uma história cultural de israe1

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Faculdade Evangélica de São Paulo Rua Conselheiro Cotegipe, 273 Belém São Paulo BOANERGES SILVA DE ARAUJO GEOGRAFIA BÍBLICA UMA HISTÓRIA CULTURAL DE ISRAEL

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explicação da história mais complexa de um povo gigante nos primórdios da humanidade que serviu com fé a Deus e foi peregrino no deserto até encontrar o seu lugar de destino ou seja Canaã.

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Faculdade Evanglica de So Paulo Rua Conselheiro Cotegipe, 273 Belm So Paulo

BOANERGES SILVA DE ARAUJOGEOGRAFIA BBLICAUMA HISTRIA CULTURAL DE ISRAEL

So Paulo2015

Faculdade Evanglica de So Paulo Rua Conselheiro Cotegipe, 273 Belm So Paulo

ResenhaUMA HISTRIA CULTURAL DE ISRAEL

So Paulo2015

Captulo 1

O Referencial Heurstico

Este um tema que aborda a histria de um povo que surgiu de razes orientais e que de forma abrangente envolveu todas as naes da terra. O autor demonstra nesta nova histria cultural de Israel que seus detalhes vo se tornando complexos de se escrever devido falta de materiais fsicos que venham a compor este estudo e que possam comprovar os detalhes que foram registrados em hebraico nos rolos de papiro. A perspiccia e a minuciosidade aos detalhes de seus costumes, datas e vida social, seus conceitos quanto s outras naes, as guerras, suas vitrias e derrotas, cativeiros e destruio de seu patrimnio e perca da sua identidade e depois de passar por toda opresso e juzo conseguir sua libertao e reconstruir todo o seu territrio e seu templo. De forma conceitual e categrica e num entendimento tico e lgico dos acontecimentos o escritor consegue ligar todos os fatores disponveis e com um olhar humanizado e no teolgico, vivenciando em tempo presente todas as circunstncias vividas no passado como se estivesse vivendo o oportuno, o lcido e no o imaginrio, dando coerncia e racionalidade crtica, passional e digna e em hiptese alguma segue pelo lado primitivo, atrasado, brbaro e irracional, com uma viso diferenciada que as escolas teolgicas no conseguiram adotar, pois olham com um olhar desconfiado pela posio que ocupam diante das suas crenas e costumes. Contribui essencialmente o olhar Latino-Americano de pocas passadas e o julgamento de crticos anteriores dando essa formao de viso diferenciada ao autor para esta histria de Israel que por ser Ocidental e no estar envolvido em meio s circunstncias dos acontecimentos dos que viveram a histria em meio aos Orientais. Um estudo diferenciado fora dos domnios Europeus permite enxergar mais abrangentemente cada fator dessa histria e construir uma formalizao simples e justa. O referencial heurstico que aborda o autor uma metodologia especfica ou uma teoria por ele adotada para lidar com um problema complexo de forma a olhar para a histria de Israel como se est olhando para qualquer outro povo ou religio como um povo perifrico do mundo antigo, mas cuja influncia na histria mundial inversamente proporcional sua importncia geogrfica, poltica e religiosa.

O argumento diferenciado que o autor adotou em algum momento parece convincente, porm ainda deixa transparecer insegurana, pois no decorrer do discurso metodolgico quando se refere aos elementos de pesquisa notamos que realmente existem poucos recursos fsicos para serem avaliados e que a base mais slida para ser avaliada so as escrituras deixadas que remetessem para as provas materiais de lugares que elas prprias indicam e mostram, ou seja, realmente necessrio ter uma crena nas escrituras dos pergaminhos para se poder de uma forma ou de outra fazer uma avaliao concisa dos acontecimentos. Noto tambm que os historiadores que antecederam esta obra tambm buscaram aprofundar suas pesquisas sobre o Israel primitivo, porm deslizaram no mesmo problema que talvez o calcanhar de Aquiles da questo Israel. O lado humanizado do autor, trazendo a histria para um parmetro nunca visto pelos seus antecessores traz um diferencial muito grande fazendo o leitor refletir sobre o sofrimento do povo Israelita, seus direitos legais e sua vida partida entre idas e vindas de cativeiros e perdas de suas posses pelos inimigos saqueadores. Sinto que ainda temos muito que descobrir desse povo e que temos que observ-los e descobrir dentro de suas tradies e vida, que realmente so um povo que busca sua identificao consigo mesmo e com o seu Deus.

