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UMA INSTITUIÇÃO ESCOLAR É O QUE OS RELATOS DIZEM O QUE ELA É? Wolney Honório Filho 48 Reni Jacob 49 Resumo: Este texto trata de uma reflexão sobre a possibilidade de uso do referencial bibliográfico de BOLÍVAR (2014) para a pesquisa em História da Educação, especialmente o estudo de história das instituições escolares. Toma como exemplo, para uso da abordagem biográfico-narrativa institucional, uma pesquisa que vem sendo realizada sobre o primeiro Grupo Escolar da cidade de Ouvidor – GO. Chegamos à conclusão, concordando com Bolívar (2014), que o enfoque biográfico e narrativo sobre a organização escolar oferece um modo alternativo para descrever, analisar e teorizar sobre processos e práticas educativas de instituições escolares. Palavras-Chave: Biografia Narrativa, Grupo Escolar, história das instituições escolares. O que é uma Instituição Escolar? Seria o que os relatos dizem o que ela é? Esta é uma questão que nos leva a outra: como estudar/pesquisar uma Instituição Escolar? Nosella e Buffa (2009) dizem que a pesquisa sobre instituições escolares amplia os horizontes do conhecimento educacional. Saviani, por sua vez, atesta três características ao estudo das instituições escolares: materialidade, representação e apropriação: Por materialidade, se está entendendo a escola instalada (o instituído) em sua visibilidade mais imediata, envolvendo as condições físicas no seu aspecto arquitetônico (o prédio) com seus equipamentos, incluindo o material didático, e sua estrutura organizacional [...] O suporte físico das práticas educativas. A representação traduziria o sentido atribuído ao papel desempenhado pela instituição escolar, envolvendo a tradição (memórias), a bibliografia selecionada, a prefiguração (planejamento) [...] A apropriação por sua vez corresponderia à materialidade-conteúdo em ato, compreendendo as práticas pedagógicas [...] Definindo-se a 48Doutor em História e Professor da Faculdade de Educação - Universidade Federal de Goiás - Regional Catalão, onde atua no Programa de Mestrado em Educação e no Curso de Pedagogia. É líder do NEPEDUCA – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação de Catalão. E-mail: [email protected] 49Aluna do Programa de Pós-Graduação em educação da Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão. E- mail: [email protected] 143 III EHECO – CatalãoGO, Agosto de 2015

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UMA INSTITUIÇÃO ESCOLAR É O QUE OS RELATOS DIZEM O QUE ELA É?

Wolney Honório Filho48

Reni Jacob49

Resumo: Este texto trata de uma reflexão sobre a possibilidade de uso do referencialbibliográfico de BOLÍVAR (2014) para a pesquisa em História da Educação, especialmente oestudo de história das instituições escolares. Toma como exemplo, para uso da abordagembiográfico-narrativa institucional, uma pesquisa que vem sendo realizada sobre o primeiroGrupo Escolar da cidade de Ouvidor – GO. Chegamos à conclusão, concordando com Bolívar(2014), que o enfoque biográfico e narrativo sobre a organização escolar oferece um modoalternativo para descrever, analisar e teorizar sobre processos e práticas educativas deinstituições escolares.

Palavras-Chave: Biografia Narrativa, Grupo Escolar, história das instituições escolares.

O que é uma Instituição Escolar? Seria o que os relatos dizem o que ela é? Esta é uma

questão que nos leva a outra: como estudar/pesquisar uma Instituição Escolar? Nosella e

Buffa (2009) dizem que a pesquisa sobre instituições escolares amplia os horizontes do

conhecimento educacional.

