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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU-SENSU” GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS PEQUENAS EMPRESAS: LIMITES E POSSIBILIDADES
Por: PATRÍCIA BRITO DE LEMOS
Niterói, julho/2004
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU-SENSU” GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS PEQUENAS EMPRESAS: LIMITES E POSSIBILIDADES
Apresentação de monografia á UniversidadeCândido Mendes como condição para aconclusão do curso de Pós-Graduação “LatuSensu” em Gestão de Recursos Humanos. Por: PATRÍCIA BRITO DE LEMOS Professora Orientadora: FABIANE MUNIZ
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Agradecimentos
Agradeço, primeiramente, a Deus que me deu a vida e forças para superar todos os
momentos difíceis.
Aos meus pais, Aquiles e Maíva que estão sempre presentes em meu dia-a- dia.
Ao meu marido, Manoel, quem amo e admiro, pela compreensão.
A minha irmã, Letícia, que me apoiou.
Às minhas colegas de curso, em especial, Flávia Mello, Viviane Braga e Fernanda Rigó
pelos momentos de debates e de “brincadeiras”. Sentirei saudades!
Aos mestres que nos acompanhou por esta busca ao conhecimento.
A orientadora Fabiane Muniz pelo incentivo.
Enfim, a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a conclusão deste
trabalho.
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Resumo
Novas questões começaram a ser veementemente colocadas para o mundo
empresarial através de pressões externas, oriundas de diversos atores sociais e da sociedade
civil organizada, exigindo um papel mais amplo e participativo das empresas em atividades
sociais. Contudo, sendo a responsabilidade social empresarial, no contexto brasileiro, um
tema relativamente novo, a assimilação do conceito e o engajamento não se dá de forma
igual entre as empresas de portes variados. Neste sentido, este trabalho de pesquisa objetiva
discutir a responsabilidade social a partir do contexto da pequena empresa. Para tanto, após
a introdução foram apresentadas algumas das diferentes conceituações de responsabilidade
social; em seguida uma análise da responsabilidade social nas organizações do primeiro
setor, segundo setor e terceiro setor; e os indicadores de responsabilidade social segundo o
Instituto Ethos. Em seguida, damos um enfoque nas pequenas empresas, analisando a sua
importância, e o envolvimento no projeto socialmente responsável, com a apresentação de
uma proposta em oito passos, de forma a subsidiar tecnicamente o processo de
engajamento. Para finalizar, no terceiro capítulo, faremos uma breve apresentação de um
exemplo de projeto de responsabilidade social em uma pequena empresa, com sede no Rio
de Janeiro.
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Metodologia
A proposta desta monografia é um estudo teórico com apresentação de análise
sobre o tema e destaques das fontes pesquisadas. Com apresentação de experiência
institucional.
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Índice
Introdução ......................................................................................................8
Capítulo I - Responsabilidade Social
1.1- Diferentes conceituações ..........................................................................9
1.2- Responsabilidade social nas organizações................................................11
1.3- Indicadores de responsabilidade social.....................................................18
Capítulo II – Pequenas Empresas
2.1- A importância das pequenas empresas .....................................................27
2.2- Responsabilidade social no contexto das pequenas empresas..................30
Capítulo III – Caso de Sucesso
- Projeto Sonoleve de Responsabilidade Social ...............................................35
Considerações finais ...................................................................................37
Bibliografia....................................................................................................38
Sumário ..........................................................................................................40
Anexos ............................................................................................................41
Folha de Avaliação......................................................................................44
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Introdução
No cenário mundial contemporâneo observa-se inúmeras transformações
de ordem econômica, política, social e cultural que, por sua vez, apresentam novos modelos
de relações entre instituições, mercados, organizações e sociedade.
Atualmente, não se pode negar a influência das empresas na conformação
da sociedade, bem como a responsabilidade que lhe é reivindicada por diversos atores
sociais, num esforço por uma sociedade mais justa e democrática. Com isso novas questões
surgiram para o mundo empresarial, exigindo um papel mais amplo e participativo em
atividades sociais, uma vez que os consumidores e a sociedade começam a priorizar as
organizações com inserção social.
Esse compromisso social tem sido fator de legitimação das empresas como
agentes de promoção social e favorecido o estabelecimento de uma relação mais saudável
de credibilidade entre empresa e sociedade. Além de ser uma das variáveis de avaliação de
eficácia e um indicador de competitividade.
Já faz parte da agenda das empresas que buscam sobreviver e crescer o
termo responsabilidade social. Não bastando ser bonzinho ou fazer caridade. O que se quer
das empresas é seu comprometimento verdadeiro com a sociedade, para que haja um
crescimento efetivo.
Porém, apesar do tema responsabilidade social se encontrar em evidência,
a assimilação do conceito e o engajamento não acontecem igualmente entre as empresas de
portes variados. Neste sentido, o presente trabalho busca uma reflexão sobre
responsabilidade social no contexto da pequena empresa. Para tanto, são apresentados
alguns conceitos de responsabilidade social empresarial; uma análise do envolvimento da
pequena empresa com o compromisso social; e, por fim, colocações sobre limites e
possibilidades para uma gestão socialmente responsável na pequena empresa.
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Capítulo I – Responsabilidade Social
1.1- Diferentes conceituações
O conceito de responsabilidade social vem, ao longo do tempo, recebendo muitos
significados e interpretações, justamente por se defrontar com áreas limites da ética e da
moral(Tomei, 1984). Com isso não tem havido muito consenso sobre o significado preciso
da responsabilidade social, surgindo assim, vertentes de conhecimento que suscitam em
teorias com conceituações diferentes.
A ordem da mudança organizacional, quanto à responsabilidade social, pode ser
vista como um contínuo, que se inicia com poucas ou nenhuma mudança no papel da
empresa e no modo de fazer negócios, caminhando para mudanças radicais nas atividades,
políticas e organizacionais, envolvendo um grande número de agentes
externos(Ashley,2001).
A conceituação mais antiga sustenta a posição de que a única responsabilidade
social da empresa está na maximização do lucro. Seus defensores acreditam que a missão
da empresa é meramente econômica, devendo satisfazer unicamente os objetivos e as
expectativas de lucro dos proprietários.
Todavia, esta visão de responsabilidade social, limitada aos ganhos econômicos,
vem sendo cada vez menos aceita na sociedade, na academia e entre as próprias empresas.
A pouca inserção, no contexto atual, dessa compreensão de responsabilidade social
empresarial, não quer dizer que o lucro deva ser banido das empresas. Porém é pensar que
não o lucro como tal, nem seu valor o que importa, mas a forma de obter tal lucro e sua
aplicação situacional. Como enfatiza Drucker(1996:70):
O desempenho econômico é a primeiraresponsabilidade de uma empresa. Uma empresa que nãoapresente um lucro no mínimo igual ao seu custo de capital ésocialmente irresponsável. Ela desperdiça recursos dasociedade. O desempenho econômico é a base; sem ele nãopode cumprir nenhuma outra responsabilidade, nem ser boaempregadora, uma boa cidadã, nem boa vizinha.
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Hoje, a conceituação mais difundida nos principais veículos da grande mídia
brasileira, principalmente os direcionados ao público empresarial, relaciona a
responsabilidade social com a filantropia estratégica, visão esta que permite angariar
inúmeros adeptos. Neste sentido, a responsabilidade social da empresa é entendida como a
adoção de uma causa social estratégica que receberá investimentos privados,
principalmente de capital. Segundo essa ótica, para que uma empresa seja considerada
socialmente responsável, deverá estar engajada, direta ou indiretamente, em programas e
atividades sociais, tanto para o público interno quanto para o externo, em áreas como
educação, saúde, arte e cultura, meio ambiente, entre outros.
