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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A INTERVENÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO DAS CRIANÇAS NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL. Autora: RITA DE CÁSSIA DA CRUZ COSTA Orientadora: Prof a . FABIANE MUNIZ Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A INTERVENÇÃO DO PSICOPEDAGOGO

NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO DAS CRIANÇAS NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL.

Autora: RITA DE CÁSSIA DA CRUZ COSTA

Orientadora: Profa. FABIANE MUNIZ

Rio de Janeiro

2009

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

A INTERVENÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO DAS CRIANÇAS NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL.

RITA DE CÁSSIA DA CRUZ COSTA Monografia submetida ao corpo docente do Instituto A

Vez do Mestre da Universidade Candido Mendes - UCM, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Pós-Graduado em Psicopedagogia. Examinadora : Profa : ____________________________________ Fabiane Muniz - Orientadora Professora do Instituto A Vez do Mestre - UCM Resultado:...................................

Conceito:....................................

Grau Obtido:..............................

Rio de Janeiro, ......./....../.........

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A INTERVENÇÃO DO PSICOPEDAGOGO

NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO DAS CRIANÇAS NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL.

OBJETIVO:

Monografia apresentada como exigência parcial para obtenção do título de psicopedagogo à Universidade Candido Mendes – Instituto a Vez do Mestre, elaborado sob a orientação da professora Fabiane Muniz.

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AGRADECIMENTOS

A DEUS que nos momentos mais difíceis não me deixou

cair em abatimento.

A MINHA FAMÍLIA, em especial minha mãe

MARINALVA, pelo amor e apoio que tenho recebido durante toda a minha

vida.

A MINHA ORIENTADORA, Professora Fabiane Muniz,

pela sua orientação e dedicação que muito me ajudou a concluir este projeto.

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DEDICATÓRIA

A meu esposo Marcos Antonio e a minha filha Andressa pela dedicação, compreensão e apoio que muito me ajudaram durante esta minha jornada na UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES.

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RESUMO

Na intenção de promover um repensar sobre a importância da intervenção

psicopedagógica no processo de alfabetização e letramento das crianças nas

séries iniciais do Ensino Fundamental para o desenvolvimento de um indivíduo

consciente do mundo que o cerca, buscou-se desenvolver um trabalho

obedecendo aos padrões científicos, com o respaldo de autores como

Vygotsky, Piaget, Paulo Freire, Magda Soares, e outros, considerando,

também, as determinações de documentos oficiais: LDB, PCN, Constituição do

Brasil, e outros. A monografia está estruturada em 5 partes. Na introdução é

chamada a atenção do por quê da escolha do tema para desenvolver a

pesquisa. No primeiro capítulo há um esclarecimento sobre o termo

Letramento, tomando como base à autora Magda Soares. No segundo capítulo,

temos uma breve apresentação sobre as teorias educacionais mais relevantes

para a compreensão dos conhecimentos cognitivos e afetivos que interferem

no desenvolvimento das crianças no período da aquisição da leitura e escrita.

O terceiro capítulo, chama a atenção para as dificuldades/transtornos de

aprendizagem mais comuns nas unidades escolares que podem “prejudicar” o

processo da aquisição da alfabetização e letramento das crianças nas séries

iniciais, apontando algumas estratégias para que os docentes e/ou

responsáveis possam ficar alertas a qualquer alteração apresentada pela

criança que não seja considerada “normal” e como o psicopedagogo pode

intervir na escola com um trabalho interdisciplinar para minimizar essas

dificuldades/transtornos de aprendizagem, contribuindo para a alfabetização e

o letramento dessas crianças. Por último, na conclusão, é feita uma análise

crítica sobre o assunto, reforçando as indagações feitas na introdução do

trabalho, defendendo que não basta ensinar a ler e a escrever, o mais

importante é a construção, desde as séries iniciais de um indivíduo interado da

realidade que o cerca, para que possa agir para transformá-la e da importância

da intervenção do psicopedagogo e do seu trabalho interdisciplinar dentro da

unidade escolar para minimizar as dificuldades/transtornos de aprendizagem

dessas crianças.

PALAVRAS-CHAVES: Letramento, alfabetização, intervenção psicopedagógica.

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METODOLOGIA

A metodologia da pesquisa é do tipo qualitativa por ser essa abordagem mais

adequada para o estudo dos fenômenos sociais. Os instrumentos para a coleta

de dados serão pesquisas bibliográficas de obras que sejam relevantes ao

trabalho proposto (livros, monografias, teses de mestrados, periódicos etc).

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SUMÁRIO

Introdução..........................................................................................................09

CAPÍTULO I –

Diferenciando alfabetização e letramento..........................................................11

CAPÍTULO II –

Aprendizagem....................................................................................................20

2.1. Psicologia da aprendizagem.......................................................................21

2.2. A psicologia do desenvolvimento................................................................21

2.3. Concepções de Desenvolvimento..............................................................22

2.3.1. A Concepção Inatista............................................................................23

2.3.2. A concepção Ambientalista...................................................................23

2.4. A Teoria Epistemológica de Jean Piaget....................................................24

2.5. A Teoria de Vygostky..................................................................................29

2.6. A Teoria de Freud.......................................................................................32

2.7. Aprendizagem Escolar................................................................................35

CAPÍTULO III

Dificuldades/ Transtornos de Aprendizagem.....................................................38

3.1. Dificuldades de Aprendizagem...................................................................38

3.2. Modelos de Avaliação.................................................................................40

3.3. Transtornos de Aprendizagem....................................................................41

3.4. Principais transtornos de aprendizagem e suas intervenções possíveis...43

CONCLUSÂO....................................................................................................59

BIBLIOGRAFIA..................................................................................................62

ANEXO..............................................................................................................65

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INTRODUÇÃO

Partimos do princípio de que toda pesquisa advém da observação de

determinados fenômenos sociais. Na maioria das vezes, desta observação,

surgem inquietações e questionamentos que aos olhos do observador, têm

urgência de serem respondidos. Assim, durante todo o percurso, do curso de

pedagogia com habilitação em Orientação Educacional, Administração

Pedagógica e Supervisão Escolar pela Universidade do Estado do Rio de

Janeiro/UERJ, foram surgindo questões para as quais buscamos respostas.

Questões essas que só foram se concretizando quando aliadas à prática

docente nas séries iniciais do Ensino Fundamental onde pude verificar que há

uma lacuna nesse processo no que se refere à questão do uso social da escrita

e da leitura dessas crianças.

No âmbito dos estudos da alfabetização, da leitura e da escrita, encontramos a

temática do Letramento relacionada às práticas sociais, orais e escritas que

atravessam e condicionam o movimento dos indivíduos determinando seus

espaços de ação. A interação desses estudos com outras áreas do

conhecimento vem contribuindo para novas reflexões, os estudos sobre

alfabetização e conseqüentemente com a prática pedagógica na construção da

leitura e da escrita para a formação de um “cidadão – leitor – crítico”.

A busca de alfabetizar letrando implica uma concepção dialógica da linguagem,

como uma atividade criadora e constitutiva de conhecimento e de

transformação do meio em que vivemos. Paulo Freire, dizia que ser

alfabetizado é tornar-se capaz de usar a leitura e escrita como meio de

conscientizar-se da realidade, e assim modificá-la. Nesta concepção quanto

antes tivermos nos interado da realidade que nos cerca, mais facilmente

poderemos agir para transformá-la.

Falarmos de Letramento nas séries iniciais do Ensino Fundamental, não

significa em alfabetizar (ler e escrever), pois a leitura de mundo se faz desde o

nascimento. Quando tratamos dos aspectos que perpassam este segmento,

nossa visão deve buscar uma abrangência: uma visão mais rica desse

processo, visto que para muitos letrar é alfabetizar. Letrar é dar significado e

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compreensão ao que está a sua volta, o conhecimento dos signos lingüísticos é

extremamente importante, mas concebermos sua importância no contexto

social, estabelecendo interações na escola e fora dela, ampliando suas

experiências pessoais é essencial.

E ao longo desses anos de trabalho docente pude perceber o quanto é

necessário aprimorar os instrumentos de trabalho que possibilitem avançarmos

nessa questão. Trata-se inclusive de propiciar a inclusão dessas crianças,

cidadãos, na sociedade.

Nessa busca pelo aprimoramento dos meus conhecimentos vi na

psicopedagogia mais um caminho que poderá me auxiliar a entender algumas

dificuldades na aprendizagem observadas dentro das salas de aula das séries

iniciais do ensino fundamental que poderão minimizar e contribuir para

preencher algumas dessas lacunas, auxiliando o meu trabalho como

mediadora no processo de alfabetização e letramento dessas crianças.

É com essa perspectiva que pretendo desenvolver este trabalho monográfico

de caráter exploratório, tentando encontrar subsídios nas teorias de Jean

Piaget, Vygotsky, Magda Soares, Olívia Porto, Isabel sole, etc; em pesquisas já

realizadas por outros profissionais preocupados em diminuir essas lacunas no

processo de alfabetização e letramento dos alunos das séries iniciais;

pesquisando e analisando a legislação brasileira em vigor (LDB, PCN,

Constituição Nacional, ECA, etc), analisando algumas dificuldades e

transtornos de aprendizagem que possam interferir e/ou dificultar esse

processo de alfabetização e letramento.

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CAPITULO I

DIFERENCIANDO ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Letramento é uma palavra nova no vocabulário da Educação brasileira e está

sendo citada freqüentemente no meio educacional. Porém, o termo

“Letramento” não é novo, podemos encontrá-lo em dicionário antigos como o

de Laudelino Freire (1943). Novo é o uso que os especialistas nos estudos

sobre linguagem estão fazendo de tal termo.

No Dicionário Houaiss, da Língua Portuguesa (2001) encontramos o seguinte

significado de Letramento: “Letramento, s. m. 1 ant. representação da

linguagem falada por meio de sinais, escrita; escritas 2 ped.m.q. Alfabetização

(processo) 3 ped. Conj. De práticas que denotam a capacidade de uso de

diferentes tipos de material escrito. Etm. Letrar (letra +ar) + mento; nas acp.

Ped. Por infl. Do ing. Literacy, ver liter.”

O significado de “Letramento” como o utilizamos atualmente apareceu na

segunda metade dos anos 80, “com a finalidade de se compreender um novo

enfoque a respeito da escrita e da leitura no mundo social (Soares, 2003)”.

È interessante verificar que a palavra letramento aparece a um século atrás, no

dicionário Caldas Aulete, já ali indicada como palavra antiga ou antiquada

palavra fora de uso, e com um sentido que a palavra letramento significava o

mesmo que escrita, substantivo do verbo letrar, que significava o que hoje

chamamos de soletrar. Estamos, pois, diante do caso de uma palavra que

“morreu” e “ressuscitou” na década de 80. É este um exemplo de como as

palavras vão morrendo e renascendo conforme os fenômenos sociais e

culturais vão ocorrendo.

O surgimento de novas palavras origina-se da necessidade de se explicar

novos fatores que emergem na sociedade e de novas maneiras de

compreendê-los, tais como: A melhoria e o aumento do conhecimento em

diversas áreas do saber e os avanços tecnológicos.

É alto o índice de alunos matriculados com distorção série/idade, aliado à

desigualdade social e cultural existentes dentro da sociedade brasileira e à

frágil qualidade da alfabetização que vem sendo oferecida aos alunos. Dentro

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dessa realidade o sentido da alfabetização implica uma conscientização de que

o ensino e a aprendizagem são um bem social.

