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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A AUTONOMIA MORAL DA CRIANÇA E A EXIGÊNCIA DAS
COMPETÊNCIAS MÍNIMAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA NA PRIMEIRA
SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL
AUTORA: Lilian Carla Tavares de Faria
ORIENTADOR: Jorge Tadeu Vieira Lourenço, M. Sc.
Rio de Janeiro, RJ,
fevereiro/ 2002
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A AUTONOMIA MORAL DA CRIANÇA E A EXIGÊNCIA DAS
COMPETÊNCIAS MÍNIMAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA NA PRIMEIRA
SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL
LILIAN CARLA TAVARES DE FARIA
Trabalho Monográfico apresentado
Como requisito parcial para obtenção
Do Grau de Especialista em Psicopedagogia.
Rio de Janeiro, RJ,
Fevereiro/2002
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AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus, por , além
de me capacitar à aprender com a realização
deste trabalho, me dá o privilégio de
compartilhar com outros através do ensino,
às minhas filhas e esposo pelo tempo
cedido, aos meus amigos com quem sempre
contei e não poderia deixar de agradecer
aos meus pais, que lutaram tanto para que
eu estivesse aqui.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos alunos
da Escola Estadual Governador
Roberto Silveira.
“Amo vocês”.
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EPÍGRAFE
Desde meus primeiros anos de atividade no magistério, a quase
impossibilidade de acesso dos professores à vasta literatura educacional e/ou
aos cursos de capacitação ou formação continuada tem sido um dos problemas
mais sérios com que me defrontei. A alternativa de possibilitar tal acesso aos
professores dentro de um esquema em que mesmo se não houvesse a busca
em particular, que fosse oferenda através das redes de ensino não objetivando
a reprodução dos sistemas e sim, a orientação própria para, entre outros
termos, se trabalhar a elaboração dos objetivos visando o homem e o mundo e
não apenas o aluno e o professor ou na sala de aula.
Assim, este trabalho não pretende apresentar uma nova teoria, mas
simplesmente permitir, ou melhor, viabilizar uma leitura que oriente para uma
reflexão sobre o que diz o tema.
Lilian Carla
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RESUMO
“A educação é um ato de amor e, portanto,
um ato de coragem. Não pode temer o
debate, a análise da realidade; não pode fugir
à discussão criadora, sob pena de ser uma
farsa:.
( Freire, apud Barreto e Xavier, 2000)
Este trabalho procura ressaltar , com estes cinco capítulos, uma
pequena parte dos problemas que a Educação tem sofrido que é O
desenvolvimento da autonomia moral da criança e o que dela é exigido no
“primeiro” ano escolar do Ensino Fundamental.
Esse problema citado acima é difícil de ser solucionado, pois ainda não
há uma compreensão total de como é desenvolver a autonomia e quais os
danos causados. pelo desenvolvimento da heteronomia. ao futuro adulto e,
porque não, a sociedade.
O sistema estatal , com os Parâmetros Curriculares Nacionais tenta
inovar para que a Educação tenha um resultado mais positivo, porém a sua
preocupação ainda não esta voltada para a autonomia da criança
O desenvolvimento das competências também é algo que deve ser
levado em consideração para que a Educação mude, e logo também, a
sociedade.
Quem sofre mais é o professor da primeira série do Ensino
Fundamental, tendo que “ensinar” matemática, que tentando atender a
expectativa da sociedade , cobra do aluno uma construção numérica em um
ano.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
1- O sistema estatal e uma cultura escolar para o povo 11
2- A Educação e o impacto Econômico e a competência 14
3- A autonomia como finalidade da educação 16
4- Os Parâmetros Curriculares Nacionais
Propõem o desenvolvimento de competências 19
5- A construção do número e a inclusão hierárquica 22
CONCLUSÃO 24
BIBLIOGRAFIA 26
ANEXO A 28
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INTRODUÇÃO
“Pertencemos a uma comunidade única chamada espécie
humana, cujo futuro é Indivisível. Em todos os estágios
da vida - ecologia, economia, saúde - esta comunidade
de destino é uma realidade. Devemos traduzi-la
agora em uma realidade cultural, assumi-la deliberadamente
no que eu chamaria uma política da vida.”
