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UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO
MAYARA DE SANTIS RIBEIRO
EFEITO DA PROTEÇÃO SUPERFICIAL NA RUGOSIDADE E ASPECTO
TOPOGRÁFICO DE UM SISTEMA RESTAURADOR A BASE DE IONÔMERO
DE VIDRO, APÓS ESCOVAÇÃO SIMULADA
SÃO PAULO
2016
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MAYARA DE SANTIS RIBEIRO
MESTRADO EM BIOMATERIAIS EM ODONTOLOGIA
EFEITO DA PROTEÇÃO SUPERFICIAL NA RUGOSIDADE E ASPECTO
TOPOGRÁFICO DE UM SISTEMA RESTAURADOR A BASE DE IONÔMERO
DE VIDRO, APÓS ESCOVAÇÃO SIMULADA
Dissertação apresentada à Faculdade de
Odontologia da Universidade Anhanguera
de São Paulo para obtenção do título de
MESTRE em Biomateriais, Área de
Concentração: Biomateriais em
Odontologia.
Orientador: Prof. Dr. Vinicius Di Hipólito
Co-orientador: Prof. Dr. Camillo Anauate Netto
SÃO PAULO
2016
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Ribeiro, Mayara de Santis
Efeito da proteção superficial na rugosidade e aspecto
topográfico de um sistema restaurador a base de
ionômero de vidro, após escovação simulada. / Mayara
de Santis Ribeiro. -- São Paulo: Universidade Anhanguera
de São Paulo, 2016.
55 f.: il.; 30 cm.
Dissertação (MESTRADO) – Universidade
Anhanguera de São Paulo – Mestrado Profissional em
Biomateriais.
Orientador: Prof. Dr. Vinicius Di Hipólito
1. Ionômero de vidro. 2. Proteção superficial. 3. Escovação simulada. 4. Rugosidade. I. Di Hipólito, Vinicius. II. Universidade Anhanguera de São Paulo. III. Título.
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FOLHA DE APROVAÇÃO
Ribeiro, MS. Efeito da proteção superficial na rugosidade e aspecto topográfico
de um sistema restaurador a base de ionômero de vidro, após escovação
simulada. Dissertação apresentada à Universidade Anhanguera de São Paulo
para obtenção do título de Mestre em Biomateriais em Odontologia.
Aprovado em: / / 2016
Banca Examinadora
Prof(a). Dr(a). __________________________Instituição__________________
Julgamento: ___________________________Assinatura:
Prof(a). Dr(a). __________________________Instituição__________________
Julgamento: ___________________________Assinatura:
Prof(a). Dr(a). __________________________Instituição__________________
Julgamento:___________________________Assinatura:
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho especialmente aos meus amados pais, a quem
devo tudo, e que sempre, sempre, fizeram o possível e o impossível para que
eu pudesse fazer o que mais me deixasse feliz, Fernando e Mariza, amo vocês
incondicionalmente; as minhas irmãs Thaís e Alessandra, que juntas
conseguiram tolerar e amar essa irmã tão complicada; a minha madrinha
Lourdes “in memoriam”, que sempre demonstrou o orgulho que sentia por mim
e onde estiver está presenciando sua afilhada chegar tão longe; ao meu
padrinho Douglas; a minha tia Vitória pelo carinho e as trocas de experiência e
ao meu namorado Cesar que com paciência e admiração me incentiva todos os
dias.
A todos vocês meu eterno amor e gratidão.
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AGRADECIMENTO ESPECIAL
Ao Professor, Camillo Anauate Netto, que através de sua grande
solicitude permitiu que esse trabalho fosse mais fácil de se realizar. Sua
humildade, humanidade, seriedade, transparência e amizade me fizeram
crescer como pessoa e profissional, e me faz inspirar no seu jeito de “Ser
Professor”.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, autor da vida, que ilumina e protege meu caminho.
Aos meus pais, Fernando Antônio Ribeiro e Mariza de Santis Ribeiro, que em
todo tempo me incentivaram a não desistir dos meus sonhos.
As minhas irmãs, Thaís de Santis Ribeiro e Alessandra de Santis Ribeiro, pela
compreensão de todos os momentos.
Ao meu padrinho, Douglas de Santis, pela confiança e apoio.
Ao meu querido namorado, Cesar Eduardo Loureiro Pestana, pelo incentivo
diário, compreensão e ajuda nesses últimos meses de muita dedicação.
Ao Professor Dr. Guilherme Saavedra, pelo incentivo e amizade de todas as
horas. Meus sinceros agradecimentos. Sem seu apoio esse trabalho não
existiria.
A Dra. Thaís Cachuté Paradella, pelo carinho e apoio na parte experimental
deste trabalho. Meu carinhoso agradecimento.
Ao Professor Dr. Ricardo Amore, pela amizade e compreensão. Meus infinitos
agradecimentos.
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Ao meu orientador Professor Dr. Vinicius Di Hipólito, pelo apoio, boa
convivência e amizade.
A todos os professores do Programa de Biomateriais em Odontologia, que
participaram e contribuíram diretamente no processo da minha formação. Meus
sinceros agradecimentos. Todos já fazem parte da minha história.
Aos meus amigos e amigas, companheiros (as) de aulas nas diversas
disciplinas apresentadas, com os quais aprendi muito também: Fabiana, Rafael,
Daniela, Lívia, Marcos, Rose, João, Norton, Taiana e Claudio; o
companheirismo de todos vocês me proporcionaram momentos incríveis,
obrigada.
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RESUMO
O objetivo deste trabalho foi verificar o efeito da aplicação de um protetor
superficial na rugosidade e o aspecto topográfico de um cimento de ionômero
de vidro de alta viscosidade antes e após escovação simulada. Para a
avaliação da rugosidade, foram confeccionados 20 espécimes cilíndricos,
medindo 2 mm de altura por 8 mm de diâmetro e divididos aleatoriamente em
dois grupos, controle: sem revestimento e experimental: com revestimento. A
rugosidade foi analisada antes e após a escovação em rugosímetro (Surftest
SJ 301, Mitutoyo, Japão), considerando-se o parâmetro a rugosidade média
(Ra) com superfície de análise de 2 mm de extensão e cut-off de 0,25 mm,
sendo efetuadas três leituras em posições diferentes do espécime. Os
espécimes foram submetidos a 20.000 ciclos de escovação (Odeme®, Luzerna,
SC, Brasil) utilizando-se escova dental (Sanifill Ultra Professional) e creme
dental (Colgate Máxima Proteção Anticárie) diluído em água deionizada na
proporção de 1:2 em peso. Ao final da escovação, a rugosidade foi novamente
mensurada. Os dados obtidos no teste de rugosidade foram submetidos à
ANOVA com parcela subdividida e teste de T, considerando nível de
significância de 5%. Para a análise topográfica em Microscópio Eletrônico de
Varredura, foram selecionadas quatro amostras, uma de cada grupo antes da
escovação e mais duas, uma de cada grupo após a escovação simulada.
Como resultado observou-se a redução significativa dos valores de rugosidade
com a aplicação do revestimento. Adicionalmente, tanto para o grupo controle
como para o experimental, a escovação simulada causou redução significativa
da rugosidade, demonstrando um efeito polidor. Com relação ao aspecto
topográfico, observou-se a diminuição das irregularidades após a aplicação do
protetor e após a escovação. Conclui-se que a aplicação do revestimento de
superfície reduz a rugosidade do material, sendo um passo importante na
técnica de aplicação do cimento de ionômero de vidro.
Palavras-chave: Ionômero de Vidro, Protetor de Superfície, Escovação
Simulada, Rugosidade.
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ABSTRACT
The objective of this study was to determine the effect of applying a
protective surface on the roughness and the topographical feature of a concrete
high-viscosity glass ionomer before and after simulated toothbrushing. For the
evaluation of roughness, 20 cylindrical specimens were prepared, measuring 2
mm high and 8 mm in diameter and randomly divided into two groups, control:
uncoated and experimental: coated. The surface roughness was analyzed
before and after brushing on profilometer (Surftest SJ 301, Mitutoyo, Japan),
considering the parameter average roughness (Ra) in surface analysis of 2 mm
wide and cut-off of 0.25 mm, three readings being made at different positions of
the specimen. The specimens were subjected to 20,000 cycles brushing
(Odeme®, lucerne, SC, Brazil) using toothbrush (Sanifill Ultra Professional) and
toothpaste (Colgate Caries Maximum Protection) diluted in deionized water in
the ratio 1: 2 by weight. At the end of brushing, the surface roughness was
measured again. Data from the roughness test were submitted to ANOVA with
split plot and T test, with 5% significance level. For topographic analysis
Scanning Electron Microscope, four samples were selected, one from each
group before the brushing and two, one from each group after simulated
brushing. As a result there was a significant reduction in roughness values with
the application of the coating. Additionally, both the control group and the
experimental for the toothbrushing abrasion caused significant reduction in
roughness, showing a polisher effect. Regarding the topographical feature,
there was a decrease in irregularities after applying the protector and after
brushing. It follows that the application of surface coating reduces the
roughness of the material, an important step in the application technique of the
glass ionomer cement.
Keywords: Glass Ionomer Cement, Coating, Simulated Brushing, Roughness.
.
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SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO......................................................................................... 1
2 - REVISÃO DE LITERATURA................................................................... 6
2.1 - Cimento de ionômero de vidro............................................................ 6
2.2 - Rugosidade e escovação simulada dos CIVs...................................... 18
2.3 - Proteção de superfície............................................................................ 22
3 - PROPOSIÇÃO......................................................................................... 25
4 - MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................... 26
4.1 - Confecção dos corpos-de-prova............................................................. 26
4.2 - Determinação da rugosidade superficial inicial..................................... 28
4.3 - Escovação simulada dos corpos-de-prova.............................................
4.4 - Análise topográfica em microscópio eletrônico de varredura (MEV)......
29
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4.5 - Análise estatística.................................................................................. 34
5 - RESULTADOS.........................................................................................
5.1 - Rugosidade............................................................................................
5.2 - Aspecto topográfico..............................................................................
35
35
36
6 - DISCUSSÃO............................................................................................ 39
7 - CONCLUSÕES........................................................................................ 43
8 - REFERÊNCIAS........................................................................................ 44
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1 - INTRODUÇÃO
Os cimentos de ionômero de vidro são materiais híbridos que consistem
de partículas inorgânicas de vidro dispersas numa matriz insolúvel de hidrogel.
Sua estrutura de matriz é mantida por forças coesivas, presumidamente uma
mistura de ligações iônicas ou eletrovalentes, pontes de hidrogênio e cadeias
químicas complexas (HATTON, et al., 1992).
