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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL SKARLET IORRANA DE SOUZA BITENCOURT RELAÇÕES PÚBLICAS, EVENTOS E ACESSIBILIDADE: CONSTRUINDO O FUTURO NO MUNDO DA INCLUSÃO SOCIAL CAXIAS DO SUL 2018

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

SKARLET IORRANA DE SOUZA BITENCOURT

RELAÇÕES PÚBLICAS, EVENTOS E ACESSIBILIDADE: CONSTRUINDO O FUTURO NO MUNDO DA INCLUSÃO SOCIAL

CAXIAS DO SUL 2018

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SKARLET IORRANA DE SOUZA BITENCOURT

RELAÇÕES PÚBLICAS, EVENTOS E ACESSIBILIDADE: CONSTRUINDO O FUTURO NO MUNDO DA INCLUSÃO SOCIAL

Monografia do Curso de Comunicação Social, habilitação em Relações Públicas da Universidade de Caxias do Sul, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel. Orientadora: Profa. Dra. Maria Luiza Cardinale Baptista

CAXIAS DO SUL

2018

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SKARLET IORRANA DE SOUZA BITENCOURT

RELAÇÕES PÚBLICAS, EVENTOS E ACESSIBILIDADE: CONSTRUINDO O FUTURO NO MUNDO DA INCLUSÃO SOCIAL

Monografia do Curso de Comunicação Social, habilitação em Relações Públicas da Universidade de Caxias do Sul, apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel. Orientadora: Profa. Dra. Maria Luiza Cardinale Baptista Aprovada em___/___/___.

Banca Examinadora ________________________________ Profa. Dra. Maria Luiza Cardinale Baptista Universidade de Caxias do Sul – UCS ________________________________ Profa. Ma. Silvana Padilha Flores Universidade de Caxias do Sul – UCS ________________________________ Profa. Ma. Anaize Spada Universidade de Caxias do Sul – UCS

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha mãe, Andreia Andreatta de Souza, que sempre me apoiou

e me encorajou a conquistar tudo que eu queria.

Ao meu avô, Plinio de Oliveira Souza, e minha avó, Iara Andreatta de Souza,

que me incentivaram aos estudos, sabendo da importância que isso tem para mim.

A minha prima, Cristiane Oliveira, por me fazer acreditar que sou capaz e por

estar disposta a me ajudar sempre que preciso.

A professora, Maria Leonora, que durante as séries inicias do Ensino

Fundamental me mostrou que é preciso ter persistência e que meu caminho seria

cheio de conhecimento.

A minha orientadora, professora doutora Maria Luiza Cardinale Baptista, pela

paciência, compreensão e incentivo, nesta fase importante e grandiosa.

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RESUMO

A presente monografia tem como objetivo refletir sobre a perspectiva social da inclusão de pessoas com deficiência (PcD), em eventos, e no papel do profissional de Relações Públicas, nesse processo. Para isso, o estudo se concentra na acessibilidade dessas pessoas em eventos, tanto na organização quanto na participação do mesmo. Nesse sentido, o referencial teórico envolve as ideias de direitos iguais e inclusão social, apoiando-se em autores como Claudia Werneck, Romeu Kazumi Sassaki, além das teorias das áreas de Relações Públicas, como Roberto Fonseca Vieira e Guilherme Alf. A metodologia utilizada foi qualitativa de cunho exploratório, composta por levantamento bibliográfico, análise documental, participação em seminário teóricos e entrevista livre-narrativa. Como principais resultados, podem ser mencionados que é papel do profissional de RP mostrar a necessidade de respeito às relações humanas, superando os desafios de cada limitação dos sujeitos; que, em muitos casos, a criação e a mentalidade familiar contam muito para o desenvolvimento das relações sociais do PcD; a necessidade de planejamento nos eventos, para que a participação deste público seja efetiva; e, que ainda existem diversas barreiras para a presença de sujeitos portadores de deficiência em eventos, onde o profissional de RP exerce papel fundamental.

Palavras-chave: Relações Públicas. Pessoas com deficiência. Eventos.

Acessibilidade.

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ABSTRACT

A presente monografia tem como objetivo refletir sobre a perspectiva social da inclusão de pessoas com deficiência (PcD), em eventos, e no papel do profissional de Relações Públicas, nesse processo. Para isso, o estudo se concentra na acessibilidade dessas pessoas em eventos, tanto na organização quanto na participação do mesmo. Nesse sentido, o referencial teórico envolve as ideias de direitos iguais e inclusão social, apoiando-se em autores como Claudia Werneck, Romeu Kazumi Sassaki, além das teorias das áreas de Relações Públicas, como Roberto Fonseca Vieira e Guilherme Alf. A metodologia utilizada foi qualitativa de cunho exploratório, composta por levantamento bibliográfico, análise documental, participação em seminário teóricos e entrevista livre-narrativa. Como principais resultados, podem ser mencionados que é papel do profissional de RP mostrar a necessidade de respeito às relações humanas, superando os desafios de cada limitação dos sujeitos; que, em muitos casos, a criação e a mentalidade familiar contam muito para o desenvolvimento das relações sociais do PcD; a necessidade de planejamento nos eventos, para que a participação deste público seja efetiva; e, que ainda existem diversas barreiras para a presença de sujeitos portadores de deficiência em eventos, onde o profissional de RP exerce papel fundamental.

Keywords: Public Relations. Disabled people. Events. Accessibility.

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LISTA DE SIGLAS

CLT Consolidação das Leis Trabalhistas

CORDE Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de

Deficiência

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

LOAS Lei Orgânica da Assistência Social

OMS Organização Mundial de Saúde

ONU Organizações das Nações Unidas

PcD Pessoas com deficiência

RP Relações Públicas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 09

2 ASPECTOS METODOLÓGICOS ................................................................. 12

3 RELAÇÕES PÚBLICAS, EVENTOS E ACESSIBILIDADE ............................ 17

3.1 PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS E SUAS FUNÇÕES ................ 17

3.2 ATUAÇÕES EM EVENTOS ............................................................................. 20

3.3 ACESSIBILIDADE EM EVENTOS: LEGISLAÇÃO VIGENTE ......................... 24

3.4 O PAPEL DO PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS .......................... 25

4 ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO ................................................................. 29

4.1 AS DEFICIÊNCIAS ......................................................................................... 30

4.2 O CONCEITO DE ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO ...................................... 36

4.3 A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA ................................................................... 36

5 PESQUISA DE CAMPO ............................................................................... 40

5.1 PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE RELAÇÕES PÚBLICAS .............. 40

5.2 PERCEPÇÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ...................................... 40

5.3 PERCEPÇÃO DOS PAIS DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ...................... 42

5.4 PERCEPÇÃO DOS INSTRUTORES OPERACIONAIS DE PESSOAS COM

DEFICIÊNCIA ................................................................................................. 43

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 44

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 47

APÊNDICE A – PROJETO MONOGRAFIA I ................................................ 51

APÊNDICE B – TERMOS DE AUTORIZAÇÃO E CESSÃO DE DIREITOS

AUTORAIS DOS ENTREVISTADOS ........................................................... 81

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho foi realizado pela acadêmica do curso de Relações Públicas

(RP), Skarlet Iorrana de Souza Bitencourt, portadora de deficiência, e tem como

objetivo refletir sobre a perspectiva social da inclusão de pessoas com deficiência

(PcD). Para isso, o estudo se concentra na acessibilidade dessas pessoas em

eventos, tanto na organização quanto na participação do mesmo. A estudante entende

que seu papel como relações públicas pode contribuir para fazer do espaço de evento

um lugar mais acolhedor, reconhecendo essas pessoas em suas diferenças e, assim,

proporcionar uma vivência afetiva com o acontecimento.

A comunicação é fundamental para o crescimento da sociedade, em seu

desenvolvimento e no aprendizado que as relações entre os sujeitos constroem, no

compartilhamento de conhecimento, etc. É com a comunicação que as estratégias de

relacionamentos começam a surgir. Na organização de um evento, por exemplo, é ela

que promove o engajamento entre as pessoas mostrando o interesse do público.

O profissional de relações públicas tem o dever de entender a necessidade

do público ao qual o evento destina-se. Interagir com o público, neste sentido, é

importante para que tal profissional pense, de forma estratégica, como minimizar as

dificuldades causadas pelas diferenças entre os sujeitos, estabelecendo benefícios a

todos.

Vale destacar que o espaço social é constituído por pessoas diferentes, cada

uma com suas limitações, onde as conquistas dos PcD’s crescem, mostrando que

este público está cada vez mais disposto a utilizar os espaços públicos e lutar para

que o acesso e aproveitamento dos mesmos seja oferecido de forma igualitária como

para os demais.

Nestas circunstâncias, será analisado o papel do profissional de relações

públicas na inclusão de pessoas com deficiência em eventos. Acredita-se que este é

um assunto relevante para a profissão, já que se identificam falhas no processo de

organização de eventos, para esse público, e entende-se que o relações públicas

pode contribuir para o desenvolvimento de uma mudança.

O trabalho pretende mostrar que o RP pode ser um personagem importante

na construção de uma sociedade mais inclusiva, onde as decisões tomadas na

organização de um evento podem sinalizar para essa transformação. Cada ação

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realizada, sendo pública ou privada, deve ter a intenção de integrar os públicos

diferenciados, proporcionando o mesmo acesso e os mesmos benefícios para todos,

independentemente de suas diferenças, limitações ou necessidades.

O público atingido neste debate são pessoas com deficiência, tendo em vista

que essas pessoas, muitas vezes, não são reconhecidas em suas diferenças por parte

da organização de eventos. Propõe-se que o profissional de RP desenvolva um olhar

diferenciado para essas pessoas, e que inclua a participação delas, não apenas como

público dos eventos, mas também como profissionais da organização de eventos.

A Lei específica (5296/2004) tem peso na evolução dos direitos dos PcD’s,

por defender o direito e proteger o cidadão. Além disso o profissional de relações

públicas tem sua responsabilidade social e acredita-se na possibilidade de sua

contribuição para a formação pública voltada à discussão dos direitos de acesso de

pessoas com deficiência em locais de convívio social. Havendo, assim, o crescimento

na sociedade para que a rejeição, para/com essas pessoas, ainda existente seja

eliminada. Conforme Vieira (2002, p. 27) “livre para reavaliar as condições de

legitimação e as determinações impostas pelos mecanismos de dominação”.

O estudo tem como uma de suas bases autores que apoiam a ideia de direitos

iguais como Claudia Werneck (1997, 2003), Romeu Kazumi Sassaki (2003), que

contribuíram para a construção do termo inclusão social, além de Roberto Fonseca

Vieira (2002, 2004) e Roberto Porto Simões (2001) com suas visões de RP e direitos

do cidadão.

Percebe-se que, atualmente, a inclusão social acontece como diferencial nas

organizações de eventos, quando, acredita-se, que ela deve ser um padrão, já que é

por meio deste conceito que os PcD’s podem participar de espaços de convivência

social. É necessário, ainda, que a inclusão aconteça de forma afetiva, para o sujeito

perceba-se igual aos demais, vivenciando o evento por completo. Neste sentido, o

profissional de RP surge como personagem importante, estimulando tanto a

participação da sociedade no processo de inclusão quanto a maior participação de

sujeitos em eventos públicos e privados.

Este trabalho, no segundo capítulo, dedica-se à metodologia. Ele contará

como o estudo aconteceu, os métodos utilizados para desenvolver o trabalho e assim

alcançar o objetivo do mesmo.

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No capítulo seguinte trata-se da função social do RP, desde o surgimento da

profissão até a atualidade. Outro aspecto abordado será a relação que o profissional

estabelece com os públicos que atende, sendo eles de organizações ou não. Com

isso, estabelece-se a discussão sobre evento e de como este espaço pode funcionar

como instrumento de inclusão social de pessoas com deficiência.

O quarto capítulo, consiste em conceituar inclusão social (de pessoas com

deficiência) e discutir sobre acessibilidade, visto que a ideia tem importância para a

inclusão. Vale destacar que se entende, no presente trabalho, que acessibilidade deve

estar disponível para todos os sujeitos que necessitarem. Além disso, serão

apresentados, no capítulo, os direitos das pessoas com deficiência, e que evoluíram

com conhecimento sobre o assunto conquistado pelos portadores de deficiência.

O quinto capítulo apresenta as entrevistas feitas com personagens que

contam suas experiências envolvendo acessibilidade e eventos. As conversas foram

desenvolvidas com PcD’s, profissionais de relações públicas e familiares de pessoas

com deficiência, para alcançar uma visão ampla sobre o assunto, buscando identificar

as necessidades existentes, por parte deste público, e como é o cotidiano de um

deficiente.

Para finalizar, o último, capítulo apresenta as considerações finais do estudo.

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2 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Este trabalho faz uma análise do potencial do RP e de como esse profissional

pode auxiliar na expansão da inclusão de pessoas com deficiência em eventos, tanto

como organizador quanto como público. Compreendendo as reais necessidades de

cada um e facilitando a acessibilidade dos PcD’s, para que todos tenham acesso ao

evento.

A metodologia do trabalho é qualitativa de cunho exploratório, composta por

levantamento bibliográfico, análise documental, participação em seminários teóricos

e entrevista livre-narrativa.

Os dados coletados nas pesquisas qualitativas são predominantemente descritivos. O material obtido nessas investigações é rico em relato de pessoas, em situações e acontecimentos, incluindo transcrições de entrevistas e de depoimentos, além de fotografias, desenhos e vários outros tipos de documento. Cabe ao pesquisador prestar atenção no maior número possível de elementos que estão presentes na situação estudada. (DENCKER; DA VIÁ, 2002, p. 186).

A pesquisa qualitativa visa fazer uma abordagem do mundo de forma ampla,

em sua complexidade e tem como importante referência as relações sócias, buscando

explicar fenômenos sociais de formas diferentes.

Consiste em práticas interpretativas, tornando tudo visível no mundo, sendo

uma forma de representações. “[...] os pesquisadores estudam as coisas em seus

contextos [...], tentando entender ou interpretar os fenômenos em termos dos sentidos

que as pessoas lhes atribuem” (DENZIN; LINCOLN, 2006, p.17).

A pesquisa qualitativa é um campo de investigação que envolve diversas

áreas, disciplinas e temas e uma ligação entre termos, conceitos e suposições que se

relacionam com estudos culturais e interpretativos.

A importância de fazer-se uma pesquisa quantitativa parte da ideia de que a

teoria e seus métodos devem ajustar-se um ao outro. Seus conceitos são bem

definidos e podem ser testados. “No entanto, aqui, as teorias são desenvolvidas a

partir de estudos empíricos. O conhecimento e a prática são estudados enquanto o

conhecimento e a prática locais” (FLICK, 2009, p. 21).

O levantamento bibliográfico é método que se utiliza para aproximar o

pesquisador da bibliografia publicada sobre os temas envolvidos na pesquisa.

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De acordo com os conceitos amplo e restrito de pesquisa bibliográfica, apresentados no início deste trabalho, adotaremos o sentido restrito, definindo-a como um conjunto de procedimentos para identificar, selecionar, localizar e obter documentos de interesse para a realização de trabalhos acadêmicos e de pesquisa, bem como técnicas de leitura e transcrição de dados que permitem recupera-los quando necessário. (STUMPF, 2011, p. 54).

