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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO INFANTIL E DESENVOLVIMENTO ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS. Por Valdina Victor de Barros Professor(a) orientador(a) Mary Sue Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM

EDUCAÇÃO INFANTIL E DESENVOLVIMENTO

ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: FUNDAMENTOS

TEÓRICOS E METODOLÓGICOS.

Por Valdina Victor de Barros

Professor(a) orientador(a) Mary Sue

Rio de Janeiro

2010

ii

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM EDUCAÇÃO

INFANTIL E DESENVOLVIMENTO

ALFABETIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: FUNDAMENTOS

TEÓRICOS E METODOLÓGICOS.

Monografia apresentada no Curso de

Pós-graduação “lato sensu” em

Educação Infantil e Desenvolvimento,

do Instituto a Vez do mestre da

Universidade Cândido Mendes,

atendendo à complementação didático-

pedagógica da disciplina Metodologia

da Pesquisa.

Por

Valdina Victor de Barros

iii

iv

v

AGRADECIMENTOS

À Professora Mary Sue, orientadora

do presente trabalho, que o conduziu com

esmerada sensibilidade didática, mostrando

caminhos participativos sem impor a tutela

de seu pensamento.

Aos meus familiares e amigos, pelo

apoio e compreensão nas ausências, face às

barreiras e desafios impostos para a

realização do curso.

Às(os) colegas de turma com os quais

compartilhei o cotidiano acadêmico,

vivenciando desafios e alegrias.

À direção do Instituto “A Vez do

Mestre” e à Direção da Universidade

Cândido Mendes, por terem proporcionado

um centro de estudos de alta excelência

acadêmica.

vi

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar a alfabetização infantil,

buscando Identificar as principais teorias sobre o desenvolvimento da

aprendizagem, assim como realizar uma abordagem resumida sobre os

métodos e técnicas mais empregados, fazendo ainda uma análise sobre as

principais idéias e contribuições dos teóricos mais proeminentes nessa fase da

educação infantil. A metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica, tendo

como ponto de partida o referencial teórico, tanto o legal como o pedagógico;

seguido de um estudo da evolução histórica dos métodos de alfabetização no

Brasil, considerando principalmente e Estado de São Paulo, no período a partir

da segunda metade do século XIX até os dias atuais. Na sequência é realizada

uma apresentação do emprego prático de cada um dos métodos, agrupados

em sintéticos e analíticos, com uma resenha sobre o construtivismo e suas

principais críticas. Finalmente, são apresentados os principais teóricos que

mais contribuíram com o campo da alfabetização infantil, com um resumo das

suas principais idéias e uma pequena biografia, sendo realizada uma

comparação entre as correntes que hoje mais se contrapõem que são o

método fonético e a teoria construtivista.

vii

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I - CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA ...........................

CAPÍTULO II - ABORDAGEM HISTÓRICA DOS MÉTODOS

DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL ...................................................

CAPÍTULO III – ABORDAGEM TÉCNICA SOBRE AS METODOLOGIAS

DE ALFABETIZAÇÃO ...................................................................................

CAPÍTULO IV – OS PRINCIPAIS TEÓRICOS DA ALFABETIZAÇÃO

NA EDUCAÇÃO INFANTIL ...........................................................................

CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................

CONCLUSÃO ...............................................................................................

BIBLIOGRAFIA .............................................................................................

viii

FIGURA

Figura 1: Classificação dos métodos de alfabetização quanto

ao ponto de partida da leitura ...............................................................

9

INTRODUÇÃO

A concepção de alfabetização é comumente associada à

aprendizagem do ensino dos códigos alfabéticos, apenas como atos de leitura

e escrita, ou como um processo de aquisição de habilidades, restritas às

tarefas de simplesmente decifrar os códigos alfabéticos. Contudo, sabemos

que a sociedade necessita de muito mais. Ela precisa de indivíduos preparados

para fazer o uso social destes códigos, tanto no emprego da escrita, como na

concepção da leitura resultante da interpretação dos referidos códigos, ou seja:

das letras, números e demais sinais.

Então, não se deseja que haja apenas indivíduos que saibam decifrar

os códigos? Como resposta a este questionamento: é certo que “não”.

É necessário formar pessoas que sejam autônomas e participantes,

que possam contribuir enquanto cidadãos integrantes de um meio social

complexo, para que se possa consolidar uma sociedade mais esclarecida, mais

culta, e mesmo mais justa, tanto no campo da interação social, quanto no

campo da repartição de recursos, e mesmo enquanto integrante da coletividade

ou de um meio, onde a comunicação é sem dúvida o elemento primordial, e

onde o papel principal a ser exercido pelo cidadão alfabetizado no sentido

amplo, é o de agente ativo do processo das relações sociais.

Logo, diante dessa argumentação pode-se perceber que o grande

desafio é tornar possível a utilização da leitura e da escrita como instrumentos

de reflexão sobre as relações no meio social, e a sua utilização como

descoberta do próprio pensamento enquanto recurso organizador dessas

mesmas relações.

Portanto, alfabetizar na concepção que precisamos enfocar é não

somente estar apto a ler e escrever, mas sim, estar em estado permanente de

prontidão para fazer o uso adequado deste recurso, enquanto ferramenta do

processo social. A esta segunda concepção alguns teóricos denominam de

“letramento”. No entanto, nos interessa apenas demonstrar que essa finalidade

abarca uma concepção mais ampla do conceito de alfabetização. E é nela que

provavelmente repousa o nosso problema.

10

Na Alfabetização com o sentido mais amplo, a escrita é vista como um

ato inteligente, que consiste na compreensão da natureza de como o código

alfabético é usado na sociedade. Já a leitura é concebida como um ato que tem

um significado muito mais abrangente do que a decifração.

A finalidade do presente trabalho é lançar um olhar sobre o processo

de alfabetização infantil, fazendo uma abordagem sobre as principais teorias

que se preocuparam com a questão do desenvolvimento cognitivo no processo

da aprendizagem, também sobre os métodos e técnicas mais empregados na

prática pelos docentes, realizando também uma análise sobre as principais

idéias e contribuições dos teóricos mais proeminentes da educação infantil na

área da alfabetização, considerando as principais contribuições.

A Linha metodológica empregada é a pesquisa bibliográfica, onde,

partindo-se de um estudo da evolução histórica dos métodos de alfabetização,

a partir da segunda metade do século XIX até os dias atuais, será realizada

uma explanação sobre o emprego prático de cada um dos métodos, os quais

estão agrupados em sintéticos e analíticos, e com uma seção especial sobre o

construtivismo e algumas críticas registrados sobre seus resultados. Serão

apresentados ainda os teóricos que mais contribuíram com o campo da

alfabetização infantil, conforme já citado, com o resumo das suas idéias e uma

pequena biografia.

O objetivo descrito como justificativa para a realização deste estudo,

versa sobre as principais dificuldades apresentadas em leitura, interpretação e

compreensão de textos por alunos das séries mais avançadas. A nosso ver é

possível que o problema tenha como causa o modelo da alfabetização

empregado no Brasil, como também possa existir um hiato entre a formação

que o educador recebe nos cursos de formação de professores, e aquilo que é

realizado por ele no campo prático.

CAPÍTULO I

CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA

1.1 - O problema

O interesse do presente estudo originou-se na observação realizada

sobre alunos, que já se encontrando na fase do ensino fundamental,

apresentavam dificuldades em leitura, interpretação e compreensão de textos,

interação em atividades de classe e barreiras de sociabilidade, enfim,

dificuldades que teriam origem possivelmente na fase da pré-escola, no

processo de alfabetização.

À medida que foi possível ir delimitando o foco de observação e

centrando a atenção nas atividades de sala e em especial nas de leitura e

escrita, foi possível ir buscando em cada proposta apresentada aos alunos, em

cada gesto e fala, em cada intervenção realizada pelos professores, a extração

de informações significativas para análise e convencimento de quais variáveis

poderiam originar os problemas acima elencados.

Num primeiro momento, houve o pressentimento de estar diante de

uma dificuldade de formação pedagógica de docentes, ou, por outro lado, de

haver um hiato entre aquilo que é ensinado nas escolas de formação de

professores, e o que é praticado no cotidiano escolar.

A observação se estendeu além dos momentos das atividades de

leitura e escrita desenvolvidas, passando também à observação de cadernos,

planos de aula, exercícios realizados pelos alunos e, a forma de como eram

empregados os materiais considerados importantes para as aprendizagens de

leitura e escrita, que norteavam as práticas pedagógicas.

O interesse estendeu-se à verificação de como os professores lidavam

com as dificuldades que os alunos apresentavam no processo de construção

da leitura e escrita, ou seja, a aprendizagem propriamente dita, pois muitas

vezes, ocorriam também casos de alunos serem apontados como

problemáticos, por não avançarem no processo de alfabetização, ou, pelo

12

menos, não avançarem o tanto quanto era esperado.

Foi considerada então, a possibilidade de mapear algumas práticas da

forma como os professores trabalhavam com os alunos e, de quais saberes

estes professores frequentemente disponibilizavam para a resolução de

problemas de alfabetização. A observação orientou-se para a rotina do

relacionamento pedagógico em classe, ou seja:

- a freqüência do trabalho específico com leitura e escrita;

- quais tipos de atividades eram propostas e de que maneira eram

introduzidas para os alunos;

- de que modo os educadores realizavam certas intervenções;

- como eram frequentemente respondidas as perguntas dos alunos a

respeito das atividades realizadas em classe.

Finalmente pôde-se concluir, com as seguintes formulações do

problema, para este estudo: Há clareza ou distinção entre o que seja teoria e o

que seja método, ou mesmo técnica, por parte dos educadores? Existe rigor

no emprego habitual de ambos, nas atividades práticas? É taxativo o

entendimento do professor a cerca do posicionamento do aluno como figura

central do processo educacional, e seu principal agente de interação?

Como observação final, ficou claro que a questão em determinados

momentos não é ensinar, mas sim, estimular o aprendizado. É o aluno quem

aprende. É um binômio: ensino-aprendizagem, porém, o peso maior está sobre

a aprendizagem.

Este problema orientou o interesse do presente trabalho em realizar

um estudo a cerca dos principais métodos e teorias de alfabetização, com

abordagens histórica e técnica, centrando a questão das teorias mais na

apresentação dos principais teóricos com suas idéias.

1.2 - Referencial teórico

A educação infantil é um tanto recente, sendo implementada a partir

dos anos 30, tendo surgido da necessidade de formação de mão-de-obra

qualificada para a industrialização do país.

13

A Constituição da República federativa do Brasil de 1988 (CF/88)

concebeu a educação pré-escolar como um direito de todos e dever do estado,

sendo ela integrada ao sistema de ensino e à política educacional, com uma

concepção pedagógica complementar à educação familiar, e não mais como

uma ação assistencialista. Nela a criança passou a ser vista como um ser

social, histórico, pertencente a uma determinada classe social e cultural.

A CF/88 operou ainda a descentralização e municipalização da

educação infantil e primária, construindo um regime de cooperação entre

Estados e Municípios, com o ensino público gratuito em todos os níveis, além

de afirmar a creche e a pré-escola como um direito da criança de zero a seis

anos.

Com a promulgação da Lei nº 8.069/90 de 13 de julho de 1990,

Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), foram criadas diretrizes

municipais sobre os direitos da criança e os Conselhos Tutelares nos

Municípios. Estes com o objetivo de zelar pelo cumprimento dos direitos da

criança, sendo um desses direitos o próprio direito à educação como dever dos

pais.

No tocante à Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional (LDB),

Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, em seu artigo 29º a educação infantil

foi conceituada como complementar a ação da família e da comunidade,

abrangendo crianças de até seis anos de idade, objetivando o desenvolvimento

integral nos aspectos físico, psicológico, intelectual e social. Este mesmo

dispositivo impõe que os educadores dessa faixa sejam habilitados em curso

normal médio ou de nível superior (art. 62).

O artigo 30º da LDB divide a educação para a alfabetização infantil em

duas fases, sendo a primeira destinada às crianças de até três anos de idade,

a qual pode ser oferecida em creches ou entidades equivalentes; e, a segunda

destinada às crianças de quatro a seis anos de idade, às quais serão

desenvolvidas em pré-escolas.

Já os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) da Secretaria de

Educação Fundamental do Ministério da Educação (MEC/SEF) são

publicações referenciais que objetivam orientar o trabalho desenvolvido nas

14

escolas brasileiras, como seja o processo de construção do conhecimento por

parte do aluno e o papel de mediação do docente. Sua elaboração considera

os fatores culturais, sociais e econômicos do país. Seus fundamentos teóricos

estão calcados tanto no construtivismo, quanto no interacionismo.

Os PCN’s são referências para subsidiar a elaboração dos currículos,

nos Estados e nos Municípios, a partir da LDB, visando subsidiar os técnicos

em educação e os professores. Configuram uma proposta flexível respeitando

decisões regionais e locais sobre currículos e políticas de transformação da

realidade educacional das autoridades governamentais. Não é um modelo

curricular homogêneo e impositivo, pelo seu espírito de respeito à diversidade

sociocultural das diferentes regiões do País e à autonomia dos educadores.

Esta primeira parte do referencial teórico priorizou o embasamento

legal da educação infantil. A seguir será realizada uma fundamentação calcada

nos principais teóricos da educação infantil.