( Mitterrand Apud Barreto e Xavier ,2000)
No Brasil há uma grande polêmica sobre a definição do analfabetismo .
Considera-se alfabetizado quem sabe escrever um pequeno bilhete simples.
O Ministério da Educação fez testes de Matemática em escolas públicas
para ver se os alunos estavam aprendendo o mínimo exigido para cada série e
os pesquisadores constataram que o estudante do Ensino Fundamental
terminava o ano escolar aprendendo menos da metade do que deveria.
O tema “A autonomia moral da criança e a exigência das competências
mínimas no ensino da Matemática na primeira série do Ensino Fundamental ”
foi selecionado a partir da nossa preocupação ao ler sobre o sentido da
aprendizagem na área da Matemática e suas tecnologias, nos Parâmetros
Curriculares Nacionais de Ensino Médio e também ao ler no livro Educação
(Educacion, primeiro seminário Temático RJ- Cuba, na página 19, parágrafo
segundo, terceiro e quarto onde se lê o registro da fala da Professora Darcília
Leite ( Secr. de Estado de Educação – RJ) :
“O atual Governo do Estado do Rio de Janeiro compreende de
forma clara a importância da Educação no projeto de desenvolvimento
econômico e social, estando comprometido com a universalização do
Ensino Fundamental, a progressiva expansão dos ensinos médio e
profissionalizante e a erradicação do analfabetismo(...) Busca-se um
projeto educacional que passe pela escola de tempo integral de 6 horas
às 20 horas(...) De uma escola que reproduz velhas idéias e não atende
as necessidades do tempo em que vivemos, reconstruir uma escola que
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privilegia valores éticos,(...) o saber viver, o saber aprender, o saber
comunicar”. Ao analisar o dia a dia nas escolas onde lecionam,
visitam, onde estudam os filhos, observa-se que muito falta ainda para
tornarem-se cidadãos.
Hoje, os educadores, de um modo geral, definem seus objetivos
assinalando que os alunos devem aprender os conceitos, exigindo deles
apenas competências mínimas necessárias para que possam “’passar” para a
série seguinte Considerando o tema selecionado, delimitamos o assunto a
primeira série do Ensino Fundamental visto ser o “começo” da maioria das
crianças na Escola, levando em conta a maioria de baixa renda.
O que se pergunta é se esta “preocupação” dos professores é capaz de
gerar conhecimentos para uma tecnologia, respondendo assim, as questões
contemporâneas que visa a orientação voltada para a geração de um “homem
novo”, que seja competente, atendendo as exigências do mundo atual.
Levantam-se algumas hipóteses dentro deste trabalho.
1- A aprendizagem como aquisição externa, mesclada com o meio ambiente
ainda é um fenômeno incompreensível para os professores, que não agem
também como pesquisadores, pois tal processo é mediatizado por estruturas
reguladores no princípio hereditário;
2- A aprendizagem para alguns professores é vista como mecanismo que se
subordina a influência do meio.
3- A maioria dos professores desta série, gostaria de ver a autonomia moral
em seus alunos porém, não sabem distinguir entre autonomia e heteronomia,
por terem ainda idéias ultrapassadas.
Dentre as hipóteses citadas, julga-se ser preciso ver autonomia como
finalidade da educação, criando-se um retorno às buscas pelo “novo homem”,
com vistas ao retorno de antigos valores e relações humanas e ambas
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apontam para uma necessidade crucial do professor mudar sua postura
buscando uma nova abordagem de competências profissionais.
Utilizando o Método Dedutivo, busca-se o resultado do raciocínio de
Educadores que demonstraram competência no tema em questão, sua
aplicabilidade e conseqüências lógicas para podermos concluir a nossa
dedução.
“Temos que correr, para salvar o amanhã.”
( Lilian Carla 2002)
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CAPÍTULO 1
O SISTEMA ESTATAL E UMA CULTURA PARA O POVO
“Creio que o principal objetivo da
Educação deve ser encorajar os jovens a
duvidarem de tudo aquilo que se considera
estabelecido. O importante é a independência
do espírito.”