Desse modo, a alfabetização traz embutida, uma construção da

conscientização de que “ser alfabetizado é torna-se capaz de usar a leitura e a

escrita como meios de conscientizar-se da realidade, e assim modificá-la”

(Paulo Freire). Nesta concepção quanto antes tivermos nos interado da

realidade que nos cerca, mais facilmente poderemos agir para transformá-la.

Com a intenção de iluminar e definir o conceito de Letramento, destacando sua

importância dentro da sociedade especificamente nas séries iniciais do Ensino

Fundamental, buscamos apoio teórico nos autores Magda Soares, Piaget,

Vigotsky, Emília Ferreiro, Luiz Antonio Gomes Senna, Geraldo Peçanha de

Almeida entre outros profissionais conceituados na aérea de educação – que

serão analisados e discutidos.

Em seu livro Letramento: um tema em três gêneros, Magda Soares, diferencia

um indivíduo alfabetizado do indivíduo letrado. Segundo a autora, alfabetizado

é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; enquanto, que letrado é aquele

capaz de viver na condição ou estado de saber ler e escrever.

Em nosso país nas últimas décadas, a resposta à pergunta “sabe ler e escrever

um bilhete simples?” que define se o indivíduo é analfabeto ou alfabetizado,

isto é, antes essa verificação era feita apenas pelo simples fato do indivíduo ser

capaz de codificar o próprio nome. A mudança de critério na avaliação dos

índices de analfabetismo no Brasil revela mudanças históricas, sociais e

culturais.

Para Magda Soares o indivíduo só passa a ser considerado letrado quando se

apropria da capacidade de transformar-se interiormente sua forma de pensar,

agir e falar. De acordo com a autora o simples fato de o indivíduo ser

alfabetizado não é o suficiente; é preciso que o mesmo se aproprie do ato de

ler e escrever de forma a responder as demandas que são impostas pela

sociedade.

Socialmente e culturalmente, a pessoa letrada já não é

mesma coisa que era quando analfabeta ou iletrada, ela

passa a ter uma outra condição social e cultural – não se

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trata propriamente de mudar de nível ou de classe social,

cultural, mas de mudar seu lugar social, seu modo de

viver na sociedade, sua inserção na cultura – sua

relação com os outros, com o contexto, com os bens

culturais torna-se diferente.

(SOARES, 2000, p. 37.)

À medida que o índice de analfabetismos diminui e há um aumento no número

de pessoas que aprendem a ler e escrever, ou seja, a sociedade vai se

tornando, cada vez mais centrada na escrita (cada vez mais grafocêntrica), um

novo fenômeno se evidencia: não é o bastante aprender a ler e escrever. É

necessário obter competência para usar a leitura e a escrita. Letramento foi o

nome dado a esse novo fenômeno.

O conceito de Letramento, segundo Soares, é o resultado da ação de ensinar

ou de aprender a ler e escrever, uma condição adquirida por um grupo social

ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita.

Etimologicamente, Letramento é a tradução da palavra inglesa Literacy, que

vem do latim Litera (letra) adicionado do sufixo –cy, que significa qualidade,

condição, estado, fato de ser.

Vejamos como o Dicionário Aurélio define algumas palavras que poderão nos

auxiliar a entender esse novo termo, Letramento:

Ø Alfabetização, s.f. Ato ou efeito de ensinar a ler e

escrever.

Ø Letrado, adj. Versado em letras, erudito.

Ø Iletrado, adj. Diz-se daquele que não tem conhecimento

literário.

A partir da análise feita por Magda Soares, o sentido atribuído aos adjetivos

“letrado” e “iletrado”, pelo Dicionário Aurélio, não está relacionado com o

sentido da palavra “Letramento”, que está sendo utilizada nos atuais estudos

sobre linguagem. Considerando que o indivíduo pode ser, ao mesmo tempo,

analfabeto e letrado quando demonstra ter um conhecimento das

peculiaridades da língua e fazer uso delas sem saber ler e escrever. Por

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exemplo, se um indivíduo analfabeto pede a alguém alfabetizado que lhe leia

avisos ou indicações afixados em um lugar, esse analfabeto é, de certa forma,

“letrado”, porque faz uso da escrita, envolvendo-se nessas práticas sociais de

leitura e de escrita ou quando a criança que ainda não está alfabetizada folheia

livros fingindo lê-los.

Os exemplos acima demonstram que para o indivíduo viver em estado de

letramento não basta que saiba ler e escrever, mas que pratique esses atos

sociais, dando respostas adequadas às demandas sociais da leitura e da

escrita.

A maneira como as pessoas cultivam e exercem as práticas do escrever e ler é

que irá comprovar os níveis de letramento dessas pessoas como observa

Soares:

No Brasil, há já algumas poucas pesquisas que procuram

avaliar o nível de letramento de jovens e adultos; a

tendência tem sido considerar como alfabetizado (o

termo mais adequado seria letrado) o indivíduo que tenha

pelo menos completado a 4ª série do Ensino

Fundamental, com base no pressuposto de que são

necessários no mínimo quatro anos de escolaridade para

a apropriação da leitura e da escrita e de seus usos

sociais. (SOARES, 2000, p. 57)

Comprova-se, desse modo, a diferença entre alfabetização e letramento, que

está no emprego social feito pelo indivíduo da leitura e da escrita. Enquanto o

indivíduo letrado envolve-se nas práticas sociais e interage com o mundo onde

vive, o alfabetizado vive na condição ou estado de quem sabe ler e escrever,

mas não pratica socialmente esse estado ou condição de saber ler e escrever,

ou seja, é apenas um indivíduo alfabetizado que pratica a leitura e a escrita.

Cognitivamente o indivíduo letrado também se torna diferente: ele terá suas

capacidades de reflexão, análise, argumentação, questionamento, criação,

mudança e modificação do mundo que o cerca ampliados. Suas “leituras”

(entende-se aqui não só leitura escrita, mas também, a leitura de mundo)

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possibilitarão sua inclusão em diversas culturas, desde a sua compreensão,

valorização, interação e aquisição do desembaraço necessário para o exercício

de sua plena cidadania.

“Ensinar” a ler e escrever, não são o suficiente. Há a necessidade de se criar

meios para que favoreçam aos alfabetizados ficarem imersos num ambiente

adequado possibilitando sua participação no mundo letrado, onde a leitura e a

escrita tenham uma função para eles, sentido-as como uma necessidade, ou

seja, ambientes onde tenham acesso à leitura e a escrita, aos livros, revistas e

jornais às livrarias e bibliotecas que os atendam e tornem-se uma necessidade

e uma forma de lazer. Magda Soares em seu livro Letramento: um tema em

três gêneros comprova essas afirmações, através de dois exemplos.

O primeiro diz respeito às pesquisas realizadas com pessoas que foram

alfabetizadas pelo MOBRAL, um movimento de alfabetização oferecido pelo

governo brasileiro para diminuir o número de analfabetos no país. Porém após

um ano após, alfabetizadas essas pessoas estavam “desalfabetizadas”, tinham

aprendido a ler e escrever, mas por impossibilidade de uso da leitura e escrita,

por falta de acesso a material impresso, tinham perdido a habilidade de ler e

escrever. Foram alfabetizadas, mas não lhes foi possibilitado tornarem-se

letradas.

O segundo exemplo um movimento parecido ocorrido em Cuba, no início dos

anos 60, quando houve ali a revolução e independência, fez-se no país uma

campanha de alfabetização intensa, que realmente alfabetizou toda a

população em pouco tempo; mas não se fez só isso, produziram-se materiais

de leitura que eram levados aos mais longínquos lugares do país. Por menor

que fossem os povoados recebiam livros para dar continuidade à campanha de

alfabetização. Assim, o povo cubano tornou-se alfabetizado e letrado.

Distinguir os termos “Alfabetização” e “Letramento” é uma preocupação da

autora que podemos observar. Para Soares, a Alfabetização é a ação de

ensinar/aprender a ler e a escrever; e Letramento é o estado ou condição de

quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais

que usam a escrita. Desse modo, temos alfabetizar e letrar como duas ações

distintas, mas não conflitantes. O ideal é alfabetizar letrando. Segundo Soares,

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a escolarização real e efetiva da população e a escolarização de material de

leitura (material impresso) são condições para o letramento.

O letramento é um processo contínuo, pois a própria sociedade exige do

indivíduo uma constante atualização no nível educacional variando do mais

elementar ao mais complexo nas habilidades de ler e escrever a diferentes

usos sociais.

Privilegiar o aprendizado de distintas formas de expressão da língua e valorizar

a linguagem oral cotidiana, procedente de diferentes camadas sociais, tendo a

linguagem escrita, na função de auxiliar e socializar o indivíduo levando-o a

aprender a fazer da leitura sua chave, sua senha de entrada no mundo social.

Desenvolver um trabalho voltado para o letramento exige de nós, docentes,

ponderar a gênesis social de cada indivíduo, a fim de construir sua identidade

oral juntamente com o “saber científico”.

Magda Soares destaca que a escolarização real e o acesso ao material

impresso são suficientes para que aconteça o letramento e a alfabetização,

quando sabemos que, na prática nem sempre é possível que isso ocorra. Em

termos de conceito Magda Soares traz uma contribuição significativa para o

entendimento do que seja letramento.

Segundo Luiz Antonio Gomes Senna, o Letramento aparece para substituir a

noção clássica de Alfabetização, abrangendo um processo de reestruturação

cognitiva, somando todas as esferas da cognição humana, tais como:

estratégias lógicas de estruturação do pensamento, representação psicomotora

e a identidade sócio-afetiva.

Para Senna, o Letramento é um campo multidisciplinar de intervenção

educativa, que tem como fundamento o conceito de escola construtivista que

está voltada para o pensamento humano. Pra ele, essa noção de Letramento

fez-se necessária para atender à realidade da sociedade brasileira, onde

predominam os modelos culturais de base oral e de exclusão, onde os

indivíduos sofrem prejuízos frente às classes dominantes.

Os modelos de Letramento definidos pelas escolas alteram-se de acordo com o

status social e/ou econômico do aluno, na maioria das sociedades. Assim,

tornar-se letrado ou alfabetizado tem um significado diferente, dependendo do

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contexto social e/ou econômico no qual está inserida a escola, se atende a

uma classe alta ou uma classe baixa.

O autor também argumenta que, se o aluno não reconhecer e não legitimar

socialmente as práticas científicas, não poderá fazer o mesmo com as práticas

de leitura e/ou escrita. Assim, o aluno poderá até construir a técnica de leitura e

escrita formal de codificar e decodificar textos impressos, porém não

conseguirá utilizá-la como meio de auto-expressão ou como ferramenta de

socialização.

O destaque dado à alfabetização no período da pré-escola aumentou no

instante em que a Educação Infantil passou a compor uns dos degraus da

Educação Básica, como meio de obtenção da tão falada “prontidão de lacto-

escritura” como fator facilitador da série seguinte.

É a partir da Educação Infantil que se deve privilegiar o aprendizado das

diferentes modalidades de expressão da língua e valorizar a linguagem oral

cotidiana, proveniente dos diferentes níveis de inserção social. Segundo

Senna, a linguagem escrita tem a finalidade de auxiliar o indivíduo a se

socializar e a aprender a fazer da leitura de seu mundo social. Nesta

perspectiva, o autor aponta a necessidade de se apresentar, nas escolas,

novas práticas que atentem para a formação de leitores do século XXI e não

para leitores onde a escrita linear prepondera.