Saviani, por sua vez, atesta três características ao estudo das instituições escolares:

materialidade, representação e apropriação:

Por materialidade, se está entendendo a escola instalada (o instituído)em sua visibilidade mais imediata, envolvendo as condições físicas noseu aspecto arquitetônico (o prédio) com seus equipamentos,incluindo o material didático, e sua estrutura organizacional [...] Osuporte físico das práticas educativas. A representação traduziria o sentido atribuído ao papel desempenhadopela instituição escolar, envolvendo a tradição (memórias), abibliografia selecionada, a prefiguração (planejamento) [...] A apropriação por sua vez corresponderia à materialidade-conteúdoem ato, compreendendo as práticas pedagógicas [...] Definindo-se a

48Doutor em História e Professor da Faculdade de Educação - Universidade Federal de Goiás- Regional Catalão, onde atua no Programa de Mestrado em Educação e no Curso de Pedagogia. É líder do NEPEDUCA – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação de Catalão. E-mail: [email protected]

49Aluna do Programa de Pós-Graduação em educação da Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão. E-mail: [email protected]

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identidade dos sujeitos e da instituição e seus respectivos destinos devida [...] Assim, será necessário, na análise das instituições, correlacioná-lascom as condições sociais nas quais emergiram segundo contextoshistóricos-geográficos determinados [...] (SAVIANI, 2007, p 24-25.).

Nesta perspectiva, uma instituição escolar, o “suporte físico das práticas educativas”,

como a adjetiva Saviani, o seu estudo e/ou pesquisa está relacionado tanto com sua

materialidade interna, desde professores, servidores e alunos até documentação escrita,

arquitetura, etc, como também com as condições sócio - históricas que permeiam a

instituição.

Conforme Bolívar (2014, p.330) “el enfoque biográfico y narrativo de la organización

oferece un modo alternativo para describir, analizar y teorizar los processos y prácticas

educativas em la escuela”. Ou seja, Bolívar (2014) no artigo “Narrar la organización

educativa: memoria institucional y constitución de la identidade” apresenta-nos uma

instigante abordagem teórico – metodológica, sobre a história das instituições escolares,

através do enfoque biográfico narrativo.

Nosso objetivo aqui é apresentar esta abordagem biográfico-narrativa e relacioná-la

com a pesquisa em desenvolvimento sobre o primeiro Grupo Escolar da cidade de Ouvidor50,

Estado de Goiás, intitulado Dr. Pedro Ludovico Teixeira.

O PRIMEIRO GRUPO ESCOLAR DE OUVIDOR

Os Grupos Escolares foram implantados no Brasil durante o período

Republicano. Disseminados por todo sistema de ensino do País, teve como berço o Estado de

São Paulo, em 1893, e chegou a Goiás em 20 de fevereiro do ano de 1919, segundo nos diz

Rosa Fátima de Souza (1999). São apenas 30 anos a diferença entre a implantação do

primeiro grupo escolar em Goiás e em Ouvidor – GO.

50Ouvidor é um município localizado ao sudeste goiano na microrregião de Catalão Goiás, possuindo uma área geográfica de 413.784 Km², tendo hoje sua população estimada em 6.038habitantes. Ver mais em http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/goias/ouvidor.pdf.

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No texto do Regulamento do Ensino Primário em Goiás, Título I, Capítulo II onde

trata da organização e classificação dos grupos escolares, temos:

Art.93 – Serão instalados grupos escolares nas localidades ondehouver, no mínimo 160 crianças de 7 a14 anos.§ único – Os grupos escolares terão, pelo menos, três classes.Art. 94 – Cada grupo escolar terá no mínimo, um diretor e trêsprofessores. (decreto 10.640, de fevereiro de 1930).

Conforme este Decreto, a exigência, portanto, para se abrir um Grupo Escolar era de

no mínimo 160 crianças de 07 a 14 anos, existentes na localidade, ou povoado urbano. Porém,

na primeira ata do Grupo Escolar Dr. Pedro Ludovico (1949), consta apenas 70 alunos

frequentes, aproximadamente. Ora, por que se abriu esse grupo escolar em Ouvidor em 1949,

se ele não cumpria as exigências legais? Presume-se que entre a Lei e o que se efetiva, os

interesses políticos se sobrepunham nessa realidade histórica no sudeste goiano.

O mesmo decreto determina ainda que os professores dos grupos fossem normalistas.

De acordo com os registros encontrados na escola pesquisada, nenhum item acima transcrito

corresponde à realidade do povoado de Ouvidor no momento da instalação de seu primeiro

grupo escolar.