Todavia, esta forma de entender a responsabilidade social, como envolvimento da
empresa em questões sociais, já começou a levantar questionamentos, principalmente
porque nada garante que uma empresa ao possuir ou auxiliar um programa de cunho social,
possa ser considerada cumpridora de seu papel social. Os investimentos realizados podem
ser menores do que os impactos negativos de sua atividade causados à sociedade, o que
ocorre na maioria dos casos tais investimentos de maneira instrumental, ou seja, apenas
para reforçar sua imagem corporativa e conseqüentemente, aumentar sua legitimidade
perante a comunidade.
A responsabilidade social entendida segundo a ótica da participação privada em
projetos filantrópicos, não consegue atender a todas as dimensões necessárias,que farão
com que a empresa possua um compromisso ético nas tomadas de decisões, de forma a
minimizar os impactos negativos na qualidade de vida. Além disso, a empresa privada
penetra em um espaço há muito tempo eficientemente ocupado pelas entidades filantrópicas
e organizações de fins sociais, gerando dubiedade de funções na sociedade, causando
inclusive, confusão entre os colaboradores, com atividades tão distintas das
tradicionalmente realizadas.
Para o Instituto Ethos, a filantropia trata basicamente de ação social externa da
empresa, tendo como beneficiário principal a comunidade em sua diversas formas(
conselhos comunitários, Ongs,...) e organização. Já a Responsabilidade Social foca a cadeia
de negócios da empresa e engloba preocupações com um público maior( funcionários,
prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo, meio-
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ambiente), cujas demanda e necessidades a empresa deve buscar entender e incorporar em
seus negócios. Assim, a Responsabilidade Social trata diretamente dos negócios da empresa
e como ela os conduz.
Neste sentido, a responsabilidade social tende a migrar da interação em projetos
filantrópicos para o modo de conduzir suas atividades internas, isto é, a tomada de decisão
condicionada pela preocupação com o bem estar da coletividade.A responsabilidade social
da empresa passa a ser desenvolvida a partir da gestão da empresa, ou seja, do
planejamento e da implementação de ações próprias ao negócio da
empresa.
1.2 –Responsabilidade Social nas Organizações
O projeto de responsabilidade social não se restringe a atuação de um determinado
setor da sociedade. Portanto é importante uma breve análise sobre a orientação processada
pelas organizações do Primeiro Setor (públicas), Segundo Setor ( privadas) e do Terceiro
Setor (da sociedade civil de interesse público).
Primeiro Setor – Organizações Públicas
A atuação das organizações públicas nessa esfera é regulamentada pela política de
ação social do governo federal. Por sua vez, orientada pelos artigos 203 e 204 da
Constituição Federal no que tange à Assistência Social.
“(...) a responsabilidade social empresarial não seresume a uma coleção de práticas pontuais, de atitudesocasionais ou de iniciativas motivadas pelo marketing,pelas relações públicas ou por quaisquer outrasvantagens comerciais”. (Srour - 2000:263)
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As ações do governo nessa área, são realizadas com os recursos da Seguridade
Social “financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei,
mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios através das contribuições sociais que incidem sobre a folha de salários, o
faturamento e o lucro dos empregadores, dos trabalhadores e da receita apurada em
concursos de prognósticos”.(CF-1988)
A política de ação social do governo obedece basicamente a três princípios:
integração, descentralização e interação.
O conceito de “ação integrada” atende a duas vertentes principais.
Uma é a criação de um eixo norteador ou elo de ligação entre os vários órgãos do
governo e que perpassa ao longo de sua estrutura articulando as ações dos ministérios, das
autarquias e de outras instituições.
Esse elo atualmente se consubstancia no Programa Comunidade Solidária que visa
o atendimento das diversas regiões brasileiras, objetivando a melhoria da qualidade de vida
das populações.
A outra vertente diz respeito à idéia de simultaneidade, ou seja, através do
Programa e seus alvos prioritários, visa gerar ações concomitantes dos vários órgãos e
setores governamentais.
O segundo princípio, o da “descentralização”, parte da consideração que a
dimensão territorial e a heterogeneidade observada entre as regiões brasileiras, dificultam a
ação flexível e eficiente do governo. Propõe, então, a redução dos elos burocráticos
contando com a participação das organizações não governamentais.
De acordo com esse princípio as instituições governamentais apóiam-se nas
organizações da sociedade civil que, por sua vez, irradiam suas ações e práticas
consolidando o alcance da política social do governo.
O terceiro princípio, talvez o mais fundamental, se apóia na “interação” entre
sociedade e Estado. Baseia-se na premissa de que a política social se torna mais eficiente se
há envolvimento da comunidade por meio do papel desempenhado por suas lideranças e
seus membros ao coordenar e executar as ações do Estado.
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Ressalta-se, novamente, o papel das organizações civis como interface privilegiada entre o
Estado e sociedade, ajudando na organização comunitária e na execução dos projetos
sociais.
A interação com a sociedade enraíza e multiplica o resultado de ações primárias,
criando um sistema ampliado de atuações que envolvem inúmeras parcerias, entre 1º, 2º e
3º Setores.
A Secretaria da Assistência Social do Ministério da Previdência é o órgão
responsável pela organização da política pública de ação social do governo.
Compete à Secretaria propor ao Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS
os fundamentos da Política Nacional voltada à essa área.
Dessa Política emana a lei infra-constitucional – a Lei Orgânica da Assistência
Social que estabelece as normas, os critérios de prioridade e de elegibilidade, além de
padrões de qualidade na prestação de benefícios, serviços, programas e projetos em parceria
com os setores público e civil da sociedade.
Segundo Setor – Organizações Privadas
A percepção, por parte de boa parcela do empresariado, sobre a necessidade de
um desenvolvimento sustentado vem gerando uma postura que se contrapõe à cultura
centrada na maximização do lucro dos acionistas.
O chamado capitalismo social ambienta novas formas de relação entre empresas,
funcionários, comunidades e clientes. Esses segmentos passam a compartilhar objetivos e
resultados em prol da otimização e manutenção dos recursos necessários à perenidade dos
negócios.
No âmbito da administração das empresas privadas, várias teorias e correntes de
estudos em Administração sucederam-se na medida em que evoluía o ambiente social com
suas variáveis.
Verificou-se que muita coisa existente dentro das organizações era decorrente do
que existia fora delas, nos seus ambientes. As organizações escolhem seus ambientes,
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passam a ser condicionados por eles, necessitando adaptar-se aos mesmos para poderem
sobreviver e crescer. Neste sentido, conhecimento do ambiente é vital para a compreensão
dos mecanismos organizacionais.
As transformações econômicas, políticas e culturais da atualidade tornam-se então
determinantes das novas posturas empresarias.
O conceito de desenvolvimento sustentado faz com que as organizações se voltem
para os objetivos no longo prazo e passem, então, a perceber que qualidade, preço
competitivo e bons serviços não representam mais os únicos diferenciais no mercado.
Consumidores melhor informados e exigentes quanto a produtos e serviços se
convertem em cidadãos mais conscientes das necessidades de suas comunidades, e
conseqüentemente passam a reivindicar o cumprimento das responsabilidades das empresas
para o seu desenvolvimento.
As organizações que trabalham para esse desenvolvimento compartilhado são
classificadas como empresas cidadãs.