O referencial teórico da pedagogia educacional na alfabetização possui

três teóricos com importante papel na metodização e teorização da educação

infantil com suas idéias. São eles: Freinet, Piaget e Vygotsky. Contudo não são

os únicos, é o que veremos a seguir.

O primeiro, Freinet (FREINET, Célestin), pedagogo, interacionista,

escolanovista (Movimento Escola Nova) alicerçou suas idéias em fundamentos

sobre o trabalho e a cooperação, sendo seu objetivo criar uma "escola do

povo". O principal tema de suas discussões é o da criação da cultura a partir da

vontade e do interesse do próprio aluno, propiciando-se assim relações mais

autônomas, críticas, democráticas e livres.

O segundo, Vygotsky (VYGOTSKY, Lev), preocupou-se com o

desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas,

defendendo que o aprendizado desperta processos internos de

desenvolvimento, pelo contato com o ambiente cultural. Para ele, as mudanças

que ocorrem nos indivíduos ao longo de seu desenvolvimento ocorrem em dois

níveis: no nível real e no nível potencial, estando as mudanças ligadas à

interação com a cultura e com a história da sociedade da qual ele faça parte.

15

Já para o terceiro teórico, Piaget (PIAGET, Jean), inteligência não se

herda. O que se herda é um organismo que amadurece à medida que se

interage com o meio ambiente. Pelas observações científicas do processo de

aquisição de conhecimento, Piaget identificou o que denominou de estruturas

cognitivas, concluindo que não se pode fazer uma criança aprender o que ela

ainda não tem condições de absorver. Para ele educar é provocar a atividade

estimulando-se a procura pelo conhecimento.

A divergência entre Piaget e Vygotsky esta no foco dos seus estudos: -

o interesse principal de Piaget era estudar o desenvolvimento das estruturas

lógicas; - Vygotsky focava entender a relação entre pensamento e linguagem, e

o processo de desenvolvimento intelectual relacionado ao meio ambiente.

Na perspectiva piagetiana o conhecimento se dá a partir da ação do

sujeito sobre a realidade. Na perspectiva Vygotskyana, esse mesmo sujeito

não só age sobre a realidade, mas interage com ela, construindo seus

conhecimentos a partir das relações intra e interpessoais. É na troca com

outros sujeitos e consigo próprio que ele internaliza conhecimentos, papéis e

funções sociais.

Outros teóricos tiveram grande influência no pensamento pedagógico.

Montessori (MONTESSORI, Maria), por exemplo, teorizou sobre a importância

de três aspectos pessoais: Individualidade, atividade e liberdade. Sua ênfase

fundava-se no conceito do indivíduo como sujeito e objeto do ensino,

simultaneamente. Os métodos e as doutrinas elaborados por Montessori

objetivavam o desenvolvimento do potencial criativo desde a primeira infância,

enfatizando o estímulo à vontade de aprender.

Também Wallon (WALLON, Henri) teve grande importância

pedagógica ao defender que o papel da escola deve ser o de proporcionar

formação integral (intelectual, afetiva e social), principalmente valorizando-se

as emoções do indivíduo. Sua filosofia de ensino contemplou quatro idéias ou

quatro elementos básicos que se comunicam integralmente, que são: a

afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa.

Por fim, temos Ferreiro (FERREIRO, Emília), Pedagoga e

psicolinguista, a mais influente dos educadores vivos. Suas idéias são

16

pautadas na epistemologia genética, que é uma teoria do conhecimento

centrada no desenvolvimento natural da criança. Sua principal obra denomina-

se Psicogênese da Língua Escrita, é um trabalho realizado em conjunto com a

pedagoga espanhola Ana Teberosky. Ferreiro, que foi discípula de Piaget,

pesquisou os mecanismos cognitivos relacionados à leitura e à escrita.

Encerrando este tópico sobre os fundamentos teóricos da

alfabetização na fase da educação infantil no Brasil, vimos que a teoria

construtivista, e a teoria sociointeracionista, são as duas propostas que dão o

suporte teórico aos PCN’s, sendo ambas fundamentadas na psicologia

genética e nos estudos da psicogênese da escrita.

As atividades realizadas na fase da alfabetização devem ter por função

enriquecer as experiências infantis que possuam um significado para a vida,

favorecendo o processo de alfabetização, tanto nos níveis do reconhecimento e

representação dos objetos e vivências, quanto no nível da expressão dos

pensamentos e dos afetos.

1.3 - Metodologia

O presente trabalho tem como embasamento metodológico realizar um

estudo sistematizado sobre as teorias e métodos de alfabetização, e sobre os

principais teóricos desse campo de estudo. Para tal, foi empregada a pesquisa

bibliográfica, sobre a literatura disponível, os materiais de pesquisa já

realizadas sobre o tema, utilizando-se também como fontes de pesquisas

secundárias os materiais em sites e bases de dados disponíveis na Internete.

A proposta central é poder fornecer um instrumental analítico, embora

reconhecendo que os conteúdos apresentados possam merecer um maior

aprofundamento por parte do leitor. A idéia inclusive é de que o estudo não se

esgote em si mesmo, mas que desperte a necessidade de maior

aprofundamento pelos interessados na temática.

A finalidade é propiciar uma reflexão sobre a prática diária dos

educadores das classes de alfabetização, sobre os planejamentos de aulas e,

sobretudo, sobre o desenvolvimento de currículo de alfabetização, para que

17

nesses casos, sejam consideradas as melhores teorias e métodos citados.

Inicialmente o estudo se desenvolverá na linha da abordagem histórica

dos principais métodos de alfabetização conhecidos, que se alternaram ou que

conviveram simultânea e harmonicamente, desde a Proclamação da República

até os dias atuais. Não tão harmônicos, porém, pelo fato de haver

permanentemente um acalorado confronto entre novas e antigas idéias, mas

que buscam o mesmo resultado que é a educação como objetivo final.

Em seguida será feita uma incursão técnica, versando sobre as

principais características dos métodos de alfabetização e a sua forma ou

metodologia de emprego. Será abordada a importância do construtivismo e a

sua adoção pelo sistema educacional brasileiro, traduzida nos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN’s). Serão apresentados também os principais

educadores que defenderam teorias com diversos enfoques, mais

precisamente aqueles que se preocuparam com a educação na fase da

alfabetização infantil, e teorizaram, tanto sobre o desenvolvimento do cérebro

nessa faixa etária, como sobre a importância do respeito ao ambiente cultural

e, ainda, sobre a questão do deslocamento do educando para o centro do

processo educacional, como o principal agente de interação.

Finalmente, o estudo será concluído com uma análise de todo o

material pesquisado, a título de relatório final, ou considerações finais.

CAPÍTULO II

ABORDAGEM HISTÓRICA DOS MÉTODOS DE

ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL

2.1 – Considerações iniciais: delimitação histórica

Este capítulo tem como fonte de pesquisa os estudos da Professora

Maria Rosário Longo MORTATTI, pesquisas estas desenvolvidas por mais de

duas décadas sobre o ensino da leitura e escrita na fase inicial de

escolarização de crianças, ou alfabetização, processo esse que passou a ter tal

denominação a partir do início do século XX.

Segundo MORTATTI (2000), a história da alfabetização é

caracterizada por tensas disputas em torno de antigas e novas explicações

para o mesmo problema: a dificuldade no aprendizado em ler e escrever, mais

localizadamente na escola pública. O tema alfabetização é marcado

historicamente pela disputa da hegemonia de determinados métodos.

O Estado de São Paulo que possuía em fins do século XIX uma

situação organizacional mais modelar é a base desse estudo, pois, as

iniciativas educacionais nesse estado, a partir 1890, já apresentavam um

processo sistemático de escolarização das práticas de leitura e escrita, mais

precisamente após a Proclamação da República.

A partir de 1890, então, a escola consolidou-se como um lugar

institucionalizado para as práticas educacionais, com vistas aos ideais

republicanos e a necessidade de consolidação da nova ordem política e social.

A modernização da Escola era vista pelo prisma de uma educação

universalizada, como instrumento de modernização e progresso do Estado.

Havia grandes massas iletradas, e saber ler e escrever transformou-se

em instrumento privilegiado de esclarecimento, sinal de modernização e

desenvolvimento social. A educação escolar, que era restrita a poucos e

assistemática, no âmbito privado do lar, informal e precária, tornou-se

fundamento da escola obrigatória, leiga e gratuita e, objeto de ensino

19

sistematizado. As práticas de leitura e escrita passaram a ser um ensino

organizado e sistemático, exigindo-se assim a preparação de profissionais

especializados. A escola passou a ser a responsável pela educação.

Contudo, nas duas últimas décadas, tem sido questionada a

associação entre escola e alfabetização, pelo fracasso dos resultados

pretendidos inicialmente com a ação da escola sobre o educando. Ora a culpa

desse fracasso é atribuída ao método de ensino, ora ao aluno, ora ao

professor, ora ao sistema escolar, ora às condições sociais, ora às políticas

públicas. Porém esse questionamento não é exclusivo de nossa época, sendo

um elemento existente desde o início desse novo ciclo.

Na verdade, pode-se afirmar que não há fracasso na alfabetização

nesses mais de cem anos de implantação de modelo republicano. O que existe

de fato é a necessidade recorrente de soluções sempre urgentes para os

problemas estratégicos, onde uma de suas causas é o vertiginoso crescimento

populacional e demográfico.

Podemos observar que o que hoje denominamos fracasso escolar na

alfabetização, é aquilo que vem se impondo como problema estratégico,

sempre demandando soluções urgentes e mobilizando toda a comunidade

educacional nas suas soluções.

Os esforços de mudança ao longo do período histórico são deveras

repetidos, exigindo sempre muita superação a cada ocorrência cíclica, por

considerar-se aquilo que se entende por tradicional como o fator responsável

pelo fracasso num determinado momento.

Em aproximadamente um século os esforços se concentraram na

questão dos métodos de ensino da leitura e da escrita, sendo essa a visão

sistemática oficial. Houve ainda muitas disputas entre aqueles que se

consideravam portadores de métodos de alfabetização novos e revolucionários

e, entre aqueles que permaneciam defendendo os métodos considerados

tradicionais e antigos, e por já estarem estabelecidos, culturalmente possuíam

uma grande aceitação da comunidade educacional, como resistência ao novo.

Existe ainda uma severa discussão entre o emprego de métodos no

processo de aprendizagem e a aplicação de políticas públicas, de acordo com

20

a psicogênese da língua escrita.

O que é o tradicional em alfabetização? Como dialogam entre si a

tradição e os repetidos esforços de mudança? Esses questionamentos serão

respondidos nas seções seguintes.

2.2 – 1ª fase – Início da metodização: os métodos de marcha

sintética versus o “método João de Deus”.

Até o final do Império o ensino se dava por “aulas régias”, com poucas

escolas divididas em salas adaptadas e sem organização. Os alunos não eram

separados por séries, e o funcionamento era em prédios nem um pouco

apropriado para esse fim.

Em virtude dessas condições precárias o ato de ensinar dependia mais

do empenho do professor do que daquilo que o sistema oferecia. O material de

que se dispunha para o ensino da leitura era também precário, embora, na

segunda metade do século XIX, já houvesse aqui algum material impresso sob

a forma de livros para orientar o ensino de leitura e ditados, existindo também

algum material produzido na Europa, porém de difícil adaptação ao nosso

contexto.

A metodologia predominante preconizava o início do ensino da leitura

com as chamadas “cartas de ABC", e como complementação exercitava-se

leitura e cópias de documentos manuscritos. Para o ensino da leitura

utilizavam-se os métodos de marcha sintética (que partem da "parte" para o

"todo"), sendo eles:

- o da soletração (alfabético), partindo do nome das letras;

- o fônico, que partia dos sons correspondentes às letras;

- e o da silabação (emissão de sons), que partia das sílabas.

Assim, o ensino da leitura iniciava-se com a apresentação das letras e

seus nomes, pelo “método da soletração ou alfabético”; dependendo da visão

do professor podia-se também realizar essa iniciação pelos sons das letras,

através do “método fônico”; ou, ainda da mesma forma, havia a opção de

inicializar pelas famílias silábicas, com o “método da silabação”. Em todos os

21

casos, o preconizado era o atendimento do desempenho do aluno, mediante a

ordem crescente de dificuldade.

Na fase seguinte, uma vez juntadas letras e sons em sílabas, e

reconhecidas as famílias das sílabas, a tarefa era ensinar a leitura das palavras

formadas com as letras, sons ou sílabas, chegando-se então à prática das

frases isoladas ou agrupadas. Quanto à prática da escrita, a metodologia era

restrita aos treinos de caligrafia e ortografia, às cópias de documentos como já

mencionado, e os ditados de palavras e formação de frases, enfatizando-se o

desenho correto das letras.

Também no final do século XIX professores fluminenses e paulistas

produziram as primeiras cartilhas brasileiras, a partir de experiências didáticas,

com base nos métodos de marcha sintética (soletração, fônico e silabação),

que foram utilizados em várias regiões do país, por muitas décadas.

Ainda em 1876, marco dessa primeira fase de início da metodização

identificada pela Professora MORTATTI, como inicio desse primeiro ciclo, foi

publicada em Portugal a Cartilha Maternal ou Arte da Leitura, de autoria do

poeta português João de Deus. A partir de 1880, o então denominado “método

João de Deus”, objeto dessa cartilha, passou a ser divulgado de forma

programática nas províncias de São Paulo e Espírito Santo. Sua divulgação

deu-se por mãos do Professor de português Antonio da Silva Jardim, militante

positivista que lecionava na Escola Normal de São Paulo.

