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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
VALORIZAÇÃO PESSOAL
VS
DESEMPENHO FUNCIONAL
POR
ANDRÉIA DE MELLO SANTOS
ORIENTADOR: LUIS CLÁUDIO LOPES ALVES
RIO DE JANEIRO 2004
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
VALORIZAÇÃO PESSOAL
VS
DESEMPENHO FUNCIONAL
OBJETIVOS Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como condição prévia para a conclusão do curso de pós graduação “Lato-sensu” em gestão de Recursos Humanos por Andréia de Mello Santos.
3
AGRADECIMENTOS
A minha família, corpo docente, ao professor Orientado Luis Cláudio Lopes Alves pela revisão dos textos que contribuiu para a revisão desse trabalho acadêmico.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia a todos que tanto colaboraram para o aperfeiçoamento desse trabalho, também ao professor orientador Luiz Cláudio Lopes Alves pela revisão dos textos para a confecção desse trabalho acadêmico.
5
RESUMO
Fundamentado na percepção e a partir das tendências atuais experimentadas pelo contexto empresarial, a necessidade de buscar uma qualificação, para melhor se estabelecer ou entrar no mercado de trabalho, foi realizado uma pesquisa, junto as empresas prestadoras de serviços localizadas na cidade do Rio de Janeiro, que implantaram programas de incentivo à seus empregados.
Baseado nesta pesquisa é que pretendo validar o tema em questão,
estabelecendo parâmetros comparativos, como intenção de retirar dados suficientes para a validação ou não do assunto abordado nesta pesquisa.
6
METODOLOGIA O presente estudo foi desenvolvido a partir das tendências atuais
experimentadas pelo contexto empresarial, de que o único caminho a ser trilhado pelas empresas é a valorização pessoal, como também várias referências bibliográficas ajudaram para acrescentar no estudo desta pesquisa.
Este trabalho fornecerá dados que serão capazes de subsidiar e
sensibilizar a empresa de forma a vir adotar ou implantar um programa voltado a valorização do desempenho pessoal dentro do contexto empresarial.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I 10
O PAPEL DAS PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES 11
CAPÍTULO II 17
O INVESTIMENTO NAS PESSOAS COMO ESTRATÉGIA DE
MELHORIA EMPRESARIAL 18
CAPÍTULO III 52
PESQUISAS DE CAMPO: EMPRESAS QUE INVESTIRAM E
OBTIVERAM RETORNO 53
CONCLUSÃO 67
BIBLIOGRAFIA 77
ÍNDICE 80
8
INTRODUÇÃO
Fundamentado na percepção, e a partir das tendências atuais
experimentadas pelo contexto empresarial, de que o único caminho a ser
trilhado pelas empresas prestadoras de serviços, como forma de obter o
sucesso e a permanência no mercado atual, é a valorização pessoal, é que o
presente estudo foi desenvolvido.
Para isso, estivemos realizando uma pesquisa, junto as empresas
prestadoras de serviços localizadas na cidade do Rio de Janeiro, que
implantaram programas de incentivos aos seus empregados, e a partir
destes, obtiveram êxitos tanto do ponto de vista da satisfação das pessoas
como dos resultados empresariais.
Considerando o fato de que o ser humano é um maravilhoso
organismo, capaz de perceber eventos, formular e propor um plano de ação,
a diversidade de interesses percebida entre esses mesmos indivíduos,
permite afirmar que as pessoas não fazem as mesmas coisas pelas mesmas
razões. O uso que uma pessoa faz de sua capacidade humana, depende de
sua motivação – seus desejos, suas carências, necessidades, ambições,
apetites, amores, ódios e medos. São as diferenças de motivação que
explicam as diferenças de desempenho.
Mais que atrativos materiais, uma das coisas que mais impacta
diretamente a satisfação das pessoas é a qualidade da comunicação dentro
da empresa. É importante para qualquer funcionário, do mais baixo para o
mais alto escalão, do menos qualificado ao mais preparado, ter liberdade de
expressão. Isso faz a sensação de estar sendo ouvido e de poder mudar as
coisas. Esse tipo de clima, enfim, dá a segurança de poder discordar da
opinião dos superiores sem que lhe cause problemas.
Monetariamente falando, nada disso custa um centavo à empresa.
Mas, do ponto de vista psicológico não há o que pague. A abertura na
comunicação é o mais clássico dos benefícios sem ônus. A empresa não
precisa tocar no seu caixa para fazer isso e obtém resultados poderosos.
Este trabalho fornecerá dados que serão capazes de subsidiar e
sensibilizar a empresa de forma a vir adotar ou implanta um programa
9
voltado a valorização do desempenho pessoal dentro do contexto
empresarial.
Devido ao grande volume de informações que poderia obter neste
estudo, foi estabelecido como limite da presente pesquisa, Empresas de
grande porte na área de serviços, sediadas na cidade do Rio de Janeiro.
Será utilizado como instrumento para a realização deste estudo:
pesquisa de campo envolvendo todas as camadas da empresa, desde o
mais simples empregado até o mais alto executivo, fazendo uma amostra de
20% (vinte por cento) do efetivo total das Empresas selecionadas, para
serem analisados, tratados e tabulados os dados obtidos no final da referida
pesquisa.
A comunicação aberta é um dos itens na valorização pessoal e que
comprova a relação com o desempenho funcional. Baseado neste relato é
que pretendo validar o tema em questão, estabelecendo parâmetros
comparativos, com intenção de retirar dados suficientes para validação ou
não do assunto abordado nesta pesquisa.
10
CAPÍTULO I
O Papel das pessoas nas organizações
11
1. O PAPEL DAS PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES
Visualizado-se rapidamente as mudanças, percebe-se que no
decorrer do século XX em que vivemos, as empresas passaram por três
etapas distintas: uma era industrial clássica, uma era industrial
neoclássica, uma era da informação, que se inicia na década de 90. cada
uma dessas etapas exigiu um tipo de empresa diferente.
A era industrial clássica e incipiente teve seu início ao redor de 1900
e se caracterizou por um empresarial estável e previsível, exigiu uma
abordagem mecanista e uma estrutura organizacional hierárquica, altamente
centralizada e piramidal. A aplicação do modelo burocrático, a busca do
desempenho padronizado das pessoas, a precisão e a eficiência, as relações
de trabalho ordenadas e o controlo hierárquico foram características mais
marcantes dessa etapa, que se estendeu aproximadamente até a década de
50.
A partir daí, iniciou-se outra etapa, a era industrial neoclássica e
avançada. Uma etapa de transição.
O desenvolvimento tecnológico proporcionou condições para as
empresas produzirem em enormes escalas de produção. Os mercados locais
tornaram-se regionais e, mesmo nacionais ou internacionais.
O figurino administrativo começou a sofrer mudanças:
• A estrutura organizacional deixou de ser puramente funcional e
hierárquica para adotar um modelo misto e híbrido; a
organização matricial, oscilando entre a ênfase interna nas
funções organizacionais e a ênfase externa no produto ou
serviço oferecido pela empresa.
• O ambiente tornou-se mutável e, em certos casos, instável,
devido às intensas mudanças sociais, culturais, econômicas e
tecnológicas.
Para trabalhar com tal complexidade, as empresas começaram a ficar
inchadas e sua estrutura, grande demais.
A mudança ambiental trouxe desafios, como a rápida expansão dos
mercados, novos produtos e novos processos, novas tecnologias e,
12
sobretudo, o surgimento de potências e economias emergentes como o
Japão.
Uma nova realidade – a globalização da economia – trouxe novos
conceitos, como a qualidade, a produtividade e a competitividade como
forma de sobrevivência empresarial. O mundo ficou menor e mais
intensamente ligado através das modernas tecnologias de comunicação.
O espaço aberto para debate e reflexão sobre competitividade e
humanismo está instalado em todos os segmentos da sociedade e não
constitui novidade para os profissionais de Recursos Humanos em específico
para os da área de T&D.
Vale, no entanto, algumas ponderações.
Vivemos momentos de perplexibilidade e confusão. Conceitos
errôneos, contaminados ou ultrapassados sobre realidade, geram ações
desajustadas ou nulas, em processos da mudança ou transformações
organizacionais.
Minhas observações, crenças e experiências na condução de
processos de mudanças em organizações me levam a crer que a questão
“humanista” nesta dura pragmática realidade organizacional não se
caracteriza por uma ação volitiva do ser humano, mas sim pela
grandiosidade das demandas emergentes no cenário externo.
1.1. Valorização da pessoa
É o fator mais importante. Considere que cada uma das pessoas que
trabalha na sua empresa tem uma missão pessoal; cada uma dessas
pessoas é um ser singular. Portanto atente para o valor dos relacionamentos,
do clima estabelecido, e das possibilidades de crescimento de todos, em
todos os aspectos. Recompense as pessoas com base em respeito a amor
pela dedicação, e pela contribuição expressada. Lembre-se que a maioria
das pessoas é movida a estímulos e por muitas vezes uma pequena
recompensa sincera vale muito mais do que prêmios adquiridos em função
das normas e políticas vigentes. Seja criativo na forma de recompensar. Fale
para seus colaboradores o quanto importantes eles são para o atingimento
dos objetivos.
13
Erros e acertos são o que mais tem acontecido no mundo das
empresas que passam e passam por mudanças. Acreditando que as
mudanças organizacionais só ocorrem se as pessoas mudarem a maneira de
encarar as situações e, conseqüentemente, mudarem suas atitudes,
reafirma-se a crença de que as primeiras mudanças, e as únicas, que são
capazes de gerar resultados diferentes (se você faz as mesmas coisas
sempre obterá os mesmos resultados) vêm de dentro das pessoas; o
restante é muito fácil de se fazer.
1.2. A transformação das relações nas empresas
Toda a nossa prática está assentada em paradigmas (do grego
padrão, visão) que sustentam uma visão de mundo, definindo caminhos e
maneiras para compreender a realidade e buscar conhecimentos.
As filosofias, ciências, conceitos, valores, tecnologias e práxis são
produtos de uma percepção ou visão de mundo.
A visão newtoniana-cartesiana contribuiu de modo inquestionável para
o progresso e desenvolvimento da humanidade.
Imagine você como deve ter sido difícil, naquela época, lá pelo século
XIII, confrontar os valores vigentes, que permeavam as instituições e a
sociedade!
Hercúlea tarefa, a de apartar fenômenos subjetivos, não observáveis
nem mensuráveis, dos chamados fenômenos “científicos”.
Hoje, a um passo do próximo milênio, ainda colhemos os frutos dessa
visão de mundo, e, em seu nome, solidificamos o caminho da divisão:
separar, fragmentar, fracionar a realidade, para buscar o conhecimento. E a
própria realidade tornou-se docotômica e simplista. Extremamente
mecanicista, tecnicista e reducionista. Esta exagerada fragmentação nos
empurrou a momentos de estonteantes sucessos em muitas áreas e
retumbante fracasso em outras.
A especialização exagerada, quase sempre míope, em detrimento a
uma visão global, que valoriza a totalidade da existência humana, confronta-
se agora com uma nova realidade.
14
A crise contemporânea contempla em seu bojo o germe da
fragmentação. E, no momento, não dispomos de modelos precisos para
diagnósticos e a intervenção adequados. O recurso que nos resta é procurar
atendê-la.
“Vivemos o que sabemos. Se acreditarmos que o Universo e que nós
mesmos somos mecânicos, viveremos mecanicamente, ..., acreditando em
um mundo de fixidez, lutaremos contra a mudança; acreditando em mundo
de fluidez, cooperaremos com ela”, nos ensina M.Fergunson (1992).
E como as empresas têm digerido e praticado essa visão?
Com extrema competência..... e dificuldades.
As relações internas e externas tornaram-se extremamente
“mecanistas”, pragmáticas e profissionais. “Coisificou-se” o ser, “coisificaram-
se” as relações. Em conseqüência, os compromissos não se sustentam.
Questões subjetivas como transparência, honestidade, lealdade, ética,
são substratos da essência do ser. E a retomada desses valores pressupõe
revisão profunda de paradigmas, para atender a nova demanda
caracterizada por:
• Agilidade nas decisões
• Nova espécie de liderança
• Relações confiáveis em processo Ganha-Ganha
• Visão abrangente da realidade e não excludente das partes
• Qualificação do ser humano e qualidade de vida
• Ênfase em parceria, cliente, mercados
• Construção de tecnologias do ser
Mas na base dessas propostas que abordam aspectos múltiplos de
desenvolvimento de pessoas ou força humana das empresas visando elevar
a força competitiva das empresas e do próprio país, encontra-se algo que vai
muito além de objetivos utilitários de simplesmente aumentar a riqueza
material de empresas e das pessoas. O espírito fundamental das propostas –
assim como deve ser o espírito fundamental dos esforços de
desenvolvimento da força humana ou pessoas nas empresas – está em
elevar a qualidade de vida das pessoas em todos os seus aspectos –
15
materiais, pessoais, intelectuais, culturais, espirituais – e, dessa forma,
produzir uma sociedade melhor.
O capital intelectual é a soma do conhecimento de todos em uma
empresa, o que lhe proporciona vantagem competitiva. Ao contrário dos
ativos, com os quais empresários e contadores estão familiarizados –
propriedades, fábricas, equipamento, dinheiro -, o capital intelectual é
intangível. E o conhecimento da força de trabalho: o treinamento e a intuição
de uma equipe de químicos que descobre uma nova droga de bilhões de
dólares ou o Know-how de trabalhadores que apresentam milhares de
formas diferentes para melhorar a eficácia de uma indústria. É a rede
eletrônica que transporta informação na empresa a velocidade luz,
permitindo-lhe reagir ao mercado mais rápido que suas rivais. É a
cooperação – o aprendizado compartilhado – entre uma empresa e seus
clientes que forja uma ligação entre eles, trazendo, com muita freqüência o
cliente de volta.
É a capacidade mental coletiva. É difícil identifica-lo e mais difícil ainda
distribuí-lo de forma eficaz. Porém, uma vez que o descobrimos e os
exploramos, somos vitoriosos.
A economia de hoje é fundamentalmente diversa da de ontem.
Crescemos na era industrial. Ela se foi, suplantada pela era da informação.
Estamos deixando para trás um mundo econômico cujas principais fontes de
riquezas eram físicas. O que comprávamos e vendíamos eram, realmente,
coisas; podíamos toca-las, cheirá-las, chutar seus pneus, bater suas portas
ou ouvir um som agradável. A terra, recursos naturais como petróleo, minério
e energia, e o trabalho humano e mecânico eram os ingredientes a partir dos
quais se gerava riqueza. As organizações de negócios dessa era eram
planejadas para atrair capital – capital financeiro – a fim de desenvolver e
gerenciar essas fontes de riqueza, e elas o faziam muito bem.
Nessa nova era, a riqueza é produto do conhecimento. O
conhecimento e a informação – não apenas o conhecimento científico, mas a
notícia, a opinião, a diversão, a comunicação e o serviço – tornaram-se as
matérias primas básicas e os produtos mais importantes da economia.
Compramos e vendemos conhecimento. Não se pode cheira-lo ou toca-lo;
16
até o barulho da porta de um carro ao ser fechada provavelmente é o
resultado de uma inteligente engenharia acústica. Hoje, os ativos capitais
necessários a criação da riqueza não são a terra nem o trabalho físico,
tampouco ferramentas mecânicas e fábricas: ao contrário, são os ativos
baseados no conhecimento.