(Russel, apud Barreto e Xavier 2000)
Faz-se necessário, para iniciar este capítulo, registrar o conceito de
sistema, como conjunto de elementos, entre os quais haja uma relação;
Escolares, relativo a escolar, como estabelecimento onde se ministra ensino
coletivo; Estatais, como algo que pertence ao Estado; Povo, como conjunto de
pessoas pertencentes as classes menos favorecidas e Culturais, como modo
de culturas, complexo de padrão de comportamento, crenças, manifestações
artísticas, intelectuais, etc, transmitido coletivamente; para melhor falarmos das
ações do Estado que ensina também a aprender a ler e a escrever, desde que
surgiu a escola estadual e o conjunto dos elementos acima, citados,
relacionados entre si, ministrados coletivamente, através da escola,
pertencente ao estado, transmite coletivamente um comportamento do homem,
de forma estabelecida para os menos favorecidos.
A união de fatores como: a tecnologia industrial, que implica
conhecimentos que necessitam do recurso da escrita, e os demais fatores que
podemos selecionar entre industrialização e alfabetização; fator religião que
desde o surgimento da escola pública contribuiu poderosamente para estender
a instrução elementar; a mobilidade geográfica e social que reforça a procura
pela instrução, percebe-se então que tais fatores tornaram a cultura oral
inferiorizada diante da ascendência da cultura escrita.
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O Estado organiza, canaliza e controla a difusão da cultura escrita,
procurando responder a exigência social geral, acrescentando projetos de
integração social e política junto às classes menos favorecidas.
A escola de nível fundamental tem aí suas características fundamentais:
propiciar a cultura escrita elementar e favorecer a escaladas dos Estados,
revelando-se uma instituição destinada aos filhos do povo que em sua maioria,
não apresentar-se-ão ao mercado de trabalho atual.
O fenômeno da mobilidade social traz o retorno da dualidade das
instituições fundamentais e a homogeneização realizada pelo Estado reduziu-
se com a existência de uma rede de escolas particulares.
Alfabetização é vista para atender as necessidades do indivíduo no
sentido de o homem se adaptar ao eixo do trabalho.
“As empresas descobriram que a criatividade é um fator que ajuda
bastante nos negócios e , por isso, começam a estimular essa característica
em seus funcionários. Criam ambientes favoráveis para a exposição de novas
formas de pensar, organizam bancos de idéias e premiam os profissionais mais
criativos do mês. Mas dizem especialistas em Recursos Humanos, não é
preciso esperar pelas iniciativas da empresa: o profissional pode – e deve –
desenvolver sozinho seu potencial criativo.
Os criativos trazem, além de idéias, atributos que o mercado de trabalho
valoriza bastante. Em geral, dizem os consultores, são mais motivados, se
relacionam melhor com os colegas e conseguem lidar com os problemas e
situações imprevistas.
Essas pessoas não trabalham no piloto automático, estão sempre
inovando. E isso é ótimo porque aumenta sua empregabilidade. A formação
será sempre levada em conta, mas a empresa também quer alguém que pense
e não apenas execute”.
( Carlos Teixeira. apud Fabiana 2002)
Segundo o autor da citação acima, o mercado hoje procura especialistas
que tenham sua criatividade verificada já nos processos de seleção e uma vez
verificada sua atividade o mercado espera que o mesmo, entre várias idéias,
saiba viabilizar as melhores para atender a uma determinada exigência. Porém
existe uma antagonia na sociedade que, através da escola preocupa-se o
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Estado, com a formação da cidadania mas, ao mesmo tempo contradiz-se
quando o homem é jogado no mercado de trabalho dentro de uma competição.
O homem mais parece, ainda hoje, um “gorila amestrado”, sem qualificação
A idéia de cidadania é marcante, antiga e ampla, porém se
considerarmos que é cada vez maior o número de pessoas que não
conseguem ter atendidas as suas necessidades básicas, inclusive de acesso
e da permanência na escola, e esta que ainda não resolveu os problemas da
evasão e da repetência, e se considerarmos também, a revolução tecnológica
e a globalização é que vemos alunos e professores estudando e lecionando
porém, muitos correndo um risco altíssimo de perder e outras já perdendo o
“trem da história’.