Necessariamente falarmos de letramento na Educação infantil, não implica em

alfabetizar, pois a leitura de mundo se faz desde o nascimento. Quando

tratamos dos aspectos conteudistas que perpassam este segmento, colocamos

a leitura de mundo em lugar distante, visto que para muitos letrar é alfabetizar.

Letrar é dar significado e compreensão ao que está a sua volta, o

conhecimento dos signos lingüísticos é extremamente importante, mas

concebermos sua importância no contexto social, estabelecendo interações na

escola e fora dela, ampliando suas experiências pessoais é fundamental.

Os espaços criados para a Educação Infantil são considerados o melhor meio

de colocar a criança em contato com um ambiente socialmente constituído, que

extrapola o nicho familiar, aumentando sua relação interpessoal favorecendo e

ampliando desde cedo a leitura de mundo. Como nos fala Vigotsky (1998):

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“O convívio social e cultural, entre os pares da mesma

faixa etária, e adultos do mesmo grupo, ao qual pertence

à criança, contribui de forma relevante para seu

desenvolvimento e aprendizagem. Nesse espaço

privilegiado, são intencionalmente proporcionadas

experiências lúdicas e com múltiplas linguagens, criadas

culturalmente, que as subseqüentes etapas da

educação enfatizam em suas propostas curriculares.”

Para assegurar tal peculiaridade, a Educação Infantil deve estabelecer um

diálogo constante com a família, primeiro vínculo protetor vivificado pelo

indivíduo antes dos papéis mais nobres do espaço escolar.

E é nesse espaço escolar que os alunos após a experiência da Educação

Infantil, mesmo os que não são oriundos dela, iniciarão o seu processo de

alfabetização (leitura e escrita) propriamente e construirão e desenvolverão a

capacidade de fazer uso social dessa leitura e escrita.

Portanto,

A alfabetização refere-se à aquisição da escrita enquanto

aprendizagem de habilidades para leitura, escrita e as

chamadas práticas de linguagem. Isso é levado a efeito,

em geral, por meio do processo de escolarização e,

portando, da instrução formal. A alfabetização pertence,

assim, ao âmbito do individual.

O letramento, por sua vez, focaliza os aspectos sócio-

hisóricos da aquisição da escrita. Entre outros casos,

procura estudar e descrever o que ocorre nas sociedades

quando adotam um sistema de escritura de maneira

restrita ou generalizada; procura ainda saber quais

práticas substituem as práticas “letradas” em sociedades

ágrafas. Desse modo o letramento tem por objetivo

investigar não somente quem é alfabetizado, mas

também quem não é alfabetizado, e, nesse sentido,

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desliga-se de verificar o individual e centraliza-se no

social”. (TFOUNI,2204, pp.9 –10)

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CAPÍTULO II

A APRENDIZAGEM

É importante conceituarmos o termo aprendizagem, buscando subsídios em

diversos estudos e pesquisas científicas de diferentes áreas da Educação que

procuram compreender o que é aprendizagem e suas características e o que

podem “interferir e/ou minimizar” sua aquisição.

Aprendizagem

A condução do processo de ensino requer uma compreensão clara e segura do

processo de aprendizagem: em que consiste, como as pessoas aprendem,

quais as condições externas e internas que o influenciam.

A aprendizagem pode ocorrer em qualquer atividade humana praticada no

ambiente em que vivemos. O processo de aprendizagem é contínuo, ele se dá

desde o nascimento.

Segundo Olívia Porto,

“O núcleo específico de todo aprendizado refere-se ao

“conhecimento” adquirido como o resultado da busca

pelo entendimento de “algo desconhecido”. Logo,

verificamos que, em todo conhecimento, está implicada

uma revelação entre sujeito (S) e objeto (O), sendo que a

“revelação” de algo (O) como uma “verdade” só se realiza

em virtude da presença de um sujeito (S),que se realiza

como sujeito cognoscente. Dentro deste enfoque,

começamos a verificar que a aprendizagem entendida

como aquisição de conhecimento ou cognição é um

aspecto psicológico, entendido como pensamento, juízo

ou raciocínio.

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O entendimento ou a “verdade” de algo se refere à

adequação feita sobre o que é objeto (seus princípios e

leis) com aquilo que ele expressa (sua categoria ou

classe). O pensamento ou julgamento, por sua vez,

decorre de uma tomada de consciência, posicionando-se

diante do princípio de realidade, tomando para si objeto

apreendido”.(2007, p. 11-12)

Cientes que não daremos conta de todos os estudos e pesquisas envolvendo a

Teoria da Aprendizagem, destacaremos aquelas que se acredita serem as

principais correntes teóricas no processo de aprendizagem.

2.1. A Psicologia da Aprendizagem

A psicologia da aprendizagem nos diz que a aprendizagem é o processo

através do qual o indivíduo se apropria ativamente do conteúdo, da experiência

humana, daquilo que o seu grupo social conhece. Já o pensamento pode ser

entendido como um diálogo interiorizado.

Objetos e conceitos existem, inicialmente, sob a forma de eventos externos ao

indivíduo. Para se apropriar de eventos externos é preciso que o indivíduo

identifique as características, propriedades e finalidades dos mesmos. E essa

apropriação pressupõe interiorização.

As operações cognitivas (aquelas envolvidas no processo de conhecer) são

sempre ativamente construídas na interação com outros indivíduos.

“Conhecer é pensar, inventar, descobrir e conectar as

qualidades e os atributos dos objetos recompondo com a

minha capacidade criadora o real externo da minha

mente. Este é o verdadeiro significado do

aprender”.(SALTINI, 2002, p.58 in PORTO, 2007, p.15)

É, afinal,

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“Um processo fundamental da vida. Todo indivíduo

aprende e, por meio da aprendizagem, desenvolve os

comportamentos que o possibilitam viver. Todas as

atividades e realizações humanas exibem os resultados

da aprendizagem”. (CAMPOS, 2003, p.122. Idem)

É a escola a instituição social que se apresenta como responsável pela

educação (aprendizagem) sistemática da criança, jovens e adultos.

O ingresso da criança na escola, na maioria das culturas, corresponde a uma

fase de desenvolvimento socialmente decisiva, envolvendo aspectos cognitivos

e afetivos importantes para o sucesso da aprendizagem.

No decorrer do processo de desenvolvimento cognitivo e afetivo (o afeto é um

regulador da ação), a constituição do sujeito se realizará após a resolução de

conflitos de aquisições, sendo a aprendizagem o produto dessa interação das

necessidades que irão se modificando e, gerando novos conflitos, e

influenciarão a maneira como as fases posteriores do desenvolvimento serão

vivenciadas.

2.2. A Psicologia do Desenvolvimento

O desenvolvimento é o processo através do qual o indivíduo constrói

ativamente, nas relações que estabelece com o ambiente físico e social suas

características. As características humanas não são biologicamente herdadas,

mas historicamente formadas. Para que a apropriação das características

humanas se dê, é preciso que ocorra atividade por parte do sujeito: é

necessário que sejam formadas ações e operações motoras e mentais.

2.3. Concepções de Desenvolvimento

Os filósofos e cientistas criaram teorias e abordagens na tentativa de explicar

como funciona o desenvolvimento da criança e as transformações ocorridas até

atingir a vida adulta.

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Destacaremos as teorias mais relevantes para o desenvolvimento desse

trabalho.

2.3.1. A concepção Inatista (despreza o papel do ambiente)

A Concepção Inatista parte do pressuposto de que os eventos que ocorrem

após o nascimento não são essenciais e/ou importantes para o

desenvolvimento.

As qualidades e capacidades básicas de cada ser humano já se encontrariam

basicamente prontas e em sua forma final por ocasião do nascimento, sofrendo

pouca diferenciação qualitativa e quase nenhuma transformação ao longo da

existência.

O papel do ambiente (e, portanto, da educação e do ensino) é tentar interferir o

mínimo possível no processo do desenvolvimento espontâneo do indivíduo.

Na Concepção Inatista, o homem “já nasce pronto”, pode-se apenas aprimorar

um pouco aquilo que ele é ou, inevitavelmente, virá a ser. O dito popular: ”Pau

que nasce torto, morre torto”, expressa bem a Concepção Inatista.

È preciso observar que Skiner rejeitou a idéia de teorias de aprendizado.

2.3.2. A Concepção Ambientalista (Behaviorista)

Na Concepção Ambientalista/Comportamentalista/Behaviorista o homem é

concebido como um ser extremamente plástico, que desenvolve suas

características em função das condições presentes no meio em que se

encontra.

Essa concepção deriva da corrente filosófica denominada empirismo, que

enfatiza a experiência sensorial como fonte de conhecimento.

A teoria proposta por Skiner preocupou-se em explicar os comportamentos

observáveis do sujeito, desprezando a análise de outros aspectos da conduta

humana como o seu raciocínio, os seus desejos, fantasias e os seus

sentimentos. Skiner se propôs a construir uma ciência do comportamento.

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A aprendizagem, na visão ambientalista, pode ser entendida como o processo

pelo qual o comportamento é modificado como resultado da experiência.

Para que ocorra a aprendizagem é preciso que se considere a natureza dos

estímulos presentes na situação. Tipo de resposta que se espera e o estado

físico e psicológico do organismo.

As teorias ambientalistas tiveram efeitos nocivos na prática pedagógica. A

educação foi sendo entendida como tecnologia, ficando de lado a reflexão

filosófica sobre a sua prática.

2.4. Teoria da Epistemologia Genética de Jean Piaget

Jean Piaget, biólogo, epistemólogo, nascido em Neuchâtel, Suíça, no ano de

1896, e faleceu em 1980.

Em seus estudos e pesquisas interessou-se pelas respostas “erradas” das

crianças. Essas respostas eram consideradas “erradas” porque eram

analisadas do ponto de vista do adulto.

Piaget partiu de uma concepção de desenvolvimento, evolvendo um processo

contínuo de trocas entre o organismo vivo e o meio ambiente, onde tentou

entender o gênese das estruturas lógicas do pensamento da criança e como se

organizam suas ações inteligentes.

“O conhecimento não procede da experiência única dos

objetos nem de uma programação inata pré-formada no

sujeito, mas de construções sucessivas com elaborações

constantes de estruturas novas”.(PIAGET, 1976, p.58)

Hipótese de Equilíbrio/Equilibração

A noção de equilíbrio é o alicerce da teoria de Piaget. Segundo Piaget todo

organismo vivo procura manter um estado de equilíbrio ou de adaptação com

seu meio, agindo de forma a superar perturbações que ele estabelece com o

meio.

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“O desenvolvimento cognitivo ocorre, então pelo

constante contato do sistema cognitivo com informações

vindas do meio, e pelo não menos constante processo de

reestruturação que visa, justamente, fazer com que o

sistema atinja o equilíbrio e nele permaneça. Estas

constantes reestruturações ou reequilibrações passam

por grandes etapas”.(LA TAILLE, 1992, P.110)

As etapas do desenvolvimento cognitivo

Piaget definiu o desenvolvimento como sendo um processo de equilibrações

sucessivas e é caracterizado por diversas etapas. Cada etapa define um

momento de desenvolvimento ao longo do qual a criança constrói certas

estruturas cognitivas.

Piaget descreveu quatro etapas de desenvolvimento (tal processo –

desenvolvimento - é homogêneo, mas os diversos estados de equilíbrio não o

são). Esses estágios operam continuamente, propiciando estados de

equilíbrios sucessivos, mas essencialmente descontínuos.