17
CAPÍTULO II
O Investimento nas pessoas como estratégia de
melhoria empresarial
18
2. O INVESTIMENTO NAS PESSOAS COMO ESTRATÉGIA
DE MELHORIA EMPRESARIAL
Diante das realidades emergentes, a busca da excelência dos
recursos humanos e do correspondente desenvolvimento organizacional
deverão estar sintonizados com as tendências detectadas nos cenários
nacional e internacional, pautando-se nos seguintes referenciais e
pressupostos:
• As pessoas representam o diferencial da organização. Investir
no indivíduo é a condição principal para otimizar o
desempenho, levando-o a atuar com eficácia na obtenção dos
resultados organizacionais.
• A obtenção dos resultados almejados pela organização exigirá
das pessoas uma capacidade substantiva de adaptação aos
processos de mudanças, o que deverá ser intermediado pela
discussão dos valores éticos, das crenças e da cultura pessoal
e organizacional, tendo por conseqüência a ampliação de nível
de consciência quanto à sua responsabilidade gente a
organização.
• A área de Gestão de Pessoas deve participar da formulação
estratégica da organização, tornando-se co-responsável pela
orientação de seus negócios na sociedade.
• A administração de pessoas compreende um elenco de
princípios e ações inter-relacionadas e independentes, por meio
das quais os setores coordenam esforços de pessoas a as
relações que estabelecem entre si e com a estrutura
organizacional, considerando-se os padrões culturais vigentes e
os desejos, compatibilizando expectativas individuais e
organizacionais.
• As mudanças a serem empreendidas precisam ser apoiadas
pela instituição por meio de lideranças comprometidas e
estruturas flexíveis que favorecem esse processo.
19
• Os ocupantes de posição gerencial devem ser pessoas
plenamente identificadas com a missão, os valores os objetivos
e o funcionamento da organização e com a política e as
práticas da Gestão de Pessoas.
• Devem ter uma adequada compreensão dos cenários nacional
e mundial, a fim de ampliar o domínio das macropolíticas da
organização, servindo de canal aberto para harmonizar as
necessidades e anseios de sua equipe com as metas da
instituição.
• Seu papel é o de agente de mudança e facilitador de processo
de desenvolvimento organizacional.
• A responsabilidade de gerir pessoas, utilizando as políticas
concebidas para esse fim, é de cada um e de todos os
responsáveis por equipes.
• Dentro dos novos paradigmas, a área de Gestão de Pessoas se
desloca do papel de administradora das rotinas de pessoal para
o de propulsora de ações que abrangem a trajetória profissional
das pessoas na organização.
• A atuação de todos os recursos humanos da instituição deve
estar voltada para os clientes – externos e internos, de forma a
melhor suprir suas necessidades, oferecendo-lhes serviços
adequados às suas demandas, favorecendo a transformação
da cultura Organizacional, em consonância com a cultura da
Qualidade.
• Definição e implementação de novos perfis profissionais,
especialmente gerenciais, técnicos e docentes.
• Prioridade para os investimentos em ações que viabilizem
mudanças atitudinais e comportamentais e a incorporação de
novas competências associadas às pessoas.
• Prioridade para incorporação das competências requeridas
pelos novos perfis profissionais, no que se refere ao
redimensionamento do quadro de pessoal, aos programas de
treinamento e desenvolvimento e à captação de pessoas.
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• Reconhecimento e recompensa das pessoas e das equipes em
face dos resultados alcançados.
• Condução de processo de renovação institucional pela criação
de condições que favorecem a participação, o
comprometimento e o desenvolvimento das pessoas e das
equipes.
A tradicional forma de relacionamento entre patrão e empregado,
baseada no princípio do distanciamento e do faturamento a qualquer preço,
parece ter seus dias contados. Uma recente pesquisa americana na área de
recursos humanos, revelou um resultado surpreendente sobre as cem
melhores empresas dos Estados Unidos: portar bem o empregado e se
importar com sua vida pessoal acaba por reverter um lucro real. Segundo
dados colhidos, para cada US$ 1.000,00 investidos num período de dez
anos, quem deu mais atenção aos empregados lucrou US$ 8.000,00,
enquanto as outras empresas não chegaram a US$ 4.000,00, ou seja ficaram
abaixo da metade.
2.1 Tratamento diferenciado
São pequenas ações, incorporadas ao dia a dia das empresas como
forma natural de tratar os empregados, que fazem o grande efeito que tem
surpreendido os especialistas mais tradicionais. Algumas empresas
americanas mandam flores para os empregados, em datas especiais.
Também se importam, de verdade com a perda de um parente e permitem o
acompanhamento a reuniões escolares dos filhos. De acordo com o
levantamento, algumas empresas se destacam também, pelo pagamento de
bons salários e uma extensa política de benefícios. A maioria adota mesmo
um tratamento diferenciado com seus empregados.
2.2 Gerenciando pessoas
Para a empresária evangélica Graça Maria H. da Costa, que comanda
diretamente um grupo de 12 empregados na sua escola de futebol, no Centro
do Rio de Janeiro, tratar bem o funcionário é se importar com a sua vida
21
particular, é, antes de tudo, uma obrigação de qualquer patrão comprometido
com os ensinamentos de cristo.
“A palavra da Verdade traz o entendimento de que somos todos iguais
diante de Deus. Se acaso estamos em posição privilegiada em termos de
comando, é pela Sua misericórdia e para Sua honra” – acrescenta a
empresária.
Há sete anos preparando futuros jogadores, a escola de futebol
pertence a Graça Maria e ao marido, Arnaldo José da Costa, um ex-jogador.
Graça enfatiza que, no seu caso, a arte de gerenciar pessoas se estende aos
seus alunos mirins – a escola prepara alunos de 6 a14 anos – num trabalho
em que a competição é a tônica.
“Preciso estar atenta ao estado de ânimo deles, acompanhando até os
problemas pessoais de cada um. Por isso, a equipe funciona. Na
administração da escola, junto aos empregados, o comportamento é o
mesmo. Talvez, por isso, há empregados tão antigos quanto a escola” – diz a
diretora.
“Para cada US$ 1.000,00 investidos num período de dez anos, quem
deu mais atenção aos empregados lucrou US$ 8.000,00.”
2.3 Pequenas atenções que fazem a diferença
Para a assistente social Jacemi O. Lino, do setor de Recursos
Humanos da TV Record, a falta de bom dia ou boa tarde pode ser realmente
capaz de provocar demissões. De acordo com os dados da pesquisa
americana, em uma grande empresa do setor de alimentos, 85% de seus
empregados que pediam demissão o faziam por motivos banais. A maior
parte reclamava da falta de reconhecimento, de pequenas coisas, no
tratamento no dia a dia, e da incompreensão por parte de chefia imediata em
relação aos seus problemas com os filhos.
“O funcionário que se sente respeitado quando percebe a
compreensão dos superiores em relação aos seus problemas pessoais. É
claro que não se trata de tornar o trabalho num muro de lamentações diárias.
Muitas vezes um olhar de compreensão em um momento de dor é capaz de
produzir o mesmo efeito que um abraço afetuoso.” – diz a assistente social.
22
Um empresário de uma conhecida fábrica de café americana afirma
que gasta mais com investimentos em pessoal do que com publicidade. O
resultado é que seus empregados proclamam aos quatro ventos que têm
orgulho de trabalhar com ele. Com o nível mais baixo de desemprego dos
últimos 29 anos, outras empresas, nos Estados Unidos, já começaram a
adotar estratégias como esta, para tentar manter seu quadro de pessoal.
Depois do aumento da oferta de empregos, até profissionais de menor nível
educacional, como faxineiros e garçons, passaram a receber propostas para
mudar de local de trabalho. Os americanos começam a provar que é possível
fazer dinheiro administrando com o coração.
“Pela pesquisa americana, em uma grande empresa do setor de
alimentos, 85% de seus funcionários que pediam demissão, o faziam por
motivos banais.”
O poder da força muscular, o poder das máquinas e até o poder da
eletricidade estão sendo constantemente substituídos pelo poder do cérebro.
Peter Drucker afirma que a quantidade de trabalho necessário para produzir
uma unidade adicional de produção industrial vem caindo 1% ao ano desde
1990, à medida que as máquinas realizam trabalhos antes executados pela
força muscular. Após a Segunda Guerra Mundial, a quantidade de matéria
prima necessária a cada aumento de Produto Interno Bruto (PIB) da indústria
começou a cair quase na mesma proporção. Alguns anos mais tarde – por
volta de 1950 – a quantidade de energia necessária aos fabricantes,
começou a cair, novamente 1% ao ano, para qualquer unidade de produção
adicional. A inteligência tomou o lugar da matéria e da energia. Segundo
Drucker, desde a virada do século, o número de trabalhadores instruídos nas
folhas de pagamentos, aumentou na mesma proporção anual de 1%. Ainda
nos referimos aos Estados Unidos, Japão e Europa ocidental como “o mundo
industrializado”, uma denominação incorreta. Os setores agrícola, de
construção, industrial e de mineração empregam menos de um em cada
quatro norte americanos e, como veremos, até essas pessoas trabalham
principalmente com a cabeça e não com as costas e as mãos. Somos todos
trabalhadores baseados no conhecimento, trabalhando para empresas
voltadas para o conhecimento.
23
Progredimos bastante em meia década, mas ainda temos um longo
caminho diante de nós. Essa história ainda está se desenrolando. Entretanto,
é possível – e está na hora de fazê-lo – entender a economia da informação,
demonstrar como e porque o conhecimento se tornou o ativo mais importante
de uma empresa ou de qualquer organização, mostrar como o conhecimento
pode ser medido e gerenciado para melhorar o desempenho e revelar como
gerentes e trabalhadores podem prosperar na Era do Conhecimento.
Pense em uma lata de cerveja. Abra uma, se quiser, mas pense nela.
Se ela simboliza algo, é um emblema do trabalho industrial operário, um
acessório cotidiano para o operário de fábrica sindicalizado. Entretanto, a lata
de cerveja é muito mais do que isso: é um artefato de uma nova economia
baseada no conhecimento, um indício de como o conhecimento tornou-se o
componente mais importante da atividade de negócios. Ver como isso
acontece é começar a entender uma extraordinária transformação, o
surgimento da Era da Informação.
Há três décadas, essa lata provavelmente seria feita de aço. Os
fabricantes de alumínio sempre quiseram substituir o aço, onde quer que
este fosse usado; na verdade, há muito tempo eles estão imbuídos de um
zelo quase missionário para vender o metal, considerado uma substância
milagrosa quando foi apresentado ao público na exposição internacional de
Paris, em 1855. Embora o alumínio seja o elemento metálico mais comum da
crosta terrestre, seu refinamento era extremamente dispendioso, exigindo
caras substâncias químicas e energia elétrica, ainda maIS cara, gerada por
baterIas. NO século XIX, o custo do alumínio era tão alto que o rei Christian
X da Dinamarca mandou fazer uma coroa de alumínio, e o imperador
Napoleão III, notável consumista, encomendou baixelas de metal, que
utilizava para convidados dignos de um serviço mais sofisticado do que suas
baixelas de ouro. Só depois que a energia elétrica se tomou abundante e
barata é que o alumínio encontrou um mercado comercial (a eletricidade
continua sendo o maior custo do alumínio). Na década de 50, o lucrativo
negócio de produção de latas de alumínio havia se tomado um alvo óbvio,
ainda que não fosse fácil atingi-lo. Mesmo com energia barata, o alumínio
continua sendo mais caro do que o aço; as cervejarias e os engarrafadores
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de refrigerantes não estavam dispostos a adotar um material mais caro que
seria apenas um vasilhame. No entanto, é mais fácil trabalhar com alumínio
do que com aço só poderia ser superada se o setor fosse capaz de explorar
a maleabilidade do alumínio para fabricar uma lata que utilizasse menos
metal do que as latas de aço exigiam. Em 1958, A Adolph Coors Company
desenvolveu uma lata de alumínio com capacidade para 198 ml, utilizada
inicialmente por uma pequena cervejaria havaiana, mas o processo não era
adequado à produção em massa. Cinco anos depois, a Reynolds MetaIs
inventou uma forma de produzir em massa uma lata de 283 mI. Seu primeiro
cliente: a Hamms, uma cervejaria do Meio-Oeste dos Estados Unidos. Quatro
anos depois, a Coca-Cola e a Pepsi - Cola estavam começando a usar latas
de alumínio; hoje, quase não existem latas de bebidas de aço nos Estados
Unidos -a participação do aço no mercado é de cerca de 1 % - e o metal está
perdendo terreno também nos mercados internacionais.
2.4 A Era da valorização do Conhecimento
O conhecimento sempre foi importante - não é à toa que somos o
homo sapiens, o homem que pensa. Ao longo da história, a vitória ficou nas
mãos de pessoas que estavam na vanguarda do conhecimento: os
guerreiros primitivos que aprenderam a fazer annas de ferro, que derrotaram
seus InimIgos armados com bronze; as empresas norte-americanas, durante
centenas de anos beneficiárias do sistema de escolas públicas mais
abrangentes do mundo, que lhes proporcionou uma força de trabalho bem
instruída. Mas o conhecimento é mais importante do que nunca. Nosso
estoque de capital intelectual é importante porque estamos no meio de uma
revolução econômica que está criando a Era da Informação.
O conhecimento tomou-se um recurso econômico proeminente - mais
importante que a matéria-prima; mais importante, muitas vezes, que o
dinheiro. Considerados produtos econômicos, a informação e o
conhecimento são mais importantes que automóveis, carros, aço e qualquer
outro produto da Era Industrial. Como o conhecimento e os ativos do
conhecimento operam e se manifestam, e entenderemos por que gerenciar o
capital intelectual deve ser a prioridade número um de uma empresa.
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É uma "transformação radical e, por via de regra, violente de uma
estrutura...” Para qualquer um no mundo dos negócios, a definição parece
estar correta. As mudanças que nos cercam não são meras tendências, mas
fruto de forças poderosas e incontroláveis: a globalização, que abriu enormes
novos mercados mas também, como corolário necessário, gerou uma
gigantesca quantidade de concorrentes - a disseminação da tecnologia da
informação e o crescimento das redes de computadores - o
desmantelamento da hierarquia empresarial composta por vários níveis - a
arquitetura característica da organização industrial - e o downsizing (com
enorme carga política) e a destruição de empregos que se segue a ele, um
convidado inesperado que traz um presente indesejado, como a bruxa má no
batizado de Aurora, a menina que virá a ser a Bela Adormecida.
Em tomo de tudo isso surge a economia da nova Era da Informação,
cujas fontes fundamentais de riqueza são o conhecimento e a comunicação,
e não os recursos natUrais ou o trabalho físico. Reinado sobre ele, o
equivalente dos magnatas exploradores do final do século XX, está uma
nova geração de poderosos industriais, bilionários impulsionados não pelo
petróleo que extraem ou pelo aço que forjam, mas sim pela virtude de um
produto ou serviço que pode não Ter realidade física - por exemplo, os
milionários da Netscape, cujo software Navigator entra no seu computador
via modem direto dos servidores da Netscape, quase nunca assumindo urna
forma tangível, ou os bilionários da Microsoft, que não possui fábricas, cujos
executivos construíram mansões tão luxuosas no estrito Puget quanto as
construí das em Newport, no estado de Rhode Island, pelos poderosos do
século passado. Essas transformações - globalização, informatização,
desintermediação econômica e intangibilização (urna palavra feia; mas
alguém tem de usá-la) -estão relacionadas. Como lenha em uma fogueira,
urna faz com que a outra queime com mais intensidade. Na luz que geram e
na dança de suas sombras sentimos que as empresas e a sociedade estão
meio de uma mudança cuja escala e conseqüências são comparáveis à
transformação pela qual passaram nossos bisavós e tataravôs.