Segundo Severino (2013, p. 103)

O trabalho de pesquisa deverá dar conta do elemento necessário para o desenvolvimento do raciocínio demonstrativo, recorrendo assim um volume de fontes suficiente para cumprir essa tarefa, seja relacionada com o levantamento de dados específicos, com ideias presentes nos textos ou com intuições e raciocínio do próprio pesquisador. No caso da pesquisa bibliográfica, além do critério do tempo disponível, da natureza e objetivos do próprio trabalho, do estágio científico do pesquisador, deve se adotar um critério formal, cruzando duas perspectivas: partir sempre do mais geral para o mais particular e do mais recente para o mais antigo, ressalvando -se, obviamente, o caso dos documentos clássicos.

Este levantamento pode ser dividido em duas fases: a de preparação e a de

execução, onde as duas foram aplicadas neste trabalho. Primeiramente, realizou-se

o estudo sobre eventos inclusivos. Nesta etapa, identificou-se a dificuldade de

encontrar bibliografia que abordasse este tema específico. Com isso, optou-se por

abordar os assuntos separadamente, e depois entrelaçar as duas ideias para construir

o conceito aplicado na presente pesquisa. As fontes de pesquisa basearam-se em

livros, sites, blogs e plataformas online como: Scielo e Google Acadêmico.

A análise documental é a pesquisa base de um trabalho de investigação como

este, onde encontram-se explanações sobre a legislação para acessibilidade em

eventos, por exemplo. Ela é toda e qualquer pesquisa realizada baseada em

documentos contemporâneos ou retrospectivos, considerados cientificamente

autênticos.

Embora pouco explorada não só na área de educação como em outras áreas de ação social, a análise documental pode se constituir numa técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos, seja complementando as informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema. (LÜDKE; ANDRÉ, 1986 p. 38).

Existem diversas maneiras de realizar este tipo de pesquisa, como, por

exemplo, análise de cartas, pareceres, fotografias, diários, projetos de lei, ofícios,

discursos, informativos, depoimentos orais e escritos, entre outros.

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Finalmente, como uma técnica exploratória, a análise documental indica problemas que devem ser mais bem explorados através de outros métodos. Além disso ela pode complementar as informações obtidas por outras técnicas de coleta. (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 39).

No presente trabalho, utilizou-se leis, depoimentos orais e escritos, e

informativos online que tratam do assunto inclusão, bem como de características

específicas de deficiências, principalmente as que são citadas no trabalho.

Já sobre a participação em seminários teóricos, ressalta-se que eles

aconteceram com a orientadora e com o AMORCOMTUR! – Grupo de Estudos em

Comunicação, Turismo, Amorosidade e Autopoiese (UCS-CNPq). Os seminários

teóricos têm como objetivo propor discussões sobre as teorias estudadas durante o

processo de pesquisa.

As discussões partem dos aspectos que foram destacados pela pesquisadora

nas leituras indicadas pela orientadora na semana anterior, onde cada pesquisador

entrelaça o texto com sua pesquisa, fazendo identificações que podem auxiliar os

demais integrantes do grupo.

Em grupo, os seminários acontecem em formato roda de conversa, lugar em que me junto à orientadora (e coordenadora do grupo) aos integrantes do AMORCOMTUR! nos Encontros Caóticos da Comunicação e do Turismo, onde horizontalmente, ou seja, sem hierarquia, todos contam suas experiências nas pesquisas. Os Encontros Caóticos não têm pauta pré-definida, em cada semana a conversa se inicia do contar de alguma das experiências e vai sendo moldado a cada fala. A experiência nos Encontros Caóticos está destacada em textos que foram apresentados em eventos1 das áreas da Comunicação e do Turismo, como no II Encontro Nacional dos Grupos de Pesquisa e (nesses casos, os textos compõem, também, os anais dos eventos). Além de textos publicados em periódicos científicos como o artigo escrito a várias mãos, pela líder do grupo juntamente com integrantes de níveis de graduação e pós-graduação, publicado no Anuário Internacional de Comunicação Lusófona 2014. (EME, 2016, p. 25).

A pesquisa de campo aconteceu com a coleta de depoimentos seguindo os

métodos de entrevista semiestruturada e entrevista narrativa, onde a entrevista

semiestruturada consiste em uma conversa, com um roteiro de perguntas iniciais

1 Encontros Caóticos da Comunicação e do Turismo: O fluxo comunicacional como dispositivo de construção identitária, texto apresentado no XI Congresso da Lusocom 2014 e publicado nos Anais. Dialogo e amorosidade na ‘condição de aprendiz’, texto apresentado no VIII Seminario Nacional Diálogos com Paulo Freire 2014. Usina de Amorosidade, comunicação e turismo. Relatos de Usineiro Autopoiéticos, texto publicado no Anuário Internacional de Comunicação Losófona, de 2014. (Nota de rodapé inserida pela autora).

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programado, porém solto, sem as amarras de um roteiro fechado que precisa ser

seguido à risca. A interferência do entrevistador é feita somente para esclarecer algum

ponto da conversa que não foi aprofundado ou que pode ser interessante para a

pesquisa.

[...] entrevista semiestruturada associa-se o entrevistador com um protagonista cênico, pelo fato deste ter autonomia de intervenção durante todo o processo de entrevista, o que o deixa em evidência, fazendo com que os demais atores coadjuvantes trabalhem em prol do papel designado a ele. (MENEZES, 2016, p. 4).

Já no caso da entrevista narrativa, os relatos da vida do entrevistado

assumem uma forma mais subjetiva, mais pessoal, onde é o personagem que conta,

sem interrupções, os acontecimentos. Neste caso, o tempo que o entrevistado levará

para concluir seu relato não é importante para o pesquisador, ou seja, o entrevistador

não limita o tempo de fala do personagem.

Nesse tipo de entrevista, o sujeito relata sobre algum acontecimento importante de sua vida e do contexto social de origem e o de chegada. Assim, os procedimentos estão baseados no levantamento feito através dessa aplicação. (MORAIS; PAVIANI, 2009, p. 2).

A entrevista narrativa deixa o sujeito livre para argumentar sobre o que julga

importante acerca de determinados temas, de onde pode surgir uma troca

interessante de conhecimento entre quem fala e quem ouve, num “[...] choque de

língua e cultura” (MORAIS; PAVIANI, 2009, p. 4).

As entrevistas foram realizadas com RP’s, com foco em eventos (profissionais

atuantes), com pessoas com deficiência (cadeirantes, deficientes auditivos, visuais e

intelectuais), pais de PcD’s e instrutores operacionais. As conversas foram gravadas

(verbal e visualmente) para posterior transcrição e análise. Os profissionais foram

questionados sobre as práticas inclusivas incorporadas nos eventos que organizam e

as falhas ocorridas neste processo, essa análise acontece a partir do depoimento de

uma profissional.

Para entender de que forma ocorre a acessibilidade para PcD’s em eventos

baseia-se na fala de pessoas com deficiências diferentes, assim, acredita-se que a

análise será mais próxima da realidade de cada sujeito, tendo em vista que as

limitações de cada deficiência são específicas. Os depoimentos das famílias de PcD’s

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ajudam a mostrar como é o comportamento das outras pessoas no contexto desses

sujeitos frente as questões de acessibilidade.

E para finalizar foram coletados depoimentos de instrutores operacionais,

profissionais que acompanham e contribui para o desenvolvimento profissional dos

PcD’s.

Neste primeiro momento, serão apresentados os depoimentos que compõe o

material que será analisado posteriormente para compreensão do tema.

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3 RELAÇÕES PÚBLICAS, EVENTOS E ACESSIBILIDADE

O principal objetivo de um profissional de relações públicas é o

estabelecimento de relações harmônicas entre as organizações públicas ou privadas

e seus públicos. Dentre as funções que o RP pode assumir, ganham destaque

planejamento e organização de eventos. Como citado anteriormente, o trabalho visa

discutir como este profissional pode auxiliar na acessibilidade das pessoas com

deficiência em eventos.

O profissional de RP adaptou-se para atender às necessidades da sociedade

contemporânea, transformando a profissão, assim como o ambiente onde se encontra

inserido. Em seguida, apresenta-se um breve histórico da profissão, além de mostrar

como o RP pode ser um diferencial para atender ao público PcD.

3.1 O PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS E SUAS FUNÇÕES

O surgimento da profissão de Relações Públicas partiu da necessidade das

empresas transmitirem sua opinião como resposta aos seus públicos. Em 1907, Ivy

Lee fortaleceu a ideia, sendo um dos precursores dessa área de atuação. Os

sindicatos tiveram grande importância para o surgimento da profissão. Notava-se que

o relacionamento da empresa com o público precisava ser estreitado, que a relação

precisava ser fortalecida, e assim desenvolveu-se a profissão chamada hoje de RP.

Andrade (2003, p. 41) cita que as funções básicas de Relações Públicas são:

“Assessoramento, Pesquisa, Planejamento, Execução (Comunicação) e Avaliação,

que se desdobram em outras funções, que serão determinadas pela área de atuação

do profissional dentro da empresa”.

Esta profissão trouxe aos setores públicos e privados uma forma de

comunicação com o público, demonstrando a importância das relações interpessoais,

com o intuito de aproximar os públicos de interesses em comuns das organizações.

Existem várias maneiras de ser aplicada esta teoria, mas para isto deve ser aplicada

de forma específica para cada organização ou pessoa.

O trabalho do profissional de RP envolve uma trama de relações não basta

apenas ter políticas consistentes e permanentes de relação com a mídia, mas também

deverá acionar bons relacionamentos com a organização e com a sociedade. Para

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isso a essência de cada organização deve ser mantida, para que se reconheça uma

imagem já trabalhada anteriormente. Marchiori (2010, p. 151) diz que “Trata-se da

atenção do observador voltada para a realidade socialmente interpretada e construída

pelas pessoas”.

A comunicação organizacional é a fórmula que move uma organização

positivamente. Sem comunicação, não há possibilidade de deixar os públicos a par

dos objetivos da empresa. Além disso, este relacionamento pode contribuir para o

bem-estar da sociedade em que está inserida, do crescimento da comunidade, da

visibilidade da mesma aos demais cidadãos de forma positiva e também contribuir de

forma relevante para mudanças sociais.

O público PcD anseia por informação, assim como qualquer outro público,

mas ainda se percebe a dificuldade que certos públicos têm para acessar as

informações repassadas por diversas empresas. A tecnologia está contribuindo para

que a barreira entre a informação e o público seja quebrada; entretanto, o trabalho

desempenhado por um RP é imprescindível, em associação ao desenvolvimento

tecnológico.

Possuir uma visão ampla e abrangente da complexidade da comunicação nas organizações é uma primeira premissa. A comunicação organizacional vai muito além de um setor ou departamento que produz e transmite informações. Temos que ver a comunicação como um fenômeno inerente à natureza das organizações e que acontece em diferentes dimensões, como a humana, instrumental e estratégica, e sob fortes influências conjunturais e dos contextos econômicos, sociais, políticos, culturais e tecnológicos. (KUNSCH, 2008, p. 112).

O profissional de relações públicas desenvolve múltiplas atividades, costuma

dizer-se que são os profissionais mais completos da comunicação, citando:

planejamento de comunicação, assessoria de imprensa, gestão de comunicação

interna e planejamento e organização de eventos (que é o foco deste trabalho).

A profissão é regulamentada desde 1967, através da Lei 5377. Os profissionais

são regidos pelo Código de Ética, que foi elaborado por diversos profissionais do país,

e está em vigor desde 1987, com últimas alterações feitas em março de 2003.

Por ser uma profissão bem abrangente, o RP agrega muito conhecimento

profissional.

O grande aspecto relevante de um RP é o seu compromisso com o público.

Segundo Marconi (2010, p. 9), “Relações Públicas é uma arte e uma ciência, e por

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causa disso tudo [...], é certamente um sério componente das políticas de

comunicação [...]”. Sendo vistos como agentes transformadores das relações com a

sociedade.

A tarefa mais árdua desta profissão é agregar e agradar diferentes públicos

em um único evento, pois são pessoas com expectativas e anseios diferentes e que,

de alguma forma, esperam que esses desejos sejam correspondidos. Para que o

resultado seja satisfatório, a excelência do trabalho do relações públicas precisa estar

em evidência.

Ter consciência da ideia da estrutura social e utilizá-la com sensibilidade é ser capaz de identificar as ligações entre uma grande variedade de ambientes de pequena escala, distinguindo as perturbações pessoais originadas no meio mais próximo das questões públicas da estrutura social. (VIEIRA, 2002, p. 17).

O RP cuida da criação e da manutenção da imagem das organizações perante

a sociedade. As organizações utilizam a comunicação para tornar-se visíveis para seu

público. Para Cabrero e Cabrero (2001, p. 21), as relações públicas empresariais

[...] são baseadas não só numa imagem melhor ou pior da sociedade, senão mesmo na própria realidade empresarial, já que a qualidade e o conteúdo devem estar sempre de acordo com a imagem. Recordemos que uma boa imagem é muito difícil de conseguir, mas muito fácil de perder se não se cuida constantemente dela.

O profissional de relações públicas pode atuar de diversas maneiras para

aproximar a empresa de seu público. Uma delas é o relacionamento com a imprensa,

onde o RP é responsável por comunicar as ações realizadas internamente. Além disso

de cria estratégias de abordagem e de se comunicar, também, com o público interno

da organização, como seus funcionários.

Com a expansão da atuação, o mercado para o RP não se limita somente à

atuação dentro das empresas. O profissional pode trabalhar em um segmento do

terceiro setor ou no setor público. Para atingir todos os públicos interessados naquela

empresa ou produto, é necessário que o profissional utilize diversas ferramentas.

Isto mostra a influência que o RP tem na sociedade, sendo importante

ressaltar o desenvolvimento e o crescimento que a profissão conquistou com seu

engajamento comunitário.

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O objetivo era demonstrar que o trabalho da área não podia se voltar apenas para empresas e o governo, como ficava patente até nos currículos das escolas de comunicação social e na literatura existente. Ele devia estender-se a qualquer tipo de organização e também aos movimentos sociais. (KUNSCH, 1997, p. 37).

Lembrando que o papel do profissional de relações públicas é manter o bom

relacionamento entre as organizações e a sociedade onde ela está inserida, a

realização de eventos pode ser vista como um instrumento interessante para

desenvolver o diálogo entre as duas partes. Muitos encontram nos eventos uma forma

de divulgar suas empresas, seja ela organizando o evento ou patrocinando-o,

estabelecendo, assim, sua identidade perante o público.

Desta forma, entende-se a real importância do evento para as organizações

e o significativo papel do RP, ao compreender a informação que deve ser passada,

não esquecendo o público que vai receber esta informação.

3.2 ATUAÇÕES EM EVENTOS

Dentre as atividades desempenhadas pelos profissionais de RP, a

organização de eventos talvez seja a mais desafiadora, pois torna possível a reunião,

em um mesmo local, de pessoas diferentes, com ideias e percepções diferentes, onde

a função do relações públicas é atender todas as demandas e expectativas. Podemos

usar, como definição de evento a ideia trazida por Calfat (2014, S.l.). Para ele, “Evento

é um mix de criatividade e flexibilidade que agregado a boas oportunidades, traz

resultados muito positivo”.

A comunicação, em um evento, deve chegar sempre por completo ao público,

sendo clara e objetiva. O RP deve resolver os desafios que aparecem durante a

organização, de forma que o público não perceba. A preocupação com a

sustentabilidade, a inclusão da comunidade, a promoção do bem-estar social ou das

práticas de marketing, mostram como o profissional trata e conduz as relações com

seu público de interesse.