Apoiar a comunidade através do financiamento de projetos sociais sempre fez
parte da cultura e estratégia da empresa, que desde sua fundação desenvolveu essa prática.
Em nossa sociedade, os reflexos da cultura de responsabilidade social, verificada
em países mais desenvolvidos, tem propiciado inúmeras práticas que aliam as iniciativas
privadas com as das organizações da sociedade civil sem fins lucrativos.
Embora essas práticas possam ser classificadas em categorias que correspondem a um
estágio de evolução da cultura de envolvimento social das empresas. Nesse caso podem ser
observados os modelos:
♦ política de doações, sistematizadas ou não (mantém distanciamento do objeto e do
processo filantrópico em questão);
♦ financiamento de projetos de autoria extra-empresa (mantém nível médio de
distanciamento do processo filantrópico);
♦ investimento em projetos e programas próprios da empresa (alto nível de
envolvimento com o objeto e processo filantrópico).
Para além da mera colaboração com instituições filantrópicas realizada de forma
aleatória, não sistematizada e fora do âmbito de suas próprias vocações e missões, muitas
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empresas brasileiras tem incorporado atitudes cidadãs através da prática da filantropia
estratégica.
Tal prática consiste na administração inteligente da participação da empresa,
através de investimentos filantrópicos, nas causas sociais.
Compreende a análise, escolha e determinação de uma causa que tenha,
preferencialmente, relação com o negócio da empresa.
Assim, ao invés de praticar uma política de doações, a empresa investirá no(s)
projeto(s) social(ais) específico(s) que agregará valor a sua marca, despertando a associação
positiva por parte de consumidores, fornecedores, clientes e potenciais, entre seu nome e a
ação socialmente responsável.
Além disso, a filantropia estratégica passa a conquistar credibilidade e seriedade
através da forma estruturada com que é administrada. A empresa passa a ter elementos para
a avaliação crítica e a mensuração dos resultados dos projetos. Com isso, entidades
beneficiadas são obrigadas a demonstrar o alcance de seus objetivos e metas. Cria-se então
um ciclo de profissionalização no âmbito das várias organizações que se voltam para os
problemas sociais.
Além dessas questões, a filantropia estratégica engloba o processo de
voluntarismo empresarial, ou seja, o estímulo à participação dos funcionários da
organização no desenvolvimento de projetos voltados à comunidade.
As empresas percebem que o envolvimento dos colaboradores internos traz
ganhos multiplicados.
Ganha a empresa e seus negócios pela representatividade que alcança ao ter seus
funcionários diretamente ligados aos objetivos sociais; ganham os próprios empregados que
desenvolvem um novo sentido de produção e relação humana através do trabalho e ganha a
comunidade ao contar com a aptidão, a energia, a criatividade e o compromisso com a
resolução de problemas por parte de um novo contingente de cidadãos.
A própria dimensão e ocorrência dos problemas que afetam o ambiente social
passam a ser melhor avaliadas, bem como, as atitudes para a sua eficaz administração.
Tais elementos contribuem para o ciclo virtuoso da cidadania empresarial.
A sociedade civil solicita às empresas públicas e privadas a prestação de contas
referentes aos seus investimentos sociais.
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As empresas são estimuladas e orientadas para a apresentação do Balanço Social –
documento que apresenta os dados relativos a sua atuação responsável para com o ambiente
interno e externo, demonstrando seu perfil social. Além disso, ampliam-se as tendências de
reconhecimento, por parte de organismos e entidades profissionais na instituição de
prêmios e selos voltados ao mérito social.
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Iniciativas e experiências particulares contribuem para a criação de entidades
voltadas para a disseminação de valores e congregação de práticas educativas relacionadas
à responsabilidade social das organizações.
É o caso, por exemplo, do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social
que reúne empresas brasileiras que buscam o sucesso econômico sustentável no longo
prazo procurando adotar um comportamento socialmente responsável.
Em julho de 1998, o Ethos reunia 30 empresas. Atualmente conta com a participação de
mais de 150 empresas que se voltam para pesquisas, disseminação de informações
correlatas, apoio às empresas na elaboração de códigos de ética e de conduta, à troca
permanente de casos e realização de eventos mensais e anuais que destacam as iniciativas e
modelos de práticas de sucesso.(Instituto Ethos, 2004)
Entidades de destaque como IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas, GIFE – Grupos de Institutos Fundações e Empresas, dentre outras,
acrescentam esforços na mesma direção.
Faz-se necessário um estudo mais apurado sobre o reflexo das novas tendências,
nas empresas de médio, pequeno e micro porte, a fim de verificarmos o panorama geral da
responsabilidade social nas organizações privadas.
Terceiro Setor – Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.
O Terceiro Setor constitui-se de organizações criadas por iniciativa de cidadãos
com o objetivo de prestar serviços ao público sem fins lucrativos (saúde, educação, cultura,
habitação, direitos civis, desenvolvimento do ser humano, proteção ao meio ambiente),
ainda que eventuais excedentes sejam reaplicados na manutenção das próprias atividades
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ou remuneração de atividade profissional necessária. Suas receitas podem ser geradas em
atividades operacionais, mas resultam sobretudo de doações do setor privado ou do setor
governamental.i[2]
O Terceiro Setor cresce consideravelmente e rapidamente em várias partes do
mundo movimentando um volume de recursos da ordem de mais de trilhão de dólares,
(SROUR, 1998). O Centro de Estudos da Getúlio Vargas concluiu, através de várias
análises sobre o Terceiro Setor, que seu crescimento se deve a quatro fatores básicos: a
falência do Estado Social; a crise do desenvolvimento sustentado; os reflexos da derrocada
do socialismo na Europa; e a convergência de inúmeros problemas sociais que afetam,
principalmente, países em estágio menos avançado de desenvolvimento (analfabetismo,
desemprego, poluição ambiental, carência de cidadania etc.).
A abrangência desses problemas define o território onde as organizações da
sociedade civil emergem com força crescente.
Segundo Oded Grajew, do Instituto Ethos e da Fundação Abrinq, só os Estados
Unidos têm 32 mil fundações, com patrimônio de cerca de 132 bilhões de dólares, dos
quais 8,3 bilhões são atribuídos através de verbas, sem considerar a doação de trabalho
voluntário, estimada em quase 200 bilhões de dólares. As atividades sem fins lucrativos,
nesse país, chegam a 1,2 milhão de organizações.(Instituto Ethos)
No Brasil, embora a tendência de crescimento seja destacada, o Terceiro Setor
ainda se apresenta algo tímido.
Estima-se que haja no país 220 mil entidades sem fins lucrativos, movimentando algo em
torno dos 400 milhões de dólares e empregando 600 mil pessoas, além dos 1,2 milhão de
voluntários.(Instituto Ethos)
O envolvimento de empresários e profissionais de diversas áreas de atuação com
as entidades do Terceiro Setor vem contribuindo para a análise dos problemas que o
segmento vivência. Esse envolvimento acaba por influenciar e determinar novos
instrumentos e mecanismos que vão propiciando maior regulamentação e
profissionalização no setor.
Exemplos de conduta profissional e ética observados nas diversas instituições
eficientes são adotados como modelo de administração e compromisso social.
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Para as organizações de boa vontade, mas que ainda desenvolvem uma
administração em moldes menos profissionais, estão sendo criados cursos e seminários nas
áreas de captação de recursos, marketing, qualidade nos serviços, administração financeira
e outros assuntos gerenciais. O Projeto Gestão do Instituto de Cidadania
Empresarial é um exemplo de ação voltada para as entidades que buscam elevar seu nível
de profissionalização.
Observa-se, portanto, que no Brasil há um princípio de mudança cultural em
relação às organizações da sociedade civil de interesse público.
A eficácia dessas organizações passa pela capacidade de administração do seu
“negócio” com vistas a atrair o interesse de empresas públicas, privadas e cidadãos
voluntários que possam colaborar para o alcance de metas sociais.
A visão mercadológica das entidades sem fins lucrativos, sem ofuscar o foco no
serviço essencial que devem desenvolver, contribui para a percepção de que as
organizações do Primeiro e Segundo Setores, e os cidadãos comuns, se constituem num
público prioritário.
1.3 - Indicadores de Responsabilidade Social
A noção de responsabilidade social empresarial decorre da compreensão de que a
ação das empresas deve, necessariamente buscar trazer benefícios para a sociedade,
propiciar a realização profissional dos empregados, promover benefícios internos e para o
meio ambiente e trazer retorno para os investidores. A adoção de uma postura clara e
transparente, no que se refere aos objetivos e compromissos éticos da empresa, fortalece a
legitimidade social de suas atividades, refletindo-se positivamente no conjunto de suas
relações.
A criação dos Indicadores Ethos faz parte do esforço do Instituto Ethos na
disseminação da responsabilidade social no Brasil. Os indicadores, ao mesmo tempo que
servem de instrumento de avaliação para as empresas, reforça a consciência dos
empresários e da sociedade brasileira sobre o tema.
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Valores e Transparência
Ü Explicitar os valores e princípios éticos
É importante que as empresas explicitem os valores e princípios éticos que
orientam sua ações e formam a base de sua cultura organizacional. Os contratos devem
expressar a busca de uma relação equilibrada e transparente , que traga benefícios para
ambas as partes. Também podem estabelecer cláusulas de responsabilidade social
empresarial nas quais esteja explícito o compromisso com a geração de impactos sociais e
ambientais positivos e com o cumprimento das leis.
Ü Comprometer a direção
A implantação de política de fortalecimento de fornecedores e clientes deve ser
um compromisso assumido por sua direção. Mais do que isso, é necessário que essa postura
seja entendida e disseminada por todo quadro de funcionários, destacando-se sua
preocupação com aspectos sociais como geração de empregos e a distribuição de renda.
Ü Garantir diálogo e confiança
Manter o diálogo é imprescindível para diminuir as tensões. Desse modo, é
possível transformar expectativas geradas pela falta de informação e interlocução em metas
a serem alcançadas, eliminando assim as inseguranças. Compartilhar e negociar objetivos
torna a relação mais sólida, baseada na confiança e fortalece o negócio.
Ü Apresentar o planejamento estratégico
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Prestar contas de sua atividades, estratégias de gestão, metas atingidas,
dificuldades e problemas enfrentados impacta beneficamente o relacionamento com todos
os públicos e fortalece a governança interna. Na relação com fornecedores e clientes, é
possível criar mecanismos de participação desses parceiros no planejamento a partir de
programas específicos, dividindo-se com eles os riscos e benefícios de práticas desenhadas
conjuntamente.
Ü Incentivar práticas socialmente responsáveis
Desenvolver programas visando a elaboração de balanços sociais, inclusive com
empresas parceiras, a definição de regras éticas transparentes de relacionamento com os
concorrentes e a incorporação de outros grupos interessados no relacionamento.
Ü Atuar em projetos comunitários
Atuação em projetos de responsabilidade social empresarial voltados para a
comunidade, o meio ambiente e organizações sociais.Inclusive, participar de programas
sociais, vinculados ou não à atividade principal da empresa.
Público Interno
Ü Envolver os funcionários na política de relacionamento
É imprescindível que todos os funcionários que realizam as relações comerciais
com fornecedores e clientes participem da formulação de políticas voltadas para melhorar
esse relacionamento. Muitas vezes, é preciso mudar culturas arraigadas em áreas da
empresa que tradicionalmente atuam visando apenas objetivos próprios. Por isso, a
preparação e orientação das chefias envolvidas é fundamental.
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Ü Oferecer apoio e consultoria
É papel das empresas socialmente responsáveis voltar-se para seus parceiros,
principalmente aos de pequeno porte, investindo em seu desenvolvimento sustentável.
Empresas bem assessoradas produzem mais e melhor, e contribuem para o estabelecimento
de uma relação ganha-ganha entre os envolvidos. Assim, a grande empresa pode oferecer,
por exemplo, aos pequenos parceiros serviços de apoio e orientação para o cumprimento
dos critérios de contratação exigidos por ela, em áreas como a contábil e a fiscal, ou em
segurança no trabalho e instalações sanitárias, utilizando para isso a experiência de seus
próprios funcionários.
Ü Divulgar a política de relacionamento
A corporação que estabelece uma política de relacionamento deve divulgá-la por
canais de comunicação acessíveis eficientes. Pode, por exemplo, noticiar nos veículos de
comunicação interna as atividades realizadas por seus pequenos parceiros ou convidar os
funcionários dessas empresas para os eventos que realiza.
Meio Ambiente
Ü Promover o descarte seguro
Todos os esforços das empresas socialmente responsáveis devem ser despendidos
para minimizar os impactos negativos que suas atividades causam ao meio ambiente. Esses
esforços devem estender-se também a todos os que atuam na cadeia produtiva em que a
empresa está inserida.
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Ü Estimular a reciclagem
Programas de reciclagem de materiais e aproveitamento de sobras de produção
podem ser implementados nas empresas. Clientes podem ser envolvidos por seus grandes
fornecedores em ações pedagógicas e na criação de postos de recolhimento de materiais.
Ü Racionalizar o uso de insumos
Promover o uso racional de insumos, como energia elétrica, água potável e
matérias-primas, também faz parte da responsabilidade social e ambiental.Atuações, por
exemplo, entre grandes e pequenas empresas podem resultar em campanhas de grande
eficácia, tanto internamente quanto na comunidade local.
Ü Diversificar ações ambientais
Em muitas situações, medidas tomadas para promover a melhoria das condições
ambientais extrapolam os muros da empresa. Assim, podem desdobrar-se em parcerias para
a criação de pequenos empreendimentos pela comunidade na qual a empresa está inserida.
Atividades como coleta seletiva de lixo, reciclagem e reuso de materiais abrem
oportunidades de negócio, disseminam a educação ambiental e estimulam a organização da
sociedade para evitar o desperdício e a degradação ambiental. Alem de promover a inclusão
social, essas ações contribuem para a preservação do meio ambiente.
Fornecedores
Ü Manter um relacionamento diferenciado
É preciso atentar para as condições específicas, por exemplo, dos pequenos
fornecedores. Exigências contratuais corriqueiras para grandes empresas podem representar
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um custo excessivo para as pequenas, e eventualmente até inviabilizar a concretização de
parcerias. Reduzir ao prazos dos pagamentos e garantir sua pontualidade, assim como
adequar prazos de entrega à capacidade dos fornecedores, são medidas vitais para a saúde
financeira dos pequenos empreendimentos, tradicionalmente com baixo ou nenhum capital
de giro.
Ü Definir critérios de avaliação de fornecedores de pequeno porte
Os critérios para seleção e avaliação de pequenas e microempresas de vem ser
específicos, adequados às sua condições e conhecidos por todas as parte envolvidas.
Critérios de responsabilidade social, como a proibição do trabalho infantil na cadeia
produtiva e a adoção de padrões ambientais, além do cumprimento da legislação trabalhista,
previdenciária e fiscal, são exigências mínimas que devem ser cumpridas por todas as
empresas socialmente responsáveis, independentemente de seu porte.
Ü Orientar e dar apoio aos processos de adequação dos parceiros
As empresas devem ir além de exigir o cumprimento de requisitos de
responsabilidade social. Elas podem ir além, estimulando e orientando os potenciais
fornecedores se adequar às exigências. Dar-lhes informações, esclarecer suas dúvidas e,
principalmente, encaminhá-los a instituições que ofereçam programas de apoio e de
desenvolvimento, como o Sebrae, pode ser decisivos para que empreendimentos consigam
credenciar-se como socialmente responsáveis.
Ü Oferecer prazos para adaptação a novas exigências
É importante dar prazo para que empreendimentos que já são parceiros possam
adaptar-se às novas condições. Além disso, é necessário dar suporte às MPE, assegurando
seu desenvolvimento.
Ü Estabelecer condições semelhantes para terceirizados
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As empresas devem assegurar-se que seus fornecedores de mão-de-obra, oferecem
a esses funcionários condições de saúde, segurança e benefícios, como alimentação e
transporte, equivalentes às que têm os funcionários regulares com os quais convivem no
ambiente de trabalho. A empresa pode, por exemplo, negociar contratos de assistência
médica que incluam planos para os funcionários terceirizados.
Ü Promover o desenvolvimento dos pequenos fornecedores
Uma empresa socialmente responsável deve investir em seus pequenos
fornecedores, oferecendo atividades conjuntas de treinamento e levando em conta, nas
negociações que realiza com eles, os requisitos para seu crescimento futuro. Também pode
incentivar e facilitar p envolvimento desses fornecedores em projetos sociais e ambientais.
Ü Estimular a inclusão e a diversidade
O desenvolvimento dos programas internos de diversidade pelas empresas, pode
servir de exemplo e influenciar a cultura de pequenos parceiros. Elas podem também
estabelecer parceiras com ONGs e empresas especializadas na inclusão de micro e
pequenos fornecedores tradicionalmente excluídos do mercado formal de trabalho.
Consumidores e Clientes
Ü Comportar-se de forma ética nas negociações com clientes
Dependendo de seu ramo de atuação algumas empresas têm em outras,
principalmente nas de pequeno porte, uma parcela importante de seus principais
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compradores. É o caso dos fabricantes de produtos alimentícios, cigarros e bebidas, que
distribuem em bares, mercearias e padarias. Em muitas situações, entretanto, esses
pequenos clientes sofrem a pressão de poder econômico dos fabricantes ou distribuidores, a
exemplo da “venda casada”, da cota mínima para aquisição de produtos e de condições
rígidas de pagamento. Um relacionamento empresarial socialmente responsável deve
incorporar condições de fornecimento justas que promovam a sustentabilidade dos clientes.
Ü Manter canais de comunicação abertos
Clientes e fornecedores devem ter canais de acesso facilitado por canais eficientes
de comunicação. A comunicação entre empresas deve ter como objetivo criar uma cultura
de responsabilidade e transparência no relacionamento.
Comunidade
Ü Minimizar os impactos negativos da instalação da empresa
Ao instalar-se em determinada região, as empresas afetam o meio ambiente e toda
a rede de negócios ali estabelecida. É importante que essas organizações realizem estudos
prévios e tomem medidas que permitam minimizar os impactos negativos causados.
Implementar política de apoio e suporte pode fazer a diferença e permitir a adequação e
sustentabilidade dos que já estavam instalados no local.
Ü Apoiar pequenos negócios do entorno
As pequenas e microempresas de determinado local muitas vezes dão suporte às
atividades de uma grande empresa ali instalada. É o caso, por exemplo, de restaurantes,
lanchonetes e padarias que servem refeições para os funcionários dessa empresa. Para esses
pequenos estabelecimentos, ela poderia contratar uma nutricionista para ajudar a elaborar
26
cardápios balanceados e fornecer orientações de segurança alimentar. Pequenas compras de
suprimentos e materiais poderiam ser dirigidas a esses fornecedores.
Ü Realizar pesquisas para identificar demandas locais
As empresas socialmente responsáveis devem estar atentas às demandas da
comunidade em que estão inseridas. Elas podem patrocinar levantamentos no entorno para
identificar aquelas que possam ser atendidas por pequenos negócios já
existentes.Empreendimentos como lanchonetes, restaurantes, padarias, farmácias e
papelarias podem suprir necessidades tento da empresa quanto de toda comunidade.
Ü Incentivar novos negócios
Também para atender às demandas da comunidade, a empresa pode incentivar a
criação de pequenos estabelecimentos, utilizando a própria mão-de-obra disponível no local
e apoiando seu treinamento. Outra alternativa é participar da vida associativa da
comunidade realizando projetos sociais e de apoio a políticas, em parceria com pequenas
empresas locais.
Ü Estimular o trabalho voluntário
A atuação conjunta de empresas parceiras na comunidade pode potencializar
projetos comunitários de apoio a educação, primeiro emprego, cuidados com o meio
ambiente, treinamento e capacitação profissional, inclusão digital etc.
Governo e Sociedade
Ü Manter-se dentro da conformidade local
27
As empresas devem ter como princípio ético o cumprimento das obrigações
legais. Recolher impostos e tributos, registrar seus funcionários e não se envolver em
negociações fraudulentas são comportamentos exigidos de todas as empresas,
independentemente de seu tamanho ou atividade, devendo existir espaço para o debate de
situações que requeiram medidas corretivas.
Ü Rejeitar práticas de corrupção e propina
O combate a corrupção deve constar como princípio básico em qualquer
relacionamento empresarial. Manter a proibição de favorecimento a agentes do poder
público, divulgando essa prática interna e externamente nas empresas com as quais se
relacionam, é fundamental no posicionamento ético e transparente das empresas
socialmente responsáveis. O pagamento de comissões deve ser orientado por políticas
claras, que explicitem previamente os valores e as condições em que ele deve ocorrer.
Capítulo II – Pequenas Empresas
2.1- A importância das pequenas empresas
Os pequenos negócios caracterizam-se, de modo geral, pela flexibilidade e
capacidade de adaptar-se às necessidades dos grandes clientes. Fidelidade, criatividade e
agilidade nos processos de decisão e na elaboração de soluções são algumas das virtudes
que dão às pequenas empresas competitividade para obter sucesso nas atuais condições de
mercado.
Ao mesmo tempo, essas empresas costumam conviver com reduzida
disponibilidade de capital, problemas de liquidez, dificuldades de crédito, baixa
28
produtividade, acesso restrito a mercados e produção em pequena escala. Apesar disso, os 4
milhões de micro e pequenas empresas localizadas nas áreas urbanas constituem um
segmento econômico de grande dinamismo, respondendo por cerca de 20% do PIB
brasileiro e 12% de nossas exportações (Fonte: IBGE, Dieese e Sebrae). No campo, de
acordo com o Ministério da Agricultura, há 4,1 milhões de pequenos empreendimentos que
têm por base a agricultura familiar. Eles abrangem 21% da área cultivada e 80% da mão-
de-obra agrícola, respondendo por mais de 50% dos alimentos produzidos no país (Fonte:
Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – Ministério da
Agricultura, 2003). Além das empresas formalmente constituídas, existem no Brasil,
segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 9,5
milhões de empreendimentos informais, dos quais a maioria absoluta seria de micro e
pequenas empresas, com aproximadamente 13 milhões de empregados sem registro.
Pequenas empresas têm sido um instrumento de mobilidade social, embora nem
sempre de ascensão. Nos últimos anos muitas delas foram abertas por trabalhadores que
perderam seus empregos formais e resolveram tentar a sorte como empresários. Em muitos
casos eles ganham menos com seus negócios do que recebiam como empregados e pagam
baixos aos funcionários.
Segundo o IBGE, quase metade das pequenas empresas e microempresas de
comércio e serviços são familiares. Isso ajuda a entender porque a 40% de seus postos são
ocupados por não-assalariados.
No leque heterogêneo das pequenas empresas, convivem negócios muito
diferentes entre si no que diz respeito à organização, ao acesso a crédito e a mercados, ao
uso de tecnologia e à capacidade de sobrevivência. Há desde negócios caseiros até
empresas de alta tecnologia. De modo geral, as pequenas empresas são mais acessíveis às
crises econômicas. Fatores como retração nas vendas, elevação de juros e acirramento da
concorrência podem chegar até a inviabilizar a continuidade do negócio.
É comum os pequenos empresários identificarem os custos trabalhistas como um
entrave para seu bom desempenho. Entretanto, as condições de concorrência e as restrições
ao crédito costumam ser obstáculos mais relevantes
A Constituição Federal, em seu capítulo sobre a ordem econômica e financeira,
prevê “tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis
29
brasileiras e que tenham sua sede e administração no País” (artigo 170, item IX). Após a
definição dos princípios gerais da atividade econômica, que incluem a redução das
desigualdades regionais e sociais e a busca do pleno emprego, o artigo 179 do texto
constitucional determina: “A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
dispensarão às micro-empresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei,
tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas
obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou
redução destas por meio de lei”.
Em razão desse preceito, o setor foi beneficiado por diferentes leis, durante a
década de 1990. Entretanto, elas não tiveram continuidade e foram tímidas em criar
condições mais favoráveis para as atividades dos pequenos negócios. Assim, sucederam-se
o primeiro Estatuto da Microempresa, o Simples (Sistema Integrado de Pagamento de
Impostos e Contribuições) e o novo Estatuto da Microempresa, o Simples (Sistema
Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições) e o novo estatuto da Microempresa e
da Empresa de Pequeno Porte. Medidas de tratamento diferenciado para as MPE e
iniciativas de simplificação nos âmbitos trabalhistas e administrativos - burocráticos
também podem ser importantes para a formalização das empresas e de sua força de
trabalho.
Estatuto das Médias e Pequenas Empresas
De acordo com o Estatuto da Micro e da Empresa de Pequeno Porte (Lei nº.9.841,
de 1999), é assegurado às micro e pequenas empresas “tratamento jurídico diferenciado e
simplificado nos campos administrativo, tributário, previdenciário, trabalhista, creditício e
de desenvolvimento empresarial”. O tratamento jurídico favorecido visa criar condições
para a constituição e o funcionamento da pequena empresa, de modo a assegurar o
fortalecimento de sua participação no processo de desenvolvimento econômico e social.
Ao estabelecer o Conceito de MPE, o estatuto fixa limites de faturamento, os
quais foram alterados pelo Decreto nº. 5.028, de 31 de março de 2004. Assim, considera-se:
30
♦ Microempresa – a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que tiver receita
bruta anual igual ou inferior a 433.755,14 reais;
♦ Empresa de pequeno porte – a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que,
não enquadrada como microempresa, tiver receita bruta anual superior a 433.755.14 reais.
Já o Sebrae adota uma classificação baseada no porte da empresa e no setor de
atividade econômica a que ela pertence, conforme discriminado no quadro em anexo. São
considerados apenas os estabelecimentos formais, ou seja, aqueles que possuem registros
nos órgãos oficiais credenciados pelo Ministério do Trabalho.
2.2 – Responsabilidade Social no Contexto das Pequenas Empresas
O engajamento das empresas em um processo estratégico de responsabilidade
social centrado na competência e nas atividades internas é recente. Para as pequenas
empresas, muitas vezes, a reduzida disponibilidade de capital, baixa produtividade entre
outros fatores dificulta e atrasa mais ainda este processo.
Apesar de algumas iniciativas apresentarem instrumentos para a gestão da
responsabilidade social, ainda existe uma grande lacuna sobre o processo de engajamento
das empresas. Mais especificamente, sobre quais os passos ou etapas a serem seguidos por
aquelas que desejam institucionalizar tal modelo de gestão. Ainda que alguns instrumentos
existentes ousem apresentar, tecnicamente, uma metodologia de envolvimento das
empresas, a grande maioria foi desenvolvida apenas com o intuito de ampliar, aprimorar ou
até mesmo avaliar as ações já existentes na empresa, não apresentado como desenvolver a
iniciação de organizações interessadas. Além disto, as poucas metodologias de
envolvimento existentes foram, invariavelmente, desenvolvidas para o engajamento das
grandes empresas.
31
Neste sentido, baseada nas publicações do Instituto Ethos e nos trabalhos de
Duarte e Dias e de Sour, propõe-se, em oito passos, uma metodologia para o envolvimento
das pequenas empresas com a responsabilidade social.
A primeira etapa proposta para o engajamento das pequenas empresas em uma
gestão de responsabilidade social está centrada na figura do empreendedor, que geralmente
é o principal gestor, e consiste em uma reflexão pessoal sobre a missão, as orientações e os
valores praticados pela empresa. Esta reflexão tem como principal objetivo repensar como
tudo tem sido feito e decidido de forma a conceber e decretar uma “revolução” moral
dentro da empresa.
Esta reflexão pessoal se faz importante, pois, num primeiro momento,
fundamentalmente na pequena empresa, o processo de preocupação com a questão social
deverá ser uma ambição formada na cabeça do principal líder empresarial. As principais
questões a serem pensadas são:
1. Qual a missão, os valores e a visão que norteiam a atuação da empresa1 ?
2. A empresa promove alguma atividade que seja danosa às pessoas e ao meio
ambiente ?
3. Quais são as ações de responsabilidade social que a empresa realiza ?
4. A empresa é considerada séria e integra ?
Após realizado este processo de reflexão inicial sobre o estado atual da empresa e os
valores principais que conduzem os negócios, o empreendedor deverá construir um novo
referencial organizacional, caracterizando-se como uma segunda etapa. Deverá elaborar
uma nova missão e assimilar uma nova visão para o empreendimento – um novo perfil
ideológico. Algumas principais questões a serem discutidas nesta etapa são:
1. Qual a missão, os valores e a visão que deveriam norteiam a atuação da empresa?
2. Que objetivos ou prioridades institucionais a empresa pretende alcançar ao
implementar uma gestão voltada para a responsabilidade social ?
O terceiro passo também depende unicamente do empreendedor e consiste em
identificar e articular os principais valores éticos a serem instituídos na organização.
Atividade indispensável, pois o conjunto de valores éticos torna-se uma importante
1 Segundo Goldberg (2001) missão é definida como um enunciado que traz a razão de ser da organização, espelhando aquilo que ela faz ou tenta realmente realizar. Visão é definida como o objetivo claro e abrangente que fornece uma idéia nítida do que a organização vislumbra ser ou alcançar no futuro. Valores são definidos como um conjunto de crenças sob os quais uma organização opera.
32
ferramenta para que o empreendedor e seus funcionários tomem decisões condizentes com
as metas e convicções traçadas. Destaca-se que quando bem alinhavada, uma declaração de
valores éticos especifica a forma pela qual a empresa administra o negócio, e pode ser
utilizada como um valioso indicador de atuação empresarial. Principalmente para
solucionar situações de conflitos entre fornecedores, clientes, funcionários ou outros
parceiros, e também para tomar decisões difíceis que envolvem dilemas éticos. Neste
momento, princípios como honestidade, integridade, justiça, lealdade, solidariedade,
respeito ao próximo, compaixão, compromisso, devem ser considerados para fins de
implementação do processo.
Apesar destas prescrições, a conversão da empresa, mesmo que pequena, em uma
organização socialmente responsável, não é tarefa de um só gestor. Portanto, a quarta etapa
é conquistar os funcionários e compartilhar com eles esta nova visão do negócio,
permitindo que eles se apropriem da iniciativa para que comecem a adotar um
posicionamento condizente com tal proposta. Desta forma, a participação dos funcionários
é vital para a continuidade do processo e do sucesso do modelo de gestão proposto pelo
empreendedor. Este engajamento pode ser obtido a partir de estratégias, como a inserção de
material e artigos sobre o tema no mural da empresa, o fomento de discussões informais
nos horários de intervalo, ou mesmo através da introdução de temas em reuniões rotineiras.
Uma vez disseminados tais valores, o quinto passo é a escolha cuidadosa das
políticas de ação, caracterizando-se como um profundo trabalho de planejamento. A
exemplo de qualquer iniciativa que parte do zero, o programa só evoluirá se houver o
envolvimento e o esforço dos diversos setores da empresa. Desta forma, a proposta é que o
empreendedor e os funcionários atuem em conjunto para definir tipos de ações a serem
implementadas para os diversos stakeholders da empresa. É importante, desde o início, ter
em mente as estratégias e até mesmo os recursos que a empresa deverá dispor para permitir
a estruturação e a sustentação de tais ações, o que possibilitará o desenvolvimento de
atividades, metas e objetivos realistas.
Para ilustrar, é apresentado um quadro em anexo com a proposta de algumas
políticas de ação que podem ser desenvolvidas pelas pequenas empresas. Embora o quadro
permita compreender algumas práticas de responsabilidade social, é importante ressaltar
que não é possível, nem exigido, que se executem todas as políticas elencadas. Na verdade,
33
neste primeiro momento de engajamento, seria mais adequado que a empresa concentrasse
seus esforços em apenas alguns stakeholders, comprometendo-se com poucas políticas para
cada um deles.
A sexta etapa consiste em implementar as ações delineadas, pois o empreendedor
já refletiu sobre a idéia, criou um novo referencial de valores para a organização, convocou
seus funcionários a participar e desenhou um projeto para orientar suas políticas de ação. E,
neste momento, é importante que o empreendedor conduza as ações de forma séria e com
segurança, caso contrário não terá proporcionado condições para que o programa se
desenvolva.
Um outro passo, a sétima etapa, é o reforço das práticas implementadas. Isto
deverá ser feito tendo como base a própria postura do empreendedor frente às atividades e
decisões rotineiras da empresa, bem como o reconhecimento e a valorização pessoal da
atuação dos empregados. O sucesso da política de valorização e reconhecimento consiste
em descobrir qual a maneira adequada de homenagear os funcionários, sobretudo aqueles
que se destacaram para que as ações fossem realizadas com sucesso. Salienta-se, neste
contexto de envolvimento com o social, ser essencial que a valorização das ações da
empresa para com o público interno esteja acontecendo rotineiramente bem antes que a
organização dispare ações de comunicação voltada para o público externo, caso contrário,
poderá perder a credibilidade tanto dos funcionários como dos demais stakehoders.
A oitava etapa refere-se ao estabelecimento de mecanismos de controle para
avaliar regularmente a empresa. Esta avaliação poderá ser tão informal quanto a pergunta:
“Como estamos nos saindo?” Talvez seja necessário contemplar objetivos, como a
avaliação da situação atual da empresa em relação à missão e as metas e também o modo
como a empresa vem respondendo às novas iniciativas. É importante lembrar que existe um
tempo de aprendizagem organizacional, que difere de empresa para empresa, em que os
novos valores e ações vão sendo assimilados, sobretudo quando as atividades escolhidas
não são familiares.
Também é fundamental que a empresa troque conhecimentos e experiências de
sua atuação com outras empresas, mesmo que informalmente. Melhor ainda seria participar
de fóruns de discussão sobre o tema. Este envolvimento permite ampliar o nível de
conhecimento sobre as outras empresas bem como identificar crenças, valores e
34
compromissos afins que possam evoluir para o estabelecimento de parcerias e alianças
estratégicas com outros stakeholders.
Com base nestas etapas, é possível perceber, conforme já ressaltado por Duarte e
Dias (1986), que o processo compreende três fases distintas: a política, a técnica e a de
institucionalização. A fase política é a primeira, uma vez que se caracteriza pelo despertar
do empreendedor para com a preocupação social. Nesta fase de engajamento, eventuais
contribuições são feitas à causa, contudo não está definido ainda um envolvimento oficial e
sistemático. Na metodologia proposta ela se manifesta nas duas primeiras etapas, visto que
estas são compostas apenas por uma reflexão do empreendedor, sem maiores pretensões
quanto ao assunto.
Já a fase técnica significa uma tomada de decisão oficial do empreendedor sobre
os rumos da empresa, manifestando de modo mais claro seu interesse. Esta fase pode ser
visualizada na terceira, quarta e quinta etapas, que vai de um posicionamento mais conciso
quanto aos valores a serem seguidos pela empresa chegando ao seu ápice na escolha das
políticas a serem adotadas. É importante destacar que esta fase está caracterizada pela busca
em incluir um novo elemento, no caso valores de responsabilidade social, nos esquemas
técnicos habituais de funcionamento da empresa.
Finalmente, a última fase descrita como de institucionalização, está representada
na metodologia proposta pelas etapas de seis a oito. É a partir delas que se encontra um
envolvimento mais profundo da empresa com o assunto, estando amplamente difundida em
suas atividades rotineiras.
É importante ressaltar que a metodologia proposta, principalmente pelo processo
de reflexão exigido do empreendedor, não se caracteriza como definitiva, pois gera
questionamentos e cobranças. Porém, pode resultar em respostas, esclarecimentos,
encaminhamentos e acima de tudo, compromisso e oportunidade de crescimento para a
empresa.
35
Capítulo III – Caso de Sucesso
Projeto Sonoleve de Responsabilidade Social
Como exemplo de engajamento no projeto de responsabilidade social, iremos
apresentar uma pequena empresa que vem trabalhando de maneira consciente,
demonstrando que é possível uma relação saudável entre empresa e sociedade.
A Colchões Sonoleve, é uma empresa que fabrica artigos relacionados com o
momento do “sono”, como colchões de mola e de espuma, travesseiros, entre outros.
Fundada há 65 anos, é a única fábrica de colchões do país a obter a certificação ISO
9001:2000. Está localizada na Presidente Dutra, nº 11.505, Nova Iguaçu, RJ.
Há 12 anos realiza trabalhos sociais; iniciativas estas que apresentam a centenas
de crianças o conceito de cidadania, que qualificam jovens de 15 a 17 anos e resolvem
problemas da comunidade.
Em meado dos anos 80, a sonoleve apresentava um alto índice de faltas com cerca
de 25%. Para reduzi-lo, adotou a estratégia de aproximação da comunidade, dando
preferência as pessoas que residissem próximas a ela. Nesse período, surgiu o primeiro
sinal de alerta: a mão-de-obra era de baixa qualificação e apresentava sérios registros de
desvio social como por exemplo delitos criminais, fato que impedia o retorno desse grupo
ao mercado de trabalho. Assim, iniciou-se p primeiro projeto denominado BOM MOÇO,
objetivando detectar, selecionar e motivar o ser humano excluído da sociedade, ajudando-o
a resgatar sua cidadania e direito de trabalho. Em seguida, A Sonoleve estendeu esse
projeto às crianças e adolescentes da comunidade, interrompendo a prática de pequenos
delitos e introduzindo uma conscientização da vida em sociedade, despertando o interesse
pela cidadania. Daí nasceu um novo projeto chamado de PREFEITURA MIRIM da
comunidade de Jacutinga, copiando os modelos políticos de administração os quais incluem
Vice-prefeito, Secretário de Saúde. Educação, Esporte & Lazer, Obras e Meio-ambiente,
sendo todos ocupantes eleitos através do voto.
36
Mas a preocupação não parou por aí. No início de 2002, surgiu mais um projeto: a
MONECA – Moeda Social Sonoleve. O objetivo desse projeto é o de buscar voluntários na
comunidade para participar ativamente dos projetos sociais promovidos, sendo
recompensados através da Moneca. De posse dessa moeda social, o voluntário troca por
mantimentos de primeira necessidade, além de roupas e calçados no bazar da sede da
Sonoleve.
Atualmente, a empresa está investindo no projeto PATRULHEIRISMO. Esse
projeto tem como alvo meninos e meninas de 15 até 17 anos, estudantes e moradores da
comunidade, objetiva promover a continuidade dos estudos desses jovens com introdução
prática no trabalho, visando prepará-lo para futura entrada no mercado. Ao todo, são 600
jovens atendidos com esse projeto.
Para a Sonoleve engajar-se num projeto de responsabilidade social é apostar no
resgate social e no futuro das crianças.
37
Considerações Finais
O trabalho de pesquisa realizado teve como objetivo proporcionar reflexões sobre
o tema. A partir das diferentes conceituações de responsabilidade social esperamos ter sido
possível demonstrar formas de intervenção social bastante variadas, tanto no que diz
respeito a ações e programas empreendidos, quanto pelas motivações para tal situação.
Com a proposta para o envolvimento estratégico das pequenas empresas, é válido
ressaltar que não se teve a intenção de apresentar uma “receita de bolo”, como se fosse a
última trilha a ser percorrida pelo empreendedor. A idéia foi apenas trazer subsídios para
discussões, de modo a permitir uma progressão no tratamento das pequenas empresas em
questões ligadas a responsabilidade social.
E, para concluir estas últimas considerações, podemos pensar a respeito que
apesar do risco da hipocrisia de envolvimento das empresas, abordar e implementar
políticas de responsabilidade social significa interagir no âmbito cultural, de maneira que a
decisão de enfocar o bem estar coletivo só pode resultar de uma reflexão madura e
verdadeira do empreendedor, bem como de valores, crenças, plano de negócio e visão de
futuro que suportem a atuação.
38
Bibliografia
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cer a Responsabilidade Social nas relações entre grandes e pequenas empresas. São
Paulo: Instituto Ethos, 2004.
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2001.
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- DRUCKER, Peter. Sociedade Pós-capitalista. 5º ed. São Paulo: Pioneira, 1996.
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sa hoje. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1986.
- FERNANDES, Ângela. A Responsabilidade Social e a contribuição das relações pú-
blicas. XIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Manaus, 2000.
- GOLDBERG, Ruth. Como as empresas podem implementar programas de voluntária-
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- Instituto Ethos, Manual Primeiros Passos, São Paulo, junho, 1998.
- LOAS-Lei Orgânica da Assistência Social / Lei nº 8742 de 07-12-1993.
- MELO NETO, Francisco Paulo de. Responsabilidade Social e Cidadania Empresarial.
Rio de Janeiro, 2ª ed, Qualitymark, 2001.
39
- OLIVEIRA, José de Arimatés. Responsabilidade Social em pequenas e médias empre-
sas. Revista de Administração de Empresas. Rio de Janeiro, v 24, nº 4, p.220-225,
out/dez, 1984.
- SROUR, Robert Henry. Ética empresarial: postura responsável nos negócios, na políti-
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- ================ Poder, cultura e ética nas organizações.Rio de Janeiro:Campus,
1998.
- TOMEI, Patrícia. Responsabilidade Social de empresas: análises qualitativas da opi-
nião do empresariado nacional. Revista de Administração de Empresas. RJ, v 24,
nº 4, p 189-202, out/dez, 1984.
40
Sumário
Folha de rosto ...................................................................................................2
Agradecimento .................................................................................................3
Dedicatória .......................................................................................................4
Resumo .............................................................................................................5
Metodologia......................................................................................................6
Índice ................................................................................................................7
Introdução.........................................................................................................8
Capítulo I – Responsabilidade Social ..............................................................9
Capítulo II – Pequenas Empresas.....................................................................27
Capítulo III – Caso de Sucesso ........................................................................35
Considerações Finais........................................................................................37
Bibliografia.......................................................................................................38
Sumário.............................................................................................................40
Anexos..............................................................................................................41
41
ANEXO 1
Os Benefícios do Simples
Em vigor desde janeiro de 1997, o Simples (Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte) foi instituído para reduzir a tributação das MPE e tentar tornar menos complexo o paga-mento desses tributos. O Simples melhorou significativamente a vida do segmento de micro e peque-nas empresas, desburocratizando a papelada contábil e fiscal e trazendo ao mundo for-mal um número expressivo de empresas e trabalhadores que atuavam fora dele. Segundo levantamentos da área econômica do governo, uma das faces mais positivas do Simples foi seu efeito no aumento das contratações e na legalização de empresas e trabalhadores que operavam na informalidade. A principal mudança introduzida pelo Simples foi o pagamento simplificado e unificado dos seguintes impostos e contribuições: o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), o Programa de Integração Social (PIS), a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins), a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), o INSS patronal e, conforme o caso, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O regime tributário especial permite a aplicação de percentuais favorecidos e progressivos (entre 3% e 12,9%), incidentes sobre uma única base de cálculo — a receita bruta, desde que não ultrapasse 1,2 milhão de reais por ano. A inscrição no Simples dispensa a pessoa jurídica do pagamento das contribuições instituídas pela União, como as destinadas ao Sistema “S” (Sesc, Sesi, Senai, Senac, Sebrae e congêneres), bem como as relativas ao salário-educação e à Contribuição Sindical Patronal. Em alguns Estados e municípios que aderiram ao Simples, o sistema ainda inclui o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Serviços (ISS). A reforma tributária que está sendo discutida no Congresso poderá criar condições legais para a unificação do Simples nas três esferas de governo, em todo o Brasil. Pode optar pelo Simples toda pessoa jurídica enquadrada na condição de microempresa ou de empresa de pequeno porte, desde que não pratique nenhuma das atividades definidas como impeditivas e esteja em situação regular com a Fazenda Nacional e o INSS. (Fonte: Instituto Ethos)
42
ANEXO 2
ME (Microempresa)
Na indústria: até 19 empregados No comércio ou serviço: até 9 empregados Na agropecuária: de 10 a 50 hectares
PE (Pequena Empresa) Na indústria: de 20 a 99 empregados No comércio ou serviço: de 10 a 49 empregados Na agropecuária: de 51 a 100 hectares
MDE (Média Empresa) Na indústria: de 100 a 499 empregados No comércio ou serviço: de 50 a 249 empregados
GE (Grande Empresa) Na indústria: acima de 499 empregados No comércio ou serviço: mais de 249 empregados
Fonte: Sebrae Nacional
Classificação da Empresa pelo Número de Empregados