Os mercados são implacáveis. Recompensam o que cria valor e
ignoram ou castigam o que não cria. Nada pessoal. A Mão Invisível não vê
26
nem é vista: apenas se move continuamente, sem saber se deu um tapinha
nas costas ou um soco na boca do estômago. Move-se mais lentamente em
alguns mercados do que em outros. Em questão de minutos, os investidores
do mercado de ações podem tirar bilhões de dólares da A T &T e entregá-los
nas mãos da IBM, mas as famílias não se mudam com tanta facilidade de
uma cidade para outra em busca de uma nova oportunidade, os mecânicos
de automóveis não aprendem a programar computadores durante o fim de
semana prolongado e as empresas hesitam -pelo menos durante algum
tempo - diante da demissão de empregados antigos ou da contratação de
novos empregados. Os governos, compreensivelmente, estão mais
propensos a tentar retardar o ritmo do mercado de trabalho do que o intervir
em outros mercados, a fim de proteger seus cidadãos do pior caStIgo e de
taxar os benefícios de suas maiores recompensas.
No entanto, o Mão Invisível também move os mercados de trabalho.
Se o conhecimento é a maior força de valor econômico, era de se esperar
que os mercados de trabalho recompensassem as pessoas que trabalham
com o cérebro e desprezassem as que não o fazem. Em 1995, a escritora
Susan Sheehan traçou um comovente retrato de um casal de Iowa. A mulher
era auxiliar em um asilo: banhava, vestia e alimentava os residentes,
colocando-os para dormir ao final do dia. O marido também fazia um trabalho
pesado, para uma empresa que colocava barricadas e sinais em locais de
construção e empilhava sacos de areia em tomo deles para protegê-los do
vento. Juntos, eles ganhavam pouco mais de US$31.000 por ano e estavam
ato lados em dívidas. Vários anos antes, ele sozinho, ganhava isso em uma
fábrica que produzia equipamentos para lavar carros, mas perdera o
emprego e outros como esse se tomaram raros. Com diploma de segundo
grau, matriculara-se em uma escola técnica, mas desistiu porque era fraco
em matemática; vários anos antes, ela não sabia digitar bem o suficiente
para manter o emprego de digitadora e aceitara o cargo de arquivista. Agora,
com quarenta e poucos anos, sentiam-se condenados a salários de US$ 7,00
a hora pelo resto da vida. O casal, escreveu Sheehan, "já se considerara
classe média".
27
Eles não têm culpa de serem vítimas de expectativas peculiares a
uma época e local, e nem por isso merecem menos compreensão. Durante a
maior parte da história, na maior parte do mundo, suas ocupações -
prestadora de serviços pessoais e operário -foram atividades exercidas pela
classe trabalhadora, não pela classe média. A extraordinária hegemonia
econômica dos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial permitiu
que os empregadores do país oferecessem vidas de classe média a
praticamente todos que fossem brancos e trabalhassem. Quando, depois da
guerra, a Europa se recuperou e a Ásia começou se desenvolver
rapidamente, a situação, é claro, mudou. Mas a competição global não é o
motivo do sofrimento do casal de Iowa descrito por Sheehan: auxiliares de
asilos e operários de construção civil não concorrem com alemães ou
malasianos. Tampouco participam da economia da informação, local onde o
mercado de trabalho colhe suas recompensas atualmente; sua passagem
pela classe média foi breve e eles voltaram a fazer parte da classe
trabalhadora.
2.5 A desigualdade de Salários
Muito já se falou e escreveu sobre as crescentes desIgualdades de
renda nos Estados Unidos e em outros países industrializados, e sobre a
agonia das pessoas que antes constituíam a espinha dorsal dessas
economias. Você pode argumentar que a desigualdade de renda não está
aumentando, mas estaria equivocado; ela está aumentando, hoje, no início
da Era da Informação, da mesma forma que aumentou no início da
Revolução Industrial. Você pode afirmar que isso não tem conseqüências
morais, políticas ou econômicas; estaria errado novamente, mas o assunto
está fora do escopo deste trabalho Culpam-se os japoneses, a mão-de-obra
barata do Terceiro Mundo, os acordos de livre comércio, a cobiça das
empresas e as mudanças nas políticas tarifárias e de assistência social pelas
crescentes desigualdades de renda. É possível reunir estatísticas que
sustentem todos esses argumentos; é possível também derrubá-las, uma a
uma.
28
As desigualdades de renda estão crescendo porque essas economias
não são mais industriais e seus mercados de trabalho ainda não estão
garantidos. O conjunto de números que ninguém conseguiu contestar mostra
que as pessoas com maior grau de instrução conseguem melhores salários
do que costumavam conseguir. Embora as forças implacáveis do mercado
venham reduzindo recompensas pelo trabalho físico, essas mesmas forças
estão concedendo maIores recompensas para o trabalho baseado no
conhecimento. Desde 1969, quando a decadência da Era Industrial começou
a ficar aparente, o "diferencial de salário para pessoas instruídas" aumentou
em todos os setores, tanto para homens quanto para mulheres. Desde 1979,
somente um grupo de homens norte- americanos conseguiu ganhos reais na
remuneração salarial: os homens com formação universitária. Naquele ano,
os homens com formação universitária conseguiram salários 49% acima dos
homens que tinham apenas o segundo grau; 14 anos depois, em 1993, esse
diferencial chegava a 80%. O fato de esse diferencial ter aumentado, apesar
de a oferta também ter aumentado, à medida que o percentual da força de
trabalho que freqüenta faculdades aumenta, é bastante significativo.
O diferencial de salário prova o crescente papel do conhecimento na
criação do valor e da riqueza. Um economista da Universidade da Califórnia
em San Diego, James Rauch, mostrou que, para cada ano de educação
adicional na força de trabalho de uma cidade, a produtividade aumenta cerca
de 2,8%. Em outras palavras, se o trabalhador médio em Houston, por
exemplo, tem dez anos de escolaridade e o trabalhador médio em Atlanta
tem lI, a produção por trabalhador em Atlanta será aproximadamente 3%
maior. Parte da diferença pode ser atribuída ao fato de o trabalhador com
maior nível de instrução poder trabalhar com mais eficiência; é mais provável
que uma força de trabalho inteligente execute um trabalho totalmente
diferente, com maior conteúdo de conhecimento - advocacia ou programação
de computador versus impressão ou controle de frete. Embora os
computadores tenham sido culpados pela perda de renda entre os
trabalhadores de fábrica que não ocupam cargos de gerência ou
empregados de escritório, o oposto é verdadeiro: quanto maior o uso de
29
computadores em sua organização, maiores os salários pagos a seus
empregados.
Entre os economistas, a principal explicação para o aumento das
desigualdades salariais é a mudanças na tecnologia de produção. Inovações
como o computador pessoal ou novas formas de organizações de negócios
favoreceram os trabalhadores com maiores habilidades e reduziram o valor
da mão de obra não qualificada.
Se não fosse assim, por que as pessoas freqüentariam a escola? Na
antiga sociedade socialista da Suécia, as políticas públicas pregavam que
era injusto remunerar operários com salários inferiores aos de seus chefes e
a definição das faixas salariais levava isso em consideração. Como não valia
a pena aprender poucos suecos se preocupavam em freqüentar faculdades,
o que levou ao "escoamento da inteligência" no país à medida que um
número desproporcional dos suecos com maior grau de escolaridade
começou a procurar empregos fora do país. O inverso: quando trabalhadores
com bons níveis de instrução conseguem contracheques mais polpudos,
poucas pessoas optam por não levar em frente sua educação formal. Nos
Estados Unidos, quatro entre cinco norte-americanos adultos têm o segundo
grau, enquanto há apenas 15 anos essa proporção era de dois entre três. O
percentual de homens que passaram pelo menos quatro anos na
universidade aumentou de 20% em 1980 para 25% em 1994, e o de
mulheres aumentou de 13% para 20%. Em 1993, pela primeira vez, houve
um número maior de jovens alemães matriculados nas universidades do país
do que no sistema de cursos destinados a treinar as pessoas para empregos
industriais. No mundo universitário, a competição pela admissão nas
instituições mais bem conceituadas deu um salto. O Harvard College, por
exemplo, recebeu 18.190 candidaturas para as turmas do ano 2000, 11 para
cada vaga oferecida. Cinco anos antes, a proporção de candidatos para as
vagas era de oito para um.
Hoje, a máquina trabalha para o homem. A ascensão dos
computadores em vez de desumanizar as pessoas, está forçando as
máquinas a se adaptarem à nossa humanidade idiossincrática. Imagine
Frederick Taylor, cronômetro em punho, fazendo estudos de tempo e
30
mOVImento com seu bisavô, um pedreIro, digamos. Agora avance a fita até
os dias de hoje: a Adersen Consulting tem um "laboratório de usabilidade"
destinado a revelar problemas nos softwares que desenvolve. Na versão
portátil do laboratório, a empresa entra no seu escritório, focaliza uma
câmara em seu computador e outra em você, registrando seus toques no
teclado. Um consultor observa, fazendo anotações enquanto você se
atrapalha com as teclas, pragueja e recorre à ajuda do programa. Parece
Taylor com uma filmadora, com uma diferença crucial: Taylor se aproximava
do trabalhador e lhe dizia como se tomar uma máquina; o consultor da
Adersen volta para dizer ao engenheiro como tomar a máquina mais
humana.
Não que todos nós estejamos destinados a ser trabalhadores
itinerantes do conhecimento, vagando com Laptops nos ombros. Muitos
empregos ainda precisam e sempre precisarão de máquinas caras e
grandes, adquiridas por outra pessoa. No entanto, na era do capital
intelectual, as partes mais valiosas desses trabalhos tomaram-se
essencialmente tarefas humanas: sentir, julgar, criar, desenvolver
relacionamentos. Longe de estar alienado das ferramentas de seu oficio e do
fruto de seu trabalho, o trabalhador do conhecimento os leva consigo, com
seu cérebro.
Quando o mercado de ações avalia empresas em três, quatro ou dez
vezes mais que o valor contábil de seus ativos, está contando uma verdade
simples, porém profunda: os ativos físicos de uma empresa baseada no
conhecimento contribuem muito menos para o valor de seu produto (ou
serviço) final do que os ativos intangíveis -os talentos de seus empregados, a
eficácia de seus sistemas gerenciais, o caráter de seus relacionamentos com
os clientes - que, juntos, constituem seu capital intelectual. A predominância
da informação na cadeia de valor, o investimento em equipamento capital da
Era do Conhecimento, a substituição de materiais e ativos físicos pelo
conhecimento, a iniciativa rios mercados de trabalho em recompensar o
trabalho baseado no conhecimento -no diz que alguém que investe em uma
empresa está comprando um conjunto de talentos, capacidades, habilidade e
idéias - capital intelectual, não capital físico. Não se compra produtos da
31
Microsoft por causa de suas fábricas de software; a empresa não as tem.
Compra-se sua capacidade de desenvolver programas, definir padrões de
programas para computadores pessoais, explorar o valor de seu nome e
forjar alianças com outras empresas. A Merck não foi, por sete anos
consecutivos, a empresa mais admirada na pesquisa anual sobre reputação
das empresas realizada pela Fortune pelo fato de saber fabricar remédios,
mas porque seus cientistas são capazes de descobrir novos medicamentos.
O Dr. P.Roy Vagelos, principal executivo da Merck durante sua estada no
topo da lista das empresas mais admiradas, disse: "Um produto de baixo
valor pode ser feito por qualquer pessoa, em qualquer lugar. Quando se tem
conhecimentos aos quais ninguém mais tem acesso” - isso é dinamite pura.
Protegemos nossas pesquisas com mais cuidado do que nossos ativos
físicos".
Hoje, quando o conhecimento tomou-se a principal matéria-prima e
resultado da atividade econômica, a inteligência organizacional -pessoas
inteligentes trabalhando de formas inteligentes - deixou de ter um papel
coadjuvante e assumir o papel principal. Para as pessoas que alocam
dinheiro às empresas (ou seja, os investidores), para as pessoas que alocam
dinheiro dentro das empresas (ou seja, os gerentes) e para as pessoas que
alocam suas vidas a eles (ou seja, os empregados), o capital intelectual
tornou-se tão vital que não é justo dizer que uma organização que não está
gerenciando o conhecimento não está prestando atenção ao negócio.
Há apenas um problema: tentar identificar e gerenciar os ativos
baseados no conhecimento é como tentar pescar com as mãos. Não é
impossível, mas torna-se extremamente difícil capturar o objeto do esforço.
Para que as empresas possam tirar o máximo proveito de suas idéias,
seus líderes precisam entender como e por que os ativos intelectuais
deixaram de se gerenciados e perceber os enormes custos dessa
negligência -o dinheiro desperdiçado, as oportunidades não aproveitadas.
Procuraremos explanar o que será necessário para que possamos definir e
identificar os ativos intelectuais de modo que os lideres possam aumentá-los
e explorá-los.
32
2.6 Como ser um profissional de sucesso utilizando o
conhecimento
Sobreviver em um mercado de trabalho cada vez mais restrito e
competitivo já não é tarefa fácil. Imagine galgar posições e alcançar o
sucesso em uma empresa. Mas muitos conseguem essa façanha. A questão
é: como dar um impulso para a carreira
decolar?
A Folha consultou dez especialistas em recursos humanos sobre esta
questão. Eles apontaram as maneiras mais eficientes para que o profissional
possa ganhar pontos.
O que se nota é que, nos dias de hoje, quem tem esse objetivo
precisa estar "antenado" em tudo. O empregado ideal esta sempre se
atualizando, estudando, freqüentando congressos e palestras.
Mas não é só isso. O mercado valoriza cada vez mais quem sabe
formar e ampliar contatos, manter o bom humor, liderar e até incentivar a
carreira dos outros.
O bom profissional brilha em empresas com valores e culturas
diversificadas, em que mudanças acontecem da noite para o dia. Por isso
não é só flexível, mas contorcionista: sabe se adaptar às mudanças.
Confira as recomendações dos consultores e as histórias daqueles
que souberam empregar bem essas qualidades.
Mas vale lembrar: elas estão todas interligadas. Quem se enquadra na
maioria geralmente dá as cartas no jogo.
2.6.1. Flexibilidade
Adaptação requer "ginástica".
Nos dias de hoje, não basta mais ser flexível no trabalho. Para se
adaptar às necessidades de cada organização, é preciso tornar-se um
verdadeiro contorcionista.
A idéia defendida pelos especialistas é entender e acompanhar as
prioridades de cada momento. É perceber alterações de tendências e
adaptar conceitos.
33
Para o consultor Simon Franco, essa característica exige mais jogo de
cintura. "Ele precisa ter uma inteligência flexível".
A reestruturação e a fusão de muitas empresas também funcionam
como campo fértil para esse tipo de profissional.
Ser um contorcionista, nesse sentido, significa ter facilidade para
desenvolver novas funções. "Ele não pode ser teimoso e resistente a
mudanças", explica.
"As empresas estão sempre mudando", garante Eliseu Machado; ele
diz que, para se destacar no trabalho, o profissional precisa ser flexível e se
adaptar a políticas e habilidades novas.
2.6.2. Conhecimento
Virada começa com boa formação.
O comportamento do profissional que quer crescer poderia ser
comparado ao de estagiários e trainees, segundo consultores.
Isso porque muitos novatos costumam trazer entusiasmo e novas
idéias à empresa, Como estão estudando, procuram aplicar tudo o que estão
aprendendo.
Já virou uma constante a recomendação de que é fundamental a
continuidade dos estudos, manter-se atualizado e fazer cursos no exterior ou
pós-graduação.
Mas não basta se dedicar à própria área de atuação, Segundo os
especialistas, como muitos setores interligados, é preciso ter um
conhecimento mais global, acompanhado e aparecimento de novas
tecnologias.