O evento é, muitas vezes, o primeiro contato que o cliente terá com a área de

relações públicas, portanto as imagens negativas ou positivas influenciarão nas

relações subsequentes entre a equipe e a empresa, por isso a importância de um RP

nesta ocasião é fundamental.

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Outros profissionais que reivindicam a organização de eventos para si, como aqueles com formação em turismo ou os promotores de eventos, estes últimos com as mais variadas formações, visam apenas o retorno financeiro, sem a preocupação própria do profissional de Relações Públicas que objetiva cuidar do conceito da empresa, pois o evento está inserido num amplo planejamento organizacional; não é algo isolado. (CESCA,1997, p. 14).

Quando sabe-se o objetivo da organização e qual seu público começa a criar-

se uma relação de confiança não só para atender as necessidades de tal público, mas

também uma organização integrada com a sociedade. É neste momento que o papel

do RP é importante, é ele que vai planejar e colocar em ação práticas que auxiliarão

na imagem da empresa.

Neste sentido, a função do RP é organizar desde o local do evento até os

objetivos a serem atendidos, já que este momento pode servir para comemorar

conquistas, aprimorar o conhecimento de seus colaboradores ou mesmo apresentar

as ideias da empresa para seus clientes. Sempre deixando bem claro para seu

público-alvo a mensagem que quer passar.

Tendo uma visão clara do objetivo do evento, seu planejamento torna-se mais

seguro, passando mais tranquilidade ao público-alvo. Isso requer do profissional uma

atenção especial, pois as respostas de quem participou do evento são importantes

para a criação do elo de relacionamento, uma ligação que resultará no sucesso da

organização. “Evento é sinônimo de sucesso, ja aprendemos. Logo, para atingirmos

esse sucesso, é importante saber o que realmente estamos fazendo e para quem. Só

assim com o conceito em mãos podemos “cumprir o objetivo” [...]” (ZOBARAN, 2014,

p. 14).

O evento é uma forma de motivação para os envolvidos no processo assim

como para os participantes, pois aproxima o público do que ele quer. Esse diálogo

promovido pelo evento cria um laço importante para a empresa, onde a fidelização do

público torna-se mais efetiva.

É de extrema importância a participação dos públicos para o desenvolvimento

e crescimento de uma empresa pública ou privada. O evento como ferramenta dessa

participação, tem quatro etapas de execução, sendo elas: planejamento, organização,

realização e pós evento. (REIS, 2013, p. 7).

O uso destas quatro etapas auxilia o RP a chegar mais próximo do sucesso

em seu trabalho. Porém o profissional pode usar outras ferramentas para obter o

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mesmo resultado final, tudo depende do evento que está sendo realizado, pois cada

evento tem suas particularidades.

No planejamento é possível conseguir ter uma visão geral do evento a ser

realizado. Este é o momento em que se faz um levantamento, junto à empresa, de

quais objetivos devem ser alcançados. “A empresa organizadora do evento definiu

como o cliente se o evento seria nacional ou internacional bem como o perfil e o mote

[...] se havia show [...], budget [...] e o mailing” (REIS, 2013, p. 39).

Também para Fortes e Silva (2011), no planejamento, assim como na

organização, deve-se ter atenção às necessidades físicas do público-alvo e aos

objetivos do evento, dentro da estratégia da organização.

As peculiaridades da estrutura e o perfil da demanda definem a tipologia dos eventos mais frequentes em determinado local. Cada espaço costuma sediar um (ou mais) tipo(s) de evento e, para sua escolha, algumas referências devem ser observadas, como: acessibilidade; estacionamento próprio; opções de transporte público e privado; número adequado de atendentes; boa sinalização; facilidade de acesso à farmácia; pronto-socorro e lojas de conveniência; elevadores e rampas de acesso entre outros. (FORTES; SILVA, 2011, p. 49).

Durante a organização, os profissionais envolvidos têm a tarefa de designar

as atividades aos responsáveis pela execução de cada uma delas. É feito o

mapeamento do evento a ser realizado, desde locais a especialistas para as

realizações dos serviços, de acordo com Reis (2013, p. 40), que o profissional “Validou

todas as questões burocráticas, realizou pagamentos dos direitos autorais, selecionou

o pessoal, avançou no trabalho de divulgação [...]”.

É nesta etapa de trabalho que se estuda os possíveis percalços que podem

ocorrer, tendo em vista preveni-los ou estar o mais preparado possível para resolvê-

los de forma rápida e discreta. Para Zanella (2012, p. 2) “Organizar um evento com

eficiência significa demonstrar arte e competência para corresponder a todos esses

anseios com a prestação de serviços eficientes que superem a expectativa dos

participantes”.

Quanto à etapa da realização, pode-se dizer que é o evento propriamente dito.

É quando é colocado em prática todo o planejamento e a organização, de forma a

cumprir as metas estipuladas.

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Acompanhamento da montagem do evento, assessoria aos participantes do evento, como acomodação em salas reservadas e encaminhando para locais adequados de acordo com a programação, assessoria de jornalista e a organização da distribuição de matérias [...] (REIS, 2013, p. 43).

A resposta do público é imediata e espontânea – o que é uma das vantagens

do evento. O retorno sobre como uma organização aborda e aproxima seus clientes

é de extrema importância.

O evento é uma das formas onde a empresa pode ampliar seu público,

estreitar o relacionamento com seus clientes, fechar parcerias, etc.

Pelo exposto, verifica-se que o evento aproxima as pessoas, promove o diálogo, mexe com as emoções, cria sentimentos, marca presença. É um dos mais ricos recursos da comunicação, pois reúne, ao mesmo tempo, a comunicação oral, escrita, auxiliar e aproximativa. (MEIRELLES, 1999, p. 22).

Percebe-se, assim, a importância do sucesso de um evento. É necessário

então fazer a análise do trabalho efetuado, da visão do público, pois o objetivo é

agradar a grupos distintos de forma igual. Segundo Reis (2013, p. 43), “Nesta etapa a

empresa organizadora apresenta um relatório dos resultados para o cliente e envia

uma carta de agradecimento a ele – muitas vezes com um mimo, como uma caixa de

bombons, por exemplo”.

A avaliação é de extrema importância, pois é a mensuração do resultado

obtido que será comparado com resultado previsto para o evento. Todo evento tem

um objetivo, e sabendo qual é ele é possível analisar se há necessidade de melhorar

seus processos, serviços ou produtos. Além da avaliação dos resultados atingidos, é

necessário ver se a organização e a execução do evento transcorreram conforme o

planejado pelos profissionais. Focar na transparência é o ideal nesta fase, para que

possíveis “ruídos” sejam eliminados do processo de planejamento.

Nota-se o impacto que um evento tem na sociedade onde ocorre, e como

essas experiências influenciam seus públicos. Desta forma o papel de um RP vai

muito além da legislação e credibilidade dentro de uma organização. Ele exerce,

também, o papel de influenciador junto aos públicos, agregando valores. É neste

ponto que se deve olhar para o público PcD, olhar com mais sensibilidade sobre suas

necessidades, proporcionando um atendimento que os acolha.

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3.3 ACESSIBILIDADE EM EVENTOS: LEGISLAÇÃO VIGENTE

Para entender melhor acessibilidade em eventos, tem-se como base a Nota

Técnica 03/2014, elaborada pela Secretaria da Justiça e dos Direitos Humanos do

estado do Rio Grande do Sul, que discorre sobre os procedimentos ideais para a

recepção de pessoas com deficiência.

Uma vez que a participação deste público tem crescido nas atividades

públicas e privadas, o atendimento de qualidade vai além de atividades básicas como

educação, saúde e lazer. É preciso uma atenção maior a esta questão, no

planejamento dos eventos. Consta, na nota técnica, o seguinte esclarecimento:

Afirmamos o mundo como um espaço de diversidade e convivência entre as diferenças e as peculiaridades de cada pessoa. Todas as pessoas fazem parte do espaço societário e as pessoas com deficiência devem poder usufruir de políticas públicas de qualidade, devem ter acesso aos bens sociais e a todos os lugares em igualdade de direitos com as pessoas sem deficiência.2

Esta Nota atua como acréscimo das ferramentas utilizadas pelo RP, para o

planejamento, organização e elaboração de eventos. Ela descreve algumas

necessidades das pessoas com deficiência e procedimentos que podem facilitar as

diversas formas de acessibilidade, abordando desde aspectos arquitetônicos até

comunicacionais. Isto é necessário porque PcD necessitam de rampas, piso tátil,

sinaleira sonora e outros itens para que possam comparecer ao evento de forma

independente.

O próprio desenho arquitetônico das residências tivera que ser repensado, fazendo com que os corredores estreitos cedessem espaço para um ambiente espaçoso que permitisse a comunicação de um cômodo a outro, sempre primando pela facilitação do direito de locomoção. (SIQUEIRA; AMARAL, 2012, p. 172).

Outro ponto importante da legislação é sobre a ficha de inscrição, que deve

conter um campo em que a pessoa com deficiência possa colocar qual tipo de recurso

necessita para ter sua participação completa no evento. Assim evita-se

2 Disponível em: <http://www.portaldeacessibilidade.rs.gov.br/uploads/1427199196Nota_Tecnica_003_2014_Acessibilidade_em_Eventos_1.pdf>. Acesso em 30 de abril de 2018.

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constrangimentos por parte da organização. Outras informações interessantes que

constam na Nota e que podem ser elencadas como exemplos são: a necessidade de

intérpretes de Libras segundo o tempo de duração do evento; grupos de apoio, que

possam acompanhar o portador de deficiência visual; dispor do material apresentado

em um dispositivo USB.

São pequenas informações que se tornam importantes atitudes quando

adotadas pelo RP. Elas atuam como diferencial, pois mostram o cuidado que a

organização tem com as peculiaridades de cada público.

Os profissionais de relações públicas e de marketing devem ter em mente que o evento é também uma estratégia mercadológica, tanto em relação ao alto índice de retorno e resultados que a organização e seus produtos/serviços podem alcançar quanto aos cuidados a tomar para evitar dissabores. Uma pequena falha pode trazer sérios prejuízos, anulando todos os esforços e os resultados até então obtidos e ferindo a imagem conquistada. O sucesso de um evento faz que a imagem da marca do patrocinador na mente dos consumidores se torne mais intensa. O recall (lembrança e fixação da marca) é garantido, o que significa forte impulso para comprar o produto do patrocinador do evento. (FORTES; SILVA, 2011, p. 39).

Conhecer público PcD antes que o evento aconteça é muito importante, pois

evita que os imprevistos sejam prejudiciais à organização. O profissional de relações

públicas deve ter em mente que sua função mais importante, em um evento, é atender

e satisfazer o público participante; contudo é necessário entender melhor a atuação

deste profissional. Na sequência, será analisada, de forma mais profunda, a influência

do RP e como ele pode auxiliar para uma sociedade mais inclusiva.

3.4 O PAPEL DO PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS

Sabe-se que a principal atividade exercida pelo RP é o trabalho de

atendimento ao público, onde destaca-se a organização de eventos. O profissional de

relações públicas tem definido no Código de Ética da profissão a seguinte informação

entre seus princípios fundamentais:

3- Profissional de Relações Públicas, em seu trabalho individual ou em sua equipe, procurará sempre desenvolver o sentido de sua responsabilidade profissional, através do aperfeiçoamento de seus conhecimentos e

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procedimentos éticos, pela melhoria constante de sua competência científica e técnica e no efetivo compromisso com a sociedade brasileira [...].3

Para que o profissional possa exercer seu papel com responsabilidade social,

ele tem que conhecer bem seu público e estabelecer um relacionamento com ele, pois

é assim que se agrega valores à sociedade e à empresa tendo transformações

positivas. Assim cria-se um elo entre públicos-organização-sociedade de muita

importância. Para Vieira (2004, p. 37),

Esta credibilidade resulta da confiança dos públicos na ética organizacional verificada nas atividades organizacionais, seja no processo produtivo, seja no relacionamento com ambiente interno ou externo, na adoção de uma política bilateral, ou seja, de reciprocidade.

É muito importante o retorno que o público dá para a organização após um

evento, sendo um elogio tem-se a visão de a atuação estar sendo correta, ou sendo

uma crítica sabe-se que há pontos que precisam ser melhorados. A necessidade de

reavaliar processos e canais de comunicação é perene ao profissional de relações

públicas, pois as mudanças são essenciais ao progresso.

E quando pensa-se na pessoa com deficiência, a reavaliação de atitudes é

muito mais necessária do que a avaliação de procedimentos. As necessidades deste

público específico que precisam ser atendidas para que os sujeitos sejam

independentes na sociedade são ferramentas que devem estar sempre disponíveis.

O RP como um profissional influenciador da sociedade teria como foco ser o

primeiro a construir uma sociedade inclusiva sem focar nas diferenças. Vieira (2002,

p. 20) diz que “Buscam um método de motivação para a mudança de mentalidade, no

sentido de humanizar relações de trabalho, minimizar diferenças sociais,

transformando a própria sociedade”.

O evento deve ser desenvolvido e elaborado sempre com o intuito de

aproximar os diversos públicos de seus interessante, considerando também o público

PcD. Então é importante pensar no impacto negativo, nestes sujeitos, que se pode

gerar quando os serviços destinados a eles forem mal executados.

Precisamos estar atentos, pois tudo está acontecendo de forma simultânea e a uma velocidade cada vez mais crescente, especialmente em três grandes

3 Disponível em: <http://www.conferp.org.br/codigo-de-etica/>. Acesso em 4 de maio de 2018.

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forças: a tecnológica, com explosão do conhecimento e a avalanche de informações; a social, com busca da satisfação existencial humana; e a econômico-empresarial, com as mudanças dramáticas na natureza das organizações. (VIEIRA, 2004, p. 46).

O RP tem que saber sempre o real desejo de seu público, levar em conta as

vivências de cada sujeito facilita a melhor experiência de cada público.

Qual a área da comunicação organizacional que tem por obrigação avaliar e prognosticar o pensamento e as reações dos públicos senão a de relações públicas? Pela natureza de suas atividades, pelo seu objetivo de estudo e pela própria formação dos profissionais, cabe a ela essa tarefa. (KUNSCH,1997, p. 118).

Assim o profissional que trabalhar com a diversidade pode compreender

melhor o PcD que está entrando em uma nova realidade, com mais participação

social, portanto é importante que a acessibilidade aconteça de forma plena.

Quando falamos de acessibilidade total nos referimos ao encontro de códigos de expressão e de comunicação tidos como inconciliáveis, principalmente em uma reunião de trabalho ou em uma entrevista ao vivo na televisão. Por isso dizemos que essa tão desejada acessibilidade total, base para uma sociedade inclusiva, nos possibilitará um novo e mais flexível padrão de comunicação. Trata-se de uma mudança contrária a tudo aquilo que nos habituamos a achar natural, ainda mais se levarmos em conta a pressa e a impaciência que caracterizam nosso mundo, guiado sucessivamente por avanços na área da tecnologia associada ao intercâmbio de informações. O que vai acontecer quando diferenciadas formas de expressão se encontrarem? “Encontro” aqui em dois sentidos: convergência (ou não) de ideias/ opiniões e convergência de modos/ códigos de manifestar essas ideias/ opiniões. (WERNECK, 2003, 42).

