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UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL UAB UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UnB FACULDADE DE EDUCAÇÃO FE CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA CLAUDINEI DOS SANTOS PEREIRA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: O DESAFIO DE DESCOBRIR, APRENDER E USAR A LÍNGUA ESCRITA Cidade de Goiás-Go, 14 de dezembro de 2015

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UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – UAB

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB

FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FE

CURSO DE PEDAGOGIA A DISTÂNCIA

CLAUDINEI DOS SANTOS PEREIRA

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: O DESAFIO DE

DESCOBRIR, APRENDER E USAR A LÍNGUA ESCRITA

Cidade de Goiás-Go, 14 de dezembro de 2015

CLAUDINEI DOS SANTOS PEREIRA

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: O DESAFIO DE

DESCOBRIR, APRENDER E USAR A LÍNGUA ESCRITA

Monografia apresentada como requisito parcial para

obtenção do título de Licenciado em Pedagogia pela

Universidade Aberta do Brasil – UAB-Universidade de

Brasília-UnB -Faculdade de Educação – FE.

Cidade de Goiás-Go, 14 de dezembro de 2015

PEREIRA, Claudinei dos Santos. Alfabetização e Letramento: um desafio de descobrir,

aprender e a usar a língua escrita, Cidade de Goiás- GO, Dezembro de 2015, 60 páginas.

Faculdade de Educação – FE, Universidade de Brasília – UnB.

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Pedagogia a distância FE/UnB-UAB.

ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: O DESAFIO DE

DESCOBRIR, APRENDER E USAR A LÍNGUA ESCRITA

CLAUDINEI DOS SANTOS PEREIRA

Monografia apresentada como requisito parcial para

obtenção do título de Licenciado em Pedagogia pela

Universidade Aberta do Brasil – UAB-Universidade de

Brasília-UnB-Faculdade de Educação – FE.

Banca Examinadora:

______________________________________________________________________

Professora Dra. Norma Lucia Neris de Queiroz (Orientadora)

Secretaria de Educação – SEEDF/Universidade Aberta do Brasil – UAB/UnB

______________________________________________________________________

Professora Neuza Maria Deconto (Examinadora)

Secretaria de Educação – UnB-FE/UAB

______________________________________________________________________

Professora Sandra Regina Santana Costa (Examinadora)

Secretaria de Educação – SEEDF/Universidade Aberta do Brasil – UAB/UnB

Cidade de Goiás-Go, 14 de dezembro de 2015

V

Dedicatória

Dedico a minha esposa Patrícia

Rodrigues Melo e minha filha

Anabelle Rodrigues Pereira, pelas

inúmeras vezes que tivemos que

ficar separados para que eu

pudesse estudar.

A todos aqueles que acreditam que

ensinar e aprender são fazeres

constantes do eterno aprendiz

chamado professor.

VI

Agradecimentos

Agradeço a Deus por guiar-me neste caminho e

em todos os momentos de minha vida,

conduzindo meus passos e iluminando meu saber.

Aminha querida esposa Patrícia Rodrigues Melo

e minha filha Anabelle Rodrigues Pereira. Pelo

apoio e compreensão.

Aos professores formadores do curso de

Pedagogia e a tutora PauleneRodrigues da

Universidade Aberta do Brasil- (UAB) e

Faculdade de Educação-(FE).

A professora orientadora, Dra. Norma Lúcia

Neris de Queiroz, pelas importantes orientações e

corresponsabilidade na elaboração deste trabalho.

A todos aqueles que direta ou indiretamente

contribuíram para construção do meu

aprendizado.

07

RESUMO

O presente trabalho buscou investigar o processo de alfabetização e letramento: descobrir,

aprender e usar a língua escrita em seu próprio benefício. O objetivo geral da pesquisa foi

analisar como uma professora do 2º ano do ensino fundamental em uma escola pública do

município de Mozarlândia-Go tem trabalhado com seus alunos a alfabetização e o letramento.

E como os objetivos específicos: identificar os conceitos de alfabetização e letramento,

utilizados pela professora participante do estudo. Identificar como a professora faz seu

planejamento, envolvendo a alfabetização e letramento em sua turma. Analisar como estão

caracterizados os termos: alfabetização e letramento no Projeto Político Pedagógico da

Escola. Além de contextualizar a respeito dos temas alfabetização e letramento. A pesquisa de

campo é de abordagem qualitativa de natureza descritiva. Dominar os conceitos de

alfabetização e letramento, e entender como o letramento acontece na sala de aula no decorrer

do processo de alfabetização. A alfabetização e o letramento se somam para propiciar

condições ao aluno de ser capaz de ler e escrever além de fazer uso adequado da língua

escrita, isto significa orientar a criança para os domínios da tecnologia da escrita. Outro

resultado da ação de ensinar e de aprender a ler e escrever são estimular o aluno ao exercício

de práticas sociais de leitura e escrita, que é a finalidade maior da educação formal. Este

trabalho de pesquisa foi de grande valia para minha formação docente, pude com este trabalho

observar o dia-a-dia de uma Escola, ter a experiência de estar na sala de aula, acompanhar

uma prática pedagógica muito rica para a construção de meu conhecimento, compreender com

especificidade os conceitos de alfabetização e letramento, saber a importância destes para o

ensino/ aprendizagem das crianças. Sabendo que as crianças devem ser estimuladas a

desenvolverem leitura e escrita de forma prazerosa, que lhes permita inserção social,

compreensão de mundo, interação no meio que o cerca. A coleta de dados teve os seguintes

instrumentos: um questionário com seis questões e o roteiro de observação. As técnicas de

coleta de dados foram o questionário com a professora e a observação não participantes das

aulas. Os resultados da pesquisa evidenciaram que: a) Após analisar a prática pedagógica da

professora ficou evidente que ela trabalha contemplando alfabetização e letramento; b)

Identifiquei que ela utiliza recursos como: livro literário, leitura de imagem, reconto oral,

produção de texto coletivo e roda de leitura; c) Na sistematização dos conteúdos ela discorre

de forma interdisciplinar propiciando o ver e o rever da leitura e da escrita; d) Ao analisar o

Projeto Político Pedagógico ficou visível que neste, a alfabetização e letramento são processos

pedagógicos distintos que devem ser trabalhados de forma paralela e indissociável. Concluo

que a alfabetização e letramento são fundamentais e devem está presente em uma prática

pedagógica capaz de propiciar um alfabetizar na perspectiva do letramento.

Palavras-chave. Alfabetização. Letramento. Língua Escrita. Anos Iniciais

08 SUMÁRIO

Dedicatória_______________________________________________________________V

Agradecimentos___________________________________________________________VI

Resumo__________________________________________________________________07

Apresentação_____________________________________________________________10

PARTE I- Memorial Educativo______________________________________________11

PARTE II- Trabalho Monográfico___________________________________________22

Capítulo I-Fundamentação Teórica___________________________________________23

1.1 Introdução_____________________________________________________________23

1.2 Contextualizando Alfabetização e Letramento_________________________________25

1.3 O que é Alfabetização____________________________________________________27

1.4 O que é Letramento______________________________________________________29

1.5 Apropriação do Sistema de Escrita__________________________________________31

1.6 Contexto Social_________________________________________________________31

1.7 Para todas as Disciplinas___________________________________________________32

Capítulo II– Metodologia de Pesquisa_________________________________________34

2.1 Contexto de Pesquisa______________________________________________________35

2.2 Organizações do ambiente físico ___________________________________________37

2.3 Trabalho Pedagógico_____________________________________________________37

2.4 Participante da Pesquisa e instrumentos de coleta de dados_______________________38

09

Capítulo III- Análise dos dados e discussão dos resultados____________________39

3.1 Análises das observações__________________________________________________44

3.2 A prática docente na sala de aula do 2 º ano do Ensino Fundamental _______________45

Considerações Finais_______________________________________________________48

Referências_______________________________________________________________50

PARTE III – Perspectivas Profissionais_______________________________________52

Apêndices A, B e C ________________________________________________________55

10

APRESENTAÇÃO

Este trabalho de conclusão de curso de Pedagogia a distância da Faculdade de

Educação (FE) da Universidade de Brasília (UnB) /Universidade Aberta do Brasil (UAB), sob

a orientação da professora Norma Lúcia Neris de Queiroz. É composto de três partes:

Memorial Educativo, Trabalho Monográfico e Perspectivas Profissionais.

Na primeira parte, descrevo o memorial educativo, no qual relato minha trajetória

de vida familiar e escolar dos anos iniciais até a conclusão do curso de graduação e a vida

profissional, enquanto graduando de Pedagogia, refletindo sobre os fatos importantes para a

minha formação como Pedagogo.

Na segunda parte, relato o Trabalho Monográfico, cujo título é “Alfabetização e

letramento: o desafio de descobrir, aprender e usar a língua escrita” que é composto da

introdução e mais três capítulos. O objetivo geral deste estudo é analisar como a professora do

2º ano do ensino fundamental de uma escola pública do município de Mozarlândia-Go tem

trabalhado com seus alunos a alfabetização e o letramento. E como objetivos específicos:

Identificar os conceitos de alfabetização e letramento utilizados pela professora participante

do estudo. Identificar como a professora faz seu planejamento envolvendo a alfabetização e o

letramento para sua turma. Analisar como estão caracterizados a alfabetização e letramento no

projeto político pedagógico da escola.

No primeiro capítulo, descrevo a fundamentação teórica, na qual trabalhamos com

os seguintes autores (Goulart 2002, Soares 2004, 1998, Ferreiro 1990). Optei pela abordagem

da pesquisa qualitativa, em uma escola pública municipal de Mozarlândia-Go, tendo a

professora do 2° ano do ensino fundamental, como participante deste estudo. No terceiro,

apresento a análise e discussão dos resultados. Nessa análise, foi possível verificar que

atividades propostas em sala de aula visaram garantir o desenvolvimento destas habilidades.

A terceira parte expõe sobre minhas perspectivas profissionais como futuro

educador, reflexões e atividades que pretendo realizar após o curso.

11

PARTE I – MEMORIAL EDUCATIVO

12

MEMORIAL EDUCATIVO

Este memorial é um instrumento expressivo para mim enquanto graduando de

Pedagogia, pela Universidade Aberta do Brasil UAB Universidade de Brasília UnB Faculdade

de Educação FE.

Aqui descrevo minha trajetória estudantil desde os anos iniciais a vida acadêmica

dentro do curso de Pedagogia. Tais registros no primeiro momento me causaram impacto, mas

depois me ajudou a libertar dos entraves do passado.

TRAJETÓRIA ESTUDANTIL

Chamo-me Claudinei dos Santos Pereira, tenho 38 anos, sou natural de Ceres-

GO, mas residi muitos anos em Diolândia, cidade que fica perto de Itapuranga. Até aqui

aconteceu muitas “coisas” em minha vida, boas e ruins.

Os fatos que passei na trajetória escolar não foram diferentes de outras crianças.

Senti anseios e medo do primeiro momento de me separar de meus pais e para ir à escola.

Creio que todas as crianças sofrem quando vão à primeira vez à escola. Apesar de ganhar uma

professora, pois a partir daquele momento ela faria parte da minha vida, alguém que poderia

admirar e ser mais uma referência.

Comecei a estudar com sete anos de idade numa escolinha que ficava próxima a

fazenda de meu avô paterno, que funcionava do pré a 4ª série. Meus pais moravam lá e

levavam a vida um pouco agitada, ou seja, a vida era bem corrida, porque meu pai trabalhava

na lavoura e minha mãe cozinhava para os peões que trabalhavam na fazenda. Estudava no

período matutino, no primeiro mês, minha mãe me levou à escola a cavalo, até eu acostumar

com os colegas. Depois desse período, passei a ir com um dos meus primos e três colegas.

Caminhávamos mais ou menos três quilômetros para chegar à escola.

Minha primeira professora chamava Glória, era uma pessoa boa, paciente,

brincalhona e sabia ensinar o que queria que os alunos aprendessem. Estudávamos 20 alunos

em uma única sala com colegas da pré-escola ao quarto ano do ensino fundamental.

Na parede da sala havia um cartaz com gravuras e palavras, ela passava as tarefas

no caderno. Como estava iniciando, as atividades era cobrir pontinhos. Tínhamos recreio, no

qual jogávamos bola em campo de terra. Antigamente, levávamos os materiais escolares em

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capangas feitas de tecido de algodão. Após o término da aula, passava em um córrego para

tomar banho e minha mãe ficava brava e me batia ou às vezes ela ia atrás.

No ano seguinte, a professora Glória teve que se mudar. Então com oito anos,

iniciei a 1° série, nesta mesma escola com a professora Maria das Graças. Ela era brava, sem

educação e sem paciência. Não mostrava interesse pela aprendizagem dos alunos. Como os

alunos iam aprender com uma professora que todos tinham medo dela? Não aprendi a ler

nesse ano. Fiquei traumatizado com ela, posso dizer que não gostei dessa parte de minha

alfabetização. Quer dizer, eu não fui alfabetizado por ela.