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CAPÍTULO 2
A EDUCAÇÃO E O IMPACTO ECONÔMICO E A COMPETÊNCIA
“A dúvida permite extrair um
núcleo de certeza, que cresce à
medida que ela se radicaliza: É
indubitável que, se duvido, penso.”
( Descartes, apud Barreto e Xavier, 2000)
A educação não é apenas uma questão de cidadania. O nível de
instrução do trabalhador tem relacão direta com a produtividade e portanto,
com a riqueza material do país.
A falta de instrução dificulta a vida das pessoas. A tendência é que as
empresas deixem de empregar um trabalhador que não pensa. Não querem
mais alguém apertando botões, numa produção em série. Com o avanço
tecnológico exige-se um profissional que raciocine, tome decisões e avalie a
qualidade do momento.
“... capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação,
apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles.”
(Perrenoud, 1999)
A citação merece atenção especial, considerando o que diz o segundo
parágrafo deste capítulo. O trabalhador hoje precisa saber pensar, aprender a
aprender para melhor intervir e inovar, condensando o desafio educativo mais
profundo, base da competência necessária para se formar o sujeito histórico,
inovador e capaz.
Só existe competência quando a mobilização dos conhecimento supera
a busca reflexiva, de cada sujeito, e aciona automaticamente esquemas
construídos.
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Os esquemas são adquiridos pela prática, e apoiam-se em
conhecimentos.
Ao nascer, o indivíduo dispõe de poucos esquemas hereditários e, a
partir destes esquemas, constróem outros continuamente, que são chamados
de hábitos.
Um esquema se fecha nele mesmo e sustenta uma ação. Já uma
competência envolve vários esquemas, passando por raciocínios, explícitos,
decisões conscientes, inferência e hesitações, ensaios e erros. Tal ação pode
se tornar automática e construir-se.
Um esquema complexo pode ser montagens de esquemas mais
simples. Então se pode afirmar que a evolução de um indivíduo constrói - se
em função das situações que ele enfrenta e com maior freqüência.
Verifica-se uma competência quando se observa a possibilidade de
relacionar, pertinentemente, os conhecimentos prévios.
Situações diárias, muitas vezes, precisam ser transformadas em
problemas, ou seja, devem ser “matematizada” para serem resolvidas.
Porém, chega um momento em que os conhecimentos acumulados não
são mais suficientes, pois a demanda social dirigida para adaptação ao
mercado e as mudanças exige uma autonomia que ele não tem e que é
necessária para que o indivíduo não fique indefeso nas relações sociais.
Então se reconhece aqui a necessidade de importantes transformações
nos programas didáticos, na avaliação, no funcionamento da classe, no
trabalho do aluno e principalmente no trabalho do professor, para que, dentro
dos patamares da depressão social, dos abusos politiqueiros e da má
administração , o fracasso escolar não seja tributado ao professor. Porém a
sociedade precisa de profissionais da educação competentes , que visem a
importância da educação e do conhecimento para o desenvolvimento do ser
humano.
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CAPÍTULO 3
A AUTONOMIA COMO FINALIDADE DA EDUCAÇÃO
“Mudanças...
O tempo pôs a mão na tua cabeça e
ensinou três coisas. Primeiro: você pode crer
em mudanças quando duvida de tudo, quando
procura a luz dentro das pilhas, o caroço nas
pedras, a causa das coisas, seu sangue bruto.
Segundo: você não pode mudas o mundo
conforme o coração. Tua pressa não apressa
a História. Melhor que teu heroísmo, tua
disciplina na multidão. Terceiro: é preciso
trabalhar todo dia, todo madrugada para
mudar um pedaço de horta, uma paisagem,
um homem. Mas mudam, essa é a
verdade.”
(Pellegrini Jr.,apud Barreto e Xavier, 2000)
A educação precisa hoje mais do que dinheiro, precisa de uma
reconceitualização fundamental de seus objetivos, vista como um retorno a
antigos valores e relações humanas.
Infelizmente as crianças não são encorajadas na escola a pensar de
maneira autônoma.
Alguns professores usam sanções no âmbito intelectual para conseguir
que as crianças dêem respostas “certas” .
Na aritmética, da primeira série do Ensino Fundamental, se uma criança
escreve que cinco mais dois é igual a seis, o professor assinala como erro,
concedendo a criança uma certeza de que a verdade advém somente da
cabeça do professor.
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Seria mais aconselhável perguntá-la como conseguiu chegar a tal
resultado pois, ao explicar seu raciocínio e defender seu ponto de vista, com o
outro, daria conta de seu próprio erro.
Proporcione condições ideais, e a criança tornar-se-á mais autônoma e
menos heterônoma, a medida que ela aprenda a se autogovernar.
Os professores precisam saber o que permite que alguma criança se
torne adulto moralmente autônomo.
Piaget diz que normalmente os adultos reforçam a heteronomia natural
das crianças ao usarem recompensas ou castigos, ou simplesmente quando,
como por exemplo na questão já citada anteriormente da aritmética,
consideram um erro sem considerar qual caminho o criança usou para tomar
aquela decisão.
Em condições ideais, a medida que cresce, a criança deveria se tornar
progressivamente mais autônoma e tornar-se menos heterônoma, ou seja, à
medida em que a criança torna-se apta a governar-se, ela é menos governada
por outras pessoas, podemos ajudar se “intercambiássemos” pontos de vistas
com as crianças. Isso seria de grande valia para a criança, para a família,
enfim para a sociedade de um modo geral.
Porém, a realidade é bem diferente, se a criança é fortalecida em
relação a heteronomia é claro tem-se homens heterônomos, que não tomam
as próprias decisões, ou melhor, tomam decisões sem sabedoria, tomam
decisões de acordo com o que os outros querem e não com a sua prórpia
consciência. A maioria dos adultos não são autônomos, são heterônomos,
são liderados pela aparência, pela mídia, ou por qualquer outro indivíduo que
seja autônomo.
A essência da autonomia é que a criança torne-se apta a tomar decisões
por si mesma, compreenda a conseqüência de sua decisão, porém, é
importante observar que não é a mesma coisa que a liberdade completa.
Autonomia portanto, significa levar em consideração os fatores
relevantes para decidir agir da melhor forma para todos.
Porquanto, pode-se afirmar que competência não se transmite,
reproduz, imita ou copia. Constrói-se. Logo, a sociedade necessita
sobremaneira, como já dissemos anteriormente, de profissionais competentes
da educação em termos formais e políticos , inclusive para atender a
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competitividade econômica, salvando assim o sistema e mostrando que são
suficientes para inovar iniciando a mudança por uma nova e verdadeira
conceituação de objetivos.
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CAPÍTULO 4
OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PROPÕEM O
DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS
“A primeira idéia que uma criança precisa Ter
é a da diferença entre o bem e o mal. E a
principal função do educador é cuidar para
que ela não confunda o bem com a
passividade e o mal com a atividade.”
( Montessori, apud Barreto e Xavier, 2000)
“...os objetivos se definem em termos de capacidade de ordem cognitiva,
física, afetiva, de relação interpessoal e inserção social, ética e estética, tendo
em vista uma formação ampla..”.
( Brasil, 1998)
A implantação dos parâmetros foi um momento até histórico, pois
começou-se a dimensionar a concepção de um projeto pedagógico,
envolvendo alunos, e a cidadania passou a ser a coluna vertebral da escola.
Ele incentiva uma nova elaboração das propostas curriculares, porém,
fica a cargo da escola a execução de seu projeto educacional, assim como o
aluno torna-se o sujeito de sua própria formação. Em um complexo processo
interativo com o professor, e este se vê como sujeito do conhecimento.
Os conteúdos curriculares devem atuar como meio para a
aquisição das capacidades, a aprendizagem deve ser significativa e
contextualizada, porém o objetivo do conhecimento é complexo e provisório.
“Os Parâmetros Curriculares Nacionais foram elaborados procurando, de
um lado, respeitar diversidade regionais, culturais, políticas existentes no país
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e, de outro lado, considerar a necessidade de construir referências nacionais
comuns ao processo educativo em todas as regiões brasileiras. Com isso,
pretende-se criar condições, nas escolas, que permitam aos nossos jovens ter
acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos
como necessários da cidadania”.
( Paulo Renato Souza, 1998 )
Ao vislumbrar os Parâmetros Curriculares Nacionais e analisar a lida
diária das unidades escolares, sem muita dificuldade percebe-se que a
perspectiva é muito grande por parte dos alunos, que parece aguardar uma
saída para a atual situação de alto índice de repetência, evasão escolar e
dependência, como já relatamos. Mas, o tempo escolar é limitado e o
professor planejador, não se vê. O que se vê é uma perspectiva didática do
“condutivismo”.
“O reforço de cada unidade constituiria o objetivo imediato de toda a
prática didática.”
( Sacristán,1998)
Cada elemento apresentado, ou melhor, cada conteúdo dado, aprende-
se por fixação e reforço obtendo-se assim a conduta desejada, fragmentando
com isso, a elaboração de esquemas que formam a autonomia. Ficando a
cargo do professor a eficácia da técnica na realização dos objetivos mínimos
para que o aluno ao final, obtenha as competências mínimas.
No campo da aritmética, um aluno na primeira série do ensino
fundamental encontra no seu dia a dia situações que apontam para a facilidade
de elaboração de esquemas que vão mostrando o aumento na linha do gráfico,
que mostra o crescimento da autonomia.
Observa-se hoje, para muitos professores, aprendizagem é um
processo cego e mecânico e se vê uma crença muito grande no reforço. A
educação, em uma tecnologia avançada prepara as contingências e regula a
administração de reforço, constituindo-se o reforço como objetivo imediato de
toda prática didática, sendo a didática responsável pela técnica na realização
de objetivos parciais , logo, competências parciais.
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“A coerência, que ele defende como primeira virtude do educador
revolucionária, parece ser sua virtude principal.”
( Godotti, 1988)
O que fala Godotti é que a prática deve estar a serviço do discurso e da
opção política pedagógica.
A coerência não é uma atitude cientifica, é uma concepção teórica do
ato educativo, é uma teoria da classe dominante.
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CAPÍTULO 5
A CONSTRUÇÃO DO NÚMERO E A INCLUSÃO HIERÁRQUICA
“O mais belo sentimento é o sentido do
mistério. É a origem de toda ciência
verdadeira. Quem jamais conheceu esta
emoção, quem não possui o Dom de
admiração é como se estivesse morto: seus
olhos estão cerrados. “
( Einstein, apud Barreto e Xavier 2000)
Segundo Piaget, o número é uma síntese de dois tipos de relações que
a criança elabora entre objetos, por abstração reflexiva. Uma é ordem e a
outra é a inclusão hierárquica.
“...não é necessário que a criança coloque os objetos literalmente numa
ordem espacial para arranjá-los numa relação organizada. O importante é que
possa ordená-los mentalmente...”
( Kamil, 1988)
A obtenção da estrutura hierárquica da inclusão de classe pela
mobilidade crescente do pensamento da criança resulta na estrutura lógico
matemática de número sendo contraria ao pressuposto comum de que os
conceitos numéricos podem ser ensinados pela transmissão convencional da
didática.
Esta afirmação nos leva a crer que assim como conhecimento físico,
conhecimento social é um conhecimento de conteúdo e requer uma estrutura
lógico matemática para reconhecer uma situação, fazendo dicotomia entre
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seus elementos. A mesma estrutura é usada pela criança para construir tanto
o conhecimento físico quanto o social.
Importa aos educadores saber que o número não é congênito e leva
muitos anos para ser construído não sendo possível de ser conhecido apenas
por observação..
“...o conhecimento é construído durante as interações da criança com o
mundo.....
( Seber, 1995)
É importante que o professor de matemática da primeira série do Ensino
Fundamental tenha esta visão citada e considere as características biológicas
como fator importante, as transmissões sociais como outro fator e o
conhecimento que a criança retira de suas experiências com os objetos físicos
e sociais.
