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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU
JULIA SPERANZA ZABEU
Serviços de (re) habilitação auditiva para crianças usuárias de
implante coclear e aparelhos de amplificação sonora individual:
perfil e caracterização no estado de São Paulo
BAURU
2014
JULIA SPERANZA ZABEU
Serviços de (re) habilitação auditiva para crianças usuárias de
Implante Coclear e Aparelhos de Amplificação Sonora Individual:
Perfil e caracterização no Estado de São Paulo
Dissertação apresentada a Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências no Programa de Fonoaudiologia. Orientadora: Profa. Dra. Kátia de Freitas Alvarenga
BAURU
2014
Speranza Zabeu, Julia Serviços de (re) habilitação auditiva para crianças usuárias de Implante Coclear e Aparelhos de Amplificação Sonora Individual: Perfil e caracterização no Estado de São Paulo/ Julia Speranza Zabeu. – Bauru, 2014. 183 p. : il. ; 31cm. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Odontologia de Bauru. Universidade de São Paulo Orientadora: Profa. Dra. Kátia de Freitas Alvarenga
Z11s
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. Assinatura: Data:
Comitê de Ética da FOB-USP Protocolo nº: 488.177 Data: 11/12/2013
DEDICATÓRIA
Dedicar este trabalho é um momento único e especial, é uma simples homenagem
para pessoas que acreditaram em mim e me auxiliaram na concretização desta
conquista.
Dedico este trabalho à Profa Dra Maria Cecilia Bevilacqua (in
memorian), por ser este exemplo, um grande espelho quanto ao profissionalismo,
responsabilidade, criatividade e determinação. Uma mulher de idéias únicas, com
uma visão de futuro inovadora, que resgatava todas as forças buscando um universo
melhor e cheio de oportunidades para nossas crianças com deficiência auditiva.
Agradeço à ela pela oportunidade de poder conhecê-la; trabalhar junto dela,
participando de algumas de suas grandes conquistas; e pelos momentos de
ensinamentos e aprendizagens únicos, que me mostraram como batalhar por
sonhos, e acreditar que nada é impossível e que sempre podemos reunir forças para
atingi-los com êxito.
Dedico este trabalho à minha família:
À minha mãe Maria Juliana, ao meu pai Alvaro, e à minha irmã
Giovanna, pessoas essenciais em minha vida. Agradeço por todo amor que é único
entre nós; por todo o carinho nos momentos mais felizes e também de maior
fraqueza; por toda a força, palavras de carinho e incentivo; por acreditarem em meus
sonhos e pelo auxílio na batalha por consegui-los; pelos conselhos; pelas risadas;
pelo companheirismo, e principalmente por serem meus melhores amigos.
Por fim, dedico este estudo à todos os Serviços de Saúde que se
prontificaram dentro de uma rotina e cotidiano que nos exigem bastante, a participar
efetivamente deste estudo. Agradeço pela participação e por compreenderem que
apenas unindo forças conseguiremos conhecer as barreiras em nosso sistema de
saúde e propor soluções para superá-las visando um futuro cada vez melhor para
nossas crianças com deficiência auditiva.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Ao bom Deus, sem ele não sou nada. Agradeço à Ele e à Maria todos os
dias por toda a proteção, força, luz ao apontar os melhores caminhos, me auxiliando
na grande batalha para concretização de grandes sonhos. Agradeço por me mandar
anjos que me auxiliam em cada passo da minha caminhada.
À minha família, minhas avós e avôs, minhas grandes paixões, tios e
primos por todo o carinho, acolhimento e compreensão.
Ao Diego, meu namorado, dizem que é muito difícil encontrar alguém que
possa te compreender com todo o carinho, que te complete em todos os aspectos, e
que te ame, movendo tudo que for preciso para te ver feliz; agradeço por ter
encontrado em você este alguém. Obrigada por me socorrer nos momentos em que
mais precisei tanto com conselhos como com ajudas para concretização deste
trabalho.
À minha segunda irmã, Natinha, sempre nos perguntam como é possível
morar tanto tempo com a mesma amiga de Faculdade? Simples, a resposta é a
verdadeira amizade. Agradeço por todo o companheirismo, por todas as histórias
que vivemos juntas, pelas conversas, pelas risadas, pelas ajudas, pelos conselhos,
e por me entender e apoiar sempre.
Aos meus amigos Letícia, Janine, Ana Lívia, Milene e Fábio que além de
me presentearem com suas amizades, entenderam a importância deste estudo para
mim, e me auxiliaram a concretizá-lo em suas diversas etapas desde a coleta a
finalização.
A todos os amigos da Turma XIX de Fonoaudiologia, por todo o carinho.
À Luzia, Liege e Leandra, por não serem apenas colegas de trabalho,
mas sim amigas. Obrigada por todo o apoio e companheirismo desde os momentos
mais difíceis, de desespero, até os momentos mais alegres, agradeço por poder
compartilhá-los com vocês.
À Profa Dra Adriane Lima Mortari Moret, agradeço pelas orientações
realizadas e por me auxiliar com idéias tão importantes para o andamento do
estudo.
À Marina Morettin, por não ser apenas uma co-orientadora, mas um anjo
que Deus colocou em minha vida. Ma, agradeço pela oportunidade de conhecer uma
pessoa tão boa e especial, amiga, companheira. Não tenho palavras para descrever
o quão essencial você foi para a elaboração e concretização deste trabalho, em
todas as suas etapas, e também não tenho palavras para descrever o quão
essencial e especial você é para mim.
À Profa Dra Kátia de Freitas Alvarenga, agradeço por aceitar tão
prontamente e corajosamente a orientação deste trabalho. Desde a graduação a
senhora sempre foi um espelho a quem busquei seguir por sua competência,
dedicação, responsabilidade e carinhos com seus alunos. Agradeço por ter sido
além de uma grande mestra, uma amiga que me auxiliou a tomar decisões sobre
qual caminho seguir. Obrigada por ser esse exemplo de pessoa e de profissional.
À Dra Regina Célia Bortoleto Amantini, e à Profa Dra Beatriz Cavalcanti
de Albuquerque Caiuby Novaes, pelas excelentes contribuições a finalização do
estudo no exame de qualificação.
À Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, por
toda a minha formação acadêmica. Às professoras do Departamento de
Fonoaudiologia, por serem grandes exemplos de amor a Fonoaudiologia e aos
funcionários, por todo o auxílio e compreensão.
Ao Centro de Pesquisas Audiológicas do Hospital de Reabilitação de
Anomalias Craniofaciais, Universidade de São Paulo, pelo acolhimento no início
deste estudo como aluna, por todo o aprendizado proporcionado, e também
atualmente por me proporcionar momentos únicos de aprendizagem e experiência
como profissional do setor.
Aos Serviços de Saúde participantes do estudo pelo envolvimento e
dedicação.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-
CAPES, pelo apoio financeiro para o desenvolvimento deste trabalho com a
concessão inicial da bolsa de estudos durante o período de março a maio de 2012.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP,
pelo apoio financeiro para o desenvolvimento deste trabalho com a concessão da
bolsa de estudos durante o período de maio de 2012 a fevereiro de 2013.
“A menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, não seremos
capazes de resolver os problemas causados pela forma como nos
acostumamos a ver o mundo”.
(Albert Einstein)
RESUMO
Objetivo: Pesquisar aspectos que permitam a reflexão quanto a (re)habilitação de
crianças com deficiência auditiva, após a realização da cirurgia do implante coclear
(IC) ou adaptação de Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) no Estado
de São Paulo. Metodologia: Estudo prospectivo transversal desenvolvido no
Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru e Centro
de Pesquisas Audiológicas (CPA) do Hospital de Reabilitação de Anomalias
Craniofaciais, Universidade de São Paulo. Inicialmente, foi realizado o levantamento
e caracterização dos diferentes serviços que realizam terapia fonoaudiológica
voltada (re) habilitação auditiva no Estado de São Paulo, pelo Cadastro Nacional dos
Estabelecimentos de Saúde (CNES) até abril de 2013. Participaram 57 serviços,
para os quais foram encaminhados via email: 1.Questionário de “Avaliação da Rede
de (Re) Habilitação Auditiva e Perfil dos Reabilitadores”; 2. Questionário de
“Avaliação da qualidade dos serviços de saúde que oferecem terapia voltada a (re)
habilitação auditiva à população infantil com deficiência auditiva e seu
funcionamento sob a perspectiva do terapeuta e do gestor”. Os resultados foram
analisados de forma qualitativa e estatística descritiva, de acordo com cada tipo de
serviços estudado. Resultados:Quanto à caracterização da população atendida
foram analisadas 794 crianças com deficiência auditiva(0 a 17 anos),a maioria na
faixa etária de 5 a 8 anos,sendo que aquelas atendidas nos Serviços de Atenção
Básica não precisam viajar para receber a (re) habilitação. Foram analisados
aspectos quanto aos dispositivos eletrônicos; dados da terapia fonoaudiológica;
atualização profissional; gerenciamento do serviço; infraestrutura e funcionamento
da rede. Conclusão: Apesar da limitação encontrada quanto aos sistemas de
informação, com o estudo foi possível retratar os serviços do Estado de São Paulo
que oferecem a terapia fonoaudiológica à população infantil usuária de dispositivos
eletrônicos (AASI e/ou IC), bem como após a identificação destes serviços,
caracterizar o perfil destas crianças em uma amostra dos serviços, além de verificar
a qualidade dos mesmos na perspectiva dos profissionais que atuam no
atendimento dessa população e dos gestores, responsáveis por administrarem seu
funcionamento.
Palavras chave: Centros de (re)habilitação. Terapia. Criança.
ABSTRACT
Rehabilitation Services for children using cochlear implants and hearing aids:
profile and characterization in the State of São Paulo
Objective: To research aspects that allow the reflection on (re) habilitation of
children with hearing impairment after the surgery of cochlear implant (CI) or
adaptation of Hearing Aids (HA) in the State of São Paulo. Methodology: A
prospective cross-sectional study was conducted in the “Departamento de
Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru” and “Centro de Pesquisas
Audiológicas (CPA)” from the “Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais,
Universidade de São Paulo”. At first, it was conducted the survey and the
characterization of different services that perform speech therapy focused on the (re)
habilitation in the State of São Paulo by the “National Register of Health Service
Establishments "(CNES) until April 2013. Fifty seven services attended and they
were sent it via email: 1. Questionnaire about "Net evaluation of Hearing
(re)habilitation and skill of their rehabilitators"; 2. Questionnaire about "Assessment
of quality health services that offer therapy (re) focused on habilitation of children
with hearing loss and its functioning from the perspective of the therapist and the
manager”. The results were analyzed statistical descriptive and qualitatively form,
according to each type of services studied. Results: Regarding the characterization
of the served population were analyzed 794 children with hearing loss (0-17 years
old), mostly in the 5-8 year group, and being that those attended in the Basic Care
Service, do not need to travel to receive the (re) habilitation. Aspects were analyzed
refer to the electronic devices; data of speech therapy; professional
development; service management; infrastructure and network operation.
Conclusion: Despite of the limitations found in the information systems, with the
study it was possible to portray the services of the State of São Paulo that offer
speech therapy to child user of electronic devices (hearing aids and/or CI) population
as well as after the identification of these services characterize the profile of these
children in a sample of services and to check their quality from the perspective of
professionals attending in the care of this population and managers, responsible for
administering its operation.
Key words: Rehabilitation Centers. Therapy. Child.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
- FIGURAS Figura 1 - Divisão do Estado de São Paulo de acordo com os
Departamentos Regionais de Saúde, ano de referência 2012. .................................................................................................... 27
Figura 2 - Categorização quanto ao tipo dos serviços encontrados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) que oferecem terapia fonoaudiológica no Estado de São Paulo. ........................................................................... 88
Figura 3 - Distribuição dos serviços de reabilitação cadastrados no Estado de São Paulo, levantados no website do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) (n=391) em abril de 2013. ....................................................... 89
Figura 4 - Resultado do contato realizado com os 391 serviços cadastrado para realização de terapia fonoaudiológica ....................... 90
Figura 5 - Relação dos serviços incluídos no estudo e convidados a responder os questionários ............................................................... 92
Figura 6 - Distribuição dos serviços no Estado de São Paulo participantes do estudo (n=57) ............................................................. 92
Figura 7 - Relação dos serviços participantes da etapa de caracterização da população atendida, centro de atendimento e perfil dos Reabilitadores. ............................................ 101
Figura 8 - Relação dos serviços participantes quanto à etapa avaliação da qualidade dos serviços pelo fonoaudiólogo. .................................................................................... 114
Figura 9 - Relação dos serviços participantes quanto à etapa avaliação da qualidade dos serviços pelo gestor. .............................. 116
- GRÁFICOS Gráfico 1 - Resultados do questionário “Avaliação da Qualidade
dos Serviços pelos profissionais”. ...................................................... 115 Gráfico 2 - Quantidade de profissionais que participam de eventos
científicos, considerando a periodicidade, segundo os gestores (n=25) .................................................................................. 118
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Relação dos artigos incluídos no estudo .............................................. 41
Tabela 2 - Motivos para exclusão dos serviços quanto à
participação no estudo. ........................................................................ 91
Tabela 3 - Número de crianças atendidas de acordo com o tipo de
serviço participante no estudo e a faixa etária
apresentada (n= 794). ........................................................................ 102
Tabela 4 - Caracterização da deficiência auditiva quanto ao grau
das crianças atendidas pelos serviços participantes do
estudo (n=794) ................................................................................... 103
Tabela 5 - Descrição do uso dos dispositivos eletrônicos pelas
crianças participantes do estudo (n=733). ......................................... 104
Tabela 6 - Escolaridade das crianças atendidas pelos serviços
estudados (n=794). ............................................................................ 104
Tabela 7 - Disposição da quantidade de atendimentos semanais,
duração e tipo dos mesmos oferecidos por cada tipo de
serviço e profissional (n=60). ............................................................. 106
Tabela 8 - Avaliação de funcionamento dos dispositivos
eletrônicos utilizados pelas crianças, acompanhamento
audiológico e monitoramento do estado do molde
auricular (n=60). ................................................................................. 108
Tabela 9 - Necessidade da aplicação de testes de percepção de
fala, bem como a frequência com que são
aplicados(n=60). ................................................................................. 110
Tabela 10 - Modo de comunicação prioritário utilizado em terapia
de acordo com o tipo de serviço. ....................................................... 111
Tabela 11 - Estratégias de atualização profissional adotadas pelos
fonoaudiólogos participantes do estudo de acordo com
a quantidade de vezes anualmente com que realizam
tal atividade (n=60). ............................................................................ 113
Tabela 12 - Avaliação dos gestores quanto ao controle de
informações, atualização de dados e pesquisas (n=39). ................... 119
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
AASI Aparelho de Amplificação Sonora Individual
IC Implante Coclear
MS Ministério da Saúde
CER Centros Especializados em Reabilitação
SUS Sistema Único de Saúde
SAS Superintendência de Assistência Socioeducativa
SIA Sistema de Informação Ambulatorial
DRS Departamento Regional de Saúde
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
OMS Organização Mundial de Saúde
ONU Organização das Nações Unidas
WW Hearing World Wide Hearing Care for Developing Countries
ME Ministério da Educação
JCIH Joint Committee on Infant Hearing
EOA Emissões Otoacústicas Evocadas
EOAT Emissões Otoacústicas Evocadas Transientes
PEATE Potenciais Evocados Auditivos de Tronco Encefálico
ASHA American Speech-Language-Hearing Association
EHDI Early Hearing Detection and Intervention
FM Frequência Modulada
DecS Descritores em saúde
MeSH Medical Subject Headings
CDC Centros de Prevenção e Controle de Doenças
HIIPAA Health Insurance Portability and Accountabilityn Act
NHS National Healthcare Service
TAN Triagem Auditiva Neonatal
TANU Triagem Auditiva Neonatal Universal
PEAEE Potencial Evocado Auditivo de Estado Estável
HI-HOPES Home Intervention – Hearing and Language Opportunities
Parent Education Services
SCHIP State Children´s Health Insurance Program
CHIP Children´s Health Insurance Program
NRB National Rehabilitation Board
CIGI Grupo de Implante Coclear na Índia
NPPCD Programa Nacional de Prevenção e Controle de Deficiência
CPA Centro de Pesquisas Audiológicas
HRAC Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais
USP Universidade de São Paulo
CNES Cadastro Nacional dos Estabelecimentos em Saúde
PNASA Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva
SIM Sistema de Informações sobre mortalidade
SINASC Sistema de Informações sobre nascidos vivos
SINAN Sistema de Informação sobre agravo de notificação
SIU- SUS Sistema de Informações Hospitalares do SUS
SAI – SUS Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS
SIAB Sistema de Informação da Atenção Básica
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 15
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 21
2.1 FUNCIONAMENTO DA REDE DE SAÚDE AUDITIVA:
POLÍTICAS PÚBLICAS VOLTADAS A DEFICIÊNCIA
AUDITIVA - HISTÓRICO NACIONAL ........................................................... 23
2.2 CONSOLIDAÇÃO DA REDE DE SAÚDE AUDITIVA
INTERNACIONALMENTE E NACIONALMENTE: SEU
FUNCIONAMENTO E EFETIVIDADE .......................................................... 35
2.2.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 35
2.2.2 METODOLOGIA ........................................................................................... 39
2.2.3 FUNCIONAMENTO DA TRIAGEM AUDITIVA NO
CONTEXTO INTERNACIONAL .................................................................... 42
2.2.4 FUNCIONAMENTO DA INTERVENÇÃO NO CONTEXTO
INTERNACIONAL: DIAGNÓSTICO AUDIOLÓGICO,
ADAPTAÇÃO DE APARELHOS DE AMPLIFICAÇÃO
SONORA INDIVIDUAL (AASI) E CIRURGIA DE IMPLANTE
COCLEAR (IC) ............................................................................................. 54
2.2.5 FUNCIONAMENTO DA INTERVENÇÃO NO CONTEXTO
INTERNACIONAL: (RE) HABILITAÇÃO AUDITIVA ..................................... 61
2.2.6 LEVANTAMENTO DAS BARREIRAS E LIMITAÇÕES
ENCONTRADAS NO FUNCIONAMENTO DA REDE BEM
COMO PROPOSTA QUANTO AS SOLUÇÕES NO
CONTEXTO NACIONAL E INTERNACIONAL ............................................. 63
2.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 79
3 PROPOSIÇÃO ............................................................................................. 81
4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 85
4.1 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTUDO ...................................................... 87
4.2 PROCEDIMENTOS ...................................................................................... 87
4.3 INSTRUMENTOS ......................................................................................... 93
4.3.1 QUESTIONÁRIO DE “AVALIAÇÃO DA REDE DE (RE)
HABILITAÇÃO AUDITIVA E PERFIL DOS
REABILITADORES” ..................................................................................... 93
4.3.2 QUESTIONÁRIO DE “AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS
SERVIÇOS DE SAÚDE QUE OFERECEM TERAPIA
VOLTADA A (RE) HABILITAÇÃO AUDITIVA À
POPULAÇÃO INFANTIL COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA E
SEU FUNCIONAMENTO SOB A PERSPECTIVA DO
TERAPEUTA E DO GESTOR” ..................................................................... 94
4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................... 96
5 RESULTADOS ............................................................................................. 99
5.1 Caracterização da população atendida, dos centros de
atendimentos, bem como do perfil dos fonoaudiólogos dos
Serviços de Saúde Auditiva do Estado de São Paulo que
oferecem serviços na área de reabilitação fonoaudiológica
para crianças usuárias de dispositivos eletrônicos. .................................... 101
5.2 Avaliar a qualidade dos serviços de saúde que oferecem
terapia voltada a (re) habilitação auditiva à população infantil
com deficiência auditiva e seu funcionamento sob a
perspectiva do terapeuta e do gestor. ........................................................ 114
5.2.1 Perspectiva do terapeuta ............................................................................ 114
5.2.2 Perspectiva do gestor ................................................................................. 115
6 DISCUSSÃO .............................................................................................. 121
7 CONCLUSÕES .......................................................................................... 145
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 151
ANEXOS .................................................................................................... 165
1 INTRODUÇÃO
Introdução 17
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, estratégias têm sido adotadas pelo governo federal na
área da saúde auditiva a fim de ampliar a oferta e aperfeiçoar as ações voltadas
para a reabilitação de crianças com deficiência auditiva logo nos primeiros meses de
vida. Como consequência, houve uma expansão do acesso da população infantil
aos programas e serviços de saúde que visam desde a detecção da perda auditiva,
por meio da triagem auditiva neonatal nas maternidades do país e núcleos de saúde;
o diagnóstico incluindo consultas e exames audiológicos; a seleção, adaptação,
concessão de AASI, acompanhamento periódico, até a realização da terapia
fonoaudiológica. Este investimento por parte do governo brasileiro vem ao encontro
do que tem sido preconizado por outros países que são referências na área da
saúde auditiva e sustentado pelos resultados dos estudos científicos desenvolvidos
que demonstram as consequências da perda auditiva sob o desenvolvimento global
da criança, como dificuldades na comunicação, inserção social, progresso escolar e,
ao longo dos anos, a inserção no mercado de trabalho. Na literatura da área,
encontram-se amplamente descritos os benefícios da intervenção realizada logo nos
primeiros anos de vida, favorecendo a obtenção de resultados mais positivos para o
desenvolvimento biopsicossocial da criança.
Neste contexto, para que a criança com deficiência auditiva tenha acesso
aos cuidados em tempo adequado, um conjunto de mecanismos deve ser disposto,
dentre os quais se destacam: estabelecimento de redes de atenção à saúde (em
seus componentes e pontos de atenção) a partir de uma linha de cuidado integral à
saúde da pessoa com deficiência auditiva; implementação de diretrizes e protocolos
de atendimento; definição de fluxos assistenciais que atendam as especificidades e
necessidades dos usuários; criação e/ou aprimoramento de sistema de regulação e
avaliação dos serviços oferecidos, visando à qualidade do cuidado (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2012). As Portarias e Leis publicadas nos últimos anos pelo Ministério da
Saúde (MS) tem subsidiado e orientado o processo de implantação da rede de
saúde auditiva, implementação e o desenvolvimento de ações na área, fornecendo
diretrizes comuns aos serviços de organização do acesso da população e de
atuação técnica dos profissionais.
18 Introdução
Atualmente, compondo a rede de saúde auditiva do país, segundo dados
do DATASUS até setembro de 2013, estão credenciados para atendimento da
população com deficiência auditiva junto ao Ministério da Saúde 26 serviços que
realizam a cirurgia de implante coclear, 155 serviços especializados em saúde
auditiva e 17 Centros Especializados em Reabilitação (CER), distribuídos em todas
as regiões. Além destes serviços credenciados para a prestação de assistência
especializada, procedimentos como a terapia fonoaudiológica devem fazer parte dos
serviços prestados na atenção primária.
Assim, com a implementação desta rede, segundo as diretrizes
governamentais, os serviços devem estar credenciados e distribuídos de modo com
que a referência (serviço de maior complexidade que recebe os encaminhamentos)
e a contrarreferência (retorno ao serviço que realizou o encaminhamento) funcionem
de forma articulada, ou seja, de modo que haja distribuição de unidades de média e
alta complexidade de acordo com a demanda geográfica, e unidades de terapia
fonoaudiológica descentralizadas, para que os serviços de (re) habilitação estejam o
mais próximo da residência destas crianças com deficiência auditiva. Espera-se que
tais ações componham de modo articulado os pontos de atenção do cuidado à
criança com deficiência auditiva.
No que se refere à realização da terapia fonoaudiológica, após a
concessão dos dispositivos eletrônicos (AASI ou IC), muitas dúvidas permanecem
quanto ao funcionamento desta rede:
• Será que existe uma referência e contra referência consolidada
como o sistema propõe? Estas crianças que recebem AASI e/ou IC
estão chegando aos serviços de terapia fonoaudiológica em locais
próximos a sua residência?
• Como de fato ocorre a comunicação entre os profissionais dos
serviços de referência e contra referência, visando à troca de
informações fundamentais para a continuidade no tratamento?
• Quais as características dos atendimentos prestados e os aspectos
de funcionamento dos mesmos, como duração em horas da terapia
fonoaudiológica, quantidade de vezes por semana, tipo de terapia
realizada individual ou grupo?
Introdução 19
• Qual a formação e a experiência dos terapeutas na área da
Audiologia, mais especificamente, para a reabilitação de crianças
com deficiência auditiva usuárias de dispositivos eletrônicos
visando o desenvolvimento das habilidades auditivas e
comunicação oral?
• Quais as limitações encontradas nesta rede?
Dessa forma, a fim de conhecer melhor as respostas em relação às
questões levantadas acima, este estudo buscou primeiramente retratar os serviços
do Estado de São Paulo que oferecem a terapia fonoaudiológica à população infantil
usuária de dispositivos eletrônicos (AASI e/ou IC) e, após a identificação destes
serviços, caracterizar o perfil destas crianças atendidas, além de verificar a
qualidade dos mesmos na perspectiva dos profissionais que atuam no atendimento
dessa população e dos gestores, responsáveis por administrarem seu
funcionamento.
2 REVISÃO DE
LITERATURA
Revisão de Literatura 23
2 REVISÃO DE LITERATURA
A revisão de literatura foi dividida em três capítulos. No primeiro capítulo
“Funcionamento da rede de saúde auditiva: políticas públicas voltadas à deficiência
auditiva - histórico nacional” foi apresentado um histórico das políticas públicas,
especialmente voltadas às pessoas com deficiência auditiva, bem como o
funcionamento da rede de saúde auditiva e parâmetros para avaliação de qualidade
no Brasil. Já no segundo capítulo “Consolidação da rede de saúde auditiva
nacionalmente e internacionalmente: seu funcionamento e efetividade” foi realizado
um levantamento bibliográfico que respondesse ao seguinte questionamento: “Como
está ocorrendo à organização da rede, desde o diagnóstico à (re) habilitação de
crianças usuárias de dispositivos eletrônicos?”, destacando o funcionamento de
cada etapa da rede de saúde auditiva em outros países, e sintetizadas em tabela as
dificuldades encontradas na rede e soluções propostas no contexto nacional e
internacional. Por fim, no terceiro capítulo são apresentadas considerações finais
quantos ao levantamento bibliográfico realizado.
2.1 FUNCIONAMENTO DA REDE DE SAÚDE AUDITIVA: POLÍTICAS PÚBLICAS
VOLTADAS A DEFICIÊNCIA AUDITIVA - HISTÓRICO NACIONAL
A Constituição de 1988 reconheceu a saúde como direito de todos e
dever do Estado, estabelecendo o Sistema Único de Saúde. A partir desta, afirmou-
se a universalidade, a integralidade e a equidade da atenção em saúde, com
enfoque na saúde não apenas como ausência de doenças e sim como qualidade de
vida. Assim, houve o comprometimento com variadas dimensões, dentre as quais
destacam-se: prevenir, cuidar, proteger, tratar, recuperar, promover, enfim, produzir
saúde. Contudo, embora tenha sido um marco na realidade da saúde pública no
Brasil, este sistema não é perfeito e muitos são os desafios enfrentados quando
estamos lidando com a defesa da vida, com a garantia do direito à saúde
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004).
24 Revisão de Literatura
As políticas sociais voltadas para as pessoas portadoras de deficiência
estão asseguradas pela Constituição de 1988 e regulamentadas no Decreto n° 914,
de 6 de setembro de 1993, porém, a existência das leis por si só, não garantiu que
portadores de deficiência deixassem de enfrentar dificuldades de equiparação de
oportunidades e de integração social. Somente em 2002, foi instituída a Política
Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência, demonstrando o longo caminho
percorrido até o estabelecimento de diretrizes que nortearam os direitos dessa
população (BRASIL, 1993; 2002).
Até o ano 2000 os procedimentos voltados aos pacientes com deficiência
auditiva eram restritos a procedimentos hospitalares de internação; já com a Portaria
SAS/ MS número 432, de 14 de novembro de 2000, foram excluídos todos os
procedimentos de deficiência auditiva do sistema de informações hospitalares –
SIH/SUS e criou-se o serviço de Diagnóstico/ Terapia em Otorrinolaringologia, de
alta complexidade, para esse atendimento (HADDAD et al, 2010).
Como principal dificuldade neste contexto verificava-se a necessidade de
organização dos atendimentos das pessoas com deficiência auditiva nos diversos
níveis de atenção do SUS. Assim, para tentar resolver estas dificuldades foi lançado
pelo Ministério da Saúde a Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva, além das
Portarias GM/ MS 587 e 589, com a finalidade de organizar e implantar as Redes
Estaduais de Atenção à Saúde Auditiva e operacionalizar os procedimentos de
atenção à saúde auditiva no Sistema Único de Saúde - SIA/SUS, respectivamente.
Estas políticas auxiliaram na operacionalização, e no estabelecimento de normas
complementares para implantação das redes estaduais de serviços de saúde
auditiva (BRASIL, 2004).
A Política Nacional de Atenção a Saúde Auditiva trouxe como grande
avanço a valorização da terapia fonoaudiológica voltada a (re) habilitação de
pessoas com deficiência auditiva. Assim os serviços passaram a preocupar-se com
o atendimento global e integral deste paciente, assegurando o acompanhamento do
tratamento do mesmo em todas as etapas: prevenção, promoção, diagnóstico,
tratamento e (re)habilitação destes indivíduos. Visou também fomentar, coordenar
projetos que avaliam o funcionamento desta rede e custo efetividade da mesma.
(BRASIL, 2004).
Revisão de Literatura 25
Ao elaborar esta Política, a Portaria determinou que a mesma deveria ser
constituída nos seguintes níveis: I - atenção básica; II - média complexidade; III - alta
complexidade sendo que cada nível passou a ser responsável por uma ação
(BRASIL, 2004).
Os serviços de atenção básica passaram a ser responsáveis por ações
voltadas a promoção da saúde auditiva, prevenção e identificação precoce dos
problemas auditivos, por meio de estratégias envolvendo ações informativas,
educativas e de orientação familiar. Já aos serviços de média complexidade coube a
responsabilidade de realizar ações voltadas a triagem, diagnóstico, reabilitação, e
monitoramento da audição excluindo o atendimento de crianças até três anos, bem
como de pacientes com outras afecções associadas, desta maneira aos serviços de
alta complexidade couberam as mesmas realizações descritas aos serviços de
média complexidade, porém foram incluídos os atendimentos de crianças menores
de três anos e de pacientes com afecções associadas (BRASIL, 2004).
Desta forma, o Programa Nacional de Atenção à Saúde Auditiva, com o
objetivo de melhorar a qualidade de vida da pessoa com deficiência auditiva, em sua
publicação estabeleceu as redes de serviço de atenção à saúde auditiva composta
por serviços de baixa, alta e média complexidade, e unidades de terapia
fonoaudiológica descentralizadas, de modo a oferecer serviços de (re) habilitação o
mais próximo da residência destes pacientes com deficiência auditiva (STELLA &
NOVAES, 2013).
Neste momento, passou-se a discutir a organização de uma Rede,
preconizando a atuação dos Serviços de referência (encaminhamentos para
serviços de maior complexidade) e contrarreferência (retorno ao serviço pelo qual foi
encaminhado) bem articulados.
No município de São Paulo, para funcionamento desta rede de forma
dinâmica, a Secretaria Municipal de Saúde do município tem organizado a rede de
referência e contrarreferência junto aos serviços de saúde auditiva (Núcleo Integrado
de Saúde Auditiva - NISA ou serviços de média e alta complexidade), unidades
básicas de saúde e Núcleos Integrados de Reabilitação (NIR) do município de São
Paulo. Neste sentido, adultos e crianças atendidas nos serviços de média e alta
26 Revisão de Literatura
complexidade são contrareferenciados para os NISAs que os encaminharam,
próximos de suas residências (STELLA & NOVAES, 2013).
Especificamente no Estado de São Paulo, visando favorecer esta
organização da rede de saúde, a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo
propôs a organização administrativa dos Departamentos Regionais de Saúde - DRS,
atendendo ao Decreto DOE nº 51.433, de 28 de dezembro de 2006. Por meio deste
Decreto, o Estado foi dividido em 17 Departamentos de Saúde (DRS), que são
responsáveis por coordenar as atividades da Secretaria de Estado da Saúde no
âmbito regional e promover a articulação intersetorial, com os municípios e
organismos da sociedade civil (BRASIL, 2012).
Assim, as cidades que centralizam a DRS no Estado de São Paulo, em
termos de localização são: DRS I- Grande São Paulo, DRS II- Araçatuba, DRS III-
Araraquara, DRS IV- Baixada Santista, DRS V- Barretos, DRS VI- Bauru, DRSVII-
Campinas, DRS VIII- Franca, DRS IX- Marília, DRS X- Piracicaba, DRS XI-
Presidente Prudente, DRS XII - Registro, DRS XIII- Ribeirão Preto, DRS XIV- São
João da Boa Vista, DRS XV- São José do Rio Preto, DRS XVI- Sorocaba, e DRS
XVII- Taubaté (BRASIL, 2002).
Na sua estrutura, cada DRS envolve municípios vizinhos a sua cidade
sede, como por exemplo, a DRS da Grande São Paulo atende diversas regiões
vizinhas, dentre as quais destacam-se: Arujá, Barueri, Biritiba-Mirim, Caieiras,
Cajamar, Carapicuíba, Cotia, Diadema, Embu, Embuguaçu, Ferraz de Vasconcelos,
Francisco Morato, Franco da Rocha, Guararema, Guarulhos, Itapecerica da serra,
Itapevi, Taquaquecetuba, Jandira, Juquitiba, Mairiporã, Mauá, Mogi das cruzes,
Osasco, Pirapora do Bom Jesus, Poá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra,
Salesópolis, Santa Isabel, Santana de Parnaíba, Santo André, São Bernardo do
Campo, São Caetano do Sul, São Lourenço da Serra, São Paulo, Suzano, Taboão
da Serra e Vargem Grande Paulista (BRASIL, 2012).
O mapa apresentado abaixo mostra a divisão do Estado de São Paulo de
acordo com os Departamentos Regionais de Saúde.
Revisão de Literatura 27
Fonte: SECRETARIA DA SAÚDE, 2012.
Figura 1 – Divisão do Estado de São Paulo de acordo com os Departamentos Regionais de Saúde, ano de referência 2012.
Para a implantação da rede de saúde auditiva no Estado de São Paulo,
em 2004, adicionalmente a implantação do Plano Nacional, além dos aspectos
voltados a regionalização, os gestores consideraram os conteúdos operacionais que
estavam em concordância com as diretrizes nacionais de regulação, fornecendo
subsídios técnicos para regulação da atenção à saúde auditiva, incluindo o acesso a
este serviço pela população.
Neste sentido, a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, para a
definição dos quantitativos e da distribuição geográfica dos estabelecimentos de
saúde que integrariam as redes de atenção à saúde auditiva foi observado os
respectivos planos diretores de regionalização, plano estadual e plano municipal de
saúde, utilizando os seguintes critérios: população a ser atendida, necessidade de
cobertura assistencial, nível de complexidade dos serviços, distribuição geográfica
dos serviços, capacidade técnica e operacional, serie histórica de atendimentos
realizados, levando em conta a demanda e mecanismos de acesso com os fluxos de
referência e contrarreferência. Quanto às unidades descentralizadas os gestores
estaduais consideraram na organização de sua rede e pactuação junto aos gestores
28 Revisão de Literatura
municipais a necessidade de reabilitação dos usuários mais próximo possível de sua
residência para terapia fonoaudiológica (TRENCHE et al., 2010).
Com o lançamento do novo Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com
Deficiência - “Viver Sem Limite”, em 2011, ocorreu a reorganização da rede de
saúde e dos serviços públicos, na qual a questão da reabilitação da pessoa com
deficiência auditiva é discutida em um contexto que envolve outros
comprometimentos com o cognitivo, motor e visual. O programa, coordenado pela
Secretaria de Direitos Humanos e que envolve 15 órgãos, como o Ministério da
Saúde, visa atender cerca de 45 milhões de brasileiros - 23,9% da população - que
possuem algum tipo de deficiência, por meio de ações estratégicas em educação,
saúde, inclusão social e acessibilidade (BRASIL, 2011a). Este Plano tem o objetivo
de promover a cidadania e o fortalecimento da participação da pessoa com
deficiência na sociedade, promovendo sua autonomia, eliminando as barreiras e
permitindo o acesso e o usufruto, em bases iguais, aos bens e serviços disponíveis
a toda a população.