Na análise de Ana Maria Cadavez, consultora de KPMG, cursos fora
do Brasil podem ampliar a visão dos negócios, "Mesmo cursos mais curtos,
de um dia, já são proveitosos", garante.
Quanto aos programas de especialização com duração mínima de um
ano, ela avisa: podem apresentar ganhos e riscos ao profissional, "Em
alguns casos de fusão de empresas, alguns cargos desaparecem ou ocorrem
substituições, Quem está longe do país pode acabar sendo vítima", alerta.
34
O consultor de engenharia Anselmo Ignácio, 50, credita a "virada" que
aconteceu em sua carreira a um curso de especialização na FGV (Fundação
Getúlio Vargas).
"Durante o curso, recebi uma proposta de uma empresa que ofereceu
o dobro do salário", conta.
2.6.3. Alto astral
Bom humor cria empatia.
Não que o local de trabalho tenha que ser encarado como um clube e,
mas manter alto o próprio astral é considerado fundamental para que se crie
um ambiente favorável ao aparecimento de idéias e ao aumento da
produtividade.
Profissionais bem humorados são vistos como aqueles que
desenvolvem um bom relacionamento, colaboram no surgimento de bons
resultados e mantêm a equipe entrosada e motivada.
Quem tem alto astral acaba virando centro das atenções. E a
conseqüência natural disso, segundo os especialistas, é a ascensão
profissional.
Supervisor de atendimento, Hélio Manzo, trocou de emprego e foi
promovido em menos de um ano; ele diz que manter o bom humor e saber
resolver imprevistos o ajudaram a somar pontos na nova empresa.
2.6.4. Parcerias
"Networking" é arma para crescer.
Anote a receita: ter as informações em primeira mão e conhecer
pessoas em todos os lugares. Para isso, não é preciso estar em todos os
lugares em todas as horas.
O sistema "networking" (rede de trabalho) é um dos maiores trunfos
do profissional que quer sempre estar à frente dos acontecimentos e, certas
vezes, até se expor no mercado para verificar o valor de seu passe. O
"networking" também é considerado uma forma de alavancar negócios.
Trata-se de uma rede de relacionamentos, em que o mais importante
é manter o contrato, dentro e fora da empresa, com pessoas de todas as
35
áreas e sobre todos os assuntos. Pode ser por Internet, telefone, em
reuniões e encontros.
Segundo especialistas, o sistema acaba criando uma relação de
interdependência, em que uns precisam dos outros para evoluir
Formar a rede não exige que o profissional gaste horas diárias do seu
trabalho.
Seria uma atividade natural. Bastaria cultivar contatos já
estabelecidos, adquirir novos e impressioná-los positivamente.
Dessa forma, afirma Laís Passarelli, diretora da Passarelli
Consultores, os participantes indicam outros colegas da rede quando são
questionados, trocando informações e experiências.
Segundo ela, a preocupação com o "networking" não era tão grande
antes porque a necessidade de conhecer e de negociar com outros
departamentos era menor. "Hoje, quem não trabalha dessa maneira fica
invisível".
2.6.5. Participação
Firme seu nome no mercado.
Se o objetivo é tomar seu rosto mais conhecido no mercado e adquirir
novos conhecimentos, um bom caminho pode ser a participação em
associações de grupo, seminários, congressos e palestras. Essa é uma das
dicas constantes oferecidas por consultores.
"São ocasiões oportunas para que o profissional confira as tendências
do momento e exponha suas opiniões", afirma Antônio Joaquim da Motta,
sócio da PMC Amrop Internacional.
Escreve artigos para revistas, dar entrevistas e lecionar em
universidades também são formas indicadas pelos consultores para que os
profissionais firmem seu nome no mercado.
2.6.6. Incentivo
Convívio no trabalho rejeita "puxada de tapete".
36
A idéia daqueles biombos que separam profissionais e departamentos
está fIcando ultrapassada. Atualmente, o que está em alta é o trabalho em
parceria.
Segundo Winston Pegler, sócio-diretor da Ray & Berndtson, a questão
é simples: um trabalho em grupo pode causar maior impacto na empresa. E
certamente ficará evidenciado o trabalho de quem colaborou.
"Os demais setores passam a olhar com interesse para o
departamento e buscar valores individuais dentro do grupo"
Por isso, saber fazer parcerias é se importar com os outros e ajudar a
carreira alheia. "Não há mais espaço para quem não consegue receber
críticas de colegas".
Para o consultor Simon Franco, é importante agir como um eterno
instrutor e aprendiz.
Foi com essas características, aliadas ao bom humor, que o executivo
Fernando
Lopes Sanches, diz ter conseguido galgar importantes posições na
carreira.
"Sempre estimulei os grupos de que participava para conseguir
apresentar à empresa os resultados esperados".
2.6.7. Desafios
Coragem pode contar pontos.
Qualquer mudança representa riscos. Aceitar esse risco é a melhor
forma de mostrar, além de coragem, dedicação à empresa.
Empregados que aceitam grandes desafios, como estruturar um novo
setor, assumir uma área que vem apresentando resultados ruins ou mudar
de cidade, Estado ou país geralmente acumulam créditos com a empresa.
Para a consultora Laís Passarelli, esse profissional passa a ser visto
como alguém dedicado e em quem se pode confiar. "É aquele que veste a
camisa da empresa mesmo em situações de risco".
Emerson Boscariol, considera ter dado uma virada em sua vida
profissional quando passou de estagiário ao cargo de designer pleno em uma
37
montadora. "lnvestiram em mim porque sempre li muito e busquei me
informar".
2.6.8. Soluções
Evite ser parte do problema.
Apontar soluções e consertar em vez de somente reclamar. A
estratégia também faz parte do "caminho das pedras" indicado por
consultores de RH para quem quer dar um impulso à carreira.
Não que seja proibido achar defeitos na organização, mas, quando
algo estiver incomodando, a conduta esperada de um bom profissional é a
apontar opções para melhorar a situação.
"Seja como chefe, seja como empregado, é preciso vender sua
imagem como a de um solucionador de problemas", explica José Augusto
Minarelli, diretor da Lens & Minarelli, diretor da Lens & Minarelli Associados.
Para o consultor Simon Franco, esse é o perfil de um líder. "Tem de
ser muito mais ativo do que crítico. Esse profissional sabe mostrar como
fazer e consegue explicar por que não fazer as coisas de uma outra maneira.
Ele tem uma visão completa".
As perspectivas daqueles que não costumam propor soluções não são
muito animadoras, segundo ele: ou ficar estagnado ou não ficar na empresa.
"Mesmo quando o problema não está diretamente ligado ao meu
departamento, tenho de saber como mudar a situação", comenta José
Gaspar Pereira de Toledo, sócio da multinacional italiana Gavenaghi.
Ele afirma que construiu sua carreira de olho nesse conceito e que
vários colegas que começaram com ele desapareceram no mercado. "Não
dá para ser visto como parte do problema".
2.6.9. Limites
Diferencial define sucesso.
Muitos profissionais que se dão bem na carreira têm geralmente duas
características em comum: sabem mostrar seu diferencial em relação aos
outros no mercado e apresentam resultados que indicam que a empresa que
fez um bom negócio ao optar por eles.
38
Como fazer isso? Ultrapassar os limites e fazer mais do que é
esperado pode ser um começo.
Para Winston Pegler, especialista em RH, o profissional precisa
surpreender: mostrar que sua contratação vai somar ganhos indiscutíveis à
empresa.
"Ele deve ter uma visão estratégica e mostrar que sua contratação vai
somar ganhos indiscutíveis à empresa espera. É preciso agregar valores
para sair do lugar comum", afirma.
Para Oriovaldo Antonio Tumoli, diretor de marketing e "workaholic"
confesso, quem quer subir na vida precisa ter objetivos muito claros e
mostrar que poderá contribuir para o crescimento da empresa.
"Além de qualidades técnicas, é fundamental que o profissional mostre
suas diferenças pessoais, como alto astral e capacidade de liderança no
trabalho", afirma Tumoli, que fez pós-graduação na Califórnia (EUA) e alguns
estágios no exterior.
2.6.10. Estratégia
Êxito passa por planos de metas.
Andar em um caminho diferente daquele que a empresa oferece não
leva empregados muito longe.
Isso significa que aqueles que trabalham sem conhecer a importância
de sua posição na empresa e os planos da organização para sua carreira
podem estar remando contra a maré.
Após detectar essa situação, seriam três as possibilidades. Primeira:
se seus planos forem totalmente contrários aos da empresa, mude de
emprego.
Segunda: se a empresa não tiver um projeto para sua carreira, mude
de empresa (para evitar que sua carreira fique estagnada por um longo
período) ou apresente idéias para verificar a receptividade.
Mas, se suas expectativas forem semelhantes às oferecidas, conheça
bem os planos do empregador e oriente seus esforços. Seguindo esse
caminho, as chances de sucesso, geralmente, são altas. (Dados retirados da
Folha de São Paulo -MAR/00)
39
Um dos motivos pelos quais as empresas não gerenciam o
conhecimento é que ele quase sempre vem acompanhado de algo tangível -
o papel de um livro, a fita magnética dentro de um gravador, o corpo de um
palestrante, as pedras de um monumento histórico. Gerenciamos as formas,
e não a substância, o que equivaleria a um vinicultor que presta mais
atenção à garrafa do que ao vinho. Afinal, é mais fácil contar as garrafas do
que descrever o vinho e, na antiga economia de "recursos congelados", isso
também era algo razoável a ser feito: a contabilidade das formas -os custos
de material e mão-de-obra - captava uma parte maior do valor do produto.
Mas, na economia do "conhecimento congelado", as coisas não são assim.
Como poderiam ser se, por exemplo, é possível apresentar a mesma
informação de muitas formas diferentes, cada qual com uma diferente
estrutura de custos? Podemos ver o mesmo filme no cinema, na televisão ou
em fita de vídeo, ler o mesmo artigo no jornal, em papel, ou pela Internet,
digitalizá-lo em um computador e enviá-lo por fax para o tio Paulo em
Adelaide ou por e-mail para a tia Adelaide em São Paulo. Além disso, a
digitalização de tudo muitas vezes elimina InteIramente a embalagem. Não
faz mais sentido gerenciar a produção de bens e serviços intangíveis apenas
medindo e gerenciando o processo de embrulhá-lo para presente.
Entretanto, a maioria das empresas faz exatamente isso. São
administradas como antigas empresas industriais. As pessoas que alocam
recursos - os gerentes, a diretoria, os investidores -conseguem muitas
informações sobre ativos físicos e financeiros. Podem lhe dizer muita coisa
sobre quanto a empresa tem no banco, a linha de crédito conquistada por
ela, o preço de suas ações, o valor de seus terrenos e edifícios; podem pedir
o uso do capital de giro, dos estoques etc. podem lhe dizer quantos tomos há
em funcionamento no chão de fábrica em uma determinada localização,
quando eles foram comprados e quantos devem ser substituídos em breve.
Mas o conhecimento - a maior fonte de valor e vantagem competitiva -deve
resistir por si mesmo. Quem o detém? Onde está? O que contém os arquivos
guardados no subsolo? Como o conhecimento deve ser gerenciado? Tom
Dapenport, consultor que virou professor de administração na Universidade
do Texas em Austin afirma: "Na maioria das organizações, embora muitas
40
pessoas usem, gerem ou distribuam informações, os únicos gerentes
verdadeiros do comportamento das informações são os advogados", que já
preocupam em proteger marcas registradas patentes e segredos.
2.6.11. O espírito da organização que aprende
As organizações só aprendem por meio de indivíduos que aprendem.
A aprendizagem individual não garante a aprendizagem organizacional.
Entretanto, sem ela, a aprendizagem organizacional não ocorre.
Um pequeno número de líderes organizacionais começa a reconhecer
que é preciso repensar radicalmente a filosofia empresarial necessária ao
compromisso com a aprendizagem individual. Kazuo Inamori, fundador e
presidente da Kyocera (líder mundial em tecnologia avançada de cerâmica,
usada em componentes eletrônicos, materiais médicos e na sua própria linha
de equipamentos de automação de escritórios e comunicações), diz o
seguinte:
Seja em pesquisa e desenvolvimento, na gerência da empresa ou em
qualquer outro aspecto do negócio, a força ativa e pessoas". E pessoas têm
vontade própria, mente própria e uma forma de pensar própria. Se os
próprios empregados não estiverem suficientemente motivados a questionar
as metas de crescimento e o desenvolvimento tecnológico... simplesmente
não haverá crescimento, ganho de produtividade ou desenvolvimento
tecnológico.
lnamori acredita que para aproveitar o potencial das pessoas será
preciso entender a "mente subconsciente", a "força de vontade" e as "ações
do coração... o desejo sincero de servir ao mundo". Ele ensina aos
empregados da Kyocera olharem para dentro de si em sua busca contínua
da "perfeição", guiados pelo lema da empresa, "Respeite o Céu e Ame as
Pessoas". Ele, por sua vez, acredita que sua tarefa como gerente começa
em "proporcionar bem-estar material e espiritual aos meus empregados".
Do outro lado do mundo, em um setor totalmente diferente, Bill
O'Brien, presidente da Hanover Insurance, luta por modelos organizacionais
mais congruentes com a natureza humana. No início da era industrial as
pessoas trabalhavam seis dias por semana para ganhar o suficiente para
41
garantir comida e moradia. Hoje a maioria de nós já resolveu este problema
na terça à tarde. Nossas organizações hierárquicas tradicionais não foram
projetadas para atender às necessidades maiores das pessoas, ao seu auto-
respeito e à auto- realização. A agitação na gerência continuará até que as
organizações comecem a suprir essas necessidades, para todos os
empregados.
Assim como Inamori, O'Brien argumenta que os gerentes devem
redefinir suas tarefas. Devem abrir mão do "antigo dogma de planejamento,
organização e controle" e perceber "a natureza quase sagrada de sua
responsabilidade pela vida de tantas pessoas". Segundo O'Brien, a tarefa
fundamental dos gerentes é "proporcionar condições necessárias para que
as pessoas tenham a vida mais enriqueci da possível".
Ninguém menos que Henry Ford, uma das fontes de astúcia
empresarial, observou:
A menor realidade indivisível é, na minha opinião, inteligente e está
esperando para ser usada pelos espíritos humanos se os convidarmos a
buscá-la. Corremos demais, com as mãos nervosas e as mentes
preocupadas. Somos impacientes quanto aos resultados. O que
precisamos... é de reforço da alma proporcionado pelo poder invisível
esperando para ser usado... Sei que existem reservatórios de força espiritual
dos quais nós, descuidadamente, nos afastamos... Acredito que um dia
seremos capazes de conhecer bem essa fonte de poder e o domínio do
espírito para criarmos alguma coisa nós mesmos...
Acredito firmemente que a humanidade já foi mais sábia quanto aos
assuntos espirituais do que somos atualmente. Enquanto hoje nós apenas
acreditamos, eles sabiam.
"O desenvolvimento total de nosso pessoal", acrescenta O'Brien, "é
essencial para a concretização de nossa meta de excelência empresarial."
Enquanto antes a "moral do mercado" parecia exigir um nível de moralidade
nos negócios muito inferior ao das outras atividades, "Acreditamos que não
existe nenhuma exclusão mútua fundamental entre as virtudes mais altas da
vida e o sucesso econômico. Acreditamos que podemos ter ambos. Na
42
verdade, acreditamos que, a longo prazo, quanto mais praticarmos as mais
altas virtudes da vida, mais sucesso econômico teremos".