O “método João de Deus”, que era um método baseado na

palavração, fundava-se em princípios da moderna lingüística da época,

consistindo em iniciar o ensino da leitura pela palavra, para depois analisá-la

mediante seus valores fonéticos (partes). O professor Silva Jardim considerava

o “Método João de Deus” como um método científico, valorando essa fase

como definitiva no ensino da leitura, marco inicial do progresso social.

Essa fase persistiu até a década de 1890, sendo caracterizada pela

disputa entre os adeptos do "método João de Deus" e os que defendiam a

manutenção da utilização dos métodos sintéticos (soletração, fônico e

silabação). A partir daí a Professora MORTATTI identifica uma nova tradição: o

ensino da leitura e da escrita vinculado à questão do método, ou seja: o como

22

ensinar metodicamente, relacionado com o que ensinar. A verificação de uma

subordinação da ordem didática, às questões da ordem lingüística.

2.3 – 2ª fase – A revolução da educação pública pelo método

analítico

Na Escola normal de São Paulo foi onde se iniciou a reforma do ensino

público, a partir de 1890, com o objetivo de tornar-se um projeto modelo para

os demais estados. A Escola Normal foi reorganizada, sendo criada mais uma

Escola-Modelo Anexa, sendo criado também um Jardim de Infância para servir

de laboratório sob o aspecto didático, implementando-se nele novos métodos

de ensino.

Surgiu então o método analítico, em 1896, considerado revolucionário

para o ensino da leitura, sendo adotado na Escola-Modelo Anexa, local onde

os alunos do Curso Normal (normalistas) desenvolviam atividades práticas.

Também os professores de grupos escolares recém criados (1893) da capital e

do interior poderiam ali buscar informação e preparo para esse novo modelo de

ensino.

Nessa primeira década da republica, profissionais educadores

formados pela Escola Normal eram preparados para a utilização do método

analítico e disseminá-lo para outros estados, através das Missões de

Professores Paulistas. Eles ocupavam cargos na administração pública,

produziam Instruções Normativas, cartilhas e artigos em periódicos

pedagógicos, contribuindo para a institucionalização do método analítico nas

escolas públicas. No entanto, como resultado, a maioria dos professores

primários o classificava como lento, tendo perdurado a sua obrigatoriedade até

a "Reforma Sampaio Dória" (Lei 1750, de 1920), que propôs a “autonomia

didática” no ensino.

O método analítico diferia dos métodos de marcha sintética pela

influência que sofria da pedagogia norte-americana. Seus princípios didáticos

baseavam-se em uma nova concepção de caráter bio-psico-fisiológico da

criança, cuja forma de apreensão do mundo era sincrética. Os seus adeptos

23

viam como ponto comum a necessidade de se adaptar o ensino da leitura a

essa nova concepção de criança.

No método analítico, o ensino da leitura se iniciava pelo “todo”,

seguindo-se a análise de suas partes constitutivas. Dependendo do que seus

defensores consideravam o “todo”, ou seja: a palavra, ou a sentença, ou a

"historieta"; os seus processos foram variando, sendo criadas algumas

ramificações.

Em São Paulo o processo baseado na "historieta" foi institucionalizado,

mediante publicação da regulamentação: Instrucções praticas para o ensino da

leitura pelo methodo analytico – modelos de lições. (da Diretoria Geral da

Instrução Pública/SP – 1915).

As cartilhas dessa segunda fase baseavam-se programaticamente no

método de marcha analítica (palavração e sentenciação), por força das

instruções oficias. Havia nesse momento, tanto uma disputa entre partidários

do revolucionário método analítico, com os que continuavam a defender os

tradicionais métodos sintéticos, especialmente o da silabação; como, uma

disputa relativa aos diferentes modos de processuação do método analítico.

Como exemplo, havia uma disputa travada entre os professores paulistas e o

professor fluminense João Köpke.

Em meados dos manos de 1920, a ênfase da discussão sobre

métodos incidia sobre o ensino inicial da leitura. Já quanto ao ensino inicial da

escrita havia consenso de que o importante era a caligrafia (vertical ou

horizontal) e o tipo de letra a ser usada (manuscrita ou de imprensa, maiúscula

ou minúscula). A ênfase repousava sobre os treinos mediante exercícios de

cópia e ditado.

No final da década de 1910, o termo “alfabetização” começa a ser

utilizado, em referência ao ensino inicial da escrita e da leitura.

Ainda nessa segunda fase, surgem como discussão, as questões de

ordem didática estar subordinadas às questões de ordem psicológica da

criança. Então, a ênfase modula para questões didáticas de o como ensinar, a

partir da definição das habilidades visuais, auditivas e motoras da criança; e, a

quem ensinar; considerando os preceitos de ordem psicológica

24

2.4 – 3ª fase – Os métodos mistos ou ecléticos e a

alfabetização sob medida

A partir da década de 1920 a resistência dos professores na utilização

do método analítico aumentou, levando-os à busca de novas propostas para os

problemas do ensino e aprendizagem iniciais da leitura e da escrita. Essa

resistência decorreu da “autonomia didática” que foi proposta pela "Reforma

Sampaio Dória”, como das novas urgências políticas e sociais. Porém o

método analítico continuou a ser utilizado e alardeado como muito eficaz pelos

que o defendiam.

No entanto, como solução mediadora nas décadas seguintes, passou-

se à utilização de métodos mistos ou ecléticos (conjugação de analítico e

sintético ou vice-versa), o que foi considerado mais eficiente e rápido nos

resultados. Porém as disputas não cessaram, mas as divergências foram

diluindo-se gradativamente à medida que a importância do método se

relativizava. Despontou então uma preferência pelo método global, método de

contos, utilizado nos estados brasileiros fora do eixo Rio - São Paulo - Espírito

Santo.

A tendência de se relativizar a importância do método deu-se pelo

interesse nas novas e revolucionárias bases psicológicas da alfabetização, às

quais tiveram repercussão em função da disseminação das idéias contidas no

livro Testes ABC para verificação a maturidade necessária ao aprendizado da

leitura e escrita, editado em 1934, e escrito por M. B. Lourenço Filho.

No livro são apresentados resultados de pesquisas com alunos de 1º

grau (1ª série do ensino fundamental), realizadas com o objetivo de solucionar

dificuldades no aprendizado da leitura e escrita de crianças. Nele são

Propostas oito provas integrantes dos testes ABC, visando à medição dos

níveis da maturidade necessária ao aprendizado, com vistas a classificar os

alfabetizandos em classes organizadas homogeneamente, e ainda à

racionalização da alfabetização.

A importância do método de alfabetização passou a ser considerada

secundária e tradicional. O ensino e aprendizagem permaneciam com função

25

instrumental, mas com bases teórico-psicológicas, estas que anteriormente

eram concebidas como habilidades visuais, auditivas e motoras.

As cartilhas passaram a ter sua construção didática baseada

predominantemente nos métodos mistos ou ecléticos, produzindo-se

concomitantemente manuais do professor que acompanhavam-nas, e

disseminando-se também a idéia e a prática do "período preparatório”.

Constituiu-se assim um ecletismo processual e conceitual em

alfabetização, de acordo com o qual o aprendizado da leitura e escrita deveria

envolver obrigatoriamente uma questão de “medida”. Já o método, teria que se

subordinar estritamente ao nível de maturidade do educando, nas suas

classes, homogeneamente.

Quanto à escrita, manteve-se o consenso de que dependia das

habilidades caligráficas e ortográficas, devendo ser ensinada simultaneamente

à habilidade de leitura. Seu aprendizado demandava um “período preparatório”,

o qual consistia em exercícios de coordenação viso-motora e auditivo-motora,

da posição do corpo e dos membros, dentre outros aspectos.

Ainda nessa 3ª fase que se durou até aproximadamente o final da

década de 1970, surgiu outra nova tradição no ensino da leitura e da escrita: a

“alfabetização sob medida”. Dessa nova visão resultou o seguinte aspecto: - o

como ensinar subordinado à maturidade da criança a quem se ensina; as

questões de ordem psicológica se sobrepuseram às questões de ordem

didática. A segunda subordinada à primeira.

2.5 – 4ª fase – O pensamento construtivista sobre a

alfabetização

A partir de 1980, introduziu-se no Brasil o pensamento construtivista

sobre alfabetização, resultante das pesquisas sobre a psicogênese da língua

escrita desenvolvidas pela pesquisadora argentina Emilia Ferreiro e alguns

colaboradores. Esse pensamento tomou força em decorrência das novas

urgências políticas e sociais, também das necessidades de mudanças na

educação para enfrentar o suposto fracasso da escola na alfabetização de

26

crianças.

O construtivismo apresentou-se não como um método novo, mas

como uma “nova alternativa revolucionária conceitual”, que deslocava o eixo

das discussões dos Métodos de ensino para o Processo de aprendizagem

(sujeito cognoscente). Essa mudança exigiu o abandono das teorias e práticas

tradicionais, a desmetodização do processo de alfabetização e, também

questionou a necessidade das cartilhas, considerando-as dispensáveis.

Desse ponto em diante, autoridades educacionais e pesquisadores

acadêmicos passaram a esforçarem-se em convencer alfabetizadores,

divulgando artigos, teses acadêmicas, livros, vídeos, cartilhas, sugestões

metodológicas, relatos dos bons resultados e das experiências bem sucedidas

e, a promover mais formação continuada, com vistas à institucionalização do

novo conceito na rede pública de ensino.

Houve ainda assim, uma disputa entre os defensores do

construtivismo e os defensores dos métodos tradicionais (sobretudo os do

método misto ou eclético), das tradicionais cartilhas, e do tradicional

diagnóstico do nível de maturidade com fins de classificação dos

alfabetizandos. Formou-se então um novo ecletismo processual e conceitual

em alfabetização.

Dessa composição resultaram: a produção de cartilhas

“construtivistas” ou “sócio-construtivistas” ou “contrutivistas-interacionistas”; a

convivência destas cartilhas construtivistas com as cartilhas tradicionais; a

permanência do modelo pelas cartilhas, mesmo quando os professores dizem

seguir a “linha construtivista” ou “interacionista”.

No presente momento convivem hegemonicamente o discurso

institucional construtivista e propostas decorrentes de algumas apropriações da

teoria construtivista. Em nível nacional tem-se, hoje o processo de

alfabetização institucionalizado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCNs), dentre outras iniciativas.

Nessa 4ª fase ainda em curso, surge outra “nova” tradição: a

desmetodização da alfabetização, pelo interacionismo, resultante da ênfase em

quem aprende e o como aprende a língua escrita (lecto-escritura). As questões

27

didáticas foram silenciadas tendo-se criado um ilusório consenso de que a

aprendizagem independe do ensino.

Essa “nova” disputa já se diluiu, pois certos aspectos de apropriação

do interacionismo foram conciliados com certa apropriação do construtivismo.

Porém, a ausência de uma “didática construtivista” tem deixado

espaço para a tentativa de novas alternativas, por parte de pesquisadores,

inclusive propostas de alfabetização baseadas em antigos métodos, como os

de marcha sintética.

2.6 – Considerações sobre a importância da metodização do

ensino

Ao longo do período histórico abordado pode-se observar um

constante discurso de mudança, marcado pela tensão recorrente entre

modernos e tradicionais, que disputavam a hegemonia pelos métodos de

alfabetização.

Em cada uma das quatro fases históricas apresentadas, a

movimentação girava em torno da produção de uma versão do passado, para

depois desqualificá-la como herança incômoda. Havia também, sempre uma

resistência à fundação do novo, daí decorrendo duas vertentes: ou o novo se

firmava hegemonicamente; ou, as reações de resistência impunham um

convívio entre o novo e as semelhanças entre as correntes.

Contudo, assim como houve mudanças, houve também permanências,

que geraram indicadores de melhoria na continuidade de algumas idéias.

Dentre esses indicadores podemos considerar a própria importância da

metodização do ensino que se superpõe à questão do método, uma vez que,

mesmo gerando toda uma discussão entre correntes pela hegemonia, nota-se

de positivo que a movimentação está em torno do mesmo eixo, que é a eficácia

da alfabetização.

O deslocamento do eixo das discussões do nível de métodos de

ensino, para o nível de maturidade do educando, ou para o processo de

aprendizagem, justificado por tendências em psicologia, coloca a psicologia

28

com função diretora do ensino da leitura e da escrita (como é o caso do

construtivismo ou os resultados das pesquisas de Lourenço Filho). Nessa

discussão identificam-se também as várias tendências em psicologia.

Nesse movimento histórico marcado pela questão dos métodos, o

rompimento com a tradição se processa por vezes apenas indicando a

continuidade de certos ideais, centrados numa nova concepção da educação,

como área estratégica e cada vez mais autônoma.

É possível concluir que sob a visão de modernidade, do tempo

histórico do qual se pôde observar, os movimentos aqui apresentados das

diferentes modernidades coexistiram em cada um desses momentos.

CAPÍTULO III

ABORDAGEM TÉCNICA SOBRE AS METODOLOGIAS

DE ALFABETIZAÇÃO

Qual a diferença entre teoria e método de alfabetização?