O RP é muito importante para a implementação destas mudanças, os

encontros (proporcionados pelos eventos) são maneiras assertivas de conectar-se

com diferentes públicos. Construir estes relacionamentos de forma saudável contribui

para o crescimento da sociedade em geral.

A bela imagem, em Relações Públicas, não é formar, perseguindo unicamente a forma por si. Exige, antes, o êxito da legitimidade. Requer antes o ético. A estética transita pela ética. É um fazer com arte e jamais um fazer arte. Tampouco, pode restringir-se a técnicas instrumentais de promoção de produtos ou serviços, como é proposto pela visão reducionista do marketicismo. As Relações Públicas tratam, nas duas extremidades do sistema, com as organizações (pessoas) e com os públicos (pessoas). Assim sendo, a ocupação profissional de Relações Públicas deve pensar (diagnosticando e prognosticando os cenários da organização e dos públicos e planejando seus pareceres e projetos de comunicação), agir (propondo

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políticas e programas de ação justos e implementando seus projetos de comunicação) e inventar sempre na busca de novas e adequadas soluções aos prováveis e existentes conflitos no sistema organização-públicos, dando um basta à reprodução. (SIMÕES, 2001, p. 91).

Para Simões a influência para uma sociedade mais inclusiva, onde o cidadão

tem o direito de participar de qualquer evento – independentemente de sua condição

física, motora, ou mental – é um potencial do RP, já que ele tem o olhar sobre o todo.

A complexidade da organização de um evento é um reflexo da diversidade social.

O diferente tem que ser visto de forma normal, este é um esforço que a

sociedade precisa fazer para respeitar e visualizar as aptidões deste público

especifico. Permitir que o PcD tenha acesso às informações pode ter o auxílio da

tecnologia que evolui diariamente.

A sociedade é muito complexa. Ela é resultante das ações recíprocas dos homens; é o lugar do heterogêneo, do diverso. A diversidade é algo que está inserido na sociedade. Os homens fazem a história, mas não como eles a querem; estão sempre presos aos processos de herança, do passado e do presente da sociedade em que vivem. E a sociedade moderna reflete esse conjunto de ações humanas que, ao mesmo tempo, age e reage a favor ou contra. É a dialética da modernidade. (KUNSCH, 1997, p. 136).

É importante compreender a importância de um RP para a comunicação deste

público não apenas por todos terem o direito de informação independente das suas

dificuldades, mas para que haja também um crescimento na sociedade como um todo.

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4 ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO

Este capítulo apresenta um breve histórico sobre os conceitos acessibilidade

e inclusão, posteriormente, o texto abordará alguns aspectos sobre deficiência, quais

os impedimentos de acesso em eventos para pessoas com alguma dessas limitações

e os pontos de evolução na realidade dos deficientes, segundo a Constituição

Brasileira.

Ao longo dos anos foram feitos estudos pela Organização Mundial de Saúde

(OMS) e pelas Organizações das Nações Unidas (ONU) que resultaram em definições

importantes utilizadas atualmente e que influenciaram nas discussões e decisões, por

parte do governo brasileiro, que melhoraram as condições de vida de pessoas

portadoras de deficiência.

Entende-se a importância de conhecer e compreender a necessidade de

acesso aos serviços disponíveis, por todos os sujeitos de uma sociedade. A reflexão

que deve ser feita é se qualquer sujeito, independentemente de suas limitações,

consegue acessar esses serviços, pois é perceptível que, pessoas sem necessidades

especiais não olham para essas questões, o que provoca lacunas no atendimento do

público PcD.

Os portadores de deficiência enfrentam dificuldades diariamente,

diferentemente de pessoas sem as mesmas limitações que as suas. As barreiras que

fazem parte do caminho do PcD não se conectam somente com a ideia da realização

de grandes projetos. As dificuldades estão dispostas na tentativa de desempenhar

tarefas simples. Também é comum notar preconceito com este público, a

diferenciação, a forma como são vistos e o comportamento adotado por pessoas

contribuem para que o portador de deficiência se sinta incapaz ou se isole do convívio

social. Conforme Claudia Werneck (2003, p. 33),

De que modo se sente uma pessoa quando o mundo não reconhece como humano o seu modo de falar, de se expressar, de andar, de se locomover, de ver, de não ver...? Que tipo de olhar somos capazes de enviar a alguém quando notamos, em qualquer parte de seu corpo, algo imediatamente desencadeia em nossas mentes.

Acredita-se que o essencial para o desenvolvimento de um portador de

deficiência seja a inclusão. A partir do momento em que o sujeito se sente pertencente

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de um ambiente social, sua capacidade de propor mudanças que podem melhorar a

vida de outros PcD’s aumenta, ja que essa inclusão pode funcionar como dispositivo

de identificação de problemas e propostas de solução. O incentivo dado a esses

sujeitos pode impulsioná-los a, cada vez mais, trabalharem para alcançar seus

objetivos, além de motivá-los a construir uma sociedade melhor. Segundo a

Constituição Brasileira de 1988, todos as pessoas são iguais,

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; [...].4

Porém será que essa ideia de igualdade permanece no cotidiano social? Será

que seria possível perceber a acessibilidade a diversos espaços, inclusive o do

trabalho, sem a legislação das cotas? É preciso minimizar as diferenças, desenvolver

o acesso aos espaços de convivência para “dar a ela o direito de ser diferente e ter

suas necessidades reconhecidas e atendidas pela sociedade” (WERNECK, 2003, p.

51).

Além de reconhecer as diferenças, é importante, também compreender que o

que é oferecido precisa ser benéfico a todos, fazendo com que o sujeito possa usufruir

de tudo respeitando suas limitações.

Para que se tenha um melhor entendimento das necessidades e das

deficiências que existem, é preciso, primeiramente, compreender as características

que envolvem diferentes deficiências.

4.1 AS DEFICIÊNCIAS

Muitas pessoas entendem a deficiência como sinônimo de incapacidade, mas,

em diversos casos, o que falta é oportunidade para que os portadores de deficiência

4 Constituição da República Federativa do Brasil. Texto consolidado até a Emenda Constitucional nº 99 de 14 de dezembro de 2017, página 5. Disponível em: <http://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_atual/CON1988.pdf>. Acesso em 30 de abril de 2018.

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possam mostrar seus saberes, na prática. A deficiência precisa ser vista, apenas,

como um obstáculo e que precisa ser superado. Segundo Fávero (2004), uma

limitação, uma restrição, física, sensorial ou mental, não pode ser confundida com

incapacidade. E é importante ressaltar que a pessoa com deficiência não deve ser

definida por sua limitação, mas, se possível, é importante reconhecer e disponibilizar

ferramentas para seu amplo desenvolvimento na sociedade.

O que se busca hoje é que todos tenham acesso aos benefícios e informações

independente da sua situação física ou intelectual, para isso, a acessibilidade pode

ajudar, mas ela ainda é vista com necessidade dessa minoria. Paralelo a isso, a

visibilidade dos PcD’s tem crescido, pois a discussão em torno de seus direitos vem

sendo exigida pelos mesmos, conquistando espaço na sociedade.

Para um melhor entendimento sobre o assunto, foram criadas novas

terminologias, a partir das características de limitações de cada deficiência, para

ajudar, não só as pessoas com deficiência, mas também os demais públicos,

contribuindo para a interação dos mesmos, segundo a Secretaria da Justiça e dos

Direitos Humanos do Estado do Rio Grande do Sul.

O Decreto nº 5296/2004, emitido pela Presidência da República traz,

informações específicas sobre as deficiências e algumas definições:

• A deficiência visual caracteriza-se pela redução ou ausência total da visão,

podendo ser baixa visão ou cegueira, que pode ser adquirida ou congênita.

Quando adquirida, normalmente por desenvolvimento de doenças como

glaucoma ou catarata, é mais fácil a pessoa se adaptar à condição, pois suas

lembranças visuais podem auxiliar.

• A deficiência física é usada para definir as pessoas que têm alguma limitação

motora; uma alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo,

que pode ser congênita ou adquirida (acidentes, doenças como meningite, que

podem causar interrupção ou comprometimento dos movimentos em diferentes

graus e/ou amputação). Além de ser a deficiência com mais limitações visíveis,

é a que mais sofre com a falta de acessibilidade, tanto de locomoção quanto

de oportunidades.

• A deficiência auditiva refere-se àqueles casos que as pessoas têm perda

auditiva em qualquer grau de intensidade, que pode ser causada por má

formação na gravidez ou por doenças, como otite. A pessoa surda define- se

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pela cultura e pela identidade surda, que tem sua língua própria, Libras, Língua

Brasileira de Sinais.

• Pessoa com deficiência intelectual caracteriza-se por ter um funcionamento

intelectual significativamente inferior à média, acompanhado de limitações no

funcionamento adaptativo, em pelo menos duas das seguintes áreas de

habilidades: comunicação, autocuidado, vida doméstica, habilidades

sociais/interpessoais, uso de recursos comunitários, habilidades acadêmicas,

trabalho, lazer e segurança.

• O autismo é considerado como deficiência desde 2012, desde a publicação da

Lei 12764/2012. O autismo é um distúrbio neurológico que gera diferentes

graus de comprometimento e sua principal característica é a dificuldade na

comunicação e na interação social.

As limitações de cada uma das deficiências, tanto físicas quanto intelectuais,

fizeram com que os PcD’s fossem colocados numa espécie de isolamento social. A

necessidade de cuidados especiais e de técnicas diferenciadas para o

desenvolvimento dos sujeitos acabou colocando-os em uma condição de

dependência, sem que conseguissem acreditar em si mesmo, em suas capacidades.

Esse fato ainda é presente, na organização e participação de eventos, tendo em vista

que poucos PcD’s trabalham como comunicadores ou, então, aparecem como público.

Segundo Kassar (1999), diversos estudos mostravam que a deficiência era

considerada uma anomalia. Pesquisadores priorizavam autópsias em pessoas com

deficiência, para descobrir sua causa e encontrar uma solução. Como este

pensamento era difundido na sociedade, a exclusão era uma atitude comum, “[...] ha

um sofrimento... de ser o indivíduo tratado como inferior e sem valor, assim como pelo

seu impedimento de desenvolver, mesmo em uma pequena parte, o seu potencial

humano” (OLIVEIRA, 2004, p. 19).

Sassaki reforça esta visão dizendo que, “A sociedade [...] começou praticando

a exclusão social de pessoas que – por causa das condições atípicas – não lhe

pareciam pertencer à maioria da população [...]” (SASSAKI, 2003, p. 16).

Começou então se achar alguma maneira de ocupar o tempo das pessoas com

deficiência. Determinaram-se que sujeitos com algum tipo de limitação frequentassem

escolas diferentes – onde só outros PcD’s também frequentariam. Espaços de

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convívio social como clubes e academias atendiam esse público, em horários

diferentes do restante do público, e no trabalho empresas criaram setores separados

dentro das empresas. Esta forma de segregação era vista como algo normal, mas,

infelizmente, retardou o desenvolvimento das pessoas com deficiência. Conforme

Kassar,

A própria visão de marginalidade e segregação dificulta a visibilidade adequada ao enfrentamento das questões. A ideia do sujeito segregado ou marginal passa a concepção da existência de uma organização adequada (e, por que não dizer, “saudavel”) de sociedade, formada por pessoas que estão envolvidas na produção dos bens sociais (seja pela educação, seja pelo trabalho efetivo), de modo que as que estão a “margem” da produção são vistas, também, como a “margem” da sociedade. (KASSAR, 1999, p. 41).

Para Sassaki (2003), o modelo médico, que tratava o deficiente como uma

anomalia, foi um dos motivos do atraso na inserção das pessoas com deficiência na

sociedade. Tal modelo tinha como preceito corrigir o problema da pessoa com

deficiência, sendo que a mesma deveria se adequar às normas da sociedade. Não se

priorizava a necessidade da pessoa e, muito menos, na busca de alteração das

estruturas existentes, para recebê-las.

O modelo médico de deficiência tem sido responsável, em parte, pela resistência da sociedade em aceitar a necessidade de mudar suas estruturas e atitudes para incluir em seu seio as pessoas portadoras de deficiência e/ou de outras condições atípicas para que estas possam, aí sim, buscar o seu desenvolvimento pessoal, social, educacional e profissional. (SASSAKI, 2003, p. 29).

Estudos dizem que essa visão da sociedade sobre os PcD’s durou até o

século XX, mas ainda é possível notar traços dessas formas de tratamento, nas

relações atuais

A partir de 1990 a educação inclusiva passa a fazer parte dos discursos e textos oficiais. Tendo como pressuposto a educação para todos, a inclusão é, além de discurso oficial, anseio de todos que lutam pela democratização e superação da exclusão no espaço escolar. (OLIVEIRA, 2004, p. 97).

A partir deste momento, começa – se a perceber que a convivência com os

portadores de deficiência é possível na sociedade. Werneck (2003) explicita esta visão

da seguinte forma:

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A diversidade é o que caracteriza a espécie Homo sapiens e legitima a crença de que todas as pessoas são gente e, portanto, têm o direito de participar ativamente da sociedade contribuindo com o seu melhor talento para o bem comum, qualquer que seja ele. As deficiências são uma manifestação da diversidade humana. (WERNECK, 2003, p. 49).

Entendendo cada tipo de deficiência, pode-se agir, especificamente, nas

necessidades de cada uma delas. Assim, cada sujeito pode ter uma vida ativa em

sociedade, sem se sentir diferente perante as outras pessoas. Mesmo com a

concepção de que são ações simples, mas que melhoram muito a vida cotidiana

dessas pessoas, ainda é possível ver como exemplos de lacunas de condições a falta

de rampas em locais públicos, intérprete de Libras em apresentações abertas, etc.

Essas falhas refletem-se no distanciamento que os PcD’s acabam tendo em relação

ao restante da sociedade. Em um evento, esses dois elementos citados são,

praticamente, essenciais para atender de forma correta e agradável este público.

Aos deficientes visuais, o piso tátil se torna uma ferramenta básica para poder

acessar determinado local, assim como o sinal sonoro. Nos casos de deficiência

intelectual, a criação de ferramentas que auxiliem na compreensão do assunto a ser

discutido em uma convenção ou atividade pública, já contribui para o desenvolvimento

da pessoa.

O estilo de vida independente é fundamental no processo de inclusão, pois com ele as pessoas portadoras de deficiência terão maior participação de qualidade na sociedade, tanto na condição de beneficiário dos bens e serviços que ela oferece, como também na de contribuintes ativos no desenvolvimento social, econômico, cultural e político da nação. Em outras palavras, vida independente e exercício da cidadania são dois lados da mesma moeda. (SASSAKI, 2003, p. 53).

As barreiras existentes na vida dos PcD’s foram (e estão sendo) rompidas, ao

longo nos anos, mas é necessário, ainda, colocar a acessibilidade como pauta nas

discussões sobre como melhorar a qualidade de vida dessas pessoas e como

contribuir para que elas possam acessar a maioria dos espaços públicos como direito.

É necessária a quebra deste estigma, incentivando as pessoas com deficiência a

explorarem e potencializarem suas capacidades. Para isso, devem ter acesso a todas

as ferramentas disponíveis no mercado, com cursos, palestras e debates, ou até

mesmo eventos de lazer, para que se criem relações interpessoais.

