universidade candido mendes - pós-graduação · (leech, 1975, p.10). no volume iii,...

37
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU” O ENSINO DA SEMÂNTICA NO NÍVEL SUPERIOR POR MARCIO HENRIQUE CAMARGO GONÇALVES PROFESSOR CARLOS ALBERTO CEREJA DE BARROS RIO DE JANEIRO 2009 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Upload: vuongkhanh

Post on 28-Oct-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

O ENSINO DA SEMÂNTICA NO NÍVEL SUPERIOR

POR MARCIO HENRIQUE CAMARGO GONÇALVES

PROFESSOR

CARLOS ALBERTO CEREJA DE BARROS

RIO DE JANEIRO 2009

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O ENSINO DA SEMÂNTICA NO ENSINO SUPERIOR

OBJETIVOS:

Esta monografia atende aos

estudantes de Letras e Licenciatura

que querem esclarecer algumas

dúvidas do ensino da Semântica nas

principais Faculdades de Letras do

Brasil, além de estimular o uso da

Web Semântica nos cursos de

Letras.

AGRADECIMENTOS

A todos os autores citados na minha pesquisa, ao corpo docente do Instituto “A Vez do Mestre”, ao professor Carlos Cereja pela revisão e orientação dos textos, aos meus irmãos pelo auxílio na formatação. Aos alunos e pessoas que, direta e indiretamente, contribuíram para a confecção desse trabalho acadêmico e sua constante atualização.

DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia aos meus irmãos, que tanto colaboraram para a confecção e aperfeiçoamento desse trabalho. São eles: Taygor Kautscher Camargo da Silva, Luís Marcelo Camargo Gonçalves e Tamires Kautscher Camargo da Silva. À Denise Kautscher, minha mãe. Márcio Henrique

Resumo Inicialmente, falar sobre semântica é sempre desafiador, pois é uma área de

Língua portuguesa que discute um dos aspectos mais abrangentes do

cotidiano, a questão do sentido. Não só o sentido de uma palavra; o sentido

das frases, orações, expressões, textos, tudo aquilo que se lê, se escreve tem

um fundamento semântico pois é preciso saber o que se lê, o que se escreve

para que haja uma compreensão sensata de tudo que envolve o dia-a-

dia.Quando se fala em semântica, a primeira idéia que chega ao aluno é que o

dicionário seja o único material de estudo utilizado pois só o que interessa é

procurar significado de palavras. O dicionário certamente é uma das

ferramentas indispensáveis para o estudo dessa área, mas não é a única.

Pode-se abordar o aspecto semântico através de situações do cotidiano,

leitura, jogos e de uma outra ferramenta que será enfatizada em um dos

capítulos dessa monografia, que é a “Web Semântica”.Através dessa

monografia, você verá como estudar semântica no nível superior, pois através

dela, o trabalho de leitura e escrita dos alunos será facilitado, ele terá um

amplo conhecimento do assunto que ele irá pesquisar. A semântica não leva o

aluno somente ao conhecimento de um assunto, mas também refletir sobre

este.

Metodologia A metodologia utilizada destina-se a esclarecer algumas dúvidas sobre o

tema e implantar um novo programa para o ensino do assunto no nível

superior, tornando-o mais compreensível para os educandos.

Os leitores terão uma monografia e lerão sobre como ensinar semântica no

nível superior. Utilizou-se como referência, bibliografia (o estudo da semântica),

artigos sobre Web Semântica (Internet) além da vivência do assinto com

situações acadêmicas do cotidiano.

Optou-se por iniciar através da análise de algumas situações sobre

semântica pela leitura do livro de Rodolfo Ilary – Semântica – procurando

esclarecer alguns equívocos cometidos no modelo de ensino.

A necessidade dos alunos em buscar esclarecimento na área da Semântica,

leva o pesquisador a procura sobre o assuntos dessa área que mas despertam

interesse nos alunos assim como os que mais levantam dúvidas a eles.

A proposta dessa monografia é valorizar o ensino da Semântica nas

universidades pois ela certamente facilitará o aluno em suas pesquisas

científicas.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I INICIAÇÃO À SEMÂNTICA 10 CAPÍTULO II AS DEFICIÊNCIAS NO ENSINO DA SEMÂNTICA NAS UNIVERSIDADES 17 CAPÍTULO III

A WEB SEMÂNTICA NO ENSINO SUPERIOR 27 CONCLUSÃO 33 BIBLIOGRAFIA 35 ÍNDICE 36

8 INTRODUÇÃO

Semântica: trata-se do estudo das mudanças ou trasladações sofridas, no

tempo e no espaço, pela significação das palavras.

O lingüista francês Ferdinand Saussure assegura que o objeto de estudo da

semântica é o signo. Este é a combinação dos sinais, imagens significativas

concretizadas pelo ser, que é o significante com a mentalização, a

conceituação desses sinais, o significado, portanto, signo = significante

(significado) h (lugar para sentar).

Esse talvez seja o conceito da semântica construída, obedecendo a um

determinado modelo, padrão. É claro que somente esse enfoque não seria

realmente esclarecedor para o leitor. Existem outras posições sobre a

semântica, como por exemplo, uma nomenclatura a um mundo em que as

coisas existem exatamente, ou formas de relativismo extremado segundo as

quais é a estrutura de língua que determina a capacidade de perceber o

mundo, dede a crença de que a significação de uma expressão fica cabalmente

caracterizada pela tradução em outra expressão, até a crença de qualquer

tradução é impossível e para compreender a significação de uma palavra se

exige a participação direta em atividades de um determinado tipo.

Sob o ponto de vista científico, a semântica aparece não só como um corpo

de doutrina, mas como o terreno em que se debatem problemas cujas

conexões não são sempre obvias. Por isso, será possível analisar a semântica

sob três aspectos: a) O emprego metalingüístico da língua; b) análise de frases

e expressões de ponte de vista de significação, tendo que se referir inúmeras

vezes à sua forma, ou seja, análise sintático-semântica; c) a análise dos fatos

da língua, sob a perspectiva da terra que os apontou.

A web semântica é uma extensão da “Web” atual, que permitirá os

computadores e pessoas trabalhar em cooperação. A web semântica interliga

significados de palavras e neste âmbito tem como finalidade conseguir atribuir

um significado (sentido) aos conteúdos publicados na Internet de modo que

seja perceptível tanto pelo humano quanto pelo computador.

A idéia de Web semântica surgiu em 2001, quando TIM Berners-Lee, James

Hendler e Ora Lasila publicaram um artigo na revista “Scientific American”,

9

intitulado “Web Semântica”: um novo formato de conteúdo para a Web que tem

significado para computadores e humanos vi iniciar uma revolução de novas

possibilidades.

