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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU
MAURICIO DONALONSO SPIN
Avaliação das condições de saúde bucal de trabalhad ores da região sudeste do Brasil
BAURU 2012
MAURICIO DONALONSO SPIN
Avaliação das condições de saúde bucal de trabalhad ores da região sudeste do Brasil
Dissertação apresentada a Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências no Programa de Ciências Odontológicas Aplicadas, na área de concentração Ortodontia e Odontologia em Saúde Coletiva. Orientador: Prof. Dr. Arsenio Sales peres
BAURU 2012
Spin, Mauricio Donalonso Avaliação das condições de saúde bucal de trabalhadores da região sudeste do Brasil. / Mauricio Donalonso Spin. – Bauru, 2012. 108 p. : il. ; 31cm. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Odontologia de Bauru. Universidade de São Paulo Orientador: Prof. Dr. Arsenio Sales Peres
Sp46a
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação/tese, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. Assinatura: Data:
Comitê de Ética da FOB-USP Protocolo nº: 043/2010 Data: 30 de junho de 2010
DADOS CURRICULARES
Mauricio Donalonso Spin
06/08/1986 Nascimento na cidade de Lins-SP
2006-2009 Curso de Graduação em Odontologia
pela Faculdade de Odontologia de
Bauru – Universidade de São Paulo
2010-2012 Curso de Mestrado em Ciências
Odontológicas Aplicadas, área de
concentração Saúde Coletiva
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho para a minha família.
Meus pais: Emilio SpinEmilio SpinEmilio SpinEmilio Spin (in Memorian) e Solange Fernandes Solange Fernandes Solange Fernandes Solange Fernandes
Donalonso SpinDonalonso SpinDonalonso SpinDonalonso Spin
Minha irmã: Simone Donalonso SpinSimone Donalonso SpinSimone Donalonso SpinSimone Donalonso Spin
Vocês são a razão do meu sucesso!
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Prof. Prof. Prof. Dr. Arsenio Sales PeresDr. Arsenio Sales PeresDr. Arsenio Sales PeresDr. Arsenio Sales Peres, pelo apoio e dedicação que
demonstrou nessa jornada, por todos os conselhos, pelo
acolhimento com o qual me recebeu e por ter se tornado um
grande e inestimável amigo.
A Profa. Dra. Silvia Helena de Carvalho Sales PeresProfa. Dra. Silvia Helena de Carvalho Sales PeresProfa. Dra. Silvia Helena de Carvalho Sales PeresProfa. Dra. Silvia Helena de Carvalho Sales Peres, pela
paciência, compreensão, carinho e por ser uma pessoa
maravilhosa de se conviver.
Ao Prof. Dr. José Roberto Pereira LaurisProf. Dr. José Roberto Pereira LaurisProf. Dr. José Roberto Pereira LaurisProf. Dr. José Roberto Pereira Lauris, pelo auxilio na
parte de estatística, que tornou mais rico o meu trabalho.
Aos Professores do Departamento de Saúde Coletiva: Prof. Dr. Prof. Dr. Prof. Dr. Prof. Dr.
JoJoJoJosé Roberto de Magalhães bastos, Prof. Dr. Heitor Marques sé Roberto de Magalhães bastos, Prof. Dr. Heitor Marques sé Roberto de Magalhães bastos, Prof. Dr. Heitor Marques sé Roberto de Magalhães bastos, Prof. Dr. Heitor Marques
Honório, Profa. Dra. Nilce Emy Tomita, Prof. Dr. Roosevelt da Silva Honório, Profa. Dra. Nilce Emy Tomita, Prof. Dr. Roosevelt da Silva Honório, Profa. Dra. Nilce Emy Tomita, Prof. Dr. Roosevelt da Silva Honório, Profa. Dra. Nilce Emy Tomita, Prof. Dr. Roosevelt da Silva
BastosBastosBastosBastos pelo apoio e boa conversa sempre.
As funcionárias do departamento: Rosa Maria Fernandes, Rosa Maria Fernandes, Rosa Maria Fernandes, Rosa Maria Fernandes,
Sílvia Cristina Tonin CostaSílvia Cristina Tonin CostaSílvia Cristina Tonin CostaSílvia Cristina Tonin Costa e MartaMartaMartaMarta Regina LiporacciRegina LiporacciRegina LiporacciRegina Liporacci por todo o
apoio nos momentos de aperto e pelas palavras de solidariedade.
Ao Prof. Dr. Guilherme dos Reis Pereira JansonProf. Dr. Guilherme dos Reis Pereira JansonProf. Dr. Guilherme dos Reis Pereira JansonProf. Dr. Guilherme dos Reis Pereira Janson, pela
disponibilização da bolsa que permitiu que eu ficasse em bauru.
Ao Prof. Dr. Ivaldo Gomes de MoraisProf. Dr. Ivaldo Gomes de MoraisProf. Dr. Ivaldo Gomes de MoraisProf. Dr. Ivaldo Gomes de Morais, por todo o carinho
desde o início da graduação e pelo incentivo que me deu para
que me dedicasse à carreira docente.
Aos amigos de departamento: Juliane, Adriana, Patrícia Juliane, Adriana, Patrícia Juliane, Adriana, Patrícia Juliane, Adriana, Patrícia
Garcia, Patrícia Matos, Aroldo, Bruno, Marcos, Fábio, Silvia, Garcia, Patrícia Matos, Aroldo, Bruno, Marcos, Fábio, Silvia, Garcia, Patrícia Matos, Aroldo, Bruno, Marcos, Fábio, Silvia, Garcia, Patrícia Matos, Aroldo, Bruno, Marcos, Fábio, Silvia,
Natalia, Joselene, AngelaNatalia, Joselene, AngelaNatalia, Joselene, AngelaNatalia, Joselene, Angela e MarMarMarMarlililili.
As amigas: Juliane Avancini MarcicanoJuliane Avancini MarcicanoJuliane Avancini MarcicanoJuliane Avancini Marcicano e Adriana FreitasAdriana FreitasAdriana FreitasAdriana Freitas
por me ajudarem com toda as dúvidas acadêmicas e científicas, e
por sempre estarem me motivando.
A minha amiga: Luciana OliveiraLuciana OliveiraLuciana OliveiraLuciana Oliveira, por todo o tempo de
convivência, pelas boas conversas e por sempre estar me dando
força pra superar os obstáculos.
Aos meus amigos: João Victor Donanzam Reinato e Paulo Paulo Paulo Paulo
Zupelari GonçalvesZupelari GonçalvesZupelari GonçalvesZupelari Gonçalves, por todo o apoio nos momentos difíceis, pela
boa companhia que tornou essa caminhada mais prazerosa e por
serem como irmãos pra mim.
As minhas amigas Bruna Maria Rodrigues Vilardi Bruna Maria Rodrigues Vilardi Bruna Maria Rodrigues Vilardi Bruna Maria Rodrigues Vilardi e Taísa Taísa Taísa Taísa
Maria Rodrigues VilardiMaria Rodrigues VilardiMaria Rodrigues VilardiMaria Rodrigues Vilardi, por todos os ótimos momentos que
passamos juntos, pelo apoio e incentivo incansável e por serem
pessoas maravilhosas que me alegraram durante todo o nosso
convívio.
Aos meus amigos: Danilo, Fernanda, Roberto, Roberta, Éder, Danilo, Fernanda, Roberto, Roberta, Éder, Danilo, Fernanda, Roberto, Roberta, Éder, Danilo, Fernanda, Roberto, Roberta, Éder,
Renato, Andressa, Reginaldo, Rute, Zeca, Borges, Danilo, Simone, Renato, Andressa, Reginaldo, Rute, Zeca, Borges, Danilo, Simone, Renato, Andressa, Reginaldo, Rute, Zeca, Borges, Danilo, Simone, Renato, Andressa, Reginaldo, Rute, Zeca, Borges, Danilo, Simone,
Otávio, Ademar Jr, Flávia, Marcelo, Lucas, Guilherme, Alex, Bia, Otávio, Ademar Jr, Flávia, Marcelo, Lucas, Guilherme, Alex, Bia, Otávio, Ademar Jr, Flávia, Marcelo, Lucas, Guilherme, Alex, Bia, Otávio, Ademar Jr, Flávia, Marcelo, Lucas, Guilherme, Alex, Bia,
Tinga, Édna, Paola, DiogoTinga, Édna, Paola, DiogoTinga, Édna, Paola, DiogoTinga, Édna, Paola, Diogo e DimasDimasDimasDimas pelas festas, cervejadas e por
sempre estarem presentes em minha vida!
Aos amigos: Danilo PilanDanilo PilanDanilo PilanDanilo Pilan e Fernanda MartinsFernanda MartinsFernanda MartinsFernanda Martins, obrigado por
todo o apoio, carinho e dedicação com a nossa amizade, vocês
são pessoas especiais.
Aos amigos: Ricardo Navarro e Paula OltramariRicardo Navarro e Paula OltramariRicardo Navarro e Paula OltramariRicardo Navarro e Paula Oltramari----NavarroNavarroNavarroNavarro,
por todo o apoio e oportunidades que me deram ao longo da
formação acadêmica e no início da minha vida profissional,
obrigado pela amizade sincera.
Aos meus Padrinhos: WanderleiWanderleiWanderleiWanderlei e TéiaTéiaTéiaTéia, pelo amor e por todo
o apoio que deram a mim e a minha Família durante os
momentos difíceis.
Aos amigos: Luiz, Eliane, MichelleLuiz, Eliane, MichelleLuiz, Eliane, MichelleLuiz, Eliane, Michelle e MatheusMatheusMatheusMatheus por todo o apoio
e por toda a nossa história juntos.
Aos meus primos: Fábio, Cristiane, Renata, Mariana, Fábio, Fábio, Cristiane, Renata, Mariana, Fábio, Fábio, Cristiane, Renata, Mariana, Fábio, Fábio, Cristiane, Renata, Mariana, Fábio,
Pedro MiguePedro MiguePedro MiguePedro Miguel, por terem sido ótimos primos ao longo de toda a
minha vida.
As minhas avós: AracAracAracAracyyyy e LaideLaideLaideLaide e em especial ao meu avô NiloNiloNiloNilo
Donalonso FerrerDonalonso FerrerDonalonso FerrerDonalonso Ferrer, por todo o incentivo desde a minha infância,
despertando em mim o amor pela área da saúde.
