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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O planejamento como um caminho em que o professor possa repensar
sua práxis pedagógica.
Por: DARLENE FRANCISCO DE BRITO CRUZ
Orientador
Profª. EDLA LUCIA TROCOLI XAVIER DA SILVA
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O planejamento como um caminho em que o professor possa repensar
sua práxis pedagógica.
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Docência no
ensino superior
Por: Darlene Francisco de Brito Cruz
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, pois tudo que
tenho e tudo que sou é Teu, ao meu
esposo Welington pelo incentivo e
apoio e aos parentes e amigos.
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DEDICATÓRIA
Dedico ao meu amado esposo,
Welington, que além de abrir mão da
minha companhia aos sábados me
ajudava naquilo que era preciso,
entendendo que tal investimento é para o
nosso crescimento.
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RESUMO
Este trabalho busca apontar a história do planejamento dentro na educação,
desde o seu surgimento e sua evolução.
Apesar de algumas resistências seja da instituição ou de professores temos o
intuito de contribuir na conscientização da importância do planejamento como
caminho que possamos juntos construir uma educação de qualidade, sem
autoritarismo em que o professor não seja o detentor do saber, mas que possa
juntamente com seus pares propor uma educação que forme cidadãos que
tenham condições de participar ativamente na sociedade, buscando
transformá-la e sendo transformado pela mesma.
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METODOLOGIA
Este trabalho basea-se em pesquisa bibliográfica, revistas, artigos
acadêmicos da área, sites. Baseada inicialmente nos seguintes autores: Celso
dos Santos Vasconcellos, Danilo Gandin, José Carlos Libâneo, entre outros.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I TIPOS DE PLANEJAMENTO 11
CAPÍTULO II PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO 18
CAPÍTULO III PLANEJAMENTO COMO PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM 26
CONCLUSÃO 33
BIBLIOGRAFIA 35
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INTRODUÇÃO
A competência do educador vai crescendo na mesma proporção em que vai aprendendo a transformar sua prática pedagógica. A mera repetição, ainda que de práticas interessantes, não faz um bom professor. Nesta perspectiva, o planejamento pode ser um suporte para ajudar o seu crescimento. (VASCONCELLOS, 2007, P.89)
O papel do planejamento em educação é incorporado no campo da
educação brasileira a partir dos anos de 1930, quando o poder público
brasileiro passa a ter uma preocupação explicita com a organização e gestão
dos sistemas escolares, motivado principalmente, pelo início do processo de
industrialização brasileiro.
Um dos significados da palavra planejar segundo o Dicionário
Aurélio é fazer plano. O planejamento é inerente ao ser humano, mas existem
várias modalidades de planejamento. Aquele que ocorre naturalmente no seu
dia-a-dia sem precisar ser elaborado, como por exemplo, levantar, escovar os
dentes, tomar banho, trocar de roupa, tomar café. E outros mais complexos
como planejamento educacional.
O conceito de planejamento foi construído na teoria
administrativa, mas seu papel hoje tem grande reconhecimento no campo da
educação, por ser esta concebida como fator de mudança, renovação e
progresso. Por tais circunstâncias o planejamento é muito utilizado nesta área
como recurso de organização.
O pensamento pedagógico brasileiro começa a ter autonomia
apenas com o desenvolvimento das teorias da Escola Nova, um dos mais
importantes movimentos da educação, pois propunha que o Estado
organizasse um plano geral de educação e defendia a bandeira de uma
escola, única, pública, laica, obrigatória e gratuita. A teoria da Escola Nova
propunha que a educação fosse investigadora da mudança social e, ao mesmo
tempo, se transformasse porque a sociedade estava em mudança. Tal teoria
surge no final do século XIX em contraposição à pedagogia Tradicional, em
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que o professor era o centro da atividade pedagógica, vendo o aluno como
mero receptor de informações.
Segundo Libâneo (2007) a constituição de 1934 absorveu parte do
conteúdo do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, definindo como
principal função do Conselho Nacional de Educação a elaboração do Plano
Nacional de Educação que deveria compreender o ensino de todos os graus,
ramos comuns e especializados para todo território nacional. No entanto este
plano não chegou a ser implementado em virtude da instauração do Estado
Novo. Em 1962, fundamentado, ainda, pela lógica da racionalidade científica, é
elaborado o primeiro Plano Nacional de educação, cujas coordenadas foram
estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1961. Este plano
constituía um conjunto de metas qualitativas e quantitativas a ser alcançadas
em oito anos, além de estabelecer os critérios para aplicação dos recursos
destinados a educação.
Segundo Saviani (1998 apud Libâneo 2007), a partir de 1964,
com os governos militares, passa vigorar a chamada racionalidade técnica da
educação. A concepção tecnicista da educação tornou a idéia de um plano
nacional em instrumento de racionalidade tecnocrática, uma vez que o
Ministério da Educação se subordinava ao do planejamento. Esta
racionalidade vigorou até os anos de 1980, quando foi proposta pelo governo
Sarney a racionalidade democrática no denominado Plano de educação para
todos.
Segundo Vasconcellos (2007) planejar é antecipar mentalmente
uma ação a ser realizada e agir de acordo com o previsto. Planejar não é
apenas algo que se faz antes de agir, mas é também agir em função daquilo
que se pensou.
Planejar é diferente de simplesmente imaginar, pois nesta não há
o compromisso de colocar em prática.
