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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM ESTRATÉGIAS LÚDICAS NO ENSINO DA QUÍMICA: O USO DE FOTONOVELAS, DA MÚSICA E DAS PALAVRAS CRUZADAS COMO FACILITADORES DO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM Por: Gustavo Felício Moraes Orientadora: Prof.ª Dayse Serra Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

ESTRATÉGIAS LÚDICAS NO ENSINO DA QUÍMICA:

O USO DE FOTONOVELAS, DA MÚSICA E DAS PALAVRAS

CRUZADAS COMO FACILITADORES DO PROCESSO

ENSINO-APRENDIZAGEM

Por: Gustavo Felício Moraes

Orientadora:

Prof.ª Dayse Serra

Rio de Janeiro

2011

1

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

ESTRATÉGIAS LÚDICAS NO ENSINO DA QUÍMICA:

O USO DE FOTONOVELAS, DA MÚSICA E DAS PALAVRAS

CRUZADAS COMO FACILITADORES DO PROCESSO

ENSINO- APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Psicopedagogia. Por: Gustavo Felício Moraes

2

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pela minha

formação pessoal e acadêmica.

Aos meus colegas da turma G028

que me apoiaram durante todo o curso.

3

DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia

à minha esposa e as minhas filhas.

4

RESUMO

O baixo rendimento dos alunos do Ensino Médio, nas avaliações

tradicionais (vestibulares) e no Enem, na área das Ciências da Natureza,

Matemática e suas Tecnologias (principalmente, na Física e na Química),

representa a atual realidade educacional brasileira nesse segmento. A

maioria dos alunos não gostam dessas disciplinas porque simplesmente não

conseguem compreendê-las ou são incapazes de correlacionar esses

conhecimentos científicos com a sua realidade social. A proposta desse

presente trabalho é despertar no professor de química diferentes estratégias

pedagógicas (alternativas) colocando o aluno como centro do processo ensino-

aprendizagem através da montagem de fotonovelas, da inserção da música e

das palavras cruzadas. Tais estratégias foram baseadas numa vasta

bibliografia e em três artigos escolhidos da Revista Química Nova na Escola,

através de relatos de experiências bem sucedidas.

5

METODOLOGIA

Na utilização de fotonovelas: pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, fórum de debates com professores (interdisciplinaridade) e alunos, confecção

de fotografias, uso de aplicativos na área de informática, criação de

fotonovelas envolvendo a organização de roteiro e de personagens feita pelos

próprios alunos.

Na utilização da música: pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e

fórum de debates.

No uso das palavras cruzadas: pesquisa bibliográfica e pesquisa de

campo.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 06

CAPÍTULO I - Fotonovelas no ensino da química 11

CAPÍTULO II - A música no ensino da química 15

CAPÍTULO III – As palavras cruzadas

no ensino da química 22

CONCLUSÃO 30

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 34

ANEXOS 39

ÍNDICE 59

6

INTRODUÇÃO

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as

possibilidades para a sua própria produção ou a sua

construção.” (Paulo Freire)

Por que a maioria dos alunos brasileiros do Ensino Médio têm uma preferência pelas ciências humanas e biológicas em detrimento das ciências

exatas? Por que ficam tão desmotivados ao realizarem avaliações de Química,

por exemplo? Por que o rendimento nas avaliações tradicionais é insuficiente?

As respostas a todos esses questionamentos são múltiplas. Existem

inúmeras causas e é um grande tema para a discussão dos profissionais da

educação.

Como uma conseqüência negativa, o mercado de trabalho está com

carência de profissionais da Área de Exatas como, por exemplo, engenheiros.

As empresas estão contratando profissionais dessa área, já aposentados, e

até mesmo, profissionais estrangeiros. Atualmente, falta mão de obra

qualificada.

Na aula tradicional a figura do professor é o detentor do saber e o seu

aluno um mero agente passivo no processo de aprendizagem. Esse modelo

acadêmico (secular) está ultrapassado há muitos anos.

No ensino da Química o grande obstáculo é o aspecto da linguagem

(representacional) dessa ciência, com aulas abstratas, fora da realidade do

aluno, sem contextualização. A aula expositiva com o uso do quadro e do

pincel, não é mais suficiente para atrair os alunos da atual geração. As aulas

precisam ser dinâmicas, inovadoras, motivadoras, com recursos de

informática, jogos, músicas ou com experimentação num laboratório para que

os alunos se envolvam diretamente no seu processo de aprendizagem.

Será que o professor de Química ou de Física conseguem amenizar

esse quadro através de aulas com métodos e práticas pedagógicas

alternativas que podem atingir a um mesmo objetivo no processo ensino-

aprendizagem? A resposta é sim.

7

Como professor de Química do Ensino Médio e futuro profissional da

Psicopedagogia tenho o compromisso em ser um elemento transformador da

educação desse segmento.

O aluno tem que ser o papel central no processo ensino-aprendizagem.

O processo de construção do conhecimento ocorre a partir do estabelecimento

de relações conceituais, em que esquemas mentais são elaborados pelos

alunos para compreender os novos conceitos introduzidos em sala de aula,

onde são desafiados cognitivamente, estimulados a construir novos esquemas

explicativos para o mundo que os rodeia.

O professor precisa estar motivado também e trabalhar com a

afetividade. Sempre compreendendo e resolvendo as dificuldades de

aprendizagem de seus alunos, realizando as intervenções pedagógicas

necessárias como um mediador do conhecimento.

A monografia tem como objetivo diminuir as dificuldades de

aprendizagem do aluno do Ensino Médio, com a proposição de diferentes

estratégias pedagógicas capazes de resgatar a sua auto-estima, tornando-o

figura ativa no seu processo ensino-aprendizagem, apresentando a ciência

Química de forma mais lúdica e contextualizada.

No presente trabalho foram escolhidas três estratégias pedagógicas:

• A utilização de fotonovelas. Os alunos estão envolvidos diretamente na

produção das fotos e aprendem a técnica de fotonovelas. A proposta é

abordar conteúdos químicos e relacioná-los com questões sociais.

• A utilização da música no Ensino da Química pode ser uma importante

alternativa para estreitar o diálogo entre saberes cotidianos e

conhecimento científico, visto que pode trazer temáticas com grande

potencial de problematização.

• O uso de palavras cruzadas que permitem aos alunos revisarem e/ou

exercitarem operacionalmente conceitos, definições e episódios

históricos. O uso das palavras cruzadas foi proposto como uma

atividade em substituição à resolução de exercícios tradicionais de

8

fixação. Uma atividade lúdica que já foi aplicada e que gera bons

resultados.

As referidas estratégias foram baseadas em artigos publicados na Revista

Química Nova na Escola na coluna Relatos de Sala de Aula.