Quando alguém se diz partidário de determinado método ou teoria,

sobrevém imediatamente esta indagação. Isso, pela utilização corrente que se

faz de uma terminologia empregada com o significado da outra. Em virtude

desta ambigüidade frequente, faz-se necessário distinguir qual a diferenças

entre uma terminologia e a outra.

Então vejamos: existem algumas teorias da aprendizagem, ou seja,

hipóteses e modelos que tentam reproduzir como o educando adquire a

aprendizagem; e, similarmente, existem os métodos pedagógicos, isto é,

maneiras, modos, de o educador proceder em situações específicas ou

generalizadas, na prática educacional.

Dentre as teorias mais conhecidas no Brasil destacam-se as de Piaget,

Freinet, Montessori, Vygotsky e ferreiro. São idéias e resultados das pesquisas

e observações desses teóricos, que, no entanto não podem ser confundidas

com métodos.

Neste capítulo, serão estudados os métodos mais tradicionais de

alfabetização empregados na alfabetização infantil, e será feita uma

abordagem sobre o construtivismo, com o seu emprego nos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN´s), assim como algumas críticas feitas pelos seus

opositores ideológicos.

Vejamos a seguir, o entendimento sobre a utilização dos métodos de

alfabetização, e o seu emprego, segundo as suas classificações. Os métodos de alfabetização podem ser classificados quanto a dois

aspectos:

a) Quanto à estratégia ou abordagem utilizada pelo professor;

b) Quanto ao ponto de partida da leitura (da “parte para o todo”, ou, do

“todo para a parte”).

30

Vejamos isso com mais detalhe:

a) Quanto à estratégia usada pelo professor ou abordagem, os

métodos podem ser globais ou não globais. Vejamos:

- Globais: são frases, palavras, sílabas e letras apresentadas dentro de

um contexto; são contextualizadas;

- Não Globais: são frases, palavras, sílabas e letras apresentadas

soltas; são descontextualizadas.

b) Quanto ao ponto de partida da leitura, os métodos podem ser

sintéticos ou analíticos, conforme o que se segue:

- Sintéticos: também chamados fonéticos ou fônicos, têm como ponto

de partida os sons das letras (fonemas) ou os sons das sílabas (unidades

fonéticas).

- Analíticos: têm como ponto de partida palavras, frases ou textos.

O ponto de partida da leitura determina a operação lógica

predominante que o aluno vai fazer no início da alfabetização. Se o aluno partir

da palavra para chegar às letras, a operação predominante é a análise e, por

isto, o método é analítico. Se o aluno partir das letras ou das sílabas para

chegar à palavra, a operação predominante é a síntese e, por isto, o método é

sintético.

Os métodos fonéticos são sintéticos. Os métodos não fonéticos são

analíticos

Observe que mesmo nos métodos analíticos é fundamental que se

chegue à letra e ao seu som. Vejamos a estrutura destas abordagens na figura

a seguir:

31

Figura 1: Classificação dos métodos de alfabetização quanto ao ponto de partida

da leitura.

O presente estudo abordará a estrutura dos métodos de alfabetização,

considerando o ponto de partida da leitura, portanto dando maior importância à

segunda classificação.

3.1 – Os métodos de alfabetização predominantemente

sintéticos.

Os métodos sintéticos de alfabetização utilizam-se da metodologia de

encadeamento do aprendizado letra por letra, sílaba por sílaba ou ainda

palavra por palavra, estabelecendo uma correspondência entre o som e a

grafia e, entre o oral e o escrito. Esses métodos geralmente são divididos em

três tipos ou variações, que são: o alfabético, o fônico e o silábico.

No método alfabético, é ensinado ao aluno o aprendizado inicialmente

das letras, em seguida começa-se a formar as sílabas resultantes do

aglutinamento das consoantes com as vogais, e finalmente, após essa duas

etapas, inicia-se a formação das palavras, as quais serão empregadas nas

construções de textos.

No método fônico, que também pode ser identificado com a

denominação de fonético, é ensinado ao aluno inicialmente o som das letras,

seguindo-se de um exercício de unir-se o som das consoantes com o som das

vogais, para consolidar o aprendizado com o aluno já pronunciando a sílaba

formada.

32

No método silábico, ou método de silabação, os passos do

aprendizado prendem-se ao ensino das sílabas primeiramente, para consolidar

o aprendizado com o aluno formando e pronunciando palavras.

Pelos métodos sintéticos, a aprendizagem é realizada inicialmente

através de leituras de forma mecânica de textos, através também da decifração

das palavras, esperando-se que resulte posteriormente na sua leitura, com a

compreensão do sentido do mesmo.

Neles, as cartilhas são utilizadas a título de orientação do aluno e para

melhor garantir a orientação dos professores na sequência dos planejamentos

de aula, apresentando-se por esta metodologia os fonemas e seus grafemas

correspondentes por vez, sempre se buscando uma melhor clareza nas

técnicas, evitando-se assim que ocorram confusões auditivas e visuais.

Como existe a sensação de que o aprendizado esteja ocorrendo de

forma mecânica, através de repetição, o método sintético é avaliado pelos seus

críticos mais severos, como o mais cansativo e enfadonho para as crianças,

em virtude de ele ser baseado fortemente em repetições, sendo encarado

então pelos mesmos como fora da realidade da criança, presumindo-se que a

criança nada cria, e apenas aja passivamente sem qualquer autonomia.

A progressão sequêncial de passos ou ações a serem seguidas de

assimilação crescente no emprego dos métodos pelo educador é denominada

historicamente pela nomenclatura de “marcha”.

3.1.1 - Método Alfabético ou soletrativos (soletração)

No método alfabético ou soletrativo o aluno aprende o nome das letras

nas formas maiúscula, minúscula, manuscrita e de imprensa, por exemplo, na

mesma sequência do alfabeto, combinando as letras entre si, formando então

sílabas, e finalmente as palavras.

O método é uma das mais antigas sistemáticas empregadas no ato de

alfabetizar, sendo também conhecido como soletração. Seu princípio funda-se

na prática da leitura, cuidando de decorar oralmente as letras do alfabeto; em

seguida desdobrando todas as suas combinações silábicas, para concluir na

33

formação das palavras. A partir daí, a criança começa a ler sentenças curtas e

vai evoluindo até conhecer textos, gradativamente.

O processo remete a criança à soletração de sílabas,

progressivamente, até atingir à decodificação de palavras. Como exemplo, na

prática ocorreria assim: - na palavra casa a soletração seria: “c, a = ca - s, a =

as”, logo teríamos “casa”. O método Alfabético admite a utilização de cartilhas

para melhor roteirizar a sua utilização.

Uma das críticas feitas à este método diz respeito aos exercícios

repetitivos, dando conta de que isso o tornaria um método tedioso para as

crianças. Outra crítica também freqüente é de que a sua metodologia não

respeita os conhecimentos adquiridos pelos alunos antes de ingressarem na

escola, contudo, entende-se ser uma questão de padronização de

conhecimento.

O método alfabético, apesar de não ser atualmente o indicado pelos

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), ainda é muito utilizado em diversas

cidades do interior do Nordeste e Norte do país, já que é mais simples de ser

aplicado por professores leigos, pelo emprego da repetição das Cartas de ABC,

assim como na alfabetização doméstica, ainda existente em alguns recantos.

Concluindo, a sua marcha (sequência prática) se dá simplificadamente

da seguinte maneira:

1º Passo: trabalha-se inicialmente a memorização do nome das letras;

2º Passo: inicia-se a parte da representação gráfica;

3º Passo: a seguir trabalha-se a representação das famílias silábicas

(b+a=ba; b+e=be, b+i=bi);

4º Passo: faz-se um trabalho específico para os monossílabos,

dissílabos, trissílabos e sílabas não-canônicas;

5º Passo: introduz-se textos segmentados (a ca sa a ma re la na flo

res ta) , na formação de frases e pequenos textos.

3.1.2 – Método silábico

No método silábico o aluno aprende inicialmente a sílaba, a

34

combinação entre elas, para em seguida chega à palavra. É um método muito

pouco usado atualmente, porém, na prática sua utilização virou uma etapa dos

métodos da palavração e da soletração.

Ele surgiu no século XVIII como a alternativa proposta para substituir a

soletração e iniciar o processo de alfabetização a partir da compreensão da

sílaba. Mais adiante, conforme nos informa LAFORE, citado por BARBOSA,

(1990: 48), foi proposto que o ensino fosse feito a partir das vogais, seguindo-

se pelas consoantes simples, depois, seriam ensinados os encontros

consonantais. Esta forma se difundiu e encontra-se presente nas classes do

país até os dias de hoje, parecendo mesmo uma transmissão cultural,

independente da teorização de metodologias sobre alfabetização.

Sua principal característica é ser um processo somatório progressivo,

iniciado pelas vogais e pelos encontros vocálicos. Só após isso é que são

apresentados o som e a grafia das consoantes, em seguida fazendo-se a

junção das consoantes com as vogais e formando-se então as sílabas simples.

Após essas etapas são apresentados os encontros consonantais e as sílabas

consideradas mais complexas, ou seja, aquelas formadas por três ou mais

letras. À medida que todas essas etapas sejam fixadas é que o educador

começa a trabalhar a sentenciações, e mais tarde os textos. Sobre isso nos

informa BARBOSA (1990:46):

“O caminho sintético (...) considera o processo de leitura como um

esquema somatório: pela soma dos elementos mínimos - o fonema ou

a sílaba, o aprendiz aprende a palavra - pela somatória das palavras,

a frase e o texto”.

O processo de aprendizado pelo método silábico é um tanto lento e

longo, por passar por várias etapas pelas quais as crianças devem percorrer.

Segundo críticas esse processo contribui para atrasar a compreensão do

educando quanto à aquisição da língua escrita.

As sílabas e famílias estudadas pelo método silábico recebem

variadas denominações, tais como: pedacinhos mágicos, familinhas, familinhas

fantásticas’, e outras. Essas denominações são assim atribuídas com a

finalidade de tornar o ensino do método mais agradável às crianças.

35

Assim como os métodos alfabético e fonético, o método silábico

também é considerado uma metodologia mecânica e sem sentido para a

criança, por ser baseado na memorização por ações repetitivas. Essa também

é uma forte crítica, apontando-o como sendo de caráter behaviorista (baseado

em treinamento).

Os entusiastas do método silábico defendem que ele facilita

instrumentar o indivíduo para o reconhecimento automático das sílabas, além

de sufixos e prefixos, o que propicia a possibilidade de menos erros e menos

hesitação na leitura, e que oferece maior segurança no aprendizado. Isto

facilita a compreensão, pois a própria velocidade de leitura que o educando

atinge após o seu amadurecimento ajuda no reconhecimento da próxima

sílaba, o que lhe dá maior segurança.

A sua marcha dá-se da seguinte maneira:

1º passo: Apresentam-se as vogais, com ajuda de ilustrações e

palavras como: “o” de Ovo; “e” de Elefante;

2º passo: Apresentam-se em seguida as sílabas canônicas, utilizando-

se palavras e ilustrações e, destacando-se a sílaba na

palavra: Ex.: “ma” de macaco; “na” de navio; “pa" de panela;

e, as não canônicas, de forma processual;

3º passo: estudam-se as famílias silábicas da sílaba em destaque na

palavra;

4º passo: inicia-se a formação de palavras;

5º passo: segue-se a formação de frases;

6º passo: e em seguida a formação de pequenos textos.

3.1.3 - Método Fônico

No método fônico o aluno aprende inicialmente os sons das letras, de

forma isolada, reunindo-as depois em sílabas, as quais irão formar as palavras.

Este método consiste na associação entre fonemas e grafemas, ou seja, sons

e letras. O seu ensino permite primeiro descobrir o princípio alfabético e,

paulatinamente, ir dominando o conhecimento ortográfico, através de textos

36

que sejam construídos exatamente para essa finalidade.

O método é baseado no código alfabético de forma dinâmica, ou seja,

os sons e letras se relacionando através do planejamento de atividades lúdicas,

para que a criança seja levada a aprender e a codificar a fala em escrita, assim

como a decodificar a escrita, dando o mesmo fluxo da fala e do pensamento ao

ato de escrever.

O seu surgimento deu-se em contraposição, ou crítica, ao método da

soletração ou alfabético. Nele, primeiramente são ensinadas as formas e os

sons das vogais. Após isso se passa a ensinar as consoantes, estabelecendo-

se a seguir relações mais complexas dessas estruturas fonéticas. Para cada

letra é introduzida a idéia fonema, com cada letra funcionando como um

fonema isoladamente. Cada fonema (ou letra) que juntado à outro, vai

formando sílabas e palavras, seguindo uma sequência crescente, ensinando-se

primeiro as sílabas mais simples, caminhando-se crescentemente para as mais

complexas.

Muitas variações desse método foram surgindo com o seu emprego,

mas sempre com a finalidade de aproximar a criança dos significados dos

fonemas e das palavras. O que difere efetivamente uma variação da outra é

simplesmente a maneira de apresentação dos sons, que pode ser das

seguintes formas:

- a partir de uma palavra significativa para o mundo do educando;

- a partir de palavras vinculadas às imagens e sons apresentados ao

educando;

- a partir de personagens associados aos fonemas;

- a partir de onomatopéias; ou,

- a partir de histórias que dêem sentido à apresentação dos fonemas.