O quadro 01 mostra a divisão territorial de Goiás51 um ano após a institucionalização

do grupo escolar de Ouvidor, evidenciando que o local fazia parte de um conjunto de

aproximadamente 166 distritos.

QUADRO 01DIVISÃO TERRITORIAL

CIRCUNSCRIÇÃO ADMINISTRATIVAESTADO DE GOIAS – 1950 MUNICÍPIOS DISTRITOS

Fonte: anuário Estatístico do Brasil ano XII-1951 /

IBGE. 77 166Fonte:ttp://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?

vcodigo=CD96 63 __Obs.: as fontes consultadas não coincidem pelo número de municípios existentes em Goiásem 1950. Assim optei por transcrever as duas.

51Com divergência de fontes, mas se pode ter uma noção da quantidade de municípios e distritos existentes em 1950.

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No quadro 02 verifica-se que em 1945, ou seja, apenas 04 anos antes da criação desta

primeira escola, apenas 09 destes 166 distritos tinham uma escola graduada nesta modalidade.

QUADRO 02QUADRO DOS GRUPOS ESCOLARES EM GOIÁS

ANO TOTAL DE GRUPOSESCOLARES NO

ESTADO

Nº DE MUNICÍPIO(COM GRUPOSESCOLARES)

Nº DE DISTRITOS(COM GRUPOSESCOLARES)

1930 20 __ __

1939 a1945

4132 09

1949 74 __ __

Fonte: Dados resultantes de uma confrontação entre a Edição Provisória do Instituto Brasileiro de Geografia eEstatística de 1949 a 1953. Edição intitulada: Divisão Territorial do Brasil, Ilusão Pedagógica de(NEPOMUCENO, p. 310, 1994).

Esta pesquisa envereda-se tanto pelas fontes escritas quanto as orais. Collins (2000)

diz que as pesquisas interpretadas no contexto de seu enraizamento micro situacionais,

oferecem um retrato mais acurado da realidade social. E da mesma forma concorda Revel

(1998), que observou modelos gerais das concepções de ciência instaladas no fazer científico

e percebeu que eles não mais davam conta de compreender a complexidade do todo sem o

exercício de uma análise mais qualitativa e exaustiva das partes.

Para Santos,

Muda o mundo e, ao mesmo tempo, mudam os lugares. Os eventosoperam essa ligação entre os lugares e uma história em movimento. Olugar, aliás, define-se como funcionalização do mundo e é por ele(lugar) que o mundo é percebido empiricamente. (SANTOS, 2005, p.158).

O autor revela que no espaço do homem, “o mundo depende das virtualidades do

Lugar” (SANTOS, 2005, p. 158). Pensando nisso, nós nos inspiramos em pensar nas

virtualidades naturais possíveis entre as relações do Grupo Escolar e a cidade de Ouvidor. “Os

lugares se especializam, em função de suas virtualidades naturais, de sua realidade técnica, de

suas vantagens de ordem social”. (SANTOS, 1996, p. 167). Ao escrever sobre a história do146

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primeiro grupo escolar de Ouvidor - GO surge a possibilidade da reconstrução do lugar e

espaço onde muitas tramas permearam o viver entre sociedade e comunidade escolar. Onde

pessoas transformaram seu futuro por meio da oportunidade que se fez ao alcance em um

povoado antes, sem alternativas. Mais ainda, o espaço do primeiro Grupo Escolar de Ouvidor

está permeado de narrativas escritas e orais que configuram virtualidade de tramas históricas

da instituição.

Essas tramas históricas, dosadas pelas narrativas, nos lançam a sujeitos históricos que

relacionados ao contexto de Ouvidor, ou seja, a relação sujeito-contexto permite, conforme

Norbert Elias (2001), olhá-las como uma “rede de interdependências” e das “figurações”

constituídas:

Nessa mudança de perspectiva, os homens singulares não perdem,como às vezes tendemos a considerar, o seu caráter e valor enquantohomens singulares. Porém eles não aparecem mais como indivíduosisolados, cada um totalmente independente dos demais, existindo porsi mesmo. Não são mais vistos como sistemas fechados e vedados,cada um contendo o esclarecimento final acerca de um ou outroevento histórico, constituindo um começo absoluto. Na análise dasfigurações, os indivíduos singulares são apresentados da maneiracomo podem ser observados: como sistemas próprios, abertos,orientados para a reciprocidade, ligados por interdependências dosmais variados tipos e que formam entre si figurações específicas, emvirtude de suas interdependências. (...) Na maior parte das vezes, asfigurações que os indivíduos formam em sua convivência mudam bemmais lentamente do que os indivíduos que lhes dão forma, de maneiraque homens mais jovens podem ocupar a mesma posição abandonadapor outros mais velhos. (...) Aqui e agora, os indivíduos singulares queformam uma figuração social específica entre si podem de fatodesaparecer, dando lugar a outros, entretanto, seja como for essasubstituição, a sociedade, e com isso a própria figuração, será sempreformada por indivíduos (ELIAS, 2001, p.50-51).

Portanto, são as narrativas orais, escritas e fotografias que escolhemos para (re)conher

a biografia institucional do Grupo Escolar Dr. Pedro Ludovico Teixeira.

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INSTITUIÇÃO ESCOLAR SOB O ENFOQUE NARRATIVO BIOGRÁFICO

Bolívar diz que

las organizaciones, como construcciones sociales, están constituídaspor conjuntos de relatos colectivos, vividos y transmitidos quecirculan en la cultura interior y en la imagem exterior. Las narrativas,como nudos estratégicos en la construcción del sentido comunitário,son los médios por los que se manifiesta la memoria institucional, lahistoria y se constituye la identidad organizacional y professional(BOLÍVAR, 2014, p.330).

A realidade organizacional, ou a instituição escolar está colada ao modo como os

indivíduos a percebem, vivem ou expressam. Ao vivenciar uma instituição, o sujeito, seja ele

quem for, manifesta, de alguma forma, o modo como ele a percebe. Mas, esta percepção não

se restringe ao que ela é, ou foi. O sujeito também a projeta quando expõe seu relato, seja um

relato sobre si mesmo ou sobre uma determinada instituição.

A concepção aqui é que uma Instituição Escolar é uma realidade construída

socialmente, e que tem sua própria história. Ou seja, ela não é uma realidade puramente

objetiva, mas é atravessada por regras, estruturas, gestão, significados, rituais que indicam

uma cultura organizativa. Ou seja, ela tem sua biografia institucional, que significa que seus

processos e modo de ser podem ser ou se tornarem objetos de estudo de pesquisa científica,

onde sua memória organizacional emerge de relatos da vida organizativa, o que coloca em

jogo tanto memórias individuais quanto coletivas. E estas relações é o que caracteriza tanto a

identidade da instituição quanto a identidade das pessoas que a constroem, enquanto parte da

instituição.

Pollak nos diz que

A memória, essa operação coletiva dos acontecimentos e dasinterpretações do passado que se quer salvaguardar, se integra, comovimos, em tentativas mais ou menos conscientes de definir e dereforçar sentimentos de pertencimento e fronteiras sociais entrecoletividades de tamanhos diferentes: partidos, sindicatos, igrejas,aldeias, regiões, clãs, famílias, nações etc. A referência ao passadoserve para manter a coesão dos grupos e das instituições quecompõem uma sociedade, para definir seu lugar respectivo, sua

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complementariedade, mas também as oposições irredutíveis(POLLAK, 1989, p.07).

Para o autor, a preservação da memória tem um duplo fim: manter a coesão interna e

defender as fronteiras que um grupo tem em comum. Porém, os combates do presente e do

futuro colocam a memória coletiva52 passada em constante suspeição, no trabalho ininterrupto

de reinterpretação do passado. Essa suspeição se confirma na medida em que o trabalho com a

memória indica que ela pode ser inclusive inventada ou fantasiada decorrente da emoção

apetecida de seus atores.