CAPÍTULO I

FOTONOVELAS NO ENSINO DE QUÍMICA

1.1 - Proposta Pedagógica

De acordo com Santos e Schnetzler (1997), um ensino de Química

preocupado com a formação do cidadão precisa centrar-se na inter-relação de

dois componentes básicos: a informação química e o contexto social, pois para

que o cidadão possa participar da sociedade, ele precisa não só compreender

a Química, mas perceber como esta toma parte da sociedade em que está

inserido. Nesse sentido, as atenções voltam-se para as relações entre os

conceitos científicos e os seus aspectos tecnológicos e sociais. Tende-se,

desse modo, a direcionar a ação pedagógica no sentido de fortalecer a ação

social dos alunos, possibilitando não somente a aquisição de conceitos, mas,

sobretudo, a percepção das relações entre tais conceitos, as tecnologias e as

questões socioambientais.

Por outro lado, é fato inconteste que o ensino de Química, especialmente

o que é desenvolvido no 3º ano do nível médio, em muitas situações, ainda se

tem resumido à memorização de fórmulas e nomenclatura de compostos, sem

valorizar uma compreensão adequada dos conceitos e, consequentemente,

sem contribuir para a construção de uma percepção sobre como esses

conceitos constituem-se em ferramentas para a atuação crítica dos indivíduos

na sociedade.

9

Um ensino voltado para a formação do cidadão assume que os

conhecimentos adquiridos na escola são importantes à medida que

possibilitam uma inserção maior dos indivíduos na sociedade em que vivem.

Alguns autores (Solomon, 1988; Holman, 1988; por exemplo) se referem a este

como ensino de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS).

Em termos de estratégias didáticas, percebe-se como fundamental a

prática de desenvolver conteúdos partindo de questões que fazem parte do dia

a dia dos alunos, mobilizando-os no sentido de compreendê-las e

posicionando-se criticamente diante delas.

Neste capítulo, é discutido uma proposta didática que foi aplicada em

alunos do 3º ano do ensino médio de uma escola pública da cidade de Coronel

João Sá (BA). Envolveram-se na produção de fotonovelas que abordavam

questões sociais em relação com conteúdos da química. A sequencia didática,

desenvolvida em sua maior parte fora do ambiente tradicional de ensino – a

sala de aula – compreendeu, basicamente, a confecção das fotonovelas, a

qual foi conduzida principalmente com a orientação do professor de Química.

Entretanto, também foram realizadas aulas envolvendo debates em pequenos

grupos, discussão de toda a turma coordenada pelo professor e aulas

expositivo-interativas. A confecção das fotonovelas constituiu-se, de certo

modo, num trabalho interdisciplinar, pois envolveu a participação, além do

professor de Química, dos de Informática, de Arte e de Português, os quais

deram suporte às tarefas envolvidas no processo.

A análise da sequência didática desenvolvida mostrou como os alunos

evoluíam no entendimento dos conteúdos da Química, aliado às questões

sociais, à medida que se envolviam na confecção das fotonovelas. Eles

tiveram que buscar informações e lidar com conteúdos químico-sociais, os

quais davam suporte aos textos confinados em balões, aliando-os às imagens

digitais produzidas. Estes atuaram como fotógrafos, diretores, roteiristas e

atores. Feldman-Bianco e Leite (1998) discutem que a imagem, seja ela

eternizada em pintura, desenho ou fotografia, resultado da observação do real

ou do imaginário, visualizada manual ou eletronicamente, imóvel ou vibrante, é

indispensável em qualquer processo de ensino-aprendizagem. Nessa

10

perspectiva, entendemos que ela pode ser usada, pelos alunos, no processo

de investigação do cotidiano, avançando na construção dos conteúdos

científicos, desde que sejam orientados por meio de uma metodologia didática

adequada. Consideramos ainda que, para várias pessoas, o ato de fotografar é

mais que prazeroso. É essa sensação de prazer que, essencialmente, justifica

a utilização da fotografia dentro do processo de ensino-aprendizagem.

Devemos considerar, ainda, o fato de que tirar fotografias é hoje um

procedimento relativamente simples, podendo ser feito em qualquer

ambiente,a qualquer tempo e sem a necessidade de uma câmera digital ou

analógica, visto que até mesmo os aparelhos de telefonia móvel são dotados

dessa função. As imagens, desse modo registradas, podem ser usadas em

paralelo à aquisição de conteúdos químicos.

De acordo com o projeto desenvolvido em sala de aula,que esta pode, se

usada devidamente, ser uma estratégia de ensino de grande valia para instigar

o aluno no caminho que conduz à consolidação do hábito e prazer da leitura no

processo de construção do conhecimento, pois suscita a reflexão, a pesquisa e

a criação.

1.2 - Procedimentos

Cada uma das quatro turmas, comportando em média 30 alunos, foi

dividida em três grupos para facilitar o desenvolvimento do trabalho. Antes de

decidirem sobre os temas químico-sociais que seriam abordados, os alunos

receberam, inicialmente, orientações sobre diversos aspectos necessários à

confecção das fotonovelas, os quais foram aprofundados ao longo do

processo. As orientações foram as seguintes:

a) Introdução de conceitos fundamentais sobre fotonovelas: Os alunos

receberam explicações sobre os conceitos de novela, história em quadrinhos e

fotonovela para que pudessem compreender as diferenças entre esses estilos

literários. Discutiu-se, desse modo, que a fotonovela, estilo literário adotado na

11

proposta didática desenvolvida, traz consigo determinadas marcas ou ele-

mentos da narrativa: tempo (cronológico, histórico, psicológico ou do discurso),

personagens (protagonista, secundária ou figurante), espaço ou ambiente

(físico, social ou psicológico) e desfecho.Os alunos também se organizaram

para receber, oportunamente, as orientações dos professores de Língua

Portuguesa sobre noções de discurso direto e indireto e, especialmente, das

regras gramaticais e de pontuação. “Feldman–Bianco e Leite (1998) discutem

que a imagem, seja ela eternizada em pintura, desenho ou fotografia, resultado

da observação do real ou do imaginário, visualizada manual ou

eletronicamente, imóvel ou vibrante, é indispensável em qualquer processo de

ensino-aprendizagem.” “Tirar fotografias é hoje um procedimento relativamente

simples, podendo ser feito em qualquer ambiente, a qualquer tempo e sem a

necessidade de uma câmera digital ou analógica, visto que até mesmo os

aparelhos de telefonia móvel são dotados dessa função.”

b) Informações sobre os papéis de cada membro do grupo requeridos na

confecção das fotonovelas e dos possíveis tipos de personagens: Os alunos

foram informados sobre a necessidade de divisão de funções entre os

membros do grupo para a produção da fotonovela (diretores, fotógrafos, atores

e roteiristas). Em seguida, discutiu-se sobre o papel desempenhado pelos

personagens na narrativa, sendo eles: O protagonista (personagem principal,

em torno do qual a trama vai se desenvolver); o antagonista (opositor ao

protagonista, responsável pelos conflitos e obstáculos que devem ser

superados pelo protagonista); os adjuvantes (aqueles que auxiliam ou criticam

o personagem principal) e os coadjuvantes (personagens de pouca expressão

e que podem nem ser nomeados pelo autor, desempenhando pequenas

funções) (Santos, 2003).

c) Em relação à narrativa, discutiu-se ainda que esta pode ser feita na terceira

pessoa (por um narrador ausente) ou na primeira pessoa (por um dos

personagens), não devendo, portanto, conter falas longas que se tornariam

cansativas.