Um bom exemplo é escrever-se uma letra no quadro e apresenta-se

imagens de objetos que comecem com esta letra. Em seguida, escreve-se

várias palavras no quadro, para que o educando identifique a letra inicialmente

apresentada. A partir do conhecimento já formado pelo aluno, solicita-se então

que ele tente apresentar outras palavras que contenham essa mesma letra.

Uma das suas críticas é de que ele não possibilita uma ampliação de

37

trabalho com as muitas exceções de verbetes da língua portuguesa. Por

exemplo, a explicação entre os sons de cassa e caça, os quais têm a mesma

pronúncia, porém com as grafias diferentes?

Os seus entusiastas defendem que o método é ideal para alfabetizar

crianças, num período médio de quatro a seis meses, sendo a sua velocidade

um dos maiores pontos positivos. O método atualmente é o mais recomendado

nas diretrizes curriculares dos países desenvolvidos, que utilizam a linguagem

alfabética.

A sua marcha dá-se da seguinte maneira:

1º passo: quanto às vogais, trabalham-se as que possuem nome e

som idênticos;

2º passo: inicia-se um trabalho com palavras formadas apenas por

vogais;

3º passo: apresenta-se fonemas regulares de forma isolada, e

fonemas irregulares de forma processual;

4º passo: processa-se a junção dos fonemas regulares e irregulares

com vogais, propiciando a formação de sílabas;

5º passo: consolida-se a formação de palavras;

6º passo: conclui-se com a formação de frases;

7º passo: e trabalha-se finalmente a formação de textos.

A título de comentário sobre o emprego institucional dos métodos de

alfabetização predominantemente sintéticos, a Secretaria de Estado e Educação de Minas

Gerais, em seu Caderno de Orientações da SEE (caderno 3, pág.36) presta a seguinte

orientação aos educadores das classes das Escolas Públicas do estado, sobre: a proposta, o

enfoque, as vantagens e as limitações desses métodos: (extraído ipsi literis

conforme o publicado)

a) Proposta - progressão de unidades menores (letra, fonema, sílaba)

a unidades mais complexas (palavra, frase, texto).

b) Enfoque - processos de decodificação, análise fonológica, relações

entre fonemas (sons) e grafemas (letras)

c) Vantagens - possibilita a análise das relações entre fonemas (sons

38

ou unidades sonoras) e grafemas (letras ou grupo de letras) . Promove o

desenvolvimento da consciência fonológica e os processos de codificação e

decodificação.

d) Limitações - Desconsidera os usos e funções sociais da escrita. Em

algum momento, o aprendiz tem que se desvincular da fala para codificar

(escrever) e decodificar (ler) palavras, frases e textos, já que em alguns casos

a escrita não representa os sons da fala.

Concluindo, ainda em fins do século XVIII os métodos sintéticos já

recebiam críticas por sua fragmentação e por não apresentar alguma

preocupação com os aspectos psicológicos da criança.

3.2 – Os Métodos de alfabetização predominantemente

analíticos.

São métodos que levam o aluno a analisar o todo (palavra), para

chegar às partes que o compõem.

O método analítico, conhecido na linguagem comum como “método

olhar-e-dizer”, é de abordagem audiovisual, concebendo a leitura como um ato

global. Nesta ótica é que os seus adeptos trabalham a partir de unidades

completas de linguagem, dividindo-as depois em partes menores. Como

exemplo bastante elementar temos que a criança parte da frase, distingue cada

palavra isoladamente, depois, divide-as em unidades mais simples, que são as

sílabas.

Ele é divido em palavração, sentenciação ou global. Na palavração,

como a própria terminologia indica, o trabalho inicia-se a partir da palavra.

Primeiramente é feito o contato com os vocábulos, em obediência a uma

sequência lógica a qual deve abranger todos os sons da língua. Após a

aquisição de certo número de vocábulos dá-se início à formação de frases.

Na sentenciação, como o próprio nome da metodologia deixa sugerir,

a unidade de estudo inicial para o aprendizado é a frase, a qual depois é

subdividida nas palavras, de onde então são extraídos os elementos mais

39

simples para o estudo da célula fragmentar, que são as sílabas.

Já o método global, que similarmente é conhecido na linguagem

comum como “método do conto” ou “método de histórias”, é composto por

várias unidades de leitura, as quais possuem início, meio e fim, todas

interligadas por frases e sentenças com o objetivo de criar um enredo que seja

de interesse para a criança.

Seus críticos atacam a filosofia da sua metodologia de ensino,

alegando ser seu objetivo apenas oferecer um conhecimento do aprender a ler

por via de decorar, o que pode não propiciar a sedimentação de um

embasamento sólido e definitivo para o educando.

Seus defensores, contrariamente, explicam que a aprendizagem a

partir de frases e textos pode propiciar mais rapidez na aquisição do

conhecimento da leitura; como também, a possibilidade de poder trabalhar com

pequenos textos, isso se torna um ponto positivo para iniciar a criança o mais

próximo possível do seu contexto social.

3.2.1 - Palavração / Palavração

No método da palavração é incentivado o a utilização da memória

visual, que nada mais é do que o aprendizado de algumas palavras,

associadas às suas imagens visuais. Após ser amadurecido o reconhecimento

de algumas palavras, reforçadas pela imagem visual, estas são fragmentadas

em sílabas, às quais darão origem à formação de novas palavras.

Consiste em apresentar uma palavra-chave, para que com exercícios

de visualização elas sejam memorizadas. Podem ser utilizadas fichas,

cartazes, etc. no quadro giz, geralmente acompanhadas de figuras. No

decorrer da memorização são identificadas as sílabas e as letras que a

formam. Cabe aqui o comentário, que o método também pode ser utilizado sem

o emprego de imagens ou gravuras.

Há alguns sinais, pautados em registros feitos em sala de aula,

segundo ADAM (apud BARBOSA, 1990: 50), de que as palavras possam

assumir algum significado “afetivo” e “efetivo”, para a criança, embora tal

40

sentimento não seja possível ser medido, sendo apenas meros relatos.

Assim, prevalecendo essa premissa, é possível que a memorização

possa torna-se mais eficaz, tornando-se assim numa motivação para o

aumento do reconhecimento do número de palavras pelo aluno, possibilitando

de fato um motivo a mais para incentivação da formação de frases, com elas.

Porém, como afirmação, BARBOSA (1990: 55) considera essa realidade

“afetiva” e “efetiva”, defendida pelos seguidores deste método como uma maior

preocupação para justificar o trabalho nas formações silábicas:

(...) para a seleção de palavra-chave, os autores afirmam utilizar a

realidade lingüística da criança (...) respeitando sua origem cultural.

Mas, vejamos alguns exemplos: ateu, juta, rapé, mariola, (...) como

se vê é utilizado (...) aquelas hierarquias tradicionalmente

estabelecidas quanto à “complexidade ou simplicidade da sílaba

(...).”

Nele, ainda, é mantida a preocupação com a quantidade de fonemas,

não sendo permitido utilizar palavras com muitos fonemas. Propõe-se que

tenham poucos sons e que estes possibilitem várias combinações para a

formação de outras palavras. Como exemplo, temos a palavra “sapato”, a qual

possibilita a formação de vaias outras palavras, como: pato, sapa, ato, topa e

outras. Em alguns casos, na tentativa de construir palavras novas, a partir da

palavra-chave, as crianças escrevem palavra sem sentido, sem lógica, o que é

plenamente aceitável.

Algumas das críticas atribuídas ao método da palavração são de que,

por ele ser baseado na fragmentação, as palavras ou frases utilizadas podem

não representarem efetivamente um pensamento completo. Também que as

exigências em memorizar os nomes de coisas (em geral substantivos comuns)

implicam em problemas futuros de deficiência de leitura e de escrita. Ainda, por

sua metodologia ser baseada no treinamento de leitura, o ato de ler palavras

dissociadas do contexto leva a subentender-se que o educando não adquirirá a

devida intimidade na leitura de novas palavras, e conseqüentemente, também

não se sentirá à vontade nas leituras de textos.

A constatação crítica acima pode não considerar textos de cartilhas,

41

como por exemplo: - “Eva viu a uva/ A uva é de Eva/ Viva a Eva !”. mas sim,

textos mais complexos, como os de jornais, revistas, e etc.

Outra crítica é a da escrita, referindo-se à dificuldade em abandonar as

marcas de textos típicos, como os de cartilhas, acima citado.

Como síntese do método, temos: - o aluno aprende palavras,

associadas à imagens, separado-as em sílabas, para com estas silabas formar

novas palavras. É um de seus exemplos: - o Método Paulo Freire.

A marcha do método da palavração obedece à seguinte sequência:

1º passo: Apresentar ao educando palavras ilustradas, dando

preferência àquelas que façam parte do seu universo infantil;

2º passo: Memorizar tanto a leitura, quanto a escrita da palavra;

3º passo: dividir as palavras em silabas;

4º passo: a partir das silabas estudadas, incentivar a formação de

novas palavras ;

5º passo: inserir o estudo e, concomitantemente a análise de grafemas

e fonemas;

6º passo: inserir gradativamente a formação de frases;

7º passo: inserir também de forma gradativa a formação de textos.

3.2.2 - Sentenciação / Sentenciação

No método da sentenciação, o aprendizado do educando desenvolve-

se inicialmente pelo conhecimento de sentenças ou frases, às quais em

seguida são fragmentadas conforme a palavras que a formam, e finalizando-se

então com a divisão dessas palavras em silabas. Com estas últimas

aprendidas, ou seja, as sílabas, o aluno lerá e formará novas palavras.

Como comentado anteriormente, o método de Palavração (já

estudado) deixa pendente a sequenciação do pensamento (é o que afirmam os

seus críticos). Em face disto, o método de sentenciação esforça-se em sanar

este problema. Como orienta a sua metodologia, parte-se de frases,

estudando-se a partir daí as palavras, as sílabas e as letras respectivamente.

Segundo PINHEIRO (1975), a metodologia deste método no processo

42

de alfabetização infantil, é muito bem discriminada:

“(...) Você escreve apenas uma sentença. Destaca uma ou várias

palavras, analisa essas palavras, destacando um, ou mais de um

fonema ou então uma sílaba, que leva a criança a operar sínteses,

com elementos conhecidos, formando novas palavras (...)”.

Na sentenciação, críticas dão conta de que o seu ensino é mecânico,

as frases escolhidas pelo professor devem ter significado “afetivo” e “efetivo” e,

constituídas com poucas sílabas o que se tornam limitadores na expansão do

vocabulário.

Os seus seguidores optam pela preferência de frases cartilhadas, para

não provocar confusão na criança, com excesso de fonemas.

Outro problema identificado, a despeito do que já fora comentado no

método anterior (palavração), é o condicionamento da escrita e da leitura em

palavras sem sentido para o universo da criança.

O aluno parte de uma frase que a turma está discutindo, visualiza e

memoriza as palavras e depois analisa as sílabas para formar novas palavras.

A marcha do método da sentenciação obedece à seguinte sequência:

1º passo: são apresentadas ao educando frases que fazem parte do

universo infantil;

2º passo: exercício de memorização de leitura e escrita da frase;

3º passo: identificação de palavras que sejam semelhantes na mesma

sentença;

4º passo: segue-se à formação de grupo de palavras;

5º passo: a seguir, dentro da palavra (sílaba), são Isolados os

elementos conhecidos;

6º passo: consolida-se com o estudo e a análise de grafemas e de

fonemas

3.2.3 - Contos ou historietas (Global)

Neste método o aluno é apresentado a um texto lido pelo professor,

que depois destaca uma frase, uma palavra, até chegar às sílabas ou às letras

43

para formar novas palavras.

O método de contos, que também recebe o nome de método global,

incumbe ao professor a leitura de contos ou historietas, repetidas vezes aos

seus alunos, até que estes textos sejam memorizados por eles. Em seguida o

professor passa ao processo de fragmentação das partes que formam o texto,

ou seja, as sentenças, as palavras, as sílabas e as letras.

Na verdade, o método de contos mais parece uma ampliação do

método de sentenciação, onde o aluno parte de pequenas histórias, para

chegar às palavras, sílabas e, finalmente com estas sílabas, formar novas

palavras.

Seus adeptos defendem que o método explora a memorização global

de um texto, fato que positivamente tende a estimular o gosto da criança pela

leitura, como também partem da premissa que os ensinando a interpretar,

forma-se a tendência de uma visão crítica para a leitura e o gosto com a

escrita.

Já os seus críticos argumentam de que sendo de fato o professor o

leitor do texto, então, a compreensão desse texto para o aluno pode ficar

comprometida, pois as respostas tornam-se automáticas e sem reflexão

individual. Ou seja, essa interpretação produz um induzimento às respostas

prontas, ausentes de raciocínio crítico. Logo, não interpretam, mas são

induzidos a responder perguntas prontas.

Para esse método, foram encontradas muitas críticas na literatura à

respeito, afirmando-se que não é raro encontrar-se alunos em séries

avançadas com falta de condições para leitura de frases e textos, porém sendo

os mesmos considerados alfabetizados.

Segundo FERREIRO (1992: 18) a falha da escola quanto a textos

cartilhados e mecanizados, e a interpretação de textos de caráter funcional,

prejudica o processo educativo ao longo do aprendizado.