WILSON (1996) conduziu uma simples experiência em 1965, no
Laboratório de Química do Governo, em Londres, que levou à formação de
uma pasta intratável que espessava significantemente no curso da mistura e,
em contrapartida, endurecia muito lentamente, ou seja, apresentava ausência
de tempo de trabalho e prolongado tempo de presa. Não parecia um material
para odontologia, mas após um longo e desgastante estudo, em que a
persistência de um grupo de pesquisadores como Alan Wilson, Brian Kent,
Stephen Crisp e John McLean foi a chave para o sucesso.
Em 1972, um novo cimento odontológico translúcido com o nome de
cimento de ionômero de vidro ou ASPA (“aluminosilicate-polyacrylate acid”) foi
descrito por WILSON & KENT (1972). Esses cimentos consistiam de uma
solução aquosa de ácido poliacrílico em concentrações em torno de 45% que
reagiam com um pó constituído de vidro fluroaluminiosilicato de cálcio. Esses
vidros eram os mesmos tipos genéricos utilizados para o cimento de silicato,
porém modificados para ser mais básicos e assim compensar a menor força
ácida do polímero, quando comparada com o ácido fosfórico utilizado nos
silicatos.
Os primeiros cimentos de ionômero de vidro foram lançados no mercado
em 1975 (NICHOLSON, 1998) e segundo, MOUNT (1997), essa
comercialização foi prematura porque ainda não existiam quantidades
razoáveis de investigações clínicas. O pesquisador considerou que seu
lançamento oficial tenha acontecido em 1977 com a série de três trabalhos
apresentados por MC LEAN & WILSON, em Adelaide, na Austrália.
Outros três fabricantes, GC International, ESPE e Shofu, entraram no
mercado com produtos similares, e os fabricantes do ASPA modificaram seu
produto original por um produto mais translúcido, o Chemfil. No início dos anos
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80, parecia que os problemas principais como a estética e as propriedades
físicas não residiam mais na constituição do cimento e sim na necessidade de
manter o conteúdo de água durante a fase inicial de presa, porém, uma vez
que isso fosse superado, poderia se conseguir excelentes resultados (MOUNT,
1997).
A composição dos cimentos de ionômero de vidro mudou
dramaticamente nesses últimos 16 anos, incluindo os ionômeros de vidro
reforçados e diferentes tipos de ionômero de vidro modificados por resina.
Houve também a introdução de um material referido como compômero que,
embora seja baseado em tecnologia de compósitos e ionômero de vidro, ele é
mais similar à resina que ao ionômero e por essa razão é designado de resina
composta modificada por poliácidos (McLEAN et al., 1994; MJÖR et al., 2002).
De todas as mudanças ocorridas, a principal foi a dos cimentos de
ionômero de vidro modificados por resina, a inclusão de facilidades como
controle de presa por meio de fotopolimerização foi recebida com grande
entusiasmo e, sem dúvida, introduziu algumas vantagens. Entretanto, nem
todos os aspectos são positivos: a reação ácido-base é mais lenta e a
incorporação de água é maior com consequente expansão (MOUNT, 1996;
SMALL et al., 1998).
MOUNT (1996), relatou que era essencial enfatizar que os cimentos
convencionais ainda eram muito úteis e que existiam muitas situações onde
poderiam permanecer como material de escolha. Alguns produtos introduzidos
no mercado mais recentemente estão seguindo essa trajetória, essencialmente
otimizando a concentração e o peso molecular do poliácido e a distribuição do
tamanho das partículas de vidro (GUGGENBERGER et al., 1998), também
conhecidos como cimentos de ionômero de vidro de alta viscosidade e foram
desenvolvidos principalmente em resposta ao tratamento restaurador
atraumático (BURKE et al., 2002). Eles se caracterizam por conterem pó cujas
partículas têm dimensões inferiores às dos ionômeros convencionais, e ainda
por possuírem ácido liofilizado agregado ao pó. Como resultado esses
materiais são mais densos que os ionômeros convencionais, e a dureza
superficial também é maior (PASCOTTO et al., 2004).
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Os cimentos de ionômero de vidro apresentam propriedades únicas que
incluem habilidade de troca iônica com a superfície dental, liberação de
fluoretos por toda a vida da restauração e manutenção do selamento marginal
por longos períodos (MOUNT, 1996). Todos sabem que a água é a principal
barreira para a efetiva adesão ao dente. A dentina é permeada por fluidos
transportados da polpa que podem completar a superfície potencialmente
adesiva e/ou hidrolisar as ligações adesivas porque os polímeros não polares
são inábeis para competir com sucesso com água e tendem a formar pontes
hidrolisáveis. O segredo dos cimentos de ionômero de vidro quanto à adesão e
à manutenção do selamento por longos períodos reside no fato de serem
capazes e de se aderir, em condições úmidas, de forma permanente em
substratos reativos ou ionizáveis (incluindo esmalte, dentina e bases metálicas).
São polímeros altamente iônicos que podem competir com sucesso com a
água por causa da multiplicidade dos grupos carboxílicos que podem formar
fortes pontes de hidrogênio com a apatita (WILSON et al., 1988).
Ao contrário dos adesivos resinosos, esses materiais dependem de
umidade para sua manutenção, pois aproximadamente 24% de sua massa
endurecida é composta de água (MOUNT, 1996). Essa interação do cimento de
ionômero de vidro com o substrato dental pode ser constatada por meio do
estudo de SENNOU, LEBUGLE & GRÉGOIRE (1999), em espectroscopia
fotoelétrica de raios X. O estudo demonstrou que a dentina e o cimento de
ionômero de vidro trocaram elementos minerais e orgânicos, pois foi observada
migração de elementos minerais de um substrato para outro.
Entretanto, a resistência ao desgaste ainda não é a ideal, especialmente
para os CIV de alta viscosidade (MOMESSO et al., 2010). Em condições
clínicas, qualquer que seja o material restaurador, além da ação de forças
oclusais e mastigatórias, este estará sujeito ao desgaste provocado pela
escovação, resultante do atrito da escova dental e dos abrasivos presentes no
dentifrício (TEIXEIRA et al., 2005). Esse desgaste pode também ocasionar
aumento na rugosidade superficial das restaurações, especialmente nos CIVs,
favorecendo a retenção e o acúmulo de biofilme bacteriano sobre as
superfícies das restaurações (LIMA et al., 2009; THOMASSEWSKI et al., 2009;
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NESI et al., 2011) e também na interface material restaurador e estrutura dental,
determinando insucesso do tratamento (CHAWICK et al., 2007).
Vários pesquisadores têm desenvolvido pesquisas a respeito das
propriedades do cimento de ionômero de vidro (ATKINSON et al., 1985;
McLEAN et al., 1977; BEECH et al., 1983), buscando mais conhecimento e/ou
desenvolvimento sobre esse produto, bem como suas indicações precisas
(SCHRER, 1988; WALLS, 1986). Adesividade, ações anticariogênica e
antimicrobiana, biocompatibilidade, opacidade, translucidez, solubilidade e
desintegração são algumas das propriedades estudadas.
Novos materiais a base de ionômero de vidro estão sendo desenvolvidos
e mostram um comportamento tão estável como as resinas e os ionômeros
modificados por resina (VAID et al., 2015).
O ionômero de vidro convencional de alta viscosidade tem sido
recomendado para o ART por suas propriedades mecânicas melhoradas, como
reação de presa mais rápida, redução do desgaste, entre outras (SILVA et al.,
2006). A rugosidade pode ser associada a uma combinação de vários fatores,
tais como as características da matriz, proporção, tamanho de partículas
inorgânicas de vidro e formação de bolhas de ar durante a preparação do
material (GEIGER et al., 1999). O aumento da rugosidade de materiais
restauradores leva à perda de integridade superficial, resultando na erosão do
material, com a consequente formação de sítios de retenção de substrato,
pigmentos e microrganismos. Isso provoca o acúmulo de placa bacteriana,
ocasionando o aumento do risco de desenvolvimento de lesões de cárie (RIOS
et al., 2002), perda da restauração e do próprio elemento dental. Para a
obtenção de bons resultados clínicos com cimentos de ionômero de vidro
restauradores, alguns procedimentos devem ser adotados, objetivando evitar
seu contato precoce com umidade ou seu ressecamento (CRISP et al., 1980).
A aplicação de uma proteção superficial sobre a restauração recém
confeccionada, como vernizes, resinas fluidas, esmaltes para unha, vaselina
sólida, vaselina líquida, adesivos dentinários, agentes glazeadores e outros
(BRITO et al., 2009), podem ser utilizados com essa finalidade (CHO et al.,
1995; NICHOLSON et al., 1992; WILLIAMSON, 1995). Com relação ao fato da
proteção superficial nos estágios iniciais de reação, alguns autores defendem
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este procedimento como precaução do lixiviamento dos cátions que estariam
sendo transferidos do pó vítreo para a cadeia polimérica que está sendo
formada e que, se perdidos, enfraqueceriam o cimento convencional (McLEAN,
1988). Outros dizem que se a água participa da reação de presa, a proteção
supeficial impede a absorção de água extra do meio, que seria usada para o
equilíbrio hídrico da reação e desenvolvimento da resistência mecânica e à
desintegração (BOSCARIOLI, 1993; O’HARA et al., 1989), podendo assim, o
cimento sofrer alteração somente superficialmente (PHILLIPS et al., 1985), o
que afetaria apenas a estética.
Com o surgimento de novos materiais no mercado, torna-se necessária
a realização de pesquisas para testar a efetividade e a influência na rugosidade
dos materiais. O teste de escovação in vitro é efetivo para conseguir dados
comparativos rápidos e confiáveis para avaliar a rugosidade de materiais
restauradores sob condições específicas padronizadas (RIOS et al., 2002).
Devido à importância do controle do biofilme dental para o sucesso dos
tratamentos convencionais e atraumáticos, esta pesquisa in vitro avalia o
desgaste de um sistema restaurador a base de ionômero de vidro, verificando a
rugosidade superficial causado pela escovação simulada com e sem proteção
de superfície.
