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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
A PSICOMOTRICIDADE ATUANDO NO APRENDIZADO DA
ESCRITA DE CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS
POR: Daiany da Silva Oliveira
Orientador
Profa. Ms. Fátima Alves
Rio de Janeiro
2011
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
A psicomotricidade atuando no aprendizado da escrita de
crianças de 4 e 5 anos
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Psicomotricidade.
Por: Daiany da Silva Oliveira
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo pelo dom da vida e pela
oportunidade de fazer um curso de pós-graduação.
Agradeço a minha família
e os amigos que me incentivaram a prosseguir
com meus estudos.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu pai, mãe e irmã.
Que mesmo distante mim, torcem pelo meu sucesso;
por eles sinto um amor infinito.
RESUMO
Ao observar o processo de aprendizagem da escrita de crianças de 4 e 5 anos
foi despertado a inquietação de compreender porque tanta dificuldade para
aprender a escrever; se eles tem a sua volta pessoas que realiza com tanta
naturalidade. Partindo deste despertar, foi estudado a grafomotricidade que
tem o objetivo de educar os movimentos envolvidos no processo da escrita,
que intervêm na realização das grafias, de maneira que, posteriormente à
escrita seja fluída, rápida e legível. O aprendizado da escrita só é desenvolvido
naturalmente se a criança estiver vivenciando progressivamente o seu
desenvolvimento motor e psicológico. Para realizar a escrita é necessário ter
domínio sobre a sua coordenação motora global e fina, além das outras
funções psicomotoras bem definidas. Permitindo assim a criança ter o domínio
sobre a preensão com a qual segura o lápis sobre o papel e o movimento que
exerce ao realizar a grafia. A psicomotricidade vem promover a organização
das funções corporais que possibilitam o indivíduo a experimentar novos
conhecimentos a partir do seu corpo e posteriormente de dentro para fora.
Tornando a escrita ritmada, rápida e legível. Por isso este trabalho teve como
objetivo evidencia a importância da psicomotricidade no aprendizado da
escrita, vivenciado por crianças de Educação Infantil. Descrevendo alguns
movimentos complexos que a criança venha a realizar ao produzir a escrita e
atividades psicomotoras que ajudem as crianças a dominar o seu corpo ao
realizar alguma tarefa.
METODOLOGIA
Será produzida uma pesquisa descritiva, por intermédio de uma releitura
bibliográfica sobre o assunto, destacando as principais idéias sobre a
contribuição da psicomotricidade no desenvolvimento grafomotor. Serão
utilizados livros, artigos de revistas pedagógicas, internet, textos e palestras.
Este tema estará interligado aos níveis iniciais de escolarização, portanto
educação infantil. A bibliografia terá autores como: Vitor da Fonseca, Fátima
Alves, Fátima Gonçalves, Gislene Oliveira e atividades de escrita realizada por
crianças na educação infantil.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO CAPITULO I - PSICOMOTRICIDADE CAPITULO II - DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA CRIANÇA CAPITULO III – DIFICULDADES DOS PRIMEIROS RABISCOS A ESCRITA CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA ÍNDICE
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INTRODUÇÃO
A psicomotricidade é a ciência que estuda o ser humano na sua
totalidade, procurando compreender o corpo e a ação corporal como linguagem
fundamental na comunicação da criança com o seu meio social. Levando em
consideração a influência dos estímulos interno e externo sobre o corpo e a
significação do movimento dentro do contexto. Julian de Ajuriaguerra (1983)
diz: “a psicomotricidade é a expressão de um pensamento pelo ato motor
preciso, econômico e harmonioso”.
Na educação infantil a psicomotricidade utiliza o corpo como instrumento
de comunicação entre o mundo interno e externo da criança. Tendo o papel de
organizar o corpo em desenvolvimento, para que o mesmo venha aprender a
lidar com as constantes modificações cognitivas, emocionais e motoras.
Segundo Alves (2005): “cada período é diferente do outro e, em cada um deles
a criança tem formas peculiares de pensar e de se comportar, determinando e
estabelecendo, então, o seu caráter do que pode ser aprendido neste período,
o que de melhor a criança é capaz de realizar.”
Ao observar a criança a psicomotricidade a interpreta dentro do seu
contexto social, não sendo concebível estudar o seu desenvolvimento sem
valorizar os aspectos: afetivo, cognitivo, motor e social.
Esta pesquisa tem por objetivo despertar aos profissionais de educação
infantil a importância de estudar a grafomotricidade. Garcia (1987) diz: “que a
grafomotricidade tem por objeto de análise os processos que intervêm na
realização das grafias, assim como o modo como esta pode ser automatizada”.
É nos primeiros anos escolar que a criança constrói a sua identidade
pessoal e social. Todos os atos realizados por está, seja o brincar, dormir,
vestir entre outros, são repletos de significados e influenciam no aprendizado
da grafia.
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Reconhecendo que o brincar e as outras atividades infantis são
essenciais para as crianças e proporcionam um desenvolvimento psicomotor
adequado e de qualidade. Este trabalho procura:
- Identificar dificuldades das crianças ao reproduzir a grafia;
- Observar movimentos do cotidiano que facilitam ou atrapalham a aquisição da
habilidade da escrita;
- Conhecer atividades psicomotoras que auxiliam no desenvolvimento da grafia
das crianças da educação infantil;
- pesquisar autores que abordem o desenvolvimento motor, cognitivo e
emocional de crianças;
No primeiro capitulo será abordado o conceito de psicomotricidade,
destacando o seu papel no desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e
social da criança na faixa etária de 4 e 5 anos.
O segundo capitulo está direcionado ao desenvolvimento psicomotor de
crianças de 4 e 5 anos. Comentando as principais modificações motoras,
emocionais e cognitivas que a criança vivencia nesta fase. Sendo de
fundamental importância compreender aspectos relevantes no processo de
desenvolvimento infantil.
Terceiro capitulo será enfatizado as dificuldades apresentadas pelas
crianças ao iniciarem o processo de aprendizagem da grafia. Pois os
movimentos da escrita são complexos e é preciso ter o domínio corporal, além
de flexibilidade e coordenação dos movimentos musculares que atuam neste
processo. E o conceito de grafomotricidade. Expondo também algumas
atividades psicomotoras que auxiliam no processo de aprendizagem da escrita.
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CAPITULO I
PSICOMOTRICIDADE
O estudo da psicomotricidade surgiu na França, por volta de 1950, sua
evolução veio da psiquiatria. “È uma prática em que se misturam vários olhares
e que se utiliza das várias ciências, como: a biologia, psicologia, psicanálise,
sociologia e a lingüística” (COSTE,, 1975)
Le Boulch, Le Canus, Esteban Levin, Solange Thiers, Vitor da
Fonseca, Henri Wallon, Julian Ajuriaguerra, Jean Claude, Francisco Rosa Neto
e Bernard Aucouturier são grandes contribuintes da difusão da
psicomotricidade. Julian Ajuriaguerra um destes contribuintes “pai da
psicomotricidade”, a define psicomotricidade da seguinte forma:
“a psicomotricidade se conceitua como ciência da saúde
e da educação, pois indiferentes das diversas escolas
psicológicas condutista, evolutista, genética, etc, ela visa
à representação e a expressão motora através da
utilização psíquica e mental do individuo,” (COSTE,1989,
p.33).
A psicomotricidade comunica-se através da linguagem verbal, também
de gestos, movimentos, olhares, forma de caminhar, expressão fácil, entre
outros. Vivenciando o mundo através do corpo.