Na pesquisa sobre o Grupo Escolar Dr. Pedro Ludovico Teixeira, de Ouvidor-GO,

encontramos a seguinte situação: na sala da diretora, assim como na grande maioria das

escolas públicas no país, há uma relação de quadros de antigas professoras, o que se é comum

chamar de Rol (ou galeria) de Diretores nas instituições públicas. É curioso o fato de que o

quadro da primeira diretora do Grupo Escola é o da Professora Alexandrina Vicente da Silva.

Paralelamente existem nos acervos da Instituição três documentos que trazem o professor

Abílio José Pires como responsável pela instituição.

Imagem 01: Diretor da escola em 1951.

Fonte: acervo da E. E. Dácio Amorim Fonseca.

52Não podemos deixar de dizer que termo “memória coletiva” faz referência sim à obra de Halbwachs (HALBWACHS, 1990)

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Imagem 02: Diretor da escola em 1952.

Fonte: acervo da E. E. Dácio Amorim Fonseca.

Imagem 03: Diretor da escola em 195353.

Fonte: acervo da E. E. Dácio Amorim Fonseca.

Porém as evidências indicam que não havia direção na escola. Pela determinação do

Decreto-Lei nº 8.529, de 2 de Janeiro de 1946, da Lei Orgânica do Ensino Primário, torna-se

claro o motivo pelo qual nem a professora Alexandrina, e tão pouco o professor Abílio,

podiam ser diretores no período em que a escola atribui esta função a ela. De acordo com o

Art. 180 da CF foram atribuídos pelo Presidente da República a seguinte norma designando

os tipos de estabelecimentos de ensino primário,

53Fonte: as imagens pertencem ao acervo da Escola Estadual Dácio Amorim Fonseca.

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Art. 28. Serão assim designados os estabelecimentos de ensinoprimário mantidos pelos poderes públicos: I. Escola isolada (E.I.), quando possua uma só turma de alunos,entregue a um só docente. II. Escolas reunidas (E.R.), quando houver de duas a quatro turmasde alunos, e número correspondente de professores. III. Grupo escolar (G.E.), quando possua cinco ou mais turmas dealunos, e número igual ou superior de docentes. Art. 31. Quando, num mesmo prédio, sob a mesma direção e com osmesmos professores se ministre ensino fundamental e ensinosupletivo, as classes deste último constituirão unidade escolar à parte.As escolas e cursos supletivos não poderão ministrar outro ensinosenão o indicado na denominação que recebem.(Decreto-Lei nº 8.529, de 2 de Janeiro de 1946/ Diário Oficial daUnião - Seção 1 - 4/1/1946, Página 113 (Publicação Original).

Analisado por este prisma, a situação da instituição pesquisada, em relação à

professora Alexandrina, se encaixa no artigo 31. Pois, desde o ano de 1947, até o ano de 1952,

apontados no livro de registros escolar, consta a existência de uma Escola de Alfabetização de

Adultos e Adolescente, mantida pelo governo federal onde a citada professora era titular e

responsável por este ensino noturno. O que nos leva a crer que se o contrário fosse estaria

infringindo a norma que diz “As escolas e cursos supletivos não poderão ministrar outro

ensino senão o indicado na denominação que recebem”, afastando-a assim do posto da

direção, uma vez que a sua sala de alfabetização de adultos também funcionava no mesmo

local das salas do professor Abílio, que tinha seu horário fixado das sete e meia às dez e meia

no período matutino e das onze e meia às 15 horas no período vespertino. E a professora

Alexandrina por sua vez lecionava aos adultos e adolescentes das 18 às 20 horas.

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Imagem 04: Boletim mensal do movimento de alunos da escola de alfabetização de adultos e adolescentes.

Fonte: acervo da E. E. Dácio Amorim Fonseca.

Portanto, há contradições no que dizem os relatos/narrativas sobre esta instituição.

Talvez, a memória foi construída intencionalmente em torno da identidade da instituição.

Pollak nos diz:

A memória é um elemento constituinte do sentimento de identidade,tanto individual como coletiva, na medida em que ela é também umfator extremamente importante do sentimento de continuidade e decoerência de uma pessoa ou de um grupo em sua reconstrução de si.(...) A construção da identidade é um fenômeno que se produz emreferência aos outros, em referência aos critérios de aceitabilidade, deadmissibilidade, de credibilidade, e que se faz por meio da negociaçãodireta com os outros. Vale dizer que memória e identidade podemperfeitamente ser negociadas, e não são fenômenos que devam sercompreendidos como essências de uma pessoa ou de um grupo(POLLAK 1992, p. 204).