A minha namorada: Leticia GiacominiLeticia GiacominiLeticia GiacominiLeticia Giacomini, por todo o apoio
emocional e pelo carinho durante este trabalho.
A minha irmã: Simone DonalonsoSimone DonalonsoSimone DonalonsoSimone Donalonso SpinSpinSpinSpin, por todo o amor,
carinho e compreensão dedicados a mim durante toda a vida e
por ser uma pessoa especial e indispensável na minha vida.
A minha mãe: Solange Fernandes DonalonsoSolange Fernandes DonalonsoSolange Fernandes DonalonsoSolange Fernandes Donalonso spin, pelo amor
incondicional, por ser a base de toda a minha vida e por ser uma
mãe maravilhosa em todos os aspcetos.
Ao meu pai: Emilio SpinEmilio SpinEmilio SpinEmilio Spin (in memorian), pelo amor
incondicional, por me ensinar a importância do caráter e por ter
me servido de modelo como homem, pai e acima de tudo amigo.
AGRADECIMENTOS INSTITUCIONAIS
A FFFFaculdade de aculdade de aculdade de aculdade de OOOOdontologia de Bauru dontologia de Bauru dontologia de Bauru dontologia de Bauru –––– Universidade de Universidade de Universidade de Universidade de
São PauloSão PauloSão PauloSão Paulo, na pessoa do seu diretor, Prof. Dr. José Carlos Pereira,
por todo o apoio e amparo para a realização do meu estudo.
A comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia
de Bauru – Universidade de São Paulo, na pessoa de seu
presidente, Prof. Dr. Paulo César Rodrigues ContiProf. Dr. Paulo César Rodrigues ContiProf. Dr. Paulo César Rodrigues ContiProf. Dr. Paulo César Rodrigues Conti.
Ao Departamento de Odontopediatria, Ortodontia, e Saúde
Coletiva, na pessoa de seu chefe de departamento, Prof. Dr. José Prof. Dr. José Prof. Dr. José Prof. Dr. José
Roberto de MagalhRoberto de MagalhRoberto de MagalhRoberto de Magalhães Bastosães Bastosães Bastosães Bastos.
A CAPESCAPESCAPESCAPES, pelo auxílio financeiro.
“A lei da m ente é im placável.
O que você pensa, você cria;
O que você sente, você atrai;
O que você acredita, torna-se realidade”.
BUDA
Resumo
RESUMO
A prevenção, promoção e recuperação da saúde do trabalhador são ações
garantidas pela Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080/90). O contato quase que
permanente da cavidade bucal com o meio externo torna-a extremamente vulnerável
sendo fundamental a presença do cirurgião-dentista na equipe de saúde do
trabalhador. A Odontologia do Trabalho tem seu foco de atuação nos processos
técnico-administrativos, buscando intervir no processo de produção garantindo
melhores condições de trabalho e saúde aos trabalhadores. Este trabalho realizou
um levantamento epidemiológico das condições de saúde bucal do trabalhador em
diferentes municípios, expandindo os achados para a realidade brasileira permitindo
relacioná-los ao absenteísmo e a queda de produtividade. Para tanto foram
selecionados trabalhadores de diversos setores de produção em 13 indústrias
diferentes. Foi realizado exame bucal dos trabalhadores nas dependências da
empresa para avaliar lesões cariosas (CPOD), doença periodontal (IPC) e uso ou
necessidade de próteses. A análise estatística utilizada foi ANOVA a um critério,
correlação Spearman, teste T e Qui Quadrado (p<0,05). Encontrou um CPOD médio
de 13,13. Em relação a doença periodonta, 46,75% apresentaram sangramento,
69% apresentaram calculo e 25,57% apresentaram bolsa periodontal. O uso de
prótese estava presente 23,85% e a necessidade em 48,02% dos trabalhadores
brasileiros. Conclui-se que a condição de saúde bucal dos trabalhadores ainda
encontra-se precária, dentre os diversos setores de produção encontrou-se
diferença estatisticamente significante para CPOD, IPC e uso e necessidade de
prótese, evidenciando a influência do nível socioeconômico e as condições de
trabalho como fatores indispensáveis para a melhora do quadro epidemiológico
encontrado.
Descritores: Saúde do Trabalhador, Saúde Bucal, Odontologia do Trabalho.
Abstract
ABSTRACT
WORKERS’ ORAL HEALTH CONDITIONS EVALUATION IN SOUTHEASTERN BRAZIL
Prevention, promotion and restoration of health worker's actions are guaranteed by
the Organic Health Law (Law 8080/90). The oral cavity is extremely vulnerable due
its almost permanent contact with the external environment, being the presence of a
dentist at the worker health a fundamental occurence. The Occupational Dentistry
has its focus on technical and administrative processes, seeking to intervene in the
production process ensuring better working conditions and healthy workers. This
work conducted an epidemiological survey of the worker’s oral health status in
different counties, expanding the findings to the Brazilian’s reality, what makes
possible to relate them to the production sector and socioeconomic status. For this
achievement, workers were selected from various sectors of production in 13
different industries. Workers oral examination was conducted to assess caries
(DMFT), periodontal disease (CPI) and the use or need for prostheses. Also, the
individuals answered a socioeconomic questionnaire. Statistical analysis ANOVA
was used , Spearman correlation, t test and chi square test (p <0.05) were also
applied to the research. It could be found a mean DMFT of 13.13. Regarding
periodontal disease, 46.75% had bleeding, 69% had calculus and 25.57% had
periodontal pockets. The use of prosthesis was 23.85% and 48.02% in need of use.
We conclude that the oral health status of workers is still precarious. Statistically
significant diferences among the various sectors of production was found for DMFT,
CPI and use and/or need of prosthesis, showing the influence of socioeconomic
status and work conditions as indispensable factors for the improvement of the
epidemiological found.
Descriptors: Occupational Health, Oral Health, Dental Work.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
- QUADROS
Quadro 1 - Códigos para a condição encontrada em relação à cárie ..................................................................................................... 64
Quadro 2 - Códigos em relação à necessidade de tratamento .............................. 65
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Distribuição do valor médio de CPOD, segundo os setores de produção............................................................................. 72
Tabela 2 - Comparação entre indivíduos expostos e não expostos
ao açúcar. ............................................................................................ 73 Tabela 3 - Comparação entre trabalhadores de uma fábrica de
refrigerante e amostra total. ................................................................. 73 Tabela 4 - Comparação entre trabalhadores de uma usina de cana
de açúcar, cortadores e administrativos. .............................................. 73 Tabela 5 - Comparação entre trabalhadores do setor
administrativo e operários independente da exposição ao açúcar. ............................................................................................ 74
Tabela 6 - Comparação entre empresas com quantidade superior
ou inferior a 100 funcionários. .............................................................. 74 Tabela 7 - Índice Periodontal Comunitário ............................................................ 74 Tabela 8 - Análise univariada para condição periodontal ...................................... 76 Tabela 9 - Uso e necessidade de prótese ............................................................. 77 Tabela 10 - Analise univariada para uso e necessidade de prótese. ...................... 78
LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
CPI Community Periodontal Index
CPOD Dentes Cariados Perdidos e Obturados
IPC Índice Periodontal Comunitário
OIT Organização Internacional do Trabalho
OMS Organização Mundial da Saúde
PIP Perda de Inserção Periodontal
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
SESC Serviço Social do Comércio
SESI Serviço Social da Indústria
SIPAT Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho
LISTA DE SÍMBOLOS
mm Milimetros
χ2 Qui Quadrado
p p-level
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 39
2 REVISTA DA LITERATURA .......................... .................................................... 45
3 PROPOSIÇÃO .................................................................................................... 57
4 MATERIAL E MÉTODOS ............................. ...................................................... 61
5 RESULTADOS ..................................... .............................................................. 71
6 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 81
7 CONCLUSÕES ................................................................................................... 91
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 95
ANEXOS ........................................................................................................... 105
1 Introdução
Introdução 39
1 INTRODUÇÃO
A economia mundial está ambientada em um contexto extremamente
competitivo e produtivo no qual o uso da informação e a flexibilização dos processos
de trabalho são pontos chaves para o empreendedorismo e lucratividade diante do
fenômeno globalização.
Este novo paradigma mundial trouxe consigo uma reestruturação na relação
trabalho e na atenção dada à saúde dos trabalhadores. Para as empresas
sobreviverem, quanto maior a produção, maiores serão os lucros, portanto, é
compreensível que se tenha uma preocupação com a saúde geral de seus
trabalhadores uma vez que estes só atingirão o máximo de sua capacidade
produtiva quando suas necessidades básicas de atenção à saúde forem atendidas
(Carvalho et al., 2009).
Doenças de um modo geral podem tanto incapacitar o indivíduo como
também trazer-lhe desconforto físico e emocional. Como consequência observa-se
um aumento do índice de absenteísmo (ausências ao trabalho por causa de
doenças da própria pessoa ou de seus dependentes) dentro das empresas e queda
da produtividade, além de um risco maior de acidentes de trabalho. Se para o
trabalhador a doença significa prejuízos à saúde, para as empresas significa
aumento dos problemas administrativos e dos custos pela concessão de auxílio-
doença e diminuição dos lucros (Sales-Peres, 2006a).
Dentre os acometimentos bucais, a dor dentária é um dos sintomas mais
comuns, sendo um dos maiores motivos de procura ao atendimento odontológico e
interferindo diretamente na qualidade de vida do indivíduo. Em adultos, durante a
fase produtiva, esse agravo torna-se mais evidente à medida que acarreta em perda
de produtividade no ambiente laboral, predileção por tipos alimentares específicos
alterando hábitos comuns, e com frequência culminando na automedicação, o que
abre precedentes perigosos à saúde do trabalhador (Peres et al., 2012).
Torna-se fundamental a possível detecção dos problemas que acometem os
trabalhadores, para que politicas de intervenção possam ser adotadas, corrigindo
40 Introdução
problemas estruturais e funcionais das empresas, garantindo a possibilidade de que
o trabalhador consiga ter espaço adequado para sua higiene bucal, e receba
informações sobre prevenção e cuidados gerais.