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2 - REVISÃO DE LITERATURA
2.1 - Cimento de ionômero de vidro
Em meados de 1972 dois pesquisadores, WILSON e KENT (1972),
apresentaram um novo cimento odontológico translúcido, baseado na reação
de endurecimento entre pó de alumínio-silicato de vidro e solução aquosa de
polímeros e copolímeros de ácido acrílico. O sistema recebeu o nome genérico
de cimento de ionômero de vidro e o nome comercial de ASPA por causa de
seus ingredientes básicos: Alumínio-Silicato Poliacrilato. Inicialmente a
intenção de desenvolvimento desse material era para uma variedade de
aplicações em odontologia, como: restaurações de dentes anteriores,
preenchimento de cavidades de erosão, cimentações em geral e forramento de
cavidades. Também relataram sobre os resultados desapontadores da simples
combinação do pó do cimento de silicato com solução aquosa de ácido
poliacrílico, que resultava num material com reação de presa lenta, fraco e com
grande sensibilidade de mistura. Esclareceram que o pó foi modificado para se
tornar mais básico e assim compensar a reduzida força ácida do polímero,
comparado com o ácido fosfórico utilizado nos silicatos.
No final do mesmo ano, KENT e WILSON (1972) relataram que esse
novo cimento dental translúcido, estava sendo desenvolvido para preencher a
necessidade de um material odontológico adesivo e de forramento. Fizeram
comentários sobre sua reação de presa, indicações e mecanismo de adesão às
estruturas dentais. Esclareceram que era baseado na reação de endurecimento
entre um fino pó de flúor-alumínio-silicato de vidro e uma solução aquosa de
ácido poliacrílico, e que tão logo o cimento fosse manipulado e iniciasse sua
reação de presa (Figura 1), os cátions (Al3+e Ca2+) eram extraídos da
superfície das partículas de vidro pelos prótons do ácido. Consequentemente,
esses cátions que migravam para a fase aquosa formavam sólidas cadeias de
poliacrilatos (Figura 2 e 3). Comentaram que esse novo material translúcido
estava sendo utilizado para preenchimento de lesões de erosão e como
selantes de fissuras, em proveito de sua boa adesão ao esmalte e dentina. Sua
adesão às estruturas dentais era atribuída à esperada interação de cadeias
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polares encontradas em ambos, cimento e dente. Por suas características de
manipulação esse novo cimento parecia ser mais aceitável como forrador de
cavidades que o cimento de policarboxilato de zinco. Os estudos clínicos ainda
eram limitados, mas mostravam-se promissores e que as pesquisas dos
cimentos de ionômero de vidro continuariam como material restaurador anterior
e como agente de proteção.
Figura 1 - Reação de presa do cimento de ionômero de vidro
(Modificado a partir de Alessandra Reis e Alessandro D. Loguercio);
Figura 2 - Formação das cadeias de poliacrilatos
(Modificado a partir de Alessandra Reis e Alessandro D. Loguercio);
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Figura 3 - Formação das cadeias de poliacrilatos e geleificação
(Modificado a partir de Alessandra Reis e Alessandro D. Loguercio);
No mesmo ano, os resultados de um teste de acompanhamento clínico
dos cimentos de ionômero de vidro como agente selador de cavidades de
erosões cervicais, foi publicado por McLEAN e WILSON (1972). As cavidades
de erosão não receberam nenhuma espécie de preparo cavitário, apenas foram
condicionadas com ácido cítrico a 50% por 2 minutos, para melhorar a retenção
do cimento. Após 18 meses foi registrado um alto índice de sucesso (em torno
de 90%) para as cavidades clássicas classe V, porém as cavidades de erosão
com menos de 0.5 mm de profundidade nem sempre retiveram o cimento.
Nessas instâncias foram sugeridas modificações no preparo cavitário para esse
tipo de lesão. Apenas um preparo mínimo das margens era necessário e
geralmente retenções adicionais demonstravam melhoras satisfatórias. Os
pesquisadores observaram que a resistência à abrasão dos cimentos de
ionômero de vidro após 18 meses tinha sido alta e o selamento das margens
da restauração também tinha sido mantido.
Em 1973 a revista British Dental Journal publicou um dos primeiros
trabalhos de pesquisa sobre cimento de ionômero de vidro realizado por KENT,
LEWIS & WILSON (1973). Os autores compararam “in vitro” propriedades de
consistência, tempo de presa, resistência à compressão, resistência à tensão,
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acidez, desintegração e solubilidade do cimento ASPA I com outros cimentos
odontológicos (silicato, policarboxilato, fosfato de zinco, óxido de zinco e
eugenol simples e reforçado). O cimento ASPA I consistia de um pó de vidro
designado G200 e solução aquosa de ácido poliacrílico a 50%. Observaram
que as propriedades de translucidez, resistência à compressão e a tensão
diametral, solubilidade e desintegração se aproximavam dos valores do
cimento de silicato e a acidez inicial, à do cimento de policarboxilato.
Concluíram que o cimento de ionômero de vidro ASPA I parecia combinar
propriedades favoráveis do cimento de silicato e do cimento de policarboxilato.
Os estágios iniciais da reação química entre o pó dos cimentos
ionomêricos e a solução de ácido poliacrílico foi descrita por CRISP e WILSON
(1974). Também avaliaram a eficácia de dois sistemas de cimentos de vidro-
G200, e fizeram comparações com o cimento de silicato. O G200 era
preparado em duas temperaturas (1.150 e 1.300ºC) e designados P(1.150) e
P(1.300) respectivamente. O P(1.150) era o pó geralmente usado para
aplicações clínicas e o P(1.300) era tão reativo que não era aceitável como
cimento prático. O vidro G200 P(1.150) com solução aquosa de ácido
poliacrílico a 50% constituía o cimento dental ASPA I. O período relevante para
esse estudo foi os primeiros 10 minutos da reação, pois é representada pelo
ataque ácido do pó e consequente liberação de íons (flúor, sódio, cálcio,
alumínio e fosfato). Então, as alterações essenciais nos íons de hidrogênio do
líquido eram suas substituições por íons metálicos. O aumento do pH e a
concentração desses íons solúveis derivados do vidro demonstraram que a
reação inicial era do tipo ácido-base, onde o pó agia como próton receptor e o
líquido como próton doador. A quantidade de flúor extraído era de considerável
importância porque aumentava a acidez do sistema. O sistema que tinha mais
íons em solução no estágio inicial da reação, combinado com baixo pH, tendia
a aumentar o tempo de trabalho e a diminuir o tempo de presa. Os autores
enfatizaram que a composição química, temperatura de fusão, tempo de fusão
e distribuição do tamanho da partícula deveriam ser cuidadosamente
controlados porque eles tinham pronunciado efeito no tempo de presa e
resistência do cimento. Concluíram o trabalho dizendo que a reação do pó do
cimento de ionômero de vidro G200 com solução de ácido poliacrílico era
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rápida, porém relativamente mais lenta que aquelas do cimento de silicato, que
o ácido poliacrílico parecia ser eficiente na extração de íons do vidro, a
despeito da sua considerável diferença com o ácido fosfórico, e que era
conclusivo que a extração desses íons era ajudada por formações complexas.
McLEAN e WILSON (1977), publicaram uma série de três artigos
relativos a suas conferências apresentadas durante o 21ºCongresso
Odontológico Australiano em fevereiro de 1976.
A primeira publicação tratou da formulação e propriedades dos cimentos
de ionômero de vidro. Os autores McLEAN e WILSON (1977) iniciaram o
trabalho dizendo que os cimentos de ionômero de vidro tiveram por objetivo
combinar as melhores propriedades do cimento de silicato, resina composta e
cimento de policarboxilato. Mesmo sendo improvável a combinação de todos
esses fatores em apenas um material, muitos deles estavam sendo
pesquisados no desenvolvimento dos cimentos de ionômero de vidro. Os
tópicos seguintes trataram de forma clara e objetiva sobre a reação de presa,
composição, microestrutura e propriedades. A adesão e a opacidade foram
tratadas em separado.
A segunda publicação, McLEAN e WILSON (1977) trataram da
descrição das variedades de aplicações clínicas dos cimentos de ionômero que
incluíam sua utilização como materiais restauradores, materiais de selamento e
de cimentação. Iniciaram seu trabalho enumerando as indicações e contra-
indicações de uso. Sempre embasados em vários trabalhos de publicação os
pesquisadores McLEAN e WILSON (1977) fizeram considerações sobre a
compatibilidade biológica e idealizaram discussões para cada uma das
indicações propostas. Cada indicação também recebeu uma descrição de
técnica em particular, com excessão das lesões de abrasão que seriam
detalhadas na terceira parte da publicação. Os autores consideraram, que
dentro das limitações daqueles 5 anos de programa de desenvolvimento, os
cimentos de ionômero de vidro demonstraram ter resistência à abrasão e baixa
expansão térmica como os cimentos de silicato, sem a desvantagem da rápida
desintegração em ácidos fracos, além de apresentarem fluoreto de cálcio que
promovia propriedades cariostáticas ao material. Citaram alguns problemas,
relatados pelos clínicos, sobre o aumento de viscosidade do líquido, mas que a
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causa do fenômeno ainda era desconhecida. Encerraram o trabalho dizendo
que a área clínica mais promissora aos cimentos de ionômero de vidro parecia
ser a odontologia preventiva, incluindo preenchimento de erosões cervicais e
selamento de fissuras, e que outra área com grande potencial, eram as
restaurações de dentes decíduos.
Na terceira parte do trabalho, os autores McLEAN e WILSON (1977)
trataram das lesões cervicais não cariosas, descritas por eles como erosão
cervical. Acreditavam que os cimentos de ionômero de vidro poderiam
representar um passo significante em dentística restauradora como solução da
dificuldade de adesão dos materiais restauradores à dentina. Escreveram um
protocolo clínico detalhado a respeito do procedimento restaurador para esse
tipo de lesões, incluindo condicionamento ácido, aglutinação, inserção,
acabamento e polimento das restaurações de cimentos de ionômero de vidro.
Também estabeleceram algumas regras para esse tipo de restauração como
profundidade mínima de 1 mm e extensão máxima de 1/3 da coroa clínica.
Entretanto a resina composta deveria ser preferida em lesões extensas e onde
a adesão fosse acontecer principalmente em esmalte. O objetivo principal
desse trabalho foi apresentar uma pesquisa de acompanhamento clínico do
cimento de ionômero de vidro ASPA IV como material restaurador de lesões de
erosão, com a finalidade de observar a adesão entre o cimento de ionômero de
vidro e a superfície de dentina. Foram realizadas avaliações aos 6 meses, 1, 2
e 3 anos. O índice de falhas no acompanhamento de 3 anos foi de 9%, mas os
maiores números ocorreram nos primeiros meses após a restauração. Os
autores encerraram a publicação com uma série de recomendações clínicas e
apontamentos de causas de falhas determinando pontos importantes em cada
uma delas.