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O bem-estar e a qualidade de vida das pessoas é um elemento considerável

nos relacionamentos sociais. A acessibilidade é uma responsabilidade de todos, pois

cabe a todos a criação de ambientes propícios para o crescimento pessoal,

profissional e comunicacional de todos os sujeitos, independentemente de suas

limitações. A interação é muito importante para esse crescimento, causando uma

troca de vivências que destacam as diferentes visões que existem do mundo.

É importante lembrar que muitos PcD’s ainda vivem isolados, sabendo-se que

o acesso às informações ou espaços sociais adequados é determinado pela condição

financeira dos familiares do sujeito; soma-se a isso o cuidado e proteção que a família

exerce sobre a pessoa com deficiência, onde, muitas vezes, o medo de que o sujeito

será enganado, machucado, ou sofrerá preconceito faz com que o espaço pré-

determinado para ele seja dentro de casa.

A tecnologia é uma importante ferramenta para os portadores de deficiência,

assim como para a sociedade como um todo. Ela ajuda a difundir os direitos dessas

pessoas entre os próprios PcD’s e também para as pessoas sem qualquer tipo de

limitação. Além disso, ela proporciona a interação entre a pessoa com deficiência e o

restante do mundo.

Para as pessoas com deficiência, isso não é diferente. Infelizmente, porém, muitas têm esse direito subtraído. Quando não pela própria família, ainda que de forma bem-intencionada, como medida de proteção, esse direito é inviabilizado pelo órgão público, que não zelam suficientemente pela observância das normas de acessibilidade [...]. (FÁVERO, 2004, p. 142).

A acessibilidade ainda deve ser muito discutida, até se encontrar um caminho

para a solução das lacunas presentes para atender às necessidades de pessoas com

deficiência. Segundo Werneck,

Equivocadamente, é muito comum acreditarmos que a humanidade é formada por um grupo majoritário e homogêneo de pessoas extremamente parecidas entre si. Fora deste grupo uniforme estariam os diferentes e, por isso, os excluídos, os especiais, como crianças, jovens e adultos com deficiência. Estes costumam representar, em nosso imaginário, um erro da natureza, como se fossem habitantes de um mundo à parte que apenas tangencia o dos considerados homogêneos. (WERNECK, 2003, p. 46).

Mesmo sendo minoria, os PcD’s precisam ter suas necessidades atendidas,

ter o acesso a eventos, sejam eles culturais, sociais, econômicos ou para outros fins

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garantidos, como ocorre com os outros cidadãos. As pessoas precisam de incentivo

para mostrarem seu potencial. Cada portador de deficiência tem suas particularidades

e isolar esse tipo de pessoas só dificulta ainda mais, para que ocorra a quebra de

paradigmas. Para promover a igualdade, é preciso suprir, com oportunidades, as

limitações desses sujeitos. Ao ressaltar as diferenças, estamos criando uma geração

mais preconceituosa, e o intuito é sempre progredir e não regredir. A acessibilidade e

a inclusão são formas de garantia dos direitos de PcD’s dentro de toda a estrutura

social.

4.2 O CONCEITO DE ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO

Tratar de acessibilidade é diretamente falar de inclusão social de pessoas com

deficiência. É preciso que a sociedade inteira esteja envolvida nesta discussão. A ideia

de que só os PcD’s devem falar sobre o assunto, propor políticas públicas ou

reivindicar posições da iniciativa privada é segmentar o debate, que não alcançará o

objetivo de integrar todos esses sujeitos.

A sociedade deve voltar seu olhar cotidiano para todas as pessoas,

respeitando suas limitações. É possível observar que a exclusão de portadores de

deficiência tem diminuído nos últimos anos, mas, ainda assim, há muito que trabalhar,

para oferecer a essas pessoas oportunidade de uma vida praticamente sem

diferenças por suas limitações. A acessibilidade é um direito de todo PcD. Werneck

(2000) ajuda nesta conscientização, dizendo que

A sociedade para todos, consciente da diversidade da raça humana, estaria estruturada para atender às necessidades de cada cidadão, das maiorias às minorias, dos privilegiados aos marginalizados. Crianças, jovens e adultos com deficiência seriam naturalmente incorporados à sociedade inclusiva, definida pelo princípio: ”toda a pessoa tem o mesmo valor”. (WERNECK, 2003, p. 21).

Ainda existe uma resistência muito grande da sociedade ao incluir o outro

mesmo com o entendimento de que se tem que respeitar as limitações e que somos

todos iguais com o mesmo valor.

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4.3 A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA

A primeira lei que cita os direitos das pessoas com deficiência foi a

Constituição Brasileira de 1988, onde “Todos são iguais perante a lei”. Entretanto, por

se tratar de algo muito abrangente, a legislação não contribuiu para a inclusão dos

PcD’s na sociedade. Atendimentos escolar e médico, por exemplo, eram

extremamente burocráticos, assim como o acesso à cultura e lazer.

Na saúde, portadores de deficiência são excluídos e não tem prioridade dentro do SUS; faltam serviços públicos especializados na área de reabilitação e de estimulação; não há preocupação do governo em fazer uma investigação médica e científica (nem educacional) adequada. Na educação, falta compreensão por parte do sistema de ensino de que a integração independe das diferenças entre a idade mental e a cronológica; além disso, quase toda a população de síndrome de Down está em instituições segregativas; as escolas públicas em nível de pré-escola são insuficientes; muitos profissionais (de diversas áreas) estão despreparados. Faltam oportunidades de integração em todas as áreas para pessoas com deficiência mental, que continuam sem treinamento para o mercado de trabalho. Os pais estão sem assistência, sem estímulo e sem orientação. (WERNECK apud MENDONÇA, 2000, p. 122).

As dificuldades sociais para PcD’s, bem como a inclusão, não eram pauta nem

para os governos nem para a mídia, o que dificultou ainda mais o acesso às

informações sobre os direitos das pessoas com deficiência. Percebe-se que novas

legislações foram surgindo, a partir do que acontecia com este público, o que

contribuiu para o crescimento do debate em torno das suas necessidades.

Por um lado, a Constituição de 1988 defende a integração. Por outro, o Código Civil, de 1916, enquadra pessoas com deficiência mental na condição de “loucos de todo gênero”. E sugere que esses jovens sejam interditados legalmente, por seus pais, no final da adolescência. O objetivo da interdição judicial é protegê-los. (WERNECK, 2003, p. 160).

A criação de leis auxiliou no processo de inclusão, integração e respeito aos

direitos dos PcD’s. Lista-se, abaixo, as principais:

• Lei 7.853/89: Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência,

garantindo o tratamento adequado em estabelecimentos de saúde públicos e

privados específicos para a sua patologia.

• Lei 8.742/93: Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), mais conhecido como

BPC- benefício de prestação continuada, que paga as pessoas com mais de

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65 anos de idade e com algum tipo de deficiência o valor equivalente a um

salário mínimo.

• Lei 8.899/94: Concede passe livre às pessoas portadoras de deficiência no

sistema de transporte coletivo interestadual.

• Lei 10.048/00: Dá prioridade de atendimento às pessoas com deficiência.

• Lei 10.098/00: Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção

da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade

reduzida.

• Decreto 5296/04: Estabelece normas gerais e critérios básicos para a

promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com

mobilidade reduzida.

• Lei 12.764/12: Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa

com Transtorno do Espectro Autista.

Uma lei muito importante é a Lei Federal 7853 de outubro de 1989, criada logo

após a promulgação da Constituição Federal. Esta lei criou a Coordenadoria Nacional

para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), que ficou responsável

pelo desenvolvimento de políticas voltadas às pessoas com deficiência. Além disso, a

legislação, continha em seu texto, a responsabilidade do poder público para com estas

minorias. Atualmente a CORDE é a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da

Pessoa com Deficiência, criada através da Lei 11958 de 26 de junho de 2009 e do

Decreto Nº 6.980, de 13 de outubro de 2009.

Com todas as dificuldades enfrentadas por PcD’s, e seus familiares, foram

criadas leis e decretos complementares como o Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA), Código Penal e a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), que preveem em

sua legislação itens direcionados à pessoa com deficiência.

Mesmo com a criação dessas leis, é preciso ter um olhar crítico sobre elas, já

que algumas acabam sendo gerais demais. É o acontece com a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação, de 1996, que tem o termo especializado em seu texto quando

cita pessoas com deficiência. Na interpretação de muitos educadores responsáveis

pelos grupos escolares, este termo sugere segregação, pois a aluno vai precisar de

tratamento diferenciado (Werneck, 2003).

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Após muitas reuniões, e debates entre pessoas que atuam na área ou que

tem interesse nesse assunto, foi criado, então, em 2003 o projeto de lei do Senado

n°6, o Estatuto da Pessoa com Deficiência.

A iniciativa do nobre Senador Paulo Paim em apresentar projeto de Lei do Senado n° 6, de 2003, com a finalidade de instituir o Estatuto da Pessoa com Deficiência, vem ao encontro a um antigo anseio da sociedade brasileira, qual seja o de possuir um aparato legal que assegure direitos, promova e proteja as pessoas com deficiência em nosso País. (BRASIL, 2007, p. 7).

O estatuto foi importante para ajudar na organização social e no atendimento

das pessoas com deficiência, bem como garantir o acesso aos espaços públicos com

mais clareza, além de contribuir para o conhecimento de informações sobre o assunto.

De qualquer forma, é interessante ressaltar que o texto do estatuto, por vezes, refere-

se a uma deficiência somente, como se visibilizasse as outras.

Para Kassar (1999), estas discrepâncias geravam uma espécie de

silenciamento, fazendo com que a sociedade em geral não respeitasse diversos

direitos. E, além disso, pessoas com deficiência múltipla tinham seus direitos

atendidos pela metade, pois se a lei abrangia uma parte, a outra não estava prevista.

O estatuto foi quem citou, pela primeira vez, o autismo como deficiência, mas

por não ser um documento detalhado se tornou obsoleto. Foi então que em 2012 a

concretização da Lei nº 12764, que especifica direitos às pessoas autistas,

enquadrando-as também com o termo deficiência. Desta maneira a preocupação do

poder público com a qualidade de vida da sociedade geral aumenta e com isso

disponibiliza tratamentos adequados para cada tipo de situação.

Entre outras conquistas dos PcD’s, a publicação, em janeiro de 2016, da Lei

Brasileira da Pessoa com Deficiência foi uma das mais importante. O texto tem o dever

de esclarecer os equívocos causados na sociedade em geral nas relações com PcD’s.

Um ponto bem importante eram as cobranças de valores diferenciados em escolas

particulares para atender essas crianças.

Outro documento de extrema importância são as notas técnicas emitidas em

âmbito estadual sobre as nomenclaturas corretas e a acessibilidade em eventos. A

Nota Técnica 03/2014 emitida em março de 2014 pela Secretaria da Justiça e dos

Direitos Humanos do Estado do Rio Grande do Sul, conta com um resumo de

informações de extrema importância no planejamento de eventos, contemplando

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pontos sobre as terminologias corretas, a acessibilidade necessária no entorno e no

local do evento e sobre os materiais necessários para que se tenha a acessibilidade

legitimada.

Por fim, começa-se a discussão sobre o ponto mais importante deste

trabalho: o papel do profissional de relações públicas pode ser essencial na criação,

no planejamento e desenvolvimento de um evento que contemple todas as pessoas,

sem restrições a suas limitações físicas, mentais ou comunicacionais.

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5 PESQUISA DE CAMPO

5.1 PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE RELAÇÕES PÚBLICAS

Para fazer a coleta de informações, buscou-se uma aproximação

investigativa, mesmo que em conversas informais, com profissionais de RP para que

fosse possível observar como o trabalho com o público PcD é realizado e em que

pontos pode ser melhorado.

Durante um dos Encontros Caóticos da Comunicação e o Turismo5, a

pesquisadora questionou um profissional de Relações Públicas, que trabalha com

dança e teatro, sobre o ponto de vista dele, a respeito de como a inclusão de pessoa

com deficiência acontecem em eventos desses tipos. Ele contou a vivência que teve,

ao desenvolver uma roda de dança no Parque da Redenção, em Porto Alegre/RS,

onde um morador de rua sentiu-se acolhido pelos participantes da roda e foi incluído

na dança. Para o profissional, inclusão é, neste sentido, a aceitação das diferenças

do outro, a sensibilidade que os participantes da roda tiveram com o morador de rua

podia acontecer com um portador de deficiência.

Para Vinicius Andrades, estudante de relações públicas que trabalha com

eventos, perceber este público é dar-se conta de que é necessário ter cuidado para

acolhê-lo de forma adequada, e que para ele ainda há muito para ser melhorado. O

estudante relata a falta de intérpretes nos eventos, como um ponto importante para

adequação, pois, com isso, o PcD não se sentiria somente mais acolhido, como

conseguiria compreender melhor as informações que estão sendo transmitidas.

5.2 PERCEPÇÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Ao tentar entender as dificuldades de cada PcD, partiu-se da ideia de

pesquisar sobre diversas deficiências e encontrar pessoas que estivessem dispostas

a contar sobre seu cotidiano, suas dificuldades e como costumam lidar com situações

de falta de acessibilidade.

5 Roda de conversa desenvolvida pelo AMORCOMTUR! – Grupo de Estudos em Comunicação, Turismo, Amorosidade e Autopoiese (CNPq-UCS).

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O interessante, neste momento da pesquisa, foi que o número de pessoas

disposta a conversar sobre suas experiências foi maior do que se esperava, além dos

depoimentos virem de cidades diferentes. Com isso, é possível perceber que ainda

ha muito trabalho para fazer, que os PcD’s acreditam que contar sobre suas vivências

pode contribuir para que o atendimento deste público melhore e que não importa qual

o contexto em que se encontra, as dificuldades estão em todos os lugares.

Matheus Costa tem 21 anos, é morador de Atibaia, São Paulo, e portador de

mielomeningocele6. O cadeirante relata que sente preconceito ainda, mas que o

cenário já mudou bastante. A acessibilidade que teve na escola como rampas de

acessibilidade para utilizar banheiros e pátios, mesa de estudo específica, mesmo que

para os colegas isso ainda parecesse um incômodo. Para ele, a relação entre o PcD

e a sociedade é capaz de melhorar a partir da acessibilidade. A socialização por meio

de eventos pode contribuir para a criação de laços entre o PcD e o mundo exterior

(visto que muitos ainda só se relacionam com outros portadores de deficiência), mas

que, para isso, a organização deste momento deve estar preocupada com a

integração total do sujeito, e é neste ponto que a acessibilidade é muito importante.

Franciele Oliveira, 21 anos, mora em Santana da Boa Vista, Rio Grande do

Sul, é cadeirante há cinco anos, devido ao acidente de carro que sofreu. Para ela, a

maior dificuldade foi adaptar-se a nova vida, já que, até o momento do acidente,

Franciele era independente. Com a reabilitação, a condição de cadeirante deixou de

ser vista por ela como um impedimento, e que, na verdade, ela era impedida de

realizar o que queria pela falta de acessibilidade aos locais públicos da cidade.

Franciele relata também que os momentos de lazer com os amigos são

experiências raras para um cadeirante, visto que os locais não estão adaptados para

receber sujeitos com condições diferentes.

