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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FCF/FEA/FSP Programa de Pós-Graduação Interunidades em Nutrição Humana Aplicada PRONUT EDNA HELENA DA SILVA MACHADO Anemia em gestantes atendidas em Unidades Básicas de Saúde da Região Administrativa do Butantã, município de São Paulo, em 2006 e 2008 Tese para obtenção do grau de Doutor Orientador: Prof.ª Dr.ª Célia Colli São Paulo 2011

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UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO FCFFEAFSP

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo Interunidades em Nutriccedilatildeo Humana Aplicada ndash PRONUT

EDNA HELENA DA SILVA MACHADO

Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do Butantatilde municiacutepio de Satildeo Paulo em 2006 e 2008

Tese para obtenccedilatildeo do grau de

Doutor

Orientador Profordf Drordf Ceacutelia Colli

Satildeo Paulo

2011

UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO FCFFEAFSP

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo Interunidades em Nutriccedilatildeo Humana Aplicada ndash PRONUT

EDNA HELENA DA SILVA MACHADO

Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do Butantatilde municiacutepio de Satildeo Paulo em 2006 e 2008

Tese para obtenccedilatildeo do grau de

Doutor

Orientador Profordf Drordf Ceacutelia Colli

Satildeo Paulo

2011

Eacute expressamente proibida a comercializaccedilatildeo deste documento tanto na sua

forma impressa como eletrocircnica Sua reproduccedilatildeo total ou parcial eacute permitida

exclusivamente para fins acadecircmicos e cientiacuteficos desde que na reproduccedilatildeo

figure a identificaccedilatildeo do autor tiacutetulo instituiccedilatildeo e ano da tesedissertaccedilatildeo

Ficha Catalograacutefica

Elaborada pela Divisatildeo de Biblioteca e

Documentaccedilatildeo do Conjunto das Quiacutemicas da USP

Machado Edna Helena da Silva

M149a Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da regiatildeo administrativa do Butantatilde municiacutepio de Satildeo Paulo em 2006 e 2008 Edna Helena da Silva Machado -- Satildeo Paulo 2011

71p Tese (doutorado) ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da USP Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade da USP Faculdade de Sauacutede Puacuteblica da USP Curso Interunidades em Nutriccedilatildeo Humana Aplicada

Orientador Colli Ceacutelia 1 Ferro Carecircncia Medicina 2 Anemia 3 Nutriccedilatildeo Gestaccedilatildeo Ciecircncia dos

alimentos 4 Poliacutetica de sauacutede I T II Colli Ceacutelia orientador 6411 CDD

EDNA HELENA DA SILVA MACHADO

Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do Butantatilde municiacutepio de Satildeo Paulo em 2006 e 2008

Comissatildeo Julgadora da Tese para obtenccedilatildeo do grau de Doutor

_______________________________________________

Profa Dra Ceacutelia Colli

OrientadoraPresidente

_______________________________________________

1ordm examinador

_______________________________________________

2ordm examinador

_______________________________________________

3ordm examinador

_______________________________________________

4ordm examinador

Satildeo Paulo _______ de ______________ de 2011

Dedico este trabalho

A meus pais Joseacute (in memorian) e Helena e a meus queridos irmatildeos pela motivaccedilatildeo compreensatildeo e

forccedila com que sempre me acompanharam

a meus filhos Daniel e Clarissa e a meu genro Marcelo que propiciam alegrias agrave minha vida

e a todas as gestantes que em seu ventre nutrem e aconchegam seus filhos

AGRADECIMENTOS

Agrave minha orientadora Professora Ceacutelia Colli pela competecircncia e seriedade com

que me transmitiu seus conhecimentos Pela dedicaccedilatildeo e paciecircncia na orientaccedilatildeo

desse trabalho de notaacutevel rigor teoacuterico e metodoloacutegico fundamental a sua

referecircncia como professora e pesquisadora

Agrave Professora Sophia Cornbluth Szarfarc por sua capacidade de despertar nas

pessoas a vontade de fazer pesquisa

Ao Professor Joseacute Maria Pacheco de Souza por prontamente concordar em

desenvolver a anaacutelise estatiacutestica de meu trabalho apresentando sugestotildees cuja

pertinecircncia contribuiu para a construccedilatildeo e finalizaccedilatildeo desta tese ldquoGrande

mestrerdquo Meu muitiacutessimo obrigado

Agraves Professoras Flaacutevia Mori Elizabeth Fujimori e Josefina Braga cujas valiosas

criacuteticas no exame de qualificaccedilatildeo trouxeram consistecircncia ao desenvolvimento

desta pesquisa

Ao PRONUT seus professores e funcionaacuterios em especial ao Jorge de Lima e agrave

Elaine Ychico

Agraves estagiaacuterias Fernanda Holanda Fernanda Lima Ariane Renata Cristina

Andreacutea e Acircngela Pacheco Mariana Figueiredo pela colaboraccedilatildeo no resgate das

informaccedilotildees dos prontuaacuterios e em outros momentos

Agrave Cristiane Hermes Sales Cassiana Ganem Vivianne Rocha Fernanda Brunacci

Alexandre Lobo Laila Sangaletti Isabel Giannichi Jessica Silva Eduardo

Gaievsky grupo do laboratoacuterio de Nutriccedilatildeo Bloco 14 o meu carinho

Agrave Coordenadora Regional de Sauacutede Centro Oeste Dra Maacutercia Gadargi e sua

assessoria por acreditar em minhas potencialidades oportunidade de

compartilhar com as atividades na Coordenadoria

Agraves supervisoras do Butantatilde gestoras das UBS e demais funcionaacuterios por

acreditarem no projeto e pelo auxiacutelio prestado durante sua implantaccedilatildeo

Ao Evaldo Kuniyoshi que me ensinou o caminho para a pesquisa em unidades de

sauacutede

Agrave Lucia Morita e demais funcionaacuterios do Laboratoacuterio Lapa pela presteza em

muitos momentos

Aos amigos e colegas do CEInfo e CRSCO Adriana Barbosa Ana Uliana Branca

Vaidergorn Denise Barbuscia Draacuteusio Camarnado Jr Eliana Bonilha Evani

Marzagatildeo Generosa Pereira Issa Mercadante Ivani dos Santos Joseacute Otaacutevio

Cunha Lanise Silva Mafalda Hemmann Marci Vescio Maacutercia Aoki Maacutercia

Borner Maria Teresa Suraacutenyi Maria Aparecida Lucarelli Michelli Lombardi

Regina Sanches Rita Labella Selma Banzato e Sheila Busato

A todos os amigos dos quais subtraiacute minha companhia Clarice Kato Denise

Venturi Elaine Rizzo Eliana Torresi Elisa Eloisa Silva Fava Glacilda Pedroso

Inecircs Endo Inecircs Lancarote Inecircs Endo Leila Bonadio Luacutecia Pacheco Luacutecia Ueno

Madalena Ferreira Maacutercia Farias Maria Carmen Carvalho Mello Marcos Vieira

Mocircnica Krauter Nadir Lopes Neder Valdeci Cantanhede Vera Figueiredo Vera

Perdigatildeo e em especial Solange Mandelli

ldquoHaacute quem diga que todas as noites satildeo de sonhos Mas haacute tambeacutem quem garanta que nem todas soacute as de veratildeo

Mas no fundo isso natildeo tem muita importacircncia O que interessa mesmo natildeo satildeo as noites em si satildeo os sonhos

Sonhos que o homem sonha sempre Em todos os lugares em todas as eacutepocas do ano dormindo ou

acordadordquo

Shakespeare

ix

RESUMO

Machado EHS Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regiatildeo Administrativa do Butantatilde do municiacutepio de Satildeo Paulo em

2006 e 2008 Satildeo Paulo 2011 Tese (Doutorado em Nutriccedilatildeo Humana Aplicada)

PRONUT ndash FCFFEAFSP Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

O presente estudo verificou a prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde-SP

Trata-se de estudo transversal com dados secundaacuterios de prontuaacuterios de 772

gestantes agrave primeira consulta do preacute-natal nos anos de 2006 (387) e de 2008

(385) Foram incluiacutedas no estudo as gestantes cujos prontuaacuterios apresentavam os

seguintes dados idade peso trimestre gestacional concentraccedilatildeo de

hemoglobina e RDW na primeira consulta de preacute-natal e ausecircncia de doenccedilas

crocircnicas De acordo com o estado nutricional preacute-gestacional observaram-se

maiores prevalecircncias de eutrofia (61 ) seguidas por 215 de sobrepeso e por

108 de obesidade A prevalecircncia de anemia foi de 100 em 2006 e de 88

em 2008 sem diferenccedila estatisticamente significativa entre os valores (p gt 005)

Como esperado a prevalecircncia aumentou com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo Em 2006

as meacutedias de Hb diminuiacuteram de 126 (10) gdL no I trimestre para 122 (11) gdL

no II trimestre e 115 (10) gdL no III trimestre gestacional Os valores foram

similares no ano de 2008 A distribuiccedilatildeo das meacutedias de Hb e RDW nos dois anos

natildeo mostrou diferenccedilas estatiacutesticas significativas (p gt 005) As gestantes que

estavam no II trimestre apresentaram risco de anisocitose maior em 41 quando

comparadas agraves que fizeram sua primeira consulta no primeiro trimestre Esse

niacutevel de prevalecircncia de anemia eacute classificado como associado a um risco

populacional leve segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

Palavras-chave anemia carecircncia de ferro gestaccedilatildeo poliacutetica de sauacutede

x

ABSTRACT

Machado EHS Anemia in pregnant women assisted at Health Basic Units

of Butantatilde Administrative Region city of Satildeo Paulo in 2006 and 2008 Satildeo

Paulo 2011 Dissertation (Doutorrsquos Degree in Applied Human Nutrition) PRONUT

ndash FCFFEAFSP University of Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

The present study verified the prevalence of anemia among pregnant women

assisted in 13 Health Basic Units of the Health Technical Supervision in Butantatilde-

SP This is a cross-sectional study with secondary data from medical charts of 772

pregnant women upon the first prenatal visit to the doctor in 2006 (387 women)

and 2008 (385 women) The study included pregnant women whose medical

charts contained the following data age weight gestational quarter hemoglobin

concentration and RDW upon the first prenatal visit and lack of chronic diseases

According to the gestational nutritional status the largest prevalence of eutrophic

women (61 ) was observed followed by 215 overweight and 108 obese

The prevalence of anemia was 100 in 2006 and 88 in 2008 with no

statistically significant difference between the values (p gt 005) As expected the

prevalence increased with the evolution of gestation In 2006 the mean Hb values

decreased from 126 (10) gdL in the first quarter to 122 (11) gdL in the second

quarter and 115 (10) gdL in the third quarter of pregnancy The values were

similar in 2008 The mean Hb distribution and RDW in both years showed no

statistically significant differences (p gt 005) The pregnant women who were in the

second quarter of pregnancy showed a 41 larger risk of anisocytosis when

compared to the ones who attended the first medical visit in the first quarter of

pregnancy This level of prevalence for anemia is classified as associated to a

slight risk for the population according to the World Health Organization

Keywords anemia iron deficiency gestation health policy

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma do estudo 36

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 43

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 46

xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia em gestantes e accedilotildees recomendadas 17

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010 23

Quadro 3 - Custo econocircmico de exames indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica de ferro 28

Quadro 4 - Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano 34

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 41

Tabela 2 - Classificaccedilatildeo antropomeacutetrica de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008 43

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 45

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 47

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

CDC Centers for Disease Control and Prevention

CGPAN Coordenaccedilatildeo Geral da Poliacutetica de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

Fe Ferro

Hb Hemoglobina

HCM Hemoglobina Corpuscular Meacutedia

Ht Hematoacutecrito

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IMC Iacutendice de Massa Corporal

INACG International Nutritional Anemia Consultative Group

INAN Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

ISA Inqueacuterito de Sauacutede ndash Capital 2008

MS Ministeacuterio da Sauacutede

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PAG Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante

PHPN Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-natal e Nascimento

PIB Produto Interno Bruto

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

POF Pesquisa de Orccedilamentos Familiares

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa Sauacutede da Famiacutelia

RDW Red Cell Distribution Width (Amplitude da Dispersatildeo dos Tamanhos das Hemaacutecias)

SBP Sociedade Brasileira de Pediatria

SEHAB Secretaria de Habitaccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo

SEMPLA Secretaria Municipal de Planejamento

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

VCM Volume Corpuscular Meacutedio

WHO Worth Health Organization

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 17

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco 18

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro 21

23 Paracircmetros hematimeacutetricos 24

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro 28

3 OBJETIVOS 31

31 Geral 31

32 Especiacuteficos 31

4 MATERIAL E MEacuteTODO 32

41 Delineamento 32

42 Local do estudo e caracteriacutesticas 32

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede 32

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde 33

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano 33

424 Tamanho amostral 35

425 Atendimento de preacute-natal 37

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas 37

427 Dados antropomeacutetricos 38

428 Idade gestacional 38

429 Dados hematoloacutegicos 38

4210 Anaacutelise dos dados 39

4211 Aspectos eacuteticos 39

5 RESULTADOS 40

6 DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSAtildeO 58

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 59

ANEXOS 69

Introduccedilatildeo

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo fez parte de um projeto maior intitulado ldquoConcentraccedilatildeo

de hemoglobina e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees

atendidos em Centros de Educaccedilatildeo Infantil do Municiacutepio de Satildeo Paulo

efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e milho fortificadas com ferrordquo que foi

ampliado para tambeacutem avaliar gestantes um dos grupos vulneraacuteveis indicadores

de anemia

A regiatildeo administrativa do Butantatilde foi escolhida por ter cerca de 465

de seus 377000 habitantes (2006) dependentes do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Fazem assistecircncia de sauacutede a essa populaccedilatildeo o Hospital Universitaacuterio da

Faculdade de Medicina da USP o Centro de Sauacutede Escola Samuel Barnsley

Pessoa e treze Unidades Baacutesicas de Sauacutede cinco das quais incorporaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Foram obtidos dados de concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW de 772

gestantes que em 2006 e 2008 frequentaram o Programa de Preacute-natal

Humanizado Esses dados obtidos agrave primeira consulta antes do iniacutecio da

suplementaccedilatildeo profilaacutetica com ferro e que tambeacutem refletem a situaccedilatildeo de anemia

da mulher em idade reprodutiva foram cotejados com idade peso e trimestre

gestacional Os resultados mostraram que natildeo haacute alteraccedilatildeo na prevalecircncia de

anemia nessa regiatildeo desde o ano de 2003 e que estaacute ao niacutevel de 10

considerado de risco leve pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

Esses resultados mostram que apesar de efetivamente implantada a

fortificaccedilatildeo de farinhas de trigo e milho com ferro pouco contribuiu para a reduccedilatildeo

da prevalecircncia da anemia em gestantes Uma das explicaccedilotildees pode ser o baixo

consumo do alimento agrave base de farinha de trigo fortificaccedilatildeo com ferro de baixa

biodisponibilidade nas farinhas Outra explicaccedilatildeo pode ser a presenccedila de outros

tipos de anemia que natildeo respondem agrave fortificaccedilatildeo com ferro

Revisatildeo da Literatura

17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

A anemia eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica global afetando

tanto paiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento com consequecircncias para

a sauacutede humana assim como para o desenvolvimento social e econocircmico

Estimativas da OMS apontam que a anemia afeta dois bilhotildees de pessoas no

mundo concentrando-se em mulheres em idade reprodutiva (30 ) gestantes

(418 ) e tambeacutem em lactentes (474 ) de paiacuteses em desenvolvimento A

Aacutefrica apresenta a maior prevalecircncia de anemia entre gestantes (558 ) seguida

pela Aacutesia (416 ) Ameacuterica Latina-Caribe (311 ) Oceania (304 ) Europa

(187 ) e Ameacuterica do Norte (61 ) (WORLD HEALTH ORGANIZATION ndash WHO

2007)

As gestantes representam um dos grupos mais vulneraacuteveis agrave deficiecircncia

do ferro devido agrave elevada necessidade desse mineral exigida pelo crescimento

acentuado dos tecidos para o desenvolvimento do feto da placenta e do cordatildeo

umbilical (SOUZA et al 2002)

Dada essa condiccedilatildeo as categorias de risco populacional para a anemia

tecircm como base a prevalecircncia desse distuacuterbio em gestantes (Quadro I)

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia e accedilotildees recomendadas

Categoria de risco

Hb lt 110gdL Accedilotildees

Grave ge 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Moderada 200 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Leve 50 200 Orientaccedilatildeo nutricional fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

Normal lt 50 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

WHO 2007

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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59

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

UNIVERSIDADE DE SAtildeO PAULO FCFFEAFSP

Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo Interunidades em Nutriccedilatildeo Humana Aplicada ndash PRONUT

EDNA HELENA DA SILVA MACHADO

Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do Butantatilde municiacutepio de Satildeo Paulo em 2006 e 2008

Tese para obtenccedilatildeo do grau de

Doutor

Orientador Profordf Drordf Ceacutelia Colli

Satildeo Paulo

2011

Eacute expressamente proibida a comercializaccedilatildeo deste documento tanto na sua

forma impressa como eletrocircnica Sua reproduccedilatildeo total ou parcial eacute permitida

exclusivamente para fins acadecircmicos e cientiacuteficos desde que na reproduccedilatildeo

figure a identificaccedilatildeo do autor tiacutetulo instituiccedilatildeo e ano da tesedissertaccedilatildeo

Ficha Catalograacutefica

Elaborada pela Divisatildeo de Biblioteca e

Documentaccedilatildeo do Conjunto das Quiacutemicas da USP

Machado Edna Helena da Silva

M149a Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da regiatildeo administrativa do Butantatilde municiacutepio de Satildeo Paulo em 2006 e 2008 Edna Helena da Silva Machado -- Satildeo Paulo 2011

71p Tese (doutorado) ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da USP Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade da USP Faculdade de Sauacutede Puacuteblica da USP Curso Interunidades em Nutriccedilatildeo Humana Aplicada

Orientador Colli Ceacutelia 1 Ferro Carecircncia Medicina 2 Anemia 3 Nutriccedilatildeo Gestaccedilatildeo Ciecircncia dos

alimentos 4 Poliacutetica de sauacutede I T II Colli Ceacutelia orientador 6411 CDD

EDNA HELENA DA SILVA MACHADO

Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do Butantatilde municiacutepio de Satildeo Paulo em 2006 e 2008

Comissatildeo Julgadora da Tese para obtenccedilatildeo do grau de Doutor

_______________________________________________

Profa Dra Ceacutelia Colli

OrientadoraPresidente

_______________________________________________

1ordm examinador

_______________________________________________

2ordm examinador

_______________________________________________

3ordm examinador

_______________________________________________

4ordm examinador

Satildeo Paulo _______ de ______________ de 2011

Dedico este trabalho

A meus pais Joseacute (in memorian) e Helena e a meus queridos irmatildeos pela motivaccedilatildeo compreensatildeo e

forccedila com que sempre me acompanharam

a meus filhos Daniel e Clarissa e a meu genro Marcelo que propiciam alegrias agrave minha vida

e a todas as gestantes que em seu ventre nutrem e aconchegam seus filhos

AGRADECIMENTOS

Agrave minha orientadora Professora Ceacutelia Colli pela competecircncia e seriedade com

que me transmitiu seus conhecimentos Pela dedicaccedilatildeo e paciecircncia na orientaccedilatildeo

desse trabalho de notaacutevel rigor teoacuterico e metodoloacutegico fundamental a sua

referecircncia como professora e pesquisadora

Agrave Professora Sophia Cornbluth Szarfarc por sua capacidade de despertar nas

pessoas a vontade de fazer pesquisa

Ao Professor Joseacute Maria Pacheco de Souza por prontamente concordar em

desenvolver a anaacutelise estatiacutestica de meu trabalho apresentando sugestotildees cuja

pertinecircncia contribuiu para a construccedilatildeo e finalizaccedilatildeo desta tese ldquoGrande

mestrerdquo Meu muitiacutessimo obrigado

Agraves Professoras Flaacutevia Mori Elizabeth Fujimori e Josefina Braga cujas valiosas

criacuteticas no exame de qualificaccedilatildeo trouxeram consistecircncia ao desenvolvimento

desta pesquisa

Ao PRONUT seus professores e funcionaacuterios em especial ao Jorge de Lima e agrave

Elaine Ychico

Agraves estagiaacuterias Fernanda Holanda Fernanda Lima Ariane Renata Cristina

Andreacutea e Acircngela Pacheco Mariana Figueiredo pela colaboraccedilatildeo no resgate das

informaccedilotildees dos prontuaacuterios e em outros momentos

Agrave Cristiane Hermes Sales Cassiana Ganem Vivianne Rocha Fernanda Brunacci

Alexandre Lobo Laila Sangaletti Isabel Giannichi Jessica Silva Eduardo

Gaievsky grupo do laboratoacuterio de Nutriccedilatildeo Bloco 14 o meu carinho

Agrave Coordenadora Regional de Sauacutede Centro Oeste Dra Maacutercia Gadargi e sua

assessoria por acreditar em minhas potencialidades oportunidade de

compartilhar com as atividades na Coordenadoria

Agraves supervisoras do Butantatilde gestoras das UBS e demais funcionaacuterios por

acreditarem no projeto e pelo auxiacutelio prestado durante sua implantaccedilatildeo

Ao Evaldo Kuniyoshi que me ensinou o caminho para a pesquisa em unidades de

sauacutede

Agrave Lucia Morita e demais funcionaacuterios do Laboratoacuterio Lapa pela presteza em

muitos momentos

Aos amigos e colegas do CEInfo e CRSCO Adriana Barbosa Ana Uliana Branca

Vaidergorn Denise Barbuscia Draacuteusio Camarnado Jr Eliana Bonilha Evani

Marzagatildeo Generosa Pereira Issa Mercadante Ivani dos Santos Joseacute Otaacutevio

Cunha Lanise Silva Mafalda Hemmann Marci Vescio Maacutercia Aoki Maacutercia

Borner Maria Teresa Suraacutenyi Maria Aparecida Lucarelli Michelli Lombardi

Regina Sanches Rita Labella Selma Banzato e Sheila Busato

A todos os amigos dos quais subtraiacute minha companhia Clarice Kato Denise

Venturi Elaine Rizzo Eliana Torresi Elisa Eloisa Silva Fava Glacilda Pedroso

Inecircs Endo Inecircs Lancarote Inecircs Endo Leila Bonadio Luacutecia Pacheco Luacutecia Ueno

Madalena Ferreira Maacutercia Farias Maria Carmen Carvalho Mello Marcos Vieira

Mocircnica Krauter Nadir Lopes Neder Valdeci Cantanhede Vera Figueiredo Vera

Perdigatildeo e em especial Solange Mandelli

ldquoHaacute quem diga que todas as noites satildeo de sonhos Mas haacute tambeacutem quem garanta que nem todas soacute as de veratildeo

Mas no fundo isso natildeo tem muita importacircncia O que interessa mesmo natildeo satildeo as noites em si satildeo os sonhos

Sonhos que o homem sonha sempre Em todos os lugares em todas as eacutepocas do ano dormindo ou

acordadordquo

Shakespeare

ix

RESUMO

Machado EHS Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regiatildeo Administrativa do Butantatilde do municiacutepio de Satildeo Paulo em

2006 e 2008 Satildeo Paulo 2011 Tese (Doutorado em Nutriccedilatildeo Humana Aplicada)

PRONUT ndash FCFFEAFSP Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

O presente estudo verificou a prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde-SP

Trata-se de estudo transversal com dados secundaacuterios de prontuaacuterios de 772

gestantes agrave primeira consulta do preacute-natal nos anos de 2006 (387) e de 2008

(385) Foram incluiacutedas no estudo as gestantes cujos prontuaacuterios apresentavam os

seguintes dados idade peso trimestre gestacional concentraccedilatildeo de

hemoglobina e RDW na primeira consulta de preacute-natal e ausecircncia de doenccedilas

crocircnicas De acordo com o estado nutricional preacute-gestacional observaram-se

maiores prevalecircncias de eutrofia (61 ) seguidas por 215 de sobrepeso e por

108 de obesidade A prevalecircncia de anemia foi de 100 em 2006 e de 88

em 2008 sem diferenccedila estatisticamente significativa entre os valores (p gt 005)

Como esperado a prevalecircncia aumentou com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo Em 2006

as meacutedias de Hb diminuiacuteram de 126 (10) gdL no I trimestre para 122 (11) gdL

no II trimestre e 115 (10) gdL no III trimestre gestacional Os valores foram

similares no ano de 2008 A distribuiccedilatildeo das meacutedias de Hb e RDW nos dois anos

natildeo mostrou diferenccedilas estatiacutesticas significativas (p gt 005) As gestantes que

estavam no II trimestre apresentaram risco de anisocitose maior em 41 quando

comparadas agraves que fizeram sua primeira consulta no primeiro trimestre Esse

niacutevel de prevalecircncia de anemia eacute classificado como associado a um risco

populacional leve segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

Palavras-chave anemia carecircncia de ferro gestaccedilatildeo poliacutetica de sauacutede

x

ABSTRACT

Machado EHS Anemia in pregnant women assisted at Health Basic Units

of Butantatilde Administrative Region city of Satildeo Paulo in 2006 and 2008 Satildeo

Paulo 2011 Dissertation (Doutorrsquos Degree in Applied Human Nutrition) PRONUT

ndash FCFFEAFSP University of Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

The present study verified the prevalence of anemia among pregnant women

assisted in 13 Health Basic Units of the Health Technical Supervision in Butantatilde-

SP This is a cross-sectional study with secondary data from medical charts of 772

pregnant women upon the first prenatal visit to the doctor in 2006 (387 women)

and 2008 (385 women) The study included pregnant women whose medical

charts contained the following data age weight gestational quarter hemoglobin

concentration and RDW upon the first prenatal visit and lack of chronic diseases

According to the gestational nutritional status the largest prevalence of eutrophic

women (61 ) was observed followed by 215 overweight and 108 obese

The prevalence of anemia was 100 in 2006 and 88 in 2008 with no

statistically significant difference between the values (p gt 005) As expected the

prevalence increased with the evolution of gestation In 2006 the mean Hb values

decreased from 126 (10) gdL in the first quarter to 122 (11) gdL in the second

quarter and 115 (10) gdL in the third quarter of pregnancy The values were

similar in 2008 The mean Hb distribution and RDW in both years showed no

statistically significant differences (p gt 005) The pregnant women who were in the

second quarter of pregnancy showed a 41 larger risk of anisocytosis when

compared to the ones who attended the first medical visit in the first quarter of

pregnancy This level of prevalence for anemia is classified as associated to a

slight risk for the population according to the World Health Organization

Keywords anemia iron deficiency gestation health policy

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma do estudo 36

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 43

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 46

xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia em gestantes e accedilotildees recomendadas 17

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010 23

Quadro 3 - Custo econocircmico de exames indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica de ferro 28

Quadro 4 - Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano 34

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 41

Tabela 2 - Classificaccedilatildeo antropomeacutetrica de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008 43

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 45

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 47

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

CDC Centers for Disease Control and Prevention

CGPAN Coordenaccedilatildeo Geral da Poliacutetica de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

Fe Ferro

Hb Hemoglobina

HCM Hemoglobina Corpuscular Meacutedia

Ht Hematoacutecrito

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IMC Iacutendice de Massa Corporal

INACG International Nutritional Anemia Consultative Group

INAN Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

ISA Inqueacuterito de Sauacutede ndash Capital 2008

MS Ministeacuterio da Sauacutede

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PAG Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante

PHPN Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-natal e Nascimento

PIB Produto Interno Bruto

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

POF Pesquisa de Orccedilamentos Familiares

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa Sauacutede da Famiacutelia

RDW Red Cell Distribution Width (Amplitude da Dispersatildeo dos Tamanhos das Hemaacutecias)

SBP Sociedade Brasileira de Pediatria

SEHAB Secretaria de Habitaccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo

SEMPLA Secretaria Municipal de Planejamento

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

VCM Volume Corpuscular Meacutedio

WHO Worth Health Organization

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 17

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco 18

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro 21

23 Paracircmetros hematimeacutetricos 24

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro 28

3 OBJETIVOS 31

31 Geral 31

32 Especiacuteficos 31

4 MATERIAL E MEacuteTODO 32

41 Delineamento 32

42 Local do estudo e caracteriacutesticas 32

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede 32

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde 33

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano 33

424 Tamanho amostral 35

425 Atendimento de preacute-natal 37

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas 37

427 Dados antropomeacutetricos 38

428 Idade gestacional 38

429 Dados hematoloacutegicos 38

4210 Anaacutelise dos dados 39

4211 Aspectos eacuteticos 39

5 RESULTADOS 40

6 DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSAtildeO 58

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 59

ANEXOS 69

Introduccedilatildeo

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo fez parte de um projeto maior intitulado ldquoConcentraccedilatildeo

de hemoglobina e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees

atendidos em Centros de Educaccedilatildeo Infantil do Municiacutepio de Satildeo Paulo

efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e milho fortificadas com ferrordquo que foi

ampliado para tambeacutem avaliar gestantes um dos grupos vulneraacuteveis indicadores

de anemia

A regiatildeo administrativa do Butantatilde foi escolhida por ter cerca de 465

de seus 377000 habitantes (2006) dependentes do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Fazem assistecircncia de sauacutede a essa populaccedilatildeo o Hospital Universitaacuterio da

Faculdade de Medicina da USP o Centro de Sauacutede Escola Samuel Barnsley

Pessoa e treze Unidades Baacutesicas de Sauacutede cinco das quais incorporaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Foram obtidos dados de concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW de 772

gestantes que em 2006 e 2008 frequentaram o Programa de Preacute-natal

Humanizado Esses dados obtidos agrave primeira consulta antes do iniacutecio da

suplementaccedilatildeo profilaacutetica com ferro e que tambeacutem refletem a situaccedilatildeo de anemia

da mulher em idade reprodutiva foram cotejados com idade peso e trimestre

gestacional Os resultados mostraram que natildeo haacute alteraccedilatildeo na prevalecircncia de

anemia nessa regiatildeo desde o ano de 2003 e que estaacute ao niacutevel de 10

considerado de risco leve pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

Esses resultados mostram que apesar de efetivamente implantada a

fortificaccedilatildeo de farinhas de trigo e milho com ferro pouco contribuiu para a reduccedilatildeo

da prevalecircncia da anemia em gestantes Uma das explicaccedilotildees pode ser o baixo

consumo do alimento agrave base de farinha de trigo fortificaccedilatildeo com ferro de baixa

biodisponibilidade nas farinhas Outra explicaccedilatildeo pode ser a presenccedila de outros

tipos de anemia que natildeo respondem agrave fortificaccedilatildeo com ferro

Revisatildeo da Literatura

17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

A anemia eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica global afetando

tanto paiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento com consequecircncias para

a sauacutede humana assim como para o desenvolvimento social e econocircmico

Estimativas da OMS apontam que a anemia afeta dois bilhotildees de pessoas no

mundo concentrando-se em mulheres em idade reprodutiva (30 ) gestantes

(418 ) e tambeacutem em lactentes (474 ) de paiacuteses em desenvolvimento A

Aacutefrica apresenta a maior prevalecircncia de anemia entre gestantes (558 ) seguida

pela Aacutesia (416 ) Ameacuterica Latina-Caribe (311 ) Oceania (304 ) Europa

(187 ) e Ameacuterica do Norte (61 ) (WORLD HEALTH ORGANIZATION ndash WHO

2007)

As gestantes representam um dos grupos mais vulneraacuteveis agrave deficiecircncia

do ferro devido agrave elevada necessidade desse mineral exigida pelo crescimento

acentuado dos tecidos para o desenvolvimento do feto da placenta e do cordatildeo

umbilical (SOUZA et al 2002)

Dada essa condiccedilatildeo as categorias de risco populacional para a anemia

tecircm como base a prevalecircncia desse distuacuterbio em gestantes (Quadro I)

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia e accedilotildees recomendadas

Categoria de risco

Hb lt 110gdL Accedilotildees

Grave ge 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Moderada 200 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Leve 50 200 Orientaccedilatildeo nutricional fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

Normal lt 50 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

WHO 2007

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Eacute expressamente proibida a comercializaccedilatildeo deste documento tanto na sua

forma impressa como eletrocircnica Sua reproduccedilatildeo total ou parcial eacute permitida

exclusivamente para fins acadecircmicos e cientiacuteficos desde que na reproduccedilatildeo

figure a identificaccedilatildeo do autor tiacutetulo instituiccedilatildeo e ano da tesedissertaccedilatildeo

Ficha Catalograacutefica

Elaborada pela Divisatildeo de Biblioteca e

Documentaccedilatildeo do Conjunto das Quiacutemicas da USP

Machado Edna Helena da Silva

M149a Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da regiatildeo administrativa do Butantatilde municiacutepio de Satildeo Paulo em 2006 e 2008 Edna Helena da Silva Machado -- Satildeo Paulo 2011

71p Tese (doutorado) ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da USP Faculdade de Economia Administraccedilatildeo e Contabilidade da USP Faculdade de Sauacutede Puacuteblica da USP Curso Interunidades em Nutriccedilatildeo Humana Aplicada

Orientador Colli Ceacutelia 1 Ferro Carecircncia Medicina 2 Anemia 3 Nutriccedilatildeo Gestaccedilatildeo Ciecircncia dos

alimentos 4 Poliacutetica de sauacutede I T II Colli Ceacutelia orientador 6411 CDD

EDNA HELENA DA SILVA MACHADO

Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do Butantatilde municiacutepio de Satildeo Paulo em 2006 e 2008

Comissatildeo Julgadora da Tese para obtenccedilatildeo do grau de Doutor

_______________________________________________

Profa Dra Ceacutelia Colli

OrientadoraPresidente

_______________________________________________

1ordm examinador

_______________________________________________

2ordm examinador

_______________________________________________

3ordm examinador

_______________________________________________

4ordm examinador

Satildeo Paulo _______ de ______________ de 2011

Dedico este trabalho

A meus pais Joseacute (in memorian) e Helena e a meus queridos irmatildeos pela motivaccedilatildeo compreensatildeo e

forccedila com que sempre me acompanharam

a meus filhos Daniel e Clarissa e a meu genro Marcelo que propiciam alegrias agrave minha vida

e a todas as gestantes que em seu ventre nutrem e aconchegam seus filhos

AGRADECIMENTOS

Agrave minha orientadora Professora Ceacutelia Colli pela competecircncia e seriedade com

que me transmitiu seus conhecimentos Pela dedicaccedilatildeo e paciecircncia na orientaccedilatildeo

desse trabalho de notaacutevel rigor teoacuterico e metodoloacutegico fundamental a sua

referecircncia como professora e pesquisadora

Agrave Professora Sophia Cornbluth Szarfarc por sua capacidade de despertar nas

pessoas a vontade de fazer pesquisa

Ao Professor Joseacute Maria Pacheco de Souza por prontamente concordar em

desenvolver a anaacutelise estatiacutestica de meu trabalho apresentando sugestotildees cuja

pertinecircncia contribuiu para a construccedilatildeo e finalizaccedilatildeo desta tese ldquoGrande

mestrerdquo Meu muitiacutessimo obrigado

Agraves Professoras Flaacutevia Mori Elizabeth Fujimori e Josefina Braga cujas valiosas

criacuteticas no exame de qualificaccedilatildeo trouxeram consistecircncia ao desenvolvimento

desta pesquisa

Ao PRONUT seus professores e funcionaacuterios em especial ao Jorge de Lima e agrave

Elaine Ychico

Agraves estagiaacuterias Fernanda Holanda Fernanda Lima Ariane Renata Cristina

Andreacutea e Acircngela Pacheco Mariana Figueiredo pela colaboraccedilatildeo no resgate das

informaccedilotildees dos prontuaacuterios e em outros momentos

Agrave Cristiane Hermes Sales Cassiana Ganem Vivianne Rocha Fernanda Brunacci

Alexandre Lobo Laila Sangaletti Isabel Giannichi Jessica Silva Eduardo

Gaievsky grupo do laboratoacuterio de Nutriccedilatildeo Bloco 14 o meu carinho

Agrave Coordenadora Regional de Sauacutede Centro Oeste Dra Maacutercia Gadargi e sua

assessoria por acreditar em minhas potencialidades oportunidade de

compartilhar com as atividades na Coordenadoria

Agraves supervisoras do Butantatilde gestoras das UBS e demais funcionaacuterios por

acreditarem no projeto e pelo auxiacutelio prestado durante sua implantaccedilatildeo

Ao Evaldo Kuniyoshi que me ensinou o caminho para a pesquisa em unidades de

sauacutede

Agrave Lucia Morita e demais funcionaacuterios do Laboratoacuterio Lapa pela presteza em

muitos momentos

Aos amigos e colegas do CEInfo e CRSCO Adriana Barbosa Ana Uliana Branca

Vaidergorn Denise Barbuscia Draacuteusio Camarnado Jr Eliana Bonilha Evani

Marzagatildeo Generosa Pereira Issa Mercadante Ivani dos Santos Joseacute Otaacutevio

Cunha Lanise Silva Mafalda Hemmann Marci Vescio Maacutercia Aoki Maacutercia

Borner Maria Teresa Suraacutenyi Maria Aparecida Lucarelli Michelli Lombardi

Regina Sanches Rita Labella Selma Banzato e Sheila Busato

A todos os amigos dos quais subtraiacute minha companhia Clarice Kato Denise

Venturi Elaine Rizzo Eliana Torresi Elisa Eloisa Silva Fava Glacilda Pedroso

Inecircs Endo Inecircs Lancarote Inecircs Endo Leila Bonadio Luacutecia Pacheco Luacutecia Ueno

Madalena Ferreira Maacutercia Farias Maria Carmen Carvalho Mello Marcos Vieira

Mocircnica Krauter Nadir Lopes Neder Valdeci Cantanhede Vera Figueiredo Vera

Perdigatildeo e em especial Solange Mandelli

ldquoHaacute quem diga que todas as noites satildeo de sonhos Mas haacute tambeacutem quem garanta que nem todas soacute as de veratildeo

Mas no fundo isso natildeo tem muita importacircncia O que interessa mesmo natildeo satildeo as noites em si satildeo os sonhos

Sonhos que o homem sonha sempre Em todos os lugares em todas as eacutepocas do ano dormindo ou

acordadordquo

Shakespeare

ix

RESUMO

Machado EHS Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regiatildeo Administrativa do Butantatilde do municiacutepio de Satildeo Paulo em

2006 e 2008 Satildeo Paulo 2011 Tese (Doutorado em Nutriccedilatildeo Humana Aplicada)

PRONUT ndash FCFFEAFSP Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

O presente estudo verificou a prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde-SP

Trata-se de estudo transversal com dados secundaacuterios de prontuaacuterios de 772

gestantes agrave primeira consulta do preacute-natal nos anos de 2006 (387) e de 2008

(385) Foram incluiacutedas no estudo as gestantes cujos prontuaacuterios apresentavam os

seguintes dados idade peso trimestre gestacional concentraccedilatildeo de

hemoglobina e RDW na primeira consulta de preacute-natal e ausecircncia de doenccedilas

crocircnicas De acordo com o estado nutricional preacute-gestacional observaram-se

maiores prevalecircncias de eutrofia (61 ) seguidas por 215 de sobrepeso e por

108 de obesidade A prevalecircncia de anemia foi de 100 em 2006 e de 88

em 2008 sem diferenccedila estatisticamente significativa entre os valores (p gt 005)

Como esperado a prevalecircncia aumentou com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo Em 2006

as meacutedias de Hb diminuiacuteram de 126 (10) gdL no I trimestre para 122 (11) gdL

no II trimestre e 115 (10) gdL no III trimestre gestacional Os valores foram

similares no ano de 2008 A distribuiccedilatildeo das meacutedias de Hb e RDW nos dois anos

natildeo mostrou diferenccedilas estatiacutesticas significativas (p gt 005) As gestantes que

estavam no II trimestre apresentaram risco de anisocitose maior em 41 quando

comparadas agraves que fizeram sua primeira consulta no primeiro trimestre Esse

niacutevel de prevalecircncia de anemia eacute classificado como associado a um risco

populacional leve segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

Palavras-chave anemia carecircncia de ferro gestaccedilatildeo poliacutetica de sauacutede

x

ABSTRACT

Machado EHS Anemia in pregnant women assisted at Health Basic Units

of Butantatilde Administrative Region city of Satildeo Paulo in 2006 and 2008 Satildeo