Ao término deste ano, nossa família se mudou para uma chácara que meu pai

comprou, próxima à cidade de Diolândia e aí tive muitas dificuldades estudando no Colégio

Estadual Farnese Rabelo que ficava a um Km de nossa casa, com a professora Márcia na 2ª

série, que não era diferente da professora Maria das Graças muito brava e sem educação. Por

não ter sido alfabetizado. Nesse ano, acabei ficando reprovado. Com isso, perdi o interesse

pelos estudos e não tive ninguém que pudesse resgatar o meu interesse para estudar. Anos

depois, meu tio Djalma que me dizia: “estude, então mais tarde você vai se arrepender, pois

eu me arrependo de não ter estudado até hoje”. Ali percebi que meus pais poderiam ter me

ajudado, mas eles sempre estavam ocupados trabalhando muito. E neste o estudo dos filhos

ficava para segundo plano. Nesta escola estudei da 2ª série ao Ensino médio

Passei a ter mais interesse pelos estudos, quando comecei a cursar o ensino médio,

mas mesmo assim me sentia lesado por não ter tido uma base nas séries anteriores. Quando

resolvi interessar-me, percebi que o meu alicerce não estava bem estruturado em relação ao

aprendizado, já tinha sequelas e traumas adquiridos por causa daquelas professoras sem

formação. E ao que demonstrava não percebia o mal que causavam a seus alunos. Mas,

mesmo assim comecei a sonhar com a ajuda dos professores do Ensino Médio.

Quando terminei o Ensino Médio, fui trabalhar puxando leite de uma fazenda

vizinha de nossa chácara para a cidade, mas o salário neste serviço era muito baixo. E não

tinha como ser diferente, pois na cidade de Diolândia não havia outras fontes de emprego.

Acredito que por ser uma cidade muito pequena. Então resolvi mudar para a cidade de

Mozarlândia, visando procurar trabalho no frigorífico JBS, Onde graças a Deus consegui. Um

ano depois que estava trabalhando lá, conheci minha esposa Patrícia Rodrigues Melo,

namoramos três anos e nos casamos. Após três anos tivemos filhinha Anabelle Rodrigues

Pereira, hoje com 8 anos, que é uma benção.

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Tudo que pensava era e trabalhar para garantir o sustento da minha família. Não

havia pensado no que eu queria ser, pois não tive oportunidade de desenvolver algumas

habilidades. E diante as experiências educacionais tive, nem conseguia pensar em fazer um

curso superior. Nem o que fazer. Quando surgiu o curso, questionei será que ele vai me

oferecer o que estou procurando? Sei que sou capaz de realizar algo. Gostaria de ser um

professor amigo dos alunos e bem diferente daquelas professoras que talvez estivesse ali

apenas por dinheiro. Ou ainda para passar o tempo ou sei lá, penso que o intuito delas não era

nos ensinar, pois conheço professores que são apaixonados pela profissão, que seu desejo é

fazer com que os alunos aprendam, preocupam-se para que a aprendizagem seja realizada.

Concordo com Rubem Alves (2008 p.27) quando ele afirma que “veio uma

imagem daquela flor do campo: uma bola de sementes brancas, a gente dava um sopro, as

sementes saiam voando como se fossem paraquedas, para irem nascer lá longe, onde o vento

as levou”.

Assim é o professor: uma bola de sementes-palavra que se encontra e o sonho que ele deseja

plantar.

VIDAACADÊMICA

Minha esposa hoje é Pedagoga, formada pela UNIP INTERATIVA. Mas, já

trabalhava na escola particular Colégio Sistema Morais Pinho, desde os 17 anos e está lá até

hoje. Completou 13 anos de serviço. Na época que saiu o vestibular ela não era formada em

Pedagogia, ela fez a inscrição para o vestibular na UnB e pediu que eu fizesse a minha

também. Confesso que logo de cara neguei o pedido, disse que não iria fazer, mas ela insistiu

e resolvi fazer. Fiquei surpreso com resultado, pois eu havia passado e ela não, mas mesmo

assim ficou feliz por eu ter conseguido.

Confesso no primeiro momento tive muito medo de não levar adiante o curso, mas

com apoio fundamental de minha esposa, fez com que eu chegasse até aqui. Muitas vezes já

pensei em desistir, mas ela conversa comigo e diz: “se existe algo que ninguém vai tirar de

você são seus estudos”. Declaro que não foi fácil chegar onde estou hoje, agradeço

primeiramente a Deus em minha vida. Em segundo lugar a minha esposa que sempre me dá

forças e incentivos. Continuo trabalhando no frigorífico, levanto às quatro horas da manhã e

chego às quinze horas. Espero futuramente estar na educação. Durante o período de estágio

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percebi que é uma profissão gratificante, as crianças são bem carinhosas, gostei muito desse

período.

CURSO DE PEDAGOGIA

Um sonho que se tornou realidade graças a Educação a Distância (EAD) e aos

competentes profissionais de educação que mediam estes conhecimentos. Além do mais pude

fazer meus horários para estudar, sem falar que cada disciplina estudada dava a oportunidade

de associar teoria e prática, em cada um reflete o papel do professor durante as atividades

práticas propostas, que muitos contribuíram para meu crescimento pessoal e profissional.

DISCIPLINAS E PROJETOS

Em cada disciplina propiciou um pensar e um fazer pedagógico voltado a refletir.

O como desenvolver cada atividade proposta, ensinando os conteúdos necessários à formação

acadêmica. Sempre trazendo na bagagem um educador (a) competente, somando ao

compromisso da Faculdade a Distância (UnB).

Classe Hospitalar ensinou-me a importância da brinquedoteca para as crianças

hospitalizadas, pois proporciona benefícios a elas para estimular a imaginação se distrair,

tornar o ambiente mais alegre e menos traumatizante. Assim ajudaria a criança sentir se um

pouco do seu mundo em um lugar que tem dor com agulhas, remédios e soros.

O Projeto 4 - fase 1 (Ensino Fundamental) realizei o projeto: Brincando e

Alfabetizando, ocorreu em uma sala do 1º ano do ensino fundamental. Foi embasado na

necessidade de envolver as crianças em atividades que chamassem sua atenção e que eles

pudessem desenvolver habilidades de leitura, chegando há uma alfabetização e letramento de

forma mais gratificante. Dar às crianças a oportunidade de aprender de forma lúdica é levá-las

ao seu próprio mundo e desenvolver conhecimento brincando. O Projeto desenvolvido na sala

de 1º ano do Ensino Fundamental embasou na necessidade de envolver as crianças a

realizarem atividades que chamem atenção e que eles possam desenvolver habilidades de

leitura, chegando a uma alfabetização e letramento de forma mais gratificante, o projeto pode

ser concluído até o fim do 4º bimestre, dependerá da professora regente dar continuidade.

Por ser uma sala de alfabetização considerei uma sala adiantada, algumas crianças

já conseguem ler palavras com as famílias simples, provavelmente uns 80% ou mais, mas

também algumas possuem pequenas dificuldades, observei que as dificuldades eram nas

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junções, eles conhecem as famílias, mas na hora que estão juntas não conseguem reconhecer o

símbolo.

Selecionei atividades que poderiam ser produtivas para aqueles alunos, a primeira

atividade foi um trava - língua (O rato), por meio desse trava língua realizou uma brincadeira,

os alunos tentaram repetir sem enrolar a língua, após essa brincadeira todos ganharam um o

texto e tiveram que pintar de vermelho as palavras que iniciaram com a letra r, essa atividade

proporcionou a fixação da letra, a segunda atividade foi completar o trava - língua com as

palavras do quadro e uma interpretação de texto, marcando as respostas certas.

As atividades com a consoante s foram; pintar as sílabas, formar nomes e

escrever, ao lado existem desenhos de um sapo, sino, sapato, suco. As crianças também

podem representar o som desses nomes, é muito bom usar a criatividade e brincar com cada

atividade. Lancei outra trava - língua, Sapo no Saco, as crianças pulam como sapo, enquanto

pulam repetem o texto, logo após recebem uma folha e circulam as palavras que iniciam com

s e as escrevem e ilustram a trava - língua, completam as frases com as palavras do quadro.

Uma das coisas que as crianças mais gostam é brincar e cantar, então essa

atividade foi uma cantiga popular (Trenzinho), os alunos ouvem a música e brincam de

trenzinho dentro da sala, a atividade na folha possui um trenzinho com sílabas falantes, os

alunos juntaram as sílabas dos vagões e formaram palavras.

Outras atividades selecionadas foram um ditado, separação de sílabas, leitura

individual, escreverem nomes das gravuras e por fim um Bingo das Letras, antes de iniciar

essa brincadeira é preciso trabalhar a cabeça da criança, por que muitas apresentam

competitividade, não aceitam perder, é preciso mostrar que é um jogo onde a recompensa é a

aprendizagem. As crianças escrevem o nome de três brinquedos no bingo, depois são

sorteadas letras do alfabeto, quem marcar todas as letras deve gritar “Bingo”, assim vence a

brincadeira.

Esse alfabetizar letrando, ou letrar alfabetizando, pela integração e pela

articulação das várias facetas do processo de aprendizagem inicial da língua escrita, é, sem

dúvida, o caminho para a superação dos problemas que vimos enfrentando nesta etapa da

escolarização; descaminhos serão tentativas de voltar a privilegiar esta ou aquela faceta, como

se fez no passado, como se faz hoje, sempre resultando em fracasso, esse reiterado fracasso da

escola brasileira em dar às crianças acesso efetivo e competente ao mundo da escrita. (Artigo

publicado pela revista Pátio p.100)

Realizei no Projeto 4 - fase2 o “Projeto Alimentação Saudável” foi aplicado, nos

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primeiros anos iniciais para que a criança cresça com uma educação voltada para uma boa

alimentação saudável dentro da escola e no ambiente familiar. Sendo a escola um ambiente

que deve ensinar bons hábitos alimentares além de promover saúde, promove formação de

valores. Sendo assim o projeto proporcionou a intenção de conscientizar as crianças da

educação infantil sobre uma alimentação saudável na escola e no ambiente familiar,

promovendo atividades com brincadeiras, jogos e pinturas para reconhecerem frutas e

legumes e suas preferências.

Enfim, o ambiente escolar é um importante local para a formação de bons hábitos

alimentares, um ambiente favorável a vivencia de saberes e sabores.

Por meio dos estágios supervisionados foi possível entender que é de suma

importância para o futuro professor, através dos estágios pude adquirir conhecimentos

esclarecedores; aprendizagens sobre a profissão que será exercida e ainda conciliar teoria e

prática que devem ser desenvolvidas em sala de aula, bem como a oportunidade de pesquisar

sobre conteúdos vinculados à realidade. No estágio pude desenvolver um processo de

observação e reflexão que aos poucos foi dando significado ao estágio.

Foi possível vivenciar experiências inovadoras com cada atividade desenvolvida,

que podem trazer a realidade da nossa sociedade, da educação e do sistema escolar e essa

vivência contribuiu bastante para minha formação profissional e pessoal, me ajudando a

desempenhar esse papel, (futuro pedagogo).

Durante o curso algumas disciplinas trouxeram grandes contribuições, dentre elas:

História da Educação Brasileira, uma vez que trabalhamos com conceitos de valorização do

patrimônio cultural, reconhecimento da diversidade étnica, cultural, social dos povos.

Políticas Públicas apresentou a trajetória do sistema capitalista, suas crises,

desafios e progressos ao longo dos anos. As políticas educacionais envolvem gestores e

professores unidos nos diversos sistemas de ensino, pois o planejamento e desenvolvimento das

escolas precisam de processos participativos nas decisões em âmbito nacional nos sistemas de ensino e

nas escolas. Esse sistema passou e vem passado por grandes desafios, vivemos em um país

onde existe uma grande desigualdade social. Uma educação com qualidade social é

caracterizada por um conjunto de fatores que se referem às condições de vida dos alunos e de

suas famílias, ao seu contexto social, cultural e econômico e à própria escola – professores,

diretores, projeto pedagógico, recursos, instalações, estrutura organizacional, ambiente escolar

e relações intersubjetivas no cotidiano escolar, isso afirma Dourado que uma educação de

qualidade abrange múltiplas dimensões, onde envolve recursos materiais e humanos.

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Destacam-se os seguintes exames implantados pelo governo federal para a EB,

com os respectivos anos de criação: Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb/1994)4

Exame Nacional do Ensino Médio (Enem/1998), Exame Nacional de Certificação de

Competências de Jovens e Adultos (Encceja/2002), Prova B destacam-se os seguintes exames

implantados pelo governo federal para a EB, com os respectivos anos de criação: Sistema de

Avaliação da Educação Básica (Saeb/1994)4 Exame Nacional do Ensino Médio (Enem/1998),

Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja/2002), Prova

Brasil (2005), Provinha Brasil (2007), Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

(Ideb/2007), Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente5.Brasil (2005), Provinha Brasil

2007), Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb/2007), Exame Nacional de

Ingresso na Carreira Docente5.