Captulo2

O estado atual da histria do antigo Israel

Neste captulo o autor com muita nfase cita o nome de escritores que fazem parte deste ciclo literrio e que ajudam a compor esta histria relembrando-os em vrios momentos na sua obra, pois as palavras usadas por esses pesquisadores tem a funo de fortalecer o ttulo deste captulo, comeando por John Hayes em seu livro escrito em 1977 onde pode de forma convincente destacar o ponto inicial da histria de Israel que foi a desestruturao espiritual com o abandono religioso que trouxe consequncias graves na composio desta histria israelita. Por causa deste abandono as escrituras por diversas vezes ficou sujeita a revises gerando discursos modernos tais como: A Renascena, O Racionalismo Espinozano, O Iluminismo e o Hegelianismo. No campo acadmico a histria de Israel fica desestruturada e nada consegue mudar este aspecto negativo, pois a histria est sempre vinculada a debates de f e razo advindos do Iluminismo. Nesta viso analtica alguns crticos analisam a histria pela f e razo conservando os relatos bblicos usando-os para compor argumentos, outros, porm consideram a bblia como um livro qualquer, aceita assim qualquer outra evidncia que no seja bblica buscando na arqueologia elementos comprobatrios que venham a trazer elementos slidos que segundo eles tragam uma prova real dos acontecimentos usando dessa forma um preconceito contra a tradio judaica. Os debates entre acadmicos dos anos 80 provocam confrontos nos departamentos teolgicos que possuem pensamentos e teorias diferentes sobre a histria de Israel gerando atritos entre grupos de estudiosos que adotam filosofias contrrias. Apesar de haver esta rivalidade de ideologias acerca do assunto, caminham juntas para o mesmo propsito que a investigao do estado atual da historia do antigo Israel, porm caem no mesmo erro por acreditarem mais nos achados arqueolgicos e nas provas materiais e palpveis e deixarem as escrituras para segundo plano. O escritor defende o debate metodolgico e sistemtico em confronto ao olhar teolgico que divide opinies, prefere uma descrio mais minuciosa, detalhista da histria, ouvir opinies de historiadores renomados que j vivenciaram os sofrimentos e que puderam apalpar um pouco deste sofrimento historiador e que estando mais prximo deles pode nos fazer enxergar com olhos abertos verdade real a qual viveram e vivem os israelitas, puderam citar experincias vividas e dar fortes exemplos trazendo mais argumentos para continuar essa histria que ainda tem muito para ser descoberto.

Tentando uma proximidade dos fatos explanados o autor refora seus argumentos com ideias de escritores que participaram de obras antigas e que j tinham de certa forma expressada suas opinies e pesquisado a respeito do assunto. O alicerce no qual se baseia no trs a consistncia necessria, pois os mesmos escritores e pesquisadores tambm sustentam dvidas em relao aos achados arqueolgicos e quanto ao contedo gramatical e sua legtima traduo e veracidade no acharam provas reais e contundentes que tragam tona a verdadeira origem da vida passada e presente deste povo fatos que ainda so obscuros e ainda esto longe de serem esclarecidos por mais que se tente elucida-los. Para se chegar ao estado atual do antigo Israel temos de percorrer um vasto caminho nas fronteiras do passado, talvez a arqueologia em meio ao deserto seja gentil em demonstrar um pouco do seu conhecimento, mais muitas descobertas ainda precisam ser realizadas, muitas pesquisas ainda necessitam serem conduzidas em busca de esclarecimentos que possam tirar as muitas dvidas e esclarecer vrios fatores que ainda no foram descobertos.