“Não há inteligência inata, mas a gênese da razão, da

afetividade e da moral se faz progressivamente em

estágios sucessivos em que a criança organiza o

pensamento e o julgamento. Por isso sua teoria e as que

dela derivam são chamadas construtivistas”. (ARANHA,

1996, p.291).

I - A etapa sensório-motor (de zero a dois anos): é o mundo do

bebê, como ele experimenta e conhece o mundo em seu redor. Ocorre o

desenvolvimento da consciência do próprio corpo, diferenciando-o do restante

do mundo físico. Nessa fase, seu aprendizado está vinculado ao

desenvolvimento de seu controle motor – coordenar as sensações e os

movimentos. A fase bucal é marcante, a ponto de alguns estudiosos

declararem que, para o bebê, “o mundo é uma realidade a sugar”.

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Desenvolvimento da inteligência em três estágios: reflexos de fundo

hereditário, organização das percepções e inteligência prática.(PORTO, 2007,

p. 23)

II – A etapa pré-operatória (intuitivo ou simbólico - de dois aos

sete anos): dá-se com a descoberta do símbolo pela criança e, assim, a

realidade pode ser representada pela palavra – é por ela que o objeto ausente,

por exemplo, torna-se presente. O desenvolvimento da linguagem gera as

seguintes implicações nas estruturas mentais: socialização da ação, com

trocas entre indivíduos; desenvolvimento do pensamento, a partir do

pensamento verbal – finalismo, os porquês; e o desenvolvimento da intuição. A

lógica infantil – intuitiva – dá um grande salto. Na fase do egocentrismo infantil,

a criança (de três ou quatro anos) é vista falando sozinha ou com seus

brinquedos. (PORTO, 2007, p. 23)

III – A etapa operatório-concreta (de sete a doze anos): a lógica

deixa de ser intuitiva e, assim, a criança consegue interiorizar a ação –

pensamento lógico sobre as coisas concretas. Já consegue estabelecer

relações entre as coisas e capacidade de realizar a classificação de objetos.

Aparecimento das noções de conservação de substância, como peso e volume.

Superação do egocentrismo da linguagem. Capacidade maior de reflexão e já

forma grupos com os outros. (PORTO, 2007, p. 23)

IV – A etapa operatório-formal (hipotético-dedutivas - a partir

dos doze anos, da adolescência): aqui as alterações ocorridas estarão

presentes na vida adulta. Atinge o nível das operações formais ou abstratas,

com a capacidade para construir sistemas e teorias abstratas. Além de

entender conceitos abstratos, como amor, justiça, cidadania etc., consegue

interiorizar ações vividas e distanciar-se do objeto ou experiência, sendo que

para isso utiliza-se de hipóteses. (PORTO, 2007, p. 23)

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“A personalidade não é o ”eu” enquanto diferente dos

outros “eus” e refratário à socialização, mas é o indivíduo

se submetendo voluntariamente às normas de

reciprocidade e de universalidade. Como tal, longe de

estar à margem da sociedade, a personalidade constitui o

produto mais refinado da socialização. Com efeito, é na

medida em que o “eu” renuncia a si mesmo para inserir

seu ponto de vista próprio entre os outros e se curvar

assim às regras de reciprocidade que o indivíduo torna-

se personalidade (...) Em oposição ao egocentrismo

inicial, o qual consiste em tomar o ponto de vista próprio

como absoluto, por falta de perceber seu caráter

particular, a personalidade consiste em tomar

consciência desta relatividade da perspectiva individual e

a colocá-la em relação com o conjunto das outras

perspectivas possíveis: a personalidade é, pois, uma

coordenação da individualidade com o universal”.

(PIAGET, 1993, p.242)

As faixas etárias previstas para cada etapa não são rigidamente demarcadas.

O modelo piagetiano é fortemente marcado pela maturação, pois se atribui a

ela o fato de crianças apresentarem sempre determinadas características

psicológicas em uma mesma faixa de idade.

O Desenvolvimento Cognitivo e afetivo

“Os conhecimentos são obtidos por meio dos sentidos,

mas advêm também de um trabalho que nossa natureza

humana executa com o auxílio das estruturas da mente

sobre o que nos chega pelos sentidos. Assim, enquanto

a experiência física descobre, a experiência lógico-

matemática inventa e cria”.(PORTO, 2007, p.19)

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Na construção do conhecimento e fundamentando uma porção básica da

relação do indivíduo com o mundo, encontram-se a sensação, a percepção e a

imaginação. Esses processos, tais como os demais processos psicológicos

humanos, desenvolvem-se através da experiência da criança em seu ambiente,

dependendo das atividades que realiza em seu grupo social.

Sensação, percepção e imaginação

A sensação se refere ao reconhecimento dos estímulos presentes num

ambiente feito pelo aparato sensorial humano, ou seja, pelos órgãos dos

sentidos. Ela nos permite conhecer características e propriedades de objetos e

fenômenos do meio, como formas, cores, texturas, etc.

A percepção é parte do sistema dinâmico do comportamento humano. È o

processo que organiza as informações obtidas por meio da sensação em

determinadas categorias como forma, peso altura, tamanho, entre ouros. Ela

depende de outras atividades intelectuais do indivíduo como motivação e

memorização, ao mesmo tempo em que as influenciam. Daí o fato de a

percepção e o raciocínio serem processos que se apóiam mutuamente.

Piaget estabelece uma diferença entre percepção e inteligência. Segundo ele,

a percepção se refere ao conhecimento que se tem dos objetos ou dos

movimentos, obtido através do contato direto e atual com os mesmos. A

inteligência, por sua vez, possibilita o conhecimento de outros aspectos dos

objetos e movimentos e que subsiste mesmo na ausência de contato com eles.

Piaget considera que durante todo o período sensório-motor, a percepção não

se separa da ação. A percepção é global, sincrética, indiferenciada. Por

intermédio do processo de equilíbrio, a criança pequena passa a diferenciar os

aspectos mais imediatos do objeto ou situação de outros significados mais

gerais do mesmo.

“O conhecimento não está no sujeito nem no objeto, mas

ele CONSTRÓI na INTERAÇÃO do sujeito com o objeto,

é na medida que o sujeito interage (e, portanto) age

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sobre e sofre a ação do objeto que ele vai produzindo

sua capacidade de conhecer também o próprio

conhecimento”. (FRANCO, 2000, p.22)

No início da escolarização da criança, devem ser trabalhados os conteúdos a

partir de conceitos espontâneos, pois esses se apóiam na experiência concreta

do aluno. Embora haja uma relação intíma entre os conceitos espontâneo e

científico, os conceitos espontâneos se desenvolvem de “baixo para cima”, ou

seja, do concreto para o abstrato; enquanto os conceitos científicos

desenvolvem-se de “cima para baixo”, ou seja do abstrato pra o concreto.

A imaginação é um reflexo criativo da realidade. Só aparece quando a criança

já acumulou um certo número de experiência por volta dos três anos de idade,

Junto com uma crescente capacidade de simbolização.

Daí a importância de termos, nas escolas, um ambiente acolhedor que

promova a liberdade de pensamento que incentive a ousadia nas formas de

expressão, que valorize a descoberta do novo.

“Estruturas de cognição formam-se a partir das ações

sobre o meio, porém é o distanciamento desse mesmo

meio que ativa a operação mental e, então, recriamos o

que nos falta. A operatividade atua sobre o campo

figurativa, assim como a criança age sobre os

brinquedos; pensar é o brincar do adulto. Conhecer é

recriar em nossa mente o que nos faltou no mundo

concreto”. (PIAGET, 1979, p.103)

2.5. A Teoria de Vygostky

Lev Semenovch Vygostky nasceu em 1896 em Orsha, Bielo-Rússia e faleceu

em 1934. Vygostky tem como um de seus pressupostos básicos a idéia de que

o ser humano constitui-se enquanto tal na sua relação com o outro social. A

cultura torna-se parte da natureza num processo histórico que, ao longo do

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desenvolvimento da espécie e do indivíduo, molda o funcionamento psicológico

do homem, através de “instrumentos” físicos e simbólicos desenvolvidos em

gerações precedentes.

Vygostky adota a visão de que pensamento e linguagem são dois círculos

interligados. É na interseção deles que se produz o que se chama pensamento

verbal, o qual não inclui nem todas as formas de pensamento, nem todas as

formas de linguagem. Ele dá uma importância tão grande ao pensamento

verbal que chega a afirmar que as estruturas de linguagem dominadas pelas

crianças passam a constituir as estruturas básicas de sua forma de pensar.

Vygostky não aceita a possibilidade de existir uma seqüência universal de

estágios cognitivos, como propõe Piaget. Para ele, os fatores biológicos

preponderam sobre os sociais apenas no inicio da vida das crianças e as

oportunidades que se abrem para cada uma delas são muitas e variadas,

adquirindo destaque, em sua teoria as formas pelas quais as condições e as

interações humanas afetam, o pensamento e o raciocínio (as diferenças de

classes sociais influenciam no desenvolvimento cognitivo).

Para Vygostky, o processo de formação do pensamento é despertado e

acentuado pela vida social e pela constante comunicação que se estabelece

entre crianças e adultos, a qual permite a assimilação da experiência de muitas

gerações.

Desenvolvimento e aprendizagem

Vygostky considera três teorias principais que discutem a relação entre

desenvolvimento e aprendizagem.

I - Desenvolvimento é encarado como um processo maturacional que ocorre

antes da aprendizagem, criando condições para que esta se dê (esta é, em

essência, a posição defendida por Piaget).

II - A comportamentalista ou behaviorista, a aprendizagem é desenvolvimento,

entendido como acúmulo de respostas aprendidas. Nessa concepção o

desenvolvimento ocorre simultaneamente à aprendizagem, ao invés de

precede-la.

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III - Sugereque desenvolvimento e aprendizagem são processos independentes

que interagem, afetando-se simultaneamente: aprendizagem causa

desenvolvimento e vice-versa.

Para ele, as medidas tradicionais de desenvolvimento, que se utilizam dos

testes psicológicos produzidos, focalizam apenas aquilo que as crianças são

capazes de realizar sozinhas.

Segundo Vygostky existe um distancia entre o nível de desenvolvimento atual

(real) – determinado pela capacidade de solução, sem ajuda, de problemas – e

o nível potencial de desenvolvimento – medido através da solução de

problemas sob a orientação ou em colaboração com as crianças mais

experientes, o que foi denominado por ele de zona de desenvolvimento

potencial ou proximal (ZDP).

“O Traço essencial da aprendizagem é que engendra a

área de desenvolvimento potencial, ou seja, que faz

nascer, estimula e ativa na criança um grupo de

processos internos de desenvolvimento dentro do

domínio das inter-relações com os outros, que a seguir

são absorvidos pelo curso interno do desenvolvimento e

se convertem em aquisições internas da criança (...). O

processo de aprendizagem é uma fonte de

desenvolvimento que ativa novos processos que não

poderiam desenvolver-se por si mesmo sem a

aprendizagem”. (VYGOSTKY, 1973, p.73)

Apenas conhecendo o que as crianças são capazes de realizar com e sem

ajuda externa é que se pode conseguir planejar as situações de ensino e

avaliar os processos individuais.