Na disciplina de Processo de Alfabetização, foram abordados assuntos como: a

provinha Brasil, a Avaliação da Alfabetização Provinha Brasil, ou simplesmente Provinha

Brasil, nada mais é uma avaliação que incide sobre um momento decisivo da aprendizagem da

criança, que é a alfabetização é destinada a acompanhar o desenvolvimento do processo de

alfabetização das crianças nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Ela foi criada pela Portaria Ministerial n. 10, exarada pelo Ministro da Educação

Fernando Haddad, em 24 de abril de 2007, com o objetivo de possibilitar diagnóstico sobre as

habilidades de leitura e letramento da criança bem como ações mais efetivas na alfabetização

dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental (BRASIL, 2007).

Um instrumento avaliativo para identificar os resultados alcançados pelos alunos

do 2º ano do ensino fundamental. Aconteceu A Feira de alfabetização foi um momento

enriquecedor para todos nós futuros pedagogos, pois foi um momento de aprendizagem e de

novos conhecimentos, com métodos e técnicas de alfabetização ao qual um dia colocaremos

em prática.

Fiquei apaixonado pela disciplina Orientação Vocacional Profissional, um tema

que trata sobre a compreensão e o significado das escolhas e decisões vocacionais e

profissionais.

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Orientação Vocacional ajuda a pessoa a encontrar uma identidade profissional

traçando estratégias que buscam adequar a melhor escolha profissional, fazendo uma relação

entre perfil e a realidade de cada indivíduo. Compete ao educador, preparar o aluno para essa

decisão na relação educação e trabalho, dando o suporte, para que possam vivenciar

experiências de escolhas e decisões. Os jovens que geralmente encontram na adolescência,

uma variedade de conflitos em relações às questões ligadas as escolhas profissionais e

pessoais, as decisões e consequentemente ao seu futuro.

É importante trabalhar a educação para a carreira nos primeiros anos, pois faz com

que os alunos reflitam sobre seu futuro, sua profissão, eles podem criar possibilidades de

escolha por meio de atividades ou palestras, a partir daí começa o interesse pela profissão, a

criança já cresce em um ambiente que os incentiva.

Escolarização de Surdos e Libras. Na última década o movimento surdo no Brasil

apresenta fatos marcantes, um deles foi à oficialização de Libras (Língua Brasileira de Sinais,

o mais fascinante, é a segunda língua oficial em nosso país). Sabemos que não foi fácil chegar

até aqui, os surdos enfrentaram grande lutas.

O oralismo impôs aos alunos surdos à necessidade de aprender a falar. Acredita-se

que para os alunos era algo incompreensível e até mesmo prejudicial, eles se sentiam mais

perdidos.

O bilinguismo teve o objetivo de remover a atenção da fala e praticar o sinal, os

surdos podem sinalizar fluentemente e também dominar a escrita e leitura, podendo

compreender e ser compreendido.

Precisamos de mais profissionais, percebo que as pessoas buscam em seu

profissionalismo uma área que lhe pareça mais fácil de trabalhar, já ouviu relatos de pessoas

que dizem que é difícil atuar como interprete ou se especializar em Libras, às vezes também

pode ser o olhar de pena, a sociedade em si rejeita, não percebem que os surdos possuem suas

capacidades, eles precisam ser compreendidos para que possamos compreendê-los, uma

profissão digna de ser admirada, quando me encontro com pessoas assim, me sinto no

desespero de tentar entende-las, admiro-os, pois sua capacidade de aprender a língua é um

dom de Deus.

Na Psicologia Social na Educação demonstra as contribuições dos quatro pilares

da educação para a construção do conhecimento, destacando que: Aprender a conhecer

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aprender a fazer, Aprender a Conviver e aprender a ser a qual me ajudou a compreender a

ação de ensinar e aprender.

Na disciplina: Educação das Relações Étnicas Raciais, a educação das relações

étnico-raciais é compreendida como uma política de ação afirmativa fundamental à

democratização do acesso, à permanência e ao sucesso em todos os níveis e modalidades de

ensino, A educação das relações étnico-raciais tem por objetivo a divulgação e produção de

conhecimentos, bem como de atitudes, posturas e valores, essas maneiras é uma forma de

educar cidadãos quanto à pluralidade étnico-racial, fazendo com que sejam capazes de

interagir e negociar objetivos comuns que garantam, a todos, respeito aos direitos legais e

valorização de identidade, na busca de uma democracia. Realmente é preciso ter crianças com

senso críticos e capazes de se tornarem adultos conscientes contra discriminação,

independente de raça, religião ou cor.

O conceito de diversidade deve nos remeter a ações concretas que visem à

inclusão, permanência e desempenho de todos no sistema educacional, particularmente os que

foram excluídos ou secundarizados. Ou seja, não podemos utilizar o conceito como um

grande guarda-chuva sob o qual cabem todos os processos de desigualdades e ao mesmo

tempo nenhum. “Mais do que o direito à diferença, questões consideradas mais “espinhosas”

como, por exemplo, a discriminação racial, deve ser focalizada. A nosso ver, é necessário que

ao tratar a diversidade como uma dimensão imprescindível”.

Realmente a sociedade brasileira e a educação, de modo especial, necessitam

empreender medidas concretas para a promoção da igualdade racial que possibilitem a

inclusão social de crianças, homens e mulheres prejulgados em função de sua cor, raça, etnia,

origem, sexo, deficiências, idade, credo religioso ou orientação sexual. Tratando-se de

educação, não podemos mais aceitar que as políticas educacionais, particularmente as

voltadas para crianças de 0 a 6, se omitam frente a responsabilidade de promover uma

educação igualitária pressuposta nos documentos oficiais, por isso, sem desconsiderar as

outra dimensões da diversidade e da igualdade nos centraremos e pensar como as práticas

pedagógicas da educação infantil poderá incidir em melhoria da qualidade da educação

oferecidas a todas as crianças e garantido àquelas que vivenciam situações de preconceito e

discriminação racial no ambiente da educação infantil novas práticas.

21

Na disciplina Ensino de Ciência e Tecnologia, aprendi que o ensino de ciências

não depende apenas da presença de laboratórios nas unidades escolares, mas que o professor

precisa criar atividades práticas não somente em ciências, mas em todas as outras disciplinas,

é preciso fazer diferente e buscar novas estratégias. Hoje, vejo o quanto é importante o

professor realizar experimentos com seus alunos para o estudo de Ciências, assim eles

observam os fenômenos ocorridos durantes essas experiências, questionam e trocam ideias,

levando-os a novas descobertas.

Portanto, a minha perspectiva para o futuro como pedagogo é que o educador

precisa ter uma nova visão de educação, buscar novos caminhos e novas formas de educação,

que através de uma busca histórica, procura - se com o diálogo entre educador e educando as

mudanças, as transformações e as evoluções nas relações naturais e sociais.

O educador tem que facilitar as formas de ensino e aprendizagem, sempre

incentivando no processo da aprendizagem e desenvolvimento.

A educação é a grande responsável de todo o conhecimento e da formação

individual e coletivo.

Portanto percebe que o fato do aluno participar efetivamente de construção de seu

conhecimento, além de construir uma aprendizagem sólida. No meu caso, ainda ajudou-me a

libertar dos fantasmas do passado. Por isso quero aqui deixar claro o quanto foi maravilhoso,

mesmo diante as dificuldades que foram muitas, fazer este breve relato contando um pouco de

minha história.

O importante é que este me permitiu fazer uma auto-avaliação de todo um

cotidiano por mim vivido e caminhos percorridos para chegar ao processo de formação.

Chegou ao final do curso de Pedagogia, sinto-me motivado a conduzir meu trabalho como

professor, juntando teoria e prática, para desenvolver aprendizagens qualificadas.

22

PARTE II TRABALHO MONOGRÁFICO

23

CAPÍTULO I

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 - INTRODUÇÃO

A finalidade deste trabalho é refletir os processos de alfabetização e letramento.

Percebê-los enquanto processos indissociáveis. E como acontecem nas diversas situações de

aprendizagem.

As razões da escolha deste tema foi a minha identificação pelo mesmo e a

necessidade de aprofundamento como futuro educador, por entender que alfabetização e

letramento serão conhecimentos importantes na minha profissão, seja como docente ou gestor,

busco aqui, compreender melhor este processo de ensino com a ajuda em especial da

professora orientadora, Norma Lúcia Neris de Queiroz, dos estudos realizados ao longo do

curso de Pedagogia, de artigos, autores, os quais me fizeram compreender melhor o assunto.

Alfabetização e letramento são processos que devem estar presentes em todas as

reflexões atualmente desenvolvidas em torno da aprendizagem e do ensino da língua escrita

para aprendizes iniciantes da língua portuguesa, bem como a orientação do trabalho docente

na escolha de conteúdo, procedimentos e formas de avaliar o processo de alfabetização. É

importante que a prática pedagógica em sala de aula seja organizada em torno do uso da

leitura e escrita, bem como privilegie a reflexão dos alunos sobre as diferentes possibilidades

do letramento.

O desafio da escola é, nos dias atuais, produzir bons leitores e escritores, visto que

muitos de nossos alunos chegam ao final do ciclo de alfabetização sem o domínio dessas

habilidades, tornando um resultado insatisfatório para a escola, os pais e os professores e,

principalmente, os alunos.

O que é alfabetização? O que é letramento? Alfabetização e letramento andam

juntos? Como unir as duas práticas a partir das diversas estratégias de ensino? Tendo em vista

as mudanças na educação, especialmente, em relação à formação do professor alfabetizador

como, por exemplo, o Programa Nacional da Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) que tem

trabalhado com todos os professores do ciclo de alfabetização das redes públicas de ensino em

todos os lugares desse país.

24

Para compreender o processo de alfabetização na perspectiva do letramento é

necessário desenvolver atividades que proporcionem à aquisição da leitura, da escrita

alfabética, da produção de textos orais e escritos e também atividades lúdicas, um recurso

didático dinâmico que pode trazer resultados mais satisfatórios os alunos e a educação, apesar

de exigir extremo planejamento e muitos cuidados na execução da atividade elaborada. As

brincadeiras estimulam as várias inteligências, permitindo que o aluno se envolva em tudo

que esteja realizando de forma significativa. Através do lúdico o educador pode desenvolver

atividades de leitura e escrita.

Assim, situações efetivas do uso da escrita e da leitura devem ser criadas em sala

de aula para que se possa saber como a criança se relaciona com a escrita no seu dia-a-dia e

para que se possa avaliar o que ela conhece e entende sobre a escrita. Por isso, a necessária

perspectiva da alfabetização e do letramento precisa ser explorada e avaliada nas interações

dos professores com as crianças, nas quais se possa examinar, de forma mais natural, a

relação dos alunos com diversos gêneros e suportes textuais.

Analisar as práticas pedagógicas desenvolvidas pela professora, cujo nome fictício

é Maria Rodrigues, na turma do 2° ano do ensino fundamental do turno matutino da escola

pública municipal Chagas Guedes IIe sua contribuição para o processo de alfabetização e

letramento. A intenção é compreender como ocorre o processo de construção do

conhecimento por meio da leitura e da escrita.

O grande feito desta pesquisa é entender como caminham alfabetização e

letramento e refletir os dois processos. Verificar se a professora que atua na turma do 2º está

preparada para oferecer aos seus alunos atividades que contemplem a construção destes

conhecimentos. Ou se a professora desenvolve uma prática pedagógica que consiste em um

processo de alfabetização que visa ensinar os alunos a identificar sílabas soltas sem nenhuma

contextualização.

O objetivo deste estudo é analisar como a professora do 2º ano do ensino

fundamental de uma escola pública do município de Mozarlândia – GO tem trabalhado com

seus alunos a alfabetização e o letramento.

E como os objetivos específicos: identificar os conceitos de alfabetização e

letramento, utilizados pela professora participante do estudo. Identificar como a professora faz

25

seu planejamento, envolvendo a alfabetização e letramento em sua turma. Analisar como

estão caracterizados a alfabetização o letramento no Projeto Político Pedagógico da Escola.

1.2 CONTEXTUALIZANDO ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Ao abordar questões relacionadas ao processo de alfabetização e letramento,

entende-se que são processos indissociáveis que devem caminhar juntos, sendo que

alfabetizado é aquele aluno que conhece o código escrito, sabe ler e escrever. Desse modo,

letramento, designa a ação educativa de desenvolver o uso de práticas sociais de leitura e

escrita em contextos reais de uso, inicia-se um processo amplo que torna o indivíduo capaz de

utilizar a escrita em diversas situações sociais. A construção da linguagem escrita na criança

faz parte de seu processo geral, se dá como um trabalho contínuo de elaboração cognitiva por

meio de inserção no mundo da escrita pelas interações sociais e orais, considerando a

significação que a escrita tem na sociedade. Goulart (2002) afirma que:

Podemos entender tal relevância no sentido da participação crítica nas

práticas sociais que envolvem a escrita, mas também no sentido de

considerar o diálogo entre os conhecimentos da vida cotidiana,

constitutivos de nossa identidade cultural primeira, com os

conhecimentos de formas mais elaboradas de explicar aspectos da

realidade (p. 52).