Paulo 2011 Dissertation (Doutorrsquos Degree in Applied Human Nutrition) PRONUT

ndash FCFFEAFSP University of Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

The present study verified the prevalence of anemia among pregnant women

assisted in 13 Health Basic Units of the Health Technical Supervision in Butantatilde-

SP This is a cross-sectional study with secondary data from medical charts of 772

pregnant women upon the first prenatal visit to the doctor in 2006 (387 women)

and 2008 (385 women) The study included pregnant women whose medical

charts contained the following data age weight gestational quarter hemoglobin

concentration and RDW upon the first prenatal visit and lack of chronic diseases

According to the gestational nutritional status the largest prevalence of eutrophic

women (61 ) was observed followed by 215 overweight and 108 obese

The prevalence of anemia was 100 in 2006 and 88 in 2008 with no

statistically significant difference between the values (p gt 005) As expected the

prevalence increased with the evolution of gestation In 2006 the mean Hb values

decreased from 126 (10) gdL in the first quarter to 122 (11) gdL in the second

quarter and 115 (10) gdL in the third quarter of pregnancy The values were

similar in 2008 The mean Hb distribution and RDW in both years showed no

statistically significant differences (p gt 005) The pregnant women who were in the

second quarter of pregnancy showed a 41 larger risk of anisocytosis when

compared to the ones who attended the first medical visit in the first quarter of

pregnancy This level of prevalence for anemia is classified as associated to a

slight risk for the population according to the World Health Organization

Keywords anemia iron deficiency gestation health policy

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma do estudo 36

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 43

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 46

xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia em gestantes e accedilotildees recomendadas 17

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010 23

Quadro 3 - Custo econocircmico de exames indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica de ferro 28

Quadro 4 - Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano 34

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 41

Tabela 2 - Classificaccedilatildeo antropomeacutetrica de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008 43

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 45

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 47

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

CDC Centers for Disease Control and Prevention

CGPAN Coordenaccedilatildeo Geral da Poliacutetica de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

Fe Ferro

Hb Hemoglobina

HCM Hemoglobina Corpuscular Meacutedia

Ht Hematoacutecrito

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IMC Iacutendice de Massa Corporal

INACG International Nutritional Anemia Consultative Group

INAN Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

ISA Inqueacuterito de Sauacutede ndash Capital 2008

MS Ministeacuterio da Sauacutede

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PAG Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante

PHPN Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-natal e Nascimento

PIB Produto Interno Bruto

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

POF Pesquisa de Orccedilamentos Familiares

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa Sauacutede da Famiacutelia

RDW Red Cell Distribution Width (Amplitude da Dispersatildeo dos Tamanhos das Hemaacutecias)

SBP Sociedade Brasileira de Pediatria

SEHAB Secretaria de Habitaccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo

SEMPLA Secretaria Municipal de Planejamento

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

VCM Volume Corpuscular Meacutedio

WHO Worth Health Organization

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 17

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco 18

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro 21

23 Paracircmetros hematimeacutetricos 24

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro 28

3 OBJETIVOS 31

31 Geral 31

32 Especiacuteficos 31

4 MATERIAL E MEacuteTODO 32

41 Delineamento 32

42 Local do estudo e caracteriacutesticas 32

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede 32

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde 33

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano 33

424 Tamanho amostral 35

425 Atendimento de preacute-natal 37

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas 37

427 Dados antropomeacutetricos 38

428 Idade gestacional 38

429 Dados hematoloacutegicos 38

4210 Anaacutelise dos dados 39

4211 Aspectos eacuteticos 39

5 RESULTADOS 40

6 DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSAtildeO 58

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 59

ANEXOS 69

Introduccedilatildeo

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo fez parte de um projeto maior intitulado ldquoConcentraccedilatildeo

de hemoglobina e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees

atendidos em Centros de Educaccedilatildeo Infantil do Municiacutepio de Satildeo Paulo

efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e milho fortificadas com ferrordquo que foi

ampliado para tambeacutem avaliar gestantes um dos grupos vulneraacuteveis indicadores

de anemia

A regiatildeo administrativa do Butantatilde foi escolhida por ter cerca de 465

de seus 377000 habitantes (2006) dependentes do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Fazem assistecircncia de sauacutede a essa populaccedilatildeo o Hospital Universitaacuterio da

Faculdade de Medicina da USP o Centro de Sauacutede Escola Samuel Barnsley

Pessoa e treze Unidades Baacutesicas de Sauacutede cinco das quais incorporaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Foram obtidos dados de concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW de 772

gestantes que em 2006 e 2008 frequentaram o Programa de Preacute-natal

Humanizado Esses dados obtidos agrave primeira consulta antes do iniacutecio da

suplementaccedilatildeo profilaacutetica com ferro e que tambeacutem refletem a situaccedilatildeo de anemia

da mulher em idade reprodutiva foram cotejados com idade peso e trimestre

gestacional Os resultados mostraram que natildeo haacute alteraccedilatildeo na prevalecircncia de

anemia nessa regiatildeo desde o ano de 2003 e que estaacute ao niacutevel de 10

considerado de risco leve pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

Esses resultados mostram que apesar de efetivamente implantada a

fortificaccedilatildeo de farinhas de trigo e milho com ferro pouco contribuiu para a reduccedilatildeo

da prevalecircncia da anemia em gestantes Uma das explicaccedilotildees pode ser o baixo

consumo do alimento agrave base de farinha de trigo fortificaccedilatildeo com ferro de baixa

biodisponibilidade nas farinhas Outra explicaccedilatildeo pode ser a presenccedila de outros

tipos de anemia que natildeo respondem agrave fortificaccedilatildeo com ferro

Revisatildeo da Literatura

17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

A anemia eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica global afetando

tanto paiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento com consequecircncias para

a sauacutede humana assim como para o desenvolvimento social e econocircmico

Estimativas da OMS apontam que a anemia afeta dois bilhotildees de pessoas no

mundo concentrando-se em mulheres em idade reprodutiva (30 ) gestantes

(418 ) e tambeacutem em lactentes (474 ) de paiacuteses em desenvolvimento A

Aacutefrica apresenta a maior prevalecircncia de anemia entre gestantes (558 ) seguida

pela Aacutesia (416 ) Ameacuterica Latina-Caribe (311 ) Oceania (304 ) Europa

(187 ) e Ameacuterica do Norte (61 ) (WORLD HEALTH ORGANIZATION ndash WHO

2007)

As gestantes representam um dos grupos mais vulneraacuteveis agrave deficiecircncia

do ferro devido agrave elevada necessidade desse mineral exigida pelo crescimento

acentuado dos tecidos para o desenvolvimento do feto da placenta e do cordatildeo

umbilical (SOUZA et al 2002)

Dada essa condiccedilatildeo as categorias de risco populacional para a anemia

tecircm como base a prevalecircncia desse distuacuterbio em gestantes (Quadro I)

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia e accedilotildees recomendadas

Categoria de risco

Hb lt 110gdL Accedilotildees

Grave ge 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Moderada 200 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Leve 50 200 Orientaccedilatildeo nutricional fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

Normal lt 50 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

WHO 2007

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

EDNA HELENA DA SILVA MACHADO

Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do Butantatilde municiacutepio de Satildeo Paulo em 2006 e 2008

Comissatildeo Julgadora da Tese para obtenccedilatildeo do grau de Doutor

_______________________________________________

Profa Dra Ceacutelia Colli

OrientadoraPresidente

_______________________________________________

1ordm examinador

_______________________________________________

2ordm examinador

_______________________________________________

3ordm examinador

_______________________________________________

4ordm examinador

Satildeo Paulo _______ de ______________ de 2011

Dedico este trabalho

A meus pais Joseacute (in memorian) e Helena e a meus queridos irmatildeos pela motivaccedilatildeo compreensatildeo e

forccedila com que sempre me acompanharam

a meus filhos Daniel e Clarissa e a meu genro Marcelo que propiciam alegrias agrave minha vida

e a todas as gestantes que em seu ventre nutrem e aconchegam seus filhos

AGRADECIMENTOS

Agrave minha orientadora Professora Ceacutelia Colli pela competecircncia e seriedade com

que me transmitiu seus conhecimentos Pela dedicaccedilatildeo e paciecircncia na orientaccedilatildeo

desse trabalho de notaacutevel rigor teoacuterico e metodoloacutegico fundamental a sua

referecircncia como professora e pesquisadora

Agrave Professora Sophia Cornbluth Szarfarc por sua capacidade de despertar nas

pessoas a vontade de fazer pesquisa

Ao Professor Joseacute Maria Pacheco de Souza por prontamente concordar em

desenvolver a anaacutelise estatiacutestica de meu trabalho apresentando sugestotildees cuja

pertinecircncia contribuiu para a construccedilatildeo e finalizaccedilatildeo desta tese ldquoGrande

mestrerdquo Meu muitiacutessimo obrigado

Agraves Professoras Flaacutevia Mori Elizabeth Fujimori e Josefina Braga cujas valiosas

criacuteticas no exame de qualificaccedilatildeo trouxeram consistecircncia ao desenvolvimento

desta pesquisa

Ao PRONUT seus professores e funcionaacuterios em especial ao Jorge de Lima e agrave

Elaine Ychico

Agraves estagiaacuterias Fernanda Holanda Fernanda Lima Ariane Renata Cristina

Andreacutea e Acircngela Pacheco Mariana Figueiredo pela colaboraccedilatildeo no resgate das

informaccedilotildees dos prontuaacuterios e em outros momentos

Agrave Cristiane Hermes Sales Cassiana Ganem Vivianne Rocha Fernanda Brunacci

Alexandre Lobo Laila Sangaletti Isabel Giannichi Jessica Silva Eduardo

Gaievsky grupo do laboratoacuterio de Nutriccedilatildeo Bloco 14 o meu carinho

Agrave Coordenadora Regional de Sauacutede Centro Oeste Dra Maacutercia Gadargi e sua

assessoria por acreditar em minhas potencialidades oportunidade de

compartilhar com as atividades na Coordenadoria

Agraves supervisoras do Butantatilde gestoras das UBS e demais funcionaacuterios por

acreditarem no projeto e pelo auxiacutelio prestado durante sua implantaccedilatildeo

Ao Evaldo Kuniyoshi que me ensinou o caminho para a pesquisa em unidades de

sauacutede

Agrave Lucia Morita e demais funcionaacuterios do Laboratoacuterio Lapa pela presteza em

muitos momentos

Aos amigos e colegas do CEInfo e CRSCO Adriana Barbosa Ana Uliana Branca

Vaidergorn Denise Barbuscia Draacuteusio Camarnado Jr Eliana Bonilha Evani

Marzagatildeo Generosa Pereira Issa Mercadante Ivani dos Santos Joseacute Otaacutevio

Cunha Lanise Silva Mafalda Hemmann Marci Vescio Maacutercia Aoki Maacutercia

Borner Maria Teresa Suraacutenyi Maria Aparecida Lucarelli Michelli Lombardi

Regina Sanches Rita Labella Selma Banzato e Sheila Busato

A todos os amigos dos quais subtraiacute minha companhia Clarice Kato Denise

Venturi Elaine Rizzo Eliana Torresi Elisa Eloisa Silva Fava Glacilda Pedroso

Inecircs Endo Inecircs Lancarote Inecircs Endo Leila Bonadio Luacutecia Pacheco Luacutecia Ueno

Madalena Ferreira Maacutercia Farias Maria Carmen Carvalho Mello Marcos Vieira

Mocircnica Krauter Nadir Lopes Neder Valdeci Cantanhede Vera Figueiredo Vera

Perdigatildeo e em especial Solange Mandelli

ldquoHaacute quem diga que todas as noites satildeo de sonhos Mas haacute tambeacutem quem garanta que nem todas soacute as de veratildeo

Mas no fundo isso natildeo tem muita importacircncia O que interessa mesmo natildeo satildeo as noites em si satildeo os sonhos

Sonhos que o homem sonha sempre Em todos os lugares em todas as eacutepocas do ano dormindo ou

acordadordquo

Shakespeare

ix

RESUMO

Machado EHS Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regiatildeo Administrativa do Butantatilde do municiacutepio de Satildeo Paulo em

2006 e 2008 Satildeo Paulo 2011 Tese (Doutorado em Nutriccedilatildeo Humana Aplicada)

PRONUT ndash FCFFEAFSP Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

O presente estudo verificou a prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde-SP

Trata-se de estudo transversal com dados secundaacuterios de prontuaacuterios de 772

gestantes agrave primeira consulta do preacute-natal nos anos de 2006 (387) e de 2008

(385) Foram incluiacutedas no estudo as gestantes cujos prontuaacuterios apresentavam os

seguintes dados idade peso trimestre gestacional concentraccedilatildeo de

hemoglobina e RDW na primeira consulta de preacute-natal e ausecircncia de doenccedilas

crocircnicas De acordo com o estado nutricional preacute-gestacional observaram-se

maiores prevalecircncias de eutrofia (61 ) seguidas por 215 de sobrepeso e por

108 de obesidade A prevalecircncia de anemia foi de 100 em 2006 e de 88

em 2008 sem diferenccedila estatisticamente significativa entre os valores (p gt 005)

Como esperado a prevalecircncia aumentou com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo Em 2006

as meacutedias de Hb diminuiacuteram de 126 (10) gdL no I trimestre para 122 (11) gdL

no II trimestre e 115 (10) gdL no III trimestre gestacional Os valores foram

similares no ano de 2008 A distribuiccedilatildeo das meacutedias de Hb e RDW nos dois anos

natildeo mostrou diferenccedilas estatiacutesticas significativas (p gt 005) As gestantes que

estavam no II trimestre apresentaram risco de anisocitose maior em 41 quando

comparadas agraves que fizeram sua primeira consulta no primeiro trimestre Esse

niacutevel de prevalecircncia de anemia eacute classificado como associado a um risco

populacional leve segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

Palavras-chave anemia carecircncia de ferro gestaccedilatildeo poliacutetica de sauacutede

x

ABSTRACT

Machado EHS Anemia in pregnant women assisted at Health Basic Units

of Butantatilde Administrative Region city of Satildeo Paulo in 2006 and 2008 Satildeo

Paulo 2011 Dissertation (Doutorrsquos Degree in Applied Human Nutrition) PRONUT

ndash FCFFEAFSP University of Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

The present study verified the prevalence of anemia among pregnant women

assisted in 13 Health Basic Units of the Health Technical Supervision in Butantatilde-

SP This is a cross-sectional study with secondary data from medical charts of 772

pregnant women upon the first prenatal visit to the doctor in 2006 (387 women)

and 2008 (385 women) The study included pregnant women whose medical

charts contained the following data age weight gestational quarter hemoglobin

concentration and RDW upon the first prenatal visit and lack of chronic diseases

According to the gestational nutritional status the largest prevalence of eutrophic

women (61 ) was observed followed by 215 overweight and 108 obese

The prevalence of anemia was 100 in 2006 and 88 in 2008 with no

statistically significant difference between the values (p gt 005) As expected the

prevalence increased with the evolution of gestation In 2006 the mean Hb values

decreased from 126 (10) gdL in the first quarter to 122 (11) gdL in the second

quarter and 115 (10) gdL in the third quarter of pregnancy The values were

similar in 2008 The mean Hb distribution and RDW in both years showed no

statistically significant differences (p gt 005) The pregnant women who were in the

second quarter of pregnancy showed a 41 larger risk of anisocytosis when

compared to the ones who attended the first medical visit in the first quarter of

pregnancy This level of prevalence for anemia is classified as associated to a

slight risk for the population according to the World Health Organization

Keywords anemia iron deficiency gestation health policy

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma do estudo 36

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 43

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 46

xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia em gestantes e accedilotildees recomendadas 17

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010 23

Quadro 3 - Custo econocircmico de exames indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica de ferro 28

Quadro 4 - Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano 34

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 41

Tabela 2 - Classificaccedilatildeo antropomeacutetrica de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008 43

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 45

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 47

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

CDC Centers for Disease Control and Prevention

CGPAN Coordenaccedilatildeo Geral da Poliacutetica de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

Fe Ferro

Hb Hemoglobina

HCM Hemoglobina Corpuscular Meacutedia

Ht Hematoacutecrito

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IMC Iacutendice de Massa Corporal

INACG International Nutritional Anemia Consultative Group

INAN Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

ISA Inqueacuterito de Sauacutede ndash Capital 2008

MS Ministeacuterio da Sauacutede

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PAG Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante

PHPN Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-natal e Nascimento

PIB Produto Interno Bruto

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

POF Pesquisa de Orccedilamentos Familiares

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa Sauacutede da Famiacutelia

RDW Red Cell Distribution Width (Amplitude da Dispersatildeo dos Tamanhos das Hemaacutecias)

SBP Sociedade Brasileira de Pediatria

SEHAB Secretaria de Habitaccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo

SEMPLA Secretaria Municipal de Planejamento

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

VCM Volume Corpuscular Meacutedio

WHO Worth Health Organization

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 17

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco 18

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro 21

23 Paracircmetros hematimeacutetricos 24

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro 28

3 OBJETIVOS 31

31 Geral 31

32 Especiacuteficos 31

4 MATERIAL E MEacuteTODO 32

41 Delineamento 32

42 Local do estudo e caracteriacutesticas 32

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede 32

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde 33

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano 33

424 Tamanho amostral 35

425 Atendimento de preacute-natal 37

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas 37

427 Dados antropomeacutetricos 38

428 Idade gestacional 38

429 Dados hematoloacutegicos 38

4210 Anaacutelise dos dados 39

4211 Aspectos eacuteticos 39

5 RESULTADOS 40

6 DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSAtildeO 58

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 59

ANEXOS 69

Introduccedilatildeo

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo fez parte de um projeto maior intitulado ldquoConcentraccedilatildeo

de hemoglobina e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees

atendidos em Centros de Educaccedilatildeo Infantil do Municiacutepio de Satildeo Paulo

efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e milho fortificadas com ferrordquo que foi

ampliado para tambeacutem avaliar gestantes um dos grupos vulneraacuteveis indicadores

de anemia

A regiatildeo administrativa do Butantatilde foi escolhida por ter cerca de 465

de seus 377000 habitantes (2006) dependentes do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Fazem assistecircncia de sauacutede a essa populaccedilatildeo o Hospital Universitaacuterio da

Faculdade de Medicina da USP o Centro de Sauacutede Escola Samuel Barnsley

Pessoa e treze Unidades Baacutesicas de Sauacutede cinco das quais incorporaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Foram obtidos dados de concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW de 772

gestantes que em 2006 e 2008 frequentaram o Programa de Preacute-natal

Humanizado Esses dados obtidos agrave primeira consulta antes do iniacutecio da

suplementaccedilatildeo profilaacutetica com ferro e que tambeacutem refletem a situaccedilatildeo de anemia

da mulher em idade reprodutiva foram cotejados com idade peso e trimestre

gestacional Os resultados mostraram que natildeo haacute alteraccedilatildeo na prevalecircncia de

anemia nessa regiatildeo desde o ano de 2003 e que estaacute ao niacutevel de 10

considerado de risco leve pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

Esses resultados mostram que apesar de efetivamente implantada a

fortificaccedilatildeo de farinhas de trigo e milho com ferro pouco contribuiu para a reduccedilatildeo

da prevalecircncia da anemia em gestantes Uma das explicaccedilotildees pode ser o baixo

consumo do alimento agrave base de farinha de trigo fortificaccedilatildeo com ferro de baixa

biodisponibilidade nas farinhas Outra explicaccedilatildeo pode ser a presenccedila de outros

tipos de anemia que natildeo respondem agrave fortificaccedilatildeo com ferro

Revisatildeo da Literatura

17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

A anemia eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica global afetando

tanto paiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento com consequecircncias para

a sauacutede humana assim como para o desenvolvimento social e econocircmico

Estimativas da OMS apontam que a anemia afeta dois bilhotildees de pessoas no

mundo concentrando-se em mulheres em idade reprodutiva (30 ) gestantes

(418 ) e tambeacutem em lactentes (474 ) de paiacuteses em desenvolvimento A

Aacutefrica apresenta a maior prevalecircncia de anemia entre gestantes (558 ) seguida

pela Aacutesia (416 ) Ameacuterica Latina-Caribe (311 ) Oceania (304 ) Europa

(187 ) e Ameacuterica do Norte (61 ) (WORLD HEALTH ORGANIZATION ndash WHO

2007)

As gestantes representam um dos grupos mais vulneraacuteveis agrave deficiecircncia

do ferro devido agrave elevada necessidade desse mineral exigida pelo crescimento

acentuado dos tecidos para o desenvolvimento do feto da placenta e do cordatildeo

umbilical (SOUZA et al 2002)

Dada essa condiccedilatildeo as categorias de risco populacional para a anemia

tecircm como base a prevalecircncia desse distuacuterbio em gestantes (Quadro I)

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia e accedilotildees recomendadas

Categoria de risco

Hb lt 110gdL Accedilotildees

Grave ge 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Moderada 200 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Leve 50 200 Orientaccedilatildeo nutricional fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

Normal lt 50 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

WHO 2007

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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and anemia evaluation during pregnancy in the highlands of Tibet a hospital-

based study BMC Public Health 2009 9336

Zimmermann MB Zeder C Muthayya S Chaouki N Aeberli I Hurrell RF

Adiposity in women and children from transition countries predicts decreased iron

absorption iron deficiency and reduced response to iron fortification Int J Obes

2008 321098ndash1104

Zugaib M Zugaib obstetriacutecia Barueri Manole 2008 cap 11-1 p 195 212 760-

761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Dedico este trabalho

A meus pais Joseacute (in memorian) e Helena e a meus queridos irmatildeos pela motivaccedilatildeo compreensatildeo e

forccedila com que sempre me acompanharam

a meus filhos Daniel e Clarissa e a meu genro Marcelo que propiciam alegrias agrave minha vida

e a todas as gestantes que em seu ventre nutrem e aconchegam seus filhos

AGRADECIMENTOS

Agrave minha orientadora Professora Ceacutelia Colli pela competecircncia e seriedade com

que me transmitiu seus conhecimentos Pela dedicaccedilatildeo e paciecircncia na orientaccedilatildeo

desse trabalho de notaacutevel rigor teoacuterico e metodoloacutegico fundamental a sua

referecircncia como professora e pesquisadora

Agrave Professora Sophia Cornbluth Szarfarc por sua capacidade de despertar nas

pessoas a vontade de fazer pesquisa

Ao Professor Joseacute Maria Pacheco de Souza por prontamente concordar em

desenvolver a anaacutelise estatiacutestica de meu trabalho apresentando sugestotildees cuja

pertinecircncia contribuiu para a construccedilatildeo e finalizaccedilatildeo desta tese ldquoGrande

mestrerdquo Meu muitiacutessimo obrigado

Agraves Professoras Flaacutevia Mori Elizabeth Fujimori e Josefina Braga cujas valiosas

criacuteticas no exame de qualificaccedilatildeo trouxeram consistecircncia ao desenvolvimento

desta pesquisa

Ao PRONUT seus professores e funcionaacuterios em especial ao Jorge de Lima e agrave

Elaine Ychico

Agraves estagiaacuterias Fernanda Holanda Fernanda Lima Ariane Renata Cristina

Andreacutea e Acircngela Pacheco Mariana Figueiredo pela colaboraccedilatildeo no resgate das

informaccedilotildees dos prontuaacuterios e em outros momentos

Agrave Cristiane Hermes Sales Cassiana Ganem Vivianne Rocha Fernanda Brunacci

Alexandre Lobo Laila Sangaletti Isabel Giannichi Jessica Silva Eduardo

Gaievsky grupo do laboratoacuterio de Nutriccedilatildeo Bloco 14 o meu carinho

Agrave Coordenadora Regional de Sauacutede Centro Oeste Dra Maacutercia Gadargi e sua

assessoria por acreditar em minhas potencialidades oportunidade de

compartilhar com as atividades na Coordenadoria

Agraves supervisoras do Butantatilde gestoras das UBS e demais funcionaacuterios por

acreditarem no projeto e pelo auxiacutelio prestado durante sua implantaccedilatildeo

Ao Evaldo Kuniyoshi que me ensinou o caminho para a pesquisa em unidades de

sauacutede

Agrave Lucia Morita e demais funcionaacuterios do Laboratoacuterio Lapa pela presteza em

muitos momentos

Aos amigos e colegas do CEInfo e CRSCO Adriana Barbosa Ana Uliana Branca

Vaidergorn Denise Barbuscia Draacuteusio Camarnado Jr Eliana Bonilha Evani

Marzagatildeo Generosa Pereira Issa Mercadante Ivani dos Santos Joseacute Otaacutevio

Cunha Lanise Silva Mafalda Hemmann Marci Vescio Maacutercia Aoki Maacutercia

Borner Maria Teresa Suraacutenyi Maria Aparecida Lucarelli Michelli Lombardi

Regina Sanches Rita Labella Selma Banzato e Sheila Busato

A todos os amigos dos quais subtraiacute minha companhia Clarice Kato Denise

Venturi Elaine Rizzo Eliana Torresi Elisa Eloisa Silva Fava Glacilda Pedroso

Inecircs Endo Inecircs Lancarote Inecircs Endo Leila Bonadio Luacutecia Pacheco Luacutecia Ueno

Madalena Ferreira Maacutercia Farias Maria Carmen Carvalho Mello Marcos Vieira

Mocircnica Krauter Nadir Lopes Neder Valdeci Cantanhede Vera Figueiredo Vera

Perdigatildeo e em especial Solange Mandelli

ldquoHaacute quem diga que todas as noites satildeo de sonhos Mas haacute tambeacutem quem garanta que nem todas soacute as de veratildeo

Mas no fundo isso natildeo tem muita importacircncia O que interessa mesmo natildeo satildeo as noites em si satildeo os sonhos

Sonhos que o homem sonha sempre Em todos os lugares em todas as eacutepocas do ano dormindo ou

acordadordquo

Shakespeare

ix

RESUMO

Machado EHS Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regiatildeo Administrativa do Butantatilde do municiacutepio de Satildeo Paulo em

2006 e 2008 Satildeo Paulo 2011 Tese (Doutorado em Nutriccedilatildeo Humana Aplicada)

PRONUT ndash FCFFEAFSP Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

O presente estudo verificou a prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde-SP

Trata-se de estudo transversal com dados secundaacuterios de prontuaacuterios de 772

gestantes agrave primeira consulta do preacute-natal nos anos de 2006 (387) e de 2008

(385) Foram incluiacutedas no estudo as gestantes cujos prontuaacuterios apresentavam os

seguintes dados idade peso trimestre gestacional concentraccedilatildeo de

hemoglobina e RDW na primeira consulta de preacute-natal e ausecircncia de doenccedilas

crocircnicas De acordo com o estado nutricional preacute-gestacional observaram-se

maiores prevalecircncias de eutrofia (61 ) seguidas por 215 de sobrepeso e por

108 de obesidade A prevalecircncia de anemia foi de 100 em 2006 e de 88

em 2008 sem diferenccedila estatisticamente significativa entre os valores (p gt 005)

Como esperado a prevalecircncia aumentou com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo Em 2006

as meacutedias de Hb diminuiacuteram de 126 (10) gdL no I trimestre para 122 (11) gdL

no II trimestre e 115 (10) gdL no III trimestre gestacional Os valores foram

similares no ano de 2008 A distribuiccedilatildeo das meacutedias de Hb e RDW nos dois anos

natildeo mostrou diferenccedilas estatiacutesticas significativas (p gt 005) As gestantes que

estavam no II trimestre apresentaram risco de anisocitose maior em 41 quando

comparadas agraves que fizeram sua primeira consulta no primeiro trimestre Esse

niacutevel de prevalecircncia de anemia eacute classificado como associado a um risco

populacional leve segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

Palavras-chave anemia carecircncia de ferro gestaccedilatildeo poliacutetica de sauacutede

x

ABSTRACT

Machado EHS Anemia in pregnant women assisted at Health Basic Units

of Butantatilde Administrative Region city of Satildeo Paulo in 2006 and 2008 Satildeo

Paulo 2011 Dissertation (Doutorrsquos Degree in Applied Human Nutrition) PRONUT

ndash FCFFEAFSP University of Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

The present study verified the prevalence of anemia among pregnant women

assisted in 13 Health Basic Units of the Health Technical Supervision in Butantatilde-

SP This is a cross-sectional study with secondary data from medical charts of 772

pregnant women upon the first prenatal visit to the doctor in 2006 (387 women)

and 2008 (385 women) The study included pregnant women whose medical

charts contained the following data age weight gestational quarter hemoglobin

concentration and RDW upon the first prenatal visit and lack of chronic diseases

According to the gestational nutritional status the largest prevalence of eutrophic

women (61 ) was observed followed by 215 overweight and 108 obese

The prevalence of anemia was 100 in 2006 and 88 in 2008 with no

statistically significant difference between the values (p gt 005) As expected the

prevalence increased with the evolution of gestation In 2006 the mean Hb values

decreased from 126 (10) gdL in the first quarter to 122 (11) gdL in the second

quarter and 115 (10) gdL in the third quarter of pregnancy The values were

similar in 2008 The mean Hb distribution and RDW in both years showed no

statistically significant differences (p gt 005) The pregnant women who were in the

second quarter of pregnancy showed a 41 larger risk of anisocytosis when

compared to the ones who attended the first medical visit in the first quarter of

pregnancy This level of prevalence for anemia is classified as associated to a

slight risk for the population according to the World Health Organization

Keywords anemia iron deficiency gestation health policy

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma do estudo 36

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 43

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 46

xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia em gestantes e accedilotildees recomendadas 17

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010 23

Quadro 3 - Custo econocircmico de exames indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica de ferro 28

Quadro 4 - Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano 34

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 41

Tabela 2 - Classificaccedilatildeo antropomeacutetrica de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008 43

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 45

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 47

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

CDC Centers for Disease Control and Prevention

CGPAN Coordenaccedilatildeo Geral da Poliacutetica de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

Fe Ferro

Hb Hemoglobina

HCM Hemoglobina Corpuscular Meacutedia

Ht Hematoacutecrito

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IMC Iacutendice de Massa Corporal

INACG International Nutritional Anemia Consultative Group

INAN Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

ISA Inqueacuterito de Sauacutede ndash Capital 2008

MS Ministeacuterio da Sauacutede

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PAG Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante

PHPN Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-natal e Nascimento

PIB Produto Interno Bruto

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

POF Pesquisa de Orccedilamentos Familiares

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa Sauacutede da Famiacutelia

RDW Red Cell Distribution Width (Amplitude da Dispersatildeo dos Tamanhos das Hemaacutecias)

SBP Sociedade Brasileira de Pediatria

SEHAB Secretaria de Habitaccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo

SEMPLA Secretaria Municipal de Planejamento

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

VCM Volume Corpuscular Meacutedio

WHO Worth Health Organization

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 17

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco 18

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro 21

23 Paracircmetros hematimeacutetricos 24

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro 28

3 OBJETIVOS 31

31 Geral 31

32 Especiacuteficos 31

4 MATERIAL E MEacuteTODO 32

41 Delineamento 32

42 Local do estudo e caracteriacutesticas 32

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede 32

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde 33

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano 33

424 Tamanho amostral 35

425 Atendimento de preacute-natal 37

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas 37

427 Dados antropomeacutetricos 38

428 Idade gestacional 38

429 Dados hematoloacutegicos 38

4210 Anaacutelise dos dados 39

4211 Aspectos eacuteticos 39

5 RESULTADOS 40

6 DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSAtildeO 58

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 59

ANEXOS 69

Introduccedilatildeo

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo fez parte de um projeto maior intitulado ldquoConcentraccedilatildeo

de hemoglobina e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees

atendidos em Centros de Educaccedilatildeo Infantil do Municiacutepio de Satildeo Paulo

efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e milho fortificadas com ferrordquo que foi

ampliado para tambeacutem avaliar gestantes um dos grupos vulneraacuteveis indicadores

de anemia

A regiatildeo administrativa do Butantatilde foi escolhida por ter cerca de 465

de seus 377000 habitantes (2006) dependentes do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Fazem assistecircncia de sauacutede a essa populaccedilatildeo o Hospital Universitaacuterio da

Faculdade de Medicina da USP o Centro de Sauacutede Escola Samuel Barnsley

Pessoa e treze Unidades Baacutesicas de Sauacutede cinco das quais incorporaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Foram obtidos dados de concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW de 772

gestantes que em 2006 e 2008 frequentaram o Programa de Preacute-natal

Humanizado Esses dados obtidos agrave primeira consulta antes do iniacutecio da

suplementaccedilatildeo profilaacutetica com ferro e que tambeacutem refletem a situaccedilatildeo de anemia

da mulher em idade reprodutiva foram cotejados com idade peso e trimestre

gestacional Os resultados mostraram que natildeo haacute alteraccedilatildeo na prevalecircncia de

anemia nessa regiatildeo desde o ano de 2003 e que estaacute ao niacutevel de 10

considerado de risco leve pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

Esses resultados mostram que apesar de efetivamente implantada a

fortificaccedilatildeo de farinhas de trigo e milho com ferro pouco contribuiu para a reduccedilatildeo

da prevalecircncia da anemia em gestantes Uma das explicaccedilotildees pode ser o baixo

consumo do alimento agrave base de farinha de trigo fortificaccedilatildeo com ferro de baixa

biodisponibilidade nas farinhas Outra explicaccedilatildeo pode ser a presenccedila de outros

tipos de anemia que natildeo respondem agrave fortificaccedilatildeo com ferro

Revisatildeo da Literatura

17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

A anemia eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica global afetando

tanto paiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento com consequecircncias para

a sauacutede humana assim como para o desenvolvimento social e econocircmico

Estimativas da OMS apontam que a anemia afeta dois bilhotildees de pessoas no

mundo concentrando-se em mulheres em idade reprodutiva (30 ) gestantes

(418 ) e tambeacutem em lactentes (474 ) de paiacuteses em desenvolvimento A

Aacutefrica apresenta a maior prevalecircncia de anemia entre gestantes (558 ) seguida

pela Aacutesia (416 ) Ameacuterica Latina-Caribe (311 ) Oceania (304 ) Europa

(187 ) e Ameacuterica do Norte (61 ) (WORLD HEALTH ORGANIZATION ndash WHO

2007)

As gestantes representam um dos grupos mais vulneraacuteveis agrave deficiecircncia

do ferro devido agrave elevada necessidade desse mineral exigida pelo crescimento

acentuado dos tecidos para o desenvolvimento do feto da placenta e do cordatildeo

umbilical (SOUZA et al 2002)

Dada essa condiccedilatildeo as categorias de risco populacional para a anemia

tecircm como base a prevalecircncia desse distuacuterbio em gestantes (Quadro I)

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia e accedilotildees recomendadas

Categoria de risco

Hb lt 110gdL Accedilotildees

Grave ge 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Moderada 200 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Leve 50 200 Orientaccedilatildeo nutricional fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

Normal lt 50 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

WHO 2007

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Villas Boas MVC Araujo FMO Gilberti MFP Grotto HZW Utilidade do RDW-SD

como auxiliar na interpretaccedilatildeo das alteraccedilotildees morfoloacutegicas dos eritroacutecitos Roche

Diagnoacutestica 2003 apud Monteiro L Valores de referecircncia do RDW-CV e do

RDW-SD e sua relaccedilatildeo com o VCM entre os pacientes atendidos no ambulatoacuterio

do Hospital Universitaacuterio Oswaldo Cruz ndash Recife PE Rev Bras Hematol Hemoter

201032(1)34-9

Vitolo MR Baixa escolaridade como fator limitante para o combate agrave anemia entre

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Adiposity in women and children from transition countries predicts decreased iron

absorption iron deficiency and reduced response to iron fortification Int J Obes

2008 321098ndash1104

Zugaib M Zugaib obstetriacutecia Barueri Manole 2008 cap 11-1 p 195 212 760-

761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

AGRADECIMENTOS

Agrave minha orientadora Professora Ceacutelia Colli pela competecircncia e seriedade com

que me transmitiu seus conhecimentos Pela dedicaccedilatildeo e paciecircncia na orientaccedilatildeo

desse trabalho de notaacutevel rigor teoacuterico e metodoloacutegico fundamental a sua

referecircncia como professora e pesquisadora

Agrave Professora Sophia Cornbluth Szarfarc por sua capacidade de despertar nas

pessoas a vontade de fazer pesquisa

Ao Professor Joseacute Maria Pacheco de Souza por prontamente concordar em

desenvolver a anaacutelise estatiacutestica de meu trabalho apresentando sugestotildees cuja

pertinecircncia contribuiu para a construccedilatildeo e finalizaccedilatildeo desta tese ldquoGrande

mestrerdquo Meu muitiacutessimo obrigado

Agraves Professoras Flaacutevia Mori Elizabeth Fujimori e Josefina Braga cujas valiosas

criacuteticas no exame de qualificaccedilatildeo trouxeram consistecircncia ao desenvolvimento

desta pesquisa

Ao PRONUT seus professores e funcionaacuterios em especial ao Jorge de Lima e agrave

Elaine Ychico

Agraves estagiaacuterias Fernanda Holanda Fernanda Lima Ariane Renata Cristina

Andreacutea e Acircngela Pacheco Mariana Figueiredo pela colaboraccedilatildeo no resgate das

informaccedilotildees dos prontuaacuterios e em outros momentos

Agrave Cristiane Hermes Sales Cassiana Ganem Vivianne Rocha Fernanda Brunacci

Alexandre Lobo Laila Sangaletti Isabel Giannichi Jessica Silva Eduardo

Gaievsky grupo do laboratoacuterio de Nutriccedilatildeo Bloco 14 o meu carinho

Agrave Coordenadora Regional de Sauacutede Centro Oeste Dra Maacutercia Gadargi e sua

assessoria por acreditar em minhas potencialidades oportunidade de

compartilhar com as atividades na Coordenadoria

Agraves supervisoras do Butantatilde gestoras das UBS e demais funcionaacuterios por

acreditarem no projeto e pelo auxiacutelio prestado durante sua implantaccedilatildeo

Ao Evaldo Kuniyoshi que me ensinou o caminho para a pesquisa em unidades de

sauacutede

Agrave Lucia Morita e demais funcionaacuterios do Laboratoacuterio Lapa pela presteza em

muitos momentos

Aos amigos e colegas do CEInfo e CRSCO Adriana Barbosa Ana Uliana Branca

Vaidergorn Denise Barbuscia Draacuteusio Camarnado Jr Eliana Bonilha Evani

Marzagatildeo Generosa Pereira Issa Mercadante Ivani dos Santos Joseacute Otaacutevio

Cunha Lanise Silva Mafalda Hemmann Marci Vescio Maacutercia Aoki Maacutercia

Borner Maria Teresa Suraacutenyi Maria Aparecida Lucarelli Michelli Lombardi

Regina Sanches Rita Labella Selma Banzato e Sheila Busato

A todos os amigos dos quais subtraiacute minha companhia Clarice Kato Denise

Venturi Elaine Rizzo Eliana Torresi Elisa Eloisa Silva Fava Glacilda Pedroso

Inecircs Endo Inecircs Lancarote Inecircs Endo Leila Bonadio Luacutecia Pacheco Luacutecia Ueno

Madalena Ferreira Maacutercia Farias Maria Carmen Carvalho Mello Marcos Vieira

Mocircnica Krauter Nadir Lopes Neder Valdeci Cantanhede Vera Figueiredo Vera

Perdigatildeo e em especial Solange Mandelli

ldquoHaacute quem diga que todas as noites satildeo de sonhos Mas haacute tambeacutem quem garanta que nem todas soacute as de veratildeo

Mas no fundo isso natildeo tem muita importacircncia O que interessa mesmo natildeo satildeo as noites em si satildeo os sonhos

Sonhos que o homem sonha sempre Em todos os lugares em todas as eacutepocas do ano dormindo ou

acordadordquo

Shakespeare

ix

RESUMO

Machado EHS Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regiatildeo Administrativa do Butantatilde do municiacutepio de Satildeo Paulo em