Com esta nova proposta de organização da rede pública de atendimento
da pessoa com deficiência, gestores, profissionais e usuários dos serviços de saúde
auditiva em todo o país vem buscando conhecer os principais aspectos de
reorganização do processo do trabalho, da gestão e do planejamento proposto para
o atendimento da população com deficiência auditiva. Um dos modelos para avaliar
a qualidade em saúde nas suas diversas áreas, segundo D' Innocenzo, Adami, e
Cunha (2006) é o modelo proposto por Avedis Donabedian que avalia três
componentes: estrutura, que corresponde às características relativamente estáveis e
necessárias ao processo assistencial; processo, que corresponde à prestação da
assistência segundo padrões técnico-científicos, estabelecidos e aceitos na
comunidade científica sobre determinado assunto e a utilização dos recursos nos
seus aspectos quantitativos e qualitativos; e, resultados, que corresponde às
consequências das atividades realizadas nos serviços de saúde, ou pelo profissional
em termos de mudanças verificadas. Cada componente é avaliado de forma isolada
(D’ INNOCENZO et al., 2010).
As autoras ainda relataram que conforme pressuposto de Donabedian na
redefinição do sentido da qualidade, deve-se desenvolver a base científica para
Revisão de Literatura 29
mensurar a efetividade e a eficiência; equilibrar a assistência prestada nos aspectos
técnicos e nas relações interpessoais; equilibrar, na assistência, a efetividade e os
custos, assim como, os valores individuais e sociais (D’ INNOCENZO et al., 2010).
De acordo com Morettin, Melo e Bevilacqua (2010) independente do
pressuposto teórico envolvido na avaliação de serviços de saúde, a construção de
indicadores é importante para análise da qualidade dos serviços de saúde, visto que
estes poderiam auxiliar o gerenciamento do serviço, no sentido em que os
indicadores de saúde da população associados aos indicadores econômicos,
financeiros, de produção, de recursos humanos, de qualidade da assistência
propriamente dita, auxiliam na avaliação de programas e de serviços (MORETTIN et
al., 2010).
Neste sentido, estudos vêm sendo realizados na literatura com o objetivo
de investigar instrumentos efetivos para avaliação de qualidade dos serviços em
saúde auditiva, um destes instrumentos foi utilizado em um estudo realizado por
Cavalieri e Novaes (2012) em que foi possível verificar aplicabilidade do instrumento
de avaliação desde que haja disponibilização de informações, por meio de sistemas
integrados de gestão, os quais são determinantes no controle e manutenção da
qualidade do serviço (CAVALIERI & NOVAES, 2012).
Assim, verifica-se que a qualidade é algo importante de se verificar dentro
do funcionamento do sistema de saúde, bem como o modo como é realizada a
gestão nos serviços, visto que esta tem reflexos no funcionamento dos mesmos,
particularmente no que se refere à relação entre os serviços prestados por equipes
diferentes, organização da agenda quando múltiplos exames são necessários,
acompanhamento de sistema de referência e contrarreferência, monitoramento de
faltas, e especificidade do atendimento de bebês, crianças pequenas e pacientes
com necessidades especiais (NOVAES et al., 2010).
Além disso, o papel da gestão compreende a organização de uma rede
de saúde considerando os princípios ideológicos e organizacionais do Sistema Único
de Saúde. A gestão do SUS é realizada de forma tripartite, por meio do Ministério da
Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais da Saúde. A implantação dos programas
componentes da Rede Estadual de Saúde Auditiva favorece a atenção integral ao
30 Revisão de Literatura
deficiente auditivo, que vai desde a detecção precoce das alterações audiológicas,
encaminhamento aos serviços de atenção à saúde auditiva, adaptação de Aparelho
de Amplificação Sonora Individual (AASI) ou encaminhamento para cirurgia de
implante coclear, até a reabilitação auditiva e continuo acompanhamento do usuário,
grande desafio a ser debatido frente às realidades especificas das regiões e serviços
no Brasil (NOVAES et al., 2010).
Dentre os principais desafios encontrados neste sistema de saúde é
questão da demanda versus o acesso a estes serviços. Os dados preliminares
coletados do IBGE no Censo de 2010 e divulgados recentemente revelam que
quase 24% da população brasileira – 45,6 milhões de pessoas – têm algum tipo de
deficiência. Destes, 12.777.207 pessoas declararam possuir pelo menos uma
deficiência severa, representando 6,7% da população total. Em particular, no Estado
de São Paulo 9.349.553 pessoas relataram possuir pelo menos um tipo das
deficiências investigadas (auditiva, visual, mental e motora), correspondendo à
metade da população da Região Sudeste que referiu ter algum tipo destas
deficiências (18.506.974) (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA, 2010).
Com relação à deficiência auditiva, 7.574.79 pessoas declararam que
possuem alguma dificuldade em ouvir, 1.799.885 pessoas referiram uma grande
dificuldade de ouvir e 347.481 pessoas não conseguem escutar de modo algum. Os
dados do Estado de São Paulo estão descritos no Quadro 1.
Quadro 1: Dados preliminares do IBGE (2010) referentes a presença de deficiência auditiva no Estado de São Paulo.
Presença da Deficiência n
Pelo menos uma das deficiências investigadas 9.349.553
Deficiência auditiva - não consegue de modo algum 91.423
Deficiência auditiva -grande dificuldade 345.604
Deficiência auditiva -alguma dificuldade 1.457.504
Fonte:http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=sp&tema=resultprelamostra_censo2010
Revisão de Literatura 31
Estes dados revelam a enorme quantidade de pessoas que necessitam
da intervenção na área da saúde auditiva no país. Estudos de base populacional
sobre das perdas auditivas incapacitantes (BEVILACQUA, 2007; BÉRIA et al., 2007)
descreveram de 4,8% a 6,8% de deficiências auditivas incapacitantes e que
necessitam de AASI ou implante coclear. Baseado nessas informações pode-se
afirmar que a demanda de adaptação de AASI no Brasil seria ao redor de 18 milhões
de pessoas, sendo que destes, pouco menos de 1%, isto é, 180.000 pessoas,
precisam de implantes cocleares.
Da mesma forma, dados recentes da Organização Mundial da Saúde
(OMS) indicaram que pelo menos 642 milhões de pessoas no mundo são afetados
por algum grau de perda auditiva. Dessa população, 278 milhões tem deficiência
auditiva incapacitante, sendo que 80% dessas pessoas vivem em países de baixa
ou média renda. Ainda segundo a OMS, dos muitos milhões de pessoas com perda
auditiva nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento que poderiam se
beneficiar com o uso de dispositivos eletrônicos, como o Aparelho de Amplificação
Sonora Individual (AASI) e Implante Coclear (IC), apenas um em cerca de 40
pessoas tem a oportunidade de usar um. Especialmente no caso de crianças, essa
dificuldade de acesso ao tratamento integral poderá levar ao impacto negativo sobre
sua qualidade de vida (WORLD WIDE HEARING, 2013).
Quanto aos dados referentes ao cenário mundial verifica-se, assim como
no Brasil, o crescimento significativo da população quanto ao número de crianças
que nascem com algum tipo de deficiência. Há aproximadamente 186 milhões de
pessoas com deficiência auditiva residindo nos países em desenvolvimento, sendo
um exemplo, a China, país que possui cerca de 20% da população mundial, e é
estimado que uma criança nasce a cada 40 segundos com algum tipo de deficiência,
e destas, pelo menos 14% possuem deficiência auditiva independente do tipo e
grau. A dificuldade quanto à demanda versus o acesso também está presente neste
cenário, tendo em vista que para 186 milhões de pessoas estima-se que apenas 35
milhões tenham acesso a alguma tipo de reabilitação, como por exemplo, a
adaptação de aparelhos de amplificação sonora individual (BRADLEY & RON,
2008).
32 Revisão de Literatura
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que dois terços das
crianças que nascem com deficiência auditiva de grau severo a profundo moram em
países em desenvolvimento. Assim, a audição da população está sendo um fator
preocupante para os governadores e órgãos de saúde principalmente nos países em
desenvolvimento, em que a deficiência é mais prevalente. Neste sentido, a OMS
vem investindo nestes países, tais como, China, Índia, Filipinas, e África do Sul por
meio de programas de treinamento profissional bem estabelecidos na área da
audiologia, estabelecendo programas de prevenção, avaliação e reabilitação auditiva
(Bradley and Ron, 2008). Ainda, segundo os autores, o acesso desta população à
reabilitação aurioral pode reduzir significativamente os efeitos da deficiência auditiva
e melhorar a comunicação, facilitando, por exemplo, a aquisição e desenvolvimento
da linguagem expressiva e receptiva nos indivíduos com deficiência auditiva.
Para acesso aos aparelhos auditivos, os países em desenvolvimento
recebem o auxílio, desde as décadas de 60, 70, de muitas organizações, em
particular, a Commonwealth Society for the Deaf, uma organização do Reino Unido.
Além disso, a ONU visando auxiliar este cenário também desenvolve atividades,
dentre as quais, o WW Hearing – World Wide Hearing Care for Developing Countries
para o desenvolvimento de modelos de acessibilidade aos sistemas de cuidado em
saúde auditiva (acessibilidade de aparelhos de amplificação sonora individual e
serviços de entrega nos países em desenvolvimento). Desta forma, as organizações
filantrópicas e intergovernamentais têm dado atenção ao financiamento e
dificuldades técnicas inerentes à comercialização dos cuidados à saúde auditiva em
países de baixa renda e propostas de alternativas para superar estas dificuldades.
No Brasil, o desafio verificado é o funcionamento da rede de cuidados em
saúde no Sistema Único de Saúde. Este sistema comporta um amplo conjunto de
serviços e ações de saúde que são prestados por órgãos e instituições públicas nas
três esferas de governo: federal, estadual, e municipal, das autarquias e, por um
elevado número de prestadores privados que prestam serviços por meio de
contratos ou convênios com o Sistema, devendo operar conjuntamente de maneira
articulada, constituindo, portanto, uma rede de cuidados. Embora, muito tem sido
feito com relação à publicação de Portarias, normatizando e estruturando redes que
há muito careciam de atenção, sabe-se que há muito por fazer, pois observa-se que
Revisão de Literatura 33
na prática o monitoramento das políticas tem sido insuficiente para verificarmos as
necessárias mudanças qualitativas nos serviços de saúde (FABRICIO, 2010).
Neste sentido, destaca-se a dificuldade do funcionamento das redes de
referência e contrareferência, visto que este é um processo complexo que envolve
não apenas encaminhar os pacientes, mas um acompanhamento global do mesmo
assim como prevê a portaria (MANZONI & ALMEIDA, 2010). Para que isso ocorra, é
necessária uma articulação entre as unidades do sistema local e regional, visando,
assim, à organização desse fluxo. Primeiramente, deve ser definida a atribuição de
cada unidade, para que o encaminhamento possa ser feito de maneira
correta(ALENCAR & NOVAES, 2011).
Além disso, sabemos da dificuldade encontrada decorrente da
desigualdade regional no próprio município de São Paulo e nas cidades que compõe
o Estado, quanto à questão social, econômica, e de distribuição e oferta de serviços.
Enquanto algumas regiões vivem o desafio da implementação de ações básicas de
saúde, uma parcela da população, que vive nos grandes centros urbanos, apresenta
um padrão de saúde compatível com os países desenvolvidos. Em ambas as
situações, os profissionais ou instituições interessados na saúde da população e,
particularmente, os financiadores e provedores da saúde pública terão de decidir
entre alternativas que competem entre si no acesso aos escassos recursos
disponíveis de saúde. A busca é pela eficiência; ou seja, o máximo de benefício com
o mínimo de recursos. Para a utilização eficiente dos recursos, será imprescindível
conhecimento sobre quais intervenções realmente funcionam, em que condições e a
que custo (ALENCAR & NOVAES, 2011).
Além disso, há também os desafios encontrados pelo trabalho em rede,
pois se verificam falhas no processo de trabalho, equipes atuando de forma centrada
no modelo médico hegemônico com dificuldades de uma atuação interdisciplinar.
Por isso, é importante uma reflexão diária da forma de atuação de cada profissional,
seus obstáculos e desafios (FABRICIO, 2010).
Outra questão a ser discutida é a falta de sensibilização dos gestores
municipais, juntamente com as unidades prestadores em saúde auditiva, da
importância da existência de terapia fonoaudiológica no município onde o paciente
34 Revisão de Literatura
reside, uma vez que ainda temos no estado um número incipiente de prefeituras
habilitadas a acolher o paciente após a adaptação do AASI e alta abstenção de
consultas de acesso confirmadas a rede (FABRICIO, 2010). Além disto, não há
tantos profissionais capacitados e especializados nestas áreas de (re) habilitação
auditiva para atuar ética e tecnicamente no aprimoramento da qualidade da
assistência prestada ao usuário do programa de saúde auditiva (TRENCHE et al.,
2010).
Na literatura, além dos desafios citados um dos mais significativos tanto
no cenário nacional como internacional é a necessidade de um banco de dados de
qualidade e que controle efetivamente as informações de cuidado à saúde (HARPE,
2009).
Assim, uma das formas, de vencer os desafios levantados, encontra-se
nas estratégias voltadas à:
1. Educação permanente, voltada à formação de profissionais e
serviços, a introdução de mecanismos, espaços e temas que
proporcionem uma mudança institucional, disrupturas com o instituto
e a experimentação a fim de mudar a realidade local trabalhando
tanto com a educação em saúde quanto com o trabalho em saúde
realizando para isso um trabalho em conjunto entre o sistema de
saúde e as instituições formadoras, alavancando nessas vertentes:
educação - saúde intimamente ligados a questão da inovação, da
mudança do paradigma (FABRICIO, 2010);
2. Formação profissional integrada ao contexto das políticas do
Ministério da Saúde e Ministério da Educação, ampliando a atuação
dos discentes em serviços de saúde nos primeiros anos do curso e
aprofundando a inserção crítica da Universidade na realidade social,
o que possibilitará vivências pela pluralidade de experiências
profissionalizantes, com a inserção dos estudantes em práticas
interdisciplinares, preparando-os para atuação em equipe (RALO &
NOVAES, 2010; TRENCHE et al., 2010).
Revisão de Literatura 35
Desta forma, faz-se necessário rever velhos conceitos e trabalhar em
novas vertentes e novos objetivos para fazer com o que está idealizado nos papéis
possa ser realizado, visando com isso a qualidade de vida da população brasileira,
em especial a qualidade de vida da criança com deficiência auditiva, pois serão
minimizadas as consequências desta para o desenvolvimento e vida em sociedade
desta criança.
2.2 CONSOLIDAÇÃO DA REDE DE SAÚDE AUDITIVA INTERNACIONALMENTE
E NACIONALMENTE: SEU FUNCIONAMENTO E EFETIVIDADE
2.2.1 INTRODUÇÃO
Atualmente, já são bem consolidadas na literatura as consequências que
a perda auditiva pode resultar para o desenvolvimento das crianças, afetando o
desenvolvimento das habilidades auditivas, linguísticas, comunicativas e, por
conseguinte o desenvolvimento sócio-afetivo, emocional, cognitivo e global da
mesma. Desta maneira, a identificação precoce seguida pelo diagnóstico e
intervenção imediata e adequada da perda auditiva, atuando diretamente junto ao
período de maior plasticidade neuronal, podem minimizar estas consequências,
diminuindo os riscos para o desenvolvimento global desta criança e sua vida em
sociedade.
Inicialmente, em 1982, o Joint Committee on Infant Hearing (JCIH) propôs
que todas as crianças que possuíssem em sua história clínica fatores de riscos
associados deveriam ser identificadas precocemente por meio de um programa de
triagem auditiva neonatal. Os procedimentos a serem utilizados, foram determinados
pelo mesmo órgão em 1994, sendo estes os exames objetivos eletrofisiológicos:
Emissões Otoacústicas Evocadas (EOA) e/ou Potenciais Evocados Auditivos de
Tronco Encefálico (PEATE). Ainda neste ano, com a evolução das pesquisas foi
proposto à expansão deste critério, visando desta forma, que todos os recém
nascidos deveriam passar por estes procedimentos com o intuito de identificar
possíveis casos de alterações audiológicas (perdas auditivas congênitas e
permanentes), adicionando ao documento a importância da triagem auditiva
36 Revisão de Literatura
neonatal universal. Foi ressaltada nessa atualização que todas as crianças deveriam
ser identificadas aos três meses de idade e a intervenção iniciada aos seis meses,
para aproveitar o período de maior plasticidade cerebral. Ainda foi sugerido que as
crianças com fatores de risco associados deveriam ser acompanhadas por este
serviço por pelo menos três anos, mesmo obtendo resultados negativos nos
procedimentos realizados na triagem auditiva (JOINT COMMITTE OF INFANT
HEARING, 1982; 1990; 1994).
Com esta visão mais ampla sobre os programas de triagem auditiva
neonatal iniciaram-se os programas de identificação e intervenção precoce (Early
Hearing Detection and Intervention- EHDI).
As novas atualizações propostas do JCIH em 2000 e 2007
fundamentaram que estes programas deveriam funcionar baseados em oito
princípios os quais incluem: 1. Todos os recém-nascidos devem ter acesso aos
procedimentos de triagem auditiva neonatal universal; 2. Todos os recém-nascidos
que obterem resultados positivos nestes procedimentos (no teste e re-teste) deve ter
acesso a avaliações médicas e audiológicas, confirmando a presença da perda
auditiva antes dos três meses de idade; 3. Todos aqueles confirmados pelo
diagnóstico com perda auditiva devem receber a intervenção até os seis meses de
idade, por programas com abordagens de intervenção interdisciplinares, de acordo
com a decisão da família; 4. Todos aqueles que obterem resultados negativos
nestes procedimentos e não possuírem fatores de risco em sua história clínica deve
receber orientações quanto ao desenvolvimento da audição e linguagem, para que
os pais monitores seu desenvolvimento. Já aqueles com fatores de riscos
associados devem ser monitorados pelo serviço; 5. As famílias e as crianças devem
possuir seus direitos garantidos, sendo informados quantos aos procedimentos e
condutas, e devem ter o poder de optar pelo que achar melhor para o
desenvolvimento de seu filho; 6. Todas as informações devem ser mantidas em
sigilo pelos profissionais e pelo serviço em seu banco de dados; 7 e 8. Deve ser
realizado o controle de qualidade e efetividade dos serviços oferecidos
demonstrando adequação com a legislação e regulamentos vigentes (JOINT
COMMITTE OF INFANT HEARING et al., 2000).
Revisão de Literatura 37
As etapas propostas para o funcionamento da rede de saúde auditiva
para acompanhamento das crianças destacam a importância do diagnóstico e da
intervenção precoce. Propõe que seja realizada inicialmente uma bateria de testes
para confirmar o diagnóstico audiológico, incluindo medidas eletrofisiológicas e
objetivas, além de avaliações comportamentais com técnicas apropriadas para a
idade, desenvolvimento cognitivo e global da criança. Um aspecto ressaltado é que
apenas um teste não é efetivo e sim uma bateria de testes, baseando-se no princípio
cross-check, com ambas as medidas (objetivas e subjetivas).
Os exames selecionados devem responder como está a integridade de
todo o sistema auditivo, desde estruturas periféricas como orelha média e interna às
estruturas centrais, a fim de que o profissional possa identificar as opções
terapêuticas mais adequadas para cada caso. Assim, a avaliação audiológica deve
verificar se há a perda auditiva, determinando seu tipo, grau e configuração levando
sempre em consideração a idade da criança. Para as crianças com menos de seis
meses é essencial o levantamento da história clínica da criança, e uma medida
eletrofisiológica, como por exemplo, o PEATE ou outro procedimento
eletrofisiológico utilizando o estímulo com especificidade de frequência. Assim,
pensando nestes objetivos os procedimentos que devem ser normalmente incluídos
envolvem levantamento da história clínica, otoscopia, medida da função de orelha
média, pesquisa do reflexo acústico, emissões otoacústicas evocadas, observação
do comportamento auditivo, PEATE, audiometria (realizada de acordo com a idade
da criança, condicionado ou por reforço visual) e logoaudiometria.
Após a realização a avaliação audiológica é recomendado que toda
criança retorne para o acompanhamento/avaliação médica realizada pelo
otorrinolaringologista, pediatra e outras especialidades médicas necessárias, que em
conjunto irão confirmar a perda auditiva e/ou alteração de orelha média,
determinando a etiologia, identificando outras condições associadas, e fornecendo
recomendações para o tratamento, bem como encaminhamento para outros
serviços.
O próximo passo proposto para o funcionamento adequado é a
intervenção e (re) habilitação precoce. Nestes momentos as opções para a
intervenção devem ser dadas a família, que deverá optar por aquela que achar
38 Revisão de Literatura
melhor para o desenvolvimento de seu filho. Para os casos de perda auditiva
congênita ou progressiva são indicados os aparelhos de amplificação sonora
individual (AASI); para malformações de orelha média os aparelhos por condução
óssea ou próteses semi-implantáveis de orelha média, e para os casos em que o
AASI não traz benefícios, principalmente para perda auditiva bilateral de grau
severo/ profundo, o implante coclear (IC). .
O protocolo para adaptação do AASI envolve a escolha de métodos
prescritivos, de acordo com a idade da criança, utilizando procedimentos que
incorporam as medidas com microfone sonda na etapa de seleção e verificação. Já
para a validação é essencial à realização de testes de percepção de fala e a
aplicação de inventários adequados à idade, verificando a necessidade da
adequação da intervenção, e uso de outros recursos auxiliares, tais como o sistema
de frequência modulada (FM). É essencial que seja feito o acompanhamento a longo
prazo, realizando as medidas de resultados citadas acima e a checagem do
funcionamento da amplificação, verificando a necessidade de refinamento dos
ajustes de acordo com a necessidade de cada caso. .
Baseado nesta abordagem é que se deve iniciar o programa de (re)
habilitação auditiva para auxiliar o desenvolvimento das habilidades auditivas e de
linguagem de cada criança, visando o desenvolvimento da competência
comunicativa. No caso de programas de intervenção precoce, respeitando sempre o
interesse familiar, propõe-se a escolha pela abordagem auri-oral, porém outras
abordagens também podem ser utilizadas, tais como, a linguagem de sinais, e
aquelas que incluem o desenvolvimento da habilidade de leitura orofacial. É
sugerido ainda no documento que todas as crianças com deficiência auditiva
confirmada passem por uma avaliação genética.
Também é importante que as famílias dentro dos programas de Early
Hearing Detection and Intervention (EHDI) recebam as visitas dos profissionais em
sua casa, para aconselhamentos e auxílios na (re) habilitação de seus filhos, sendo
os audiologistas (e também fonoaudiólogos com especialização em Audiologia),
segundo a ASHA, os profissionais com maior preparo para esta função,
principalmente nos casos de diagnóstico tardio para perdas auditivas progressivas
Revisão de Literatura 39
ou súbitas, em que processo de aceitação da deficiência auditiva para família é
complicado.
Neste sentido, as etapas descritas quanto aos padrões e recomendações
estabelecidos por organizações e programas nacionais e internacionais, COMUSA
(2010), JCHI (2000; 2007), ASHA (2013), quanto à maneira mais efetiva de
funcionamento de cada etapa da rede. Assim, para compreendermos melhor todo o
processo de intervenção da criança com perda auditiva, ou seja, desde a triagem
auditiva neonatal até a reabilitação, foi realizada uma revisão de literatura com o
seguinte questionamento: “Como está ocorrendo à organização da rede, desde o
diagnóstico à (re) habilitação de crianças usuárias de dispositivos eletrônicos?”.
2.2.2 METODOLOGIA
Para a revisão da literatura foi utilizada uma estratégia de busca guiada
pela combinação dos seguintes descritores indexados no DecS (Descritores em
Saúde) e MeSH (Medical Subject Headings) em Português, Inglês, e Espanhol:
audição, perda auditiva, auxiliares de audição, implante coclear, criança, terapia,
correção de deficiência auditiva, reabilitação, planejamento em saúde, programas
em saúde, e serviços de saúde.
As bases de dados científicas escolhidas para pesquisa foram: Lilacs,
CINAHL, Scopus, Web of Science e Pubmed, sendo consideradas todas as
publicações realizadas até fevereiro de 2014. A seleção dos artigos seguiu critérios
de inclusão baseando-se na conformidade dos limites dos assuntos aos objetivos
deste trabalho. Os critérios de inclusão adotados foram:
� Tema: estudos relacionados ao funcionamento da rede de saúde
auditiva no Brasil e no mundo;
� Faixa etária: estudos que envolvessem a faixa etária de 0 a 18 anos
incompleta;
� Idioma: artigos escritos em Português, Inglês e Espanhol;
� Delimitaram-se artigos a partir dos anos de 1990, tendo em visto que
artigos mais antigos mostravam-se desatualizados quanto ao
40 Revisão de Literatura
funcionamento da rede de saúde auditiva comparada à atualidade,
podendo ser um viés quanto ao resultado da busca.
A seleção dos estudos foi realizada em etapas:
I. Foi realizada a análise dos títulos e resumos dos estudos identificados
a partir das combinações dos descritores nas bases de dados
obedecendo rigorosamente aos critérios de inclusão e exclusão
definidos no protocolo de pesquisa;
II. Nos casos em que o título ou o corpo do resumo não foram
esclarecedores, foram levantados os textos na íntegra e então,
julgados quanto à pertinência aos critérios de inclusão e exclusão e
analisados. Em caso de dúvida, outro pesquisador auxiliou na
definição da inclusão ou exclusão do estudo.
Os textos selecionados na primeira e segunda etapa foram lidos na
íntegra, e analisados criteriosamente quanto à exclusão e inclusão no estudo para
obtenção dos textos finais que responderiam adequadamente a pergunta desta
revisão.
As estratégias de busca foram montadas de acordo com cada base de
dados. Assim para CINAHL, Scopus, Web of Science e Pubmed foi utilizada a
seguinte combinação: “(hearing OR hearing loss OR hearing aids OR cochlear
implantation) AND (therapy OR rehabilitation OR correction of hearing
impairment) AND ("health planning" OR "health program" OR "health
programs" OR "health programme" OR "health service" OR "health services"
OR National Health Program) AND (child OR children)”.
Para a base de dados LILACS, foram realizadas estratégias para serem
incluídas em cada campo, desta forma:
1. Hearing or (hearing and loss) or (hearing and aids) or (cochlear and
implantation) or audição or (perda and auditiva) or (auxiliaries and
audição) or (implante and coclear) or audicion or (perdida and
auditiva) or audifonos or (implantacion and coclear).
Revisão de Literatura 41
2. (therapy or rehabilitation or correction of hearing impairment or
terapia or reabilitação or correção de deficiencia auditiva or
rehabilitacion or correccion de deficiencia auditiva).
3. Health planning or (health and program) or (health and programs) or
(health and programme) or (health and service) or (health and
services) or (national and health and program) or (national and
health and programs) or planejamento em saúde or (saúde and
programa) or (saúde and programas) or ( saúde and serviço) or
(saúde and serviços) or ( nacional and saúde and programa) or (
nacional and saúde and programas) or planificacion em salud or
(salud and programa) or (salud and programas) or (servicio and
salud) or (servicios and salud) or (nationals and programa and salud)
or (nationals and programas and salud).
4. child or children or criança or crianças or niños or niño.
Na tabela 1 encontra-se o total de artigos encontrados, o total de artigos
excluídos pelo tema, pela linguagem e por serem repetidos, bem como o número de
artigos aceitos para análise.
Tabela 1 - Relação dos artigos incluídos no estudo
Bases de Dados Pubmed Lilacs CINAHL Scopus Web of
Science
Total
Total encontrados 506 144 162 39 80 931
Excluídos pelo idioma 11 0 0 0 0 11
Excluídos pelo tema 406 132 122 24 66 750
Excluídos pela repetição 6 7 29 12 6 60
Excluídos pelo ano 25 0 0 0 0 25
Artigos Aceitos 58 5 11 3 8 85
Ao final, 85 artigos atenderam aos critérios de inclusão. Foram excluídos
13 artigos por não estarem relacionados ao tema proposto, visto que abordavam: o
custo-efetividade dos serviços, (re) habilitação de crianças com alteração de fala
apenas, análise dos pais quanto ao desenvolvimento do filho em terapia
fonoaudiológica, dentre outros. Desta forma, foi realizada a análise dos 72 artigos
selecionados quanto ao questionamento proposto.
42 Revisão de Literatura
Na análise dos artigos encontrados pode-se verificar que a maioria destes
apresentou uma ou duas das etapas que constituem a rede, sendo que poucos
estudos abordavam a respeito do funcionamento completo da rede de saúde
auditiva. Assim, para facilitar a visualização dos aspectos abordados, os mesmos
foram divididos entre as etapas que compõe a rede de saúde auditiva.
2.2.3 FUNCIONAMENTO DA TRIAGEM AUDITIVA NO CONTEXTO
INTERNACIONAL
Segundo o estudo realizado por Durieux-Smith, Fitzpatrick e Whittingham
(2008), a prevalência da perda auditiva nos Estados Unidos (EUA) é muito alta, e na
década de 1990 o diagnóstico e a intervenção da doença ocorriam tardiamente.
Segundo os autores, ao longo dos anos houve uma alteração nessa realidade e, em
2005, 92,8% dos recém-nascidos foram triados em 51 estados, sendo que com o
avanço tecnológico nos procedimentos de triagem tornou-se possível identificar a
perda auditiva em crianças precocemente, diagnosticá-las aos três meses, e iniciar a
intervenção aos seis meses de idade. Porém, segundo Russ et al (2010), uma
análise realizada pelo Centros de Prevenção e Controle de Doenças dos EUA (em
inglês: Centers for Disease Control and Prevention - CDC) verificou que a
identificação precoce da perda auditiva vem ocorrendo no país, mas a realização do
diagnóstico e da intervenção não vem ocorrendo efetivamente e no tempo
adequado, visto que mais de 60% das crianças que falham na triagem auditiva
neonatal não possuem o diagnóstico documentado, ou seja, a referência para a
avaliação audiológica não é realizada. Os dados ainda referem que, das crianças
com deficiência auditiva confirmada pela avaliação audiológica, apenas 77%
recebem a intervenção na época adequada, e destas, nem todas recebem a terapia
para desenvolvimento da linguagem e audição (RUSS et al., 2010).
Publicações anteriores ao realizado por Russ et al, em 2010, que
disponibilizaram informações sobre outros estudos desenvolvidos pelos Centros de
Controle e Prevenção de Doenças (CDC) confirmam estes resultados. Segundo
Munoz et al. (2009) em um estudo realizado pelo CDC no ano 2006 verificou-se que
após a realização da triagem neonatal, 2,2% das crianças necessitavam do
acompanhamento, mas que, apenas 38,7% destas tiveram sua avaliação
Revisão de Literatura 43
audiológica documentada (MUNOZ et al., 2009). No estudo de Gaffney, Green e
Gaffney (2010) foram apresentados dados do CDC dos anos de 2005 e 2006,
aplicado em 50 estados e que envolveu todos os centros de identificação e
intervenção precoce e acompanhamento de crianças com deficiência auditiva.
Verificou-se que nos anos de 2005 e 2006, mais de 90% das crianças passaram
pelos procedimentos da triagem auditiva neonatal, sendo encontrados resultados
positivos para perda auditiva em 2% dessa população, mas que, aproximadamente
dois terços dessas crianças não tinham dados quanto à avaliação audiológica e
resultados da mesma (GAFFNEY et al., 2010).
Ainda nos EUA, Shulman et al., 2010 foi realizado um estudo que
envolveu 55 coordenadores dos programas de TANU no país. Pode-se verificar que
a forma como ocorre o processo da TANU, diagnóstico e intervenção precoce difere
entre os estados do país. Os autores encontraram que 92% das crianças dos
serviços analisados realizaram a triagem auditiva, mas apenas 2% delas foram
encaminhadas e tiveram acesso aos serviços para o diagnóstico audiológico. Além
deste fato, 46 programas relataram que aproximadamente 62% das crianças que
necessitam do diagnóstico audiológico conseguem realizá-lo; 45 deles afirmaram
que 52% das crianças receberam a avaliação aos três meses de idade, como
previsto e que 68% foram recebidas nos programas de intervenção precoce. Em
relação ao acompanhamento da família, segundo os coordenadores, apenas 40%
das famílias foram acompanhadas nesses processos, e 80% não receberam este
acompanhamento domiciliar para suporte da família, como proposto.
Para melhorar este aspecto, o governo federal do país vem consolidando
políticas e desenvolvendo programas, dentre os quais, “National Goals, Programs
Objectives and Performance Measures”, cujo o objetivo é desenvolver e implementar
Programas de Identificação e Intervenção Precoce (Early Hearing Detection and
Intervention - EHDI) visando o melhor desenvolvimento auditivo e de linguagem das
crianças com deficiência auditiva (WHITE et al., 2010).
Segundo Houston et al. (2010), além deste programa existem outros
criados que podem efetivar o funcionamento adequado da rede nos EUA. Dentre
estes programas, destaca-se o Health Insurance Portability and Accountabilityn Act
(HIIPAA), cujo objetivo inclui proteger a cobertura de seguro saúde para os
44 Revisão de Literatura
trabalhadores e suas famílias quando eles mudam ou perdem seus empregos, bem
como exigir o estabelecimento de normas nacionais para operações de saúde e
identificadores nacionais para prestadores de serviços, planos de saúde e
empregadores. Já outro órgão existente é o “IDEA Part C Privacy Regulations que
auxilia neste funcionamento, fornecendo fundos para cada estado possa estabelecer
um sistema compreensível de identificação e intervenção precoce para crianças de
zero a três anos.
Porém, os autores ressaltam que, muitos dos programas criados, acabam
prejudicando o funcionamento devido à falta de legislações bem consolidadas, que
determinem adequadamente a função de cada órgão. Com por exemplo, o Health
Insurance Portability and Accountabilityn Act, cujo estudo verificou que a ação do
mesmo prejudicou a finalização do diagnóstico audiológico das crianças que
falharam na triagem auditiva neonatal, e bem como impediu a chegada destas
crianças ao programa de diagnóstico precocemente (HOUSTON et al., 2010). .
Outros investimentos vêm sendo realizados nos EUA na atenção primária
a saúde, porém diversas barreiras estão sendo encontradas. No estudo realizado
por Munoz et al (2009) foram entrevistados médicos que atuam neste nível de
atenção, a fim de verificar o nível de conhecimento dos mesmos em relação à perda
auditiva e o seu tratamento. Pode-se verificar que os médicos, embora sejam os
mais capazes em apoiar as famílias de crianças e jovens com suspeita ou
confirmação de perda auditiva, não compreendem como ocorre a intervenção da
perda auditiva, ou seja, o “caminho” da triagem, diagnóstico para a intervenção. Isto
por que, 53% dos médicos não tinham conhecimento de que a adaptação dos AASI
pode ocorrer em crianças com menos de três meses de idade quando o diagnóstico
audiológico é concluído adequadamente, além de 18% referirem ser necessário
esperar que a criança complete 12 meses de idade para indicar o uso dos AASI.
Além disso, apenas 53% informam a família quanto à possibilidade de implante
coclear em casos de perda auditiva de grau severo a profundo. Quanto ao
encaminhamento da criança com deficiência auditiva, apenas 14% dos médicos
entrevistados informaram que sua formação os havia preparado para atender às
necessidades de crianças com deficiência auditiva e apenas 29% reconheciam a
importância e necessidade do encaminhamento da criança para um fonoaudiólogo.
Assim, os autores ressaltaram a importância de investir em planos voltados à
Revisão de Literatura 45
educação continuada dos profissionais atuantes nesse nível de atenção (MUNOZ et
al., 2009).
