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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica O POTENCIAL ANTIOXIDANTE DO SULFORAFANO – ENFOQUE NA VIA NRF2/KEAP1 Tatiana Bertoni Bacovsky Trabalho de Conclusão do Curso de Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Orientadora: Prof.a. Dra. Silvia Maria Franciscato Cozzolino São Paulo 2018

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica

O POTENCIAL ANTIOXIDANTE DO SULFORAFANO – ENFOQUE NA

VIA NRF2/KEAP1

Tatiana Bertoni Bacovsky

Trabalho de Conclusão do Curso de

Farmácia-Bioquímica da Faculdade de

Ciências Farmacêuticas da Universidade

de São Paulo.

Orientadora:

Prof.a. Dra. Silvia Maria Franciscato

Cozzolino

São Paulo

2018

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SUMÁRIO

Pág.

LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................................ 2 

RESUMO..................................................................................................................... 4 

1.INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5 

1.1.  Oxidação e o papel de antioxidantes ................................................................ 6 1.2.  A via Nrf2/Keap1 no estresse oxidativo e inflamação ....................................... 8 1.2.1.  Nrf2 ................................................................................................................... 8 1.2.2.  Keap1 ............................................................................................................... 9 1.2.3.  Ativação do Nrf2 ............................................................................................. 10 1.2.4.  A relação Nrf2- NFκB ...................................................................................... 10 1.3.  Sulforafano ..................................................................................................... 11 1.3.1.  Efeitos do processamento do vegetal ............................................................. 12 1.3.2.  Biodisponibilidade ........................................................................................... 12 1.3.3.  Ativação do Nfr2 ............................................................................................. 14 

2.OBJETIVO .............................................................................................................. 16 

3.MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 17 

4.RESULTADOS ....................................................................................................... 18 

5.DISCUSSÃO .......................................................................................................... 28 

6.CONCLUSÃO ......................................................................................................... 33 

7.BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 34 

8.ANEXOS ................................................................................................................ 42 

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2  

LISTA DE ABREVIATURAS

8-OHdG

ABC

ALT

ARE

AST

ATP

BTB

bZIP

CAT

CBP

CGI-I

CNC

DCNT

DGR

DNA

DPOC

EpRE

EROs

ESP

γ-GCS

γ-GTP

GCL

GCLc

GCLm

GRN

GSH

GSH-Px

GST

GSTM1

GSTP1

GSTT1

8-hidroxideoxiguanosina

Aberrant Behavior Checklist

Alanina aminotransferase

Antioxidant Response Elements

Aspartato aminotransferase

Adenosine triphosphate

bric-a-brac, tramtrac, broad complex

Basic leucine zíper

Catalase

cAMP-response-element-binding protein-binding protein

Clinical Global Impression Improvement Scale

Cap ‘n’ Collar

Doenças crônicas não transmissíveis

Double glycine repeat/6 Kelch repeat

Deoxyribonucleic acid

Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

Electrophilic Response Element

Espécies Reativas de Oxigênio

Epithiospecifier

γ -Glutamilcisteína sintetase

γ-Glutamil transpeptidase

Glutamato-cisteína ligase

Subunidade catalítica da glutamato cisteína ligase

Subunidade modificadora da glutamato cisteína ligase

Glicorafanina

Glutationa

Glutationa peroxidase

Glutationa S-transferase

Glutationa S-transferase M1

Glutationa S-transferase P1

Glutationa S-trasferase T1

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3  

HBG1

HO-1

H2O2

HpSA

IgE

IκBα

IL-6

IVR

Keap1

Maf

mRNA

NADPH oxidase

Neh

NFκB

NQO1

Nrf2

•O2-

•OH

PG

SFN

SOD

SRS

UGT

UV

Subunidade da hemoglobina fetal

Heme oxigenase-1

Peróxido de hidrogênio

H. pylori stool antigen

Imunoglobulina E

NFκB inhibitor-alpha

Interleucina 6

intervening linker region

Kelch-like ECH-associated protein 1

Musculoaponeurotic fibrosarcoma

Messenger ribonucleic acid

Nicotinamide adenine dinucleotide phosphate-oxidase

Nuclear factor E2-related factor 2-ECH homology

Nuclear factor kappa-light-chain-enhancer of activated B cells

NAD(P)H:quinona oxiredutase 1

Nuclear factor E2-related factor 2

Ânion superóxido

Radical hidroxil

Pepsinogênio

Sulforafano

Superóxido dismutase

Social Responsiveness Scale

UDP-glicuronosiltransferase

Ultravioleta

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RESUMO

BACOVSKY, T.B. O Potencial Antioxidante do Sulforafano – Enfoque na via Nrf2/Keap1. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-Bioquímica – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. Palavras-chave: Sulforafano, Nrf2, Antioxidante, Keap1. INTRODUÇÃO: O consumo de frutas, legumes e verduras é conhecido como parte fundamental de uma dieta saudável. O aumento do consumo de vegetais crucíferos, importante fonte do fitoquímico sulforafano (SFN), tem sido associado à diminuição do risco de doenças crônicas. A patogênese dessas doenças está relacionada ao estresse oxidativo, caracterizado pelo desequilíbrio entre a produção e a remoção de espécies reativas de oxigênio (EROs), o que leva ao dano de DNA (deoxyribonucleic acid), proteínas e lipídios, afetando a função celular. O SFN vem sendo abordado como um potencial antioxidante devido à sua habilidade de modular a via do fator de transcrição Nrf2 (Nuclear factor E2-related factor 2) e seu repressor Keap1 (Kelch-like ECH-associated protein 1), induzindo a expressão do elemento de resposta antioxidante (Antioxidant response elements - ARE), região promotora de genes codificantes de enzimas antioxidantes e detoxificantes. OBJETIVO: O objetivo do presente trabalho foi revisar as evidências já publicadas de estudos clínicos de intervenção acerca do potencial efeito indutor do SFN sobre a via Keap1/Nrf2/ARE que demonstrem a sua eficácia clínica como alternativa terapêutica para manutenção do equilíbrio oxidativo do organismo humano. MATERIAIS E MÉTODOS: Uma vasta pesquisa bibliográfica foi conduzida nas bases de dados PubMed, MedLine e Science Direct. Foram incluídas publicações de ensaios clínicos relevantes, em inglês ou português, a partir do ano 2007, sobre os possíveis efeitos antioxidantes do consumo de SFN, glicorafanina (GRN) ou brócolis. Os descritores consultados no título e/ou resumo dos trabalhos foram: sulforaphane (sulforafano), glucoraphanin (glicorafanina), cruciferous vegetables (vegetais crucíferos), Nrf2, Keap1, oxidative stress (estresse oxidativo) e antioxidant (antioxidante), utilizando os termos AND e OR. Os desfechos de interesse considerados foram primordialmente parâmetros moleculares envolvidos na via do Nrf2, mas também se estendeu aos relacionados com o estresse oxidativo e a inflamação, quando passíveis de vínculo à via de sinalização desse fator de transcrição. RESULTADOS: Foram incluídos 15 estudos com amostras, intervenções, tempo de seguimento e desfechos muito heterogêneos. Os principais achados referem-se ao trato respiratório, infecção gástrica por Helicobacter pylori, doença falciforme e efeito protetor contra o risco de câncer de pele induzido por luz ultravioleta (UV) e de câncer oral. Foram encontrados desfechos favoráveis em relação a indicadores de estresse oxidativo em indivíduos com esteatose hepática e com diabetes tipo 2, assim como acerca da detoxificação de poluente atmosféricos, sugerindo um efeito protetor contra o câncer de pulmão. Ainda, um estudo verificou melhora comportamental em autistas. CONCLUSÃO: Há evidências de potenciais benefícios do consumo de SFN e/ou de seu precursor GRN sobre parâmetros moleculares antioxidantes e envolvidos na via Keap1/Nrf2/ARE em humanos, embora ainda sejam limitadas e um número maior de estudos é necessário para uma conclusão mais consistente.

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1. INTRODUÇÃO

O estresse oxidativo, caracterizado pelo desequilíbrio entre a produção e a

remoção de espécies reativas de oxigênio (EROs), pode danificar o DNA, as proteínas

e os lipídios de membrana, afetando a função celular e, consequentemente,

desencadear diversas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como câncer,

diabetes, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas. A via do fator de

transcrição Nrf2 e seu repressor Keap1 possui importante ação citoprotetora ao

regular o ARE, também conhecido como EpRE (Electrophilic Response Element), que

corresponde à região promotora de genes que codificam enzimas antioxidantes

(AHMED et al., 2017; BAIRD & DINKOVA-KOSTOVA, 2011; QIN & HOU, 2016;

STEFANSON & BAKOVIC, 2014).

Uma vez que o desenvolvimento de DCNT envolve tanto componentes

genéticos (predisponentes) quanto fatores ambientais (desencadeantes), a

alimentação possui papel importante. A composição e a qualidade dos alimentos são

de extrema relevância em virtude do valor nutricional e da capacidade de seus

nutrientes e compostos bioativos de impactarem na expressão gênica, caracterizando

a vertente de estudo conhecida como Nutrigenômica. A Nutrigenética, por sua vez,

representa o campo de pesquisa complementar, sendo definida como a atividade que

a carga genética exerce em resposta à alimentação, necessidades alimentares e risco

para DCNT (HOUGHTON, FASSETT, & COOMBES, 2016).

O consumo de frutas e vegetais é reconhecido como parte importante de uma

dieta saudável por contribuir com uma série de compostos benéficos à saúde, dentre

os quais estão os fitoquímicos, geralmente considerados nutrientes não-essenciais,

mas capazes de afetar a saúde humana em virtude de suas propriedades químicas

(RODRIGUEZ-CASADO, 2016). O consumo de vegetais crucíferos tem sido

associado à diminuição do risco de desenvolver doenças degenerativas e crônicas,

incluindo doenças cardiovasculares (BUIL-COSIALES et al., 2017; ZHANG et al.,

2011) e certos tipos de câncer (HU et al., 2015; TSE & ESLICK, 2014; WU et al., 2013).

Os vegetais crucíferos, como brócolis, couve, couve-de-bruxelas, couve-flor e repolho,

contêm concentrações significativas de fitoquímicos glicosinolatos, os quais são

metabolizados in vivo a isotiocianatos, que são biologicamente ativos. O isotiocianato

sulforafano derivado da glicorafanina contida nesses vegetais, vem ganhando

destaque como um antioxidante indireto, devido à sua habilidade de induzir a

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expressão de diversas enzimas antioxidantes e detoxificantes de Fase II através da

via Keap1/Nrf2/ARE (BODDUPALLI et al., 2012). Esses achados indicam o potencial

do SFN como alternativa terapêutica para o tratamento e redução do risco de doenças

crônicas, cujos processos patológicos estão diretamente relacionados com essa via

de sinalização.

1.1. Oxidação e o papel de antioxidantes

Em termos químicos, oxidação é a adição de oxigênio ou a remoção de

hidrogênio ou de elétron de uma molécula. EROs são parcialmente reduzidas ou são

formas de oxigênio “energizadas”, o que as tornam capazes de oxidar moléculas

(BENZIE & CHOI, 2014). O oxigênio é um radical livre e aceptor final de elétrons da

respiração. O seu par de elétrons desemparelhados gira na mesma direção e, por

isso, é considerado um birradical (PACKER & CADENAS, 2007). Algumas EROs

contêm um ou mais elétrons desemparelhados em um orbital, que são os chamados

radicais livres, como o ânion superóxido (•O2-), o radical hidroxil (•OH) e radicais

lipídicos. Normalmente, possuem meia vida extremamente curta, são altamente

reativas, produzidas em todos os sistemas biológicos e reagem facilmente com

moléculas que se localizam em torno do seu sítio de formação. Outras, são espécies

oxidantes não radicalares, como o peróxido de hidrogênio (H2O2), o qual possui meia

vida longa e atravessa as membranas celulares facilmente, o que o torna

potencialmente tóxico para as células, além de participar na reação de formação do

radical hidroxil, o mais reativo dos radicais livres, devido à sua capacidade de alterar

qualquer estrutura celular (BENZIE, 2003; PACKER & CADENAS, 2007).