Soares (2004) afirma que “falar de alfabetização e letramento é passar por

diversas fronteiras, as quais marcam conceitos que chega ao Brasil na década de 80”. Na visão

da autora “a invenção do letramento surge a partir da necessidade de reconhecer e nomear

práticas sociais de leitura e escritas mais avançadas e complexas que aprender a ler e escrever,

resultantes da aprendizagem do sistema de escrita’’ (SOARES, 2004, p.6).

Na atualidade, apenas ler e escrever não atende adequadamente as demandas

contemporâneas. É preciso ir além da aquisição da decodificação e codificação, assim faz-se

necessário descobrir os usos reais da leitura e escrita no cotidiano em sua amplitude como

função social, tendo em vista que vivemos em uma sociedade composta por uma diversidade

de linguagem com as quais interagimos o tempo todo, ou seja, é preciso alfabetizar-se,

letrando.

26

Assim, o letramento passa a ser o designador de uma prática social na qual o

indivíduo demonstra suas habilidades de compreensão mais ampliada da leitura e escrita

usada para mudar sua realidade.

Nesta perspectiva, os conceitos de alfabetização e letramento destacam duas

dimensões da aprendizagem escrita. De um lado, a alfabetização pode ser entendida como a

tecnologia da leitura e escrita propriamente dita, e de outro, a aprendizagem efetiva da língua

escrita (SOARES, 2004)

O professor deve criar, na sala de aula, um clima de interação e reflexão para que

se produza a aprendizagem. O que facilita o entendimento e o avanço dos alunos, os estudos

de Piaget e Vygotsky refletem sobre o significado do jogo simbólico, pois a ludicidade

propicia o desenvolvimento das estruturas cognitivas da criança, a construção da

personalidade, o intercâmbio do cognitivo e afetivo, quando brincam, as crianças operam com

significados.

Para Ferreiro (1990), alfabetizar é muito mais do que manejar a correspondência

entre sons e letras escritas, os estudos dela demonstram que as crianças constroem hipóteses a

respeito da escrita e da leitura do mesmo modo como se tornaram falantes de sua língua

materna, podendo tronar-se leitoras e produtoras de textos.

Sabemos que a tarefa de ensinar se faz de maneira árdua, pois segundo Carvalho

(2005), a professora é ao mesmo tempo mediadora, juíza, apaziguadora, estimuladora,

autoridade responsável pela segurança física, animadora da aprendizagem, ombro amigo e, ás

vezes, mãe substituta. Além disso, tem que ensinar a ler e a escrever.

Dessa maneira as pessoas que se apropriam da escrita no contexto social, podem

ser reconhecidas em seus comportamentos e atitudes diante de situações em que a escrita se

torna um instrumento fundamental para suas interações e inserção no mundo. A condição

letrada parece ser o resultado de um conjunto de fatores que se articulam entre si.

No entanto, é importante destacar também que o professor (a) deve ter a

consciência de que uma parte da responsabilidade de acesso ao mundo da escrita é da escola,

e cabe a ele conceber a alfabetização e o letramento como fenômenos complexos que

merecem atenção e principalmente no que diz respeito às muitas possibilidades de uso da

leitura e escrita na sociedade.

27

As práticas pedagógicas em sala de aula devem estar sempre direcionadas no

sentido de alfabetização na perspectiva do letramento propiciando a construção de habilidades

para o exercício dentro da sociedade em que o sujeito está inserido.

Trabalhar a alfabetização na perspectiva do letramento é uma opção que leva a

acreditar que é possível um aspecto ser refletido, pois não basta compreender a alfabetização

como aquisição do simples ler e escrever, é preciso ter consciência de o ato de ensinar a e

escrever requer a possibilidade de criar condições para que o sujeito faça parte do seu

contexto social, agindo como um ser ativo e crítico, capaz de exercer práticas conscientes de

consumo e produção de conhecimentos em diferentes instâncias sociais e políticas.

É um momento de extrema importância para que o educador desenvolva as

práticas de leitura e escrita no convívio escolar, o contato com diversos portadores de textos, o

entendimento dos textos pelas crianças irá incentivar a desenvolverem a prática de adentrar no

mundo letrado com mais facilidade. Assim, as crianças estarão sendo preparadas para

conhecerem o mundo que as rodeiam, assimilando a maneira correta de compreender o código

e refletir sobre ele.

A família também poderá contribuir com as práticas de leitura e de escrita,

incentivando o convívio das crianças com a leitura em casa, para que ao chegarem à escola,

possam desenvolver o trabalho com mais facilidade, recebendo logo no início da

aprendizagem o gosto pela leitura e pela escrita. O objetivo deste é compreender a

importância do alfabetizar, letrando e a necessidade em desenvolvê-las nas séries iniciais,

além de identificar o papel que as práticas de letramento desempenham em relação aos

indivíduos que iniciam a trajetória escolar

Portanto, aquele que é alfabetizado e letrado terá um conhecimento e essa

construção de saber ocorre com maior facilidade e de maneira maior do que aquele que possui

apenas um desses processos, por isso ambos devem estar ligados e serem desenvolvidos lado

a lado.

1.3 O QUE É ALFABETIZAÇÃO? .

Por meio de leituras sobre o tema foi possível constatar que um conceito básico

para a alfabetização é de que ela é um processo que leva a aprendizagem inicial da leitura e

28

escrita. Ou seja, alfabetizada é aquela pessoa que domina habilidades básicas para fazer uso

da leitura e escrita.

Alfabetizar é a ação que permite e capacita o sujeito a interagir com a leitura e

escrita, desenvolvendo um mundo codificado socialmente e como uso disso soares estabelece

que:

Alfabetização e dar acesso ao mundo da leitura. Alfabetizar e dar

condições para que o indivíduo, criança ou adulto tenha acesso ao

mundo da escrita, tornando se capaz não só de ler e escrever,

enquanto, enquanto habilidades de decodificação e codificação do

sistema da escrita, mas é, sobretudo, fazer uso real e adequado da

escrita com todas as funções que ela tem em nossa sociedade e

também como instrumento na luta pela conquista da cidadania.

(SOARES, 1998 p. 33).

Aprender a ler e escrever é promover a inclusão do sujeito, do indivíduo sob os

aspectos do convívio social, cultural, cognitivo, linguístico entre outros, contribui na

transformação de vida do mesmo. Soares (2010) completa definindo alfabetização como:

[...] Um processo de representação de fonema e grafema, vice-versa,

mas é também um processo de compreensão/expressão de significados

por meio do código escrito. Não se considera “alfabetizada” uma

pessoa que fosse capaz de decodificar símbolos sonoros “lendo”, por

exemplo, sílabas ou palavras isoladas, como também não se

considerariam “alfabetizada” uma pessoa incapaz de, por exemplo,

usar adequadamente o sistema ortográfico de sua língua, ao expressar-

se por escrito (p. 16).

Neste sentido, entende-se por alfabetização o processo pelo qual o indivíduo

apropria se do conjunto de técnicas, procedimentos, habilidades necessárias para pratica da

leitura e da escrita.

Assim sendo para a criança se alfabetizar deveram interagir com outras pessoas,

com textos diferentes gêneros textuais disponíveis no mundo que a cerca e a partir destes

produzir seus próprios textos.

A alfabetização não possui receita pronta em relação ao método, pois a forma de

aprendizagem de uma criança pode ser diferente da outra. O método aplicado em uma turma

pode não ter o mesmo resultado que em outra. É importante lembrar que a criança não é só

mais uma peça feita por uma empresa que possui um molde e produz todas as peças

iguaiszinhas.

29

A alfabetização pode ser entendida, então, como a aprendizagem da leitura e da

escrita. Refere-se ao processo de apropriação e compreensão do sistema de escrita que leva o

aluno a ler e a escrever com autonomia.

Portanto o educador deve estar consciente de que a inserção ao mundo da escrita é

de grande parte de responsabilidade da escola, por isso este deve entender a alfabetização

como uma aprendizagem complexa, pois cabe a ele possibilitar o uso de leitura e escritas na

sociedade.

1.4 O que é letramento?

Nos países desenvolvidos, as práticas sociais de leitura e escrita assumiam um

problema relevante no contexto de que a população embora alfabetizada, não denominava as

habilidades de leitura e de escrita necessárias para uma participação efetiva e competente nas

práticas sociais e profissionais que envolvem a língua escrita.

A discussão tem sido intensa nos últimos anos, em relação aos problemas da

aprendizagem inicial da escrita, o domínio precário de competências de leitura e de escrita

necessárias para a participação em práticas sociais letradas e as dificuldades no processo de

aprendizagem do sistema da escrita.

No Brasil o movimento se deu em despertar para a importância e necessidade de

habilidades para o uso competente da leitura e da escrita tem sua origem vinculada à

aprendizagem inicial da escrita desenvolvendo-se basicamente a partir do questionamento do

conceito de alfabetização.

Em meados de 1980 se dá a invenção do termo letramento no Brasil, tornou-se

foco de participação e discussão nas áreas da educação e da linguagem o que se evidência no

grande número de artigos e livros voltados para o tema.

Além da alfabetização, este conceito de tema interdisciplinar do âmbito social,

cognitivo e linguístico sendo este o letramento, é um processo amplo que torna o indivíduo

capaz de utilizar a escrita de forma deliberada nas situações sociais. Para Soares (1998),

Letramento é o que as pessoas fazem com as habilidades de leitura e escrita,

em um contexto específico, e como essas habilidades se relacionam com as

necessidades, valores e práticas sociais, ou seja, é o conjunto de práticas

sociais relacionadas á leitura é a escrita em que os indivíduos se envolvem em

seu contexto social. (p. 72).

30

Na medida em que vão se alfabetizando e está alfabetização recebe novos

conhecimentos importantes para o indivíduo e para a comunidade que se insere, cabendo a

escola estar mais comprometida no oferecer de práticas adequadas e profissionais

competentes com este novo ensino que busca novas aprendizagens. De acordo com relatos da

UNESCO (2002):

Alfabetizada é uma pessoa capaz de ler e escrever, com compreensão, uma

breve e simples exposição de fatos relativos a vida cotidiana, formando

indivíduos competentes para o exercício de todas as atividades em que a

alfabetização é necessária para que ele atue eficazmente no seu grupo e em sua

comunidade e cujos resultados alcançados em leitura, escrita e cálculo lhe

permitam continuar a colocar suas aptidões a serviços de seu desenvolvimento

próprio e do desenvolvimento da comunidade e de participar ativamente da

vida de seu país (p.46).

Se pensarmos a realidade social atual fica claro que, apenas dominar de forma

mecânica a leitura e escrita não é suficiente, porque é necessário associar o processo de

alfabetização ao letramento para fazer deste processo de aprendizagem um conhecimento

social e cultural necessário.

Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e escrever dentro de um contexto

onde a escrita e a leitura tenham sentido e faça parte da vida do aluno (SOARES. 2003 p. 3).

Segundo a autora, se olharmos historicamente para as últimas décadas, poderá observar que o

termo alfabetização, sempre entendido de uma forma restrita como aprendizagem do sistema

da escrita, foi ampliado, já não basta aprender a ler e escrever, é necessário mais que isso para

ir além da alfabetização funcional (denominação dada às pessoas que foram alfabetizadas,

mas não sabem fazer uso da leitura e escrita). Ou seja, para entrar nesse universo do

letramento, o indivíduo precisa apropriar-se do hábito de buscar um jornal para ler, de

freqüentar revistarias livrarias, e com esse convívio efetivo com a leitura, apropriar-se do

sistema da escrita.

Afinal, a professora defende que, para adaptar a formas adequadas do ato de ler e

escrever é preciso compreender, inserir-se, avaliar, apreciar a escrita e a leitura. O letramento

compreende tanto a apropriação das técnicas para a alfabetização quanto esse aspecto de

convívio e hábitos de utilização da leitura e da escrita.

É necessário que haja práticas de alfabetização e de letramento nas salas de aula,

em que as crianças se interajam na cultura escrita, na participação em experiências variadas

com a leitura e a escrita, conhecimento de diferentes tipos e gêneros de material escrito para

31

assim compreenderem a função social que a leitura e a escrita trazem. Contudo, é importante

reconhecer as possibilidades e necessidades de promover a conciliação entre essas duas

dimensões da aprendizagem da língua escrita, integrar alfabetização e letramento, sem perder,

a especificidade de cada um desses processos (DIÁRIO DO GRANDEABC, 2003 p. 3).