2006 e 2008 Satildeo Paulo 2011 Tese (Doutorado em Nutriccedilatildeo Humana Aplicada)

PRONUT ndash FCFFEAFSP Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

O presente estudo verificou a prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde-SP

Trata-se de estudo transversal com dados secundaacuterios de prontuaacuterios de 772

gestantes agrave primeira consulta do preacute-natal nos anos de 2006 (387) e de 2008

(385) Foram incluiacutedas no estudo as gestantes cujos prontuaacuterios apresentavam os

seguintes dados idade peso trimestre gestacional concentraccedilatildeo de

hemoglobina e RDW na primeira consulta de preacute-natal e ausecircncia de doenccedilas

crocircnicas De acordo com o estado nutricional preacute-gestacional observaram-se

maiores prevalecircncias de eutrofia (61 ) seguidas por 215 de sobrepeso e por

108 de obesidade A prevalecircncia de anemia foi de 100 em 2006 e de 88

em 2008 sem diferenccedila estatisticamente significativa entre os valores (p gt 005)

Como esperado a prevalecircncia aumentou com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo Em 2006

as meacutedias de Hb diminuiacuteram de 126 (10) gdL no I trimestre para 122 (11) gdL

no II trimestre e 115 (10) gdL no III trimestre gestacional Os valores foram

similares no ano de 2008 A distribuiccedilatildeo das meacutedias de Hb e RDW nos dois anos

natildeo mostrou diferenccedilas estatiacutesticas significativas (p gt 005) As gestantes que

estavam no II trimestre apresentaram risco de anisocitose maior em 41 quando

comparadas agraves que fizeram sua primeira consulta no primeiro trimestre Esse

niacutevel de prevalecircncia de anemia eacute classificado como associado a um risco

populacional leve segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

Palavras-chave anemia carecircncia de ferro gestaccedilatildeo poliacutetica de sauacutede

x

ABSTRACT

Machado EHS Anemia in pregnant women assisted at Health Basic Units

of Butantatilde Administrative Region city of Satildeo Paulo in 2006 and 2008 Satildeo

Paulo 2011 Dissertation (Doutorrsquos Degree in Applied Human Nutrition) PRONUT

ndash FCFFEAFSP University of Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

The present study verified the prevalence of anemia among pregnant women

assisted in 13 Health Basic Units of the Health Technical Supervision in Butantatilde-

SP This is a cross-sectional study with secondary data from medical charts of 772

pregnant women upon the first prenatal visit to the doctor in 2006 (387 women)

and 2008 (385 women) The study included pregnant women whose medical

charts contained the following data age weight gestational quarter hemoglobin

concentration and RDW upon the first prenatal visit and lack of chronic diseases

According to the gestational nutritional status the largest prevalence of eutrophic

women (61 ) was observed followed by 215 overweight and 108 obese

The prevalence of anemia was 100 in 2006 and 88 in 2008 with no

statistically significant difference between the values (p gt 005) As expected the

prevalence increased with the evolution of gestation In 2006 the mean Hb values

decreased from 126 (10) gdL in the first quarter to 122 (11) gdL in the second

quarter and 115 (10) gdL in the third quarter of pregnancy The values were

similar in 2008 The mean Hb distribution and RDW in both years showed no

statistically significant differences (p gt 005) The pregnant women who were in the

second quarter of pregnancy showed a 41 larger risk of anisocytosis when

compared to the ones who attended the first medical visit in the first quarter of

pregnancy This level of prevalence for anemia is classified as associated to a

slight risk for the population according to the World Health Organization

Keywords anemia iron deficiency gestation health policy

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma do estudo 36

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 43

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 46

xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia em gestantes e accedilotildees recomendadas 17

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010 23

Quadro 3 - Custo econocircmico de exames indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica de ferro 28

Quadro 4 - Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano 34

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 41

Tabela 2 - Classificaccedilatildeo antropomeacutetrica de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008 43

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 45

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 47

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

CDC Centers for Disease Control and Prevention

CGPAN Coordenaccedilatildeo Geral da Poliacutetica de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

Fe Ferro

Hb Hemoglobina

HCM Hemoglobina Corpuscular Meacutedia

Ht Hematoacutecrito

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IMC Iacutendice de Massa Corporal

INACG International Nutritional Anemia Consultative Group

INAN Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

ISA Inqueacuterito de Sauacutede ndash Capital 2008

MS Ministeacuterio da Sauacutede

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PAG Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante

PHPN Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-natal e Nascimento

PIB Produto Interno Bruto

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

POF Pesquisa de Orccedilamentos Familiares

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa Sauacutede da Famiacutelia

RDW Red Cell Distribution Width (Amplitude da Dispersatildeo dos Tamanhos das Hemaacutecias)

SBP Sociedade Brasileira de Pediatria

SEHAB Secretaria de Habitaccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo

SEMPLA Secretaria Municipal de Planejamento

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

VCM Volume Corpuscular Meacutedio

WHO Worth Health Organization

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 17

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco 18

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro 21

23 Paracircmetros hematimeacutetricos 24

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro 28

3 OBJETIVOS 31

31 Geral 31

32 Especiacuteficos 31

4 MATERIAL E MEacuteTODO 32

41 Delineamento 32

42 Local do estudo e caracteriacutesticas 32

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede 32

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde 33

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano 33

424 Tamanho amostral 35

425 Atendimento de preacute-natal 37

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas 37

427 Dados antropomeacutetricos 38

428 Idade gestacional 38

429 Dados hematoloacutegicos 38

4210 Anaacutelise dos dados 39

4211 Aspectos eacuteticos 39

5 RESULTADOS 40

6 DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSAtildeO 58

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 59

ANEXOS 69

Introduccedilatildeo

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo fez parte de um projeto maior intitulado ldquoConcentraccedilatildeo

de hemoglobina e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees

atendidos em Centros de Educaccedilatildeo Infantil do Municiacutepio de Satildeo Paulo

efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e milho fortificadas com ferrordquo que foi

ampliado para tambeacutem avaliar gestantes um dos grupos vulneraacuteveis indicadores

de anemia

A regiatildeo administrativa do Butantatilde foi escolhida por ter cerca de 465

de seus 377000 habitantes (2006) dependentes do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Fazem assistecircncia de sauacutede a essa populaccedilatildeo o Hospital Universitaacuterio da

Faculdade de Medicina da USP o Centro de Sauacutede Escola Samuel Barnsley

Pessoa e treze Unidades Baacutesicas de Sauacutede cinco das quais incorporaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Foram obtidos dados de concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW de 772

gestantes que em 2006 e 2008 frequentaram o Programa de Preacute-natal

Humanizado Esses dados obtidos agrave primeira consulta antes do iniacutecio da

suplementaccedilatildeo profilaacutetica com ferro e que tambeacutem refletem a situaccedilatildeo de anemia

da mulher em idade reprodutiva foram cotejados com idade peso e trimestre

gestacional Os resultados mostraram que natildeo haacute alteraccedilatildeo na prevalecircncia de

anemia nessa regiatildeo desde o ano de 2003 e que estaacute ao niacutevel de 10

considerado de risco leve pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

Esses resultados mostram que apesar de efetivamente implantada a

fortificaccedilatildeo de farinhas de trigo e milho com ferro pouco contribuiu para a reduccedilatildeo

da prevalecircncia da anemia em gestantes Uma das explicaccedilotildees pode ser o baixo

consumo do alimento agrave base de farinha de trigo fortificaccedilatildeo com ferro de baixa

biodisponibilidade nas farinhas Outra explicaccedilatildeo pode ser a presenccedila de outros

tipos de anemia que natildeo respondem agrave fortificaccedilatildeo com ferro

Revisatildeo da Literatura

17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

A anemia eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica global afetando

tanto paiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento com consequecircncias para

a sauacutede humana assim como para o desenvolvimento social e econocircmico

Estimativas da OMS apontam que a anemia afeta dois bilhotildees de pessoas no

mundo concentrando-se em mulheres em idade reprodutiva (30 ) gestantes

(418 ) e tambeacutem em lactentes (474 ) de paiacuteses em desenvolvimento A

Aacutefrica apresenta a maior prevalecircncia de anemia entre gestantes (558 ) seguida

pela Aacutesia (416 ) Ameacuterica Latina-Caribe (311 ) Oceania (304 ) Europa

(187 ) e Ameacuterica do Norte (61 ) (WORLD HEALTH ORGANIZATION ndash WHO

2007)

As gestantes representam um dos grupos mais vulneraacuteveis agrave deficiecircncia

do ferro devido agrave elevada necessidade desse mineral exigida pelo crescimento

acentuado dos tecidos para o desenvolvimento do feto da placenta e do cordatildeo

umbilical (SOUZA et al 2002)

Dada essa condiccedilatildeo as categorias de risco populacional para a anemia

tecircm como base a prevalecircncia desse distuacuterbio em gestantes (Quadro I)

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia e accedilotildees recomendadas

Categoria de risco

Hb lt 110gdL Accedilotildees

Grave ge 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Moderada 200 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Leve 50 200 Orientaccedilatildeo nutricional fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

Normal lt 50 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

WHO 2007

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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59

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761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Agraves supervisoras do Butantatilde gestoras das UBS e demais funcionaacuterios por

acreditarem no projeto e pelo auxiacutelio prestado durante sua implantaccedilatildeo

Ao Evaldo Kuniyoshi que me ensinou o caminho para a pesquisa em unidades de

sauacutede

Agrave Lucia Morita e demais funcionaacuterios do Laboratoacuterio Lapa pela presteza em

muitos momentos

Aos amigos e colegas do CEInfo e CRSCO Adriana Barbosa Ana Uliana Branca

Vaidergorn Denise Barbuscia Draacuteusio Camarnado Jr Eliana Bonilha Evani

Marzagatildeo Generosa Pereira Issa Mercadante Ivani dos Santos Joseacute Otaacutevio

Cunha Lanise Silva Mafalda Hemmann Marci Vescio Maacutercia Aoki Maacutercia

Borner Maria Teresa Suraacutenyi Maria Aparecida Lucarelli Michelli Lombardi

Regina Sanches Rita Labella Selma Banzato e Sheila Busato

A todos os amigos dos quais subtraiacute minha companhia Clarice Kato Denise

Venturi Elaine Rizzo Eliana Torresi Elisa Eloisa Silva Fava Glacilda Pedroso

Inecircs Endo Inecircs Lancarote Inecircs Endo Leila Bonadio Luacutecia Pacheco Luacutecia Ueno

Madalena Ferreira Maacutercia Farias Maria Carmen Carvalho Mello Marcos Vieira

Mocircnica Krauter Nadir Lopes Neder Valdeci Cantanhede Vera Figueiredo Vera

Perdigatildeo e em especial Solange Mandelli

ldquoHaacute quem diga que todas as noites satildeo de sonhos Mas haacute tambeacutem quem garanta que nem todas soacute as de veratildeo

Mas no fundo isso natildeo tem muita importacircncia O que interessa mesmo natildeo satildeo as noites em si satildeo os sonhos

Sonhos que o homem sonha sempre Em todos os lugares em todas as eacutepocas do ano dormindo ou

acordadordquo

Shakespeare

ix

RESUMO

Machado EHS Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regiatildeo Administrativa do Butantatilde do municiacutepio de Satildeo Paulo em

2006 e 2008 Satildeo Paulo 2011 Tese (Doutorado em Nutriccedilatildeo Humana Aplicada)

PRONUT ndash FCFFEAFSP Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

O presente estudo verificou a prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde-SP

Trata-se de estudo transversal com dados secundaacuterios de prontuaacuterios de 772

gestantes agrave primeira consulta do preacute-natal nos anos de 2006 (387) e de 2008

(385) Foram incluiacutedas no estudo as gestantes cujos prontuaacuterios apresentavam os

seguintes dados idade peso trimestre gestacional concentraccedilatildeo de

hemoglobina e RDW na primeira consulta de preacute-natal e ausecircncia de doenccedilas

crocircnicas De acordo com o estado nutricional preacute-gestacional observaram-se

maiores prevalecircncias de eutrofia (61 ) seguidas por 215 de sobrepeso e por

108 de obesidade A prevalecircncia de anemia foi de 100 em 2006 e de 88

em 2008 sem diferenccedila estatisticamente significativa entre os valores (p gt 005)

Como esperado a prevalecircncia aumentou com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo Em 2006

as meacutedias de Hb diminuiacuteram de 126 (10) gdL no I trimestre para 122 (11) gdL

no II trimestre e 115 (10) gdL no III trimestre gestacional Os valores foram

similares no ano de 2008 A distribuiccedilatildeo das meacutedias de Hb e RDW nos dois anos

natildeo mostrou diferenccedilas estatiacutesticas significativas (p gt 005) As gestantes que

estavam no II trimestre apresentaram risco de anisocitose maior em 41 quando

comparadas agraves que fizeram sua primeira consulta no primeiro trimestre Esse

niacutevel de prevalecircncia de anemia eacute classificado como associado a um risco

populacional leve segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

Palavras-chave anemia carecircncia de ferro gestaccedilatildeo poliacutetica de sauacutede

x

ABSTRACT

Machado EHS Anemia in pregnant women assisted at Health Basic Units

of Butantatilde Administrative Region city of Satildeo Paulo in 2006 and 2008 Satildeo

Paulo 2011 Dissertation (Doutorrsquos Degree in Applied Human Nutrition) PRONUT

ndash FCFFEAFSP University of Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

The present study verified the prevalence of anemia among pregnant women

assisted in 13 Health Basic Units of the Health Technical Supervision in Butantatilde-

SP This is a cross-sectional study with secondary data from medical charts of 772

pregnant women upon the first prenatal visit to the doctor in 2006 (387 women)

and 2008 (385 women) The study included pregnant women whose medical

charts contained the following data age weight gestational quarter hemoglobin

concentration and RDW upon the first prenatal visit and lack of chronic diseases

According to the gestational nutritional status the largest prevalence of eutrophic

women (61 ) was observed followed by 215 overweight and 108 obese

The prevalence of anemia was 100 in 2006 and 88 in 2008 with no

statistically significant difference between the values (p gt 005) As expected the

prevalence increased with the evolution of gestation In 2006 the mean Hb values

decreased from 126 (10) gdL in the first quarter to 122 (11) gdL in the second

quarter and 115 (10) gdL in the third quarter of pregnancy The values were

similar in 2008 The mean Hb distribution and RDW in both years showed no

statistically significant differences (p gt 005) The pregnant women who were in the

second quarter of pregnancy showed a 41 larger risk of anisocytosis when

compared to the ones who attended the first medical visit in the first quarter of

pregnancy This level of prevalence for anemia is classified as associated to a

slight risk for the population according to the World Health Organization

Keywords anemia iron deficiency gestation health policy

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma do estudo 36

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 43

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 46

xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia em gestantes e accedilotildees recomendadas 17

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010 23

Quadro 3 - Custo econocircmico de exames indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica de ferro 28

Quadro 4 - Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano 34

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 41

Tabela 2 - Classificaccedilatildeo antropomeacutetrica de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008 43

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 45

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 47

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

CDC Centers for Disease Control and Prevention

CGPAN Coordenaccedilatildeo Geral da Poliacutetica de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

Fe Ferro

Hb Hemoglobina

HCM Hemoglobina Corpuscular Meacutedia

Ht Hematoacutecrito

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IMC Iacutendice de Massa Corporal

INACG International Nutritional Anemia Consultative Group

INAN Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

ISA Inqueacuterito de Sauacutede ndash Capital 2008

MS Ministeacuterio da Sauacutede

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PAG Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante

PHPN Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-natal e Nascimento

PIB Produto Interno Bruto

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

POF Pesquisa de Orccedilamentos Familiares

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa Sauacutede da Famiacutelia

RDW Red Cell Distribution Width (Amplitude da Dispersatildeo dos Tamanhos das Hemaacutecias)

SBP Sociedade Brasileira de Pediatria

SEHAB Secretaria de Habitaccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo

SEMPLA Secretaria Municipal de Planejamento

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

VCM Volume Corpuscular Meacutedio

WHO Worth Health Organization

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 17

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco 18

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro 21

23 Paracircmetros hematimeacutetricos 24

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro 28

3 OBJETIVOS 31

31 Geral 31

32 Especiacuteficos 31

4 MATERIAL E MEacuteTODO 32

41 Delineamento 32

42 Local do estudo e caracteriacutesticas 32

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede 32

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde 33

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano 33

424 Tamanho amostral 35

425 Atendimento de preacute-natal 37

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas 37

427 Dados antropomeacutetricos 38

428 Idade gestacional 38

429 Dados hematoloacutegicos 38

4210 Anaacutelise dos dados 39

4211 Aspectos eacuteticos 39

5 RESULTADOS 40

6 DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSAtildeO 58

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 59

ANEXOS 69

Introduccedilatildeo

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo fez parte de um projeto maior intitulado ldquoConcentraccedilatildeo

de hemoglobina e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees

atendidos em Centros de Educaccedilatildeo Infantil do Municiacutepio de Satildeo Paulo

efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e milho fortificadas com ferrordquo que foi

ampliado para tambeacutem avaliar gestantes um dos grupos vulneraacuteveis indicadores

de anemia

A regiatildeo administrativa do Butantatilde foi escolhida por ter cerca de 465

de seus 377000 habitantes (2006) dependentes do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Fazem assistecircncia de sauacutede a essa populaccedilatildeo o Hospital Universitaacuterio da

Faculdade de Medicina da USP o Centro de Sauacutede Escola Samuel Barnsley

Pessoa e treze Unidades Baacutesicas de Sauacutede cinco das quais incorporaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Foram obtidos dados de concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW de 772

gestantes que em 2006 e 2008 frequentaram o Programa de Preacute-natal

Humanizado Esses dados obtidos agrave primeira consulta antes do iniacutecio da

suplementaccedilatildeo profilaacutetica com ferro e que tambeacutem refletem a situaccedilatildeo de anemia

da mulher em idade reprodutiva foram cotejados com idade peso e trimestre

gestacional Os resultados mostraram que natildeo haacute alteraccedilatildeo na prevalecircncia de

anemia nessa regiatildeo desde o ano de 2003 e que estaacute ao niacutevel de 10

considerado de risco leve pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

Esses resultados mostram que apesar de efetivamente implantada a

fortificaccedilatildeo de farinhas de trigo e milho com ferro pouco contribuiu para a reduccedilatildeo

da prevalecircncia da anemia em gestantes Uma das explicaccedilotildees pode ser o baixo

consumo do alimento agrave base de farinha de trigo fortificaccedilatildeo com ferro de baixa

biodisponibilidade nas farinhas Outra explicaccedilatildeo pode ser a presenccedila de outros

tipos de anemia que natildeo respondem agrave fortificaccedilatildeo com ferro

Revisatildeo da Literatura

17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

A anemia eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica global afetando

tanto paiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento com consequecircncias para

a sauacutede humana assim como para o desenvolvimento social e econocircmico

Estimativas da OMS apontam que a anemia afeta dois bilhotildees de pessoas no

mundo concentrando-se em mulheres em idade reprodutiva (30 ) gestantes

(418 ) e tambeacutem em lactentes (474 ) de paiacuteses em desenvolvimento A

Aacutefrica apresenta a maior prevalecircncia de anemia entre gestantes (558 ) seguida

pela Aacutesia (416 ) Ameacuterica Latina-Caribe (311 ) Oceania (304 ) Europa

(187 ) e Ameacuterica do Norte (61 ) (WORLD HEALTH ORGANIZATION ndash WHO

2007)

As gestantes representam um dos grupos mais vulneraacuteveis agrave deficiecircncia

do ferro devido agrave elevada necessidade desse mineral exigida pelo crescimento

acentuado dos tecidos para o desenvolvimento do feto da placenta e do cordatildeo

umbilical (SOUZA et al 2002)

Dada essa condiccedilatildeo as categorias de risco populacional para a anemia

tecircm como base a prevalecircncia desse distuacuterbio em gestantes (Quadro I)

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia e accedilotildees recomendadas

Categoria de risco

Hb lt 110gdL Accedilotildees

Grave ge 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Moderada 200 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Leve 50 200 Orientaccedilatildeo nutricional fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

Normal lt 50 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

WHO 2007

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

ldquoHaacute quem diga que todas as noites satildeo de sonhos Mas haacute tambeacutem quem garanta que nem todas soacute as de veratildeo

Mas no fundo isso natildeo tem muita importacircncia O que interessa mesmo natildeo satildeo as noites em si satildeo os sonhos

Sonhos que o homem sonha sempre Em todos os lugares em todas as eacutepocas do ano dormindo ou

acordadordquo

Shakespeare

ix

RESUMO

Machado EHS Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regiatildeo Administrativa do Butantatilde do municiacutepio de Satildeo Paulo em

2006 e 2008 Satildeo Paulo 2011 Tese (Doutorado em Nutriccedilatildeo Humana Aplicada)

PRONUT ndash FCFFEAFSP Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

O presente estudo verificou a prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde-SP

Trata-se de estudo transversal com dados secundaacuterios de prontuaacuterios de 772

gestantes agrave primeira consulta do preacute-natal nos anos de 2006 (387) e de 2008

(385) Foram incluiacutedas no estudo as gestantes cujos prontuaacuterios apresentavam os

seguintes dados idade peso trimestre gestacional concentraccedilatildeo de

hemoglobina e RDW na primeira consulta de preacute-natal e ausecircncia de doenccedilas

crocircnicas De acordo com o estado nutricional preacute-gestacional observaram-se

maiores prevalecircncias de eutrofia (61 ) seguidas por 215 de sobrepeso e por

108 de obesidade A prevalecircncia de anemia foi de 100 em 2006 e de 88

em 2008 sem diferenccedila estatisticamente significativa entre os valores (p gt 005)

Como esperado a prevalecircncia aumentou com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo Em 2006

as meacutedias de Hb diminuiacuteram de 126 (10) gdL no I trimestre para 122 (11) gdL

no II trimestre e 115 (10) gdL no III trimestre gestacional Os valores foram

similares no ano de 2008 A distribuiccedilatildeo das meacutedias de Hb e RDW nos dois anos

natildeo mostrou diferenccedilas estatiacutesticas significativas (p gt 005) As gestantes que

estavam no II trimestre apresentaram risco de anisocitose maior em 41 quando

comparadas agraves que fizeram sua primeira consulta no primeiro trimestre Esse

niacutevel de prevalecircncia de anemia eacute classificado como associado a um risco

populacional leve segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

Palavras-chave anemia carecircncia de ferro gestaccedilatildeo poliacutetica de sauacutede

x

ABSTRACT

Machado EHS Anemia in pregnant women assisted at Health Basic Units

of Butantatilde Administrative Region city of Satildeo Paulo in 2006 and 2008 Satildeo

Paulo 2011 Dissertation (Doutorrsquos Degree in Applied Human Nutrition) PRONUT

ndash FCFFEAFSP University of Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

The present study verified the prevalence of anemia among pregnant women

assisted in 13 Health Basic Units of the Health Technical Supervision in Butantatilde-

SP This is a cross-sectional study with secondary data from medical charts of 772

pregnant women upon the first prenatal visit to the doctor in 2006 (387 women)

and 2008 (385 women) The study included pregnant women whose medical

charts contained the following data age weight gestational quarter hemoglobin

concentration and RDW upon the first prenatal visit and lack of chronic diseases

According to the gestational nutritional status the largest prevalence of eutrophic

women (61 ) was observed followed by 215 overweight and 108 obese

The prevalence of anemia was 100 in 2006 and 88 in 2008 with no

statistically significant difference between the values (p gt 005) As expected the

prevalence increased with the evolution of gestation In 2006 the mean Hb values

decreased from 126 (10) gdL in the first quarter to 122 (11) gdL in the second

quarter and 115 (10) gdL in the third quarter of pregnancy The values were

similar in 2008 The mean Hb distribution and RDW in both years showed no

statistically significant differences (p gt 005) The pregnant women who were in the

second quarter of pregnancy showed a 41 larger risk of anisocytosis when

compared to the ones who attended the first medical visit in the first quarter of

pregnancy This level of prevalence for anemia is classified as associated to a

slight risk for the population according to the World Health Organization

Keywords anemia iron deficiency gestation health policy

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma do estudo 36

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 43

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 46

xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia em gestantes e accedilotildees recomendadas 17

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010 23

Quadro 3 - Custo econocircmico de exames indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica de ferro 28

Quadro 4 - Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano 34

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 41

Tabela 2 - Classificaccedilatildeo antropomeacutetrica de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008 43

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 45

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 47

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

CDC Centers for Disease Control and Prevention

CGPAN Coordenaccedilatildeo Geral da Poliacutetica de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

Fe Ferro

Hb Hemoglobina

HCM Hemoglobina Corpuscular Meacutedia

Ht Hematoacutecrito

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IMC Iacutendice de Massa Corporal

INACG International Nutritional Anemia Consultative Group

INAN Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

ISA Inqueacuterito de Sauacutede ndash Capital 2008

MS Ministeacuterio da Sauacutede

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PAG Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante

PHPN Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-natal e Nascimento

PIB Produto Interno Bruto

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

POF Pesquisa de Orccedilamentos Familiares

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa Sauacutede da Famiacutelia

RDW Red Cell Distribution Width (Amplitude da Dispersatildeo dos Tamanhos das Hemaacutecias)

SBP Sociedade Brasileira de Pediatria

SEHAB Secretaria de Habitaccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo

SEMPLA Secretaria Municipal de Planejamento

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

VCM Volume Corpuscular Meacutedio

WHO Worth Health Organization

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 17

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco 18

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro 21

23 Paracircmetros hematimeacutetricos 24

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro 28

3 OBJETIVOS 31

31 Geral 31

32 Especiacuteficos 31

4 MATERIAL E MEacuteTODO 32

41 Delineamento 32

42 Local do estudo e caracteriacutesticas 32

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede 32

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde 33

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano 33

424 Tamanho amostral 35

425 Atendimento de preacute-natal 37

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas 37

427 Dados antropomeacutetricos 38

428 Idade gestacional 38

429 Dados hematoloacutegicos 38

4210 Anaacutelise dos dados 39

4211 Aspectos eacuteticos 39

5 RESULTADOS 40

6 DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSAtildeO 58

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 59

ANEXOS 69

Introduccedilatildeo

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo fez parte de um projeto maior intitulado ldquoConcentraccedilatildeo

de hemoglobina e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees

atendidos em Centros de Educaccedilatildeo Infantil do Municiacutepio de Satildeo Paulo

efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e milho fortificadas com ferrordquo que foi

ampliado para tambeacutem avaliar gestantes um dos grupos vulneraacuteveis indicadores

de anemia

A regiatildeo administrativa do Butantatilde foi escolhida por ter cerca de 465

de seus 377000 habitantes (2006) dependentes do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Fazem assistecircncia de sauacutede a essa populaccedilatildeo o Hospital Universitaacuterio da

Faculdade de Medicina da USP o Centro de Sauacutede Escola Samuel Barnsley

Pessoa e treze Unidades Baacutesicas de Sauacutede cinco das quais incorporaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Foram obtidos dados de concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW de 772

gestantes que em 2006 e 2008 frequentaram o Programa de Preacute-natal

Humanizado Esses dados obtidos agrave primeira consulta antes do iniacutecio da

suplementaccedilatildeo profilaacutetica com ferro e que tambeacutem refletem a situaccedilatildeo de anemia

da mulher em idade reprodutiva foram cotejados com idade peso e trimestre

gestacional Os resultados mostraram que natildeo haacute alteraccedilatildeo na prevalecircncia de

anemia nessa regiatildeo desde o ano de 2003 e que estaacute ao niacutevel de 10

considerado de risco leve pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

Esses resultados mostram que apesar de efetivamente implantada a

fortificaccedilatildeo de farinhas de trigo e milho com ferro pouco contribuiu para a reduccedilatildeo

da prevalecircncia da anemia em gestantes Uma das explicaccedilotildees pode ser o baixo

consumo do alimento agrave base de farinha de trigo fortificaccedilatildeo com ferro de baixa

biodisponibilidade nas farinhas Outra explicaccedilatildeo pode ser a presenccedila de outros

tipos de anemia que natildeo respondem agrave fortificaccedilatildeo com ferro

Revisatildeo da Literatura

17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

A anemia eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica global afetando

tanto paiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento com consequecircncias para

a sauacutede humana assim como para o desenvolvimento social e econocircmico

Estimativas da OMS apontam que a anemia afeta dois bilhotildees de pessoas no

mundo concentrando-se em mulheres em idade reprodutiva (30 ) gestantes

(418 ) e tambeacutem em lactentes (474 ) de paiacuteses em desenvolvimento A

Aacutefrica apresenta a maior prevalecircncia de anemia entre gestantes (558 ) seguida

pela Aacutesia (416 ) Ameacuterica Latina-Caribe (311 ) Oceania (304 ) Europa

(187 ) e Ameacuterica do Norte (61 ) (WORLD HEALTH ORGANIZATION ndash WHO

2007)

As gestantes representam um dos grupos mais vulneraacuteveis agrave deficiecircncia

do ferro devido agrave elevada necessidade desse mineral exigida pelo crescimento

acentuado dos tecidos para o desenvolvimento do feto da placenta e do cordatildeo

umbilical (SOUZA et al 2002)

Dada essa condiccedilatildeo as categorias de risco populacional para a anemia

tecircm como base a prevalecircncia desse distuacuterbio em gestantes (Quadro I)

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia e accedilotildees recomendadas

Categoria de risco

Hb lt 110gdL Accedilotildees

Grave ge 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Moderada 200 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Leve 50 200 Orientaccedilatildeo nutricional fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

Normal lt 50 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

WHO 2007

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

ix

RESUMO

Machado EHS Anemia em gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regiatildeo Administrativa do Butantatilde do municiacutepio de Satildeo Paulo em

2006 e 2008 Satildeo Paulo 2011 Tese (Doutorado em Nutriccedilatildeo Humana Aplicada)

PRONUT ndash FCFFEAFSP Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

O presente estudo verificou a prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde-SP

Trata-se de estudo transversal com dados secundaacuterios de prontuaacuterios de 772

gestantes agrave primeira consulta do preacute-natal nos anos de 2006 (387) e de 2008

(385) Foram incluiacutedas no estudo as gestantes cujos prontuaacuterios apresentavam os

seguintes dados idade peso trimestre gestacional concentraccedilatildeo de

hemoglobina e RDW na primeira consulta de preacute-natal e ausecircncia de doenccedilas

crocircnicas De acordo com o estado nutricional preacute-gestacional observaram-se

maiores prevalecircncias de eutrofia (61 ) seguidas por 215 de sobrepeso e por

108 de obesidade A prevalecircncia de anemia foi de 100 em 2006 e de 88

em 2008 sem diferenccedila estatisticamente significativa entre os valores (p gt 005)

Como esperado a prevalecircncia aumentou com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo Em 2006

as meacutedias de Hb diminuiacuteram de 126 (10) gdL no I trimestre para 122 (11) gdL

no II trimestre e 115 (10) gdL no III trimestre gestacional Os valores foram

similares no ano de 2008 A distribuiccedilatildeo das meacutedias de Hb e RDW nos dois anos

natildeo mostrou diferenccedilas estatiacutesticas significativas (p gt 005) As gestantes que

estavam no II trimestre apresentaram risco de anisocitose maior em 41 quando

comparadas agraves que fizeram sua primeira consulta no primeiro trimestre Esse

niacutevel de prevalecircncia de anemia eacute classificado como associado a um risco

populacional leve segundo a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

Palavras-chave anemia carecircncia de ferro gestaccedilatildeo poliacutetica de sauacutede

x

ABSTRACT

Machado EHS Anemia in pregnant women assisted at Health Basic Units

of Butantatilde Administrative Region city of Satildeo Paulo in 2006 and 2008 Satildeo

Paulo 2011 Dissertation (Doutorrsquos Degree in Applied Human Nutrition) PRONUT

ndash FCFFEAFSP University of Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

The present study verified the prevalence of anemia among pregnant women

assisted in 13 Health Basic Units of the Health Technical Supervision in Butantatilde-

SP This is a cross-sectional study with secondary data from medical charts of 772

pregnant women upon the first prenatal visit to the doctor in 2006 (387 women)

and 2008 (385 women) The study included pregnant women whose medical

charts contained the following data age weight gestational quarter hemoglobin

concentration and RDW upon the first prenatal visit and lack of chronic diseases

According to the gestational nutritional status the largest prevalence of eutrophic

women (61 ) was observed followed by 215 overweight and 108 obese

The prevalence of anemia was 100 in 2006 and 88 in 2008 with no

statistically significant difference between the values (p gt 005) As expected the

prevalence increased with the evolution of gestation In 2006 the mean Hb values

decreased from 126 (10) gdL in the first quarter to 122 (11) gdL in the second

quarter and 115 (10) gdL in the third quarter of pregnancy The values were

similar in 2008 The mean Hb distribution and RDW in both years showed no

statistically significant differences (p gt 005) The pregnant women who were in the

second quarter of pregnancy showed a 41 larger risk of anisocytosis when

compared to the ones who attended the first medical visit in the first quarter of

pregnancy This level of prevalence for anemia is classified as associated to a

slight risk for the population according to the World Health Organization

Keywords anemia iron deficiency gestation health policy

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma do estudo 36

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 43

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 46

xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia em gestantes e accedilotildees recomendadas 17

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010 23

Quadro 3 - Custo econocircmico de exames indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica de ferro 28

Quadro 4 - Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano 34

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 41

Tabela 2 - Classificaccedilatildeo antropomeacutetrica de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008 43

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 45

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 47

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

CDC Centers for Disease Control and Prevention

CGPAN Coordenaccedilatildeo Geral da Poliacutetica de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

Fe Ferro

Hb Hemoglobina

HCM Hemoglobina Corpuscular Meacutedia

Ht Hematoacutecrito

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IMC Iacutendice de Massa Corporal

INACG International Nutritional Anemia Consultative Group

INAN Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

ISA Inqueacuterito de Sauacutede ndash Capital 2008

MS Ministeacuterio da Sauacutede

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PAG Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante

PHPN Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-natal e Nascimento

PIB Produto Interno Bruto

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

POF Pesquisa de Orccedilamentos Familiares

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa Sauacutede da Famiacutelia

RDW Red Cell Distribution Width (Amplitude da Dispersatildeo dos Tamanhos das Hemaacutecias)

SBP Sociedade Brasileira de Pediatria

SEHAB Secretaria de Habitaccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo

SEMPLA Secretaria Municipal de Planejamento

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

VCM Volume Corpuscular Meacutedio

WHO Worth Health Organization

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 17

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco 18

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro 21

23 Paracircmetros hematimeacutetricos 24

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro 28

3 OBJETIVOS 31

31 Geral 31

32 Especiacuteficos 31

4 MATERIAL E MEacuteTODO 32

41 Delineamento 32

42 Local do estudo e caracteriacutesticas 32

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede 32

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde 33

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano 33

424 Tamanho amostral 35

425 Atendimento de preacute-natal 37

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas 37

427 Dados antropomeacutetricos 38

428 Idade gestacional 38

429 Dados hematoloacutegicos 38

4210 Anaacutelise dos dados 39

4211 Aspectos eacuteticos 39

5 RESULTADOS 40

6 DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSAtildeO 58

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 59

ANEXOS 69

Introduccedilatildeo

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo fez parte de um projeto maior intitulado ldquoConcentraccedilatildeo

de hemoglobina e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees

atendidos em Centros de Educaccedilatildeo Infantil do Municiacutepio de Satildeo Paulo

efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e milho fortificadas com ferrordquo que foi

ampliado para tambeacutem avaliar gestantes um dos grupos vulneraacuteveis indicadores

de anemia

A regiatildeo administrativa do Butantatilde foi escolhida por ter cerca de 465

de seus 377000 habitantes (2006) dependentes do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Fazem assistecircncia de sauacutede a essa populaccedilatildeo o Hospital Universitaacuterio da

Faculdade de Medicina da USP o Centro de Sauacutede Escola Samuel Barnsley

Pessoa e treze Unidades Baacutesicas de Sauacutede cinco das quais incorporaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Foram obtidos dados de concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW de 772

gestantes que em 2006 e 2008 frequentaram o Programa de Preacute-natal

Humanizado Esses dados obtidos agrave primeira consulta antes do iniacutecio da

suplementaccedilatildeo profilaacutetica com ferro e que tambeacutem refletem a situaccedilatildeo de anemia

da mulher em idade reprodutiva foram cotejados com idade peso e trimestre

gestacional Os resultados mostraram que natildeo haacute alteraccedilatildeo na prevalecircncia de

anemia nessa regiatildeo desde o ano de 2003 e que estaacute ao niacutevel de 10

considerado de risco leve pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

Esses resultados mostram que apesar de efetivamente implantada a

fortificaccedilatildeo de farinhas de trigo e milho com ferro pouco contribuiu para a reduccedilatildeo

da prevalecircncia da anemia em gestantes Uma das explicaccedilotildees pode ser o baixo

consumo do alimento agrave base de farinha de trigo fortificaccedilatildeo com ferro de baixa

biodisponibilidade nas farinhas Outra explicaccedilatildeo pode ser a presenccedila de outros

tipos de anemia que natildeo respondem agrave fortificaccedilatildeo com ferro

Revisatildeo da Literatura

17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

A anemia eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica global afetando

tanto paiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento com consequecircncias para

a sauacutede humana assim como para o desenvolvimento social e econocircmico

Estimativas da OMS apontam que a anemia afeta dois bilhotildees de pessoas no

mundo concentrando-se em mulheres em idade reprodutiva (30 ) gestantes

(418 ) e tambeacutem em lactentes (474 ) de paiacuteses em desenvolvimento A

Aacutefrica apresenta a maior prevalecircncia de anemia entre gestantes (558 ) seguida

pela Aacutesia (416 ) Ameacuterica Latina-Caribe (311 ) Oceania (304 ) Europa

(187 ) e Ameacuterica do Norte (61 ) (WORLD HEALTH ORGANIZATION ndash WHO

2007)

As gestantes representam um dos grupos mais vulneraacuteveis agrave deficiecircncia

do ferro devido agrave elevada necessidade desse mineral exigida pelo crescimento

acentuado dos tecidos para o desenvolvimento do feto da placenta e do cordatildeo

umbilical (SOUZA et al 2002)

Dada essa condiccedilatildeo as categorias de risco populacional para a anemia

tecircm como base a prevalecircncia desse distuacuterbio em gestantes (Quadro I)

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia e accedilotildees recomendadas

Categoria de risco

Hb lt 110gdL Accedilotildees

Grave ge 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Moderada 200 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Leve 50 200 Orientaccedilatildeo nutricional fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

Normal lt 50 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

WHO 2007

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

x

ABSTRACT

Machado EHS Anemia in pregnant women assisted at Health Basic Units

of Butantatilde Administrative Region city of Satildeo Paulo in 2006 and 2008 Satildeo

Paulo 2011 Dissertation (Doutorrsquos Degree in Applied Human Nutrition) PRONUT

ndash FCFFEAFSP University of Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2011

The present study verified the prevalence of anemia among pregnant women

assisted in 13 Health Basic Units of the Health Technical Supervision in Butantatilde-

SP This is a cross-sectional study with secondary data from medical charts of 772

pregnant women upon the first prenatal visit to the doctor in 2006 (387 women)

and 2008 (385 women) The study included pregnant women whose medical

charts contained the following data age weight gestational quarter hemoglobin

concentration and RDW upon the first prenatal visit and lack of chronic diseases

According to the gestational nutritional status the largest prevalence of eutrophic

women (61 ) was observed followed by 215 overweight and 108 obese

The prevalence of anemia was 100 in 2006 and 88 in 2008 with no

statistically significant difference between the values (p gt 005) As expected the

prevalence increased with the evolution of gestation In 2006 the mean Hb values

decreased from 126 (10) gdL in the first quarter to 122 (11) gdL in the second

quarter and 115 (10) gdL in the third quarter of pregnancy The values were

similar in 2008 The mean Hb distribution and RDW in both years showed no

statistically significant differences (p gt 005) The pregnant women who were in the

second quarter of pregnancy showed a 41 larger risk of anisocytosis when

compared to the ones who attended the first medical visit in the first quarter of

pregnancy This level of prevalence for anemia is classified as associated to a

slight risk for the population according to the World Health Organization

Keywords anemia iron deficiency gestation health policy

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma do estudo 36

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 43

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 46

xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia em gestantes e accedilotildees recomendadas 17

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010 23

Quadro 3 - Custo econocircmico de exames indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica de ferro 28

Quadro 4 - Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano 34

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 41

Tabela 2 - Classificaccedilatildeo antropomeacutetrica de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008 43

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 45

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 47

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

CDC Centers for Disease Control and Prevention

CGPAN Coordenaccedilatildeo Geral da Poliacutetica de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

Fe Ferro

Hb Hemoglobina

HCM Hemoglobina Corpuscular Meacutedia

Ht Hematoacutecrito

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IMC Iacutendice de Massa Corporal

INACG International Nutritional Anemia Consultative Group

INAN Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

ISA Inqueacuterito de Sauacutede ndash Capital 2008

MS Ministeacuterio da Sauacutede

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PAG Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante

PHPN Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-natal e Nascimento

PIB Produto Interno Bruto

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

POF Pesquisa de Orccedilamentos Familiares

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa Sauacutede da Famiacutelia

RDW Red Cell Distribution Width (Amplitude da Dispersatildeo dos Tamanhos das Hemaacutecias)

SBP Sociedade Brasileira de Pediatria

SEHAB Secretaria de Habitaccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo

SEMPLA Secretaria Municipal de Planejamento

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

VCM Volume Corpuscular Meacutedio

WHO Worth Health Organization

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 17

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco 18

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro 21

23 Paracircmetros hematimeacutetricos 24

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro 28

3 OBJETIVOS 31

31 Geral 31

32 Especiacuteficos 31

4 MATERIAL E MEacuteTODO 32

41 Delineamento 32

42 Local do estudo e caracteriacutesticas 32

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede 32

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde 33

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano 33

424 Tamanho amostral 35

425 Atendimento de preacute-natal 37

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas 37

427 Dados antropomeacutetricos 38

428 Idade gestacional 38

429 Dados hematoloacutegicos 38

4210 Anaacutelise dos dados 39

4211 Aspectos eacuteticos 39

5 RESULTADOS 40

6 DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSAtildeO 58

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 59

ANEXOS 69

Introduccedilatildeo

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo fez parte de um projeto maior intitulado ldquoConcentraccedilatildeo

de hemoglobina e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees

atendidos em Centros de Educaccedilatildeo Infantil do Municiacutepio de Satildeo Paulo

efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e milho fortificadas com ferrordquo que foi

ampliado para tambeacutem avaliar gestantes um dos grupos vulneraacuteveis indicadores

de anemia

A regiatildeo administrativa do Butantatilde foi escolhida por ter cerca de 465

de seus 377000 habitantes (2006) dependentes do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Fazem assistecircncia de sauacutede a essa populaccedilatildeo o Hospital Universitaacuterio da

Faculdade de Medicina da USP o Centro de Sauacutede Escola Samuel Barnsley

Pessoa e treze Unidades Baacutesicas de Sauacutede cinco das quais incorporaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Foram obtidos dados de concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW de 772

gestantes que em 2006 e 2008 frequentaram o Programa de Preacute-natal

Humanizado Esses dados obtidos agrave primeira consulta antes do iniacutecio da

suplementaccedilatildeo profilaacutetica com ferro e que tambeacutem refletem a situaccedilatildeo de anemia

da mulher em idade reprodutiva foram cotejados com idade peso e trimestre

gestacional Os resultados mostraram que natildeo haacute alteraccedilatildeo na prevalecircncia de

anemia nessa regiatildeo desde o ano de 2003 e que estaacute ao niacutevel de 10

considerado de risco leve pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

Esses resultados mostram que apesar de efetivamente implantada a

fortificaccedilatildeo de farinhas de trigo e milho com ferro pouco contribuiu para a reduccedilatildeo

da prevalecircncia da anemia em gestantes Uma das explicaccedilotildees pode ser o baixo

consumo do alimento agrave base de farinha de trigo fortificaccedilatildeo com ferro de baixa

biodisponibilidade nas farinhas Outra explicaccedilatildeo pode ser a presenccedila de outros

tipos de anemia que natildeo respondem agrave fortificaccedilatildeo com ferro

Revisatildeo da Literatura

17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

A anemia eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica global afetando

tanto paiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento com consequecircncias para

a sauacutede humana assim como para o desenvolvimento social e econocircmico

Estimativas da OMS apontam que a anemia afeta dois bilhotildees de pessoas no

mundo concentrando-se em mulheres em idade reprodutiva (30 ) gestantes

(418 ) e tambeacutem em lactentes (474 ) de paiacuteses em desenvolvimento A

Aacutefrica apresenta a maior prevalecircncia de anemia entre gestantes (558 ) seguida

pela Aacutesia (416 ) Ameacuterica Latina-Caribe (311 ) Oceania (304 ) Europa

(187 ) e Ameacuterica do Norte (61 ) (WORLD HEALTH ORGANIZATION ndash WHO

2007)

As gestantes representam um dos grupos mais vulneraacuteveis agrave deficiecircncia

do ferro devido agrave elevada necessidade desse mineral exigida pelo crescimento

acentuado dos tecidos para o desenvolvimento do feto da placenta e do cordatildeo

umbilical (SOUZA et al 2002)

Dada essa condiccedilatildeo as categorias de risco populacional para a anemia

tecircm como base a prevalecircncia desse distuacuterbio em gestantes (Quadro I)

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia e accedilotildees recomendadas

Categoria de risco

Hb lt 110gdL Accedilotildees

Grave ge 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Moderada 200 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Leve 50 200 Orientaccedilatildeo nutricional fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

Normal lt 50 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

WHO 2007

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma do estudo 36

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 43

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008 46

xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia em gestantes e accedilotildees recomendadas 17

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010 23

Quadro 3 - Custo econocircmico de exames indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica de ferro 28

Quadro 4 - Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano 34

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 41

Tabela 2 - Classificaccedilatildeo antropomeacutetrica de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008 43

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 45

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 47

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

CDC Centers for Disease Control and Prevention

CGPAN Coordenaccedilatildeo Geral da Poliacutetica de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

Fe Ferro

Hb Hemoglobina

HCM Hemoglobina Corpuscular Meacutedia

Ht Hematoacutecrito

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IMC Iacutendice de Massa Corporal

INACG International Nutritional Anemia Consultative Group

INAN Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

ISA Inqueacuterito de Sauacutede ndash Capital 2008

MS Ministeacuterio da Sauacutede

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PAG Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante

PHPN Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-natal e Nascimento

PIB Produto Interno Bruto

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

POF Pesquisa de Orccedilamentos Familiares

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa Sauacutede da Famiacutelia

RDW Red Cell Distribution Width (Amplitude da Dispersatildeo dos Tamanhos das Hemaacutecias)

SBP Sociedade Brasileira de Pediatria

SEHAB Secretaria de Habitaccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo

SEMPLA Secretaria Municipal de Planejamento

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

VCM Volume Corpuscular Meacutedio

WHO Worth Health Organization

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 17

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco 18

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro 21

23 Paracircmetros hematimeacutetricos 24

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro 28

3 OBJETIVOS 31

31 Geral 31

32 Especiacuteficos 31

4 MATERIAL E MEacuteTODO 32

41 Delineamento 32

42 Local do estudo e caracteriacutesticas 32

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede 32

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde 33

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano 33

424 Tamanho amostral 35

425 Atendimento de preacute-natal 37

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas 37

427 Dados antropomeacutetricos 38

428 Idade gestacional 38

429 Dados hematoloacutegicos 38

4210 Anaacutelise dos dados 39

4211 Aspectos eacuteticos 39

5 RESULTADOS 40

6 DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSAtildeO 58

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 59

ANEXOS 69

Introduccedilatildeo

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo fez parte de um projeto maior intitulado ldquoConcentraccedilatildeo

de hemoglobina e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees

atendidos em Centros de Educaccedilatildeo Infantil do Municiacutepio de Satildeo Paulo

efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e milho fortificadas com ferrordquo que foi

ampliado para tambeacutem avaliar gestantes um dos grupos vulneraacuteveis indicadores

de anemia

A regiatildeo administrativa do Butantatilde foi escolhida por ter cerca de 465

de seus 377000 habitantes (2006) dependentes do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Fazem assistecircncia de sauacutede a essa populaccedilatildeo o Hospital Universitaacuterio da

Faculdade de Medicina da USP o Centro de Sauacutede Escola Samuel Barnsley

Pessoa e treze Unidades Baacutesicas de Sauacutede cinco das quais incorporaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Foram obtidos dados de concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW de 772

gestantes que em 2006 e 2008 frequentaram o Programa de Preacute-natal

Humanizado Esses dados obtidos agrave primeira consulta antes do iniacutecio da

suplementaccedilatildeo profilaacutetica com ferro e que tambeacutem refletem a situaccedilatildeo de anemia

da mulher em idade reprodutiva foram cotejados com idade peso e trimestre

gestacional Os resultados mostraram que natildeo haacute alteraccedilatildeo na prevalecircncia de

anemia nessa regiatildeo desde o ano de 2003 e que estaacute ao niacutevel de 10

considerado de risco leve pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

Esses resultados mostram que apesar de efetivamente implantada a

fortificaccedilatildeo de farinhas de trigo e milho com ferro pouco contribuiu para a reduccedilatildeo

da prevalecircncia da anemia em gestantes Uma das explicaccedilotildees pode ser o baixo

consumo do alimento agrave base de farinha de trigo fortificaccedilatildeo com ferro de baixa

biodisponibilidade nas farinhas Outra explicaccedilatildeo pode ser a presenccedila de outros

tipos de anemia que natildeo respondem agrave fortificaccedilatildeo com ferro

Revisatildeo da Literatura

17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

A anemia eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica global afetando

tanto paiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento com consequecircncias para

a sauacutede humana assim como para o desenvolvimento social e econocircmico

Estimativas da OMS apontam que a anemia afeta dois bilhotildees de pessoas no

mundo concentrando-se em mulheres em idade reprodutiva (30 ) gestantes

(418 ) e tambeacutem em lactentes (474 ) de paiacuteses em desenvolvimento A

Aacutefrica apresenta a maior prevalecircncia de anemia entre gestantes (558 ) seguida

pela Aacutesia (416 ) Ameacuterica Latina-Caribe (311 ) Oceania (304 ) Europa

(187 ) e Ameacuterica do Norte (61 ) (WORLD HEALTH ORGANIZATION ndash WHO

2007)

As gestantes representam um dos grupos mais vulneraacuteveis agrave deficiecircncia

do ferro devido agrave elevada necessidade desse mineral exigida pelo crescimento

acentuado dos tecidos para o desenvolvimento do feto da placenta e do cordatildeo

umbilical (SOUZA et al 2002)

Dada essa condiccedilatildeo as categorias de risco populacional para a anemia

tecircm como base a prevalecircncia desse distuacuterbio em gestantes (Quadro I)

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia e accedilotildees recomendadas

Categoria de risco

Hb lt 110gdL Accedilotildees

Grave ge 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Moderada 200 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Leve 50 200 Orientaccedilatildeo nutricional fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

Normal lt 50 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

WHO 2007

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

xii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia em gestantes e accedilotildees recomendadas 17

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010 23

Quadro 3 - Custo econocircmico de exames indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica de ferro 28

Quadro 4 - Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano 34

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 41

Tabela 2 - Classificaccedilatildeo antropomeacutetrica de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008 43

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 45

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 47

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

CDC Centers for Disease Control and Prevention

CGPAN Coordenaccedilatildeo Geral da Poliacutetica de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

Fe Ferro

Hb Hemoglobina

HCM Hemoglobina Corpuscular Meacutedia

Ht Hematoacutecrito

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IMC Iacutendice de Massa Corporal

INACG International Nutritional Anemia Consultative Group

INAN Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

ISA Inqueacuterito de Sauacutede ndash Capital 2008

MS Ministeacuterio da Sauacutede

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PAG Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante

PHPN Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-natal e Nascimento

PIB Produto Interno Bruto

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

POF Pesquisa de Orccedilamentos Familiares

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa Sauacutede da Famiacutelia

RDW Red Cell Distribution Width (Amplitude da Dispersatildeo dos Tamanhos das Hemaacutecias)

SBP Sociedade Brasileira de Pediatria

SEHAB Secretaria de Habitaccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo

SEMPLA Secretaria Municipal de Planejamento

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

VCM Volume Corpuscular Meacutedio

WHO Worth Health Organization

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 17

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco 18

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro 21

23 Paracircmetros hematimeacutetricos 24

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro 28

3 OBJETIVOS 31

31 Geral 31

32 Especiacuteficos 31

4 MATERIAL E MEacuteTODO 32

41 Delineamento 32

42 Local do estudo e caracteriacutesticas 32

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede 32

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde 33

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano 33

424 Tamanho amostral 35

425 Atendimento de preacute-natal 37

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas 37

427 Dados antropomeacutetricos 38

428 Idade gestacional 38

429 Dados hematoloacutegicos 38

4210 Anaacutelise dos dados 39

4211 Aspectos eacuteticos 39

5 RESULTADOS 40

6 DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSAtildeO 58

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 59

ANEXOS 69

Introduccedilatildeo

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo fez parte de um projeto maior intitulado ldquoConcentraccedilatildeo

de hemoglobina e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees

atendidos em Centros de Educaccedilatildeo Infantil do Municiacutepio de Satildeo Paulo

efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e milho fortificadas com ferrordquo que foi

ampliado para tambeacutem avaliar gestantes um dos grupos vulneraacuteveis indicadores

de anemia

A regiatildeo administrativa do Butantatilde foi escolhida por ter cerca de 465

de seus 377000 habitantes (2006) dependentes do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Fazem assistecircncia de sauacutede a essa populaccedilatildeo o Hospital Universitaacuterio da

Faculdade de Medicina da USP o Centro de Sauacutede Escola Samuel Barnsley

Pessoa e treze Unidades Baacutesicas de Sauacutede cinco das quais incorporaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Foram obtidos dados de concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW de 772

gestantes que em 2006 e 2008 frequentaram o Programa de Preacute-natal

Humanizado Esses dados obtidos agrave primeira consulta antes do iniacutecio da

suplementaccedilatildeo profilaacutetica com ferro e que tambeacutem refletem a situaccedilatildeo de anemia

da mulher em idade reprodutiva foram cotejados com idade peso e trimestre

gestacional Os resultados mostraram que natildeo haacute alteraccedilatildeo na prevalecircncia de

anemia nessa regiatildeo desde o ano de 2003 e que estaacute ao niacutevel de 10

considerado de risco leve pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

Esses resultados mostram que apesar de efetivamente implantada a

fortificaccedilatildeo de farinhas de trigo e milho com ferro pouco contribuiu para a reduccedilatildeo

da prevalecircncia da anemia em gestantes Uma das explicaccedilotildees pode ser o baixo

consumo do alimento agrave base de farinha de trigo fortificaccedilatildeo com ferro de baixa

biodisponibilidade nas farinhas Outra explicaccedilatildeo pode ser a presenccedila de outros

tipos de anemia que natildeo respondem agrave fortificaccedilatildeo com ferro

Revisatildeo da Literatura

17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

A anemia eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica global afetando

tanto paiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento com consequecircncias para

a sauacutede humana assim como para o desenvolvimento social e econocircmico

Estimativas da OMS apontam que a anemia afeta dois bilhotildees de pessoas no

mundo concentrando-se em mulheres em idade reprodutiva (30 ) gestantes

(418 ) e tambeacutem em lactentes (474 ) de paiacuteses em desenvolvimento A

Aacutefrica apresenta a maior prevalecircncia de anemia entre gestantes (558 ) seguida

pela Aacutesia (416 ) Ameacuterica Latina-Caribe (311 ) Oceania (304 ) Europa

(187 ) e Ameacuterica do Norte (61 ) (WORLD HEALTH ORGANIZATION ndash WHO

2007)

As gestantes representam um dos grupos mais vulneraacuteveis agrave deficiecircncia

do ferro devido agrave elevada necessidade desse mineral exigida pelo crescimento

acentuado dos tecidos para o desenvolvimento do feto da placenta e do cordatildeo

umbilical (SOUZA et al 2002)

Dada essa condiccedilatildeo as categorias de risco populacional para a anemia

tecircm como base a prevalecircncia desse distuacuterbio em gestantes (Quadro I)

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia e accedilotildees recomendadas

Categoria de risco

Hb lt 110gdL Accedilotildees

Grave ge 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Moderada 200 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Leve 50 200 Orientaccedilatildeo nutricional fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

Normal lt 50 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

WHO 2007

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

xiii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 41

Tabela 2 - Classificaccedilatildeo antropomeacutetrica de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 42

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008 43

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 44

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 45

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 47

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008 48

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

CDC Centers for Disease Control and Prevention

CGPAN Coordenaccedilatildeo Geral da Poliacutetica de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

Fe Ferro

Hb Hemoglobina

HCM Hemoglobina Corpuscular Meacutedia

Ht Hematoacutecrito

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IMC Iacutendice de Massa Corporal

INACG International Nutritional Anemia Consultative Group

INAN Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

ISA Inqueacuterito de Sauacutede ndash Capital 2008

MS Ministeacuterio da Sauacutede

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PAG Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante

PHPN Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-natal e Nascimento

PIB Produto Interno Bruto

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

POF Pesquisa de Orccedilamentos Familiares

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa Sauacutede da Famiacutelia

RDW Red Cell Distribution Width (Amplitude da Dispersatildeo dos Tamanhos das Hemaacutecias)

SBP Sociedade Brasileira de Pediatria

SEHAB Secretaria de Habitaccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo

SEMPLA Secretaria Municipal de Planejamento

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

VCM Volume Corpuscular Meacutedio

WHO Worth Health Organization

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 17

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco 18

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro 21

23 Paracircmetros hematimeacutetricos 24

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro 28

3 OBJETIVOS 31

31 Geral 31

32 Especiacuteficos 31

4 MATERIAL E MEacuteTODO 32

41 Delineamento 32

42 Local do estudo e caracteriacutesticas 32

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede 32

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde 33

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano 33

424 Tamanho amostral 35

425 Atendimento de preacute-natal 37

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas 37

427 Dados antropomeacutetricos 38

428 Idade gestacional 38

429 Dados hematoloacutegicos 38

4210 Anaacutelise dos dados 39

4211 Aspectos eacuteticos 39

5 RESULTADOS 40

6 DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSAtildeO 58

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 59

ANEXOS 69

Introduccedilatildeo

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo fez parte de um projeto maior intitulado ldquoConcentraccedilatildeo

de hemoglobina e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees

atendidos em Centros de Educaccedilatildeo Infantil do Municiacutepio de Satildeo Paulo

efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e milho fortificadas com ferrordquo que foi

ampliado para tambeacutem avaliar gestantes um dos grupos vulneraacuteveis indicadores

de anemia

A regiatildeo administrativa do Butantatilde foi escolhida por ter cerca de 465

de seus 377000 habitantes (2006) dependentes do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Fazem assistecircncia de sauacutede a essa populaccedilatildeo o Hospital Universitaacuterio da

Faculdade de Medicina da USP o Centro de Sauacutede Escola Samuel Barnsley

Pessoa e treze Unidades Baacutesicas de Sauacutede cinco das quais incorporaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Foram obtidos dados de concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW de 772

gestantes que em 2006 e 2008 frequentaram o Programa de Preacute-natal

Humanizado Esses dados obtidos agrave primeira consulta antes do iniacutecio da

suplementaccedilatildeo profilaacutetica com ferro e que tambeacutem refletem a situaccedilatildeo de anemia

da mulher em idade reprodutiva foram cotejados com idade peso e trimestre

gestacional Os resultados mostraram que natildeo haacute alteraccedilatildeo na prevalecircncia de

anemia nessa regiatildeo desde o ano de 2003 e que estaacute ao niacutevel de 10

considerado de risco leve pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

Esses resultados mostram que apesar de efetivamente implantada a

fortificaccedilatildeo de farinhas de trigo e milho com ferro pouco contribuiu para a reduccedilatildeo

da prevalecircncia da anemia em gestantes Uma das explicaccedilotildees pode ser o baixo

consumo do alimento agrave base de farinha de trigo fortificaccedilatildeo com ferro de baixa

biodisponibilidade nas farinhas Outra explicaccedilatildeo pode ser a presenccedila de outros

tipos de anemia que natildeo respondem agrave fortificaccedilatildeo com ferro

Revisatildeo da Literatura

17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

A anemia eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica global afetando

tanto paiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento com consequecircncias para

a sauacutede humana assim como para o desenvolvimento social e econocircmico

Estimativas da OMS apontam que a anemia afeta dois bilhotildees de pessoas no

mundo concentrando-se em mulheres em idade reprodutiva (30 ) gestantes

(418 ) e tambeacutem em lactentes (474 ) de paiacuteses em desenvolvimento A

Aacutefrica apresenta a maior prevalecircncia de anemia entre gestantes (558 ) seguida

pela Aacutesia (416 ) Ameacuterica Latina-Caribe (311 ) Oceania (304 ) Europa

(187 ) e Ameacuterica do Norte (61 ) (WORLD HEALTH ORGANIZATION ndash WHO

2007)

As gestantes representam um dos grupos mais vulneraacuteveis agrave deficiecircncia

do ferro devido agrave elevada necessidade desse mineral exigida pelo crescimento

acentuado dos tecidos para o desenvolvimento do feto da placenta e do cordatildeo

umbilical (SOUZA et al 2002)

Dada essa condiccedilatildeo as categorias de risco populacional para a anemia

tecircm como base a prevalecircncia desse distuacuterbio em gestantes (Quadro I)

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia e accedilotildees recomendadas

Categoria de risco

Hb lt 110gdL Accedilotildees

Grave ge 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Moderada 200 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Leve 50 200 Orientaccedilatildeo nutricional fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

Normal lt 50 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

WHO 2007

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

xiv

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

CDC Centers for Disease Control and Prevention

CGPAN Coordenaccedilatildeo Geral da Poliacutetica de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

Fe Ferro

Hb Hemoglobina

HCM Hemoglobina Corpuscular Meacutedia

Ht Hematoacutecrito

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IDH Iacutendice de Desenvolvimento Humano

IMC Iacutendice de Massa Corporal

INACG International Nutritional Anemia Consultative Group

INAN Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

ISA Inqueacuterito de Sauacutede ndash Capital 2008

MS Ministeacuterio da Sauacutede

OMS Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede

PAG Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante

PHPN Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-natal e Nascimento

PIB Produto Interno Bruto

PNDS Pesquisa Nacional de Demografia e Sauacutede da Crianccedila e da Mulher

POF Pesquisa de Orccedilamentos Familiares

PPC Paridade do Poder de Compra

PSF Programa Sauacutede da Famiacutelia

RDW Red Cell Distribution Width (Amplitude da Dispersatildeo dos Tamanhos das Hemaacutecias)

SBP Sociedade Brasileira de Pediatria

SEHAB Secretaria de Habitaccedilatildeo do Estado de Satildeo Paulo

SEMPLA Secretaria Municipal de Planejamento

SUS Sistema Uacutenico de Sauacutede

UBS Unidade Baacutesica de Sauacutede

VCM Volume Corpuscular Meacutedio

WHO Worth Health Organization

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 17

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco 18

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro 21

23 Paracircmetros hematimeacutetricos 24

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro 28

3 OBJETIVOS 31

31 Geral 31

32 Especiacuteficos 31

4 MATERIAL E MEacuteTODO 32

41 Delineamento 32

42 Local do estudo e caracteriacutesticas 32

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede 32

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde 33

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano 33

424 Tamanho amostral 35

425 Atendimento de preacute-natal 37

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas 37

427 Dados antropomeacutetricos 38

428 Idade gestacional 38

429 Dados hematoloacutegicos 38

4210 Anaacutelise dos dados 39

4211 Aspectos eacuteticos 39

5 RESULTADOS 40

6 DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSAtildeO 58

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 59

ANEXOS 69

Introduccedilatildeo

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo fez parte de um projeto maior intitulado ldquoConcentraccedilatildeo

de hemoglobina e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees

atendidos em Centros de Educaccedilatildeo Infantil do Municiacutepio de Satildeo Paulo

efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e milho fortificadas com ferrordquo que foi

ampliado para tambeacutem avaliar gestantes um dos grupos vulneraacuteveis indicadores

de anemia

A regiatildeo administrativa do Butantatilde foi escolhida por ter cerca de 465

de seus 377000 habitantes (2006) dependentes do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Fazem assistecircncia de sauacutede a essa populaccedilatildeo o Hospital Universitaacuterio da

Faculdade de Medicina da USP o Centro de Sauacutede Escola Samuel Barnsley

Pessoa e treze Unidades Baacutesicas de Sauacutede cinco das quais incorporaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Foram obtidos dados de concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW de 772

gestantes que em 2006 e 2008 frequentaram o Programa de Preacute-natal

Humanizado Esses dados obtidos agrave primeira consulta antes do iniacutecio da

suplementaccedilatildeo profilaacutetica com ferro e que tambeacutem refletem a situaccedilatildeo de anemia

da mulher em idade reprodutiva foram cotejados com idade peso e trimestre

gestacional Os resultados mostraram que natildeo haacute alteraccedilatildeo na prevalecircncia de

anemia nessa regiatildeo desde o ano de 2003 e que estaacute ao niacutevel de 10

considerado de risco leve pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

Esses resultados mostram que apesar de efetivamente implantada a

fortificaccedilatildeo de farinhas de trigo e milho com ferro pouco contribuiu para a reduccedilatildeo

da prevalecircncia da anemia em gestantes Uma das explicaccedilotildees pode ser o baixo

consumo do alimento agrave base de farinha de trigo fortificaccedilatildeo com ferro de baixa

biodisponibilidade nas farinhas Outra explicaccedilatildeo pode ser a presenccedila de outros

tipos de anemia que natildeo respondem agrave fortificaccedilatildeo com ferro

Revisatildeo da Literatura

17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

A anemia eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica global afetando

tanto paiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento com consequecircncias para

a sauacutede humana assim como para o desenvolvimento social e econocircmico

Estimativas da OMS apontam que a anemia afeta dois bilhotildees de pessoas no

mundo concentrando-se em mulheres em idade reprodutiva (30 ) gestantes

(418 ) e tambeacutem em lactentes (474 ) de paiacuteses em desenvolvimento A

Aacutefrica apresenta a maior prevalecircncia de anemia entre gestantes (558 ) seguida

pela Aacutesia (416 ) Ameacuterica Latina-Caribe (311 ) Oceania (304 ) Europa

(187 ) e Ameacuterica do Norte (61 ) (WORLD HEALTH ORGANIZATION ndash WHO

2007)

As gestantes representam um dos grupos mais vulneraacuteveis agrave deficiecircncia

do ferro devido agrave elevada necessidade desse mineral exigida pelo crescimento

acentuado dos tecidos para o desenvolvimento do feto da placenta e do cordatildeo

umbilical (SOUZA et al 2002)

Dada essa condiccedilatildeo as categorias de risco populacional para a anemia

tecircm como base a prevalecircncia desse distuacuterbio em gestantes (Quadro I)

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia e accedilotildees recomendadas

Categoria de risco

Hb lt 110gdL Accedilotildees

Grave ge 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Moderada 200 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Leve 50 200 Orientaccedilatildeo nutricional fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

Normal lt 50 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

WHO 2007

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Villas Boas MVC Araujo FMO Gilberti MFP Grotto HZW Utilidade do RDW-SD

como auxiliar na interpretaccedilatildeo das alteraccedilotildees morfoloacutegicas dos eritroacutecitos Roche

Diagnoacutestica 2003 apud Monteiro L Valores de referecircncia do RDW-CV e do

RDW-SD e sua relaccedilatildeo com o VCM entre os pacientes atendidos no ambulatoacuterio

do Hospital Universitaacuterio Oswaldo Cruz ndash Recife PE Rev Bras Hematol Hemoter

201032(1)34-9

Vitolo MR Baixa escolaridade como fator limitante para o combate agrave anemia entre

gestantes Rev Bras Ginecol Obstet 2006 28(6)331-339

World Bank Enriching Lives overcoming vitamin and mineral malnutrition in

developing countries Whashington World Bank 1994 73p

World Health Organization (WHO) Guidelines on food fortification with

micronutrients Geneva WHO 2006

World Health Organization (WHO) Iron deficiency anemia assessment

prevention and control a guide for programme managers Geneva

WHOUNICEF 2001

World Health Organization (WHO) Who Global Database on Child Growth and

Malnutrition Geneva WHO 2007

Referecircncias Bibliograacuteficas

68

Xing Y Hong Y Shaonong D Zhuoma B Xiaoyan Z Wang D Hemoglobin levels

and anemia evaluation during pregnancy in the highlands of Tibet a hospital-

based study BMC Public Health 2009 9336

Zimmermann MB Zeder C Muthayya S Chaouki N Aeberli I Hurrell RF

Adiposity in women and children from transition countries predicts decreased iron

absorption iron deficiency and reduced response to iron fortification Int J Obes

2008 321098ndash1104

Zugaib M Zugaib obstetriacutecia Barueri Manole 2008 cap 11-1 p 195 212 760-

761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 16

2 REVISAtildeO DA LITERATURA 17

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco 18

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro 21

23 Paracircmetros hematimeacutetricos 24

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro 28

3 OBJETIVOS 31

31 Geral 31

32 Especiacuteficos 31

4 MATERIAL E MEacuteTODO 32

41 Delineamento 32

42 Local do estudo e caracteriacutesticas 32

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede 32

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde 33

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano 33

424 Tamanho amostral 35

425 Atendimento de preacute-natal 37

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas 37

427 Dados antropomeacutetricos 38

428 Idade gestacional 38

429 Dados hematoloacutegicos 38

4210 Anaacutelise dos dados 39

4211 Aspectos eacuteticos 39

5 RESULTADOS 40

6 DISCUSSAtildeO 49

7 CONCLUSAtildeO 58

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 59

ANEXOS 69

Introduccedilatildeo

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo fez parte de um projeto maior intitulado ldquoConcentraccedilatildeo

de hemoglobina e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees

atendidos em Centros de Educaccedilatildeo Infantil do Municiacutepio de Satildeo Paulo

efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e milho fortificadas com ferrordquo que foi

ampliado para tambeacutem avaliar gestantes um dos grupos vulneraacuteveis indicadores

de anemia

A regiatildeo administrativa do Butantatilde foi escolhida por ter cerca de 465

de seus 377000 habitantes (2006) dependentes do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Fazem assistecircncia de sauacutede a essa populaccedilatildeo o Hospital Universitaacuterio da

Faculdade de Medicina da USP o Centro de Sauacutede Escola Samuel Barnsley

Pessoa e treze Unidades Baacutesicas de Sauacutede cinco das quais incorporaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Foram obtidos dados de concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW de 772

gestantes que em 2006 e 2008 frequentaram o Programa de Preacute-natal

Humanizado Esses dados obtidos agrave primeira consulta antes do iniacutecio da

suplementaccedilatildeo profilaacutetica com ferro e que tambeacutem refletem a situaccedilatildeo de anemia

da mulher em idade reprodutiva foram cotejados com idade peso e trimestre

gestacional Os resultados mostraram que natildeo haacute alteraccedilatildeo na prevalecircncia de

anemia nessa regiatildeo desde o ano de 2003 e que estaacute ao niacutevel de 10

considerado de risco leve pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

Esses resultados mostram que apesar de efetivamente implantada a

fortificaccedilatildeo de farinhas de trigo e milho com ferro pouco contribuiu para a reduccedilatildeo

da prevalecircncia da anemia em gestantes Uma das explicaccedilotildees pode ser o baixo

consumo do alimento agrave base de farinha de trigo fortificaccedilatildeo com ferro de baixa

biodisponibilidade nas farinhas Outra explicaccedilatildeo pode ser a presenccedila de outros

tipos de anemia que natildeo respondem agrave fortificaccedilatildeo com ferro

Revisatildeo da Literatura

17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

A anemia eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica global afetando

tanto paiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento com consequecircncias para

a sauacutede humana assim como para o desenvolvimento social e econocircmico

Estimativas da OMS apontam que a anemia afeta dois bilhotildees de pessoas no

mundo concentrando-se em mulheres em idade reprodutiva (30 ) gestantes

(418 ) e tambeacutem em lactentes (474 ) de paiacuteses em desenvolvimento A

Aacutefrica apresenta a maior prevalecircncia de anemia entre gestantes (558 ) seguida

pela Aacutesia (416 ) Ameacuterica Latina-Caribe (311 ) Oceania (304 ) Europa

(187 ) e Ameacuterica do Norte (61 ) (WORLD HEALTH ORGANIZATION ndash WHO

2007)

As gestantes representam um dos grupos mais vulneraacuteveis agrave deficiecircncia

do ferro devido agrave elevada necessidade desse mineral exigida pelo crescimento

acentuado dos tecidos para o desenvolvimento do feto da placenta e do cordatildeo

umbilical (SOUZA et al 2002)

Dada essa condiccedilatildeo as categorias de risco populacional para a anemia

tecircm como base a prevalecircncia desse distuacuterbio em gestantes (Quadro I)

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia e accedilotildees recomendadas

Categoria de risco

Hb lt 110gdL Accedilotildees

Grave ge 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Moderada 200 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Leve 50 200 Orientaccedilatildeo nutricional fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

Normal lt 50 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

WHO 2007

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Introduccedilatildeo

16

1 INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo fez parte de um projeto maior intitulado ldquoConcentraccedilatildeo

de hemoglobina e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees

atendidos em Centros de Educaccedilatildeo Infantil do Municiacutepio de Satildeo Paulo

efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e milho fortificadas com ferrordquo que foi

ampliado para tambeacutem avaliar gestantes um dos grupos vulneraacuteveis indicadores

de anemia

A regiatildeo administrativa do Butantatilde foi escolhida por ter cerca de 465

de seus 377000 habitantes (2006) dependentes do Sistema Uacutenico de Sauacutede

Fazem assistecircncia de sauacutede a essa populaccedilatildeo o Hospital Universitaacuterio da

Faculdade de Medicina da USP o Centro de Sauacutede Escola Samuel Barnsley

Pessoa e treze Unidades Baacutesicas de Sauacutede cinco das quais incorporaram o

Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Foram obtidos dados de concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW de 772

gestantes que em 2006 e 2008 frequentaram o Programa de Preacute-natal

Humanizado Esses dados obtidos agrave primeira consulta antes do iniacutecio da

suplementaccedilatildeo profilaacutetica com ferro e que tambeacutem refletem a situaccedilatildeo de anemia

da mulher em idade reprodutiva foram cotejados com idade peso e trimestre

gestacional Os resultados mostraram que natildeo haacute alteraccedilatildeo na prevalecircncia de

anemia nessa regiatildeo desde o ano de 2003 e que estaacute ao niacutevel de 10

considerado de risco leve pela Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS)

Esses resultados mostram que apesar de efetivamente implantada a

fortificaccedilatildeo de farinhas de trigo e milho com ferro pouco contribuiu para a reduccedilatildeo

da prevalecircncia da anemia em gestantes Uma das explicaccedilotildees pode ser o baixo

consumo do alimento agrave base de farinha de trigo fortificaccedilatildeo com ferro de baixa

biodisponibilidade nas farinhas Outra explicaccedilatildeo pode ser a presenccedila de outros

tipos de anemia que natildeo respondem agrave fortificaccedilatildeo com ferro

Revisatildeo da Literatura

17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

A anemia eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica global afetando

tanto paiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento com consequecircncias para

a sauacutede humana assim como para o desenvolvimento social e econocircmico

Estimativas da OMS apontam que a anemia afeta dois bilhotildees de pessoas no

mundo concentrando-se em mulheres em idade reprodutiva (30 ) gestantes

(418 ) e tambeacutem em lactentes (474 ) de paiacuteses em desenvolvimento A

Aacutefrica apresenta a maior prevalecircncia de anemia entre gestantes (558 ) seguida

pela Aacutesia (416 ) Ameacuterica Latina-Caribe (311 ) Oceania (304 ) Europa

(187 ) e Ameacuterica do Norte (61 ) (WORLD HEALTH ORGANIZATION ndash WHO

2007)

As gestantes representam um dos grupos mais vulneraacuteveis agrave deficiecircncia

do ferro devido agrave elevada necessidade desse mineral exigida pelo crescimento

acentuado dos tecidos para o desenvolvimento do feto da placenta e do cordatildeo

umbilical (SOUZA et al 2002)

Dada essa condiccedilatildeo as categorias de risco populacional para a anemia

tecircm como base a prevalecircncia desse distuacuterbio em gestantes (Quadro I)

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia e accedilotildees recomendadas

Categoria de risco

Hb lt 110gdL Accedilotildees

Grave ge 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Moderada 200 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Leve 50 200 Orientaccedilatildeo nutricional fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

Normal lt 50 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

WHO 2007

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Revisatildeo da Literatura

17

2 REVISAtildeO DA LITERATURA

A anemia eacute considerada um problema de sauacutede puacuteblica global afetando

tanto paiacuteses desenvolvidos como em desenvolvimento com consequecircncias para

a sauacutede humana assim como para o desenvolvimento social e econocircmico

Estimativas da OMS apontam que a anemia afeta dois bilhotildees de pessoas no

mundo concentrando-se em mulheres em idade reprodutiva (30 ) gestantes

(418 ) e tambeacutem em lactentes (474 ) de paiacuteses em desenvolvimento A

Aacutefrica apresenta a maior prevalecircncia de anemia entre gestantes (558 ) seguida

pela Aacutesia (416 ) Ameacuterica Latina-Caribe (311 ) Oceania (304 ) Europa

(187 ) e Ameacuterica do Norte (61 ) (WORLD HEALTH ORGANIZATION ndash WHO

2007)

As gestantes representam um dos grupos mais vulneraacuteveis agrave deficiecircncia

do ferro devido agrave elevada necessidade desse mineral exigida pelo crescimento

acentuado dos tecidos para o desenvolvimento do feto da placenta e do cordatildeo

umbilical (SOUZA et al 2002)

Dada essa condiccedilatildeo as categorias de risco populacional para a anemia

tecircm como base a prevalecircncia desse distuacuterbio em gestantes (Quadro I)

Quadro 1 - Categoria de risco populacional segundo prevalecircncia de anemia e accedilotildees recomendadas

Categoria de risco

Hb lt 110gdL Accedilotildees

Grave ge 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Moderada 200 400 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo terapecircutica seguida de fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica

Leve 50 200 Orientaccedilatildeo nutricional fortificaccedilatildeo de alimentos e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

Normal lt 50 Orientaccedilatildeo nutricional e suplementaccedilatildeo profilaacutetica para gestantes

WHO 2007

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Revisatildeo da Literatura

18

A OMS assume que somente 50 dos casos de anemia se devem agrave

deficiecircncia de ferro No entanto a proporccedilatildeo pode variar conforme grupo

populacional e diferentes aacutereas em funccedilatildeo das condiccedilotildees locais justificando os

resultados inesperados conseguidos com uma intervenccedilatildeo baseada na

fortificaccedilatildeo de alimentos com ferro As intervenccedilotildees realizadas consideraram

apenas a deficiecircncia de ferro alimentar como causa da endemia natildeo levando em

consideraccedilatildeo diversas outras causas que acarretam a diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina em niacuteveis abaixo do normal (WHO 2007)