No Canadá, foram estabelecidos programas de triagem auditiva neonatal
universal em quatro províncias e um território, e em outras partes do país estes
programas estão em diferentes estágios de desenvolvimento (DURIEUX-SMITH et
al., 2008). No estudo realizado foram coletados dados de 709 crianças
diagnosticadas com deficiência auditiva, nascidas entre 1980 e 2003, que estão
matriculadas no Audiology Clinic of Children´s Hospital of Eastern Ontario, que é o
maior centro em diagnóstico audiológico e intervenção na região. Destas 709
crianças, 128 foram identificadas com perda auditiva a partir do programa de triagem
auditiva, enquanto que 581 foram encaminhadas de outros programas. Verificou-se
que as crianças que passaram pela TANU foram diagnosticadas mais
precocemente, com média de idade de seis meses. Em contrapartida, as crianças
com fatores de risco que foram encaminhadas por outros programas foram
diagnosticadas com 34 meses em média as sem fatores de risco com 51 meses. Em
relação aos resultados da intervenção, ou seja, a adaptação de aparelhos de
amplificação sonora individual, as crianças que passaram pela triagem auditiva
receberam os AASI em média com 17 meses de idade, as encaminhadas com
fatores de risco com 48 meses de idade, e aquelas sem fatores de risco com 60
meses de idade. De toda a casuística estudada, apenas 20 crianças receberam a
intervenção aos seis meses, assim como proposto, sendo que destas, 11 crianças
realizaram a triagem auditiva e nove que foram encaminhadas por outros serviços.
Estes resultados mostram a importância da TANU, aumentando a possibilidade da
realização da identificação da perda auditiva, do diagnóstico e intervenção precoce,
nas idades ideais. Segundo o site National Healthcare Service (NHS), do sistema de
saúde do Reino Unido, o Programa de Triagem Auditiva “Newborn Hearing
Screening Programme” identificou atualmente aproximadamente 900 crianças
nascidas por ano com deficiência auditiva. Antes da introdução do Programa de
Triagem Auditiva Neonatal, cerca de 400 dessas crianças não eram identificadas até
um ano e seis meses de idade e 200 até três anos e seis meses de idade. Este
Programa nunca teria sido realizado adequadamente e executado no Reino Unido
sem a realização de pesquisas científicas, que mostraram que a detecção precoce
da deficiência auditiva é viável e rentável.
46 Revisão de Literatura
O relatório anual do “Newborn Hearing Screening Programme”, dos anos
de 2010 e 2011, mostrou o progresso do programa em relação ao relatório de 2009-
2010, principalmente em relação à melhora da qualidade dos serviços. Foram
identificadas melhorias contínuas em termos de cobertura, que agora se encontra
com o padrão de qualidade de 90% de bebês triados, além da conclusão da
avaliação dos bebês identificados com quatro a cinco semanas de idade. A
formação e educação continuada dos profissionais, principalmente a respeito da
realização do PEATE, também foi outro aspecto levantado no relatório, além de
aspectos como o desenvolvimento de indicadores de desempenho, o preenchimento
do banco de dados com qualidade, o sistema de gestão e informação nacional, a
captação de eventos de capacitação e a expansão contínua da qualidade dos
serviços prestados pelo helpdesk. Por fim, foi realizado o relançamento do site da
TAN, e a produção e distribuição de um Manual de Gestão do Programa destinado a
informar e apoiar a gestão operacional de programas locais no Reino Unido.
Na Alemanha, estudos revelaram que, crianças que não realizaram
triagem auditiva foram diagnosticadas com perda auditiva com média de idade de 49
meses, enquanto que as crianças que passaram pela triagem foram diagnosticadas
com média de idade de 6,3 meses, mostrando a importância e necessidade de
possuir um programa de triagem auditiva bem consolidado (NEUMANN et al., 2006).
O estudo deste autor verificou como é realizada a triagem auditiva no estado de
Hessen, na Alemanha. O programa da TAN foi desenvolvido no estado de acordo
com os princípios: 1. Triar 95% dos recém-nascidos; 2. A taxa de falso positivo deve
ser menor do que 4%; 3. 95% dos casos que falharam devem ser diagnosticados; 4.
Deve ser organizado e estruturado um plano de acompanhamento para cada
criança; 5. O diagnóstico deve ser realizado aos três meses de idade da criança, e
(re) habilitação fornecida aos seis meses de idade; 6. O controle de qualidade
através de um banco de dados geral e treinamento e supervisão para equipe de
triagem deve ser feito. Os resultados mostraram que, em 49 dos 86 locais de triagem
(clinicas neonatais e maternidades) verificados pelo estudo, o programa de triagem
funcionava da seguinte forma: todos recém-nascidos foram triados 24 horas após o
nascimento, utilizando a emissões otoacústicas transientes (EOAT) e PEATE
automático associados nos bebês sem fatores de risco, e o PEATE automático
naqueles que estão internados nas unidades intensivas de tratamento. Para as
Revisão de Literatura 47
famílias dos bebês que falhavam na triagem auditiva eram dadas orientações e uma
lista com endereços de clínicas onde era possível a criança realizar o
acompanhamento audiológico. Cada criança possuiu uma caderneta com um
número de identificação, que era disponibilizada para a família com os exames
impressos. Este número auxiliava no rastreamento da criança, assegurando que o
diagnóstico e a intervenção ocorressem. Caso houvesse uma falha dos pais na
realização do contato dentro de duas semanas, o serviço de triagem providenciava o
envio de cartas e realizava um ou mais telefonemas para acompanhar a família e a
criança (NEUMANN et al., 2006). Na China, o programa de triagem auditiva foi
instalado no ano de 1999, porém a expansão deste programa ocorreu apenas em
2012, pois passou a ser realizado em 20 províncias do país de um total de 32. Os
procedimentos realizados neste programa eram: emissões otoacústicas evocadas e
PEATE automático. Estimou-se que, em 2010, 95% dos recém-nascidos tenham
sido triados utilizando estes procedimentos. As crianças com resultados positivos
foram encaminhadas a centros especializados em diagnóstico e intervenção
audiológica. Nas áreas rurais e remotas, os recém-nascidos com fatores de risco
foram encaminhados aos grandes centros para realização da triagem com um mês
de vida (LIANG & MASON, 2013).
Na Turquia, o programa da TAN foi implantado em 76 locais, de um total
de 86 províncias no ano de 2008. O programa foi dividido em três níveis: 1.
Englobava a realização da triagem auditiva neonatal em recém-nascidos após três
dias do nascimento utilizando as emissões otoacústicas evocadas transientes, e os
potenciais evocados auditivos de tronco encefálico; 2. O segundo nível consistia de
72 departamentos de otorrinolaringologia que analisavam os resultados das EOAT e
PEATE e verificavam os testes positivos. No caso das crianças identificadas com
perda auditiva, estas são encaminhadas para o terceiro nível, que contava com 11
departamentos para atendimento dessa população; 3. O terceiro nível foi composto
por centros de avaliação, diagnóstico e intervenção audiológica, sendo estes centros
especializados (BOLAT et al., 2009).
Na Polônia, os programas de triagem auditiva neonatal eram semelhantes
aos estabelecidos na Turquia, constituíam-se de três níveis: 1. O nível básico que
envolvia a realização das EOAT em todos os recém-nascidos com dois a três dias, e
todos aqueles com fatores de risco, realizavam também o teste de fenilcetonúria e
48 Revisão de Literatura
hipotireoidismo; 2. O segundo nível consistia-se de 57 departamentos de
otorrinolaringologia, responsáveis por verificar os resultados positivos, fatores de
risco, observação do comportamento da criança, além do tratamento inicial; 3. Este
nível envolvia 14 centros audiológicos responsáveis pelo tratamento e (re)
habilitação. Entre 2003 e 2006, foram triadas 1.392.427 crianças (96,35% do total),
sendo que 62,7% foram encaminhadas para o segundo nível para o tratamento de
2.485 crianças com vários tipos de deficiência auditiva. Entre 2003 a 2006, 3,7% de
toda a população de recém-nascidos não foram cobertos pelo programa, pois,
segundo os autores, o número crescente de defeitos nos equipamentos, além do
número de crianças que nasciam em casa dificultavam a realização da triagem
(SZYFTER et al., 2008).
Nos países em desenvolvimento algumas dificuldades vinham sendo
encontradas quanto à consolidação de serviços de identificação e intervenção
precoce da deficiência auditiva. Na maioria destes países, os procedimentos de
diagnóstico e intervenção não eram disponibilizados pelo sistema público de saúde,
sendo em muitos casos realizados por instituições particulares. Somente no Brasil,
Mauritius e Sul da África, a TAN era realizada via sistema público de saúde, assim
como o diagnóstico, a concessão de aparelhos de amplificação sonora individual
(AASI) e terapia. A dificuldade em fornecer serviços de identificação precoce,
diagnóstico audiológico e intervenção para muitos desses países se devia a falta de
conhecimento e escassez de serviços. Para auxiliar esses países, organizações
como a Organização Mundial da Saúde (OMS) vinham publicando documentos para
auxiliar na organização das ações voltadas para o atendimento da população com
deficiência auditiva. Por exemplo, a OMS estava auxiliando no desenvolvimento de
programas, com o objetivo de reduzir os fatores de risco durante a gravidez e na
infância, incluindo o aconselhamento familiar, o acesso a tecnologia apropriada,
além da realização de programas de (re) habilitação, baseados na necessidade da
comunidade (OLUSANYA, 2006).
Atualmente verificavam-se vários esforços dos EUA e países da Europa
para estabelecer programas de triagem auditiva neonatal na América Latina, a qual
inclui México, América do Sul, Cuba, Republica Domicana e Porto Rico.
Revisão de Literatura 49
No México, o programa de TAN iniciou-se no Hospital Geral de México em
2003. Em 2005, foi aprovada uma lei nacional que exigiu a realização da triagem
auditiva para todos os recém-nascidos, bem como a avaliação audiológica. Em
2007, foi iniciada a triagem auditiva neonatal universal. Foi proposto que, quando o
recém-nascido falhasse no primeiro procedimento, o re-teste deveria ser realizado
antes de o recém-nascido sair do hospital. Caso a criança falhasse novamente e
fosse identificada a perda auditiva, o governo e outras organizações sem fins
lucrativos ofereceriam a intervenção para a criança e família, realizando a
concessão de dispositivos eletrônicos, terapia fonoaudiológica, serviços de genética
e educação familiar. Atualmente, o governo buscava a implementação de um banco
de dados nacional, que visasse auxiliar no acompanhamento destas crianças
(GERNER DE GARCIA et al., 2011). Na Costa Rica são poucos os serviços de
saúde que ofereceriam a realização da triagem auditiva com EOA-T para crianças
com fatores de risco associados. Como consequência o diagnóstico e intervenção
precoce não ocorriam. No país existiam poucos profissionais capacitados, com
experiência para trabalhar com crianças e especialistas em Audiologia. Atualmente
a Administração da Segurança Social, o Ministério da Saúde, juntamente ao auxílio
dos EUA, estavam trabalhando para implementar um programa chamado NHS
“Detección e Intervención temprana de la Sordera”, cujo principal objetivo foi
implementar a triagem auditiva neonatal em todos os hospitais e maternidade. Em
2007, uma organização não governamental, “Asociación para la Detección e
Intervención de la Sordera”, foi criada para auxiliar no planejamento e
desenvolvimento do programa. Esta organização estava arrecadando fundos para a
criação de um centro educacional especializado na (re) habilitação auditiva voltada à
abordagem auri-oral e na formação de profissionais mais especializados (GERNER
DE GARCIA et al., 2011).
A Guatemala não possuía nenhuma legislação que assegurasse a
triagem auditiva neonatal. Porém em 2004, iniciou-se um programa de triagem
auditiva neonatal em um hospital do país, sendo que, o segundo iniciou-se apenas
em 2008. Os equipamentos para realização das EOA foram doados ao país. Mesmo
sendo oferecida em poucos locais, a TAN era oferecida sem nenhum custo para as
crianças que vinham para vacinação e para avaliações de desenvolvimento. As
crianças que falhavam na triagem auditiva eram encaminhadas ao hospital de
50 Revisão de Literatura
referência Rodolfo Robles, para realização do diagnóstico, com os Potenciais
Evocados Auditivos de Tronco Encefálico (PEATE) e Potencial Evocado Auditivo de
Estado Estável (PEAEE). Mesmo se confirmada à perda auditiva, para estas
crianças ainda não era assegurado o acompanhamento, porém existia um centro de
apoio para as famílias de crianças com deficiência auditiva na capital. Não havia
nenhum programa que fornecesse gratuitamente os dispositivos eletrônicos, e quase
nem se falava sobre o implante coclear no país. Infelizmente poucas famílias têm
condições financeiras de financiar estes dispositivos (GERNER DE GARCIA et al.,
2011).
O Panamá, desde 2000, tem oferecia o programa de TAN em
maternidades do setor público e particulares. Até o ano de 2011 não havia no país
nenhuma lei que assegurasse a realização da TAN, porém campanhas e grupos
locais estão solicitando a implementação da TANU e aquisição de equipamentos
para que os procedimentos sejam realizados. Verificou-se também como barreira no
país a ausência de profissionais qualificados. Quando o recém-nascido falhava na
TAN, o profissional ressaltava a necessidade de exames complementares a serem
realizados pelo fonoaudiólogo. Os serviços eram fornecidos pelo governo e
organizações sem fins lucrativos (GERNER DE GARCIA et al., 2011).
Porto Rico, como um território dos EUA, as leis, diretrizes eram
implantadas pelo governo americano. O programa de TANU iniciou-se em 2000 e
tornou-se lei em 2003. Segundo a lei, eram realizados os procedimentos de triagem
auditiva neonatal, avaliação médica e audiológica caso houvesse necessidade.
Quando o recém-nascido falhava na TANU, o Departamento de Saúde era
responsável por seu acompanhamento com o audiologista. Se detectada a
deficiência auditiva o paciente era encaminhado para serviços de intervenção para
adaptação dos dispositivos eletrônicos, terapia fonoaudiológica voltada a (re)
habilitação auditiva, serviços genéticos, de implante coclear e educação familiar. Os
serviços eram pagos pelo governo, pela família e pelos planos médicos. As barreiras
para intervenção precoce da deficiência auditiva nesse país incluíam: ausência de
recursos financeiros, equipamentos, profissionais qualificados para trabalhar com
crianças e preocupação quanto às consequências da deficiência auditiva na infância
(GERNER DE GARCIA et al., 2011).
Revisão de Literatura 51
No Chile o programa de triagem auditiva iniciou-se em 2005, incluindo
apenas as crianças com fatores de risco relacionado ao baixo peso e prematuridade.
Os procedimentos utilizados pelo programa eram: PEATE e EOA-T. Se a perda
auditiva era identificada a lei do país assegurava que fossem realizados os serviços
de diagnóstico audiológico e intervenção e que os dados fossem registrados na
plataforma do Ministério da Saúde. Se o recém-nascido falhasse na triagem auditiva,
ela era referenciada pelo hospital para o centro de avaliação audiológica, com um
fonoaudiólogo e, caso fosse confirmada a deficiência auditiva, o sistema de seguro
nacional cobria de 70 a 75% da adaptação dos AASI. Os implantes cocleares e a
terapia para (re) habilitação auditiva eram também disponibilizados para estas
crianças. Foram citadas como barreiras que o serviço ainda enfrenta: a falta de
suporte financeiro, de equipamentos, e de qualidade quanto à formação profissional,
em especial na (re) habilitação auditiva para trabalhar com crianças usuárias de
implante coclear (GERNER DE GARCIA et al., 2011).
No Uruguai, o programa iniciou-se em 2000, e os serviços de TANU
estavam implantados em serviços públicos e particulares, porém em um número
limitado de serviços. Alguns hospitais na capital do Uruguai ofereciam estes
serviços, além de um hospital em Paysandu. Os dispositivos eletrônicos e terapia
estavam disponíveis para as crianças que falhavam e eram diagnosticadas com
deficiência auditiva. O governo e a família das crianças eram quem normalmente
pagavam por estes serviços. Havia campanhas para informar o público sobre a
TANU, porém não havia nenhuma lei no país que a garantia (GERNER DE GARCIA
et al., 2011).
Na África havia ausência total de programas de identificação e
intervenção precoce, com exceção de alguns programas pilotos realizado na Nigéria
e África do Sul. O continente ainda era marcado pela pobreza e, assim qualquer
outra doença que não era uma doença com risco de morte, recebia menos atenção.
No sub – Saara, em que havia uma alta incidência de doenças infecciosas como o
HIV, malária, e tuberculose, estas eram priorizadas e recebiam todo o investimento
do sistema de saúde (THEUNISSEN & SWANEPOEL, 2008).
O Sub-Saharan África possuía uma população com 748,9 milhões de
habitantes, sendo dividida em 46 países com uma grande variedade ética,
52 Revisão de Literatura
linguística, religiosa, econômica e cultural, que muitas vezes atuavam como
barreiras para consolidação das políticas voltadas ao cuidado de saúde, em especial
políticas quanto à deficiência auditiva. O funcionamento do sistema de saúde
auditiva baseava-se em (THEUNISSEN & SWANEPOEL, 2008):
1. Prevenção primária: neste nível eram adotadas medidas para
minimizar as causas da deficiência auditiva relacionados ao período gestacional,
como por exemplo, programas de vacinação contra as prováveis causas deste tipo
de deficiência, assim contra meningite, rubéola, e sarampo. Também programas de
aconselhamento genético;
2. Prevenção secundária: este nível envolvia ações de detecção precoce,
como a triagem e início da intervenção precoce necessária.
3. Prevenção terciária: este nível envolvia a (re) habilitação da deficiência
auditiva, como o fornecimento de aparelhos de amplificação sonora individual e de
dispositivos eletrônicos implantáveis e semi-implantáveis, em especial o implante
coclear, associados a serviços de terapia e acompanhamento da família e da
criança, educação especial e integração social.
As barreiras culturais, éticas, lingüísticas e socioeconômicas, somada a
falta de informação da população fazia com que a média da idade de identificação
fosse no país de dois anos, podendo ocorrer até os seis anos ou mais
(THEUNISSEN & SWANEPOEL, 2008).
Em estudo conduzido na Nigéria, os pais foram os primeiros a suspeitar
da deficiência auditiva por volta dos dois anos de idade, sendo que apenas 12%
suspeitaram quando a criança tinha seis meses de idade. Assim, demonstraram-se
ainda mais a importância da criação de programas de identificação e intervenção
precoce. Quanto aos procedimentos relacionados à triagem auditiva, foi proposta a
combinação das emissões otoacústicas evocadas e, no caso de falha, a realização
do PEATE. A triagem deveria ocorrer em dois momentos: nos hospitais deveria ser
realizada a triagem auditiva neonatal universal de todos os recém-nascidos, e nos
centros de saúde da comunidade durante a visita as crianças como rotina da
vacinação. Para tanto, era de extrema importância à capacitação dos profissionais
nestes procedimentos (OLUSANYA, 2008).
Revisão de Literatura 53
Em estudo realizado na África do Sul, das oito províncias participantes, 86
hospitais referiram realizar terapia fonoaudiológica quanto aos distúrbios de fala e
audição, assim os questionários foram enviados a estes hospitais. Retornaram 44
questionários, sendo este número representativo de 11% dos serviços públicos.
Destes 74% referiram não apresentar programas de TAN, apenas 12 indicaram
possuir estes programas, sendo que apenas um realiza a TANU. Os motivos para
não possuírem os programas de TAN em maior porcentagem de ocorrência foram:
falta apenas de equipamento, falta de equipe e equipamento, falta de equipe/
profissionais e outros, falta de equipe apenas, falta de equipamentos/ treinamento. A
maioria das crianças (70%) iniciou a intervenção com mais de 12 meses de idade,
sendo que apenas cinco recém-nascidos iniciaram aos seis meses como proposto
(THEUNISSEN & SWANEPOEL, 2008).
Outro estudo realizado no país verificou que pelos dados coletados por
meio dos questionários aplicados em 54 pais de crianças diagnosticadas com
deficiência auditiva, a média de idade para o diagnóstico inicial foi de 23 meses, a
adaptação do AASI com 28 meses de idade, e o início do programa de intervenção
precoce com 31 meses. Os resultados mostraram que os pais precisam de suporte,
orientação e compromisso dos profissionais (POTTAS, 2008).
Além deste fato, no país a intervenção normalmente não era accessível
para maioria das famílias. Atualmente os programas na África estavam focando na
detecção da deficiência auditiva, diagnóstico, tratamento médico e terapêutico.
Enquanto a intervenção médica e terapêutica era razoavelmente bem estabelecida
na África do Sul, o HI-HOPES (“Home Intervention – Hearing and Language
Opportunities Parent Education Services”) começou a complementar os programas
de identificação e intervenção precoce. A principal característica do HI- HOPES era
envolver os pais ativamente e todos os membros da família em cada visita e
trabalhar para auxiliar as famílias a tomarem suas decisões quanto ao
desenvolvimento dos seus filhos. Deve-se ressaltar que este programa vinha
trazendo benefícios significativos para o desenvolvimento destas crianças
(STORBECK & PITTMAN, 2008).
Em Omã, situado na Arábia, a triagem auditiva iniciou-se em 1999 em
duas regiões e então se expandiu para outras regiões em 2001. Dentre os
54 Revisão de Literatura
procedimentos utilizados, incluíam as Emissões Otoacústicas Evocadas por Produto
de Distorção em crianças após 24-28 horas do nascimento, sendo que aquelas com
resultado positivo eram retestadas antes de a mãe deixar a maternidade. Estas
crianças com suspeita de deficiência auditiva eram encaminhadas aos médicos
otorrinolaringologista do mesmo hospital que realiza a otocospia com o intuito de
identificar lesões de orelha externa e média. Os neonatos que não passavam pelos
procedimentos de triagem auditiva neonatal na maternidade, passavam por estes
procedimentos nas visitas para vacinação, sendo aqueles com resultados positivos
encaminhados aos médicos ORL, e era então realizado o reteste. Para aqueles que
permanecessem com resultados positivos, eram encaminhados para o diagnóstico
audiológico em Muscat, em uma unidade de reabilitação, serviço terciário. Se
diagnosticada a deficiência auditiva a criança era encaminhada para a intervenção
por meio dos dispositivos eletrônicos e acompanhados pelo profissional da
reabilitação (KHANDEKAR et al., 2006).
2.2.4 FUNCIONAMENTO DA INTERVENÇÃO NO CONTEXTO
INTERNACIONAL: DIAGNÓSTICO AUDIOLÓGICO, ADAPTAÇÃO DE APARELHOS
DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL (AASI) E CIRURGIA DE IMPLANTE
COCLEAR (IC)
Poucos estudos levantados trouxeram informações sobre a organização
da rede de o diagnóstico à (re) habilitação de crianças usuárias de dispositivos
eletrônicos.
No Canadá, o protocolo de avaliação audiológica infantil incluía os
seguintes procedimentos: otoscopia, PEATE pesquisado via óssea e via aérea
dependendo da necessidade do caso, imitanciometria de alta frequência e EOA-DP,
sendo o VRA ou audiometria condicionada procedimentos realizados de acordo com
a idade da criança. O Protocolo para adaptação do AASI incluía: realização do
molde bem confeccionado, mensuração das características eletroacústicas,
regulagem baseada no protocolo proposto pelo DSL v5, prevenção de desconforto,
compressão ampla de área dinâmica, disponibilização de recursos auxiliares
conforme a necessidade da criança. As medidas de ganho funcional eram realizadas
raramente. Era realizada orientação e acompanhamento das famílias, com visitas a
Revisão de Literatura 55
cada três meses no primeiro ano de uso, a cada seis meses no segundo ano de uso
e, para aqueles com perda progressiva e/ou flutuantes as visitas eram mais
frequentes (BAGATTO et al., 2010).
Nos EUA, em relação à adaptação dos AASI, verificou-se a necessidade
de aumentar acesso da população infantil aos dispositivos eletrônicos, e a
dificuldade de acesso aos mesmos. Mais da metade de todas as crianças nos EUA
estavam inscritas nos programas sociais como o CHIP e Medicaid, os quais
realizavam a cobertura dos aparelhos auditivos para as crianças de famílias com
baixa renda. Entretanto, o acesso era limitado mesmo para essas crianças
associadas à Medicaid, visto que as taxas de reembolso em muitos estados eram
baixas, limitadas quanto à cobertura e avaliação pelos pediatras e audiologistas,
além de serem restritas pela dificuldade de definições das necessidades médicas, e
dificuldades vivenciadas pelos fornecedores em obter autorização e reembolso.
Além do fato de que muitas vezes as crianças não recebiam os AASI que
necessitavam: digitais com características especiais. O Part C, era outro programa
do país, que no momento vinha sendo mais efetivo, tendo em vista que estava
auxiliando as crianças quanto ao acesso aos AASI (LIMB et al., 2010).
Para auxiliar nestas dificuldades, a “US Public Health Service’s Healthy
People” trouxe como objetivos para o ano de 2010 aumentar o acesso a tecnologia e
serviços de (re) habilitação auditiva, incluindo aparelhos de amplificação sonora
individual, implante coclear, e dispositivos assistivos. Para que este acesso
ocorresse efetivamente algumas soluções foram apontadas: 1. Programa de
intervenção precoce do Part C, 2. Medicaid e CHIP, 3. Seguros de saúde privados,
4. Expansão dos programas de empréstimos de AASI’s (LIMB et al., 2010).
Outros programas estavam sendo consolidados para buscar um melhor
acesso quanto aos serviços de saúde para crianças sem seguro, e que viviam em
condições precárias no país, dentre os quais se incluíam: SCHIP- State Children´s
Health Insurance Program, que fornecia financiamento para iniciativas federais de
seguro saúde para as crianças e o fundo estatal Child Health Plus para melhorar o
acesso aos cuidados em saúde devido a falta de acesso a cuidados médicos para
crianças sem seguro saúde (HOLL et al., 2000).
56 Revisão de Literatura
Regulamentos federais que acompanhavam a lei no EUA requeriam que
os estados fornecessem serviços de intervenção precoce para qualquer criança que
estivesse vivenciando atrasos no desenvolvimento. Uma dificuldade encontrada para
consolidação destes regulamentos era que para a entrada nestes programas de
intervenção precoce havia uma variabilidade de estado para estado quanto ao grau
da deficiência auditiva para que a criança pudesse participar (LIMB et al., 2010).
Já quanto à realização da cirurgia de implante coclear, o protocolo
americano para realização do implante coclear envolvia: 1.Eram indicados para
casos de perda sensório neural de grau severo a profundo, quando a média de 500,
1000 e 2000 Hz refere-se a limiares de 90dB ou mais em ambas as orelhas; 2.
Todos os casos deveriam passar pelo otorrinolaringologista, em que era realizada a
entrevista, exame físicos, e estudo de imagens do osso temporal, 3. Realização de
uma audiometria tonal limiar, reflexo acústico e PEATE com clique e tone burst.
Somente seriam indicados para casos que não se beneficiassem com o AASI. O
estudo de Stinson (1996) ressaltou a importância de ter uma equipe interdisciplinar
bem consolidada, e audiologistas especializados quanto à parte pediátrica e que
soubessem realizar exames e procedimentos em crianças, de acordo com a sua
idade e seu desenvolvimento comportamental e emocional. Após a cirurgia o
protocolo envolvia: PEATE elétrico, Potenciais Evocados Auditivos de Média
Latência e Reflexo Acústico Elétrico. Todas as crianças devem ser encaminhadas
para (re) habilitação auditiva (STINSON, 1996).
O número de implantes cocleares adaptados nos EUA vinha se
mostrando no cenário mundial diminuído em comparação com outros países
desenvolvidos. A taxa da população, unindo adultos e crianças usuários deste
dispositivo era baixa, ao redor de 6% apenas. Apenas 50% crianças das que
necessitavam recebiam este dispositivo, comparado a países como a Bélgica, Reino
Unido e países europeus, onde a taxa de crianças que recebiam este dispositivo
estava ao redor de 90%. Dentre os motivos levantados para este acontecimento
incluíam-se: pouca preocupação dos profissionais da área de saúde quanto às
consequências da deficiência auditiva na infância e, assim, da não utilização de
dispositivos para a intervenção; ausência de campanhas que ilustrassem o que é a
deficiência auditiva, suas consequências e funcionamento deste dispositivo como
opção de tratamento; ausência de preocupação e falta de conhecimento da
Revisão de Literatura 57
população em geral quanto ao dispositivo e seus benefícios; falta de vias para
encaminhamentos específicos; algumas questões políticas da comunidade surda,
sendo esta uma barreira cultural (dificuldade de consolidar o modo de comunicação
da criança) e, por fim, questões financeiras relacionadas ao fornecimento de
serviços em saúde (SORKIN, 2013).
Na Austrália, o protocolo australiano para realização do implante coclear
em crianças referia-se (KING, 2010):
1. De recém-nascidos aos sete meses de idade, era estimado um
audiograma pelas reações comportamentais da criança aos sons por orelha, e
frequência especifica, além da realização do PEATE. Dependendo do local era
realizado os potenciais curta, média e longo latência e/ou PEAEE e/ou
eletrococleografia transtimpânica da janela redonda. Eram necessários pelo menos
que se obtivessem os limiares de 500 a 4000 Hz, porém quando não era possível,
era necessária pelo menos uma frequência grave e outra frequência aguda.
Realizou-se também com a pesquisa da imitanciometria com a sonda de 1000 Hz;
2. Para as crianças de sete meses a dois anos e meio, evitou-se realizar
os potenciais evocados auditivos para prever o limiar psicoacústico priorizando as
medidas comportamentais, a não ser que a criança não fosse capaz de responder
adequadamente. Utilizou-se o VRA, sempre priorizando a pesquisa de orelhas
separadas, e somente realizaram-se em campo livre quando a criança realmente
não era cooperativa. Pesquisaram-se também os limiares por via óssea. Realizou-se
a imitanciometria com a sonda de 226 Hz.
3. Acima dos dois anos e meio, realizou-se a audiometria tonal
condicionada, teste de percepção de fala relacionados principalmente a
discriminação auditiva e a imitanciometria mantendo a sonda de 226Hz.
Todas as crianças identificadas com perda auditiva recebiam os
aparelhos de amplificação sonora individual, fornecidos sem nenhum custo, e caso a
criança não apresentasse benefícios eram indicados os implantes cocleares. Todo o
processo era realizado em conjunto com os pais, discutindo com os mesmos o que
seria feito e incluindo-os no processo de (re) habilitação (KING, 2010).
58 Revisão de Literatura
No Japão, para a indicação dos implantes cocleares eram priorizadas
crianças de zero a três anos de idade. Analisando o funcionamento do serviço de
triagem auditiva no país, e de diagnóstico e intervenção precoce verificou-se que
62% das crianças nascidas receberam suporte médico e audiológico. Segundo
Oliver (2013) este fato pode ter ocorrido devido a práticas culturais do país, em que
as mulheres grávidas retornavam para as casas de suas famílias e ficavam com a
mesma no nascimento durante as primeiras semanas, para terem o suporte familiar.
Isso significa que as mães e os recém-nascidos mudavam de cidade no período pré,
peri e pós natal imediato, o que era um obstáculo para identificação precoce destas
crianças, principalmente àquelas com fatores de risco verificados na triagem auditiva
neonatal. Após o diagnóstico audiológico, as famílias eram encaminhadas para o
aconselhamento, adaptação dos dispositivos eletrônicos, e (re) habilitação (OLIVER,
2013).
O desenvolvimento de centros de implante coclear foi bastante limitado
durante um período na França devido principalmente a razões econômicas. Os
hospitais que realizavam implante coclear foram obrigados a adaptar a sua atividade
de acordo com a definição de quotas, muitas vezes que envolviam listas de
emergência. Estas limitações vêm desde 2002. Atualmente, o desenvolvimento dos
centros de implante coclear ocorria no contexto de reformas financeiras no sistema
de saúde da França. O sistema de saúde envolvia a combinação entre a cobertura
universal com o mix de hospitais públicos- privados e ambulatórios (MOLINIER et al.,
2009).
No Reino Unido, todos os adultos e crianças, desde que dentro dos
critérios de elegibilidade, tinham acesso ao implante coclear pelo Serviço Nacional
de Saúde. Atualmente havia centros de implante coclear implantados em 17 serviços
nacionais de saúde. As recomendações incluíam: 1. Indicação para deficiência
auditiva de grau severo a profundo que não possuíssem benefício com o aparelho
de amplificação sonora individual, 2. Para crianças era indicado quando o aparelho
auditivo não fosse capaz de fornecer benefícios para fala, linguagem, e habilidades
auditivas apropriadas para idade, bem como desenvolvimento geral e cognitivo.
Dados demonstraram que 74% das crianças que necessitavam do dispositivo na
idade de zero a três anos têm recebido os implantes cocleares, aumentando para
94% para aquelas que têm alcançado 17 anos (RAINE, 2013).
Revisão de Literatura 59
Na Suíça um total de 2.237 pessoas foi implantado em 2012. A indicação
para implante coclear referia-se às crianças com deficiência auditiva sensorioneural
de grau profundo, sendo os candidatos avaliados por equipe com experiência na
área e um hospital especializado. A avaliação incluía testes objetivos e de avaliação
comportamental, estudos de imagem para verificar como estava a orelha interna e
nervo auditivo, outras alterações e condições médicas foram levadas em
consideração. Eram indicados para pacientes que não se beneficiavam dos
aparelhos de amplificação sonora individual após experiência com o mesmo. A
avaliação pré operatória incluía também o aconselhamento da família para lidar
corretamente com as expectativas e entender as questões voltadas a (re) habilitação
pós operatória. O estudo ressaltou que é importante entender que o implante coclear
não irá fornecer as habilidades auditivas sozinho, e o acompanhamento é essencial,
sendo a ativação realizada de três a seis semanas após a cirurgia e posterior
programa de (re) habilitação bem direcionado (BRAND et al., 2014) .
A República da Irlanda conta com um serviço de audiologia unificado para
as crianças, conhecido como “National Rehabilitation Board (NRB)” o qual fornecia
avaliação audiológica e serviços de (re) habilitação, inclusive para adaptação de
aparelhos de amplificação sonora individual sem custos para todas as crianças
irlandesas. Funcionava independentemente de um serviço hospitalar, estando mais
próximo dos serviços de cuidados a comunidade e serviços escolares (PITT, 1995).
A Bélgica tem realizado pesquisas em triagem auditiva neonatal e
implante coclear por muitos anos. Segundo De Raeve e Wouters (2013) a
intervenção precoce devia ser integrada com a triagem auditiva neonatal em
Flandres, região norte da Bélgica. Isto significa que imediatamente após a detecção
do recém-nascido com perda de audição as famílias são encaminhadas a um centro
especializado que organiza o suporte familiar, (re) habilitação e o acompanhamento
desta criança e família. Estes centros forneciam a família várias informações sobre
testes auditivos, dispositivos eletrônicos e desenvolvimento das habilidades de
comunicação. Durante as visitas as casas das famílias e conversas no centro, foi
dada ênfase no auxílio às mesmas para cooperar com uma nova e inesperada
situação que representa o diagnóstico da deficiência auditiva e fornecia informações
dos próximos passos a serem dados (DE RAEVE & WOUTERS, 2013). O Belgian
60 Revisão de Literatura
Nacional Institute for Health and Disability Insurance (NIHDI) tem reembolsado os
implantes cocleares em crianças e adultos desde outubro de 1994.
Cuba possui um programa nacional que realizava o diagnóstico, cirurgia,
(re) habilitação, e serviços educacionais, todos gratuitamente para as crianças e sua
família. A nível primário envolvia as estratégias de prevenção relacionada ao
cuidado pré natal, aconselhamento genético, e vacinação contra rubéola, sarampo e
meningite. O nível secundário envolvia o programa de triagem auditiva e detecção
precoce, levando em consideração os fatores de risco de cada caso. O nível terciário
envolvia a cirurgia, AASI, implantes cocleares, e (Re) habilitação. O programa era
coordenado pelo Grupo Nacional de Implante Coclear, com um time de cirurgiões
especializados, audiologistas, neurofisiologistas, terapeutas da fala, terapeutas da
linguagem, anestesiologistas, educadores, pediatras, neuropediatras, e um
representante do Ministério ad Educação e psicólogos. Enquanto a cirurgia era
realizada em Havana, um grupo pequeno nas 13 províncias de Cuba é responsável
pelo acompanhamento e (re) habilitação destas crianças (GIRALDO, 2010).