1.5 Apropriações do sistema de escrita

Uma observação interessante apontada pela educadora Soares (2003) diz respeito

à possibilidade de uma pessoa ser alfabetizada e não ser letrada e vice-versa. No Brasil as

pessoas não leem. São indivíduos que sabem ler e escrever, mas não praticam essa habilidade

e alguns não sabem sequer preencher um requerimento. Este é um exemplo de pessoas que

são alfabetizadas e não letradas. Há aqueles que sabem como deveria ser aplicada a escrita,

porém não são alfabetizadas. “Como no filme Central do Brasil – alguns personagens

conheciam a carta, mas não podiam escrevê-la por serem analfabetos”. Eles ditavam a carta

dentro do gênero, mesmo sem saber escrever. A personagem principal, a Dora (interpretada

pela atriz Fernanda Montenegro), era um instrumento para essas pessoas letradas, mas não

alfabetizadas, usarem a leitura e a escrita. No universo infantil há outro bom exemplo: a

criança, sem ser alfabetizada, finge que lê um livro. Se ela vive em um ambiente, literário, vai

com o dedo na linha, e faz as entonações de narração da leitura, até com estilo. Ela é

apropriada de funções e do uso da língua escrita. Essas são pessoas letradas sem ser

alfabetizadas (SOARES, 2003, p. 3).

1.6 Contexto Social

Para Soares, há um grave problema as pessoas que se preocupam com

alfabetização sem se preocupar com o contexto social em que os alunos estão inseridos. “De

que adianta alfabetizar se os alunos não têm dinheiro para comprar os livros ou uma revista?”

A escola, além de alfabetizar, precisa dar condições necessárias para o letramento.

A educadora faz uma crítica ao programa Brasil alfabetizado, do ministério da educação que

prevê a alfabetização de 20 milhões de brasileiros em quatro anos. Para ela, o programa irá, na

melhor das circunstâncias, minimamente alfabetizar as pessoas num sentido restrito. Onde

elas aprendem o código, a mecânica, mas depois não saberão usar.

32

Um ponto importante para letrar, diz Magda é saber que há distinção entre

alfabetização e letramento, entre aprender o código e ter habilidade de usá-lo. Ao mesmo

tempo em que é fundamental, entender que eles são indissociáveis e tem as suas

especificidades, sem hierarquia cronológica: pode-se letrar antes de alfabetizar ou ao

contrário. Para ela, essa compreensão é o grande problema das salas de aula e explica o

fracasso do sistema de alfabetização na progressão continuada. “As crianças chegam no

segundo ciclo sem saber ler e escrever. Nós perdemos a especificidade do processo” (DIÁRIO

DO GRANDE ABC, 2003, p. 3).

A educadora argumenta que a criança precisa ser alfabetizada convivendo com

material escrito de qualidade. “Assim, ela se alfabetiza, sendo, ao mesmo tempo letrada. É

possível alfabetizar letrando por meio das práticas de leitura e escrita”. Para isso,Soares

(2003) afirma: “é preciso usar jornal, revista e livro. Sobre as antigas cartilhas que ensinavam

o “vovô viu a uva”, ela diz que muitas crianças nunca viram e nem comeram uma uva.

Portanto, é necessária a prática social da leitura que pode ser feita, por exemplo, com um

jornal, que é um portador real de texto, que circula informações, ou com a revista ou, até

mesmo, com o livro de infantil. Tem que haver uma especificidade, aprendizagem sistemática

sequencial, de aprender”.

A professora Soares afirma que o Programa Nacional do livro Didático (PNLD),

desenvolvido pelo Ministério da Educação (MEC) é excelente porque avalia o livro didático

segundo critérios, sensato. Mas ela enfatiza que a alfabetização e letramento há um problema

a ser resolvido. As cartilhas desapareceram do mercado, não se fala mais em cartilhas, fala se

em livros de alfabetização. Mas com o desaparecimento das cartilhas, praticamente

desapareceu também o conceito de método. Não é possível ensinar a ler e escrever ou

qualquer coisa em educação, sem um método. Há poucos livros de alfabetização que tenham

uma organização metodológica para orientar professores e crianças envolvidos neste processo

de ensino aprendizagem (DIÁRIO DO GRANDE ABC, 2003 p. 3).

1.7 PARA TODAS AS DISCIPLINAS

O outro fato destacado por Soares (2003) é que o letramento não é só

responsabilidade do professor de língua de portuguesa ou dessa área, mas de todos

33

educadores que trabalham com a leitura e escrita. Mesmos os professores das disciplinas de

Geografia, Matemática e ciências. Alunos leem e escrevem nos livros didáticos. Isso é um

letramento específico de cada área de conhecimento. O correto é usar letramento, no plural. O

professor de geografia tem que ensinar os alunos a ler mapas, por exemplo. Cada professor,

portanto, é responsável pelo letramento em sua área.

Em razão disso, a educadora diz acreditar que é preciso oferecer contexto de

letramento para todos. Não adianta simplesmente letrar quem não tem o que ler nem o que

escrever. Precisamos dar as possibilidades de letramento. Isso é importante, inclusive para a

criação do sentimento de cidadania nos alunos (DIÁRIO DO GRANDE ABC, 2003 p. 3).

34

CAPÍTULO II

METODOLOGIA DE PESQUISA

O presente estudo fundamenta-se na abordagem qualitativa com entrevista

semiestruturada, que tem por objetivo analisar como a professora 2° ano tem trabalhado a

alfabetização e o letramento com sua turma. Lüdke e André (1986) em seu livro a “Pesquisa

em Educação: abordagens qualitativas” destacam que o ambiente natural como sua fonte

direta de dados e o pesquisador como o principal instrumento. Portanto, “a pesquisa

qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação

que está sendo investigada, através do trabalho intensivo de campo” (1986, p.12).

Oliveira (2002, p. 117) afirma que na abordagem qualitativa, o pesquisador:

(...) tem quase que obrigatoriamente descrever a complexidade de

uma determinada hipótese ou problema, analisar a interação de certas

variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos

experimentados por grupos sociais, apresentar opiniões de

determinado grupo e permitir, em maior grau de profundidade, a

interpretação das particularidades dos comportamentos ou atitudes dos

indivíduos.

Para Trivinos (1987, p. 146), a entrevista semi-estruturada tem:

(...) como característica questionamentos básicos que são apoiados

em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa. Os

questionamentos dariam frutos a novas hipóteses surgidas a partir das

respostas dos informantes. O foco principal seria colocado pelo

investigador-entrevistador. Complementa o autor, afirmando que a

entrevista semi-estruturada “[...] favorece não só a descrição dos

fenômenos sociais, mas também sua explicação e a compreensão de

sua totalidade [...]” além de manter a presença consciente e atuante do

pesquisador no processo de coleta de informações (TRIVIÑOS, 1987,

p. 152).

Para Manzini (1990/1991, p. 154), a entrevista semi-estruturada está focalizada em um

assunto sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas principais, complementadas

por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista. Para o autor, esse

tipo de entrevista pode fazer emergir informações de forma mais livre e as respostas não estão

condicionadas a uma padronização de alternativas. Um ponto semelhante, para ambos os

35

autores, se refere à necessidade de perguntas básicas e principais para atingir o objetivo da

pesquisa. Dessa forma, Manzini (2003) salienta que é possível um planejamento da coleta de

informações por meio da elaboração de um roteiro com perguntas que atinjam os objetivos

pretendidos. O roteiro serviria, então, além de coletar as informações básicas, como um meio

para o pesquisador se organizar para o processo de interação com o informante. A natureza

das perguntas básicas para a entrevista semi-estruturada também foi estudada por ambos os

autores (TRIVIÑOS, 1987; MANZINI, 1995, 2001, 2003).

2.1. CONTEXTO DE PESQUISA

Escola Municipal Chagas Guedes II está localizada no município de

Mozarlândia/GO. A unidade funciona em um prédio cedido pelo Estado, onde antes

funcionava um Centro de Formação, que foi fechado em 2014. Lá estudam um alunado na

faixa etária de 7 a 11 anos, de 1º ao 3º ano do ensino fundamental. A escola conta com um

espaço bastante amplo que se encontra em boas condições para receber as crianças, o espaço

ao ar livre é utilizado para atividades físicas diversas. Dispõe de sete salas e seis banheiros (3

masculinos e 3 femininos), cantina, almoxarifado, sala de coordenação, não há sala de

secretaria e nem refeitório, pois funciona como extensão da Escola Municipal Chagas Guedes

I, por isso a parte de documentação fica na outra escola.

Atualmente, a escola conta com 17 professoras, sendo três contratos temporários e

14 efetivas. A maioria com formação superior em pedagogia, três estão em cargos de

coordenação. A diretora e a vice são lotadas na Escola Chagas Guedes I, o total de alunos dos

dois períodos, matutino e vespertino, são 180 alunos. A merenda escolar é fornecida pelos

governos estadual e municipal.

A escola atende crianças, cujas famílias têm os mais variados níveis

socioeconômicos, uma vez que são famílias sustentadas com o trabalho informal, outras com

trabalho formal de carteira assinada, e outros benefícios do governo federal.

Na sala do 2º ano, pude observar que as crianças são extremamente comunicativas

e ativas, participando das atividades sempre que solicitadas pela professora, demonstrando

interesse e posicionamento diante das situações de aprendizagem propostas. A relação com a

professora e demais colegas é muito boa o que contribuía para o bom andamento das

atividades e tranquilidade do próprio ambiente. A educadora desenvolve um trabalho que

36

promove integração e socialização para as crianças, as atividades propostas são realizadas

considerando a criança em seu contexto, dentro do tema sugerido ou de acordo com as

atividades observadas.

A Unidade Escolar em que realizei a pesquisa é pública municipal. E devido ser

uma extensão, a direção não fica permanentemente e na Escola, mas em linhas gerais parecem

funcionar bem com a coordenação pedagógica de professores e demais membros da

comunidade escolar.

A preferência por realizar a pesquisa nesta escola foi pelo fato de minha esposa já

ter trabalhado com esse grupo de professoras e também por conhecer a luta de todos que ali

que trabalham para conseguir este prédio que antes funcionava um Centro Educacional do

Estado e há alguns meses tornou-se uma escola municipal que ainda não tem um nome

registrado. De um modo geral, as atividades ali propostas são previamente propostas no

Projeto Político Pedagógico (PPP) e em consonância o Regimento Escolar.

De acordo com o calendário escolar elaborado pela Secretária Estadual e

Municipal de Educação juntamente com a equipe pedagógica da Unidade Escolar, foram

garantidos 200 dias letivos no ano de 2015. Neste calendário também estão descritos os dias

de planejamento pedagógico dos professores, sendo realizado quinzenalmente com 4 horas de

duração. O reforço escolar acontecia no contra turno duas vezes por semana para as crianças

com dificuldades de aprendizagem, em especial, de Língua Portuguesa e Matemática.

O processo de avaliação era realizado de forma contínua, no qual as professoras

usam, também, para investigar as habilidades e conhecimentos construídos. Esse instrumento

permite acompanhar o processo de aprendizagem e fazer intervenções, a partir do

planejamento pedagógico com atividades para auxiliar os alunos a aprenderem os conteúdos

curriculares propostos para o ano em curso.

Tem no Diário um instrumento de registro do resultado de avaliações e presenças

dos alunos e professora em sala de aula, sendo usado diariamente para o registro de

frequência e conteúdos trabalhados de acordo com a matriz de habilidades.

São desenvolvidos na instituição os Projetos: Datas comemorativas, Recreio

dirigido, onde trabalham valores culturas e de inserção cultural e participação da comunidade

na escola. Para realização de muitos eventos propostos nos projetos a Escola conta com o

apoio de programas como: CRÁS, Assistência Social e Secretária Municipal de Educação.

37

Por ser uma Escola com alunos de faixa etária de 06 a 09 anos de idade, e com

salas de aulas não muito lotadas. A interação professora/ alunos se dá de maneira natural, por

que era notório pela motivação dos alunos em agradar a professora se esforçando para realizar

as atividades. E isso contribuía para o desenvolvimento da aprendizagem das atividades a

serem realizadas. Como a escola deve ser um ambiente prazeroso vê se ai uma luta em prol da

formação de leitura e escrita.