(...) um dos resultados conhecidos de todos é que essa expressão

escrita é tão pobre e precária que inclusive aqueles que chegam à

universidade, apresentam sérias deficiências (...) outro resultado

bem conhecido é a grande inibição que os jovens e adultos mal

44

alfabetizados apresentam com respeito à língua escrita: evitam

escrever, tanto por medo de cometer erros de ortografia como pela

dificuldade de dizer por escrito o que seriam capazes de dizer

oralmente.

Para FERREIRO, há a necessidade da formação de leitores

conscientes da importância da leitura, com compreensão do mundo, com

percepção das funções sociais da escrita e a precisão no seu domínio, para

tornarem-se pessoas ativas, em face do domínio estar mais acessível àqueles

pessoas mais hábeis na apropriação do saber ler e escrever.

A marcha do método de contos obedece à seguinte sequência:

1º passo: são apresentadas partes de texto com sentido completo, em

cartazes;

2º passo: exercita-se a memorização da leitura e escrita de textos;

3º passo: os textos são decompostos nas frases que o formam,

apresentadas num segundo cartaz ;

4º passo: em seguida as frases são decompostas nas palavras que a

formam;

5º passo: a seguir estas palavras são então decompostas nas sílabas

que a formam;

6º passo: com estas silabas, são então formadas novas palavras;

7º passo: finaliza-se então, com o estudo e análise de grafemas e

fonemas.

Quanto ao emprego institucional dos métodos de alfabetização

predominantemente analíticos, a Secretaria de Estado e Educação de Minas Gerais em seu

Caderno de Orientações da SEE (caderno 3, pág.36) oferece também a seguinte

orientação aos educadores das classes das Escolas Públicas do estado, sobre: a proposta, o

enfoque, as vantagens e as limitações do mesmo: (extraído ipsi literis

conforme o publicado)

a) Proposta - progressão de unidades de sentido mais amplas

(palavra, frase, texto) à unidades menores (sílabas e sua decomposição em

grafemas e fonemas);

45

b) Enfoque - compreensão de sentidos e aprendizagem ideovisual

(reconhecimento global pela silhueta da palavra, frase ou texto);

c) Vantagens - reconhecimento global e mais rápido das palavras,

possibilitando a leitura de unidades com sentido desde o início da

escolarização;

d) Limitações - se não houver uma correta orientação do professor:

pode dificultar a leitura com sentido, quando o texto apresentar palavras

completamente novas;

- se não houver uma orientação correta para a

decodificação: Corre-se o risco do aluno utilizar do recurso da memorização,

sem observar que as palavras são compostas de unidades menores.

3.3 – As principais técnicas de alfabetização

A abordagem das técnicas de alfabetização resume-se aos

procedimentos de trabalho utilizados em sala de aula, para facilitar a

aprendizagem, o que o torna um assunto sem mais delongas e bastante

resumido, aqui inserido como complementação às informações dos métodos de

alfabetização. As técnicas devem variar de acordo com as peculiaridades de

cada aluno, cada professor e cada turma, sendo divididas em divididas em dois

grupos: técnicas de leitura e técnicas de escrita.

3.3.1 - Técnicas de leitura

Esta seção foi baseada no estudo de CARVALHO (Adriana Cintra de)

sob o título: “CONCEPÇÕES DE LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: DA

ALFABETIZAÇÃO AO LETRAMENTO” 1.

Concebida pela pedagogia da alfabetização, a leitura escolarizada é

sinônimo de decifração, sendo a leitura produzida na escola.

Decifrar é transformar algo escrito em expressão oral, atribuindo-lhe

1 http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/volumes/32/htm/comunica/ci007.htm

46

um novo significante. Em outras palavras, é a tradução para a língua oral,

daquilo que está apresentado inicialmente pela língua escrita. Quem decifra, ou

lê, não é atribui um novo sentido diretamente ao texto, mas trata de enfatizar-

lhe as características alfabéticas da língua, pelo conhecimento das técnicas de

utilização pela leitura, concebendo-a como uma atividade executada pelos os

olhos, mas atribuída com valoração de interpretação para os ouvidos. Saber

decifrar baseia-se essencialmente no domínio de um código de

correspondência entre grafemas e fonemas. Isso não diz respeito a construir

sentidos para algo escrito, mas atribuir-lhe valoração interpretativa.

Sobre técnicas de leitura, o que foi encontrado na literatura resumiu-se

á utilização de atividades e tarefas que contribuem para tornar o ato de uma

atividade lúdica e atrativa, tornando o ato de ler mais prazeroso.

- Utilização de cartões vazados, para a orientação da leitura do aluno,

da esquerda para a direita.

- Leituras de textos em conjunto, na turma como um todo ou dividindo-

a em grupos.

- Utilização de jogos de memória, de associação "palavra-figura",

dominós e atividades artísticas, como atividades lúdicas;

O professor deve utilizar técnicas que orientem o aluno a seguir a

direção esquerda-direita de leitura de textos. A sala de aula deve conter livros,

revistas e cartazes para haver contato da classe com estes símbolos gráficos.

3.3.2 - Técnicas de escrita

Nas técnicas de escrita para a alfabetização, o profissional de

alfabetização realiza atividades de “sondagem”, nos trabalhos realizados pelo

educando, chegando finalmente à provável constatação da fase de

alfabetização em que o aluno possa se encontrar, em relação à escrita.

- A criança deve perceber a forma das letras.

- O professor deve formar, com as partes dos corpos de seus alunos,

algumas letras.

- Desenhar a letra em tamanho grande, no quadro-de-giz, para que a

47

criança percorra o traçado com o dedo.

- Ditados-mudos (cartões com uma figura, ao mostrar, as crianças

devem escrever o que estão vendo.

Os trabalhos devem sempre ter seu início marcado por um ponto e

setas, para servir de direção esquerda-direita de escrita. Da mesma for que na

leitura, as técnicas devem propiciar uma aprendizagem prazerosa.

As fases, que são também denominadas de hipóteses, podem ser:

- Hipótese pré-silábica – é aquela na qual o aluno ainda não utiliza as

letras do alfabeto corretamente, e sim garatuja, mas que para ele assume

algum significado;

- Hipótese silábica – nesta hipótese o aluno já sabe que se usam letras

para escrever palavras, mas acredita que para cada silaba utiliza-se somente

uma letra;

- Hipótese silábica com valor sonoro – nesta hipótese o aluno ainda

continua acreditando que cada silaba pode ser representada com uma letra

para as vogais, ou, uma letra para as consoantes. Ex.: cavalo = a – a – o; lápis

= a - p;

- Hipótese escrita silábica alfabética – nesta hipótese o aluno imagina

que para cada silaba precisa utilizar duas letras, uma consoante e uma vogal,

geralmente (isso é mais próximo do desejável);

- Hipótese escrita alfabética – nesta hipótese o aluno ainda apresenta

questões ortográficas que só serão sanadas com o decorrer da escolaridade.

Já escreve com certa proximidade do correto, porém ainda com pequenos

erros.

3.4 – O construtivismo e os Parâmetros Curriculares Nacionais

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, também conhecido como

PCN´s, são manuais para as escolas, que versam sobre como deve ser a

orientação para o ensino, segundo a filosofia adotada pelo Ministério da

Educação. Os PCN´s foram criados em 1998, com a função de orientar e

garantir a coerência do sistema educacional, socializando discussões,

48

pesquisas e recomendações, financiando técnicos e professores,

principalmente os mais isolados, aquelas com maior dificuldade de contato com

a produção pedagógica.

Nos PCN’s a linha construtivista enquanto método de alfabetização é

defendida como a metodologia de ensino adequada à atual situação sócio

política do país. Surgida na década de 80, a Linha construtivista que é

defendida por estudiosos como Ana Teberowsky e Emília Ferreiro, defende que

a escola deve valorizar o conhecimento que a criança possui antes de seu

ingresso na escola. A sua ênfase é na leitura e na língua escrita.

Os defensores do construtivismo não são simpáticos à elaboração de

um material único para ser aplicado a todas as crianças, como as cartilhas. O

método fônico como prioridade no início da alfabetização não é aceito pelos

mesmos como uma boa prática. Para eles, no processo de alfabetização a

escola deve utilizar textos que estejam próximos do universo da criança.

Já os defensores do método fônico execram o construtivismo, que é a

base dos PCN’s, por entenderem que os problemas de alfabetização no Brasil,

advêm dessa metodologia equivocada. Segundo ainda estes críticos, a

concepção construtivista, em muitos casos ignora que os alunos pertencentes

às classes de baixa renda, saídos de famílias menos letradas, por trazerem de

seus lares uma bagagem cultural pouco expressiva na visão intelectual,

possam ter dificuldades na adaptação ao método.

Os PCN´s são resultado de encontros e discussões realizadas por

especialistas e educadores, seguindo diretrizes estabelecidas pela Lei de

Diretrizes e Bases (LDB). Segundo o MEC, estes documentos foram feitos para

ajudar o professor na execução de seu trabalho, servindo de estímulo e apoio à

reflexão sobre a sua prática diária, ao planejamento das aulas e, sobretudo, ao

desenvolvimento do currículo da escola, formando jovens brasileiros para

enfrentar a vida adulta com mais segurança.

CAPÍTULO IV

OS PRINCIPAIS TEÓRICOS DA ALFABETIZAÇÃO NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Este capítulo apresenta os principais teóricos da educação de

interesse do presente estudo, aqueles que provavelmente mais

significativamente contribuíram para a metodização do ensino, e mais se

preocuparam em disseminar entre técnicos e educadores as discussões

resultantes das suas observações, objetivando alavancar teórica e

metodologicamente o processo ensino-aprendizagem, no campo da educação

Infantil.

Foram personagens que idealizaram importantes propostas para a

época em que viveram, marcando o pensamento educacional. Em suas idéias

encontram-se provavelmente as raízes de muitas questões que envolvem,

hoje, as principais problemáticas do trabalho pedagógico, nas classes de

alfabetização de crianças da faixa etária de até seis anos.

Assim, serão apresentados de forma sucinta: um pequeno resumo

biográfico, os principais pensamentos, os estudos, os resultados de pesquisas

e observações dos teóricos São eles: FREINET, Célestin (1896-1966),

VYGOTSKY, Lev (1896-1934), PIAGET, Jean (1896-1980), MONTESSORI,

Maria (1870-1952), WALLON, Henri (1879 – 1962) e FERREIRO, Emilia

(Nasceu em 1936). Algumas informações sobre estes teóricos foram extraídas

da publicação: Revista Nova Escola, publicada pela Editora Abril (número 41-

junho/2008), sob o título Grandes pensadores.2

Os três primeiros teóricos a serem abordados, considerados

fundamentais para a educação infantil, são: Freinet, Piaget e Vygotsky;

coincidentemente nasceram no mesmo ano (1896), tendo vivenciado, portanto,

o mesmo período histórico, como exemplo: o imperialismo, os contextos da 1ª

Guerra Mundial, vários processos ditatoriais em alguns países, o fordismo, etc. 2 http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-especiais/022.shtml

50

FREINET, Célestin (1896-1966) - O mestre do trabalho e do bom

senso.

Nasceu em Gars, povoado na região da Provença, sul da França. Em

1920 iniciou alguns de seus principais experimentos, como a aula-passeio e o

livro da vida. Em 1925 fundou a Cooperativa do Ensino Leigo, para

desenvolvimento e intercâmbio de novos instrumentos pedagógicos. Casado

com Élise Freinet, em 1935 o casal construiu uma escola própria, em Vence.

Durante a Segunda Guerra Mundial foi preso e adoeceu num campo de

concentração alemão. Depois de um ano foi libertado, tendo aderido então à

Resistência Francesa. Em 1956, liderou a vitoriosa campanha Vinte e Cinco

Alunos por Classe. Em 1957 seus seguidores fundaram a Federação

Internacional dos Movimentos da Escola Moderna (Fimem). Célestin Freinet

morreu em 1966.

Freinet foi identificado com a corrente da Escola Nova, movimento que

nas primeiras décadas do século XX se insurgiu contra o ensino tradicionalista.

Este último era centrado no professor e na cultura enciclopédica. Freinet

propôs a implementação de uma educação ativa em torno do aluno, com uma

visão marxista e popular, tanto da organização da rede de ensino como do

aprendizado em si.

Em sua teoria o trabalho e a cooperação vêm em primeiro plano, e seu

objetivo era criar uma "Escola do Povo". Sua pedagogia sustenta-se na tese de

que o aprendizado se desenvolve a partir da vontade e interesse do próprio

educando, propondo assim relações mais autônomas, críticas, democráticas e

livres.

VYGOTSKY, Lev (1896-1934) - O teórico do ensino como

processo social.

Nasceu em Orsha, na Bielo-Rússia, tendo recebido uma sólida

formação educacional, por pertencer a uma família judaica culta e de boas

51

condições econômicas. Estudou com tutor particular até o curso secundário,

dedicando-se desde cedo a muitas leituras.

Aos 18 anos matriculou-se no curso de medicina, em Moscou, porém

transferiu-se para o curso de Direito. Ao formar-se, em 1917, apoiou a

Revolução Russa (bolchevique). Lecionou literatura, estética e história da arte,

tendo criado um laboratório de psicologia, área em que galgou destaque.

Vygotsky possuía um extenso conhecimento cultural, um pensamento

inovador para a sua época, assim como exercia uma intensa atividade no

campo da educação. Sabe-se que ele produziu acima de duzentos trabalhos

científicos.