A epidemiologia disponibiliza dados que revelam a proporção e a distribuição
dos problemas de saúde encontrados na população, fornecendo informações
quantitativas e qualitativas para o desenvolvimento de um planejamento estratégico
de acordo com cada grupo, atendendo suas necessidades específicas, o que
possibilita a implantação de ações preventivas e curativas. Os levantamentos
epidemiológicos coletam informações sobre o perfil de saúde bucal da população,
tornando possível a análise da efetividade da política e recursos utilizados,
observando a necessidade ou não de modificações (Almeida et al., 2012).
Os trabalhadores são considerados pelas empresas como um dos principais
patrimônios (Carvalho et al., 2009) e, portanto, cuidar para que tenham qualidade de
vida no ambiente de trabalho é agradar aos funcionários e a própria comunidade.
As ações de promoção, proteção e recuperação da saúde dos trabalhadores
são garantidas pela constituição através da Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080/90)
desde 1990 (Brasil, 1990). Por meio desta Lei, a saúde passou a ser um direito
fundamental do ser humano devendo o Estado prover condições indispensáveis ao
seu pleno exercício, assegurando acesso universal e igualitário às ações e aos
serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Para tanto, o foco de atenção
em saúde bucal do trabalhador deve ser direcionado não para a cavidade bucal,
mas para o individuo, devendo ser avaliado como um todo e as ações a serem
oferecidas devem visar o coletivo.
A saúde bucal pode ser definida como “a parte da atenção à saúde do
trabalhador, que trata de promover, preservar e recuperar a saúde bucal do
trabalhador, consequente dos agravos, afecções ou doenças do exercício
profissional, e que tem manifestações bucais, devendo ter sua ação voltada à
prevenção de todos os agravos laborais, ou seja, objetiva a prevenção de doenças
decorrentes da atuação profissional e dos acidentes de trabalho” (Araujo e Gonini
Júnior, 1999).
Introdução 41
A condição de saúde bucal dos trabalhadores brasileiros ainda encontra-se
em um patamar abaixo do desejável, como mostraram os levantamentos nacionais
SB Brasil 2010 e Estudo Epidemiológico de Saúde Bucal em Trabalhadores da
Indústria - SESI, evidenciando a necessidade de politicas mais efetivas no combate
e controle da cárie dentária nessa população, bem como para os demais
acometimentos da saúde bucal (Saúde, 2006; Brasil, 2011).
Este trabalho realizou um levantamento epidemiológico das condições de
saúde bucal de trabalhadores da região sudeste brasileira através da realização de
exame clínico e aplicação de questionário sobre a situação sócio-econômica,
autopercepção e impacto da saúde na vida do trabalhador para desenvolver uma
discussão a respeito dos problemas levantados e fornecer subsídios para futuras
pesquisas na área.
2 Revista da
Literatura
Revista da Literatura 45
2 REVISTA DA LITERATURA
Desde os primórdios o ser humano se preocupa com o registro de suas
atividades, não sendo diferente com a relação entre trabalho e saúde, anotações em
papiros egípcios mostram essa interação, entretanto ela não era o foco central do
processo de produção (Teles et al., 2006).
Em 1700, um médico italiano, Bernardino Ramazzini, fez esta associação pela
primeira vez, mostrando as relações entre trabalho e adoecimento, e também que a
saúde de um indivíduo está diretamente ligada à saúde de uma população,
permitindo os primeiros passos da Saúde Pública. Ramazzini foi considerado o “pai
da medicina do trabalho” (Queluz, 2009).
Ao regredirmos para o período servil, fica evidente a conotação de que o
trabalhador era uma peça natural, devendo servir e produzir, como se essa condição
perpetuasse sobre esta casta sendo um estigma; no período da revolução industrial
a exploração do trabalhador se fez verdade absoluta, os patrões em busca de maior
produção negligenciavam as condições mínimas de trabalho, divergindo da busca do
bem-estar humano (Minayo-Gomez e Thedim-Costa, 1997).
A saúde ocupacional nasceu com a Revolução Industrial e é, em grande
parte, fruto dos movimentos trabalhistas ingleses que, principalmente após o
"Massacre de Peter-loo", resultou, em 1802, na primeira lei de proteção aos
trabalhadores, a "Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes". Não obedecida, por falta de
um organismo fiscalizador, resultou, finalmente, na "Lei das Fábricas" de 1833, onde
se cria o "Inspetorado de Fábricas", órgão governamental que, pela primeira vez
entra no interior das fábricas para verificar se a saúde do trabalhador estava sendo
protegida contra os agravos do trabalho. Inicia-se, assim, a conscientização da
importância da saúde ocupacional que, finalmente, tem seus objetivos definidos em
1957 pela Comissão Mista da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e
Organização Mundial da Saúde (OMS), a saber:
"A Saúde Ocupacional tem como finalidade incentivar e manter o mais
elevado nível de bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as
46 Revista da Literatura
profissões; prevenir todo o prejuízo causado à saúde destes pelas condições de seu
trabalho; protegê-los em seu serviço contra os riscos resultantes da presença de
agentes nocivos à sua saúde; colocar e manter o trabalhador em um emprego que
convenha às suas aptidões fisiológicas e psicológicas e, em resumo, adaptar o
trabalho ao homem e cada homem ao seu trabalho" (Nogueira, 1984).
O relacionamento social tem vinculo com o quadro de condição de saúde, as
relações interpessoais influenciam em aspectos importantes no cotidiano das
pessoas, como cuidados gerais e autoestima, outro aspecto é o capital social,
pessoas com melhores condições econômicas, apresentam melhor vida social, tem
atividades grupais regulares e demonstram maior preocupação com a sua condição
de saúde bucal (Borges, 2011).
A atenção a saúde do trabalhador evoluiu concomitantemente a evolução do
país, uma vez que para cada modelo econômico foi adotada uma conduta,
privilegiando o processo de produção, entretanto com a evolução industrial
percebeu-se a necessidade de garantir qualidade de saúde ao trabalhador (Almeida
e Vianna, 2005).
Contudo, o Brasil ocupa um lugar entre os países que apresentam altos
índices de prevalência de enfermidades bucais, é preconizado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) que levantamentos epidemiológicos sejam realizados com
frequência de tempo programado, para a avaliação das condições básicas de saúde
bucal e para a obtenção dos índices de incidência dos principais problemas bucais
existentes na população (Frias et al., 2004; Moreira Júnior, 2006).
As ações em saúde do trabalhador são indissociáveis das ações em saúde
pública, sendo importantes a inter e transdisciplinariedade. A saúde do trabalhador
passou a ser investigada em resposta aos movimentos sociais dos anos 70 e 90,
para que a reivindicação da saúde do trabalhador fizesse parte do direito universal à
saúde e fosse incluída na Saúde Pública (Garbin e Carcereri, 2006).
Diante das mudanças no processo de produção e a pressão da modernidade,
representadas pela busca da qualidade, produtividade e baixo custo, mão-de-obra
cada vez mais qualificada, concorrência e muitos outros fatores, observa-se um
processo produtivo com alterações constantes, e consequentemente, um perfil
Revista da Literatura 47
diferente de trabalhador, gerando consequências para sua saúde física e mental
(Oliveira, 1997).
Cerca de 60% do tempo de vida ativa de um indivíduo é despendido no local
de trabalho e é preciso conhecer os determinantes de saúde-doença e as práticas
apropriadas de promoção de saúde. Os profissionais de saúde, para atuarem nestes
programas nas empresas, devem conhecer o processo produtivo, funções dos
trabalhadores, e focar o indivíduo como um todo (Pizzatto e Garbin, 2006).
A preocupação com a Saúde Bucal não é muito antiga, embora a Odontologia
já tenha sofrido várias alterações de concepção nos últimos anos. Enquanto na
década de 60, predominavam extrações, e na década de 70, as restaurações de
amálgama, o enfoque moderno é a prevenção e a promoção. A Odontologia precisa
ser vista de forma sistêmica, em um conjunto harmônico de boca, face, articulação.
A Odontologia deve ser relacionada à qualidade de vida e não a doença (Ferreira,
1997).
É pensando na qualidade de vida dos trabalhadores, que se propõe a
Odontologia do Trabalho nas empresas, promovendo saúde aos funcionários.
Dependendo de sua atividade laboral, estão sujeitos a patologias causadas por
agentes físicos (pressão atmosférica, temperatura, umidade do ar, energia radiante),
agentes mecânicos (vibrações, repetição frequente de movimentos, hábitos
deletérios), agentes químicos (ácidos, metais, açúcares), agentes biológicos (contato
com agentes etiológicos de doenças infecto-contagiosas ou parasitárias) (Nogueira,
1972).
Para a possível atuação dentro das empresas o profissional de Odontologia
deve estar preparado, evidenciando a necessidade do ensino da Odontologia do
Trabalhado durante a graduação, possibilitando que o aluno conheça a área, já que
esta não é uma especialidade amplamente difundida (Perin et al., 2012).
A Odontologia do Trabalho pode ser definida como a especialidade que tem
como objetivo a busca permanente da compatibilidade entre a atividade laboral e a
preservação da saúde bucal do trabalhador, o que demonstra que o especialista
nesta área tem importante papel na prevenção de doenças gerais ou sistêmicas,
diagnosticando precocemente doenças, identificando alterações iniciais nos tecidos
48 Revista da Literatura
bucais. Com atuação da Odontologia do Trabalho na empresa, haverá redução nos
índices de absenteísmo, melhora na imagem da empresa, aumento da produção
individual, redução da possibilidade de acidentes de trabalho e doenças
ocupacionais com manifestações bucais (Sales-Peres, 2006a).
Em relação ao absenteísmo, alguns estudos demonstraram a relação da falta
ao trabalho por motivos odontológicos (absenteísmo tipo I), ou até mesmo a sua
presença com menor capacidade produtiva e falta de concentração (absenteísmo
tipo II). (Sales-Peres, 2006a; Carvalho et al., 2007) Concluíram que o maior número
de absenteísmo ocorre entre mulheres e jovens. A causa mais frequente relatada foi
necessidade de exodontia, sendo que o número de horas perdidas reflete no
prejuízo econômico das empresas privadas e públicas. Um estudo realizado nos
EUA correlaciona absenteísmo (tipos I e II) e perda de produtividade e relata que há
poucos recursos e estudos para se avaliar mais precisamente essa relação (Mattke
et al., 2007).