Na comemoração dos cinquenta anos de criação do Grupo Escolar, em 1999, vemos

que a presença da professora Alexandrina enquanto Diretora é uma memória vencedora, no

embate sobre a identidade desta Instituição.

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Imagem 05: Primeira diretora Alexandrina situada entre as outras seis pessoas de 1999.

Fonte: acervo da E. E. Dácio Amorim Fonseca.

Outro fator a respeito da impossibilidade do professor Abílio não ter sido Diretor é o

Decreto-Lei nº 8.529, de 2 de Janeiro de 1946, da Lei Orgânica do Ensino Primário, no seu

capítulo IV, onde determina o perfil do diretor dos grupos escolares com a seguinte redação,

Art. 34. O magistério primário Só pode ser exercido por brasileiros,maiores de dezoito anos, em boas condições de saúde física e mental,e que hajam recebido preparação conveniente, em cursos apropriados,ou prestado exame de habilitação, na forma da lei. Art. 35. Os poderes públicos providenciarão no sentido de obteremcontínuo aperfeiçoamento técnico do professorado das suas escolasprimárias. Art. 36. Os diretores de escolas públicas primária serão sempreescolhidos mediante concurso de provas entre professores diplomados,com exercício anterior de três anos, pelo menos, e, de preferência,entre os que hajam recebido curso de administração escolar. (Decreto-Lei nº 8.529, de 2 de Janeiro de 1946/ Diário Oficial da União - Seção1 - 4/1/1946, Coleção de Leis do Brasil - 1946, Página 640 Vol. 1(Publicação Original).

O professor Abílio é figura presente na memória de muitos habitantes de Ouvidor,

todos que o conheceram ou conviveram à época se recordam de que o professor não era

diplomado, como exige o artigo 36, e, tão pouco recebeu “preparação conveniente em cursos153

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apropriados ou prestou exames de habilitação na forma da Lei”. O seu treinamento particular

não foi advindo de um banco escolar, ou coisa semelhante. Ele se alfabetizou e se fez

professor por méritos autodidatas. Mas, diretor ele não foi. Como não pode ter sido a

professora Alexandrina a não ser pela memória construída dos atores.

A primeira diretora, porém, que ficou na memória institucional do Grupo Escolar é

aquela da foto na parede, e que está na foto acima. Determinados elementos trouxeram até o

presente a professora Alexandrina Vicente da Silva como sendo a primeira Diretora do Grupo

Escolar. Esses elementos passaram a fazer parte da história de vida de pessoas e da própria

instituição (POLLAK, 1992). Conforme Pollak constituem os elementos constitutivos da

memória:

Em primeiro lugar, são os acontecimentos vividos pessoalmente. Emsegundo lugar, são os acontecimentos que eu chamaria de "vividos portabela", ou seja, acontecimentos vividos pelo grupo ou pelacoletividade à qual a pessoa se sente pertencer. São acontecimentosdos quais a pessoa nem sempre participou mas que, no imaginário,tomaram tamanho relevo que, no fim das contas, é quase impossívelque ela consiga saber se participou ou não. Se formos mais longe, aesses acontecimentos vividos por tabela vêm se juntar todos oseventos que não se situam dentro do espaço-tempo de uma pessoa oude um grupo. É perfeitamente possível que, por meio da socializaçãopolítica, ou da socialização histórica, ocorra um fenômeno de projeçãoou de identificação com determinado passado, tão forte que podemosfalar numa memória quase que herdada (POLLAK, 1992, p.02).

O sujeito, ao indicar e/ou reconhecer pelas suas narrativas o que lhe aconteceu ou o

que aconteceu no seu passado institucional, seja no campo pessoal ou profissional, mostra, de

forma consciente, as múltiplas dimensões de sua história vivida, através de suas memórias.