Em 1925, concluiu sua tese de mestrado sobre A Psicologia da Arte,

um estudo sobre Hamlet, de William Shakespeare.

Faleceu em 1934, de tuberculose.

Para Vygotsky era imprescindível que o educando fosse considerado

como parte de determinado meio cultural, de cuja interação resultam as

mudanças no seu desenvolvimento. O desenvolvimento individual resulta da

interação entre o indivíduo e a cultura, daí o origem da terminologia

Interacionismo. Essa corrente pedagógica é conhecida como

socioconstrutivista ou sociointeracionista.

Em sua visão, o desenvolvimento humano, o aprendizado e as

relações sociais são temas centrais. Desde o nascimento da criança o

aprendizado está no ambiente social, proporcionando o desenvolvimento. É um

aspecto universal do processo educacional, que considera as funções

psicológicas culturalmente organizadas, pois, o aprendizado no meio possibilita

o despertar de processos internos de desenvolvimento,

Segundo sua teoria, a capacidade de realizar tarefas de forma

independente está no nível de desenvolvimento real, já que este nível refere-se

às etapas já alcançadas pela criança. Existe ainda o nível de desenvolvimento

potencial, que é o das tarefas a serem alcançadas futuramente. Há seu ver faz-

se necessária a ajuda do professores e dos companheiros mais capacitados do

meio para o desenvolvimento potencial.

52

Segundo essa concepção, os níveis de desenvolvimento real e

potencial encontram-se na área definida como zona de desenvolvimento

proximal, sendo esta área o caminho a ser percorrido para o desenvolvimento

de funções em processo de amadurecimento, e que se tornarão funções

consolidadas no nível de desenvolvimento real (no domínio psicológico).

O tema da criação da cultura e linguagem escrita são pontos de

convergência entre seus estudos e o trabalho de Emilia Ferreiro.

Na ênfase no social, havia uma oposição teórica em relação ao

pensamento do biólogo suíço Jean Piaget, que se dedicou ao estudo da

evolução da capacidade de aquisição de conhecimento dando ênfase mais aos

processos internos do que aos interpessoais.

Embora Vygotsky discordasse de Piaget e tenha publicado críticas ao

biólogo suíço em 1932, mostrava-se admirador do seu trabalho. Piaget, porém

só tomou contato dessas críticas nos anos de 1960, o que lamentou por não ter

podido conhecer Vygotsky

A maior parte dos estudiosos acredita que é possível conciliar as obras

dos dois pedagogos.

PIAGET, Jean (1896-1980) - O biólogo que pôs a aprendizagem

no microscópio.

Jean Piaget nasceu em Neuchâtel, Suíça. Seu primeiro artigo científico

foi publicado aos dez anos de idade, sobre a observação de um pardal albino.

Interessado em filosofia, religião e ciência, formou-se em biologia na

universidade de Neuchâtel.

Aos vinte e três anos, mudou-se para Zurique, iniciando um estudo

sobre o raciocínio infantil sob a ótica da psicologia experimental. Em 1924,

publicou o seu primeiro livro intitulado A Linguagem e o Pensamento na

Criança, sendo o primeiro de uma série de aproximadamente cinqüenta

publicados ao longo da carreira.

Na década de 1930 ocupou cargos importantes em universidades

suíças, e inclusive a Diretoria do Instituto Jean-Jacques Rousseau, ao lado de

53

Édouard Claparède (1873-1940), um de seus mestres.

Ainda nessa época realizou observações sobre a infância de seus três

filhos, transformando-as numa fonte de estudos que denominou "ajustamento

progressivo do saber".

Recebeu títulos honorários das principais universidades européias e

norte-americanas. Morreu em 1980 em Genebra.

A teoria de Piaget foca “o sujeito epistêmico”, isto é, o estudo dos

processos mentais desde a infância até a idade adulta, numa visão

interacionista.

Segundo Piaget a adaptação à realidade externa depende

basicamente do conhecimento, pois somente ele possibilita um estado de

equilíbrio interno para a adaptação ao meio ambiente.

Seu estudo sobre o conhecimento dos processos mentais chegou

à formulação de inúmeros conceitos como: hereditariedade, adaptação,

esquema e equilíbrio.

Em relação à hereditariedade, Piaget diz que não herdamos a

inteligência; herda-se um organismo que amadurece em contato com o meio.

Da interação organismo-ambiente resultarão algumas estruturas cognitivas que

funcionarão de modo semelhante durante toda a vida. Este modo de

funcionamento, que constitui para Piaget nossa herança biológica, permanece

essencialmente constante.

Em relação à adaptação, Piaget afirma que o conhecimento

possibilita novas formas de interação com o ambiente, com uma adaptação

cada vez mais completa e eficiente, sendo gratificante para o organismo que se

sente mais apto a lidar com situações. No processo global de adaptação, estão

implícitos dois processos complementares: assimilação e acomodação.

Assimilação significa tentar solucionar situações novas com base nas

estruturas antigas; isto é, o sujeito irá modificar suas estruturas antigas para

poder dominar uma nova situação. A este processo de modificação de

estruturas antigas, com vistas à solução de um novo problema de ajustamento

a uma nova situação, Piaget denomina acomodação e, no momento em que a

54

criança conseguir dominar adequadamente o segundo veículo, diremos que se

acomodou a ele e, portanto adaptou-se a esta nova exigência da realidade.

Esquema é uma unidade estrutural básica de pensamento ou

ação que corresponde à estrutura biológica que muda e se adapta. O termo

esquema pode referir-se tanto a uma seqüência específica de ações motoras

realizadas por um bebê, até estratégias mentais que utilizamos para a solução

de problemas.

O equilíbrio é o fim a ser atingido pelo processo de

desenvolvimento, ou seja, um processo de equilibração sucessiva que tem

como forma final a aquisição do pensamento operacional formal.

O equilíbrio é dividido por Piaget em vários períodos:

- Período sensório motor – representa a conquista através da

percepção e dos movimentos, do universo prático que cerca a criança. É a

formação dos esquemas sensoriais-motores que permitirão ao bebê a

organização inicial dos estímulos ambientais. Neste período, a criança está

trabalhando ativamente na direção de formar uma noção do eu.

- Período pré-operacional – próximo aos 24 meses a criança estará

desenvolvendo ativamente a linguagem, possibilitando utilizar a inteligência

prática decorrente dos esquemas sensoriais-motores; iniciando a capacidade

de representar coisas, e formar esquemas simbólicos.

No nível comportamental atuará de modo lógico e coerente, face

aos esquemas sensoriais-motores adquiridos na fase anterior, mas ao nível de

entendimento da realidade estará desequilibrada, pela ausência de esquemas

conceituais.

- Período das operações concretas (7-11,12 anos) – Há um

crescente incremento do pensamento lógico. A razão passará a estruturar a

realidade substituindo a assimilação egocêntrica. A tendência lúdica do

pensamento será substituída por uma atitude crítica. A criança passa a

perceber-se como um elemento pertencente a um universo, estruturando-se

aos poucos pela razão.

- Período das operações formais (12 anos em diante) – A criança

capacita-se à formação de esquemas conceituais abstratos como: amor,

55

justiça, democracia, etc. Com os esquemas as operações mentais passam a

seguir os princípios da lógica formal. Adquire-se a capacidade crítica dos

sistemas sociais e de códigos de conduta. Passa-se assim a construir os

valores morais individuais e a consciência da própria maneira de raciocinar.

MONTESSORI, Maria (1870-1952) - A médica que valorizou o

aluno.

Nasceu em Chiaravalle, norte da Itália, e mesmo contra a vontade da

família decidiu estudar medicina na Universidade de Roma. Doutorou-se em

psiquiatria tendo se interessado por crianças com retardo mental, decisão que

mais tarde direcionaria sua vida para a área de educação. Realizou

experiências com crianças portadoras de doenças mentais consideradas

ineducáveis, tendo obtido êxito no campo dos estímulos aos trabalhos

domésticos, às habilidades motoras e experimentos de autonomia. O êxito

nessas experiências de observação prática combinada com pesquisa

acadêmica orientou seu interesse para o estudo com crianças ditas normais.

Graduou-se em pedagogia, antropologia e psicologia e pôs suas idéias

em prática na primeira Casa dei Bambini (Casa das crianças), numa região

pobre no centro de Roma. Outras se abriram e o sucesso dessas casas tornou

Montessori uma celebridade nacional. Em 1922 foi nomeada inspetora-geral

das escolas da Itália. Com a ascensão do regime fascista ela decidiu deixar o

país em 1934. Trabalhou na Espanha, no Ceilão (hoje Sri Lanka), na Índia e na

Holanda, onde morreu aos 81 anos, em 1952.

Montessori julgava ser a educação uma conquista da criança, por

acreditar que ela já nasce com uma capacidade de ensinar a si mesma, dada

condição. As bases da sua teoria são: Individualidade, atividade e liberdade do

aluno, com ênfase no conceito de indivíduo, o qual assume a posição de sujeito

e objeto do processo de aprendizagem, simultaneamente.

Na perspectiva de Montessori a escola deveria assumir a posição de

formar integralmente com uma "educação para a vida". A filosofia e os métodos

56

elaborados por ela objetivavam o desenvolvimento do potencial criativo desde

a primeira infância, associando esse potencial à vontade de aprender.

O Método Montessoriano é embasado na biologia, com inspiração na

natureza, e fundamentado teoricamente em informações científicas sobre o

desenvolvimento infantil.

Na sua visão, a evolução mental da criança deve acompanhar seu

crescimento biológico. O educando é o centro do processo educacional,

devendo conduzir o seu próprio aprendizado conforme o seu desenvolvimento.

Já a postura do professor deve ser a de um facilitador da aprendizagem,

acompanhando a evolução do processo de aprendizagem do educando.

WALLON, Henri (1879-1962) - O educador integral.

Nasceu em Paris, França, tendo se graduado em medicina, psicologia

e filosofia. Atuou como médico na Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

tratando pacientes com distúrbios psiquiátricos. Em 1925 criou um laboratório

de psicologia biológica da criança.

A partir de 1929 lecionou na Universidade de Sorbonne e foi vice-

presidente do Grupo Francês de Educação Nova. A partir de 1946 foi

presidente desse mesmo grupo até a sua morte em 1962, organização que

revolucionou o sistema de ensino francês.

Coordenou a Reforma do Ensino com um conjunto de propostas,

equivalentes à LDB brasileira, conhecido como Langevin-Wallon, nas quais

versava, por exemplo, que não haveria reprovação escolar. Em 1948 passou a

editar a revista Enfance, como plataforma para a disseminação das novas

idéias da educação, publicação que se tornou respeitável no mundo da

pesquisa educacional.

Wallon fundamentou suas idéias em quatro elementos básicos que se

comunicam de forma sistêmica: a afetividade, o movimento, a inteligência e a

formação do eu como pessoa. As emoções, para Wallon, têm papel

preponderante no desenvolvimento do indivíduo, e por meio das emoções o

57

aluno exterioriza seus desejos e suas vontades.

A proposta walloniana era humanizar culturalmente o desenvolvimento

intelectual, colocando no mesmo plano, elementos como: afetividade,

emoções, movimento e espaço físico; considerando sempre o indivíduo como

um todo.

As atividades pedagógicas e os objetos poderiam ser trabalhados de

formas múltiplas, criando-se relações variadas, sendo permitido ao educando

encontrar o seu melhor posicionamento em relação ao contexto do conteúdo e

do ambiente físico escolar.

FERREIRO, Emilia (Nasceu em 1937) - A estudiosa que

revolucionou a alfabetização.

Ferreiro nasceu na Argentina, porém doutorou-se na Universidade de

Genebra sob orientação do biólogo e educador suíço Jean Piaget, na área de

epistemologia genética. Após isso, prosseguiu suas pesquisas no campo de

observação da escrita, área que ainda não havia sido explorada por Piaget.

A partir de 1974, Ferreiro desenvolveu na Universidade de Buenos

Aires experimentos sobre a Psicogênese da Língua Escrita, em parceria com a

pedagoga espanhola Ana Teberosky, trabalho que foi publicado em 1979.

Hoje ela é Professora titular do Centro de Investigação e Estudos

Avançados do Instituto Politécnico Nacional, da Cidade do México, onde reside.

Concomitantemente uma de suas principais atividades é realizar

palestras em vários países, além de dirigir um site na Internete

(www.chicosyescritores.org) onde escreve em parceria com outros autores

também consagrados, permitindo ainda que estudantes publiquem seus textos.

Emilia Ferreiro tem sido referência para a área educacional no Brasil,

por ter sua imagem vinculada ao construtivismo, assim como Piaget. As suas

principais idéias estão embasadas nos mecanismos cognitivos relacionados à

leitura e à escrita. Vale lembrar que o construtivismo não é um método, embora

muitos o considerem.

Tanto para Piaget, como para Ferreiro, a criança tem um papel ativo

58

no aprendizado, construindo o próprio mecanismo do conhecimento, o que

explica a terminologia construtivismo.

Finalizando esta seção, cabe esclarecer que não foram inseridos todos

os pensadores da educação infantil, ou mesmo todos os ligados ao movimento

da alfabetização infantil, por questões meramente da delimitação do estudo

que foi bastante restrita, tendo sido vinculada ao conhecimento de teorias,

métodos, e as idéias dos principais pensadores ligados à educação infantil, ou

principais teóricos da alfabetização.