2.2 ORGANIZAÇÕES DO AMBIENTE FÍSICO

A sala de aula é bem espaçosa e adequada para as crianças atendidas. A professora

procura deixar o ambiente bem aconchegante e estimulante através da criação de espaço como

o cantinho da leitura, jogos pedagógicos adquiridos pelo Programa Nacional de Alfabetização

na Idade Certa (PNAIC). Nas paredes são fixados cartazes como o banco de palavras, o

alfabeto ilustrado, as regras de convivência. O mobiliário da sala consiste em uma mesa da

professora, mesas e cadeiras individuais para os alunos e um pequeno armário. Todos em bom

estado de conservação

Torna-se importante também que a construção desse espaço possa ter a

contribuição direta dos indivíduos que dele usufruirão. A criança que vive em um ambiente

construído por ela e para ela, terá facilidade de expressar sua forma de pensar, desenvolverá a

linguagem como um todo de forma significativa e prazerosa e ampliará sua relação com o

outro e com o mundo. O conhecimento se constrói a cada momento em que a criança tem a

possibilidade de poder explorar os espaços disponíveis a ela. Na concepção construtivista, o

educador tem um olhar específico para o educando, percebendo-o como sujeito de sua própria

aprendizagem, o que equivale a dizer que ele atua de modo inteligente em busca da

compreensão do mundo que o rodeia (ROSA, 2002, p.48)

2.3. O TRABALHO PEDAGÓGICO

O trabalho pedagógico é desenvolvido a partir das matrizes de habilidades

propostas pela secretaria de educação do município o que não impede que a unidade busque

38

outro tema para serem trabalhados dependendo da necessidade e considerando o contexto no

qual está inserido. O planejamento é realizado de acordo com o calendário elaborado pela

coordenação pedagógica, que participa também do desenvolvimento do mesmo assessorando

os professores

2.4 PARTICIPANTE DA PESQUISA E INSTRUMENTOS DA COLETA DE DADOS

A professora participante da pesquisa é docente de uma turma do 2°ano do Ensino

Fundamental da escola pública municipal do período matutino com 21 alunos, sendo 11

meninas e 10 meninos. Seus subsídios ajudaram-me, na proporção de respostas aos

questionamentos como na observação de sua prática docente. A pesquisa foi realizada por

meio de um questionário com seis perguntas, nas quais foram relatadas questões relacionadas

à alfabetização e ao letramento. Permitindo também observar e descrever sua prática por

cinco dias. Para coleta de dados foram à entrevista com a professora, o questionário e a

observação não participante das aulas. Os dados foram analisados sob as seguintes categorias:

a formação profissional da professora e a definição de alfabetização e letramento, o

planejamento das aulas, o material e a metodologia adotada e a dinâmica de sala de aula.

A professora da turma é graduada em Pedagoga, tem 38 anos de idade e 18 de

experiência profissional, possui cursos de formação continuada: Pro - letramento de Língua

Portuguesa e Matemática, Pro - formação “Gestão Escolar” e o Programa de Alfabetização na

Idade Certa (PNAIC). Esse último curso de formação tem como objetivo incrementar a

prática pedagógica do processo de alfabetização e letramento. Agindo assim, como mediadora

entre o aluno e o objeto de conhecimento, intervinda no processo de aprendizagem individual

e coletiva de sua turma, planejando e conduzindo situações significativas e adequadas ao

crescimento intelectual e à consciência o papel social por parte de seus alunos. Segundo

Vygotsky(1984), a relação do homem com o mundo não é direta, mas mediada. O professor é

o mediador entre o aluno e o conhecimento. Ele investigou as capacidades intelectuais

superiores do homem e identificou a linguagem como principal fator do crescimento. Define

como linguagem um conjunto de símbolos que mantinha seu caráter histórico e social. (Rosa

Alfabetização e Letramento p.32).

39

CAPÍTULO III

ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Com intuito de atingir os objetivos acerca dos conhecimentos relacionados à

alfabetização e letramento e a prática pedagógica da professora pesquisada. Segue a análise e

discussão dos resultados

Depois de ler, verificar o questionário da professora e observar sua prática

pedagógica em sala de aula permitiu uma análise e discussão dos resultados a partir das

perguntas e respostas contidas no questionário.

Realizei a entrevista em 19 de outubro do corrente ano com a professora Maria

Rodrigues (nome fictício) do 2º ano, Turma “A” do turno matutino da Escola Municipal

Chagas Guedes II. Entrevistei-a no horário da aula de inglês porque esta disciplina é

ministrada por outra professora. Durante a entrevista percebi que ela respondia a todas as

perguntas com muita clareza e muito receptiva, isto me deixou extremamente tranquilo para

expor meus questionamentos.

A análise dos dados foi elaborada a partir das respostas estruturadas em um

questionário organizado com as seguintes categorias:

a) Como a professora participante da pesquisa concebia a alfabetização e o

letramento?

b) Estratégicas de ensino e prática da alfabetização, letrando.

c) O que praticamos em nossa escola?

d) Análise das observações participantes em sala de aula.

Como a professora participante da pesquisa concebia a alfabetização e o letramento?

Nesta categoria, buscamos compreender como a professora alfabetizadora

concebia a alfabetização e o letramento nos dias de hoje. Os depoimentos a seguir da

professora foram capturados a partir do questionário. A professora diz que a alfabetização

pode ser vista da seguinte forma:

“A concepção tradicional de alfabetização prioriza as técnicas de escrever, não

importando propriamente o conteúdo, já que este é geral, desprovido de sentido

40

para o aluno. Ao iniciar o processo de alfabetização, não se pode esperar que os

alunos produzam textos de forma convencional. Eles vão aprender a escrever se

tiverem muitas oportunidades para fazer isso, mesmo quando ainda não souberem

grafar as palavras corretamente. Quanto mais oportunidades tiverem de ler e

escrever, mais poderão pensar no sistema de escrita e nas regularidades da língua.

Nesse processo, eles podem confrontar hipóteses de como a escrita se organiza, o

que ela representa e qual é sua utilidade. Aprender a ler e escrever não é tarefa

simples. Os alunos precisam atuar sobre aspectos de conteúdos e estruturas e

representá-los em um texto. Pensar em como escrever e organizar o sistema de

escrita é um processo complexo que deve estar apoiado não só nas orientações

seguras do professor (a), mas também em materiais didáticos adequados. “O

desenvolvimento dessas capacidades linguísticas não se esgota nos anos iniciais,

mas faz parte de todas as etapas do processo de formação do indivíduo, permitindo

sua inserção na sociedade” (Professora Maria Rodrigues, 2015).

Sobre o letramento, ela revelou que pode ser entendido como:

“Falar em letramento implica refletirmos o nosso cotidiano, participando de

um conjunto de situações exigem falar, ouvir, escrever e ler, ou seja, nos

engajarmos em atividades humanas permeadas e tecidas por prática de

linguagem. É isso que ocorre quando lemos um livro, assistimos a um filme,

fazemos uma prova, conversamos com um amigo, perguntamos sobre uma

dúvida para o professor (a), mandamos um e-mail, acompanhamos as

notícias diárias. Nessas e em tantas outras atividades humanas servimo-nos

da linguagem para compreender o mundo e nele agir. Sabemos que o acesso

a essas práticas letradas e a participação da criança nelas não depende de

saber ler ou escrever, necessariamente. Na verdade, mesmo que ainda não

saibam ler e escrever pode participar de uma prática letrada quando em

companhia de parceiros mais experientes e alfabetizados. “E a participação

da criança nessas situações promove a construção do conhecimento sobre as

práticas sociais de leitura e escrita potencializando recursos e estratégicas

para desenvolver habilidades de leitura e escrita” (Professora Maria

Rodrigues, 2015).

41

E quando falou sobre a alfabetização e o letramento, juntos em sua prática

pedagógica, Ela disse que:

“No realizar da minha prática pedagógica procuro não trabalhar o processo de

alfabetização como se fosse concebida, como condição ou pré-requisito para o

letramento, mas ao contrário, trabalhando com o compromisso de fazer com que

esse letramento guie o trabalho realizado de modo que as atividades de leitura e

escrita, embora respeitem o movimento inicial de escolarização dos alunos,

representem o mundo letrado em que eles vivem, e já iniciem a desenvolver

competências e habilidades necessárias à compreensão desse mundo letrado e a

participação em suas diversas práticas.

Procuro trazer para minha prática pedagógica textos das diferentes esferas

(literária, jornalística, de divulgação científica, publicitária, cotidiana) e que

representam a variedade de gêneros textuais própria de uma sociedade letrada

como a nossa. Além disso, é fundamental que os pequenos tenham contato com a

leitura que se faz desses textos, e isso só será possível se eles participarem de

práticas de leitura, em que a professora lê para eles. “Tais leituras devem simular a

leitura real, que se faz cotidianamente, fora da escola que significa ler a partir de

um objetivo (por exemplo, ler uma notícia para se informar ou para se divertir)”.

(Professora Maria Rodrigues, 2015).

Com base na resposta da professora foi perceptível, que ela tem consciência do

que é alfabetização e letramento e também diante das atividades que foram trabalhadas com

os alunos durante as aulas observadas.

As reflexões teóricas com base em Soares (2003) acerca dos conceitos de

alfabetização e letramento são possíveis constatar a necessidade da vinculação dos dois

termos na prática pedagógica da alfabetizadora, de modo que o trabalho pedagógico

desenvolvido na escola contemple uma proposta de “alfabetizar letrando”, na qual o ensino e

a aprendizagem do sistema alfabético estejam permeados pelas práticas sociais da leitura e da

escrita, conferindo-lhe sentido e significado a partir de suas diferentes finalidades no contexto

social.

Afinal, em uma sociedade letrada, não basta apenas aprender ler e escrever, é

preciso que cada indivíduo utilize a leitura e a escrita em seu benefício, compreendendo as

finalidades decorrentes nos diversos contextos de letramento. Por outro lado, alfabetizar,

42

letrando não constitui um novo método de alfabetização que consiste na utilização de textos

variados no ambiente escolar, mas de resinificar o sentido da alfabetização, sobretudo numa

perspectiva pedagógica na melhoria de estratégias de ensino relacionadas à aquisição da

língua escrita, conforme Soares (2004).

Estratégicas de ensino e prática da alfabetização, letrando

Nesta categoria, busco compreender como a professora alfabetizadora trabalhava

com seus alunos, ou seja, que estratégias de ensino aplicavam e se as essas estratégias

exploravam a alfabetização e o letramento, considerando uma proposta de alfabetizar,

letrando de acordo com o depoimento:

“(...) é um processo pelo qual, diversas relações de interlocutores são

estabelecidas com a criança em diferentes agências de letramento

(escola, família, entre outras), nas quais a leitura e escrita é recortada

como objeto de atenção, interesse e atribuição de sentido. No decorrer

do processo de aprendizagem a participação da criança nessas

situações promoverá a construção sobre as práticas sociais de leitura e

escrita. Além disso, a criança deve se sentir confiante em relação ao

adulto que o orienta, para que dessa forma educadora e educando

possam partilhar momentos de aprendizagem. Refletir o ato de ler e

escrever é fundamental para a ação docente, pois, a ação de ensinar e

aprender significa dimensionar propostas que venham ao encontro dos

interesses e necessidades dos alunos em termos da participação com o

mundo letra” ( Professora Maria Rodrigues, 2015).

A professora acrescentou dizendo que como mediadora relata que:

“(...) entre a criança e a construção de seu conhecimento, busca

sempre propor atividades que atenda às necessidades de aprendizagem

de minha turma. Não me atenho a um só método de alfabetização,

faço a mesclagem que funciona, porque a sala é homogênea, cada

criança tem seu tempo de aprendizagem, sua maneira de aprender,

assim procuro ter flexibilidade no planejamento das atividades e

43

sensibilidade para transmitir os conteúdos de forma que todos os

alunos compreendam e assimilem não apenas dentro da sala de aula,

mas que ultrapassem os muros escolares e levem esse conhecimento

para a vida. Desta forma, percebo que posso contribuir para que

aconteça o alfabetizar letrando” (Professora Maria Rodrigues, 2015).

Analisando o depoimento da professora pode-se associá-lo ao que diz SOARES (2004):

“Letramento é usar a escrita para se orientar no mundo (o atlas), nas ruas (os sinais de

transito) para receber instruções (para encontrar um tesouro... para consertar um aparelho...

para tomar um remédio), enfim, é usar a escrita para não ficar perdido”. (p. 43).

O que praticamos em nossa escola?

Nesta categoria, busco compreender por meio da voz da professora

alfabetizadora o que a equipe da escola praticava com seus alunos, ou seja, que estratégias de

ensino eram desenvolvidas na escola aplicava de acordo com o depoimento da professora:

“O que é perceptível em nossas práticas pedagógica ocorrida em nossa escola e que

nem todos os profissionais estão preparados para alfabetizar letrando, mas vejo que

mesmo assim estão se esforçado na maioria, pelo menos, para desprender pouco a

pouco do tradicional processo de aprendizagem. Acredito que o mais importante é

que os profissionais de educação devem ter consciência de sua responsabilidade

sobre o ato de alfabetizar e desempenhar da melhor forma a alfabetização, pois

todo o alicerce do saber acontece quando os alunos encontram uma boa estrutura,

terão grandes avanços com sucesso em suas vidas escolares, tendo facilidade para

adaptarem e compreenderem todo o processo pedagógico” (Professora Maria

Rodrigues, 2015).

Para Perrenoud (2000, p. 46), a escola passa a ser um lugar onde o educando tem

direito a ensaios e erros, onde expõe suas dúvidas, explicita seus raciocínios e toma

consciência de como se aprende, permitindo tornar visíveis os processos, os ritmos e os

modos de pensar e de agir. A aprendizagem inclui projetos de situações problema, que fazem

com que o aluno participe em um esforço coletivo para elaborar um projeto e construir novas

competências. Pede-se a ele que, de alguma maneira, em 10 seu ofício de aluno, torne-se um

prático reflexivo. Em muitas situações o professor não terá como se guiar somente por

44

critérios técnicos, pré-estabelecidos, ele terá que utilizar critérios de acordo com aquilo que se

apresenta.