McCABE, JONES e WILSON (1979), testaram e compararam as
propriedades físicas e mecânicas de dois cimentos de ionômero de vidro com
as de um cimento de silicato. Os materiais testados foram o De Trey’s ASPA
restaurador, o De Trey’s ChemBond de cimentação e o cimento de silicato
Silicap. Foram analisadas as características de presa (tempo de trabalho e de
presa), resistência transversa, estabilidade de cor, resistência à abrasão,
erosão ácida e adesão. Os resultados demonstraram que o tempo de trabalho
12
do ASPA foi o menor dos três e mostrou-se curto (1.8 minutos) quando
manipulado em temperatura ambiente, porém poderia ser aumentado
consideravelmente se trabalhado em uma placa de vidro fria. O tempo e presa
foi longo para todos os materiais testados, 6.7’ para os ionômeros e 9.9’ para o
silicato. Os valores de resistência transversa de ambos cimentos De Trey se
mostraram pouco inferiores aos do cimento de silicato, indicando que o ASPA
restaurador não deveria ser empregado em regiões sujeitas a grande estresse.
Apesar de mais opacos, os cimentos de ionômero de vidro não sofreram
alterações de cor no teste estabelecido. A resistência à abrasão do ASPA foi
similar ao Silicap, portanto considerada adequada para restaurações de lesões
cervicais de abrasão e erosão. O ASPA restaurador demonstrou menor
solubilidade que o silicato. Os resultados de adesão confirmaram que ambos
cimentos de ionômero de vidro apresentavam adesão ao esmalte e dentina. O
ChemBond mostrou possuir adesão ao ouro, porém nenhuma adesão à
porcelana.
SIRISKO, BROWN e McCOMB (1983), compararam as propriedades
físicas de três cimentos de ionômero de vidro para cimentação (ChemBond,
Fuji I e Ketac-Cem) com as de um cimento de fosfato de zinco (Fleck’s) e um
cimento de policarboxilato (Ceramco). Os testes incluíram tempo de presa,
escoamento, espessura do filme, resistência à compressão e à tensão
diametral, solubilidade em ácido lático 0.01M e módulo de elasticidade. O Fuji I
e Ketac-Cem demonstraram as maiores resistências à compressão em 1 e 24
horas (1410 e 1391 Kg/cm2 respectivamente) e a mais alta resistência à tensão
diametral em 24 horas (75 e 80 Kg/cm2 respectivamente). O ChemBond
demonstrou a resistência à compressão mais baixa em 24 horas (867 Kg/cm2),
porém a resistência à tensão diametral em 24 horas (65 Kg/cm2) foi mais alta
que do cimento de fosfato de zinco (50 Kg/cm2). Todos os cimentos
apresentaram solubilidade em ácido lático abaixo de 0.59% com exceção do
ChemBond (1.43%) e Fuji I (93%). Os cimentos Ketac-Cem e Fleck’s
apresentaram solubilidades similares (0.57 e 0.59% respectivamente). O
cimento de policarboxilato mostrou a menor dissolução (0.16%). Todos os
cimentos tiveram valores de escoamento próximos a 30 mm, exceto o Fuji I
(21.3 mm). As espessuras de filmes mais finas foram produzidas pelos
13
cimentos Ketac-Cem e Ceramco e a mais grossa pelo Fuji I. Os módulos de
elasticidade dos cimentos de ionômero de vidro foram similares (em torno de
7.34 Gpa); do cimento de policarboxilato foi 30% menor e o do cimento de
fosfato de zinco; e do cimento de fosfato de zinco foi quase duas vezes maior
que do cimento de ionômero de vidro (13.4 GPa). Dentre os cimentos de
ionômero de vidro, o Ketac-Cem foi o que mostrou as propriedades mais
favoráveis.
Em meados da década de 80, as indagações a respeito da sensibilidade
pulpar provocada pelos cimentos de ionômero de vidro de cimentação estavam
provocando controvérsias sobre as causas do problema. Os fatores
relacionados a ele seriam a irritação química provocada pelo material e a
infiltração marginal. Dois pesquisadores (SMITH & RUSE, 1986) realizaram um
estudo onde mediram e compararam as mudanças de pH, principalmente nos
estágios iniciais de presa, entre vários cimentos de ionômero de vidro (ChemFil,
ChemBond, Ever Bond, Fuji Ionomer Type I e Ketac Cem), um cimento de
policarboxilato (Durelon) e um cimento de fosfato de zinco (Hybond Zinc
Phosphate). Todos os materiais foram dispensados de acordo com as
orientações do fabricante e manipulados em condição ambiente. O pH de cada
amostra foi medido através de um eletrodo e um indicador de pH. Os
resultados revelaram que ocorreu uma rápida elevação do pH de todos os
cimentos nos primeiros 15 minutos após a mistura e um aumento gradativo e
lento nos 60 minutos seguintes. Este aumento continuou por 4 a 8 horas
conduzindo ao pH final 5.35 a 6.5 para todos os cimentos. Essas medidas
mostraram que alguns cimentos de ionômero de vidro apresentaram um longo
período de pH abaixo de 3, mais tempo que do cimento de policarboxilato e do
cimento de fosfato de zinco. Os pesquisadores concluíram que a acidez inicial
combinada com a citotoxidade de outros componentes poderia causar danos à
polpa quando não fossem tomados os devidos cuidados quando da
manipulação do cimento, preparo cavitário e procedimentos de cimentação.
Para evitar a sensibilidade pós-operatória além de todos os cuidados anteriores,
o preparo cavitário deveria ser protegido, se grandes áreas de dentina profunda
estivessem presentes.
14
Em 1988 outros pesquisadores (NICHOLSON et al., 1988) examinaram
a reação de presa dos cimentos de ionômero de vidro através de
espectroscopia no infravermelho (“Fourier Transform Infrared Spectroscopic” -
FTIR) e confirmaram os resultados de estudos anteriores. O ácido tartárico,
que é mais forte que o ácido poliacrílico, reagiu mais rapidamente com o vidro
e retardou a reação de presa do cimento. Como consequência, os íons
liberados pelo vidro se tornaram disponíveis para reação com o poliácido e
ocorrreu a geleificação. A rápida ação do ácido tartárico, não apenas formou
tartarato de cálcio, como também aumentou o índice de formação de
poliacrilato de alumínio dentro da massa do cimento. O meso-ácido tartárico
também formou rapidamente tartarato de cálcio, mas não aumentou o índice de
formação do poliacrilato de alumínio. Como resultado, esse último isômero
apenas reprimiu o processo de endurecimento, e ao contrário do ácido tartárico,
não estimulou a reação de presa.
Como são esperadas alterações na resistência dos cimentos de
ionômero de vidro através do tempo devido à natureza de sua reação de presa,
em 1988 (JOHNSON et al., 1988), avaliaram a influência do tempo nas
propriedades de 3 cimentos de ionômero de vidro de cimentação e de um
cimento de fosfato de zinco. Os materiais testados foram os ionômeros De Trey
Chemfil (A D International), Fuji Ionomer tipo I (GC Dental Industrial Corp),
Ketac-Cem (ESPE-Premier) e o cimento de fosfato de zinco Modern Tenacin (L
D Caulk Co). Os testes conduzidos para todos os cimentos foram os seguintes:
espessura do filme de cimento, tempo de presa, solubilidade, resistência à
tração e tensão diametral, módulo de elasticidade e influência do tempo de
armazenagem dos componentes. Os resultados apresentados demonstraram
diferenças entre todos as representações de cimentos de ionômero de vidro
bem como com o cimento de fosfato de zinco. O tempo de presa dos
ionômeros foi 4 a 5 minutos mais rápido que do cimento de fosfato de zinco, o
que poderia significar um problema clínico quando um tempo maior de trabalho
fosse necessário. A solubilidade do Chemfil e Fuji foi nove vezes maior que a
do Tenacin e a do Ketac-Cem, duas vezes maior. A resistência de todos os
cimentos de ionômero de vidro aumentou significativamente entre um e sete
dias, porém a resistência à tensão foi bem menor que a resistência à tração.
15
Em 24 horas, o módulo de elasticidade dos cimentos de ionômero de vidro foi
menor que a metade do cimento de fosfato de zinco. Os testes revelaram que
as resistências à compressão do Fuji, Chemfil e Tenacin diminuíram
substancialmente com a estocagem de seus componentes por um ano, porém
o Fuji foi o único que demonstrou decréscimo equivalente na resistência à
tensão. Com base nos resultados os autores concluíram que: a espessura do
filme de cimento e o tempo de presa demonstraram ser aceitáveis clinicamente;
as propriedades de resistência variaram entre os diversos produtos
ionoméricos e aumentaram significativamente entre 1 e 7 dias; somente o
módulo de elasticidade do cimento de fosfato de zinco foi consistentemente
mais alto que dos cimentos de ionômero de vidro; as propriedades de alguns
cimentos diminuíram significantemente após 1 ano de armazenamento; o
líquido de um dos cimentos de ionômero de vidro demonstrou ter componente
instável.
Em 1989 surgiram os CIV modificados por resina. Esses materiais
contêm monômeros resinosos que permitem uma ativação da polimerização
através de luz halógena. As propriedades físicas desses cimentos são
superiores às dos convencionais e ainda exibem as vantagens de um tempo de
trabalho controlado, facilidade de manipulação (técnica menos sensível) e um
rápido endurecimento, minimizando os problemas de sensibilidade ao
acabamento imediato e de ressecamento, comuns aos cimentos convencionais.
Esses materiais preservam as vantagens clínicas dos CIVs convencionais em
relação à redução da microinfiltração, adesão química ao esmalte e à dentina,
compatibilidade pulpar e liberação de íons flúor.
Didaticamente, os cimentos de ionômero de vidro podem ser
classificados de duas maneiras. A primeira é baseada na aplicação clínica á
qual se destina o cimento e a segunda, se baseia na sua composição química.
De acordo com a aplicação clínica, o cimento de ionômero de vidro pode ser
classificado em três tipos (CASALINO, 2006):
Tipo I – indicado para cimentação ou fixação de peças rígidas;
Tipo II – indicado para restaurações diretas;
Tipo III – indicado para forramento de cavidades.
16
Desde sua criação, à formulação inicial proposta para o ionômero foram
adicionados outros componentes, com o objetivo de melhorar as propriedades
necessárias para determinadas aplicações. Tendo isso em vista, as diversas
modificações propostas, foram desenvolvidos ionômeros de vidro diferentes
tanto para aplicação quanto à composição química.
Assim, uma diferente classificação se fez necessária, desta vez tendo
por base a composição do material. De acordo com a composição, os cimentos
de ionômero podem ser classificados em (CORRÊA & OGASAWARA, 2006;
COIMBRA, 2006):
· convencional;
· reforçado por metal;
· modificado por resina.