Mesmo conhecendo a relevacircncia de outras causas que acarretam a

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de hemoglobina entre as quais a deficiecircncia de

folatos vitamina B12 hipovitaminose A infecccedilotildees agudas ou crocircnicas aleacutem das

anemias geneacuteticas como a talassemia menor (WHO 2007) o conhecimento

acumulado com os resultados obtidos atraveacutes do aumento da ingestatildeo de ferro

permite manter esse criteacuterio como base das intervenccedilotildees que vecircm sendo

adotadas no Brasil Pode-se acrescentar que se 50 dos casos de anemia

estiverem controlados isso significaraacute um grande avanccedilo no atendimento do

compromisso firmado pelo Brasil para o controle da anemia nutricional

21 Anemia ferropriva e gestantes como grupo de risco

A anemia ferropriva afeta indiviacuteduos de todos os grupos populacionais e

se apresenta com maior prevalecircncia nos paiacuteses em desenvolvimento Eacute

conceituada exclusivamente pelo valor da concentraccedilatildeo de hemoglobina inferior a

valores padronizados pelas organizaccedilotildees internacionais considerando sexo idade

e situaccedilatildeo fisioloacutegica dentre as quais a gestaccedilatildeo constitui o periacuteodo de maior

vulnerabilidade para a doenccedila (DEMAYER et al 1989 STOLTZFUS 2001 WHO

2007) Sua ocorrecircncia estaacute associada agrave baixa condiccedilatildeo socioeconocircmica ao baixo

niacutevel de escolaridade a multiparidade e baixas reservas de ferro (MARTINS

1985 PIZZARRO 2003 VITOLO 2006)

A anemia causada pela deficiecircncia de ferro eacute resultado do desequiliacutebrio

entre a quantidade do mineral biologicamente disponiacutevel e a necessidade

orgacircnica (COOK 1992 BOTHWELL 1995) A eritropoiese deficiente de ferro eacute

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Revisatildeo da Literatura

19

responsaacutevel por 95 das anemias na gravidez A deficiecircncia de ferro com ou

sem anemia traz importantes consequecircncias para a sauacutede e para o

desenvolvimento humano Indiviacuteduos anecircmicos tecircm capacidade de trabalho

reduzida e deacuteficit de atenccedilatildeo e de trabalho intelectual Os efeitos deleteacuterios

causados pela anemia por deficiecircncia de ferro atingem especialmente o binocircmio

matildee-feto A gestante anecircmica cansa-se facilmente pois estaacute submetida a maior

esforccedilo cardiacuteaco para manter o aporte adequado de oxigecircnio para a placenta e

para o feto estaacute menos disposta ao trabalho fiacutesico ao rendimento intelectual e

apresenta maiores riscos de infecccedilotildees com diminuiccedilatildeo da funccedilatildeo imunoloacutegica

risco de preacute-eclacircmpsia alteraccedilotildees cardiovasculares alteraccedilotildees na funccedilatildeo da

glacircndula tireoide queda de cabelos enfraquecimento das unhas e probabilidade

de maior perda sanguiacutenea no parto (COOK 1992 DALLMAN 1993 ALLEN

1997 WHO 2001 LOZOFF et al 2003) Com relaccedilatildeo ao feto desde o primeiro

relatoacuterio da OMS (WHO 1968) a respeito do tema vem sendo ressaltado que a

anemia na gestante leva agrave maior incidecircncia de abortamentos hipoacutexia fetal

prematuridade baixo peso ao nascer com consequente risco para sobrevida do

concepto (REZENDE FILHO MONTENEGRO 2008 ZUGAIB 2008)

A gravidez eacute caracterizada por mudanccedilas fisioloacutegicas e metaboacutelicas que

alteram os paracircmetros bioquiacutemicos e hematoloacutegicos maternos resultando em

diminuiccedilatildeo ou aumento deles Por essa razatildeo a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo representa

um risco diferenciado para a manifestaccedilatildeo do estado de carecircncia de ferro

observado mesmo entre gestantes que iniciam a gravidez sem anemia (HITTEN e

LEITCH 1947) Estudo apresentado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (2010)

aponta que 15 receacutem-nascidos com asfixia morrem diariamente no Brasil

Gestantes com diabetes hipertensatildeo ou preacute-eclacircmpsia e anemia satildeo as mais

propensas a esse desfecho desfavoraacutevel O feto de matildee anecircmica tambeacutem pode

ficar mais exposto agrave menor oferta de mineral para a formaccedilatildeo de seus tecidos e

estoques tornando-se mais propenso agrave manifestaccedilatildeo de um quadro de carecircncia

de ferro no primeiro ano de vida (MARTINS 1985)

Um desfecho desfavoraacutevel pode ocorrer em 30 a 40 de gestantes

anecircmicas e seus conceptos tecircm menos da metade da reserva de ferro podendo

apresentar anemia jaacute nos seus primeiros meses de vida (SCHOLL 2000

RASMUSSEN 2001 WHO 2001)

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

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Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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em gestantes e a fortificaccedilatildeo de farinhas com ferro Texto amp Contexto

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como auxiliar na interpretaccedilatildeo das alteraccedilotildees morfoloacutegicas dos eritroacutecitos Roche

Diagnoacutestica 2003 apud Monteiro L Valores de referecircncia do RDW-CV e do

RDW-SD e sua relaccedilatildeo com o VCM entre os pacientes atendidos no ambulatoacuterio

do Hospital Universitaacuterio Oswaldo Cruz ndash Recife PE Rev Bras Hematol Hemoter

201032(1)34-9

Vitolo MR Baixa escolaridade como fator limitante para o combate agrave anemia entre

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Zugaib M Zugaib obstetriacutecia Barueri Manole 2008 cap 11-1 p 195 212 760-

761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Revisatildeo da Literatura

20

O periacuteodo gestacional eacute o mais criacutetico do ponto de vista de necessidades

orgacircnicas de ferro pois a elevada demanda do mineral deve ser atendida em

curto periacuteodo de tempo que natildeo ultrapassa seis meses Sendo assim somente

mulheres que iniciam o processo com uma boa reserva do mineral conseguem

atravessar esse periacuteodo sem se tornar anecircmicas por deficiecircncia de ferro

(INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTATIVE GROUP ndash INACG

1977 BEARD 1994)

A gravidez normal envolve diversas modificaccedilotildees fisioloacutegicas no

organismo materno com destaque para as alteraccedilotildees nos paracircmetros

hematoloacutegicos Em gestaccedilatildeo com um uacutenico feto as necessidades maternas

variam de 800 a 1000 mg de ferro sendo de 300 a 350 mg para a formaccedilatildeo da

unidade fetoplacentaacuteria aleacutem da quantidade disponiacutevel para a expansatildeo da

massa de hemoglobina materna (GROTTO 2008)

Durante o primeiro trimestre gestacional o volume plasmaacutetico comeccedila a

aumentar por accedilatildeo do estroacutegeno e da progesterona sob a influecircncia do sistema

renina-angiotensina-aldosterona A hipervolemia no organismo materno estaacute

associada ao aumento de suprimento sanguiacuteneo nos oacutergatildeos genitais em especial

na aacuterea uterina cuja vascularizaccedilatildeo encontra-se aumentada na gestaccedilatildeo Em

geral esse aumento eacute da ordem de 45 a 50 dos valores da mulher natildeo

gestante enquanto o volume de eritroacutecitos eleva-se 33 estabelecendo a

hemodiluiccedilatildeo Consequentemente haacute diminuiccedilatildeo da viscosidade sanguiacutenea o que

reduz o trabalho cardiacuteaco Essas adaptaccedilotildees se iniciam no primeiro trimestre por

volta da sexta semana gestacional com expansatildeo mais acelerada no segundo

trimestre estabilizando seus niacuteveis nas uacuteltimas semanas do ciclo gestacional

(HITTEN e LEITCH 1947)

Cerca de 90 da demanda total de ferro eacute utilizada somente no uacuteltimo

trimestre da gestaccedilatildeo o que significa que aproximadamente 6 mg de ferro

deveratildeo ser absorvidos por dia nesse periacuteodo No terceiro trimestre a gestante

necessita de maior aporte de ferro para aumento da sua hemoglobina que faraacute o

transporte ao feto compensando assim a perda de sangue que ocorre no parto

Desta forma conclui-se que o ferro dieteacutetico mesmo sendo somado ao mineral

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Preacute-natal e

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761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Revisatildeo da Literatura

21

de reserva eacute insuficiente para suprir a necessidade do nutriente tornando

portanto indispensaacutevel a suplementaccedilatildeo (WHO 2001 MA et al 2004)

22 Programas de intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia de ferro

Em 1977 pela primeira vez no Brasil frente agrave elevada prevalecircncia de

anemia o extinto Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo do Ministeacuterio da

Sauacutede (INAN) organizou uma reuniatildeo teacutecnica para discutir o problema da

deficiecircncia de ferro no paiacutes Os estudos de diagnoacutestico ateacute entatildeo desenvolvidos

eram poucos e pontuais poreacutem permitiam concluir que a anemia ocorria em

proporccedilatildeo endecircmica Nessa mesma ocasiatildeo foi reforccedilado que a consequecircncia

ocasionada por esse distuacuterbio era prejudicial para a qualidade de vida da

populaccedilatildeo em especial das gestantes e seus conceptos (BRASIL 1977) Como

resultante dessa reuniatildeo foi implantada (198283) para as usuaacuterias do Programa

de Atenccedilatildeo agrave Gestante (PAG) atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede a

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar

Um levantamento de prevalecircncia de anemia entre gestantes atendidas

nos poucos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Estado de Satildeo Paulo que mantinham

a dosagem da concentraccedilatildeo de hemoglobina na rotina do PAG foi realizado trecircs

anos apoacutes a implantaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo do suplemento de ferro Neste estudo

verificou-se que 351 das gestantes apresentavam anemia o que de acordo

com a OMS caracterizava um grave risco nutricional reforccedilando ainda mais a

necessidade de intervenccedilatildeo (VANNUCCHI FREITAS e SZARFARC 1992)

Embora reconhecidos a importacircncia epidemioloacutegica e os elevados custos

puacuteblicos associados agrave anemia natildeo houve nenhuma manifestaccedilatildeo de interesse do

governo brasileiro no controle da anemia antes da Reuniatildeo de Cuacutepula de Nova

Iorque em 1990 Nessa reuniatildeo o Ministeacuterio da Sauacutede assumiu o compromisso

conforme documento assinado em 1992 de reduccedilatildeo de 13 da prevalecircncia da

anemia em gestantes ateacute o ano 2000 (BATISTA FILHO et al 2008) Esse prazo

foi postergado para 2003 e ampliado para crianccedilas em idade preacute-escolar Embora

modesto nas suas metas este compromisso teve o meacuterito de proporcionar a

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Revisatildeo da Literatura

22

intensificaccedilatildeo de estudos de diagnoacutestico e intervenccedilatildeo no controle da deficiecircncia

do ferro (FUJIMORI et al 2000 DANI et al 2008 CORTES 2009)

Dados da deacutecada de 2000 (Quadro 2) realizados entre gestantes de

serviccedilos puacuteblicos de sauacutede do Brasil mostram a diversidade de prevalecircncias e os

valores elevados presentes entre as mulheres de todas as regiotildees brasileiras

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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prevention and control a guide for programme managers Geneva

WHOUNICEF 2001

World Health Organization (WHO) Who Global Database on Child Growth and

Malnutrition Geneva WHO 2007

Referecircncias Bibliograacuteficas

68

Xing Y Hong Y Shaonong D Zhuoma B Xiaoyan Z Wang D Hemoglobin levels

and anemia evaluation during pregnancy in the highlands of Tibet a hospital-

based study BMC Public Health 2009 9336

Zimmermann MB Zeder C Muthayya S Chaouki N Aeberli I Hurrell RF

Adiposity in women and children from transition countries predicts decreased iron

absorption iron deficiency and reduced response to iron fortification Int J Obes

2008 321098ndash1104

Zugaib M Zugaib obstetriacutecia Barueri Manole 2008 cap 11-1 p 195 212 760-

761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Revisatildeo da Literatura

23

Quadro 2 - Prevalecircncia de anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de sauacutede 2000-2010

Regiatildeo

cidade

Ano de

estudo

Idade

(anos) Local n

Prevalecircncia

()

Hb lt 110gdL

Autores

Norte

Manaus 2006 17-29 UBS 92 261 Costa et al 2009

Nordeste

Recife 2000-2001 - Ambulatoacuterio 318 566 Bresani et al

2007

Feira de

Santana 2005-2006 15-45 UBS 326 319

Santos e

Cerqueira 2008

Centro- Oeste

Cuiabaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 954 255 Fujimori et al

2009

Sudeste

Santo Andreacute 2000 lt20 CS 79 140 Fujimori et al

2000

Satildeo Paulo 2001-2003 gt16 Ambulatoacuterio 74 214 Papa et al 2003

Satildeo Paulo 2003 lt20 e gt20 CS Escola 390 92 Sato et al 2008

Satildeo Paulo 2006 lt20 e gt20 CS Escola 360 86 Sato et al 2008

Sul

Maringaacute 2007 lt20 e gt20 UBS 780 106 Fujimori et al

2009

Adolescentes

Como demonstraccedilatildeo da sintonia do governo brasileiro com as

recomendaccedilotildees internacionais estabeleceu-se em 2000 o Programa de

Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal e Nascimento (PHPN) lanccedilado pelo Ministeacuterio da

Sauacutede no mesmo ano em que foram definidos os procedimentos assistenciais

miacutenimos a serem oferecidos a todas as gestantes que fazem o preacute-natal na rede

do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) ou seja nas Unidades Baacutesicas de Sauacutede

(UBS) ou nas unidades com Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) dos

municiacutepios promovendo a sauacutede da matildee e do bebecirc Entre as atividades

propostas destaca-se a realizaccedilatildeo de um diagnoacutestico de anemia na primeira

consulta aleacutem do estiacutemulo para a captaccedilatildeo precoce das graacutevidas (BRASIL

2005)

Em dezembro de 2002 com prazo final de implementaccedilatildeo em todo paiacutes

ateacute junho de 2004 implantou-se a poliacutetica puacuteblica de Fortificaccedilatildeo de Farinhas de

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Revisatildeo da Literatura

24

Trigo e de Milho para todos os fins com oferecimento de 42 mg de ferro e 150

ug de aacutecido foacutelico para cada 100 g de farinha (BRASIL 2002 20052009) A

fortificaccedilatildeo eacute a estrateacutegia que apresenta melhor custo-efetividade em meacutedio e

longo prazos Vaacuterios paiacuteses da Ameacuterica do Sul e da Ameacuterica Central tais como

Chile Costa Rica El Salvador Honduras Meacutexico Nicaraacutegua Panamaacute Porto

Rico Guatemala instituiacuteram a fortificaccedilatildeo no combate a deficiecircncias nutricionais

apoacutes decisotildees poliacuteticas que culminaram na implantaccedilatildeo compulsoacuteria da

intervenccedilatildeo (ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007)

23 Paracircmetros hematimeacutetricos

A diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo da hemoglobina a niacuteveis abaixo do normal

que indica a presenccedila da anemia constitui o uacuteltimo estaacutegio do processo de

deficiecircncia de ferro No primeiro deles ocorre a depleccedilatildeo nos estoques de ferro

corporal podendo ser detectado pela queda da concentraccedilatildeo da ferritina

plasmaacutetica O segundo eacute denominado eritropoiese normociacutetica ferrodeficiente

estaacutegio em que a protoporfirina eritrocitaacuteria eleva-se contudo a hemoglobina

permanece em seus niacuteveis normais em 95 dos casos No terceiro estaacutegio da

deficiecircncia os niacuteveis de hemoglobina estatildeo diminuiacutedos e as hemaacutecias se

apresentam microciacuteticas e hipocrocircmicas (INACG 2002)

A anemia ferropriva eacute caracterizada pela diminuiccedilatildeo do volume

corpuscular meacutedio geralmente acompanhada pela diminuiccedilatildeo da hemoglobina

corpuscular meacutedia e da concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia

caracterizando a presenccedila de hipocromia associada (VICARI e FIGUEIREDO

2010)

A importacircncia dada no Brasil para a anemia da mulher eacute comprovada pela

obrigatoriedade de seu diagnoacutestico nos serviccedilos puacuteblicos de sauacutede como parte

das primeiras atividades do Programa de Humanizaccedilatildeo do Preacute-Natal oferecido agrave

Gestante Sendo assim embora a melhor comprovaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro

como determinante de anemia seja a resposta positiva a um suplemento do

mineral alguns dos paracircmetros hematimeacutetricos que fazem parte do hemograma

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Revisatildeo da Literatura

25

(VCM HCM) realizado na rotina do atendimento de preacute-natal satildeo indicadores

tardios de uma possiacutevel alteraccedilatildeo no estado de ferro

A automaccedilatildeo laboratorial obtida atraveacutes da utilizaccedilatildeo de equipamentos

permitiu agilizar a interpretaccedilatildeo do hemograma inclusive para a contagem de

ceacutelulas sanguiacuteneas e para auxiliar no diagnoacutestico da anemia (NASCIMENTO

2005)

Esses contadores tecircm como objetivo contar e medir o tamanho das

ceacutelulas de forma exata e reprodutiacutevel por meio de fotometria fornecendo

informaccedilotildees sobre o niacutevel sanguiacuteneo de hemaacutecias hemoglobina (Hb)

hematoacutecrito (Ht) volume corpuscular meacutedio (VCM) hemoglobina corpuscular

meacutedia (HCM) concentraccedilatildeo de hemoglobina corpuscular meacutedia (CHCM) nuacutemero

de plaquetas e leucograma A interpretaccedilatildeo dos dados contidos no eritrograma

associada do VCM HCM e RDW passou a ser mais fidedigna para observar

anemias em estaacutegios iniciais (NASCIMENTO 2005) A dosagem de Hb e os

valores hematimeacutetricos satildeo os indicadores que sinalizam a alteraccedilatildeo do estado de

ferro

Hemoglobina (Hb) ndash a hemoglobina indica a concentraccedilatildeo de gloacutebulos

vermelhos presentes em um determinado volume do fluido Em locais onde a

anemia ocorre em proporccedilotildees endecircmicas a anemia eacute sinocircnimo de anemia

ferropriva (WHO 2001 2007) Sendo que na praacutetica meacutedica o primeiro exame

realizado diante de uma suspeita de anemia eacute o hemograma (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006) Embora universalmente utilizada para conceituar a anemia a Hb

tem baixa sensibilidade para detectar a deficiecircncia de ferro decorrente do

prolongado tempo de meia vida (120 dias) dos gloacutebulos vermelhos Sua

especificidade depende do criteacuterio a ser utilizado para diagnoacutestico da deficiecircncia

de ferro (FAILACE 2009) O valor criacutetico utilizado para esse diagnoacutestico eacute

especialmente importante entre as gestantes dado que entre elas ocorre a

reduccedilatildeo na concentraccedilatildeo da hemoglobina devido agrave mobilizaccedilatildeo do nutriente para

o feto em crescimento e desenvolvimento

Volume Corpuscular Meacutedio (VCM) ndash medido em fentolitros (fL) e em

indiviacuteduos adultos pode ser classificado em normal indicando normocitose

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Revisatildeo da Literatura

26

aumentado (macrocitose) e diminuiacutedo indicativo da microcitose A anemia

ferropriva eacute caracterizada por ser microciacutetica com Volume Corpuscular Meacutedio

(VCM) diminuiacutedo (KUMAR 2005)

Hemoglobina Corpuscular Meacutedia (HCM) ndash este eacute um indicador funcional

que identifica a hipocromia Ela pode natildeo ser notada quando o valor da Hb estaacute

proacuteximo do normal poreacutem o indiviacuteduo jaacute estaacute diagnosticado como anecircmico

(Hbgt10gdL) (LEWIS et al 2006)

RDW (Red Cell Distribution Width) ndash eacute outro paracircmetro constante do

hemograma realizado nos serviccedilos de sauacutede para as gestantes Eacute uma

informaccedilatildeo que soacute pode ser obtida atraveacutes de metodologia por automatizaccedilatildeo

Todos os eritroacutecitos (mesmo os normais) natildeo apresentam padronizaccedilatildeo no seu

tamanho existindo um limite para a sua variaccedilatildeo Esse indicador tambeacutem informa

o volume apresentado em cada eritroacutecito Isso significa que quanto maior a

heterogeneidade dos tamanhos dos eritroacutecitos maior seraacute o valor do RDW Ele eacute

uma medida que indica a anisocitose ou seja mede a amplitude da variaccedilatildeo do

tamanho dos eritroacutecitos Eacute importante para distinguir entre a anemia ferropriva

que tem RDW geralmente aumentado a fraccedilatildeo talassecircmica quando o RDW se

apresenta normal e a anemia megaloblaacutestica na qual o RDW na maioria das

vezes estaacute aumentado (LEWIS et al 2006) A informaccedilatildeo do RDW pode ser

utilizada como auxiliar no diagnoacutestico diferencial da anemia microciacutetica Eacute o

indicador de anisocitose que diferencia a anemia ferropriva da beta talassemia

(XING et al 2009) A alteraccedilatildeo do volume plasmaacutetico que ocorre na gestaccedilatildeo

interfere na interpretaccedilatildeo do eritrograma e os valores que natildeo sofrem

interferecircncia da hemodiluiccedilatildeo satildeo VCM HCM e RDW (LEWIS et al 2006)

Outros indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro que natildeo fazem parte

dos exames de rotina da atenccedilatildeo preacute-natal satildeo utilizados em situaccedilotildees

especiacuteficas Entre os exames mais solicitados na praacutetica cliacutenica encontra-se

Ferro Seacuterico ndash estaacute vinculado agrave transferrina e tem valores na mulher

entre 50 e 170 gdL A utilizaccedilatildeo desse paracircmetro isolado respeita a variaccedilatildeo

durante o dia sendo seu valor maior pela manhatilde e dependendo do horaacuterio de

sua coleta ocorre alteraccedilatildeo de seu resultado Tambeacutem niacuteveis inferiores ao normal

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Revisatildeo da Literatura

27

natildeo significam carecircncia de ferro pois outros quadros patoloacutegicos como as

anemias de doenccedila crocircnica tambeacutem tecircm ferro seacuterico baixo (MILLER e

GONCcedilALVES 1995)

TransferrinaCapacidade Total de Ligaccedilatildeo de Ferro e Saturaccedilatildeo da

Transferrina ndash esse exame pode auxiliar nos diagnoacutesticos de ferropenia e de

excesso de ferro em algumas anemias Entretanto vaacuterios fatores podem

influenciar os valores finais entre eles a avitaminose A a desnutriccedilatildeo os

processos infecciosos e inflamatoacuterios recentes natildeo sendo um marcador ideal

para o diagnoacutestico precoce da carecircncia de ferro (MILLER GONCcedilALVES 1995

MA et al 2004)

A determinaccedilatildeo da concentraccedilatildeo de ferritina eacute um dos testes mais

especiacuteficos na avaliaccedilatildeo do ferro no organismo uma vez que o meacutetodo

representa o estado de depleccedilatildeo ou excesso de ferro em tecidos de depoacutesito

como baccedilo fiacutegado e medula oacutessea Quadros agudos ou crocircnicos tambeacutem podem

influenciar um falso resultado Valores normais ou alterados natildeo descartam o

estado de ferropenia Outros fatores como a idade o sexo a gestaccedilatildeo e algumas

doenccedilas podem influenciar a concentraccedilatildeo de ferritina (BRAGA AMANCIO

VITALLE 2006 PAIVA RONDOacute 2007)

Protoporfirina Eritrocitaacuteria Livre (PEL) ndash em situaccedilotildees de deficiecircncia do

nutriente ferro haacute tendecircncia de aumentar a PEL Em processos infecciosos ou

inflamatoacuterios assim como intoxicaccedilatildeo por chumbo ou doenccedila hemoliacutetica pode

haver elevaccedilatildeo da PEL ficando o exame menos especiacutefico para o diagnoacutestico

(PAIVA et al 2003 WHO 2006)

O uso desses indicadores da situaccedilatildeo orgacircnica do ferro acrescenta valor

consideraacutevel no custo dos exames laboratoriais de rotina no atendimento preacute-

natal (cerca de seis vezes mais caros)

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Spinelli MGN Marchioni DML Souza JMP Souza SB Sazarfarc SC Fatores de

risco para anemia em crianccedilas de 6 a 12 meses no Brasil Rev Panam Salud

Publica 200517(2)84-91

Referecircncias Bibliograacuteficas

67

Stoltzfus RJ Iron-deficiency anemia reexamining the nature and magnitude of the

public health problem Summary implications for research and programs J Nutr

2001 131(2S-2)697S-700S

Vannucchi IH Freitas MLS Szarfarc SC Prevalecircncia de anemias nutricionais no

Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica 1992 4(1)7-26

Viana JML Tsunechiro MA Bonadio IC Fugimori E Santos AU Sato APS

Szarfarc SC Adequaccedilatildeo do consumo de ferro por gestantes e mulheres em idade

feacutertil atendidas em um serviccedilo de preacute-natal Mundo Sauacutede 2009 33(3)286-293

Vicari P Figueiredo ME Diagnoacutestico diferencial da deficiecircncia de ferro Rev Bras

Hematol Hemoter 2010 32(supl2)29-31

Villas Boas MVC Araujo FMO Gilberti MFP Grotto HZW Utilidade do RDW-SD

como auxiliar na interpretaccedilatildeo das alteraccedilotildees morfoloacutegicas dos eritroacutecitos Roche

Diagnoacutestica 2003 apud Monteiro L Valores de referecircncia do RDW-CV e do

RDW-SD e sua relaccedilatildeo com o VCM entre os pacientes atendidos no ambulatoacuterio

do Hospital Universitaacuterio Oswaldo Cruz ndash Recife PE Rev Bras Hematol Hemoter

201032(1)34-9

Vitolo MR Baixa escolaridade como fator limitante para o combate agrave anemia entre

gestantes Rev Bras Ginecol Obstet 2006 28(6)331-339

World Bank Enriching Lives overcoming vitamin and mineral malnutrition in

developing countries Whashington World Bank 1994 73p

World Health Organization (WHO) Guidelines on food fortification with

micronutrients Geneva WHO 2006

World Health Organization (WHO) Iron deficiency anemia assessment

prevention and control a guide for programme managers Geneva

WHOUNICEF 2001

World Health Organization (WHO) Who Global Database on Child Growth and

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Referecircncias Bibliograacuteficas

68

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and anemia evaluation during pregnancy in the highlands of Tibet a hospital-

based study BMC Public Health 2009 9336

Zimmermann MB Zeder C Muthayya S Chaouki N Aeberli I Hurrell RF

Adiposity in women and children from transition countries predicts decreased iron

absorption iron deficiency and reduced response to iron fortification Int J Obes

2008 321098ndash1104

Zugaib M Zugaib obstetriacutecia Barueri Manole 2008 cap 11-1 p 195 212 760-

761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Revisatildeo da Literatura

28

Quadro 3 - Valores de referecircncia de exames segundo o SUS

Exames Valores (doacutelar)

Ferro seacuterico US$ 200

Hemograma US$ 235

Transferrina US$ 235

Ferritina US$ 891

SIGTAP ndash Sistema de Gerenciamento de custos do SUS (DATASUS 2010) Valor do doacutelar= $175 em 5 de agosto de 2010

24 Perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro

As perdas econocircmicas decorrentes da deficiecircncia de ferro natildeo satildeo

despreziacuteveis Relatoacuterio do Banco Mundial de 1994 (WORLD BANK 1994)

destacou que apesar da dificuldade em se quantificar o custo econocircmico

decorrente de deficiecircncias nutricionais especiacuteficas cerca de 5 do PIB de paiacuteses

em desenvolvimento eacute desperdiccedilado com os gastos em sauacutede decorrentes da

anemia por deficiecircncia de ferro Transpondo esses caacutelculos para o ano de 2008

pode-se dizer que o Brasil com PIB estimado em R$ 23 trilhotildees gastou nesse

ano R$ 116 bilhotildees para tratar problemas de sauacutede decorrentes dessa

deficiecircncia

Horton e Ross (2003) em extensa revisatildeo sobre as consequecircncias

econocircmicas decorrentes da anemia em paiacuteses em desenvolvimento discutem a

proporccedilatildeo em que elas ocorrem e as perdas de recursos financeiros delas

decorrentes Esses autores pretendem por meio de equaccedilotildees matemaacuteticas

mensurar em que medida a deficiecircncia de ferro se associa agraves perdas econocircmicas

Por exemplo em relaccedilatildeo agrave prematuridade calculou-se o custo anual de serviccedilos

meacutedicos devidos a partos prematuros relacionados agrave deficiecircncia de ferro e agrave

anemia ferropriva a partir da seguinte relaccedilatildeo

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Revisatildeo da Literatura

29

Cprem = GMg ppr times Rppr DFe times NV times Pppr times Cparto

Onde

Cprem = custo da prematuridade

GMg ppr = incremento proporcional do gasto de atenccedilatildeo ao parto prematuro

Rppr DFe = risco de prematuridade devido agrave deficiecircncia de ferro na populaccedilatildeo

NV = nuacutemero de nascidos vivos

Pppr = proporccedilatildeo de nascidos antes da 37ordf semana gestacional

Cparto = custo da atenccedilatildeo a um parto

Em 2005 ao aplicar essa equaccedilatildeo aos dados da Argentina Drake e

Bernztein (2009) obtiveram o valor de US$ 3233x 106 (Cprem = 100x 036x

700000x 0076x US$ 170) ou seja haveria economia de US$ 323 milhotildees de

doacutelares com a prevenccedilatildeo dos partos prematuros devidos agrave deficiecircncia de ferro ou

agrave anemia por deficiecircncia de ferro equivalendo a 035 do PIB da Argentina agrave

eacutepoca

Natildeo pode ser desprezado o custo indireto da deficiecircncia de ferro na

infacircncia a qual pode tem consequecircncias irreversiacuteveis sobre o desenvolvimento

cognitivo e sobre a produtividade durante a vida adulta Outro custo social

relacionado agrave deficiecircncia marcial eacute o da mortalidade materna Ambos podem ser

estimados por meio de modelos econocircmicos matemaacuteticos (HORTON e HOSS

2003)

Horton e Ross (2003) avaliaram a importacircncia da intervenccedilatildeo para o

controle dessa morbidade e concluiacuteram que tanto a fortificaccedilatildeo de alimentos

habituais na alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo alvo quando a suplementaccedilatildeo

medicamentosa se efetivamente implantadas constituem pequeno investimento

em relaccedilatildeo ao PIB (inferior a 03 do PIB de paiacuteses em desenvolvimento)

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Revisatildeo da Literatura

30

Para diagnosticar anemia o hemograma tem sido o exame de triagem

que apresenta custo aproximado de dois doacutelares Para verificar a deficiecircncia de

ferro outros exames satildeo solicitados gerando custo de ateacute 11 doacutelares

As gestantes satildeo as que oferecem a condiccedilatildeo ideal para se avaliar a

anemia pois o hemograma faz parte do protocolo de atendimento nas Unidades

Baacutesicas de Sauacutede como uma das atividades iniciais do Programa de Atenccedilatildeo

Preacute-Natal Humanizado e Qualificado que estabelecem os objetivos deste

trabalho

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Objetivos

31

3 OBJETIVOS

31 Geral

Determinar a prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Administrativa do Butantatilde municiacutepio de

Satildeo Paulo ndash SP em 2006 e 2008

32 Especiacuteficos

Caracterizar a populaccedilatildeo de gestantes segundo dados

sociodemograacuteficos e de preacute-natal

Avaliar a prevalecircncia de anemia e anisocitose nas gestantes

Determinar e comparar medidas de tendecircncia central dos valores de

concentraccedilatildeo de hemoglobina e RDW por trimestre gestacional

Analisar fatores de risco associados agrave anemia

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Material e Meacutetodo

32

4 MATERIAL E MEacuteTODO

Este estudo fez parte do projeto intitulado ldquoConcentraccedilatildeo de hemoglobina

e prevalecircncia de anemia de preacute-escolares e de suas matildees atendidos em creches

da rede do municiacutepio de Satildeo Paulo Efetividade da ingestatildeo de farinhas de trigo e

de milho fortificadas com ferrordquo

41 Delineamento

O estudo foi delineado como retrospectivo de corte transversal descritivo-

analiacutetico e desenvolvido nas 13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regiatildeo

Administrativa do ButantatildeSP Os dados utilizados foram obtidos dos prontuaacuterios

das gestantes atendidas nas Unidades

42 Local do estudo e caracteriacutesticas

421 Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede

A Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde integra a Coordenadoria

Regional de Sauacutede Centro Oeste do Municiacutepio de Satildeo Paulo com aacuterea de 561

km2 compreendendo os distritos administrativos do Butantatilde Morumbi Raposo

Tavares Rio Pequeno e Vila Socircnia onde se situam as UBS As Unidades Baacutesicas

de Sauacutede da regiatildeo participam do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) sendo

vinculada a Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede Butantatilde uma das trecircs supervisotildees da

Coordenadoria Regional de Sauacutede ndash Centro Oeste da Secretaria Municipal de

Sauacutede da Prefeitura Municipal de Satildeo Paulo

As atividades desenvolvidas atendem agraves diretrizes da Atenccedilatildeo Baacutesica do

Ministeacuterio da Sauacutede e satildeo caracterizadas por um conjunto de accedilotildees de sauacutede no

acircmbito individual e coletivo que abrangem a promoccedilatildeo e proteccedilatildeo da sauacutede a

prevenccedilatildeo de agravos o diagnoacutestico o tratamento e a reabilitaccedilatildeo de doenccedilas

visando agrave manutenccedilatildeo da sauacutede

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Material e Meacutetodo

33

As accedilotildees satildeo desenvolvidas por meio de praacuteticas gerencias e de sauacutede

puacuteblica que satildeo dirigidas a populaccedilotildees nos seus proacuteprios territoacuterios

Cerca de 3718 gestantes receberam atenccedilatildeo nas UBS da Supervisatildeo

Teacutecnica Administrativa do Butantatilde em 2008 Compete agraves UBS prestar assistecircncia

preacute-natal e realizar paralelamente agrave orientaccedilatildeo de rotina a identificaccedilatildeo

prevenccedilatildeo eou controle de fatores de risco que possam comprometer a qualidade

do processo reprodutivo Todas as UBS tecircm o Programa de Atenccedilatildeo ao Preacute-Natal

implantado nas atividades rotineiras da Unidade

422 Populaccedilatildeo do Distrito Administrativo do Butantatilde

Segundo estimativas da Secretaria Municipal de Sauacutede (PREFEITURA

DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2007) a populaccedilatildeo da Subprefeitura do Butantatilde

totaliza 383061 pessoas em que indiviacuteduos de 0 a 14 anos representam 245

de 15 a 29 anos correspondem a 219 de 30 a 49 anos totalizam 299 de 50

a 64 anos perfazem 156 e as pessoas inseridas na terceira idade com mais

de 65 anos 81 Analisando a distribuiccedilatildeo populacional por sexo observa-se

que o contingente feminino constitui-se maioria com 199830 pessoas ou seja

522 do total

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo da Cidade de

Satildeo Paulo (SEHAB 2008) e da Secretaria Municipal de Planejamento (SEMPLA

2008) foram detectadas 66 favelas na regiatildeo correspondendo a

aproximadamente 69 do total de favelas existentes na Coordenadoria Centro

Oeste (SEHAB 2008 SEMPLA 2008)

423 Iacutendice de Desenvolvimento Humano

O Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) na regiatildeo tambeacutem foi

verificado Em contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) que considera apenas

a dimensatildeo econocircmica do desenvolvimento o IDH tambeacutem leva em conta dois

outros paracircmetros a longevidade e a educaccedilatildeo da populaccedilatildeo Para aferir a

longevidade o indicador utiliza valores de expectativa de vida ao nascer para a

PMSPSMSCEINFOTABNET 2007

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Material e Meacutetodo

34

educaccedilatildeo satildeo avaliados o iacutendice de analfabetismo e a taxa de matriacutecula em todos

os niacuteveis de ensino (PROGRAMA DAS NACcedilOtildeES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO ndash PNUD 2010)

A renda mensurada pelo PIB eacute per capita e em doacutelar PPC (paridade do

poder de compra que elimina as diferenccedilas de custo de vida entre os paiacuteses)

Esses indicadores tecircm o mesmo peso no iacutendice que varia de zero a um e eacute

considerado dos Objetivos das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento do

Milecircnio No Brasil tem sido utilizado pelo Governo Federal e por administraccedilotildees

municipais o Iacutendice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M)

Quadro 4 ndash Distritos Administrativos e o Iacutendice de Desenvolvimento Humano

Distrito Administrativo Iacutendice de Desenvolvimento Humano ndash IDH

Raposo Tavares 0819

Rio Pequeno 0855

Vila Socircnia 0895

Butantatilde 0928

Morumbi 0938

Fonte IDH Atlas do desenvolvimento da cidade de Satildeo Paulo (2003)

Atraveacutes desse iacutendice verificamos que a regional administrativa do Butantatilde

eacute heterogecircneo em seu IDH variando de 0819 no distrito administrativo Raposo

Tavares a 0938 no distrito do Morumbi

A populaccedilatildeo dispotildee ainda das seguintes Unidades de Sauacutede para seu

atendimento

4 Assistecircncias Meacutedicas Ambulatoriais ndash AMA (Jardim Satildeo Jorge Paulo

VI Jardim Peri-Peri e Vila Socircnia)

13 Unidades Baacutesicas de Sauacutede ndash UBS (Butantatilde2 Caxingui2 Jardim

Boa Vista1 Jardim DrsquoAbril1 Jardim Jaqueline2 Jardim Satildeo Jorge1 Joseacute

Marciacutelio Malta Cardoso2 Paulo VI1 Real Parque1 Rio Pequeno2 Vila

Borges2 Vila Dalva1 Vila Socircnia2)

1 Unidades Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia

2 Unidades Baacutesicas de Sauacutede

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Material e Meacutetodo

35

1 Ambulatoacuterio de Especialidades ndash AE Peri-Peri

1 Centro de Atenccedilatildeo Psicossocial Adulto ndash CAPS Butantatilde

1 Centro de Convivecircncia e Cooperativa ndash CECCO Previdecircncia

1 Cliacutenica Odontoloacutegica Especializada Especializado ndash COE Butantatilde

(AE Peri Peri)

1 Serviccedilo de Atendimento Especializado DSTAIDS ndash SAE Butantatilde

1 Centro de Sauacutede Escola ndash CSE Butantatilde (Faculdade de Medicina da

Universidade de Satildeo Paulo)

2 Residecircncias Terapecircuticas ndash SRT Pirajussara SRT Jd Previdecircncia

1 Nuacutecleo Integrado de Reabilitaccedilatildeo ndash NIR Jardim Peri Peri

1 Nuacutecleo Integrado de Sauacutede Auditiva ndash NISA Jardim Peri Peri

1 Hospital e Maternidade ndash Hospital Municipal Mario Degni

1 Pronto Socorro Municipal ndash Pronto Socorro Dr Caetano V Neto

424 Tamanho amostral

Dois grupos de gestantes foram formados por amostra proporcional agrave

demanda universal de gestantes que se inscreveram nos serviccedilos de preacute-natal

nos anos de 2006 e 2008 Para o sorteio das gestantes utilizou-se do banco geral

de dados de gestantes matriculadas nas UBS de 2006 e 2008 centralizado na

Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede ndash Butantatilde

O tamanho amostral para estimar a prevalecircncia de anemia em cada ano

foi calculado usando a foacutermula n = p q z2d2 onde p = proporccedilatildeo de mulheres com

anemia q = proporccedilatildeo de mulheres sem anemia (q = 1-p) z = percentil da

distribuiccedilatildeo normal e d = erro maacuteximo em valor absoluto Considerando p = 050

d = 5 confianccedila de 95 tem-se que n = 050 050 19620052 = 384 em 2006 e

em 2008 Esses tamanhos satildeo tambeacutem suficientes para comparar os paracircmetros

obtidos nos dois anos via regressatildeo linear As gestantes participantes desse

estudo natildeo satildeo as mesmas nos anos e trimestres gestacionais

Para compensar perdas sortearam-se 500 prontuaacuterios de gestantes para

cada ano de estudo distribuiacutedos entre as 13 UBS Foram utilizados somente os

dados daqueles prontuaacuterios que tinham todas as informaccedilotildees necessaacuterias ao

estudo

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Material e Meacutetodo

36

Foram excluiacutedas do estudo gestantes que natildeo apresentaram os

resultados completos do hemograma a idade gestacional por ocasiatildeo do exame

de sangue e as gestantes que apresentavam doenccedilas crocircnicas (diabetes

hipertensatildeo hepatopatias e doenccedilas renais) eou que declaravam fazer uso de

algum suplemento agrave base de ferro

Figura 1 ndash Fluxograma do estudo

Total de gestantes atendidas = 3015

Amostra inicial 500

Amostra final 387

Total de gestantes atendidas = 3712

Amostra inicial 500

Amostra final 385

2006

n = 772

n = 966

2008

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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em gestantes e a fortificaccedilatildeo de farinhas com ferro Texto amp Contexto

