criação de

Page 55: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

53

um componente curricular que tem como objetivo articular e integrar a teoria e a

prática entre os conteúdos das disciplinas acadêmicas do núcleo de formação

específica dos cursos de licenciatura e o conhecimento da realidade na organização

do espaço escolar (CUNHA et al., 2006). Mas, como na maioria dos cursos de

formação docente, ainda está aquém das expectativas quanto à formação do

professor para a prática educativa na atualidade.

A minha atuação como coordenadora possibilitou uma investigação mais

profunda do desenvolvimento dessa proposta pedagógica. Ao tomar ciência de

como o Estágio Supervisionado era praticado no Consórcio CEDERJ

(licenciaturas/pedagógicas UERJ), fiquei surpresa ante a qualidade do material

didático para o acompanhamento semipresencial, a distribuição da carga horária

para a realização das atividades, a qualidade do trabalho desempenhado pelos

profissionais envolvidos, enfim, pela estrutura organizacional do componente

curricular.

Ao mesmo tempo, comecei a me inteirar do papel do Estágio Supervisionado

na formação do futuro professor, também, sob a visão dos alunos estagiários. O que

me chamou a atenção foi a dificuldade apontada para lidar com questões vigentes

que norteiam o espaço educacional, no âmbito da sala de aula e que, na versão dos

estagiários, não ocupam lugar de relevância no espaço acadêmico.

É oportuno aqui um relato que envolve a minha prática como tutora a

distância, durante três anos (de 2007 a 2009), antes de assumir a coordenação. Já

nessa época, pude perceber que os relatórios e trabalhos apresentados pelos

estagiários mostravam dificuldade com o uso de vocábulos como: reflita, analise etc.,

o que denotava a falta do hábito de pesquisa. Para pensar, criticar, enfim, para

elaborar um trabalho que exija reflexão é preciso um referencial... O que acabava

ocorrendo era o uso do senso comum por meio do “achismo” em detrimento da

pesquisa fundamentada.

Esse é um exemplo que me inquietava ante a instauração de um possível

ciclo que mantém as coisas estagnadas, ou seja, a impossibilidade de cobrar rigor

por reconhecer que os alunos não correspondiam às expectativas pressupunha que

eles não precisavam sair do seu estado de inércia, levando-os, portanto, de alguma

forma, a permanecer na ignorância...

Page 56: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

54

Para formar um profissional em condições do exercício cotidiano da reflexão

de modo que, a partir dos problemas concretos vivenciados na realidade escolar,

seja capaz de buscar a resolução dos mesmos, Zeichner (2008, p. 545) atenta para

o conceito de reflexão, pois vemos na fala do autor a importância que os formadores

de educadores devem atribuir às ações de ensino que incluem:

1. Consequências pessoais – os efeitos do ensino sobre o desenvolvimento social e emocional dos estudantes e de suas relações sociais; 2. Consequências acadêmicas – os efeitos do ensino sobre o desenvolvimento intelectual dos alunos; e 3. Consequências políticas – os efeitos acumulativos da experiência escolar sobre as mudanças de vida dos estudantes.

Nas palavras de Zeichner (2008), a reflexão significa muito pouco, pois de

alguma forma todos os professores são reflexivos, para o autor o que importa é o

que queremos que os professores reflitam e como.

A ligação da reflexão docente com a luta por justiça social significa que, além de certificar-se que os professores têm o conhecimento de conteúdo e o conhecimento pedagógico (...), precisamos nos certificar que os professores sabem como tomar decisões, no dia-a-dia, que não limitem as chances de vida de seus alunos; que eles tomem decisões com uma consciência maior das possíveis consequências políticas que as diferentes escolhas podem ter. (ZEICHNER, 2008, p.546)

No acompanhamento dos alunos, durante o primeiro período de estágio, já

nos deparamos com a dificuldade encontrada para o cumprimento do conteúdo

pedagógico proposto, principalmente no que tange à carência de referências que

norteiem os objetivos a serem atingidos, o que já deflagra a dicotomia entre teoria e

prática. Como uma bola de neve, desde o início, esse vazio deixado pelo tratamento

superficial dessas questões cruciais vai assumindo proporções comprometedoras no

que se refere ao desempenho do futuro professor.

O conteúdo pedagógico prevê, por exemplo, que durante o estágio o aluno

deve se apropriar de conhecimentos e saberes que possibilitem: o confronto da

postura acadêmica x postura crítica do aluno, análise documental, consolidação de

referencial teórico capaz de desvelar as teorias pedagógicas que sustentam a práxis

educativa (Estágio II); a relação entre a formação de um professor e a instrução

(Estágio III); a participação na elaboração de proposta interdisciplinar (Estágio IV),

mas, esses elementos que integram a proposta curricular passam longe de um

Page 57: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

55

tratamento adequado a uma formação docente qualificada para a

contemporaneidade. Além de perpetuar situações/problemas não resolvidos, isto

denota o hiato existente entre a formação docente e os elementos/aspectos que

caracterizam o universo educacional nos ensinos fundamental e médio. A minha

experiência como professora nesses segmentos contribuiu para um maior

entendimento da realidade que os estagiários vivenciam nas escolas.

A partir dessas percepções, propus para os alunos estagiários pesquisas,

elaboração e resenha de textos, relatórios e fóruns de discussão, destacando a

importância da análise e da avaliação das propostas curriculares do estágio. O olhar

crítico desses alunos, motivado por uma efetiva participação, resultou em uma

relação dialógica profícua durante o nosso convívio. A minha dedicação à leitura de

artigos, livros, dissertações, teses sobre a prática docente, mais especificamente

sobre o Estágio Supervisionado, agregada à ampla revisão da literatura do nosso

componente curricular contribuiu para o encaminhamento de questões que eram, a

meu ver, o ponto- chave para o desenvolvimento de um trabalho de pesquisa.

Além de analisar/investigar o que afligia/desmotivava os alunos estagiários, o

que eles consideravam/apontavam como causas para a eterna crise na educação, e

que medidas deveriam ser tomadas a curto e médio prazos, a escolha gradativa de

temas/assuntos propostos para estudo possibilitou a construção de um acervo

significativo de material pesquisado, que constituiu a base inicial da dissertação em

tela.

4.2 Uma Proposta Metodológica para o Estágio Supervisionado: a elaboração

do Material Didático/Acadêmico

É relevante destacar que a interlocução dos sujeitos envolvidos nesse

trabalho de pesquisa, durante todo o processo investigativo, não constituiu apenas

um período formal de procedimentos metodológicos. Segundo Lima (2005, p.41),

“quando falamos em metodologia, a maioria dos alunos e professores pensa em

como fazer, em como elaborar e aplicar as técnicas de ensino”. Sob uma visão

integradora, é essencialmente importante compreender que na metodologia estão

Page 58: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

56

presentes os conceitos, os valores, a ética profissional do professor, entendida aqui

como o sentido que ele dá à profissão, um entendimento de mundo, pois trata-se de

compreender no fazer pedagógico uma postura metodológica que considere a vida

dos professores, seu trabalho, suas ousadias, dores e dificuldades (LIMA, 2005).

No estágio, o meu objetivo é chamar a atenção para o universo em que a

escola está inserida e como as influências determinantes desse contexto devem ser

entendidas pelos profissionais de educação a fim de que as ações docentes

transcendam os limites que as configuram como redundantes. A indisciplina, hoje,

líder na lista de queixas no ambiente escolar, é citada aqui com certa ênfase por se

adequar como exemplo desse modelo. Em um primeiro momento, referimo-nos à

indisciplina quando há uma transgressão de regras ou convenções, indicando

insubordinação, rebeldia, mal comportamento que compromete a convivência social.

Sob uma visão contextualizada, a indisciplina pode estar relacionada a um suposto

distúrbio psico/pedagógico; distúrbio este que, segundo Aquino (1998), pode ser de

natureza cognitiva (os tais distúrbios de aprendizagem) ou de natureza

comportamental. A indisciplina e o baixo aproveitamento seriam como duas faces de

uma mesma moeda, representando os dois grandes males da escola

contemporânea, geradores do fracasso escolar, e os dois principais obstáculos para

o trabalho docente (AQUINO, 1998). Na verdade, é pertinente reconhecer que é

preciso interpretar o que a indisciplina está indicando de modo indireto. Não

pretendo fazer um juízo de valor sobre a indisciplina, mas apontar a dimensão que

esse vocábulo pode alcançar e buscar compreender, como sugere Sampaio (1997,

p.9), até que ponto a indisciplina pode ser caracterizada como “mal estar que pode

ter múltiplas significações, mas não é desprovido de sentido, pois até os mais novos

contestam e boicotam”. Segundo Garcia (1999), a indisciplina tem sido intensamente

vivenciada nas escolas, apresentando-se como uma fonte de estresse nas relações

interpessoais, particularmente nas ocasiões em que ocorre conflito em sala de aula.

Nesse sentido, Garcia (1999) adverte que a indisciplina não apresenta uma causa

única; eventos de indisciplina, mesmo envolvendo apenas um sujeito, costumam ter

origem em causas diversas, e comumente reflete uma combinação complexa de

causas. Vianna (1989) vai mais além ao considerar que é preciso refletir sobre os

conceitos de disciplina e indisciplina no Brasil, pois para essa autora, a disciplina

pode caracterizar autoritarismo, instrumento de poder em determinados momentos

Page 59: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

57

históricos, manutenção da ordem imposta por uma pessoa ou um grupo carismático

ou dominador, que precisa ser respeitado, naturalmente ou através da força. Oliveira

(2005) sai da esfera discente e considera a possibilidade de que se o professor tem

dificuldade em lidar com toda essa complexidade do ambiente escolar e com a

diversidade, certamente, uma parcela da responsabilidade cabe aos cursos de

formação de professores.

A indisciplina, como muitas das questões preocupantes que permeiam o

cotidiano docente, deve ser encarada como um desafio na procura de pistas para a

transformação na prática dos futuros professores, considerando que é no estágio

que o aluno já se depara com o inusitado, promovido pelas primeiras experiências

no ambiente escolar.

O destaque à importância que a indisciplina assumiu no contexto educacional,

principalmente para os professores regentes de turma, nos níveis fundamental e

médio, é um alerta para a necessidade premente de compreender que o fenômeno

da indisciplina vem acompanhado de desdobramentos. Se há indisciplina, temos que

estar atentos para possíveis distúrbios de comportamento (psíquicos, emocionais),

problemas socioculturais e/ou problemas cognitivos. Estes, inclusive, acabaram

dando origem a chavões que se consagraram pelo senso comum, como a atribuição

da “falta de base” para a maioria das circunstâncias em que o aluno não alcança os

objetivos propostos ou a aprendizagem desejada.

Recorrer ao uso de rótulos denota uma visão simplista, que exclui, por

exemplo, problemas que perpassam tanto por condições inadequadas da escola,

como número excessivo de alunos por sala de aula, deficiências em relação à

formação inicial e/ou continuada, dentre outros. Além disso, segundo Oliveira et al

(2012, p. 105), “na ideologia da deficiência cultural, o fracasso escolar é justificado

por essa carência, na qual os alunos são mal sucedidos por pertencerem a um meio

pobre econômica e culturalmente”. Ainda pode ser também que o desinteresse para

aprender não se deva a alterações comprometedoras da cognição, como deficiência

intelectual, mas seja de origem circunstancial, portanto, uma dificuldade passageira.

O que constatamos é que atribuir rótulos que caracterizem uma criança com

dificuldades de aprendizagem talvez seja simples, porém é necessário observar em

que circunstâncias essa criança apresenta essa dificuldade, ou, ainda, quais os

motivos que a levaram à situação atual (OLIVEIRA et al., 2012).

Page 60: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

58

Todas essas considerações sobre a indisciplina são um exemplo de como os

elementos que integram o universo educacional se caracterizam a partir da

interpretação de situações possíveis. E essa gama de possibilidades sugere a

premência de buscar procedimentos objetivos na preparação do profissional para a

docência, e o estímulo à pesquisa é indicado para que possamos identificar os

fatores causais, de modo a encontrar uma solução adequada para lidar com os

problemas no momento em que aparecem. Assim, o aluno deve ser instigado ao

hábito da pesquisa e da análise sistêmica. De acordo com Capra (1996), os

problemas de nossa época não podem ser entendidos de forma isolada, pois são

problemas sistêmicos, “o que significa que estão interligados e são

interdependentes. Entender a realidade sistemicamente significa, literalmente,

colocá-la dentro de um contexto e estabelecer a natureza de suas relações”

(CAPRA, 1996, p. 23).

A educação que buscamos para além do pedagogismo e do conteudismo

necessita de novos referenciais, é imperativo rever conceitos, metodologias e

práticas em prol de uma educação que precisa abrir as portas da sala de aula para o

mundo. É na formação inicial que se estabelecem as bases do processo de

construção e sistematização de conhecimentos que se estruturam com a reflexão

sobre a prática vivenciada. Formar o professor hoje perpassa pela relação

constituída com a universidade formadora a partir dos currículos e das atividades de

estágio que, segundo Pimenta (2008), estão distanciados da realidade da escola,

em uma perspectiva burocrática que não capta as contradições presentes na prática

social de educar, pouco contribuindo para gestar uma nova identidade do professor.

Podemos constatar pelas fontes pesquisadas que estamos enveredando por

novos paradigmas, onde a aliança entre ciência e saberes constitui um novo campo

unificado do conhecimento. Acreditando que “essa abordagem holística é geradora

de novas perspectivas científicas, filosóficas, espirituais e artísticas” (DI BIASI, 2005,

p.39), é preciso despertar a consciência crítica que tanto desejamos para que o

futuro professor possa ver o mundo e a si mesmo como integrados. Segundo Freire

(1996, p. 24):

Quando vivemos a autenticidade exigida pela prática de ensinar-aprender participamos de uma experiência total, diretiva, política, ideológica, gnosiológica, pedagógica, estética e ética, em que a boniteza deve achar-se de mãos dadas com a decência e com a seriedade.

Page 61: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

59

O acervo reunido, composto por um referencial teórico capaz de abranger as

questões que permeiam, sob uma perspectiva interdisciplinar, a educação na

atualidade, deu origem ao desenvolvimento de uma proposta voltada para o tão

desejado “casamento” teoria/prática no Estágio Supervisionado.

Uma questão que esteve presente durante todo o tempo foi a preocupação

com a formação de um docente que vai ministrar aulas para os ensinos fundamental

e médio. Além de respaldar todas as áreas de conhecimento, o desenvolvimento

dessa proposta teórico-metodológica reforçará os seus objetivos implícitos com os

quais o futuro professor deve estar comprometido enquanto formador de jovens e

adolescentes:

Reconhecer que todas as disciplinas se inter-relacionam e, sendo fruto da criação do homem, evoluem sofrendo influências sociais, culturais e econômicas;

Articular a formação de uma postura crítica, levando em conta a complexidade das relações entre pessoas, natureza e tecnologias para uma aprendizagem comprometida com a formação atitudinal.

Interpretar fatos sociais, a partir da contextualização político-histórico-cultural e estrutural do tecido social dos sujeitos envolvidos.

Compreender que as diversas áreas do conhecimento e suas redes de saberes podem e devem priorizar todas as formas de raciocínio, contribuindo para a conscientização dos valores humanos e a formação cidadã;

Buscar soluções para questões polêmicas, através da troca de ideias e experiências, possibilitando a expressão de sentimentos, valores e condutas, sentindo-se respeitado na sua individualidade;

Tomar ciência de que a quantificação dos aspectos envolvidos nos problemas ambientais conduz a uma visão mais clara desses, facilitando a tomada de providências e decisões;

Consolidar os princípios da ética e da dignidade estendendo-os à leitura crítica de informações veiculadas pela mídia que não condizem com a realidade.

Teorizar e realizar produções acadêmicas.

Inter-relacionar teoria/ prática, por meio da avaliação crítica sobre a relação existente entre os conteúdos que fundamentam os cursos de formação de professores e a prática cotidiana nas escolas.

Para uma prática docente que agregue essas dimensões, é preciso encarar o

grande desafio das propostas curriculares dos cursos de magistério e dos planos de

ensino dos professores formadores: “tirar do papel e tentar operacionalizar a ideia de

professor reflexivo e pesquisador” (PIMENTA E LIMA, 2005/ 2006, p.18).

Os estudos direcionados para o Estágio Supervisionado com a pesquisa

bibliográfica do que deveria ser priorizado a fim de buscar uma relação dialógica

Page 62: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

60

entre teoria e prática resultaram em um referencial teórico, integrante da tríade

Educação, Cultura e Valores, que amplia a dimensão investigativa e teórica do

estágio para além do seu caráter pragmático. Os eixos temáticos que fundamentam

as propostas curriculares do Estágio Supervisionado, nos cursos das licenciaturas

de Física e Matemática do consórcio CEDERJ (Pedagógicas EAD/ UERJ), propõem

as seguintes abordagens básicas:

A formação docente para além dos muros da escola trata da necessidade

de articulação da prática educativa com as questões sociopolíticas e culturais,

em um contexto histórico, discutindo e apontando a importância da formação

cultural do professor para atuar nos dias de hoje. É relevante salientar que há

um consenso de que “o estágio tem por objetivo formar o profissional docente

como intelectual crítico-reflexivo para compreender e atuar na realidade

educacional” (LEITE, GHEDIN, ALMEIDA, 2008, p.37).

Por uma formação docente interdisciplinar trata da interdisciplinaridade,

que caracteriza essencialmente esse trabalho. Para romper com as amarras

disciplinares, em um primeiro momento, ressaltamos a importância de apesar

de sermos formados em um contexto disciplinar, as transformações sociais e

culturais nos confrontam com a necessidade de experimentar novas formas

de organizar os conteúdos e os currículos e as diferentes áreas do saber. É

durante o estágio que o futuro docente deve ser levado a perceber que uma

aula de qualquer disciplina pode e deve ter abertura para tomar qualquer

direção, atravessando diferentes campos de conhecimento sem a

identificação com apenas um deles. Essa interdependência leva à

imprevisibilidade que desmitifica a obrigatoriedade de seguir apenas por

caminhos pré-definidos, abrindo-nos um leque de alternativas que se traduz

em uma nova postura diante do ato de conhecer.

As contribuições de Piaget na construção dos valores no ambiente

escolar: um estudo de caso considera a importância de educar em valores

como base essencial para a formação humana. Considerando a

complexidade das relações humanas, encontramos na obra de Piaget “O juízo

moral na criança” os fundamentos básicos que contribuem para a

compreensão de como ocorre o desenvolvimento moral na criança e os

princípios da construção de sua tábua de valores. É nosso objetivo pontuar

Page 63: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

61

para o futuro professor que não existem conteúdos específicos para trabalhar

valores, ética e moral; e dado o seu caráter de natureza abstrata e não

diretiva, são abordadas estratégias e dinâmicas para essa abordagem no

cotidiano da sala de aula.

– Inteligência emocional no contexto educacional pretende trazer para o

futuro professor novas concepções sobre o conceito de inteligência. É

essencial que ele oportunamente amplie seus conhecimentos e perceba que

existem pensadores que defendem a importância de “educar” as emoções no

cotidiano da sala de aula para uma maior eficácia na aprendizagem. As

concepções sobre inteligência emocional, a partir de uma relação interativa

entre cognição e emoção, contribuem para a introdução de uma nova visão

no universo educacional no que diz respeito ao papel das emoções no

aprendizado. Considerações, como a de H. Maturana, sobre as ações de

origem racional e emocional não só contribuem para desfazer equívocos, mas

são indícios da necessidade de visualizar novos horizontes na busca de

mudanças significativas nos processos educacionais.

– O uso dos Mapas Conceituais para uma Aprendizagem Significativa se

destaca pela sua contribuição para o hábito da pesquisa, propiciando aos

licenciandos o entendimento de que os mapas conceituais estão

fundamentados na Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel e na

construção do conhecimento e interações sociais de Vygotsky. Ao longo do

estágio, são desenvolvidas atividades, mostrando a utilização dos mapas

conceituais como recurso de aprendizagem e como estratégia nos processos

de avaliação.

É preciso que fique claro que os referenciais, propostos como mediadores na

relação teoria-prática no Estágio Supervisionado, não constituem arcabouços

teóricos de conteúdo engessado, pronto, acabado. A proposta de criação dessa

composição de temas tem por princípio contribuir para o atendimento às

necessidades básicas de formação inicial para a prática docente contemporânea, e

esse suporte teórico está aberto a novas inserções, exclusões e modificações,

permanentemente, sempre que se fizerem necessárias.

Page 64: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

62

4.3 Aplicação do Material Didático/Acadêmico no Estágio Supervisionado dos

cursos de licenciatura em Matemática e Física (Pedagógicas-UERJ)

A coordenação das disciplinas pedagógicas das licenciaturas propôs um novo

modelo na estrutura organizacional do componente curricular Estágio

Supervisionado nos cursos das licenciaturas do Consórcio CEDERJ, e a nova

distribuição para as coordenações nos estágios II, III e IV passou a ser por área:

Coordenação de Estágio II, III e IV de Física/Matemática, idem para

Biologia/Química, idem para História/Turismo/Geografia e para Letras. A partir de

2012, eu e Marcia Spíndola (professora de Matemática) começamos a coordenar os

Estágios Supervisionados II, III e IV dos cursos de licenciatura em Física e

Matemática (disciplinas pedagógicas oferecidas pela UERJ).

Quando iniciamos esse trabalho, sob esse novo formato no estágio

supervisionado, eu e Márcia fomos privilegiadas porque já fazíamos jus às

mudanças requeridas com a nossa formação em física e matemática,

respectivamente. A maioria dos coordenadores de estágio e dos tutores integrantes

das equipes eram apenas de pedagogos, o que demandou certa dificuldade para o

engajamento na nova modalidade de trabalho.

Ao apresentar a nossa proposta, a ser desenvolvida com os alunos

estagiários dos cursos de licenciatura cujas disciplinas pedagógicas são da

responsabilidade da UERJ, fomos convidadas a socializá-la com as demais

universidades do Consórcio, que também oferecem disciplinas pedagógicas, no

caso, a UENF e a UFRRJ. Essa possibilidade criou uma expectativa promissora no

que diz respeito à ampliação do universo dessa proposta de inovação das bases

curriculares do Estágio Supervisionado no Consórcio CEDERJ, ou seja, eu me

encontrava diante de um trabalho de cunho experimental que estava adquirindo uma

dimensão no nível da generalização ao conjunto das universidades consorciadas.

Cabe aqui esclarecer que eu e Marcia sempre estivemos em comum acordo quanto

à premência de investir nessa transformação.

De início, inseri em cada etapa do estágio uma proposta de atividade no

cronograma, chamando a atenção para a atualidade das questões abordadas. O

meu objetivo era que o aluno estagiário percebesse as mudanças no currículo de

Page 65: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

63

modo gradativo, para que fossem incorporadas e assimiladas ao longo do período

de curso.

A metade da carga horária destinada ao estágio tem como finalidade a

análise crítica sobre a prática vivenciada na escola parceira (escola pública em que

o aluno realiza o estágio supervisionado). Esse aspecto é da maior relevância

porque justifica a dinâmica que sempre defendemos como essencial para a

articulação da relação teoria-prática de modo a qualificar a formação docente.

Na elaboração do material didático/acadêmico, a minha preocupação esteve

focada em fornecer subsídios para que o aluno aprendesse a dialogar/argumentar

com fundamentação, e a partir daí criasse o hábito da pesquisa na busca de

referências bibliográficas. Essa visão do estágio como campo de conhecimento

implicava em uma ressignificação metodológica e epistemológica, que precisava ir

aos poucos, mostrando aos estagiários que essa é uma forma de aproximação da

realidade que torna possível transformá-la. De acordo com Pimenta (2002, p. 22),

“conhecer significa estar consciente do poder do conhecimento para a produção da

vida material, social e existencial da humanidade”.

O sistema de avaliação do componente curricular Estágio Supervisionado é

composto de duas modalidades: à distância e presencial. São duas avaliações a

distância - AD1 e AD2, e três avaliações presenciais - AP1, AP2 e AP3 durante cada

período. No estágio, a distinção entre avaliação a distância e presencial não ocorre

como nas demais disciplinas, em que, por exemplo, a atividade presencial exige que

o aluno compareça ao polo, local comumente destinado às avaliações presenciais;

mas, esse nome foi mantido para não criar uma nomenclatura exclusiva para o

estágio. Costumamos distinguir, por razões didáticas, as atividades a distância e

presencial pelos objetivos a que se propõem; pois, o estágio, excepcionalmente, é

uma disciplina que necessita da apresentação de documentos comprobatórios de

presença, com assinaturas originais. Sendo assim, as atividades que podem ser

enviadas via plataforma ou e-mail são as que denominamos à distância.

As propostas de realização das atividades que foram apresentadas para os

alunos estagiários, a fim de chamar a atenção da necessidade de uma análise crítica

sobre a prática educativa, formam um conjunto integrado pela relação complementar

que os temas guardam entre si. Mas essa percepção só é possível após o aluno

chegar à última etapa do estágio, quando terá concluído em sequência todo o

Page 66: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

64

programa do componente curricular.

Os textos completos, com a abordagem dos cinco temas básicos: A formação

docente para além dos muros da escola, Por uma formação docente interdisciplinar,

As contribuições de Piaget na construção dos valores no ambiente escolar: um

estudo de caso, Inteligência emocional no contexto educacional, O uso dos Mapas

Conceituais para uma Aprendizagem Significativa, que compõem o material

didático/acadêmico, aplicado nesse trabalho de pesquisa, estão disponíveis no

Apêndice dessa dissertação.

É importante esclarecer que foram escolhidos para participar dessa pesquisa

os alunos de Estágio Supervisionado IV, dos cursos de licenciatura em Física e

Matemática, que realizaram os três últimos semestres de estágio sem interrupção. A

descrição da aplicação do material didático/acadêmico, ao longo dos períodos de

Estágio II, III e IV, apresentada no relato a seguir, refere-se ao trabalho desenvolvido

com a turma que ingressou no Estágio Supervisionado II, no segundo semestre de

2013, realizou o Estágio III em 2014, no primeiro semestre, e terminou a última

etapa, Estágio IV, no segundo semestre de 2014.

No Estágio Supervisionado II, os alunos começam a se familiarizar com o

novo formato do estágio (coordenação por área) e com a substituição do tutor

presencial (professor que orienta na realização das atividades de Estágio I, no polo)

pelo regente tutor, que o acompanhará na realização das atividades na escola

parceira. Portanto, após os estagiários tomarem ciência, a partir do cronograma de

atividades e do guia de disciplina, de como as atividades deveriam ser

desenvolvidas durante aquele período de estágio, propusemos como base para a

primeira atividade do semestre (AD1) a leitura do texto A formação docente para

além dos muros da escola (Apêndice A).

A inserção desse texto teve como atividade principal explorar, por meio de um

fórum de discussão, referenciais teóricos diversos. Em um primeiro momento, os

alunos não deixaram de manifestar a dificuldade encontrada para dispor de tempo,

segundo eles, “para esse tipo de estudo”. Apesar dessa resistência, com a

continuidade, essa avaliação foi muito profícua e, embora não fosse uma surpresa

para mim, constatar essa “indisponibilidade” por parte dos alunos foi a motivação

para buscar as alternativas que abririam novos diálogos e criariam a oportunidade de

aprofundar a importância de uma base cultural e intelectual na formação docente.

Page 67: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

65

Promovi discussões sobre a necessidade de políticas públicas na área de

educação, questionando o papel do estado e da sociedade no atual modelo

neoliberal, falei do impacto dos acordos causados pelo FMI, BIRD sobre a educação

nos países subdesenvolvidos etc., de modo provocativo, solicitando a participação

de todos. Também, inseri em nossa sala de disciplina vídeos, como: “Os sete

saberes necessários à educação do futuro” (Edgar Morin), “Política educacional e o

direito de aprender” (Mário Sérgio Cortella) e a fala de Paulo Freire em “A

importância do ato de ler”. Ainda fizemos uma incursão por mais alguns problemas

notórios que atingem a educação, tais como: fracasso escolar (repetência, evasão,

reprovação), fragmentação curricular, estigmatização do ensino público,

sindicalismo, diretrizes e parâmetros curriculares, planos de cargos e salários, baixa

remuneração; e eles perceberam, ou melhor, foi opinião de todos que se

pronunciaram que não é possível lidar com tais questões sem uma visão

contextualizada. Como atividade final dessa etapa, além das questões propostas,

sugeri que escolhessem um autor, dentre aqueles que foram citados no texto

trabalhado (“A formação docente para além dos muros da escola”), e os estagiários

foram orientados então para que fizessem uma resenha crítica, a partir de um tema

de livre escolha, que contemplasse a educação na atualidade. Pude perceber os

indícios de uma nova postura dos alunos, considerando principalmente a

demonstração de uma maior credibilidade na necessidade de uma formação mais

ampla e integradora para ir além dos limites previamente estabelecidos.

Esse foi mais um passo na conquista de um lugar significativo em prol de uma

formação docente que não visasse apenas a especialização disciplinar. Até porque

cabe aqui um parêntese sobre o quanto é difícil lidar com a supervalorização das

disciplinas específicas do currículo em detrimento das disciplinas pedagógicas nos

cursos de licenciatura em física e matemática.

Nos relatórios de final de semestre e nos encontros presenciais, em resposta

à reflexão sobre as questões abordadas, os problemas educacionais foram

considerados pelos estagiários como sendo de ordem estrutural, política,

pedagógica, salarial, social, cultural... Esse foi um grande avanço na direção da

consecução de nossos objetivos: a valorização, por parte dos futuros professores, de

uma formação para a docência que os capacitasse a perceber a complexa

interdependência desses aspectos, levando-os a uma visão integradora.

Page 68: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

66

No semestre seguinte, uma nova dinâmica foi desenvolvida no Estágio

Supervisionado III, a partir dos referenciais: As contribuições de Piaget na

construção dos valores no ambiente escolar: um estudo de caso (Apêndice C)

e Inteligência emocional no contexto educacional (Apêndice D).

No Estágio III, os alunos estão mais inteirados dos acontecimentos e dos

problemas que incidem com mais frequência no cotidiano do professor; pois, já

participaram de reuniões, observações de aulas e atuaram mais ativamente nas

coparticipações, orientados pelo regente tutor (professor da escola pública em que

realizam o estágio).

Aproximadamente, após um mês do início do semestre, propus um fórum de

discussão, solicitando que os estagiários apontassem os problemas e dificuldades

mais relevantes, ocorridos na sala de aula, para promovermos um debate. Embora

não me surpreendesse a frequência de menções feitas à indisciplina, violência nas

escolas, pouca dedicação ao estudo, posturas inconvenientes; o meu interesse, de

fato, era levá-los a concluir que as considerações que apresentaram a esse respeito

eram incipientes pela falta de uma abordagem procedente, denotando carência de

conhecimento para a argumentação e para uma melhor compreensão dos

problemas apontados.

Oportunamente, disponibilizei, na nossa sala de disciplina, o texto “As

contribuições de Piaget na construção dos valores no ambiente escolar: um estudo

de caso”. Após duas semanas, promovi novo fórum de discussão com a

apresentação dos vídeos da professora Telma Vinhas: “Jean Piaget- valores e

moralidade” e “Desenvolvimento moral, heteronomia e autonomia” para enriquecer o

nosso debate.

É importante acrescentar que o meu objetivo com o texto proposto para

estudo era despertar o interesse do aluno estagiário, que ele se prestasse a

alavancar discussões que conduzissem a um comportamento investigativo e

disposto à exploração dos desdobramentos que surgem ante determinadas

situações. Tive a oportunidade de vivenciar essa experiência, que valoriza esse

aspecto a que me refiro, após os alunos terem lido o texto proposto e participarmos

de um fórum de discussão, conforme relato a seguir.

A turma de Estágio III, composta de 38 alunos, originários de diversos

municípios do Rio de Janeiro (Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Petrópolis, Piraí,

Page 69: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

67

Saquarema, São Pedro D’Aldeia, Volta Redonda), foi dividida em dois grupos para

um debate. A proposta era que cada grupo elegesse o que considerava o

impedimento mais significativo para a prática docente na sala de aula, atualmente.

Um dos grupos apontou a incidência do furto na sala de aula e o outro grupo

considerou da maior relevância, e que merecia uma atenção especial, a falta de

vergonha demonstrada pelos adolescentes e jovens diante de determinadas

situações.

O que pude perceber é que os estagiários tiveram como base o mesmo

referencial inicial e, de acordo com o contexto, ou seja, com as condições

encontradas na sala de aula, experiências vividas e outros aspectos idiossincráticos,

cada grupo de alunos acabou diagnosticando causas distintas como maior

impedimento para atuar como professores.

Esse acontecimento foi bastante positivo, pois proporcionou a ampliação de

nossos estudos com bibliografia adequada sobre cada tema em questão. Esse é o

propósito desse material didático: desempenhar o papel de um catalisador, ou seja,

de um incentivador, dinamizador capaz de ir ao encontro das necessidades

prementes, abrindo um leque de possibilidades no que diz respeito, inclusive, à sua

atualização.

Ao concluirmos as dinâmicas que exploraram o tema em pauta, os estagiários

realizaram a última atividade que integra a AD1 (primeira atividade a distância),

presente no Apêndice C dessa dissertação, que visa a uma avaliação

contextualizada, pois leva em conta as experiências vividas no estágio e os

conhecimentos/saberes adquiridos nesse processo. Considerando que a finalidade

desse trabalho é desenvolver a criticidade do estagiário, a capacidade de refletir

sobre as questões que a prática do estágio proporciona à luz de referenciais

teóricos, pude então constatar uma mudança de comportamento tal, que motivou os

estagiários a fazerem uso de autores diversos para fundamentarem suas

concepções. Oportunamente, dando continuidade ao nosso trabalho, fiz uma

abordagem que me pareceu relevante, como descrevo, a seguir.

Faz parte do senso comum ouvirmos falar sobre as dificuldades encontradas

nas disciplinas específicas, durante os cursos de licenciatura em física e

matemática, acrescidas inclusive de comentários em tom pejorativo que atribuem,

por exemplo, aridez à matemática pela sua dimensão abstrata. Sabemos da

Page 70: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

68

repercussão desse juízo de valor que, no mínimo, tem agregado a essas disciplinas

o estigma da inatingibilidade, com a perpetuação dos limites impeditivos para uma

aprendizagem democrática. Embora reconheçamos o nível de complexidade

inerente a cada disciplina, principalmente pelo uso necessário da hierarquização dos

conceitos, pela natureza lógica e exata de seus processos; como formadores de

professores, temos que estar atentos no sentido de contribuir para evitar que visões

equivocadas possam incorrer no tratamento inadequado do ponto de vista

pedagógico, o que certamente acabaria comprometendo a aprendizagem dos

alunos.

Essas considerações ficam claras quando lembramos que priorizamos a

inteligência cognitiva como determinante para identificar o nível de proficiência dos

alunos, como ocorre na maioria dos processos avaliativos, cujo exemplo

encontramos nas avaliações institucionais promovidas pelo Sistema de Avaliação da

Educação Básica (SAEB).

Com o objetivo de desmitificar a supervalorização de uma inteligência que

privilegia determinadas habilidades e competências, introduzimos no Estágio

Supervisionado III o tema “Inteligência emocional no contexto educacional”, como

parte integrante desse componente curricular. Levando em conta que, para a

maioria dos estagiários, esse era o primeiro contato com o tema, disponibilizei em

nossa sala de disciplina uma sequência, em três partes, do vídeo “Inteligência vai

além do QI”, de Daniel Goleman e um resumo do livro “Inteligência emocional”, do

mesmo autor, com os conceitos básicos sobre o assunto em pauta. Fiquei surpresa

ao perceber que os alunos se mostraram tão interessados quanto receptivos diante

da possibilidade de agregar, inclusive, novos valores à dimensão avaliativa. Com a

criação de um fórum de discussão, surgiram indagações sobre as condições

necessárias para uma formação humana condizente com uma vida equilibrada, bem

sucedida e feliz; e o encaminhamento dessas questões resultou na pesquisa do

conceito de inteligência. Exploramos as concepções do psicólogo norte-americano

Howard Gardner a respeito das inteligências múltiplas, com a leitura de uma resenha

de seu livro “Inteligências múltiplas- a teoria na prática” e com o segundo vídeo da

série “Pensadores da tecnologia e da educação”.

A atividade proposta na AD2 (segunda atividade a distância), que se encontra

no Apêndice D, ao final do texto destinado à introdução ao estudo da “Inteligência

Page 71: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

69

emocional no contexto educacional”, contribuiu para a ampliação e a abrangência do

significado de inteligência. Ao desconstruir a inteligência como unicidade,

sensibilizamos o futuro professor para a importância de processos de ensino mais

individualizados para atender à diversidade. Na avaliação das atividades entregues

pelos estagiários foi gratificante constatar a qualidade acadêmica dos trabalhos

apresentados, a despeito do posicionamento diante das diferentes manifestações de

inteligência e das valorações a elas atribuídas. Esses relatos mostram como o aluno

é levado a reconhecer que o referencial teórico no estágio tem uma finalidade

norteadora, que ele é construído e reconstruído a partir da reflexão sobre a relação

teoria-prática, portanto, considerando a dinâmica dessa relação nos cabe chamar a

atenção do estagiário para a flexibilidade do uso desses referenciais, pois esse é um

diferencial de essencial importância no desenvolvimento do nosso trabalho.

No último período de estágio, desenvolvemos atividades diversas com o

objetivo de pesquisar o conceito de interdisciplinaridade, partindo da análise crítica

que o texto Por uma formação docente interdisciplinar (Apêndice B) propicia, e

encerramos a última etapa do componente curricular Estágio Supervisionado com o

estudo do tema O uso dos Mapas Conceituais para uma Aprendizagem

Significativa (Apêndice E).

No Estágio IV, um número considerável de alunos já possui experiência

docente, oriunda de escolas particulares, e também cabe aqui mencionar que há

aqueles que estão cursando a licenciatura, mas já são professores que lecionam na

educação infantil. No CEDERJ, o modelo semipresencial contribui para que esse

aspecto peculiar tenha um lugar de destaque, o que torna os ambientes discursivos

potencialmente ricos.

Com a preocupação de otimizar o nosso tempo, em agosto de 2014, marquei

encontros presenciais nos polos de: Angra dos Reis, Duque de Caxias, Nova Iguaçu,

Magé, Petrópolis, Piraí e Volta Redonda, por terem um maior quantitativo de alunos.

De modo resumido, os estagiários foram bastante atuantes, fizeram avaliações e

considerações sobre os períodos de estágio cursados, e se mostraram não só

interessados, mas ansiosos pelo que os aguardava. A participação em um trabalho

de pesquisa criou expectativas e promoveu um envolvimento maior entre os alunos.

Em suma, foi notória a disposição desses futuros professores em dar o máximo de

si, o que me encheu de mais entusiasmo.

Page 72: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

70

A primeira tarefa que sugeri foi um fórum de discussão, que ficou em vigência

durante a segunda quinzena de agosto, para que os estagiários trouxessem as suas

experiências em um debate sobre o conceito de interdisciplinaridade e a prática

interdisciplinar. Essa proposta contou com a participação de todos, desencadeou

uma dinâmica bastante intensa, pois o tema proporcionou a abordagem do Exame

de qualificação da UERJ, do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), além das

mais variadas concepções sobre a interdisciplinaridade, promovendo polêmica e

divergência de opiniões. Esse resultado não me surpreendeu, pois oportunamente,

nessas circunstâncias, a minha intenção era, mais uma vez, fomentar indagações e

questionamentos para encaminhar os estagiários para a pesquisa. Sendo assim,

propus a leitura do texto “Por uma formação docente interdisciplinar” (Apêndice B) e,

em seguida, a realização de uma atividade que os confrontasse com os aspectos

interdisciplinares que dizem respeito à prática docente, focalizando o cotidiano da

sala de aula e instigando o interesse em trazer para o nosso debate situações

vigentes, como, por exemplo, a proposta da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro,

com a implantação em 2011 do Programa Ginásio Experimental Carioca, e do

Programa Mais Educação, instituído como estratégia na perspectiva da Educação

Integral.

Ao tratar a interdisciplinaridade com a devida deferência, valorizando inclusive

a sua origem histórica, de forma que os futuros professores reconhecessem a sua

importância para além do contexto educacional, alicerçamos as bases para

enveredarmos pelo fascinante tema que abrange mapas conceituais e

aprendizagem significativa.

Na introdução ao estudo dos mapas conceituais foi essencial uma

apresentação com a leitura prévia do texto “O uso dos mapas conceituais para uma

aprendizagem significativa” (material didático disponível no Apêndice E), levando em

conta que a maioria dos estagiários nunca teve contato com essa ferramenta e

sequer tinha ouvido falar em “aprendizagem significativa”. Pude observar que esse

tema causou um impacto positivo na maioria dos alunos, que manifestaram surpresa

e um interesse crescente na medida em que foram tomando ciência do quanto é

possível enriquecer a prática docente com a utilização dos mapas conceituais.

O que caracteriza o mapa conceitual como recurso pedagógico

essencialmente relevante é a sua dimensão metodológica, tornando-o uma

Page 73: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

71

ferramenta estratégica de aprendizagem. Durante o fórum de debate, os estagiários

mostraram um certo encantamento com a proposta de fazer uso de uma estrutura

hierárquica de conceitos, organizados de modo a facilitar o aprendizado de um

conteúdo sistematizado em conteúdo significativo para o aluno.

Diversas singularidades, como o fato de o mapa conceitual apresentar uma

estrutura semelhante a um diagrama bidimensional, que indica relações entre

conceitos na forma de proposições, tornam necessário um aprendizado de como

construí-lo a fim de alcançar os objetivos propostos. Outro fator importante é a

quantidade de informações trocadas e de conceitos introduzidos nesse fórum, o que

o consagrou como um desafio bem sucedido, pois essa atividade tem tido excelente

aceitação por parte dos estagiários, com múltiplos pronunciamentos de sua

valorização principalmente pela perspectiva de inovação do fazer pedagógico.

Em uma situação especial, nesse fórum de debate, criei uma dinâmica de

modo que as inserções foram elaboradas, respeitando uma sequência cronológica

por razões didáticas para que o aluno pudesse, a qualquer momento, entrar no

fórum tendo acesso às participações que foram gradativamente acrescentadas. Para

que se tenha uma visão de como esse trabalho foi desenvolvido, reproduzimos as

principais falas do fórum de discussão: “Mapas conceituais: organização e

representação do conhecimento”, que se encontra disponível no Apêndice E.

Essa atividade ocorreu em um ambiente virtual de aprendizagem, em vigência

durante cerca de um mês, dispondo dos recursos da plataforma MOODLE. Não foi

feita a reprodução integral de todas as falas dos participantes, mas o essencial para

aqueles que, ao acompanharem o desenvolvimento dessa atividade, que culmina

com a proposta de construção de um mapa conceitual, possam não só compreendê-

la, mas também avaliá-la.

4.4 Modalidade da Pesquisa e os Participantes da Pesquisa

4.4.1 A abordagem qualitativa

A pesquisa que engloba relações de caráter humano e social, como a

pesquisa qualitativa, embora tenha sido regularmente utilizada por antropólogos e

Page 74: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

72

sociólogos, “só nos últimos trinta anos começou a ganhar um espaço reconhecido

em outras áreas, como a psicologia, a educação e a administração de empresas”

(GODOY, Arilda S., 1995, p.58). Ainda nos enredamos com os conflitos e

contradições sobre a cientificidade das ciências sociais em comparação com as

ciências naturais, pois, enquanto uns reivindicam a total diferença e especificidade

do campo humano, outros buscam a uniformidade dos procedimentos para

compreender o natural e o social (MINAYO, 1993). Não cabe aqui um

aprofundamento sobre as orientações filosóficas e nas suas implicações na

produção do conhecimento, mas Vergara (1997) assinala que a ciência pode ser

entendida como uma construção que revela nossas suposições acerca do que se

está construindo, independente de tradicionalmente vir sendo definida como um

processo permanente de busca da verdade, de sinalização sistemática de erros e

correções, predominantemente racional.