Capitulo trs

Identidade como eixo da histria cultural do antigo Israel

A histria cultural de Israel segundo o escritor precisa ser abordada na sua plena extenso cronolgica, ou seja, uma abordagem macroestrutural, pois pode responder as questes mais melindrosas da atual historiografia, ou seja, investigar quem o Israel para quem se faz a histria e este olhar abrangente abrir espao a um amplo nmero de abordagens microestruturais e a uma reviso dos diversos estudos j realizados ou em curso sobre temas especficos, privilegiando a questo da identidade como seu elemento problema ou como foi construda a histria. A identidade (ou etnicidade) do antigo Israel passou a ocupar espao no campo dos estudos acadmicos. Desde 1990, porm nenhum deles se debruou sobre a identidade como centro desta histria. Na atualidade em recentes histrias do antigo Israel, identidade e etnicidade so usados como sinnimos e tendo em vista a sinonmia dos termos, a preferncia pelo conceito identidade prevalece, pois incorpora a temtica da etnicidade. Identidade um conceito de mltiplas acepes e o maior risco que devemos evitar to importante que no consigamos domina-lo. Deve-se entender que identidade basicamente indica idntica ou igual a, algo permanente, fixo, estvel e o distingue de todos os demais imutavelmente. Na dimenso poltica a construo da identidade tambm se configura como um conjunto de prticas sociais configuradas especialmente como prticas de poder. De classificar, de diferenciar, de identificar, de dizer de quem quem. Cada perodo da histria traz hipteses de trabalho e no teses definidas dos resultados, pois existem possibilidades e limites a serem explorados dentro desta identidade. A identidade popular abordada neste captulo visa descrever o processo de constituio do povo israelita. Construo e consolidao da identidade estatal monocntrica, visa descrever o processo de transformao da identidade popular policentrica em uma identidade nacional monocntrica. Fragmentao da identidade estatal monocntrica, visa descrever o processo de desarticulao social, econmica e poltica que sofreu Jud na perca do territrio para Babilnia. Construo da identidade tnico-religiosa monocntrica, visa descrever a nova articulao da identidade Israelita durante o processo de reorganizao de Jud como provncia do Imprio Persa. Consolidao e rompimento da identidade tno-religiosa monocntrica, visa descrever o amplo processo de crise da identidade, a reassuno de identidade legitimadora, a resistncia interna, o rompimento dessa identidade.

Somente com o estudo de um Israel Grande, ou seja, com um estudo mais aprofundado sobre esta nao se consegue extrair detalhes minuciosos que ainda no foram descobertos ante as averiguaes superficiais j realizadas por diversos meios naturais e cientficos. O tema deste captulo aqui abordado pelo autor denota a identidade como teor principal a ser pesquisado e que tem deixado uma lacuna enorme entre os seus pesquisadores, pois a identidade no se torna um assunto de fcil argumentao e tende a direcionar para vrios mbitos de estudo, fugindo da real identidade. Necessita-se foco sobre o assunto e muito cuidado ao abord-lo para no perder o sentido do estudo, pois melindroso e por pequenos detalhes foge-se de seu contexto, identidade igualdade, permanncia em um estado fixo e imutvel, no se pode fugir desses parmetros, pois corre-se o risco de se incorrer nos mesmos erros dos historiadores passados, que estando mais prximos no analisaram este fator preponderante da histria e deixaram de realizar muitas descobertas ocultas nestes detalhes.

Captulo 4

A identidade popular policntrica emancipatria.