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Sato APS Anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de preacute-natal das

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UNIFESP 2008

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RDW-SD e sua relaccedilatildeo com o VCM entre os pacientes atendidos no ambulatoacuterio

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Zugaib M Zugaib obstetriacutecia Barueri Manole 2008 cap 11-1 p 195 212 760-

761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Material e Meacutetodo

37

425 Atendimento de preacute-natal

A gestante pode chegar ao serviccedilo de sauacutede espontaneamente ou por

encaminhamento atraveacutes da indicaccedilatildeo de um agente de sauacutede do Programa

Sauacutede da Famiacutelia (PSF) que visita os domiciacutelios na aacuterea geograacutefica da UBS

A gestante que busca o serviccedilo para certificar-se da gravidez eacute recebida

com acolhimento pela auxiliar de enfermagem que realiza o teste pregnosticon

(urina) confirmando ou natildeo a presenccedila de iniacutecio de gestaccedilatildeo Confirmado o

diagnoacutestico a auxiliar de enfermagem encaminha a gestante para abertura de um

prontuaacuterio especial Na recepccedilatildeo a gestante eacute cadastrada no Programa Gerencial

Municipal chamado SIGA que gera um nuacutemero para a gestante no Programa

Sisprenatal do Ministeacuterio da Sauacutede Com o prontuaacuterio aberto ela eacute encaminhada

para consulta com a enfermeira de plantatildeo

O protocolo para o primeiro atendimento com a enfermagem tem previsto

orientaccedilotildees educativas pesagem da gestante e medida da estatura Na mesma

consulta eacute aferida a pressatildeo arterial (PA) e satildeo solicitados os exames de rotina do

preacute-natal de acordo com a normatizaccedilatildeo da SMS (Programa de Atenccedilatildeo Baacutesica)

que segue o padratildeo do Ministeacuterio da Sauacutede Nessa consulta a gestante eacute

orientada para a realizaccedilatildeo dos exames no dia seguinte agrave consulta e realiza o

agendamento da primeira consulta meacutedica Tambeacutem eacute agendada a sua

participaccedilatildeo em grupo educativo de gestantes conforme o trimestre gestacional I

II ou III

426 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas

Os dados pessoais coletados foram estratificados da seguinte forma

Idade 15 a 19 anos de 20 a 35 anos e gt que 35 anos (IBGE 2010)

Corraccedila branca preta amarela e parda (autoreferida)

Situaccedilatildeo conjugal solteira casadauniatildeo estaacutevel

Escolaridade (anos escolares completos) lt de 8 de 8 a 11 e ge12

Tipo de residecircncia alvenaria (tijolo) ou outro tipo

Ocupaccedilatildeo remunerada ou natildeo remunerada

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Material e Meacutetodo

38

427 Dados antropomeacutetricos

Os dados antropomeacutetricos que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos

por pesagem da gestante (kg) realizada por enfermeiras ou auxiliares de

enfermagem em balanccedila padratildeo tipo Filizola de ateacute 150 kg A medida da

estatura foi feita com estadiocircmetro acoplado agrave balanccedila

O peso preacute-gestacional e a altura foram obtidos dos prontuaacuterios Os

iacutendices de massa corporal (IMC) das gestantes foram calculados e classificados

de acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (MS) em baixo peso quando o IMC foi lt

185 peso adequado gt185 a 249 sobrepeso de 25 a lt 30 e obesidade quando

IMC ge 30 (BRASIL 2005)

428 Idade gestacional

A idade gestacional de ingresso no preacute-natal foi calculada pela diferenccedila

entre a data do ingresso no programa e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo A idade

gestacional por ocasiatildeo do diagnoacutestico de anemia foi calculada pela diferenccedila

entre a data do exame e a data da uacuteltima menstruaccedilatildeo (ATALAH 1997)

429 Dados hematoloacutegicos

Todos os eritrogramas que constavam dos prontuaacuterios foram obtidos com

o equipamento SYSMEX-XE-2100D da Roche calibrado diariamente no

laboratoacuterio de referecircncia da Regional Butantatilde O sangue foi colhido por auxiliares

de enfermagem das mulheres em jejum de pelo menos 8 horas Do eritrograma

foram avaliados hemoglobina (Hb) e volume e amplitude da variaccedilatildeo do tamanho

das hemaacutecias (Red Cell Distribution Width ndash RDW)

O ponto de corte para diagnoacutestico de anemia adotado segundo os

criteacuterios propostos pela OMS (WHO 2001) foi de Hb lt 110 gdL De acordo com

a amplitude de variaccedilatildeo do volume das hemaacutecias (RDW) foi diagnosticada a

presenccedila de anisocitose quando RDW gt 14 e normal entre 115 a 14

(CENTERS FOR DISEASE CONTROL ndash CDC 1998)

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Material e Meacutetodo

39

4210 Anaacutelise dos dados

A anaacutelise estatiacutestica dos dados foi realizada por meio dos softwares

EpiInfo e Stata A amostra foi descrita por meio de frequecircncias absolutas e

relativas medidas de tendecircncia central (meacutedias) e dispersatildeo (valores miacutenimos e

maacuteximos desvio padratildeo e intervalos de confianccedila de 95 ) A comparaccedilatildeo entre

os grupos foi feita com a utilizaccedilatildeo dos testes qui-quadrado ( 2) e regressotildees

linear e logiacutestica com niacutevel de significacircncia de 5

4211 Aspectos eacuteticos

O estudo foi autorizado pelos gerentes das Unidades Baacutesicas do Butantatilde

pela Supervisatildeo Teacutecnica de Sauacutede do Butantatilde e pela Coordenadoria Regional de

Sauacutede Centro Oeste Foi aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da

Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas da Universidade de Satildeo Paulo e pelo

Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Secretaria Municipal de Sauacutede (CAAE no

0210162000-07)

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Resultados

40

5 RESULTADOS

A tabela 1 mostra as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo

estudada A maior parte dela tinha idade ideal para o processo reprodutivo entre

20 e 35 anos de idade (meacutedia de 26 plusmn 6) e cerca de 20 eram adolescentes Das

que tinham registradas as caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser da

raccedilacor branca e em segundo lugar da cor parda A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi

informada em 41 (316) dos prontuaacuterios sendo que houve aumento da

proporccedilatildeo de gestaccedilatildeo entre mulheres solteiras de 439 para 515

Com relaccedilatildeo agrave escolaridade como vem acontecendo em todo paiacutes houve

aumento na proporccedilatildeo de mulheres que completaram ou ultrapassaram o ensino

fundamental (Tabela 1) Vinte e nove por cento das gestantes moravam em

residecircncias coletivas (favelas ou corticcedilos) e dentre as que informaram ocupaccedilatildeo

nos dois anos 30 natildeo informaram esse dado

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Resultados

41

Tabela 1 - Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional de Sauacutede do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Caracteriacutesticas

2006 2008

Total n 387

n

385

Idade (anos)

15 ndash 20 78 201 76 197 154 199

20 ndash 35 270 698 267 694 537 696

gt35 39 101 42 109 81 105

Total 387 100 385 100 772 100

CorRaccedila

Branca 142 546 155 500 297 521

Preta 17 65 30 97 47 82

Parda 101 389 122 393 223 391

Amarela 0 00 03 10 3 05

Total 260 100 310 100 570 100

Situaccedilatildeo Conjugal

Solteira 98 439 120 515 218 478

CasadaUniatildeo estaacutevel 125 561 113 485 238 522

Total 223 100 233 100 456 100

Escolaridade (anos)

lt 8 anos de estudo 138 580 110 369 248 463

de 8 anos a 11 anos de estudo

34 143

147 493 181 338

12 anos de estudo ou mais 66 277 41 138 107 199

Total 238 100 298 100 536 100

Tipo de residencia

alvenaria (casa apto) 271 709 250 704 521 707

Outro (favela corticcedilo) 111 291 105 296 216 293

Total 382 100 355 100 737 100

Ocupaccedilatildeo

Remunerada 196 834 141 566 337 696

Natildeo remunerada 39 166 108 434 147 304

Total 235 100 249 100 484 100

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Resultados

42

A Tabela 2 apresenta a distribuiccedilatildeo das mulheres segundo avaliaccedilatildeo

nutricional (IMC) Os resultados do IMC embora com muitas perdas assinalam

reduccedilatildeo de eutrofia e aumento dos extremos baixo peso e obesidade

Tabela 2 - Avaliaccedilatildeo nutricional (Iacutendice de Massa Corporal - IMC) de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde na primeira consulta Satildeo Paulo 2006 e 2008

IMC (kgm2)

2006 2008 Total

n n

Baixo peso lt 185 1 19 17 76 18 65

Eutroacutefico (peso adequado) gt 185 e lt 25 36 692 132 592 168 611

Sobrepeso ge 25 lt 30 11 212 48 215 59 215

Obesidade ge 30 4 77 26 117 30 109

Total 52 100 223 100 275 100

As perdas amostrais estavam relacionadas a ausecircncia e dados

incompletos do eritrograma Dos 500 protocolos analisados em 2006 ocorreram

perdas em 226 e em 2008 23

A maior parte das gestantes realizou o hemograma no I ou II trimestre da

gestaccedilatildeo (Tabela 3) Este fato natildeo garante que esse exame tenha sido realizado

agrave primeira consulta conforme a orientaccedilatildeo preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede

(BRASIL 2005)

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo de hemogramas realizados segundo o trimestre gestacional (nuacutemero e ) e ano do estudo Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

Hemograma

Total 2006 2008

N n

I 183 473 156 405 339 439

II 170 439 180 468 350 453

III 34 88 49 127 83 108

Total 387 100 385 100 772 100

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Resultados

43

A Figura 2 mostra que a prevalecircncia da anemia foi de 10 em 2006 e de

88 em 2008 com meacutedia de 95 (p = 027)

10088

0

5

10

15

20

2006 2008

O valor de p refere-se ao teste qui-quadrado para diferenccedila de distribuiccedilatildeo de gestantes com anemia (Hb lt 110 gdL) entre os anos de 2006 e 2008

Figura 2 - Prevalecircncia de anemia () de gestantes atendidas em Unidades

Baacutesicas de Sauacutede da Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006-2008

A proporccedilatildeo de gestantes com Hb lt 110 gdL no I trimestre foi menor do

que no II ndash e menor do que no III em 2006 e 2008 respectivamente (Tabela 4)

Tabela 4 - Prevalecircncias de anemia (Hb lt 110 gdL) de acordo com o trimestre gestacional de gestantes atendidas em Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde segundo o ano do estudo Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre

2006 2008 Total

Total Anecircmicas Total Anecircmicas n

I 183 10 55 156 7 45 17 50

II 170 17 10 180 16 90 33 94

III 34 12 353 49 11 225 23 277

Total 387 39 101 385 34 88 73 95 p=027

p = 027

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Resultados

44

A Tabela 5 apresenta valores de concentraccedilatildeo de hemoglobina segundo

ano de estudo e trimestre gestacional Como pode ser observado as meacutedias

diminuem com a evoluccedilatildeo do trimestre gestacional

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo da concentraccedilatildeo de hemoglobina (gdL) segundo ano do estudo e trimestre gestacional em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006

n=387

2008

n=385 p

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 126 (1) 94 151 156 125 (1) 95 147

II 170 122 (1) 86 154 180 121 (1) 94 142

III 34 115 (1) 97 139 49 116 (1) 95 137

Total 387 123 385 122 0276

Legenda ( ) meacutedia (S) desvio padratildeo

p=regressatildeo logiacutestica entre os anos 2006 e 2008

A regressatildeo linear muacuteltipla mostra que as alteraccedilotildees das concentraccedilotildees

de hemoglobina em gestantes estatildeo associadas ao fato de estarem nos II e III

trimestres gestacionais (Tabela 6)

Tabela 6 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel dependente a concentraccedilatildeo de hemoglobina em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Coeficiente EP t p (IC 95)

I trimestre (referencia) 0 II - 042 007 - 554 lt0001 - 057 - 027 III - 097 012 - 798 lt0001 - 121 - 073 Idade (anos) 0001 000 123 022 - 0004 002 Peso (kg) 000 000 144 015 - 0001 0012 Ano do estudo ndash 2006 (referencia)

0

Ano do estudo ndash 2008 007 007 - 098 0332 - 021 007 Interceptaccedilatildeo 1212 023 5248 000 1166 126

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Resultados

45

As gestantes no II trimestre apresentaram odds duas vezes maior do que

o do I ndash e esse valor aumenta para aproximadamente 76 no III trimestre Quando

se examina a idade verifica-se que o aumento de um ano de vida resulta

aumento em 1 do odds ratio (OR = 101) Ao avaliar os anos do estudo

verifica-se que em 2008 as gestantes apresentaram diminuiccedilatildeo de odds para

anemia em 24 (OR = 076) (Tabela 7) sem significacircncia estatiacutestica

Tabela 7 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados agrave anemia em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis Trimestre

Odds ratio (OR)

EP z Valor de p

(IC 95)

I (referecircncia) 1

II 200 062 224 002 109 367 III 757 266 575 000 379 1510 Idade (anos) 101 002 042 067 097 104 Peso(kg) 099 001 -031 075 097 102 Ano do estudo ndash 2006(referecircncia)

1

2008 076 019 -109 027 046 124

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Resultados

46

A prevalecircncia de anisocitose (RDW gt 14) em gestantes anecircmicas foi

praticamente o dobro da prevalecircncia nas natildeo anecircmicas (p lt 0 001) (Figura 3)

2006

2008

Teste qui-quadrado comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 (p=0 642)

Figura 3 - Distribuiccedilatildeo e porcentagem () de gestantes natildeo anecircmicas e

anecircmicas segundo Red Cell Distribution (RDW) e ano do estudo nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede da Regional Butantatilde Satildeo Paulo 2006-

2008

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Resultados

47

A meacutedia de RDW nas gestantes atendidas nas Unidades Baacutesicas de

Sauacutede da Regional do Butantatilde em 2006 e 2008 foi de 136 com variaccedilatildeo de

113 a 203 Na Tabela 8 satildeo apresentados os valores meacutedios de RDW ()

os quais foram similares nos dois anos estudados

Tabela 8 - Distribuiccedilatildeo meacutedias (desvios padratildeo) miacutenimo e maacuteximo de RDW () segundo trimestre gestacional e ano do estudo em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Trimestre 2006 2008

ano n (s) min maacutex n (s) min maacutex

I 183 135 (1) 116 172 156 136 (1) 121 195

II 170 137 (1) 113 203 180 137 (1) 116 189

III 34 135 (1) 119 153 49 138 (1) 124 16

Total 387 136 385 137

Legenda meacutedia (s) desvio padratildeo

p=regressatildeo linear entre os anos 2006 e 2008 (p=066)

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Resultados

48

A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla mostrou que as gestantes que

estavam no II trimestre gestacional aumentaram de forma significante o RDW em

016 (p = 002) Esse iacutendice foi similar nos dois periacuteodos estudados (p = 066)

(Tabela 9)

Tabela 9 - Regressatildeo linear muacuteltipla considerando como variaacutevel independente o RDW de gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre coeficiente EP t p gt | t | (IC 95)

I (referecircncia) 0

II 016 007 226 002 002 030 III 015 011 130 020 - 008 037 Idade (anos) 0005 000 104 030 -0005 002 Peso (kg) - 000 000 - 058 056 - 0008 0004 Ano do estudo ndash 2006 (referecircncia)

2008 0029 07 044 066 - 010 016 Interceptaccedilatildeo 1350 022 6188 000 1307 1392

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

O risco de aumento de RDW eacute 141 vezes maior no II trimestre (p = 005)

De acordo com a anaacutelise de regressatildeo logiacutestica fatores como idade peso preacute-

gestacional e ano de avaliaccedilatildeo natildeo interferem no iacutendice (p = 006) (Tabela 10)

Tabela 10 - Regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW em gestantes de Unidades Baacutesicas de Sauacutede Regional do Butantatilde Satildeo Paulo 2006 e 2008

Variaacuteveis

Trimestre

Odds ratio

(OR) EP t p (IC 95)

I (referencia) 1 1 II 141 024 196 005 100 197 III 132 036 100 032 077 226 Idade (anos) 102 001 187 006 01 105 Peso(kg) 100 0001 - 057 057 098 101 Ano do estudo 2006(referencia)

2008 103 016 017 086 075 142

n=772 IC= Intervalo de confianccedila EP = Erro padratildeo

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Discussatildeo

49

6 DISCUSSAtildeO

A populaccedilatildeo avaliada neste estudo constituiu-se de 772 gestantes

atendidas em 13 UBS da regional de sauacutede do Butantatilde nos anos de 2006 e 2008

A faixa etaacuteria do grupo estudado variou de 20 e 35 anos de idade em sua maioria

sendo que cerca de 20 eram adolescentes Entre as que tinham registradas as

caracteriacutesticas pessoais 52 autorreferiram ser de cor branca ou de cor parda

(39 ) (Tabela 1) A situaccedilatildeo conjugal natildeo foi registrada em 41 (316) dos

prontuaacuterios sendo que houve aumento da proporccedilatildeo de gestantes solteiras de 44

para 51 Entre 2006 e 2008 tambeacutem houve aumento da escolaridade das

gestantes (Tabela 1)

Berquoacute e Cavenaghi (2005) destacam que o comportamento reprodutivo

varia segundo os grupos sociais e que existem diferenccedilas conforme a condiccedilatildeo

socioeconocircmica das mulheres sendo a fecundidade mais precoce nos grupos

menos instruiacutedos bem como nos grupos com menor renda Aleacutem disso a

demanda nutricional eacute aumentada para o desenvolvimento fiacutesico e quando

adolescente a gestante tem maior necessidade nutricional de vitaminas e

minerais para o crescimento do feto

Entre os determinantes da anemia a escolaridade exerce um papel

fundamental Assim o baixo niacutevel de escolaridade tem sido apontado em estudos

epidemioloacutegicos como um indicador de risco no que se refere agrave sauacutede e agrave

nutriccedilatildeo da populaccedilatildeo O indiviacuteduo com maior escolaridade tem maiores

oportunidades de emprego entende os problemas relacionados agrave sua qualidade

de vida e em consequecircncia disso pode evitar situaccedilotildees desfavoraacuteveis agrave sua

sauacutede (MONTEIRO SZARFARC MONDINI 2000 NEUMAN et al 2000)

Assim a escolaridade qualifica a gestante para um trabalho mais bem

remunerado e que pode levar a uma alimentaccedilatildeo mais saudaacutevel Elas estatildeo

expostas a menor risco de deficiecircncias nutricionais como eacute a deficiecircncia de ferro

que eacute a mais referida pelas consequecircncias deleteacuterias a ela associadas

A elevada proporccedilatildeo de gestantes residentes em favelas (29 ) era

esperada considerando o nuacutemero desses agrupamentos sociais na regional do

Butantatilde Na populaccedilatildeo de gestantes que informaram sua ocupaccedilatildeo observa-se

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Discussatildeo

50

que em 2008 566 exerciam atividade remunerada valor inferior ao de 2006

(Tabela 1) Em resumo o niacutevel de escolaridade e a atividade remunerada satildeo

indicadores importantes na avaliaccedilatildeo das condiccedilotildees de vida de uma populaccedilatildeo

No caso avaliando-se esses dois fatores houve entre 2006 e 2008 melhoria nas

condiccedilotildees de vida da populaccedilatildeo avaliada

No presente estudo a perda da informaccedilatildeo da estatura inviabilizou a

anaacutelise do estado nutricional preacute-gestacional de todas as gestantes Somente

356 (n=275) da populaccedilatildeo avaliada tinha dados de peso e estatura e as

proporccedilotildees de baixo peso sobrepeso e obesidade foram respectivamente 65

21 11 e 61 de eutrofia (Tabela 2) Esses resultados estatildeo concordantes

com os obtidos no Inqueacuterito de Sauacutede da Cidade de Satildeo Paulo (ISA) realizado

em 2008 em que foi avaliado o estado nutricional de adultos (20-59 anos)

(PREFEITURA DA CIDADE DE SAtildeO PAULO 2008)

Os resultados da POF 20082009 ao mostrar a tendecircncia secular da

evoluccedilatildeo do estado nutricional de mulheres adultas no paiacutes apontam que o

excesso de pesoobesidade entre as mulheres que estavam no quinto inferior de

renda aumentou de 80 em 19741975 para 15 em 20082009 (INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA ndash IBGE 2010) Um aumento de

quase o dobro em duas deacutecadas

Zimmermann et al (2008) em estudo feito na Tailacircndia Iacutendia e Marrocos

examinaram a relaccedilatildeo entre IMC e absorccedilatildeo de ferro Os autores observaram

que nas mulheres avaliadas independentemente do status de ferro maior IMC

associou-se com a diminuiccedilatildeo da absorccedilatildeo de ferro porque altera o niacutevel de

absorccedilatildeo hepaacutetica Em crianccedilas maior IMC foi preditor de pior status de ferro e

menor resposta agrave intervenccedilatildeo (fortificaccedilatildeo de alimentos) No presente estudo ao

se avaliar os 275 prontuaacuterios com registro de IMC nos anos de 2006 e de 2008

identificamos 30 gestantes obesas e dessas 6 anecircmicas Possivelmente a

prevalecircncia de anemia seja maior entre essas mulheres

No periacuteodo gestacional o atendimento agraves recomendaccedilotildees nutricionais

tem grande influecircncia no ganho de peso Aleacutem disso o estado nutricional

materno durante a gestaccedilatildeo interfere no peso ao nascer da crianccedila jaacute que as

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Discussatildeo

51

boas condiccedilotildees do ambiente uterino favorecem o desenvolvimento fetal adequado

(BARROS et al 1987) A relaccedilatildeo entre peso e altura da gestante eacute um forte

indicador da adequaccedilatildeo do peso do concepto ao nascimento Quando o IMC eacute

baixo o risco do concepto nascer com baixo peso eacute elevado com consequentes

riscos de morbidades e mortalidade Obter esse indicador e orientar a mulher para

que atinja o peso adequado tambeacutem satildeo aspectos que devem fazer parte da

assistecircncia preacute-natal e que pode ser garantido com o registro de peso e altura

nos prontuaacuterios no momento da consulta

Todos os prontuaacuterios selecionados apresentaram resultados de

hemogramas realizados em sua maioria entre o primeiro e segundo trimestres

gestacionais (Tabela 3) Observado melhor qualidade de preenchimento dos

dados constantes dos prontuaacuterios nas unidades com Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia

Sato et al (2008) ao trabalharem com dados secundaacuterios de prontuaacuterios

de gestantes do Centro de Sauacutede Escola da mesma regiatildeo observaram captaccedilatildeo

mais precoce de gestantes (cerca de 65 ) para a realizaccedilatildeo desse exame ndash no

iniacutecio do preacute-natal Esse fato eacute possivelmente relacionado com a melhor dinacircmica

de atendimento do Centro de Sauacutede Escola Neme e Zugaib (2006) e Zugaib et al

(2008) destacam que eacute importante iniciar o preacute-natal no primeiro trimestre de

gestaccedilatildeo para diminuir os riscos associados

Os dados obtidos neste estudo demonstram a necessidade de se

aumentar a captaccedilatildeo das mulheres para o preacute-natal no I trimestre de gestaccedilatildeo

para a realizaccedilatildeo principalmente dos exames de rotina As UBS estatildeo

capacitadas a prover esse atendimento mas nem sempre haacute garantia de que a

gestante atenda a recomendaccedilatildeo Essa compreensatildeo possivelmente se relaciona

com a escolaridade da gestante a rotina extenuante com tarefas no lar e fora dele

e se faltarem ao trabalho podem perder o emprego ou natildeo recebem o valor da

diaacuteria caso sejam diaristas

A prevalecircncia da anemia entre gestantes que atenderam os requisitos

fixados neste estudo foi de 10 em 2006 e 88 em 2008 sem diferenccedila

estatiacutestica (p = 027) entre os valores (Figura 2)

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Discussatildeo

52

Sato et al (2008) analisaram retrospectivamente prontuaacuterios do Centro

de Sauacutede Escola do Butantatilde e obtiveram 92 de prevalecircncia em 2003 e 86

em 2006 tambeacutem sem diferenccedila estatisticamente significativa na prevalecircncia

nesses dois anos Embora esses estudos natildeo sejam complementares eles

assinalam a estabilizaccedilatildeo dos valores nessa regiatildeo no niacutevel de 9 de

prevalecircncia

Por outro lado a mesma autora observou reduccedilatildeo estatisticamente

significante (p lt 0001) de 25 para 20 na prevalecircncia de anemia em estudo

multicecircntrico que avaliou 12119 gestantes nas cinco regiotildees do paiacutes (nordeste

norte sul sudeste centro-oeste) Apesar da variaccedilatildeo entre as regiotildees ocorreu

aumento na concentraccedilatildeo de Hb no total da amostra sugerindo efeito positivo da

fortificaccedilatildeo das farinhas no controle da anemia Destaca-se ainda que no estudo

natildeo foram verificadas variaacuteveis macroeconocircmicas ou poliacuteticas puacuteblicas

implementadas no periacuteodo que contribuiacutessem para esse resultado (SATO 2010)

Considerando os fatores dieteacuteticos e sua relaccedilatildeo com os niacuteveis de

hemoglobina Viana et al (2009) verificaram por inqueacuterito alimentar que o

consumo meacutedio de ferro de mulheres acima de 18 anos assistidas na

Maternidade Social Amparo Maternal em Satildeo Paulo era de 106 (51) mgd entre

as natildeo gestantes e de 130 (51) mgd entre as gestantes Lembrando que a

Necessidade Meacutedia Estimada de ferro eacute de 22 mgd (IOM 2001) conclui-se que

possivelmente a ingestatildeo de ferro eacute inadequada para esse grupo nessa regiatildeo

Os uacutenicos trabalhos que apresentam o consumo de Fe em gestantes na

regiatildeo do Butantatilde satildeo os de Cruz em 2004-2006 e de Sato em 2010 jaacute citado

A meacutedia de ingestatildeo de Fe por gestante da regiatildeo natildeo sendo considerado Fe da

fortificaccedilatildeo foi de 106 mgd obtidos em trecircs inqueacuteritos recordatoacuterios de 24 horas

(CRUZ 2010) Tambeacutem Sato et al (2010) comparando o consumo de alimentos

habituais e fortificados por mulheres em idade reprodutiva e gestante de 20 a 49

anos verificaram que a principal fonte de ferro era o feijatildeo e as hortaliccedilas de

folhas verdes e a ingestatildeo de Fe era de 136mgd Essa diferenccedila na meacutedia de

ingestatildeo de ferro possivelmente estaacute relacionada com o aumento do aporte

dieteacutetico do ferro pela fortificaccedilatildeo da farinha

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Discussatildeo

53

Considerando a importacircncia de fatores sociodemograacuteficos na ocorrecircncia

da anemia fica destacado o estudo desenvolvido para avaliar a efetividade da

intervenccedilatildeo com a fortificaccedilatildeo da farinha de trigo e de milho realizada em duas

localidades com Iacutendice de Desenvolvimento Humano (IDH) similares em 2007

Cuiabaacute com IDH = 0821 e Maringaacute com IDH = 0841 A desigualdade social

existente entre esses dois municiacutepios foi evidente mas natildeo se refletiu nos valores

de IDH As condiccedilotildees sociodemograacuteficas em Cuiabaacute eram mais precaacuterias e a

prevalecircncia de anemia foi significativamente maior (255 ) quando comparada

com Maringaacute (106 ) O fator que mais refletiu essa relaccedilatildeo foi a razatildeo entre a

renda dos 10 mais ricos e os 40 mais pobres (FUJIMORI et al 2009) Esses

resultados mostram a importacircncia de se rever os indicadores e a forma de

calculaacute-los

Na aacuterea da sauacutede coletiva os determinantes da anemia ferropriva

originam-se de uma cadeia de fatores que nos paiacuteses em desenvolvimento satildeo

liderados por condiccedilotildees socioeconocircmicas desfavoraacuteveis e pela escassez de

poliacuteticas puacuteblicas dirigidas a controlar essa deficiecircncia nutricional Os estudos

realizados no Brasil associam a anemia a populaccedilotildees de baixa renda de aacutereas

urbanas e rurais agraves condiccedilotildees precaacuterias de habitaccedilatildeo e saneamento baacutesico e

como jaacute comentado ao baixo niacutevel de escolaridade (ASSIS et al1997 SPINELLI

et al 2005 SANTOS et al 2004)

Conforme esperado a prevalecircncia da anemia aumentou com a evoluccedilatildeo

da gestaccedilatildeo sendo cerca de 5 no primeiro trimestre 95 no segundo e

variando de 22 a 35 no terceiro trimestre (p = 0001) (Tabela 4) A

hemoglobina variou entre 86 gdL e 150 gdL em distribuiccedilatildeo normal com meacutedia

de 123 gdL Verificou-se diminuiccedilatildeo de valores meacutedios de hemoglobina de 126

gdL no primeiro trimestre para 122 gdL no segundo trimestre e 115 gdL no

terceiro trimestre (Tabela 5) A anaacutelise de regressatildeo linear muacuteltipla (Tabela 6)

tambeacutem destaca a relaccedilatildeo entre idade gestacional e o valor da concentraccedilatildeo de

Hb da gestante Pode-se dizer que no segundo trimestre a concentraccedilatildeo de

hemoglobina diminuiu em 042 gdL e no terceiro trimestre em 097 gdL em

relaccedilatildeo ao I trimestre (p = 0 001) A principal causa da diminuiccedilatildeo da

concentraccedilatildeo de hemoglobina refere-se a hemodiluiccedilatildeo periacuteodo em que ocorre

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Discussatildeo

54

aumento do volume plasmaacutetico (de 45 a 50) enquanto o volume dos eritroacutecitos

eleva-se em 33

A anaacutelise de regressatildeo logiacutestica muacuteltipla (Tabela 7) confirma odds ratio

significativamente maior para a anemia com o aumento da idade gestacional

(Tabela 7) O odds aumenta 2 vezes do primeiro trimestre (I) para o segundo (II) e

76 vezes do primeiro para o terceiro (III) Outros fatores como idade peso e ano

do estudo natildeo influenciam na concentraccedilatildeo de hemoglobina Eacute interessante notar

que embora natildeo estatisticamente significante o odds ratio em 2008 eacute 24 menor

do que o observado em 2006 Esse resultado sugere que a fortificaccedilatildeo das

farinhas jaacute teve um efeito positivo no controle da anemia ferropriva e que seraacute

significativo possivelmente em mais alguns anos

Esses resultados foram similares aos observados por Vanucchi et al

(1992) Guerra (1992) CDC (1998) Cassella et al (2007) e Sato et al (2008) que

avaliaram gestantes Eacute importante considerar que a dificuldade de diagnoacutestico da

anemia na gravidez como jaacute mencionado estaacute ligada aos pontos de corte

adotados e que devem considerar a hemodiluiccedilatildeo fisioloacutegica nesse periacuteodo

(LEWIS 2006)

Allen (2000) revendo os efeitos da anemia e deficiecircncia de ferro entre

gestantes e a duraccedilatildeo da gestaccedilatildeo verificou risco relativo de 118 a 175 de parto

prematuro e de baixo peso ao nascer quando os niacuteveis de hemoglobina estavam

abaixo de 104 gdL no primeiro trimestre por ocasiatildeo do primeiro diagnoacutestico

Relaccedilatildeo similar foi observada entre mulheres da aacuterea rural do Nepal onde a

anemia e deficiecircncia de ferro estavam associadas ao alto risco de preacute-termo no

primeiro e segundo trimestre gestacional (KLEBANOFF et al 1991 DREIFUSS

1998 PERRY GS YIP R ZYRKOWSKI C1995)

No presente estudo verifica-se a ocorrecircncia de 009 (n = 7) de

mulheres anecircmicas (Hb lt 104mgdL) ainda em risco apesar da fortificaccedilatildeo

Seriam necessaacuterias a orientaccedilatildeo nutricional dirigida agrave adequaccedilatildeo de ferro e uma

avaliaccedilatildeo cliacutenica dirigida a outras causa de anemia Nesse aspecto a prevalecircncia

de anemia em niacuteveis considerados leves pela OMS (5 a 199 ) exigiria uma

avaliaccedilatildeo de outras causas identificaacuteveis com outros exames bioquiacutemicos

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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59

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761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Discussatildeo

55

complementares (BRAGA AMANCIO VITALLE 2006 WHO 2006) Se de um

lado o custo elevado desses exames muitas vezes poderia inviabilizar a sua

realizaccedilatildeo na maior parte dos estudos epidemioloacutegicos por outro lado eles fazem

parte da relaccedilatildeo de exames do Sistema Uacutenico de Sauacutede (BRASIL 2010) e dessa

forma deveriam ser solicitados em algumas condiccedilotildees Por exemplo o fato de se

ter uma prevalecircncia de anemia relativamente baixa jaacute possibilitaria a realizaccedilatildeo

desses exames complementares que sem duacutevida auxiliariam no diagnoacutestico de

outras causas de anemia (BRESANI et al 2007)

Satildeo poucos os estudos que tratam da utilizaccedilatildeo dos iacutendices morfoloacutegicos

no diagnoacutestico da anemia em gestantes (MCCLURE BESMAN 1983 CASELLA

et al 2007 XING et al 2009) Dentre os indicadores auxiliares no diagnoacutestico

diferencial dos diversos tipos de anemia para anaacutelise do estado corporal de ferro

destacam-se o VCM e o RDW De acordo com CDC (1998) a medida do RDW

estaraacute sempre elevada na presenccedila da anemia ferropriva (GROTTO 2008) No

presente estudo 46 e 56 das gestantes anecircmicas apresentaram anisocitose

em 2006 e 2008 respectivamente A presenccedila de anisocitose foi nas gestantes

anecircmicas praticamente o dobro do valor encontrado nas gestantes natildeo anecircmicas

independente do periacuteodo avaliado (p = 0001) (Figura 3) As meacutedias de RDW

obtidas no I II e III trimestres gestacionais foram respectivamente de 135 (1

) 137 (1 ) e 135 (1 ) em 2006 com valores similares em 2008

(Tabela 8) Natildeo houve diferenccedilas estatisticamente significativas na distribuiccedilatildeo

das meacutedias nos dois periacuteodos (p = 0 66)

Por outro lado a regressatildeo linear muacuteltipla mostrou diferenccedila significativa

entre os valores de RDW do I e II trimestres gestacionais Essa diferenccedila natildeo foi

observada quando foram consideradas idades peso e ano de estudo (Tabela 9)

O RDW-CV eacute uma medida derivada da curva de distribuiccedilatildeo dos

eritroacutecitos e expressa numericamente a variaccedilatildeo de seu tamanho em

porcentagem (BROLLO TAVARES 2010) Os estudos que referem valores de

RDW em gestantes no Brasil satildeo poucos Os valores meacutedios variam de 135 a

155 e aparentemente quanto maior a prevalecircncia de anemia maior o valor da

meacutedia de RDW (NASCIMENTO 2005 SOARES 2008 CASELLA et al 2007

XING et al 2009)

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

59

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761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Discussatildeo

56

Villas Boas et al (2003) referem ser o RDW um iacutendice pouco sensiacutevel

mas altamente especiacutefico para a presenccedila de anisocitose (RDW gt 14) Assim

valores anormais de RDW satildeo altamente sugestivos de alteraccedilotildees na

homogeneidade da populaccedilatildeo eritrocitaacuteria necessitando a anaacutelise morfoloacutegica

acurada dos eritroacutecitos Se considerarmos por exemplo aquelas mulheres

anecircmicas que tinham RDW gt 14 a prevalecircncia seria de cerca de 5 de

anemia por deficiecircncia de ferro ou seja 50 do total de anecircmicas

A regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados ao RDW

mostra que no II trimestre gestacional a gestante apresenta odds 141 vezes

maior do que o do III trimestre que eacute de 132

O peso preacute-gestacional e o ano do estudo natildeo influenciaram

significantemente o valor do odds (Tabela 10)

A demanda suplementar de ferro durante o ciclo graviacutedico eacute

extremamente elevada Como descrito por Hitten e Leitch (1947) a necessidade

de ferro suplementar durante os trecircs primeiros meses da gestaccedilatildeo eacute baixa pouco

se diferenciando da necessidade basal preacute-gestacional podendo ser compensada

pela ausecircncia da menstruaccedilatildeo e ocorre de forma natildeo homogecircnea no decorrer do

periacuteodo gestacional passando de 1 para 25 mgdia no II trimestre e 65 mgdia no

III trimestre Entretanto a demanda de ferro dieteacutetico dificilmente supriraacute esta

necessidade sem a ingestatildeo de ferro suplementar

Data de 1985 a inclusatildeo no Programa de Atenccedilatildeo agrave Gestante da

distribuiccedilatildeo de ferro suplementar Em 2005 a medida foi reforccedilada com programa

destinado agraves lactentes e novamente agraves gestantes (BRASIL 2010) Obviamente

mulheres que iniciam a gestaccedilatildeo com reservas adequadas do mineral poderiam

atravessar o ciclo gestacionalpuerperal sem necessidade de ferro suplementar

no entanto segundo o INACG (1977) apenas 5 das mulheres no mundo

consegue tal situaccedilatildeo Esse fato ressalta que a deficiecircncia de ferro mesmo sem a

anemia ocorre de forma endecircmica entre a populaccedilatildeo feminina e a gestaccedilatildeo

somente faz acirrar a presenccedila da deficiecircncia nutricional

Considerando que no I trimestre as profundas alteraccedilotildees fisioloacutegicas da

gestaccedilatildeo ainda natildeo ocorreram adotando-se como exerciacutecio o ponto de corte de

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

prevalecircncia natildeo houvesse reduccedilatildeo da prevalecircncia de anemia nessa populaccedilatildeo

em resposta ao ferro suplementar veiculado pelas farinhas de trigo e de milho

(WHO 2006 ASSUNCcedilAtildeO SANTOS 2007) Entretanto verifica-se atraveacutes da

regressatildeo logiacutestica muacuteltipla para fatores de risco associados a anemia que

embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

que o observado em 2006 (p = 027) o que poderia indicar uma tendecircncia de

reduccedilatildeo da anemia

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

Referecircncias Bibliograacuteficas

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Discussatildeo

57

120 g de HbdL para anemia (o mesmo de mulheres adultas natildeo graacutevidas) a

porcentagem de anecircmicas seria de cerca de 25 configurando um risco

moderado

Quando se utilizou para o I trimestre gestacional o ponto de corte de

120 gdL o mesmo que para mulheres natildeo graacutevidas a prevalecircncia de anemia foi

de 224 em 2006 e de 282 em 2008 valores tambeacutem natildeo

significativamente diferentes (p = 0219) e superiores aos 5 encontrados

quando o ponto de corte foi de 110 gdL Haacute que se considerar ainda que no

primeiro trimestre de gestaccedilatildeo a mulher deva ser menos anecircmica porque eacute

amenorreica e ainda natildeo ocorreu a expansatildeo do volume plasmaacutetico que eacute

fisioloacutegica na gravidez Portanto a utilizaccedilatildeo do ponto de corte de 11 g HbdL

pode diminuir a sensibilidade desse indicador para anemia Os dados sugerem

portanto que possa ser interessante adotar pontos de corte diferentes para cada

trimestre gestacional como alguns autores recomendam (CDC 1998 LEWIS

2006)

Apesar deste estudo natildeo avaliar diretamente o impacto da fortificaccedilatildeo

seria de se esperar de acordo com a literatura que em dois anos nesse niacutevel de

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embora natildeo significativo estatisticamente o odds ratio em 2008 eacute 24 menor do

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Conclusatildeo

58

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[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

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[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

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[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

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A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

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grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

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sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

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Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Conclusatildeo