Uma pessoa com conhecimento ainda não está apta a relacionar-se com
o mundo e com a sua sociedade de maneira plena, autêntica. Falta a ela a
postura para agir diante da realidade e esta se adquiri junto a família.
A relação existente entre a matemática e a vida pode ser percebida
através das suas funções e possibilidades. Cada modelo de matemática
infalível, distanciada da experimentação, esta sendo questionada todos os
dias, tanto pelo aluno quanto pelo professor.
Da mesma forma que, o aluno faz a inclusão hierárquica sem
necessariamente ordenar os objetos na disposição que o professor ordena,
sabemos que ele esta construindo conhecimento, através da intuição, da
experimentação e da aplicabilidade. O professor, principalmente nas séries
iniciais, não pode entender a matemática como disciplina herméticamente
isolada . Já que suas funções como ferramenta para a vida e o trabalho dá
subsídios para entendimento das outras ciências.
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CONCLUSÃO
“Erros são, no final das contas fundamentos
da verdade. Se um homem não sabe o que
uma coisa é, já é um avanço saber o que ela
não é”
( Jung, apud Barreto e Xavier, 2000)
Esta monografia pretende ser apenas um exercício, concebido do ponto
de vista de uma pesquisa.
Se destina mais especificamente aos professores de matemática da
primeira série do ensino fundamental. Tomando – se a sério a importância
decisiva da matemática viva no dia- a- dia das pessoas e na construção de
competências necessárias a participação produtiva, tornando-se componentes
estratégicos de vida.
Nos sistemas educacionais há uma distância significativa entre o
discurso e a prática. Embora o nosso objetivo e cautela tenha sido, não
apontar culpa pelo fracasso escolar no professor, e sim, por vivermos num
período de transição , verificando que não é mais uma utopia mas, é urgente
que o professor sinta a necessidade de se auto – capacitar.
Contudo, governo e professores permanecem com muita freqüência
paralisados pela crise econômica mas, é incontestável que do jeito que está
não pode continuar.
Considerando que não se faz avaliação sozinho, um professor que
recebe alunos a cada ano não pode esperar, em algumas semanas modificar
radicalmente suas atitudes. do mesmo modo uma sistemática de trabalho
diferente vai afetar o funcionamento que não poderá ocorrer eficazmente por
apenas um ano.
Porém, é indispensável o professor vencer o obstáculo do individualismo
que não foi propriamente “formado” mas, se muito, treinado para ser apenas
cópia, e fazer do aluno cópia e cópia.
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A preocupação tem por objetivo avançar na direção da formação sólida
de competências visando a continuidade do processo educacional fora do
ambiente escolar.
A abordagem por competências já nas séries iniciais é um ofício do
professor ,é um ofício do aluno, dos administradores e de todos que interferem
na escola de forma direta ou indireta, como é o caso das serventes, dos vigias,
dos inspetores, das secretárias, diretoras, apoio em geral.
É preciso reconhecer que a formação do aluno na área da matemática,
dentro da cidadania não é só a ocupação do indivíduo nas tarefas diárias, mas
orientá-lo para ser capaz de ter domínio de suas funções.
Através do ensino da matemática além, do domínio político e social, a
construção de conhecimento é uma referência para o fazer pedagógico do
professor e a finalidade da escola deve ser o centro de discussões apontando
para direção de uma sociedade em que esteja superada o problema da divisão
dos saberes, formando o homem para o um melhor desempenho profissional
tendo assim, uma vida mais digna .
O ensino da matemática deverá ser conduzido como veículo de
ascensão a aquisição de conhecimentos sociais.
Os professores que em outras épocas foram julgados importantes por
regimes políticos, desprezados por burgueses e pago miseravelmente, e que
goza de certo prestígio aos olhos das camadas populares, de onde ele se
origina, não deve se negar a dar a sua contribuição, respondendo a essa
confiança obtida ao longo dos anos, estudando lendo e se auto- capacitando.
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27
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SEBER, Maria da Glória, Construção da inteligência pela criança, série
Pensamentos e ação no magistério, São Paulo, 4 ed., Scipione, 1995.
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ANEXOS A
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