Portanto, para Vygostky, o processo de desenvolvimento nada mais é do que a

apropriação ativa do conhecimento disponível na sociedade em que a criança

nasceu. É preciso que ele aprenda e integre em sua maneira de pensar o

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conhecimento da sua cultura. E o funcionamento intelectual mais complexo

desenvolve-se graças a relações por outras pessoas que, gradualmente, são

substituídas por auto-regulação (a criança internaliza as regras sociais através

da cooperação com o outro). Em especial, a fala é apresentada, repetida e

refinada, acabando por ser internalizada, permitindo à criança processar

informações de uma forma mais elaborada.

2.6. A Teoria de Freud

Freud nasceu em 1856, em Freiberg, Moravia e faleceu em 1939. Após anos

de estudos e pesquisas Freud desenvolveu a teoria psicanalítica que se

opunha à idéia de que o sujeito nascia pronto. Freud traz com a teoria

Psicanalítica que o desenvolvimento não se forma aleatoriamente, ou seja,

realizado apenas por uma pedagogia, há também um movimento intrapsíquico,

que o desenvolvimento psicológico é sustentado por um desenvolvimento

libidinal, de modo que a criança passaria por fases do desenvolvimento (oral,

anal, fálica, genital) caracterizadas por uma certa organização da libido,

determinada ou pela predominância de uma zona erógena ou por um modo de

relação de objeto.

Assim, Freud criou o método que estudou o desenvolvimento emocional

humano, chamado psicanálise. Somente através da experiência que as

crianças pequenas e o bebê vão aprendendo a lidar com as forças biológicas e

sociais, formando a sua personalidade. O que leva o indivíduo a agir é a sua

excitação energética.

Para Freud a energia biológica é o aspecto que se encontra na base de todos

os comportamentos, motivos e pensamentos.

Segundo Freud, há três fontes energéticas: a sexualidade (chamado de libido –

é o nome usado por Freud para designar energia sexual). Os impulsos de

autoconservação e a agressão.

De acordo com Freud, quando agem os indivíduos, procuram descarregar

energia neles acumulada, e que lhes causa desprazer. Tal descarga diminui a

tensão interna, trazendo, como conseqüência o prazer.

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Freud nos chamou atenção para a interação entre as necessidades e os

desejos da criança e o tratamento que os adultos, com os quais convivem,

dispensam-lhe - em especial a mãe. Nesse processo dinâmico e complexo, a

criança constrói não apenas a sua personalidade com também constrói a sua

identidade, aquilo que a diferencia das demais pessoas e que ela percebe

como sendo seu EU.

“É na relação e por ela que podemos elaborar e

simbolizar o que vai se tornando aos poucos ausente e

passando, e, é esse elaborar simbólico constante em

nossas vidas, que transforma os acontecimentos

passados em acontecimentos presentes. O homem é

uma entidade localizada em um ponto do fluxo, onde o

futuro corre para o passado. Vive no presente, porém

recebe o impacto do futuro e dos projetos que passam

por ele, transformam-se em fatos, vivências, objetos e se

tornam passado. Em outras palavras, não queremos

perder o passado, pois esse se vai e não volta mais e

para não perdê-lo construímos a história. O futuro fica no

projeto, constantemente em um projeto que aos poucos

se torna real e o passado fica naquilo que pudemos ser e

fazer. Nós somos a única entidade que vivencia

conscientemente o transcorrer do tempo, pois estamos

inseridos nele, o que não ocorre com os animais, e, por

sermos os únicos a possuir esta característica, queremos

abraçar o que se foi e o que está indo, bem como

alcançar de imediato o por vir, e isso causa-nos dor e

sofrimento. Desejamos fazer essa união, sem perder,

tanto o fato ocorrido quanto o fato ainda a ocorrer.

Tornando presente, o ausente e o passado, a nossa

criança que já não existe mais. É nessa relação que a

saudade apreende o vazio do que fomos e que já não

existe mais, e é com esta saudade que o obtemos a

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coragem para investir no futuro com otimismo e o

presente como a construção”. (SALTINI, 1980, PP.47-48)

Portanto, o professor deve ficar atento a todos as descobertas realizadas pelas

crianças, contribuindo ao máximo com oportunidades de ação, dando atenção

a cada uma das crianças, incentivando-as a construir e a ser conhecer e aos

outros. Cabe ao professor compreender que cada criança está em um nível de

desenvolvimento e, a partir deste dado, deve o professor respeitar a ação no

ritmo, no tempo particular de cada uma, sem pretender antecipar qualquer

ação, exceto em situações frustrantes para ela. Assim, o professor deve

desenvolver seu trabalho com atividades em grupos e individuais.

“Para ser validade toda educação, toda ação educativa

deve necessariamente ser precedida de uma reflexão

sobre o homem e de uma análise do meio de vida

concreto, do homem concreto a quem queremos educar,

ou melhor: a quem queremos ajudar a que se eduque. Se

vier a faltar tal reflexão sobre o homem, corre-se o risco

de adotar métodos educativos e maneiras de agir que

reduzem o homem a condição de objeto, quando a sua

vocação é de ser sujeito e não objeto”. (FREIRE, 1999, in

PORTO, 2007, p.60)

2.7. Aprendizagem Escolar

A aprendizagem escolar é um processo de assimilação de determinados

conhecimentos e modos de ação física e mental, organizados e orientados no

processo de ensino. Os resultados da aprendizagem se manifestam em

modificações na atividade externa e interna do sujeito, nas suas relações com

o ambiente físico e mental.

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No processo de uma aprendizagem estabelecida como “formativa”, a

polaridade de ensino-aprendizagem se configura como ao processo de ensinar

e o processo de aprendizagem, ao primeiro cabem a premissa de ser o fator

que proporciona conhecimentos e habilidades ao discente, sendo uma tarefa

docente por excelência; ao segundo, ao contrário, refere-se aos procedimentos

de aquisição de ditos conhecimentos e habilidades, sendo uma atividade

executada por aquele que aprende e, portanto, “exclusivamente” do discente.

“Educar visa influenciar a aprendizagem de alguém,

buscando a formação de indivíduos para uma sociedade.

O ato educativo é um procedimento cuja intenção

envolve o desenvolvimento de uma personalidade

integrada, na qual o indivíduo é viso como uma

totalidade, por incluir no seu processo os traços afetivos,

os cognitivos e os volitivos”. (FALCÃO, 2003, p.95)

A afetividade e a cognição exercem influência decisiva na interação entre,

professor e aluno, cabendo ao docente e a escola elaborar estratégias e

procedimentos de ação que devem estar entrelaçadas essencialmente para a

determinação de funções sócio-hisóricas, realizadas pelo entendimento da

orientação – condução – determinação como se aprende; o que se aprende e

por que se aprende, para a promoção e a condução do desenvolvimento

educativo de cada criança.

Características da aprendizagem escolar

Segundo Libâneo, as principais características da aprendizagem escolar são:

a) A aprendizagem escolar é uma atividade planejada, intencional e

dirigida, e não algo casual e espontâneo. A aprendizagem e ensino

formam uma unidade, mas não são atividades que se confundem uma

com a outra. Atividade cognoscitiva do aluno é a base e o fundamento

do ensino, e esse dá direção e perspectiva àquela atividade por meio

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dos conteúdos, problemas, métodos, procedimentos organizados pelo

professor em situações didáticas específicas.

b) O processo de assimilação de conhecimentos resulta da reflexão

proporcionada pela percepção prático-sensorial e pelas ações mentais

que caracterizam o pensamento. Todo conhecimento se baseia nos

dados da realidade, que são o seu conteúdo. Mas a apreensão dos

dados da realidade requer ações mentais. Por isso, a atividade de

ensino não pode restringi-se a atividades práticas. Elas somente fazem

sentido quando suscitam a atividade dos alunos, de modo a estes

lidarem com elas através dos conhecimentos sistematizados que vão

adquirindo.

c) Na aprendizagem escolar há influência de fatores afetivos e sociais, tais

como os que suscitam a motivação para o estudo, os que afetam as

relações professor-alunos, os que interferem nas disposições

emocionais dos alunos para enfrentar as tarefas escolares, os que

contribuem ou dificultam a formação de atitudes positivas dos alunos

frente às suas capacidades e frente aos problemas e situações da

realidade e do processo de ensino e aprendizagem.

d) Os conteúdos e as ações mentais que vão sendo formados dependem

da organização lógica e psicológica das matérias de ensino. A

organização lógica se refere à seqüência progressiva dos conceitos,

idéias, habilidades, em nível crescente de complexidade. Organização

psicológica se refere à adequação ao nível de desenvolvimento físico e

mental que, por sua vez, é condicionado pelas características sócio-

culurais dos alunos.

e) A aprendizagem escolar em um vínculo direto com o meio social que

circunscreve não só as condições de vida das crianças, mas também a

sua relação com a escola e o estudo, sua percepção e compreensão

das matérias. A consolidação dos conhecimentos depende do

significado que eles carregam em relação à experiência social das

crianças e jovens na família, no meio social, no trabalho.

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f) A aprendizagem escolar se vincula também com a motivação dos

alunos, que indicam os objetivos que procuram. A motivação é intrínseca

quando se trata de objetivos internos, como a satisfação de

necessidades orgânicas ou sociais, a curiosidade, a aspiração pelo

conhecimento; é extrínseca, quando a ação da criança é estimulada de

fora, como as exigências da escola, a expectativa de benefícios sociais

que o estudo pode trazer, a estimulação da família, do professor ou dos

demais colegas. Na aprendizagem escolar, a motivação intrínseca

precisa ser apoiada, muito freqüentemente, na motivação extrínseca, a

fim de manter de pé o interesse, a atenção e o envolvimento dos alunos

no trabalho docente.

g) O trabalho docente é a atividade que dá unidade ao binômio ensino-

aprendizagem, pelo processo de transmissão-assimilação ativa de

conhecimentos, realizando a tarefa de mediação na relação cognitiva

entre o aluno e as matérias de estudo.

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CAPÍTULO III

DIFICULDADES/TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM

São encontrados na literatura os termos “distúrbios, problemas, transtornos,

dificuldades de aprendizagem muitas das vezes utilizados de forma

inadequada. Portanto, é necessário estabelecermos diferenças entre

dificuldade e transtorno”.

3.1. Dificuldades de aprendizagem

As dificuldades específicas de aprendizagem se referem àquela que ocorre

com crianças que não conseguem acompanhar um grau de adiantamento

escolar compatível com sua capacidade cognitiva.

Podemos chamar as dificuldades de aprendizagem de entraves de percurso. O

que leva muitas crianças em fase escolar demonstrarem algumas dificuldades

na realização de certas atividades, que podem aparecer por vários motivos,

como proposta pedagógica, capacitação do professor, problemas familiares,

déficits cognitivos entre outros motivos.

“A dificuldade de aprendizagem e os comportamentos

divergentes podem levar o aluno ao fracasso, causando

grandes angústias nos professores, e a relação se dá

entre alunos e professores, principalmente por meio da

“fala”. Todos esses fatos não podem ser vistos como

peças enguiçadas que não têm mais conserto.

Importante é entender o que levam essas dificuldades a

fracassos escolares, tornando-se muitas vezes fracassos

de vida. Importante e desafiante é repensar as práticas

educativas, envolvendo não só os alunos, mas

professores, coordenadores, diretores, e todos que fazem

parte do processo, um recorte para uma intervenção

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psicopedagógica, portanto, na atuação do professor

existe uma fragilidade em relação ao aluno que não se

sustenta pela psicologia nem pela pedagogia,

principalmente nos dias atuais”. (PORTO, 2007, P.53)

Para podermos ajudar esse aluno com dificuldades de aprendizagem faz-se

necessário o estudo da rede de relações cotidianas nas quais ele está inserido.