Vasconcellos nos diz que planejamento é o processo, contínuo e
dinâmico, de reflexão de tomada de decisões, colocação em prática e
acompanhamento. Enquanto plano é o produto desta reflexão que pode ser
materializado em forma de registro, de documento. Em alguns momentos
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nessa dissertação a palavra planejamento e plano irão se misturar, pois
acredito que um completa o outro. Os planos passam, o planejamento
permanece, pois “o planejamento, enquanto processo é permanente. O plano
enquanto produto é provisório” (Vasconcellos 2007).
Este estudo pretende discutir a importância do planejamento
quanto ferramenta para reflexão/ construção de um plano de aula, pretende
também conceituar os tipos de planejamento, refletir sobre o planejamento
participativo e repensar o planejamento como processo de
ensino/aprendizagem.
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CAPÍTULO I
TIPOS DE PLANEJAMENTO
As ideias sobre planejamento são discutidas amplamente em
nossos dias. Consiste em processo mental que envolve análise, reflexão e
previsão.
O planejamento na esfera da educação e do ensino se realiza em
vários níveis que variam em abrangência e complexidade.
Planejamento Educacional ou de um Sistema educacional;
Planejamento Escolar ou geral das atividades de uma escola;
Planejamento Curricular ou de currículo;
Planejamento de Ensino ou didático.
O planejamento de ensino ou didático é desdobrável em três tipos
diferenciados por seu grau crescente de especificidade:
Planejamento de Curso;
Planejamento de Unidade Didática ou Unidade de Ensino;
Planejamento de Aula.
Falaremos um pouco de cada planejamento, mas tendo em vista
aquele que mais nos interessa no presente trabalho que é o planejamento de
Ensino.
Planejamento educacional ou de um sistema educacional:
consiste na tomada de decisões sobre a educação no conjunto do
desenvolvimento geral do país. A elaboração desse tipo de planejamento
requer a proposição de objetivos a longo prazo que definam uma política da
educação. É feito a nível sistêmico, isto é, a nível nacional, estadual, municipal.
Consiste no processo de análise reflexão das várias facetas de um sistema
educacional para delimitar suas dificuldades e prever alternativas de solução.
Envolve a definição de prioridades e metas para o aperfeiçoamento do sistema
educacional, o estabelecimento de formas de atuação e cálculos dos custos
necessários à realização das metas. O planejamento de um sistema
educacional reflete a política de educação adotada. Tem como pressupostos
básicos o delineamento da filosofia da educação do país, evidenciando o valor
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da pessoa e da escola na sociedade e a aplicação da análise sistémica e
racional ao processo de desenvolvimento da educação, buscando torna-lo
mais eficiente e passível de responder com maior precisão às necessidades e
objetivos da sociedade.
Segundo Turra:
São exemplos de objetivos do planejamento educacional:
• Relacionar o desenvolvimento do sistema educacional como o
desenvolvimento econômico, social, político e cultural do país, em geral e de
cada comunidade, em particular.
• Estabelecer as condições necessárias para o aperfeiçoamento
dos fatores que influenciam diretamente sobre a eficiência do sistema
educacional (estrutura, administração, financiamento, pessoal, conteúdo,
procedimentos e instrumentos).
São exemplos de requisitos do planejamento educacional:
• Aplicação do método cientifico na investigação da realidade
educativa, cultural, social e econômico do país.
• Coordenação dos serviços de educação e destes com os demais
serviços do estado em todos os níveis da administração pública.
• Avaliação periódica dos planos e adaptação constante deste às
novas necessidades e circunstancias.
Planejamento escolar ou geral das atividades da escola: É o
processo de tomada de decisões quanto aos objetivos a serem atingidos e a
previsão de todas as ações, tanto pedagógica como administrativas que devem
ser executadas por toda equipe escolar, para o bom funcionamento da escola.
Explicita a concepção pedagógica da escola. Expressa orientações gerais que
sintetizam, de um lado, as ligações da escola com o sistema escolar mais
amplo e, de outros, as ligações do projeto pedagógico da escola com os
planos de ensino propriamente ditos. Explicita a concepção pedagógica do
corpo docente, as bases teórico-metodológicas da organização didática, a
contextualização social, econômica, política e cultural da escola, a
caracterização da clientela escolar, os objetivos educacionais gerais, a
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estrutura curricular, diretrizes metodológicas gerais, o sistema de avaliação, a
estrutura organizacional administrativa.
Planejamento Curricular ou de currículo: Considerando que o
currículo é a soma de experiências vividas pelos alunos de uma escola, é fácil
concluir que o planejamento do currículo é o planejamento dessas
experiências. Consiste na previsão de todas as atividades que o educando
realiza sob a orientação da escola para atingir os fins da educação. É a
previsão dos diversos componentes curriculares que serão desenvolvidos ao
longo do curso, com a definição dos objetivos gerais e a previsão dos
conteúdos programáticos de cada componente, a partir das diretrizes fixadas
pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e Conselho Estadual de
Educação (CEE). A previsão global e sistemática de toda ação a ser
desencadeada pela escola, em consonância com os objetivos educacionais,
tendo por foco o aluno.Uma tarefa multidisciplinar que tem por objeto
organização de um sistema de relações e lógicas e psicológicas dentro de um
ou vários campos do conhecimento, de tal modo que se favoreça ao máximo o
processo ensino aprendizagem.
Planejamento de Ensino ou didático: Indica atividade direcional,
metódica e sistemática que será empreendida pelo professor junto a seus
alunos, em busca de propósitos definidos. Previsão das situações específicas
do professor com a classe. É a previsão das ações e procedimentos que o
professor vai realizar junto a seus alunos, e a organização das atividades
discentes e das experiências de aprendizagem, visando atingir os objetivos
educacionais estabelecidos. É a especificação do planejamento curricular.