10 CAPÍTULO I

INICIAÇÃO À SEMÂNTICA

1.1 Introdução

A semântica se constituiu, sem dúvida, num dos domínios mais fascinantes

da linguagem, a qual, em sua essência, pressupõe a troca de conteúdos ou

valores semânticos, a veiculação de informações, objetivas e subjetivas, a

organização do pensamento e da experiência, a transmissão, enfim, da cultura

entre os indivíduos de uma dada comunidade.

Assim, as questões relativas ao significado, de que a semântica trata,

interessam não apenas aos lingüistas, ou a outros especialistas como

psicólogos, filósofos, lógicos e antropólogos, mas também ao público letrado

em geral, sensível e atento ao fato de que as formas lingüísticas são sinais

sonoros portadores de escrita e sentido.

“A semântica é um dos domínios da linguagem que tem apresentado sérias

dificuldades para a investigação científica. Essas dificuldades estão

intimamente ligadas à amplitude e à complexidade inerentes aos fenômenos

relativos ao significado e decorrem do tipo de tratamento que a semântica tem

recebido nos estudos lingüísticos.”

(Duarte, 2003, P.7)

Com o passar dos anos, sempre surgem fenômenos relativos à questões do

sentido: a pressuposição, acarretamentos, implicaturas, implícitos, explícitos,

figuras de linguagem, a questão do sentido, do signo léxico, significante e

significado. Cada lingüista tem uma visão sobre tais fenômenos, o que provoca

uma heterogeneidade do conteúdo. Sendo assim, não há uma uniformização,

uma linha de estudo para a semântica.

“Ao contrário de áreas lingüísticas relativamente mais amadurecidas, como

a fonologia e a sintaxe, a semântica não existe ainda como um campo definido

de investigações científicas e sim como um conjunto de propostas para a sua

criação... Assim, a única maneira que se tem de descrever de modo preciso a

atual situação da semântica é mostrar parte de sua heterogeneidade.”

(Fodor e Katz, 1964, 9.417)

11

“Se solicitado a resumir, em poucas palavras, propriedades semânticas

universais das línguas acerca das quais os lingüistas não descordariam é muito

provável que listasse apenas duas:

(a) Todas as línguas são mecanismo de veiculação simbólica de

informações de um tipo particular...

(b) A representação semântica do universo feito pelas línguas em geral é

arbitrária e diferente em cada uma delas.

É obvio que isso é muito pouco para ir adiante. Se, em relação à fonologia,

tivéssemos apenas duas afirmações analógicas que existem fonemas em todas

as línguas e que cada língua tem um sistema fonológico peculiar, diferente do

das outras – dificilmente estaríamos num encontro para discutir universais

fonológicos...

.... “A escassez de dados relevantes é o maior obstáculo para a elaboração

de hipóteses viáveis em Semântica. Existe um abismo fatal entre a teoria

semântica das línguas, um abismo que condena toda teoria à vacuidade e toda

descrição à atomização.” (Weinreich, 1966, p.1142-144).

“...É tal a diversidade de enfoques, que é possível ler dois livros de

semântica e praticamente nada encontrar em comum entre eles. Nenhum autor

tem condições de fazer um levantamento global do campo de conhecimento da

semântica – ou, pelos menos, se o fizer, vai terminar com um levantamento

superficial sobre” o que os outros pensaram “acerca de significado.”

(Leech, 1975, p.10).

No volume III, “Semântica”, da coletânea organizada por Dascal (1982)

sobre os fundamentos da lingüísticas, no primeiro parágrafo da “Introdução”,

informal Ilary (1982,9.7), responsável pelo volume.

“Os mais antigos textos lingüísticos de que temos notícia geram em torno de

problemas semânticos: Entretanto, a semântica ainda é hoje, de todas as

disciplinas lingüísticas, uma das menos integradas, sendo motivo de

controvérsias não só as direções e métodos em que se devem buscar soluções

corretas para os problemas relevantes, mas ainda a identificação dos

‘problemas relevantes’ para além de orientações muito gerais, segundo as

quais a semântica se interessa por sinônimos de significação.

12

Os textos propostos ao leitor na presente seção deste volume não escapam a

este estudo de coisas. Nesta introdução não pretendo, porém, insistir na

diversidade de orientação dos vários autores, mas, ao contrário, chamar a

atenção para alguns temas comuns, mostrando os principais pontos de contato

dos textos. “Isto deveria contribuir para fornecer ao leitor, um fio condutor e

uma (não certamente única) chave leitura.” (Dascal,1982,P.7)

1.2 O objetivo da semântica

Pela sua heterogeneidade de conteúdos, é difícil definir um conceito ou

objetivo de estudo para a semântica.

“Pelo que se depreende das observações anteriores, não há consenso entre

os especialistas quanto a uma definição de semântica e tampouco, quanto à

delimitação de que seria objeto da semântica.” (Duarte, 2003, P.15)

Alguns semanticistas encontraram definições do tipo, semântica é o estudo

do significado. Isso leva a crer que o objeto de estudo da semântica é o

significado, mas será que a sua significação é suficiente?

“Um dos sérios empecilhos ao tratamento coerente das questões

semânticas é a inexistência de uma conceituação precisa, consensual e

abrangente de significado.” (Dascal, 1982, P.9)

“Significado, sentido, significação recebem interpretações diferentes, que

variam segundo as correntes de pensamento, a época, a teoria, os autores em

que ocorrem, as finalidades ou a área de conhecimento em que são

empregadas.” (Duarte, 2003, p.15-16)

“A pluralidade e a indeterminação dos fenômenos considerados objeto da

semântica são, do mesmo modo, causa e conseqüência da multiplicidade e

heterogeneidade dos estudos ligados à semântica e à noção de significado.”

(Duarte, 2003, p.16)

No plano lingüístico estrito, os estudiosos do significado costumam

distribuir-se em três domínios básicos: o da semântica lexical, o da semântica

da sentença (independente de condicionamentos contextuais ou situacionais) e

o da semântica do texto (relativo ao uso concreto da língua em textos falados

ou escritos, contextual e/ou situacional mente condicionados).

13

A distinção desses três domínios básicos reflete a evolução da semântica

ao longo do tempo. Por isso, os domínios lexical, gramatical e textual têm

recebido tratamentos diferentes, que variam de acordo com as diretrizes

teórico-metodológicas de cada fase ou escola de pensamento e com os

problemas nelas consideradas relevantes.

Em primeiro lugar, uma teoria semântica só poderá se constituir com base

na real utilidade explicativa do conceito de significado. O conceito de

significado tem de ser estabelecido com a finalidade de justificar e originar uma

teoria semântica. Por isso, use conceito terá de ser defendida a partir de dados

empíricos.

Em segundo lugar, se a resposta à questão ‘o que é significado’? Implica a

construção de uma teoria semântica, é preciso equiparar a questão ‘o que é

significado’? A questão do tipo ‘o que é matéria’? Por exemplo, e não a questão

do tipo ‘qual é a capital da França?’’

“Diversos tipos, conceitos de significado, comumente utilizados pelos

lingüistas, são exemplos de respostas diretas e pré-estabelecidas para a

questão ‘o que é significado?”

(a) o significado de uma forma lingüística é a sua referência, a entidade,

classe de entidades, o acontecimento, classe de acontecimentos, que a forma

nomeia ou designa, isto é, a que se refere.

(b) o significado de uma forma lingüística é a margem mental, o conceito, a

que essa forma serve de sinal externo intersubjetivo.

(c) “o significado de uma forma lingüística é o seu uso, ou seja, o seu

emprego de acordo com os estímulos que a condicionam e as respostas ou

reações, verbais e não-verbais, adequadas às circunstâncias, finalidades e

condições em que é utilizada.” (Duarte, 2003,p.19)

No entanto, há diversos fenômenos de natureza semântica nas línguas que

nenhum desses conceitos de significado explicitaria adequadamente.

Em resumo, observa-se que a maioria dos trabalhos contemporâneos de

semântica segue uma das três linhas de procedimentos a que nos referimos:

(1) Exposições que se prendem à perspectiva de inventar e mostrar

diversos caminhos nos estudos semânticos, com o propósito de chamar a

atenção para as diferenças entre diretrizes semântico-lingüísticas ou, ao

14

contrário, buscar pontos de contato, aspectos comuns, em trabalhos de

orientação variada.

(2) Desenvolvimento de estudos de acordo com princípios preestabelecidos,

em linhas específicas de conceituação de significado, com execução de

trabalhos sobre diversos temas semânticos, amplamente documentados, ainda

que sem vínculo necessário entre eles.

(3) Levantamento e explicação de fenômenos percebidos como relativos a

significado em diversos níveis e domínios da língua, como contribuição à

tentativa de delimitação do âmbito da semântica e à construção de uma teoria

semântico-linguística abrangente e integrada.

1.3 Tradição e evolução dos estudos semânticos

1.3.1 Visão tradicional

A visão tradicional do estudo da semântica está relacionada diretamente ao

sentido literal ou figurado da palavra, ou seja, a relação entre as palavras e as

coisas é arbitrária e resultado de convenções.

“Alterações entre relações do corpo fônico de palavras e seu conteúdo

conceitual eram agrupados também segundo TROPOS ‘desvios de uso’,

emprego dos tipos ‘figurados’ entre os quais se enumeravam a metáfora, a

metonímias a sinédoque, a catacrese e outros, gradualmente enriquecidos com

sutis subdivisões e correlações tipológicas, em função de suas causas e

efeitos, planos conceituais em que ocorriam, condições de uso, grau de

originalidade, expressividade, etc.”

“Em termos gerais, a transferência de sentido metafórico decorria de

semelhanças mentais que se estabeleciam entre o sentido original, própria , de

uma palavra e o sentido novo: onda ‘porção de água do mar,lago ou rio que se

eleva’, ‘grande afluxo de líquido’, passa a ter novos significados associados

‘grande quantidade’, ‘intensidade’, ‘confusão’, ‘agitação’, ‘simulação’, etc”

(Duarte,2003, p.29)

1.3.2 Visão dos estruturalistas

15

Esta visão baseia-se nas teorias de Ferdinand Saussiree, lingüista que

concebe a lingüística como uma ciência autônoma, que estudo a língua como

um sistema de relações e exige métodos rigorosos para o seu tratamento, em

termos de descrição e determinação da estrutura das relações entre

constituintes ou formas lingüísticas.

“O signo lingüístico une não uma coisa e um nome, mas um conceito e uma

imagem acústica... O signo lingüístico é, portanto, uma entidade psíquica de

duas fases... Propomos a manutenção da palavra signo para designar o todo, e

a substituição de conceito e imagem acústica respectivamente pro significados

e significante.” (Duarte,2004, p.44)

1.3.3 Visão dos gerativistas

Katz (1982,9.49-53) apresenta um elenco de questões semânticas limitadas

à língua como sistema lógico-abstrato. Todos os fenômenos estão vinculados à

análise dos componentes semânticos e à sentença do isolamento.

1) Fenômeno de igualdade de significados, relativos à sinonímia (pé de

maçã/ macieira) e paráfrase (João ama a Tia Maria/ Jaó ama a irmã do pai de

Maria).

2) Fenômenos de similaridade semântica, entre conjuntos de lexemas que

têm em comum o componente FÊMEA (tia, vaca, irmã, mulher, égua, atriz), e

sua diferença semântica, em relação ao conjunto de palavras que têm em

comum o componente objeto físico (tia, cachorro, pedra, folha, molécula,

montanha, carro), ou ao conjunto de termos da física, que têm em comum o

componente OBJETO FÍSICO CONCEITUAL (sombra, imagem, reflexo).

3) Fenômenos de antonímia (aberto/ fechado).

4) Fenômenos e hiponímia e hiperonímia (dedo/ polegar).

5) Fenômenos de significatividade e de anomalia semântica, relativos ao

fato de sintagmas ou sentenças (sabão AL cheiroso, jarros se enchem

rapidamente) terem significados e outros (cócega mal cheirosa, sombras se

enchem rapidamente) não terem significados ou serem semanticamente

anômalos.

6) Fenômenos de ambigüidade , duplo sentido.

7) Fenômenos de redundância (sai pra fora).

16

8) Fenômenos de analiticidade, ou verdade metalingüística, referentes a

sentenças (bebês não são adultos que são logicamente verdadeiros, porque o

sujeito contém propriedades de significado presentes no predicado.

9) Fenômenos de contradição, ou falsidade metalingüística, referentes a

sentenças (bebês são adultos) que são logicamente falsas, porque o sujeito

contém propriedades de significado incompatíveis com as do predicado.

10) Fenômenos de sinteticidade, ou de indeterminação de condições de

verdade, em sentenças (bebês são espertos) que nem são verdadeiras nem

falsas.

11) Fenômenos de inconsistência semânticas (Jaó está vivo/ está morto).

Jaó é o mesmo indivíduo.

12) Fenômenos de implicação semântica, em que se estabelecem relações

entre sentenças (o carro é vermelho/ o carro é colorido), porque tem palavras

cujos componentes de significados são interdependentes.

17

CAPITULO //

AS DEFICIÊNCIAS NO ENSINO DA SEMÂNTICA NAS UNIVERSIDADES

2.1 A significação das construções gramaticais.

Um dos equívocos cometidos no ensino da semântica no ensino superior está relacionado à definição de oração, sujeito e predicado.

“A par de outras definições, como ‘conjunto de expressões dotado de um sentido completo’, ou ‘unidade verbal que exprime um pensamento’, a

oração tem sido descrita em nossas gramáticas como a união de sujeito e predicado” (Ilari, 2001, p. 8).

“Como acontece inúmeras vezes no domínio da descrições semântica ‘união entre sujeito e predicado’ não é uma definição perfeita de oração. Muitos exemplos poderiam ser lembrados de orações em que a oposição sujeito-predicado não se aplica, como é o caso das orações construídas como verbos impessoais”.

“Choveu muito”

“Há plantas neste quintal”

“Há outros exemplos em que um pensamento completo se diz por meio de uma sequência de palavras a que a análise sujeito-predicado não parece aplicar-se” (Rodolfo Hilary)..

“É o fim da picada”

“ Escreveu, não leu, o pau comeu”.

“Assim não dá”

Sendo assim, é preciso estar atento a essas observações, para que o aluno tenha uma definição precisa, correta do que é oração e dos termos que a compõem

“Além disso, apesar de ser de sua aparente simplicidade, as noções de sujeito e predicado são bastantes difíceis de definir: Nos casos claros, o sujeito da oração reúne em si uma série de características de forma e sentido; é uma forma nominal que precede o verbo e acarreta nele fenômenos de concordância; funciona como expressões referencial, isto é, serve para transformar em objeto de discurso uma pessoa ou objeto da realidade;

18

identifica o assunto da oração, e nomeia quem faz a ação. Nem sempre, porém, essas características aparecem juntas em uma mesma expressão. Decidir qual seja então o sujeito torna-se um problema espinhoso” ( Ilari,2001 p.13).

“A garantia de sucesso são as promessas do governo” (O critério da concordância leva a apontar como sujeito “as promessas do governo”; o critério da ordem leva a apontar como sujeito “a garantia de sucesso”).

“Fanático pelo Flamengo é o Pedro Martins” (O critério da ordem leva a apontar como sujeito Fanático pelo Flamengo”; o critério da referencialidade leva a apontar como sujeito” o Pedro Martins”).

“Por tudo isso, ao invés de pensar a oposição sujeito-predicado como uma definição de oração convém que pensemos nesta como um estereotipe, um molde: esse molde corresponde de maneira satisfatória ao modo como a maioria das orações são construídas, e os casos em que sua aplicação é problemática não chegam a inutilizá-lo enquanto recurso para visualizar um dos principais processos de montagens de orações”.

2.2 Sinonímia e paráfrase

“Consideremos as seguintes orações:

(1) Pegue o pano e seque a louça

(2) Pegue o pano e enxugue a louça.

(3) É difícil encontrar esse livro.

(4) Este livro é difícil de encontrar.

(5) Esta sala está cheia de fumaça.

(6) Abra a janela” (Ilari,2001 p.42).

“Instrutivamente, essas orações se reúnem aos pares: (1)+(2)+(3)+(4)+(5)+(6). O que nos autoriza, enquanto locutores, a efetuar esses agrupamentos é a intuição de que as orações de um mesmo par são – num sentido que teremos de esclarecer – equivalentes quanto ao seu significado, utilizadas num grande número de situações práticas, elas “dizem a mesma coisa”. Essa relação tem sido chamada recentemente de paráfrase” .

19

“ (1) e (2) são paráfrases porque empregam as mesmas palavras e porque empregam as mesmas palavras, embora diferentes, preservam as mesmas relações de participação do objetos no estéreo tipo, um molde: esse molde corresponde de maneira satisfatória ao modo como a maioria das orações são construídas, e os casos em que sua aplicação e problemática não chegam a inutilizá-lo enquanto recurso para visualizar um dos principais processos de montagens de orações .

2.2 sinonímia e paráfrase

“Consideremos as seguintes orações:

(1) Pegue o pano e seque a louça.

(2) Pegue o pano e enxugue a louça.

(3) E difícil encontra esse livro

(4) Este livro e difícil de encontra

(5) Este sala está cheia de fumaça

(6) Abra a janela “

“Intuitivamente essas orações se reúnem aos pares: (1) + (2), (3) + (4), (5) + (6). O que nos autoriza, enquanto locutores, a efetuar esses agrupamentos é a intuição de que as orações de um mesmo por são num sentido que teremos de esclarecer- equivalentes quanto ao seu significado utilizadas num grande número de situações práticas, elas “dizem a mesma cosa”. Essa relação tem sido chamada recentemente de paráfrase, ela.

“(1) e (2) são Pará frases porque empregam as palavras sinônimas” Seca e enxuga,(3)e (4) São paráfrases porque empregam as mesma palavras, e porque as construções sintáticas, embora diferentes preservam as mesmas relações de participação dos objetos no processo descrito,(5) e (6) são paráfrases não porque as palavras significam a mesma coisa ou porque a construção tática seja semelhante, mas porque na situação de uso traduzem a mesma intenção do locutor e visam obter os mesmos resultados. Supomos com efeito que (5) será entendida como um pedido para abrir as janelas se for pronunciada numa sala irrespirável.”.

“O leitor terá observado que reservamos o termo sinonímia para caracterizar palavras como “secar” e “enxugar” e que falamos a propósito de varias frases em paráfrase. A sinonímia lexical - uma relação estabelecida entre palavras aparece assim como um dos fatores possível pelos quais duas frases se revelam como paráfrases. Mas o que é sinonímia? “ .

20

“(a) Para que duas palavras sejam sinônimas, não basta que tenham a mesma extensão.

(b) Para que duas palavras sejam sinônimas é preciso que façam em todos seus empregos a mesma contribuição ao sentido de frase.

(c) Duas palavras são sinônimas sempre que podem ser substituídas no contexto de qualquer frase sem que a frase passe falsa a verdadeira, ou vice-versa.

(d) A sinônima de palavra depende do contexto em que são empregadas.

(e) Palavras presumivelmente sinônimas sofrem sempre algum tipo de especialização, de sentido ou de uso.

2.3 Duplicidade de sentido: ambigüidade e polissemia.

Outro grande desafio a ser enfrentado pela semântica e organizar situação de construções frasais que provocam dupla sentido tanto no campo do significado da palavra, quanto no sentido da frase completa.

Os exemplos:

1) “O cadáver foi encontrado perto do banco.”

2) “Pedro pediu a José para sair.”

3) “José não consegue passar perto de um cinema.”

“Esses exemplos compartilham a propriedade de ser ambíguos, ou seja, de admitir interpretações (“leitura” diriam alguns) alternativas. No caso do exemplo 1 a alternativa é que o encontro do cadáver pode ter-sedado nas proximidades de uma casa bancária ou de um assento de jardim. Aqui,a raiz da ambigüidade é evidentemente, a palavra dois sentidos completamente independente. Banco - estabelecimento bancário - e banco - assento para mais de uma pessoa e com ou sem encosto,sem braços, típicos dos jardins - são duas palavras homônima e a homonímia é freqüentemente a raiz de uma

21

ambigüidade ou dupla leitura de frases. No caso da frase I, alem de homonímia (uma só forma e dois sentidos diferentes), há também a homografia (uma só forma escrita). Em muito outros casos as palavras homônimas não são homógrafas, isto é, escrevem-se de maneiras diferentes. É o caso dos exemplos a seguir (3 e 4), que não apresentam nenhuma ambigüidade em sua forma escrita , mas que se confundem na fala”.

(3) Margarida trouxe os ovos na sexta

(4) Margarida trouxe os ovos na sexta

“ A ambigüidade de (3) nada tem a ver com palavras de duplo sentido: cada uma das expressões que a compõem é ,unívoca, Isto é, dotada de um sentido único o que cria uma dupla possibilidade de interpretação é a estrutura sintática, ao passo que o verbo “pediu” tem um sujeito expresso o infinitivo “sair” não tem sujeito explicito e pode ser referido tanto a Pedro quanto a José (3) poderia usar-se assim para relatar qualquer uma das duas historias seguintes.”

“(5) Pedro pediu permissão a Jose para sair um pouco”.

“(6) Pedro pediu para Jose que fizesse o favor de sair um pouco.”

Ambigüidades como a que acabou-se de exemplificar (freqüentemente são chamadas de “ambigüidades estruturais”) combinam-se ás vezes com ambigüidades de natureza homonímia . É o que acontece em:

(7) Uma louca leva o guarda

a) uma pessoa fora do juízo (= louca) carrega (= leva) o guarda.

b) uma multidão (= leva) louca o vigia (= guarda, verbo guardar)

A ambigüidade que pretende-se ilustrar por meio de (2) não diz respeito ao que (2) significa literalmente, mas as informações que o locutor poderia verossilmente transmitir por seu intermédio sobre a maneira como José se relaciona com a oitava arte: ao ouvir (2), parece pouco provável que o falante competente de língua portuguesa se contente com o sentido literal (José é fisicamente incapaz de passar perto de um cinema). Sabendo por hipótese, que José goza plenamente de sua capacidade física de caminhar, o ouvinte

22

tentará extrair de (2) um sentido não-literal. Aqui, uma grande gama de alternativas não-liberais são possíveis, mas algumas parecem privilegiadas:”

“(8) que José é fanático por cinema, e não consegue passar perto de um sem entrar e assistir ao filme em cartaz”

“(9) que José tem horror a cinemas (não consegue nem chegar perto de um) e que a simples perspectiva de passar perto de um o leva a mudar de calçada”.

Jogando com indícios de vária ordem (que vão desde a entonação até as indicações do contexto lingüístico e extralingüístico e linguagem gestual), quem ouve (2) orienta-se em direções alternativa. Trata-se de um tipo particular de ambigüidade - cujo fundamento é situacional não lingüístico; nem por isso se trata de um caso secundário ou negligenciavel. (Ilani, 2001 p.57 )

2.4 subordinação sintática x subordinação semântica.

Um outro aspecto a ser observado no ensino da semântica no nível superior é a relação entre as frases, orações em um determinado período. Quando a subordinação é ensinada na sala de aula, é levada em consideração a penas a subordinação sintática e não a semântica é no caso abaixo:

(10) O ventilador parou porque Alexandre desligou a tomada.

Nas gramáticas, esse período é classificado da seguinte forma.

A oração, ”O ventilador parou” é classificado como oração principal e a oração “ porque Alexandre desligou a tomada” é classificada com oração subordinada adverbial causal.

A pergunta é: a senguda oração é sintaticamente subordinada á primeira?

Analisando os fatos , “o ventilador parou” e “Alexandre desligou a tomada” são orações independentes, o que acontece é que para que o ventilador parar de funcionar é que preciso que algum fato, motivo aconteça. Daí então a subordinação ser semântica, pois a primeira oração (O ventilador parou ) vai precisar de um acontecimento (porque Alexandre desligou a tomada ) para que o período seja considerado composto por subordinação, o que não acontece em :

(11) Alexandre desligou a tomada porque o ventilador parou.

23

Nas gramáticas, a oração “Alexandre desligou a tomada” é classificada como oração coordenada assindética e a oração “ porque o ventilador parou” e classificada com oração coordenada sindética explicativa.

Sendo assim, o período acima (11) é considerado composto por coordenação, ou seja, as orações nas dependem nem sintática, nem

semanticamente uma da outra, pois para alguém desligar a tomada, não é necessário que o ventilador pare, portanto a oração “o Ventilador parou” é apenas uma justificativa, uma explicação para a desligamento de tomada.

Dessa forma, na subordinação não se leva em consideração a organização sintática das orações em um determinado período. È preciso também relevar o aspecto semântico, de sentido e lógico que liga os fatos , os acontecimento entre as orações que formam o período.

2.5 Acarretamentos, hiponímia, contradição antonímia e pressuposição

“Considere um conjunto de expressões:”

“(12) Um sargento da guarda rodoviário nos pediu os documentos da Fiat”

“(13) Um policial nos pediu os documentos do carro”

“(14) Mãe, quebrei o vidro de geléia”

“(15) Mãe, o vidro de geléia quebrou”.

“È possível estabelecer relações de significação entre os pares desse conjunto. O falante que afirma (12) aceita necessariamente a verdade de (13), e o mesmo aconteceu com o par (14). (15). Tal relação tem sido denominada acarretamento. O acarretamento de (12) e (13) resultado da relação existente entre ‘um sargento da guarda rodoviária’ e ‘um policial’, e entre ‘Fiat’ e ‘carro’, relação esta que a semântica moderna denominou hiponímia. Também entre (14) e (15) há acarretamento: nota- se que quem aceita (14) como verdadeira não pode deixar de admitir (15), entretanto a

24

criança que afirma (15), diferentemente daquela que afirma (15) consegue omitir sua participação no processo. O que fundamenta a relação de acarretamento entre (14) e (15) é o fator de que foi utilizado num caso o esquema gramatical próprio dos verbos transitivos na voz ativa em que a

identificação da agente é obrigativo; outro caso foi utilizado o esquema de voz media em que só é indispensável identificar o objeto afetado pela ação.

( Ilari ,2001 p.54 ).

“ Sendo assim, a relação hiponímia é aquela que intercorre entre expressões com sentido mais específico e expressões genéricas, por exemplo entre geladeira, liquidificador, batedeira de bolos, ferro elétrico etc.. e eletrodoméstico; é a relação que intercorre entre pardal e passarinho , e que verbalizamos dizendo que todo pardal é um passarinho, mas nem todo passarinho é um pardal”

“Não há porque não estender o conceito de Hiponímia às construções mais complexas: a construção ativa exemplificada em (14), na medida em que é mais exata do que a construção médiz exemplificada em (15), é sua Hipônima”.

Para completar o quadro das relações de sentido que se podem estabelecer entre orações, falta considerarmos o caso em que duas orações têm sentidos incompatíveis com a mesma situação.

“Pode-se obter essa situação de incompatibilidade aproximando uma oração e a negação de uma de suas conseqüências”

“(16) Pedro é bígamo, mas não é verdade de que ele tenha duas mulheres”

“(17) São Pedro era mais velho do que São José, mas não era verdade que tivesse nascido antes”

“Mas o caso mais óbvio de aproximação de afirmativas incompatíveis é aquele que se predicam de um mesmo indivíduo prosperidades opostas:

(17) Rocky foi um cachorro manso, mas foi muito feroz.

(18) Napoleão gostava de pizza, mas detestava pizza.

(19) Ovubo é o nome que o célebre escultor chinês baiano Pong Ping deu a uma escultura oval em forma de cubo.

A relação que fundamenta essas incompatibilidades é a de antonímia, uma termo que tem sido aplicado a pares de palavras como branco/preto; colorido/incolor; bom/mau; chegar/partir; abrir/fechar; nascer/morrer; todo/nenhum”

25

Dessa forma o conceito e antonímia não está relacionado a palavras com sentidos diferentes além de diferentes, eles devem ser opostos/contrários.

“É difícil explicar o que há de comum em todos esses exemplos. Nesse sentido, há muito pouco de aproveitável em definições tradicionais, como aquelas que falam em contrário, ou oposto. De fato, nascer e morrer não exprimem exatamente ações contrárias; representam dois momentos extremos do processo de viver; quem nasce “começa a viver” e quem morre “termina de viver” - uma oposição que consiste em captar momentos diferentes de um mesmo processo, e que se reproduz em partir e chegar (quem parte começa a viajar; quem chega termina de viajar), adoecer/sara; adormecer/dormir etc.

“Com abrir e fechar a relação é diferente: não se trata, evidentemente, de momentos necessários de um mesmo processo (Pode-se abrir um buraco na parede, que nunca mais será fechado), mas de processos diferentes pela direção e pelos resultados que implicam , é o mesmo caso de aproximar-se e afastar-se subir e descer”.

“O caso de dar e receber ainda é diferente: reportando-nos à interpretação das orações como indicando pequenas cenas, dar e receber. Lembre se, poderiam ser formadas com descrição de uma mesma cena, enxergada de pontos de vista diferentes; a oposição se estabelece agora entre os papéis correspondentes ao sujeito gramatical: o sujeito de “dar” é fonte, o de “receber” é destinatário, esses dois papéis são aparentemente incompatíveis nas cenas em questão”.

Outra relação de sentido que se pode estabelecer entre orações e que não é explorada no ensino superior é a pressuposição.

Veja os exemplos:

“(20) Pedro Parou de bater na mulher”.

“(21) Pedro não bate na mulher, no passado”

“(22) Pedro não bate na mulher, atualmente” (Ilari, 2001 p. 59).

“As orações (21) e (22) verbalizam separadamente duas informações que aparecem juntas (20) e representam duas situações que são referidas respectivamente a um momento passado (Pedro batia na mulher). Não há dúvida de que esse descobrimento se vincula à presença em (20) do verbo parar de: é, por assim dizer, o verbo parar de, utilizado como auxiliar junto a bater, que nos leva a distinguir um momento passado em que Pedro batia na mulher e um momento presente em isso não ocorre”. (Ilari 2001 p. 60).

26

“O fenômeno da pressuposição - que tratou-se até aqui como um típico de relação entre orações - tem sido objeto, em lingüística, de dois outros enfoques

que convém apontar. No primeiro desses enfoques, a informação pressuposta é uma condição de emprego da oração que a pressupõe. Isso quer dizer que o falante não estaria usando apropriadamente a oração (20) se não tivesse razões para acreditar que (21) é de algum modo conhecida por seu interlocutor, previamente ao uso de (20). No segundo enfoque, a pressuposição aparece como um mecanismo de atuação no discurso. Valendo-se do fato de que as informações pressupostas não são passíveis de negação, o locutor as utiliza para impor ao seu interlocutor um quadro em que o discurso precisará desenvolver-se; nesse enfoque, a pressuposição funciona como um recurso que o locutor, ativamente, emprega para estabelecer limites à conversação e para direcioná-la.

Num sentido quase jurídico de termo, como fala Ducrot, a pressuposição é então utilizada para configurar, por trás das informações passadas, uma “verdade” que não pode ser contestada sob pena de bloquear o diálogo. Assim, o locutor que pronuncia (20) pode, de fato, estar impingindo a seu interlocutor que Pedro bateu na mulher no passado; e uma refutação por parte do interlocutor equivale a transformar a conversação em polêmica. Os três enfoques que enumeramos iluminam aspectos diferentes do fenômeno da pressuposição. Esses enfoques têm sido motivo de debate acirrado, que não reproduziremos aqui”

27

CAPÍTULO III

A Web Semântica no ensino superior.

3.1 Conceito

"A Web Semântica é uma extensão da 'Web' atual, que permitirá aos

computadores e humanos trabalharem em cooperação. Ela interliga

significados de palavras e, neste âmbito, liga como finalidade conseguir atribuir

um significado aos conteúdos publicados na Internet de modo que seja

perceptível tanto pelo humano quanto pelo computador." (Girgois, 2004 p. 7)

3.2 Primeiras idéias

"A idéia da Web Semântica surgiu em 2001, quando Tim Bernes-lee, James

Hendler e Ora Lassila publicaram um artigo na revista 'Scientic American',

intitulado: Web Semântica - um novo formato de conteúdo para a Web que tem

significado para computadores vai iniciar uma revolução de novas

possibilidades." (Girgois, 2004 p 8 )

3.3 Objetivo principal

"O objetivo principal da Web Semântica não é, pelo menos para já, treinar

as máquinas para que se comportem como pessoas, mas sim desenvolver

tecnologias e linguagens que tornem a informação legível para as máquinas a

finalidade passa pelo desenvolvimento de um modelo tecnológico que permite

a partilhar global de conhecimento assistido por máquinas. A integração das

linguagens ou tecnologias, arquiteturas de metadados, ontologias, agentes

computacionais, entre outras, favorecerá o aparecimento de serviços da Web

que garantam a interoperabilidade e cooperação.”

“Ultimamente tem-se associado Web Semântica a Web 3.0, como um

próximo movimento da Internet depois da Web 2.0 que já inicia seu

crescimento. (Girgois, 2004 p. 10)

28

3.4 A proposta

“A proposta da Web Semântica é estender os princípios da Web dos

documentos para os dados. Os dados podem ser acessados usando a

arquitetura da Web; dados podem estar relacionados uns com os outros da

mesma forma que documentos já são. Isso também significa criar uma

plataforma comum que permite que os dados seja compartilhados e

reutilizados através de fronteiras de aplicação, empresas e comunidades,

podendo ser processados automaticamente tanto por ferramentas quanto

manualmente, incluso revelando novos relacionamentos possíveis entre

porções de dados.

“Não é possível definir ou prever uma aplicação principal para essa

tecnologia, mas um bom candidato seria a integração dos diversos e

independentes, ‘depósito de dados’ numa aplicação corrente.”

“A Web semântica será visualizada diretamente pelo browser. As

tecnologias da Web Semântica podem agir por trás dos panos, resultando em

uma melhor experiência do usuário, em vez de influenciar diretamente na

aparência do browser.” (Girgois, 2004 p 15 )

3.5 Ilhas de conhecimentos

“De início, como disse James Hendler, a Web Semântica será formada por

’ilhas de conhecimento’, ou seja, nichos de conhecimento específico para

alguma aplicação mas que, através de interoperabilidade entre ontologias

poderão interagir.”

“A Web Semântica é uma extensão da Web atual e não uma substituição.

Ilhas dessa nova tecnologia poderão existir e serem desenvolvidas de forma a

se incrementarem continuamente. Em outras palavras, não se pode pensar em

termos de reconstituição da Web.”

“A Web semântica nada mais é do que uma Web com toda sua informação

29

organizada de forma que não somente seres humanos possam entendê-la,

mas principalmente máquinas, porque elas nos ajudarão, de fato, em tarefas

que hoje, invarialvemente temos que fazer manualmente.” (Daconta, 2003 p. 5)

3.6 Aplicação da Web Semântica

“Imagine a situação abaixo e entenda melhor.”

“Você precisa fazer uma viagem às presas para a Tailândia. Então, você

pede ao computador encontrar uma companhia aérea que siga as seguintes

restrições: que tenha um vôo para manhã seguinte na classe econômica e seja

a companhia com o preço mais barato.”

“O computador, em poucos momentos, lhe fornece o resultado da busca

com a companhia que melhor se encaixa nas medidas impostas. Depois disso,

você apenas tem o trabalho de reservar seu lugar.”

“A Web Semântica é uma revolução da nossa Web atual. Como as

informações devidamente organizadas, fica fácil de criar sistemas e robôs de

busca mais inteligentes e ágeis”

“A nossa Web de hoje, é uma Web que apenas humanos entendem as

informações disponíveis. Com a Web Semântica, as máquinas compreenderão

essas informações e assim, poderão nos auxiliar em tarefas corriqueiras, que

antes eram feitas manualmente. Atualmente, é extremamente complexo fazer

um sistema que leia e entenda de maneira sensata qualquer informação que a

Web provê.”

“A Web Semântica incorpora significado às informações da Web. Isso

proporciona um ambiente onde máquinas e usuários trabalhem em conjunto.

Tendo cada tipo de informação devidamente identificada fica fácil para os

sistemas encontrarem informações mais precisas sobre um determinado

assunto.”

30

“Então, o ambiente de que estamos falando, terá informações devidamente

identificáveis, que sistema personalizados possam manipular, compartilhar e

reusar de forma prática, as informações providas pela Web.”

Tente imaginar como o ‘google’: seria mais preciso em suas buscas se toda

a formação da Web estivesse organizada de uma maneira sensata.

Ou o que os calendários como o ‘yahoo’ poderia fazer se você agendasse

uma viagem: dois dias antes – ou no momento que desejar – ele te avisaria

que as passagens da companhia aérea que você usa freqüentemente já foram

compradas e sua reserva já foi efetuado no hotel que você costuma ficar

quando visita aquele determinado local. (Daconta, 2003, p. 12)

3.7 O futuro

O futuro da Web se constrói em meio a páginas ricas em conteúdo que

obedecem universalmente a padrões, bem diferente da Web que víamos

antigamente, aquela em que a informação era toda desorganizada e difícil de

entender, mas o que a Web Semântica te, haver com isso?

A Web Semântica tem um projeto criado por Tim Berners-Lee, nada mais na

menos do que o criado da HTML e da World Wilde Web, onde o objetivo desse

projeto é melhorar a Web através de padrões e ferramentas quem formem seu

conteúdo claro e de fácil compreensão e manutenção.

As páginas construídas dentro da Web Semântica passam a poder ser lidas

tanto por humanos ou por máquinas, e também tanto podem ser lidas por

leitores da tela, e também por dispositivos móveis, como celulares.

Por exemplo, se as máquinas fossem capazes de desenvolver e

entenderem as páginas, ficaria bem mais fácil de desenvolver programas que

conforme as nossas solicitações, poderiam marcar hora com o médico,

encontrar e fazer reservas em hotéis de nossa preferência. Esses programas

seriam os user-agentes.

As linguagens de hoje que se adéquam a esses padrões são as versões

mais recentes do HMTL. Na Web Semântica, toda a formatação deve estar

separada do código HMTL, por isso elementos claros que definem cabeçalhos,

31

parágrafos e listas. Usadas dessa forma, as estruturas das páginas ficam

fáceis de compreender.

Por exemplo, peguemos o elemento ‘’h¹’’, ele representa um cabeçalho

importante em uma página, por isso o browser o apresenta maior e com

contexto carregado. O elemento ‘’p¹’’ representa um parágrafo, por isso o

browser e renderiza como um bloco.

3.8 A Web Semântica como ferramenta auxiliar

Na Web Semântica, por exemplo, pode-se encontrar uma rede de

significados para uma determinada palavra vários significados. Por exemplo, a

palavra ‘’linha’’. Dentro do contexto de um determinado assunto publicado por

um artigo acadêmico ou pela internet, através da Web Semântica pode-se

chegar ao seu verdadeiro sentido. Essa ‘’linha’’ pode significar uma ‘’rede’’ de

informações, uma ‘’rede’’ telefônica, ou um outro tipo de rede a ser detectado

pela Web. O conjunto dos significados de uma determinada palavra

polissêmica ficaria armazenado em um ‘’depósito de dados’’ e processado

assim que necessário.

Por exemplo, um aluno de um curso superior de Letras que fazer uma

pesquisa sobre onomasiologia da palavra ‘’transporte’’. Em primeiro lugar, ele

encontrará o significado palavra ‘’onomasiologia’’; em seguida, encontrará o

significado da palavra ‘’transporte’’; enfim, passará a estudar sobre cada

palavra transporte, ou seja, diversos meios de transporte que permitem ao

campo semântico da palavra ‘’transporte’’: aéreo, marítimo, terrestre,

doméstico, etc.