Na Índia, a gigantesca natureza do problema era resultado da apatia em
relação à deficiência auditiva e a falta de preocupação quanto ao implante coclear e
a não disponibilidade de audiologistas bem treinados para micro-cirurgias, além de
infraestruturas ruins dos serviços de saúde. Era amplamente conhecido que a
cirurgia de implante coclear tinha um custo alto e o governo não podia reduzir
drasticamente o preço, assim algumas ações podem obviamente reduzir o fardo da
deficiência auditiva no país. Estas ações incluíam: aumentar a informação passada a
população, por meio da educação em saúde, enfatizando a prevenção da deficiência
auditiva e diagnóstico precoce, tratamento das infecções de ouvido, traumas;
enfatizar a importância da TAN; fornecer vacinação contra a rubéola para toda
menina na adolescência; diagnosticar os distúrbios de audição; tornar os AASI
disponíveis; tornar o implante coclear acessível para população indígena e da área
rural, além de fornecer subsídios para importação destes dispositivos diminuindo os
custos dele no país (GARG et al., 2011).
O grupo de implante coclear da Índia (CIGI) envolvia 37 centros de
implante coclear atuando ao redor do país. A equipe de habilitação em implante
coclear era composta por profissionais especialistas em terapia de linguagem e em
Revisão de Literatura 61
audição, educadores especiais, professores de crianças com deficiência auditiva,
professores da pré-escola, profissionais não especialistas e audiologistas. Dos
centros que realizavam implante coclear 59 % das clinicas tinham mais de cinco
anos de experiência com a habilitação em implante coclear e 13,6 % tinha menos de
um ano de experiência. Sendo que 18 % tinham mais 200 crianças com implante
coclear. Uma média de 47,5 % dos usuários de implante coclear estava na faixa
etária de dois a cinco anos, 22,5% de cinco a sete anos, 19% de zero a dois anos e
11% sete a 12 anos. Destes centros, 52 % eram auto financiados, 32% são do
governo, 11% de organizações sem fins lucrativos, 5% são organizações de
caridade; 68% dos clínicos insistiam no uso do AASI de três a seis meses antes da
cirurgia, 19,5 % ofereciam terapia para (re) habilitação auditiva antes da cirurgia e
95,5 % que utilizavam a abordagem auri-oral inicialmente. A concentração dos
centros encontrava-se nas cidades maiores e em áreas urbanas e suburbanas
(JEYARAMAN, 2013).
2.2.5 FUNCIONAMENTO DA INTERVENÇÃO NO CONTEXTO
INTERNACIONAL: (RE) HABILITAÇÃO AUDITIVA
Na literatura, destacou-se a importância de que nenhum dispositivo
eletrônico isoladamente garantiria o desenvolvimento das habilidades auditivas,
linguísticas e cognitivas das crianças. Para tanto, era essencial um trabalho focado
no desenvolvimento destas habilidades sendo este realizado por um fonoaudiólogo,
ou terapeuta, assim como abordado internacionalmente, especializado em
audiologia, especialmente na área de (re) habilitação auditiva.
Os audiologistas que trabalhavam com terapia eram os únicos
qualificados para facilitar o suporte para estudantes com deficiência auditiva nos
sistemas educacionais, bem como auxiliar a família a escolher profissionais que
conhecem sua única necessidade como família. A (re) habilitação inclui o
envolvimento com o equipamento, com o professor e estratégias de aprendizagem,
e conhecimento de ambientes acústicos em qualquer situação em que sejam
ambientes de aprendizagem (Macione, 2013).
Internacionalmente, na maioria das situações, os audiologistas que
trabalhavam com terapia davam suporte às famílias nas visitas as casas das
62 Revisão de Literatura
mesmas, observando os comportamentos diários da criança. Este profissional
fornecia informações para ajudar as famílias a ajustar a comunicação em outros
ambientes, como dirigindo o carro, shopping, restaurantes, dentre outros. Além
disso, este suporte podia incluir instruções as famílias no uso apropriado de outras
tecnologias para determinadas situações. Eles também deviam atuar em conjunto
com o programa de identificação e intervenção precoce. O trabalho realizado com a
escola deveria facilitar e dar suporte ao desenvolvimento geral e educacional da
criança com deficiência auditiva (MACIONE, 2013).
A demanda do Japão quanto ao atendimento de crianças com deficiência
auditiva era alta, principalmente devido ao fato de que o país recebia trabalhadores
estrangeiros vindo das nações menos desenvolvidas. Assim as crianças,
normalmente filhos de trabalhadores, tinham dificuldades com ambas às línguas, a
materna e o japonês. Em contrapartida a maioria dos terapeutas era empregada em
período integral para atender a população adulta, entretanto poucos eram os
profissionais contratados em período integral para atuar com crianças (Iitaka and
Otomo, 2010). Além deste fato, o currículo destes terapeutas possuía pouca ênfase
na (re) habilitação, e poucas horas de prática clínica nesta área. Dentre as áreas
que os terapeutas de criança atuavam meio período enquadravam-se: consultas,
avaliação, terapia individual, acompanhamento em consulta para os pais,
treinamento terapêutico, terapia em grupo, visitas em casa, exames de saúde
pública, e outros. O artigo ressalta a importância do aumento da carga horária para
atuar com crianças, visto a necessidade desta população quanto a este tipo de
atendimento (IITAKA & OTOMO, 2010).
Nos EUA, foi desenvolvido um estudo, com o objetivo de verificar se os
terapeutas da fala e linguagem que atuam nas escolas tem acesso aos audiologistas
dos centros em que as crianças realizaram o diagnóstico e intervenção da perda
auditiva, bem como verificar se estes obtiveram benefícios com este contato, ou
seja, se esta comunicação ocorreu efetivamente. Para desenvolvimento do estudo
foi aplicado um questionário por email em 1000 terapeutas cadastrados na
Associação Americana de Fala Linguagem e Audição, destes enviados foram
recebidos 209 de 42 estados. Como resultados pode-se verificar que 66% dos
terapeutas relataram ter acesso em algum momento ao audiologista, sendo que 88%
obtiveram benefícios com este contato, primeiramente quanto à triagem e
Revisão de Literatura 63
acompanhamento das crianças. 38% que não tiveram acesso ao audiologista
relataram ter responsabilidades adicionais(RICHBURG & KNICKELBEIN, 2011).
Já em Toronto, Canadá, o Programa de (re) habilitação auditiva verbal no
Hospital Geral North York, era fornecido nacionalmente para pessoas da
comunidade e províncias. A equipe de envolvia o médico da criança, audiologista,
terapeuta da abordagem auditivo verbal, psicólogo, assistente social, terapeuta
ocupacional, fisioterapeuta, terapeuta da fala e linguagem, e cuidadores. As famílias
que iriam ao programa eram ligadas pela dedicação aos princípios da abordagem
auditivo-verbal, sendo que cada sistema familiar é único e todo o membro da família
desempenha um papel vital no tratamento de cada criança com deficiência auditiva.
Para fornecer um ótimo programa, o terapeuta e os pais deviam fornecer a criança
experiências auditivas por meio de estímulos do cotidiano bem como deviam
desenvolver um programa estruturado no desenvolvimento das habilidades
auditivas, e atividades com significado. Estas atividades tinham objetivo de
generalização da linguagem, fala, cognição e objetivos comunicativos. A inter-
relação entre audiologia, medicina, e intervenção educacional era crítica para
completar o gerenciamento completo audiológico para cada criança com deficiência
auditiva e sua família (ESTABROOKS, 1993).
2.2.6 LEVANTAMENTO DAS BARREIRAS E LIMITAÇÕES
ENCONTRADAS NO FUNCIONAMENTO DA REDE BEM COMO PROPOSTA
QUANTO AS SOLUÇÕES NO CONTEXTO NACIONAL E INTERNACIONAL:
O Quadro 2 dispõe das barreiras e limitações encontradas em cada
estudo bem como as soluções propostas pelos mesmos.
64 Revisão de Literatura
Quadro 2 - Barreiras e Soluções apontadas pelos estudos quanto ao funcionamento da rede de saúde auditiva no mundo
(continua) Artigos Barreiras encontradas no sistema de
saúde auditiva Soluções apontadas para melhor funcionamento do sistema de saúde auditiva
Triagem Auditiva Neonatal
Newborn hearing screening in the United States: Historical Perspective and Future Directions (RUSS et al., 2010). País: Estados Unidos
- Os médicos, em especial os pediatras, muitas vezes acompanhavam regularmente a criança no primeiro ano de vida dificultando o diagnóstico precoce e a intervenção.
- Falta de profissionais especializados em Audiologia, treinados e capacitados para avaliar as crianças, o que levava a atitudes e condutas inapropriadas;
- Dificuldade das famílias no acesso aos serviços devido a falta de transporte, e autorizações dos planos de saúde;
- Falta de conhecimento da população quanto as consequências da deficiência auditiva na infância, e procedimentos relacionados à identificação, diagnóstico e intervenção;
- Ausência de um banco de dados completo a ser acessado e acompanhado pelos profissionais;
- Falta de legislação na área; - Necessidade de pesquisas que verifiquem como este processo está ocorrendo a fim de propor medidas para aprimoramento das ações;
- Taxa de reembolso dos AASI adaptados é muito baixa para alguns serviços, o que faz com que a intervenção não ocorra efetivamente, dependendo do estado dos EUA.
1. Incluir a família dentro de todo o processo, fornecendo cópia do resultado da TAN, para que ela possa apresentar ao pediatra e outros profissionais da saúde; 2. Melhorar o acesso a intervenção quanto ao financiamento dos dispositivos eletrônicos por órgãos privados e/ou públicos; 3. Investimento quanto ao atendimento remoto, visando melhorar o acesso quanto às questões relacionadas a distância; 4. Investimento em programas de promoção de saúde, para informar a população sobre a deficiência auditiva e suas consequências, visando reduzir o número de crianças que apenas realizam a triagem auditiva e ficam sem a possibilidade do diagnóstico e intervenção. 5. Investir na melhora da qualidade dos serviços que são oferecidos.
Federal Privacy Regulations and the Provision of Early Hearing Detection and Intervention Programs (HOUSTON et al., 2010). País: Estados Unidos
- Ausência de comunicação entre a rede de saúde auditiva, ou seja, entre os profissionais que atuam desde a triagem auditiva neonatal nos hospitais, até os pediatras, audiologistas, e terapeutas dos serviços de diagnóstico e intervenção precoce,
1. Necessidade de consolidação de uma legislação mais sólida e abrangente quanto a processo de reabilitação auditiva, e regulação da rede de Atendimento;
2. Banco de dados para o controle das
Revisão de Literatura 65
Quadro 2 - Barreiras e Soluções apontadas pelos estudos quanto ao funcionamento da rede de saúde auditiva no mundo
(continuação) Artigos Barreiras encontradas no sistema de
saúde auditiva Soluções apontadas para melhor funcionamento do sistema de saúde auditiva
bem como com os pais. - Órgãos e programas criados pelo governo que dificultam o funcionamento desta rede ao invés de beneficiar este funcionamento, tais como, “Health Insurance Portability and Accountabilityn Act” e “Family Education Rights and Privacy Act”.
informações; 3. Especificação das funções de cada órgão e programa criado para auxílio no funcionamento dos programas de intervenção precoce.
Evaluation of the Universal Newborn Hearing Screening and Intervention Program (SHULMAN et al., 2010). País: Estados Unidos
- Ausência de comunicação entre os profissionais da rede;
- Pouco conhecimento e instrução dos pais quanto à audição, seus cuidados, e alterações auditivas, além de suas consequências para o desenvolvimento global da criança;
- Dificuldade de acesso, devido à distância; - Ausência do seguro saúde para a população dos EUA;
- Número reduzido de profissionais especializados em Audiologia pediátrica;
- Número de equipamentos insuficientes; - Serviços de intervenção precoce inadequados para crianças com deficiência auditiva;
– Falta de suporte e acompanhamento das famílias;
- Pouca demanda de crianças com deficiência auditiva, o que faz com que os profissionais somente com a prática clínica não possam e/ou consiga se especializar em determinadas áreas; - Falta de conhecimento dos profissionais, em geral da área da saúde sobre audição, deficiência auditiva e suas consequências na infância; - Falta de programas informativos para as
1. Programas de capacitação e atualização profissional;
2. Criação de programas de promoção da saúde auditiva que visem à informação da população em geral, e especialmente os profissionais na área da saúde;
66 Revisão de Literatura
Quadro 2 - Barreiras e Soluções apontadas pelos estudos quanto ao funcionamento da rede de saúde auditiva no mundo
(continuação) Artigos Barreiras encontradas no sistema de
saúde auditiva Soluções apontadas para melhor funcionamento do sistema de saúde auditiva
famílias; - Ausência do seguro saúde; - Ausência de um sistema de dados acessíveis,unificado e bem consolidado - Pobre comunicação entre a rede de saúde auditiva; - Ausência de legislação;
10. - Ausência de protocolos padronizados.
The Universal newborn hearing screening in Brazil: from identification to intervention (BEVILACQUA et al., 2010). País: Brasil
- Falta de serviços especializados, principalmente em regiões afastadas dos grandes centros urbanos e grandes cidades.
1. Possibilidade do atendimento à distância por meio de recursos interativos e tecnológicos.
Early Hearing Detection and Intervention in Developing Countries: Current Status and Prospects (OLUSANYA, 2006). País: Aborda sobre os países em desenvolvimento.
- Com os modelos de AASI sendo ofertado pelos Sistemas Públicos de Saúde, o usuário não pode escolher qual tecnologia ele gostaria de ter acesso;
- Atraso no diagnóstico e intervenção da deficiência auditiva devido a falta de preparo dos profissionais e conhecimento, que fazem com que os mesmos deixem muitas vezes de considerar as preocupações dos pais quanto a audição da criança, e também não realizam a adaptação do AASI antes dos 2 anos por acreditar que a criança é muito nova para utilização do mesmo.
Capacitar equipes multiprofissionais, bem instruí- las com atitudes acolhedoras com relação à família do paciente; 2. Criação de um Programa de Prevenção e Intervenção precoce da deficiência auditiva congênita, organizado nos níveis: primário (as ações se baseiam na vacinação contra doenças como a rubéola, sarampo meningite; evitar o uso de drogas ototóxicas; programas de promoção de saúde passando informações de como evitar e diagnosticar doenças da primeira infância, icitericia; diagnóstico pré natal e de anomalias comuns da infância, dentre outros); secundário (detecção precoce com procedimentos de triagem auditiva neonatal, identificação de fatores de risco durante e após a gestação; triagem auditiva escolar) e, terciário (tecnologias como aparelho de amplificação sonora individual e
Revisão de Literatura 67
Quadro 2 - Barreiras e Soluções apontadas pelos estudos quanto ao funcionamento da rede de saúde auditiva no mundo
(continuação) Artigos Barreiras encontradas no sistema de
saúde auditiva Soluções apontadas para melhor funcionamento do sistema de saúde auditiva
implante coclear; equipe de terapeutas capacitados auxiliando no desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem das crianças; fornecimento de orientações e adequações para a escola, como por exemplo, adequação das salas de aulas
Improving the Quality of Early Hearing Detection and Intervention Services through Physician Outreach (MUNOZ et al., 2009). País: Estados Unidos
- Falta de equipe capacitada.
1. Realização de programas de educação continuada para médicos e demais profissionais da equipe.
Newborn Hearing Screening and Follow up: Are Children Receiving Recommended Services? (GAFFNEY et al., 2010). País: Estados Unidos
- Ausência de um banco de dados para controle das informações.
1. Criação de um banco de dados universal para acompanhamento dos casos, evitando a perda de informações e dados importantes quanto à intervenção e diagnóstico Das crianças identificadas pela TAN;
The newborn hearing screening programme in England (DAVIS & HIND, 2003). País: Inglaterra
- Falta de equipamentos e manutenção dos mesmos; - Ausência de um banco de dados para controle das informações.
1. Programas de capacitação e treinamento dos profissionais; 2. Criação de um banco de dados universal para acompanhamento dos casos.
Priorities of early hearing detection and intervention in sub- Saharan Africa. (OLUSANYA, 2008). País: África Subsaariana
- Diversidade cultural e socioeconômica, como por exemplo, o fato da criança com deficiência auditiva ficar escondida em casa devido ao estigma da deficiência auditiva;- Falta de informação dos profissionais e da própria população em relação ‘a perda auditiva;
1. Programas de capacitação efetivos aos profissionais da área da saúde.
Overview of newborn hearing screening activities in Latin America (GERNER DE GARCIA et al., 2011). País: Aborda quanto os países da América Latina
- Infraestrutura e número de equipamentos dos serviços inadequados;
- Pouca preocupação da população em geral quanto à deficiência auditiva e sua intervenção,
1. Investimentos em programas governamentais que melhore a qualidade dos serviços são oferecidos.
2. Investimento em programas de promoção de
68 Revisão de Literatura
Quadro 2 - Barreiras e Soluções apontadas pelos estudos quanto ao funcionamento da rede de saúde auditiva no mundo (continuação)
Artigos Barreiras encontradas no sistema de saúde auditiva
Soluções apontadas para melhor funcionamento do sistema de saúde auditiva
- Número reduzido de profissionais qualificados ao trabalho, e a falta de compromisso e responsabilidade dos trabalhadores da área da saúde.
saúde.
National Newborn Hearing Screening Program in Turkey: Struggles and implementations between 20004 e 2008. (BOLAT et al., 2009). País: Turquia
- Falta de comunicação entre os profissionais a respeito da importância da triagem auditiva, e da preocupação dos pais;
1. Melhorar o contato dos profissionais que atuam na triagem auditiva, diagnóstico e intervenção, com os pais e profissionais que atuam no momento da gestação, pré-natal e no nascimento, a respeito da importância dos procedimentos realizados na triagem auditiva;
Early hearing detection and intervention services in the public health sector in South Africa. (THEUNISSEN AND SWANEPOEL, 2008). País: África do Sul
- Falta de equipamento; - Falta de equipe qualificada;
- Não propõe soluções, apenas relata as dificuldades encontradas.
Early Intervention in South Africa: Moving beyond hearing Screening (STORBECK AND PITTMAN, 2008). País: África do Sul
- Falta de preocupação dos serviços em relação a a detecção e intervenção da perda auditiva;
– Financiamento limitado que dificulta o acesso aos serviços;
- Acesso limitado a transporte, principalmente entre a residência da família e o serviço de intervenção.
1. Criação de programas de atendimento domiciliares.
Screening for congenital hearing impairment: time for change (BAMFORD et al., 1998). País: Estados Unidos
- Não relata barreiras apenas perspectivas futuras. 1. Introduzir programas de triagem auditiva universal para identificar perdas auditivas 2. Desenvolver um sistema estratégico de informações para facilitar a coordenação dos serviços e monitorar os programas de triagem auditiva; 3. Avaliação sistemática do papel dos agentes comunitários de saúde, que visitam as casas para
Revisão de Literatura 69
identificação da deficiência auditiva tardia e/ ou Quadro 2 - Barreiras e Soluções apontadas pelos estudos quanto ao funcionamento da rede de saúde auditiva no mundo
(continuação) Artigos Barreiras encontradas no sistema de
saúde auditiva Soluções apontadas para melhor funcionamento do sistema de saúde auditiva
progressiva; 4. Acesso rápido ao pediatra especialista em otologia, para inicio da intervenção precoce;
5. Adoção de um modelo de programa de triagem auditiva, incluindo objetivos apropriados6. Estudos e pesquisas para verificar como melhorar a qualidade do programa:
Hear Early-New Mexico’s Universal Newborn Hearing Screening Program (MCDANIEL et al., 1999). País: México
- Falta de acompanhamento dos pais; - Falta de administração adequada dos dados; - Falta de conhecimento dos serviços em relação as consequências da perda auditiva e as possibilidades de intervenção;
- Falta de tecnologias e equipamentos adequados; - Falta de informação apropriada para as famílias.
Não propõe soluções, apenas relata as dificuldades encontradas.
Polish Universal Neonatal Hearing Screening Program- 4 year experience (SZYFTER et al., 2008) País: Polônia
- Falta de equipamentos adequados; - Falta de recursos humanos; - Ausência de protocolos bem consolidados.
Não propõe soluções, apenas relata as dificuldades encontradas.
Implante Coclear e Aparelhos de Amplificação Sonora Individual
Enter the dragon – China´s journey to the hearing world (LIANG & MASON, 2013). País: China
- Dificuldade em criar um programa de implante coclear devido ao custo do mesmo, acesso e profissionais capacitados;
- Necessidade de novos estudos.
1. Criação de programas para auxiliar famílias mais pobres;
2. Criação de programas de treinamento para equipe cirúrgica, para fonoaudiólogos audiologistas, e também aos fonoaudiólogos
70 Revisão de Literatura
responsáveis pela (re) habilitação audiológica, a fim de delimitar os critérios de indicação e
Quadro 2 - Barreiras e Soluções apontadas pelos estudos quanto ao funcionamento da rede de saúde auditiva no mundo
(continuação) Artigos Barreiras encontradas no sistema de
saúde auditiva Soluções apontadas para melhor funcionamento do sistema de saúde auditiva
preparar a equipe para um serviço de qualidade. New expectations: Pediatric Cochlear Implant in Japan (OLIVER, 2013). País: Japão
- Falta de infraestrutura adequada; - Políticas para promoção e prevenção da saúde auditiva;
Não propõe soluções, apenas relata as dificuldades encontradas.
Cochlear implantation in the world´s largest medical device market: Utilization and awareness of cochlear implants in United States (SORKIN, 2013). Pais: Estados Unidos
- Pouca preocupação dos profissionais da área de saúde quanto as consequências da deficiência auditiva na infância e assim da não utilização de dispositivos para a intervenção;
- Ausência de campanhas que ilustrassem o que é a deficiência auditiva, suas consequências e funcionamento deste dispositivo como opção de tratamento bem como a importância de sua utilização;
- Ausência de preocupação e falta de conhecimento da população em geral quanto a dispositivo e seus benefícios;
– Não estruturação da rede de saúde auditiva, o que dificulta os encaminhamentos específicos;
- Questões políticas da comunidade surda, sendo esta uma barreira cultural (dificuldade de consolidar o modo de comunicação da criança);
- Questões financeiras relacionadas ao fornecimento de serviços em saúde.
Practices in habilitation of pediatric recipients of cochlear implants in India: A survey (JEYARAMAN, 2013). País: India
- Falta de profissionais treinados; - Pouca preocupação por parte dos pais e falha da sua participação no processo de reabilitação;
- Programas inadequados de educação continuada para audiologistas e profissionais de
Não propõe soluções, apenas relata as dificuldades encontradas.
Revisão de Literatura 71
(re) habilitação; - Falta de programas de (re) habilitação antes e
Quadro 2 - Barreiras e Soluções apontadas pelos estudos quanto ao funcionamento da rede de saúde auditiva no mundo
(continuação) Artigos Barreiras encontradas no sistema de
saúde auditiva Soluções apontadas para melhor funcionamento do sistema de saúde auditiva
após a cirurgia bem consolidados; - Não disponibilidade de avaliação padronizada e materiais de (re) habilitação auditiva na linguagem indiana;
- Pobre entendimento quanto aos resultados esperados com o implante coclear;
- Financiamento inadequado para manutenção e reposição,
- Pobre monitoramento da falha dos dispositivos, 10. – Realização de IC em crianças com idades mais
avançadas;
Cochlear Implantation in Developing Countries as Humanitarian Service: Physician Attitudes and Recommendations for Best Practice (SAUNDERS & BARRS, 2011). País: Aborda sobre os países em desenvolvimento.
- Número reduzido de profissionais especializados Não propõe soluções, apenas relata as dificuldades encontradas.
Health Disparities in Pediatric Cochlear Implantation: Na Audiologic Perspective (KIRKHAM et al., 2009). País: Estados Unidos
Havia dois motivos para os resultados limitados de crianças com implante coclear:
- fatores relacionados a família, como adesão ao tratamento, autoeficácia da sua participação
(re) habilitação auditiva inadequada, e recursos educacionais escassos;
1. Aumentar o acesso a reabilitação e melhorar a qualidade da intervenção fornecida;
2. Expandir e melhorar a qualidade da força de trabalho, visto que há pouco número de profissionais treinados no mercado;
3. Mudanças também devem ser realizadas nos programas de identificação precoce e nos sistemas de escola pública para melhorar o acesso e qualidade dos serviços para as crianças que dependem fortemente destes serviços;
4. Aumentar a auto-eficácia dos pais por meio de estratégias de orientação, aconselhamento e
72 Revisão de Literatura
suporte; 5. Buscar identificar a influência de fatores ambientais na intervenção (família e disponibilização de recursos) e intervir, de forma a
Quadro 2 - Barreiras e Soluções apontadas pelos estudos quanto ao funcionamento da rede de saúde auditiva no mundo
(continuação) Artigos Barreiras encontradas no sistema de
saúde auditiva Soluções apontadas para melhor funcionamento do sistema de saúde auditiva
diminuir esta nos resultados em relação ao desenvolvimento da criança.
Cochlear Implantation in India: A public Health Perspective (GARG et al., 2011). País: India
- Falta de conhecimento quanto ao implante coclear e seus benefícios;
- Não disponibilidade de audiologistas bem treinados para realização de micro-cirurgias;
- Falta de infraestrutura.
1. Criação de um Programa Nacional de Prevenção e Controle de Deficiência (NPPCD);
2. Promover a educação da população em relação a deficiência auditiva e por meio de programas como NPPCD;
3. Enfatizar a prevenção da deficiência auditiva, o diagnóstico precoce, tratamento das infecções de ouvido, traumas, enfatizando a importância da TAN,
4. Fornecer vacinação contra a rubéola para toda menina na adolescência,
5. Tornar os AASI disponíveis, bem como o implante coclear para a população indígena e da área rural, torná-los disponíveis comercialmente, fornecendo subsídios para importação destes dispositivos diminuindo os custos dele no país;
Ensuring Financial Access to Hearing Aids for Infants and Young Children (LIMB et al., 2010). País: Estados Unidos
- Informação escassa a respeito da perda auditiva e pobre comunicação com os pais;
- Número insuficiente de audiologistas com experiência no trabalho com crianças;
- Falta de conhecimento entre os profissionais da área de saúde sobre as consequências da deficiência auditiva;
- Baixa taxa de reembolso; – Dificuldade de acesso ao AASI;
1. Implantação de Programas governamentais para auxiliar no acesso aos dispositivos eletrônicos, bem como a possibilidade de seguros mais abrangentes e órgãos privados;
Revisão de Literatura 73
- Falta de equipe especializada;
Cochlear Implants- Projected Demand in Europe (O'DONOGHUE et al., 1995). País: Aborda quanto aos países europeus.
- Falta de equipe especializada e bem consolidada.
1. Importância do treinamento efetivo de profissionais capacitados na área.
Quadro 2 - Barreiras e Soluções apontadas pelos estudos quanto ao funcionamento da rede de saúde auditiva no mundo (continuação)
Artigos Barreiras encontradas no sistema de saúde auditiva
Soluções apontadas para melhor funcionamento do sistema de saúde auditiva
Funcionamento da Rede de saúde auditiva
Public Health Impact of Hearing Impairment and Disability (KOTBY et al., 2008). País: Egito
- Aspectos legislativos (voltados para prevenção da perda auditiva);
- Falta de capacitação dos profissionais
1. Necessidade de documentar adequadamente os dados de forma confiável e levar estes dados ao público, profissionais, e aos órgãos administrativos, a fim de que possam ser realizados planos de educação e motivação das autoridades, bem como estabelecer modelos e sistemas de identificação e (re) habilitação para serem generalizados as regiões próximas, remotas e carentes.
Infant Hearing Loss in South Africa: Age of Intervention and Parental needs support. (POTTAS, 2008). País: África do Sul
- Falta de infraestrutura nos serviços; - Existência de poucos programas de triagem auditiva, e estes serem conduzidos em serviços públicos e privados, resultando na identificação da criança mais tardiamente, após os dois anos de idade;
- Dificuldade de acesso da população aos serviços devido à distância, dificuldade de transporte e falta de rodovias;
- Fatores sociais como a violência, discriminação, religião, raça, mal nutrição, doenças como a AIDS, que podem afetar essa população;
1. Consolidação de programas de suporte a família.
Contribuições para análise da política de saúde auditiva no Brasil (BEVILACQUA et al., 2011). País: Brasil
- Organização da rede de referência e contrareferência,
– Os serviços não estavam realizando o acompanhamento fonoaudiológico;
- Falta de adesão dos pacientes ao processo de reabilitação auditiva;
1. Melhor funcionamento dos Departamentos Regionais de Saúde (DRS), que regularizam o encaminhamento do paciente para o serviço, de acordo com a residência;
2. Maior capacitação dos profissionais para compreender a importância da terapia dentro do
74 Revisão de Literatura
- Falta de esclarecimento sobre o fato de que a adaptação do AASI é somente uma etapa do processo;
processo de reabilitação auditiva; 3. Regulação de vagas e o teto estabelecido para os serviços de saúde auditiva, pelos gestores
Quadro 2 - Barreiras e Soluções apontadas pelos estudos quanto ao funcionamento da rede de saúde auditiva no mundo
(continuação) Artigos Barreiras encontradas no sistema de
saúde auditiva Soluções apontadas para melhor funcionamento do sistema de saúde auditiva
- Dificuldade de acesso ao serviço. também deve ser cogitada. ESTUDO AVALIATIVO DA POLÍTICA DE ATENÇÃO À SAÚDE AUDITIVA: Estudo de caso em Pernambuco (TEIXEIRA, 2007). País: Brasil
- Insuficiência e desigualdade na distribuição da oferta de procedimentos de atenção a saúde auditiva, que revela a iniquidade no acesso da população aos procedimentos em saúde auditiva;
- Número reduzido de profissionais e terapeutas, incluindo a ausência do fonoaudiólogo que deveria ser requerido nos três níveis de atenção;
- Direcionamento inadequado dos fundos governamentais em cada etapa da rede;
- Falta de equipamento e manutenção dos mesmos;
- Pouco incentivo para os professores da rede de ensino em atuar com estas crianças.
1. Importância de ferramentas para avaliação da qualidade dos serviços;
2. Ações em reabilitação devem ser integradas com a participação do MS e do Ministério da Educação com objetivo de garantir o acesso da criança à reabilitação e seu segmento;
3. Ampliar a rede de atendimento em reabilitação auditiva mediante convênios e contratos com a rede suplementar, de forma articulada e integrada com o sistema local e regional;
4. Considerar a demanda nas três esferas de complexidade, e a área geográfica do estado como critério para o credenciamento de novas unidades prestadoras de serviços.
A Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva: avanços e entraves no município do Rio de Janeiro (AMARAL, GUILAM, 2009). País: Brasil
- Forma de registro utilizada são os prontuários, dificuldade necessidade de um banco de dados universal;
- Dificuldade quanto ao acesso, número de vagas limitadas, necessidade de aumentar número de vagas;
- Importância de uma equipe interdisciplinar bem consolidada, dificuldade encontrada as equipes não possuem serviço social e psicologia;
- Os serviços não possuíam os equipamentos mínimos necessários, propostos pela portaria;
1. Necessidade de melhora no diagnóstico precoce, na agilidade da aquisição das próteses auditivas, da reabilitação e da garantia do acesso ao acompanhamento do usuário.
2. Treinamento profissional e regulação do programa de autorizações de procedimento podem minimizar as dificuldades encontradas no preenchimento dos formulários que permitem o repasse de verbas.
3. Necessidade de organização e ampliação da Rede de Saúde Auditiva. Para tanto, deve ser
Revisão de Literatura 75
- Dificuldade do preenchimento das autorizações de procedimento,
Despreparo da Unidade; - Problemas no funcionamento da Rede que dificulta e atraso o tempo de identificação e inicio
realizado um mapeamento dos atendimentos das unidades com atuação em Saúde Auditiva, a fim de possibilitar melhores fluxos de referência e contrarreferência de uma unidade para a outra e entre os níveis de complexidade. Os serviços
Quadro 2 - Barreiras e Soluções apontadas pelos estudos quanto ao funcionamento da rede de saúde auditiva no mundo
(conclusão) Artigos Barreiras encontradas no sistema de
saúde auditiva Soluções apontadas para melhor funcionamento do sistema de saúde auditiva
da intervenção; - Falta de capacitação dos profissionais;
10. - Distância da residência e local de atendimento.
devem ser mais descentralizados o que permitiria um melhor atendimento ao usuário, evitando longas viagens.
Staffing and structure for paediatric audiology services in hospital and community units. (HAGGARD & PULLAN, 1989). País: Estados Unidos
- Falta de recomendações estruturadas para o funcionamento de um serviço de audiologia padrão, bem como a respeito de qual a função a ser desempenhada por cada profissional.
1. Estabelecer recomendações sobre como os profissionais devem atuar, os papéis e procedimentos, conteúdos adotados fundados na prática clínica com qualidade para a população atendida;
Evaluation of New York State’s Child Health Plus: Access, Utilization, Quality of Health Care, and Health Status (HOLL et al., 2000). País: Estados Unidos
- Financiamento dos cuidados em saúde; - Falta de acessibilidade ao seguro de e com condições financeiras precárias.
1. Criação de programas como SCHIP- State Children´s Health Insurance Program, que fornece financiamento para iniciativas federais de seguro saúde para as crianças e do fundo estatal Child Health Plus, visando melhorar o acesso aos cuidados em saúde devido a falta de acesso a cuidados médicos para crianças sem seguro saúde
Audiology in Latin America: hearing impairment, resources and services (MADRIZ, 2001). País: Aborda quanto aos países da América Latina.
- Recursos limitados, - Pobre motivação/ alta resistência a pesquisas epidemiológicas, e baixas prioridades com os sistemas de saúde para lidar com o problema da deficiência auditiva;
- Limitação de dados consistentes de qualidade e os estudos encontrados utilizavam de uma metodologia inadequada que não é possível generalizar para toda a população.
- Populações grandes, questões geográficas, e
1. Necessidade de guias de desenvolvimento local, nacional e regional para pesquisas;
2. Serviços e políticas governamentais e os programas devem ser suportados e encorajados por organizações como Organização Pan Americana de Saúde, por grupos de profissionais regionais.
76 Revisão de Literatura
distancia entre as cidades maiores são fatores limitantes para a acessibilidade aos serviços e para obtenção de dados epidemiológicos e demográficos,
Processo de Estabelecimento de um Serviço de Alta Complexidade na Saúde Auditiva (2004-2009): Caracterização Demográfica, Audiológica e Organizacional (ALENCAR & NOVAES, 2011). País: Brasil
-Nos bancos de dados existentes há falhas na cobertura dos eventos; - Má qualidade no preenchimento de formulários, - Má qualidade dos dados com presença de incorreções, fraudes e manipulação;
- Necessidade de atribuição de funções a cada centro que compõe a rede de cuidados, -Interesse e a necessidade de utilizar bases de dados disponíveis como ferramentas na elaboração de políticas, no planejamento e na gestão, na avaliação e no controle dos serviços de saúde prestados à população.
Qualidade em Serviços de saúde auditiva infantil: agendamento, espera e permanência (RALO & NOVAES, 2010). País: Brasil
– Necessidade avaliação constante das operações de serviços para propor ferramentas originais e atingir peculiaridades e características no contexto de Rede de Saúde Auditiva, particularmente em rotinas envolvendo múltiplos procedimentos e profissionais; -Melhorar a infraestrutura do serviço, quanto a equipamentos e número de salas de atendimento; -Dificuldade de locomoção do paciente até o serviço.
- Necessidade de registros e mensurações, - Atualização dos profissionais, principalmente quanto a aspectos voltados a gestão também
Satisfação de pais de crianças deficientes auditivas quanto ao desenvolvimento auditivo e de linguagem: construindo indicadores de qualidade em um serviço de saúde auditiva. (FORTES & NOVAES, 2009). País: Brasil
-Dificuldade no transporte, - Falta de vagas para atendimento, - Indisponibilidade para levar a criança.
– Importância da avaliação da qualidade para aprimorar as ações em saúde.
Efetividade do processo de contrarreferência de crianças para terapia fonoaudiológica em um serviço de Saúde Auditiva (STELLA & NOVAES, 2013). País: Brasil
- Tempo de espera para acesso aos serviços de terapia fonoaudiológica, isto é, a contrarreferência; - Dificuldade de acesso a estes serviços, e atraso no inicio do processo de reabilitação das crianças usuárias de dispositivos eletrônicos; - Pouco envolvimento da família no processo de acesso aos serviços de contrarreferência; - Atualização de banco de dados;
- Necessidade de busca ativa; - Manter retornos pré-agendados; - Necessidade de articulação entre os serviços de saúde do município para que se garanta um atendimento integral e com resolutividade aos pacientes com deficiência auditiva.
Revisão de Literatura 77
- Falta de profissionais especializados, fonoaudiólogos nos serviços de contrarreferência; - Falta de registros eletrônicos e rede informatizada integrada.
Programa Nacional de Atenção à Saúde Auditiva: avanços e entraves da saúde auditiva no Brasil (ANDRADE et al., 2013). País: Brasil
- Discrepâncias na oferta dos serviços entre as regiões brasileiras; - Desigualdades no acesso à assistência ao deficiente auditivo no Brasil, em especial, na Região Norte e Centro-oeste, as quais estão aquém do padronizado; - Demanda populacional e existência de filas de espera; - Atraso do repasse de verba, e ausência de organização; - Carência de divulgação do PNASA na sociedade que contribui para desinformação de boa parcela da população e de alguns profissionais de saúde; - Deficiência de cobertura do PNASA, um grande número de pessoas com deficiência auditiva não estão recebendo a assistência.
- Necessidade de criação de uma rotina de avaliação desse programa a fim de auxiliar os gestores a otimizar recursos financeiros que contemplem as necessidades dos DA, bem como oferecer ferramentas de gestão para o planejamento e controle dos serviços de saúde auditiva; - Maior divulgação da PNASA em todas as regiões do país; - Chamar a atenção das autoridades públicas para fundamentação de novas portarias e regulamentações respeitando a heterogeneidade da população brasileira.
Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva: o caso do município de São Paulo (VIEIRA & PEREIRA, 2013). País: Brasil
-Sistemas de dados dos sistemas de informação e documentos são insuficientes para entender a dinâmica desta realidade complexa do Sistema Único de Saúde; - Desigualdade quanto a concentração de muitos serviços de alta complexidade em regiões mais centrais da cidade de São Paulo, com difícil acesso àqueles que moram nas periferias e extremos da cidade, isto observa-se também no cenário nacional quanto a deseigualdade deconcentração dos serviços regionalmente; - O teto financeiro estabelecido limita a realização dos procedimentos em saúde, quanto a infraestrutura dos serviços; - Adequar o fluxo, demanda, para a contrarreferência, levando o acompanhamento
- Criação de ambientes favoráveis à saúde; - Incremento do poder técnico, e político das comunidades; - Reorientação dos serviços de saúde na direção da concepção da promoção da saúde, além do provimento de serviços assistenciais; - Adequar o fluxo de atendimento dos Serviços - Reorganizar o processo de trabalho e oferta de serviços; - Estabelecimento de uma política de acolhimento nos serviços.
78 Revisão de Literatura
mais próximo a residência dos usuários, melhorando a acessibilidade; - Qualificar a contrarreferência, quanto a profissionais e infraestrutura para receber essa demanda vinda dos serviços de referÊncia; - A falta de vagas ou a má distribuição das mesmas; - Usuários que esqueciam documentos e, consequentemente, encontravam empecilhos para o atendimento, além daqueles que compareciam ao serviço desacompanhados e que apresentavam muita dificuldade, mesmo durante o diálogo com as recepcionistas; - Fornecimento, pelas recepcionistas, de informações equivocadas; além de usuários que não conseguiam obter as informações que precisavam e desistiam; - Profissionais literalmente correndo, para atender a grande demanda que aguardava na sala de espera; - Dificuldade no entendimento das Portarias e normas; - Falta de infraestrutura.
Revisão de Literatura 79
2.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este levantamento foi possível verificar como ocorre nacional e
internacionalmente o funcionamento da rede de saúde auditiva. Analisando os
indicadores de qualidade propostos pelas academias, comitês internacionais e
nacionais, a respeito de como deveria funcionar cada etapa da rede, constata-se
que os países, embora variem quanto à cultura, economia, aspectos sociais, tentam
se aproximar dos padrões solicitados. Entretanto, atingí-los envolve ainda algumas
barreiras que necessitam ser superadas.
Assim, muitas soluções foram propostas dentre as quais:
• Programas de educação continuada para os profissionais da área de
saúde;
• Criação de programas governamentais para investimentos na
infraestrutura quanto a equipamento e manutenção dos mesmos na
área de saúde;
• Organização de políticas públicas que assegure que a criança tenha
acesso a toda a rede de forma gratuita, visando minimizar as
consequências da deficiência auditiva na infância;
• Delimitação da função de cada profissional em cada etapa da rede
de saúde auditiva, das funções dos serviços de referência e
contrarreferência, bem como de cada órgão e programa associado;
• Criação de um banco de dados universais que contenha
informações de todos os recém nascidos, desde a gestação,
primeiros procedimentos realizados na TAN, bem como dados
quanto ao diagnóstico e intervenção nos casos diagnosticados com
deficiência auditiva;
• Auxílio aos países em desenvolvimento que enfrentam dificuldades
quanto à organização e consolidação da rede, bem como quanto ao
treinamento de profissionais qualificados;
• Necessidade de novas pesquisas na área visando sempre o
aprimoramento na rede de cuidados a saúde auditiva na infância.
80 Revisão de Literatura
Com esta revisão de literatura, pôde-se verificar que ainda muitos
aspectos quanto às ações voltadas ao cuidado à saúde auditiva, especialmente a
infantil, necessitam ser aprimorados, tanto no contexto nacional quanto
internacional, com o enfoque no funcionamento da rede de saúde auditiva,
envolvendo todas as suas etapas que possibilitam a intervenção precoce.
Neste sentido, este estudo propôs pesquisar aspectos que permitam a
reflexão sobre a (re)habilitação de crianças com deficiência auditiva no estado de
São Paulo.
Espera-se por meio deste, obter dados sistemáticos quanto as barreiras e
limitações vivenciadas neste contexto de (re)habilitação auditiva (terapia
fonoaudiológica), auxiliando posteriormente os gestores no estabelecimento de
políticas públicas, revisão das políticas já existentes e aprimoramento das mesmas,
consequentemente no direcionamento de verbas e elaboração de programas,
portarias e leis que assegurem o funcionamento adequado da rede para a criança
com deficiência auditiva.
3 PROPOSIÇÃO
Proposição 83
3 PROPOSIÇÃO
Pesquisar aspectos que permitam a reflexão quanto a (re) habilitação de
crianças com deficiência auditiva, após a realização da cirurgia do implante coclear
(IC) ou adaptação de Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) no Estado
de São Paulo.
4 MATERIAL E
MÉTODOS
Material e Métodos 87
4 MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas da
Faculdade de Odontologia de Bauru - Universidade de São Paulo, mediante ao
Parecer 90.666.
4.1 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTUDO
Tratou-se de um estudo prospectivo transversal desenvolvido pelo
Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru e pelo
Centro de Pesquisas Audiológicas (CPA) do Hospital de Reabilitação de Anomalias
Craniofaciais da Universidade de São Paulo, na cidade de Bauru (HRAC/USP-
Bauru).
4.2 PROCEDIMENTOS
Primeiramente, foi realizado o levantamento e caracterização dos
diferentes serviços que realizam terapia fonoaudiológica voltada (re) habilitação
auditiva no Estado de São Paulo.
O Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde- CNES foi instituído
pela Portaria MS/SAS 376, de 03 de outubro de 2000, publicada no Diário Oficial da
União de 04 de outubro de 2000. Após acordo na Comissão Intergestores Tripartite
a PT 376 permaneceu em consulta pública até dezembro de 2000. Com a
incorporação das sugestões recebidas dos gestores estaduais e municipais do SUS
e da sociedade em geral, editou-se em 29/12/2000 a Portaria MS/SAS 511/2000 que
passa a normatizar o processo de cadastramento em todo Território Nacional.
O CNES é base para operacionalizar os Sistemas de Informações em
Saúde. Dispõe de um vasto conteúdo de informações sobre os estabelecimentos de
saúde do país, incluindo os serviços públicos e privados, proporcionando ao gestor
conhecer a rede assistencial existente e sua potencialidade, imprescindíveis nos
processos de planejamento em saúde, regulação, avaliação, controle, auditoria e de
ensino/pesquisa, bem como dar maior visibilidade ao controle social para o melhor
desempenho de suas funções.
88 Material e Métodos
Dessa forma, para o levantamento da relação dos serviços públicos que
realizam terapia fonoaudiológica voltados para a (re) habilitação auditiva de crianças
com deficiência auditiva usuárias de AASI e/ou IC foi utilizada esta ferramenta.
Buscou-se identificar tanto os serviços de saúde auditiva credenciados como Média
e Alta Complexidade, e de Implante Coclear, assim como os serviços que foram
cadastrados no CNES como serviço de reabilitação 107/003 (terapia fonoaudiológica
para deficiente auditivo) até abril de 2013.
De acordo com dados levantados no CNES, foram identificados 527
serviços cadastrados no Estado de São Paulo que oferecem terapia fonoaudiológica
para a população infantil com deficiência auditiva, sendo excluídos inicialmente 136
serviços que realizavam atendimento pelo setor privado, resultando em 391 serviços
incluídos na amostra inicial do estudo. A Figura 2 apresenta a distribuição dos tipos
de serviços identificados neste levantamento.
Figura 2: Categorização quanto ao tipo dos serviços encontrados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) que oferecem terapia fonoaudiológica no Estado de São Paulo.
Material e Métodos 89
A Figura 3 apresenta a distribuição dos 391 serviços públicos
identificados no CNES em abril de 2013 para a realização de terapia fonoaudiológica
no estado de são Paulo.
Fonte: http://batchgeo.com/map/3ae216781e5a3e5703c83ea0e8d7934e
Figura 3 - Distribuição dos serviços de reabilitação cadastrados no Estado de São Paulo, levantados no website do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) (n=391) em abril de 2013.
Realizado este levantamento, a pesquisadora entrou em contato
telefônico com os serviços. Para os serviços que não foi possível obter resposta via
telefone, visto que as informações do CNES estavam desatualizadas, foram
enviadas cartas via correio, solicitando o contato do gestor com a pesquisadora via
e-mail ou telefone, caso concordassem em participar do estudo. Os resultados dos
contatos realizados estão descritos na Figura 4.
A Legislação determina que mensalmente as informações devam ser
atualizadas em caso de mudança de algum dado referente ao estabelecimento ou
aos profissionais que atuam no mesmo, especialmente as mudanças referentes a
inclusões e exclusões no CNES. Neste estudo, a atualização dos dados dos
serviços mostrou ser uma dificuldade, visto que 28% (Figura 4) estavam com os
dados cadastrais desatualizados.
90 Material e Métodos
A atualização deste sistema de cadastro é uma ação conjunta das três
esferas de gestão do SUS (Municipal, Estadual e Federal), destacando-se assim, o
importantíssimo papel dos gestores estaduais, do Distrito Federal e municipais de
saúde, que têm a responsabilidade do cadastramento e do maior desafio de mantê-
lo que representa mantê-lo atualizado. Cabendo ao gestor federal receber o banco
de dados, manter a base nacional atualizada e efetuar sistematicamente a
disseminação das informações cadastrais de todo território nacional.
Figura 4: Resultado do contato realizado com os 391 serviços cadastrado para realização de terapia fonoaudiológica
No contato telefônico com os 284 serviços do estado de São Paulo, a
pesquisadora informou ao gestor o propósito de realização do estudo e, verificou se
o serviço realizava atendimento terapêutico à criança com deficiência auditiva com
idade de zero a 17 anos incompletos. Nesse primeiro contato, 227 (80%) serviços
foram excluídos (nove serviços especializados, 75 Serviços da Atenção Primária,
143 Centros, Instituições e Hospitais) e os motivos de exclusão foram listados na
Tabela 2, de acordo com o tipo de serviço.
Número total de serviços que foi possível contato= 284 serviços (72%) Contatos dos serviços desatualizados: 107 serviços (28%)
Material e Métodos 91
Tabela 2: Motivos para exclusão dos serviços quanto à participação no estudo.
Serviços Especializados excluídos do
estudo n= 9 serviços
Serviços da Atenção Primária
excluídos do estudo n= 75
serviços
Centro, Instituições e
Hospitais excluídos do
estudo n=143
serviços
Total (n=227)
n % n % n % n % Não aceitaram participar do
estudo 0 0 6 8% 12 8,39% 18 7,92%
Não realiza atendimento da
pessoa com deficiência
auditiva
2 22,22% 38 50,70% 76 53,14% 116 51,10%
Não realiza atendimento
fonoaudiológico, ou seja, não
tem fonoaudiólogo no serviço.
0 0 17 22,70% 19 13,28% 36 15,86%
Não atende crianças, apenas a
população adulta com
deficiência auditiva.
1 10% 2 5,70% 6 4,19% 9 3,96%
Não pode participar devido à
ausência de um banco de
dados para controle de
informações.
1 10% 0 0 0 0 1 0,44%
Realiza apenas diagnóstico
audiológico 1 10% 2 5,70% 8 5,59% 11 4,85%
Realiza diagnóstico
audiológico e adaptação de
AASI e não terapia
fonoaudiológica.
2 22,22% 0 0% 1 0,69% 3 1,32%
Não retomou o contato para
responder aos questionários. 2 22,22% 4 5,33% 8 5,59% 14 6,17%
Realizam o atendimento à
criança com deficiência
auditiva, mas no momento não
há nenhuma em atendimento
terapêutico.
0 0 6 8% 13 9,09% 19 8,37%
Após a exclusão dos serviços de acordo com os motivos descritos acima
e daqueles que não foi possível realizar contato foram convidados a responder aos
questionários do estudo 57 serviços (Figura 5).
92 Material e Métodos
Figura 5: Relação dos serviços incluídos no estudo e convidados a responder os questionários
A disposição destes serviços no estado encontra-se na figura 6.
Figura 6 - Distribuição dos serviços no Estado de São Paulo participantes do estudo (n=57)
Material e Métodos 93
Foi encaminhado ao gestor e aos fonoaudiólogos dos 57 serviços que
realizam terapia, via e-mail, o link do site https://pt,surveymonkey,com/s/Q8LKCDJ
para ter acesso ao seguintes conteúdos:
1) Carta Convite de Participação na Pesquisa (ANEXO1);
2) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido: para autorizar ou não
a participação na pesquisa (ANEXO 2);
3) Questionário de “Avaliação da Rede de (Re) Habilitação Auditiva e
Perfil dos Reabilitadores” (ANEXO 3);
4) Questionário de “Avaliação da qualidade dos serviços de saúde que
oferecem terapia voltada a (re) habilitação auditiva à população
infantil com deficiência auditiva e seu funcionamento sob a
perspectiva do terapeuta e do gestor” (ANEXO 4).
4.3 INSTRUMENTOS
4.3.1 QUESTIONÁRIO DE “AVALIAÇÃO DA REDE DE (RE)
HABILITAÇÃO AUDITIVA E PERFIL DOS REABILITADORES”
Este questionário contou com as seguintes questões relacionadas a
caracterização da população atendida: quantidade e faixa etária das crianças
atendidas nesta área no serviço de atuação; gênero das crianças atendidas;
deslocamento para a terapia (mesma cidade ou cidade diferente), quantidade de
pacientes pré-linguais e pós-linguais; apresentação de outros comprometimentos;
grau da deficiência auditiva apresentada pelos pacientes; tipo de aparelho de
amplificação sonora individual utilizado e/ou implante coclear e quantidade de
crianças que o utilizam; tempo de uso de ambos os dispositivos bem como forma de
obtenção dos mesmos; quantidade de atendimentos realizados semanalmente;
tempo de duração e forma de realização dos mesmos (se em grupo, quais os
critérios utilizados para a separação dos mesmos); tipo de escola frequentada pela
94 Material e Métodos
criança, classe, disponibilidade de sala de recursos e utilização do sistema de
frequência modulada; forma de registro de evolução da criança,
As demais questões eram relacionadas à caracterização do perfil dos
reabilitadores: tempo de atuação na área de (re) habilitação auditiva;
posicionamento do terapeuta e da criança durante as sessões de terapia
fonoaudiológica; abordagem e/ou método terapêutico utilizado; participação da
família, orientação e aconselhamento familiar bem como periodicidade da
orientação; verificação do funcionamento do aparelho de amplificação sonora
individual, e/ou implante coclear, bem como do molde auricular; frequência das
verificações e providências tomadas em caso de funcionamento inadequado dos
dispositivos eletrônicos, reposição do molde auricular e reavaliação audiológica
(realização de avaliações audiológicas de acompanhamento); orientação á equipe
escolar (direção, professores); realização de testes de percepção de fala; método
prioritário de comunicação na terapia; atividades terapêuticas realizadas na sessão
de terapia; atualização profissional.
A aplicação deste questionário foi realizada mediante ao acesso ao link
https://pt,surveymonkey,com/s/Q8LKCDJ, em casos em que não foi possível o
acesso pela internet, o questionário foi encaminhado como carta via correio.
4.3.2 QUESTIONÁRIO DE “AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS
SERVIÇOS DE SAÚDE QUE OFERECEM TERAPIA VOLTADA A (RE)
HABILITAÇÃO AUDITIVA À POPULAÇÃO INFANTIL COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA
E SEU FUNCIONAMENTO SOB A PERSPECTIVA DO TERAPEUTA E DO
GESTOR”
Para avaliar a qualidade dos serviços que ofereciam terapia
fonoaudiológia para crianças com deficiência auditiva sob perspectiva do
fonoaudiólogo (reabilitador) e do gestor, foi aplicado um questionário produto do
projeto Indicadores e proposta de avaliação de qualidade dos serviços de
audiologia do Sistema Único de Saúde (Fapesp: 2006/51881-3), com aprovação
do Comitê de Ética em Pesquisas da Faculdade de Odontologia de Bauru, Protocolo
89/2008 (ANEXO 2). Este questionário foi divido didaticamente em dois
questionários sendo um direcionado ao gestor e outro ao profissional fonoaudiólogo
Material e Métodos 95
que atua no serviço, devido à dinâmica do estudo para facilitar a obtenção da
resposta por cada participante.
O questionário a ser respondido pelo gestor foi constituído por questões
abertas e fechadas, as quais envolviam os seguintes temas relacionados à
caracterização e avaliação de qualidade dos serviços: número de casos novos
atendidos a cada ano; número de casos para adaptação do aparelho de
amplificação sonora individual anual; atendimentos realizados no serviço; fila de
espera para atendimento no serviço; tempo envolvido entre avaliação, diagnóstico e
adaptação do AASI; número de fonoaudiólogos especialistas e quantidade de horas
trabalhadas por cada profissional; capacitação do fonoaudiológico e investimento
nesta pelo serviço; taxa de evasão; banco de dados e seu funcionamento; realização
de pesquisas científicas e sugestões para melhora do funcionamento da rede de
saúde auditiva no Estado de São Paulo.
O questionário a ser respondido pelo fonoaudiólogo abordou os seguintes
aspectos em questões fechadas: 1. Acesso, 2. Serviço Diagnóstico, 3. Plano de
Intervenção (Projeto Terapêutico Singular), 4. Avaliação do serviço, 5. Comunicação,
6. Competência Profissional. Para cada questão as respostas seriam dadas em uma
escala de um a cinco em que: 1. Simbolizava a inexistência de qualquer item
considerado como padrão de qualidade, 2. Apenas alguns elementos, 3. Cerca de
metade dos itens do padrão de qualidade, 4. Quase completo e 5. Existência de
todos os itens considerados como padrão de qualidade. O número 0 refere-se à
opção de resposta descrição de quando aquele tipo de serviço não era realizado.
Assim, quanto maior a pontuação dada pelo fonoaudiólogo, melhor a avaliação do
serviço.
Todas as questões constavam com um espaço para observações em que
os profissionais puderam descrever quando aquele tipo de serviço não era realizado.
As questões de um a três referem-se ao “Acesso” (1- acesso referência,
contrarreferência e controle; 2- tempo de espera; 3- dispositivos eletrônicos), quatro
a sete referem-se ao “Serviço Diagnóstico” (4-avaliação audiológica, 5-
equipamentos e materiais, 6- atendimento multiprofissional,7- avaliação dos
resultados) , oito a 10 referem-se ao “Plano de Intervenção (Projeto Terapêutico
Singular)” (8-desenvolvimento, 9- monitoramento, 10- seleção, adaptação e
96 Material e Métodos
verificação AASI), 11 a 13 referem-se a “Avaliação do serviço” (11- avaliação dos
resultados, 12- avaliação usuário, 13-auditoria), 14 a 16 referem-se à “Comunicação”
(14- pré- avaliação, 15-avaliação, 16- referência, contrarreferência e controle) e as
questões de 17 (educação continuada) e 18 (recrutamento, rotatividade e motivação)
a “Competência Profissional”.
A aplicação do questionário direcionado ao gestor foi realizada com o
acesso ao website https://pt,surveymonkey,com/s/Q8KQMZW, já quanto ao
questionário direcionado ao fonoaudiólogo foi realizado com o acesso ao website
https://pt,surveymonkey,com/s/QKPMYSK enviados via email e/ou correio
dependendo da necessidade do profissional.
4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
De forma a melhorar a visualização dos resultados obtidos em cada
questionário aplicado, a apresentação dos resultados foi descrita em duas etapas:
• 1ª etapa: Nesta etapa foram descritos os resultados do questionário
“Avaliação da Rede de (Re) Habilitação Auditiva e Perfil dos
Reabilitadores”, a fim de caracterizar a população atendida, os
centros de atendimentos, bem como o perfil dos fonoaudiólogos do
Estado de São Paulo que atuam em serviços na área de reabilitação
fonoaudiológica para crianças usuárias de dispositivos eletrônicos.
Após a entrada dos dados da pesquisa, os dados foram convertidos para
o STATA, versão 10.0, e realizada a análise estatística descritiva. Os dados foram
apresentados em tabelas e gráficos para dinamizar e facilitar o entendimento.
Para caracterizar a população atendida, inicialmente foi realizada a
análise do número de crianças de acordo com cada tipo de serviço (atenção
primária, serviços especializados e centros, instituições e hospitais), bem como a
porcentagem de crianças em cada faixa etária. Também foi descrito para cada tipo
Material e Métodos 97
de serviço o número de crianças que terapia fonoaudiológica próxima à sua
residência, e aquelas que necessitam viajar para obter este atendimento.
As demais informações relacionadas à caracterização geral foram
apresentadas de modo a caracterizar a casuística estudada, tais como, gênero,
época de aparecimento da deficiência auditiva, existência de comprometimentos
associados, caracterização audiológica, uso de dispositivos eletrônicos e tipo dos
mesmos, tempo de uso do dispositivo, forma de obtenção do mesmo, dados
escolares bem como uso de recursos auxiliares, como o sistema de frequência
modulada.
Para caracterizar o perfil dos reabilitadores e os centros de atendimentos
a análise de todos os dados obtidos novamente foi apresentada de acordo com o
tipo de serviço participante (atenção primária, serviços especializados e centros,
instituições e hospitais).
A questão presente no questionário a respeito do posicionamento do
profissional-criança durante a terapia fonoaudiológica foi retirada do estudo devido
as variáveis envolvidas quanto a este questionamento, e viés que poderia ser
estabelecido pela análise subjetiva dos pesquisadores quanto à interpretação destes
resultados.
• 2ª etapa: Avaliar a qualidade dos serviços de saúde que oferecem
terapia voltada a (re) habilitação auditiva à população infantil com
deficiência auditiva e seu funcionamento sob a perspectiva do
terapeuta e do gestor.
Nesta etapa foram descritos os resultados do questionário “Avaliação da
qualidade dos serviços de saúde que oferecem terapia voltada a (re) habilitação
auditiva à população infantil com deficiência auditiva e seu funcionamento sob a
perspectiva do terapeuta e do gestor”.
O questionário “Avaliação da qualidade dos serviços de saúde que
oferecem terapia voltada a (re) habilitação auditiva à população infantil com
deficiência auditiva e seu funcionamento sob a perspectiva do terapeuta” foi
98 Material e Métodos
analisado de acordo com os aspectos: 1. Acesso, 2. Serviço Diagnóstico, 3. Plano
de Intervenção (Projeto Terapêutico Singular), 4. Avaliação do serviço, 5.
Comunicação, 6. Competência Profissional, com a pontuação realizada de acordo
com a escala descrita de um a cinco de acordo com os itens de qualidade do
serviço. Desta forma, quanto maior a pontuação, melhor avaliado foi o aspecto. Para
análise de tais dados, foi realizada a mediana quanto às pontuações obtidas de
acordo com cada tipo de serviço.
Para as questões referentes ao questionário “Avaliação da qualidade dos
serviços de saúde que oferecem terapia voltada a (re) habilitação auditiva à
população infantil com deficiência auditiva e seu funcionamento sob a perspectiva do
gestor” foi realizada a análise qualitativa quanto aos questionamentos: número de
casos novos atendidos a cada ano; número de casos para adaptação do aparelho
de amplificação sonora individual anual; atendimentos realizados no serviço; fila de
espera para atendimento no serviço; tempo envolvido entre avaliação, diagnóstico e
adaptação do AASI; número de fonoaudiólogos especialistas e quantidade de horas
trabalhadas por cada profissional; capacitação do fonoaudiológico e investimento
nesta pelo serviço; taxa de evasão; banco de dados e seu funcionamento; realização
de pesquisas científicas e sugestões para melhora do funcionamento da rede de
saúde auditiva no Estado de São Paulo.
Após a entrada dos dados da pesquisa, os dados foram convertidos para
o STATA, versão 10.0, e realizada a análise estatística descritiva destes bem como
a análise qualitativa dos comentários realizados pelos gestores.
Os dados foram analisados de acordo com o tipo de serviço participante
(atenção primária, serviços especializados e centros, instituições e hospitais) e
apresentados de forma descritiva, e pela apresentação de tabelas e gráficos para
dinamizar e facilitar o entendimento.
5 RESULTADOS
Resultados 101
5 RESULTADOS
5.1 Caracterização da população atendida, dos centros de atendimentos, bem
como do perfil dos fonoaudiólogos dos Serviços de Saúde Auditiva do Estado
de São Paulo que oferecem serviços na área de reabilitação fonoaudiológica
para crianças usuárias de dispositivos eletrônicos.
A figura 7 descreve a relação dos serviços participantes nesta etapa, bem
como as dificuldades encontradas quanto aos serviços que foram excluídos neste
momento e o motivo. Assim, deve-se ressaltar que por vezes um serviço possui mais
de um profissional fonoaudiólogo que trabalha com a terapia voltada a (re)
habilitação da criança com deficiência auditiva, desta forma, todos os profissionais
que trabalham nesta área e estão atendendo as crianças com deficiência auditiva
usuárias de dispositivos eletrônicos foram convidados a participar do estudo e
responder aos questionários, visto a responsabilidade por cada paciente.
Figura 7: Relação dos serviços participantes da etapa de caracterização da população atendida, centro de atendimento e perfil dos Reabilitadores.
102 Resultados
Quanto à análise voltada a caracterização geral da população atendida, o
número de crianças atendidas de acordo com o tipo de serviço participante no
estudo, bem como a faixa etária em atendimento estão descritas na tabela 3.
Tabela 3: Número de crianças atendidas de acordo com o tipo de serviço participante no estudo e a faixa etária apresentada (n= 794).
Número de Fonoaudiólogos participantes
Numero de crianças atendidas
Faixa etária
Serviços Especializados (n=19)
25 fonoaudiólogos 497 crianças (62%)
0 a 12 meses=0 (0%)
1 a 3 anos= 18 (3,62%)
3 a 5 anos= 106 (21,32%)
5 a 8 anos= 265 (53,31%)
8 a 12 anos= 62 (12,47%)
12 a 18 anos incompletos= 46 (9,25%)
Atenção Primária à Saúde (n=9)
8 fonoaudiólogos 21 crianças (7%)
0 a 12 meses= 3 (14,21%)
1 a 3 anos= 0 (0%)
3 a 5 anos= 4 (19,04%)
5 a 8 anos= 2 (9,52%)
8 a 12 anos= 10 (47,61%)
12 a 18 anos incompletos= 2 (9,52%)
Centros, Instituições e Hospitais (n=27)
27 fonoaudiólogos 276 crianças (35%)
0 a 12 meses=15 ( 5,43%)
1 a 3 anos= 15 (5,43%)
3 a 5 anos= 26 (9,42%)
5 a 8 anos= 162 ( 58,69%)
8 a 12 anos= 50 (18,11%)
12 a 18 anos incompletos= 8 (2,89%)
Total 60 794
Somando o número de crianças atendidas pelos profissionais dos três
tipos de serviços analisados, pode-se verificar um total de 794 crianças com
deficiência auditiva, na faixa etária de zero a 17 anos, atendidas pelos profissionais
dos 55 serviços participantes. Pode-se perceber que, a maioria das crianças
atendidas encontra-se na faixa etária de cinco a oito anos, sendo que 45% das
crianças e adolescentes são do gênero feminino e 55% do gênero masculino.
Quanto à distância entre a residência da criança com relação ao local de
realização da terapia, foi registrado:
• Serviços Especializados: 371 crianças (74,65%) realizam terapia
fonoaudiológica na mesma cidade, enquanto que 96 (14,31%)
Resultados 103
precisam viajar para encontrar o atendimento terapêutico. Deve-se
ressaltar que neste aspecto avaliado um serviço, responsável por 30
crianças, não possui informações quanto ao local de residência;
• Atenção Primária à Saúde: 21 crianças (100%) realizam terapia
fonoaudiológica na mesma cidade de origem;
• Centros, Instituições e Hospitais: 209 crianças (75,72%) realizam
terapia fonoaudiológica na mesma cidade enquanto que 65 (23,55%)
precisam viajar para encontrar o atendimento terapêutico. Deve-se
ressaltar que neste aspecto avaliado um serviço, responsável por
duas crianças, não possui informações quanto ao local de
residência.
Quanto ao momento de aparecimento da deficiência auditiva, a maioria
das crianças foi classificada como pré-lingual (90%) e não possuíam nenhum
comprometimento associado (84%). Dos 16% com comprometimentos associados
destacam-se crianças com paralisia cerebral, deficiência visual, deficiência
intelectual, transtorno do espectro autístico e outras síndromes.
As informações a respeito da caracterização da deficiência auditiva
quanto ao grau das 794 crianças atendidas nos 55 serviços estão dispostas na
tabela 4.
Tabela 4 - Caracterização da deficiência auditiva quanto ao grau das crianças atendidas pelos serviços participantes do estudo (n=794)
Grau da Perda Auditiva (n) (%)
Leve 14 2
Moderada 184 23
Severa 217 27
Profunda 349 44
Sem informação 30 4
Total 794 100
Vale ressaltar que alguns dados não foram disponibilizados pelos
profissionais, sendo justificados pela ausência de informação no prontuário da
criança. Do total de crianças, 503 (63,35%) são usuárias de aparelho de
amplificação sonora individual, 230 (28,97%) são usuárias de implante coclear
104 Resultados
(unilateral e/ou bilateral), e 61 (7,68%) estão em terapia diagnóstica para conclusão
do diagnóstico e definição do plano terapêutico,
Quanto ao tipo do aparelho de amplificação sonora individual (AASI),
59,82% são usuárias de AASI retroauricular, porém três crianças utilizam intra-
aurais, três intra- auriculares, uma micro-canal, e cinco com adaptação aberta. Das
crianças usuárias de implante coclear (230 crianças) , 166 (72,17%) utilizam o AASI
contralateral retroauricular ao implante coclear.
A descrição quanto ao uso dos dispositivos eletrônicos encontra-se
disposta na tabela 5.
Tabela 5 - Descrição do uso dos dispositivos eletrônicos pelas crianças participantes do estudo (n=733).
Tempo de uso do dispositivo (n) (%)
Utiliza mais de oito horas por dia 561 76
Utiliza apenas na terapia fonoaudiológica e escola 102 14
Utiliza apenas na escola 1 2
Ausência da informação 69 8
Total 733 100
Os dados referentes à escolaridade das crianças atendidas pelos serviços
encontram-se dispostos na tabela 6.
Tabela 6 - Escolaridade das crianças atendidas pelos serviços estudados (n=794).
Tipo de escola que frequenta
Classe regular 632 79,60
Classe especial em escola regular 6 0,76
Escola especial para deficientes auditivos 70 8,82
Não frequenta escola 29 3,65
Não tem acesso a informação 57 7,18
Frequenta sala de recurso
Sim 218 27,46
Não 576 72,54
Total 794 100,00
Quando questionados a respeito da utilização do sistema FM nas salas de
aula como um recurso para favorecer o desempenho das crianças em sala de aula,
pode-se verificar que apenas 100 crianças (12,59%) realizavam o uso efetivo deste
recurso. Neste aspecto é importante ressaltar o fato de que a coleta do estudo
ocorreu até outubro de 2013.
Resultados 105
O estudo propôs também caracterizar o perfil dos fonoaudiólogos que
realizam terapia com criança com deficiência auditiva que atuam nos 55 serviços
participantes, bem como caracterizar os centros de atendimentos.
Com relação ao tempo de atuação dos profissionais no serviço, verificou-
se que a média de atuação dos profissionais dos Serviços Especializados foi de sete
anos (mínimo de dois meses e máximo de 25 anos) com um tempo de experiência
no trabalho com (re) habilitação pela maioria de dois a cinco anos (40%); dos
Serviços de Atenção Primária à Saúde foi de seis anos (mínimo de dois e máximo
de 10 anos) com o tempo de experiência pela maioria dos participantes de cinco a
10 anos (37,50%) e dos Centros, Instituições e Hospitais, uma média de cinco anos
(mínimo de dois meses e máximo de 13 anos) de atuação e tempo de experiência
distribuída com dois a cinco anos por 25,92%, cinco a 10 anos por 29,62% e de 10 a
15 anos por 29,62% da casuística estudada.
As características da terapia fonoaudiológica voltadas à quantidade de
atendimentos semanais, duração, bem como o tipo de atendimento oferecido por
cada serviço encontram-se dispostas na tabela 7.
106 Resultados
Tabela 7: Disposição da quantidade de atendimentos semanais, duração e tipo dos mesmos oferecidos por cada tipo de serviço e profissional (n=60).
Quantidade de Atendimentos
Semanais
Duração do
Atendimento
Tipo de
atendimento
Serviços
Especializados
(n=25
profissionais)
1 vez na semana=7 (28%)
2 vezes na semana=3 (21%)
3 vezes na semana=1 (4%)
4 vezes na semana=1 (4%)
5 vezes na semana=0 (0%)
De 1 a 2 vezes na semana= 13
(52%)
Menos de 30= (0%)
30 minutos=2 (8%)
40 minutos=7 (28%)
50 minutos=16 (64%)
60 minutos=0 (0%)
Mais de 60=0 (0%)
Individual=17 (68%)
Ambos= 8 (32%)
Grupo=0 (0%)
Atenção
Primária à
Saúde
(n=8
profissionais)
1 vez na semana= 5 (62,50%)
2 vezes na semana=0 (0%)
3 vezes na semana=0 (0%)
4 vezes na semana= 0 (0%)
5 vezes na semana=0 (0%)
De 1 a 2 vezes na semana*=3
(37,50%)
Menos de 30= 0(0%)
30 minutos=5 (62,50%)
40 minutos= 3 (37,50%)
50 minutos= 0 (0%)
60 minutos= 0 (0%)
Mais de 60=0 (0%)
Individual=6 (75%)
Ambos= 2 (25%)
Grupo=0 (0%)
Centros,
Instituições e
Hospitais
(n=27
profissionais)
1 vez na semana=18 (66,66%)
2 vezes na semana=3 (11,11%)
3 vezes na semana=1 (3,70%)
4 vezes na semana= 0 (0%)
5 vezes na semana=0 (0%)
De 1 a 2 vezes na semana*= 5
(18,51%)
Menos de 30= 0 (0%)
30 minutos=13 (48,14%)
40 minutos= 10 (37,03%)
50 minutos= 4 (14,81%)
60 minutos=0 (0%)
Mais de 60 =0 (0%)
Individual=18
(66,64)
Ambos= 9 (33,33%)
Grupo=0 (0%)
Nos casos em que é realizado o atendimento em grupo os profissionais
dos três tipos de serviço utilizam como critério idade, habilidade auditiva, nível de
escolaridade, aquisição da linguagem, de acordo com as necessidades das crianças
e adolescentes atendidos.
Quando questionados sobre a importância da presença da mãe/cuidador
na terapia, todos os profissionais (100%) referentes aos Serviços Especializados e
Atenção Primária à Saúde possibilitam a participação da família/cuidadores na
terapia, porém deve-se ressaltar que 18,51% dos profissionais que atuam nos
Centros, Instituições e Hospitais não possibilitam a participação dos mesmos na
terapia fonoaudiológica. Quanto à frequência com que os profissionais permitem a
participação da família na terapia, 60% dos fonoaudiólogos nos Serviços
Especializados relataram que possibilitam sua participação na sessão dependendo
da necessidade de cada caso, 75% dos profissionais dos serviços de Atenção
Primária à Saúde possibilitam mensalmente, seguido por 48,14% dos profissionais
dos Centros, Instituições e Hospitais que também possibilitam com esta frequência.
Resultados 107
Todos os profissionais participantes do estudo (98%), com exceção de um
profissional dos Serviços Especializados, relataram que realizam orientação às
famílias. Quanto questionados a respeito de como é realizada a orientação, obtive-
se as seguintes respostas de acordo com o tipo de serviço:
• Serviços Especializados: oito participantes (32%) realizam a
orientação apenas individualmente, enquanto 16 (64%) realizam
tanto individualmente quanto por reuniões de grupo;
• Centros, Instituições e Hospitais: 17 participantes (62,96%) realizam
a orientação apenas individualmente, enquanto 10 (37,03%)
realizam tanto individualmente quanto por reuniões de grupo;
• Atenção Primária à Saúde: seis participantes (75%) realizam a
orientação e aconselhamento apenas individualmente, enquanto dos
(25%) realizam tanto individualmente quanto por reuniões de grupo.
Com relação aos aspectos abordados na orientação os profissionais
relataram abordar as informações sobre os dispositivos usados pela criança, as
atividades a serem desenvolvidas em casa, o comportamento da criança, a escola, o
desempenho das crianças nas atividades terapêuticas, cuidados com o ambiente, os
aspectos afetivos e emocionais de acordo com a necessidade de cada família, assim
como, abordam as questões anatômicas e fisiológicas da audição e sobre aquisição
e desenvolvimento da linguagem.
Quando questionados a respeito se é realizada ou não orientação escolar,
os profissionais dos três tipos de serviço relataram realizar orientação à escola.
Porém, deve-se ressaltar que 36% dos profissionais dos Serviços Especializados
não realizam orientação, seguido de 25% dos profissionais dos serviços de Atenção
Primária, e 37,04% dos profissionais dos Centros, Instituições e Hospitais. A respeito
da frequência que realizam esta orientação, estes realizam de acordo com a
necessidade do caso, e para aqueles que não realizam as justificativas utilizadas
foram: “Já possuir fonoaudióloga na escola”, “A equipe pedagógica do serviço é
quem realiza as orientações”, “O fato da escola ser adepta a LIBRAS e não aceitar a
linguagem oral”.
108 Resultados
Com relação à checagem e avaliação de funcionamento dos dispositivos
eletrônicos utilizados pelas crianças, acompanhamento audiológico e monitoramento
do estado do molde auricular no caso de crianças usuárias de aparelho de
amplificação sonora individual encontram-se dispostos na tabela 8.
Tabela 8: Avaliação de funcionamento dos dispositivos eletrônicos utilizados pelas crianças, acompanhamento audiológico e monitoramento do estado do molde auricular (n=60).
Verifica o funcionamento do dispositivo eletrônico antes de cada sessão?
Assegura avaliação audiológica de acompanhamento?
Verifica o estado do molde auricular?
Serviços Especializados (n=25 profissionais)
Sim=24(96%) Não=1 (4%) As vezes= 0 (0%)
Sim=25 (100%) Não=0 (0%) As vezes= 0 (0%)
Sim=23 (92%) Não=2 (8%) As vezes= 0 (0%)
Atenção Primária à Saúde (n=8 profissionais)
Sim= 6 (75%) Não= 1 (12,50%) As vezes= 1 (12,50%)
Sim= 8 (100%) Não=0 (0%) As vezes= 0 (0%)
Sim=7 (87,50%) Não= 1 (12,50%) As vezes= 0 (0%)
Centros, Instituições e Hospitais (n=27 profissionais)
Sim= 23 (85,18%) Não= 4 (14,81%) As vezes= 0 (0%)
Sim=26 (96,29%) Não= 1 (3,70%) As vezes= 0 (0%)
Sim=23 (82,14%) Não= 1 (3,70%) As vezes= 3 (11,11%)
Quando encontrado mau funcionamento nos dispositivos eletrônicos pelos
profissionais nos Serviços Especializados, três (12%) realizam a reposição
diretamente, 17 (68%) encaminham para outro setor no mesmo serviço em que de
acordo com a necessidade do caso encaminha para assistência técnica e/ou realiza
a reposição, três (12%) encaminham diretamente para assistência técnica, e um
orienta aos pais para encaminharem para assistência (4%). Deve-se ressaltar que
neste caso, a criança adquiriu o aparelho por recursos próprios e neste estudo,
99,39% das crianças (494) receberam por doação de órgão público, e três (0,60%)
adquiriram por recursos particulares. Enquanto que os Centros, Instituições e
Hospitais em sua maioria (62,96%) orientam os pais a encaminharem para
assistência técnica, sendo que cinco (18,51%) encaminham para outro serviço e
cinco (18,51%) para outro setor no mesmo serviço, quatro crianças deste serviço
adquiriram o dispositivo eletrônico por recursos próprios.
Já os serviços de Atenção Primária assim como os Centros, Instituições e
Hospitais em sua maioria (37,50%) orientam os pais a encaminharem para
Resultados 109
assistência técnica, sendo que dois (25%) encaminham para outro serviço e dois
(25%) para outro setor no mesmo serviço. Neste serviço, duas crianças adquiriram
com recursos próprios o aparelho de amplificação sonora individual.
Quando questionados a respeito da frequência com que asseguram o
acompanhamento audiológico, os profissionais dos três serviços em sua maioria o
fazem uma vez ao ano, porém há profissionais que asseguram esta avaliação com
periodicidade seis meses ou menos, e aqueles que verificam de acordo com a idade
e necessidade do caso. Quanto à frequência com que é assegurada a troca do
molde auricular, a maioria dos profissionais o faz de acordo com a necessidade e
idade do paciente, alguns profissionais dos serviços especializados relataram
assegurar a troca a cada quatro e seis meses, bem como anual de acordo com a
idade.
Para verificar aspectos de avaliação de desempenho da criança e
mudança e/ou revisões no planejamento terapêutico os profissionais foram
questionados quanto à aplicação dos testes de percepção de fala, bem como a
frequência com que são aplicados (tabela 9).
110 Resultados
Tabela 9: Necessidade da aplicação de testes de percepção de fala, bem como a frequência com que são aplicados(n=60)..
Aplicação de Testes de
Percepção de fala Frequência de aplicação Exemplos de testes
Serviços Especializados
(n=25 profissionais)
Sim= 20(80%)
Não=5 (20%)
A cada 2 meses= 3 (12%)
A cada 4 meses=2 (8%)
A cada 6 meses= 6 (24%)
1 vez ao ano= 5 (20%)
GASP, TACAM, lista de palavras
dissílabas de Delgado, lista de
sentenças, teste com sons de
Ling, e questionários como
MUSS,MAIS e IT-MAIS.
Atenção Primária à
Saúde
(n=8 profissionais)
Sim= 5 (62,50%)
Não= 3 (37,50%)
A cada 2 meses=1 (20%)
A cada 4 meses=1 (20%)
A cada 6 meses= 3 (60%)
1 vez ao ano=0 (0%)
Software de computador, álbum
de figuras trabalhadas em terapia,
elaboração de lista de palavras,
conversa espontânea.
Centros, Instituições e
Hospitais
(n=27 profissionais)
Sim= 15 (55,55%)
Não= 21 (44,45%)
A cada 2 meses=2 (13, 33%)
A cada 4 meses=1 (6,67%)
A cada 6 meses= 8 (53,33%)
1 vez ao ano=2 (13,33%)
Outros (conforme necessidade)= 2 (13,33%)
GASP, TACAM, lista de palavras
dissílabas de Delgado, protocolo
UNIFESP, dentre outros.
Resultados 111
Os dados quanto ao modo de comunicação prioritário em terapia
fonoaudiológica nos três tipos de serviço encontram-se dispostos na tabela 10.
Tabela 10: Modo de comunicação prioritário utilizado em terapia de acordo com o tipo de serviço.
Modo de
Comunicação
Serviços Especializados (n=25 profissionais)
Atenção Primária à Saúde (n=8 profissionais)
Centros, Instituições e Hospitais (n=27 profissionais)
Linguagem oral sem leitura orofacial
11 (44%) 3 (37,50%) 7 (25,92%)
Linguagem oral com leitura orofacial
14 (56%) 4 (50%) 17 (62,96)
Língua Brasileiro de Sinais
0 (0%) 1 (12,50%) 3 (11,11%)
Quando questionados a respeito da abordagem adotada em terapia pode-
se verificar a diversidade de métodos e modos de trabalho, sendo que os
profissionais relataram a variação da escolha do método de acordo com o caso,
assim dentre os três tipos de serviços estudados, as seguintes respostas foram
obtidas:
• Serviços Especializados: método aurioral, comunicação total, aurioral
somado a comunicação total e/ou bilinguismo, apenas bilinguismo,
abordagem verbo-tonal, multissensorial e trabalho com leitura
orofacial.
• Serviços de Atenção Primária à Saúde: treinamento das habilidades
auditivas, alfabetização com o uso de softwares, treino com leitura
orofacial, “método das boquinhas”, oralismo, bilinguismo e terapia
fonológica.
• Centros, Instituições e Hospitais: treinamento de habilidades auditivas,
treinamento articulatório, treinamento com leitura orofacial, oralismo
somado a leitura orofacial, oralismo somado a comunicação total,
bilinguismo somado a comunicação total, trabalho com leitura
orofacial somente, abordagem aurioral, oralismo somado ao
bilinguismo, abordagem bilíngue, treino fonêmico, comunicação total
apenas, LIBRAS e abordagem histórica-social.
112 Resultados
Para registro das informações e evolução dos pacientes, grande parte dos
profissionais utiliza o prontuário impresso nos três tipos de serviço. Nota-se que nos
Serviços Especializados, 80% dos profissionais utilizam o prontuário impresso e
20% utilizam o vídeo conjuntamente. Nos serviços de Atenção primária, dois
profissionais (25%) utilizam o prontuário eletrônico e dois (25%) utilizam o prontuário
impresso com o vídeo associado. Nos Centros, Instituições e Hospitais, um
profissional (3,70%) utiliza o prontuário eletrônico e três (11,11%) utilizam o
prontuário impresso com o vídeo associado.
Para atualização profissional, os fonoaudiólogos participam de palestras,
cursos, encontros, simpósios e congressos, assim como, realizam supervisão com
outros profissionais. Verificou-se que apenas dois profissionais que trabalham nos
Centros, Instituições e Hospitais não investem em sua atualização profissional. A
Tabela 11 ilustra a quantidade de vezes anualmente com que cada profissional
realiza as atividades verificadas.
Resultados 113
Tabela 11 - Estratégias de atualização profissional adotadas pelos fonoaudiólogos participantes do estudo de acordo com a quantidade de vezes anualmente
com que realizam tal atividade (n=60).
Estratégias de
Atualização
Palestras Cursos Supervisão com outros
profissionais
Encontros, Congressos,
Simpósios e similares
Serviços
Especializados
(n=25 profissionais)
Nenhum= 7(28%)
1= 1(4%)
2= 7 (28%)
3=6 (24%)
4=4 (16%)
Mais de 4=0 (0%)
Nenhum= 6 (24%)
1= 3(12%)
2= 8 (32%)
3= 4 (16%)
4= 2 (8%)
Mais de 4= 1 (4%)
Nenhum= 14 (56%)
1= 2(8%)
2= 2(8%)
3= 1 (4%)
4= 4(16%)
Mais de 4= 2 (8%)
Nenhum= 1(4%)
1= 13 (52%)
2= 5 (20%)
3= 2(8%)
4=4 (16%)
Mais de 4=0(0%)
Atenção Primária à
Saúde
(n=8 profissionais)
Nenhum=1 (12,50%)
1= 5 (62,50%)
2= 1 (12,50%)
3= 1 (12,50%)
4= 0 (0%)
Mais de 4=0 (0%)
Nenhum=0 (0%)
1= 6 (75%)
2= 1 (12,50%)
3=1 (12,50%)
4=0 (0%)
Mais de 4=0 (0%)
Nenhum= 5 (62,50%)
1= 1 (12,50%)
2=0 (0%)
3=0 (0%)
4=0 (0%)
Mais de 4=2 (25%)
Nenhum= 4 (50%)
1= 3 (37,50%)
2= 1 (12,50%)
3= 0 (0%)
4=0 (0%)
Mais de 4=0 (0%)
Centros, Instituições e
Hospitais
(n=27 profissionais)
Nenhum=14 (51,85%)
1=5 (18,51%)
2=4 (14,81%)
3=3 (11,11%)
4=1 (3,70%)
Mais de 4=0 (0%)
Nenhum=8 (29,62%)
1=9 (33,33%)
2=7 (25,92%)
3=1 (3,70%)
4=1(3,70%)
Mais de 4=1(3,70%)
Nenhum=22(81,48%)
1= 1(3,70%)
2=2 (7,40%)
3=0 (0%)
4=0 (0%)
Mais de 4= 2(7,40%)
Nenhum=8 (29,62%)
1=13 (48,14%)
2=5 (18,51%)
3=0(0%)
4=1(3,70%)
Mais de 4=0 (0%)
114 Resultados
5.2 Avaliar a qualidade dos serviços de saúde que oferecem terapia voltada a
(re) habilitação auditiva à população infantil com deficiência auditiva e seu
funcionamento sob a perspectiva do terapeuta e do gestor.
5.2.1 Perspectiva do terapeuta
A figura 8 descreve a relação dos serviços e profissionais participantes
nesta etapa do estudo referente ao preenchimento do questionário de avaliação de
qualidade sob perspectiva do profissional, isto é, do fonoaudiólogo. Alguns serviços
não concluíram os questionários referentes a esta etapa do estudo mesmo após,
tentativas de contato pelo pesquisador.
Figura 8: Relação dos serviços participantes quanto à etapa avaliação da qualidade dos serviços pelo fonoaudiólogo.
Os resultados do questionário respondido pelos fonoaudiólogos
“Avaliação da Qualidade dos Serviços pelos profissionais”, de acordo as categorias
avaliadas (Acesso, Serviço de Diagnóstico, Plano de Intervenção, Avaliação do
serviço, Comunicação e Competência Profissional) e tipo de serviço, estão
Resultados 115
representados no Gráfico 1. O gráfico representa os valores quanto a mediana das
pontuações obtidas para cada categoria. Nesta escala 1 representa a inexistência
dos fatores considerados como padrão de qualidade, e 5 a existência de todos estes
fatores.
Verificou-se que, os profissionais dos serviços especializados avaliaram
mais positivamente o aspecto “Serviço de Diagnóstico”, enquanto que os
profissionais dos serviços de atenção primária avaliaram mais positivamente o
aspecto “Acesso” e os centros, hospital e instituições a “Competência Profissional”.
Gráfico 1 - Resultados do questionário “Avaliação da Qualidade dos Serviços pelos profissionais”.
5.2.2 Perspectiva do gestor
A figura 9 descreve a relação dos serviços e profissionais participantes
nesta etapa do estudo referente ao preenchimento do questionário de avaliação de
qualidade sob perspectiva do gestor, isto é, do coordenador responsável pelo
serviço. Deve-se ressaltar que alguns serviços não concluíram os questionários
referentes a esta etapa do estudo mesmo após, tentativas de contato pelo
pesquisador. Além de quatro Centros, Instituições e Hospitais foram excluídos nesta
etapa, pois o serviço estava sem gestor no momento.
116 Resultados
Figura 9: Relação dos serviços participantes quanto à etapa avaliação da qualidade dos serviços pelo gestor.
Os dados obtidos foram analisados de acordo com o tipo de serviço.
Desta maneira quanto ao número de casos novos atendidos por ano pelos Serviços
Especializados pode-se verificar um número mínimo de oito casos, e um número
máximo de 1920. Quanto ao número de casos atendidos apenas para adaptação de
aparelhos de amplificação sonora individual o mínimo de 600 casos novos e o
máximo de 1461 por ano. Quando questionados a respeito da existência de filas de
espera, notaram-se serviços em que a entrada dos casos é imediata, e em outros, o
máximo de cinco meses de espera, em qualquer etapa da rede. Para conclusão
diagnóstica e adaptação do AASI, nestes serviços, ocorre um tempo máximo de 10 a
12 meses de espera. O número total de fonoaudiólogas especialistas que atuam no
serviço é de 74, porém apenas 52 fonoaudiólogas são contratadas. Em dois serviços
há fonoaudiólogas contratadas por empresas de aparelho de amplificação sonora
individual. Quanto à participação em eventos científicos três serviços relataram que
nenhuma fonoaudióloga participa destes eventos, quatro relataram que todas
Resultados 117
(100%) participam, seis serviços relataram que 25 a 50% dos profissionais
participam destes eventos.
Para os Centros, Instituições, e Hospitais, o número mínimo de casos
novos atendidos foi três, ressaltando que apenas um serviço relatou que não houve
entrada de casos novos no ano em que o estudo foi desenvolvido, enquanto que o
número máximo foi de 720 casos por ano, o mesmo foi observado para o número de
casos novos para adaptação de AASI. Quanto à existência de fila espera
verificaram-se serviços em que entrada dos pacientes é imediata, e o máximo
relatado de aguardo foi de um ano; entre o diagnóstico e a adaptação do AASI, o
mínimo de espera foi de um mês e o máximo de um ano. Estes serviços contam com
um total de 68 fonoaudiólogos contratados, sendo destes 55 profissionais
especialistas em Audiologia e um contratado diretamente pelas empresas de AASI.
Quanto à participação em eventos científicos nove serviços relataram que nenhuma
fonoaudióloga participa destes eventos, três relataram que todas (100%) participam
e dez serviços relataram que 20 a 80% dos profissionais participam destes eventos.
Nos serviços de Atenção Primária à Saúde verificou-se a entrada de no
mínimo um caso no serviço, e um máximo de 50 casos novos. Quanto ao tempo de
espera para atendimento notou-se o mínimo de um mês e o máximo de seis meses.
Nestes serviços há um total de quatro fonoaudiólogos especialistas, e apenas dois
fonoaudiólogos contratados por mais de 20 horas, nestes nenhum profissional é
contratado por empresa. Apenas um participa de eventos científicos.
O gráfico 2 ilustra a quantidade de profissionais que participam de
eventos científicos, considerando a periodicidade de tal participação no ano em que
o estudo se desenvolveu para cada tipo de serviço, de acordo com os gestores.
118 Resultados
Gráfico 2 - Quantidade de profissionais que participam de eventos científicos, considerando a periodicidade, segundo os gestores (n=25)
Os dados referentes à taxa de evasão, banco de dados, reformulação e
avaliação do serviço, realização de pesquisas de acordo com o tipo de serviços
analisado encontram-se dispostos na tabela 12.
Resultados 119
Tabela 12 - Avaliação dos gestores quanto ao controle de informações, atualização de dados e pesquisas (n=39).
Serviços
Especializados
(n=13)
Atenção
Primária
(=3)
Centros,
Instituições,
Hospitais
(n=23)
Taxa de evasão dos pacientes
0 a 25% 11 (84,60%) 3 (100%) 17(73,91%)
25 a 50% 2 (15,38%) 0 (0%) 6 (26,10%)
Banco de dados informatizado
Sim 3(23,08%) 1(33,33%) 11 (47,80%)
Não 10(76,92%) 2(66,67%) 12 (52,20%)
Banco de dados de seu serviço é integrado ao sistema de informatização
do gestor
Sim 3(23,08%) 0(0%) 11(47,80%)
Não 10(76,92%) 3(100%) 12(52,20%)
Realizada a análise dos dados para avaliação/ reformulação do serviço
Sim 10(76,92%) 1 (33,33%) 19 (82,60%)
Não 3(23,08%) 2(66,67%) 4(17,39%)
Realiza pesquisas científicas
Sim 7(53,85%) 0(0%) 5(21,74%)
Não 3(23,08%) 3(100%) 14(60,87%)
As vezes 3(23,08%) 0(0%) 4(17,39%)
Total 13 3 23
Os gestores foram questionados quanto aos aspectos que poderiam
melhorar com relação à política de atendimento ao deficiente auditivo e organização
da rede de saúde auditiva, Esta questão foi respondida objetivamente por 38
gestores. Analisando as respostas foi possível verificar que 14 gestores abordaram a
respeito das políticas de atendimento à criança com deficiência auditiva enquanto 27
comentaram sobre o funcionamento da rede de saúde auditiva, com relação aos
aspectos positivos, limitações/ barreiras e soluções. Apenas três gestores
comentaram quanto às dificuldades relacionadas ao próprio serviço.
Para melhoria do funcionamento das políticas públicas, os aspectos
abordados em ordem de maior número de citações incluíram:
1. Necessidade de cursos de capacitação para os profissionais da
saúde envolvidos na rede de cuidados com a saúde auditiva;
2. Aumentar o número de profissionais atuantes nos serviços por meio
da contratação de novos profissionais;
120 Resultados
3. Avaliação e reavaliação efetiva das propostas abordadas pelas
políticas, dessa maneira, com relação a sugestões de reformulação
e atualizações dessas e comunicação com entre os níveis
municipais, estaduais e federais;
4. Maior divulgação quanto às políticas públicas já existentes, quanto à
forma de acesso a estas políticas, conhecimento pelos profissionais
da rede de saúde e população em geral, distribuição e acesso aos
serviços existentes;
5. Necessidade de credenciamento de novos centros de (re)
habilitação para crianças com deficiência auditiva que envolva uma
equipe interdisciplinar;
6. Melhoria quanto à infraestrutura e equipamentos dos serviços;
7. Aumento do teto financeiro existente.
A maioria dos gestores incluíram em seus depoimentos questionamentos,
críticas, e elogios quanto ao funcionamento e organização da rede de saúde
auditiva, assim os principais aspectos abordados em maior ordem de aparecimento
foram:
1. Melhorar a integração entre a atenção básica, média
complexidade e alta complexidade;
2. Efetivar a organização da rede quanto a encaminhamento e
acesso pela população aos serviços;
3. Estabelecimento e efetivação de um sistema de informações bem
consolidado;
4. Aprimorar as ações voltadas à promoção da saúde auditiva bem
como quanto a prevenção;
5. Aumentar o número de profissionais com especialização em
audiologia, assim como preconiza as Portarias existentes;
6. Busca ativa dos pacientes usuários de dispositivos eletrônicos
que não retornam ao serviço para acompanhamento da intervenção
audiológica para verificar o uso efetivo e realização da (re)
habilitação.
6 DISCUSSÃO
Discussão 123
6 DISCUSSÃO
Este estudo buscou primeiramente retratar os serviços do Estado de São
Paulo que oferecem a terapia fonoaudiológica à população infantil usuária de
dispositivos eletrônicos (AASI e/ou IC) e, após a identificação destes serviços,
caracterizar o perfil destas crianças em uma amostra dos serviços, além de verificar
a qualidade dos mesmos na perspectiva dos profissionais que atuam no
atendimento dessa população e dos gestores, responsáveis por administrarem seu
funcionamento.
Inicialmente, é importante comentar as dificuldades encontradas para a
realização deste tipo de estudo que acabam limitando os objetivos inicialmente
propostos.
A informação da rede de serviços que oferecem terapia fonoaudiológica
às crianças usuárias de dispositivos eletrônicos (AASI e/ou IC) foi retirada do
sistema de informação do SUS, o Cadastro Nacional de Estabelecimento em Saúde
(CNES). Contudo, constatou-se que, 28% dos serviços levantados, principalmente
os Serviços de Atenção Primária à Saúde (40%), bem como os Centros, Instituições
e Hospitais (22%), apresentavam informações desatualizadas quanto aos dados de
cadastrais (telefone, endereço e endereço eletrônico),não sendo possível o contato
telefônico, associado a ausência do retorno da carta pelo correio. Além deste fato,
deve-se ressaltar que alguns serviços cadastrados como de terapia fonoaudiológica,
atualmente não a realizam, tendo em vista que 15,86% dos serviços não realizam
atendimento fonoaudiológico, enquanto que 6,17% não realizam terapia
fonoaudiológica apenas o diagnóstico e adaptação de dispositivos eletrônicos
(tabela 2). Adicionalmente, foram inseridos neste estudo três serviços que ofereciam
terapia fonoaudiológica com credenciamento no Ministério da Saúde, informação
obtida por intermédio dos serviços que responderam ao contato telefônico, e que
não constavam no CNES.
Outro aspecto importante foi a adesão da população alvo, fonoaudiólogos
e gestores, na pesquisa. Houve um retorno de 14,57% dos serviços e instituições
contatadas, que apesar de estarem distribuídas por todo o estado de São Paulo
124 Discussão
(figura 6), não necessariamente representam a realidade estadual dos aspectos
analisados, ou seja, não se pode afirmar que o perfil dos participantes pode ser
generalizado. Desta forma, os resultados obtidos descrevem a realidade dos
serviços e instituições do estado de São Paulo participantes do estudo, mas que
fornecem informações importantes para reflexões quanto à caracterização das
crianças que estão em atendimento, a forma como está sendo realizado o
atendimento terapêutico voltado a (re) habilitação auditiva das crianças usuárias de
dispositivos eletrônicos, bem como a caracterização dos serviços que oferecem este
tipo de atendimento.
A partir deste levantamento foi possível verificar que, atualmente, entre os
serviços que foi possível contato, os serviços especializados são os que mais têm
ofertado terapia fonoaudiológica para a população infantil usuária de dispositivos
eletrônicos (AASI e/ou IC), ou seja, estes serviços credenciados como Média, Alta
Complexidade e Centros de Implante Coclear absorvem atualmente 62% das
crianças identificadas no estudo. Por outro lado, chama a atenção o número
reduzido de crianças em terapia fonoaudiológica nos serviços da Atenção Primária à
Saúde, 7% das crianças usuárias de dispositivos eletrônicos, em relação ao total
(tabela 3). Este achado que representa diversos municípios do estado de São Paulo
contradiz o descrito por Borges & Novaes (2012) referente ao município de São
Paulo, na qual uma parcela das crianças recebe atendimento próximo as suas
residências, assim como, 56,50% estavam sendo atendidas em Unidades Básicas
de Saúde. Ao considerar que, um dos maiores entraves nos programas de
identificação e intervenção da processo de reabilitação é o acesso da criança a
terapia fonoaudiológica na rede pública de saúde, este fato reforça a necessidade de
ampliar a integração e articulação dos serviços de reabilitação especializados com a
rede de atenção primária à saúde e outros pontos especializados (centros,
instituições e hospitais), meta que se encontra entre as propostas a serem
priorizadas pelo Plano “Viver sem Limites” do governo federal, lançado em
2011(BRASIL, 2011a). Esta estratégia auxiliará a otimizar os recursos despendidos
com a população infantil com deficiência auditiva, visto que poderá reduzir a
necessidade da família procurar o atendimento em locais que não são próximos à
residência e auxiliar na melhor adesão ao tratamento, uma vez que os profissionais
poderão compreender melhor as necessidades da família e da criança, atuando no
Discussão 125
fortalecimento do vínculo e aumentando a capacidade de resolubilidade da
assistência prestada.
Outro questionamento importante diz respeito à abrangência da terapia
fonoaudiológica, considerando a população de crianças deficientes auditivas no
estado. Neste estudo, tivemos a participação de 14,06% dos Serviços de Atenção
Primária à Saúde, Centros, Instituições e Hospitais e Serviços Especializados (figura
6,7, 8). Este fato deve ser considerado na análise dos resultados obtidos, visto que
surgem as seguintes dúvidas: estes serviços que não foi possível contato estão
realizando terapia fonoaudiológica? Quem são as crianças que estão em
atendimentos nesse serviço? Como está sendo o acesso da família e da criança à
estes serviços?
Além disso, mesmo conseguindo contato com parte dos serviços do
Estado de São Paulo que realizam o atendimento terapêutico à essa população, o
fato de não haver a possibilidade de buscar as informações padronizadas em um
banco de dados único da rede de saúde auditiva, dificulta a caracterização dessa
população, suas necessidades, e os resultados que estão obtendo com a
intervenção e seu desenvolvimento.
Assim, devemos considerar que os serviços assim como a população de
crianças usuárias de dispositivos eletrônicos levantados por este estudo
representam um “retrato” quanto às crianças que estão em processo terapêutico no
Estado de São Paulo, visto que, não foi possível “rastrear” pelo contato
desatualizado dos serviços crianças que podem estar em atendimento no Estado,
também aquelas que não realizam terapia fonoaudiológica no sistema público de
saúde e, até mesmo as que receberam alta fonoaudiológica.
Este fato justifica a necessidade da adequação de um banco de dados
universais que acompanhe a criança durante toda a intervenção na área da saúde
auditiva, ou seja, que contenha informações de todos os recém nascidos, desde a
gestação, primeiros procedimentos realizados na TAN, bem como dados quanto ao
diagnóstico e intervenção nos casos diagnosticados com deficiência auditiva até a
intervenção terapêutica, como no caso deste estudo (DAVIS & HIND, 2003;
GAFFNEY et al., 2010).
126 Discussão
Outra questão que deve ser considerada diz respeito aos equipamentos,
estrutura física e recursos humanos especializados, como um ponto que dificulta o
acesso da criança usuária de AASI e/ou IC ao atendimento especializado. Levantou-
se que um número significativo de serviços não atende essa população, pois refere
não ter capacitação para atendê-las (tabela 2). Assim, é reconhecida a necessidade
da promoção de capacitação e formação de profissionais na área da reabilitação
auditiva, de modo que permita o aprimoramento dos seus conhecimentos,
necessários para a melhoria da qualidade do atendimento nestes locais.
Com relação ao perfil etário, observou-se que da maioria das crianças
atendidas nos serviços especializados e centros, instituições e hospitais apresentam
semelhante idade, sendo atendidas principalmente crianças de cinco a oito anos de
idade, enquanto que nos serviços de atenção primária à saúde, a idade da maioria
das crianças foi de oito a 12 anos (tabela 3). Assim, constata-se que a muitas das
crianças em processo terapêutico apresentam idade que permitem os seguintes
questionamentos: Será que estas crianças estão chegando tardiamente para
avaliação diagnóstica? Ou foi realizado o diagnóstico precoce, porém a criança teve
acesso ao tratamento tardiamente? Será que isto pode ser reflexo da dificuldade de
acesso à terapia para (re) habilitação audiológica? Deve-se ressaltar que as
questões familiares também podem estar envolvidas, bem como questões
relacionadas ao desenvolvimento global de cada criança, o meio em que está
inserida, manutenção dos dispositivos eletrônicos e acompanhamento audiológico
no centro de referência.
Com relação ao deslocamento das crianças para receberem atendimento
fonoaudiológico, observou-se que uma parte das crianças que realiza terapia
fonoaudiológica nos serviços Especializados (14,31%) e nos Centros, Instituições e
Hospitais (23,55%) necessitam viajar para outra cidade para o atendimento
terapêutico. Seria importante verificar mais detalhadamente os custos e gastos com
transporte por estas famílias, tempo de espera por esse e tempo de deslocamento, e
se este fator tem sido impeditivo ou dificultado o acesso para a realização da terapia
fonoaudiológica. Nos últimos anos, a área de transporte para acesso à saúde tem
recebido incentivos por parte do governo federal, e a aquisição e adaptação de
veículos para transporte das pessoas com deficiência severa e de baixa renda tem
aumentado, mas ainda são relatadas falhas nessa área. Assim, uma investigação
Discussão 127
mais detalhada sobre os custos do transporte para a realização da terapia ofertada a
estas famílias fora do seu município de origem poderia auxiliar a explicar se este
fator tem influenciado na adesão da família ou até mesmo o abandono à reabilitação
e criar estratégias a fim de melhorar esta proposta.
De maneira geral, em relação ao uso dos dispositivos eletrônicos (AASI
e/ou IC) pelas 794 crianças que estão realizando terapia fonoaudiológica nos 55
serviços participantes do estudo, com exceção daquelas que estão em terapia
diagnóstica (7,68%), todas estão utilizando os dispositivos eletrônicos (AASI e/ou
IC), dado que mostra o acesso à tecnologia por essa população. Porém, ressaltam-
se as limitações citadas acima em relação à obtenção de informações sobre a
população infantil com deficiência auditiva que não esta inserida nos serviços
participantes do estudo, não sendo possível afirmar quantas crianças no Estado de
São Paulo estão sem acesso aos dispositivos eletrônicos.
Em relação ao tempo de uso dos AASI e/IC pelas 794 crianças, foi
relatado pelos fonoaudiólogos que 24% delas não estão utilizando o dispositivo
efetivamente (tabela 5). Segundo Miguel & Novaes (2013), historicamente, tem-se
observado que algumas famílias se envolvem rapidamente no processo terapêutico,
alcançam o uso consistente do AASI e posicionam-se em relação ao tratamento.
Outras parecem contentar-se com a vaga no serviço, porém não sabem o que
esperar do uso do dispositivo e, muitas vezes, embora frequentando regularmente
as terapias, as crianças não o utilizam em casa. Este fato pode interferir no
desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem da criança, visto que
estudos da área mostram que o uso sistemático do dispositivo tem impacto no
prognóstico da intervenção, além de outros fatores como idade da criança no
diagnóstico e reabilitação, grau de envolvimento das famílias no processo
terapêutico, dentre outros (SININGER et al., 2010).
Dessa forma, o uso efetivo dos dispositivos eletrônicos é de extrema
importância para o desenvolvimento das habilidades auditivas e aquisição/
desenvolvimento da linguagem oral pela criança, sendo necessário o trabalho
conjunto dos profissionais, em união a família e a escola para garantir o uso
sistemático, minimizando as consequências da deficiência auditiva na vida da
criança (PINTO et al., 2012). Pensando em rede de saúde, algumas formas de
128 Discussão
auxiliar na obtenção de melhores resultados em relação ao uso dos AASI e/ou IC,
seria primeiramente fortalecer a comunicação entre a referência e a
contrarreferência, garantindo o acompanhamento periódico da família e da criança,
permitindo que os profissionais dos serviços possam intervir nos fatores que
interferem no uso efetivo da amplificação sonora e/ou IC, além de realizar o
monitoramento da perda auditiva.