Procurando estudar a ação e o movimento pela significação que cada
um expõe dentro do contexto social. Percebendo o homem na relação com o
mundo e as possibilidades de agir e atuar consigo mesmo e com o outro.
Estendendo-se a dois eixos: psicomotricidade funcional e relacional.
1.1-Psicomotricidade funcional
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Visando privilegiar a qualidade da relação e as latentes funcionais do
homem, que são: tônus, equilíbrio, lateralidade, práxia global e fina,
organização espacial e temporal, esquema corporal e ritmo; elementos
indispensáveis para aquisição de novos conhecimentos. A
psicomotricidade funcional tem por objetivo organizar este corpo e
mente para que os mesmo tenham capacidades de desenvolverem
novas habilidades e aprendizagem.
1.1.2- Tônus
O tônus muscular é o que assegura a disposição da musculatura
para a maioria dos movimentos e atividades praxicas. Exercendo a
função de alerta, atenção e vigilância, assegurando o bom
desenvolvimento da tarefa mental e física. Comanda gestos, expressões
e as mímicas, refletindo e manifestando a expressão corporal que o
individuo pode responder. Alexander (1989) comenta que: “o organismo
vivo, em condições ideais, tem nível de tônus homogêneo em todo o
corpo”.
O desenvolvimento tônico de qualidade é indispensável para as
crianças, pois este também possibilita a posição estática e o equilíbrio
que são à base de sustentação para todas as nossas ações e também
contribui nas atividades pedagógicas e diárias. Um tônus equilibrado
permite a criança gozar da autonomia e da auto-estimar necessária para
todo e qualquer processo de aprendizagem.
1.1.3- Equilíbrio
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A definição de equilíbrio nos diz que é o estado dos corpos em
que o resultante das forças atuantes se anula, igualdade de forças. Na
visão psicomotora o equilíbrio refere-se à área básica para autonomia do
movimento voluntário da criança, seja ele estático ou dinâmico.
Fátima Alves (2005, p.60) define da seguinte forma:
“O equilíbrio estático: como movimento não locomotor
como, por exemplo, ficar em pé, apenas com a ponta dos
pés tocando o solo, com elevação dos calcanhares e os
pés unidos.
O equilíbrio dinâmico: são movimentos locomotores como,
por exemplo, o andar em marcha normal sobre uma linha
pré-delimitada.
O equilíbrio dá ao homem a possibilidade de manter-se em
posição bípede que o diferencia das outras espécies. A criança
equilibrada física e mentalmente tem potencial de locomover-se e então
explorar o mundo a sua volta, ação que necessita para sua
aprendizagem. E também executa suas atividades com menor esforço e
desgaste, mantendo uma ação harmônica e coordenada.
Havendo qualquer alteração no equilíbrio da criança, será
apresentada uma diminuição da capacidade de apropriar-se de novas
experiências e informações.
1.1.4- Lateralidade
É identificação da prevalência motora de um determinado lado
do corpo sendo eles heterogêneos. Essa diferenciação é necessária
porque proporciona um equilíbrio das funções corporais, que se torna
mais evidente durante o amadurecimento. Havendo assim um domínio
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de um dos hemisférios que juntos compartilham a aprendizagem e a
memória, cada um tendo a sua funcionalidade.
O hemisfério esquerdo é denominado hemisfério simbólico, o
lado racional, comandando as funções do direito. O hemisfério direito é
denominado de hemisfério não-simbólico, tendo a posição de intuitivo;
abrange o lado sensório-motor e comanda o movimento da esquerdo.
“Permite à criança organizar suas atividades motoras
globais é a ação educativa fundamental. Desse modo,
coloca-se a criança em melhores condições para construir
uma lateralidade homogênea e consciente.
“(LE BOULCH,1982,p.95)
Até os 6 anos a criança está apta a perceber seu eixo corporal e
seu hemisfério de preferência, assim com seu amadurecimento passará
a identificar o lado esquerdo e direito de si e do outro. Construindo este
conceito, direita e esquerda, a criança passa a utilizá-lo no seu cotidiano
escolar e domiciliar.
1.1.5- Práxia global e fina
Práxia global- a coordenação motora global que dá-se pelo
desenvolvimento de todo o corpo, através de atividades que exigem uma
programação antes de serem executadas. Segundo Alves(1981), “para
que essa coordenação ocorra é necessária uma perfeita harmonia de
grupos musculares colocados em movimentos ou em repouso”. A práxia
global é divida em dois eixos, que são: coordenação estática e dinâmica.
“Coordenação estática- quando se realiza em repouso. É
dada pelo equilíbrio entre a ação dos grupos musculares
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antagonistas, estabelece-se em função do tônus e permite
a conservação voluntaria das atitudes. Coordenação
dinâmica- quando a coordenação se realiza em
movimentos, põem em ação simultâneos grupos
musculares diferentes, tendo em vista a execução de
movimentos voluntários mais ou menos complexos”.
(FÁTIMA ALVES, 2005, p.57)
Para uma práxia global saudável é importante utilizar atividades
simples para as mais complexas, percorrendo assim o caminho do
amplo para o especifico.
Práxia fina- esta existe desde os tempos primórdios, da pedra
lascada, onde o homem utiliza-se da motricidade fina para produzir o
fogo além de seus utensílios.
A práxia fina é a velocidade e precisão dos movimentos finos
que são mais diferenciados e complexos. Tendo o papel de integrar as
competências psiconeurológicas adquiridas na práxia global.
O homem desde o seu nascimento até a preensão equilibrada
do lápis ao escrever, vivencia diferentes habilidades para alcançar
movimentos finos bem produzidos e que exerça atos econômicos e
automatizados.
“coordenação motora fina é uma coordenação segmentar,
normalmente com a utilização das mãos exigindo precisão
nos movimentos para a realização das tarefas complexas,
utilizando também os pequenos grupos musculares”.
(FÁTIMA ALVES, 2005, p.58)
Dentre a práxia fina, temos diferenciadas coordenações, que
são: viso-manual: e a coordenação entre a visão e o tato, que permite
ações entre a cabeça e a mão e desenvolve o domínio dos pequenos
músculos essenciais para a execução da escrita. A coordenação
musculofacial: que é destinado aos movimentos da face, reproduz
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através da face às sensações e emoções vivenciadas pelo individuo;
essencial no desenvolvimento da mastigação, fala e da deglutição. E a
coordenação visuomotora que é a habilidade de coordenar os
movimentos para o alvo visual.
1.1.6- Organização espaço-temporal
Jean Piaget discorre que na estruturação da inteligência, o
conceito de espaço antecipa o conceito de tempo. Ao agir sobre o meio
a criança aprende a compreender os estímulos sensoriais baseado no
tempo e no espaço de vivencia.
Como a localização espacial dá-se por ação subjetiva o homem
utiliza-se do próprio corpo no espaço externo para desenvolver a noção
espacial.
“Captado como algo que não é etéreo, onde as coisas
flutuam. O espaço é compreendido como força universal
de conexão que o homem apreende através de seu corpo,
elemento mediador ao qual compete estabelecer a
síntese de sua própria subjetividade (...) à percepção de
espaço se imbrica, portanto aquela de tempo”.
(MOREIRA apud JOCIAN MACHADO, 1998, p. 7)
A organização temporal proporciona o homem localiza-se
nos acontecimentos, que são: inicio, meio e fim; dia e noite; dia,
semana, mês, entre outros ritos de passagens.
Construir o conceito de tempo para as crianças é muito difícil por
tratar-se de uma situação abstrata; a criança precisa de objetos
concretos para apreender, necessita esta em contato com o objeto para
manuseá-lo e senti-lo e assim construir suas próprias hipóteses sobre
mesmo. Levando-se assim a construir o seu próprio conceito.
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“A percepção temporal é indispensável da percepção
espacial, já que por meio de sinais espaciais e de sua
permanência a criança vai poder adquirir as noções de
duração e ritmo”.
(RAMOS apud FRANCO E NAVARO, 1980)
A organização espaço-temporal é inata, ou seja, constrói-se por meio do
movimento e dos dados sensoriais que são recolhidos pelos sentidos
através das experiências.
1.1.7- Esquema corporal
O esquema corporal á a capacidade de reconhecer e nomear as
parte do próprio e as funções que elas desempenham. A boca e as
mãos são instrumentos essenciais para a exploração da criança tanto no
que diz respeito ao corpo como ao mundo.
Os aspectos que compõe o esquema corporal são:
conhecimento das partes corporais, consciência dos movimentos,
esquema sensório-motor, localização do corpo no espaço.
“os seres humanos só podem chegar ao desenvolvimento
simbólico e a construção de relações interpessoais desde
que integrem o sistema postural e a noção do corpo”.
(FONSECA apud FÁTIMA GONCALVES, 2009, p.46)
O esquema corporal relaciona-se com os fatores emocionais, biológico e
relacional. Se um destes apresentar disfunção pode alterar a imagem
corporal que o homem tem de si e do outro. E muito importante uma
harmonia no funcionamento destes.
1.1.8- Ritmo
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Ritmo é uma série de movimentos ou ruídos que ocorre no determinado
tempo com intervalos regulares, com acentos fortes ou fracos. Para a
psicomotricidade o ritmo é a velocidade e a precisão em que o movimento é
executado, ou seja, o espaço de tempo entre um movimento e outro.
O ritmo está em todos os atos, seja o andar, falar, correr, comer que é
chamado ritmo vital; estes são dependentes do biológico e psicológico de
cada pessoa. Existem diferentes ritmos, que são:
“O ritmo externo- que organiza a sucessão dos eventos
naturais (horas, dia, noite) conjunto de fenômenos que lhe
correspondem claridade, escuridão, calor, frio e etc; e os
internos que são ciclos vitais”.
(JOCIAN MACHADO,1998, P.66)
O ritmo é um ato individual, cada pessoa tem o seu e o produz de
acordo com a sua comodidade, naturalidade e precisão. O ritmo só existirá
se o individuo possui a consciência de seu esquema corporal e imagem
física do seu próprio corpo, além de utilizar o seu corpo como instrumento
de comunicação.
“A atividade rítmica desempenha um papel muito
importante na edificação intelectual e maturação da
atividade motora sincronizada. Sabe-se que uma
sucessão de movimentos rítmicos é mais fácil de ser
executada e ocasiona menos fadiga que a sucessão dos
mesmos movimentos sem ritmo”.
(FRAISSE apud MACHADO, 1998, p.66)
Este auxilia na aquisição de novos conhecimentos, além de desconstruir
conceitos já formados para a elaboração de estratégias que exija menos
esforços, seja mais flexível e rápido.
1.1- Psicomotricidade relacional
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A psicomotricidade relacional procura lidar com a maneira do ser
humano de relacionar-se com o outro, destaca- se como ferramenta
essencial para compreender o ser humano na sua totalidade.
É uma práxis que procura dar espaço de liberdade onde o homem
aparece inteiro: com seu corpo, suas emoções, sua fantasia, sua
inteligência em formação.
A psicomotricidade só existe a partir do movimento em que o
individuo exerce, expressando através do corpo as emoções, sensações
e desejos da sua identidade. Esta é fundamental na interação entre os
indivíduos de um grupo. O movimento é o primeiro ato realizado para
desenvolver a expressão de um corpo, seja positiva ou negativa.
Na educação infantil a psicomotricidade relacional proporciona
uma aproximação entre as crianças e seus colegas, professora e objeto.
Interagindo o tempo todo para que possa criar suas próprias estratégias
e conceitos.
1.2.1-Expressão
A expressão é a manifestação dos pensamentos através do ato,
fácil ou corporal. A expressão fácil e corporal é inseparável do homem,
desde o seu nascimento ele utiliza-se da expressão para comunicar com
sua mãe.
Tendo uma importância inigualável no desenvolvimento da
psicomotricidade relacional, porque através da expressão que a criança
expõe seus pensamentos e emoções. Jocian Machado, diz que:
“por meio dela a criança exprime verdadeiramente os
seus sentimentos e, conseqüentemente, as suas
dificuldades, sejam elas de ordem psicológica, física ou
biológica”.
No trabalho com crianças é imprescindível atividade de expressão, pois
contribuiu para o desenvolvimento das habilidades de expressão; e
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proporciona autonomia na execução da expressão, além de domínio da
coordenação motora e psíquica.
1.2.2- Comunicação
A comunicação é integrada a expressão, o homem utiliza a
expressão como primeiro meio de comunicação com o outro e o mundo
a sua volta. A comunicação identifica os diferentes grupos sociais
existentes de acordo com a sua execução e ferramentas corporais a
serem utilizada.
A comunicação pode ser verbal ou não-verbal, ambas tem o papel
de estabelecer a integração de vivencia com o outro e o objeto.
Uma das ações em que a comunicação é bem executada é saber
ouvir. Ouvir é um ato que exprime prazer do locutor em expor suas
ideias, portanto passa a ser a comunicação essencial para viver em
grupo.
“uma sensibilidade para ouvir, uma profunda satisfação
em ser ouvido. Uma capacidade de ser mais autentico
que provoca, em troca, uma maior autenticidade dos
outros. E, consequentemente, uma maior liberdade para
dar e receber amor”. (ROGERS, 1993)
Na psicomotricidade a comunicação tem o objetivo de estimular o
individuo a torna-se independente nas suas idéias, ações e valores. “Na
pratica psicomotora passamos por diferentes etapas da comunicação,
mas o essencial nesses modos de comunicação é a carga afetiva que se
encontra por baixo deles”. (AUCOUTURIER e LAPIERRE, 1986)
A comunicação não-verbal é muito valorizada pela
psicomotricidade, pois proporciona conhecer aspectos subjetivos do
individuo que a linguagem verbal não possibilita identificar. Realizando
assim um estudo complexo e total do homem na comunicação com seu
grupo e com si mesmo.
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1.2.3- Afetividade
O homem vivencia a afetividade desde o momento intra-uterino, a
mãe o transmite todas as sensações e emoções, proporcionando um elo
de segurança e cumplicidade.
“a afetividade é o resultado de sensações agradáveis e
desagradáveis de sentimento de amor e ódio, que
determinam a conduta postural e dão ao corpo sua
expressão”. (WALLON, 1995)
Wallon nos seus estudos identifica a afetividade como principal
instrumento para a mediação entre o homem e o conhecimento. Para
que haja esta mediação é preciso que os corpos integrem-se e se
cooperem corporalmente, além da troca de experiência; iniciando-se
pela interação complementar e consequentemente passando a ser
recíproca.
“o encontro da afetividade no contato tônico entre
adulto/criança ou adulto/adulto faz com que o jogo
corporal seja coberto de espontaneidade e,
consequentemente, as criações dos movimentos
corporais e com o objeto aconteçam sem grande esforço”.
(LAPIERRE e AUCOUTURIER, 1986)
Na construção da identidade do homem existe uma interação
entre as funções afetivas e intelectuais, qualquer ação expressa pelo
mesmo é carregada de influência afetiva, cognitiva, motora e social.
Criar uma relação de afetividade entre educando e educador é
essencial para que seja desenvolvido um laço de afeto entre ambos; e
uma confiança para que ocorra um aprendizado equilibrado e
harmônico.
1.2.4- Agressividade
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Agressividade é uma convergência entre dois corpos, podendo
ser positiva ou negativa, verbal ou não-verbal. Ajuriaguerra (1980)
comenta que “a agressividade faz parte do componente afetivo do
homem”. Este é um aspecto inato do homem que faz parte da identidade
do animal racional ou irracional. O que diferencia são os motivos e
recursos utilizados por eles.
“A agressividade deve ser vista como estruturante e o
excesso de agressividade, levando à agressão à
autoagressão, devem ser pontuados e limitados. (JOCIAN
MACHADO, 1998)
Agressividade torna-se necessária ao homem, pois o estimula a
conquistar algo; e a superar obstáculos que vão surgindo com as
experiências.
A agressão é uma forma de comunicação, ainda que primitiva. Na
visão psicomotora é a expressão corporal que o homem utiliza-se para
sinalizar algum conflito emocional, cognitivo ou físico.
Em turmas de educação infantil é muito importante desenvolver
atividades que estimule o controle da agressividade, porque as crianças
não aprenderam a dominar este instinto que é inato ao homem.
1.2.5- Limites
Culturalmente a palavra limite vem acompanhada do significado
de castração ou regras incontestáveis. No entanto na visão psicomotora
o limite é reconhecer suas limitações físicas, emocionais e psicológicas.
É possível encontrar dois tipos de limites, que são externos e internos. O
limite externo corresponde à noção espacial, temporal, de contorno,
textura e etc. os internos têm haver com a nossa essência, que são: o
toque, afeto, desafeto, as primeiras sensações de prazer e desprazer
exposta no corpo.
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“Descobrir a sua liberdade é acima de tudo perceber o
seu próprio limite nessa liberdade. Respeitar a maturação
no desenvolvimento do individuo estabelece os limites
dessa liberdade”. (JOCIAN MACHADO, 1998, p.79)
Na relação diária com crianças é necessário explicá-las o seu
limite e o porquê do mesmo. Compreender que o limite faz parte do
processo de construção da identidade é um dos papeis da
psicomotricidade relacional.
1.2.6- Corporeidade
Corporeidade é a noção de identidade corporal que o homem cria de si
mesmo, ou seja, a imagem que o celebro cria do corpo durante a
relação com o outro.
“Para se construir a noção de corporeidade, o melhor
canal para desenvolvê-lo é por meios dos movimentos. E
essa construção se dá pela estruturação da imagem
corporal. (JOCIAN MACHADO, 1998, p.79)
A corporeidade evolui de acordo com desenvolvimento físico da pessoa,
um recém-nascido não tem a mesma corporeidade que uma criança de
5anos, adolescente, adulto ou idoso; este é particular de cada
organismo e estimulação social.
A construção da corporeidade depende de um equilíbrio entre a
quantidade e qualidade das relações e correlações do individuo. Durante
a evolução da criança, a qualidade da corporeidade é um dos principais
determinantes da estruturação cerebral e motora. Por outro lado, a
estruturação corporal na mente da criança é fundamental para o
desenvolvimento do próprio corpo como organismo físico. Crianças
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privadas de qualidade no relacionamento corporal com o mundo tendem
a ter desenvolvimento físico atrasado em relação às demais
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CAPITULO II
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR
O desenvolvimento psicomotor de crianças na faixa etária de 4 e 5 anos
é constante e intenso, durante este o cérebro vai modificando a estrutura física,
em razão de seu aprendizado. O cérebro humano realiza novas conexões de
acordo com as necessidades que o meio expõe; passando a se reorganizar
constantemente. Capaz de adaptar-se e aprender novas habilidades para o seu
melhor funcionamento.
O desenvolvimento motor da criança é resultado do amadurecimento
dos tecidos neurológicos e do crescimento dos ossos e músculos é ação
natural do ser humano.
Todo o desenvolvimento funcional da criança esta relacionada ao
psicomotor e é gradativamente percebido como ser em desenvolvimento e
capaz de expor suas necessidades e objetivo diante da integração com o meio
Conhecer o desenvolvimento psicomotor da criança é muito importante,
para que sejam respeitadas as etapas deste e desenvolvidas atividades que
estimule o seu progresso. O desenvolvimento psicomotor é separado por dois
conceitos, que são:
“Desenvolvimento céfalo-caudal – é ordenado e
previsível, onde as primeiras aquisições se iniciam na
região da cabeça e evoluem em direção aos pés. O
sistema nervoso também se desenvolve dessa forma.
Desenvolvimento próximo-distal – segue a direção da
região central para as extremidades. “O controle
processa-se do tronco para os braços, mãos e dedos”.
(JOCIAN MACADO, 1998, p.33)
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De inicio os movimentos motores das crianças são globais, utilizando-se
de grandes grupos musculares, consequentemente os estímulos externos
exige da criança movimentos mais precisos e complexos que se utiliza dos
pequenos grupos musculares. O desenvolvimento dos aspectos funcionais e
relacionais da criança deve ser bem estimulado, para que esta esteja apta a
aquisição de novos aprendizados. De acordo com a teoria de Jean Piaget
(1970), “as aquisições de cada estágio de desenvolvimento são cumulativas,
ou seja, as habilidades adquiridas nos estágios anteriores não são perdidas a
caminho de novos estágios”. (MACHADO, 1998, P.77)
Relatar o desenvolvimento psicomotor de crianças na faixa etária de 4 e
5 anos requer um panorama da sua iniciação motora e da interação com o
meio; sendo descrito a seguir algumas características peculiares desde o
recém-nascido até os três anos, após será definido de forma ampla o
desenvolvimento psicomotor de crianças de 4 aos 5 anos de idade.
2.1- 0 a 6 meses- denominado como “estágio impulsivo-emocional”; nesta fase
o desenvolvimento é fascinante, por sua intensidade e rapidez; os movimentos
do bebê são voltados para as sensações internas, viscerais, tônicas e
musculares, que serão estimuladas pelo contato com o adulto; sua
comunicação é não-verbal, através da expressão facial e corporal.
2.2- 7 a 12 meses- apresenta estágio tônico emocional, que os movimentos
são realizados com a intenção de determinado objeto. O movimento é o
principal meio de comunicação para relaciona-se com o adulto e o mundo a
sua volta. As habilidades motoras adquiridas nesta fase não tornam o bebê
independente do meio externo, ele a inda precisa do outro para interpretar as
suas necessidades.
2.3- 1 a 2 anos- neste período a criança adquire a postura bípede, que trata-se
do inicio do estagio sensório-motor segundo Piaget. A relação com o outro se
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torna mais intensa e já existe a independência na sua locomoção para a
direção do objeto de desejo; proporcionando assim a estimulação do sistema
neurológico, na qual a motricidade incentiva a aprendizagem. Já consegue ficar
aproximadamente durante cinco minutos concentrado. Nomeia objetos e
reconhece figuras e explora o mundo através do sentido; já produz garatujas.
2.4- 2 a 3 anos- neste período a criança encontra-se em transição entre o
sensorio-motor e pré-operatório; o que diferencia das idades anteriores são as
novas habilidades desenvolvidas. Inicia a comunicação verbal, para expressar
seus pensamentos e vontades utilizando frases completas. As palavras
refletem um forte egocentrismo, no qual considera apenas si mesmo,
experimenta tudo e assim satisfaz suas necessidades. O que lhe dá
possibilidade de um aprendizado muito grande, pois assimila conceitos sem ter
experimentado. “A criatividade se desenvolve sem cessar e ela aprende a
construir (e destruir) com novos materiais”. (ESTELA MORA, 2010, p.223). Não
descrimina realidade de fantasia, concentração por apenas dez minutos, muito
curiosa e nomeia tudo que cria. Apresenta progressos na coordenação motora
fina (visuomotora), precisão nos movimentos amplos e expressa o desejo de
vestir-se e calçar-se sozinho.
2.5- 4 a 5 anos- A criança torna-se um ser social; as funções funcionais e
relacionais são ampliadas sensivelmente. Desenvolvem com maior propriedade
atividades gráficas, pois os pequenos grupos começam a ser controlados pelo
cérebro e os movimentos são relacionados com a percepção do sentido e
motor. Abaixo serão citados alguns pontos essenciais do desenvolvimento
motor, intelectual e social de criança nesta faixa etária:
-Concentra-se durante 20 a 30 minutos;
-Desce e sobe escada alternando os pés, gosta de trepar;
-Pula com uma perna só; toca os dedos das mãos com as pontas
27
Caminha em linha reta e curvas; corre e tem autonomia para parar;
-Coordena os movimentos dos olhos em harmonia com a cabeça;
-Vestir-se e calçar-se sozinho;
-Desenha sua própria imagem com mais clareza na identificação das
partes;
-Modela formas mais elaboradas com massa de modelar;
-Recorta e pinta no limite; segura o lápis entre o polegar e os dois
primeiros dedos;
-Escreve o próprio nome com letras bastão e cursiva;
-Aprende a resolver problemas matemáticos;
-Reconhece as famílias dos fonemas (ma, ta, Ra,...); aprende a ler;
-Amplia seu grupo de amizades;
-Brinca de faz de contas; imita os adultos ou personagens favoritos;
-Utiliza da agressão para resolver conflitos;
-Cai constantemente da cadeira, por não ter encontrado ainda o seu eixo
corporal;
-Amadurece a compreensão de tempo (ontem, hoje, amanhã,...);
-Utiliza-se de talheres corretamente;
-Dialoga com propriedade, faz muitas perguntas e fala sozinha;
-Reconhece objetos pelo tato;
-Canta variáveis músicas
-Reconhece cores e tamanhos e forma geométricas;
-Adora ser elogiada e se elogiar;
-Tem iniciativas e ideias próprias,
28
Se o professor de educação infantil tiver noção das habilidades adquiridas
pelas crianças em determinada idade será mais fácil identificar e selecionar
atividades que possibilite este desenvolvimento psicomotor harmônico e
equilibrado.
29
CAPITULO III
DIFICULDADE DOS PRIMEIROS RABISCOS A ESCRITA
O córtex frontal é o responsável pela coordenação motora global e fina,
que corresponde aos movimentos amplos e finos. Proporcionando a criança
realizar ações com sequencias de movimentos e procedimentos planejados e
coordenados para um objetivo final.
“O desenho é muito mais do que profusão de pontos,
linhas e manchas; é principalmente, uma das
possibilidades de realização humana. Desenhar é um ato
eminentemente social”. (PATRICIA VASCONCELOS,
2007, p.7)
O desenho é a primeira expressão gráfica utilizada pela criança,
mediantes traços desordenados do movimento motor que expõe seu
desenvolvimento cognitivo, emocional e motor. A habilidade gráfica inicia-se
antes dois anos de idade, denominando-se de garatuja os primeiros traços
gráficos (são espontâneo e segue ume ordem singular no papel) da criança.
A escrita é o segundo sistema gráfico aprendido pela criança na
educação infantil. Sendo resultado do processo do amadurecimento das fibras
nervosas do cérebro, que comanda a região cerebral designada para a
coordenação motora global e fina. A grafia tem um processo altamente
complexo porque requer a compreensão do conceito de palavra falada que
torna-se símbolos escritos.
Para alcançar uma escrita precisa, rápida, flexível e legível é muito
importante que a criança manipule o mundo a sua volta, para que possa
descobrir diferentes formas de aprendizagem com o seu próprio corpo.
30
“o aprendizado da escrita, como modalidade da
linguagem expressiva, requer que a criança não só tenha
alcançado um determinado desenvolvimento da
linguagem e do pensamento, como também tenha
desenvolvido sua afetividade”. (FÁTIMA ALVES, 2005,
p.78)
Escrever requer da criança um domínio sobre a lateralidade, equilíbrio,
tonicidade, espaço, tempo, ritmo, imagem corporal e coordenação motora
global e fina; além da compreensão do conceito de escrita no cotidiano da
criança. A coordenação motora fina é a mais complexa e mais necessária e
utilizada na escrita, compreendendo a micromotricidade e a perfeição dos
movimentos finos.
“o movimento não é puramente um deslocamento no
espaço, nem uma simples contração muscular e sim um
significado de relação afetiva com o mundo. (WALLON,
1995, p.58)
As mãos e os dedos permitem a exploração e manipulação dos objetos,
do outro e do próprio corpo; além de ser o principal instrumento da praxia fina.
A escrita exige da musculatura das mãos uma relaxação e contração durante
os movimentos, este precisa de movimentos precisos das mãos para
movimentos lentos dos ombros.
A preensão exercida pela criança ao segurar o lápis sobre o papel é
resultado da maturação do sistema neurocerebral sobre os pequenos grupos
musculares.
Ao iniciar a aprendizagem da escrita as crianças apresentam
características peculiares, devido à imaturidade motora, cognitiva e emocional
neste processo. Realizando sua escrita com diferentes tamanhos de letras, não
sendo adaptado o tamanho da letra ao papel; utiliza muita força sobre o lápis
ao escrever; não tem noção de posição de letras e números; ritmo lento ao
31
escrever palavras e postura incorreta ao escrever. E a grafomotricidade vem
justamente educar os movimentos executado pela grafia.
3.1- Grafomotricidade
A grafomotridade é uma área da psicomotricidade que tem por objetivo
intrometer-se na realização da grafia, ou seja, nos movimentos que são
utilizados, para que seja rápida, flexível, legível e fluida.
As aquisições grafomotora iniciam-se nos cuidados pessoais que a
criança realiza, sendo resposta de lentas e progressivas aprendizagens do
campo motor, afetivo, cognitivo e social.
“O desenvolvimento motor é, pois, um fator essencial na
aprendizagem da escrita, cuja aquisição requer do
individuo um tônus muscular adequado, boa coordenação
de movimentos, boa organização espaço-temporal e o
progressivo desenvolvimento da habilidade com os dedos
das mãos. Ainda sim, influenciam também sua evolução
afetiva e as condições socioculturais do meio familiar;
fazendo que a criança chegue a senti-lo como
necessidade básica para se integrar no seu ambiente
cultural ou não”. (ESTELA MORA, 2008, p.274)
A lateralidade é um dos recursos que funcionam como base para a
grafomotricidade. A definição do hemisfério, mais confortável ao realizar
determinado movimento, possibilita a criança orientar-se no papel ao escrever.
A praxia global tem o papel de desenvolver o domínio corporal,
tonicidade e hábitos posturais; alcançado assim o controle global do corpo.
Estando a criança apta para atividades mais complexas e precisas.
32
A praxia fina compreende as tarefas motoras de preensão e destreza;
estimulando o desabrochar de habilidades entre a percepção e o motor, a
criança aprende a dominar a coordenação oculopedal, oculomanual. Além de
organizar, testar e realizar movimentos finos na escrita.
“A coordenação viso-manual é a coordenação entre a
visão e o tato, os segmentos da cabeça e das mãos, que
juntamente permitem à criança poder segurar e controlar
o movimento para o objetivo, por meio do instrumento de
apoio ou não, do que os olhos vêem”.
(JOCIAN MACHADO, 1998, p.53)
Uma coordenação viso-manual bem desenvolvida permitirá o controle
de traços gráficos, e que a imagem visual integre-se as ações produzidas pelas
mãos; fazendo assim as alterações necessárias para realizar a escrita.
O ritmo também é um aspecto relevante da grafia, no processo de
amadurecimento gráfico a criança desenvolve o seu ritmo individuo (sofre
influencia dos estímulos internos e externos) da escrita podendo ser lento,
moderada ou rápida.
Portanto para que surja à grafia é muito importante que o corpo esteja
em total harmonia em relação à precisão dos músculos, na ligação do ato
pensando ao entendimento do que quer fazer e por sua vez à ação e por fim,
de forma mais abrangente, um controlo motor geral que pode aperfeiçoar e
desenvolver, as capacidades que configuram a motricidade fina, onde a
precisão do traço corresponde fielmente às especificidades de cada intenção.
A grafomotricidade tem por objetivo educar os movimentos da escrita,
para que a criança não sinta incômodos aos desenhar ou escrever, assim
sendo, a criança aprendera a segurar da forma correta o lápis e balancear a
pressão com que exerce os movimentos.
33
3.2-Maturação gráfica
Desde o inicio dos tempos o desenho é conceituado como meio de
comunicação entre grupos socioculturais; hoje é compreendido como
instrumento de percepção do desenvolvimento psicológico, lingüístico e motor
da criança.
“Interpretar o desenho da criança é dele extrair um
sentido que permaneceria oculto ao mesmo tempo, ao
entendimento da criança e aos dos que a cercam,
transcrevê-lo no registro da linguagem verbal. Isso
pressupõe que além do conteúdo manifesto, o tema
representa e da narração à qual ele dá lugar, existe um
conteúdo latente de certa forma inconsciente”.
(ARFOUILLOUX, 1988, P. 136)
A criança desde pequena começa a produzir os primeiros rabiscos e
traços, percebendo este ato como brincadeira alegre e prazerosa. Descobrindo
assim diferentes formas de criar e recriar o próprio imaginário.
“Para melhor conhecermos a criança é preciso aprender a
vê-la. observá-la enquanto brinca; o brilho dos olhos, a
mudança de expressão do rosto, a movimentação do
corpo. Estar atento à maneira como desenha o seu
espaço, aprender a ler a maneira como escreve a sua
historia”. (MOREIRA, 2008, P.20)
O rabisco é para a criança algo que acontece sem nenhuma hipótese
formada. Oriundo de movimentos independentes das mãos em relação aos
34
olhos, muitas vezes a criança realiza a ação sem olhar para o papel e variando
e alternando a posição das mãos. Tornando-se cada vez mais complexos,
devido ao amadurecimento motor. Alguns autores dividem a evolução gráfica
em três etapas, que são:
“A primeira é quando ela percebe a relação gesto-traço,
ou seja, quando percebe que o risco é um resultante do
seu movimento com o lápis. A segunda é quando
compreende que pode representar intencionalmente um
objeto gratificante e, a terceira, quando consegue
organizar suas representações, formando todos os
significativos”. (BOSSA, 2008, P.20)
A primeira etapa surge dos primeiros traços realizados pela criança ao
segurar o lápis sobre o papel, que progredi em paralelo com o domínio do
corpo inteiro até alcançar os pequenos músculos. Denominando-se estes de
garatujas, que são produzidos por crianças entre 18 meses e 3 anos. A
garatuja é divida em três fases.
Garatujas desordenadas é produzida por criança entre 1ano e meio e 2
anos; são traços amplos e descontínuos, com pouco controle dos movimentos
das mãos. Normalmente criança destra inicia o movimento no sentido horário e
a canhota pelo anti-horário.
“Inicialmente a criança faz garatujas desordenadamente,
caoticamente, casualmente, longitudinalmente em todas
as direções. Ainda não tem noção do campo total do
papel”. (DERDYK, 1989, p.60)
Garatuja ordenada é identificada em desenhos de criança em idade de 2
anos. Quando esta percebe a relação entre seus atos e traços que faz no
suporte, acontece a variação das cores do desenho. A pressão com que
35
segura o lápis modifica-se constantemente. “Passa a olhar que faz, começa a
controlar o tamanho, a forma e a localização dos desenhos no papel”.
(OLIVEIRA, 1994, p. 44)
Garatuja nomeada são desenhos e rabiscos de crianças com 3 anos de
idade, nesta fase começam dá significados aos seus rabiscos, células, círculos
e retas. Devido ao processo de maturação dos movimentos das mãos. Os
desenhos passam a ser mais complexos e ricos.
A segunda etapa do grafismo é a pré-esquemática que compreende as
idades de 4 à 6 anos. As cenas e personagens começam a ser mais elaborado
ao desenhar; as letras em bastão e cursiva são introduzidas nas atividades
escolares do cotidiano. “A consciência da analogia entre a forma desenhada e
o objeto representado se afirma” (OLIVEIRA, 1994, p.45). É quando inicia a
organização de seus pensamentos com a imagem visual.
Ao iniciar o desenho, a criança começa fazendo o chão, este se torna
figura essencial antes das figuras surgiram. A criança constrói a consciência de
que os personagens não voam e precisa de uma base. Os desenhos ganhem
movimentos (as folhas podem estar se balançando por causa de uma ventania,
a menina pode estar correndo, etc.). Ou seja, a realidade começa a dá sentido
e significado ao desenho da criança.
“A criança manipula primeiro o real, para depois nomeá-lo
e, finalmente, simbolizá-lo. Assim, o surgimento da
linguagem escrita recompõe e reorganiza as aquisições
anteriores, valendo-se de todas as competências
psicomotoras para decodificar e recodificar o universo dos
símbolos gráficos representativos dentro de um meio
sócio-cultural”. (GONCALVES, 2009, p.237)
Ao aprender a escrever a criança passa a submeter e adaptar os
movimentos espontâneos, as regras da escrita; dominando assim os
36
movimentos das mãos e descobrindo que a escrita também possibilita a
transmissão de suas ideias, sentimentos e desejos.
“A escrita como representação da linguagem oral passa
por diferentes estágios de desenvolvimento, que acabam
sendo caracterizados pela atividade gráfica. Sendo assim,
a evolução gráfica da criança é resultado de uma
tendência natural, expressiva, representativa, que revela o
seu modo particular”. (FATIMA ALVES, 2005, p.107)
Na aquisição da grafia a criança inicia a percepção da audição e fala,
percebe que a escrita corresponde ao que escutamos e falamos. Processo este
complexo e que requer uma maturação neurológica, psicológica e biológica.
As primeiras letras não são lineares, não tem controle de tamanho e
nem direção; já reproduz letras de forma e distingue letras de números e
desenhos. Progressivamente, começa a reproduzir as letras lineares, podendo
ser identificada pelo adulto. Faz adaptação das letras ao espaço disponível no
papel; aprende letras cursivas. Sua orientação espacial vai amadurecendo de
acordo com as estimulações externas. E o ritmo da escrita é cada vez mais
pessoal.
Compreender o sistema gráfico é muito importante para a criança; pois
através desta, ela irá perceber que escrever não é apenas reproduzir as letras,
sim oferta significado ao conjunto de letras que dão origem a palavra.
Aprender a escrever para a criança deve ser uma atividade natural,
como o brincar. Contextualizada no próprio cotidiano e tenha uma intenção e
desejo de se comunicar com seu meio social; para que a criança não veja a
escrita como entediante, cansativo e difícil.
37
3.3- Disgrafia
Este é um transtorno psicomotor que surge normalmente nas crianças
que tem dispraxia ou que tem debilidade motora; podendo ser também ligada a
deficiência auditiva e a transtornos de lateralidade.
“A disgrafia é a dificuldade de coordenar movimentos dos
símbolos gráficos, e uma dispraxia da escrita.
Caracteriza-se pelo lento traçado das letras, que em geral
são ilegíveis. A criança disgrafica apresenta déficit motor,
visual, podendo apresentar comprometimentos cognitivos,
emocionais e neurológicos. Não consegue idealizar no
plano motor o que captou no plano visual”. (FATIMA
ALVES, 2005, p.109)
Estela Mora (2008, p.240) em seus estudos sobre disgrafia identifica
diferentes tipos de disgrafia que:
. Disgrafia posturais, ocasionada pela postura incorreta ao escrever;
. Disgrafia de preensão, o modo de pegar o lápis com o polegar e os três ou
quatro últimos dedos. O polegar está em cima do indicador;
.Disgrafia de pressão são letras com traços muito fracos; pressão excessiva no
traço ao escrever; letras pequenas, trêmulas e rígidas;
.Disgrafia de direcionalidade são letras descendentes, ascendentes e
serpenteantes;
. Disgrafia de giro, as letras que necessitam de traços circulares na sua
execução como: a, o, d, b, g, f e q, são feitas com giros invertidos, dificultando
a ligação entre as letras;
38
. Disgrafia de ligação é a falta de ligação entre as letras cursivas, a escrita das
letras é separada e unida obrigatoriamente com linhas que parecem
sobrecarregadas.
. Disgrafia figurativa é a mutilação e distorção de letras;
. Disgrafia posicionais, espelhamento das letras, confusão de letras simétricas
como, b e d.
. Disgrafia espaciais são letras interalinhadas irregulares, textos margeados à
esquerda;
3.4- Posições e pinça correta da criança
A posição que a criança assume ao escrever é muito importante; é essência
que ao iniciar o aprendizado desta seja corrigido os erros de postura e pinça. A
postura correta é aquela que permite movimentos sincronizados, ritmados e
confortável. Ao escrever a criança deve sentar-se paralela à mesa, com a
coluna apoiada na cadeira, pés no chão e os braços descansando sobre a
mesa.
A preferência do hemisfério esquerdo ou direito apresentam características
peculiares na postura e execução da escrita. A criança destra sua mão
esquerda deve estar sobre a mesa e seu braço direito estar na posição paralela
às bordas laterais do papel e o papel deve esta inclinado para a esquerda. A
canhota a postura deve ser a mesma, no entanto a posição do papel deve ser
para a direita.
Ao iniciar a aprendizagem da escrita o lápis utilizado pela criança deve ser
mais grosso (giz de cera), porque assim evita que a criança aperte os dedos ao
segurá-lo.
O modo como é segurado o lápis também é importante, a posição do lápis
entre os dedos indicador, polegar e médio; o indicador e o polegar são
responsáveis pelo movimento do lápis, o dedo médio serve de apoio e reforço
39
da pinça, possibilitando, assim o equilíbrio e segurança no movimenta da
escrita.
Dedicar tempo e atenção a destreza e preensão do lápis são de suma
importância porque evita problemas futuros na grafia.
3.5- Atividades que auxilia na habilidade da escrita
Atividades que priorizam o desenvolvimento funcional, psicológico e biológico
da criança, proporcionam um processo de aprendizagem da grafia menos
complexo. O desenvolvimento das habilidades inicia no todo para as pequenas
partes, não é possível conceber o desenvolvimento da praxia global
isoladamente, este requer a participação da lateralidade, esquema corporal,
tonicidade, etc; ou seja, o objetivo é especifico, mas a ação é global. Algumas
destas atividades são:
.Massagem nas mãos - a criança começa fazendo a massagem nas próprias
mãos, depois fica defronte de um colega e uma vai fazendo massagem na mão
da outra. O professor deve orientar alguns movimentos e acrescentar recursos,
como bolas pequenas.
Colorir desenhos com ricos em detalhes, pedir às crianças que observe todo o
desenho e os pequenos detalhes, tentando evitar que o lápis não passe do
limite. Atividade de colagem variando o material (feijão, arroz, papel picado);
recorta usando as mãos sem ou com tesoura. Montar personagens com massa
de modelar e em seguida criar uma história com os estes.
Objetivos: coordenação motora fina, comunicação verbal, criatividade e
corporeidade.
40
. Peteca e arcos – nesta as crianças ficam em dupla. Um dos parceiros
atirará a peteca utilizando-se de várias posições do corpo, tais como: por cima
da cabeça, por baixo do braço, abaixo da cintura, de costas, por entre as
pernas e etc. o outro deverá receber a peteca e devolvê-la da mesma forma
que o amigo lançou anteriormente. Variar os lançamentos, ora com a esquerda
e ora com a mão direita.
Dois a dois, frente a frente. Um dos participantes joga a peteca para o
alto, com a mão por todo o espaço da quadra e, seu parceiro, deverá deslocar-
se tentando alcançá-la, rebatendo-a.
Pendurar arcos na sala ou quadra em alturas variadas; as crianças
deverão forma uma coluna no final da quadra. Ao sinal do professor, uma
criança década vez deverá deslocar-se na direção deste. O professor lançara a
peteca e a criança devera rebatê-la tentando fazer com que, este passe por
dentro de um arco pendurado.
Objetivos: lateralidade, noção de corpo, orientação no espaço, discriminação
figura-fundo, coordenação óculo-manual.
.Olha a corda – as crianças formam um circulo grande ao redor do
professor. Este segura uma corda, de aproximadamente 4m, por uma das
extremidades. Ao sinal, ele irá girar a corda a uma pequena altura do solo e
quando a corda se aproximar de cada criança, estas deverão pulá-la sem
deixar que toque nas pernas. O professor fará o movimento, ora vindo da
esquerda para a direita, ora ao contrario. Repetir, aumentando gradativamente
a altura da corda. Quando esta estiver bem alta as crianças deverão agachar-
se para que, a corda passe por cima de suas cabeças.
Objetivos: atenção seletiva, discriminação figura-fundo, lateralidade, domínio
corporal.
.Bola - o professor ficará em uma das extremidades da sala, de costas
para a criança, voltado para a parede. Enquanto isso, as crianças, cada uma
de posse de uma bola de borracha pequena, brincam livremente ao redor da
quadra. Porém, quando o professor se virar e olhar para as crianças, estas
deverão esconder a sua bola utilizando-se do corpo, pode ser por baixo da
41
roupa, protegendo com o corpo, colando nas costas, enfim, precisam escondê-
la, pois se o professor pegá-la, esta criança terá que “bater cara” juntamente
com o professor. Repetir a brincadeira estimulando as crianças a buscarem
maneiras diferentes de ocultar a bola;
Objetivos: atenção, noção corporal, controle do tônus, noção espacial.
. Pula elástico – amarrar as pontas do elástico grosso. O professor e
mais um auxiliar irão prender uma das extremidades do elástico ao redor de
seus tornozelos, afastando ligeiramente as pernas e esticando-o no máximo
que puder, de modo que forme um espaço entre as partes do elástico. As
crianças deverão pular para dentro e para fora do espaço formado, realizando
saltos com pernas unidas, alternadas, tesourinha, de frente, de costas, ou seja,
experimentando todas as possibilidades de saltar. Gradativamente, o professor
vai elevando o elástico e as crianças organizando-se para realizar os saltos.
Objetivos: domínio corporal, integração gnósico-práxica, lateralidade, ritmo,
organização espaço-temporal.