A produção de radicais livres constitui um processo contínuo e fisiológico. São

gerados durante o metabolismo e a produção de energia no organismo. A cadeia

respiratória nas mitocôndrias é a sua principal fonte, uma vez que possui vários

centros redox, mas também são formados a partir de enzimas de membrana, como o

complexo enzimático NADPH oxidases (nicotinamide adenine dinucleotide

phosphate-oxidase), metabolismo de ácidos graxos nos peroxissomos, citocromo

P450 e células fagocitárias (GREEN, BRAND & MURPHY, 2004). Os radicais livres

exercem funções biológicas relevantes como mediadores para a transferência de

elétrons nas várias reações bioquímicas. Estão envolvidos com a geração de ATP

(adenosine triphosphate – energia), a regulação da transdução de sinal e a expressão

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gênica, a ativação de receptores, a transcrição de fatores nucleares, a função

endotelial, a ação antimicrobiana e a ação citotóxica inerente ao sistema imune das

células, bem como com o envelhecimento e suas doenças degenerativas

relacionadas, em função do dano oxidativo aos componentes celulares (PACKER &

CADENAS, 2007). O óxido nítrico, por exemplo, é um vasodilatador, o peróxido de

hidrogênio é uma molécula importante da sinalização intracelular e o superóxido tem

papel importante na imunidade inata (BENZIE & CHOI, 2014).

A produção contínua de radicais livres durante os processos metabólicos

culminou no desenvolvimento de mecanismos de defesa antioxidante para limitar os

níveis intracelulares de tais espécies reativas, permitindo que essas efetuem suas

atividades biológicas benéficas sem que ocorram efeitos deletérios excessivos. Esses

mecanismos envolvem enzimas de Fase I, que englobam as hemoproteínas

monoooxigenases da classe do Citocromo P450, e enzimas de Fase II, as quais

convertem os metabólitos intermediários produzidos pelas enzimas de Fase I em

compostos excretáveis. Toxinas que ativam ambas as fases são conhecidas como

bifuncionais e as que ativam apenas as enzimas de Fase II, monofuncionais. Para

uma detoxificação ótima e eficiente, um oxidante deve ser submetido a uma reação

de Fase I lenta, seguida por uma de Fase II mais rápida, o que previne o acúmulo de

metabólitos da primeira fase, os quais são mais tóxicos que seus precursores.

Enzimas de Fase II, interessantemente, apresentam meia-vida relativamente longa,

permanecendo no organismo por vários dias (HOUGHTON, FASSETT & COOMBES,

2016). Além disso, a defesa antioxidante pode ser dividida em enzimática, que inclui

a superóxido dismutase (SOD), a catalase (CAT) e a glutationa peroxidase (GSH-Px);

e em não-enzimática, constituída por grande variedade de substâncias antioxidantes,

de origem endógena, como a glutationa (GSH), e as de origem dietética. O sistema

de defesa antioxidante intrínseco, embora seja altamente efetivo, não é totalmente

suficiente, sendo necessário o acréscimo de antioxidantes da dieta, como vitaminas

lipossolúveis (vitamina A, vitamina E e betacaroteno), vitaminas hidrossolúveis

(vitamina C e vitaminas do complexo B) e oligoelementos (zinco, cobre, selênio e

magnésio) (PACKER & CADENAS, 2007).

Um excesso de EROs pode levar à oxidação descontrolada e indiscriminada

de importantes biomoléculas, afetando suas funções biológicas e/ou levando a um

desequilíbrio homeostático, o que é conhecido como estresse oxidativo. O dano

oxidativo potencial contra células e tecidos manifesta-se através de inativação de

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enzimas, mutações, ruptura de membranas, aumento da aterogenicidade de

lipoproteínas de baixa densidade, disfunção mitocondrial e morte celular. Duas razões

principais explicam esse desequilíbrio: 1) produção excessiva de EROs, que pode ser

desencadeada pelo metabolismo oxidativo, pela detoxificação de níveis elevados de

compostos xenobióticos (como poluição, pesticidas, álcool, fumo e gorduras

insaturadas consumidas em excesso) ou por uma ativação descontrolada de sistemas

produtores de EROs, como os fagócitos; e 2) deficiência da defesa antioxidante, como

consequência de carências nutricionais ou doenças genéticas (BENZIE & CHOI, 2014;

BENZIE, 2003; KEHRER & KLOTZ, 2015).

A cronicidade desse descompasso tem implicações relevantes sobre o processo

etiológico de diversas doenças, incluindo as cardiovasculares, obesidade, câncer,

diabetes e transtornos neurodegenerativos. Essas patologias apresentam como

características em comum a inflamação crônica, que em conjunto com o estresse

oxidativo, compõem um binômio importante no desenvolvimento das mesmas

(FERRARI, 2004; GREEN, BRAND & MURPHY, 2004).

1.2. A via Nrf2/Keap1 no estresse oxidativo e inflamação

A recomendação de uma dieta variada e balanceada está baseada nos

componentes dos alimentos que promovem benefícios à saúde. Diversos estudos

epidemiológicos mostraram que dietas ricas em frutas, verduras e legumes reduzem

o risco de desenvolver doenças crônicas (KAULMANN & BOHN, 2014). Os compostos

antioxidantes dos alimentos de origem vegetal, por exemplo, atuam tanto diretamente

na eliminação dos radicais livres, quanto indiretamente, ao estimular o sistema

antioxidante endógeno através da ativação do Nrf2, um fator de transcrição nuclear

que coordena a expressão de genes antioxidantes em resposta ao estresse oxidativo

fisiológico e fisiopatológico, apresentando função importante na proteção celular.

Dentre os indutores de Nrf2, pode-se citar substâncias endógenas, como o óxido

nítrico, o ácido nitro-oleico, o peróxido de hidrogênio, as lipoproteínas de baixa

densidade, as prostaglandinas, bem como compostos de origem exógena (AHMED et

al., 2017; STEFANSON & BAKOVIC, 2014).

1.2.1. Nrf2

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O Nrf2 pertence à família de genes conhecida como basic leucine zíper (bZIP)

que possui uma estrutura Cap ‘n’ Collar (CNC). É constituído por seis domínios

funcionais, designados Nrf2-ECH homology (Neh), de Neh1 ao Neh6, conforme

representado na Figura 1 (Anexos). Neh1 corresponde ao domínio CNC-bZIP, que

permite a formação de heterodímeros com as proteínas musculoaponeurotic

fibrosarcoma (Maf), necessárias para a ligação ao DNA. Neh2 consiste na porção

amino-terminal da proteína e é a região de ligação ao Keap1, repressor da atividade

do Nrf2. Esse domínio possui uma região de alta afinidade ao Keap1 – motivo ETGE

– e uma de baixa – motivo DLG. Neh3 corresponde à região carboxil-terminal da

proteína e está envolvido na ativação transcricional de genes dependentes do ARE,

que corresponde à uma sequência de nucleotídeos específicos localizada na região

promotora desses genes. Neh4 e Neh5 estão envolvidas com a ativação transcricional

e são regiões onde se ligam outros co-ativadores de transcrição, conhecidos como

CBP (cAMP-response-element-binding protein-binding protein) (AHMED et al., 2017;

STEFANSON & BAKOVIC, 2014).

Em condições de homeostasia do sistema redox, o Nfr2 se encontra inativo no

citoplasma, uma vez que é sequestrado pelo seu repressor Keap1. Este fica localizado

próximo à membrana plasmática e atua como uma proteína adaptadora para o

complexo ubiquitina ligase Cul3-Rbx E3, o qual é responsável pela ubiquitinação do

Nfr2, com consequente degradação proteassomal. Dessa forma, o Nrf2 apresenta

meia-vida curta e está em constante renovação, caracterizando um sistema de

feedback negativo, que previne um acúmulo de antioxidantes (AHMED et al., 2017;

STEFANSON & BAKOVIC, 2014).

1.2.2. Keap1

O Keap1 é composto por três domínios, conforme representado na Figura 1

(Anexos). BTB (bric-a-brac, tramtrac, broad complex) corresponde às regiões de

dimerização de duas subunidades de Keap1 e de ligação com o complexo Cul3-Rbx

E3. IVR (intervening linker region) é o domínio redox sensível, uma vez que é a região

onde estão localizados a maioria dos grupos tiol sensíveis dos resíduos de cisteína

(Cis-SH) (STEFANSON & BAKOVIC, 2014). A proteína Keap1 humana possui 27

resíduos de cisteína e cada um parece responder de modo particular a tipos diferentes

de eletrófilos (KEUM, 2011). O domínio DGR (double glycine repeat/6 Kelch repeat) é

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a região de ligação com a actina e com o Nrf2. Cada subunidade do dímero de Keap1

possui, portanto, uma região de ligação ao Nrf2 (STEFANSON & BAKOVIC, 2014).

1.2.3. Ativação do Nrf2

O complexo Nrf2-Keap1 atua como sensor intracelular de alterações no

equilíbrio redox. Em resposta a eletrófilos e ao estresse oxidativo, podem ocorrer

modificações nos grupos tiol sensíveis, o que promove a ruptura da sua ligação com

o Nrf2, caracterizando o mecanismo Keap1 dissociation. Além disso, as modificações

nos resíduos de cisteína do Keap1 podem resultar em alterações conformacionais que

levam ao rompimento apenas da ligação fraca entre Keap1 e Nrf2, o que já impede a

ubiquitinação, caracterizando a teoria Keap1 hinge-and-latch, atribuída aos motivos

ETGE e DLG do domínio Neh2 do Nfr2. Um outro importante mecanismo de ativação

do Nrf2 pode ocorrer através da inativação do Keap1 por um complexo Cul3-

dependente, o qual o ubiquitiniza, consistindo no modelo Keap1 ubiquitination.

Também há evidências de que a inibição da formação do complexo Nrf2-Keap1 pode

ocorrer via mecanismos Keap1-independentes, através da fosforilação do Nrf2 por

certas proteínas quinases em resposta ao aumento de oxidantes, o que leva à sua

dissociação do Keap1 (QIN & HOU, 2016; BAIRD & DINKOVA-KOSTOVA, 2011).

Consequentemente, todas essas vias geram um acúmulo de Nfr2 no interior das

células, com posterior translocação nuclear. Uma vez no núcleo, o Nrf2 forma

heterodímeros com proteínas Maf e liga-se ao ARE localizado na região promotora de

genes-alvo, ativando a transcrição de genes que codificam enzimas antioxidantes e

detoxificantes de Fase II, dentre as quais pode-se citar a NAD(P)H:quinona

oxiredutase 1 (NQO1), glutationa S-transferase (GST), heme oxigenase-1 (HO-1),

GSH-Px, glutamato-cisteína ligase (GCL), CAT, SOD, UDP-glicuronil transferase

(UGT) e o sistema tioredoxina-peroxirredoxina (AHMED et al., 2017; BAIRD &

DINKOVA-KOSTOVA, 2011; STEFANSON & BAKOVIC, 2014).

1.2.4. A relação Nrf2- NFκB

O Nrf2 também está envolvido na citoproteção contra a inflamação devido à

sua capacidade de antagonizar o fator de transcrição NFκB (nuclear factor kappa-

light-chain-enhancer of activated B cells). Este regula a reposta imune celular em

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infecções e em níveis elevados de estresse oxidativo, promovendo a expressão de

genes inflamatórios codificantes de citocinas pró-inflamatórias. Essas citocinas, por

sua vez, podem estimular a produção de EROs, agravando ainda mais o desequilíbrio

do status redox (AHMED et al., 2017). A ativação do Nrf2 eleva o nível de Keap1 livre

para capturar IKKβ, proteína citosólica responsável pela fosforilação do IκBα (NFκB

inhibitor-alpha), inibidor do NFκB. Dessa forma, a formação do complexo Keap1-IKKβ

reduz a degradação do IκBα, a qual permanece ligada ao NFκB, inibindo sua ativação.

Em situações de estresse oxidativo elevado, as alterações que ocorrem nos grupos

tiol do Keap1 se tornam irreversíveis, interrompendo o sequestro de IKKβ, com

consequente ativação do NFκB. Este, por sua vez, é capaz de inibir o Nrf2,

caracterizando o ponto de transição entre estresse oxidativo e inflamação

(STEFANSON & BAKOVIC, 2014).