A construção desse conhecimento é uma tarefa árdua, pois envolve uma

aprendizagem complexa, individual e subjetiva, mas não solitária, porque exige, ao mesmo

tempo, troca de informações, estímulos e motivação. Ou seja, para apropriar-se do sistema

convencional, o aluno cria e recria o sistema gráfico, com normas próprias de utilização e com

sinais que representam a sua escrita, enfrentando contradições, formulando e testando

diferentes hipóteses entre a sua escrita pessoal e a escrita alfabética. Tudo que ele lê ou

escreve terá sempre uma lógica para ele naquele momento. O ato de explorar e experimentar a

escrita passa necessariamente pelos chamados “erros” construtivos, próprios do processo de

construção do conhecimento (BIZZOTTO; AROEIRA et al, 2010, p. 40).

Haja vista que para realizar a alfabetização visando letramento sugere substituir os

métodos de ensino que utiliza apenas cartilhas e livros didáticos, por outras circunstâncias

reais, com gêneros textuais que circulam no dia-a-dia. E para isso é preciso desvincular um

pouco das práticas tradicionais e propiciar aprendizagens que faça sentido para o aluno,

garantindo lhe o direito da aprendizagem da escrita como bem cultural, sendo sujeito

participativo na construção de seu conhecimento. Como diz Soares (1998, p. 38), “aprender a

ler e a escrever e fazer uso da leitura e da escrita transforma o indivíduo e o leva a um outro

estado ou condição sob vários aspectos: social, cultural, cognitivo, linguístico.”

O que se faz urgente é trabalhar de forma conjunta as duas dimensões: alfabetização e

letramento. O processo de letramento antecede ao da alfabetização, perpassa todo o processo de

alfabetização e permanece quando o indivíduo já se encontra alfabetizado. De acordo com Soares

(1998, p. 47), “o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler e a escrever no contexto das

práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que os indivíduos se tornassem, ao mesmo tempo,

alfabetizados e letrados.” Isso significa levar o aluno a se apropriar do código escrito e, ao mesmo

tempo, viabilizar o seu acesso aos materiais escritos presentes na sociedade, criando inclusive

situações que tornem necessárias e significativas práticas de leitura e de escrita. Albuquerque e

Santos (2005, p. 97)

3.1 ANÁLISES DAS OBSERVAÇÕES

Portanto, fiquei muito feliz de ter tido a oportunidade de estar em um momento

ímpar, para construção do meu conhecimento. Enquanto a professora respondia as minhas

45

perguntas estruturas no questionário oferecido a ela eu a observava, por que tamanha era a

naturalidade e carisma que ela tinha para me responder.

A professora organizara um ambiente que promovia interação, socialização e significado para

as crianças. Durante as observações foi possível perceber que a relação professor/alunos

possibilitava às crianças apropriar-se de sua aprendizagem, sendo capaz de expressar

sentimentos e opiniões acerca da atividade desenvolvida. Assim as crianças eram estimuladas

o tempo todo a se expressar, seja durante as conversas, seja durante a realização das

atividades. Estando ainda em processo de alfabetização, os alunos recebem atividades que

estimulam a leitura e escrita. Tais atividades consistem de pequenos textos, produções

textuais, leitura de diferentes gêneros, explorando a escrita das palavras, interpretações

textuais, entre outras. São atividades que propunham desafios, mas que respeitam o nível de

aprendizado das crianças. São realizadas de forma individual, em dupla e em grupos. A

professora com um tom de voz muito agradável sempre dizia aos alunos: “sou a rapadura da

vida de vocês, doce, porém, dura”. Ela sempre fazia um momento de conversa informal

falando sobre a aula do dia. Os recursos matérias utilizados durante as aulas consistiam em

um quadro giz, cadernos, livros didáticos e paradidáticos e atividades impressas e cartazes.

Em suma, a educadora consegue propiciar um ambiente de aprendizagem significativa,

orientando e intervindo no processo de ensino/aprendizagem.

É comum dizer-se que a função das escolas é preparar as crianças e os adolescentes para a

vida. Como se a vida fosse algo que irá acontecer em algum ponto do futuro, depois da

formatura, depois de entrar no mercado de trabalho [...] Mas a vida não acontece no futuro.

Ela só acontece no aqui e no agora. O objetivo da aprendizagem é viver, não é preparar para

um futuro a ser vivido’’ (ALVES, 2008. p.31).

Por fim deve se salientar a importância de se manter um vínculo de confiança e

colaboração entre professora e alunos. A expectativa positiva em relação à capacidade de

aprendizagem do aluno e um ambiente afetivo em sala de aula, independente das diferenças e

eventuais dificuldades, só crescer o desempenho do aluno.

3.2. A PRÁTICA DOCENTE NA SALA DO 2º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

As observações iniciaram-se aos 19 dias do mês de outubro, durante cinco dias, o

término se deu no dia 23 de outubro. Os alunos chegam a Escola por meio de transporte

escolar, com os pais e alguns sozinhos. As aulas iniciam-se as 7: 00 horas e terminam as

46

11h20min. O lanche é servido as 09h15min, as crianças vão em fila até a cantina, pegam o

lanche e retorna para sua sala.O recreio tem duração de 10 a 15 minutos, iniciando as

09h30min. Os conteúdos trabalhados foram: Prevenção de acidentes, Leitura interpretação do

Livro: Um fio de Amizade, Conhecimentos operacionais, Ortografia de palavras com Z e S, e

Comidas Típicas, Os cinco sentidos, Leitura de imagem, Problemas de multiplicação e

Paisagem natural e modificada. As disciplinas foram: Ciências, Língua Portuguesa,

Matemática, História e Geografia.

A professora todos os dias recebe seus alunos na porta da sala de aula, inicia suas

aulas com rotinas diversificadas, porém de forma sempre acolhedora (com oração do Pai

Nosso, dinâmicas e músicas), que estão descritas no apêndice C. Após a acolhida ela faz a

retomada do para casa, corrigindo as atividades anteriores no quadro giz ou individual. Na

sequência inicia o processo de ensino aprendizagem utilizando as seguintes estratégias de

ensino: Leitura literária, exposição oral, leitura de imagens, roda de leitura individual e

coletiva, trabalhos em grupos, cartaz, produção de individual e coletiva. Os recursos usados

para ministrar as aulas são cartazes com figuras, livro literário associado ao tema, quadro giz e

exposição oral.

A interação professor/aluno se dá de forma respeitosa, carismática e solidária, na

medida em que aparecem as dificuldades dos alunos em relação ao conteúdo estudado ela

procura ajudá-los individualmente. Os alunos desenvolvem práticas de companheirismo,

ajudando uns aos outros sempre que precisam, tanto nas atividades escolares, quanto nas

brincadeiras e divisão de lanche.

O trabalho do professor em sala de aula, seu relacionamento com os alunos é

expresso pela relação que ele tem com a sociedade e com cultura. ABREU & MASETTO

(1990 P. 115), afirma que “é o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas

características de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos;

fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflete

valores e padrões da sociedade’’.

“O bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade

do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar.

Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu

pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas” (FREIRE, 1996, p. 96).

O professor não pode ser autoritário a ponto de achar que sua palavra é a lei, pois,

quando há uma falha na comunicação entre professor–aluno, aluno-professor, poderá ocorrer

47

o distanciamento das duas partes, o que poderá prejudicar a relação; uma vez que o diálogo é

um elemento fundamental da aprendizagem, fato que é reforçado por HAYDT (1995) sobre a

importância do estabelecimento do diálogo:

Na relação professor-aluno, o diálogo é fundamental. A atitude

dialógica no processo ensino-aprendizagem é aquela que parte de uma

questão problematizada, para desencadear o diálogo, no qual o

professor transmite o que sabe, aproveitando os conhecimentos

prévios e as experiências, anteriores do aluno. Assim, ambos chegam a

uma síntese que elucida, explica ou resolve a situação-problema que

desencadeou a discussão (p.87).

Um educador que deseje ser professor, não o será apenas porque ocupa essa função em uma

sala de aula. Ensinar exige um saber metodológico, através do qual os conteúdos serão

tratados de forma a permitir o aprendizado destes pelos alunos; exige estar atento às questões

políticas e sociais que envolvem o seu fazer, sua profissão; exige conhecer o seu objeto de

estudo: a educação e como ocorre o processo de aprendizagem do seu aluno; exige conhecer

os problemas que permeiam a sua prática; exige dedicação, comprometimento, conhecimento

e, acima de tudo, respeito e trabalho, muito trabalho. (Carvalho e Farias 2010, p.8).

48

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao concluir esta pesquisa pude constatar que ela foi de grande valia para minha

formação docente. Este trabalho permitiu-me observar o dia-a-dia em uma sala de aula,

acompanhar a prática pedagógica de uma professora do 2º ano do ensino fundamental para

compreender melhor a especificidade dos conceitos de Alfabetização e Letramento, saber a

importância destes para o ensino/ aprendizagem de alunos nos anos iniciais do ensino

fundamental.

Sabendo que as crianças devem ser estimuladas a desenvolverem leitura e escrita

de forma prazerosa, que lhes permita inserção social, compreensão de mundo, interação no

meio que o cerca. Acredito que o educador (a) alfabetizador precisa realizar um trabalho

voltado às práticas de um alfabetizar letrando. Foi possível observar aqui, que o professor não

pode se contentar apenas com a formação inicial, é preciso estar sempre em um constante

processo de formação se auto- avaliar quanto a sua pratica docente, relampejar observando

erros e acerto.

Portanto este trabalho monográfico foi realizado com o intuito de concluir meu

processo de formação acadêmica, apresentando toda construção de meu conhecimento, e

trajetória vivenciada durante o estudo de pesquisa. As conversas informais realizadas na

Escola demonstraram o anseio de cada, em compreender melhor, como trabalhar alfabetização

e letramento com mais segurança, e suportes didáticos pedagógicos necessários.

Acredito que o educador (a) alfabetizador precisa realizar um trabalho voltado às

práticas de um alfabetizar letrando. Foi notório aqui, que o professor não pode se contentar

apenas com a formação inicial, é preciso estar sempre em um constante processo de formação,

se auto- avaliar quanto a sua pratica docente, relampejar observando erros e acertos. Portanto

este trabalho monográfico foi realizado com o intuito de concluir meu processo de formação

acadêmica, apresentando toda construção de meu conhecimento, e trajetória vivenciada

durante o estudo de pesquisa.

No memorial tive a oportunidade de expor um breve reconto de minha vida

familiar, trajetória educacional desde o início a formação acadêmica, que não foi fácil, no

decorrer destes cinco anos, pois nem sempre tive tempo necessário disponibilizado para a

realização de meus estudos, mas com tudo foi muito gratificante. É oportuno afirmar que o

curso de Pedagogia tem por objetivos formar profissionais capazes de articular o fazer e o

49

pensar pedagógicos. Ao longo do curso construímos uma série de aprendizados marcantes, os

quais teoria e prática se entrelaçam, buscando compartilhar saberes e produzir conhecimento.

Assim este estudo contribuiu para que pudesse deixar para traz, alguns

acontecimentos ruins, ocorridos em minha trajetória de vida escolar. Porque, além de relatar

sobre, o conhecimento construído no curso me fez perceber que estas lesões ficaram para traz.

A Pedagogia é a ciência da Educação. É uma prática social da educação, cuja

função fundamental é preparar indivíduos para o exercício docente para práticas do ensinar e

aprender. A aquisição deste conhecimento deixou-me extremamente satisfeito por esta

conquista e pela certeza que o meu desejo maior em me tornar um profissional de educação

capaz de realizar uma prática docente de contemplar a alfabetização e letramento, como

processo indissociável que devem acontecer de forma contextualizada visando respeitar os

conhecimentos prévios que a criança traz consegue.

Deixo aqui minha sugestão de que todo aquele que desejar como eu em ser

professor não desista de seus sonhos, pois só assim seus objetivos serão alcançados.

50

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Secretaria de Educação e Formação Profissional de Santo André.

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51

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VYGOTSKY. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

52

PARTE III PERSPECTIVAS PROFISSIONAIS

53

O QUE É A PEDAGOGIA?

Podemos conceituar a Pedagogia em diferentes sentidos. Ela é a ciência da

educação; é a arte de educar; é a arte do ensino em busca de novas técnicas para um bom

desenvolvimento dos aprendizes. Apesar das diversas dimensões da Pedagogia, é

indispensável o profissional ter a consciência de sua responsabilidade, como pedagogo.

Durante o curso, vimos que para ser um pedagogo precisamos assumir o

compromisso de trabalhar no desenvolvimento da moral e educacional das crianças, jovens e

adultos.

Podemos dizer que a Pedagogia desenvolve uma prática educacional, a partir de

várias metodologias para alcançar os objetivos propostos. Com isso, o fazer pedagógico pode

ser utilizado de várias maneiras para que cada indivíduo aprenda de acordo com seu meio

cultural ou a necessidade de cada um.

Rubem Alves (2002, p. 45) afirma que “ensinar é uma tarefa mágica, capaz de

mudar a cabeça das pessoas, bem diferente de dar aulas”. Neste sentido, professores são

pessoas que fazem parte de nossa vida por um longo período. Do jardim de infância à

universidade. Muitos professores e muitas professoras passaram em nossas vidas ao longo de

nossa trajetória escolar.