Além disso, atualmente contamos com recursos tecnológicos ricos, como
por exemplo, o datalog, em que os profissionais podem o utilizar para monitorar o
uso do dispositivo. No estudo de Miguel & Novaes (2013) a utilização deste recurso
mostrou-se efetiva, pois auxiliou a verificar que, mesmo em famílias aparentemente
comprometidas com a intervenção, é imprescindível a verificação do número de
horas utilizadas por dia, por meio de recursos objetivos. Nesse sentindo, segundo as
autoras, são necessárias propostas de ações no âmbito da intervenção em Serviços
de Saúde Auditiva que garantam a adesão ao tratamento, para que medidas de
resultados possam refletir o investimento na audição residual.
Com relação aos dados escolares verifica-se que 9,58% estão em classes
e/ou escolas especiais (tabela 6), porém, atualmente com a Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, realizada pelo Ministério
da Educação/Secretaria de Educação Especial, foi assegurada a inclusão destas
crianças com a disponibilização de recursos, e profissionais para o acolhimento
destas crianças (resultados da Portaria nº 555/2007, prorrogada pela Portaria nº
948/2007, entregue ao Ministro da Educação em 07 de janeiro de 2008). Em 2004, o
Ministério Público Federal divulgou o documento O Acesso de Alunos com
Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular, com o objetivo de
disseminar os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão, reafirmando o direito e
os benefícios da escolarização de alunos com e sem deficiência nas turmas comuns
do ensino regular. Já em 2006, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, o
Ministério da Educação, o Ministério da Justiça e a UNESCO lançam o Plano
Nacional de Educação em Direitos Humanos que objetiva, dentre as suas ações,
fomentar, no currículo da educação básica, as temáticas relativas às pessoas com
deficiência e desenvolver ações afirmativas que possibilitem inclusão, acesso e
permanência na educação superior (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO , 2008).
Discussão 129
Neste sentido, a inclusão educacional é um direito do aluno e requer
mudanças na concepção e nas práticas de gestão, de sala de aula e de formação de
professores, portanto, todos os alunos com deficiência auditiva devem ser
matriculados nas classes comuns, em uma das etapas, níveis ou modalidade da
educação básica, sendo o atendimento educacional especializado ofertado no turno
oposto ao do ensino regular. As salas de recursos multifuncionais, desta forma
representam a disponibilização de recursos e de apoio pedagógico para o
atendimento às especificidades dos alunos público alvo da educação especial. Neste
estudo pode-se notar que apenas 27,46% das crianças frequentavam a sala de
recursos (tabela 6), fato que pode estar associado à diversas variáveis, dentre as
quais, o fato da criança ser oralizada e algumas salas de recursos trabalharem
apenas com a linguagem de sinais; muitas escolas embora preconizado via políticas
públicas não possuírem esta sala bem como professores de atendimento
educacional individualizado; também as próprias questões individuais da criança e
da família, bem como crianças com ótimo desempenho escolar e que não
necessitam deste tipo de auxílio (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2010).
Quanto aos recursos auxiliares disponíveis para as crianças com
deficiência auditiva, destaca-se a utilização do sistema FM, porém no estudo
verificou-se uma baixa taxa de crianças usuárias destes dispositivos. Isto pode estar
relacionado ao fato de que a coleta do estudo ocorreu no período de fevereiro de
2013 a outubro de 2013, e o Procedimento de Sistema de Frequência Modulada
Pessoal (FM) foi incluído na Tabela de Procedimentos, Medicamentos, Órteses,
Próteses e Materiais Especiais (OPM) do Sistema Único de Saúde apenas pela
Portaria nº 1.274 , de 25 de junho 2013 (BRASIL, 2013) .
Sabe-se que, nos últimos anos, o advento da tecnologia digital e dos
implantes cocleares multicanais tem favorecido o processo de (re)habilitação do
deficiente auditivo, porém, ainda assim, o ambiente ruidoso aparece como queixa
constante para o entendimento da fala. De acordo com estudos internacionais, o
sistema FM tem sido apresentado como a melhor estratégia para diminuir os efeitos
deletérios da distância, ruído e reverberação no reconhecimento da fala. Assim, é de
fundamental importância acompanhar estes resultados ao longo do tempo, além de
verificar os resultados de desempenho obtidos por estas crianças que estão
recebendo o sistema FM do SUS.
130 Discussão
Em relação às características da terapia, o baixo percentual de
participação nesta pesquisa dos profissionais da rede de saúde auditiva do Estado
de São Paulo que realizam terapia fonoaudiológica pode ser considerada uma
limitação deste estudo. Além da recusa em participar da pesquisa em alguns casos,
houve a dificuldade do retorno de questionários completos. Este achado pode
sugerir a necessidade de compreensão da avaliação em saúde em seu caráter
formativo e subsidiário do planejamento em vez de punitivo e burocrático (REIS et
al., 2013). Segundo o Ministério da Saúde, o esforço coletivo, desde o profissional
local da unidade de saúde, até a esfera federal no Ministério da Saúde, é
imprescindível para que a avaliação possa se tornar orgânica aos processos de
trabalho do SUS a ponto de influenciar o seu comportamento (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2004).
Em relação aos aspectos da terapia fonoaudiológica, não foi observada
diferença entre o tipo de atendimento oferecido entre os serviços, sendo que a
prioridade de todos é o atendimento individual da criança com deficiência auditiva
usuária de dispositivos eletrônicos. Somente em relação à duração do atendimento,
notou-se que nos Serviços Especializados a mesma é determinada de acordo com o
caso, com a possibilidade da terapia ser realizada uma ou duas vezes na semana,
com duração de 50 minutos na maioria dos serviços. Porém, deve-se destacar que
há serviços que independente do caso realizam a terapia somente uma vez na
semana. Já nos outros serviços que incluem Atenção Primária, Centros, Instituições
e Hospitais, a terapia é realizada pela maioria uma vez na semana com duração de
30 minutos, pela própria norma do serviço, e/ou escolha do profissional. Neste
contexto, um fator positivo que se deve destacar é o fato de que a maioria dos
serviços está oferecendo a terapia individual (tabela 7).
De acordo com as diretrizes da Portaria SAS/MS nº. 587/2004 (Brasil,
2011a), o serviço deve oferecer (re) habilitação integral ao indivíduo após a
concessão do AASI e/ ou implante coclear. Para pacientes adultos, as terapias
devem acontecer em sessões de 45 minutos, de forma individual, durante quatro
semanas, e para as crianças, é preciso garantir esse atendimento duas vezes por
semana. Ao considerar que neste estudo, a maioria da casuística é criança pode se
questionar a qualidade da terapia fonoaudiológica oferecida quanto à este aspecto.
Discussão 131
Nos Centros, Instituições e Hospitais, 18,51% dos profissionais não
possibilitam a participação da família e\ou cuidador na terapia fonoaudiológica, o que
chama a atenção, visto a importância do trabalho na tríade (profissional, família,
escola). Nos Serviços Especializados, e Atenção Primária à Saúde, embora 100%
possibilitem a participação dos pais em terapia quando questionados quanto à
frequência, 60% possibilita dependendo da necessidade de cada caso nos Serviços
Especializados, 75% dos profissionais dos serviços de Atenção Primária à Saúde
possibilitam mensalmente, seguido por 48,14% dos profissionais dos Centros,
Instituições e Hospitais que também possibilitam com esta frequência. Este
aconselhamento foi realizado individual e/ou em grupo sendo que cada forma tem
sua vantagem dependendo do tipo de orientação e necessidade de cada caso.
Quanto à participação da escola e orientação escolar, 36% dos
profissionais dos Serviços Especializados não realizam orientação, seguido de 25%
dos profissionais dos serviços de Atenção Primária, e 37,04% dos profissionais dos
Centros, Instituições e Hospitais. A respeito da frequência estes realizam de acordo
com a necessidade do caso, e para aqueles que não realizavam, as justificativas
utilizadas foram: “Já possuir fonoaudióloga na escola”, “A equipe pedagógica do
serviço é quem realiza as orientações”, “O fato de a escola ser adepta a LIBRAS e
não aceitar a linguagem oral”.
Este fato deve ser repensado visto à importância de um trabalho conjunto
entre família, escola e fonoaudióloga, visando o desenvolvimento geral,
independência comunicativa da criança bem como alfabetização, para posterior
inserção no mercado de trabalho.
Deve ser destacado que, de acordo com os dados, a maioria dos
profissionais verifica o funcionamento do dispositivo, e auxilia no momento em que é
encontrado algum tipo de alteração, monitorando o acompanhamento audiológico e
o estado do molde auricular. Por outro lado, 14,81% dos profissionais que atuam em
Centros, Instituições e Hospitais não verificam o dispositivo antes de iniciar a terapia
fonoaudiológica, visto a importância deste no momento terapêutico (tabela 8). Na
Atenção Primária (37,5% dos profissionais) assim como nos Centros, Instituições e
Hospitais (62,96% dos profissionais) os profissionais orientam os pais a
132 Discussão
encaminharem os dispositivos para assistência técnica, fato que ilustra esta
dificuldade de comunicação entre a rede.
Este fato ilustra que os serviços audiológicos precisam ser mais bem
integrados ao longo da rede do sistema de saúde pública. É necessário o trabalho
em equipe dos profissionais que compõe a rede com o intuito de facilitar a
capacidade de monitorar a capacidade de ouvir, identificar e investigar problemas de
saúde, realizar pesquisas para melhorar a prevenção, desenvolver e defender
políticas públicas de saúde consolidadas, implementar estratégias de prevenção,
promover comportamentos saudáveis, bem como promover ambientes seguros e
saudáveis ambientes e proporcionar liderança e treinamento. Assim, a
descentralização dos serviços de Audiologia e uma distribuição geográfica mais
igualitária dos profissionais são necessárias para o funcionamento de uma rede mais
efetiva (BEVILACQUA et al., 2008).
Verificou-se que os três tipos de serviço possuem uma alta demanda de
paciente nas três etapas que compõem a rede voltada à avaliação audiológica,
adaptação de dispositivos eletrônicos e terapia fonoaudiológica para (re) habilitação
auditiva. Quanto ao tempo de espera para atendimento um fator positivo identificado
é que nos três tipos serviços, para a realização de alguns procedimentos ofertados,
a entrada é imediata, porém mesmo nos Serviços Especializados há um tempo de
espera de no máximo cinco meses; nos Centros, Hospitais e Instituições de um ano;
e nos serviços de Atenção Primária de seis meses.
Nos três serviços o tempo máximo encontrado entre a avaliação e
adaptação dos dispositivos eletrônicos foi de um ano. Este é um tempo significativo
de espera, principalmente se considerarmos os serviços que realizam diagnóstico,
tendo em visto a importância do diagnóstico ser realizado no máximo aos três meses
de idade e a intervenção aos seis meses, visando o desenvolvimento da audição e
linguagem da criança, e minimizando as consequências da deficiência auditiva
(JCIH, 2000).
Assim, questiona-se novamente a questão da demanda e acesso, ou
seja, será que todas as crianças que precisam da avaliação estão chegando aos
serviços, isto é, tendo acesso ao mesmo? As crianças que tiveram acesso a
Discussão 133
avaliação para diagnóstico estão chegando a um tratamento e (re) habilitação
efetiva?
Quanto ao controle do tempo de espera para obter o atendimento, 50%
dos Serviços de Atenção Primária à Saúde relataram que não ocorre este controle
dentro dos procedimentos realizados no serviço, os Serviços referentes a Hospitais,
Instituições e Centros (18,51%) ilustraram que não há controle do tempo de espera,
bem como ilustraram que há este controle para alguns procedimentos (14,81%), e
para todos os procedimentos do serviço (18,51%) . Para os Serviços Especializados
verificou-se que 40% controlam o tempo de espera para alguns procedimentos, e
26,66% para todos; porém se verificou que devido a falta de comunicação entre a
rede a maioria dos serviços nos três níveis de atendimento controlam o tempo de
espera em seu serviço, mas poucos controlam este tempo de espera quanto a
passagem em toda a rede o que afeta o atendimento integral a este paciente, que é
um dos princípios básicos do SUS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000).
Nota-se também nos Serviços Especializados, uma taxa de evasão de 25
a 50% para 15,38% da casuística, enquanto que nos Centros, Instituições e
Hospitais esta taxa aplica-se para 26,10% do total (tabela 13). São taxas
importantes visto que podem ser crianças que estão sem acesso ao tratamento e
isto pode salientar as consequências da deficiência auditiva no desenvolvimento de
cada criança. Portanto será que estão sendo aplicadas estratégias de busca ativa?
Deve-se ressaltar que por uma limitação do sistema estas perguntas não
puderam ser respondidas pelo estudo, e também não há dados na literatura que
possam respondê-las, pois se verifica uma limitação nacional e internacional quanto
ao controle de dados, devido à ausência de um banco de dados informatizados/
sistema de informações.
Neste recorte que incluiu a casuística do estudo pôde-se verificar que
76,92% dos Serviços Especializados não possuem um banco de dados
informatizado, assim como, 66,67% dos serviços de Atenção Primária e 52,20% dos
Centros, Instituições e Hospitais. Para estes o banco de dados não é integrado ao
sistema de informatização referente ao gestor. Ressalta-se que 23,08% dos
Serviços Especializados não realizam análise dos dados para avaliação/
134 Discussão
reformulação do serviço, bem como 66,66 dos Serviços de Atenção Primária e
17,39% dos Centros, Instituições e Hospitais (tabela 13).
No questionário para avaliação da qualidade dos serviços pelo
fonoaudiólogo alguns aspectos devem ser ressaltados quanto aos questionamentos
que compuseram cada categoria avaliada (Acesso, Serviço de Diagnóstico, Plano de
Intervenção, Avaliação do serviço, Comunicação e Competência Profissional).
Quanto à categoria acesso, na questão referente ao funcionamento da
rede de referência e contrarreferência pôde-se verificar a dificuldade encontrada em
estabelecer uma rede bem definida. Para os Serviços Especializados observou-se
que 13,33% não possuem uma rede definida, e 13,33% não possuem uma contra
referência definida, sendo que apenas 13,33% possuem esta rede definida com um
banco de dados universal. Já para os Serviços referentes a Instituições, Hospitais e
Centros 33,32% não possuem esta rede definida e 18,51% possuem a mesma
parcialmente definida. Também se notou que apenas 19,99% dos profissionais
comunicam-se de forma efetiva com a rede nos Serviços Especializados, enquanto
que 51,85% dos profissionais dos Centros, Instituições e Hospitais realizam esta
comunicação de forma efetiva. Estes dados levantados em nossa casuística vêm de
acordo com a literatura atual visto que os estudos ilustram a dificuldade que o
sistema enfrenta em conseguir definir e estabelecer uma rede de cuidados para o
atendimento integral do paciente (MANZONI & ALMEIDA, 2010).
Neste sentido, outros estudos realizados na área também ilustraram esta
dificuldade tanto de acesso a rede, quanto ao estabelecimento da mesma e controle
de dados. Os resultados obtidos por Rodrigues e Loiola (2009) em estudo
permitiram inferir que, sob os princípios organizativos do SUS, o sistema de
referência e de contrarreferência de consultas especializadas é ainda incipiente,
verificando-se a necessidade de sua implantação por meio de um sistema
informatizado para a socialização das informações sobre o atendimento prestado ao
usuário nos diferentes pontos de atenção e para agilizar o fluxo e contra fluxo do
usuário na rede de atenção à saúde (RODRIGUES & LOIOLA, 2009).
Discussão 135
Quando ao acesso aos moldes e acompanhamento do AASI nos chama a
atenção o fato de não existir este acompanhamento em 13,33% dos Serviços
Especializados que são habilitados para esta função, bem como ser oferecido
apenas para demanda espontânea em 13,33% dos serviços, além do fato de apenas
26,66 % dos serviços possuírem um banco de dados informatizado para controle
destas informações.
Quanto à categoria Serviço Diagnóstico, no questionamento referente à
infraestrutura voltada aos serviços de diagnóstico um achado positivo foi o fato de
73,32% dos Serviços Especializados seguirem o protocolo completo de exames
previstos em Portarias, porém deve-se ressaltar que 13,33% não seguem este
protocolo. Entretanto, quando questionados a respeito de equipamentos específicos,
86,66 % possuem os equipamentos necessários, e 13,33% não possuem nenhum
dos equipamentos exigidos em protocolo. Este é um fator que deve ser ressaltado
tendo em vista que estes são serviços de referência no atendimento à saúde
auditiva voltados ao diagnóstico audiológico, uma das etapas de inicio e grande
importância que compõe a rede. Adicionalmente, estes serviços mostram-se como
exemplo aos demais serviços, além de que os equipamentos e serviços estão
preconizados em portaria e deveriam ser seguidos. Desta forma, destaca-se a
importância da fiscalização e investimentos por parte das esferas de gestão a fim de
melhorar a qualidade com que os serviços são oferecidos e assegurar um
atendimento integral e de qualidade ao paciente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004;
BRASIL, 2011b). Com relação aos Centros, Instituições e Hospitais 44,44% não
realiza o diagnóstico audiológico e daqueles que realizam a maioria (51,84%) segue
o protocolo exigido em Portaria e possuem todos os equipamentos necessários
(48,14%). Os serviços de atenção primária a saúde não realizam este tipo de
atendimento. Na abordagem multidisciplinar, os Serviços Especializados (86,66%)
estão trabalhando de acordo com a mesma, sendo que as avaliações levam em
consideração o nível de desenvolvimento da criança, dificuldades sociais,
educacionais e comorbidades, ocorrendo discussão dos casos clínicos. As
determinações da Portaria quanto à avaliação dos resultados para indicação de
AASI, realização do molde auricular, e acompanhamento são seguidas, sendo este
um fator positivo nesta etapa da rede de cuidados a criança com deficiência auditiva.
136 Discussão
Ressalta-se que dois serviços não responderam a estes questionamentos. Os
Serviços de Atenção Primária não responderam a estes questionamentos, enquanto
que os Centros, Instituições e Hospitais a casuística ficou dividida quanto à
existência da equipe e aplicação da abordagem multidisciplinar, sendo que em
11,11% dos serviços apesar da equipe não se aplica esta abordagem, sendo
realizados trabalhos individuais e raramente a discussão de casos, o que dificulta o
atendimento integral a esta criança. Atualmente, verifica-se a necessidade do
entendimento dos profissionais acerca da complexidade do processo saúde-doença
e da necessidade, para uma atuação profissional mais efetiva, dentro de uma
abordagem multidisciplinar; além da necessidade do fornecimento de subsídios para
a organização dos serviços, de modo a proporcionar uma atenção integral a
indivíduos e populações (ARAÚJO et al., 2007).
Quanto à existência do Plano de Intervenção, nos questionamentos
referentes a esta categoria pôde-se notar que os Serviços Especializados (93,32%)
apresentam um plano de atendimento individualizado, registrado em prontuário,
destes 66,66% são definidos pela equipe interdisciplinar, e destes 40% são definidos
pela equipe juntamente a família. Do total, um serviço não possui plano de
atendimento individualizado. Nos Centros, Instituições e Hospitais, 11,11% não
possuem plano de atendimento individualizado, dos que possuem o plano, a maioria
não é realizado em equipe e em conjunto com a família (44,44%). Os serviços de
Atenção Básica estão divididos, sendo que um não realiza enquanto o outro realiza
o mesmo juntamente com a equipe e família.
Quanto à revisão do plano de atendimento individualizado todos os
Serviços Especializados realizam a revisão juntamente a equipe, porém apenas
66,66% o fazem no caso de crianças a cada seis meses e passam orientações a
família quanto à reformulação do mesmo. Nas Instituições, Centros e Hospitais
percebe-se o oposto, visto que 33,33% dos serviços não realizam revisões
periódicas, e 44,44% realizam esta revisão juntamente com a equipe, porém de
acordo com a demanda e necessidade. O mesmo ocorre para os Serviços de
Atenção Primária. Isto vem ao encontro ao fato que 44,45% destes profissionais que
atuam nestas Instituições, Centros e Hospitais não aplicam testes de percepção de
fala enquanto que 80% dos profissionais dos Serviços Especializados utilizam este
procedimento no acompanhamento da terapia fonoaudiológica (tabela 9). Os
Discussão 137
projetos terapêuticos singulares são importantes na definição do cuidado integral ao
paciente, incorporam a noção interdisciplinar, reunindo diversos profissionais que
são necessários ao atendimento para cada caso. Assim, cada profissional realiza a
sua avaliação, e é realizada a discussão da equipe para definição no tratamento
individualizado, ou seja, do planejamento. Desta forma, o paciente não é visto
apenas como uma patologia, mas sim em sua integralidade (VASCONCELOS et al,
2011).
Quanto à definição do protocolo para acompanhamento do AASI, todos os
Serviços Especializados que realizam esta adaptação possuem um protocolo
diferenciado para adultos e crianças quanto à regra de prescrição, seleção dos
modelos e marcas, verificação comportamental e eletroacústica. Este é um fator
positivo tendo em vista a importância do atendimento de qualidade a crianças com
procedimentos objetivos e subjetivos voltados a adaptação adequada e individual de
acordo com o caso, bem como com a escolha de procedimentos e protocolo a seguir
de acordo com a idade e desenvolvimento da criança. Os demais serviços
analisados referentes à atenção primária; Centros, Instituições e Hospitais, não
realizam este tipo de atendimento. Neste sentido, após a adaptação do dispositivo,
já é bem consolidado na literatura a necessidade de se avaliar o beneficio e a
adaptação, como também assegurar as avaliações regulares para verificar se os
objetivos propostos no planejamento terapêutico estão sendo atingidos. Pôde-se
observar que dois Serviços Especializados não possuem nenhum protocolo para
avaliação do beneficio e satisfação, os demais possuem algum protocolo, porém
apenas metade da casuística (53,33%) possuem protocolos que verificam o uso
efetivo do AASI, testes de percepção de fala, questionários de habilidades auditivas
e de comunicação, resultados de investigação etiológica, avaliação de
desenvolvimento global, e desempenho educacional/social. Os serviços de atenção
primária analisados não possuem este protocolo, bem como metade da casuística
(59,25%) referente aos Centros, Hospitais e Instituições também não o possui, fato
este relevante visto a importância de se avaliar estes aspectos garantindo o
benefício com o uso do dispositivo eletrônico, bem como a necessidade de
reformulação do planejamento terapêutico conforme evolução da criança.
Quanto às questões voltadas à avaliação de qualidade do serviço pela
família/usuário verificou-se que 26,66% dos Serviços Especializados não o fazem,
138 Discussão
13,33% o fazem por meio de caixa de sugestões, sendo que em apenas 53,33%
este procedimento faz parte da rotina da assistência prestada e são avaliados itens
referentes a espera para o atendimento, a localização do serviço, instalações,
atitudes dos profissionais, central de atendimento, fluxo de informação, dentre
outros. Para os Serviços de Atenção Primária a casuística mostrou-se dividida, e os
Centros, Instituições e Hospitais em sua maioria (66,66%) não realiza este tipo de
avaliação.
Um dos fatores que dificulta a avaliação de resultados por parte da família
é referente à escassez de estudos desenvolvidos na área e a falta de instrumentos
validados que possibilite este tipo de avaliação. A satisfação dos pais é um dos
fatores inclusos na avaliação de qualidade, desta forma alguns dos instrumentos que
avaliam este aspecto são: 1. Roteiro de Entrevista para os pais, de Novaes (1986),
2. Escala de envolvimento familiar desenvolvido por Moeller em 2000 (FORTES &
NOVAES, 2009).
Quanto as questões relacionadas à auditoria para mais da metade do
Centros, Instituições e Hospitais (55,55%) não existe auditoria e/ou protocolos
definidos para os diferentes profissionais, rotinas e procedimentos do serviço, o
mesmo se aplica para os Serviços de Atenção Primária. Já para os Serviços
Especializados, verificou que 20% também não o possuem; para 13,33% existe
auditoria ou protocolos definidos; para 59,99% a auditoria ocorre sem periodicidade
definida, sendo que há alguns protocolos escritos, estabelecidos e disponibilizados
pelo Ministério da Saúde. Assim, com os dados apresentados verifica-se que ainda
não está bem consolidado o sistema de auditorias, as quais se ocorressem
periodicamente poderia auxiliar na identificação dos erros operacionais, estruturais e
de gestão de pessoas, possibilitando a correção destes erros, e melhorando a
qualidade com que os serviços são oferecidos.
Quanto às questões referentes à categoria “Comunicação”, verificou-se
que no momento de pré-avaliação, 20% dos profissionais não fornecem qualquer
informação à família bem como a equipe do serviço não recebe orientações quanto
às estratégias de comunicação para trabalhar juntamente as pessoas com
deficiência auditiva. Já durante a avaliação, 59,99% explicam os resultados dos
exames às famílias, bem como fornecem informação apropriada à mesma, materiais
Discussão 139
é escritos, sendo que, apenas 26,66 destes disponibilizam intérpretes, caso seja
necessário. O mesmo se observa para os Centros, Instituições e Hospitais que
realizam avaliação audiológica.
Na categoria Competência Profissional, quando questionados a respeito
da atualização da equipe e estratégias para educação continuada, chama-se a
atenção o fato de apenas 53,33 % dos profissionais dos serviços especializados, e
37,03% dos Centros, Hospitais e Instituições serem pós graduados nas áreas
especificas de atuação e serem dispensados para realização de cursos de
educação continuada, congressos para atualização cientifica. Três dos Serviços
Especializados relataram que a fonoaudióloga não participa de eventos científicos,
enquanto que seis ilustraram que de 25 a 50 % destes profissionais participam.
Nove Centros, Hospitais e Instituições relataram que nenhuma fonoaudióloga
participa destes eventos e nos Serviços de Atenção Primária apenas uma
profissional participa.
Destaca-se o fato de que a maioria dos profissionais dos três serviços não
realiza supervisão com outros profissionais, o que poderia ser positivo pensando na
comunicação entre a rede e promoção de cursos de capacitação pelos Serviços
Especializados para os Serviços de Atenção Primária e Centros, Instituições e
Hospitais. Com relação às demais estratégias (palestras, cursos, encontros,
simpósios, e eventos científicos) a maioria dos profissionais dos três serviços
realizam pelo menos uma vez ao ano, sendo este um fato positivo.
Nos Serviços Especializados somente 46,66% e nos Centros, Instituições
e Hospitais 59,25 são motivados pelos respectivos serviços quanto ao plano de
carreira e preenchimento de vagas que podem vir a ser oferecidas bem como
motivados a contribuir com a chefia.
Uma das dificuldades levantadas na revisão de literatura foi a falta de
profissionais capacitados para atuar na (re) habilitação de crianças com deficiência
auditiva, ou seja, de profissionais especializados na área de audiologia. Segundo
Bevilacqua (2008) a educação e formação profissional também precisam ser
avaliadas e modificadas para atender às novas necessidades da fonoaudiologia no
Brasil, visto que a Fonoaudiologia na Saúde Pública vem atuando em uma ampla
140 Discussão
variedade de distúrbios da comunicação, e para atuação na área da (re) habilitação
audiológica há a necessidade de profissionais com uma formação mais específica
na área de audiologia. Segundo a autora as resoluções atuais (BRASIL, 2004)
enfocam principalmente a melhoria na formação profissional em nível de graduação,
porém são necessários cursos mais compatíveis com os recentes desenvolvimentos
na tecnologia e saúde pública tanto em graduação como em pós-graduação, para
consolidar a produção de conhecimento em nível internacional.
Na questão aberta os gestores foram questionados quanto aos aspectos
que poderiam melhorar com relação à política de atendimento ao deficiente auditivo
e organização da rede de saúde auditiva, nesta a partir dos depoimentos
apresentados foi possível notar que a maioria dos gestores demonstrou a
necessidade dos serviços possuírem um maior número de profissionais
especializados, enfocando assim a necessidade de cursos de capacitação para
consolidação de profissionais mais experientes e com maior conhecimento sobre a
deficiência auditiva, suas consequências, prevenção, formas de identificação,
diagnóstico e tratamento. Ressaltou-se também, a necessidade de maior
conhecimento quanto às políticas existentes, necessidades de novos estudos,
reformulação e atualização das mesmas por meio da avaliação quanto a efetividade
destas no contexto atual.
Apenas dois gestores citaram em seus depoimentos a respeito da
organização e funcionamento da rede de cuidados à criança com deficiência
auditiva, enfocando principalmente a (re) habilitação fonoaudiológica.
Importante ressaltar que, um gestor relatou a importância da busca ativa
que constitui um fator fundamental para garantir o acesso de toda criança quanto à
entrada e permanência na rede de saúde auditiva para acompanhamento. Sete
gestores abordaram a necessidade de possuir em seu município centros que
realizam a intervenção, voltada esta tanto à adaptação de dispositivos eletrônicos
como à (re) habilitação auditiva. Este dado mostra que os mesmos verificam falhas
no funcionamento da rede e propõem a criação de novos serviços como solução,
quando na verdade, uma comunicação mais efetiva entre mesma poderia resolver
muitas queixas apresentadas. Assim, apenas um gestor relatou a importância de
não apenas melhorar a comunicação da rede em si como também melhorar a
Discussão 141
comunicação dos três níveis com os órgãos municipais, estatais e federais. Por
outro lado, dois gestores relataram que a rede bem como a comunicação entre a
referência e contra referência ocorre de forma adequada, e um apresentou o mesmo
posicionamento quanto ao acesso da população ao serviço.
Assim, notamos que muitas das barreiras apontadas pelos gestores foram
também identificadas no estudo e na literatura levantada. Notamos com o estudo a
ausência de um sistema de informações/ banco de dados bem consolidado,
necessidade de atualização destes sistemas, devido ao grande número de dados
incompletos e desatualizados.
Os sistemas de informação são ferramentas de apoio à gestão do
trabalho dos profissionais de saúde, que potencializam a busca de conhecimento,
visto que disponibilizam os dados de forma rápida, fácil e segura, permitindo que os
profissionais da saúde busquem conhecimentos e se tornem capacitados, criativos e
competentes para atuar com a complexidade do trabalho em saúde dentro do
sistema de saúde brasileiro visando consolidar a política do SUS (BENITO,
LICHESCKI, 2009).
Dentre as principais características e dificuldades de funcionamento
destes sistemas no Brasil destaca-se o fato de que os dados obedecem ao fluxo
municípios-estados-federação, há exclusão do nível local (municípios) no processo
de decisão e planejamento em saúde; ausência de mecanismos de avaliação e
controle da qualidade dos dados produzidos; ênfase na coleta de dados médicos ou
de doenças, não permitindo a construção do perfil de saúde da população;
incompatibilidade entre os diversos sistemas de informação utilizados; falta de
infraestrutura de informática nos municípios, o que dificulta ou até mesmo inviabiliza
a coleta adequada e o processamento dos dados; ter como base dos dados apenas
a população assistida; ausência da participação popular na geração e uso das
informações (SILVA & LAPREGA, 2006).
Assim nota-se que a descentralização tem ampliado a utilização dos
sistemas de informação como instrumentos de planejamento e gestão, porém fica
ainda às instâncias centrais (estadual e federal) a definição das prioridades a serem
seguidas (BARROS & CHAVES, 2003; SILVA & LAPREGA, 2006).
142 Discussão
Neste sentido, verifica-se que embora existam diversas tecnologias de
informação disponíveis para uso nas Políticas de Saúde para controle e uso das
informações para fins de pesquisa, registros administrativos, gestão e controle,
atualização de dados e gestão das informações, muito ainda necessita ser mudado
para que este sistema funcione de forma efetiva e supere as limitações encontradas,
para que seja possível ir ao encontro dos princípios do SUS e promover o
atendimento integral de cada paciente, assegurando a avaliação da saúde da
população em geral em todos os aspectos verificados, desde a promoção de saúde
até o tratamento de cada necessidade em saúde que esta população venha a
apresentar.
Assim, verifica-se que após a implantação do Programa Nacional de
Atenção à Saúde Auditiva (PNASA), em 2004, houve incontestáveis avanços na
assistência ao deficiente auditivo. Porém, existem divergências na execução desse
programa que dificultam o seu progresso e limitam o acesso à Saúde Auditiva. A
implantação do PNASA não é uniforme no país. A disparidade está evidenciada na
cobertura nacional e distribuição local desse serviço, o que denota um imenso
contingente de deficientes auditivos não contemplados com a assistência à Saúde
Auditiva, ferindo os princípios de integralidade e universalidade do SUS. Tais
evidências ilustram a necessidade da criação de uma rotina para avaliá-lo a fim de
orientar e monitorar as práticas dos atores envolvidos (ANDRADE et al., 2013).
Desta maneira, o SUS encontra alguns desafios futuros, dentre os quais,
a reforma de sua estrutura de financiamento, com vistas a assegurar a
universalidade, igualdade e sustentabilidade ao longo prazo; a renegociação dos
papéis público e privado; a adequação do modelo de atenção para atender as
rápidas mudanças demográficas e epidemiológicas do país e a promoção da
qualidade do cuidado e da segurança dos pacientes; melhora no quadro de infra-
estrutura dos serviços quanto aos equipamentos e recursos disponibilizados;
capacitação das equipes interdisciplinares e profissionais, ampliação, integração,
atualização e reformulação dos sistemas de informação; efetivação na definição e
funcionamento da rede de saúde no país. Estes desafios enfrentados são políticos,
pois não podem ser resolvidos na esfera técnica, e só poderão ser solucionados
com esforços conjuntos dos indivíduos e da sociedade (PAIM et al., 2011).
Discussão 143
Portanto, a realização de estudos na área torna-se de grande importância
para que medidas políticas na esfera da gestão sejam tomadas dentro das Políticas
Públicas com o intuito de promover os princípios definidos pelo SUS para a
população com qualidade e eficiência, principalmente no que se refere ao
acompanhamento da criança com deficiência auditiva no país.
7 CONCLUSÕES
Conclusões 147
7 CONCLUSÕES
De acordo com os dados obtidos com os participantes no estudo foi
possível constatar que:
• Para terapia fonoaudiológica, voltada a (re) habilitação auditiva, as
crianças são atendidas nos três tipos de serviço (Serviços
Especializados, Atenção Primária à Saúde e Centros, Hospitais e
Instituições) participantes do estudo, que estão distribuídos por todo
o Estado de São Paulo. Porém, são os Serviços Especializados que
concentram o maior número de crianças em atendimento;
• Muitos serviços estão com o cadastro desatualizado nos Sistemas
de Informação em Saúde, principalmente os Serviços de Atenção
Primária bem como os Centros, Instituições e Hospitais. Além disso,
foi verificado que estes sistemas são limitados diante a
complexidade que a rede de saúde auditiva envolve o que dificulta a
realização de pesquisas, e acesso a informações;
• Muitos serviços possuem o profissional fonoaudiólogo em sua
equipe nos Centros, Instituições e Hospitais bem como nos serviços
e Atenção Primária, porém não atendem crianças com deficiência
auditiva, por falta de infraestrutura e capacitação da equipe;
A respeito da caracterização das crianças que estão em atendimento nos
serviços que compuseram a casuística do estudo foi possível concluir que:
• A maioria das crianças que está em atendimento nos serviços de
Atenção Primária à Saúde encontra-se na faixa etária de 8 a 12
anos, enquanto que nos Serviços Especializados e nos Centros,
Hospitais e Instituições encontra-se na faixa etária de 5 a 8 anos;
• 25% das crianças que estão em atendimento nos Serviços
Especializados, e nos Centros, Instituições e Hospitais precisam
viajar para terem acesso à terapia fonoaudiológica nestes serviços;
148 Conclusões
• A maior parte das crianças possui deficiência auditiva de grau
profundo, todas as crianças em atendimento com exceção das
crianças em terapia diagnóstica estão adaptadas com dispositivos
eletrônicos, sendo que grande parte da casuística utiliza mais de oito
horas por dia, e frequentam a escola regular. Porém, se deve
destacar que 16% só utilizam o dispositivo apenas na escola e/ou
terapia, e 12% não frequentam escola regular.
Em relação à oferta da terapia fonoaudiológica, verificou-se diferença
entre os três tipos de serviços estudados quanto à quantidade de atendimentos e
duração dos mesmos, visto que os Serviços Especializados oferecem terapia duas
vezes na semana com duração de 50 minutos, e os demais serviços uma vez na
semana, 30 minutos por sessão. Todos os serviços priorizam o atendimento
individual.