1.3. Sulforafano

O SFN [1-isotiocianato-(4R)-(metilsulfinil)butano: CH3S(O)(CH2)4-N=C=S]

pertence ao grupo dos compostos organosulfurados dos fitoquímicos e é um

isotilcianato, caracterizado pela presença do grupo funcional –N=C=S. A sua principal

fonte são os vegetais crucíferos, constituintes do gênero Brassica e da família

Brassicaceae (KEUM, 2011). Seu precursor é a GRN, a qual não possui bioatividade

inerente e pertence ao grupo dos glicosinolatos, os quais são classificados como

tioglicosídeos por conter um grupamento ciano (N=C) e um grupamento sulfato (SO4).

Quando a planta é processada pelo corte, cozimento ou pela mastigação, a GRN é

exposta à ação da enzima vegetal mirosinase (β-tioglicosidase) e então é hidrolisada

a SFN, conforme representado na Figura 2 (Anexos) (BODDUPALLI et al., 2012;

KEUM, 2011). Tal conversão também pode ocorrer através da ação de uma isoforma

dessa enzima produzida por bactérias da flora intestinal humana (KEUM, 2011), como

Bifidobacterium, Lactobacillus, Bacteroides e Enterococcus (TIAN et al., 2018),

apresentando ampla variabilidade de conversão interindividual (de cerca de 1% a 40%

da dose) (FAHEY et al., 2012).

Em decorrência da sua lipofilicidade e tamanho molecular, o SFN é absorvido

facilmente nos enterócitos por meio de difusão passiva, conjugado com a forma

reduzida da GSH pela GST e metabolizado pela via do ácido mercaptúrico até a forma

N-acetil-sulforafano (KEUM, 2011). O brócolis é a principal fonte de SFN, com cerca

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de 75% dos seus glicosinolatos correspondendo à GRN (HOUGHTON, FASSETT &

COOMBES, 2016). Uma análise transversal de um estudo prospectivo de coorte

conduzido na Espanha observou um consumo diário médio de vegetais crucíferos de

11,3 g, o que representa cerca de 5% da ingestão total de vegetais e contribui com

6,5 mg de glicosinolatos por dia (AGUDO et al., 2008). Um outro estudo verificou que

menos de 1 em cada 5 americanos consumiram vegetais crucíferos no período

analisado, representando apenas 3% da população investigada, com ingestão média

de 0,2 porções por dia (JOHNSTON, TAYLOR & HAMPL, 2000).

1.3.1. Efeitos do processamento do vegetal

A maneira como o vegetal é cozido parece ser o principal determinante da

conversão de GRN em SFN. O consumo de brócolis levemente cozidos (2 minutos no

micro-ondas a 750 W) resultou em 3 vezes mais SFN em relação à versão cozida por

completo (5 minutos no micro-ondas a 750 W) (RUNGAPAMESTRY et al., 2007). Tal

fato pode ser explicado pela inativação térmica da mirosinase, que ocorre em

temperaturas superiores a 60ºC (TIAN et al., 2018). Nesse mesmo sentido, a

biodisponibilidade do isotiocianato foi 10 vezes maior para o consumo de sopa

preparada à base de brócolis frescos versus congelados, em função da perda de

atividade da mirosinase durante o processo de congelamento (SAHA et al., 2012). O

cozimento leve é capaz de maximizar a formação de SFN uma vez que desnatura

proteínas Epithiospecifier (ESP), inibidores não catalíticos da mirosinase

responsáveis pela conversão dos glicosinolatos em derivados nitrila, sem levar à

perda de atividade da mirosinase (SAHA et al., 2012). Dessa forma, o consumo de

vegetais crucíferos crus não é uma forma eficiente de obtenção dos benefícios

propiciados pelo SFN. A condição ideal de processamento para maximização da

concentração de SFN foi determinada como sendo de 38ºC durante 3 horas na

presença de 0,22 mg de ácido ascórbico por grama de brócolis fresco. O teor de SFN

atingido foi de 8,0 µmol/g de massa seca, representando um aumento de 585% em

comparação ao vegetal fresco, equivalente a 94% da conversão de GRN (MAHN &

PÉREZ, 2016).

1.3.2. Biodisponibilidade

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Um estudo de revisão identificou que a concentração plasmática máxima de

SFN pode variar drasticamente entre cerca de 0,03 a 7 mol/L, atingindo o pico entre

1,5 e 3 horas após a ingestão de GRN ou preparações de brócolis (PATEL, MANN &

CHAPPLE, 2018). Tal variação pode ser atribuída em grande parte às diferenças no

processamento térmico do vegetal, bem como à variabilidade na composição da

microbiota, conforme supracitado. Os metabólitos do SFN são rapidamente

eliminados na urina dentro de 12 a 24 horas, tanto em animais quanto em humanos

(TAROZZI et al., 2013).

Em ratos o SFN atingiu os tecidos dos tratos gastrointestinal e geniturinário,

principalmente o estômago e a bexiga, bem como de outros órgãos, como fígado,

pâncreas, pulmão e coração. A distribuição pelos tecidos foi heterogênea tanto em

relação à concentração quanto à capacidade de induzir a expressão de enzimas

citoprotetoras de Fase II (VEERANKI et al., 2013). Um estudo com mulheres detectou

metabólitos nas concentrações de 0,05 a 3,95 μmol/mg de tecido das mamas uma

hora após a ingestão de 200 μmol de SFN (CORNBLATT et al., 2007).

Um estudo cross-over comparou a biodisponibilidade de 2 formulações

preparadas à base de brotos de brócolis: uma rica em GRN e outra rica em SFN. A

excreção urinária do SFN e seus metabólitos foi substancialmente superior para a

formulação contendo SFN (70%) em comparação à formulação rica em GRN (5%), a

qual por sua vez apresentou uma taxa de eliminação mais lenta, propiciando atingir

um steady-state em oposição ao efeito de ataque obtido com a formulação rica em

SFN. Esse resultado sugere que uma formulação ideal deve conter tanto GRN quanto

SFN, de modo que resulte em concentrações máximas e mais prolongadas,

amplificando a atividade deste fitoquímico (EGNER et al., 2011). Um resultado

semelhante foi observado por Fahey et al., ao comparar a excreção urinária de

ditiocarbamatos após a dose única de extrato de brotos de brócolis contendo GRN ou

SFN em duas populações diferentes, uma da zona rural chinesa de Han, e outra

miscigenada de Baltimore. A eliminação de metabólitos do SFN variou drasticamente

em ambas as populações após o consumo do extrato rico em GRN (cerca de 1% a

40% da dose), enquanto que a administração de SFN resultou em uma conversão

maior e mais uniforme (70 a 90%) (FAHEY et al., 2012).

Um estudo comparou a suplementação de 121 µmol de GRN com a ingestão

de 40 g de brotos de brócolis frescos contendo 150 µmol de GRN. A biodisponibilidade

do SFN foi significativamente inferior (7 vezes menor) para a suplementação,

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evidenciando que esta alternativa, desprovida da atividade da mirosinase, não

propicia quantidades equivalentes do composto bioativo em comparação ao consumo

de brotos de brócolis. Embora a mirosinase intestinal seja capaz de converter

glicosinolatos em seus metabólitos bioativos, a presença adicional da enzima vegetal

é importante para que se atinja uma máxima biodisponibilidade de isotilcianatos

(CLARKE et al., 2011).

Além disso, a composição da refeição não parece interferir significativamente

na biodisponibilidade do sulforafano (RUNGAPAMESTRY et al., 2007).

1.3.3. Ativação do Nfr2

O SFN tem sido reportado como potente indutor da sinalização do Nrf2. A

incubação de enterócitos de camundongos com SFN resultou na indução do Nrf2 em

um período inferior a 30 minutos, com um concomitante aumento da ativação

transcricional de seus genes alvos, que resultou em maiores níveis de HO-1, NQO1,

GST, γ-glutamilcisteína sintetase (γ-GCS) e UGT (THIMMULAPPA et al., 2002). Tal

efeito também foi observado em ratos diabéticos, através da indução da expressão de

HO-1 e NQO1, além de ter sido verificado o efeito anti-inflamatório do SFN devido à

redução da expressão de NFκB (NEGI, KUMAR & SHARMA, 2011). Em ratos

submetidos a traumatismo craniano, a exposição ao SFN aumentou a expressão de

HO-1 e NQO1 e reduziu o dano oxidativo causado pelas lesões corticais, diminuindo

a morte neuronal, o volume da contusão e a disfunção neurológica. Já camundongos

knockout para Nrf2 não se beneficiaram dos mesmos efeitos do SFN, evidenciando o

papel fundamental deste fator de transcrição para a defesa celular contra o estresse

oxidativo (HONG et al., 2010). Em contrapartida, observou-se que ratos tratados com

SFN não apresentaram elevação nos níveis de mRNA (messenger ribonucleic acid)

do Nrf2, sugerindo que o aumento nos níveis dessa proteína após exposição ao SFN

é regulado pós-transcricionalmente, estando apenas relacionado à redução da sua

taxa de degradação (MCMAHON et al., 2003).

O carbono central do grupo funcional do SFN (–N=C*=S) é eletrofílico e reage

rapidamente com enxofre, nitrogênio e oxigênio nucleofílicos, como os que estão

presentes na estrutura de aminoácidos. Sugere-se, dessa forma, que o SFN pode

reagir com os grupos tiol sensíveis da proteína Keap1, conforme representado na

Figura 3 (Anexos), contribuindo para a estabilização do Nrf2. Hong, Freeman e Liebler

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investigaram essa interação com uma proteína Keap1 recombinante. Observaram que

o aduto Keap1-SFN é lábil e que os resíduos de cisteína responsáveis pela interação

com o fitoquímico são variáveis, dependendo das condições do experimento, como a

concentração de SFN utilizada (HONG, FREEMAN & LIEBLER, 2005). Além disso,

análises mutagênicas revelaram que um grande número de resíduos de cisteína na

posição 151 resulta em alterações na conformação estérica, diminuindo a capacidade

de interação Keap1-Cul3 e, consequentemente, a taxa de ubiquitinação do Nrf2

(EGGLER et al., 2009). Baird e Dinkova-Kostova também concluíram que a

estabilização do Nrf2 pela exposição ao SFN é resultante de alterações

conformacionais no Keap1, as quais dificultam a ubiquitinação pelo complexo Cul3

(BAIRD & DINKOVA-KOSTOVA, 2013). Contudo, ainda não se sabe se o SFN pode

formar um aduto estável com a proteína Keap1 endógena nas células humanas e,

tampouco em quais resíduos a conjugação ocorreria.

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2. OBJETIVO

O objetivo do presente trabalho foi revisar as evidências já publicadas de

estudos de intervenção acerca do potencial indutor do sulforafano sobre a via

Keap1/Nrf2/ARE que demonstrem a sua eficácia clínica como alternativa terapêutica

para o equilíbrio do status oxidante do organismo humano.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

Uma vasta pesquisa na literatura científica foi conduzida para a corrente

revisão, utilizando as bases de dados PubMed, MedLine e Science Direct. Foram

incluídas publicações de ensaios clínicos relevantes, em inglês ou português, a partir

do ano 2007, sobre os possíveis efeitos antioxidantes do consumo de sulforafano,

glicorafanina ou brócolis em humanos. Os descritores consultados no título e/ou

resumo dos trabalhos foram: sulforaphane (sulforafano), glucoraphanin

(glicorafanina), cruciferous vegetables (vegetais crucíferos), Nrf2, Keap1, oxidative

stress (estresse oxidativo) e antioxidant (antioxidante), utilizando os termos AND e

OR. Os desfechos de interesse considerados foram primordialmente parâmetros

moleculares envolvidos na via do Nrf2, mas também se estendeu aos relacionados

com o estresse oxidativo e a inflamação, quando passíveis de vínculo à via de

sinalização desse fator de transcrição. Ademais, embora um trabalho não tenha

avaliado tais parâmetros, foi incluído na revisão de forma independente por ter sido

considerado relevante, uma vez que os desfechos analisados foram relacionados ao

estado oxidativo. Não foram incluídos estudos realizados e não publicados,

dissertações e teses, tampouco trabalhos não disponibilizados na íntegra.

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4. RESULTADOS

Diversos estudos clínicos vêm sendo desenvolvidos recentemente para avaliar

o potencial antioxidante do SFN. Quinze artigos foram selecionados de acordo com a

combinação dos descritores e filtros supracitados. O ano de publicação variou de 2007

a 2016, sendo a maioria de 2014 e 2016. A média amostral foi de 57,4 sujeitos de

pesquisa (variou de 10 a 267) e o tempo médio de intervenção de 30,1 dias (variou de

1 a 126 dias). O tipo de intervenção predominante foram os brotos de brócolis,

utilizados em homogeneizados (26,7%); bebidas (20%, um dos estudos também

empregou na formulação de enxaguante bucal), cápsulas de SFN (20%), cápsulas de

GRN (6,7%), formulação tópica (6,7%), pó (6,7%) e consumidos inteiros (13,2%).