Mas, há alguns que ficam para sempre em nossa memória, o que significa que nos

marcaram de tal forma que essas lembranças do passado continuam refletindo no presente.

Por meio de sua metodologia de ensino, aprendemos na prática como se voltássemos ao

passado e vivêssemos aquele fato naquela época.

Foram seus comportamentos e suas qualidades, que os fizeram ser diferentes de

outros professores e serem pessoas admiráveis e inesquecíveis, transmitia alegria,

tranquilidade, amor pela profissão, além de conhecer profundamente à realidade da escola e

dos alunos para adequar suas práticas pedagógicas.

A proposta pedagógica do professor não deve ser imposta aos alunos, deve ser

construída juntamente com eles, para que eles também façam parte do processo educacional.

Os alunos em sala de aula devem construir conceitos através da mediação do professor, que

não deve trazer tudo pronto e fechado. Este não deve ser visto como detentor único do saber,

o professor é o responsável pela mediação em sala de aula, para que através da dialogicidade

o conhecimento seja construído.

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O educador deve criar entre ele e o educando em formação laços de afetividade,

cumplicidade, parceria e dedicação permanente. O professor deve “traduzir” os ensinamentos

de forma que o aluno se sinta dentro de uma inesquecível viagem e dessa forma possa

assegurar a produtividade do ensinamento.

Os docentes devem ser preparados para a arte de ensinar. Não basta ser um bom

professor, um bom pesquisador, necessário se faz que seja também, um bom mediador de

conhecimentos.

Chegando à reta final do curso, compreendi que é fundamental o pedagogo atuar

com ética e com compromisso na formação da personalidade dos alunos, contribuindo para

fortalecer o seu desenvolvimento. A meu ver a questão maior reside na maneira como os

projetos institucionais são operacionalizados. É necessário buscarmos o saber e não deixar

que se encerre apenas com um diploma.

Quero atuar na área da educação, espero passar em um concurso público para

professor e pretendo realizar uma pós-graduação ou cursar ainda a Educação Física. Antes de

dizer exatamente o que vou fazer após a conclusão do curso, preciso viver a experiência de

conduzir a aprendizagem. Sabemos que a aprendizagem não para, durante o estágio vivenciei

uma experiência gratificante, mas quero viver esse momento de forma mais intensa. Sei que

minha realidade de serviço hoje é diferente, compreendo que o pedagogo pode atuar em várias

áreas, na empresa em que trabalho tem uma mulher que é pedagoga empresarial, admiro a

profissão dela.

Espero contribuir para educação, que eu possa colocar em prática o que foi

aprendido até aqui, que eu venha ser um condutor de aprendizagens, fazendo com os meus

alunos sejam capazes de se tornarem cidadãos do bem.

Rubem Alves (2008 p.43) diz “O professor é profissão, não é algo que se define

por dentro, por amor”. Educador ao contrário, não é profissão; é vocação. “E toda vocação

nasce de um grande amor, de uma grande esperança”, e como tenho a esperança de ser um

educador acredito que possa existir uma escola que não deforme as crianças, mas transforme-

se em espaço de brincadeiras e aprendizagem, levando as crianças a seguirem um caminho

nunca percorrido, formando cidadãos críticos, livres para expor suas ideias e pensamentos,

valorizando as diferenças culturais, pessoais e sociais.

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APENDICE ‘’A’’

Objetivo desta é compreender a ação decente, dentro dos processos de Alfabetização e

Letramento e construir conhecimentos relacionados à teoria e pratica no âmbito da sala de

aula.

ROTEIRO SEMIESTRUTURADO COM A PROFESSORA

Identificação

Nome:

Idade:

Formação Acadêmica:

Tempo de experiência no magistério:

Cursos de formação continuada:

QUESTIONÁRIO:

2.1. O que e alfabetização?

2.2. O que é letramento?

2.3. Alfabetização e letramento andam juntos em sua pratica pedagógica?

2.4. Como unir essas duas práticas a partir das diversas estratégicas de ensino?

2.5. Que atividades são desenvolvidas no cotidiano escolar que garanta a criança desenvolver

leitura e escrita?

2.6. Como você acredita que as professoras das séries iniciais de Ensino-Fundamental da

escola Chagas Guedes II tem trabalhado alfabetização e letramento de maneira que se

somam?

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APÊNDICE ‘’B’’

O objetivo deste é observar na prática o alfabetizar letrando e se isto tem ocorrido de maneira

eficaz.

2.2 Como a Escola está caracterizada?

2.3 Como ocorreu o trabalho pedagógico?

2.4 Como é organizado o ambiente físico da sala de aula?

2.5 Que procedimentos metodológicos foram utilizados?

2.6 Registros dos observados de acordo com cada dia de observação.

APÊNDICE “C”

1º Dia 19/10/15

Conteúdo: Prevenção de acidentes

Disciplinas: Ciência, Língua Portuguesa

No primeiro momento, a professora recebeu os alunos na porta da sala de aula.

Eles foram entrando e sentando em seus lugares. Na sequência, fizeram oração, seguindo a

professora e depois o Pai Nosso. Assim que terminou ela apresentou-me às crianças que

ficaram um pouco curiosas com minha presença. Aproveitei para cumprimentá-los e expressar

minha alegria de estar ali com eles, pedi também que um aluno se apresentasse e apresentasse

os outros alunos para mim. Logo após, a professora fez a retomada da aula anterior e

introduziu oralmente a aula do dia. Em seguida, expôs no quadro um cartaz contendo figuras e

descrição de objetos que provocam acidente, a cada item lido ela fazia comparação com a

realidade dos alunos. Na sequência, a auxiliar de coordenação foi à porta chamá-los para

lancharem, então, formaram a fila e foram pegar o lanche na cantina da escola e retornaram

para a sala de aula para lancharem. Logo após o lanche é o recreio, momento em que

aproveitei para brincar com eles durante 10 minutos. De volta à sala de aula, a professora

pediu para que formassem grupos de três alunos para produzirem um texto cujo título seria

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“cuidados com a vida”. Eles ficaram tão envolvidos com a atividade que nem se importavam

mais com a minha presença

Registro dos aspectos observados: atividades trabalhadas de forma interdisciplinar

propiciam um efetivo desenvolvimento de leitura e escrita, foram abordadas de forma atraente

para as crianças, respeitando seu nível de aprendizagem e com a mediação da professora, que

também é orientada pela proposta do Pacto Nacional para Alfabetização na Idade Certa do

qual ela recebe formação uma vez por mês.

2º Dia 20/10/15

Conteúdos: Leitura interpretação e conhecimentos operacionais

Disciplinas: Língua Portuguesa e Matemática

No primeiro momento, a professora fez com os alunos à dinâmica “abraço da

paz”, onde as crianças dispostas em círculo na sala de aula davam um abraço no colega da

direita e da esquerda expressando uma palavra de acolhimento (dizendo: hoje te desejo muita

alegria, muito amor, etc.). Em seguida, fizeram a oração espontânea, seguida do Pai Nosso.

Após, a professora pediu que colocassem o caderno de matemática sobre a mesa, olhou se

todos tinham feito o “para casa”, somente dois alunos não haviam feito. Então, fez a correção

no quadro e deu visto nos cadernos. Na sequência, colocou-os sentados em círculo e

apresentou o livro literário “Um fio de Amizade”, contou a história, explorou o conhecimento

sobre a capa, a autoria, a ilustração, a importância da amizade, dos meios de comunicação

para o cultivo da amizade, utilizados hoje e no passado. Em seguida, entregou a eles a folha

com atividades sobre o livro, momento em que chegou o horário do lanche e do recreio. Ao

retornarem para a sala eles resolveram a atividade proposta de acordo com as orientações da

professora, bem como elaboraram coletivamente, com a professora, problemas de

multiplicação e divisão envolvendo os valores dos meios de comunicação.

Registro dos aspectos observados: A educadora procura atender cada criança

individualmente em suas carteiras. A história do livro agregou valores sobre a forma de

cultivar uma boa amizade, por meio de cartas, bilhetes, etc. Na elaboração dos problemas, deu

aos alunos a oportunidades de serem sujeitos de seu conhecimento.

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3º Dia 21/10/15

Conteúdos: Ortografia de palavras com Z e S, e Comidas Típicas

Disciplinas: Língua Portuguesa e História

No primeiro momento, a professora deixou as crianças entrarem, sentarem-se,

convidando-os para cantarem o hino “Faz um milagre em mim”, de “Regis Danese”. Eles

pareciam conhecer bem o hino, pois cantaram lindamente! A professora fez a retomada da

aula anterior para dar continuidade à aula do dia com o livro “Um fio de amizade”, onde

trabalhou no quadro com S com som de Z, com a formação de frases. Ao término, as

merendeiras avisaram que o lanche iria atrasar, porque seria pão com carne, e o pão ainda não

havia sido entregue. Em seguida, iniciou a aula de história sobre comidas típicas e as

preferidas, começando pelo tipo de comida citado no livro “macarrão”, sua origem, quem

gostava quem não gostava.

Registro dos aspectos observados: Foi visível a questão de ensinar aos alunos

regras de convivência (esperar a vez para falar, o respeito aos gostos alimentares do outro,

seja na escola ou em casa, o desenvolver da leitura e da escrita correta). A professora faz a

verdadeira mediação do conhecimento entre aluno/objeto de estudo.

4º Dia 22/10/15

Conteúdo: Os cinco sentidos

Disciplinas: Língua Portuguesa e Ciências

A professora recebeu as crianças na porta da sala, ao estarem em seus lugares,

fizeram oração espontânea seguida do Pai Nosso. Na sequência, cantou com eles a música

infantil “Cabeça, ombro, joelho e pé”, fez a leitura do livro literário “Os cinco sentidos”,

introduzindo a temática proposta. Em seguida, foram desenvolvidas as atividades propostas

que consistia na leitura do texto “Como posso ver”, após a leitura coletiva, as crianças

identificaram os nomes dos órgãos dos sentidos a partir da intervenção da professora.

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Momento do lanche e do recreio idem aos dias anteriores. No segundo momento, foi feito

uma pequena interpretação do texto.

Registro dos aspectos observados: A professora sempre oportuniza a participação

das crianças na realização das atividades propostas, a partir da leitura do livro literário

conscientizou os alunos quanto aos cuidados com o corpo (higiene bucal, o corte e limpeza

das unhas, banho, lavagem dos cabelos e orelhas, etc.). A forma de intervenção da professora,

além de ensinar a leitura, escrita e interpretação, também ensinou os cuidados necessários

com a higienização pessoal.

5º Dia 23/10/15

Conteúdos: Leitura de imagem. Problemas de multiplicação e Paisagem natural e modificada

Disciplinas: Língua Portuguesa, Matemática e Geografia.

No primeiro momento, a professora recebeu as crianças com um caloroso “Bom

Dia”, conversou sobre a aula do dia e disse que iriam fazer a correção do “para casa” no

início, e perguntou se todos haviam feito. Por incrível que pareça só um aluno não havia feito.

Feita a correção, expôs um cartaz com fotos antigas da cidade de Mozarlândia e demoradores,

e foram identificando com eles quem eram aquelas pessoas, os lugares, como era antes e

como está agora e o que mudou. Na sequência, entregou uma atividade xerocopiada para

colarem no caderno. Lanche e recreio ocorreram como nos dias anteriores. Ao retornarem

para a sala, com a ajuda da professora, registraram no quadro-giz de forma coletiva o antes e o

depois observado nas fotos. No segundo momento, cada um transcreveu para a folha que a

professora havia entregado.

Registro dos aspectos observados: Atendendo as solicitações das crianças, a

professora passava de carteira em carteira, sempre os orientandos quanto à grafia das palavras

e organização do texto.

As observações realizadas durante esses cinco dias referente às aulas da

professora Maria Rodrigues foram de extrema importância para mim enquanto graduando do

curso de Pedagogia, pois permitiu uma reflexão para a construção de uma prática educativa

que possibilita a articulação entre teoria e prática docente cotidiana, observei a vivência dos

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alunos e a vida cotidiana da turma. De acordo com as observações foi possível constatar que a

professora propõe no planejamento um trabalho de acordo com as concepções de

alfabetização e letramento, buscando o desenvolvimento de cidadãos críticos, reflexivos,

conscientes, participativos.

Visando detectar se a professora entrevistada tinha consciência de que as

atividades que propõem aos seus alunos lhes garantem o respeito aos conhecimentos prévios

da criança, o transformar destes em uma aprendizagem significativa. Haja vista que, talvez

falta de material didático, Alfabetização e Letramento, são processos indissociáveis que se

complementam, e que ainda não estão contemplados como deveria, na pratica docente observada. Por

que, por mais que existam interferências na ação docente, o trabalho do professor (a) é decisivo para

que a criança compreenda que o ato de ler e escrever não pode ter apenas um cunho conteúdista.