Com o surgimento do ART (FRENCKEN et al., 1994) e com os
resultados da avaliação da técnica se mostrando inferiores aos do tratamento
convencional e, segundo alguns autores sendo a principal falha da técnica
relacionada às propriedades físicas dos CIV convencionais, começaram a
surgir no mercado os CIV de alta viscosidade, com propriedades físicas
melhoradas, especialmente desenvolvidos para esta técnica.
Segundo alguns autores (GUGGENBERG et al., 1998) existem três
maneiras de se melhorar as propriedades físicas de um CIV: aumentando a
proporção pó/líquido, aumentando o peso molecular do poliácido ou
aumentando a concentração do mesmo. Estas modificações referentes ao
ácido também requerem adaptações no pó. Então, as partículas desses CIV de
alta viscosidade se apresentam geralmente menores e em maior número.
A diminuição do tamanho de partícula possui dois principais efeitos nos
cimentos de ionômero de vidro: modifica sua tenacidade à fratura, bem como o
seu tempo de cura. A adição de 20 a 30% de partículas de menor tamanho ao
cimento de ionômero de vidro já é suficiente para que o cimento apresente uma
diminuição significativa nos tempos de trabalho e de cura do material
(PRENTICE et al., 2005). Por outro lado, à medida que o tamanho de partícula
do pó se torna menor, pode-se observar uma gradativa diminuição da
tenacidade à fratura do material (MITSUHASHI et al., 2003).
17
A dureza é modificada com a variação do tamanho de partícula dos pós
do material. Cimentos de ionômero de vidro com adição de partículas resinosas
nanométricas apresentam valores de microdureza comparáveis às resinas
compostas e superiores aos cimentos de ionômero de vidro convencionais
(PALMA-DIBB et al., 2006). Entretanto, para que a dureza seja aumentada com
a diminuição do tamanho de partícula, o material deve apresentar baixa
porosidade (XIE et al., 2000). Há ainda uma correlação entre tamanho de
partícula com a resistência à compressão. Esta influência é mais acentuada
com adição de partículas de vidro com menores dimensões (XIE et al., 2000).
Na literatura disponível que analisa o efeito do tamanho das partículas do CIV
existem informações contraditórias e sobre alguns parâmetros. Existem dados
que mostram a influência da redução do tamanho das partículas adicionadas
aos monômeros resinosos. No entanto, não há informação sobre a variação do
tamanho das partículas com o método de moagem.
Em 1997, alguns autores (EWOLDSEN et al., 1997) estudaram a
resistência à compressão, à tração e a adesão ao esmalte e a dentina de
diferentes CIV. Foram avaliados: Fuji IX/GC (CIV de alta viscosidade), Fuji
Plus/GC e Advance/L.D.Caulk (CIV modificados por resina). O material com
maior resistência à compressão foi o Fuji IX, enquanto que nos outros testes os
CIV modificados por resina manipulados com maior proporção pó-líquido
mostraram valores superiores. Os autores concluíram que existe a necessidade
de mais estudos com os CIV modificados por resina manipulados em maior
proporção pó-líquido utilizados no ART.
A liberação de flúor dos cimentos de ionômero de vidro é um fator
relatado por vários autores (FORSTEIN, 1990; GAO et al., 2000; HATIBOVIC-
KOFMAN et al., 1991). Os íons flúor são incorporados ao vidro durante a sua
manufatura, para agir como desoxidante e para modificar a temperatura de
fundição do vidro. Imediatamente após a mistura do pó de vidro com o ácido
poliacrílico, esses íons flúor serão liberados da superfície das partículas de
vidro. Mesmo depois da maturação do cimento (presa final), a matriz
permanecerá porosa suficientemente para a movimentação livre de íons
hidroxila (OH -) e flúor e, sendo as partículas de vidro também relativamente
porosas, esses íons então poderão se movimentar constantemente dentro do
18
corpo da restauração. A liberação de flúor é considerável nos primeiros dias
após a realização da restauração e/ou selamento diminuindo e se estabilizando
com o passar do tempo. Por outro lado, se houver aplicação tópica de algum
produto fluoretado os cimentos de ionômero de vidro têm a capacidade de
reincorporar os íons flúor e voltar a liberá-lo de maneira semelhante àquela
inicial. Dessa forma, este material pode ser considerado um verdadeiro
reservatório de flúor intrabucal (HATIBOVIC-KOFMAN et al., 1991).
Os cimentos de ionômero de vidro apresentam como característica a
biocompatibilidade, um estudo (HORVÁTH, et. al., 2014) onde avaliou-se três
diferentes tipos de ionômero de vidro verificou-se que mesmo em lesões de
cárie cervical não houve danos ao tecido gengival.
2.2 - Rugosidade e escovação simulada dos CIVs
O uso de escovas dentais e dentifrícios é o método universal mais
utilizado para a realização da higiene bucal. O uso concomitante destes dois
produtos abrasiona a superfície dentária e a das restaurações (DAVIS, 1978).
Na escovação simulada in vitro, o desgaste é o resultado do atrito da superfície
do material com a pasta de dentifrício e escova dental. Esta ação provoca a
abrasão da matriz e a remoção das partículas do material, resultando no
aparecimento de lacunas que, por sua rugosidade, tendem a aderir detritos
alimentares e biofilme (SAKAGUCHI, et al., 1986).
O conjunto das irregularidades microgeométricas que resultam em uma
superfície decorrente da interação com processos de desgaste é definido como
rugosidade superficial. Estas rugosidades são formadas por numerosos sulcos
e ranhuras variáveis em forma, direção e profundidade (NOVASKI, 1994). O
critério utilizado para prever e avaliar a deterioração das restaurações de
diferentes materiais é a rugosidade de superfície (MOMESSO et al., 2010).
Uma das principais causas da perda de material utilizado para
restauração de elementos dentários é a escovação (FRAZIER et al., 1998). O
teste de escovação in vitro apresenta efetividade na obtenção de dados
comparativos de confiança para avaliar a resistência dos materiais
restauradores ao desgaste sob condições específicas determinadas pela
19
norma ISO 4287/2002 (Especificações geométricas do produto (GPS) -
Rugosidade: Método do perfil - Termos, definições e parâmetros da
rugosidade) (RIOS et al., 2002).
A técnica de escovação, frequência, força aplicada sobre a escova
dental, características de suas cerdas, bem como o tipo de abrasivo do
dentifrício são fatores com potencial para promover algum desgaste ao
substrato dentário e restaurações (ANDRADE JUNIOR et al., 1998; DYER et al.,
2000). Este desgaste causado pela escovação quando há presença de dentes
restaurados pode levar a perda de massa do material, alteração da rugosidade
superficial. As consequências são observadas clinicamente pela falta de
anatomia adequada das restaurações, fratura, microinfiltração e possível
desenvolvimento de lesão de cárie, efeitos negativos que reduzem a
longevidade das restaurações. A maioria dos microrganismos, especialmente
aqueles que são responsáveis pela lesão de cárie (Streptococcus mutans e
Lactobacillus spp) só podem sobreviver na boca quando conseguem se aderir
às superfícies duras. Assim a rugosidade superficial das superfícies duras intra-
bucais é importante no processo de retenção bacteriana (QUIRYNEN et al.,
1990, SVANBERG et al., 1990, BOLLEN et al., 1997). O ideal é que o material
restaurador apresente uma resistência à abrasão e rugosidade superficial a
mais próxima do esmalte dental (HEATH et al., 1976).
Alteração da rugosidade superficial é um dos principais parâmetros
testados para avaliar a resistência de materiais à abrasão pela escovação.
Estudos in vitro permitem padronizar variáveis difíceis de serem controladas
em estudos in vivo, tais como força aplicada na escovação e técnica de
escovação (HEATH et al., 1976, HEINTZE et al., 2006).
FORSS et al., (1991) avaliaram a resistência à abrasão e dureza
superficial de quatro cimentos de ionômero de vidro, e verificaram também o
efeito da hidratação e desidratação sobre a resistência à abrasão. Foram
utilizados como controle um material compósito, esmalte e dentina. O teste de
abrasão foi realizado com discos abrasivos e água. Verificou-se que todos os
cimentos de ionômeros de vidro apresentaram maior abrasão que o compósito
e esmalte, porém, desgaste menor que a dentina. A maior resistência à
abrasão foi apresentada pelo Ketac™ Fil (3M/ESPE) e a menor por Ketac™
20
Silver (3M/ESPE). O Ketac™ Silver sofreu maior abrasão com a desidratação,
enquanto que para o cimento de ionômero de vidro convencional a
desidratação e a hidratação não influenciaram significativamente no desgaste.
O maior valor de dureza foi encontrado para o Ketac™ Fil e o menor para o
Ketac™ Silver.
MOMOI et al., (1997) compararam o desgaste sofrido pela abrasão por
escovação de dois cimentos de ionômero de vidro convencionais e dois
modificados por resina. Como controle foi confeccionado corpos-de-prova de
amálgama e de resina composta híbrida. Os corpos-de-prova foram
submetidos à abrasão por escovação simulada, realizando 20.000 ciclos de
escovação. A perda de massa foi avaliada pela quantidade vertical de perda de
material com um perfilômetro e as características superficiais dos corpos-de-
prova após abrasão, foram avaliadas em imagens obtidas por MEV. Além
disso, a HK foi medida para todos os materiais. Após análise estatística, os
autores verificaram que a resistência à abrasão dos cimentos de ionômero de
vidro modificados por resina foi estatisticamente inferior aos materiais controle.
Ao comparar os cimentos de ionômero de vidro convencionais e os modificados
por resina do mesmo fabricante, foi estatisticamente menor a resistência à
abrasão e HK dos cimentos de ionômero de vidro modificados por resina. As
imagens obtidas pelo MEV após a escovação mostraram uma significativa
rugosidade superficial em ambos os cimentos de ionômero de vidro, quando
comparados com os materiais controle. Os autores deduziram que a menor
resistência à abrasão encontrada nos cimentos de ionômero de vidro
modificados por resina está relacionada com a sua menor dureza superficial.
TURSSI et al., (2001) avaliaram a alteração da rugosidade superficial
após procedimentos de escovação simulada e ciclagem de pH. Foram incluídos
materiais a base de resina, entre eles, um cimento de ionômero de vidro
modificado por resina. A rugosidade superficial foi obtida pelo valor de Ra após
cada etapa de ciclagem de pH e escovação simulada. Foram realizadas dez
vezes o conjunto de procedimentos, ciclagem de pH mais escovação simulada
com 10.000 ciclos. Os resultados mostraram que a ciclagem de pH seguida da
escovação simulada causou aumento na rugosidade superficial para todos os
materiais restauradores. Porém, as resinas compostas e os materiais a base de
21
resina apresentaram ao longo dos testes rugosidade superficial mais estável,
enquanto que o cimento de ionômero de vidro modificado por resina exibiu um
aumento progressivo da rugosidade superficial.