Porém muitas vezes nossa experiência nos mostra o contrário esse aluno é

“rotulado" como incapaz de obter sucesso no processo da aquisição da leitura

e da escrita.

“Profecias auto-realizadoras em sala de aula: as

expectativas dos professores como determinantes não

intencionais da capacidade intelectual dos alunos que

podem funcionar como uma profecia educacional que se

auto-realiza. O professor consegue menos por esperar

menos”. (ROSENHAL e JACOBSON, 1981, P. 258)

Só é procedente falar em dificuldades de aprendizagem quando fazemos

referência a alunos que:

• Têm um quociente intelectual normal, ou muito próximo da normalidade,

ou ainda, superior;

• Seu ambiente sócio-familiar é normal;

• Não apresente deficiências sensórias nem afecções neurológicas

significativas;

O que podemos observar, de modo geral, em alunos com dificuldades de

aprendizagem incluem problemas mais localizados nos campos da conduta e

da aprendizagem, dos seguintes tipos: atividades motoras (hiperatividade ou

hiporatividade, dificuldade de coordenação,...); atenção (baixo nível de

concentração, dispersão,...); área matemática (problemas em seriações,

inversão de números, reiterados erros de cálculo,...); área verbal (problemas na

codificação/decodificação simbólica, irregularidades na lectoescrita,

disgrafias,...); emoções (desajustes emocionais leves, baixa auto-estima,...);

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memória (dificuldades de fixação,...); percepção (reprodução inadequada de

formas geométricas, confusão entre figura e fundo, inversão de letras,...);

sociabilidade: (inibição participativa, pouca habilidade social, agressividade,...).

“Dificuldades de aprendizagem é um termo geral que se

refere a um grupo heterogêneo de desordens

manifestadas por dificuldades significativas na aquisição

e utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura,

da escrita e do raciocínio matemático. Tais desordens,

consideradas intrínsecas ao indivíduo, presumindo-se

que seja devida a uma disfunção do sistema nervoso

central, podem ocorrer durante toda a vida. Problemas na

auto-regulação do comportamento, na percepção social e

na interação social podem existir com as dificuldades de

aprendizagem. Apesar de as dificuldades de

aprendizagem ocorrerem com outras deficiências (por

exemplo, deficiência sensorial, deficiência mental,

distúrbios socioemocionais) ou com influências

extrínsecas (por exemplo, diferenças culturais,

insuficiente ou inapropriada instrução etc), elas não são o

resultado dessas condições”. (FONSECA, 1995, p.71)

Como podemos perceber por essa definição o termo dificuldades de

aprendizagem em sido utilizado para designar um fenômeno extremante

complexo. O campo das dificuldades de aprendizagem agrupa afetivamente

uma variedade desorganizada de conceitos, critérios, teorias, modelos e

hipóteses.

3.2. Modelos de avaliação

As dificuldades de aprendizagem não são uma condição ou síndrome simples

nem decorrem apenas de uma única etiologia, trata-se de um conjunto de

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condições e de problemas heterogêneos e de uma diversidade de sintomas e

de tributos que obviamente subentendem diversificadas e diferenciadas

respostas clínico-educacionais.

“Nos nossos dias, não existe nenhum modelo ou método

de avaliação válido conhecido que verdadeiramente

identifique um estudante com dificuldades de

aprendizagem, ou que detecte uma ineficiente leitura ou

escrita, disfunções cognitivas na resolução de problemas

de cálculo, ou mesmo problemas na fala”. (FONSECA.

1995, p.73)

Em termos sincréticos, os processos de avaliação e de identificação continuam

em termos ditos oficiais, nas mãos de pediatras, neurologistas, psiquiatras,

orientadores pedagógicos etc., que confiam demasiado nos testes e nos seus

dados clínicos, omitindo freqüentemente os dados oferecidos pelos próprios

professores. A demasiada confiança no QI, nas idades mentais e nos índices

média guia no nosso sistema escolar muitas das decisões educacionais das

crianças e dos jovens com dificuldades de aprendizagem.

3.3. Transtornos de aprendizagem

A presença de uma dificuldade de aprendizagem não implica necessariamente

em um transtorno, que se traduz por um conjunto de sinais sintomatológicos

que provocam uma série de perturbações no aprender da criança, interferindo

no processo de aquisição e manutenção, de forma acentuada.

Os transtornos de aprendizagem compreendem uma inabilidade específica

como de leitura, escrita, matemática entre outros fatores. Em indivíduos que

apresentam resultados significativamente abaixo do esperado para seu nível de

desenvolvimento, escolaridade e capacidade intelectual.

Em distúrbios de aprendizagem,

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"(...) o desenvolvimento é um processo contínuo. É

preciso, portanto, um certo grau de relacionamento entre

todas as funções, além de uma linguagem interior já

adquirida, para chegar à escrita e à escrita (...)”.

(DROUET, 1995, P.17)

Para a escrita ocorrer, é necessária uma ação conjunta das seguintes aptidões:

• Discriminação auditiva;

• Composição e decodificação dos sons;

• Discriminação visual;

• Organização e orientação dos elementos no espaço;

• Seqüência temporal;

• Coordenação dos movimentos finos;

• Conhecimento e controle do próprio corpo;

• Noção de lateralidade.

“A criança em um distúrbio de comportamento quando

ela apresenta desvios da expectativa de comportamento

do grupo etário a que pertence. Ou seja, quando ela não

está ajustada aos padrões da maioria desse grupo e,

portanto, seu comportamento é perturbado, diferente dos

demais. Nesse caso a criança pode até sofrer punições

por parte de seus companheiros ou de seus superiores. E

muitas vezes seu comportamento pode se manifestar

como um problema para a sua aprendizagem”.

(DROUET, 2003, p.77)

Quando o comportamento de uma criança não é socialmente aceito, ou seja,

quando não está de acordo com as normas sociais estabelecidas, ela não é

considerada normal.

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3.3.1. Principais transtornos de aprendizagem e suas

intervenções possíveis

a) Disgrafia: desordem de integração visual-motora (não há

coordenação entre os dois)

É a dificuldade na utilização dos símbolos gráficos para exprimir idéias.

Caracteriza-se pelo traçado irregular das letras e pela má distribuição das

palavras no papel. A criança consegue copiar um texto, porém, quando

esse mesmo texto é ditado, ou então quando esse texto é uma dissertação,

surgem sérios problemas de escrita. (COLL, 1996)

O indivíduo fala, lê, mas não consegue transmitir informações visuais ao

sistema motor. Resumindo: lê, mas não escreve, além de possivelmente, ter

graves problemas motores e de equilíbrio. O indivíduo não possui

dificuldades visuais nem motoras, mas não consegue transmitir as

informações visuais ao seu sistema motor. Deficiência de “transmissão”.

Fala e lê, mas não encontra padrões motores para a escrita de letras,

números e palavras. Não possui senso de direção. Falta-lhe equilíbrio, pode

soletrar oralmente, mas não consegue expressar idéias, por meio de

símbolos visuais, pois não consegue escrever. (OLIVIER, 2007, P.41)

Soluções

• Acima de tudo, avaliação multidisciplinar e acompanhamento

psicopedagógico;

• Usar microespaços e macroespaços para a aprendizagem (entenda-se

macro = espaço físico qualquer e micro = sulfite, caderno etc.);

• Balé desenvolve o equilíbrio e ajuda o desenvolvimento da letra cursiva

(letra pequena, traçada de modo rápido e coerente);

Na maioria dos casos, está ligado a distúrbios neurológicos. E necessita de

tratamento e de acompanhamento neurológico e psicopedagógico, em

conjunto.

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b) Disortografia

É a incapacidade de apresentar uma escrita correta, com o uso adequado

dos símbolos gráficos. A criança não respeita a individualidade das

palavras. Juntam palavras, troca sílabas e omite sílabas ou palavras.(COLL,

1996)

A disortografia é confundida erroneamente como, letra feia ou letra de

médico. Na verdade trata-se de algo mais complexo que apenas letra feia.

E necessita de exames e testes específicos para detectar a causa e os

melhores tratamentos.

O balé clássico, além de desenvolver o equilíbrio e ser útil no tratamento de

diversos distúrbios, desenvolve também a letra cursiva, o que pode ser útil

para solucionar a letra feia, quando não é fruto de nenhum distúrbio mais

complexo.

É importante uma avaliação do meio social e da forma como à criança foi ou

está sendo educada e alfabetizada. Se ela convive em um meio, onde todos

falam e escrevem incorretamente é muito difícil que ela consiga se

expressar corretamente, na escola.

c) Discalculia

É o termo usado para indicar dificuldade em matemática. O aluno pode

automatizar os aspectos operatórios (as quatro operações, contas,

tabuadas), mas encontra dificuldade em aplicá-los em problemas. Às vezes

não consegue entender o enunciado do problema, porque tem dificuldade

na leitura do mesmo. Segundo Drouet (2003, p.131), “para os disléxicos

graves e para as crianças com DCM, até as operações tornam-se difíceis,

porque eles invertem os números ou então sua seqüência”. A criança com

DCM luta na escola contra a intolerância dos colegas e professores e, em

casa, contra a impaciência dos familiares. Quando seu nível mental é bom,

ela consegue superar essas perturbações, mas poderão persistir alguns

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sintomas, como hiperatividade, desajeitamento, desorientação espacial,

dislexia, disgrafia e discalculia. (PORTO, 2007, p. 66)

Após todos os testes e exames, se ficar comprovado que a criança não tem

nenhuma disfunção neurológica, nenhuma deficiência causada por anemia

ou desnutrição, enfim, se a criança estiver bem física e mentalmente

restarão as causas psicológicas e a deficiência do sistema de ensino para

justificar o fracasso com os números.

Principais dificuldades do aluno

• Dificuldade de passar do texto para linguagem matemática;

• Fala de vivências concretas;

• Inadequação dos termos com o desenvolvimento;

Sintomas de uma possível discalculia

Estes sintomas podem ser detectados entre três e os seis anos de idade:

• Parece não reconhecer números nem distingui-los;

• Confunde-se, achando que todos os números são iguais;

• Não consegue dizer com exatidão quantos anos tem, nem mesmo

mostrando nos dedos;

• Não sabe distinguir o número de sua residência nem a data de seu

aniversário;

• Não consegue contar em seqüência lógica;

• Não consegue fazer contas básicas, mesmo usando objetos concretos;

• Não reconhece símbolos matemáticos;

• Não consegue “escrever” os números;

• Demonstra nervosismo, quando exposto às aulas de matemática.

Ao apresentar esses sintomas, pode-se pensar em discalculia, que poderá ser

comprovada por meio de exames e testes por profissionais especializados.

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d) Dislexia

Dislexia = “Dys” do grego, que significa imperfeito ou com disfunção.

“Lexia”, também do grego, que se refere ao uso de palavras e não somente

leitura. Palavra significa comunicação através da linguajem; fala, leitura,

escrita e linguagem receptiva.

O oftalmologista Dr. Rudolf Berlim, há mais de 100 anos, foi o primeiro a

utilizar esse termo para se referir a paciente com dificuldade na leitura.

Muitos estudos foram realizados utilizando o termo significando apenas um

distúrbio da leitura. Entretanto, atualmente já se aceita englobar como

sintomatologia da dislexia, além da dificuldade em leitura e soletração,

transtornos na comunicação expressiva, receptiva, oral e escrita.