58

7 CONCLUSAtildeO

[1] A prevalecircncia de anemia de gestantes atendidas nas 13 UBS da regional

do Butantatilde nos anos de 2006 e de 2008 foi de 100 e 88

respectivamente sem diferenccedila estatisticamente significativa entre esses

valores e considerada leve segundo a OMS

[2] A anisocitose nas anecircmicas foi o dobro das natildeo anecircmicas o que merece

ser investigada

[3] Na comparaccedilatildeo dos anos de 2006 e 2008 os niacuteveis de Hb e de RDW

foram similares em todos os trimestres A idade das gestantes e os anos

em que foram feitas as anaacutelises natildeo interferiram nesse indicador

[4] A concentraccedilatildeo de hemoglobina diminuiu com a evoluccedilatildeo da gestaccedilatildeo

sendo que os maiores decreacutescimos ocorreram no II e III trimestres nos

dois periacuteodos

[5] O II e III trimestres satildeo fatores de risco para anemia

Sugestotildees

A partir deste extenso trabalho de captaccedilatildeo de dados e de contato com as

UBS o que fica claro eacute que no municiacutepio de Satildeo Paulo haacute infraestrutura bem

construiacuteda para o atendimento agrave gestante ndash e que pode ser aprimorada sem

grandes custos Seria importante que ocorresse a captaccedilatildeo precoce dessas

mulheres para esse atendimento que as medidas de peso e estatura fossem

sempre registradas e ainda que no caso de ser diagnosticada anemia fossem

feitos exames complementares para diagnosticar tambeacutem a deficiecircncia de ferro

Esses dados possibilitariam avaliaccedilotildees de outras causas de anemia como por

exemplo aquela relacionada com sobrepesoobesidade

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Perry GS Yip R Zyrkowski C Nutritional risk factors among low-income pregnant

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Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal da Sauacutede Coordenaccedilatildeo

de Epidemiologia e Informaccedilatildeo Estado nutricional insatisfaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

peso atual e comportamento relacionado ao desejo de emagrecer na cidade de

Satildeo Paulo (ISA) Satildeo Paulo Ceinfo 2010

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo [Internet]

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cinco regiotildees brasileiras antes e apoacutes a poliacutetica de fortificaccedilatildeo das farinhas com

ferro [Dissertaccedilatildeo de Mestrado] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da

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Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica 1992 4(1)7-26

Viana JML Tsunechiro MA Bonadio IC Fugimori E Santos AU Sato APS

Szarfarc SC Adequaccedilatildeo do consumo de ferro por gestantes e mulheres em idade

feacutertil atendidas em um serviccedilo de preacute-natal Mundo Sauacutede 2009 33(3)286-293

Vicari P Figueiredo ME Diagnoacutestico diferencial da deficiecircncia de ferro Rev Bras

Hematol Hemoter 2010 32(supl2)29-31

Villas Boas MVC Araujo FMO Gilberti MFP Grotto HZW Utilidade do RDW-SD

como auxiliar na interpretaccedilatildeo das alteraccedilotildees morfoloacutegicas dos eritroacutecitos Roche

Diagnoacutestica 2003 apud Monteiro L Valores de referecircncia do RDW-CV e do

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Zugaib M Zugaib obstetriacutecia Barueri Manole 2008 cap 11-1 p 195 212 760-

761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Referecircncias Bibliograacuteficas

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RDW-SD e sua relaccedilatildeo com o VCM entre os pacientes atendidos no ambulatoacuterio

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761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Referecircncias Bibliograacuteficas

60

Braga JAP Amancio OMS Vitalle MSS O ferro e a sauacutede das populaccedilotildees Satildeo

Paulo Roca 2006 228p

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria (ANVISA)

Resoluccedilatildeo RDC ANVISA n 344 de 13 de dezembro de 2002 Aprova o

Regulamento Teacutecnico para a Fortificaccedilatildeo das Farinhas de Trigo e das Farinhas de

Milho com Ferro e Aacutecido Foacutelico Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 2002 dez

18 dez

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Coordenaccedilatildeo-Geral da Poliacutetica de Alimentaccedilatildeo e

Nutriccedilatildeo (CGPAN) Programa Nacional de Suplementaccedilatildeo de Ferro [Internet] Satildeo

Paulo [sd] [citado 2010 maio 5] Disponiacutevel em

httpnutricaosaudegovbrferrophp

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Departamento Nacional de Auditoria do SUS Tabelas

[Internet] [citado 2010 maio 5] Disponiacutevel em

saudegovbrlegislalegislatabSE_SAS_PC8_01tab_siadoc

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Instituto Nacional de Alimentaccedilatildeo e Nutriccedilatildeo

Seminaacuterio sobre Anemias Nutricionais no Brasil relatoacuterio final Brasiacutelia INANMS

1977 1v

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Portaria n 730GM de 13 de maio de 2005 Institui o

Programa Nacional de Suplementaccedilatildeo de Ferro destinado a prevenir a anemia

ferropriva e daacute outras providecircncias Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia (DF) 2005

maio 13

Brasil Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de

Accedilotildees Programaacuteticas Estrateacutegicas Aacuterea Teacutecnica de Sauacutede da Mulher Preacute-natal e

puerpeacuterio atenccedilatildeo qualificada e humanizada manual teacutecnico Brasiacutelia Ministeacuterio

da Sauacutede 2005 160p (Seacuterie A Normas e manuais teacutecnicos) (Seacuterie Direitos

Sexuais e Direitos Reprodutivos- Caderno n5) [Acesso em 2010 Out 30]

Disponiacutevel em

httpwwwessufrjbrprevencaoviolenciasexualdownload013prenatalpdf

Referecircncias Bibliograacuteficas

61

Bresani CC Bresani AIS Batista Filho M Figueiroa JN Anemia e ferropenia em

gestantes dissensos de resultados de um estudo transversal Rev Bras Sauacutede

Mater Infant 2007a 7S15-S21

Bresani CC Utilidade diagnoacutestica dos paracircmetros eritrocitaacuterios da classificaccedilatildeo

morfoloacutegica das hemaacutecias e da ferritina seacuterica em gestantes de baixo risco um

estudo transversal [dissertaccedilatildeo] Recife Instituto Materno Infantil Professor

Fernando Figueira 2007b

Brollo C Tavares RG Avaliaccedilatildeo comparativa dos paracircmetros hematoloacutegicos

RDW_CV e TRD-SD NewsLab 2010103164-8

Casella A Jelen AM Canalejo K Aixalaacute M Valores de referencia de la serie

eritroide con tecnologiacutea del siglo XXI en embarazadas prevalencia de anemia

Acta Bioquim Clin Latinoamer 2007 41(1)47-50

Centers for Disease Control and Prevention (CDC) Recommendations to prevent

and control iron deficiency in the United States MMWR Morb and Mortal Wkly

Rep 1998 47(RR-3)1-29

Cook JD Baynes RD SkiKne BS Iron deficiency and the measurement of iron

status Nutr Res Rev 1992 5(1)189-202

Cortes MH Vasconcelos IAL Coitinho DC Prevalecircncia de anemia ferropriva em

gestantes brasileiras uma revisatildeo dos uacuteltimos 40 anos Rev Nutr 200922(3)409-

18

Costa CM Brum IR Lima ES Anemia e marcadores seacutericos da deficiecircncia de

ferro em graacutevidas atendidas na rede puacuteblica municipal de Manaus Amazonas

Brasil Acta Amazocircnica 2009 39(4)901ndash906

Cruz RD Avaliaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro durante o processo gestacional e sua

relaccedilatildeo com o consumo alimentar e a suplementaccedilatildeo de ferro [mestrado] Satildeo

Paulo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas ndash Universidade de Satildeo Paulo 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

62

Dallman P Iron deficiency anemia recommended guidelines for the prevention

detection and management among US children and women of Childbearing Age

Nap Edu 1993

Dani C Rossetto S Castro SM Wagner SC Prevalecircncia da anemia e deficiecircncias

nutricionais atraveacutes de diferentes paracircmetros laboratoriais em mulheres graacutevidas

atendidas em dois serviccedilos de sauacutede puacuteblica no Rio Grande do Sul Rev Bras

Anal Clin 2008 40(3)171-175

Demayer EM Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary

health care Geneva WHO 1989

Drake I Bernztein R Costo-beneficio de un programa preventivo y terapeacuteutico

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25(1)39-46

Dreyfuss M Anemia and iron deficiency during pregnancy etiologies and effects

on birth outcomes in Nepal [dissertaccedilatildeo] Baltimore Johns Hopkins University

1998

Failace R Eritograma In __ Hemograma manual de interpretaccedilatildeo 4ed Porto

Alegre Artmed 2003 p39-54

Fujimori E Laurenti D Nunez De Cassana LM Oliveira IMV Szarfarc SC Anemia

e deficiecircncia de ferro em gestantes adolescentes Rev Nutr 2000 13(3)177-184

Fujimori E Sato APS Arauacutejo CRMA Uchimura TT Porto ES Brunken GS

Borges ALV Szarfarc SC Anemia em gestantes de municiacutepios das regiotildees Sul e

Centro-Oeste do Brasil Rev Esc Enferm USP 2009 431204-1209

Grotto HZW Interpretaccedilatildeo cliacutenica do hemograma Satildeo Paulo Atheneu 2008

143p (Seacuterie Cliacutenica Meacutedica Ciecircncia e Arte)

Guerra EM Barreto OCO Pinto AV Castellatildeo KG Prevalecircncia de deficiecircncia de

ferro em gestantes de primeira consulta em centros de sauacutede de aacuterea

metropolitana Brasil Etiologia da anemia Rev Sauacutede Puacuteblica 1992 26(2)88-95

Referecircncias Bibliograacuteficas

63

Hitten EFI Volume y composicioacuten de la sangre en fisiologia del embarazo

London Macmillan 1947

Horton S Ross J The economics of iron deficiency Food Policy 2003 28(1)51-

75

Institute of Medicine Iron In ______ Dietary Reference Intakes for Vitamin A

Vitamin K Arsenic Boron Chromium Cooper Iodine Iron Manganese

Molybidenium Nickel Silicon Vanadium and Zinc Whashington National

Academy Press 2001 p290-393

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Coordenaccedilatildeo de Trabalho e

Rendimento Pesquisa de orccedilamentos familiares 2008-2009 despesas

rendimento e condiccedilotildees de vida Rio de Janeiro IBGE 2010 215p

International Nutritional Anemia Consultative Group Anemia iron deficiency and

iron deficiency anemia Ed Commitee INACG Washington ILSI Research

Fundation 2002

International Nutritional Anemia Consultative Group Guidelines for eradication of

iron deficiency anemia a report of the INACG New York Nutritional Foundation

1977 29p

Klebanoff MA Shiono PH Berendes HW Rhoads GG Facts and artifacts about

anemia and preterm delivery JAMA J Am Med Assoc 1989 262(4)511-5

Kumar V Abas AK Fausto N Aacutester J Hobbins amp Contran pathologic basis of

disease Philadelphia Saunders 2005

Lewis SM Bain BJ Bates I Hematol praacutetica de Dacie e Lewis 9 ed Porto Alegre

Artmed 2006 571p

Lozoff B Andraca I Castillo M Smith JB Walter T Pino P Behavioral and

developmental effects of preventing iron-deficiency anemia in health full-term

infants Pediatrics 2003 112(4)846-854

Referecircncias Bibliograacuteficas

64

Ma A-G Chen X-C Wang Y Xu R-X Zheng M-C Li J-S The multiple vitamin

status of Chinese pregnant women with anemia and nonanemia in the last

trimester J Nutr Sci Vitaminol 200450(2)87-92

Martins CSM Conduta na anemia ferropriva na gravidez Rev Cient CASL

198543(1)18-23

McClure S Custer E Bessman JD RDW is the earliest predictor of iron

deficiency Blood 1983 62(suppl1)51

Miller O Gonccedilalves R Laboratoacuterio para o cliacutenico 8ordf ed Satildeo Paulo Ateneu 1995

Monteiro CA Szarfarc SC Mondini L Tendecircncia secular da anemia na infacircncia na

cidade de Satildeo Paulo (1984-1996) Rev Sauacutede Puacuteblica 200034(6)62-72

Nascimento ML A hemodiluiccedilatildeo da gestaccedilatildeo e os indicadores para anemias apoacutes

automaccedilatildeo hematoloacutegica NewsLab 2005 71136ndash60

Neme B Zugaib M Assistecircncia preacute-natal In ______ Obstetriacutecia baacutesica 3 ed

Satildeo Paulo Savier 2006 cap12 p 104-9

Neuman NA Tanaka OY Szarfarc SC Guimaratildees PR Victora CG Prevalecircncia e

fatores de risco para anemia no sul do Brasil Rev Sauacutede Publ 2000 3456-63

Paiva AA Guerra-Shinohara EM Rondoacute PHC The influence of the iron vitamina

B12 and folate levels on soluble transferrin receptor concentration in pregnant

women Clin Chim Acta 2003 334(12)197-203

Paiva AA Rondoacute PHC Relationship between the iron status of pregnant women

and their newborns Rev Sauacutede Puacuteblica 2007 41(3)321-7

Papa ACE Furlan JP Pasquelle M Guazzelli CAF Figueiredo MS Camano L

Mattar R A anemia por deficiecircncia de ferro na graacutevida adolescente comparaccedilatildeo

entre meacutetodos laboratoriais Rev Bras Ginecol Obstet 2003 25(10)731-8

Perry GS Yip R Zyrkowski C Nutritional risk factors among low-income pregnant

US women the Centers for Disease Control and Prevention (CDC) Pregnancy

Nutrition Surveillance System 1979ndash1993 Sem Perinatol 199519211ndash21

Referecircncias Bibliograacuteficas

65

Pizarro PCF Davidsson L Anemia during pregnancy influence of mild moderate

severe anemia on pregnancy outcome Nutrire 2003 25153-180

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Atlas do trabalho e do desenvolvimento de

Satildeo Paulo 2003 Satildeo Paulo PMSP 2003

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal da Sauacutede Iacutendice de

sauacutede na cidade de Satildeo Paulo [Internet] Satildeo Paulo 2009 [citado 2010 maio 5]

Disponiacutevel em wwwprefeituraspgovbrcidadesecretariasSauacutede

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal da Sauacutede Coordenaccedilatildeo

de Epidemiologia e Informaccedilatildeo Estado nutricional insatisfaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

peso atual e comportamento relacionado ao desejo de emagrecer na cidade de

Satildeo Paulo (ISA) Satildeo Paulo Ceinfo 2010

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo [Internet]

Satildeo Paulo 2008a [citado 2010 maio 15] Disponiacutevel em

wwwprefeituraspgovbrcidadehabitacao

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal de Planejamento Mapas

e dados [Internet] Satildeo Paulo 2008b [Citado 2010 maio 15] Disponiacutevel em

httpsemplaprefeituraspgovbrmapasedadosphp

Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento Iacutendice de

Desenvolvimento Humano [Acesso em 2010 Maio 13] Disponiacutevel em

httpwwwpnudorgbridh

Rasmussen KM Is there a causal relationship between iron deficiency or iron

deficiency anemia and weight at birth length of gestation and perinatal mortality

J Nutr 2001 131590S-603S

Rezende Filho J Montenegro CAB Obstetriacutecia fundamental 11ed Rio de

Janeiro Guanabara Koogan 2008 p67-128

Santos I Ceacutesar JA Minten G Vale N Newman NA Cercato E Prevalecircncia e

fatores associados a ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade

em Pelotas RS Rev Bras Epidemil 20047403-15

Referecircncias Bibliograacuteficas

66

Santos PNP Cerqueira EMM Prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades de Sauacutede em Feira de Santana Bahia entre outubro de 2005 e marccedilo

de 2006 Rev Bras Anal Clin 2008 40(3)219-23

Sato APS Fujimori E Szarfarc SC Borges ALV Tsunechiro MA Food

consumption and iron intake of pregnant and reproductive aged women Rev

Latinoam Enferm 2010 18(2)p247-54

Sato APS Fujimori E Szarfarc SC Sato JR Bonadio IC Prevalecircncia de anemia

em gestantes e a fortificaccedilatildeo de farinhas com ferro Texto amp Contexto

Enfermagem 2008 17(3)474-81

Sato APS Anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de preacute-natal das

cinco regiotildees brasileiras antes e apoacutes a poliacutetica de fortificaccedilatildeo das farinhas com

ferro [Dissertaccedilatildeo de Mestrado] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da

Universidade de Satildeo Paulo 2010

Scholl TO Reilly T Anemia iron and pregnancy J Nutr 2000 130(2)443S-447S

Soares NN O impacto da gravidez e do parto na ocorrecircncia de anemia ferropriva

e sobre o estado corporal do ferro em adolescentes e adultas [tese] Satildeo Paulo

UNIFESP 2008

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA 15 bebecircs morrem com asfixia por dia

[acesso em 2010 Mar 29] Disponiacutevel em

httpwwwsbpcombrshow_item2cfmid_categoria=52ampid_detalhe=3487amptipo_d

etalhe=s

Souza AI Batista Filho MB Ferreira LOC Alteraccedilotildees hematoloacutegicas na gravidez

Rev Bras Hematol Hemoter 2002 24(1)29-36

Spinelli MGN Marchioni DML Souza JMP Souza SB Sazarfarc SC Fatores de

risco para anemia em crianccedilas de 6 a 12 meses no Brasil Rev Panam Salud

Publica 200517(2)84-91

Referecircncias Bibliograacuteficas

67

Stoltzfus RJ Iron-deficiency anemia reexamining the nature and magnitude of the

public health problem Summary implications for research and programs J Nutr

2001 131(2S-2)697S-700S

Vannucchi IH Freitas MLS Szarfarc SC Prevalecircncia de anemias nutricionais no

Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica 1992 4(1)7-26

Viana JML Tsunechiro MA Bonadio IC Fugimori E Santos AU Sato APS

Szarfarc SC Adequaccedilatildeo do consumo de ferro por gestantes e mulheres em idade

feacutertil atendidas em um serviccedilo de preacute-natal Mundo Sauacutede 2009 33(3)286-293

Vicari P Figueiredo ME Diagnoacutestico diferencial da deficiecircncia de ferro Rev Bras

Hematol Hemoter 2010 32(supl2)29-31

Villas Boas MVC Araujo FMO Gilberti MFP Grotto HZW Utilidade do RDW-SD

como auxiliar na interpretaccedilatildeo das alteraccedilotildees morfoloacutegicas dos eritroacutecitos Roche

Diagnoacutestica 2003 apud Monteiro L Valores de referecircncia do RDW-CV e do

RDW-SD e sua relaccedilatildeo com o VCM entre os pacientes atendidos no ambulatoacuterio

do Hospital Universitaacuterio Oswaldo Cruz ndash Recife PE Rev Bras Hematol Hemoter

201032(1)34-9

Vitolo MR Baixa escolaridade como fator limitante para o combate agrave anemia entre

gestantes Rev Bras Ginecol Obstet 2006 28(6)331-339

World Bank Enriching Lives overcoming vitamin and mineral malnutrition in

developing countries Whashington World Bank 1994 73p

World Health Organization (WHO) Guidelines on food fortification with

micronutrients Geneva WHO 2006

World Health Organization (WHO) Iron deficiency anemia assessment

prevention and control a guide for programme managers Geneva

WHOUNICEF 2001

World Health Organization (WHO) Who Global Database on Child Growth and

Malnutrition Geneva WHO 2007

Referecircncias Bibliograacuteficas

68

Xing Y Hong Y Shaonong D Zhuoma B Xiaoyan Z Wang D Hemoglobin levels

and anemia evaluation during pregnancy in the highlands of Tibet a hospital-

based study BMC Public Health 2009 9336

Zimmermann MB Zeder C Muthayya S Chaouki N Aeberli I Hurrell RF

Adiposity in women and children from transition countries predicts decreased iron

absorption iron deficiency and reduced response to iron fortification Int J Obes

2008 321098ndash1104

Zugaib M Zugaib obstetriacutecia Barueri Manole 2008 cap 11-1 p 195 212 760-

761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Referecircncias Bibliograacuteficas

61

Bresani CC Bresani AIS Batista Filho M Figueiroa JN Anemia e ferropenia em

gestantes dissensos de resultados de um estudo transversal Rev Bras Sauacutede

Mater Infant 2007a 7S15-S21

Bresani CC Utilidade diagnoacutestica dos paracircmetros eritrocitaacuterios da classificaccedilatildeo

morfoloacutegica das hemaacutecias e da ferritina seacuterica em gestantes de baixo risco um

estudo transversal [dissertaccedilatildeo] Recife Instituto Materno Infantil Professor

Fernando Figueira 2007b

Brollo C Tavares RG Avaliaccedilatildeo comparativa dos paracircmetros hematoloacutegicos

RDW_CV e TRD-SD NewsLab 2010103164-8

Casella A Jelen AM Canalejo K Aixalaacute M Valores de referencia de la serie

eritroide con tecnologiacutea del siglo XXI en embarazadas prevalencia de anemia

Acta Bioquim Clin Latinoamer 2007 41(1)47-50

Centers for Disease Control and Prevention (CDC) Recommendations to prevent

and control iron deficiency in the United States MMWR Morb and Mortal Wkly

Rep 1998 47(RR-3)1-29

Cook JD Baynes RD SkiKne BS Iron deficiency and the measurement of iron

status Nutr Res Rev 1992 5(1)189-202

Cortes MH Vasconcelos IAL Coitinho DC Prevalecircncia de anemia ferropriva em

gestantes brasileiras uma revisatildeo dos uacuteltimos 40 anos Rev Nutr 200922(3)409-

18

Costa CM Brum IR Lima ES Anemia e marcadores seacutericos da deficiecircncia de

ferro em graacutevidas atendidas na rede puacuteblica municipal de Manaus Amazonas

Brasil Acta Amazocircnica 2009 39(4)901ndash906

Cruz RD Avaliaccedilatildeo da deficiecircncia de ferro durante o processo gestacional e sua

relaccedilatildeo com o consumo alimentar e a suplementaccedilatildeo de ferro [mestrado] Satildeo

Paulo Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas ndash Universidade de Satildeo Paulo 2010

Referecircncias Bibliograacuteficas

62

Dallman P Iron deficiency anemia recommended guidelines for the prevention

detection and management among US children and women of Childbearing Age

Nap Edu 1993

Dani C Rossetto S Castro SM Wagner SC Prevalecircncia da anemia e deficiecircncias

nutricionais atraveacutes de diferentes paracircmetros laboratoriais em mulheres graacutevidas

atendidas em dois serviccedilos de sauacutede puacuteblica no Rio Grande do Sul Rev Bras

Anal Clin 2008 40(3)171-175

Demayer EM Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary

health care Geneva WHO 1989

Drake I Bernztein R Costo-beneficio de un programa preventivo y terapeacuteutico

para reducir la deficiencia de hierro en Argentina Rev Panam Salud Publica 2009

25(1)39-46

Dreyfuss M Anemia and iron deficiency during pregnancy etiologies and effects

on birth outcomes in Nepal [dissertaccedilatildeo] Baltimore Johns Hopkins University

1998

Failace R Eritograma In __ Hemograma manual de interpretaccedilatildeo 4ed Porto

Alegre Artmed 2003 p39-54

Fujimori E Laurenti D Nunez De Cassana LM Oliveira IMV Szarfarc SC Anemia

e deficiecircncia de ferro em gestantes adolescentes Rev Nutr 2000 13(3)177-184

Fujimori E Sato APS Arauacutejo CRMA Uchimura TT Porto ES Brunken GS

Borges ALV Szarfarc SC Anemia em gestantes de municiacutepios das regiotildees Sul e

Centro-Oeste do Brasil Rev Esc Enferm USP 2009 431204-1209

Grotto HZW Interpretaccedilatildeo cliacutenica do hemograma Satildeo Paulo Atheneu 2008

143p (Seacuterie Cliacutenica Meacutedica Ciecircncia e Arte)

Guerra EM Barreto OCO Pinto AV Castellatildeo KG Prevalecircncia de deficiecircncia de

ferro em gestantes de primeira consulta em centros de sauacutede de aacuterea

metropolitana Brasil Etiologia da anemia Rev Sauacutede Puacuteblica 1992 26(2)88-95

Referecircncias Bibliograacuteficas

63

Hitten EFI Volume y composicioacuten de la sangre en fisiologia del embarazo

London Macmillan 1947

Horton S Ross J The economics of iron deficiency Food Policy 2003 28(1)51-

75

Institute of Medicine Iron In ______ Dietary Reference Intakes for Vitamin A

Vitamin K Arsenic Boron Chromium Cooper Iodine Iron Manganese

Molybidenium Nickel Silicon Vanadium and Zinc Whashington National

Academy Press 2001 p290-393

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Coordenaccedilatildeo de Trabalho e

Rendimento Pesquisa de orccedilamentos familiares 2008-2009 despesas

rendimento e condiccedilotildees de vida Rio de Janeiro IBGE 2010 215p

International Nutritional Anemia Consultative Group Anemia iron deficiency and

iron deficiency anemia Ed Commitee INACG Washington ILSI Research

Fundation 2002

International Nutritional Anemia Consultative Group Guidelines for eradication of

iron deficiency anemia a report of the INACG New York Nutritional Foundation

1977 29p

Klebanoff MA Shiono PH Berendes HW Rhoads GG Facts and artifacts about

anemia and preterm delivery JAMA J Am Med Assoc 1989 262(4)511-5

Kumar V Abas AK Fausto N Aacutester J Hobbins amp Contran pathologic basis of

disease Philadelphia Saunders 2005

Lewis SM Bain BJ Bates I Hematol praacutetica de Dacie e Lewis 9 ed Porto Alegre

Artmed 2006 571p

Lozoff B Andraca I Castillo M Smith JB Walter T Pino P Behavioral and

developmental effects of preventing iron-deficiency anemia in health full-term

infants Pediatrics 2003 112(4)846-854

Referecircncias Bibliograacuteficas

64

Ma A-G Chen X-C Wang Y Xu R-X Zheng M-C Li J-S The multiple vitamin

status of Chinese pregnant women with anemia and nonanemia in the last

trimester J Nutr Sci Vitaminol 200450(2)87-92

Martins CSM Conduta na anemia ferropriva na gravidez Rev Cient CASL

198543(1)18-23

McClure S Custer E Bessman JD RDW is the earliest predictor of iron

deficiency Blood 1983 62(suppl1)51

Miller O Gonccedilalves R Laboratoacuterio para o cliacutenico 8ordf ed Satildeo Paulo Ateneu 1995

Monteiro CA Szarfarc SC Mondini L Tendecircncia secular da anemia na infacircncia na

cidade de Satildeo Paulo (1984-1996) Rev Sauacutede Puacuteblica 200034(6)62-72

Nascimento ML A hemodiluiccedilatildeo da gestaccedilatildeo e os indicadores para anemias apoacutes

automaccedilatildeo hematoloacutegica NewsLab 2005 71136ndash60

Neme B Zugaib M Assistecircncia preacute-natal In ______ Obstetriacutecia baacutesica 3 ed

Satildeo Paulo Savier 2006 cap12 p 104-9

Neuman NA Tanaka OY Szarfarc SC Guimaratildees PR Victora CG Prevalecircncia e

fatores de risco para anemia no sul do Brasil Rev Sauacutede Publ 2000 3456-63

Paiva AA Guerra-Shinohara EM Rondoacute PHC The influence of the iron vitamina

B12 and folate levels on soluble transferrin receptor concentration in pregnant

women Clin Chim Acta 2003 334(12)197-203

Paiva AA Rondoacute PHC Relationship between the iron status of pregnant women

and their newborns Rev Sauacutede Puacuteblica 2007 41(3)321-7

Papa ACE Furlan JP Pasquelle M Guazzelli CAF Figueiredo MS Camano L

Mattar R A anemia por deficiecircncia de ferro na graacutevida adolescente comparaccedilatildeo

entre meacutetodos laboratoriais Rev Bras Ginecol Obstet 2003 25(10)731-8

Perry GS Yip R Zyrkowski C Nutritional risk factors among low-income pregnant

US women the Centers for Disease Control and Prevention (CDC) Pregnancy

Nutrition Surveillance System 1979ndash1993 Sem Perinatol 199519211ndash21

Referecircncias Bibliograacuteficas

65

Pizarro PCF Davidsson L Anemia during pregnancy influence of mild moderate

severe anemia on pregnancy outcome Nutrire 2003 25153-180

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Atlas do trabalho e do desenvolvimento de

Satildeo Paulo 2003 Satildeo Paulo PMSP 2003

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal da Sauacutede Iacutendice de

sauacutede na cidade de Satildeo Paulo [Internet] Satildeo Paulo 2009 [citado 2010 maio 5]

Disponiacutevel em wwwprefeituraspgovbrcidadesecretariasSauacutede

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal da Sauacutede Coordenaccedilatildeo

de Epidemiologia e Informaccedilatildeo Estado nutricional insatisfaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

peso atual e comportamento relacionado ao desejo de emagrecer na cidade de

Satildeo Paulo (ISA) Satildeo Paulo Ceinfo 2010

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo [Internet]

Satildeo Paulo 2008a [citado 2010 maio 15] Disponiacutevel em

wwwprefeituraspgovbrcidadehabitacao

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal de Planejamento Mapas

e dados [Internet] Satildeo Paulo 2008b [Citado 2010 maio 15] Disponiacutevel em

httpsemplaprefeituraspgovbrmapasedadosphp

Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento Iacutendice de

Desenvolvimento Humano [Acesso em 2010 Maio 13] Disponiacutevel em

httpwwwpnudorgbridh

Rasmussen KM Is there a causal relationship between iron deficiency or iron

deficiency anemia and weight at birth length of gestation and perinatal mortality

J Nutr 2001 131590S-603S

Rezende Filho J Montenegro CAB Obstetriacutecia fundamental 11ed Rio de

Janeiro Guanabara Koogan 2008 p67-128

Santos I Ceacutesar JA Minten G Vale N Newman NA Cercato E Prevalecircncia e

fatores associados a ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade

em Pelotas RS Rev Bras Epidemil 20047403-15

Referecircncias Bibliograacuteficas

66

Santos PNP Cerqueira EMM Prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades de Sauacutede em Feira de Santana Bahia entre outubro de 2005 e marccedilo

de 2006 Rev Bras Anal Clin 2008 40(3)219-23

Sato APS Fujimori E Szarfarc SC Borges ALV Tsunechiro MA Food

consumption and iron intake of pregnant and reproductive aged women Rev

Latinoam Enferm 2010 18(2)p247-54

Sato APS Fujimori E Szarfarc SC Sato JR Bonadio IC Prevalecircncia de anemia

em gestantes e a fortificaccedilatildeo de farinhas com ferro Texto amp Contexto

Enfermagem 2008 17(3)474-81

Sato APS Anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de preacute-natal das

cinco regiotildees brasileiras antes e apoacutes a poliacutetica de fortificaccedilatildeo das farinhas com

ferro [Dissertaccedilatildeo de Mestrado] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da

Universidade de Satildeo Paulo 2010

Scholl TO Reilly T Anemia iron and pregnancy J Nutr 2000 130(2)443S-447S

Soares NN O impacto da gravidez e do parto na ocorrecircncia de anemia ferropriva

e sobre o estado corporal do ferro em adolescentes e adultas [tese] Satildeo Paulo

UNIFESP 2008

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA 15 bebecircs morrem com asfixia por dia

[acesso em 2010 Mar 29] Disponiacutevel em

httpwwwsbpcombrshow_item2cfmid_categoria=52ampid_detalhe=3487amptipo_d

etalhe=s

Souza AI Batista Filho MB Ferreira LOC Alteraccedilotildees hematoloacutegicas na gravidez

Rev Bras Hematol Hemoter 2002 24(1)29-36

Spinelli MGN Marchioni DML Souza JMP Souza SB Sazarfarc SC Fatores de

risco para anemia em crianccedilas de 6 a 12 meses no Brasil Rev Panam Salud

Publica 200517(2)84-91

Referecircncias Bibliograacuteficas

67

Stoltzfus RJ Iron-deficiency anemia reexamining the nature and magnitude of the

public health problem Summary implications for research and programs J Nutr

2001 131(2S-2)697S-700S

Vannucchi IH Freitas MLS Szarfarc SC Prevalecircncia de anemias nutricionais no

Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica 1992 4(1)7-26

Viana JML Tsunechiro MA Bonadio IC Fugimori E Santos AU Sato APS

Szarfarc SC Adequaccedilatildeo do consumo de ferro por gestantes e mulheres em idade

feacutertil atendidas em um serviccedilo de preacute-natal Mundo Sauacutede 2009 33(3)286-293

Vicari P Figueiredo ME Diagnoacutestico diferencial da deficiecircncia de ferro Rev Bras

Hematol Hemoter 2010 32(supl2)29-31

Villas Boas MVC Araujo FMO Gilberti MFP Grotto HZW Utilidade do RDW-SD

como auxiliar na interpretaccedilatildeo das alteraccedilotildees morfoloacutegicas dos eritroacutecitos Roche

Diagnoacutestica 2003 apud Monteiro L Valores de referecircncia do RDW-CV e do

RDW-SD e sua relaccedilatildeo com o VCM entre os pacientes atendidos no ambulatoacuterio

do Hospital Universitaacuterio Oswaldo Cruz ndash Recife PE Rev Bras Hematol Hemoter

201032(1)34-9

Vitolo MR Baixa escolaridade como fator limitante para o combate agrave anemia entre

gestantes Rev Bras Ginecol Obstet 2006 28(6)331-339

World Bank Enriching Lives overcoming vitamin and mineral malnutrition in

developing countries Whashington World Bank 1994 73p

World Health Organization (WHO) Guidelines on food fortification with

micronutrients Geneva WHO 2006

World Health Organization (WHO) Iron deficiency anemia assessment

prevention and control a guide for programme managers Geneva

WHOUNICEF 2001

World Health Organization (WHO) Who Global Database on Child Growth and

Malnutrition Geneva WHO 2007

Referecircncias Bibliograacuteficas

68

Xing Y Hong Y Shaonong D Zhuoma B Xiaoyan Z Wang D Hemoglobin levels

and anemia evaluation during pregnancy in the highlands of Tibet a hospital-

based study BMC Public Health 2009 9336

Zimmermann MB Zeder C Muthayya S Chaouki N Aeberli I Hurrell RF

Adiposity in women and children from transition countries predicts decreased iron

absorption iron deficiency and reduced response to iron fortification Int J Obes

2008 321098ndash1104

Zugaib M Zugaib obstetriacutecia Barueri Manole 2008 cap 11-1 p 195 212 760-

761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Referecircncias Bibliograacuteficas

62

Dallman P Iron deficiency anemia recommended guidelines for the prevention

detection and management among US children and women of Childbearing Age

Nap Edu 1993

Dani C Rossetto S Castro SM Wagner SC Prevalecircncia da anemia e deficiecircncias

nutricionais atraveacutes de diferentes paracircmetros laboratoriais em mulheres graacutevidas

atendidas em dois serviccedilos de sauacutede puacuteblica no Rio Grande do Sul Rev Bras

Anal Clin 2008 40(3)171-175

Demayer EM Preventing and controlling iron deficiency anaemia through primary

health care Geneva WHO 1989

Drake I Bernztein R Costo-beneficio de un programa preventivo y terapeacuteutico

para reducir la deficiencia de hierro en Argentina Rev Panam Salud Publica 2009

25(1)39-46

Dreyfuss M Anemia and iron deficiency during pregnancy etiologies and effects

on birth outcomes in Nepal [dissertaccedilatildeo] Baltimore Johns Hopkins University

1998

Failace R Eritograma In __ Hemograma manual de interpretaccedilatildeo 4ed Porto

Alegre Artmed 2003 p39-54

Fujimori E Laurenti D Nunez De Cassana LM Oliveira IMV Szarfarc SC Anemia

e deficiecircncia de ferro em gestantes adolescentes Rev Nutr 2000 13(3)177-184

Fujimori E Sato APS Arauacutejo CRMA Uchimura TT Porto ES Brunken GS

Borges ALV Szarfarc SC Anemia em gestantes de municiacutepios das regiotildees Sul e

Centro-Oeste do Brasil Rev Esc Enferm USP 2009 431204-1209

Grotto HZW Interpretaccedilatildeo cliacutenica do hemograma Satildeo Paulo Atheneu 2008

143p (Seacuterie Cliacutenica Meacutedica Ciecircncia e Arte)

Guerra EM Barreto OCO Pinto AV Castellatildeo KG Prevalecircncia de deficiecircncia de

ferro em gestantes de primeira consulta em centros de sauacutede de aacuterea

metropolitana Brasil Etiologia da anemia Rev Sauacutede Puacuteblica 1992 26(2)88-95

Referecircncias Bibliograacuteficas

63

Hitten EFI Volume y composicioacuten de la sangre en fisiologia del embarazo

London Macmillan 1947

Horton S Ross J The economics of iron deficiency Food Policy 2003 28(1)51-

75

Institute of Medicine Iron In ______ Dietary Reference Intakes for Vitamin A

Vitamin K Arsenic Boron Chromium Cooper Iodine Iron Manganese

Molybidenium Nickel Silicon Vanadium and Zinc Whashington National

Academy Press 2001 p290-393

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Coordenaccedilatildeo de Trabalho e

Rendimento Pesquisa de orccedilamentos familiares 2008-2009 despesas

rendimento e condiccedilotildees de vida Rio de Janeiro IBGE 2010 215p

International Nutritional Anemia Consultative Group Anemia iron deficiency and

iron deficiency anemia Ed Commitee INACG Washington ILSI Research

Fundation 2002

International Nutritional Anemia Consultative Group Guidelines for eradication of

iron deficiency anemia a report of the INACG New York Nutritional Foundation

1977 29p

Klebanoff MA Shiono PH Berendes HW Rhoads GG Facts and artifacts about

anemia and preterm delivery JAMA J Am Med Assoc 1989 262(4)511-5

Kumar V Abas AK Fausto N Aacutester J Hobbins amp Contran pathologic basis of

disease Philadelphia Saunders 2005

Lewis SM Bain BJ Bates I Hematol praacutetica de Dacie e Lewis 9 ed Porto Alegre

Artmed 2006 571p

Lozoff B Andraca I Castillo M Smith JB Walter T Pino P Behavioral and

developmental effects of preventing iron-deficiency anemia in health full-term

infants Pediatrics 2003 112(4)846-854

Referecircncias Bibliograacuteficas

64

Ma A-G Chen X-C Wang Y Xu R-X Zheng M-C Li J-S The multiple vitamin

status of Chinese pregnant women with anemia and nonanemia in the last

trimester J Nutr Sci Vitaminol 200450(2)87-92

Martins CSM Conduta na anemia ferropriva na gravidez Rev Cient CASL

198543(1)18-23

McClure S Custer E Bessman JD RDW is the earliest predictor of iron

deficiency Blood 1983 62(suppl1)51

Miller O Gonccedilalves R Laboratoacuterio para o cliacutenico 8ordf ed Satildeo Paulo Ateneu 1995

Monteiro CA Szarfarc SC Mondini L Tendecircncia secular da anemia na infacircncia na

cidade de Satildeo Paulo (1984-1996) Rev Sauacutede Puacuteblica 200034(6)62-72

Nascimento ML A hemodiluiccedilatildeo da gestaccedilatildeo e os indicadores para anemias apoacutes

automaccedilatildeo hematoloacutegica NewsLab 2005 71136ndash60

Neme B Zugaib M Assistecircncia preacute-natal In ______ Obstetriacutecia baacutesica 3 ed

Satildeo Paulo Savier 2006 cap12 p 104-9

Neuman NA Tanaka OY Szarfarc SC Guimaratildees PR Victora CG Prevalecircncia e

fatores de risco para anemia no sul do Brasil Rev Sauacutede Publ 2000 3456-63

Paiva AA Guerra-Shinohara EM Rondoacute PHC The influence of the iron vitamina

B12 and folate levels on soluble transferrin receptor concentration in pregnant

women Clin Chim Acta 2003 334(12)197-203

Paiva AA Rondoacute PHC Relationship between the iron status of pregnant women

and their newborns Rev Sauacutede Puacuteblica 2007 41(3)321-7

Papa ACE Furlan JP Pasquelle M Guazzelli CAF Figueiredo MS Camano L

Mattar R A anemia por deficiecircncia de ferro na graacutevida adolescente comparaccedilatildeo

entre meacutetodos laboratoriais Rev Bras Ginecol Obstet 2003 25(10)731-8

Perry GS Yip R Zyrkowski C Nutritional risk factors among low-income pregnant

US women the Centers for Disease Control and Prevention (CDC) Pregnancy

Nutrition Surveillance System 1979ndash1993 Sem Perinatol 199519211ndash21

Referecircncias Bibliograacuteficas

65

Pizarro PCF Davidsson L Anemia during pregnancy influence of mild moderate

severe anemia on pregnancy outcome Nutrire 2003 25153-180

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Atlas do trabalho e do desenvolvimento de

Satildeo Paulo 2003 Satildeo Paulo PMSP 2003

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal da Sauacutede Iacutendice de

sauacutede na cidade de Satildeo Paulo [Internet] Satildeo Paulo 2009 [citado 2010 maio 5]

Disponiacutevel em wwwprefeituraspgovbrcidadesecretariasSauacutede

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal da Sauacutede Coordenaccedilatildeo

de Epidemiologia e Informaccedilatildeo Estado nutricional insatisfaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

peso atual e comportamento relacionado ao desejo de emagrecer na cidade de

Satildeo Paulo (ISA) Satildeo Paulo Ceinfo 2010

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo [Internet]

Satildeo Paulo 2008a [citado 2010 maio 15] Disponiacutevel em

wwwprefeituraspgovbrcidadehabitacao

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal de Planejamento Mapas

e dados [Internet] Satildeo Paulo 2008b [Citado 2010 maio 15] Disponiacutevel em

httpsemplaprefeituraspgovbrmapasedadosphp

Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento Iacutendice de

Desenvolvimento Humano [Acesso em 2010 Maio 13] Disponiacutevel em

httpwwwpnudorgbridh

Rasmussen KM Is there a causal relationship between iron deficiency or iron

deficiency anemia and weight at birth length of gestation and perinatal mortality

J Nutr 2001 131590S-603S

Rezende Filho J Montenegro CAB Obstetriacutecia fundamental 11ed Rio de

Janeiro Guanabara Koogan 2008 p67-128

Santos I Ceacutesar JA Minten G Vale N Newman NA Cercato E Prevalecircncia e

fatores associados a ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade

em Pelotas RS Rev Bras Epidemil 20047403-15

Referecircncias Bibliograacuteficas

66

Santos PNP Cerqueira EMM Prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades de Sauacutede em Feira de Santana Bahia entre outubro de 2005 e marccedilo

de 2006 Rev Bras Anal Clin 2008 40(3)219-23

Sato APS Fujimori E Szarfarc SC Borges ALV Tsunechiro MA Food

consumption and iron intake of pregnant and reproductive aged women Rev

Latinoam Enferm 2010 18(2)p247-54

Sato APS Fujimori E Szarfarc SC Sato JR Bonadio IC Prevalecircncia de anemia

em gestantes e a fortificaccedilatildeo de farinhas com ferro Texto amp Contexto

Enfermagem 2008 17(3)474-81

Sato APS Anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de preacute-natal das

cinco regiotildees brasileiras antes e apoacutes a poliacutetica de fortificaccedilatildeo das farinhas com

ferro [Dissertaccedilatildeo de Mestrado] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da

Universidade de Satildeo Paulo 2010

Scholl TO Reilly T Anemia iron and pregnancy J Nutr 2000 130(2)443S-447S

Soares NN O impacto da gravidez e do parto na ocorrecircncia de anemia ferropriva

e sobre o estado corporal do ferro em adolescentes e adultas [tese] Satildeo Paulo

UNIFESP 2008

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA 15 bebecircs morrem com asfixia por dia

[acesso em 2010 Mar 29] Disponiacutevel em

httpwwwsbpcombrshow_item2cfmid_categoria=52ampid_detalhe=3487amptipo_d

etalhe=s

Souza AI Batista Filho MB Ferreira LOC Alteraccedilotildees hematoloacutegicas na gravidez

Rev Bras Hematol Hemoter 2002 24(1)29-36

Spinelli MGN Marchioni DML Souza JMP Souza SB Sazarfarc SC Fatores de

risco para anemia em crianccedilas de 6 a 12 meses no Brasil Rev Panam Salud

Publica 200517(2)84-91

Referecircncias Bibliograacuteficas

67

Stoltzfus RJ Iron-deficiency anemia reexamining the nature and magnitude of the

public health problem Summary implications for research and programs J Nutr

2001 131(2S-2)697S-700S

Vannucchi IH Freitas MLS Szarfarc SC Prevalecircncia de anemias nutricionais no

Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica 1992 4(1)7-26

Viana JML Tsunechiro MA Bonadio IC Fugimori E Santos AU Sato APS

Szarfarc SC Adequaccedilatildeo do consumo de ferro por gestantes e mulheres em idade

feacutertil atendidas em um serviccedilo de preacute-natal Mundo Sauacutede 2009 33(3)286-293

Vicari P Figueiredo ME Diagnoacutestico diferencial da deficiecircncia de ferro Rev Bras

Hematol Hemoter 2010 32(supl2)29-31

Villas Boas MVC Araujo FMO Gilberti MFP Grotto HZW Utilidade do RDW-SD

como auxiliar na interpretaccedilatildeo das alteraccedilotildees morfoloacutegicas dos eritroacutecitos Roche

Diagnoacutestica 2003 apud Monteiro L Valores de referecircncia do RDW-CV e do

RDW-SD e sua relaccedilatildeo com o VCM entre os pacientes atendidos no ambulatoacuterio

do Hospital Universitaacuterio Oswaldo Cruz ndash Recife PE Rev Bras Hematol Hemoter

201032(1)34-9

Vitolo MR Baixa escolaridade como fator limitante para o combate agrave anemia entre

gestantes Rev Bras Ginecol Obstet 2006 28(6)331-339

World Bank Enriching Lives overcoming vitamin and mineral malnutrition in

developing countries Whashington World Bank 1994 73p

World Health Organization (WHO) Guidelines on food fortification with

micronutrients Geneva WHO 2006

World Health Organization (WHO) Iron deficiency anemia assessment

prevention and control a guide for programme managers Geneva

WHOUNICEF 2001

World Health Organization (WHO) Who Global Database on Child Growth and

Malnutrition Geneva WHO 2007

Referecircncias Bibliograacuteficas

68

Xing Y Hong Y Shaonong D Zhuoma B Xiaoyan Z Wang D Hemoglobin levels

and anemia evaluation during pregnancy in the highlands of Tibet a hospital-

based study BMC Public Health 2009 9336

Zimmermann MB Zeder C Muthayya S Chaouki N Aeberli I Hurrell RF

Adiposity in women and children from transition countries predicts decreased iron

absorption iron deficiency and reduced response to iron fortification Int J Obes

2008 321098ndash1104

Zugaib M Zugaib obstetriacutecia Barueri Manole 2008 cap 11-1 p 195 212 760-

761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Referecircncias Bibliograacuteficas

63

Hitten EFI Volume y composicioacuten de la sangre en fisiologia del embarazo

London Macmillan 1947

Horton S Ross J The economics of iron deficiency Food Policy 2003 28(1)51-

75

Institute of Medicine Iron In ______ Dietary Reference Intakes for Vitamin A

Vitamin K Arsenic Boron Chromium Cooper Iodine Iron Manganese

Molybidenium Nickel Silicon Vanadium and Zinc Whashington National

Academy Press 2001 p290-393

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Coordenaccedilatildeo de Trabalho e

Rendimento Pesquisa de orccedilamentos familiares 2008-2009 despesas

rendimento e condiccedilotildees de vida Rio de Janeiro IBGE 2010 215p

International Nutritional Anemia Consultative Group Anemia iron deficiency and

iron deficiency anemia Ed Commitee INACG Washington ILSI Research

Fundation 2002

International Nutritional Anemia Consultative Group Guidelines for eradication of

iron deficiency anemia a report of the INACG New York Nutritional Foundation

1977 29p

Klebanoff MA Shiono PH Berendes HW Rhoads GG Facts and artifacts about

anemia and preterm delivery JAMA J Am Med Assoc 1989 262(4)511-5

Kumar V Abas AK Fausto N Aacutester J Hobbins amp Contran pathologic basis of

disease Philadelphia Saunders 2005

Lewis SM Bain BJ Bates I Hematol praacutetica de Dacie e Lewis 9 ed Porto Alegre

Artmed 2006 571p

Lozoff B Andraca I Castillo M Smith JB Walter T Pino P Behavioral and

developmental effects of preventing iron-deficiency anemia in health full-term

infants Pediatrics 2003 112(4)846-854

Referecircncias Bibliograacuteficas

64

Ma A-G Chen X-C Wang Y Xu R-X Zheng M-C Li J-S The multiple vitamin

status of Chinese pregnant women with anemia and nonanemia in the last

trimester J Nutr Sci Vitaminol 200450(2)87-92

Martins CSM Conduta na anemia ferropriva na gravidez Rev Cient CASL

198543(1)18-23

McClure S Custer E Bessman JD RDW is the earliest predictor of iron

deficiency Blood 1983 62(suppl1)51

Miller O Gonccedilalves R Laboratoacuterio para o cliacutenico 8ordf ed Satildeo Paulo Ateneu 1995

Monteiro CA Szarfarc SC Mondini L Tendecircncia secular da anemia na infacircncia na

cidade de Satildeo Paulo (1984-1996) Rev Sauacutede Puacuteblica 200034(6)62-72

Nascimento ML A hemodiluiccedilatildeo da gestaccedilatildeo e os indicadores para anemias apoacutes

automaccedilatildeo hematoloacutegica NewsLab 2005 71136ndash60

Neme B Zugaib M Assistecircncia preacute-natal In ______ Obstetriacutecia baacutesica 3 ed

Satildeo Paulo Savier 2006 cap12 p 104-9

Neuman NA Tanaka OY Szarfarc SC Guimaratildees PR Victora CG Prevalecircncia e

fatores de risco para anemia no sul do Brasil Rev Sauacutede Publ 2000 3456-63

Paiva AA Guerra-Shinohara EM Rondoacute PHC The influence of the iron vitamina

B12 and folate levels on soluble transferrin receptor concentration in pregnant

women Clin Chim Acta 2003 334(12)197-203

Paiva AA Rondoacute PHC Relationship between the iron status of pregnant women

and their newborns Rev Sauacutede Puacuteblica 2007 41(3)321-7

Papa ACE Furlan JP Pasquelle M Guazzelli CAF Figueiredo MS Camano L

Mattar R A anemia por deficiecircncia de ferro na graacutevida adolescente comparaccedilatildeo

entre meacutetodos laboratoriais Rev Bras Ginecol Obstet 2003 25(10)731-8

Perry GS Yip R Zyrkowski C Nutritional risk factors among low-income pregnant

US women the Centers for Disease Control and Prevention (CDC) Pregnancy

Nutrition Surveillance System 1979ndash1993 Sem Perinatol 199519211ndash21

Referecircncias Bibliograacuteficas

65

Pizarro PCF Davidsson L Anemia during pregnancy influence of mild moderate

severe anemia on pregnancy outcome Nutrire 2003 25153-180

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Atlas do trabalho e do desenvolvimento de

Satildeo Paulo 2003 Satildeo Paulo PMSP 2003

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal da Sauacutede Iacutendice de

sauacutede na cidade de Satildeo Paulo [Internet] Satildeo Paulo 2009 [citado 2010 maio 5]

Disponiacutevel em wwwprefeituraspgovbrcidadesecretariasSauacutede

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal da Sauacutede Coordenaccedilatildeo

de Epidemiologia e Informaccedilatildeo Estado nutricional insatisfaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

peso atual e comportamento relacionado ao desejo de emagrecer na cidade de

Satildeo Paulo (ISA) Satildeo Paulo Ceinfo 2010

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo [Internet]

Satildeo Paulo 2008a [citado 2010 maio 15] Disponiacutevel em

wwwprefeituraspgovbrcidadehabitacao

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal de Planejamento Mapas

e dados [Internet] Satildeo Paulo 2008b [Citado 2010 maio 15] Disponiacutevel em

httpsemplaprefeituraspgovbrmapasedadosphp

Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento Iacutendice de

Desenvolvimento Humano [Acesso em 2010 Maio 13] Disponiacutevel em

httpwwwpnudorgbridh

Rasmussen KM Is there a causal relationship between iron deficiency or iron

deficiency anemia and weight at birth length of gestation and perinatal mortality

J Nutr 2001 131590S-603S

Rezende Filho J Montenegro CAB Obstetriacutecia fundamental 11ed Rio de

Janeiro Guanabara Koogan 2008 p67-128

Santos I Ceacutesar JA Minten G Vale N Newman NA Cercato E Prevalecircncia e

fatores associados a ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade

em Pelotas RS Rev Bras Epidemil 20047403-15

Referecircncias Bibliograacuteficas

66

Santos PNP Cerqueira EMM Prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades de Sauacutede em Feira de Santana Bahia entre outubro de 2005 e marccedilo

de 2006 Rev Bras Anal Clin 2008 40(3)219-23

Sato APS Fujimori E Szarfarc SC Borges ALV Tsunechiro MA Food

consumption and iron intake of pregnant and reproductive aged women Rev

Latinoam Enferm 2010 18(2)p247-54

Sato APS Fujimori E Szarfarc SC Sato JR Bonadio IC Prevalecircncia de anemia

em gestantes e a fortificaccedilatildeo de farinhas com ferro Texto amp Contexto

Enfermagem 2008 17(3)474-81

Sato APS Anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de preacute-natal das

cinco regiotildees brasileiras antes e apoacutes a poliacutetica de fortificaccedilatildeo das farinhas com

ferro [Dissertaccedilatildeo de Mestrado] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da

Universidade de Satildeo Paulo 2010

Scholl TO Reilly T Anemia iron and pregnancy J Nutr 2000 130(2)443S-447S

Soares NN O impacto da gravidez e do parto na ocorrecircncia de anemia ferropriva

e sobre o estado corporal do ferro em adolescentes e adultas [tese] Satildeo Paulo

UNIFESP 2008

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA 15 bebecircs morrem com asfixia por dia

[acesso em 2010 Mar 29] Disponiacutevel em

httpwwwsbpcombrshow_item2cfmid_categoria=52ampid_detalhe=3487amptipo_d

etalhe=s

Souza AI Batista Filho MB Ferreira LOC Alteraccedilotildees hematoloacutegicas na gravidez

Rev Bras Hematol Hemoter 2002 24(1)29-36

Spinelli MGN Marchioni DML Souza JMP Souza SB Sazarfarc SC Fatores de

risco para anemia em crianccedilas de 6 a 12 meses no Brasil Rev Panam Salud

Publica 200517(2)84-91

Referecircncias Bibliograacuteficas

67

Stoltzfus RJ Iron-deficiency anemia reexamining the nature and magnitude of the

public health problem Summary implications for research and programs J Nutr

2001 131(2S-2)697S-700S

Vannucchi IH Freitas MLS Szarfarc SC Prevalecircncia de anemias nutricionais no

Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica 1992 4(1)7-26

Viana JML Tsunechiro MA Bonadio IC Fugimori E Santos AU Sato APS

Szarfarc SC Adequaccedilatildeo do consumo de ferro por gestantes e mulheres em idade

feacutertil atendidas em um serviccedilo de preacute-natal Mundo Sauacutede 2009 33(3)286-293

Vicari P Figueiredo ME Diagnoacutestico diferencial da deficiecircncia de ferro Rev Bras

Hematol Hemoter 2010 32(supl2)29-31

Villas Boas MVC Araujo FMO Gilberti MFP Grotto HZW Utilidade do RDW-SD

como auxiliar na interpretaccedilatildeo das alteraccedilotildees morfoloacutegicas dos eritroacutecitos Roche

Diagnoacutestica 2003 apud Monteiro L Valores de referecircncia do RDW-CV e do

RDW-SD e sua relaccedilatildeo com o VCM entre os pacientes atendidos no ambulatoacuterio

do Hospital Universitaacuterio Oswaldo Cruz ndash Recife PE Rev Bras Hematol Hemoter

201032(1)34-9

Vitolo MR Baixa escolaridade como fator limitante para o combate agrave anemia entre

gestantes Rev Bras Ginecol Obstet 2006 28(6)331-339

World Bank Enriching Lives overcoming vitamin and mineral malnutrition in

developing countries Whashington World Bank 1994 73p

World Health Organization (WHO) Guidelines on food fortification with

micronutrients Geneva WHO 2006

World Health Organization (WHO) Iron deficiency anemia assessment

prevention and control a guide for programme managers Geneva

WHOUNICEF 2001

World Health Organization (WHO) Who Global Database on Child Growth and

Malnutrition Geneva WHO 2007

Referecircncias Bibliograacuteficas

68

Xing Y Hong Y Shaonong D Zhuoma B Xiaoyan Z Wang D Hemoglobin levels

and anemia evaluation during pregnancy in the highlands of Tibet a hospital-

based study BMC Public Health 2009 9336

Zimmermann MB Zeder C Muthayya S Chaouki N Aeberli I Hurrell RF

Adiposity in women and children from transition countries predicts decreased iron

absorption iron deficiency and reduced response to iron fortification Int J Obes

2008 321098ndash1104

Zugaib M Zugaib obstetriacutecia Barueri Manole 2008 cap 11-1 p 195 212 760-

761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Referecircncias Bibliograacuteficas

64

Ma A-G Chen X-C Wang Y Xu R-X Zheng M-C Li J-S The multiple vitamin

status of Chinese pregnant women with anemia and nonanemia in the last

trimester J Nutr Sci Vitaminol 200450(2)87-92

Martins CSM Conduta na anemia ferropriva na gravidez Rev Cient CASL

198543(1)18-23

McClure S Custer E Bessman JD RDW is the earliest predictor of iron

deficiency Blood 1983 62(suppl1)51

Miller O Gonccedilalves R Laboratoacuterio para o cliacutenico 8ordf ed Satildeo Paulo Ateneu 1995

Monteiro CA Szarfarc SC Mondini L Tendecircncia secular da anemia na infacircncia na

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Nascimento ML A hemodiluiccedilatildeo da gestaccedilatildeo e os indicadores para anemias apoacutes

automaccedilatildeo hematoloacutegica NewsLab 2005 71136ndash60

Neme B Zugaib M Assistecircncia preacute-natal In ______ Obstetriacutecia baacutesica 3 ed

Satildeo Paulo Savier 2006 cap12 p 104-9

Neuman NA Tanaka OY Szarfarc SC Guimaratildees PR Victora CG Prevalecircncia e

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and their newborns Rev Sauacutede Puacuteblica 2007 41(3)321-7

Papa ACE Furlan JP Pasquelle M Guazzelli CAF Figueiredo MS Camano L

Mattar R A anemia por deficiecircncia de ferro na graacutevida adolescente comparaccedilatildeo

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Perry GS Yip R Zyrkowski C Nutritional risk factors among low-income pregnant

US women the Centers for Disease Control and Prevention (CDC) Pregnancy

Nutrition Surveillance System 1979ndash1993 Sem Perinatol 199519211ndash21

Referecircncias Bibliograacuteficas

65

Pizarro PCF Davidsson L Anemia during pregnancy influence of mild moderate

severe anemia on pregnancy outcome Nutrire 2003 25153-180

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Atlas do trabalho e do desenvolvimento de

Satildeo Paulo 2003 Satildeo Paulo PMSP 2003

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal da Sauacutede Iacutendice de

sauacutede na cidade de Satildeo Paulo [Internet] Satildeo Paulo 2009 [citado 2010 maio 5]

Disponiacutevel em wwwprefeituraspgovbrcidadesecretariasSauacutede

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal da Sauacutede Coordenaccedilatildeo

de Epidemiologia e Informaccedilatildeo Estado nutricional insatisfaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

peso atual e comportamento relacionado ao desejo de emagrecer na cidade de

Satildeo Paulo (ISA) Satildeo Paulo Ceinfo 2010

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo [Internet]

Satildeo Paulo 2008a [citado 2010 maio 15] Disponiacutevel em

wwwprefeituraspgovbrcidadehabitacao

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal de Planejamento Mapas

e dados [Internet] Satildeo Paulo 2008b [Citado 2010 maio 15] Disponiacutevel em

httpsemplaprefeituraspgovbrmapasedadosphp

Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento Iacutendice de

Desenvolvimento Humano [Acesso em 2010 Maio 13] Disponiacutevel em

httpwwwpnudorgbridh

Rasmussen KM Is there a causal relationship between iron deficiency or iron

deficiency anemia and weight at birth length of gestation and perinatal mortality

J Nutr 2001 131590S-603S

Rezende Filho J Montenegro CAB Obstetriacutecia fundamental 11ed Rio de

Janeiro Guanabara Koogan 2008 p67-128

Santos I Ceacutesar JA Minten G Vale N Newman NA Cercato E Prevalecircncia e

fatores associados a ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade

em Pelotas RS Rev Bras Epidemil 20047403-15

Referecircncias Bibliograacuteficas

66

Santos PNP Cerqueira EMM Prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades de Sauacutede em Feira de Santana Bahia entre outubro de 2005 e marccedilo

de 2006 Rev Bras Anal Clin 2008 40(3)219-23

Sato APS Fujimori E Szarfarc SC Borges ALV Tsunechiro MA Food

consumption and iron intake of pregnant and reproductive aged women Rev

Latinoam Enferm 2010 18(2)p247-54

Sato APS Fujimori E Szarfarc SC Sato JR Bonadio IC Prevalecircncia de anemia

em gestantes e a fortificaccedilatildeo de farinhas com ferro Texto amp Contexto

Enfermagem 2008 17(3)474-81

Sato APS Anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de preacute-natal das

cinco regiotildees brasileiras antes e apoacutes a poliacutetica de fortificaccedilatildeo das farinhas com

ferro [Dissertaccedilatildeo de Mestrado] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da

Universidade de Satildeo Paulo 2010

Scholl TO Reilly T Anemia iron and pregnancy J Nutr 2000 130(2)443S-447S

Soares NN O impacto da gravidez e do parto na ocorrecircncia de anemia ferropriva

e sobre o estado corporal do ferro em adolescentes e adultas [tese] Satildeo Paulo

UNIFESP 2008

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA 15 bebecircs morrem com asfixia por dia

[acesso em 2010 Mar 29] Disponiacutevel em

httpwwwsbpcombrshow_item2cfmid_categoria=52ampid_detalhe=3487amptipo_d

etalhe=s

Souza AI Batista Filho MB Ferreira LOC Alteraccedilotildees hematoloacutegicas na gravidez

Rev Bras Hematol Hemoter 2002 24(1)29-36

Spinelli MGN Marchioni DML Souza JMP Souza SB Sazarfarc SC Fatores de

risco para anemia em crianccedilas de 6 a 12 meses no Brasil Rev Panam Salud

Publica 200517(2)84-91

Referecircncias Bibliograacuteficas

67

Stoltzfus RJ Iron-deficiency anemia reexamining the nature and magnitude of the

public health problem Summary implications for research and programs J Nutr

2001 131(2S-2)697S-700S

Vannucchi IH Freitas MLS Szarfarc SC Prevalecircncia de anemias nutricionais no

Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica 1992 4(1)7-26

Viana JML Tsunechiro MA Bonadio IC Fugimori E Santos AU Sato APS

Szarfarc SC Adequaccedilatildeo do consumo de ferro por gestantes e mulheres em idade

feacutertil atendidas em um serviccedilo de preacute-natal Mundo Sauacutede 2009 33(3)286-293

Vicari P Figueiredo ME Diagnoacutestico diferencial da deficiecircncia de ferro Rev Bras

Hematol Hemoter 2010 32(supl2)29-31

Villas Boas MVC Araujo FMO Gilberti MFP Grotto HZW Utilidade do RDW-SD

como auxiliar na interpretaccedilatildeo das alteraccedilotildees morfoloacutegicas dos eritroacutecitos Roche

Diagnoacutestica 2003 apud Monteiro L Valores de referecircncia do RDW-CV e do

RDW-SD e sua relaccedilatildeo com o VCM entre os pacientes atendidos no ambulatoacuterio

do Hospital Universitaacuterio Oswaldo Cruz ndash Recife PE Rev Bras Hematol Hemoter

201032(1)34-9

Vitolo MR Baixa escolaridade como fator limitante para o combate agrave anemia entre

gestantes Rev Bras Ginecol Obstet 2006 28(6)331-339

World Bank Enriching Lives overcoming vitamin and mineral malnutrition in

developing countries Whashington World Bank 1994 73p

World Health Organization (WHO) Guidelines on food fortification with

micronutrients Geneva WHO 2006

World Health Organization (WHO) Iron deficiency anemia assessment

prevention and control a guide for programme managers Geneva

WHOUNICEF 2001

World Health Organization (WHO) Who Global Database on Child Growth and

Malnutrition Geneva WHO 2007

Referecircncias Bibliograacuteficas

68

Xing Y Hong Y Shaonong D Zhuoma B Xiaoyan Z Wang D Hemoglobin levels

and anemia evaluation during pregnancy in the highlands of Tibet a hospital-

based study BMC Public Health 2009 9336

Zimmermann MB Zeder C Muthayya S Chaouki N Aeberli I Hurrell RF

Adiposity in women and children from transition countries predicts decreased iron

absorption iron deficiency and reduced response to iron fortification Int J Obes

2008 321098ndash1104

Zugaib M Zugaib obstetriacutecia Barueri Manole 2008 cap 11-1 p 195 212 760-

761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Referecircncias Bibliograacuteficas

65

Pizarro PCF Davidsson L Anemia during pregnancy influence of mild moderate

severe anemia on pregnancy outcome Nutrire 2003 25153-180

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Atlas do trabalho e do desenvolvimento de

Satildeo Paulo 2003 Satildeo Paulo PMSP 2003

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal da Sauacutede Iacutendice de

sauacutede na cidade de Satildeo Paulo [Internet] Satildeo Paulo 2009 [citado 2010 maio 5]

Disponiacutevel em wwwprefeituraspgovbrcidadesecretariasSauacutede

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal da Sauacutede Coordenaccedilatildeo

de Epidemiologia e Informaccedilatildeo Estado nutricional insatisfaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

peso atual e comportamento relacionado ao desejo de emagrecer na cidade de

Satildeo Paulo (ISA) Satildeo Paulo Ceinfo 2010

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal de Habitaccedilatildeo [Internet]

Satildeo Paulo 2008a [citado 2010 maio 15] Disponiacutevel em

wwwprefeituraspgovbrcidadehabitacao

Prefeitura da Cidade de Satildeo Paulo Secretaria Municipal de Planejamento Mapas

e dados [Internet] Satildeo Paulo 2008b [Citado 2010 maio 15] Disponiacutevel em

httpsemplaprefeituraspgovbrmapasedadosphp

Programa das Naccedilotildees Unidas para o Desenvolvimento Iacutendice de

Desenvolvimento Humano [Acesso em 2010 Maio 13] Disponiacutevel em

httpwwwpnudorgbridh

Rasmussen KM Is there a causal relationship between iron deficiency or iron

deficiency anemia and weight at birth length of gestation and perinatal mortality

J Nutr 2001 131590S-603S

Rezende Filho J Montenegro CAB Obstetriacutecia fundamental 11ed Rio de

Janeiro Guanabara Koogan 2008 p67-128

Santos I Ceacutesar JA Minten G Vale N Newman NA Cercato E Prevalecircncia e

fatores associados a ocorrecircncia de anemia entre menores de seis anos de idade

em Pelotas RS Rev Bras Epidemil 20047403-15

Referecircncias Bibliograacuteficas

66

Santos PNP Cerqueira EMM Prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades de Sauacutede em Feira de Santana Bahia entre outubro de 2005 e marccedilo

de 2006 Rev Bras Anal Clin 2008 40(3)219-23

Sato APS Fujimori E Szarfarc SC Borges ALV Tsunechiro MA Food

consumption and iron intake of pregnant and reproductive aged women Rev

Latinoam Enferm 2010 18(2)p247-54

Sato APS Fujimori E Szarfarc SC Sato JR Bonadio IC Prevalecircncia de anemia

em gestantes e a fortificaccedilatildeo de farinhas com ferro Texto amp Contexto

Enfermagem 2008 17(3)474-81

Sato APS Anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de preacute-natal das

cinco regiotildees brasileiras antes e apoacutes a poliacutetica de fortificaccedilatildeo das farinhas com

ferro [Dissertaccedilatildeo de Mestrado] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da

Universidade de Satildeo Paulo 2010

Scholl TO Reilly T Anemia iron and pregnancy J Nutr 2000 130(2)443S-447S

Soares NN O impacto da gravidez e do parto na ocorrecircncia de anemia ferropriva

e sobre o estado corporal do ferro em adolescentes e adultas [tese] Satildeo Paulo

UNIFESP 2008

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA 15 bebecircs morrem com asfixia por dia

[acesso em 2010 Mar 29] Disponiacutevel em

httpwwwsbpcombrshow_item2cfmid_categoria=52ampid_detalhe=3487amptipo_d

etalhe=s

Souza AI Batista Filho MB Ferreira LOC Alteraccedilotildees hematoloacutegicas na gravidez

Rev Bras Hematol Hemoter 2002 24(1)29-36

Spinelli MGN Marchioni DML Souza JMP Souza SB Sazarfarc SC Fatores de

risco para anemia em crianccedilas de 6 a 12 meses no Brasil Rev Panam Salud

Publica 200517(2)84-91

Referecircncias Bibliograacuteficas

67

Stoltzfus RJ Iron-deficiency anemia reexamining the nature and magnitude of the

public health problem Summary implications for research and programs J Nutr

2001 131(2S-2)697S-700S

Vannucchi IH Freitas MLS Szarfarc SC Prevalecircncia de anemias nutricionais no

Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica 1992 4(1)7-26

Viana JML Tsunechiro MA Bonadio IC Fugimori E Santos AU Sato APS

Szarfarc SC Adequaccedilatildeo do consumo de ferro por gestantes e mulheres em idade

feacutertil atendidas em um serviccedilo de preacute-natal Mundo Sauacutede 2009 33(3)286-293

Vicari P Figueiredo ME Diagnoacutestico diferencial da deficiecircncia de ferro Rev Bras

Hematol Hemoter 2010 32(supl2)29-31

Villas Boas MVC Araujo FMO Gilberti MFP Grotto HZW Utilidade do RDW-SD

como auxiliar na interpretaccedilatildeo das alteraccedilotildees morfoloacutegicas dos eritroacutecitos Roche

Diagnoacutestica 2003 apud Monteiro L Valores de referecircncia do RDW-CV e do

RDW-SD e sua relaccedilatildeo com o VCM entre os pacientes atendidos no ambulatoacuterio

do Hospital Universitaacuterio Oswaldo Cruz ndash Recife PE Rev Bras Hematol Hemoter

201032(1)34-9

Vitolo MR Baixa escolaridade como fator limitante para o combate agrave anemia entre

gestantes Rev Bras Ginecol Obstet 2006 28(6)331-339

World Bank Enriching Lives overcoming vitamin and mineral malnutrition in

developing countries Whashington World Bank 1994 73p

World Health Organization (WHO) Guidelines on food fortification with

micronutrients Geneva WHO 2006

World Health Organization (WHO) Iron deficiency anemia assessment

prevention and control a guide for programme managers Geneva

WHOUNICEF 2001

World Health Organization (WHO) Who Global Database on Child Growth and

Malnutrition Geneva WHO 2007

Referecircncias Bibliograacuteficas

68

Xing Y Hong Y Shaonong D Zhuoma B Xiaoyan Z Wang D Hemoglobin levels

and anemia evaluation during pregnancy in the highlands of Tibet a hospital-

based study BMC Public Health 2009 9336

Zimmermann MB Zeder C Muthayya S Chaouki N Aeberli I Hurrell RF

Adiposity in women and children from transition countries predicts decreased iron

absorption iron deficiency and reduced response to iron fortification Int J Obes

2008 321098ndash1104

Zugaib M Zugaib obstetriacutecia Barueri Manole 2008 cap 11-1 p 195 212 760-

761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Referecircncias Bibliograacuteficas

66

Santos PNP Cerqueira EMM Prevalecircncia de anemia nas gestantes atendidas em

Unidades de Sauacutede em Feira de Santana Bahia entre outubro de 2005 e marccedilo

de 2006 Rev Bras Anal Clin 2008 40(3)219-23

Sato APS Fujimori E Szarfarc SC Borges ALV Tsunechiro MA Food

consumption and iron intake of pregnant and reproductive aged women Rev

Latinoam Enferm 2010 18(2)p247-54

Sato APS Fujimori E Szarfarc SC Sato JR Bonadio IC Prevalecircncia de anemia

em gestantes e a fortificaccedilatildeo de farinhas com ferro Texto amp Contexto

Enfermagem 2008 17(3)474-81

Sato APS Anemia em gestantes atendidas em serviccedilos puacuteblicos de preacute-natal das

cinco regiotildees brasileiras antes e apoacutes a poliacutetica de fortificaccedilatildeo das farinhas com

ferro [Dissertaccedilatildeo de Mestrado] Satildeo Paulo Escola de Enfermagem da

Universidade de Satildeo Paulo 2010

Scholl TO Reilly T Anemia iron and pregnancy J Nutr 2000 130(2)443S-447S

Soares NN O impacto da gravidez e do parto na ocorrecircncia de anemia ferropriva

e sobre o estado corporal do ferro em adolescentes e adultas [tese] Satildeo Paulo

UNIFESP 2008

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA 15 bebecircs morrem com asfixia por dia

[acesso em 2010 Mar 29] Disponiacutevel em

httpwwwsbpcombrshow_item2cfmid_categoria=52ampid_detalhe=3487amptipo_d

etalhe=s

Souza AI Batista Filho MB Ferreira LOC Alteraccedilotildees hematoloacutegicas na gravidez

Rev Bras Hematol Hemoter 2002 24(1)29-36

Spinelli MGN Marchioni DML Souza JMP Souza SB Sazarfarc SC Fatores de

risco para anemia em crianccedilas de 6 a 12 meses no Brasil Rev Panam Salud

Publica 200517(2)84-91

Referecircncias Bibliograacuteficas

67

Stoltzfus RJ Iron-deficiency anemia reexamining the nature and magnitude of the

public health problem Summary implications for research and programs J Nutr

2001 131(2S-2)697S-700S

Vannucchi IH Freitas MLS Szarfarc SC Prevalecircncia de anemias nutricionais no

Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica 1992 4(1)7-26

Viana JML Tsunechiro MA Bonadio IC Fugimori E Santos AU Sato APS

Szarfarc SC Adequaccedilatildeo do consumo de ferro por gestantes e mulheres em idade

feacutertil atendidas em um serviccedilo de preacute-natal Mundo Sauacutede 2009 33(3)286-293

Vicari P Figueiredo ME Diagnoacutestico diferencial da deficiecircncia de ferro Rev Bras

Hematol Hemoter 2010 32(supl2)29-31

Villas Boas MVC Araujo FMO Gilberti MFP Grotto HZW Utilidade do RDW-SD

como auxiliar na interpretaccedilatildeo das alteraccedilotildees morfoloacutegicas dos eritroacutecitos Roche

Diagnoacutestica 2003 apud Monteiro L Valores de referecircncia do RDW-CV e do

RDW-SD e sua relaccedilatildeo com o VCM entre os pacientes atendidos no ambulatoacuterio

do Hospital Universitaacuterio Oswaldo Cruz ndash Recife PE Rev Bras Hematol Hemoter

201032(1)34-9

Vitolo MR Baixa escolaridade como fator limitante para o combate agrave anemia entre

gestantes Rev Bras Ginecol Obstet 2006 28(6)331-339

World Bank Enriching Lives overcoming vitamin and mineral malnutrition in

developing countries Whashington World Bank 1994 73p

World Health Organization (WHO) Guidelines on food fortification with

micronutrients Geneva WHO 2006

World Health Organization (WHO) Iron deficiency anemia assessment

prevention and control a guide for programme managers Geneva

WHOUNICEF 2001

World Health Organization (WHO) Who Global Database on Child Growth and

Malnutrition Geneva WHO 2007

Referecircncias Bibliograacuteficas

68

Xing Y Hong Y Shaonong D Zhuoma B Xiaoyan Z Wang D Hemoglobin levels

and anemia evaluation during pregnancy in the highlands of Tibet a hospital-

based study BMC Public Health 2009 9336

Zimmermann MB Zeder C Muthayya S Chaouki N Aeberli I Hurrell RF

Adiposity in women and children from transition countries predicts decreased iron

absorption iron deficiency and reduced response to iron fortification Int J Obes

2008 321098ndash1104

Zugaib M Zugaib obstetriacutecia Barueri Manole 2008 cap 11-1 p 195 212 760-

761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Referecircncias Bibliograacuteficas

67

Stoltzfus RJ Iron-deficiency anemia reexamining the nature and magnitude of the

public health problem Summary implications for research and programs J Nutr

2001 131(2S-2)697S-700S

Vannucchi IH Freitas MLS Szarfarc SC Prevalecircncia de anemias nutricionais no

Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica 1992 4(1)7-26

Viana JML Tsunechiro MA Bonadio IC Fugimori E Santos AU Sato APS

Szarfarc SC Adequaccedilatildeo do consumo de ferro por gestantes e mulheres em idade

feacutertil atendidas em um serviccedilo de preacute-natal Mundo Sauacutede 2009 33(3)286-293

Vicari P Figueiredo ME Diagnoacutestico diferencial da deficiecircncia de ferro Rev Bras

Hematol Hemoter 2010 32(supl2)29-31

Villas Boas MVC Araujo FMO Gilberti MFP Grotto HZW Utilidade do RDW-SD

como auxiliar na interpretaccedilatildeo das alteraccedilotildees morfoloacutegicas dos eritroacutecitos Roche

Diagnoacutestica 2003 apud Monteiro L Valores de referecircncia do RDW-CV e do

RDW-SD e sua relaccedilatildeo com o VCM entre os pacientes atendidos no ambulatoacuterio

do Hospital Universitaacuterio Oswaldo Cruz ndash Recife PE Rev Bras Hematol Hemoter

201032(1)34-9

Vitolo MR Baixa escolaridade como fator limitante para o combate agrave anemia entre

gestantes Rev Bras Ginecol Obstet 2006 28(6)331-339

World Bank Enriching Lives overcoming vitamin and mineral malnutrition in

developing countries Whashington World Bank 1994 73p

World Health Organization (WHO) Guidelines on food fortification with

micronutrients Geneva WHO 2006

World Health Organization (WHO) Iron deficiency anemia assessment

prevention and control a guide for programme managers Geneva

WHOUNICEF 2001

World Health Organization (WHO) Who Global Database on Child Growth and

Malnutrition Geneva WHO 2007

Referecircncias Bibliograacuteficas

68

Xing Y Hong Y Shaonong D Zhuoma B Xiaoyan Z Wang D Hemoglobin levels

and anemia evaluation during pregnancy in the highlands of Tibet a hospital-

based study BMC Public Health 2009 9336

Zimmermann MB Zeder C Muthayya S Chaouki N Aeberli I Hurrell RF

Adiposity in women and children from transition countries predicts decreased iron

absorption iron deficiency and reduced response to iron fortification Int J Obes

2008 321098ndash1104

Zugaib M Zugaib obstetriacutecia Barueri Manole 2008 cap 11-1 p 195 212 760-

761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Referecircncias Bibliograacuteficas

68

Xing Y Hong Y Shaonong D Zhuoma B Xiaoyan Z Wang D Hemoglobin levels

and anemia evaluation during pregnancy in the highlands of Tibet a hospital-

based study BMC Public Health 2009 9336

Zimmermann MB Zeder C Muthayya S Chaouki N Aeberli I Hurrell RF

Adiposity in women and children from transition countries predicts decreased iron

absorption iron deficiency and reduced response to iron fortification Int J Obes

2008 321098ndash1104

Zugaib M Zugaib obstetriacutecia Barueri Manole 2008 cap 11-1 p 195 212 760-

761

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Anexo

69

ANEXOS

Anexo 1 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa ndash Faculdade de Ciecircncias Farmacecircuticas

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Anexo

70

Anexo 2 - Parecer do Comitecirc de Eacutetica ndash Secretaria Municipal de Sauacutede SP

Anexo

71

Anexo

71