RIOS et al., (2002) realizaram um estudo in vitro com o objetivo de
avaliar a resistência à abrasão por escovação de cimentos de ionômero de
vidro indicados como selantes de fóssulas e fissuras. Utilizando um cimento de
ionômero de vidro convencional (Ketac™ Molar- 3M/ESPE) e dois cimentos de
ionômero de vidro modificados por resina, sendo um para cimentação (Fuji
Plus™- GC Corp) e outro para restauração (Vitremer™- 3M/ESPE). O cimento
de ionômero de vidro modificado por resina para restauração foi utilizado na
proporção pó/líquido recomendada pelo fabricante (1:1) e diluído (¼:1). Um
selante resinoso (Delton®- Dentsply) foi utilizado como controle. O
procedimento de escovação simulada foi realizado com 10.000 ciclos de
escovação, utilizando escovas dentais de cerdas de textura macia e um
dentifrício que possui como componente abrasivo o carbonato de cálcio diluído
em água na proporção 1:2 em peso. A abrasão sofrida pelos materiais foi
determinada pela quantidade de massa perdida após a escovação e a
alteração da rugosidade superficial. Os autores verificaram que o cimento de
ionômero de vidro modificado por resina na proporção diluída e aquele para
cimentação apresentaram maior grau de abrasão e aumento na rugosidade,
levando a conclusão que esses materiais têm propriedades bem inferiores
quando comparados aos cimentos de ionômero de vidro restauradores, que
apresentaram resultados semelhantes aos selantes resinosos.
KUNZELMANN et al., (2003) realizaram um estudo com cimentos de
ionômeros de vidro modificados para verificar se houve acréscimo nas suas
propriedades mecânicas. Os materiais testados foram Fuji IX™ (GC Corp), Hi-
Fi™ (Shofu) e Ketac™ Molar Aplicap (3M/ESPE). O cimento Ketac™ Silver
Maxicap (3M/ESPE) foi utilizado como material controle. Foram realizados
testes que simulam o desgaste em áreas de contato e áreas de superfície livre.
No teste de desgaste em áreas de contato o Fuji IX™ apresentou a menor taxa
de desgaste, seguido pelo Ketac™ Molar, Hi-Fi™ e Ketac™ Silver, com maior
taxa de desgaste. As diferenças entre os materiais foram significativas, com
exceção entre Ketac™ Molar e Hi-Fi™. No teste de desgaste simulando áreas
22
de superfície livre o Hi-Fi™ obteve a menor taxa de desgaste, seguido do
Ketac™ Molar, Fuji IX™ e novamente o Ketac™ Silver obteve o maior valor de
desgaste. Neste caso só houve diferença significativa entre o Ketac™ Silver e
os outros três materiais. Os autores concluíram que as modificações nos
cimentos de ionômero de vidro, na razão pó/líquido realmente melhoraram as
propriedades mecânicas dos materiais tanto em superfícies de contato oclusal,
como em superfícies de áreas livres mais do que a incorporação de partículas
de prata dentro do pó de vidro.
THOMASSEWSKI (2008) avaliou in vitro a perda de massa e alterações
na rugosidade superficial de três cimentos de ionômero de vidro convencionais
(Fuji IX™- GC Corp, Vitro Molar®- DFL, Maxxion R®- FGM), um cimento de
ionômero de vidro modificado por resina (Vitro Fil LC®- DFL) e uma resina
composta (Z100™- 3M/ESPE). Foram realizados 20.000 ciclos de escovação
simulada em uma máquina específica para esse fim, com dentifrício diluído em
água destilada na proporção 1:2. A massa e a rugosidade superficial foram
mensuradas antes e após a escovação. Ocorreram diferenças estatísticas
entre os valores iniciais e finais de massa para todos os materiais. O Fuji IX™
apresentou perda de massa menor que a resina composta, sendo o Vitro Fil
LC® o material que apresentou maior perda de massa. Os materiais
apresentaram aumento da rugosidade superficial após a escovação simulada,
com exceção do Vitro Molar®. Concluiu-se que os cimentos de ionômero de
vidro de alta viscosidade apresentaram perda de massa e alteração de
rugosidade semelhante ao material controle.
2.3 - Proteção de superfície
A reação de presa dos cimentos de ionômero de vidro restauradores
convencionais ocorre pela interação de vidros de alumínio silicato de cálcio,
contendo flúor e uma solução aquosa de ácido polialcenoico. Nessa fase inicial,
conhecida como geleificação, formam-se cadeias de poliacrilato de cálcio,
susceptíveis à exposição a fluidos aquosos. O meio de reação para que ocorra
a presa é água. Se o cimento ionomérico ficar exposto ao ar durante a presa,
sofrerá sinérese. Como o equilíbrio hídrico é fundamental para formação de
23
uma matriz estável e, consequentemente, para maturação do cimento, a
proteção superficial é de extrema importância durante a presa inicial. Além
disso, a proteção superficial diminui a rugosidade superficial, evitando que a
área seja propícia ao aprisionamento e colonização de Streptococus mutans
(WILSON et al., 1988, CARNEIRO et al., 1995, GARCIA-GODOY et al., 1993,
NEWMAN et al., 1992).
Os cimentos de ionômero de vidro são materiais altamente sensíveis a
perda de água durante a sua função na cavidade bucal, mesmo após as
primeiras 24 horas, período no qual o material apresenta maior resistência
devido à maturação do cimento estar avançada, com a finalidade de proteger
estes cimentos são utilizados os vernizes próprios dos materiais e resinas
fluidas (agentes adesivos) (ZOERGIEBEL, et al., 2013).
Por ser um material que sofre sinérese e embebição, é indicado o uso de
protetor de superfície (Figura 4) ao final das restaurações com o cimento
ionomérico. Com a finalidade de proteger estes cimentos, são utilizados
vernizes, agentes adesivos e esmalte incolor para unhas (SERRA, et al., 1994;
LIMA, et al., 2002). Os estreptococos do grupo mutans, especialmente as
espécies Streptococcus mutans e S. sobrinus, constituem-se os principais
agentes etiológicos de lesões de cárie de superfícies lisas, sendo sua
aderência e formação de biofilme importantes etapas na formação das lesões
de cárie. As características da superfície dos materiais restauradores
influenciam na aderência e consequente formação de biofilme por S. mutans
(SATOU, 1998; PEDRINI, et al., 2001; BRAMBILLA, et al., 2005).
24
Figura 4 - Aplicação esquemática do protetor superficial;
Na tentativa de aumentar a durabilidade das restaurações, reduzindo
sua solubilidade e desgaste, tem sido preconizado o uso de protetores de
superfície. Sua aplicação proporciona o selamento dos poros do material e o
vedamento da interface dente/restauração, cuja abertura favorece o início do
processo de infiltração marginal. Em sua maioria, os protetores de superfície
são materiais com grande capacidade de escoamento, para facilitar a
penetração nas irregularidades.
Ao analisar os materiais restauradores, os cimentos ionoméricos
apresentam alterações em relação a rugosidade superficial, pelo fato de
apresentarem bolhas. Estas bolhas de ar são adquiridas durante sua
manipulação, no qual são introduzidos poros, resultando superfície
insatisfatória e baixa resistência a fratura. Além do que, as bolhas alojadas em
seu interior ou na superfície da restauração, causam sensibilidade pós-
operatória ou rugosidade superficial. A correta inserção do material na
cavidade e posterior proteção superficial do material tem a finalidade de evitar
sinérese e embebição a fim de melhorar as propriedades mecânicas do
material.
O cimento ionômero de vidro convencional é um material biocompatível,
possui adesão a estrutura do dente, no qual é maior no esmalte do que na
dentina. Os cimentos ionoméricos, apresentam uma liberação de flúor no qual
se torna importante para as cavidades, e a não proteção com materiais
superficiais, essa liberação desaparece nas primeiras horas. Além do que a
falta de um agente protetor superficial pode ser responsável pelo insucesso das
restaurações (CARVALHO et al., 2009, SILVIA et al., 2010).
25
3 - PROPOSIÇÃO
A proposta deste estudo foi investigar a rugosidade superficial e o
aspecto topográfico do cimento de ionômero de vidro nas seguintes condições:
a) Sem protetor de superfície;
b) Sem protetor de superfície, submetido à escovação simulada;
c) Com protetor de superfície;
d) Com protetor de superfície, submetido à escovação simulada.
26
4 - MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 - Confecção dos corpos-de-prova
Os corpos-de-prova foram confeccionados utilizando-se matriz pré-
fabricada, a qual apresentava três perfurações cilíndricas, medindo 2 mm de
altura por 8 mm de diâmetro (Figura 5).
Foram preparados 10 espécimes para cada grupo. Para o grupo controle,
G1 utilizamos um cimento de ionômero de vidro encapsulado de alta
viscosidade EQUIA Fil (GC Corporation, Tóquio, Japão) (Figura 6), aplicado em
um único incremento usando as regras do fabricante. No segundo grupo, G2 foi
usado o mesmo cimento de ionômero de vidro encapsulado de alta viscosidade,
porém aplicamos um protetor de superfície nanoparticulado, EQUIA Coat (GC
Corporation, Tóquio, Japão), conforme descrito na Tabela 1.
TABELA 1 - Material Utilizado
GRUPOS Material Composição Fabricante
G1 EQUIA Fil
Pó: estrôncio, flúor-alumínio-silicato de vidro
e ácido poliacrílico
Líquido: ácido poliacrílico aquoso
GC Corporation,
Tóquio, Japão
G2
EQUIA Fil
Pó: estrôncio, flúor-alumínio-silicato de vidro
e ácido poliacrílico
Líquido: ácido poliacrílico aquoso
GC Corporation,
Tóquio, Japão
EQUIA Coat Metil Metacrilato e Canforoquinona GC Corporation,
Tóquio, Japão
Para o preparo das amostras, as cápsulas (Figura 7) foram removidas
da película protetora de alumínio (Figura 8) e antes de introduzir no
amalgamador, foram agitadas para o pó se soltar, depois foi realizada uma
pressão para empurrar o êmbolo, nivelando a cápsula. A cápsula foi encaixada
no amalgamador Ultramat S (SDI, Victória, Austrália) e ativada por 10
segundos. A cápsula foi removida e colocada em um aplicador de cápsula GC
27
Fuji Capsule Applier (GC Corporation, Tóquio, Japão) (Figura 9 e 10). A partir
deste momento o cimento foi injetado no interior da matriz.