Em essência, O'Brien está articulando sua própria versão do raciocínio
mais comum, segundo o qual as organizações passaram a apoiar o "domínio
pessoal" -ou quaisquer outras palavras que usem para expressar seu
compromisso com o crescimento de seu pessoal. As pessoas com altos
níveis de domínio pessoal comprometem-se mais. Elas tomam mais
iniciativas. Têm senso mais abrangente e profundo de responsabilidade pelo
seu trabalho. Elas aprendem mais rápido. Por todos esses motivos, muitas
organizações adotam o compromisso de estimular o crescimento pessoal
entre seus funcionários porque acreditam que isso fortalecerá a empresa.
Mas O'Brien tem outro motivo para buscar o domínio pessoal, um
motivo mais próximo de seu próprio coração:
Outro motivo igualmente importante qual encorajamos nossos
empregados nessa busca é o impacto que o pleno desenvolvimento pessoal
pode ter sobre a felicidade individual. Buscar a realização pessoal apenas
fora do trabalho, ignorando a parte significativa de nossa vida que passamos
trabalhando, seria limitar as oportunidades de sermos seres humanos felizes
e realizados.
Ed Simon, presidente da Herman Miller, disse recentemente: "Por que
o trabalho não pode ser uma daquelas coisas maravilhosas da vida? Por que
não podemos celebrá-lo e elogiá-lo, em vez de vê-lo como uma
necessidade? Por que não pode ser um dos alicerces para o processo
contínuo de desenvolvimento da ética, dos valores e da expressão das
humanidades e das artes ao longo de toda a vida das pessoas? Por que as
pessoas não podem aprender, ao longo do processo, que existe a beleza no
projeto, na construção de algo duradouro, algo de valor? Acredito que esse
potencial é algo inerente ao trabalho, mais do que em muitos outros lugares".
Em outras palavras: por que queremos o domínio pessoal? Nós o
queremos porque o queremos.
Um momento crucial na evolução de uma organização ocorre quando
os líderes assumem essa posição. Isso significa que a organização está
absoluta, inteira e intrinsecamente comprometida com o bem-estar de seus
43
funcionários. Tradicionalmente, haviam um contrato, um pagamento honesto
por um dia de trabalho honesto. Hoje existe um relacionamento diferente
entre os funcionários e a instituição.
O pesquisador de opinião pública Daniel Yankelovich vem tomando o
pulso do público norte-americano há 40 anos. Yankelovich observou uma
"mudança básica na atitude no local de trabalho", de uma visão
"instrumental" para uma visão "sagrada" do trabalho. A visão instrumental
implica trabalharmos para gerar uma receita que nos permita fazer o que
realmente queremos quando não estamos trabalhando. Essa é a orientação
clássica das pessoas com relação ao trabalho -o trabalho é um instrumento
para gerar receita. Yankelovich usa a palavra "sagrado" no sentido
sociológico, não no religioso: "Pessoas ou objetos são sagrados no sentido
sociológico quando, a despeito de qualquer uso instrumental que possam ter,
são valorizados por serem quem são".
Tradicionalmente as organizações apoiaram o desenvolvimento das
pessoas instrumentalmente - se as pessoas crescessem e se
desenvolvessem, a organização seria mais eficaz. O'Brien vai um passo
adiante: "No tipo de organização que buscamos construir, o desenvolvimento
pleno das pessoas está no mesmo plano que o sucesso financeiro. Isso anda
de mãos dadas com nossa premissa mais básica: que a prática das virtudes
da vida e o sucesso nos negócios não são apenas compatíveis, mas
enriquecem-se mutuamente. Isso está muito longe da tradicional "moral do
mercado".
Ver o desenvolvimento das pessoas como um meio para os fins
organizacionais desvaloriza qualquer relacionamento que possa existir entre
o indivíduo e a organização. Max de Pree, CEO aposentado da Herman
Miller, fala sobre um "pacto formal" entre a organização e o indivíduo, em
contraste ao tradicional "contrato" ("um pagamento honesto pelo dia de
trabalho honesto"). Os "contratos", diz De Pree, "são apenas uma pequena
parte de um relacionamento. Um relacionamento completo exige um pacto
formal... um relacionamento baseado em pactos formais baseia-se em um
compromisso compartilhado em tomo de idéias, problemas, valores, metas e
44
processos gerenciais. Tais relacionamentos refletem a unidade, a graça e a
estabilidade. Eles são expressões da natureza sagrada dos relacionamentos.
No Japão, um repórter do Christian Monitor, em visita à Matsushita,
observou que "Existe uma atmosfera quase religiosa no lugar, como se o
trabalho em si fosse considerado sagrado". Inamori, da Kyocera, diz que seu
compromisso japonês tradicional para o emprego vitalício.
"Nossos empregados concordaram em viver em uma comunidade na
qual não explodiriam uns aos outros, e sim ajudar-se-iam mutuamente, para
que todos possamos viver plenamente nossas vidas".
"Você sabe que o sistema está funcionando", disse O'Brien
recentemente, "quando vê uma pessoa que entrou na empresa há dez anos,
e era insegura e tinha uma visão limitada do mundo e de suas oportunidades.
Hoje, essa pessoa é encarregada de um departamento, gerenciando uma
dúzia de pessoas. Sente-se à vontade com as responsabilidades do cargo,
digere idéias complexas, pondera posições diferentes e desenvolve
raciocínios sólidos por trás das suas escolhas. Os outros ouvem atentamente
o que essa pessoa diz. Ela tem aspirações maiores para a família, para a
empresa, para o setor e para a sociedade."
Há um compromisso incondicional, uma coragem inequívoca,
partindo-se do pressuposto de que uma organização realmente
comprometeu-se com o domínio pessoal. Nós queremos isto porque
queremos isto.
Quem poderia resistir aos benefícios do domínio pessoal? No entanto,
muitas pessoas e organizações resistem. Defender o pleno desenvolvimento
de seus empregados é uma mudança radical com relação ao contrato
tradicional entre empregados e instituições. Sob alguns aspectos, é a
mudança mais radical em relação às práticas empresariais tradicionais na
organização que aprende.
Existem motivos óbvios pelos quais as empresas resistem a estimular
o domínio pessoal. Ele é "abstrato" e baseia-se, em parte, em conceitos não
quantificáveis, como intuição e visão pessoal. Ninguém vai sequer ser capaz
de medir com precisão de três casas decimais até que ponto o domínio
pessoal contribui para a produtividade e para os resultados financeiros. Em
45
uma cultura materialista como a nossa, é difícil até discutir algumas das
premissas do domínio pessoal. "Por que as pessoas precisam conversar
sobre isso?", alguém poderia perguntar. "Não é óbvio? Nós já não sabemos
isto?"
Uma forma de resistência mais assustadora é o cinismo. O movimento
do potencial humano e, junto com ele, grande parte da "gerência humanista"
exagera nas suas promessas às empresas durante a década de 70 e 80.
Levaram os executivos a idealizar-se mutuamente e a esperar grandiosas e
instantâneas transformações no caráter humano, o que nunca acontece.
Para combater o cinismo é útil saber sua origem. Arranhe a superfície
da maioria dos cínicos e você descobrirá um idealista frustrado -alguém que
cometeu o erro de converter seus ideais em expectativas. Por exemplo,
muitas dessas pessoas cínica quanto ao domínio pessoal já tiveram grandes
ideais com relação às pessoas. Depois, decepcionaram-se, magoaram-se e
acabaram amarguradas, porque as pessoas não alcançaram os seus ideais.
Bill O'Brien, da Hanover, observa que o "esgotamento" tem outras causas
além do simples excesso de trabalho. "Existem professores, assistentes
sociais e padres", diz O'Brien, "que trabalham muito até os oitenta anos
nunca sofreram de "esgotamento" - porque têm uma visão precisa da
natureza humana. Não romantizam as pessoas em excesso, por isso não
sentem um grande estresse psicológico quando essas pessoas os
decepcionam."
Finalmente, algumas pessoas temem que o domínio pessoal ameace
a ordem estabeleci da de uma empresa bem gerenciada. É um medo válido.
Investir as pessoas de poder em uma organização desalinhada pode ser
contrapraducente. Se as pessoas não compartilharem uma visão comum e
não compartilharem "modelos mentais" comuns sobre a realidade do negócio
dentro do qual operam, investi-Ias de poder só aumentará o estresse
organizacional e a responsabilidade gerencial de manter a coerência e a
direção. Por isso a disciplina do domínio pessoal deve ser vista sempre como
uma em meio ao conjunto de disciplinas de uma organização que aprende. O
compromisso organizacional com o domínio pessoal seria ingênuo e tolo se
os líderes da organização não tivessem capacidade de construir uma visão
46
compartilhada e modelos mentais compartilhadas para guiar os responsáveis
locais pelas decisões.
2.6.12. A disciplina do domínio pessoal
A forma de começar a desenvolver uma noção de domínio pessoal é
abordá-lo como uma disciplina, como uma série de práticas e princípios que
devem ser aplicados para serem úteis. Assim como a prática contínua faz de
um artista um mestre, os princípios e as práticas apresentados a seguir
preparam o terreno para a expansão contínua do domínio pessoal.
2.6.13. Visão Pessoal
A visão pessoal vem de dentro. Há muitos anos eu estava
conversando com uma jovem sobre a sua visão do planeta. Ela disse várias
coisas adoráveis sobre paz e harmonia, sobre viver em equilíbrio com a
natureza. Por mais belas que fossem essas idéias, ela falava sobre elas sem
emoção, como se fossem coisas que ela deveria desejar. Perguntei-lhe se
gostaria de acrescentar mais alguma coisa. Depois de uma pausa, ela
respondeu: "Quero viver em um planeta verde" e começou a chorar. Até
onde eu sei, ela nunca tinha dito aquilo antes. As palavras simplesmente
saltaram de sua boca, quase como se tivessem desejo próprio Entretanto, a
imagem que transmitiam certamente tinha um profundo significado para ela -
níveis de significado que talvez até ela não entendesse.
A maioria dos adultos tem pouca noção da verdadeira visão. Temos
metas e objetivos, mas isso não é visão. Quando perguntados sobre o que
querem, a maioria dos adultos falará sobre o que quer se livrar. Eles
gostariam de ter um emprego melhor - ou seja, gostariam de se livrar do
emprego entediante que têm atualmente. Gostariam de viver em um bairro
melhor, ou de não ter que se preocupar com a violência, ou em ter que levar
as crianças à escola. Eles gostariam que a sogra deles voltasse a morar na
casa dela, ou que a dor nas costa cessasse por completo. Essas ladainhas
de "visões negativas" infelizmente são lugar-comum, mesmo entre as
pessoas muito bem-sucedidas. São subprodutos de uma vida de luta,
adaptações e resolução de problemas. Como disse um adolescente em um
47
de nossos programas, "Não deveríamos chamá-los de adultos", e sim de
'desistentes"'.
Uma forma mais sutil de visão reduzida é "concentrar-se nos meios, e
não no resultado". Muitos executivos seniores, por exemplo, escolheram
"grande participação no mercado" como parte de sua visão. Mas por quê?
"Porque quero que minha empresa seja lucrativa." Bem, poderíamos pensar
que lucros altos constituem um resultado intrínseco em si, o que realmente é
para algumas pessoas. Mas, para um número surpreendente de outros
líderes, os lucros também são um meio para se obter um resultado ainda
mais importante. Por que escolher lucros anuais altos? "Porque quero que
continuemos a ser uma empresa independente, para evitar ser absorvida por
outras empresas." Por que você quer isso? "Porque quero manter nossa
integridade e capacidade de sermos verdadeiros para com o nosso propósito
desde que fundamos a organização." Embora todas as metas mencionadas
sejam legítimas, a última -sermos verdadeiros com nosso propósito - tem o
maior significado intrínseco para esse executivo. Os outros fatores são meios
para o fim, meios que podem mudar em determinadas circunstâncias. A
habilidade de focar nos desejos intrínsecos mais intensos, não apenas em
metas secundárias, é uma das bases do domínio pessoal.
Não se pode entender a verdadeira visão sem levar em consideração
a idéia de propósito. Entendo por propósito a razão de viver de uma pessoa.
Ninguém poderia provar ou refutar a afirmação de que os seres humanos
têm propósito. Nem valeria a pena iniciar o debate. Mas, como premissa de
trabalho, esta idéia tem um grande poder.
Mas visão é diferente de propósito. Propósito é semelhante a um
direcionamento geral. Visão é um destino específico, uma imagem de um
futuro desejado.
O propósito é abstrato. A visão é concreta. O propósito é “aumentar a
capacidade humana” de explorar os céus". Visão é "a chegada do homem à
lua até o final da década de 60". Propósito é "ser o melhor possível",
"excelência". Visão é quebrar a barreira dos quatro minutos ao correr uma
milha.
48
Podemos afirmar que nada acontece até que exista visão. Mas é
verdade também que uma visão sem senso de propósito subjacente, sem
chamado, é apenas uma boa idéia -tudo sendo "som e fúria, que nada
significa".
A gestão do capital intelectual é como um oceano recém-descoberto,
que ainda não consta do mapa, e poucos executivos entendem suas
dimensões ou sabem como navegá-lo. Podem saber um pouco sobre ativos
intelectuais codificados, como patentes e direitos autorais. Podem ter uma
noção do valor dos outros, como o patrimônio da marca. Podem intuir que o
treinamento e a experiência obtidos na curva de aprendizado fazem parte, de
alguma forma, de sua base de ativos. Mas o talento também é capital
intelectual. O valor de um laboratório, por exemplo, inclui a capacidade de
seus cientistas de fazer novas descobertas no futuro. Pode-se colocar uma
etiqueta de preço nisso? Quanto embolsaríamos se vendêssemos P&D que
não gere frutos que possamos utilizar, mas que outra pessoa poderia querer?
Como avaliar aspectos intangíveis, como projeto, serviço e customização,
que distinguem vencedores de perdedores? O chefe da contabilidade pode
lhe informar o tamanho da folha de pagamento, mas não pode lhe informar o
custo de substituição das habilidades dos empregados, e menos ainda se
elas estão sofrendo valorização ou depreciação. O diretor de recursos
humanos pode saber quanto a empresa gasta com treinamento formal, mas
não sabe quanto de aprendizado o treinamento realmente gerou.
Exércitos de empregados e barricadas de computadores monitoram
ativos físicos e financeiros, mas esses sistemas contábeis não podem lidar
com a capacidade intelectual.
O desenvolvimento de RH e a informação.
Cada vez mais, a atividade humana dentro das empresas está se
transformando em trabalho intelectual ou voltado para o processamento
simbólico da informação para criar valor agregado. O trabalho está se
tomando cada vez mais mental e intelectual. Mais cerebral. E cada vez mais
informatizado. Embora cada atividade envolva um diferente nível de
abstração, o processamento e a geração de informação estão constituindo o
núcleo do trabalho das pessoas. Para preparar as pessoas, os processos de
49
desenvolvimento de RH envolvem, costumeiramente, quatro tipos de
mudanças comportamentais, a saber:
• Transmissão das informações. É o tipo mais simples de
mudança de comportamento. A simples transmissão de
informações para aumentar o conhecimento e a habilidade das
pessoas. Muitos programas de treinamento estão preocupados
com o conteúdo, isto é, com informações ou conhecimento que
devem ser transmitidos e compartilhados entre as pessoas.
Normalmente, esses conhecimentos ou informações se referem
a dados genéricos sobre a empresa, seus produtos ou serviços,
sua estrutura organizacional, suas políticas e diretrizes, suas
regras e regulamentos, seus métodos e processos, seus
clientes, etc. Com esses conhecimentos ou informações,
objetiva-se preparar as pessoas para a execução imediata das
diversas tarefas peculiares ao cargo ocupado, quando este é
simples e pouco complexo. Boa parte dos processos de
desenvolvimento de RH serve para transmitir e distribuir
informações entre as pessoas: saber mais sobre o que já existe
e funciona.
• Desenvolvimento de habilidades: Muitos programas de
treinamento estão voltados para melhorar ou desenvolver
habilidades e destrezas necessárias à execução das tarefas
requeridas pelo cargo. Trata-se de um treinamento orientado
diretamente para a operação de máquinas, de equipamentos,
instalações, ferramentas, veículos, etc., isto é, para habilitar as
pessoas nas tarefas e operações a serem executadas. Trata-
se, aqui, da capacidade para lidar com hardware e software
envolvidos nas tarefas das pessoas - fazer mais e melhor com
os recursos disponíveis.
• Desenvolvimento ou modificação de atitudes: Geralmente
voltado para mudança de atitudes negativas ou abandonadas
para novas atitudes mais favoráveis, conscientização para
determinados aspectos do comportamento pessoal,
50
desenvolvimento da sensibilidade situacional (dos gerentes ou
de pessoas que lidam com o público) quanto aos sentimentos
ou reações de outras pessoas, etc. Pode também envolver a
aquisição de novos hábitos atitudes, principalmente em relação
a clientes ou usuários (corno é o caso de treinamento de
vendedores, recepcionistas, balconistas, etc.). Aqui os
processos de RH estão mais preocupados com mudanças
comportamentais, envolvendo o descongelamento de velhos
hábitos a aquisição de novas atitudes, visando principalmente à
inovação e criatividade para resolver problemas operacionais.
Este é o primeiro passo para transformar as pessoas de
simples executoras de tarefas rotineiras e solucionadores de
problemas operacionais e inovadoras de processos cerne da
melhoria contínua, o Kaisen dos japoneses.
• Desenvolvimento de conceitos: É o treinamento conduzido no
sentido de elevar o nível abstrato e conceptualização de idéias
e de filosofias, seja para a aplicação de conceitos na prática
administrativa, seja para elevar nível de generalização e de
visão das coisas, desenvolvendo pessoas que possam pensar
em termos globais e amplos. Este é o segundo passo para
transformar as pessoas em verdadeiros parceiros da
organização, no sentido de dotá-las de urna abordagem crítica
das coisas e das situações de trabalho, principalmente
dotando-as da profunda convicção de que tudo pode ser
melhorado continuamente dentro da organização e de que nada
é definitivo ou "imexível", mesmo que a organização seja
considerada excelente.
Esses quatro tipos de treinamento são utilizados isolada ou
conjuntamente. Alguns programas de treinamento de vendedores, por
exemplo, incluem um mix transmissão de informações (sobre a empresa, o
mercado, a clientela, os produtos ou serviços, preços, concorrência, etc.), de
desenvolvimento de habilidades (operações de máquina de calcular,
operação do microcomputador pessoal, digitação de pedidos, etc.), de
51
desenvolvimento de atitudes (como tratar o cliente, como conduzir o
processo de venda, como argumentar e contornar dificuldades e negativas
do cliente, etc.) e de desenvolvimento de conceitos (como conceitos de ética
profissional, de filosofia, empresarial, etc.). As possibilidades são múltiplas e
imensas.
"Todos os comentários realizados por Consultores foram extraídos do
Livro: A Quinta Disciplina de Peter M.Senge -Editora Best Seler -1998".
52
CAPÍTULO III
Pesquisa de Campo: Empresas que investiram e
obtiveram retorno
53
3. PESQUISA DE CAMPO: EMPRESAS QUE INVESTIRAM E OBTIVERAM RETORNO 3.1 Por que Elas estão aqui
O que essas 50 empresas que você encontrará nas páginas dessa
edição, donas dos melhores ambientes de trabalho do Brasil, fizeram para
estar aqui? Muitas coisas - muitas coisas a mais, em geral, do que as
empresas que não estão aqui. Mas há duas razões principais que trouxeram
seus nomes para esta lista das melhores para trabalhar. Primeira: os
dirigentes dessas corporações têm como prioridade efetiva, na sua missão
profissional, criar uma força de trabalho satisfeita e motivada. Segunda: esse
esforço é percebido pelos empregados. As empresas classificadas nesta
pesquisa de EXAME têm. Em comum, a convicção estratégica e a disposição
prática de investir pesado em práticas e políticas de recursos humanos. E, o
mais importante, vem conseguindo fazer e comunicar isso direito. Essa é a
diferença entre elas e a que não se classificaram. As 50 empresas do guia
EXAME, em maior ou menor escala, utilizam sistemas de remuneração
modernos, oferecem reais possibilidades de crescimento na carreira,
possuem benefícios úteis e sobretudo adequados (dão aquilo que os
empregados estão querendo receber) e, de modo geral, proporcionam um
clima de trabalho onde as pessoas se sentem mais livres, sem aquela
sensação de servidão que deprime o clima organizacional de tantas
empresas.
Ao se pesquisar mais a fundo as mais de 200 empresas que
participaram do levantamento deste ano, fica provado que só oferecer
excelentes condições materiais de trabalho não garante, de forma alguma, a
satisfação e a motivação dos empregados. Há empresas com atrativos até
melhores que os oferecidos por algumas das 50 presentes nesta edição e, no
entanto, elas não estão aqui. Por quê? Porque, provavelmente, elas não
estão conseguindo transmitir, de uma maneira compreensível, o quanto são
boas para quem trabalha ali dentro. E este é um ponto fundamental, já que o
julgamento dos empregados, nesta pesquisa, é decisivo para a classificação
54
da empresa. Assim, há empresas que apesar de pagarem ótimos salários e
oferecerem benefícios de primeira, não aparecem entre as melhores.
Ao contrário do que se possa pensar, apenas salários altos e
benefícios de primeira linha não têm o poder de fazer com que um
empregado se encante com a empresa. Valem mais, nesse sentido, coisas
como ter perspectivas reais de crescimento na carreira e ser valorizado e
respeitado pelos superiores. A perspectiva de fazer uma carreira é um dos
fatores mais importantes para um empregado vestir a camisa, de verdade,
aqui e em qualquer lugar do mundo. Entrar numa empresa e ter a certeza de
que os esforços do dia-a- dia serão recompensados por novas funções, por
mais aprendizado, por autonomia e, conseqüentemente, por cargos de maior
importância, faz com que a pessoa se sinta motivada a pensar na empresa, a
brigar por ela, e principalmente a permanecer nela. Uma companhia
exemplar nisso é o banco Bradesco. No Bradesco há hoje mais de 7.000
executivos. Nenhum veio do mercado; todos foram formados ali dentro
mesmo. A Accor Brasil, ex-grupo Ticket, é outra empresa que proporciona ao
seu pessoal grandes chances de subir - não apenas pelos seus sistemas
formais de planejamento de carreira como pelo seu rápido crescimento. No
ano passado o grupo tinha 15.000 empregados. Hoje tem 17.000. Esse
aumento de empregos se deve a expansão da rede hoteleira, formada hoje
por 70 unidades - e que pretende chegar ao ano 2002 com 160. Por aí é
possível ter uma idéia do quanto à empresa ainda vai crescer e do quanto
isso representa em oportunidade de carreIra.
3.2 Os dirigentes dessas corporações têm como prioridade
efetiva, na sua missão profissional, criar uma força de
trabalho satisfeita e motivada
Mais que atrativos materiais, uma das coisas que mais impacta
diretamente a satisfação das pessoas é a qualidade da comunicação dentro
da empresa. É importante para qualquer empregado, do mais baixo ao mais
alto escalão, do menos qualificado ao mais preparado, ter liberdade de
expressão. Isso traz a sensação de estar sendo ouvido e de poder mudar
55
coisas. O empregado sente que tem influência na organização do trabalho,
na qualidade dos produtos, nos processos da empresa. Esse tipo de clima,
enfim, dá ao empregado a segurança de poder discordar da opinião dos
superiores sem que isso lhe cause problemas. Monetariamente falando, nada
disso custa um centavo à empresa. Mas do ponto de vista psicológico não há
o que pague. De tudo o que pode oferecer, a abertura na comunicação é o
mais clássico dos benefícios sem ônus. A empresa não precisa tocar no seu
caixa para fazer isso -e obtém resultados poderosos com a criação de
liberdade, participação e responsabilidade. Desde, é claro, que esteja
constantemente aberta a mudanças de atitudes por parte das pessoas -e
isso tem que começar, invariavelmente, de cima para baixo. Algumas
empresas mantêm essa abertura com maestria: Magazine Luiza, Accor,
Xerox e Elma Chips estão entre elas.
Outro fator que vai se tomando a cada dia mais importante é o orgulho
da pessoa em trabalhar naquela empresa, em fazer parte daquele time. Esse
orgulho deriva de várias fontes: a postura ética da empresa, traduzida na
prática pela honestidade em suas ações externas e internas, a efetiva
preocupação com o cliente, o fato de ser uma empresa moderna, a
importância que tem na comunidade. Esses sentimentos motivam os
empregados, fazem com que eles se sintam -e façam coisas -especiais.
Exemplos? Na AGF, uma das empresas classificadas no guia de 97, os
empregados sustentam uma creche numa favela de São Paulo e contam
com total apoio da empresa. Aliás, a idéia partiu do próprio presidente Jean-
Marie Monteil. Outro exemplo: no ano passado, a Dow Química também foi
eleita por EXAME como uma das melhores companhias brasileiras para se
trabalhar. Para comemorar, a empresa deu 60.000 reais de prêmio aos
empregados. Eles podiam fazer o que quisessem com esse dinheiro. Mas,
em vez de promover um festão nas quatro unidades (São Paulo, Guarujá,
Vera Cruz e Salvador, na Bahia), compraram material para prestar serviços
comunitários por um dia. O resultado foi que em São Paulo, por exemplo, 70
empregados (entre eles o então presidente Luciano Respini) fizeram uma
reforma no orfanato, na escola e na creche da Associação Beneficente Arco,
56
que cuida de 180 crianças carentes no bairro de Santo Amaro. Foi um gesto
nobre, que uniu ainda mais a equipe.
Tabela 1: Chances para os novatos
Odebecht 1021 McDonald´s 476 Siemens 245 Arthur Andersen 152 Embraer 140 KPMG 140 Sxerox 77 Brahma 63 Eli Lilly 63 CST 55
Fonte: Pesquisa realizada pela revista Exame – edição 669/98
Tabela 2: Mantendo a forma
Abril Fras-le Dow Ipiranga Du Pont McDonald´s Eli Lilly Xerox
Fonte: Pesquisa realizada pela revista Exame – edição 669/98
Tabela 3: Stock options
Bank Boston Eli Lilly Brahma HP Bristol - Myers Squibb IBM CST Merck Sharp Dohme Dpaschoal Promon Du Pont
Fonte: Pesquisa realizada pela revista Exame – edição 669/98
57
Tabela 4: Aquisição da Casa Própria
Accor CST Bank Boston Dow Boehring Ingelheim DPaschoal Bradesco Samarco Copesul
Fonte: Pesquisa realizada pela revista Exame – edição 669/98
3.3 As empresas classificadas nesta pesquisa têm em
comum a convicção estratégica e a disposição de
investir pesado em práticas políticas de RH
Mas muitas se esforçam para transmitir, na medida do possível, um
alto nível de segurança para os seus empregados. A maneira mais visível de
fazer isso é ter uma política formal de "não-demissão" -basicamente, um
conjunto de procedimentos destinados a dar oportunidades de recuperação,
nas avaliações periódicas, aos empregados com performance deficiente. A
HP, a Inepar, a Eli Lilly, a Meritor, a 3M e a Union Carbide instituíram esse
tipo de normas já há algum tempo. Outra medida que surte efeito igualmente
positivo é a forma como as demissões são feitas e o tratamento que se dá
aos demitidos. Empresas como Nestlé, Xerox, Inepar, Bank Boston e
Boehringer, entre outras, oferecem um pacote de desligamento que inclui
orientação para abertura de negócio próprio, recomendação para outras
empresas da localidade e aconselhamento profissional, além, de diversos
salários e plano de saúde por alguns meses.
3.3.1 As empresas estão endurecendo na hora da
contratação. Não basta ser um talento raro. É preciso
também combinar com a cultura interna
Você quer trabalhar numa das 50 melhores empresas? Primeira coisa
a saber: muitos desejam o mesmo lugar que você. A competição por uma
vaga nessas empresas é acirradíssima. Veja o caso do Bank Boston. Este
58
ano, o banco convocou candidatos para seu programa de trainees através da
Internet. Não fez anúncios em jornais, não fez palestras nas faculdades, não
alardeou. Anunciou somente na sua pagIna na Internet porque queria, logo
de cara, selecionar jovens que utilizam o computador no seu dia-a-dia. Sabe
quantas pessoas se candidataram? Caia de costas: 4.500.
É claro que o Bank Boston, um banco internacional de primeira classe,
com grande visibilidade no mercado, tende realmente a atrair a atenção de
quem procura emprego. Mas, creia, a competição por uma vaga nas 50
melhores empresas tem sido muito mais que dura - e tende a ficar ainda
mais intensa. As normas e critérios de admissão, nessas corporações, têm
um alto nível de exigência. E elas estão fechando o cerco, cada vez mais,
para escolher não só as melhores cabeças, mas também as que combinam
mais com sua cultura. Grandes indústrias, como a Companhia Siderúrgica de
Tubarão, não contratam operários sem o segundo grau completo. A Copesul,
instalada no Pólo Petroquímico de Triunfo, no Rio Grande do Sul, já utiliza a
avaliação 3600 na seleção. Os candidatos são avaliados pelos clientes,
fornecedores, futuros colegas de trabalho e chefes. O laboratório Eli Lilly vai
mais longe: gerentes, diretores, supervisores e qualquer outro executivo que
entreviste candidatos são treinados a escolher pessoas com o perfil desejado
pela empresa. O sistema é conhecido no Lilly como processo de "seleção por
resultados". No Xerox, Hewlett-Packard e DPaschoal todos os executivos
são entrevistados pelos seus futuros colegas.
Tudo isso se explica pelo medo das empresas de errarem nas
contratações (e todo o custo que isso acarreta) e por uma reclamação
comum nas empresas: elas não estão encontrando no mercado o tipo de
profissional que buscam. As melhores empresas querem os melhores
talentos. Os melhores talentos são raros. "Para cada gerente que
contratamos, entrevisto de oito a nove pessoas", diz Marcelo Santos, diretor
de recursos humanos do Bank Boston. Santos está falando, claro, dos
cargos executivos, em cujas contrafações ele se envolve diretamente. Mas a
escolha de 60 estagiários dentre os 4.500 inscritos também foi igualmente
competitiva.
59
3.3.2 Diploma de uma escola reconhecida e inglês fluente são
fundamentais para trabalhar nas melhores. Sem eles, o
candidato não passa da primeira fase.
O que você precisa saber para ter chances nas melhores empresas?
Talvez a pergunta em questão seja outra: que tipo de pessoa você precisa
para entrar nas melhores?
A resposta é mais ou menos a seguinte: é preciso reunir uma série de
características de personalidade, comportamento e competências que vão,
em tese, ajudar as empresas a vencer num mundo que vive mudanças cada
vez mais rápidas e intensas nos paradigmas, crescentemente competitivo,
onde se produz mais e melhor com menos -às vezes, com muito menos. Em
outras palavras, os candidatos a um cargo em empresas como Ipiranga,
Brahma, Eli Lilly precisam demonstrar (nas dinâmicas de grupo, entrevistas e
testes) que reúnem um conjunto de atitudes muito em voga no momento.