Cinco estudos utilizaram BroccoSprouts®, que são brotos de brócolis com níveis

significativos de SFN, desenvolvidos por cientistas da Johns Hopkins University

School of Medicine e comercializados nos mercados dos Estados Unidos. Quatro

estudos não determinaram a quantidade de GRN ou SFN presente em cada dose. O

espaço amostral constituiu de indivíduos saudáveis, fumantes ou não, com doenças

respiratórias, doença falciforme, esteatose hepática, infecção gástrica por H. pylori,

diabetes tipo 2, autismo ou sujeitos a um maior risco de desenvolvimento de câncer.

Sete trabalhos estabeleceram restrições em relação ao consumo de alimentos ricos

em isotiocianatos, um estudo excluiu aqueles que utilizavam suplementos

antioxidantes, enquanto que 2 pesquisas não determinaram nenhum tipo de limitação

e 5 não informaram. Dos 15 estudos, apenas 2 empregaram brotos de brócolis in

natura e 6 não informaram a forma de processamento. Três trabalhos adicionaram

mirosinase na preparação da amostra em estudo, enquanto que 5 não o fizeram, e 7

não informaram. Os resultados encontrados estão sintetizados na Tabela 1 (Anexos).

Um estudo clínico de Fase I, aberto, de escalonamento de dose de

homogeneizado de brotos de brócolis contendo 50 g de BroccoSprouts® foi realizado

em indivíduos com doença falciforme, cuja patologia inclui a redução da capacidade

oxidativa, a qual pode estar relacionada com a desregulação do Nrf2. Sugeriu-se que

esse composto possa prover benefícios terapêuticos para esses pacientes ao

restaurar o estado oxidativo e reativar a expressão de hemoglobina fetal, a qual é

predominante no período fetal e, em adultos normais, representa menos de 1% das

hemoglobinas totais, com porcentagem média de 0,4% e é capaz de inibir a

deformação dos eritrócitos, contribuindo para a redução da gravidade da doença (DE

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CASSIA MOUSINHO-RIBEIRO et al., 2008). O primeiro desfecho do estudo foi

determinar a segurança e a tolerabilidade; o segundo, analisar a alteração de

marcadores de resposta fisiológica indicativos da ativação do Nrf2.

Dez participantes foram tratados em 3 níveis de dose, de modo que 5 foram

randomizados para cada uma (50 g, 100 g e 150 g), todas administradas 1 vez ao dia,

durante 21 dias. Cinco participantes foram alocados para mais de um braço. A

intervenção foi bem tolerada e, os poucos eventos adversos ocorridos, não foram

relacionados ao seu consumo. Houve aumento no nível plasmático do mRNA de HO-

1 (p=0,02), bem como uma tendência de elevação do mRNA de HBG1 (subunidade

da hemoglobina fetal) (p=0,10), contudo sem alterações significativas da hemoglobina

fetal e de NQO1. O estudo concluiu que o homogeneizado de brotos de brócolis, em

doses adequadas, é seguro para pacientes com doença falciforme e pode induzir

alterações ao nível da expressão gênica (DOSS et al., 2016).

Em um estudo clínico randomizado, controlado por placebo, duplo cego, 52

homens japoneses portadores de esteatose hepática receberam uma vez ao dia

cápsulas de extrato de brotos de brócolis de 1 dia de germinação contendo 30 mg de

GRN (aproximadamente 69 µmol) (n=24) ou placebo (n=28), durante 2 meses.

Marcadores da função hepática, como os níveis séricos de aspartato e alanina

aminotransferase (AST e ALT, respectivamente) e γ-glutamil transpeptidase (γ-GTP),

bem como a concentração urinária de 8-hidroxideoxiguanosina (8-OHdG), um

marcador de estresse oxidativo, foram comparados antes e depois da intervenção. A

suplementação com GRN diminuiu significativamente os níveis de ALT (-10,7%) e de

γ-GTP (-8,9%), bem como de 8-OHdG (-20%), enquanto que não houveram

diferenças significativas no grupo que recebeu placebo (-4,3% no valor de ALT e -

1,1% para γ-GTP). Além disso, a redução da 8-OHdG urinária foi correlacionada

significativamente com a diminuição dos níveis de ALT e γ-GTP no grupo que recebeu

a GRN. O estudo concluiu que a suplementação com extrato de brotos de brócolis

contendo GRN parece ter alta efetividade para melhorar a função hepática através da

redução do estresse oxidativo (KIKUCHI et al., 2015).

Uma vez que o estresse oxidativo é um fator importante na fisiopatologia da

asma e parece ser o mecanismo principal pelo qual poluentes oxidantes medeiam

processos inflamatórios, um estudo clínico de escalonamento de dose, simples-cego,

controlado por placebo foi conduzido para investigar os efeitos da intervenção com

SFN uma vez ao dia durante 3 dias na expressão das enzimas de Fase II glutationa-

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s-transferase M1 (GSTM1), glutationa-s-transferase P1 (GSTP1), NQO1 e HO-1 nas

vias aéreas superiores de 57 participantes. Empregou-se um escalonamento de dose

de homogeneizado de brotos de brócolis BroccoSprouts® contendo 0,283 µmol de

SFN por mL (25, 50, 75, 100, 125, 150, 175 e 200 g) para monitorar a tolerabilidade e

a toxicidade, de modo que 5 participantes completaram cada nível de dose antes que

fossem recrutados novos indivíduos para o próximo nível. Cada sujeito de pesquisa

recebeu apenas um regime de dose para evitar potenciais interferências de doses

anteriores. Uma vez estabelecido a segurança e a tolerabilidade, novos participantes

foram recrutados para a avaliação dose-resposta (125, 150, 175 e 200 g). Cinco

participantes receberam 200 g de homogeneizado de brotos de alfafa como placebo,

visto que são similares em aparência e textura a brotos de brócolis, mas não

apresentam quantidades significativas de SFN, tampouco de outros glicosinolatos ou

isotiocianatos. Todos os participantes toleraram as doses de SFN sem apresentar

eventos adversos significativos (5 sujeitos apresentaram eventos leves, dos quais 4

foram gastrointestinais). Os valores séricos de SFN (0,0115-0,0121 nmol) revelaram

que este composto é biodisponível. O aumento na expressão das enzimas de Fase II

nas células de lavagem nasal foi significativo em doses maiores que 100 g (51 µmol

de SFN) e ocorreu de forma dose-dependente, sendo que a indução máxima foi

observada na dose mais elevada, de 200 g (102 µmol de SFN) (p ≤ 0,004). Houve

aumento significativo para todas as enzimas de Fase II analisadas, conferindo

consistência à ação indutora do SFN sobre o Nrf2, e uma forte correlação positiva foi

evidenciada para as enzimas GSTP1 (101%) e NQO1 (199%). O estudo concluiu que

a suplementação com SFN é segura e eficaz na indução da expressão de enzimas de

Fase II na mucosa das vias aéreas superiores, demonstrando seu potencial

antioxidante como estratégia para reduzir os efeitos inflamatórios do estresse

oxidativo (RIEDL, SAXON & DIAZ-SANCHEZ, 2009).

Um outro estudo clínico, pré-pós experimental foi realizado para determinar se

a administração de extrato de brotos de brócolis, contendo SFN, pode contribuir para

o controle de alergias do sistema respiratório e asma após exposição a uma

suspensão aquosa contendo 300 µg de partículas de escape de diesel (equivalente a

40 horas de exposição a poluentes do ar nas rodovias de Los Angeles). A fase de

screening selecionou 29 indivíduos saudáveis, não-fumantes, positivos para

alérgenos de gatos e responsivos à suspensão de diesel (>10.000 leucócitos/mL em

5 mL de fluido de lavagem nasal coletado após 24 horas da exposição). Os indivíduos

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foram expostos novamente às partículas de diesel na fase controle e, após um período

de whasout de quatro semanas, iniciaram a fase intervencionista com 100 µmol de

SFN durante 4 dias e verificação da resposta inflamatória nasal (níveis de leucócitos).

Além disso, os participantes foram submetidos à genotipagem para identificar a

presença de mutação nula da glutationa S-transferase M1 (GSTM1), a qual pode

predispor os indivíduos a processos alérgicos, em função da maior indução de

Imunoglobulina E (IgE), bem como do genótipo GSTP1 Ile/Ile105, que contribui para

maiores níveis de liberação de histamina mediante exposição a poluentes. A média

de leucócitos aumentou 66% na fase de screening e 85% na fase controle após 24

horas de exposição à suspensão de partículas de diesel, enquanto que diminuiu 54%

após a intervenção (p<0,01 em 6 horas e p<0,001 em 24 horas). Não houve diferença

significativa entre a resposta à administração do extrato de brócolis e a presença de

polimorfismos em GSTM1 e GSTP1 Ile/Ile105 (HEBER et al., 2014).

Ainda abordando os benefícios do SFN nas vias aéreas, um terceiro estudo

clínico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo avaliou o efeito de uma dose

diária de 200 g de homogeneizado de brotos de brócolis contendo 111 g de

BroccoSprouts® durante 4 dias na resposta nasal ao vírus atenuado da Influenza em

16 indivíduos fumantes, os quais são mais suscetíveis a essa infecção, e em 35 não-

fumantes. Amostras seriadas de fluido de lavagem nasal e de biópsia de epitélio nasal

foram coletadas para avaliar as citocinas nasais, a replicação viral e a expressão de

enzimas dependentes de Nrf2, após a aplicação da vacina intranasal do vírus

atenuado da influenza. Verificou-se uma redução significativa das respostas da

interleucina 6 (IL-6) (p=0,03) e da quantidade viral (p=0,01), bem como um aumento

significativo da NQO1 (p=0,04) nos fumantes tratados com o homogeneizado de

brotos de brócolis em comparação ao grupo que recebeu placebo. Uma tendência

similar de redução da quantidade de vírus e de elevação de NQO1 foram observadas

em não-fumantes tratados, embora não tenham atingido significância estatística

(NOAH et al., 2014).

Em contrapartida, outros 3 trabalhos não encontraram resultados favoráveis à

intervenção com SFN nas vias aéreas.

Um dos estudos, randomizado, controlado por placebo e duplo-cego foi

conduzido com 40 indivíduos asmáticos para determinar se a ingestão de brotos de

brócolis inteiros por 3 dias é capaz de melhorar a inflamação e os parâmetros

fisiológicos das vias aéreas, bem como o estresse oxidativo em portadores dessa

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doença. Cem gramas de brotos de brócolis com 11 dias da germinação ou de alfafa

(placebo) foram consumidos em sanduiches uma vez ao dia. Não se observou

redução dos níveis de óxido nítrico exalado, estresse oxidativo e marcadores

inflamatórios, tampouco houve indução de genes antioxidantes alvos do Nrf2 (HO-1,

NQO1, subunidade catalítica da glutamato cisteína ligase – GCLc – e subunidade

modificadora da glutamato cisteína ligase – GCLm) nas células epiteliais nasais e

células mononucleares do sangue periférico, embora a concentração sérica de SFN

tenha aumentado acentuadamente (SUDINI et al., 2016).

A capacidade antioxidante do SFN também não se mostrou favorável em um

estudo clínico de fase II, randomizado, controlado por placebo, paralelo, duplo-cego

conduzido em indivíduos com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Oitenta

e nove participantes foram randomizados 1:1:1 para receber doses diárias de

cápsulas de placebo ou de 4,4 mg (25 µmols) ou 26,6 mg (150 µmols) de SFN extraído

de extrato de brotos de brócolis, durante 4 semanas. Avaliou-se as alterações na

expressão de genes alvos do Nrf2 (NQO1, HO-1, AKR1C1 e AKR1C3) em macrófagos

alveolares e células epiteliais brônquicas, bem como mensurou-se o estresse

oxidativo, a inflamação das vias aéreas e a função pulmonar. Ocorreram alterações

de 0,79 a 1,45 na expressão de genes alvos do Nrf2, porém não houve um padrão

consistente entre os 3 grupos, tampouco variações significativas. Além disso, não

houveram diferenças entre os grupos com relação à inflamação das vias aéreas e à

função pulmonar. Contudo, a absorção do SFN de forma dose-dependente foi

confirmada através da detecção de seus metabólitos (ditiocarbamatos) no plasma

(WISE et al., 2016).