As fontes de pesquisa para construo da Histria de Israel esto basicamente nas escrituras judaicas e cujo texto so de difcil datao. Provm de diferentes tradies de Israel e Jud. O Tor (ou Pentateuco) e os Profetas Anteriores e a pesquisa histrico-crtica denominada Histrica Deuteronomista. A histria prtica das origens de Israel de acordo com as ocorrncias apresentadas, perodos da criao no gnesis, perodos da nomeao de Jac quando da luta com anjo, perodo de peregrinao no deserto e conflitos entre as tribos, apresenta uma situao favorvel ao divina na constituio e defesa de seu povo, embora a distncia entre a descrio de normas e fraquezas particulares seja menor medida que os eventos se aproximam do incio da monarquia. A elaborao da identidade teolgica de Israel de Gnesis a Deuteronmio to intensa e to complexa que praticamente impossvel reconstruir historicamente a identidade desse povo a partir da histria prtica. Muitas fontes extrabblicas no so originais so informaes genricas sobre os tipos de grupos marginais, nmades e seminmades, no existem fontes que elucidem a vida de um ou outro desses grupos, somente as probabilidades que ancestrais de Israel tenha pertencido a esses grupos que viveram em Cana, porm sem identificao plena. Destacam-se dois fatores no tocante a ausncia de fontes extrabblicas: A origem estatal das fontes epigrficas, textuais e monumentais e os restos arqueolgicos no eram fatores preponderantes e no eram recuperados. Os proto israelitas, ou seja, os primeiros israelitas a habitar em Cana, a mais antiga evidncia escrita no bblica, da existncia de Israel em Cana se encontra na Estrela de Merneptah que relata campanhas militares egpcias por volta de 1200 a.C. Nela o nome Israel precedido de um sinal que indica povo e no Pas, cidade ou regio. Naquele tempo, um povo era conhecido com o nome Israel e habitava em Cana. A partir deste foco de informao pode-se calcular que na transio do ferro e do bronze, povos fugitivos do domnio Egpcio habitaram as montanhas de Cana e esses nmades se juntaram a esse grupo em busca de uma vida melhor. Os primeiros habitantes estavam organizados em cls, formando pequenas aldeias, viviam do produto da terra e do gado mido, plantao de cereais e cultivo de frutas tpicas da regio. A liderana poltica recaia sobre os chefes de cls e vilas, sobre o aspecto religioso existia o culto a baal por uma parte desse povo, mas a indicao histrica demonstra a f em YHWH. Os Apirus (Hebreus) eram chamados os primeiros moradores de Cana ou protoisraelitas.

Observei certa intranquilidade na declarao do autor em relao s bases mais slidas para investigao da histria israelense. Disse o que todos j sabem que as fontes no poderiam ser outras alm das escrituras, o Tor que o Pentateuco e os profetas, no entanto a investigao dos povos que se encontravam naquela ocasio compondo esta histria, no se consegue identificar quem e de onde vieram pela histria geogrfica, as fontes extrabblicas so descartadas por falta de contedo confivel e fontes arqueolgicas so muito vazias de contedo.Apegou-se o escritor nos recursos disponveis que relatam um povo nmade habitante do territrio para que a partir dessa anlise concluir que a formao social protoisraelita e Canania, formasse um contraste entre um e outro. Senti ainda neste captulo uma aresta ou um vazio especulador na batalha por detalhamento, embora os esforos sejam colocados em prtica em busca pela real situao deste povo primitivo, objetivamente muito obscura e com muita falta de argumentos concretos que carimbem os estudos dessas pesquisas de homens que se aprofundaram com olhares voltados para o Oriente e que no se cansam de buscar provas que argumentem o assunto, porm ainda no encontraram o eplogo destes acontecimentos.

Captulo 5 A identidade estatal monocntrica legitimadora- construo e consolidao

O escritor em sua narrativa demonstra um quadro expositivo no qual a memria israelita nas escrituras apresentam resumidamente traos da histria, desde Samuel at o exlio, as penalidades que sofreram por causa da dureza de corao e idolatria, demonstram tambm a participao dos profetas, dos libertadores Juzes e a ao contnua de YHWH, da aceitao ou no de um rei substituto a Saul, que fora aceito por ser homem forte e soldado valoroso de guerra, por um menino chamado Davi franzino e desconhecido Pastor de ovelhas, se debateram em opinies divergentes em todo Israel e Jud, os minimalistas que negavam a existncia desse reinado, tanto de Davi quanto de Salomo ou ao menos, a negao da possibilidade de trat-los historicamente. Em se tratando da negao deste reinado o escritor no apoia e nem se prope a compor verbalizao sobre o assunto descartando assim a opinio dos minimalistas visto que apenas um conglomerado de pequenas pessoas contra uma Israel inteira, fatores cruciais fizeram com que o povo ficasse temeroso em tempos de monarquia: mudanas ecolgicas, mudanas econmicas e mudanas tecnolgicas concretas. Aqui no se trata apenas da legitimidade sucessria, mas tambm da legitimidade do prprio governo monrquico que no rejeitado, mas colocado sob o estigma do juzo de YHWH. As diferenas entre tradies do Norte e as do Sul, as do Norte mais centradas no xodo e na exclusividade de YHWH, e as do Sul mais centradas na casa de Davi e na realeza de YHWH; no sul a dinastia estvel; no Norte, so instveis. Jud se tornou vassalo da Assria evitando o confronto com ela e se protegendo, simultaneamente, dos israelitas e Srios. Tal vassalagem foi uma faca de dois gumes. Por outro lado permitiu a continuidade da existncia do reino e da dinastia e uma espcie de desenvolvimento econmico e cultural. A mudana para a monarquia concretizava, em termos uma ampla reformulao das relaes de poder entre governo e povo, entre cidade e campo. Jerusalm a cidade-estado de Davi, a partir da qual ele e seus descendentes governam. Entretanto nomear tal estrutura de poder como monarquia participativa, a designao inapropriada, por duas razes: a no participao da maioria da populao do reino na tomada de decises e a conotao que o termo tem nos debates contemporneos sobre a democratizao que torna invivel para dar conta apenas da participao de uma elite econmica no governo de uma nao.

A identidade tratada neste captulo aponta para novas mudanas quanto ao governo e escolha de um lder semelhante aos lideres das terras circunvizinhas, a escolha de um homem forte, de aparncia bonita e de boas palavras no surtiu o efeito desejado, desta forma o escritor aponta a decepo do povo com seu primeiro rei e o acompanhamento desconfiado de Davi como rei. Esta observao do escritor est aparente nas escrituras, ele somente reforou o argumento com suas palavras trazendo as divergncias entre o povo do norte e o povo do sul. Mudana de governo envolve mudana de situao, mudana de planos e novos caminhos traados, o enfoque que o autor nos transmite real e ao mesmo tempo preocupante, pois envolve a evoluo e consolidao de uma nao que dependeria agora no s do seu Deus, mas de um rei que unisse a cidade com o campo, o povo pobre com a elite atravs da f em YHWH. Quando aborda a identidade estatal monocntrica legitimadora no a constitui com uma confirmao dos fatos, mas como um relato de fatores cruciais para este acontecimento.

Captulo 6

A identidade estatal monocntrica legitimadora-resistncia e fragmentao

A corte judaica juntamente com o sacerdcio oficial, o exrcito, boa parte dos proprietrios de terras bem posicionados financeiramente e parte do povo em geral apoiaram a monarquia Davdica. Com a dominao da Assria torna-se mais aguda a desigualdade social, pois a cobrana de tributos aumenta, mas tambm a chegada de imigrantes do reino de Israel cria condies econmicas de maior disputa pelos recursos e novos meios de comrcio e acumulao de bens e propriedades. Com referncia a resistncia proftica, a atuao de profetas precede a existncia de Israel. Eram em muitas vezes profissionais religiosos distintos de outros profissionais da religio. No perodo protoisraelita no havia especializao, isto s comeou a ocorrei no perodo da monarquia juntamente com a profissionalizao do sacerdcio. Isaias, Miquias, Jeremias, Sofonias, etc. serviam como porta-vozes da crtica de parte da populao contra a condio de vida de sua poca. Que no tenham oferecido uma alternativa estrutural apenas indica que sua identidade era de resistncia e no de projeto. Do ponto de vista da resistncia identidade estatal monocntrica, o que nos interessa aqui a atuao dos profetas crticos. Elias e Eliseu participaram criticamente da vida poltica, atacaram a teologia oficial da corte, classificando-a como idolatria no aceitou a quebra do direito habitual ou de costume protoisraelita, que uma manifestao da identidade popular centralizada. O projeto deutoronmico uma espcie de sntese da reflexo identilria deutoronmista em Jud no perodo da dominao persa, fruto de um longo processo de escrita e editorao, iniciado sob a dominao assria, principalmente por imigrantes israelitas em Jud. A principal norma do Cdigo Deuteronmio relativa ao culto sacrificial, que s pode ser realizado no lugar escolhido por YHWH, outra norma que visava mais especificamente manter a exclusividade expressa no captulo 13, e em trs formulaes complementares. Esta norma estipula que qualquer responsvel pelo desvio da orao exclusiva a YHWH fosse apedrejado. Quer um profeta, um menino da famlia, ou mesmo toda uma cidade. Cabe, enfim apresentar os principais argumentos contrrios ao uso das categorias de centralizao e dessecularizao. No tocante noo de centralizao do culto, deve-se levar em considerao que: O cdigo Deuteronmio no abole totalmente as atividades litrgicas fora do lugar escolhido por YHWH, apenas probe a realizao de sacrifcios e das trs festas anuais fora deste lugar. Continuam permitidas nas vilas e cidades, as oraes, os lamentos, os louvores a YHWH.