Dados obtidos do levantamento SB Brasil 2000 mostram alta prevalência de
problemas bucais dos brasileiros, com idade entre 35 e 44 anos, como CPOD
(Índice de dentes cariados, perdidos e obturados) 20,13, acometimento periodontal
em 78,06% da população e necessidade de prótese em 70,99% dos indivíduos
pesquisados, faixa etária que se encontra em plena atividade produtiva (Brasil,
2003).
No levantamento realizado pelo SESI em 2002 e 2003, os trabalhadores com
idade entre 35 e 44 apresentaram CPOD de 18,52, problemas periodontais estão
presentes em 65% da população e quanto a necessidade de prótese, 27%
necessitavam de peças superiores e 43% necessitavam de peças inferiores (SESI,
2006).
O último levantamento realizado, SB Brasil 2010, mostra declínio da história
de cárie dentaria, CPOD de 16,75, entretanto problemas periodontais foram
encontrados em 82,20% da população e a necessidade de prótese esta presente em
68,80% dos indivíduos avaliados (Brasil, 2011).
Os acometimentos bucais, frequentemente vem acompanhados de dor,
causando intenso mal estar, físico e psíquico, deixando o indivíduo desatento e
Revista da Literatura 49
irritado, o que por si só é um fator de risco para a população trabalhadora, podendo
causar acidentes de trabalho, perda de produtividade ou mesmo a falta por motivo
de saúde além de afetar diretamente a qualidade de vida (Miotto et al., 2012).
A cárie dentária é capaz de causar inúmeras consequências para a saúde
bucal, tais como, dor, perda de função, perda de estética, extração do dente,
afetando sistemica e mentalmente o individuo, está associada ao consumo de
alimentos açucarados e a falta de higiene bucal. Vem apresentando declínio nas
últimas décadas, entretanto essa redução é exponencialmente maior nas faixas
etárias de crianças e adolescentes, já que essa população recebe cuidados
especiais e dispõe de programas específicos para sua idade (Freire et al., 2012;
Palmier et al., 2012).
Das doenças periodontais, a gengivite é a mais comum, caracterizando-se
pela inflamação do tecido gengival, sem acometimento das estruturas de suporte,
causada pelo acúmulo de placa bacteriana nas superfícies dentárias; Já a
periodontite é mais abrangente e envolve os tecidos de suporte, provocando perda
de estrutura, podendo ser divida em periodontite crônica ou agressiva (Medeiros e
Rocha, 2006).
A periodontite crônica pode acometer indivíduos de qualquer idade,
entretanto, é mais frequente em adultos, já a periodontite agressiva pode acometer
indivíduos jovens e saudáveis, provocando acentuada destruição tecidual, óssea e
gengival (Cortelli e Cortelli, 2003).
Periodontite agressiva apresenta diagnóstico clínico, podendo ser localizada
ou generalizada, quando localizada apresenta acentuado nível de inflamação e
destruição com perda de inserção de no mínimo 4 mm, não depende de grande
quantidade de placa bacteriana ou cálculo, entretanto quando encontra-se
generalizada vem acompanhada de grande volume de placa bacteriana e/ou cálculo,
produz ampla destruição dos tecidos de suporte e perda de inserção mínima de 4
mm em pelo menos oito dentes (Cortelli et al., 2002).
Politicas de extração de dentes como forma de tratamento ainda são
frequentes no cenário público Brasileiro, principalmente para a resolução de casos
de dor e mobilidade dentária, condições presentes em parte considerável da
50 Revista da Literatura
população acarretando em problemas de aceitação social, perda de estima,
problemas de fala, diminuição da eficiência mastigatória, sensação de
envelhecimento e inferioridade (Silva et al., 2010).
O envelhecimento é uma condição natural do ser humano, vem acompanhado
de limitações físicas e psicológicas, repercutindo nas condições de saúde e nutrição
do idoso. Fator importante desta condição é o acentuado edentulismo presente na
população mais idosa, alterando os hábitos mastigatórios, e gerando uma predileção
por alimentos mais moles e de fácil mastigação, limitando o consumo de carnes,
frutas e vegetais frescos que são ricos em fibras e nutrientes (Campos et al., 2000).
A Odontologia do Trabalho tem diretrizes muito próximas às do Sistema Único
de Saúde, sendo teoricamente uma política de saúde eficaz. Os trabalhadores
merecem atenção à saúde bucal, uma vez que esta faixa etária que nunca teve
relevância e privilégio. Precisa–se que sejam levados ao seu ambiente de trabalho,
além de promoção e prevenção, projetos e soluções para os problemas existentes,
vendo o trabalhador de forma global, formando uma equipe de saúde integral
(Carvalho et al., 2009).
Para a maioria dos trabalhadores, ter qualidade de vida é ter saúde. A
motivação e incentivo garante à empresa maior produtividade, maior lucro, e menos
custos, um trabalhador com dor de dente pode ter alteração psicológica, alteração
de humor, perda de concentração, tornando-o menos tolerante, menos produtivo, e
com maiores chances de se acidentar (Sales-Peres, 2006b). A Odontologia do
Trabalho é a própria medicina do trabalho aplicada à Estomatologia. As doenças
bucais comprometem a saúde geral do indivíduo, interferindo de forma negativa na
sua qualidade de vida, afetando a atividade produtiva do trabalhador (Garrafa,
1986).
A Odontologia do Trabalho, especialidade regulamentada em 2001, ainda é
pouco conhecida por muitos, e a percepção e o conhecimento sobre a especialidade
ainda é considerada insatisfatória até mesmo por profissionais da Odontologia (Silva
et al., 2007). Pode ser definida como a especialidade que tem como objetivo a busca
permanente da compatibilidade entre a atividade laboral e a preservação da saúde
bucal do trabalhador, o que demonstra que o especialista nesta área tem importante
Revista da Literatura 51
papel na prevenção de doenças gerais ou sistêmicas, diagnosticando precocemente
doenças, identificando alterações iniciais nos tecidos bucais. Com atuação da
Odontologia do Trabalho na empresa, haverá redução nos índices de absenteísmo,
melhora na imagem da empresa, aumento da produção individual, redução da
possibilidade de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais com manifestações
bucais (Sales-Peres, 2006b; a).
É de competência da Odontologia do Trabalho a fiscalização das condições
laborais, a detecção de possíveis danos decorrentes de produtos químicos e
maquinários, formulação de protocolos para segurança e qualidade de trabalho, bem
como o treinamento de equipes para abordagens preventivas e educativas com os
funcionários, através de palestras, instruções do uso de equipamentos de proteção
individual e coletivo e realização de exames admissional, periódico regular, periódico
eventual e demissional, atuando diretamente na detecção de problemas locais e
sistêmicos que tenham manifestações bucais (Santos e Medeiros, 2012).
A ausência ao trabalho é uma preocupação das empresas por afetar a
produtividade. Atualmente, as empresas oferecem assistência odontológica com o
intuito de reduzir o absenteísmo e melhorar a qualidade de vida do trabalhador. O
absenteísmo gera um aumento de custos, pois além da concessão do auxílio
doença, gera uma diminuição de produtividade e eficiência, assim como um
aumento nos problemas administrativos de todo processo da produção industrial.
Segundo levantamento epidemiológico feito pelos departamentos regionais do SESI
(Serviço Social da Indústria) constatou que no Rio de Janeiro, 20% do absenteísmo
na indústria decorrem de problemas bucais (Mazzilli, 2003).
Existem relatos de associação potencial entre exposições ocupacionais e
alterações bucais; entretanto, são escassos os estudos sobre as condições de
saúde bucal dos trabalhadores em países em desenvolvimento como o Brasil. Entre
as exposições ocupacionais presentes na literatura odontológica observam-se uma
predominância de estudos sobre substâncias ácidas e também exposições
relacionadas com o açúcar, como a poeira de açúcar. As alterações bucais podem
manifestar-se tanto nos tecidos duros (cárie, erosão dental, etc.) como nos tecidos
moles (lesões da mucosa oral, doenças periodontais, etc.). Por outro lado, observa-
se que os programas de saúde bucal do trabalhador, quando existem, muitas vezes
52 Revista da Literatura
não consideram as especificidades dessa parcela da população que, além de
exposta aos fatores de risco mais conhecidos das principais doenças bucais, está
submetida a outros fatores relacionados ao ambiente de trabalho. Assim, considera-
se relevante a discussão sobre a necessidade de maior produção de conhecimento
nessa área, de capacitação de recursos humanos e de implementação de
programas mais efetivos, baseados nos princípios da vigilância em saúde do
trabalhador (Almeida e Vianna, 2005).
O modelo hegemônico da prática odontológica no Brasil centrou sua atenção
à população escolar de 6 a 12 anos de idade, gestantes e bebês, privilegiando a
atenção individual e curativa.(Lacerda et al., 2004; Almeida e Vianna, 2005); Ações
pontuais ofertadas à população adulta, geralmente centradas na assistência
reparadora da urgência, não sofreram alterações significativas após a implantação
do Sistema único de Saúde (SUS), em 1990 (Lacerda et al., 2008).
Para os trabalhadores formais no Brasil, as ofertas de serviço odontológico
são constituídas por: serviços próprios, instalados nas empresas; serviços
contratados externamente, com encaminhamento do operário ou empregado que
necessitar de atendimento; e serviços proporcionados por algumas instituições,
como o SESI e o SESC ou pelos sindicatos de trabalhadores (Peres et al., 2012).
Uma melhoria significativa do estado de saúde bucal é observada nos
trabalhadores assistidos nos programas implementados nas empresas tendo como
filosofia a educação para a saúde (Ahlberg et al., 1996b).
O modelo preventivo proposto pela Odontologia do Trabalho é mais
abrangente (menos limitado que o modelo assistencial - que atua quando o
problema está instalado) desenvolvendo ações em todos os níveis.
As seguintes atividades são desenvolvidas pelos programas de atenção à
saúde bucal do trabalhador:
• exames admissionais — no intuito de diagnosticar as enfermidades bucais e
as sistêmicas manifestadas na cavidade bucal; para verificação de saúde
bucal e detecção de estado bucal que possam interferir com regularidade da
presença do empregado e posterior encaminhamento para o tratamento
Revista da Literatura 53
preventivo;• exames periódicos / monitoramento — são exames de controle,
realizados com intervalo dependente do risco inerente ao trabalhador; para
verificação de inflamação gengival e modificação da cor dos dentes dentre
outros, para monitoramento precoce de intoxicações por vapores metálicos e
químicos em geral;
• exames demissionais — comprovação de higidez e de ausência de sinais e
sintomas característicos de um eventual infortúnio quando no exercício da
sua função laboral.