Essas atitudes se revelam em coisas como ambição ("desejo de crescer",
nas palavras de Luciana, do Bank Boston), amor ao desafio, criatividade,
interesse em aprender, habilidades para trabalhar
em equipe, bom relacionamento interpessoal, foco no cliente e no
resultado. Ah! E cabeça aberta para o mundo. "Podemos ter vagas tanto no
Brasil quanto no México, Argentina ou Estados Unidos", diz a psicóloga Eli
Kirschnick, gerente de recursos humanos da Meritor para América do Sul e
México. "Não queremos ninguém que seja apegado ao feijão com arroz
brasileiro."
A Meritor, novo nome da antiga Rockwell-Fumagalli, é uma
multinacional americana do setor de auto peças cuja sede para a América do
Sul e México fica em Limeira, no interior de São Paulo. Mas EIIi passa mais
tempo viajando do que em casa. A entrevista para o guia das Melhores
Empresas, por exemplo, foi concedida, por telefone, da matriz da empresa,
em Troy, nos administrativa, procure o programa de trainee, realizando uma
vez por ano. Trinta jovens recém-saídos das faculdades foram selecionados
este ano para unidade de Limeira. Para os que preferem a fábrica, a opção
da empresa é, igualmente, por jovens em início de carreira.
60
3.4 Como atrair e manter Talentos.
Tabela 5: Desempenho com melhores salários e benefícios
Grandes empresas
62%
50%
44%
29%
21%
20%
Valores e cultura
Bem administrada
Mudanças excitantes
Forte desempenho
indústria Líder
Muitas pessoas talentosas
Grandes empregos
60%59%
47%29%29%
23%17%
Liberdade e autonomia
Mudanças excitantes
Avanço na carreira
Boa relação com o chefe que eu admiro
Compreensão diferenciada
Elevada compensação
Bom desenvolvimento
Fonte: Pesquisa da consultoria McKinsey baseada em 5.679 respostas
61
3.4.1 Linha direta.
Empresas que têm uma linha direta e confidencial para ouvir
reclamações de funcionários.
Tabela 6: Linha aberta
Bradesco Localiza Rent a Car
Credicard McDonald´s
Dpaschoal Merck Sharp Dohme
IBM Union Carbide
Fonte: Pesquisa realizada pela consultoria McKinsey
3.4.2 Estudos de graça.
Empresas que concedem reembolso para estudo de empregados,
independente do curso (em % da população coberta).
Tabela 7: Incentivo aos estudos
Amil 85 Merck Sharp Dohme 70 AGF 23
CST 16
Fonte: Pesquisa realizada pela consultoria McKinsey
62
3.5 Principais atrativos oferecidos pelas empresas
Tabela 8: As empresas de sucesso perceberam que para atrair e
reter talentos era preciso ter algo mais
EMPRESA 3M EMPRESA ABRIL
Política formal de não demissões O plano de participação nos resultado pode
render até dois salários extras (no ano passado, rendeu 1,2 salário em média)
Incentivo à participação dos empregados em projetos filantrópicos
Curso de gestão Abril para executivos e potenciais executivos
Antes de ser demitido, o empregado tem duas chances de redimir-se
Academia de ginástica, piscina, manicure, cabeleireiro, massagista, depilação e aulas de
dança de salão e Tai Chi Chuan no prédio central
Plano de saúde cobre tratamentos psiquiátricos, odontológicos e de
dependência química (drogas, alcolismo) para 100% dos empregados
Restaurante, lanchonete (funciona até as 11 da noite) e um grande pátio com mesinhas e
guarda-sóis, onde os empregados se encontram a qualquer hora do dia
Quem trabalha em pesquisa pode usar meio expediente por semana como bem entender
Desconto na compra de medicamentos e netrega no local de trabalho
100% de reembolso para cusrsos de graduação e pós-graduação
Um banca de revistas interna vende os produtos da Abril com descontos
Férias na fazenda, incluindo filhos de empregados
Os empregados adotaram, com apoio financeiro da empresa, o município de Batalha,
em Alagoas, atingido pela seca
Programas de orientação à gestante e de
planejamento familiar Fonte: Guia Exame “As Melhores Empresas” – Edição 669/98
63
Tabela 8: As empresas de sucesso perceberam que para atrair e
reter talentos era preciso ter algo mais
EMPRESA ACCOR EMPRESA AMIL
Academia Universidade de serviços para treinamento e desenvolvimento dos
empregados
349 horas/ano de treinamento para executivos
Reembolso de até 100% para cursos universitários e de pós-graduação SPA para executivos
Remuneração variável para todos os níveis Remuneração variável para todos os níveis
Programa de reconhecimento Accor Brasil Política forma de promoções internas: 90%
dos executivos foram contratados no começo da carreira
Programa de requalificação para pessoas que tiverem seus cargos substituídos por
novas tecnologias
Avaliação 360 graus para todos os empregados
A empresa estimula um ambiente de trabalho descontraído, no qual as pessas sentem-se
livres para participar, criar e ter iniciativa
O Projeto Jovem VIP reúne, a cada três meses, os filhos de empregados e de
médicos credenciados para orientação e planejamento profissional
Grande sinergia entre chefes e funcionáriosO Study Tour executive leva grupos de 15
executivos para conhecer empresas no exterior
No processo de seleção, os candidatos são entrevistados pelos potenciais colegas e estes têm o direito de barrá-los, quando
julgam correto
Fonte: Guia Exame “As Melhores Empresas” – Edição 669/98
64
Tabela 8: As empresas de sucesso perceberam que para atrair e
reter talentos era preciso ter algo mais
EMPRESA ARTHUR ANDERSEN EMPRESA BANK BOSTON
A empresapaga 100% das despesas com cursos dentro e fora do país, incluindo
inglês
Concessão de opção de ações para todos os funcionários
Plano de carreira baseada na meritocracia, que resulta em pelo menos uma promoção por ano para auditores e
consultores
Reembolso de 100% das despesas com MBA
Programa de desenvolvimento, profissional com chances iguais para
todos
O plano médico é o mesmo para todos os empregados, agregados e aposentados
Possibilidade de ser instrutor de cursos técnicos no Brasil e no exterior Licença não-remunerada para projetos pessoaIs
Fundação Projeto Travessia para recuperação do centro de São Paulo
Licença não remunerada para projetos pessoais
Aconselhamento de carreira e análise de competências
Nos afastamentos por doença, a empresa cobre 100% do salário durante seis
meses
Avaliação 360 graus para todos os empregados
Academia de ginásitca para os empregados
da sede em São Paulo
Fonte: Guia Exame “As Melhores Empresas” – Edição 669/98
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Tabela 8: As empresas de sucesso perceberam que para atrair e
reter talentos era preciso ter algo mais
EMPRESA BELGO MINEIRA EMPRESA BOEHRINGER INGELHEIM
Os demitidos podem resgatar a contribuição feita pela empresa no
Plano de Previdência Privada
Distribuição gratuita dos remédios da empresa
Pagamento de 40% do fundo de garantia para os que se aposentam Remuneração variável para todos os níveis
A gratificação de retorno de férias e de 62,5% do salário base
Fisioterapia no local de trabalho para cargos operacionais
Prêmio de mérito administrativo (troféu, reconhecimento público e um salário
extra) para aqueles que mais se destacam
Salários acima da média do mercado
Prêmio de um salário para quem completa 10 anos de casa. Com 15 anos,
paga-se outro
Plano médico com livre escolha e sem custo para 100% dos empregados
Bolsas de estudo para filhos de empregados (critérios sócio- econômicos
e mérito escolar)
Os empregados que se destacam são premiados formalmente
Grande preocupação com a comunicação interna
A empresa paga prêmios em dinheiro por tempo de serviço. Quem faz 10 anos, leva um salário. Quem faz 20, dois, e 30, três...
Financiamento de compra de automóvel para os executivos (em até 36 vezes,
sem juros)
No plano de aposentadoria, para cada real que o empregado contribui, a empresa coloca mais dois, e ainda permite que o
empregado se aposente cinco anos antes do previsto. Nesse caso, ele leva 20% do que
receberia se aposentasse aos 60 anos
Fonte: Guia Exame “As Melhores Empresas” – Edição 669/98
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Tabela 8: As empresas de sucesso perceberam que para atrair e
reter talentos era preciso ter algo mais
EMPRESA BRADESCO EMPRESA BRAHMA
Política formal de promover a prata da casa em vez de contratar no mercado
Concessão de opções de ações para todos os funcionários
Processo formal de reclamação para empregados
Grande oferta de treinamento e bolsas de estudos
No seguro de vida, se o cônjuge morrer, o empregado ganha 30% da cobertura
A UniversIdade Brahma oferece programas de capacitação profissional
dentro e fora do Brasil
Os planos de saúde e odontológicos são iguais para todo mundo, do presidente ao
office-boy, sem contribuição do empregado
Remuneração variável agressiva para nível administrativo
O plano de aposentadoria tem contribuição decrescente para o empregado. Nos
primeiros cinco anos, ele deposita um e a empresa um. A partir daí, o empregado reduz sua contribuição e a empresa aumenta a sua,
até chegar a urna relação de 25% por 75%
Plano médico e odontológico, previdênciaprivada e auxílio para compra de material
escolar
Chances reais de rápida ascensão
profissional
Esforço diário para comunicar metas e
resultados da empresa Fonte: Guia Exame “As Melhores Empresas” – Edição 669/98
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CONCLUSÃO
Gerir pessoas, talentos e competências humanas representa hoje uma
questão eminentemente estratégica para as empresas. Uma atividade
importante demais para ficar circunscrita e limitada em apenas um órgão da
empresa. Não é mais possível que apenas uma única área da empresa
consiga centralizar e enfeixar exclusivamente em suas mãos a administração
das competências e dos talentos de todos as pessoas dentro da
organização. Em épocas passadas, cuja característica principal era a
estabilidade, a certeza e a permanência, em que pouca coisa mudava e em
que as pessoas trabalhavam rotineira e bitoladamente, sem acréscimos de
novos conhecimentos e habilidades, o órgão de ARH (Administração de
Recursos Humanos) funcionava como o único responsável pela
administração dos recursos humanos de toda a empresa. Cuidava da
manutenção do "status quo" e da socialização organizacional, tendo em vista
o passado e as tradições da empresa. Contudo agora, em plena era da
informação, onde a mudança, a competitividade, a imprevisibilidade e a
incerteza constituem os desafios básicos da empresa, esse antigo sistema
hermético e fechado está se abrindo. E para melhor. O monopólio da ARH
está desaparecendo. E também o seu antigo e distanciamento das principais
decisões e ações da empresa. Um mundo novo e diferente está se abrindo
para a ARH. E nunca a ARH foi tão necessária como neste momento de
mudança e de transição. Nunca foi tão importante como agora. Só agora. Só
que o seu papel está se tomando diferente e inovador.
Sempre defendemos o conceito central de que administrar pessoas é
uma responsabilidade de linha e uma função de staf Acontece que as
empresas sempre se defrontaram com o problema do relativo grau de
centralização/descentralização de suas áreas de atividades. E na área de
ARH sempre predominou uma forte tendência para a centralização e
concentração na prestação de serviços especializados para as demais áreas
empresariais. A tal ponto que, em muitas empresas, o recrutamento e
seleção, a admissão, a integração, o treinamento e desenvolvimento, a
administração de salários e remuneração, a administração de benefícios, a
68
higiene e segurança do trabalho e a avaliação do desempenho eram
estreitamente concentrados na área de ARH, com pouca participação
gerencial das demais áreas. E nisto a área de ARH era essencialmente
exclusivista e, até certo ponto hermética, mantendo a sete chaves os
segredos das suas decisões e atividades. A atividade prestadora de serviços
do staff prevalecia fortemente sobre a responsabilidade de linha dos gerentes
da empresa. A tal ponto que o staff é quem tomava as decisões peculiares
da linha. A centralização sempre preponderava sobre descentralização.
Agora o nosso conceito central está se tomando uma necessidade imperiosa
para a sobrevivência das empresas. Aliás, uma realidade nas empresas mais
promissoras e bem sucedidas. E nestas empresas esse conceito central vem
sendo implementado com força total. E a balança das contas está se
inclinando rapidamente para o outro, o da descentralização e da
desmonopolização das decisões e ações a respeito das pessoas.
Gradativamente, a área de ARH está deixando de ser a prestadora de
serviços especializados de recursos humanos, abandonando paulatinamente
suas operações burocráticas e se transformando cada vez mais em uma
área de consultoria interna para preparar e orientar os gerentes de nível
médio para a nova realidade. Estes passam a ser os novos gestores de
pessoal dentro das empresas. O que significa que as decisões e ações a
respeito das pessoas passam a ser de alçada dos gerentes e não mais uma
exclusividade da área de ARH. Para que essa formidável transformação seja
plenamente possível e para que o ARH possa se situar na dianteira - e não
simplesmente acompanhar de longe e com significado atraso o que ocorre
nas demais outras áreas da empresa - toma-se mister que ela assuma uma
nova estrutura e desenvolva novas posturas, a fim de dinamizar
intensamente as suas potencial idades e contribuir para o sucesso da
empresa.
Em todo programa de expansão, de melhoria da qualidade, de
incremento da produtividade, de localização no cliente, de competitividade, a
variável humana tem sido o principal ponto crítico das empresas. Quase
sempre, as pessoas constituem para a maioria das empresas o desafio
crucial no alcance e na manutenção de padrões elevados de produtividade e
69
de competitividade. Mas, ao mesmo tempo, nas empresas bem sucedidas,
as pessoas constituem a vantagem competitiva que representa o algo mais
que elas podem oferecer ao mercado para mostrar-se competitivas. Assim as
pessoas podem tanto constituir o problema como podem constituir a solução.
O desafio ou a oportunidade. As duas faces da mesma moeda. Depende da
maneira como elas são tratadas. As pessoas são incrivelmente diferentes em
suas características individuais e dotadas de um formidável elenco de
potencial idades que dificilmente são localizadas e aplicadas pelas empresas
na sua plenitude. Mas, sempre e sempre, são as pessoas que fazem a
diferença, personalizam a empresa e a fazem distinguir-se de todas as
demais empresas. Mas para que isso aconteça é mister que as pessoas
sejam selecionadas, integradas socialmente, treinadas, desenvolvidas,
lideradas, motivadas, comunicadas, avaliadas, remuneradas, recebam
retroação de seu desempenho, participem nas decisões que as afetam direta
ou indiretamente e possam externar seus pontos de vistas, etc. Essas tarefas
não podem mais continuar centralizadas em uma única área da empresa.
Elas precisam receber a participação -se é que se pretende a administração
participativa -das demais áreas da empresa, representadas pelos gerentes e
pelas suas equipes. Sobretudo quando as pessoas podem utilizar a sua
matéria-prima mais nobre e sofisticada, mas inexplicavelmente a menos
solicitada no mundo empresarial: a inteligência humana.
Será necessário buscar um componente estratégico e diretamente
relacionado com o negócio da empresa para permitir que as pessoas
constituam a fonte de geração de vantagens competitivas. Dest’arte, a
empresa do futuro se constituirá de uma coleção de habilidades e
capacidades sempre prontas e disponíveis para serem lançadas sobre
pequenas alterações de mercado/produto/serviço. Assim o planejamento
estratégico deverá concentrar-se no desenvolvimento e na concentração
dessas habilidades, o que significa disponibilidade, mais do que martelar
incessantemente no aumento da participação do mercado. Em resumo, os
novos parâmetros da Era da Informação exigem, de um lado, empresas
voltadas para o cliente, concentradas em seu core business, ágeis,
inovadoras, com ênfase na qualidade total, e, de outro lado, pessoas que se
70
comportam como donos do negócio, responsáveis pelos resultados, capazes
de trabalhar em equipe, que estudem sempre, que aprendam continuamente,
sempre sintonizadas com o cliente-interno ou externo. Desse novo tipo de
profissionais dependerá a sobrevivência das empresas.