“Muitas vezes a limitação não está na gente e sim na sociedade, é um direito nosso ir e vi. É muito bom chegar em um lugar e se sentir bem, entrar com

6 “O mielomeningocele é o tipo mais grave de espinha bífida, no qual os ossos da coluna vertebral do bebê não se desenvolvem adequadamente durante a gestação, causando o aparecimento de uma bolsa nas costas do bebê que contém a medula, nervos e líquido cefalorraquidiano. Geralmente, o surgimento da bolsa do mielomeningocele é mais frequente no fundo das costas, mas pode surgir em qualquer local da espinha, fazendo com que a criança perca a sensibilidade e função dos membros abaixo do local do problema”. Disponível em: <https://www.tuasaude.com/mielomeningocele/>. Acesso em 5 de maio de 2018.

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facilidade, não precisar da ajuda das pessoas para me locomover, isso faz com que eu me sinta independente como antes” (informação verbal)7.

É necessário refletir sobre como é possível ajudar o outro, criar alternativas

para as dificuldades cotidianas e proporcionar o acolhimento total dessas pessoas.

Giovani França Pereira é deficiente visual desde que nasceu, é graduando do

Curso de Análise de Sistemas, pela Universidade de Caxias do Sul, e participa de

eventos sociais, onde diz sentir falta de audiodescrição.

“Pensando na questão da independência no local, poderia usar-se um piso tátil para que o deficiente se locomova melhor, assim como a audiodescrição também contribui para que se compreenda o que está acontecendo naquele ambiente” (informação verbal)8.

Já para o administrador André Werkhausen Boone, de 25 anos, também

deficiente visual (desde os nove anos) a técnica da autodescrição transforma imagens

em palavras e isso é muito importante para a participação em eventos, além da

importância de um guia que possa acompanhar o deficiente dentro do lugar.

5.3 PERCEPÇÃO DOS PAIS DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Para entender o posicionamento dos pais de PcD com relação à inclusão em

eventos, realizou-se a coleta de dois depoimentos, com pessoas que contam que

sempre viram seus filhos como pessoas iguais a si, levando-os para conhecer os

lugares que gostariam, e explicando que a sociedade, talvez, não os recebesse de

forma tão acolhedora assim.

Diva Generosi, mãe de Matheus, portador de Síndrome de Down, conta que

nos eventos familiares há sempre uma recepção muito bonita com o jovem, e que não

deixam de participar desses momentos por conta da condição diferente do filho.

A família de Leonardo Mossoi, portador de Síndrome de Down, relata que,

com relação a eventos, não sentem dificuldade. A questão, para eles, é o preconceito

que Leonardo ainda sofre, mas que devido à divulgação de informações sobre o

assunto o tratamento destinado a ele já melhorou.

7 Fala fornecida por Francine Oliveira, durante entrevista realizada para esta pesquisa, em 2018. 8 Fala fornecida por Giovane França Pereira, durante entrevista realizada para esta pesquisa, em 2018.

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É importante comentar que as famílias, nestes dois depoimentos, são abertas

socialmente, interagem com o mundo e incentivam os filhos a fazerem o mesmo. Mas

ainda é fácil encontrar realidades de isolamento do PcD, que acontece, por vezes,

justamente pelo medo que os familiares têm de que o sujeito sofra preconceito ou

tenha dificuldade em realizar o que quer e ser autônomo por falta de acessibilidade.

5.4 PERCEPÇÃO DOS INSTRUTORES OPERACIONAIS DE PESSOAS COM

DEFICIÊNCIA

Para entender a visão de quem trabalha com PcD’s, e que, de alguma forma,

os acompanha em seu cotidiano, inclusive em eventos empresariais ou festejos

familiares, conversou-se com a instrutora operacional Maristela Amarante de Moraes,

profissional há oito anos.

“As pessoas com alguma deficiência quase, ou nunca, são convidadas para eventos, como aniversários, por conta de que precisam de um acompanhante ou de uma adaptação no espaço para recebe-los. Já no mercado de trabalho melhorou um pouco durante estes anos, mas ainda temos muito no que melhorar muitas empresas ainda só contratam por causa das cotas e não pelo potencial da pessoa, e quando vão contratar querem pessoas com pequenas deficiências. Hoje temos muitos PcD’s formados, mas que não são inseridos no mercado de trabalho por falta de conhecimento do empregador que acha que eles não têm capacidade” (informação verbal)9.

Entende se a falta de interação da sociedade como os PcD’s ao observar que

não se tem convites para confraternizações e muito menos convites para a integração

no mercado de trabalho.

9 Fala fornecida por Maristela Amarante de Moraes, durante entrevista realizada para esta pesquisa, em 2018.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na introdução do presente trabalho falou-se sobre a inclusão de pessoas com

deficiências em eventos como participantes e também como profissionais na

organização do mesmo, e como o RP pode contribuir para que os PcD’s sintam-se

acolhidos nestes ambientes de convívio social.

No capítulo referente aos aspectos metodológicos, apresentou-se os métodos

utilizados para construção da pesquisa, sendo eles: levantamento bibliográfico,

análise documental, seminários teóricos (rodas de conversa AMORCOMTUR!) e

entrevista livre-narrativa.

No capítulo seguinte, destacou-se o papel de relações públicas e suas

principais funções, como, por exemplo, planejamento e organização de eventos,

abordando o tema sobre como isso pode contribuir para a inclusão de PcD’s. Também

construiu-se um breve histórico da profissão.

Já no capítulo sobre as deficiências, buscou-se informações que

caracterizassem as deficiências que aparecem neste trabalho além de contar como

os portadores de tais deficiências podem ter acesso à informações e benefícios, o que

mostra que a visibilidade de PcD’s esta crescendo com a ajuda da comunicação.

Na pesquisa de campo, apresentou-se os entrevistados, onde cada um

relatou seus desafios diários e a visão de cada um sobre a acessibilidade em eventos.

Os relatos envolveram, também, conversas com profissionais da área e familiares de

PcD’s.

Com isso, depois do caminho percorrido pela pesquisadora até o presente

momento, constata-se que é papel do profissional de RP mostrar a necessidade de

respeito às relações humanas, superando os desafios de cada limitação dos sujeitos.

Isso deixa claro que a comunicação precisa deixar de ser uma barreira para o público

PcD, ajudando a promover a discussão sobre inclusão e acessibilidade e preparando

novos profissionais para um melhor atendimento a esse público.

Para elaborar esse trabalho, percebeu-se que, quando o assunto é assunto

inclusão em eventos, a bibliografia é escassa, assim como o atrelamento de inclusão

com qualquer outro aspecto social, como o mercado de trabalho por exemplo. Mesmo

que o tema tenha conquistado visibilidade, é possível, com isso, perceber que há um

despreparo dos profissionais de diversas áreas, ao lidar com este público. Acredita-

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se que um dos motivos seja, justamente, essa lacuna bibliográfica, sem pesquisas

desenvolvidas.

Os portadores de deficiência, muitas vezes, sentem-se deslocados da

realidade em que vivem, visto que ainda são vistos de forma discriminatória, por suas

limitações e impossibilidades. A falta de oportunidade para mostrarem o que sabem e

que, mesmo com limitações, são capazes de realizar tarefas sociais, faz com que o

PcD não se sinta parte do todo.

Notou-se, também que, em muitos casos, a criação e a mentalidade familiar

contam muito para o desenvolvimento das relações sociais do PcD, já que alguns são

criados de forma inclusiva na sociedade e no cotidiano dos pais, que se tornam

preparados para auxiliarem seus filhos, nas barreiras que encontrarão ao longo de

sua trajetória, tanto de acessibilidade ou de inclusão em eventos.

Ter a preocupação com a inclusão social não é tudo, pois isso não quer dizer

que a acessibilidade total estará presente em todos os lugares; porém, acessibilidade

é essencial para a integração do público PcD junto à sociedade, pois, desta forma,

pode desfrutar-se de um evento, de modo pleno sem ser notado de forma diferente.

Quando se fala em evento, destaca-se a grande importância do planejamento

(muito utilizado pelo profissional de RP), de forma prévia, para que seja possível evitar

imprevistos que podem prejudicar o evento. Destaca-se, entretanto, a necessidade de

ter um olhar diferenciado para a realização do trabalho voltado ao público PcD,

compreendendo a necessidade de cada deficiência e tendo a noção de importância

da acessibilidade – seja ela locomotiva ou comunicacional – para atender este público.

Ao pensar em PcD em eventos, depara-se com barreiras para esse acesso,

notando-se o despreparo dos profissionais, até mesmo para cumprir a legislação que

envolve o tema. Isso acontece porque, muitas vezes, o profissional não tem

conhecimento necessário ou não dá a atenção para a participação deste público em

eventos. É importante compreender que a sociedade evolui, quando há diferenças.

Nesse sentido, as barreiras existentes tiram o potencial das pessoas com deficiência,

prejudicando a sociedade como um todo.

Por isso, é de extrema importância que o profissional de RP entenda sua real

importância, ao abraçar a causa da inclusão e contribuir para o desenvolvimento do

conhecimento sobre o assunto junto à sociedade, auxiliando nas mudanças que

precisam ser feitas, tanto de pensamento quanto de atitudes, para que exista a

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aceitação e que a acessibilidade seja real, quebrando paradigmas e misturando os

públicos em todo tipo de evento.

O RP é fundamental para que haja inclusão social e interação com diferentes

públicos. Isso envolve a quebra de paradigmas, não somente no meio de eventos,

mas em todos em que os profissionais da área estão envolvidos. É preciso ter o tema

como compromisso pessoal, para que ocorra crescimento no convívio e respeito a

todas as diferenças que existem. Afinal a diversidade deste público pode deixar claro

que todos podem participar de eventos públicos e privados, de uma forma digna e

prazerosa.

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APÊNDICE A

PROJETO ENTREGUE NA DISCIPLINA MONOGRAFIA I

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

SKARLET IORRANA DE SOUZA BITENCOURT

CONSTRUINDO UM FUTURO NO MUNDO DA INCLUSÃO SOCIAL

CAXIAS DO SUL

2017

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM INCLUSÃO SOCIAL E EVENTOS

SKARLET IORRANA DE SOUZA BITENCOURT

CONSTRUINDO UM FUTURO NO MUNDO DA INCLUSÃO SOCIAL Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Monografia I. Orientador (a): Maria Luiza Cardinale Baptista

CAXIAS DO SUL 2017

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LISTA DE SIGLAS

Nº Número

PCD Pessoas com Deficiência

RP Relações Públicas

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

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LISTA DE FIGURAS

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 07 1.1 PROCESSO DE DESCOBERTA .................................................................... 09 2 TEMA ................................................................................................................. 11 2.1DELIMITAÇÃO DO TEMA ................................................................................. 11 3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA......................................................................... 12 4 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 13 5 QUESTÃO NORTEADORA ............................................................................... 14 6 OBJETIVOS ....................................................................................................... 15 6.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 15 6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 15 7. METODOLOGIA ............................................................................................... 16 8. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 19 9. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 26 10. ROTEIRO DOS CAPÍTULOS .......................................................................... 27 11. CRONOGRAMA ............................................................................................. 28 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 29 APÊNDICES

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1 INTRODUÇÃO

A inclusão social é um paradigma da sociedade desde muito tempo e, nos

dias atuais existem diversos pontos de vista a respeito do assunto, no entanto, é

conhecimento popular que a sociedade tem uma visão peculiar sobre quem sente

necessidades especiais diárias para conclusão de tarefas rotineiras.

Isso é dito através de uma perspectiva de quem realmente vivencia essas

necessidades, que muitas vezes não são observadas pela população, talvez porque

a população em sua grande maioria não tenha as mesmas dificuldades. Como

portadora de deficiência física, pretendo usar de meu conhecimento empírico no

assunto para entregar ao leitor e a comunidade acadêmica esse humilde trabalho.

Após passar por várias situações constrangedoras na sociedade e em

ambientes fechados, a decisão foi fazer algo que ajudasse não somente a uma

pessoa, mas a todos os portadores de alguma deficiência que passam por momentos

constrangedores por conta de sua condição, e não sabem como se defender, ou

buscar por seus direitos, mesmo sabendo que eles existem para facilitar a convivência

perante uma sociedade sem visão inclusiva.

O acesso aos locais públicos, comerciais e particulares, é uma barreira por

conta da forma arquitetônica de cada cidade, e muitas vezes essas limitações não são

percebidas pelas pessoas que não têm sua liberdade de locomoção tolhida. Nesse

sentido, existe a Lei Nº 10.098/2000, a qual estabelece normas e critérios básicos

para promover o acesso das pessoas portadoras de alguma deficiência ou com

mobilidade reduzida.

A aceitação e o respeito pelas diferenças é muito importante, pois, faz com

que exista um integração, o que deve ocorrer sempre quando for promovido algo

pelo serviço público ou mesmo privado tendo os mesmos benefícios e podendo

ocupar o mesmo espaço cada um com suas necessidades especificas.

Todos têm direito de usufruir de tudo o que a sociedade oferece e isso se

reflete também no mercado de trabalho, e para corroborar com essa premissa foi

criada a Lei 8.213/1991, a famosa lei das cotas, que obriga as empresas a criarem

postos de trabalho para Pessoas com Deficiência (PCD's).

Desta forma, o objetivo deste estudo é desenvolver um debate acadêmico das

reais atividades do Relações Públicas (RP) em eventos inclusivos, fazendo análise de

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caso juntamente com uma pesquisa para identificar uma melhor forma para aumentar

a participação de PCD’s em eventos públicos que a sociedade desenvolve sem ter

que passar por constrangimentos para fazer parte do mesmo, usufruindo plenamente

de seu direito constitucional de ir e vir.

Por que não promover eventos inclusivos? Eventos com acessibilidade para

todo o tipo de público, em locais preparados logisticamente e estruturalmente, com

possibilidade para o recebimento dessas pessoas?

Se paramos para pensar, é possível constatar o que para alguns passa

despercebido e para outros faz grande diferença, como por exemplo: eventos ricos

em produção e com falhas em pequenos detalhes como acesso para cadeirantes; ou

lugares onde os corredores são pequenos e sem rampas; ou ainda a falta de corrimão

em escadas para o auxílio a quem tem deficiências motoras. Situações como essas,

na perspectiva de um PCD, é um desrespeito ao ser humano, que sem essa

viabilidade é um ser que não é considerado cidadão, e mesmo que seja considerado,

não é desta forma a mensagem que o mesmo recebe.

Sentir-se cidadão perante uma sociedade é direito de todo PCD, seja em

eventos como público que está ali para prestigiar, como também como promotores do

evento e fazendo parte da grande equipe da festa oferecida, mas para isso é preciso

conscientização dessas diferenças, respeitando a capacidade de cada um, pois todos

os seres humanos têm suas habilidades e se houver amor pelo que se faz, suas

dificuldades ficam pequenas demais perto dos seus sonhos, possibilitando conquistar

seu espaço com respeito e dedicação.

O intuito é mostrar para a sociedade que ser diferente não impede uma

pessoa especial de frequentar o mesmo ambiente de todos ou até mesmo de ser um

ótimo profissional na área da comunicação e eventos. O necessário para que se tenha

um bom desenvolvimento profissional do PCD é conscientização e oportunidade para

que cada uma dessas pessoas possa mostrar suas capacidades e ter sua vaga

profissional merecida por ter conquistado respeito pela sua profissão, não apenas

para ocupar as cotas oferecidas pelo governo perante uma quantidade de

profissionais de uma instituição.

Ser diferente no ramo da comunicação é um diferencial, uma vez que ser

diferente pode ser a alma do negócio, basta criar oportunidades para o sucesso. As

pessoas portadoras de deficiência física estão cada vez mais atentas sobre seus

direitos e desejos, e se tornam muito mais participativos tanto no trabalho quanto nos

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estudos e lazeres, pois por muito tempo não tinham vontade de estar junto a

sociedade e fazer parte dela como um todo, mas sim ficavam em suas casas ou em

lugares onde se sentiam seguros, vivendo em total reclusão.