• censo odontológico — registro das necessidades odontológicas, ajudando a
planejar um programa adequado, conforme as prioridades levantadas, a
disponibilidade de recursos e os interesses de empregador/empregado.
• Contribuição para construção do PPRA e Mapa de Risco — exames
odontológicos periódicos capazes de detectar precocemente uma exposição
excessiva a diversos metais como o alumínio, chumbo, cádmio, estrôncio,
manganês, prata, mercúrio, também a exposição excessiva a compostos
químicos tais como ácido sulfúrico e compostos fenólicos;
• Participação na SIPAT — palestras conjuntas com Odontologia, Medicina e
Nutrição com objetivo de prevenção de cárie, doenças cardiovasculares e
obesidade, que possuem origem comum nos maus hábitos alimentares;
• Participação nas metas de produtividade — levantamentos epidemiológicos
odontológicos periódicos para localizar e tratar precocemente lesões bucais
potencialmente capazes de provocar a falta ao trabalho e/ou provocar o
absenteísmo de corpo presente, causas de diminuição da atenção e
aumento do risco de acidentes do trabalho.
No Brasil, a limitação das ações de saúde bucal para adultos e idosos, grupos
historicamente pouco priorizados pelos modelos assistenciais, faz com que suas
necessidades de tratamento se acumulem, acarretando perdas dentárias prematuras
e grande demanda por tratamentos especializados, particularmente os protéticos
(Baldani et al., 2010).
54 Revista da Literatura
A escassez de estudos sobre qualidade de saúde bucal de trabalhadores
torna difícil o planejamento e a implementação de novos tipos de abordagem para
esse grupo, fato que por si só gera demanda para novas pesquisas, fazendo assim
evoluir o modelo de saúde do adulto e garantindo maior assistencialismo por parte
das empresas e do sistema único de saúde, melhorando o quadro epidemiológico da
doença cárie, doença periodontal e uso de prótese (Santana, 2006).
Diferentemente da Odontologia Assistencial, a Odontologia do Trabalho utiliza
do conhecimento de todas as outras especialidades para elaborar normas de
condutas preventivas e traçar meios para a solução de problemas já instalados,
portanto não desemprenha papel curador, não se baseando na relação paciente-
profissional, tendo características mais técnico-administrativas, atuando diretamente
nos processos de produção das empresas (Hiroishi et al., 2011).
3 Proposição
Proposição 57
3 PROPOSIÇÃO
A propositura deste trabalho consistiu em um levantamento epidemiológico
das condições de saúde bucal de trabalhadores da região sudeste brasileira, com a
finalidade de perfazer uma analogia com as funções laborais e socioeconômicas
frente às necessidades odontológicas dos sujeitos da pesquisa.
4 Material e
Métodos
Material e Métodos 61
4 MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi constituído por um levantamento epidemiológico
visando identificar as condições de saúde bucal dos trabalhadores da região sudeste
brasileira, sendo operacionalizado por alunos de especialização em Odontologia do
Trabalho, treinados, supervisionados e orientados por professores e alunos de pós-
graduação do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva, área
de Saúde Coletiva.
Aspectos Éticos
O referido projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB-USP), conforme resolução 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde. Após a aprovação pelo CEP, as atividades foram
iniciadas (processo 043/2010).
Composição da Amostra
A amostra foi composta por trabalhadores (n=1418), de diversos setores em
indústrias. Os critérios para inclusão do trabalhador na amostra foram: 1)
autorização por meio da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido; 2)
funcionários que compõem o quadro de empregados das empresas participantes
deste estudo, excetuando-se trabalhadores informais e/ou terceirizados. Foram
excluídos da amostra, os indivíduos que não quiseram ou não puderam por qualquer
razão participar da pesquisa.
A amostra foi agrupada independente do grupo étnico, gênero ou condição
sócio-econômica.
62 Material e Métodos
Delineamento do Estudo
O estudo foi composto pelas seguintes etapas: calibração do examinador;
aplicação do questionário (nível sócio-econômico, morbidade bucal referida e uso de
serviços, além da autopercepção e seus impactos em saúde bucal) e exame clínico.
Processo de Calibração dos Examinadores
O processo de calibração foi conduzido por um examinador padrão,
experiente em levantamentos epidemiológicos, sendo que as atividades teórico-
práticas, envolvendo exercícios de treinamento e calibração, compreenderam um
total de 06 períodos. No primeiro período de treinamento de 4h foi administrada aula
teórica, buscando a padronização inicial quanto aos códigos, critérios e condutas de
exames adotados no estudo. Além deste, em outros 05 períodos foram
desenvolvidos exercícios, sendo 01 período de 2h com exposição visual de casos
clínicos pelo examinador padrão em sala de aula, avaliando e discutindo tipos de
problemas bucais que foram observados no trabalho de campo e 01 período de 4h
onde foi realizado pelo examinador padrão uma demonstração clínica em dois
adultos, de como seriam realizados os exames, tais como: posicionamento dos
materiais, equipamentos e do anotador, organização das fichas e ergonomia em
relação ao atendimento, seguido de exames de treinamento e discussão clínica em
pacientes pela equipe. A calibração propriamente dita ocorreu em 01 período de 4
horas, onde os trabalhadores foram examinados sem que os casos fossem
discutidos. Após as tomadas dos dados, foi realizada uma discussão geral
certificando que toda a equipe encontrava-se familiarizada com os procedimentos. O
erro inter-examinadores e a discordância intra-examinadores foram aferidos durante
a calibração, ambos calculados em dias subsequentes de reexame da amostra, no
exercício final de calibração em 02 períodos de 4 horas.
Material e Métodos 63
Aplicação do Questionário
O questionário foi composto por perguntas claras e objetivas para facilitar o
entendimento por parte do sujeito da pesquisa, uma vez que as perguntas
formuladas foram respondidas e devolvidas sem haver a interferência dos
pesquisadores.
A primeira parte do questionário apresentou perguntas relacionadas às
variáveis sócio-econômicas com o intuito de classificar os usuários envolvidos na
pesquisa em diferentes classes sociais. Os cinco fatores (renda familiar mensal,
número de pessoas na família, grau de instrução, situação de posse da moradia,
profissão do chefe da família) receberam uma pontuação e foram analisados para a
classificação sócio-econômica.
A segunda e terceira parte do questionário foram compostas por perguntas
estruturadas no sentido de avaliar condições importantes na compreensão do
processo saúde-doença.
Exame Bucal
Os exames bucais foram realizados por um aluno previamente calibrado e
treinado do curso de especialização de Odontologia do Trabalho da Faculdade de
Odontologia de Bauru-FOB/USP, dentro da empresa participante. Foram utilizados
espelhos bucais planos n°5, sondas periodontais CPI da OMS, previam ente
esterilizados conforme as normas de biossegurança do Ministério da Saúde (WHO,
1997; BRASIL, 2004), e espátulas de madeira. O exame foi precedido por
escovação com o intuito de auxiliar na remoção do biofilme dentário ou restos
alimentares, facilitando o diagnóstico visual. Foi utilizada luz ambiente. Os índices
utilizados para avaliar as condições bucais foram: CPOD para cárie dentária, IPC e
PIP para doença periodontal, uso e necessidade de prótese, seguindo os critérios da
OMS (1997).
64 Material e Métodos
Códigos e Critérios Utilizados
Cárie Dentária - Índice CPOD
Para a avaliação das condições bucais foi adotado para cárie dentária o
Índice CPOD, segundo a World Health Organization (Who, 1997).
Quadro 1 – Códigos para a condição encontrada em relação à cárie
Material e Métodos 65
Necessidade de Tratamento
Quadro 2 – Códigos em relação à necessidade de tratamento
Doença Periodontal
Índice Periodontal Comunitário- IPC (WHO, 1997)
A condição de saúde periodontal foi estabelecida em função do sangramento
gengival, da presença de cálculos e de bolsas. Para realização do exame utilizou-se
sonda especifica denominada sonda CPI, com esfera de 0,5mm na ponta e área
anelada em preto situada entre 3,5mm e 5,5mm da ponta. Outras duas marcas na
sonda permitem identificar distâncias de 8,5mm e 11,5mm da ponta do instrumento.
A boca foi dividida em sextantes definidos pelos dentes 17 e 16, 11, 26 e 27, 46 e
47, 31, 36 e 37. A presença de dois ou mais dentes sem indicação de exodontia (por
exemplo: comprometimento de furca, mobilidade, etc) foi considerado pré-requisito
ao exame do sextante. Sem isso, o sextante foi cancelado (quando houve, por
exemplo, um único dente). A situação mais grave foi codificada. O sextante foi
anotado com um “x” quando inexistiram dentes para exame, ou só um elemento
esteve presente ou ainda na presença de qualquer número de dentes indicados para
extração.
66 Material e Métodos
Os códigos utilizados foram:
• (0) Hígido - sem problemas periodontais.
• (1) Sangramento - observado visualmente ou pelo espelho, após sondagem.
• (2) Cálculo - qualquer quantidade existente, mantendo-se toda a banda
colorida as sonda visível.
• (3) Bolsa de 4 ou 5 mm - margem gengival na área colorida.
• (4) Bolsa de 6 mm ou mais - área colorida da sonda não visível.
• (x) Nulo - sextante excluído por ter menos de dois dentes presentes.
• (9) Não informado.
Perda de inserção- PIP (WHO, 1997)
Os mesmos dentes-índice examinados para o IPC foram utilizados para a
determinação de perda de inserção. Os códigos utilizados foram:
• (0) Perda de inserção de 0 a 3 mm - JCE (junção cemento-esmalte) não
visível e escore IPC = 0-3;
Se IPC = 4, aplicar os códigos:
• (1) Perda de inserção de 4 a 5 mm - JCE dentro da banda escura ou
colorida;
• (2) Perda de inserção de 6 a 8 mm - JCE entre o limite superior da banda
colorida da sonda e a marca de 8,5mm;
• (3) Perda de inserção de 9 a 11 mm - JCE entre as marcas de 8,5 mm e
11,5 mm;
• (4) Perda de inserção de 12 mm ou mais - JCE além da marca de 11,5 mm
• (X) Sextante excluído - menos de dois dentes presentes;
• (9) Não informado - JCE nem visível, nem detectável.
Edentulismo
A inclusão do uso e das necessidades de prótese na população, neste
projeto, atende a três indicações: seguem a orientação da OMS (1997) para
levantamentos epidemiológicos, permite a comparação histórica e atende às
necessidades de planejamento específicas desta área.
Material e Métodos 67
A seguir resume os códigos e critérios utilizados neste índice.
Uso de Prótese
(0) Não usa prótese dental
(1) Usa uma ponte fixa
(2) Usa mais do que uma ponte fixa (3) Usa prótese parcial removível
(4) Usa uma ou mais pontes fixas e uma ou mais próteses parciais removíveis
(5) Usa prótese dental total
(9) Sem informação
Necessidade de Prótese
(0) Não necessita de prótese dental
(1) Necessita uma prótese, fixa ou removível, para substituição de um
elemento
(2) Necessita uma prótese, fixa ou removível, para substituição de mais de
um elemento
(3) Necessita uma combinação de próteses, fixas e/ou removíveis, para
substituição de um e/ou mais de um elemento
(4) Necessita prótese dental total
(9) Sem informação
Os dois índices não foram excludentes, ou seja, é possível estar usando e
também necessitar de uma prótese. O critério de decisão para determinar que uma
prótese que está em uso é inadequada e deve ser trocada, foi baseado nas
seguintes condições:
a) Retenção – está folgada ou apertada
b) Estabilidade e reciprocidade – apresentam deslocamento ou báscula
c) Fixação – lesiona os tecidos
d) Estética – apresenta manchas ou fraturas e não está adequada ao perfil
facial do paciente.
68 Material e Métodos
Se pelo menos uma dessas condições estiveram presente, recomendou-se a
troca da prótese e, portanto, procedeu-se a avaliação da necessidade.
Análise Estatística dos Dados
Os dados foram analisados através de Estatística Descritiva, com o uso de
frequências absolutas e relativas, utilizando-se tabelas para a apresentação dos
mesmos. Para a comparação entre as funções laborais adotou-se ANOVA a um
critério e o teste de Tukey. A correlação de Spearman foi utilizada para identificar a
relação entre condições socioeconômicas, bucais e faixa etária. Para a comparação
entre os grupos foram utilizados os testes T e do Qui quadrado. O nível de
significância adotado foi de 5%.
5 Resultados
Resultados 71
5 RESULTADOS
A Faixa etária dos sujeitos da pesquisa variou entre 18 e 60 anos,
apresentando uma média de 37 anos.
A renda per capita encontrada foi de R$ 521,00 a R$ 3.900,00, sendo a média
de R$ 1.598,79.
O Grau de escolaridade variou de ensino médio incompleto a superior
completo.
Foram avaliados profissionais de diversos tipos de indústrias, tais como:
frigorífico, funerária, metalúrgica, mineradora, montadora de telefonia móvel, papel e
celulose, plano de saúde, fábrica de refrigerantes, servidor técnico administrativo de
escolas privadas, servidor técnico-administrativo de instituição de ensino superior,
torrefação e beneficiamento de café, usina de cana de açúcar (administrativos e
cortadores).
O CPOD médio encontrado nesse levantamento (13,13) mostra-se abaixo ao
CPOD nacional (16,3)(Brasil, 2011).
Existe diferença estatisticamente significante (p < 0,05) entre os setores de
produção analisados.
72 Resultados
Tabela 1: Distribuição do valor médio de CPOD, segundo os setores de produção.
Setores de Produção Amostra CPOD Desvio Padrão
Frigorífico 110 13,98 7,4
Funerária 199 12,02 6,8
Metalúrgica 100 6,17 5,3
Mineradora 104 16,48 8,4
Montadora de telefonia móvel 105 14,94 6,1
Papel e celulose 198 16,70 8,1
Plano de saúde 38 7,89 4,5
Refrigerantes 115 18,00 6,8
Servidor técnico administrativo de escolas
privadas 32 14,69 6,5
Servidor técnico-administrativo de
Instituição de Ensino Superior 100 9,18 5,7
Torrefação e beneficiamento de café 20 13,17 8,3
Usina de cana de açúcar / administrativos 47 12,21 6,9
Usina de cana de açúcar / cortadores 250 15,28 7,4
Soma/Médias 1418 13,13 6,97
Quando o CPOD foi comparado com a renda, apresentou uma correlação
negativa (r = - 0,15; p = 0,651), e quando comparado com a idade apresentou uma
correlação positiva (r = 0,05; p = 0,910).
O grau de escolaridade teve influência direta sobre o CPOD, quanto maior o
grau de instrução, melhor a condição bucal em relação à cárie dentária.
Foram feitas comparações entre os setores de produção, tipo de atividade e
exposição ao açúcar.
Trabalhadores expostos ao açúcar apresentaram pior condição bucal quando
comparados os índices CPOD (p = 0,000).
Resultados 73
Tabela 2: Comparação entre indivíduos expostos e não expostos ao açúcar.
Amostra CPOD Desvio Padrão
Expostos 412 15,69 7,18
Não expostos 1006 13,01 6,89
Trabalhadores de uma empresa de refrigerante apresentaram quadro de
saúde bucal pior que os demais trabalhadores de outros setores (p = 0,000).
Tabela 3: Comparação entre trabalhadores de uma fábrica de refrigerante e amostra total.
Amostra CPOD Desvio Padrão
Fábrica de refrigerante 115 18,00 6,80
Amostra total 1303 12,73 6,99
Dentro de uma empresa comparou-se dois grupos com funções laborais
distintas, ambos expostos ao açúcar, quer seja na forma final ou subproduto, com a
finalidade de traçar um perfil de prevalência da doença cárie, associando o grau de
instrução a conduta de higiene bucal. Houve diferença estatisticamente significante
entre os grupos, cortadores e administrativos (p = 0,000).
Tabela 4: Comparação entre trabalhadores de uma usina de cana de açúcar, cortadores e administrativos.
Amostra CPOD Desvio Padrão
Cortadores 250 15,28 7,40
Administrativos 47 12,21 6,90
Também foram comparados trabalhadores administrativos e operários
independente da exposição ao açúcar, com a finalidade de correlacionar somente
tipo de atividade laboral com saúde bucal.
Trabalhadores do setor administrativo apresentaram melhor condição de
saúde bucal (p = 0,000).
74 Resultados
Tabela 5: Comparação entre trabalhadores do setor administrativo e operários independente da exposição ao açúcar.
Amostra CPOD Desvio Padrão
Administrativos 190 10,27 5,90
Operários 198 16,70 8,10
Empresas com quadro de funcionários superior a 100 apresentaram pior
condição bucal (p = 0,000).
Tabela 6: Comparação entre empresas com quantidade superior ou inferior a 100 funcionários.
Amostra CPOD Desvio Padrão
Acima de 100 1081 15,18 7,32
Abaixo de 100 337 9,32 5,84
O índice periodontal comunitário apresentou-se dentro dos referenciais
nacionais. Entretanto, não foi possível estabelecer relação de significância entre os
setores de produção (p=0,29). As médias para sangramento, cálculo e bolsa foram
46,75%, 69% e 25,57%, respectivamente.
Tabela 7: Índice Periodontal Comunitário
Setores de Produção Sangramento Calculo Bolsa
Frigorífico 53% 25% 2%
Funerária 58% 69% 40%
Metalúrgica 28% 89% 41%
Mineradora 47% 50% 55%
Montadora de telefonia móvel 76% 87% 12%
Papel e celulose 39% 42% 1%
Plano de saúde 53% 50% 0%
Refrigerantes 56% 62% 50%
Servidor técnico-administrativo de escolas
privadas 66% 50% 13%
Servidor técnico-administrativo de Instituição
de Ensino Superior 32% 93% 19%
Torrefação e beneficiamento de café 15% 65% 5%
Usina de cana de açúcar / administrativos 68% 74% 62%
Usina de cana de açúcar / cortadores 76% 72% 22%
Resultados 75
Quanto a condição periodontal, quando comparada à renda apresentou
correlação positiva para sangramento (r = 0,44; p = 0,198), cálculo (r = 0,46; p =
0,184) e bolsa periodontal (r = 0,46; p = 0,247).
Ao compararmos faixa etária e condição periodontal, observou-se correlação
negativa para sangramento (r = -0,75; p = 0,054), cálculo (r = -0,45; p = 0,305) e
bolsa periodontal (r = -0,46; p = 0,354).
Para a condição periodontal, encontramos diferença estatisticamente
significante, para a variável sangramento, entre os grupos: expostos ao açúcar x não
expostos ao açúcar e empresas com mais de 100 funcionários x empresas com
menos de 100 funcionários.
A variável cálculo apresentou diferença entre os grupos: administrativos x
operários, expostos ao açúcar x não expostos ao açúcar e empresas com mais de
100 funcionários x empresas com menos de 100 funcionários.
Com relação à presença de bolsa, foram estatisticamente significantes as
comparações: administrativos x operários, cortadores x administrativos de usina de
cana de açúcar, expostos ao açúcar x não expostos ao açúcar.
76 Resultados
Tabela 8: Análise univariada para condição periodontal
Doença Periodontal
Sangramento sim não χ2 p
Tipo de atividade
Administrativos 76 114 0,05 0,823
Operários 77 121
Cortadores 190 60 1,31 0,252
Escritório 32 15
Expostos ao açúcar 286 126 53,47 0,000*
Não expostos ao açúcar 484 522
> 100 funcionários 634 447 34,65 0,000*
< 100 funcionários 136 201
Cálculo
Tipo de atividade
Administrativos 141 49 41,43 0,000*
Operários 83 115
Cortadores 180 70 0,12 0,728
Escritório 35 12
Expostos ao açúcar 286 126 7,49 0,006*
Não expostos ao açúcar 621 385
> 100 funcionários 643 438 40,92 0,000*
< 100 funcionários 265 72
Bolsa
Tipo de atividade
Administrativos 24 166 20,95 0,000*
Operários 2 196
Cortadores 55 195 30,74 0,000*
Escritório 29 18
Expostos ao açúcar 142 270 24,83 0,000*
Não expostos ao açúcar 219 787
> 100 funcionários 266 815 1,46 0,226
< 100 funcionários 94 243
No que tange o uso e necessidade de prótese, não houve diferença
estatisticamente significante entre os setores de produção analisados (p=0,39). A
média para uso e para necessidade foi 23,85% e 48,02%, respectivamente.
Resultados 77
Tabela 9: Uso e necessidade de prótese
Setores de Produção Uso de Prótese Necessidade de
Prótese
Frigorífico 32% 52%
Funerária 19% 62%
Metalúrgica 19% 61%
Mineradora 75% 40%
Montadora de telefonia móvel 32% 57%
Papel e celulose 28% 65%
Plano de saúde 3% 11%
Refrigerantes 18% 37%
Servidor técnico-administrativo de escolas privadas 28% 84%
Servidor técnico-administrativo de Instituição de Ensino
Superior 19% 14%
Torrefação e beneficiamento de café 25% 85%
Usina de cana de açúcar / administrativos 38% 47%
Usina de cana de açúcar / cortadores 42% 64%
O uso de prótese quando comparado com a renda apresentou correlação
positiva (r = 0,22; p = 0,576), já a necessidade de prótese apresentou correlação
negativa (r = -0,26; p = 0,473).
A correlação entre faixa etária e uso de prótese foi negativa (r = -0,40; p =
0,428) para necessidade de prótese a correlação também foi negativa (r = -0,26; p =
0,612).
Não houve diferença estatisticamente significante para os grupos: cortadores
x administrativos de usina de cana de açúcar, com relação ao uso de prótese e
expostos ao açúcar x não expostos ao açúcar com relação a necessidade de
prótese.
78 Resultados
Tabela 10: Analise univariada para uso e necessidade de prótese.
Uso / Necessidade de prótese
Uso sim nao χ2 p
Tipo de atividade
Administrativos 34 156 5,36 0,021*
Operários 55 143
Cortadores 105 145 0,22 0,636
Escritório 18 29
Expostos ao açúcar 144 268 4,65 0,031*
Não expostos ao açúcar 293 713
> 100 funcionários 366 715 19,71 0,000*
< 100 funcionários 71 266
Necessidade
Tipo de atividade
Administrativos 62 128 41,03 0,000*
Operários 129 69
Cortadores 160 90 4,93 0,026*
Escritório 22 25
Expostos ao açúcar 225 187 0,28 0,600
Não expostos ao açúcar 534 472
> 100 funcionários 613 468 19,32 0,000*
< 100 funcionários 145 192
6 Discussão
Discussão 81
6 DISCUSSÃO
Comparar a condição de saúde bucal dos trabalhadores com a atividade
laboral que exercem é superlativo para traçarmos metas e planos de trabalho para
os referidos sujeitos da pesquisa, intervindo nos processos de produção de maneira
a adequar o ambiente de atividade laboral, melhorar as condições para o funcionário
e agregar valor para a empresa.
Nos levantamentos epidemiológicos mais recentes realizados pelo Ministério
da Saúde do Brasil nos anos de 2003 e de 2010 observou-se uma redução no índice
CPO (dentes cariados, perdidos e obturados), na razão de 20,1 para 16,3, na faixa
etária de 35 a 44 anos considerada o grupo padrão para avaliação das condições de
saúde bucal em adultos. Dados similares foram encontrados em um levantamento
realizado pelo SESI em 2006, onde trabalhadores na mesma faixa etária
apresentavam um CPOD de 18,52.
Ao analisar o CPOD, para verificar a história de cárie dos trabalhadores da
região sudeste do Brasil, o valor médio encontrado neste estudo foi de 13,13, inferior
ao encontrado no levantamento nacional. Segundo esta pesquisa, fulcro de nossa
dissertação, a diferença de valor pode estar associada ao fato de todos os sujeitos
serem produtivamente ativos, garantindo recursos e possibilidade de acesso a
acompanhamento e tratamentos odontológicos.
Segundo a literatura levantada, com base nos índices de CPOD, a condição
de saúde bucal de trabalhadores brasileiros é precária, fato propulsor a realização
deste estudo, que buscou avaliar a condição de saúde bucal destes indivíduos
correlacionando-a com o tipo de empresa na qual os sujeitos desempenham suas
atividades funcionais.
Embora os resultados da presente pesquisa e os dados nacionais mostrem
um vetor de declínio, ainda não atinge o patamar almejado, tendo em vista o valor
elevado observado, quando comparado a faixa etária de 15 a 19 anos, CPOD = 4,25
no SB Brasil 2011, entretanto, no levantamento do SESI (2006) na faixa etária de 20
a 24 anos, logo acima da analisada pelo SB Brasil 2011, o CPOD foi de 8,41,
82 Discussão
praticamente o dobro. Essa condição se deve ao fato da diferença na atenção a
saúde entre jovens e adultos, para a faixa etária mais jovem os programas de
prevenção e promoção já estão bem sedimentados no contexto de saúde bucal
brasileiro, entretanto para os adultos ainda existem muitas lacunas nas políticas
públicas de nosso país e o acesso a esses programas nem sempre é facilitado.
Dentre os 13 setores analisados, encontramos diferença estatisticamente
significante (p < 0,05) para 54 das 78 possíveis comparações, mostrando a relação
existente entre tipo de atividade laboral e condição de saúde bucal.
Quando comparado com a renda, o CPOD apresentou correlação negativa (r
= -0,15; p = 0,651), ou seja, pessoas com condição econômica melhor apresentaram
menos história de cárie, entretanto quando comparamos CPOD com idade à
correlação foi positiva (r = 0,05; p = 0,910), pessoas mais velhas apresentam mais
história de cárie do que as mais novas, o grau de instrução teve influência direta
sobre o índice CPOD, indivíduos com melhor formação apresentaram condição
bucal melhor com relação a cárie dentária, dados que vão de encontro aos achados
de outros estudos já realizados(Boing et al., 2005; Moreira Júnior, 2006; Narvai et
al., 2006; Sesi, 2006; Baldani et al., 2010; Borges, 2011; Brasil, 2011)
Indivíduos expostos ao açúcar apresentaram condição bucal piorada quando
comparados com indivíduos não expostos, CPOD = 15,69 e 13,01, respectivamente
(p = 0,000), não necessariamente sendo a exposição direta a causadora de
problemas, em diversos setores os trabalhadores tem contato com os subprodutos
do açúcar, frequentemente por partículas em suspensão, agindo de maneira
silenciosa. Os dados deste estudo corroboram com outros autores que
comprovaram a relação de exposição ao açúcar com o acometimento pela
cárie(Tomita et al., 1999; Novais et al., 2004).
Dos setores de produção avaliados, os trabalhadores da fábrica de
refrigerante, apresentaram a maior prevalência de cárie com o CPOD = 18. Este fato
pode ser explicado pelo constante contato com o açúcar, quer seja na forma final de
produto ou seus subprodutos durante o processo de produção dados que vão de
encontro aos achados de (Figueiredo et al., 2004; Freire et al., 2012). E ainda, o
acesso aos produtos da empresa pode e deve interferir negativamente na saúde
Discussão 83
bucal de seus trabalhadores, por comprarem a custo reduzido e obviamente por
consumir mais refrigerante do que seria recomendado. Em acréscimo, destaca-se a
associação à confissão verbal dos pesquisados de não realizarem uma boa higiene
bucal, notamos o aumento da prevalência de cárie, justificando o alto valor do CPOD
encontrado nessa população.
No setor de cana de açúcar, os trabalhadores de uma usina foram
comparados de acordo com o tipo de atividade que executavam. Foram avaliados
dois grupos: cortadores de cana e trabalhadores internos do setor administrativos.
Os cortadores apresentaram condição bucal pior CPOD = 15,28, associado à
dificuldade de higiene que os trabalhadores rurais enfrentam devido ao local de
trabalho, o acesso limitado a sanitários, torna difícil executar a higiene bucal após as
refeições. Em geral, trabalhadores do setor administrativos apresentam condições
bucais melhores que operários, quando comparamos diversos setores, notamos a
grande diferença que existe entre o grupo administrativo CPOD = 10,27 e operários
CPOD = 16,70, essa condição é reflexo das diferenças socioeconômicas existentes
entre as duas classes, corroborando com (Peres et al., 2012).
Empresas que tem em seu quadro funcional um número superior a 100
colaboradores apresentaram pior condição de saúde bucal de seu efetivo (p =
0,000). Nesta pesquisa encontramos dados que traduzem isso pelo agrupamento de
pessoas, em geral a condição de saúde bucal do trabalhador é ruim, quando
observamos grandes grupos encontramos os piores resultados, tornando evidente a
necessidade da atuação do cirurgião-dentista do trabalho nesses ambientes,
podendo intervir de maneira reabilitadora e preventiva.
Um importante fator para condição de saúde bucal é a condição dos tecidos
de suporte dentário. A doença periodontal é multifatorial, evolvendo bactérias,
hospedeiro e fatores sistêmicos, podendo desencadear inúmeros fatores nocivos à
boca do ser humano, acarretando geralmente em perdas dentárias, está associada à
condição socioeconômica e a fatores biológicos (Gomes Filho et al., 2006; Ito et al.,
2011).
Os valores encontrados para doença periodontal nesse estudo apresentaram-
se elevados, sento 46,75%, cálculo 69%, bolsa, 25,57%, quando comparados com o
84 Discussão
levantamento de 2010 (Brasil, 2011) para sangramento 1,9%, cálculo 28,6% e bolsa
19,4% e com o levantamento de 2006 (Sesi, 2006), para sangramento 8,14%,
cálculo 41,02% e bolsa 20,87%.
A condição periodontal quando comparada à renda apresentou correlação
positiva para sangramento (r = 0,44; p = 0,198), cálculo (r = 0,46; p = 0,184) e bolsa
periodontal (r = 0,46; p = 0,247). Este fato pode estar associado à maior exposição a
agentes causadores, entretanto pessoas com maior renda tentem a ter maior grau
de instrução, portanto deveriam apresentar melhor higiene bucal (Ahlberg et al.,
1996a; Cortelli e Cortelli, 2003; Macêdo, 2006).
Comparando faixa etária com condição periodontal, observa-se correlação
negativa para sangramento (r = -0,75; p = 0,054), cálculo (r = -0,45; p = 0,305) e
bolsa periodontal (r = -0,46; p = 0,354). Isso se justifica, uma vez que pessoas com
mais idade podem apresentar menos dentes na boca, assim menos sextantes são
avaliados e computados, gerando uma correlação negativa com a idade.
Populações mais jovens tendem a apresentar maior prevalência de
sangramento e cálculo, em seu estudo Gesser et al. raramente encontraram bolsa
na faixa etária de 18 anos, entretanto as demais condições apresentaram alta
prevalência; com relação a bolsa periodontal, verifica-se o oposto, pessoas com
idade mais avançada apresentam maior prevalência (Machion et al., 2000).
Ao dividirmos os trabalhadores por grupos, dois apresentaram diferença
estatisticamente significante para a variável sangramento: expostos ao açúcar x não
expostos ao açúcar (p = 0,000) e empresas com mais de 100 funcionários x
empresas com menos de 100 funcionários (p = 0,000), podemos associar esses
resultados a formação do biofilme e a falta de higiene, culminando em um quadro de
gengivite. Concordam com nossos achados (Cortelli e Cortelli, 2003).
Para a variável cálculo, três grupos apresentaram resultados significantes:
administrativos x operários (p = 0,000), expostos ao açúcar x não expostos ao
açúcar (p = 0,006) e empresas com mais de 100 funcionários x empresas com
menos de 100 funcionários (p = 0,000), das três variáveis periodontais, o cálculo foi
a condição mais presente na amostra estudada, não existe a cultura do
acompanhamento odontológico em nossa população.
Discussão 85
No levantamento realizado pelo Sesi (2006), 65% dos trabalhadores
apresentaram problemas periodontais, sendo o cálculo o mais frequente 40%,
concordando com os achados deste estudo. É evidente a necessidade da atuação
da Odontologia nas empresas, o profissional deve ser amparado e ter recursos para
o trato da sua saúde ao seu alcance, proteger o seu quadro de funcionário torna-se
prioridade no âmbito de saúde ocupacional.
Em relação à presença de bolsa periodontal, três grupos apresentaram
resultados significantes: administrativos x operários (p = 0,000), cortadores x
administrativos de usina de cana de açúcar (p = 0,000) e expostos ao açúcar x não
expostos ao açúcar (p = 0,000), a presença de bolsa é condição de cronicidade da
doença periodontal, associando a falta de higiene, fatores de exposição e falta de
serviços de saúde bucal é esperado que a medida em que os trabalhadores vão
envelhecendo adquiram doença periodontal, situação semelhante ao encontrado na
literatura (Medeiros e Rocha, 2006; Sesi, 2006; Pereira et al., 2011)
No que tange ao uso e necessidade de prótese, não houve diferença entre as
regiões analisadas (p=0,39). A média para uso e para necessidade foi 23,85% e
48,02%, respectivamente. Bem como no levantamento epidemiológico SB Brasil
(2003), que mostrou que 31,92% dos sujeitos na faixa etária de 35 a 44 anos usam
prótese dentária e que 53,41%, apresentam algum tipo de necessidade de uso de
prótese dentária, em outro levantamento realizado pelo SESI (2006), 59,6% dos
sujeitos avaliados usavam prótese e 27% das pessoas necessitam de prótese
superior e 43% necessitam de prótese inferior, já no último levantamento nacional
SB Brasil (2010) foi encontrado que 43% dos indivíduos usam algum tipo de prótese
e que 68,8% necessitam de algum tipo de prótese.
Ao se analisar a correlação entre uso e necessidade de prótese com renda,
pode-se identificar que concomitantemente ao aumento da renda ocorreu o aumento
do uso de próteses. Entretanto, verificou-se relação inversa à necessidade de
prótese. Este fato pode ser justificado pelo poder aquisitivo, permitindo ao sujeito o
acesso aos tratamentos odontológicos, ao nível cultural e ao maior grau de
instrução. As condições socioeconômicas têm sido relacionadas fortemente aos
problemas bucais.(Boing et al., 2005; Sales-Peres, 2008; Carvalho et al., 2009;
Peres et al., 2012). Em concordância com os nossos resultados, outros autores,
86 Discussão
identificaram como principais barreiras que afetam a utilização de serviços
odontológicos, a baixa escolaridade, baixa renda e a escassa oferta de serviços
públicos de atenção à saúde bucal para esta população (Moreira et al., 2005).
O quadro geral de prevalência de cárie mundial apresenta uma tendência ao
declínio, principalmente nos países desenvolvidos, entretanto ainda observa-se uma
disparidade entre regiões e municípios nesses países, demonstrando a
desigualdade entre populações e afirmando a necessidade de políticas públicas de
atendimento e prevenção (Narvai et al., 2006). E também, tem sido mostrado que, a
falta de dentes implica em um menor cuidado com a saúde bucal, pacientes que
apresentam mais dentes relataram maior frequência de consultas odontológicas
(Baldani et al., 2010).
Empresas com mais de 100 funcionários apresentaram quadro de
depreciação bucal piorado quando comparadas com empresas menores, fato
explicado pelo acumulo de indivíduos com condição bucal ruim, como o quadro geral
dos trabalhadores brasileiros apresenta condição indesejável, torna-se óbvio, no
modelo atual, que grandes corporações apresentem os piores resultados, mostrando
a necessidade de formação e atuação de equipes de saúde bucal dentro dessas
empresas, com a finalidade de levar informação ao maior número de pessoas
possível, promovendo ações de prevenção e intervenção.
O tipo de atividade do trabalhador desempenha papel fundamental sobre os
cuidados de saúde bucal, faz-se necessária a comparação entre trabalhadores do
setor administrativo e operários, uma vez que o ambiente laboral pode ou não
restringir a possibilidade de realização das condutas de higiene necessárias para a
manutenção do bem estar bucal.
A Odontologia do Trabalho ainda encontra-se pouco difundida entre
cirurgiões-dentistas, gerando um quadro de incerteza na atuação frente às
empresas, o que por si só justifica a necessidade de melhorar a abordagem da
especialidade, tanto para profissionais quanto para acadêmicos, fato que vai de
encontro ao citado por (Perin et al., 2012).
Formar profissionais qualificados para esta especialidade deixa de ser
opcional e torna-se necessário, investir na saúde do trabalhador é premissa para um
Discussão 87
modelo de saúde bucal completo e atualizado, preservar a saúde de nossa força de
trabalho é garantir o bem estar populacional em geral.
Nosso país acompanha o desenvolvimento mundial, e com isso notamos o
envelhecimento da população, elaborar um plano assistencial para essa gama de
pessoas é prioridade, uma vez que a classe economicamente ativa é propulsora da
economia interna de nosso país.
Tratar a saúde do adulto jovem de hoje é minimizar problemas com a
população mais idosa no futuro, investir em medidas preventivas garante otimização
dos serviços oferecidos, pois descongestiona os postos de atendimento.
Desenvolver estudos sobre a saúde bucal de trabalhadores é uma árdua
tarefa, nosso modelo atual de leis desobriga as empresas a oferecerem o serviço de
Odontologia, sendo assim informações importantes acabam sendo perdidas e o
controle odontológico dos pacientes não sendo feito.
Uma das limitações do estudo foi o acesso aos trabalhadores dentro das
empresas, por ainda não ser tão difundida a especialidade nem sempre é bem
quista pelo empresariado. Os trabalhadores nem sempre estão interessados em
participar da pesquisa, uma vez que não veem necessidade e não acreditam que
sua condição bucal possa interferir em suas atividades laborativas e na sua
qualidade de vida.
Ao findar o presente capítulo torna-se conveniente ressaltar o inerte
posicionamento das políticas publicas em relação à saúde bucal do trabalhador
brasileiro, haja vista a inserção hegemônica da Odontologia Preventiva voltada à
atenção escolar desde há muito tempo.
Assaz debatida, porém sem contribuição acadêmica de peso, o estado da
saúde do trabalhador não desperta interesse digno de nota aos patrões que se
limitam a perseguir diretrizes legais onde medicina, engenharia e enfermagem do
trabalho são contempladas no exato limite da suposta legalidade.
Não transcende, com olhar míope apenas se aguarda uma definição
protocolar para uma ação concreta em prol da boca do brasileiro que via de regra
supre sua família com seu suor laboral.
88 Discussão
Contudo mais estudos são necessários para dar luz em âmbito profissional
aos cirurgiões-dentistas que optam por trabalhar com Odontologia do Trabalho,
afirmar a nossa posição e provar a real necessidade dos nossos préstimos
profissionais faz-se extremamente necessário, uma vez que o modelo capitalista
rege nossas relações comerciais.
Condensando o dito anteriormente, a Odontologia do Trabalho visa o coletivo,
extrapolando os conhecimentos das especialidades odontológicas para os
trabalhadores, classe até então negligenciada sob os aspectos de saúde bucal, o
amplo campo de atuação desta especialidade torna-a rica em termos de conduta
preventiva e clinica e possibilita a varredura das condições atuais dos trabalhadores,
sendo uma precursora de levantamentos epidemiológicos mais completos e
adequados para esta população específica.
7 Conclusões
Conclusões 91
7 CONCLUSÕES
A condição de saúde bucal dos trabalhadores encontra-se aquém da
almejada, situações aparentemente já resolvidas para faixas etárias inferiores ainda
persistem nas mais elevadas.
As funções laborais mostraram-se diretamente relacionadas com a qualidade
de saúde bucal, o tipo de atividade e os setores de produção influenciam o cuidado
bucal.
Trabalhadores expostos ao açúcar apresentam pior condição bucal que os
demais.
As condições periodontais encontram-se insatisfatórias e com valores
elevados.
Necessidade de prótese encontra-se elevada.
O quadro socioeconômico esta relacionado à conduta de higiene bucal da
população estudada, quão melhor o nível educacional e financeiro melhor o asseio
com a saúde.
Referências
Referências 95
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Anexos
Anexos 105
ANEXO A – Carta de resposta do comitê de ética em pesquisa da FOB-USP considerando APROVADO o trabalho do qual este se originou.
106 Anexos
ANEXO B – Termo de consentimento livre e esclarecido.
Anexos 107
ANEXO C – Ficha de exame orofacial utilizado neste trabalho.
108 Anexos
ANEXO D – Ficha de exame utilizada neste trabalho (preenchidas pelos indivíduos examinados).