Figura 5 - Matriz Figura 6 - Ionômero de Vidro EQUIA Fil
Figura 7 - Cápsula Figura 8 - Película protetora de aluminio
Figura 9 e 10 - Aplicador e Aplicador com a cápsula
Figura 11 - Protetor de superficie EQUIA Coat
Uma matriz de poliéster (TDV Dental Ltda, Pomerode - SC, Brasil) foi
posicionada sobre o corpo-de-prova, para proteger a extremidade da amostra e
28
em seguida realizamos uma leve pressão, inicialmente digital por 40 segundos
e depois posicionamos uma placa de vidro sobre o conjunto. O material em
excesso foi extravasado pelo topo da matriz e após quinze minutos os
espécimes foram retirados da matriz e com uma lâmina de bisturi nº15 fizemos
a remoção dos excessos. Os espécimes foram removidos do interior da matriz
e armazenados individualmente em frascos plásticos.
Para o grupo G2, o revestimento EQUIA Coat (GC Corporation, Tóquio,
Japão) (Figura 11) foi aplicado em toda a superfície da amostra, uma gota foi
dispensada em uma bandeja descartável e com uma ponta aplicadora também
descartável fizemos a aplicação em uma face de cada vez, polimerizando por
20 segundos cada face utilizando uma unidade fotopolimerizadora de LED
(Bluephase, Ivoclar-Vivadent, Schaan, Liechtenstein) com intensidade de 1,000
mW/cm2.
Após uma hora do preparo de cada amostra, elas foram imersas em
água destilada e em recipientes individuais devidamente identificados. O
armazenamento foi em estufa a 37 ºC até ocorrer à estabilização de massa
inicial dos materiais, verificada por meio de pesagem em balança de precisão
(Shimadzu do Brasil LTDA, modelo AW 220, número de série D451700026, cap.
220 g, sens. 0,0001 g) (RIOS et al., 2002). A pesagem dos corpos-de-prova foi
realizada diariamente, até alcançar-se a estabilidade da massa do corpo de
prova, com variação aceitável de no máximo de 0,002 g. Quando eram obtidos
valores estáveis, o que ocorreu após cinco pesagens consecutivas, registrou-
se a média das três últimas pesagens como valor inicial da massa (MI).
Os corpos-de-prova foram manipulados em todas as etapas com pinça
clínica universal, evitando-se contato das mãos, o que poderia contaminar os
mesmos com oleosidade, capaz de interferir nos resultados (WANG, 2001).
4.2 - Determinação da rugosidade superficial inicial
A rugosidade superficial inicial (Ri) foi verificada somente após ser
alcançada a estabilidade de massa dos corpos-de-prova, utilizando-se um
rugosímetro de contato (Figura 12), modelo Surftest-301 (Mitutoyo, Japão).
Para realizar a medição o equipamento possui uma ponta de diamante de alta
29
precisão que se desloca paralelamente à superfície do corpo-de-prova,
gerando uma curva com variação de alturas reproduzindo exatamente os vales
e picos existentes na superfície do corpo-de-prova. Após obter estes dados o
rugosímetro calcula o perfil médio entre os vales e picos e gera o valor de Ra,
que é a medida mais usada para indicação da rugosidade. O rugosímetro foi
calibrado pelo resultado da placa padrão em 9,50 µm para rugosidade total (Rt)
e 2,95 µm para Ra, e regulado com cut-off de 0,25 mm, para minimizar a
interferência de ondulação da superfície, e limite de medição de 1,25 mm.
Foram realizadas três leituras distribuídas sobre o corpo-de-prova (Figura 13),
tendo como referência o centro, tentando desta forma abranger o máximo de
sua extensão, para obter o valor de Ra (WANG, 2001, MONDELLI et al., 2005,
THOMASSEWSKI, 2008). A Ri de cada corpo-de-prova foi obtida calculando-se
a média aritmética dos três valores de Ra.
Demarcou-se a superfície na qual foram realizadas as leituras iniciais,
sendo este o lado submetido ao contado com as cerdas das escovas dentais e
após a escovação simulada obtido o valor da rugosidade superficial final (Rf)
da mesma forma que a Ri.
Figura 12 - Rugosímetro Figura 13 - Corpo-de-prova
4.3 - Escovação simulada dos corpos-de-prova
Após o registro da rugosidade superficial inicial, os corpos-de-prova
foram submetidos a 20.000 ciclos de escovação com a carga de 200g no
equipamento desenvolvido para esse procedimento (Odeme®, Luzerna, SC,
30
Brasil) (Figura 14) (MONDELLI et al., 2005; RIOS et al., 2002), o equivalente a
um ano de escovação (MONDELLI et al., 2005).
O equipamento consiste de um motor que produz movimentos de vai e
vem em seis braços, nos quais foram fixadas as cabeças das escovas dentais
Sanifill Ultra Profissional (Yangzhou Star Toothbrush - China) (Figura 15),
permitindo a escovação simultânea de dez corpos-de-prova. A base do
equipamento é de aço inoxidável e possui seis dispositivos independentes para
o posicionamento dos corpos-de-prova. As cabeças das escovas dentais foram
fixadas de forma a garantir seu alinhamento paralelo à base. A máquina possui
um sensor de temperatura que viabiliza a escovação a 37ºC ± 0,3º C, por meio
de um monitoramento livre de interferência externa através de uma cúpula de
acrílico.
Os corpos-de-prova foram escovados com dentifrício diluído Colgate
Máxima Proteção Anticáries (Colgate Palmolive, Co.Osasco-SP, Brasil) (Figura
16). Composição: 1450 ppm de Flúor, Carbonato de Cálcio, Lauril Sulfato de
Sódio, Sacarina Sódica, Pirofosfato Tetrassódico, Silicato de Sódio, Sorbitol,
Carboximetilcelulose, Metilparabeno, Propilparabeno, aroma e água. O
dentifrício foi pesado e diluído em água deionizada no interior de um Becker de
acordo com a especificação da ISO 14569-1 (INTERNATIONAL
ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION, 1999) na proporção de 1:2 em
peso, com o objetivo de simular a diluição que ocorre na boca pela saliva e,
consequentemente, reduzir a ação de atrito pela sedimentação do abrasivo
(ANSENJO-MARTINEZ, 2004). Depois de diluído, o dentifrício foi colocado em
seringas injetoras adaptadas à máquina de escovação. A máquina de
escovação foi regulada para que fosse injetada 2 ml da solução a cada 2
minutos em uma velocidade de 4,5 ciclos/s, também ajustado em um sensor
específico do equipamento. (ANSENJO-MARTINEZ, 2004; WANG, 2001).
Durante a escovação, a temperatura foi mantida em 37º C e a amplitude
de excursão dos movimentos foi de 20 mm, compatível com a dimensão dos
corpos-deprova (ANSENJO-MARTINEZ, 2004).
Durante a escovação dos corpos-de-prova, observou-se a necessidade
de posicioná-los de forma a estarem salientes em relação à matriz
31
(HARRINGTON et al., 1982), eliminando qualquer interferência como a
escovação da matriz e não do corpo-de-prova.
Completados vinte mil ciclos, a matriz foi removida da base metálica,
lavada em água corrente e colocada em aparelho ultrassom (Maxiclean 700,
Marconi, USC 700) em água destilada por 10 minutos. Os corpos de prova
foram então secados em papel toalha, com dois minutos para cada lado,
depois disto, o procedimento de medição da rugosidade superficial foi repetido
conforme descrito anteriormente.
Figura 14 - Máquina de escovação Odeme;
Figura 15 - Escova Sanifill Ultra Professional Figura 16 - Creme dental Colgate MPA
4.4 - Análise topográfica em microscópio eletrônico de varredura (MEV)
Após a escovação simulada e a determinação da rugosidade superficial
final, foram selecionados um corpo-de-prova de cada grupo, sem e com
protetor de superfície e seguindo a mesma metodologia que utilizou-se para
confeccionar os primeiros 20 corpos-de-prova, confeccionou-se mais dois,
sendo que um recebeu o protetor superficial.
32
As amostras foram lavadas e limpas em aparelho de Ultrassom
(Ultrasonic Cleaner – 1440 D) por 10 min e secas em estufa 37 ±1ºC por 3h.
Posteriormente, os corpos-de-prova foram levados ao aparelho metalizador
SC620 EMITECH, Figura 17, formado por um cilindro de vidro composto por
uma base para os stubs e na outra extremidade uma placa de ouro fixada,
produzindo vácuo em uma atmosfera de argônio. As superfícies das pastilhas
foram cobertas com uma fina camada de ouro servindo de anteparo aos
elétrons, tornando a superfície condutora e permitindo a captação de imagens.
Este procedimento realizado é conhecido como metalização ou sputtering.
Desta forma, fecha-se o circuito, formando uma diferença de potencial entre a
placa de ouro (cátodo) e a superfície dos corpos-de-prova (anodo), suficiente
para ionizar o gás dentro da câmara e originar uma “nuvem” violácea
espalhando uma fina camada de ouro por toda a câmara inclusive sobre os
corpos-de-prova, de espessura em torno de 100-200 Å em um período de 2
min de sputtering.
A obtenção das imagens foi possível através de um bombardeamento
com um feixe de elétrons sobre a superfície dos corpos-de-prova, sob alto
vácuo, gerando elétrons secundários à uma aceleração de voltagem de 25 KV
emitidos por sua superfície e capturados por um coletor. Um sinal luminoso foi
emitido, amplificado e convertido em um sinal eletrônico, permitindo a
reprodução fiel ponto-a-ponto da superfície do corpo-de-prova.
Com a criteriosa análise dos corpos-de-prova, foram coletadas imagens
através de um software específico acoplado ao MEV Inspect S50 (FEI), Figura
18, em um aumento de 1000 vezes. Foram realizadas fotomicrografias para
análise comparativa dos resultados, avaliando as diferenças superficiais entre
os grupos com e sem protetor de superfície.
33
Figura 17 - Metalizadora
Figura 18 - Microscópio
Eletrônico de Varredura
34
4.5 - Análise estatística
Os dados de rugosidade foram submetidos à análise de variância com
parcela subdividida e as médias foram comparadas pelo teste t, com nível de
significância de 5% (α = 0,05).
35
5 - RESULTADOS
5.1 - Rugosidade
De acordo com o teste de Kolmogorov-Smirnov, os dados de rugosidade
apresentaram distribuição normal, o que possibilitou a realização da análise de
variância. Os resultados da análise de variância podem ser verificados no
Quadro 1 e a comparação de médias do teste de T no Quadro 2.