Desfechos promissores para as vias aéreas também não foram obtidos em um

estudo clínico randomizado, controlado por placebo, crossover, conduzido com 15

voluntários saudáveis não-fumantes e não-atópicos para verificar se a suplementação

com homogeneizado de brotos de brócolis contendo SFN é uma intervenção efetiva

contra a inflamação neutrofílica das vias aéreas induzida pela inalação de ozônio (O3).

Os participantes receberam ou 200 g de homogeneizado de brotos de brócolis

(equivalentes a 111 g de BroccoSprouts®) ou 200 g de brotos de alfafa como placebo

uma vez ao dia, durante 3 dias, e, após um período mínimo de washout de 14 dias, o

tratamento oposto durante a fase de crossover. No terceiro dia de cada intervenção,

os participantes foram expostos ao ozônio (0,4 ppm) por 2 horas enquanto realizavam

4 sessões de 15 minutos de exercício moderado intermitente em uma esteira,

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intercalados por 15 minutos de descanso. Mediu-se as citocinas e a contagem de

células no escarro antes da intervenção e 4 horas após a exposição ao O3, bem como

os níveis de SFN e seus conjugados no sangue. Além disso, também se verificou a

expressão de genes regulados pelo Nrf2 (HO-1, NQO1, GSTM-1) no sangue e nas

células epiteliais nasais. O tratamento com homogeneizado de brotos de brócolis

aumentou significativamente os níveis de SFN (p=0,001) e de seus metabólitos N-

acetil-L-cisteína-SFN (p=0,002) e glutationa-SFN (p<0,001) em comparação ao

placebo. A exposição ao O₃ aumentou significativamente a quantidade de neutrófilos

no escarro de ambos os grupos, embora não se tenha observado diferença

significativa entre eles, tampouco na expressão do Nrf2 e dos genes de defesa

antioxidante de fase II (DURAN et al., 2016).

A magnitude e a duração da farmacodinâmica da dose diária de 600 µmol de

GRN e 40 µmol de SFN presentes em uma bebida preparada à base de brotos de

brócolis BroccoSprouts® de 3 dias de germinação foi avaliada durante 12 semanas

de intervenção em um estudo clínico randomizado controlado por placebo com 291

participantes recrutados em uma área rural da localidade chinesa de He-He Township,

em Qidong, caracterizada pela exposição a níveis excessivos de poluentes

atmosféricos, os quais tem sido associados a um maior risco de câncer de pulmão e

doenças cardiopulmonares. A excreção urinária de ácidos mercaptúricos de três

poluentes tóxicos do ar foi mensurada antes e durante a intervenção, verificando-se

que a ingestão da bebida com brotos de brócolis aumentou significativamente (p≤0,01)

a detoxificação do benzeno (61%) e da acroleína (23%), mas não do crotonaldeído

em comparação ao consumo do placebo. Sugere-se assim, que brotos de brócolis

podem prover uma resposta protetora sustentável, sendo uma forma econômica de

atenuar os riscos de alguns poluentes do ar para a saúde a longo prazo. Além disso,

a excreção de conjugados do benzeno foi maior nos indivíduos positivos para o alelo

GSTT1 (glutationa S-transferase T1 – um importante modificador do metabolismo do

benzeno) em ambos os braços, iniciando de uma linha de base superior no grupo

tratado, refletindo o efeito da intervenção (EGNER et al., 2014).

O potencial do SFN como alterativa terapêutica contra carcinógenos indutores

do câncer oral foi investigado em um estudo clínico piloto de braço único, crossover

com 10 voluntários saudáveis que avaliou a biodisponibilidade e a farmacodinâmica

de 3 diferentes tratamentos derivados de extrato de brotos de brócolis, de acordo com

os níveis urinários de SFN e de seu metabólito N-acetilcisteína-SFN, bem como com

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a expressão de NQO1 no epitélio oral. Os participantes foram submetidos a 5 dias de

tratamento para cada intervenção (Regime 1: bebida contendo 600 μmol de GRN;

Regime 2: bebida contendo 150 μmol de SFN; Regime 3: enxaguante bucal contendo

150 μmol de SFN), com um mínimo de 3 dias de washout entre cada uma. A ingestão

de bebida rica em SFN apresentou a melhor biodisponibilidade (p=0,0013), enquanto

que foi insignificante para o enxaguante bucal. Uma maior variabilidade entre os níveis

urinários de SFN e seus metabólitos foi observada no consumo da bebida rica em

GRN. A expressão do NQO1 aumentou em 2 vezes ou mais em 6 dos 9 participantes

que ingeriram bebida contendo GRN; 3 dos 6 que consumiram bebida contendo SFN;

e 3 dos 9 indivíduos expostos ao enxaguante bucal, rico em SFN. Além disso, o nível

de mRNA de NQO1 mudou significativamente em função do tipo de tratamento

(p=0014) e dia da intervenção (p=0,0029), com um aumento significativo no dia 5 do

Regime 1 (p<0,0001) (BAUMAN et al., 2016).

Visando o desenvolvimento de estratégias para a proteção contra o câncer de

pele desencadeado pela luz UV, o potencial do SFN de induzir enzimas de Fase II

também foi investigado em um estudo de escalonamento de dose, controlado por

placebo, matched pair que analisou a segurança e a eficácia da aplicação tópica de

extrato de brotos de brócolis em doses simples ou múltiplas em 17 voluntários. A

segurança foi analisada mediante aplicação de no máximo 2 doses de SFN por

participante (no centro de um círculo de 1 cm de diâmetro desenhado em regiões

diferentes do antebraço): 0,534 e 5,34 nmol (n=4); 10,7 e 21,4 nmol (n=2); 42,7 e 85,4

nmol (n=2); 170 e 340 nmol (n=2); e 681 nmol (n=2). Nenhum efeito adverso

significativo foi verificado, exceto em um participante que recebeu a dose mais

elevada (681 nmol), o qual desenvolveu eritema plano transitório de 3 mm. A eficácia

foi mensurada mediante a aplicação de doses únicas de 5, 40, 170 e 340 nmol; e de

doses tríplices de 150, 300, 450 e 600 nmol. Uma correlação fortemente significativa

entre a dose e a atividade enzimática de NQO1 foi observada em biópsias de punção

cutânea de 3 mm de espessura (p<0,0009). O tratamento desencadeou elevação

máxima de 1,5 vezes naqueles que receberam única aplicação de 170 nmol e 340

nmol, bem como de 4,5 vezes após aplicação de três doses de 450 nmol em intervalos

de 24 horas. As aplicações de doses únicas de 5 ou 40 nmol não resultaram em

alterações significativas e a magnitude da indução reduziu na dose cumulativa mais

elevada (600 nmol), sugerindo uma dose ótima, acima ou abaixo da qual pode-se

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comprometer a eficácia. Tais resultados evidenciam a ação indutora do SFN na

resposta de enzimas de Fase II (DINKOVA-KOSTOVA et al., 2007).

A atividade antioxidante do SFN também tem sido investigada na infecção

gástrica por H. pylori. Um estudo clínico randomizado, duplo-cego, controlado por

placebo avaliou o efeito da intervenção com cápsulas de 250 mg de extrato de brotos

de brócolis contendo 1 mg de SFN durante 4 semanas na densidade da infecção e na

lesão da mucosa gástrica. Mediu-se a densidade da infecção através de teste de ureia

respiratória e de exame gastroscópico, que avalia a concentração de amônia no suco

gástrico (indivíduos infectados por H. pylori apresentam menores níveis de ureia e

concentrações maiores de amônia, a qual está relacionada diretamente com a

gravidade da gastrite). Além disso, também se investigou a quantidade na mucosa

gástrica de malondialdeído, um produto da peroxidação lipídica e, portanto, um

biomarcador de dano oxidativo, e da GSH reduzida, um biomarcador antioxidante. Os

participantes foram randomizados de forma duplo-cega em três grupos: 33 positivos

para H. pylori foram tratados com extrato de brotos de brócolis (Grupo A); 28 positivos

para H. pylori receberam placebo (Grupo B); e 28 negativos para H. pylori foram

submetidos à intervenção com extrato de brotos de brócolis (Grupo C). O tratamento

com extrato de brotos de brócolis não afetou significativamente os valores do teste de

ureia (p=0,634), tampouco as concentrações de amônia (p=0,505) em aspirados do

suco gástrico no Grupo A. A concentração de malondialdeído reduziu

significativamente nos Grupos A (p=0,006) e C (p<0,001), enquanto que a

concentração de GSH aumentou ligeiramente nesses dois grupos,

independentemente do perfil de infecção por H. pylori (p=0,332). Além disso,

observou-se que as concentrações basais de GSH nos 61 participantes H. pylori (+)

foram inferiores às dos 28 indivíduos H. pylori (-), embora essa diferença não tenha

sido significativa (p=0,526). O estudo concluiu que o extrato de brotos de brócolis não

diminui a densidade da infecção por H. pylori, mas que é capaz de reduzir a

peroxidação lipídica na mucosa gástrica e pode exercer ação citoprotetora na gastrite

induzida por essa bactéria (CHANG et al., 2015).

Um outro estudo clínico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo foi

conduzido com 48 indivíduos infectados por H. pylori para avaliar o efeito gástrico do

consumo diário de 70 g de brotos de brócolis de 3 dias de germinação (contendo 420

µmol de GRN) durante 8 semanas, em comparação à mesma quantidade de brotos

de alfafa, utilizados como placebo. Para tanto, realizou-se um estudo preliminar com

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alguns voluntários visando verificar se a dose planejada de 50 g de brotos de brócolis

seria capaz de aumentar a expressão de enzimas citoprotetoras de Fase II. A

expressão de HO-1 aumentou drasticamente (de 2 a 3 vezes) após 24 horas da

ingestão. Uma vez que o peso médio desses participantes era cerca de 40% inferior

ao dos indivíduos recrutados para o estudo duplo-cego, decidiu-se por aumentar a

dose para 70 g. A excreção urinária de ditiocarbamatos, metabólitos do SFN, foi

significativamente maior no grupo que ingeriu brotos de brócolis em comparação ao

grupo controle, nos quais os níveis permaneceram na linha de base. No grupo teste

também houve redução significativa nos valores de pepsinogênio (PG) I e II séricos

(p<0,05), indicadores de inflamação gástrica, bem como aumento significativo da

razão PGI/PGII (p<0,05), a qual é utilizada como indicativo robusto da diminuição da

inflamação (a secreção de ambos os tipos de pepsinogênio, sobretudo do PGII, é

estimulada quando há dano da mucosa gástrica, provocando uma redução da relação

PGI/PGII), com consequente retorno aos níveis basais após dois meses da

descontinuação. Além disso, as concentrações urinárias de ditiocarbamatos foram

altamente correlacionados com a magnitude de variação da razão PGI/PGII após 8

semanas de intervenção (p<0,01). Os níveis do antígeno de H. pylori nas fezes HpSA

(H. pylori stool antigen - indicador de infecção recente) e os valores do teste de ureia

respiratória (indicador de infecção instantânea e de gravidade da infecção) no braço

que recebeu brotos de brócolis reduziram significativamente durante a intervenção

(p<0,05) e retornaram para o valor basal 2 meses após a descontinuação (p<0,05).

Tais resultados estão em conformidade com os encontrados por Chang et al. e

sugerem que o tratamento com brotos de brócolis reduz a colonização de H. pylori,

mas não provê erradicação completa (YANAKA et al., 2009).

Uma vez que a diabetes tipo 2 está associada a um desequilíbrio oxidativo em

função do metabolismo anormal de glicose e lipídios, um estudo randomizado, duplo-

cego, controlado por placebo foi conduzido para investigar o efeito do consumo por 4

semanas de brócolis em pó (contendo aproximadamente 22,5 µmol de SFN/g) sobre

alguns parâmetros séricos de estresse oxidativo em pacientes com essa doença.

Analisou-se 63 participantes, os quais foram randomizados em três grupos: 21

ingeriram 10 g da amostra de brotos de brócolis, 22 consumiram 5 g e 22 receberam

placebo (pó de amido de milho corado com clorofila). Verificou-se uma diminuição de

9 e 5% nos níveis de malondialdeído (p=0,001) e lipoproteína de baixa densidade

oxidada (p=0,03), respectivamente, no grupo que consumiu 10 g/dia, bem como uma

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redução de 14 e 9% no índice de estresse oxidativo (p=0,001) nos grupos que

ingeriram 10 g/dia e 5 g/dia, respectivamente. Além disso, a capacidade antioxidante

total aumentou em 16 e 10% nos braços tratados com 10 g/dia e 5 g/dia,

respectivamente (p=0,001). Nenhum efeito foi observado no status oxidante total

(BAHADORAN et al., 2011).

Por fim, identificou-se também um estudo que analisou a capacidade do SFN

em reverter anormalidades comportamentais do autismo que têm sido relacionadas

ao estresse oxidativo decorrente de capacidade oxidativa reduzida, síntese de

glutationa comprometida, peroxidação lipídica aumentada e neuroinflamação, embora

ainda não esteja claro se esses distúrbios são etiológicos ou manifestações

secundárias da doença. Para tanto, conduziu-se um estudo clínico randomizado,

controlado por placebo, duplo-cego com 40 homens jovens portadores de autismo

moderado a grave para avaliar o efeito de doses diárias de SFN no comportamento,

de acordo com 3 medidores comportamentais: Aberrant Behavior Checklist (ABC),

Social Responsiveness Scale (SRS) e Clinical Global Impression Improvement Scale

(CGI-I). Doses de 50 a 150 µmol (de acordo com o peso de cada participante) de SFN

proveniente de extrato de brotos de brócolis ou placebo foram administradas

diariamente durante 18 semanas. Mudanças comportamentais mínimas (<3,3%)

foram apresentadas pelo grupo que recebeu placebo, enquanto que aqueles que

consumiram SFN tiveram melhora substancial do comportamento: 34% para ABC

(p<0,001) e 17% para SRS (p=0,017). Para o avaliador CGI-I, um número significativo

de participantes que recebeu SFN mostrou melhora na interação social, no

comportamento anormal e na comunicação verbal (p=0,015-0,007). Após a

descontinuação do tratamento, os resultados totais de todas as escalas voltaram para

os valores basais (SINGH et al., 2014).

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5. DISCUSSÃO

A revisão sistemática dos estudos encontrados permitiu analisar os dados

disponíveis a respeito do consumo de SFN, em diferentes formas e quantidades,

indicando resultados relevantes em relação aos parâmetros moleculares envolvidos

na via do fator de transcrição Nrf2 no trato respiratório (NOAH et al., 2014; RIEDL,

SAXON & DIAZ-SANCHEZ, 2009), em indivíduos portadores de doença falciforme

(DOSS et al., 2016) e com infecção gástrica por H. pylori (CHANG et al., 2015;

YANAKA et al., 2009), bem como seu potencial efeito protetor contra o risco de câncer

de pele induzido por luz UV (DINKOVA- KOSTOVA et al., 2007) e de câncer oral

(BAUMAN et al., 2016). Ademais, a ingestão de SFN revelou desfechos favoráveis

em relação a indicadores de estresse oxidativo em indivíduos com esteatose

hepática (KIKUCHI et al., 2015) e com diabetes tipo 2 (BAHADORAN et al., 2011),

assim como acerca de parâmetros inflamatórios no trato respiratório (HEBER et al.,

2014) e de detoxificação em sujeitos de pesquisa expostos a um maior risco de

desenvolvimento de câncer de pulmão (EGNER et al., 2014). Ainda, um estudo

verificou melhora comportamental em autistas (SINGH et al., 2014). Três estudos não

encontraram resultados significativos em seu protocolo de tratamento de indivíduos

asmáticos (SUDINI et al., 2016), portadores de DPOC (WISE et al., 2016) e contra a

inflamação neutrofílica das vias aéreas (DURAN et al., 2016).

O aumento da expressão de enzimas de Fase II no trato respiratório foi

verificado em 2 estudos (NOAH et al., 2014; RIEDL, SAXON & DIAZ-SANCHEZ,

2009), embora ainda seja incerto se essa elevação é suficiente para prevenir ou

reduzir o estresse oxidativo nas vias respiratórias, o qual está diretamente envolvido

na fisiopatologia de alergias, asma e infecções causadas pelo vírus Influenza.

Também permanece desconhecido se doses superiores levariam a aumentos

adicionais na expressão das enzimas de Fase II ou se a toxicidade seria limitante da

dose. O consumo de SFN, em uma dose semelhante às empregadas nos estudos

mencionados acima, também foi capaz de suprimir a resposta alérgica a partículas da

fuligem de diesel, ao reduzir a contagem de leucócitos nas células nasais (HEBER et

al., 2014). Um estudo in vivo evidenciou o importante papel do Nrf2 para manutenção

do equilíbrio oxidativo nas vias respiratórias ao utilizar camundongos knockout para

este fator de transcrição e observar uma maior susceptibilidade a respostas

respiratórias inflamatórias mediante exposição a partículas de diesel (LI et al., 2008).

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Em contrapartida, 3 estudos clínicos, embora tenham constatado aumento nos níveis

circulantes de SFN, este não foi suficiente para resultar em efeito biológico e em

nenhuma mudança significativa nos parâmetros respiratórios analisados (DURAN et

al., 2016; SUDINI et al., 2016; WISE et al., 2016). Como o estresse oxidativo e a

inflamação são capazes de superexpressar a atividade do Nrf2, é possível que esta

via esteja comprometida em pacientes com DPOC e asma atópica, resultando em um

baseline de ativação mais elevado, o que explicaria a ausência de resposta à

intervenção com SFN nos estudos de Wise et al. e Sudini et al., respectivamente.

Dessa forma, pode-se supor que a dose e a duração da intervenção com SFN

precisem ser maiores na população portadora de doenças respiratórias para que os

níveis plasmáticos de SFN sejam biologicamente ativos e resultem em efeitos clínicos

semelhantes aos obtidos nos estudos conduzidos com indivíduos saudáveis (NOAH

et al., 2014; RIEDL, SAXON & DIAZ-SANCHEZ, 2009), bem como seria interessante

testar formulações inalatórias, as quais poderiam ser mais eficazes do que doses

orais.

Além da diferença de resposta biológica entre indivíduos doentes e saudáveis, outras

possíveis explicações para esses resultados contraditórios incluem a variedade de

dosagem, tanto em relação à forma quanto à dose, o tempo de tratamento e o método

de detecção dos parâmetros moleculares, dificultando a comparação entre os

estudos. Dessa forma, devido às diferenças metodológicas dos estudos e ao fato de

que o estresse oxidativo parece ser o mecanismo principal pelo qual poluentes

oxidantes medeiam processos inflamatórios respiratórios (BOWLER & CRAPO, 2002),

pode-se considerar relevantes os achados em relação ao trato respiratório e a

abordagem antioxidante nutracêutica como uma alternativa promissora de baixo custo

para reduzir o impacto de distúrbios respiratórios.

Evidências epidemiológicas consistentes associam o consumo de vegetais

crucíferos com o menor risco para o desenvolvimento de câncer (HU et al., 2015; TSE

& ESLICK, 2014; WU et al., 2013), embora hajam poucos estudos clínicos

intervencionistas relacionados à esta doença. Dois trabalhos mais expressivos

avaliaram o efeito do SFN na infecção gástrica por H. pylori (CHANG et al., 2015;

YANAKA et al., 2009), a qual afeta aproximadamente 50% da população adulta no

mundo todo e, além de estar associada a gastrites e úlceras pépticas, pode levar ao

câncer gástrico. Uma vez que seu tratamento convencional, o qual consiste em uma

terapia tripla de associação de 2 tipos de antibióticos com um inibidor de bomba de

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prótons, tem se tornado menos efetivo em função da crescente resistência bacteriana

(SIDDIQUE et al., 2018), esses 2 estudos abordam o SFN como uma possível

alternativa terapêutica. Os resultados encontrados evidenciam a ação citoprotetora do

SFN e indicam que o seu consumo pode reduzir a colonização de H. pylori, sem, no

entanto, prover erradicação completa. Tal infecção gera uma variedade de espécies

reativas de oxigênio que danificam a mucosa e o consumo de SFN pode contribuir

para o reestabelecimento do equilíbrio oxidativo nessa região, através do aumento de

enzimas antioxidantes alvos do Nrf2 nas células da mucosa gástrica. Entretanto,

estudos com tamanho amostral maior, com tempos de intervenção mais longos, bem

como que utilizem o SFN como uma quarta terapia, são necessários para obtenção

de melhores resultados. Ademais, Yanaka et al. conduziu em paralelo testes com SFN

em camundongos infectados por H. pylori e constatou redução da colonização

bacteriana e diminuição da inflamação, o que por sua vez não ocorreu nos animais

cujos genes do Nrf2 foram removidos, evidenciando fortemente a importância de

proteínas antioxidantes dependentes do Nrf2 para o efeito terapêutico do SFN

(YANAKA et al., 2009).

Ainda com relação à avaliação do potencial efeito quimioprotetor do SFN, 3 estudos

clínicos foram conduzidos (EGNER et al., 2014; BAUMAN et al., 2016; DINKOVA-

KOSTOVA et al., 2007). Bauman et al. e Dinkova-Kostova et al. constataram

aumentos significativos na expressão de NQO1 no epitélio oral e na pele de

voluntários saudáveis, respectivamente, provendo evidências da ação indutora do

SFN sobre a resposta de enzimas de Fase II. Egner et al. observaram que a ingestão

de bebida a base de brotos de brócolis contribuiu significativamente para a

detoxificação de poluentes tóxicos do ar, permitindo considerar o SFN como um

potente protetor contra o risco de desenvolvimento de câncer pulmonar. Esse

resultado corrobora com os achados em camundongos knockout para Nrf2, nos quais

o efeito quimiopreventivo do SFN foi neutralizado (apresentaram exacerbação da

toxicidade aguda e carcinogenicidade de metais e moléculas orgânicas absorvidas em

partículas de poluição do ar), evidenciando que a via de sinalização citoprotetora do

Nrf2 é característica do modo de ação do SFN (TOYAMA et al., 2011). O efeito

observado por Egner et al. persistiu pelas 12 semanas de intervenção e também foi

acompanhado pela detecção do SFN e seus metabólitos na urina, indicando sua

rápida absorção e metabolização.

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Bauman et al. verificaram que a biodisponibilidade do SFN foi superior para a

ingestão de SFN versus GRN (BAUMAN et al., 2016), o que está condizente com os

achados de estudos prévios (EGNER et al., 2011; FAHEY et al., 2012), refletindo a

variabilidade individual da flora intestinal responsável pela conversão de GRN em

SFN. Nesse mesmo sentido, Egner et al. observaram que a biodisponibilidade do SFN

parece aumentar após 84 dias de intervenção, o que talvez ocorra em função de uma

possível alteração da microbiota do intestino (EGNER et al., 2014).

A diabetes tipo 2 é uma doença gradativa e demanda um número crescente de

agentes hipoglicemiantes orais, sendo particularmente importante a investigação de

estratégias terapêuticas auxiliares para o seu controle (PETZNICK, 2013). A melhora

do estado oxidativo em diabéticos que consumiram brotos de brócolis (BAHADORAN

et al., 2011) sugere o SFN como um possível tratamento complementar para o controle

dessa doença e prevenção de suas complicações a longo prazo, as quais estão

associadas ao estresse oxidativo desencadeado pelo metabolismo anormal da glicose

e de lipídios. Todavia, estudos com períodos de intervenção mais longos e maior leque

de doses são necessários para confirmar os efeitos do SFN. Esse resultado corrobora

com os achados em modelos animais que demonstraram atenuação dos sintomas de

desordem metabólica característicos da diabetes após o tratamento de 2 semanas

com SFN. Tais resultados, no entanto, não foram verificados em camundongos Nrf2

(-/-), indicando que o SFN atua especificamente através da ativação da via do Nrf2

(ZHENG et al., 2011).

Em relação ao estudo que abordou a doença falciforme, embora a maioria dos

resultados da expressão de mRNA alvos do Nrf2 não tenham sido estatiscamente

significativos, juntos eles sugerem que a ingestão de homogeneizado de brotos de

brócolis contendo SFN apresenta uma notável tendência de indução de genes

dependentes do Nrf2 nas células sanguíneas (DOSS et al., 2016). Esses resultados

devem ser considerados preliminares e interpretados com cautela, em função do

pequeno tamanho amostral, bem como de outras limitações do estudo, como a

alocação de um mesmo sujeito de pesquisa para mais de um braço e a utilização por

alguns participantes de hidroxiuréia, a qual induz a síntese de hemoglobina fetal,

atenuando a gravidade da doença.

Comenta-se ainda a melhora de marcadores da função hepática e de estresse

oxidativo em indivíduos portadores de esteatose hepática, embora tenham sido

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avaliados apenas em homens japoneses, deixando em aberto a efetividade em

mulheres (KIKUCHI et al., 2015).

Ademais, o SFN também revelou ser benéfico na melhora comportamental de

indivíduos autistas, embora ainda não esteja claro se os distúrbios oxidativos

característicos desses pacientes são etiológicos ou manifestações secundárias da

doença (SINGH et al., 2014). Assim, em função da heterogeneidade considerável da

etiologia, patogênese e sintomatologia do autismo, a generalização desses achados

necessita confirmação.

Tanto a intervenção com cápsulas de SFN ou GRN, extratos ou

homogeneizados de brotos de brócolis, quanto com o consumo in natura resultaram

em achados favoráveis em relação ao status antioxidante, muito embora tenha sido

discutido anteriormente que o consumo de vegetais crucíferos levemente cozidos seja

preferível em comparação à suplementação com GRN ou à forma crua, uma vez que

provê mirosinase intrínseca do vegetal com atividade preservada, bem como com o

inibidor ESP inativo.

Limitações importantes da consistência dos resultados encontrados incluem o

acervo insuficiente de estudos que abordem os mesmos temas ou que avaliem

parâmetros e desfechos semelhantes, bem como a variabilidade das intervenções,

tempos de seguimento e tamanho amostral. Além disso, nem todos os estudos

analisados determinaram a quantidade de GRN ou SFN, tampouco informaram quanto

à adição de mirosinase, à inativação de ESP e ao tipo de processamento empregado,

dificultando também uma conclusão sobre a dose recomendada. De qualquer forma,

os desfechos identificados são de potencial interesse e maiores investigações são

necessárias.

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6. CONCLUSÃO

A capacidade do sulforafano de modular a expressão gênica da via

Keap1/Nrf2/ARE, aumentando a resposta citoprotetora endógena e contribuindo para

o equilíbrio oxidativo do organismo humano, constitui uma importante vertente da

nutrigenômica e pode ser considerada uma estratégia terapêutica alternativa de baixo

custo coadjuvante no tratamento e prevenção de doenças crônicas.

Há evidências de potenciais benefícios do consumo de SFN e/ou de seu

precursor GRN sobre parâmetros moleculares antioxidantes e envolvidos na via do

fator de transcrição Nrf2 em humanos, muito embora ainda sejam limitadas.

Um maior número de estudos clínicos intervencionistas que abordem temas e

desfechos mais homogêneos, bem como que empreguem intervenções e tempos de

seguimento mais semelhantes é necessário para uma avaliação mais consistente, de

modo que viabilizem conclusões mais robustas e com maior embasamento científico.

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34  

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42  

8. ANEXOS

Tabela 1: Artigos incluídos na revisão e principais resultados.

Autores e ano

Doença Tipo de estudo e amostra

Objetivo Intervenção e Duração do tratamento

Resultados

Evitou-se ingerir outras fontes de SFN ou antioxidan-

tes

Processa-mento/

Presença de mirosi-

nase

DOSS et al., 2016

Doença Falcifor-

me

EC de Fase I, aberto, de escalona-mento de dose com indivíduos portadores de doença falciforme

(n=10)

Determinar a segurança e a

tolerabilidade de HBB contendo SFN.

Analisar a alteração de marcadores de resposta fisiológica

indicativos da ativação do Nrf2.

HBB (50 g de BroccoSprouts®) contendo SFN:

50 g (n=5); 100 g (n=5); 150 g (n=5);

consumido com fruta.

1 vez ao dia.

21 dias.

Aumento de HO-1 (p=0,02); tendência de elevação de HBG1 (p=0,10); sem

alterações significativas da hemoglobina fetal e de NQO1.

Vitaminas antioxidantes e

vegetais crucíferos

foram evitados 2 dias antes do

início da intervenção até

completar o período de whasout.

Armazena-mento do

HBB a -20 .

Consumiu-se após

descongela-mento,

evitando aqueci-mento.

Mirosinase não foi

adicionada.

KIKUCHI et al., 2015

Esteatose Hepática

ECR duplo cego,

controlado por placebo

com indivíduos portadores

de esteatose hepática (n=52)

Comparar os níveis séricos de AST, ALT e

γ-GTP e a concentração urinária de 8-OHdG antes e

após a suplementação de cápsulas contendo GRN ou placebo.

Cápsulas de GRN extraída de brotos de brócolis com 1 dia da

germinação: 30 mg

(aproximadamente 69 µmol de GRN) (n=24).

Placebo (n=28).

1 vez ao dia.

2 meses.

Diminuição significativa dos níveis séricos de ALT (-10,7%) e de γ-GTP

(-8,9%) e da concentração urinária de 8-OHdG (-20%) no grupo teste.

A redução de 8-OHdG foi correlacionada significativamente com

a diminuição dos níveis de ALT e γ-GTP no grupo que recebeu GRN.

Não informado.

95 por 30 minutos.

Mirosinase não foi

adicionada.

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43  

RIEDL, SAXON e DIAZ-SAN-

CHEZ, 2009

Asma/ Vias

aéreas superio-

res

EC de escalona-mento de

dose, simples-

cego, controlado por placebo

com voluntários saudáveis

não-fumantes

(n=57)

Investigar a segurança, a eficácia e a dose-resposta do SFN na expressão

das enzimas de Fase II GSTM1, GSTP1, NQO1 e HO-1 nas

vias aéreas superiores (coleta de amostras de lavagem nasal e de sangue).

HBB (preparado a partir de

BroccoSprouts®) contendo 0,283 µmol

de SFN por mL: 25 g (n=5); 50 g

(n=5); 75 g (n=4); 100 g (n=4); 125 g (n=8); 150 g (n=10); 175 g (n=7); 200 g (n=9).

Placebo (n=5).

1 vez ao dia.

3 dias.

Ausência de EA significativos. Aumento significativo na expressão

das enzimas de Fase II nas células de lavagem nasal em doses maiores que

100 g (51 µmol de SFN), de forma dose-dependente, com indução

máxima observada na dose mais elevada, de 200 g (102 µmol de SFN)

(p ≤ 0,004). Aparente correlação linear para todas as enzimas de Fase II analisadas e uma forte correlação positiva foi evidenciada para GSTP1

(101%) e NQO1 (199%).

Participantes foram

instruídos a evitar alimentos contendo SFN.

Proibiu-se o uso de

medicamentos moduladores imunológicos.

37 por 2 horas.

Adição de excesso de mirosinase

(para converter

ao máximo a GRN em

SFN). Armazena-mento do

HBB a -20 e

consumo a 4 .

HEBER et al., 2014

Asma/ Alergias respira-tórias

EC pré-pós experimental

com indivíduos saudáveis,

não-fumantes positivos

para alérgenos de

gatos e responsivos às partículas

de diesel (n=29)

Determinar se a administração de EBB

contendo SFN é capaz de suprimir a

resposta inflamatória nasal após exposição

a 300 µg de suspenção aquosa de partículas de diesel.

EBB: 1,25 g (100 µmol de SFN)

ingerido com suco.

1 vez ao dia.

4 dias.

A média de leucócitos aumentou 66% na fase de screening e 85% na fase controle após 24 horas de exposição à suspensão de partículas de diesel.

A contagem de leucócitos após o tratamento foi significativamente

inferior (54%) quando comparada com as fases de screening e controle (p<0,01 em 6 horas e p<0,001 em 24

horas). Não houve diferença significativa entre a resposta à

administração do extrato de brócolis e a presença de polimorfismos em

GSTM1 e GSTP1 Ile/Ile105.

Evitou-se alimentos contendo

isotiocianatos 3 dias antes do

início do tratamento e

durante o estudo.

Proibiu-se o uso de anti-alérgicos.

Extração do SFN em

água fervente.

   

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44  

NOAH et al., 2014

Vias aéreas supe-riores/

Infecção por

Influenza

ECR duplo-cego,

controlado por placebo

com indivíduos fumantes

(n=16) e não-

fumantes (n=35)

Avaliar o efeito de HBB nas citocinas

nasais, replicação do vírus da Influenza e

expressão de enzimas dependentes do Nrf2.

HBB: 200 g (111 g de

BroccoSprouts®: 6 fumantes e 15 não-

fumantes. Placebo (200 g de

HBA): 10 fumantes e 20 não-fumantes.

4 dias.

Redução significativa das respostas a IL-6 (p=0,03) e da carga viral

(p=0,01); aumento significativo de NQO1 nos fumantes tratados; uma

tendência similar de redução da quantidade de vírus não atingiu significância estatística em não-

fumantes do grupo teste.

Evitou-se a ingestão de

vegetais crucíferos e o uso de anti-

inflamatórios. Exclui-se

aqueles com histórico de

vacinas contra a influenza ou

de infecção por influenza nos

últimos 12 meses.

37 por 2 horas.

Adição de excesso de mirosinase

(para converter

ao máximo a GRN em

SFN). Armazena-mento do

HBB a -20 ).

SUDINI et al., 2016

Asma/ vias

aéreas

ECR duplo-cego,

controlado por placebo

com indivíduos asmáticos

(n=40)

Determinar se a ingestão de brotos de

brócolis inteiros melhora a inflamação

e parâmetros fisiológicos das vias aéreas, bem como o estresse oxidativo.

Brotos de brócolis inteiros com 11 dias

da germinação: 100 g (n=20).

Placebo (100g de brotos de alfafa)

(n=20). Consumidos em

sanduíches.

1 vez ao dia.

3 dias.

Níveis de óxido nítrico exalado, estresse oxidativo e marcadores inflamatórios não reduziram; não

houve indução de genes antioxidantes alvos do Nrf2 (HO-1, NQO1, GCLc e GCLm) nas células

epiteliais nasais e células mononucleares do sangue periférico;

aumento acentuado das concentrações séricas de SFN.

Não houve restrição

alimentar e medicamento-sa. Aplicou-se questionários para coleta de informações

quanto à ingestão de

vegetais crucíferos.

Não houve aquecimen-

to. Instrução

para mastigação

por completo

(para garantir a conversão

de GRN em SFN).

   

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45  

WISE et al., 2016

DPOC

EC de fase II,

randomiza-do, paralelo, duplo-cego, controlado por placebo

com indivíduos portadores de DPOC

(n=89)

Determinar se a administração de SFN é capaz de alterar a expressão gênica de alvos do Nrf2 (NQO1,

HO-1, AKR1C1 e AKR1C3) nos macrófagos

alveolares e células epiteliais brônquicas,

bem como mensurar o estresse oxidativo, a inflamação das vias aéreas e a função

pulmonar.

Cápsulas de SFN extraído de brotos de

brócolis: 4,4 mg (25 µmols de

SFN (n=28); 26,6 mg (150 µmols

de SNF (n=28). Placebo

(microcelulose) (n=29).

1 vez ao dia.

4 semanas.

Alterações na expressão de genes alvos do Nrf2 variaram de 0,79 a 1,45; ausência de padrão consistente entre

os três grupos. As alterações não foram estatisticamente significativas.

Não houve diferenças entre os grupos com relação à inflamação das vias

aéreas e à função pulmonar.

Participantes concordaram em ingerir não mais que uma

porção de vegetais

crucíferos por semana.

Não informado.

DURAN et al., 2016

Inflama-ção

neutrofí-lica das

vias aéreas

ECR controlado

por placebo, crossover

com voluntários saudáveis

não-fumantes e

não-atópicos (n=15)

Examinar se a suplementação com

HBB contendo SFN é uma intervenção efetiva contra a

infamação neutrofílica das vias aéreas

induzida pela inalação de ozônio.

HBB: 200 g (111 g de

BroccoSprouts®). Placebo (200 g de

HBA).

1 vez ao dia.

3 dias.