Isto, pela necessidade de dispor do presente trabalho, de maneira

simples e direta, para que possa servir de informação aos que necessitem de

subsídios reunidos em uma só pasta, com caráter introdutório, mas como apoio

para melhor entendimento sobre a evolução histórica, sua aplicabilidade prática

e, a concepção das linhas de pensamento sobre ensino-aprendizagem, à luz

dos mais renomados e aceitos teóricos no campo da educação infantil.

É um trabalho de monografia de curso de especialização, sem a

pretensão de assumir o status de um compêndio técnico.

CAPÍTULO V

CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 – Perspectivas do processo de alfabetização

O desafio da alfabetização (no Brasil) a partir da década de oitenta não

se centrou meramente na questão de método ou mesmo de teorias, sobre

processos de aprendizagem, enquanto metodologia didática. Ocorreu sim uma

mudança, como uma nova perspectiva na concepção de como alfabetizar a

criança.

Nessa nova perspectiva é a criança quem aprende. O processo é

denominado “ensino-aprendizagem”, contudo, é mais importante o ato de

aprender, do que a mera ação pedagógica do professor, no ato de ensinar.

Essas eram as novas idéias, dos novos tempos.

O construtivismo, que surgiu como uma teoria sobre a origem do

conhecimento, e não como um mero método ideovisual, como muitos o

denominam, buscava caracterizar os estágios mais recentes das pesquisas a

cerca do processo mental, de como se desenvolve a aquisição do

conhecimento no desenvolvimento infantil, fazendo um resgate das bases das

pesquisas realizadas por Jean Piaget, às quais consideravam o conhecimento

como um processo de organização de dados. Assim, o direcionamento da

teoria construtivista para o processo de alfabetização, pode-se considerar

como uma importante e substancial contribuição na busca da compreensão da

como se aprende a língua escrita.

Na época do seu surgimento e da adesão maciça que lhe foi oferecida,

a nova visão construtivista representava uma mudança de avanço no cenário

educacional. Hoje, com o amadurecimento dos diversos setores que discutem

com múltiplas visões, e principalmente com expressivos resultados já auferidos

no campo da alfabetização de massa, assim como inúmeros problemas

identificados, talvez a discussão merecesse um melhor posicionamento.

Contudo, precisa ficar claro pelo que foi pesquisado, que a teoria

60

construtivista desenvolvida por Piaget, tenta desvendar o processo de

aprendizado infantil, mostrando que a alfabetização da criança não depende

tanto do método de ensino, muito menos de manuais. Ou seja, cada indivíduo

desenvolve sua maneira particular de aprender a ler e escrever.

Segundo essa linha de raciocínio extraída da observação prática, o

processo de construção do conhecimento, na verdade, é resultante da

resolução de conflitos cognitivos, que vão se desenvolvendo, e se

desdobrando, através da elaboração de hipóteses, às quais vão sendo

testadas uma a uma pelo indivíduo, num processo inconsciente; e, os produtos

desses conflitos vão consolidando cada passo do aprendizado, frente ao

sistema de aprendizagem da escrita e da leitura.

A teoria apregoa ainda, que o processo de aprendizagem inicia-se

muito antes do que se imagina, quando se trata de indivíduo que apresente

predisposição a adquirir conhecimento, e que interaja com o mundo físico. Não

é, portanto uma simples técnica particular que operará a ação de realizar tão

importante função já existente no mecanismo de amadurecimento da vida. É a

partir deste referencial que a concepção do ato de alfabetizar foi mudada.

Como foi demonstrado no capítulo segundo, sobre a abordagem

histórica dos métodos de alfabetização no Brasil, há pelo menos um século as

correntes interessadas discutem a prevalência de um ou de outro método de

ensino da alfabetização. Não restam dúvidas de que existem interesses

subjacentes superiores, que se traduzem, por exemplo: nos dividendos

editoriais, no prestígio sobre a detenção política de titularidade, hoje mais do

que nunca a projeção no campo das mídias de massa, e outros tantos que não

necessitam ser citados no momento.

Contudo, pode ser identificada hoje uma polarização bem definida: de

um lado métodos fônicos, do outro, os construtivistas. O fônico, como o próprio

nome nos sugere, favorece o princípio alfabético, a relação grafema-fonema e

seu inverso, isto é, a relação fonema-grafema.

A aprendizagem da leitura e da escrita, bem como a concepção de

alfabetização, têm se constituído em fatores de muita polêmica entre todos, em

todos os níveis. A discussão sobre métodos, em vários momentos da história é

61

marcada por posições políticas, novos grupos no poder e outros interesses já

citados. Porém, o que se pode afirmar é que está sempre presente a marcada

oposição entre os inovadores ou modernos, e os tradicionais ou velhos.

Conforme Ferreiro (2003) explica, o conceito de alfabetização muda de

acordo com as épocas, as culturas, a chegada das novas tecnologias e demais

inovações, tornando-se por isso, necessário que o professor esteja aberto às

mudanças que ocorrem em seu tempo. O acompanhamento das mudanças

exige do alfabetizador novas formas de tornar eficaz e prazeroso o processo de

alfabetização.

5.2 – O papel do professor

Ao final do período inicial de formação do professor e este está

habilitado a ingressar na atividade docente, ocorre uma primeira experiência

que Tardif (1991, p. 229) denomina de “choque com a realidade”.

O professor recém formado com conhecimento da disciplina, do

currículo, da formação profissional, porém, tais saberes não são capazes de

lhe transferir a devida segurança, da qual ele necessita para enfrentar com

confiança, as inúmeras situações que o confrontarão no seu cotidiano escolar.

No confronto com a realidade, o novo educador enfrenta as limitações

dos conhecimentos que lhe foram transferidos na sua formação pedagógica.

Dessa forma, vai construindo a cada dia, na relação com os alunos e com os

pares, o saber prático, que nasce da sua experiência diária e que vai se

formando com um estilo próprio de ensinar.

Os saberes necessários ao professor de alfabetização para m a prática

do ensino da leitura e escrita, são: conhecimento sobre o desenvolvimento

infantil; conhecimento sobre o sistema alfabético e como se dará a apropriação

deste pelas crianças; conhecimentos lingüísticos e, principalmente

conhecimentos sobre psicogênese da língua.

Todos estes saberes exercem tamanha relevância para o exercício da prática

da alfabetização, que devem ser trabalhados na sua formação inicial, de forma

a garantir que este, ao exercer a sua atividade profissional sinta-se preparado

62

para o enfrentamento do chamado “choque com a realidade”.

É sabido, no entanto, que existe uma grande diversidade de currículos

de formação de professores, cada qual com seu paradigma e, conforme o

modelo adotado pela instituição formadora, alguns destes saberes poderão ser

ou não contemplados na formação inicial. Tal fato pode ser considerado de vital

importância, em virtude da necessidade da mobilização destes conhecimentos

por parte do professor iniciante no exercício do ensino da leitura e da escrita.

Finalizando, a competência pode ser entendida como a capacidade

para enfrentar situações análogas, da mesma natureza, mobilizando de forma

correta e rápida os recursos cognitivos. A competência é a capacidade que o

professor deve possuir, para agir de forma eficaz na solução de situações em

apoiadas nos conhecimentos que já possui e em outros que vá desenvolver.

Este é de verdade o principal papel do professor, mais do que um importante

transferidor de conhecimento, é ele o facilitador da potencialização do

conhecimento no processo de construção do saber do aluno, como também o

utilizador dos fatores do meio social na interação do aluno com o saber.

63

CONCLUSÃO

O objetivo do trabalho é analisar a alfabetização infantil no Brasil,

Identificando as principais teorias sobre o desenvolvimento da aprendizagem,

com uma abordagem resumida sobre os métodos e técnicas mais empregados,

e fazendo uma análise sobre as principais idéias e contribuições dos teóricos

mais proeminentes da educação infantil, na fase da alfabetização.

A Linha metodológica da pesquisa bibliográfica partiu de um estudo da

evolução histórica dos métodos de alfabetização, a partir da segunda metade

do século XX até os dias atuais, considerando o Estado de São Paulo, por ser

o estado mais organizado institucionalmente no campo educacional. Nessa

linha foi realizado um resumo do referencial teórico, primeiramente no campo

legal, com abordagens sobre a Constituição da república Federativa do Brasil

de 1988 (CF/99); o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Lei nº

8.069/90 de 13 de julho de 1990; a Lei de Diretrizes e bases da Educação

Nacional (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e os Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN’s) da Secretaria de Educação Fundamental do

Ministério da Educação (MEC/SEF), que são documentos referenciais.

No campo pedagógico o referencial teórico prendeu-se aos teóricos

que mais deram importância à metodização e teorização da educação infantil

com qual em sua época e seu contexto.

Ainda nessa linha, foi realizada uma explanação sobre o emprego

prático de cada um dos métodos, divididos em sintéticos e analíticos, com uma

seção especial sobre o construtivismo e algumas críticas a ele feitas. Foram

apresentados também os teóricos que mais contribuíram com o campo da

alfabetização infantil, conforme já citado.

A definição do objetivo geral para o presente estudo versava sobre as

principais dificuldades apresentadas em leitura, interpretação e compreensão

de textos por alunos das séries mais avançadas. O problema poderia ter como

causa o modelo da alfabetização empregado no Brasil? Ainda não é possível

responder. Sabe-se que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) utilizam

o construtivismo e o sociointeracionismo como suas bases teórico-

64

pedagógicas, e que os adeptos do método fônico defendem que em face disto

os resultados para a educação foram desastrosos nas duas últimas décadas.

O que se sabe, de fato, é que existe uma acirrada disputa entre os

defensores do construtivismo e os adeptos aos métodos fônicos. Críticas de

parte à parte. Resultados bons e, não tão bons, no emprego de ambos.

Conclusivamente a alfabetização é conduzida pela forma como se

concebe a linguagem. Nos métodos tradicionalistas a aprendizagem da escrita

e da leitura é uma questão técnica e neutra, desvinculada dos interesses

sociais conflitantes em disputa pela interpretação da realidade. Diferentemente,

as concepções interacionista e construtivista, percebem a linguagem como um

ferramenta de interação e comunicação social, focando a aprendizagem de

forma ativa, inteligente, criativa que acontece na relação com o outro, de forma

real e significativa, possibilitando prioritariamente a leitura crítica do mundo.

O construtivismo centra-se no desenvolvimento mental paralelamente

com o desenvolvimento do aprendizado natural no dia a dia. O interacionismo

provoca uma atenção prioritária à importância que o meio e as relações sociais

exercem sobre o processo de aprendizagem, principalmente na fase infantil. E

os métodos fônicos cuidam de ensinar a decodificar e construir a escrita de

forma mecânica, porém com alguma eficácia.

As teorias construtivista e interacionista preconizam o mecanismo de

desenvolvimento do cérebro e a relação do indivíduo com o meio,

respectivamente, como sendo os principais mecanismos responsáveis pelo

processo de aprendizagem. Não são definitivamente métodos, contudo, ao se

traduzir estas teorias na prática, ambas interferem no emprego dos métodos

ditos tradicionais, por terem uma forma de abordagem dita “ideovisual”, onde

um texto é apresentado por inteiro, sendo trabalhado por diversas vias

didáticas, obstando, portanto a emprego inicial do trabalho grafema-fonema ou

fonema grafema, típicas dos métodos tradicionais.

Existe grande dificuldade em se comprovar a superioridade absoluta

de um método sobre outro. Uma determinada turma de alunos pode obter

maiores ou menores resultados dependendo do que se considera como “bons

resultados” em matéria de leitura ou escrita: a capacidade em decodificar

65

quaisquer combinações de letras, Leitura oral ou fluente, e Interpretação do

significado.

Se todos os métodos servem para aprender a ler, tanto faz escolher

um ou outro? Pelo que pudemos depreender do pesquisado, a resposta é

“não”.

Como vimos, novamente de forma conclusiva, pessoas recém-

alfabetizadas por métodos sintéticos são em geral mais atentas à decodificação

integral do texto, que é lido palavra por palavra, sem omissões ou

substituições, contudo, são menos preparadas para a tarefa de interpretação.

Já o construtivismo e o sociointeracionismo se preocupam com a compreensão

do mundo desde o início da alfabetização. O que deve ser levado em conta no

momento de escolher um método é a correta reflexão sobre a sua aplicação, a

consideração sobre seus fundamentos teóricos, as etapas de sua aplicação, o

material necessário à sua implementação, e a correta projeção dos resultados

previsíveis. Portanto, fica patente que em todos os caso o peso estará no

comprometimento do educador em fundamentar um trabalho minuciosamente

orientado e estruturado.

Como observação final, ficou claro ainda que a questão em

determinados momentos não seja ensinar, mas sim, estimular o aprendizado. É

o aluno quem aprende. Está de fato comprovado o binômio “ensino-

aprendizagem”, onde o peso maior encontra-se sobre a aprendizagem. Para

isso, o educando deve ser trazido para o centro do processo, e o educador,

deve se posicionar como facilitador, propiciando uma aprendizagem pelo

desenvolvimento cognitivo natural, em interação com o meio sócio-cultural,

respeitando, porém o desenvolvimento cognitivo natural individual de cada

educando.

66

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69

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: Alfabetização na Educação Infantil: Fundamentos

Teóricos e Metodológicos.

Autor: Valdina Victor de Barros

Data da entrega: