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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUÇÃO “LATU SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
LIDERANÇA E GLOBALIZAÇÃO NO BRASIL
DO INÍCIO DO SÉCULO XXI
Luzia Vanusa Brito dos Santos
Orientador Professora Fabiane Muniz
RIO DE JANEIRO 2004
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUÇÃO “LATU SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
LIDERANÇA E GLOBALIZAÇÃO NO BRASIL
DO INÍCIO DO SÉCULO XXI
Por: Luzia Vanusa Brito dos Santos
Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como condição previa para a conclusão do curso de Pos Graduação “Latu Sensu” em Terapia de Família
RIO DE JANEIRO 2004
Agradecimento
Agradeço a minha família, por todo o amor que me
inspira a ir adiante nas realizações de meus sonhos
profissionais, principalmente aos meus pais adotivos,
que acreditaram no meu potencial. E que Deus sempre
me ilumine para que eu possa merecer tudo o que estou
conquistando.
Dedicatória
Dedico esse trabalho a minha amiga e “irmã”
Moniquinha Ninalia, que sempre me ajudou nas minhas
pesquisas com muita dedicação, bom humor e ideias
brilhantes. É nessas horas que percebemos que Deus
nos manda anjos para nos proteger.
RESUMO
Este trabalho procura mostrar que o mundo atual, com a globalização, passa por um
processo de céleres mudanças, e que a rapidez destas mudanças, algumas vezes, não
permite ao homem desenvolver sua compreensão e adaptação na mesma velocidade. A
instabilidade atual implica cada vez mais na necessidade de líderes que conduzam homens,
organizações e a sociedade pelo caminho menos penoso. Compreender o conceito de
liderança torna-se fundamental, tanto para quem se propõe a liderar, como para os
liderados, afinal, a direção a ser tomada será definida por líderes que determinarão não só o
tipo e as condições do caminho a ser trilhado, como também o ponto de chegada. Assim,
através desta pesquisa, procuramos mostrar que esses líderes precisam possuir atributos e
características especiais, que os auxiliem a tomar a decisão correta, no menor intervalo de
tempo possível.
Palavras-chaves: Globalização, líder, liderança, mudança.
ABSTRACT
This research tries to show the current world, with the globalization, passes for a
process of fast changes and, sometimes, the speed of those changes does not allow the man
to develop his understanding and adaptation that fast. The current instability implies more
and more in the necessity of leads that take men, organizations and society by the less
painful way. To understand what it means the leadership concept is essential, not only for
those who intend to lead, as for the led ones, after all, the direction to be taken will be
defined by leaders that will determine not only the type and the conditions of the road, but
also the arrival point. With this research, we tried to show that those leaders ought to have
attributes and specials characteristics, to help them make the correct decision, in the
smallest possible interval of time.
Key-words: Globalization, leader, leadership, change
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9 1. O QUE É LIDERANÇA .................................................................................................. 12 2. HISTÓRICO DO CONCEITO DE LIDERANÇA .......................................................... 17 3. CONCEITOS DE LIDERANÇA..................................................................................... 19 4. LIDERANÇA E GLOBALIZAÇÃO............................................................................... 27 5. O LÍDER .......................................................................................................................... 38 6. A LIDERANÇA E O PODER ......................................................................................... 54 7. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 62
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, as empresas brasileiras foram atingidas em cheio pelas profundas
transformações da ordem econômica mundial. Adaptar-se à nova ordem não é só uma
necessidade mas, antes de tudo, uma questão de sobrevivência. Luta acirrada por preços
competitivos de produtos e serviços, ênfase na qualidade e exigências de novos padrões de
comportamento profissional são indicadores concretos desse momento em que as
organizações buscam provocar mudanças rápidas.
Neste contexto, alguns fatores impulsionaram o aparecimento de novas formas no
exercício da gestão e da liderança nas empresas. Houve muito investimento de energia para
adquirir maior competitividade; foram períodos de reestruturação, racionalização e
reengenharia com objetivos de reduzir custos de produtos e serviços. Estas ações
acarretaram também encolhimento dos recursos humanos, principalmente dos níveis
intermediários das gestões que atuavam em áreas que pouco valor agregavam aos negócios
da empresa. Formas recentes de organização flexível do trabalho enfatizam mais a ação de
equipes em detrimento do trabalho individual. Membros de equipes, em geral, são
profissionais com níveis de conhecimentos diferenciados, maior grau de maturidade e
envolvimento com os objetivos do negócio. Para coordenar estas equipes, há necessidade
de um novo padrão de liderança.
Nas décadas anteriores, prevalecia o perfil do líder dinâmico e audaz que conseguia
vencer sozinho; seu instrumento de ação era o poder hierárquico, organização
relativamente rígida do trabalho e o controle da equipe. Hoje, além de dinâmico e audaz,
espera-se que o líder seja empreendedor e criativo para trabalhar como membro de equipe,
ao lado dos demais colaboradores. Alguém que saiba dividir as vitórias.
A época dos líderes dominadores, que mantinham os membros da equipe com área
restrita de liberdade para trabalhar está chegando ao fim. A relação do líder com a equipe é
a de facilitador com vistas à obtenção de resultados. Se antes atuava como comandante,
agora deve adotar o papel de educador, sempre preocupado em aproveitar o potencial e
talento de cada membro e aproveitando ao máximo as competências individuais. Do papel
voltado para a produção, vem se tornando um verdadeiro administrador de recursos
humanos. Sua arma não é mais o poder da hierarquia, mas a motivação da equipe. O centro
da autoridade está passando da posição hierárquica para a situação onde o trabalho se
realiza, pois o poder sem exercício real da liderança leva a resultados negativos.
Devemos ir além da crítica aos antigos modelos e refletir sobre as competências
básicas exigidas para o desempenho da liderança; aquele conjunto de conhecimentos,
habilidades e comportamentos que permitem ao líder gerar um determinado resultado
através da coordenação do trabalho da equipe. As competências em habilidades e
conhecimentos referem-se aos aspectos técnicos do trabalho e variam muito conforme as
características de produtos e serviços de uma organização; as competências
comportamentais, contudo, são necessárias a todo líder de equipe.
Assim, a arte de saber delegar é cada vez mais uma necessidade dentro de uma
organização, nomeadamente no que se refere à sua gestão. Apesar da liderança ser uma
característica muito apreciada e exigida pelos agentes empregadores, ela está, de certo
modo, relacionada com a delegação.
O que é delegar? O que é liderar? O que é, afinal, essa “liderança” tão falada e
discutida por diversos especialistas e autores, em livros, cursos, palestras e seminários?
Qual é a importância da liderança para as empresas? Qual é o perfil desejado para o
profissional que está à frente de uma equipe ou que tem sob sua responsabilidade todo um
setor ou um grupo de trabalho?
Estas são algumas questões cujas respostas são múltiplas e para as quais esperamos
contribuir com este trabalho, pois não existe uma única verdade. Existem dezenas de
conceitos sobre liderança, com dezenas de visões diferentes e até contrárias.
Portanto, este trabalho, não tem a pretensão de estabelecer novo conceito ou mesmo
estabelecer uma “verdade” sobre o assunto. O objetivo é mostrar algumas opiniões na
busca de explicar – mesmo que de forma mais genérica e parcialmente – a importância da
liderança para as organizações .
Pretende-se, neste trabalho, mostrar porque apenas os verdadeiros líderes
sobreviverão no mundo globalizado, enfocando as necessidades das organizações nos dias
de hoje, voltadas para uma atualização constante no que diz respeito à liderança.
Abordaremos os conceitos de liderança, suas teorias e aplicabilidades; as funções
do líder, suas características e tipos de comportamentos. Mostraremos como o poder de
influência do líder atua sobre as pessoas e qual a relação entre liderança e poder,
destacando as teorias dos estilos de liderança e as diferenças entre poder, autoridade e
influência.
E, finalmente, tentaremos mostrar porque o futuro será dos profissionais que
souberem unir a competência à capacidade de enfrentar a dinâmica realidade
contemporânea.
1. O QUE É LIDERANÇA
“O século XX já criou três tipos míticos de líderes. Eles podem até ajudar a vender livros e cursos de liderança, mas estão longe de ajudar as empresas a resolver seus problemas” (WOOD, 1997).
Para abordar o tema Liderança temos que entender um pouco do complexo
mecanismo que define o ser humano. A liderança, qualquer que seja, não se reduz a uma
auréola mágica que se forma em torno do líder e que se baseia, por exemplo, no seu forte
poder carismático. Também não se concretiza somente na condução de um grupo de
pessoas para o alcance de um objetivo; tais componentes são necessários, mas não
suficientes para defini-la.
Lidar com pessoas requer muito mais que estratégias e fórmulas encontradas em
livros de importantes autores, que ensinam todos os passos de como ser um líder nato.
Um líder deve ser definido não somente por aquilo que realiza externamente, mas
sim também por aquilo que é internamente: seus anseios e desejos, intenções e inspirações.
Torna-se necessário falar do elemento motivacional que está presente em todas as ações
humanas.
Na prática, o que tem sido designado como “liderança” são estilos coercitivos e de
pressão, que produzem obediência e resignação e desenvolve nos colaboradores
mecanismos de sobrevivência psíquica e biológica, tudo isso muito distante do
desempenho auto-sustentável, da motivação e do comprometimento autênticos que a
verdadeira liderança é capaz de produzir em uma equipe.
Dar ordens é simples, principalmente quando baseado na posição hierárquica, ou
seja, na imposição. Mas, dar ordens de forma que a equipe, através delas, busque obter os
resultados almejados, é difícil; exige que o líder conquiste a confiança dos integrantes do
time. Portanto, um líder não se designa de cima para baixo; ele é reconhecido de baixo para
cima.
A liderança está em fazer com que os outros se guiem pelo pensamento estratégico
e pela concentração nas direções certas, removendo obstáculos, desenvolvendo
responsabilidades e executando ações autodirigidas.
O dicionário Novo Aurélio – Século XXI, define a palavra liderança da seguinte
forma:
“[De liderar + anca] 1. função de líder; 2. capacidade de liderar, espírito de chefia;
3. forma de denominação baseada no prestígio pessoal e aceita pelos dirigidos.”
Seguindo outra linha de raciocínio temos:
“(...) a palavra ‘liderança’ é usada de duas maneiras básicas na conversa do dia-a-
dia: 1. para se referir ao processo de mover um grupo (ou grupos) de pessoas em alguma
direção através de meios (principalmente) não coercitivos; 2. para se referir a pessoas que
ocupam posições onde se espera liderança”. (KOTTER, 1992).
Segundo KRAUSE (1999): “Liderança pode ser definida como o desejo de
controlar eventos, a sabedoria de indicar uma rota a ser seguida e o poder de fazer com que
uma ação seja realizada, usando cooperativamente as capacidades e habilidades de outras
pessoas.”
Partindo dessas definições podemos dizer que liderança é a capacidade de
direcionar os trabalhos de outras pessoas para se atingir um objetivo comum dentro das
organizações.