No geral, os fonoaudiólogos dos três tipos de serviço realizam:
orientações à família e acompanhamento audiológico (avaliações audiológicas
periódicas, revisão e acompanhamento quanto aos dispositivos eletrônicos e
programação e reposição do molde auricular), porém ressalta-se que alguns
profissionais não realizam estes procedimentos. Notou-se que a maior parte dos
profissionais não está realizando avaliação da percepção de fala e portanto, revisões
periódicas quanto ao planejamento terapêutico.
Com relação à avaliação da qualidade dos serviços pela perspectiva do
profissional, pode-se concluir que os Serviços Especializados foram aqueles
melhores avaliados quanto aos aspectos Acesso, Serviço de Diagnóstico, Plano de
Intervenção, Avaliação do serviço, Comunicação e Competência Profissional. Os
Centros, Instituições e Hospitais foram avaliados positivamente quanto a
Competência Profissional. Os Serviços de Atenção Primária à Saúde não foram bem
avaliados quantos os aspectos abordados.
Já na perspectiva dos gestores foram levantadas dificuldades no
funcionamento dos serviços e da rede de saúde auditiva, e dentre as soluções
propostas destacam-se: melhorar a infra-estrutura dos serviços; aumentar e
disponibilizar cursos de capacitação para a equipe; melhorar a integração entre a
Conclusões 149
atenção básica, média complexidade e alta complexidade, melhorando a
comunicação dos serviços de referência e contra referência; necessidade de busca
ativa para diminuir a taxa de evasão dos serviços; avaliação e reavaliação efetiva
das propostas abordadas pelas políticas; maior divulgação das Portarias,
documentos governamentais existentes; necessidade de credenciamento de novos
centros de (re) habilitação para crianças com deficiência auditiva que envolva uma
equipe interdisciplinar; aumento do teto financeiro; necessidade de um sistema de
informações integrado, abrangente e atualizado.
Apesar da limitação encontrada quanto aos sistemas de informação, com
o estudo foi possível retratar os serviços do Estado de São Paulo que oferecem a
terapia fonoaudiológica à população infantil usuária de dispositivos eletrônicos (AASI
e/ou IC), bem como após a identificação destes serviços, caracterizar o perfil destas
crianças em uma amostra dos serviços, além de verificar a qualidade dos mesmos
na perspectiva dos profissionais que atuam no atendimento dessa população e dos
gestores, responsáveis por administrarem seu funcionamento.
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WORLD WIDE HEARING. World Wide Hearing Documents. Accessed on: 22 de abril.
ANEXOS
Anexos 167
ANEXO 1
Universidade de São Paulo
Faculdade de Odontologia de Bauru
Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais
Departamento de Fonoaudiologia
Centro de Pesquisas Audiológicas
Prezadas fonoaudiólogos e gestores do Serviços de Saúde ________________,
Gostaríamos de convidá-los a participar do projeto de pesquisa: “Serviços de (re)
habilitação auditiva para crianças usuárias de Implante Coclear e Aparelhos de
Amplificação Sonora Individual: Perfil e caracterização no Estado de São Paulo”,
desenvolvida no Departamento de Fonoaudiologia (FOB/USP), em parceria com o Centro de
Pesquisas Audiológicas (CPA/HRAC/USP).
Estamos convidando fonoaudiólogos que trabalham com terapia de crianças usuárias
de AASI ou implante coclear para responder questionários online sobre o processo
terapêutico. Cada questionário não deve exceder 10 minutos para preencher. Nesta primeira
etapa estamos pedindo o preenchimento da ficha de adesão ao projeto, no próximo mês na
segunda etapa estaremos enviando dois links online referentes aos questionários
pertencentes ao projeto. Logo que receber o email por gentileza nos envie uma confirmação.
o mesmo foi recebido.
Esta pesquisa tem o objetivo de pesquisar a rede terapêutica para crianças usuárias
de IC e AASI e avaliar o perfil dos reabilitadores desses serviços. Sua participação irá
contribuir para o aprimoramento da implantação da rede de saúde auditiva, principalmente
no que se refere à realização da terapia fonoaudiológica.
Caso você tenha dúvidas, sugestão ou queira entrar em contato conosco escreva para
Contamos com sua colaboração e desde já agradecemos.
Atenciosamente,
Julia Speranza Zabeu
Fonoaudióloga do CPA/HRAC-USP
Mestranda FOB-USP
Profa Dra Kátia de Freitas Alvarenga
Docente do Departamento de
Fonoaudiologia da FOB-USP
168 Anexos
ANEXO 2
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Viemos por este documento convidá-lo (a) a participar voluntariamente da pesquisa “Serviços de (re) habilitação auditiva para crianças usuárias de Implante Coclear e Aparelhos de Amplificação Sonora Individual: Perfil e caracterização no Estado de São Paulo” desenvolvida pela aluna de pós-graduação em Fonoaudiologia- Julia Speranza Zabeu- com a orientação da Profa Dra Kátia de Freitas Alvarenga, cujo objetivo é pesquisar o processo terapêutico em crianças após a realização da cirurgia do implante coclear (IC) ou adaptação de Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI) no Estado de São Paulo. Caso concorde em participar do estudo você será solicitado (a) a entrar na ferramenta http://www.kwiksurveys.com/ e responder os questionários disponibilizados nesta, ou se for de sua preferência estes questionários poderão ser preenchidos via email ou correio, meios pelos quais, também serão disponibilizados. .
Nenhum dos procedimentos aqui citados oferecem riscos para o participante. Todas as informações são CONFIDENCIAIS, podendo ser publicadas apenas para fins científicos, portanto, sem identificação do individuo, como nome e endereço. Ressaltamos que sua participação no estudo é inteiramente voluntária. A não aceitação em participar do mesmo, sem a necessidade de expor as razões, assim como, a desistência da participação em qualquer momento, não ocasionará prejuízos de nenhuma espécie. Caso (a) o senhor (a) queira apresentar reclamações em relação a sua participação na pesquisa, poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisas em Seres Humanos, da FOB-USP, pelo endereço: Alameda Dr. Octávio Pinheiro Brisolla, 9-75 (sala no prédio da Biblioteca, FOB-USP, telefone 32358356). Dúvidas em relação à pesquisa entrar em contato com a pesquisadora responsável pela desenvolvimento da pesquisa, Julia Speranza Zabeu pelo telefone (11) 88015360 ou (14) 32342280.
Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o Sr. (a) ______________________________________________________________, portador da cédula de identidade __________________________, após leitura minuciosa das informações constantes neste TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO, devidamente explicada pelos profissionais em seus mínimos detalhes, ciente dos serviços e procedimentos aos quais será submetido, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO concordando em participar da pesquisa proposta.
Fica claro que o sujeito da pesquisa ou seu representante legal, pode a qualquer momento retirar seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar desta pesquisa e ciente de que todas as informações prestadas tornar-se-ão confidenciais e guardadas por força de sigilo profissional (Art. 29o do Código de Ética do Fonoaudiólogo). Por estarem de acordo assinam o presente termo. Bauru-SP, ________ de ______________________ de _________ . _________________________________ _________________________________ Assinatura do Sujeito da Pesquisa Profa Dra Kátia de Freitas Alvarenga
Anexos 169
ANEXO 3
Questionário de “Avaliação da Rede de (Re) Habilitação Auditiva e Perfil dos
Reabilitadores”.
1) Há quanto tempo você atua na (re) habilitação de crianças (o a 18 anos incompletos) com deficiência auditiva?
( ) 6 meses a 2 anos ( ) 2 a 5 anos ( ) 5 a 10 anos ( ) 10 a 15 anos ( ) 15 a 20 anos ( ) mais de 20 anos
2) Quantas crianças com deficiência auditiva você atende atualmente? (considerar limite de idade até 18 anos incompletos).
3) Qual a faixa etária das crianças e adolescentes atendidos por você? Por
exemplo: 0 a 12 anos ou 3 a 16 anos.
4) O maior número de pacientes atendidos por você encontra-se na faixa etária: ( ) 0 a 12 meses ( ) 1 a 3 anos ( ) 3 a 5 anos ( ) 5 a 8 anos ( ) 8 a 12 anos ( ) 12 a 18 anos incompletos
5) Dos pacientes atendidos por você, quantos são do gênero: • Feminino:
• Masculino:
6) Pensando na locomoção até o ambiente terapêutico, quantos pacientes realizam atendimento:
• Na mesma cidade em que o serviço se localiza:
• Em outra cidade:
• Não tem acesso a informação:
7) De seus pacientes com deficiência auditiva, quantos casos são: • Pré-linguais (crianças que nascem com deficiência auditiva ou quando
a deficiência auditiva ocorre antes da aquisição da linguagem oral): • Pós- linguais ( crianças que perderam a audição após a aquisição da
linguagem oral):
170 Anexos
8) Dos pacientes com deficiência auditiva atendidos por você, quantos possuem algum tipo de comprometimento associado?
9) Caso algum deles possua, assinale quais são estes comprometimentos:
( ) paralisia cerebral ( ) deficiência intelectual ( ) deficiência visual ( ) transtornos do espectro autístico ( ) síndromes ( ) Outro, especifique:
10) Considerando a média dos limiares de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz, dos pacientes atendidos por você, quantos possuem deficiência auditiva de grau (segundo Organização Mundial da Saúde, 2009)
• Leve (26 a 40 dB):
• Moderada (41 a 70 dB):
• Severa (70 a 90 dB):
• Profunda (maior que 90 dB):
11) Das crianças que você atende, quantas são: • Usuárias de AASI bilateral:
• Usuárias de AASI unilateral:
• Usuárias de IC bilateral:
• Usuárias de IC unilateral:
• Usuárias de IC e AASI no ouvido contralateral:
12) Quanto ao tempo de uso diária dos aparelhos de amplificação sonora individuais e/ou implante coclear, quantas crianças utilizam o seu dispositivo:
• Durante todo o tempo que está acordada::
• Na escola e na terapia fonoaudiológica:
• Apenas na escola:
• Apenas na terapia fonoaudiológica:
• Nunca utiliza:
• Não tem acesso a informação: 13) Das crianças que utilizam Aparelho de Amplificaçao Sonora Individual (AASI),
quantas utilizam os seguintes tipos de AASI’s: • Retroauricular:
• Intra-aural:
• Intra-auricular:
• Intra-canal:
• Micro-canal:
• Adaptação aberta:
• Receptor no canal:
Anexos 171
• Aparelhos implantáveis e semi- implantáveis:
• Ainda não foi feita indicação de AASI:
• Não tem acesso a informação:
• Outros: 14) Quantas crianças usuárias de implante coclear utilizam o processador de fala:
• Retroauricular:
• Caixa: 15) Quanto a forma de obtenção do aASI e/ou IC pela criança, quantas receberam
por: • Doação por órgão público:
• Recursos particulares (próprios ou não):
• Ainda não possui o dispositivo:
• Ainda não foi feita a indicação:
• Não tem acesso a informação:
16) Enumere o seu posicionamento durante as sessões de terapia fonoaudiológica com a criança, de acordo com a maior ocorrência, sendo (4) sempre ocorre, (3) frequentemente, (2) ás vezes ocorre, (1) raramente ocorre e (0) nunca ocorre:
• De frente para criança de modo a oferecer leitura orofacial:
• Ao lado da criança preferencialmente do lado do ouvido com melhor desempenho auditivo:
• Ao lado da criança independente do ouvido com melhor desempenho auditivo:
• De frente para criança com uso de anteparo:
• Ao lado da criança com o uso de anteparo:
17) Pensando na quantidade de atendimentos realizados para cada criança semanalmente, quantas crianças são atendidas:
• 1 vez na semana:
• 2 vezes na semana:
• 3 vezes na semana:
• 4 vezes na semana:
• 5 vezes na semana:
18) O tempo de sua terapia fonoaudiológica é de:
• Menos de 30 minutos:
• 30 minutos:
• 40 minutos:
• 50 minutos: • 60 minutos:
• Mais de 60 minutos:
• Outro:
172 Anexos
19) Tipo de atendimento fonoaudiológico que você oferece em seu serviço: • Individual:
• Grupo:
• Ambos:
• Não tem acesso a informação:
• Outro:
20) No caso de atendimento em grupo, assinale o principal critério que adota para a composição dos mesmos (pode assinalar mais de um critério, se precisar) :
• Idade:
• Habilidade auditiva:
• Nível de escolaridade:
• Aquisição da linguagem oral: • Comportamento da criança:
• Outro: 21) Indique o método ou abordagem que você aplica no atendimento das crianças
com deficiência auditiva ou descreva sucintamente como é realiza a terapia fonoaudiológica:
22) Você possibilita durante a terapia fonoaudiológica a participação da mãe e/ou
cuidador da criança: • Sim:
• Não: Se sim, com que frequência? ( por exemplo, um atendimento na semana, um atendimento a cada 15 dias, dentre outros).
23) Como realiza a orientação e aconselhamento familiar?: • Não realiza:
• Somente individual:
• Somente por meio de reuniões de pais:
• Individualmente e por meio de reuniões de pais:
• Outro:
24) Como realiza a orientação e aconselhamento familiar?: • Não realiza:
• Somente individual:
• Somente por meio de reuniões de pais: Individualmente e por meio de reuniões de pais
25) No caso de resposta positiva na questão anterior, assinale quais são os conteúdos abordados durante a orientação e aconselhamento dos pais:
( ) informações sobre o dispositivo usado pela criança ( ) atividades a serem desenvolvidas em casa
Anexos 173
( ) comportamento da criança ( ) escola ( ) desempenho das crianças nas atividades terapêuticas ( ) cuidados com o ambiente ( ) aspectos afetivos e emocionais ( ) Outro, especifique:
26) Antes de iniciar a terapia fonoaudiológica com a criança com deficiência auditiva, você verifica se o AASI ou IC da criança está funcionando adequadamente?
( ) sim ( ) não ( ) as vezes Outro (Especifique):
27) Durante a terapia se você percebe algum problema no aparelho de amplificação sonora individual ou implante coclear, o que você faz? Assinale uma ou mais alternativas:
( ) realiza a reposição (indicação e adaptação de um novo aparelho de amplificação sonora individual) ( ) encaminha para outro setor do mesmo serviço ( ) encaminha para outro serviço ( ) encaminha diretamente para a assistência técnica ( ) orienta aos pais para encaminharem para a assistência técnica ( ) Outro, especifique:
28) Pensando no acompanhamento das crianças com deficiência auditiva, você assegura que a criança realize a avaliação audiológica de acompanhamento, na clinica ou em centros especializados?
( ) sim ( ) não Caso a resposta seja negativa, especifique o porquê:
29) No caso de resposta positiva , especifique a frequência: ( ) a cada 4 meses ( ) a cada 6 meses ( ) 1 vez por ano ( ) 1 vez a cada 2 anos ( ) Outro (especifique):
30) Durante a terapia você observa como está o estado do molde auricular da criança?
( ) sim ( ) não ( ) as vezes
174 Anexos
31) Caso perceba alteração no molde auricular, você assegura a troca? ( ) sim ( ) não Se sim, no próprio serviço ou realiza encaminhamento para outro serviço?
32) Se sim para pergunta anterior , especifique a frequência:
33) Você realiza orientação a escola da criança? ( ) sim ( ) não Se sim, com que frequencia? Caso não o faço, especifique o porquê:
34) Você aplica algum teste de percepção auditiva da fala como rotina de avaliação da criança?
( ) sim ( ) não Se sim, indique quais:
35) Frequência com que os teste de percepção auditiva da fala são aplicados: ( ) a cada 2 meses ( ) a cada 4 meses ( ) a cada 6 meses ( ) 1 vez por ano ( ) Outro (especifique):
36) Na terapia fonoaudiológica, qual o modo de comunicação prioritário? ( ) linguagem oral sem leitura orofacial ( ) linguagem oral com leitura orofacial ( ) Língua Brasileira de Sinais
( ) Outro (especifique): 37) Qual (s) a forma de registro da evolução da criança que você usa:
Obs: Pode assinalar uma ou mais opções: ( ) prontuário impresso ( ) prontuário eletrônico ( ) banco de dados digital ( ) vídeos ( ) Outro (especifique):
38) Verifique quais atividades que você participa visando a sua atualização profissional, indicando a frequência (quantidade por ano) aproximada das mesmas:
• Palestras:
• Cursos:
Anexos 175
• Supervisão com outro profissional:
• Encontros, congressos, simpósios, e similares: 39) Quais atividades terapêuticas que você utiliza? Numere as alternativas em ordem
crescente de prioridade ( em uma escala de 1 a 10): Obs: os números podem se repetir:
• Jogos vocálicos:
• Vivências:
• Dramatização:
• Jogos competitivos:
• Tarefas de múltipla escolha referentes aos sons trabalhados:
• Nomeação de figuras ou objetos:
• Sequencia lógica: • Histórias infantis:
• Musicas:
• Apoio visual/ gráfico dos sons trabalhados:
• Exercícios fonoarticulatórios para favorecer a produção da fala:
• Outros:
40) Quantos de seus pacientes com deficiência auditiva frequentam: • Classe regular:
• Classe especial em escola regular:
• Escola especial para deficientes auditivos:
• Não frequenta escola:
• Não tem acesso á informação:
41) Quantos de seus pacientes com deficiência auditiva frequentam sala de recursos?
42) Quantos de seus pacientes com deficiência auditiva utilizam o sistema de
frequência modulada (sistema FM)?
176 Anexos
ANEXO 4
4.1 “ Questionário Avaliação de Qualidade dos Serviços sob perspectiva do
fonoaudiólogo”
concordo discordo Concordo parcialmente/ sugestão
1. Acesso 1.1 Referência , Contrarreferência e Controle 1- Não há referência e contrarreferência determinada. 2- Há a referência, mas não há contrarreferência. 3- Rede de referência e contrarreferência parcialmente definidas.
4- Rede de referência e contrarreferência definidas e controle local.
5- Rede de referência e contrarreferência definidas e controle informatizado em banco de dados universal.
1.2 Há controle do tempo de espera? 1- Não. 2- Sim, há controle de tempo de espera para alguns procedimentos dentro do serviço.
3- Sim, há controle do tempo de espera para todos os procedimentos dentro do serviço.
4- Sim, há controle do tempo de espera realizado pelo serviço, de sua referência e contrarreferência.
5- Sim, há controle do tempo de espera em toda rede. 1.3 Acesso aos moldes e acompanhamento do AASI 1- Não existe acompanhamento. 2- É oferecido acompanhamento apenas à demanda espontânea.
3- É oferecido acompanhamento periódico previsto pela Portaria, controlado pelo serviço.
4- É oferecido acompanhamento periódico previsto pela Portaria, controlado pelo serviço, e quando o paciente necessitar.
5- É oferecido acompanhamento periódico previsto pela Portaria, com controle informatizado pelo banco de dados da rede, e quando o paciente necessitar.
concordo discordo Concordo
parcialmente/ sugestão
2. Serviço de Diagnóstico 2.1 Avaliação Audiológica (OBS: por amostragem de prontuário)
1- Não segue o protocolo completo de avaliação audiológica previsto pela Portaria.
2-Segue o protocolo completo de exames previstos pela Portaria, porém sem padronização dos parâmetros de avaliação.
3-Segue o protocolo completo de exames previstos pela Portaria, utilizando parâmetros estabelecidos pelo profissional que executa.
4-Segue o protocolo completo de exames previstos pela Portaria, utilizando parâmetros estabelecidos pelo serviço.
5-Segue o protocolo completo de exames previstos pela Portaria, utilizando parâmetros de avaliação padronizado e
Anexos 177
baseado em evidências. 2.2 Equipamentos Audiológicos (obs: porcentagem de itens do protocolo atual do CFRa – checklist)
0% 25% 50% 75% 100% 2.3 Abordagem Multidisciplinar da Avaliação 1- Não há equipe multidisciplinar integrada no serviço. (os pacientes não passam por todos os profissionais).
2- Há equipe, mas não há abordagem multidisciplinar (os pacientes passam por todos os profissionais, mas não há sistematização na troca de informações entre a equipe).
3- Há abordagem multidisciplinar parcial e sem regularidade para discussão dos casos.
4- Há abordagem multidisciplinar, as avaliações da equipe levam em consideração o nível de desenvolvimento da criança, dificuldades sociais, educacionais e co-morbidades. Há discussão dos casos individualmente, porém sem regularidade.
5- Há abordagem multidisciplinar, as avaliações da equipe levam em consideração o nível de desenvolvimento da criança, dificuldades sociais, educacionais e co-morbidades. Há discussão dos casos individualmente, da qual participam todos os membros da equipe, seguindo-se um protocolo de conclusão e seguimento do caso e com regularidade.
concordo discordo Concordo parcialmente/ sugestão
2.4 Avaliação de Resultados 1- O Serviço não segue as determinações da Portaria quanto aos procedimentos e critérios após a avaliação audiológica (critérios para indicação de aparelho – por exemplo – adultos com média tonal abaixo de 40dB que receberam AASI).
2- O Serviço segue as determinações da Portaria quanto aos critérios ou quanto aos procedimentos, mas não ambos (por exemplo, não testa três AASIs só dois ou um ou não faz campo).
3- O Serviço segue as determinações da Portaria, sem padronização de protocolos ou registro para o serviço.
4- O Serviço segue as determinações da Portaria, com protocolo único para o serviço.
5- O Serviço segue integralmente as determinações da Portaria e o protocolo utilizado possui parâmetros de acompanhamento padronizado, e baseado em evidências.
(protocolo de acompanhamento desde o resultado da audiometria até a adaptação do AASI – quanto tempo para molde, teste, experiência domiciliar, quantos AASIs).
178 Anexos
3. Plano de Intervenção (Projeto Terapêutico Singular) 3.1 Desenvolvimento do Plano de Intervenção Individual
1- O serviço não oferece um plano de atendimento individualizado.
2- O serviço oferece um plano de atendimento individualizado, no que se refere ao acompanhamento audiológico e à amplificação previstos na Portaria.
3- O serviço oferece um plano de atendimento individualizado, registrado em prontuário e que abrange aspectos audiológicos, da terapia fonoaudiólogica e médicos.
4- O serviço oferece um plano de atendimento individualizado, por escrito, que é definido em conjunto pela equipe, que abrange aspectos audiológicos, terapia fonoaudiológica, médicos, educacionais e sociais.
5- O serviço oferece um plano de atendimento individualizado, por escrito, que é definido em conjunto pela equipe e família; o mesmo é intersetorial, abrange aspectos audiológicos, da terapia fonoaudiológica, médicos, educacionais e sociais.
concordo discordo Concordo parcialmente/ sugestão
3.2 Flexibilidade do plano de atendimento individual
1. O serviço disponibiliza plano de atendimento individual, porém não há revisões periódicas.
2. O serviço realiza reuniões multidisciplinares periódicas para discutir o progresso do paciente e rever o plano de atendimento individual de acordo com a demanda.
3. O serviço realiza reuniões multidisciplinares periódicas para discutir o progresso do paciente e rever o plano de atendimento individual, pelo menos a cada 6 meses para crianças e anualmente para adultos; as informações são compartilhadas entre os membros da equipe.
4. O serviço realiza reuniões multidisciplinares periódicas para discutir o progresso do paciente e rever o plano de atendimento individual, pelo menos a cada 6 meses para crianças e anualmente para adultos; as informações são compartilhadas entre os membros da equipe e repassadas aos familiares (oral e por escrito).
5. O serviço realiza reuniões multidisciplinares periódicas para discutir o progresso do paciente e rever o plano de atendimento individual, pelo menos a cada 6 meses para crianças e anualmente para adultos; as informações são compartilhadas entre os membros da equipe, repassadas aos familiares (oral e por escrito) e intersetorialmente.
3.3Seleção, adaptação e verificação do AASI
Anexos 179
1. Não existe protocolo definido quanto à regra de prescrição, seleção dos modelos e marcas de AASI, verificação eletroacústica e\ou comportamental.
2. Existe protocolo único para adultos e crianças quanto à regra de prescrição, seleção dos modelos e marcas de AASI, verificação comportamental.
3. Existe protocolo diferenciado para adultos e crianças quanto à regra de prescrição, seleção dos modelos e marcas de AASI, verificação comportamental.
4. Existe protocolo diferenciado para adultos e crianças quanto à regra de prescrição, seleção dos modelos e marcas de AASI, verificação comportamental e eletroacústica.
5. Existe protocolo diferenciado para adultos e crianças baseado em evidências quanto à regra de prescrição, seleção dos modelos e marcas de AASI, verificação eletroacústica e comportamental.
concordo discordo Concordo
parcialmente/ sugestão
4.Avaliação do serviço 4.1 Avaliação de resultados 1. O Serviço não possui protocolo para avaliação de benefício e satisfação.
2. O Serviço possui protocolos de avaliação (itens a e b) 3. O Serviço possui protocolos de avaliação (itens a, b, c, d)
3. O Serviço possui protocolos de avaliação (itens a, b, c, d)
4. O Serviço possui protocolos de avaliação inicial de beneficio e satisfação baseados em evidências (itens a, b, c, d, e, f).
5. O Serviço possui protocolos para avaliação periódica de beneficio e satisfação baseados em evidências, com re-avaliações regulares para verificar se os objetivos definidos no plano de atendimento individual foram alcançados ou necessitam de reorganização do plano e discussão com a família (itens a, b, c, d, e, f).
a) uso efetivo do AASI (tempo de uso diário, manutenção) b) testes de percepção de fala com AASI (no silêncio e no ruído)
c) questionários padronizados de habilidades auditivas e de comunicação (por exemplo, para crianças ITMais, Escala de Geers, MUSS e para adultos APHAB, HHIA, IOIHA)
d) resultados de investigação etiológica e) avaliação de desenvolvimento global f) desempenho educacional\social 4.2 Avaliação do Serviço pelo usuário/família 1. Não é realizada avaliação do serviço pelo usuário/família. 2. É realizada avaliação do serviço através de “caixas de sugestões”.
3. O Serviço é avaliado através de ações assistemáticas de consulta ao usuário, para alguns destes itens: espera para o atendimento, localização do serviço, instalações, atitude do
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pessoal, central de atendimento, fluxo de informação, e demais dados que contribuam na qualidade de assistência do serviço. 4. A avaliação do serviço pelo usuário e/ou família integra a rotina da assistência prestada. São realizadas como estratégia de gestão com intuito de determinar a vivência do usuário/família quanto a espera para o atendimento, a localização do serviço, instalações, a atitude do pessoal, central de atendimento, o fluxo de informação, e demais dados que contribuam na qualidade de assistência do serviço. Os dados levantados geram ações para resolução de problemas.
concordo discordo Concordo parcialmente/ sugestão
5. A avaliação do serviço pelo usuário e/ou família integra a rotina da assistência prestada. São realizadas como estratégia de gestão com intuito de determinar a vivência do usuário/família quanto a espera para o atendimento, a localização do serviço, instalações, a atitude do pessoal, central de atendimento, o fluxo de informação, e demais dados que contribuam na qualidade de assistência do serviço. Os dados levantados geram ações para resolução de problemas. Também existe a participação dos usuários e comunidade através de conselhos representativos no controle dos serviços prestados.
obs: caixa de sugestões o paciente responde se quiser e o item 3 os pacientes são consultados aleatoriamente.
4.3 Auditoria 1. Não existe auditoria e não há protocolos definidos para os diferentes profissionais, rotinas e procedimentos do serviço.
2. Existe auditoria ou protocolos definidos para os diferentes profissionais, rotinas e procedimentos do serviço.
3. Existe auditoria e alguns protocolos definidos para os diferentes profissionais, rotinas e procedimentos do serviço.
4. Existe auditoria sem periodicidade definida. Há alguns protocolos escritos, estabelecidos e disponibilizados pelos Ministério da Saúde abrangendo alguns aspectos de atendimento para os diferentes profissionais, rotinas e procedimentos do serviço.
5. As auditorias são realizadas periodicamente. Há protocolos escritos, estabelecidos e disponibilizados pelos Ministério da Saúde abrangendo todos os aspectos de atendimento para os diferentes profissionais, rotinas e procedimentos do serviço. As auditorias têm caráter educativo e há devolutiva para o serviço.
Comunicação
5.1) Comunicação pré-avaliação (informação que facilite o atendimento e reduza a ansiedade da família)
1. Não há qualquer informação fornecida à família antes do atendimento e menos de 10% da equipe recebe treinamento quanto às habilidades de comunicação, LIBRAS, necessidades do deficiente auditivo, uso de intérpretes e diversidade cultural e religiosa.
2. Há alguma informação oral fornecida à família antes do atendimento e cerca de 30% da equipe recebe treinamento quanto às habilidades de comunicação,
Anexos 181
LIBRAS, necessidades do deficiente auditivo, uso de intérpretes e diversidade cultural e religiosa. 3. Há alguma informação escrita fornecida à família antes do atendimento e cerca de 50% da equipe recebe treinamento quanto às habilidades de comunicação, LIBRAS, necessidades do deficiente auditivo, uso de intérpretes e diversidade cultural e religiosa.
concordo discordo Concordo parcialmente/ sugestão
4. Há bastante informação escrita fornecida à família antes do atendimento e cerca de 80% da equipe recebe treinamento quanto às habilidades de comunicação, LIBRAS, necessidades do deficiente auditivo, uso de intérpretes e diversidade cultural e religiosa.
5. Há completa informação escrita fornecida à família antes do atendimento com informações sobre acesso (mapas e ônibus), sobre os procedimentos (preparo, duração, estado do paciente) e sobre os documentos necessários e 100% da equipe (inclusive pessoal administrativo e da recepção) recebe treinamento adequado quanto às habilidades de comunicação, LIBRAS, necessidades do deficiente auditivo, uso de intérpretes e diversidade cultural e religiosa.
5.2) Comunicação durante a avaliação
1. Resultados dos exames não são explicados à família e/ou paciente e não são entregues cópias dos exames. Não é fornecido material escrito ou oferecido o uso de intérpretes.
2. Resultados dos exames são parcialmente explicados à família e/ou paciente e não são entregues cópias dos exames. Não é fornecido material escrito ou oferecido o uso de intérpretes.
3. Resultados dos exames são parcialmente explicados à família e/ou paciente e são entregues cópias dos exames. Não é fornecido material escrito ou oferecido o uso de intérpretes.
4. Resultados dos exames são rotineiramente explicados à família e/ou paciente e são entregues cópias dos exames. É fornecido material escrito, mas não é oferecido o uso de intérpretes.
5. Todos os pacientes recebem apropriada explicação sobre os exames realizados e sobre os resultados no mesmo dia de sua realização. Após a conclusão da avaliação é fornecida informação apropriada, relatório escrito e o serviço de intérpretes está disponível aos pacientes que utilizam LIBRAS.
5.3) Comunicação com a rede
1. Os resultados não são enviados a quem encaminhou e as faltas não são reportadas. Não existe protocolo de contra- referência. As famílias não recebem encaminhamento para grupos de apoio aos pais e pacientes. Não existe qualquer protocolo de encaminhamento.
2. Alguns resultados são enviados a quem encaminhou e algumas faltas são reportadas. Não existe protocolo de contra- referência. Algumas famílias recebem encaminhamento para grupos de apoio aos pais e
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pacientes. Não existe qualquer protocolo de encaminhamento. 3. Alguns resultados são enviados a quem encaminhou e algumas faltas são reportadas. Existe protocolo do serviço para contra- referência. Algumas das famílias recebem encaminhamento para grupos de apoio aos pais e pacientes. Não existe qualquer protocolo de controle dos encaminhamentos.
4. Todos os resultados das avaliações são reportadas a quem encaminhou, ao gestor ou outro profissional relevante mensalmente. Todas as faltas são notificadas a quem encaminhou e ao gestor usando protocolo do serviço. O serviço encoraja as famílias e pacientes a participar de grupos de apoio. Existe um controle local para as mudanças de nível ou local de atendimento.
5. Todos os resultados das avaliações são reportadas a quem encaminhou, ao gestor ou outro profissional relevante no prazo de 7 dias úteis. Todas as faltas são notificadas a quem encaminhou e ao gestor usando protocolos e recomendações estabelecidas pelo SUS. O serviço encoraja as famílias e pacientes a participar de grupos de apoio. Existe um sistema de controle para as mudanças de nível ou local de atendimento.
concordo discordo Concordo parcialmente/ sugestão
6. Competência Profissional 6.1 Educação Continuada
O serviço cumpre apenas o número de especialistas determinados pela Portaria. O serviço não dispensa o profissional para congressos e não promove ou patrocina educação continuada para a equipe.
O serviço cumpre apenas o número de especialistas determinados pela Portaria. O serviço dispensa anualmente o profissional para congressos, mas não promove ou patrocina educação continuada para a equipe.
Todos os fonoaudiólogos são pós-graduados. O serviço dispensa anualmente o profissional para congressos, mas não promove ou patrocina educação continuada para a equipe.
Todos os fonoaudiólogos são pós-graduados na área específica da sua atuação no serviço. O serviço dispensa anualmente para congressos ou educação continuada.
Todos os fonoaudiólogos são pós-graduados na área específica da sua atuação no serviço. O serviço dispensa frequentemente para educação continuada e promove ou patrocina educação continuada para a equipe.
Obs: a educação continuada não abrange treinamento fornecido por empresas de aparelho.
6.2 Recrutamento, rotatividade e motivação da equipe 1. O serviço não preenche rapidamente as vagas, as quais não são oferecidas aos membros da equipe e os profissionais não são motivados a contribuir com a chefia.
2.O serviço preenche rapidamente as vagas, porém estas não são oferecidas aos membros da equipe e os profissionais não são motivados a contribuir com a chefia.
3.O serviço preenche rapidamente as vagas, que são oferecidas aos membros da equipe, porém os profissionais não são motivados a contribuir com a chefia.
4.O serviço preenche rapidamente as vagas, que são
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oferecidas aos membros da equipe e os profissionais são motivados a contribuir com a chefia. 5.O serviço preenche rapidamente as vagas, que são oferecidas aos membros da equipe e os profissionais são altamente motivados a contribuir com a chefia e desenvolver suas habilidades de liderança.
4.2“AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DOS SERVIÇOS QUE PERMITE A PARTICIPAÇÃO DO GESTOR INDICADORES DE QUALIDADE”.
h FLUXO o Qual o número de casos novos/ano? ______
o Qual o número de casos novos para adaptação de AASI/ano? ______ h ROTINA CASOS NOVOS – ATENDIMENTOS REALIZADOS o Assistente social ( ) Sim ( ) Não
o Avaliação médica (ORL) ( ) Sim ( ) Não
o Avaliação médica (neurologista) ( ) Sim ( ) Não
o Avaliação psicológica ( ) Sim ( ) Não
o Avaliação audiológica ( ) Sim ( ) Não h ATENDIMENTO o Quanto tempo demora, em média, para o paciente ser atendido pela primeira vez no seu serviço (caso novo)? ______
o Quanto tempo demora, em média, a conclusão do diagnóstico audiológico e a adaptação de AASI neste centro (paciente típico – caso novo)? ______ h CAPACITAÇÃO TÉCNICA o Quantos fonoaudiólogos especialistas (por área de atuação) o serviço possui? ________
o Quantos fonoaudiólogos do serviço são contratados no regime de dedicação exclusiva? ________
o Algum fonoaudiólogo é contratado por empresas de aparelhos auditivos para atuar neste centro? ( ) Sim ( ) Não
o Qual a porcentagem dos profissionais do serviço participou do Encontro Internacional de Audiologia (EIA) no último ano? ________
o Qual a frequência da reciclagem dos profissionais do serviço? ( ) Anual ( ) Semestral ( ) Bimestral h EVASÃO DE PACIENTES o Qual a porcentagem de pacientes que faltaram aos atendimentos do serviço/ano ________ h BANCO DE DADOS o O serviço tem algum banco de dados informatizado que centralize as informações dos pacientes? ( ) Sim ( ) Não h REALIZAÇÃO DE PESQUISAS ( ) Sim ( ) Não