Consiste em traduzir em termos mais concretos e operacionais o que o
professor fará na sala de aula, para conduzir os alunos a alcançar os objetivos
educacionais propostos. É a previsão inteligente e bem calculada de todas as
etapas do trabalho escolar que envolvem as atividades docentes e discentes,
de modo a tornar o ensino seguro, econômico e eficiente.
Durante o período letivo o professor pode organizar três tipos de
planejamento de ensino:
Planejamento de Curso
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• É a previsão do trabalho docente e discente durante certo período
de tempo, geralmente durante um ano ou semestre letivo.
• É a previsão de um determinado conjunto de conhecimentos,
atitudes e habilidades a ser alcançado por uma turma, num certo período de
tempo.
• Representa o trabalho de previsão de um ano letivo para as
atividades de uma determinada disciplina, incluindo sua interdependência com
os anos anteriores e posteriores e sua coordenação com outras disciplinas
afins ou não, tendo em vista tornar o ensino mais eficiente, mais orgânico e
com sentido de continuidade.
• É a distribuição dos assuntos a serem estudados em
determinados períodos. Organizado pelo professor, possibilita uma distribuição
racional e equilibrada do conteúdo por todo curso.
Planejamento de Unidade
• Consiste na reunião de várias aulas sobre uma porção
significativa da matéria, que deve ser dominada em suas inter-relações.
• É uma especificação maior do plano de curso. Uma Unidade de
Ensino é formada de assuntos inter-relacionados. Em princípio, cada unidade
deve ser planejada ao final da que a antecede, pois esta lhe servirá de base ou
apoio.
• É um instrumento pormenorizado que o plano de curso, e se
desenvolve ao redor de um tema central ou assunto significativo para o aluno.
Planejamento de Aula
• Especifica e operacionaliza os procedimentos diários para a
concretização dos planos de Curso e de Unidade.
• É a sistematização de todas as atividades que serão
desenvolvidas em um dia letivo
• É a sistematização de todas as atividades que se desenvolvem
no período de tempo em que o professor e o aluno interagem, numa dinâmica
de ensino-aprendizagem.
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Alguns professores são ingênuos a ponto de imaginar que basta
planejar para acontecer, quando na verdade a função do planejamento é
prever as dificuldades que podem surgir durante a ação docente para poder
superá-las com economia de tempo, evitar repetições rotineira e mecânica das
aulas, adequar o trabalho didático aos recursos disponíveis e as reais
condições dos alunos, adequar os conteúdos, as atividades e os
procedimentos de avaliação aos objetivos propostos, garantir a distribuição
adequada do trabalho em relação ao tempo disponível.
Em um processo de elaboração do planejamento a análise da
realidade precisa ter importância e o educador enquanto articulador do
processo de ensino-aprendizagem deverá conhecer a realidade com a qual vai
trabalhar para melhor compreende-la e buscar a transformação da mesma.
Para tal elaboração é necessário alguns questionamentos:
• Conhecer o sujeito (quem / para quem);
• Objeto (o que /disciplina) e
• Contexto (onde /quando).
Também é preciso projetar a realidade através de objetivos geral e
específico (para que) e buscar formas de mediação:
• Conteúdo (o que vai ser trabalhado);
• Metodologia (como, onde, quanto tempo) e
• Recursos (com quê).
Vasconcellos acredita que a estrutura básica do planejamento se
dá em cima dessas três dimensões: realidade (onde estamos), finalidade (para
onde queremos ir) e mediação (o que fazer para chegar lá).
O plano de aula poderá ter mais consistência e organicidade se
estiver articulado ao plano de curso e ao projeto-político-pedagógico da
instituição, pois ali é que podem ser travadas lutas que vão dar condições para
o melhor trabalho do professor em sala de aula.
Elementos que podem compor um plano de aula:
Assunto: temática a ser trabalhada em sala de aula;
Necessidade: qual a necessidade do grupo que justifica tal proposta de ensino,
ou seja, porquê;
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Objetivo: o que eu quero com este trabalho, para que vai ser trabalhado;
Conteúdo: explicitação do conteúdo a ser trabalhado (é necessário que os
conteúdos sejam definidos a partir dos objetivos e não ao contrário);
Metodologia: explicitação dos procedimentos de ensino, técnicas, estratégias,
a serem utilizadas no desenvolvimento do assunto; é o caminho concreto a ser
trilhado. Pode indicar tanto as atividades previstas para o professor, quanto as
esperadas dos alunos.
Tempo: estimativa da previsão do tempo a ser empregado com determinado
assunto;
Recursos: indicação de recursos que serão utilizados;
Avaliação: acompanhar o processo de desenvolvimento e de construção do
conhecimento do aluno, através de exercícios, trabalhos, provas, etc.
Tarefa: indicação de atividades que serão propostas para serem feitas fora da
sala de aula, que deve estar relacionada aos objetivos trabalhados ou aos que
serão trabalhados logo na sequência.
Observações: registro do professor sobre o andamento da aula, o que deu
certo, o que não deu, etc.
Gandin critica esses passos (conteúdos, objetivos, estratégias,
recursos, avaliação) a ponto que os conteúdos são pré-estabelecidos pela
“cultura” escolar sem mesmo ser questionados, repetidos ano a ano. Esses
passos criticados por Gandin e apontados por Vasconcellos para auxiliar em
um planejamento de aula faz toda diferença, quando este insere mais um
elemento que é a necessidade, buscando uma justificativa para tal proposta de
ensino.
Outra crítica é de que o plano é uma lista de possibilidades,
dizendo o que poderia ser feito e não de fato o que irá fazer, levando muitas
instituições a limitarem o plano em programa, ou seja, a uma lista de
conteúdos a serem “trabalhados”.
Para Gandin é necessário que o planejamento de sala de aula
resgate o sentido social do trabalho escolar, para ser instrumento metodológico
da realização de ideias que superem o mero domínio cognitivo da informação.
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Só há sentido em falar em plano de aula se os professores tiverem aspirações maiores do que transmitir conteúdos pré-estabelecidos. A questão central do planejamento de sala de aula não pode ser a de saber como se vai passar um conteúdo pré-estabelecido. Ela deve envolver ideias mais amplas e mais profundas. (Gandin, 1995, p. 17).
Mesmo que a escola queira ficar neutramente passando conteúdos
pré-estabelecidos, ela estará participando da luta de construção das pessoas e
da sociedade, só que, neste caso, reforçando a domesticação, sem ajudar o
aluno na busca da sua própria identidade e participação na construção da
identidade de algum grupo, sem domínio de instrumentos para participar
efetivamente na sociedade, sem assumir um compromisso social.
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CAPÍTULO II
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO
Segundo Vasconcellos a tarefa de educar é por demais importante e
complexa para ser feita na improvisação, ao acaso, na base do jeitinho,
Neste sentido, uma pergunta não deixa de vir a mente, quando ouvimos os professores afirmarem que desejam um planejamento simples: acaso a NASA (Agência Espacial Norte-Americana) pode fazer um planejamento simples para o lançamento de um foguete? Nos perguntamos, então, o que seria mais complexo: o lançamento de um foguete ou a formação de um ser humano? (VASCONCELLOS, 2007, p.49).
A elaboração de planos de ensino como vemos hoje, que atua no
aperfeiçoamento da ordem social vigente (Capitalismo) onde seu interesse
principal é produzir indivíduos “competentes” para o mercado de trabalho, sem
se preocupar com as mudanças sociais foi influenciada pela “tendência
tecnicista”. Tal tendência é baseada no Behaviorismo, onde sua teoria de
aprendizagem é baseada no S-R (estímulo-resposta), acreditando que a
aprendizagem se dá por meio da imitação, por isso a ênfase na repetição.
Banindo o espírito crítico e reflexivo dos alunos. Pois na Pedagogia tecnicista o
elemento principal é a organização racional dos meios, ocupando o professor e
aluno posição secundária. A comunicação entre estes é puramente técnica,
tendo o objetivo de garantir a eficácia da transmissão de conteúdos. A
pedagogia tecnicista foi introduzida no Brasil entre os anos de 1960 e 1970,
buscando adequar a educação às exigências da sociedade industrial e
tecnológica. O que explica a situação atual do planejamento do ensino na
maioria das instituições de ensino, que é desenvolvida de forma mecânica.
A reversão deste quadro consiste em melhorar a formação do
educador, possibilitando a ele uma formação continuada em busca de
capacitação. Outra forma para que tal ação ocorra é promover um
planejamento em conjunto em que o professor de fato tenha voz, onde o
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planejamento possa ser construído e não imposto, pois desta forma haverá
uma troca de informações de pessoas com vivências diferentes.
Atualmente é muito comum a descrença no planejamento, pois este
é a ação de refletir sobre aquilo que se deseja colocar em prática. É
necessário levar em conta as experiências que o professor traz consigo,
dando-lhe ouvidos; pois o planejamento precisa ser participativo. É necessário
garantir espaço nos quais os docentes possam se reunir e discutir o próprio
trabalho, problematizando-o e aperfeiçoando.
Falar de planejamento participativo não é uma coisa tão nova, pois
Vianna em 1986 já dizia da fragmentação e o isolamento da ação educativa,
envolvendo apenas alguns aspectos esquecendo-se do todo. Propondo uma
nova alternativa para o trabalho escolar, em que o envolvimento na efetivação
de um processo de participação que integra a família, a escola e a
comunidade, de maneira crítica, consciente e desafiadora. Partindo desse tipo
de ação, a escola deixaria de ser uma realidade estática, para transforma-se
em função dinâmica, englobando a totalidade de seus aspectos, envolvendo
múltiplas situações, formas e meios de ensino-aprendizagem existentes dentro
da comunidade, através de ação organizada de seus membros. Visando o
exercício efetivo da autonomia do cidadão e sua consciente participação no
processo educacional da comunidade em que está inserido.
De acordo com Vianna uma das estratégias de um planejamento
participativo são o diálogo e a contribuição pessoal de todos os envolvidos
para que o consenso da maioria encontre a melhor solução.
Uma grande vantagem do planejamento participativo reside na ação
dialógica que o caracteriza. Da discussão, negociação, trocas, virá à
canalização positiva dos interesses diferenciados.
Em algumas instituições separa-se um tempo no início do período
letivo para se planejar, mas é comum ouvirmos professores reclamarem que
esse plano é feito por mera formalidade, servindo apenas para cumprir as
exigências burocráticas, que só permanecem no papel.
As reuniões pedagógicas sejam elas semanais quinzenais ou
mensais são espaços necessários e privilegiados para reflexão critica e
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coletiva sobre a prática de sala de aula e da instituição, bem como para o
replanejamento. Neste espaço, é possível favorecer também a circulação do
saber, da experiência acumulada pelos membros do grupo, que normalmente
não são socializadas por falta de oportunidade.
Segundo Vasconcellos as reuniões deve corresponder a um desejo,
a uma necessidade do grupo, para não se tornar algo meramente formal. É
necessário que este espaço seja conquistado e posteriormente seja bem
utilizado. Em que o objeto de estudo seja a própria prática. É necessário fazer
do trabalho coletivo um espaço de práxis.
No trabalho coletivo é preciso que haja o registro: o que foi estudado
ou refletido, que decisões foram tomadas, que questões ficaram para ser
retomada, qual a pauta prevista para a próxima reunião, etc., pois quando não
há tal registro parece que está sempre começando do zero novamente.
A instituição que não valoriza este espaço é porque, não optou
ainda efetivamente por um planejamento participativo.
Há uma grande contradição entre os momentos de elaboração e da
execução, pois para alguns planejar é se amarrar, é perder a liberdade. Outra
queixa é que os planos estão longe da realidade concreta da instituição, dos
alunos existentes em sala de aula e das condições que o professor tem para
trabalhar.
O planejamento tem de estar ligado a participação, ou seja, ação-
reflexão-ação da prática docente. O planejar precisa ser concebido como
oportunidade de repensar, como um caminho de formação dos educadores e
educandos.
A lei de diretrizes e bases (LDB 9394/96) nos diz em seu artigo
primeiro que a educação abrange os processos formativos que se
desenvolvem na vida familiar, nas relações humanas, nas instituições de
ensino, nos movimentos sociais e em organizações da sociedade civil. Mas
ainda é comum encontrarmos instituições que ignoram a bagagem que o aluno
traz consigo, adquirida durante sua vida. Oferecendo uma educação sem levar
em conta a comunidade que está inserida.
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A LDB 9394/96 incentiva no seu artigo 13 e 14 a participação do
docente, profissionais da educação e comunidade escolar na elaboração da
proposta pedagógica da instituição, mas ainda existem algumas instituições
com atitudes autoritárias e centralizadoras, não trabalhando de uma forma
participativa, resolvendo problemas sem o diálogo e a participação de todos.
Para Luckesi a própria sala de aula é um lugar de gestão é, principalmente de
aprendizagem da gestão democrática, não só da escola, mas da vida. Exercitar
a gestão democrática na escola é uma forma de ensinar e aprender.
Para Vasconcellos a questão do planejamento é desafiadora, pois
projetar é para o humano, e não poucas vezes estamos reduzidos em nossa
humanidade, estamos desanimados, descrentes, cansados. Também no meio
educacional, entre professores, membros de equipes de coordenação, direção,
mantenedores, pais funcionários, alunos, estão presentes forças de vida e de
morte. Chegamos a nos sentir com ausência de desejo: quem quer a escola?
Quem acredita na escola como caminho de construção de uma sociedade
mais justa? Escola para quê? Simplesmente como meio de subsistência?
O que dá vida a uma escola? Seria o planejamento? Acreditar nisso
seria uma ilusão. São as pessoas, os sujeitos que historicamente assumem a
construção de uma prática transformadora. É necessário que existam as
pessoas que sonham, buscam, pensam, interrogam, desejam. Numa
concepção libertadora, sujeitos, projetos e organização devem se articular a
partir do fundamental, que são as pessoas, construtoras e destinatárias da
libertação.
Quando há uma participação no processo de planejamento, também
há o desejo de que as coisas planejadas realmente tornem-se reais por parte
de quem planejou. Segundo Vasconcellos (2007) é necessário que o planejar
seja do grupo e não para o grupo.
Vasconcellos destaca alguns pontos importantes para defender o
planejamento participativo, quando diz que o sujeito da reflexão é também o
sujeito da decisão, da ação e do usufruto. Que há motivação, pelo fato de estar
entendendo as necessidades do outro e que as possibilidades de
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concretização é maior, pelo motivo de que quem ajudou a construir está mais
predisposto a ajudar.
Além dos sujeitos, é preciso conhecer também o objeto a ser
estudado. Tem sido muito comum ouvirmos de professores afirmações “teoria
nós já temos, queremos a prática” para Vasconcellos isso seria uma descrença
e até mesmo uma certa fobia a teoria, paradoxalmente, visto que a escola
deveria ser um espaço por excelência para cultivá-la. Então Vasconcellos
questiona: temos, com efeito, teoria ou um blábláblá desenfreado, uma colcha
de retalhos de fragmentos de discurso?, pois a teoria se é teoria mesmo,
forçosamente é ligada a prática. Como dizia Paulo Freire nada mais prático
que uma boa teoria. Teorizar é iluminar a ação, é decifrá-la, é aprender o
movimento do real, portanto algo por essência relacionado à prática.
Vázquez (1977), citado por Vasconcellos (2007), declara que
Devemos considerar que o que modifica efetivamente a realidade é a ação e não as ideias, no entanto, a ação sem ideia é cega e ineficaz. O que visamos é a práxis: “... a práxis é, na verdade, atividade teórico-prática; ou seja, tem um lado ideal, teórico, e um lado material, propriamente prático, com a particularidade de que só artificialmente, por um processo de abstração, podemos separar, isolar um do outro.
É necessário que o professor tenha domínio do conteúdo a ser
ministrado e levar em conta o conhecimento prévio do aluno relativo ao objeto
em estudo. Segundo Ausubel de todos os fatores que influenciam na
aprendizagem, o mais decisivo seria justamente aquilo que o aluno já sabe
sobre o objeto de estudo.
Para Vianna o processo educativo não pode restringir-se a pura
transmissão dos conhecimentos, da herança cultural de um povo as novas
gerações, para garantia de sua unidade e progresso técnico-científico-cultural
ou a simples preocupação com a formação da personalidade integral do
educando, inserida em seu contexto social, num processo de interação
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recíproca. Deve ser um processo gradativo, contínuo, centrado no aluno, capaz
de respeitar sua cultura e a da comunidade em que vive.
Segundo Vianna a própria fragmentação do trabalho pedagógico é
um fato eminentemente político, necessário a efetivação dos princípios da
classe dominante. As decisões relativas ao trabalho escolar passam a ser
tomadas não por seus responsáveis direto, o educador, mas por pessoas que
não lhe estão diretamente ligadas, os “especialistas” políticos da educação.
Segundo Libâneo, no Brasil, nas últimas décadas, tanto no âmbito
da gestão dos sistemas de ensino como na própria pesquisa educacional, as
análises externas tem se sobreposto às internas. Ele afirma que em boa parte,
as políticas educacionais estão fracassando porque elas não partem da
realidade escolar, de políticas voltadas diretamente às escolas, das
necessidades dos professores, das condições de aprendizagem dos alunos.
De acordo com Libâneo existem alguns fatores socioculturais que
afetam as politicas educacionais e o funcionamento das instituições de ensino:
• Insuficiente preparação profissional dos professores e
“tecnização” da atividade docente, aligeiramento dos cursos de formação,
fracasso dos cursos de formação de professores das séries iniciais;
• Precarização do exercício profissional de professores de todos
níveis de ensino;
• Resultados precários na aprendizagem dos alunos;
• Reincidente falta de relação orgânica entre a universidade e a
educação básica;
• Desconexão entre a pesquisa acadêmica e as praticas escolares,
junto a uma linguagem acadêmica distanciada do mundo de representações
dos professores;
• Ausência de informação, de vontade politica e de ações
estratégicas, por parte dos governantes e dos partidos políticos, do papel da
educação e da cultura no desenvolvimento da sociedade e do país. A
educação e o ensino no Brasil continuam se prestando muito mais a
clientelismo, a troca de favores eleitorais, ao jogo de interesses, do que ao
efetivo desenvolvimento social e cultural.
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O resultado disso tem sido: de um lado, a formação de uma
personalidade submissa, forjada para aceitar todo e qualquer tipo de injustiça
decorrente da sua condição de ser oprimido, submisso à classe social
dominante. De outro lado, a formação de uma elite privilegiada, dominante,
mantenedora da divisão social, da estrutura de poder e dominação.
Consequentemente, esta política partidária do processo educativo também tem
impedido que se efetive, nas instituições um verdadeiro trabalho participativo.
Segundo Gadotti o individualismo liberal estimulado há alguns
séculos atrás, que buscava concentrar decisões nas mãos de poucos, tornou-
se obsoleto e ineficiente na era da globalização da informação e da
cooperação que os processos de produção da economia atual exigem o seu
contraditório: a participação.
Atualmente é comum ouvirmos sobre gestão democrática, que é
uma forma de gerir uma instituição de maneira que possibilite a participação,
transparência e democracia.
No Brasil, o tema de gestão democrática da escola, encontra
suporte na própria constituição de 1988, que institui a democracia participativa.
No que se refere a educação, a constituição estabelece como princípios
básicos: “o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e a gestão
democrática do ensino público” (art. 206). Esses princípios podem ser
considerados como fundamentos constitucionais da autonomia da escola e da
gestão democrática.
O planejamento participativo e a gestão democrática estão
intimamente ligados à educação pública, mas isso não quer dizer que tais
princípios não existam na educação privada. Talvez em tais instituições ocorra
em menor proporção, mas diante do exposto, é necessário que haja cada vez
mais o desejo da construção do planejamento participativo, pois de acordo
com Gadotti...
O aluno aprende apenas quando ele se torna sujeito da sua aprendizagem. E para ele tornar-se sujeito da sua aprendizagem ele precisa participar das decisões que dizem respeito ao projeto da instituição que faz parte também do
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projeto de sua vida. Passamos muito tempo na escola, para sermos mero cliente dela. Não há educação e aprendizagem sem sujeito da educação e da aprendizagem. A participação pertence à própria natureza do ato pedagógico. (Gadotti, 1992, p.39).
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CAPÍTULO III
PLANEJAMENTO COMO PROCESSO DE ENSINO – APRENDIZAGEM
De acordo com o professor Nélio Parra, no processo de
planejamento, procura-se responder às seguintes perguntas:
• O que pretendo alcançar?
• Em quanto tempo pretendo alcançar?
• O que fazer e como fazer?
• Quais os recursos necessários?
• O que e como analisar a situação a fim de verificar se o que
pretendo foi alcançado?
O planejamento é um conjunto de ações que concorrem para
obtenção de certo resultado desejado, ou seja, trata-se de uma atividade
intencional e, por isso o planejamento não é neutro, mas ideologicamente
comprometido. “O projeto em si não transforma a realidade, não adianta ter
planos bonitos, se não tivermos bonitos compromissos, bonitas condições de
trabalho sendo conquistadas, e bonitas práticas realizadas” (Vasconcellos
2007, P.126).
É comum observarmos que algumas instituições de ensino usam
o plano de aula como mero formalismo, somente para dizer que faz, sem levar
em conta a realidade da instituição (condições físicas, recursos disponíveis), a
realidade do aluno e a capacidade efetiva do docente para ministrar o
conteúdo.
Ultimamente podemos observar a facilidade que as pessoas
conseguem dar aula, sem ser docentes, licenciados, não tendo formação
adequada para o mesmo. Pois a didática de um professor interfere e muito na
relação de ensino/aprendizagem, ou seja, o professor precisa dominar o
conteúdo, pois a realidade educacional é muito complexa, porque trata da
formação de consciência, do caráter e da cidadania do indivíduo.
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Muitos professores acreditam que basta saber o conteúdo para
se dar uma “boa aula” e esse mesmo profissional acredita que planejar é perda
de tempo, talvez por já ter dado essa aula anteriormente, sem entender que
cada turma é diferente das outras. Um bom planejamento serve também como
organização do pensamento para poder ser devidamente assimilado. Segundo
Vasconcellos planejar ajuda a fluir de maneira lógica e também nos permite
prever e antever uma intervenção na realidade.
O planejamento ajuda em muito na avaliação. Seja uma auto
avaliação (professor) sobre o que está sendo dado, a forma e na avaliação do
aluno verificando o aprendizado. Podendo verificar o processo e obter um
feedback.
Existem alguns componentes básicos no planejamento de ensino:
a) Objetivos: é a descrição clara do que se pretende alcançar como
resultado da nossa atividade. Eles são sempre do aluno e para o aluno.
b) Conteúdos: refere-se a organização do conhecimento em si, com
base nas suas próprias regras. Abrange as experiências educativas no campo
do conhecimento, devidamente selecionadas e organizadas pela escola, é um
instrumento básico para poder atingir os objetivos. Precisa ir do mais simples
ao mais complexo, do mais concreto para o mais abstrato.
c) Procedimentos de ensino: são ações, processos ou
comportamentos planejados pelo professor para colocar o aluno em contato
direto com coisas, fatos ou fenômenos que lhes possibilitem modificar sua
conduta, em função dos objetivos previstos.
d) Recurso de ensino: são os componentes do ambiente da
aprendizagem que dão origem à estimulação para o aluno.
e) Avaliação: é o processo pelo qual se determinam o grau e a
quantidade de resultados alcançados em relação aos objetivos, considerando
o contexto das condições em que o trabalho foi desenvolvido.
Observemos o fluxograma das fases de um planejamento de ensino,
segundo Vasconcellos:
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O planejamento precisa ter significado não somente par a equipe
pedagógica, no que tange responder algumas perguntas engessadas, tais
como: porquê, para quê, o quê, como, com quem, mas é preciso que haja
significado também para o professor.
Simplificar um plano não quer dizer que ele deva ser feito de
qualquer forma, sem responsabilidade e compromisso, pois segundo
Bachelard (1978) para se delinear o simples é necessário um estudo
aprofundado do complexo. “devemos simplificar o máximo possível; porém,
não mais que o possível, pois cairíamos no simplismo”.
Há um desencantamento do professor com a docência, sem
perspectiva para o amanhã. Isso ocorre devido à desvalorização do magistério,
em que observamos o desrespeito do aluno para com o professor, o baixo
salário, tendo o professor que trabalhar em uma carga horária sobre humana,
em vários colégios, sem se quer ter tempo para planejar e efetivar seu plano
de aula, sem poder ter uma educação continuada para se qualificar. Sem dizer
que por conta da necessidade dificilmente se pode escolher a tendência
pedagógica que se quer trabalhar, que acredita-se ser a melhor, tendo que ter
jogo de cintura para trabalhar com coisas tão diferentes como tendência
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Tradicional, Tecnicista, Crítico Social dos Conteúdos, liberal, ... Mas isso não
pode ser fator para determinar uma educação de má qualidade, pois os alunos
não podem “pagar” por uma escolha nossa de sermos professores. Face a
tantos desafios vale alguns questionamentos: quero continuar sendo
professor? Considero que é aqui que quero “gastar minha vida”? Estou inteiro?
Se a resposta á essas perguntas foram afirmativas, acredito que temos muito a
contribuir para a educação.
Apesar de tudo é preciso gostar de ser professor, pois desta
forma será possível acreditar na possibilidade de mudança e resgatar a
confiança de que se pode fazer uma educação de qualidade. Neste sentido
cabe ao sujeito promover tal mudança e podemos começar pelo ato de se
planejar, pois planejar envolve um exercício de poder.
Porém não se pode ter a ilusão que o fato de se planejar
resolverá todos os problemas, mas possibilitará prever os limites, as restrições
e as possibilidades. Ao planejar o professor se apropria plenamente do seu
fazer. Dar aula com um planejamento é difícil. Com certeza será bem pior sem
ele, visto que sem o plano é bem mais suscetível a desorganização interior e
as pressões exteriores. O processo de planejar é de grande valia, na medida
em que busca re-significar, orientar e dinamizar o trabalho.
Alguns professores que não acreditam no planejamento poderia
questionar que valor pode ter um pedaço de papel escrito? A teoria quando
assumida por um grupo, transforma-se em força material. Na elaboração
participativa do projeto, todos tem oportunidade de se expressar, inclusive
aqueles que geralmente não falam, mas que estão acreditando, estão
querendo. Muitas vezes, não falam por insegurança, por pressão do grupo ou
por acomodação em função daqueles que sempre falam. O processo de
planejamento participativo abre possibilidade de um maior fluxo de desejos, de
esperanças e, portanto, de forças para a tão difícil tarefa de construção de
uma prática.
É preciso acreditar naquilo que se faz. Estar convencido de que é
um processo, o que implica ir por passos, progressivamente, a sala de aula é
um bom espaço para se começar a pensar/realizar transformações.
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Existem algumas características para que se possa realizar um bom
planejamento de ensino, são eles:
1. Coerência e unidade
2. Continuidade e sequência
3. Flexibilidade
4. Objetividade e funcionalidade
5. Precisão e clareza
Coerência e unidade
• É a conexão entre objetivos e meios, pois os meios devem ser
adequados para atingir os objetivos propostos. No que se refere ao plano
didático, trata-se de convergência, da correlação entre os objetivos, os
conteúdos, os procedimentos de ensino e aprendizagem e as formas de
avaliação.