Quadro 1- Quadro da análise de variância
Fator de Variação G.L. S.Q. Q.M. F p
Tratamento a (Selante) 1 224.43906 224.43906 553.3413 <.0001
Resíduo a 18 7.30093 0.40561
Parcelas 19 231.73999
Tratamento b (Escovação) 1 169.37340 169.37340 671.6214 <.0001
Interação Trat a x Trat b 1 37.61660 37.61660 149.1622 <.0001
Residuo b 18 4.53934 0.25219
Total 39 443.26934
Quadro 2- Resultados de rugosidade média (Ra) em função da aplicação do selante de
superfície e escovação
Rugosidade (µm) Inicial Após escovação
Sem selante 9,520 (0,918) aA 3,465 (0,329) aB
Com selante 2,843 (0,580) bA 0,667 (0,159) bB
As médias seguidas pela mesma letra, maiúsculas em linha e minúsculas em coluna não diferem
estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste t ao nível de 5% de probabilidade
MG = 4.12375 CV%-a = 15.44 CV%-b = 12.18
Diferença mínima significativa para colunas = 0.5208 Classific.c/letras minúsculas
Diferença mínima significativa para para linhas = 0.4716 Classific.c/letras maiúsculas
De acordo com o Quadro 2, observa-se que a rugosidade superficial
inicial foi menor para o grupo com o revestimento e o mesmo resultado ocorreu
após a escovação.
36
O gráfico abaixo (Figura 19) mostra a queda na rugosidade após a
escovação para os dois grupos, nota-se que o G1, sem aplicação de selante,
teve uma queda no valor da rugosidade de aproximadamente 63% e no G2,
com aplicação de selante, essa queda foi de 75%.
Figura 19 – Representação gráfica dos resultados do teste de Rugosidade.
5.2 - Aspecto topográfico
Para a análise em microscopia eletrônica de varredura observou-se quatro
amostras:
Cimento de ionômero de vidro (Figura 20), cimento de ionômero de vidro
com protetor de superfície (Figura 21), cimento de ionômero de vidro após
escovação simulada (Figura 22) e cimento de ionômero de vidro com protetor
de superfície após escovação simulada (Figura 23).
37
Figura 20 - Imagem representativa do aspecto topográfico do cimento de Ionômero de
vidro sem aplicação do protetor, em que pode-se observar a irregularidade da superfície do
material.
Figura 21 - Imagem representativa do aspecto topográfico do cimento de ionômero de vidro
após a aplicação do protetor de superfície, tornando a superfície mais homogênea.
38
Figura 22 - Imagem representativa do aspecto topográfico do cimento de ionômero de vidro
após escovação simulada, em que pode-se identificar algumas irregularidades que se
assemelham à fissuras na superfície do material.
Figura 23 - Imagem representativa do aspecto topográfico do cimento de ionômero de vidro
após aplicação do protetor de superfície e escovação simulada, evidenciando o aspecto
homogêneo da superfície.
39
6 - DISCUSSÃO
Na superfície dos materiais restauradores, quando os mesmos estão
presentes na cavidade bucal, é formado biofilme por componentes da
microbiota bucal. O biofilme caracteriza-se por uma população de
microrganismos, altamente dinâmica, que se instala na superfície de estruturas
sólidas, quando imersas em um líquido. Assim, os materiais dentários
instalados na cavidade bucal, são imersos pela saliva, possibilitando a
formação do biofilme (SHAHAL et al., 1998).
De acordo com as características da superfície das estruturas sólidas
que estão presentes na boca, diferentes tipos de biofilme podem ser formados,
pois a constituição da superfície, assim como sua rugosidade, interfere na
aderência inicial dos microrganismos, os quais após várias sucessões
microbianas vão determinar o tipo de comunidade clímax presente no biofilme
(PEDRINI et al., 2001).
Os estreptococos do grupo mutans, principalmente a espécie S. mutans
são os principais agentes etiológicos da cárie dentária de superfícies lisas, pois
são capazes de produzir biofilme nestas superfícies, passando a produzir
ácidos que alteram o pH da superfície do esmalte, podendo produzir
desmineralização. O CIV, por suas características, apresenta maior efeito
protetor na formação de lesões de cárie secundária, quando comparados com
as resinas compostas (PARADELLA et al., 2008).
Por outro lado, o CIV caracteriza-se pelas suas propriedades de
liberação de flúor, adesividade aos tecidos dentários e compatibilidade
biológica. Por ser um material que sofre sinérese e embebição, é indicado o
uso de protetor de superfície ao final das restaurações com o cimento
ionomérico. São utilizados para esta finalidade vernizes, agentes adesivos e
esmalte incolor para unhas. Esses agentes de proteção são de constituições
diferentes, originando, portanto, superfícies com características próprias na
cavidade bucal, o que poderia interferir com a aderência e formação de biofilme
por S. mutans.
SERRA et al. (1994) avaliaram a efetividade de diferentes tratamentos
de superfícies do cimento de ionômero de vidro, utilizando-se de corantes e
40
determinando-se a quantidade do mesmo em espectofotômetro. Utilizaram 16
corpos de prova de 4,5 mm de diâmetro e 2 mm de espessura, os quais foram
divididos em 10 grupos: a) controle positivo; b) controle negativo; c) resina
quimicamente ativada; d) resina fotoativada (Durafill Bond); e) resina
fotoativada (Bondlite); f) esmalte de unha (Colorama); g) verniz (Shofu); h)
verniz para resina (Copalite); i) vaselina; j) verniz a base de copal (Copalite).
Após os tratamentos de superfícies, cada corpo de prova foi imerso
separadamente em 1 mL de 0,05% de solução de azul de metileno, com
exceção do controle negativo. Após 24 horas, os corpos de prova foram
enxaguados com água deionizada e foram imersos separadamente em tubos
contendo 1 mL de 65% de acido nítrico para remoção do corante. As soluções
foram filtradas, centrifugadas e a absorbância determinada em
espectofotômetro (590nm). Os resultados mostraram que o verniz de unha
Colorama foi o melhor agente protetor de superfície para o cimento de
ionômero de vidro, não havendo diferenças significativas do grupo controle
positivo para o negativo. Os dados obtidos no presente estudo diferiram do
trabalho dos autores, pois não houve diferença entre o grupo controle e aquele
que foi utilizado o esmalte para unhas na aderência de S. mutans. Deve-se
salientar, entretanto, a diferença entre as metodologias. SERRA et al. (1994)
não utilizaram o adesivo dentinário, não podendo, portanto, comparar com os
dados do presente estudo, onde o adesivo dentinário demonstrou resultados
mais satisfatórios.
VALERA et al. (1997) avaliaram a efetividade de diferentes marcas de
esmalte de unhas, sozinhos e associados com vaselina, como protetores de
superfícies para o cimento de ionômero de vidro. Utilizaram 336 corpos-de-
prova, com 3 mm de diâmetro e 1 mm de espessura, feitos com Chelon-Fill e
ChemFill II que foram divididos em 14 grupos para cada material. Os corpos de
prova para controle positivo e negativo não foram protegidos, enquanto os
corpos de provas experimentais foram protegidos com 6 diferentes marcas de
esmalte de unha usando e não usando a vaselina. Os corpos de prova foram
imersos em solução de azul de metileno (0,05%), com exceção do grupo de
controle negativo que foram imersos em água destilada. Os autores concluíram
que os esmaltes de unhas foram eficazes na proteção do cimento de ionômero
41
de vidro, resultados também que não concordaram com os obtidos no presente
estudo.
Alguns autores relatam que um agente ideal deve proteger o cimento
ionomérico, no mínimo, por uma hora. Entretanto, a proteção do cimento, por
24 horas, aumenta a resistência relativa à desintegração do material (EARL et
al., 1986). Com base nessa premissa, no protocolo adotado, neste experimento,
avaliou-se a efetividade dos tratamentos com agentes de proteção superficial,
após 24 horas de imersão em solução de saliva artificial. Depois de feita a
restauração, o material utilizado para proteção superficial, muitas vezes, é
perdido antes de 24 horas por causa do atrito resultante das forças
mastigatórias. No estudo in vitro, não é possível simular totalmente o que
sucede na cavidade bucal, pois esse atrito não ocorre.
O parâmetro mais comum utilizado para caracterizar a superfície de
rugosidade é a linha central média de rugosidade (Ra), a qual é o desvio
aritmético médio da altura de superfície da linha média com o perfil (SILVA et
al., 2006). A superfície de rugosidade crítica (Ra) para colonização de bactérias
de diversos materiais dentários é 0,2μm (SILVA et al., 2006). Neste estudo,
todos os materiais utilizados obtiveram Ra maiores que 0,2μm.
A diferença entre os grupos com e sem selante foi evidente no teste de
rugosidade, sendo verificada maior rugosidade para o grupo que não recebeu o
protetor superficial, o mesmo pode ser observado na avalição topográfica
obtida pela microscopia eletrônica de varredura.
Os valores de rugosidade superficial maiores do que 0,2 μm são
considerados críticos, com potencial de aderência bacteriana (BOLLEN et al.,
1997). Neste estudo, nenhum dos materiais apresentou um valor de rugosidade
superficial inferior ou igual a 0,2 μm, o que pode facilitar a aderência
bacteriana; porém, a capacidade de liberação de flúor dos cimentos de
ionômero de vidro poderia minimizar a ação bacteriana. A abrasão ocasionada
pela escovação neste estudo diminuiu de forma significativa a rugosidade
superficial dos cimentos de ionômero de vidro apresentando um efeito polidor,
possivelmente por desgastar a matriz formada em torno das partículas de vidro
(MONDELLI et al., 2005; MOMOI et al., 1997; REINKE, 2010).
42
Esse novo sistema restaurador a base de ionômero de vidro, utilizado
juntamente com o protetor de superfície, já apresentou um elevado índice de
sucesso mesmo em restaurações classe II (GURGAN, et al., 2015).
43
7 - CONCLUSÕES
De acordo com os resultados deste estudo, e considerando suas
limitações, foi possível concluir que:
- A utilização de um material de proteção superficial reduz a rugosidade
superficial do cimento de ionômero de vidro;
- A escovação apresentou um caráter polidor sobre o material, uma vez que
reduziu o valor da rugosidade superficial;
- A utilização de um selante de superfície melhorou a rugosidade do cimento
mesmo após a escovação;
- As imagens obtidas pelo microscópio eletrônico de varredura confirmaram os
resultados encontrados nos testes de rugosidade.
44
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