.Bola boba – colocar uma bola dentro de uma sacola plástica e amarrá-la
na ponta de um bastão de madeira ou haste flexível. O professor segurara o
bastão com a bola próxima a pilha de colchões. As crianças, uma de cada vez,
deverão correr na direção do professor e saltar tentando tocar a mão na bola
suspensa e, em seguida, cair nos colchões. Repetir, aumentando
gradativamente a altura da bola e variando a mão que toca a bola.
Objetivos: discriminação visual, freio inibitório, coordenação olho-mão,
lateralidade.
.Mímica – organizar a turma em circulo e escolher uma criança de cada
vez para fazer a mímica de algum objeto, animal, profissão, etc; não deverá
fazer nenhum tipo de ruído. Nesta atividade pode variar a quantidade de
pessoas na execução da mímica, as crianças deverão executar os movimentos
em sincronia, estando no mesmo ritmo e direção.
Objetivos: comunicação não-verbal, expressão facial e corporal, esquema
corporal, lateralidade e ritmo.
42
. Pega-pega queimado – todos de posse de uma bola correm pela
quadra. Um pegador irá correr atrás das crianças tentando acerta a sua bola
em alguém. Quem for queimado pela bola do pegador, troca de lugar com ele.
Jogo do tomba-cone – colocar os cones enfileirados sobre uma das
linhas laterais da quadra. As crianças deverão se posicionar em outra linha na
extremidade oposta a dos cones. Ao sinal deverão chutar a bola tentando
derrubá-los. Conforme vão conseguindo derrubar, vai-se aumentando a
distancia. Para finalizar, colocam-se todos os cones empilhados no centro da
quadra. As crianças formam um circulo ao redor e, ao sinal, tentam derrubar a
pilha de cones.
Objetivos: coordenação óculo-pedal, lateralidade, domínio corporal.
.Atividades de pré-escrita, que o objetivo é desenvolver determinadas
destrezas que servirão de base para a aprendizagem da escrita. São exercícios
com linhas retas: onde a criança deve traçar uma linha começando da
esquerda e seguindo em direção à direita. Podendo variar o traçado, linhas
pontilhadas. Atividades de labirintos ajudam as crianças a orientar-se no
espaço do papel.
As atividades com pincel são muito úteis, sobretudo para aquelas
crianças que apresentam transtornos de pressão, com defeitos no suporte do
lápis. Pode ser sugerido que realizem traços verticais de cima para baixo;
pintar em ziguezagues; traços alternados de diferentes espessuras.
As atividades para completar são também grandes aliadas, por exemplo:
completar os trilhos do trem, completar os corrimãos da escada. Estas dão a
criança à organização espacial e a noção de seqüência, que muitas crianças
apresentam dificuldade de entender.
Estas são algumas das atividades que a criança aprende a utilizar
conhecimentos adquiridos nas experiências passadas, adaptando e recriando
para as novas vivencias.
43
CONCLUSÃO
O objetivo deste trabalho foi observar e descrever movimentos
realizados pelas crianças ao aprenderem a grafia; identificando assim pontos
de alta complexibilidade e dificuldade apresentado por esta, que podem ser
superados com um trabalho psicomotor de qualidade.
A elaboração desta pesquisa proporcionou uma analise e compreensão
dos simples gesto de cuidados pessoais, que a criança aprende na educação
infantil e no cotidiano domestico, e que muitos adultos não dão valor;
acreditando ser perda de tempo. É através dos cuidados pessoais que a
criança intensifica a sua maturação motora, que será utiliza para a escrita.
O desenho e a grafia são dois tipos de comunicação gráfica, distintas, no
entanto uma completa a outra, são fundamentais no processo de letramento da
criança. O desenho antecede a aprendizagem da escrita, por isso, ele é a
primeira forma de comunicação gráfica utilizada pela criança para se
comunicar. Partindo deste pressuposto, conclui-se que o desenho infantil
enquanto linguagem gráfica contribui não só para a aprendizagem da escrita,
mas também para o aperfeiçoamento da coordenação motora fina. E que a
aprendizagem da escrita deve ser um processo natural para a criança como o
desenho livre, o brincar, o dançar, o correr, o pular, dentre outras.
Diante do que foi pesquisado, percebe-se que não dá para conceber o
domínio da habilidade grafomotora, sem valorizar e conceber o
desenvolvimento funcional e relacional da criança. A psicomotricidade
relacional e funcional tem atuação intensa na compreensão e exposição das
dificuldades e adaptações encontradas pela criança ao aprenderem a escrever;
isso ocorre devido ao processo de interação entre o corpo, o objeto e o meio ao
seu redor.
A grafomotricidade atua também como prevenção de dificuldades
gráficas, assim os possíveis transtornos da grafia poderão ser evitados antes
que surjam. E possibilitam um aprendizado da escrita mais sereno e natural.
44
É de suma importância chamar a atenção dos professores de educação
infantil com relação ao nível desenvolvimento psicomotor da criança;
esclarecendo que cada uma tem um nível pessoal. E que sua proposta
pedagógica proporcione a criança vacila defronte as dificuldades, mas se sinta
estimulada a superá-las. Garantindo a base necessária para os níveis de
aprendizagens.
Diante destas considerações espero ter contribuído com uma ampliação
das pesquisas sobre o desenvolvimento grafomotor, com a consciência de que
este assunto não se esgota.
45
BIBLIOGRAFICA
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ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. 2º edição; Rio de
janeiro: wak, 2005.
ARFOULLOUX, Jean Claude. A entrevista com crianças. Rio de Janeiro: zahar,
1988.
COSTE, Jean Claude. A psicomotricidade. Rio de Janeiro: PUF, 1989.
DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho: desenvolvimento do grafismo
infantil. São Paulo: scipione, 1989.
GONÇALVES, Fátima. Psicomotricidade e educação física. São Paulo: grupo
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MACHADO, Jocian. Psicomotricidade: teoria e prática- estimulação, educação
e reeducação psicomotora com atividades aquáticas. São Paulo: lovise, 1998.
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MORA, Ester. Psicopedagogia: infanto-adolescente. São Paulo: grupo cultural,
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BOSSA, Nádia Aparecida (orgs.). Avaliação psicopedagogica da criança de 0 a
6 anos. Petrópolis: Vozes, 2008.
WALLON, Henri. As origens do caráter da criança. São Paulo: nova
alexandrina, 1995.
46
Í NDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPITULO I
Psicomotricidade 10
1.1-Psicomotricidade funcional 11
1.1.1-Tônus 11
1.1.2-Equilíbrio 11
1.1.3-Lateralidade 12
1.1.4-Práxia global e fina 13
1.1.5-Organização espaço-temporal 15
1.1.6-Esquema corporal 16
1.1.7-Ritmo 16
1.2-Psicomotricidade relacional 18
1.2.1-Expressão 18
1.2.2-Comunicação 19
1.2.3-Afetividade 20
1.2.4-Agressividade 21
1.2.5-Limites 21
1.2.6-Corporeidade 22
47
CAPITULO II
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR 24
2.1- 0 à 6 meses 25
2.2- 7 à 12 meses 25
2.3- 1 à 2 anos 26
2.4- 2 à 3 anos 26
2.5- 4 à 5 anos 26
CAPITULO III
DOS PRIMEIROS RABISCOS À ESCRITA 29
3.1-Grafomotricidade 31
3.2-Maturação gráfica 33
3.3-Disgrafia 37
3.4-Posições e pinças corretas da criança 38
3.5-Atividades que auxilia na habilidade da escrita 39
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA 45
ÍNDICE 46