Hoje a sociedade em que vivemos exige adaptação e respeito uns aos outros

e com isso a participação de pessoas com deficiência na sociedade só aumenta

fazendo-nos pensar sobre ações que já são feitas, mas que ainda podem ser

melhoradas, como também em ações que poderiam ser criadas para evoluir ainda

mais essas questões em todos os setores necessários.

O profissional de Relações Públicas, como organizador do evento deve

receber todo e qualquer tipo de público igualitariamente para que todos tenham o

melhor atendimento, com o acesso à informação e o mais importante, saber a

importância da comunicação para esse público alvo para que nenhum portador de

deficiência seja ela física, intelectual, auditiva, ou visual fique sem o acesso a essas

informações e que possa participar de palestras, cursos, debates entre outros.

A inclusão não pode ser vista como um diferencial perante aos organizadores

de eventos, mas sim como um público que está ali para prestigiar o evento como

qualquer outro porém quer condições que deveriam ser padrões para que isso

aconteça da melhor forma possível sem que se sinta constrangido.

É dever de um RP mostrar para a sociedade o grande aumento da

participação de cidadãos em eventos seja qual for sua limitação e com isso influenciar

e convocar para que todos participem ainda mais dos mesmos de uma forma

proveitosa e prazerosa não esquecendo da responsabilidade social com um

profissional e da sua influência na opinião pública.

1.1 PROCESSO DE DESCOBERTA

Quando se entra na universidade, o sentimento de pânico pode aparecer, por

medo do novo e desconhecido, mas com o passar do tempo o nervosismo inicial vai

embora e se começa a imaginar então o grande dia. O dia em que se recebe o diploma

depois de muito esforço, mas, para que esse grande dia aconteça, é preciso construir

o que para muitos se torna um evento traumático, o Trabalho de Conclusão de Curso

(TCC).

Pela relevância desse projeto acadêmico, é importante pensar em algo e

desde o princípio eu sabia que o assunto abordado em meu projeto seria sobre

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inclusão social, envolvendo especificamente a inclusão e preparação em eventos,

visando o RP como um desencadeador de processos em eventos para PCD’s,

facilitando e integrando eles ao acesso a qualquer tipo de evento como também a

oportunidades de trabalho em áreas como essa, pois é imprescindível à sociedade

se apropriar da importância que tem para eles, os PCD’s, esse contato com a

coletividade; se sentir cidadão, mas também se divertindo, podendo ir aonde querem

e com todo o cuidado e visão de um corpo social mais amoroso e humano.

A necessidade hoje de um preparo para a inclusão dos PCD’s (em todos os

sentidos) na cidade é muito grande. Mesmo sabendo que existem leis como a Lei

8.213/91 e direitos como os que encontramos na declaração universal dos direitos

humanos, sabe-se da grande distância que há entre o que está no papel e a realidade.

Me chamo Skarlet Iorrana de Souza Bitencourt, sou portadora de deficiência

e posso afirmar (enquanto representante dessa categoria, por ora) que nós PCD’s

somos pessoas normais e que minha visão é visceral contra a visão simplista da

população e das cidades, por quem somos vistos como algo novo, que a sociedade

ainda deve se adaptar e muitas vezes essa adaptação é julgada como algo impossível

de ser feito, porém, é de extrema importância para nós, PCD’s.

Cada dia em nossas vidas é movido por obstáculos, como por exemplo, a

dificuldade de acesso aos lugares e o despreparo logístico e estrutural de casas

noturnas e outros estabelecimentos comerciais. E foi a partir deste caso de portadores

não terem acesso igualitário em eventos que surgiu a oportunidade de debater sobre

este tema.

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2 TEMA

Eventos inclusivos e o RP.

2.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA

O trabalho do RP na inclusão de pessoas com deficiências em eventos, como

participantes e integrantes da organização com analises de caso.

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3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Para darmos início aos estudos que serão realizados ao longo desta

monografia precisamos entender os temas que nela serão abordados. No caso, o

objeto de estudo é inclusão social e o papel de RP em eventos inclusivos, então a

pergunta: o que é inclusão social e como o profissional RP pode promovê-lá?

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4 JUSTIFICATIVA

A justificativa da pesquisa se dá pela necessidade de propor soluções para

que portadores de deficiências possam ter acessos a eventos e espaços públicos ou

privados de uma forma igualitária. Sabe-se que os PCD’s estão na luta por direitos

iguais e o profissional de relações públicas tem o dever de proporcionar um excelente

atendimento a todos os públicos.

Nesse sentido, o profissional de RP pode se tornar o causador das mudanças

necessárias para que se tenha uma inclusão mais realista e que se dê início através

de suas próprias atitudes.

Sabe- se que os pais e responsáveis deste público muitas vezes os criam e

os educam como se fossem intocáveis, criados em uma bolha de proteção, que a

qualquer momento pode estourar perante as exigências da vida adulta ou das regras

da sociedade, no entanto, isso pode ser mudado, criados novos paradigmas,

mostrando que todos os ambientes nos quais somos inseridos enquanto comunidade,

estão abertos para conhecimentos e novos aprendizados, independente da condição

física de cada um.

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5 QUESTÃO NORTEADORA

Como a atuação do profissional de Relações Públicas pode contribuir

para a mudança da atual realidade da acessibilidade de pessoas com deficiência

em eventos e qualquer espaço público, sendo na condição de público

apreciador ou como profissional em seu local de trabalho?

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6 OBJETIVOS

6.1 OBJETIVO GERAL

Discutir o potencial do RP em eventos, visando a ampliação da inclusão de pessoas

com deficiência.

6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar o trabalho de RP em eventos com atividades inclusivas.

• Revelar o potencial dos PCD’s e a importância da inclusão social no ambiente

e no trabalho.

• Compreender as necessidades das pessoas com deficiências e facilitar sua

acessibilidade.

• Apresentar uma análise de caso.

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7 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento do projeto de Monografia I foi aplicado o método de

estudo bibliográfico e descritivo focados em livros, sites, vídeos e outras referências,

sendo assim uma pesquisa objetiva descritiva indutiva que tem como foco desenvolver

um novo método de atendimento a todos os públicos visando a atual forma de atuação

dos profissionais da área citados em eventos que hoje ocorrem e que podem melhorar

através da atuação e visão desses profissionais.

Para fazer essa abordagem é possível utilizar fatos e histórias contadas por

pessoas que de alguma forma já se sentiram constrangidas em lugares públicos ou

até mesmo em eventos privados.

Esta pesquisa aborda o tema escolhido, qual seja, o papel do profissional de

Relações Públicas com PCD´s em eventos, por ser um tópico que muitos têm preterido

por medo de fazer um estudo mais aprofundado; é pouco comentado porém de uma

relevância enorme para a área, tem de ser falado e cada vez mais valorizado, e pela

identificação de falhas no processo podemos perceber que são necessárias pequenas

ações; que para quem necessita de uma acessibilidade melhor para sua

movimentação faz uma grande diferença.

As palavras chaves são inclusão, eventos e Relações Públicas fazendo a

ligação da inclusão e eventos juntamente com a visão do profissional de RP.

Um profissional de RP deve entender o ser humano e estar atento ao meio

ambiente juntamente com as exigências sociais, para isso existe um suporte

comunicacional.

Segundo Vieira (2002, p. 17):

Devem se servir das ciências sociais para estudar os diversos aspectos da vida grupal, das ciências humanas para entender o homem vive, produz e fala, ou seja, compreendendo-o enquanto ser que representa na vida no trabalho e na linguagem.

Pode- se dizer que este estudo é descritivo porque são fatos que são

analisados e estudados sem que haja interferências do pesquisador, mas com ajuda

de fatos relatados por portadores de deficiências podemos ter o estudo exploratório

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mostrando o outro lado da história, de um lado o que a teoria e as leis nos pregam e

de outro, o que os indivíduos PCD’s vivem em seu dia a dia.

A democracia se realiza na operacionalização das leis que promovem a

qualidade de vida dos PCD’s, e para essa parcela da população é importante contar

com um grupo de cidadãos específicos que são eleitos ou indicados pelos demais

para os representar, seria ideal que entre esses eleitos existissem alguns PCD’s ou

ao menos um representante que passe por dificuldades e com uma visão mais madura

de quais são elas e o que poderia ser melhorado para que se possa de alguma forma

contribuir para uma cidadania plena.

Assim como afirma Kunsch (2008) o foco de atenção dos representantes não

é mais a defesa dos interesses coletivos e sim interesses próprios ou corporativos.

Sobre Relações Públicas, o presente estudo abordará a explicação das atuais

atividades do profissional de RP juntamente com as reais necessidades de PCD´S e

da sociedade para ter acesso a eventos e as organizações públicas e privadas.

O maior foco será em eventos inclusivos nas formas que são exercidas as

atividades hoje pelos profissionais de RP e o que ainda pode ser feito para melhorias

neste meio de acessibilidade e de melhor atendimento ao cliente quando se trata de

inclusão.

Será explorado também as formas arquitetônicas existentes hoje visando

melhorias para ter mais fácil acesso a pessoa que necessita de cuidados. Como é

feito hoje pela sociedade e pelos portadores de deficiências que encontram barreiras

diárias.

Na cidade de Caxias do Sul pode-se dizer que existem coisas boas mas pode

ser melhor, para que todos possam ir aonde tiverem vontade sem necessitar de um

acompanhante para ir até o espaço desejado, como por exemplo no centro

universitário ter rampas, corrimãos, elevadores em bom estado de uso, ou lugares

inclinados terem onde a pessoa possa se apoiar ou até mesmo uma pessoa deficiente

visual possa se guiar por onde está indo.

Estas melhorias teriam de ser em todos os blocos quando levantamos essas

questões, seja na universidade, seja em empresas, muitos levantam questões de

custos, esquecendo de pensar no bem estar do ser humano, esquecendo que esse

pode ser o custo da conformação que gerará benefícios futuros, pois pessoas

satisfeitas produzem mais, e mais acolhimento ocasiona mais procura pelo centro

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universitário, que estará preparado para qualquer público e muito mais lucros nas

organizações.

Para a realização deste trabalho podemos destacar vários autores como

Romeu Sassaki, Claudia Werneck que falam da inclusão como uma grande influência

na sociedade, Guilherme Alf, Kunsch, Marlene Marchiori que colocam seus pontos de

vista sobre RP perante a sociedade e os cidadão e Roberto Fonseca Vieira mostra o

homem como o grande transformador da sociedade todos eles contribuíram não

apenas com um livro, mas com várias formas de conhecimento como palestras e

vídeos.

Pode- se dizer que todos esses autores se interligam de alguma forma para

passar a importância dos mesmos para uma sociedade melhor e mais inclusiva

podendo compartilhar conhecimento e se tornando uma troca de valores da sociedade

para com as pessoas com deficiência.

Quanto aos PCD’s contribuírem para com a sociedade, pode-se dizer que “ser

recíproco” funciona também nesse cenario, onde fazer o bem faz bem para todos; nos

torna cidadãos.

Assim como diz Marchiori (2010, p.87):

A reciprocidade leva ao desenvolvimento de concepções que ajudam as pessoas a saber como possibilitar que todos os pontos de vista tenham uma oportunidade para influenciar decisões coletivas; e se abrir a mudanças devidas as novas ideias e relações com o mundo e os outros; a resistir a tentativas de controle e a encorajar a oposição, a independência e a diferença.

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8 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para entendermos o que é inclusão temos de compreender a diferença que

existe em integração e inclusão, apesar de ambas serem semelhantes são usadas

para inserções diferentes, tendo posicionamentos teórico-metodológico opostos.

Ambas dizem que aceita o PCD e que pode participar da sociedade de um

modo geral, mas a integração teve um foco maior em 1960 e sendo vista como um

ponto muito positivo, pois anteriormente a isso era uma total exclusão.

A integração escolar pode ser entendida como o “especial na educação”, ou seja, a justaposição do ensino especial ao regular, ocasionando um inchaço desta modalidade, pelo deslocamento de profissionais, recursos, métodos e técnicas da educação especial às escolas regulares (MANTOAN,2003 p.16).

Ou seja, integração é incluir um ser humano em grupos que por algum motivo

já foi excluído, e que eles têm de se adequar ao que a sociedade impõe a ele naquele

momento. Segundo Sassaki em entrevista “integração é encaixar pessoas com

deficiência somente nos espaços que a sociedade aceitar, e com barreiras pessoas

que fossem capazes de enfrentar as barreiras existentes”. (Diversidade, inclusão e

integração, 2017).

Desta forma os PCD’s tinham de se adaptar ao que a sociedade oferecia,

ocupar o espaço da melhor forma sem mudar absolutamente nada, o que ainda hoje

vemos em várias cidades e locais públicos, que muitas vezes se dizem inclusivos mas

não percebem as falhas que ainda existe na arquitetura, e até mesmo na cultura do

ser humano, conseguimos ver isso presente na nossas cidades, pois não é em todos

os lugares que temos corrimões para que todos tenham o mesmo acesso às rampas

nas esquinas das ruas para os cadeirantes poderem subir uma calçada ou até mesmo

para pessoas atravessarem as ruas com mais facilidade.

A inclusão social é não isolar ninguém, é permitir o acesso a todos da mesma

forma com as mudanças da sociedade e de seu aspecto arquitetônico para que todos

se sintam iguais perante a sociedade tento uma sociedade inclusiva e com perspectiva

de uma vida melhor para todos:

Conforme Mantoan (2003, p.16):

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O radicalismo da inclusão vem do fato de exigir uma mudança de paradigma educacional, à qual já nos referimos anteriormente. Na perspectiva inclusiva, suprime-se a subdivisão dos sistemas escolares em modalidades de ensino especial e de ensino regular. As escolas atendem às diferenças sem discriminar, sem trabalhar à parte com alguns alunos, sem estabelecer regras específicas para se planejar, para aprender, para avaliar (currículos, atividades, avaliação da aprendizagem para alunos com deficiência e com necessidades educacionais especiais).

De outra maneira é uma luta diária para que seja feita essas mudanças

perante a sociedade e que por muitas vezes são ditas como impossíveis devido ao

custo delas para ser executada, mas que para nós faria uma grande diferença de vida.

Para Sassaki em uma entrevista intitulada “inclusão é mudar a sociedade as

áreas para que as pessoas com deficiência ou não, possam participar, a sociedade

tem de se adequar em todas as areas para os PCDS” (Diversidade, inclusão e

integração, 2017). Isto é, a sociedade tem de estar preparada para receber qualquer

pessoa com deficiências ou não, quebrando diariamente os paradigmas que vamos

encontrar em diversos movimentos para realmente se ter uma mudança.

Precisamos também entender qual é o verdadeiro papel do RP e o que esse

profissional pode fazer. Para Simões (2001) as Relações Públicas representam no

corpo organizacional um processo de interação. Analisá-la e interpretá-la à luz de um

fenômeno de abordagem cientifica é, talvez, nosso maior desafio.

Muitos acham que RP não possui muitos espaços para atuar e que os

profissionais de comunicação não podem se complementar pois cada um tem sua

função e os demais profissionais tem um papel mais valioso e não conseguimos

perceber importância dessa união de áreas para um grande sucesso, temos de

aprender a favorecer o que cada um tem de melhor para um único objetivo - um melhor

atendimento ao cliente com uma comunicação clara e objetiva, como preconiza Alf

(2017) “imagina se a gente junta nossa capacidade de criar estratégias com a entrega

dos publicitários e as palavras dos jornalistas”.

Ou seja, se soubéssemos o verdadeiro papel profissional de cada um,

saberíamos o quanto pode ser bom trabalhar juntos unindo as habilidades para um

bem maior.

A pergunta crucial é: O que é RP?

É uma profissão que existe há mais de 100 anos.

A atuação de um RP é atender todos os públicos da melhor forma

atendendo a necessidade de cada cliente ali presente não olhando as diferenças

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sociais existentes. Em uma sociedade temos seres humanos de diferentes raças,

cores, e de diferentes limitações que devem ser atendidas e respeitadas por todos.

O profissional de RP tem várias funções em seu dia a dia, costuma-se dizer

que o profissional desta área é o mais completo da comunicação, pois atua em

várias áreas da comunicação, como assessoria de imprensa, comunicação interna

de empresas ou planejamento e organização de eventos que é o assunto mais

importante que será abordado neste trabalho. A profissão é regulamentada desde

1967 mas entrando em vigor em 1987 através do código de ética criado por outros

profissionais tendo algumas alterações em 2003.

Como Relações Públicas é possível atuar em várias áreas da comunicação

por ser uma profissão que abrange e se interliga com outras como por exemplo a

área de marketing e a área do jornalismo. O profissional de RP busca conhecimento

e novas funções, é muito difícil ver um profissional hoje com apenas uma profissão

ou função, pois, quanto mais tarefas são passadas ao mesmo este vai

enriquecendo seu currículo criando mais oportunidades de crescimento ao

profissional.

Sua função é de estrema importância, precisa ter o olhar focado na pessoa,

no cidadão, ser agente transformador da área de comunicação. A Relação Pública

não é vista como uma ciência, mas se torna uma ciência.

Conforme Vieira (2002, p. 16):

As Relações Públicas não se constituem numa ciência enquanto explicação sistemática do mundo. Mas desde que estão afetos a sua atividade a compreensão, a previsão e o controle dos fenômenos da sociedade, elas se enquadram entre as ciências Sociais.

O papel do RP é transformar as relações, neste caso, da sociedade, para

que todos sejam tratados de forma igualitária respeitando suas diferenças.

A tarefa do RP mais complicada é com relação a sociedade, pois o

profissional tem de achar maneiras para agregar e agradar diferentes públicos de

uma forma acolhedora para que todos se sintam bem ao participar do evento sem

receber diferentes tratamentos sabendo que todos tem seus anseios e expectativas

de atendimento.

Ter consciência da ideia da estrutura social e utilizá-la com sensibilidade é ser capaz de identificar as ligações entre uma grande variedade de ambientes de pequena escala, distinguindo as perturbações pessoais originadas no

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meio mais próximo das questões públicas da estrutura social. (VIEIRA, 2002, p. 17).

O profissional de RP tem de saber usar suas ferramentas a seu favor e para

isso temos o plano estratégico para o RP poder prever os possíveis equívocos que

podem ocorrer para evitar constrangimentos tanto da parte do cliente quanto da parte

do público-alvo e assim cuidando também da sua imagem profissional e da seriedade

do seu trabalho.

Vistos muitas vezes como um profissional de marketing, mas esse profissional

vende algo e o RP não vende nada em suas ações, ele não pretende fornecer

produtos a um público especifico e sim mudar uma imagem de algo ou pessoa quando

necessário, mostrando ou criando seu lado positivo e dando emoção ao que um dia

foi apagado.

O que fazer para isso mudar? Como mostrar que podemos ser respeitados

como qualquer outro profissional que já é reconhecido no mercado de trabalho?

Conforme Alf (2015, p.10) é preciso assumir-se como RP e se apropriar dessa imagem

no mercado de trabalho.

Quando quem já está no mercado começa a colocar no seu cartão Relações

Públicas as coisas começam a mudar. Quando os profissionais pararem de se

esconder atrás de outros nomes bonitos e pomposos e colocarem RP em sua

assinatura (ALF,2015, p.10).

É importante também sabermos o que é um evento, não são apenas festas

sofisticadas e com autoridades; é tudo aquilo que sai da sua rotina e que envolve um

grupo de pessoas, seja qualquer atividade desde reuniões, palestra, rodeios,

piqueniques, etc.

A relevância do projeto esta na questão da inclusão através da “ética da

igualdade”, aquela que “admite modelos de gente, por valorizar única e

exclusivamente o que as pessoas têm de semelhança” (WERNECK, 2003, p. 29).

A comunicação tem o poder de quebrar as barreiras da inclusão social. A partir

do momento que se toma como regra a acessibilidade para todo e qualquer público,

torna-se também o papel do profissional de RP mais claro para toda a sociedade.

Vieira (2002, p.20) nos ilustra “Buscam um método de motivação para a

mudança de mentalidade, no sentido de humanizar relações de trabalho, minimizar

mudanças sociais, transformando a própria sociedade”.

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Os PCD’s têm leis que os protegem como cidadãos, tanto as leis

específicas, quais sejam, a Lei 5296/2004 e a Lei 10.098/2000, bem como, própria

Constituição Federal. A Lei 10.098 no seu artigo 1º preconiza:

Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais e critérios básicos para a

promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação.

Nos seus vinte e sete (27) artigos, a Lei 10.098 se mostra completa no

sentido de especificar as várias faces que devem ser contempladas no franco

ataque ao preconceito contra os PCD’s. Pode ser considerada um avanço nesse

campo, já que o governo se posiciona e se declara responsável, inclusive

financeiramente, pelo desenvolvimento e integração dessa parcela da população,

e promete através de apoio de programas e aporte financeiro viabilizar essa

campanha.

O profissional de RP tem noção de sua responsabilidade e o tamanho do

trabalho que tem em suas mãos ao realizar um evento e a importância que se tem

ao utilizar as ferramentas disponíveis sendo utilizadas em eventos públicos ou

privados como cita Andrade, que as funções básicas de Relações Públicas são

Assessoramento, Pesquisa, Planejamento, Execução (Comunicação) e Avaliação,

que se desdobram em inúmeras outras funções, dependendo o enfoque e a

organização interna do cliente, privado ou público. ( ANDRANDE, 203, p.41).

Marchiori (2010, p.151) diz: “Trata-se da atenção do observador voltada

para a realidade socialmente interpretada e construída pelas pessoas.” Todos

sabem que cada um tem um modo de olhar a realidade do ambiente em que está

inserido e que cada um teria uma forma de solucionar o conflito ali presente no

ambiente organizacional cabe ao profissional de RP identificar esses conflitos e

junto a esses observadores trazer soluções para que ocorra um evento perfeito e

de qualidade.

A comunicação organizacional é fundamental para o crescimento de uma

organização pois é através dela que a mesma deixa claro qual suas metas, e seus

objetivos para o alcance delas, deixando seu público a par de tudo que acontece

na organização de uma forma positiva com relevância em suas mudanças.

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O RP pode influenciar a mentalidade da sociedade e seduzir o público

quando necessário de forma leve e inteligente sem que as pessoas percebam que

o seu foco é prender e encantar com o que é oferecido a eles, assim como fazer

com que o público de PCD’s não seja o foco de atenção em um evento. que se sinta

parte de um todo perante a sociedade e possa se sentir livre para ter um melhor

aproveitamento do evento como qualquer outro prestigiador ali presente.

“A desordem, gerada pela impotência dos sistemas que se colocaram como a panacéia para os problemas dos povos, é o centro da observação das teorias políticas que muito contribuem para as Relações Públicas, em agregados restritos nos quais surtem ações sociais.” (VIEIRA, 2002, P. 43).

O papel do RP sempre será exercido de forma coerente baseando-se na

forma do saber e do poder utilizando o pensamento no crescimento pessoal de cada

um, de todo e qualquer individuo independente do ambiente que está inserido.

Quando o assunto é eventos para o profissional de Relações Públicas,

atuar é uma área mais variada pois pode ser trabalhado vários tipos de eventos

para diversos públicos que exige um atendimento mais diferenciados que faz com

que o profissional que está gerenciando tenha um conhecimento maior e que faça

o melhor uso de suas habilidades para se possa ter um bom resultado no serviço

prestado.

Segundo Giácomo (1997, p. 54) evento é “acontecimento previamente

planejado, a ocorrer num mesmo tempo e lugar, objetivando o engajamento de

pessoas a uma idéia ou ação.”

As Informações devem chegar ao público por inteiro como um todo de forma

clara e objetiva, jamais de forma incompleta. Os eventos sempre mostram a postura

da organização perante os desafios e conflitos presentes com a preocupação da

inclusão da comunidade, e do bem-estar social juntamente com o marketing deixando

claro como serão as relações dos públicos interessados pelo evento tentando atender

todas as suas expectativas pelo evento.

Os eventos contribuem para fortalecer a primeira imagem, muito importante

para o relacionamento do cliente com a organização, de forma positiva ou negativa,

por isso a grande importância de um profissional de Relações Públicas para que

ocorra tudo de forma correta deixando claro os objetivos da empresa como o evento

proposto.

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O RP tem de criar um elo de confiança com o cliente e a organização

atendendo as necessidades do público alvo com também os interesses da

organização. O condutor do planejamento do evento é o RP tendo toda a

responsabilidade em suas mãos. Esse fato está relacionado com a condição de

estrategista da comunicação que o profissional dessa área deve possuir (Giácomo,

1997, p. 45).

O evento tem o objetivo de criar laços, pois a tecnologia muda

constantemente, mas o desejo de dialogar com os públicos e criar proximidade ainda

continua latente nas pessoas tendo o foco na motivação das pessoas da organização

com os públicos.

Não existe uma organização que não invista em eventos para ter uma

integração com seus colaboradores, para ver como estão recebendo as informações

e de que forma podem melhorar ainda mais a comunicação entre eles, e até mesmo

para ver como os públicos veem a organização com seu olhar de fora, se a informação

e a comunicação está sendo recebida de forma positiva e se o que pode estar negativo

o que pode ser mudado para que não haja uma perda de clientes e contratações de

serviços que trabalhe os relacionamentos.

A Lei 8213, no seu artigo 93 nos ensina que:

Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção: I - até 200 empregados...........................................................................2%; II - de 201 a 500......................................................................................3%; III - de 501 a 1.000..................................................................................4%; IV - de 1.001 em diante. .........................................................................5%.

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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebe-se a grande importância do papel do profissional de RP nos assuntos

relacionados a sociedade visando as necessidades e a responsabilidade do mesmo

com a comunidade em geral.

A inclusão é obrigatória em todo e qualquer evento e suas reais necessidades

devem ser atendidas de uma forma que não constranja o indivíduo que necessita

desses cuidados.

Da mesma forma que somos preparados para a execução do evento temos

de estar preparados também para o recebimento de toda e qualquer população sem

esquecer as particularidades nela existentes. Estar preparado para toda e qualquer

necessidade do mercado mostra e destaca um bom profissional.

Espero que os profissionais se conscientizem da necessidade de interação

com os diferentes públicos, sem fazer alguma diferença e do poder que têm para

mudar a forma como algumas pessoas são vistas e recebidas pela sociedade, que

todos temos direito de ser feliz e aproveitar os prazeres que a vida nos oferece sem

olhares estranhos por sermos portadores de alguma deficiência, somos pessoas com

sentimentos e vontades de crescer e evoluir perante uma sociedade.

Sermos diferentes não nos faz menos que qualquer ser humano, mas sim um

ser humano diferenciado que pode somar e contribuir para uma sociedade muito

melhor e inclusiva.

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10 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS

1. O RELAÇÕES PÚBLICAS

1.1 O profissional de Relações Públicas e suas funções

1.2 Atuação em eventos

2. ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO

2.1 O conceito de inclusão

2.2 Conceito de acessibilidade

2.3 Como é visto a inclusão e acessibilidade hoje

3 EVENTOS E ACESSIBILIDADE

3.1 Constrangimento e exclusão

3.2 Uma reflexão sobre o papel do Relações Públicas e o que pode ser

feito de melhorias.

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11 CRONOGRAMA

Período compreendido no primeiro semestre de 2018 (2018/2):

Etapas da Pesquisa Fevereiro Março Abril Maio Junho

Resumo X

Capítulo 1 X

Capítulo 2 X

Capítulo 3 X

Capítulo 4 X

Considerações Finais X X

Pesquisa Bibliográfica X X X X X

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REFERÊNCIAS

ALF, Guilherme. E-book: Adeus, golfinho feio. Edição 02/15. São Paulo, 2015 Disponível em: <http://todomundorp.rds.land/livro-alf-adeus-golfinho-feio>. Brasil. Acesso em: 25 nov. 2017. ANDRADE, Renato Brenol. Manual de eventos. 2ª. Ed. ampl. – Caxias do Sul: EDUCS, 2002. BRASIL,Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília, DF, Senado, 1988. Lei 5296, 2004. Código de Ética do profissional de Relações Públicas. Disponível em:<http://www.conferp.org.br/?page_id=35>. Acesso em : 30 nov. 2017. BRASIL. Lei 10.098 de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. 20 dez. 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L10098.htm. Acesso em: 23 dez. 2017 DIVERSIDADE INCLUSÃO E INTEGRAÇÃO.Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eWIgi2i1Nlo. Acesso em: 24 de nov. 2017. GIÁCOMO, Cristina. Tudo acaba em festa. Evento, líder de opinião, motivação e público. 2ª Ed. São Paulo: Scritta, 1997. KUNSCH, Margarida M. Krohling. Comunicação Pública, Sociedade e cidadania. Volume 4. São Paulo: Difusora Editora, 2011. KUNSCH, Margarida M. Krohling. Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas. Volume 1 e 2. São Paulo: Difusora Editora, 2008. MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003. 95 p. (Coleção cotidiano escolar). ISBN 851603903X. MARCHIORI, Marlene. Comunicação e Organização: reflexõs, processos e práticas. São Paulo: Difusão Editora, 2010. OLIVEIRA, Aline et al. A inclusão da pessoa deficiente no mercado de trabalho. Faculdade Novos Horizontes, Belo Horizonte, MG – 2008. Disponível em: <http://www.unihorizontes.br/proj_inter2 008/adm/inclusao_da_pessoa_deficien te.pdf> Acesso em: 04 out. 2017. SIMÕES, Roberto Porto. Relações Públicas: função Política. Porto Alegre: Sagra 1987. SIMÕES, Roberto Porto. Relações Públicas e Micropolítica. São Paulo: Summuns, 2001. SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: acessibilidade no lazer, trabalho e educação.

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Revista Nacional de Reabilitação (Reação), São Paulo, Ano XII, mar./abr. 2009, p. 10-16. VIEIRA, Roberto Fonseca. Comunicação Organizacional. Gestão de Relações Públicas. Rio de Janeiro. Mauad, 2004. VIEIRA, Roberto Fonseca. Relações Públicas- Opção pelo Cidadão. Rio de Janeiro: Mauad, 2002. WERNECK, Claudia. Você é gente? O direito de nunca ser questionado sobre o seu valor humano. Rio de Janeiro: WVA, 2003.

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APÊNDICE B – TERMOS DE AUTORIZAÇÃO E CESSÃO DE DIREITOS

AUTORAIS DOS ENTREVISTADOS

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