Dentro desse novo contexto estrutural, os gerentes passam a assumir
novas responsabilidades para melhor focalizar as pessoas.
O desempenho eficaz do gerente e de sua equipe de trabalho
depende da descoberta e atração de indivíduos que tenham a capacidade e
a motivação para um desempenho eficaz. Em outros termos, boa parte da
eficácia do gerente depende diretamente da eficácia da equipe como um
todo e de cada pessoa que a constitui em particular. Embora pareça fácil
identificar as pessoas que possuem as habilidades para o bom desempenho
de um cargo e a motivação para fazê-lo, o preenchimento de cargos com as
pessoas mais adequadas é um processo dinâmico e extremamente
complexo. Esse processo está cada vez mais sendo transferido para a
alçada dos gerentes, para que eles possam decidir mais livremente as
pessoas com que contarão em suas equipes. Assim, construir e manter uma
efetiva organização humana vem a ser uma das mais importantes atribuições
dada aos gerentes às suas equipes de desenhar seus respectivos cargos,
com adoção de cinco dimensões profundas, a saber variedade de
habilidades, identificação com as tarefas, significado das tarefas autonomia e
retroação. Mais ainda, dessa nova atribuição gerencial, os cargos estão
sendo gradativamente ajustados e adequados à pessoas, ao longo do se
desenvolvimento profissional. O enriquecimento de cargos está por trás
dessa forte tendência para ajudar no planejamento de carreiras dentro da
organização ou mesmo para substituído integralmente.
Para preparar a sua equIpe, o gerente deve proporcionar um sistema
de comunicação capaz de integrar os participantes, fortalecer a consonância
e o desempenho, bem como proporcionar treinamento e desenvolvimento
pessoal e otimizar sua eficiência e eficácia. O principal ativo de uma empresa
é o seu pessoal. E o principal ativo de cada pessoa é sua competência
profissional. A todo dia, a competência profissional pode ser exercitada, em
volume maior ou menor, através das capacidades e habilidades humanas
71
que são relevantes para o alcance dos objetivos organizacionais e para o
sucesso da empresa. A aplicação das energias pode ser infinitamente
aumentada quando a empresa através de seus gerentes -oferece condições
capazes de potencializar e canalizar as predisposições das pessoas e
transformá-las em resultados práticos e positivos. O preparo e
desenvolvimento da equipe são uma das principais responsabilidades
gerenciais.
Cada pessoa tem suas próprias aspirações pessoais, os seus
objetivos, as suas preferências, as suas características singulares de
personalidade, os seus talentos e habilidades. Cada pessoa é única e ímpar.
Ao constituírem uma equipe de trabalho, as pessoas se destacam pelas
diferenças individuais. Para que as pessoas possam trabalhar
satisfatoriamente em equipe, elas precisam de liderança. A liderança
constitui uma necessidade típica do trabalho em equipe. Para fazer a equipe
funcionar e produzir resultados, o gerente precisa desempenhar muitas
funções ativadoras, saber como conduzir as pessoas, ou seja, como liderar
as pessoas e administrar as diferenças entre ela. A liderança é necessária
em todas as atividades e em todos os tipos de organizações humanas,
principalmente nas empresas. O gerente não lida apenas com capital ou
dinheiro, com máquinas ou equipamentos, mas trabalha sobretudo com
pessoas. E através das pessoas que o gerente consegue a execução das
tarefas, a alocação dos recursos materiais e financeiros, a produção de bens
ou serviços, bem como o alcance dos objetivos organizacionais. Daí a
sobrevivência e o sucesso da empresa. Ao lidar com pessoas, a principal
habilidade e ferramenta gerencial que emerge a liderança.
O bom desempenho de cada pessoa está fortemente relacionado com
suas aptidões e habilidades. Requer também motivação para trabalhar a
alcançar resultados. O bom desempenho depende do quão motivado está o
empregado. Em termos do comportamento, a motivação pode ser
conceituada como o esforço e a tenacidade exercidos pela pessoa para fazer
algo ou alcançar algo. A motivação é um dos inúmeros fatores que
contribuem para o bom desempenho do cargo. A razão pela qual se focaliza
tão insistentemente a motivação é que ela é mais facilmente influenciável do
72
que as demais características das pessoas, com traços de personalidade,
aptidões, habilidades, etc. E, por outro lado, qual a empresa que não está
interessada em ter funcionários motivados?
A avaliação do desempenho é uma responsabilidade gerencial que
procura monitorar o trabalho da equipe e de cada membro e os resultados
alcançados, para compará-los com os resultados formulados. Preocupa-se
com a eficiência e com a eficácia. Com a qualidade e com a produtividade.
Assim, escolhida a equipe de trabalho, treinada e desenvolvida, desenhadas
as tarefas a serem realizadas, o gerente deve liderá-la e motivá-la no sentido
de alcançar determinados objetivos. A avaliação do desempenho não é
simplesmente a responsabilidade que se segue, mas a responsabilidade que
vem desde a formação inicial da equipe, desde a seleção dos participantes,
desde o seu treinamento, e vem seguindo o comportamento do conjunto ao
longo do tempo. Neste sentido, a avaliação do desempenho é uma
responsabilidade gerencial constante, contínua e abrangente, que deve
acompanhar todos os passos da equipe e de cada pessoa que a integra. Na
realidade, a avaliação do desempenho deve envolver cada pessoa da
equipe, a própria equipe, o gerente e o departamento. Estamos fazendo um
bom trabalho? Poderíamos fazê-lo melhor? Que providências tomar para
alcançar a excelência de cada um, da equipe, do gerente, do departamento?
A avaliação do desempenho requer necessariamente a medição e
comparação de algumas variáveis individuais, grupais e departamentais.
Para que não caia na subjetividade ou na falta de critério, deve apoiar-se em
um amplo referencial que fortaleça a consonância em todos os seus
aspectos. Para tanto, a avaliação do desempenho deve seguir seis passos
ou etapas, a saber:
• Formulação de objetivos consensuais entre o gerente e cada
membro da equipe;
• Comprometimentos pessoal com relação ao alcance dos
objetivos;
• Alocação de meios e recursos necessários para o alcance dos
objetivos;
73
• Desempenho, isto é, comportamento no sentido de efetivar o
alcance;
• Medição dos resultados e comparação com os objetivos
formulados,
• Retroação intensa e avaliação conjunta.
Na verdade, chamamos isto de administração participativa por
objetivos, uma maneira envolvente e democrática de negociação e obtenção
de consenso e comprometimento quanto a metas e resultados a serem
alcançados. Em todos os aspectos, a avaliação é um meio e não uma
finalidade em si. A avaliação está totalmente voltada para a melhoria
contínua, para melhorar o desempenho, para alavancar a satisfação das
pessoas, .melhorar o contexto do trabalho e a qualidade de vida das pessoas
e proporcionar melhores resultados em termos de eficiência e de eficácia.
Por fim, mas não por último, um dos principais desafios do gerente é a
definição do sistema que deve adotar para recompensar o desempenho e os
resultados de cada membro em particular e da equipe em geral. A
recompensa, quando bem dosada e aplicada, serve reforço positivo do
comportamento excelente. O sistema de recompensas mais amplamente
utilizado é a remuneração. Ou, em outras palavras, salários ou dinheiro - o
principal mecanismo de trocas na moderna sociedade. Mas existe também a
remuneração indireta, representada pelos benefícios sociais. A tendência
que se nota é a adoção de sistemas flexíveis de remuneração e de menus de
planos de benefícios sociais. Os primeiros proporcionam maiores ganhos
individuais ou grupais quando ultrapassados os objetivos ou metas
formuladas consensualmente, enquanto os últimos são escolhidos livremente
pelas pessoas, de acordo com suas conveniências pessoais. A flexibilidade e
a adequação às diferenças individuais das pessoas são as características
mais marcantes dessas novas tendências.
Todas essas profundas mudanças que estão ocorrendo pelo mundo
afora têm por escopo um novo perfil do empregado, para que possa atuar
mais dinamicamente dentro das empresas. Aquele empregado que era
responsável apenas e unicamente pela execução da sua tarefa, de modo
rotineiro e repetitivo, da maneira como aprendera quando do ingresso no
74
serviço, sem nada agregar, agora passa a ter novas responsabilidades,
proporcionadas pela retaguarda que todas essas mudanças estão
provocando.
• Responsabilidade de melhorar continuamente o seu trabalho.
Chame-se isso de melhoria contínua, Kaizen, ou o que valha,
mas o mais importante é que o empregado passa agora a
utilizar um talento que até então não lhe era solicitado: a
inteligência para solucionar problemas operacionais, aumentar
a produtividade e melhorar a qualidade do seu trabalho. Essa
incumbência, que antes pertencia exclusivamente aos níveis
mais elevados da hierarquia empresarial, faz com que todos os
cérebros da organização atuem conjuntamente no sentido de
tomar a empresa excelente cada vez mais. É o mutirão para
melhorar a empresa e tomá-la competitiva graças ao esforço de
cada um e de todos.
• A orientação para metas e resultados a alcançar. O trabalho
das pessoas deixa de ser rotineiro e repetitivo para se
direcionar para metas, objetivos e resultados a serem
alcançados através do tempo e dos esforços. Há um
deslocamento dos meios para os fins. A superposição da
eficácia sobre a eficiência. A noção de que cada pessoa tem
uma finalidade a cumprir dentro da organização e de que esta
finalidade tem um sentido psicológico importante.
• A localização no cliente, seja ele interno ou externo. Ao invés
do empregado permanecer introvertido na sua tarefa, ele passa
agora a voltar-se para as suas interdependências. Na ponta de
seus insumos, volta-se para o seu fornecedor interno e, na
outra ponta do resultado do seu trabalho, volta-se para seu
cliente interno. O propósito é atender às expectativas e aos
requisitos de cada cliente interno. Ao longo do processo, forma-
se uma cadeia de interdependência , ou seja, uma verdadeira
cadeia de qualidade, cujo principal beneficiário é o cliente
externo na interface final.
75
• Atividade grupal e em equipe. O trabalho isolado, introvertido,
típico da abordagem de sistema fechado, passa agora a ser
desenvolvido em equipe, através de intensa interação social e
de troca de idéias e experiências. A atividade humana ganha
um emergente sistêmico, que é a multiplicação de esforços e
sinergia decorrente.
Na realidade, os processos de desenvolvimento de RH estão
constantemente orientados para a redução da dissonância e para a
construção da consonância dentro da empresa, através da veiculação e da
distribuição da informação entre as pessoas.
A maior parte das empresas bem sucedidas considera a informação
como a base fundamental de seus negócios e do seu sucesso. Em uma era
em que a disponibilidade da informação é praticamente igual para todas as
empresas, sobressaem-se aquelas que têm a capacidade de utilizá-la e
transformá-las em ações concretas ou em produtos/serviços antes das
outras. A informação e o elemento fundamental que integra e coordena e
estratégia empresarial. Além do mais, a informação tem um forte efeito
motivacional.
76
ANEXOS
77
BIBLIOGRAFIA
BECKARD, Richard. Desenvolvimento Organizacional: estratégias e
modelos, São Paulo -SP: Edgard Blücher, 1972
BERNARDI, Maria Amália, O Capital Humano, Exame, Rio de Janeiro,
Edição 647, p. 123-146, Outubro, 1997.
BLECHER, Nelson, O Fator Humano, Exame, Rio de Janeiro, Edição 668, p.
105- 114, Agosto, 1998.
CAINE, André Huggard, Mais Práticas de RH, Exame, Rio de Janeiro, Edição
669, p.32-95, Setembro, 1998.
CHIA VENATO, ldalberto. Gerenciando Pessoas. São Paulo: Makron Books.
CillAVENATO, ldalberto- ConsuftOT, Revista Decidir -ano Illif-29,Dez 1996.
FOGUEL, Sérgio e Souza, Carlos Cesar. Desenvolvimento e Deterorização
Organizacional. São Paulo: Atlas, 1980.
FRENCH, Wendell e Bell, Cecil. Organization Development. New Jersey,
Pretice -Hall. 1973.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo:
Atlas, 1991.
GOMES, Maria Tereza, Conquiste um lugar nas melhores Empresas, Exame,
Rio de Janeiro, Suplemento Especial da Edição 669, p. 18-30, Setembro,
1998.
KLEIN, David. A Gestão Estratégica do Capital Intelectual. Rio de Janeiro:
Qualitymark, 1998.
78
MATURANA, Humberto e VARELA, Francisco. A Árvore do Conhecimento.
São Paulo: Psy II, 1995.
SENGE, Peter M. A Quinta Disciplina. São Paulo -SP: Best Seller, 1998.
STEW ART, Thomas A. Capital Intelectual. Rio de Janeiro: Campus,1998.
TOFFLER, Alvin e TOFFLER, Heidi. Criando uma Nova Civilização, A
Política da Terceira Onda. Rio de Janeiro: Record, 1997.
79
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
Título da Monografia: A VALORIZAÇÃO PESSOAL VS DESEMPENHO
FUNCIONAL.
Autor: ANDRÉIA DE MELLO SANTOS
Data da entrega: 1º DE ABRIL DE 2004
Avaliado por: Conceito:
Avaliado por: Conceito:
Avaliado por: Conceito:
Conceito Final:
80
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTO 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I 10
O PAPEL DAS PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES 11
1.1 Valorização da pessoa 12
1.2 Transformação das relações nas empresas 13
CAPÍTULO II 17
O INVESTIMENTO NAS PESSOAS COMO ESTRATÉGIA DE
MELHORIA EMPRESARIAL 18
2.1 Tratamento diferenciado 20
2.2 Gerenciando pessoas 20
2.3 Pequenas atenções que fazem diferença 21
2.4 A Era da valorização do Conhecimento 24
2.5 A desigualdade de salários 27
2.6 Como ser um profissional de sucesso utilizando o
conhecimento 32
2.6.1 Flexibilidade 32
2.6.2 Conhecimento 33
2.6.3 Alto astral 34
81
2.6.4 Parcerias 34
2.6.5 Participação 35
2.6.6 Incentivo 36
2.6.7 Desafios 36
2.6.8 Soluções 37
2.6.9 Limites 37
2.6.10 Estratégias 38
2.6.11 O espírito da organização quer aprende 40
2.6.12 A disciplina do domínio pessoal 46
2.6.13 Visão pessoal 46
CAPÍTULO III 52
PESQUISA DE CAMPO: EMPRESAS QUE INVESTIRAM E
OBTIVERAM RETORNO 53
3.1 Por que elas estão aqui 53
3.2 Os dirigentes dessas corporações têm prioridade afetiva, na
sua missão profissional, criar uma força de trabalho
satisfeita e motivada 54
3.3 As empresas classificadas nesta pesquisa têm em comum a
convicção estratégica e a disposição prática de investir em
práticas e políticas de RH 57
3.3.1 As empresas estão endurecendo na hora da contratação.
Não basta ser um talento raro. É preciso também combinar
com a cultura interna 57
3.3.2 Diploma de uma escola reconhecida e inglês fluente são
fundamentais para trabalhar nas melhores. Sem eles, o
candidato não passa da primeira fase 59
3.4 Como atrair e manter talentos 60
3.4.1 Linha direta 61
3.4.2 Estudo de graça 61
82
3.5 Principais atrativos oferecidos pelas empresas 62
CONCLUSÃO 67
ANEXOS 76
BIBLIOGRAFIA 77
FOLHA DE AVALIAÇÃO 79
ÍNDICE 80