12

d) Discussão sobre os aspectos gráficos das fotonovelas: Nesse momento, os

alunos receberam informações gerais sobre a apresentação das fotonovelas,

em quadrinhos (slides), e sobre os significados dos diferentes tipos de

balões.Os balões são convenções gráficas nos quais se inserem as falas ou os

pensamentos dos personagens, comumente utilizados em histórias em

quadrinhos, charges políticas e outros. O rabicho dos balões indica ao leitor

qual o personagem que está falando (Eisner, 1999).

e) Uso do Microsoft Word Power Point (versão 2003): Os alunos foram

orientados pelo professor de Informática sobre os recursos e usos desse

programa. Tal programa foi utilizado para preparar as apresentações dos

trabalhos em forma de slides, admitindo o uso de texto, imagens, botões de

ligação com diversos documentos, endereços da internet, além da

possibilidade de incorporar animações, o que tornaria a apresentação mais

dinâmica e interativa.

f) Indicação de link da internet com modelo de fotonovela: Para facilitar a

confecção da fotonovela, foi indicado, após prévia pesquisa na internet, um site

contendo um exemplar de fotonovela: http://www.slideshare.net/blogpa/maria-

vai-com-as-outras, elaborada por alunos do curso de Tecnologia Educacional

da Faculdade Sumaré (SP).

Após as aulas envolvendo a discussão dos aspectos acima, bem como

definidos os momentos reservados para discussão com os professores das

demais disciplinas envolvidas, passamos a discutir, com os alunos, possíveis

temas químico-sociais, relacionados ao conteúdo de Química Orgânica, que

norteariam suas pesquisas. Os temas sugeridos foram: química de alimentos;

química dos perfumes, aromas e sabores; química e as drogas; química e a

medicina; química dos cosméticos; e química e a agricultura (Mortimer e cols,

2000). No entanto, os alunos ficaram livres para trabalhar outros temas que

não foram sugeridos, desde que consultassem previamente o professor.

13

Definidos os temas, os alunos passaram a pesquisar sobre eles, sob

orientação do professor de Química para, por fim, iniciarem a confecção das

fotonovelas, as quais posteriormente foram apresentadas para toda a turma.

Vale ressaltar, entretanto, que a pesquisa sobre os temas químico-sociais se

estendeu durante a confecção das fotonovelas, caracterizando-se um processo

recursivo nessas duas etapas. Após o planejamento das fotonovelas e a

confecção dos roteiros, os alunos passaram à fase de produção por meio do

Microsoft Office Power Point, versão 2003. Inicialmente, foram criadas pastas

eletrônicas contendo os dados de cada grupo e com os arquivos a serem

utilizados (fotos produzidas com câmera digital e também com celulares). Em

seguida, procedeu-se à diagramação dos trabalhos em forma de fotonovela.

A avaliação do trabalho desenvolvido por cada grupo seguiu os seguintes

critérios: participação e envolvimento dos alunos nas atividades de modo a

evidenciar evolução com relação ao tema-químico social abordado;

cooperação no trabalho em grupo; apresentação da fotonovela, seus aspectos

gráficos, técnicos etc.; e relação do tema químico com o contexto social.

1.3 - Discussão

Alguns aspectos responsáveis pelo envolvimento dos alunos nas atividades

compreendidas no processo, com o consequente avanço na apropriação tanto

de conceitos fundamentais da química como de outros mais diretamente

ligados ao ensino de química orgânica, relacionados a questões sociais,

podem ser aqui discutidos. Sem considerar uma ordem de prioridade,

iniciamos pelo aspecto lúdico envolvido na produção das fotonovelas. A

ludicidade das montagens das fotonovelas estimulou consideravelmente os

alunos a se envolverem nas atividades durante todo o processo, atuando como

autores, atores, fotógrafos ou roteiristas. Aliado a isso, é importante

ressaltarmos o alto nível de autonomia conferida aos alunos. As atividades

14

foram desenvolvidas, em sua maior parte, fora do ambiente tradicional de

ensino – a sala de aula. Os alunos, em seus respectivos grupos, tiveram que

decidir sobre os papéis dos diferentes membros, negociando entre eles as

motivações e habilidades predominantes de cada um; os cronogramas de

atividades; e como avançar nas questões relacionadas aos aspectos técnicos

de produção das fotonovelas, as relacionadas à dramatização em si mesma e,

sobretudo, aquelas correspondentes aos conteúdos, ou seja, os conceitos

químicos e sociais envolvidos. Entendemos que esse alto nível de autonomia,

comparado à restrita atuação dos alunos nas aulas tradicionais de química, foi

significativo para o envolvimento e a empolgação destes ao longo do processo.

Nesse sentido, vale ressaltar como a estratégia adotada mostrou-se

favorecedora da auto-estima dos alunos ao estimular e valorizar o

desenvolvimento de habilidades desconsideradas num ensino tradicional.

A sala de aula envolveu as aulas iniciais em que foram expostas

informações fundamentais para o início do processo, bem como para as

orientações e discussões do professor com cada grupo no monitoramento dos

trabalhos e, enfim, para as discussões finais, em que os grupos apresentavam

uma explanação para os demais sobre os temas selecionados,antes da

apresentação final propriamente dita das fotonovelas produzidas. As atividades

envolvidas na produção das fotonovelas em si foram desenvolvidas no

laboratório de informática, na biblioteca, em demais ambientes da escola que

serviram como cenário para as fotonovelas e em variados ambientes fora da

escola.O caráter, de certo modo, interdisciplinar da proposta também pode ser

considerado como estimulante, pois proporcionou a conciliação de atividades

que tradicionalmente seriam segmentadas em tempos e horários específicos

de cada disciplina. Os depoimentos dos alunos apontam para esse aspecto

quando eles falam da interação com professores de diferentes disciplinas na

execução de um trabalho comum a todas elas. Além da ludicidade, da

autonomia e da interdisciplinaridade envolvidas na estratégia de produção de

fotonovelas, consideramos, enfim, os temas sugeridos pelo professor e

selecionados pelos alunos. Os temas, envolvendo questões sócio-científicas,

15

estão direta ou indiretamente ligados ao cotidiano dos alunos, além de serem

instigantes e possibilitarem uma problematização, requerendo uma reflexão

crítica por parte deles. Nessa perspectiva, o valor da estratégia didática aqui é

discutida, não apenas levando em consideração o caráter lúdico desta, a

autonomia atribuída aos alunos ou a interdisciplinaridade envolvida, mas

considerando como esses aspectos podem ser aliados à discussão de temas

que fazem parte do cotidiano dos alunos e envolvendo conteúdos químicos. Ao

longo do processo, os alunos buscaram informações sobre os conceitos

químicos necessários sob orientação do professor, produzindo novos

significados sobre os conteúdos estudados, entendendo-os de forma

contextualizada e considerando as questões sociais envolvidas. Nessa

perspectiva, relacionamos essa estratégia com um ensino que busca fortalecer

a formação dos indivíduos como cidadãos.

CAPÍTULO II

A MÚSICA NO ENSINO DE QUÍMICA

2.1 - Proposta Pedagógica

Atualmente, uma pequena incursão pela mídia permite que identifiquemos

alguns temas que podem estar direta ou indiretamente relacionados à

Química, como: aquecimento global, poluição atmosférica, contaminação de

rios por resíduos industriais, derramamento de petróleo ou óleo nos mares e

fabricação de armas nucleares. Boa parcela dos temas insere a Química como

vilã e a considera uma das grandes responsáveis por alguns dos males da

humanidade e do meio ambiente. No entanto, são pouco discutidas outras

questões que norteiam temáticas, como: consumismo exacerbado, exploração

cega dos recursos naturais, questões políticas e econômicas e a opção por

determinado modelo de desenvolvimento econômico em detrimento de outro.

16

Como visto, não faltam assuntos para serem abordados no âmbito da sala

de aula, sejam para discutir com os alunos o papel da ciência na atual

sociedade ou para desmistificar alguns temas que são tratados somente na

superficialidade e sob o interesse de uma determinada classe social.

O conhecimento químico pode ser construído pelas crianças e pelos

jovens de tal forma que eles compreendam questões relevantes e outras

tangíveis ao dia-a-dia,assim como possam contribuir para modificar a imagem

sobre a Química, ou seja, ela pode ser vilã, mas também pode ser “anjo da

guarda”, e isso está diretamente relacionado à maneira como é concebido o

seu uso. Segundo Pinto (Deyl lot e Zanetic, 2004), no Ensino de Física, e isso

não é diferente para o Ensino de Química, prevalece a “Ciência do Outro” e

quase nunca “Nossa Ciência”, já que cozinhamos com o microondas ou nos

comunicamos por meio do microcomputador e, no entanto, estamos cada vez

mais afastados dos fundamentos indispensáveis para a elaboração dos

conhecimentos e dos avanços científicos e tecnológicos que permeiam nosso

cotidiano. É fundamental aos alunos compreenderem que a ciência química

tem tudo a ver com a cultura contemporânea e que, por meio dela, é possível

estabelecer um diálogo inteligente com o mundo, também, é imprescindível

buscar formas para sensibilizar os professores na escolha de temas que gerem

no estudante a necessidade em transcender a informação e mergulhar na

busca do conhecimento como forma de interpretar o mundo ao seu redor. Isso

pode ser feito utilizando o conhecimento “científico” dentro dos limites da

ciência ou expressando sentimentos e sensações sobre a ciência por meio do

imaginário e da arte.

No âmbito dessas questões, não devemos esquecer que os alunos, em

todos os níveis de aprendizagem, estão imersos em novas tecnologias e novas

linguagens, decorrentes da ampla e irrestrita difusão de informações. Assim,

como educadores, se não reconhecermos a concorrência e, ao mesmo tempo,

resistências que as tecnologias exercem no âmbito escolar da aprendizagem,

então, como afirmam Almeida e Silva (1998), “corremos o risco de ficarmos

falando e lendo sozinhos reclamando participação e espírito crítico nas nossas

17

salas de aula, enquanto ‘eles’ estarão vendo televisão, imersos em sons,

walkmans, imagens e videogames” (p.102)

A música e a letra podem ser uma importante alternativa para estreitar o

diálogo entre alunos, professores e conhecimento científico, uma vez que

abordam temáticas com grande potencial de problematização e está presente

de forma significativa na vida do aluno.

De acordo com Ferreira (2002), “a música pode nos auxiliar no ensino de

uma determinada disciplina, na medida em que, ela abre possibilidades para

um segundo caminho que não é o verbal” (p. 13), no qual seja possível

despertar nos alunos uma sensibilidade mais aguçada na observação de

questões inerentes a ela. Já Ferreira (2002) descreve sobre a potencialidade

do recurso musical, e foi nesse sentido que procurou-se escolher músicas que

apresentassem melodias e estilos sintonizados com o gosto do público jovem

para facilitar a comunicação e o interesse.

Cabe salientar que foi explorado com maior intensidade o conteúdo

presente nas letras das músicas em termos de linguagem, possibilidades de

analogias, contexto social, econômico, tecnológico e cultural.

2.2 - Desenvolvimento da proposta

Nas possibilidades que o recurso musical oferece, foram ministrados três

minicursos em Encontros de Química e Ensino de Química envolvendo alunos-

docentes e professores de Química, com a finalidade de discutir estratégias e

refletir sobre as contribuições que a relação entre o contexto da música e a

Química pode trazer para a melhoria do ensino dessa ciência.

No início de cada minicurso, foram apresentados aos participantes a

seguinte questão: “Se perguntarmos a um aluno do Ensino Médio: o que você

pensa sobre a Química – quais seriam as possíveis respostas?” A maioria

argumentava que as respostas dos alunos seriam, predominantemente:

química é coisa de louco, muita fórmula e memorização, muito difícil, só serve

para passar no vestibular, odeio química, entre outras.

18

É essa imagem negativa da Química que é transmitida e que pode ser

encontrada em letras de músicas populares, como a intitulada Química, da

Banda Legião Urbana (Russo, 1987), que enfatiza o ódio à Química, conforme

mostra o refrão: “Não saco nada de Física, Literatura ou Gramática, Só gosto

de Educação Sexual, E eu odeio Química”.

Ainda nesse contexto, é relevante destacar a música, certamente pouco

conhecida, de uma banda de rock chamada Killi, cujo título é: NaCl, escrita por

um integrante não identificado que possui formação em Química, como

apresentamos a seguir:

NaCl

Todo dia é a mesma coisa, uma nova teoria,

Linus Pauling ou Arrhenius,

pra aumentar minha agonia.

Elemento que ioniza,

é grande ou baixa a entalpia,

construir o diagrama,

pra acabar com minha alegria.

Química!

Balancear a equação,

equacionar a reação,

agitar a solução,

começar a combustão.

Sem contar com a tabela,

eu não consigo decorar,

muito menos entender,

eu não vou mais estudar.

Química!

Sódio, cálcio, hidrogênio,

magnésio, oxigênio, lítio,

19

cloro, tungstênio, alcalino

e halogênio.

Dicromato de potássio, NaCl,

sulfato de cálcio, NaCl.

Química!

(Banda Killi, 2002).

A letra acima não expressa sentimentos diferentes dos apresentados na

canção da Banda Legião Urbana, dilacerando a imagem do Ensino de

Química, que dá ênfase à memorização.Infelizmente, isso vem se repetindo ao

longo dos tempos, conforme podemos identificar nas palavras de Canetti

(1989) que afirmou ter um ou outro mau professor e “[...] um professor desses

fora, em Frankfurt, o de química. Pouco me sobrou de suas aulas, além das

fórmulas da água e do ácido sulfúrico [...]” (p. 107)

Considerando que não há comunicação desinteressada, cabe-nos uma

indagação: será que, apesar de todos os nossos esforços como professores,

não prevalece, ao final da aprendizagem referente à Educação Básica, essa

imagem pobre e caricatural da Química para boa parcela dos estudantes

desse nível?

Em outro momento do minicurso, foi perguntado, também, como os

participantes associavam a música ao Ensino da Química e quase todos

sempre recordavam de “músicas” ensinadas nos cursinhos pré-vestibulares,

todas com melodias de interesse do público jovem. Um dos participantes do

minicurso, de Jequié na Bahia, apresentou um CD com várias músicas

utilizadas nas aulas de cursinho, do qual extraímos o seguinte fragmento:

As cadeias carbônicas são

assim classificadas.

Cadeias abertas ou acíclicas e cíclicas

ou fechadas.

BIS

20

As abertas apresentam duas ou mais

extremidades.

As fechadas, ciclos ou anéis – veja que

facilidade.

As abertas ainda são normais

e ramificadas.

A primeira com duas pontas.

A outra mais de duas

encontradas. [...]

(Autor não identificado)

A música e a letra podem ser uma importante alternativa para estreitar o

diálogo entre alunos, professores e conhecimento científico, uma vez que

abordam temáticas com grande potencial de problematização e está presente

de forma significativa na vida do aluno.

Vale ressaltar que são músicas muito atrativas e buscam gerar interesse e

motivação, na medida em que utilizam melodias conhecidas e apreciadas pelo

público jovem, mas não apresentam características que diferem das discutidas

até o momento.

Apesar de ser uma estratégia muito utilizada por professores para provocar

a atenção dos alunos, é momentânea. Além dos mais, essas canções

apresentam letras que atuam no sentido de reforçar a visão

compartimentalizada do conhecimento químico, resumindo-se apenas como

uma das formas de memorizar determinados nomes ou conceitos.

Em um trabalho desenvolvido por Pye (2004), percebemos que a proposta

apresentada pelo autor corrobora esse tipo de visão, enfatizando o ensino

tradicional que tanto se critica.

O autor elabora paródias de músicas que apresentam o conjunto melodia e

letra conhecida e apreciada pelo público jovem como: Welcome to the Gás

Phase (Guns and Roses – 1987) e as utiliza como uma ferramenta para

facilitar o ensino de conceitos de química. Contudo, a abordagem sugerida por

21

meio da letra é predominantemente fragmentada, com ênfase na

memorização. No trabalho que desenvolvemos, procuramos mostrar como a

música pode ser utilizada para contextualizar o ensino, dando maior significado

aos conceitos ou conhecimentos por ela veiculados. Como reflexão inicial,

ouvimos a música e discutimos a letra de: Movido a água (Assumpção, 1986),

transcrita a seguir, no sentido de decodificar seus significados e potenciais de

significação para problematizar o ensino da química.

Existe o carro movido a gasolina, existe o carro movido a óleo diesel,

Existe o carro movido a álcool, existe o carro movido a eletricidade,

Existe o carro movido a gás de cozinha.

Eu descubro o carro movido a água, eu quase, eu grito,

Eureka, eureka, eurico

Ai saquei que a água ia ficar uma nota e os açudes iam tudo ceará

Os rios não desaguariam mais no mar, nem o mar mais virar sertão.

Nem o sertão mais virar mar.

Banho? Nem de sol.

Chamei o anjo e devolvi a descoberta para o infinito

Aleguei ser um invento inviável só realizável por obra e graça do santo espírito.

Agora eu tô bolando um carro movido a bagulhos, dejetos, restos, fezes,

Detritos fezes, três vezes estrume, um carro de luxo movido a Lixo,

Um carro pra sempre movido a bosta de gente. (Assumpção, 1986)

Um dos aspectos a ser destacado é que a letra e a música motivam,

despertam o interesse e podem proporcionar uma discussão interdisciplinar,

uma vez que envolve questões políticas, econômicas e científicas em torno da

utilização das diferentes fontes de energia por meio de trechos da letra da

música como: porque a água iria ficar uma nota ou os rios não desaguariam

mais no mar? Ao mesmo tempo, ela suscita, do ponto de vista da interpretação

da realidade, a necessidade de compreensão de conhecimentos químicos. Por

22

exemplo, as reações de combustão, por meio da análise sobre as

possibilidades de um carro ser movido a água, pelo lixo ou mesmo por “bosta”

de gente. Para isso, é preciso ir além da força de expressão da mensagem, na

extrapolação das idéias do compositor para o contexto físico e social no qual

estamos inseridos.

Nessa situação, uma aula de Química poderia começar de maneira lúdica,

procurando estimular os alunos com a música. Para além desse estímulo,

estão as relações que podem ser estabelecidas entre a química como saber

ensinado e a letra da música.

De maneira geral, essas composições abordam temáticas que interessam

aos adolescentes – por exemplo, os carros – ou outras questões como a

relação entre a queima de combustíveis e o aquecimento global. Ainda

explorando o grande potencial de discussão da letra apresentada, poderíamos

provocar reflexões sobre fontes de energia alternativas, problematizando

questões como: é possível um carro ser movido a lixo ou mesmo a água?

CAPÍTULO III

PALAVRAS CRUZADAS NO ENSINO DE QUÍMICA

3.1 - Proposta Pedagógica

Por muito tempo, o Ensino de Química se manteve voltado apenas à

transmissão de conceitos, e somente a Pedagogia discutia os problemas

relativos ao processo ensino-aprendizagem. Atualmente, são propostas novas

metodologias de levar aos alunos um ensino mais dinâmico e, nesse contexto,

está inserida a utilização de atividades lúdicas.

Nessa perspectiva didática, poucos trabalhos envolvendo o uso de

atividades lúdicas no ensino de Química têm sido publicados recentemente na

literatura brasileira (Soares e cols., 2003; Oliveira e Soares, 2005; Soares e

Cavalheiro, 2006; Giacomini e cols., 2006). Embora propostas da utilização de

atividades lúdicas no ensino de Química sejam relativamente recentes no

23

Brasil, estas são bastante relatadas em língua inglesa, aparecendo já nas

primeiras publicações do periódico Journal of Chemical Education, como a

proposta de James (1929) descrevendo um jogo sobre ligações e reações

químicas.

Anualmente essa revista científica publica diversos artigos sobre diferentes

tipos de jogos, incluindo passatempos, para o aprendizado da Química como,

por exemplo, os descritos por Nowosielski (2007) que enfoca o conceito de

concentração; por Welsh (2007) que discute a nomenclatura dos compostos

químicos; por Crute e Myers (2007) sobre grupos funcionais em química

orgânica; por Perez e Lamoureux (2007) discutindo os aminoácidos; e por

Costa (2007) que aborda isomeria óptica.

Indiscutivelmente, muitos professores de Química se utilizam de jogos e

passatempos para tornar o aprendizado desta mais divertido e relevante

(Russel, 1999). Tal uso de atividades lúdicas fica evidente em uma revisão

bibliográfica elaborada por Russell e publicada em 1999 na qual apresenta

uma lista de 67 jogos de Química publicados ou comercializados em língua

inglesa. A lista poderia ser maior, pois não contempla jogos elaborados para

computadores considerados obsoletos na data de publicação da revisão.

Nesta, os jogos estão organizados de acordo com o assunto e uma descrição

sucinta de cada um está presente.

Nos debates acerca da utilização do jogo com fins educativos, é comum a

discussão quanto às suas duas funções principais. Segundo Kishimoto (1996),

uma se refere à função lúdica, ou seja, o jogo relacionado com a diversão, ao

prazer; e outra, à função educativa, na qual está envolvido o pedagógico, o

educativo. Para uma boa aplicação dos jogos educativos, é necessário um

equilíbrio entre as duas funções (Soares e Cavalheiro, 2006; Kishimoto, 1996)

para se obter um ensino prazeroso e uma aprendizagem significativa.

Neste trabalho, desenvolvemos e avaliamos a utilização de palavras

cruzadas como recurso didático na aprendizagem de conceitos, definições e

episódios históricos relacionados ao conteúdo de teoria atômica.

Em nossa proposta, as palavras cruzadas foram utilizadas com a função

lúdica de despertar o interesse dos alunos, devido ao desafio que lhes

24

impõem, e com funções didáticas diversas advindas das ações tomadas por

estes para realizarem essa atividade lúdica.

3.2- Atividades lúdicas e a motivação

O uso do lúdico para ensinar conceitos em sala de aula pode ser uma

ferramenta que desperte o interesse na maioria dos alunos, motivando-os a

buscar soluções e alternativas que resolvam e expliquem as atividades lúdicas

propostas. Segundo Soares (apud Cavalcanti e cols.,2007), o jogo é um

instrumento que desperta o interesse, devido ao desafio que ele impõe ao

aluno. O aluno desafiado busca com satisfação a superação de seu obstáculo,

pois o interesse precede a assimilação (p. 1).

Na presente proposta, o desafio enfrentado pelo aluno é o preenchimento

das palavras cruzadas, que o obriga a tomar várias ações e desenvolver

habilidades, tais como pesquisar em livros e cadernos de aula sobre o assunto,

(re)interpretar conceitos e definições e relacionar palavras e letras de sua

estrutura cognitiva com lacunas ou palavras existentes.

No espaço da sala de aula, acontecem os grandes encontros, a troca de

experiências, as discussões e interações entre os alunos, caracterizando-se as

relações existentes entre estes e o professor. Dentro desse contexto, o

docente observa seus estudantes, identifica suas conquistas e suas

dificuldades e os conhece cada vez melhor e o seu ambiente de trabalho. A

atividade lúdica proposta pode auxiliar o professor na identificação de

dificuldades enfrentadas pelos alunos, principalmente quanto aos problemas

de interpretação de conceitos e definições.

O processo de aprendizagem não ocorre somente na escola como fator de

ensino, mas sim como um resultado muito mais amplo que, relacionado com

seu cotidiano, pode ser citado: os hábitos adquiridos, os aspectos de nossa

vida afetiva e a assimilação de valores culturais. Segundo Benato (2001), a

aprendizagem é o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já

maduro, que se expressa, diante de uma situação-problema, sob a forma de

uma mudança de comportamento em função da experiência. Assim, como a

25

relação aluno-professor é um fator importante para o aprendizado, deve-se

também considerar a motivação como estímulo do ambiente. A utilização de

atividades lúdicas pode contribuir para o despertar dessa motivação,

favorecendo o interesse pelo aprendizado de novos conhecimentos. Neste

trabalho, o uso de palavras cruzadas é proposto como uma substituição dos

exercícios de fixação em sala de aula ou extra-classe, nem um pouco

motivadores, por atividades mais prazerosas e, até mesmo, como alternativa

de uma forma menos formal de avaliação.

3.3- Material utilizado e aplicação

Neste artigo, descreve-se uma atividade lúdica aplicada em salas de aula

para alunos iniciantes do Ensino Médio, após os professores terem ministrado

o conteúdo referente à Teoria Atômica. Foi sugerida aos professores a

apresentação dos conteúdos antes da utilização das palavras cruzadas, devido

ao fato de o livro didático adotado não ter sido analisado previamente como

suficiente ou inadequado para pesquisa ou estudo pelo aluno para preencher

as palavras cruzadas. Além disso, nenhum material didático complementar ao

livro didático foi desenvolvido ou selecionado com o propósito de subsidiar a

aplicação da atividade lúdica antes das aulas sobre o assunto terem sido

ministradas.

As palavras cruzadas podem ser aplicadas mesmo que o conteúdo de

Teoria Atômica ainda não tenha sido ministrado, porém, nesse caso, um

cuidado maior com o material didático de apoio fornecido ao aluno deve ser

tomado.

Por meio das cópias realizadas dos materiais que constam no anexo, foi

possível aplicar a atividade individualmente. Cabe lembrar que somente uma

palavra cruzada foi aplicada em sala de aula, outras podem servir como

atividade extra-classe.O tempo de aplicação da atividade em sala foi de

aproximadamente 30 minutos, enquadrando-se ao tempo previsto para uma

aula no Ensino Médio.

26

3.4 - Avaliação das palavras cruzadas como recurso didático

As palavras cruzadas foram utilizadas com a função lúdica de despertar o

interesse dos alunos, devido ao desafio que lhes impõem, e com funções

didáticas diversas advindas das ações tomadas por estes para realizarem essa

atividade lúdica, numa escola da rede pública de ensino do estado de Mato

Grosso do Sul, da região de Dourados, atingindo-se um número de 88 alunos

participantes de três turmas do 1º ano do Ensino Médio matutino e quatro

professores. Dentre estes, dois possuem graduação em Biologia, um em

Matemática e um em Física, e seus tempos de atuação variam de 5 a 20 anos

de magistério. Todos possuem curso de graduação em licenciatura plena na

sua área. Os professores demonstraram não serem relutantes à metodologia,

inclusive o professor de Física, com 20 anos de magistério, foi o que mais

contribuiu com a aplicação das atividades.

Durante a aplicação das palavras cruzadas na sala de aula, foi verificado

um grande interesse da maioria dos alunos em participar da atividade lúdica.

Numa perspectiva tradicional, um observador podia concluir que, durante a

realização das palavras cruzadas, havia muito barulho na sala de aula e,

portanto, o aspecto disciplinar piorou, porém constatou-se que as conversas

entre os alunos estavam relacionadas ao próprio jogo. Mesmo as palavras

cruzadas sendo respondidas individualmente, percebeu-se, pelas

comunicações entre os alunos, uma competição saudável. Embora

constatássemos que as falas nem sempre fossem verdadeiras quanto ao

número de palavras já preenchidas, isso confirmava o interesse em participar

da atividade e que a competição criada naturalmente foi um fator motivador.

Essa constatação do barulho indicando um comprometimento com a rea-

lização das atividades lúdicas e não um comportamento disciplinar inade-

quado já foi verificada na aplicação de uma atividade lúdica chamada Júri

Químico (Oliveira e Soares, 2005).

Os professores relataram algumas de suas constatações sobre a aplicação

da proposta:

27

a) houve uma melhora significativa na aprendizagem dos conceitos

previamente discutidos pelos professores;

b) diminuição da evasão da sala durante a aula de Química, o que era

frequente antes da aplicação dos jogos;

c) melhora na relação aluno-professor, caracterizado por um maior número de

diálogos na sala de aula após aplicação das atividades lúdicas;

d) significativo aumento no interesse, fator observado pela crescente atenção

em relacionar jogos com a química.

Quanto à melhoria da aprendizagem, atribui-se a esse fator positivo

principalmente ao fato de que “o jogo incentiva a participação do aluno,

considerando-se o aluno construtor do próprio conhecimento e valorizando a

interação do aprendiz com seus colegas e com o próprio professor” (Soares e

Cavalheiro, 2006, p. 30). O aluno, para responder as palavras cruzadas,

precisa pesquisar no livro didático e no caderno, fazer questionamentos sobre

a interpretação de conceitos e definições ao professor e, às vezes, ao próprio

colega. Essa pesquisa e os diálogos estabelecidos podem levar,

ocasionalmente, a reinterpretações de conceitos e definições.

Com respeito à melhoria na relação aluno-professor, esta advém da

aproximação entre os dois que ocorre em vários momentos da aplicação da

atividade lúdica, constatação já confirmada anteriormente (Oliveira e Soares,

2005). Essa aproximação ocorreu dentro e fora da sala de aula quando os

alunos procuravam o professor para esclarecer suas dúvidas.

A aplicação desses jogos promoveu um aumento significativo do interesse

pelo estudo extraclasse, fato que, segundo os professores, inexistia antes da

atividade proposta. Houve uma procura por diversos alunos em horário vago

do professor para explicações sobre o material abordado, estimulando o

28

ensino fora da sala de aula. Destaca-se aqui algumas afirmações dos alunos

durante a execução dos jogos:

- O conteúdo de química é mais fácil do que parece.

- Puxa, aprendi coisas que jamais sonhei...

A primeira frase deixa evidente que a utilização da atividade lúdica foi um

instrumento facilitador na aprendizagem, pois o conteúdo de Química, na sua

opinião, antes da utilização do lúdico, parecia não ser fácil de ser

compreendido. A segunda frase deixa evidente um grau elevado de satisfação,

pois realmente ele tem convicção que aprendeu sobre o conteúdo.

Após a aplicação da atividade, os professores realizaram avaliações sobre

o conteúdo ministrado. As avaliações indicaram que houve uma melhora de

35% nas notas apresentadas após a utilização dessas atividades, de-

monstrando que os alunos obtiveram um aumento significativo da nota.

As avaliações foram padronizadas pelos professores e aplicadas nas

turmas que realizaram as atividades lúdicas (grupo de pesquisa: 88 alunos

participantes de três turmas do 1º ano do Ensino Médio matutino) e nas que

não realizaram as atividades (grupo de controle: 67 alunos participantes de

duas turmas do 1º ano do Ensino Médio matutino). As turmas escolhidas

demonstram ser qualitativamente semelhantes, conforme comparação dos

resultados das avaliações dos exames realizados previamente pelos

professores, evitando assim que propositalmente uma turma de predileção

de algum professor fosse escolhida.

Nas turmas onde não foram executadas as atividades lúdicas, os

professores realizaram uma aula de exercícios. A avaliação foi composta por

10 exercícios de múltipla escolha, retirando as questões dos exames

vestibulares da região de Dourados (MS). Apesar de as questões de vesti-

bulares, muitas vezes, privilegiarem a memorização em detrimento do uso de

raciocínio lógico, houve um cuidado ao selecionar essas questões para a

avaliação, e o fato de serem de vestibular foi apenas um fator a mais de

motivação aos alunos na execução da atividade.

29

Os resultados encontrados após a aplicação dos exames revelaram que

ocorreu um aumento significativo de aprendizagem nas turmas que

executaram os jogos em relação às turmas que não executaram a atividade

lúdica. Observou-se que houve 76% de acerto das questões pelo grupo de

pesquisa e somente 48% pelo grupo de controle.

Uma observação pertinente na execução da atividade foi à existência de

certa resistência inicial em realizar o uso de jogos como atividade de apren-

dizagem, porém, com as discussões geradas e os resultados observados pelos

próprios alunos, essa resistência foi superada e estes foram os que mais

participaram no final da atividade. A utilização das palavras cruzadas teve

também uma função avaliativa.

Quanto à função de avaliação diagnóstica, algumas dificuldades dos alunos

puderam ser identificadas mais facilmente pelos professores nos diálogos para

tirar dúvidas, que se tornaram mais frequentes com a aplicação da atividade

lúdica. Com a função de avaliação formal, é importante comentar o hábito dos

professores da região de atribuir notas para atividades extraclasse em uma

tentativa de motivar o aluno ao estudo. Contudo, as tarefas realizadas por

meio de resolução de exercícios tradicionais não favorecem a motivação para

o estudo. Com o uso das palavras cruzadas como tarefa extraclasse, os

professores verificaram que esta foi mais efetiva e que não foi encarada pelo

aluno como algo não prazeroso e obrigatório.

30

CONCLUSÃO

A utilização de fotonovelas como estratégia didática mostrou-se bastante

útil para favorecer o envolvimento dos alunos ao longo do processo, gerando

assim mais oportunidades de aprendizagem. O seu caráter lúdico e

interdisciplinar, associado ao fato de proporcionar aos alunos um maior nível

de autonomia que aquele verificado nas aulas tradicionais de química, além de

envolver a abordagem de questões ligadas ao cotidiano, foi aspecto que

contribuiu significativamente em sua aceitação pelos alunos, com

consequentes benefícios para a sua aprendizagem. De acordo com a

discussão que foi apresentada, a relevância da estratégia tanto na

consolidação de conceitos já introduzidos antes da aplicação da proposta, bem

como na introdução de outros novos e, sobretudo, na geração de uma situação

que se mostrou propícia para a discussão de temas sociais, associados aos

conteúdos químicos requeridos para o aprofundamento do tema.

O avanço das discussões, das expectativas e dos interesses em torno da

abordagem de conhecimentos químicos, veiculados por meio de algumas

músicas, deixa claro que se pode fazer um segundo caminho que não o da

aula expositiva, aumentando a sensibilidade e a criatividade em se fazer

relações entre o contexto da música refletido na letra que a compõe e o

conhecimento científico.

Conseqüentemente, a educação científica passa a se situar como parte da

realidade dos “interlocutores problematizados” e não apenas como páginas a

serem estudadas nos livros didáticos, já que, segundo Freire (1983), é

fundamental à educação a “[...] problematização do mundo do trabalho, das

obras, dos produtos, das idéias, das convicções, das aspirações, dos mitos, da

arte, da ciência, enfim, o mundo da cultura e da história [...]” (p. 83).

A música como abordagem de conhecimento químico dificilmente é

incorporada nas estratégias de ensino mais recomendadas, contudo,

entendemos que ela se revela absolutamente útil na interpretação de

mensagens do cotidiano que têm significado científico, social e tecnológico.

31

A utilização de palavras cruzadas relacionadas ao conteúdo de teoria

atômica mostrou ser um versátil instrumento facilitador do processo de ensino-

aprendizagem, com a promoção da motivação, melhoria na relação aluno-

professor e do desempenho nas avaliações.

O professor pode confeccionar seus próprios passatempos, de acordo com

suas necessidades, para diversos assuntos relacionados com os conteúdos de

química. Aprimorando o nível das perguntas das palavras cruzadas, podem-se

promover diversos níveis de dificuldades de resposta, estimulando os alunos a

estudos constantes para a sua execução.

Professores de outras áreas como biologia, física, matemática etc.

também podem usufruir dos benefícios das práticas pedagógicas

mencionadas. É só realizarem as devidas adaptações em seus respectivos

conteúdos.

32

ANEXO

Palavras Cruzadas como Recurso Didático QUÍMICA NOVA NA ESCOLA

Vol. 31, N° 2 , MAIO 2009

Palavra cruzada aplicada em sala de aula:

Horizontal

1. Fenômeno apresentado por certos nuclídios capazes de decomporem-se,

espontânea ou artificialmente, emitindo radiações ou partículas subatômicas.

Descoberta por Becquerel em 1895.

2. Propriedade atômica cujo valor é igual ao número total de prótons e

nêutrons existentes no núcleo do átomo.

3. Após os trabalhos de Rutherford com a dispersão de partículas alfa, passou

a ser considerado muito pequeno em relações às dimensões atômicas e

concentra as cargas positivas, constitui-se de prótons e nêutrons. (Plural)

4. Químico, físico e meteorologista inglês, em 1808, expôs a sua teoria atômica

revolucionando a ciência, estabeleceu leis das proporções múltiplas e pressões

33

parciais, que leva o seu nome.

5. Propriedade quântica diferente do momento cinético decorrente do

deslocamento segundo uma órbita, e que constitui uma espécie de rotação

interna efetuada por essa partícula.

6. Partícula carregada negativamente existente nas soluções líquidas.

Cognominada por Michael Faraday para explicar a condutibilidade elétrica nas

soluções.

7. Filósofo que acatou a ideia e anunciou que a menor proporção ou partícula

de qualquer matéria era indivisível e denominou essa partícula mínima de

átomo.

8. Nome dado ao átomo com mesmo número de prótons e diferente número de

massa de outro átomo.

9. Partículas negativas que constituem os átomos, portando-se como a

unidade de carga elétrica negativa. Sua massa é aproximadamente 1840

vezes menor que a massa do próton. (Plural)

Vertical

1. Físico britânico (1871-1937). Em 1911, sugeriu o átomo nuclear.

2. Físico inglês (1856-1940) de grande destaque por suas pesquisas em torno

da estrutura da corrente elétrica. Provou que o átomo contém partículas com

cargas elétricas negativas, uma partícula maciça, mas não indivisível.

3. Partícula subatômica idêntica ao núcleo do átomo do hidrogênio, isto é, com

massa atômica igual a um e carga formal também igual a uma unidade.

(Plural).

4. Íon positivo existente numa solução e que migra em direção ao eletrodo

de carga negativa, quando uma corrente é passada através da solução, é

o oposto do ânion.

5. Partícula unitária da matéria com carga nula e massa aproximadamente

igual a do próton. Foi descoberto por Chadwick em 1932. (Plural)

6. Menor unidade do elemento químico.

34

7. Qualquer átomo ou agrupamento atômico que apresentar desequilíbrio de

cargas elétricas. São as unidades estruturais dos cristais dos sais. (Plural)

8. Físico sueco, detentor do premio Nobel por seus trabalhos teóricos sobre

Física Atômica, no qual elaborou o primeiro tratamento matemático das órbitas

eletrônicas do hidrogênio, capaz de interpretar o espectro ótico conhecido

desse elemento.

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39

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 1

AGRADECIMENTO 2

DEDICATÓRIA 3

RESUMO 4

METODOLOGIA 5

SUMÁRIO 6

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I 9

FOTONOVELAS NO ENSINO DE QUÍMICA

1.1 – Proposta pedagógica 9

1.2 – Procedimentos 11

1.3 _ Discussão 14

CAPÍTULO II 16

A MÚSICA NO ENSINO DA QUÍMICA

2.1_ Proposta pedagógica 16

2.2_ Desenvolvimento da proposta 18

CAPÍTULO III 22

PALAVRAS CRUZADAS NO ENSINO DA QUÍMICA

3.1_ Proposta pedagógica 22

3.2_ Atividades lúdicas e motivação 24

3.3_ Material utilizado e aplicação 25

3.4_ Avaliação das palavras cruzadas

como recurso didático 26

CONCLUSÃO 30

ANEXOS 32

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 34

ÍNDICE 39