A intervenção aumentou significativamente os níveis de SFN (p=0,001) e de seus metabólitos N-acetil-L-cisteína-SFN (p=0,002) e

glutationa-SFN (p<0,001) em comparação com o placebo. A

exposição ao O₃ aumentou significativamente a quantidade de neutrófilos no escarro de ambos os grupos, sem diferença significativa

entre eles, tampouco na expressão do Nrf2 e dos genes de defesa

antioxidante de Fase II entre os 2 grupos.

Não informado.Não

informado.

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46  

EGNER et al., 2014

Câncer de pulmão e doenças cardio-

pul-monares

ECR controlado por placebo

com indivíduos expostos a elevados

níveis ambientais

de poluentes tóxicos (n=267)

Determinar a extensão em que bebida a base de

brotos de brócolis é capaz de aumentar a excreção urinária de poluentes tóxicos do ar, bem como se a

resposta protetora é sustentável ao longo

de 12 semanas.

Bebida preparada com brotos de

brócolis (BroccoSprouts®) de 3 dias de germinação

com água, suco de abacaxi e suco de

limão (47:47:6) contendo

600 µmol de GRN e 40 µmol de SFN.

1 vez ao dia

12 semanas

A intervenção aumentou significativamente a detoxificação de

ácidos mercaptúricos do benzeno (61%) e da acroleína (23%) (p≤0,01),

mas não do crotonaldeído, em comparação ao placebo.

Nenhuma restrição

alimentar foi estabelecida.

Fervura por 30 minutos

e armazena-

mento a -20 .

Mirosinase não foi

adicionada.

BAU-MAN et al., 2016

Câncer oral

(carcino-ma de células

escamo-sas de

cabeça e pescoço)

EC piloto, de braço único,

crossover com

voluntários saudáveis

(n=10)

Avaliar a biodisponibilidade e a farmacodinâmica de 3

diferentes regimes derivados de EBB, de acordo com os níveis

urinários de SFN e seu metabólito N-acetilcisteína-SFN,

bem como da expressão de NQO1

no epitélio oral.

3 Regimes derivados de EBB:

Regime 1: bebida contendo 600 μmol de GRN; Regime 2:

bebida contendo 150 μmol de SFN; Regime 3: enxaguante bucal contendo 150 μmol

de SFN.

1 vez ao dia

5 dias

O Regime 2 apresentou a melhor biodisponibilidade (p=0,0013),

enquanto que o Regime 1 resultou em uma maior variabilidade nos níveis

urinários de SFN e seus metabólitos.A expressão de NQO1 aumentou em

2 vezes ou mais em 6 dos 9 participantes do Regime 1; 3 dos 6 do

Regime 2; e 3 dos 9 do Regime 3. Além disso, o nível de NQO1 variou significativamente de acordo com o tipo de tratamento (p=0014) e dia

(p=0,0029), com um aumento significativo no dia 5 do Regime 1

(p<0,0001).

Vegetais crucíferos

foram evitados 48 horas antes

e durante o período de

intervenção.

Não informado.

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47  

DINKO-VA-

KOSTO-VA et al.,

2007

Câncer de pele

induzido por luz

ultraviole-ta

EC de escalona-mento de

dose, matched

pair, controlado por placebo

com voluntários saudáveis

(n=17)

Verificar a segurança da aplicação tópica de

EBB em doses simples ou múltiplas, bem como investigar a eficácia em elevar a atividade enzimática

de NQO1.

Formulação tópica de EBB contendo SFN

Segurança: 0,534 e 5,34 nmol (n=4); 10,7 e 21,4

nmol (n=2); 42,7 e 85,4 nmol

(n=2); 170 e 340 nmol (n=2); 681 nmol

(n=2). Eficácia:

Dose única: 5, 40,170, 340 nmol

(n=não informado); Dose tríplice: 150, 300, 450, 600 nmol

(n=17).

1 ou 3 dias.

Nenhum EA significativo foi verificado, exceto em um participante que

recebeu a dose mais elevada (681 nmol), o qual desenvolveu eritema

plano transitório de 3 mm. Houve correlação significativa entre a

dose e a atividade enzimática da NQO1 (p<0,0009). Elevação máxima da atividade de NQO1 de 1,5 vezes

naqueles que receberam única aplicação de 170 nmol e 340 nmol,

bem como de 4,5 vezes após aplicação de 3 doses de 450 nmol em intervalos de 24 horas. As aplicações de doses únicas de 5 ou 40 nmol não

resultaram em alterações significativas e a magnitude da

indução reduziu na dose cumulativa mais elevada (600 nmol).

O consumo de vegetais

crucíferos e condimentos foi

evitado e controlado pelo preenchimento

de um diário alimentar.

Participantes foram

orientados a não lavar as

regiões tratadas por

pelo menos 8 horas após a

aplicação.

Não foram informadas

as caracterís-

ticas de processa-

mento. Adição de mirosinase

para obtenção do SFN a partir do

EBB.

CHANG et al., 2015

Infecção gástrica por H. pylori

ECR duplo-cego,

controlado por placebo

com indivíduos infectados

por H. pylori (n= 89)

Investigar se EBB contendo SFN é capaz de inibir a

densidade da infecção por H. pylori e de

atuar como antioxidante na lesão da mucosa gástrica.

Cápsulas de EBB contendo SFN:

250 mg (1 mg de SFN) (n=33 H. pylori

(+) e 28 H. pylori (-)).

Placebo (n=28 H. pylori (+)).

2 vezes ao dia.

4 semanas.

Os valores do teste respiratório com ureia e das concentrações de amônia

em aspirados do suco gástrico não variaram significativamente no Grupo

A (p=0,634 e p=0,505, respectivamente). Redução

significativa de malondialdeído na mucosa do Grupo A (p<0,05) e Grupo C (p<0,001). A concentração de GSH da mucosa gástrica não variou antes e depois do tratamento em ambos os

grupos.

Não informado.Excluiu-se

aqueles com histórico de

distúrbio gástrico, uso de

anti-inflamatórios

não esteroidais, anticoagulan-tes e doenças

sistêmicas.

Não informado.

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48  

YANAKA et al., 2009

Infecção gástrica por H. pylori

ECR duplo-cego,

controlado por placebo

com indivíduos infectados

por H. pylori (n=48)

Verificar se a ingestão de brotos de brócolis

resulta em SFN biodisponível para

conferir ação antibiótica contra H.

pylori e induzir enzimas

citoprotetoras sistêmicas.

Brotos de brócolis (Broccoli Super

Sprout de 3 dias da germinação):

70 g (420 μmol de GRN) (n=25).

Placebo (70 g de brotos de alfafa)

(n=23).

8 semanas.

Redução significativa de PGI e PGII séricos no grupo teste e aumento da

razão PGI/PGII (p<0,05), com consequente retorno ao nível basal

após dois meses do término da intervenção.

Os níveis do antígeno de HpSA e os valores do teste de ureia no grupo teste reduziram significativamente

(p<0,05) e retornaram ao valor basal na semana 16 (p<0,05).

Não informado.Exclui-se

aqueles que faziam uso de antibióticos, inibidores de

bomba de próton e

antiulcerosos.

Armazena-mento dos

brotos entre 5 e 7 . Mirosinase

não foi adicionada.

BAHA-DORAN

et al., 2011

Diabetes tipo 2

ECR paralelo,

duplo-cego, controlado por placebo

com indivíduos portadores de diabetes

tipo 2 (n=63)

Investigar o efeito do consumo de brotos de brócolis em pó sobre

parâmetros de estresse oxidativo

(capacidade antioxidante sérica

total, status oxidante total, índice de

estresse oxidativo, malondialdeído e

lipoproteína de baixa densidade oxidada).

Brotos de brócolis em pó (adquirido de Cyvex Nutrition

Company; contendo aproximadamente

22,5 µmol de SFN/g): 10 g (225 µmol SFN) (n=21); 5 g (112 µmol

SFN) (n=22). Placebo: 5 g (n=20).

1 vez ao dia.

4 semanas.

Diminuição de 9 e 5% nos níveis de malondialdeído (p=0,001) e

lipoproteína de baixa densidade oxidada (p=0,03), respectivamente,

no grupo que consumiu 10 g/dia; redução de 14 e 9% no índice de estresse oxidativo (p=0,001) nos grupos que ingeriram 10g/dia e

5g/dia, respectivamente. A capacidade antioxidante total

aumentou em 16 e 10% nos braços tratados com 10g/dia e 5g/dia,

respectivamente (p=0,001). Nenhum efeito foi observado no status

oxidante total.

Não houve nenhuma restrição

alimentar e acompanhou-se as dietas

antes e durante a intervenção.

Foram excluídos

aqueles que utilizavam injeção de insulina ou

suplementos antioxidantes.

Não informado.

   

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49  

SINGH et al., 2014

Autismo

ECR controlado

por placebo, duplo-cego

com homens jovens

portadores de autismo moderado a

grave (n=40)

Avaliar o efeito de doses diárias de SFN no comportamento de

indivíduos autistas, quantificado por 3

medidores comportamentais

validados: ABC, SRS e CGI-I.

Cápsulas de SFN derivado de EBB: 50 a 150 µmol de

SFN (de acordo com o peso de cada

participante) (n=26). Placebo (cápsulas de

celulose microcristalina)

(n=14).

1 vez ao dia.

18 semanas.

Melhora substancial do comportamento no grupo teste: 34% para ABC (p<0,001) e 17% para SRS (p=0,017); mudança comportamental mínima (<3,3%) no grupo controle.

Um número significativo de participantes do grupo teste mostrou

melhora na interação social, no comportamento anormal e na

comunicação verbal do parâmetro CGI-I (p=0,015-0,007). Após a

descontinuação do tratamento, todos os medidores retornaram para os

valores basais.

Não informado.

As cápsulas foram

mantidas a -20 .

8-OHdG: 8-hidroxideoxiguanosina; ABC: Aberrant Behavior Checklist; ALT: Alanina aminotransferase; AST: Aspartato aminotransferase; CGI-I: Clinical Global

Impression Improvement Scale; DPOC: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica; EA: Eventos Adversos; EBB: extrato de brotos de brócolis; EC: Estudo Clínico;

ECR: Estudo clínico randomizado; γ-GTP: γ-Glutamil transpeptidase; GCLc:  Subunidade catalítica da glutamato cisteína ligase; GCLm:  Subunidade

modificadora da glutamato cisteína ligase; GRN: Glicorafanina; GSH: Glutationa; GSTM1: Glutationa S-transferase M1; GSTP1: Glutationa S-transferase P1;

HBA: homogeneizado de brotos de alfafa; HBB: homogeneizado de brotos de brócolis; HBG1: Subunidade da hemoglobina fetal; HO-1: Heme oxigenase-

1;HpSA: H. pylori stool antigen; IL-6: interleucina 6; NQO1: NAD(P)H:quinona oxiredutase 1; Nrf2: Nuclear factor E2-related factor 2; PG: pepsinogênio; SFN:

Sulforafano; SRS: Social Responsiveness Scale.

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50  

Figura 1: Estrutura das proteínas Keap1 e Nrf2. Fonte: STEFANSON & BAKOVIC,

2014.

S

S

NO

SO3-

O

Glicorafanina

Mirosinase/Flora IntestinalOH2

S

SH

NO

SO3-

O

Intermediário Instável

+

S

NOS

O N

S

ESPSO42-

Sulforafano Sulforafano nitrila

Glicose

Glicose

Glicose

Figura 2: Representação esquemática da hidrólise da glicorafanina mediada pela

enzima mirosinase. A glicorafanina é hidrolisada pela enzima mirosinase ou pela sua

isoforma da flora intestinal, provocando a liberação de glicose e de um intermediário

instável, o qual se reorganiza para formar o sulforafano. ESP atua como inibidor não

catalítico da mirosinase ao converter a glicorafanina em derivados nitrila. Adaptado

de KEUM, 2011.

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51

Keapl-SH,s

ç

-> --N,

Data e assi o alu a)

Tatiana Bertoni Bacovsky

S

*A ,Keap1o o' SSulforafano

Figura 3: Representação esquemática da reação reversívelentre o sulforafano e o

grupo tiol da cisteína do Keap1. O asterisco indica o carbono eletrofílico. Adaptado

de HONG, FREEMAN & LIEBLER,2005.

"whylw,nlü^fu{ffioorientado(a)Silvia Maria Franciscato Cozzolino

rr-^,