Neste caso, ao narrar, o sujeito apresenta ou define uma maneira especial, a sua própria

maneira, o que socialmente é a sua instituição onde trabalha ou trabalhou. Esse ato produz

identidade à instituição.

Bolívar diz que

Por um lado, metodologicamente, la identidade organizativa de umestabelecimento escolar puede ser analizada mediante los relatos queprofessores y directivos nos cuentan sobre la escuela. Por outro, los

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propios relatos son constitutivos de la identidade, de acuerdo com lastesis de Recoeur sobre la identidade narrativa (BOLÍVAR, 2014,p.334).

O autor ainda chama a atenção de que, em geral, o estudo da identidade organizativa

está mais para um ponto de vista estático do que processual. Porém, o sujeito constrói sua

identidade na interação com outras pessoas, com seu meio e estruturas sociais54. Dubar nos diz

que o indivíduo jamais constrói sozinho, sua identidade:

A identidade de uma pessoa é o que ela tem de mais valioso: a perda deidentidade é sinônimo de alienação, sofrimento, angustia e morte. Ora, aidentidade humana não é dada, de uma vez por todas, no nascimento: ela éconstruída na infância e, a partir de então, deve ser reconstruída no decorrerda vida. O individuo jamais a constrói sozinho: ele depende tanto dos juízosdos outros quanto de suas próprias orientações e definições. A identidade éproduto das sucessivas socializações [...] Entre as múltiplas dimensões daidentidade dos indivíduos, a dimensão profissional adquiriu uma importânciaparticular. Por ter se tornado um bem raro, o emprego condiciona aconstrução das identidades sociais; por passar por mudançasimpressionantes, o trabalho obriga a transformações identitárias delicadas;por acompanhar cada vez mais todas as modificações do trabalho e doemprego, a formação intervém nas dinâmicas identitárias por muito tempoalém do período escolar (DUBAR, 2005, s/p. Destaques do autor).

Ora, da perspectiva narrativa, conforme Bolívar, a identidade é uma realidade

construída socialmente nas conversações, discursos e representações de si mesmo e/ou do

outro. “Justo cuando la identidade organizativa se entende como un processo de construción

dialógica, ele enfoque narrativo adquiere todo su valor, en la adecuación metodológica al

objeto de estudio” (BOLÍVAR, 2014, p.337).

Bolívar busca solidificar o enfoque narrativo na constituição da identidade individual

quanto organizacional. Neste caso, são os relatos explícitos sobre as organizações que ganham

relevo em sua proposição metodológica, sejam relatos manifestos em práticas ou

representados individualmente (p.339).

Como investigar uma organização pelo viés narrativo biográfico? Bolívar aponta três

caminhos: primeiro pelas entrevistas. Propõe-se que as pessoas são possuidoras de identidades

54O termo Estrutura Social aqui diz respeito à forma como a sociedade se organiza. Especificamente sugere os múltiplos lugares de interação do sujeito social.

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narráveis. Segundo, pela observação (participante), seja pelos meios formais da organização

ou práticas cotidianas. Terceiro, a leitura de textos, seja escritos ou não, como por exemplo,

artefatos como uniformes, e, não podemos deixar de lembrar, a arquitetura escolar (p.342). A

arquitetura dos grupos escolares interessa não só aos arquitetos e educadores, mas, sobretudo,

à população de um modo geral, uma vez que se constituem como patrimônio que precisa ser

preservado, valorizado e estudado. Suas formas, linhas construtivas deixaram marcas na

história social e na memória de pessoas que por elas passaram.

Foto 1: Grupo Escolar Rio de Janeiro (1897)Fonte: http://image.slidesharecdn.com/gruposescolaresnobrasil-130813194925-phpapp01/95/grupos-escolares-no-brasil-6-638.jpg?cb=1376441414 acesso em 25de março de 2015.

Foto 2 – Grupo Escolar Rodrigues Alves, SPFonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Estadual_Rodrigues_Alves#/media/File:Grupo_Escolar_Rodrigues_Alves_01.JPG acesso em 25 de março de 2015.