Líder, como consta no dicionário Aurélio, “é sinônimo de guia, chefe ou condutor
que representa um grupo, uma corrente de opinião etc”.
Mas, em tempos de globalização, que características uma pessoa deve ter para
assumir a liderança de um grupo?
Todo ser humano originalmente é líder, mas a condição ou a necessidade é que faz
o desenvolvimento desta personalidade ao longo da vida, através de treinamentos ou apoio
psicoterápico. O verdadeiro líder sabe aproveitar de sua influência e maturidade,
respeitando as diferenças pessoais.
A competência para desenvolver lideranças significa um grande desafio, pois,
enquanto um gerente está apto e habituado a administrar o hoje, o líder está trabalhando
para o amanhã.
Estamos vivendo em uma nova era, uma era na qual as velhas regras, que não
funcionam mais, precisam ser substituídas urgentemente por novas regras, mas,
infelizmente, as organizações estão demorando a perceber isto.
As empresas não podem mais ser vistas como “fabricantes de lucros”. Elas terão
que ir muito além disto, com um desafio maior, mais ousado e significante.
As organizações necessitam de pessoas capacitadas para geri-las de forma
dinâmica, atenta aos acontecimentos, com capacidade para acompanhar as mudanças e,
principalmente, que saibam encantar os seus colaboradores. Não se admite, que ainda hoje,
existam “chefes” que simplesmente mandam fazer e “subordinados” que simplesmente
obedecem. Sendo assim, o líder deverá tornar-se mais criativo, inovador, destemido,
empreendedor e autoconfiante.
Isto tudo leva a crer que o aprendizado profundo do ser humano faz com que lidar
com as diferenças e limites de cada um condicione seu percurso em direção à
sobrevivência e estabilidade de um lado ou desintegração e destruição do outro, na medida
em que as pessoas reconhecem e vivem em harmonia com princípios básicos, tais como:
justiça, eqüidade, integridade, honestidade e confiança.
Hoje, liderar é liberar a capacidade criativa das pessoas, visando a atingir objetivos
de acordo com os valores das organizações, e a primeira dificuldade ao se lidar com a
criatividade é a questão referente à sua conceituação. Esta pode ser concebida do ponto de
vista da pessoa, do contexto, do processo e do produto.
De acordo com YOUNG (1985),
“Criatividade é a realização do nosso potencial... É a integração do nosso lado lógico com o lado intuitivo...Criatividade é mais do que espontaneidade, é deliberação também. É o pensamento divergente convergindo em alguma solução: criatividade não apenas gera possibilidades, mas também escolhe entre elas. É mais do que originalidade, que pode apenas expressar o bizarro...Criatividade é tanto um avanço e uma mudança, como uma expressão de continuidade com relação ao passado.”
Tal nível de comprometimento leva a uma dupla exigência: que a liderança seja
digna da confiança dos liderados e que os liderados sejam, por sua vez, dignos da
confiança do líder.
O líder não é aquele que consegue resultados por meio das pessoas, mas com as
pessoas. Enquanto no primeiro caso o resultado é o fim em si mesmo, e as pessoas, o
instrumento, no segundo caso, o resultado é a conseqüência natural do processo de
liderança, e as pessoas estão em primeiro lugar. A verdadeira liderança conduz porque
ganha confiança dos que lidera.
“O verdadeiro líder se conhece pelos liderados. É através do comprometimento dos liderados, do verdadeiro uso de suas potencialidades, de seus interesses e da satisfação obtidas no alcance de resultados que se sabe que são direcionados por um líder” (MOTTA, 1991).
O resultado final disso é o crescimento da organização como um todo. O verdadeiro
líder é aquele que percebe essa realidade. Tem plena consciência de que não basta apenas
conseguir resultados – ser eficaz. Torna-se necessário pensar sobre o modo pelo qual
obtemos tais resultados. Tal raciocínio, apesar de simples, freqüentemente não é levado em
conta, porque é necessário algo mais do que experiência para colocá-lo em prática: é
necessário aprender a lidar com pessoas e saber o que realmente as motiva.
2. HISTÓRICO DO CONCEITO DE LIDERANÇA
O conceito de liderança tem evoluído ao longo dos tempos. Nos anos 20, o
sociólogo Max Weber identificava líderes burocráticos, detentores de patrimônio e
carismáticos. Nos anos 40 houve um forte desenvolvimento nestes estudos, apoiado pelo
exército do EUA para a seleção de seus oficiais. Mais adiante, nos anos 50, muitos outros
estudos surgiram nas ciências comportamentais, levando a abordagem da liderança para
outros âmbitos e outros grupos.
Na primeira fase, encontraremos um mercado com baixo nível de competitividade,
exigindo das organizações apenas volume (equilíbrio Carga X Capacidade), operando com
baixo nível de produtividade segundo os padrões atuais. Embora os anos 50 tenham
iniciado as principais teorias sobre comportamento humano, havia relativa ignorância em
relação a elas, que só vieram a ser ministradas em larga escala a partir dos anos 60. Até
então, os estilos de gestão eram autoritários em sua maioria, estando bem longe, portanto,
do conceito de liderança autêntica.
Na segunda fase, que vai até a década de 70, os mercados viveram em maior
competitividade, mas suas exigências mantiveram seu foco no volume, embora o cliente e
a sua satisfação já fossem bem lembrados pela ênfase na qualidade.
Ao final desta fase as teorias sobre comportamento humano se tornaram bem mais
acessíveis e as organizações mais avançadas experimentaram colocá-las em prática. Muitos
gestores puderam, com isso, modificar seus estilos com relação aos colaboradores e
verificar ganhos sobre o desempenho de suas equipes. Os mecanismos motivacionais
voltaram-se para a forma de trabalho.
A organização da produção e a participação nos resultados foram experiências bem
sucedidas, postas em prática por indivíduos a quem os colaboradores, de fato, concederam
liderança.
Na terceira fase, que se inicia na década de 80 e vai até os dias de hoje, os mercados
se globalizaram e a competitividade ficou ainda mais acirrada. As demandas não são
apenas por volume, mas, principalmente, por requisitos que se transformaram em
diferenciais competitivos de conformidade e satisfação de clientes.
Por fim, mais recentemente, através do contato com o estilo japonês de gestão,
surgiu uma nova vertente baseada na identificação com os valores da organização. Tal
modelo deixou claro que os incentivos econômicos, a presença de desafios e um ambiente
de trabalho agradável não são suficientes para gerar bons resultados. Necessita-se, além
disso, de pessoas fortemente comprometidas com aquilo que fazem, unidas em torno dos
valores e da missão da organização.
Segmentos inteiros, que se encontravam sob o protecionismo do Estado, e outras
modalidades de práticas predatórias do corporativismo foram a campo, para justificar ou
perder suas posições ante os primeiros sinais de uma economia de livre concorrência.
Constituiu-se, assim, o cenário propício para o surgimento de novas perspectivas
organizacionais.
3. CONCEITOS DE LIDERANÇA
Como vimos, muitas mudanças foram verificadas no cenário empresarial ao longo
de mais de 70 anos de evolução. Os conceitos de liderança também acompanharam a
variação de padrões e estruturas organizacionais, sofrendo algumas modificações em seu
modelo de competências, contudo, sem que fossem alterados seu efetivo valor e suas
propriedades.
Ao analisarmos os diversos conceitos que embasam o assunto, podemos
sinteticamente reduzi-los a três abordagens ou teorias:
1. Traços de personalidade; o líder e seus atributos psicológicos (características do
líder ou o que o líder é);
2. Estilos (comportamento ou o que o líder faz);
3. Situacionais (circunstâncias ou cenário em que o líder atua);
De acordo com a teoria dos traços de personalidade (1), pode-se dizer que o líder
possui algumas características marcantes de personalidade, essenciais para influenciar as
pessoas e distingui-lo dos demais indivíduos liderados.
Esse fator - nossos próprios talentos - diz respeito ao potencial de crescimento que
possuímos, e que se manifestará, em maior ou menor medida, em termos de aptidões para
as mais variadas tarefas: posições de comando, funções estratégicas ou atividades que
requerem grande criatividade e flexibilidade, funções de rotina ou acompanhamento.
Os estudiosos deste tipo de teoria não correlacionam as características de
personalidade do líder com outros aspectos como a eficácia no processo de liderança ou
ainda as circunstâncias que poderiam interferir nos resultados. Para estes, quanto à
natureza, esses traços do líder não estariam envolvidos com o meio, mas seriam
concebidos como características inatas ou em outras palavras, como "dons" da própria
pessoa.
Algumas falhas deste tipo de abordagem poderiam ser apontadas como a não
ponderação da relatividade de algumas características. Nem todos os traços podem ter
igual importância na definição de líder como também o fato deste tipo de abordagem não
avaliar a influência e reação dos liderados nos resultados do processo de liderança.
Outra desvantagem é não fazer distinção do ambiente onde se efetiva o processo (já
que em alguns cenários, determinados traços são mais relevantes que outros), e ignorar a
situação em que se efetiva a liderança. Uma circunstância de emergência, por exemplo,
requer um tipo de comportamento enquanto que uma outra, de estabilidade e calma, exige
outro tipo de procedimento.
A liderança muitas vezes é vista como uma aura que acompanha algumas poucas
pessoas escolhidas, uma qualidade inata, e portanto, uma característica quase genética. Por
exemplo, é muito comum atribuirmos ao líder qualidades que estão diretamente ligadas à
obtenção das metas e objetivos de um grupo ou de uma organização. No entanto, não é
verdade que tendemos a pensar na liderança como um atributo de pessoas especiais, e que
estão como que colocadas à parte do resto da humanidade?
O líder não é somente aquele que realiza grandes feitos ou aquele que é capaz de
tirar a empresa de uma situação difícil. Em todas as organizações, contamos com muitos
líderes escondidos e desconhecidos. Pessoas que nem sequer chegam perto do brilho da
fama: homens e mulheres comuns que, além de realizarem com competência profissional o
seu trabalho, ganham o respeito e a admiração de colegas e colaboradores devido àquilo
que são, às suas qualidades humanas. Eis aqui o algo mais de toda liderança.
Aliás, na nova era do conhecimento, serão as habilidades individuais que farão a
diferença, e não somente o brilhantismo da alta direção da empresa.
Outra característica marcante de qualquer líder: uma personalidade bem definida.
Este é um campo no qual todos, sem exceção, podemos trabalhar! Na realidade, todo o
processo de desenvolvimento de competências - algo tão difundido atualmente - deve estar
centrado, como ponto de partida principal, no conhecimento próprio. O que é desenvolver
competências senão adquirir novas atitudes, conhecimentos e novos modos de pensar? Pois
bem, e como descobrir o que devemos ser se nem sabemos aquilo que somos?
Autoconhecimento, determinação de fortalezas e deficiências. Este é o primeiro
passo para a formação e o desenvolvimento de lideranças.
Já as teorias de estilo de liderança (2) concentram seu foco não mais na descoberta
do líder ideal, mas no seu aprimoramento, através de aprendizagem e de mudanças de
comportamento. Diferente da teoria de traços, não acreditam que as características inatas
do líder sejam determinantes no processo de liderança, mas a forma como este desenvolve
suas habilidades para influenciar as pessoas e obter delas os resultados esperados. O
importante neste tipo de abordagem é realizar um tipo de liderança transacional e
transformadora, onde o princípio orientador seria de uma ligação entre líder e liderado,
resultando numa parceria motivadora e eficaz.
Quando pensamos nas características de um líder, imediatamente nos vem à cabeça
a sua facilidade de comunicação e o seu poder de convencimento e de arrastar multidões.
Evidentemente que, para muitos de nós, cidadãos comuns, tal fato nunca se realizará. Isto
não quer dizer que a liderança seja um dom distribuído entre poucos.
É bem verdade que existem pessoas com uma forte vocação de liderança, porém, na
maior parte dos casos, alguns destes aspectos podem ser desenvolvidos e aprimorados por
todos nós. Trata-se de crescer em conhecimento próprio, de crescer em humanidade.
Ainda que exista um componente temperamental inato que facilite o seu exercício,
também é verdade que todos podemos, através do desenvolvimento das nossas qualidades
pessoais, tornar-nos líderes em alguns aspectos.
WEISS (1999) afirma que “os líderes são feitos e não natos”. Essa afirmação leva à
conclusão de que uma pessoa pode “aprender” a tornar-se líder.
Finalmente, para a teoria situacional (3), apenas determinadas características de
personalidade, certos tipos de liderança ou motivos comportamentais são insuficientes para
determinar a eficácia do processo, tanto em relação a qualquer tipo de grupo liderado,
como aplicado às mais diferentes circunstâncias. O mais importante seria analisar a
liderança dentro de um contexto mais amplo, a partir de outros tipos de variáveis capazes
de causar um impacto positivo ou negativo na relação líder-liderado.
Apesar de muitas teorias contemporâneas tentarem definir o processo de liderança
de uma forma inovadora, basicamente seus componentes nos remetem a uma destas
abordagens. A partir delas é possível compreendermos em que ponto se situa a ênfase dada
ao líder dentro do modelo adotado pela organização.
Por que, então, os modelos de competências parecem tão distintos entre si?
Na realidade, quando analisamos os modelos existentes, percebemos que as
diferenças são apenas superficiais. A maioria utiliza uma terminologia diferente para
abordar os mesmos conceitos. Estes modelos estão baseados tanto nos próprios conceitos
que as organizações têm sobre liderança, suas expectativas em termos de resultados e da
ênfase a determinado tipo de metodologia ou abordagem teórica sobre o assunto.
A experiência nos leva a acreditar que não exista uma fórmula única, capaz de ser
aplicada a toda e qualquer situação, fornecendo uma solução geral. Para alcançar a eficácia
e produtividade, elevando os índices de rentabilidade e lucratividade, é necessário avaliar
todas as diversas variáveis da realidade e do cenário organizacional em que se inclui o
processo de liderança.
A compreensão deste processo determina, de maneira eficaz, as melhores ações a
serem empreendidas rumo aos resultados esperados. Sem dúvida, o líder é uma figura
importante, mas, sozinho, não conduz a organização para o sucesso. Por isso, é de se
esperar que as atenções, hoje, desviem-se da pessoa do líder e passem para o processo, para
o ambiente e sua dinâmica, onde efetivamente a liderança se desenvolve.
Sejam quais forem os talentos naturais, todos podem ser líderes naquilo que fazem.
Basta que, para isto, procurem sair da zona de conforto pessoal e decidam-se a trilhar a
nem sempre confortável via do aprendizado e do aperfeiçoamento pessoal e profissional.
Este é o caminho que todo líder necessariamente deve percorrer para obter as qualidades
técnicas e humanas requeridas para o bom exercício das suas funções.
Qualquer teoria sobre liderança não pode deixar de considerar também um conceito
individualizado, mas que parece complementar e indispensável: os liderados com seus
problemas, atitudes e necessidades.
Muitos métodos organizacionais são baseados em modelos de liderança bastante
antigos, embora vivamos em circunstâncias totalmente diferentes, pois hoje temos
mercados globalizados; facilidades da internet, com comunicação instantânea e respostas
rápidas; o trabalho envolve a criação, transmissão e manipulação de informações; os
trabalhadores estão se aperfeiçoando por imposição do mercado.
Embora as ferramentas da liderança não tenham mudado significativamente, o
enfoque dado a elas atualmente é diferente e está voltado para o desenvolvimento da
consciência de gerenciamento estratégico dos membros da organização.
Finalmente, todos estes conceitos têm que se ajustar devido às constantes mudanças
e disputas acirradas de mercado, pois se exige cada vez mais dos profissionais, quanto aos
fatores de gestão, comunicação, planejamento, entre outros, especialmente para cargos ou
situações de liderança ou comando.
O atual líder tem um novo conjunto de responsabilidades.
Segundo MOTTA (1991), o que atrai as pessoas em geral para o ato de liderar vem
de duas idéias básicas: liderar está associado a grandes personalidades da história e ainda
possui uma “dimensão mágica”.
Além disso, liderar é muito mais simpático do que comandar, administrar, dirigir ou
gerenciar.
Para WOOD JR (1997), líder é “um mito recriado pelo mundo empresarial e
tornado bem de consumo para candidatos a gerentes e outros incautos. Não é à toa que
nove entre dez best-sellers de negócios tratam de liderança”.
WOOD JR (1997) compara as organizações como um grande teatro, onde todos são
atores e o papel do líder é um papel de destaque. Segundo ele, esse papel de destaque está
em processo de mudança, embora “muitos atores, relutantes, continuem tentando
interpretar versões antigas para suas platéias cativas”.
3.1 Comprometimento
Mais uma vez, faz-se necessária a postura de um líder capaz de empolgar e
contagiar pessoas para alcançar os objetivos significantes e dignificantes para todos, pois
ele não está interessado no poder, mas nos resultados; ele será o centro, mas jamais será
centralizador.
A empresa que não tiver a maioria dos colaboradores totalmente comprometidos
com ela e com o objetivo a ser alcançado, enfrentará sérios problemas para superar os
desafios, as incertezas e as turbulências que inevitavelmente virão.
Um profissional que é um mero cumpridor de metas, possuirá um vínculo muito
tênue com a organização, e a sua capacidade de comprometimento com a missão e os
valores da empresa ficará bastante limitada.
As organizações que priorizam este aspecto na motivação dos seus funcionários
perdem ao longo do tempo porque focam predominantemente o resultado que deve ser
obtido a curto prazo. Ainda que existam pessoas que aceitem por um certo tempo este tipo
de relação, muito poucas se manterão fiéis a ela. Como seu único vínculo com a
organização baseia-se no salário ou no status que dela derivam, não se criam condições
mínimas para o surgimento de líderes e o exercício de uma verdadeira liderança.
É fundamental desenvolver pessoas e esquemas que tenham a competência de fazer
com que a equipe fique comprometida com o sucesso do objetivo. O trabalho tem que,
necessariamente, significar e proporcionar um futuro melhor, uma realização para que as
pessoas se comprometam com ele. Senão, será apenas e tão somente o cumprimento de
uma desgastante e frustrante obrigação. Ou ainda, será a simples troca de tempo por
dinheiro.
Um segundo nível de comprometimento aparece quando está em jogo a motivação
que diz respeito a atingir objetivos relacionados com uma necessidade de crescimento
pessoal. Ainda que garanta uma maior estabilidade da relação com a organização e aqueles
que a compõem, não existe uma unidade com relação aos valores e à missão da empresa.
Por este motivo, o ambiente ainda mostra-se bastante incipiente para a atuação
transformadora da liderança.
Quando atuamos preferencialmente focados naquilo que podemos conseguir para
nós mesmos, nossa capacidade de tomar decisões também fica bastante reduzida. Como
conseqüência, o conceito de liderança será, como muito, o de alguém que consegue
resultados através das pessoas.
Resta-nos comentar a relação que se estabelece quando se criam vínculos de
identificação com uma missão ou com determinados valores. Tais vínculos nascem
espontaneamente, incentivados pela atuação do líder; resultam da confiança e da dimensão
moral que os liderados percebem no líder. Não é algo imposto de cima para baixo, mas
algo que o líder conquista através daquilo que faz e da forma como toma suas decisões.
Por englobar os aspectos humanos necessários para o desenvolvimento de qualquer
trabalho, o comprometimento que surge desta relação é o único que pode levar ao
nascimento de uma verdadeira liderança.
Desta forma, a liderança não se resume a uma simples capacidade de aglutinar e
dirigir pessoas. Deve incluir uma direção - um sentido - que não é indiferente. Tal sentido
encontra-se na instância dos valores, e, portanto, diz respeito à dimensão moral da própria
pessoa. Um chefe sem motivação nunca será um líder porque lhe falta o principal: a
preocupação pelos seus liderados.
O líder não se preocupa somente com as competências técnicas dos seus
funcionários; procura que desenvolvam também suas competências humanas. Este é o
resumo da liderança e o que lhe dá condições de ser plenamente eficaz. Neste momento, o
líder está em condições de formar outros líderes.
4. LIDERANÇA E GLOBALIZAÇÃO
A chamada globalização não repercute apenas na atividade econômica e nos
mercados nacionais e internacionais, mas também, na vida em sociedade, na medida em
que novos parâmetros surgem, levando o indivíduo a tomar consciência de que seu papel
nesse cenário é de suma importância.
A História da humanidade reflete a ação e a evolução do homem, e os caminhos
para onde as sociedades vão sendo conduzidas, buscando integrar-se para obterem maior
desenvolvimento econômico, social, cultural etc.
A globalização, assim, não é um fenômeno inédito e utópico, mas trata-se de algo
que vem sendo forjado gradativamente ao longo das gerações das comunidades
internacionais.
Para IANI,
"É uma realidade problemática, atravessada por movimentos de integração e fragmentação simultaneamente à interdependência e acomodação, desenvolvem-se fusões e antagonismos: Implicam tribos e nações, coletividades e nacionalidades, grupos e classes sociais, trabalho e capital, etnia e religiões, sociedade e natureza. São muitas as diversidades e desigualdades que se desenvolvem com a sociedade global. Algumas são antigas e outras recentes, surpreendentes. Para compreender os movimentos e as tendências da sociedade global, pode ser indispensável compreender como as diversidades e desigualdades atravessam o mundo."
4.1 Breve Histórico da Globalização
A título de um breve esboço histórico, uma vez que o processo de globalização não
é algo inédito, mas o resultado da própria evolução das sociedades no cenário mundial,
torna-se oportuno localizarmos no tempo os fatos que mais se aproximam do que
atualmente está ocorrendo.
Comercialmente, já os Fenícios voltaram-se para a exploração de mercados além
mar, tornando-se grandes navegadores, por volta do ano 1000 a.C., comercializando até ao
Sul da Espanha e provavelmente tendo navegado na costa da África em 600 d.C.
Ainda em termos de expansão ou globalização da cultura, temos o exemplo do
Helenismo, proveniente da Grécia antiga, que se espalhou pelo mundo daqueles tempos, a
partir do século 1º a. C.
No Império Romano, foi implantado pelo Imperador Teodósio, tanto no Oriente
quanto no Ocidente, a Política Expansionista, com a finalidade de expandir os seus
domínios, quando da sua divisão em 375 d.C. Desta forma, a influência e o comércio
romano espalhou-se até à Índia, Rússia, Sudoeste Asiático e com a rota da seda, até à
China.
Na época da expansão marítima e das colonizações dos países Europeus, o processo
expansionista também se fez presente, com a Espanha, com a Inglaterra e com Portugal,
que tinham objetivos nitidamente comerciais e econômicos, além das cruzadas, que tinham
motivos religiosos, mas que também contribuíram para a expansão do comércio.
Os Franceses também deram sua contribuição através das idéias de Napoleão
Bonaparte, que deu franca expansão territorial através de sua política conquistadora.
4.2 Conceito de Globalização
O primeiro questionamento que se deve fazer é no que consiste a globalização. A
quem ela interessa, e para onde caminha?
Na doutrina jurídica não existe um conceito unânime sobre o que seja globalização.
Basicamente, trata-se de um processo mundial em que os Estados - Nações
aglutinam-se formando blocos com interesses comuns, visando particularmente o
incremento das atividades comerciais, fazendo frente aos demais mercados e blocos
mundiais. Para tanto, visam ou praticam a abolição das barreiras alfandegárias e a
uniformização das regras comerciais e jurídicas, objetivando uma política de comércio
exterior regida por princípios comuns, facilitando o livre trânsito de mercadorias, pessoas e
capitais.
A globalização vem sendo vista como a nova cara do capitalismo e seu novo modo
de funcionamento sistêmico que se caracteriza pela circulação cada vez mais intensa e
veloz de mercadorias, capitais e informações.
Tem raízes: econômicas, tecnológico-científicas, políticas, sociais, culturais
(através da utilização cada vez mais intensa da Internet; com a expansão da indústria
cinematográfica americana; bem como da música, da mídia, da língua através do inglês, da
moda; da utilização comercial de moeda - Dólar; do consumo desenfreado de bens e
serviços propiciado pela propaganda massificada).
A globalização, ainda para IANNI, consiste na
".desterritorialização de coisas, gentes, idéias, e/ou novo ciclo civilizado marcado por: contradições, atravessado por movimentos de integração e fragmentação, marcado por desigualdades e antagonismos entre os espaços geo-históricos, locais, regionais, transnacionais e globais."
O que se verifica atualmente é um interesse concentrado mais no aspecto
econômico, alavancando todo o processo da chamada globalização. O comércio de
produtos e serviços tem sido o carro chefe do processo que se engendrou ao longo dos
últimos tempos, e que começa agora a delinear-se.
Nesse aspecto, as nações desenvolvidas, como os Estados Unidos, o Japão e os
países da Europa Ocidental se destacam saindo na frente dos chamados países periféricos
ou em desenvolvimento, pois a hegemonia econômica (e cultural) que exerceram ao longo
da história possibilitou seu fortalecimento e incursão nos demais países do globo, sendo
sua posição privilegiada no cenário mundial globalizado.
No entanto, os países periféricos ou em desenvolvimento igualmente participam
deste processo, significativamente, pois sua parcela de contribuição não só se mostra
promissora, como também vem fomentar o próprio desenvolvimento cultural (e aí
encontra-se o desenvolvimento tecnológico), econômico e social destas nações.
4.3 A Liderança no Mundo Globalizado
A corrida pela produtividade faz agora marcante diferença nas margens dos
negócios. As teorias sobre comportamento humano, por sua vez, se tornaram ainda mais
disponíveis pelos novos canais de acesso a conhecimentos, mas os estilos de gestão,
paradoxalmente, ao invés de se aproximarem mais da prática da liderança consciente,
começaram a inclinar-se para o que nós poderíamos chamar de prática da coação
institucionalizada.
Este novo comportamento que os gestores demonstram não se origina em estilos
isolados, não é um meio voluntariamente escolhido por alguém que acredita ser este um
caminho eficaz; ele nasce do estímulo a uma conduta orientada para o alcance rápido de
níveis de produtividade cada vez mais desafiadores. O gestor não tem mais tempo de
exercer estilos que lhe permita ser autêntico líder. É só pressão, como se estivesse vivendo
permanentemente em emergência.
Sufocado pela urgência de tempo, diante de metas de volume e produtividade cada
vez mais ambiciosas, o gestor atrofia seu papel, e se afasta das ferramentas que o permitem
direcionar a motivação e o comprometimento, que proporcionam participação e estímulos
autênticos, rompendo com a sua coerência ao propor desafios que ele mesmo reconhece
como impossíveis, sacrificando a sua postura de autenticidade e perdendo,
irremediavelmente, a sua condição de líder.
Se a estrutura de gestão se atrofia exageradamente, ele passa a viver atribulado por
dois focos de ameaças: teme a pressão das exigências e demandas cada vez maiores dos
níveis superiores, mas teme também a densa pressão dos colaboradores, com
reivindicações e questionamentos que não consegue responder. Neste caso, se afasta, cada
vez mais, da intimidade dos problemas vividos por sua equipe.
O distanciamento passa a ser preferível à abertura, adotando o estilo alarmista, que
anuncia situações criticas, um futuro incerto e empregos sempre ameaçados se as
demandas não forem atendidas. Desaparecem do estilo de gestão dois predicados
essenciais à liderança: a serenidade e a generosidade.
Condutas serenas e atitudes generosas por parte de um líder, não amolecem a
vontade dos indivíduos, nem os transformam em pessoas abusadas. Ao invés disso,
revigoram a coesão do grupo, a autoconfiança e o sentimento de valer a pena o esforço e o
desafio. Não é necessário amplificar dificuldades, riscos e carências, criando um clima de
insegurança, para que os números aconteçam.
A mesma adrenalina produzida pelo medo e pela ameaça, também é produzida pelo
desafio de alcançar números que sejam de todos, não somente da administração.
A busca de resultados sempre foi um dos grandes motores da vida das
organizações. Mas, hoje, incorporamos novas variáveis ao processo de liderança, como por
exemplo, a necessidade de reconhecimento, segurança e sentido de pertinência. A
descoberta destes fatores promoveu a primeira grande mudança na forma de conduzir a
empresa e os seus colaboradores. Como conseqüência, mudaram também os padrões que
definiam um bom chefe e começou a delinear-se a concepção do moderno conceito de
liderança.
Competitividade, globalização, downsizing, empowerment, intrapreneurs,
manufatura flexível, terceirização, revitalização, organização autoprojetada, reengenharia,
TQM, CCQ... Há uma lista interminável de novidades à disposição das organizações, cujo
objetivo, invariavelmente, é a sobrevivência em um contexto de economia globalizada.
Sendo assim, a liderança se viu na berlinda. Qualidades quase que inatingíveis são
requeridas dos líderes nas organizações:
"(...) capacidade de atuarem em cenários onde a convivência da ordem e do caos se faz sentir. Espera-se que possuam múltiplas habilidades, tanto de natureza comportamental quanto técnica que, ancoradas em valores e atitudes, lhes permita lidar com ambigüidades. (...) Devem estar aptos a navegar em uma economia que há muito não respeita fronteiras geográficas, muito menos modelos econométricos. Devem mostrar-se hábeis para conduzir ou participar de processos multidisciplinares e que demandam poder de abstração e síntese" (VERGARA & BRANCO, 1993).
Com tais exigências, o perfil do líder das organizações modernas parece estar bem
definido: uma espécie de super-homem.
4.4 As Empresas Brasileiras e a Globalização
As grandes mudanças enfrentadas pela economia do País, como conseqüência dos
processos de estabilização e de globalização, vêm obrigando as empresas a buscar ganhos
de produtividade como uma necessidade vital de sobrevivência. Muito se tem ouvido falar
sobre modernização de fábricas, informatização de processos, ISO 9000 e qualidade total.
Pouco se tem comentado sobre o impacto dessas mudanças nos processos de gestão
empresarial, principalmente na área de liderança gerencial.
Com o processo de globalização abrindo as fronteiras nacionais à chegada de
produtos e concorrentes estrangeiros, com os baixos índices inflacionários e com uma
menor interferência estatal na economia, o estilo gerencial centralizador e controlador
ficou ultrapassado. A empresa se viu obrigada a ser mais inteligente e competente,
tornando-se necessária uma grande mudança em todo o processo de gestão de negócios,
administração de pessoal e estrutura organizacional.
A gestão participativa, com o envolvimento de todos os colaboradores e inspirada
por um maior foco no mercado, revelou-se fator vital de competitividade. Esse tipo de
estratégia traz grandes desafios de mudança, a começar pelos níveis mais elevados da
organização, sua forma de trabalho, comunicação e conquista da participação ativa de
todos os colaboradores no negócio.
É importante atualizar o papel do presidente ou do gerente geral, além do que se
espera de sua atuação num ambiente de gestão participativa. É possível afirmar que o
presidente será, sempre, o grande líder da organização, o modelo para todos os
colaboradores. O que muda é sua forma de atuação, muito mais voltada para a direção
estratégica da empresa, para contatos com clientes, motivação de colaboradores e liderança
no processo de qualidade total. Isso, claro, sem deixar de acompanhar e monitorar os
indicadores críticos de negócio.
Importante é também seu papel no ambiente externo, principalmente na
participação em programas comunitários, como parte da responsabilidade social da
empresa. Ele deixa de ser o grande controlador ou o “dono da verdade” e passa a ser
estadista e líder maior. A ênfase passa a recair sobre a necessidade de implantar uma visão
e uma direção estratégica de longo prazo, com liderança indelegável do presidente e
participação de todos os colaboradores.
A gestão de Recursos Humanos passa a ter uma prioridade fundamental. Nada será
realizado a não ser através das pessoas, principalmente dentro do conceito de gerência
participativa.
Com os colaboradores conhecendo claramente suas metas individuais, torna-se
importante que lhes seja concedida autoridade suficiente para desempenho de sua missão,
num clima de confiança mútua entre chefes e colaboradores.
A qualidade é hoje um dos temas de importância vital para as empresas. Uma
estratégia de qualidade exige treinamento de todos os colaboradores no uso das
ferramentas de captura das oportunidades de negócio, a redução de custos a partir da
melhoria de processos e a análise adequada de problemas. Tudo isso somente será
alcançado com a criação, utilização e preservação de uma cultura de qualidade. Para tanto,
é fundamental o compromisso da liderança gerencial com essa estratégia, atuando como
“modelo de papel” na sua utilização.
Outro fator prioritário é a plena satisfação de clientes. O foco no cliente deve estar
incorporado nos processos das empresas, bem como na sua cultura interna. Nesse sentido,
os colaboradores passam a estar conscientes da importância do seu trabalho para o cliente
final, mesmo aqueles que não têm contato direto com os mesmos. Uma empresa em
ambiente competitivo deve pensar em ações que ultrapassem as expectativas de seus
clientes, não se limitando a satisfazê-los.
Também importante num ambiente de gestão dinâmico e ágil é o processo de
comunicação interna. A organização deve ser capaz, em curto espaço de tempo, de alterar
ou introduzir um novo direcionamento de negócio por meio de uma comunicação rápida
com seus colaboradores. Quanto mais ágil e compreensiva for a comunicação, mais
eficientes serão seus resultados.
As empresas são cada vez mais convocadas a se envolver em programas
comunitários, seja de caráter ambiental, seja social. No Brasil, por suas desigualdades
sociais, é cada vez maior o envolvimento do mundo empresarial em programas
comunitários, estimulando o exercício da cidadania entre seus colaboradores. A
participação nesses programas não implica necessariamente altos investimentos.
O mais importante é a vontade política gerencial de participar, pois normalmente se
obtêm excelentes resultados apenas motivando e apoiando o envolvimento. Com certeza,
uma empresa cidadã terá seus colaboradores mais motivados e integrados com seus
objetivos.
Uma das maiores virtudes das mudanças em curso na economia está em forçar a
melhoria dos processos produtivos, inclusive na gestão empresarial. Fazemos parte, agora,
de um mundo dinâmico e em permanente evolução. Esse novo mundo exige, em escala
crescente, inteligência e competência dos que desejam progredir.
Isso significa dispor de gerência e de pessoal treinados e capacitados, trabalhando
numa cultura de qualidade, voltados para o cliente e com objetivos de negócio bem
definidos. É esse o novo perfil da liderança gerencial.
Esse novo conceito não resulta de formulações abstratas. Ele é fruto de mudanças
concretas que estão acontecendo na economia de hoje - e das exigências práticas trazidas
por essas mudanças. No Brasil, em especial, a questão se coloca com clareza evidente.
As dramáticas transformações que o mundo corporativo brasileiro vem vivendo
todos os dias exigem uma nova forma de pensar sobre como se preparar para ser um líder
eficaz. Não servem para mais nada aqueles programas concebidos para treinar líderes a
operar em um mercado protegido, caracterizado pela competição artificial, cheios de
monopólios e empresas estatais e inspirado no modelo da substituição de importações.
O mercado, hoje, precisa de pessoas capazes de liderar três novos tipos de empresas
que passaram a fazer parte do novo cenário empresarial: as empresas pós-privatizadas, as
resultantes de fusões ou aquisições e as que estão tentando se internacionalizar.
Fusões e aquisições são outra realidade que exige um novo entendimento do que
seja liderança, sobretudo quando se considera o fantasma das demissões em massa que
ronda a cabeça das empresas absorvidas. Mesmo formas mais leves de associação, joint
venture e parceria com fornecedores, agentes financeiros, clientes e até mesmo com
competidores também exigem um novo perfil de atuação dos líderes. Vivemos uma era de
organizações sem fronteiras rígidas.
Os líderes precisam estar capacitados para obter resultados de equipes
interempresariais compostas de diferentes empresas e culturas envolvidas. A capacidade de
liderar networks, em vez do simples comando de subordinados, passou a ser uma
habilidade diferenciada e cada vez mais valorizada no mercado.
Será freqüente, enfim, o movimento de empresas que têm de atravessar fronteiras e
produzir mais perto de seus clientes - no Mercosul, na Europa, nos Estados Unidos, no
Oriente.
O desafio: Como liderar as crescentes operações dessas empresas em países
diferentes, com culturas nacionais distintas? Não é teoria, é a realidade. Empresas
brasileiras como Gerdau, Odebrecht, Brahma, Amil, CVRD, Sadia, Itaú, Marcopolo e
muitas outras já carimbaram seu passaporte.
Obviamente, não serão as únicas - e qualquer líder, talvez mais cedo do que espera,
poderá estar envolvido nisso. Trabalhar numa multinacional brasileira irá requerer uma
série de habilidades específicas, que começam com o domínio de idiomas, tolerância a
ambigüidades, abertura para idéias, hábitos e atitudes que não são os seus, capacidade de
decidir e influenciar em culturas diferentes.
Velhos ditados populares como "o olho do dono é o que engorda o gado", que
refletem uma cultura centralizadora, são incompatíveis com a necessária descentralização
das empresas que pretendem atuar lá fora.
5. O LÍDER
Para ser um líder, é necessário desenvolver atitudes e habilidades que auxiliem na
condução de um grupo de pessoas, buscando tomar decisões e ações acertadas, tendo em
mente objetivos orientados para resultados. Para tanto, uma inteligência privilegiada não
basta. É necessária a combinação com outras qualidades pessoais, como espírito
democrático, ter gosto em trabalhar com as pessoas (pois ele terá de agir de uma forma
natural e espontânea), ter caráter, carisma e muita paciência para ouvir e compreender os
problemas das pessoas e da empresa. Deverá ser flexível, de modo a estar acessível a todos
e saber lidar com as diferentes personalidades. O líder deve ser amigo de seus
colaboradores, conseguindo assim saber o que realmente está acontecendo no ambiente de
trabalho. Como o líder é o agente facilitador da empresa, é muito importante que ele
conheça, quando, e como uma determinada tarefa deve ser realizada, e quais as diferentes
maneiras de fazê-la, inspirando, assim, confiança e competência técnica. Deverá, também,
ter ciência das habilidades e dificuldades das pessoas com quem tem envolvimento.
O líder deve ser imparcial, não podendo favorecer as pessoas pelo grau de afinidade
ou amizade, mas sim pelo grau de interesse e participação no desenvolvimento da atividade
e deve ter maturidade, pois lida com pessoas e pessoas esperam ser tratadas com dignidade
e respeito.
Mas mesmo assim, apenas essas qualidades e habilidades não o tornam um líder,
ainda falta o mais importante: um líder tem de ter seguidores e para isso é necessário que
ele tenha credibilidade, ele tem de gostar, acreditar e fazer o que diz.
5.1 Orientar as Pessoas
As pessoas, quando passam por um processo de mudança, naturalmente tendem a
resistir a um novo paradigma, por inúmeros motivos. O principal deles é o desconhecido,
que afeta a rotina já estabelecida, e o aprendizado de coisas novas, que poderá interferir em
sua zona de conforto e na acomodação a uma situação já conhecida.
O líder precisa ter argumentações persuasivas que direcionem para a aceitação de
novos padrões, diminuindo resistências e conduzindo esforços para que um novo modelo
possa ser desenvolvido e implementado, de acordo com os objetivos traçados.
5.2 Compartilhar Responsabilidades
Ao compartilhar as responsabilidades, o líder está criando uma cultura de liderança,
fazendo com que os colaboradores encontrem desafios significativos e tenham a
oportunidade de correr riscos, de aprender com vitórias e fracassos e saber o quanto as suas
responsabilidades afetam o grupo, tornando-os mais participativos e interessados. Com
envolvimento de seus colaboradores nas decisões, o trabalho se torna mais importante, pois
isto lhes dá um senso de controle.
Tal procedimento mostra-se essencial para o desenvolvimento de uma ampla gama
de perspectivas e habilidades de liderança. Oferece também uma lição a respeito da
dificuldade da liderança e seu potencial para gerar mudanças.
5.3 Incentivar as Pessoas para o Autodesenvolvimento
Num ambiente de aprendizagem, a função primordial do líder é alimentar
constantemente esta atmosfera, gerando posturas de autodesenvolvimento e aceitação de
desafios como oportunidades de crescimento. O grande diferencial está no próprio exemplo
e no incentivo que dá à sua equipe.
A presença do gerente estará restrita aos processos normativos empresariais, sem
que implique na observância do bom senso em suas atitudes pessoais e interpessoais. O
líder deve prevalecer em todas as ocasiões, incentivando, apoiando, exercendo a própria
ação de implementador das mudanças, conduzindo sua equipe para o sucesso e
possibilitando o crescimento dos talentos do grupo.
Residem nestes aspectos o grande diferencial não apontado nos manuais de
administração que trazem receitas prontas, mas excessivamente voltadas para fora do
indivíduo que está em posição de comando.
Obediência pode ser imposta e gerar desobediência, mas respeito gera crença, que
alimenta a fé e que fala direto ao coração. Um líder deve colocar-se como parte integrante
de um todo, olhando os outros como uma extensão sua e buscando formar cadeias de
interdependência onde as diferenças são primordiais para o processo de evolução da
sociedade e do mundo.
Compreender a sua própria natureza e perceber a natureza do outro como indivíduo
permite a quebra de velhos paradigmas, renovando as estruturas através do desprender
daquilo que não funciona, como a serpente, que renova completamente a sua pele.
A segurança pessoal e profissional vem do conhecimento daquilo sobre o que cada
um tem maior interesse e aptidão. Cabe ao líder direcionar o indivíduo à realização de
atividades que lhe tragam satisfação e que possam atingir seus objetivos.
5.4 Saber Reter Talentos
O líder, além de estimular o constante desenvolvimento de seus colaboradores,
deve também buscar condições para que os mesmos sejam mantidos na empresa,
estimulando suas trajetórias como profissionais, reforçando positivamente os
comportamentos desejados e estimulando cada vez mais a busca da aplicabilidade de seus
conhecimentos.
5.5 Líderes X Gerentes
As pessoas dizem "liderança", mas descrevem "gerenciamento", falam apenas de
um estilo de comando, fazem discursos sobre como mais de um líder cria o caos. Quando
indivíduos capazes fazem tais observações, temos um sinal claro da necessidade de uma
melhor compreensão do que os líderes realmente fazem.
Sem clareza quanto ao sentido de liderança, as pessoas não podem desenvolver as
habilidades corretas. O treinamento concentra-se nas questões erradas. Às vezes, a pessoa
errada é promovida. Acima de tudo, pessoas talentosas não conseguem realizar ações
adequadas no trabalho. Gerencia-se a mudança sem oferecer liderança. Gerenciam-se
pessoas sem inspirá-las a lidar com circunstâncias difíceis.
A palavra líder tem recebido novos atributos e está começando a ser empregada em
um novo contexto. Sempre que ouvimos esta palavra pensamos em alguém que detém todo
o poder, que, sozinho, toma todas as decisões, dá ordens e é o ser designado por Deus para
punir os seus “subordinados”.
No entanto, em algumas organizações, o líder é visto como aquele que "conhece
caminhos" e faz com que todos os seus seguidores encontrem o caminho e o percorram da
melhor forma possível.
Em algumas situações, pessoas com espírito de liderança são mal vistas e até
temidas, pois representam uma ameaça para seus superiores, que só ocupam cargos de
chefia pela falta de ética ou comodismo administrativo de algumas empresas.
Em vez de estimular e incentivar a liderar e a aprender com erros e acertos, as
empresas, com muita freqüência, não só ignoram o potencial para a liderança como não
oferecem treinamento relevante, nem modelos de papéis, além de punir os que cometem
pequenos erros ao tentar liderar.
Vejamos algumas diferenças entre líderes, no entendimento de pessoas que
possuem liderança e gerentes no entendimento de pessoas que possuem cargos de poder
(líderes autoritários).
- Líderes criam novos líderes. Gerentes criam subordinados.
- Líderes agem pela inspiração. Gerentes agem através do controle.
- Líderes criam visões e estratégias. Gerentes criam agendas contendo planos.
- Líderes distribuem o poder. Gerentes detêm o poder.
- Líderes conquistam. Gerentes mandam.
- Líderes não ficam estacionados no escritório; exercem suas funções visitando
constantemente o local de trabalho de seus funcionários. Gerentes só se sentem
bem em seus escritórios.
- Líderes chegam cedo e ficam até mais tarde. Gerentes entram tarde e
usualmente saem na hora certa.
- Líderes ouvem com atenção. Gerentes apenas determinam.
- Líderes são simplistas em relação aos valores da empresa. Gerentes são bons ao
demonstrar que comandam todas as complexidades.
- Líderes estão sempre disponíveis. Gerentes são de difícil acesso para quem vem
do escalão inferior.
- Líderes são amáveis com todos. Gerentes são amáveis para os superiores;
exploram o resto.
- Líderes são humildes. Gerentes são arrogantes.
- Líderes enfrentam problemas desagradáveis. Gerentes servem-se de evasivas
artificiosas.
- Líderes são persistentes. Gerentes persistem somente quando seus próprios
"valores" estão em jogo.
- Líderes simplificam (fazem com que pareça fácil). Gerentes dificultam (fazem
com que pareça difícil).
- Líderes conhecem as pessoas pelo nome. Gerentes não sabem os nomes das
pessoas.
- Líderes são sistemáticos e gozam de credibilidade junto aos colaboradores.
Gerentes são imprevisíveis; dizem aquilo que pensam que os outros querem
ouvir.
- Líderes admitem seus próprios erros; confortam os outros, quando estes os
admitem. Gerentes jamais cometem erros; põem a culpa nos outros; dão início a
uma "caça às bruxas" para identificar os culpados.
- Líderes são independentes de cargo. Gerentes só são o que são pelo cargo.
- Líderes crescem com o grupo e com o andamento do mesmo. Gerentes crescem
com o poder adquirido e com o resultado.
- Líderes usam de franqueza. Gerentes agem com reserva.
- Líderes dão incentivos a quem vem de dentro. Gerentes estão sempre
procurando alguém fora da empresa.
- Líderes possuem escritórios simples. Gerentes possuem escritórios exuberantes.
- Líderes pensam existirem pelo menos outras duas pessoas na empresa que
seriam bons substitutos. Gerentes têm absoluta certeza de que não há ninguém
sequer remotamente parecido com eles na folha de pagamento.
- Líderes visualizam os erros como oportunidades para aprender. Gerentes
visualizam os erros como ofensas merecedoras de punição.
- Líderes fazem "trabalho pesado"; se for preciso, carregam pedras. Gerentes
pensam que estão acima disso.
- Líderes acreditam nas pessoas. Gerentes só acreditam em palavras e números
no papel.
- Líderes delegam a outro a execução por inteiro de tarefas importantes. Gerentes
reservam para si mesmos as decisões finais.
- Líderes elogiam. Gerentes criticam destrutivamente.
- Líderes fazem todos os colaboradores crescerem construtivamente. Gerentes
estão preocupados em detectar as falhas.
5.6 O Potencial de Cada Indivíduo
Todas as pessoas e organizações têm características, peculiaridades e culturais que
as identificam e as distinguem das demais. Os valores são o fruto ou as conseqüências do
fundador da empresa ou do líder que mais a “impressionou” ao longo de sua existência.
Esses valores precisam ser claramente identificados, pois sempre serviram e servirão como
orientadores e, principalmente, como inspiradores das ações práticas e dos rumos a serem
seguidos, pois são eles que determinam o estilo ou o perfil da empresa.
Cabe aos executivos-líderes participarem esses valores e fazer com que os outros os
pratiquem. Será exatamente isto que dará o sentido de unidade, de grupo, de união e que
tornará possível a convivência harmoniosa e frutífera.
Os valores têm exatamente esta função: unir todos em torno do que lhes é comum.
O líder deve reconhecer as aptidões dos seus colaboradores, pois o diferencial de
cada indivíduo é o seu potencial, estimulando o diferencial de competitividade da própria
empresa e preparando esta para melhor atender os seus clientes.
5.7 Implementando Novos Valores
Criar um espírito comum em torno da preocupação de prestar serviços de alta
qualidade, em todos os sentidos e para todos, dentro e fora da organização, promovendo
satisfação aos clientes externos e internos. As empresas que não possuem esta
característica levarão muito tempo para que essa prática se torne uma realidade.
A atenção e percepção sobre as necessidades das pessoas são fatores fundamentais
para o líder. Muitos problemas podem ser identificados por quem escuta com atenção.
Portanto, o líder deve ouvir com interesse a opinião do colaborador, especialmente quando
esta for diferente da sua.
O líder deve estar sempre procurando aprender coisas novas, buscando, assim, o
seu desenvolvimento, agregando cada vez mais conhecimento, a fim de repassá-lo a seus
colaboradores, para que nunca retenha o seu conhecimento com medo de que seus
ensinamentos possam ser uma ameaça para si próprio.Deve também criar um espírito
comum em torno da preocupação de prestar serviços de alta qualidade, em todos os
sentidos e para todos, dentro e fora da organização.
Torna-se muito mais importante corrigir os erros do que procurar os culpados, pois
não haverá culpados, mas iniciadores e empreendedores. Ter-se-á como meta a
conscientização de todos os integrantes e co-responsáveis pelos sucessos e fracassos
ocorridos, quando estes ocorrem. Fracasso deverá ser sinônimo de desafio. Toda e
qualquer falha cometida por alguém atinge igualmente a todos, que estão ali para corrigi-
la. Caberá ao líder a competência, sensibilidade e habilidade para solucionar estas
questões.
5.8 Líder Integrativo
Quais são as diferenças entre grupo e agrupamento? Vivemos, normalmente, a
situação de agrupamento de pessoas e não de grupos, como seria o desejável e
indispensável para que os melhores resultados possíveis venham a ser obtidos. As pessoas,
ao responderem esta questão, dizem rapidamente ter objetivos comuns e entendem que
basta isso para que um agrupamento seja transformado em grupo. Mas, isso não é verdade,
pois é preciso muito mais. Faz-se necessária a existência de um líder que consiga energizar
todos em torno dos mesmos desafios, unindo-os através da responsabilidade comum e da
vontade de vencê-los. Cabe ao líder, plantar a interdependência como um estado natural de
consciência em todos e praticado naturalmente por todos.
Por exemplo: Se um indivíduo está responsável apenas em cuidar de uma árvore, e
o resto da floresta está pegando fogo, ele vai procurar defender apenas a sua árvore e não
vai ajudar a apagar o fogo porque isto não é problema, nem responsabilidade dele.
Há necessidade de talento, liderança e muita competência para aliar e conciliar
interesses individuais e grupais, mas não há outra alternativa; ou isto é realidade, ou
continuaremos tendo grupamentos mascarados de grupos. O pequeno-grande segredo para
a existência real de um grupo é: responsabilidades comuns.
O que distingue um executor de um executivo? Um gerente de um diretor? Um
gerente de um líder? Já vimos que existem vária respostas, mas elas podem ser resumidas
em uma só palavra: VISÃO.
É absolutamente indispensável realizar um enorme esforço para ampliar a visão das
pessoas, dando ao presente e ao futuro as mesmas atenções e cuidados. É preciso
transformar e “produzir” empreendedores.
A visão é a mercadoria principal de um líder, pois é através dela que ele consegue
arregimentar, integrar, congregar pessoas em torno de si, da sua “bandeira”.
Vivemos uma constante evolução na arte/ciência de liderar, em que o mundo dos
negócios está voltado para profissionais que sejam capazes de evoluir revolucionando e
modificando o que aprendem.
Em outras palavras, estamos dando adeus, inegavelmente, aos capatazes, chefes,
supervisores, gerentes e diretores, e dando boas vindas aos líderes. É inevitável a evolução
da espécie.
5.9 Um Líder Eficaz
Para se tornar um líder eficaz, a pessoa precisa dominar uma ampla gama de
habilidades: desde implantar e gerenciar processos até reunir as pessoas na busca coletiva
da excelência.
É possível, sim, aprender a liderar pela observação dos outros, por meio do
treinamento formal ou até mesmo pela análise da experiência prática.
Algumas pessoas já nascem líderes, outras aprendem a liderar ao longo da vida.
Pode-se adquirir as habilidades essenciais da liderança por meio de treinamento e da
análise de situações práticas; por existir estes dois tipos de líderes, algumas empresas têm
treinamento específico para funcionários que têm algumas características de líder, porém
necessitam equilibrar algumas atitudes para chegar a ser um líder ideal.
O objetivo da liderança é fazer com que todos alcancem o melhor desempenho.
Para isso, é preciso fixar metas elevadas – mas viáveis – criar meios de melhorar os
procedimentos e buscar a qualidade total em todas as áreas.
Aprender com a equipe através dos acertos e erros. Os grandes esportistas têm
treinadores e muitos atletas de destaque tornam-se mestres dos iniciantes. O mesmo vale
para os líderes; é possível aprender com os outros sobre liderança, desenvolver tais
habilidades e depois repassar esses ensinamentos.
Estas são as características básicas que o líder eficaz necessita para uma liderança
com qualidade e resultados:
Cultivar virtudes – Todas as habilidades necessárias em um líder podem ser
desenvolvidas. Energia, confiança e autodeterminação combinadas com
habilidade de gerenciar pessoas e administrar recursos.
Saber formar equipes – Montar uma equipe ou escolher um novo integrante
para ela é responsabilidade do líder. Procurar os melhores candidatos para
formar uma equipe equilibrada e dinâmica, seja por meio da promoção interna,
seja pelo recrutamento. O líder deve, também, ajudar o novato a se integrar.
Ter autoridade – O papel de um líder é certificar-se de que todos entenderam
as instruções e as executam de modo eficaz. Como é difícil que todos sigam o
planejado, ele deve desenvolver sistemas de acompanhamento para facilitar na
solução de problemas.
Saber delegar tarefas – O líder deve concentrar tempo e esforços em
atividades que ninguém mais pode fazer. Delegar é um modo de administrar o
tempo, de exercer controle e de desempenhar as próprias atribuições com mais
eficiência, enquanto fortalece as habilidades da equipe.
Comunicar-se bem – A capacidade de se comunicar com a equipe é essencial.
Para se certificar de que as mensagens são apreendidas em sua plenitude, a
hierarquia dentro da equipe deve ser reduzida. O grupo deve ser estimulado a se
manifestar para criar um bom canal de comunicação.
Estimular o dinamismo – Este deve ser o objetivo permanente de uma boa
liderança. Deve-se recorrer a grupos especiais para operações específicas e
escolher os candidatos mais motivados para integrá-los. A inovação e a
criatividade devem ser sempre estimuladas.
Saber tomar decisões – Toda decisão envolve uma série de outras pequenas
decisões; estabelecer a questão, escolher quem mais será envolvido no processo
decisório, avaliar alternativas. Acertar nessas subdecisões é um caminho seguro
para, depois, fazer a escolha certa.
Ter espírito de equipe – Para que uma equipe atue bem, é preciso que cada um
cumpra seu papel visando ao bem do grupo. O líder deve fazer a equipe pensar e
agir de modo coeso, conciliando interesses individuais e coletivos.
Liderar discussões – Formais ou espontâneas, envolvendo todo o grupo ou
apenas duas pessoas, as discussões permitem a livre expressão de idéias. Quem
exerce o papel de liderança tem o dever de tornar as discussões produtivas,
gerando bons resultados.
Saber fazer reuniões – As empresas costumam fazer inúmeras reuniões –
muitas delas sem objetivo claro. O líder precisa certificar-se de que cada reunião
tenha uma meta e que o evento valerá o tempo despendido. Não faz sentido
reunir pessoas para falar sobre decisões passadas.
Como analisar problemas – A palavra “problema” designa uma questão não
resolvida que se torna objeto de discussão. Com uma postura positiva e uma
visão ampla dos fatos, pode-se superar obstáculos e encontrar soluções para
qualquer tipo de problema.
Apoiar e confiar na equipe – Confiança é algo difícil de conquistar e fácil de
perder. Em parte, isso ocorre porque as pessoas, a princípio, desconfiam umas
das outras. Um líder precisa se esforçar para ganhar a confiança dos liderados.
Para tanto, tem que demonstrar lealdade e apoio à equipe.
Saber motivar-se e à sua equipe – Devidamente motivadas e sob uma
liderança correta, as pessoas podem superar os maiores obstáculos. Para
promover o entusiasmo, a dedicação e a energia de uma equipe, o líder deve dar
o exemplo e inspirar confiança.
Criar uma visão – Quase sempre é mais fácil olhar para trás do que para
frente. A liderança eficaz, porém, começa com uma visão ampla, determina suas
perspectivas a longo prazo e sua postura faz com que os outros também mirem o
futuro.
Saber gerar idéias – O líder não precisa necessariamente ser a pessoa mais
criativa da equipe. Cabe a ele, no entanto, estimular o potencial de geração de
idéias de cada colaborador. Desse modo, fica mais fácil cumprir as perspectivas
e solucionar questões diárias.
Ser democrático – O líder não deve reter dados só para si. Democratizar a
informação tem um efeito positivo no desempenho das pessoas. Ao informar de
modo claro e honesto o que afeta a equipe, a liderança ajuda as pessoas e as
inspira a lutar por um desempenho melhor.
Incentivar as conquistas – Um bom líder sempre insiste em resultados
positivos, seja nos projetos de curto prazo, seja nos de longo prazo. A equipe
precisa saber, no entanto, o que a liderança espera dela. O desempenho
individual e coletivo deve ser avaliado no que se refere a resultados.
Ser competitivo – Os empreendedores são líderes que sabem que é preciso
correr grandes riscos para alcançar objetivos ambiciosos. Assim como esses
grandes criadores de negócios, o líder deve aprender a considerar os riscos e as
ameaças como oportunidades.
Ter controle emocional – Em uma reunião onde pedirá resultados mesmo que
seja afrontado o líder não deve responder. Uma conversa com o colaborador,
após a reunião e em particular, fará com que a discussão não se estenda além do
necessário.
5.10 O Líder do Futuro
Para o líder eficaz do século 21, já não é mais suficiente, apenas, aprimorar suas
habilidades para comandar e motivar subordinados. Também não adianta mais procurar
inspiração em livros, cursos e seminários sobre liderança. Em sua maioria, estes ainda se
inspiram no modelo da "Era do Comando", em que se valorizam atributos para uma
realidade organizacional que já está desbotando. O que ele precisa aprender, daqui por
diante, é como liderar em situações nas quais não tem a autoridade formal do comando.
Seu teste de fogo será o de liderar pessoas fora de sua equipe, ou seus pares, ou, até
mesmo, o seu chefe. Em suma: ele será o líder que se espera numa empresa moderna
quando tiver que liderar para os lados ou para cima. Esses, sim, serão os momentos da
verdade para o novo líder.
A "nova liderança" vai, ainda, além disso: será cada vez mais necessário para o
bom profissional, no ambiente de negócios do século 21, liderar pessoas que, além de não
serem seus colaboradores, também não fazem parte do organograma da empresa. Isso
mesmo - preparar-se para situações em que poderá ser preciso liderar um cliente
importante ou, então, um poderoso fornecedor do qual depende, mais do que nunca, para
salvar os preços daquela proposta que já encaminhou ao cliente-chave da empresa. Como
liderar um projeto em parceria, trabalhando com alguém que representa uma empresa dez
vezes maior que a sua? Isso para não falar na necessidade de liderar uma autoridade
política ou uma celebridade. Um desafio e tanto, por exemplo, seria influenciar aquele
publicitário genial para que produza um comercial de TV dentro da linha que considera
mais eficaz - e não na visão artística dele - visando a aumentar as vendas de seus produtos
no próximo mês.
Saber liderar pessoas e situações fora das paredes tradicionais da empresa, portanto,
será uma habilidade-chave para o executivo do futuro.
Os líderes da "Era do Comando" que está se findando foram especialistas,
justamente, no contrário: seu foco estava em construir "paredes" que delimitavam muito
bem o território de ação de seus departamentos ou da empresa como um todo.
A mentalidade do "manda quem pode, obedece quem tem juízo" ilustra bem a
filosofia gerencial que prevaleceu até há pouco. Os líderes da "Era da Conectividade", que
se inicia agora, precisam derrubar essas paliçadas, mudar a mentalidade de que liderança é
uma extensão do verbo "mandar" e construir pontes internas e externas que liberem a
criatividade dos talentos humanos - conectando-os melhor tanto entre si, dentro da
empresa, quanto externamente, com clientes, fornecedores e comunidades em que atuam.
Não importa qual seja a natureza da tarefa do grupo liderado, o que estamos
presenciando nesta virada de milênio é a solidificação da liderança facilitadora.
O que as pessoas desejam e necessitam é que facilitem seus trabalhos. Que seus
líderes facilitem suas capacidades criadoras.
Isso não é novo, absolutamente. A pintura do teto da Capela Sistina foi obra de um
grupo de artistas, brilhantemente liderados por Michelangelo.
O que é novo é que as empresas estão começando a se dar conta de que dependem
cada vez mais da criatividade de seus membros para sobreviverem.
Mas por que criatividade e não outro aspecto ou característica humana?
Cada vez mais rápido as mudanças de cenário estão ocorrendo. Tais mudanças
exigem intervenções para manter a organização viva e competitiva. E estas intervenções
devem ser criativas, pois os desafios apresentados tendem a ser sempre novos. O que exige
soluções criativas. Além disso, o trabalho braçal humano vem sendo substituído pelas
máquinas desde o início da Revolução Industrial. E o trabalho intelectual vem sendo
substituído pela informática! Resta para nós, humanos, o trabalho criativo.
O líder facilitador precisa estimular a curiosidade e a perspicácia de seus liderados.
Os colaboradores deverão estar engajados em um processo de descoberta — que é uma das
recompensas do trabalho.
Tais líderes são pessoas sem temor de liderar alguém com mais conhecimentos e
experiências do que elas próprias. E precisam relacionar-se com seus liderados como
pessoas amadurecidas, no mínimo iguais a ele.
As pessoas não precisam ser comunicadas sobre o que fazer. Precisam, muitas
vezes, serem relembradas da tarefa. Cada pessoa precisa se sentir apta a determinar o que
precisa ser feito e como fazê-lo. Exatamente como em uma orquestra, cada membro
tocando seu instrumento, liderados pelo maestro, o facilitador.
O líder precisa conhecer e estimular o sonho que impele seu grupo ao trabalho, a
visão que inspira a equipe a trabalhar como se o produto de seu trabalho fosse
imprescindível à humanidade. Sem um sentido, o trabalho se torna tempo de vida
desperdiçado.
A liderança facilitadora implica encorajar, enfrentar o risco. A criatividade
inevitavelmente envolve riscos. E as pessoas precisam se sentir seguras para falhar.
Precisam reduzir seu medo de errar.
Quem quiser desempenhar papéis de liderança nas organizações do futuro precisa
desenvolver habilidades para ter o perfil do facilitador. Só assim seus liderados realizarão
suas tarefas cada vez com mais competência e eficiência, superando os novos desafios do
dia-a-dia com criatividade.
6. A LIDERANÇA E O PODER
Há uma íntima relação entre liderança e poder, pois o poder é um dos meios pelos
quais o líder influencia os seus liderados. O poder é uma qualidade inerente à liderança, e
os líderes que o usam sabiamente exercem grande influência sobre as pessoas, garantindo
maior eficiência no exercício da liderança.
É necessário que o líder seja forte o bastante para enfrentar as dificuldades do dia-a-
dia, mas gentil, para que tome soluções humanas; exigente para que conduza os liderados
em busca de desafios, mas paciente, para saber que toda ação requer tempo.
O líder precisa usar o poder com sabedoria e prudência para que os seus seguidores
só o sintam quando necessário e retribuam com confiança, respeito e lealdade.
6.1 Poder, Autoridade e Influência
Há muita confusão quanto à definição de poder, autoridade e influência. Considera-
se aqui o poder como a capacidade de uma pessoa exercer influência sobre outra ou outras.
Autoridade é a legitimidade social do poder, ou seja, é o poder que uma pessoa tem
em virtude do papel que exerce.
A influência é o ato de uma pessoa modificar ou provocar, intencionalmente, o
comportamento de outra. Como podemos ver, são conceitos intimamente relacionados.
Nas organizações, o poder está situado nas pessoas que ocupam posições em escala
hierárquica superior, às quais são conferidas autoridade em função dos cargos que ocupam
e, a partir daí, exercerão influência sobre as pessoas para consecução dos objetivos
organizacionais.
Quando uma pessoa influencia outra, diz-se que a primeira tem poder. Este poder
lhe é conferido por outras pessoas que a vêem com a capacidade de influenciar. A arte de
influenciar lida com emoções e as pessoas capazes de emitir e perceber sinais emocionais
são, verdadeiramente, líderes.
6.2 Fontes e Tipos de Poder
Como já citado nas organizações, o poder decorre dos cargos ocupados – poder de
posição – ou das características pessoais – poder pessoal – ou de ambos. Segundo
KERSEY e BLANCHARD (1986), “As pessoas que são capazes de levar outras a realizar
certo trabalho em virtude de sua posição na organização têm poder de posição; os
indivíduos que derivam seu poder dos seus colaboradores têm poder pessoal. Algumas
pessoas têm ambos os poderes”.
Isto nos mostra que o poder varia de acordo com os meios empregados para fazer as
pessoas concordarem e que esses meios podem ser físicos, materiais ou simbólicos e
determinam o tipo de poder. A saber:
1) Poder coercitivo – baseia-se em punições. É exercido por meio de ameaças
em troca do comportamento desejado.
2) Poder Manipulativo – baseia-se no controle de recursos materiais e
recompensas. É exercido por meio da troca de algum tipo de recompensa
pelo comportamento esperado.
3) Poder Normativo – baseia-se no controle e manipulação de recompensas
simbólicas. Está associado ao controle moral e ético dos integrantes da
organização, que são regidos por motivos como convicção, fé, crença ou
ideologia.
6.3 Bases do Poder
O poder decorre do nível que uma pessoa ocupa na hierarquia de uma organização,
de suas características pessoais e de muitos outros fatores conforme relacionado:
1) Poder de Coerção – este poder baseia-se no temor. Induz os influenciados
no cumprimento de ordens por receio de punições, tais como: tarefas
desagradáveis, repreensões ou demissões.
2) Poder Legítimo – o líder com alto poder de legitimidade induz ao
cumprimento de suas ordens ou influencia o comportamento dos outros
porque os colaboradores reconhecem que ele está legalmente autorizado a
exercer influência dentro de certos limites.
3) Poder de Competência – o líder com alto poder de competência induz ao
cumprimento de suas ordens com base na crença dos colaboradores que ele
tem experiência, habilidade e conhecimento.
4) Poder de Recompensa – poder decorrente da capacidade do líder em
recompensar seus liderados pelo cumprimento de ordens.
5) Poder de Referência – o líder influencia os outros pelo desejo que eles têm
de ser parecidos ou de se identificar. Este poder está diretamente
relacionado a fatores como o nível de prestígio e de admiração que o
subordinado atribui ao líder.
6) Poder de Informação – o líder com alto poder de informação influencia as
pessoas através da retenção total ou parcial de informações importantes.
7) Poder de Conexão – poder baseado na ligação do líder com pessoas
importantes ou influentes dentro ou fora da organização.
Normalmente, cada uma dessas bases de poder é potencialmente inerente a um
cargo de gerência. Um grau específico de poder legítimo tem importância especial porque
molda as relações hierárquicas nas quais ocorrem as outras formas de influência e poder:
Percebe-se que a base de poder adequada depende muito de variáveis situacionais,
ou seja, os líderes, de acordo com a situação, podem necessitar de várias bases de poder.
6.3.1 Bases do Poder, Nível de Maturidade e Estilo de Liderança
Estudos afirmam a existência de uma relação direta entre nível de maturidade das
pessoas e grupos e os tipos de bases de poder com alta probabilidade de conseguir o
cumprimento de ordens.
“A liderança situacional vê a maturidade como a capacidade e a disposição dos indivíduos e grupos de assumir a responsabilidade de dirigir o seu próprio comportamento numa determinada situação. A maturidade é um conceito específico de tarefa e depende do que o líder almeja”. (HERSEY e BLANCHARD, 1986)
Ao passar de níveis mais baixos para níveis mais altos de maturidade, as pessoas
tendem a aumentar a sua competência e confiança para fazer as coisas. As sete bases de
poder parecem exercer um impacto significativo sobre o comportamento das pessoas.
Passando da baixa para a alta maturidade, o impacto das bases de poder têm importância,
na seguinte ordem: coerção, conexão, recompensa, legitimidade, referência, informação e
competência.
Neste aspecto concorda-se com HERSEY e BLANCHARD quando dizem: “A
maturidade do subordinado determina não só o estilo de liderança com maior probabilidade
de sucesso, mas também a base de poder que o líder deve usar para induzir o cumprimento
de suas ordens ou influenciar o comportamento”.
6.4 Gosto pelo Poder
Liderança é o processo de conduzir as ações ou influenciar o comportamento de
outras pessoas. No processo de liderança, sempre há influenciador e influenciado. WEBER
diz que os liderados obedecem os líderes por uma questão de tradição, carisma, burocracia,
relações pessoais e competência (In MAXIMINIANO, 1997).
Quanto às pessoas que procuram cargos onde possam influenciar outras, o fazem
levadas por motivo de gosto pelo poder. Há evidências de que essas pessoas em posições
gerenciais têm grande probabilidade de sucesso. Diz MCCLELLAND que:
“Há duas manifestações de vocação para o poder: na primeira, o líder busca a influência sobre o comportamento pela satisfação pessoal, podendo invocar lealdade e inspiração em seus liderados; na segunda, o líder busca a satisfação de metas coletivas, enfatizando poder social ou institucional, esses líderes procuram a mobilização de esforços no sentido de realizar a missão do grupo”. (In MAXIMIANO, 1997)
6.5 Poder nas Organizações
Freqüentemente depara-se com tentativas de influência por parte dos outros, bem
como tentamos influenciar aqueles que estão próximos. Esta influência ocorre nas
organizações, e é decorrência do poder que as pessoas têm sobre outras.
Ultimamente, este poder tem sido motivo de preocupações entre os autores, que
ressaltam as recentes conclusões sobre o tema, como as “duas faces do poder”: uma
positiva, que se caracteriza pela preocupação com os objetivos do grupo. A necessidade de
influência sobre os outros é a bem da organização.
A face negativa é geralmente expressa em termos de domínio-submissão e vê as
pessoas como objeto de manipulação de acordo com a conveniência. Essa atitude
geralmente se volta contra o próprio gerente e a organização, pois as pessoas tornam-se
passivas, pouco criativas e prontas a boicotar serviço solicitado.
6.6 Liderança e Poder
A liderança exige, inevitavelmente, o uso do poder para influenciar os pensamentos
e as ações de outras pessoas. O poder, nas mãos de um indivíduo, envolve riscos humanos.
Em primeiro lugar, o risco de equiparar-se à habilidade em obter resultados
imediatos, em segundo, o de ignorar as diferentes formas em que as pessoas podem,
legitimamente, acumular poder e o terceiro é de perder o autocontrole na ambição pelo
poder.
7. CONCLUSÃO
Com o advento da globalização, o mundo passa por enormes mudanças, num
processo de transformações e também de grandes expectativas. Recentemente, fomos
testemunhas do rompimento da sociedade pós industrial, e do advento da Era da
Informação, a disparada para Informatização, o nascimento da Biotecnologia, a Era do
Conhecimento, e, ganhando notoriedade neste cenário, as novas formas de Relações
Humanas.
A globalização tornou a concorrência mais acirrada, o ritmo das inovações
tecnológicas, desafia as estratégias mais brilhantes, confirmando as previsões de Alvin
Toffler : "Quando se fazem novas descobertas, se desvendam novas verdades e as maneiras
e opiniões mudam com a mudança das circunstâncias, as instituições devem avançar
também e acompanhar o andamento dos tempos".
As empresas que querem ser competitivas não podem mais ignorar os desejos dos
seus clientes, e os administradores não podem dar ordens e esperar que sejam cumpridas
cegamente. As relações pessoais não podem mais ser aceitas como verdadeiras, e
tampouco tanta criatividade humana pode continuar a ser desprezada e ignorada.
As empresas, para garantirem sua sobrevivência em qualquer segmento, terão que
passar por uma mudança cultural profunda. O seu recurso humano terá que pensar mais
rápido, trabalhar inteligentemente, pensar diferente, sonhar ambiciosamente e sobretudo
relacionar-se entre si de maneira mais amigável.
As organizações de hoje, não podem se dar ao luxo de seguir modelos
ultrapassados de premiar talentos e resultados, oferecendo posições de chefia. Pois a
maioria destas práticas estão baseadas em experiências com raízes em um mundo que não
existe mais. Há que se evitar o "desperdício" de talentos que podem estar voltados para
estudos, pesquisas ou desenvolvimento, em nível até mesmo estratégico, obrigando-os a
assumirem posições de lideranças.
A implementação destas mudanças requer um novo modelo de atuação, muito
diferente daquele que nós já fomos submetidos e alguns dos quais nós, talvez, sejamos
agora. A era do modelo de gestão baseada em penalidades, rigidez e advertências se foi, é
página virada.
Os líderes de hoje, terão que ter capacidade de adaptações rápidas, e de promover
mudanças em contraste com a administração tradicional, terão que destruir as barreiras
erguidas pelas lideranças passadas e construir pontes, implantando um novo estilo de
gestão, voltado para ajudar os colaboradores a realizarem o que são capazes de fazer,
criando um ambiente propício à discussão, assegurando a liberação da capacidade criativa,
formulando uma visão para o futuro, encorajando, emocionando, contextualizando,
treinando, ensinando, facilitando, cultuando o desprendimento e a diversidade, admirando
e respeitando as diferenças, e aproveitando as peculiaridades para obter as melhores ações,
intenções e soluções.
Nenhuma organização, existe ou funciona sem a pessoa humana. Há que se
observar que quando modificamos as estruturas, também modificamos as pessoas, o grande
desafio dos líderes é conseguir que os seus colaboradores aceitem novas responsabilidades,
que compreendam que as suas atividades combinam com a dos outros, e que possam se
adaptar às circunstâncias modificadas, e que estejam afinados com as pessoas em sua volta,
de maneira que realizem seu trabalho mais eficazmente, sejam mais produtivos e se tornem
pessoas melhores, consolidando a previsão de Trotsky : " O homem se tornará
incomparavelmente mais forte, mais sábio e mais perceptivo".
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YOUNG,G. What is Creativity? The Journal of Creative Behavior 19, 2, 1985, 77-87.
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9 1. O QUE É LIDERANÇA .................................................................................................. 12 2. HISTÓRICO DO CONCEITO DE LIDERANÇA .......................................................... 17 3. CONCEITOS DE LIDERANÇA..................................................................................... 19
3.1 Comprometimento...................................................................................................... 24 4. LIDERANÇA E GLOBALIZAÇÃO............................................................................... 27
4.1 Breve Histórico da Globalização................................................................................ 28
4.2 Conceito de Globalização........................................................................................... 29
4.3 A Liderança no Mundo Globalizado.......................................................................... 30
4.4 As Empresas Brasileiras e a Globalização ................................................................. 32 5. O LÍDER .......................................................................................................................... 38
5.1 Orientar as Pessoas..................................................................................................... 39
5.2 Compartilhar Responsabilidades................................................................................ 39
5.3 Incentivar as Pessoas para o Autodesenvolvimento................................................... 40
5.4 Saber Reter Talentos .................................................................................................. 40
5.5 Líderes X Gerentes..................................................................................................... 41 5.6 O Potencial de Cada Indivíduo................................................................................... 44 5.7 Implementando Novos Valores.................................................................................. 45 5.8 Líder Integrativo......................................................................................................... 46 5.9 Um Líder Eficaz ......................................................................................................... 47 5.10 O Líder do Futuro..................................................................................................... 51 6. A LIDERANÇA E O PODER ..................................................................................... 54
6.1 Poder, Autoridade e Influência................................................................................... 54 6.2 Fontes e Tipos de Poder ............................................................................................. 55
6.3 Bases do Poder ........................................................................................................... 55
6.4 Gosto pelo Poder ........................................................................................................ 57
6.5 Poder nas Organizações ............................................................................................. 59
6.6 Liderança e Poder....................................................................................................... 59 7. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................. 62