A pesquisa deve ser entendida, segundo Gil (2002), como um procedimento

sistemático cujo objetivo é proporcionar respostas aos problemas que são propostos,

portanto, deve ser desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos

disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos

científicos, ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a

adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados.

Queremos destacar que a interação entre pesquisador e sujeitos observados

assume características que a aproximam mais da observação participante quando a

pesquisa tem como objeto de estudo o ambiente educacional, onde a complexidade

das relações humanas determina a escolha da metodologia e das técnicas

qualitativas que devem alicerçá-la.

Podemos elencar as principais ações que caracterizam o perfil da pesquisa

realizada:

Revisão da bibliografia e análise documental do formato do componente

curricular Estágio Supervisionado dos cursos de licenciatura na modalidade a

distância do Consórcio CEDERJ/CECIERJ.

Elaboração do material didático/acadêmico (Apêndice).

Aplicação do material didático no Estágio Supervisionado como proposta

teórico-metodológica.

Formulação do questionário (Apêndice).

Page 75: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

73

Aplicação do questionário.

Apresentação e análise da coleta dos dados.

Conclusão da análise dos resultados

4.4.2 Participantes da Pesquisa

No segundo semestre de 2014, os alunos dos cursos de licenciatura em

Matemática e Física do Consórcio CEDERJ, que cursavam o último período de

Estágio Supervisionado IV (disciplina pedagógica oferecida pela UERJ/EAD), foram

os participantes dessa pesquisa. É importante lembrar que foram selecionados

catorze alunos estagiários, 3 alunos de Física e 8 alunos de Matemática, que

cursaram os períodos de Estágio II, em 2013, no segundo semestre, Estágio III no

primeiro semestre de 2014, e Estágio IV no segundo. Esse aspecto é significativo,

considerando que esses alunos fizeram parte de todo o processo de

desenvolvimento da proposta de inovação metodológica do componente curricular

Estágio Supervisionado, que culminou com a aplicação, já descrita anteriormente, do

material didático-acadêmico.

Quando iniciei a pesquisa de campo, a coleta de dados ocorreu em um

contexto, de tal modo que os alunos participantes, dos quais três eram licenciandos

em física e onze em matemática, estavam empenhados ativamente em prol das

transformações e inovações da prática docente por considerarem esse avanço

valoroso para o seu futuro profissional.

Embora a instituição responsável pela formação didático-pedagógica dos

participantes dessa pesquisa seja a Universidade do Estado do Rio de Janeiro

(UERJ), esses alunos compõem um grupo caracteristicamente diverso em sua

formação acadêmica, ou seja, são licenciandos das seguintes universidades que

fazem parte do Consórcio CEDERJ:

_ Universidade Federal Fluminense (UFF): 8 alunos de Matemática (4 do polo de

Nova Iguaçu, 1 do polo de Piraí, 3 do polo de Angra dos Reis).

_ Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO): 3 alunos de

Matemática (2 do polo de Petrópolis, 1 do polo de Magé).

Page 76: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

74

_ Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ): 3 alunos de Física (1 do polo de

Duque de Caxias, 2 do polo de Nova Iguaçu).

A modalidade semipresencial de educação praticada no Consórcio CEDERJ

merece destaque por propiciar que os participantes dessa pesquisa sejam oriundos

de diversos municípios do Rio de Janeiro, contribuindo para a ampliação e

diversificação do universo pesquisado.

4.4.3 Estudo de Caso como modalidade da pesquisa em tela

A perspectiva de Chizzotti nos confronta com algumas questões presentes na

pesquisa atual que traduzem o seu teor polêmico como sinal dos novos tempos:

Cresce, porém, a consciência e o compromisso de que a pesquisa é uma prática válida e necessária na construção solidária da vida social, e os pesquisadores que optaram pela pesquisa qualitativa, ao se decidirem pela descoberta de novas vias investigativas, não pretenderam, nem furtar-se ao rigor e à objetividade, mas reconhecem que a experiência humana não pode ser confinada aos métodos nomotéticos de analisá-la e descrevê-la (CHIZZOTTI, 2003, p.232).

A pesquisa qualitativa lida com a interpretação do mundo real, voltada para as

interações humanas. Essa pluralidade da vida e da cultura é absorvida pela

pesquisa e abre novos vieses que, segundo Chizzotti (2003), colocam em questão a

posição social do pesquisador, a onipotência descritiva do texto científico, que não

escapa a uma posição no contexto político, de modo que a objetividade está

delimitada pelo comprometimento do sujeito em sua realidade circundante.

Considerando a natureza dos problemas a serem tratados, essa modalidade

de pesquisa na educação caracterizou como vantajoso o estudo de caso como

estratégia metodológica por considerá-lo rico em dados descritivos, com um plano

aberto e flexível que focaliza a realidade de modo complexo e contextualizado

(VENTURA, 2007). Na concepção de Yin (2001, p. 23):

Estudo de caso é uma inquirição empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira entre o fenômeno e o contexto não é claramente evidente e onde múltiplas fontes de evidência são utilizadas.

Page 77: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

75

Gil (2002) acrescenta que o conceito de caso se ampliou e pode ser

entendido como uma família, um grupo social, uma organização, um conjunto de

relações, um papel social, um processo social, uma comunidade, uma nação ou até

mesmo toda uma cultura.

Para Yin (2001), o estudo de caso é um método que abrange tudo, desde o

planejamento, técnicas de coleta de dados e análise dos mesmos, portanto, é uma

investigação que examina o fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto, no

espaço das relações que não pode ser reduzido à operacionalização de variáveis.

Segundo Ventura (2007, p. 385), “o que torna exemplar um estudo de caso é ser

significativo, completo, considerar perspectivas alternativas, apresentar evidências

suficientes e ser elaborado de uma maneira atraente”.

4.5 Procedimentos para a Coleta de Dados

A participação interativa que envolveu a coleta de dados caracteriza o uso da

técnica de observação participante, conceituada, segundo Moreira (2002), como

estratégia de campo que combina a participação ativa com os sujeitos, a observação

intensiva em ambientes naturais, entrevistas informais e análise documental.

Podemos elencar aqui algumas situações importantes durante esse processo:

interpretação das questões em estudo sob o olhar dos participantes, ênfase na

perspectiva dos informantes, flexibilidade na conduta do estudo, entender a situação

em análise pelo interesse no processo e não no resultado, ligação íntima entre o

contexto e o comportamento das pessoas na formação da experiência (MOREIRA,

2002).

É importante ainda acrescentar que ao identificar os principais elementos que

nortearam o problema em foco, os processos subsequentes com a coleta de dados e

a análise dos resultados não constituíram uma sequência linear. Ventura (2007)

chama a atenção para que o pesquisador tenha o devido cuidado quando buscar

generalizações, pois, em nenhum momento deverá desprezar, na tentativa da

simplificação, o rigor científico necessário para sua validação.

Page 78: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

76

O meu trabalho como coordenadora favoreceu a pesquisa de campo que,

embora tenha sido estabelecida formalmente por meio de questionários, foi

enriquecida pela aproximação com os alunos nos dois semestres anteriores, o que

propiciou um clima mais descontraído e envolvente. Pois, em seus relatórios, os

alunos estagiários documentaram todas as suas vivências no estágio, desde a

observação até a participação efetiva, analisando e interpretando a realidade à luz

do problema pesquisado. Essa quantidade valorosa de informações foi tratada não

só para fins de pesquisa de dados, mas como uma oportunidade para um novo

encaminhamento dessas questões.

Cabe destacar o papel crucial dos fóruns de debate como ferramenta

interativa assíncrona durante o desenvolvimento dessa pesquisa, pois, em se

tratando de um curso semipresencial, os recursos da plataforma Moodle foram

essenciais para a troca de experiências e a abordagem de conhecimentos de cunho

acadêmico no contexto das inovações metodológicas propostas.

Page 79: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

77

5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Na fase que sucede a coleta de dados, os processos de análise e

interpretação estão estreitamente relacionados:

A análise tem como objetivo organizar e sumariar os dados de tal forma que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para investigação. Já a interpretação tem como objetivo a procura do sentido mais amplo das respostas, o que é feito mediante sua ligação a outros conhecimentos anteriormente obtidos (GIL, 1999, p.168).

Ao estabelecer o trabalho de campo, à medida que os dados vão sendo

coletados, o pesquisador os examina na tentativa de identificar temas e relações,

construindo interpretações e gerando novas questões e/ou aperfeiçoando as

anteriores, o que o leva a buscar novos dados, complementares ou mais específicos,

que testem suas interpretações, num processo de “sintonia fina” que vai até a

análise final (ALVES-MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 1998).

Segundo Minayo (1993), um método muito utilizado na pesquisa qualitativa

para o tratamento dos dados é o de análise de conteúdos, que compreende um

conjunto de técnicas de pesquisa que tem como objetivo a busca dos significados

presentes nos dados. Para Bardin (2009), a análise de conteúdos visa obter, por

procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo mensagens,

indicadores que possibilitem a inferência de conhecimentos relativos às condições

de produção/recepção destas mensagens. Pois, “o ato de inferir significa a

realização de uma operação lógica, pela qual se admite uma proposição em virtude

de sua ligação com outras proposições já aceitas como verdadeiras” (BARDIN,

2009, p.39).

Triviños (1987, p.161) propõe o uso de três etapas no processo de análise de

conteúdo:

1. A pré análise - definição do material (questionário, entrevista, observação etc.). 2. A descrição analítica – estudo aprofundado do material, orientado pelas hipóteses e referencial teórico – codificação, classificação e categorização do material. 3. A interpretação referencial – fase onde, além do conteúdo manifesto dos documentos, deve-se aprofundar a análise do conteúdo latente.

Page 80: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

78

A maioria dos autores se refere à análise de conteúdo como técnica, o que a

aproxima de um recurso para analisar e interpretar os dados coletados. Triviños

(1987) considera a análise de conteúdo um método que pode servir de auxiliar para

instrumento de pesquisa de maior profundidade e complexidade como o é, por

exemplo, o método dialético. Essa perspectiva do autor fica clara ao introduzir os

conceitos de conteúdo manifesto e conteúdo latente, que tem como objetivo ir além

da compreensão da análise de conteúdo como registro ou constatação de uma

realidade, o que possibilitaria desvelar a complexa realidade histórico-social

referenciando abordagens teórico-filosóficas latentes no material coletado (1987).

A escolha do procedimento mais adequado para a descodificação de um

documento depende do material a ser analisado, dos objetivos da pesquisa e da

posição ideológica e social do analisador (CHIZZOTTI, 2006). Como mostra Chizzotti

(2006, p. 98), “o objetivo da análise de conteúdo é compreender criticamente o

sentido das comunicações, seu conteúdo manifesto ou latente, as significações

explícitas ou ocultas”.

O questionário (Apêndice F) utilizado como instrumento de coleta de dados foi

elaborado visando traduzir os objetivos da pesquisa em tela, apresentando

perguntas claras e objetivas, com questões fechadas, abertas e de múltipla escolha,

o que possibilitou, após a sua aplicação, a definição das categorias de análise. A fim

de dirimir dúvidas, e incentivar o seu preenchimento, o questionário foi apresentado

com algumas informações iniciais.

Para nos referirmos aos catorze alunos estagiários, participantes dessa

pesquisa, dos quais 11 são alunos de licenciatura em Matemática (8 alunos da

Universidade Federal Fluminense (UFF) e 3 da Universidade Federal do Estado do

Rio de Janeiro (UNIRIO)) e 3 são alunos de licenciatura em Física (Universidade

Federal do Rio de janeiro (UFRJ)), utilizamos a seguinte simbologia: M1, M2, M3,

M4, M5, M6, M7, M8, M9, M10 e M11 (11 estagiários - alunos dos cursos de

licenciatura em Matemática); F1, F2 e F3 (3 estagiários – alunos dos cursos de

licenciatura em Física).

As categorias de análise foram organizadas com base nos eixos temáticos:

Estágio Supervisionado, Referenciais Teóricos, Relação Teoria/Prática e

Formação Docente. Como resultado da análise de conteúdo do questionário, foram

elaboradas tabelas e um conjunto de gráficos, caracterizando as experiências

Page 81: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

79

vividas pelos estagiários no cotidiano escolar, oriundas das observações,

coparticipações e atuações em sala de aula.

5.1 Estágio Supervisionado

Considerando a complexidade inerente aos objetivos dessa pesquisa, a

opção pela abordagem das categorias de análise individualmente se deve à

facilitação da compreensão de como se deu todo o processo de condução da

análise e da interpretação dos dados da pesquisa em tela.

Tomando como referência os dados da tabela a seguir, podemos ver que a

concepção de Estágio Supervisionado não se restringiu a uma definição ou conceito

gessado, mas revelou aspectos que remeteram à compreensão que os futuros

professores possuem da prática docente.

Tabela 1 – O estágio supervisionado sob a visão dos alunos dos cursos de licenciatura em física e em matemática do Consórcio CEDERJ/UERJ

Fonte: elaboração da pesquisadora

Page 82: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

80

A minha preocupação esteve focada em propiciar um estágio que

confrontasse os alunos com a realidade na qual eles iriam atuar. Para fazer jus a

esse objetivo, foi valorizada a necessidade de articulação dos saberes específicos

com os saberes pedagógicos. Pude reconhecer a incidência quanto ao destaque

dado à relação teoria/prática pela ênfase nos processos de ensino e de

aprendizagem, como nas falas de M5 e M7:

A partir da experiência do estágio, pode-se colocar em prática as diferentes metodologias e pedagogias de ensino que aprendemos. (M5) Acho o estágio essencialmente necessário para a formação do futuro professor, pois com ele podemos unir a teoria com a prática. (M7)

Na coleta de dados, a escolha da palavra mais significativa para exprimir o

que a realização do estágio representou veio acrescida do que foi mais e menos

relevante para o estagiário. Nesse sentido, as referências pessoais foram bastante

importantes na medida em que, hoje, a prática da docência vem sendo

comprometida, de modo significativo, por sentimentos negativos devido a desgastes

psicológicos e emocionais que emergem pela distância existente entre os ideais

individuais do professor e a realidade da vida diária nas escolas. Vemos nas

palavras de M8 como se deram a sua vivência e o seu encontro com a realidade da

sala de aula durante o estágio:

Aprendemos no estágio que a valorização do saber está condicionada à troca de conhecimentos com o aluno. [...] confiança em construir novos saberes nos sentindo parte de um processo. (M8)

O licenciando de física, F3, declarou que o estágio para ele é:

REALIZAÇÃO. É um sentimento do dever cumprido, e vemos que ainda tem muito a ser conquistado e é isso que nos motiva a seguir em frente, contribuindo para a formação do professor e do aluno. (F3)

Pudemos perceber que para esses alunos o estágio contribuiu para a

formação do professor incorporando sentimentos de realização, conquista,

motivação (F3). Do mesmo modo, M8 considera que o Estágio Supervisionado

trouxe interação e confiança. A análise e a interpretação desses resultados

constataram a criação de relações interpessoais que favoreceram experiências e

Page 83: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

81

sentimentos de caráter positivo, declarados pelos alunos, em um clima de satisfação

e gratificação.

Pimenta (2002) sinaliza que a identidade profissional se constrói pelo

significado que cada professor confere à atividade docente no seu cotidiano a partir

de seus valores, de sua história de vida, de seu modo de situar-se no mundo, de

seus saberes, de seus anseios e suas angústias, do sentido que tem em sua vida o

ser professor.

Vimos nas palavras dos estagiários F2 e M10 que elas enunciam um ideal

formativo para um desempenho profissional com eficiência:

No estágio, entendemos que nossas participações significam um início de uma carreira, [...] pois somente com a atividade efetiva de lecionar estaremos progredindo. (F2) Acredito que os alunos da graduação precisam ainda adquirir mais consciência sobre o Estágio. (M10)

Desde as primeiras considerações sobre o papel do estágio na formação

docente, ficou clara na opinião dos estagiários a sua importância para a inserção na

realidade educacional. Esse reconhecimento foi se configurando, gradativamente,

com o entendimento de que o estágio é o eixo central na formação de professores,

pois é através dele que o profissional conhece os aspectos indispensáveis para a

formação da construção da identidade e dos saberes do dia a dia (PIMENTA E

LIMA, 2004). A fala de M11 é um exemplo claro dessa percepção.

Através do estágio conseguimos ver na prática toda a teoria e ainda desenvolver experiência e aperfeiçoamento dos conhecimentos adquiridos. (M11)

Um estudo de natureza social, segundo Forghieri (1993), não se restringe aos

fatos em si mesmo, mas aos seus significados. Esses aspectos chamam a atenção

de Castro (1977) para as dificuldades metodológicas decorrentes da diversidade

inerente aos fenômenos humanos, pois há grandes riscos de subjetividades em todo

o processo, a metodologia tem como objetivo contribuir não para a compreensão dos

produtos da pesquisa, mas do próprio processo.

Page 84: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

82

5.2 Referenciais teóricos

Os meios de investigação a partir da definição do nosso objeto de estudo

constituíram aspectos teóricos, metodológicos e práticos.

A pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental deram origem a novas

orientações e a novos paradigmas, resultando na elaboração do referencial teórico,

que foi aplicado como material didático/acadêmico, reunido nos cinco eixos

temáticos: “A formação docente para além dos muros da escola” (Apêndice A), “Por

uma formação docente interdisciplinar” (Apêndice B), “As contribuições de Piaget na

construção dos valores no ambiente escolar: um estudo de caso” (Apêndice C),

“Inteligência emocional no contexto educacional” (Apêndice D), “O uso dos Mapas

Conceituais para uma Aprendizagem Significativa” (Apêndice E). Esse aspecto da

pesquisa foi crucial para o seu resultado, pois possibilitou também atribuirmos uma

valoração ao material didático elaborado pela pesquisadora.

É oportuno esclarecer que a abordagem metodológica com a opção pelo

estudo de caso pode ser entendida, de acordo com Gil (2004, p. 8), como “uma

estratégia de ensino por meio da qual uma parte da realidade é trazida para a sala

de aula para ser trabalhada pelos alunos e pelo professor”.

É relevante lembrar que os dados da tabela 2 (apresentada a seguir)

expressam as vivências dos alunos que experimentaram durante três semestres de

curso (Estágios II, III e IV) as mudanças curriculares que se propunham à inovação

teórico-metodológica desse componente curricular, visando à qualificação da

formação docente.

Page 85: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

83

Tabela 2 – Os fundamentos teóricos sob a visão dos alunos dos cursos de licenciatura em física e em matemática do Consórcio CEDERJ/UERJ

Page 86: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

84

Tabela 2 – Os fundamentos teóricos sob a visão dos alunos dos cursos de licenciatura em física e em matemática do Consórcio CEDERJ/UERJ (Continuação)

Fonte: elaboração da pesquisadora

Page 87: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

85

A questão focal que norteou e conduziu essa pesquisa: Como os

fundamentos teóricos podem se constituir em estratégia para uma concreta

vinculação entre teoria e prática no Estágio Supervisionado com o objetivo de

combater as causas que contribuem para uma formação docente inicial precária? foi

contemplada no depoimento de todos os participantes, como podemos ver nas

considerações de M5, M6, M10 e F3, por exemplo.

A interdisciplinaridade é uma urgência na formação dos professores na atualidade. Questões como valores e ética precisam ser discutidas na formação do futuro professor. Estas questões vão permear o dia a dia do docente. (M5) Em minha experiência pessoal, quase todas as atividades foram completamente novas. E todas muito me enriqueceram e ajudaram a ampliar a minha visão crítica sobre os problemas e desafios da sala de aula. (M6) A atividade “A inteligência emocional no contexto educacional” chama a atenção para o desenvolvimento pessoal e profissional, apontando a importância de lidar com nossos alunos, despertando o melhor deles. (M10)

As atividades propostas no estágio são indispensáveis, pois uma complementa a outra. (F3)

A natureza dos nossos questionamentos não apontou somente para o

resultado de ações e de procedimentos aplicados, ou seja, uma coisa é, por

exemplo, investigar se o Estágio Supervisionado alcança os seus objetivos; outra

coisa é pesquisar se ele alcança os objetivos pretendidos a partir da utilização de

determinados meios/estratégias, no caso, o material didático/acadêmico elaborado

em especial para este fim. Reconhecemos esse diferencial, traduzido nas palavras

de Fonseca (2002, p. 33), no que se refere ao empenho dos estagiários em:

conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico.

O comprometimento dos estagiários, citado anteriormente na descrição da

aplicação do material didático/acadêmico, denota essa postura investigativa que se

revelou de modo explícito nas avaliações sobre a possibilidade de uso dos mapas

conceituais como ferramenta pedagógica.

Page 88: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

86

O mapa conceitual permite ao aluno organizar suas ideias a respeito de um tema, partindo de conceitos mais gerais e refinando sua percepção até chegar aos conceitos mais particulares. Essa prática permite também ao professor avaliar até que ponto o aluno alcançou entendimento e conduzi-lo na construção de um conhecimento significativo. (M2) Durante a construção percebi as ligações de ideias, conceitos e dos fundamentos aprendidos. Achar o tema principal e desenvolvê-lo, relacionando-o com os temas secundários não é uma prática comum, mas deveria ser para o professor. É uma ótima ferramenta que aguça a curiosidade e desperta os questionamentos sobre a matéria... Agora percebo como as ideias se relacionam e posso vislumbrar melhor e até prever cada dúvida ou dificuldade que o aluno venha a ter. (M3) Os mapas conceituais facilitam o entendimento de um determinado tema de maneira mais simples e objetiva, fazendo com que haja maior incentivo dos alunos em aprender mais divertidamente. O aprendizado visual é muito mais eficiente. Foi uma experiência nova para mim. No começo foi trabalhoso, mas na medida que fui me familiarizando, tornou-se prazeroso. Apesar de não ter baixado o a CMapTools, construí no Word e consegui de maneira bem tranquila. (M8) Quando você constrói o mapa ele fica desenhado em sua mente, é uma ferramenta muito rica em desenvolver certos conceitos. Além de fazer uma síntese de todo estudo desenvolvido ele é capaz de relacionar os tópicos mais importantes da matéria. Uma dificuldade foi ajustar os conectivos nas palavras chaves e os espaços entre as conexões. Adquirir essa ferramenta qualifica a atividade docente em sala de aula, é um caminho eficiente. (M9)

Vale destacar os alunos estagiários como agentes facilitadores para o bom

encaminhamento e desenvolvimento dessa pesquisa quanto à receptividade diante

das mudanças e dos novos desafios propostos. A flexibilidade no planejamento e o

estímulo às novas descobertas evidenciaram a pesquisa qualitativa como sendo a

que melhor se adequava como instrumento de investigação, pois:

Pesquisadores qualitativos não partem de hipóteses estabelecidas a priori, não se preocupam em buscar dados ou evidências que corroborem ou neguem tais suposições. Partem de questões ou focos de interesse amplos, que vão se tornando mais diretos e específicos no transcorrer da investigação (GODOY, 1995, p.63).

O gráfico “Sobre o uso de mapas conceituais” (a seguir) retrata essa

realidade, mostrando que embora mais de 85 % dos alunos tivessem feito uso do

mapa conceitual pela primeira vez, todos (100% dos estagiários) apreciaram a

atividade e fariam uso dessa ferramenta como professor.

Page 89: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

87

Gráfico 1 – Sobre o uso de mapas conceituais

Fonte: elaboração da pesquisadora

Sabemos que atualmente as situações relacionadas com os processos de

ensino e de aprendizagem são as que mais suscitam sentimento de frustração. Por

unanimidade, foi apontado pelos estagiários a necessidade de práticas educativas

que promovam uma aprendizagem com sentido. Pudemos perceber essa

perspectiva associada à inclusão do estudo dos mapas conceituais nos cursos de

formação docente, como mostra o gráfico (“Mapas conceituais e formação docente”).

Gráfico 2 – Mapas conceituais e formação docente

Fonte: elaboração da pesquisadora

Page 90: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

88

Como responsáveis pela formação profissional desses futuros professores,

aproveitamo-nos de sua “inquietação, curiosidade e pesquisa” (Masetto, 1994, p. 96)

para despertá-los para uma compreensão consciente de que a formação continuada

do educador é a base para o exercício da profissão com qualidade e êxito. Os

referenciais teóricos com os autores citados durante o Estágio supervisionado foram

utilizados como recurso para destacar o papel do professor como profissional que se

defronta com situações singulares, que transcendem a formação específica, e que a

partir de um enfoque reflexivo sobre a prática, possa assumir-se como cidadão com

compromisso político, valores morais e éticos, capaz de lidar com as mudanças e

incertezas. A unanimidade dos estagiários quanto à consecução desses objetivos é

mostrada no gráfico a seguir.

Gráfico 3 – Os fundamentos teóricos no estágio supervisionado

Fonte: elaboração da pesquisadora

A tabela 2 corrobora com o resultado do gráfico 3, como podemos ver, por

exemplo, nas falas de M7 e M11:

Page 91: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

89

A disciplina de estágio, através de suas atividades descritas anteriormente, teve muita importância para o exercício na prática de tudo aquilo que lemos nos livros, acredito que seja um passo crucial na preparação do docente. (M7) Todas atividades foram ao encontro da realidade da escola hoje. Contribuíram integralmente para minha prática somando experiência ao meu currículo. (M11)

Os programas e ações voltados para a superação do fracasso escolar só são

contemplados satisfatoriamente se articulados com uma política comprometida com

a permanente busca da melhoria do desempenho profissional. Pensar criticamente a

escola e a sala de aula a partir dos referenciais teóricos propostos criou subsídios

essenciais, como vemos nos relatos a seguir, para o entendimento de que “o

desenvolvimento da aptidão para contextualizar e globalizar os saberes torna-se um

imperativo da educação” (MORIN, 2002, p. 24).

O mapa conceitual deve ser usado não só para melhor assimilar os conteúdos, mas principalmente despertar a reflexão e o questionamento diante do novo [...]. Tudo que foi visto durante o estágio na escola se encaixa de uma forma ou de outra nas atividades citadas, de modo que a teoria completava sempre a prática. (M3) Atualmente, outras questões como as emocionais cada vez mais influenciam diretamente no ensino e na aprendizagem dos alunos, por isso o tema é muito relevante. (M5) Na atividade “As Contribuições de Piaget na Construção dos Valores: um estudo de caso”, pudemos analisar toda a escola e observarmos a teia de relacionamentos que envolve a formação do aluno como indivíduo. (M10)

Segundo Giroux (1997), é essencial encarar os professores como intelectuais,

elucidando a importante ideia de que toda a atividade humana envolve alguma forma

de pensamento. Os professores devem assumir responsabilidade ativa pelo

levantamento de questões sérias acerca do que ensinam, como devem ensinar, e

quais são as metas mais amplas pelas quais estão lutando, ou seja, eles devem

assumir um papel responsável na formação dos propósitos e condições de

escolarização (GIROUX, 1997).

Page 92: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

90

5.3 Relação teoria / prática e formação docente

Lembramos que a questão primeira que deu origem a essa pesquisa foi a

relação teoria/prática, ou melhor, a queixa recorrente quanto ao abismo existente

entre o que é priorizado nos currículos dos cursos de formação docente e o que é

ser professor.

Embora saibamos que os estagiários ainda possuem dúvidas e incertezas

quanto à escolha da profissão, ao desenvolver o senso crítico e levá-los a refletir

sobre o próprio trabalho fica clara a decisão e o desejo de seguir em frente, com

consciência e coerência, como podemos perceber na tabela 3.

Tabela 3 – Contribuições e avaliação do estágio supervisionado sob a visão dos alunos dos cursos de licenciatura em física e em matemática do Consórcio CEDERJ/UERJ

Page 93: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

91

Tabela 3 – Contribuições e avaliação do estágio supervisionado sob a visão dos alunos dos cursos de licenciatura em física e em matemática do Consórcio CEDERJ/UERJ (Continuação)

Fonte: elaboração da pesquisadora

Ressaltamos que é no estágio que são manifestadas as reações com os

primeiros contatos com a profissão. As palavras de Masetto (1994, p. 96) retratam

algumas características básicas e fundamentais em prol das quais orientamos o

estágio supervisionado no sentido de integrá-las como parte do cotidiano dos futuros

docentes:

[...] exploração de "seu" saber provindo da experiência através da pesquisa e reflexão sobre a mesma; domínio de área específica e percepção do lugar desse conhecimento específico num ambiente mais geral.

Podemos vislumbrar o eco das palavras de Masetto (1994) nos relatos de M7,

M8 e M9, quanto à principal contribuição que o estágio trouxe para a sua formação:

O estágio me permitiu conhecer o funcionamento de uma escola e me desenvolver como um profissional de educação. (M7) Conhecimento, técnicas de aprendizagem, métodos de transmissão de conhecimentos, valorização da interação com alunos de várias classes sociais, experiência profissional, enriquecimento cultural. (M8)

O estágio trouxe a verdadeira realidade que o professor de hoje enfrenta em sala de aula. (M9)

Considerar o estágio supervisionado a partir de um contexto foi de

significativa importância para o futuro professor por fornecer as bases para uma

formação intelectual, que pretende acordá-los para as possibilidades de repensar e

reformar as tradições e condições que os têm impedido de assumir todo o seu

potencial como estudiosos e profissionais ativos e reflexivos (GIROUX, 1997).

Page 94: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

92

Segundo Nóvoa (1992, p. 25), “a maneira como cada um de nós ensina está

diretamente dependente daquilo que somos como pessoa quando exercemos o

ensino”.

De acordo com Vergara (1997), a coleta de dados e a sua posterior análise e

interpretação devem buscar assegurar a correlação entre os objetivos e as formas

de atingi-los. Podemos conferir as afirmativas de Vergara ao percebermos o

processo interativo e a natureza sistêmica nas relações existentes entre estágio

supervisionado, fundamentos teóricos, vinculação teoria-prática e formação docente

como essenciais para que os objetivos da investigação fossem atingidos. O gráfico 4

apresenta dados expressivos que contemplam essas considerações.

Gráfico 4 – Contribuições do estágio para a formação docente

Fonte: elaboração da pesquisadora

Desde a definição do nosso objeto de estudo: o componente curricular

Estágio Supervisionado (dos cursos de licenciatura em Matemática e Física do

Consórcio CEDERJ/Disciplinas Pedagógicas UERJ), o delineamento da pesquisa

em curso evidenciava as vantagens do estudo de caso como modalidade de

pesquisa qualitativa. Para Ventura (2007), essa modalidade de pesquisa na

educação caracteriza o estudo de caso como rico em dados descritivos, com um

Page 95: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

93

plano aberto e flexível que focaliza a realidade de modo complexo e contextualizado,

priorizando:

a interpretação dos dados feita no contexto; a busca constante de novas respostas e indagações; a retratação completa e profunda da realidade; o uso de uma variedade de fontes de informação; a possibilidade de generalizações naturalísticas e a revelação dos diferentes pontos de vista sobre o objeto de estudo (VENTURA, 2007, p.385).

Essas características aparecem nos relatos dos estagiários ao revelarem que

a experiência adquirida ao longo do estágio foi necessária para o desenvolvimento

de habilidades atitudinais nas relações interpessoais e essencial para a aquisição de

conhecimentos / saberes para a prática docente, com o reconhecimento de que não

se esgotam, como afirmam M6, M9 e M10 (tabela 3):

Achei que foram suficientes as tarefas desse período de aprendizado prático do curso. Mas com certeza, no exercício da profissão, muitos novos saberes iremos aprender e agregar, e isso só virá com o dia a dia na prática da profissão. (M6) O estágio [...] também proporcionou um querer a mais em obter mais informações para me preparar para a profissão. (M9) Ganho de experiência, envolvimento emocional com a profissão, compreensão da realidade sabendo identificar o que é positivo ou não. (M10)

A análise e interpretação dos dados culminou com a avaliação quantitativa do

estágio supervisionado, realizada pelos alunos estagiários participantes da pesquisa

em tela (disponível na tabela 3). Os números são significativos porque expressam a

coerência nos depoimentos. Destacamos que em momento algum percebemos

contrassenso ou inconsistências nos dados coletados, intermediados pelos

licenciandos. Esse aspecto atesta a fidedignidade do material pesquisado e a

veracidade dos resultados obtidos.

Os dados do gráfico 4 (contribuições do estágio para a formação docente) vão

ao encontro do consenso que lemos na tabela 3, reproduzidos em parte, abaixo:

Sinceramente, nada. (M4) Não creio que esteja faltando alguma coisa. (M6) Não sinto falta de nenhuma atividade na minha experiência. (M7) Não imagino que esteja faltando no momento nada. (M8) Acho que não falta nada. Está muito bem orientado. (M10)

Page 96: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

94

Um aspecto relevante que marcou esse estudo foi a reformulação

permanente de seus pressupostos por considerar que o conhecimento se define por

meio de um processo. Para os futuros docentes, esse aspecto foi de significância

máxima, pois, apoiamos e valorizamos o desenvolvimento profissional e pessoal

como um processo necessário para o preenchimento das lacunas científicas e

pedagógicas.

Na tabela 4, os estagiários M1, M6, M7 e M11 apresentaram algumas

considerações sobre as contribuições do estágio para o preparo do professor para a

inserção profissional.

Tabela 4 – Contribuições do estágio para a inserção profissional: justificativas

Fonte: elaboração da pesquisadora

Para Gil (2002, p. 141), “o estudo de casos é o mais completo de todos os

delineamentos, pois vale-se tanto de dados de gente quanto de dados de papel”. O

encaminhamento da pesquisa com base nesses parâmetros enriqueceu o universo

interpretativo, pois nem em ciência nem em literatura existe posicionamento de

neutralidade, pois como escreve Capra (1986, p.81), “os modelos que os cientistas

observam na natureza estão intimamente relacionados com os modelos de sua

mente com seus conceitos, pensamentos, valores”.

O questionário como meio de coleta de dados foi ao encontro dos nossos

Page 97: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

95

objetivos, contemplando satisfatoriamente os elementos subjetivos que envolvem o

nosso objeto de estudo, pois, segundo Gil (2002), é uma técnica de investigação

composta de questões apresentadas por escrito às pessoas, com a finalidade de

conhecer opiniões, sentimentos, interesses, expectativas, crenças, situações

vivenciadas, como podemos constatar nas palavras de M6.

O estágio me trouxe a oportunidade de: aprender a ter um olhar crítico e reflexivo sobre a prática pedagógica; aprender a buscar soluções em situações de conflitos escolares, que presenciei em alguns momentos ; preparar materiais pedagógicos que ajudassem na melhor compreensão dos conteúdos de matemática; aprender a importância de buscar entender que há diferentes estágios de cognição em alunos de uma mesma turma e que cabe ao professor estimular os menos produtivos a conseguirem suas potencialidades; aprender que posso ser agente de mudança em minha geração e nas gerações que estão confiadas à minha regência educacional. (M6)

Durante o desenvolvimento desse trabalho, o nível de comprometimento de

todos os envolvidos foi responsável pelo seu resultado profícuo, essencialmente

porque permitiu que o futuro professor tivesse a oportunidade de reconhecer a

perspectiva teórica do estágio como possibilidade de pesquisa para estruturar a sua

formação para a prática da docência, pois, como afirma Freire (1996, p. 32):

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino contínuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade.

Nas palavras de Minayo (1993), podemos entender essa pesquisa como uma

atitude e uma prática teórica de constante busca, que define um processo

intrinsecamente inacabado e permanente, ou seja, é uma atividade de aproximação

sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular

entre teoria e dados.

É importante lembrar que o nosso trabalho, desde o início, foi dirigido,

essencialmente, para criar as condições que deem aos estudantes a oportunidade

de tornarem-se cidadãos, que tenham o conhecimento e a coragem para lutar a fim

de que o desespero não seja convincente e a esperança seja viável (GIROUX).

Page 98: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

96

À GUISA DE CONCLUSÃO

A análise documental foi a motivação inicial dessa pesquisa, com o estudo do

Formato do componente curricular Estágio Supervisionado dos Cursos de

Licenciatura, na modalidade a distância do Consórcio CEDERJ/ CECIERJ (Anexo

A). Também foi analisada a legislação em vigor, com ênfase nas Resoluções

CNE/CP 01 e 02 de 2002 e no Parecer CNE/CP 009/2001. Os procedimentos

básicos, além da análise documental, envolveram a revisão e a pesquisa

bibliográfica e a pesquisa de campo.

Em uma perspectiva de superação da dicotomia teoria/prática com a

compreensão do estágio como oportunidade de aprendizagem da profissão docente

e de construção da identidade profissional, as concepções de Selma Garrido

Pimenta, Maria do Socorro Lima e Stela Piconez sobre o Estágio Supervisionado

foram determinantes na necessidade de uma leitura crítica da profissão docente

diante das realidades sociais e na busca de referenciais para modificá-la.

Desde 2011, durante o Estágio Supervisionado, venho propondo atividades

diversificadas com os alunos estagiários dos cursos de licenciatura em Física e

Matemática, valorizando a importância da articulação da prática educativa com o

desenvolvimento do hábito da pesquisa para a qualificação do profissional.

O desenvolvimento desse trabalho chamou a atenção para uma educação

que nos desafia a repensar os rumos que a escola e os educadores têm que assumir

se quiserem educar visando à inteireza do ser humano. Não existem caminhos pré-

definidos ou fórmulas prontas que nos guiem nessa direção. Mas, se a

responsabilidade da escola é educar para a vida, para ser/estar no mundo,

indagações, como a que nos propõe Maria Cândida Moraes (2004, p. 23), foram a

chave para não perdermos o rumo.

Quais são os referenciais teóricos capazes de nortear a busca de um novo paradigma educacional no sentido de conciliar o que acontece no mundo da ciência com os atuais avanços científicos e tecnológicos e, ao mesmo tempo, capazes de colaborar para a renovação de nossas práticas pedagógicas e para a construção e reconstrução do homem, da mulher e do mundo?

Page 99: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

97

Durante o estágio, os temas desenvolvidos com embasamento teórico e

literatura adequada, por meio da realização de um conjunto de atividades de cunho

interdisciplinar, promoveram uma visão contextualizada da educação. Atestamos

que se explorados com atenção especial para um alcance máximo de eficiência, os

eixos temáticos: A formação docente para além dos muros da escola, Por uma

formação docente interdisciplinar, As contribuições de Piaget na construção dos

valores: um estudo de caso, Inteligência emocional no contexto educacional, Mapas

conceituais e Aprendizagem significativa contemplam os referenciais teóricos que

fundamentam o componente curricular Estágio Supervisionado, em um universo que

preconiza a relação Educação, Cultura e Valores como pilar para a formação

docente.

A opção pelos temas supracitados se deve ao reconhecimento da

necessidade de ampliação do Componente Curricular Estágio Supervisionado, para

além dos campos específicos de conhecimento, em favor de uma prática educativa

articulada não só com as mudanças sociopolítico-culturais do mundo

contemporâneo, mas também voltada para o complexo universo das relações

intrapessoal e interpessoal.

Precisamos romper os círculos que desfiguram nossa capacidade de sentir e pensar, que desfiguram nossas aprendizagens. É possível desenvolver sensibilidade e inteligência”. Giordano Bruno muitas vezes foi chamado de aquele que desperta os espíritos adormecidos. Essa é a imagem que sempre fiz do educador. (ANTÔNIO, p. 94)

Os depoimentos dos alunos, por unanimidade, apontaram as atividades

desenvolvidas durante o estágio como estratégias favoráveis à melhoria dos

processos de ensino e de aprendizagem. Do ponto de vista prático e objetivo, foram

essencialmente valorosas pelo estímulo simultâneo da criatividade, do hábito de

estudo e de pesquisa.

Sabemos que a preocupação com a formação docente é lugar comum, mas

mesmo correndo o risco de sermos redundantes, cada passo na direção da

consecução dos nossos objetivos fez a diferença. De modo resumido, podemos

reconhecer na fala de Libâneo (2004, p.141), que nos encaminhamos na direção do

desenvolvimento simultâneo de três aspectos essenciais para a atividade docente:

Page 100: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

98

o primeiro, a apropriação teórico-crítica dos objetos de conhecimento, mediante o pensamento teórico e considerando os contextos concretos da ação docente; o segundo, a apropriação de metodologias de ação e de formas de agir, a partir da explicitação da atividade de ensinar; o terceiro, a consideração dos contextos sociais, políticos, institucionais – práticas contextualizadas − na configuração das práticas escolares.

É importante mencionar que as atividades propostas, por meio das quais foi

desenvolvida essa pesquisa, foram relevantes, especialmente pelo seu caráter atual,

por possibilitarem a discussão de questões vigentes no universo educacional. O

papel desse conjunto de atividades deve fazer jus aos mesmos objetivos a que se

refere Almeida (2005, p.14) sobre a formação contínua dos professores, pois para o

autor a formação contínua deve ser entendida como sendo:

o conjunto de atividades desenvolvidas pelos professores em exercício com objetivo formativo, realizadas individualmente ou em grupo, visando tanto ao desenvolvimento pessoal como ao profissional na direção de nos prepararmos para a realização de nossas atuais atividades ou de outras novas que se coloquem. Essas atividades formativas convergem, portanto, para o movimento de elaboração/re-elaboração da cultura profissional docente, ou seja, com a constituição incessante do modo de sermos professores.

Pudemos perceber que a importância do Estágio Supervisionado para a

formação docente se intensificou na medida em que os alunos reconheceram que os

saberes da docência resultam da articulação entre formação, profissão e condições

de trabalho em que estas se realizam. O futuro professor nesse contexto tem

consciência do seu papel como sujeito das mudanças que precisam se processar

continuamente na escola e na sociedade. Pode-se dizer que alcançamos os nossos

objetivos no que diz respeito à implantação e à implementação de uma proposta

inovadora direcionada à formação docente inicial qualificada.

Acreditamos que o Estágio Supervisionado pode contribuir de modo

significativo para formar um professor em permanente reflexão sobre a prática,

atento à leitura crítica do cotidiano escolar e comprometido com o aperfeiçoamento

contínuo. Investir na dimensão cultural nos cursos de formação de professores em

prol de transformações, a partir de rupturas cognitivas, perceptivas e atitudinais, é

condição para uma formação docente que compreenda o indivíduo em sua

totalidade, capaz de reconhecer no processo de construção do conhecimento a

multidimensionalidade do ser humano e a perspectiva dinâmica da educação.

Concordamos com Pimenta e Lima (2004, p. 45) quando dizem que “o Estágio

Page 101: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

99

Supervisionado é atividade teórico-prática, de conhecimento, fundamentação,

diálogo e intervenção na realidade...”.

O que eu tenho defendido é que a fundamentação teórica para uma disciplina

que nos confronta, a cada dia, com o imprevisível precisa de um tratamento

diferenciado na organização e elaboração de seu currículo. A minha prática como

formadora de professores está intrinsicamente vinculada ao perfil do professor que

colocaremos na sala de aula, e esse aspecto tem me dado a feliz oportunidade de

reconhecer na fala dos alunos estagiários que as novas bases curriculares do

Estágio Supervisionado dos cursos de licenciatura do Consórcio

CEDERJ/Pedagógicas UERJ foram decisivas para a consolidação de suas escolhas

profissionais. Vindo dos estagiários esse reconhecimento, tenho certeza de que essa

forma de realizar o estágio está formando professores mais cientes e comprometidos

com o papel do educador.

Pois o que não cabe é ter que lidar no futuro com a inércia, abrir mão do

compromisso ético, profissional, político de ensinar em nome de um conformismo ou

por falta de opção, e, por fim, acabar insistindo em permanecer no emprego. Uma

orientação adequada diante do choque com a atual realidade educacional deve ser

tratada como oportunidade para uma decisão de fato pela profissão.