• As atividades planejadas devem manter perfeita coesão entre si,
de modo que não se dispersem em distintas direções; de sua unidade e
correlação dependerá o alcance dos objetivos propostos.
• É a relação que deve existir entre as ideias e a prática. É também
a ligação lógica entre os componentes do plano.
Continuidade e sequência (ordem sequencial)
• É a previsão do trabalho de forma integrada do começo ao fim,
garantindo a relação existente entre as várias atividades.
• Deve existir uma linha ininterrupta que integre, gradualmente, as
distintas atividades, desde a primeira até a última, de modo que nada fique
jogado ao acaso.
• Para alcançar os objetivos são necessários vários passos, de
modo que a ação docente obedeça uma sequencia lógica.
Flexibilidade
• É a possibilidade de reajustar o plano, adaptando-o às situações
não previstas. O plano deve satisfazer os interesses e as necessidades dos
alunos, sem afastar-se dos pontos essências a serem desenvolvidos. Isto quer
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dizer que o plano deve permitir a inserção sobre a marcha, de temas
ocasionais, subtemas ocasionais, subtemas não previstos e questões que
enriqueçam os conteúdos por desenvolver, bem como permitir alteração,
restrição ou supressão dos elementos previstos de acordo com as
necessidades e/ou interesses dos alunos.
• A relação pedagógica está sempre sujeita às condições
concretas, a realidade está sempre em movimento, de forma que o plano está
sempre sujeito a alterações.
Objetividade e funcionalidade
• Consiste em levar em conta a análise das condições da realidade,
adequando o plano ao tempo, aos recursos disponíveis e as características da
clientela (possibilidades, necessidades e interesses dos alunos). Assim, os
conhecimentos a serem trabalhados e assimilados devem atender aos
interesses e necessidades dos alunos de forma funcional, efetiva e prática.
• Entende-se como a correspondência do plano com a realidade a
que se vai aplicar.
Precisão e clareza
• O plano deve apresentar uma linguagem simples e clara: os
enunciados devem ser exatos e as indicações precisas, pois podem ser objeto
de dupla interpretação.
• Os enunciados devem ser claros, precisos, objetivos e
sintaticamente impecáveis. As indicações não podem ser objeto de dupla
interpretação; as sugestões devem ser inequívocas.
Segundo Vasconcellos planejar não é um capricho e sim uma
necessidade e exige dedicação, investimento de tempo, reflexão. Precisamos
ter em mente que o planejamento é apenas um instrumento teórico-
metodológico, dependendo de sujeitos que o assumam tanto na elaboração,
quanto na realização.
O planejamento deve estar sempre atento e aberto à realidade,
sem pretensão de abarcar a totalidade da prática nos mínimos detalhes, pois
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ele é falível, no entanto deixar de fazê-lo implica em caminhar sem destino
certo, improvisando.
Na educação traçam-se objetivos, planos, metas e para alcança-
los com afinco é preciso conhecer tal público. Ao realizar um planejamento é
necessário conhecer a realidade daquele grupo, para se trabalhar a partir da
realidade deles e não da nossa. Saber quem são e onde querem chegar, a
partir de então projetar a finalidade, esboçar o plano de ação e agir de acordo
com ele. Podemos encarar o planejamento como meio de transformação, pois
a elaboração do plano consiste na visão de que cidadão estamos formando e
que cidadão queremos formar.
Planejar, então, para quê? Para fazer acontecer; para transformar
sonhos em realidade. Para transformar nosso trabalho, nossa relação com os
alunos, a nós mesmos, a escola, a comunidade, e, no limite, a própria
sociedade. (Vasconcellos, 2007, p. 63).
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CONCLUSÃO
O intuito desse trabalho é contribuir para que não haja mais dúvida
quanto à importância do planejamento em educação. Que possamos ter
certeza de que devemos planejar. O desafio que é colocado é como
desenvolver um planejamento que supere um modelo técnico-científico que
hoje se mostra insuficiente para permitir o sucesso da instituição escolar, tendo
em vista as atuais finalidades sociais e politicas da educação em relação à
sociedade e a formação dos alunos.
Precisamos colaborar para superar bloqueios e apontar caminhos, a
fim de fazer do planejamento uma ferramenta de trabalho do educador, que o
ajude na tarefa tão urgente e essencial de transformar a prática, na direção de
um ensino mais significativo, crítico, criativo e duradouro, como mediação para
a construção da cidadania, na perspectiva da autonomia e da solidariedade.
Que efetivamente deixa de ser visto como função burocrática, formalista e
autoritária.
Busquemos uma gestão participativa, somando forças em busca de
uma educação de qualidade dando voz e vez a todos. A preocupação com a
melhoria da qualidade da educação levanta a necessidade de descentralização
e democratização da gestão escolar e consequentemente, participação tornou-
se um conceito fundamental.
Não queremos com esse trabalho dizer que com o planejamento os
problemas da educação estão resolvidos, mas ele pode contribuir e muito para
se obter resultados desejados e aproximar as pessoas com o planejamento
participativo. Tal trabalho se dá progressivamente. Através do planejamento é
possível contribuir na construção e transformação do indivíduo.
Na educação o caminho se faz enquanto se anda, não há um
modelo pronto, fechado de como fazer. O que há são vários princípios, que
servem de rumo dentro de uma realidade, em busca da formação de um
indivíduo que aproprie-se de instrumentos para participar na sociedade e
buscar transformá-la.
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A transformação só é possível quando se investe na mudança das
estruturas. E na educação escolar tal transformação pode começar dentro da
sala de aula, através do planejamento.
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BIBLIOGRAFIA
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