A Web Semântica auxiliar o aluno na pesquisa de um determinado assunto

enriquecendo assim o seu vocabulário de uma determinada palavra, o que

facilitará na leitura de um texto técnico, científico ou específico, seja na área de

Letra, na área de Medicina, Direito, Informática, Turismo ou no cotidiano. Será

um recurso moderno na facilitação da aprendizagem, da leitura e da escrita de

textos acadêmicos.

A semântica é estudada dentro de um plano apenas de leitura de livros e

pesquisa de dicionário. A Web Semântica será um acréscimo, importante e

32

fundamental nesse tipo de estudo. Além do uso de textos acadêmicos, o

uso da Internet, bastante corriqueiro entre os alunos universitários, ajudará nos

trabalhos acadêmico. Sendo assim, a Semântica não se deve limitar apenas à

área de Letras, nem somente ao estudo de palavras hipônimas, hiperônimas,

polissêmicas, homônimas, etc. Ela deve abranger a outras áreas de

conhecimento, principalmente quando deve se descobrir os vários sentidos que

uma palavra possui.

33

Conclusão

Ao tratar-se de semântica, o problema enfrentado nas salas de aula dos

cursos de graduação é que grande parte do corpo discente vem com um

ensino defasado do Ensino Médio onde a questão Semântica é pouco tratada

nas aulas de Língua portuguesa. Essa defasagem traz aos alunos uma

situação preocupante: Como trabalhar Semântica nas universidades já que ele

pouco estudou isso na escola? Eles não tiveram uma base de conhecimento no

Ensino Médio, segundo seus próprios relatos.

Através desta monografia, o leitor receberá informações necessárias para

compreender a valorizar a importância do ensino da Semântica em seu futuro

acadêmico. Além disso, contará em seu futuro acadêmico. Além disso, contará

com exemplificações claras de cursos superiores, esclarecendo assim dúvidas

que se possam ter quanto ao sentido de uma palavra, de um assunto de sua

área de estudo. A afirmativa está baseada em três fatores muito importantes:

as vivências do autor na coordenação, produção e orientação de artigos sobre

semântica; o formato da obra, pois baseia-se em uma monografia, desde a

capa, as pesquisas até a bibliografia, o que autentace o caráter científico do

trabalho permitindo assim uma familiarização imediata com tal tipo de trabalho;

e por fim, disponibilidade, para os alunos, de um exemplo de pesquisas na

forma digital. Assim surgiu a proposta de produzir uma, monografia nos moldes

de várias pesquisas de livros que abordam as discussões Semânticas.

No início do curso de Semântica, percebia-se uma preocupação por parte

do aluno em saber como estudar tal assunto. Depois de abordar algumas,

homônimas, parônimas, antônimas, acarretamento e pressuposição

desenvolvia-se um trabalho de comparação de como era estudar a Semântica

no Ensino Médio e como é e era estuda a Semântica no Ensino Superior. A

tensão era reduzida entre os educandos, proporcionalmente ao

aprofundamento na leitura dos conteúdos do material sobre a Semântica.

Outra ferramenta importante nesse trabalho foi abordar outros aspectos

Semânticos auxiliadores na aprendizagem do aluno como a Web Semântica,

os jogos, a Internet e o dicionários. Sendo assim, a semântica pode ser

34

trabalhada de várias maneiras, há uma diversidade que possibilita ao professor

e alunos um ensino e aprendizado mais prazeroso.

Estudar Semântica não é só procurar palavras no dicionário. Estudar

Semântica é pesquisar e entender o sentido de um enunciado dentro de um

determinado contexto. É saber se situar dentro do cotidiano, do que acontece

no mundo. Estudar Semântica é enriquecer o seu conhecimento, o seu

vocabulário, tornando-se assim um grande pensador diante das questões

científicas atuais.

A Semântica está presente em tudo aquilo que se vê, que se sente, portanto

é preciso estudá-la e entendê-la estar em contato com o mundo em seus

diferentes campos de conhecimento: a área médica , esportiva, transporte,

matemática. Todas essas áreas têm o seu campo semântico específico.

Palavras que podem ser usadas em uma determinada área, não são usadas

em outras.

Espera-se que com esse trabalho, seja gratificante ouvir dos leitores que ele

foi muito importante para o esclarecimento de vários aspectos da Semântica.

Que a reação seja positiva e que maninfeste-se entre vários edudandos. Que a

partir da indicação desse trabalho, eles utilizem esse material para a pesquisa

de seus trabalhos.

Ofereceu-se aos leitores os conhecimentos e esclarecimentos necessários

para o estudo sobre semântica no nível superior, a questão da Web Semântica,

inovadora no estudo do sentido e a importância dos jogos e da Internet como

auxiliadores no processo de ensino-aprendizagem.

35

BIBLIOGRAFIA

ANTONIOU, Girgois “A SemAntic Web Primes”, Cambridge, 2004

DACONTA, Michael “The Semantic Web”, Wiley, Indianapolis, 2003 ILARI, Rodolfo e GERALDI, João Wanderley. SEMÂNTICA, Série Princípios, 10ª edição. SP: Ática, 2001 KATZ, Jerrold, J. “O escopo da Semântica” 1982 Ed. Jorge Zehen LOROSA, Marco Antonio e AYRES, Fernando Audini. “Como produzir uma monografia” 7ª ed. RJ: Ed. Jorge Zahar, 2003 MARQUES, Maria Helena Duarte. “Iniciação à semântica”. 6ª ed. RJ: ed. Jorge Zahar, 2003 Web semântica – Wikpédia, a enciclopédia livre PT. Wikipédia.org/wki/web-semântica

36

INDÍCE

INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I INICIAÇÃO À SEMÂNTICA 10

1.1 Introdução 10 1.2 Objetivo da semântica 12 1.3 Tradição e evolução dos estudos semânticos 14 CAPÍTULO II AS DEFICIÊNCIAS NO ENSINO DA SEMÂNTICA NAS UNIVERSIDADES 17 2.1 A significação das construções gramaticais 17 2.2 Sinonímia e paráfrase 18 2.3 Duplicidade de sentido: ambigüidade e polissemia 20 2.4 Subordinação sintática x Subordinação semântica 22 2.5 Acarretamentos, hiponímia, contradição, antonímia e pressuposição 24 CAPÍTULO III A WEB SEMÂNTICA NO ENSINO SUPERIOR 27 3.1 Conceito 27 3.2 Primeiras idéias 27 3.3 Objetivo principal 27 3.4 Proposta 28 3.5 Ilhas de conhecimento 28 3.6 Aplicação da Web semântica 29

37

3.7 O futuro 30 3.8 A web semântica como ferramenta auxiliar 31 CONCLUSÃO 33

BIBLIOGRAFIA 35 INDICE 36