A dislexia representa um distúrbio do desenvolvimento da linguagem,

definida como uma alteração, transitória ou permanente, da compreensão

da leitura, soletração, escrita, comunicação expressiva e receptiva, em

criança com adequada acuidade auditiva e visual, interessada na sua

aquisição. Os outros aspectos neurológicos como sensibilidade, movimento,

coordenação, concentração, interesse e inteligência, costumam estar

normais. Na maioria das vezes, só é possível perceber a dislexia quando a

criança inicia a alfabetização. Aí então, os pais, familiares e professores

nada percebem; quanto muito pode ser observado pequenos desvios no

desenvolvimento neuropsicomotor. Existe nítido predomínio, em meninos,

numa proporção de quatro para uma menina.

É preciso ter cuidado em distinguir as etapas normais de aquisição da

leitura/escrita, com o diagnóstico de dislexia. Em muitos países, os estudos

estatísticos mostram índices de até 15% na incidência de dislexia, o que

sem dúvida, representa uma supervalorização na suposição diagnóstica.

A Associação Brasileira de Dislexia em no seu site da internet

(http://www.dislexia.org.br), que a dislexia é o distúrbio de maior incidência

nas salas de aula, ocorrendo em cerca de 10 a 15% da população mundial.

Está referido, ainda, que a dislexia não é o resultado de má alfabetização,

desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ruim ou baixa

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inteligência. É um evento hereditário, com alterações genéticas e do padrão

neurológico. Por esses múltiplos fatores deve ser diagnosticada por uma

equipe multidisciplinar.

Como qualquer doença, existem vários graus de intensidade do transtorno

disléxico, indo desde leves e quase imperceptíveis, até distúrbios tão

intensos que impendem à alfabetização. O nível de dificuldade varia muito

e, também, os sintomas presentes, que não são todos evidentes em uma

criança só. Em algumas predominam dificuldades de soletração, em outras

na compreensão dos textos ou na escrita, com inversão de números e

letras.

Como reconhecer uma possível dislexia?

A criança disléxica apresenta algumas diferenças em relação a outras crianças

da mesma idade em diversos aspectos; estas diferenças não são observadas

em todas elas, mas ocorrem em diversas combinações.

A Associação Brasileira de Dislexia coloca as características da pessoa com

dislexia, subdivididas em três fases de desenvolvimento:

I – Pré-escola

Fique alerta se a criança apresentar alguns desses sintomas. O fato de

apresentá-los não indica necessariamente que seja disléxica, mas pede uma

atenção maior.

• Imaturidade no trato com outras crianças;

• Fraco desenvolvimento da atenção;

• Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem;

• Atraso no desenvolvimento visual;

• Dificuldade em aprender rimas e canções;

• Fraco desenvolvimento da coordenação motora;

• Dificuldade com quebra-cabeças;

• Fala de interesse por livros impressos.

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II – Idade escolar

Nessa fase, se acriança continua apresentando alguns ou vários dos sintomas

a seguir, é necessário um diagnóstico e acompanhamento adequado:

• Dificuldade na aquisição e automação da leitura e escrita;

• Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e

alteração (sons iguais no início das palavras);

• Desatenção e dispersão;

• Dificuldade em copiar de livros ou da lousa;

• Dificuldade na coordenação motora fina (desenhos, pintura) e/ou grossa

(ginástica, dança);

• Desorganização geral, como por exemplo, os constantes atrasos na

entrega de trabalhos escolares;

• Dificuldades visuais, como por exemplo, podemos, perceber com certo

impacto, a desordem dos trabalhos no papel e a própria postura da

cabeça ao escrever;

• Confusão com direita e esquerda;

• Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas;

• Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou sentenças

longas e vagas;

• Dificuldade na memória de curto prazo, como instruções, recados;

• Dificuldade em decorar seqüências, como meses do ano, alfabeto;

• Dificuldade na matemática e desenho geométrico;

• Problemas de conduta como: retração, timidez excessiva, depressão, e

menos comum, mas também possível, torna-se o “palhaço” da turma;

• Grande desempenho em provas orais.

III – Adulto

Se não teve um acompanhamento adequado na fase escolar, o adulto disléxico

ainda apresentará dificuldades:

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• Continuada dificuldade na leitura e escrita;

• Dificuldade para soletrar;

• Memória imediata prejudicada;

• Dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomia);

• Dificuldade com direita e esquerda;

• Dificuldade em aprender uma segunda língua;

• Dificuldade em organização geral;

• Comprometimento emocional.

Não existe uma unanimidade quanto a melhor forma de reconhecer a criança e

o adulto disléxico. É possível obter outras formas de identificação da pessoa

disléxica, como a citada a seguir:

v Se tiver de 8 anos e meio ou menos

• Ainda tem dificuldade de leitura?

• Ainda tem dificuldade de soletrar?

• Tem atividades não relacionadas com leitura e soletração,

mostra-se esperto e inteligente?

• Inverte números, por exemplo, 15 por 51 ou 2 por 5?

• Escreve “b” ao invés de “d”?

• Necessita usar blocos ou dedos ou anotações para fazer

cálculos?

• Tem alguma dificuldade incomum em lembrar a tabuada?

• Demora a responder?

• Confunde direita com a esquerda?

• É desajeitado?

• Tem dificuldade em pegar ou chutar bola?

• Tem dificuldade em atar os sapatos, vestir ou trocar de

roupas?

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v Se tiver de 8 anos e meio a 12 anos

• Ainda comete erros negligentes na leitura?

• Ainda comete erros esquisitos na soletração?

• Omite algumas letras nas palavras?

• Não tem senso de direção, confundindo às vezes esquerda

com direita?

• Às vezes confunde “b” com “d”?

• Ainda acha tabuada difícil?

• Ainda utiliza os dedos das mãos, dos pés e sinais especiais no

papel, para fazer cálculos?

• A compreensão de leitura é mais lenta do que a esperada

para a idade?

• Leva mais tempo do que a média para fazer trabalhos escritos

na escola ou em casa?

• Lê muito por prazer?

• O tempo que leva para fazer as quatro operações aritméticas

parece ser mais lento do que o esperado para a idade?

• Demonstra insegurança e baixa apreciação sobre si mesmo?

v Se tiver 12 anos ou mais

• Comete muitos erros na leitura?

• Quando faz soletração, nota-se ainda incorreções?

• As instruções, os números de telefone, etc, tem às vezes de

ser repetido?

• Atrapalha-se pronunciando palavras longas? (faça experiência

com liminarmente, filosoficamente, paralelepípedo)

• Confunde-se, às vezes, com lugares, horários e datas?

• Muita verificação tem que ser feita antes de copiar

corretamente?

• Ainda tem dificuldade com tabuadas mais difíceis?

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• Na forma tradicional de recitar tabuadas, se perde e pula

alguns números, esquecendo em que ponto estava?

• Diga-lhe quatro números, por exemplo, 4 – 9 – 5 – 8,

pronunciados em intervalos de um segundo e lhe peça para

dizer em ordem inversa.

• Ainda volta aos horários da idade anterior quando se cansa?

• Tem dificuldades em planejar e fazer redações?

v Todas as idades

• Há alguém mais na família com o mesmo problema?

• Você tem a impressão que existe anomalias e inconsistências

na performance dele, que é esperto e inteligente em alguns

aspectos, mas parece ter um bloqueio parcial ou total, difícil

de explicar?

Afinal desse trabalho (anexo I) é oferecido um protocolo completo (por critérios

de exclusão) para avaliação do aluno com dificuldade de aprendizagem, a ser

respondido pelo (a) professor (a) ou pelos pais, com intuito de levantar a

suspeita informal de tratar–se de um caso de dislexia. Lembre-se que o

diagnóstico formal deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, que inclui

psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo e neurologista infantil, não só para

definir a dislexia, mas também eliminar fatores coexistentes de importância

para o tratamento.

Em muitos casos, a dislexia pode ser diagnosticada não por estes critérios de

exclusão, mas indiretamente à base de elementos neurológicos, ou

diretamente à base da freqüência e persistência de certos erros na escrita e na

leitura.

Classificação da Dislexia

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A classificação ainda é controversa, existindo diferentes formas de classifica-la.

Entretanto a forma mais completa e mais utilizada é a sugerida por Elena

Border e Miklebust:

I – Dislexia Disfonética

Presença de dificuldade auditiva, de análise e síntese; dificuldade de

discriminação temporal (em perceber sucessão e duração). Os sintomas mais

comuns são: trocas de fonemas e grafemas; deferentes dificuldades com

logatomas; alterações grosseiras na ordem das letras e sílabas; omissões e

acréscimos na escrita; maior dificuldade com a escrita do que com a leitura,

substituição de palavras por sinônimos, ou trocas de palavras por outras

visualmente semelhantes (reconhece-as globalmente).

II – Dislexia Diseidética

A criança apresenta dificuldades visuais, na percepção guestáltica, na análise e

síntese e espaciais (percepção das direções, localizações, relações e

distâncias). Os sintomas mais comuns são: leitura silabada, sem conseguir

síntese, com presença de aglutinação/fragmentação; troca por equivalentes

fonéticos; e maior dificuldade para a leitura do que para a escrita.

III – Dislexia Visual

Nestes casos se observa deficiência na percepção visual. Sintomas:

dificuldades na percepção visuomotora e dificuldade na habilidade visual (não

visualiza cognitivamente o fonema).

IV – Dislexia Auditiva

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Nota-se importante deficiência na percepção auditiva. Os principais sintomas

são: deficiente memória auditiva; deficiente discriminação auditiva (não

audibiliza cognitivamente o fonema).

V – Dislexia Mista (Alexia)

Nesse grupo estão situados os casos mais graves e de difícil

acompanhamento. Todos os aspectos da linguagem, tanto perceptivos como

expressivo, estão alterados; existe deficiência na percepção e memória

auditiva, as dificuldades visuomotora e visuoespaciais são evidentes; a visão

guestáltica está muito alterada e existem trocas de grafemas e fonemas.

Segundo as escolas mais modernas e os teóricos mais atualizados em

lingüística, o fenômeno da linguagem escrita não é a transcrição da linguagem

oral. Ela tem suas próprias seqüências e deve ser adquirida como uma nova

linguagem. Antes de tudo, com aspectos semânticos enfatizados e não como

simples decodificação e codificação, requerem síntese e análise visual e

auditiva, assim como discriminação têmporo-espacial.

Existem autores que acreditam na existência de um tipo de dislexia

denominada:

Dislexia Congênita ou Inata: a criança já nasce com o transtorno e a

origem pode ser devida a múltiplos fatores pré-natais. Constituem os casos

mais graves, com acentuada dificuldade na habilidade para a aquisição de

leitura e escrita; estas crianças raramente conseguem adquirir a alfabetização.

As dificuldades apresentadas são incuráveis, pois mesmo que o indivíduo

adquira alguma capacitação escolar, não consegue ler/escrever por muito

tempo e, após ler/escrever, não se recorda do conteúdo. Em exames de

neuroimagem como Ressonância Magnética Encefálica, foi observada

alteração orgânica, anatômica, caracterizada por hemisférios cerebrais

idênticos no tamanho, o que é considerado anormal, pois em crianças normais

o hemisfério esquerdo é maior que o direito.

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O papel do professor no tratamento do disléxico

O sucesso no acompanhamento do paciente disléxico está baseado em

terapias multidisciplinriais, isto é, aprender a ler e escrever pelo uso de todos

os sentidos, combinando a visão, a audição e o tato. Toda atividade terapêutica

deve exigir máxima atenção ao ver, ao ouvir e ao realizar movimentos, tanto

das mãos durante a escrita como da boca ao falar. Com isso a criança

associará a forma escrita, com os sons e com os movimentos de mãos e da

boca.