Page 102: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

100

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Kátia. Movimentos sociais: armadilhas e escapes na sociedade de controle. In: SILVA, André do Eirado; NEVES, Cláudia Abbês Baeta; RAUTER, Cristina; PASSOS, Eduardo; BARROS, Regina Benevides de; JOSEPHSON, Silvia C. (Org.). Saúde e loucura: Subjetividade. São Paulo: Hucitec, 1997, v. 6, p. 92-99. ALARCÃO, Isabel (Org.). Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001. ALMEIDA, M. I. Formação contínua de professores. In: CASTRO, T. M. M. Formação contínua de professores. Brasília, DF: MEC/SEED/TV ESCOLA, 2005. ALVES-MAZZOTI, A. J.; GEWANDSZNAJER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998. ALVES, Rubem. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. 18. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2007. AMORIM, C.; TURBAY, J. Qualidade de vida no trabalho e síndrome de burnout. In: ENCONTRO REGIONAL SUL DA ABRAPSO, 7., 1998, Curitiba. Anais do... Curitiba: ABRAPSO, 1998. ANDRADE, Karilleila dos Santos (Org.). Pesquisa e acompanhamento da universalização da educação integral: diagnóstico da educação integral do Município de Palmas – TO. Goiânia, GO: Editora da PUC Goiás, 2011. ANTÔNIO, Severino. Educação e Transdisciplinaridade: Crise e reencantamento da aprendizagem. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. AQUINO, Julio Groppa. A indisciplina e a escola atual. Rev. Fac. Educ. São Paulo, v. 24, n. 2, July/Dec. 1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0102-25551998000200011>. Acesso em: ago. 2015. AUSUBEL, David Paul, NOVAK, Joseph; HANESIAN, Helen. Psicologia educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980. ________. Aquisição e retenção de conhecimentos: uma perspectiva cognitiva. Lisboa: Plátano, 2003. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; Lisboa, LDA, 2009. BAUMAN, Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. BOFF, Leonardo. Nova era: a civilização planetária; desafios à sociedade e ao cristianismo. São Paulo: Ática, 1994. BOURDIEU, Pierre. Contrafogos. [S. l.]: Zahar. 1998.

Page 103: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

101

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Rio de Janeiro: Reluz, 1988. ________. Ministério da Educação. Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/ Secretaria de Educação Fundamental, 1997. ________. PCN_ Ensino fundamental, 2002. ________. Decreto Nº 5622, de 19 de dezembro de 2005. Regulamenta o artigo 80 da LDBN, de 20/12/1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5622.htm> Acesso em: jun. 2015. ________. Lei n. 11.788 de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm> Acesso em: jul. 2014. ________. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9394/96 de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/ l9394.htm>. Acesso em: jul. 2014. ________. Resolução CNE/CP nº 1/02. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/ arquivos/pdf/res1_2.pdf>. Acesso em: jun. 2014. ________. Parecer CNE/CES Nº 15/2005, de 02 de fevereiro de 2005. Solicitação de esclarecimento sobre as Resoluções CNE/CP N° 1/2002, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena, e 2/2002, que institui a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/pces0015_05.pdf>. Acesso em: maio 2015. ________. Parecer CNE/CP Nº 28/2001. Dá nova redação ao Parecer CNE/CP 21/2001, que estabelece a duração e a carga horária dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/028.pdf> Acesso em: jun. 2015. ________. Parecer CNE/CES Nº 0232/2002. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/2002/pces232_02.pdf>. Acesso em: jun. 2015. ________. Resolução CNE/CP N° 2/2002. Institui a duração e carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores da Educação Básica em nível superior. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ cne/arquivos/pdf/CP022002.pdf>. Acesso em: jul. 2014. __________. Parecer CNE/CP Nº 009/2001. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de

Page 104: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

102

licenciatura, de graduação plena. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ cne/arquivos/pdf/009.pdf>. Acesso em: jun. 2015. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria no. 1.339, de 18 de novembro de 1999. Lista de doenças relacionadas ao trabalho. Diário Oficial da União, Brasília, 19 nov. 1999. Seção 1, p.21-9. BRUNO, Adriana Rocha. A linguagem emocional em ambientes telemáticos: tecendo a razão e a emoção na formação de educadores. Dissertação (Mestrado) –Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2002. CAMPOS, Gilda H. Mapas conceituais ajudam a construir o conhecimento: Universo EAD - o seu informativo de educação a distância senac São Paulo. Julho 2005. Entrevista. Disponível em: <http://www.ead.sp.senac.br/newsletter/ julho05/entrevista/entrevista.htm>. Acesso em: fev. 2015. CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 1996. ________. O ponto de mutação. São Paulo, Círculo do Livro, 1986. ________. Sabedoria Incomum. São Paulo: Cultrix, 1995, 10a ed. CASTRO, Cláudio Moura. A prática da pesquisa. São Paulo: MacGraw Hill do Brasil, 1977. CHABOT, Daniel; CHABOT, Michel. Pedagogia emocional: sentir para aprender. Sá Editora. 2005. CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000. CHIZZOTTI, Antonio. A pesquisa qualitativa em ciências humanas e sociais: evolução e desafios. Revista Portuguesa de Educação, Braga, v. 16, n. 2, 2003. Portugal, p. 221-236. Disponível em: <http://www.unisc.br/portal/upload/ com_arquivo/1350495029.pdf>. Acesso em: set. 2015. CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 2006. CUNHA, Vera Lúcia Pereira da et al. Estágio supervisionado para licenciaturas (Desenvolvimento do material didático ou instrucional). Referências adicionais: Brasil-Português. Meio de divulgação: Impresso, 2006. Fundação Cecierj/ Consórcio Cederj. DAMÁSIO, A. O Mistério da Consciência: do corpo e das emoções ao conhecimento de si. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

Page 105: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

103

D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Conhecimento e consciência: o despertar de uma nova era. In: GUEVARA, Arnoldo José de H. et al. Conhecimento, cidadania e meio ambiente. São Paulo: Peirópolis, v.2, 1998. DELEUZE, Gilles. Controle e Devir. In: ________. Conversações. Trad. de Peter Pál Pelbart. SP: Editora 34, 1992. DEMO, Pedro. Pesquisa e construção de conhecimento. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996. DEMO, P. Professor do futuro e reconstrução do conhecimento. Petrópolis: Vozes, 2004. DI BIASE, Francisco; ROCHA, Mário da. Ciência, Espiritualidade e Cura. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. DRUCKER, Peter. Sociedade pós-capitalista. São Paulo: Pioneira, 1999. FAZENDA, Ivani C. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro: efetividade ou ideologia. São Paulo, Loyola, 1979. ________. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. Campinas: Papirus, 1994. ________. Interdisciplinaridade um projeto em parceria. São Paulo: Loyola, 2002 FAZENDA, Ivani C (Org.). Didática e interdisciplinaridade. São Paulo; Campinas: Papirus, 2008. FAZENDA, Ivani et al. Interdisciplinaridade no ensino superior: análise da percepção de professores de controladoria em cursos de ciências contábeis na cidade de São Paulo. Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v. 16, n. 3, p. 499-532, nov. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414407720 11000300002&script=sci_arttext> Acesso em: jun. 2014. FERNANDES, Florestan. Educação e Sociedade no Brasil. São Paulo, 1966. ________. Capitalismo e classes sociais na América Latina. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975. ________. O desafio educacional. São Paulo: Cortez & Editores Associados, 1989. ________. INEP. Memória viva da educação brasileira. Brasília, v. 1, 1991. ________. Discurso de Florestan na Maria Antônia. Revista USP. Dossiê Florestan Fernandes, n. 29, p. 8-13. São Paulo, mar./maio 1996.

Page 106: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

104

________. A ciência aplicada e a educação como fatores de mudança cultural provocada. R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 86, n. 212, p. 125-161, jan./abr. 2005. Disponível em: <http://rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/80/82> Acesso em: dez. 2014. FERREIRA, Alvaro. Favelas no Rio de Janeiro: nascimento, expansão, remoção e, agora, exclusão através de muros. Biblio 3W, Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales, v. XIV, n. 828, 25 jun. 2009. Disponível em: <http://www.ub.es/geocrit/b3w-828.htm>. Acesso em: dez. 2014. FISCHER, Rosa Maria Bueno. Foucault e o desejável conhecimento do sujeito. Revista Educação & Realidade, Porto Alegre, v.24, n.1, p. 39-59, jan./jun. 1999, FISCHER, Rosa Maria Bueno; Rosa M. B. Foucault revoluciona a pesquisa em educação? Perspectiva, Florianópolis, v. 21, n. 02, p. 371-389, jul./dez. 2003. Disponível em: <http://www.perspectiva.ufsc.br/perspectiva_2003_02/07_ artigo_rosa_maria.pdf>. Acesso em: dez. 2014. FORGHIERI, Yolanda. Psicologia fenomenológica: fundamentos, métodos e pesquisa. São Paulo: Pioneira, 1993. FOUCAULT, M. História da sexualidade I: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1990. ________. A ordem do discurso. São Paulo: Loyola, 1996. ________. Vigiar e punir: Nascimento da prisão. Petrópolis: Vozes, 2000. ________. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 2008. FRANÇA, H. H. A síndrome de burnout. Revista Brasileira de Medicina, São Paulo, v. 44, n. 8, p. 197-9, 1987. FREIRE, I. et al. A Dimensão Emocional da Docência: Contributo para a Formação de Professores. Revista portuguesa de pedagogia, ano 46-2, p. 151-171, 2012. Acesso em: jan. 2016. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FREITAS, L.B.L. Do mundo amoral à possibilidade de ação moral. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 12, n. 2, 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79721999000200013>. Acesso em: 30 nov. 2014. FREITAS, L. B. L.; Piaget e a Consciência Moral: Um Kantismo Evolutivo? Revista Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 15, n. 2, p. 303-308, 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/prc/v15n2/14354.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2014.

Page 107: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

105

FRIGOTTO, Gaudêncio. Capital humano In: DICIONÁRIO da educação profissional em saúde. [S. l.]: Fundação Oswaldo Cruz, 2009. Disponível em: <http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/caphum.html>. Acesso em: jan. 2015. ________. A interdisciplinaridade como necessidade e como problema nas ciências sociais. Revista do Centro de Educação e Letras da UNIOESTE, v. 10, n. 1. p. 41-62, 1º sem. 2008. Disponível em: <http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/ arquivos/File/sem_pedagogica/fev_2014/NRE/2interdisciplinaridade_necessidade.pdf>. Acesso em: jun. 2014. FROMM, Erich. Do Amor à Vida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1986. FUNDAÇÃO VICTOR CIVITAS. Estudos e Pesquisas Educacionais: Formação continuada de professores: uma análise das modalidades e das práticas em estados e municípios brasileiros. Relatório Final. Junho, 2011. Disponível em: <http://www.fvc.org.br/pdf/relatorio-formacao-continuada.pdf> Acesso em: mar. 2015. GADOTTI, Moacir. Interdisciplinaridade: atitude e método. Instituto Paulo Freire. Universidade de São Paulo. 1999. Disponível em: <http://siteantigo.paulofreire.org/ pub/Institu/SubInstitucional1203023491It003Ps002/Interdisci_Atitude_Metodo_1999.pdf>. Acesso em: jun. 2014. ________. Atualidade de Paulo Freire: continuando e reinventando um legado. In: FORUM INTERNAZIONALE PAULO FREIRE: Reinventando um nessagio, 3., Milano, 25 mag. 2002. [Anais...]. Milano, 2002. Disponível em: <http://siteantigo. paulofreire.org/pub/Institucional/MoacirGadottiArtigosIt0044/Atualidade_PF_2002.pdf> Acesso em: abr. 2014. ________. Boniteza de um sonho: ensinar e aprender com sentido. Rio de Janeiro: Feevale, 2004. ________. Desafios para a era do conhecimento. In: ________. Viver Mente & Cérebro. São Paulo: Ediouro, Segmento-Duetto Editorial, 2006. p. 6-15. (Coleção Memória da Pedagogia; n.6, Suplemento Especial: As Novas Tecnologias: perspectivas para o novo milênio). GALLO, Silvio. Transversalidade e educação: pensando uma educação não-disciplinar. In: ALVES, Nilda; GARCIA, Regina Leite (orgs.). O Sentido da Escola. 3. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. GARCIA, J. Indisciplina na escola: uma reflexão sobre a dimensão preventiva. Revista Paranaense de desenvolvimento, Curitiba, n. 95, jan/abr., p.101-108, 1999. GATTI, Bernadete Angelina et al. (Orgs.). Por uma política nacional de formação de professores. São Paulo: Ed. Unesp, 2013. GELAMO, Rodrigo P.; LIMA, Márcia M. Notas sobre o problema da formação de professores. In: CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE FORMAÇÃO DE

Page 108: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

106

EDUCADORES, 8., 2005. Dimensão cultural na formação de professores. [S.l.], 2005. p. 49-56. GENTILI, Pablo. Neoliberalismo e educação: manual do usuário. In: SILVA, Tomaz Tadeu da; GENTILI, Pablo (org.). ESCOLA S.A. Disponível em: <http://www.cefetsp.br/edu/eso/globalizacao/manualusuario.html>. Acesso em: 7 dez. 2014. Não paginado. GIL, Antônio Carlos. Elaboração de casos para ensino em administração. Revista Contemporânea de Economia e Gestão, São Paulo, v. 2, n.2, p. 07-16, jul.- dez/2004. ________. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas. 2002. ________. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas. 1999. GIROUX, H. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. GODOY, Arilda S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de Administração de empresas, São Paulo, v. 35, n. 2, p. 57-63. mar./abr. 1995. Disponível em: <http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rae/article/download/ 38183/36927>. Acesso em: set. 2015. GOERGEN, Pedro. Educação e valores no mundo contemporâneo. Revista Educação & Sociedade, Campinas, v. 26, n. 92, p. 983-1011, Esp., Out. 2005. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em: dez. 2015. GOLEMAN, D. Inteligência emocional. Rio de Janeiro, RJ: Objetiva, 1996. GOMES, Eloiza da S.; CUNHA, Vera. O estágio supervisionado na formação continuada docente a distância: desafios a vencer e construção de novas subjetividades. RED. Revista de Educación a Distancia, 2006. Disponível em: <http://www.um.es/ead/red/14/oliveira.pdf>. Acesso em: mar. 2015. GOUVÊA, Guaracira; OLIVEIRA, Carmem Irene. Educação a distância na formação de professores, viabilidades, potencialidades e limites. Rio de Janeiro: Vieira & Lent, 2006. GRINSPUN, M. P. S. Z.; NOVIKOFF, C. Os adolescentes e a construção dos valores, 1999. Disponível em: <http://www.miniweb.com.br/cidadania/ Temas_Transversais/Os%20adolescentes%20e%20%20a%20construcao%20dos%20valores.htm>. Acesso em: 12 nov. 2014. GRINSPUN, M. P. Z. et al. Os adolescentes e a construção dos valores. Revista Psicologia para América latina. n. 5. fev. 2006. Disponível em: <http://psicolatina.org/Cinco/valores.html> Acesso em: 12 nov. 2014. GUSDOF, Georges. Prefácio In: JAPIASSÚ, Hilton. Interdisciplinaridade e Patologia do Saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

Page 109: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

107

HECKERT, Ana Lucia. A globalização e os novos mecanismos de controle. Contexto e Educação, ano 16, n. 6, n. 2, p. 31-50, abr./jun. 2001 Disponível em: <https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoeducacao/article/download/1207/960>. Acesso em: dez. 2014. HOBSBAWM, E. Era dos Extremos: o Breve século XX. São Paulo: Cia. das Letras, 1995. IMBERNÓN, F. Formação Docente e Profissional: formar-se para a mudança e a incerteza. São Paulo: Cortez, 2006. JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e Patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976. LEIS, Héctor, R. Sobre o conceito de interdisciplinaridade. Cadernos de pesquisa interdisciplinar em ciências humanas, v. 6, n. 73, ago. 2005. Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/cadernosdepesquisa/article/view/2176/4455>. Acesso em: jul. 2014. LEITE, Y.U.F.; GHEDIN, E.; ALMEIDA, M.L.; Formação de professores: caminhos e descaminhos da prática. Brasília: Líber Livro, 2008. LIBÂNEO, J. C. A aprendizagem escolar e a formação de professores na perspectiva da psicologia histórico-cultural e da teoria da atividade. Educar, Curitiba, n. 24, p. 113-147, 2004. Editora UFPR. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/ educar/article/viewFile/2211/1854>. Acesso em: mar. 2015. ________. Adeus professor, adeus professora? São Paulo. Cortez. 2009. ________. Licenciatura em pedagogia: a ausência dos conteúdos específicos do ensino fundamental. In: GATTI, Bernadete A. et al. (Orgs). Por uma política de formação de professores. UNESP, 2013. LIMA, Maria S. L. Formação Contínua de Professores: Vida e trabalho-articulando a formação contínua e o desenvolvimento profissional de professores. MEC- Ministério da Educação. Boletim13. Agosto 2005. Disponível em: <http://www.tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/150934FormacaoCProf.pdf>. Acesso em: julho de 2014. LIMA, E. F. O curso de pedagogia e a nova LDB: vicissitudes e perspectivas. In: BARBOSA, R. L. L. (Org.). Formação de educadores: desafios e perspectivas. São Paulo: UNESP, 2003. p. 185/199. MACHADO, Leila Domingues. Subjetividades Contemporâneas. In: BARROS, Maria Elizabeth (org.). Psicologia: questões contemporâneas. Vitória: EDUFES,1999. MAIS de 27 milhões de crianças vivem na pobreza no Brasil, diz Unicef. Folha de São Paulo. Mundo. São Paulo, 09/12/2004. Disponível em: <http://www1.folha.uol. com.br/folha/mundo/ult94u79092.shtml>. Acesso em: out. 2014.

Page 110: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

108

MANZATO, A. J.; SANTOS, A. B. A elaboração de questionários na pesquisa quantitativa. 2012. Disponível em: <http://www.inf.ufsc.br/~verav/Ensino_2012_ 1/ELABORACAO_QUESTIONARIOS_PESQUISA_QUANTITATIVA.pdf>. Acesso em: abr. 2015. MARTINS, Joel; BICUDO, Maria A. V. A pesquisa qualitativa em psicologia: fundamentos e recursos básicos. São Paulo: EDUC/Moraes, 1989. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia alemã (primeiro capítulo). Ed. Ridendo Castigat Mores, 1999. E-book. Disponível em: <http://www.ebooksbrasil. org/eLibris/ideologiaalema.html>. MASETTO, Marcos Tarciso. Pós-Graduação e formação de Professores para o 3° Grau. São Paulo: 1994 (mimeo). MASLACH, C.; LEITER, M. P. Trabalho: fonte de prazer ou desgaste? Campinas: Papirus, 1999. MATURANA H. Emoções e linguagem na educação e na política. Belo Horizonte. Ed. UFMG. 2002. ________. A ontologia da realidade. Belo Horizonte/MG: Ed. UFMG, 1997. MAYER, J. D.; CARUSO, D. R.; SALOVEY, P. Inteligência emocional como zeitgeist, como personalidade e como aptidão mental. In: BAR-ON, R.; PARKER, J. D. A. (Org.). Manual de inteligência emocional: teoria, desenvolvimento, avaliação e aplicação em casa, na escola e no local de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 81-98. MENIN, Maria S. S. Desenvolvimento moral: refletindo com pais e professores. In: MACEDO, Lino de (Org.). Cinco estudos de educação moral. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996. MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. São Paulo: Hucitec,1993. MORAES, M. C. O paradigma educacional emergente: implicações na formação do professor e nas práticas pedagógicas. Em Aberto, Brasília, ano 16. n.70, abr./jun. 1996. Disponível em: <http://twingo.ucb.br/jspui/bitstream/10869/530/1/O %20Paradigma%20Educacional%20Emerg%C3%AAnte.pdf>. Acesso em: maio 2014. MORAES, M. C., TORRE, Saturnino de la. Sentipensar: fundamentos e estratégias para reencantar a educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. MORAES, Maria Cândida; TORRE, Saturnino de la. Sentipensar sob o olhar autopoiético: estratégias para reencantar a educação. 2002. Disponível em: <http://www.ub.edu/sentipensar/pdf/sentipensar_autopoietico.pdf>. Acesso em: jan. 2016.

Page 111: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

109

MORAN, José Manuel. A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá. Campinas, SP: Papirus, 2007. MOREIRA, Daniel Augusto. O método fenomenológico na pesquisa. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. MOREIRA, Marco; MASINI, Elcie. Aprendizagem Significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982. MOREIRA, Marco Antonio; BUCHWEITZ, Bernardo. Mapas Conceituais: instrumentos didáticos de avaliação e de análise de currículo. São Paulo: Moraes, 1987. MOREIRA, Marco. Novas estratégias de ensino e aprendizagem: os mapas conceituais e o vê epistemológico. Lisboa: Plátano Edições Técnicas, 1993. ________. Mapas Conceituais e Aprendizagem Significativa. São Paulo: Centauro, 2010. ________. Aprendizagem significativa em mapas conceituais. Textos de apoio ao professor de Física. v. 24, n. 6, 2013. Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/public/ tapf/v24_n6_moreira_.pdf> Acesso em: jan. 2015. ________. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. Revista Chilena de Educação Científica, v. 4, n. 2, p. 38-44, 2012. Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/~moreira/mapasport.pdf>. Acesso em: jan. 2015. MORETTI, Vanessa D.; MOURA, Manoel O. A formação docente na perspectiva histórico-cultural: em busca da superação da competência individual. Revista psicologia política, São Paulo, v. 10, n. 20, p. 345-361, dez. 2010. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-549X2010000200012>. Acesso em: jun. 2015. MORIN, Edgar. Complexidade e Transdisciplinaridade: a reforma da universidade e do ensino fundamental. Natal: Ed. UFRN, 2000. ________. Ciência com Consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. ________. Cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. ________. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya; revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. São Paulo: Cortez, Brasília, DF: UNESCO. 2003. ________. (org.) Religação dos saberes/ O desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.

Page 112: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

110

MUTTI, Regina; CAREGNATO, Rita C. A. Pesquisa qualitativa: análise de discurso versus análise de conteúdo. Contexto Enferm, Florianópolis, v. 15, n. 4, p. 679-684, Out./Dez. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/v15n4/v15n4a17>. Acesso em: out. 2015. NASCIMENTO, A. R. Convivência em sala de aula: proposta de textos e atividades para professores. PDE da Secretaria de Estado da Educação do Paraná. 2007. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/128-2.pdf>. Acesso em: ago.2015. NOVAK, J. D.; GOWIN, D. B. Aprender a aprender. Lisboa: Plátano Edições Técnicas. 1999. NÓVOA, Antônio (ORG.). Os professores e sua formação. Lisboa: Quixote,1992. OLIVEIRA, Jáima Pinheiro et al. Concepções de professores sobre a temática das chamadas dificuldades de aprendizagem. Rev. bras. Educ. esp. , Marília, v.18, n. 1, p.93-112, jan./mar. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbee/v18n1/a07 v18n1.pdf>. Acesso em: ago. 2015. OLIVEIRA, M. I. Indisciplina escolar: determinações, consequências e ações. Brasília: Líber-Livro-Editora, 2005. PIAGET, J. Problemas gerais da investigação interdisciplinar e mecanismos comuns. Lisboa: Bertrand, 1973. ________. O juízo moral na criança. São Paulo: Summus Editorial, 1994. ________. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1999. PICONEZ, S.C.B. A construção de conhecimentos por mapas conceituais. Disponível em: <http://www.geodinamica.com.br/livro-do-professor/mapas_ conceituais.pdf>. Acesso em: jan. 2015. ________. (org.). A prática de ensino e o estágio supervisionado. Campinas, SP: Papirus, 2000. PIMENTA, Selma Garrido. O estágio na formação de professores: unidade teoria e prática? São Paulo, SP: Cortez, 2002. PIMENTA, S. G. (2008) In: FAZENDA, Ivani C (Org.). Didática e interdisciplinaridade. São Paulo, Campinas: Papirus, 2008. PIMENTA, S. G. Formação de professores: identidade e saberes da docência. In: PIMENTA, S. G. (Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 2002. p. 22-30. PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez, 2004.

Page 113: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

111

________. Estágio e docência: diferentes concepções. Revista Poíesis Pedagógica, v. 3, n. 3-4, p. 5-24, 2005/2006. Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/index.php/poiesis/article/view/10542>. Acesso em: jun. 2015. PINEL, Hiran. Mapas conceituais Ausubel, Novak e outros. Disponível em: <http://www2.neaad.ufes.br/subsite/psicologia/obs08ausubel.htm>. Acesso em: março de 2015. POMBO, Olga. Interdisciplinaridade: ambições e limites, Lisboa: Relógio d’Água, 2004. PONTUSCHKA, Nídia Nacib. (org.). A ousadia do diálogo: interdisciplinaridade na escola. São Paulo: Loyola, 1993. PUIG, J. M. A construção da personalidade moral. São Paulo: Ática, 1998. RÊGO, C. C. A. B.; ROCHA, N. M. F. Avaliando a educação emocional: subsídios para um repensar da sala de aula. Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 17, n. 62, p. 135-152, jan/mar 2009. RIBEIRO, W. C. "Globalização e geografia em Milton Santos". In: El ciudadano, la globalización y la geografía. Homenaje a Milton Santos. Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales, Barcelona, v. VI, n. 124, 30 de sep. 2002. Disponível em: <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-124.htm> Acesso em: dez. 2014. RITTO, Antônio Carlos de Azevedo. Metodologia para produção de conhecimento socialmente robusto. Rio de Janeiro: Ed. Ciência Moderna Ltda, 2010. SALEMA, M. H. Aprender a pensar: a metacognição na composição escrita. Lisboa: U-L, 1991. SAMPAIO, D. Indisciplina: um signo geracional? Cadernos de organização e gestão curricular. Ed. Instituto de inovação educacional, 1997. SANTINI, J.; NETO, V. M. A síndrome do esgotamento profissional em professores de educação física: um estudo na rede municipal de ensino de Porto Alegre. Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São Paulo, v. 19, n. 3, p.209-22, jul./set. 2005. SANTOS NETO, Elydio dos. Por uma educação transpessoal: a ação pedagógica e o pensamento de Stanislav Grof. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006. SANTOS, Júlio César F. O papel do professor na promoção da aprendizagem significativa. Disponível em: <http://www.famema.br/ensino/capacdoc/docs/ papelprofessorpromocaoaprendizagemsignificativa.pdf>. Acesso em: mar. 2015. SANTOS, J. O. Educação emocional na escola: a emoção na sala de aula. Salvador: Faculdade Castro Alves, 2000.

Page 114: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

112

SARAIVA, Alessandra. IBGE: educação avança, mas metade da população não tem instrução. Valor Econômico. São Paulo, 27/4/2012. Disponível em: <http://www.valor.com.br/brasil/2636444/ibge-educacao-avanca-mas-metade-da-populacao-nao-tem-instrucao>. Acesso em: out. 2014. SASTRE, G.; MORENO, M. Resolução de conflitos e aprendizagem emocional: gênero e transversalidade. São Paulo: Moderna, 2002. SCHLEMMER, Eliane, Políticas e práticas na formação de professores a distância: por emancipação digital cidadã. In: GATTI, Bernadete Angelina et al. (Orgs.). Por uma política nacional de formação de professores. São Paulo, Ed. Unesp, 2013. SILVA, Fabiany C. T. Cultura escolar: quadro conceitual e possibilidades de pesquisa. Educar, Curitiba, n. 28, p. 201-216, 2006. SILVA, Gildemarks C. A relação educação, ciência e interdisciplinaridade. R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 81, n. 199, p. 403-414, set./dez. 2000. Disponível em: <http://rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/129/129>. Acesso em: mai. 2014. SILVA, Sonia Aparecida Ignácio. Educação escolar/ cultura/ valores: uma reflexão necessária ao processo de formação do educador. In: CONGRESSO ESTADUAL PAULISTA SOBRE FORMAÇÃO DE EDUCADORES, 8., 2005, São Paulo. [Anais...] São Paulo: UNESP, 2005. Disponível em: <http://www.unesp.br/prograd/e-book%20viii%20cepfe/LinksArquivos/12eixo.pdf>. Acesso em: mar. 2015. SILVA, Vera L. de SOUZA e. Estudo do Vivo: saber, ser e viver na sala de aula. 2. ed. Blumenau: Nova Letra, 2001. SIQUEIRA, H. S. G. Formação interdisciplinar: exigência sociopolítica para um mundo em rede. 2013. Disponível em: <http://www.angelfire.com/sk/holgonsi/ mundorede.html>. Acesso em: mar. 2015. SPAZZIANI, M. de Lourdes; CAMPOS, Luciana, M. O estágio curricular nos cursos de licenciatura: subsídios para a elaboração de uma proposta de diretrizes gerais para os estágios curriculares obrigatórios dos cursos de licenciatura da UNESP. PRO REITORIA DE GRADUAÇÃO- FORUM DAS LICENCIATURAS. Relatório de Caracterização das Licenciaturas. São Paulo, 2011. Disponível em: <http://intranet.ibb.unesp.br/comissoes/anexos/4/TEXTO %20_Estagio%20Supervisionado.pdf>. Acesso em: mar. 2015. TAVARES, Clotilde. Iniciação à visão holística. Rio de Janeiro: Nova Era, 1993. TÓTORA, Silvana. Democracia e sociedade de controle. Revista verve. Revista semestral autogestionária do Nu-Sol, v. 10, p. 237-261, 2006. Disponível em: <http://revistas.pucsp.br/index.php/verve/article/viewFile/5441/3888> Acesso em: dez. 2014. TORRES, R. M. Educação para todos: a tarefa por fazer. Porto Alegre: Artmed, 2001.

Page 115: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

113

TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. UERJ Vestibular: ANEXO 3- Conteúdos básicos. Disponível em: <http://www.vestibular.uerj.br/portal_vestibular_uerj/arquivos/arquivos2015/1_eq_2015/edital/Manual_1fase_2015_anexo3.pdf>. Acesso em: out.2014. UNICEF Brasil Biblioteca. Declaração Mundial sobre Educação para Todos- Conferência de Jomtien. Tailândia, 5 a 9 de março de 1990. VENTURA, Magda Maria. O Estudo de caso como modalidade de pesquisa. Rev SOCERJ, v. 20, n. 5, p. 383-386, set./out. 2007. Disponível em: <http://www.rbconline.org.br/wp-content/uploads/a2007_v20_n05_art10.pdf>. Acesso em: jun. 2015. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 1997. VIANNA, I. O. A. A disciplina participativa na escola um desafio a todos os brasileiros. In: D’ANTOLLA, A. (org.). Disciplina na escola: autoridade versus autoritarismo. São Paulo: EPU, 1989. VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987. WEIL, P. A arte de viver em paz: uma nova consciência da paz. São Paulo: Gente, 1993. YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre, Bookman, 2001. ZEICHNER, KENNETH M. Uma análise crítica sobre a “reflexão” como conceito estruturante na formação docente. Educ. Soc., Campinas, v. 29, n. 103, p. 535-554, maio/ago. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/es/v29n103/12.pdf>. Acesso em: jun.2015.

Page 116: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

114

APÊNDICE A - Material didático/acadêmico do componente curricular Estágio

Supervisionado do Consórcio CEDERJ

TEXTO-BASE _ TEMA 1: A FORMAÇÃO DOCENTE PARA ALÉM DOS MUROS

DA ESCOLA

Silvia Helena Mousinho

Ementa: O profissional de educação precisa ver a educação brasileira inserida historicamente para buscar propostas transformadoras, que se constituam em mais um passo na direção de uma educação inclusiva e democrática. Para tal, o Estágio Supervisionado deve contribuir para a formação docente valorizando a necessidade de articulação da prática educativa com as questões sócio-políticas e culturais vigentes. Para desenvolver esse senso crítico e a visão contextualizada é essencial instigar os futuros professores a buscar referências a partir da análise reflexiva de pensadores atuantes em nossa sociedade. Não temos a pretensão de abordar todas as questões relevantes que norteiam a educação nem todos os autores que a ela se dedicam, mas pretendemos chamar a atenção para uma educação que está agonizando e que deve ser tratada com o devido respeito frente ao inexorável avanço do Projeto Neoliberal. As concepções diversas de filósofos, educadores, historiadores, físicos, sociólogos, biólogos, pedagogos etc. têm como objetivo contribuir para a formação cultural docente, considerando que é aqui nesse espaço que, na maioria das vezes, o aluno tem o primeiro contato com esses pensadores.

A EDUCAÇÃO NO CONTEXTO BRASILEIRO

No Brasil, 33.5% da população vivem abaixo da linha da pobreza, e destes,

45% são crianças que têm possibilidade de morrer antes dos cinco anos, como

revela o relatório O Estado da Criança no Mundo, divulgado pela Unicef (Fundo das

Nações Unidas para a Infância)2. A educação faz jus a esses dados, pois 50.2% da

população brasileira se declarou sem instrução ou com ensino fundamental

incompleto no Censo de 2010 (IBGE)3. Com esse elevado índice de despreparo para

o trabalho qualificado, o que resta é viver como pária na sociedade. Constatamos

essa realidade em uma grande metrópole do país, como o Rio de Janeiro, onde:

2 Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u79092.shtml> Acesso em:out.

2014. 3 Disponível em: <http://www.valor.com.br/brasil/2636444/ibge-educacao-avanca-mas-metade-da-

populacao-nao-tem-instrucao> Acesso em: out. 2014.

Page 117: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

115

há um grande crescimento de favelas na cidade e dados oficiais (Instituto Pereira Passos - IPP) trazem a informação de que cerca de vinte por cento dos habitantes da cidade moram em favelas. Assusta-nos que, nos dias atuais, os governos acreditem que isolar em guetos parte específica da população – a classe pobre – por achá-la inconveniente ou perigosa vá resolver algo. O problema do crescimento do tráfico de drogas, do crescimento das favelas e da desordem urbana estão como estão porque houve descaso com a população mais pobre e porque a escolha política de caminhar junto às propostas neoliberais contribuíram para o crescimento da informalidade. (FERREIRA, 2009, não paginado)

A insatisfação decorrente de uma vida cerceada e carente das mínimas

condições de subsistência conduz, a longo prazo, o ser humano a uma vida

marginalizada. A violência oriunda dos processos de exclusão social é

equivocadamente tratada como causa e as ações no intuito de combatê-la,

consequentemente, não são eficazes. O crescimento desordenado das favelas e a

subsequente falta de controle dos problemas daí decorrentes acabaram por

promover a criação estratégica das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPP) cujo

real papel podemos reconhecer nas palavras de Tótora (2006, p. 244):

Confinar a miséria em guetos recorrendo à polícia, quando esta se atreve a romper seu território, é um procedimento corriqueiro nas democracias. Promover ações sociais denominadas cidadãs, ou de resgate da cidadania, é outra modalidade de controle e confinamento da miséria na periferia das cidades.

Do mesmo modo, o mercado de trabalho, atendendo às exigências de uma

prática seletiva cruel e desumana, não oferece oportunidades igualitárias para todos,

e o estigma da divisão entre “vencedores” e “perdedores”, ou melhor, entre cidadãos

e excluídos se estabelece...

Com a desestabilização e a crescente precarização do trabalho, a

vulnerabilidade e o medo se impõem diante do convívio com a ameaça permanente

de os trabalhadores empregados de hoje serem os trabalhadores desempregados

de amanhã. Segundo Bourdier (1998, p.120),

constata-se claramente que a precariedade está hoje por toda parte. No setor privado, mas também no setor público, onde se multiplicaram as posições temporárias e interinas, nas empresas industriais e também nas instituições de produção e difusão cultural, educação, jornalismo, meios de comunicação etc., onde ela produz efeitos sempre mais ou menos idênticos, que se tornam particularmente visíveis no caso extremo dos desempregados: a desestruturação da existência, privada, entre outras coisas, de suas estruturas temporais, e a degradação de toda a relação com o mundo... A precariedade afeta profundamente qualquer homem ou mulher exposto a seus efeitos; tornando o futuro incerto, ela impede qualquer

Page 118: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

116

antecipação racional e, especialmente, esse mínimo de crença e de esperança no futuro que é preciso ter para se revoltar, sobretudo coletivamente, contra o presente, mesmo o mais intolerável.

Dentre as inúmeras consequências desse desgaste sociopolítico e cultural,

reconhecemos no comportamento desse homem ou mulher afetado pela

precariedade, um processo de disciplinarização, que fica claro à luz da fala de

Foucault (2000, p. 119):

O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o esquadria, o desarticula e o recompõe. Uma “anatomia política, que é também igualmente uma “mecânica do poder”, está nascendo; ela define como se pode ter domínio sobre o corpo dos outros, não simplesmente para que façam o que se quer, mas para que operem como se quer, com as técnicas, segundo a rapidez e a eficácia que se determina. A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos “dóceis”. A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de obediência).

Cabe aqui esclarecer que Foucault (2000) nos traz uma concepção de corpos

“dóceis” como sendo o resultado de um trabalho disciplinar sobre o corpo como

objeto e alvo de poder. O que resulta do trabalho de uma política das coerções

sobre o corpo produz um mecanismo que o torna tanto mais obediente quanto é

mais útil, e inversamente.

Esses métodos que permitem o controle minucioso das operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma relação de docilidade-utilidade, são o que podemos chamar as “disciplinas”. Muitos processos disciplinares existiam há muito tempo: nos conventos, nos exércitos, nas oficinas também. (FOUCAULT, 2000, p. 118)

Em “Vigiar e punir” Foucault (2000) aborda historicamente o processo de

criação da legislação penal, mostrando a utilização dos mais variados métodos de

coerção e punição de acordo com a época. Na atualidade, aponta o autor que o

Direito Penal Moderno, na tentativa de preservar o respeito à pessoa e a liberdade

humana, não se refere mais apenas à punição pelos crimes cometidos, ele tem a

pretensão de readaptar os delinquentes, a fim de integrá-los “dóceis e úteis” na

sociedade.

Faz-se necessário chamar a atenção do futuro professor para o fato de que

esses mecanismos de controle, ao longo do tempo, sofrem mudanças estruturais,

mas estão presentes, não deixam de existir. Embora não seja a nossa intenção

Page 119: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

117

realizar estudos avançados sobre a criação e a evolução histórica dos processos de

assujeitamento, é importante reconhecer como as consequências desses processos

se configuram hoje com seus novos mecanismos de controle na sociedade.

É preciso estar atento para o fato de que educação e disciplina sempre

caminharam juntas, formando um par que não se dissocia; mas é essencial

compreender a natureza e a dinâmica dessa relação historicamente. Um professor

comprometido com uma educação emancipadora deve reconhecer que no caráter

originalmente simbiótico dessa relação se perpetuam e se mantêm os processos

disciplinares que atuam como mecanismos de adestramento e de controle.

Vivemos em um mundo globalizado e somos parte integrante de uma

sociedade altamente complexa, que sob a manutenção de um determinado modelo

de organização social e econômica mantém como sua maior aliada o consumo, que

“hoje não representa apenas adquirir “coisas”. Consumimos, além de objetos,

informações, conhecimentos, sensações, relações com o outro, novidades

instantâneas à disposição na mídia e nas vitrinas das lojas etc.” (HECKERT, 2001, p.

38)

Hoje, o exercício da cidadania para muitos acaba se reduzindo apenas à

realização de um trabalho profissional com o objetivo de “ganhar a vida”, e a

existência para a maioria das pessoas parece condicionada à conjugação do verbo

“ter” (meu grifo). Priorizando esse propósito, segundo a economista Hazel

Henderson, “estamos glorificando algumas de nossas predisposições humanas

menos louváveis: cobiça material, competitividade, orgulho, egoísmo e ganância

pura e simples” (apud CAPRA, 1995, p.193). Com propriedade, Fromm (1986, p. 25)

nos aponta que “a falta de discernimento entre o senso de ser e a possibilidade de

ter nos torna suscetíveis à manipulação de nossos desejos e do sentido profundo de

nossas vidas”.

No mundo das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), um

computador possibilita que os nossos olhos se deleitem com a beleza das pinturas

dos quadros expostos nas ruas de Montmartre; mas em fração de segundo, um

toque na tela nos confronta com a pior visão da condição humana na Etiópia, onde a

maioria dos seres humanos carece das mínimas condições de subsistência. Mas

essa visão não nos sensibiliza, ou melhor, depois de algum tempo, nós nos

acostumamos, banalizamos a dor do outro e, o pior, a nossa própria dor.

Page 120: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

118

Experimentamos novos paradigmas e concepções que atravessam as

fronteiras da ciência, da tecnologia e da educação. A Educação está,

reconhecidamente, em crise, já há algumas décadas, e:

a pesquisa educacional tem produzido em grande volume a discussão sobre a formação de professores. O tratamento dado ao conceito o coloca à beira do desgaste pelo uso excessivo e vulgarizado. Muitas vezes passa a fazer parte de discursos prontos, em cujos textos a tensão produtiva se perdeu, dando lugar à reiteração. Exatamente por esse motivo, para nós, ainda se faz necessário mantê-lo como problema. No entanto, estamos tentando constituir um plano em um sentido que não o enrijeça, o cristalize e o torne, de novo, parte de mais um texto pronto. Que assim, permita a insistência: como manter a formação de professores um problema? (GELAMO; LIMA, 2005, p. 54)

É primordial termos em mente que a cultura escolar compreende a análise

que engloba o processo de organização da escola historicamente e, segundo Aguiar

(1997, p. 98), partindo da:

ideia de que a transformação do existente, a possibilidade de invenção de novos modos de viver, se faz na construção de espaços públicos, o debate sobre a construção de outros modos de existir está diretamente associado à possibilidade de interrogarmos nosso presente. Este parece oferecer outros desafios, e um deles é o de podermos passar do plano das reivindicações para o da elaboração e encaminhamento de propostas de ação em diferentes frentes. ()

Essas considerações são significativamente positivas à medida que provocam

e estimulam a busca de novas possibilidades, abrindo caminho para a inovação.

AS CONTRIBUIÇÕES DE PENSADORES DA ATUALIDADE: FLORESTAN FERNANDES E A EDUCAÇÃO NO BRASIL

Alguns marcos históricos são relevantes para que possamos fazer uma

análise da situação da educação no país; e as contribuições do sociólogo Florestan

Fernandes nesse segmento nos remetem a uma visão ampla quanto às principais

mudanças ocorridas na política educacional brasileira, desde os meados do século

passado. Embora Florestan não se considerasse um educador no sentido pleno da

palavra, pois se dizia um professor, a sua participação política e a sua obra dedicada

à educação foram notórias. O reconhecimento e a repercussão de seu trabalho no

cenário internacional se deram principalmente pelo modo inovador de pensar as

Page 121: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

119

causas do subdesenvolvimento nos países da América Latina, a partir do conceito

de capitalismo dependente e do papel central que o sistema de classes e suas

relações desempenham na sua teoria.

Como parte de sua extensa e grandiosa obra, Florestan se concentrou nas

causas e nos efeitos da hegemonia do capital sobre a nação brasileira na área

educacional, criticando enfaticamente a importação de modelos externos e se

colocando na defesa de uma pedagogia autêntica nacional, comprometida com a

produção de um conhecimento capaz de transformar a realidade brasileira, de modo

a satisfazer as necessidades regionais e, assim, preencher as funções

socializadoras da educação. O combate ao que ele denominava de “cultura da

ignorância” só seria possível através da “democratização da consciência crítica do

povo brasileiro” (FERNANDES, 1996).

Florestan (1991, p.33) sempre defendeu a educação como sendo o elemento

central da transformação do mundo, mas manifestou uma preocupação incessante

ao considerar que era necessário qualificar a mudança, por reconhecê-la uma

realidade política. “Pois o que alimenta a mudança e a resistência à mudança é

sempre uma posição política nas relações das classes”. Segundo Fernandes (1991,

p.33), as transformações não surgem como um ato de consciência automático das

classes dominantes, mas nascem da necessidade:

ou de mudar a sociedade para impedir inquietação social, rebeliões e revoluções contra a ordem, ou então como uma maneira de absorver pressões que vêm de baixo e que podem, ao ser atendidas, fortalecer a perpetuação da ordem social vigente. Quer dizer, a burguesia europeia foi inteligente, a burguesia norte-americana foi inteligente, a burguesia brasileira não foi, como a burguesia de vários outros países.

Na ausência desse discernimento, do reconhecimento de que uma mudança

social pode ser progressiva ou regressiva, Florestan (1991, p.33) chama a atenção

para a visão dos educadores, que se enredam na suposição de que “há um

automatismo no processo de mudança, que a mudança irá sempre na direção

progressiva e que ela acumulará forças e transformações inapeláveis”.

Para Fernandes (2005), a educação não pode ser vista desvinculada da

organização da sociedade.

Poucos países, no mundo moderno, possuem problemas educacionais tão graves quanto o Brasil. Como herança do antigo sistema escravocrata e

Page 122: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

120

senhorial, recebemos uma situação dependente inalterável na economia mundial, instituições políticas fundadas na dominação patrimonialista e concepções de liderança que convertiam a educação sistemática em símbolo social dos privilégios e do poder dos membros das camadas dominantes (FERNANDES, 2005, p. 144).

Ao longo de sua vida pública, Florestan se dedicou como sociólogo e como

deputado constituinte ao enfrentamento e ao combate dos problemas cruciais que

ainda nos impõem esse lugar de subserviência. A sua crítica repousava no fato de

que uma educação com essas características empobrece o papel da “escola que

passa a operar como mero fator de transmissão de conhecimento e de preservação

da parcela de cultura herdada através do processo de colonização” (2005, p.146).

Florestan (2005, p.146) sempre se opôs a uma educação voltada para “desenvolver

aptidões e um estado de espírito que dá, ao brasileiro letrado, a convicção de que

ele não está à margem da civilização e do progresso”.

Na década de 1960, Fernandes participou da Campanha em Defesa da

Escola Pública como defensor de uma escola pública de qualidade e de direito

igualitário para todos. Esse movimento foi essencial por ter ampliado a visão das

questões da educação, na época, criando a consciência de que os problemas

educacionais têm uma dimensão de ordem social. Essa perspectiva contribuiu para

o entendimento de que os problemas da educação são problemas de todos, da

sociedade em geral, portanto, estão sujeitos às condições econômicas, políticas,

históricas e culturais que revestem a nação. A crítica a uma educação tradicional,

que se consolidava em um processo seletivo para beneficiar uma pequena parcela

da sociedade, abriu espaço para o reconhecimento da população de todo o país de

que a educação necessitava de mudanças não só nas estruturas das instituições

escolares, mas no sistema nacional de ensino (FERNANDES, 1966).

A aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional pelo

Senado brasileiro, em 3 de agosto de 1961, representou, segundo Fernandes

(1966), uma derrota para a educação pública, pois não atendia às reivindicações

daqueles que se uniram em prol do ensino público de qualidade. Percebemos a sua

indignação ao declarar que um dos problemas do nosso país é que aqueles que se

encontram no poder, na maioria das vezes, representam os interesses da classe

dominante.

Page 123: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

121

Por isso, é preciso fazer um esforço que transcenda à ideia de lei. Se nós nos prendermos muito, como legisladores, à ideia de lei, nós vamos acabar caindo numa cilada, que é velha no Brasil. A lei sempre foi um instrumento dos poderosos, dos que mandam. E os que mandam nunca instituem normas que aumentem o poder dos que são mandados. Criam normas que aumentem o seu próprio poder, sua capacidade de comando. E se nós queremos igualdade, liberdade, solidariedade humana, humanização da pessoa, não-objetificação e não-brutalização da pessoa, nós temos de mudar o eixo do sistema educacional. (FERNANDES, 1991, p.57)

O que a experiência tem mostrado é que as intervenções por parte dos

governos na busca de soluções para os problemas educacionais não têm tido

resultado satisfatório, pois, com frequência, tais problemas têm sido enfrentados

com medidas provisórias e recursos deficientes, ocasionando um acúmulo de

carências que se perpetuam e se multiplicam ao longo do tempo. Portanto, as

dificuldades materiais somadas à falta de recursos humanos acabam por alterar

muito pouco a situação inicial, que quando não é abandonada exige um esforço

repetido para não perder uma pequena vantagem conquistada, como nos alerta

Fernandes (2005). Perdemos a conta do vasto número de propostas educacionais,

consideradas essenciais, que foram implantadas, mas pouco avançaram devido às

inúmeras interrupções sofridas durante a sua consecução.

Enquanto a educação não se converte em objetiva, subjetiva e praticamente em problema social, os homens não lutam por ela socialmente nem a integram quanto às formas, aos conteúdos e às funções nos processos histórico-culturais de transformação da ordem social (FERNANDES, 1966, p.113).

A supremacia hegemônica no Brasil precisa ser entendida a partir de um

conjunto integrado que alcança todos os níveis da sociedade, de modo que:

o processo de modernização, iniciado sob a influência e o controle dos Estados Unidos, aparece como uma rendição total e incondicional, propagando-se por todos os níveis da economia, da segurança e da política nacionais, da educação e da cultura, da comunicação em massa e da opinião pública, e das aspirações ideais com relação ao futuro e ao estilo de vida desejável” (FERNANDES, p. 23, 1975).

No Brasil, assim como nos países da América Latina, a educação tem sido o

instrumento de reprodução ideológica para atender aos interesses das classes

dominantes. É preciso entender a dinâmica do processo de dominação em sua

Page 124: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

122

essência, pois ele não se caracteriza só pelo poder no plano material, mas

principalmente pelo domínio no plano das ideias.

Os pensamentos da classe dominante são também, em todas as épocas, os pensamentos dominantes, ou seja, a classe que tem o poder material dominante numa dada sociedade é também a potência dominante espiritual. A classe que dispõe dos meios de produção material dispõe igualmente dos meios de produção intelectual, de tal modo que o pensamento daqueles a quem são recusados os meios de produção intelectual está submetido igualmente à classe dominante. (MARX, Karl; ENGELS, Friedrich, 1999)

Uma educação sem compromisso político cria mentes domesticadas,

reacionárias e, consequentemente, a perpetuação da subserviência à grande

potência americana “torna impossível a integração nacional, como fonte de

transformações revolucionárias e de desenvolvimento econômico, sociocultural e

político” (FERNANDES,1975, p. 12).

As questões com que nos defrontamos hoje, por sua grandeza e

complexidade, não prenunciam solução imediata nem a médio prazo. Na realidade,

“a transformação do nosso sistema educacional depende, de modo direto, da

intensidade, do volume e da direção das esperanças coletivas depositadas na

educação” (FERNANDES, 2005, p. 148). E essa construção só se faz com a

participação social de cada um, mas para isto,

o homem precisa ter consciência de si próprio como indivíduo e como classe, para o bem e para o mal, para a transformação e para a conservação da sociedade. Mas precisa ter consciência. E essa consciência se adquire através da educação (FERNANDES, 1991, p.30, 31).

EDUCAÇÃO BRASILEIRA: SABER versus PODER

Hoje, a admissão do professor no magistério, em uma escola da rede pública,

confronta-o com uma política educacional neoliberal que tende a subordinar a

educação ao mercado econômico, transformando-a em mercadoria. Desde o final

dos anos 80 e 90, no Brasil, as soluções para os problemas da educação básica

consistem principalmente na implementação de políticas internacionais oriundas dos

acordos firmados com o FMI (Fundo Monetário Internacional), BIRD (Banco

Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento), OMC (Organização Mundial do

Comércio), Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a

Page 125: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

123

cultura). Nesse contexto, mais explicitamente, a autonomia profissional desse

professor está comprometida no que diz respeito, por exemplo, inclusive ao

processo avaliativo dos seus alunos, pois estes organismos internacionais de ordem

econômica liberam créditos somente se os dados apresentados se enquadram nas

exigências impostas que satisfazem os percentuais de aprovação e reprovação

previamente acordados.

No caso das escolas particulares, muitos donos não aceitam reprovações

para não perder os seus alunos, isto é, para não correr o risco de os pais retirarem

seus filhos da escola, considerando que os investimentos nas mensalidades

escolares foram altos. Portanto, a educação com base nos ideais neoliberais, seja

na rede pública ou na rede privada, passa a ser direcionada pelas orientações de

mercado.

Quando falamos em educação, precisamos transcender questões referentes à

precarização da escola pública e à elitização da rede privada para além dos muros

da escola, caso contrário, corremos o risco de uma visão reducionista dos reais

problemas que sujeitam a educação à sua atual condição.

Segundo Fischer (1999), Foucault ao mostrar a importância da luta contra

todas as formas de assujeitamento, isto é, contra a “submissão da subjetividade”,

defende que se somos sempre assujeitados a alguma forma de poder que a

sociedade aprendeu a realizar e aperfeiçoar ao longo dos séculos, que lutemos por

formas de sujeição que não nos submetam tão radicalmente naquilo que nos é mais

caro: a nossa individualidade.

A partir de pesquisa feita sobre a Escola Pública Paulista, entre 1930 e 1950,

Silva (2005, p. 22) aponta que “no passado, a educação escolar pública foi capaz de

viabilizar uma efetiva relação entre os processos pedagógico e cultural, atendendo a

intenções bem definidas e historicamente determinadas”. A autora aborda um

aspecto bastante procedente no que tange à formação do profissional de educação:

“Por que a Escola hoje, no Brasil, em especial a Escola Pública (nos níveis

Fundamental e Médio), veio progressivamente deixando de ser um espaço

significativo de produção do conhecimento e de difusão da cultura?” (SILVA, 2005,

p. 21). Talvez mais importante que dar uma resposta a essa pergunta seja o seu

efeito de conotação questionadora para os futuros educadores. As perspectivas de

análise nesse sentido não se esgotam, as reflexões sobre a historicidade dos

Page 126: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

124

saberes e sobre as relações saber-poder nos desafiam a repensar a formação dos

espaços sócio- históricos institucionalizados.

Certa vez, Foucault (2008), ao defender a psiquiatria, por razões intrínsecas

ao seu perfil epistemológico, e por considerar que a sua prática está ligada a uma

série de instituições, de ordem econômica e social, expressou o seu

desapontamento ao dizer:

o que me “desconcertou” um pouco, na época, foi o fato de que esta questão que eu me colocava não interessou em absoluto aqueles para quem eu a colocava. Consideraram que era um problema politicamente sem importância, e epistemologicamente sem nobreza (FOUCAULT, 2008, p.2).

Fazendo uma analogia, de certo modo, esta não seria uma questão a se

pensar sobre a educação nos dias de hoje em nosso país?... Mas a falta de

interesse que resulta no descaso deve ser investigada e analisada. Manter as coisas

como estão faz parte de uma intencionalidade que legitima a escola como

reprodutora de uma educação que acaba deixando de ser educação para ser uma

máquina de reprodução humana, com “papéis” (grifo meu) socialmente pré-

definidos.

Foucault sempre foi crítico a todas as formas de sujeição do homem, as quais

são visíveis em diferentes campos institucionais e com inúmeras técnicas,

procedimentos, estratégias e discursos (FISCHER, 2003). É essencial estudar as

relações de poder, entendendo que o poder sempre existe em ato e jamais se

exerce de um lado só, pois, em ambos os lados há agentes e sempre há espaço

para respostas, revoltas, reações, efeitos, já que o poder só se exerce sobre homens

livres (FOUCAULT, 1990).

É premente nos concentrarmos nos pontos centrais no que se refere à política

de formação de professores, pois, na legislação nos é assegurado que a educação é

para todos e em condições igualitárias. Como desenvolver a consciência de classe e

criar resistências às políticas neoliberais que preconizam que o papel do professor

se resume ao preparo de mão de obra qualificada para o mercado de trabalho?

A educação se constitui em um dos fundamentos básicos na construção de

uma nação socialmente justa e substancialmente civilizada e humanizada. A

aquisição de conhecimento deve ser tratada como uma formação complexa que

compreende os estudos sobre as relações do homem com a sociedade, com a

Page 127: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

125

educação e com o trabalho e, hoje, essencialmente com as questões ambientais;

portanto, recorrer às referências literárias é essencial para formar um profissional em

condições de lidar e de buscar a resolução adequada para os problemas concretos

vivenciados no universo educacional.

Como profissionais de educação, estamos comprometidos com as

transformações do sujeito. Os processos disciplinares que originaram as sociedades

disciplinares que se estabeleciam nas instituições de confinamento, tais como,

escola, prisão, hospital (FOUCAULT, 2000) foram sofrendo transformações que

perpassam por uma nova forma de poder.

As sociedades de controle, ou de comunicação, ou pós-industrial... são inúmeros termos para definir um novo agenciamento coletivo, em que as máquinas cibernéticas, os computadores e seres humanos se conjugam na extração do conhecimento e na circulação de informação... Ora, o controle faz-se não pelo confinamento, mas pela comunicação rápida e instantânea. (TÓTORA, 2006, p. 246- 7).

A consciência da existência dessa nova produção de subjetividade confronta-

nos com a necessidade de buscar novas perspectivas que contribuam para a

desconstrução do que massifica em prol de possibilidades criativas.

Consideramos importante problematizarmos a atualidade indicando os exercícios de poder que se pretendem soberanos e que produzem servidão. Mas entendendo que eles não serão eternamente dominantes e nem tampouco totalitários. Será sempre possível inventar outras possibilidades, brechas através das quais podemos fazer outras afirmações. Não há um poder que seja total, ou melhor, todo exercício de poder é acompanhado de sua possível reversão. (MACHADO, 1999, p.20)

O nosso desafio é formar um professor comprometido com o aperfeiçoamento

contínuo, atento à necessidade permanente de atualização. Toda mudança

demanda muita energia e, em alguns casos, é como se tivéssemos que matar

um leão a cada dia, mas alimentar o que subjaz à estagnação e à postura inerte

nos expõe, compromete a nossa ética e os princípios essenciais da dignidade

humana.

Page 128: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

126

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É no Estágio Supervisionado que tem início a formação profissional orientada

para a prática docente. Portanto, a partir desse momento, devemos chamar a

atenção do futuro professor para a importância de um olhar atento, que seja capaz

de ver “através de” (grifo meu), pois, como nos aponta Fischer (2003), para Foucault

representa “um trabalho dedicado e pormenorizado de investigar e expor aqueles

espaços não óbvios, aqueles vazios (ou seja, aquilo que fica para além do óbvio, do

já dito, do já sobejamente conhecido e nomeado)” (apud FISCHER, 2003, p. 379).

Precisamos de sensibilidade para enxergar que:

a pesquisa minuciosa das práticas aparentemente menos nobres – os rituais de como uma professora prepara suas aulas de matemática, de como escolhe os exemplos que constituirão as narrativas dos famosos “problemas matemáticos”, de como as crianças recebem essas histórias e como operam sobre elas, de como ocorre isso, ali, naquele espaço vivo cotidiano da sala de aula, naquela cidade, naquela região do Brasil, a investigação de mínimos documentos relativos a essas mesmas práticas, documentos transformados em monumentos, como queria Foucault (1986) –, pode propiciar a possibilidade de nos defrontarmos com coisas ditas e coisas feitas, fatos surpreendentes, questionados naquilo que até então tinham de óbvios e mostrados a partir de saliências, reticências, descontinuidades, acasos históricos. Um tal modo investigativo faz-nos participar da produção de um saber que não só torna mais vivas as teorias, autores e conceitos que utilizamos, como nos faz partícipes da descrição e do questionamento da história de nosso presente, particularmente no campo em que atuamos. (FISCHER, 2003, p. 378).

Vivemos momentos difíceis, incertos, estamos diante de problemas que

exigem soluções imediatas. Nossos medos e inseguranças têm que ceder lugar a

inquietações que nos desafiem e nos estimulem na busca de novos caminhos para a

educação. Mas em uma sociedade caracterizada pela globalização, que faz

emergir a exclusão da maioria da população concentrada em um território

degradado, onde pobres de todas as naturezas lutam contra todos os carecimentos,

como nos aponta Milton Santos (apud RIBEIRO, 2002), é preciso estar atento aos

processos de inclusão social, principalmente no que tange à elaboração de políticas

públicas.

É comum vermos como justificativa para as dificuldades encontradas no

trabalho docente aquela que faz referência apenas às questões estruturais e

organizacionais. Mas o ser humano é, para além de seu corpo/razão, também

Page 129: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

127

emoção/sentimento, e todas essas dimensões integradas também passam pela

subjetividade da relação professor/aluno constituída. Mais explicitamente, são

desconsideradas várias dificuldades: dificuldades em trabalhar com as diferenças

pessoais, dificuldades para implementar novas práticas, dificuldades com a falta de

esperança, dificuldades com o descaso dos alunos, dificuldades com a ruptura dos

modelos vigentes, dificuldades para lidar com o medo do fracasso etc. Além do

mais, parafraseando Albert Einstein, “é mais fácil desintegrar um átomo do que um

preconceito”. Mas nas palavras de Deleuze (1992, p.218), podemos ver que é

possível criar condições para fazer a diferença.

Acreditar no mundo é o que mais nos falta; nós perdemos completamente o mundo, nos desapossaram dele. Acreditar no mundo significa principalmente suscitar acontecimentos, mesmo pequenos, que escapem ao controle, ou engendrar novos espaços-tempos, mesmo de superfície ou volume reduzidos. (...) É ao nível de cada tentativa que se avalia a capacidade de resistência ou, ao contrário, a submissão a um controle. Necessita-se ao mesmo tempo de criação e povo.

Concordamos com Gallo (2001) quando diz que a escola é o lugar onde se

aprende a assumir posturas. As transformações sociais ocorrem a partir das

transformações das subjetividades pessoais e coletivas. “Nos grupos transformam-

se as pessoas, suas práticas e suas relações com a sociedade circundante. A partir

daí podemos começar a mudar espaços mais amplos da sociedade” (BOFF, 1994,

p.74).

Integramos um mesmo mundo e a diversidade de visões não impede (pelo

contrário, pede) que cheguemos a acordos (consensos sociais) sobre o mundo em

que vivemos (RITTO, 2010). Com a globalização os nossos olhos estão perplexos

diante da possibilidade de ver cada vez mais longe, mas não podem deixar de olhar

para dentro de nós mesmos, para o nosso interior, pois o que distingue o homem do

animal é a consciência de si mesmo.

Hoje, é cada vez mais indissociável a relação condição humana/miséria

humana. Mais de 900 milhões de pessoas passam fome no mundo globalizado.

Embora a educação sofra com os limites impostos pelas condições políticas e

sociais, ela ainda ocupa um espaço privilegiado na vida das crianças, jovens e

adultos que enfrentam toda a sorte de dificuldades para concluir os seus estudos.

Embora saibamos que o diploma não garante mais um lugar no mercado de

Page 130: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

128

trabalho, por causa de uma extremada competitividade, temos a certeza de que sem

ele não haverá luz no final do túnel. Quando começamos a discutir teorias e

assuntos do interesse de todos no mundo atual, a analisar áreas do conhecimento

nas quais focalizamos as nossas preocupações, sempre falamos na educação; ela é

ponto crucial.

É na escola que experimentamos a diversidade e aprendemos a

contextualizar o conhecimento, desenvolvendo competências que irão tornar-nos

capaz de intervir na realidade para transformá-la. É nesse microcosmo social que

aprendemos que o exercício da cidadania é um ato diário, fazendo-nos cientes de

que autonomia e sensibilidade nos tornam melhores pessoas humanas.

Durante o curso de formação docente, um dos papéis mais importantes é

despertar a motivação e o interesse do futuro professor na busca de referências para

o desenvolvimento e o enriquecimento pessoal e profissional. Que desde a

graduação, a profissão de professor seja compreendida a partir de questões mais

amplas que a prática pedagógica. A síntese de aspectos importantes das

teorizações e propostas dos pensadores e educadores abordados e discutidos

nesse texto têm como objetivo contribuir para que o professor não tenha apenas

domínio de seu discurso, mas que reconheça a origem do discurso que pratica.

Como nos alerta o mestre dos mestres:

se há algo que os educandos brasileiros precisam saber, desde a mais tenra idade, é que a luta em favor do respeito aos educadores e à educação inclui que a briga por salários menos imorais é um dever irrecusável e não só um direito deles. A luta dos professores em defesa de seus direitos e de sua dignidade deve ser entendida como um momento importante de sua prática docente, enquanto prática ética. Não é algo que vem de fora da atividade docente, mas algo que dela faz parte... Um dos piores males que o poder público vem fazendo a nós, no Brasil, historicamente, desde que a sociedade brasileira foi criada, é o de fazer muitos de nós correr o risco de, a custo de tanto descaso pela educação pública, existencialmente cansados cair no indiferentismo fatalistamente cínico que leva ao cruzamento dos braços. “Não há o que fazer” é o discurso acomodado que não podemos aceitar... A minha resposta à ofensa é a luta política consciente, crítica e organizada contra os ofensores. Aceito até abandoná-la, cansado, à procura de melhores dias. O que não é possível é, ficando nela, aviltá-la com o desdém de mim mesmo e dos educandos... A questão que se coloca, obviamente, não é parar de lutar mas, reconhecendo-se que a luta é uma categoria histórica, reinventar a forma também histórica de lutar. (1996, p. 74).

Page 131: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

129

A citação de Paulo Freire é mais um exemplo de resistência (para os futuros

profissionais de educação) a todos os processos de assujeitamento que vimos

sofrendo por conta, como ele mesmo dizia, da implacável "malvadeza neoliberal".

ATIVIDADE PROPOSTA TENDO COMO REFERÊNCIA O TEXTO- BASE “A

FORMAÇÃO DOCENTE PARA ALÉM DOS MUROS DA ESCOLA” E A

PARTICIPAÇÃO NO FÓRUM DE DISCUSSÃO “A IMPORTÂNCIA DO

REFERENCIAL TEÓRICO NA FORMAÇÃO CULTURAL DO PROFESSOR”:

Prezado Aluno

O objetivo principal dessa atividade é propiciar ao aluno estagiário o

reconhecimento da importância de buscar nos pensadores as referências que

contribuem para uma melhor compreensão das questões que permeiam o

universo educacional. Tendo como referência o Texto-Base “A Formação

Docente Para Além dos Muros da Escola” e a sua participação no fórum de

discussão, responda às questões abaixo, partindo da sua realidade

educacional, experiência profissional e vivência proporcionada pelo estágio na

Escola Parceira. Ao final, você encontrará a Grade de Correção, a partir da qual

o seu desempenho será avaliado.

Questão 1:

Teça considerações fundamentadas sobre o questionamento da autora Sônia A. I. Silva, no trecho retirado do texto- base:

Por que a Escola hoje, no Brasil, em especial a Escola Pública (nos níveis Fundamental e Médio), veio progressivamente deixando de ser um espaço significativo de produção do conhecimento e de difusão da cultura?

(Sugestão: 20/25 linhas)

Questão 2:

É relevante salientar que há um consenso de que o estágio tem por objetivo formar o profissional docente que seja comprometido com a formação humana, em um universo educacional cuja interconexão de todos os elementos que o integram é imprescindível para uma relação interativa entre paradigmas, disciplinas, conhecimentos e práticas (Moraes, 2004). Mas a Educação está, reconhecidamente, em crise, já há algumas décadas, e...

A pesquisa educacional tem produzido em grande volume a discussão sobre a formação de professores. O tratamento dado ao conceito o coloca à beira do desgaste pelo uso excessivo e vulgarizado. Muitas vezes passa a fazer parte de discursos prontos, em cujos textos a tensão produtiva se perdeu, dando lugar à reiteração. Exatamente por esse motivo, para nós, ainda

Page 132: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

130

se faz necessário mantê-lo como problema. No entanto, estamos tentando constituir um plano em um sentido que não o enrijeça, o cristalize e o torne, de novo, parte de mais um texto pronto. Que assim, permita a insistência: como manter a formação de professores um problema? (GELAMO; LIMA, 2005)

Responda à pergunta que os autores deixam em aberto, usando argumentos

alicerçados na sua prática como estagiário e como cidadão. (Sugestão: 20/25 linhas)

Questão 3:

É no Estágio Supervisionado que o futuro professor se depara com a relação: aquisição de conhecimento x formação cidadã. Giroux (1997) defende a necessidade urgente de se repensar e reformar as condições que têm impedido os professores de assumir todo o seu potencial como estudiosos e profissionais ativos e reflexivos. Os professores como intelectuais legitimam na sua atividade de ensino a natureza do seu discurso, em termos políticos e ideológicos, rejeitando a mediocridade das ideias, o hábito da subserviência, tudo o que massacra mentes e vidas (FAZENDA, 2008). Como você analisa as palavras de Florestan Fernandes, destacadas do texto-base?

Por isso, é preciso fazer um esforço que transcenda à ideia de lei. Se nós nos prendermos muito, como legisladores, à ideia de lei, nós vamos acabar caindo numa cilada, que é velha no Brasil. A lei sempre foi um instrumento dos poderosos, dos que mandam. E os que mandam nunca instituem normas que aumentem o poder dos que são mandados. Criam normas que aumentem o seu próprio poder, sua capacidade de comando. E se nós queremos igualdade, liberdade, solidariedade humana, humanização da pessoa, não-objetificação e não-brutalização da pessoa, nós temos de mudar o eixo do sistema educacional. (FERNANDES, 1991)

(Sugestão: 20/25 linhas)

GRADE DE CORREÇÃO

(Para uso da tutoria a distância) AD1 - ESTÁGIO SUPERVISIONADO IV

ALUNO: POLO: CURSO: _______________________

Aspectos Observados Linguagem Clareza e articulação das ideias 0,0 0,5 1,0

Correção (ortografia); Adequação (vocabulário)

0,0 0,5 1,0

Desenvolvimento da atividade

Fundamentação (relação estabelecida com os parâmetros propostos)

0,0 1,0 2,0 4,0

Indagações/reflexões (postura crítica)

0,0 1,0 2,0 4,0

Page 133: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

131

APÊNDICE B - Material didático/acadêmico do componente curricular Estágio

Supervisionado do Consórcio CEDERJ

TEXTO-BASE _ TEMA 2: POR UMA FORMAÇÃO DOCENTE INTERDISCIPLINAR

Silvia Helena Mousinho

Ementa: É importante que o futuro professor reconheça que na Educação a dissociação entre as diversas áreas de conhecimento se instituiu no século XIX e a fragmentação do conhecimento originou a divisão disciplinar nas instituições educacionais. O futuro professor deve ser alertado para a importância da escolha cuidadosa e criteriosa dos conteúdos a serem desenvolvidos, priorizando temas relevantes para os alunos, que propiciem reflexão sobre problemas que fazem parte da sua realidade. Desse modo, o processo investigativo e a produção de conhecimento relacionam os saberes disciplinares com questões do cotidiano de vida dos alunos, favorecendo uma visão contextualizada. O desenvolvimento das atividades que compõem esse tema tem como objetivo transcender a sua conceituação etimológica e o entendimento de sua implicação nas concepções teóricas e práticas, para apontar a sua importância na reformulação do saber, do ser e do fazer.

(TRANS) FORMAÇÕES: UM SINAL DOS TEMPOS

Vivemos em um período de transição na tentativa de juntar os pedaços que

as concepções positivistas do século XX nos legaram, fazendo-nos acreditar na

dualidade corpo-mente, pensamento-sentimento, ciência-espiritualidade. Ainda

reproduzimos comportamentos como se fôssemos contemporâneos de Descartes.

Nossas visões refletem o modelo mecanicista, que considera como se tudo

funcionasse como máquinas, analisando as peças e a forma como elas se

relacionam nas estruturas, supervalorizando as partes em detrimento de uma visão

de conjunto. Podemos perceber os reflexos desse positivismo nas prerrogativas que

elegem a cultura científica como merecedora de mais crédito do que “os valores, os

conhecimentos, símbolos que orientam e guiam as vidas humanas” (MORIN, 2002,

p.48).

Mudanças significativas nos campos do conhecimento têm apontado novos

paradigmas que, nos dias de hoje, fornecem perspectivas transformadoras para

pensarmos o ser humano nas suas mais diversas dimensões, sem que uma se

sobreponha à outra. Sob essa visão integradora, um conjunto de princípios, valores

Page 134: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

132

e parâmetros reconfiguram novos referenciais, segundo os quais o ser humano é a

um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social, histórico, mas essa unidade

complexa da natureza do homem é desintegrada na educação por meio das

disciplinas, tendo-se tornado impossível aprender o que significa ser humano

(MORIN, 2003).

De fato, não se pode negar as contribuições e o desenvolvimento que as

disciplinas trouxeram para as ciências e para a humanidade, com as especializações

e a divisão do trabalho. Mas é importante reconhecer que, ao longo das últimas

décadas, “são os complexos de inter-multi-trans-disciplinaridade que realizaram e

desempenharam um fecundo papel na história das ciências” (MORIN, 2002, p.115),

rompendo o isolamento entre as disciplinas. Esses prefixos são a nossa referência

para o entendimento primordial de que estamos diante de novos princípios

organizadores do conhecimento. É preciso encarar a necessidade de rever o papel

da Universidade, considerando que o “retalhamento das disciplinas torna impossível

aprender o que é tecido junto, isto é, o complexo, segundo o sentido original do

termo” (MORIN, 2002, p.14). A complexidade existe quando os componentes que

constituem um todo (como o econômico, o político, o sociológico, o psicológico, o

afetivo, o mitológico) são inseparáveis, e entre o objeto de conhecimento e seu

contexto, as partes e o todo, o todo e as partes e as partes entre si existe um tecido

interdependente, interativo e inter- retroativo (MORIN, 2002).

A organização em disciplinas teve início com a formação das universidades

modernas, instituídas no século XIX. A delimitação das fronteiras disciplinares se

constituiu em um marco no século passado, com o avanço da pesquisa científica e

tecnológica, abrindo caminho para a hiperespecialização disciplinar na segunda

metade do século XX. Fica claro, como nos assinala Morin (2002, p.106), que:

a fecundidade da disciplina na história da ciência já foi demonstrada; por um lado, ela realiza a circunscrição de uma área de competência, sem a qual o conhecimento tornar-se-ia intangível; por outro, ela revela, destaca ou constrói um objeto não trivial para o estudo científico: é nesse sentido que Marcelin Berthelot dizia que a Química cria seu próprio objeto. Entretanto, a instituição disciplinar acarreta, ao mesmo tempo, um perigo de hiperespecialização do pesquisador e um risco de “coisificação” do objeto estudado, do qual se corre o risco de esquecer que é destacado ou construído... as ligações e solidariedades desse objeto com outros objetos estudados por outras disciplinas serão negligenciadas, assim como as ligações e solidariedades com o universo do qual ele faz parte. A fronteira disciplinar, sua linguagem e seus conceitos próprios vão isolar a disciplina em relação às outras. A mentalidade hiperdisciplinar vai tornar-se uma

Page 135: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

133

mentalidade de proprietário que proíbe qualquer incursão estranha em sua parcela de saber. Sabemos que, originalmente, a palavra “disciplina” designava um pequeno chicote utilizado no autoflagelamento e permitia, portanto, a autocrítica; em seu sentido degradado, a disciplina torna-se um meio de flagelar aquele que se aventura no domínio das ideias que o especialista considera de sua propriedade.

O enfoque epistemológico de Piaget (1973) propunha a interdisciplinaridade

como a possibilidade de intercâmbio mútuo e a integração recíproca entre várias

ciências. Frigotto (2008, p.42) coloca que “a questão da interdisciplinaridade se

impõe como necessidade e como problema fundamentalmente no plano material

histórico-cultural e epistemológico”. Jantisch propõe “a interdisciplinaridade como

meio de auto renovação e como forma de cooperação e coordenação crescente

entre as disciplinas” (apud FAZENDA, 1979, p.38). Como observa Gusdorf (1976, p.

26), "a exigência interdisciplinar impõe a cada especialista que transcenda sua

própria especialidade, tomando consciência de seus próprios limites para colher as

contribuições das outras disciplinas". Japiassu (1976, p. 74) considera que “a

interdisciplinaridade se caracteriza pela intensidade das trocas entre os especialistas

e pelo grau de integração de um projeto de pesquisa”. As visões desses autores,

dentre as de muitos outros, evidenciam e são indicativas de uma mudança de

paradigmas. Desde que a interdisciplinaridade aparece como preocupação

humanista além da preocupação com as ciências, todas as correntes de

pensamento se ocuparam com a questão da interdisciplinaridade (GADOTTI, 1999),

o que nos leva a crer que não podemos conter as manifestações interdisciplinares,

não podemos enclausurá-las, enfim, não podemos discipliná-las e muito menos

ignorá-las.

A formação que privilegia a aprendizagem compartimentada tem início nas

escolas que, desde a mais tenra idade, ensinam a isolar os objetos, a analisá-los

sob uma visão disciplinar, a compreendê-los do modo mais simples. Somos

treinados e educados sob a adoção desse modelo de ensino, que é o passaporte

para a reprodução de práticas essencialmente disciplinares.

O trabalho interdisciplinar para Frigotto (2008) só se efetiva se formos

capazes de transcender a fragmentação, herança forte do positivismo e do

empiricismo, que nos impele a uma visão parcial, pois,

se o processo de conhecimento nos impõe a delimitação de determinado problema, isto não significa que tenhamos que abandonar as múltiplas

Page 136: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

134

determinações que o constituem. É neste sentido que mesmo delimitado um fato teima em não perder o tecido da totalidade de que faz parte indissociável. (FRIGOTTO, 2008, p.44)

A educação é uma atividade humana complexa, pois além de contribuir para a

formação humana, “está presente em uma confluência em que se apresentam

diversos interesses humanos” (FRIGOTTO, 2008, p.404). Os cursos de formação

docente precisam sempre confrontar o futuro professor com a necessidade de um

olhar investigativo e de uma prática dialógica aberta para as questões da atualidade.

Acreditamos que o primeiro passo nessa direção é reconhecer que disciplinaridade e

interdisciplinaridade não são excludentes.

Uma maneira eficiente de elucidar as visões equivocadas sobre a

interdisciplinaridade, principalmente a fim de evitar as idiossincrasias e o

enquadramento conceitual, é a busca pelo entendimento de como as manifestações

interdisciplinares emergem e que fatores são determinantes para gerar as diversas

tendências que percebemos no contexto de seus programas. Esses movimentos se

diferenciam e se fundamentam em culturas e finalidades diferentes, segundo Lenoir

e Hasni (2004), posto que na França, a interdisciplinaridade deriva do Renascimento

e do Iluminismo, pois surge da luta contra o obscurantismo. Esta interdisciplinaridade

possui um caráter reflexivo e crítico que tanto pode estar orientado para a unificação

do saber científico quanto para um trabalho de reflexão epistemológico sobre os

saberes disciplinares, segundo os autores. Nos Estados Unidos, o recurso à

interdisciplinaridade parte de uma lógica instrumental, claramente oposta à francesa;

a opção americana reflete mais uma oposição cultural que uma oposição cientifica.

Na concepção americana, a emancipação humana não está relacionada diretamente

com os conhecimentos, mas com a capacidade de agir sobre o mundo (apud LEIS,

2005).

O enfoque acadêmico no Brasil está centrado no docente (ou pesquisador)

como principal vetor da interdisciplinaridade, portanto, esta não seria primariamente

reflexiva, nem instrumental (FAZENDA, 1994). Mas, segundo Leis (2005), a busca

do conhecimento não exclui a priori nenhum enfoque. Sob uma perspectiva

interdisciplinar, essas visões se complementam, podendo se constituir em um ponto

de equilíbrio entre as lógicas racional, instrumental e subjetiva. (LENOIR; HASNI,

2004 apud LEIS, 2005).

Page 137: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

135

Fica claro que não existe um conceito fechado, definitivo, para a

interdisciplinaridade, o que encontramos é o consenso indispensável que se

expressa na necessidade de diálogo e de integração entre as disciplinas na

superação da fragmentação do conhecimento. Nesse sentido, existem sempre várias

reações interdisciplinares possíveis e cabe chamar a atenção aqui para os canais

mais inovadores que apontam que os cursos de ensino e pesquisa sobre bases

interdisciplinares (seja na pós-graduação ou na graduação) surgem sempre sobre

bases experimentais (LEIS, 2005). Um exemplo que ilustra essa perspectiva é o

“Projeto Inter”, proposta de cunho interdisciplinar desenvolvida no ensino de 1º grau,

na rede pública municipal de São Paulo, durante a gestão de Luiza Erundina (1989-

1992) quando Paulo Freire foi Secretário de Educação:

a concepção de trabalho interdisciplinar adotada e construída ao longo desses quatro anos pressupõe um procedimento que parte da ideia de que as várias ciências deveriam contribuir para o estudo de determinados temas que orientariam todo o trabalho escolar. Respeita a especificidade de cada área do conhecimento, isto é, a fragmentação necessária no diálogo inteligente com o mundo e cuja gênese encontra-se na evolução histórica do desenvolvimento do conhecimento. Nesta visão de interdisciplinaridade, ao se respeitar os fragmentos de saberes, procura-se estabelecer e compreender a relação entre uma totalização em construção a ser perseguida e continuadamente a ser ampliada pela dinâmica de busca de novas partes e novas relações. (PONTUSCHKA, org., 1993, p.13)

Segundo Gadotti (1999), o que ficou patente na experiência da Secretaria

Municipal de Educação de São Paulo é que a integração do saber e a busca da sua

totalidade é sempre uma "totalização em construção", por isso a necessidade do

diálogo permanente.

O surgimento de cursos deste tipo deve ser interpretado como expressão de

um sintoma dos limites dos cursos disciplinares para continuarem dando conta das

demandas de formação de recursos humanos e de pesquisa, em torno de novos e

até de velhos problemas; o que caracteriza os programas interdisciplinares como

impulsores do trabalho interdisciplinar em novas direções (LEIS, 2005).

EDUCAÇÃO E INTERDISCIPLINARIDADE: UMA RELAÇÃO INDISSOCIÁVEL NA ATUALIDADE

Page 138: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

136

Na educação superior, no Brasil, a resolução CNE/ CP 1/02, de 18 de

fevereiro de 2002, institui Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a Formação

de Professores (da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura,

graduação plena) cujas determinações legais, no que se refere à perspectiva de

formação interdisciplinar, precisam sair do plano da intenção para o plano da ação.

Nos artigos e incisos da lei, podemos perceber que a interdisciplinaridade prega a

“flexibilização”, a “organização”, a “articulação”, de modo que está explícita, pelo uso

desses vocábulos, a perspectiva de reunir métodos e conceitos para uma efetiva

prática interdisciplinar na educação superior, como podemos ver no corpo da lei:

Art. 6º Na construção do projeto pedagógico dos cursos de formação dos docentes, serão consideradas: III - as competências referentes ao domínio dos conteúdos a serem socializados, aos seus significados em diferentes contextos e sua articulação interdisciplinar; .............................. Art. 11. Os critérios de organização da matriz curricular, bem como a alocação de tempos e espaços curriculares se expressam em eixos em torno dos quais se articulam dimensões a serem contempladas, na forma a seguir indicada: III - eixo articulador entre disciplinaridade e interdisciplinaridade; ............................... Art. 13. Em tempo e espaço curricular específico, a coordenação da dimensão prática transcenderá o estágio e terá como finalidade promover a articulação das diferentes práticas, numa perspectiva interdisciplinar. ................................ Art. 14. Nestas Diretrizes, é enfatizada a flexibilidade necessária, de modo que cada instituição formadora construa projetos inovadores e próprios, integrando os eixos articuladores nelas mencionados. § 1º A flexibilidade abrangerá as dimensões teóricas e práticas, de interdisciplinaridade, dos conhecimentos a serem ensinados, dos que fundamentam a ação pedagógica, da formação comum e específica, bem como dos diferentes âmbitos do conhecimento e da autonomia intelectual e profissional. (CNE/CP nº 1/02)

As disciplinas têm uma história: nascimento, institucionalização, evolução,

esgotamento etc. (MORIN, 2002). A interdisciplinaridade no campo educacional

surgiu a partir dos anos 1960-70 no Brasil. E apesar do respaldo legal, como

apontamos, ainda carecemos de políticas públicas que promovam ações

interdisciplinares de modo efetivo.

Nos cursos de formação docente, é essencial chamar a atenção do futuro

professor para o fato de que a adoção de uma prática pedagógica interdisciplinar

não se resume na integração dos conteúdos curriculares, mas que é preciso “uma

atitude, isto é, uma postura interdisciplinar. Atitude de busca, envolvimento,

Page 139: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

137

compromisso, reciprocidade diante do conhecimento”. (FAZENDA, 1979, p.8). A

cada dia, somos surpreendidos com contribuições que se somam ao esforço que

visa à superação do caráter disciplinar, como assinala Olga Pombo (2004), pois,

estamos diante de transformações epistemológicas muito profundas; é como se o

próprio mundo resistisse ao seu retalhamento disciplinar e a ciência começa a surgir

como um processo que exige também um olhar transversal.

Torna-se imperativo estarmos atentos que é preciso sim separar, distinguir,

mas é também necessário juntar, reunir. Morin (2012) chama a nossa atenção

dizendo que o todo tem um certo número de qualidades e de propriedades que não

aparecem nas partes quando elas se encontram separadas. Trata-se de uma visão

do conjunto para que possamos perceber que:

a vida é constituída de elementos físico-químicos que não se diferenciam em nada, em termos de substância e de materialidade, do resto do mundo físico-químico; o que faz a diferença é a organização desses elementos, a maneira pela qual as moléculas que a constituem são organizadas, e é essa organização que tem qualidades emergentes (reprodução, movimento, auto-organização capaz de tratar seus próprios elementos e de tratar o meio no qual se encontra). H2O, fruto do encontro de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio gasoso, já se traduz pelo aparecimento de um líquido, a água, cujas propriedades são diferentes daquelas de seus componentes. (MORIN, 2012, p. 563)

As transformações que buscamos na educação, nos cursos de formação

docente, não visam apenas ao restabelecimento da unidade do saber, vêm aliadas à

busca de novos modos de entender e compreender a realidade, o que nos confronta

com questionamentos e o encaminhamento em direção à ruptura dos modelos

vigentes, que já se mostraram pouco eficazes e inviáveis para lidar com as questões

do mundo atual; que “transbordam conteúdos informativos em prejuízo aos

formativos e fazem com que o estudante saia da graduação com "conhecimentos" já

desatualizados, insuficientes para uma ação interativa e responsável na sociedade

como profissional ou cidadão”. (FAZENDA et al., 2011).

Uma proposta inovadora pressupõe novos referenciais e recursos

metodológicos que serão fundamentais para o enriquecimento do "fazer pedagógico"

do futuro professor. A preocupação com uma educação que transcenda o plano

cognitivo formal e possibilite uma integração com a multidimensionalidade humana já

foi alvo de investidas por meio de experiências como, por exemplo, as “Escolas

Parque” do educador Anísio Teixeira (Salvador-1950) e os Centros Integrados de

Page 140: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

138

Educação Pública (CIEPs- décadas de 80 e 90) nos governos de Leonel Brizola no

Rio de Janeiro.

Atualmente, a Educação de Tempo Integral (ETI) vem buscando a sua

consolidação enquanto política pública, em âmbito nacional, fazendo valer a Lei de

Diretrizes e Bases Nacional 9.394 de 20/12/ 1996, de acordo com os artigos 34 e 87:

A Seção III – “Do ensino Fundamental” diz: “Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola” (LEI nº. 9.394/96, 1999, p.46) Título IX – “Das disposições transitórias” diz: “Art. 87 [...] § 5º. Serão conjugados todos os esforços objetivando a progressão das redes escolares públicas urbanas de ensino fundamental para o regime de escolas de tempo integral”. (LEI nº. 9.394/96, 1999, p. 56).

São muitos os percalços que vimos passando para a implantação e

regulamentação das políticas públicas que tornam possível a Educação de Tempo

Integral (ETI). Cabe aqui chamar a atenção para o fato de que a ETI se configura

sob bases estruturais específicas cujas concepções pedagógicas exigem do

professor uma releitura dos processos de ensino, como nos mostra o relato dos

profissionais que acompanharam a implantação da Educação de Tempo Integral

(ETI iniciado em 2003 e 2004) no Município de Palmas, em Tocantins:

O modelo de professor excessivamente acadêmico, certamente, não será o perfil mais adequado para lecionar na ETI. Nesse sentido, enquanto novo paradigma, exige outras respostas dos pesquisadores que precisam, agora, apresentar alternativas que apontem melhores condições em que a aprendizagem possa ocorrer a fim de otimizar espaços e tempos específicos para atividades que atendam às necessidades básicas das crianças; de pesquisadores que investiguem contornos diversos para a formação de professores voltados para essa nova realidade, com o intuito de suprir esta formação de conteúdos significativos para a configuração de um novo perfil profissional: a de professor/ educador. Diga-se de passagem, educador em tempo integral. (ANDRADE, org., 2011, p.13)

Na pesquisa de campo realizada durante o acompanhamento da

universalização da educação integral em Palmas – TO, os dados têm revelado que o

maior problema enfrentado na implantação das Escolas de Tempo Integral é no

tocante ao despreparo do professor para atuar nesse novo modelo que “almeja a

educação nos aspectos cognitivos, sociais, afetivos, estéticos, éticos, culturais, em

uma perspectiva de aprendizagens significativas e emancipatórias.” (ANDRADE,

Page 141: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

139

org., 2011, p.76). É relevante citar que a pesquisa em Palmas mostrou que quase

80% dos professores acreditam no projeto de Educação de Tempo Integral

(ANDRADE, org., 2011), mas não tiveram oportunidade de qualificação para atender

às expectativas de um professor que faça jus ao perfil descrito abaixo:

Evidentemente, o professor de Matemática, História, Filosofia, Educação Física, dentre outras disciplinas, na ETI, tornou-se educador aquele que, necessariamente, tem a função de se preocupar com a formação integral do seu aluno em diferentes aspectos – intelectual, físico e moral –, com tempo e espaço voltados para este fim e dentro de um contexto complexo que envolve as dimensões social, ambiental, política, etc., e não somente a pedagógica. (ANDRADE, org., 2011, p.120)

Ao constatar essa realidade, só resta uma corrida contra o tempo. É essencial

que os governos respeitem os dados das pesquisas e viabilizem a criação de

políticas públicas, direcionando a sua atenção para a formação de professores. É

imperativo incentivar e promover, em caráter de urgência, cursos de formação

continuada que qualifiquem esses profissionais para que eles atendam ao contexto

pedagógico e metodológico da Educação de Tempo Integral, a fim de que não se

repita o fracasso de outras iniciativas que descuidaram de suas bases estruturantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Investir na formação inicial do professor é o ponto crucial para que não

precisemos lidar com os agravos e as consequências decorrentes desse

despreparo. Promover “a integração e a articulação dos conhecimentos em um

processo permanente de interdisciplinaridade e contextualização” (LDBN 9394/96),

além de respaldar todas as áreas de conhecimento, é imprescindível para uma

educação que valorize as sensibilidades pessoais e os princípios básicos de

convívio em sociedade.

As contribuições de educadores, filósofos e pensadores, há aproximadamente

meio século, atestam que a interdisciplinaridade surge como parte da evolução

histórica do desenvolvimento do conhecimento. Em um colóquio ocorrido na Bélgica,

em Louvain, em 1970, “a necessidade da interdisciplinaridade foi tida como

incontestável” (FAZENDA, 1991, p. 29).

Page 142: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

140

Ao longo da história, podemos evidenciar a influência do modelo científico na

educação e perceber a existência de um diálogo interativo entre as teorias de

aprendizagem e as teorias do conhecimento. A mecânica clássica e o procedimento

analítico, oriundos do modelo newtoniano-cartesiano, tiveram seu campo de

validade nos séculos XVIII e XIX. As concepções de uma nova Física despontaram

no século XX com a Teoria da Relatividade e a Mecânica Quântica. Novas

percepções da realidade contribuíram para que filósofos, cientistas e pesquisadores

de vários campos apontassem a premência de uma reforma paradigmática. Quando

Heinsenberg enunciou o Princípio da Incerteza, desafiando um dos pilares da física

clássica ao considerar a existência de uma relação indissociável entre sujeito, objeto

e processo de observação significou, sem dúvida, como nos assinala Moraes (1996),

uma colaboração essencial para o resgate do ser humano, a partir de uma visão da

totalidade: aquele ser que aprende, que é atuante na sua realidade, constrói o

conhecimento não apenas usando o seu lado racional, mas também utilizando todo

o seu potencial criativo, o talento, a intuição, o sentimento, as sensações e as

emoções.

Hoje, na segunda década do século XXI, talvez caiba uma pergunta: Qual

ciência não é humana?...

Fizemos aqui algumas considerações sobre a interdisciplinaridade no intuito

de uma maior compreensão de seu significado e importância; que elas possam ser

relevantes para o confronto com as resistências e que as mesmas conduzam

sempre a indagações como: qual é a concepção dos educadores sobre a

interdisciplinaridade? Qual o maior impedimento para a realização de um trabalho

interdisciplinar? Quais as principais dificuldades com a ruptura dos modelos

vigentes? Como é se reconhecer realizando um trabalho tradicional, guiado pelo

paradigma linear/cartesiano nos dias atuais? Na Universidade, ante o respaldo da

interdisciplinaridade nos incisos da lei, como se pronunciam os professores, os

gestores educacionais, as associações científicas? Talvez, mais importante que as

respostas para essas questões, sejam a inquietação e a mobilização efetivas delas

resultantes....

ATIVIDADE PROPOSTA TENDO COMO REFERÊNCIA O TEXTO- BASE “POR

UMA FORMAÇÃO DOCENTE INTERDISCIPLINAR”:

Page 143: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

141

EDUCAR NA ATUALIDADE

Prezado(a) Aluno(a)

Importantes transformações sociais e culturais fazem emergir uma nova

educação e a adoção de propostas interdisciplinares vem promovendo mudanças

profundas nos modos de aprender e ensinar. A cada dia, mais educadores têm sido

confrontados com a necessidade de ampliar a sua prática educativa experimentando

novas formas de organizar os conteúdos e os currículos, integrando diferentes áreas

do saber.

Um novo olhar nos encaminha a re-significar o papel do professor. Educar na

atualidade é preparar para a vida, para ser-estar no mundo. A educação do futuro,

para o pensador Edgar Morin, deve ter como prioridade “ensinar a condição humana,

onde o ser humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social e

histórico” (2003, p.15).

A educação, quando concebida como um processo de aprendizado ao longo

de nossa existência, rompe naturalmente as fronteiras demarcadas pela

disciplinarização. Uma aula de qualquer disciplina pode e deve ter abertura para

tomar qualquer direção, atravessando diferentes campos de conhecimento sem a

identificação com apenas um deles. Essa interdependência leva à imprevisibilidade

que desmitifica a obrigatoriedade de seguir apenas por caminhos pré-definidos,

abrindo-nos um leque de alternativas que se traduz em uma nova postura diante do

ato de conhecer.

Prezado Aluno, você está concluindo o seu curso de licenciatura e, em breve,

estará contribuindo para formar pessoas, futuros cidadãos. Logo não será mais

espectador, mas um agente participativo de fundamental importância no contexto

educacional.

A Secretaria de Estado de Educação orienta para a realização de “Trabalho

com Projetos” visando à interdisciplinaridade e o ENEM promove a integração entre

os conteúdos das diversas áreas do conhecimento em um contexto interdisciplinar.

Buscando superar uma visão fragmentada do conhecimento,

a interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de

conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção.

Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas,

professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever,

algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um

olhar, talvez vários. (PCN, BRASIL, 2002, p. 88-89, grifo do autor)

1ª ATIVIDADE:

Pesquise, reflita e responda as questões formuladas, tendo como base o texto

“Por uma formação interdisciplinar: o Estágio Supervisionado como caminho”, a sua

realidade educacional e o dia-a-dia na Escola Parceira proporcionado pelo estágio

e/ou pela atividade/ experiência profissional cotidiana.

Defina como você vê a Interdisciplinaridade.

Page 144: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

142

A formação acadêmica dos professores contribui para o atendimento

das necessidades próprias da interdisciplinaridade que se deseja ver

nas escolas?

Como as escolas de hoje trabalham (ou deveriam trabalhar) em um

contexto interdisciplinar?

É preciso destacar o papel que as experiências de interdisciplinaridade

desempenham na formação para a prática da interdisciplinaridade.

Como aluno ou durante a sua formação profissional como estagiário,

você poderia citar alguma experiência de natureza interdisciplinar?

Trabalhar em um contexto interdisciplinar requer humildade, envolvendo

a exploração de áreas distintas do conhecimento e a prática do diálogo

que compreende não apenas saberes consolidados. Como você se

autoavalia neste aspecto?

2ª ATIVIDADE:

Elabore uma questão de sua área de formação com conteúdo essencialmente

interdisciplinar. A atividade deve conter os eixos interdisciplinares com

gabarito comentado ( UERJ Vestibular- Anexo 3- Conteúdos básicos).

Disponível em :

http://www.vestibular.uerj.br/portal_vestibular_uerj/arquivos/arquivos2015/1_eq_2015

/edital/Manual_1fase_2015_anexo3.pdf Acesso em: out. 2014.

Grades de correção

1ª ATIVIDADE: valores a serem atribuídos a cada questão

Aspectos Observados

Linguagem

Correção (ortografia);

Adequação (vocabulário)

0,0

0,1

0,2

Clareza e articulação das

ideias

0,0

0,1

0,2

Desenvolvimento da

atividade

Fundamentação (relação

estabelecida com os

parâmetros propostos)

0,0

0,1

0,2

0,3

Indagações/reflexões

(postura crítica)

0,0

0,5

0,2

0,3

2ª ATIVIDADE

Linguagem Correção (ortografia)

Adequação (vocabulário)

0,0 0,5

Clareza do enunciado,

Coerência

0,0 0,5

Desenvolvimento da

atividade

Justificativa da escolha

(objetivos)

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

Relação estabelecida com

os parâmetros propostos

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

Page 145: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

143

APÊNDICE C - Material didático/acadêmico do componente curricular Estágio

Supervisionado do Consórcio CEDERJ

TEXTO-BASE _ TEMA 3: AS CONTRIBUIÇÕES DE PIAGET NA CONSTRUÇÃO

DOS VALORES NO AMBIENTE ESCOLAR: UM ESTUDO DE CASO

Silvia Helena Mousinho

EMENTA: Reconhecendo a necessidade de levar em conta a complexidade das relações humanas, quando a prioridade é educar em direção à autonomia, encontramos em Piaget considerações a respeito da importância de educar em valores. Não existem conteúdos específicos para trabalhar valores, a nossa proposta é criar um espaço de reflexão a partir de um estudo de caso que, frequentemente, ocorre no cotidiano do professor. Cabe salientar ainda que as contribuições de Piaget são essenciais para a compreensão do desenvolvimento da moralidade, que tem favorecido a integração de áreas afins em uma dimensão complementar. O objetivo do educador é possibilitar que o aluno construa a sua própria escala de valores baseada na visão crítica sobre as condições humanas.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Sabemos que a formação da personalidade de um indivíduo é um processo

permanente, resultado de sua relação com as múltiplas realidades que norteiam o

seu cotidiano. Com muita clareza, Sílvio Gallo (2001, p. 19) aponta que:

a articulação dos saberes forma o indivíduo intelectual e socialmente, duas

realidades indissociáveis. A instrução procura fornecer aos alunos os

conhecimentos básicos sobre o mundo e sobre a sociedade. Mas uma

pessoa de posse de tais instrumentos ainda não está apta a se relacionar

com o mundo e com a sociedade de maneira plena, autêntica e satisfatória;

falta-lhe ainda uma postura diante da realidade, uma forma de se utilizar

desses aparelhos, uma personalidade definida

É no ambiente escolar, nas vivências cotidianas que o aluno incorporará

princípios básicos de justiça, tolerância, solidariedade, amor e respeito pelos direitos

e deveres, e, futuramente, reproduzirá essas posturas na sociedade e nas relações

pessoais.

A escola ainda valoriza a capacidade cognitiva acima das outras qualidades

humanas, embora saibamos que essa capacidade, isoladamente, não constitui o

valor de um homem.

Page 146: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

144

O homem faz uso do discurso para dizer o que pensa, mas é através de suas

ações que ele revela o que sente. Portanto, se pretendemos trabalhar com valores,

não é só no nível do intelecto que o professor deve atuar, mas também no nível dos

sentimentos e das emoções. Mas não existe uma atividade específica para isso.

Trata-se de uma questão de atitude, uma atenção constante que permeia todas as

disciplinas, a hora do recreio, a hora do bate-papo, a vida escolar em sua plenitude.

Em síntese, como sensibilizar o nosso aluno para as questões éticas e

humanísticas? Sabemos que não é através de livros ou discursos. No máximo, eles

vão aprender a repetir o que leram e tirar boas notas na prova... E, haverá prova de

valor moral?

PIAGET E O DESENVOLVIMENTO MORAL NA CRIANÇA

Não é nossa pretensão um estudo aprofundado sobre o desenvolvimento

moral na criança, mas queremos chamar a atenção para a sua importância durante

todo o processo educativo; e, em O juízo moral na criança, Piaget faz uma análise

do juízo que a criança faz a respeito da moral de acordo com a idade.

Os estudos de Piaget sobre a moral são submetidos a uma verificação

empírica por meio das estratégias que ele criou para pesquisar o jogo de bolinhas de

gude entre os meninos e o jogo de amarelinha entre as meninas, buscando

comprovar relações entre respeito e moralidade. Para o pesquisador, para se falar

em moral é necessária a existência de normas, pois “toda moral consiste em um

sistema de regras, e a essência de toda moralidade deve ser buscada no respeito

que o indivíduo adquire por essas regras" (PIAGET, 1994, p.1).

Em sua obra O Juízo Moral na Criança (1994), Piaget estuda o processo de

construção da moralidade na criança mostrando que enquanto ela organiza o

pensamento e o julgamento, podemos observar três estágios de desenvolvimento e

as atitudes dominantes de acordo com a idade.

Segundo Piaget (1994), a criança passa por uma fase pré-moral,

caracterizada pela Anomia (A: negação; nomia: regra, lei), coincidindo com o

"egocentrismo" infantil e que vai até, aproximadamente, 4 ou 5 anos de idade. No

período sensório-motor não existem regras, são as necessidades básicas que

determinam as normas de conduta. Quando a criança atinge 7 ou 8 anos de idade,

Page 147: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

145

tem início a fase da moralidade heterônoma, caracterizada pelo comportamento de

submissão às regras e aos deveres impostos coercitivamente e não como

obrigações elaboradas pela consciência. Nesse período, ela compreende as regras

como sagradas porque quem as informa é o adulto, cuja superioridade é para ela

inquestionável e inatingível.

Para Piaget (1994, p.58), “é preciso distinguir, em todos os domínios, dois

tipos de relações sociais: a coação e a cooperação”. Na relação estabelecida entre a

criança e os adultos, particularmente, os seus pais, nasce a obediência por medo da

punição, a noção de responsabilidade pelos atos é avaliada de acordo com as

consequências objetivas das ações e não pelas intenções. De acordo com Piaget

(1994), a coação social ocorre em toda relação entre indivíduos em que estão

presentes os elementos de autoridade ou de prestígio. A relação de respeito

unilateral estabelecida entre a criança e os mais velhos é o protótipo das relações

coativas, que comumente é permeada de afeição e de medo (PIAGET, 1994).

Uma descoberta significativamente importante de Piaget (1994) foi perceber

que o respeito muda de natureza de acordo com a idade. Nas palavras de Freitas

(1999), o respeito unilateral é condição necessária (embora não suficiente) para que

se construam outras formas de respeito, considerando, por exemplo, que se os

adultos impõem valores a serem respeitados, a criança pode compartilhá-los e, mais

tarde, elaborar e organizar a sua própria tábua de valores.

Nos jogos de bolinhas de gude, Piaget (1994) observou que uma relação de

outra natureza se estabelecia entre as crianças, pois percebeu que um acordo entre

os jogadores evidenciava uma relação interindividual caracterizada pela cooperação.

Para o pesquisador, a cooperação é uma relação entre iguais. E dessa relação

surge o respeito mútuo, que conduz a sentimentos morais antes desconhecidos,

como honestidade, justiça etc. (PIAGET, 1994). Nessa relação de cumplicidade fica

explícito que:

há respeito mútuo quando os indivíduos se atribuem, reciprocamente, um valor pessoal equivalente. Esse tipo de relação é possível, em um primeiro momento, entre indivíduos que compartilham opiniões, gostos e valores, como ocorre no companheirismo espontâneo que nasce, a cada geração, entre as crianças e entre os adolescentes e nas relações de amizade, em geral. A cooperação, ao contrário da coação social, não determina o conteúdo das normas e dos valores que devem ser observados; uma relação de respeito mútuo não impõe senão a norma da própria

Page 148: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

146

reciprocidade, que obriga cada um a se colocar no ponto de vista do outro. (FREITAS, 1999)

Em suas observações, Piaget (1994) notou que a reciprocidade espontânea

entre os iguais se torna obrigatória porque o respeito mútuo implica na não

contradição moral, pois não se pode, ao mesmo tempo, valorizar seu parceiro e agir

de modo a ser desvalorizado por ele. Em seus estudos sobre Piaget, Freitas (1999)

acrescenta que:

respeitar uma pessoa significa, então, reconhecer a legitimidade de seu ponto de vista, isto é, que os seus valores e suas obrigações são tão válidos quanto os seus próprios. Nesse caso, já não importa o conteúdo dos valores ou das convicções de cada um, mas o fato de se ter uma escala de valores, um ideal (FREITAS, 1999).

Quando chega aos 11 ou 12 anos, a criança já é capaz de avaliações morais

pessoais e, em muitos casos, ela entra em conflito com os sentimentos da moral

heterônoma da obediência ao perceber que a mudança de regra deixa de ser uma

transgressão. Os questionamentos emergentes conduzem a regras morais próprias

capazes de transformações decisivas nas relações interindividuais. Nesse momento,

tem início o processo de passagem da moral heterônoma para a moral autônoma.

Freitas (1999) sinaliza que para Piaget (1933/1977) a personalidade

autônoma é o produto mais refinado da socialização, pois é somente em uma

relação de respeito mútuo entre personalidades autônomas que é possível,

simultaneamente, a diversidade e a igualdade. “A autonomia só aparece com a

reciprocidade, quando o respeito mútuo é bastante forte para que o indivíduo

experimente interiormente a necessidade de tratar os outros como gostaria de ser

tratado” (PIAGET, 1994, p. 155).

É importante ressaltar que, segundo a teoria piagetiana, não há nem

conhecimento nem ética possíveis se não forem estabelecidas trocas do sujeito com

o meio; e que o desenvolvimento intelectual, a relação de respeito mútuo e a

constituição de uma tábua de valores são condições necessárias para a conduta

moral e ética (FREITAS, 1999).

Page 149: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

147

A CONSTRUÇÃO DOS VALORES

A construção dos valores morais tem início, desde a mais tenra idade, quando

a criança começa a interagir com os mais diversos ambientes sociais. A partir da

relação familiar, as interações sociais com os seus colegas e com os profissionais

envolvidos na comunidade escolar contribuirão para o desenvolvimento e a

formação da personalidade do indivíduo, que expressará de acordo com a

construção de sua tábua de valores o seu senso moral e a sua consciência moral

através de suas ações.

Sob uma perspectiva holística, podemos observar que os valores, ao mesmo

tempo em que estão relacionados intimamente à formação do indivíduo, também são

eleitos e emergentes da cultura e/ou sociedade a que cada indivíduo pertence

(GRINSPUN, NOVIKOFF, 1999). Partindo da concepção de que os valores estão

presentes nas opções individuais e em todos os âmbitos do cotidiano, nas

dimensões social, histórica, cultural, afetiva, política, econômica, cabe aqui indagar:

qual o papel da escola como referencial para o aluno na construção de sua escala

de valores? Como estabelecer ações e estratégias para consolidar essa formação

no momento atual? Que valores queremos transmitir em nossas escolas? Esses

valores estão relacionados somente ao ambiente escolar? (GRINSPUN, NOVIKOFF,

1999).

Para que um professor possa ser um educador em valores, é condição

essencial que ele mesmo seja exemplo de tudo que transmite por suas ações e suas

atitudes. Weil (1993, p. 41) nos desafia com suas reflexões a esse respeito quando

afirma que:

em sua formação também seria importante cultivar nos educadores uma

disposição para trabalhar suas essências. Além disso, que eles sejam

suficientemente lúcidos para viver a arte da atenção em si mesmos e serem

honestos para mostrar como são para si próprios. Desejamos ainda que

esses educadores sejam levados a apresentar frequentemente atitudes e

comportamentos ligados aos valores humanos: verdade, beleza e amor.

A educação tem tido um papel de socialização do conhecimento, da cultura e

dos valores em todas as sociedades em todos os tempos. O comportamento

humano e o posicionamento de cada indivíduo frente aos valores e princípios, em

Page 150: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

148

um determinado momento de sua vida, não têm um caráter definitivo. Para construir

a sua própria escala de valores, a criança ou adolescente precisa do referencial do

mundo adulto, pois de início os valores são herdados por nós (ARRUDA (1998) apud

GRINSPUN, NOVIKOFF, 1999).

Segundo a axiologia (axia- termo derivado do grego que significa valor), área

da filosofia que se destina ao estudo da problemática dos valores, há muitos

sentidos para o vocábulo. Considerando que “o conceito de valor é cheio de

ambiguidades e varia de autor para autor e de época para época..., e ainda hoje não

encontramos nenhuma unanimidade a respeito de seu sentido” (GOERGEN, 2005,

p, 989), parece-nos bastante oportuno adotar o conceito de valores proposto pelo

professor Goergen (2005, p. 989): “princípios consensuados, dignos de servirem de

orientação para as decisões e comportamentos éticos das pessoas que buscam uma

vida digna, respeitosa e solidária numa sociedade justa e democrática”.

O que pretendemos é focalizar a nossa atenção para a necessidade de uma

educação que eduque, também, em valores que estruturam as relações

interpessoais e intrapessoais. Sendo assim, em uma perspectiva psicossocial,

Novikoff (2002/2006) faz uso da seguinte classificação dos valores básicos,

essenciais para a convivência humana em sociedade:

Valores pessoais: incluem as representações qualitativas sobre as pessoas, incluindo as questões éticas. Esta categoria aponta a racionalidade moral-prática.

Valores econômicos: refletem os objetos materiais ligados ao consumo/utilidade. Estes dizem da racionalidade cognitivo-instrumental.

Valores espirituais: apontam os valores estéticos e os religiosos. Estes valores encontram-se na racionalidade estético-expressiva. Novikoff (2002/2006)

Os valores estão referendados aí pelo senso moral e pela consciência moral –

justiça, solidariedade, generosidade, integridade, honestidade e outros. Os valores

provam ainda sentimentos de vergonha, culpa, admiração, amor, dúvida,

contentamento, cólera, medo; que interferem em nossas decisões nos levando a

ações que atingirão a nós mesmos e aos outros (CHAUÍ, 2000, p. 335). Além dessas

características, eles vão mais além:

Os sentimentos e as ações, nascidos de uma opção entre o bom e o mau ou entre o bem e o mal, também estão referidos a algo mais profundo e subentendido: nosso desejo de afastar a dor e o sofrimento e de alcançar a

Page 151: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

149

felicidade, seja por ficarmos contentes conosco mesmos, seja por recebermos a aprovação dos outros. Portanto, o senso e a consciência moral dizem respeito a valores, sentimentos, intenções, decisões e ações referidas ao bem e ao mal e ao desejo de felicidade

Ao lidar com alguns conceitos que são demasiadamente abstratos, é

fundamental que o professor estimule, através de dinâmicas e experiências

concretas, a vivência de situações que favoreçam o processo de identidade pessoal,

pois assim podemos identificar que valores estão sendo privilegiados naquela

circunstância.

UM ESTUDO DE CASO

Embora os estudos de Piaget não tenham sido voltados para as questões que

envolvem professores e alunos no seu cotidiano em sala de aula, suas concepções

são valiosas como fundamentos para os professores compreenderem o modo como

as crianças se desenvolvem e constroem o conhecimento. Piaget (1999) valorizou a

importância das relações sociais para o desenvolvimento da inteligência, da

moralidade e da personalidade. Ao longo de suas observações, ele deixa claro que:

as transformações da ação provenientes do início da socialização não têm

importância apenas para a inteligência e para o pensamento, mas

repercutem profundamente na vida afetiva. Desde o período pré-verbal,

existe um estreito paralelismo entre o desenvolvimento da afetividade e das

funções intelectuais, já que estes são dois aspectos indissociáveis de cada

ação. Em toda conduta, as motivações e o dinamismo energético provêm da

afetividade, enquanto que as técnicas e o ajustamento dos meios

empregados constituem o aspecto cognitivo (senso-motor ou racional).

Nunca há ação puramente intelectual, assim como não há atos puramente

afetivos. (PIAGET, 1999, p. 36)

No cotidiano do ambiente escolar, pequenos conflitos interpessoais apontam

a importância e a necessidade da existência de regras que visem à garantia do

convívio social. Nessas ocorrências cotidianas, dependendo da forma como o

professor lida com a situação e de sua concepção de disciplina e educação, os

conflitos, naturais em qualquer relação, são vistos como uma oportunidade para

trabalhar valores e regras essenciais para a formação humana.

Page 152: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

150

Apesar de a realidade escolar evidenciar a necessidade de educar para a

resolução de conflitos sociomorais, as instituições responsáveis pela formação dos

professores não investem em seus programas curriculares nessa modalidade de

conhecimento. Consequentemente, a educação nas dimensões moral e ética é

legada ao improviso e ao acaso, levando os professores a fazerem uso do senso

comum e até de ações equivocadas quando se veem diante, por exemplo, de uma

mentira. Vamos ilustrar esse caso com base nas concepções de Piaget.

Piaget (1994) contou a algumas crianças essas duas histórias:

1ª) Um menino passeava pela rua e encontrou um grande cachorro que lhe

despertou muito medo. Voltou para casa e contou à mãe que viu um cachorro tão

grande quanto uma vaca.

2ª) Um menino voltou da escola e contou à mãe que a professora lhe deu boa nota.

Mas isso não era verdade, porém, a sua mãe ficou muito contente e o recompensou.

Piaget (1994) se dirige a crianças entre seis e dez anos com as perguntas a

seguir:

Roc (7 anos): “O que você pensa destas duas mentiras: São igualmente vilãs

ou há uma mais vilã que a outra? _ Há uma mais vilã que a outra. _ Qual? _

Aquela que viu o cachorro grande como a vaca. _ Por quê? _ Nunca se viu

cachorro grande como vaca. _ Se você fosse a mamãe, qual você puniria

mais? _ Quem disse a mentira da vaca.”

Kei (10 anos): “Qual é o mais vilão? _ O da mentira da professora. _ Por quê?

_ Porque ele enganara a mãe. _ Mas o outro também? _ Mas (aquele da

professora) dissera alguma coisa que a professora não tinha dito. _ O outro

também disse alguma coisa que não era verdade (vemos que nossas

contestações, por mais enérgicas que sejam, mostram-se ineficazes). Ele

dissera uma grande mentira: a professora não lhe dissera que era bem

comportado. _ Por que é mais culpado que o do cachorro? _ Porque (aquele

do cachorro) podemos ver melhor que não é verdade. Aquele da professora

não podemos saber. _ Por que ele disse que viu um cachorro grande como

uma vaca? _ Para fazer crer que viu uma coisa extraordinária.

Essas duas questões têm o propósito de ilustrar como Piaget (1994) ao

analisar o comportamento das crianças pode perceber duas atitudes distintas: uma

Page 153: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

151

atitude mais ou menos comum em um grupo de crianças até em torno de oito anos e

outra atitude, mais evoluída, em um grupo de crianças de oito a dez anos.

Para Piaget (1994), a primeira história conta uma mentira ou uma simples

inexatidão sem nenhuma intenção maldosa, mas marcando uma grave distorção da

realidade; já a segunda conta uma mentira, de conteúdo verossímil, com uma

intenção visível de enganar. A maioria das crianças interrogadas avaliou estas

questões de modo distinto de acordo com a idade. As crianças com menos de oito

anos não veem o alcance real do engano; para elas uma afirmação parece ser tanto

mais mentirosa quanto mais inverossímil, isto é, uma mentira é tanto mais grave

quando acompanhada de conteúdos que se afastam da realidade (PIAGET, 1994). A

mentira do cachorro que era tão grande como uma vaca é particularmente vilã

“porque nunca se viu um cachorro tão grande como uma vaca”, porque é uma

mentira “bem maior” (PIAGET, 1994). “A obrigação de não mentir, imposta pela

coação adulta, aparece-lhe, por consequência, sob seu aspecto mais exterior: uma

mentira é o que não está de acordo com a verdade, independentemente das

intenções do indivíduo” (PIAGET, 1994, p. 120).

Os maiores, ao contrário dos pequenos, sempre levam mais em conta as

intenções; entre eles predomina o que Piaget (1994) denomina responsabilidade

subjetiva que surge em decorrência do processo de desenvolvimento moral, que

possibilita o discernimento em função das intenções.

Esses conhecimentos são da maior relevância para nós, professores, que

lidamos com todas as faixas etárias. Sabemos que até o adulto corre o risco de só

considerar as consequências dos atos, supervalorizando a ação material em

detrimento da intenção: Quantas vezes não nos deparamos com situações em que

“uma dona de casa fica, em média, muito mais encolerizada quando lhe quebram

quinze xícaras do que quando lhe quebram uma, isso independentemente, até certo

ponto, das intenções do culpado?” (PIAGET, 1994, p. 110). Na medida em que o

adulto não sabe ser compreensivo e se deixa levar pelo mau humor em função da

materialidade do ato, a criança acaba por adotar essa mesma maneira de ver e

aplica ao pé da letra as regras, mesmo impostas de maneira implícita; mas, na

proporção em que o adulto sabe ser justo, e, principalmente, ao mesmo tempo que

com a idade a criança opõe às reações adultas seus próprios sentimentos, a

responsabilidade objetiva diminui de importância (PIAGET, 1994).

Page 154: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

152

Afastando situações atípicas, os conflitos mais comuns no ambiente escolar

são agressão física entre os alunos, rejeição por parte dos colegas ou dos

professores (proibição de participação), conflitos verbais (ofensas, provocações).

Piaget (1994) concebe os conflitos interpessoais e intrapessoais como necessários

ao desenvolvimento porque através do processo de desequilibração o sujeito é

motivado a buscar uma nova ordem interna.

Na escola tradicional, as desavenças e os atritos entre as crianças são

tratados como problemas a serem extintos a qualquer custo. Vale ressaltar que, na

maioria das vezes, os conflitos são vistos como nocivos e negativos. Para que o

comportamento se enquadre no modelo que prioriza a obediência, as punições e

recompensas são as práticas adotadas: proibir uma atividade que dá prazer ao

aluno, tirar ponto, suspender, fazer sermão, ameaçar etc. Nesse ambiente, as

relações coercitivas se expressam através da valorização do poder hierarquizado, o

que pressupõe uma educação que alimenta as atitudes interiores que predispõem o

indivíduo na fase heterônoma, como medo, imposição, autoritarismo, castigo,

prêmio, respeito unilateral, tirania. Consequentemente, contrariando o princípio

democrático da liberdade, o máximo que se consegue é que as pessoas tenham

comportamentos adequados (grifo nosso) quando estão sob controle, o que é

essencialmente diferente se queremos educar para a autonomia.

Vamos focalizar um caso que permeia o nosso cotidiano profissional e nos

coloca à prova ante essas indagações:

Durante a aula, um aluno visivelmente maior agride um colega pelo fato de o

mesmo ter usado o seu estojo de canetas sem a sua autorização. O professor

intercede e pede que, ao término da aula, ambos o aguardem na coordenação.

Qual seria o procedimento mais adequado diante desta situação?

Se a professora se dirige ao agressor perguntando o porquê de ele ter

agredido o colega, se ele gostaria que fosse com ele e sugere um pedido de

desculpas; embora a intenção seja cabível e louvável, a intervenção da professora

elimina a possibilidade de o menino (agredido) se expressar e aprender a falar por si

próprio sobre o que o incomodou perante o agressor. Esta é uma questão

corriqueira no dia-a-dia das crianças nas escolas e cabe chamar a atenção para o

fato de que na busca de sua própria defesa, a criança é estimulada a fazer uso de

suas próprias palavras e a participar da resolução do problema. A professora, ao

Page 155: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

153

invés de resolver, com autoridade, a situação, pode contribuir para que ambos

reflitam sobre o caso, atenta aos sentimentos que eles estão expressando naquele

instante. Essa pode ser uma oportunidade para reconhecer as tendências de reação

das crianças e o momento pode ser favorável à valorização do respeito pelo outro. A

professora poderá ainda intervir explicitando o problema, ajudando-os a perceber a

importância de controlar os impulsos de raiva e que a agressão física não é a melhor

maneira de resolver as dificuldades com os colegas. Cabe também à professora

chamar a atenção para o abuso da superioridade física, apontando para um possível

ato de covardia. Nesta situação e em inúmeras outras similares, percebemos que a

orientação de um professor habilidoso é capaz de promover um ambiente, em sala

de aula, de cooperação e afetivo, democrático e de interação com os alunos,

propiciando a troca de ideias e opiniões, o exercício da argumentação, a análise e

proposta de soluções etc. Portanto, o modo como os conflitos sociomorais são

resolvidos em sala de aula torna-se um excelente aliado para se trabalhar regras,

princípios e valores.

Não visando apenas à resolução do conflito, a conduta da professora é um

procedimento mais coerente com a construção da autonomia. Como afirma Menin

(1996, p. 61), “quer queiram ou não, todas as escolas atuam na formação moral de

seus alunos; no entanto, nem todas o fazem na direção da autonomia”.

Moreno e Sastre (2002) apontam que é fundamental que o professor desafie

os alunos na direção da resolução dos conflitos a fim de conduzi-los

permanentemente a:

- buscar soluções próprias;

- analisar as soluções apresentadas, antecipando suas consequências e observando

se estas levam ao resultado esperado;

- investigar as relações entre as causas e os conflitos apresentados;

- considerar o que é uma boa solução para um determinado conflito;

- pensar que as soluções para os conflitos devem ser justas, caso contrário, podem

acarretar mais conflitos.

É relevante mencionar a incidência atualmente de manifestações de violência

no cotidiano escolar cuja problemática é, sem dúvida, complexa e multidimensional.

Não somos onipotentes, mas como medida preventiva a educação moral, como nos

propõe Puig (1998, p. 24):

Page 156: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

154

é uma dimensão formativa, que atravessa todos os âmbitos da educação e

da personalidade. Desse modo a educação moral converte-se no ponto

central da educação porque pretende dar direção e sentido ao ser humano

como um todo.

É de suma importância reconhecer que a escolha da conduta mais adequada

perpassa pela qualidade da relação professor/aluno constituída. Nessa relação

estão implícitos, por exemplo, o papel do professor como referencial para o aluno na

construção de seus princípios éticos e morais, a sensibilização do aluno para as

questões éticas e humanísticas, a educação em atitude e em direção à autonomia.

Na moralidade autônoma (autonomia = capacidade de governar a si mesmo),

o indivíduo adquire consciência moral e os deveres são cumpridos com o

reconhecimento de sua necessidade e significação. Na ausência da autoridade,

continua o mesmo, segue um código de ética interno, fiel a seus valores e a seus

princípios. A responsabilidade é subjetiva, baseada na intencionalidade do ato, ou

seja, é aquela em que o indivíduo atinge seus objetivos através de uma intenção

deliberada.

A felicidade, por exemplo, como finalidade da vida humana em sociedade,

não é apenas a experiência de um indivíduo em particular; em caráter coletivo,

subtende uma perspectiva social, política etc.

O maior desafio para os profissionais de Educação é articular um trabalho,

nas diferentes áreas de conhecimento, que encaminhe a prática educativa

objetivando reflexões sobre os princípios que fundamentam os valores. Embora, a

família e outras instituições sociais veiculem valores e desempenhem papel

significativo no desenvolvimento moral e na formação de atitudes do aluno, a escola

é o lugar onde esses valores são pensados, refletidos e dialogados.

A educação para a formação humana pressupõe a formação cidadã. A

construção, aperfeiçoamento e valorização da cidadania integram os princípios

básicos de educação. E a noção de cidadania, para além da vivência consciente e

crítica de si mesmo, inclui a vivência consciente e crítica dos direitos e deveres.

Como nos aponta Gallo (2001), uma pessoa só está apta a se relacionar com o

mundo e com a sociedade de maneira plena e satisfatória quando assume uma

postura diante da realidade. Dentre as inúmeras atitudes de cidadania, embora

todas sejam importantes, destacamos, com base na Constituição Brasileira de 1988,

aquelas que vão diretamente ao encontro dos objetivos propostos:

Page 157: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

155

Conscientização de Atitudes de Defesa e Preservação:

Dos Direitos Humanos: discussão sobre igualdade entre os direitos e deveres, da liberdade de consciência (livre expressão de pensamento), de crença, do combate à violência, à discriminação e ao preconceito, das condições básicas de subsistência, da dignidade da pessoa humana, do pluralismo e da diversidade.

Da Ética Individual e Coletiva: através da construção dos princípios de justiça, respeito mútuo, solidariedade e diálogo.

Do Meio Ambiente: orientação e informação sobre as questões ambientais, da compreensão de sua relação com a sociedade humana, da reciclagem e reaproveitamento de materiais.

Da Saúde: conscientização sobre os problemas de saúde, alimentação e exercício físico, do tratamento da água, do ar, do lixo.

Da Cultura e do Patrimônio Público: através da conservação e respeito dos

diversos espaços geo-históricos por entender que o conhecimento ao longo

da história cria o espírito de pertencimento em relação aos valores culturais

regionais.

Do Consumidor: através do entendimento sobre controle de qualidade, do prazo de validade, do abuso do poder econômico, da veracidade da propaganda, de direitos e deveres do consumidor.

Atitude de Valorização da:

a) Família: no que tange ao respeito, ao amor, à tolerância, às identidades e diferenças, pelo reconhecimento da importância como base na formação humana.

b) Comunidade: pelo entendimento da mobilização participativa, dos movimentos e instituições organizadas, conscientização de direitos e deveres constitucionais, do cooperativismo entre outras.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em nossa vivência cotidiana, somos envolvidos em situações que suscitam

sentimentos intensos de ambição, orgulho, vaidade, covardia, dignidade, piedade,

indignação, angústia, amor etc., colocando à prova nosso senso moral. Em muitas

ocasiões, ficamos contentes e emocionados diante de uma pessoa cujas palavras e

ações manifestam honestidade, espírito de justiça, altruísmo, mesmo quando tudo

isso lhe custa sacrifícios. Sentimos que há grandeza e dignidade nessa pessoa.

Temos admiração por ela e desejamos imitá-la. Tais sentimentos e admiração

exprimem nosso senso moral (CHAUÍ, 2000).

As dúvidas que nos acompanham, ao longo de nossa vida, quanto às

decisões que temos que tomar não manifestam apenas o nosso senso moral, mas

Page 158: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

156

acabam por colocar à prova a nossa consciência moral, que em síntese é o

resultado operativo de nosso senso moral; pois, exige que decidamos o que fazer,

que justifiquemos para nós mesmos e para os outros os motivos de nossas decisões

e que sejamos responsáveis pelas consequências de nossos atos.

Sabemos que uma pessoa capaz de agir eticamente nem sempre o faz de

fato, assim como uma pessoa capaz de raciocinar logicamente nem sempre pensa

de acordo com as normas lógicas. Piaget deixou intocado o mistério de por que

mesmo uma pessoa que tenha as condições necessárias para a ação moral nem

sempre age eticamente. (FREITAS, 1999)

As práticas pedagógicas que auxiliam no desenvolvimento da moralidade

devem ser constituídas desde atividades de rotina na sala de aula até a seleção de

conteúdos que promovam esse desenvolvimento. É preciso criar condições

favoráveis para que se estabeleçam diálogos abertos e os alunos experimentem a

liberdade de opinar e expressar suas ideias com autoconfiança. Portanto, ao

trabalhar a construção de valores, assim como os demais conhecimentos, “a

realização dos objetivos propostos implica necessariamente que sejam desde

sempre praticados, pois não se desenvolve uma capacidade sem exercê-la” (PCN,

1997, p. 61).

Na verdade, não é possível definir precisamente de que modo uma pessoa

chega a legitimar determinadas normas de comportamento e a conduzir-se de

acordo com elas de maneira coerente. Sabemos que um conjunto de processos

conscientes e inconscientes, ao longo de toda a vida, forma o nosso perfil individual.

O modo como se dá o ensino e a aprendizagem, isto é, as opções didáticas, os

métodos, a organização e o âmbito das atividades, a organização do tempo e do

espaço na prática educativa ensinam valores, atitudes e conceitos. E a escola deve

ser o lugar onde cada aluno perceba que os valores e as regras são coerentes e

passíveis de uma identidade pessoal ante a perspectiva de uma vida plena e feliz.

Existe um consenso de que a afetividade e a racionalidade, inter-

relacionadas, constituem dimensões essenciais para o desenvolvimento da

personalidade humana. Educar em emoções é, sem dúvida, um mergulho no

psiquismo humano. E na relação que mantemos com nosso aluno vivenciamos uma

troca intersubjetiva. O processo de construção da subjetividade é decorrente de uma

Page 159: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

157

permanente interação entre o que constitui o mundo interior e o que se apreende

como leitura e reflexo do mundo externo.

Encaminhar-se para o autoconhecimento e reconhecer-se como unidade

múltipla dentro da diversidade da espécie humana leva o aluno a procurar novas

formas de explorar o conhecimento em sua essência e a desenvolver competências

que permitam intervir na realidade para transformá-la. Pensar a educação desse

modo não é simples, muito menos fácil; não existem receitas ou modelos

predefinidos, requer disposição e habilidade para lidar com as contradições e com os

conflitos inerentes à condução desse processo. A grandeza dessa prática educativa

é o resultado de um fazer conjunto cuja cumplicidade na relação ensinar/aprender é

orientada pelo desejo de superação e transformação.

ATIVIDADE PROPOSTA TENDO COMO REFERÊNCIA O TEXTO-BASE “AS

CONTRIBUIÇÕES DE PIAGET NA CONSTRUÇÃO DOS VALORES NO

AMBIENTE ESCOLAR- UM ESTUDO DE CASO”.

Sugestão de Casos para Estudo

“As contribuições de Piaget na construção dos valores no ambiente escolar- um

estudo de caso” nasceu da necessidade de buscar um modo mais adequado e

eficiente de lidar com questões que permeiam o cotidiano do professor tanto no

âmbito da relação professor/aluno quanto no universo das relações entre

profissionais de educação. Nos dias de hoje, a fragilidade dos laços familiares e

sociais compromete o processo de individuação do adolescente e do jovem cujas

dificuldades emocionais são marcadamente difusas. A liberação dos usos e

costumes, assim como a diminuição das barreiras e proibições entre as gerações,

são muitas das vezes causadoras de sérios problemas de comportamento durante a

adolescência. A exemplo do caso em estudo no texto, a atividade proposta tem

como objetivo o aprofundamento com aporte teórico visando ao estreitando da

relação teoria/prática.

ATIVIDADE: Sugerimos um estudo de cada caso, usando como referência as

concepções teóricas de pensadores que contribuam para qualificar a nossa

prática profissional. O objetivo maior dessa atividade pedagógica é analisar e

refletir sobre a experiência cotidiana com respaldo na fundamentação teórica,

valorizando o binômio teoria/prática. Assuma uma postura ante as indagações

Page 160: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

158

suscitadas, mas não exprima apenas opiniões de cunho pessoal, enriqueça a

sua defesa com referência fundamentada. (Lembre-se de mencionar as suas

fontes de pesquisa)

Caso I

Uma turma do primeiro ano do ensino médio está fazendo uma avaliação individual.

Previamente, o professor informou a todos os alunos que não poderia haver consulta

de nenhum material sobre o tema proposto e nem diálogo com qualquer colega

durante a avaliação. Após algum tempo, o professor flagra uma aluna copiando

anotações de um pedaço de papel. Ele recolhe a avaliação da aluna e lhe atribui

grau zero.

Caso II

Um aluno agride um colega e o professor pede para que ele se retire e o aguarde na

coordenação. O aluno replica dizendo que não concorda com a decisão do

professor. Percebendo a dificuldade, o professor encaminha-se para o aluno e, com

veemência, insiste para que ele saia da sala de aula. O aluno se levanta e parte

para cima do professor, agressivamente.

Caso III

Final de bimestre. Você elaborou uma avaliação bimestral, levando em consideração

a proposta pedagógica de sua disciplina e os objetivos a que se propunha.

Criteriosamente, avaliou os alunos e registrou as médias, uma a uma, no diário de

classe. Mas, quando os boletins chegaram às mãos dos alunos, todos perceberam

várias alterações nos graus que foram atribuídos por você. Mais tarde, você e seus

alunos ficaram sabendo que o diretor da escola alterou as notas sem lhe consultar.

GRADE DE CORREÇÃO

Aspectos Observados Total

Linguagem Clareza, Coerência 0,0 0,5 1,0

Correção (ortografia);

Adequação (vocabulário)

0,0 0,5 1,0

Desenvolvimento

da atividade

Relação estabelecida com os

parâmetros propostos

0,0 1,0 2,0

Indagações/reflexões (visão

crítica)

0,0 1,0 2,0

Articulação entre a teoria e a

prática

0,0 1,0 2,0

Argumentação (defesa coerente

dos posicionamentos

assumidos)

0,0 1,0 2,0

Page 161: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

159

APÊNDICE D - Material didático/acadêmico do componente curricular Estágio

Supervisionado do Consórcio CEDERJ

TEXTO-BASE _ TEMA 4: INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO CONTEXTO

EDUCACIONAL

Silvia Helena Mousinho

Ementa: A dimensão emocional na docência só passou a ter visibilidade, há pouco mais de duas décadas, em razão da valorização dos aspectos afetivo e emocional na formação dos alunos. Essa realidade trouxe novas investigações, pesquisas e publicações sobre o tema que ganha, cada vez mais, notoriedade pelo aumento dos índices de casos de esgotamento físico e psicológico em professores, que acabam resultando em uma tensão emocional crônica, levando à falta de perspectiva e, por fim, ao abandono da profissão. Pensadores têm deixado claro em suas obras que o “emocional” de uma pessoa não pode ser desconsiderado; a educação emocional no cotidiano da sala de aula pode ser útil para diminuir as emoções tidas como negativas, contribuindo, desse modo, para reduzir a violência, forma mais extrema da raiva. O nosso propósito é uma abordagem investigativa do tema em tela com o objetivo de explorar os elementos que estão envolvidos no universo das emoções a fim de qualificar os processos de ensino e de aprendizagem e, também, utilizá-los como forma preventiva de esgotamento profissional em situações de distúrbios emocionais.

Introdução

O conceito de “Inteligência Emocional” surgiu na década de 90, suscitando

polêmica e controvérsias. O nosso interesse a respeito está voltado particularmente

para a investigação e para a compreensão do papel da inteligência emocional no

contexto educacional, considerando a importância das emoções nos processos de

ensino e de aprendizagem.

O estudo da “Inteligência Emocional” possibilitou reconhecer que a definição

de inteligência não se restringe apenas à avaliação das competências e das

habilidades cognitivas. Saturnino de la Torre nos atenta para o fato de que a

aprendizagem humana comporta elementos emocionais, intuitivos, atitudinais e

sociais (2004). A escola hoje tem uma função formadora visando à preparação de

cidadãos mais conscientes, íntegros e participativos.

Sem a presunção de promover ações ou estratégias que exigem formação em

áreas específicas, a nossa proposta é trazer para o cenário educativo elementos

Page 162: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

160

nomeados emocionais que, por sua dificuldade de mensurabilidade, têm pouca

visibilidade quando se trata de sua importância na formação do educador e do

educando.

As Emoções

Os estudos sobre as emoções atualmente têm sido alvo de interesse dos

neurocientistas, psicólogos, biólogos, ou seja, das mais diversas áreas, o que lhes

tem conferido um conhecimento mais amplo e mais aprofundado. Segundo Maturana

(2002, p. 15), “do ponto de vista biológico, o que conotamos quando falamos de

emoções são disposições corporais dinâmicas que definem os diferentes domínios

de ação em que nos movemos”. Para Damásio (2000, p. 74), as emoções estão

ligadas à conservação da vida e podem ser entendidas como “conjuntos complexos

de reações químicas e neurais, formando um padrão; todas as emoções têm algum

papel regulador a desempenhar”. Nesse sentido, as emoções são respostas do

organismo em decorrência de mudanças internas e externas, conscientes ou

inconscientes por circunstâncias de origens relacionais, afetivas, cognitivas,

fisiológicas, sociais etc. (BRUNO, 2002).

Sabemos que quando estamos sob o domínio de uma determinada emoção,

há coisas que podemos fazer e coisas que não podemos fazer, e que aceitamos

como válidos certos argumentos que não aceitaríamos sob outra emoção, mas

insistimos que o que define nossas condutas como humanas é elas serem racionais

(MATURANA, 2002). Goleman (1996, p. 7) afirma que todas as emoções são, em

essência, impulsos para agir, planos instantâneos para lidar com a vida que a

evolução nos infundiu, e esclarece ainda que:

A própria raiz da palavra emoção é movere, "mover" em latim, mais o prefixo "e-", para denotar "afastar-se", indicando que uma tendência a agir está implícita em toda emoção. Que as emoções levam a ações é mais óbvio observando-se animais ou crianças; só nos adultos "civilizados" encontramos tantas vezes a grande anomalia no reino animal: emoções - impulsos arraigados para agir - divorciadas de uma reação óbvia.

Vivemos em uma sociedade, alimentados por uma cultura que desconsidera o

profícuo “entrelaçamento cotidiano entre razão e emoção, que constitui o nosso viver

humano” (MATURANA, 2002, p.15), ignorando que:

Page 163: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

161

o domínio racional em que nos movemos a cada instante é constituído como um domínio de coerências operacionais pela aceitação das premissas fundamentais que o definem num ato emocional. As premissas fundamentais que constituem um domínio racional nós as aceitamos a priori porque queremos fazê-lo, porque nos agradam. (MATURANA, 2002, p.92)

Para o cientista, na vida cotidiana, vivemos nossos argumentos racionais sem

fazer referência às emoções porque acreditamos que tal condição seria uma

limitação ao nosso ser racional.

Dizer que a razão caracteriza o humano é um antolho, porque nos deixa cegos frente à emoção, que fica desvalorizada como algo animal ou como algo que nega o racional. Quer dizer, ao nos declararmos seres racionais [...] não nos damos conta de que todo sistema racional tem um fundamento emocional. (MATURANA, 2002, p.15)

As considerações sobre razão e emoção são essencialmente relevantes por

contribuírem para desfazer concepções simplistas sobre seus significados. Os

estudos que propõem a articulação entre pensamento e emoção ainda são

escassos, e o nosso interesse é trazer novos conhecimentos e abrir espaço para

outras visões, ampliando o entendimento sobre as intrínsecas relações entre razão,

pensamento e emoção em um dado contexto.

Segundo Damásio (2000, p. 75), “as emoções são processos determinados

biologicamente, e dependem de mecanismos cerebrais estabelecidos de modo

inato, assentados em uma longa história evolutiva”. Podemos dizer que o resultado

desse processo, como nos aponta Maturana (2002, p.92), é o viver humano que se

dá num contínuo movimento de emoções e linguagem como um fluir de

coordenações consensuais de ações e emoções, pois “se queremos entender as

ações humanas não temos que observar o movimento ou o ato como uma operação

particular, mas a emoção que o possibilita”. Pois, “quando mudamos de emoção,

mudamos de domínio de ação” (MATURANA, 2002, p.15).

A linguagem nas suas múltiplas formas de comunicação torna possível

expressar conscientemente as emoções e os estados emocionais que resultam das

interações entre ser humano e sociedade. Para os educadores, esse aspecto é

bastante significativo a partir do entendimento de como ocorre a ligação linguagem,

razão e emoção.

Nos ambientes educacionais, experimentamos as linguagens escrita, oral e

corporal como meio de comunicação com os alunos e podemos perceber que essas

Page 164: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

162

interações são permeadas por manifestações emocionais. Para Maturana (1997), a

presença fundamental do emocionar em tudo o que fazemos é que nos conecta com

nossa história biológica, portanto, não é uma limitação de nossa humanidade, mas

ao contrário, é nossa condição de possibilidade enquanto seres humanos. As

emoções constituem o fundamento de todo o nosso fazer, e o que cabe é dar-nos

conta das emoções para atuar responsavelmente, isto é, perceber se queremos ou

não as consequências das nossas ações (MATURANA,1997).

A partir da fala de Maturana, podemos inferir que nos ambientes educacionais

a nossa contribuição ao auxiliar na identificação, compreensão e valoração das

emoções, diante das experiências vivenciadas, torna possível para o aluno escolher

se deseja repetir ou não determinadas manifestações emocionais. Isto significa que

ao assimilá-las ao pensamento, é possível intencionalmente processar as

informações emocionais fazendo com que trabalhem a nosso favor, usando-as como

apoio ao comportamento visando melhorar os resultados. Mas, para desenvolver um

trabalho pedagógico levando em conta essa dimensão na relação

educador/educando, é preciso, antes de tudo, que o professor seja despertado para

a importância da necessidade de estimular os alunos a expressarem emoções e

sentimentos com o hábito sistemático da autorreflexão.

Inteligência Emocional

A concepção de inteligência a partir do início do século passado já passou por

múltiplas revisões e considerações que marcaram a sua história. Até o início dos

anos 1980, a psicologia tradicional partilhou o conceito de inteligência que preconiza

o quociente de inteligência, o famoso QI (quociente intelectual nascido na França em

1905 e adaptado à realidade norte-americana), como a medida para a obtenção de

êxito na escola e, consequentemente, na vida. Howard Gardner defendeu, em 1975,

a sua tese sobre a existência de inteligências múltiplas com conceitos sobre as

dimensões intrapessoal e interpessoal, abrindo novas perspectivas no campo da

psicologia como precursor da inteligência emocional.

A Inteligência Emocional (IE) é um campo novo que ampliou o conceito de

inteligência, abrangendo a habilidade do indivíduo em identificar e lidar com as

emoções. Essa concepção de IE surgiu em 1990 com Salovey e Mayer, através de

um modelo que se processa pelas capacidades: de percepção acurada das

Page 165: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

163

emoções; de uso da emoção para facilitar o pensamento; de compreensão das

emoções; e de gerir as emoções para o crescimento pessoal (MAYER, J. D. et al.,

2002). Com o surgimento de novos modelos alternativos no campo da IE, Goleman

(1996) destacou-se por considerar parte desse construto aspectos da personalidade

humana, como autoconsciência, empatia, autocontrole, persistência, automotivação,

otimismo.

Em 1995, Daniel Goleman lançou o livro “Inteligência Emocional”,

ocasionando mudanças no conceito de IE. Há estudos que questionam o rigor

acadêmico no que diz respeito à fundamentação teórica utilizada por Goleman, mas

não cabe aqui entrarmos no mérito dessa questão.

Para Goleman, os domínios básicos a partir dos quais se desenvolve a

Inteligência Emocional são: Autoconsciência - melhora no reconhecimento e

designação das próprias emoções, autoconhecimento emocional; Controle

emocional - habilidade do sujeito para gerir as próprias emoções, autocontrole;

Automotivação – capacidade de canalizar produtivamente as emoções, persistência;

Reconhecimento de emoções nos outros - capacidade de adotar a perspectiva do

outro, empatia; Habilidade em relacionamentos interpessoais – aptidão social,

sociabilidade (GOLEMAN, 1996).

A dimensão emocional na formação do professor

_ Síndrome do Esgotamento Profissional (SEP)

A minha experiência profissional nos cursos de formação docente possibilitou

a participação e o confronto com uma proposta curricular mais voltada para a

racionalização do processo pedagógico do que para a sua dimensão emocional. O

que constatamos é a dicotomia entre o que fundamenta os programas de formação

docente e o que caracteriza hoje um profissional apto para o exercício da docência.

Na última década, essa questão tem contribuído para que a insatisfação como causa

do abandono da profissão assuma proporções alarmantes, principalmente para os

professores que são regentes de turma. O agravamento desse quadro revelou que o

que subjaz aos sentimentos negativos que impedem a prática profissional, na

maioria dos casos, é a Síndrome do Esgotamento Profissional (SEP).

Page 166: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

164

A Síndrome do Esgotamento Profissional- SEP- (Anexo 1 da Portaria 1339 de

18/ 11/1999 - BRASIL, 1999), com o mesmo significado de Síndrome de burnout,

caracteriza-se com o aparecimento dos sintomas: - Exaustão emocional: sensações

de esgotamento físico e mental, sentimento de não dispor de energia para

absolutamente nada; Despersonalização: personalidade do indivíduo alterada, capaz

de levar o professor ao desenvolvimento de atitudes insensíveis e negativas frente

aos alunos e colegas de trabalho; Falta de realização e diminuição de produtividade

profissional: avaliação do próprio trabalho de forma negativa e redutiva, o indivíduo

se sente infeliz consigo mesmo e insatisfeito com a realização do seu trabalho

(MASLACH, C.; LEITER, M. P.,1999).

Não vamos nos aprofundar sobre a Síndrome de Esgotamento Profissional,

mas são apontadas na literatura as principais reações que aparecem no organismo,

associadas ao aparecimento da síndrome que, segundo França (1987), são reações

comportamentais e defensivas que se manifestam pela irritabilidade, falta de atenção

e de concentração, perda de iniciativa, perda de interesse pelo trabalho,

impaciência, baixa autoestima, desânimo, depressão, sentimento de solidão. Vale

acrescentar que burnout é uma expressão inglesa que significa “consumir-se pelo

fogo” ou “queimar-se”, o que sob uma perspectiva metafórica define um estado de

exaustão de quem está “consumindo-se por dentro”.

Temos consciência de que o que leva a essa condição é um processo que

acomete os indivíduos, gradativamente, envolvendo sentimentos, atitudes,

expectativas, até a culminância com sintomas físicos, de natureza psicossomática,

como enxaqueca, problemas gastrointestinais, fadiga, insônia etc. (AMORIN;

TURBAY, 1998).

Não é difícil listar causas para o “adoecimento” dos profissionais de educação

e, certamente, ao elencá-las, a listagem ultrapassaria os limites dessa página,

portanto, vamos nos deter àquelas que ocupam posição de destaque nesse ranking.

Para nós, professores, já é lugar comum a referência à formação acadêmica inicial

precária, que encabeça a nossa lista, e que inclusive deu origem a essa dissertação.

Em seguida, podemos citar: a implantação de inovações e projetos político-

pedagógicos que minimizam a participação dos professores como sujeitos; a

multiplicidade de papéis sociais e profissionais exigidos e exercidos pelos

professores nas escolas; ambiente de violência urbana e insegurança pessoal

Page 167: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

165

enfrentado pelos professores; conflitos nas relações interpessoais com os colegas

de trabalho; condições materiais objetivas adversas ao exercício do trabalho com a

qualidade desejada pelo sujeito; dificuldade de lidar, política e epistemologicamente,

com críticas dirigidas por diferentes setores da comunidade escolar ao caráter e à

contribuição da disciplina no desenvolvimento do currículo escolar (SANTINI; NETO,

2005).

Os problemas supracitados foram identificados na pesquisa de caráter

qualitativo que investigou os elementos mais significativos como causa do abandono

do trabalho docente pelos professores de Educação Física da Rede Municipal de

Ensino de Porto Alegre (RMEPOA), que entraram em licença médica por motivos de

estresse, ansiedade e depressão, de janeiro de 2000 a julho de 2002.

Segundo a pesquisa, não se pode afirmar que a Síndrome do Esgotamento

Profissional ocorra mais em docentes das áreas de Química, Matemática, Física,

Biologia e outras, do que no âmbito da Educação Física (SANTINI; NETO, 2005).

Esse dado é relevante porque, de fato, dentre os problemas citados, por exemplo,

formação inicial insuficiente, violência urbana, condições materiais adversas ao

exercício do trabalho caracterizam problemas de administração pública, isto é,

extrapolam a esfera educacional.

A identificação da Síndrome do Esgotamento Profissional e as investigações

a seu respeito conduzem a reflexões e questionamentos que podem criar

mecanismos de ação preventiva. Sabemos da luta para romper os grilhões que

ainda impedem o reconhecimento de que a prevenção é a solução mais adequada e

eficiente. “Embora não se possam eliminar os fatores de estresse que interferem

diretamente na ação do professor, a prevenção pode melhorar as competências dos

sujeitos para lidar com tais situações” (SANTINI; NETO, 2005, p.220).

No depoimento dos professores, as tensões emocionais acumuladas no trabalho são causadoras do esgotamento de energia e do estado depressivo que os levam a impasses que parecem insolúveis. Desse modo, observa-se que o contato diário com os problemas cotidianos de trabalho é fonte de esgotamento físico e emocional (SANTINI; NETO, 2005, p.217).

Pretendemos chamar a atenção para a importância das condições emocionais

como garantia de saúde e segurança profissional. As emoções permitem a ativação

e julgamento consciente ou inconsciente das ameaças ou das oportunidades com

que o indivíduo se confronta (DAMÁSIO, 2000). As emoções são indispensáveis

Page 168: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

166

para a adaptação às transformações e tensões do quotidiano e determinam o modo

como nos adaptamos às mudanças e aos desafios intrapessoais e interpessoais

(Damásio, 2000).

_ O papel das emoções no contexto educacional

Na educação, o interesse pela dimensão emocional na formação docente tem

se intensificado pelo reconhecimento de que as interações pessoais entre

educadores e educandos estabelecem um vínculo emocional que influi diretamente

na conduta, na cognição e na memória do aluno.

Goleman (1996, p.185) afirma que “a alfabetização emocional amplia nossa

visão acerca do que é a escola, explicitando-a como um agente da sociedade

encarregado de constatar se as crianças estão obtendo os ensinamentos essenciais

para a vida”. Para o psicólogo (1996), é essencial o aproveitamento das

oportunidades, dentro e fora da sala de aula, para ajudar os alunos a transformarem

os momentos de crise pessoal em lições de competência emocional.

Para solicitar as competências emocionais daqueles que estão em processo

de aprendizado é preciso partir das nossas próprias competências emocionais,

considerando que não existe nenhum método pedagógico que as ensine (CHABOT,

D.; CHABOT, M., 2005). Ao mesmo tempo em que reconhecemos a dificuldade para

lidar com a subjetividade inerente a essas questões, uma educação com objetivos

exclusivamente cognitivos tem-se mostrado insatisfatória, aponta Santos (2000).

Pois, vivemos em uma sociedade em que:

O elevado índice de delinquência juvenil, em todas as classes sociais, desde as mais abastadas até as menos favorecidas economicamente, somado aos fatores acima mencionados, são uma demonstração inquestionável de que os paradigmas educacionais vigentes, sozinhos, não conseguiram levar a humanidade para um patamar aceitável de educação, por isso a necessidade de uma reflexão mais profunda sobre eles (RÊGO, ROCHA, 2009, p.143).

Estudiosos têm se interessado pelas diferentes facetas das emoções, e

estabeleceram a relação existente entre as emoções, seus disparadores, ou seja,

aquilo que as provocam, e os comportamentos delas resultantes; isto é, a sensação

do medo é disparada quando uma ameaça potencial é anunciada, provocando

Page 169: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

167

consequentemente um comportamento de fuga (D. CHABOT e M. CHABOT, 2005).

Do mesmo modo:

A raiva, por sua vez, liga-se a um obstáculo que impede a consecução de um objetivo qualquer e engendra o ataque, destinado a eliminar a fonte da frustração. A tristeza está associada a uma perda e provoca um comportamento de retração interior, o retraimento. [...] A alegria é disparada quando uma situação desejada se produz, induzindo um comportamento de aproximação. (CHABOT, D.; CHABOT, M., 2005, p. 43)

Segundo esses educadores, as emoções primárias são essenciais para a

sobrevivência individual e coletiva e funcionam como geratrizes para a criação de

emoções secundárias, adquiridas pelo aprendizado e pela experiência da vida

cotidiana, portanto, constituídas a partir da educação e da cultura (D CHABOT, D.;

CHABOT, M., 2005). Por exemplo, entendemos que algum desconforto na escola

(disparador) pode se configurar como ameaça, causando intimidação (emoção

secundária do medo) e, por fim, levando à evasão escolar (fuga como

comportamento); do mesmo modo, dificuldades em algumas disciplinas (disparador)

causam frustrações (emoção secundária da raiva) que são responsáveis por

comportamentos agressivos (CHABOT, D.; CHABOT, M., 2005).

Sabemos que a relação pedagógica sofre as influências das condições

emocionais que caracterizam o comportamento do professor, desencadeando

emoções e comportamentos correspondentes nos alunos, conferindo importância

significativa à sua educação emocional. Constatamos o forte impacto que as

emoções possuem sobre as percepções, os processos cognitivos e o

comportamento. Ser emocionalmente inteligente é ser emocionalmente educado, o

que significa a partir da consciência de suas próprias emoções ser capaz de lidar

com as emoções alheias, sua intensidade, suas causas e consequências

(GOLEMAN, 1996).

As pesquisas mostram que a percepção dos docentes sobre as suas próprias

emoções tem aumentado, denotando uma maior preocupação com o

autoconhecimento, mas ainda carecemos de referências e literatura direcionadas

aos professores com a exploração adequada do tema.

A escola é um ambiente favorável para o desenvolvimento de atividades que

promovam associações emotivas em que os alunos em situações variadas

Page 170: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

168

exponham seus estados emocionais, que podem ser positivos ou negativos. Santos

(2000, p. 52) chama a nossa atenção para o fato de que:

se aprendemos a controlar a raiva e procuramos divulgar suas formas de controle na escola, em casa e com os amigos [...] seguramente estaremos contribuindo para um mundo melhor, sem tanta violência.

Segundo os educadores D. e M. Chabot (2005), é fundamental desenvolver a

inteligência emocional no intuito de otimizar todas as emoções que derivam da

alegria, gerar comportamentos orientados para a aproximação e a motivação e

obter, assim, uma série de benefícios em nossas escolas e salas de aula.

Cabe aqui retomar o nosso propósito que, em um primeiro momento, foi

desconstruir a visão dicotômica entre razão e emoção e da superioridade da primeira

sobre a segunda, que confere às emoções pouca ou nenhuma importância no

contexto educacional. Sendo assim, buscamos referências que contribuam para que

enveredemos por novos paradigmas, pois:

Saber ler as emoções dos alunos permite estruturar melhor a relação pedagógica, facilitar a criação de um clima afetivo propício às aprendizagens sem, contudo, nunca perder de vista a concretização das finalidades educativas inerentes ao ato pedagógico. [...] Saber ler e gerir as emoções dos alunos permite regular a disciplina proporcionando, ao mesmo tempo, a criação de um clima empático e o reforço da autoridade docente. (FREIRE et al., 2012, p.10)

Considerações finais

O nosso objetivo é ampliar os olhares para os benefícios de uma visão

sistêmica que integre as dimensões emocional, cognitiva, afetiva e atitudinal no

comportamento humano. Essa perspectiva chama a atenção para sinais de

expressão não verbais, como a postura do corpo, o grau de mobilidade dos

membros em relação ao tronco, animação do rosto, luz dos olhos, inflexão da voz,

tudo isso o professor deve saber ver, deve saber ler no corpo dos seus alunos, pois

são úteis para avaliar o andamento de suas aulas (D. CHABOT e M. CHABOT,

2005). Portanto, é preciso estar atento ao fato de que todo um complexo de sinais se

expressa de algum modo por meio de ações e, para Maturana (2000), não existe

nenhuma ação humana sem uma emoção que a configure como tal e a torne

Page 171: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

169

possível como ato, tanto o pensar como o agir ocorrem no espaço determinado

pelas emoções.

Embora saibamos que a dimensão emocional ainda está distante do

reconhecimento que lhe atribua credibilidade para a inclusão nos cursos de

formação docente e nos currículos escolares, Goleman (1996) nos adverte para a

importância: do autoconhecimento emocional para um melhor reconhecimento e

designação das próprias emoções; do controle das emoções para melhor tolerância

à frustração, controle da ira, menos ofensas verbais, brigas e perturbação de aulas,

menos suspensões e expulsões, menos comportamento agressivo ou autodestrutivo,

mais sentimentos positivos sobre si mesmo, a escola e a família; da capacidade de

lidar com relações para uma maior compreensão e análise dos relacionamentos na

solução de conflitos e negociação de desacordos com menos impulsividade, mais

envolvimento e cooperação com os colegas; de ser emocionalmente educado para

promover maior capacidade de concentrar-se na tarefa imediata e prestar atenção,

objetivando um melhor aproveitamento (GOLEMAN, 1996).

Ante essas considerações, na ausência um planejamento prévio, lidamos com

as demandas emocionais que surgem espontaneamente nas relações de todos os

envolvidos. Nesse contexto, Goleman (1996) sugere que se faça uso das tensões no

momento em que elas acontecem, embora não seja fácil trabalhar aptidões no

campo emocional exatamente no instante em que o indivíduo está menos capaz de

receber novas informações e aprender novos hábitos de resposta.

Segundo Maturana (2002, p.80), é possível mudar uma emoção a partir da

reflexão, pois através da reflexão você a orienta. “Ao fazer esta reflexão, já me

encontro noutra parte. Mas tenho que atrever-me a fazer esta reflexão ou treinar-me

para fazê-la; ou, em outras palavras, tenho que querer fazer a reflexão”.

As salas de aula são ambientes favoráveis à criação de um clima propício à

exploração das diferentes dimensões do ser humano no sentido de catalisar mais

facilmente processos reflexivos, formativos e transformadores, ou seja,

oportunamente, utilizar filmes, jogos educativos e incentivar projetos que estimulem

o desenvolvimento de comportamentos, habilidades e atitudes e que incentivem a

criatividade e o desenvolvimento da consciência crítica e da autonomia (MORAES;

DE LA TORRE, 2002). É preciso que os educandos aprendam a resolver conflitos e

Page 172: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

170

a lidar com ressentimentos, assumindo posturas, e, para isto, eles devem ser

encorajados a pensar por si mesmos e a explorar soluções alternativas.

ATIVIDADE PROPOSTA TENDO COMO REFERÊNCIA O TEXTO-BASE “A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NO CONTEXTO EDUCACIONAL”

Prezado(a) Aluno(a) Considerando a importância do tema para nós, profissionais de educação, vamos

dedicar a nossa primeira atividade a distância ao estudo da INTELIGÊNCIA

EMOCIONAL. A partir de 1995, o psicólogo Daniel Goleman popularizou o termo

inteligência emocional com o fascinante livro que leva o mesmo nome, mostrando

como a emoção pode influenciar a vida das pessoas no sentido de contribuir para o

bom relacionamento interpessoal. Goleman examina questões polêmicas através de

uma viagem pelos labirintos da mente humana e traz o conceito da inteligência

emocional como o maior responsável pelo sucesso ou insucesso das pessoas.

Antes de iniciar a sua pesquisa sobre Inteligência Emocional, para que você possa

se inteirar um pouco mais do tema proposto e desenvolver um trabalho com

qualidade e êxito, leia o resumo sobre a obra do autor que revolucionou o conceito

de inteligência.

AD1: Atividade a Distância

Tomando como referência a sua experiência de vida, a prática e observação como

aluno estagiário no dia a dia da escola parceira, aponte uma situação, tema ou

problema que seja contemplado a partir do conceito de "Inteligência Emocional",

proposto por Goleman, e teça considerações com base em um texto de sua escolha.

Orientações para a elaboração de sua AD1:

_ Capa.

_ Indicação da SITUAÇÃO, TEMA ou PROBLEMA de sua escolha.

_ Identificação da obra (dados bibliográficos do texto que você escolheu para fazer a sua

apreciação ou pode enviá-lo).

_ Descrição da obra (resumo das ideias do autor: 5 ou 6 parágrafos).

_ Apreciação crítica (você vai dialogar com o autor, argumentando como a SITUAÇÃO,

TEMA ou PROBLEMA de sua escolha é avaliada e compreendida a partir do texto lido.

Utilize, em média, 5 ou 6 parágrafos, porém não há um limite estabelecido).

_ Considerações finais (aqui você pode concluir, concordando ou discordando do que foi

dito, mas com opinião fundamentada em algum referencial).

Page 173: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

171

Grade de correção

(Para uso da tutoria a distância)

Aspectos Observados

Linguagem Clareza e articulação das ideias

0,0 0,5 1,0

Correção (ortografia); Adequação (vocabulário)

0,0 0,5 1,0

Desenvolvimento da atividade

Fundamentação (relação estabelecida com os parâmetros propostos)

0,0 1,0 2,0 3,0

Indagações/reflexões (postura crítica)

0,0 1,0 2,0 3,0

Adequação do texto escolhido (objetividade)

0,0 1,0 2,0

Page 174: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

172

APÊNDICE E- Material didático/acadêmico do componente curricular Estágio

Supervisionado do Consórcio CEDERJ

TEXTO-BASE _ TEMA 5: O USO DOS MAPAS CONCEITUAIS PARA UMA

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

Silvia Helena Mousinho

Ementa: O objetivo desse estudo é a utilização dos mapas conceituais como uma alternativa metodológica, visando à inovação e à transformação da prática pedagógica. Desde a apresentação dos mapas conceituais como uma possível estratégia capaz de gerar uma aprendizagem mais significativa, vale ressaltar que a receptividade por parte dos futuros professores tem sido um indicativo positivo no sentido de se buscar viabilizar diferentes abordagens teóricas e práticas na utilização dos mapas conceituais para a construção do conhecimento. A proposta de atividades com o uso de mapas conceituais no curso de formação de professores de Física e Matemática, com os alunos de Estágio Supervisionado dos cursos de licenciatura do Consórcio de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ), surgiu da necessidade de uma prática educativa articulada não só com os conhecimentos específicos, mas que incorporasse a dimensão interdisciplinar. A utilização de mapas conceituais é uma proposta inovadora que implica em uma mudança de paradigma educacional, pois, valoriza durante todo o período de formação docente a importância do diálogo entre as teorias de aprendizagem e as teorias do conhecimento, o que constitui um aspecto potencialmente relevante para o futuro professor.

INTRODUÇÃO

A crise na educação perpassa por todos os níveis de escolarização, e o que

observamos, já há algum tempo, é um ciclo vicioso na busca de pretensas causas

para supostos problemas. O que não temos dúvida é que qualquer mudança só se

configurará efetivamente com a participação do professor. As tecnologias de

informação e comunicação e os ambientes virtuais de aprendizagem são nossos

aliados ao promoverem a interatividade e a mobilização que nos instigam a repensar

as concepções educacionais vigentes.

Aplicado ao ensino de qualquer disciplina, o mapa conceitual é

essencialmente adequado ao contexto multidisciplinar. No Brasil, os estudos sobre

mapas conceituais têm sido aprofundados e divulgados pelos professores Marco

Antônio Moreira no Instituto de Física (UFRGS), Ítalo M. Dutra no Laboratório de

Page 175: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

173

Estudos em Educação a Distância (UFRGS), Professor Romero Tavares

(Departamento de Física e Programa de Pós-Graduação em Educação-UFPB), entre

outros. Podemos também citar o professor Antonio Ontoria Peña na Espanha

(Escola Universitária de Magistério de Córdoba) e, nos Estados Unidos, Novak,

Gowin e Canãs (Florida Institute for Human and Machine Cognition).

Um mapa conceitual pode ser concebido como um instrumento de

metacognição. Etimologicamente, “metacognição significa a cognição da cognição,

isto é, a faculdade de conhecer o próprio pensar” (SALEMA, 1991, p. 52). Desse

modo, como aponta Moreira (2010), ao construir o mapa conceitual, o aluno exercita

a capacidade de síntese, a organização das ideias, a coerência nas relações entre

os conceitos e a formatação estética.

Excepcionalmente, os mapas conceituais se destacam por fazerem parte dos

objetos de aprendizagem que se fundamentam a partir dos conceitos e das bases de

uma teoria de aprendizagem, constituindo-se em recursos facilitadores para uma

aprendizagem mais significativa tanto em ambientes de aula presencial como de

educação a distância. É importante que os futuros professores conheçam os

fundamentos básicos que os qualificam e diferenciam como objetos de

aprendizagem. Embora a Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel (TAS)

seja a base teórica que fundamenta os mapas conceituais, David Ausubel não teve

participação nesse segmento, deixando esse mérito para Novak (1999), que

desenvolveu a utilização dos mapas conceituais como recurso para a organização

da estrutura cognitiva na mente humana.

TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA (TAS) DE

DAVID AUSUBEL

Na Teoria da Aprendizagem Significativa (AUSUBEL, NOVAK e HANESIAN,

1980) o processo de aprendizagem ocorre a partir da aquisição de conceitos e como

eles se organizam na estrutura cognitiva. Os conceitos estão na base do

conhecimento e na essência da compreensão humana, e, por isso, a sua relação

com a aprendizagem significativa (MOREIRA, 2010). Ausubel (1980) define

“conceitos” como objetos, eventos (fatos/acontecimentos), situações ou

propriedades que possuem atributos comuns e que são designados pelo mesmo

Page 176: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

174

símbolo ou signo. Por exemplo, se uma criança conhece por gato apenas o seu

bichinho de estimação, dizemos que ela não possui o conceito de gato, apenas uma

representação de gato. À proporção que ela vai tomando contato com outros

animais, inclusive, com outros gatos, de modo que a palavra gato representa uma

classe de animais que apresenta certas regularidades que a classificam como gatos

ao mesmo tempo que a distinguem das outras classes como a dos cachorros e a

dos pássaros, o sujeito já construiu o conceito de gato, assim como o de cachorro e

o de pássaro (MOREIRA, 2013).

Gerárd Vergnaud (1990, apud MOREIRA, 2010) coloca a conceitualização

como o núcleo do desenvolvimento cognitivo; o sujeito se desenvolve

cognitivamente à medida que conceitualiza. A forma mediante a qual o ser humano

busca significar ou representar a realidade da qual faz parte traduz-se pela

mediação de conceitos, categorias, noções ou simplesmente vocábulos

(FRIGOTTO, 2009).

A Teoria da Aprendizagem Significativa descreve e investiga o processo

cognitivo segundo a perspectiva construtivista de Vygotsky (1987). O enfoque

construtivista enfatiza a construção do novo conhecimento e modos de pensar

mediante a exploração e a vivência efetiva de fatos e ideias, e explicam a

aprendizagem através das trocas que o indivíduo realiza com o meio (PICONEZ).4

Segundo Moreira (2012), a Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel

é uma teoria cognitivista/construtivista. O cognitivismo é uma corrente psicológica

cuja ênfase está na cognição, que é o processo através do qual o indivíduo atribui

significados à realidade. O cognitivismo é uma parte da psicologia que se preocupa

com o processo da compreensão, armazenamento e uso da informação envolvida na

cognição; seu objetivo seria o de identificar os padrões estruturados dessa

transformação (MOREIRA, MASINI, 1982).

Nesse sentido, os primeiros significados dariam origem ao que se poderia

denominar “estrutura cognitiva”, que para Ausubel et al (1980) representa o

conteúdo total e organizado de concepções e ideias de um dado indivíduo; ou, no

contexto da aprendizagem de certos assuntos, refere-se ao conteúdo e organização

de suas ideias naquela área particular de conhecimento. Supondo que a cognição se

dá por construção, chega-se ao construtivismo, quer dizer, o sujeito constrói seu

4 Disponível em: <http://www.geodinamica.com.br/livro-do-professor/mapas_conceituais.pdf> Acesso

em: fev. 2015.

Page 177: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

175

conhecimento ao invés de simplesmente armazenar informações (MOREIRA, 2012).

Desse modo, a aprendizagem é o processo pelo qual se se formam e se

desenvolvem as estruturas cognitivas responsáveis pelo conhecimento, ou seja, pela

compreensão dos significados.

Para que haja aprendizagem com significado são necessárias duas

condições: a predisposição para aprender e a existência de conhecimentos prévios

adequados, especificamente relevantes para o aprendiz, os chamados subsunçores

(MOREIRA, 2012). A ideia principal da teoria de Ausubel (1980, p. 21) é a de que “o

fator isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz

já conhece. Descubra o que ele sabe e baseie nisso os seus ensinamentos”.

Aprender significativamente pressupõe a atribuição de significados pessoais

por parte do aprendiz, e isso implica em reconhecer o componente idiossincrático na

construção do novo conhecimento. Quando não ocorre esse processo, o novo

conhecimento é armazenado de forma arbitrária, sem que haja interação significativa

com a estrutura cognitiva preexistente. No cotidiano escolar, é o que costumamos

chamar de “decoreba”. Ou seja, o conhecimento que foi adquirido não se liga a

conceitos subsunçores específicos ou os subsunçores são pouco elaborados, o que

desfavorece a retenção do conhecimento.

Mas a aprendizagem é um processo dinâmico e complexo, segundo Moreira

(2013), é importante reconhecer que a aprendizagem significativa e a aprendizagem

mecânica (por “decoreba”) não são dicotômicas, mas são extremos de um mesmo

contínuo. Quando as interações entre os conhecimentos prévios, isto é, entre os

subsunçores e os novos conhecimentos não ocorrem com intensidade suficiente

para que haja uma articulação relevante entre eles, a condução do processo de

ensino é que caracterizará a qualidade da aprendizagem.

Grande parte do que ocorre em sala de aula, do que acontece no processo de aprendizagem, situa-se na zona cinza, na zona da progressividade, da aprendizagem pelo erro, da captação de significados. Se o ensino for potencialmente significativo, ou seja, procurando facilitar, promover a aprendizagem significativa, o aluno, se apresentar a necessária intencionalidade, poderá progredir na direção dela. Contrariamente, se o ensino for comportamentalista, treinador para a testagem, para a resposta certa, a aprendizagem estará muito mais voltada para o outro extremo do contínuo, o da aprendizagem mecânica. (MOREIRA, 2013, p.11)

Page 178: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

176

REPRESENTAÇÃO DE UM MAPA CONCEITUAL

Os mapas conceituais nas décadas de 70 e 80 tinham uma tendência à

valorização apenas dos aspectos cognitivos. O mapeamento de conceitos, proposto

por Novak e Gowin (1999), amplia esse universo incorporando aspectos

humanísticos. A aprendizagem é um processo interno e pessoal que forma o aluno

cognitiva e afetivamente. É essencial estar atento para o fato de que ao construir o

seu mapa conceitual, o aluno também revela a sua história de vida, externaliza as

relações estabelecidas no mundo em que vive, expressando a sua compreensão e

interpretação do tema ou assunto abordado de maneira específica e individual. Para

o adolescente, que, ainda rejeita, por imaturidade, o estudo formal, através da

leitura, a sua construção pressupõe uma relação interativa do aluno com o

instrumento escolhido para consulta.

Segundo Moreira (2012, p. 5),

na medida em que os alunos utilizarem mapas conceituais para integrar, reconciliar e diferenciar conceitos, na medida em que usarem esta técnica para analisar artigos, textos, capítulos de livros, romances, experimentos de laboratório, e outros materiais educativos do currículo, eles estarão utilizando o mapeamento conceitual como um recurso de aprendizagem

Em ambientes virtuais de aprendizagem, além de favorecer a aprendizagem

colaborativa, os mapas conceituais desempenham um papel preponderante na

construção de uma aprendizagem mais significativa na medida em que as

informações precisam ser assimiladas para se transformarem em conhecimento.

Para Moreira (1993, p. 33), “a estrutura do conhecimento na mente humana

tende a seguir uma estrutura hierárquica na qual as ideias mais abrangentes incluem

proposições, conceitos e dados menos inclusivos e mais diferenciados”. Sobre essa

questão, Ausubel (2003, p. 166) complementa:

(1) é menos difícil para os seres humanos apreenderem os aspectos diferenciados de um todo, anteriormente apreendido e mais inclusivo, do que formular o todo inclusivo a partir das partes diferenciadas anteriormente aprendidas; (2) a organização que o indivíduo faz do conteúdo de uma determinada disciplina no próprio intelecto consiste numa estrutura hierárquica, onde as ideias mais inclusivas ocupam uma posição no vértice da estrutura e subsumem, progressivamente, as proposições, conceitos e dados factuais menos inclusivos e mais diferenciados.

Page 179: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

177

Durante o processo de construção de um mapa conceitual é importante criar

estratégias para que ao final o mapa seja bem elaborado e esteja bem estruturado.

É importante ressaltar que salvo casos de total falta de senso crítico e compreensão

mínima, não há relevância em se considerar ou classificar um mapa conceitual de

certo ou errado, pois, sendo uma representação do conhecimento, ele se encontra

em permanente processo de construção.

Feitas essas considerações introdutórias sobre aprendizagem significativa e

mapas conceituais, promovemos um fórum de debate, fomentando envolvimento e

participação, para motivar os estagiários a estabelecerem relações sistêmicas entre

os conceitos e conteúdos abordados e as experiências vivenciadas. Nesse fórum,

apresentamos as bases teóricas que fundamentam os mapas conceituais e as

regras para elaborá-lo, mostrando a sua utilização em sala de aula como ferramenta

pedagógica, capaz de propiciar um ensino mais significativo e prazeroso. Um

aspecto relevante que tem surpreendido os estagiários é a possibilidade de

utilização dos mapas conceituais como auxiliar na verificação da aprendizagem e

identificação dos conceitos que não foram compreendidos. A participação no

fórum de discussão também é essencial para a realização da atividade

proposta, ao término desse estudo, que tem como tarefa final a construção de

um mapa conceitual.

ATIVIDADE PROPOSTA TENDO COMO REFERÊNCIA O TEXTO- BASE “O USO DOS MAPAS CONCEITUAIS PARA UMA APRENDIZAGEM

SIGNIFICATIVA” E O FÓRUM DE DISCUSSÃO:

REPRODUÇÃO DE PARTE DO FÓRUM DE DISCUSSÃO NO AVA: “Mapas

Conceituais: organização e representação do conhecimento”, ocorrido no

segundo semestre de 2014.

OBJETIVO: O fórum proposto tem como finalidade apresentar e discutir o uso de

Mapas Conceituais como recurso metodológico e estratégia pedagógica para

favorecer a aprendizagem significativa no cotidiano da sala de aula. O

desenvolvimento dessa atividade, com a inserção gradativa de conceitos e a

abordagem dos conteúdos propostos para debate, culmina com o embasamento

necessário para a construção de um mapa conceitual. A seguir, apresentamos a

introdução ao fórum e a transcrição literal de algumas respostas trocadas no debate.

Ao final, o aluno é solicitado a participar de uma autoavaliação, levando em

Page 180: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

178

consideração que essa atividade pressupõe a aprendizagem e a utilização de

recursos metodológicos específicos.

Apresentação: Prezados Alunos Nos dias atuais, ficamos perplexos diante da diversidade e da quantidade de informações que norteiam nossas vidas. Quais selecionar e "como transformar estas informações em conhecimento? Como buscar, utilizar e estudar estas informações, através de mecanismos de didática para que o aluno construa seu conhecimento?"5 Esse questionamento da professora Gilda Helena B. de Campos (coordenadora técnica de EAD da PUC do Rio de Janeiro) é, sem dúvida, comum a todos nós, professores. O fórum “Mapas Conceituais: organização e representação do conhecimento” é uma prévia para a nossa próxima atividade, que será a construção de um mapa conceitual sobre um tema determinado. É essencial que você leia, antes de dar a sua contribuição, os textos “O papel do professor na promoção da aprendizagem significativa”6 e “Mapas conceituais Ausubel, Novak e outros”7. Para alavancar o nosso fórum, vamos começar com as seguintes questões:

Qual a sua experiência com relação ao uso de Mapas Conceituais?

O que você pensa sobre o uso de Mapas Conceituais como estratégia para favorecer a aprendizagem no cotidiano de nossa sala de aula? (Antes de responder, leia as instruções)

Mapas conceituais como recurso na aprendizagem por G.B. - UFRJ – F1 - DCA -

quarta, 17 setembro 2014, 18:18

Prezados, Vejam se entendi a aplicação dos mapas conceituais na aprendizagem: -Seleciono palavras ou conceitos que julgar importante para o conteúdo em questão. -Aproveitando o conhecimento prévio que cada aluno pode ter ou não, tento construir o significado de cada palavra ou conceito selecionado. -Começo com os temas mais simples e vou construindo aos poucos os mais complexos. -Centrar as discussões nos alunos e procurar promover a interação entre ambos. Qualquer ajuda para clarear aminha mente eu agradeço.

Mapas conceituais como recurso na aprendizagem

por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - quinta, 18

setembro 2014, 02:28

Olá, G.B., você está abrindo o nosso fórum. É provável que você e seus colegas estejam tendo o primeiro contato com o uso do Mapa Conceitual como alternativa metodológica na aprendizagem aqui nesse fórum. Eu propus a leitura de alguns textos, como: “O papel do professor na

5 Disponível em: <http://www.ead.sp.senac.br/newsletter/julho05/entrevista/entrevista.htm>. Acesso

em: fev. 2015. 6 Disponível em: <http://juliofurtado.com.br/papeldoprof.pdf>. Acesso em: fev. 2015. 7 Disponível em: <http://www.neaad.ufes.br/subsite/psicologia/obs08ausubel.htm>. Acesso em: fev.

2015.

Page 181: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

179

Aprendizagem Significativa” e “Mapas conceituais Ausubel, Novak e outros” para que pudéssemos polemizar melhor. O Mapa Conceitual é uma ferramenta de aprendizagem extremamente útil para organizar e representar o conhecimento, principalmente porque leva o aluno a refletir e a interpretar o que lê. E para nós, professores, os Mapas Conceituais podem constituir-se em poderosos auxiliares nas tarefas rotineiras, tais como, ensinar novos tópicos, reforçar a compreensão, identificar conceitos mal compreendidos e avaliar qualitativamente os conhecimentos do aluno (MOREIRA, 2013). Durante o processo de construção de um Mapa Conceitual, o aluno exercita sua capacidade de estabelecer pontes entre os conhecimentos que já tem e os adquiridos no decorrer do processo (MOREIRA, 2013). Em algumas disciplinas, como Física e Matemática, os alunos são alvo do velho chavão “falta de base”. O Mapa Conceitual desempenha um papel essencial sobre esse aspecto por facilitar o confronto com o conhecimento prévio, necessário para desenvolver determinados conteúdos subsequentes. Quando o professor trabalha com o ensino fundamental, é necessário cautela. É preciso exemplificar para que o aluno compreenda o significado dos termos utilizados, como “conceito” e “frases de ligação”. Por isso, é interessante que os primeiros Mapas Conceituais sejam construídos em dupla e com a supervisão do professor para que os alunos se familiarizem com a metodologia. No início da atividade, o professor pode dar algumas dicas do que relacionar, por exemplo: o que é; de onde vem; do que é composto; o que fazemos com; o que me lembra etc. Também é importante o incentivo de confecção dos mapas em cartolinas, por exemplo, e do uso de canetas hidrográficas, valorizando a apresentação e a estética.

Para que possamos continuar, é necessário que:

Observem atentamente o Mapa Conceitual (sobre Mapas Conceituais)

a seguir, no formato de imagem (JPEG).

Figura 1: Mapa conceitual sobre mapa conceitual

Fonte: elaboração da pesquisadora usando CMapTools

Page 182: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

180

Assistam aos vídeos: “Mapa conceitual no Word”8 (sobre a construção

de mapas conceituais usando o Word) e “Como fazer mapas

conceituais”9 (sobre a construção de um mapa conceitual durante uma

aula).

Até!

Mapas conceituais como recurso na aprendizagem por G.B. - UFRJ – F1 - DCA - sexta, 19 setembro 2014, 16:03 Prezada, Vou escolher um tema de física e montar um mapa conceitual. Veja se poderia ser desta forma: - tema principal -segundo grau de hierarquia: os conceitos prévios necessários - cada conceito necessário seria definido ou citado numa caixa - ligação de todos os subitens ao conceito principal - numa outra etapa: conceitos novos que serão estudados - finalizando com o objetivo a ser alcançado. Grato.

Mapas conceituais como recurso na aprendizagem por F. N. - UNIRIO – M1 -

MAG - sábado, 20 setembro 2014, 14:06 Essa estratégia facilitadora é flexível, ou seja, não existe um modelo, e pode ser usada em diversas situações, tais como: o Técnica didática; o Recurso de Aprendizagem; o Meio de Avaliação; o Outros.

Seu uso e estratégias desenvolvidas nas salas de aula permitem gerar expressivas mudanças nas atividades educacionais contribuindo na construção de situações de aprendizagem dinâmicas, colaborativas e integradas.

Mapas conceituais como recurso na aprendizagem por C. L. - UFRJ – F2 - NIG-

sábado, 20 setembro 2014, 21:57 Boa noite Professora e colegas, Didaticamente não tenho nenhuma experiência com mapas conceituais, até porque não comecei a dar aulas em colégios. O objetivo do mapa conceitual no processo de aprendizagem ficou claro para mim. Ele procura mostrar em uma única visão todos os aspectos e temas menores acerca de um tema maior, mostrando de forma sintética e clara a relação entre estes diversos temas. A construção de um mapa conceitual é parecida com a construção de um mapa geográfico, onde temos lugares e caminhos que conectam de alguma forma estes lugares. Os lugares são conceitos, temas principais ou secundários e as vias são as relações que cada tema guarda entre si. No mapa conceitual, os conceitos são colocados em "box" onde são resumidamente mostrados e as relações podem ser indicadas através de linhas com setas. No meio das linhas, geralmente um verbo ou expressão mínima indica o tipo de relação que um conceito tem com um outro conceito. A hierarquia dos conceitos geralmente é indicada pela posição (quanto

8 Disponível em: <http://youtu.be/uNTmzkQ5HTo>. Acesso em: mar. 2015. 9 Disponível em: <https://youtu.be/ROL0KsTOLi8>. Acesso em: mar. 2015.

Page 183: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

181

mais acima, mais abrangente é o conceito). Ao conjunto: conceito + relação + conceito dá-se o nome de proposição. Logo, um mapa conceitual é composto de diversas proposições. Os mapas conceituais podem ser utilizados com diversas funções no processo de aprendizagem: - Instrução: é quando se utiliza o mapa para passar instruções de atividades de forma estruturada, onde os diversos passos são relacionados. - Organizador prévio: presente na teoria da aprendizagem significativa de Ausubel, ele estabelece uma ponte entre os conhecimentos prévios adquiridos pelos alunos (empíricos ou estudados) com novos temas. - Desenvolvimento dos conteúdos: parte do pressuposto que o conhecimento não é uma coisa estática e sim dinâmica. Ao apresentar um mapa inicial (organizador prévio) e, no decorrer do desenvolvimento de outros temas, novas conexões são realizadas, ou até antigas conexões são refeitas, em um trabalho conjunto (professor e alunos), estamos produzindo mudanças na estrutura cognitiva dos alunos e ensinando-os o ato de construir e reconstruir. - Síntese dos conteúdos: ao final do processo de aprendizado de uma série de conteúdos interligados, o mapa dá uma panorâmica de todos eles, apresentando assim um resumo esquemático. - Análise crítico- reflexiva: o mapa pode ser utilizado para análise dos conceitos e de seus relacionamentos, onde o professor pode questioná-los, provocar o erro, discutir os conceitos, de forma a levar os alunos a pensar de forma crítico- reflexiva. Outras finalidades certamente existem e, para cada professor: o céu é o limite! Mapas conceituais como recurso na aprendizagem por J.L. - UNIRIO – M2 - PET - domingo, 21 setembro 2014, 21:57 Boa noite, professora Silvia e colegas. Devo confessar que não tive até o momento, qualquer experiência com o uso de mapas conceituais, como aluno nem como professor; porém diante do conteúdo exposto, pude constatar a validade desta prática.

Mapas conceituais como recurso na aprendizagem por I. A. - UFF – M3 - PIR -

domingo, 21 setembro 2014, 09:38 Minha experiência com mapas conceituais é bem remota, fiz alguns estudando para concurso. Usar tal ferramenta como estratégia de aprendizado é bem pertinente e acredito que seja eficaz, mas, deve ser amadurecido pelo professor antes de passar para os alunos. Não vejo nos estágios professores utilizando tal ferramenta e creio essa é uma excelente oportunidade de aprender a manipulá-la.

Contribuições do mapa conceitual na aprendizagem

por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - segunda, 22

setembro 2014, 00:04 Olá, Caros Alunos Estou gostando muito da participação de todos vocês. Vamos lembrar os “Passos para a construção de um mapa de conceitos” que se encontram no texto “Mapas Conceituais Ausubel, Novak e outros” (em anexo):

Anotar os principais termos ou conceitos acerca do tópico

Identificar os conceitos mais gerais, os intermédios e os específicos

Começar a construir o mapa de conceitos

Os conceitos são contornados com um círculo (oval ou outra forma)

Localizar o conceito mais geral no topo

Page 184: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

182

Colocar os conceitos intermédios abaixo do geral e os específicos abaixo dos intermédios

Traçar as linhas de ligação entre os conceitos

"Etiquetar" as linhas de ligação com as palavras de ligação para indicar como os conceitos estão relacionados - proposições

Inicialmente, quero chamar a atenção para um dos aspectos mais importantes para nós, professores, que é a possibilidade de acompanhar o desenvolvimento do aluno, no processo de construção do conhecimento, com a elaboração dos Mapas Conceituais. Para o professor de Física Marco Moreira, o mapa conceitual é um recurso que contribui para uma aprendizagem significativa, da qual falaremos mais adiante. Vejamos a construção de um Mapa Conceitual, por exemplo, sobre a “BANANA”, usando o CmapTools, um software do qual também falaremos mais tarde. No topo da tela do mapa, o aluno coloca o conceito selecionado. Geralmente, a construção inicial de um mapa começa com frases de ligações que representam aspectos observáveis, contendo verbos: “é”, “tem”, “possuem”, entre outros. Inicia-se com uma concepção simples. Ex. banana – é – amarela e o Mapa Conceitual pode assumir a seguinte estrutura:

Figura 2- Exemplo de mapa conceitual simples

Fonte: Fonte: Seminário PIBID – sobre CMapTools 10

A intervenção do professor é essencialmente importante. Nesse momento, ele pode propor atividades relacionadas ao conteúdo, como pesquisas na internet e outras fontes, com o objetivo de ampliar os conhecimentos do aluno sobre o tema. A partir daí, o aluno terá condições de reestruturar o seu Mapa Conceitual, refazendo as frases de ligações e as associações entre os conceitos. Veja um exemplo de como seria esse Mapa Conceitual mais elaborado e estruturado.

10 Disponível em: <http://image.slidesharecdn.com/seminrio-cmaptoolsuece-141214150815-conversion-gate01/95/seminrio-pibid-sobre-cmap-toolsuece-11-638.jpg?cb=1418570441>. Acesso em: mar. 2015.

Page 185: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

183

Figura 3- Exemplo de mapa conceitual estruturado

Fonte: Fonte: Seminário PIBID – sobre CMapTools 11

Ao escolhermos um conceito para confeccionar um Mapa Conceitual, iniciamos a sua elaboração a partir dos conceitos mais inclusivos, relacionados ao tema, para os menos inclusivos. Vou dar um exemplo: vamos supor que você queira construir um Mapa Conceitual sobre ENERGIA. Para iniciar o seu mapa, você deve conceituar energia, falar das formas e transformações da energia, pode apresentar relações matemáticas que permitem o cálculo das trocas de alguma forma de energia em um determinado sistema, falar dos recursos energéticos etc. Se o Mapa Conceitual for sobre ENERGIA MECÂNICA, que é um conceito inclusivo do mapa anterior, este passa a ser o seu conceito principal. É aí que nós, professores, temos o Mapa Conceitual a nosso favor, também como um grande aliado no processo avaliativo. O aluno que não conceituou ENERGIA, certamente terá dificuldade e mostrará isto quando elaborar o seu mapa sobre ENERGIA MECÂNICA, pois ENERGIA é um conceito prévio, necessário para compreender ENERGIA MECÂNICA. Um abraço a todos.

Contribuições do mapa conceitual na aprendizagem por G.B. - UFRJ – F1 - DCA - quarta, 24 setembro 2014, 13:47 Para elaborar o mapa sempre temos que ter uma boa noção do que já foi aprendido anteriormente?

Contribuições do mapa conceitual na aprendizagem por T. P. - UFF – M5 - NIG - quinta, 24 setembro 2014, 20:26 G., acredito que para fazer um mapa conceitual é preciso saber os conceitos principais do tema, mas não é necessário saber todos os detalhes da matéria, por isso que esta técnica torna-se tão interessante para ser realizada com os alunos, quando eles ainda não sabem com profundidade sobre o assunto. Mostra a eles que para iniciar um estudo é preciso ser objetivo para depois se chegar a um nível de detalhamento maior.

Alguns exemplos de mapas conceituais

11 Disponível em: <http://i69.servimg.com/u/f69/13/99/23/69/mapa_e10.jpg>. Acesso em: mar. 2015.

Page 186: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

184

por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - quarta, 24

setembro 2014, 22:58 Olá, Meus Queridos O Mapa Conceitual é uma representação gráfica de um conjunto de conceitos construídos e organizados de tal forma que as relações entre eles sejam evidentes. Os Mapas Conceituais são utilizados para auxiliar a ordenação e a sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino, servindo como instrumento para facilitar uma aprendizagem significativa. (MOREIRA, 2013) Aproveito a oportunidade para esclarecer uma dúvida comum que é sobre o fluxograma, que costuma ser usado para designar uma representação gráfica de um determinado processo ou fluxo de trabalho, com o objetivo de facilitar a compreensão de forma rápida e fácil da transição de informações ou os passos necessários para a execução do referido trabalho. O que quero dizer é que o fluxograma pode ser, por exemplo, apenas um passo-a-passo de um “dia de domingo”. Os mapas conceituais se distinguem estruturalmente desse modelo. É importante chamar a atenção para o fato de que Mapas Conceituais sobre um mesmo conceito, elaborado por pessoas distintas, costumam ser expressos de maneiras distintas sem que isto implique em um mapa correto e outro não. Aliás, essa é uma característica dessa ferramenta, pois essa liberdade de expressão valoriza e estimula a criatividade. Vejam o exemplo, que mostra mais um Mapa Conceitual sobre “mapas conceituais”.

Figura 4- Exemplo de mapa conceitual

Fonte: WEBEDUC12.

Um abraço a todos

Alguns exemplos de mapas conceituais

por R. T. - UFF – M6 - ARE - sexta, 26 setembro 2014, 22:16

12 Disponível em: <https://webeduc.files.wordpress.com/2011/05/mapa_conceitual.jpg>. Acesso em: mar. 2015.

Page 187: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

185

Minha experiência era em relação a organização de meus estudos. Embora eu não soubesse dar os nomes técnicos, mas já fazia mapas conceituais para organizar meus estudos. Também faço palestras e em muitas ocasiões, por falta de tempo para elaborar um texto, uso dessa técnica para me "socorrer" em ocasiões em que sou pega de surpresa. Mas sempre foi uma produção manual. Nunca havia feito um Mapa Conceitual em computador, usando um programa adequado. Esta foi a minha primeira vez. Gostei bastante, apesar de que fiquei nervosa pela necessidade de ter que aprender muito rápido a usar o programa. Percebi que quanto maior habilidade em organizar os conceitos e também as frases de ligação, melhor será a compreensão do assunto abordado no Mapa. Penso que este recurso pode muito ajudar a criar mecanismos mentais para se guardar o conhecimento abordado e levá-los a uma aprendizagem, de fato, significativa.

Os Subsunçores

por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - sábado, 27

setembro 2014, 18:30

Olá, Queridos Alunos e Alunas! É isso mesmo. À proporção que vamos elaborando o nosso mapa conceitual, vamos aprofundando os nossos conhecimentos. Vamos avançar mais um pouquinho e nos enriquecer com algumas informações que são bastante importantes para nós no exercício de nossa profissão. Como já foi dito, os Mapas Conceituais estão fundamentados na Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel (Ausubel et al., 1978, 1980) e na construção do conhecimento e interação social de Vygotsky (1987).A aprendizagem é dita significativa quando uma nova informação (conceito, ideia, proposição) adquire significados para o aprendiz através de uma espécie de “ancoragem” em aspectos relevantes da estrutura cognitiva preexistente do indivíduo, isto é, em conceitos, ideias, proposições já existentes em sua estrutura de conhecimentos (ou de significados) com determinado grau de clareza, estabilidade e diferenciação. (MOREIRA, 2013) Esses aspectos relevantes da estrutura cognitiva que servem de “ancoradouro” para a nova informação são chamados de “subsunçores” (MOREIRA, 2013). Para o professor de Física, Marco Moreira (1999), os Mapas Conceituais têm o “poder” de estruturar o pensamento do aluno, por comparações a modelos ou mesmo por organizações de estratégias por parte do educador que permitam ao estudante entender como ele “precisa” pensar. O Mapa Conceitual pode contribuir, significativamente, para que os conteúdos de disciplinas tidas como áridas, como a Matemática, Química e Física assumam uma nova interpretação e compreensão. Vejam, por exemplo, o mapa conceitual sobre ANÁLISE COMBINATÓRIA, elaborado pela aluna Nenina. Como vocês ainda não têm o software CMapTools, utilizado para confeccionar esses mapas, eles são imagens dos referidos mapas.

Page 188: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

186

Figura 5: Mapa conceitual “Análise Combinatória”

Fonte: Nenina M. P. Junqueira - CEDERJ – 2013-1 – estagiária do curso de Matemática – Resende (usando o CMapTools)

Page 189: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

187

ATENÇÃO: Em seguida, abordaremos o software CMapTools. Assistam aos vídeos: Como instalar o CMapTools13 e Mapas conceituais e o CMapTools14. O software CMapTools é pequeno (80, 90 Mb) e o download é grátis. Vale a pena conferir! Aí vai: http://cmaptools.softonic.com.br/download Alguns mapas, elaborados no CMapTools, só serão visualizados integralmente, com todos os recursos, para quem tiver baixado o software.

ATENÇÃO: ATIVIDADE PROPOSTA PARA AVALIAÇÃO!

Os Subsunçores

por C. C. - UFF – M4 - ARE - domingo, 28 setembro 2014, 16:00

Boa tarde, professora e colegas de disciplina. Sou aluno de Licenciatura em matemática do polo de Angra dos Reis, e estou no 8º e último período. Eu já trabalhei com Mapa Conceitual na posição de aluno, em um curso de montagem e manutenção de Microcomputadores, e posso lhes dizer que foi a melhor alternativa encontrada para aprender os mecanismos e organização na hora de desmontar e consertar estes. Cada passo a ser feito era bem explicado e interligado aos conceitos específicos de cada parte intermediária do assunto principal do Mapa Conceitual (Manutenção do Micro). Na situação de educador, também já utilizei algumas vezes, na posição de Monitor de Matemática do Programa Mais Educação em um Colégio da Rede Estadual. Essa experiência foi ótima, pois trabalhei no reforço escolar de conceitos de frações e suas propriedades, aqui pude exemplificar cada propriedade como um nível específico dos intermediários do mapa em si, fiz todo o processo na lousa e solicitei

13 Disponível em: <http://youtu.be/LiSaVWWEp4o>. Acesso em: mar. 2015. 14 Disponível em: <http://youtu.be/9W_lo8-TszI>. Acesso em: mar. 2015.

A atividade proposta para a AD2 (segunda avaliação

a distância) é a CONFECÇÃO DE UM MAPA

CONCEITUAL.

Vocês poderão escolher UM entre 3 (três) temas

sugeridos, conforme abaixo:

OPÇÕES DE TEMAS PARA OS ALUNOS DE FÍSICA:

1) LEIS DE NEWTON

2) FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA

3) INTERDISCIPLINARIDADE

OPÇÕES DE TEMAS PARA OS ALUNOS DE

MATEMÁTICA:

1) TEOREMA DE PITÁGORAS E SUAS APLICAÇÕES

2) PRISMAS

3) PROPORCIONALIDADE

BOM TRABALHO!

Page 190: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

188

que os alunos copiassem, para que mais à frente, na resolução de exercícios sobre o assunto, pudessem consultar tal mapa e identificar que método seria melhor aplicado na questão. Assim, concluo que a utilização de Mapas Conceituais é muito bem vinda, à medida que o educador organize o mesmo baseado nas características dos alunos.

Os Subsunçores

por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - quarta, 1

outubro 2014, 18:50 Oi, C.C., que bom que você já conhece e a sua experiência com mapas conceituais é bem sucedida. Vamos continuar a nossa discussão e se puder usar os mapas conceituais na escola parceira durante o estágio, compartilhe conosco o seu trabalho.

Os Subsunçores

por L. E. - UFF – M7 - NIG - quarta, 1 outubro 2014, 19:00 Olá, não sei se serei de grande ajuda, pois nunca usei mapas conceituais para ensinar, mas eu já os uso há algum tempo para organizar as minhas ideias sobre um assunto. Aprendi a fazê-los em um cursinho preparatório para vestibular. Então professora, veja se estou certo. Para matérias que são cumulativas (uma grande quantidade em Matemática), poderíamos adicionar a cada aula novas conexões em um mesmo mapa conceitual, adicionando os novos conceitos e, proporcionando desta forma uma visão macro das informações e conceitos.

Os Subsunçores

por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - quinta, 2

outubro 2014, 07:06

Oi. L. E. é isso mesmo.

Os Subsunçores

por T. P. - UFF – M5 - NIG - quinta, 2 outubro 2014, 20:22 Após a leitura da literatura sobre mapas conceituais disponibilizada na disciplina de Estágio Supervisionado IV, estou iniciando a confecção de um sobre o tema de Cilindros. Comecei este trabalho rascunhando-o no papel e com o uso de caneta hidrocor para diferenciar os conceitos, as frases de ligação (proposições). Isto fiz, a partir de uma pesquisa ao livro didático do terceiro do ano do ensino médio de Matemática. Este tema no livro possui 10 páginas. Consegui resumir numa folha os conceitos principais relacionados a matéria. Apesar do meu domínio sobre a matéria, percebi que a pesquisa me auxiliou a fazer um mapa conceitual mais amplo. E acredito que posso aplicar esta técnica também com meus futuros alunos.

Os Subsunçores

por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - quinta, 2

outubro 2014, 11:07

Excelente! A ideia é essa, T. P. Muito bom.

Os Subsunçores

por T. P. Aluno(a) - UFF – M5 - NIG - quinta, 2 outubro 2014, 11:32 Assim como o L. E., utilizo a estrutura dos mapas conceituais para estudar. Isto vale tanto para as disciplinas da Matemática quanto para disciplinas mais conceituais, como Pedagogia. Estes esquemas me ajudam a ter uma visão geral da matéria e me auxilia na síntese do conteúdo. Para ensinar, também utilizo os mapas conceituais. No sétimo ano do ensino fundamental na Escola Municipal que faço estágio, quando ensinei sobre operações com sistemas de equação do 1º grau, expliquei que eles poderiam resolvê-los por meio de dois métodos e que cada método apresentava

Page 191: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

189

suas técnicas específicas. Para isso, utilizei a ferramenta do mapa conceitual para tornar o aprendizado destas técnicas mais visual e dinâmico e isto interessou bastante aos alunos.

Os Subsunçores

por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - sexta, 3

outubro 2014, 12:02 Oi, T. P., já conheci alguns alunos que como você e o L. E. utilizam os mapas conceituais para estudo, inclusive, com relatos de experiência em que obtiveram significativa melhora no rendimento. Acho muito enriquecedor desenvolver essa prática com os alunos no ensino fundamental porque cria o hábito de pesquisar desde cedo.

Os Subsunçores

por C. J. - UFRJ – F3 - NIG - sexta, 3 outubro 2014, 21:16 Estou aproveitando mais este compartilhamento de experiências e montando um mapa para o 3.o ano sobre "eletricidade", a ser utilizado na turma de estágio. Um abraço a todos.

Os Subsunçores

por G.B. - UFRJ – F1 - DCA - sexta, 3 outubro 2014, 22:21 OK. Depois de me assustar no início, acho que já uso esta ferramenta há algum tempo e não sabia que poderia ser montado um mapa conceitual. Grato, bom dia. CMAPTOOLS

por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - sábado, 4 outubro 2014, 12:11

Olá para todos! Como vocês assistiram nos vídeos, o CMapTools é um programa que permite elaborar graficamente Mapas Conceituais. Utilizando o software CmapTools, que pode ser encontrado na internet com download gratuito, os seus pensamentos ganham forma. O CMapTools ainda possui uma boa interação com a internet. Ao se construir um Mapa Conceitual usando o CMapTools online, nós podemos utilizar inúmeros recursos para ilustrar os conceitos. Esses recursos de multimídia podem ser desde figuras, vídeos, textos, links até outros mapas dentro do mapa principal, que nós não aprofundaremos no momento. Atualmente, a maioria das escolas possui uma sala de informática com acesso à internet. Sob uma visão construtivista, o CMapTools é uma oportunidade para criar um ambiente interativo, através da elaboração de um Mapa Conceitual sobre determinado assunto com a participação de todos, visando à aprendizagem colaborativa. Vejam o mapa conceitual, em anexo, que confeccionei com o CMapTools, mas salvo em formato de imagem JPEG, como temos feito até o momento. Observem a riqueza e a diversidade de recursos de que podemos dispor para enriquecer o nosso mapa. Abraços.

Page 192: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

190

Figura 6: Mapas conceituais na Educação

Fonte: elaborado pela pesquisadora usando o CmapTools

Mapas conceituais para uma Aprendizagem Significativa

por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - domingo, 5

outubro 2014, 20:04 MAPAS CONCEITUAIS PARA UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA Os Mapas Conceituais não valorizam apenas os aspectos cognitivos, ampliam esse universo auxiliando na integração dos aspectos humanísticos. É importante mencionar que o Mapa Conceitual também pode expressar emoções e sentimentos, revelando atitudes e posturas assumidas diante de questões propostas ou fatos ocorridos. Aproveito o nosso fórum para transcrever algumas considerações importantes do professor Marco Moreira, que devemos ter como referência básica para a compreensão do uso dos Mapas Conceituais: “Na aprendizagem significativa há uma interação entre o novo conhecimento e o já existente, na qual ambos se modificam. À medida que o conhecimento prévio serve de base para a atribuição de significados à nova informação, ele também se modifica, i.e., os subsunçores vão adquirindo novos significados, se tornando mais diferenciados, mais estáveis. Novos subsunçores vão se formando; subsunçores vão interagindo entre si. A estrutura cognitiva está constantemente se reestruturando durante a aprendizagem significativa." (MOREIRA, 2012, p.5) Cabe aqui questionar

Page 193: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

191

onde fica a “falta de base”, utilizadapor muitos de nós, quando o aluno não demonstra conhecimento sobre determinado conteúdo. Onde ficam “os subsunçores”? Para Moreira (2012, p.6), “aprender significativamente implica atribuir significados e estes têm sempre componentes pessoais. Aprendizagem sem atribuição de significados pessoais, sem relação com o conhecimento preexistente, é mecânica, não significativa. Na aprendizagem mecânica, o novo conhecimento é armazenado de maneira arbitrária e literal na mente do indivíduo. O que não significa que esse conhecimento é armazenado em um vácuo cognitivo, mas sim que ele não interage significativamente com a estrutura cognitiva preexistente, não adquire significados. Durante um certo período de tempo, a pessoa é inclusive capaz de reproduzir o que foi aprendido mecanicamente, mas não significa nada para ela”. Segundo Ausubel, um modo estratégico de manipular a estrutura cognitiva de modo a favorecer a aprendizagem significativa é o uso dos organizadores prévios, os quais devem servir de âncora para a nova aprendizagem, levando ao desenvolvimento de conceitos subsunçores que facilitem a aprendizagem subsequente (MOREIRA, MASINI, 1982). Esses organizadores prévios são materiais introdutórios que funcionam como “pontes cognitivas” entre o conhecimento prévio do aprendiz e o campo conceitual que se pretende que ele aprenda significativamente; portanto, é essencial que eles sejam apresentados de modo familiar ao aluno, no início das tarefas de aprendizagem, permitindo ao aluno o aproveitamento das características de um subsunçor como, por exemplo, identificar o conteúdo relevante na estrutura cognitiva e explicar a relevância desse conteúdo para a aprendizagem do novo material (MOREIRA, MASINI, 1982). A principal função dos organizadores prévios é a de mostrar ao sujeito a relação existente entre o conhecimento que ele já tem e os novos que irá adquirir, cabendo apontar que é difícil determinar se um material ou atividade pode ser classificado como organizador prévio, pois a escolha dentre filmes, discussões, dramatizações etc. dependerá de diversos fatores como o nível de desenvolvimento cognitivo do aprendiz, a natureza do material de aprendizagem e seu grau de familiaridade prévio com a tarefa de aprendizagem (MOREIRA, MASINI, 1982). Dois processos importantes, que merecem destaque, ocorrem durante a aprendizagem significativa: diferenciação progressiva e reconciliação integrativa. Moreira (2012) conceituou esses dois processos de modo claro e didático. Diferenciação progressiva: “no curso da aprendizagem significativa, os conceitos que interagem com o novo conhecimento e servem de base para a atribuição de novos significados vão também se modificando em função dessa interação, i.e., vão adquirindo novos significados e se diferenciando progressivamente. Imagine-se o conceito de “conservação”; sua aquisição diferenciada em ciências é progressiva: à medida que o aprendiz vai aprendendo significativamente o que é conservação da energia, conservação da carga elétrica, conservação da quantidade de movimento, o subsunçor “conservação” vai se tornando cada vez mais elaborado, mais diferenciado, mais capaz de servir de âncora para a atribuição de significados a novos conhecimentos. Este processo característico da dinâmica da estrutura cognitiva chama-se diferenciação progressiva.” (MOREIRA, 2012, p.6) Reconciliação integrativa: “outro processo que ocorre no curso da aprendizagem significativa é o estabelecimento de relações entre ideias, conceitos, proposições já estabelecidas na estrutura cognitiva, i.e., relações entre subsunçores. É o que ocorreria, por exemplo, se o aluno tivesse conceitos de campo elétrico e magnético claros e estáveis na estrutura cognitiva, os percebesse intimamente relacionados e

Page 194: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

192

reorganizasse seus significados de modo a vê-los como manifestações de um conceito mais abrangente, o de campo eletromagnético. Essa recombinação de elementos, essa reorganização cognitiva, esse tipo de relação significativa, é referido como reconciliação integrativa” (MOREIRA, 2012, p.6). Não é difícil perceber a relação existente entre esses dois processos, pois como aponta Moreira (2012, p.6): ”toda aprendizagem que resultar em reconciliação integrativa resultará também em diferenciação progressiva adicional de conceitos e proposições. A reconciliação integrativa é uma forma de diferenciação progressiva da estrutura cognitiva. É um processo cujo resultado é o explícito delineamento de diferenças e similaridades entre ideias relacionadas”. Vale a pena assistir ao vídeo sobre Aprendizagem Significativa (Curso-Aprendizagem Significativa- Mapas conceituais15) e ler o texto “TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA SEGUNDO AUSUBEL16” de Adriana Pellizari (et al).

Mapas conceituais para uma Aprendizagem Significativa por F. N. - UNIRIO – M1 - MAG - segunda, 6 outubro 2014, 15:28 Olá Professora, Instalei o Cmap Tools. Bem mais fácil que trabalhar no Word. Mas estou com problemas na inserção de figuras. Como devo proceder? Como adicionar arquivos no seu mapa conceitual por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - segunda, 6 outubro 2014, 20:25 Olá, meus queridos Aproveito para compartilhar com vocês o pedido do F.N. sobre como enriquecermos o mapa conceitual com a adição de arquivos. Vejamos: 1. Você seleciona (clica) o conceito ao qual deseja adicionar o arquivo (texto, figura, vídeo etc.) 2. Vá para Editar no seu mapa e escolha adicionar& editar links para recursos ou endereços para web 3. Ao entrar nessa página, escolha o arquivo que deseja e clique em adicionar. 4. O arquivo está pronto para uso no seu mapa.

Como adicionar arquivos no seu mapa conceitual por F. N. - UNIRIO – M1 -

MAG - terça, 7 outubro 2014, 07:24

Bom dia Professora Silvia Helena, Muito obrigado pela ajuda. Consegui adicionar as figuras aos conceitos. Mas não consigo visualizá-las no mapa. Existe o link da figura mas não abre. Abre-se uma outra janela (visualização - Mapas Conceituais) contendo as figuras. É assim mesmo? Não ficaria mais interessante se a figura aparecesse no próprio mapa? Grato pela atenção.

Como adicionar arquivos no seu mapa conceitual por Silvia Helena Do Amaral

Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - terça, 7 outubro 2014, 22:31 Oi, F.N., vou mostrar uma outra opção para a exibição de figuras. Veja o tópico sobre acrescentando figuras. Acrescentando figuras

15 Disponível em: <https://youtu.be/NpgE1HQZ78Y>. Acesso em: mar. 2015. 16 Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000012381.pdf>. Acesso

em: mar. 2015.

Page 195: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

193

por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - quarta, 8

outubro 2014, 01:06 Olá, meus queridos Nós podemos acrescentar figuras ao nosso mapa conceitual e ela pode ser visualizada de duas maneiras: 1. A figura no formato de arquivo Você precisa clicar para abrir uma janela para que ela apareça. Já descrevi antes como postá-la. Marque o conceito no qual ela deve ser inserida, depois vá até Editar no seu mapa e clique Adicionar&Editar Links para Recursos, selecione a figura e adicione à lista, finalmente, clique em atualizar e ela estará fixada no conceito escolhido. Outro modo: Reduza o mapa e arraste a figura para o conceito escolhido, quando aparecer a página Editar Link para Recurso, clique em ok. 2. A figura explícita no mapa Você cria um conceito e aumenta até o tamanho desejado. Vá em Formatar no seu mapa e clique em Estilos. Nessa janela, clique em objeto e, em seguida, imagem de fundo. Na janela Escolher Pano de Fundo só aparecem as imagens que você editou, isto é, você precisa editar antes as imagens que quiser utilizar (veja no item 1, adicionar links&recursos). Acrescentando figuras por I. A. - UFF – M3 - PIR - quinta, 9 outubro 2014, 08:16 Pesquisando sobre os mapas mentais, pude perceber que é uma ferramenta muito utilizada na área de concursos, em coaching, são vendidos livros sobre o assunto e não é algo novo, porém, em escolas nunca vi sendo usado, principalmente em matemática. É uma boa hora para começar a desenvolver tal conceito, usando um recurso que usa a ligação dos temas para que haja um melhor aprendizado. Acrescentando figuras por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - quinta, 9 outubro 2014, 12:52 Oi, I.A., os mapas mentais também são interessantes na construção e organização do conhecimento, mas os mapas conceituais são mais indicados na educação como ferramenta pedagógica por serem baseados em uma teoria de aprendizagem. Acrescentando figuras por C. C. - UFF – M4 - ARE - quinta, 9 outubro 2014, 13:15 Olá I.A. Outra coisa que faz a diferença, é mostrar aos nossos alunos o Mapa Conceitual que você fez para preparar a aula, assim eles têm a noção de que podem fazer a mesma coisa para estudar também. Quando fui monitor, deixei os meus alunos tirarem fotocópia do meu Mapa Conceitual, para terem como modelo, e funcionou. Acrescentando figuras por I. A. - UFF – M3 - PIR - quinta, 9 outubro 2014, 14:52 Olá C. C., ótima ideia!!! Colocarei em prática sua sugestão. Acrescentando figuras por G.B. - UFRJ – F1 - DCA - quinta, 9 outubro 2014, 16:38 Prezados, Neste final de semana prepararei o mapa conceitual. Muito obrigado pelo apoio. Creio que esse mapa é uma coisa muito individual e cada um tem uma maneira de abordar determinados assuntos. Talvez fosse interessante todos terem acesso aos mapas conceituais enviados para a avaliação. Até!

Page 196: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

194

Acrescentando figuras por F. N. - UNIRIO – M1 - MAG - quinta, 9 outubro 2014, 20:35 Concordo G., Também estou terminando o meu e, com a autorização da coordenadora, podemos postar aqui nossos mapas após a entrega para avaliação Acrescentando figuras por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - quinta, 9 outubro 2014, 22:33 Oi, F.N. e G.B. Podem postar os mapas se quiserem após a entrega. Acrescentando figuras por C. C.- UFF – M4 - ARE - sexta, 10 outubro 2014, 21:11 Bom dia. Eu também estou quase terminando o meu. Muito importante postarmos aqui, depois sim...Lá na frente, quando exercermos a profissão, isso será de suma importância para trabalharmos em equipe. Acrescentando figuras por F. N. - UNIRIO – M1 - MAG - sexta, 10 outubro 2014, 23:03 Boa tarde amigos, Acabei de enviar o meu mapa conceitual, Assim que terminar o prazo de entrega, publicarei aqui. Um abraço a todos Acrescentando figuras por W. M. - UFF – M8 - ARE - sábado, 11 outubro 2014, 19:43 Sinceramente não tenho muita experiência em relação ao uso de mapas conceituais. Mas pelo que eu li sobre essa ferramenta, concluí que ela é muito útil porque realmente facilita um maior entendimento de um dado conteúdo que esteja sendo abordado. Além disso, entendo que através de um mapa conceitual, podemos organizar os tópicos de um determinado conteúdo de tal modo que pela organização estabelecida por ele, o aluno pode compreender mais facilmente o assunto abordado de maneira mais direta e simples. Acrescentando figuras por C.R. - UFF – M9 - NIG - sábado, 11 outubro 2014, 20:48 Comentando o primeiro questionamento, tenho pouca experiência com exceção da participação como aluno e agora mais recentemente através das disciplinas de estágio supervisionado. Vejo que apesar de não ter feito uso diretamente didático desta ferramenta pedagógica, lançamos mão a todo momento de estruturas que lembram mapas conceituais, podendo citar fluxogramas, procedimentos operacionais padrões utilizados em empresas e repartições públicas que de certa forma buscam através de uma orientação didática o ensinamento desejado para fins específicos. Todo e qualquer recurso didático que vise retorno positivo no processo de ensino aprendizagem é bem recebido, no caso específico de mapas conceituais e no que diz respeito à matemática. Podemos dizer que a apresentação de tópicos e conteúdos torna-se mais acessível quando são utilizados recursos que remetam à prática, dessa forma vejo o mapa conceitual como uma ferramenta de auxílio didático de melhor fixação e inter-relação entre os conceitos. Acrescentando figuras por F. F. - UFF – M10 - NIG - sábado,11 outubro 2014, 23:55

Page 197: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

195

Respondendo as questões, não possuía até o momento qualquer tipo de experiência com mapa conceitual. Como disse acima achei extremamente interessante o assunto e pretendo me aprofundar em mais leituras referentes ao mesmo. Em uma época onde tudo parece tão corrido, tão acelerado, ferramentas como essa são essenciais para ajudar a organizar o pensamento, uma excelente estratégia para o auxílio da aprendizagem. Percebi que os mapas conceituais ganham força e fazem total sentido quando criados e elaborados pelos próprios alunos, sendo o professor o mediador em seu processo de criação. Assim esses mapas trazem autonomia e liberdade para os próprios alunos organizarem essas informações e adquirirem o conhecimento almejado. Acrescentando figuras por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - domingo, 12 outubro 2014, 02:57 Olá, F.F., fico feliz com a receptividade que você está demonstrando ao reconhecer as inúmeras possibilidades que os mapas conceituais podem oferecer como ferramenta pedagógica na construção do conhecimento. De fato, quando nós inserimos no cotidiano de nossa sala de aula o uso de mapas conceituais como coadjuvante no processo de aprendizagem, percebemos a diferença na qualidade do nosso trabalho junto aos alunos. Aprofunde os seus estudos sobre mapas conceituais e aprendizagem significativa para enriquecer e qualificar o seu trabalho, você vai se surpreender. Um abraço. Acrescentando figuras por C. A. - UNIRIO – M11 - PET - domingo, 12 outubro 2014, 17:58 Em fluxogramas na área de informática existem regras quanto ao formato das formas a serem utilizadas na diagramação. Na confecção de mapas conceituais existe alguma regra quando ao formato das formas a serem utilizadas na diagramação do mesmo? Acrescentando figuras por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - domingo, 12 outubro 2014, 22:54 Oi, C. A., existe sim. Sugiro que você dê uma lida nas postagens iniciais. Acrescentando figuras por C. A. - UNIRIO – M11 - PET - domingo, 12 outubro 2014, 23:10 Obrigado professora. Mais uma vez obrigado pelas novidades que só enriquecem meu conhecimento. Mapas conceituais favorecem a visão contextualizada por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - segunda, 13 outubro 2014, 02:17 Olá, Prezados Alunos Como já vimos nos estudos que realizamos, segundo o professor de Física Marco Moreira (2012, p. 6), “os mapas conceituais foram desenvolvidos para promover a aprendizagem significativa. O ensino sob uma abordagem ausubeliana, em termos de significados, implica: 1) identificar a estrutura de significados no contexto da matéria de ensino; 2) identificar os subsunçores (significados) necessários para a aprendizagem significativa da matéria de ensino; 3) identificar os significados preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz; 4) organizar sequencialmente o conteúdo e selecionar materiais curriculares, usando as ideias de diferenciação progressiva e reconciliação integrativa como princípios programáticos; 5) ensinar usando organizadores prévios, para fazer pontes entre os significados que o aluno já

Page 198: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

196

tem e os que ele precisaria ter para aprender significativamente a matéria de ensino, bem como para o estabelecimento de relações explícitas entre o novo conhecimento e aquele já existente e adequado para dar significados aos novos materiais de aprendizagem”. Aproveito a oportunidade para mostrar um exemplo de como podemos explorar com os alunos os conteúdos pertinentes a um determinado tema, transcendendo a visão disciplinar. No ensino convencional, o estudo da Porcentagem, por exemplo, costuma ser apresentado ao aluno com prioridade nos conceitos que se encontram nos retângulos em vermelho (vejam o Mapa Conceitual, em anexo). Desse modo, o estudo da porcentagem acaba se reduzindo apenas a “Quanto vale X% de Y?”. O Mapa Conceitual mostra um leque de possibilidades para enriquecer desde uma aula até um projeto de trabalho. Desse modo, o professor leva o estudante a abordar o tema Porcentagem pensando não somente nos conteúdos específicos de sua disciplina, mas favorecendo uma visão contextualizada, conforme podemos observar na diversidade das propostas que se encontram nos retângulos em azul.

Figura 7: Mapa conceitual- “Porcentagem”

Fonte: elaborado pela pesquisadora usando o CMapTools

Como enviar o seu mapa conceitual para avaliação por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - terça, 14 outubro 2014, 21:18 Olá, Prezados Alunos Assistam ao vídeo, a seguir, “Como compartilhar seu Mapa Conceitual”17. Os três formatos mais usados para compartilhar os nossos mapas são CmapTools, JPEG e PDF. Vocês podem optar pelo formato que quiserem ou pelo que for mais conveniente. Quero ressaltar que só no caso de mapas mais elaborados, que apresentam arquivos para a ilustração dos conceitos, é necessário um aprofundamento tanto na confecção quanto nas condições de compartilhamento.

17 Disponível em: <http://youtu.be/fqywdNQLlPg>. Acesso em: mar. 2015.

Page 199: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

197

Um abraço a todos Como enviar o seu mapa conceitual para avaliação por F. N. - UNIRIO – M1 - MAG - quinta, 16 outubro 2014, 14:59 Olá Professora, Acho que consegui enviar meu mapa no formato CmapTolls. Também enviei no formato JPEG. Uma dúvida: as imagens são vistas numa janela a parte? Pode confirmar para mim se está tudo certo com o envio do meu mapa, bem como a visualização das imagens? Grato pela atenção, Como enviar o seu mapa conceitual para avaliação por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - quinta, 16 outubro 2014, 18:47 Oi, F. N. Recebi o seu mapa, mas não pude visualizar os arquivos porque eles não foram enviados. Vamos ver como fazer para enviá-los. O primeiro passo para enviar um mapa com arquivos é criar uma pasta na sua área de trabalho e nomeá-la. Depois, arraste para a pasta o mapa e cada um dos arquivos que você acrescentou no seu mapa. Em seguida, utilize um zip para compactar sua pasta. Agora ela está pronta para ser enviada, inclusive, por e-mail. Veja como ela fica no modelo abaixo.

Figura 8: Pasta zipada (Fonte: pesquisadora)

Aproveito a oportunidade para enviar um mapa com arquivos do colega de vocês, Leandro, sobre a corrente elétrica. Para que vocês possam visualizar esse mapa conceitual, é necessário descompactar a pasta e extrair os arquivos em um local escolhido por vocês, como a área de trabalho. Em seguida, arrastem o mapa e os arquivos para o local onde se encontram os seus mapas conceituais. Ao abrir o mapa conceitual sobre a corrente elétrica (abaixo em JPEG), você verá os arquivos ao clicar neles (também, abaixo em JPEG). Um abraço.

Page 200: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

198

Figura 9: Mapa conceitual “Corrente Elétrica” (usando CMapTools) Fonte: Leandro Marques- CEDERJ- estagiário do curso de Física- Nova Iguaçu- 2014-2

Figura 10: Sentido real (Fonte: idem Fig. 8) Figura11: Sentido convencional (Fonte: idem Fig. 8)

Figura 12: Corrente Alternada (Fonte: idem Fig. 8) Figura 13: Corrente Contínua (Fonte: idem Fig. 8)

Mapa Conceitual: Cilindros de F.N. por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina - sábado, 18 outubro 2014, 22:51 Olá, F. N., seu mapa conceitual está bem interessante, gostei muito. Embora você tenha apontado propriedades (nos conceitos em verde) do cilindro, é importante dedicar mais atenção à sua questão focal, que é o cilindro, partindo da definição.

Page 201: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

199

Figura 14: Mapa conceitual “Cilindros” (usando CMapTools)

Fonte: Fabrício Nishio- CEDERJ- estagiário do curso de Matemática- 2014-2- Magé

Avaliação de um mapa conceitual por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina – domingo , 19 outubro 2014, 19:06 Prezados Alunos e Alunas Antes de finalizar o nosso fórum, vou dispor alguns critérios de que farei uso para a análise dos mapas conceituais apresentados por vocês. É importante esclarecer que essa avaliação tem como propósito contribuir para a valorização dos aspectos

Page 202: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

200

qualitativos, destacando os pontos que merecem atenção a fim de que a elaboração do mapa conceitual atinja o seu objetivo. Critérios de análise dos mapas conceituais:

Conceitos: qualidade, quantidade. ( ) Insuficiente. ( ) Satisfatória. ( ) Excelente (atendeu às expectativas).

Hierarquização: nível de hierarquização dos conceitos. ( ) Insuficiente. ( ) Satisfatório. ( ) Excelente (atendeu às expectativas).

Proposições: as relações de significado (inter-relações) entre os conceitos são válidas. ( ) Sim. ( ) Parcialmente. ( ) Integralmente (atendeu às expectativas).

Diferenciação progressiva: é possível identificar, com clareza, os conceitos mais gerais (mais inclusivos) e os mais específicos (subordinados). ( ) Não. ( ) Parcialmente. ( ) Integralmente (atendeu às expectativas).

Reconciliação integrativa: é possível identificar um rearranjo, ou seja, uma recombinação dos conceitos. ( ) Não. ( ) Sim.

Estrutura do mapa conceitual: apresenta clareza de leitura ao leitor. ( ) Não. ( ) Parcialmente. ( ) Integralmente (atendeu às expectativas). Felicidades

ENCERRAMENTO DO NOSSO FÓRUM

por Silvia Helena Do Amaral Mousinho Coordenador(a) de Disciplina – domingo , 19

outubro 2014, 21:16 Queridos Alunos e Alunas Encerro esse fórum na certeza de que depois das nossas trocas de ideias e de conhecimentos, assim como as águas de um rio não passam em um mesmo lugar mais de uma vez, não somos mais os mesmos. É gratificante ler nos depoimentos de vocês que o tema proposto trouxe novas perspectivas profissionais. Lembrem-se que é no espaço sagrado de nossa sala de aula que criamos magicamente os caminhos imagináveis e inimagináveis que a mente humana pode alcançar. Ao contextualizar o conhecimento durante as nossas aulas, estamos rompendo as fronteiras disciplinares. É essencial estar atento para o fato de que o que estamos fazendo é a busca da religação dos saberes em prol de um aprendizado mais consciente e mais humano (MORIN, 2003). Foi muito bom estar aqui com vocês. Um tema tão rico e tão envolvente como o uso dos Mapas Conceituais na Educação não se esgota tão fácil, mas já demos o primeiro passo. Sugiro que visitem o site do prof. Marco Antônio Moreira, professor de Física da UFRGS, que desenvolveu um excelente trabalho sobre Mapas Conceituais e Aprendizagem Significativa. Site do prof. Marco Moreira: <http://www.if.ufrgs.br/~moreira/> Como exemplo atual de uma prática pedagógica inovadora podemos citar o Curso de Bacharelado em Engenharia da Produção Mecânica da Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE que “dentre as estratégias possíveis, propõe os mapas conceituais como um itinerário a ser percorrido na intenção de ressignificar a prática pedagógica empreendida, favorecendo e ampliando relações e vinculações erigidas pela aprendizagem de concepções e conceitos representados por nodos inter- relacionados”. Se quiserem ler mais sobre a UNIVILLE, vejam o site: <www.simpep.feb.unesp.br/anais/anais_13/artigos/871.pdf>

Page 203: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

201

Um grande abraço e muitas felicidades para todos!

Re: ENCERRAMENTO DO NOSSO FÓRUM

por C. R. - UFF – M9 - NIG - sábado, 19 outubro 2014, 20:48 Obrigado, os mapas conceituais são de fato uma valorosa ferramenta para a nossa prática educativa. Re: ENCERRAMENTO DO NOSSO FÓRUM por C. A. - UNIRIO – M11 - PET - segunda, 20 outubro 2014, 08:36 Eu que agradeço todo o conhecimento e experiência que nos foi fornecido por vocês. Muito obrigado por tudo.

Re: ENCERRAMENTO DO NOSSO FÓRUM por F. F. - UFF – M10 - NIG - segunda, 20 outubro 2014, 10:55 Realmente não fazia ideia que existia ou o que significava. Percebi nas leituras o quanto o tema é importante e enriquecedor. Agradeço a professora por compartilhar conosco importante saber.

Re: ENCERRAMENTO DO NOSSO FÓRUM

por L. E. - UFF – M7 - NIG - segunda, 20 outubro 2014, 15:11 Professora, o uso do CmapTools foi muito prazeroso, sem dúvida, essa ferramenta permite uma construção do conhecimento integrado.

Re: ENCERRAMENTO DO NOSSO FÓRUM

por F. N. - UNIRIO – M1 - MAG - segunda, 20 outubro 2014, 16:08

Olá Professora,

Também agradeço pelo conhecimento compartilhado neste fórum. Certamente a

troca de informações contribuiu para o aprendizado do uso dos Mapas Conceituais.

Page 204: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

202

APÊNDICE F - Instrumento de coleta de dados

QUESTIONÁRIO:

Aluno (a):_____________________________Matrícula:______________.

Polo: ____________________ Curso:___________________

Prezado (a) Aluno (a)

O novo formato do estágio supervisionado, em vigência desde o primeiro

semestre de 2012, está empenhado no combate às causas que contribuem para

uma formação inicial precária e limitada do professor. A estrutura do Estágio

Supervisionado I permanece com as mesmas características do modelo anterior

(não há divisão por áreas) pelo fato de a participação dos alunos, nessa primeira

etapa, ser apenas de investigação e observação. O atual formato do Componente

Curricular Estágio Supervisionado possui nova distribuição para os Estágios II, III e

IV, de forma que as coordenações se dividem por áreas: Coordenação de Estágio

Supervisionado II, III e IV de Física/Matemática, Coordenação de Estágio

Supervisionado II, III e IV de Biologia/Química, Coordenação de Estágio

Supervisionado II, III e IV de Letras e o mesmo para História/Turismo/Geografia.

Desse modo, o coordenador de disciplina, com formação na área específica, elabora

as atividades de estágio com embasamento teórico e prático, reforçando os objetivos

específicos. Inclusive, na nossa sala de disciplina (física/matemática), propomos

aulas de física, o uso de objetos de aprendizagem e vários links que consideramos

relevantes para a troca de experiências e para a formação profissional.

A Lei 9.394/96, art. 61, inciso II, estabelece que a formação dos profissionais

da educação tem como fundamento “a associação entre teoria e prática, mediante o

estágio supervisionado”, destacando o papel do Estágio Supervisionado na

formação docente.

O Estágio Supervisionado pretende propiciar ao professor em formação o

contato com experiências, práticas e conhecimentos de natureza profissional. Ao

terminar o último período do componente curricular Estágio Supervisionado, a sua

opinião é muito importante para que possamos avaliar e qualificar o nosso trabalho.

Responda, por favor, o questionário, a seguir.

1ª PARTE:

Escreva as três primeiras palavras que lhe vêm à cabeça sobre o que é o

Estágio Supervisionado atualmente:

_________________________________ ( )

_________________________________ ( )

_________________________________ ( )

Page 205: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

203

a) Numere as palavras escritas acima por ordem de importância, da mais importante

para a menos importante utilizando a escala de 1a 3.

b) Escolha uma delas e justifique a sua escolha:

___________________________________________________________

Escreva as três primeiras palavras que lhe vêm à cabeça sobre o que não é o

Estágio Supervisionado atualmente:

_________________________________ ( )

_________________________________ ( )

_________________________________ ( )

a) Numere as palavras escritas acima por ordem de importância, da mais importante

para a menos importante utilizando a escala de 1a 3.

b) Escolha uma delas e justifique a sua escolha:

________________________________________________________

2ª PARTE:

A partir da análise dos problemas e desafios da escola atual, propomos

durante o seu estágio atividades que visam uma abordagem contextualizada

e que também contribuem para o enriquecimento pessoal e profissional, a fim

de preparar o futuro professor para a docência.

1. Na sua opinião, as atividades propostas, fundamentadas teoricamente,

tomando como base os temas citados a seguir fazem jus a esses objetivos?

– “A Formação Docente para Além dos Muros da Escola”.

– “Por uma Formação Docente Interdisciplinar”.

– “As Contribuições de Piaget na Construção dos Valores: um estudo de

caso”.

– “A Inteligência Emocional no Contexto Educacional”.

– “O uso dos Mapas Conceituais para uma Aprendizagem Significativa”.

Integralmente ( ) Parcialmente ( ) Não ( ).

Justifique a sua resposta: ______________________________

2. Responda às perguntas que seguem sobre o tema “O uso dos Mapas

Conceituais para uma Aprendizagem Significativa”.

2.1) Você havia utilizado os Mapas Conceituais anteriormente? ( ) Sim ( )

Não.

2.2) Você gostou de construir Mapas Conceituais? ( ) Sim ( ) Não.

Justifique a sua resposta._____________________________

2.3) Você encontrou dificuldades na construção de seu Mapa Conceitual? ( )

Sim ( ) Não.

Qual (ais)?

______________________________________________

2.4) E como professor, você faria uso desta ferramenta? ( ) Sim ( ) Não.

Justifique a sua resposta. ____________________________

Page 206: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

204

2.5) Como você vê o processo de aprendizagem através do uso de Mapas

Conceituais? ( ) Excelente ( ) Adequado ( ) Pouco adequado ( ) Inadequado

( ) Ruim.

Justifique a sua resposta _________________________________

2.6) Na sua opinião o uso de mapas conceituais como ferramenta pedagógica

contribui para uma aprendizagem mais significativa, desmitificando o velho

chavão da “falta de base”?

( ) Concordo integralmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Não concordo

Justifique a sua resposta ________________________________

2.7) Você considera essencial a aprendizagem do uso de mapas conceituais

nos cursos de formação docente?

( ) Concordo integralmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Não concordo

Justifique a sua resposta ______________________________

Fique à vontade para realizar outros comentários.

__________________________________________________

As atividades de Estágio buscam desenvolver uma visão crítica que permita

compreender o espaço escolar como espaço de pesquisa e reflexão,

apontando a formação continuada como essencial para a atualização

profissional. Baseado em sua experiência, o estágio atingiu esse objetivo?

Concordo integralmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Não concordo( )

Justifique a sua escolha: ________________________________

Você considera que o Estágio Supervisionado contribui para o preparo do

futuro professor para a inserção profissional:

a) buscando uma relação de sentido entre o que se ensina sobre a docência e o

que é ser professor, na prática?

( ) Concordo integralmente ( )Concordo parcialmente ( ) Não concordo

Justifique a sua escolha: ________________________________

b) ajudando-o a compreender os contextos históricos/sociais/culturais nos quais

se dá sua atividade docente?

( ) Concordo integralmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Não concordo

Justifique a sua resposta _______________________________

c) a partir das práticas supervisionadas de observação e de coparticipação,

culminando com a produção de material didático e pedagógico ao final de

cada período?

( ) Concordo integralmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Não concordo

Justifique a sua resposta _______________________________

Page 207: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

205

Qual a principal contribuição que o estágio trouxe para você?

_________________________________________________________

O que você acha que está faltando no Estágio?

_________________________________________________________

Como você classifica o seu estágio? Avalie de 0 a 10.

Page 208: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

206

APÊNDICE G – Lista de Vídeos apresentados no fórum de discussão

VÍDEO 1 – Como fazer mapas conceituais

VÍDEO 2 - Mapa conceitual no Word

VÍDEO 3 - Como instalar o CMapTools

VÍDEO 4 - Mapas conceituais e o CMapTools

VÍDEO 5 - Curso aprendizagem significativa- mapas conceituais

VÍDEO 6 - Como compartilhar seu mapa conceitual

Page 209: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

207

ANEXO A - Formato do Componente Curricular Estágio Supervisionado dos Cursos

de Licenciatura, na modalidade a distância do Consórcio CEDERJ/ CECIERJ.

JUSTIFICATIVA

Este documento é o formato do componente curricular Estágio Supervisionado dos Cursos de Licenciatura, na modalidade a distância do Consórcio CEDERJ/ CECIERJ. Este componente curricular é desenvolvido em quatro etapas distintas, a saber: Estágio Supervisionado I, Estágio Supervisionado II, Estágio Supervisionado III e Estágio Supervisionado IV. A 1ª etapa do componente curricular exige do aluno, como pré-requisito para matrícula, a aprovação na disciplina Prática de Ensino 1. A apresentação do componente curricular e seus objetivos estão contidos na Introdução do documento. A 1ª parte detém-se na estrutura organizacional formatada para dar conta dos três níveis e variados espaços envolvidos na operacionalização da prática do estágio. A 2ª parte aborda o conteúdo pedagógico das diferentes etapas do componente curricular, e na 3ª parte é apresentado não só o material didático, como também “pistas” para que o aluno venha a obter maior organização de tempo, maior autonomia e métodos de estudo nessa modalidade de ensino. A avaliação deste componente curricular, diferenciada das demais disciplinas dos Cursos de Licenciatura, está contida na 4ª e última parte do documento.

Formato do componente curricular Estágio Supervisionado

Page 210: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

208

INTRODUÇÃO

O componente curricular Estágio Supervisionado tem como objetivo articular

e integrar a teoria e a prática entre os conteúdos das disciplinas acadêmicas

do Núcleo de Formação Específica dos Cursos de Licenciatura, e o

conhecimento da realidade na organização do espaço escolar. Pretende

ainda estimular o aluno a desvelar as teorias pedagógicas que sustentam o

cotidiano da escola, com base no referencial teórico construído e apreendido

no decorrer do Curso. Paralelamente, o estágio instigará o aluno à

percepção crítica do funcionamento do dia-a-dia da escola amparado no seu

projeto político-pedagógico e no perfil da sua gestão. Nesta vivência o aluno

terá, ainda, oportunidade de observação das variadas atuações no espaço

escolar, como por exemplo:

• a organização da oferta de matrículas à comunidade em geral;

• o desenho da grade curricular do Ensino Fundamental e Ensino Médio;

• a forma e a elaboração do planejamento das variadas disciplinas que

compõem o currículo de tais níveis de ensino;

• a aplicação da metodologia utilizada em diferentes realidades escolares.

Da mesma forma, poderá realizar a leitura de como as relações se

estabelecem no interior da escola e fora dela, no que diz respeito ao

atendimento ou à demanda da comunidade escolar. Finalmente, é

reconhecido no Estágio Supervisionado um espaço interativo de apropriação

e revisão do fazer pedagógico comum e específico das diferentes

Licenciaturas em questão; o reconhecimento da metodologia de um trabalho

interdisciplinar no currículo escolar e a consolidação da identidade

profissional dos alunos-estagiários. Diante da formação pretendida, o

componente curricular ainda soma a esses fatores a consciência política e

social, necessária à compreensão e à inclusão dos futuros licenciados no

mundo do trabalho.

Page 211: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

209

ÍNDICE

1ª PARTE

ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO

COMPONENTE CURRICULAR 3

PLANOS INTEGRADOS 3

UNIVERSIDADE 4

Atribuições dos Tutores a Distância 4

POLOS 4

Atribuições do Tutor Presencial I 4

UNIDADES ESCOLARES 4

2ª PARTE 9

CONTEÚDO PEDAGÓGICO DO COMPONENTE

CURRICULAR 9

Estágio Supervisionado I 9

Estágio Supervisionado II 10

Estágio Supervisionado III 11

Estágio Supervisionado IV 12

3ª PARTE 13

MATERIAL DIDÁTICO 13

4ª PARTE 14

AVALIAÇÃO 14

Avaliação a Distância (AD1 e AD2) 14

Avaliação Presencial (AP1, AP2 e AP3) 14

Avaliação Presencial 3 (AP3) 16

Composição de Médias 16

Médias Parciais (NI e N2) 16

Cálculo de Nota da Avaliação Presencial 3 (AP3)17

Critério de Aprovação do Aluno 17

1ª parte: Estrutura organizacional do componente curricular

Planos integrados

Page 212: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

210

As atividades pedagógicas e de cunho interdisciplinar do componente

curricular interagem a partir de três planos integrados de forma horizontal e vertical,

a saber:

• Universidades: onde se encontram os coordenadores e os Tutores a Distância.

• Polos CEDERJ: onde são encontrados os Tutores Presenciais. • Escolas Parceiras: onde estão situados os Regentes-Tutores, que são os

Professores-Regentes das variadas disciplinas instrumentadoras do currículo

escolar e os alunos-estagiários.

Universidade

O conteúdo da disciplina Estágio emana da Coordenação da Disciplina,

localizada nas Universidades onde são estabelecidas as tarefas a serem

cumpridas pelos alunos-estagiários e acompanhadas, nesse nível, pelo Tutor a

Distância, quais sejam:

• Relatos das observações feitas na escola parceira. • Registros das experiências sobre as atividades desenvolvidas na vivência do

estágio.

• Elaboração das atividades pedagógicas solicitadas pelos tutores a distância e

presencial ou regente-tutor da disciplina e/ou pelo coordenador.

• Realização de trabalhos educativos pertinentes à prática da etapa do estágio em

que está matriculado.

• Realização de demais tarefas solicitadas em material complementar do

componente curricular, inclusive: avaliações a distância, presenciais e aulas

práticas.

No que diz respeito à relação de acompanhamento do Tutor a Distância/aluno

estagiário, a quantidade ideal é de sessenta (60) alunos estagiários, por período.

Atribuições do Tutor a Distância

Promover o autoconhecimento do aluno- estagiário contribuindo, assim, na

construção da sua identidade como educador sugerindo, por exemplo leituras

afins e/ ou promovendo fóruns de discussão na plataforma sobre o processo ensino-

aprendizagem, planejamento educacional, metodologias educativas, práticas e

vivências do cotidiano escolar; posturas avaliativas etc.

• Atender à demanda dos alunos- estagiários, esclarecendo dúvidas sobre o conteúdo

exigido e sugerindo ações alternativas.

• Estimular o aluno-estagiário analisando, sugerindo, trocando informações e

Page 213: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

211

enriquecendo o material por cada um deles elaborado.

Polos CEDERJ

A realização do Estágio Supervisionado I na Escola Parceira está

diretamente envolvida com o assessoramento, consultoria e responsabilidade

dos Tutores-Presenciais, localizados nos Pólos, que deverão desenvolver a função

de acompanhamento e supervisão dos alunos-estagiários.

As tarefas realizadas pelos alunos-estagiários deverão transitar nas tutorias

presenciais do componente curricular e, ainda, na consultoria e assessoramento

via telefone, fax, online etc.

Esses profissionais, por sua vez, deverão instigar os alunos para a realização

de atividades e leituras afins para o seu enriquecimento acadêmico e profissional,

bem como mobilizá-los a interagir com os demais colegas e tutores em fóruns e

grupos de estudo presenciais e/ou em ambiente virtual.

Tutores Presenciais de Estágio Supervisionado I deverão acompanhar, no

máximo, quarenta e cinco (45) alunos estagiários, por período. Eventualmente ou,

se necessário, deverão visitar as escolas parceiras.

Atribuições do Tutor Presencial I (Estágio Supervisionado I)

• Planejar, organizar e acompanhar a realização do estágio, de forma cooperativa,

com a equipe técnico-pedagógica das Escolas Parceiras e com a equipe da

disciplina (Coordenador e Tutores a Distância).

• Promover o autoconhecimento do aluno-estagiário contribuindo de diversas

formas para a construção da identidade do educador: aprofundando o material

didático e as leituras afins; mediando as discussões sobre o conteúdo discutido nos

fóruns de discussão da plataforma, sugeridas pelo Tutor a Distância e/ou pelo

coordenador etc.

• Atender à demanda dos alunos, esclarecendo dúvidas sobre o conteúdo e

sugerindo ações alternativas.

• Estimular o aluno analisando, sugerindo, trocando informações e enriquecendo o

material por ele elaborado.

Unidades escolares

Serão chamadas Escolas Parceiras as Unidades Escolares Públicas de 2º

segmento do Ensino Fundamental e ou Ensino Médio que acolherem alunos

estagiários.

Page 214: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

212

Regente-Tutor

Os Regentes-Tutores são professores voluntários da Escola Parceira que regem

uma das disciplinas instrumentadoras afins – pretendida na formação do aluno

estagiário.

Pela supervisão e acompanhamento desses alunos, tais profissionais não só

promovem a análise crítica da vivência do estágio em sala de aula, bem como

estimulam os licenciados à construção de sua mais nova identidade profissional a

ser assumida perante a sociedade.

Independente da formação acadêmica, esses profissionais deverão ser

legitimados pela realidade/ contexto distinto de seu município, bem como devem ter

reconhecimento legal na regência da disciplina instrumentadora. As disciplinas

instrumentadoras compõem a grade curricular do Ensino Fundamental e/ou do

Ensino Médio, segundo as leis educacionais brasileiras, emanadas do Ministério da

Educação.

Finalmente, durante o Curso, esses são os profissionais que, no desenvolvimento

da vida acadêmica dos alunos-estagiários dentro e fora da sala de aula, revestem-

se de grande e honrosa responsabilidade. No exercício de sua práxis pedagógica

na escola assumem o compromisso de instrumentalizar, in loco, os futuros

protagonistas do processo de formação e escolaridade de milhões de alunos-

cidadãos pelas inúmeras e distintas salas de aula, distribuídas pelos mais diversos

contextos e realidades sociopolíticas-educacionais do Estado do Rio de Janeiro.

Atribuições do Regente-Tutor

No Estágio Supervisionado II

• Levar o aluno-estagiário a analisar o relacionamento da política

educacional vigente com o contexto social e econômico da realidade que

vivenciam – futuro campo de sua ação profissional.

• Instigar o aluno-estagiário a levantar dados sobre as condições de trabalho

das diferentes realidades escolares.

• Estimular o aluno-estagiário a realizar uma investigação preliminar sobre o

número oficial de escolas do seu município versus a população de faixa

etária escolar.

• Provocar o aluno-estagiário a refletir sobre questões, como por exemplo:

- A escola está comprometida com o processo ensino–aprendizagem mais

adequado às condições reais de cada uma das diferenciadas comunidades

escolares?

Page 215: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

213

- A escola realmente integra o aluno à sua realidade? - A prática docente relacionada à prática social supera a dualidade presente,

entre informação e formação, instrução e educação no interior da escola?

- O conteúdo proporcionado pelas variadas disciplinas auxilia o aluno na

compreensão da realidade e o estimula a avançar?

- De que forma o conteúdo trabalhado contribui para a formação do aluno e

sua posterior entrada no mercado de trabalho?

- A escola forma o aluno crítico e consciente como cidadão? - O professor, ao desenvolver atividades em sala de aula, tem a preocupação

de não ser mero reprodutor do saber, avançando em sua práxis na

reelaboração crítica de conteúdos culturais de sua área do conhecimento?

- O professor aproveita situações do dia-a-dia, trazidas para a sala de aula,

preocupando-se em analisá-las junto aos alunos, enriquecendo assim a sua

formação?

No Estágio Supervisionado III

Proporcionar ao aluno-estagiário a vivência da dinâmica escolar das diversas

atividades pedagógicas do interior da escola, como por exemplo:

- a percepção do tipo de gestão escolar e seus desdobramentos no cotidiano

escolar;

- o processo de oferta de matricula; - a análise do projeto político-pedagógico escolar e a avaliação das condições em

que o mesmo foi elaborado;

- a valorização de cada uma das disciplinas pedagógicas que com- põem o

currículo escolar;

- a organização da grade curricular das diferentes séries do(s) segmento(s)

observado(s);

- a realização de projetos e/ou outra metodologia que operacionalize o currículo

escolar;

- a integração curricular; - o sistema de avaliação adotado pela escola. No Estágio Supervisionado IV

Proporcionar ao aluno-estagiário a vivência da dinâmica escolar e as

diversas atividades pedagógicas do interior da escola e da sala de aula,

como por exemplo:

Page 216: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

214

- o dia-a-dia da sala de aula; - a relação professor-aluno; - a abordagem conceitual dos conteúdos curriculares da disciplina em tela;

- a metodologia utilizada pelo professor;

- os livros e os materiais didáticos afins;

- os recursos materiais adotados;

- a análise crítica sobre a elaboração e funcionamento do programa das disciplinas

por série;

- a abordagem conceitual do processo de avaliação utilizado; - o funcionamento das reuniões pedagógicas; - a dinâmica dos conselhos de classe; dentre outras.

Propor e acompanhar o aluno-estagiário à elaboração de um plano de aula

para a realização de uma aula-prática, com conteúdo curricular pertinente à

série/turma onde realiza o estágio.

Aluno-estagiário

Alocação

O aluno estagiário deverá realizar seu estágio em uma Escola Parceira

indicada ou sugerida pela Direção do Polo Regional. Essa Escola deverá ser uma

Escola Pública de 2º segmento ou de Ensino Médio, onde o aluno cumprirá a

carga horária exigida pela etapa do Estágio Supervisionado, na qual está inscrito.

O aluno estagiário também poderá indicar uma Escola Pública na qual gostaria de

realizar o estágio. Porém, nesse caso, o aluno deverá realizar a apresentação

formal da Escola para que a mesma venha a se tornar uma Escola Parceira. Tal

apresentação deverá ser feita, através de um arrazoado que justifique a sua

solicitação, para apreciação e, posterior deferimento ou não da:

– Direção do Polo; – Secretaria Municipal ou Estadual de Educação; – Coordenação do Componente curricular.

Estágio Supervisionado I

O critério adotado para o estabelecimento do número de alunos estagiários

por período, na Escola Parceira, na 1ª etapa do componente curricular deverá ser

decidido pela Escola Parceira.

O aluno estagiário deverá dedicar ao Estágio Supervisionado I, o mínimo, de

três (3) horas-aula semanais, realizando atividades, tais como:

- estágio, propriamente dito, na escola; - organização das observações feitas;

Page 217: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

215

- esclarecimento de dúvidas, junto ao Tutor Presencial e a distância;

- análise crítica da prática do estágio; - preenchimento do material complementar solicitado; - pesquisas, elaboração de clipping, leituras afins;

- participação nas tutorias presenciais e demais atividades propostas,

dentre outras.

Estágios Supervisionado II, III e IV

O critério adotado para o estabelecimento do número de alunos- estagiários

por turma e período na Escola Parceira, onde os mesmos estejam o Estágio

Supervisionado II, III e IV deverá ser decidido pela Escola Parceira.

Sugere-se que os Estágios Supervisionados II, III e IV devem ser desenvolvidos,

por período, em uma só turma. A partir dessa etapa, o aluno estagiário deverá

dedicar o mínimo de cinco (5) horas-aula semanais às etapas mencionadas do

componente curricular, realizando atividades, tais como:

- estágio, propriamente dito, em sala de aula; - organização das práticas observadas; - esclarecimento de dúvidas junto ao Regente Tutor; - análise crítica da prática do estágio; - preenchimento de material complementar solicitado; - participação nos encontros quinzenais com o Regente Tutor e demais atividades

propostas, dentre outras.

O aluno estagiário deverá preencher ao longo do período letivo uma planilha de

comprovação de carga horária de estágio onde deverá discriminar as atividades as

quais observou e/ou participou na Escola Parceira.

Cada etapa do componente curricular exigirá do aluno estagiário a comprovação de

uma carga horária mínima de estágio a ser cumprida na escola, a saber:

Estágio Supervisionado I: sessenta horas (60h).

Estágio Supervisionado II: noventa horas (90h).

Estágio Supervisionado III: cento e vinte horas (120h).

Estágio Supervisionado IV: cento e cinquenta horas (150h).

2ª parte: Conteúdo pedagógico do componente curricular

Estágio Supervisionado I

Tensão no espaço institucional - Tipo: de observação e investigativo

Questões contextuais que implicam diretamente as culturas escolar e docente que são construídas no interior da escola: Formato e organização do Sistema Educacional - verbas destinadas à Educação;

Page 218: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

216

- investimento em pesquisa e no desenvolvimento de novas tecnologias;

- renda per capita dos brasileiros em geral;

- políticos populistas e doutrinas oportunistas; - índice de desemprego; - instituição da economia informal; - invasão populacional dos centros urbanos;

Indicadores educacionais - alfabetização e taxas de analfabetismo; - universalização do ensino; - distorção série/ idade; - taxa de promoção e repetência; - carga horária escolar; - melhoria do perfil do magistério; - avaliação institucional; - democratização de acesso ao Ensino Médio.

• Itens norteadores para uma postura investigadora das diversas formas de

organização das atividades curriculares e da prática reflexiva para a

atuação docente:

- embasamento sobre as diferentes tendências pedagógicas visando à

fundamentação da própria prática;

- reconhecimento de exigência de uma nova postura das instituições de

ensino e localização no espaço da sociedade.

• Formação continuada: direito à igualdade de oportunidades/ dever das

políticas públicas:

- revisão da gerência educacional instituída; - identificação do modelo estático da escola e avanço deste modelo para

uma concepção mais dinâmica: proposta político- filosófica; metodologia;

espaço escolar; currículo escolar; papel do diretor e papel do professor;

relações no interior da escola;

- visão sistêmica da escola perpassando pela importância da liderança

participativa, responsabilidade social, valorização do comportamento

organizacional e avaliação institucional.

Pilares da gestão democrática - democratização do processo de construção social da escola; - elaboração compartilhada de seu projeto pedagógico; - aplicação de avaliação institucional como instrumento diagnóstico;

- compreensão da teia de relações no interior da escola; - promoção de nova trama de relações favorável à aprendizagem dos alunos;

Page 219: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

217

- educação voltada para a diversidade; - Posicionamento frente às questões de discriminação e intolerância em relação às

variedades culturais de grupos na escola.

Estágio Supervisionado II

Roda-Viva da Escola - Tipo: Investigativo e de coparticipação

Questões de aproximação da realidade escolar e a prática da reflexão do

estágio.

Exigência de confronto da postura acadêmica x postura crítica do aluno, capaz

de revelar tanto situações problemáticas na prática pedagógica quanto suas

possíveis soluções

- conhecimento da forma de elaboração do planejamento à avaliação da disciplina

instrumentadora em questão;

- análise documental dos instrumentos gerados pela disciplina (planejamento,

material didático, material documental, avaliação etc.);

- análise da aplicabilidade da metodologia pontuada no projeto pedagógico da

escola;

- conhecimento e reflexão sobre os resultados da produção docente e produção

discente;

- concepções/impasses e alternativas sobre o saber-pedagógico x fazer-

pedagógico;

- possibilidades de trabalho interdisciplinar na escola.

Construção da identidade do educador - estímulo ao exercício de autoconhecimento do aluno estagiário;

- consolidação de referencial teórico capaz de desvelar as teorias pedagógicas que

sustentam a práxis educativa;

- enriquecimento da formação profissional; - compreensão e enfrentamento do mundo do trabalho.

Estágio Supervisionado III

Projeto Pedagógico - Tipo: Participativo e de cooperação

Reorientação da prática pedagógica: - a relação entre a formação de um professor e a instrução; - necessidade de conscientização de que a prática pedagógica envolve

comportamento de observação, reflexão, análise crítica e reorganização de ações e

Page 220: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

218

atuações no espaço escolar, para o desvelamento de atitudes, valores e normas

que reproduzem os valores dominantes;

- análise da natureza e da função dos conteúdos escolares nos planejamentos

educacionais e no currículo;

- essencialização e transposição dos conteúdos e de atividades comuns do

cotidiano da escola e da sala de aula na busca de ações e atuações que

reorientem o fazer pedagógico;

- reconhecimento da regência de classe e da prática da avaliação como atividades

de diagnose capazes de revelarem dificuldades e fomentarem soluções

diferenciadas para as necessidades do aluno.

Estágio Supervisionado IV

Fazer pedagógico - Tipo: Participação interativa no âmbito de sua disciplina na unidade escolar de 2º segmento de Ensino Fundamental e Ensino Médio: - participação na elaboração de planejamento cooperativo acompanhado pelo

regente-tutor;

- participação na definição do processo de avaliação da disciplina instrumentadora,

como deflagrador de novas ações pedagógicas;

- exercício da regência de turma/atendimento à demanda dos alunos;

- elaboração de proposta de trabalho ou unidade de ensino pertinente à

série/ turma onde realiza o estágio;

- preparação de material didático;

- participação na elaboração de proposta interdisciplinar envolvendo as demais

disciplinas do currículo.

A partir deste conteúdo trabalhado, o aluno será estimulado a analisar o cotidiano

escolar e perceber as implicações do mesmo no interior da escola fortalecendo,

assim, a sua postura como educador.

A comprovação de carga horária é indispensável para a aprovação do aluno no

componente curricular Estágio Supervisionado, independente de seu desempenho

acadêmico ou ocupação profissional, ao longo do período letivo e curso.

3ª parte: Material didático

O componente curricular será apresentado em volumes didáticos pertinentes aos

conteúdos das suas diferentes etapas e à carga horária específica de cada uma

delas discriminadas a seguir:

Page 221: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

219

Estágio Supervisionado I – 60 horas Estágio Supervisionado II – 90 horas Estágio Supervisionado III – 120 horas Estágio Supervisionado IV – 150 horas

Cada volume abordará o referencial teórico enriquecido com citação de autores

afins e bibliografia específica, assim como material didático de apoio à prática do

estágio.

Em cada volume, o aluno-estagiário deverá encontrar: roteiros de observação;

ficha específica de variadas atividades pertinentes à prática pedagógica;

questionários instigantes sobre aspectos abordados na aula e/ou no curso em

geral e observados ou não na prática do estágio.

Sugestão de métodos de estudo

Cada prática semanal no estágio exigirá do aluno-estagiário o planejamento de

uma quantidade de horas capaz de assegurar-lhe, ao final do período letivo, o

cumprimento da carga horária exigida em cada etapa do componente curricular.

Essas atividades poderão ser do seguinte caráter:

• observação participativa, no exercício do estágio propriamente dito;

• reflexão crítica e analogia dos aspectos observados com o referencial teórico

abordado no curso;

• realização e envio do material complementar solicitado para o Tutor Presencial ou Tutor a Distância. Uma pista para o melhor aproveitamento do estágio é realizá-lo sem restringir-se às

observações/percepções feitas, às indagações contidas nos instrumentos variados

nos volumes de cada etapa do estágio.

A plena imersão do aluno no estágio poderá ampliar e enriquecer a sua vivência no

mundo do trabalho. Esta atividade poderá ser compro- metida, caso o aluno não

utilize o procedimento sugerido.

Para o aprimoramento do método de estudo, outra dica é que o aluno adote

posturas complementares, tais como:

• ir além da releitura das aulas das disciplinas fundamentais à prática

pedagógica sugeridas, recorrendo, sempre que possível, às obras de autores

indicados em bibliografia específica;

• pontuar os aspectos principais abordados nos respectivos instrumentos,

assinalando possíveis dúvidas para dirimi-las, posteriormente, junto ao Regente-

Page 222: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

220

Tutor, Tutor Presencial, Tutor a Distância e, em última instância, junto ao

Coordenador;

• aproveitar a estratégia interativa da organização de grupos presenciais ou a

distância, que favorecem a troca de informações, ideias e experiências para avançar

na compreensão das atuações e relações que regem a organização da escola, a

atividade docente e a prática pedagógica.

4ª parte: Sistema de avaliação

Avaliação a distância (AD1 e AD2)

Após o período de dedicação semanal, pontuado no cronograma, o aluno deverá

enviar o seu material complementar, norteador da prática do estágio preenchido ao

Tutor Presencial de Estágio Supervisionado I situado no Polo e ao Regente-Tutor

das demais etapas, ou seja: Estágio Supervisionado II, III e IV.

A avaliação do material complementar compatível à dedicação e às atividades

descritas na estrutura do componente curricular virá a compor respectivamente a

nota da primeira Avaliação a Distância – AD1 e a nota da segunda avaliação a

distância – AD2.

Cada Avaliação a Distância, terá peso quatro sendo assim equivalente a 40%

na composição final das médias parciais: N1 e N2 .

Ao final de cada período, o conjunto do material complementar elaborado,

paulatinamente, ao longo do período, pelo aluno-estagiário virá a constituir o

portfolio da disciplina.

Avaliação presencial (AP1, AP2 e AP3)

Estágio Supervisionado I

Com tema inédito e eixo político-filosófico pertinente ao projeto do Curso, exigirá do

aluno-estagiário nessa etapa, especialmente na Avaliação Presencial 1 (AP1), a

construção de um texto de 25 a 30 linhas manuscrito. Nesse texto o aluno deverá

realizar uma analogia dos conteúdos apreendidos durante o curso com a vivência

dos aspectos observados no desenvolvimento do estágio.

Page 223: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

221

A Avaliação Presencial 2 (AP2), nessa etapa, será constituída pela avaliação do

relatório final – atividade contida no material didático, pelo Tutor Presencial, e pela

avaliação do formato final do Clipping, pelo Tutor a Distância.

Estágio Supervisionado II

Nessa etapa, a Avaliação Presencial 1 (AP1) e a Avaliação Presencial 2 (AP2)

valerão, respectivamente, por trabalhos práticos. Tais trabalhos serão definidos

pelo Coordenador.

A Avaliação Presencial 2 (AP2) no Estágio II poderá ser, ainda, constituída de um

relatório final, cuja responsabilidade de avaliação é do Regente-Tutor.

Estágios Supervisionado III e IV

Nessa etapa as Avaliações Presenciais (AP1 e AP2) serão constituídas pela avaliação

da prova de aula a ser ministrada em local a ser acordado entre a Coordenação, a

Tutoria em geral e o aluno-estagiário.

O tema da aula poderá ser sugerido pelo Regente Tutor, que será um dos

profissionais que constituirá a Banca de Prova de Aula, do local onde o aluno

realiza o estágio.

O aluno estagiário deverá apresentar o plano de aula ao Regente Tutor que, por sua

vez, deverá, além de avaliá-lo, sugerir-lhe subsídios para a realização da prova

prática.

Nos Estágios Supervisionados III e IV poderá, também, ser solicitado ao aluno a

elaboração de um Relatório Final – atividade contida no material didático, o qual

deverá ser avaliado pelo Regente Tutor.

IMPORTANTE: As Avaliações Presenciais I e II nas diversas etapas do

componente curricular Estágio Supervisionado valem peso seis. Sendo assim,

equivalem a 60% da composição final das médias parciais (N1 e N2).

Avaliação Presencial 3

A Avaliação Presencial 3 (AP3), nas diferentes etapas do componente curricular

Estágio Supervisionado, vale dez pontos.

A Avaliação Presencial 3, em todas as etapas do Estágio Supervisionado, abordará

tema inédito e eixo político-filosófico pertinente ao projeto do Curso.

Page 224: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

222

Exigirá do aluno a construção de um texto de 25 a 30 linhas manuscrito a ser

avaliada pelo Tutor a Distância, em que deverá realizar uma analogia dos conteúdos

apreendidos durante o curso com a vivência dos aspectos observados no

desenvolvimento do estágio.

Composição de médias

Médias parciais (NI e N2)

A N1 e a N2 (média parcial do aluno) em todas as etapas do componente

curricular Estágio Supervisionado serão, respectivamente, o resultado da média

ponderada composta pela nota avaliação da AD1 e AD2 que vale 40%, pela

avaliação da AP1 e AP2 que vale 60% (conforme a descrição feita na 4ª parte).

CÁLCULO DE N1 E N2

(AD1 X 4)+ (AP1 X 6) 10

Caso o aluno-estagiário, após a composição da média aritmética das duas

médias parciais, referentes ao período (N1 e N2) não alcançar, no mínimo, média

seis (6) – (nota suficiente, pelo regimento do curso, para ser considerado aprovado

na disciplina) – deverá realizar então, a Avaliação Presencial 3.

(N1 + N2): 2 = 6 ou > 6 O aluno é considerado aprovado com a nota final –

resultado desta operação.

(N1 + N2): 2 < 6 O aluno deverá realizar a AP3.

Cálculo da Nota da Avaliação Presencial 3 (AP3)

A AP3 do aluno, nas diferentes etapas do componente curricular da disciplina

Estágio Supervisionado, vale dez pontos.

CÁLCULO DA AP3

Critério para aprovação do aluno

O aluno, após ter realizado a AP3, para ser considerado aprovado, deverá

alcançar na mesma, a nota igual ou maior que o cálculo de seu desempenho, feito

sob a seguinte orientação:

20 – (N1 + N2) 2

Page 225: Universidade do Estado do Rio de Janeiroppfh.com.br/wp-content/uploads/2018/04... · de vinculação entre teoria e prática no estágio supervisionado. 2016. 223 f. ... LISTA DE

223

Nota final

A nota final do aluno que realizar a AP3 será calculada da seguinte forma:

(N1 + N2) + AP3 2 ______ 2

Observação importante:

Independente de qualquer aproveitamento que o aluno venha a obter no

decorrer do período letivo, a sua aprovação no componente curricular Estágio

Supervisionado fica submetida à comprovação da carga horária na Escola

Parceira conforme a etapa da disciplina na qual o aluno está matriculado.

= 5 ou (>) 5 = aprovado (<) 5 = reprovado