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Foto 3 – Grupo Escolar Dom Pedro II, Curitiba, PN -1903Fonte: http://curitibaspace.com.br/wp-content/uploads/2014/04/aAntigo-Grupo-Escolar-Dom-Pedro-II-curitiba-space.jpg acesso em 25 de março de 2015.

Primeira construção do Grupo Escolar de Ouvidor.Fonte: acervo da E. E. Dácio Amorim Fonseca.

Estes poucos exemplos das imagens de alguns Grupos Escolares nos mostram

universos sócio - histórico diferenciado em nosso País. Suas realidades existem pela memória

e compreensão narrativa das pessoas que por ali passaram, viveram, e as confirmam quando

as colocam em cena, através de seus relatos. Para Bolívar, “existen três tipos de memoria

disponibles para los actores cuando evocan el passado: textual (escritos, documentos, etc),

material (artefatos, espacios físicos, etc.) y oral (historias, narrativas, conversaciones,

etc.)”(BOLÍVAR, 2014, p.249. Destaques do autor).

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Desta forma, para este autor, as histórias de vida e os métodos autobiográficos55 podem

converter-se como estratégia de dar identidade tanto à pessoa/professor(a), quanto à

escola/instituição a que ele/ela pertence. Pode também “(b) pasar del saber de los indivíduos

al de la organización com conjunto; (c) desarrollar la capacidade metacognitiva de aprender a

aprender; y (d) gestionar la experiência pasada en los nuevos proyectos puestos em marcha”

(BOLÍVAR, 2014, p.349).

CONSIDERAÇÕES

Galvão nos diz que

Os conceitos de narrativa, história, biografia, são cada vez maisusados por investigadores nas ciências sociais e em educação. Ainvestigação pela narrativa está, em todas as suas diferentesmanifestações, profundamente implicada em conflitoscontemporâneos relacionados com teoria, metodologia e políticaeducativa. Mais do que um paradigma novo, representa a existência deuma era pós-paradigmática, em que novas configurações emergem, aomesmo tempo que se mantêm as existentes formulações e váriasversões se desconstroem e se recombinam (CASEY, 1995). Sob otermo de investigação narrativa incluem-se várias perspectivas, desdea análise de biografias e de autobiografias, histórias de vida, narrativaspessoais, entrevistas narrativas, etnobiografias, etnografias ememórias populares, até acontecimentos singulares, integrados numdeterminado contexto. Narrativa tem, no entanto, sempre associadoum caráter social explicativo de algo pessoal ou característico de umaépoca (GALVÃO, 2005, p.329).

Encontramos nessa citação de Galvão uma convergência com a proposta do enfoque

biográfico e narrativo dado por Bolívar (2014). Especialmente o caráter social associado à

narrativa, que margeia relatos pessoais com características de uma época, de um contexto, de

um lugar. Ferrarotti (2010) afirma que é possível conhecer o social a partir da especificidade

de uma práxis individual. E mais, conforme este sociólogo “uma biografia não interessa ao

55A nomenclatura que temos utilizado é pesquisa (auto)biográfica. Ver o texto “Dimensões dapesquisa (auto)biográfica no V CIPA” (HONÓRIO FILHO, 2014).

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sociólogo enquanto seção ou corte vertical ou horizontal de um sistema social que sintetizaria

sob a forma de atos individuais, mas sim enquanto exemplo significativo de certos aspectos

do social que uma análise estrutural já terá estudado de maneira exaustiva” (2010, p.38).

Essa convergência nos abre outro leque teórico metodológico para a pesquisa no

campo da História da Educação, especialmente aquela que se interessa pela história das

instituições escolares. Esta alternativa, que busca tomar a “narrativa de si na modernidade

avançada”56, ainda pouco explorada efetivamente em pesquisas com história de instituições

escolares no Brasil, tem o tom da novidade e a dissonância de algo desconhecido. Brindemos

ao desafio!

REFERÊNCIAS

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GALVÃO, Cecília. Narrativas em Educação. Ciênc. educ. (Bauru), Bauru , v. 11, n.2, Aug. 2005 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?

56Expressão tomada emprestada do livro de DELORY-MOMBERGER (2012).

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