O método global é o mais indicado, pois a criança aprende a identificar as

palavras como um todo, de uma forma guestáltica, o que facilita a identificação

mais rápida e interpretativa. O método sintético ou fonêmico é o menos

indicado e pode dificultar o diagnóstico precoce do transtorno disléxico.

Algumas atitudes simples favorecem emocionalmente a criança com dislexia,

levando a uma melhor performance escolar. Algumas destas ações, referidas

pela Associação Nacional da Dislexia, são:

• Acompanhar sempre que possível à agenda;

• Certifique-se, sempre, de que o aluno entendeu as instruções ou

solicitações feias por escrito;

• Dê “dicas” e oriente o aluno sobre organizar-se e realizar as atividades

na carteira, na sala etc ...;

• Dê “dicas” específicas de como o aluno pode estudar sua disciplina;

• Dê instruções e orientações curtas e simples que evitem confusões;

• Incentive o aluno a restaurar confiança em si próprio;

• Incentive sempre que possível o uso de computador;

• Incentive-o nas coisas que ele gosta e que faz bem feito;

• Não estimule e tão pouco permita que os colegas humilhem ou rejeitem

o aluno por causas de suas dificuldades;

• Não exerça pressão sobre ele a ponto de amedrontá-lo com a

perspectiva de não passar de ano;

• Não insista em “exercícios de fixação”, repetitivos, numerosos; isso não

diminui a sua dificuldade;

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• Não insista para que o aluno leia em voz ala, perante a classe;

• Permita (e incentive) o uso do gravador;

• Ressalte os acertos, ainda que pequenos e não enfatize os erros;

• Sempre que possível atribua-lhe tarefas, que possam fazê-lo se sentir

útil;

• Sempre que possível propronha estratégias lúdicas que favoreçam a

aprendizagem;

• Valorize sua grafia;

• Estimule a olhar as palavras detalhadamente, poucas letras de cada

vez;

• Fale francamente sobre as dificuldades dele;

• Ajude a reconhecer que há muitas coisas que pode fazer bem;

• Motive a ir devagar, dando tempo ao tempo;

• Manifeste sua apreciação pelo esforço, como, por exemplo, elogiando

por tentar escrever uma história. Mesmo que contenha muitos erros,

diga que a maior parte das palavras estava certa.

Precisamos estar atentos a essas crianças, pois ao nos depararmos com

um aluno que tem em seu histórico repetência, demora para aprender a ler

e escrever, dificuldade em soletrar, associar símbolos em seqüência,

nomear objetos, entender tabuada, podemos estar diante de um disléxico.

O importante, nesse momento, não é tentar resolver o problema e sim

detectar e encaminhar a profissionais que conheçam e convivam com esse

tipo de distúrbio. A partir daí, a escola tem que ser sensível e competente

para que nunca deixe que esta criança seja humilhada, nem privada de

suas descobertas, levando-as sempre a descobrir suas próprias habilidades

e seu caminho próprio do aprender.

“Uma criança com dislexia não é portadora de deficiência

nem mental, física, auditiva, visual ou múltipla. O

disléxico, também, não é uma criança de alto risco, uma

criança não é disléxica porque teve seu desenvolvimento

comprometido em decorrência de fatores como

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desenvolvimento comprometido em decorrência de

fatores como gestação inadequada, alimentação

imprópria ou nascimento prematuro. A dislexia tem um

componente genético, exceto de acidente cérebro-

vascular (AVC). Ser disléxico é condição humana. (...) o

disléxico pode sim, ser um portador de alta habilidade.

Daí, em geral, os disléxicos, serem talentosos na arte,

música, teatro, esportes, mecânica, vendas, comércio,

desenho, construção e engenharia. Não se descarta

ainda que venha a ser um superdotado, com uma

capacidade intelectual singular, criativo, produtivo e

líder”. (MARTNS, 2001, p.123)

e) Distúrbios da motricidade

Os transtornos psicomotores compreendem as funções psíquicas e

neurológicas, além de um atraso na maturação do sistema nervoso central.

Sua principal característica é a falta de coordenação entre o que o indivíduo

pretende fazer e a ação propriamente dita, o que dificulta a capacidade de

expressar-se pelo corpo. Isso provoca distúrbios afetivos e, também,

problemas de aprendizagem. (COLL, 1996)

f) Hiperatividade

É um dos distúrbios mais freqüentes em crianças com transtornos motores.

A hiperatividade é uma perturbação psicomotora. Esse comportamento não

aparece apenas pelo excesso de atividade de “falta de parada” da criança,

mas também nos seus movimentos em direção aos objetos e do seu próprio

corpo.

“As crianças hiperativas têm descontrole motor

acentuado, o que faz com que elas tenham movimentos

bruscos e inadequados, expressão facial descontrolada,

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fala e respiração entrecortadas, mudanças freqüentes de

humor e instabilidade afetiva. Elas passam, por exemplo,

de uma crise de raiva para demonstrações de carinho, do

choro ao riso, e vice-versa”. (Martins, 2001, p.125)

g) Síndrome de Déficit de Atenção em Hiperativos (TDAH)

“A característica fundamental do transtorno de Déficit de

Atenção em Hiperativos (TDAH) é um padrão persistente

de desatenção, compulsividade e/ou hiperatividade-

impulsividade que é mais freqüente e severa que o

tipicamente observado em indivíduos em um nível

comparável de desenvolvimento”. (PORTO, 2007, p.43)

h) Desordem de Déficit de Atenção (DDA)

Geralmente não tem ligação com disfunções neurológicas e não deve ser

confundido com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH),

esse deve ser tratado pela psiquiatria. A DDA caracteriza-se por baixo

desempenho escolar, aprendizado satisfatório, o indivíduo pode ser

disperso, desatento, meio alienado ou alternando hiperatividade com

alienação.

Apesar das divergências entre os diversos estudos e pesquisas científicas

das áreas da Educação, da psicologia Escolar, do desenvolvimento

psíquico e cognitivo, da neuropsicologia, da psicopedagogia é importante

que os pais, professores, orientadores pedagógicos e educacionais estejam

atentos para quaisquer sintomas que possam ser identificados como

distúrbio de aprendizagem.

Procurar um profissional especializado é o primeiro passo para realizar os

exames e testes específicos. Pois, o que vemos nas unidades escolares é a

“rotulação” do aluno como indisciplinado, incapaz de aprender etc. Quando

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na verdade podemos estar diante de um problema sério que se não for

tratado com a atenção merecida interferirá no processo de alfabetização e

letramento dessa criança.

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CONCLUSÃO

A concepção da alfabetização e letramento nas séries iniciais do Ensino

Fundamental compreende uma discussão curricular, concebendo uma

metodologia que atenda às necessidades oriundas do indivíduo na sociedade

contemporânea.

Pensar em currículo como construção social, é pensar na ação dos indivíduos

concretos e não em idéias abstratas desvinculas dos sujeitos produtores da

ação concreta. Contudo, ainda como construção social não podemos deixar de

levar em consideração as forças sociais que formam o contexto no qual se

insere a ação intencional coletiva.

O currículo nas séries iniciais do Ensino Fundamental pressupõe estabelecer

neste segmento situações em que se configure o processo de ensino-

aprendizagem, associados a ludicidade, às experiências dos indivíduos e a

todas as linguagens que permeiam o universo infantil (histórias, música,

expressão corporal...).

“Os problemas de aprendizagem tem origem na

constituição do desejo do sujeito. Contudo, o fracasso

escolar tem sido justificado pela desnutrição e por

problemas neurológicos e genéticos. Poucas são as

explicações que enfatizam as questões inorgânicas, ou

seja, as de ordem do desejo, analisando as questões

internas e externas do não-aprender. (...) os

psicopedagogos têm construído sua teoria a partir do

estudo dos problemas de aprendizagem. E a clínica tem

se constituído em eficiente laboratório da teoria”.

(BOSSA, 1994b, p.8)

As preocupações com os recursos que podem ser utilizados no diagnóstico e

na intervenção psicopedagógica são constantes na psicopedagogia,

principalmente porque ela ainda não constitui uma profissão embora a

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Associação Brasileira de Psicopedagogia se empenhe no reconhecimento da

profissão.

Por ser a psicopedagogia um campo de atuação que integra saúde e educação

e lida com o conhecimento, é de grande importância sua intervenção nas

unidades escolares, auxiliando a alfabetização e o letramento nas séries

iniciais, detectando dificuldades/transtornos de aprendizagem que possam

“prejudicar” a aquisição da leitura e escrita.

Atualmente observa-se um grande crescimento da ação do psicopedagogo nas

escolas, sobretudo em uma perspectiva preventiva e institucional. Dessa forma,

a psicopedagogia insere-se no contexto educacional como mais um campo de

conhecimento na busca da redução do fracasso escolar.

Na escola, a investigação e a ação psicopedagógica tem como foco a

prevenção das dificuldades de aprendizagem. Essa prevenção passa pela

construção de uma dinâmica relacional sadia na instituição, onde o contexto

escolar possa voltar-se para os aspectos sadios da aprendizagem e do

conhecimento.

Numa epistemologia sócio-interacionista Vygotsky afirma que o conhecimento

se processa pela interação do sujeito com o meio. Sendo assim, podemos crer

que desde o nascimento o indivíduo estabelece situações nas quais ele produz

conhecimento e utiliza o mesmo na obtenção de informações.

A sociedade contemporânea exige um repensar dos princípios metodológicos

que norteiam a construção do conhecimento nas séries iniciais, pois as

informações chegam em tempo real e são percebidas pelo indivíduo de forma

ampla, possibilitando uma aprendizagem mais rápida e facilitada.

O Letramento numa visão sócio-histórica concebe que os participantes da ação

educativa são seres humanos “construtores", reais e produtores de

conhecimento.

A prática de conhecimento novos e mais avançados, a obtenção coletiva, o

trabalho de inclusão, o recriar e construir história, são elementos que

contribuem para a superação da ruptura que existe entre o trabalho concreto e

o intelectual.

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O Letramento se contextualiza a partir das interações que os alunos criam

entre as informações e mediações feitas pelos sujeitos transmissores. Ao

processar e decodificar as mensagens recebidas, o indivíduo as internaliza e

as utiliza paralelamente nas intervenções e interações com o meio em que

vive.

“Se só nós dirigirmos às crianças que compartilhem

alguns de nossos conhecimentos, deixaremos de lado

uma grande porcentagem da população infantil

estacionada em níveis anteriores a esta evolução,

condenando-o involuntariamente ao fracasso”.

(Reflexões sobre alfabetização – 200- p.63)

.

Quando formalizamos um espaço e concebemos oportunidades para que o

indivíduo perceba a importância da linguagem oral/ escrita na sociedade e

como essa linguagem é utilizada pelos diversos campos do saber, estaremos

estreitando os caminhos que conduzem à inclusão.

Concluindo, com a esperança de que este trabalho possa vir a servir como

fonte de consulta para todos que se interessem pelo assunto. Estamos cientes,

contudo que o estudo não se esgota aqui. Muito ainda há a se pesquisar, pois,

se trata de um assunto novo e que possui literatura ainda escassa. Por tudo

isso, prosseguiremos nos estudos, e recomendamos aos interessados que

continuem a pesquisar o assunto.

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ANEXO

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