A identidade monocntrica legitimadora movida por apenas um centro legtimo de construo de identidade reconhecido na estrutura social e mantm relaes com outros centros de construo de identidade considerados ilegtimos. No desenrolar deste tipo de identidade a resistncia e fragmentao ocorrem devido ao separatismo entre ricos e pobres, entre a elite e os trabalhadores do campo que viviam do fruto da terra e a cobrana demasiada de tributos. Com a desorientao do povo que tendiam a servir outros deuses os profetas que entraram em cena apontando a direo correta para a continuidade de Israel com Deus. A anlise conclusiva que o autor faz sobre o culto de sacrifcios em um local determinado e tambm da orao exclusiva que no poderia ser desviada para outro local por ningum tendo como sentena a morte independente de quem fosse criana, jovem ou adulto teriam de sofrer as consequncias, este fator foi fundamental para uma nao que em meio a vrios deuses vizinhos, escolheram um Deus para servir.

Captulo 7

Fragmentao da identidade estatal monocntrica legitimadora

Jud passou por um processo de extino, ou seja, a chamada fragmentao da identidade estatal e monocntrica como discorrem o escritor, e este processo se decorreu mediante a conquista babilnica, um perodo exlico, porm, o exlio enquanto tal no o evento mais importante, mas sim a desestruturao da vida judaica e sua reestruturao sob o domnio neobabilnico e sobre o inicio do perodo persa antes do novo processo de construo identitria promovida poca de Esdras e Neemias. De acordo com a histria objetiva de Israel ante o domnio mesopotmico sua principal forma de resistncia foram s chamadas reformas monrquicas do culto oficial. Duas foram s tentativas de reforma, ambas associadas dominao mesopotmica, consequentemente construiu-se um consenso interpretativo que via a destruio de lugares altos como ato preliminar e necessrio centralizao do culto no Templo de Jerusalm, como cumprimento da lei do altar nico. Logo a centralizao do culto promovida por Josias em sua reforma aconteceu, e o relato da reforma no fictcio. Em relao exclusividade de YHWH: pelo menos no plano domstico esse culto popular parece ter continuado a despeito da poltica religiosa que emanava de Jerusalm YHWH progressivamente deixa de ser o Deus Supremo para se tornar o Deus exclusivo da dinastia Davdica, e, enfim o Deus nico dos Israel. A constante acusao de idolatria contra os reis de Jud, assim como a descrio da reforma cltica de Josias que purifica o culto em Jerusalm do testemunho da idade recente da exclusividade de YHWH e de sua origem fora da corte da elite urbana, especialmente se acrescentarmos aos dados do livro de Reis as crticas de Jeremias e Sofonias aos habitantes de Jerusalm por sua idolatria no sculo VII a.C. A dominao imperial Babilnica sobre Jud, diferentemente da dominao neo assria anterior sobre Israel, no impossibilitou a continuidade cultural do povo de Jud sob a nova administrao. Os pobres da terra, a parcela que sobreviveu a invaso babilnica, no fugiu e no foi exilada, receberam terras dos babilnios e deu continuidade a vida de Israel em sua terra novamente reterritorizada, no relato jereminiano, o foco recai sobre a libertao que os pobres da terra experimentaram ao serem agraciados com terras e com a possibilidade de um novo comeo pelos babilnios.Neste perodo de exlio com as vozes dos profetas o povo Israelita em terra estranha lembrou-se do seu Deus e teve amplo desejo de retornar para sua terra e para o seu Deus, mas haveria de ser no momento propcio, pois ainda estavam passando por um perodo de prova nas mos de seu opressor.

O conceito de fragmentao quebrar, dividir em vrios pedaos isto o que a leitura deste captulo faz entender sobre a identidade nica e legtima. O processo de extino marca uma poca que poderia ser evitada se houvesse acordo entre os lideres que se desviaram da lei. Restaurao aps o castigo, retorno aos cultos e reconstruo do templo que fora destrudo por seus inimigos, reformas, tentativas de mudanas ps-exlio, a centralizao do culto e a exclusividade de YHWH, foram preos caros que por falta de organizao e f este povo, tanto em Israel quanto em Jud tiveram que pagar para poderem se reintegrar e desenvolver a sua verdadeira identidade que se perdeu no exlio. Quando se lembraram do seu Deus comeou segundo o escritor o retorno ao perodo de provas de seu opressor, porm no foi s por esse fator que ocorreu esse retorno, mas uma das bases principais foi a organizao e a obedincia aos conceitos de lei e ordem e seus costumes anteriores que estavam voltando a ser cumpridos.

Captulo 8

Construo da identidade tnico-religiosa monocntrica legitimadora

Processo de construo de identidade. identidade monocntrica e legitimadora na medida em que o Tor e o Templo de Jerusalm formam uma unidade simblica a partir da qual definem tanto a dimenso tnica, quanto a dimenso religiosa, porque s assim tornaro a cultuar, os sacerdotes, os escribas e os levitas assumiro no templo diante do povo. Os persas apoiavam a continuidade da religio oficial dos povos conquistados, subordinada a dominao imperial, como forma de manter a lealdade dos governantes nacionais ao imperador persa. Da perspectiva de uma histria cultural, porm, os livros Esdras e Neemias constituem significativa fonte para reconstruo do modo como os israelitas se deram a ler. Na pesquisa historiogrfica de cunho mais factual e poltico, uma das principais dificuldades para reconstruo da histria do perodo a datao das misses de Esdras e Neemias. Outra dificuldade importante para a historia factual, com reflexo na busca dos processos identitrios tem a ver com Yehud (terra de Jud) dentro da organizao social e poltica do imprio persa. Yehud pertencia a satrapia siro-palestinense e o consenso da historiografia de Israel at as ultimas dcadas do sculo passado descrevia-a como subordinada a provncia da Samaria de modo que a misso de Neemia/Esdras teria tido como um dos objetivos primrios elev-la a condio de provncia autnoma. As pesquisas exegticas e teolgicas relativas a esse perodo tem detectado uma grande variedade de tendncias teolgicas, cujas relaes so relativamente complexas, no facilitando os processos classificatrios baseados nas distines claras entre as diferentes tendncias, nem facilitando a busca dos portadores sociais dessas tendncias. Diante disso esforos de simplificao tm sido realizados. A nova identidade que se tornar hegemnica, proposta pela nova elite poltica, econmica e religiosa de Yehud, que reconhece a impossibilidade concreta de reconstruir sua identidade e vida na terra sem a submisso ao domnio persa, de modo que refaz sua identidade a partir de uma releitura da antiga identidade monocntrica estatal. Essa nova elite composta essencialmente por retornantes do exlio-babilnico leigos que voltam para reassumir suas terras e sacerdotes que voltam para reassumir suas funes no templo. Tipos de resistncias contra a identidade tnico-religiosa monocntrica, resistncia familiar do povo da terra, resistncia levtica, resistncia proftico-escatolgica, resistncia sapiencial e a questo Samaritana.

Um ethnos um grupo de pessoas maior do que um cl ou linhagem, que reivindica uma ancestralidade comum. Conquanto o parentesco cultural ou biolgico possa reforar o vnculo, uma memria coletiva de uma unidade anterior. De acordo com essa tradio de pesquisa, etnicidade e identidade podem ser lidas como conceitos sinnimos, ambos apontando para o processo de construo cultural de um dado grupo social, processo este de carter histrico e conflitivo. Identidade de resistncia: criada por grupos que se encontram em posies ou condies desvalorizadas ou estigmatizadas pela lgica da dominao, construindo, assim, trincheiras de resistncia e sobrevivncia com base em princpios diferentes dos que permeiam as instituies da sociedade, ou mesmo opostas a estes ltimos.

Captulo 9

Consolidao e rompimento da identidade tnico-religiosa monocntrica legitimadora.

Neste captulo o autor aborda o processo de construo da identidade do antigo Israel com contedo bem sinttico, quase telegrafado, pela necessidade segundo ele de apontar esquematicamente a disputa pela identidade israelita no perodo. Com as conquistas de Alexandre o grande chega ao fim o domnio persa e as lutas dos ptolomeus e seludas para dominar o territrio judeu, logo seguido pela luta Macabia por independncia e fidelidade religiosa e a vitria dos Macabeus e a revolta precipitada contra o domnio romano, que provocou a destruio do templo e a desestruturao do centro irradiador da identidade monocntrica consolidada. Construo e desconstruoO processo de construo da jdentidade se deu no captulo anterior e o rompimento dessa identidade aps as revoltas contra Roma nos sculos I e II d.C. As mudanas culturais e religiosas derivadas da helenizao so nomeadas com o termo helenismo. A conquista do Oriente Mdio por Alexandre Magno provocou mudanas revolucionrias na estruturao poltica e econmica da regio. O helenismo introduziu uma nova cultura em sentido amplo, incluindo novos hbitos, novas festas nacionais, prostituio patente, uma nova forma de explicar, narrar e representar a vida, novas religies. Com este grande ensinamento e com todo este sofrimento podemos aprender no decorrer da histria do povo israelita, que mostrou ser forte e que sempre teve uma orientao espiritual de um Deus sempre presente, pecaram em muitos momentos pela desobedincia e por trocar o Senhor por dolos e prevaricar nas leis que os diferenciavam das demais naes. Muitas vezes passaram por exlios por causa da idolatria e por dura cerviz e tambm por m administrao. Tiveram sua casa espiritual saqueada, seu templo destrudo, muitos deles foram mortos.Que lio podemos tirar de tudo isso que aprendemos aqui neste livro? _A fora histrica de um povo no pode ser medida exclusivamente em termos polticos, econmicos e militares, assim como Israel busca a sua identidade reconhecida, devemos ns a cada momento buscar valorizar a nossa identidade.

Unies mistas em israel. indcios de uma realidade multi-tnica e multicultural DesdeO perodo dos pais e mes fundadores do povo, passando pelas diversas etapas da histria.De Israel, homens e mulheres estabelecem vnculos matrimoniais com pessoas de fora de seu contexto tribal e tnico.

Contudo, haver momentos nessa histria em que essas unies sero vistas como traio ao povo, ruptura com as tradies e perda de identidade. No Israel atual crucial a construo de pontes Sociais que assegurem a paz e a convivncia harmoniosa entre israelenses e palestinos. Dentro das diferenas tnicas e do encontro, as unies mistas podem ser um sinal de esperana e reconciliao.

Zabatiero, Jlio Paulo Tavares. Uma histria Cultural de Israel/ Jlio Paulo Tavares Zabatiero. So Paulo: Paulus, 2013. (Coleo Palimpsesto). ISBN 978-85-349-3759-7 Histria Cultural 2. Israel - Histria I. Ttulo. II. Srie.